TEOLOGIA BÍBLICA DO VELHO TESTAMENTO BENTES

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Faculdade de Teologia e Filosofia

TEOLOGIA BBLICA DO VELHO TESTAMENTOA SUA UNO VOS ENSINA A RESPEITO DE TODAS AS COISAS 1 Jo 2.27 A sabedoria a coisa principal; adquire pois, a sabedoria; sim com tudo o que possuis adquire o conhecimento (Pv 4.7)

Pr. A. Carlos G. Bentes DOUTOR EM TEOLOGIA

NDICE AS CINCIAS BBLICAS E A TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO A DOUTRINA BBLICA DA REVELAO DE DEUS A DOUTRINA DO DEUS O NOME DENOTA ESSNCIA A ESSNCIA E OS ATRIBUTOS NATURAIS DE DEUS O PARENTE REMIDOR - GOEL - O PARENTE VINGADOR A ORIGEM, A NATUREZA E O DESTINO DO HOMEM A DOUTRINA DO PECADO O PROBLEMA DO MAL A SALVAO NO VELHO TESTAMENTO O REINO DO DEUS (PG. 215-236) [APOSTILA 120-132] A ESPERANA MESSINICA A VIDA FUTURA TANATOLOGIA - S H E O L O G I A CONCLUSO 4 6 9 17 22 31 36 39 40 41 44 49 49 49 60

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TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTOCRABTREE. A. R. TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO. 2 ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1977.

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AS CINCIAS BBLICAS E A TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO1. Investigaes Histricas 2. Investigaes Arqueolgicas

1. Israel nasceu num ambiente de politesmo e no de animismo 1. 2. Sob a orientao de Moiss, como o profeta de Yahweh2, a f de Israel representa um rompimento definitivo com o politesmo, e no um desenvolvimento que resultou finalmente no monotesmo dos profetas. 3. Desde o perodo patriarcal os hebreus tinham certeza das suas comunicaes com o Todo-Poderoso, El Shaddai3, que tomou a iniciativa na chamada de Abrao, prometendo engrandecer o seu nome e abenoar, por intermdio dele, todas as famlias da terra (Gn 12.1-3; 17.1-27). 4. Os israelitas creram em Deus, como resultado das experincias que os ligaram com o Senhor.

A Origem Histrica da F de Israel (PG. 20-22)

O Conceito Bblico da Histria1. no Velho Testamento que encontramos o primeiro conceito distintivo e coerente da histria. 2. Se h desgnio de uma inteligncia suprema na histria da humanidade, ele tem que ser descoberto pela f. A verdade que o significado da histria tem que ser buscado fora da histria, e que o princpio da interpretao da histria no ser achado dentro dela. O historiador que no tem f em coisa alguma no encontrar indicaes de qualquer desgnio na histria (Alan Richardson). 3. O Velho Testamento histria teolgica e ao mesmo tempo teleolgica. 4. Os profetas do Velho Testamento foram os primeiros a apresentar as evidncias das atividades divinas na histria, e a interpretarem o desgnio de tais atividades. esta interpretao proftica das atividades de Deus na histria de Israel que produziu o Velho Testamento. 5. Os profetas produziram as Escrituras Sagradas nos perodos crticos da vida nacional, e a sua f brilhava mais quando tinham que enfrentar aflies e sofrimentos. Mesmo na derrota nacional e na humilhao do cativeiro, floresceram as esperanas ureas na vinda do reino eterno do Messias do senhor. Os seus ensinos ticos e morais purificavam-se medida do crescimento do seu conhecimento da santidade e justia de Deus. O seu conceito de um s Deus, justo e misericordioso, lutava contra as formas sedutoras de politesmo, e ganhou a vitria que vai influenciando e abenoando cada vez mais os povos do mundo.

A Arqueologia e o Velho Testamento (PG. 24-28)1. No h nenhum perodo da histria de Israel, desde Abrao at o perodo interbblico, que no tenha ficado melhor conhecido como resultado das informaes acumuladas pelo nmero de descobertas arqueolgicas nas runas da Palestina. Podemos dizer que a cincia confirma, esclarece ou suplementa a informao histrica, poltica e religiosa do Velho Testamento em quase todas as suas partes. 2. A arqueologia tem-nos demonstrado muito mais do que as semelhanas existentes entre as formas e cerimnias religiosas do povo de Israel e as de seus contemporneos. Por exemplo, a literatura ugartica4, que mais semelhante da Bblia hebraica do qualquer outra, fala da bestialidade de Baal e da horrvel imoralidade de seus sacerdotes e outros seguidores em seus atos religiosos. 3. A descoberta dos manuscritos nas cavernas do Mar Morto oferece uma vasta quantidade de material1

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Doutrina segundo a qual uma s e mesma alma o princpio da vida e do pensamento; monodinamismo. Yahweh a transliterao do tetragrama Hebraico JHVH (ou JHWH, YHVH, YHWH), que representa o nome inefvel de Deus. 3 Declara-se em xodo 6.23: Apareci a Abrao, a Isaque e a Jac como o Deus Todo Poderoso (El Shaddai); mas pelo meu nome, IAHWEH, no me fiz conhecido (nifal) a eles. O Senhor, ento era desconhecido pelos israelitas at que se lhes revelou por intermdio de Moiss. Assim se identifica IAHWEH, o salvador dos israelitas, como El Shaddai, o Deus de Abrao. 4 Referente antiga cidade de Ugarit (na atual Sria).

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para ajudar na verificao do melhor texto da Bblia hebraica.

A Mudana de nfase no Estudo do Antigo Testamento (PG. 28-31)1. Racionalismo (18 Sculo) Pg. 29 2. Teoria Darwiniana (19 Sculo) - Pg. 29 3. O novo conhecimento do fundo cultural da Bblia, acumulado nos ltimos anos, pe em relevo as caractersticas distintivas da religio e das Escrituras do Antigo Testamento (Pg. 29). 4. Com o novo conhecimento das cincias bblicas, vai-se mudando a defesa da Bblia como a mensagem de Deus (Pg. 29).

A Cincia da Teologia do Velho Testamento (Pg. 31-37)1. A palavra teologia pode ser em si fonte de confuso porque tem sido usada de muitos modos diferentes. A palavra no ocorre no Antigo ou no Novo Testamento. Plato e Aristteles a empregam no sentido de cincia das coisas divinas, idia que pode insinuar que as coisas divinas podem ser compreendidas s com o intelecto. Terrien ops-se a essa definio de Plato e Aristteles. Ele disse que, no Antigo Testamento, a expresso mais prxima de teologia o conhecimento de Deus. Essa expresso indica uma realidade que induz e transcende a investigao e a discusso intelectual. Ela designa a presena de Iav.5 2. A teologia a cincia que trata da natureza de Deus e da sua relao com o universo. A Teologia do Velho Testamento o estudo dos atributos de Deus e o propsito das suas atividades na histria e na vida do povo de Israel, de acordo com a doutrina da revelao divina nos livros sagrados deste povo (Pg. 31,32). 3. A cincia da Teologia do Velho Testamento propriamente se limita ao estudo dos ensinos caractersticos, distintivos e persistentes dos veculos da revelao divina (PG.31). 4. A cosmologia dos escritores tem pouca importncia para o telogo, mas a doutrina da criao do mundo e das atividades de Deus na direo da histria tem importncia especial, porque pe em relevo o poder e a autoridade do Senhor. A Exegese das Escrituras essencial na exposio dos seus ensinos teolgicos, e deve acompanhar a discusso das doutrinas. O conhecimento do hebraico indispensvel para o telogo que deseje aprofundar-se no estudo da teologia do Velho Testamento. preciso estudar os ensinos dos escritores segundo a sua prpria norma psicolgica, reconhecendo e interpretando as experincias religiosas, reconhecendo e interpretando as experincias religiosas que so distintivas e que se relacionam entranhadamente com as doutrinas bblicas (PG. 32). 5. Qual o valor do estudo da Teologia do Velho Testamento para o cristo? Os dois testamentos esto entrelaados de tal modo que no se pode entender a fundo um, sem conhecimento bsico do outro. O Novo Testamento surgiu do Antigo. O Velho Testamento era a Bblia dos cristos primitivos antes da produo do Novo. O pregador, ou qualquer outro estudante do Evangelho pode estudar o Velho Testamento, a Bblia do Mestre, no somente com proveito, mas com o corao enlevado (Lc 24.29-49). Os ensinos teolgicos da primeira diviso da Bblia constituem as verdades religiosas e bsicas que produziram a Segunda parte (PG. 33). 6. O Antigo Testamento a histria das experincias de comunho do povo de Israel com Deus, e a resposta progressiva de Deus fome espiritual dos homens (PG. 35). 7. Os dois Testamentos so complementos um do outro e o cristianismo no pode abandonar a primeira parte da sua Bblia sem grande prejuzo da f crist (PG.35).

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Transcrio do Livro Teologia do Velho Testamento de Ralph Smith, PG. 68.

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A DOUTRINA BBLICA DA REVELAO DE DEUS A Psicologia dos Hebreus (PG. 41-43)1. Os hebreus, no perodo da sua histria, freqentemente sentiram-se cnscios da comunho direta com Deus, como aconteceu com Abrao, Isaque, Jac, os juizes, os salmistas e os profetas (41). 2. caracterstico dos escritores bblicos, que raramente apresentam argumentos para provar a sua comunho pessoal com Deus. No explicam como Deus pode ser conhecido. 3. O hebreu pensava que o esprito do homem podia ser invadido por algum esprito externo ou uma energia de fora. Portanto, a inspirao do ponto de vista do profeta, era a invaso do seu esprito (ruah - axUr) pelo Esprito (axUr) do Senhor. Os profetas freqentemente declaram que o Esprito do Senhor apoderou-se deles, e lhes deu entendimento e poder. O conceito que o profeta tinha da inspirao pelo Esprito do Senhor muito diferente do xtase do grego. O grego ficava extasiado quando a psyche (psiqu) deixava o seu corpo e vagava longe dele. 4. Apesar da falta do conhecimento da psicologia dos povos antigos por parte do homem moderno, sabemos que os elementos essenciais da revelao divina se expressaram segundo a psicologia hebraica. Toda revelao comea com Deus. A mo irresistvel de Deus descansava sobre o profeta. Na sua comunicao com o homem, Deus no fica limitado pela psicologia do homem moderno.

A Revelao de Deus nas Obras da Criao (PG. 43-44)1. O Velho Testamento no faz distino especial entre a revelao geral ou natural, e a revelao direta aos escritores da Bblia (PG. 43). 2. No h no hebraico a palavra natureza, mas as obras do mundo fsico, segundo os escritores bblicos, dependem absolutamente de Deus, o seu Criador e Sustentador (PG. 44). 3. Como o controlador do mundo, Deus usa a natureza para revelar o seu poder, a sua sabedoria, a sua glria e a sua benignidade (Am 5.8; J 38; Is 40.12,26; Pv 8,9; Sl 104). (PG. 44). 4. Devido psicologia dos hebreus, difcil encontrar no Velho Testamento qualquer apoio do conceito moderno da revelao natural ou geral, no sentido de que o homem, sem qualquer orientao divina, capaz de descobrir, nas obras da natureza, provas satisfatrias da existncia de Deus (PG. 45).

Deus Se Revela Diretamente aos Escritores Bblicos (PG. 44-49)1. Deus conhecido, segundo o Velho Testamento, no porque os homens nos seus esforos intelectuais o descobriram, mas somente porque o prprio Deus se revelou (PG.45). 2. O processo da revelao transcende os poderes racionais do homem. Essencialmente a revelao bblica a comunicao de conhecimento da Pessoal (Pessoalidade) de Deus. Ora, estas verdades a respeito da Pessoalidade, da vontade e dos planos de Deus que o homem no tem a capacidade de descobrir, mas uma vez comunicadas por Deus, no intercurso6 com homens idneos, concordam perfeitamente com o conhecimento racional da humanidade (PG.45). 3. Quando a revelao se refere s verdades comunicadas por Deus, estas se tornam elementos do conhecimento que mais enriquecem a vida humana. 4. Segundo o conceito bblico, o homem no recebe, no processo da revelao, doutrinas teolgicas acerca de Deus, mas recebe conhecimento pessoal do Senhor, da sua majestade, santidade e glria. Recebe tambm conhecimento da justia do Senhor, do seu propsito e da sua vontade para com o seu povo. A essncia da revelao bblica o intercurso de inteligncias (PG.46). 5. Deus se revela por suas atividades na vida e na histria do seu povo, escolhido para ser a sua possesso peculiar dentre todos os povos do mundo (x 19.4-6; 20.2). Pelas atividades constantes do Senhor, em favor de Israel, atravs de todas as vicissitudes da histria, ele revelou o seu hesed,76 7

Comunicao, trato, Relacionamento. Hesed. A palavra significa o amor firme, persistente, imutvel, no cumprimento das promessas do seu concerto com Israel, mesmo quando o povo falhava e se mostrava indigno. A palavra sempre acentua a fidelidade de Deus para com o seu concerto com Israel.

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(Desex) o seu amor firme, fiel, constante e imutvel (PG.47). 6. Na orientao persistente de Israel, Deus levantou os seus mensageiros para interpretar a sua vontade e o seu propsito na escolha deste povo. Os profetas apresentavam ao povo as suas credenciais pela convico inabalvel de que eram portadores da palavra (dabar rfbfD)8 de Deus, e pela qualidade da mensagem que lhe transmitiam. O fato essencial da revelao a verdadeira atividade de deus na vida do povo atravs de seus agentes, os profetas. O mais alto conceito da religio fraternidade entre Deus e o homem, mas no pode haver fraternidade quando a comunicao se limita ao homem. Se Deus ficasse eternamente silencioso, a religio seria a mais triste de todas as decepes humanas, e esta experincia espiritual da personalidade humana seria a mais cruel iluso do universo irracional (PG.47). 7. Os escritores do Antigo Testamento no faziam uma distino formal entre a revelao geral e a revelao especial. Deus conhecido em parte por todas as suas operaes no mundo fsico e na conscincia do homem (PG.48).

A Revelao da Pessoa de Deus no Velho Testamento Incompleta1. No h em qualquer parte do Antigo Testamento a mnima sugesto de que Deus tenha revelado aos profetas o conhecimento completo da sua Pessoa (ou pessoalidade). 2. Nenhum profeta, nem todos juntos puderam dar uma revelao exaustiva da Pessoalidade de Deus e dos mistrios de todos os seus propsitos. 3. Na linguagem, o carter pessoal de Senhor revela-se em seu Nome. No Antigo Testamento, o nome significa o que ns designamos por personalidade. Assim, na revelao do seu Nome a Moiss, Deus lhe comunicou conhecimento da sua Pessoa (x 3.11-15). Deus ento veio a ser notavelmente acessvel a Moiss. Falou com ele como qualquer fala com o seu amigo (x 33.11), e fez passar por diante dele toda a sua bondade (x 33.19). Na comunicao do seu Nome, Deus estabelece comunho pessoal com o seu povo (1Rs 1.29; Sl 9.9). x 3.11-15: 11 Moiss, porm, respondeu a Deus: Quem sou eu para apresentar-me ao fara e tirar os israelitas do Egito? 12 Deus afirmou: Eu estarei com voc. Esta a prova de que sou eu quem o envia: quando voc tirar o povo do Egito, vocs prestaro culto a Deus neste monte. 13 Moiss perguntou: Quando eu chegar diante dos israelitas e lhes disser: O Deus dos seus antepassados me enviou a vocs, e eles me perguntarem: Qual o nome dele? Que lhes direi? 14 Disse Deus a Moiss: Eu Sou o que Sou. isto que voc dir aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocs. 15 Disse tambm Deus a Moiss: Diga aos israelitas: O SENHOR,9 o Deus dos seus antepassados, o Deus de Abrao, o Deus de Isaque, o Deus de Jac, enviou-me a vocs. Esse o meu nome para sempre, nome pelo qual serei lembrado de gerao em gerao. 1Rs 1.29: O rei fez um juramento: Juro pelo nome do SENHOR (YHWH), o qual me livrou de todas as adversidades. 4. Ao passo que o Antigo Testamento reconhece claramente a impossibilidade de uma revelao perfeita de Deus ao entendimento limitado do homem, no concorda com o conceito filosficoteolgico de que Deus completamente outro. 5. Embora no seja possvel a comunicao completa da natureza do Senhor ao homem, a revelao concedida aos escritores do Antigo Testamento de Deus mesmo. real, verdadeira, necessria, aproveitvel para o homem, embora seja incompleta. Os israelitas entenderam, talvez melhor do que o homem moderno, a verdade da transcendncia de Deus, reconhecendo que no fsico, mas Esprito Pessoal, justo e benigno, e sempre coerente em falar e atuar de acordo com a sua natureza santa.

A Distino entre a Revelao e a Inspirao1. Como se faz distino entre Teologia do Velho Testamento e a Histria da religio do povo de Israel, assim se faz distino tambm entre a revelao e a inspirao.8

Dabar significa comunicao do Senhor, mensagem, mandamento, ordem ou promessa. O Logos do Novo Testamento relaciona-se com Dabar do Senhor. 9 YHWH. O termo assemelha-se expresso Eu Sou em hebraico.

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2. A revelao obra exclusiva de Deus. a comunicao do conhecimento da sua Pessoa, de seus propsitos e da sua vontade ao homem incapaz de descobrir, pelos poderes do seu prprio intelecto, estas verdades divinas. o processo pelo qual Deus se faz conhecido ao homem. 3. A Inspirao o termo que descreve, no sentido bblico, a habilitao dos escritores que produziram os livros da Bblia. A Inspirao significa a atuao do Esprito de Deus no esprito de homens idneos, escolhidos para receberem e transmitirem as mensagens da revelao divina. 4. Quando reconhecemos que a inspirao no anulou a personalidade dos escritores bblicos, mas que fatores humanos e divinos operam juntos na produo dos livros do Velho Testamento, atravs de longos perodos histricos, no podemos deixar de reconhecer mudanas no ponto de vista dos escritores. 5. A finalidade ou o propsito de Deus na revelao mais do que o esclarecimento intelectual ou a instruo do povo em doutrinas teolgicas. Tem por fim o estabelecimento de uma relao pessoal entre Deus e os homens. Andarei entre vocs e serei o seu Deus, e vocs sero o meu povo (Lv 26.12). Deus revelou o seu amor (ahabah - hfbha))10 no concerto que fez com os patriarcas (Gn A 17.1-6), e mais tarde com Israel no Monte Sinai (x 19.4-6). Demonstrou o seu amor imutvel (hesed - Desex)11 nas atividades persistentes em favor de Israel atravs de sua histria, e especialmente em perodos de crise e calamidades. 12 Alguns profetas interpretaram o significado do concerto pela figura do casamento (Os 2.19; Jr 3.14). A frase a palavra de Deus descreve a orientao divina que Israel recebia constantemente por intermdio dos profetas. Todas as atividades divinas em favor de Israel so coerentes e harmoniosas no testemunho da fidelidade do Senhor no cumprimento fiel dos seus planos e das suas promessas em favor do povo escolhido. No obstante a desobedincia obstinada, e freqentes revoltas de Israel contra a palavra de Deus, o Senhor, pelos maravilhosos recursos do seu hesed (Desex), disciplinou e guiou o seu povo escolhido, segundo a sua justia divina, no desempenho da sua misso no mundo (x 19.6; Is 2.1-3; 49.6).

A Autoridade do Velho Testamento1. Autoridade do Velho Testamento a autoridade da verdade, da verdade moral e religiosa que transcende a esfera cientfica. 2. A Lei Moral apresentada no Velho Testamento tacitamente aceita por todos os povos civilizados do mundo moderno. 3. A continuidade, a coerncia, a unidade e a harmonia de todas as partes dos ensinos fundamentais do Antigo Testamento, nas vrias pocas da histria, representam a orientao dos profetas por uma inteligncia superior. Ora, a verdade da revelao de Deus nas Escrituras Bblicas, como a verdade de proposies comuns, deve ser julgada pelo conjunto de todas as provas. 4. Seguindo este modo de julgar, o carter de Deus apresentado no Velho Testamento no pode ser explicado, seno de acordo com o prprio testemunho coerente, persistente e unnime de escritores que tiveram a firme convico de que tinham recebido do Senhor as suas mensagens.

ahabah. O substantivo descreve o amor do marido pela esposa (Gn 29.20). O amor de Deus por seu povo desiganado pela mesma palavra (Dt 7.8; 2Cr 2.11). A afeio de Jonas por Davi (1Sm 18.3; 20.17; 2Sm 1.26). 11 Hesed. A palavra significa o amor firme, persistente, imutvel, no cumprimento das promessas do seu concerto com Israel, mesmo quando o povo falhava e se mostrava indigno. A palavra sempre acentua a fidelidade de Deus para com o seu concerto com Israel. 12 Norman H. Snaith, The Distinctive Ideas of the Old Testament, Pg. 102. Maravilhoso como o amor de Deus para com o seu povo do concerto, a sua persistncia resoluta neste amor ainda mais extraordinria. A mais importante de todas as idias distintas do Velho Testamento esta persistncia resoluta e maravilhosa em continuar a amar a Israel errante, apesar de sua obstinao.

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A DOUTRINA DO DEUS O CONHECIMENTO DE DEUS SEGUNDO O VELHO TESTAMENTO1. Para os escritores do Velho Testamento no surgiram dvidas sobre a existncia de Deus. (PG.57). 2. No Antigo Testamento Deus se apresenta nas experincias religiosas dos homens, e no nas suas especulaes filosficas. (PG.58). 3. A premissa bsica de todos escritores da Bblia que Deus pode ser conhecido. Mas eles ensinam tambm como Deus pode ser conhecido, reconhecendo sempre que conhecido medida que se revela a si mesmo nas suas comunicaes aos homens. (PG.58). 4. O vocabulrio da revelao: 13 Essas passagens (Sl 103.7; Ex 6.3; Nm 12.6-8; Ez 20.5) usam as formas passivas ou reflexiva do verbo Yada ((adfy), conhecer, ra, ver, e a forma intensiva do verbo dabar rfbfD, falar. Todos esses verbos so palavras cognitivas. O hebraico no possui um substantivo que signifique revelao; possui o verbo gal hflfG, revelar. A raiz ocorre cerca de 180 vezes no Antigo Testamento. Ela contm dois conceitos bsicos: desvendar, revelar, e ir embora, ser aberto (Jr 32.11,14). Em alguns casos refere-se revelao do prprio Iav. usada em Gn 35.7 () em referncia ocasio em que Deus apareceu a Jac em Betel, quando este fugia de Esa. E edificou ali um altar e ao lugar chamou El Betel; porque ali Deus se lhe revelou (Ul:gin) [perf. Nifal] quando fugia da presena de seu irmo. A forma participial nifal de gl usada em Dt 29.29 () em referncia Tora como as [coisas] reveladas: As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o nosso Deus, mas as reveladas (tol:gNh:w) pertencem a ns e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta ia lei. Esse versculo indica que algumas coisas so reveladas e eles eram responsveis por executalas, enquanto algumas eram secretas (no reveladas). Eles no tinham conhecimento delas. Eles no tinham responsabilidade por coisas no reveladas. Os versculos 21-27 de Dt 29 referem-se a uma poca em que Israel quebraria a aliana, cultuando outros deuses, e isso os levaria ao exlio. Eles tinham sido alertados que isso ocorreria se no obedecessem s palavras reveladas da lei. Peter Craigie disse que seria pretenso supor que essa revelao lhes dava conhecimento total de Deus. Talvez jamais seja possvel conhecer todas as coisas, as coisas encobertas, pois a mente humana restrita pelos limites de sua infinitude [...] e possvel conhecer a Deus de um modo profundo e vivo, por meio de sua graa, sem jamais ter captado ou compreendido as coisas encobertas. A palavra gl usada em referncia a uma poca em que Samuel no conhecia o Senhor. Porm Samuel ainda no conhecia o Senhor, e ainda no lhe tinha sido manifestada (helfGiy) [imperf. Nifal] a palavra do SENHOR (1Sm 3.7). Usa-se gl em 2Sm 7.27 quando Davi alegou que o Senhor dos Exrcitos descobriu seus ouvidos, revelando-lhe que Deus lhe construiria uma casa ou seja, uma dinastia. Isaas afirmou que Deus desvendou-se ou revelou-se aos ouvidos de Isaas, dizendo que o pecado que o profeta havia identificado no seria perdoado (Is 22.24). O termo gl usado para falar da revelao da palavra de Iav (1Sm 2.27), de sua glria (Is 40.5), de seu brao (Is 53.1), de sua salvao (Is 56.1), das coisas secretas Dt 29.29; Am 3.7) e do mistrio (Dn 2.19,22,28,29,30,47). O povo no Antigo Testamento cria que Deus havia se revelado muitas vezes, mas em modos, lugares e momentos escolhidos por ele. 5. O significado da revelao: 14 O Antigo Testamento fala com freqncia em conhecer (Yada) ou no conhecer Iav (compare Is 1.3; Jr 2.8; 4.22; 31.34; Os 2.20; 4.1,6; 5.3,4; 6.6; 13.4). O conhecimento no Antigo Testamento bem diferente de nosso entendimento do termo. Para ns, conhecimento implica compreender coisas13 14

SMITH Ralph L. Teologia do Antigo Testamento. So Paulo: Vida Nova, 2001, p. 94-95. SMITH Ralph L. Op. Cit., p. 95-96.

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pela razo, analisar e buscar relaes de causa e efeito. No Antigo Testamento, conhecimento significa comunho, familiaridade ntima com algum ou algo. Falando em Nome de Deus a Israel, Ams disse:De todas as famlias da terra a vs somente conheci; portanto, todas as vossas injustias visitarei sobre vs. (Am 3.2, ARC)

Vriezen disse que o Antigo Testamento faz do conhecimento de Deus a primeira exigncia da vida, jamais explica o significado do termo. O propsito da revelao divina no declarado especificamente no Antigo Testamento. A revelao no se baseia em alguma necessidade de Deus. Deus no criou o mundo nem revela a si mesmo para ter algum que guarde o sbado, como diziam alguns rabinos antigos. O conhecimento de Deus mais que um mero conhecimento intelectual; diz respeito vida humana como um todo. essencialmente uma comunho com Deus e tambm f; um conhecimento do corao que exige o amor do homem (Dt 4); sua exigncia vital que o homem aja de acordo com a vontade de Deus e ande humildemente nos caminhos do Senhor (Mq 6.8). o reconhecimento de Deus como Deus, a rendio total a Deus como Senhor. Gerhard von Rad entende que o conhecimento de Deus significa compromisso, confiana, obedincia vontade divina. O conhecimento efetivo de Deus a nica coisa que coloca uma pessoa num relacionamento correto com os objetos de sua percepo. A f como comum crer hoje no obstrui o conhecimento; pelo contrrio, ela o libera. Assim, conhecer a Iav ser obediente a ele, ter um compromisso com ele. No conhecer a Deus significa rebelar-se contra ele, negar o compromisso com ele. Em Osias, o significado do termo conhecimento de Deus ampliado para incluir a moralidade do israelita como indivduo. O conhecimento de Deus pode ser identificado como a prtica da moralidade hebraica tradicional, integridade moral (Os 4.1,2). A expresso hebraica o conhecimento de Deus traz assim pelo menos trs conotaes: (1) o sentido intelectual, (2) o sentido emocional e (3) o sentido volitivo. O verbo conhecer (yada) refere-se basicamente ao que chamamos atividade intelectual, cognitiva; mas a psicologia hebraica no conhecia uma faculdade especfica que compreendesse o intelecto ou a razo. O hebraico no possui uma palavra que signifique crebro. A palavra mais comum usada em lugar de mente em hebraico corao, Lb (1 Sm 9.20; Is 46.8). 0 corao considerado sede do intelecto, bem como da vontade e das emoes. O hebraico antigo no supunha que as pessoas pensavam com a mente, sentiam com as emoes e tomavam decises com a vontade. Todas essas atividades eram desempenhadas pela pessoa como um todo. Conhecer a Deus significava ter um entendimento intelectual de quem ele era, ter um relacionamento pessoal e emocional com ele e ser obediente sua aliana e mandamentos. Um verdadeiro conhecimento de Deus sempre resultava numa conduta tica Jeremias disse ao perverso rei Jeoiaquim a respeito de seu pai justo: Acaso, teu pai no comeu, e bebeu, e no exercitou o juzo e a justia? Por isso, tudo lhe sucedeu bem. Julgou a causa do aflito e do necessitado; por isso, tudo lhe ia bem.. Porventura, no isso conhecer-me? diz o SENHOR. (Jr 22.15-16) No conhecer a Deus no Antigo Testamento no significa necessariamente ignorncia acerca de 10

Deus; s vezes significa falta de disposio para obedecer a ele. A sobrevalorizao da revelao Karl Barth e alguns outros telogos modernos sobrevalorizaram o papel da revelao na teologia ao negar todo e qualquer conhecimento de Deus nas pessoas, exceto pela revelao especial. Carl Braaten questionou a concepo de Barth, que fazia da revelao a idia dominante na teologia. Braaten disse: Se a ignorncia do homem posta-se no centro, o fato da revelao alivia essa sina; mas se a culpa do homem o problema, ento no a revelao, mas a reconciliao, o que deve tornar-se o centro teolgico. Barth negou todos os outros meios de revelao, exceto Jesus Cristo, por causa de sua convico de que Cristo singular e Cristo Braaten cria na singularidade de Cristo, mas disse: Distinguindo, porm, entre revelao e reconciliao, possvel sustentar tanto a dualidade da revelao como a singularidade de Cristo. Jesus o nico Salvador, no o nico revelador. A idia de revelao d a entender que algo previamente oculto desvendado. O evento de Cristo no o desvendar de algo que sempre existiu, mas que at ento permanecia oculto e encoberto em mistrio. Essa uma viso completamente platnica de revelao. A reconciliao no apenas revelada, como se estivesse ali, meramente oculta; ela realizada na histria, um evento nico algo absolutamente indito debaixo do sol [...] O ato de reconciliao provoca uma situao objetivamente nova, no s para o que cr, mas tambm para o cosmo. O mundo foi reconciliado com Deus em Cristo. Conhecer o Senhor significa ser reconciliado com ele. Ele faz isso por ns mediante a morte e a vida de seu Filho em nosso lugar (veja Rm 5.10-11; 2Co 5.15-21). 6. O conhecimento de Deus revelado aos homens justamente aquele que satisfaz sua fome da sua natureza espiritual. A palavra Yada ((adfy) significa conhecer pessoalmente (Gn 12.11: x 33.17; Dt 34.10); conhecer por experincia (Js 23.14); ganhar conhecimento (Sl 119.152); conhecer o carter de uma pessoa (2Sm 3.25); Ter relaes amistosas com algum (Gn 29.5; x 1.8; J 42.11); conhecer a Deus (x 5.2). A palavra descreve tambm p profundo conhecimento que Deus tem de pessoas (Os 5.3; J 11.11; 1Rs 8.30; 2Sm 7.30; Sl 1.6). O conhecimento de Deus resulta em adorao e obedincia inteligente sua vontade (Jz 2.10; 1Sm 2.12; Os 8.2; Sl 79.6). Segundo os profetas, o conhecimento de Deus o discernimento da natureza divina por parte do conhecedor que fica habilitado a reconhecer as verdadeiras manifestaes ou revelaes da natureza e da vontade do Senhor. (PG. 58,59). 7. no esforo prolongado de entender a nossa relao com Deus que chegamos a entender as nossas relaes com os outros (John Baillie). 8. A experincia de Isaas com Deus transformou a sua vida, e determinou o carter do seu servio na direo da histria do seu povo. 1 No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor assentado num trono alto e exaltado, e a aba de sua veste enchia o templo. 5 Ento gritei: Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lbios impuros e vivo no meio de um povo de lbios impuros; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exrcitos! 6 Logo um dos serafins voou at mim trazendo uma brasa viva, que havia tirado do altar com uma tenaz. 7 Com ela tocou a minha boca e disse: Veja, isto tocou os seus lbios; por isso, a sua culpa ser removida, e o seu pecado ser perdoado (Is 6.1,5-7). 9. As Escrituras ensinam tambm que Deus no pode ser conhecido. Estas vrias declaraes contraditrias entendem-se como antinomias15. Apresentadas juntas, explicam-se facilmente (PG.59-61). 10. A Bblia no nos explica em que sentido Deus pode ou no ser visto; como pode ou no ser conhecido. Mas perfeitamente claro que os homens do Velho Testamento entenderam aDo gr. Antinomia. Contradio entre duas leis ou princpios. Conflito entre duas asseres demonstradas ou refutadas, aparentemente com igual rigor.15

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impossibilidade de conhecer a Deus na glria da sua transcendncia. Porm o conhecimento da Pessoa de Deus, com o discernimento da parte do conhecedor que o habilita a reconhecer o Criador de todas as coisas, o Senhor dos cus e da terra. 11. Para os hebreus o conhecimento de Deus no era especulao sobre o Ser Eterno ou Princpio Transcendente, mas era o reconhecimento e o entendimento do Senhor, que atua sabiamente, com plano e propsitos, e exige obedincia aos seus mandamentos por causa da sua prpria natureza, como o Santo de Israel (Dt 11.2-7; Is 41.20). 12. dever principal do homem receber e desenvolver seu conhecimento de Deus. Sabe, pois, hoje, e reflete no teu corao, que o Senhor Deus em cima nos cus, e embaixo na terra; no h nenhum outro (Dt 4.39). Is 43.10,11: Vocs so minhas testemunhas, declara o Senhor, e meu servo, a quem escolhi, para que vocs saibam e creiam em mim e entendam que eu sou Deus. Antes de mim nenhum deus se formou, nem haver algum depois de mim. 11 Eu, eu mesmo, sou o Senhor, e alm de mim no h salvador algum. Os 6.6: Pois desejo misericrdia, e no sacrifcios; conhecimento de Deus em vez de holocaustos. 13. A finalidade da Bblia a de fazer Deus conhecido por suas atividades na histria e nas experincias que homens fiis tenham com ele. Pois o conhecimento mais importante de Deus, segundo a Bblia, esta comunho pessoal com ele. O intercurso pessoal com o Senhor resolveu para J as suas dvidas e os seus problemas, no porque Deus lhe tivesse oferecido uma explicao intelectual dos mistrios da sua providncia na vida dos justos, mas porque inspirou nele a confiana na bondade e na justia divina. J 42.5,6: Meus ouvidos j tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram. Por isso menosprezo a mim mesmo e me arrependo no p e na cinza. 14. O homem pode receber o conhecimento de Deus por vrios meios. Encontrar-se com Deus no exerccio da sua inteligncia, no estudo das maravilhas da natureza, na atividade direta de Deus na sua conscincia, na experincia da providncia de Deus, na profecia, no milagre e at nos sonhos e nas suas meditaes.

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O Nome de DeusSHEMOT = NOMES (do livro: SOBRE DEUS E O SEMPRE Nilton Bonder) {O livro de xodo relata a histria de Moiss e a sada do povo de Israel do Egito e intitula-se Shemot (Nomes) em hebraico. Tal ttulo deriva da segunda palavra contida em seu texto e que se inicia com Estes [so os] nomes. O ttulo captura o sentido literal de xodo que se inicia listando os nomes das famlias descendentes de Jacob e que saram da escravido do Egito. Em um sentido mais simblico, porm, este o livro no qual o Nome de Deus ser apresentado. Por nome devemos compreender a essncia, algo que expresse a individualidade daquilo que nomeamos. O xodo basicamente um livro que explicita, ou melhor, revela o Nome deste Deus que os patriarcas e matriarcas conheceram em sua realidade, mas que no sabiam nomear. No sab-lo denota um convvio sem compreenso ou uma dimenso intuitiva carente de conscincia acerca de Sua essncia. Muito provavelmente Abrao compreende este Deus como o Deus do futuro. Um Deus preocupado em lhe prover famlia e descendncia. O Deus que revela a Moiss faz questo de nomes. Moiss, porm, que primeiro se mostra interessado pela natureza de Deus ao perguntar seu nome diante da sara ardente. E Deus no lhe furta uma resposta como furtara anteriormente a Jacob: E disse Moiss a Deus: Eis que quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser o Deus de vossos pais enviou-me a vs, e diro para mim: Qual o seu nome? Que direi a eles?. E disse Deus a Moiss: Serei O Que Serei. E disse: Assim dirs aos filhos de Israel: Serei enviou-me a vs. (Ex 3.13,14) Esta a primeira referncia que Deus faz a seu nome como uma essncia expressa pelo tempo. Serei O Que Serei contm identidade porque aparece na primeira pessoa e contm temporalidade. Aparentemente um tempo futuro, mas mais do que um tempo futuro. Para isto teria bastado chamarse de Ehie Serei. H um esforo lingstico por determinar um verbo num tempo novo. deste tempo que Deus deseja falar como forma de se fazer compreender por sua criatura. Que tempo este? E por que Deus se definiria como uma expresso no tempo? Essa parece ser a grande revelao de xodo, uma revelao que ousa abordar a questo da prpria essncia do Criador. A centralidade da questo do Nome em xodo reaparece em outra passagem em que Deus tenta esclarecer Moiss acerca de sua natureza. E falou Deus a Moiss e disse-lhe: Eu sou YHWH. E apareci a Abrao, a Isaque e a Jac como Shadai; mas por meu nome, YHWH, a eles no fiz me saber. (Ex 6.3). O significado de a eles no me fiz saber denota maior amplitude a este novo Nome. Mais ainda, este Nome contm em si alguma informao que vai alm daquela conhecida pelos patriarcas. A eles Deus se revela como Shadai, como um Deus que parte da natureza. Agora, a Moiss, novamente o Nome de Deus se expressa pelo tempo. Da mesma forma que Serei O Que Serei se esfora para definir um tempo distinto, YHWH, o Tetragrama em forma de Nome-Revelao, tambm um empenho por definir algo novo. Qualquer pessoa familiarizada com a lngua hebraica sabe que YHWH est associado noo de tempo, uma vez que contm o radical do verbo existir ou do verbo SER. Como a lngua hebraica no declina o verbo ser no presente, YHWH parece ser uma mistura dos verbos ele ser, ele foi e ele somado ao gerndio do verbo SER. J outros preferem a leitura do Tetragrama como uma representao do tempo presente (YHWH) sendo precedido pela partcula Y, que lhe d um sentido futuro. Ou seja: Eu sou aquele que empurra o Presente na direo do Futuro. Nessa leitura, Deus se define como a prpria fora motriz do tempo. Mais do que se expressar como o tempo lembrando que o tempo designa forma e Deus se revelou nos Dez Mandamentos como ausente de forma ou irrepresentvel -, talvez haja aqui um esforo para tornar visvel ao humano algo que lhe interdito. Em resumo, o Tetragrama seria um cdigo do 13

tempo. Como algoritmo16 ou uma instruo sobre o tempo. Neste saber estaria o mapa ou o caminho (Tor) ao Criador. Como se empenhado em mediar entre o saber e a nossa ignorncia, o Criador talvez estivesse dizendo que o maior obstculo a Ele a noo limitada que temos do tempo. Sem ultrapassar nossa iluso do tempo, no podemos nos sensibilizar presena ou existncia do Criador. Basicamente Deus no h na realidade que concebemos no dia-a-dia. Esta seria a razo do esforo por estabelecer outros parmetros para leitura da realidade que permitam enxergar o que est para alm de nossa viso. Esta, em si, a Revelao. Nada mais contundente do que Um Criador que se revela alm de nossa realidade. No faam formas de Mim nem tentem desenhar perfis de Mim. Pois Eu sou aquele no tem forma. Aquele que est fora do tempo que vocs conhecem. Eu Sou a essncia daquilo que no h, mas perpassa a realidade de vocs a todo o momento. Minha atemporalidade a chave fundamental para que vocs conheam uma outra face da realidade. Na presena de algo que no se representa que vocs se maravilham e se atemorizam. Mgica e responsabilidade so produtos desta invisibilidade constante em nossas vidas. Louvar o Deus que no expressa a suprema sofisticao de quem tem f. O Nome YHWH - Iav indica uma eterna presena em um contexto de redeno, um Deus que cumpre as promessas da aliana feita com os antepassados na f. Porque Deus o EU SOU sempre presente, suas promessas de salvao so eternas}.

O Nome de Deus17 - hyh

re$ hyh

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adonai) ou O Nome de Deus ({yiholE) {"$ shem Elohim). Faam-me um altar de terra e nele sacrifiquem-me os seus holocaustos e as suas ofertas de comunho, as suas ovelhas e os seus bois. Onde quer que eu faa celebrar o meu nome (yim$ te) Et shemi), virei a vocs e os abenoarei : (x 20.24). Refere-se freqentemente ao santurio, o lugar do culto, onde habita o Nome do Senhor (Dt 12.11). A bno sacerdotal mais do que uma prece a Deus em favor de Israel. um meio de comunicar ao povo o poder ou a influncia do Nome do Senhor (Nm 6.24-27). Assim poro o meu Nome (yim:$-te)) sobre os filhos de Israel, e eu os abenoarei. 3. Usa-se tambm O Nome de Iav para indicar o prprio Senhor. Em ti exultem os que amam o teu nome (;!em$) (Sl 5.11). Darei graas ao Senhor por sua justia; ao nome do Senhor (hfwh:y:

1. No mundo antigo o nome de uma pessoa usava-se no somente para distingui-la de outras pessoas, mas tambm para indicar ou descrever a sua prpria natureza. Quando um homem tinha uma nova experincia de significao especial ele recebia um novo nome. Assim Abro recebeu o novo nome Abrao, e Jac (suplantador) recebeu o nome de Israel (Prncipe de Deus). (PG.61). 2. Usa-se freqentemente no Velho Testamento a frase O Nome do Senhor (}Odf) {"$ shem

{"$ = SHEM YAHWEH) Altssimo cantarei louvores (Sl 7.17). Os que conhecem o teu nome (!em$) confiam em ti (Sl 9.10). O nome do Senhor (hfwh:y-{"$) uma torre forte; os justos :

correm para ela e esto seguros (Pv 18.10). 4. O Nome do Senhor associa-se tambm com o conceito da soberania e da glria de Deus. 5. propsito do Senhor, por amor do seu Nome, revelar-se a todas as naes do mundo como o nico e o verdadeiro Deus.

Mat. Processo de clculo, ou de resoluo de um grupo de problemas semelhantes, em que se estipulam, com generalidade e sem restries, regras formais para a obteno do resultado, ou da soluo do problema. Inform. Conjunto de regras e operaes bem definidas e ordenadas, destinadas soluo de um problema, ou de uma classe de problemas, em um nmero finito de etapas. 17 CRABTREE. A. R. TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO. 2 ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1977, p. 61-62. 18 CRABTREE. A. R. TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO. 2 ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1977, p. 68-71.

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Os Nomes Particulares de Deus 191. O termo Nome refere-se principalmente natureza de Deus, ou para usar uma palavra moderna, personalidade de Deus, no sentido do conjunto de suas caractersticas ou atributos distintivos. 2. Os nomes Elohim e Iav (YAHWEH) so os mais usados pelos escritores bblicos. 3. Elohim ({yiholE)) o nome mais usado no Velho Testamento para expressar o conceito de divindade. Usa-se Elohim como o nome do Criador de todas as coisas. Quando se refere s relaes do Senhor com as naes, ou s suas relaes csmicas, usa-se em quase todas as partes do Velho Testamento o nome Elohim. 4. Mas quando se trata das relaes do Senhor com o povo de Israel, ou quando se refere s atividades do Senhor na histria deste povo do seu concerto, usa-se o nome Iav - hwhy (YAHWEH). 5. Entre os povos semticos o nome de antigidade remota de Deus EL. Segundo a opinio de muitos, a palavra deriva-se de uma raiz que significa ser forte, ser poderoso, ou talvez ligar, mas ainda no h certeza quanto a estas derivaes. Desde tempos remotos El e Elohim eram os nomes usados nas lnguas semticas para designar os espritos ou demnios que, na crena popular se associavam com objetos, tais como rvores, pedras e lugares. Em Gn 33.20 usa-se EL como o nome de Deus, bem como o nome do altar levantado por Jac. Ali edificou um altar e lhe chamou El Elohe Israel l")fr:&iy y"holE) l") (El, o Deus de Israel). 6. Iav - hwhy (YAHWEH) ocorre cerca de 6.700 vezes. 8. Iav - hwhy YAHWEH, no Elohim, era o nome do Deus a ser cultuado. Durante boa parte da histria do Antigo Testamento o nome Iav parece Ter sido usado livremente por todo e qualquer israelita. Mas no perodo ps-exlico o nome foi retirado do uso geral, provavelmente por temor do julgamento divino, caso o nome fosse pronunciado em vo. Na poca de Jesus o nome era usado s em certas ocasies no Templo, mas no mais nos cultos em sinagogas. Essa hesitao em pronunciar o nome reflete-se na maneira pela qual o nome aparece no texto massortico. Em geral ele aparece como quatro consoantes, YHWH, junto com as vogais da palavra ADONAI, criando uma combinao (Jeov) que nenhum israelita jamais pronunciava. Em Israel, no pr-exlio, provvel que o nome fosse pronunciado Iav ou Iav. 9. Palavra Jeov reflete a pronncia alem, uma vez que o J alemo usado em lugar do Y, e o W pronunciado V em alemo. A pronncia Jeov jamais foi usada pelos judeus. Eles liam e pronunciavam a palavra como adonay. Entretanto, quando a palavra aparece antes do tetragrama na Bblia Hebraica (310 vezes), as vogais da palavra elohim so usadas com as quatro consoantes, e a palavra pronunciada Elohim. 10. Ao revelar seu nome a Moiss e, por sua vez, a Israel, Deus escolhe ser descrito como o definvel, o distintivo, o indivduo. Desse modo a f israelita ope-se ao conceito abstrato de divindade e tambm contra uma base de existncia sem nome. Tanto os equvocos intelectualistas de Deus como os msticos so rejeitados. 11. Isso bem diferente da descrio abstrata de Deus dada por Paulo Tillich, como aquele que mistrio ltimo, a profundeza infinita, a base, o poder e a fonte de todo ser. Essa definio no chega perto do Definido, o Deus Vivo, o Salvador Vindouro do antigo Testamento. O nome Iav um nome pessoal, no abstrato. Baseado numa forma do verbo ser, relaciona-se de algum modo idia de existncia: passada, presente e futura. 12. Esse nico Deus definvel e distinto (Iav - hwhy YAHWEH) escolheu um homem (Abrao) e um povo (Israel) e firmou uma aliana especial com eles. Por meio deles Deus abenoaria todas as naes. 7. Elohim ({yiholE)) s ocorre 2.500 vezes.

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NOMES DE DEUSNOMESIav IAHWEH Jeov Campos: 86

SENTIDO/SIGNIFICADOO auto-existente. Alguns acham que ele destaca a natureza ontolgica de Deus: EU SOU O QUE SOU; outros crem que apresenta a fidelidade de Deus: Eu sou [ou serei] quem eu tenho sido, ou Eu serei quem eu serei. Esse nome o nome prprio e pessoal de Deus. O Senhor prover

REFERNCIAS BBLICASx 3.14,15; cf. Gn 12.8; 13.4; 26.25; x 6.3; 7; 20.2; 33.19; 34.5-7; Sl 68.4;76.1; Jr 31.31-34

YHWH

hyhIav Jireh Campos: 87 Iav Nissi Campos: 87 Iav Shalom Campos: 88 Iav Sabaoth

Gn 22.8-14 x 17.15 Jz 6.24 1Sm 1.3; 17.45; Sl 24.10; 46.7,11 x 31.13 Sl 23.1 Jr 23.6; 33.16 Jr.51.56 Ez 7.9 Ez 48.35 x 15.26 x 4.10-12; Js 7.8-11 Campos: 84,85 Gn 1.1,26,27; 3.5; 31.13; Dt 5.9; 6.4; Sl 5.7; 86.15; 100.3 Gn 14.18, 20; Nm 24.16; Is 14.13,14; Sl 82.6 Gn 16.13 Gn 17.1-20 Gn 21.33; Is 40.28 Gn 33.20

;he)fry hfwh:y "O Senhor minha bandeira

yiSin hfwh:yO Senhor paz

{Olf$ hfwh:yO Senhor dos Exrcitos

tO)fb:c hfwh:yIav Macadeshm O Senhor o vosso Santificador Campos: 87 ;{ek:$iDaq:m hfwh:y = $dq hwhy Iav Raah (Rohi) Campos: 87 Iav Tsidknu Campos: 88 Iav el Gemolah Iav Nakeh O Senhor meu pastor = yi(or

hfwh:y

h(r hwhyO Senhor nossa justia

wnqdc hwhy;heKam hfwh:y

=

hfqfd:cU hfwh:y

O Senhor o Deus da retribuio O Senhor que fere O Senhor que est presente/ou est ali

hkn hwhyIav Sham Iav Raf Adonai

hfMf$ ;hfwh:y

O Senhor que sara = !e):por

hfwh:y

}Odf)

Elohim

{yiholE)El Elion

;}Oy:l( l") eEl Roi El Shadai

Senhor, Mestre; o nome de Deus usado em lugar de Iav quando o nome prprio de Deus passou a ser considerado muito sagrado para ser pronunciado Poderoso; termo plural aplicado a Deus, que geralmente se refere sua majestade ou sua plenitude. Campos: 81 Altssimo (literalmente, o poderoso mais forte). usado com referncia aos seus monarcas. Campos: 82 O Poderoso que v = yi)or l") Deus Todo-Poderoso ou Deus Todo-Suficiente Deus Eterno ou Deus da Eternidade

yaDa$ l")El Olam Campos: 83 El Elohe Israel

Gn 21.33:;{flO( l") hfwh:y

Is 40.28: hfwh:y {flO( y"holE)

Deus, o Deus de Israel = l")fr:&iy

y"holE) l")

Era tanto o Parente Remidor como tambm o Parente Is 44.6; 48.17; 59.20; Rt Goel l")oG 3.6-9; Remidor/Redentor Vingador (Nm 35.12-19; Lv 25)

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O Nome Especial de Deus Iav 201. O nome especial de Deus Iav IAHWEH21 hwhy. Baseando-se na associao de Iav com troves e relmpagos (Ex 19.16; 20.18; 1Rs 18.38; J 37.5; Am 1.2; Sl 18.14), alguns julgam que ele era o deus do firmamento. Convm notar, porm, que estes trechos descritivos podem ser poticos ou figurativos. Os inimigos de Israel pensaram que os seus deuses eram deuses dos montes (1Rs 20.23). Mas Iav manifestava-se tambm no fogo, na sara (Ex 3.2) e na coluna guiadora de nuvem e de fogo (x 13.21). Falou com Elias, no no vento poderoso, nem no terremoto, nem no fogo, mas na voz mansa e delicada (1Rs 19.12). 2. Eruditos modernos levantam dvidas sobre a origem e o significado do nome, segundo Ex 3.14, onde o escritor liga o nome com o verbo hebraico hava (hfwfh),22 ser ou haver. O substantivo Jeveh, formado da primeira pessoa do singular do imperfeito do verbo ser, significa Eu Sou. Assim o Senhor disse a Moiss: Eu sou o que sou. claro que os israelitas no puderam usar esta forma do nome, derivado da primeira pessoa do verbo. Ento disse Deus a Moiss: Assim dirs aos filhos de Israel: Javeh hfwh:y (Iav) Deus de vossos pais, o Deus de Abrao, o Deus de Isaque e o Deus de Jac, me enviou a vs; este o nome eternamente, e este meu memorial de gerao em gerao (Ex 3.15). (PG.64). 3. Todos os estudantes do assunto reconhecem agora que Jeov no pode ser a pronncia certa do tetragrama IHVH. A palavra Jeov resultou no uso das vogais de Adonai - }Odf) (Senhor) com as quatro consoantes do nome sagrado, e foi introduzida no tempo da reforma, cerca de 1520. No se sabe como foi pronunciado antes do tempo, quando os israelitas, por reverncia, deixaram de mencionar o Nome Inefvel. A opinio de que era pronunciado Yahweh (Iav ou Iav em portugus) prevaleceu, e este o termo geralmente usado pelos telogos modernos. (PG.64). 4. tO)fb:c hfwh:y - Iav Sabaoth, ou Iav Elohe Sabaoth, o Senhor dos Exrcitos, um ttulo especial de Iav. A teoria, ou a interpretao, provavelmente errada, que Sabaoth refere-se aos exrcitos militares de Israel. Esta interpretao baseia-se nas referncias em 1Sm 4.4; 17.45; 2Sm 6.2. Mas a nica passagem que d esta interpretao definitiva 1Sm 17.45. 5. Quando os israelitas deixaram de pronunciar o nome indizvel IHVH, eles o substituram pelo nome Adonai, Senhor. A Septuaginta traduziu as quatro letras msticas com as vogais de Adonai por Krios. E quase todas as modernas da Bblia, nas muitas lnguas, traduzem o nome do Deus de Israel pelo termo que significa Senhor. (PG.65).

O nome denota essncia23O conhecimento de Deus no Antigo Testamento brota no s da histria, palavra, criao e teofania, mas tambm da revelao do nome Iav. Concorda-se em geral que entre povos primitivos e em todo o antigo Oriente, o nome denota a essncia de algo: chamar algo pelo nome conhec-lo e, por conseguinte, possuir poder sobre ele. Os israelitas no eram exceo a essa regra geral entre os povos primitivos. Eles supunham que a essncia total da pessoa concentrava-se em seu nome. O nome estava relacionado natureza do carter da pessoa. O nome de Eva, vida, ligava-a ao homem (Gn 2.18-23). Esa disse que as aes de Jac refletiam seu nome (Gn 27.36). Nabal era como seu nome, um tolo (lSm 25.25). Von Rad e Jacob argumentaram que o nome de um deus no mundo antigo encerrava poder e podia ser ou perigoso ou beneficente. Era, assim, importante conhecer o nome do Deus. A invocao do nome

CRABTREE. A. R. TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO. 2 ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1977, p. 63-65. Para um estudo profundo do Nome de Deus ver o Dic. Int. de Teologia do Velho Testamento (484a, b), PG. 345-349. 22 Em todas as formas desta palavra tenho usado a letra v, ao invs de y, como a transliterao do hebraico yodh, seguindo o espanhol e o portugus. 23 (transcrio do livro Teologia do Velho Testamento de Ralph Smith, PG. 111-116)21

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No Antigo Testamento, era necessrio invocar o nome de Iav para aproximar-se dele. A primeira palavra de muitas das oraes nos salmos uma invocao, Iav (3.1; 6.1; 7.1; 8.1; 12.1). Entretanto, em algumas oraes, Elohim, Deus, usado em seu lugar. A doxologia de Davi comea com a palavra Iav (1Cr 29.10-11). A invocao do nome era ainda importante na poca do Novo Testamento. Jesus ensinou seus discpulos a comear assim suas oraes: Pai nosso [...] santificado seja o teu nome (Mt 6.9). Quando Deus tomou a iniciativa de revelar-se, comeou pronunciando o prprio nome: Eu sou Iav (Gn 35.11; x 6.2; 20.1; 34.5-6). Mas a revelao do nome no tornou Iav acessvel e familiar. Israel considerava o nome de Iav santo e insistia que ele no devia ser profanado (Lv 22.2, 32; S1 103.1; 105.3; 111.9; 145.21; Ez 20.39; 36.20-23; 39.7; 43.7; Am 2.7). O nome de Iav substitua o prprio Deus, representando toda sua presena santa. A invocao do nome era parte importante do culto. Se Iav no tivesse revelado seu nome, o adorador no poderia invoc-lo e no haveria culto. Childs reconheceu que a ligao entre o nome e o culto vlida. Mas quando Deus deu seu nome a Moiss (x 3.14), a questo era mais de relacionar o chamado de Moiss ao nome pela autoridade de Deus que pelo culto. O significado e a importncia do nome do Deus de Israel O nome Iav parece vir de uma forma imperfeita do verbo hebraico hay (hfwh), ser ou f tornar-se. Albright argumentou que o nome vem da forma hifil (causativa) do verbo, de modo que significa aquele que causa a existncia e, portanto, o criador. Muitos dos alunos de Albright apresentam propostas semelhantes. David Noel Freedman entende que o tetragrama YHWH deve ser traduzido ele cria. Frank Cross pensava que Iav era originariamente um nome cultual de El. A frase cultual El que cria tornou-se mais tarde Iav, o criador. Philip Hyatt afirmou que em lugar de ver Iav como uma divindade originariamente criadora, devia-se entend-lo como a divindade padroeira de um dos ancestrais de Moiss. Seu nome poderia ter significado ele causa a existncia (do ancestral) ou ele sustenta (o ancestral). William Brownlee, especialista no material de Qumran, entende com base no uso que o Manual de Disciplina faz de 1 Samuel 2.3 e em outros indcios que o significado de Iav deve ser aquele que faz acontecer. Brownlee disse que esse nome combina com o anncio de que Iav livraria os hebreus da escravido. A situao deles parecia desesperadora. O que eles precisavam era a garantia de que o Deus deles, Iav, podia fazer as coisas acontecerem e cumprir as promessas que lhes havia feito por intermdio de Moiss. A idia de que Iav significa o criador pode ser questionada seriamente porque se baseia na pressuposio de que o nome Iav vem da forma hifil (causativa) do verbo ser. A forma hifil desse verbo jamais ocorre no Antigo Testamento. Tanto Jacob como Von Rad criam que o significado bsico de Iav presena, estarei convosco (x 3.12; cf. Gn 28.20; Js 3.7; Jz 6.12). Terrien disse: Ao vacilante Moiss, Iav primeiro deu segurana ao afirmar: Estarei contigo. Pela revelao de seu nome, Iav, Eu sou ou Eu serei, Deus estava prometendo sua presena a Moiss. Deus estaria com ele. Na Grande Comisso, Jesus prometeu estar com os discpulos sempre, at o fim dos tempos (Mt 28.20). Deus estava se revelando quando deu seu nome a Moiss? Ou estava sendo evasivo, recusandose a dar uma resposta a Moiss, quando disse: EU SOU O QUE SOU (x 3.14)? Deus recusou-se a dar o nome a Jac (Gn 32.30) e a Mano (Jz 13.17-18). A. M. Dubarle concluiu que Deus recusa-se a revelar o nome a Moiss em xodo 3.14 porque isso comprometeria sua liberdade de ser Deus. Dubarle entendia que Deus estava dizendo: Meu nome no lhe diz respeito. Ludwig Khler tambm interpretou xodo 3.14 como uma resposta evasiva pergunta. Deus o Deus absconditus.24 Alguma ambivalncia aparece no texto, mas o propsito principal revelar o que Deus far, eO Deus abscndito. Embora o Antigo Testamento reconhea que, em certo sentido, todo o mundo est ciente do divino ou do sagrado, ele se refere com freqncia ao Deus abscndito. J cria em Deus, mas no conseguia encontr-lo (transcrio do Livro: Teologia do Velho Testamento de Ralph Smith, PG. 98.24

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no a essncia de seu ser. Assim, embora Iav tenha revelado seu nome a Moiss e a Israel e se tenha permitido ser invocado por eles, ou se entregado em compromisso e confiana s a Israel, ele ainda manteve sua liberdade. Zimmerli disse que a liberdade de Iav significa que ele jamais um simples objeto. Ainda que se tenha revelado liberalmente, ele deu o Terceiro Mandamento do Declogo para proteger essa liberdade contra abusos religiosos. A origem do nome O nome Iav mais antigo que Moiss? Iav aparece como nome de Deus a partir do segundo captulo de Gnesis. Entretanto, xodo 6.3 diz: Apareci a Abrao, a Isaque e a Jac como Deus TodoPoderoso; mas pelo meu nome, O SENHOR [Iav], no lhes fui conhecido. Por indcios bblicos e extrabblicos, provvel que o nome divino Iav existisse fora de Israel antes de Moiss; mas ainda no temos prova conclusiva disso. O elemento Jo em Joquebede, nome da me de Moiss, d a entender um uso bblico de Ja (Yah) antes de Moiss. A respeito de indcios extrabblicos, PG. D. Miller disse: O nome Iav em si agora amplamente confirmado em inscries na Judia (mais de trinta casos) e no h referncias a outras divindades. Childs disse que devemos reconhecer os cognatos do nome divino encontrados no antigo Oriente Prximo e at contar com uma longa pr-histria do nome antes de sua entrada em Israel, mas o autor permaneceu aberto possibilidade de Israel ter atribudo um significado totalmente novo ao nome. Walter Harrelson admitia que o aparecimento da crena em Deus sob o nome pessoal Iav anterior ao perodo mosaico. W. H. Schmidt chegou a dizer: O nome Iav no se restringe a Israel e, alm disso, anterior ao Antigo Testamento, ou seja, bem possvel que no seja israelita de origem. R. W. L. Moberly alegou recentemente com veemncia que o nome Iav foi primeiro revelado a Moiss e que empregos anteriores em Gnesis so anacronismos. Podemos concluir apenas que a questo da origem do nome Iav ainda no tem resposta. O nome de Deus e sua presena Deuteronmio fala com freqncia de fazer o nome de Deus habitar ou morar em certo lugar (Dt 12.5,11). Obviamente, Israel no podia contar demais com a presena de Deus na adorao. S Deus podia garantir sua presena. O nome de Iav representa sua presena, poder e autoridade. Talvez esse seja o motivo pelo qual o nome Iav ocorre com tanta freqncia (cerca de 6.700 vezes) no Antigo Testamento, enquanto Elohim s ocorre 2.500 vezes. Iav, no Elohim, era o nome do Deus a ser cultuado. Durante boa parte da histria do Antigo Testamento o nome Iav parece ter sido usado livremente por todo e qualquer israelita. Mas no perodo ps-exlico o nome foi retirado do uso geral, provavelmente por temor do julgamento divino, caso o nome fosse pronunciado em vo. Na poca de Jesus o nome era usado s em certas ocasies no Templo, mas no mais nos cultos em sinagogas. Essa hesitao em pronunciar o nome reflete-se na maneira pela qual o nome aparece no texto massortico. Em geral ele aparece como quatro consoantes, YHWH, junto com as vogais da palavra adonay, criando uma combinao (Jeov) que nenhum israelita jamais pronunciava. Em Israel, no pr-exlio, provvel que o nome fosse pronunciado Iav. A palavra Jeov reflete a pronncia alem, uma vez que o J alemo usado em lugar do Y, e o W pronunciado V em alemo. A pronncia de Jeov jamais foi usada pelos judeus. Eles liam e pronunciavam a palavra como adonay. Entretanto, quando a palavra aparece antes do tetragrama na Bblia Hebraica (310 vezes), as vogais da palavra elohim so usadas com as quatro consoantes, e a palavra pronunciada Elohim. Resumo Iav era o nome especial de Israel para seu Deus. Ao revelar seu nome a Moiss e, por sua vez, a Israel, Deus escolhe ser descrito como o definvel, o distintivo, o indivduo. Desse modo a f israelita 19

ope-se ao conceito abstrato de divindade e tambm contra uma base de existncia sem nome. Tanto os equvocos intelectualistas de Deus como os msticos so rejeitados. Isso bem diferente da descrio abstrata de Deus dada por Paulo Tillich, como aquele que o mistrio ltimo, a profundeza infinita, a base, o poder e a fonte de todo ser. Essa definio no chega perto do Definido, o Deus Vivo, o Salvador Vindouro do Antigo Testamento. O nome Iav um nome pessoal, no abstrato. Baseado numa forma do verbo ser, relaciona-se de algum modo idia de existncia: passada, presente e futura. Ele est ligado ao passado no que diz respeito a Moiss. Iav o mesmo nome do Deus dos pais Abrao, Isaque e Jac (Ex 3.16). Ele tambm o Deus do futuro: Este o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de gerao em gerao (Ex 3.15b). O nome tambm possui urna dimenso escatolgica no Antigo Testamento. Pode haver uma ligao entre o nome Iav e a origem da escatologia, pois um Deus que se define como eu sou no descansa at que esse ser e essa presena sejam concretizados em sua perfeio. O profeta do exlio podia referir-se a Iav como O primeiro e o ltimo Criador, Senhor da histria e nico Salvador (Is 41.4; 43.10; 44.6; 48.12-13; 49.6, 26; cf. Ap 22.13). Pelos atos poderosos de Iav na histria, o fara, os egpcios, as naes e Israel saberiam que Iav era Deus (Eu sou Iav Ex 7.5; 8.10, 22; 9.1 10.2; Ez 20.26, 38; 24.24, 27; 34.27; 35.9, 15; 36.11, 23, 38; 38.23; 39.6, 28). Esse nico Deus definvel e distinto Iav escolheu um homem (Abrao) e um povo (Israel) e firmou urna aliana especial com eles. Por meio deles Deus abenoaria todas as naes.

O Esprito de Deus 25A palavra ruah axUr (vento, esprito) empregada no Velho Testamento de tantas maneiras que difcil analisar os seus vrios sentidos. Aqui a discusso limitada principalmente ao estudo do Esprito de Deus (PG. 65). O texto a seguir transcrio do livro: A F do Antigo Testamento de Werner H. Schmidt (PG. 175-177) da Editora Sinodal: 1. Esprito de Iav sobrevm a uma pessoa que, diante da ameaa inimiga, vocacionada para ser um lder carismtico e trazer a salvao (Jz 3.10; 6.34; 11.29; 1Sm 11.6). Evidentemente se trata de um acontecimento relacionado a uma determinada situao e restrita mesma. Por isso o Esprito dificilmente experimentado como uma fora que repousa de forma permanente sobre aquele que chamado; pelo contrrio, ele o impele somente respectiva ao (cf. a respeito das faanhas de Sanso, Jz 13.25; 14.6,19; 15.14). Diz-se expressamente, por primeiro, de Davi que o Esprito de Iav atuou nele daquele dia em diante (1Sm 16.13; cf. 2Sm 23.2; tambm Is 11.2), mesmo que no se diga que o Esprito novamente se retirou dele (como se diz de Saul, 1 Sm 16.14). Assim, o ser do Esprito no preponderantemente um existir, mas um tornar-se ativo; ele poder medida que se torna poderoso. Ele movimento que pe em movimento. O Esprito o que faz do heri um heri e do profeta um profeta. 2. Do mesmo modo como o Esprito desce sobre aqueles juzes, assim ele tambm toma os primeiros profetas, deixando grupos em xtase, arrebatamento e delrio (1 Sm 10.6ss.; 19.20ss.; cf. sobre o esprito de Moiss Nm 11.16s.,24ss.). A condio transfervel: Tu sers mudado em outro homem (1 Sm 10.6 acerca de Saul). Teria Israel conhecido esta manifestao do Esprito somente na terra de cultivo? Seria o fenmeno da profecia exttica de origem canania um fenmeno que primeiro teve que ser permeado pela f em Iav? Contudo, ele atribudo ao Esprito de Iav (10.6 em comparao com Esprito de Deus em 10.10 e outras). Logo ele experimentado tambm como poder que concede a palavra compreensvel e transmissvel (Nm 24.2ss.; 2 Sm 23.2; 1 Rs 22.24). O Esprito25

CRABTREE. A. R. TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO. 2 ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1977, p. 65-68.

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no realiza, com isso, nenhuma unidade mstica entre Deus e ser humano, mas ele experimentado de modo diferente pelas pessoas precisamente pelo modo como ele as acomete e dota. Talvez em algumas afirmaes ainda ecoem idias naturalistas sobre um poder impessoal do Esprito. Mas decisivo que o dom do Esprito uma maneira atravs da qual Deus se torna ativo entre as pessoas no mundo no mais de forma "direta", mas indireta. O Esprito pode criar o bem e o mal (1Sm 16.13s.; 1Rs 22.21). Contudo, digno de nota que os profetas literrios dos sculos 7 e 8 no se reportam ao Esprito, se bem que Osias (9.7) seja censurado: O homem de esprito um louco (cf. 2 Rs 9.11; Jr 29.26; tambm Mc 3.30; Jo 10.20). E possvel que eles evitem aproximar-se demais da profecia exttica (cf. Ez 13.3); em todo caso, eles experimentaram o poder e a revelao de Deus na palavra. Uma exceo constitui Ezequiel, que retomando o antigo profetismo (1 Rs 18.12,46; 2 Rs 2.9,15s. e outras) testemunha ser possudo pelo Esprito: O Esprito me levantou e me levou (Ez 3.14; cf. 3.12; 8.3; 11.1,5,24; 37.1 e outras). Assim, no perodo exlico e ps-exlico, o poder pleno dos profetas novamente pode ser entendido como atividade do Esprito: O Esprito do Senhor Iav est sobre mim [...] Ele me enviou para pregar boas novas aos pobres (Is 61.1; cf. 42.1; Zc 7.12; 2 Cr 15.1; 24.20). Visto que somente indivduos tornam-se capazes de receber a inspirao proftica, Moiss expressa, segundo Nm 11.29,0 desejo: Oxal todo o povo de Iav fosse profeta, que Iav lhes desse o seu Esprito! Este desejo se realiza na promessa: Depois disso, derramarei o meu Esprito sobre toda carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizaro, vossos velhos sonharo, e vossos jovens tero vises. At sobre os servos e as servas derramarei o meu Esprito naqueles dias (Jl 3.1s. ou 2.28s.; Cf. Ez 39.29; Is 32.15ss.; 44.3 e outras). Essa esperana futura no conhece mais indivduos privilegiados (Hans Walter Wolff, sobre a passagem); desigualdades existentes no presente sero abolidas. Atravs do derramamento do Esprito, cada pessoa, sem distino de gnero, idade e posio social (cf. Jr 31.34: dos menores aos maiores) encontrar-se- diante de Deus sem intermedirios. 3. Quo pouco o Esprito entendido a partir do antagonismo entre esprito e corpo ou natureza, quo pouco ele um princpio superior ou autoconscincia, mostra-se na dimenso do significado do termo (ruah). O termo significa expirar, soprar (originalmente onomatopico?). Explicar-se-ia, assim, a transio do significado para flego, vento, tempestade, de um lado, e para esprito e sentido, de outro lado. A variedade de significados parte de uma atividade ou movimento e consegue, com isso, unir o fsico e o psquico, o corporal e o anmico, o material e o espiritual. Como, aqui, interior e exterior, ser e agir, so concebidos como uma unidade, assim, no acontecimento do Esprito, o ser de Deus entendido como um agir. 4. Se verdade que o Esprito pode realizar o extraordinrio, milagroso, ento tambm pode realizar a vida natural em suas manifestaes cotidianas. A essncia do Esprito , ento, estabilidade; no uma atividade nica e singular, mas uma ao continua. A base destas afirmaes est uma idia completamente diferente, que em sua origem dificilmente est relacionada com a experincia do Esprito que distingue certas pessoas de outras. Paralelos do Antigo Oriente falam do flego de vida; de modo semelhante, no AT, o Esprito a fora doadora e renovadora da vida. O Deus dos espritos de toda carne (Nm 16.22; 27.16) concede ao povo na terra o flego e o esprito aos que nela andam (Is 42.5). Retir-los significa morte: Se ocultas o teu rosto, eles se perturbam; se lhes tiras o Esprito, morrem e voltam ao p. Se envias o teu Esprito, eles so criados (Sl 104.29s.; cf. 33.6; 146.4; Gn 2.7; 6.3; Ec 12.7). O Esprito me fez e o sopro do Todo-Poderoso me d 21

vida (J 33.4; ef. 34.14s.; Ez 37.9ss.; Zc 12.1). Tambm sobre o esprito, como fora de vida, a pessoa no pode dispor; ele justamente a faz experimentar sua dependncia. A pessoa no tem o que lhe proporciona vida. Deste modo, ela no pode dispor justamente daquilo que constitui a sua vida. s vezes, esprito contraposto a carne para caracterizar a diferena entre Deus e ser humano como sendo uma diferena entre poder e impotncia (Is 31.3; cf. 40.6s.; Gn 6.3); tambm esprito e poder podem ser contrapostos (Zc 4.6). Embora o AT no afirme que Deus seja esprito (cf. Is 40.13), Esprito de Deus pode ser sinnimo da presena de Deus (Sl 139.7 e outras). dolos no tm flego, esprito e fora vital (Jr 10.14). 5. Por fim, na esperana proftica, o dom nico do Esprito pode se tornar um bem permanente, que no se perde. Ele ser concedido a certos indivduos ao Messias (Is 11), ao Servo de Deus (Is 42) bem como a todos: o novo corao e o novo esprito, atravs de uma profunda mudana interior da pessoa, inauguram um novo futuro (Ez 36.26s.; cf. 11.19; 18.3). A pessoa que ora o Sl 51 (v. 1 2s.; cf. 143.10) retoma a promessa de uma pessoa no mais afastada de Deus, mas dedicada a ele. Ela combina o conhecimento da profundeza do pecado com o pedido por renovao que abrange o pensar, o querer e a fora para agir: Cria em mim, Deus, um corao puro, e renova dentro em mim um esprito inabalvel! Nesta orao encontra-se tambm a expresso Esprito Santo, muito rara no AT (somente atestada ainda em Is 63.10s.): No retires de mim o teu Santo Esprito! Como quer que o Esprito seja entendido como um acontecimento pontual ou constante, particular ou geral , em cada caso ele que capacita para algo, ele que possibilita a realizao.

Atividades do Esprito 261. O Velho Testamento no trata de causas secundrias. Em todas as suas atividades, Deus atua diretamente e no por intermdio de causas secundrias. At as atividades de seus agentes humanos so reconhecidascomo a atuao do prprio Senhor. Deus especialmente ativo nas foras histricas e nas atividades humanas que operam em favor do seu reino na terra. O Esprito opera de uma maneira excepcional na vida e na obra do seu Ungido. 2. O Esprito do Senhor o prprio Senhor em atividade. 3. No, h, porm, no Velho Testamento, o desenvolvimento do conceito da personalidade distintiva do Esprito Senhor. 4. A doutrina do Esprito Santo, como a 3 Pessoa da trindade, um desenvolvimento no Novo Testamento, de acordo com a experincia crist. Tem as suas razes nas experincias religiosas do povo de Israel, sem ser assim entendida pelos escritores do Velho Testamento. 5. Textos do V. T. que falam do Esprito de Deus como personalidade: Ag 2.5; Zc 4.6; Is 48.16.

A ESSNCIA E OS ATRIBUTOS NATURAIS DE DEUS 27 A Essncia de Deus1. No encontramos no Antigo Testamento qualquer declarao que defina a essncia do Senhor. Mas o Novo Testamento ensina diretamente que Deus Esprito. A declarao de Jesus: Deus 2627

CRABTREE. A. R. TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO. 2 ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1977, p. 68-71. CRABTREE. A. R. TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO. 2 ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1977, p. 75-97.

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Esprito, e importa que os que o adoram o adorem em esprito e em verdade, concorda perfeitamente com o pensamento dos profetas do Velho Testamento. A espiritualidade de Deus subentendida, verdade bsica, em toda as experincias religiosas dos hebreus com ele (Is 31.3). Em x 20.4 proibida a representao do Senhor por qualquer imagem material. O piedoso salmista, descrevendo a sua experincia espiritual com Deus, declara: Para onde poderia eu escapar do teu Esprito? Para onde poderia fugir da tua presena? Se eu subir aos cus, l ests; se eu fizer a minha cama no Sheol, tambm l ests. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mo direita me guiar e me suster. (Sl 139.7-10). Assim a presena do Esprito de Deus a presena dele mesmo. Tudo que Deus , e tudo que possa significar para o homem representado pelo ministrio do seu Esprito que vida e poder. o Esprito de Deus, operando no esprito do homem piedoso do Velho Testamento, como no esprito do crente do Novo Testamento, que produz a vida de justia, retido, felicidade, e paz. Qualquer conhecimento que o hebreu tenha recebido dos atributos de Deus foi-lhe comunicado diretamente no intercurso do seu esprito com o Esprito Supremo, o Senhor Deus de Israel. O Cria em mim um corao puro, Deus, e renova dentro de mim um esprito estvel. No me expulses da tua presena, nem tires de mim o teu Santo Esprito. Devolve-me a alegria da tua salvao e sustenta-me com um esprito pronto a obedecer. Ento ensinarei os teus caminhos aos transgressores, para que os pecadores se voltem para ti (Sl 51.10-13).

O Deus Vivo1. Deus vida e a fonte ltima de toda a vida. O Deus Espiritual da Bblia apresenta-se como Deus Vivo (PG. 76). 2. Nos ensinos religiosos dirigidos ao povo de Israel, em todas as grandes pocas da sua histria, desde Moiss at Malaquias, os profetas falaram no Senhor de Israel como o Deus Vivo (PG. 76). 3. Deus tem caractersticas semelhantes aos nossos, mas so infinitamente superiores. um instinto verdadeiro no homem que atribui a Deus as caractersticas da personalidade, pois na sua natureza pessoal que o homem leva a imagem divina (PG. 76). 4. A vida pessoal concedida ao homem testifica poderosamente da existncia do Deus Vivo (PG. 76). 5. As manifestaes do seu poder entre os homens so provas de que ele o Deus Vivo. Assim sabero que o Deus vivo est no meio de vocs e que certamente expulsar de diante de vocs os cananeus, os hititas, os heveus, os ferezeus, os girgaseus, os amorreus e os jebuseus (Js 3.10). Vivo (PG. 76, 77). 6. Os santos do VT regozijaram-se na comunho espiritual com o Deus Vivo. Em contraste com os dolos impotentes, o Deus de Israel o Deus Vivo, a fonte das guas vivas (Jr 2.13). Quando o salmista se achava abatido e desalentado, o seu esprito suspirava por Deus. Como a cora anseia por guas correntes, a minha alma anseia por ti, Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo (Sl 42.1,2). 7. Este nome, O Deus Vivo, significa mais do que um contraste com os deuses das naes. Explica a razo dos desejos ardentes dos homens de Deus. Nada mais do que a Pessoa Suprema pode satisfazer fome e sede do esprito do homem mortal, que fica desassossegado at que descanse em Deus. O regozijo do salmista caracterstico das experincias dos homens em comunho com Deus. Como agradvel o lugar da tua habitao, Senhor dos Exrcitos! A minha alma anela, e at desfalece, pelos trios do Senhor; o meu corao e o meu corpo cantam de alegria ao Deus vivo (Sl 84.1,2). Jr 10.10: Mas o Senhor o Deus verdadeiro; ele o Deus Vivo; o rei eterno. Quando ele se ira, a terra treme; as naes no podem suportar o seu furor. Quando Osias contemplava o futuro do povo de Israel, em contraste com as circunstncias do tempo, ele os viu como a areia do mar, que no se pode medir, nem contar, e continua: Contudo os israelitas ainda sero como a areia da praia, que no se pode medir nem contar. No lugar onde se 23

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dizia a eles: Vocs no so meu povo, eles sero chamados filhos do Deus vivo (BJ). Na figura de ossos secos, Ezequiel viu os israelitas no cativeiro, mas o Senhor lhe disse: Ento ele me disse: Profetize a estes ossos e diga-lhes: Ossos secos, ouam a palavra do SENHOR! Assim diz o Soberano, o SENHOR, a estes ossos: Farei um esprito entrar em vocs, e vocs tero vida (Jr 37.4,5 BJ). A idia da vida de Deus encontra-se com maior freqncia no juramento, prestado com a mo levantada, por exemplo, no santurio: To certo como vive Iav; Pela vida de IAHWEH - BJ (Jz 8.19 e muitas outras).28 A frmula de juramento se assemelha terminologia do louvor, com o qual o orador sintetiza de forma genrica o seu agradecimento a Deus pela redeno da aflio: Vive Iav, e bendita seja a minha rocha! Exaltado seja o Deus da minha salvao (Sl 18.47). O Senhor vive! Bendita seja a minha Rocha! Exaltado seja Deus, o meu Salvador! (BJ, Sl 18.46). Certamente Deus no AT nunca se chama a vida. O AT pode designar Iav de fonte da vida (Sl 36.10; Jr 2.13; 17.13). O AT transferiu a concepo da vida de Deus para a relao entre Deus e as pessoas (1Sm 2.6; 2Rs 5.7).

12. AUTO-EXISTNCIA.29 Auto-existncia a perfeio de Deus em poder existir por si mesmo, na completa autonomia de qualquer fonte, origem ou energia. Ele no tem dependncia intrnseca com qualquer coisa existente ou ainda por existir. Sua existncia depende dEle mesmo, da Sua prpria natureza. A auto-existncia de Deus est implcita no nome IAHWEH (Ex 3.14): E disse Moiss a Deus: Eis que quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser o Deus de vossos pais enviou-me a vs, e diro para mim: Qual o seu nome? Que direi a eles?. E disse Deus a Moiss: Serei O Que Serei. E disse: Assim dirs aos filhos de Israel: Serei enviou-me a vs. Qualquer pessoa familiarizada com a lngua hebraica sabe que YHWH est associado noo de tempo, uma vez que contm o radical do verbo existir ou do verbo SER. Como a lngua hebraica no declina o verbo ser no presente, YHWH parece ser uma mistura dos verbos ele ser, ele foi e ele somado ao gerndio do verbo SER. J outros preferem a leitura do Tetragrama como uma representao do tempo presente (YHWH) sendo precedido pela partcula Y, que lhe d um sentido do futuro. Nesta leitura, Deus se define como a prpria fora motriz do tempo. A idia da auto-existncia de Deus era geralmente expressa pelo termo asseidade, significando auto-originado. Mas alguns telogos preferiram a palavra independncia, para dizer que Deus no s independente em Seu Ser, mas independente em tudo mais: virtudes, obras, etc. Entretanto, autoexistncia o termo mais comum para expressar a vida de Deus absolutamente independente, seno de Sua prpria natureza.

O Deus Vivo o Deus Eterno1. Este conceito da eternidade de Deus, subentende-se em toda parte da Bblia. Como o Deus Vivo, a fonte e o Criador de todas as formas da vida, o Senhor no teve princpio, e nunca ter fim. A existncia prpria de Deus subentende-se no nome Iav, Eu Sou. A essncia de Deus, tudo que ele em si mesmo, o Ser no causado. Jeremias entendeu isto quando disse que O Deus Vivo o Rei sempiterno (10.10). No seu louvor a Deus, o salmista declara: Sl 90.1,2: Senhor, tu s o nosso refgio, sempre, de gerao em gerao. Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu s Deus. 2. INFINIDADE.30Transcrio do Livro: A F do Antigo Testamento de Werner H. Schmidt. Ed. Sinodal. Pg. 243. Transcrio da apostila do Pr. Bentes: A Doutrina de Deus, PG. 21. 30 Transcrio da apostila do Pr. Bentes: A Doutrina de Deus, PG. 22.29 28

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A infinidade de Deus a qualidade de Deus ser isento de toda e qualquer limitao imposta pela criao. No pode haver qualquer limitao do Ser de Deus e dos Seus atributos, imposta pelo universo. Textos como J 11.7-9; Sl 145.3 e Rm 11.33 falam da infinidade divina. Este atributo est intimamente relacionado com alguns outros. A Infinidade de Deus pode ser vista de duas maneiras: 1) Quando vista com relao ao tempo a chamamos de Eternidade; 2) E quando a vemos com relao ao espao a chamamos de Imensido ou Onipresena. ETERNIDADE: Gn 21.33; Sl 90.2; 102.27; Is 57.15; 1Tm 1.17; Hb 1.2; 11.3 Eternidade a infinidade de Deus em relao ao tempo. Ele dura pelos sculos sem fim (Sl 90.2; 102.12; Ef 3.21). A Bblia fala da eternidade de Deus como durao infinitamente prolongada, para trs e para frente. Esta uma maneira popular de representar aquilo que transcende todas as limitaes temporais (2Pe 3.8). A nossa vida tem passado, presente e futuro, mas no assim com Deus. Ele o eterno Eu Sou. Berkhof define a eternidade de Deus como a perfeio de Deus pela qual Ele elevado acima de todos os limites temporais e de toda sucesso de momentos e tem a totalidade da Sua existncia num nico presente indivisvel. IMENSIDADE: A imensidade de Deus a Sua infinidade em relao ao espao (1Rs 8.27; Is 66.1). Pode ser definida como a perfeio do Ser divino pela qual Ele transcende todas as limitaes espaciais e, contudo, est presente em todos os pontos do espao com todo o Seu Ser. Portanto, a transcendncia e a imanncia de Deus esto presentes na idia de imensidade (1Rs 8.27; 2 Cr 2.6; Jr 23.24; Sl 139.7; Is 66.1; At 17.28). ONIPRESENA. Por Onipresena no se deve entender que Deus enche o espao como faz o universo. A relao de Deus com o espao no a mesma que existe entre este e a matria. E por conseguinte, no devemos afirmar que Deus est presente em toda parte como o universo est em alguma parte. Sendo Deus Esprito, no ocupa espao. S matria ocupa espao. A verdadeira idia da Onipresena de Deus que Ele age com a mesma facilidade como pensa e quer, porque para Deus no h espao, nem tempo. A Bblia ensina a Onipresena de Deus: Sl 139.7-9; Jr 23.23,24; At 17.27,28; Rm 10.6-8. A Onipresena de Deus uma fonte de conforto para o crente. A natureza espiritual de Deus permite seja Ele Onipresente e ao mesmo tempo, esteja mui prximo de ns (At 17.27,28): ...ainda que no est longe de cada um de ns; porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como tambm alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos tambm sua gerao. Enquanto a imensido d nfase Transcendncia de Deus, a onipresena d nfase sua imanncia. Deus est em todas as suas criaturas, em sua criao total, mas de maneira alguma encerrado por ela (L. Berkhof). Como a eternidade a perfeio por meio da qual Deus no tem comeo nem fim, como a Imutabilidade a perfeio pela qual ele no tem aumento nem diminuio, assim a Imensido ou Onipresena a perfeio pela qual ele no tem fronteira nem limitao. Como ele est presente em todo tempo, tambm est acima e alm do tempo; assim como ele est em todos os lugares, todavia, est acima e alm da limitao espacial (Charnock).

O Deus Vivo imutvel1. Nas suas experincias religiosas, atravs da sua longa histria, os profetas, salmistas e homens piedosos aprenderam que o Senhor, na sua prpria natureza, no muda. Sendo perfeito nos seus atributos e na sua vontade, a mudana da sua natureza para menos perfeita contraria a sua perfeio. Seria tambm impossvel a mudana da natureza perfeita de Deus para melhor. As fundaes da terra e dos cus, obras de Deus, perecero, mas tu s o mesmo, e os teus anos nunca tero fim (Sl 102.25-27). Pois Eu, Iav, no mudo (Ml 3.6). 25

2. Com imutabilidade31 queremos dizer que em essncia, atributos, conscincia e vontade, Deus Imutvel. Deus s tem uma substncia, por isso imutvel. Todas as mudanas tm que ser para melhor ou para pior. Mas Deus no pode mudar para melhor, pois absolutamente perfeito; nem to pouco mudar para pior, pela mesma razo. Ele nunca poder ser mais sbio, mais santo, mais misericordioso, mais verdadeiro. Tampouco mudam seus planos e propsitos. As Escrituras ensinam a Imutabilidade de Deus: Tg 1.17; Ml 3.6; Sl 33.1; 102.26,27; Hb 1.12; Rm 4.20,21; Is 46.10; Rm 11.29; 1 Rs 8.56; 2 Co 1.20; Sl 103.17; Gn 18.25; Is 28.17. Como harmonizar as Escrituras que dizem que Deus no se arrepende (Nm 23.19; 1 Sm 15.29; Sl 110.4) com outras passagens que O mostram se arrependendo (Gn 6.6; x 32.14; 2 Sm 24.16)? Da seguinte maneira: A Imutabilidade de Deus no como a pedra que no reage s mudanas sua volta, mas como a de uma coluna de mercrio que sobe e desce conforme as mudanas de temperatura. Sua Imutabilidade consiste em sempre fazer o que certo e em adaptar o tratamento de suas criaturas s variaes de seu carter e conduta. Deus diz: se a tal nao se converter da maldade contra a qual eu falei, tambm eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe (Jr 18.8): Rasgai o vosso corao, e no as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque ele misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal (Jl 2.13). Em outras palavras, as ameaas de Deus so s vezes de natureza condicional, como quando Ele ameaou destruir Israel (x 32.9,10,14) e Nnive (Jn 1.2; 3.4,10). Deus Imutvel no Seu Ser: Tg 1.17; Sl 102.25-27; Deus Imutvel nos Seus Decretos: J 23.13,14; 42.2; Pv 19.21; Is 14.24-27; 43.13; Deus Imutvel nas Suas Promessas: 2Tm 2.13; Gn 12.1-3; Gl 3.14-22; Deus Imutvel nos Seus Atributos; Deus Imutvel na Concesso dos Seus Dons: Tg 1.17; Ml 3.6; Rm 11.29; Deus Imutvel em Sua Verdade: Lc 21.33; Sl 119.89; Deus Imutvel em Sua Misericrdia: Ml 3.6; Sl 103.10; 100. 5; Is 54.10.

O Conhecimento do Deus VivoOs escritores do VT usam as palavras perceber (bin sbio (hakam - {fkfx), com os seus respectivos substantivos, para descreverem o conhecimento do Senhor. Deus a fonte, o doador de todo o conhecimento, todo o entendimento e toda a sabedoria humana. O Senhor deu a sabedoria ou a habilidade aos homens escolhidos para fazer as obras artsticas do santurio (Ex 31.6; 35.35; 36.1,2). Deus deu a Salomo sabedoria, entendimento em alto grau e largos conhecimentos (1Rs 4.29).

}yiB), conhecer (Yada - ((adfy), e ser

O Poder do Deus Vivo1. As atividades do Senhor testificam do seu poder, bem como da sua sabedoria. 2. Em todos os perodos do Antigo Testamento, a majestade divina despertou no homem o temor do Senhor, que sempre o princpio da sabedoria. 3. Os primeiros onze captulos de Gnesis explicam a atividade de Deus na criao do mundo. 4. No perodo patriarcal, Deus o Todo-Poderoso, que chama Abrao em Ur dos caldeus, dando incio ao plano de usar o povo de Israel como vaso de bno para todas as famlias da terra.32Transcrio da apostila do Pr. Bentes: A Doutrina de Deus, Pg. 21. Se a histria de Abrao no foi escrita em sua forma final at alguns sculos depois da poca patriarcal, segundo a crtica literria, este fato, por si s, no negaria: em absoluto as verdades bsicas das tradies. Seja qual for a data da ltima redao de Gnesis, o livro representa as convices religiosas e a teologia dos redatores, firmemente estabelecidas, e evidentemente por muito tempo. Os Textos de Nuzu foram escritos pelos horeus (Gn 14.8), contemporneos dos patriarcas bblicos. Os documentos foram escritos na poca, e descrevem vrios hbitos e costumes praticados pelos horeus atravs de algum tempo, e estes correspondem perfeitamente com a sociedade representada no livro de Gnesis. Estes documentos constituem um testemunho poderoso em favor da autenticidade das narrativas de Gnesis.32 31

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O Deus Criador1. Os ensinos do Velho Testamento sobre Deus como Criador do universo constituem uma parte indispensvel da teologia bblica. 2. Deus se apresenta como inteiramente independente da sua obra da criao. 3. O Criador preserva as obras da criao e dirige as estrelas nos seus movimentos. 4. O mesmo poder Que criou o universo tambm o poder que criou o homem. O mesmo poder que dirige o mundo fsico dirige tambm o homem. A diferena est no mundo inanimado e o homem criado imagem de Deus, com a prerrogativa de exercer a sua prpria vontade at o ponto de impedir, em parte pela menos, a direo divina.

Deus Um1. difcil determinar quando os escritores chegaram a crer que o seu Deus, Iav, era o nico Deus. 2. Os hebreus chegaram ao seu conceito da unidade de Deus pelas experincias religiosas, e no por um processo de anlise lgica. 3. Unidade. Este atributo salienta a unidade e a unicidade de Deus, isto , Deus um e nico. Implica que existe um s Deus, soberano; tudo mais depende dEle. O politesmo no cabe no conceito bblico de Deus. A idia de dois ou mais deuses em si contraditria, porque cada qual limita o outro e assim cada qual destri a divindade do outro. A unidade de Deus implica tambm em que no h diviso ou conflito no Ser ou na natureza de Deus. Trata-se de uma unidade interior e qualitativa do Ser divino. A unidade de Deus, entre outras passagens, ensinada em Dt 6.4; 1Rs 8.60; Is 44.6; 1Co 8.6; Ef 4.5,6; 1Tm 2.5. dfxe) hfwh:y UnyholE) hfwh:y l)fr:&iy (am$ :Dt 6.4. : Dt 6.4 em hebraico diz: Ximah Israel Iahweh Eloheinu Iahweh Errad, que traduzido fielmente significa: Escuta Israel: O eterno nosso Deus, O Eterno um (Traduo do rabino Meir Masliah Melamed). Deus um. Esta afirmao do texto bblico, mais do que um algoritmo 33 ou hierarquia, uma expresso metafsica com grandes implicaes. O Gnesis, a Criao, s foi possvel atravs da gerao de dualidade e de diversidade. Separa-se a luz da escurido, os cus da terra, o homem da mulher e ramificam-se espcies ampliando a biodiversidade, e assim se cria. O UM, entretanto, no se inclui seja na diversidade, seja na Criao. O UM uma grave afirmao que ressoa de canto a canto de nossa conscincia. Nele h informaes preciosas sobre a natureza e o ocultamento de Deus - (Nilton Bonder SOBRE DEUS E O SEMPRE).

A Personalidade de Deus1. 2. 3. 4. 5. 6. Muitas das citaes bblicas sobre outros atributos de Deus falam tambm da sua Pessoa. Deus vivo, poderoso, sbio e ativo; tem propsitos e planos. A Bblia menciona os atributos de Deus na discusso das suas relaes com o mundo fsico e com a humanidade, mas no os descreve sistematicamente. Deus, como Pessoa, tem outros atributos pessoais que no pertencem ao homem. O atributo de Deus que mais distintivo e mais acentuado no Velho Testamento a sua personalidade. Todos os livros da Bblia ensinam a direo prpria e a determinao racional do Senhor.

A obra de John Bright, Early Israel in Recent History Writing, representa a notvel mudana de opinies de estudantes do Antigo Testamento sobre a autenticidade das tradies do povo de Israel. 33 al.go.rit.mo. s. m. Sistema particular de disposio que se d a uma sucesso de clculos numricos: Algoritmo de clculo diferencial.

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Esprito como Pessoa 34Discusses sobre a deidade e personalidade do Esprito, em livros de teologia, giram principalmente em torno de textos do Novo Testamento e do dilogo filosfico. Embora a deidade do Esprito de Deus no Antigo Testamento geralmente no seja negada, a personalidade do Esprito geralmente posta em dvida. O Esprito de Deus, em ambos os testamentos, parece preferir um papel velado. Tudo isto dificulta mostrar a obra do Esprito como ama pessoa mais do que somente um indicador da obra de Deus, de sua vontade, poder e atividade. Alm disso, o argumento de J. B. Payne de que o Antigo Testamento enfatiza a unidade de Deus e assim evita a revelao do trinitarianismo para resguardar-se do politesmo pode ser vlida. Mas a principal dificuldade em apresentar a personalidade do Esprito Santo no Antigo Testamento devido ao foco do mesmo sobre os atos do Esprito em relao humanidade. Assim, palavras e frases no pessoais so usadas para descrever o Esprito como a energia divina, como vento e fogo, como luz e espao. Referncias para o ruah em relao a Deus, na concepo Hebraica so entendidas como a extenso da personalidade Deus, por meio da qual os planos divinos so efetuados. Assim, o pensamento hebreu normalmente associou o rah com poder, habilidade, criatividade e o viu como uma extenso da presena de Deus. 0 rah foi entendido descritivamente para indicar a atividade de Deus e sua presena de alguma forma. Isto passa longe de afirmar que o Antigo Testamento apresenta um entendimento ontolgico do rah como uma pessoa ao longo do cnon hebraico. Embora A. B. Davidson afirme que a linguagem usada sobre o Esprito expresse a concepo do Esprito como uma soa distinta, ele colocas que a idia de personalidade no a que podemos esperar encontrar no Antigo Testamento. O termo rah em vrias tradues, concebido como uma fora impessoal. Contudo, o resumo de PG. K. Jewett de ajuda aqui:Parece que os hebreus, falam de Deus deste modo porque eles o concebem em seu ser essencial, como o Poder (Energia) atrs de tudo que h o flego criativo pelo qual as criaturas viventes, de fato, todo o universo, animado. Ainda no contexto do Antigo Testamento como um todo evidente que este Poder animador, este Flego criativo, no entendido como uma fora impessoal, mas mais do que isso como um sujeito vivo. A energia pessoal que est em Deus mesmo, o flego pelo qual Ele chama os mundos existncia (Sl 33.6) em primeira instncia, a Energia pela qual Deus ser o que Ele . Ele quem pelo seu prprio atuar; que seu ser de forma pessoa