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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS ISMAEL LAPA DE AGUIAR TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO EM ORGANIZAÇÕES DE SERVIÇOS HOTELEIROS: ESTUDO DE CASO JOINVILLE-SC 2008

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

ISMAEL LAPA DE AGUIAR

TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO EM ORGANIZAÇÕES

DE SERVIÇOS HOTELEIROS: ESTUDO DE CASO

JOINVILLE-SC

2008

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

ISMAEL LAPA DE AGUIAR

TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO EM ORGANIZAÇÕES

DE SERVIÇOS HOTELEIROS: ESTUDO DE CASO

Trabalho apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito para obtenção do grau de Engenheiro do curso de graduação em Engenharia de Produção e Sistemas.

Orientador: Nélvio Dal Cortivo Co-orientador: Janduhy Camilo Passos

JOINVILLE-SC

2008

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ISMAEL LAPA DE AGUIAR

TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO EM ORGANIZAÇÕES

DE SERVIÇOS HOTELEIROS: ESTUDO DE CASO

Trabalho apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito para

obtenção do grau de Engenheiro do curso de graduação em Engenharia de Produção e

Sistemas.

Banca Examinadora

Orientador: ___________________________________________________

Dr. Nélvio Dal Cortivo

Co-orientador: __________________________________________________ Me. Janduhy Camilo Passos

Membro: __________________________________________________ Me. Valdésio Benevenutti

Joinville, 05/06/2008

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RESUMO

O presente trabalho tem como tema o treinamento e o desenvolvimento de pessoas. Para tanto, objetivou-se examinar a gestão do treinamento e desenvolvimento profissional mostrando a sua importância para o crescimento da organização. Nesse sentido, foram elaborados os seguintes objetivos específicos: conceituar treinamento, desenvolvimento pessoal e desenvolvimento organizacional, mostrando a evolução desses conceitos no contexto das organizações; apontar as especificidades do setor de serviços, relacionando-as à importância da gestão do treinamento e desenvolvimento; descrever e identificar pontos relevantes no processo de treinamento e desenvolvimento na organização objeto de estudo. Após a elaboração de um referencial teórico em que se conceituaram aspectos do treinamento, assim como, do setor de serviços, em específico, o setor hoteleiro, desenvolveu-se um estudo de caso com observação e entrevista. Os resultados da pesquisa indicaram os seguintes aspectos: a organização, sujeito do estudo, valoriza o seu programa de treinamento, apesar do investimento ser considerado baixo; o treinamento torna-se extremamente necessário no setor de prestação de serviços, visto a importância das pessoas na execução das tarefas e contato direto com clientes e o desenvolvimento ainda é um aspecto pouco explorado pelas organizações.

Palavras-chave: Treinamento. Desenvolvimento. Hotelaria.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estratos de desenvolvimento....................................................................................13

Figura 2 - Etapas do treinamento..............................................................................................18

Figura 3 - Operação Produtiva..................................................................................................28

Figura 4 - Fluxograma do Roteiro de Pesquisa.........................................................................43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução do treinamento.........................................................................................16

Tabela 2 - Mudanças de comportamento através do treinamento.............................................26

Tabela 3 - Aspectos relevantes do roteiro de pesquisa.............................................................49

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................8

1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA DE PESQUISA ..........................................8

1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................9

1.3 OBJETIVOS.......................................................................................................................10 1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................................................10 1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................10

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO.......................................................................................11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................12

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS APLICAÇÕES DO TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES .................................................................12 2.1.1 Categorias do Processo de Desenvolvimento ................................................................ 12 2.1.2 Treinamento.....................................................................................................................14 2.1.3 Desenvolvimento de Pessoas...........................................................................................21 2.1.4 Desenvolvimento Organizacional....................................................................................24 2.1.5 Vantagens do Treinamento e Desenvolvimento..............................................................25

2.2 AS ORGANIZAÇÕES DE SERVIÇOS HOTELEIROS...................................................26 2.2.1 O Setor de Serviços .........................................................................................................26 2.2.2 A Atividade Hoteleira......................................................................................................30 2.2.3 A Importância dos Recursos Humanos na Hotelaria.......................................................33

3 METODOLOGIA ................................................................................................................38

3.1 UNIVERSO DA PESQUISA .............................................................................................38

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3.2 AMBIENTE DA PESQUISA.............................................................................................38

3.3 SUJEITO E OBJETO DE PESQUISA...............................................................................39

3.4 TIPO DE PESQUISA.........................................................................................................40

3.5 MÉTODO DE COLETA....................................................................................................40 3.5.1 Documentação Indireta....................................................................................................40 3.5.2 Documentação Direta ......................................................................................................40

3.6 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................41

4 ESTUDO DE CASO............................................................................................................44

4.1 ASPECTOS GERAIS DO HOTEL A................................................................................44

4.2 OBSERVAÇÃO DO TREINAMENTO NO HOTEL A....................................................45

4.3 ENTREVISTA NO HOTEL A...........................................................................................46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................50

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..............................................................52

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................53

APÊNDICE A .........................................................................................................................55

APÊNDICE B ..........................................................................................................................57

ANEXO A ................................................................................................................................60

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1 INTRODUÇÃO

1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA DE PESQUISA

O crescimento de uma empresa, antes de passar por máquinas, métodos, estrutura,

processos e produtos, passa pelas pessoas que nela trabalham. Mesmo possuindo os melhores

equipamentos, facilidade de recursos e mercado em potencial, sem pessoas capacitadas para

usufruir dessas vantagens, nunca será atingido o máximo possível do desenvolvimento.

De forma geral, as empresas cometem falhas no treinamento de pessoas: os

funcionários aprendem a maior parte de suas atividades sem apoio e cometem erros primários

que poderiam ser evitados. Além de solucionar problemas, o treinamento insere a cultura da

organização nas pessoas, deixando-as mais confiantes e motivadas.

Chiavenato (1994) comenta que o impulso alavancador da modernização está nas

pessoas, ou seja, são elas que movem a organização com mais ou menos velocidade,

utilizando recursos de maneira eficaz ou não. Nesse contexto, o treinamento é a ferramenta

para aproveitar o potencial de cada indivíduo para cada particularidade de suas atividades.

Uma pessoa bem treinada faz uma máquina produzir mais peças e ainda aumenta sua vida

útil, faz a matéria-prima ser menos desperdiçada e melhor organizada, faz um procedimento

altamente burocrático ser rápido e confiável, além do que, dominar sua rotina e adquirir uma

nova capacitação, traz motivação pessoal. O mesmo autor ainda coloca que as pessoas

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apresentam uma incrível aptidão para o desenvolvimento. Essa aptidão deve ser aproveitada

por ambas as partes, pessoas e empresa: como formação profissional para as pessoas e como

utilização dos conhecimentos adquiridos para a empresa.

Para as empresas de serviços, particularmente as hoteleiras, tais pressupostos são

significativos, pois a qualidade oferecida através das suas atividades está diretamente

relacionada às formas de atendimento proporcionadas aos clientes. Tendo em vista que o

treinamento age como elemento que altera comportamentos, proporciona habilidades e

desenvolve competências, nota-se a sua importância nos hotéis, pois o sucesso destas

organizações depende diretamente da boa relação entre funcionários e hóspedes.

A partir dessas considerações, desenvolveu-se um estudo de caso que foi limitado a

esclarecer de quais modos o treinamento e o desenvolvimento contribuem para as

organizações ao serem aplicados no setor pessoal de um hotel de médio porte na cidade de

Joinville, Santa Catarina.

Assim, o problema dessa pesquisa está estruturado em torno dos seguintes

questionamentos:

• Quais os elementos integram a gestão do treinamento e desenvolvimento em

uma empresa hoteleira situada em Joinville-SC?

• Qual a importância atribuída ao treinamento e desenvolvimento no âmbito da

organização estudada?

1.2 JUSTIFICATIVA

O treinamento e desenvolvimento são responsabilidades gerenciais e mesmo que

possam ser desenvolvidos por um departamento de recursos humanos, um setor de

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treinamento ou até mesmo por terceiros, é o gerente que deve cuidar para que sua equipe

receba formação adequada.

Há uma relação consistente entre a qualidade oferecida no setor de serviços com a

capacitação das pessoas envolvidas no processo. No contexto da hotelaria, o treinamento e o

desenvolvimento são responsáveis pela melhoria do atendimento, que por sua vez, é o contato

direto com o cliente, realizado pelas pessoas integrantes da organização. Este estudo justifica-

se, portanto, pelo fato de que o treinamento e o desenvolvimento devem ser constantes e

contínuos em uma empresa bem-sucedida, o que se refletirá no sucesso pessoal e

organizacional.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Examinar a gestão do treinamento e desenvolvimento profissional em uma unidade

hoteleira de médio porte situada em Joinville-SC mostrando a sua importância para o

crescimento da organização.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Conceituar treinamento, desenvolvimento pessoal e desenvolvimento

organizacional, mostrando a evolução desses conceitos no contexto das organizações.

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• Apontar as especificidades do setor de serviços, relacionando-as à importância

da gestão do treinamento e desenvolvimento.

• Descrever e identificar pontos relevantes no processo de treinamento e

desenvolvimento na organização objeto de estudo.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo 1 é abordada a questão introdutória, onde é apresentada a justificativa para

a realização do trabalho, o tema e problema de pesquisa, além dos objetivos gerais e

específicos.

O capítulo 2 é constituído da fundamentação teórica. Buscou-se a base teórica para

todos os conceitos trabalhados, assim como o necessário para o entendimento do tema

proposto.

O capítulo 3 apresenta detalhadamente as etapas da metodologia de pesquisa usada

nesse trabalho, como forma de limitar o universo, o ambiente, o sujeito e o objeto e

compreender o tipo de pesquisa, o método e a análise dos dados.

No capítulo 4 é apresentado o estudo de caso. Os estudos realizados na fundamentação

teórica são a base para a realização da observação, entrevista e questionário, assim como o

tratamento e análise dos dados obtidos.

No capítulo 5 são apresentadas as considerações finais a respeito de trabalho e no

último capítulo são apontadas sugestões para trabalhos futuros.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS APLICAÇÕES DO TREINAMENTO E

DESENVOLVIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES

Esse item visa apresentar os elementos básicos e conceitos sobre treinamento e

desenvolvimento nas organizações. Para tanto, explana-se treinamento, desenvolvimento de

pessoas, desenvolvimento organizacional e as vantagens proporcionadas.

2.1.1 Categorias do Processo de Desenvolvimento

As organizações atuais estão aprendendo que treinar e desenvolver pessoas não é

apenas dar acesso à informação com o intuito de que as pessoas aprendam. Formar é algo

mais complexo do que informar. Formar um conceito ou idéia é proporcionar as pessoas o

aprendizado de novas atitudes e soluções para que se tornem mais eficazes naquilo que

fazem. O desenvolvimento das pessoas é imprescindível e as organizações bem sucedidas são

conduzidas a investir, trazendo benefícios diretos para pessoas, organização e clientes.

Segundo Chiavenato (1994), as pessoas constituem o principal patrimônio das

organizações. O capital humano é também o principal diferencial competitivo para o sucesso

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organizacional, pois as pessoas são as responsáveis por conduzirem os processos, produzir os

produtos e prestar os serviços, todas estas atividades de maneira excepcional.

A palavra excepcional, neste contexto, traduz a particularidade de cada ser em

executar a mesma atividade. Assim, frases como “ninguém é insubstituível” são meias

verdades, uma vez que é possível substituir uma pessoa para se fazer um mesmo serviço, mas

este nunca vai ser executado da mesma maneira, porque cada pessoa é única.

O processo de desenvolver pessoas aborda três categorias distintas que se completam e

interagem: treinamento, desenvolvimento de pessoas e desenvolvimento organizacional. O

treinamento é a transformação de informação em conhecimento aplicável; o desenvolvimento

de pessoas é a evolução profissional; por sua vez, o desenvolvimento organizacional é a parte

mais ampla, onde a organização se beneficiará da melhora de eficácia das pessoas que ela

mesma treinou. Devido à interdependência destas categorias, Chiavenato (1999) aponta que

estas seriam estratos, conforme se observa na Figura 1.

Figura 1 - Estratos de desenvolvimento. Fonte: Chiavenato (1999)

2.1.2 Treinamento

Treinamento Desenvolvimento de

Pessoas Desenvolvimento Organizacional

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Atualmente, o conceito de treinamento não é semelhante ao de décadas atrás, apesar

de que na prática, muitas empresas ainda pensem de maneira retrógrada. Chiavenato (1999,

p.294) aponta algumas das concepções ultrapassadas de treinamento: “meio para adequar cada

pessoa ao seu cargo e desenvolver a força de trabalho da organização a partir dos cargos

ocupados” ou “programas de formação de mão-de-obra qualificada para o empregado

melhorar o desempenho no cargo”. Observa-se, portanto, nestes conceitos o interesse da

organização em adequar a pessoa a um cargo engessado e pré-definido.

Pontual (1980), ao apresentar a evolução do treinamento, faz um paralelo com a fase

de industrialização na qual a empresa se encontra e divide o tema em cinco fases:

subdesenvolvimento, em desenvolvimento, após o início da industrialização, industrialização

avançada e pós-industrialização. Há empresas atuais que estão na segunda ou terceira fase de

evolução, por isso, o autor afirma que “a evolução histórica do treinamento é difícil de ser

traçada nos padrões comuns, cronológicos ou de menção de fatos” (1980, p.12). Ressalta-se

que a evolução aconteceu de maneira e em tempos diferentes de empresa para empresa.

Na primeira fase, o subdesenvolvimento, tem-se como característica da administração

a ênfase no capital e não na mão-de-obra, assim como na técnica ao invés da capacitação e no

aumento contínuo de produção para um mercado de massa. Para este contexto, as estratégias

de treinamento eram baseadas no operacional, onde um supervisor transmitia as informações

para seus subordinados através de um método puramente demonstrativo.

Na segunda fase, de em desenvolvimento, a característica é a divisão do trabalho por

atividade e supervisão, o que aumenta a responsabilidade do pessoal administrativo. É criado

também o estudo sobre métodos e tempos, estabelecendo-se padrões e avaliação de

desempenho. Nesta fase surgem os programas de treinamento de supervisores, com os

métodos: Ensino Correto de um Trabalho (Job Instruction Training), Relações Humanas no

Trabalho (Job Relations Training), Métodos no Trabalho (Job Methods Training) e o

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Desenvolvimento de Programas de Treinamento (Program Development). Estes métodos

eram destinados a melhorar as habilidades administrativas relacionadas com o treinamento,

como problemas de produção, necessidade de treinamento e construção de programas de

treinamento. Esta fase também é marcada pela evolução da chamada “Seção do Pessoal” para

departamento, que evoluiria para “Relações Industriais” e, a seguir, para Recursos Humanos.

A terceira fase, chamada de após o início da industrialização, tem como contexto o

ênfase nas vendas e o desenvolvimento de novos produtos, e por conseqüência, a visão das

empresas passa a ser mais enfática no lucro. A eficiência passa a ser a meta das empresas,

sendo preocupação de todos aqueles que estavam envolvidos com qualidade, tempo,

supervisão e nas relações de trabalho. Nesta fase são desenvolvidos os programas de

treinamento com vendedores, a fim de desenvolver este pessoal para a criatividade,

comportamento e relação com clientes, e também para os gerentes que recebem tratamento

especial com cursos voltados ao conhecimento e a tomada de decisão.

Após as primeiras concepções de adequação das pessoas vistas nestas três primeiras

fases, o treinamento tem o seu conceito ampliado, sendo visto pelas empresas como uma

forma de melhorar um determinado setor. Fazendo com que o melhor desempenho naquele

nível contribua de forma indireta para a organização (CHIAVENATO, 1999).

A quarta fase é a industrialização avançada onde a produção passa a ser mais

diversificada, assim como as atividades que envolvem todo o negócio. O planejamento é

considerado a base de qualquer empresa bem-sucedida e a informação é centraliza para a área

administrativa com o intuito de avaliar o desempenho, bem como passam a existir sistemas

de participação de lucros. Nesta fase, o planejamento de treinamento e desenvolvimento

torna-se de longo prazo, visando estudos de mudanças na organização e possíveis inovações

tecnológicas. O planejamento de Recursos Humanos caminha, neste contexto, junto ao

planejamento estratégico da organização, e sua elaboração contempla deste a captação de

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mão-de-obra e recursos, no desenvolvimento das pessoas até a manutenção, relativa à

atualização do conhecimento e aos benefícios oferecidos.

Finalmente, a quinta fase, denominada de pós-industrialização, traz consigo

preocupações de responsabilidade social, trabalho em grupo, motivação para o trabalho,

comunicação entre as pessoas e realização pessoal. Começam a existir estratégias para o

desenvolvimento organizacional através do desenvolvimento das pessoas e grandes

investimentos de recursos direcionados para estas áreas. Estas cinco fases da evolução do

treinamento estão sintetizadas na Tabela 1.

FASE CARACTERÍSTICAS ESTRATÉGIA

SUBSENVOLVIMENTO • Ênfase no capital e na técnica. • Aumento de produção.

• Procura de mão-de-obra técnica-operacional

EM DESENVOLVIMENTO • Supervisão. • Divisão do trabalho.

• Estudos de métodos e tempos • Avaliação de desempenho

APÓS O INÍCIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO

• Ênfase nas vendas. • Voltada ao lucro.

• Ênfase na eficiência • Treinamento para vendas • Desenvolvimento gerencial

INDUSTRIALIZAÇÃO AVANÇADA

• Diversificação da produção • Participação nos lucros

• Planos de negócios e de recursos humanos a longo prazo

PÓS-INDUSTRIALIZAÇÃO

• Responsabilidade social • Formação de grupos

• Desenvolvimento organizacional através do desenvolvimento de pessoas

Tabela 1 - Evolução do Treinamento. Fonte: adaptado de Pontual (1980)

De maneira mais moderna, o treinamento passa a ser considerado uma forma de

proporcionar desenvolvimento às pessoas, através das competências, para que elas se tornem

mais produtivas, criativas e inovadoras, visando uma melhor contribuição para os objetivos

organizacionais. O treinamento passa, então, a ser conceituado como uma fonte de

lucratividade ao permitir que as pessoas contribuam efetivamente para os resultados do

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negócio. Desta forma, há uma troca entre organização e empresa, onde se agrega valor às

pessoas, colabora-se com a organização e, por conseqüência, com os clientes. O treinamento,

para atingir estes efeitos, deve ser estruturado de tal forma que possa atender aos objetivos

organizacionais e aos objetivos pessoais (CHIAVENATO, 1999).

Em Síntese, com base em Chiavenato (1999) e Pontual (1980), pode-se afirmar que o

treinamento passa a caminhar lado a lado com o desenvolvimento de pessoas. A diferença

entre estas duas categorias está na consistência e na perspectiva de tempo: o treinamento é

relacionado ao momento e a necessidade, tendo o foco no cargo, habilidades e capacidades

específicas para a execução imediata; o desenvolvimento de pessoas, por sua vez, focaliza o

futuro, é algo mais amplo e sem direcionamento específico para o cargo. As novas habilidades

adquiridas no desenvolvimento contribuem para a pessoa profissionalmente independente do

cargo ou empresa. Entretanto, a empresa ou organização é beneficiária direta do

desenvolvimento das pessoas que nela trabalham.

Para Chiavenato (1999), o treinamento é um processo cíclico e contínuo composto de

quatro etapas conforme visto na Figura 2: Diagnóstico, Desenho, Implementação e Avaliação.

Cada fase é desenvolvida de modo sistêmico e complementar, não podendo ser relevada sob

pena de comprometer o resultado final esperado.

O diagnóstico é o levantamento de dados através de indicadores que sinalizem a

necessidade de melhorias e, por conseqüência, de treinamento. Um alto índice de refugo

constante, um problema ocorrido aleatoriamente, reivindicação dos colaboradores, uma nova

atividade a ser inserida podem ser detectados num diagnóstico. A necessidade de treinamento

é relativa ao despreparo profissional das pessoas para executar determinada tarefa, são

habilidades que o indivíduo ou grupo precisa desenvolver para melhorar o índice negativo

levantado (CHIAVENATO, 1999).

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Figura 2 - Etapas do Treinamento.

Fonte: adaptado de Chiavenato (1999).

O desenho é a elaboração do programa de treinamento em conformidade com o

diagnóstico levantado. Um programa deve apresentar componentes essenciais, como: quem

deve ser treinado; como deve ser treinado, ou seja, a utilização de métodos ou recurso; em que

treinar, a abordagem do assunto ou conteúdo; por quem treinar, isto é, qual a pessoa melhor

preparada; onde treinar, a disponibilização de local; quando, ou seja, definir época ou horário;

e para que treinar, isto é, os objetivos do treinamento, onde deve entrar o nível esperado de

desempenho (CHIAVENATO, 1999).

A implementação refere-se a aplicação e condução do programa. As principais

técnicas apresentadas por Chiavenato (1999) para transmitir as informações e treinar pessoas

são as leituras e a instrução programada. Bergamini (1980) ressalta o uso da dramatização e

dinâmica de Grupo e Motomura (1980) os Jogos de Empresa.

A leitura, apontada por Chiavenato (1999), é a técnica na qual o instrutor apresenta

verbalmente as instruções para um grupo de ouvintes. Uma grande quantidade de informação

é passada aos treinandos num determinado período de tempo. O sucesso dessa técnica

depende demasiadamente do instrutor e da qualidade e significado do material trabalhado. Na

maioria dos casos, as pessoas são passivas e não se sentem à vontade para tirar dúvidas ou

Desenho

Implementação Avaliação

Diagnóstico

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entrar em discussão com o instrutor o que pode não dar resultado em termos de eficácia pós-

treinamento.

A leitura pode ser efetuada também via internet, o que se conhece por e-learning, cujo

conceito, segundo o site www.elearningbrasil.com.br, é o de processos de ensino

aprendizagem suportado ou mediado pela utilização de computador para acessar as várias

mídias tradicionais: CD-ROM, Intranet, Internet, Vídeo Conferência. Especificamente para o

treinamento baseado na Internet, é oferecido conteúdo educacional por meio do navegador

através da internet pública, intranet privada ou extranet. Via internet, fica facilitado o acesso a

bate-papos, grupos de discussão e boletins em tempo real, além da vantagem da participação

de um instrutor que pode estar em qualquer local do mundo.

A instrução programada, segunda técnica apontada por Chiavenato (1999), é uma

técnica sem a presença de um instrutor humano. É um questionário de perguntas programadas

de múltipla escolha ou de verdadeiro-falso, pode ser feito de forma computadorizada e tem

por objetivo verificar se os treinandos, de forma auto-avaliativa, compreenderam as

informações obtidas. A vantagem é que pode ser feita de forma rápida e em qualquer lugar,

mas é carente de formação para as pessoas não esclarecendo as dúvidas por completo.

Chiavenato (1999).

A dramatização e dinâmica de grupo, técnicas ressaltadas por Bergamini (1980), são

aplicações totalmente práticas, por isso, as idéias trabalhadas são facilmente fixadas na

memória das pessoas participantes. Geralmente, vivem-se situações cotidianas do trabalho e o

aprendizado tem aplicação imediata, pois o conhecimento é transferido de maneira fácil e ágil.

Existe nas dinâmicas uma grande interação das pessoas que precisam entender uns aos outros

para atingir objetivos comuns. Esta técnica ajuda o grupo a interagir e a descobrir aspectos

comportamentais de seus colegas de trabalho, podendo-se ver limitações e qualidades que

serão interessantes para relacionamentos futuros.

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O jogo de empresa, técnica sugerida por Motomura (1999), é uma simulação de uma

determinada situação voltada ao mundo dos negócios que é utilizado com os objetivos de:

treinar e desenvolver pessoas, avaliar o potencial dos envolvidos, planejar futuras mudanças

organizacionais no que diz respeito a rearranjo de cargos e posições, descobrir pessoas aptas à

tomada de decisão e formar administradores. O jogo pode ser difícil de ser implantado, pois

exige demanda de tempo para os participantes e um instrutor capacitado, mas estes

investimentos trazem grandes benefícios para as pessoas e, por conseqüência, para a

organização.

Ainda quanto à implementação, Chiavenato (1999) explana que as principais técnicas

para desenvolver habilidades são: treinamento no cargo e treinamento em classe.

O treinamento no cargo traz informação, experiência e conhecimento relacionados ao

cargo. Pode ser através da Condução, que é uma avaliação crítica do desempenho no cargo; da

Rotação que faz a movimentação da pessoa de um cargo para outro para compreender melhor

a organização em sua totalidade; ou por Atribuição de Projetos Especiais que consiste em

receber uma tarefa fora da sua rotina para usar seu conhecimento e/ou experiência em

determinada atividade.

O treinamento em classe utiliza a sala de aula e um instrutor para desenvolver

habilidades relacionadas ao cargo. As habilidades podem variar das especificidades técnicas

até as interpessoais. As técnicas de classe costumam envolver as pessoas participantes, ao

contrário da leitura, que torna a transmissão apenas de mão única: instrutor para aluno. São

utilizadas dinâmicas, dramatizações e jogos para alcançar este envolvimento.

A avaliação é a e etapa final, ou seja, a verificação dos resultados. O objetivo da

avaliação é verificar se o treinamento atendeu às necessidades anteriormente levantadas. Se o

objetivo era a melhoria de um indicador, basta acompanhar o mesmo após o treinamento, se o

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objetivo era a relação interpessoal, pode-se medir através de questionários. Para cada objetivo

específico, cria-se uma ferramenta específica de avaliação (CHIAVENATO, 1999).

2.1.3 Desenvolvimento de Pessoas

Segundo Chiavenato (1999), as organizações do século XX foram estruturadas dentro

de padrões de estabilidade, uma característica rígida e mecanicista. Neste modelo, as decisões

são centralizadas, com cargos definidos e departamentos funcionais com objetivos

específicos. Este modelo peca por não se adaptar ao mundo atual, permeado de mudanças,

informatização e globalização, cujo cenário de instabilidade e imprevisibilidade exige maior

flexibilidade das organizações e, logo, das pessoas que nela trabalham.

O modelo de organização vigente, chamado de modelo orgânico, tem como

características: redução de níveis hierárquicos e descentralização; cargos mutáveis; equipes

multifuncionais; interação das pessoas. Enfim, um modelo de grande dinâmica no qual as

pessoas precisam estar preparadas e em constante desenvolvimento (CHIAVENATO, 1999).

É nesse sentido que o desenvolvimento de pessoas está mais relacionado com a

educação e com a orientação para o futuro. Está mais focalizado no crescimento pessoal do

indivíduo e visa a construção da carreira para contribuir com a empresa num futuro próximo.

Todos os funcionários podem e devem se desenvolver, mesmo porque, com a redução de

níveis hierárquicos e formação de equipes, todos os colaboradores passam a ser mais

participativos e adquirem maiores responsabilidades.

Para o desenvolvimento de pessoas, Chiavenato (1999) ressalta que existem métodos e

técnicas que podem ser utilizados dentro da organização: rotação de cargos, posição de

assessoria, aprendizagem prática, atribuição de comissões, participação em cursos e

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seminários externos, exercícios de simulação, treinamento outdoor, centros de

desenvolvimento internos.

A rotação de cargos consiste na movimentação das pessoas nas diferentes posições

dentro da empresa com o intuito de expandir habilidades e conhecimentos da totalidade da

organização. Esta rotação pode ser vertical como uma promoção temporária, ou horizontal

dentro de um mesmo setor, o que é mais comum, e traz vantagens para as pessoas que

adquirem novas habilidades e para a organização que passa a ter funcionários multifuncionais.

A posição de assessoria deixa uma pessoa com grande potencial sob a supervisão de

um gerente provisoriamente para ganhar experiência e novos conhecimentos com apoio

direto.

A aprendizagem prática coloca o treinando ou o grupo de treinandos sob tempo

integral na resolução ou desenvolvimento de um projeto, exigindo a aplicação de

conhecimentos e cooperação para trabalhar em equipe.

A atribuição de comissões significa participar de comissões de trabalho, seja na sua

tomada de decisão, observação ou pesquisa. As comissões geralmente são temporárias e de

curta duração. São de natureza desafiadora e trazem oportunidades de crescimento.

A participação em cursos e seminários externos é uma forma tradicional de

desenvolvimento onde as pessoas se sentem motivadas por fazer cursos formais com

consultores, treinadores ou fornecedores fora da empresa. Geralmente são investimentos altos

da empresa e os cursos são de grande qualidade. Muitas empresas são adeptas também destes

cursos à distância, que dão oportunidades para empresas com filiais em diferentes países e

reduzem custos de deslocamento e hospedagem.

Os exercícios de simulação são estudos de casos, jogos e simulações antigamente

utilizados apenas na seleção de pessoas. Os estudos de casos expandem os horizontes para

novas idéias ao permitir analisar um problema real a apresentar soluções. Os jogos fazem as

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pessoas participarem de forma criativa ao competir em equipes contra outras montando uma

situação de trabalho em equipe contra concorrentes. E as simulações montam cenários para

que as pessoas tomem decisões estratégicas com regras previamente estabelecidas.

O treinamento outdoor é geralmente organizado por empresas especializadas onde

todo um programa é preparado para uma competição onde as pessoas precisam trabalhar em

equipe tal como uma caça ao tesouro ou corridas de orientação.

Os centros de desenvolvimento internos são setores físicos ou virtuais dentro das

empresas que armazenam conhecimentos aplicáveis a favor dos funcionários, como as

Universidades corporativas. De acordo com Giacobbo (2005), estas universidades têm a

missão de formar e desenvolver os talentos humanos, efetuando a gestão do conhecimento

organizacional que é constituído da geração, assimilação, difusão e aplicação. Este processo

de aprendizagem deve ser ativo e contínuo para trazer resultados produtivos, e o objetivo

destas universidades reside no desenvolvimento e promoção das competências empresariais e

humanas, consideradas importantes dentro das estratégias de negócios.

Muitas universidades criadas pelas empresas não têm campus nem instalações físicas,

ou seja, são universidades inteiramente virtuais. Dentro desta perspectiva, Eboli (2001 apud

GIACOBBO, 2005) verifica que as universidades corporativas mais bem-sucedidas estão

fundamentadas na Educação à Distância e no uso de tecnologias para criar um ambiente

organizacional favorável à aprendizagem.

Para o desenvolvimento fora do cargo, Chiavenato (1999) apresenta duas técnicas

principais, a tutoria e o aconselhamento de funcionários. A tutoria é o método que os

funcionários cotados para promoção aos níveis mais altos recebem tutores para auxiliá-los na

nova função. O tutor é um orientador, guia e conselheiro do seu treinando. No

aconselhamento de funcionários, o gerente auxilia um funcionário no desempenho de seu

cargo. Nesse aspecto, é semelhante à tutoria, porém ocorre devido a algum problema, que ao

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ser identificado claramente, o gerente se esforça para ajudar no desenvolvimento do

funcionário e resolução do problema.

2.1.4 Desenvolvimento Organizacional

O desenvolvimento organizacional é a conseqüência do treinamento e

desenvolvimento de pessoas, as empresas recebem o retorno do investimento que fizeram nos

seus funcionários. Uma das grandes dificuldades encontradas para demonstrar a importância

do treinamento e desenvolvimento é que os resultados indiretos são praticamente intangíveis e

de proporções imensuráveis. Apesar disto, o retorno existe, e o esforço para alcançá-lo deve

ser sempre de longo prazo, com o apoio da alta direção. Também é importante ressaltar que o

fato de mostrar aos colaboradores investimento nos seus desenvolvimentos, contribui de

forma decisiva na criação da cultura organizacional pretendida (CHIAVENATO, 1999).

Os próprios funcionários quando bem treinados e com possibilidades de

desenvolvimento carregam a bandeira do desenvolvimento organizacional. As empresas

crescem, em todos os sentidos, ao ritmo e harmonia das pessoas que nela trabalham. Para

Chiavenato (1999), o Desenvolvimento Organizacional é baseado na pesquisa e ação: dados

são coletados para diagnosticar as necessidades da empresa ou setor, e com este base, o

treinamento e o desenvolvimento são feitos com as pessoas que irão trabalhar futuramente na

resolução dos problemas. Observa-se ainda que, o treinamento e o desenvolvimento trazem

benefícios mútuos, para pessoas e empresas. O mesmo autor aponta que o Desenvolvimento

Organizacional aplica os conhecimentos das ciências comportamentais, muda atitudes, valores

e crenças dos funcionários e por conseqüência muda a organização rumo a uma determinada

direção.

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2.1.5 Vantagens do Treinamento e Desenvolvimento

Segundo Chiavenato (1999) o treinamento é vantajoso para as empresas porque

permite que os participantes tenham uma visão de longo prazo mais ampla da organização na

qual está inserida, conseguindo também, visualizar o seu próprio futuro como colaborador.

O treinamento também é uma ferramenta introdutória, pois através dele é possível

transmitir ao recém-contratado, a cultura organizacional. Para isso, os treinamentos precisam

ser planejados e bem conduzidos, pois a partir deles, o novo funcionário forma as primeiras

impressões sobre a empresa. Um treinamento mal executado ou despreparado pode não criar

no funcionário a dedicação e o respeito necessários para com a empresa, não desenvolvendo

comportamentos para o bom andamento do trabalho. Portanto, um bom treinamento auxilia na

solução de muitos problemas organizacionais, como: absenteísmo, desperdícios de materiais e

retrabalhos, redução da capacidade produtiva, ausência de motivação, atendimento ao público

de forma negligente, danos em materiais e instalações, dentre outros (CHIAVENATO, 1999).

Conforme aponta Chiavenato (1999), através do treinamento as pessoas podem

assimilar informações, desenvolver habilidade, atitudes e conceitos. A Tabela 2 mostra os

tipos de mudanças de comportamentos através treinamento.

Quando se treina uma pessoa, pode se estimular nela um sentimento de prestígio

perante sua empresa, uma vez que a organização demonstra sua preocupação em capacitar

bem seus profissionais, oferecendo-lhes a oportunidade de crescimento pessoal e profissional.

A ação de treinamento pode acarretar vantagens à empresa, como: aumento de produtividade;

redução de custos; melhoria da qualidade; redução na rotatividade de pessoal; flexibilidade

dos empregados; entrosamento; aprimoramento de produtos e serviços; equipe auto-

gerenciada; velocidade no ritmo das tarefas; empresa mais competitiva; busca de

aperfeiçoamento contínuo; descobertas de novas aptidões e habilidades; melhores condições

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de adaptação aos progressos da tecnologia; maior economia de custos pela eliminação de

erros na execução do trabalho (CHIAVENATO, 1999).

OBJETIVOS RESULTADOS ESPERADOS

TRANSMISSÃO DE INFORMAÇÕES

• Aumentar o conhecimento das pessoas sobre a cultura da organização, produtos, serviços, políticas, normas e clientes.

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES

• Habilitar para a execução e operação de tarefas, manejo de equipamentos, máquinas e ferramentas.

DESENVOLVIMENTO DE ATITUDES

• Mudança de atitudes negativas para atitudes favoráveis, de conscientização e sensibilidade com as pessoas, com os clientes internos e externos.

DESENVOLVIMENTO DE CONCEITOS

• Desenvolver idéias e conceitos para ajudar as pessoas a pensar em termos globais e amplos.

Tabela 2 - Mudanças de comportamento através do treinamento. Fonte: adaptado de Chiavenato (1999)

Há uma grande evidência de que os investimentos em treinamento estão associados ao

aumento da lucratividade a longo prazo, dado que as empresas cujas operações estão baseadas

em programas como trabalho em equipes e círculo da qualidade obtém maior produtividade

quando estes programas estão em harmonia com a educação do colaborador. Afirma-se

portanto, que todo treinamento devidamente planejado, quando aplicado, é vantajoso à

empresa, visto que o capital desprendido para o treinamento corporativo retorna sempre em

benefícios (NEVES JR., 2002).

2.2 AS ORGANIZAÇÕES DE SERVIÇOS HOTELEIROS

Esse item aborda as características da hotelaria, contextualizando-a ao setor de

serviços. Para isso, conceitua-se o setor de serviços, a atividade hoteleira em específico, e a

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importância das pessoas no setor hoteleiro, considerando-se as vantagens oferecidas pelo

treinamento e desenvolvimento apresentadas no presente trabalho.

2.2.1 O Setor de Serviços

Para o Dicionário Brasileiro Globo, serviço é o desempenho de qualquer trabalho;

tarefa; estado ou condição de quem serve por salário; utilidade; serventia. Portanto, qualquer

atividade remunerada que tem por função executar ou prestar um trabalho pode ser

considerado um serviço (FERNANDES; LUFT; GUIMARÃES, 1992). E, estas atividades

humanas de trabalho remunerado voltadas para prestar serviços a alguém ou organização são

englobadas no setor de serviços que diferentes dos outros setores do mundo do trabalho, não

resulta em um produto físico.

O setor de serviços se diferencia da agricultura ou indústria porque este setor não

determina ou resulta em qualquer objeto permanente ou mercadoria vendável que dure depois

de executado o trabalho. Um conceito clássico de Adam Smith (1776 apud GUERRIER,

2001) afirma que o trabalho de um empregado doméstico, artista, ou hotelaria não agrega

nada a valor algum. Este tipo de conceito fez o setor de serviços não ter sua devida

importância durante décadas até ser definido modernamente como o último estágio do

desenvolvimento econômico.

De acordo com Guerrier (2001), o resultado de séculos pela busca do reconhecimento

sobre a importância de atividades de serviços para o desenvolvimento econômico foi a

caracterização do setor como "terciário", ou seja, que segue o ordem econômica dos setores

"primário" e "secundário". Estima-se que hoje ¾ (três quartos) do valor de qualquer produto

manufaturado refere-se a atividades de serviços como desenho industrial, vendas e

publicidade. Estudos recentes revelam também que de 60% a 80% das exportações totais de

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bens de países de alta renda são de fato relativas a serviços e 20% no caso de países de baixa

renda.

Kotler (1998) conceitua serviço como qualquer atividade ou benefício que uma parte

possa oferecer à outra que seja essencialmente intangível e que não resulte em propriedade de

alguma coisa. Sua produção pode ou não estar ligada a um produto físico. Em comparação

com a produção de bens, os serviços possuem características diferenciadas: intangibilidade,

pois não podem ser vistos, tocados e cheirados; perecibilidade, visto que não podem ser

estocados, obrigando ao gestor uma grande necessidade de estabelecer equilíbrio entre a

demanda e a oferta; inseparabilidade, ao se observar que não podem ser separados do

processo e a sua satisfação é imediata; e variabilidade, já que um serviço a um cliente não é

exatamente o mesmo serviço ao próximo cliente.

Apesar das diferenças apontadas em relação ao setor de manufatura, o serviço também

é considerado um processo produtivo. Segundo Slack (1997), um sistema de produção é

definido por uma ou mais operações que compõe um processo produtivo cujo objetivo é

transformar insumos em produtos finais, sejam eles bens ou serviços, com valor agregado

para o consumidor. Uma operação produtiva apresenta três elementos básicos conforme visto

na Figura 3: as entradas, o processo de transformação e as saídas.

Figura 3 - Operação Produtiva.

Fonte: Adaptado de Slack (1997).

ENTRADAS

PROCESSO DE

TRANSFORMAÇÃO SAÍDAS

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As entradas são os recursos que serão processados e transformados, é o caso dos

materiais, da informação ou do consumidor, e também os recursos que agem sobre o sistema,

como por exemplo, a estrutura, os equipamentos, a tecnologia e os funcionários.

O processo de transformação é adaptado ao tipo de entrada. Caso a entrada seja em

forma de materiais, o processamento consiste na transformação física, química, de

armazenagem ou transporte. No caso de informações, o processo tende a ser limitado à

armazenagem e localização. Já no caso de processamento de consumidores, temos a prestação

de serviços.

As saídas apresentam o resultado do processo de transformação das entradas. Pode ser

um bem físico, no caso do processamento de matérias, como pode ser também um serviço

destinado ao consumidor. Há também o produto, cujo pacote pode ser composto por bens e

serviços.

Guerrier (2001) afirma que administrar um serviço traz problemas organizacionais

diferentes da administração de um processo de produção e apesar de ambos se preocuparem

com a satisfação dos clientes, o setor de serviço está totalmente direcionado para este aspecto,

já que não têm necessariamente um produto tangível. Ao se fazer uma comparação entre um

hotel e uma fábrica de carros, sabe-se que ambos valorizam a qualidade. No entanto, no caso

da fábrica de carros, os controles de qualidades são feitos dentro da fábrica, antes do contato

com o cliente e sob a supervisão dos gerentes. Já no caso do hotel, a qualidade das instalações

também pode ser previamente controlada, mas a avaliação do cliente sobre o hotel será feita

simultaneamente com as atividades de manutenção, limpeza, recepção, atendimento.

Ao se administrar um serviço, os gerentes não possuem controle absoluto, pois o

trabalho e a apresentação do seu “produto” são ao mesmo tempo oferecidos para os seus

clientes. O que se pode chamar a atenção também, são os casos de empresas que trabalham

com produtos e serviços ao mesmo tempo, é o exemplo de uma revenda de carros: a somatória

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da satisfação do cliente é constituída pela qualidade do produto, o carro, e também pelo

serviço prestado, a venda. Ou seja, em muitos ramos de atividade o segundo e o terceiro setor

estão intimamente ligados (GUERRIER, 2001).

Guerrier (2001) também destaca outra característica do setor de serviços, que é o fato

do serviço ser entregue onde e quando os clientes desejam. Voltando ao exemplo da indústria

automobilística, esta pode estar situada em qualquer lugar do mundo e vender o seu carro em

qualquer país que desejar. Já um hotel tem que servir pessoas que estão num determinado

momento e num lugar específico. Isto nos leva a conclusão de que para expandir uma unidade

prestadora de serviço, as organizações tendem a crescer dispersas em várias unidades, como é

o caso de uma rede de hotéis.

O serviço desejado também deve ser entregue quando o cliente solicita, por isso,

informações como sazonalidade, cultura dos clientes e características locais são de grande

importância. O serviço não pode ser estocado, caso o serviço tenha a oportunidade de

acontecer e não seja prestado, a venda fica perdida para sempre. Uma variação grande de

demanda também pode desestabilizar completamente a saúde financeira de uma organização

de serviços. O autor destaca que um aspecto importante do setor é a proximidade ao cliente

que, a cada dia, é mais exigente e sofisticado. Os gerentes têm consciência de que estar

próximo ao cliente e entregar o que ele deseja é a chave do sucesso de um serviço, pois se

sabe que os clientes têm opção de escolha e podem optar por comprar o mesmo serviço de

qualquer outro concorrente.

2.2.2 A atividade Hoteleira

Para Mullins (2004), a atividade hoteleira está englobada dentro do que o autor chama

de setor da hospitalidade e inclui entre outros, hotéis, restaurantes, bares e cafés. King (1995

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apud MULLINS, 2004) aponta algumas características deste setor: é constituído da relação

dos indivíduos que atuam como administradores e hóspedes, e nesta relação, a chave para o

sucesso é o conhecimento que o administrador tem daquilo que agrada ao seu hóspede desde a

chegada, acomodação, atendimento até o final de sua estada.

De maneira simplificada, a hospitalidade é o atendimento das necessidades pessoais

básicas de alimentação e repouso. Entretanto, nesse conceito básico, está intrínseco o

intercâmbio mútuo de benefícios entre administrador, que recebe o pagamento, e o hóspede,

que recebe a prestação do serviço.

Mullins (2004) ainda enfatiza que muitos autores consideram a hospitalidade

diferenciada de qualquer outro tipo de administração de empresas pois esse setor possui

grande variedade de características organizacionais, como por exemplo, diferentes

profissionais envolvidos e diferentes estruturas e formas de administrar. O autor cita sete

características gerais do setor de serviço que são importantes na natureza do setor hoteleiro:

consumidor participa do processo, produção e consumo simultâneos, capacidade perecível,

seleção do local determinada pela demanda, mão-de-obra intensiva, intangibilidade e

dificuldade de medir o desempenho.

A primeira característica, o Consumidor participa do processo, ou seja, está

exatamente na presença dele durante a “fabricação” do produto. Tudo que faz parte da

“fábrica” no setor de serviço está sendo visto pelo cliente e todos os aspectos, deste a mobília

à relação com funcionários são importantes. O consumidor pode influenciar no processo,

como por exemplo, na exigência de um serviço não disponível no momento ou em alguma

atividade self-service.

A segunda característica apontada sugere que a produção e o consumo são

simultâneos, ao contrário do que acontece na indústria, onde o produto é feito e depois

distribuído até o consumidor final. A ação das pessoas no tratamento com clientes acontece

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apenas no momento, ou seja, a interação é direta. Se a administração não foi controlada ou

não é controlada, o consumidor fica sem ter seu serviço prestado.

A terceira característica, a capacidade é perecível, diz respeito à não capacidade de

estocar o produto que está sendo oferecido. Um exemplo claro tem-se no caso de uma diária

de hotel: se não for vendida será perdida sem possibilidades de retorno, e num período de

baixa demanda, os custos fixos podem levar o hotel a bancarrota.

A seleção do local determinada pela demanda é a quarta característica que Mullins

(2004) destaca, pois os serviços não podem ser distribuídos por diferentes canais de

distribuição tais e quais os produtos industriais. Os serviços do ramo da hospitalidade

dependem do contato pessoal, e devem estar junto ao cliente.

A quinta característica, mão-de-obra é intensiva, é um recurso que torna a organização

mais ou menos eficiente. Existe a interação direta entre clientes e colaboradores em quase

todo o contrato estabelecido com a empresa, logo, as atitudes e desempenho da equipe são

essenciais para o sucesso do empreendimento.

A intangibilidade, sexta característica do setor de serviços, nada mais é do que o fato

dos benefícios estarem ligados ao sentimento e às emoções. É difícil explicar ou conceituar a

qualidade do serviço prestado, pois está envolvida com uma série de fatores, como ambiente,

equipe e os próprios consumidores. Nesse caso, torna-se ainda mais relevante a importância

do treinamento, já que as relações humanas podem ser o diferencial do hotel no ponto de vista

dos clientes.

O último aspecto colocado por Mullins (2004) é a dificuldade em medir o

desempenho, cujos indicadores são diferentes dos de uma manufatura. Há uma infinidade de

critérios na avaliação do desempenho feita tanto pelos gerentes quanto pelos clientes. No caso

gerencial, apenas lucro ou dados de demanda são insuficientes para se criar um plano de ação

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e, no caso dos indicadores advindos dos clientes, varia de acordo com a cultura e expectativas

de cada um.

De acordo com Passos (2002), os diversos aspectos existentes nos hotéis favorecem a

especialização de funções, pois para cumprir as necessidades dos hóspedes, são requeridas

várias operações específicas. As equipes de trabalho, alocadas nos setores, não seguem um

padrão formalmente estabelecido, no entanto, na formação das mesmas, costuma-se

considerar as características, a operacionalização e as necessidades de cada setor, assim como

a dimensão física do hotel.

Conforme Andrade (1997 apud PASSOS, 2002), as características gerais do serviço

hoteleiro apontadas por Mullins (2004) podem ser moldadas pela figura do gerente geral. Esta

adaptação, em muitos hotéis, deve-se a uma personificação da administração na gerência, que

imprime um ritmo próprio de funcionamento e controle sobre o desenvolvimento de todas as

atividades e tarefas através do seu estilo de comando.

2.2.3 A importância dos Recursos Humanos na Hotelaria

A explosão do turismo fez com que as empresas hoteleiras se expandissem e se

tornassem pequenas indústrias, mas em vez de produtos, fabricam-se serviços de qualidade,

com preocupações de custos e satisfação dos clientes. Estes aspectos fizeram com que os

hotéis buscassem mão-de-obra especializada, mas a formação profissional não atingiu todos

os níveis de atividades (CASTELLI, 2001).

Segundo Mullins (2004) o setor hoteleiro ocupa mão-de-obra intensiva e os padrões

dos funcionários são constituídos fortemente pelos fatores: mobilidade, disponibilidade para

trabalhos temporais, expedientes parciais, escassez de qualificação e alta rotatividade. O autor

afirma a importância de manter no quadro, funcionários com boas habilidades e atitudes

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corretas devido à falta de qualificação das pessoas que atuam nesta área. Os funcionários

devem ser eficazes, ou seja, atender às exigências da organização e dos clientes, e num

universo de pessoas sem formação específica, o setor de recursos humanos, assim como a

valorização do treinamento e desenvolvimento, passam a ser aspectos importantíssimos.

Willman (1989 apud MULLINS, 2004) define os Recursos Humanos no setor de

serviços como mecanismos por onde a empresa atrai candidatos para o emprego, para

posterior seleção e inserção na estrutura da empresa e cultura organizacional. O autor ainda

salienta que o setor de Recursos Humanos tem o papel de motivador e identificador dos

potenciais das pessoas para futuros desenvolvimentos.

Como já foi mencionado no decorrer deste trabalho, o elemento humano no setor de

serviços ganha uma importância a mais do que no setor secundário, pois o quadro de pessoal

tem contato direto com os clientes. A qualidade do serviço depende não só da capacitação,

mas das atitudes da equipe. Goldsmith et al (1997 apud MULLINS, 2004) argumenta que os

benefícios relativos aos Recursos Humanos são conhecidos das organizações, mas cabe a

estas priorizar investimentos nesta área. O bem-estar que a empresa pretende alcançar através

das pessoas que nela trabalham é um dos objetivos, mas o programa de valorização dos

funcionários deve estar destacado na estratégia organizacional.

Para Castelli (2001), apesar do avanço tecnológico e aperfeiçoamentos no ramo da

hotelaria, o capital humano continua como peça fundamental. A rentabilidade de um hotel

depende da satisfação dos seus clientes, fruto do processo de acolhimento feito pelas pessoas

envolvidas. Mais do que isso, a imagem da empresa perante a sociedade depende, em grande

parte, do tratamento recebido pelos hóspedes.

Nos hotéis de médio e grande porte, onde estruturas complexas surgiram, a exigência

com o elemento humano é quase que um requisito para o sucesso. Os colaboradores devem se

adaptar às novas tecnologias e filosofias profissionais e para isso tem a necessidade de uma

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maior formação, como indivíduo e também como membro integrante da organização. A

pessoa interessada em trabalhar num hotel deve apresentar dinamismo, criatividade e

iniciativa, mas mesmo com todas essas características, ele não está pronto profissionalmente:

o novo colaborador necessita de um preparo profissional que subsidie a sua atuação junto aos

hóspedes e o comprimento das atividades cotidianas. A empresa precisa investir na educação

e no treinamento do contratado, para capacitá-lo ao ponto de alcançar as características

apontadas por Castelli (2001): qualificação, espírito de serviço, capacidade de reação e

espírito de equipe.

A qualificação, primeira característica apontada por Castelli (2001), é o que leva a

pessoa a ser um grande profissional e é alcançada depois de um longo processo de

desenvolvimento. Cada pessoa tem características únicas e adquiridas ao longo da sua vida e o

processo de treinamento e desenvolvimento valoriza as características pessoais, pois agrega

mais valor profissionalmente. Segundo Castelli (2001), a qualificação é um somatório de

todas as aptidões tácitas do indivíduo com os elementos agregados através da educação e do

treinamento. A importância da qualificação dentro da empresa deve-se ao fato de que o

sucesso depende do quanto as pessoas vão trabalhar no nível considerado ótimo, e este nível

só será alcançado com o apoio da empresa em oferecer um bom treinamento e dar

oportunidades para o profissional se desenvolver.

As pessoas a serem contratadas por uma prestadora de serviços são aquelas que têm o

espírito de serviço, pessoas que gostam de trabalhar com pessoas, de servir e encantar as

outras. Essa é a segunda característica considerada pelo autor. Castelli (2001, p.40) enfatiza:

“O espírito de serviço pressupõe doação feita com prazer”. Servir, neste contexto, não é algo

humanístico ou de servilismo, mas uma estratégia comercial que pode ser treinada e

desenvolvida. Tal estratégia é importante, pois leva a excelência no atendimento que é causa

primeira dos clientes abandonarem um prestador de serviço.

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A terceira característica, a capacidade de reação, é a habilidade que a empresa possui

em dar uma resposta rápida diante de um problema, previsto ou não. Todos os colaboradores

devem ter esta aptidão, pois responder em tempo para os clientes aos problemas ocorridos,

fortalece a confiança da empresa perante os olhos do consumidor. O quadro pessoal deve estar

treinado para resolver os mais variados problemas possíveis de acontecer, e muitos destes

problemas estão relacionados ao comportamento do próprio cliente. Procedimentos simples

como manter a calma na frente de outros clientes, ouvir as pessoas, identificar a natureza do

problema, agir rapidamente com autonomia e certificar-se de que o problema foi solucionado,

podem salvar a reputação da empresa.

A quarta característica abordada por Castelli (2001) é o espírito de equipe. O trabalho

dentro das organizações, sejam elas industriais ou de serviços, são em sua maioria realizados

em equipe. Portanto, o resultado produtivo final de uma organização é oriundo de um esforço

coletivo e nada mais óbvio do que ensinar as pessoas a trabalharem em equipe. Os objetivos

dos programas de treinamento para o trabalho em equipe estão focados: na compreensão das

pessoas que trabalham no mesmo ambiente; na diminuição da possibilidade de conflitos; na

meta comum, que orienta e estimula as pessoas a trazerem todos para a equipe; na interação,

no sentido de aproveitar o conhecimento de cada um e trocar informações; e no apoio mútuo.

Ao perceber as características da empresa hoteleira, entende-se que o elemento

humano é a peça fundamental deste tipo de organização, pois dele depende todo o processo de

acolhimento do cliente e, por conseqüência, a própria rentabilidade do empreendimento. Essa

afirmação pode ser enfatizada através de alguns dados obtidos por Cândido (1994 apud

PASSOS, 2002): 68% da perda de clientes têm como razão a má qualidade dos serviços e

atendimento; 95% dos clientes que estão descontentes não informam ao hotel o porquê de seu

descontentamento. Destes, 70% não voltam mais ao estabelecimento.

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De acordo com Passos (2002), esses dados mostram que o sucesso de um hotel está

atrelado à questão humana, uma vez que as pessoas se tornam imprescindíveis para o

cumprimento eficiente e eficaz da sua missão organizacional. Mesmo assim, é comum nos

pequenos e médios hotéis a função de Recursos humanos ser executada diretamente pelo

proprietário ou por alguma pessoa designada para esse fim, com o auxílio de um escritório de

contabilidade, apenas para cumprir as formalidades trabalhistas.

É importante salientar que todas as características apresentadas são passíveis de

treinamento. Hotéis preocupados em crescer e manter sua rede de estabelecimentos devem

possuir programas consistentes, com diagnóstico, desenho, implantação e avaliação, buscando

sempre a melhoria contínua. O setor de serviços está sempre em constantes mudanças e o

treinamento, não somente no sentido de integração e apresentação da cultura organizacional,

mas também como atualização, torna-se imprescindível.

O desenvolvimento também deve ter seu espaço nos investimentos destas

organizações, como por exemplo, abrir a possibilidade para as pessoas buscarem cursos

externos, língua estrangeira ou crescimento dentro da organização. Com o enfoque no

treinamento e desenvolvimento, a maior beneficiária é a organização que vai contar com

funcionários mais qualificados e com clientes mais satisfeitos.

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3 METODOLOGIA

3.1 UNIVERSO DA PESQUISA

O universo considerado nessa pesquisa é a hotelaria, e abrange os meios de

hospedagem denominados de hotel, situados na cidade de Joinville – SC.

3.2 AMBIENTE DA PESQUISA

Para o desenvolvimento desse estudo, foi selecionado um hotel de médio porte, com

base nos seguintes critérios: (a) hotel cuja unidade faça parte de uma rede da hotelaria

brasileira, visto que, são comuns hotéis com esta representatividade possuírem programas de

treinamento estabelecidos e formalizados; (b) ter mais de 100 unidades habitacionais, pela

complexidade da estrutura física e de recursos humanos; (c) e a variedade de serviços

oferecidos.

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Com essa delimitação pretendeu-se buscar informações acerca do perfil dessa

organização, apresentação de seus programas de treinamento e a importância do treinamento e

desenvolvimento de pessoas na concepção da organização.

3.3 SUJEITO E OBJETO DE PESQUISA

De acordo com Ruiz (1996), o sujeito de uma pesquisa pode ser definido como a

pessoa, o fato ou o fenômeno sobre o qual se quer saber algo. Desse modo, o hotel estudado

constitui-se no sujeito da pesquisa realizada.

Já o objeto da pesquisa, segundo o mesmo autor, define-se como aquilo que se

pretende conhecer relativo ao sujeito escolhido. Assim, para a pesquisa realizada, o objeto é o

programa de treinamento e desenvolvimento e sua importância.

3.4 TIPO DE PESQUISA

Essa pesquisa pode ser caracterizada como um estudo de caso. Para Lüdke e André

(1986) o caso é sempre bem delimitado, mesmo quando similar a outros é, ao mesmo tempo,

distinto, pois tem seu interesse próprio, singular. As autoras apontam algumas das

características fundamentais do estudo de caso: visam à descoberta, pois apesar dos

pressupostos iniciais, novos elementos são acrescentados no decorrer do estudo; enfatizam a

interpretação do contexto, já que para apresentar o objeto é necessária a compreensão do

meio; permitem generalizações naturalísticas ao se perceber que os elementos estudados se

confirmam na prática.

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O estudo de caso apresenta quatro fases de desenvolvimento: (1) a fase exploratória,

quando o caso vai se delineando à medida que o estudo se desenvolve, os pontos teóricos

iniciais interagem com as especificidades do objeto de estudo; (2) a delimitação do estudo,

que determina o foco para os aspectos mais relevantes; (3) a análise sistemática e elaboração

do relatório, que consiste em juntar informações, analisá-las e torná-las disponíveis para o

leitor; (4) a prática, pois no estudo de caso, surgirão problemas de planejamento, de escolhas e

de generalizações (LÜDKE E ANDRÉ, 1986).

3.5 MÉTODO DE COLETA

3.5.1 Documentação Indireta

A documentação indireta consistiu na realização de uma pesquisa bibliográfica com o

objetivo de fundamentar teoricamente a importância do tema proposto. Nesse sentido,

buscaram-se estudos sobre as características da empresa hoteleira, além da importância e

caracterização do treinamento e desenvolvimento.

Para complementação do estudo e auxílio na escolha dos sujeitos de pesquisa, foi

utilizado também um documento do Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Similares de Joinville

(Anexo A), que retrata os estabelecimentos localizados no município e evidencia sua estrutura

física por meio do número de unidades habitacionais.

3.5.2 Documentação Direta

A documentação direta foi realizada na forma de entrevista e observação direta.

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Segundo Lüdke e André (1986), a entrevista cria uma relação de interação, havendo

influências recíprocas entre quem pergunta e quem responde. A vantagem principal sobre

outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente da informação desejada.

Vale ressaltar que a entrevista permite correções, esclarecimentos e adaptações que a

tornam eficaz no quesito obter informação. Para esta pesquisa, foi utilizada uma entrevista

estruturada, com perguntas dentro de um roteiro com esquema básico pré-definido. Afirma-se

que foi garantido sigilo para a empresa e anonimato do entrevistado. É relevante também

salientar que o registro foi feito através de notas e, por conseqüência, deixou-se de cobrir

vários elementos ditos, por outro lado, selecionou-se e interpretou-se as informações mais

importantes.

A observação direta nada mais é do que aquilo que o pesquisador seleciona para

“ver” de acordo com seus conhecimentos e sua bagagem cultural. Para utilizar a observação

como método científico, deve-se delimitar o objeto de pesquisa, criando-se o foco. Com o

estudo focalizado, revela-se a importância da observação, ao permitir contato pessoal do

pesquisador com o fenômeno pesquisado.

3.6 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

De acordo com Lüdke e André (1986), o estudo de caso faz parte das abordagens

qualitativas. Bogdan e Biklen (1982 apud LÜDKE E ANDRÉ, 1986) apontam as

características básicas da pesquisa qualitativa: ambiente natural como fonte e pesquisador

como principal instrumento; dados descritivos; preocupação com o processo; atenção ao

significado; e processo indutivo.

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A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural, chamado assim por não ter a

manipulação do investigador, como sua fonte direta de dados e o pesquisador como

principal instrumento . Os dados, influenciados pelo contexto, são captados através do

trabalho intensivo do investigador.

Os dados coletados são predominantemente descritivos. Ou seja, o material obtido é

rico em descrições, seja de pessoas, instituições ou empresas, inclui-se para isto, entrevistas,

documentos, fotografias e desenhos. O pesquisador deve estar atendo para o maior número

possível de detalhes, pois mesmo pequenos, podem contribuir para a compreensão do

problema.

A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. O interesse do

pesquisador é ver como o problema interage no cotidiano do universo estudado. Demonstrar

como o assunto estudado influencia no contexto.

A atenção ao significado que as pessoas se referem ao objeto de estudo é mais

importante que a perspectiva do investigador no que se refere à captação dos dados. O estudo

qualitativo permite ver a dinâmica interna inacessível ao observador externo.

A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. O pesquisador não se

preocupa em buscar evidências ou hipóteses pré-definidas. A pesquisa envolve a obtenção de

dados descritivos, que após analisados, irão gerar, por indução, uma conclusão do

investigador.

Desse modo, os dados desta pesquisa receberam um tratamento qualitativo, e foram

realizadas as etapas: descrição geral do hotel estudado, abordando-se as características do

patrimônio humano e físico; a identificação da situação do treinamento e desenvolvimento; a

importância do treinamento e desenvolvimento para a organização.

Como forma de visualizar a metodologia utilizada, a Figura 4 apresenta o fluxograma

do roteiro da pesquisa realizada:

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Figura 4 - Fluxograma do Roteiro de Pesquisa.

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4 ESTUDO DE CASO

4.1 ASPECTOS GERAIS DO HOTEL A

A partir do questionário apresentado no Apêndice A, pôde-se traçar o perfil do Hotel

sujeito desta pesquisa. A unidade de Joinville foi fundada em 2006, próximo ao centro da

cidade, com onze andares e três elevadores, contendo 148 unidades habitacionais. O hotel

possui 6 setores, destacando-se os serviços de bar, restaurante e lavanderia, possuindo

também um serviço de vigilância terceirizado. O hóspede predominante do hotel é o

executivo, que se hospeda em função de viagem de trabalho, do total dos hóspedes, 98% são

brasileiros e a média de ocupação anual do hotel é de 40%.

Quanto aos recursos humanos, o hotel tem um total de 30 funcionários, três deles são

da parte administrativa e 27 tem contato com hóspedes e prestam serviços. A faixa etária

desses profissionais é de 23 anos, trabalham em jornadas de 44 horas semanais e estão

divididos em três turnos. A rotatividade é de 33%, considerada normal para este ramo de

atividade, e o absenteísmo é de 1,74%. Os funcionários são pagos quinzenalmente, dentro da

média do mercado, recebem adicionais de 3,5% no caso de não possuírem faltas e benefícios

na forma de alimentação e transporte.

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4.2 OBSERVAÇÃO DO TREINAMENTO NO HOTEL A

Teve-se a oportunidade, oferecida pelo hotel A, de participar de um treinamento. Este

treinamento foi específico para as pessoas envolvidas com a cozinha, aparelhos relacionados e

manuseio de alimentos, o que na hotelaria é conhecido por setor de A&B, sigla para

Alimentos e Bebidas.

O treinamento foi desenvolvido em e-learning, o ensino via internet, conforme

descrito no capítulo 2 deste trabalho, tópico 2.2.1. O treinamento feito dessa forma é o mais

comum utilizado por este hotel e seus funcionários já estão habituados a obter informações

através desta modalidade de ensino. Sendo assim, a transmissão de conhecimento é

padronizada para toda a rede do hotel, no caso, distribuída para 60 salas simultaneamente nas

demais unidades da rede situadas em diversos estados do país.

O treinamento é ministrado na forma de apresentação de slides com a voz de um

locutor, situado na unidade matriz da rede, que explica detalhadamente cada tópico em tempo

real, numa linguagem simples e acessível para os ouvintes. Vale ressaltar a questão da

linguagem, pois o treinamento pode ser ministrado tanto para administradores da alta gerência

até o caso acompanhado, de pessoas ligadas à cozinha com baixo grau de instrução. O método

é impessoal, pois é transmitido por via eletrônica do locutor para o treinando, sem

interrupções ou interações gestuais, no entanto, as pessoas participantes têm a possibilidade

de interagir via chat, um bate papo virtual da própria página da empresa.

A observação do treinamento possibilitou a detecção de conceitos relativos à

Engenharia de Produção, que mesmo direcionados inicialmente para a manufatura, são

perfeitamente aplicados ao setor de serviços. No entanto, estes conceitos são disseminados de

forma elementar, adequando-se às características do público-alvo. Desse modo, permite que

qualquer nível organizacional envolvido (Gerência, A&B, recepção) possa ter compreensão,

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mesmo que somente com casos práticos. Apenas para citar, foi observado um conceito

conhecido do setor primário: o PEPS1, mas sem aprofundamento teórico. E uma

possibilidade de implantação: o 5S2.

Alguns dias após o treinamento será feita uma avaliação aplicada na forma de

questionário para os participantes. Busca-se ainda, nesta instituição, uma forma de mensurar a

assimilação por parte dos funcionários do treinamento realizado. Abre-se também

possibilidade de enviar via e-mail críticas e sugestões para a melhoria do aprendizado.

Após a observação do treinamento e conversa informal com o responsável de Recursos

Humanos, pode-se deduzir como vantagens do e-learning: baixo custo, por não precisar de

vários palestrantes nem da presença física destes; padronização, os 60 hotéis recebem

exatamente o mesmo curso. Como desvantagens do e-learning, observa-se: impessoalidade

com os treinandos, falta de interação ativa das pessoas, método pouco prático e muito teórico.

4.3 ENTREVISTA NO HOTEL A

A entrevista foi realizada de maneira direta com o responsável pelos Recursos

Humanos do hotel, seguiu dentro do roteiro pré-estabelecido conforme Apêndice B e os

registros foram feito através de notas. Por conseqüência, deixou-se de detalhar vários dos

elementos ditos pelo entrevistado, no entanto, foram selecionadas e interpretadas as

informações mais relevantes.

1 Política de estoque conhecida como PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai), no hotel é utilizada

para alimentos perecíveis como PVPS (Primeiro que Vence, Primeiro que Sai). Essa mudança da sigla deve-se a preocupação de utilizar primeiro os alimentos mais próximos de se tornarem inaptos ao consumo e não correr o risco de ultrapassar a validade.

2 Conceito aplicado para o manuseio de estoque e armazenamento. No caso do hotel, são utilizadas regras de posicionamento da comida nas prateleiras, refrigeradores e formas de embalagens. Estas regras podem facilmente se transformar no conceito mais complexo de 5S, os cinco sensos: utilização, ordenação, limpeza, asseio e autodisciplina, comuns nos setores de manufatura.

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O entrevistado levantou a importância de contratar pessoas com experiência na área da

hotelaria para os cargos efetivos da organização. Mas para cargos de início de carreira, não é

necessário experiência, sendo inclusive interessante para a empresa ter funcionários sem os

chamados vícios e que serão treinados dentro da filosofia do hotel.

Apesar de se exigir experiência, existe a dificuldade na região de Joinville de

encontrar profissionais que já trabalharam no setor hoteleiro, inclusive para cargos de

manutenção ou de camareiras. Essas pessoas normalmente trabalhavam na indústria ou em

residências particulares e são integradas às normas de conduta do Hotel. Ao se admitir um

funcionário, ele é submetido a uma integração que acontece da seguinte forma: o novo

funcionário recebe o treinamento padrão da rede ministrado pelo gerente do hotel, que

consiste em exposição das normas e filosofia da organização, utilizando-se de slides e normas

institucionais com a intenção de mostrar a empresa na qual ele estará inserido. Na primeira

semana, o funcionário, seja qual for o cargo para o qual foi contratado, passa meio período em

cada setor do Hotel, para conhecer o empreendimento em sua plenitude. Somente na segunda

semana, essa pessoa fica no seu setor e é supervisionada e auxiliada pelo seu chefe direto.

Como foi observado in loco, existe um programa padronizado de treinamento para

toda a rede do hotel. O mesmo assunto abordado no treinamento recebido por um setor é

renovado a cada 6 ou 8 meses, sendo que os vários treinamentos para diferentes finalidades

acontecem semanalmente. Mesmo assim, há a autonomia da unidade em realizar um

programa, caso seja diagnosticado essa necessidade para um treinamento específico. Contudo,

este aspecto deve ser planejado e constar no orçamento futuro do Hotel. O treinamento é

composto em 80% dos casos pelo método de e-learning, ministrado por funcionários da rede

próprios para essa função. No caso de necessidade levantada, é normalmente feito um

treinamento fora do ambiente da empresa, com um treinador terceirizado e para um treino

específico.

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Quanto à avaliação, existe uma dificuldade da empresa em mensurar o resultado dos

treinamentos. A avaliação da forma que o treinamento foi transmitido não é obrigatória, mas

pode ser feita por e-mail e manifestações dos funcionários através da chefia. Quanto à

percepção da eficácia, é feita na prática, com impressões do chefe de setor em relação à

maneira correta ou não de trabalho dos seus subordinados após o treinamento.

Ao ser questionado sobre a importância do treinamento, o entrevistado o definiu como

vital para a organização. Foi observada a valorização dada por este funcionário ao

treinamento dentro da hotelaria. Esta importância também é ressaltada pela rede de hotéis,

pois cada unidade integrante é submetida a auditorias internas e são avaliados, entre outros

aspectos, a reciclagem e quantidade de horas em treinamento. Destas auditorias são geradas

pontuações e bônus de produtividade.

Segundo o entrevistado, é investido aproximadamente 2% do lucro líquido anual em

treinamento, o que o funcionário considera pouco devido a importância desta ferramenta. Esta

conclusão revela-se coerente, pois o retorno do treinamento é observado claramente pelos

chefes de setor no cotidiano da empresa, existindo uma relação direta na qualidade dos

serviços prestados e, ainda, a integração dos conhecimentos aprendidos é imediata e

facilmente observada pela chefia. Pode-se sugerir a hipótese de que o investimento não é

maior devido à falta de registro estatístico formal das melhorias alcançadas.

No que se refere ao desenvolvimento, ou seja, programas para o crescimento

profissional das pessoas independente do cargo (curso de línguas, cursos de cozinha,

simulações, que de forma indireta contribuam para a organização), a empresa ainda não tem

planejamento voltado para este aspecto. São feitos treinamentos externos, que contribuem

para o desenvolvimento profissional dos funcionários, mas é algo limitado e voltado para os

cargos. Pensa-se em incentivos para bolsa de estudos principalmente de formação escolar, já

que é uma preocupação do hotel o fato de muitos funcionários não possuírem o ensino médio

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completo. Todavia, ações como a de promover parcerias com supletivos podem ser aprovadas

pela matriz e liberadas posteriormente para toda a rede.

Pode-se também incluir no aspecto do desenvolvimento, o plano de carreira dos

funcionários, visto que muitos dos chefes de setores começaram em cargos menores e foram

promovidos. A promoção segue um plano de carreira dentro do próprio hotel e também nos

diferentes níveis das unidades que compõem a rede de hotéis em todo o país, ou seja, é

bastante comum as pessoas serem transferidas dentro da rede, para unidades superiores ou

cargos superiores.

A Tabela 3 mostra os aspectos captados da entrevista em comparação com o roteiro

pré-estabelecido. A entrevista foi construída de modo que as perguntas buscassem uma

objetividade dentro dos aspectos estudados na fundamentação teórica.

ASPECTOS DO ROTEIRO RESULTADOS CAPTADOS

RECURSOS HUMANOS • Dificuldades de encontrar profissionais qualificados • Integração inicial para a filosofia do Hotel

DIAGNÓSTICO • Não há diagnóstico para o programa padrão • Impressões do chefe setorial para problemas específicos

DESENHO • Programa padronizado para toda a rede • Programas específicos para setores

IMPLEMENTAÇÃO

• Através de e-learnig • Treinamento por terceiros

AVALIAÇÃO

• Não há mensuração dos resultados por dados • Forma do treinamento é passível de críticas • Eficácia do treinamento sentida no cotidiano

IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO

• Vital para a organização • Auditorias internas avaliam horas de treinamento e reciclagem

DESENVOLVIMENTO

• Planos de carreira • Interesse em formação de nível médio

Tabela 3 - Aspectos relevantes do roteiro de pesquisa.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo do problema inicial a que esta pesquisa se propôs, a saber: quais os elementos

integram a gestão do treinamento e desenvolvimento em uma empresa hoteleira situada em

Joinville-SC? Qual a importância atribuída ao treinamento e desenvolvimento no âmbito da

organização estudada? Direcionou-se o estudo da literatura para autores que possibilitassem o

maior entendimento do treinamento, desenvolvimento pessoal e desenvolvimento

organizacional, assim como do setor de serviços e por sua vez, a hotelaria. As formas de

treinamento foram observadas e questionadas através de entrevistas que constituíram o

presente estudo de caso realizado. A importância do treinamento na visão da organização

estudada também foi percebida na entrevista efetuada, cumprindo com o problema inicial

levantado.

Foram apontadas as especificidades do setor de serviços, mostrando a importância

singular do treinamento e desenvolvimento de pessoas para as empresas deste setor, por

entender que as pessoas têm papéis ainda mais relevantes para o serviço bem prestado. Foram

também descritos e apontados os pontos de mais destaque no processo de treinamento da

organização estudada através da captação de dados nas entrevistas e da observação realizada.

Cumpridos os objetivos específicos, o objetivo geral proposto: examinar a gestão do

treinamento e desenvolvimento profissional em uma unidade hoteleira de médio porte situada

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em Joinville-SC mostrando a sua importância para o crescimento da organização, foi

alcançado ao se estudar na fundamentação teórica os vários conceitos e formas relacionados

ao treinamento e desenvolvimento. O crescimento organizacional em virtude do treinamento e

desenvolvimento foi mostrado de forma teórica e confirmado no estudo de caso.

O estudo de caso composto da observação e da entrevista foi extremamente válido,

pois permitiu que muitos dos conceitos estudados na fundamentação teórica fossem

visualizados na prática com maior entendimento e conhecimento. Com o apoio do referencial

teórico, percebeu-se que a organização estudada valoriza o programa de treinamento que

possui e o utiliza largamente em toda sua rede de hotéis, mostrando assim a importância que a

empresa reserva para esta ferramenta.

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6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Analisando as limitações desse trabalho, assim como temas importantes que não

faziam parte dos objetivos, ficam como sugestões para próximos trabalhos:

• As empresas, de um modo geral, são conscientes da importância do

treinamento e desenvolvimento, entretanto, o investimento ainda é baixo e sem instrumentos

adequados para mensuração dos resultados, a perspectiva de mudança é pequena. Por isso,

sugere-se um trabalho sobre mensuração de resultados dos treinamentos no setor de serviços.

• Observando-se as limitações do problema da pesquisa, sugere-se uma nova

questão norteadora: qual a importância atribuída ao treinamento e desenvolvimento na visão

das pessoas membros da organização?

• Quanto ao fato do estudo de caso estar limitado a apenas um sujeito, sugere-se

também um quadro comparativo entre os aspectos de gestão de pessoas entre dois ou mais

hotéis.

• O setor de serviços pode utilizar-se de muitas das ferramentas da Engenharia

de Produção e que ainda são pouco exploradas para esta finalidade. Conceitos cotidianos das

indústrias podem ser aplicados também na prestação de serviços. Fica ainda a sugestão para a

exploração de uma ferramenta industrial no setor de serviços, como por exemplo: 5S, PEPS,

Análise da Cadeia de Valor (VCA).

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REFERÊNCIAS

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KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MOTOMURA, O. Jogos de empresa in BOOG, G.G. (Coord.). Manual de treinamento e desenvolvimento: Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1980. p. 145-160. MULLINS, L. J. Gestão da hospitalidade e comportamento organizacional. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. NEVES JR., L. T. das. Aplicação dos conceitos de educação a distância ao treinamento: um estudo de caso em uma rede de farmácias. 2002. 123 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2002. PASSOS, J. C. Identificação das possíveis ocorrências de perdas patrimoniais na empresa hoteleira: um estudo multicaso. 2002. 138 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2002. PONTUAL, M. Evolução do treinamento empresarial in BOOG, G.G. (Coord.). Manual de treinamento e desenvolvimento: Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1980. p. 1-12. RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo: Atlas, 1996. SLACK, N. et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1997.

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APÊNDICE A

APÊNDICE A – instrumento de pesquisa - questionário

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INSTRUMENTO DE PESQUISA - QUESTIONÁRIO

1 - CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA _____

• Ano de fundação: ________________________________________________________________________

• Organograma funcional: ___________________________________________________________________

• Caso exista o Organograma, ele é respeitado? Sim ou Não? _______________________________________

• Estilo arquitetônico: ____________________________________________________________________

• Número de andares: ____________________________________________________________________

• Número de elevadores: ___________________________________________________________________

• Número de unidades habitacionais (UH): _____________________________________________________

• Número de setores: ______________________________________________________________________

• Serviços Oferecidos (bar, restaurante, lavanderia, etc): __________________________________________

• Possui serviços terceirizados? Quais? ________________________________________________________

• Tipo de hóspede predominante (com relação ao motivo da viagem): ________________________________

• Freqüência de hóspedes (Porcentagem): Estrangeiros: ______________ Brasileiros: ___________________

• Média de ocupação anual: _________________________________________________________________

2 - RECURSOS HUMANOS

• Qual o número total de funcionários? _________________________________________________________

• Nº de funcionários na administração (contabilidade, dep. financeiro, de pessoal, etc): ___________________

• Nº de funcionários na produção (setores relacionados ao atendimento dos hóspedes): ___________________

• Nº de trabalhadores terceirizados? ___________________________________________________________

• Faixa Etária: ____________________________________________________________________________

• Jornada de trabalho semanal: _______________________________________________________________

• Turnos (troca de turnos): ___________________________________________________________________

• É comum a utilização de Horas extras? Sim ou Não? Por quê? _____________________________________

• A Rotatividade e absenteísmo são considerados altos pela empresa? _________________________________

• Existe um esquema prévio para a composição das equipes de trabalho? Qual? _________________________

• Forma de pagamento (diário, semanal, quinzenal, mensal): ________________________________________

• Níveis salariais estão acima da média do mercado, na média ou abaixo da média? ______________________

• Recebem adicionais de produtividade? Quais? __________________________________________________

• Recebem de adicionais de insalubridade? ______________________________________________________

• Existem normas de trabalho? Como elas são feitas: escritas, verbais, através de manuais? ________________

• Rotina de admissão (documentos exigidos, requisitos necessários, exames admissionais): ________________

• Facilidades Oferecidas pela Empresa (transporte, moradia, alimentação, saúde, etc.):___________________

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APÊNDICE B

APÊNDICE B – instrumento de pesquisa - entrevista

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INSTRUMENTO DE PESQUISA - ENTREVISTA

ENTREVISTA COM EMPRESA _____

01. Para a contratação de pessoal é necessária experiência anterior na função? Sim ou não? Por quê? É

determinante para a contratação se uma pessoa tem experiência? As pessoas que procuram o hotel para

trabalhar já possuem experiência anterior?

02. Existem dificuldades para encontra mão-de-obra hoteleira em Joinville?

03. Existe um programa de treinamento padronizado na rede do hotel? Caso exista o programa de

treinamento, há autonomia para remodelação em função de necessidades apresentadas?

04. Como é composto o programa de treinamento do hotel? Periodicidade, formas de treinamento (verificar

se são diferenciadas por setores), metodologias utilizadas, quem ministra (se pessoas externas ou

internas)?

05. Admitido funcionário, ele é submetido a alguma forma de integração? Sim ou não? Caso exista, quais

as características dessa integração (período, intensidade, elementos que a compõe, quem ministra, como

ministra – técnicas utilizadas).

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06. Os treinamentos são avaliados quanto ao seu desempenho? Como são avaliados (formas de avaliação)?

A empresa percebe influências do treinamento sobre a motivação dos funcionários?

07. Os funcionários avaliam o treinamento que recebem? Como isso é feito?

08. Qual a importância do treinamento para a organização? Aqui tentar sentir como a empresa enxerga o

treinamento como elemento de diferencial competitivo e de qualidade.

09. Quanto a empresa investe em treinamento (% do orçamento, anualmente, mensalmente,

semestralmente)?

10. A empresa observa retorno dos treinamentos realizados? Como? Existem dados/registros de melhoria?

11. Existe uma relação direta entre treinamento e qualidade no hotel?

12. Existem cursos de línguas, incentivos ou parcerias com empresa da região para o aprendizado do

funcionário em relação a idiomas ou culinária ou relações humanas?

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ANEXO A

ANEXO A – documento do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e similares de Joinville

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