Upload
hugo-fernandes
View
213
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Reflexão da formação
Citation preview
Como evitar que sejamos presas de uma «pedagogia tomada pela tecnologia»
Crer-se no progresso não significa que já tenha tido lugar qualquer progresso.
Kafka, Franz
Web 2.0… Biblioteca 2.0… Tecnologia pela pedagogia… A que custo?
Na qualidade professor bibliotecário numa escola EBI/JI, tenho podido verificar que a grande maioria
dos alunos procura a BE, quase que exclusivamente, para a utilização dos computadores. Completamente
controlados e submersos num mundo virtual, têm pouca experimentação e vivências do mundo real. As
suas relações resumem-se a SMS, publicações no facebook e emails… As Bibliotecas Escolares
assumem aqui, no meu entender, um papel preponderante, já que estão algo “atrasadas” no que diz
respeito à evolução tecnológica, já que têm todo o material necessário, mas falta-lhe a filosofia:
“Biblioteca 2.0 demanda bibliotecas que foquem menos em estoques de sistemas seguros e mais em sistemas de descobertas colaborativas. (…) No lugar de criar sistemas de serviços para usuários, os bibliotecários irão habilitar os usuários a criá-los (sistemas e serviços) para eles mesmos. (…) Biblioteca 2.0 não é sobre buscar, mas sobre encontrar, não é sobre acesso, mas compartilhamento. Biblioteca 2.0 reconhece que os humanos estão buscando e utilizando informação não enquanto indivíduos, mas enquanto comunidades.”
MANESS, Jack M.; TEORIA DA BIBLIOTECA 2.0 e suas implicações para as bibliotecas; p.52
Esta filosofia emanada por Maness vai contra a postura digital e tecnológica dos nossos alunos, já
que estes possuem pouca literacia digital, confiando cegamente em tudo o que vem publicado online,
esquecendo-se de fazer a triangulação da informação o que provoca que tenham algumas incorreções nos
seus trabalhos de investigação.
Como professores bibliotecários temos como missão a “educação tecnológica” dos nossos alunos.
Mas, até que ponto é que esta “instrumentalização” tem que ser levada? Será que esta
“instrumentalização” não irá colidir com uma educação para as sensibilidades, baseada em vivências
reais? Será que tornar o conhecimento mecanizado não vai tornar os nossos alunos mais autómatos, ao
invés de autónomos e críticos? Como chegar, então, a um ponto de equilíbrio entre a tecnologia, a
socialização e a sensibilização?
Baseando-me no que Maness considera ser a Biblioteca 2.0, a descoberta em comunidade pode a
resposta a este novo paradigma, utilizando as tecnologias apenas como ferramentas, e não como
finalidades, adotando sistemas de trabalho colaborativo, democrático e crítico.
Consequentemente, pretende-se com tudo isto, que a evolução dos nossos alunos não seja apenas
tecnológica, mas acima de tudo pessoal, social e cognitiva. Tomando Kafka como referência, o progresso
não pode ser uma utopia, mas sim uma experiência constante.