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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÁ DE SANTA CATARINA Pós-graduação em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais Thiago Reginaldo Tecnologias e plataformas digitais na educação: a sua utilização por professores São José, SC 31 de agosto de 2013

Tecnologias e plataformas digitais na educação: a sua utilização … · 6 Nos cursos presenciais o educador precisa aprender a gerenciar vários espaços e integrá-los de forma

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÁ DE SANTA CATARINA

Pós-graduação em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais

Thiago Reginaldo

Tecnologias e plataformas digitais na educação:

a sua utilização por professores

São José, SC

31 de agosto de 2013

THIAGO REGINALDO

Tecnologias e plataformas digitais na educação:

a sua utilização por professores

Artigo a ser apresentado como Trabalho de

Conclusão do Curso de Pós-graduação em

Comunicação e Marketing em Mídias Digitais

da Universidade Estácio de Sá.

Orientadora: Prof. Luciana Manfroi

São José, SC

31 de agosto de 2013

RESUMO

A utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na educação pode

potencializar favoravelmente a construção de significados e sentido através da

prática pedagógica. O objetivo desta pesquisa consiste na análise do uso de

tecnologias e plataformas digitais na educação pelos professores do Departamento

Acadêmico de Linguagem, Tecnologia, Educação e Ciência (DALTEC) do IFSC. Por

meio da aplicação de um questionário foi possível analisar a utilização de

tecnologias e plataformas digitais por professores na sua vida pessoal e com os

estudantes nas atividades pedagógicas. A pesquisa descritiva de natureza

quantitativa obteve dados de 67 professores das mais diferentes áreas de formação

e nível em que lecionam. Com os dados levantados percebeu-se que as tecnologias

e plataformas digitais ainda são pouco utilizadas nas práticas educativas. Existe uma

distância entre aquilo que o professor acessa pessoalmente e o que ele aplica em

sala de aula com os alunos. As tecnologias e plataformas digitais apresentam uma

grande variedade de aplicações na educação que envolve desde o uso das redes

sociais até aplicativos mobile. Esse potencial pode ser explorado na educação para

compreender melhor a realidade dos alunos através das suas novas formas de

relação com o mundo e com as pessoas.

Palavras-chave: Tecnologias, Plataformas Digitais, Professores, Educação.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4

2. O PAPEL DO EDUCADOR ..................................................................................... 5

3. A PRESENÇA DIGITAL NA EDUCAÇÃO ............................................................... 7

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................ 9

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS ................................................... 9

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 18

7. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 19

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1. INTRODUÇÃO

A sociedade atual, que passou de informacional (CASTELLS, 1999) para do

conhecimento (DRUCKER, 2002), vive permeada por tecnologias e aparatos digitais

que formam um padrão complexo provindo de um sistema capitalista e globalizado.

Estes meios influenciam de maneira direta ou indireta os mais diversos ambientes

humanos. Deste modo, devido ao número crescente de informações disponíveis a

todos a sociedade só consegue ser acessada de modo inteligível por intermédio de

filtros, as interfaces, por isso talvez seja apropriado se referir a era atual como “Era

da Interface” ou “Era Digital” (GABRIEL, 2013).

Ao se analisar a situação educativa em meio a esse contexto percebe-se que

a informação e o conteúdo chegam ao mesmo tempo ao professor e estudante.

Assim, o professor, melhor referido como educador, exerce um novo papel – o de

mediador das tarefas e orientador dos estudantes nas atividades de ensino-

aprendizagem. Nos espaços de ensino-aprendizagem, de acordo com Jordão

(2009), os educadores se deparam com os alunos que convivem diariamente com as

tecnologias digitais, pois, tem contato com jogos complexos, navegam pela internet,

participam de comunidades, compartilham informações, enfim, estão completamente

conectados com o mundo digital.

A partir desse entendimento prévio da presença das tecnologias e da

integração do digital nas atividades educativas este artigo aprofunda essas

discussões por meio de um estudo de caso de caráter descritivo sobre a relação dos

educadores com as tecnologias e plataformas digitais. Plataforma digital é

compreendida como meio digital possibilitado através das tecnologias, segundo

Appa (2013). Deste modo, o objetivo principal desta pesquisa é analisar o uso das

tecnologias e plataformas digitais pelos educadores do DALTEC IFSC/SC1. Além

disso, foi feita uma ampla revisão teórica sobre a função do educador nas práticas

pedagógicas e alguns conceitos atuais da educação digital.

1 Departamento Acadêmico de Linguagem, Tecnologia, Educação e Ciência do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina).

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2. O PAPEL DO EDUCADOR

Atualmente o educador não é mais aquele que professa, que detém o

conhecimento e dele que os estudantes aprendem – ele é o mediador. Esse

conceito segue o pensamento de Vygotsky que apresenta a função atual do

educador como a de “mediador pedagógico” (MASETTO, 2012). Gabriel (2013) cita

o professor-interface (focado na mediação, formação) como o mais apropriado na

era digital do que o professor-conteúdo (focado na informação). O professor-

conteúdo para ela não se sustenta, já que o conteúdo disponível é ilimitado e o

professor não, de forma que suas limitações podem bloquear o estudante.

O educador na perspectiva da mediação é um facilitador, incentivador da

aprendizagem, com disposição de ser uma ponte “rolante” entre o aprendiz e sua

aprendizagem. Assim, não é mais a fonte do saber, não necessita mais dominar

exaustivamente as ferramentas e os conhecimentos para que, dessa forma, os

transmita aos estudantes. Os educadores adquirem então novas funções que são

elencadas por Salgado et al. (2010), como por exemplo, auxiliar nos problemas de

leitura e compreensão de textos, sugerir desafios, gerar articulação entre

experiências anteriores e novos conhecimentos, instigar a construção de

significados coletivos, ajudar a planejar estudos, gerenciar a organização do

ambiente de trabalho, promover um clima propício ao autoconhecimento, entre

outros. Além disso, o professor nesse contexto de tecnologias e atmosfera digital

deve respeitar o ritmo dos estudantes e orientar no emprego de distintas tecnologias

aos seus projetos (ALMEIDA, 2005). De acordo com Hack (2009) o educador passa

a ser “educador repassador de informações” com a interação entre as partes, que

pode inclusive ser midiatizado:

É uma reorientação da docência, que acresce funções de gerenciamento do ensino e auxílio aos alunos para a busca, exploração e seleção das informações existentes nas mídias. Em outras palavras, na caminhada educacional, docente e discente passam a estabelecer um diálogo constante em que a cooperação mútua passa a ser essencial e o aluno aprende a aprender, a fazer ciência, a fazer arte, enfim, a construir o conhecimento, mesmo a distância. (HACK, 2009, p. 17)

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Nos cursos presenciais o educador precisa aprender a gerenciar vários

espaços e integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. Segundo Moran

(2013) o primeiro passo é uma sala de aula equipada e com atividades diferentes,

que se integra com a ida do laboratório para desenvolver atividades de pesquisa e

de domínio técnico-pedagógico. Para o autor, o educador apresenta o estudante,

que antes ficava somente em sala de aula, e agora está no laboratório (organizando

pesquisa), na internet (atividades à distância) e no acompanhamento de práticas em

projetos e experiências que ligam o aluno à realidade. No entanto, além das

Tecnologias da Comunicação e Informação (TIC) presentes na prática pedagógica

de algumas escolas é preciso lembrar que os estudantes tem acesso a diversas

tecnologias fora da escola e a relação entre esses ambientes faz com que se

conheça melhor o estudante e se desperte seu engajamento.

Os educadores que não conhecerem as potencialidades, características e as

limitações das tecnologias e mídias poderão desperdiçar as oportunidades de

favorecer o desenvolvimento efetivo do estudante (ALMEIDA, 2005). Com isso, para

desafiar e instigar o estudante a buscar construir e reconstruir o conhecimento com

o uso de tecnologias o educador precisa saber quais mídias são tratadas por essas

tecnologias e o que elas oferecem de ferramentas, funções e estruturas. Outro fator

importante citado pelo autor é que o professor ao mobilizar e empregar mídias deve

estar subsidiado por teorias educacionais que lhe permitam identificar em que

atividades as mídias apresentam maior potencial e são mais adequadas. Portanto,

para desenvolver tais competências é preciso que ele esteja engajado em

programas de formação, comunidades de aprendizagem e produção de

conhecimento. Como exemplos de formação para o educador, no sentido da rede

mundial de computadores, existem as listas de discussão, a educação à distância e

as trocas de experiências (PAIS, 2010).

Ao compreender as TIC e os seus papéis distintos como educador, ora como

o de aprendiz, de observador da atuação do outro educador, de gestor de atividades

desenvolvidas em grupo com seus colegas de formação e o papel de mediador em

conjunto com os outros aprendizes, acontecerá o estímulo sobre seu papel no

desenvolvimento de projetos que incorporam distintas tecnologias e mídias para

produção de conhecimentos (ALMEIDA, 2005).

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3. A PRESENÇA DIGITAL NA EDUCAÇÃO

O atual momento foi definido como “Paideia Digital” por Martha Gabriel

(2013). Para a autora esse momento potencializado pela internet, banda larga e

mobilidade, representa o resgate dos estudantes para si da interatividade e o foco

na aprendizagem por meio das tecnologias digitais. Assim, este cenário de

transformações para instituições de ensino e educadores faz com que os mesmos

entendam as novas regras do jogo e aprendam a jogar rapidamente. Neste modelo,

segundo a autora, existem duas gerações digitais a Y e a Z.

A geração Y corresponde entre os nascidos entre 1980 e início da década de

2000 e são conhecidos como “Millennials, Generation Next e Echo Boomers”

(GABRIEL, 2013, p.85). A geração Z, dos nascidos a partir do início de 2000,

representa o “iGeneration, Generation@, Net Generation, Generation AO (Always

on), Generation Text e Nativos Digitais” (GABRIEL, 2013, p.86). Os nativos digitais

estão habituados a fazer muitas coisas ao mesmo tempo, como por exemplo,

enquanto escutam música estão enviando mensagens pelo celular, acessando os

sites de relacionamento, baixando as fotos da câmera digital, e fazendo a pesquisa

que o professor de encomendou na última aula (JORDÃO, 2009). Essas duas

gerações, Y e Z, compõem os atuais estudantes do ensino regular e superior. Isso

se transforma no que Gabriel (2013) apresenta como seres cíbridos2 e traz inúmeras

consequências para a educação:

A educação presencial é apenas uma das dimensões em que a educação acontece envolvendo o corpo biológico. Como os estudantes estão esparramados pelas plataformas digitais, para conseguirmos alcançá-los plenamente precisamos atingir as suas dimensões digitais também, como e-mail, perfis e redes sociais (Twitter, Facebook, etc). (GRABRIEL, 2013, p. 59).

Deste modo, os envolvidos na atividade educativa ficam imersos dentro de

um ambiente de hipertextualidade, e com isso, surge à preocupação da articulação e

2 Híbridos de entidades físicas e ciberespaços que não poderiam existir sem conciliar a nova classe de símbolos com a materialidade que eles transmitem. São mais do que simplesmente uma separação completa, visto que, entre esses dois pode haver um componente compartilhado. A ideia é que poderá ter um objeto material que tenha um componente simbólico, e que talvez pudesse ser controlado, e, em seguida, um cíbrido remoto, que é também, em parte simbólico e físico, que respondem a um estímulo de entrada e a partir do outro e vice-versa. (ANDERS, 2001).

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conexão adequada das tecnologias e plataformas digitais específicas na construção

da comunicação educacional. O quadro abaixo exemplifica em uma lista algumas

tecnologias e plataformas digitais.

Quadro 1 - Lista de tecnologias e plataformas digitais

Páginas digitais

Site, minisite, hotsite, portal, blog, perfil, etc.

E-mail Realidade virtual Realidades mistas

Realidade aumentada

Virtualidade aumentada Mobile

RFID, mobile tag (QRcodes, Datamatrix, etc.), SMS/MMS, bluetooth, aplicativos, mobile TV etc.

Plataformas digitais de redes sociais:

Facebook, Twwiter, Linkedin, SlideShare, Youtube, Google+, Foursquare, Istagram, etc.

Plataformas digitais de busca

Google, Yahoo!, Bing, Wolfram/Aplpha, etc.

Games e entretenimento digitais Tecnologias inteligentes de voz Vídeo digital/TV digital/Video imersivo

Fonte: (GABRIEL, 2013, p. 38).

Nessa lista as tecnologias e plataformas podem se misturar de diversas

formas, como por exemplo, no caso do celular que apresenta a função de busca,

acesso às redes sociais, páginas, games, câmera, entre outros (GABRIEL, 2013).

No entanto, isso pode parecer distante da realidade educativa brasileira

principalmente para as pessoas mais pobres. Para se ter uma ideia de alguns

cenários do Brasil foi realizada uma pesquisa pela CEBRAP3 (2013) em dois estados

com 1000 jovens do ensino médio de baixa renda sobre o acesso a internet. O

estudo revelou que em São Paulo 71,6% e em Recife 64,2% deles tinham acesso à

internet em computadores de suas próprias residências; 57,4% em São Paulo e

59,1% em Recife acessavam a internet a partir de seus aparelhos celulares

pessoais; 84,6% em São Paulo e 83,3% em Recife usavam a internet para estudar;

e 25,5% em São Paulo e 29,0% em recife utilizavam o celular/tablet para estudar.

Com estes dados é possível refletir que as tecnologias e plataformas digitais estão

presentes na vida das gerações de muitos jovens, mesmo daqueles com menos

condições financeiras, e trata-se de um espaço com possibilidades de exploração do

ensino-aprendizagem.

3 CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) com o apoio da Fundação Victor Civita.

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4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa tem caráter descritivo e apresenta uma abordagem quantitativa

para investigar como os professores utilizam as tecnologias e plataformas digitais de

modo particular e na prática pedagógica. O levantamento de dados foi realizado com

os professores do Departamento Acadêmico de Linguagem, Tecnologia, Educação e

Ciência (DALTEC) do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) sede Florianópolis

no ano de 2013. O DALTEC foi o departamento escolhido neste trabalho por

apresentar professores de diferentes áreas sendo multidisciplinar, além disso, os

professores lotados no DALTEC lecionam em outros departamentos. O

departamento em questão abrange alunos do ensino médio do curso técnico

integrado.

Na pesquisa foi aplicado um questionário com os professores. A partir dos

dados, de acordo com Severino (2007), foi possível levantar informações escritas

por parte dos sujeitos da pesquisa para que fossem conhecidas suas opiniões. O

questionário, composto por questões abertas e fechadas, foi adaptado de Paiva

(2002) e divido em áreas de acordo com os objetivos do trabalho: identificação

tecnologias e plataformas digitais de uso pessoal, e tecnologias e plataformas

digitais aplicadas à educação. A pesquisa foi aprovada na instituição após ter

passado por avaliação da comissão pedagógica e direção. O consentimento para

participar do projeto foi solicitado a cada professor e os mesmos estavam livres para

se retirar da pesquisa assim que desejassem.

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

O DALTEC possui cerca 105 professores, dentre os quais 67 professores

participaram da pesquisa, o que corresponde a 63,8% do total. Com base nas

respostas fornecidas foi possível traçar o perfil do grupo participante. São 36

professores e 31 professoras com idade entre 25 e 60 anos (40 ± 10,29) aonde a

maioria (85,1%) apresenta algum nível de pós-graduação, sendo que desses 40,3 %

tem mestrado e 25,4% doutorado (gráfico 1). Na pesquisa pelo perfil do professor

10

brasileiro os professores especialistas representam 61%, com mestrado 4% e com

doutorado em nível pouco representativo (CETIC, 2012).

Gráfico 1 - Capacitação dos professores e nível em que lecionam respectivamente.

Fonte: o autor.

Os professores estão distribuídos nas seguintes áreas: Linguagens

(Português, Artes, Educação Física) com 19 professores; Matemática com 10

professores; Ciências da Natureza (Física, Química, Biologia) com 20 professores;

Ciências Humanas (História, Geografia, Sociologia, Filosofia) com 10 professores; e

a parte diversificada (Língua Estrangeira e outros) com 8 professores. Os

professores lecionam em diferentes níveis de formação: fundamental, médio, técnico

e superior (gráfico 1).

Um pouco mais da metade da amostra utiliza o computador por mais de 10

horas por semana. O dispositivo apresentado para uso pessoal (gráfico 2) mais

assinalado nesta pesquisa foi o celular (94%), seguido pelo notebook e TV, ambos

com 89,5% e o tablet com 16,2%. O tipo de computador mais frequente presente no

domicílio do professor Brasileiro é o computador portátil (75%) seguido pelo

computador de mesa (73%) e tablet (9%) (CETIC, 2012).

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Gráfico 2 - Equipamentos/dispositivos tecnológicos para uso pessoal.

Fonte: o autor.

Os professores (88,0%) costumam utilizar bastante o computador em

multitarefas (gráfico 3).

Gráfico 3 – Definição da relação com o computador.

Fonte: o autor.

A maioria dos professores costuma acessar a internet em casa (94,0%)

seguido pela escola (89,5%) (gráfico 4). Dados nacionais revelaram que 95% dos

professores costumam usar internet em casa e 74% na escola (CETIC, 2012).

Gráfico 4 - Local de uso da internet.

Fonte: o autor.

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Em relação aos dispositivos mais utilizados para conexão à internet (gráfico 5)

destacam-se o notebook (92,5%) e o computador de mesa (65,7%). O aparelho

celular é o modo de conexão de 40,3%, sendo que 13,4% dos indivíduos

responderam que seu aparelho não faz conexão com a internet e 14,0% disseram

que o aparelho apresenta conexão com a internet, porém não a utilizam. A média

de acesso do professor brasileiro à internet por meio de telefone celular é de 24%

(CETIC, 2012).

Gráfico 5 - Dispositivos utilizados para conexão com a internet.

Fonte: o autor.

As finalidades principais de utilização da internet pelos professores são o e-

mail, pesquisas, compras, redes sociais e serviços de banco (gráfico 6). Dentre as

tarefas exclusivas dos professores que costumam utilizar bastante o computador

para realizar multitarefas estão: bate papo, ambiente de colaboração audiovisual,

comunidades, jogos e entretenimento. Os professores que apresentam somente

graduação não acessam: e-groups, fóruns de discussão, ambientes de colaboração

audiovisual e comunidades.

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Gráfico 6 - Finalidades de utilização da internet pelos professores.

Fonte: O autor.

Como observado no gráfico anterior 67,2% dos professores costuma utilizar

as redes sociais (gráfico 6). As plataformas digitais de redes sociais mais utilizadas

pelos professores (gráfico 7) são o Facebook (62,7%) e o Google + (19,4), e páginas

digitais como o Blog (17,9%).

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Gráfico 7 - Redes sociais e páginas digitais utilizadas pelos professores.

Fonte: o autor.

Os professores costumam utilizar o computador na preparação de suas aulas

para pesquisa na internet (89,5%), para elaboração de provas ou material de apoio

(83,6%), apresentações audiovisuais (73,1%) e em outras situações (13,4%) como

moodle e blogs educacionais que servem de extensão do espaço escolar.

A maior parte dos professores (73,1%) utiliza o computador para interagir com

os alunos. Os recursos digitais utilizados pelos professores com os alunos (gráfico 8)

mais frequentes são a Internet (56,7%) e e-mail (53,7%). Dentro das inúmeras

possibilidades de utilização das plataformas digitais percebe-se que pouco ainda é

explorado por esses professores. Apesar de utilizarem bastantes redes sociais, por

exemplo, poucos as empregam na prática educativa. Para Seabra (2010) hoje

existem várias opções de redes sociais a serem utilizadas com os alunos que podem

fazer parte da prática pedagógica, como o Facebook, o Twitter, o MySpace, entre

outros, e cada um deles tem suas características e reúne perfis diferentes com

recursos diversos – desde as redes de amizades reais e virtuais até fóruns de

discussão de temas diversos e acervos de imagens. Além disso, no Facebook, por

exemplo, existe a possibilidade de se criar comunidades com listas e tópicos de

discussão e curtir páginas com conteúdos educativos que conduzem a outros sites

de educação. Deve-se lembrar também, pontua Seabra (2010), que as redes

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sociais servem como forma de diálogo e compartilhamento entre seus pares, com

especialistas e profissionais de outras áreas do conhecimento.

Os blogs apesar de serem utilizados por 17,9% da amostra são aplicados na

prática educativa por 3% (gráfico 8). Essa ferramenta usada no contexto educacional

possibilita a exploração de diversos assuntos no formato de diários, contos, notícias,

poesias, artigos, entre outros, e desperta formas de comunicação que permitem

seus autores expressar suas visões de mundo e compartilhar informações

(SEABRA, 2010).

Gráfico 8 - Recursos tecnológicos utilizados pelos professores com os alunos.

Fonte: o autor.

Os professores acreditam que necessitam de mais formação nas seguintes

plataformas digitais: internet e multimídia (22,4%), internet em dispositivos móveis

(16,4%), jogos (14,9%), TV digital (10,4%), redes sociais (4,5%) e e-mail (3,0%)

(gráfico 9).

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Gráfico 9 – Plataformas digitais que o professor acredita que necessita de mais formação.

Fonte: o autor.

Os professores costumam acessar materiais educativos digitais em portais

gratuitos (80,6%) e no portal do Ministério da Educação (41,8%). Aproximadamente

14,9% não costumam acessar materiais educativos digitais (gráfico 10). Na

perspectiva brasileira das fontes acessadas pelos professores do MEC está o portal

do professor por 77%, portais de domínio público por 35% e ambiente e-proinfo por

29% (CETIC, 2012). O portal do MEC apresenta uma parte específica para

professores e Diretores com material de formação continuada, Plataforma Freire

(plano nacional de formação de professores), o portal do professor, entre outros

(MEC, 2013). No portal de educação do estado de Santa Catarina é possível

encontrar monografias, anais, relatórios, cartilhas, legislação, polos de UAB

(Universidade Aberta do Brasil) no estado, entre outros (SED, 2013).

Gráfico 10 - Fontes de acesso aos materiais educativos digitais.

Fonte: o autor.

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Os professores acreditam que o aparelho celular pode se tornar um elemento

de aprendizagem (58,2%), todavia, pensam que o dispositivo dos alunos deve ficar

desligado durante as aulas (58,2%) ou em modo de vibração (70,1%) (tabela 1). O

uso do celular na escola ainda é um assunto conflituoso para os professores e

necessita de mais discussões e conhecimento sobre as suas diversas possibilidades

de uso em atividades de pesquisa, gravação de áudio e vídeo, fotografia, jogos e

comunicação.

Tabela 1 - Uso de celulares pelos alunos na escola (%).

Afirmações Concordo (Sim)

Discordo (Não)

Não tem opinião

É preciso desligar os celulares durante a aula. 58,2 34,3 7,5

Deixá-lo em modo de vibração, para que os demais presentes não sejam incomodados em caso de telefonema ou mensagem.

70,1 20,9 9,0

Estes aparelhos podem se tornar elementos de aprendizagem, incluídos em projetos educacionais.

58,2 34,3 7,5

Fonte: O autor.

As formações que os professores tiveram na área de informática para o uso

pedagógico foram de âmbito generalista para mais da metade (55,2%), e as

formações específicas no âmbito da disciplina foram para 16,4% deles. Os tipos de

cursos frequentados pelos professores de formação para o uso pedagógico de

computadores e internet são seminários e especializações ou pós-graduações

cursadas em universidades ou faculdades. Os conteúdos abordados pelos que

realizaram os cursos foram manuseio de recursos básicos de informática e utilização

de recursos tecnológicos educativos.

O principal motivo apontado para não capacitação nessa área foi a falta de

tempo (62,7%). Observa-se, no entanto, que 91% dos professores sentem a

necessidade de formação contínua na área das TIC.

Ao utilizar o computador com os alunos o objetivo principal da maioria (62,7%)

é oferecer um recurso atrativo e motivador para tornar as aulas mais dinâmicas e

lúdicas. Outro motivo bastante citado (50,7%) é facilitar o entendimento de temas e

conteúdos de determinada disciplina com recursos multimídia, como sites, jogos,

demonstrações e simulações. A estratégia adotada com os alunos para alcançar os

objetivos planejados é a pesquisa na internet (70,1%), produção de mídia como

imagens, recursos audiovisuais, gráficos, filmes e apresentações multimídia (53,7%)

18

e produção e apresentação de trabalhos de alunos com recursos informáticos sem

internet (44,8%) e a participação dos alunos em redes sociais (8,9%). No entanto é

importante lembrar que as estratégias de utilização de recursos didáticos

tecnológicos por si só não garante a ampliação do conhecimento. Assim, a inserção

desses novos recursos requer “competência pedagógica para a estruturação de

objetivos, metodologias e conteúdos apropriados a esse novo instrumento, dando

origem a uma vasta área de pesquisa educacional” (PAIS, 2010, p.104).

Quando pensando na avaliação das TIC os professores revelaram que não

costumam avaliar seu uso (40,3%), os que avaliam citaram que o diálogo entre

professor e turma, participação dos alunos nas discussões sobre os conteúdos

trabalhados (37,3%) e interesse dos alunos pela pesquisa (29,8%) são os mais

relevantes modos de avaliação.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste artigo foi analisar a utilização das tecnologias e plataformas

digitais pelos professores do DALTEC. Com base em um questionário foi possível

identificar alguns aspectos dos professores em relação à utilização das tecnologias e

plataformas digitais para o uso próprio e com os estudantes.

Nos resultados foi verificado que os professores apresentam alto grau de

especialização em nível superior com mestres e doutores. Esta informação parece

ter sido relevante nesta pesquisa e nas diferenças apontadas em relação à pesquisa

feita pelo CETIC (2012) com os professores brasileiros.

Os professores costumam utilizar bastante o notebook (92,5%) para se

conectar a internet e alguns deles o celular (40,3%), com dados acima da média

nacional. As finalidades no uso da internet são para acessar e-mail, pesquisar,

comprar, acessar redes sociais e serviços de banco. As redes sociais mais utilizadas

são o Facebook e o Google +. As páginas digitais mais acessadas pelos professores

vinculadas a educação são os portais educativos gratuitos, portal do MEC e alguns

(17,9%) utilizam o blog. Os professores costumam utilizar para interagir com os

alunos a internet e o e-mail e poucos utilizam as redes sociais, vídeos on-line, blog,

bate-papo e sites pessoais. Com isso, se percebe que as tecnologias e plataformas

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digitais, dentro das TIC, ainda são pouco utilizadas nas práticas educativas. Existe

uma distância entre aquilo que o professor acessa pessoalmente e o que ele aplica

em sala de aula com os alunos.

O aparelho celular é compreendido por mais da metade (58,2%) como um

elemento de aprendizagem e 34,3% acredita que não possa funcionar como

elemento de aprendizagem em projetos educacionais. As formações na área da

informática e recursos digitais são generalistas e nem todos tem acesso por falta de

tempo, apesar de sentirem necessidade de formação contínua. Nas aulas quando

usam as TIC acreditam que estão fornecendo um recurso mais motivador para tornar

as aulas mais dinâmicas. No entanto, percebe-se que este modelo ainda utiliza o

computador e outros dispositivos para funções operacionais e não explora todas as

possibilidades das plataformas digitais.

As tecnologias e plataformas digitais apresentam uma grande variedade de

aplicações na educação que envolve desde o uso das redes sociais até aplicativos

mobile. Esse potencial pode ser explorado na educação para compreender melhor a

realidade que os estudantes vivenciam e suas novas formas de relação com o

mundo e com as pessoas. Os educadores e instituições de ensino frente a este

desafio precisam criar estratégias de aproveitamento de tempo, pois, os educadores

sentem a necessidade de se capacitar nesta área. É imprescindível lembrar que os

educadores precisam se sentir motivados para poder querer gerar mudanças na

educação e enriquecer sua prática pedagógica.

Essas novas formas de comunicação possibilitam estabelecer novas

linguagens junto com os estudantes, despertar seu engajamento com as matérias,

uma relação entre teoria e prática atreladas ao mundo real. Tais potencialidades

serão permitidas se o professor servir como ponte nas atividades de criação,

pesquisa, colaboração, criatividade e inovação.

7. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Maria Elizabeth Brianconcini de. Prática e formação de professores na integração de mídias. Prática pedagógica e formação de professores com projetos: articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias. In: Integração das

20

Tecnologias na Educação/Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2005.

ANDERS, Peter. Toward an architecture of mind. CAiiA-STAR Symposium: Extreme parameters. New dimensions of interactivity,. 2001. Disponível em: <http://www.uoc.edu/artnodes/espai/eng/art/anders0302/anders0302.pdf> Acesso em: 28 ago. 2013.

APPA, Milena. Redes sociais x mídias sociais x mídias digitais. 26 abr. 2013. Disponível em: <http://blogmidia8.com/2013/04/redes-sociais-x-midias-sociais-x-midias-digitais.html> Acesso em: 28 ago. 2013.

CASTELLS, Manuel. Sociedade em Rede: A Era da Informação. Economia, sociedade e cultura. v. 1. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CEBRAP. O que pensam os jovens de baixa renda sobre a escola. Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e Fundação Victor Civita, 2013. Disponível em: <http://www.fvc.org.br/estudos-e-pesquisas/2012/pdf/relatorio_jovens_pensam_escola.pdf> Acesso em: 28 ago. 2013.

CETIC. TIC Educação 2012. Centro de estudos sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação. Disponível em: <http://www.cetic.br/educacao/2012/professores/index.html> Acesso em: 28 ago. 2013.

DRUCKER, Peter F. O melhor de Peter Drucker: o homem, a administração, a sociedade. São Paulo: Nobel, 2002.

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