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MÁRCIA CRISTINA NOGUEIRA TORRES DIREITO À EDUCAÇÃO: A EVASÃO ESCOLAR CAUSADA PELO TRABALHO INFANTIL CURITIBA 2010

TEMA: Direito a Educação: A evasão escolar causada pelo ... Cristina... · tolerância e, acima de tudo, incutir em cada um o amor a sua própria liberdade e o respeito à liberdade

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  • MRCIA CRISTINA NOGUEIRA TORRES

    DIREITO EDUCAO: A EVASO ESCOLAR CAUSADA PELO TRABALHO INFANTIL

    CURITIBA

    2010

  • 2

    Mrcia Cristina Nogueira Torres

    DIREITO EDUCAO: A EVASO ESCOLARE CAUSADA PELO TRABALHO INFANTIL

    Monografia apresentada ao Curso de Especializao da Fempar como requisito parcial obteno de Ttulo de Ps-graduao em Direito.

    Orientador: Prof. Clayton Maranho

    CURITIBA

    2010

  • 3

    TERMO DE APROVAO

    MRCIA CRISTINA NOGUEIRA TORRES

    DIREITO EDUCAO: A EVASO ESCOLAR CAUSADA PELO TRABALHO INFANTIL

    Monografia aprovada como requisito parcial para obteno do grau de Especialista

    no curso de Ps-Graduao em Ministrio Pblico - Estado Democrtico de

    Direito, Fundao Escola do Ministrio Pblico do Paran - FEMPAR, Faculdades

    Integradas do Brasil UniBrasil, examinada pelo Professor Orientador Clayton

    Maranho.

    _____________________________

    Prof. Dr. Clayton Maranho.

    Orientador

    Curitiba, 22 de abril de 2010.

  • 4

    Agradecimentos

    Ao auxlio de professores, doutrinadores de obras consultadas, para feitura deste trabalho. Meu especial agradecimento a minha famlia, que tanto me apoiou durante o perodo de realizao e concluso da monografia.

  • 5

    SUMRIO: 1. INTRODUO------------------------------------------------------------------------------------7 2. DIREITO A EDUCAO------------------------------------------------------------------------9 2.1 Conceito-------------------------------------------------------------------------------------------9 2.2 Direito Educao no Plano Nacional --------------------------------------------------13 2.3 Direito Educao no Plano Internacional----------------------------------------------18 2.4 Recursos que financiam o Direito a Educao-----------------------------------------22 3. EVASO ESCOLAR 3.1 Causas e Solues a Evaso Escolar----------------------------------------------------27 3.2 Dados da expanso da evaso no pas--------------------------------------------------31 3.3 Principais projetos de erradicao da evaso escolar-------------------------------37 4. TRABALHO INFANTIL 4.1 Conceito------------------------------------------------------------------------------------------42 4.2 Causas e Conseqncias do Trabalho Infantil-----------------------------------------49 4.3 Formas de Prestao de Trabalho Infantil---------------------------------------------- 53 4.4 Dados relativos ao Trabalho Infantil------------------------------------------------------ 59 4.5 Programas de Erradicao do Trabalho Infantil--------------------------------------- 63 5. TRABALHO INFANTIL CAUSA DA EVASO ESCOLAR NO PAS E OS RECENTES DADOS------------------------------------------------------------------------------ 76 6 CONCLUSO-------------------------------------------------------------------------------------81 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS-----------------------------------------------------------84

  • 6

    RESUMO

    O trabalho, em tela, inicia-se com uma breve conceituao do Direito Educao,

    seguido de um apanhado de seu reconhecimento universal como direito

    fundamental previsto nos mais diversos documentos ao redor do mundo. Aborda

    as diversas legislaes no pas e no mundo voltadas proteo do direito

    educao, bem como, aponta de onde provem os recursos voltados no

    financiamento do sistema de ensino. Enfatiza o papel assumido pelo Estado, como

    garante ao direito educao, todo o seu empenho em manter e desenvolver a

    educao em todo o pas. Expe causa e conseqncia da evaso escolar,

    seguida do apontamento de recentes dados apurados desta realidade nociva

    sociedade e alguns programas criados com intuito de amenizar o aumento de tais

    ndices. O presente trabalho faz uma conceituao do trabalho infantil

    apresentando suas maiores causas, os programas desenvolvidos na busca de sua

    erradicao e dados recentes de sua incidncia no pas. A monografia finalizada

    com a apurao do trabalho infantil, segundo pesquisa recente Fundao Getlio

    Vargas, como a segunda maior causa da evaso escolar.

  • 7

    1. INTRODUO

    O direito educao uma conquista obtida por toda sociedade ao longo

    de dcadas por diversas regies do mundo aps muita luta, vindo a se despertar

    quanto essencialidade deste direito e passando a ser alvo de correntes debates

    aps a segunda guerra mundial. Houve um reconhecimento global de sua

    importncia como instrumento de desenvolvimento humano, constatando tratar-se

    de um auxlio na produo e como mola mestra da estabilidade de uma nao.

    Ao redor do mundo foram editados vrios tratados, convenes

    internacionais, cartas constitucionais prevendo a positivao e obrigatoriedade de

    prestao do direito educao por partes de seus Estados-Membros. No Brasil

    so vrias as leis e programas igualmente voltados na sua regulamentao,

    manuteno e desenvolvimento, bem como aquelas voltadas a sua efetiva

    garantia. O pas conta com uma organizada estrutura voltada arrecadao,

    distribuio de recursos para fomento do direito educao, sem falar nos rgos

    existentes na fiscalizao do uso destes recursos.

    A monografia aponta algumas das causas e conseqncias da evaso

    escolar ao redor do pas, que apesar de projetos, recursos no empenho de sua

    diminuio conta com elevados nmeros de sua ampliao. Os dados recentes da

    evaso escolar apontam os principais motivos de sua incidncia, atravs da

    anlise de algumas regies com maior ndice de sua ocorrncia pode-se apurar

    algumas alteraes necessrias ao sistema de ensino, no intuito de eliminar esta

    realidade nociva sociedade. Faz-se um apanhado com relao a programas que

    auxiliam na diminuio destes dados, cuja funo dar todo apoio aos estudantes

    desde transporte, livros, sade ou at mesmo fomento no sustento de sua famlia.

    Define o trabalho infantil no pas, suas causas, levantam-se a ocorrncia

    de sua explorao no decorrer dos tempos e faz um apanhado das principais

    atividades desenvolvidas por nossos jovens. So expostos dados recentes da

    incidncia da prtica do trabalho precoce, um relato quanto os inmeros acidentes

    e mazelas decorrentes dessa explorao ao individuo, que se encontra em pleno

    desenvolvimento fsico e intelectual. Apresenta programas criados para

  • 8

    erradicao do trabalho infantil, como so formuladas e quais atividades

    desenvolvidas para diminuio desta realidade ofensiva a sade e voltadas

    formao de nossas crianas e adolescentes.

    Busca-se associar a verdadeira ligao entre a evaso escolar e o

    trabalho infantil, de modo, mostrar por dados concretos sua interligao entre

    ambos, de forma a coexistir como causa e conseqncia. A prtica do trabalho

    precoce apontada como segunda maior causa da evaso escolar, depois da

    falta de interesse na escola. So proposta algumas mudanas por especialistas,

    na tentativa de melhora no sistema de ensino: como alterao no sistema

    pedaggico e investimento na instruo de professores.

    No se vislumbra uma frmula exata para a melhoria do sistema de

    ensino, com tcnicas prontas a serem trabalhadas, constata-se que somente

    efetivar caso haja um maior comprometimento da sociedade e Estado de forma

    conjunta. A diminuio dos ndices da evaso escolar s ocorrer caso seja

    desenvolvido um trabalho entre Estado, sociedade, famlia, de modo, a se apurar

    suas principais mazelas, os melhores caminhos a percorrer, as reais necessidades

    dos alunos. A presente monografia tem o escopo de mostrar a ligao direta do

    aumento da evaso escolar e a reiterada explorao do trabalho infantil, bem

    como, apontar algumas das principais mudanas propostas por pesquisas e

    estudiosos do ramo para erradicao dessa realidade nociva de nossa sociedade.

  • 9

    2 DIREITO EDUCAO 2.1 Conceito:

    O direito educao um direito social, inserido dentre os direitos

    fundamentais do homem em nossa Constituio, apregoado como meio certo a

    conquista de uma efetiva igualdade e de liberdade do cidado. Como bem

    descreve Jos Afonso da Silva, os direitos sociais tm o condo de criar

    condies materiais na busca da igualdade real, na medida que, proporciona

    condies ao exerccio efetivo da liberdade.1

    A implementao do Estado de Direito foi responsvel por inserir a

    instituio de cartas definidoras de direitos polticos, direito liberdade e garantias

    individuais em diversos paises. O direito educao definido como uma garantia

    individual capaz de proporcionar ao homem sua real cidadania. A cidadania

    assegura ao ser humano, expressar melhor sua opinio, escolher seus

    governantes, buscar seus direitos. Evitando assim, que o indivduo seja um mero

    instrumento de manipulao aos interesses das classes economicamente

    dominantes. Como bem, estabelece a Lei Maior em seu artigo 205 como as trs

    maiores finalidades da educao: o pleno desenvolvimento da pessoa, seu

    preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho.

    A preparao para a cidadania como finalidade da educao foi apontada

    por Cludio PACHECO:

    Para ns, que vivemos em democracia e que no receamos, antes ambicionado a pluralidade dos partidos, a escola a de instituir sem subterfgios nem escamoteaes, h de desenvolver o esprito crtico, h de combater os preconceitos, h de cultivar a tolerncia e, acima de tudo, incutir em cada um o amor a sua prpria liberdade e o respeito liberdade alheia. Em outras palavras, ensinar a viver democraticamente. No pretende fazer partidrios, mas reconhece a necessidade de formar cidados, pois o sufrgio universal, voto secreto e justia eleitoral, esplendidas conquistas a que atingimos em nossa evoluo poltica constituiro um ritual inconseqente, uma simples aparncia de democracia, enquanto faltar ao eleitorado capacidade de escolher e a vontade de acertar.

    2

    1 SILVA, Jos Afonso da Curso de Direito Constitucional Positivo. 10 ed. So Paulo:

    Malheiros Editores, 1995, p. 277. 2 MOTTA, Elias de Oliveira. Direito Educacional e Educao no sculo XXI. Braslia

    UNESCO. Editora: UNA Cincias Gerenciais, 1997, p. 169.

  • 10

    O regime democrtico acabou por introduzir a necessidade da interveno

    do Estado, como garantidor da segurana social, o qual caberia a prestaes de

    servios administrativos nos setores da sade, educao, cultura, trabalho,

    desporto.3 Assegurar o direito educao uma responsabilidade atribuda ao

    Estado, a famlia com a devida colaborao da sociedade. O Estado institui esse

    servio, na forma de uma ao positiva prestada direta ou indireta, de modo, a

    proporcionar maiores oportunidades aos jovens e assim diminuir a desigualdade

    social.4 O cidado detentor de um direito subjetivo pblico ao ensino5, em caso

    de descumprimento a garantia ao ensino existe a possibilidade de utilizar-se do

    aparato coativo estatal na busca da efetivao de seu interesse.

    O dever de assegurar o direito educao est estabelecido no texto do

    artigo 227, da Constituio Federal:

    dever da famlia, da sociedade e do Estado assegurar criana e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito vida, sade, alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e a convivncia familiar e comunitria, alm de coloc-los a salvo de todo forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso.

    A importncia do direito educao e seus fundamentos foi apontado por

    Monteiro:

    Por conseqncia, o direito educao um paradigma novo. O direito educao um paradigma de subdesenvolvimento tico, psicolgico e poltico. O novo direito educao tem uma significao revolucionria que pode ser resumida nestes termos metafricos: a educao j no est centrada na terra dos adultos, nem no sol da infncia, mas projetado no universo dos direitos do ser humano, onde no h menores e maiores, pais e filhos, professores e alunos, mas sujeitos iguais em dignidade e direitos. Sendo assim, a razo pedaggica j no uma razo poltica do Estado, mas a razo tica do Educando, que limita tanto a onipotncia estatal como o arbtrio parental.

    6

    A nossa Constituio dispe como competncia privativa da Unio em

    legislar sobre leis gerais da educao, de modo, a definir diretrizes e bases da

    educao nacional. J aos Estados, Distrito Federal e Municpios cabem, dentro

    de sua esfera de ao, legislar de forma complementar ou at mesmo concorrente

    3 Ibidem, p.156.

    4 Ibidem, p. 157.

    5 MOREIRA, Orlando Rochadel. Polticas Pblicas e Direito Educao. Belo

    Horizonte. Editora Frum, 2007, p. 105. 6 Ibidem, p. 107.

  • 11

    se respeitada a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional.7 A Unio

    responsvel pela organizao do sistema federal de ensino, voltados mais s

    reas de ensino superior e tcnico, como suporte tcnico e financeiro aos estados

    (ensino mdio e fundamental) e municpios (ensinos fundamentais e educao

    infantil).

    No Brasil h uma vasta previso legal estabelecendo o direito educao

    e sua estruturao, ocorre que, ainda falta medidas efetivas na extino do quadro

    de excluso existente no pas. O que nos falta segundo Graccho Cardoso

    harmonizao entre lei e prtica, entre teoria e aplicao, entre mito educacional

    e realidade educacional.8

    A falta de efetividade, proteo aos nossos direitos sociais so

    apontados:

    Os direitos sociais, como se sabe, so mais difceis de proteger do que os direitos de liberdade. Mas sabemos todos igualmente, que a proteo internacional a mais do que a proteo no interior de um Estado de Direito. Poder-se-iam multiplicar os exemplos de contraste entre as declaraes solenes e sua consecuo, entre a grandiosidade das promessas e as misrias das realizaes. J que interpretei a amplitude que assumiu o debate sobre os direitos do homem como sinal de progresso moral da humanidade, no ser inoportuno repetir que esse crescimento moral no se mensura pelas palavras, mas pelos fatos. De boas intenes, o inferno est cheio.

    9

    A escola tem um papel fundamental no mundo do ser humano, voltado

    no s no desenvolvimento intelectual, mas tambm, no cuidado com aspectos

    fsicos, emocionais, morais e sociais. O sistema escolar a fim de atingir sua funo

    social conta com recursos culturais, humanos, financeiros, materiais e alunos. O

    funcionamento do sistema escolar se d por meio de uma rede de escolas e

    estrutura de sustentao (normas, metodologia de ensino, contedo, entidades

    mantenedoras).10

    A forma de organizao do sistema escolar deve evitar uma burocracia

    formal que se traduz, com o tempo, em administrao ineficiente causadora de

    inmeros entraves. Hoje h uma filosofia relativa administrao da educao no

    Brasil, em que se adota princpios de gesto democrtica, na qual cabe a cada

    7 MOREIRA, Orlando Rochadel. Op. cit., p. 158.

    8 Ibidem, p. 109.

    9 Ibidem, p. 127.

    10 DIAS, Jos Augusto. Educao bsica: polticas, legislao e gesto: leituras. So

    Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004, p. 133.

  • 12

    parcela do sistema colaborao e atuao. D-se, atualmente em nvel escolar

    uma maior nfase a participao11, a qual conta com o comprometimento de

    profissionais, comunidades locais e da gesto da unidade escolar. Todo, esse

    aparado volta-se melhora dos ndices escolares, na instituio de uma escola,

    que realmente atenda aos anseios de seus alunos.

    O ensino deve atender a certos princpios, como forma de atingir sua

    efetividade, que vai da atribuio de condies de acesso e permanncia na

    escola. Perpassando, pelo emprego de liberdade de ensinar, expresso do

    pensamento, pluralidade de concepes pedaggicas. Bem como, a garantia aos

    nossos alunos de ensino gratuito, com boa qualidade, valorizao dos

    profissionais de ensino (art. 206, CF/ 88).

    Na busca de melhoria no padro de qualidade do ensino pblico gratuito,

    o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional n 14, que dispe sobre

    o desenvolvimento do ensino fundamental, valorizao dos professores e o

    aperfeioamento do sistema nacional de avaliao do ensino.12 Houve uma

    modificao do artigo 34 com acrscimo do inciso VII, alnea e, que passou a

    estabelecer, em caso de falta de aplicao do percentual constitucional mnimo de

    suas receitas na manuteno e desenvolvimento do ensino, a possibilidade de

    interveno da Unio nos estados (face desobedincia da obrigatoriedade imposta

    pelo art. 212, CF/88).13 A interveno tem condo de inibir o descumprimento, por

    parte de autoridades estaduais e municipais, de normas constitucionais e

    negligncia na aplicao de recursos voltados a ensino.

    Na atualidade, tem-se buscado efetividade do direito educao com

    aplicao de uma gesto participativa em nossas escolas, como bem apontada

    LIBNEO:

    Nesse principio est presente exigncia da participao de professores, pais, alunos, funcionrios e outros representantes da comunidade bem como a forma de viabilizao dessa participao: a interao comunicativa, a busca do consenso em pautas bsicas, o dilogo intersubjetivo. Por outro lado, a participao implica os processos de gesto os modos de fazer, a coordenao e a cobrana dos trabalhos e decididamente, o cumprimento de responsabilidades compartilhadas dentro de mnimo de diviso de tarefas e alto grau de profissionalismo de todos. Conforme temos ressaltado, a

    11

    DIAS, Jos Augusto. Op. cit., p 151. 12

    MOREIRA, Op. cit., p. 175. 13

    MOTTA. Op. cit., p. 160.

  • 13

    organizao democrtica implica no s a participao na gesto, mas a gesto da participao.

    14

    O dever do Estado frente ao direito educao vai alm da garantia de

    ensino gratuito ao cidado, na medida que, mantm um sistema assistencialista

    com programas suplementares de material didtico-escolar, transporte,

    alimentao e assistncia sade. Tudo visando, suprir as necessidades

    elementares dos educandos, de modo, a possibilitar a continuidade de seus

    estudos. Cabe a famlia, a sociedade como um todo fiscalizar a aplicao dos

    recursos voltados educao, bem como, auxiliar na conservao de escolas,

    acompanhamento aos professores, verificao de material didtico. Dando,

    efetividade a uma gesto participativa do ensino brasileiro, no qual todos se

    voltam a um objetivo comum de formar cidados livres e capazes de tomar suas

    decises.

    2.2 O Direito Educao no Plano Nacional

    A divulgao da Declarao dos Direitos do Homem serviu de leme a

    muitas constituies contemporneas a diversos pases, na instituio da

    separao dos poderes, dos direitos individuais, polticos e alguns direitos sociais,

    como forma de assegurar direitos dos povos. A implantao do Estado de Direito

    e o surgimento do regime democrtico fez surgir necessidade do

    estabelecimento na Lei Maior de vrios pases: da definio de princpios, direitos

    e deveres destas sociedades. A partir do sculo XX tornou-se necessrio

    interveno estatal na garantia dos direitos primrios do cidado, frente ao

    discurso positivista em debate na Europa, chamando o Estado a desempenhar o

    papel de precursor do bem-estar de seus pares por todo Ocidente.15

    O Estado do bem-estar social tem relevante importante no fomenta de

    sua nao:

    14

    LIBNEO, Jos Carlos. Organizao e gesto da escola teoria e prtica. So Paulo. Editora Alternativa. 1994, p. 117.

    15 NUNES, Brasilmar Ferreira. Sociedade e Infncia no Brasil. Braslia DF. Editora UNB,

    2003, p. 112.

  • 14

    A proposta de um estado mnimo jamais vingou. Mesmo na Inglaterra de Margaret Thatcher, que promoveu profunda reforma do estado, os gastos sociais se expandiram. O estado do bem-estar social continuou grande e importante e sobreviveu restaurao do iderio liberal pelos conservadores britnicos. Esse estado tem soberania sobre o territrio. Garante a ordem, a segurana e o respeito ao direito a propriedade e aos contratos. Defende a concorrncia no mercado. Regula o sistema financeiro, os monoplios e os oligoplios. relevante na educao, na cincia e na tecnologia. o verdadeiro estado forte, base do capitalismo contemporneo. Mais tarde, tornou-se fundamental na rea social, particularmente em previdncia e sade.

    16

    No Brasil a primeira lei a introduzir o direito educao foi a Constituio

    de 1824, a qual garantia instruo primria gratuita a todos os cidados. A

    Constituio do Imprio, em seu art. 179, disps sobre a inviolabilidade dos

    direitos civis e polticos dos cidados brasileiros, tendo com base a liberdade, a

    segurana individual e a propriedade. De modo, que ao Estado cabia assegurar a

    oferta de ensino gratuito, a liberdade de ensino e estabelecia a regulamentao de

    existncia de ensino pblico e particular.17

    J a primeira Constituio republicana disps sobre o direito educao,

    em seus artigos 35 e 72, pargrafo 6, a imposio de obrigatoriedade do

    Congresso de "animar no pas o desenvolvimento das letras, artes e cincias", em

    "criar instituies de ensino superior e secundrio nos Estados" e em "prover a

    instruo secundria no Distrito Federa. Apesar de tais previses nas

    Constituies de 1824, 1891 relativas ao direito educao assegurado aos

    cidados extremamente pobres, entretanto face recente independncia de nosso

    pas, tal garantia ficou sem efetividade frente falta de conscincia de cidadania e

    regularizao dos deveres do Estado.18

    Nossa Carta Magna de 1934 inseriu um captulo especfico relativo a

    Educao e Cultura, de modo a dispor uma maior regulamentao do direito

    educao. Ao artigo 149 coube definir a educao, de modo a atribuir como dever

    da famlia e poder pblico de seus garantidores, ressaltando a importncia do

    desenvolvimento espiritual e conscientizao da solidariedade humana dos

    jovens. J o artigo 156 foi responsvel por determinar percentuais mnimos de

    16

    NOBREGA. Malson da. Estado Forte. Revista Veja. So Paulo. Editora Abril. Edio 2151, ano 43, n 6, 19 de fevereiro de 2010.

    17 MOREIRA. Op. cit., p. 110.

    18 NUNES. Op. cit., p. 113.

  • 15

    gastos com educao por parte da Unio, Estados, Distrito Federal, Municpios

    relativos renda resultante do recolhimento de impostos.19 Implementou-se a

    diviso de competncias entre os entes federativos, estabeleceu iseno de

    tributos a estabelecimentos particulares ao garanti-lo gratuitamente e aumentou a

    liberdade de ctedra. Conjuntamente estabeleceu obrigao em manter fundos de

    educao capazes de proporcionar aos alunos carentes o ensino gratuito, bolsas

    de estudo, material escolar, assistncia alimentar, dentria e mdica.20

    A Constituio de 1937 instituiu a liberdade na iniciativa de ensino,

    mantendo o ensino primrio como obrigatrio e gratuito, ao mesmo tempo, que

    passa a reconhec-lo como um direito-dever de todos os nossos jovens. O Estado

    tem o papel de provedor do cidado nas condies de sua preservao fsica e

    moral, bem como, a insero de sanes aos responsveis que injustificadamente

    deixasse de proporcionar condies ao desenvolvimento intelectual21 aos

    cidados. A partir de ento, introduziu-se a garantia aos pais sem recursos

    financeiros de invocar o auxlio e a proteo do Estado na subsistncia e

    educao de seus filhos. Mantendo-se o direito ao acesso do ensino em todos os

    seus graus infncia, juventude, dando prioridade ao ensino pr-vocacional e

    profissional.22 Instituiu a possibilidade de cobrana de uma "contribuio mdica e

    mensal", apesar da obrigatoriedade e a gratuidade do ensino primrio, aqueles

    cidados no detentores de escassez de recursos financeiros.

    A Carta de 1937 em seu artigo 127 estabelecia que:

    A infncia e a juventude devem ser objeto de cuidados e garantias especiais por parte do Estado, que tomar todas as medidas destinadas a assegurar-lhes condies fsicas e morais de vida s e harmonioso desenvolvimento de suas faculdades. O abandono moral, intelectual, ou fsico da infncia e da juventude importar falta grave dos responsveis por sua guarda e educao, e cria ao Estado o dever de prov-las do conforto e dos cuidados indispensveis preservao fsica e moral. Aos pais miserveis assiste o direito de invocar o auxilio e proteo do Estado para subsistncia e educao de sua prole.

    23

    19

    MOREIRA, p. 112. 20

    GARCIA. Emerson. O direito educao e suas perspectivas de efetividade. Disponvel em: , dia 15/03, s 16:50.

    21

    MOREIRA, Op. cit., p. 113. 22

    GARCIA. 23

    MOREIRA, Op. cit., p. 113.

    http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5847

  • 16

    No ano de 1938 foi criada a Casa do Jornaleiro, em mbito nacional que

    serviu de base criao do Servio de Assistncia ao Menor (SAM), pelo

    Ministrio da Justia, considerado um marco no processo de interveno direta do

    Estado. Foi responsvel pela criao de vrias instituies voltadas ao

    atendimento da criana pobres, desde de ento, a infncia passa a ser entendida

    como uma responsabilidade nacional e no um mero problema regional. Em 1942

    surgiu a Legio brasileira de Assistncia (LBA), tido como um modelo de

    assistencialismo infncia pelo Estado, implementou uma concepo prpria de

    relacionamento do poder pblico junto populao carente.24 Foi responsvel pelo

    atendimento de crianas carentes, com distribuio de alimentos, seguido de

    atendimento mdico.

    A Constituio de 1946, do perodo ps-guerra, acabou por retomar e

    aplicar alguns dos aperfeioamentos ao sistema anteriormente adotado em 1934,

    dispondo em seu artigo 164 sobre a obrigatoriedade do Poder Executivo em

    garantir assistncia maternidade, infncia e adolescncia. Com o objetivo de

    preparar jovens para diferentes ramos industriais, foi criada em 1946 o Servio

    Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) pelo setor privado industrial, com

    aprovao da Unio responsvel por um segmento da poltica social da Era

    Vargas.25 A Lei n 4.024, de 20 de dezembro de 1961 (Lei de Diretrizes e Bases

    da Educao Nacional) consagrou a educao como direito de todos,

    assegurando a garantia de ensino primrio e que o ensino fundamental ser

    igualmente atribudo aos que comprovarem falta ou insuficincia de recursos.26

    Pode-se verificar com a Constituio de 1967 uma grande inovao

    estabelecida com a obrigatoriedade de garantia de ensino aos indivduos de 07 a

    14 anos de idade, dispondo em seu artigo 168, pargrafo 3, inciso II, sua

    prestao gratuita e uma garantia de igualdade de oportunidades. J em seu

    artigo 170 introduziu-se uma obrigao imposta a todas empresas comerciais,

    industriais, agrcolas, em manter conforme estabelecesse a lei, a prestao de

    24

    NUNES, Op. cit., p. 117, 118. 25

    Ibidem, p. 118. 26

    GARCIA. Emerson. O direito educao e suas perspectivas de efetividade. Disponvel em: , dia 15/03, s 16:50.

    http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5847

  • 17

    ensino primrio gratuito aos seus empregados e filhos.27 A Carta de 1969 previu

    em seu artigo 35 a exigncia de se garantir um percentual mnimo da receita

    arrecadada por cada municpio, no gasto com manuteno e desenvolvimento do

    ensino.

    Essa mesma disposio fora estabelecida na Constituio de 1988, com a

    previso de interveno em caso de descumprimento de aplicao destes

    percentuais a educao. A emenda constitucional de 14/1996 alterou o artigo 34,

    com a insero no inciso VII da alnea e, prevendo o direito da Unio intervir nos

    Estados, que no aplicassem o mnimo exigido de receitas provenientes de

    impostos estaduais.28 A Constituio Cidad em seu capitulo II deu nfase ao

    direito educao, prevendo-o como um direito social garantido a todo cidado,

    estabelecendo a responsabilidade comum e solidria da Unio, Estados, Distrito

    Federal, Municpios na implementao de seus meios de acesso.29

    O artigo 205 alm de dispor o direito educao como direito de todos,

    estabeleceu-o como dever do Estado e da famlia, conjuntamente com incentivo

    da sociedade. J no artigo 208, inciso VII, o atendimento as necessidades do

    educando no ensino fundamental vai alm de sua garantia, com a previso de

    fomento de programas suplementares de material de didtico, transporte,

    alimentao e assistncia sade. Nesta Carta h a previso de

    responsabilizao das autoridades competentes no descumprimento no

    oferecimento de ensino obrigatrio pelo Poder Pblico ou at mesmo pela sua

    oferta irregular.

    O Estatuto da Criana e do Adolescente - Lei 8069, sancionada em 13 de

    julho de 1990, reconheceu a vulnerabilidade de tais indivduos, bem como, o dever

    em garantir sua proteo moral, fsica, psquica. Foi responsvel por introduzir no

    pas a proteo integral proposta pela ONU,30 tendo em vista a peculiar condio

    de indivduo em pleno desenvolvimento fsico, mental. Houve uma redefinio aos

    27

    MOREIRA, Op. cit., p. 115. 28

    MOTTA, Op. cit., p. 160. 29

    MOREIRA. Op. cit., p. 116. 30

    NUNES, Op. cit. 120.

  • 18

    direitos da criana e adolescente, seguido da previso dos deveres impostos a

    sociedade, famlia e ao Estado em seu efetivo atendimento.

    O Estatuto foi responsvel por estabelecer de forma ampla vrios direitos

    inerentes ao direito educao:

    Segundo o Estatuto, vista como processo que envolve escolaridade, cultura e lazer, a educao priorizada. Prev-se o direito da criana e do adolescente educao, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exerccio da cidadania e qualificao para o trabalho, assegurando direitos quanto a: acesso gratuito e permanncia na escola, respeito de educadores, contestao de critrios avaliativos, organizao e participao em entidades estudantis, cincia e participao de pais/ responsveis na definio de programas educacionais.

    31

    A Lei 8069/90 promoveu uma revoluo no tratamento da problemtica

    infantil32 em nossa sociedade, estabeleceu previso de deveres e a imposio de

    proibies de qualquer forma negligncia, explorao, violncia, opresso no

    tratamento de crianas e adolescentes. Trouxe uma inovao ao prever a criao

    de Conselhos Tutelares em Municpios, voltados ao regular cumprimento dos

    direitos da criana e do adolescente. A emenda constitucional 59/2009 alterou o

    tempo de durao da escolaridade obrigatria no Brasil, a qual assegura garantia

    aos indivduos de 04 aos 17 anos de idade, tais alteraes devem ser

    implementadas progressivamente at 2016.O sistema de ensino sofrer toda uma

    reestruturao, para garantir a efetividade de ensino a todos os nossos alunos

    destas idades, conforme os parmetros a serem estipulados pelo Plano Nacional

    de Educao.33

    2.3 O Direito Educao no Plano Internacional

    Diante da tentativa regulamentao dos direitos fundamentais os mais

    diversos tratados, cartas de princpios e acordos internacionais foram editadas na

    busca de se estabelecer direitos que assegurassem a consolidao da dignidade

    da pessoa humana. Frente intenso questionamento quanto universalidade dos

    31

    Ibidem, p. 124. 32

    Ibidem, p. 123. 33

    GIL. Juca. Educao? Sim, obrigado. Revista Nova Escola A revista de quem educa. Editora Abril. So Paulo. Ano I n 6 fevereiro / maro de 2010.

  • 19

    direitos fundamentais aps a segunda Guerra Mundial verificou-se uma maior

    preocupao de sua normatizao. O direito educao como um direito

    fundamental fora igualmente positivado nos mais diversos documentos ao redor

    de todo mundo.

    A Constituio de Portugal 1822 dispunha sobre a necessidade de

    existirem escolas suficientemente dotadas, "em todos os locais onde convier", com

    previso nos demais textos constitucionais de sua gratuidade de instruo

    primria: art. 145, 30, da Carta Constitucional de 1826; art. 28, I, da Constituio

    de 1838. J a Constituio de 1911 em seu art. 3 regulamentou a gratuidade do

    ensino, a obrigatoriedade do ensino primrio, repetido nas Constituies de 1933

    (43, 1o) e na atual (art. 74, 2, a, aps as revises de 1982, 1989 e 1997). Pode-

    se verificar um captulo especfico aos "direitos e deveres culturais" na Carta de

    1976.34

    Na Frana, a alnea 13 do Prembulo da Constituio de 1946 j dispunha

    que "a nao garante o igual acesso das crianas e dos adultos instruo,

    formao profissional e cultura. A Declarao Universal dos Direitos Humanos

    uma instruo voltada ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e do

    fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades

    fundamentais. Foi adotada e proclamada pela Assemblia Geral das Naes

    Unidas, de 10 de dezembro de 1948, disps na resoluo 217 A (III), art. XXVI,

    que a instruo direito de todos, deve ser garantida de forma gratuita, nos graus

    elementares e fundamentais. A educao tem o condo de promover

    compreenso, a tolerncia, a amizade entre todas as naes e grupos raciais ou

    religiosos e tem o papel de auxiliar Naes Unidas na promoo da paz. A

    Declarao apregoa valores sem impor qualquer obrigatoriedade em sua

    observncia por parte dos Estados subscritores, sua importncia passa ao

    reconhecimento com o decorrer dos tempos, face grandiosidade de seus

    apontamentos. No decorrer dos tempos ocorre a edio de Pactos Internacionais

    34

    GARCIA. Emerson. O direito educao e suas perspectivas de efetividade. Disponvel em: , dia 15/03, s 16:50.

    http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5847

  • 20

    apregoando princpios e as aspiraes por ela anteriormente eleita agora com

    vinculao dos Estados-Membros.35

    Outro importante documento a aclamar o direito a educao foi a

    Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem, aprovada pela IX

    Conferncia Internacional Americana, em abril de 1948, na Cidade de Bogot. Seu

    texto dispe sobre o direito de todos a educao, no art. XII, de modo a

    proporcionar ao cidado uma subsistncia digna e igualdade condies em

    sociedade. O ensino deve ser dado tem em vistas sempre transmitir conceitos de

    liberdade, condutas de moralidade e um convvio solidrio. Como no poderia

    deixar de ser a Carta Internacional Americana de Garantias Sociais editada na

    mesma ocasio estabeleceu, em seu art. 4, o direito do trabalhador receber

    educao profissionalizante e tcnica como forma de ampliao de ganhos

    salariais e melhoria da produo.36

    No se esquecendo de um documento relevante ao reconhecimento de

    direitos das crianas que foi a Declarao dos Direitos da Criana, adotada pela

    Assemblia das Naes Unidas de 20 de novembro de 1959. Disps sobre o

    direito da criana receber educao gratuita, reiterada no grau primrio, de modo

    a propiciar-lhe instruo capaz de assegurar cultura geral, desenvolver aptides,

    capacidade de expresso e valores morais e sociais.37

    Um documento editado para regulamentar a Educao disps: A Conferncia Geral da Organizao das Naes Unidas para a Educao

    celebrou, em 14 de dezembro de 1960, a Conveno Relativa Luta Contra a Discriminao no Campo do Ensino. A Conveno, dentre outras hipteses, considerou o termo discriminao como abrangente de qualquer iniciativa que terminasse por: a) privar qualquer pessoa ou grupo de pessoas do acesso aos diversos tipos ou graus de ensino; b) limitar a nvel inferior a educao de qualquer pessoa ou grupo; e c) impor a qualquer pessoa ou grupo de pessoas condies incompatveis com a dignidade do homem.

    38

    35

    Idem. 36

    Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem. Disponvel em:, acesso em 14/03, s 16:42.

    37 Declarao Universal dos Direitos das Crianas. Disponvel em:

    , acesso a 12/02, s 14;25. 38

    GARCIA. Emerson. O direito educao e suas perspectivas de efetividade. Disponvel em: , acesso 15/03, s 16:50.

    http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10120.htmhttp://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5847

  • 21

    O Protocolo Adicional ao Pacto de San Jos da Costa Rica denominada de

    Protocolo de San Salvador realizou-se na Cidade de San Salvador, El Salvador,

    em 17 de novembro de 1988. Foi adotado no XVIII Perodo Ordinrio de Sesses

    da Assemblia Geral da Organizao dos Estados Americanos (OEA). O Pacto

    estabeleceu que os Estados Partes para obter o pleno exerccio do direito

    educao deveria: garantir ensino de primeiro grau obrigatrio e acessvel a todos

    gratuitamente, o ensino de segundo grau seja tcnico e profissional acessvel a

    todos, com sua implantao progressiva na forma gratuita, j o ensino superior

    deve ser acessvel a todos com meios apropriados e busca de sua implantao

    progressiva do ensino gratuito. O Estado Parte deve promover ou intensificar

    ensino bsico a todas as pessoas que no tenham o ciclo completo de instruo

    do primeiro grau, deve fomentar programas de ensino diferenciado voltados aos

    deficientes, proporcionando-lhes instruo especial e a devida formao.39

    A Conveno sobre os Direitos da Criana foi adotada pela Resoluo

    XLIV da Assemblia Geral das Naes Unidas, de 20 de novembro de 1989 e

    igualmente disps condutas a ser observada pelo Estado Parte com relao ao

    fomento do direito educao. O texto do art. 2840 estabeleceu que os Estados

    Partes devem reconhecer o direito da criana educao e assegurar seu

    exerccio progressivo em igualdade de condies: o ensino primrio obrigatrio e

    disponvel gratuitamente a todos, buscar estimular o desenvolvimento do ensino

    secundrio tornando-o disponvel e acessvel a todas as crianas. Contribuir para

    implantao de medidas apropriadas a implantao do ensino gratuito e a

    concesso de assistncia financeira em caso de necessidade, o ensino superior

    deve ser acessvel a todos com meios adequados. Fazer com que a informao,

    as orientaes educacionais e profissionais sejam disponibilizada e acessveis a

    todas as crianas, bem como adotar medidas para estimular a freqncia regular

    s escolas e a reduo do ndice de evaso escolar.

    39

    Pacto de San Jos da Costa Rica. Disponvel em: , acesso 21/03, 15:24.

    40 GARCIA. Emerson. O direito educao e suas perspectivas de efetividade.

    Disponvel em: , acesso 15/03, s 16:50.

    http://www.portaldafamilia.org/artigos/texto065.shtmlhttp://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5847

  • 22

    A Unio Europia estabeleceu em sua Carta o reconhecimento ao direito educao:

    A Carta dos Direitos Fundamentais da Unio Europia, proclamada em 7 de dezembro de 2000 pelos rgos comunitrios (Parlamento, Conselho e Comisso), com o fim de conferir "maior visibilidade" aos "valores indivisveis e universais da dignidade do ser humano", dispe, em seu art. 14, que "todas as pessoas tm direito educao, bem como ao acesso formao profissional e contnua", acrescendo que "esse direito inclui a possibilidade de freqentar gratuitamente o ensino obrigatrio".

    41

    O Mundo todo se curvou em um esforo conjunto na sedimentao de

    determinados direitos fundamentais, garantidores da dignidade da pessoa humana

    dentre os quais o direito educao. Foi grande o nmero de declaraes,

    tratados, pactos, convenes internacionais celebrados na positivao do direito

    educao, todos voltados ao seu cumprimento por parte de seus Estados-

    Membros, bem como, na forma de melhor implement-lo. Todos na luta pela

    universalizao dos direitos ditos fundamentais requisitando o reconhecimento da

    essencialidade em se garantir tais direitos para auxiliar o convvio global.

    2.4 Recursos que financiam o Direito Educao

    No Brasil a primeira vez que se cogitou a regulamentao de uma poltica

    de vinculao de recursos pblicos voltados a Educao data de 1920,

    devidamente inscrita na constituio de 1934, no chegando sequer a entrar em

    vigor face constituio ditatorial de 1937. Retomada a democracia foi novamente

    introduzida pela constituio de 1946, dispondo percentuais mnimos obrigatrios

    de vinculao de recursos pblicos pela Unio (10%), Estado e Distrito Federal

    (20%) e Municpios (20%).42

    Outra importante fonte de financiamento do ensino foi instituda pelo o

    Salrio Educao, criado pela lei 4.462, de 1964, o qual consiste na cobrana de

    um percentual de 2,5 % sobre o total da remunerao paga ou creditada aos

    41

    Idem.

    42 MELCHIOR. Jos Carlos De. A Estrutura e Financiamento da Educao Bsica. 2

    ed. Editora Pioneira Thomson ABDC afiliada, p. 256.

  • 23

    empregados durante o ms de empresas vinculadas Previdncia Social.43 O

    Salrio-Educao a principal contribuio social, definida como um tipo de

    tributo parafiscal, proveniente da interveno do Estado no domnio econmico,

    no se esquecendo da Contribuio de Financiamento da Seguridade Social

    (Cofins) e o fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).44

    J no ano de 1968 foi criado o Fundo Nacional de Desenvolvimento da

    Educao (FNDE) vinculado ao Ministrio da Educao (MEC), cuja finalidade a

    captao de recursos financeiros para projetos educacionais e de assistncia ao

    estudante. A grande parte dos recursos do FNDE advm do Salrio-Educao,

    sendo que sua distribuio feita pelo fundo, feita de modo a respeitar a

    arrecadao realizada por cada estado e no Distrito Federal.45 O recolhimento do

    recurso feito pelo Banco do Brasil, que o repassa ao FNDE que ir distribu-lo

    em duas parcelas uma federal (1/3) e estadual (2/3) do montante arrecadado. J a

    fiscalizao da arrecadao do recurso cabe aos fiscais tanto do INSS como do

    FNDE.46 O fundo mantm seis programas voltados ao fomento da educao entre

    eles: Programa Dinheiro Direto na Escola (at 1998 era conhecido como

    Programa de manuteno e Desenvolvimento do Ensino), Programa Nacional de

    Alimentao Escolar, Programa Nacional Biblioteca na Escola, Programa Nacional

    do Livro Didtico, Programa Nacional Sade do Escolar, Programa Nacional do

    Transporte Escolar.47

    O problema da falta de efetivao no emprego de recursos financeiros: Em nmero demasiado de vezes so somente as idias que recebem o crdito como foras atuantes e impulsoras da histria, sem que se faa o reconhecimento do papel crtico desempenhado pelos recursos materiais na transformao de abstraes em realidades. Est claro que o mpeto necessrio inovao muitas vezes inexiste.

    48

    A constituio federal de 1969 reintroduziu a vinculao obrigatria a

    Unio, Estados, Distrito Federal, Municpios de aplicarem os percentuais de 13%,

    43

    LIBNIO. Jos Carlos. TOSCHI, Mirza Seabra. OLIVEIRA, Joo Ferreira de. Educao Escolar Poltica Estrutura e Organizao. Editora Cortez, 1994, p. 183.

    44 Ibidem, p. 196 .

    45 Idem.

    46 MELCHIOR. Op. cit., p. 256.

    47 LIBNIO. Op. cit., 184.

    48 MELCHIOR.Op. cit., p. 248.

  • 24

    25%, 25% da receita de impostojs na manuteno e desenvolvimento do ensino

    (retirada vinculao devido o golpe militar).49 Durante toda dcada de 70 e 80

    houve poucas inovaes no campo do ensino, na busca de solucionar o problema

    crnico da educao foi criado o Fundo de Manuteno e Desenvolvimento do

    Ensino Fundamental e de Valorizao do Magistrio pela Lei 9.424/96 e a EC

    14/96. O Fundef usado no custeio do ensino fundamental, na valorizao do

    magistrio, suas verbas so compostas de com 15 % do FPE (ou FPM, para os

    municpios) do IPI exportao e do ICMS.50

    A criao do Fundo de Manuteno e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizao do Professor no cria novas fontes de recursos para o sistema pblico de ensino, nem aumenta o montante de recursos financeiros. A subvinculao do sistema de transferncias constitucionais da Unio para os Estados, Distrito Federal e Municpios redistribui recursos entre as escolas e cria mais um reforo para que Estados, Distrito Federal e Municpios cumpram a vinculao obrigatria. Os salrios dos professores dependero, nos estados e municpios mais pobres, da ao complementar da Unio, para serem elevados at patamares aceitveis.

    51

    A lei federal n 9.394, de 20/12/1996 foi responsvel por instituir as

    Diretrizes e Bases da Educao Nacional, com definio das despesas de

    manuteno e desenvolvimento do ensino (art. 70).52 A Constituio Federal de

    1988 disps a obrigatoriedade dos entes federados investirem uma parcela

    mnima de suas receitas resultantes dos impostos na manuteno e

    desenvolvimento do ensino, dos quais coube a Unio usar o percentual de 18% e

    j os estados e municpios de 25%. Essa porcentagem formada exclusivamente

    por impostos, no levando em conta aqui outras contribuies como o Salrio-

    Educao. Deve-se ter em mente que a criao do Fundef no exime os estados e

    municpios da obrigatoriedade de aplicao do mnimo constitucionais previsto na

    manuteno do ensino.53 O sistema de ensino pblico financiado principalmente

    por receitas de impostos prprios da Unio, Estado, Distrito Federal, Municpios,

    49

    Ibidem, p. 250, 254. 50

    LIBNIO. Op. cit., p. 197. 51

    MELCHIOR. Op. cit., p. 253. 52

    Ibidem, p.252. 53

    Idem.

  • 25

    de transferncias constitucionais feitas pela Unio aos entes federados e dos

    voluntrios de impostos.54

    A composio dos recursos financeiros aplicados na educao formada

    por:

    Os recursos internos so de carter pblico e privado. Os recursos pblicos emanam das trs esferas administrativas da Nao: Unio, Estados e Municpios. A Unio subvenciona, quase inteiramente, o ensino do Distrito Federal. Os recursos privados emanam, principalmente de taxas de anuidades ou mensalidades da rede particular de ensino e, eventualmente, de doaes e legados originrios de fundaes de empresas privadas e de indivduos isolados. At a pouco tempo, desconhecia-se a importncia das empresas privadas como instrumento de contribuio dos recursos privados internos. Hoje em dia, sabe-se que as empresas privadas de qualquer tipo e tamanho so poderosos estimuladores do crescimento dos sistemas de ensino, atravs do mecanismo de contribuio do salrio-educao e das contribuies do sistema S (Senai, Sesi, Senac, Senar, Sest,etc) que abrangem escolas profissionais de aprendizagem e servios sociais para os trabalhadores, e tambm escolas regulares, principalmente ensino fundamental. Os recursos que as empresas carreiam para o ensino s so ultrapassados pelos recursos oramentrios do Poder Pblico Federal, estadual e municipal.

    55

    O Poder Executivo conta com departamentos contbeis responsveis pelo

    controle dos recursos pblicos destinados a educao, bem como podem contar

    com auxlio dos Tribunais de Contas e com o Poder Legislativo para efetuar esta

    fiscalizao.56 O poder executivo conta com rgos centrais dos sistemas de

    planejamento e de oramento, de administrao financeira do estado, por meio de

    departamentos prprios de contabilidade, auditoria, para gerenciar os recursos e a

    verificar se os resultados apontados condizem com os preceitos legais.57 A receita

    pblica recolhida compondo uma caixa nica, que formado pelo Tesouro federal,

    estadual, municipal, aps a aprovao de lei oramentria prevendo todas as

    despesas e poltica de aplicao dos recursos, o Poder Executivo divide-os e

    distribui em quotas trimestrais aos rgos receptores.

    A falta de critrios objetivos na distribuio de recursos pblicos, a

    utilizao de parmetros aleatrios, a falta de sistema permanente de avaliao

    que apurassem os erros para permitir correes futuras, o excesso de burocracia

    somado a centralizao na aplicao dos recursos seguida ao tamanho da

    estrutura sempre foram causas de ineficincia do funcionamento do sistema de

    54

    MELCHIOR. Jos Carlos De. Op. cit., 256. 55

    Ibidem, p.249, 250. 56

    LIBNEO. Op. cit., p. 198. 57

    Ibidem, p.200.

  • 26

    ensino responsveis por gerar uma m utilizao dos recursos pblicos. Tais

    distores esperam-se estar solucionadas com as disposies do novo artigo 60

    do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias alterado pela EC 14/96 e os

    artigos 74 e 75 da LDB com repartio de recursos pblicos.58

    58

    MOTTA, Op. cit., p. 208 e 209.

  • 27

    3. EVASO ESCOLAR

    3.1 Causas e Solues a Evaso Escolar

    A obra Histria da Instruo Pblica no Brasil (1500-1889), escrita em

    1889, j trazia relatos da existncia de analfabetismo no Brasil Colnia, apontando

    como principal causa desse fenmeno corrente ainda nos dias atuais: os baixos

    salrios dos professores de forma a desestimular as pessoas qualificadas ao

    cargo de professores. A taxa de analfabetismo da populao de 15 anos ou mais

    teve queda considervel ao longo do sculo passado, saindo do ndice de 65,3%

    em 1900 a chegar a 13,6% em 2000.59

    A evaso escolar tem como principal causa no Brasil falta de interesse

    pela escola por parte dos alunos, segundo pesquisa Motivos da Evaso Escolar

    realizada pela Fundao Getlio Vargas, 60 demonstrando que 40% dos jovens de

    15 a 17 anos no do continuidade ao ensino por julg-lo desinteressante. Outra

    causa de evaso escolar apontada foi a necessidade de trabalhar, considerada a

    segunda causa responsvel por 27 % de afastamento dos postos escolares e a

    dificuldade de acesso escolar com indice de 10,9%. Ao verificarmos as causas de

    evaso escolar nos anos de 2004 e 2006, pode-se constatar que o fator

    desinteresse pela escola apresentou queda de 45,12% para 40,29%,

    permanecendo ainda como seu principal motivo, j a necessidade de trabalhar

    aumentou de 22,75% para 27,09%.61 Embora vrios estudos demonstrem que a

    falta de estudo tem relao direta com a qualidade de vida e sua renda, pode-se

    apurar em 2006, que 17,8% da populao de jovens entre 15 a 17 anos

    59

    Analfabetismo no Brasil. Disponvel em:

    , acesso 10/03/2010, s 18:31.

    60 Desinteresse o principal motivo da evaso escolar dos jovens, afirma pesquisa

    da FGV-RJ. Disponvel em: www.anj.org.br/jornaleeducacao/noticias/pesquisa-da-fgv-mostra-causas-da-evasao-escolar-no-pais, acesso 14/03, s 18:54..

    61 Idem.

    http://www.publicaoes.inep.gov.br/arquivos/%7B3D805070-D9Do-42DC-97AC-5524E567FCO2%7D-MAPA%20DO%20ANALFABETISMO%20BRAZIL.pdfhttp://www.publicaoes.inep.gov.br/arquivos/%7B3D805070-D9Do-42DC-97AC-5524E567FCO2%7D-MAPA%20DO%20ANALFABETISMO%20BRAZIL.pdfhttp://www.anj.org.br/jornaleeducacao/noticias/pesquisa-da-fgv-mostra-causas-da-evasao-escolar-no-paishttp://www.anj.org.br/jornaleeducacao/noticias/pesquisa-da-fgv-mostra-causas-da-evasao-escolar-no-pais

  • 28

    encontram-se fora da escola, sendo que estes mesmos indivduos deveriam estar

    cursando o Ensino Mdio.

    Outras causas so apontadas na ampliao dos indices de evaso escolar

    no pas:

    Dentre os motivos alegados pelos pais ou responsveis para a evaso dos alunos, so mais frequentes nos anos iniciais do ensino fundamental (1 a 4 sries/1 ao 9 ano) os seguintes: Escola distante de casa, a falta de transporte escolar, no ter adulto que leve at a escola, falta de interesse e ainda doenas/dificuldades dos alunos. Ajudar os pais em casa ou no trabalho, necessidade de trabalhar, falta de interesse e proibio dos pais de ir escola so motivos mais frequentes alegados pelos pais a partir dos anos finais do ensino fundamental (5 a 8 sries) e pelos prprios alunos no Ensino Mdio. Cabe lembrar que, segundo a legislao brasileira, o ensino fundamental obrigatrio para as crianas e adolescentes de 6 a 14 anos, sendo responsabilidade das famlias e do Estado garantir a eles uma educao integral.

    62

    Um estudo do IBGE63 demonstrou que a quantidade de anos de estudo

    tem relao direta com a renda aferida pelo cidado, pois o indivduo com apenas

    quatro anos de estudo com relao aos de 5 a 8 anos de estudo, constatou-se um

    aumento de cerca de 29% no rendimento mdio por hora. J os indivduos com

    estudo at o nvel mdio (com 9 a 11 anos de estudo), a melhora salarial

    comparado com a categoria anterior era de 45% e as pessoas com nvel superior

    (12 anos ou mais de estudo) tm seu rendimento em elevado em 189% com

    relao quela de nvel mdio. Segundo esta pesquisa pode-se constatar que a

    expectativa de concluintes para a 4 srie do ensino fundamental era de cerca de

    88%, enquanto para a 8 srie era de apenas 54%, tendo em conta um fluxo

    escolar, com constantes as taxas de promoo, repetncia e evaso. Apurou-se

    que em 200464 um agravamento na defasagem escolar no ensino fundamental (1

    a 8 srie) conforme se avanava no fluxo escolar. De modo, a se verificar os

    alunos de 1 srie tinham uma defasagem da idade norma de quase 17% dos

    estudantes (com mais de 07 anos de idade), j na 8 srie cerca de 38% dos

    62

    PACIEVITCH. Thais. Evaso Escolar. Disponvel em: , acesso dia 30/03/2010, s 19:15.

    63 Aumento da escolaridade feminina reduz fecundidade e mortalidade infantil.

    Sntese de Indicativo Sociais 2005. IBGE Disponvel em: www.ibge.com.br, acesso 23/03, s 19:12..

    64 Idem.

    http://www.infoescola.com/educacao/evasao-escolar/##http://www.infoescola.com/educacao/evasao-escolar/##http://www.infoescola.com/educacao/evasao-escolarhttp://www.ibge.com.br/

  • 29

    estudantes tinham 16 anos ou mais de idade. Este ltimo ndice no Norte e

    Nordeste atingia mais da metade dos alunos.

    Na apurao das causas de evaso escolar pode-se constatar:

    Oliveira (2001) exemplifica a situao da evaso escolar na EJA, indicando como uma das causas institucionais, o desencontro entre a escola e os alunos, o qual j foi assinalado anteriormente. Caracteriza-se por questes de aprendizagem e pela prpria organizao da escola, que funciona dentro de um contexto prprio, que deve ser conhecido por toda a comunidade escolar, uma vez que em seu interior a linguagem escolar concorre como a maior dificuldade aprendizagem, maior at que o prprio contedo.

    65

    A pesquisa Motivos da Evaso Escolar realizada pela Fundao Getulio

    Vargas atribuiu o desinteresse apresentado por nossos jovens pela escola por

    entend-la sem qualquer atrativo, no aflora interessante nos jovens.66 Pois, no

    basta garantir o acesso escolar, ou mesmo criar recursos financeiros para que

    esse jovem permanea na escola por meio de programas de transferncia de

    renda. preciso apurar as reais necessidades dos jovens, proporcionando-lhe

    esporte, lazer, profissionalizao, dando suporte a qualquer tipo de dficit de

    ateno. Nossos jovens devem ser conscientizados da importncia do estudo, dos

    benficios futuros que um bom nvel de estudo pode lhes proporcionar

    posteriormente. O grande nmero de evaso escolar nos aponta um problema

    futuro para os jovens, que entraro no mercado de trabalho com baixo nvel de

    escolaridade e consequente pouca instruo a qual se reverter no futuro em

    falta de mo-de-obra qualificada, baixos salrios e falta de qualquer perspectiva

    de mudana social.

    A escola deve inovar para tornar atrativa aos nossos jovens:

    Segundo MARY KATOS mostra que: a escola de hoje que trabalha com jovens e adultos devem priorizar as atividades culturais e artsticas no currculo escolar, pois contribui no combate da timidez e ajuda no processo de incluso, facilitando o desenvolvimento da

    65

    CERATTI. Mrcia Rodrigues Neves. Evaso escolar: causas e conseqncias. Disponvel em: , acesso em 25/03, s 15:56.

    66 Desinteresse o principal motivo da evaso escolar dos jovens, afirma pesquisa

    da FGV-RJ. Disponvel em: www.anj.org.br/jornaleeducacao/noticias/pesquisa-da-fgv-mostra-causas-da-evasao-escolar-no-pais, acesso 14/03, s 18:54.

    http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/242-4.pdf?PHPSESSID=2009050608420196http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/242-4.pdf?PHPSESSID=2009050608420196http://www.anj.org.br/jornaleeducacao/noticias/pesquisa-da-fgv-mostra-causas-da-evasao-escolar-no-paishttp://www.anj.org.br/jornaleeducacao/noticias/pesquisa-da-fgv-mostra-causas-da-evasao-escolar-no-pais

  • 30

    linguagem oral, atendendo as necessidades de todos os educandos, crescendo e desenvolvendo a capacidade cognitiva do aluno de forma espontnea e livre liberando suas imaginaes criativas e artsticas.

    67

    Alguns professores quando questionados com relao aos motivos da

    evaso escolar afirmam que as principais causas no esto relacionadas to

    somente a problemas de ordem poltica, econmica e social,68 so importantes

    causas mais no s nicas por que os alunos se ausentem da escola. Foram

    apontados em algumas anlises realizadas com professores, que os motivos da

    evaso e repetncia so atribudos a fatores didticos e pedaggicos como os

    principais causadores de desestimulados e com baixa estima dos seus

    educandos.

    A evaso escolar uma situao problemtica que aflige todos os estados

    brasileiros, acredita-se que este quadro pode ser revertido com a utilizao de

    uma poltica educacional sria, voltada promoo de uma alfabetizao em

    massa desenvolvida por uma ao coletiva de unio.69 Deve-se priorizar uma

    apurao das reais dificuldades dos alunos, aos quais sofrem as conseqncias

    do processo de excluso e buscar promover a formao de cidados crticos e

    conscientes.

    O fracasso escolar tem vrias causas reiteradamente analisadas: Na procura pelas causas do fracasso escolar alguns estudos j mostraram que os fatores vinculados aos alunos, como: suas capacidades, sua motivao ou sua herana gentica so determinantes. Outras perspectivas, pelo contrrio, deram nfase principalmente aos fatores sociais e culturais. O fato de que as classes socialmente desfavorecidas apresentem uma porcentagem superior de fracasso refora tal posio. Existem tambm vises alternativas que situam, em segundo plano, os fatores individuais e sociais e atribuem a responsabilidade maior ao prprio sistema educacional, ao funcionamento das escolas e ao estilo de ensino dos professores. Entretanto o resultado do fracasso escolar o produto da interao de trs tipos de determinantes: - psicolgicos: referentes a fatores cognitivos e psicoemocionais dos alunos (BRASIL, 2006); - socioculturais: relativos ao contexto social do aluno e as caractersticas de sua famlia. (OLIVEIRA, 2001);

    67

    AZEVEDO, Francisca Vera Martins de. Causas e Conseqncias da Evaso Escolar no ensino de jovens e adultos na escola municipal Espedito Alves Angicos/ RN. Disponvel em: , acesso em 25/03, s 15:56.

    68

    Idem 69

    Idem

    http://webserver.falnatal.com.br/revista_nova/a4_v2/artigo_13.pdf

  • 31

    - institucionais: baseadas na escola, tal como, mtodos de ensino inapropriados, currculo e as polticas pblicas para a educao (AQUINO, 1997).

    70

    Outro grande vilo do fracasso escolar a falta de adaptao do aluno ao

    mtodo de ensino aplicados nas escolas, pois grande parte das instituies

    utilizam-se metodologia expositiva, responsvel por alto-risco de no

    aprendizagem, face baixo nvel de interao sujeito-objeto de conhecimento-

    realidade (o grau de probabilidade de interao significativa muito baixo). Esse

    mtodo tem confirmado atravs de pesquisas pedaggicas que o nvel de

    assimilao de sua aprendizagem de um ano para o outro de apenas 10% a

    20% relacionado ao contedo ensinado.71

    Diante do quadro de evaso escolar instaurado no pas cabe revermos

    todo o sistema de ensino, de modo a atrairmos jovens e adultos a retomarem seus

    estudos, contudo faz-se necessrio uma renovao no processo metodolgico e

    poltico no ensino contemplado com novas prticas, que atendam melhor as

    perspectivas de seus educandos, preparar melhor seus profissional

    proporcionando-lhes qualificao adequada.72 Devem ser estimulados, motivados

    de forma a se interessarem pelos estudos e incutir no jovem uma nova perspectiva

    de vida e de mais oportunidades futuras. Somente daremos incio ao processo de

    reduo do quadro de evaso no pas no momento em que formos capazes de por

    em prtica muitas das reivindicaes de nossos estudantes no sistema de ensino,

    deixando de lado esse modelo arcaico, fechado de ensino como parte de um

    passado distante.

    3.2 Dados da Expanso da Evaso no Pas

    70

    CERATTI. Mrcia Rodrigues Neves. Evaso escolar: causas e conseqncias. Disponvel em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/242-4.pdf?PHPSESSID=2009050608420196, acesso em 25/03, s 15:56.

    71 Idem

    72 AZEVEDO, Francisca Vera Martins de. Causas e Conseqncias da Evaso Escolar

    no ensino de jovens e adultos na escola municipal Espedito Alves Angicos/ RN. Disponvel em: http://webserver.falnatal.com.br/revista_nova/a4_v2/artigo_13.pdf, acesso em 25/03, s 15:56.

    http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/242-4.pdf?PHPSESSID=2009050608420196http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/242-4.pdf?PHPSESSID=2009050608420196http://webserver.falnatal.com.br/revista_nova/a4_v2/artigo_13.pdf

  • 32

    Segundo o instituto Inep no levantamento do Analfabetismo no Brasil -

    havia no pas em 2000 um nmero maior de analfabetos que aqueles

    apresentados em apurao no ano de em 1960, chegando a quase duas vezes e

    meia o que havia no incio do sculo 20.73 grande a tarefa na erradicao de

    analfabetismo no pas, apesar de contarmos com maior nmero de recursos

    voltados manuteno e desenvolvimento do ensino.

    Tabela 2 Analfabetismo na faixa de 15 anos ou mais - Brasil - 1900/2000 Populao de 15 anos ou mais Ano Total(1) Analfabeta(1) Taxa de Analfabetismo 1900 9.728 6.348 65,3 1920 17.564 11.409 65,0 1940 23.648 13.269 56,1 1950 30.188 15.272 50,6 1960 40.233 15.964 39,7 1970 53.633 18.100 33,7 1980 74.600 19.356 25,9 1991 94.891 18.682 19,7 2000 119.533 16.295 13,6 Fonte: IBGE, Censo Demogrfico.

    74

    Nota (1) Em Milhagem

    Com decorrer dos anos houve uma ampliao do atendimento escolar

    vindo a promover uma desacelerao do analfabetismo, principalmente com

    relao s faixas etrias mais jovens. Embora a melhoria nos nveis escolares da

    populao seja expressiva, ainda no atingimos ndices suficientes a garantirmos

    aos nossos jovens um ensino fundamental completo. Como bem, nos mostra a

    Tabela 3 abaixo o analfabetismo no incio da dcada de 70 era de 24% (na faixa

    etria de 15 a 19 anos) e passou para pouco mais de 3% em 2001.75 Houve uma

    elevao da escolaridade mdia nesta faixa etria, de modo, que alter-la de

    quatro para seis anos de estudo de nossos alunos.

    73

    Analfabetismo no Brasil. Disponvel em:

    www.publicaoes.inep.gov.br/arquivos/%7B3D805070-D9Do-42DC-97AC-5524E567FCO2%7D-

    MAPA%20DO%20ANALFABETISMO%20BRAZIL.pdf, dia 10/03/2010, s 18:31.

    74 Idem.

    75 Idem.

    http://www.publicaoes.inep.gov.br/arquivos/%7B3D805070-D9Do-42DC-97AC-5524E567FCO2%7D-MAPA%20DO%20ANALFABETISMO%20BRAZIL.pdfhttp://www.publicaoes.inep.gov.br/arquivos/%7B3D805070-D9Do-42DC-97AC-5524E567FCO2%7D-MAPA%20DO%20ANALFABETISMO%20BRAZIL.pdf

  • 33

    Tabela 3 Taxa de analfabetismo e escolaridade mdia por faixa etria Brasil 1970/2001

    Faixa Etria 15-19 anos Taxa de Analfabetismo Escolaridade Mdia Ano (%) (Sries Concludas) 1970 24,0 4,0 2001 3,0 6,0 45-59 anos 1970 43,2 ... 2001 17,6 5,6 Fonte: IBGE.

    De acordo com Sntese de Indicadores Sociais de 2004 colhidos pelo

    IBGE havia uma defasagem escolar no ensino fundamental, que vai da 1 a 8

    srie, que agrava conforme se avana no fluxo escolar. Na 1 srie, a defasagem

    atingia quase 17% dos estudantes; j na 8 srie, 38% dos estudantes tinham 16

    anos ou mais de idade, sendo que no Norte e Nordeste esse percentual atingia

    mais da metade dos alunos.76 Ao analisarmos o fluxo escolar, levando em conta

    as constantes taxas de promoo, repetncia e evaso conclui-se que a

    expectativa de concluintes para a 4 srie do ensino fundamental era de cerca de

    88%, enquanto para a 8 srie caiu ao ndice de apenas 54%.

    Apurou-se em pesquisa que o tempo mdio para concluso da 4 e 8

    sries de nossos alunos levava em mdia 05 anos, de modo a concluir o primeiro

    segmento, em media 9,9 anos na concluso de todo o ensino fundamental no pas

    (dois a mais que o previsto), j o estado da Bahia chegava-se a concluir tais

    segmentos em mdia de 6,3 e 11,7 anos aproximadamente.77

    Segundo os dados apurados na sntese de indicadores sociais de 2004:

    S aos 18 anos de idade a populao passava a ter, em mdia, a escolaridade mnima de 8 anos, considerada obrigatria por lei. Por outro lado, pela mdia de 3,5 anos de estudo, os idosos podiam ser considerados analfabetos funcionais. Em mdia, 30% da populao adulta (25 anos ou mais de idade) eram analfabetos funcionais, mais de 40% tinham o ensino fundamental incompleto, 9% haviam concludo s o ensino fundamental,

    76

    Sntese de Indicadores sociais 2004. IBGE. Disponvel em: http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/noticias/sintese_de_indicadores_sociais_2004.html, 28/06/2009, s 19:02.

    77

    Idem.

  • 34

    18% concluram o ensino mdio e apenas 8% possuam ensino superior completo. Havia uma tendncia de crescimento da mdia de anos de estudo conforme aumentava o rendimento familiar. Assim, para os que estavam dentro do 1/5 mais pobre em 2004, a mdia era de 3,9 anos de estudo, j entre os que estavam no 1/5 mais rico passava para 10,4 anos.

    78

    Segundo apurao dos nveis de analfabetismo apurado pela Pnad em

    2005 o pas conta com cerca de 14,9 milhes de pessoas de 15 anos ou mais

    analfabetas correspondendo a 11% da populao. Houve uma queda nas taxas

    relativas aos anos de 1995 a 2005, chegando a 5 pontos percentuais nas reas

    urbanas (11,4% para 8,4%) e 7,7 p.p. nas reas rurais (de 32,7% para 25,0%). J

    os estados com as maiores taxas de analfabetismo foram alcanados em Alagoas

    (29,3%) e Piau (27,4%), estes mesmo estados em 1995 apresentaram taxas

    elevadas chegando ao percentual de 35%.79

    Dados demonstram a realidade de jovens em atraso no perodo escolar: Quadro 1- Perfil dos alunos participantes da pesquisa do CEEBJA- Nova Londrina- 2007 quanto ao nvel de ensino e idade.

    80

    -------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------- IDADE ENSINO ENSINO TOTAL FUNDAMENTAL MDIO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 15 - 20 3 4 7 21 - 30 5 16 21 31 - 40 20 16 36 41 - 50 20 15 35 51 - 60 3 9 12 61 70 1 3 4 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ TOTAL 52 63 115

    Pode-se constatar na apurao realizada entre os anos de 1995 a 2005

    uma queda expressiva na proporo de estudantes, relativas as sries do ensino

    fundamental, que apresentava idade de at 02 anos acima da idade exata para

    cursar dada srie.81 Tais ndices caram pela metade no Sudeste, com relao s

    78

    Idem. 79

    Sntese de Indicadores Sociais 2006.IBGE. Disponvel em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2006/indic_sociais2006.pdf, acesso 15/03/2010, s 19:14..

    80 CERATTI. . Mrcia Rodrigues Neves. Evaso escolar:causas e conseqncias.

    Disponvel em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/242-4.pdf?PHPSESSID=2009050608420196, acesso em 25/03, s 15:56.

    81 Idem.

    http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2006/indic_sociais2006.pdfhttp://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2006/indic_sociais2006.pdfhttp://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/242-4.pdf?PHPSESSID=2009050608420196http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/242-4.pdf?PHPSESSID=2009050608420196

  • 35

    crianas que cursavam da primeira srie como da oitava, j no Nordeste teve uma

    modesta reduo. O Pnad 2006 apurou que um percentual de 10,2% das crianas

    de rede pblica chegaram a faltar da escola por at 60 dias, pelos motivos que

    vo desde falta transporte escolar, distncia de casa para escola, por falta de

    professor, greve. Este mesmo percentual na rede privada chega atingir apenas

    3,6% dos alunos. Com relao s crianas e adolescentes com 7 a 17 anos que

    no mais freqenta escola, constatou-se um ndice de 73,8% de jovens com idade

    de 15 a 17 anos, afirmaram ter deixado a escola por vontade prpria. Outro

    relevante motivo apontado para o abandono dos estudos foi prestao de

    trabalho ou envolvimento com afazeres domsticos num percentual de 24,8% de

    pessoas com idade de 15 a 17 anos.82

    Os dados relativos ao abandono escolar apurados demonstram que:

    Em 2006 cerca de 14 milhes de crianas de 0 a 17 anos de idade, em todo o Brasil, estavam fora da escola ou creche. Destas 82,4% tinham entre 0 a 6 anos (creche e pr-escola), 4,6% tinham de 7 a 14 anos (ensino fundamental) e 13,0% de 15 a 17 anos (ensino mdio). Para as crianas de 0 a 6 anos de idade, o principal motivo declarado foi que no freqentavam escola ou creche por vontade prpria ou de seus pais ou responsveis (37,2%), valendo destacar que 80,9% das crianas desta faixa etria que no freqentavam escola ou creche tinham apenas de 0 a 3 anos de idade. Ainda entre 0 a 06 anos, outros motivos determinantes para dificultar o acesso escola ou creche foi inexistncia de escola ou creche perto de casa no ofereciam outras series ou no oferecia curso mais elevado que, juntos correspondiam a 17,6% das justificativas para as ausncias.

    83

    Os dados colhidos pela FGV com relao aos motivos de evaso escolar

    dos jovens a pesquisa mostrou que a gravidade do problema atinge 20% de

    jovens na idade de 15 a 17 anos, seu coordenador afirma existir desinteresse face

    baixa demanda por Educao. Segundo suas palavras "O que a pesquisa est

    mostrando que no basta garantir o acesso ou criar programas de transferncia

    de renda para assegurar que esse jovem permanea na escola, preciso torn-la

    mais atrativa, interessante e cativante.84 Afirmase que as polticas pblicas tem

    82

    Suplemento Trabalho Infantil Pnad 2006. Disponvel em: , acesso 22/12/2009, s11:59.

    83 Idem.

    84 Idem.

    http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias-impresao.phip?id-notica=1117.23k

  • 36

    chance de apresentar bons resultados, caso haja concordncia e a participao

    dos pais e os alunos. Com apurao das reais necessidades de nossos jovens e

    demonstrar a esses jovens a importncia e benefcios trazidos pela Educao

    tentando assim atra-los escola.

    A pesquisa do IBGE levantada entre os anos de 1996 a 2006 demonstrou

    que o nmero de pessoas que freqentavam estabelecimentos de ensino superior

    em 1996, entre as, 55,3% eram mulheres, passando para 57,5%, em 2006.

    Verifica-se que os homens esto perdendo espao no processo de escolarizao,

    apresentando nos dias atuais um nmero menor de anos de ensino com relao

    s mulheres. 85

    Segundo apurao do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica

    (IBGE), com relao ao nmero de anos de estudo cidado, foi apurado que um

    85

    Disponvel em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=987 , dia 04/03/2010.17:03.

    http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=987

  • 37

    adulto tem em mdia sete anos de escolaridade e cerca de 15 milhoes de

    brasileiros com 10 anos ou mais de idade eram analfabetos em 2008, mesmo a lei

    garantindo 8 anos de ensino fundamental.86

    A evaso escolar no Brasil de acordo com dados do INEP (Instituto

    Nacional de Estudos e Pesquisas Ansio Teixeira)87 apresenta grandes

    propores, o trabalho rumo a sua erradicao deve ser desenvolvido em conjunto

    entre escolas, pais e sistema educacional. Segundo tais dados cerca dos 100

    alunos que ingressam na escola na 1 srie, apenas 5 concluem o ensino

    fundamental at 8 srie completa (IBGE, 2007). Em 2007, os nveis de abandono

    de ensino foi de aproximadamente 4,8% dos alunos matriculados no Ensino

    Fundamental (1 a 8 sries/1 ao 9 ano) e cerca de 13,2% alunos inscritos no

    Ensino Mdio (ampliando ainda mais os ndices de defasagem idade/srie). J as

    causas referentes a evaso escolar foram diversas indo de falta de condies

    socioeconmicas, culturais, geogrficas ou mesmo questes referentes aos

    encaminhamentos didticos pedaggicos e a baixa qualidade do ensino das

    escolas podem ser apontadas como suas causas possveis no Brasil.

    3.3 Principais Projetos de Erradicao da Evaso Escolar

    A implantao dos programas voltados a diminuir o processo de evaso

    escolar tem apresentado resultados negativos, tornando-se desafiador para o

    professor, manter a permanncia do aluno na escola. Se levarmos em conta

    nosso contexto scio-cultural identificaremos muitos fatores preponderantes, que

    desestimula a permanncia escolar como: sobrecarga de trabalho extensivo,

    professores sem uma qualificao adequada ao programa para jovens e adultos

    que tem contribudo mais para a excluso social do que para a formao

    86

    GIL. Juca. Educao? Sim, obrigado. Revista Nova Escola A revista de quem educa. So Paulo. Editora Abril. Ano I n 6 fevereiro/maro de 2010.

    87

    PACIEVITCH. Evaso Escolar. Disponvel em: http://www.infoescola.com/educacao/evasao-escolar/, acesso dia 30/03/2010, s 19:15.

    http://www.infoescola.com/educacao/instituto-nacional-de-estudos-e-pesquisas-educacionais-anisio-teixeira-inep/http://www.infoescola.com/educacao/instituto-nacional-de-estudos-e-pesquisas-educacionais-anisio-teixeira-inep/http://www.infoescola.com/educacao/instituto-nacional-de-estudos-e-pesquisas-educacionais-anisio-teixeira-inep/http://www.infoescola.com/educacao/ensino-fundamental/http://www.infoescola.com/educacao/ensino-fundamental/http://www.infoescola.com/educacao/ensino-fundamental/http://www.infoescola.com/educacao/ensino-medio/http://www.infoescola.com/educacao/evasao-escolar/##http://www.infoescola.com/educacao/evasao-escolar/

  • 38

    educacional.88 Como j mencionado anteriormente o FNDE mantm seis

    programas de voltados a assistncia ao aluno e conseqentemente auxiliam na

    diminuio de evaso escolar tornando a escola mais acessvel e atrativa.

    O programa dinheiro direto na escola transfere recursos a escolas de rede

    estadual, municipal e Distrito Federal, bem como, a escolas especiais mantidas

    por organizaes no-governamentais. Tais recursos so enviados para fazer

    frente aquisio de materiais, manuteno e conservao de prdios escolar,

    para capacidade e aperfeioamento de profissionais da educao, na

    implementao de projetos pedaggicos e desenvolvimento de atividades

    educacionais diversas. Seu objetivo maior o melhoramento na qualidade de

    ensino fundamental e chamar a comunidade a auxiliar na melhor aplicao desses

    recursos.89

    J o programa nacional de alimentao escolar (PNAE) tem o papel de

    fornecer suplemento alimentar aos alunos de pr-escola e ensino fundamental as

    escolas pblicas federais, estaduais e municipais. Cujo intuito assegurar que o

    aluno tenha ao menos uma refeio diria nos dias letivos, se preocupando

    sempre com o valor nutricional e levando em conta as necessidades dirias de

    crianas e adolescentes90 A liberao de recursos leva em conta o nmero de

    alunos levantados pelo Censo Escolar realizada pelo MEC/Inep, com possibilidade

    de participao de escolas filantrpicas, que se encontrem devidamente

    cadastradas no conselho nacional de assistncia social. O Pnae exerce um papel

    estratgico no Programa Fome Zero, ao passo que integra os projetos de

    segurana alimentar.

    O Pnae um programa voltado ao atendimento das necessidades

    nutricionais do aluno de baixa renda:

    O primeiro programa federal com esse objetivo remonta a 1954, no governo Vargas, que promoveu a Campanha da Merenda Escolar. Portanto, pode-se dizer que este constitui um dos programas mais antigos do Pas. Deve-se salientar que muitos nutricionistas afirmam que a expresso merenda escolar incorreta, pois se refere a uma

    88

    AZEVEDO, Francisca Vera Martins de. Causas e Conseqncias da Evaso Escolar no ensino de jovens e adultos na escola municipal Espedito Alves Angicos/ RN. Disponvel em: http://webserver.falnatal.com.br/revista_nova/a4_v2/artigo_13.pdf, acesso em 25/03, s 15:56.

    89 LIBNEO. Op. cit., p. 184,185.

    90 Ibidem, p. 185,186.

    http://webserver.falnatal.com.br/revista_nova/a4_v2/artigo_13.pdf

  • 39

    alimentao reduzida, tipo lanche. Atualmente, j existe um entendimento, entre esses especialistas, de que o nome alimentao escolar est mais prximo refeio completa qual os alunos tm direito e que, de certa forma, vem sendo oferecida em grande parte das escolas brasileiras, conforme resultados da pesquisa.

    91

    O Inep por meio de questionrio adicionado ao Censo Escolar pode

    apurar, que 169.597 estabelecimentos pblicos e filantrpicos, no ano de 2004

    foram contemplados com o fornecimento de alimentao escolar. Sendo que

    grande parte das escolas beneficiadas eram pblica (mais de 165 mil), e uma

    pequena porcentagem foi fornecida a educao indgena sendo 2.012 (pouco mais

    que 1,1%). Cerca de 36 milhes de alunos foram beneficiarias do Pnae em 2004,

    dos quais 5 milhes participam da educao infantil, outros 30 milhes do ensino

    fundamental e quase 196 mil da educao especial. Dentre os alunos atingidos

    esto localizados nas Regies Sudeste (36,3%) e Nordeste (33,6%).92

    Tendo em vista, a pequena oferta de biblioteca aos alunos e na busca

    ampliar o conhecimento do aluno e auxiliar na melhora de leitura e interpretao

    foi criado o programa nacional de biblioteca da escola. Conjuntamente a sua

    criao ocorreu desativao dos programas sala de leitura e biblioteca do

    professor existente anteriormente. A PNBE tem objetivo de distribuio de obras

    literrias e de referncia s escolas de ensino fundamental de rede pblica.93

    No atendimento a outro seguimento foi estruturado o programa nacional

    livro didtico (PNLD) buscando suprir escolas pblicas do ensino fundamental de

    91

    Programa Nacional de Alimentao do Escolar. Pnae. Disponvel em: www.inep.gov.br/download/estudos_pesquisas/fian_gasto/pnae_relatorio2004_final.pdf, acesso dia 14/03/2010, s 19:12.

    92 Idem.

    93 Ibidem, p. 186.

    http://www.inep.gov.br/download/estudos_pesquisas/fian_gasto/pnae_relatorio2004_final.pdf

  • 40

    livros didticos devidamente selecionados por uma equipe da Secretaria de

    Ensino Fundamental do Mec. Cabe aos Estados a aquisio e distribuio dos

    livros didticos as instituies de ensino atendidos aos pedidos requeridos, que

    sero usados por alunos de segunda a oitava sries do ensino fundamental e

    reaproveitado no ano seguinte.94

    Visando a promoo da sade em escolas pblicas do ensino

    fundamental foi criado o programa nacional sade do escolar (PNSE) que repassa

    recursos prioritrios aos municpios integrantes do programa comunidade

    solidria. Sua atuao se desenvolve com aes educativas, preventivas,

    curativas dos problemas apresentados pelos alunos, auxiliando na aprendizagem,

    responsvel conjuntamente pela aquisio de materiais de higiene pessoal e

    primeiros socorros aos alunos de primeira quarta srie. Realiza exames e

    tratamentos auditivos e oftalmolgicos buscando apurar qualquer problema com

    os alunos, de modo, a garantir boas condies ao acompanhamento de aulas.95

    O programa nacional de transporte do escolar (PNTE) foi institudo

    objetivando garantia de acesso e permanncia dos alunos inscritos em escolas

    rurais do ensino fundamental. Este programa repassa recurso ao municpio para

    aquisio de veculos de transporte, este ente deve necessariamente estar

    associado ao programa comunidade solidria ou a rede escolar para fazer jus ao

    repasse. O PNTE foi criado para a realizao do transporte de alunos da rea

    rural, a qual responsvel por um dos maiores ndices de evaso escolar diante

    das inmeras dificuldades enfrentadas.96

    A bolsa famlia garante acesso educao auxiliando a permanncia de

    alunos de baixa renda:

    O programa Bolsa Famlia tem por objetivos combater a fome e promover a segurana alimentar e nutricional; combater a pobreza e outras formas de privao das famlias; promover o acesso rede de servios pblicos, em especial, sade, educao, segurana alimentar e assistncia social; e criar possibilidades de emancipao sustentada dos grupos familiares e desenvolvimento local dos territrios. A populao alvo do programe constitudo por famlias em situao de pobreza ou de extrema pobreza. As famlias extremamente pobres so aquelas que tem uma renda per capit de at R$ 60,00 por ms. As famlias pobres so aquelas que tem a renda per capit de R$

    94

    LIBNEO. Op. cit., p. 187. 95

    Ibidem, p. 187,188. 96

    Idem.

  • 41

    120,00 por ms, e que tenham em sua composio gestantes, nutrizes, crianas e adolescentes entre 0 a 15 anos.

    97

    O programa Bolsa Famlia foi criado para apoiar famlias pobres

    garantindo-lhes direito alimentao, acesso educao e a sade. Seu objetivo

    a incluso social da populao carente, por meio da transferncia de um auxlio

    monetrio e garantir prestao de servios essenciais. H alguns programas

    incorporados a Bolsa Famlia como a bolsa famlia, o carto alimentao, auxlio

    gs, bolsa alimentao. Todo esse conjunto de programas tem como intuito o

    fomento de condies mnimas de freqncia e permanncia de nossos jovens

    nas escolas. Pois a criana deve se amparada pelo Estado, em todas suas

    mazelas, deficincias por ela apresentada, apoiando conjuntamente sua famlia de

    poucas posses, de modo, a efetivar melhores condies de manuteno na escola

    e concluso do ensino. Somente assim, nossos jovens tero perspectivas de um

    futuro prspero, diferentes de seus pais, evitando um ciclo permanente de pobreza

    e excluso.

    97

    Bolsa Famlia. Disponvel em: www.caixa.gov.br/voce/social/Transfrencia/bolsa_familia/index.asp, dia 11/03, s 16:11.

    http://www.caixa.gov.br/voce/social/Transfrencia/bolsa_familia/index.asp

  • 42

    4 TRABALHO INFANTIL 4.1 Conceito de Trabalho Infantil

    O fenmeno da explorao de mo-de-obra infanto-juvenil, data de

    tempos remotos, como bem relembra SEGADAS VIANNA98, a disposio do

    Cdigo de Hamurabi j trazia em seu texto medidas de proteo a este

    trabalhador (data de 2.000 mil anos antes de Cristo), de modo, a concluir-se que j

    havia utilizao da fora de trabalho infantil, desde os primrdios dos tempos.

    Como explica Luiz Marques:

    Do cdigo de Hamurabi foram traduzidos 281 artigos a respeito de relaes de trabalho, famlia, propriedade e escravido. No seu eplogo, Hamurabi afirma que elaborou o conjunto de leis "para que o forte no prejudique o mais fraco, a fim de proteger as vivas e os rfos" e "para resolver todas as disputas e sanar todos os ferimentos.

    99

    Segundo Amauri Mascaro o trabalho infanto-juvenil antigamente, em sua

    maioria se restringia a afazeres domsticos, bem como, voltadas produo

    artesanal. Os jovens recebiam ensinamentos de seus familiares em afazeres,

    artesanatos, em ofcio, com carter bsico de aprendizagem.100