56
FACULDADE DO INSTITUTO BRASIL- FIBRA CURSO DE ENFERMAGEM KLENNIA RODRIGUES RESENDE YACOUB PARTO HUMANIZADO: A PERCEPÇÃO DA ENFERMAGEM

TCC - KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

1

FACULDADE DO INSTITUTO BRASIL- FIBRA

CURSO DE ENFERMAGEM

KLENNIA RODRIGUES RESENDE YACOUB

PARTO HUMANIZADO: A PERCEPÇÃO DA ENFERMAGEM

ANÁPOLIS- GO

2012

Page 2: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

2

KLENNIA RODRIGUES RESENDE YACOUB

PARTO HUMANIZADO: A PERCEPÇÃO DA ENFERMAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Enfermagem ministrado pela Faculdade do Instituto Brasil- FIBRA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Orientadora: Prof. Esp. Anna Laura Bezerra da Silva.

Anápolis

2012.

Page 3: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

3

KLENNIA RODRIGUES RESENDE YACOUB

PARTO HUMANIZADO: A PERCEPÇÃO DA ENFERMAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de Enfermeiro

____________________________________

Anna Laura Bezerra da Silva

Orientadora geral

____________________________________

Professor Avaliador

____________________________________

Professor Avaliador

Data da aprovação: ___/___/_____

Page 4: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

4

Dedico este trabalho a Deus, por ter me

fortalecido nessa longa e árdua caminhada, à

minha mãe, ao meu querido esposo Toufik

Yacoub, aos meus filhos, pelo carinho e

paciência nos momentos em que estive

ausente, aos meus amigos, aos meus

familiares e a todos que de alguma forma

colaboraram com essa grande vitória.

Page 5: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte maior de toda minha inspiração, à minha mãe, meu

alicerce, à minha amada família que esteve comigo em todos os momentos, ao meu

esposo e filhos, fonte maior de todo amor que me foi dado, ao meu irmão, cunhados,

aos meus patrões que me ajudaram durante esta caminhada, à minha orientadora

Professora Anna Laura, mestra e amiga, com quem dividi minhas dúvidas e que me

auxiliou neste período, aos funcionários da FIBRA, e a todos os amigos que fiz

durante o curso, que foram excelentes pessoas que levarei no coração ao longo de

toda minha existência. A todos meus sinceros agradecimentos.

Page 6: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

6

“A Enfermagem é uma Arte, a Arte do Cuidar”.

Florence N.

Page 7: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

7

RESUMO

O parto humanizado significa o respeito dado para que todas as dimensões do ser humano sejam atendidas, dimensões espirituais, psicológicas, biológicas e sociais. O presente estudo tem por objetivos: a percepção da enfermagem em relação aos modelos assistenciais de parto humanizado; Evidenciar o papel da enfermagem nos modelos assistenciais de parto humanizado; Levantar a percepção da parturiente em relação ao parto humanizado; Demonstrar as dificuldades de se implantar um modelo assistencial de parto humanizado e os benefícios do parto humanizado. O enfermeiro é responsável por grande parte da assistência prestada à parturiente, bem como a concretização de ações educativas prévias, liberando o médico desta atribuição, para que se possa chegar a uma melhor qualidade no atendimento. O parto humanizado beneficia as parturientes por ser um parto indolor, que permite acompanhamento familiar, e que é realizado de forma natural e humana e permite ao bebê seguir o seu “curso natural”, é um parto que não causa traumas, nem para a mãe e muito menos para o bebê, outro benefício desse tipo de parto é que ele diminui a incidência de morte e sofrimento materno e fetal. Foi possível concluir que para se implantar um bom modelo assistencial de parto humanizado é necessário que as mulheres e seus acompanhantes conheçam os direitos reprodutivos na atenção ao parto e nascimento, que sejam bem orientados pela equipe multiprofissional, e que haja boas condições estruturais nas Unidades de Saúde e os profissionais estejam preparados para acolher tanto a parturiente quanto seu acompanhante, levando em consideração que o parto humanizado é algo familiar e é um direito reprodutivo.

Palavras-Chave: Parto. Humanização. Enfermagem

Page 8: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

8

ABSTRACT

The humanized delivery means that the respect given to all human dimensions are met, spiritual dimensions, psychological, biological and social. The present study has two objectives: the perception of nursing in relation to humanized delivery care models; Highlighting the role of nursing care delivery models humanized; Raise awareness of the mother in relation to humanized delivery, demonstrate the difficulties of deploying a humanized model of care delivery and benefits of humanized childbirth. The nurse is responsible for much of the assistance given to the mother as well as the achievement of educational advance, freeing the doctor this assignment, so you can come to a better quality of care. The humanized delivery benefits the mothers to be a painless childbirth, allowing family accompaniment, which takes place in a natural and human, and allows the infant to follow its “natural course”, is a delivery that does not cause trauma, nor to the mother and much less for the baby, another benefit of this type of delivery is that it decreases the incidence of death and maternal and fetal distress. It was concluded that in order to establish a good model of humanized childbirth care is necessary for women and their caregivers are aware of the attention to reproductive rights and birth, which should be targeted by the multidisciplinary team, and there are good conditions in the structural units health professionals are prepared to accommodate both the mother and her companion, taking into account that the humanized birth is something familiar and is a reproductive right.

Keywords: Birth. Humanization. Nursing.

Page 9: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

9

LISTA DE SIGLAS

SUS - Sistema Único de Saúde

OMS - Organização Mundial de Saúde

PHPN - Política de Humanização do Parto e Nascimento

MS- Ministério da Saúde

PAISM - Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher

Page 10: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

10

SUMÁRIO

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO...................................................................................11

CAPÍTULO 2 - REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................13

2.2. História da Humanização....................................................................................14

2.3. Política de Humanização do SUS.......................................................................16

2.3.1. A Humanização como Política Transversal na Rede SUS..............................16

2.3.2. Princípios do PHPN.........................................................................................17

2.4. O papel do Profissional de Saúde na Humanização...........................................18

2.5. Atuação da enfermagem no cuidar humanizado................................................18

2.6 PARTO HUMANIZADO.......................................................................................20

2.6.1 Conceito...........................................................................................................20

2.6.2. Tipos de parto..................................................................................................23

2.6.3. Parto Humanizado e o SUS Caminhando Juntos............................................24

CAPÍTULO III: METODOLOGIA...............................................................................29

CAPÍTULO IV: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS..........................................31

CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................35

Page 11: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

11

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

A humanização é representada por um conjunto de iniciativas na qual

traz, além da utilização de tecnologias disponíveis, o respeito e o acolhimento ao

paciente, desde sua cultura até sua patologia, desta forma podemos dizer que

humanizar o parto corresponde à prestação de uma assistência holística, que visa

atender o trinômio mãe-pai-filho, de uma maneira que respeite o ser humano em

todas as suas dimensões, ou seja, biológicas, psicológicas e espirituais. (CASTRO;

CLAPS, 2005).

A humanização parte de vários preceitos, dentre eles o acolhimento à

parturiente e sua família, acarretando assim, uma mudança no paradigma existente

no contexto hospitalar, se faz necessário que neste ambiente também haja.

mudanças tanto físicas quando sociais, pois, para prestar uma assistência realmente

humanizada, esta mulher tem que ser informada dos procedimentos que irão

ocorrer, deixar que ela escolha um acompanhante e que o obstetra só realize

intervenções quando se fizer necessário, respeitando assim a fisiologia da mulher,

facilitando os laços afetivos entre mãe, filho e família. (DIAS; DOMINGUES, 2005).

O parto humanizado tão discutido nos dias atuais traz à tona a questão da

liberdade de escolha da mulher, ou seja, muitas vezes ela opta por ter um parto

natural, porém ela se torna vulnerável ao medo da dor e da destruição do períneo, o

que acarretará em uma dificuldade durante o coito, essas incertezas seriam

diminuídas através do pré-natal apropriado, no qual o obstetra tira todas suas

dúvidas e a incentiva a ter um parto vaginal embasado na humanização. (SILVA,

2005).

Humanizar o parto inclui vários aspectos, dentre os quais uma grande

parte corresponde a uma mudança na cultura hospitalar, visando uma assistência

voltada não só para a mulher, incluindo também uma atenção à família da

parturiente. (DINIZ; CHACHAM, 2002).

Devemos nos ater também a modificação do ambiente físico do hospital

com a finalidade de tornar esse espaço mais favorável e acolhedor, para serem

realizadas as práticas humanizadoras da assistência a ser prestada à puérpera e

seus familiares. (CASTRO; CLAPIS, 2005).

Page 12: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

12

É de fundamental importância também, nos lembrarmos da necessidade

de sabermos a fisiologia da mulher, para que, não haja intervenção por parte da

equipe sem ter a devida necessidade, lembrando que a mulher tem o direito de

escolher e permanecer com um acompanhante durante todo o trabalho de parto e o

recebimento da criança para que possa desta maneira aumentar o vínculo materno.

(SILVA; DADAM, 2008).

O presente estudo tem por objetivos: a percepção da enfermagem em

relação aos modelos assistenciais de parto humanizado; Evidenciar o papel da

enfermagem nos modelos assistenciais de parto humanizado; Levantar a percepção

da parturiente em relação ao parto humanizado; Demonstrar as dificuldades de se

implantar um modelo assistencial de parto humanizado e os Benefícios do parto

humanizado.

Ao se pensar em humanizar o parto, não devemos lembrar somente em

cuidar da saúde, precisamos refletir também na melhoria da qualidade da

assistência de enfermagem, o que nos leva a indagar as condições de serviço

oferecidas pelas unidades e o compromisso desta equipe em fortalecer e realizar

este processo de maneira eficaz e permanente. (CASTRO; CLAPIS, 2005).

Para Brasil (2009), a humanização do parto corresponde a um conjunto

de condutas e procedimentos capazes de promoverem o parto e o nascimento

saudáveis, por respeitar o processo natural e evitar condutas desnecessárias ou de

risco para a mãe e o bebê.

Page 13: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

13

CAPÍTULO 2 - REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Humanização - Conceito

Segundo Ferreira (2003), humanizar consiste tornar humano, dar

condição humana, tornar mais acolhedor o atendimento, ou seja, afável, tratável,

fazer adquirir hábitos sociais polidos, civilizar.

É poder ser frágil, poder chorar, sentir o outro e sua necessidade, e

diante disso lutar, resistir, poder traçar caminhos, com ternura e vigor. (BOFF, 2002).

Bruggemamm, Parpinelli e Osis (2005) desvelam que prestar assistência

humanizada consiste em obter visão do ser humano como um todo, tanto dos seus

aspectos físicos, biológicos, emocionais, sociais e até mesmo culturais,

proporcionando assim cuidado mais efetivo, onde englobará não somente o

paciente, mas também a família, a equipe multiprofissional e o ambiente, onde todos

estão envolvidos no contexto do processo saúde-doença.

Segundo Castro; Claps (2005), a humanização é representada por um

conjunto de iniciativas na qual traz, além da utilização de tecnologias disponíveis, o

respeito e o acolhimento ao paciente, desde sua cultura até sua patologia, desta

forma podemos dizer que humanizar o parto corresponde à prestação de uma

assistência holística, que visa atender o trinômio mãe, pai e filho de uma maneira

que respeite o ser humano em todas as suas dimensões, ou seja, biológicas,

psicológicas e espirituais.

No campo das políticas de saúde humanização diz respeito à

transformação dos modelos de atenção e de gestão nos serviços e sistemas de

saúde, indicando a necessária construção de novas relações entre usuários e

trabalhadores e destes entre si. (SILVA; DADAM, 2008).

De acordo com Bruggemamm; Parpinelli; Osis (2005), uma das

características essenciais à assistência humanística é a sensibilidade, fundamental

para perceber as diversas respostas, seja visual, tátil ou auditiva, o que confere ao

ser humano uma qualidade única. Faz-se premente uma assistência de qualidade

usando a humanização e a individualidade do cuidado, para tanto no processo de

Page 14: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

14

humanização estão incluídas as múltiplas práticas profissionais que vêm sendo

introduzidas no tratamento hospitalar.

A humanização na saúde é voltada para práticas concretas, onde busca

melhor atender o usuário e até mesmo desenvolver melhores condições de trabalho

e de participação dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de

saúde (princípio da indissociabilidade entre atenção e gestão). Considerando o ser

humano de forma criadora e singular inseparável, entretanto, dos movimentos

coletivos que o constituem. (SCHECK; RIESGO, 2006).

O atendimento humanizado tem sido amplamente caracterizado para

gestantes e no momento do parto, onde buscam –se os profissionais de saúde

prestar assistência de qualidade à parturiente, com o intuito de cuidar, englobando o

seu contexto familiar e social. (SERRUYA; CECATTI; LAGO, 2006).

Para se realizar um trabalho de qualidade nesta área, é necessário

garantir um avanço no exercício profissional da saúde, no qual envolve médicos,

enfermeiros, auxiliares e outros profissionais, numa atividade multidisciplinar,

estimulando-os a repensar sua relação com a paciente. Uma atividade de qualidade

em humanização deve inspirar o profissional de saúde a investir na relação com a

paciente, para que desta forma se possa prestar um cuidado verdadeiramente

humanizado. (TORNQUIST, 2002).

2.2. História da Humanização

Scheck e Riesgo (2006) destacam a humanização do cuidado

preconizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) mesmo sendo caracterizada como

uma política pública de saúde e, apesar dos avanços acumulados, hoje, ainda

enfrenta fragmentação do processo de trabalho e das relações entre os diferentes

profissionais, isso ainda observada na prática assistencial.

Para Tornquist (2002) o ser humano diverge dos outros animais, pelo

fator de ser dotado de linguagem assim como sua identidade cultural. Este é capaz

de transformar várias coisas de forma concreta, podendo ate mesmo intervir e

modificar a natureza. Por exemplo, transformando doença em saúde.

Scheck e Riesgo (2006) explicam ainda com relação a humanização, de

que esse é fundamentado junto com a ética, onde é necessário que o profissional

enquanto cuidador busquem sempre reconhecer-se no outro, em suas dores, na

atenção que lhe é almejada.

Page 15: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

15

Diante disso é de total relevância o diálogo, a comunicação entre

profissional e paciente, para que assim possam se promover ações, campanhas,

programas e políticas assistenciais com ética, respeitando e principalmente tendo

reconhecimento mútuo e da solidariedade. (MOURA; VINHAL, 2008).

Claro que tal processo ainda não é atendido em toda rede de saúde, isso

é um processo amplo, demorado e complexo que requer participação e aceitação de

todos os setores, inclusive das políticas públicas que já foi o primeiro passo. Agora o

que resta é quebrar insegurança e resistência. (DOMINGUES; SANTOS; LEAL,

2005).

A assistência de enfermagem pode ser resumida como cuidar do outro, e

esse cuidar representa significados com um sentido para a vida das pessoas que

estão sendo cuidadas e com outro significado a vida de quem está cuidando. Assim

o profissional de enfermagem na busca de visibilidade do seu trabalho pode

proporcionar mudanças necessárias no âmbito da assistência hospitalar,

fortalecendo sua capacidade quanto a um profissional de saúde. (PESSINI;

BERTACHINI, 2004).

O humaniza SUS é uma estratégia criada pelo Ministério da Saúde em

2003 com o objetivo de melhorar a qualidade do atendimento no SUS. Para isso,

foram criadas diretrizes como: acolhimento, gestão participativa de todos os sujeitos

do sistema, implantação de grupos de trabalhos de humanização, estimular práticas

resolutivas, ampliação de clínicas por diferentes práticas terapêuticas e a ambiência.

(DINIZ, 2005).

O cuidado humanizado segundo Pessini e Bertachini (2004), implica na

possibilidade de estar atento às condições e necessidades do outro, aqui destacado

a relação humana. Esse processo então representa um novo modo de ver a forma

de assistir, do qual inclui as relações interpessoais com a mulher, com o recém-

nascido, acompanhante, e também sendo necessário isso com os colegas de equipe

e com a instituição.

As propostas da humanização tem como mérito criar novas possibilidades

de imaginação e de exercícios de direitos, de viver a maternidade, a sexualidade, a

paternidade e também a vida corporal. A humanização então aparece como a

redefinição das relações humanas na assistência, revendo o ato de cuidar e também

compreendendo a condição humana e direitos fundamentais que devem ser

resguardados. (SCHECK; RIESGO, 2006).

Page 16: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

16

2.3. Política de Humanização do SUS

De acordo com Brasil (2010), o SUS instituiu em suas políticas públicas

de saúde a promoção de integralidade, à universalidade, ao aumento da equidade e

à incorporação de novas tecnologias e especialização dos saberes. A perspectiva de

humanização no parto tem como base os preceitos e regulamentações da

Organização Mundial de Saúde em relação as condutas necessárias e fundamentais

para o atendimento ao parto. A proposta que a humanização prevê é a humanidade

no atendimento. Conforme estabelece o Ministério da Saúde, que medidas não-

farmacológicas e não invasivas visando minimizar o estresse e alivio da dor, e

também medidas que promovam ambiente tranqüilo.

2.3.1. A Humanização como Política Transversal na Rede SUS

Segundo Pessini e Bertachini (2004), a humanização não é vista como

programa, mas sim tem sido vista como política que busca ser caracterizada no

cotidiano de toda atendimento do SUS.

O processo de valoração dos sujeitos no processo de saúde é

caracterizada por Brasil (2010) como:

a valorização pode ser entendida como: Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores; Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos; Aumento do grau de co-responsabilidade na produção de saúde e de sujeitos; Estabelecimento de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de gestão; Identificação das necessidades sociais de saúde; Mudança nos modelos de atenção e gestão dos processos de trabalho tendo como foco as necessidades dos cidadãos e a produção de saúde; Compromisso com a ambiência, melhoria das condições de trabalho e de atendimento. Para isso, a humanização do SUS se operacionaliza com: a troca e a construção de saberes; O trabalho em rede com equipes multiprofissionais; A identificação das necessidades, desejos e interesses dos diferentes sujeitos do campo da saúde; O pacto entre os diferentes níveis de gestão do SUS (federal, estadual e municipal), entre as diferentes instâncias de efetivação das políticas públicas de saúde (instâncias da gestão e da atenção), assim como entre gestores, trabalhadores e usuários desta rede; O resgate dos fundamentos básicos que norteiam as práticas de saúde no SUS, reconhecendo os gestores, trabalhadores e usuários como sujeitos ativos e protagonistas das ações de saúde; Construção de rede solidárias e interativas, participativas e protagonistas do SUS.

Uma das prioridades do processo de humanização pelo SUS refere-se à

Política de Humanização do Parto e Nascimento (PHPN), que é fundamental para

que não aconteça inibição e nem mal estar a mulher, e que através desse processo

é possível reduzir os riscos tanto quanto a mulher como ao bebê, e ainda possibilitar

conforto e segurança para o acompanhante. A participação do acompanhante diz

Page 17: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

17

respeito à presença de familiar junto a gestante, desde o momento que ela entrar em

trabalho de parto até o momento do nascimento da criança. (SILVA, 2005).

Observa-se então que PHPN foi promovido pelo Ministério da Saúde,

desde junho de 2000. E de 2000 a 2002 portanto, o PNHAH, iniciou ações em

hospitais com intuito de criar comitês de humanização voltados para a melhoria na

qualidade da atenção ao usuário. Tal proposta tem como princípio elevar a mulher

como sujeito de sua história, oferecendo direito de escolhas, valorização da

participação da família. E ainda conceitua que a desumanização é entendida,

portanto, como a institucionalização do parto e a formação de profissionais de saúde

que visam o biológico e o patológico somente. (DINIZ; CHACHAM, 2002).

O procedimento humanizar tem como a possibilidade de estar atento às

condições e necessidades do outro, aqui destacado a relação humana. Esse

processo então representa um novo modo de ver a forma de assistir, do qual inclui

as relações interpessoais com a mulher, com o recém-nascido, acompanhante, e

também sendo necessário isso com os colegas de equipe e com a instituição.

(DUARTE; ANDRADE, 2008).

2.3.2. Princípios do PHPN

O PHPN (Programa de Humanização do Pré Natal e Nascimento) foi

criado para aprimorar o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher

(PAISM), enfatiza os direitos da mulher, propondo a humanização como estratégia

para melhoria da qualidade da atenção. Sendo suas ações voltadas com vista a

reduzir o número de mortalidade materna, e também de garantir a gestante

atendimento digno e de qualidade. A assistência humanizada tem como princípio

assegurar a qualidade prestada no pré-natal, através do envolvimento da mulher,

sua família e demais acompanhantes, no processo de gerar e parir, considerando

limitações e potencialidades biológicas, socioculturais e afetivas é também em

relação a promoção de ações que aumentem a compreensão dessa população

sobre esse processo.

A humanização no parto faz com que as pessoas busquem nos serviços

de saúde a resolução de suas necessidades, sendo que cada pessoa deve ser visto

em sua individualidade, levando em consideração suas características pessoais e

sentimentos próprios, sob um olhar holístico (BRASIL, 2010).

Page 18: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

18

2.4. O papel do Profissional de Saúde na Humanização

O atendimento prestado por profissionais de saúde muitas vezes afasta-

se do sistema humanizado, principalmente diante do uso de tecnologias e também

quando ocorrem no caráter de subespecialidades. (MELLO, 2006).

Para que a humanização no atendimento em saúde aconteça é

necessário que o profissional se interesse e tenha competência, eu busque diálogo e

comunicação junto ao paciente e seus familiares. Buscar estratégias que melhore e

facilite a vida do paciente e seus familiares durante seu tratamento. (GARCIA, 2003).

Segundo o Brasil (2010), a proposta da humanização pretende

demonstrar aos profissionais de saúde, técnicas arcaicas e tecnicistas, que ainda

permeia a maioria das maternidades públicas, e assim chamar atenção desses

profissionais, que esse processo tem posto em risco não só a integridade física da

mulher, como também danos irreversíveis a sua condição emocional.

As propostas da humanização tem como mérito criar novas possibilidades

de imaginação e de exercícios de direitos, de viver a maternidade, a sexualidade, a

paternidade e também a vida corporal. A humanização então aparece como a

redefinição das relações humanas na assistência, revendo o ato de cuidar e também

compreendendo a condição humana e direitos fundamentais que devem ser

resguardados (MELLO, 2006).

Diniz (2002) então coloca que a humanização está então relacionada ao

voluntarismo, assistencialismo, paternalismo, ou mesmo ao tecnicismo de um

gerenciamento sustentado na racionalidade administrativa e na qualidade total.

2.5. Atuação da enfermagem no cuidar humanizado

Muito se têm falado, sobre o século XXI, suas inovações e

transformações tecnológicas, até mesmo uma visão mais aguçada e atenta à

vivência no mundo e o afastamento do profissional de um caminho seguro para sua

realização.

Diante disso, o processo de transformação é constante e as visões a

respeito de vários conceitos, pois perceber a crença, os valores, o cérebro e as

emoções como coisas separadas está intimamente ligada às considerações

favoráveis ao desenvolvimento pessoal e intimo (WERNECK, 2005).

Page 19: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

19

Oliveira (2007) conceitua então, que a enfermagem é uma ciência

humanística e humanitária, dirigida ao ser humano em sua totalidade.

Oliveira e Madeira (2002) coloca que é necessário que o profissional de

saúde, interaja com respeito e dignidade, entendendo fatores adversos, visões de

mundos diferentes, e que exige desse profissional uma postura mais humana.

O autor Oliveira (2007) explica que a assistência de enfermagem é

fundamental quando o paciente está incapacitado ou sem preparação para atender

as próprias necessidades biológicas, psicológicas e também seu desenvolvimento.

Sendo que o profissional então interage junto a esse paciente e o ajuda a alcançar o

máximo bem-estar. Esse autocuidado vivenciado na assistência de enfermagem

ajuda a manter a integridade estrutural e o funcionamento humano, contribuindo

para o seu desenvolvimento.

Fialho (2008), porém ressalta que essa integração e envolvimento não

deve ser somente dos profissionais enfermeiros, mas que requer a participação de

diferentes profissionais da equipe de saúde, como por exemplo, psicólogos,

assistentes sociais, para que haja portanto, uma abordagem integral que garanta e

atenda as necessidades das mulheres, seus parceiros e familiares durante a

gravidez. Essa integração entre os grupos profissionais devem abordar aspectos

cognitivos, transmissão das informações necessárias, ou seja, conteúdos educativos

e informativos com relação a gravidez, ao recém-nascido, aspectos emocionais e

afetivos relacionados ao estado gravídico, e também com relação a preparação

física para o parto, como respiração, relaxamento e exercícios físicos que

contribuirão para a qualidade durante a gravidez e também no trabalho de parto.

O enfermeiro como profissional de saúde além de ser capacitado, tem a

responsabilidade de atuar como agente provedor de saúde, apresentando níveis de

prevenção a população. Em relação a prevenção de saúde primária através da

promoção de saúde, que são medidas adotadas para servir à melhoria da qualidade

em saúde e também do bem-estar geral. O trabalho relacionado aos níveis primários

de prevenção, realizando palestras de cunho educativo para grupos especiais,

diálogos informativos, participação em campanhas e incentivo a bons hábitos de

saúde, como sono, alimentação,lazer, higiene. A educação em saúde é função de

toda equipe de profissionais atuantes na área da saúde, e não apenas de um

profissional formado especialmente para essa tarefa. A prática gerencial da

enfermagem caracteriza pela busca de possibilidades no desenvolvimento de linhas

Page 20: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

20

sensíveis e racionais para lidar com as pessoas em situação de trabalho (PEREIRA,

FAVERO, 2001).

Griboski e Guilhem (2006) ressalta quanto a assistência de enfermagem

pode ser resumida como cuidar do outro, e esse cuidar representa significados com

um sentido para a vida das pessoas que estão sendo cuidadas e com outro

significado a vida de quem está cuidando. Assim o profissional de enfermagem na

busca de visibilidade do seu trabalho pode proporcionar mudanças necessárias no

âmbito da assistência hospitalar, fortalecendo sua capacidade quanto a um

profissional de saúde.

Através da assistência que promova promoção de acolhimento e cuidado

integral e sensível, em relação as necessidade psíquicas, culturais e sociais é

possível apresentar relação dialógica nas ações de cuidado (PEREIRA, et al., 2007).

Os profissionais de saúde é colocado por Reis e Patrício (2005) como

importantes mediadores no trabalho de tornar a proposta da humanização uma

realidade. Porém conforme estabelece o Ministério da Saúde, a implementação

dessas ações está diretamente relacionada à conscientização dos profissionais em

reconhecer que a mulher é o foco no processo de parto, devendo então ter sua

dignidade e individualidade e valores respeitados.

É de extrema importância portanto profissionais capacitados para garantir

o atendimento e atenção especializada a gestante e também familiares que tenham

direito a informações e a possibilidade de expressar seus medos e sentimentos

(FIALHO, 2008).

Oliveira e Madeira (2002) ressaltam que o bem estar da mulher e o

nascimento de seu recém-nascido dependem principalmente da confiança que as

gestantes e familiares tem nos profissionais que a assistem.

Knobel et al., (2008) explica que a ciência do cuidado e prática de

enfermagem, contribui para a preservação da humanidade, na busca constante da

arte de cuidar.

2.6 PARTO HUMANIZADO

2.6.1 Conceito

O parto representa a fase resolutiva do ciclo gravídico caracterizado pela

expulsão ou extração do feto e seus anexos do organismo materno, isto é, é o

Page 21: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

21

processo pelo qual o bebê nasce. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)

(2002), o parto normal é um processo natural e, consequentemente, não deve sofrer

interferência no seu curso. (SILVA, 2005).

O parto humanizado significa o respeito dado para que todas as

dimensões do ser humano sejam atendidas, dimensões espirituais, psicológicas,

biológicas e sócias. (DINIZ, 2002).

Para Brasil (2010), a humanização do parto corresponde a um conjunto

de condutas e procedimentos capazes de promoverem o parto e o nascimento

saudáveis, por respeitar o processo natural e evitar condutas desnecessárias ou de

risco para a mãe e o bebê.

Parir e nascer são elementos centrais na reprodução da vida e

preservação das espécies. Em todas as culturas o nascimento é um rito de

passagem, através do qual os indivíduos são movidos de um status social para

outro. (DIAS, 2006).

É de suma importância dizer que o parto é muito mais do que um simples

processo fisiológico que possibilita ao feto chegar ao mundo. É o auge do período

gestacional, se tornando dessa forma um evento existencial significativo, que

representa um momento único na vida dos pais, do recém-nascido e dos demais

familiares que juntamente da mãe fizeram planos e esperaram durante o período de

gestação. (DOMINGUES; SANTOS; LEAL, 2005).

É também uma ação que se desenvolve de maneira progressiva,

influenciando o emocional da gestante e requerendo adaptações rigorosas, onde a

assistência a ser prestada deve atender às necessidades biopsicossociais e

culturais da parturiente. (MOURA; VINHAL, 2008).

Com o avanço tecnológico através dos anos, o parto natural, que é

considerado um ato fisiológico, pois ele acontece de forma que respeita a

necessidade do organismo feminino, passou a ser visualizado como algo que

poderia ser feito de maneira cirúrgica, no qual até então só era realizado nos casos

em que havia o óbito materno na tentativa de se salvar a vida fetal. (SILVA, 2005).

Esses avanços da ciência transformam o processo de parturição em um

momento totalmente medicalizado, porque se antes a cesariana era utilizada

somente em casos extremos, passou a ser realizada de forma desregrada, ela veio

preservar a vida materna e fetal, porém tornou-se o meio mais utilizado para

realização dos partos caracterizando-se em algo mecânico e impessoal, deixando de

Page 22: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

22

lado o parto fisiológico no qual era um meio mais tranquilo, pois, como era realizado

em casa, se tornava mais ameno. (CASTRO; CLAPIS, 2005).

Com o passar dos anos, a atenção humanizada veio a ser objeto de

estudo para que pudesse ser implantada, principalmente no que diz respeito ao

parto, pois, existem várias vertentes da humanização. (GRIBOSKI; GUILHEM,

2006).

Segundo Diniz (2005), a humanização da assistência, nas suas muitas

versões, expressa uma mudança na compreensão do parto como experiência

humana e, para quem o assiste, uma mudança no “que fazer” diante do sofrimento

do outro humano. No caso, trata-se do sofrimento da outra, de uma mulher. O

modelo anterior da assistência médica, tutelada pela Igreja Católica, descrevia o

sofrimento no parto como desígnio divino, pena pelo pecado original, sendo

dificultado e mesmo ilegalizado qualquer apoio que aliviasse os riscos e dores do

parto.

A gestação e o parto são fases marcantes na vida da mulher e sua

família, pois, representa a transição de mulher para mãe, portanto não é somente

um fenômeno fisiológico, mas também, biopsicossocial. (DOMINGUES; SANTOS;

LEAL, 2005).

A mudança do local de realização do parto, que antes era em casa

passando a ser realizado no hospital, gerou uma medicalização deste momento,

levando o processo de parturição familiar e privativo para a esfera pública, dentro de

instituições às quais passam a ter várias pessoas conduzindo este período,

transformando, assim, a mulher em submissa, deixando de ser a protagonista deste

momento, que seria tão dela, se não houvesse que se submeter à hospitalização.

(MOURA, CRISZOSTOMO, et.al, 2007).

Segundo Domingues, et.al, (2005), a mulher perdeu sua autonomia e

privacidade devido à separação da família e submissão às normas institucionais,

com suas práticas intervencionistas, sem o devido esclarecimento e consentimento

da gestante, sendo oferecido uma aparente segurança e conforto para a mulher e o

seu filho. Neste modelo de assistência, o parto passou a ser vivido como um

momento difícil e de medo extremo, tanto físico quanto mental. A dor, o medo e a

tensão deste momento muitas vezes impedem o ato fisiológico, sendo utilizado às

práticas intervencionistas que muitas vezes poderiam ser evitadas.

Page 23: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

23

A humanização no parto, busca mecanismos para a redução da dor, com

adoção de métodos não farmacológicos a fim de reduzir a ansiedade. E essa

humanização é independente para o parto normal ou parto cesáreo. (FIALHO,

2008).

2.6.2. Tipos de parto

Parto Normal: É um processo natural, caracterizado pela expulsão do

feto e seus anexos do organismo materno e, por ser um processo natural não deve

sofrer interferências no seu curso. Esse tipo de parto se comparado com a

cesariana, evita possíveis complicações como hematomas, dores pélvicas e

infecções e ainda diminui o tempo de recuperação. É o mais indicado porque

prepara o recém-nascido para respirar ao passar pelo canal do útero que o

comprime, liberando suas vias aéreas, é uma espécie de drenagem natural. (DINIZ,

2005).

Parto Cesariano ou Cesárea: Em geral, é recomendado se o trabalho de

parto não evoluir bem, se o bebê apresentar sinais de sofrimento. É caracterizado

como parto cirúrgico que resulta na extração do feto por meio de uma incisão nas

paredes abdominal e uterina. A cesariana geralmente ocorre após a 37ª semana de

gestação, dura cerca de uma hora, após esse tempo a paciente permanece em

observação por uma hora antes de ir para o quarto, a alimentação é iniciada após 6

horas. É um tipo de parto que proporciona à mulher, escolher o dia do nascimento e

não sentir as dores características do parto. (SILVA, 2005).

Fórcipe: É uma pinça obstétrica, instrumento aplicado sobre a cabeça do

feto para tracioná-lo ou conduzi-lo através do trajeto. O parto a fórcipe acontece via

vaginal, e atualmente é um recurso utilizado somente em casos de emergência. É

indicado quando: há falta de rotação no pólo cefálico; sofrimento fetal;

prematuridade; período expulsivo prolongado; cardiopatias, eclampsia; cicatriz

uterina anterior. O profissional de enfermagem deve estar atento ao tipo de fórcipe

solicitado (Simpson, Piper ou Kielland), e as consequências da sua utilização, como:

marcas e traumas. (DOMINGUES, et.al., 2005).

Page 24: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

24

Parto de Cócoras: É semelhante ao parto normal, no entanto, a

diferença está na posição em que a gestante fica: de cócoras, ou seja, agachada. A

posição de cócoras oferece várias vantagens, como o fato do parto ser mais rápido,

devido ao auxilio da gravidade e a oxigenação do bebê ser melhor. Neste tipo de

parto, a mulher geralmente se apoia nos ombros e braços de seu companheiro,

fazendo com que o mesmo tenha um papel decisivo tanto no lado físico quanto

psicológico. É colocado também, um espelho para que a mulher possa acompanhar

o nascimento e ser visualmente estimulada para o processo de expulsão. (BOFF,

2002).

Parto Leboyer: O obstetra francês Frederic Leboyer, apresentou esse

tipo de parto na década de 70. O parto Leboyer é uma filosofia de assistência ao

parto, criado para acolher a mãe e o bebê, em um momento que exige muita energia

dos dois e muitas vezes não se tem conhecimento prévio sobre o trabalho de parto.

O parto Leboyer é realizado com as seguintes condições: pouca luz, para não

incomodar o bebê; silêncio, principalmente após o nascimento; banho próximo à

mãe após o nascimento, que pode ser dado pelo pai; ambiente quente, como por

exemplo, o abdômen da mãe, a fim de atenuar o impacto da diferença entre o

mundo intra-uterino e o extra-uterino. (DINIZ, 2005).

Parto na água: Tal método consiste na preparação de uma banheira com

água morna (36ºC) na qual a gestante permanece. Nesse tipo de parto, o ambiente

fica a meia luz, sendo que o pai ou acompanhante tem a opção de ficar dentro da

banheira com a mulher. Casos de acidentes envolvendo o método são raríssimos, e

se comparados aos outros tipos de partos, onde também ocorrem acidentes, o parto

na água é seguro. (DOMINGUES; SANTOS; LEAL, 2005).

2.6.3. Parto Humanizado e o SUS Caminhando Juntos

A melhora no atendimento, melhora dos índices da saúde materna, e

diminuição do número de mortes é um dos principais objetivos preconizados pelo

humanização no parto na rede SUS. Para alcançar tal propósito é necessário a

busca por segurança, a busca também pela obtenção de bons resultados, visando

Page 25: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

25

bem estar da mulher e do recém – nascido respeitando-se direitos constituídos.

(SERRUYA, et.al, 2006).

Vale enfatizar aqui, um dado preocupante que precisa ser dado maior

atenção, que vem a ser em relação a assistência inadequada à mulher, durante a

gestação, que pode vir a ocasionar sérias conseqüências, como por exemplo a

mortalidade materna, onde o pré-natal devidamente realizado pode reduzir riscos e

agravos à vida da mãe e da criança e à mortalidade infantil, que é também um dado

agravante no Brasil.

Este início surgiu por volta dos anos 80, que detinha um movimento social

pela humanização do parto e nascimento, onde os profissionais de saúde envolvidos

na assistência de perinatal, deviam ter a preocupação e propor medidas que

melhorassem o atendimento no nascimento. Sendo então caracterizado pelo mesmo

autor como um conjunto de condutas e procedimentos que devem ter como

finalidade a promoção do parto e nascimento saudáveis contra morbimortalidade

materna e perinatal. Sendo que este deve ser realizado com o mínimo de

intervenções possível, por profissionais capacitados para prever possíveis

complicações obstétricas, e que demonstrem confiança e respeito a individualidade

da mulher. (BOFF, 2002).

A assistência humanizada tem como princípio assegurar a qualidade

prestada no pré-natal, através do envolvimento da mulher, sua família e demais

acompanhantes, no processo de gerar e parir, considerando limitações e

potencialidades biológicas, socioculturais e afetivas é também em relação a

promoção de ações que aumentem a compreensão dessa população sobre esse

processo. Esse novo paradigma foi concebido pelo movimento de mulheres em

associação com profissionais de saúde e traduzido nas bases programáticas do

Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), instituído pelo

Ministério da Saúde em 1983. A partir da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em

1986 e da promulgação da Constituição, em 1988, o direito à saúde estaria

garantido por lei e um sistema único de saúde deveria ser implantado de forma

descentralizada e com instâncias de controle social. (DINIZ, 2005).

Entendendo que a não percepção da mulher como sujeito e o

desconhecimento e desrespeito aos direitos reprodutivos constituem o pano de

fundo da má assistência, o Ministério da Saúde instituiu, em junho de 2000, o

Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), no qual o respeito a

Page 26: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

26

esses direitos e a perspectiva da humanização aparecem como elementos

estruturadores. (SERRUYA et.al, 2004).

Segundo este mesmo autor, a fundamentação da medida ministerial, na

instituição das portarias do PHPN, pretende ser um marcador de águas anunciando

o paradigma da humanização como novo modelo de atenção à mulher durante a

gestação e o parto.

A assistência no pré natal adequada deve reunir conjunto de

procedimentos clínicos e educativos com o objetivo de promover a saúde da

gestante e do concepto. Um destaque também deve-se em relação ao apoio

laboratorial mínimo para realização de exames de rotina, como uma das condições

para uma assistência pré-natal efetiva e que toda unidade de saúde deve garantir a

efetivação. Deve acontecer também um acompanhamento médico e de enfermagem

à gestante, devendo ter início a partir do momento de concepção até o trabalho de

parto, que tenha como finalidade de prevenir, controlar ou tratar intercorrencias que

possam vir a ocorrer na gestação, por meio da avaliação e do monitoramento

clínico-obstétrico. Onde vale ressaltar a importância de acompanhamentos em

gestantes, em seus pré-natais, hipertensão e outros itens que podem ocasionar

problemas tanto a mãe como ao bebê, e também no parto futuramente (MOURA;

RODRIGUES, 2003).

É importante que o profissional de enfermagem estabeleça uma ¨ parceria

de confiança ¨ coma mãe, isto é, ajude a aumentar sua estima própria e a confiança

no ato de amamentar, levando-a finalmente a se tornar independente no cuidado do

bebê (CARVALHO, TAMES, 2002) A função do profissional de saúde é fundamental

para a introdução da educação sobre o aleitamento materno já nos primeiros meses

do período pré-natal.

O papel do enfermeiro consiste em orientar a mulher e seu companheiro

sobre os benefícios da amamentação, para a criança, para a família e especialmente

para a própria mulher que amamenta. Indicar leituras e materiais educativos aos

pais, que devem estar a disposição nos serviços de pré-natal. Durante os

encontros,a enfermeira deve incentivar a mulher a fazer perguntas, a comentar

sobre possíveis duvidas, tabus comuns na comunidade, e oferecer informações

adicionais (LOWNDERMILK, 2002).

Page 27: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

27

A equipe de enfermagem tem um papel relevante na promoção do

aleitamento materno, um deles e apoiar as mães, através de ajuda e principalmente

orientação. (MCNATT, FRESTON, 1992).

Para assegurar que todas as expectativas maternas e necessidades do

recém-nascido quanto ao aleitamento sejam atendidas e necessárias que a equipe

de enfermagem atue junto com as mulheres e aos familiares informando as

estratégias e vantagens de se iniciar e dar continuidade ao processo de aleitamento.

(TARKKA, PAUNONEN, 1996, apud CORREA, JULIANE, 2002).

Em relação aos cuidados à recém- nascidos, tem se procurado nos

últimos anos, a valorização da amamentação e à preocupação em humanizar o

atendimento prestado aos recém-nascidos e também a sua família (SAKAE; COSTA

E VAZ, 2000).

Reichert; Lins e Collet (2007) em relação a criança, coloca esta como um

ser único, pleno de potencialidades, vivenciado em sua vida intra-uterina e no

momento do nascimento, uma série de transformações que são decisivas no seu

crescimento e desenvolvimento saudáveis. E para se dar conta da complexidade

que é assistir o Recém-Nascido, é preciso ressaltar a importância do envolvimento

da equipe de enfermagem na assistência à mãe e filho, através de uma assistência

humanizada, facilitando a interação entre equipe/profissional – Recém nascido –

Mãe.

A enfermagem materno-infantil abrange questões que inclui cuidados com

saúde da mulher, assistência à maternidade e os cuidados com recém-nascidos.

Inclui também assistência da gestante do início ao fim do trabalho de parto, e

também aos cuidados com a puérpera e com o recém-nascido.

Pereira et al., (2007) coloca quanto a mudanças estruturais para uma

assistência adequada à mulher gestante, é que o centro cirúrgico deixe de ser o

local privilegiado do parto, resgatando a importância da sala do parto e até mesmo

de novos cenários de atendimento.

Outro passo colocado por Hotimsky e Schraiber (2005) para humanizar a

assistência é oferecer analgesia para o paciente, conforme também sugere Diniz

(2001) que a humanização tem como referencia a legitimidade do acesso a

analgesia, sendo considerada por alguns imprescindíveis na atenção ao parto, para

então a prática de desta de forma indolor, seguro e eficiente.

Page 28: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

28

Porém vale ressalva no sentido de que o programa de humanização

defende a assistência ao trabalho de parto normal, com o objetivo de resgatar o

caráter fisiológico no processo do nascimento de forma positiva e sem traumas, e o

desconforto ocasionado por dor, podem ser minimizados pelo uso de técnicas de

massagem e relaxamento, posturas variadas, música, métodos de respiração e

práticas alternativas que favoreçam para o bom desenvolvimento do parto,

fornecendo na mulher e no seu bebê, conforto e segurança (ARAGÃO, 2009).

Reis e Patrício (2005), coloca que o Ministério da Saúde preconiza e

observa que a assistência ao pré-natal é o início de todo poderoso de nascer

saudável.

Diniz (2005) explica que a humanização da assistência, favorece para

compreensão do parto como experiência humana, e para quem o assiste, uma

mudança no que fazer diante do sofrimento do outro humano. Devendo então,

oferecer solidariedade humanitária e científica diante do sofrimento.

Page 29: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

29

CAPÍTULO III: METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão de literatura científica, na modalidade

denominada revisão bibliográfica. A sua realização consiste na possibilidade de

oferecimento de subsídios para a implementação de modificações que promovam a

qualidade das condutas assistenciais de enfermagem por meio de modelos de

pesquisa.

Para a realização desse estudo primeiramente foram identificado e

localizado artigos compatíveis com os objetivos propostos nesse tema. As bases de

dados que foram utilizadas para a pesquisa em biblioteca virtual com sistema de

busca online foram as seguintes: Scientific Electronic Library Online (Scielo) e

Literatura Latino-Americana Os Descritores em Ciências da Saúde (DECS) utilizados

para buscar os artigos foram: ‘humanização’, parto humanizado, atenção de

enfermagem humanizado. A coleta de dados foi realizada entre Agosto de 2011 a

Abril de 2012.

Os critérios de inclusão definidos para seleção de artigos foram: Artigos

publicados em português, disponíveis na íntegra e que fossem compatíveis com os

objetivos e temática do estudo, publicados e indexados nos referidos bancos de

dados de revistas voltadas a área de enfermagem.

Após os levantamentos bibliográficos, realizou-se leitura exploratória de

obras que abordavam o tema utilizando um processo seletivo para determinar o

material que relacionava com o objetivo da pesquisa. Os artigos selecionados foram

analisados na íntegra, através da confecção de dois instrumentos para coleta das

informações: os fichamentos definindo e sumariando as informações, e a elaboração

de uma tabela contendo os seguintes itens: autor, ano, tipo de estudo, relação com

enfermagem e principais queixas. Assim, determinando os que relacionavam com o

objetivo e respondessem a problemática do estudo.

E, por fim a interpretação dos dados realizada organizadamente por meio

do fichamento e da tabela, agrupando os artigos em três categorias de análise: 1)

Humanização; 2) Humanização no parto e, 3) Assistência de enfermagem

humanizada. Oferecendo suporte para confecção do relatório e análise crítica,

conforme demonstrado nos resultados e discussão desse estudo.

Page 30: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

30

A leitura realizada foi modo exploratório, objetivando verificar as obras

que abordavam o tema, realizando também pesquisa seletiva para determinar o

material que interessa a realização da pesquisa. O procedimento seguinte foi leitura

analítica dos textos selecionados, definindo e sumariando as informações de acordo

com o assunto em estudo, de forma que estas possibilitaram obtenção de respostas

ao problema da pesquisa. E por fim a leitura interpretativa onde foram relacionados

os dados obtidos nas fontes. Assim, o próximo passo foi à confecção de fichas, que

teve por objetivo identificar as obras consultadas, e assim analisar e selecionar

material pertinente à pesquisa. Oferecendo suporte para confecção do relatório

seguindo as normas a serem publicadas, como também a análise crítica do material

encontrado, conforme demonstrado nos resultados desse estudo.

Page 31: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

31

CAPÍTULO IV: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Através do estudo realizado, observa-se que a humanização refere-se a

atenção oferecida ao paciente através dos serviços de saúde. O cuidado

humanizado implica na possibilidade de estar atento às condições e necessidades

do outro, aqui destacado a relação humana. A humanização então aparece como a

redefinição das relações humanas na assistência, revendo o ato de cuidar e também

compreendendo a condição humana. Onde o profissional deve estar atento as

necessidades, sendo que além do tratamento oferecido é necessário respeito,

acolhimento e ética para com o paciente e também sua família. Consiste também

em desenvolver melhores condições de trabalho e de participação dos diferentes

sujeitos implicados no processo de produção de saúde. (FERREIRA, 2003;

CASTRO, CLAPS, 2005; SCHECK; RIESGO, 2006; PESSINI, BERTACHINI, 2004).

Um dos pontos que merece-se também atenção especial é com relação

ao avanço no exercício profissional da saúde, que deve envolver todos os

profissionais envolvidos na saúde, numa atividade multidisciplinar, estimulando-os a

repensar sua relação com a paciente (TORNQUIST, 2002).

É de total relevância comunicação eficaz entre profissional e paciente,

onde este sinta segurança com o profissional envolvido durante seu atendimento

(MOURA; VINHA, 2008)

Um dos pontos de grande ênfase com relação a humanização refere-se

ao parto, onde preconiza-se que profissionais de saúde preste assistencia de

qualidade à parturiente. Assim o profissional de enfermagem na busca de

visibilidade do seu trabalho pode proporcionar mudanças necessárias no âmbito da

assistência hospitalar, fortalecendo sua capacidade quanto a um profissional de

saúde. É necessário então que o profissional enfermeiro e demais da área da saúde

execute suas funções com respeito, dignidade, entendendo fatores adversos

(PESSINI; BERTACHINI, 2004; WERNECK, 2005; OLIVEIRA, 2007; OLIVEIRA e

MADEIRA, 2002).

Nesse aspecto destaca-se o PHPN (Programa de Humanização do Pré

Natal e Nascimento) foi criado para aprimorar o Programa de Assistência Integral à

Saúde da Mulher, enfatiza os direitos da mulher, propondo a humanização como

Page 32: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

32

estratégia para melhoria da qualidade da atenção. Tal proposta inclui as relações

com a mulher, cuidados com o recém nascido e familiares. Isso requer a

participação de diferentes profissionais da equipe de saúde, como por exemplo,

psicólogos, assistentes sociais, para que haja portanto, uma abordagem integral que

garanta e atenda as necessidades das mulheres, seus parceiros e familiares durante

a gravidez. (BRASIL, 2010; DUARTE, ANDRADE, 2008; PEREIRA; FAVERO, 2001;

GRIBOSKI e GUILHEM, 2006;

Assim profissionais que lidam diretamente com o ser humano, devem

tratar o outro com igualdade, respeito, ética e aproximação. E preciso que

desenvolva ações necessárias para que a humanização realmente aconteça em

ambiente hospitalar, e principalmente para que tal processo aconteça é necessário

envolvimento e comprometimento de todos os profissionais como médicos, corpo de

diretores, enfermeiros e pacientes.

Tal atenção ao parto, refere-se que esse processo é de total relevância

para a mulher e até mesmo no sentido da vida. representa um momento único na

vida dos pais, do recém-nascido e dos demais familiares que juntamente da mãe

fizeram planos e esperaram durante o período de gestação. E nada mais justo que

num momento tão importante se tenha respeito a mulher, a criança que está vindo

ao mundo e aos seus familiares. Sendo assim é necessário é fundamental que se

estabeleça conjuntos de condutas e procedimentos capazes de promoverem o parto

e o nascimento saudáveis, por respeitar o processo natural e evitar condutas

desnecessárias ou de risco para a mãe e o bebê. Assim como buscar atender as

necessidades biopsicossociais e culturais da parturiente. (SILVA, 2005; DINIZ, 2002;

BRASIL, 2010; DIAS, 2006; DOMINGUES; SANTOS; LEAL, 2005; MOURA;

VINHAL, 2008).

Conclui-se portanto que para o bom desenvolvimento do trabalho de

parto, é necessário o bem estar físico e emocional da mulher, o que favorece a

redução de riscos e complicações. Para tanto, o respeito ao direito da mulher a

privacidade, a segurança e conforto, com uma assistência humana e de qualidade,

aliado ao apoio familiar durante a parturição, transformam o nascimento num

momento único e especial.

Page 33: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a elaboração do presente trabalho, foi possível perceber e constatar

que a participação do enfermeiro no processo de trabalho de parto, expulsão e

nascimento, proporciona fundamentalmente satisfação à parturiente e ao

profissional.

Verificou-se que a partir do momento em que há uma assistência

humanizada neste processo tão importante, que é o parto, a parturiente se sente

mais acolhida, pois com a humanização, são tiradas todas as suas dúvidas e

incertezas, deixando-a mais a vontade e preparada para este momento, partindo daí

a premissa da humanização da assistência ao parto para garantir um melhor

resultado para a gestante.

O Brasil assume uma direção em prol de políticas comprometidas com a

melhoria das condições de vida da população e as políticas de saúde devem

contribuir, realizando sua tarefa primária de produção de saúde e de sujeitos, de

modo sintonizado com os princípios éticos no trato com a vida humana.

Por isso, o enfermeiro deve conhecer a situação da parturiente, para que

possa interpretar e compreender seu sofrimento, escolhendo as melhores

estratégias para sanar tal problema.

O trabalho conjunto entre todos os profissionais envolvidos permitiria uma

atenção menos intervencionista, respeitando os limites de atuação de cada

categoria.

É necessário que os profissionais de saúde trabalhem para que as

parturientes reconheçam seus direitos a uma assistência humanizada, pois uma das

finalidades desse tipo de parto é a participação efetiva e ativa da parturiente, fato

que só será alcançado se a mesma confiar na equipe multiprofissional e sentir-se

tranquila e informada em relação aos procedimentos do parto.

Foi possível concluir que para se implantar um bom modelo assistencial

de parto humanizado é necessário que as mulheres e seus acompanhantes

conheçam nos direitos reprodutivos na atenção ao parto e nascimento, que sejam

bem orientados pela equipe multiprofissional, e que haja boas condições estruturais

nas Unidades de Saúde e os profissionais estejam preparados para acolher tanto a

Page 34: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

34

parturiente quanto seu acompanhante, levando em consideração que o parto

humanizado é algo familiar e é um direito reprodutivo.

O parto humanizado beneficia a mãe e o bebê por ser um parto indolor,

que permite acompanhamento familiar, e que é realizado de forma natural e

humana, é um parto que não causa traumas, e, diminui a incidência de morte e

sofrimento materno e fetal.

Percebe-se que o enfermeiro sabendo da sua responsabilidade precisa

garantir o cuidado, o conforto, a clareza das rotinas a serem cumpridas não só pela

equipe de enfermagem, mais também pelos demais profissionais da equipe de

saúde envolvidos, proporcionando assim segurança, e satisfação á mulher no

desenrolar do parto.

Page 35: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAGÃO, Carolina de Oliveira. Assistência de enfermagem ao parto humanizado.

webartigos. Publicado em: 02/07/2009. Disponível em: http://www.web

artigos.com/articles/20670/1/.

BOFF, L. Saber Cuidar: Ética do Humano – Compaixão pela Terra. 5. ed.

Petrópolis: Vozes, 2002.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de

Humanização. Cadernos HumanizaSUS. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2010.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de

Ações Programáticas. Coordenação Geral de Informação e Análise Epidemiológica.

Morbimortalidade Infantil e Fetal. Brasília, DF, 2009.

BRUGGEMAMM, O.M.; PARPINELLI, M.A.; OSIS, M. J. D. Evidências Sobre o

Suporte Durante o Trabalho de Parto: uma revisão da literatura. Revista Ciência e

Saúde Coletiva, v.21, n.5, Rio de Janeiro, 2005.

CARVALHO, Ariana Rodrigues Silva; PINHO, Maria Carla Vieira; MATSUDA, Laura

Misue; SCOCHI, Maria José. Cuidado e Humanização na Enfermagem: reflexão

necessária. II Seminário Nacional Estado e Políticas Sociais no Brasil, Cascável,

out./2005a.

CARVALHO, M. R. de & TAMES, R. N. Amamentação: bases científicas para a

prática profissional. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2002.

CARVALHO, Meire Pinheiro Soares; PINTO, Sandra Regina Gonçalves; VAZ, Maria

José Rodrigues. Parto Humanizado: percepção de puérperas. São Paulo: Bolina.

Revista Saúde Coletiva, v.2, n.7, pp. 79-83, 2005b.

CASTRO, J.C.; CLAPIS, M.J. Parto Humanizado na Percepção das Enfermeiras

Obstétricas Envolvidas com a Assistência ao Parto. Revista Latino Americana de

Enfermagem, v.13, n.6, Ribeirão Preto, 2005.

CORRÊA, C.R.H.; JULIANI, C.M.C. Aleitamento materno: Conhecimentos e atitudes

da equipe de enfermagem. Revista Paulista de Enfermagem. v. 21, n.1, p.84-94,

2002.

Page 36: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

36

DIAS, M.A.B.; DOMINGUES, R.M.S.M. Desafios na Implantação de uma Política

de Humanização da Assistência Hospitalar ao Parto. Ciência & Saúde Coletiva,

v.10, Campinas, 2005.

DIAS, Marcos Augusto Bastos. Humanização da Assistência ao Parto: conceitos,

lógicas e práticas no cotidiano de uma maternidade pública. Tese de Doutorado em

Saúde da Mulher e da Criança do IFF/FIOCRUZ, fev./2006, 283p.

DINIZ SG & CHACHAM A. Humanização do Parto – dossiê. Rede Nacional

Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, 2002.

DINIZ, C.S.G. Humanização da Assistência ao Parto no Brasil: os muitos

sentidos de um movimento. Revista Ciência e Saúde Coletiva, v.10, n.3, Rio de

Janeiro, 2005.

DOMINGUES, R.M.S.M.; SANTOS, E.M.; LEAL, M.C. Aspectos da Satisfação das

Mulheres com a Assistência ao Parto: Contribuição para o debate. Revista Latino

Americana de Enfermagem, Rio de Janeiro, 2005.

DUARTE, Sebastião Júnior Henrique; ANDRADE, Sônia Maria Oliveira de. O

Significado do Pré-natal Para Mulheres Grávidas: uma experiência no município

de Campo Grande – Brasil. Revista Saúde e Sociedade. São Paulo, v.17, n.2, p.

132-139, abr./jun. 2008.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua

Portuguesa. 3. ed., rev. ampl. Editora Nova Fronteira, 2003.

FIALHO, Tatiana Cupertino. O Papel do Enfermeiro no Parto Humanizado.

EVATA/FAVAP, Viçosa – MG, 2008.

GARCIA, E. O humanismo na Busca da Satisfação do Paciente. Goiânia: AB,

2005.

GONÇALVES, Roselane; et.al. Avaliação da Efetividade da Assistência Pré-natal

de uma Unidade de Saúde da Família em um Município da Grande São Paulo.

Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília, v.61, n.3, p.349-353, maio/jun. 2008.

GRIBOSKI, R.A.; GUILHEM, D. Mulheres e Profissionais de Saúde: o imaginário

cultural na humanização ao parto e nascimento. Revista Texto e Contexto em

Enfermagem, v.15, n.1, Florianópolis, 2006.

Page 37: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

37

HOTIMSKY, SN; ALVARENGA, AT. A Definição do Acompanhante no Parto: uma

questão ideológica? Rev. Estud. Fem. 2002; 10(2): 461-81.

HOTIMSKY, Sonia N.; SCHRAIBER, Lilia B. Humanização no contexto da formação

em obstetrícia. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.10 n.3, jul/agos. 2005.

KNOBEL, R; CARRARO, T E; FRELLO, A T; GREGÓRIO, V R P; GRUDTNER, D I;

RADUNZ, V; MEINCKE, S M K. O papel da equipe de saúde no cuidado e conforto

no trabalho de parto e parto: opinião de puérperas. Texto contexto enferm.

Florianópolis. Jul/set., 2008.

LONGO, Cristiane Silva Mendonça; ANDRAUS, Lourdes Maria Silva; BARBOSA,

Maria Alves. Participação do Acompanhante na Humanização do Parto e Sua

Relação Com a Equipe de Saúde. Revista Eletrônica de Enfermagem, v.12, n.2,

p.386-91, 2010.

LOWNDERMILK, D.L. et al. O cuidado em Enfermagem maternal. 5 ed. São

Paulo: ARTMED, 2002.

MAZZIERI, S.P.M.; HOGA, L.A.K. Participação do Pai no Nascimento e Parto:

revisão da literatura. Revista Latino Americana de Enfermagem, Rio de Janeiro,

2006.

MCNATT, M.H; FRETSON, M.S. Apoio social e os resultados de lactação em

puérperas. . Journal of Human Lactation, 8(2), 73-77. 1992.

MELLO, Sérgio Braga de. A Humanização Sob o Ponto de Vista do Gestor de

Saúde. Boletim da Saúde, Porto Alegre, v.20, n.2, jul./dez. 2006.

MINAGAWA AT; BIAGOLINE RE; FUJIMORI E; OLIVEIRA IM; MOREIRA AP;

ORTEGA LD. Baixo peso ao nascer e condições maternas no pré-natal. Revis. esc.

enferm. USP. Vol.40. n°.4. São Paulo: Dec. 2006

MOTA, Roberta Araújo; MARTINS, Cleide Guedes de Melo; VÉRAS, Renata Meira.

Papel dos Profissionais de Saúde na Política de Humanização Hospitalar.

Revista Psicologia em Estudo. Maringá, v.11, n.2, p.323-330, maio/agosto, 2006.

MOURA, E R F; RODRIGUES, M S P. Comunicação e informação em saúde no pré-

natal. Interface - Comunic, Saúde, Educ, v7, n13, p.109-18, ago 2003.

Page 38: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

38

MOURA, F.M.J.S.P.; CRIZOSTOMO, C.D.; NERY, I.S.; MENDONÇA, R.C.M.;

ARAÚJO, O.D.; ROCHA, S.S. A Humanização e a Assistência de Enfermagem ao

Parto Normal. Revista Brasileira de Enfermagem, v.60, n.04, Brasília, 2007.

MOURA, G.A.; VINHAL, L.L.M. Mãe-Canguru: sentimentos e percepções sobre o

desenvolvimento do apego na visão das mães que vivenciam este processo. 2008.

20f. Trabalho de Conclusão de Curso (artigo) – Universidade Salgado de Oliveira,

Goiânia, 2008.

MOURA, Maria Aparecida Vasconcelos; ARAÚJO, Carla Luzia França; FLORES,

Paula Vanessa Peclat; MUNIZ, Priscila de Azeredo; BRAGA, Marina Ferreira.

Necessidades e expectativas da parturiente no parto humanizado: a qualidade

da assistência. Revista de Enfermagem UERJ; 10(3): 187-193, set./dez., 2002.

NAGAHAMA, Elizabeth Eriko Ishida; SANTIAGO, Silvia Maria. Práticas de atenção

ao parto e os desafios para humanização do cuidado em dois hospitais

vinculados ao Sistema Único de Saúde em Município da Região Sul do Brasil.

Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(8): 1859-1868, ago./2008.

NETTO. A.A, Metodologia da Pesquisa Científica. 2ªed. Rio de Janeiro: Visual

Books, 2006.

OLIVEIRA, Diogo Nogueira Protásio Lopes de. Humanização da saúde: uma

proposta antropológica; uma abordagem alternativa. Lato & Sensu. Belém. v. 4. n.,

01. Out., 2003.

PEREIRA, M.C.A.; FÁVERO, N. A motivação no trabalho da equipe de enfermagem.

Rev. Latino-Americana Enfermagem, 9(4):7-12, 2001

PESSINI, L & BERTACHINI, L. Humanização e Cuidados Paliativos. São Paulo:

Loyola, 2004.

REICHERT, A P da S; LINS, R N P; COLLET, N. Humanização do Cuidado da UTI

Neonatal. Revista Eletrônica de Enfermagem. v. 09, n. 01, p. 200 - 213, 2007.

Disponível em http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n1/v9n1a16.htm

REIS, A. E; PATRÍCIO, Z. M. Aplicação das ações preconizadas pelo Ministério da

Saúde para o parto humanizado em um hospital de Santa Catarina. Ciência &

Saúde Coletiva, 10(sup), 221-30. 2005.

Page 39: TCC -  KLENNIA RODRIGUES - PARTO HUMANIZADO - A PERCEPÇAO DA ENFERMAGEM

39

SAKAE, P P O; COSTA, M T Z da; VAZ, F A C. Cuidados perinatais humanizados e

o aleitamento materno promovendo a redução da mortalidade infantil. Pediatria. 23

(2) São Paulo. 2001.

SCHECK, C.A.; RIESGO, M.L.G. Intervenções no Parto de Mulheres Atendidas

em um Centro de Parto Normal Intra-hospitalar. Revista Latino Americana de

Enfermagem, Rio de Janeiro, 2006.

SERRUYA, Suzanne Jacob; CECATTI, José Guilherme; LAGO, Tania di Giacomo. O

Panorama da Atenção Pré-natal no Brasil e o Programa de Humanização do

Pré-natal e Nascimento. Revisa Latino Americana de Enfermagem, Rio de Janeiro,

2006.

SERRUYA, Suzanne Jacob; CECATTI, José Guilherme; LAGO, Tania di Giacomo. O

Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento do Ministério da Saúde

no Brasil: resultados iniciais. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.20, n.5,

p. 1281-1289, set./out. 2004.

SILVA, A.C.S.; DADAM, S.H. Parto Humanizado ou Parto Mecanizado. Encontro

Paranaense, Congresso Brasileiro, Convenção Brasil/Latinoamérica, 2008.

SILVA, Janize C. Manual Obstétrico: um guia prático de enfermagem. São Paulo:

Escolar, 2005, 132p.

TEIXEIRA, Kátia de Cássia; BASTOS, Raquel. Humanização do Parto. IX

Congresso Nacional de Educação – EDUCERE. III Encontro Sul Brasileiro de

Psicopedagogia, out./2009.

TORNQUIST, C.S. Armadilhas da Nova Era: natureza e ideário da humanização

do parto. Revista Estudos Feministas, Santa Catarina 2002.

WERNECK, Hamilton. O profissional do século XXI. 2° edição, Rio de Janeiro:

Recorde, 2005.