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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
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Tema – Projeto de Produtos e Processos
Curso MBA em Engenharia da Produção
Disciplina Gestão da Produção
Tema Projeto de Produtos e Processos
Professor John Jackson Buettgen
Introdução
Quando me convidaram para ministrar esta disciplina, imediatamente, eu
fiz uma associação mental entre as competências de Engenheiros de Produção
e as demandas de tomada de decisão às quais esses profissionais são
submetidos. Dentre essas decisões, muitas estão associadas aos produtos e
processos da organização.
Ofertar produtos que atendam às necessidades e desejos dos
consumidores e aos interesses da organização, produzidos através de
processos adequados, requerem um intenso envolvimento dos gestores de
produção.
A intenção deste tema é discutir aspectos ligados ao projeto de produtos
e processos, com a perspectiva de análise das decisões envolvidas, tentando
identificar a participação dos gestores de produção.
Vídeo da introdução disponível no material on-line.
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Problematização
Projeto de produto na empresa Barcos Marine - Rio de Janeiro
Como a concorrência no mercado de fabricação de barcos é muito
acirrada, a empresa Barcos Marine precisa apresentar algum diferencial
competitivo. Para isso, ela busca se desenvolver mais a cada dia e, assim,
introduzir no mercado barcos inovadores e de alta qualidade. Isso se reflete na
sua linha de barcos, que hoje oferece uma variedade de 18 modelos.
Para manter este fluxo de inovações, e com vários barcos em diferentes
estágios de seu ciclo de vida, o qual é estimado pela diretoria da Marina em
algo em torno de quatro anos, a Marine busca sempre trazer para seu processo
de projeto dos produtos informações do mercado, dos revendedores e de
consultores especialistas.
Ideias para projetos rapidamente vão parar no estúdio de projeto, onde
são colocadas em equipamentos de Computer Aided Design (CAD) de última
geração, para apressar o desenvolvimento. Os projetos dos barcos existentes
também estão sempre sofrendo alterações, já que a empresa esforça-se para
atualizar seus designs, acompanhando as tendências mais contemporâneas.
Alguns anos atrás, o produto mais novo era o “Parati”, um barco para
três pessoas, na faixa de $30.000, um barco pequeno, porém veloz, capaz de
atender bem a prática de esqui aquático. No ano passado, a Marine lançou um
barco de 20 pés, com tantas inovações que foi extensivamente premiado em
feiras da área. Este ano, lançou um modelo muito mais luxuoso, de 40 pés que
acomoda seis pessoas com luxo.
Com esse ritmo de inovações, o pessoal de projeto da Marine é
constantemente pressionado para responder rapidamente a elas.
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Atraindo fornecedores em estágios iniciais de projeto e tendo as suas
contribuições, a Marine consegue simultaneamente melhorar seus projetos e a
sua eficiência no desenvolvimento, tornando-o cada vez mais rápido.
(Texto extraído de CORREA; CORREA, 2006, p.347).
Vídeo disponível no material on-line.
Com base na história que acabamos de conhecer, qual dos processos
apresentados a seguir seria o mais indicado para atender ao perfil de produto e
mercado descritos?
Opção1: Processo por tarefa ou jobbing.
Opção 2: Processo por lote ou batelada
Opção 3: Processo de massa.
E agora, qual das opções é a mais correta?
Não responda agora, pois vamos dar continuidade aos nossos estudos
e, assim, você conseguirá responder a essa questão com mais clareza!
Introdução ao Projeto de Produtos e Processos
Os produtos são a grande conexão entre as organizações e seus
clientes, portanto, devem criar um grande impacto. O desenvolvimento dos
projetos de produtos não é responsabilidade direta dos gerentes de produção,
mas eles têm participação importante, principalmente com recomendações e
informações.
Apesar dessa responsabilidade indireta, há sempre uma expectativa em
relação à participação dos gerentes de produção nesse processo. Além de um
projeto primoroso, um produto só será sucesso se puder ser produzido com
elevados padrões de qualidade e com serviços que realmente possam ser
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implementados.
Antes de adentrarmos ao estudo do projeto dos produtos propriamente
dito, quero lhe fazer uma pergunta.
Você sabe qual é o significado da palavra projetar?
Vamos fazer uma análise da semântica da palavra no dicionário
Michaellis (2010), que nos traz a seguinte explicação para o verbete:
(projeto+ar2) vtd 1 Atirar à distância, lançar longe; arremessar. vpr 2 Arremessar-se, atirar-se, despenhar-se: O tresloucado passageiro projetou-se ao mar. vtd 3 Lançar, fazer cair ou incidir sobre: Os faróis projetam longe os raios luminosos. vtd 4 Fazer aparecer sobre uma superfície ou um anteparo: Projetar um filme, uma fotografia etc. vpr 5 Delinear-se, incidir, prolongar-se: "Um mundo... desperta e vive. As coisas se projetam e definem" (Hernâni Donato). vtd 6 Geom Figurar ou representar por meio de projeções: Projetar um ponto. vtd 7 Formar o projeto ou o desígnio; idear, planejar: Estamos projetando uma excursão.
Agora que você já conhece todos os significados possíveis para a
palavra projetar, vamos nos atentar ao sétimo significado. Formar o projeto,
idear, planejar, ou seja, estamos falando de um processo que engloba desde a
ideia e/ou concepção do produto, até a atividade de definição de todas as
especificações que tornarão possíveis a sua produção.
Slack, Chambers e Johnston (2009) comparam o projeto com o processo
de transformação, como pode ser observado na figura a seguir:
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O projeto como um processo
Figura 1
Projeto é a atividade que molda a forma física e o propósito tanto de
bens como de serviços, bem como dos processos que os produzem. (SLACK
et al, 2009)
Pois bem! Agora que já compreendemos que o projeto é um processo,
cujo resultado é um produto específico, vamos nos aprofundar nos dois
grandes eixos do projeto, que são: Produto e Processo.
Cada um desses eixos será tratado separadamente. Assim, poderemos
analisar com mais riqueza de detalhes as participações e contribuições dos
gestores de produção.
Agora, acompanhe o vídeo a seguir, o qual irá tratar sobre a dinâmica do
mercado e a velocidade de desenvolvimento de projetos como diferencial
competitivo.
Vídeo disponível no material on-line.
Projeto de Produto
O projeto é uma atividade que começa com o conceito de um produto e
termina com a tradução desse conceito em especificação de algo a ser
produzido.
O objetivo global da atividade de projeto é atender às necessidades dos
RECURSOS
TRANSFORMADOS
Informações técnicas
Informações de mercado
Informações de tempo
RECURSOS
TRANSFORMADORES
Equipamentos de testes e de
projeto
Pessoal técnico e de projeto
O processo de projeto de produto,
cujo desempenho é medido por:
Qualidade
Velocidade
Confiabilidade
Flexibilidade
Custo
Ética
Produto
totalmente
especificado
INPUTS OUTPUTS
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consumidores, seja por meio do projeto de bens ou serviços, ou por meio dos
processos que os produzirão.
Lembre-se que o projeto não é apenas um desenho de como o produto
vai ficar quando estiver pronto. Ele nos permitirá compreender a quem se
destina e como poderá satisfazer a esse destinatário.
Um bom projeto de produto possui três aspectos importantes, porém
interdependentes, que buscam aproximar os interesses de clientes e
empresas:
Conceito: É o entendimento da natureza, do uso e do valor do
serviço ou produto;
Pacote: Um pacote de produtos e serviços “componentes” que
fornecerão os benefícios definidos no conceito;
Processo: O processo define a forma de como os produtos e
serviços componentes serão criados e entregues.
O conceito precisa compreender os motivos que levariam o consumidor
a comprar um determinado produto e traduzir essa compreensão em
informações sobre como a empresa poderá atendê-lo. Por exemplo:
compradores de carros esportivos buscam no veículo, além de beleza, potência
e status. Então, cabe à fábrica criar veículos que atendam as necessidades
desses clientes.
O pacote de produtos é a escolha final da empresa sobre o que
efetivamente será ofertado. Na prática, é o resultado da análise das diversas
alternativas propostas na fase de conceituação. No exemplo do carro esportivo,
o pacote deverá incluir, além de um motor potente, uma extensa lista de
opcionais e customizações, assistência técnica, seguro e outros itens.
O processo é a definição de como os elementos do pacote serão
construídos, que matérias-primas serão utilizadas, como serão processadas
etc. A montadora do carro esportivo precisa definir como os bancos serão
produzidos, quais máquinas serão utilizadas, enfim, são inúmeras definições.
O produto não é feito para a empresa, ele é feito para o mercado. Você
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concorda com essa afirmação?
Vídeo disponível no material on-line.
A metodologia QFD (Quality Funcion Deployment, ou Desdobramento da
Função Qualidade, em português), é uma metodologia baseada nas pessoas, e
utilizada para determinar rigorosamente as necessidades e desejos dos
clientes. Para conhecer um pouco mais essa metodologia, acesse o link a
seguir:
http://www.portaldeconhecimentos.org.br/index.php/por/content/view/full/
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Etapas do projeto
Como em qualquer processo de sucesso, a elaboração de um projeto
também tem uma sequência lógica, a qual lhe oferece condições de maximizar
os seus resultados. Na figura a seguir você pode verificar este fluxo processual.
Estágios do projeto
Figura 2
O primeiro passo é a geração do conceito. Trata de identificar e
compreender os anseios dos clientes/consumidores e, a partir delas, gerar uma
série de possibilidades para o seu atingimentos. Em seguida, essas diversas
propostas são submetidas a uma triagem, na tentativa de garantir, em termos
gerais, que eles sejam um incremento significativo no portfólio de produtos da
Triagem do conceito
Geração do conceito
Projeto preliminar
Avaliação e melhoria
Prototipagem e projeto
final
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empresa e que consigam atender às definições do conceito previamente
estabelecido.
Uma vez obtido consenso acerca do conceito definido é necessário
elaborar o projeto preliminar, com as especificações básicas. Essas
especificação passam por um processo de melhoria, tentando otimizar todos os
pontos relevantes. Finalmente, a produção de um protótipo pode ajudar a
ajustar os detalhes, que por sua vez serão corrigidos no projeto final.
Você deve ter percebido a importância da participação do gestor de
produção na elaboração do projeto do produto, afinal, ele detém
informações exclusivas sobre a estrutura e os processos da operação. O
Engenheiro de Produção deve ser um participante ativo do projeto do
produto em todas as suas etapas.
Cada uma das etapas tem suas próprias peculiaridades, por isso é
importante conhece-las para que possamos identificar os problemas e interferir
positivamente em cada uma delas.
Na criação do conceito, a capacidade do líder de projeto é fundamental
para estimular a criação de ideias. O brainstorming é a principal ferramenta
para isso. O líder do projeto é o responsável direto, mas cabe ao gestor de
produção demonstrar seus conhecimentos e experiências.
A etapa de triagem deve analisar as diversas ideias de conceito
apresentadas e, dentre elas, identificar aquelas que efetivamente podem se
transformar em projetos de sucesso.
Agora, observe a figura apresentada a seguir, trata-se de uma sequência
lógica de perguntas determinantes. A ideia por trás do fluxo é de que não
sejam desperdiçados recursos, normalmente escassos, em projetos de baixo
potencial.
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Fluxo de triagem de conceitos de projeto
Figura 3
O vídeo indicado a seguir, intitulado “Jinsop Lee: Design para os 5
sentidos”, traz um olhar diferenciado em relação aos produtos. Para Lee, os
produtos devem estimular mais do que um dos nossos sentidos, pois assim,
poderíamos criar inúmeros produtos de sucesso.
http://www.ted.com/talks/lang/pt-
br/jinsop_lee_design_for_all_5_senses.html
PRATICABILIDADE
Qual o nível de dificuldade do
projeto?
Que RECURSOS, tanto financeiros,
estruturais ou gerenciais, serão
necessários? A organização tem acesso a
esses recursos?
ACEITABILIDADE
O projeto vale a pena?
Que RETORNOS, em termos de benefícios
e resultados, trará para a organização?
Esses retornos atendem às expectativas da
organização?
VULNERABILIDADE
A empresa tem capacidade de
suportar um fracasso?
Que RISCOS a organização corre se algo
der errado? Ela suportaria o impacto
desses riscos?
Recursos acessíveis SIM
NÃO
Retornosaceitáveis
SIM
NÃO
Riscosaceitáveis SIM
NÃO
Desenvolvimento
do projeto
Descarte ou
arquivamento da
idéia
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Projeto de Processo
Nesta fase vamos estudar sobre os tipos de processos envolvidos na
Produção, além de discutirmos sobre como definir qual é o mais adequado
para cada finalidade.
Processos de manufatura (ou fabris)
São processos destinados à fabricação de bens, portanto, usados na
indústria. Slack et al (2008) explica esses processos da seguinte forma:
Processo por projetos: Tipicamente direcionado para produtos
altamente customizados e distintos entre si, portanto, alta
variedade e baixo volume. Caracterizado pelo grande
envolvimento do cliente nas decisões, por serem produtos únicos.
Neste tipo de processo os recursos produtivos são dedicados ao
produto em elaboração. Como exemplo, podemos citar a
construção de um avião ou navio, produtos nos quais dificilmente
o projeto se repetirá.
Processo por tarefa ou jobbing: Também trata de produtos de
alta variedade e baixo volume, contudo não estamos mais falando
de produtos únicos, mas de uma quantidade um pouco maior. O
grande diferenciador deste processo em relação ao processo por
projeto é o fato de que os recursos produtivos são
compartilhados. Como exemplo, podemos citar uma tipografia que
faz produtos customizados (cartões de visita, folders, encartes de
revistas etc.), mas que compartilham os recursos produtivos (a
equipe de criação, a impressora, equipamento de corte de papel,
equipe de embalagem do produto acabado etc.).
Processo por lote ou batelada: É o mais comum de todos os
processos pelo fato de ser aplicável a organizações com vários
produtos, com volumes pequenos a moderados, tendo fluxos em
linha desconectados e com trabalho moderadamente complexo.
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Caracteriza-se pelo fato de que um mesmo produto pode
reingressar no fluxo produtivo, mesmo depois de concluído,
normalmente associado a uma coleção. Cada nova repetição
pode ser identificada com um número de lote. Como exemplo,
podemos citar a indústria farmacêutica, roupas, alimentos.
Processo de massa: Também conhecida como produção em
linha, destina-se a organizações com poucos produtos principais
e grandes quantidades (alto volume), com alto grau de
padronização. Por se tratar de produtos compostos por
componentes e subcomponentes, o seu processo produtivo pode
ser interrompido sem grandes problemas. Como exemplo típico
podemos citar a produção de eletrodomésticos, calçados,
montadoras de automóveis etc.
Processo contínuo: Muito similar à produção em linha, também
é marcado pelo alto volume e baixa variedade, gerando alta
padronização e produtos comoditizados, produzidos em fluxos
contínuos. Contudo, como são produtos contínuos, não
compostos por subcomponentes, a interrupção do seu processo
produtivo é complexa e, normalmente, onerosa. Enquadram-se
nesta categoria a indústria petrolífera e a produção de energia
elétrica, por exemplo.
Acompanhe no vídeo a seguir uma discussão sobre a sobreposição de
tipos de projeto de produto e a conexão com volume, variedade e natureza do
produto.
Vídeo disponível no material on-line.
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Processos de serviços
Agora, vejamos o que Slack et al (2008), fala acerca de cada um dos
processos de serviços:
Serviços profissionais: Trata-se de serviços de elevado nível de
customização e baixíssimo volume. Por serem serviços únicos,
tem dedicação integral do agente produtor e grande participação
do contratante, alto nível de flexibilidade e a intensidade de capital
varia de acordo com o volume. Como exemplo, poderíamos citar
as cirurgias, os serviço de consultoria, os serviços de manicure e
cabeleireira.
Loja de serviços: Uma determinada variedade de serviços
ofertada por uma operação pode ser ajustada a uma necessidade
específica de um cliente. Não é uma customização pura, pois não
se trata de algo exclusivo, mas chega muito próximo às
necessidades do cliente, pois é parametrizado por ele próprio. Há
uma grande participação do agente produtor na decisão de
compra do cliente, principalmente na apresentação de
alternativas. Como exemplo, podemos citar a agência de turismo,
a qual oferece diversas opções de pacotes para ir a um
determinado destino, mas o produto final é criado pelos próprios
clientes através das suas escolhas.
Serviços de massa: Um grande volume de transações acontece
de forma totalmente padronizada. A complexidade é baixa, assim
como o envolvimento dos clientes. A flexibilidade dos recursos é
baixa em função da padronização. A prestação deste serviço tem
participação limitada da equipe de frente (os que têm contato com
o cliente), sendo parte das decisões tomada pela equipe de
retaguarda (aqueles que dão suporte à equipe de frente). A
equipe de frente não interfere na decisão de compra do cliente.
Como exemplo, poderíamos citar um supermercado, onde o
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cliente se serve de forma autônoma, sem qualquer participação
de funcionários. Chegando ao caixa (check out), o operador
apenas soma os valores dos itens comprados, sem ter autonomia
para alterar os preços que já foram determinados pela equipe de
retaguarda.
Acompanhe a seguir o vídeo com o professor John, o qual irá tratar da
interação com o cliente como “pano de fundo” para a escolha do tipo de
processo.
Vídeo disponível no material on-line.
Definição do processo ideal
Conforme estudamos, cada tipo de processo tem uma aplicabilidade
ideal, e esse é o ponto de dilema para a maioria dos gestores.
Como definir qual o melhor processo para uma determinada atividade
empresarial?
Um ponto é perceptível até aos olhares menos treinados: há uma
associação entre características dos produtos com determinadas
características de processos.
Você, provavelmente, já deve ter percebido isso, porém vamos estuda-lo
mais a fundo.
Corrêa e Corrêa (2006) fazem algumas sugestões sobre estas
associações, acompanhe:
Volume do fluxo processado: é a quantidade de trabalho a ser
realizado para atender uma determinada demanda de um
produto.
Variedade de fluxo processado: é a diversidade e complexidade
de diferentes fluxos, para variantes dos produtos da organização.
Recurso dominante: alguns produtos precisam de mais mão de
obra, enquanto outros demandam mais recursos tecnológicos
(máquinas, equipamentos, software etc.)
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Incremento de capacidade: é o “tamanho do passo” que uma
organização pode dar para aumentar a sua capacidade.
Critério competitivo de vocação: alguns produtos são mais
eficientes e menos flexíveis, enquanto outros são mais flexíveis e
menos eficientes.
Baseado na ideia de relação entre produtos e processos, surgiu a Matriz
Produto-Processo, conforme demonstra a figura a seguir:
Matriz Produto-Processo
Figura 4
Na matriz os autores relacionam volume e variedade dos produtos com
os processos que os produzem. Os processos mais vocacionados para
determinado nível de volume e variedade estariam na “diagonal de
alinhamento”. Quando a correlação estiver fora dessa faixa é indicativo de
impossibilidade técnica ou inviabilidade econômica.
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Vamos fazer uma interpretação da matriz produto-processo aplicada às
operações de manufatura e de serviços.
Vídeo disponível no material on-line.
O conceito de relação entre produtos e processos aplicados a bens e
serviços pode ser observado na figura a seguir. Veja que a aplicação da matriz
está associada ao volume, a variedade de produtos e à complexidade do
mesmo.
Matriz produto-processo para operações de serviços
Figura 5
Volume
Variedade
Baixo
Alta
Alto
Baixa
FluxoTarefas
Diverso
complexoIntermitente
Repetido
divididoContínuo Tipos de processos de serviços
Serviços Profissionais
Lojas de Serviços
Serviços de Massa
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Agora, observe a Matriz produto-processo para operações fabris:
Matriz produto-processo para operações fabris
Figura 6
A Intervenção nos Projetos
Todas as decisões relativas a um projeto podem sofrer alterações, de
modo que o projeto final não será, necessariamente, igual ao projeto preliminar.
Quanto mais avançado for o projeto e mais perto estivermos do lançamento do
produto, mais complexa será a sua alteração e maior será o grau de
intervenção estratégica dessa mudança.
No inicio do processo de projeto as discussões tendem a ser mais
acaloradas, pois as possibilidades de alteração são maiores. Porém, na medida
Processo por
Projeto
Processo por
tarefa ou
jobbing
Processo por Lote ou
Batelada
Processo de
Massa
Processo
Contínuo
Volume
Variedade
Baixo
Alta
Alto
Baixa
FluxoTarefas
Diverso
complexoIntermitente
Repetido
divididoContínuo Tipos de processos de manufatura
Operações
Intermitentes
Operações
Contínuas
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em que o projeto caminha, alguns pontos são finalizados e as mudanças se
tornam bem menores.
E é nesse momento que aparece a habilidade dos gestores mais
experientes da organização. Cabe a eles tentar antecipar as decisões mais
importantes, de modo que o impacto estratégico de decisões tardias seja
minimizado.
Na figura a seguir, é possível perceber como o grau de intervenção
estratégica de um projeto é variável. Perceba que quanto mais tarde ocorre
uma intervenção, maior será seu impacto.
Intervenção estratégica
Figura 7
Isso acontece porque decisões vão sendo tomadas ao longo do tempo,
com base em certezas que foram sendo obtidas. Portanto, alterar algo significa
mudar essas certezas, o que pode representar grandes problemas com
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investimentos, com a motivação das pessoas e outros elementos.
Acompanhe no vídeo a seguir como as antecipações de ajustes no
projeto podem evitar grandes problemas para as organizações.
Vídeo disponível no material on-line.
Revendo a Problematização
Pois bem, com base na história que conhecemos no começo dos
estudos deste tema, qual dos processos apresentados a seguir seria o mais
indicado para atender ao perfil de produto e mercado descritos?
Opção1: Processo por tarefa ou jobbing.
Opção 2: Processo por lote ou batelada
Opção 3: Processo de massa.
Feedbacks
Opção1: Ao analisar a Figura 5, você pode perceber que há uma zona de
sobreposição entre o processo jobbing e a batelada. Nesse sentido, o processo
por jobbing poderia ser usado pela Marine, uma vez que as quantidades por ela
produzidas são relativamente pequenas, apesar de ter uma variedade baixa,
para o contexto industrial e uma parcela dos recursos não ser compartilhada.
Lembre-se que a Marine busca um diferencial de mercado, porém não
sabemos se é através de customização de elementos dos barcos. O caso faz
alusão à celeridade do processo de projeto como diferencial. Quanto mais
customização se buscar, mais adequado será o processo jobbing.
Opção 2: Essa é a alternativa mais indicada, pois existem alguns fatores que
nos levam a essa conclusão. Acompanhe:
A empresa tem uma linha de produtos, o que indica entradas e
saídas de produtos do processo, atividade facilitada pelos
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processos operacionais padronizados do processo por lote.
O ciclo de vida dos produtos gira em torno de quatro anos, o que
indica que a variedade dos produtos não é alta para os padrões
industriais. O caso fala em 18 modelos diferentes de
embarcações. Mais uma vez a padronização de processos
assume papel relevante.
A flexibilidade do processo por lote combina com a busca da
inovação e atualização dos produtos, que gera contínuas
adequações.
Opção 3: Essa alternativa não se enquadra no contexto da Marine devido ao
baixo volume de produção. Barcos não são produzidos aos milhares.
Síntese
O objetivo dos nossos estudos era demonstrar a relevância do domínio
que o gestor de produção deve ter sobre os projetos. Assim, podemos concluir
que a finalidade básica do projeto é atender a uma necessidade, desejo ou
demanda de um mercado cada vez mais exigente.
Essas respostas ao mercado podem variar em função do uso da
criatividade. Organizações inovadoras, com a competência para estimular os
colaboradores, têm um grande diferencial em suas mãos.
Vimos também, que uma forma de gerar maior assertividade dos
produtos é antecipar ao máximo as decisões relativas à sua formatação. O
impacto estratégico das intervenções tardias pode ser muito alto para a
organização.
Vídeo de Síntese disponível no material on-line.
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Referências
CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A Administração de Produção e Operações: Manufatura e Serviços. 2a ed. São Paulo: Atlas, 2006. 690 p.
MICHAELLIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php>. Acesso em: 02 fev. 2010.
REID, R. D.; SANDERS, N. R. Gestão de Operações. 1a ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005.
SLACK, N. et al. Gerenciamento de Operações e de Processos: Princípios e Práticas de Impacto Estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2008. 552 p.
SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Princípios de Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 2013. 307 p.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 3a ed. São Paulo: Atlas, 2009.
TUBINO, D. F. Planejamento e Controle da Produção: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2007. 190 p.
Referências de figuras e imagens
Figura 1: Slack, Chambers e Johnston (2009); Tubino (2007).
Figura 2: Adaptado de Slack, Brendon-Jones e Johnston (2013, p. 69).
Figura 3: Baseado em Slack et al (2008).
Figura 4: Corrêa e Corrêa (2006, p. 335 apud HAYES e WHEELWRIGHT,
1984).
Figura 5: Baseado de Slack et al (2008, p. 132); Reid e Sanders (2005, p. 38);
Corrêa e Corrêa (2006, p.336).
Figura 6: Slack et al (2008, p. 132); Reid e Sanders (2005, p. 38); Corrêa e
Corrêa (2006, p.339)
Figura 7: Slack et al (2008)
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Atividades
1- Conceito, pacote e processo são três elementos presentes em qualquer bom
projeto. Considerando o que foi discutido no tema, qual seria a principal
atribuição desses elementos em um contexto geral de projeto?
a) Garantir que o produto resultante atenda plena e exclusivamente os
interesses dos clientes.
b) Assegurar a maior conectividade possível entre os interesses do cliente e da
empresa.
c) Obter o maior resultado possível para a organização produtora, assegurando
uma perenidade financeira.
d) Promover uma relação sadia entre as áreas de marketing e de produção, no
que se refere ao que deve ser produzido.
2- Viabilidade, praticabilidade e vulnerabilidade são características que devem
ser verificadas antes que grandes investimentos sejam feitos no
desenvolvimento do projeto. Empresários empolgados, que subestimam os
riscos de um projeto, tendem a ter problemas nessa triagem, pois
simplesmente se “esquecem” do elemento vulnerabilidade. Analise as
alternativas a seguir e sinalize qual delas reflete o perigo desse
“esquecimento”.
a) A empresa pode não suportar um fracasso do projeto, dependendo do
tamanho do impacto nas finanças ou na imagem corporativa.
b) Porque desorganiza o processo de projeto.
c) A concorrência aprende à custa dos seus erros, conseguindo uma vantagem
competitiva importante.
d) A organização direciona recursos para projetos de pouca relevância.
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3- Serviços profissionais, lojas de serviços e serviços de massa são a tipologia
de processos apresentados durante este tema. Escolher o tipo de processo
mais adequado para cada operação é determinante para o sucesso de projeto,
pois assegura a relação adequada entre bem e/ou serviço e o modo como é
produzido. Diante desse contexto, qual é o elemento chave para diferenciar os
tipos de projeto de processo?
a) O custo financeiro de cada tipo de processo.
b) A possibilidade que cada tipo de processo oferece para a maximização de
volumes a serem produzidos.
c) A condição de gerar um produto extraordinário, independentemente de seu
custo. Um serviço de excelência sempre tem espaço no mercado.
d) A participação do vendedor no processo de tomada de decisão do
comprador.
4- A Matriz Produto-Processo mostra com clareza que há uma grande conexão
entre volume, variedade e o tipo de processo. Quanto mais contínuo for o
processo, maior será o volume resultante e menor será a variedade. Qual seria,
dentre as opções a seguir, a razão que melhor explicaria esse fenômeno?
a) Organização do fluxo produtivo, que evita perda de tempo, portanto, impacta
no volume produzido.
b) A decisão dos gestores de alocar recursos adicionais para determinados
produtos (bens e/ou serviços).
c) O nível de padronização do processo produtivo, pois está diretamente
associado à capacidade de reprodução em escala.
d) O nível de treinamento dos colaboradores envolvidos no projeto e na
execução dos processos.
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5- Todo projeto é temporário. Uma ideia surge, é desenvolvida e concretizada,
ou não, determinando assim o fim do projeto. Ao longo dessa “vida” do projeto,
decisões precisam ser tomadas, o que pode alterar drasticamente o projeto
final e os seus resultados para a organização. Por que podemos afirmar que a
intervenção tardia no projeto tem um maior impacto estratégico?
a) Mudar algo em cima da hora do lançamento de um produto pode passar
uma imagem de improviso para o mercado.
b) Quanto mais tarde a intervenção, maiores terão sido os investimentos
aplicados e a quantidade de decisões implementadas com base nas certezas
que foram construídas.
c) Surge uma grande barreira motivacional na organização, pois as pessoas
que se dedicaram tendem a não cooperar mais quando veem esse esforço
perdido.
d) As alterações são bem mais difíceis por não haver tempo hábil para fazer
uma alteração de excelência.
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Gabarito comentado
Questão 1: Alternativa correta letra b: Pois as empresas além de criarem
produtos que atendam os interesses do cliente, elas precisam gerar resultados
positivos que lhe assegure sobrevivência ou crescimento.
Questão 2: Alternativa correta letra a: Dependendo do porte da empresa e do
tamanho do investimento no projeto, as perdas decorrentes de um fracasso
podem ser suficientes para decretar o fim da empresa. Os projetos são
desenvolvidos com o objetivo de fazer a empresa crescer, não para massagear
egos.
Questão 3: Alternativa correta letra d: Se de um lado (serviços profissionais) há
um grande envolvimento entre vendedor/comprador e a decisão é praticamente
conjunta, por outro (serviços de massa) o comprador toma a decisão de forma
totalmente autônoma, sem qualquer influência do vendedor.
Questão 4: Alternativa correta letra c: Volumes elevados de produção indicam
a existência de padrões claramente definidos. Isso aumenta o ritmo da
produção, gerando grandes volumes. A falta de padrões é característica de
produtos extremamente customizados, portanto de alta variedade com baixo
volume.
Questão 5: Alternativa correta letra b: Isso acontece porque decisões vão
sendo tomadas ao longo do tempo, com base em certezas que foram sendo
obtidas. Portanto, alterar algo significa mudar essas certezas, o que pode
representar grandes problemas com os investimentos, com a motivação das
pessoas e outros elementos.