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Técnicas de Socorrismo Princípios Básicos Formação Inicial para Vigilantes PSG- Serviços Integrados, Lda. Rua de S. Remo, nº 311- Salas A e B Monte Estoril 2795-447 Estoril Nº Azul: 808 202 976 E-mail: [email protected] Website:www.psg-servicos.pt

Técnicas de Socorrismo Princípios Básicos · 2020-05-17 · Os primeiros socorros podem muitas vezes fazer a diferença entre a vida e a morte ou entre as lesões ligeiras ou agravadas

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Técnicas de Socorrismo

Princípios Básicos

Formação Inicial para Vigilantes

PSG- Serviços Integrados, Lda.

Rua de S. Remo, nº 311- Salas A e B

Monte Estoril

2795-447 Estoril

Nº Azul: 808 202 976

E-mail: [email protected]

Website:www.psg-servicos.pt

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ÍNDICE

1 – Introdução aos primeiros socorros 3

2 – SIEM – Sistema Integrado de Emergência Médica 4

3 – Exame geral da vítima 5

4 – Suporte Básico de Vida (Reanimação Cárdio-Respiratória) 9

5 – PLS (Posição Lateral de Segurança) 15

6 – Choque hipovolémico 16

7 – Hemorragias 17

8 – Asfixia (Obstrução da via aérea respiratória) 20

9 – Intoxicações 22

10 – Queimaduras 23

11 – Fracturas e traumatismos 25

12 – Alterações de consciência 28

13 – Doenças naturais 29

14 – Regras gerais de higiene 37

15 –Caixa de material de primeiros socorros 37

Bibliografia 38

Manual elaborado pelo formador Rui Afonso

UFCD 4478 Técnicas de Socorrismo - Princípios BásicosMANUAL DE FORMAÇÃO

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1 Introdução aos primeiros socorros

Em todo o tipo de actividades, as pessoas correm riscos inerentes às mesmas e osacidentes ou as situações de doença súbita podem, em alguns casos, ser evitadosatravés da adopção de medidas preventivas ou pela simples mudança de hábitos devida. No entanto, a possibilidade de estes ocorrerem é sempre uma realidade presente.

Assim, a forma mais eficaz de eliminar ou reduzir nas vítimas as sequelas queresultam destes incidentes, é através do socorro prestado nos primeiros minutos quesucedem ao incidente. A eficácia deste primeiro socorro será tanto maior quanto maiorfor a formação do socorrista.

Os primeiros socorros podem muitas vezes fazer a diferença entre a vida e a morteou entre as lesões ligeiras ou agravadas.

O que se pretende no fundo com a formação em primeiros socorros é criarcompetências na actuação em situações de emergência com vista à estabilização deuma vítima até à chegada de socorro especializado.

Princípios gerais do socorrismo

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2 SIEM – Sistema Integrado de Emergência Médica

O SIEM é assegurado em território nacional pelo Instituto Nacional de EmergênciaMédica – INEM,Serviço Nacional de Bombeiros, Protecção Civil – ANEPC e todos osintervenientes das equipas médicas ou público em geral.

O número europeu de socorro – 112, dispõe de vários meios para responder comeficácia, a qualquer hora, a situações de emergência médica.

Cadeia de sobrevivência

CODU – Centro de Orientação de Doentes Urgentes

Deve informar o (112) de forma simples e clara:

– O tipo de situação e sua gravidade (doença, acidente, parto, etc.);– O número de telefone do qual está a ligar;– A localização exacta e, sempre que possível, pontos de referência;– O número aparente das pessoas a necessitar de socorro;– A existência de qualquer situação que exija outros meios para o local, por

exemplo, libertação de gases, perigo de incêndio, etc;– Desligue o telefone apenas quando o operador indicar.

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3 Exame geral da vítima

Exame Primário:

1. Avaliar o estado de consciência;2. Avaliar se ventila;3. Avaliar se tem pulso;4. Detectar hemorragias externas graves;5. Detectar sinais evidentes de choque.

1. Avaliação do estado de consciência

Avaliar se a vítima responde a estímulos, chamando-a pelo nome (se possível) ebatendo-lhe suavemente nos ombros.

Se a vítima não responder gritamos em voz alta: - “Ajuda, vítima inconsciente”.

2. Avaliar se ventila

Verificar se a via aérea está obstruída por algum objecto que não permite apassagem do ar (pesquisa da cavidade bocal).

Proceder à abertura da via aérea fazendo a extensão da cabeça (a língua fazobstrução à passagem do ar porque quando a vítima está inconsciente os músculosrelaxam).

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Sente-se bem?Está-me a ouvir?

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Atenção

Em caso de suspeita de lesão na colunaa abertura das vias aéreas não pode ser

efectuada com a extensão da cabeça.

O método alternativo é a tracção com elevaçãoda mandíbula (maxilar inferior).

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Tracção

Elevaçãoda

mandíbula

Extensãoda

cabeça

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Colocar a face junto do nariz e boca da vítima e, fazendo uso dos sentidos da visão,audição e tacto, aplicar a sigla VOS (Ver, Ouvir e Sentir) para se detectar osmovimentos ventilatórios, durante 10 segundos e da seguinte forma:

- Ver se existem movimentos ventilatórios torácicos;- Ouvir e sentir a entrada e saída de ar pela boca e nariz da vítima.

3. Avaliar se tem pulso

Os sinais evidentes de circulação são:

Pulso Tosse Ventilação Movimentos espontâneos

O pulso é o resultado da acção de uma onda de sangue que passa ao longo dasartérias sempre que o coração se contrai.

É possível palpar o pulso em várias artérias. As mais utilizadas pelo socorrista sãoas artérias radiais e as artérias carótidas.

No entanto, numa vítima inconsciente pesquisa-se sempre o pulso carotídeo,procedendo do seguinte modo:

1º Colocar os dedos (indicador emédio) sobre a maçã-de-adão (laringe)e deslizar na sua direcção até encontraruma depressão entre a traqueia e o

músculo do pescoço para sentir o pulsocarotídeo.

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2º Palpe suavemente, sem comprimir demasiado e em simultâneo coloque a suaface novamente junto do nariz e da boca da vítima (como no VOS) e verifique seexistem movimentos espontâneos, tosse, ventilação (tudo isto durante 10 segundos).

Nota:

Na realização do VOS, executar ao mesmo tempo a pesquisa do pulso carotídeo, durante

10 segundos, transformado agora em VOSP (técnica do INEM).Os leigos na matéria devem executar o VOS.

4. Detectar hemorragias externas graves

As hemorragias graves são facilmente detectáveis. Na grande maioria dos casos,basta olhar para a vítima para concluir se há ou não perda intensa de sangue. Quandoa hemorragia é abundante, pode levar a situações de grande risco para a vida.

5. Detectar sinais evidentes de choque

O choque é uma situação muito grave, que pode conduzir à morte.Como tal, o socorrista deve estar atento aos sinais evidentes de choque.

Exame Secundário:

1. Recolha de informação;2. Avaliação de sinais vitais.

1. Recolha de informação

a) Saber o que aconteceu à vítima; b) Identificar a principal queixa da vítima - nem sempre o que dói mais é o dado

mais evidente;c) Conhecer os antecedentes pessoais (doenças anteriores, alergias, medicação,

etc.)

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2. Avaliação de sinais vitais

PULSO– é o resultado da acção de uma onda de sangue que passa ao longo dasartérias sempre que o coração se contrai.

A frequência normal no adulto é de 60 a 100 batimentos por minuto. Nas criançascom mais de 1 ano de idade os valores estão entre 80 e 100 batimentos por minuto enas crianças até 1 ano de idade é superior a 100 batimentos por minuto.

VENTILAÇÃO – Ao conjunto de uma inspiração e expiração dá-se o nome de umciclo ventilatório.

A frequência pode variar bastante. Um adulto ventila normalmente entre 12 a 20vezes por minuto.

PELE – A temperatura média normal do corpo é de 37º C.• Uma pele fria e húmida é indicativa de choque;• Uma pele quente e seca pode ser causada por febre ou exposição excessiva ao

calor;• Uma cor azulada (cianose) é observada na insuficiência cardíaca ou na

obstrução das vias aéreas.

4 Suporte Básico de Vida - Reanimação Cárdio-Respiratória

Os três elementos do Suporte Básico de Vida (SBV), após a avaliação inicial, são designados por “ABC”

A – “Airway” | Via Aérea;B – “Breathing” | Ventilação;C – “Circulation” | Circulação.

Depois de assegurar que estão garantidas todas as condições de segurança no localonde se encontra e após ter efectuado o Exame Primário à vítima, se concluir pelaausência de sinais respiratórios e circulatórios, deverá iniciar o SBV, que compreende aexecução de um conjunto de manobras que visam a manutenção da vida (respiração ecirculação) sem recurso a equipamento específico, manobras essas que terão maioreficácia quanto mais precocemente forem iniciadas.

Atenção

Se a vítima não respira, mas tem outros sinais de circulação énecessáriomanter a ventilação com ar expirado efectuando 10 insuflações por

minuto.

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Desaperte a roupa à volta do pescoço da vítima e exponha o tórax;

Iniciar imediatamente 30 compressões torácicas:

a) Coloque a base de uma das mãos em cima da outra, mantendo-as paralelas;

b) Entrelace os dedos e levante-os, de forma a não exercer qualquer pressão sobre ascostelas, apenas a base de uma mão deve ficar em contacto com o esterno;

c) Mantenha os braços esticados e sem flectir os cotovelos, posicione-se de forma aque os seus ombros fiquem perpendiculares ao esterno da vítima;

d) Pressione verticalmente o esterno, de modo a que este baixe cerca de 5 a 6cm;

e) Alivie a pressão, de forma que o tórax possa descomprimir totalmente, mas sem perder o contacto da mão com o esterno;

f) Repita o movimento de compressão e descompressão de forma a obter umafrequência de 100 a 120 por minuto (cerca de 2 compressões em 1 segundo).

Efectuar 2 insuflações:

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a) Prossiga para as insuflações garantindo que a cabeça da vítima permanece emextensão e o queixo levantado, mantendo a palma de uma mão na testa da vítima e osdedos indicador e médio da outra mão no bordo do maxilar inferior;

b) Aperte o nariz da vítima entre os dedos polegar e o indicador da mão que está natesta, de modo a impedir a circulação de ar;

c) Mantenha a extensão da cabeça e a elevação do queixo, sem fechar a boca davítima;

d) Inspire profundamente, enchendo bem o peito com ar;

e) Faça 2 insuflações. O tempo de inspiração deve ser de 1 segundo.

Se não conseguir insuflar o ar deve:

• Verificar novamente se existem corpos estranhos visíveis na boca e remove-los;• Confirmar a correcta permeabilização das vias aéreas, reposicionando a cabeça se

necessário;• Tentar insuflar de novo;• Efectuar até cinco tentativas para conseguir duas insuflações eficazes;

• Se após 5 tentativas não conseguir insuflações eficazes deve manter ascompressões.

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• Mantenha compressões e ventilações na relação de 30:2 (30 compressões: 2ventilações) até que a vítima reanime, a ajuda chegue, o socorrista pare por exaustãofísica ou o médico dê ordem para interromper as manobras.

Nota:

É útil contar em voz alta 1 e 2 e 3 e 4 e 5 e… 30 de forma a conseguir manter um ritmo adequado.

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Suporte Básico de Vida Pediátrico

Lactente: um bebé até ao ano de idade.Criança: entre um ano e a puberdade.

Cadeia de sobrevivência pediátrica

Técnica de ventilação boca a boca-nariz(Lactente)

Técnica dos dois dedos e do “abraço”(depressão até 4 cm no lactente)

Base da palma de uma mão(depressão até 5 cm na criança)

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Nota:A relação compressões/insuflações deverá ter uma frequência de pelo menos100 a 120 por minuto.

Programa Nacional de Desfibrilhação Automática Externa (PNDAE)

A morte súbita cardíaca é causada por uma arritmia cardíaca chamada fibrilhaçãoventricular, que impede o coração de bombear o sangue. O único tratamento eficazpara a fibrilhação é a desfibrilhação eléctrica que consiste na administração dechoques eléctricos ao coração parado, possibilitando que o ritmo cardíaco volte aonormal. Nestes casos, a probabilidade de sobrevivência é tanto maior quanto menor foro tempo decorrido entre a fibrilhação e a desfibrilhação.

A experiência internacional demonstra que em ambiente extra-hospitalar, a utilizaçãode desfibrilhadores automáticos externos (DAE) por pessoal não médico aumentasignificativamente a probabilidade de sobrevivência das vítimas.

No entanto, só a existência de uma Cadeia de Sobrevivência eficiente permite tornara Desfibrilhação Automática Externa (DAE) um meio eficaz para a melhoria dasobrevida após paragem cardiorrespiratória (PCR) de origem cardíaca.

Requisitos essenciais para o licenciamento de um Programa de DAE:- Existência de um médico responsável pelo programa de DAE;- O médico responsável pelo programa de DAE deve possuir experiência relevante

em medicina de emergência ou de urgência e/ou especialidade em cardiologia,cuidados intensivos ou anestesiologia;

- Existência de dispositivos de DAE;- Dependendo da natureza do programa, devem existir operacionais de DAE em

número suficiente (i.e.capazes de dar reposta em tempo oportuno) para assegurar operíodo de funcionamento do programa de DAE;

- A formação em SBV e DAE dos operacionais de DAE tem que ser ministrada porentidades/escolas acreditadas pelo INEM;

- Existência de um responsável pelo controlo das necessidades formativas paramanter o programa;

- Existência de registos de todas as utilizações dos DAE e que estes possuamcaracterísticas que permitam a posterior análise dessas utilizações;

- Existência de um permanente controlo de qualidade de todas as etapas doprograma.

A instalação de DAE é obrigatória nos seguintes locais:- Estabelecimentos de comércio a retalho,

isoladamente considerados ou inseridos em conjuntoscomerciais, que tenham uma área de venda igual ousuperior a 2000 m2;

- Conjuntos comerciais que tenham uma área brutalocável igual ou superior a 8000 m2;

- Aeroportos e Portos Comerciais;- Estações ferroviárias, de metro e de camionagem,

com fluxo médio diário superior a 10 000 passageiros;- Recintos desportivos, de lazer e de recreio, com

lotação superior a 5000 pessoas.

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5 PLS – Posição Lateral de Segurança

Uma vítima que esteja inconsciente a respirar deve ser colocada em PLS(PosiçãoLateral de Segurança). Esta posição permite manter a via aérea sem obstruções e emcaso de vómito não há aspiração por parte da vítima.

Atenção

Vítimas que apresentem lesões na coluna não deve ser executada a PLS.

a) Retirar os óculos da vítima e objectos nos bolsos que possam magoar;b) Ajoelhar-se ao lado da vítima e esticar-lheas pernas;c) Se houver necessidade de manter a PLS por mais de 30 minutos a posição deve

serdesfeita e refeita para o lado contrário.

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6 Choque hipovolémico

Designa geralmente um estado de falência circulatória periférica.

Causas:

- Lesões no coração (cardiogénico);- Perda de sangue;- Vasodilatação.

Sinais e Sintomas:

- Palidez e apatia;- Diminuição da temperatura corporal;- Pele húmida e viscosa;- Pulsação rápida e fraca;- Ventilação superficial e rápida;- Dilatação pupilar;- Náuseas e vómitos.

Primeiro Socorro:

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- Deitar a vítima em decúbito dorsal;- Desapertar as roupas;- Se consciente e com a função vital mantida, levantar ligeiramente as pernas;- Manter a temperatura corporal;- Não dar nada a beber;- Se inconsciente colocar em Posição Lateral de Segurança.

7 Hemorragias

Uma hemorragia é a perda de sangue provocada pelo rompimento de um vasosanguíneo, podendo ser arterial, venosa ou capilar.

Hemorragias arteriais (artérias)O sangue sai em jacto descontínuo e a sua cor é clara.

Hemorragias venosas (veias)O sangue sai de uma forma regular (jacto contínuo) e a sua cor é mais

escura.

Hemorragias capilares (vasos capilares)O sangue sai lentamente, devido a uma ruptura de minúsculos vasos

capilares de uma ferida.

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Actuação:

• Hemorragia Interna Invisível:– Arejar o local e desapertar as roupas;– Animar e moralizar;– Se Consciente, instalar a vítima em posição de conforto;– Se Inconsciente, colocar em PLS;– Manter a temperatura corporal;– Nada de BEBER;– Evacuar para o hospital.

• Hemorragia Interna Visível:– Sai pela boca (pulmões – expectoração);– Sai pela boca (estômago ou esófago);– Sai pelo nariz (ruptura de vasos sanguíneos) – Utilizar toalha humedecida

e comprimir manualmente o local de origem da hemorragia.

• Hemorragia externa

Compressão directa:

• Utilize compressas esterilizadas;• Nunca retire a primeira compressa;• Fixe as compressas com ligadura, mantendo a compressão.

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Compressão indirecta:

• Consiste na compressão de uma artéria entre o coração e o local da hemorragia.

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Elevação do membro:

• Consiste na elevação do membro de forma a utilizar a força da gravidade paracontrariar a corrente sanguínea.

Aplicação do garrote:

• Método a utilizar em situações extremas, nomeadamente aquelas em que todosos outros métodos foram ineficazes ou no caso de múltiplas vítimas.

O garrote deve ser de material largo e não elástico; Deve ser aplicado em contacto directo com a pele; Uma vez aplicado não deve ser mais aliviado; Para maior segurança deve ser marcada a hora da aplicação do garrote.

Actuação em caso de amputação:

• Estancar a hemorragia por compressão (directa e/ou indirecta) ou através degarrote, dependendo do membro amputado;

• Colocar a parte amputada num saco plástico, e pô-lo num recipiente com gelo elevar imediatamente para o hospital;

• Escrever as iniciais do nome da vítima e a hora da amputação (ex: MM 18:30).

Atenção

Não esqueça que a utilização do garrote

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só é feita em último recurso, por exemploem caso de amputação de membros.

8 Asfixia(Obstrução da via aérea respiratória)

Nas situações de obstrução da via aérea respiratória, a vítima apresenta uma expressão de grande aflição e angústia bem patentes no seu rosto:

• Olhos muito abertos;• Boca aberta, querendo desesperadamente falar, sem conseguir emitir qualquer som;• Normalmente ambas as mãos agarradas ao pescoço, parecendo querer “arrancar” qualquer coisa.

Se a vítima está a ficar cansada e fraca ou já não tosse ou respira:

1. Retirar qualquer corpo estranho da boca e, colocando-se ao lado da vítima,estando esta inclinada para a frente sobre o braço do socorrista, efectuar 5 pancadasnas costas entre as omoplatas (interescapulares), com a base da palma da mão. Seestiver deitada, rolar a vítima para o lado, de frente para o socorrista, e efectuar ascinco pancadas entre as omoplatas;

2. Se as pancadas entre as omoplatas não forem eficazes, iniciar de imediato adesobstrução das vias aéreas através da aplicação da manobra de Heimlich, ou seja,compressão abdominal.

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Manobra de Heimlich:

a) Colocar-se atrás da vítima e, com os próprios braços, envolver a sua cintura;b) Com a mão fechada em punho, colocar o dedo polegar contra o abdómen da

vítima, a meio de uma linha imaginária, entre o umbigo e o apêndice xifóide. Com aoutra mão, envolver o punho fechado;

c) Efectuar 5 compressões abdominais, no sentido para dentro e para cima - cadauma delas deverá ser pausada, segura e seca.

9 Intoxicações

A intoxicação é o efeito nocivo que se produz quando uma substância tóxica éingerida ou entra em contacto com a pele, os olhos ou as membranas mucosas.

Actuação geral:

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Apêndice xifóide

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• Medidas de autoprotecção;• Não existe um antídoto universal;• Exame primário e secundário;• Recolha de informações:

– Tóxico – características;– Como, quanto e quando a ingestão;– Condições da intoxicação.

• Contactar o Centro de Informação Antivenenos (CIAV).

Medidas para diminuir a absorção dos tóxicos:

• Via respiratória: – Retirar a vítima do local de preferência para o ar livre;– Verificar os sinais vitais.

• Via digestiva:– Não provoque o vómito;– Dê a beber alguns golos de água ou leite.

• Via dérmica: – Retire as roupas contaminadas;– Lave abundantemente com água corrente durante 15 minutos.

• Via ocular:– Lave abundantemente com água corrente durante 15 minutos mantendo

as pálpebras afastadas;– Não aplique quaisquer produtos.

10 Queimaduras

Uma queimadura pode ser definida como uma lesão local que conduz à destruiçãototal ou parcial da pele.

Causas das queimaduras:

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Queimaduras pelo calorO calor pode ser húmido, como o calor de vapor, ou seco como o calor do fogo.

Queimaduras por químicos Os mais comuns são os ácidos.

Queimaduras eléctricasA electricidade queima, não só no ponto de contacto (entrada no corpo), mastambém no trajecto e no local de saída.

Queimaduras por radiaçõesAs radiações mais comuns são os raios ultravioletas, os raios X e as produzidas porsubstâncias radioactivas.

Profundidade das queimaduras:

A profundidade das queimaduras é classificada em graus.

1º GrauSão as menos graves, envolvendo apenas a superfície exterior da pele

(epiderme).

Caracterizam-se pela pele quente, vermelha, sensível e dolorosa.

2º GrauEnvolvem a primeira e segunda camadas da pele, respectivamente epiderme e

derme.

Caracterizam-se pela pele com bolhas (flictenas) e é muito dolorosa.

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3º GrauExiste destruição de toda a espessura da pele (epiderme e derme) e dos tecidos

subjacentes.Caracterizam-se pela pele acastanhada ou negra.

Ter em atenção:

• Extensão da superfície corporal queimada;• Localização da lesão;• Risco de infecção;• Compromisso respiratório;• Idade e patologias prévias da vítima.

Actuação nas queimaduras pouco extensas:

– 1º Grau– arrefecer com água corrente ou compressas frias e hidratar;– 2º Grau– arrefecer com água corrente e não rebentar as bolhas;– 3º Grau– arrefecer com água o mais fria possível.

Atenção

Numa queimadura mais grave não retirar a roupa que esteja “colada” à pele.

11 Fracturas e traumatismos

Uma fractura é a quebra total ou parcial de um osso, interrompendo a suacontinuidade normal.

Classificação das fracturas:

Fechadas

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A pele encontra-se intacta, não havendo comunicação dos topos ósseoscom o exterior.

AbertasSão habitualmente designadas por fracturas expostas onde os topos ósseos

entram em contacto com o exterior, o que aumenta significativamente o riscode infecção.

Sinais e sintomas:

Podemos suspeitar de uma fractura pelos sinais e sintomas que habitualmenteacompanham este tipo de lesões:

1º DorLocaliza-se na zona da fractura e é habitualmente intensa, diminuindo muito com

a tracção e imobilização da fractura. É o sintoma mais fiel e constante.

2º Impotência funcionalA mobilidade, por vezes, pode estar presente, mas é dolorosa e muito limitada.

3º DeformaçãoÉ frequente a sua existência, mas quando não está presente não exclui a

hipótese de fractura.

4º CrepitaçãoO movimento anormal dos topos ósseos a nível de uma fractura produz uma

sensação que se pode ouvir e sentir.

5º Edema (inchaço)É resultante de uma reacção normal do organismo. Encontramos também

frequentemente um aumento do volume na zona da fractura que corresponde ao

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hematoma formado pela hemorragia dos topos ósseos e que é tanto maior quantomaior for o diâmetro do osso.

6º Exposição de topos ósseosHabitualmente significam que o traumatismo responsável pela fractura foi de

grande violência.

Actuação:

• Posição confortável sem grandes movimentos;• Expor o foco de fractura cortando a roupa;• Combater complicações/prevenir o choque;• Lidar com os topos ósseos visíveis como se fossem corpos estranhos.

Um traumatismo é uma lesão ou um conjunto de lesões localizadas numa região docorpo, em órgãos internos ou externos, enquanto um politraumatismo significa umamultiplicidade de lesões num acidente.

Lesões fechadas

- Hematoma (inchaço doloroso de cor escura por acumulação significativa desangue);

- Equimose (nódoa negra por acumulação de sangue em pequena quantidadenos tecidos.

Lesões fechadas - Actuação:

1. Acalmar a vítima;2. Suspeitar de outras lesões associadas;

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3. Aplicação de frio sobre o local;4. Imobilizar a região afectada;5. Procurar antecedentes pessoais;6. Ligar 112 e informar;7. Manter a vigilância da vítima.

Lesões abertas

- Escoriação (lesão superficial da pele com pequena hemorragia, dolorosa, porabrasão);

- Laceração (originada por objectos afiados, de forma regular ou irregular,podendo ser profunda e provocar hemorragia abundante);

- Amputação;- Ferida perfurante/penetrante.

Lesões abertas - Actuação:

1. Acalmar a vítima;2. Suspeitar de outras lesões associadas;3. Não mover a vítima mais do que o necessário;4. Controlar as hemorragias (penso esterilizado);5. Estar atento aos sinais de choque;6. Ligar 112 e informar;7. Manter a vigilância da vítima.

Actuação num traumatismo vertebro-medular:

• Manter a vítima em imobilidade absoluta;• Colocar o colar cervical;• Prevenir o choque e vigiar Funções Vitais;• Em inconsciência, recorrer aos métodos alternativos de permeabilização das

vias aéreas – elevação do maxilar inferior;• Transporte para o hospital.

12 Alterações de consciência

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A perturbação da consciência pode conduzir a uma perda de conhecimento,resultado de uma interrupção da actividade normal do cérebro.

Causas:

– Traumatismo crânio-encefálico;– AVC (Acidente Vascular Cerebral);– Síncope (desmaio);– Algumas infecções/tumores;– Hipóxia cerebral (O2 insuficiente);– Hipoglicemia (açúcar a menos);– Epilepsia.

Actuação a nível geral:

Exame Primário e Secundário; Colocar em ambiente ventilado; Elevação dos membros inferiores; Manter a temperatura corporal; Reavaliar.

13 Doenças naturais

1. Diabetes

A diabetes é uma doença marcada pelo mau funcionamento do pâncreas, o queprovoca um desequilíbrio entre a quantidade de açúcar e de insulina no sangue.

Esta doença pode ser hereditária e normalmente é identificada em indivíduos jovensou provocada pelos maus hábitos alimentares e pela obesidade.

O tratamento para a diabetes podeser feito através da administração de insulina, oque ocorre quando o pâncreas não produz esta substância, ou pela utilização demedicamentos normalmente chamados de anti-diabéticos orais.

A diabetes pode ser classificada da seguinte forma:

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Diabetes tipo 1– Ocorre em crianças, jovens e adultos (idade inferior a 30anos), em que o pâncreas não produz insulina, sendo por este motivonecessário administrá-la;

Diabetes tipo 2– É de surgimento lento, surgindo em adultos obesos (idadesuperior a 40 anos), em que o pâncreas não produz a quantidade de insulinasuficiente;

Diabetes gestacional– Ocorre durante a gravidez e desaparece após o parto.

Sendo a diabetes uma doença que resulta da difícil absorção do açúcar (glicose) eda sua utilização na produção de energia, é necessário ter atenção aos valores desteno sangue.

Valores para um adulto: 80-110 mg/dl, recomendável; 111-126 mg/dl, tendência para diabetes; > 126 mg/dl, diabetes (mínimo de duas análises).

A diabetes por si só não é uma emergência, mas sim uma doença que pode serevitada ou pelo menos, as suas consequências minimizadas.

No entanto, se não existir cuidado por parte do doente pode originar uma de duassituações que podem por em risco a vida, a hiperglicemia e a hipoglicemia.

2. Alterações da glicemia

O açúcar é essencial para que as células produzam energia.Para que o açúcarpossa ser utilizado a nível celular tem primeiro que ser digerido.Na digestão do açúcaré essencial a presença de insulina, produzida pelo pâncreas.

Ao nível de açúcar no sangue dá-se o nome de glicemia.Ao aumento da quantidade de açúcar no sangue dá-se o nome de hiperglicemia.À diminuição acentuada da quantidade de açúcar no sangue dá-se o nome de

hipoglicemia.

2.1) Hiperglicemia

Sinais e sintomas:

Náuseas e vómitos; Fraqueza muscular e tonturas; Pele avermelhada e seca; Sensação de sede; Hálito cetónico; Aumento da frequência ventilatória; Sonolência; Confusão mental; Desorientação; Inconsciência - Coma hiperglicémico.

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Actuação:

Manter uma atitude calma e segura; Avaliar e registar sinais vitais; Recolher o máximo de informação; Manter vigilância dos sinais vitais; Vigiar o estado de consciência.

2.2) Hipoglicemia

Sinais e sintomas:

Ansiedade, irritabilidade ou agitação; Fraqueza muscular; Sensação de fome; Pulso rápido e fraco; Pele pálida, húmida e viscosa; Tonturas; Náuseas e dor abdominal; Tremores e convulsões; Desorientação; Confusão mental; Inconsciência - Coma hipoglicémico.

Actuação:

Manter uma atitude calma e segura; Água açucarada - Vítima consciente; Papa de açúcar - Vítima inconsciente; Avaliar e registar sinais vitais; Recolher o máximo de informação; Manter vigilância apertada dos sinais vitais; Vigiar o estado de consciência.

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3. Epilepsia

As convulsões são contracções involuntárias de alguns grupos musculares,ocasionadas por um aumento da actividade eléctrica, numadeterminada regiãocerebral.Várias situações estão na origem destas crises:

- Epilepsia a mais comum;- Lesões cerebrais;- Hipertermia, etc.

Existem fundamentalmente dois tipos de crises epilépticas:

Não convulsivas ou crises de pequeno mal (Caracterizam-se porausências breves);

Convulsivas ou crises de grande mal (Caracterizam-se pela contracçãoinvoluntária e descoordenada de grupos musculares).

Sinais e sintomas:

A sintomatologia é mais exuberante nas crises convulsivas ou de grande mal.Muitasvítimas sentem a aura, isto é, um pré-aviso antes do início da crise que se caracterizageralmente por:

Cefaleias; Náuseas; Ranger de dentes, entre outras.

No entanto a aura é uma característica individual no epiléptico pelo que não podeser considerado um sinal ou sintoma.

As crises convulsivas ou de grande mal têm normalmente esta sequência:

Por vezes um grito violento; Um rodar dos olhos para cima; Perda de consciência a que se segue uma queda violenta; Cianose labial e das extremidades; Os dentes cerram-se chegando a haver mordedura da língua;

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Descontrole de esfíncteres; Contracções musculares involuntárias; As crises duram cerca de 2 a 4 minutos; Após o episódio convulsivo a vítima pode ficar inconsciente.

Actuação:

Manter uma atitude calma e segura; Evitar traumatismos associados; Proteger extremidades e crânio da vítima; Nunca tentar contrariar as contracções; Desapertar roupas justas;

Manter a via aérea permeável; Registar a duração, tempo de intervalo,zona atingida e as características das

crisesconvulsivas; Após a crise convulsiva, colocar a cabeça da vítima de lado e aspirar

secreções, se necessário.

Despistar a hipertermia; Avaliar e registar sinais vitais; Recolher o máximo de informação;

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Actuar em conformidade com ostraumatismos associados; Manter vigilância apertada.

4. Acidente vascular cerebral

O acidente vascular cerebral (AVC), vulgarmente designado por trombose, é umadas maiores causas de morte em Portugal.

O AVC deve-se essencialmente ao sedentarismo e hábitos alimentares associados amuitos factores desajustados, e que se sobrepõe aos cuidados que cada indivíduo temde ter com a saúde.

A melhor medida de combate a este tipo de doença é adoptar uma atitudepreventiva, ouseja, assumir uma alimentação saudável, não fumar e sempre quepossível praticar desporto, e em complemento realizar exames médicos regularmente.

O AVC resulta do processo de aterosclerose das artérias cerebrais, ou seja, daacumulação de gordura na parede das artérias. Esta situação tende a agravar-se como envelhecimento natural do corpo. Ao longo da vida as artérias vão perdendo a suaelasticidade, factor que se agrava pelo desenvolvimento da aterosclerose.

Sinais e sintomas:

Cefaleias intensas e súbitas (dores de cabeça); Perda da força ou do movimento de um dos lados do corpo; Desvio da comissura labial (boca de lado); Dificuldade em falar ou em articular as palavras; Incontinência (principalmente urinária); Comportamento repetitivo.

Quando detecta um destes sinais deve suspeitar-se de um AVC em evolução:

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Actuação:

Manter a calma e um ambiente calmo em redor do doente; Deitar o doente, colocando-o em PLS; Identificar correctamente as queixas do doente, se este tem algum antecedente

e se faz alguma medicação; Ligar 112 e transmitir a informação recolhida; Indicação do local; Número de telefone de contacto; Descrever a situação; Seguir as instruções dadas pelo operador da central; Aguardar pelo socorro; Se o doente ficar inconsciente, verificar se existe respiração espontânea eficaz e

aplicar os procedimentos indicados correspondentes ao suporte básico de vida.

5. Dor torácica

A dor torácica é, sem margem para dúvida, o sintoma que mais preocupaçõesprovoca uma vez que énormalmente associado às situações cardíacas, nomeadamenteao enfarte agudo do miocárdio.

Sendo esta a situação mais frequente, no entanto, não é a única responsável pelaorigem da dor torácica, uma vez que no tórax existem outras estruturas anatómicas eórgãos, como ossos, músculos, grandes vasos sanguíneos, esófago e pulmões, quepodem em alguns casos dar origem à dor.

Por este motivo, a avaliação da dor torácica pode ter origem cardíaca ou origem nãocardíaca.

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5.1) Dor torácica de origem cardíaca

A dor torácica de origem cardíaca surge em consequência de um deficientefornecimento de oxigénio ao músculo cardíaco. Este factor leva a que este entre emsofrimento (isquemia) tendo como sintoma a dor.

A aterosclerose é a principal responsável por este fornecimento deficitário deoxigénio, uma vez que ao diminuir o diâmetro das artérias coronárias, e reduzindo aelasticidade das mesmas, provoca uma situação que facilita a sua obstrução econsequentemente a interrupção do fluxo sanguíneo.

Sinais e sintomas:

Dor torácica tipo facada, opressão tipo esmagamento e aperto, que pode irradiarpara o membro superior esquerdo, pescoço, mandíbula e costas, podendoainda, ser acompanhada de náuseas ou vómitos, alterações do ritmo cardíaco,sensação de desmaio e dificuldade em respirar

Actuação:

Não deixar o doente efectuar qualquer esforço e colocá-lo numa posiçãoconfortável;

Tentar identificar se é o primeiro episódio, se existem doenças anteriores e sefaz medicação;

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Ligar 112 e responder com calma às perguntas que são feitas, fornecendo asinformações recolhidas anteriormente e aguardar pelo socorro.

5.2) Dor torácica de origem não cardíaca

Resulta, na maioria dos casos, de processos inflamatórios ou de traumatismo.

No entanto, existe um conjunto de situações em que a dor pode ser grave e em queo socorro ao doente deve ser efectuado o mais cedo possível.

Por este motivo devemos adoptar os mesmos procedimentos que foram indicadospara a dor de origem cardíaca.

6. Dificuldade respiratória

A dificuldade respiratória, normalmente definida como falta de ar pela população emgeral, e por dispneia pelos médicos, pode ter várias causas.

Contudo, esta pode ser considerada normal, sem gravidade, quando resulta porexemplo, de um esforço físico extenuante e ser grave quando resulta do agravamentode uma doença pulmonar ou cardíaca ou de uma intoxicação.

A queixa de falta de ar pode variar de pessoa para pessoa uma vez que estesintoma depende da capacidade neurológica em identificá-lo.

Causas:

Asma (por aperto dos brônquios); Agravamento da bronquite crónica (por acumulação de secreções); Edema pulmonar (por problemas cardíacos); Angina de peito ou enfarte agudo do miocárdio; Intoxicações (as mais frequentes por inalação de fumos ou gases).

Verificando-se que podem existir diversas causas na origem de uma crise de falta dear, os procedimentos a adoptar podem ser diversos, no entanto, deve ser adoptado umconjunto de medidas que tentem evitar o agravamento da situação.

Actuação:

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Manter um ambiente calmo em redor do doente e acalmá-lo; Manter o doente sentado sem que este faça qualquer esforço; Ajudar o doente a respirar, pedindo a este que expire devagar e pela boca e

inspire pelo nariz (apagar uma “vela” e cheirar uma “rosa”); Se possível, administrar oxigénio; Identificar doenças anteriores e a medicação do doente; Ligar 112 e transmitir a informação recolhida.

14 Regras gerais de higiene

• Lavar as mãos antes de tratar feridas;• Evitar tocar em feridas/pensos;• Evitar conversar/tossir sobre feridas;• Se um penso cair, colocar outro novo;• Colocar pensos directamente sobre feridas sem os deslocar de um sítio para

outro;• Evitar contacto sem luvas com fluidos orgânicos (principalmente sangue);• Usar máscara para a reanimação;• Limpar o local e desinfectar com lixívia;• Pôr todos os pensos usados ou material infectado num saco de plástico fechado;• Colocar o material cortante contaminado num recipiente sólido fechado.

15 Caixa de material de primeiros socorros

A Informação Técnica nº 1/2010 da DGS/Saúde Ocupacional sobre os PrimeirosSocorros no Local de Trabalho estipula o conteúdo mínimo de uma mala/caixa/armáriode primeiros socorros a ter na empresa, secção, gabinete ou viatura, com o objectivode combater imediatamente lesões que possam pôr em risco a vida de uma vítima ouminimizar os riscos das lesões que possam aguardar pela chegada do socorroespecializado.

• Compressas de diferentes dimensões; • Pensos rápidos; • Rolo adesivo;• Ligadura não elástica; • Solução anti-séptica (unidose);

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• Álcool etílico70% (unidose); • Soro fisiológico; (unidose); • Tesoura de pontas rombas; • Pinça; • Luvas descartáveis em latex.

Para além deste conteúdo, seria desejável que os locais de trabalho dispusessemde uma manta térmica e de um saco térmico para gelo.

Bibliografia

Manual TAS/TAT, 2012, Abordagem à Vítima, 1ª Edição, INEM.

Manual de Emergências Médicas (para médicos e enfermeiros), 2012, 1ª Edição,INEM.

Manual TAS – Emergências Trauma, 2012, 1ª Edição, INEM.

Manual do Sistema Integrado de Emergência Médica,2013,1ª Edição, INEM.

Manual de Primeiros Socorros, 2014, 3ª Edição, ENB.

Manual de Primeiros Socorros em Pediatria, 2016, 1ª Edição, ENB.

Manual de Suporte Básico de Vida Pediátrico,2017,1ª Edição, INEM.

Manual SBV com Desfibrilhação Automática Externa, 2017, 1ª Edição, INEM.

Manual de Suporte Básico de Vida Adulto, 2017, 2ª Edição, ENB.

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