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TCC arqurbuvv A arquitetura como recurso terapêutico: ILPI para idosos com doença de Alzheimer

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2014-01-Aghata Braga Lopes

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UNIVERSIDADE VILA VELHA

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

ÁGHATA BRAGA LOPES

A ARQUITETURA COMO RECURSO TERAPÊUTICO: INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER

VILA VELHA 2014

ÁGHATA BRAGA LOPES

A ARQUITETURA COMO RECURSO TERAPÊUTICO:

INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM DO ENÇA DE

ALZHEIMER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Profa. Dra. Ana Paula Rabello Lyra

VILA VELHA 2014

AGHATA BRAGA LOPES

A ARQUITETURA COMO RECURSO TERAPÊUTICO: INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e

Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para a obtenção do

grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovada em_____ de ____________________de 2014.

COMISSÃO EXAMINADORA

Profª. Dra. Ana Paula Rabello Lyra Universidade Vila Velha Orientador

Profª. Me . Edna Mara Pires Gumz Universidade Vila Velha Coorientador

Arquiteto Jorge Freire de Paiva Almeida Secretaria de Saúde de Vila Velha Convidado externo

Dedico este trabalho aos meus pais, que são a minha

motivação e meus exemplos.

A todos os idosos e profissionais que lidam com a Doença de

Alzheimer.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, minha fortaleza, minha fonte de renovação e

perseverança. Se eu cheguei até aqui, foi com a graça de Deus. A Ele toda honra e

toda glória!

Agradeço aos meus pais, por todo amor, zelo e paciência. Agradeço por terem

acreditado em mim até mesmo quando eu não acreditei, por terem me oferecido

todo o suporte para que eu tivesse uma profissão. É por eles e para eles! Agradeço

ao meu irmão, de quem eu tenho tanto orgulho e admiração.

Ao meu noivo, peça fundamental nesta conquista, meu grande companheiro e

amigo, por todo o amor, força, compreensão e paciência.

Agradeço também aos meus amigos, pois mesmo sem saberem, foram minha base

e meu estímulo até nos momentos de brincadeira. Agradeço a Rafaela, minha

grande amiga, que nunca me deixou fraquejar.

Aos meus amigos de turma, que se tornaram minha família nestes 5 anos de

caminhada. Pessoas que eu levarei sempre comigo.

A equipe GS Construtora, por toda a contribuição para o meu crescimento

profissional.

Agradeço ao Jorge Freire, por todo o ensinamento e auxílio que me foi dado neste

projeto. A professora Edna Mara, por tudo o que me ensinou durante o curso e

agora como minha coorientadora.

Por último, mas não menos importante, agradeço a minha orientadora, Ana Paula

Rabello Lyra, por todo a atenção, auxílio, confiança e incentivo que me foram dadas.

No mais, agradeço a todos que entenderam minha ausência e permaneceram

comigo nesta caminhada.

“Até aqui nos ajudou o Senhor” (1Samuel 7:12)

RESUMO

A demência do tipo Alzheimer está ganhando destaque na sociedade brasileira,

tendo em vista o aumento da taxa de envelhecimento da população e o predomínio

da doença entre os idosos. Diante da inexistência de cura para esta demência,

buscam-se alternativas que possibilitem promover o bem-estar dos idosos e retardar

a progressão da doença no indivíduo. Além da medicina, diversas disciplinas estão

relacionadas com o tratamento da doença, dentre as quais está a Arquitetura, devido

a função positiva e indispensável que o espaço pode ter sobre a melhoria da

qualidade de vida do paciente com Alzheimer, adaptando o ambiente às

necessidades que surgem com o envelhecimento e, principalmente, com a doença.

O objetivo deste trabalho foi elaborar o Estudo Preliminar arquitetônico de uma

Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) com a Doença de Alzheimer,

considerando a importância do espaço físico para amenizar os déficits cognitivos e

prolongar a autonomia destes indivíduos, garantindo a qualidade de vida dos

mesmos. A análise foi feita a partir de autores que desenvolveram estudos sobre o

envelhecimento, a Doença de Alzheimer e o ambiente físico como recurso

terapêutico. A revisão teórica foi complementada através da participação em

congresso e da elaboração de estudos de caso. A pesquisa aborda as estatísticas

relacionadas ao envelhecimento, bem como as características, dificuldades e

doenças correlatas a este período do desenvolvimento, dentre as quais estão as

demências. No segundo momento são apresentados os sintomas, estágios e

tratamentos existentes para a Doença de Alzheimer. Na sequência discute-se o

ambiente físico e o papel positivo que este exerce no comportamento do idoso

doente, onde são destacados os benefícios das Instituições de Longa Permanência

para o bem estar de Idosos com Alzheimer, apresentando o histórico, aspectos

positivos, legislações existentes que estabeleceram normas ambientais para as

instituições e exemplos de ILPIs especializadas em Idosos com Alzheimer. Por fim, o

projeto é apresentado, considerando todos os requisitos necessários para a fase de

Estudo Preliminar, desenvolvido com base em todas as informações obtidas durante

as pesquisas realizadas.

Palavras-chave: Ambientes terapêuticos. Arquitetura para Alzheimer. Instituições de

Longa Permanência para Idosos.

ABSTRACT

The Alzheimer's dementia is gaining prominence in Brazilian society, considering the

increased rate of aging population and the prevalence of the disease among the

elderly. Given the absence of a cure for this dementia, alternatives that enable the

well-being of the elderly and slow the progression of the disease in the individual

have been sought. Apart from medicine, various disciplines are related to the

treatment of the disease, among which is architecture, due to the positive and

essential role that space can have on improving the quality of life of patients with

Alzheimer's, adapting the environment to the needs that come with aging and

especially with disease. The aim of this study was to prepare the draft of an

architectural design of a Long Permanence Institution for the Elderly (LPIE) with

Alzheimer's disease, considering the importance of physical space to alleviate the

cognitive deficits and extend the autonomy of individuals, ensuring there quality life.

The analysis was made from authors who developed studies on aging, Alzheimer's

disease and the physical environment as a therapeutic resource. The literature

review was supplemented by participation in congress and the development of case

studies. The research approaches statistics related to aging, as well as the

characteristics, difficulties and diseases related to this period of development, among

which are the dementias. On a second moment, the symptoms, stages and existing

treatments for Alzheimer's disease are presented. Afterwards, there are discussed

the physical environment and the positive role it plays in the behavior of the sick

elderly, as well as the role of Long Permanence Institution for the Elderly with

Alzheimer's, presenting the history, positive aspects, existing laws that established

environmental standards for institutions and examples of LPIE specializing in elderly

with Alzheimer's. Finally, the project is presented, considering all necessary

requirements to the draft stage, developed based on all the information obtained

during the research conducted.

Keywords: Therapeutic environments. Architecture for Alzheimer’s. Long

Permanence Institution for the Elderly.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Índice de crescimento da Terceira Idade .................................................. 22

Figura 2 - Modificações do cérebro na Doença de Alzheimer: 1 – Um cérebro sem a

doença; 2 – Um cérebro com Alzheimer em estágio avançado e; 3 – Uma

comparação entre os dois cérebros. ......................................................................... 28

Figura 3 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos - córtex. ........................... 29

Figura 4 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos – hipocampo. .................. 29

Figura 5 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos - ventrículos. ................... 30

Figura 6 - Dimensões referenciais para deslocamento de idosos em pé .................. 52

Figura 7 - Dimensões do módulo de referência para cadeira de rodas ..................... 52

Figura 8 - Dimensões da área de manobra para cadeira de rodas ........................... 53

Figura 9 - Possibilidade de transferência do cadeirante para o chuveiro .................. 53

Figura 10 - Possibilidades de transferência do cadeirante para o vaso sanitário ...... 54

Figura 11 - Dimensões mínimas para o dormitório do idoso ..................................... 54

Figura 12 - Casa do Alecrim ...................................................................................... 62

Figura 13 - Quarto do idoso na Casa do Alecrim ...................................................... 63

Figura 14 - Quarto do idoso na Casa do Alecrim ...................................................... 63

Figura 15 - Corredores da Casa do Alecrim .............................................................. 64

Figura 16 - Área externa da Casa do Alecrim ........................................................... 64

Figura 17 – Sala de estar da Casa do Alecrim. ......................................................... 65

Figura 18 - Área de estar da Casa do Alecrim .......................................................... 65

Figura 19 - Casa do Alecrim. ..................................................................................... 66

Figura 20 - Alzheimer's Respite Centre ..................................................................... 66

Figura 21 - Planta Baixa do Alzheimer'sRespite Centre ............................................ 68

Figura 22 - Área Externa do Alzheimer Respite Centre ............................................ 69

Figura 23 - Área externa do Alzheimer'sRespite Centre ........................................... 69

Figura 24 - Área de estar interna do Alzheimer'sRespite Centre .............................. 70

Figura 25 - Área de estar e refeições do Alzheimer’sRespite Centre ........................ 70

Figura 26 - Corredor do Alzheimer'sRespite Centre .................................................. 71

Figura 27 - Corredor do Alzheimer'sRespite Centre .................................................. 71

Figura 28 - Quarto do Idoso com Alzheimer's Respite Centre .................................. 72

Figura 29 - Terreno 1: Bairro Coqueiral de Itaparica ................................................. 76

Figura 30 - Terreno 1: Ocupação do entorno ............................................................ 77

Figura 31 - Terreno 1: sentido das vias ..................................................................... 78

Figura 32 - Avenida Aracruz ...................................................................................... 78

Figura 33 - Rua Itaperuna ......................................................................................... 78

Figura 34 - Rodovia do Sol ........................................................................................ 79

Figura 35 - Terreno 1: Zoneamento urbanístico. ....................................................... 79

Figura 36 – Terreno 1: Coeficientes de Aproveitamento do terreno e Parâmetros

Urbanísticos do PDM 2007 de Vila Velha. ................................................................ 80

Figura 37 - Terreno 2: Bairro Morada do Sol ............................................................. 80

Figura 38 - Terreno 2: Ocupação do entorno ............................................................ 81

Figura 39 - Terreno 2: sentido das vias ..................................................................... 82

Figura 40 - Avenida dos Flamboyants ....................................................................... 82

Figura 41 - Avenida Central....................................................................................... 82

Figura 42 - Avenida dos Ipês..................................................................................... 82

Figura 43 - Terreno 2: Zoneamento urbanístico. ....................................................... 83

Figura 44 – Terreno 2: Coeficiente de Aproveitamento do terreno e Parâmetros

Urbanísticos do PDM 2007 de Vila Velha. ................................................................ 83

Figura 45 - Sala de estar integrada com a cozinha terapêutica e sala de jantar da

White Oak Cottages, modelo Green Houses............................................................. 88

Figura 46 - Fluxo entre setores ................................................................................. 98

Figura 47 - Organograma dos setores ...................................................................... 99

Figura 48 - Organograma geral dos ambientes ......................................................... 99

Figura 49 - Imagem 3D da sala de estar gerada a partir do projeto da IPLI

especializada em Alzheimer. ................................................................................... 101

Figura 50 - Imagem 3D da sala de televisão gerada a partir do projeto da ILPI

especializada em Alzheimer. ................................................................................... 102

Figura 51 - Imagem 3D da cozinha terapêutica e sala de jantar gerada a partir do

projeto da ILPI especializada em Alzheimer............................................................ 102

Figura 52 - Imagem 3D do corredor gerada a partir do projeto da ILPI especializada

em Alzheimer. ......................................................................................................... 103

Figura 53 - Imagem 3D do quarto do idoso gerada a partir do projeto da IPLI

especializada em Alzheimer. ................................................................................... 104

Figura 54 - Planta baixa humanizada com setorização. .......................................... 105

Figura 55 - Quadro de área e parâmetros urbanísticos do projeto. ......................... 106

Figura 56 - Planta esquemática da implantação da ILPI com os acessos. ............. 107

Figura 57 - Planta de implantação da ILPI. ............................................................. 108

Figura 58 - Planta humanizada esquemática do jardim terapêutico da IPLI. .......... 109

Figura 59 - Fachada principal. ................................................................................. 110

Figura 60 - Fachada Principal: elementos que resgatam a memória dos idosos.

Jardim reservado com divisória de cobogó. ............................................................ 110

Figura 61 - Fachada Nordeste: tijolo aparente, divisórias das varandas com elemento

vazado de madeira e parada de emergência. ......................................................... 111

Figura 62 - Fachada Noroeste: aberturas do setor administrativo e serviço para a

área externa. ........................................................................................................... 111

LISTA DE SIGLAS

ABN – Academia Brasileira de Neurologia

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer

DA – Doença de Alzheimer

IAB – Instituto Alzheimer Brasil

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos

NBR – Norma Brasileira

NUDEC – Núcleo de Envelhecimento Cerebral

OMS – Organização Mundial da Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

PDM - Plano Diretor Municipal

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

2 O ENVELHECIMENTO E A DOENÇA DE ALZHEIMER ...................................... 21

2.1 AS PRINCIPAIS DEMÊNCIAS DA TERCEIRA IDADE ....................................... 25

2.2 DOENÇA DE ALZHEIMER (DA): A PRINCIPAL DEMÊNCIA DA TERCEIRA

IDADE ....................................................................................................................... 27

2.2.1 Os Sintomas da Doença de Alzheimer ......................................................... 31

2.2.2 O Diagnóstico ................................................................................................. 32

2.2.3 Os Estágios da Doença de Alzheimer .......................................................... 33

2.3 AS FORMAS DE TRATAMENTO DA DEMÊNCIA DO TIPO ALZHEIMER ......... 35

2.3.1 O tratamento não-farmacológico .................................................................. 35

2.3.1.1 Estimulação cognitiva .................................................................................... 36

2.3.1.2 Estimulação social ......................................................................................... 36

2.3.1.3 Estimulação física ......................................................................................... 37

2.3.1.4 Terapia de orientação de realidade (OR) ...................................................... 37

2.3.1.5 Orientação familiar ........................................................................................ 38

2.3.1.6 O ambiente físico .......................................................................................... 38

3 O AMBIENTE COMO RECURSO TERAPÊUTICO ............................................... 40

3.1 RELAÇÕES DO AMBIENTE FÍSICO COM A DOENÇA DE ALZHEIMER .......... 42

3.2 OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS ATRAVÉS DO AMBIENTE FÍSICO ..... 44

3.3 MODALIDADES DE ATENÇÃO AO IDOSO ....................................................... 46

4 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS (IL PIs) ................. 48

4.1 LEGISLAÇÃO ...................................................................................................... 50

4.2 CARACTERÍSTICAS ESPACIAIS IDEAIS PARA IDOSOS COM ALZHEIMER:

EXEMPLOS DE ILPIs ESPECIALIZADAS ................................................................ 55

4.2.1 Instituição 1: Casa do Alecrim ...................................................................... 62

4.2.2 Instituição 2: Alzheimer’sRespite Centre ..................................................... 66

5 INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM ALZHEIMER

EM VILA VELHA, ES : PROJETO ARQUITETÔNICO ............................................. 73

5.1 DELIMITAÇÃO DO PÚBLICO ASSISTIDO ......................................................... 74

5.2 CONSIDERAÇÃO SOBRE O LOCAL DE IMPLANTAÇÃO ................................. 75

5.2.1 Terreno 1 ......................................................................................................... 76

5.2.2 Terreno 2 ......................................................................................................... 80

5.2.3 Definição do terreno ....................................................................................... 84

5.3 DEFINIÇÃO DO PARTIDO ARQUITETÔNICO ................................................... 85

5.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES .................................................................... 90

5.4.1 Setor de Serviço ............................................................................................. 91

5.4.2 Setor Administrativo ...................................................................................... 92

5.4.3 Setor Moradia ................................................................................................. 93

5.4.4 Dimensões dos ambientes ............................................................................ 96

5.5 FLUXOS E SETORIZAÇÃO: DEFINIÇÃO DA PLANTA BAIXA .......................... 97

5.5.1 Planta baixa .................................................................................................. 100

5.5.2 Implantação e Paisagismo ........................................................................... 106

5.5.3 Fachadas ....................................................................................................... 110

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 112

7 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 115

APÊNDICES ........................................................................................................... 127

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1 INTRODUÇÃO

A população brasileira está envelhecendo em um ritmo acelerado, passando de 3,3

milhões de pessoas em 1960 para 20,5 milhões em 2010, com previsão de tornar-se

a sexta maior população idosa do mundo até o ano de 2025 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, 2012), considerando-se

idoso aquele que possui 60 anos ou mais – Lei nº 8.842 (BRASIL, 1994).

Diante disso, o envelhecimento tem ganhado cada vez mais evidência em diferentes

áreas de pesquisas, principalmente pelo fato de que o processo de envelhecer traz

consigo transformações, tanto para quem está envelhecendo quanto para aqueles

que convivem com estas pessoas. Destacam-se nesta fase da vida os problemas

relacionados à saúde, perda de resistência física e psíquica, onde a mais frequente

é a Doença de Alzheimer (DA) (ABRAz, 2013).

A referida doença é caracterizada pela morte dos neurônios, as células constituintes

do cérebro, ocasionando a perda progressiva e contínua da memória, afetando as

capacidades físicas e mentais, deixando o paciente completamente dependente de

terceiros (CANINEU, 2013). Embora ainda não tenha sido descoberta a causa

específica da doença e a sua cura, os profissionais estão se empenhando em

descobrir diferentes formas de tratamento que, ao menos, possibilite retardar o

avanço da doença e permita que o idoso tenha uma melhor qualidade de vida.

Tais tratamentos são classificados em: farmacológico e não-farmacológico (COSTA,

2011), sendo que entre as opções não-farmacológicas, o espaço físico adequado

aparece como um item indispensável para o paciente, devendo atender as suas

necessidades e estimular a sua independência.

O médico André Palmini, membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN),

afirma que os números crescentes da doença no país se tornaram um problema real

de saúde pública (GANDRA, 2011). Porém, os setores de saúde do Brasil oferecem

pouquíssimas alternativas para minimizar os impactos negativos da doença e não

estão preparados para o crescimento do número de idosos com Alzheimer, tendo

em vista que a estimativa é de que existam, atualmente, 1,2 milhões de pessoas

com mais de 65 anos que possuem DA (BORGES, 2012; ABRAz,2012).

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O idoso, para manter a sua qualidade de vida, necessita de cuidados e serviços

especializados e, para isso, pode recorrer a diversas modalidades de atenção.

Estas, conforme o Decreto Nº 1.948 (BRASIL, 1996), podem ser classificadas como

não-asilares, onde são oferecidos cuidados durante o dia ou parte dele, e asilares,

nas quais os cuidados são permanentes e possuem características de uma

residência, como as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs).

Esta é a modalidade mais recomendada para os idosos que possuem DA, pois estes

necessitam de referências espaciais bem definidas e o fato de passar o dia em um

local e dormir em outro, como acontece na forma não-asilar, poderia prejudicar o

tratamento.

Tais ambientes (asilar e não-asilar), quando devidamente projetados, são capazes

de minimizar os sintomas da DA e melhorar a qualidade de vida do paciente e

daqueles que cuidam do mesmo, permitindo que o idoso se sinta independente e

seguro (NÚCLEO DE ENVELHECIMENTO CEREBRAL, 2012; ABRAz, 2013).

Entretanto, através de visitas em Instituições de Longa Permanência para Idosos e

segundo a Vigilância Sanitária do município de Vila Velha, foi constatado que as

ILPIs existentes foram implantadas em edificações já construídas, de forma que as

adaptações foram feitas dentro do possível para receber idosos com diferentes tipos

de limitações, mas que nenhuma delas, nem em âmbito nacional, são

especializadas em idosos com Doença de Alzheimer.

Estes necessitam de cuidados especiais e, muitas vezes, diferenciados dos que são

oferecidos aos idosos que não possuem um diagnóstico degenerativo, motivo pelo

qual o ambiente em que vive um indivíduo que não possui DA não supre as

necessidades de um idoso com Alzheimer (ALFONSO et al., 2013).

Muitas famílias que possuem em casa um idoso com demência do tipo Alzheimer

optam por levá-lo para uma ILPI, pois, além da falta de infraestrutura física em seus

lares, a doença causa um imenso desgaste psicológico àqueles que convivem

diretamente com o doente, que por não estarem preparados para lidar com todas as

necessidades do idoso com Alzheimer optam pela institucionalização (LEITE, 2000).

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Entretanto, algumas famílias ainda possuem uma visão negativa sobre os efeitos

que tal institucionalização pode causar no idoso devido ao histórico dos antigos

asilos. Porém, é possível mudar esta impressão através da Arquitetura, projetando

locais de acordo com as necessidades do idoso com Alzheimer. Desta forma, além

de estarem em um local devidamente construído, acessível e que ofereça o

aconchego de um lar, os idosos estarão sob cuidados de profissionais qualificados

para lidarem com todos os efeitos que a Doença de Alzheimer causa nos pacientes

(ROSSETO, 2012).

Ainda que as publicações a respeito do ambiente como recurso terapêutico no Brasil

sejam limitadas, em outros países o estudo dos aspectos ambientais com

perspectiva terapêutica para idosos com Alzheimer vem sendo cada vez mais

aprofundado e utilizado para o tratamento dos indivíduos acometidos por esta

doença.

Diante do exposto, o presente trabalho de conclusão de curso justifica-se ao

considerarmos os índices estatísticos sobre o aumento do número de idosos com

Doença de Alzheimer no Brasil, a falta de estrutura psicológica e ambientes

adequados das famílias que cuidam destes indivíduos, a necessidade da

institucionalização para melhor qualidade de vida tanto do idoso quanto da família, a

ausência de espaços, como as ILPIs, devidamente projetadas para idosos com

Alzheimer e estudos que comprovam a importância do ambiente físico como recurso

terapêutico na modalidade de atenção ao idoso.

Sendo assim, a elaboração de um projeto arquitetônico, em nível de Estudo

Preliminar, de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos com a Doença de

Alzheimer constitui-se como o objetivo geral deste trabalho. Considera-se, neste

caso, a importância do espaço físico ser adequado para suprir os déficits cognitivos

e reforçar as capacidades destes indivíduos, a fim de garantir a qualidade de vida e

a preservação da dignidade dos mesmos.

A problemática ocorre em torno de como a Arquitetura, enquanto recurso terapêutico

pode contribuir para o bem estar do Idoso com a Doença de Alzheimer e como

propor espaços adequados em uma ILPI especializada em Idosos com Alzheimer.

18

Para tanto, foi necessário estudar o processo de envelhecimento do idoso com

Alzheimer; entender os sintomas e as necessidades físicas do idoso doente;

identificar os fatores do ambiente físico, bem como de sua concepção ou adequação

que proporcionasse melhor qualidade de vida a esses idosos; analisar as

contribuições que a Arquitetura, enquanto recurso terapêutico pode trazer para o

tratamento da Doença de Alzheimer; identificar as características ambientais

necessárias para uma Instituição de Longa Permanência para idosos com

Alzheimer; apresentar exemplos de Instituições de Longa Permanência

especializadas em acolher esses idosos, enfatizando os aspectos ambientais das

mesmas; para fundamentar a proposta final desta monografia: uma proposta

projetual em nível de Estudo Preliminar, de uma Instituição de Longa Permanência

para Idosos com Alzheimer.

O presente estudo foi então dividido em três fases distintas, conforme exposto a

seguir:

- Fase 1:

Onde foram levantadas informações sobre o envelhecimento, a Doença de

Alzheimer, as características e necessidades especiais dos idosos que possuem a

doença e a importância do ambiente físico enquanto recurso terapêutico para estes

idosos. Para tanto, foram utilizados além da revisão bibliográfica, índices

estatísticos, diretrizes de legislações que regem os direitos dos idosos quanto ao

ambiente que eles vivem e, relatos de profissionais da área, sejam médicos ou

arquitetos.

Para a elaboração das entrevistas, foi descartada a utilização de um roteiro de

perguntas, devido a diversidades de áreas consultadas e o interesse de obtenção de

informações diferenciadas. Além disso, foi possibilitada em algumas abordagens a

visita em Instituições de Longa Permanência para Idosos, locais.

Dos profissionais entrevistados: duas são fisioterapeutas, sendo uma delas

proprietária de uma das ILPIs visitadas; uma é médica geriatra; outra, psicóloga; e

ainda outras duas que são terapeutas ocupacionais, sendo esta, proprietária da

outra ILPI visitada. Todos os profissionais têm relação com idosos que possuem

Doença de Alzheimer e consideraram este trabalho coerente à realidade local.

19

- Fase 2:

Através dos dados recolhidos nas atividades desenvolvidas na fase 1, foram

levantadas e analisadas as necessidades a serem supridas em uma Instituição de

Longa Permanência para Idosos com Alzheimer. Em seguida, foram apresentados

exemplos de ILPIs especializadas em idosos com este tipo de demência,

possibilitando a análise destes ambientes. Tais instituições foram consultadas

apenas por intermédio da internet devido à impossibilidade de visita por estarem

localizadas no exterior e ao tempo existente para a pesquisa.

Para atingir os objetivos propostos foi realizada ampla pesquisa bibliográfica e

iconográfica, bem como entrevistas com profissionais conscientes das necessidades

do paciente com DA, abarcando tanto questões específicas da arquitetura quanto

questões médicas e comportamentais.

O capítulo 1 descreve a metodologia utilizada, descrevendo as fases distintas do

projeto. O capítulo 2 traz uma revisão teórica a respeito do envelhecimento e a

Doença de Alzheimer. Neste capítulo fez-se a apresentação da doença, sintomas,

possíveis causas, a evolução dos estágios da doença no idoso e a apresentação

das formas de tratamento, na qual o ambiente físico aparece como um importante

aspecto do tratamento não-farmacológico.

Na sequência, o capítulo 3 aborda o ambiente físico como recurso terapêutico,

enfatizando os benefícios da Arquitetura com a Doença de Alzheimer. Neste capítulo

são destacados os objetivos que devem ser atingidos ao se propor ambientes para

Idosos com Alzheimer e são apresentados, ainda, as diferentes modalidades de

atenção ao idoso, sendo que entre elas está a Instituição de Longa Permanência

destinada a acolhê-los.

O 4º capítulo apresenta o histórico das ILPIs, os aspectos legais que garantem os

direitos dos idosos quanto a um local adequado de moradia e, em seguida,

apresentam-se exemplos de ILPIs especializadas em idosos com Alzheimer,

fazendo uma análise dos seus espaços de acordo com as diretrizes das legislações

e as demais informações obtidas durante o desenvolvimento deste trabalho.

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- Fase 3

Após todo o embasamento teórico realizado nas fases anteriores, o capítulo 5,

consiste no desenvolvimento do projeto da Instituição de Longa Permanência para

idosos com Doença de Alzheimer, em nível de Estudo Preliminar. Primeiramente, é

definida a quantidade de idosos que a ILPI poderá receber, levando-se em

consideração as pesquisas que já foram feitas relatando a importância e influência

que este aspecto pode causar no idoso com Alzheimer. Em seguida, é feita uma

investigação para definição da área para implantação do projeto, considerando os

aspectos físicos, recomendações encontradas nas pesquisas, condicionantes

climáticas e a legislação vigente. O terreno escolhido fica no bairro Coqueiral de

Itaparica, no município de Vila Velha, Espírito Santo, por ser um local de ambiente

comunitário, com infraestrutura consolidada, próximo a áreas de lazer, comércios,

hospitais e outras ILPIs não especializadas em Alzheimer. Na sequencia, são

descritos os fatores determinantes para a definição do Partido Arquitetônico, assim

como os ambientes necessários levando-se em conta as exigências da legislação

local vigente para projetos de ILPI e as recomendações identificadas em publicações

de especialistas em projetos para idosos com Alzheimer. Por fim, é apresentado o

projeto através de suas diferentes etapas que contemplaram o estudo do fluxograma

e da setorização para melhor definição da implantação e planta baixa, seguidos do

paisagismo projetado com outras opções de estar que estendem os limites e

atividades da edificação para as áreas livres de seu terreno.

O 5º capítulo apresenta as considerações finais deste trabalho de conclusão de

curso, onde os aspectos relevantes ao tema e a aplicabilidade dos condicionantes

de projeto, resultaram no Estudo Preliminar proposto. As dificuldades encontradas

para o desenvolvimento deste trabalho destaca a necessidade de novas pesquisas e

estudos relacionados à arquitetura e a qualidade de vida para idosos com Alzheimer.

Para concluir, foram inseridos ao final deste trabalho as referências bibliográficas

pesquisadas e os anexos, onde se encontra o projeto de arquitetura proposto para a

Instituição de Longa Permanência para Idosos com Doença de Alzheimer em Vila

Velha, Espírito Santo.

21

2 O ENVELHECIMENTO E A DOENÇA DE ALZHEIMER

A vida de qualquer ser humano costuma ser dividida em fases: desenvolvimento,

reprodução e o envelhecimento. As duas primeiras são responsáveis pelo processo

de crescimento, desenvolvimento de órgãos e preparação do organismo para a

reprodução que garante a perpetuação da espécie. Já na fase do envelhecimento,

ocorre o declínio das capacidades adquiridas durante toda a vida (CANCELA, 2007).

Porém, é um processo que possui conceitos distintos e as formas como ocorrem

estes declínios são variadas, pois também são influenciadas pelo estilo de vida de

cada grupo social. Os idosos são uma camada da população com características

próprias e necessidades específicas. (EIZIRIK, CANDIAGO, KNIJIK, 2001).

A Organização das Nações Unidas (ONU) define o idoso a partir da sua idade

cronológica e características socioeconômicas, considerando nos países

desenvolvidos, aquelas pessoas com 65 anos ou mais e nos países em

desenvolvimento, aquelas pessoas com 60 anos ou mais. Esta denominação é

confirmada pela Política Nacional do Idoso – Lei nº 8.842 (1994) e pelo Estatuto do

Idoso – Lei nº 10.741 (2003), onde a pessoa é considerada idosa quando atinge os

60 anos. Embora alguns autores aleguem que é vago e complexo definir o

envelhecimento humano por critério cronológico (STUART- HAMILTON, 2007;

CASARA; CORTELETTI, HERÉDIA, 2010), para efeito desse estudo, têm-se como

referência as definições nacionais e da ONU, isto é, a partir de 60 anos. Além da

denominação “Envelhecimento” e “Idoso”, esta fase da vida também recebe a

classificação de “Terceira Idade” ou “Melhor Idade” (PORTAL DO

ENVELHECIMENTO, 2010).

Nos últimos vinte anos, o idoso vem ganhando cada vez mais espaço na sociedade,

pois, devido à diminuição da taxa de mortalidade e fecundidade registradas desde a

década de 60, o fenômeno do envelhecimento passou a avançar de forma rápida e

contínua, despertando a preocupação da estrutura social e econômica que o país

possui para lidar com a realidade da atual pirâmide etária brasileira (SILVA, 2005).

A comprovação disso pode ser feita através do surgimento de instrumentos de

proteção às pessoas idosas como a Política Nacional do Idoso (PNI) – Lei 8.842/94

regulamentada pelo decreto 1948/96, na qual, mesmo sendo somente em nível

22

legislativo, criou o Conselho Nacional do Idoso, garantindo os direitos sociais, a

autonomia, integração e participação do idoso na sociedade. Já em 2003, através do

projeto de lei nº 10.741/2007, foi criado no Brasil o Estatuto do Idoso, na tentativa de

assegurar o direito dos Idosos.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (G1, 2012),

divulgados em 2012, o número de idosos na população brasileira, em 1960, era de

3,3 milhões e representavam 4,7% da população. Já em 2010, quando foi realizado

o último censo demográfico, os idosos já eram em 20,5 milhões e representavam

10,8% da população brasileira (Figura 1). Percebe-se a mudança na pirâmide

demográfica, pois a base, onde estão as crianças, estreita-se, enquanto o corpo e o

cume alargam-se devido à redução da taxa de natalidade e crescimento da

expectativa de vida da população adulta e idosa.

Figura 1 - Índice de crescimento da Terceira Idade

Fonte: G1 (2012).

De acordo com Bárbara Cobo (G1, 2012), pesquisadora de indicadores sociais do

IBGE: “o envelhecimento da população é uma tendência e grande parte dos países

desenvolvidos já chegaram nessa etapa, decorrentes do maior desenvolvimento

social e do aumento da expectativa de vida.”. Estima-se que em 2025 o Brasil terá a

sexta maior população de idosos do mundo (PORTAL DO ENVELHECIMENTO,

2010).

O fato é que o envelhecimento da população está presente e já deixou de ser um

fator exclusivo de países desenvolvidos. Sendo assim, é impossível não perceber as

mudanças que isso traz à sociedade bem como à vida de cada um. Percebe-se que

algumas mudanças são consideradas agradáveis, visto que pode significar o

23

prolongamento do tempo de vida com saúde, além disso, os idosos podem se

mostrar úteis à sociedade desempenhando alguns papéis importantes no ambiente

familiar ou fora dele. Porém, segundo Cavalcanti e outros(2006), o envelhecimento

pode trazer diversas alterações negativas para o cotidiano dos idosos. Entre eles

estão: problemas econômicos; perda do status profissional; sentimento de inutilidade

e insegurança; falta de oportunidades para ocupação, seja social ou de lazer;

diminuição da capacidade de aprendizagem; transformações físicas, hormonais e

vitais; necessidade de cuidados médicos, gerando mais despesas, mais atenção

familiar e; comprometimento da saúde. Néri (1997, apud PASCALE, 2002) destaca

que no Brasil as apreciações negativas à velhice são improdutividade, dependência,

isolamento e desvalorização e as apreciações positivas estão dirigidas à sabedoria e

à dignidade.

De acordo com Costa (2011) o aumento, tanto relativo como absoluto, do número de

idosos, traz consigo uma maior prevalência de doenças associadas com a idade. As

enfermidades cardiovasculares, as osteo-articulares e as de tipo demencial são

patologias muito frequentes da população idosa, geram uma crescente fragilidade

funcional e psíquica, dando sequência ao alto grau de dependência, obrigando o

idoso e seus familiares a encontrarem meios de adaptação para garantir a saúde e

sua qualidade de vida. De acordo com Fonseca e Paúl (2007), “a saúde

desempenha um papel central no envelhecimento, podendo prever a qualidade de

vida dos indivíduos idosos pela sua saúde”.

A manutenção da saúde no processo de envelhecimento fica condicionada então, a

qualidade de suas funções orgânicas. Sendo que o processo natural e preferencial

do envelhecimento, onde as perdas intelectuais e físicas acontecem em nível

aceitável, é denominado senescência. Já quando as perdas ocorrem de forma

intensa e com grandes sinais de degeneração, este processo é classificado como

senilidade (OLIVEIRA, 2006).

Muitas pessoas possuem medo de envelhecer, devido às mudanças do corpo, a

diminuição de defesas contra doenças, a perda de parentes ou pessoas queridas e a

redução da disposição até mesmo para realizar tarefas diárias (CEREDA, 2013). De

acordo com a psicóloga clínica da Sociedade de Geriatria e Gerontologia do Chile,

24

Maria José Gálvez (2013, apud CEREDA, 2013), é possível diferenciar o medo que

as pessoas sentem ao envelhecer em desenvolver:

- Perdas dos papéis sociais: como, por exemplo, quando o idoso se aposenta

e teme ser excluído da sociedade por estar produzindo, ou quando fica viúvo e teme

a perda do suporte social do restante da família. Além disso, existe o medo de

morrer sozinho e sem dinheiro.

- Mudanças na funcionalidade: a psicóloga afirma que o principal medo dos

idosos é o da dependência. Os idosos temem depender dos outros para executar

tarefas diárias e se tornarem um “peso” na vida dos familiares, principalmente os

filhos. Também relacionado a funcionalidade, existe o medo de déficits sensoriais ou

de mobilidade e o grande temor é a perda da memória ou da capacidade de decisão,

pois temem depender de terceiros para que tomem conta de questões como o

patrimônio e medicamentos.

- Doenças específicas: entre as doenças mais temidas pelos idosos estão a

demência, principalmente a do tipo Alzheimer, câncer e doenças que acarretam a

perda da mobilidade.

Muitos idosos possuem medo de cair ou sofrem da tensão pós-queda, deixando

muitas vezes de realizar algumas atividades por conta do medo. O presidente da

Sociedade de Geriatria e Gerontologia do Chile, Dr. Vítor Hugo Carrasco (CEREDA,

2013) afirma que o medo das doenças está relacionado principalmente ao medo de

sofrer com a dor, depender dos outros ou não ter locais apropriados para viverem

com qualidade de vida.

O idoso pode ter vários problemas de saúde, sendo que as doenças que provocam

perdas cognitivas seguidas de um comprometimento da memória, como as

demências apresentadas a seguir, são os problemas mais comuns apresentados

pelos idosos nos consultórios médicos (RAMOS; MACEDO, 2001, apud PASCALE,

2002).

25

2.1 AS PRINCIPAIS DEMÊNCIAS DA TERCEIRA IDADE

Uma pessoa, durante o processo de envelhecimento, costuma apresentar a perda

dos reflexos rápidos, da coordenação motora, além de perdas sensoriais e

dificuldades em interagir com o meio em que vive. Porém, quando ocorre a perda

cognitiva progressiva, juntamente com alguma confusão mental e com as demais

perdas classificadas como naturais do envelhecimento, é necessário ter mais

atenção, pois são sinais de um possível desenvolvimento de alguma doença

demencial e o idoso terá uma dificuldade muito maior, muito mais comprometida

para manter a interação com a sociedade e o meio ambiente.

A Classificação Internacional de Doenças (CID-10), estabelecida pela Organização

Mundial da Saúde (OMS, 1993) define demência como:

Síndrome decorrente de uma doença cerebral, usualmente de natureza crônica ou progressiva, na qual há perturbação de múltiplas funções corticais superiores, a começar pela memória, incluindo distúrbios do pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprendizagem, linguagem e julgamento.

Dias (2001, apud PASCALE, 2002, p.2) afirma que “a demência é uma doença

cerebral e, portanto, não faz parte do envelhecimento normal”, sendo conhecida

pelos leigos com o nome de “esclerose”.

O idoso que possui alguma demência não perde somente o domínio da atividade

psíquica. Ele perde suas funções intelectuais, afetivas, psicomotoras, linguísticas e

seu comportamento social é afetado junto à vida de todos com os quais ele convive

diretamente.

Muitos estudos e médicos classificam a demência como uma doença em que o

diagnóstico deve ser bem criterioso. Segundo a OMS (1993), a pessoa só é

diagnosticada com demência caso apresente incapacidade de raciocínio e de

abstração (memória e pensamento), em um prazo de pelo menos seis meses de

evolução. Sendo que devem ser realizados exames do estado mental e o

acompanhamento da história clínica do indivíduo.

De acordo com Bizar, Canineu, Canineu (2013) existem aproximadamente sessenta

tipos de demências, sendo que as principais são:

26

- Demências Vasculares: Correspondem a aproximadamente 20% de todos

os tipos de demências. Dependendo do grau de acometimento, elas podem

ocasionar alterações tanto motoras quanto cognitivas e se diferenciam da Doença

de Alzheimer, pois é possível ver alterações dos quadros vasculares nos exames de

imagem cerebrais.

- Demência Fronto – Temporal (DFT): Ela aparece principalmente em

indivíduos que possuem entre 45 a 65 anos de idade e ocorre na mesma proporção

entre homens e mulheres. Entre os sintomas dessa doença estão: desinibição e o

comportamento antissocial, apatia, perda capacidade de planejamento, perda de

significado de palavras ou conceitos. O paciente pode ficar mudo. No diagnóstico

relativo a estes pacientes foi verificada a ausência de células e presença de outras

como, por exemplo, “células de Pick”, diferente do encontrado na Doença de

Alzheimer.

- Demência por Corpúsculos de Lewy (DCL): Depois da Doença de Alzheimer,

é a segunda demência mais frequente em idosos. Os sintomas típicos são: declínio

cognitivo, mudanças no estado de alerta e de atenção, desorientação, dificuldades

de comunicação, alucinações, delírios e quedas frequentes. Diferentemente da

Doença de Alzheimer que não possui causa definida, a DCL tem como causa o

acúmulo de grande quantidade de substâncias chamadas de Corpos de Lewy, no

córtex cerebral.

- Demência na Doença de Parkinson (DP): A demência na DP faz parte do

grupo de demências secundárias a um estado físico. O início da doença em idade

mais avançada, o baixo nível educacional e o baixo nível em testes verbais, são

alguns dos fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento da

demência em pacientes com DP. Os sintomas apresentados são lentidão cognitiva,

apatia, comprometimento da memória e das funções executivas.

- Doença de Huntington: Essa doença é caracterizada por mudanças motoras,

cognitivas e psiquiátricas de caráter progressivo. Possui uma importante influência

genética e começa a aparecer a partir dos 30 e 50 anos.

A demência do tipo Alzheimer está entre as principais demências, sendo a mais

comum entre os idosos (ABRAz, 2012) e será explicada a seguir. De acordo com

27

especialistas da área de geriatria e neurologia, é necessário atenção para diferenciar

as demências de perturbações como delírio, depressão, esquizofrenia ou alterações

naturais do processo de envelhecimento.

2.2 DOENÇA DE ALZHEIMER (DA): A PRINCIPAL DEMÊNCIA DA TERCEIRA

IDADE

A Organização Mundial da Saúde (OMS, 1993) define a DA como:

Uma doença cerebral degenerativa primária, de etiologia

desconhecida, com aspectos neuropatológicos e neuroquímicos

característicos. Instala-se usualmente, de modo insidioso e

desenvolve-se lenta, mas continuamente por um período de anos, e

este pode ser tão curto, como dois ou três anos, mas ocasionalmente,

pode ser consideravelmente mais prolongado. O início pode ser na

meia-idade ou até mais cedo (início pré-senil), mas a incidência é

maior na idade avançada (início senil). Em casos com início antes da

idade dos sessenta e cinco a setenta anos, há a probabilidade de

uma história familiar de uma demência semelhante, tendo um curso

mais rápido e uma predominância de aspectos de dano do lobo-

temporal e parietal, incluindo disfasia1 ou dispraxia2. Em caso com

início mais tardio, o curso tende a ser mais lento e caracterizado por

um comprometimento mais geral das funções corticais superiores3.

A doença recebeu este nome depois que o médico alemão Alois Alzheimer publicou,

em 1906, um trabalho relatando a avaliação pós-morte feita no tecido cerebral de

uma mulher de cinquenta e um anos que apresentou sintomas de delírio, perda de

memória, alterações na linguagem e que apresentava uma piora progressiva

(COHEN, 1995).

1 Disfasia ou Afasia é uma dificuldade em usar e compreender a linguagem falada e escrita. Incapacidade para ordenar palavras. (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, acesso em 26 set. 2013). 2Dispraxia é um déficit, ou perda parcial da faculdade de executar movimentos coordenados. (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, acesso em 26 set. 2013). 3 Funções corticais superiores ou raciocínio são as capacidades que os indivíduos possuem de calcular, escrever, orientar-se e integrar todos esses conhecimentos (ASPESI; FERREIRA, 2010)

28

A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência e, de acordo com

dados da Organização Mundial da Saúde e da Associação Brasileira de Alzheimer

(ABRAz, 2012), a estimativa é que a doença atinja hoje 1,2 milhão de pessoas com

mais de 60 anos no Brasil e o número de casos vai mais que dobrar até 2030. As

chances de alguém com menos de 60 anos ser diagnosticado com Alzheimer, são

raras. Porém, a partir do 60 anos existe uma prevalência que duplica a cada cinco

anos (ABRAz, 2012).

Na Doença de Alzheimer, ocorre a morte dos neurônios, que são as células

constituintes do cérebro, por motivos ainda não identificados. Essas perdas,

inicialmente, acontecem “especialmente em regiões localizadas no lobo temporal e

parietal, ocasionando diminuição de várias substâncias químicas, especialmente a

acetilcolina, considerada a principal substância envolvida no controle de memória”

(CANINEU, 2013, p.36). Coons (1991, apud PASCALE, 2002) afirma que as

mudanças no cérebro provocadas pela DA são irreversíveis e que o paciente pode

ter uma sobrevida de três a vinte anos após o início dos primeiros sintomas.

Devido à perda de tecido e a morte neural, o cérebro, com o passar do tempo, vai

encolhendo (Figura 2) e afetando quase todas as suas funções (ALZHEIMER’S

ASSOCIATION, acesso em 27 set. 20013).

Figura 2 - Modificações do cérebro na Doença de Alzheimer: 1 – Um cérebro sem a doença; 2 – Um cérebro com Alzheimer em estágio avançado e; 3 – Uma comparação entre os dois cérebros.

Fonte: Alzheimer’sAssociation(Acesso em: 27 set. 2013). Imagem adaptada pela autora De acordo com o Alzheimer’sAssociation (acesso em 27 set. 2013), durante o

desenvolvimento da Doença de Alzheimer: o córtex (Figura 3) encolhe e danifica as

29

regiões envolvidas com os pensamentos e lembranças; devido ao encolhimento, o

hipocampo (Figura 4), região do córtex responsável pela formação de novas

lembranças, também é encolhido e os ventrículos (Figura 5), que são espaços

preenchidos por fluidos dentro do cérebro, ficam maiores.

Figura 3 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos - córtex.

Fonte: Alzheimer’sAssociation.Acesso em: 27 set. 2013

Figura 4 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos – hipocampo. Fonte: Alzheimer’sAssociation. Acesso em: 27 set. 2013

30

Figura 5 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos - ventrículos. Fonte: Alzheimer’sAssociation. Acesso em: 27 set. 2013.

Pascale (2002) cita que a doença não é causada pelo envelhecimento funcional de

vasos e artérias, já que muitos portadores de DA possuem os vasos sanguíneos

normais que fazem a condução ao cérebro. Porém, já foram levantadas algumas

circunstâncias e aspectos que estão sendo associados como favorecedores para o

surgimento e desenvolvimento. Dentre estes aspectos especulam-se, mesmo que

por motivos ainda não comprovados, o paciente ser do sexo feminino, o ambiente

social, o nível de escolaridade, a falta de prática de atividades físicas e o

desenvolvimento de outras doenças como, por exemplo, a hipertensão e diabetes

(FERREIRA, 2013).

Todos esses fatores são possíveis causas e esporádicos. Além desses, existem

outras prováveis causas como a herança genética bem determinada, causas

infecciosas e ambientais. Todas passíveis de erro e sem comprovação, porém, é

levemente maior a possibilidade de desenvolvimento da doença em indivíduos que

possuem algum grau de parentesco de primeiro grau com algum paciente

(FERREIRA, 2013).

Constata-se que mesmo sendo cogitadas algumas hipóteses de causas da doença,

ainda é necessário muito estudo para a comprovação das mesmas.

31

2.2.1 Os Sintomas da Doença de Alzheimer

Para reconhecer os sintomas do Alzheimer, principalmente os iniciais, é necessário

muita atenção aos sinais que as pessoas vêm demonstrando, pois muitos deles

podem se confundir com sintomas do processo natural do envelhecimento. Os

primeiros sintomas que costumam aparecer, na maioria dos casos, estão

relacionados a alterações na memória, de forma que se for uma perda de memória

incomum à velhice, pode significar o desenvolvimento de demência.

O Instituto Alzheimer Brasil (IAB) (acesso em 27 set. 2013) divulgou uma lista de

sintomas que podem indicar manifestações da Doença de Alzheimer. Porém, a

apresentação destes sintomas não significa que a pessoa tem a doença, mas sim

que ela precisa de um acompanhamento médico. Os sinais são:

- Perda de memória: Esquecimento de informações recentes, repetição de

perguntas e histórias por várias vezes, necessidade de auxílio de lembretes e

membros da família para coisas que normalmente a pessoa lembraria sozinha e

dificuldade de aprender novas tarefas. No envelhecimento natural, podem acontecer

lapsos de memórias, porém a pessoa pode lembrar posteriormente, seja sozinha ou

com a ajuda de alguém.

- Trocar o lugar dos objetos: A pessoa passa a colocar as coisas em lugares

inadequados, perder os objetos e ter dificuldade de lembrar onde os guardou.

Porém, não é incomum que a pessoa durante o processo de envelhecimento,

confunda ou esqueça algum lugar.

- Perda de habilidade para realizar tarefas: Pessoas com Alzheimer têm

dificuldade em realizar tarefas que antes fazia com facilidade, como: cozinhar, lidar

com dinheiro, lidar com equipamentos domésticos. Em um processo de

envelhecimento natural, o idoso pode precisar de ajuda para executar algumas

dessas tarefas, mas não de forma sistemática.

- Descuido da aparência e higiene pessoal: A pessoa perde o interesse em se

arrumar, em tomar banho, escovar os dentes e não se incomoda ou percebe o

descuido.

- Alterações de humor e personalidade: O humor e a personalidade das

pessoas com doença de Alzheimer pode alterar-se em um curto espaço de tempo,

do riso ao choro, da tranquilidade à agitação, sem um motivo aparente. A pessoa

torna-se desconfiada, deprimida, ansiosa e costuma se irritar com facilidade. É

32

importante não confundir essas alterações com alterações de humor comuns da

idade, como por exemplo, quando a pessoa só se sente bem em fazer as coisas

somente de uma determinada maneira.

- Apresentação de comportamentos atípicos: A pessoa com Alzheimer pode

apresentar comportamentos estranhos, como tirar comida da boca e jogar no chão.

- Perda da noção de tempo e espaço: A doença de Alzheimer pode fazer com

que a pessoa perca a noção sobre o dia, ano, estação em que estão vivendo. Muitas

vezes não sabe voltar pra casa quando vai para algum lugar desconhecido. Essas

situações são completamente diferentes de quando uma pessoa ao envelhecer

esquece, casualmente, onde estava indo.

- Problema com a linguagem: A pessoa pode começar a apresentar

dificuldade em inserir-se numa conversa. Além disso, pode apresentar um

vocabulário empobrecido, dificuldade para encontrar palavras ou substituir palavras

por outras inadequadas.

- Falta de pensamento abstrato: A pessoa apresenta incapacidade para

resolver problemas, planejar suas ações ou trabalhar com números. Podem

apresentar dificuldade em seguir instruções e de se concentrar em tarefas comuns.

A diferença é que no envelhecimento natural, essas dificuldades são ocasionais.

- Lapsos de julgamento: Algumas vezes pode acontecer da pessoa acusar os

outros de terem lhe roubado objetos, vestir-se inadequadamente e não perceber

quando está claramente sendo enganada.

2.2.2 O Diagnóstico

Com o aumento do número de pessoas com a Doença de Alzheimer nos últimos

anos, os pesquisadores estão buscando novos métodos para melhorar e facilitar o

diagnóstico.

Quando precoce esse diagnóstico permite que o paciente e a família se preparem

para lidar com o efeito progressivo da doença. Além disso, aumenta as chances dos

possíveis tratamentos fazerem efeito, retardando as consequências da doença e

melhorando a qualidade do idoso acometido pela doença. Sendo assim, é muito

importante que, mesmo na desconfiança do aparecimento dos sintomas, o idoso

33

seja levado à um médico especialista (neurologista ou psiquiatra), para que eles

façam a detecção dos primeiros sintomas e encaminhe para os próximos exames.

De acordo com a NINCDS/ADRDA 4(1984, apud HOTOTIAN, BOTTINO, AZEVEDO,

2006), o diagnóstico de Alzheimer pode ser classificado em:

- DA possível: apresenta quadros que iniciam com sintomas que não são

característicos apenas da Doença de Alzheimer, como esquecimentos rápidos ou

pequenas perdas na mobilidade; apresenta déficit cognitivo progressivo único sem

que haja outra causa identificável.

- DA provável: quadros com sintomas característicos de DA; apresentação de

déficits cognitivos evidentes em duas ou mais áreas da cognição; início dos

sintomas entre as idades de 40 e 90 anos, mais frequentemente após os 65 anos.

- DA definitiva: confirma o quadro clínico após a morte.

O diagnóstico de demência do tipo Alzheimer, ou demência na doença de Alzheimer (DA) é feito quando está presente quadro clínico caracterizado por declínio cognitivo global, sem distúrbio de consciência, de início habitualmente insidioso e piora progressiva, que interfere nas atividades da vida diária do paciente. Outras condições causadoras de demência devem ser afastadas (hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12, AIDS, doenças neurológicas)(AZEVEDO, BOTTINO, HOTOTIAN, 2006, p. 54).

O diagnóstico da Doença de Alzheimer ainda é complexo e necessita de estudos

para ser aprimorado. É necessária a avaliação de fatores clínicos, neuropsicológicos

e funcionais para a determinação da intensidade e evolução da doença, para que

sejam feitas as estratégias de tratamento. (ENGELHARDT, LAKS, MARINHO, 2006).

2.2.3 Os Estágios da Doença de Alzheimer

Por ser uma doença com efeitos e perdas progressivas que variam de pessoa para

pessoa, foram definidos alguns padrões na forma da sua evolução, dividida em três

estágios (ABRAz, acesso em 27 set. 2013):

4 Instituto Nacional de Doenças Neurológicas, Comunicativas e Acidentes Vasculares Cerebrais e, Associação da

Doença de Alzheimer e Transtornos Relacionados.

34

- Estágio inicial: Este estágio é raramente percebido. Os idosos começam a

apresentar os primeiros sinais da doença. A pessoa apresenta lapsos de memória e

desinteresse por acontecimentos recentes ou informações recém-adquirida. É uma

fase em que a pessoa ainda tem um grau de independência. Porém, é comum a

pessoa que está no primeiro estágio deixar o objeto em algum lugar e logo depois

não se recordar onde deixou (BERGER, 2003). A pessoa não consegue resolver

problemas sozinhos, apresenta dificuldade em conversar, pois esquece as palavras

que serão ditas. Além disso, a pessoa perde o interesse por hobbies, apresenta

mudança de humor, comportamento, personalidade e quadros de depressão.

- Estágio Intermediário: Neste estágio, os sintomas já são perceptíveis com

perda significativa da memória, devido ao agravamento dos sintomas do estágio

anterior. A pessoa pode se perder tanto na rua quanto em casa, já não consegue

viver sozinha, pois não tem mais capacidade de executar tarefas diárias como, por

exemplo, cozinhar, fazer compras, além de necessitar de ajuda para a higiene

pessoal. Ocorre o aumento da dificuldade com a fala e apresenta redução da

capacidade física.

- Estágio avançado: A pessoa passa a ter necessidade de cuidado em tempo

integral. O idoso perde a memória praticamente por completo, inclusive a memória

remota, já não entende o que acontece ao seu redor e mal consegue se comunicar.

Pode apresentar um comportamento inadequado em público. Apresenta dificuldade

para comer, para caminhar, incontinência urinária e fecal. Muitas vezes o idoso fica

confinado em uma cadeira de rodas ou cama e fica muito mais vulnerável a ter

complicações como: lesões de pele, infecção de rins e pulmões, desnutrição, entre

outras.

A ABRAz explica que, embora a doença apresente uma piora progressiva, alguns

pacientes podem ter períodos de estabilidade. Além disso, apesar da divisão de

estágios, os sintomas de diferentes fases podem se misturar no mesmo período,

demandando cuidados especiais no seu tratamento.

35

2.3 AS FORMAS DE TRATAMENTO DA DEMÊNCIA DO TIPO ALZHEIMER

Embora a Doença de Alzheimer ainda não tenha cura, existem medidas que ao

serem administradas podem amenizar os sintomas da doença. Segundo o Instituto

da Memória – Núcleo de Envelhecimento Cerebral (NUDEC) (acesso em 27 set.

2013), atualmente, o tratamento visa aliviar os sintomas, minimizar as perdas

cognitivas e tratar as alterações de humor e comportamento, de forma que os

pacientes tenham uma progressão mais lenta da doença, conseguindo manter sua

independência por mais tempo. Os avanços da medicina associada ao ambiente

físico estão permitindo que, mesmo na fase grave, os pacientes tenham uma melhor

qualidade de vida e maior sobrevida.

É importante que o tratamento seja abordado de forma global, com profissionais de

diferentes áreas, e deve incorporar o tratamento farmacológico, com o uso de

medicamentos que melhoram a função cognitiva e retardam a progressão da

doença, e o tratamento não farmacológico. Para efeito desta monografia, que tem

como objetivo estudar o ambiente físico como fator positivo para o tratamento da

DA, serão abordados a seguir os aspectos relacionados aos tratamentos não

farmacológicos.

2.3.1 O tratamento não-farmacológico

O tratamento não farmacológico visa complementar o tratamento farmacológico na

Doença de Alzheimer, com objetivo de orientar no processo de adaptação da

doença, além de aumentar o funcionamento cognitivo e o bem estar do paciente

(COSTA, 2011). A memória é o principal aspecto afetado pela doença. Portanto, a

prioridade da maioria das intervenções é estimular o uso mais eficiente da memória,

preservando por mais tempo a dignidade e conforto do paciente (ÁVILA, et al.,

2006).

É fundamental que estes tratamentos sejam realizados por uma equipe

multidisciplinar (médico, fisioterapeuta, assistente social, arquiteto) e que as

atividades propostas sejam realizadas em ambientes agradáveis que propiciem o

36

desenvolvimento de suas habilidades cognitivas, sociais e motoras e, de acordo com

as capacidades do paciente.

Segundo a ABRAz (acesso em 27 set. 2013), as principais intervenções não

farmacológicas existentes abordam desde a estimulação cognitiva, social e física

dos pacientes até o bem estar da família, sendo que o ambiente físico, além de ser

um tipo de intervenção não farmacológica, também contribui para as outras

tipologias de intervenção.

2.3.1.1 Estimulação cognitiva

A partir de uma estimulação sistemática juntamente com situações que requerem o

uso do pensamento, raciocínio lógico, atenção, memória, linguagem e pensamento,

deve ocorrer a potencialização das habilidades cognitivas.

Segundo Borges, et al. (2005, apud COSTA, 2011), a estimulação cognitiva pode

ser dividida em reabilitativa e compensatória. A reabilitativa defende o uso da

estimulação, através da realização de atividades de modo repetitivo, para recuperar

os processos cognitivos deteriorados. Já a compensatória parte da premissa de que

os déficits de memória não podem ser enfrentados diretamente. Sendo assim,

devem ser utilizadas agendas, blocos, sinalizações, etc.. Entretanto, Ávila e outros

(2006, pag. 355) afirmam que é uma intervenção limitada, pois alguns pacientes

possuem outros déficits que não os permitem utilizar estes recursos.

As atividades podem ser realizadas em grupo ou individualmente, porém, é preciso

estar atento às necessidades e limitações do paciente, para que os estímulos sejam

eficientes. Burgeois (1990, apud ÁVILA, et al., 2006) diz que “em geral, essas

estratégias trazem maior benefício quando o paciente ainda está em fases precoces

da doença, ou quando o cuidador o auxilia no uso dos recursos”.

2.3.1.2 Estimulação social

Esse estímulo é direcionado para os aspectos comportamentais e emocionais dos

pacientes. O objetivo é estimular as habilidades de comunicação, convivência e

37

afeto, para evitar a apatia, inatividade e promover a integração. É importante que

ocorram atividades de lazer, culturais e celebração de datas comemorativas, mas

que estas sejam desenvolvidas a partir de experiências anteriores dos pacientes e

que estas envolvam temas que interessem a eles. Além disso, é importante se

atentar ao ambiente em que serão realizadas as atividades, pois alguns idosos

podem ficar mais agitados e não desenvolver a tarefa, caso o ambiente seja muito

movimentado (ABRAz, acesso em 27 set. 2013).

2.3.1.3 Estimulação física

A prática de atividades físicas e fisioterápicas contribui para a melhoria da qualidade

de vida da população idosa com ou sem demência, oferecendo benefícios

neurológicos, melhoria na coordenação, força muscular e equilíbrio. Segundo a

ABRAz (acesso em 27 set. 2013), existem estudos comprovando que a prática de

atividades regulares contribuem para a evolução mais lenta da Doença de

Alzheimer.

2.3.1.4 Terapia de orientação de realidade (OR)

A OR visa criar estímulos ambientais que favoreçam a orientação do paciente que o

situe na realidade, apresentados de forma organizada e contínua. Esta terapia

consiste em promover a interação do paciente com o meio social, bem como

melhorar a sua comunicação neste meio, através de sinalizações no ambiente,

treinamento de habilidades cognitivas e linguagem clara ou não verbal. É importante

abordar temas como datas, nome de refeições, clima, espaço, entre outros (ÁVILA,

et al., 2006).

38

2.3.1.5 Orientação familiar

A qualidade de vida do idoso com demência depende, consideravelmente, daqueles

que são responsáveis pelo seu cuidado, tornando indispensável que a família

também faça parte das intervenções e receba orientações.

São preocupantes o estresse e a angústia que o indivíduo acometido de DA provoca na sua família e no contexto social como um todo, pois a pessoa que cuida desse indivíduo, em geral o cônjuge ou outro membro da família, poderá se tornar a segunda vítima da doença (PASCALE, 2002).

Sendo assim, a grande maioria das abordagens terapêuticas de tratamento da

Doença de Alzheimer se estende aos familiares e cuidadores, com objetivo de

ajudar a família a lidar com a sobrecarga emocional e ocupacional, oferecendo

subsídio para as famílias ajudarem o paciente.

Os grupos que oferecem este tipo de serviço para os familiares procuram informar

sobre a doença, a evolução dos sintomas durante as fases da doença, bem como as

possíveis formas de tratamento, orientam sobre como lidar com as situações do dia

a dia, além de possibilitarem a troca de experiência e sentimentos entre os familiares

participantes. Miesen (1997, apud ÁVILA, et al., 2006) destacou que com esses

grupos de orientação, as famílias passam a diminuir o sentimento de incerteza e

culpa, aceitam a doença e suas consequências de forma mais saudável, refletindo

no bem estar no paciente.

2.3.1.6 O ambiente físico

Idosos com a Doença de Alzheimer são pessoas que necessitam de mais tempo

para cuidados e atendimentos pessoais. Sendo assim, é importante um maior

entendimento da arquitetura para que eles vivam em ambientes que favoreçam e

facilite o atendimento de todas as necessidades impostas pela doença. O ambiente,

para o idoso acometido de DA, pode influenciar seu humor, sua relação com as

pessoas e até a capacidade cognitiva. De acordo com a ABRAz, o ambiente

organizado é uma das formas de contribuir para minimizar os sintomas e melhorar a

qualidade de vida. Um ambiente voltado para um idoso com DA deve proporcionar

tranquilidade, ser fácil de localizar e evitar características que causem confusão.

39

De acordo com o neurologista Eduardo Mutarelli (1999), quando os pacientes

apresentam um quadro de agitação e agressividade, é possível que o tratamento

seja apenas comportamental (não farmacológico), estabelecendo um ambiente

tranquilo, acolhedor e colaborativo, pois um ambiente agitado e confuso leva a

agitação do paciente. Caso o paciente não apresente melhoras, é recomendado

acrescentar o uso de remédios.

Além disso, um ambiente bem planejado diminui os riscos de acidentes que podem

comprometer ainda mais a qualidade de vida do idoso, favorecendo o

prolongamento da independência e capacidade de realizar atividades diárias.

O neurologista Rodrigo Rizek Schultz, do NUDEC (2012, apud PENTEADO, 2012),

afirma que um ambiente planejado de acordo com as necessidades do paciente

permite que ele se sinta mais seguro e confiante para transitar pelo local, garantindo

sua sociabilidade por mais tempo, além de trazer tranquilidade aos seus familiares.

A arquitetura, através do ambiente como recurso terapêutico, vem ganhando espaço

entre profissionais da área de medicina, principalmente com os neurologistas, que

buscam cada vez mais encontrar opções de tratamento que amenizem os sintomas

da demência (KINDLE, 2012). A seguir, será abordada a importância e a relação do

ambiente com os idosos que possuem Doença de Alzheimer.

40

3 O AMBIENTE COMO RECURSO TERAPÊUTICO

Como neurocientistas, acreditamos que o cérebro é o órgão que controla o comportamento, que os genes controlam o projeto, a concepção e estrutura do cérebro, mas o ambiente é capaz de modular a função dos genes e, finalmente, a estrutura de seu cérebro. Mudanças no ambiente podem mudar o cérebro e, portanto, mudar o nosso comportamento. O projeto arquitetônico muda nosso cérebro e nosso comportamento. (GAGE, 2003, apud EBERHARD, 2006, p.11).

De acordo com Kindle(2012), a Academia de Neurociência para Arquitetura (ANFA),

existente há quase onze anos, acredita que “[...] o estudo do sistema nervoso pode

fazer a maior contribuição para o campo da construção desde os estudos de física

do século 19, que estabeleceram novos métodos estruturais, acústicos e de

iluminação”, onde o conforto ambiental passa a contar como um importante fator

para amenizar os efeitos de transtornos cognitivos provocados, por exemplo, pela

Doença de Alzheimer.

Há anos, sabe-se que além de todas as atribuições do Arquiteto e Urbanista, existe

a preocupação em propor espaços que contribuam para o bem estar de quem está

nele. Essa preocupação vem aumentando, desde quando estudos divulgados

revelaram a importância da arquitetura no tratamento de doenças cognitivas como,

por exemplo, na Doença de Alzheimer, em que o espaço físico faz parte do

tratamento não farmacológico. Cada vez mais os neurocientistas estão estendendo

sua área de estudo e referenciando a importância do ambiente físico para o cérebro

(EBERHARD, 2006).

Rego (2012, p. 3) define o ambiente terapêutico como:

[...] o cenário de atenção à saúde que estimula o processo de cura através da criação de um ambiente físico e social que promova a sensação de bem-estar, reduza o stress e fadiga, encorajando uma atitude positiva por parte dos pacientes, familiares e dos profissionais de saúde.

Sabe-se que a preocupação em projetar ambientes que promovam o bem estar das

pessoas que possuem algum tipo de deficiência/demência existe desde a

Antiguidade como, por exemplo, nos templos da Grécia e nas termas de Roma,

onde eram oferecidos conforto físico e espiritual para aqueles que precisavam de

algum tratamento (BRAGA; GONÇALVES; TAVARES, 2012).

41

Em 1986, a Organização Mundial da Saúde na 1º Conferência Internacional sobre

promoção da Saúde, apresentou uma proposta para a valorização dos valores

humanísticos para espaços que de alguma forma estavam voltados à saúde

(SAÚDE PÚBLICA, acesso em 30 set. 2013). Esta proposta afirma que estes

espaços precisam de uma abordagem da humanização com uma visão de projeto

que incorpore necessidades técnicas, formais, funcionais, econômicas, bem como

considerar os efeitos que o ambiente provoca no seu usuário, de forma que deve

promover a autonomia, bem-estar e melhoria dos aspectos clínicos do mesmo

(REGO, 2012).

Sendo assim, o conceito de humanização tem sido cada vez mais empregado nos

projetos de arquitetura de espaços para idosos, devido a preocupação com a saúde

dos mesmos. Os arquitetos estão cada vez mais preocupados e atentos a projetar

ambientes conforme a necessidade do usuário, principalmente quando o idoso

possui debilitações cognitivas e físicas.

A terapeuta ocupacional Ana Katharina de Figueiredo Leite (2010) afirma que, como

por exemplo, em uma ILPI os idosos que possuem ou não alguma debilitação

podem ter a qualidade de vida melhorada pelo ambiente construído. Caso os

espaços de moradia dos idosos sejam mal projetados, estes podem contribuir para a

piora do quadro de dependência do idoso (PERRACINI, 2006).

No espaço vivido é muito importante para o idoso ter referências espaciais e

temporais que lhe permitam ter identidade e segurança (PAIVA; VILLAROUCO,

2012), de forma que se deve sempre pensar no caráter afetivo do ambiente, além

das dimensões do local e dos mobiliários (NEUFERT, 1974).

Segundo Benetti (2004), “A arquitetura bem resolvida e de qualidade pode ser

também um ótimo remédio para os males da saúde”. Dentre estes males, encontra-

se a Doença de Alzheimer, na qual, como citado anteriormente, existem estudos que

comprovam o efeito positivo do ambiente para amenizar e retardar o

desenvolvimento da doença.

42

3.1 RELAÇÕES DO AMBIENTE FÍSICO COM A DOENÇA DE ALZHEIMER

O ambiente apropriado para o idoso com Alzheimer faz parte das formas de

tratamento não farmacológico da doença, como já foi citado anteriormente. A

neurociência comprova que o cérebro da pessoa com Alzheimer permanece com os

neurônios saudáveis durante anos, favorecendo as intervenções não farmacológicas

que abordam métodos que contribuam para o bem-estar do idoso e retardem o

desenvolvimento da doença (WISDEM, acesso em 3 set. 2013), contribuindo para

manter a sua dignidade, independência e cuidado.

Segundo o sociólogo americano John Zeisel (2006), que também é doutor em

arquitetura e design, as pessoas com Doença de Alzheimer precisam de ambientes

planejados especialmente para eles, pois além de todos os sintomas já citados, eles

possuem dificuldades de se situar em um ambiente.

Profissionais e disciplinas de diferentes áreas estão cada vez mais focados na

Doença de Alzheimer, preocupando-se em descobrir a causa, obter um diagnóstico

mais preciso e métodos de tratamento para a doença. Muitas destas disciplinas

estão relacionadas à busca de benefícios através do ambiente físico, como é o caso

da Ergonomia, definida como:

[...] uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema. (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE ERGONOMIA - IEA, apud DUL; WEERDMEESTER, 2006, p. 1).

Os domínios da Ergonomia podem ser divididos em (IEA, 2000):

- Ergonomia física: voltada para os aspectos físicos, ambiente físico,

estruturas e funções do corpo (LEITE, 2010). É importante para propiciar espaços

seguros que agem como elementos preventivos para os idosos.

- Ergonomia cognitiva: relacionada a processos mentais, como a memória,

raciocínio e coordenação motora (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA,

acesso em 1 out. 2013).

43

- Ergonomia organizacional: trata da otimização dos processos de produção e

outras questões relacionada a execução de atividades. (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE ERGONOMIA, acesso em 1 out. 2013).

Leite (2000) afirma que a Arquitetura é responsável pelo projeto e edificação dos

ambientes e que em complemento a esta disciplina existem outras que contribuem

para o espaço e a qualidade de vida do idoso. Uma delas é a Ergonomia do

Ambiente Construído (EAC), domínio responsável pela preocupação de projetar e

adaptar o ser humano ao espaço construído, unindo o ambiente arquitetônico à

necessidade do usuário e a Psicologia Ambiental, referente à relação do

comportamento humano e o ambiente físico (LEITE, 2000).

De acordo com Paulo Roberto Canineu, geriatra da Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo, “[...] os idosos precisam de condições especiais para que vivam com

conforto e segurança” (MASC, 2011). Os idosos com DA que vivem em um ambiente

devidamente planejado, se tornam mais funcionais, ativos e independentes (ZEISEL,

2006). Estes indivíduos possuem o direito de serem reconhecidos e valorizados e o

ambiente que eles vivem deve contribuir para isso (PASCALE, 2002). Portanto, o

design de ambientes contribui para a redução dos sintomas e, por isso, é

considerado uma importante intervenção não-farmacológica, pois muitos indivíduos

no início ou no meio da doença ainda não necessitam de cuidados médicos

(PASCALE, 2002).

Costa (2011) afirma que o ambiente planejado para os idosos com Alzheimer,

apresenta necessidades diferentes daqueles projetados para idosos com apenas

limitações físicas, tanto no que diz respeito as metas que serão alcançadas, quanto

na orientação do paciente e do cuidador. O arquiteto espanhol Manoel Del Rio,

afirmou em um congresso realizado em Madrid (2011), que o ambiente projetado

para o idoso com Alzheimer atende à outros idosos, pois solucionam problemas de

falta de vigor e outras capacidades. Mas que não é qualquer espaço de idosos sem

DA que atende aos pacientes com demência (ALFONSO et al., 2013).

É importante lembrar que o ambiente planejado não beneficia apenas os idosos com

DA, mas também e tão importante quanto, beneficia àqueles que cuidam e convivem

diretamente com o paciente (ABRAz, acesso em 27 set. 2013). A função do

44

ambiente envolve o bem estar do idoso além de tranquilizar os cuidadores e

familiares que desejam um ambiente seguro e confortável para o paciente, mas que

também os deixem tranquilos de manter o idoso no local. Portanto, os arquitetos

responsáveis por projetarem esses espaços devem se atentar para atender as

necessidades dos utentes, além de agradar os familiares, preocupando-se tanto com

a saúde e segurança, quanto com o ambiente físico. (WISDEM, acesso em 3 set.

2013).

Segundo o psicólogo Donald Normam (1990, apud ZEISEL, 2006), os ambientes

devem ser auto-evidentes, ou seja, sem dificuldade de serem mapeados, pois para o

cérebro da pessoa com Alzheimer, quanto mais difícil entender o ambiente, mais o

idoso ficará agitado, ansioso e assustado.

A DA é progressiva, de forma que os doentes podem chegar a um estágio de

completa dependência. Sendo assim, a arquitetura e o design dos ambientes

tornaram-se um importante meio de contribuir para o estímulo da independência dos

idosos, amenizar os sintomas e retardar o desenvolvimento da doença (PERRACINI;

KATO-NARITA, 2013).

3.2 OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS ATRAVÉS DO AMBIENTE FÍSICO

Embora já existam diversos estudos internacionais que relacionam o ambiente físico

e a Doença de Alzheimer, no Brasil ainda existe uma carência de estudos nessa

área. Acredita-se que tal fato pode ser justificado devido ao envelhecimento

populacional ser um processo recente no país.

Neves Peinado, arquiteta do Centro de Referência Estatal de Autonomia Pessoal e

Ajuda Técnicas da Espanha (CEPAT), afirma que o espaço do idoso com Alzheimer

deve sempre manter a capacidade de adaptação além de possuir três tipos de

intervenções (ALFONSO et al., 2013):

- Segurança: É o grau de intervenção mais básico, pois é fundamental que se

tenha “controle de acesso” do ambiente. O idoso com Alzheimer, ao perder a

memória, perde também a noção de onde está e muitas vezes por julgarem não

conhecer o local, tentam fugir ou entrar em outros ambientes que podem ser

45

perigosos como, por exemplo, as cozinhas. Porém, manter o espaço e o entorno

seguros representa uma das difíceis tarefas dos cuidadores e familiares, pois a

adaptação ou criação de um espaço seguro varia de acordo com o estágio da

doença de Alzheimer, a forma como está progredindo e o perfil da pessoa. À medida

que a doença vai se desenvolvendo, os idosos precisam de mais cuidados e

atenção daqueles que convivem com eles. É uma carga emocional muito pesada,

mas que se o local atender as necessidades de segurança do idoso,

consequentemente contribuirá para o bem estar daquele que cuida.

- Acessibilidade: durante o desenvolvimento da DA, o idoso acaba perdendo a

capacidade de se deslocar sozinho ou de realizar atividades que conseguia fazer

sem auxílio de terceiros. A arquiteta enfatiza que a acessibilidade torna os locais

mais seguros e permite que os idosos tenham mais independência. Além disso, a

acessibilidade precisa deixar de ser algo imposto, mas sim ser um item natural na

concepção do projeto.

- Personalização: Em virtude dos sintomas como a perda de memória,

alterações de personalidade e lapsos de julgamento, uma das grandes dificuldades

do idoso com Alzheimer é manter a sua identidade. Sendo assim, o ambiente deve

criar formas de manter a referência, estimular a memória e preservar a história de

vida do morador. É necessário que as pessoas, ao entrarem no ambiente, saibam

que ali reside um idoso.

Santiago Quesada, professor da escola de arquitetura de Málaga – Espanha, afirma

que diante da perda da noção de tempo e espaço que ocorrem com os idosos com

DA, os ambientes projetados para eles devem ser iluminados com luz natural, para

que o idoso possa perceber a passagem do tempo e com identidade doméstica,

para que o idoso associe a uma referência familiar (ALFONSO et al.,2013).

Além destes objetivos, Pascale (2002) complementa que é muito importante

oportunizar a sociabilidade, de forma que o ambiente deve inibir e facilitar o contato

do individuo com outros moradores do local. Além disso, a autora afirma que o

ambiente deve estimular a execução das atividades da vida diária do idoso,

influenciando de forma positiva na sua autoestima e na sensação de competência,

principalmente quando os ambientes em questão objetivam receber e abrigar idosos

46

com DA, como é o caso dos locais que auxiliam a promoção do bem-estar dos

idosos ou as ILPIs, local cada vez mais escolhido como moradia para idosos com

DA.

3.3 MODALIDADES DE ATENÇÃO AO IDOSO

Como pode ser visto nos capítulos anteriores, a população idosa brasileira está

crescendo e tende a crescer cada vez mais, assim como os casos de Doença de

Alzheimer nos idosos. Sendo assim, a necessidade de melhorar e manter a

qualidade de vida dos idosos tem despertado cada vez mais a preocupação com

aspectos relacionados ao ambiente em que esta população está vivendo.

Diante destas preocupações e com a criação de leis que asseguram direitos aos

idosos, foram estabelecidas modalidades de atenção ao idoso. Trata-se de

alternativas que possibilitam auxílio às famílias que não possuem plenas condições

de garantir a qualidade de vida do idoso. As modalidades podem ser classificadas

em: não-asilares e asilares.

De acordo com o art. 4º, do Decreto nº 1.948 (BRASIL, 1996, p.1):

Art. 4º. Entende-se por modalidade não-asilar de atendimento: I – Centro de Convivência: local destinado à permanência do idoso, onde são desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas, culturais, associativas e de educação para a cidadania; II – Centro de Cuidados Diurno: Hospital-Dia e Centro-Dia – local destinado à permanência diurna do idoso dependente ou que possua deficiência temporária e necessite de assistência médica ou de assistência multiprofissional; III – Casa-Lar: residência, em sistema participativo, cedida por instituições públicas ou privadas, destinada a idosos detentores de renda insuficiente para a sua manutenção e sem família; IV – Oficina Abrigada de Trabalho: local destinado ao desenvolvimento, pelo idoso, de atividades produtivas, proporcionando-lhe oportunidade de elevar sua renda, sendo regida por normas específicas; V – Atendimento Domiciliar: é o serviço prestado ao idoso que vive só e seja dependente, a fim de supriras suas necessidades da vida diária. Esse serviço é prestado em seu próprio lar, por profissionais da área de saúde ou por pessoas da própria comunidade; VI – Outras formas de atendimento: iniciativas surgidas na própria comunidade, que visem à promoção e à integração da pessoa idosa na família e na sociedade.

De acordo com conversas obtidas com profissionais da área, embora o Centro-Dia

surja como uma ótima opção para as famílias que desejam manter o idoso em suas

47

residências, mesmo que em um curto tempo, ela não é uma modalidade que deve

ser tão indicada para idosos com a Doença de Alzheimer. Eles alegam que o idoso

com Alzheimer precisa de uma referência espacial e que passar o dia em um local e

dormir em outro poderia confundi-los. Além disso, muitas famílias não conseguem

manter a rotina de levar e buscar o idoso todos os dias, no mesmo horário, já que é

uma das características do Centro-Dia, de forma que muitas famílias acabam

trocando para a modalidade da ILPI. (OLIVEIRA5; RODRIGUES6; PINTO7,

informação verbal).

As ILPIs são classificadas como atividade de modalidade na qual o atendimento

acontece de forma contínua, em regime de internato, para idosos que não possuem

vínculo familiar ou para aqueles que possuem, mas a família não tem condições de

mantê-los em casa (BRASIL,1996). Estas instituições, foco deste trabalho de

conclusão de curso, serão detalhadas no capítulo seguinte.

5OLIVEIRA, Maria Trícia Guerra e. Doença de Alzheimer . 2013. Entrevista concedida a Ághata Braga Lopes, Vila Velha, 10 set. 2013.

6RODRIGUES, L. A. B. de S. Doença de Alzheimer . 2013. Entrevista concedida a Ághata Braga Lopes, Vila Velha, 3 set. 2013.

7PINTO, C. C. H. Doença de Alzheimer . 2013. Entrevista concedida a Ághata Braga Lopes, Vila Velha, 24 set. 2013.

48

4 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS (IL PIs)

Na bibliografia disponível sobre as ILPIs são encontradas diversas denominações

sobre este tipo de modalidade de atenção ao idoso: asilo, abrigo, lar de idosos,

clínica geriátrica, casa de repouso e ancianato (LEITE, 2010).

O termo mais antigo é “asilo”, definido de acordo com a Sociedade Brasileira de

Geriatria e Gerontologia (2003, apud TOSTA, 2008) como: “[...] casa de Assistência

Social onde são recolhidas, para sustento ou também para educação, pessoas

pobres e desamparadas, como mendigos, crianças abandonadas, órfãos e velhos”.

Born (2005, apud TOSTA, 2008) afirma que a primeira instituição para idosos surgiu

em 1782, no Rio de Janeiro, fundada pela Ordem Terceira da Imaculada Conceição.

Em 1989, no mesmo estado, surgiu o “Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada”.

Era um asilo apenas para idosos que dava suporte as necessidades básicas como

alimentação e vestuário e era sustentado pela sociedade (SILVEIRA, 2012).

Foi a partir da Constituição Federal de 1988, quando a assistência social passou a

fazer parte da política pública brasileira, que os serviços aos idosos foram inclusos

da rede da Assistência Social, divididos entre modalidade asilar e não asilar

(SILVEIRA, 2012).

Silveira (2012) afirma que a partir deste decreto nº 1.948, no qual ficaram definidas

as modalidades de atenção ao idoso, o número de idosos institucionalizados

começou a crescer, pois esta passou a ser reconhecida pela família e pelo

Estado,como uma forma de oferecer melhor qualidade de vida, principalmente dos

idosos com Alzheimer.

Por outro lado, as instituições ainda são associadas a uma imagem negativa dos

antigos asilos. Para Casara e outros (2010) a entrada do idoso em uma instituição

asilar representava o abandono, a velhice vista como degeneração e que a

sociedade descartava os indivíduos no momento em que eles começavam a não ser

produtivos. O mesmo pensamento é apresentado por Cupertino (1996, apud

TOMASINI; ALVES, 2006), que afirma que o idoso quando vai para um asilo se

sente abandonado e solitário.

49

Os antigos asilos eram conhecidos como locais sem higiene adequada, mantidos

por ajuda do governo, ocupados por idosos que eram abandonados por suas

famílias (LAFIN, 2010). Devido a este histórico, a denominação “asilo” faz referência

a imagens negativas, pobreza e abandono (BORN; BOECHAT, 2006).

Com o objetivo de desvincular das imagens negativas e tendo em vista a demanda

que existe e que vai existir, órgãos competentes estão buscando meios de

estabelecer regras básicas para o funcionamento destas instituições (NETO;

CARRÉRA, 2013). Um exemplo disso é a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)

283, criada em 2005 pela ANVISA, na qual estabelece como padrão a mudança da

nomenclatura “asilo” para Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI)

definida como:

[...] Instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinadas a domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e dignidade e cidadania. (RDC 283, 2005).

De acordo com Rosseto (2012), é possível diferenciar as ILPIs das antigas

Instituições Asilares, pois estas eram locais em que os idosos viviam isolados,

inativos fisicamente e mentalmente. Já a ILPI é um lar especializado, oferece

assistência médica, mas ao mesmo tempo, um ambiente doméstico que transmite

aconchego, preserva a identidade, a dignidade e intimidades dos idosos residentes.

Os idosos com DA, assim como foi mostrado no capítulo 2, precisam de atenção e

cuidados especiais, por serem pessoas dependentes, necessitando de referências

psicológicas e ambientais que contribuam para retardar o desenvolvimento da

doença. Porém,as famílias estão com cada vez menos suporte para manter um

idoso em casa, principalmente aqueles que possuem dependência, seja por

questões psicológicas e emocionais ou pela ausência de infraestrutura adequada.

Sendo assim, estes aspectos estão determinando a procura cada vez maior por

ILPIs (LEITE, 2010). Esse fato é confirmado por Rosseto (2012) que afirma que

embora as famílias ainda tenham resistência e preconceito em levar o idoso para

morar em uma ILPI, a falta de alternativas que permitam manter o idoso com DA em

casa, torna crescente a procura por ILPI em todo o país.

50

Diante da necessidade dos idosos com DA viverem em ambientes adequados, Born

e Boechat (2002, apud TOMASINI; ALVES, 2006) afirmam que caso as ILPIs sejam

projetadas garantindo a qualidade de vida do idoso e, automaticamente, daqueles

que cuidam e convivem diretamente com o paciente, estas serão instituições cada

vez mais procuradas pelas famílias que se sentirão seguras em oferecer a seu

parente uma nova opção digna de moradia.

4.1 LEGISLAÇÃO

O ambiente em que o idoso vive deve ser devidamente apropriado às necessidades

impostas pelas perdas físicas e cognitivas decorrentes do processo de

envelhecimento, seja ele ocorrido de forma natural ou não, pois os idosos, como um

todo, são suscetíveis a influências ambientais, como iluminação, cores, ruídos e

variação de temperatura.

Esta monografia pretende abordar dentre todas as normas relativas ao

envelhecimento, aquelas sobre o ambiente físico, mais especificamente as ILPIs.

Segundo a arquiteta e mestre em gerontologia, Adriana Romeiro de Almeida Prado

(2003), quando a pessoa envelhece ela passa a não suportar os níveis baixo de

conforto do ambiente e tende a perder a capacidade de adaptação ao espaço.

Sendo assim, é importante criar ambientes que promovam a independência e

inclusão dos idosos.

De acordo com o artigo 10 da Política Nacional do Idoso, estabelecida na Lei

Federal nº 8.842 de 1994, deve-se:

[...] Incluir nos programas de assistência ao idoso, formas de melhoria de condições de habitualidade e adaptação de moradia, considerando seu estado físico e sua independência de locomoção.

[...]

Outra diretriz que comprova a necessidade da preocupação com os referidos

ambientes está no artigo 38 do Estatuto do Idoso, estabelecido na Lei nº 10.741 de

2003, em que trata da habitação e que afirma a necessidade de um ambiente que

51

tenha “[...] eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de

acessibilidade ao idoso. [...]”.

Portanto, diante da evidência de que a acessibilidade deve ser garantida no

ambiente físico, foi criada pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT)

a Norma Brasileira (NBR) 9050, que estabelece parâmetros técnicos a serem

observados seja na concepção do projeto e construção, ou na adequação de

espaços já existentes de forma a promover a inclusão de todas as pessoas.

A primeira NBR 9050 foi publicada em 1985, tratando especificamente de pessoas

com deficiência. Em 1994 ela passou por uma nova revisão, sendo que em 2003, a

norma foi concluída e denominada como: “Acessibilidade a edificações, mobiliário,

espaços e equipamentos urbanos” (CASA SEGURA, acesso em 15 de out. 2013).

Trata-se da principal norma focada na acessibilidade de pessoas com deficiência ou

mobilidade reduzida, gestantes, idosos e obesos (ABNT, acesso em 16 set. 2013). A

NBR 9050 tornou-se o instrumento de consulta oficial para projetar ambientes

acessíveis e funcionais (MARTINEZ; EMMEL, 2013).

As normas da NBR 9050 não abordam diretamente os ambientes específicos para

os idosos. Entretanto algumas delas contemplam as necessidades e limitações

destes como, por exemplo, a definição de medidas padrões para pessoas que

necessitam de bengala, andador e muletas para se locomoverem (Figura 6). Essas

medidas são fundamentais para especificar as dimensões dos ambientes de uma

ILPI como, por exemplo, os corredores.

52

Figura 6 - Dimensões referenciais para deslocamento de idosos em pé Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).Nota: Figura adaptada pela autora.

Além de normas para pessoas que se locomovem em pé, mas com limitações, a

NBR 9050 estabelece as dimensões das cadeiras de rodas (Figura 7) e os espaços

necessários para a locomoção de cadeirantes (Figura 8). Essas medidas são

necessárias, pois em uma ILPI é importante que tenha os espaços adequados para

a circulação, assim como locais para guardar as cadeiras.

Figura 7 - Dimensões do módulo de referência para cadeira de rodas

Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).

53

Figura 8 - Dimensões da área de manobra para cadeira de rodas Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).

Dentre outras recomendações, a norma também estabeleceu dimensões a serem

seguidas para os banheiros acessíveis, com áreas de transferências para o chuveiro

(Figura 9), para o vaso sanitário (Figura 10), barras de apoio e piso antiderrapante,

informações essenciais para o projeto da Instituição de Longa Permanência para

Idosos, onde é indispensável a existência dos mesmos. Além disso, para os demais

ambientes é fundamental se atentar para as regras estabelecidas quanto a

inclinação de rampa, altura e posicionamento de corrimãos e, dimensões mínimas

para dormitórios, sendo que estes devem ter a área de manobra para cadeiras de

rodas (Figura 11).

Figura 9 - Possibilidade de transferência do cadeirante para o chuveiro

Fonte: ABNT NBR 9050 (2004)

54

Figura 10 - Possibilidades de transferência do cadeirante para o vaso sanitário Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).

Figura 11 - Dimensões mínimas para o dormitório do idoso Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).

Todas estas normas exemplificadas, assim como as demais citadas na NBR 9050,

juntamente com determinações do Estatuto do Idoso e outras normas da ABNT,

estabeleceram diretrizes para a RDC 283.

A RDC 283, de 26 de setembro de 2005, foi criada pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) com o objetivo de estabelecer normas para o

55

funcionamento das Instituições de Longa Permanência para Idosos. Tal

denominação foi definida nesta norma, pois até então ainda eram usados termos

como “Casa de Repouso” e “Asilos” (LEITE, 2010).

Este Regulamento Técnico foi adotado,

Considerando a necessidade de garantir a população idosa os direitos assegurados na legislação em vigor; considerando a necessidade de prevenção e redução dos riscos à saúde ao quais ficam expostos os idosos residentes em instituições de Longa Permanência; considerando a necessidade de definir critérios mínimos para o funcionamento e avaliação, bem como mecanismos de monitoramento das Instituições de Longa Permanência para idosos e; considerando a necessidade de qualificar a prestação de serviços públicos e privados das Instituições de Longa Permanência para Idosos [...](RDC/ANVISA 283, 2005).

Levando em consideração o direito dos idosos, a norma define os graus de

dependência dos idosos, além de condições indispensáveis para a organização e

estruturação de uma ILPI, desde aspectos administrativos até infraestrutura.

Segundo a gerente-geral de Tecnologia em Serviços de Saúde da Anvisa, Flávia

Freitas, a RDC 283 representa mais um instrumento de atuação das vigilâncias

sanitária na realização de fiscalizações, garantindo medidas que não coloquem a

vida do idoso em risco e consolidando os direitos já estabelecidos no Estatuto do

Idoso (VISA, 2011).

Considerando o objetivo desta monografia apresentado anteriormente, as diretrizes

mais detalhadas da RDC 283 a respeito dos ambientes físicos serão abordadas para

a formulação do plano de necessidades a ser desenvolvido na segunda etapa deste

trabalho de conclusão de curso.

4.2 CARACTERÍSTICAS ESPACIAIS IDEAIS PARA IDOSOS COM ALZHEIMER:

EXEMPLOS DE ILPIs ESPECIALIZADAS

No Brasil existe uma carência muito grande de estudos voltados para a relação entre

a Arquitetura e os benefícios que ela pode trazer para o tratamento da Doença de

Alzheimer. Sendo que, durante todas as pesquisas realizadas para a elaboração

desta monografia, foram identificadas poucas referências brasileiras, exceto a RDC

56

283, que pudessem auxiliar na produção de um projeto arquitetônico de uma

Instituição de Longa Permanência para Idosos com demência do tipo Alzheimer. A

mesma carência foi notada no que diz respeito a existência de ILPIs brasileiras

especializadas em idosos com Alzheimer, fator estimulante para o desenvolvimento

deste trabalho, tendo em vista a crescente demanda de possíveis usuários.

Entretanto, existem diversas referências internacionais que estabelecem

recomendações para tornar o ambiente do idoso com Alzheimer apropriado para a

sua moradia, assim como existem instituições em outros países que foram

projetadas para os idosos com DA. De forma que, estas referências também servirão

como base para o desenvolvimento desta pesquisa, tendo em vista que as

características, sintomas e necessidades do idoso com DA são as mesmas.

A ABRAz afirma que o ambiente bem planejado melhora a qualidade de vida do

paciente e facilitam a vida do cuidador (PERRACINI; KATO-NARITA, 2013). No livro

“Você não está sozinho... nós continuamos com você” lançado em 2013 pela

ABRAz, mostra algumas recomendações que devem ser consideradas quanto ao

ambiente seguro para o idoso com DA (PERRACINI; KATO-NARITA, 2013):

- Controlar os acessos, pois muitos idosos com Alzheimer perdem a noção de

tempo e espaço e, muitas vezes tentam fugir ou entrar em locais que são perigosos.

- Espelhos causam alucinações, devendo ser usados apenas no banheiro e

assim mesmo, com atenção ao efeito que estará causando ao paciente;

- Objetos como quadros, tapeçarias e porta-retratos causam excesso de

estímulos ou alucinações, de forma que devem ser retirados ou utilizados de acordo

com o comportamento do paciente;

- Evitar o uso de eletrodomésticos que fazem barulho, na presença de uma

pessoa com DA;

- A luminosidade, caso provoque ofuscamento da visão, deve ser controlada

com cortinas. Em relação aos abajures que refletem sombra na pele, estes devem

ser evitados;

57

- Passadeiras e tapetes soltos podem provocar quedas. Caso a retirada dos

mesmos provoque agitação no idoso, os mesmo devem ser fixados no chão com

fitas adesivas e antiderrapantes;

- É importante se atentar para a disposição dos móveis, de forma que facilite

a passagem da pessoa. As mesas de centros podem ser retiradas, deixar poucas

opções de cadeiras para sentar, demarcando a favorita do doente com algo que

facilite o seu reconhecimento;

- As cores do chão e das portas devem ter contrastes, pois favorecem a

noção de espaço e equilíbrio;

- Cozinhas, escadas e outras áreas de perigo devem ser protegidas e ter

acesso restrito;

- Objetos no chão, como fios de telefone, sapato e brinquedos, devem ser

retirados.

Estas adaptações devem ser feitas respeitando a relação que o paciente tem com o

local, pois qualquer mudança repentina pode provocar a sensação de desorientação

do paciente.

Arantes (2013) reforça a importância do cuidado com o ambiente complementando

com outras recomendações:

- Mobílias: devem-se utilizar móveis de centro e de canto sem quinas; as

poltronas devem ter encostos para as costas e apoio para os braços;

- Quartos: a localização deve ser preferencialmente no térreo com banheiros

próximos; as janelas devem ser de correr; camas com altura de 45 cm e; interruptor

perto da cama;

- Banheiro: devem ter barras de apoio; pia fixa; cadeira adequada para banho

e piso antiderrapante;

Na Espanha, profissionais de diversas áreas, o Governo, o Centro de Referência

Estadual de Atenção a Pessoas com Doença de Alzheimer e outras demências da

Salamanca e a Confederação Espanhola das Associações de familiares de pessoas

com Doença de Alzheimer e outras demências elaboraram uma cartilha com

58

recomendações específicas para o ambiente do idoso com Alzheimer. O objetivo é

mostrar soluções precisas para o espaço destinado aos idosos com DA, e auxiliar o

trabalho dos arquitetos.

Nesta cartilha intitulada “Guia de Implantação – O espaço e o tempo na Doença de

Alzheimer” (IMSERSO8; CEAFA9, 2013, tradução nossa), as recomendações foram

separadas por ambientes, o que garante o entendimento dos leitores. São diretrizes

que podem auxiliar a eliminar as dificuldades existentes nos diferentes locais de uma

residência, e que auxiliam a adaptação ou construção de um ambiente com as

necessidades do idoso.

Segundo o guia, a ILPI deve ter características familiares, não deve remeter a um

hospital ou qualquer ambiente do gênero. O idoso precisa se sentir em casa, ter

estímulos que o mantenha independente e continue praticando suas atividades

diárias. O espaço precisa oferecer comodidade, de forma que as características do

ambiente sejam agradáveis, respeitando a privacidade, dignidade e opiniões

pessoais. A Instituição deve ter ambientes que permitam atividades tanto no interior

quando ao ar livre, mas permitindo que o idoso escolha participar ou não. Sendo

que se o ambiente permitir a autonomia do enfermo, seja sem obstáculos ou com

mecanismos que compensem a perda da mobilidade, este aumenta a participação

nas atividades propostas.

De acordo com a cartilha, a ILPI deve conciliar a intimidade e a convivência dos

usuários através de zonas de uso comum como a cozinha, sala de estar, locais para

receber visita da família, além de espaços individuais como os quartos e banheiros.

Os espaços devem ser iluminados e alegres. Com relação às áreas comuns que

recebem os familiares, estas devem manter a privacidade para que as visitas não

atrapalhem ou incomodem os outros moradores. As áreas comuns, como a sala de

estar, devem estar na melhor orientação possível e sempre visível. As áreas

externas, como os jardins, devem ser acessíveis, sem obstáculos, estimuladores e

com espaços de descanso.

8 Instituto de Idosos e Serviços Sociais – Centro de Referência Estatal de Atenção a pessoas com Doença de

Alzheimer e outras demências da Salamanca (Espanha). 9 Confederação Espanhola das Associações de Familiares de pessoas com Alzheimer e outras demências.

59

É importante lembrar que um ambiente bem planejado, não favorece apenas ao

paciente, mas também, aos cuidadores dos idosos e demais funcionários da ILPI.

Com relação às cores e iluminação, a cartilha explica que como os idosos com

Alzheimer possuem mudanças na visão, como a dificuldade de percepção, a

iluminação pode ajudar de forma eficaz a identificar contrastes das cores. Sendo que

este contraste deve ser cuidadosamente considerado quando da escolha das cores,

pois muitas vezes estas podem causar desconforto aos usuários já que o contraste

pode aumentar ou reduzir a visibilidade do paciente.

Cooper (1993, apud PASCALE, 2002) confirmou que o indivíduo durante o processo

de envelhecimento passa por um decréscimo na capacidade de distinguir cores frias

como, por exemplo, azul, verde ou demais cores que transmitem frescor e repouso

físico. O autor afirma que os tons lavanda, rosa e pastéis podem confundir os

idosos, pois para eles essas cores podem parecer bem similares e devem ser

usadas com cuidado em ILPIs.

Cores quentes como, por exemplo, vermelho e laranja, são mais fáceis de serem

distinguidas pelos idosos. Estas cores são estimulantes e devem ser usadas em

ambientes onde o indivíduo necessite de ação e entusiasmo (VERDUSSEN, 1978,

apud PASCALE, 2002).

Das recomendações citadas para cada ambiente específico estão (IMSERSO;

CEAFA, 2013):

- Banheiros: Com relação aos banheiros, o guia orienta que o mesmo deve

localizar-se dentro do quarto, já que o paciente pode ter dificuldade de orientação,

localização e mobilidade. Como a doença provoca déficits sensoriais, que aumentam

os riscos de queimaduras, devem-se utilizar reguladores de temperatura da água. O

piso precisa ser com um material antiderrapante e de secagem rápida, pois o idoso

com Alzheimer possui maior risco de perda do equilíbrio. Com relação a pia, ela

deve ter uma altura apropriada para cadeira de rodas e não deve ter armários

embaixo. O vaso deve ter barras de ambos os lados. Não é recomendado o uso de

banheiras. O espaço do box do chuveiro deve permitir a entrada de uma cadeira de

banho. É recomendável que as cores dos revestimentos do banheiro sejam claras,

60

para que o idoso fique relaxado, pois o paciente com Alzheimer tende a ficar agitado

e nervoso durante o banho.

- Zonas comuns e sala de estar: Além dos cuidados anteriormente com os

mobiliários, é importante sinalizar adequadamente as zonas de jardins, salas de

terapia e outras áreas comuns da instituição. Sendo que estas sinalizações devem

estar visíveis para um cadeirante.É importante que os ambientes das áreas comuns

tenham aspecto bem familiar, pois é onde os idosos recebem os familiares e

interagem com os demais moradores.

- Cozinha: Devido aos problemas de memória dos pacientes com Alzheimer, a

cozinha é tida como um espaço perigoso. Sendo assim, deve ter entrada restrita aos

funcionários. A cozinha é um espaço onde deve prevalecer a segurança e

funcionalidade. Porém, é recomendado que os idosos possam praticar as atividades

diárias, como por exemplo, cozinhar. Por isso, podem ser criadas duas cozinhas,

uma central para a produção diária, com entrada restrita e uma cozinha terapêutica,

com acesso livre e utensílios seguros.

- Corredores: Devem ser livres de obstáculos, com boa ventilação e

iluminação. Os corredores precisam ter corrimãos nos dois lados e identificação dos

ambientes aos quais ele está interligado.

- Sala de jantar: Deve ser um ambiente agradável, estimulante e que não

tenha a imagem vinculada a um ambiente hospitalar. A cartilha recomenda que a

cozinha esteja próxima da sala de jantar, para que o cheiro da comida sendo

preparada estimule o apetite dos idosos, mas que é importante se atentar ao ruído

que pode vir em virtude do manuseio de louças, talheres etc. Com relação ao

mobiliário, as mesas devem ter altura suficiente para o conforto de um usuário

cadeirante, tendo no mínimo 74 cm de altura livre.

- Quarto: O quarto é o único lugar onde pode reforçar a identidade pessoal e

atuar como um local de refúgio. As cores da parede devem ser suaves e claras, pois

é uma área de descanso. Elementos como interruptores devem ter cores

diferenciadas da parede para facilitar a localização. O quarto deve possuir janelas

que possibilitem a entrada de iluminação natural. Quanto ao mobiliário, as camas

61

devem possuir proteção lateral e regulagem de altura e, o guarda-roupa deve ser

adaptado para cadeirantes.

- Espaços externos: Os espaços externos como, por exemplo, os jardins

podem melhorar a qualidade de vida dos idosos com Alzheimer, tendo um grande

potencial terapêutico quando bem planejado. Os caminhos devem ser livres de

obstáculos, reduzindo os riscos e respeitando o direito de ir e vir do usuário. Os

elementos paisagísticos e a vegetação podem estimular sensações boas nos idosos

com DA remetendo a um ambiente sossegado. Para promover o uso e a

estimulação sensorial, deve-se atentar para a variedade da vegetação, as espécies

e os aromas naturais. Os jardins devem ser seguros, com caminhos acessíveis e

delimitações seguras, para permitir que os idosos tenham liberdade e

independência. É fundamental que os caminhos para a área externa sejam

visualmente acessíveis desde alguns locais internos, o que favorece a iniciativa

própria de alguns pacientes irem até os jardins. Porém estes caminhos devem ser

direcionais, com sinais de orientação, evitar desníveis, ser acessíveis para

cadeirantes e ter corrimãos, para que o usuário se sinta mais seguro. Além de

jardins, hortas favorecem o cultivo, estimulando a atividade e os sentidos dos idosos.

É interessante colocar mesas de baralho ou outros jogos que podem servir como

outro estímulo a memória, sendo que os mobiliários devem ser pesados e difíceis de

mover sem ajuda de outra pessoa e resistente as variações climáticas. Os

mobiliários devem ser distribuídos estrategicamente em áreas com sombra, ou

ensolaradas para um banho de sol e até mesmo em áreas que garantam mais

privacidade. Além disso, é indicada a possibilidade de colocar áreas como salão de

jogos infantis e outros ambientes em que o idoso poderá receber os netos e

familiares.

No ano de 2007 foi inaugurado no bairro Morumbi, em São Paulo, o Hiléa, que

funcionava como um hotel, residencial e clube, especializado em idosos com a

Doença de Alzheimer. O local, que tinha qualidade de hotel cinco estrelas, funcionou

por três anos e em 2009 encerrou suas atividades por problemas de administração

(GONÇALVES, 2009).

Sendo assim, os exemplos utilizados para comprovar a aplicabilidade das

recomendações de ILPIs especializadas em Idosos com Alzheimer, serão expostos

62

e explicados baseados nas informações disponíveis em sites, tendo em vista o

desconhecimento de instituições com esta especialidade no Brasil, a impossibilidade

de visita por estarem localizadas no exterior, pouco tempo existente para a pesquisa

e a falta de recursos para visitas fora do país.

4.2.1 Instituição 1: Casa do Alecrim

A Casa do Alecrim (Figura 12) é o primeiro lar da Associação Alzheimer Portugal,

construído exclusivamente para idosos com Alzheimer. A casa foi inaugurada em

janeiro de 2013 e fica localizado em Cascais, Portugal (ALZHEIMER PORTUGAL,

acesso em 28 out. 2013).

Figura 12 - Casa do Alecrim

Fonte: Alzheimer Portugal (Acesso em: 30 out. 2013).

A instituição oferece serviços para longa permanência, centro-dia e apoio

domiciliário. São oferecidos serviços especializados e individualizados, prezando

pela qualidade de vida do idoso e apoio as famílias. No local são desenvolvidas

atividades de estimulação cognitiva, sensorial e motora. A casa tem capacidade para

acolher 30 clientes para longa permanência e 15 em centro-dia (ALZHEIMER

PORTUGAL, acesso em 30 out. 2013). A Casa foi um resultado de parcerias

públicas e privadas, como várias doações que vão desde o terreno, até o projeto de

interiores.

63

Com relação aos quartos (Figura 13), eles podem ser individualizados ou duplos,

todos com banheiros. Cada quarto é decorado de uma forma diferenciada, com o

objetivo de ajudar na referência dos usuários (ALZHEIMER PORTUGAL, 2013).

Figura 13 - Quarto do idoso na Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (2013).

As cores são claras e diferenciadas quanto ao piso, parede e teto. Os quartos

possuem iluminação natural, sendo que a sua incidência é controlada com o auxílio

de cortinas e, iluminação artificial com arandelas e abajures posicionados de forma a

não causar sombra, como pode ser visto na Figura 14.

Figura 14 - Quarto do idoso na Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (2013).

De acordo com a Figura 15, os corredores são amplos, devidamente equipados com

corrimãos. O revestimento é diferenciado para sinalizar a entrada dos ambientes que

não possuem portas.

64

Figura 15 - Corredores da Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (2013).

A Casa possui jardins e amplas áreas de vivência, tanto no interior quanto no

exterior da edificação (Figura 16). A proposta é que todos os usuários tenham

acesso às áreas de vivência, sendo os espaços estimulantes em nível de cheiros,

cores e ruídos. Todas as áreas possuem boa ventilação e iluminação natural

(CIÊNCIA PT, acesso em 28 out. 2013).

Figura 16 - Área externa da Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (2013).

As áreas comuns internas, como por exemplo a sala de estar, possui diversas

aberturas para as áreas externas pemitindo a entrada de luz natural, que também

são controladas pelas cortinas (Figura 17). Os revestimentos de piso e parede são

diferencidados e a disposição dos móveis permite o tráfego livre. Mas, conforme

observado na Figura 18, os mobiliários não possuem muita variedade de cor, o que

65

pode causar dificuldades para que os idosos identifiquem e referencie o seu

assento, a não ser que a Instituição utilize de outros métodos para identificar os

assentos. A ABRAz, como foi dito anteriormente, recomenda que os assentos

possuam algum tipo de identificação que facilite a localização para o idoso.

Figura 17 – Sala de estar da Casa do Alecrim. Fonte: Alzheimer Portugal(2013).

Figura 18 - Área de estar da Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal(2013).

De acordo com levantamentos feitos em entrevistas com profissionais da área, os

mesmos informaram sobre a desvantagem de uma Instituição com mais de um

pavimento, como é a Casa do Alecrim (Figura 19). A informação obtida é que a

casa, quando não funciona apenas no térreo, exige maiores cuidados e mais gastos.

Além disso, precisam ter circulação vertical e, como já foi visto anteriormente, as

escadas representam um perigo para os idosos com Alzheimer, servindo como

limitadores do deslocamento dos mesmos.

66

Figura 19 - Casa do Alecrim.

Fonte: Alzheimer Portugal. Acesso em: 30 out. 2013.

4.2.2 Instituição 2: Alzheimer’sRespite Centre

O Centro de Refúgio de Alzheimer (Figura20) fica localizado em Dublin, Irlanda. O

projeto arquitetônico foi elaborado por Niall McLaughlinArchitects e as obras foram

concluídas em 2009.

Figura20 - Alzheimer's Respite Centre

Fonte:Níall McLaughlin Architects (Acessoem: 30 out. 2013).

O Centro funciona como um local de apoio temporário para os idosos com DA,

oferecendo o serviço de Centro-Dia e estadia temporária. Além disso, conta com

escritórios da Sociedade do Alzheimer da Irlanda, que oferecem serviços de apoio

aos cuidadores e familiares (LABEAU, acesso em 28 out. 2013).

67

A área total do edifício é de 1392m² e foi construído em um jardim murado do século

XVIII adjacente a um convento, que foi considerado como restrições do projeto, pois

os muros são protegidos pela lei de conservação da Irlanda e não poderiam ser

demolidos. O objetivo do arquiteto foi de eliminar qualquer vínculo com o ambiente

hospitalar, propondo um fluxo descontraído de espaços externos e internos e,

aproveitando a luz natural (MC LAUGHLIN, acesso em 30 out. 2013).

A edificação consiste em pavilhões interligados com jardins e pátios. Como pode ser

visto na

Figura 21, a entrada dos escritórios (1) da Sociedade do Alzheimer da Irlanda fica

separada da entrada e recepção do Centro (2), o que garante a segurança e

privacidade das pessoas que frequentam os dois espaços. O projeto foi pensado de

forma a favorecer também as pessoas que ficam nos escritórios, pois eles possuem

acesso ao Jardim dos Funcionários (21) e como foi citado nos capítulos anteriores, é

muito importante garantir o bem estar das pessoas que convivem diariamente com

os idosos. Já na parte do Centro, os pacientes podem transitar livremente, pois a

disposição dos ambientes foi feita de forma que áreas de risco como a cozinha (3)

ficassem isolada dos espaços de vivência como as salas de estar (7). Os quartos (9)

ficaram em uma ala única, o que garante a privacidade e conforto para o descanso,

mas para maior segurança, ficam próximo das salas da enfermagem e outras que

fazem partem da administração interna (12), que também possuem vista para os

ambientes comuns como o espaço central (6) e a sala de contemplação (8),

posicionada de frente para o pátio magnólia (17). A edificação está locada no centro

do terreno e no seu entorno estão os jardins que ficam orientados para uma direção

diferente.

68

Figura 21 - Planta Baixa do Alzheimer'sRespite Centre

Fonte: Curtis (2011).

O projeto teve como partido arquitetônico o terreno acidentado. Sendo assim, o

arquiteto projetou um jardim em três níveis, de forma que a edificação ficasse no

nível intermediário (Figura 22). De acordo com a figura 21, nestes jardins/áreas

externas foram planejados pátios, pomares e gramados. Mas, analisando a planta

baixa, percebe-se que os acessos aos mesmos são através de escadas, tornando-

se um fator limitante para os idosos cadeirantes. O muro antigo e preservado foi

revestido com tijolo stocks (Figura 23), que favorecem a temperatura agradável com

relação ao clima da região (CURTIS,2011).

LEGENDA:

1-Entrada do Escritório da Sociedade do Alzheimer da Irlanda; 2- Entrada para o Centro; 3 – Cozinha; 4 – Sala de Jantar; 5 – Sala das atividades; 6 – Espaço Central; 7 – Salas de Estar; 8 – Sala de contemplação; 9 – Quartos; 10 – Cabeleireiro; 11- Administração do Centro; 12 – Administração da Sociedade do Alzheimer da Irlanda; 13 – Sala de terapia; 14 – Terraço da manhã; 15 – Terraço superior; 16 – Terraço da tarde; 17 – Pátio Magnólia; 18 – Terraço da Noite; 19 – Terraço Herb e Scent; 20 – Pomar; 21- Jardim dos Funcionários.

69

Figura 22 - Área Externa do Alzheimer Respite Centre

Fonte: Curtis (2011).

Figura 23 - Área externa do Alzheimer'sRespite Centre

Fonte: Curtis (2011).

De acordo com as imagens das áreas externas, pode-se notar que os pátios não

aparentam serem estimulantes, são monocromáticos, com pouca vegetação e

mobiliários. Porém, as áreas de vivência internas possuem cores vibrantes, que

estimulam o usuário. As cores diferenciadas servem para marcar determinadas

áreas da instituição. Os pisos e paredes são diferenciados por cores (Figura 24). Já

o mobiliário possui cores padronizadas para não confundir com as cores das

paredes (CURTIS, 2011). Isso favorece aos usuários a identificação dos mesmos no

ambiente, mas, levando-se em conta as recomendações da ABRAz, é recomendável

alguma identificação nas cadeiras ou poltronas.

As áreas internas possuem aberturas, com janelas de madeiras em diferentes

alturas, que possibilitam a vista para o jardim de diferentes locais da instituição.

70

Além disso, permite que o usuário acompanhe a passagem do sol durante o dia,

para que não se sintam perdidos no tempo (LABEAU, acesso em 28 out. 2013). Um

aspecto negativo destas aberturas é que elas não possuem cortinas, para controlar

a incidência da luz natural, como mostra a Figura 25.

Figura 24 - Área de estar interna do Alzheimer'sRespite Centre

Fonte: Curtis (2011).

Figura 25 - Área de estar e refeições do Alzheimer’sRespite Centre Fonte:Architizer (Acesso em: 30 out. 2013).

Os corredores (Figura 26), para não ficarem monótonos, receberam assentos e

janelas, de forma que também se tornaram espaços de interação. Além disso,

corrimãos foram instalados por todas as paredes para facilitar e estimular o

deslocamento do usuário (LABEAU, acesso em 28 out. 2013).

71

Figura 26 - Corredor do Alzheimer'sRespite Centre Fonte: Bennett (Acesso em: 30 out. 2013).

As entradas dos quartos são marcadas por cores diferenciadas, de acordo com a

Figura 27, para facilitar a referência do idoso de onde ele pode ou não entrar

(CURTIS,2011).

Figura 27 - Corredor do Alzheimer'sRespite Centre

Fonte: Architizer (Acesso em: 30 out. 2013).

72

Além disso, os quartos (Figura 28) são individuais, com banheiros privativos e

possuem vista para o jardim externo. Quanto ao mobiliário, foram usados mesas e

assentos para cada quarto com o intuito de permitir que o idoso se aproprie do

ambiente, coloque objetos pessoais e arrume de acordo com o gosto pessoal.

Figura 28 - Quarto do Idoso com Alzheimer's Respite Centre

Fonte: Curtis (2011).

73

5 INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM ALZHEIMER

EM VILA VELHA, ES : PROJETO ARQUITETÔNICO

Conforme apresentado nos capítulos anteriores e segundo Marquardt (2009), a

maioria das pessoas com Alzheimer são institucionalizadas em algum momento da

doença. Os cuidados que envolvem o bem estar e a segurança destas pessoas

demandam configurações espaciais e conhecimentos específicos que vão além das

possibilidades físicas e emocionais de seus familiares e suas residências.

As ILPIs localizadas em Vila Velha não possuem infraestrutura necessária para

atender a todas as necessidades impostas pelo avanço da doença de Alzheimer,

pois ocuparam imóveis já existentes, com adaptações que, quando acontecem, se

restringem basicamente a adequação largura das portas, colocação de barras de

apoio ou inserção de rampas. Segundo Assad (informação verbal) a cidade

necessita da construção de um local devidamente planejado para receber os idosos.

Este capítulo traz informações referentes aos aspectos necessários para

desenvolvimento do projeto arquitetônico, em nível de Estudo Preliminar de uma

ILPI destinada e planejada para acolher idosos com Alzheimer, contemplando:

• A delimitação do número ideal de idosos a serem assistido pela instituição

proposta;

• As considerações sobre o lugar escolhido para implantação da edificação;

• O partido arquitetônico que resgata os aspectos referentes ao ambiente como

recurso terapêutico descrito no capítulo 3 (três).

• O programa de necessidades, contendo os ambientes exigidos pela RDC 283

e aqueles recomendados pelas pesquisas consultadas, específicos para uma

ILPI especializada em Alzheimer;

• Fluxograma e setorização, levando em conta a necessidade do controle de

acesso dos idosos e, ao mesmo tempo, permitindo que os mesmos se sintam

livres e independentes. A definição da planta baixa, acontece baseada nas

decisões aqui tomadas, tendo em vista a importância da setorização clara e

objetiva como uma das principais garantias de qualidade de vida para o idoso

com Alzheimer (MARQUARDT, 2011).

74

• Implantação e paisagismo, considerando as decisões tomadas na setorização

e no desenvolvimento da planta baixa.

5.1 DELIMITAÇÃO DO PÚBLICO ASSISTIDO

Considerando as ILPIs em funcionamento hoje, conforme descrito no capítulo 4, e o

número médio de vagas disponíveis, foi observado que estas disponibilizam de 15 a

25 leitos por Instituição, muitas vezes com quartos compartilhados entre até 4

idosos. Entretanto, Cantley e Wilson (2002), ao analisarem o design de Instituições

destinadas ao tratamento de idosos com Alzheimer, destacaram algumas distinções

entre estas e aquelas que funcionam como lares para idosos que não apresentam

limitações cognitivas.

Ainda que ambas apresentem algumas necessidades comuns aos idosos, tais como

segurança, conforto e um ambiente agradável e estimulante, as instituições

destinadas a acolher idosos que recebem o diagnóstico de Alzheimer necessitam de

requisitos adicionais que contribuam para estimular e intensificar as formas de

tratamento não-farmacológicas.

Neste caso, a quantidade de moradores na instituição torna-se um fator de grande

influência no bem-estar dos idosos com Alzheimer, uma vez que o nível de

orientação dos idosos com demência tende a diminuir na medida em que se

aumenta o número de pessoas com quem eles dividem o ambiente. Além disso, a

redução do número de idosos em um mesmo local produz efeitos positivos como:

diminuição da agitação e do estresse, maior interação dos familiares durante as

visitas, aumento da facilidade para os cuidadores e da percepção de um ambiente

familiar pelos moradores (CANTLEY, WILSON, 2002; MARQUARDT,2009; CALKINS

2011).

Segundo Benbow (2013) e Calkins (2011) o número ideal de moradores que ajuda a

preservar a qualidade de vida dos idosos é de 10 a 12 habitantes. Portanto, diante

dos benefícios citados, das recomendações dos autores e da ausência de uma

diretriz que estabeleça a quantidade mínima ou máxima de moradores em uma ILPI,

fica definido para este projeto a capacidade máxima de 12 habitantes.

75

Condicionado a definição do número de habitantes está a quantidade de cuidadores

para os idosos, uma vez que a RDC 283 estabelece um número mínimo relacionado

ao Grau de Dependência dos Idosos. A ILPI proposta está enquadrada no grau III

que é referente a idosos que necessitam de assistência em todas as atividades

diárias e que possuem comprometimento cognitivo. Neste caso a norma estabelece

que o número mínimo seja de 1 cuidador para 6 idosos. Entretanto, a mesma norma

não especifica a quantidade ideal para uma instituição especializada em idosos com

Alzheimer, motivo pelo qual adotou-se como parâmetro para este projeto o número

de 3 cuidadores para 6 idosos, totalizando 6 cuidadores.

5.2 CONSIDERAÇÃO SOBRE O LOCAL DE IMPLANTAÇÃO

O município de Vila Velha, cidade escolhida para a implantação da ILPI

especializada em idosos com Alzheimer, faz parte da Região Metropolitana do

Estado do Espírito Santo. De acordo com o Plano Municipal de Saúde de Vila Velha

(2013), no Censo realizado em 2012, o município possuía 424.948 habitantes, sendo

que destes 45.596 faziam parte da população idosa com uma taxa de crescimento

de 4,13%.

A cidade de Vila Velha já possuía em 2009 cerca de 20 ILPIs (FELIZ, 2010)

quantidade esta que só aumentou e tende a aumentar. Assad (informação verbal)

informou que, atualmente, o município possui 24 ILPIs em funcionamento. Sendo

assim, a cidade se mostra apta a receber locais nesta classificação de atividade,

Entretanto, segundo entrevistas realizadas com alguns proprietários, nenhuma

destas IPLIs tenham sido construídas especificamente para atender as

necessidades além de ainda não existir nenhuma ILPI na região que tenha sido

projetada para acolher exclusivamente Idosos com o diagnóstico da doença de

Alzheimer.

Buscando atender aos objetivos deste TCC, embora seja escolhido apenas um

terreno, foram identificados dois terrenos para serem analisados a respeito de suas

potencialidades para receber uma ILPI. Para análise dos condicionantes legais

destes terrenos foi considerado o Plano Diretor Municipal (PDM) de Vila Velha do

ano de 2007

76

5.2.1 Terreno 1

O primeiro terreno analisado fica localizado no Bairro Coqueiral de Itaparica, Vila

Velha na esquina da Avenida Aracruz com a rua Itaperuna, confrontando com a

Rodovia do Sol e ocupa uma área de 4929,87m².

Figura 29 - Terreno 1: Bairro Coqueiral de Itaparica

Fonte: Google Earth (2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.

O bairro possui um uso predominante residencial, conhecido pelos conjuntos

habitacionais, porém com um setor de comércio e prestação de serviços já

consolidados.

Ao lado do terreno encontram-se uma clínica de especialidades médicas, como a

geriatria, uma Igreja e várias residências, dentre elas, um condomínio horizontal.

Nas suas proximidades existem dois supermercados, duas padarias, farmácias, um

posto de saúde, uma praça para lazer, bancos, a Sede da Prefeitura de Vila Velha,

três Instituições de Longa Permanência para Idosos, um hospital e diferentes tipos

de comércio local. Além disso, o terreno fica próximo a pontos de táxi e ônibus.

77

Trata-se de um dos poucos terrenos ainda desocupados na região e inserido em um

contexto já consolidado.

Figura 30 - Terreno 1: Ocupação do entorno Fonte: Google Earth (2014)

Nota: Imagem adaptada pela autora.

Com relação ao fluxo de veículos, ele é intenso com sentido único na Avenida

Aracruz e duplo na Rodovia do Sol, porém é reduzido e com sentido duplo na Rua

Itaperuna. Todas as vias são asfaltadas e devidamente sinalizadas. Já a calçada

que contorna o terreno precisa ser reconstruída.

78

Figura 31 - Terreno 1: sentido das vias

Fonte: Google Earth (2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.

Figura 32 - Avenida Aracruz

Fonte: Arquivo Pessoal (2014). Figura 33 - Rua Itaperuna

Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

79

Figura 34 - Rodovia do Sol

Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

No que diz respeito a legislação de Uso e Ocupação do Solo no Município de Vila

Velha, o terreno está localizado na Zona de Ocupação Prioritária 3 - ZOP 3 e

atividade na qual uma ILPI está enquadrada é "Prestação de serviços a pessoas de

terceira idade) classificada como Grau de Impacto I.

Figura 35 - Terreno 1: Zoneamento urbanístico.

O terreno está sinalizado em vermelho localizado na ZOP3 Fonte: PDM 2007 de Vila Velha (Acesso em 12 mar. 2014)

Nota: Imagem adaptada pela autora.

De acordo com o Quadro V referente aos Coeficientes de Aproveitamento da zona

em que se situa o terreno e Parâmetros Urbanísticos do Plano Diretor vigente, o

coeficiente de aproveitamento máximo para este terreno é de 3.5, a taxa de

ocupação de 60% e taxa de permeabilidade de 10%. O gabarito para ZOP3 é de no

máximo 15 pavimentos com altura máxima de 52,6m.

80

Figura 36 – Terreno 1: Coeficientes de Aproveitamento do terreno e Parâmetros Urbanísticos do PDM 2007 de Vila Velha.

Fonte: PDM 2007 de Vila Velha (Acesso em: 12 mar. 2014)

Segundo o Censo realizado em 2010, o bairro possui 13.696 habitantes, sendo que

destes, 1004 são idosos (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 2013). Portanto,

diante de todas as características citadas acima, o bairro é classificado como um

bom local para receber uma nova ILPIs.

5.2.2 Terreno 2

O segundo terreno analisado fica localizado no Bairro Morada do Sol, Vila Velha

entre a Rua dos Flamboyants e a Avenida dos Ipês, confrontando com a Avenida

Central e ocupa uma área de 4800m².

Figura 37 - Terreno 2: Bairro Morada do Sol Fonte: Google Earth (2014)

Nota: Imagem adaptada pela autora.

81

O bairro possui um uso predominante residencial, muitos terrenos vazios e na visita

em campo, não foram identificados comércios e serviços locais. Porém é um bairro

silencioso, em desenvolvimento e próximo da Rodovia do Sol, importante via arterial

que faz conexão com outros bairros vizinhos. Além disso, o bairro é conhecido por

possuir uma lagoa e a proximidade com a praia.

Figura 38 - Terreno 2: Ocupação do entorno

Fonte: Google Earth (2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.

Com relação ao fluxo de veículos, ele é reduzido em todas as vias do bairro. As vias

de acesso ao terreno são asfaltadas, com sentido duplo e pouco sinalização (Figura

39).

82

Figura 39 - Terreno 2: sentido das vias Fonte: Google Earth (2014)

Nota: Imagem adaptada pela autora

Figura 40 - Avenida dos Flamboyants

Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 41 - Avenida Central

Fonte: Arquivo Pessoal (2014)

Figura 42 - Avenida dos Ipês

Fonte: Arquivo Pessoal (2014)

83

No que diz respeito a legislação de Uso e Ocupação do Solo no Município de Vila

Velha, o terreno está localizado na Zona de Ocupação Controlada 1 - ZOC 1 e

atividade na qual uma ILPI está enquadrada é "Prestação de serviços a pessoas de

terceira idade) classificada como Grau de Impacto I.

Figura 43 - Terreno 2: Zoneamento urbanístico. O terreno está circulado localizado na ZOC1.

Fonte: PDM 2007 de Vila Velha (Acesso em 12 mar. 2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.

De acordo com o Quadro V referente aos Coeficientes de Aproveitamento da zona

em que se situa o terreno e Parâmetros Urbanísticos do Plano Diretor vigente, o

coeficiente de aproveitamento básico para este terreno é 1, a taxa de ocupação de

50% e taxa de permeabilidade de 20%. O gabarito para ZOC1 é de no máximo 2

pavimentos com altura máxima de 9m.

Figura 44 – Terreno 2: Coeficiente de Aproveitamento do terreno e Parâmetros Urbanísticos do

PDM 2007 de Vila Velha. Fonte: PDM 2007 de Vila Velha (Acesso em: 12 mar. 2014)

Segundo o Censo realizado em 2010, o bairro possui 341 habitantes, sendo que

destes 26 são idosos (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 2013). Portando,

84

diante de todas as informações obtidas, conclui-se que o bairro é um bom local para

receber uma ILPI.

5.2.3 Definição do terreno

De acordo com a RDC 283, a localização de uma ILPI deve analisar se o local

possui infraestrutura como água, esgoto e telefone. Além disso, o terreno

preferencialmente não deve apresentar desníveis, mas caso isso aconteça, devem-

se implantar rampas.

O Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) (Acesso

em: 12 mar. 2014) divulgou em sua cartilha de ideias de negócios que, ao escolher

um terreno para implantar uma ILPIs, o empreendedor deve considerar o tráfego no

local, a facilidade de acesso e a proximidade com pontos de ônibus e táxi. Além

disso, recomendam que um terreno de esquina com via de mão dupla é sempre a

melhor opção e que se deve considerar um local onde exista a presença de pessoas

para que os idosos fiquem integrados a sociedade. Cantley e Wilson (2002), afirmam

que é necessário muito rigor na escolha de um terreno, analisando os acesso, que o

mesmo esteja inserido em um ambiente comunitário e os serviços de transportes

públicos.

Diante das análises dos terrenos e os aspectos destacados pelos autores e

legislações descritos, entende-se que os pontos principais a serem analisados são:

infraestrutura e serviços públicos, topografia, acessos, fluxos e a proximidade com a

comunidade.

Com relação à infraestrutura e serviços públicos, tanto a região do terreno 1 quanto

do terreno 2 possui abastecimento de água, tratamento de esgoto, rede elétrica,

telefone, recolhimento de lixo e distribuição de gás. No que diz respeito ao

transporte público, o terreno 1 atende aos requisitos pois, como citado

anteriormente, ele possui pontos de ônibus e táxis, ao contrário do terreno 2 no qual

o ponto de ônibus fica distante e não possui pontos de táxi.

A topografia nos dois terrenos possui pequenas diferenças que podem ser

resolvidas com aterros. Embora ambos os terrenos estejam em uma esquina,

85

próximos a importantes vias do bairro no qual se situam, o acesso ao terreno 1 é

mais simples que ao terreno 2, tendo em vista que o último está localizado em um

bairro ainda em crescimento e que precisa de melhores sinalizações. Já o terreno 1

está localizado próximo a importantes comércios e pontos de referências do bairro.

O fluxo de veículos é grande nas proximidades do terreno 1, pois localiza-se atrás

da Rodovia do Sol que é uma via arterial de fluxo intenso. Já o no terreno 2,

praticamente não há fluxo de veículos, ocorrendo uma movimentação maior nos

finais de semana devido a proximidade com a praia. Um fator importantíssimo que

não pode ser esquecido é o ruído provocado pelos veículos, pois o terreno 1 é

prejudicado nessa questão devido ao alto movimento no local.

O terreno 1 está em um local próximo a praça de lazer, comércios, hospitais e até

mesmo de outras ILPIs, estando inserido em um ambiente comunitário, onde os

idosos estariam integrados e inseridos na sociedade, além de ser um local de fácil

acesso para os seu familiares. Já o terreno 2, não oferece esse ambiente

comunitário, pois o bairro ainda está em desenvolvimento e fica em um local mais

isolado, sendo mais difícil o acesso da família.

Diante das análises e comparações feitas, o Terreno 1 ficou definido como o local

de implantação da ILPI especializada em idosos com Alzheimer, considerando a

facilidade que as famílias terão em visitar os idosos e a praticidade de estar perto

dos equipamentos urbanos já citados. Com relação aos aspectos negativos, como o

ruído provocado pelo alto fluxo de veículos, para minimizar os impactos causados

aos residentes, itens como vegetação, posicionamento dos quartos e materiais anti-

ruído deverão ser levados em conta durante o desenvolvimento do projeto.

5.3 DEFINIÇÃO DO PARTIDO ARQUITETÔNICO

Para definição do partido arquitetônico foi levado em consideração as necessidades

daqueles que estarão na ILPIs prestando serviço, dos idosos que irão residir nesta

instituição e de seus familiares que também precisam sentir que o ambiente

proporcionado pela arquitetura é adequada é confortável e seguro para seus

parentes.

86

Neste caso, o desafio está em desenvolver um projeto que ofereça a estes idosos,

que serão de fato os moradores desta instituição, ambientes que reproduzam as

características do que eles se habituaram a chamar de casa e que de alguma forma,

segundo pesquisadores, ficou gravado na memória coletiva dos idosos, mesmo

quando acometidos pelos sintomas da demência.

Se considerarmos a faixa etária que caracteriza o idoso como aquele que possui 60

anos ou mais e as fachadas de grande parte das residências unifamiliares do

período em que estes eram jovens ou adultos, nota-se que as casas possuem

características da arquitetura colonial: casas simples, esquadrias de madeiras

emolduradas, aberturas amplas e altas, e telhado de duas águas com telhas

cerâmicas aparentes e grandes beirais (GALLO, acesso em 31 mai. 2014).

Baseado nas características supracitadas, a fachada da edificação da ILPI aqui

proposta neste trabalho procura resgatar a simplicidade, harmonia e tranquilidade de

um lar familiar para aqueles que chegam ao local, de forma que, optou-se por utilizar

os conceitos e traços da arquitetura colonial com telhado de telha cerâmica

aparentes, esquadrias de madeira de demolição, grandes vãos para iluminação

natural e revestimentos de tijolo aparente de cor branca e bege.

Características estas, de uma residência compacta que para Benbow (2014), remete

ao ambiente doméstico e familiar, composta pelos tradicionais setores sociais,

serviço e íntimo que compõem uma residência unifamiliar, constituindo assim o

conceito espacial mais indicado para configuração de instituições destinadas a

abrigar residentes idosos que desenvolveram perdas cognitivas caracterizadas pela

demência. Porém, é importante atentar para os ambientes em que os idosos não

devem circular, como por exemplo as áreas de serviço e, através da distribuição dos

espaços, criar maneiras de isolar estas área. A criação de blocos destes setores

torna-se fundamental, pois facilita este isolamento, mas permite também a interação

entre os ambientes que devem ser de livre acesso. Estes blocos permitem o jogo de

volume e trazem movimento para fachada, sendo o bloco das áreas comuns aquele

que se destaca.

A desorientação espacial é um dos primeiro motivos que levam a institucionalização

(MCSHANE et al, 1998, apud MARQUARDT, 2011). Portanto, o partido deve prezar

87

pela funcionalidade e simplicidade, de forma a tornar os ambientes de fácil

percepção e localização para quem mora na ILPI, sendo este aspecto determinante

para a proposta projetual, pois a capacidade que os idosos têm para se localizar

dentro de uma ILPI é um pré-requisito para garantia de uma vida confortável e

segura (GONZÁLES-SALVADOR et al., 2000, apud MARQUARDT, 2011).

Em relação ao exposto, Marquardt (2011) estabeleceu quatro diretrizes de apoio que

podem aumentar a capacidade de localização dos idosos com Alzheimer em

projetos de arquitetura:

- a tipologia do edifício deve ter uma forma conhecida, sem exigir dos

moradores novas habilidades para se localizarem nos ambientes. Um layout simples

com planta baixa bem definida são pré-requisitos para uma boa orientação espacial

em IPLI;

- Os locais relevantes, devem estar localizados de forma que permitam o

acesso visual direto, para que os idosos consigam reconhecer todo o ambiente de

forma imediata.

- Evitar mudanças de direção nos corredores que provoquem a tomada de

decisão dos idosos, pois com o avanço da demência, estas decisões se tornam cada

vez mais difíceis. Os corredores devem ser direcionais e caso necessário, deve-se

usar pontos de referências nos locais onde ocorrerem estas mudanças. Estes

pontos podem ser objetos, ou até mesmo ambientes como a cozinha terapêutica.

- A função de cada ambiente devem ser bem definida e legível para os idosos.

Isto pode ser proporcionado através de móveis diferenciados para cada ambiente,

cores e dimensão dos espaços.

88

Considerando estas diretrizes e inspirando-se no conceito da "Green House"10, o

interior da edificação deve promover interação dos residentes através de áreas

comuns abertas como, por exemplo, sala de jantar integrada com a cozinha e área

de estar (Figura 45) porém, garantindo a privacidade de forma que cada residente

tenha o seu quarto com banheiros.

Figura 45 - Sala de estar integrada com a cozinha terapêutica e sala de jantar da White Oak Cottages, modelo Green Houses.

Fonte: White Oak Cottages (Acesso em: 31 mai. 2014).

Sendo assim, diante de todas as recomendações vistas, verificou-se qual seria a

melhor distribuição dos setores da edificação no terreno, levando em conta a

insolação, ventilação e as recomendações estabelecidas para um design que

contribuísse para a localização espacial de idosos com Alzheimer (MARQUARDT,

2011). Trata-se de uma edificação térrea, com 12 moradores e, portanto, compacta,

para proporcionar melhor localização espacial e segurança aos idosos (NETTEN,

1989, apud BENBOW, 2013). A disposição horizontal da planta da edificação

permite a mobilidade plena de todas as pessoas independente de suas limitações

físicas por toda a casa, proporcionando um conforto na circulação dos moradores.

Para favorecer mais a independência e o sentido de localização dos moradores, o

projeto deverá prever corredores curtos e com pontos de referências (ambientes ou

mobiliários) nos locais onde ocorrem as mudanças de direções além de procurar

fornecer o acesso visual direto para que o idoso saiba onde ele se encontra e para

10

O Projeto GreenHouses, foi criado pelo médico Biil Tomas em 2003 e fica localizado no Texas, Estados Unidos. O projeto visa conciliar a filosofia de cuidados com idosos, a arquitetura e a estrutura organizacional de cuidado a longo prazo para criar modelos do que é chamado de Instituição de Longa Permanência. São casas projetadas para no máximo 12 residentes, também especializadas em idosos com demência, com quartos e banheiros individuais e áreas comuns integradas. Além disso, possuem equipes treinadas que trabalham como gestores das casas. Atualmente o projeto conta com mais de 200 casas em operação ou desenvolvimento, espalhadas por 27 estados do país (THE GREEN HOUSE PROJECT, acesso em 27 mar. 2014).

89

onde ele está indo, facilitando e estimulando a liberdade de escolha no uso dos

diferentes ambientes da residência (MARQUARDT, 2009).

Com relação a iluminação e ventilação, o projeto deverá conter grandes e

numerosas aberturas nos cômodos, favorecendo tanto a ventilação quanto a

iluminação natural, sendo que o nível de incidência da iluminação será controlada

através do uso de cortinas, para que não cause desconforto aos moradores. Para

garantir o conforto ambiental em todos os cômodos, o projeto contará com jardins

internos que, através de aberturas localizadas sobre eles em um bloco com altura

superior que se destacará dos demais cômodos, garantirão maior entrada da

iluminação natural e melhor circulação da ventilação O projeto deverá prever ainda

um sistema complementar de climatização com uma ventilação artificial de ar

condicionado e, iluminação artificial, utilizando lâmpadas com a precaução de não

provocar sombras que causem delírios nos idosos. Os quartos deverão possuir

varandas, cuja cobertura funciona como um brise favorecendo a ventilação

necessária ao considerarmos o clima local, e que servirão como transição do

interior para o exterior, sendo de grande utilidade, principalmente, para os

moradores que não conseguem se locomover e são acamados pois poderão ter

maior contato com os ambientes das áreas comuns externas a edificação.

Além de se diferenciarem pelos tipos de mobiliários e pictogramas, os ambientes

terão suas cores escolhidas de forma que sirvam de ponto de reconhecimento para

os habitantes. Todos eles terão contrastes entre a cor do mobiliário, da parede e das

portas. As cores vibrantes serão restritas a função de reconhecimento de ambiente e

para estimular o usuário como, por exemplo, nas áreas de vivência. Já nos quartos,

as cores serão suaves e claras, mantendo entretanto, um contraste entre piso,

parede e teto.

Assim como foi citado no capítulo 4, as áreas externas quando bem planejadas

podem melhorar a qualidade de vida dos idosos com Alzheimer, proporcionando um

outro potencial terapêutico a unidade. Nestas áreas os idosos irão contar com

espaços que estimulem a sua memória, locais de relaxamento e também que

estimulem a prática de atividades que eles poderiam realizar diariamente em suas

antigas casas. Deverão ser utilizados elementos que incentivam e chamam a

atenção dos idosos, como por exemplo a água cujo som torna-se atrativo, para que

90

as áreas externas sejam utilizadas, além de saídas da área interna para o jardim

com elementos visuais que se destacam convidando moradores a se aproximarem.

Portanto, deve ser possível que da área interna, tanto os idosos quanto os

funcionários vejam a área externa ou vice-versa. Isto permitirá que os moradores se

sintam independentes e facilitará o monitoramento por parte dos funcionários. No

jardim, o caminho deve ser evidenciado pelo contraste entre revestimento e massas

verdes, sem obstáculos e contínuo formando um percurso cujo ponto de origem e

fim seja o acesso a área interna da edificação, para que mesmo se o idoso se sentir

perdido, ele possa voltar para o ponto de onde saiu apenas seguindo o caminho

(BENBOW, 2014).

5.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidades é a fase em que são definidos os ambientes que irão

compor o edifício com base nas exigências legais e nas necessidades e

expectativas dos usuários finais: moradores, funcionários e visitantes.

As atividades e as demandas legais e cognitivas referentes ao edifício de uma ILPI

especializada em Doença de Alzheimer descritas nos capítulos 3 e 4, definem as

condicionantes para elaboração do programa de necessidades e consequentemente

o pré-dimensionamento dos ambientes que o compõem necessários para auxiliar na

escolha do terreno e para definição de sua implantação.

De acordo com as pesquisas feitas no decorrer da primeira fase deste trabalho, além

de entrevistas realizadas com profissionais desta área de prestação de serviço ao

idoso, os edifícios de uma ILPI devem funcionar em apenas um pavimento térreo,

pois assim permite uma maior vigilância por parte dos funcionários além de maior

liberdade e segurança na mobilidade de seus residentes.

Objetivando atender as demandas de uma ILPI destinada a abrigar 12 idosos que

possuem Alzheimer, será necessário a criação de ambientes distribuídos em três

setores complementares: Serviço; Administrativo e Moradia.

91

5.4.1 Setor de Serviço

O setor de serviço deverá abrigar as instalações de apoio para o funcionamento e

manutenção da instituição. Estes deverão ser de uso exclusivo dos funcionários e

seu acesso deverá ser controlado para segurança dos moradores.

Para este setor, a RDC 283 estabelece a necessidade de previsão dos seguintes

ambientes:

- Lavanderia: Embora a RDC 283 estabeleça que este serviço possa ser

terceirizado, através de entrevistas com profissionais da área e visitas a ILPIs locais

percebeu-se que a terceirização é fator limitante, tendo em vista a alta demanda dos

serviços. A norma estabelece que a lavanderia deve contemplar o processo de

lavagem e secagem das roupas, espaço para passá-las e armazená-las até a

distribuição. Baseando-se no Manual Técnico de Processamento de Roupas de

Serviço de Saúde da Anvisa (2007), foram calculados o peso de roupas a serem

processadas por dia, para que assim fosse estabelecido a quantidade de

equipamentos e o tamanho do ambiente. A quantidade total de roupas a serem

lavadas foi de aproximadamente 28kg/dia. Sendo assim, a lavanderia da ILPIs

possuirá uma sala para a entrada e separação da roupa suja, e a mesma possuirá

uma única máquina de lavar de 30kg que possui duas portas e funciona como

barreira entre a área suja e limpa. Já na área limpa, possuirá uma centrífuga, uma

máquina centrífuga e uma máquina secadora. Para o processo de passar e

armazenar as roupas, o ambiente possuirá uma calandra para passar lençóis e uma

bancada para passar o restante das roupas. A lavanderia deverá reservar ainda um

local para guarda de roupa de uso coletivo com armários que possibilitem a

armazenagem separada por tipo de roupa;

- Local para guarda de material de limpeza: Os materiais devem ser

armazenados em um local arejado com prateleiras;

- Vestiários e banheiros para funcionários: Segundo a RDC 283, estes

espaços devem ser separados por sexo, de forma que a cada 10 funcionários, deve-

se disponibilizar 1 vaso sanitário, 1 lavatório e 1 chuveiro e, uma área mínima de

0,5m² por funcionário;

92

- Cozinha: Assim como a lavanderia, a RDC 283 também estabelece que

serviços de alimentação podem ser terceirizados. Mas esta prática não é exercida

pelos profissionais entrevistados ou nas ILPIs visitadas. Sendo assim, a norma

impõe que a cozinha deve possuir espaço para manipulação, preparação,

fracionamento, armazenamento e distribuição de alimentos, seguindo o que está

estabelecido na RDC n° 216/2004 correspondente ao Regulamento Técnico de Boas

Práticas para Serviços de Alimentação;

- Lixeira: A RDC 283 exige que a ILPIs tenha uma lixeira ou abrigo externo à

edificação para armazenamento de resíduos até o momento da coleta;

Além dos ambientes definidos na RDC, esta proposta considerou as necessidades

impostas pelos profissionais entrevistados nas ILPIs locais. Desta forma o setor

também contará com os seguintes ambientes:

- Depósito de mobiliários: Este ambiente será utilizado como apoio para

guarda de cadeiras de rodas, camas e demais mobiliários que não podem faltar na

ILPIs;

- Copa e espaço de descanso: Os funcionários entrevistados relataram a

necessidade de um espaço diferenciado para fazer suas refeições assim como um

local de descanso, tendo em vista toda a demanda psicológica e física exigida de um

profissional que trabalha diariamente com idosos que possuem a Doença de

Alzheimer;

5.4.2 Setor Administrativo

O setor administrativo é composto de ambientes destinados a funcionários e

visitantes da ILPIs.

Conforme a RDC 283, toda ILPIs deve ter os seguintes ambientes:

- Sala Administrativa/Reunião: Embora a norma permita que as duas atividade

funcionem em uma mesma sala, o projeto permitirá que estas funcionem em

ambientes diferenciados visando não interferir na rotina de trabalho do funcionário

da administração quando ocorrerem reuniões de outros setores e até mesmo cursos

93

para os demais funcionários. A sala da administração contará com espaço para dois

funcionários trabalharem e receberem os visitantes;

- Sala de Reunião: Será projetada para comportar 8 pessoas, pois foi previsto

um número máximo de 16 funcionários na instituição e assim a mesma deverá

manter pelo menos metade deles trabalhando. Caso tenha a necessidade de reunir

mais pessoas, a reunião poderá acontecer na área externa coberta.

- Almoxarifado: Destinado a armazenar objetos e materiais do setor

administrativo, a RDC estabelece que este ambiente deve possuir 10m²;

Além destes ambientes, também fará parte deste setor:

- Arquivo morto: Os profissionais entrevistados relataram a necessidade de

um espaço para guardar documentos tanto dos idosos que moram ali, quanto dos

que já moraram. Por isso, o projeto contará com este ambiente que possuirá

armários para guardar estes documentos quando impressos. Aqueles que estiverem

em formato digital, poderão ser acessados pelos computadores da administração.

- Farmácia e esterilização: Embora não seja citada na RDC 283, a farmácia é

um ambiente indispensável nas ILPis, pois todos os medicamentos dos idosos

devem ficar guardados em um local sem acesso para os moradores e que seja

controlado pelos funcionários. Além disso alguns idosos utilizam sondas ou

necessitam de seringas para os uso de medicações, de forma que os profissionais

consultados sentem necessidade de um local para esterilizar estes ou demais

materiais que exigem esta prática.Neste local deve ter uma pia e armários para

armazenagem dos materiais.

- Posto de enfermagem: Embora a ILPI não deva apresentar semelhanças

com um ambiente hospitalar, é importante a existência de um local anexo a farmácia

e esterilização e, próximo aos quartos e áreas comuns. No posto de enfermagem

poderão ser armazenadas as fraldas trazidas pelos familiares, separadas por

morador, pois existe um grande consumo deste produto.

5.4.3 Setor Moradia

O setor Moradia é formado pelos ambientes que os idosos moradores da ILPIs

poderão acessá-los ou utilizá-los, assim como os funcionários e visitantes.

94

A RDC 283 estabelece que é obrigatório a existência dos seguintes ambientes:

- Sala para atividades coletivas: A norma recomenda que este ambiente seja

usado por no máximo 15 moradores e que este possua área mínima de 1,0m² por

pessoa;

- Sala de estar: De acordo com a RDC, deve-se oferecer um espaço para

convivência com dimensão calculada para 1,3m² por pessoa;

- Sala para atividades de apoio individual e sócio familiar (consultórios): As

ILPIs oferecem serviços de fisioterapia, dentista e demais atendimentos médicos de

forma que profissional vai até a instituição para atender os idosos. A norma

recomenda que estes ambientes devem ter acima de 9m²;

- Espaço ecumênico: A RDC estabelece como obrigatório este tipo de espaço,

mas não estipula qual a dimensão do ambiente. Entende-se que deve ser um

ambiente que respeite a crença de todos os residentes e que o ideal seja um

ambiente que também permita a interação com a família, de forma que optou-se por

calcular como uma área de estar;

- Dormitórios: A RDC 283 estabelece ainda que os dormitórios podem ter no

máximo 4 pessoas com área mínima de 5m² por cama. Porém, de acordo com

Calkins (2011) quando se trata de idosos com demência, a mudança de um quarto

compartilhado para um individual contribui para o sono do residente e para o seu

comportamento agitado. Além disso, o autor afirma que em uma pesquisa realizada

em uma ILPI especializada em Idosos com Alzheimer, os próprios funcionários se

sentiam menos estressados quando os idosos ficavam em quartos individuais. A

mesma opinião é apresentada por Benbow (2014), que afirma que, no caso de

idosos com Alzheimer, quando o quarto não é compartilhado os residentes podem

receber uma melhor assistência, além de oferecer maior privacidade, redução do

ruído, redução do constrangimento, melhora a qualidade do sono, evita o incomodo

a outros residentes e os próprios familiares preferem, pois se sentem mais a vontade

caso precisem dormir no local algum dia.

95

Sendo assim, todos os residentes possuirão quartos individuais, totalizando 12

unidades e cada uma com banheiro respeitando a área mínima de 3,60m² estipulada

pela RDC.

Além dos ambientes exigidos pela norma, neste setor também foram previstos

ambientes que foram classificados como indispensáveis pelos profissionais e

estudos consultados, sendo eles:

- Sala de jantar: Embora não se tenha uma referência na RDC 283, o projeto

de ILPIs em questão terá uma sala de jantar integrada a cozinha terapêutica com o

objetivo de possibilitar a participação dos idosos que quiserem ajudar na

organização da casa. Para este ambiente foi adotado como base o cálculo de 1m²

por pessoa utilizado pela norma para a sala de atividades coletivas;

- Cozinha e lavanderia terapêutica : A intenção é fazer os idosos se sentirem

em sua casa, de forma que aqueles que sentirem falta de ajudar nas tarefas, tenham

a oportunidade de cozinhar, lavar roupa ou qualquer outra atividade relacionada a

cozinha ou lavandeira. Ambientes como a cozinha e a lavanderia terapêutica são

importantes para que os idosos se sintam estimulados a praticar atividades diárias e

se sintam prestativos (CANTLEY, WILSON, 2002). Elas não devem substituir a

cozinha e lavanderia da casa, pois devem ser utilizadas apenas como apoio

terapêutico sem o uso de utensílios de risco. A cozinha terapêutica pode ser

integrada a sala de jantar e a lavanderia próxima ao jardim externo. Os cálculo de

área suficiente serão baseados na sala de jantar.

- Salão de Beleza: Assim como os serviços médicos a domicílio, o serviço de

beleza são utilizados pelos idosos e por isso é de extrema importância, segundo os

proprietários de ILPIs consultadas, que possua um espaço para este serviço, até

mesmo para o idoso se sentir independente.

- Sala de televisão: Segundo os profissionais que trabalham nas ILPIs

visitadas, é muito importante que se tenha um ambiente para assistir televisão, pois

existem idosos que preferem não ver ou aqueles que precisam do som mais alto.

Por isso é fundamental que se tenha um ambiente específico para esta atividade. O

cálculo também será baseado no recomendado para sala de atividades coletivas

com acréscimo dos mobiliários.

96

5.4.4 Dimensões dos ambientes

Assim como os ambientes básicos para uma ILPI, a RDC 283 determina também a

dimensão mínima para os mesmos. Partindo da análise da norma juntamente com

as necessidades impostas pelos profissionais da área que foram entrevistados,

foram estabelecidas as áreas dos ambientes para que auxiliassem na escolha do

terreno de implantação. A área final da edificação apontada neste item levará em

conta que ao menos 20% da área total do edifício deverá ser ocupada por

circulações que, somadas com as áreas previstas para os demais ambientes,

totalizam a área final aproximada de 1780m², conforme a Quadro 1.

97

SETOR SERVIÇO

SETOR ADMINISTRATIVO

SETOR MORADIA

AMBIENTE ÁREA AMBIENTE ÁREA AMBIENTE ÁREA

Lavanderia 40,73m² Administração 22,75m² Sala de estar e leitura

78,80m²

Arm. Roupa 11,28m² Sala de reunião 16,45m² Sala para atividades 45,90m²

Arm. Mat. Limpeza 10m² Almoxarifado 10,50m²

Sala de televisão 83,78m²

Vestiário/Banh. Func. (2) 28,76m² Arquivo Morto 8,05m²

Espaço Ecumênico

28,30m² Lixeira externa 12m² Farmácia/

Esterilização 8,58m²

Despensa 14,75m² Enfermagem 20,57m² Suítes (12) 12x27 = 324m²

Cozinha 34,60m²

Sala para fisioterapia

42,30m²

Depósito de mobiliários 13m²

Sala para consultório 13,70m²

Copa para funcionários 11m²

Salão de Beleza 13,30m²

Descanso para

funcionários

14m²

Cozinha terapêutica/

Sala de jantar

58,22m²

Lavanderia terapêutica

20,55m²

Banheiros (4)

9m²

Área de estar

coberta 94,53m²

Total 190,12m² Total 86,90m² Total 812,38m²

Circulações (aprox.) 691,52m²

Área total 1780,92m²

Quadro 1 – Programa de Necessidades Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

5.5 FLUXOS E SETORIZAÇÃO: DEFINIÇÃO DA PLANTA BAIXA

Conforme informado na definição do Programa de Necessidades, para fins de

setorização e organização, o projeto foi dividido em três setores: Serviço,

Administrativo e Moradia. Tendo em vista que será uma edificação com apenas um

98

pavimento, esta setorização permite também a melhor definição dos ambientes em

que cada tipo de usuário (morador, funcionário ou visitante) poderá acessar na

Instituição pois, como já foi citado anteriormente, os idosos não podem ter acesso a

ambientes que representem risco a saúde e integridade física deles. Portanto, a

Figura 46 representa um esquema ilustrativo sobre os fluxos entre todos os setores.

Figura 46 - Fluxo entre setores Fonte: Arquivo Pessoal (2014)

Aqueles que estiverem no setor de Serviço (funcionários) poderão ter acesso ao

setor Administrativo e Moradia. Funcionários que estiverem no setor Administrativo

poderão transitar para o setor Serviço e Moradia. Já os visitantes que estiverem no

Administrativo poderão transitar para o setor Moradia. Por fim, os idosos que

ocupam o setor Moradia não terão acesso aos demais setores já citados.

No Partido Arquitetônico ficou definido que embora a Instituição de Longa

Permanência para Idosos com Alzheimer seja um local de prestação de serviço, a

ideia é que reproduza as características de uma residência unifamiliar. Sendo assim,

como em uma habitação, a Instituição possuirá uma entrada principal que dará

acesso à uma área social e, a partir desta, as conexões ao demais setores (moradia,

serviço e administrativo), apresentando ainda uma entrada externa adicional para a

área de serviços (Figura 47).

99

Figura 47 - Organograma dos setores

Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

A partir da definição do fluxo entre os setores, estabeleceu-se os fluxos e conexões

entre os ambientes já citados no Programa de Necessidades (Figura 48).

Figura 48 - Organograma geral dos ambientes

Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

De acordo com Marquardt (2011) e Benbow (2014), a disposição dos ambientes que

compõem uma IPLI é a garantia de eficácia dos benefícios que uma IPLI pode trazer

100

para o idoso com Alzheimer, pois a maior dificuldade do idoso doente é se situar

dentro de um ambiente e reconhecer tudo que está a sua volta. Sendo assim,

espera-se que um projeto com as inúmeras especificidades impostas pelos usuários,

como o caso dos idosos com Alzheimer, é fundamental que a setorização dos

ambientes e o fluxo entre eles sejam os principais norteadores do projeto e,

consequentemente, as decisões tomadas no desenvolvimento da planta baixa sejam

fatores determinantes para os demais aspectos do projeto arquitetônico, como por

exemplo, a implantação e o paisagismo.

5.5.1 Planta baixa

A edificação possui dois acessos pois, conforme a RDC 283, a ILPI deve ter, no

mínimo, duas portas para separar a entrada de serviço da entrada de residentes e

familiares. Na proposta, os funcionários entram pela entrada de serviço, indo

diretamente para o vestiário e seguem para os seus respectivos ambientes de

trabalho. Entre a lavanderia e a rouparia existe um acesso direto para melhor

organização e agilidade no processo de lavagem das roupas. O mesmo acontece

entre a despensa e a cozinha, sendo que esta também tem conexão direta com a

sala de jantar (Setor Moradia). A copa dos funcionários fica perto da cozinha e do

descanso dos funcionários. Este fica próximo a circulação principal que leva para o

Setor Moradia.

O setor Administrativo está localizado ao lado do hall social para facilitar o acesso

dos visitantes e evitar o fluxo de desconhecidos por demais áreas da Instituição. A

sala da administração possui janelas de frente para a entrada externa principal,

permitindo um maior controle de acesso. A entrada do arquivo morto é através da

administração, pois é um ambiente de acesso exclusivo dos funcionários do setor. O

final do corredor administrativo possui uma janela com vista para a área externa da

edificação, favorecendo a ventilação e iluminação natural.

Entre o hall social e o setor Moradia, existe uma porta para controlar o acesso, pois

assim como citado no capítulo 4, além de impedir a circulação de pessoas não

autorizadas, é fundamental que os idosos com Alzheimer tenham este tipo de

controle, evitando que eles saiam do local sem que ninguém perceba e se percam

101

em outros ambientes. O posto de enfermagem localizado na entrada do setor possui

uma posição estratégica para auxiliar no controle de acesso e supervisionar os

idosos nos demais ambientes da instituição. Ao entrar no setor Moradia, a proposta

é que, assim como costuma acontecer em diversas residências, os moradores ou

visitantes possuem uma vista geral das áreas comuns, mantendo os quartos e

outras áreas íntimas mais reservados. As salas de estar (Figura 49) , televisão

(Figura 50) e jantar, possuem acesso livre e contínuo entre elas, sendo que a última

funciona como espaço de refeições e cozinha terapêutica (Figura 51). Através

destas salas, os idosos poderão acessar o pátio externo coberto, que também

funciona como área de integração, e dá acesso a sala de fisioterapia, sala de

atividades e lavanderia terapêutica. O objetivo é que, como os idosos não terão

passagem livre para o hall social, este pátio funcione como a entrada e saída da

"casa", resgatando a imagem das varandas com quintais comuns nas residências

antigas, já que este é o acesso direto que eles terão para os jardins, Espaço

Ecumênico e demais áreas de vivência e relaxamento.

Figura 49 - Imagem 3D da sala de estar gerada a partir do projeto da IPLI especializada em Alzheimer. Os idosos podem circular livremente entre os ambientes. A cor das paredes e do mobiliário servem de

referência para reconhecer o ambiente que possui uma porta de conexão com a área externa. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

102

Figura 50 - Imagem 3D da sala de televisão gerada a partir do projeto da ILPI especializada em Alzheimer.

Uso de cores e mobiliários diferenciados dos outros ambientes para facilitar o reconhecimento da atividade do local

Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

Figura 51 - Imagem 3D da cozinha terapêutica e sala de jantar gerada a partir do projeto da ILPI

especializada em Alzheimer. Cores vibrantes que estimulam a atividade.

Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

Assim como citado anteriormente, procurou-se localizar os quartos de maneira que

preserve a intimidade dos idosos mas sem perder e proposta de que eles saiam do

quarto e tenham uma vista geral dos demais ambientes. Para isso, os quartos estão

103

localizados contornando as áreas comuns através de um corredor em formato de "L"

e com grandes vãos distribuídos estrategicamente ao longo do corredor, para que os

idosos consigam reconhecer os ambientes. Espera-se, com isso, que os quartos não

fiquem totalmente visíveis, aproveitando-se da setorização de ambientes, como o

posto de enfermagem que já funciona como uma barreira, além de paredes que

receberam pinturas diferenciadas e os jardins internos que receberão flores com

cores e disposição das plantas diferenciadas para delimitar a função que cada jardim

tem na orientação espacial. Seguindo as informações obtidas no estudo de caso,

optou-se por utilizar cores diferenciadas nas entradas dos quartos, facilitando o

reconhecimento dos mesmos ao longo do corredor (Figura 52).

Figura 52 - Imagem 3D do corredor gerada a partir do projeto da ILPI especializada em Alzheimer.

Cores diferenciadas nas portas dos quartos para facilitar reconhecimento. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

Com relação ao layout interno dos quartos (Figura 53), assim como citado no Partido

Arquitetônico, todos eles terão diferença nas cores de revestimento entre piso,

parede e teto. Além disso, cada idoso poderá utilizar objetos pessoais como porta-

retratos, quadros e até mesmo substituir os mobiliários. Seguindo a recomendação

feita por todos os autores citados, é fundamental que a posição da cama permaneça

a mesma, pois permite que o idoso, mesmo deitado, tenha visão direta para o

banheiro.

104

Assim como indicado anteriormente, cada quarto conta com uma varanda que dá

acesso ao jardim reservado da Instituição, possibilitando que mesmo o idoso

acamado tenha contato com a área externa.

Figura 53 - Imagem 3D do quarto do idoso gerada a partir do projeto da IPLI especializada em

Alzheimer. As cores utilizadas variam entres os quartos. Os mobiliários podem ser alterados e o idoso pode

utilizar objetos pessoais que favorecem o reconhecimento do ambiente. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

Outro aspecto importante do projeto é a existência de uma saída de emergência

situada no final do corredor, próxima aos quartos para que, caso algum idoso

precise de atendimento hospitalar ou venha a óbito, a saída seja feita de forma

discreta sem causar agitação nos demais moradores.

No final do outro corredor está uma janela que possui vista para o jardim e o Espaço

Ecumênico. A opção de não ter outras aberturas além da que existe na sala de estar

visa garantir um maior controle dos idosos e que estes não se sintam confusos por

usarem mais de um acesso.

105

Figura 54 - Planta baixa humanizada com setorização.

Vermelho: setor de Serviço; azul: setor Administrativo; laranja: Hall social; amarelo: setor Moradia e; verde: Área Externa Fonte: Arquivo Pessoal (2014)

106

5.5.2 Implantação e Paisagismo

Assim como citado anteriormente, a implantação da edificação no terreno foi

desenvolvida através da definição dos fluxos na planta-baixa interna da ILPI em

consenso com algumas decisões tomadas ao analisar o entorno, como, por

exemplo, os acessos e, atendendo as normas estabelecidas no Plano Diretor

Vigente.

Conforme apontado no item 5.2, o terreno está localizado na ZOP3 e diante das

demais informações obtidas, conclui-se que o projeto atende todas as

condicionantes solicitadas no PDM de 2007 da cidade de Vila Velha (Figura 55).

Considerando que o projeto da ILPI proposta se limitou ao número máximo de dois

pavimentos e que o presente terreno está localizado entre duas esquinas, entende-

se que não possui fundos, de forma que foram considerados os valores mínimos de

afastamento frontal e lateral.

Figura 55 - Quadro de área e parâmetros urbanísticos do projeto.

Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

107

Levando-se em conta as análises feitas na definição do terreno houve a

necessidade de propor soluções quanto aos acessos e minimizar o ruído provocado

pelas vias do entorno, principalmente a Rodovia do Sol. Optou-se por estabelecer

três acessos diferentes: entrada e saída de serviço, pela Avenida Aracruz; entrada e

saída de moradores, visitantes e de emergência, ambos pela rua Itaperuna. O lado

do terreno que confronta com a Rodovia do Sol não terá nenhum acesso e o muro

receberá tratamento acústico (Figura 56).

Figura 56 - Planta esquemática da implantação da ILPI com os acessos.

Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

A edificação foi posicionada de forma que os quartos recebam a maior incidência do

sol da manhã (faces de orientação nordeste), tendo em vista os benefícios do sol da

manhã, já que são áreas de grande permanência dos idosos que trazem maior

apropriação das áreas propostas, como por exemplo as varandas e o gramado com

mesas e banquinhos na frente dos quartos.

As áreas de estar externas e os jardins ficaram localizados na parte de trás da ILPI,

garantindo maior privacidade ao usuários e menor incidência do sol da tarde. As

áreas de serviço ficaram posicionadas na orientação noroeste, aproveitando-se

também do posicionamento do acesso de serviço (Figura 57).

108

Figura 57 - Planta de implantação da ILPI. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

As áreas externas e jardins a serem utilizadas pelos idosos foram separadas das

demais através de divisórias com elementos vazados. O objetivo é que os idosos

não vejam carros entrando e saindo do local, assim como a circulação de

prestadores de serviços, para que não se confundam, o que pode aumentar a

agitação e diminuir a sensação de estarem em suas próprias casas.

Com base nas recomendações citadas por Benbow (2014), a respeito do design das

áreas externas de Instituições de Longa Permanência para Idosos com Alzheimer,

para facilitar e incentivar o uso dos jardins e espaços de vivência externos, estes

foram posicionados de forma visível e com fácil acesso para os idosos, a partir das

áreas comuns (sala de estar e pátio coberto). Isso traz sensação de independência

para os moradores e segurança pois poderão ser vistos pelos funcionários que

podem estar na área interna. Outro aspecto fundamental para o jardim é que ele

tenha um caminho orientador, ou seja, que o idoso consiga identificar pelo próprio

percurso por onde que ele pode sair ou voltar para a área interna da edificação. Por

isso, o layout do jardim da ILPI foi feito de forma simples, com um caminho que

109

passa por toda a área externa, revestido com material antiderrapante e que conduz

o idoso a partir de qualquer ponto do jardim para a área interna da ILPI.

Além disso, o paisagismo externo segue o conceito de reproduzir ambientes que

sejam familiares aos seus residentes. Foram propostas áreas para aqueles que

desejarem trabalhar com o plantio nas hortas que são elevadas para também serem

utilizadas por cadeirantes, bem como áreas para relaxar e tomar sol contemplando o

jardim com o as mesas no entorno do espaço ecumênico. Os idosos também podem

colher frutas ou simplesmente sentarem em bancos no deck de madeira para

observar os pássaros sob um pergolado com um formato que acompanha a linhas

do caminho.

Os netos que vierem visitar os avós, podem brincar no playground enquanto o

restante da família os observam, sentados nas mesas sob o pergolado coberto por

trepadeiras bem como nos banquinhos próximos a "parede das águas". Somado a

isto, criou-se ambientes cenográficos com um carro locado estrategicamente, para

idosos que sentem falta de cuidar dos seus veículos e também um ponto de ônibus,

para os idosos que quiserem "esperar" um ônibus, mas que necessitam ser

protegidos para que não saiam e se percam pela cidade. Já aqueles que desejarem

ficar mais reservados ou que tiverem maior dificuldade de se locomover, poderão

acessar, através das rampas nas varandas, o jardim em frente aos quartos.

Figura 58 - Planta humanizada esquemática do jardim terapêutico da IPLI.

Fonte: Arquivo Pessoal (2014)

110

5.5.3 Fachadas

Assim como definidas no partido arquitetônico, a fachada da ILPI proposta, utiliza

materiais característicos da Arquitetura colonial, objetivando associar com a imagens

das casas em que os idosos viviam e eliminar qualquer relação da ILPI com um

ambiente hospitalar.

Figura 59 - Fachada principal. Materiais que resgatam a memória dos idosos: cobogós, madeira, telhado aparente, tijolo aparente e

esquadrias de madeira. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

Figura 60 - Fachada Principal: elementos que resgatam a memória dos idosos. Jardim reservado com divisória de cobogó.

Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

111

Figura 61 - Fachada Nordeste: tijolo aparente, divisórias das varandas com elemento vazado de madeira e parada de emergência.

Fonte: Arquivo Pessoal (2014)

Figura 62 - Fachada Noroeste: aberturas do setor administrativo e serviço para a área externa. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).

112

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aumento do número da população idosa, especificamente no Brasil, é crescente e

segundo dados do IBGE só tende a aumentar. Paralelamente ao processo de

envelhecimento surgem doenças que atingem a maioria dos idosos, dentre as quais

se destacou a Doença de Alzheimer.

Esta, conforme descrito nos capítulos anteriores, é um tipo de demência que afeta o

sistema cognitivo do idoso e a sua memória, tornando-o uma pessoa dependente,

afetando não somente a vida dele, mas também aqueles que convivem diretamente

com o doente, pois a vulnerabilidade e a dependência em que o indivíduo se

encontra exigem um controle psicológico e emocional muito grande daquele que

cuida.

Nesta situação, muitas famílias têm optado por levar o idoso com Alzheimer para

alguma Instituição de Longa Permanência (comumente denominada “Casa de

Repouso”). Entretanto, muitos impedimentos e resistência são apresentados antes

da institucionalização devido à preocupação que a família possui com o impacto que

isso pode causar no idoso, bem como pela falta de locais com ambientes planejados

e especializados para o tratamento da doença. Além disso, parte desta resistência

deve-se ao preconceito, fruto das imagens negativas dos antigos asilos e do receio

de que o idoso não seja bem cuidado.

Um ambiente físico bem estruturado e planejado conforme as necessidades desses

idosos é de fundamental importância no tratamento da doença e influencia

diretamente na qualidade de vida do idoso com Alzheimer, tornando os arquitetos

personagens extremamente importantes na promoção de bem-estar do idoso com

Alzheimer.

Os autores citados neste trabalho de conclusão de curso (TCC) como, por exemplo,

Sérgio Luiz Valente Tomasini e Simone Alves, acreditam que existe uma demanda

por locais adequados a estes idosos, que reproduza a sensação de bem estar de um

lar, assistidos por profissionais habilitados a lidarem com a Doença de Alzheimer.

Considerando todas as características e especificidades da Doença de Alzheimer, a

falta de preparo das famílias bem como de infraestrutura física adequada em suas

casas e nas ILPIs do Espírito Santo, identificou-se nesta carência a necessidade do

113

projeto arquitetônico de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos com

Alzheimer no município de Vila Velha -ES, foco do presente trabalho.

Este projeto teve como diretrizes norteadoras as comprovações feitas por médicos e

pesquisadores sobre a influência direta do ambiente na progressão da doença e na

qualidade de vida do doente, bem como recomendações feitas pelos mesmos sobre

como devem ser estes ambientes terapêuticos que, em conjunto com as

informações do capítulo 4 sobre o espaço adequado de uma ILPI especializada em

Idosos com Alzheimer e os exemplos de instituições existentes, serviram como

bases para o desenvolvimento do projeto arquitetônico.

Para Implantação e definição deste Projeto considerou-se a demanda e legislação

urbanística local; bem como o partido arquitetônico desejado que procurou resgatar

características das residências do imaginário coletivo dos futuros residentes. As

necessidades espaciais dos ambientes levaram em consideração dentre outras

coisas, os aspectos espaciais que inibissem a confusão com corredores curtos onde

cada mudança de direção foi sinalizada por um ambiente que se utilizou do princípio

da fácil legibilidade do desenho universal, destinado a favorecer o idoso na

identificação dos diferentes espaços projetados para a residência. Além do

programa de necessidades desta Instituição de Longa Permanência para Idosos

com Alzeimer ter seguido as normas que regem o funcionamento regular de tal

modalidade; destaca-se ainda a proposta do projeto de paisagismo do entorno da

edificação que incorporou os estudos relacionados às características de ambientes

destinados ao tratamento não-farmacológico de Idosos com Alzheimer para as áreas

livres do terreno da ILPI ao propor através de seu desenho estender as atividades e

ambientes terapêuticos para o exterior da edificação. Tais características foram

fundamentais para o resultado final proposto no projeto apresentado de uma

Instituição de Longa Permanência destinada especificamente a acolher Idosos com

Alzheimer.

Até a conclusão desta pesquisa, é desconhecida a existência de alguma ILPI

especializada em idosos com Doença de Alzheimer no Brasil. Na realidade, uma das

grandes dificuldades e até mesmo limitação foi a ausência de pesquisas brasileiras

relacionadas ao tema. Este cenário é completamente diferente em outros países

como, por exemplo, Portugal, Estados Unidos, Irlanda e Alemanha. Nestes países

114

existem inúmeras pesquisas e publicações a este respeito, muitas delas foram

usadas como referência neste trabalho, além de profissionais da Arquitetura que

fizeram especialização em ambientes para idosos com Alzheimer e das diversas

instituições estrangeiras especializadas neste tipo de demência, como é o caso das

casas modelo “Green House”, citadas no capítulo 5.

Portanto, através dos dados estatísticos crescentes a cerca da taxa de

envelhecimento e de idosos com Doença de Alzheimer, as pesquisas apresentadas

sobre o benefício do ambiente devidamente projetado para o idoso doente e a

carência de Instituições especializadas em Alzheimer no Brasil, sugere a relevância

deste trabalho cujo tema envolvente despertou o interesse desta autora em dar

continuidade ao estudo desta temática através de uma posterior pós graduação, pois

assim como foi afirmado pela autora Gesine Marquardt (2011), a influência positiva

da arquitetura na melhoria da qualidade de vida de idosos com Doença e Alzheimer,

será cada vez maior e necessária, tendo em vista os efeitos benéficos destes

ambientes na qualidade de vida desses pacientes.

115

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127

APÊNDICES

APÊNDICE A - Prancha 01/07: Planta de Situação e Lo cação

APÊNDICE B - Prancha 02/07: Implantação e Paisagism o

APÊNDICE C - Prancha 03/07: Planta Baixa

APÊNDICE D - Prancha 04/07: Planta Baixa Humanizada

APÊNDICE E - Prancha 05/07: Planta Baixa - Cobertur a

APÊNDICE F - Prancha 06/07: Corte AA e Corte BB

APÊNDICE D - Prancha 07/07: Fachadas

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