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O MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES: Metodologias de Operacionalização (parte I) 1.ª Etapa Subdomínio Seleccionado A.2 (Promoção das Literacias da Informação, Tecnológica e Digital) O conceito de “Literacia da Informação” constitui um dos papéis mais importantes das bibliotecas escolares na aprendizagem e no currículo. Face à diversificação e à quantidade de meios de informação no mundo actual, é impossível pensar o saber em moldes tradicionais. A um processo de pura acumulação do saber, opõe-se a aquisição de capacidades e competências susceptíveis de favorecer a autoformação e a educação ao longo da vida dos indivíduos, como os únicos meios capazes de os preparar para a vida num contexto de mudança acelerada. Segundo Doyle (1994: 5 cit. por Loertscher e Woolls, 1997: 339), a literacia da informação é “a habilidade para aceder, avaliar e utilizar a informação proveniente de fontes variadas.” Todd define-a como “a habilidade para usar a informação, de acordo com determinado objectivo e de forma eficaz ” (Todd, 1996: 35). A ALA (American Library Association), (ref. por Loertscher e Wools, 1997) registava, em 1989, que a literacia de informação exige que uma pessoa seja capaz de reconhecer quando necessita de informação e possua as habilidades para localizar, avaliar e usar com eficácia a informação necessária, considerando-se que se encontram nesta situação aqueles de quem, mais recentemente, se diz que aprenderam a aprender. A literacia da informação mobiliza, assim, uma série de competências fundamentais requeridas por todas as disciplinas escolares, tendo por isso um carácter necessariamente transversal. Hamers e Overtoom (1998) afirmam que quando alguém aprende a resolver um determinado problema, usando o conhecimento e as estratégias de que dispõe, adquiriu uma capacidade. Se for capaz de aplicar (transferir) esta capacidade a uma situação relativamente nova, chamamos-lhe competência. A BE apenas poderá cumprir o seu papel na promoção da literacia da informação se for utilizada pelos alunos e integrada em processos de aprendizagem e auto-aprendizagem que facilitem o desenvolvimento das

Tarefa SessãO 4 1ª Parte

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O MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES:

Metodologias de Operacionalização (parte I)

1.ª Etapa

Subdomínio SeleccionadoA.2 (Promoção das Literacias da Informação, Tecnológica e Digital)

O conceito de “Literacia da Informação” constitui um dos papéis mais importantes das bibliotecas escolares na aprendizagem e no currículo. Face à diversificação e à quantidade de meios de informação no mundo actual, é impossível pensar o saber em moldes tradicionais. A um processo de pura acumulação do saber, opõe-se a aquisição de capacidades e competências susceptíveis de favorecer a autoformação e a educação ao longo da vida dos indivíduos, como os únicos meios capazes de os preparar para a vida num contexto de mudança acelerada. Segundo Doyle (1994: 5 cit. por Loertscher e Woolls, 1997: 339), a literacia da informação é “a habilidade para aceder, avaliar e utilizar a informação proveniente de fontes variadas.” Todd define-a como “a habilidade para usar a informação, de acordo com determinado objectivo e de forma eficaz” (Todd, 1996: 35). A ALA (American Library Association), (ref. por Loertscher e Wools, 1997) registava, em 1989, que a literacia de informação exige que uma pessoa seja capaz de reconhecer quando necessita de informação e possua as habilidades para localizar, avaliar e usar com eficácia a informação necessária, considerando-se que se encontram nesta situação aqueles de quem, mais recentemente, se diz que aprenderam a aprender. A literacia da informação mobiliza, assim, uma série de competências fundamentais requeridas por todas as disciplinas escolares, tendo por isso um carácter necessariamente transversal. Hamers e Overtoom (1998) afirmam que quando alguém aprende a resolver um determinado problema, usando o conhecimento e as estratégias de que dispõe, adquiriu uma capacidade. Se for capaz de aplicar (transferir) esta capacidade a uma situação relativamente nova, chamamos-lhe competência.

A BE apenas poderá cumprir o seu papel na promoção da literacia da informação se for utilizada pelos alunos e integrada em processos de aprendizagem e auto-aprendizagem que facilitem o desenvolvimento das competências em literacia. A noção de literacia da informação ampliou e modificou consideravelmente a influência que a biblioteca escolar tinha até há pouco tempo na aprendizagem, a qual se traduzia no conceito mais restrito de “formação de utilizadores”, entendido como o conjunto de acções levadas a cabo no âmbito das actividades de uma biblioteca, destinadas a optimizar a utilização dos seus recursos. As “competências de Biblioteca” consistiam no saber utilizar o catálogo, na localização dos livros nas estantes, através das cotas, na utilização das enciclopédias/obras de referência, etc. Neste momento, os profissionais tentam ou estão a aprender a substituir as “competências de Biblioteca” isoladas, por competências de informação directamente relacionadas com os conteúdos das áreas curriculares e em articulação com as actividades de ensino na sala de aula. O ensino de competências informáticas pode seguir o mesmo tipo de abordagem. Os professores-bibliotecários, os professores de informática e os restantes professores necessitam de trabalhar em conjunto para desenvolver unidades e lições que incluem competências informáticas, competências gerais de informação e conteúdos das áreas disciplinares. Segundo Cooke (1989) o ensino de “competências de biblioteca” fracassou por “não dar a conhecer aos alunos a necessidade de eles reflectirem sobre a informação que adquiriam, porque é que a adquiriam e como deveriam utilizá-la”. O mesmo problema se colocou, como já vimos, em relação ao ensino das tecnologias de informação de um modo isolado, o qual provou não contribuir para a transferência das competências adquiridas em novas situações.

O factor chave no sucesso de qualquer programa de competências de informação reside, portanto, na sua integração no currículo escolar. Para promover esta integração, é importante que os professores-bibliotecários trabalhem com os restantes professores da escola, planeando e levando a cabo em conjunto um programa de competências, de modo a assegurar que estas são consideradas tanto nas diferentes componentes do currículo desenvolvidas no contexto da sala de aula como no contexto do trabalho na biblioteca. O ensino de competências de informação é, deste modo, encarado como um processo amplo e contínuo que atravessa o currículo e a escola e envolve o professor-bibliotecário e os professores das diferentes disciplinas como parceiros, num planeamento e ensino em cooperação.

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O impacto é, no entanto, difícil de observar. As competências a desenvolver são visíveis, apenas, a médio e longo prazo, e, por isso, um programa de avaliação, neste domínio, deve desenvolver-se ao longo de um ciclo de estudos.

Pode-se concluir que o fulcro da questão está no trabalho de colaboração entre professores e professores-bibliotecários/equipas da BE, na articulação curricular e na análise constante dos efeitos que esse trabalho produz nos alunos. O envolvimento dos professores é fundamental, uma vez que podem, mais facilmente, apresentar evidências dos pontos fracos através da avaliação de competências dos alunos ao longo do ano e em contexto de sala de aula. A BE não pode transmitir a sua mensagem, apenas, na base teórica, mas aliá-la às práticas lectivas como complemento e prolongamento das mesmas, sempre que necessário. Pretende-se que os alunos sejam autónomos e construam o seu próprio conhecimento através das experiências de pesquisa, selecção e tratamento da informação de que dispõem e transfiram esse conhecimento, sempre que necessário, para outras situações. O professor-bibliotecário deve instituir-se como especialista de aprendizagem, associando alunos, professores e recursos e determinando o que os alunos aprendem e como aprendem; facilitando o acesso à informação em vários suportes; formando os utilizadores na produção de informação e formas de comunicação variados, etc. A aquisição das competências tecnológicas e de informação será fundamental à aprendizagem ao longo da vida, na medida em que os alunos ficam na posse de ferramentas, imprescindíveis à sua integração num mundo em constante mudança.

1. PLANO DE AVALIAÇÃO

1. Problema/Diagnóstico

Temos verificado que uma percentagem significativa dos alunos da Escola/Agrupamento revela falhas básicas em termos de literacia de informação: não definem com clareza o que procuram, não recorrem a fontes diversificadas nem utilizam as estratégias adequadas para localizar informação, não sabem seleccionar a informação mais pertinente em função do objectivo final e produzir documentos da sua autoria, não relacionam a informação com os conhecimentos que já possuem para produzir ideias novas e não conseguem comunicar a informação recolhida.

1.1 Evidências recolhidas:

- Na BE (observação do desempenho dos alunos).

- Nas reuniões com os departamentos. - Em diálogo com os professores. - No Conselho Pedagógico. - Através da observação dos trabalhos realizados pelos alunos na BE.

1.2 Pressupostos inerentes ao problema detectado: Apesar da BE ter instituído um modelo de pesquisa de informação e de planificar algumas acções de implementação do mesmo, aprovadas em Conselho Pedagógico, nem todos os professores aplicam o que foi estipulado. Além disso, verificamos que, sistematicamente, são propostos trabalhos de pesquisa sem a apresentação de um guião com orientações claras e precisas sobre o objecto da investigação.Face ao problema detectado e dada a importância do assunto, propomos o desenvolvimento de uma acção de avaliação concertada, apenas para o 5.º ano. O Plano de Melhoria será aplicado no ano lectivo 2010/2011 aos alunos do 6.º ano (alunos aos quais se aplicou o plano), conjuntamente com o novo domínio a avaliar. Supomos que se os alunos adquirirem as competências necessárias neste domínio, prosseguirão para o 3.º ciclo com uma base mais sólida de trabalho e será mais fácil darem continuidade às aprendizagens adquiridas.

2. PLANO DE INTERVENÇÃO

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Objectivos Recursos Actividades a Desenvolver Impacto Esperado

Objectivo geral:- Promover a Literacia da Informação.

Objectivos específicos:- Promover o uso da BE. - Promover a articulação curricular no domínio das competências de informação, por ano/ciclo. - Promover uma efectiva cooperação com os docentes.- Estimular o uso rigoroso e eficiente das TIC.- Estimular o uso do modelo de pesquisa da escola.

- Recursos humanos: Equipa da BE, Colaboradores da BE, Coordenadores de Departamento, Professores das ACND, Alunos Voluntários.

- Recursos tecnológicos: equipamentos do CR.

- Recursos documentais em formatos diversos: enciclopédias e documentos de referência, dossiês temáticos, guiões de orientação de pesquisa e outros.

- Levantamento dos currículos das competências de informação inerentes a cada disciplina/área curricular do 5.º ano. - Elaboração de um currículo de competências transversais adequado ao 5.º ano. - Elaboração de um plano, com os docentes de cada disciplina, dos temas de desenvolvimento/trabalhos de pesquisa a realizar na BE (temas de pesquisa, calendarização, recursos necessários, tipo de intervenção da equipa da BE). - Formação dos alunos voluntários do 3.º ciclo, na área em causa, para auxiliarem os alunos do 5.º ano (sempre que possível). - Visitas e acções de formação na BE, em contexto turma, durante as aulas de Estudo Acompanhado e/ou Área de Projecto: realização de trabalhos de projecto, seguindo o modelo de pesquisa; uso de ferramentas digitais. - Elaboração de guiões, listagens de sites úteis, listas bibliográficas e disponibilização dos mesmos na página da BE.

- A BE é um espaço de referência para os Alunos e Professores. - Os Alunos: utilizam, normalmente, o modelo de pesquisa adoptado pela escola e realizam trabalhos pessoais e com qualidade; utilizam a página da BE e os recursos nela inseridos como ferramentas de trabalho; recorrem quer a obras de referência e materiais impressos quer a fontes digitais; pedem ajuda aos Professores da Equipa, sempre que necessitam; elaboram trabalhos de pesquisa por iniciativa própria; consultam o catálogo autonomamente. - Os Professores: procuram a Equipa da BE com frequência e propõem actividades em parceria; elaboram guiões de pesquisa para orientação dos alunos; recorrem aos materiais produzidos pela BE para enriquecer a actividade lectiva; colaboram com a BE na análise da evolução das avaliações dos alunos.

Nota – Foi realizada uma planificação conjunta dos vários indicadores devido à interligação existente.

3. PLANIFICAÇÃO DA AVALIAÇÃO

Tipo de avaliação

Métodos e Instrumentos Intervenientes

Avaliação baseada em evidências

A.2.2

- Recolha documental de registos de planeamento e das actividades da BE. - Projecto Educativo e Curricular do Agrupamento.- Projectos Curriculares das Turmas do 5.º ano.- Registos de Reuniões e contactos.- Materiais de apoio produzidos e editados.

A.2.4

- Grelha de Observação da Utilização da Biblioteca em Contexto Lectivo.- Grelha de Análise de Trabalhos Escolares dos Alunos.

- Questionários aos professores.

- Questionários aos alunos.

- Dados estatísticos de utilização da BE (visitas à BE,

- Equipa da BE - Director - Directores de Turma

- Professores que leccionam Estudo Acompanhado/Área de projecto - Alunos do 5.º ano de escolaridade

- Equipa da BE - Professores de diferentes disciplinas/ áreas disciplinares.

- Equipa da BE - Alunos do 5.º ano

- Equipa da BE

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empréstimos domiciliários/presenciais/aulas, materiais produzidos, etc.).

- Análise diacrónica das avaliações dos alunos.

- Directores de Turma

- Professores das áreas de Estudo Acompanhado/Área de Projecto - Directores de Turma do 5.º ano

Nota – Por impossibilidade do formando, apenas se indicam, a título de exemplo, dois indicadores.

4. CRONOGRAMA

Datas Actividades Intervenientes

Até final de Novembro

- Divulgação do Modelo de Auto-Avaliação.- Selecção do domínio a avaliar.

- Equipa da BE- Director- Conselho Pedagógico

Até meados de Janeiro

- Divulgação do domínio a avaliar nos Órgãos de Gestão Intermédia do Agrupamento.- Adaptação dos questionários seleccionados para os professores, turmas e encarregados de educação para aplicação dos instrumentos de recolha de evidências.

- Equipa da BE- Professores

3.ª semana de Fevereiro - 1.ª aplicação de questionários. - Alunos do 5.º ano

- Professores

Mês de Março - Tratamentos dos dados obtidos nos questionários da 1.ª aplicação. - Equipa da BE/ Colaboradores da BE

Última semana de Maio - 2.ª aplicação de questionários. - Alunos do 5.º ano

- Professores

Mês de Junho - Tratamentos dos dados obtidos nos questionários da 2.ª aplicação.- Tratamento final dos dados.

- Equipa /Colaboradores da BE

Durante o mês de Julho

- Elaboração do relatório de Auto-Avaliação/Perfil da BE.- Análise do relatório em Conselho Pedagógico.- Elaboração de um Plano de Melhoria, caso necessário.

- Professor Bibliotecário- Conselho Pedagógico

5. IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS

Questionário aos Professores

Questionários aos Alunos

Grelha de Observação da Utilização da Biblioteca em

Contexto Lectivo

Grelha de Análise de Trabalhos Escolares

dos Alunos

Universo – Total de professores da escola sede do agrupamentoPercentagem – 20%

Distribuição: proporcional ao número de elementos dos

Universo -Alunos do 5.º ano de escolaridadePercentagem – 10%

Universo – Alunos do 5.º ano de escolaridadePercentagem – 10%

Serão aplicadas de comum acordo com os professores, em grupo ou individualmente.

Universo – Alunos do 5.º ano de escolaridadePercentagem – 10%

Serão aplicadas de comum acordo com os professores, em grupo ou individualmente.

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vários departamentos.

6. LIMITAÇÕES DO PROCESSO

- Reduzido número de horas dos elementos da equipa (para além do professor-bibliotecário).

- Falta de tempo do professor-bibliotecário (assume o tratamento dos documentos sozinho).

- Dificuldades de observação de determinados parâmetros.

O formandoAntónio Tavares