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São Paulo 2017
NATÁLIA DE MARIA
HABILIDADES PARENTAIS
Preparando um adulto assertivo com intervenções precoces na infância
São Paulo
2017
HABILIDADES PARENTAIS
Trabalho apresentado no Curso Superior de Psicologia da Universidade Anhanguera atendendo a exigência do Trabalho de Conclusão de Curso sob a orientação do Orientadora: Andresa Gomes
NATÁLIA DE MARIA
NATÁLIA DE MARIA
HABILIDADES PARENTAIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Psicologia.
De Maria, Natália. Habilidade Parental: Preparando um adulto assertivo com intervenções precoces na infância. 2017. 34 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Psicologia) – Universidade Anhanguera, São Paulo, 2017.
RESUMO
O ser Humano se desenvolve de acordo com o seu ambiente e é no seu meio familiar que recebe seus primeiros contatos com a socialização o tornando uma pessoa civilizada, portanto, os diferentes estilos parentais são responsáveis por grande parte da constituição de um indivíduo, pois, modelam seu comportamento impactando suas ações em toda sua vida até a fase adulta. Este trabalho foi realizado a partir de um levantamento bibliográfico em artigos e livros com o objetivo de identificar mudanças nas famílias brasileiras e ilustrar seus impactos na sociedade, desta forma, concluir que existe a necessidade de um treinamento parental afim de gerar pais, ou responsáveis, mais habilidosos visando uma sociedade mais saudável com intervenções precoces na infância.
Palavras-chave: fatores de risco; fatores de proteção; habilidade parental; modelos
parentais; desenvolvimento infantil.
De Maria, Natália. Habilidade Parental: Preparando um adulto assertivo com intervenções precoces na infância. 2017. 34 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Psicologia) – Universidade Anhanguera, São Paulo, 2017.
ABSTRACT
The human being develops itself according to its environment and its in the familiar surroundings that it receives its first contacts with socialization making it a civilized person, therefore, the different parental styles are responsible for a great portion of the individual’s constitution, as they shape its behavior impacting its actions throughout its life until the adult stage. This work was realized through an bibliographic research on articles and books with the objective of identifying and illustrating its impacts on society, that way, concluding that the necessity for a parental training exists as a means of generating parents, or responsible guardians, more skillfull aiming for a healthier society with sooner interventions on childhood. Key-words: risk factors; protective factors; parental ability; parental models; child development.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
2 CONTEXTO HISTÓRICO DA FAMÍLIA BRASILEIRA .......................................... 15
2.1 ESTRUTURAS FAMILIARES BRASILEIRA ........................................................ 15
3 PROCESSOS DE APRENDIZAGEM E FATORES DE RISCO ............................. 21
4 CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO, IMPORTÂNCIA DAS EMOÇÕES E
DIFERENTES PRÁTICAS PARENTAIS ................................................................... 26
4.1 DEFINIÇÃO DE EMOÇÃO .................................................................................. 26
4.1.1 REFORÇO E PUNIÇÃO E DIFERENTES ESTILOS PARENTAIS .................. 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 32
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 34
13
1. INTRODUÇÃO
A “tradicional” família brasileira sofreu transformações no decorrer da história
do Brasil por conta de diversos fatores históricos que aconteceram em outros locais
do mundo que influenciaram e impactaram o país ocasionando em mudanças nos
padrões. Essas mudanças foram resultado do comportamento adaptativo dos
homens diante das inúmeras situações que os afetam diretamente. Essas
adaptações mudaram os padrões das estruturas familiares, mudando papeis sociais
dos pais e, desta forma, criando uma geração de crianças desamparadas.
Este trabalho se justifica por conta do cenário brasileiro familiar, que vem
passando por alterações constantes em sua configuração, e analisar os
comportamentos reforçados e adaptativos desta nação ao longo da história e é de
suma importância, pois com este conhecimento pode-se melhor compreender o
caminho tomado pelos indivíduos de gêneros opostos e suas consequências. O
papel dos pais sofreram alterações de significados alterando suas funções sociais e,
tal fato, altera a configuração e o comportamento dos indivíduos integrantes da
família. Essa nova geração de famílias tem um enorme ganho na sociedade, porém,
gera enormes problemas sociais para as crianças que nascem em habitações com
pais, ou responsáveis, insuficientes.
Este trabalho visa trazer técnicas parentais que possam ser utilizados na
rotina de qualquer estrutura familiar do século XXI, visando as necessidades básicas
de uma criança com o objetivo de criar adultos saudáveis e assertivos, para assim,
diminuir diversos índices de problemas psicológicos e falta de habilidade.
O presente trabalho trata-se de uma revisão de literatura, foi elaborado
através de pesquisas descritiva levantando informações sobre o tema em livros,
artigos, pesquisas científicas, revistas, vídeos e portais da internet de forma
qualitativa. Foram utilizados como critérios de inclusão as seguintes palavras: fatores
de risco, fatores de proteção, habilidade parental, modelos parentais,
desenvolvimento infantil. Os buscadores usados foram o Google, Google
Acadêmico, YouTube e biblioteca eletrônica da Scielo.
14
1.1 O Problema
Qual a importância da habilidade parental na construção do repertório da criança e
seus impactos na fase adulta?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Apresentar o conceito de habilidade parental nos tempos atuais, suas funções
no desenvolvimento e os impactos na fase adulta.
2.2 Objetivos Específicos
Identificar estruturas familiares em cada contexto histórico
Apresentar processos de aprendizagem e fatores de risco nos tempos
atuais
Descrever os sentimentos diante da modelagem dos pais no cotidiano
da vida da criança e impactos na fase adulta
15
2 CONTEXTO HISTÓRICO DA FAMÍLIA BRASILEIRA
Os padrões de comportamento de uma sociedade estão diretamente ligados
ao seu contexto histórico, desta forma, para compreender qual a função da família
na educação dos filhos é necessário entender que essas funções se alteram de
acordo com o momento histórico que o país se encontra e que o conceito de família
se altera ao decorrer dessas mudanças.
No século XXI as crianças já nascem com enormes responsabilidades sociais
que não teriam se tivessem nascido em outra época, por conta disso e outros fatores
do cotidiano está aumentando o número de pessoas com comportamentos
inadequados gerando sofrimentos para ele mesmo e todos que convivem com o
mesmo. Esses comportamentos inadequados são aprendidos na mais tenra infância
por diversos fatores como modelo social advindo de sua família e das pessoas ao
seu redor, ao que assiste na televisão, tablet, celular, computador sem contar suas
características biológicas. (PINHEIRO; DEL PRETTE; HASSE, 2002)
Essa nova geração brasileira que emerge da tecnologia está diante de
conflitos culturais e sociais em um embate de gerações passadas que possuíam
uma criação rígida e patriarcal com conceitos enraizados nos seus avós, mais
interação da geração dos seus pais com famílias nucleares junto com sua própria
geração chamada de famílias pluralistas ou contemporânea.(ALVES, 2009).
Para melhor ilustrar o impacto de cada estrutura familiar no
aprendizado de comportamento de cada indivíduo e verificar as habilidades
parentais exigida em cada época veja tópico seguinte.
2.1 AS ESTRUTURAS DA FAMILIA BRASILEIRA
Para poder conceituar habilidade parental é necessário ilustrar como essa
função mudou de acordo com o momento histórico do Brasil, ressaltando momentos
importantes que ocasionaram transformações nas estruturas familiares alterando
assim as necessidades parentais em determinada época. Portanto, é importante
frisar que as habilidades parentais de hoje são diferentes das habilidades parentais
exigidas em épocas anteriores por conta das diferentes estruturas familiares que
foram vivenciadas no decorrer dos acontecimentos históricos.
16
Antes da colônia portuguesa chegar e colonizar o Brasil existia diversas tribos
indígenas onde possuíam relações familiares extensas e as vezes poligâmicas. Após
a colonização portuguesa começaram a se expandir no território brasileiro trazendo
com eles a estrutura familiar vigente na Europa sendo ela patriarcal com os papeis
sexuais bem definidos. (MESGRAVIS; PINSKY, 2002)
A família patriarcal era um modelo de organização social onde um homem
possuía total poder e autoridade sobre a sua esposa, prole legítima e ilegítima,
parentes, afilhados e seus escravos. Como todos moravam em seu domínio é
conhecido como família extensa. (TERUYA, 2000)
O regime patriarcal no Brasil começou a organizar a sociedade com domínios
privados, desigualdades sociais, explorações, exterminando povos indígenas,
dominando territórios e começando o plantio de cana de açúcar com mão de obra
escrava indígena e depois com o tráfico negreiro escravos africanos para seus
domínios como mão de obra para seu crescimento. Neste contexto, era o chefe de
família (pai) que definia os rumos de todos os integrantes da família e era sua
responsabilidade prover todos os recursos necessários para sustenta-los. Nesta
época a mulher era vista como incapaz, devendo ser submissa e obediente sem
controle sobre sua sexualidade e era destinada a procriação onde não podia
escolher seu parceiro e o casamento era indissolúvel (CAYRES, 2000).
Nestas condições a mulher seria considerada um fardo caso não seguisse os
padrões impostos por essa sociedade, não podendo ter acesso ao estudo ao tendo
pouco acesso a eles, se via obrigada a manter-se sem vontades e submissa ao seu
pai e depois ao seu marido o que gerava muito sofrimento para a mulher, “porque,
sendo a sociedade masculina, a mulher tende a ser recalcada.” (REIS, 1987,p 41).
Porém, na casa grande não existia apenas a mulher do patriarca, mas também as
mulheres negras que se submetiam a relações sexuais com os seus “proprietários” a
fim de possuir certos direitos. (TESTA; LIMA, 2016).
Portanto, nesta época, as famílias passavam por opressões da mulher que se
fossem brancas se sujeitavam a afazeres domésticos e criação dos filhos e se
fossem negras ou índias como escravas, objeto sexual, mães solteiras de filhos
bastardos e como habilidade parental deveriam respeitar essa hierarquia, ensina-los
a adorar a igreja católica e perpetuar e repetir o comportamento pré-estabelecido
desta época. E nesta época os filhos eram vistos como pequenos adultos sem o
17
atual conceito de infância que foi explanado no decorrer desta pesquisa (CAYRES,
2000).
As transformações na estrutura familiar estão relacionadas a diversos fatores
como, o processo de industrialização e a abolição da escravatura, que acarretou na
mudança familiar no Brasil onde o modelo patriarcal começa a ser questionado e
novos modelos familiares começam a surgir. Esse novo modelo é chamado de
família moderna ou nuclear. (BIRMAN, 2012)
Com a mudança social e cultural, as famílias começam a ter funções sociais
diferentes do que tinham no período anterior. Neste período as famílias são
constituídas por uma nova estrutura social que consiste em um pequeno grupo
composto por um pai, uma mãe e seus filhos. Os membros desta família possuem
novos papeis sociais.
As mulheres possuem maior autoridade na sua família pois passou a ter papel
fundamental na educação dos seus filhos também exercendo duas funções
domésticas e, desta forma, passando maior tempo em casa ganhando maior poder
que antes não exercia, mesmo ainda sendo submissas. As crianças agora estão em
um lugar majestoso, como o centro da constituição familiar, novos padrões e
pesquisas sobre a necessidade da infância. Os homens continuavam com maiores
liberdades econômicas e políticas e permaneciam com o dever de trazer o sustento
de todos dentro de sua casa. (BIRMAN, 2012)
Com advento do capitalismo as sociedades rurais começaram a perder
espaço para bairros industriais tornando os indivíduos menos dependentes dos seus
pais, as mulheres receberam maior responsabilidade social, porém, continuavam
sendo oprimidas e seus desejos suprimidos resultando em novos problemas sociais.
As mulheres começaram a procurar estudos para poder educar melhor seus filhos, o
que impactou bastante a sociedade da época. (TERUYA, 2000)
As mudanças de comportamentos dos pais por conta das alterações no
modelo socioeconômico alteram o sistema familiar mudando também suas
necessidades básicas que começam a mudar para uma melhor qualidade de vida, o
que gerava mais custos diante o início do capitalismo. Neste momento as mulheres
passam a procurar emprego para poder ajudar no sustento de casa junto com o seu
marido. (KRUCZEVESKI; MARIANO, 2014)
18
Com a independência feminina, cresce o número de divórcios e a religião
católica começa a perder sua força de influências sob a instituição matrimonial.
Neste momento da história em meados do Século XX começa a surgir novas
estruturas familiares chamada de família Contemporânea ou pluralista. (BIRMAN,
2012)
A família Contemporânea ou pluralista é constituída de diversos tipos de
estruturas familiares como a família monoparental, família recasada, família
ampliada e a família não convencional. A família monoparental é aquela constituída
por um adulto, sendo homem ou mulher que sustenta a casa sozinha. A família
recasada é a união de casais que já tiveram filhos e outros relacionamentos
anteriores e se juntam para formar um só grupo. A família ampliada é cuja qual
agrega diversas pessoas sendo elas primos, tios, mãe, pai, avó, avô, filhos ou
conhecidos não precisando ter laços sanguíneos. O modelo de família “não
convencional” é o modelo familiar onde se constitui por casais homoafetivos, trans,
pais solteiros e outros modelos estão crescendo no Brasil. (OLIVEIRA, 2009)
Figura 1 – Transformação da família brasileira
Evolução da família brasileira (BIRMAN, 2012)
19
Conforme a linha do tempo (figura 1), pode-se identificar as principais
mudanças da família brasileira no decorrer dos séculos alterando assim, as
principais habilidades parentais que os responsáveis pelos filhos possuem de acordo
com sua cultura e sociedade. No século XX, até os dias atuais, houve mudanças
significantes de padrões que foram quebrados comparados aos das duas épocas
anteriores, afinal, "os homens agem sobre o mundo e o modificam e, por sua vez,
são modificados pelas consequências de sua ação." (SKINNER, 1957, p.1), o que
esclarece o fato de que com a ação do homem nas culturas provoca mudanças nos
comportamentos para poder se adaptar ao novo cenário.
As mudanças de cenário da família brasileira trouxeram enormes benefícios,
porém, trouxeram também outros problemas sociais que estão sendo motivos de
diversas polêmicas e pesquisas para soluciona-los, uma delas como o treinamento
de habilidades para pais ou responsáveis, isto porque, a necessidade particular que
as famílias nucleares tiveram, foram precursoras da saída das mulheres em busca
de espaços públicos e não apenas de espaços domésticos.
Como as famílias patriarcais se transformaram em família nuclear (constituída por
apenas um grupo pequeno na família sendo pai, mãe e filhos), os filhos passaram a
ficar mais tempo com terceiras pessoas ao invés dos responsáveis pela família. Para
que o pai e a mãe possam trabalhar, estudar e se divertir cresceu o número de
crianças sendo criadas por avós, cuidadores e creches.
Essa criação desfragmentada com pais insuficientes começa a criar gerações
de crianças que desenvolvem problemas psicológicos graves e sofrimentos
emocionais cada vez mais precoces. Crianças nesta situação, de desamparo
aprendido, possui grande possibilidade de se tornarem adultos com baixa habilidade
social sendo expostos a situações na vida que lhe causem desequilíbrio emocional
gerando depressão, ansiedade, síndrome do pânico, anorexia, bulimia que são
resultados de repertório não assertivos. (CECCONELLO; ANTONI; KOLLER, 2003)
Em meio a uma nova sociedade que cada vez mais exige capacitação para o
mercado de trabalho os filhos ficam cada vez mais distantes dos pais tendo que se
constituírem pelos educadores da escola, por informações recebidas no mundo
virtual, pelo conteúdo acessado pelos meios de comunicação sendo eles rádio,
televisão, internet, revistas, jornais entre outros. (PINHEIRO; DEL PRETTE; HASSE,
2002).
20
Contudo, é possível treinar pais ou responsáveis para que possam otimizar
seu tempo com a criança, mesmo não tendo muita disponibilidade, e que neste
momento seja possível elaborar situações que contribuam para o ensinamento tendo
como principal função orienta-los, crescendo sadios sabedores que são amados,
para que possam exercer uma vida adulta saudável bem adaptada na sociedade.
Essa é a ideia do treinamento de habilidade parental que foi proposto nesta
pesquisa. (PINHEIRO; DEL PRETTE; HASSE, 2002)
Possuir um comportamento adequado e suficiente para os filhos, ou
responsáveis, significa possuir uma conduta que exige uma reflexão e ponderação
pois o seu comportamento irá implicar em um desenvolvimento saudável, ou não, da
criança. Conforme este capítulo a atuação dos pais, ou responsáveis, está
diretamente ligado a seu contexto histórico e esse processo de aprendizagem será
abordado do capítulo seguinte.
21
3 PROCESSOS DE APRENDIZAGEM E FATORES DE RISCO
O ser humano é um ser social que precisa estar em grupo para sobreviver e
aprender a socializar, portanto, desde o seu nascimento é essencial ter cuidados de
outra pessoa para que consiga ter suas necessidades básicas atendidas para
continuar existindo. Cada bebê que nasce está exposto a diferentes formas de
ambientes e cuidados o que modela sua personalidade e seus comportamentos,
entretanto, existem diversos fatores que controlam o processo de aprendizagem e a
constituição de um indivíduo.
De acordo com a teoria da evolução o ser humano é formado a partir da
integração de três fatores: ontogênese, filogênese e cultura. Entende-se como
ontogênese a história de vida do indivíduo desde embrião até sua velhice com todas
as suas experiências. A filogênese está relacionada a sua espécie e sua
descendência genética, a evolução da sua espécie e seu DNA. A cultura é todo o
ambiente em que está inserido incluindo momento histórico, pais, religião, práticas
parentais etc (COSTA, 2002). Neste contexto o indivíduo recebe seus primeiros
modelos de aprendizagem que modelam seu comportamento.
Segundo Savoia (1989), existem três grupos importantes para essa
socialização primária: a família, a escola (agentes básicos) e os meios de
comunicação em massa. Na família o indivíduo recebe os primeiros aprendizados
sobre atitudes, valores, crenças culturais, regras que são estímulos iniciais que
moldam os comportamentos da criança. É na escola o segundo ambiente que mais
exerce impactos no indivíduo por conta dos diferentes estímulos e experiências
sociais que se é exposto, ou seja, a criança se expressa diante conflitos com
amigos, professora de acordo com os repertórios iniciais recebidos na família
(valores, regras e outros) o que contribui para seu organismo começar a adaptar
comportamentos a partir das consequências de seus atos. Na socialização em
massa o indivíduo está exposto a diversos estímulos sensoriais, tecnológico, mídias
sociais e outros modelos que exercem impactos na sua aprendizagem de uma forma
menos moderada, ao contrário de como acontece na escola e na família.
No decorrer do desenvolvimento da criança, diante diversos estímulos e
diferentes ambientes, a criança começa a adquirir repertórios diferenciados e nas
suas interações sociais reproduz comportamentos aprendidos de acordo com as
22
antigas consequências que foram reforçadas por terem obtido algo que gerou prazer
ou evitado alguma aversão que gerou sofrimento. Segundo Catania (1998/1999)
aprendizagem é como um comportamento se modifica diante de novas experiências
ou seja, a criança irá repetir seu comportamento, em determinados momentos da
sua vida, de forma similar as primeiras experiência, porém, seu repertório social
ainda é limitado e muitas vezes não conseguem lidar com frustrações, mudanças e
outros sentimentos por não conseguir compreender suas emoções o que pode eliciar
comportamentos inadequados gerando sofrimento.
“Os homens agem sobre o mundo, modificando-o, e, por sua vez, são
modificados pelas consequências de sua ação” (SKINNER, 1957/1978, p. 15). A
citação de Skinner esplana como o indivíduo é responsável pelas consequências de
suas ações diante das adversidades da vida, ou seja, cada pessoa possui
comportamentos na sociedade que modificam o ambiente, seus comportamentos
eliciam comportamentos das outras pessoas de acordo com a forma que ele o faz.
No processo de seleção natural (DARWIN, 1859) os mais fortes e mais aptos
sobrevivem e perpetuam a sua espécie de acordo com o seu ambiente, o ambiente,
para Skinner, também é fator fundamental para o modelo de seleção pelas
consequências (SKINNER, 1981/2007) onde elucida que os comportamentos dos
indivíduos se repetem, no decorrer da sua vida, por conta das consequências que
eles obtiveram no momento dessa experiência:
O comportamento funcionava apropriadamente apenas sob condições relativamente similares aquelas sob as quais fora selecionado. A reprodução sob uma ampla gama de condições tornou-se possível com a evolução de dois processos por meio dos quais organismos individuais adquiriam comportamentos apropriados a novos ambientes. Por meio do condicionamento respondente, respostas preparadas previamente pela seleção natural poderiam ficar sob o controle de novos estímulos. Por meio do condicionamento operante, novas respostas poderiam ser fortalecidas por eventos que imediatamente as seguissem” (SKINNER, 1981/2007, p 129-130).
Para Skinner (1966/1980) não é só o contato direto com a contingência que
gera novos aprendizados, mas também, o comportamento aprendido por explicação
verbal que ele chama de regra. O comportamento ditado por regras é aquela que foi
ditada por alguém, como um conselho, ordem ou instrução, desta forma, o indivíduo
pode aprender não só por experiência própria, mas em consequência de
23
compreender o que certas atitudes poderão ocasionar gerando menos custo de
resposta e sofrimento.
Conforme elucida Castanheira (2001) a cultura é guiada por regras em
diversos momentos da história, cita como exemplo a igreja católica e a utilização da
Bíblia Sagrada com seus mandamentos e regras e as possíveis consequências
aversivas que poderiam ocorrer ao indivíduo caso não as seguisse corretamente.
Este exemplo de controle por regras traduz como o individuo pode aprender a se
comportar, ou ter seu comportamento modelado, através de um estímulo verbal sem
que haja a necessidade de passar por experiências dolorosas.
No âmbito familiar a criança está exposta as regras imposta pelos pais, ou
responsáveis, ou seja, cada ambiente familiar possui diferentes métodos adotados
que promovem a educação dos filhos. Os métodos adotados por cada família são
determinantes para a construção do repertório da criança. Estilos parentais com
figuras autoritárias demais, humor instável, modelos violentos tendem a criar filhos
com certos prejuízos nas suas habilidades por terem aprendido que podem resolver
problemas de forma inadequada, podendo se tornar pessoas inseguras, indiferentes
sem conseguir se expressar (GOMIDE, 2004).
Existem hoje divergências na forma de educar comparada com a educação
de algumas gerações anteriores onde as punições eram mais rigorosas, os castigos
mais severos. A educação atual se mostra mais permissiva, onde muitas regras não
são cumpridas pelos filhos pois os pais, ou responsáveis, estão mais ausentes por
conta do novo modelo familiar onde o capitalismo trouxe diversas dificuldades
financeira ocasionando ausência dos integrantes visando melhor poder aquisitivo, o
que também gera problemas de comportamento onde aprendem que os limites não
precisam ser respeitados, autoridades não merecem respeito gerando
comportamentos que irão atrapalha-los no futuro. (GOMIDE, P. I. C. 2004).
As consequências dos modelos parentais podem ser consideradas um fator
de risco para o desenvolvimento saudável da criança, para Garmezy (1985) são
considerados de risco eventos que afetam a criança causando desordem emocional
ou comportamental que poderão ser bastante estressantes impactando
negativamente a criança. Um ambiente muito estressor pode influenciar crianças e
adolescentes a terem comportamentos mais deliberados, indisciplinados, violentos,
revoltados gerando uma sociedade de pessoas intolerantes e egoístas.
24
Visando esses e outros fatores de risco um marco importante para o cenário
brasileiro, que é advindo de um sistema patriarcal, foi a lei do Estatuto da Criança e
do Adolescente que entrou em vigor em 1990 que dá a criança e o adolescente
importantes ferramentas de proteção. Esta lei visa promover uma sociedade mais
igualitária e com cidadãos em equidade, ou seja, não só direitos iguais, mas um
ideal de justiça social garantindo a individualidade e respeito (BRASIL, 1990).
Para auxiliar nos ambientes familiares para uma melhor educação dos filhos,
visando um futuro onde haja menos problemas psicológicos e mais comportamentos
assertivos na fase adulta, diminuir comportamentos agressivos ou passivos, pode-se
utilizar o Inventario de Comportamentos da Infância e Adolescência "Child Behavior
Checklist" (CBCL) e Inventário de Estilos Parentais (IEP). O CBCL e O inventário de
estilos parentais são compostos de questionários, porém, cada um direcionado para
investigar informações diferentes. De acordo com Gomide ( 2011 ) o IEP é utilizado
na avaliação dos manejos parentais e identificar comportamentos de timidez,
inibição e também alguns comportamentos antissociais.
Para intervir, ou evitar estilos parentais que causem prejuízo na educação dos
filhos e sejam carentes de pais habilidosos se propõe treinamentos em ambientes
familiares onde os responsáveis envolvidos possam receber as avaliações dos
instrumentos de análise de comportamentos e junto com o conhecimento adquirido
nas intervenções de psicólogos, possam compreender que a forma com que tratam
seu filho, como se comportam com os demais membros familiares, como lidam com
as regras, como lidam com os conflitos rotineiros contribuem, e muito, para a forma
que a criança interage e responde nas situações ao seu redor. Para Gomide (2011),
quando se consegue modelar as primeiras experiências da criança o esperado é que
tenham comportamentos adequados na sociedade e assim possuir uma relação de
harmonia intra e extrafamiliar.
Diante disso, os pais, ou responsáveis, possuem o comprometimento de
auxiliar no processo de aprendizagem dos filhos pois a família não é o único local
onde as crianças serão expostas a contingências que controlam seu comportamento
(Skinner, 1969; Todorov, 2002), portanto, é necessário o treinamento de habilidades
nos pais, ou responsáveis, para a construção de crianças socialmente competentes.
Para poder ilustrar os impactos da educação dos filhos na vida adulta será
necessário abordar no próximo capítulo as questões de sentimentos e emoções
25
evocadas em determinado contexto e como este processo ocorre nos organismos e
sua reação corporal diante intervenções dos pais, ou responsáveis, utilizando reforço
positivo ou negativo e punição positiva ou negativa e as consequências de cada uma
delas e elucidar quais comportamentos mais adequados visando um adulto saudável
e assertivo.
26
4 CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO, IMPORTÂNCIA DAS EMOÇÕES E DIFERENTES
PRÁTICAS PARENTAIS
O comportamento está atrelado ás mudanças que ocorrem no organismo do
indivíduo por conta das variações que ocorrem no ambiente que está inserido, estas
mudanças no organismo são chamadas de emoções. As emoções auxiliam o
indivíduo a se adaptar no local onde está inserido e está ligado a questões de
sobrevivência. Cada emoção vivida possui um grau de intensidade, sendo elas de
prazer (positiva) ou de sofrimento (negativa), e esta intensidade modela o
comportamento da pessoa que experiencia a emoção, portanto, quando se refere a
aprendizagem das crianças, o papel dos pais, ou responsáveis, é fundamental para
que os pais tenham manejo ao lidar com as diferentes emoções vividas pelo seu
filho, pois a forma que será conduzida irá impactar como ele age em determinados
momentos em sua vida. Para poder contextualizar os diferentes estilos parentais, se
faz importante definir o que são sentimentos e emoções e como eles alteram a
constituição do sujeito logo na primeira infância.
4.1 DEFINIÇÃO DE EMOÇÃO
Para a análise do comportamento a emoção se refere a mudanças na classe
de respostas do indivíduo por conta dos estímulos recebidos. (BORGES; CASSAS,
2012). Portanto, as emoções que foram eliciadas no indivíduo estão atreladas com
as condições do ambiente em que o indivíduo se encontra que alteram o seu
organismo, podendo elas ser observável, ou não. As alterações observáveis são
respostas do indivíduo que podem ser percebidas como uma mudança de expressão
facial ou postura corporal, as alterações não observáveis são as manifestadas pelo
seu fisiológico como aumento da frequência cardíaca.
Darwin (1859) realizou um trabalho identificando algumas reações
respondentes do organismo como medo, choro, dor, ansiedade, mau humor,
surpresa, alegria, horror, raiva e etc. Essas reações foram pontuadas por ele como
parte de uma resposta de sobrevivência do organismo baseado na evolução da
espécie e seleção natural, ou seja, os seres humanos que tinham melhor resposta
adaptativa no ambiente conseguiam sobreviver aos ataques de animais ferozes e
27
assim, ao procriar, passam seus genes aos seus filhos que também herdarão estes
repertórios comportamentais, os que não possuem respostas eficientes morriam
antes da época da procriação, portanto, a raça humana, conhecida hoje, carrega os
genes desses ancestrais sobreviventes, incluindo suas respostas orgânicas.
As respostas emocionais do organismo sempre estão atreladas a alguma
determinada situação, pensamento, lembrança, cheiro ou outros estímulos, portanto
pode ser de difícil controle por ser um comportamento reflexo. O comportamento
reflexo é como o organismo responde na interação no mundo, quando se puxa a
mão quando em contato com fogo, piscar ao cair um cisco nos olhos, salivar ao
começar a comer ou pensar em alguma comida que agrade, ao ouvir um barulho e
ter um sobressalto são exemplos de comportamentos reflexos. (MOREIRA;
MEDEIROS, 2007)
Figura 2 – Comportamento Reflexo relacionado com emoção
Princípios Básicos de Análise do comportamento (MOREIRA; MEDEIROS,
2007)
As emoções estão relacionadas aos aspectos fisiológicos do organismo
(figura 2) onde em presença do estímulo (cachorro atacando) elicia a resposta de
medo no indivíduo que tem, por sua vez, mudanças em seu organismo como por
exemplo a descarga de adrenalina, aceleração dos batimentos cardíacos e outros
resultados orgânicos que são exemplos de comportamentos reflexos inatos do
corpo que auxiliam o indivíduo a detectar uma ameaça. Porém, ter estas respostas
fisiológicas e emocionais em muita intensidade e em maior frequência podem gerar
28
sofrimentos ao indivíduo, pois muitas vezes, não estão em contato com um estímulo
de grande ameaça, mas seu corpo responde como se estivesse. (MOREIRA;
MEDEIROS, 2007)
Ainda por Moreira e Medeiros (2007) os comportamentos do indivíduo não
são apenas comportamentos reflexos inatos, mas podem ser comportamentos
aprendidos no decorrer de sua experiência de vida, ou seja, o indivíduo exposto em
determinada situação com estímulo neutro (sem resposta) pareado (simultâneo ou
contingente) com certa frequência com um estimulo que elicia resposta o estimulo
que era neutro pode se tornar um estimulo condicionado, dessa forma, o indivíduo
aprende um novo reflexo diante certo estímulo. Desta forma, de acordo com o
repertório comportamental do indivíduo, da mesma forma que se aprende um
comportamento reflexo da mesma forma pode-se aprender a ter respostas
emocionais em determinadas situações de acordo com sua história de
condicionamentos de sua vida.
De acordo com Sawana, as emoções possuem informações importantes
sobre individuo, que são as manifestações do seu corpo onde em contato com o
ambiente essas alterações dos organismos, no momento da exposição do estímulo,
precisam ser analisados para poder compreender a concepção do indivíduo:
(...) cada emoção contém uma multiplicidade de sentimentos (positivos ou negativos), os quais, para serem compreendidos, precisam ser inseridos na totalidade psicossocial de cada indivíduo. Não basta definir as emoções que as pessoas sentem, é preciso conhecer o motivo que as originaram e as direcionaram, para conhecer a implicação do sujeito com a situação que os emociona. ( Sawana, 2011, pag. 111)
As emoções são questões muito importantes no desenvolvimento do ser
humano e são alterados de acordo com as situações de seu ambiente e que podem
ser aprendidas e irão fazer parte de suas respostas reflexos no decorrer de sua vida,
portanto, veremos no tópico seguinte como as diferentes formas de práticas parental
podem provocar diferentes comportamentos em seus filhos.
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4.1.1 REFORÇO E PUNIÇÃO E DIFERENTES ESTILOS PARENTAIS
Atualmente o Brasil possui diferentes reagrupamentos familiares com diversas
maneiras na educação dos filhos que são influenciadas com a cultura da família, do
ambiente em que vive, suas crenças e dogmas, porém, se a educação dos pais, ou
responsáveis é insuficiente acarreta em uma carência no repertorio comportamental
da criança que poderão gerar diversos sofrimentos e falta de habilidade social. Para
abordar este tema abordaremos a seguir as diferentes práticas parentais e os
impactos na personalidade dos indivíduos e suas dificuldades e sucesso de cada
uma.
Como esclarece Moreira e Medeiros (2007) o comportamento é controlado
pelas consequências e é afetado por elas, este termo é chamado de comportamento
operante, ou seja, todo comportamento que opera no ambiente e o modifica. Este
processo determina a frequência das atitudes do indivíduo de acordo com a
consequência de sua resposta, como por exemplo, pedir para alguém pegar um
copo de água, se a pessoa não pegar o copo de água provavelmente o indivíduo
não pedirá novamente, do contrário, aumentará a probabilidade do indivíduo pedir
um copo de água novamente.
Moreira e Medeiros (2007) chama de reforço positivo quando as
consequências de uma determinada atitude aumentam a probabilidade do indivíduo
voltar a ter o mesmo comportamento. Reforçando, de forma imediata,
comportamentos adequados em uma criança diminui a frequência da mesma emitir
comportamentos inadequados. Além deste reforço positivo, o indivíduo pode se
comportar para evitar que algo aversivo aconteça pois “quase todos os seres vivos
agem buscando livrar-se de contatos prejudiciais... Provavelmente, esse tipo de
comportamento desenvolve-se devido ao seu valor de sobrevivência.” (SKINNER,
1983, p.24).
Pessoas podem estar sob controle de consequências aversivas quando a
pessoa modifica seu comportamento ou muda sua frequência para evitar situações
desagradáveis, como por exemplo, não chegar atrasado no trabalho para não
receber desconto no salário ou para evitar advertência. Estímulos aversivos
modificam de acordo com o individuo, pois é algo particular de cada pessoa. Reforço
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negativo, punição positivo, punição negativa são termos para controles aversivo de
comportamento. (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).
Como ressalta Moreira e Medeiros (2007) é desaconselhável o uso de
controle aversivo para punir comportamentos inadequados ou indesejados, mesmo
aparentemente mais rápido para conseguir os resultados necessários o indivíduo
exposto a determinadas situações aversivas pode eliciar respostas emocionais e
orgânicas intensas e negativas, como por exemplo, sentir raiva e ter respostas
orgânicas de descontrole. Além dos, problemas de ordem emocionais e orgânicas, o
individuo pode deixar de emitir comportamentos adequados que estavam presentes
juntos com o comportamento inadequado pelo qual foi punido sendo difícil
discriminar as consequências e comportamentos, pois a cada atitude existe uma
cadeia de outros comportamentos e emoções envolvidas. O individuo também pode
se esquivar do controle aversivo utilizando maneiras de continuar com o
comportamento inadequado, porém, de uma forma que não seja punido, este termo
é chamado de contracontrole, portanto, os manejos mais eficazes para estimularem
comportamentos adequados são realizados através de reforço positivo e extinção.
A família é o primeiro ambiente social onde o indivíduo recebe seus primeiros
controles e cabe aos membros da família terem conhecimento dos impactos de sua
posição para reforçar comportamentos saudáveis em seus filhos, ou responsáveis, e
serem habilidosos para saberem manejar de forma precoce possíveis desequilíbrios
emocionais e orgânicos. Este contexto é responsável por consequenciar os
comportamentos, ensinar valores, cultura de acordo com o ambiente em que está
inserido. (PACHECO, SILVEIRA e SCHNEIDER, 2008)
Pacheco, Silveira e Schneider (2008) se refere aos estilos parentais em
responsividade e exigência onde a primeira estaria relacionado a comportamentos
onde visão e compreensão de seus filhos baseiam-se em Apoio emocional onde
espera-se que o auxilie no desenvolvimento de autonomia e autoafirmação. O
segundo está relacionado ao papel de socialização com monitoramento, regras,
disciplina, limites e outros.
De acordo com estudos de Baurmrind (1966, 1971, 1997) ela classificou os
estilos parentais em três tipos, sendo eles: permissivo, autoritário e autoritativo. Para
Baurmrind, pais permissivos, como o nome remete, são aqueles que permitem os
filhos, ou responsáveis, a terem liberdade em seguir seus desejos com poucas
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regras e limites, não modelam o comportamento baseando-se na punição e coerção,
porém, demonstram afeto e carinho. O estilo parental autoritário modelam seus
filhos, ou responsáveis, de forma controladora, agressiva, utilizam manejos punitivos
e coercivos, regras e limites bastante rígidos baseados em suas convicções não
permitindo que haja liberdade e questionamento dessas imposições, desta forma,
apenas visa a obediência e apresentam falta de afeto. O estilo autoritativo é
marcado em uma relação de diálogo onde o adulto expõe os pontos de vista e
explicam as regras e limites esclarecendo as consequências dos seus atos mas
podendo ser flexíveis, são afetuosos e cuidadosos.
Baseando-se em pesquisas realizadas filhos, ou responsáveis, educados por
pais permissivos apresentam bom desenvolvimento psicossocial, porém, terão maior
probabilidade a terem problemas com regras e limites, problemas de autoestima e
insegurança podendo ser impulsivos e intolerantes, baixo rendimento escolar e
maior adesão às drogas (Reppold, 2001). No caso de uma educação autoritária
possuem maior probabilidade de terem um ótimo desempenho escolar, entretanto,
podem ser pessoas com diversas dificuldades sociais, como dificuldades em se
expressar, possuir insegurança, baixa autoestima, maior probabilidade de apresentar
quadros depressivos. No estilo parental autoritativo é estimulado a independência,
disciplina e maturidade, existem muitos ganhos nas habilidades sociais e
responsabilidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se verificar que o Brasil apresentou diversos momentos históricos com
diferentes estilos parentais e modelos de família que impactaram as demais
gerações da sociedade. Cada indivíduo é o produto do meio em que está inserido,
ou seja, de acordo com o lugar que nasceu, da época que está inserido, dos fatores
históricos vigentes no momento, da sua cultura, sua religião, sua situação financeira,
senso de moral e ética e outros fatores, são responsáveis por modelar o
comportamento da criança e, desta forma, alterar sua forma de interagir com o
mundo.
O cidadão é um habitante de uma sociedade que está inserido e precisa
seguir regras e normas adequadas para seu contexto, e, portanto, desde seus
primeiros anos de vida aprende no seu meio familiar o conceito de certo e errado e
também, modelos sociais de acordo com sua percepção. De acordo com as
pesquisas realizadas neste trabalho, a família possui responsabilidade social pela
educação de seus filhos, ou responsáveis, pois seu manejo contribuiu para a
constituição da personalidade deste indivíduo.
No decorrer dos anos as mudanças nos padrões de família, junto ás
pesquisas realizadas sobre os impactos dos diferentes estilos parentais e suas
consequências no psicológico e no comportamento humano, foi possível verificar
que educação coerciva com violência intrafamiliar, de forma física ou psicológica,
possui sofrimento e proporciona o aumento na frequência de comportamentos
inadequados, falta de habilidade social podendo causar consequências como maior
probabilidade de depressão, ansiedade, baixa autoestima, dificuldades de escolhas
assertivas e outros. Para poder diminuir este quadro brasileiro, se faz necessário
fazer uma intervenção precoce na infância com treinamento dos pais, ou
responsáveis, para serem mais habilidosos, podendo equilibrar regras e limites com
respeito e dignidade utilizando um estilo autoritativo.
Por enquanto o Brasil carece de pesquisas e interesses relacionados ao
tema, pois, está em processo de desconstrução da cultura autoritária, em luta contra
os preconceitos, intolerância religiosa, desigualdade social e outros fatores que
reforçam uma cultura que se acomoda ao sofrimento e aceita a impunidade, porém,
com a nova geração de famílias conscientes, este quadro possui probabilidade de
mudança gerando pessoas socialmente competentes e saudáveis e este é o papel
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do psicólogo, auxiliar neste processo, trazer métodos e técnicas para o treinamentos
dos pais e cuidadores, visando uma vida mais saudável e um futuro onde as
crianças cresçam com mais assertividade e menos sofrimento.
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REFERÊNCIAS
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