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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano) 1 AS BASES DO MONOTEÍSMO TRINITARIANO Dc. Cláudio S. Anjos _____________________________________________________________________________________________________ DESEJO IR PARA: (click no link desejado para se locomover com mais rapidez pelo nosso estudo) SOBRE O AUTOR - ÍNDICE APRESENTAÇÃO AGRADECIMENTOS DEDICATÓRIA - ABREVIATURAS PREFÁCIO - Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 13 BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________ VERSÃO VIRTUAL, REVISADA E EXAUSTIVA

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teologia trinitariana

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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AS BASES DO MONOTEÍSMO TRINITARIANO

Dc. Cláudio S. Anjos

_____________________________________________________________________________________________________

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έντες οσν μαζετεύσατε

πάντα τα εζνε, βαπτίδοντες αστοσς

εης το ονομα τοσ πατρός θαη τοσ

σηοσ θαη τοσ αγίοσ πνεύματος

`

`

`

`

˒

˒

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⁀ ⁀

Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em

nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Mateus 28:19

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Esta obra é mais uma realização do:

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Sobre o autor

Cláudio Silva dos Anjos é casado

com Elda de Lima há quase 8 anos, mas sem fihos

ainda. Tem 36 anos, é membro da Igreja

Presbiteriana do Brasil de Presidente Prudente-SP.

É diácono há mais de 8 anos

e há 22 anos pertence ao ministério de música.

É compositor, back-vocal, tecladista e pianista.

É formado técnico em contabilidade e em

administração de empresas.

É autodidata em teologia e idiomas bíblicos.

mca Ministério Cristão Apologético

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Índice (OBS: Clique no link desejado para ir direto ao capítulo de seu interesse. Ao final de cada capítulo existem links para cada capítulo que fornecerão uma ferramenta importante para você se deslocar como quiser pelo nosso estudo).

Apresentação - 12

Agradecimentos - 14

Dedicatória - 15

Abreviaturas - 16

Prefácio - 17

CAPÍTULO 01 - Reflexões iniciais sobre a doutrina trinitariana - 18

CAPÍTULO 02 - A controvérsia sobre a doutrina trinitariana - 25

2.1 Introdução - 26

2.2 A doutrina trinitariana e o ateísmo - 26

2.3 A doutrina trinitariana e o gnosticismo - 29

2.4 A doutrina trinitariana e o espiritismo - 29

2.5 A doutrina trinitariana e o judaísmo (cabalista) - 30

2.6 A doutrina trinitariana e o islamismo - 31

2.7 A doutrina trinitariana e o adventismo - 32

2.8 A doutrina trinitariana e o jeovismo - 34

2.9 A doutrina trinitariana e o mormonismo - 34

2.10 A doutrina trinitariana e o unicismo - 35

2.11 A doutrina trinitariana e o catolicismo - 36

2.12 A doutrina trinitariana e o protestantismo - 37

2.13 Conclusões - 38

CAPÍTULO 03 - A inerrância bíblica confirma e reforça a doutrina trinitariana - 41

3.1 A infalibilidade bíblica - 42

3.2 Noções básicas sobre a origem da Bíblia - 44

3.3 A formação do Antigo Testamento – 45

3.4 A formação do Novo Testamento - 47

3.5 Evidências textuais da Bíblia - 48

3.6 Evidências históricas da Bíblia - 50

3.7 Evidências proféticas da Bíblia - 52

3.8 A Bíblia e a ciência - 54

3.9 O verdadeiro cristão e a infalibilidade bíblica - 56

3.9.1 Quem são os verdadeiros cristãos - 56

3.9.2. Podemos confiar na Bíblia? - 58

3.9.3 Qual deve ser a atitude de um verdadeiro cristão em relação à infalibilidade bíblica? - 58

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CAPÍTULO 04 - A hermenêutica bíblica confirma e reforça a doutrina trinitariana - 65

4.1 Introdução - 66

4.2 A interpretação humana falha diante da inspiração divina inerrante - 67

4.3 O Espírito Santo nos auxilia a compreender a Bíblia - 69

4.4 Texto fora do contexto como pretexto - 70

4.5 Compreendendo a época na qual a Bíblia foi escrita - 72

4.6 O texto bíblico sagrado verdadeiro e inerrante é o “canon protestante” - 73

4.7 A doutrina trinitariana não é uma contradição - 75

4.8 A expressão "trindade" e a Bíblia - 76

4.9 A Trindade não é o único "mistério" mencionado na Bíblia - 78

4.10 A importância do número três na Bíblia - 79

CAPÍTULO 05 - A dificuldade humana em compreender o seu Criador trinitário - 82

5.1 A falibilidade humana - 83

5.2 Relembrando alguns atributos do Deus trinitário - 85

5.2.1 Deus é único - 86

5.2.2 Deus não compartilha a Sua glória com ninguém - 87

5.2.3 Deus é insondável - 87

5.2.4 Deus é eterno - 87

5.2.5 Deus é espírito - 87

5.2.6 Deus é perfeito - 88

5.2.7 Deus é infinito - 88

5.2.8 Deus é onipresente - 88

5.2.9 Deus é onipotente - 88

5.2.10 Deus é onisciente - 89

5.2.11 Deus é imutável - 89

5.2.12 Deus é soberano - 89

5.2.13 CONCLUSÕES - 89

CAPÍTULO 06 - Evidências bíblicas para a doutrina trinitariana no Antigo Testamento - 91

6.1 Introdução - 92

6.2 A pluralidade do Ser Divino no Antigo Testamento - 94

6.3 Cristologia Vetero-Testamentária - 97

6.3.1 Introdução - 97

6.3.2 O "Anjo do SENHOR" atuando no Pentateuco - 98

6.3.2.1 Em Gênesis - 98

6.3.2.2 Em Êxodo - 100

6.3.2.3 Em "Números" - 102

6.3.3 O "Anjo do SENHOR" atuando no período dos juízes - 105

6.3.4 O "Anjo do SENHOR" atuando nos escritos dos profetas - 110

6.3.4.1 No segundo livro do profeta Samuel - 110

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6.3.4.2 No livro do profeta Isaías - 110

6.3.4.3 No livro do profeta Oséias - 111

6.3.4.4 No livro do profeta Zacarias - 111

6.3.4.5 No livro do profeta Malaquias - 113

6.3.5 O que alguns estudiosos dizem sobre este assunto - 114

6.4 A atuação do Espírito Santo e as evidências de Sua Divindade no AT - 119

6.4.1 No Pentateuco - 119

6.4.1.1 Em Gênesis - 119

6.4.1.2 Em Êxodo - 120

6.4.1.3 Em “Números” - 120

6.4.2 Nos livros históricos - 121

6.4.2.1 No livro dos juízes - 121

6.4.2.2 No primeiro e no segundo livro de Samuel - 121

6.4.2.3 No segundo livro dos Reis - 122

6.4.2.4 No segundo livro de Crônicas - 122

6.4.2.5 No livro de Neemias - 122

6.4.3 Nos livros poéticos - 123

6.4.3.1 No livro de Jó - 123

6.4.3.2 No livro dos Salmos - 123

6.4.4 Nos livros proféticos - 124

6.4.4.1 No livro do profeta Isaías - 124

6.4.4.2 No livro do profeta Ezequiel - 125

6.4.4.3 No livro do profeta Joel - 126

6.4.4.4 No livro do profeta Ageu - 126

6.4.4.5 No livro do profeta Miquéias - 127

6.4.4.6 No livro do profeta Zacarias - 127

6.5 Evidências das três pessoas da Trindade na mesma narrativa - 128

6.5.1 Na vida de Balaão - 128

6.5.2 Na vida de Gideão - 129

6.5.3 Na vida de Sansão - 131

6.5.4 Na vida de Isaias - 133

6.5.4.1 Primeira: Isaías 48:11-16 - 133

6.5.4.2 Segunda: Isaías 59:19-21 - 135

6.5.4.3 Terceira: Isaías 63:7-16 - 135

CAPÍTULO 07 - Evidências bíblicas para a doutrina trinitariana no Novo Testamento - 137

7.1 Introdução - 138

7.2 Nos quatro evangelhos - 138

7.3 No livro de “Atos dos Apóstolos” - 142

7.4 Nas epístolas paulinas - 143

7.4.1 Epístola aos romanos - 143

7.4.2 Epístolas aos coríntios - 145

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7.4.3 Epístola aos gálatas - 147

7.4.4 Epístola aos efésios - 147

7.4.5 Segunda epístola aos tessalonicenses - 148

7.4.6 Epístola a Tito - 148

7.5 Nas epístolas gerais - 149

7.5.1 Epístola aos hebreus - 149

7.5.2 Epístola de Judas - 149

7.5.3 Primeira epístola de Pedro - 149

7.5.4 Primeira epístola de João - 149

7.6 Em Apocalipse - 151

7.7 O "elo trinitário" entre os testamentos - 152

7.8 Conclusões das evidências apresentadas até o momento - 155

7.9 Evidências da Divindade das três pessoas no Novo Testamento - 155

7.9.1 Introdução - 155

7.9.2 A plena Divindade do Pai Celeste - 156

7.9.3 A plena Divindade de Jesus Cristo - 161

7.9.4 A plena Divindade do Espírito Santo - 168

7.10 O Deus essencialmente único, mas pessoalmente distinto - 173

7.10.1 Jesus Cristo é Deus, mas é distinto do Pai Celeste - 173

7.10.2 O Espírito Santo é Deus, mas é distinto de Jesus e de Deus Pai - 176

7.11 Conclusões sobre todas as evidências bíblicas trinitarianas - 177

CAPÍTULO 08 - Compreendendo a doutrina trinitariana através de analogias - 180

8.1 Introdução às analogias - 181

8.2 Analogias cotidianas para a Trindade - 182

8.3 Analogias cosmológicas para a Trindade - 184

8.4 Analogias gráficas "inferiores" para a Trindade – 186

8.5 Analogias gráficas "superiores" para a Trindade - 190

8.5.1 As analogias gráficas mais adequadas para a Trindade? - 192

8.6 Analogias artísticas "anti-bíblicas" para a Trindade - 195

8.7 Analogias artísticas "pseudo-bíblicas" para a Trindade - 199

8.8 Os perigos da idolatria - 209

8.8.1 O único Deus digno de adoração - 210

8.8.2 A insensatez da idolatria - 211

8.8.3 Satanás e a idolatria - 212

8.8.4 Conclusões sobre a idolatria - 214

8.9 Considerações finais sobre as analogias para a Trindade - 216

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CAPÍTULO 09 - A história da doutrina trinitariana - 221

9.1 A doutrina trinitariana é uma influência do paganismo? - 222

9.2 A doutrina trinitariana é uma invenção da Igreja do 4º século? - 223

9.3 Guerras em nome da Trindade? - 223

9.4 As três principais heresias contra a doutrina trinitariana - 224

9.4.1 O monarquismo - 224

9.4.2 O arianismo - 224

9.4.3 O macedonianismo - 225

9.5 A luta pela doutrina trinitariana foi no campo dogmático - 225

9.6 A doutrina trinitariana e os credos eclesiásticos - 226

9.6.1 Credo Apostólico - 226

9.6.2 Credo de Nicéia - 227

9.6.3 Credo Atanasiano - 228

CAPÍTULO 10 - Aspectos avançados da doutrina trinitariana - 231

10.1 A essência divina uniformemente compartilhada - 232

10.2 Consciência e autoconsciência - 236

10.3 O termo “pessoa” - 239

10.4 O relacionamento interpessoal do Ser de Deus - 241

10.5 "Trindade Ontológica" e "Trindade Econômica" - 243

10.5.1 Introdução - 243

10.5.2 Trindade ontológica - 243

10.5.3 Trindade econômica - 245

10.5.4 Uma analogia da economia trinitariana e o modelo bíblico de estrutura familiar - 247

10.5.5 Tabela demonstrativa da "Trindade ontológica" e da "Trindade econômica" - 247

10.6 O "Conselho Intratrinitário" - 248

10.7 Cristologia apologética neo-testamentária - 250

10.7.1 Introdução - 250

10.7.2 Jesus foi assassinado ou Ele se entregou? - 251

10.7.3 Evidências da existência de Jesus Cristo - 257

10.7.3.1 Fontes cristãs sobre Jesus - 257

10.7.3.1.1 Os 27 livros do Novo Testamento - 257

10.7.3.1.2 Os "Pais" da Igreja - 258

10.7.3.2 Fontes não cristãs sobre Jesus - 258

10.7.3.2.1 A arqueologia - 258

10.7.3.2.2 Cornélio Tácito - 258

10.7.3.2.3 Luciano de Samosata - 258

10.7.3.2.4 Suetônio - 258

10.7.3.2.5 Plínio Segundo, Plínio o jovem - 259

10.7.3.2.6 Talo, o historiador samaritano - 259

10.7.3.2.7 Flêgão - 259

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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10.7.3.2.8 Os talmudes judeus - 259

10.7.3.2.9 A enciclopédia britânica - 259

10.7.3.2.10 Flávio Josefo - 260

10.7.4 As profecias do Antigo Testamento cumpridas na Pessoa de Jesus Cristo - 260

10.7.5 Evidências da ressurreição de Jesus - 261

10.7.6 Louco, mentiroso, hipnotizador ou o Filho de Deus encarnado? - 262

10.8 As duas naturezas da Pessoa de Cristo - 264

10.9 O efeito da união duas naturezas de Cristo sobre a Trindade - 268

10.9.1 Analogias gráficas da Trindade antes e após a encarnação do Verbo - 271

CAPÍTULO 11 - Aspectos práticos da doutrina trinitariana - 274

11.1 Podemos orar para as três pessoas da Trindade? - 275

11.1.1 Introdução - 275

11.1.2 "Pai nosso que estás nos céus" (Devemos orar a Deus Pai) - 276

11.1.3 Orando ao Senhor Jesus - 277

11.1.4 Orando ao Espírito Santo? - 278

11.1.5 O exemplo de "oração trinitária" da Igreja Primitiva - 279

11.2 Adorando as três pessoas da Santíssima Trindade - 282

11.3 As bênçãos da comunhão com o Deus triúno - 285

CAPÍTULO 12 - Mais lições práticas da doutrina trinitariana - 290

12.1 A relevância da doutrina trinitariana - 291

12.2 A praticidade da doutrina trinitariana - 293

12.2.1 Introdução - 293

12.2.2 (Lição 01): A doutrina trinitariana nos ensina a imensa importância da união das

naturezas de Cristo para a mediação entre Deus e os homens - 294

12.2.3 (Lição 02): A doutrina trinitariana nos conscientiza que Aquele que sofreu e morreu em

nosso lugar para nos salvar, o Senhor Jesus Cristo, é o próprio Deus - 297

12.2.4 (Lição 03): A doutrina trinitariana nos revela o quão insondável e maravilhosamente

misterioso e digno de louvor e adoração é o nosso Deus triúno - 298

12.2.5 (Lição 04): A doutrina trinitariana ensina que “a Trindade nos requer santidade” e nos

ensina como viver neste mundo que jaz no maligno - 304

12.2.6 (Lição 05): A doutrina trinitariana ensina que o batismo com o Espírito Santo ocorre no

momento da conversão, pois o Espírito é Deus e somente quem recebe o Filho de Deus,

recebe o Espírito - 307

12.2.7 (Lição 06): A doutrina trinitariana nos ensina a distinguir quais são as manifestações que

vêm de Deus e que não vêm, pois o Espírito Santo é Deus. Ela nos ensina sobre o que é o

verdadeiro avivamento para a Igreja de Cristo - 309

12.2.8 (Lição 07): A doutrina trinitariana nos revela o infinito amor de Deus Pai e Deus Filho por

nós, derramado em nossas vidas pelo Espírito Santo - 312

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

10

12.2.9 (Lição 08): A doutrina trinitariana nos faz perceber que não temos capacidade de salvar

a nós mesmos - 312

12.2.10 (Lição 09): A doutrina trinitariana nos ensina humildade e altruísmo - 315

12.2.11 (Lição 10): A doutrina trinitariana nos ensina a “unidade na diversidade” - 315

12.2.12 (Lição 11): A doutrina trinitariana nos ensina a respeitar outras maneiras de ser e agir e

a não sermos preconceituosos - 318

12.2.13 (Lição 12): A doutrina trinitariana anula qualquer dogma ou conceito pagão e fortalece

a crença na Verdade, Jesus, o Deus Filho - 319

12.2.14 (Lição 13): A doutrina trinitariana nos ensina que Deus é soberano sobre tudo e pode

transformar uma situação de calamidade em uma retumbante vitória - 323

12.2.15 (Lição 14): A doutrina trinitariana não objetiva confundir as nossas mentes, mas trazer

clareza e confiança sobre o Ser do nosso Deus triúno e Sua obra - 326

12.2.16 (Lição 15): A doutrina trinitariana nos revela o senso divino de organização

subordinada e a sua distribuição de tarefas perfeita: Ao mesmo tempo ela nos ensina a manter

as nossas distinções particulares mesmo inseridos em um ambiente ou organização social que

desfruta dos mesmos propósitos e afinidade - 328

12.2.17 (Lição 16): A doutrina trinitariana nos ensina que Deus é sempre 100% em todos os

seus atributos, seja o Pai, o Filho ou o Espírito Santo - 329

12.2.18 (Lição 17): A doutrina trinitariana nos ensina que Deus sempre possui a iniciativa

exemplar - 332

12.2.19 (Lição 18): A doutrina trinitariana nos ensina que o nosso aprendizado deve ser

constante, buscando atingir um patamar de conhecimento e maturidade cristã cada vez mais

elevado - 333

12.2.20 (Lição 19): A doutrina trinitariana infunde em nós um sentimento de gratidão

espontâneo e irresistível diante da obra do Deus triúno em nossa vida - 335

12.2.21 (Lição 20): A doutrina trinitariana nos ensina que não há nada melhor do que estar com

o Deus triúno, de desfrutar de Sua excelsa presença - 336

12.2.22 (Lição 21): A doutrina trinitariana ensina corretamente como orar devido ao auxílio do

Espírito Santo, o Deus que habita em nós - 338

12.2.23 (Lição 22): A doutrina trinitariana ensina que a nossa linguagem e nossas atitudes

devem ser sempre edificantes, verdadeiras e não apegadas ao materialismo - 345

12.2.24 (Lição 23): A doutrina trinitariana nos ensina a “escala descendente da consolação”, de

Deus até nós - 350

12.2.25 (Lição 24): A doutrina trinitariana confirma e fortalece o senso bíblico de união familiar -

351

12.2.26 (Lição 25): A doutrina trinitariana refuta a “teologia da prosperidade”, pois os cristãos

devem buscar a prosperidade celestial e não a terrena - 353

12.2.27 (Lição 26): A doutrina trinitariana refuta a “teologia da prosperidade”, pois os cristãos

podem ficar doentes e passar por sofrimentos - 358

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

11

12.2.28 (Lição 27): A doutrina trinitariana ensina que o homossexualismo é pecado e que seus

praticantes precisam da restauração e do perdão de Deus - 361

12.2.29 (Lição 28): A doutrina trinitariana fortalece a tríade virtuosa: fé, esperança e amor - 364

12.2.30 (Lição 29): A doutrina trinitariana ensina que para tudo tem um jeito, até mesmo para a

morte - 369

12.2.31 (Lição 30): A doutrina trinitariana ensina que não existe “purgatório” e nem

“reencarnação” - 372

CAPÍTULO 13 - Conclusões gerais - 380

BIBLIOGRAFIA - 386

ANEXOS – 389

FOTOS DO CAPÍTULO 3 - 390

QUESTIONÁRIO TRINITARIANO BÁSICO - 391

HINOS EM DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE - 392

POESIA EM DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE - 395

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Apresentação histórica

ntes de 2004, mesmo com o grande exemplo do meu pai de amor pela leitura e o estudo

bíblico que eu possuía dentro de casa, confesso que eu jamais havia tido interesse pela leitura

de qualquer origem, seja religiosa ou não, infelizmente nem mesmo a Bíblia eu tinha o

costume de ler constantemente, apenas esporadicamente. Mas, em 2004, a semente da paixão pelo

conhecimento e da leitura que meu pai semeou, finalmente germinou e somente depois dos 30 anos

de idade, portanto, Deus me transformou nessa área da minha vida também, colocou em mim uma

paixão pela leitura, principalmente de origem religiosa e tem me inspirado a escrever artigos

constantemente.

Senti, em meados daquele ano, um forte chamado de Deus para elaborar um

questionário sobre vida cristã voltado para o ministério de cânticos e também escrever uma

mensagem sobre a unidade da Igreja. O artigo sobre unidade cristã, por sua vez, foi publicado como

encarte do jornal dos jovens de nossa igreja na época e em seguida publicado também no boletim

dominical. Estes dois meios de comunicação que mencionei publicaram dezenas de outros artigos

que Deus me inspirou. Já o questionário está sendo utilizado como material de origem para criar as

enquetes em meu blog atual (http://aprendei.blogspot.com), juntamente com questionamentos mais

atuais. A partir daí, Deus me inspirou inúmeros artigos que foram publicados junto ao boletim

dominical da Igreja Presbiteriana Central de P. Prudente.

Em março de 2006, juntamente com um grupo de mais quatro homens cristãos

Protestantes, oriundo de vários seguimentos evangélicos de nossa cidade fundamos o “Ministério

Cristão Apologético” (MCA), com o principal objetivo de informar e evangelizar adeptos de seitas

religiosas que se afastaram dos pontos cardeais da fé cristã.

Fui convidado pelo Rev. Ismael em 29 de junho de 2006, em um costumeiro culto de

quinta-feira, para falar sobre a Trindade em uma outra quinta-feira, dali há algumas semanas, mais

precisamente em 20 de julho. O que eu ainda não imaginava era que Deus me levaria a descobrir

verdades e conceitos outrora desconhecidos por mim e a adquirir um interesse insaciável pelo

assunto.

De 2007 até 2009 eu tive a minha primeira experiência com a criação e manutenção de

um blog cristão reformado. Seu nome era “Crônicas de Claumaliel”, sendo que “Claumaliel” é um

trocadilho com o meu nome e o nome do mestre da lei Gamaliel, professor do apóstolo Paulo. Apelido

que me foi carinhosamente dado pelos meus amigos e irmãos em Cristo, Eduardo, da Editora

Pequeninos e Luciano do IBEL, em nossas constantes discussões teológicas.

Em 21 de dezembro de 2009, Deus me direcionou a fundar o blog “APRENDEI”, no qual

pretendo me dedicar por muitos anos, onde tenho publicado inúmeros artigos que Ele tem me

inspirado, inclusive os mais antigos. Essa edição do nosso material sobre a doutrina trinitariana, na

verdade, é uma edição de comemoração do aniversário de um ano de nosso blog, Oramos para que

não somente ela, mas os textos do blog venham a transformar e converter milhares de vidas pelo

poder do Espírito Santo.

A

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Page 13: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

13

Desde que os meus primeiros artigos sobre a Trindade começaram a ser escritos já se

passaram mais de 6 anos e o interesse pelo assunto só aumentou. Agora, depois deste período,

posso afirmar seguramente que meus conceitos práticos sobre Deus, sobre a vida e sobre o mundo

no qual vivemos mudaram significativamente para melhor. Agora, o trabalho que possuía 100

páginas, passou a ter 395 páginas em sua segunda edição, após 4 anos da primeira e após a

pesquisa em 55 livros e centenas de matérias na internet.

Mas, este estudo não se tornaria possível sem a consulta às sábias, edificantes e

inestimáveis considerações de estudiosos, ministros do Evangelho e teólogos nacionais e

internacionais renomados atuais e da história da Igreja, tais como: Paulo Anglada, Hermann Bavinck,

Louis Berkhof, Robert M., Bowman Jr., Héber Carlos de Campos, Hermisten Maia Pereira da Costa,

Auguto Jorge Cury, James C. Denison, C. Stephen Evans, Norman Geisler, Thomaz Howe, Frank

Turek, Paulo Sérgio Gomes, Odayr Olivetti, Wayne Grudem, Charles Hodge, Ismael Andrade

Leandro, Herbert Lockyer, Hernandes Dias Lopes, Aldo Menezes, David John Merkh, Stephen M.

Miller, Robert V. Huber, Ralph O. Muncaster, Adão Carlos Nascimento, Raimundo F. de Oliveira, B. J.

Oropeza, James I. Packer, Eugene H. Peterson, Arthur W. Pink, Randall. Price, Charles C. Ryrie,

Vilson Scholz, Roberto G. Bratcher, Ralph L. Smith, Lee Strobel, Augustus Hopkins Strong, William

Carey Taylor, Melvin Tinker, W. E. Vine, Merril F. Unger, William White Jr, Henry Virkler, Rick Warren,

Agostinho, Martinho Lutero e João Calvino.

Ressalto que esta obra, por mais extensa que seja, mesmo sendo exaustiva, ela não

pretende ser conclusiva a respeito do assunto em voga. A preocupação desta obra é a de tão

somente apresentar um material biblicamente embasado sobre este assunto tão fascinante e urgente

e que esteja ao alcance de qualquer cristão, seja neófito, seja mais experiente na fé, seja estudioso

ou não de teologia.

Ressalto também que todas as vezes que surgir a expressão “pessoas” da Trindade

referindo-se às distinções pessoais do Ser de Deus, ela estará na maioria das vezes destacada em

itálico (pessoas), pois não estará sendo utilizada com o mesmo sentido que conhecemos (sentido

este que será explicado em momento oportuno).

Encerrando, informo que você poderá utilizar o nosso estudo como um guia de

referência, inclusive. Devido as grandes dimensões deste estudo e ciente de que a leitura de material

muito extenso através da internet pode se tornar cansativa, sugiro que não é necessária a leitura em

ordem de capítulos, mas ela pode ser aleatória.

Aliás, ao final de cada capítulo, existem links para cada divisão da obra que te

fornecerão uma ferramenta importante para se deslocar como quiser pelo nosso estudo e com maior

rapidez. E mais: no fim de cada página haverá um botão para retornar ao índice, possibilitando

retornar, à partir do índice, ao início de qualquer parte do estudo.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

14

Agradecimentos

gradeço principalmente a Deus, que é, entre tantas outras coisas, o meu Dono, a minha Vida,

a minha Inspiração, o meu Primeiro Amor, o meu Criador, o meu Salvador, o meu Consolador

e o meu Santificador. Sem Sua providência e Sua orientação, certamente jamais este trabalho

seriam concretizado. Agradeço também a minha querida esposa Elda, pelo apoio, companheirismo,

compreensão e oração. Agradeço ao meu pai, Presbítero Martinho e a minha mãe Elizabeth, meus

exemplos de vida e que sempre me deram grande apoio.

Agradeço aos pastores: Rev. Ismael Leandro, pela oportunidade junto ao boletim

dominical, aos Rev. Luiz Carlos e Rev. Cristiano Zioli pelos conselhos, orientações e suporte

bibliográfico. Aos pastores Márcio e Durval também pelo apoio e inspiração de suas mensagens.

Agradeço ao Pb. André Cordeiro que sempre foi um exemplo de firmeza doutrinária e ortodoxia em

suas pregações e é uma inspiração para mim.

Agradeço ao meu irmão de sangue Eduardo e ao Bruno Lima pela oportunidade junto ao

jornal dos jovens no início deste ministério de escrita. Agradeço ao meu sogro, sr. Izáquio, pelo

empréstimo do dicionário de grego no início do meu ministério.

Agradeço ao apoio, oração e orientações do irmão Diácono Eduardo, da Editora

Pequeninos. Sua paixão pela ortodoxia bíblica e pelo chamado missionário são um grande exemplo.

Agradeço ao inestimável apoio, oração, o suporte bibliográfico e as preciosas orientações do meu

amigo e companheiro de ministério de apologética Luciano Sena Pereira (MCA) e por ter prefaciado

esta presente obra. Sua impressionante capacidade de explanação das verdades bíblicas e sua

dedicação a defesa da fé cristã protestante são um exemplo para mim.

Eu não poderia deixar de mencionar inúmeros outros irmãos em Cristo que sempre me

incentivaram a prosseguir com o dom da escrita, como as senhoras Liana Rose, D. Glória. D. Maria,

Tânia, Marta, Isabel, Ana Carolina, entre outras, e os senhores Pb. Homero, Pb. Marcus Vinícius, Pb.

Adelson, sr. Alberto Seabra e Dc. Kalil, entre outros. Somos todos cooperadores da "lavoura" de

Deus, uns "plantam", outros "regam", mas o crescimento vem do Senhor (1Co 3:3-9). E, baseado

nestes mesmos princípios cristãos, agradeço a cada pessoa que tem visitado o meu blog e dado

apoio com seus comentários e críticas a este importante ministério de edificação e evangelização.

Que Deus abençoe ricamente a todos e suas famílias.

Dc. Cláudio S. Anjos

02 de fevereiro de 2011

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

15

Dedico este trabalho ao meu pai, Pb. Martinho B. Anjos,

minha inspiração e meu exemplo maior de amor e dedicação pela leitura bíblica.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

16

Abreviaturas utilizadas

v.: versículo

vv.: versículos

cf.: conforme

p.: página

pp.: páginas

cap.: capítulo

caps.: capítulos

AT: Antigo Testamento

NT: Novo Testamento

ARA: Versão Almeida Revista e Atualizada

ACF: Versão Almeida Corrigida Fiel

NVI: Nova Versão Internacional

NTLH: Nova Versão na Linguagem de Hoje

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Prefácio

Sou incapaz de ao menos introduzir um trabalho como esse. O assunto em foco é

sublime. O que foi feito aqui é um exaustivo trabalho diaconal de doutrina. Para mim, que fui um militante antitrinitariano, me sinto indigno, mas agraciado pelo Deus Trino.

O conteúdo é de teor acadêmico, mas sem a aridez comum dessas obras. A „bancada‟ examinadora é a própria igreja que lerá esse trabalho. E as ferramentas do autor foi o que o Espírito de Deus tem falado pelos Seus servos.

A abrangência é satisfatória e plena, principalmente na exposição bíblica da doutrina da Trindade. Antes de estabelecer a doutrina ele procurou deixar claro que a fonte autorizada é a Escritura Sagrada.

E não se esquivou de confrontar as „objeções lógicas‟ que são lançadas contra a Divindade Trina. Incluiu também o que muitos não conseguem mostrar, aplicabilidade da doutrina.

Além disso, esse trabalho é apologético, pois ele percorre as mentiras que o diabo tem produzido na mente dos seguidores dos líderes das seitas.

Não é sem razão que intitulou esse livro de Teologia Sistemática Trinitariana. De fato, ele apresentou a doutrina de maneira sistemática e bíblica.

Com respeito ao autor, tive o privilégio de conviver por algum tempo próximo dele. O irmão Cláudio é um cristão sério, fiel aos princípios Reformados Protestantes, e acima de tudo fiel ao Deus da verdade.

Ele é um homem de fé inabalável, mesmo sendo provado no fogo... Humilde, mesmo possuindo uma capacidade de reunir informações diversas e

escrever de maneira inteligente sobre elas. Nunca passou por seminários, nem cursou teologia alguma, mas sua ortodoxia é impecável. Ele é uma prova que os servos de Cristo podem conhecer profundamente as doutrinas cristãs, usando os recursos disponíveis.

Nossas conversas pessoais sobre a trindade geravam alegrias. Foi na satisfação dessa doutrina, que ele se debruçou para pesquisar esse ensino triunfal da Bíblia. E aqui está.

Louvo ao Senhor Nosso Deus, por nos revelar tamanha bondade, deixando-nos ver a sua essência revelada nas páginas da santa e doce Escritura, como disse Judas:

“Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.” (Jd 20,21).

Luciano Sena Pereira Ministério Cristão Apologétco (MCA)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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1

Reflexões iniciais sobre a doutrina trinitariana

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

uem nunca ouviu falar da “Santíssima Trindade” ou apenas “Trindade”? Podemos

afirmar seguramente que uma parcela significante da população do mundo cristão

em um certo grau conhece a Trindade, já ouviu falar dela (pelo menos a expressão

em epígrafe) nos cultos evangélicos, nas missas católicas, em livros e até mesmo em filmes

e novelas, principalmente em cerimônias de batizados, casamentos e funerais, sendo que

no catolicismo essa expressão verbalizada geralmente é seguida do gestual denominado

"sinal da cruz". (01)

Contudo, a despeito desta divulgação na mídia a respeito da Trindade (mesmo

de forma inconsciente da importância do assunto) a doutrina bíblica que a envolve é um dos

grandes entraves entre as seitas, algumas religiões e o cristianismo, contexto que se revela

repleto de dúvidas, insegurança e críticas, onde um número exorbitante de pessoas

desconhece a doutrina trinitariana, a sua relevância e como podem utilizá-la de forma

prática em suas vidas (sobre esta controvérsia estudaremos já no próximo capítulo).

A doutrina da Trindade assevera que na unidade divina subsistem três

“pessoas” distintas, mas igualmente eternas e gloriosas: o Pai, o Filho e o Espírito

Santo. Em outras palavras, o único e verdadeiro Deus do universo subsiste em Seu

Ser infinito e eterno em três “pessoas”.

Descreveremos de uma maneira mais simples: Deus é um único ser em

essência e ao mesmo tempo três "pessoas" (ou três existências pessoais).

Mas, como pode ser isso verdade? Será que este ensino não está em

contradição com a Bíblia? Aliás, até que ponto podemos confiar na Bíblia? Afinal, os seus

textos originais infelizmente não existem mais. Será que as cópias dos livros bíblicos das

quais dispomos atualmente são confiáveis? E pior: será que algumas ou todas as doutrinas

cristãs não sofreram um grau de deturpação através dos séculos?

Retornando ao assunto principal: Qual o conceito que você tem acerca da

Trindade? Você acredita que Jesus é Deus e o Espírito Santo também? Ou você crê apenas

em Deus Pai? E mais: Você estaria aberto(a) para a possibilidade de reavaliar os seus

conceitos quanto a este assunto diante das irrefutáveis verdades bíblicas?

Há alguns meses disponibilizamos em nosso blog (http://aprendei.blogspot.com)

uma enquete acerca da doutrina trinitariana. Entre as alternativas corretas, que convergem

com a doutrina trinitariana, lançamos outras alternativas, as equivocadas, inspiradas nas

declarações heréticas de pessoas que nunca compreenderam essa doutrina, tais como:

"Uma aberração, um ser mitológico de três cabeças", "Não acredito nisso, Deus é único" e

"É uma invenção doutrinária da Igreja do século IV d.C.".

Q

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

20

Portanto, como podemos verificar, dos 11 votos que recebemos, todos eles

foram de encontro com a doutrina trinitariana, assinalando as 2 únicas alternativas corretas.

Do total de 7 alternativas, 6 foram para a alternativa "É o único Deus do universo, que

subsiste em três formas pessoais igualmente eternas e gloriosas" e 5 foram para a

alternativa "O Pai Celeste é Deus, Jesus Cristo é Deus e o Espírito Santo é Deus. São as

três co-existências pessoais do único Deus".

Mas, por que falar da Trindade? Será mesmo um assunto tão importante? Para

os padrões da sociedade atual imediatista e egocêntrica realmente parece absurdo avivar

este assunto. Aliás, talvez para uma igreja cristã cada vez mais secularizada, este assunto

possa parecer um tanto quanto irrelevante e ultrapassado (mas não é).

Será que a igreja cristã atual possui um conhecimento correto, tanto teórico

quanto prático acerta da Santíssima Trindade? Ou será que a doutrina da Trindade é mais

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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um daqueles ensinamentos pelos quais as diversas denominações evangélicas discordam,

tais como: batismo, predestinação e a guarda do domingo?

Será que todos nós pertencentes à igreja cristã, que dizemos “amém” logo após

o padre ou pastor pronunciar a expressão “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”

possuímos pelo menos uma módica noção do que significa a frase para a qual estamos

confirmando com o nosso “amém”? Pelo que temos visto, ouvido e lido, parece que não,

infelizmente.

Certamente estes inúmeros questionamentos nos fazem refletir e anelar por

respostas adequadas, mas não somente eles, como muitos outros questionamentos serão

totalmente esclarecidos até o final deste estudo.

Em suma, este estudo possui três objetivos principais:

1º) Resgatar ou mesmo criar a consciência entre cristãos e não cristãos da

tremenda importância do estudo da Trindade;

2º) Apresentar a aplicabilidade desta doutrina para as nossas vidas; e

3º) Nos aproximar um pouco mais da infinita e insondável glória de Deus

através da busca de uma íntima comunhão com Ele.

Teremos uma linguagem muitas vezes voltada para a teologia e muitas vezes

com termos técnicos e conhecimentos aprofundados, mas em grande parte do estudo

também, nossa linguagem será devocional e mais simples (mas não sem qualidade),

buscando a edficação da Igreja e não apenas usar meras palavras complicadas, mas

palavras que alcancem a todos os públicos, quer sejam doutores em teologia (algumas

vezes) ou (muitas vezes) um iniciante discípulo de Cristo que deseja aprender mais sobre as

verdades bíblicas.

Informamos também que todas as transcrições de textos bíblicos serão extraídas

da ARA, Versão Almeida Revista e Atualizada.

O que nós apresentaremos neste estudo é o resultado de aproximadamente 6

anos de pesquisa doutrinária e teológica há mais de 50 livros de apologética e teologia e

Bíblias de Estudo, bem como a dezenas e dezenas de sites cristãos protestantes e de

outras religiões para conhecimento e comparação. Mas, o mais importante é que as próprias

revelações bíblicas nos façam, por intermédio da direção divina, nos aproximar mais de uma

íntima comunhão com o nosso querido Deus.

O presente texto que será apresentado é a edição, compilação e atualização de

nossos artigos publicados em nosso blog, o APRENDEI (sigla para Alicerces Protestantes

Reformados Nunca Devem ser Esquecidos e Ignorados). Foram 44 artigos específicos

sobre a doutrina trinitariana e mais 46 artigos sobre outros assuntos que, sob a direção de

Deus, puderam ser incluídos também neste estudo, pois se revelaram como lições práticas

oriundas da doutrina trinitariana.

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Page 22: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Essa presente obra, na verdade, é um imenso esforço apologético em defesa da

doutrina trinitariana, tão criticada, tão negligenciada e incompreendida até mesmo no âmbito

cristão protestante.

Apologética é a defesa da fé (cristã ou não) de maneira fundamentada em

argumentos racionais. Transportando para o contexto evangélico protestante, apologética é,

em suma, defender a fé cristã genuinamente bíblica. E iremos verificar que a doutrina

trinitariana é a mais pura verdade bíblica, reflexo da sã doutrina na qual está enraizado o

evangelho de Jesus Cristo, o qual deve ser defendido com unanimidade pela Sua Igreja, o

qual deve ser usado para refutar aqueles que se opõem a Verdade, da qual não devemos

nos desviar. É o que observamos em textos bíblicos como estes, por exemplo:

"Escrevo-lhe estas coisas, embora espere ir vê-lo em breve; mas, se eu demorar, saiba como as pessoas devem comportar-se na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade." (1Tm 3:14-15). "Sabemos que a Lei é boa, se alguém a usa de maneira adequada. Também sabemos que ela não é feita para o justo, mas para [...] todo aquele que se opõem à sã doutrina. Esta sã doutrina se vê no glorioso evangelho que me foi confiado, o evangelho do Deus bendito [...] Esta afirmação é fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores." (1Tm 1:8-9b,11,15a). "Retenha, com fé e amor em Cristo Jesus, o modelo da sã doutrina que você ouviu de mim." (2Tm 1:13). "Você, porém, fale o que está de acordo com a sã doutrina." (Tt 2:1). "Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a piedade, é orgulhoso e nada entende." (1Tm 6:3). "Por isso, é preciso que prestemos maior atenção ao que temos ouvido, para que jamais nos desviemos." (Hb 2:1). “Estou incumbido da defesa do evangelho” (Fp 1:16b) “Firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica” (Fp 1:27b); “Amados, quando empregava toda diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3). “Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade.” (Tt 1:1). “...apegado à palavra fiel que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder, assim para exortar pelo reto ensino como para convencer os que contradizem” (Tt 1:9). “Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina” (Tt 2:1).

Apologética vai além de defender a fé cristã, ela, enquanto defende a fé, aponta

os caminhos ou o caminho que conduz à verdade. Devemos realmente acreditar nas

doutrinas que estamos defendendo, pois já que elas indicam a vontade de Deus, ou seja, a

verdade que é Cristo, e que leva ao Céu, ela realmente é digna de ser compreendida e

defendida. Mas, a apologética por si só não converte ninguém ao cristianismo, mas, fornece

fundamentação suficiente e sistematicamente organizada para os cristãos e não cristãos

aceitarem as evidências inegáveis do Cristianismo, tudo sob a ação do Espírito Santo.

Portanto, apologética é um chamado, um ministério cristão de vital importância.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Devemos levar ao mundo a verdade em amor, não com arrogância, mas no

desejo de sempre aprender também, não como os donos da verdade, mas como os

seguidores da Verdade, Jesus Cristo (Jo 14:6).

Por tudo isso, devemos levar o conhecimento da verdade bíblica às pessoas que

estão longe da Palavra de Deus, àqueles e àquelas que já tenham frequentado templos

evangélicos e tenham se desviado desta verdade ou que jamais tiveram o privilégio de

ouvirem esta verdade, seja em casa, na escola, no trabalho ou na igreja.

Unamos o povo cristão evangélico, independente de denominação, em uma só

“luta”: Defender racionalmente a fé em Cristo Jesus e levar o Seu evangelho à todos que

carecem dele.

Você certamente já entoou cânticos espirituais e hinos congregacionais que

exaltam a Deus Pai, a Cristo e ao Espírito Santo não é mesmo? Você tem as pessoas da

Trindade na mais alta conta e as defende tenazmente se alguém falar contra o Deus triúno?

Se você ainda acredita que este estudo não é tão importante, pelo menos, observe o

próximo capítulo. Você vai perceber o quanto é preocupante a situação na qual se encontra

a doutrina trinitariana entre as religiões, seitas, o ateísmo e até mesmo o protestantismo.

Ademais, a nossa estratégia de apresentação e defesa da doutrina trinitariana

consiste em:

1) Apresentar primeiramente a confusão de termos teológicos, o preconceito e a

falta de compreensão das religiões sobre esta doutrina;

2) Realizar depois uma defesa da infalibilidade bíblica e apresentar uma noção

de hermenêutica bíblica, pois toda a doutrina que apresentaremos se alicerça na revelação

inerrante da Bíblia tão somente e suficientemente;

3) Em seguida, iremos apresentar uma extensa gama de evidências da Trindade

em toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse;

4) E, para uma aplicação mais didática, iremos em seguida, apresentar

analogias (comparações) ilustrativas para a Trindade, bem como a história da doutrina;

5) Logo após, apresentaremos conceitos teológicos complexos e importantes,

bem como uma defesa das evidências da existência de Jesus Cristo; e

6) Por fim apresentaremos a relevância e a praticidade desta doutrina, bem

como nossas conclusões.

Portanto, vamos neste momento orar juntos ao Pai nos preparando para este

estudo, para que a nossa mente e o nosso espírito recebam as verdades e evidências que

virão a seguir:

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Page 24: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“Pai Eterno, Deus de toda bondade e misericórdia. Em nome de Teu Filho

amado Jesus, nosso Senhor e Salvador, vimos até a Tua presença para

suplicar que tu abras os olhos da nossa mente e o nosso espírito para

receber, aprender e aplicar as revelações contidas em Sua inerrante Palavra,

inspiradas pelo Teu Espírito Santo, referentes a Sua eterna natureza triúna.

Amém.”

Muito além de esquematizações, simbolismos, diagramas e analogias,

desejamos elevar a todos nós a um patamar muito mais elevado no conhecimento e na

comunhão com o nosso querido Deus triúno, que talvez muitos de nós jamais havíam

imaginado ou já havíam esquecido.

Acreditamos que praticamente todos que lerem esta obra, incontestavelmente

vão exclamar: “Realmente é inegável a evidência da doutrina trinitariana em toda a Bíblia e

os céticos e sectários não têm razão em suas críticas”. Mas, o mais importante é que

exclamem: “Deus querido, como tu és maravilhosamente insondável em Tua gloriosa

natureza triúna. Eu só posso me render a Ti e te adorar depois de passar a te conhecer

melhor e a me relacionar ainda mais perto de Ti.”

Oramos para que Deus transforme a vida de todos que tiverem acesso a este

material, assim como Ele transformou a nossa vida radicalmente.

Portanto, convidamos você, seus amigos, sua família e irmãos em Cristo a

adentrarem neste universo tremendamente empolgante, fascinante e misterioso da eterna

triunidade divina e desfrutar da edificante, reveladora e libertadora aplicabilidade para as

nossas vidas que o conhecimento da existência e da obra do Deus triúno pode nos

proporcionar.

Que possamos reavivar em nossas igrejas o estudo da Santíssima Trindade, tão

vasto, tão fascinante e imprescindível, seja nos cultos, nos estudos bíblicos, nas diversas

atividades das sociedades internas, na Escola Bíblica Dominical ou nas células familiares.

Que Deus nos abençoe. Amém.

_____________________________________________________________________________________________________

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Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 – 13 – BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________

NOTAS: Link complementares: http://pt.wikipedia.org/wiki/Trindade_(cristianismo) (01) (Vejam declarações a respeito em http://radioperegrinos.com/?p=115).

Page 25: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

25

2

A controvérsia sobre a doutrina trinitariana

Page 26: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

26

2.1 INTRODUÇÃO

uitas pessoas aceitam completamente a doutrina da Trindade (trinitariana), outras

aceitam apenas em parte e outras ainda a negligenciam completamente.

Algumas pessoas afirmam que existe uma contradição entre o Deus único,

adorado pelas religiões monoteístas (como cristianismo, judaísmo e islamismo) e o ensino

bíblico das três pessoas da Divindade: Pai, Filho e Espírito Santo.

Muitos crêem, mas chamam a Trindade de mistério, que é o caso das Igrejas

Cristãs Reformadas. Outros setores religiosos da sociedade são céticos quanto à Trindade,

apregoando que Jesus foi apenas um mero ser humano iluminado por Deus e o Espírito

Santo é uma energia cósmica impessoal que Deus utiliza para os Seus propósitos.

Muitos acreditam que Deus se revelou de três formas consecutivas: Primeiro Ele

foi o Pai Criador, depois se transformou no Filho Salvador, que por sua vez, se transformou

no Espírito Santo Consolador. Outros, por sua vez, postulam que a Trindade é constituída

de três deuses e que o cristianismo, na verdade, é uma religião politeísta.

Desconhecedoras da doutrina trinitariana, muitas pessoas questionam: “Como

pode ser que Jesus seja Pai de si mesmo?”. Outros ainda blasfemam, denominando a

Trindade de “um monstro de três cabeças”.

A doutrina trinitariana encontra muita dificuldade de aceitação e compreensão da

parte de muitas pessoas, até mesmo entre muitos cristãos evangélicos.

Para se ter uma pequena noção do debate que esta doutrina proporciona,

apresentaremos a seguir alguns breves relatos contendo a opinião de inúmeros segmentos,

iniciando pelo ateísmo e passando por diversas denominações religiosas.

Salientamos, no entanto, que não iremos à princípio refutar enfática e

detalhadamente nenhuma opinião que será apresentada, o que será realizado durante os

capítulos que se seguirão. Salientamos também que as considerações expressas neste

presente capítulo podem não representar a opinião completa de cada religião sobre o

assunto, mas nos servem apenas como uma pequena noção da mesma.

2.2 A DOUTRINA TRINITARIANA E O ATEÍSMO

Oficialmente, os primeiros a se declararem ateus surgiram no século XVIII e

estima-se que 2,3% da população mundial atualmente se identifique como ateístas. O

ateísmo é uma posição, uma tese filosófica ou uma posição ideológica de que não existem

deuses, ele rejeita totalmente o conceito do teísmo. O ateísmo é a total ausência de crença

em divindades. Em outras palavras, o Deus revelado na Bíblia, pincipalmente a Sua

natureza triúna, para o ateísmo, é uma grande mentira.

M

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Mike McClellan, ao comentar sobre a doutrina da Trindade, cita outro escritor,

Robert Ingersoll, que por sua vez, fez os seguintes comentários:

“Cristo, de acordo com a doutrina, é a segunda pessoa da Santíssima Trindade, com o Pai sendo a primeira e o Espírito Santo a terceira. Cada uma dessas pessoas é Deus. Cristo é seu próprio pai e seu próprio filho. O Espírito Santo não é nem pai nem filho, mas ambos. O filho foi gerado pelo pai, mas já existia antes de ser gerado, exatamente o mesmo antes e depois. Cristo é tão velho quanto seu pai e o pai é tão jovem quanto seu filho. O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, mas já era igual a eles antes de proceder, ou seja, antes de existir, mas mesmo assim ele tem a mesma idade que os outros dois. Deste modo, se afirma que o Pai é Deus, que o Filho é Deus e que o Espírito Santo é Deus e que esses três deuses fazem um só deus. De acordo com a tabela de multiplicação celestial, um é três e três vezes um é um, e de acordo com a regra de subtração do céu, se diminuirmos dois de três, sobram três. A regra da adição também é estranha: se somamos dois a um temos apenas um. Cada um é igual a si mesmo e aos outros dois. Nunca houve nem nunca haverá algo mais completamente idiota e absurdo que o dogma da Santíssima Trindade.” (01)

“Cristo é seu próprio pai e próprio filho”? “Três deuses que se tornaram um”? A

doutrina trinitariana é “idiota e aburda”? Quantas acusações sem conhecimento e por

ignorância e falta de compreensão das doutrinas da eternidade e infinitude divinas, por

exemplo. É uma confusão de termos doutrinários, pois aqui não se compreende

adequadamente a doutrina trinitariana e não existe um mínimo de noção de interpretação

bíblica.

Em seguida, o autor deste mesmo artigo, Mike McClellan, retorna com seus

comentários críticos ao cristianismo:

“Eis o dilema. Os cristãos sabem que, para Jesus ser o salvador da humanidade, ele tem que ser Deus também. É a Bíblia que diz. Se ele não é Deus, então ele não pode ser o salvador. Sua morte não teria sentido. Portanto, os cristãos inventaram a Santíssima Trindade para explicar a divindade de Cristo. Ele é homem. Ele é Deus. Ele é ambos. Ele tem que ser, para poder ser o salvador. Infelizmente, ele é, no melhor dos casos, indeciso. Às vezes ele diz que ele e Deus são um só. Às vezes ele admite que Deus sabe de coisas que ele ignora e faz coisas que ele não pode fazer. Os cristãos apelam para as coisas mais estranhas para provar o dogma da Santíssima Trindade, inclusive declarar que ele é um „mistério‟ e que „nós somos muito limitados para entender‟. A Bíblia é a palavra perfeita e infalível de Deus? A doutrina da Santíssima Trindade que os cristãos criaram e as contradições em que ela implica gritam que „Não!‟ Mas então como foi que o dogma veio a existir? As origens da doutrina da Santíssima Trindade são chocantes. Como no caso da maioria das questões históricas relativas à cristandade, houve muita fraude e derramamento de sangue. Muitas vidas foram perdidas antes que o Trinitarianismo fosse enfim adotado. Como muitos cristãos sabem, a palavra „trindade‟ não aparece na Bíblia. E não aparece porque é uma doutrina que evoluiu aos poucos no início do cristianismo. Foi um processo manipulado, sangrento e mortal até que finalmente se tornou uma doutrina „aceita‟ da Igreja [...]” (01)

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Page 28: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Os cristãos inventaram a Santíssima Trindade apenas para justificar a Divindade

de Cristo? O Senhor Jesus é indeciso? Os cristãos apelam para "coisas estranhas" para

provar a Trindade? A Bíblia não é a perfeita Palavra de Deus? A doutrina da Trindade foi

criada por meio de manipulação e conflitos sangrentos? Mais absurdos impressionantes.

Como pudemos observar, são numerosas acusações à doutrina da Trindade, à

Bíblia, ao cristianismo e ao próprio Jesus.

Um dos escritores ateus mais conhecidos foi o alemão Friedrich W. Nietzsche

(muitos dizem que ele era, na verdade, agnóstico). Especificamente se referindo à natureza

de Deus, ele afirmou, entre outras coisas, que:

“[...] A concepção cristã de Deus – Deus o como protetor dos doentes, o Deus que tece teias de aranha, o Deus na forma de espírito – é uma das concepções mais corruptas que jamais apareceram no mundo: provavelmente representa o nível mais ínfero da declinante evolução do tipo divino. Um Deus que se degenerou em uma contradição da vida [...]” (02)

Portanto, para ele, Deus na forma de espírito é uma das concepções mais

corruptas que já surgiram, algo que demonstra a decadência da nossa evolução, uma

contradição da vida. Impressionante. Mais adiante nesta mesma obra, Nietzsche teceu seus

comentários sobre a Trindade, mais especificamente ao relacionamento entre a primeira e a

segunda pessoa da Divindade, Deus Pai e Deus Filho:

"[...] O conceito de „Filho de Deus‟ não designa uma pessoa concreta na história, um indivíduo isolado e definido, mas um fato „eterno‟, um símbolo psicológico desvinculado da noção de tempo. O mesmo é válido, no sentido mais elevado, para o Deus desse típico simbolista, para o „reino de Deus‟ e para a „filiação divina‟. Nada poderia ser mais acristão que as cruas noções eclesiásticas de um Deus como pessoa, de um „reino de Deus‟ vindouro, de um „reino dos céus‟ no além e de um „filho de Deus‟ como segunda pessoa da Trindade. Isso tudo – perdoem-me a expressão – é como soco no olho (e que olho!) do Evangelho: um desrespeito aos símbolos elevado a um cinismo histórico mundial. Todavia é suficientemente óbvio o significado dos símbolos „Pai‟ e „Filho‟ – não para todos, é claro –: a palavra „Filho‟ expressa a entrada em um sentimento de transformação de todas as coisas (beatitude); „Pai‟ expressa esse próprio sentimento – a sensação da eternidade e perfeição [...]” (02)

Um Deus pessoal é “acristão”? Cristo como o Filho de Deus Pai e Segunda

Pessoa da Trindade é um "soco no olho do Evangelho"? Difícil demais conseguir digerir tais

acusações sem fundamento bíblico e tão ausentes de conhecimento doutrinário.

O ateísmo, portanto, por razões óbvias, possui uma concepção de Deus

completamente avessa à realidade, contrária à verdade revelada na Bíblia.

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Page 29: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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2.3 A DOUTRINA TRINITARIANA E O GNOSTICISMO

O gnosticismo, em suma, é uma visão do mundo e da vida baseada na

experiência da mente humana sobre o conhecimento de Deus (conceitos e preceitos). Seu

objetivo é conhecer a Deus, mas em um sentido de que a mente humana se aperfeiçoe e

atinja um patamar superior de consciência a ponto de se tornar divina. O gnosticismo,

infelizmente, exerceu uma grande influência sobre o cristianismo no segundo século d. C..

Observemos também algumas descrições do que movimentos gnósticos contemporâneos

afirmam sobre a Trindade:

“Movimentos Gnósticos: Movimentos neo-gnósticos contemporâneos, que se auto-denominam cristãos, afirmam, por sua vez, que Jesus Cristo não é Deus como o é YHWH, pois YHWH surge, ao longo do Antigo Testamento como sendo um Deus „vingativo‟, „cruel‟ e „sedento de sangue‟, enquanto Jesus apresenta o rosto de um „falso deus‟ que é „amor‟, „misericórdia‟ e „perdão‟. Do mesmo modo afirmam que o Espírito Santo é que é o „Verdadeiro Deus‟ que salvou a humanidade ao ser entregue por Jesus a YHWH quando da sua morte (Refª Hans Jonas – „The Gnostic Religion‟, 2001).” (03)

Misericórdia! Somente o Espírito Santo é o verdadeiro Deus e salvador da

humanidade e Ele foi entregue por Jesus (que não é Deus) a Iavé por ocasião de Sua

morte? Complicado não é mesmo? É uma grande confusão de termos teológicos e sobre a

distribuição de funções dentro da natureza divina triúna e indivisível.

2.4 A DOUTRINA TRINITARIANA E O ESPIRITISMO

O espiritismo é um conjunto de crenças que apontam para o ser humano como

alguém que alterna experiências entre o mundo físico e o espiritual, como a reencarnação e

a comunicação com os mortos, objetivando a evolução e aperfeiçoamento do espírito

humano, moral e intelectualmente, até chegar a Deus. Obviamente, o espiritismo também,

entre outros dogmas cristãos, nega a existência da Trindade:

“O Espiritismo é definido na essência como uma doutrina baseada na crença da Imortalidade da Alma Humana e na possibilidade das pessoas falecidas (segundo a Doutrina Espírita, Espíritos sem corpo material) comunicarem com os vivos (segundo a Doutrina Espírita, Espíritos com corpo material) por intermédio de pessoas com o dom de mediúncidade (...) O Espiritismo, de um modo geral, caracteriza-se nos seguintes pontos: na Unicidade de Deus, rejeitam o dogma da Santíssima Trindade; na Imortalidade da Alma Humana (segundo a Doutrina Espírita, na Imortalidade do Espírito); na Reencarnação, como mecanismo natural de aperfeiçoamento dos Espíritos; na possibilidade de comunicação entre os Espíritos com corpo material („vivos‟) e os Espíritos sem corpo material („mortos‟) através da mediunidade.” (04) [grifo nosso]

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Ainda sobre o espiritismo, Emerson de Oliveira trata do que este setor religioso

afirma mais especificamente sobre a natureza divina de Cristo. Vejamos um pequeno trecho

da introdução de seu artigo:

“O espiritismo e a divindade de Cristo. Este artigo visa refutar as idéias contidas no livro „Obras Póstumas‟, de Allan Kardec. Neste livro, há um capítulo chamado „Estudo sobre a natureza de Cristo‟. Numa abordagem ousada, já em seu início, tenta falar que a „controvérsia‟ em torno da natureza de Cristo ainda não se resolveu (!) e que isto foi responsável, durante os séculos, pela origem de várias seitas. Nesta segunda parte temos que concordar, aliás, é algo digno das seitas distorcerem a pessoa de Jesus [...]” (05)

Independente se muita controvérsia ainda existe sobre as naturezas de Cristo, a

inerrante e inspirada verdade sobre o Salvador está contida na Bíblia e ela é imutável. Com

respeito à controvérsia sobre a natureza de Cristo, veremos mais detalhes posteriormente e

essa é a verdade sobre Cristo, independentemente se as pessoas concordam ou não.

Bem, voltando ao artigo, sobre o capítulo 3 do livro de Kardec (“As palavras de

Jesus provam a sua divindade?”), o autor afirma que:

“[...] Aqui Kardec expõe todo seu socianismo (doutrina herética de Socino - séc. XVI - que negava a Trindade e a divindade de Cristo) [...]” (05) (06)

[grifo nosso]

2.5 A DOUTRINA TRINITARIANA E O JUDAÍSMO (CABALISTA)

Já em relação ao judaísmo, a mais antiga dentre as três principais religiões

monoteístas (judaísmo, cristianismo e islamismo), em sua ramificação esotérica denominada

de "cabalismo", nem é preciso entrar em muitos detalhes, pois todos nós sabemos que os

judeus jamais aceitaram a Cristo como Salvador e muito menos como sendo a segunda

pessoa da Divindade, ou seja, sendo igual a Deus Pai (cf. Jo 10:30-33). E, ainda mais sendo

uma ala esotérica, essa situação é ainda mais confirmada. Vamos apenas transcrever

algumas considerações interessantes encontradas no site http://www.adventistas.com, no

artigo "Dizer que Judeus Crêem na Trindade é Ofendê-Los":

“[...] O Zohar, base do kabalismo [ala esotérica do judaísmo], pode se alegrar em dizer que „Israel, a Torah e Deus‟ são um [...] para eles Jesus foi simplesmente um judeu (judeus não são homens comuns, são parte de Israel, da Torah e de Deus) que adquiriu este „poder‟ e o utilizou para o mal, atacando e ofendendo a religião judaica [...]” (07) [citação entre colchetes de nossa parte]

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Agora, vejamos no mesmo site, trechos do artigo "Judeus Cabalistas Também

Não Crêem na Trindade". Vejam como eles possuem uma outra noção de Trindade

(equivocada inclusive):

“[...] No Zohar (o texto clássico de Kabbalah) e outras fontes judaicas, nós achamos que há três manifestações da divindade as quais são essencialmente Um: Deus, [o povo de] Israel e a Torah. O Zohar estabelece „Israel, a Torah e o Santo, Abençoado seja Ele, são Um‟. Como explicado acima, antes da contração, da perspectiva de Deus (e a origem da alma judia), estes três são revelados manifestadamente como absolutamente Um. A Torah é a sabedoria e espírito de Deus da qual é dito: „Ele e a sabedoria dele são Um‟. [O povo de] Israel é o filho de Deus (o filho é a essência da manifestação do Pai). Sempre que „o filho‟ de Deus é referido na Bíblia, refere-se que o filho é „meu primeiro filho nascido, Israel.‟ [...] Nós somos ensinados mais adiante, no Zohar, que a Torah serve para unir o nível da consciência criada em Israel, a Deus. A Torah é assim um „intermediário‟ entre as duas essências , o Pai e o filho [...] A Torah é o espírito santo de Deus [...]” (08)

2.6 A DOUTRINA TRINITARIANA E O ISLAMISMO

O islamismo, religião originada na península da Arábia no século VII d.C. e

baseado em um conjunto de crenças propagado pelo profeta Maomé, acredita que a

Trindade é uma forma de adorar três deuses diferentes e que o cristianismo, portanto, é

politeísta. E mais: apesar de não crer em Cristo, como Filho de Deus, em vários pontos de

seu livro sagrado, o Alcorão, entra em contradição acerca dos atributos do Senhor:

“OS CRISTÃOS ADORAM TRÊS DEUSES E DEUS NÃO TEM FILHO: A Trindade é sempre - invariavelmente - a maior pedra de tropeço para os muçulmanos nos Evangelhos e desvia a atenção de um assunto mais produtivo para numerosas conversas [...] O Alcorão erra em seu retrato da Trindade ao ter Jesus e Maria como dois deuses separados, além de Alá:"Ó Jesus, filho de Maria! Não dissestes aos homens de boa vontade: 'Toma-me e a minha mãe como dois deuses ao lado de Alá'?" (Sura 5,116); "Como pode Ele (Deus) ter um filho, quando não tem uma esposa?" (Sura 6,101). Eles, de fato, desacreditaram em quem disse: "Alá é o Messias, filho de Maria" (Sura 5,17). "Longe de nós retirá-lo de sua majestade transcendente para que tenha um filho" (Sura 4,171) [...] Singularmente, a Sura 4,171 diz que Jesus é a Palavra de Deus e Seu Espírito, embora em outro lugar o Espírito (em árabe: ruuhim minh) seja identificado como sendo a verdadeira essência de Deus mesmo (Sura 2,253: "Nós fundamentamos (Jesus) com o Espírito Santo"; 12,87; 58,22). No Alcorão, Jesus tem atributos que nenhum outro ser humano possui. Ele nasceu de uma virgem (Sura 21,91: quem era o pai de Jesus de acordo com o Alcorão?) e não tinha pecado (Sura 19,19). Ainda criança, fez pássaros de barro e soprou neles a vida, sendo, porém, o dom da vida algo que somente Deus podia dar (Sura 3,49; esta história primeiramente apareceu no Evangelho herético de Tomé, no segundo século de nossa era); Ele curou homens que nasceram cegos, curou o leproso e ressuscitou um morto; tinha conhecimento do que estava escondido nas casas dos homens (Sura 3,49). Tinha o poder de interceder (Sura 3,45: "um daqueles que foi elevado junto a Alá"), contudo, somente Deus pode interceder (Sura 39,44). Ele podia perdoar pecados (Sura 61,12)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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e conhecia, só Ele, a hora do Julgamento (Sura 43,61)! [...] Quando um muçulmano diz que não há Trindade está limitando Deus, já que Deus é capaz de todas as coisas (Sura 5,17-19). De fato, na Sura 27,8, lemos que Deus apareceu a Moisés numa sarça ardente (Ex 3,2). Seu Deus pode baixar-se a si mesmo a ponto de aparecer a Moisés como um fogo, certamente Ele poderia humilhar-se a si mesmo e aparecer como um homem (Fil 2,7); além disso, o ser humano é muito mais digno que o fogo. A questão, então, não é se Deus pôde se tornar homem, mas por que Ele o fez.” (9)

Mais uma completa e equivocada interpretação bíblica, portanto. Pior, o

islamismo, equivocadamente, considera todos os cristãos como idólatras, inclusive os

protestantes, confundido-nos com os católicos:

“Visão Islã: Também o Islã critica com grande vigor a Trindade - que segundo Maomé seria concebida pelos cristãos como sendo constituida por Deus-Pai, Jesus e Maria (Refª Chantepie de la Saussaye - "História das religiões", Vol. 2, 1979) - na medida em que, segundo a sua leitura do dogma trinitário, se trata de uma clara e inequívoca afirmação politeísta que atenta contra a unicidade de Alá (Al Corão, 5,73)” (10)

2.7 A DOUTRINA TRINITARIANA E O ADVENTISMO

“Crença cristã” originada nos EUA no séc. XIX d. C. que foi marcada por falsas

profecias sobre datas específicas para a volta de Jesus, o Adventismo atualmente ainda

possui uma ala significativa que não defende a doutrina trinitariana:

“Há algum tempo tenho estudado também o assunto da Trindade [...] Você que tem bom senso, responda-me: • De que lado é mais conveniente ficar nesse debate acerca da trindade? Estar do lado oposto a essa doutrina, só traz dissabores, escárnio, perseguição e dor... Que lado escolheria qualquer ser humano, agindo racionalmente? Nem é preciso ser tão inteligente para saber que a escolha penderia para acatar a doutrina. É o que a grande maioria tem feito e segundo o ditado popular: „A voz do povo é a voz de Deus.‟ • Mas... E se para apoiar a doutrina da trindade devo ir contra tudo aquilo que aprendi como fruto de oração e estudo da palavra de Deus? [...] E se para ensinar essa doutrina, devo subir ao púlpito com um peso no coração, pois pela luz que vem de Deus através de Sua Palavra, tenho constatado por texto após texto que a crença na trindade é uma „casa‟ construída sobre a areia? • Quando a grande norma pela qual todo ser humano será julgado for aberta e o Senhor me fizer a pergunta: „Onde encontraste essa doutrina na Minha Palavra?‟, que responderei? Farei como os católicos, tentarei provar a Deus que a Tradição fazia parte de Sua mensagem aos homens? Direi que a santa igreja adventista me ensinou e que, portanto, como membro, para não criar divisão, eu deveria aceitá-la? [...] Devo confessar que, desde que me tornei adventista, essa questão da trindade e da existência pessoal do Espírito Santo sempre me incomodou [....] A única questão é: Poderíamos, com toda a luz que temos, estar incorrendo na transgressão do primeiro mandamento, que nos adverte: „Não terás outros deuses diante de Mim‟? [...] Tudo que queremos é somente fazer a vontade do Senhor, amparados pela revelação bíblica [...]” (11)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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É notória a pressão vivenciada pelo autor, que, por sua vez, acredita que

confrmar a doutrina trinitariana é como algo “politicamente correto” com o propósito de ser

aceito pela maioria dos cristãos “equivocados” em sua defesa trinitariana. Concordar com

eles contraria, segundo ele, tudo o que um dia aprendeu nos seus estudos bíblicos.

Segundo essas acusações, portanto, a doutrina trinitariana jamais aparece nas

páginas da Escritura Sagrada. Notamos mais uma vez como esta doutrina fundamental é

tão negligenciada e tão pouco compreendida. Mas, observemos mais uma matéria sobre o

adventismo:

“Conceito dos Pioneiros Adventistas: Eles escreveram a esse respeito em um dos principais veículos adventistas da época - The Review and Herald; J.N. Lougborough disse que a doutrina da Trindade foi trazida para a igreja católica no mesmo tempo em que a adoração de imagens, e a que era a celebração da guarda do domingo que não é mais do que a doutrina dos persas remodelada. Adventist Review 5 de Novembro de 1861; J.B.Frisbie seguiu o mesmo pensamento de Lougborough dizendo que a Trindade era um louvor à guarda do domingo. The Advent Review 4 de Abril de 1854; James White disse que a doutrina da Trindade acaba com a personalidade de Deus e de seu Filho Jesus Cristo. The Advent Review 11 de Dezembro de 1855. Disse ainda que os grandes reformadores se tivessem continuado, não deixariam nenhum vestígio das falsas doutrinas, inclusive a Trindade. Advent Review 7 de Fevereiro 1856; J.N. Andrews incluiu a crença na Trindade entre as doutrinas espúrias que compunham o vinho de Babilônia. Adventist Review 6 de Março de 1855; D.W.Hull disse que essa doutrina foi invenção do „homem do pecado‟ em referência a II Tessalonissences 2. Adventist Review 10 de Novembro de 1859; William White, filho da Sra. White era contrário a essa doutrina e dizia que muitas pessoas se utilizavam dos escritos de sua mãe com interpretações errôneas.” (12)

A doutrina trinitariana foi “trazida” para o catolicismo junto com a idolatria, a

adoração de imagens? A doutrina trinitariana “acaba com a personalidade de Deus Pai e de

Seu Filho”? Ela é uma “falsa e espúria doutrina” da “Babilônia” ou criada pelo “homem do

pecado”? Completa e inegável falta de compreensão da doutrina da sadia interpretação

bíblica.

Observamos, portanto, que até mesmo em um setor religioso que estuda

profundamente a Bíblia como o adventista, existem dificuldades em aceitar ou compreender

a doutrina trinitariana.

Entretanto, é importante ressaltar que nem todas as vertentes do Adventismo

são contrárias à doutrina trinitariana. Existe uma vertente tradicional nos dias atuais que

pode ser considerada trinitariana (vejam um elucidadivo artigo sobre este assunto em

http://cincosolas.blogspot.com/2010/08/eram-os-adventistas-arianos.html).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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2.8 A DOUTRINA TRINITARIANA E O JEOVISMO

Outro setor religioso (não evangélico, mas também sectário) que estuda a Bíblia

(apesar de adulterada), mas é contra a doutrina trinitariana é o das Testemunhas de Jeová.

Seus adeptos adoram apenas a Jeová (ou Iavé ou Javé) e costumam se intitular como uma

“comunidade cristã não-trinitária”, apesar de se dizerem seguidores de Jesus. De fato, essa

seita é praticamente a que mais repudia e ataca a doutrina trinitariana, chegando a

manipular textos bíblicos neste propósito. O escritor cristão Aldo Meneses afirmou que:

“A organização TJ [Testemunhas de Jeová] reconhece a existência de um ser supremo. Sua visão de Deus, porém, é diferente daquela defendida pelo cristianismo. Em primeiro lugar, a organização TJ nega a doutrina bíblica da Trindade. Isso é herança de Charles Taze Russell, fundados da organização, que alegou tratar-se de uma doutrina de origem pagã, satânica, que maculava a unicidade do Deus verdadeiro”. (13) [citação entre colchetes de nossa parte]

Sobre a mesma organização religiosa, Robert M. Bowman Jr. refutou a brochura

“Deve-se crer na Trindade?”, publicada pelas Testemunhas de Jeová. Ele afirmou que:

“As Testemunhas de Jeová freqüentemente criticam a Trindade como se essa doutrina negasse a unicidade de Deus. Por exemplo: Deve-se crer na Trindade? [...] expressa a opinião das testemunhas de Jeová: „a doutrina da Trindade é falsa, que o Deus Onipotente se destaca como um ser separado, eterno e todo poderoso‟ [...] O ensino bíblico de que „somente Deus é o Todo Poderoso, o Criador, separado e distinto de qualquer outra pessoa‟ (pág. 12), é considerado pelas Testemunhas de Jeová uma contradição da Trindade, mas, na realidade, concorda plenamente com ela.” (14)

Outra afirmação alarmante, absurda e herética das Testemunhas de Jeová é a

de que “Satanás deu origem à doutrina da trindade” (15)

A DOUTRINA TRINITARIANA E O MORMONISMO

Em referência à “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, cujos seus

membros são mais conhecidos como os “mórmons”, que possuem seu próprio livro sagrado,

chamado de “O Livro de Mórmom – Outro testamento de Jesus Cristo”, os mesmos até

confessam crer na Tindade, mas na prática, refutam a forma como é exposta a doutrina

trinitariana. Robert M. Bowman Jr. afirmou que:

“[...] Os mórmons que acreditam que são três deuses, alegam crer na Trindade, mas deixam muito claro que rejeitam qualquer forma da doutrina tradicional da Trindade [...]” (16)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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2.10 A DOUTRINA TRINITARIANA E O UNICISMO

O unicismo acredita na unicidade de Deus, mas o problema é que, para ele,

apenas Jesus Cristo é Deus, que na criação foi o Pai, na redenção foi o Filho e atualmente é

o Espírito Santo. Outra heresia absurda:

"Visão Unicista: A visão unicista de Deus entende haver apenas um Deus, constante à figura de Jesus Cristo, que teria se manifestado como Pai, na criação; Filho na redenção; e Espírito Santo nos dias atuais; ou seja, um Deus Único em três manifestações.” (17)

O Rev. William Soto Santiago, do “Ministério Voz da Pedra Angular”, afirmou:

"Temos que entrar no Reino de Cristo pela porta, que é Cristo, e assim entrarmos na Igreja de nosso amado Senhor Jesus Cristo através de Seu Espírito Santo, para estarmos dentro da casa de Deus, sendo alimentados pelo servo fiel e prudente de São Mateus, capítulo 24, versículos 42 ao 47”. (18)

Realmente com estas declarações nos parece que esta denominação religiosa é

trinitariana, mas em outro livreto, ele afirmou que:

“Como São Pedro disse para eles que fossem batizados? Disse-lhes: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecdos, e recebereis o dom do Espírito Santo. Então por quê Cristo disse: „Batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo' e mais adiante Pedro batiza no Nome do Senhor Jesus Cristo? Porque o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo é Senhor Jesus Cristo. Foi por isso que Pedro batizou todos aqueles que creram no Nome do Senhor Jesus Cristo” [o mesmo ensino foi apresentado mais adiante na página 14]. (19)

Percebemos, então, que é uma organização “unicista”, pois ignora a ordem de

Cristo sobre o batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo que constituem a

Divindade, tendo apenas Cristo como Deus, em detrimento da primeira e da terceira

pessoas da Trindade. Para eles, portanto, Cristo se manifestou como Pai, depois como Filho

e depois como o Espírito Santo (!!). Pior, para eles, o nome do Pai, do Filho e do Espírito

Santo é Senhor Jesus Cristo.

Portanto, vimos até aqui inúmeras críticas não apenas à doutrina trinitariana,

mas também ao próprio cristianismo, muitas delas caluniosas e até mesmo blasfemas,

oriundas de segmentos do ateísmo, gnosticismo, espiritismo, adventismo, jeovismo, etc. É

uma situação preocupante e nos serve de alerta para que busquemos um sadio

esclarecimento sobre a Trindade com base na Bíblia Sagrada. E é o que faremos.

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Page 36: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Como já afirmamos, não iremos refutar de maneira sistemática cada uma destas

acusações neste ponto do nosso estudo, mas, sim, ao longo do mesmo, através de

evidências bíblicas e históricas, sendo que cada uma destas acusações com certeza terá

sido desmentida ao final deste nosso estudo, diante das verdades contidas nas Sagradas

Escrituras cristãs, a Bíblia.

2.11 A DOUTRINA TRINITARIANA E O CATOLICISMO

Agora poderemos observar a posição quanto à doutrina trinitariana assumida

dentro de vários segmentos religiosos chamados “cristãos”, como o catolicismo (que

também denomina a Trindade como “Trindade Beatíssima”), a igreja ortodoxa grega e as

igrejas evangélicas.

Sobre o catolicismo e seu comportamento diante da doutrina trinitariana, temos

as seguintes considerações, entre outras:

“Essa confusão é generalizada. The Encyclopedia Americana (Enciclopédia Americana) diz que a doutrina da Trindade é tida como estando „além da compreensão da razão humana‟ [...] O monsenhor Eugene Clark disse: „Deus é um só, e Deus é três. Visto que não existe nada igual a isso na criação, não podemos entendê-la, mas apenas aceitá-la.‟ O cardeal John O'Connor declarou: „Sabemos que é um mistério muito profundo, que ainda nem começamos a entender.‟ E o papa João Paulo II fala do „insondável mistério de Deus, a Trindade‟. Assim, A Dictionary of Religious Knowledge (Dicionário do Conhecimento Religioso) diz: „Quanto a precisamente o que é essa doutrina, ou exatamente como deve ser explicada, os trinitaristas ainda não chegaram a um acordo.‟ Podemos entender, pois, por que a New Catholic Encyclopedia (Nova Enciclopédia Católica) observa: „Há poucos instrutores da teologia trinitária nos seminários católico-romanos que numa ocasião ou noutra não se atormentaram com a pergunta: 'Mas, como é que se pode pregar a Trindade?' E, se a pergunta é sintomática da confusão da parte dos estudantes, talvez não seja menos sintomática de similar confusão da parte de seus mestres.‟ [...]. Escreveram-se inúmeras páginas na tentativa de explicá-la. Todavia, depois de passar a duras penas pelo labirinto de confusos termos teológicos e explicações, o investigador ainda não sai satisfeito. Sobre isso, o jesuíta Joseph Bracken diz em seu livro What Are They Saying About the Trinity? (O Que Dizem Sobre a Trindade?): „Os sacerdotes que, com muito esforço aprenderam...a Trindade em seus anos de seminário, hesitam por natureza a apresentá-la a seus paroquianos do púlpito, até mesmo no Domingo da Santíssima Trindade...Por que incomodar pessoas com algo que, afinal, de qualquer maneira não entenderiam corretamente?‟ Ele diz também: „A Trindade é um assunto de crença formal, mas pouco ou nenhum [efeito] tem sobre a cotidiana vida cristã e adoração.‟ Não obstante, é „a doutrina central‟ das igrejas!” (20)

Podemos observar que existe dificuldade em se tratar a doutrina trinitariana no

meio acadêmico católico, não apenas pelos alunos, mas inclusive um grau de dificuldade de

ensinar e aplicar a doutrina trinitariana por parte dos educadores, mesmo sendo uma

doutrina considerada verdadeira e fundamental para o cristianismo.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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2.12 A DOUTRINA TRINITARIANA E O PROTESTANTISMO

Todos os artigos enfocados até o momento apresentaram as opiniões de

diversos segmentos religiosos e suas dificuldades em compreender ou até mesmo em

aceitar a doutrina trinitariana. Porém, este fato não quer dizer que esta dificuldade não

exista, inclusive, em alguns setores evangélicos, infelizmente, para a nossa tristeza (!)

Nós, como Igreja Cristã Protestante, na prática, mesmo inconscientemente,

somos “monoteístas unitários”, acreditamos em um único Deus, sim, e cremos no Pai, no

Filho e no Espírito Santo, mas não apreciamos, não estudamos e nem compreendemos na

prática a doutrina trinitariana, tão fundamental. Deveríamos ser “monoteístas trinitários”.

Observemos afirmações semelhantes e de como é importante resgatar a relevância da

doutrina trinitariana no meio evangélico atual:

"[...] Infelizmente, a grande maioria dos cristãos hoje, são, na prática, monoteístas unitários. Crêem na afirmação dogmática da Trindade, mas na vivência do dia-a-dia a ignoram. Uma parcela significante dos cristãos aceita e acredita em Deus como a Santíssima Trindade, mas ainda não compreendem claramente esta doutrina. É um assunto que, embora considerado irrelevante quanto à sua prática para a vida diária do cristão, está presente na linguagem, nos sacramentos e nas orações. A questão que nos ocupa aqui é o resgate da relevância deste assunto para a vida, o culto, a espiritualidade e a unidade da igreja. Pois sem uma compreensão adequada da relevância da Trindade nestes assuntos que ocupam a nossa fé, corremos o risco de nos perder na tentativa de encontrar respostas para os grandes dilemas da Igreja. O individualismo moderno gerou na consciência humana um processo de fragmentação, de ruptura, não apenas das relações humanas, com também na natureza divina. Nossa percepção de Deus é profundamente afetada pela incapacidade de percebê-lo sem uma ruptura na Sua natureza, da mesma forma como fragmentamos nossas relações pessoais. Um aspecto desse processo de fragmentação pode ser percebido na forma como os cristãos demonstram sua preferência pelas pessoas da Trindade. Nossas divisões podem ser compreendidas pela divisão que criamos no próprio Deus. A pluralidade de pessoas que encontramos na revelação bíblica de Deus, infelizmente, para muitos cristãos, não pode ser compreendida, na prática, como uma unidade. Cremos que é, que se trata de um único Deus, indivisível, mas nossa prática demonstra outra coisa.” (21)

O problema vai mais além. Nós, cristãos protestantes, nos posicionamos

firmemente na defesa da Divindade de Cristo e do Espírito Santo e muitos até depositam a

salvação de alguém na dependência de crer ou não nestes dogmas, mas muitos acabam se

mantendo em um “silêncio dogmático” com receio de questionar a doutrina trinitariana pelo

fato de muitas vezes ser pouco compreendida e pouco esclarecida. E, além de tudo isso,

como cristãos, também não compactuamos com os sectários que atacam a doutrina

trinitariana, mas na prática não sabemos o motivo de todas estas atitudes. O Pastor e

Doutor James White trouxe essas e outras considerações alarmantes:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“Todavia, nos vemos ainda mais confusos nesse ponto, pois a maioria dos cristãos toma uma posição firme sobre a Trindade e os assuntos fundamentais que levam a ela (a deidade de Cristo, a pessoa do Espírito Santo). Nós não temos comunhão com grupos como os Mórmons e as Testemunhas de Jeová porque eles rejeitam a Trindade e a substituem por um outro conceito. Nós colocamos a própria salvação de uma pessoa sobre a aceitação da doutrina, todavia, se fôssemos ser honestos com nós mesmos, não estamos certos exatamente do por que disso. É o assunto sobre o qual não conversaremos: ninguém ousa questionar a Trindade por medo de ser estigmatizado de um „herege‟, todavia, temos todas as sortes de questões sobre ela, e não estamos certos de a quem podemos perguntar. Muitos crentes fazem perguntas àqueles que eles pensam serem mais maduros na fé e freqüentemente são confundidos pelas respostas contraditórias que recebem. Decidindo que é melhor permanecer confuso antes do que ter a ortodoxia de alguém questionada, muitos simplesmente deixam o assunto para aquele dia mítico „quando eu tiver mais tempo‟. E no processo, lançamos fora uma tremenda bênção.” (22)

Héber C. Campos afirmou, entre outras coisas, que a grande missão de nossos

estudos teológicos é afirmar a doutrina trinitariana com base tão somente nas revelações

bíblicas, sem, evidentemente, o apoio de nenhum outro ramo religioso:

“No seio das igrejas cristãs não há muitos problemas com respeito à personalidade divina, mas há um problema maior do que simplesmente mostrar que Deus é pessoal: mostrar que ele subsiste em três pessoas. Contudo, a despeito da dificuldade desta matéria, é melhor falar da tripersonalidade de Deus do que falar da sua simples personalidade. A grande tarefa da teologia cristã é afirmar, sem apoio de qualquer outro ramo religioso ou filosófico, a misteriosa doutrina da tripersonalidade de Deus. É uma matéria de pura confiança no ensino geral da Santa Escritura, sem qualquer similaridade em outra religião.” (23)

Segundo a conceituada revista “Defesa da Fé”, infelizmente, devido à

complexidade dos termos empregados na doutrina trinitariana, a mesma é pouco

compreendida por nós, cristãos, e, no fim das contas, o seu estudo é abandonado:

“A doutrina da Trindade é mal compreendida entre os círculos cristãos e, devido à complexidade do termo, seu estudo é abandonado.” (24)

2.13 CONCLUSÕES

Apesar da pouca compreensão e do abandono do estudo da doutrina trinitariana,

salientamos que setores religiosos chamados “cristãos”, além das igrejas evangélicas, como

o catolicismo e a igreja ortodoxa grega concordam com a grande importância que esta

doutrina possui para o cristianismo, como o ponto central de nossos dogmas mais caros:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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"A IGREJA Católica Romana diz: „Trindade é o termo empregado para definir a doutrina central da religião cristã...Assim, nos dizeres do Credo Atanasiano: o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus; e, não obstante, não são três Deuses, mas um só Deus. Nesta Trindade... as Pessoas são coeternas e coiguais: todas são igualmente incriadas e onipotentes.‟ - The Catholic Encyclopedia (Enciclopédia Católica). Praticamente todas as outras religiões da cristandade concordam com isso. Por exemplo, a Igreja Ortodoxa Grega também chama a Trindade de „doutrina fundamental do cristianismo‟, chegando a dizer: „Cristãos são aqueles que aceitam a Cristo como Deus.‟ No livro Our Orthodox Christian Faith (A Nossa Ortodoxa Fé Cristã), a mesma igreja declara: „Deus é trino...O Pai é totalmente Deus. O Filho é totalmente Deus. O Espírito Santo é totalmente Deus‟” (25)

“(...) É verdade que muitos trinitaristas – especialmente entre os católicos, mas também entre os protestantes e ortodoxos – declaram taxativamente que a Trindade não pode ser compreendida e que é, nesse sentido, um „mistério‟ (...)" (26)

Não vamos nos prolongar mais na questão sobre o que as religiões concordam

ou não a respeito do Ser do nosso Deus triúno, assunto da doutrina trinitariana. Não vamos

nos ater mais nos ataques mentirosos dos críticos antitrinitários, mas nas declarações

verdadeiras e inerrantes da Bíblia, que originaram a doutrina trinitariana, no intuito de

demonstrar o quanto é urgente e imprescindível reavivarmos este estudo em nossos

círculos de relacionamento eclesiástico e familiar, à vista de tantos de nossos irmãos

cristãos, familiares e amigos de outras religiões tão distantes da grande bênção de conhecer

e aplicar esta doutrina em suas vidas.

Portanto, ao invés de prosseguirmos mostrando as mentiras heréticas, deixemos

a Verdade infalível falar por si própria.

Encerrando este capítulo, podemos asseverar que existem elementos

doutrinários que trazem um certo grau de discussão, devido ao fato de, segundo alguns

segmentos cristãos, não serem tratados de forma exaustiva e conclusiva na Bíblia (p. ex.:

predestinação, escatologia, ordenação de mulheres, guarda do sábado, batismo infantil).

Podemos seguramente admitir que diversas denominações cristãs divergem

doutrinariamente em algumas destas questões. No entanto, a doutrina trinitariana não se

inclui nesta lista de doutrinas, ela é ampla e claramente apresentada nas Escrituras

Sagradas (do início ao fim) e, portanto, para estas igrejas que concordam com ela, a mesma

é fundamental, ela é inegociável.

_____________________________________________________________________________________________________

DESEJO IR PARA: (click no link desejado para se locomover com mais rapidez pelo nosso estudo) SOBRE O AUTOR - ÍNDICE – APRESENTAÇÃO – AGRADECIMENTOS – DEDICATÓRIA - ABREVIATURAS – PREFÁCIO -

Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 – 13 – BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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___________________ NOTAS: Todos os endereços da internet mencionados nos relatos das controvérsias como referências de citações foram acessados em 29/07/2010. Para complementar o nosso estudo, acessem: http://ceticismo.wordpress.com/religiao/santissima-trindade-desmascarada/ http://www.debatesculturais.com.br/?p=4104 http://video.google.com/videoplay?docid=-6101651678678157231# http://www.presbiteros.com.br/index.php/a-santissima-trindade http://www.missaocefas.org/2009/01/santssima-trindade-o-verdadeiro.html http://www.scribd.com/doc/5561470/Santissima-Trindade http://www.paginaoriente.com/anoeclesiastico/trindadesanta.htm . (01) Artigo “Demolindo o Dogma da Santíssima Trindade” de Mike McClellan, que cita obra “Ingersoll‟s Works” (vol. 4, p. 266-67); (fonte: http://fernandosilva.multiply.com/journal/item/11 - http://www.anzwers.org/free/jesuschrist/index.html) (02) “O Anticristo (Ensaio de uma Crítica do Cristianismo)”, no capítulo 18 e 34, respectivamente: CD-ROM: NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. O Anticristo - Ensaio de uma Crítica do Cristianismo. Tradutor: André Díspore Cancian. Fonte: Nietzsche´s Labyrinth (Ateus.net) - Um exagero de cultura . Bandeirantes – Artes Gráficas e Editora Sesil Ltda. sob licença de Magister Tecnologias e Editora Ltda-EPP. (03) (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%ADticas_%C3%A0_doutrina_da_Trindade). (04) (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Usu%C3%A1rio:Jos%C3%A9_Dias/Espiritismo_Esbo%C3%A7o). (05) “Logos Apologética Cristã”, artigo “O espiritismo e a divindade de Cristo” (fonte: http://logoshp.6te.net/espdivc.htm). (06) Comparem com declarações contidas no seguinte endereço: http://blogespiritismo.blogs.sapo.pt/91900.html. (07) (fonte: http://www.adventistas.com/trindade/judeus/maimonides02.htm). (08) (fonte: http://www.adventistas.com/trindade/judeus/maimonides03.htm). (09) (Artigo do Centro Apologético Cristão de Pesquisas, CACP, fonte: http://www.cacp.org.br/isla_trindade.htm). (10) (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%ADticas_%C3%A0_doutrina_da_Trindade#Conceito_isl.C3.A2mico). (11) Rogério Buzzi, do Ministério Quatro Anjos, da Igreja Adventista ; artigo: “Qual é a Vantagem de Desacreditar na Trindade?” (fonte: http://www.adventistas.com/dezembro2002/rbuzzi_texto1.htm) (12)(fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%ADticas_%C3%A0_doutrina_da_Trindade#Conceito_dos_pioneiros_Adventista_do_S.C3.A9timo_Dia). (13) livreto “As Testemunhas de Jeová e a Trindade” (p. 7) (14) livro “Por que devo crer na Trindade” (p. 12) (15) (“Seja Deus verdadeiro”, p. 81 – citado no livro “Seitas e heresias – Um sinal dos tempos”, de Raimundo F. De Oliveira, p. 82). (16) livro “Por que devo crer na Trindade” (p. 12) (17) (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%ADticas_%C3%A0_doutrina_da_Trindade). (18) livreto “Deus ordena entrar na arca” (p. 17) (19) livreto “Atividades Especiais de: Batismo, Santa Ceia e Lavapés” (p. 4) (20) (fonte: http://gideoes-ccb.forumeiros.com/estudos-bblicos-f4/o-dogma-da-trindade-t114.htm) (21) Pastor Ricardo Barbosa de Sousa, da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília, no artigo “A Trindade e a Pessoa” (revista “VINDE”, Ano 3 – No. 31 – Junho/1998); (fonte: http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_ricardo.htm). (22) (Diretor do Ministério Alfa e Ômega e Pastor da Igreja Batista Reformada) no artigo “A Trindade Esquecida: Resgatando o Cerne da Fé Cristã” (fonte: http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_esquecida_white.htm) (23) livro “O ser de Deus e os seus atributos” (p. 106) (24) (edição de agosto de 2003, p. 58). (25) (fonte: http://gideoes-ccb.forumeiros.com/estudos-bblicos-f4/o-dogma-da-trindade-t114.htm). (26) (Robert M. Bowman Jr. em seu livro “Por que devo crer na Trindade”- p. 17).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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A inerrância bíblica confirma e reforça a

doutrina trinitariana

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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3.1 A INFALIBILIDADE BÍBLICA

assaremos, então, à defesa da fé na Trindade e Sua doutrina, a qual se encontra

esposada em toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse. Poderemos observar e

compreender, então, qual é o significado, o que realmente representa a Santíssima

Trindade. Antes, porém, é de suma importância realizarmos uma defesa da perfeição da

Bíblia, pois o conteúdo do nosso estudo daqui por diante será baseado em suas revelações.

E, em seguida, estudaremos os atributos de Deus e as limitações humanas.

A Bíblia é a única regra de fé e prática das igrejas cristãs reformadas e, portanto,

torna-se de suma importância antes que sejam apresentados quaisquer conceitos bíblicos a

respeito da Santíssima Trindade, que se apresente uma defesa da infalibilidade bíblica, ou

seja, a completa ausência de erros e contradições no texto sagrado original. Ademais,

atualmente contamos com milhares de manuscritos do Antigo e do Novo Testamento que,

por sua vez, recebem o apoio da crítica textual, um ramo científico que tem como ferramenta

a papirologia, asseverando que a fidelidade destas cópias aos originais bíblicos, infelizmente

extraviados, aproxima-se muito de 100%, sendo que jamais foi encontrado um erro sequer

no texto original, o que nos permite afirmar seguramente que nenhuma doutrina cristã foi

adulterada através dos séculos.

A Bíblia afirma claramente que é a Palavra inspirada de Deus, e que ela é útil

para o nosso aprendizado e edificação:

“A revelação das tuas palavras esclarece, e dá entendimento aos simples.” (Sl 119:130). “A palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.” (Hb 4:12). “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2Tm 3:16-17). “Pois tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência, e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.” (Rm 15:4). “Nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca, jamais, qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo.” (2Pe 1:20b-21).

Sabemos que Deus é perfeito e verdadeiro, jamais erra, mente ou se arrepende:

“Porventura desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até a perfeição do Todo-Poderoso?” (Jó 11:7). “Também a Glória de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é homem, para que se arrependa.” (1Sm 15:29). “Eu, o SENHOR, falo a verdade, e proclamo o que é direito.” (Is 45:19b). “...o Deus que não pode mentir prometeu, antes dos tempos eternos.” (Tt 1:2). “...é impossível que Deus minta...” (Hb 6:18).

P

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

43

E já que Deus é perfeito e verdadeiro, consequentemente a Sua Palavra também

é perfeita e verdadeira:

“Puríssima é a tua palavra.” (Sl 119:140a). “Todos os teus mandamentos são verdade.” (Sl 119:151a). “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.” (Jo 17:17). “...a Escritura não pode falhar...” (Jo 10:35).

A Palavra do Senhor é eterna, jamais voltará atrás, tudo o que está escrito na

Bíblia será cumprido cabalmente:

“Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra e a fecundem e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca; não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a designei.” (Is 55:10-11). “Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem, nem um i ou til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra.” (Mt 5:18; comparem com Lc 16:17). “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.” (Mt 24:35). “Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente.” (1Pe 1:24-25a).

Inevitavelmente, a Bíblia está isenta de erros, pois Deus jamais comete erros.

Mesmo que os seus escritores tenham sido seres humanos, todos eles falaram da parte de

Deus, movidos pelo Espírito Santo (2Pe 1:21).

A Bíblia apresenta conceitos verdadeiros em matéria de história, geografia,

astronomia e outros ramos da ciência. E se em termos terrenos ela é 100% verdadeira,

seguramente é também 100% verdadeira naquilo que afirma sobre os valores espirituais (Jo

3:8-12), pois é divinamente inspirada (2Pe 1:20-21).

A Bíblia é a autoridade máxima em tudo o que ela registra, sejam conceitos

morais, espirituais, geográficos, históricos e inclusive científicos. Contudo, ela tem a missão

primordial de revelar o plano de Deus para a humanidade e Seu amor por ela,

demonstrados em Jesus (Jo 5:39; cf. Jo 3:16).

Para esta missão, portanto, a Bíblia registra fatos ocorridos desde antes da

criação do mundo até o destino da humanidade na eternidade com ou sem Deus. Mas, nem

sempre registra ensinamentos científicos de forma exaustiva, pois, não é a sua finalidade.

Porém, mesmo não sendo detalhista em determinadas áreas do conhecimento, ela é

sempre verdadeira naquilo que registra.

Devido à sua inspiração divina e consequentemente sua inerrância, podemos

confiar na Bíblia plenamente. Como já vimos, o que Deus diz é verdade (Is 45:19c; Hb

6:18b) e sabemos que contra fatos, contra a verdade, não há argumentos, só podemos nos

posicionar de forma sensata e inteligente a favor da verdade e não contra ela (2Co 13:8).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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3.2 NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A ORIGEM DA BÍBLIA

A Bíblia é o livro mais conhecido e lido no mundo inteiro e é a base de duas das

maiores religiões do planeta: judaísmo (apenas Antigo Testamento) e cristianismo, sendo

que este último adota ambos os Testamentos, mas, se divide em protestantismo

(cristianismo reformado) e catolicismo (com alguns livros a mais em relação ao

protestantismo).

Contudo, apesar da vasta utilização da Bíblia no mundo, será que todos que a

lêem e estudam sabem qual a sua origem? Afinal, quem a escreveu e quando a escreveu?

Qual a sua finalidade? Porque exatos sessenta e seis livros compõem a Bíblia para os

cristãos protestantes e porque outros livros compõem a Bíblia “católica”?

Bem, a palavra “Bíblia” não consta de nenhuma parte das Sagradas Escrituras.

É geralmente aceito que ela foi primeiramente usada por João Crisóstomo, patriarca de

Constantinopla no século IV. Ela se origina do termo grego “biblos”, que significa “um livro”

(cf. Mt 1:1) e é o nome dado à polpa interna da planta do papiro na qual se escreviam os

livros sagrados. Na sua forma diminutiva é “biblion”, ou seja “pequeno livro” (cf. Lc 4:17).

A Bíblia originalmente foi escrita em três idiomas: o hebraico é o mais antigo dos

três, sendo a língua da maior parte do Antigo Testamento. Ele é escrito da direita para a

esquerda, sem letras maiúsculas ou minúsculas. O hebraico bíblico se compunha

inteiramente de consoantes e a escrita aparecia em uma linha contínua, com pouquíssima

separação entre as palavras, as vogais foram acrescentadas séculos mais tarde.

A segunda língua da Bíblia é o aramaico, um descendente do hebraico. Era a

linguagem comum dos judeus nos anos posteriores à era do Antigo Testamento, usada

também durante todo o período do Novo Testamento. Encontramos o aramaico em poucas

passagens do Antigo Testamento (Ed 4:8; 6:18; 7:12-26; Dn 2:4; 7:28). E, embora

conhecessem e usassem o hebraico, o aramaico foi a língua falada geralmente por Jesus e

Seus discípulos. Diversos termos aramaicos podem ser encontrados em todo o Novo

Testamento (por exemplo, “Aba” para Pai em Mc 14:36).

O terceiro idioma bíblico é o grego. Nos dias de Jesus, o grego era a linguagem

escrita universal do império romano e o Novo Testamento foi escrito nesse idioma. Todavia,

o grego do N.T. é o “koinê” (significando “comum”) e não o grego clássico, demostrando que

a Bíblia se destinava a todos e não apenas aos eruditos.

No mundo antigo a escrita era um processo caro e trabalhoso, os livros tinham

de ser escritos e copiados à mão (o primeiro livro impresso não foi completado até cerca de

1455 A.D.). Os sistemas postais do império romano ficavam geralmente restritos ao uso do

governo, de modo que os autores bíblicos tiveram de arranjar viajantes especiais ou

mensageiros para transportar os seus escritos.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

45

O “papel” dos tempos bíblicos era o papiro, uma planta esguia que crescia às

margens do rio Nilo (a palavra “papel” vem de “papiro”). As “canetas” eram pincéis feitos de

junco; a “tinta” era geralmente um tipo de cola de carbono líquido. O papiro era comum e

barato, mas frágil e de fácil deterioração.

Um material mais durável e dispendioso era o pergaminho, feito de peles de

animais (ovelhas ou cabras) e que foi aperfeiçoado cerca de 200 a.C. e os ricos o

utilizavam. Tanto o papiro como o pergaminho eram enrolados em varas de madeira,

formando rolos. Em cerca de 100 A.D. as pessoas começaram a cortar os rolos em tiras e

costurá-los, o que veio a ser chamado de “códice”, o ancestral do nosso livro.

A palavra “testamento”, para designar as duas divisões da Bíblia, provém do

termo latim “testamentum” que se deriva do vocábulo grego “diathéke”, que, na maioria de

suas ocorrências na Bíblia grega, significa “concerto” em vez de testamento (Êx 24:7-8; Hb

8:13; 1Co 11:25). Os termos “Antigo Testamento” e “Novo Testamento”, entraram no uso

geral entre os cristãos na última parte do século II.

Os 66 livros da Bíblia adotada pelo cristianismo reformado foram escritos em um

período que compreende 16 séculos. Seus autores, cerca de 40, eram de várias profissões

e atividades. Eles viveram e escreveram a Bíblia em países, regiões e continentes distantes

uns dos outros, em épocas e condições diversas. Entretanto, seus escritos formam uma

harmonia perfeita.

A Bíblia em sua forma original é desprovida das divisões de capítulos e

versículos. Para facilitar sua leitura e localização de “citações”, em 1227 ela foi dividida em

capítulos. Em 1551, outra decisão foi tomada: criar subdivisões. E, assim, os textos foram

agrupados em versículos.

3.3 A FORMAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO

Mas, como a estrutura que conhecemos hoje de 66 livros se formou e por que

está “limitada” a estes livros? A questão de quais livros pertencem à Bíblia é chamada

questão canônica. A palavra “cânon” deriva de um termo hebraico que significa “junco” ou

“vara de medir”. A palavra veio eventualmente a significar “catálogo” ou “lista de livros”.

Cânon, portanto, é a coleção de livros que passaram pelos testes de autenticidade e

autoridade realizados pela Igreja. E como se deu este processo?

1º) Havia o teste de autoridade do escritor. No caso do Antigo Testamento, isto

significa a autoridade do legislador, do profeta ou líder em Israel. Em relação ao Novo

Testamento, o livro deveria ter sido escrito ou influenciado por um apóstolo. Pedro, por

exemplo, apoiou a Marcos (escritor de um dos evangelhos) e Paulo apoiou Lucas

(historiador e escritor de um dos evangelhos e do livro de “Atos dos Apóstolos”);

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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2º) Os próprios livros deveriam dar alguma prova intrínseca de seu caráter

peculiar, inspirado e autorizado por Deus. Seu conteúdo deveria demonstrar ao leitor algo

diferente de qualquer outro livro por comunicar a revelação de Deus; e

3º) O veredicto das igrejas quanto à natureza canônica dos livros era importante.

Na verdade, houve uma surpreendente unanimidade entre as primeiras igrejas quanto ao

cânon.

Em relação especificamente ao AT a revelação escrita foi dada por Deus e

colecionada pelos judeus em três estágios: A “LEI” em primeiro lugar, os regulamentos

religiosos da comunidade judaica. A seção recebeu o nome de “Torá” (instrução), chamada

também de Pentateuco (cinco livros: de Gênesis a Deuteronômio).

A seguir vieram os “PROFETAS”, chamados de “Nebiim”, divididos em Profetas

anteriores: Josué, Juízes, 1º e 2º Samuel e 1º e 2º Reis e Profetas posteriores: Isaías,

Jeremias, Ezequiel e os conhecidos profetas menores (de Oséias a Malaquias).

Por último temos os “ESCRITOS”, ou “Ketubim” que são: Salmos, Provérbios,

Jó, Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias

e 1º e 2º Crônicas.

Temos assim a primeira divisão da Bíblia hebraica: A lei, os profetas e os

escritos. Este arranjo era comum nos dias de Jesus (Lc 24:44).

O processo de canonização dos livros levou algum tempo. Alguns afirmam que

todos os livros do Antigo Testamento já haviam sido colecionados e reconhecidos por

Esdras, no quinto século a.C. (Ed 7:14), todavia eles não foram formalmente listados e

arranjados até cerca de 90 A.D..

Esta lista final, portanto, teve duas razões para ser criada:

Primeira: Jerusalém havia sido destruída pelos romanos em 70 A.D. e os judeus

compreenderam que precisavam preservar suas Escrituras de uma nova catástrofe; e

Segunda: Os escritos cristãos que formam o nosso Novo Testamento estavam

se tornando populares. Os judeus queriam finalizar as suas Escrituras, a fim de evitar a

influência cristã.

Segundo a tradição judia, dois concílios de rabinos e estudiosos foram

realizados para cumprir a tarefa. Eles se reuniram em 90 e 118 A.D. em Jamnia (ou Jabne)

na costa do Mediterrâneo. Os livros da Bíblia hebraica foram então discutidos e foi

preparada uma lista adequada.

Acredita-se que o próprio Senhor Jesus delimitou os livros canônicos do Antigo

Testamento (cf. Lc 11:48-51). O relato da morte de Abel está, evidentemente, em Gênesis,

o de Zacarias (não se trata do conhecido profeta) se acha em 2º Crônicas 24:20-22, que é o

último livro na disposição da Bíblia hebraica (no lugar de Malaquias), como vimos

anteriormente.

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Page 47: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

47

Para nós, ao defrontarmos com esta passagem do evangelho de Lucas, é como

se Jesus tivesse tido: “Sua culpa está registrada nas Escrituras – de Gênesis a Malaquias”.

Jesus não incluiu qualquer dos livros apócrifos que já existiam em Seu tempo e

que continham relatos das mortes de outros mártires israelitas, devido às inúmeras heresias,

lendas e mandamentos contrários a Palavra de Deus encontradas nestes livros. A igreja

protestante jamais admitiu tais livros no cânon e temos inúmeras citações do Antigo

Testamento no Novo Testamento e absolutamente nenhuma menciona os livros apócrifos.

3.4 A FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO

Em meados do segundo século a Igreja tinha um conjunto de escritos dos

apóstolos de Cristo além da Bíblia em hebraico. Como este novo conjunto de livros veio a

existir? Por que a Igreja necessitou do Novo Testamento? Os principais motivos foram:

Primeiro: A Igreja precisava de relatos das testemunhas oculares de Cristo, de

suas experiências e de sua fé, pois estavam desaparecendo de cena. Todos os apóstolos,

menos João, morreram antes de 70 A.D.. Sendo assim, Marcos registrou o material que

ouvira de Pedro usar em suas pregações, e Lucas compilou a vida e o material das

pregações de Paulo. Mateus escreveu seu próprio evangelho e João fez o mesmo,

provavelmente percebendo que sua morte era iminente;

Segundo: O mundo precisava da história de Jesus e suas mensagens e os

primeiros cristãos precisavam da palavra escrita sobre o evangelho para melhor alcançar o

mundo, pois o evangelho encontrou no império romano uma forte cultura literária;

Terceiro: Os discípulos precisavam de treinamento e a escrita era vital para o

discipulado e a multiplicação de cristãos, pois os missionários após o treinamento se

moviam para outros campos;

Quarto: A fé precisava ser propagada: Muitos dos primeiros cristãos

acreditavam que Cristo voltaria enquanto estivessem vivos, mas, com o passar do tempo,

perceberam que o seu trabalho era para longo prazo e tinham de transmitir sua fé às futuras

gerações;

Quinto: A igreja precisava de padrões doutrinários, pois conforme envelhecia e

se expandia, encontrava diferentes formas de crer e pensar e era necessário discernir a

crença correta das erradas e defender a fé evangélica;

Sexto: Os cristãos precisavam de diretrizes práticas para suas igrejas e suas

vidas;

Sétimo: A Nova Aliança exigia o Novo Testamento, pois a Antiga Aliança (Antigo

Testamento) era o contrato de Deus com a humanidade baseado no sacrifício de animais,

sistema sacrificial que foi cumprido com a morte e ressurreição de Jesus.

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Page 48: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Os primeiros livros do NT a serem colecionados e usados em larga escala foram

as cartas de Paulo (cerca de 100 A.D.) e a seguir vieram os evangelhos. O livro de Atos

sempre foi reconhecido como uma sequência do evangelho de Lucas e por questão de

ordem foi colocado após os evangelhos.

O restante do NT foi escolhido através de diferentes processos: 1º Pedro e 1º

João raramente foram questionados. Hebreus foi aceito depois de associado com Paulo

(apesar de jamais ter sido comprovada a autoria deste livro). Quando a autoria de 2º Pedro,

2º e 3º João, Tiago, Judas e Apocalipse foi estabelecida, esses livros foram também

incluídos na lista.

Após algumas listagens diferentes do mesmo cânon, a que obteve finalmente

aprovação em toda a igreja foi estabelecido por Atanásio, bispo de Alexandria, em 367 A.D.

Sendo aprovada pelos concílios da igreja reunidos em Hippo Regius em 393 A.D. e Cartago

em 397 A.D. e permanece sendo o cânon do nosso Novo Testamento.

Alguns livros, entretanto, já haviam sido reconhecidos como canônicos muito

antes disso, nas próprias páginas da Escritura: O apóstolo Paulo usou a palavra “Escritura”

para livros pertencentes tanto ao Antigo como ao Novo Testamento, confirmando a

autoridade de ambos (cf. 1Tm 5:18). A primeira referência de Paulo é extraída de

Deuteronômio 25:4 e a segunda, das palavras de Jesus no evangelho de Lucas 10:7. Paulo

considerava ambos os testamentos como “Escritura” divina. O apóstolo Pedro fez também

uso da palavra “Escritura” ao se referir às epístolas de Paulo, confirmando autoridade a elas

e colocando-as em pé de igualdade com o Antigo Testamento (2Pe 3:15-16).

3.5 EVIDÊNCIAS TEXTUAIS DA BÍBLIA

Buscando identificar qual o nível de credibilidade entre as cópias das Escrituras

que temos, traduzidas diretamente de manuscritos, ou seja, cópias feitas à mão, e o texto

original, podemos afirmar que a Bíblia é o documento antigo que foi mais copiado e

divulgado. Sabemos da existência de mais de 5.300 manuscritos gregos do NT. Além dos

mais de 10.000 manuscritos da Vulgata Latina (Bíblia em latim), e cerca de 9.300

manuscritos de outras antigas versões (egípcia, armênia, árabe, gótica, eslavônica, etc.),

perfazendo um total de mais de 24.000 cópias de porções do NT.

Quanto maior for o número de cópias em harmonia, principalmente se forem

oriundas de regiões diferentes, maior será a chance de analisá-las, permitindo, assim

imaginarmos como seriam os documentos originais. Nenhum outro documento antigo

consegue se aproximar desses números. Ou seja, se desconfiarmos da Bíblia, teremos que

por em descrético também toda a literatura antiga.

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Page 49: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

49

Segundo Sir Frederic G. Kenyon, ex-diretor e bibliotecário-chefe do Museu

Britânico (uma das maiores autoridades em manuscritos), em nenhum outro caso da

literatura antiga o intervalo de tempo entre a escrita do texto original e a data dos

manuscritos mais antigos é tão pequeno como no caso do NT. Se compararmos o NT, por

exemplo, com as sete peças remanescentes de Sófocles, por exemplo, o manuscrito mais

antigo e importante foi copiado mais de 1.400 anos depois de sua morte. No caso do NT as

cópias mais antigas datam de 250 a 300 anos após a data da sua autoria, ou seja, segunda

metade do primeiro século.

Dois dos mais importantes manuscritos do NT foram escritos em um período não

superior a 300 anos após sua finalização e manuscritos praticamente integrais de alguns

livros do NT, bem como alguns incompletos, mas longos, de suas partes foram copiados em

datas tão anteriores quanto um século após serem escritos originalmente. Por exemplo, o

manuscrito de John Rylands (130 A.D.), o Papiro Bodmer II (150-200 A.D.), os Papiros

Chester Beatty (200 A.D.), o Códice Vaticano (325-350 A.D.) e o Códice Sinaítico (350

A.D.).

Em seguida ao NT, existem mais manuscritos sobreviventes da “Ilíada”, de

Homero (643) do que de qualquer outro livro (porém o texto mais antigo e completo data do

século XIII d.C). Tanto a Ilíada como a Bíblia foram consideradas “sagradas”, ambas

sofreram mudanças textuais e os seus manuscritos gregos foram alvo de crítica textual. O

NT possui aproximadamente 20.000 linhas, já a Ilíada aproximadamente 15.600 linhas.

Existem dúvidas sobre apenas 40 linhas ou 400 palavras do NT, mas, na Ilíada, são

questionadas 764 linhas. Estes 5% de corrupção textual da Ilíada espelham um contraste

com o 0,5% de alterações do NT, porcentagem que enseja uma variação textual tão ínfima

que sua aceitação ou rejeição não provocaria nenhuma alteração no corpo doutrinário

cristão. Ademais, certamente a doutrina ou relato apresentado nestas pouquíssimas

palavras duvidosas são abundantemente confirmados por outras passagens das Escrituras.

As TRADUÇÕES ANTIGAS constituem um outro forte apoio em favor do

testemunho e exatidão dos textos bíblicos disponíveis. Raramente a literatura antiga era

traduzida para outro idioma, mas, os missionários cristãos necessitavam da Bíblia traduzida

para levar o evangelho a povos de outros idiomas. As versões do NT em siríaco e latim

foram feitas em cerca de 150 A.D., o que nos deixa bem próximos da composição original.

Sem falar as milhares de citações (mais de 36.000) dos chamados “PAIS DA

IGREJA” (Séculos II e III d.C.) com relação ao NT, entre eles Clemente de Roma (95 A.D.),

Inácio (70-110 A.D.), Policarpo (70-156 A.D.), Irineu (170 A.D.), Clemente de Alexandria

(150-212 A.D.), Tertuliano (160-220 A.D.), Justino Mártir (133 A.D.), Orígenes (185 254

A.D.). Suas citações poderiam recompor praticamente todo o NT sem recorrer aos

manuscritos.

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Page 50: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

50

Irineu, bispo de Lion, que foi aluno de Policardo, que por sua vez, foi discípulo do

apóstolo João, afirmou que é tão firme a base sobre a qual os evangelhos foram escritos

que as pessoas que eram contra os ensinamentos bíblicos também confirmavam a sua

veracidade e os tomavam por base para estabelecer suas próprias doutrinas.

Com relação ao texto do AT temos principalmente as descobertas

importantíssimas dos manuscritos de uma biblioteca de uma sinagoga no Cairo (Egito) em

1890, com cerca de 10.000 manuscritos bíblicos e a descoberta dos “ROLOS DO MAR

MORTO”, em 1947, contendo manuscritos datados pelos estudiosos como sendo entre os

séculos III e I a.C., com cerca de 40.000 fragmentos, permitindo a reconstituição de 500

livros (cristãos ou não). Outros manuscritos do AT, entre outros, são o Códice do Cairo (895

A.D.), o Códice dos Profetas de Leningrado (916 A.D.), o Códice Babilônico Petropalitano

(1008 A.D.) e o Códice do Museu Britânico (950 A.D.).

Precisamos salientar o impressionante cuidado que os copistas possuíam ao

transcrever os seus manuscritos, como os TALMUDISTAS (100-500 A.D.) que possuíam

exigências rigorosas e minuciosas para transcrever os rolos das sinagogas e os

MASSORETAS (500-900 A.D.), que tratavam o texto sagrado com uma reverência

inimaginável, que produziram o conhecido texto massorético (o texto hebraico padrão hoje),

introduzindo a pontuação vocálica (vogais, que não existiam no hebraico original), para

garantir a pronúncia correta. Um rolo do livro de ISAÍAS datado de 125 A.D., por exemplo,

encontrado nas cavernas de Qumran (Rolos do Mar Morto) é praticamente idêntico ao texto

massorético de Isaías, datado de 916 A.D.

A SEPTUAGINTA (Séc. III a.C.), tradução do AT para o grego, também dá

grande suporte para a credibilidade do texto do AT, por apresentar um texto praticamente

idêntico ao texto massorético (916 A.D.), que foi, assim, preservado por 1.300 anos.

3.6 EVIDÊNCIAS HISTÓRICAS DA BÍBLIA

Em Daniel 5 é mencionado que o rei da Babilônia, em 539 a.C., era BELSAZAR,

personagem que foi confirmado apenas quando W. H. F. Talbot publicou em 1861 a

tradução de uma oração oferecida pelo rei Nabonidus, na qual ele pede aos deuses que

abençoem seu filho Belsazar.

Em 1845, o arqueólogo Henry Layard encontrou na antiga Nínive, o chamado

“Obelisco Negro de Salmaneser III” (vejam a foto 01 nos anexos), um dos mais antigos

artefatos com referência a um personagem bíblico: o rei hebreu JEÚ (Séc. IX a.C.). O

obelisco negro possui caracteres cuneiformes e contém as leis detalhadas de Hamurabi, um

texto pré-mosaico, três séculos mais antigos que os escritos de Moisés, que era tido como

um homem primitivo e que não dispunha de um alfabeto.

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Page 51: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Fato semelhante ocorre com o “Prisma de Taylor” (vejam a foto 02 nos anexos),

um prisma hexagonal de argila queimada que refere-se à batalha entre Senaqueribe e o rei

hebreu Ezequias (Séc. VII a.C.). Vejam 2º Reis 19, 2º Crônicas 32 e Isaías 37:38.

Antigamente era postulado que não existiam heteus na época de Abraão, mas

graças a descobertas arqueológicas, existem centenas de referências cobrindo mais de

1.200 anos dos heteus.

Nelson Glueck, um dos três maiores arqueólogos do mundo chegou a afirmar

que jamais em suas investigações arqueológicas encontrou um único objeto antigo que

entrasse em contradição com a Bíblia.

O renomado arqueólogo, professor Albright asseverou que a chamada “Tabela

das Nações” de Gênesis 10 é surpreendentemente exata, única na literatura antiga, e,

apesar da complexidade, demonstra uma compreensão “moderna” da situação étinica e

linguística do mundo moderno. JACÓ aparece em conexão com o nome de um chefe hykso

(Ya„qub-el), num texto do século XIII a.C. encontrado em Chagar-Bazar, na Alta

Mesopotâmia. Já ABRAÃO surge entre os mais de 15 mil tabletes (vejam as fotos 03, 04 e

05 nos anexos) encontrados nas ruínas da antiga cidade de Ebla (Síria). A grafia “Aba-am-

ra-am” é muito próxima do hebraico „avraham. Os tabletes encontrados ali por Paolo

Mathiae e G. Petinatto são datados seguramente entre 2500 e 2000 a.C. O nome de alguns

dos filhos de Jacó, como por exemplo, Benjamin, possui correspondente acadiano (binu-

yamin, povos do sul) e é também atestado no início do II milênio a.C. Já Aser e Issacar são

encontrados numa lista egípcia do XVIII século a.C.

A descoberta dos tabletes de Ebla auxiliou na confirmação histórica não só de

Abraão, mas das cidades de SODOMA, GOMORRA, ADMÁ, ZEBOIM E ZOAR (Gênesis

14), eles se referem a todas elas, sendo que um deles relaciona as cidades na mesma

sequência do registro bíblico. O relato da confusão da linguagem falada na TORRE DE

BABEL (Gênesis 11) também é confirmado pelos estudiosos do assunto, que atestam a

probabilidade de ser realmente o início da divisão dos idiomas atuais.

Durante as escavações de JERICÓ (1930-1936; vejam a foto 06 nos anexos), o

arqueólogo Garstang e sua equipe descobriram que o muro daquela cidade havia sido

construído para cair para fora, o que realmente ocorreu conforme o texto de Josué 6:20, ao

contrário dos muros de outras cidades antigas que caíram para dentro.

A arqueologia também comprovou significativamente o texto que temos hoje

(massorético) também no caso da descoberta do Selo de Jeremias, um sinete empregado

para imprimir selos de betume em jarras de vinho, datado do 1º ou 2º séc. A.D., que contém

o texto de Jeremias 48:11 em relevo, praticamente idêntico ao texto massorético. Sem falar

do Papiro Roberts (Séc. II a.C.) e o Papiro Nash (antes de 100 a.C.) que também confirmam

o texto massorético.

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Page 52: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Sir William Ramsey, considerado um dos maiores arqueólogos que já existiram

foi forçado diante das evidências que encontrou em suas pesquisas arqueológicas a

concordar com o relato de LUCAS no livro de ATOS DOS APÓSTOLOS, chegando a afirmar

que este livro bíblico é “autoridade sobre a Ásia Menor em questões de topografia, e de

usos e costumes da antiguidade”, e mais: “a narrativa revelava ser maravilhosamente

verdadeira” e “pouco a pouco vim a descobrir nesse livro um útil aliado na investigação de

alguns pontos obscuros e difíceis”.

Relatos do evangelho de Lucas também são confirmados, como no caso do

censo (Lc 2:1-3). Descobertas revelaram que os romanos realizavam censos a cada 14

anos, sendo que o relato provavelmente é do ano 9 ou 8 a.C. Há realmente indícios de que

Quirino foi governador da Judéia em 7 e 6 a.C. (data confirmada por Flávio Josefo, famoso

historiador judeu). Também um papiro da mesma época encontrado no Egito oferece

orientações quanto àquele censo. Outras informações de Lucas confirmadas pela

arqueologia foram a localização de Derbe e Listra (At 14:6) em 1910, entre outras cidades,

as pessoas de Lisânias (Lc 3:1), Públio (At 28:7) e a assembleia de Atos 19:23. A vida e as

palavras do apóstolo PAULO também foram confirmadas, como a menção a Erasto (Rm

16:23) em 1929 durante escavações de Corinto, quando também encontrou-se evidências

da “sinagoga dos hebreus” onde Paulo pregou (At 18:4-7) e do “mercado da carne” (1Co

10:25). O pátio onde JESUS foi julgado por Pilatos, chamado o Pavimento (Jo 19:13), foi

descoberto apenas recentemente, pois, o local ficou soterrado quando da reconstrução de

Jerusalém na época do Imperador Adriano. O poço (tanque) de Betesda (Jo 5:2) localiza-se

na zona nordeste da cidade velha (em Jerusalém) e foi descoberto em 1888.

Outras importantes descobertas foram a pintura de Beni Hasan, revelando como

era a cultura patriarcal 19 séculos antes de Cristo, a estrela de basalto de Dã, descoberta

em 1993, que provou, sem sombra de dúvidas, a existência do rei DAVI, o tablete 11 do

épico de Gilgamés, descoberto em 1872, por George Smith, que provou a antiguidade do

relato do DILÚVIO, o tanque de Gibeão (2Sm 2:13; Jr 41:12), descoberto em 1833, por

Edward Robinson, o selo de Baruque, descoberto em 1975, provando a existência do

secretário e confidente do profeta Jeremias e o palácio de Sargão II, rei da Assíria (Is 20:1),

descoberto em 1843, por Paul Emile Botta, entre tantas outras.

3.7 EVIDÊNCIAS PROFÉTICAS DA BÍBLIA

As profecias bíblicas vêm se cumprindo através da história humana. Elas

começaram já com Adão e Eva, com a promessa de que um descendente de Abraão

acabaria com a maldição provocada pela desobediência deles (Gn 3:15-16), o que se

cumpriu através de Jesus Cristo (Gl 3:16; 4:4; Mt 1:20).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Todas as profecias do AT sobre Jesus se cumpriram: Por exemplo: Ele nasceria

em Belém (Mq 5:2; Mt 2:4-8; Lc 2:4-7; Jo 7:42). Ele nasceria de uma virgem (Is 7:14; Mt

1:18,24,25; Lc 1:26-35). Ele era o Filho de Deus (Sl 2:7; Mt 3:17). Ele seria da Tribo de Judá

(Gn 49:10; Mq 5:2; Mt 1:2; Lc 3:23,33; Hb 7:14). (Para maiores detalhes, vejam Mt 2:4-6; At

3:18; 10:43; 13:29; 17:2-3; Rm 1:2; 1Co 15:3-4; 1Pe 2:5-6).

Agora, em relação à profecia contra a cidade de TIRO (vejam a foto 07 nos

anexos), por exemplo, encontrada no livro de Ezequiel (592-570 a.C.), as suas predições

foram cabalmente cumpridas. Nabucodonosor sitiou Tiro três anos depois da profecia e

depois de treze anos, reconheceu ali a soberania babilônica. Tiro, com o resto da Fenícia,

passou a fazer parte do império Persa. Mas, Nabucodonosor encontrou a cidade

praticamente deserta, a maioria dos habitantes tinha se mudado para uma ilha e construído

uma cidade. A Tiro do continente foi destruída em 573 a.C. conforme Ezequiel 26:8,

“Nabucodonosor destruirá a cidade de Tiro localizada no continente”.

Na batalha travada entre Alexandre, o Grande e os Persas, Alexandre demoliu a

Tiro continental e com o entulho construiu uma passagem entre as duas Tiro (332 a.C.),

conforme Ezequiel 26:12, “lançarão o entulho na água”. Tiro nunca se recuperou

completamente, a maior parte onde estava a cidade continental atualmente é um local plano

como o alto de uma penha, conforme Ezequiel 26:4, “será feita uma penha descalvada;

plana como o topo de uma penha” e um local onde os pescadores remanescentes espalham

suas redes para secarem, conforme Ezequiel 26:5, “pescadores espalharão suas redes no

local”. Tiro permaneceu em ruínas, jamais foi reconstruída, conforme Ezequiel 26:14,

“jamais será reconstruída”. Até nos dias de hoje a grande e formosa Tiro permanece apenas

como um pequeno vilarejo e um porto de pescadores ao sul de onde era a antiga Tiro.

No livro “A Ciência Fala”, o matemático e cientista Peter Stomer demonstra

matematicamente a probabilidade de cumprimento da profecia contra Tiro, entre outras

cidades, de 1 em 7,5 X 10 , ou seja, um número muito difícil de expressar, uma

probabilidade tão minúscula que pode ser considerada inexistente. Sobre as profecias do

Antigo Testamento referentes a Jesus Cristo (mais de 300!), Stoner afirmou que a

probabilidade de apenas 8 dessas profecias terem sido cumpridas por acaso é 1 em 10

elevada à décima sétima potência , isto é, 1 em 100.000.000.000.000.000 (!!).

Para se ter uma ideia, suponhamos que tomemos esta quantidade em moedas

de dólar e cubramos todo o Estado norte-americano do Texas (o maior, com 684.000 Km²),

o que cobriria este Estado com altura de 60 centímetros. Então marcaríamos apenas uma

destas moedas e misturaríamos todas as moedas e pediríamos para alguém encontrar a

moeda marcada. Quais as chances desta moeda ser encontrada? É justamente esta mesma

probabilidade absurda e inimaginável que possuem as profecias sobre Jesus de terem

ocorrido por acaso, em uma pessoa qualquer. (01)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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3.8 A BÍBLIA E A CIÊNCIA

Inúmeros cientistas renomados se renderam às maravilhosas declarações da

Bíblia e creram em Deus, como Samuel Morse (Telégrafo e Código Morse), James Joule

(relação entre calor e movimento mecânico), Louis Pasteur (vacinas, imunização e

pasteurização), os irmãos Wright (avião motorizado) e Mendel (genética).

É importante ressaltar que Deus nunca proibiu nos aperfeiçoarmos no

conhecimento. Ele não é contra fazermos cursos de aperfeiçoamento, faculdade, mestrado,

doutorado, etc.. Ele nos dotou de inteligência e criatividade justamente para crescermos em

sabedoria e conhecimento. Mas, infelizmente muitas pessoas quando avançam no

conhecimento, se auto-engrandecem e acreditam que sabem tudo sobre a vida. Esta

atitude, sim, é condenada por Deus (Tg 4:6).

A ciência cada dia mais vem confirmando a autoridade das Sagradas Escrituras.

Na verdade existe uma compatibilidade inquestionável entre a verdadeira ciência e a

interpretação correta da bíblia. Muitas verdades atualmente comprovadas pelos cientistas

foram anunciadas pela Bíblia muito tempo antes que eles ao menos as cogitassem como

teorias. Entre centenas de exemplos, temos o conceito de que Deus “suspende a Terra

sobre o nada” (Jó 26:7), que a Terra é esférica (Is 40:22; cf. Lv 17:31-34), que o número de

estrelas existentes no universo é incalculável (Jr 33:22). A Bíblia ensina até mesmo que as

estrelas possuem vários tipos de grandeza, conhecidas pela ciência como anãs brancas,

gigantes vermelhas, etc. (1Co 15:41). A hematologia confirma que “a vida da carne está no

sangue” (Lv 17:11). Uma análise da composição dos principais elementos do corpo humano

mostra que estes elementos estão contidos em amostras do pó da superfície terrestre (ex:

cálcio, potássio, oxigênio, fósforo, carbono, magnésio, etc.), conforme a Bíblia já havia

indicado em Gn 2:7 e Ec 12:7.

Como já afirmamos anteriormente, a Bíblia nem sempre registra ensinamentos

científicos de forma exaustiva, pois, não é a sua finalidade. Porém, mesmo não sendo

detalhista em determinadas áreas, ela é sempre verdadeira naquilo que registra. Devido à

sua inspiração divina e consequentemente sua inerrância, podemos confiar nela

plenamente, pois, a Palavra de Deus não falha (Jo 10:35b), ela é a verdade (Jo 17:17). O

que Deus diz é verdade (Is 45:19c; Hb 6:18b) e contra fatos não há argumentos, como a

própria Bíblia já havia expressado (2Co 13:8).

Se a existência e a obra do Deus triúno, como Pai, Filho e Espírito Santo é

eterna e é a Verdade sobre a criação da humanidade e tudo o que o Deus Espírito Santo

inspirou na Bíblia é a Verdade, então, qualquer dogma filosófico, religioso e, inclusive

científico, que contrariar as verdades bíblicas deve ser refutado.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Existe, infelizmente, uma incompatibilidade entre o que muitos cientistas afirmam

e a verdade dos textos bíblicos. A ciência jamais conseguiu refutar a existência de Deus e

jamais conseguirá. Mas, muitos cientistas (a grande partes deles), na contra-mão desta

tendência, insistem em não reconhecer a Divindade, orgulhosos do cabedal de

conhecimento que adquiriram. E nisto há uma certa parcela de ironia, pois, é justamente

para este Deus negligenciado por eles, que terão de prestar contas. De fato, “o saber

ensoberbece...” (1Co 8:1b).

Nunca houve tantas pessoas enganadas por não acreditarem no que a Bíblia

afirma. Elas têm se deixado persuadir por doutrinas humanas e estão sendo usadas pelo

diabo para desacreditar a Palavra de Deus com suas mentiras. Assim, também, os cristãos

menos amadurecidos passam anos em dúvidas a respeito de sua fé e incapacitados de

testemunhar.

“Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2Tm 4:3-4).

Uma destas doutrinas humanas é a teoria da evolução. Desde o ensino infantil

até as salas universitárias, ela tem sido amplamente divulgada como sendo fato

cientificamente comprovado, o que é mentira. E o pior: quem acredita nas histórias bíblicas

acaba por sofrer algum tipo de censura ou perseguição. A discussão existente entre

“criação” e “evolução” afeta cada um de nós, pois, trata de nossas origens.

A pergunta que se faz nesta discussão é: Somos seres criados por um ser

superior, infinito e amoroso, Deus, ou somos vestígios de uma gigantesca explosão

inicial que evoluíram espontaneamente?

A Teoria Geral da Evolução Orgânica, proposta por Charles Darwin afirma que

todos os seres viventes se originaram devido a um processo evolucionário de uma única

fonte, que por sua vez, surgiu semelhantemente e espontaneamente de um mundo sem

vida. De um outro lado, porém, temos o conhecido relato bíblico quando Deus criou a partir

do nada o universo, todos os minerais, todas as espécies básicas de animais e vegetais e

inclusive o homem e a mulher. Mas, não há uma única maneira de conciliar ambas as

explicações em uma única doutrina. Na evolução não há espaço para um Deus Pai que se

interessa por Sua criação e enviou Seu Filho para sofrer e morrer por nós e nos salvar da

morte. Na criação também não há lugar para as teorias evolucionárias. Se rejeitássemos

qualquer parte do relato de Gênesis, deveríamos rejeitar toda a Bíblia. Pode até parecer

uma conclusão exagerada, mas ela está correta. A Bíblia é um todo uniformemente

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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inspirado (2Pe 1:20-21). Ora, sabemos que Gênesis foi escrito por Moisés e o próprio

Senhor Jesus confirmou a autenticidade dos seus escritos (Jo 5:46-47).

Podemos apresentar algumas questões aos evolucionistas, para as quais

certamente eles terão muita dificuldade em responder:

1ª) Quando a grande explosão inicial supostamente deu origem ao universo, o

que foi que explodiu?

2ª) De onde viria a primeira partícula de matéria, senão de Deus?

3ª) De onde viria a energia que causou a explosão?

4ª) O que evoluiu primeiro: as plantas ou os insetos que as polinizam?

5ª) De que forma a vida aprendeu a se auto-reproduzir, ou, ao menos, saber que

havia esta necessidade? Ou, com quem cruzou a primeira célula capaz de se reproduzir?

Pensemos nisso: existe uma compatibilidade inquestionável entre a

verdadeira ciência e a interpretação correta da Bíblia.

A verdade é que a teoria da evolução contraria diversas bases da ciência. Entre

elas temos a Lei da Biogênese, criada por Louis Pasteur que afirma que "A vida só pode vir

de vida”.

A ciência tenta encontrar o famoso elo perdido, ou seja, alguma ossada que

prove que os seres humanos são descendentes dos macacos, mas, sempre falhará nesta

busca. O “homem de Cro-Magnon” não era um homem-macaco, mas apenas um homem, o

“Ramapitecos” era apenas um orangotango. O “homem de Piltdown” era apenas uma

mandíbula de macaco encaixada em um crânio humano. O “homem de Neanderthal” era

apenas um homem. O destino das “evidências” atuais que causam alvoroço nos meios

científico e eclesiástico aparentemente contradizendo a Bíblia certamente é o mesmo:

serem desmascaradas. Os cientistas envolvidos nesta busca deveriam aprender com a

Bíblia que afirma:

“Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” (Pv 30:5-6).

3.9 O VERDADEIRO CRISTÃO E A INFALIBILIDADE BÍBLICA

3.9.1 QUEM SÃO OS VERDADEIROS CRISTÃOS

Primeiramente devemos questionar: Quem são os verdadeiros cristãos? Bem,

longe de desejarmos indicar que denominação evangélica pode ser verdadeiramente

chamada de “cristã” e sem o desejo de criticar seja qual for a religião, o nosso real desejo é

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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o de expor ensinamentos bíblicos que certamente nos traçam um caminho seguro para

elucidarmos esta questão: Quem pode dizer que é um verdadeiro cristão?

A expressão “cristão” deriva obviamente de “Cristo”, que vem da palavra grega

(língua original do NT) para “Mashiah” (Messias em hebraico, língua original da maioria do

Antigo Testamento), que quer dizer “ungido”. A primeira vez que os discípulos de Cristo

foram denominados cristãos está registrada no livro de Atos, logo no início da Igreja: “...em

Antioquia foram os discípulos pela primeira vez chamados cristãos” (At 11:26b; comparem

os outros dois usos da expressão “cristão” no NT: apenas em At 26:28 e em 1Pe 4:16).

Conquanto que a primeira utilização da expressão “cristãos” data de quase 2.000

anos, inúmeras denominações religiosas atualmente se autodenominam “cristãs”: os

evangélicos, os católicos, os espíritas, etc. Devemos, no entanto, refletir se temos sido uma

manifestação do cristianismo original.

A grande questão é que o termo “cristão” está assumindo um significado mais

amplo e simultaneamente perigoso. Explicamos: Todos aqueles que buscam um

comportamento piedoso, caridoso e nunca roubaram ou mataram, por exemplo, se dizem

“cristãos” (mas, muitos se esquecem ou não se importam com os demais ensinamentos

bíblicos). Em suma, atualmente o significado de “cristão” é de uma pessoa generosa,

piedosa, independentemente da crença que ela professa.

Sim, Cristo pregou o amor ao próximo e confirmou a importância dos Dez

Mandamentos (Lc 10:25-37), mas será que ser cristão é apenas isso? Como poderíamos

adequadamente, sem nos aprofundar muito nas questões linguísticas e semânticas desta

expressão, estabelecer um significado para ela?

Ao olharmos para as páginas sagradas da Bíblia, a Palavra de Deus para os

cristãos, entendemos que ser cristão é primeiramente recebermos a Cristo como Senhor e

Salvador ao nos arrependermos dos próprios pecados (Lc 5:32; At 2:38) e, como

consequência, com um coração regenerado por Deus, praticarmos, sim, as boas obras, que

por si mesmas não levam ninguém ao Céu, haja vista que a salvação vem pela fé em Jesus

Cristo através da graça de Deus, para que ninguém se ensoberbeça (Ef 2:1-10).

Cristão, portanto, é aquele que segue a Cristo, isto é, que faz aquilo que Ele

manda, que anda conforme Ele andou (Lc 6:46; Jo 15:6; 1Jo 2:6).

3.9.2. PODEMOS CONFIAR NA BÍBLIA?

Já que mencionamos a Bíblia como a Palavra de Deus para os cristãos, é de

suma importância, antes de observarmos qual a atitude os cristãos devem adotar com

relação à ela, que se faça um questionamento: A Bíblia é confiável?

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Todas as evidências textuais, proféticas e científicas apontam para que

confiemos plenamente no texto bíblico do qual dispomos atualmente.

No estudo das evidências da Bíblia nos deparamos com um limite orientador: As

ciências têm comprovado a Bíblia, sim, como é o caso da arqueologia. Mas, elas apenas

tecem um pano de fundo no qual confirmam a veracidade dos relatos bíblicos naturais, mas,

em contrapartida, elas não podem comprovar a ocorrência de fatos que demandam a fé, os

relatos bíblicos sobrenaturais. A fé é a certeza de fatos que não vemos (Hb 11:1).

Os seguidores de Cristo vivem pela fé (Rm 1:17). Além do mais, vamos refletir e

repetir um conceito anteriormente mencionado: Se o contexto histórico cultural da Bíblia é

totalmente digno de confiança, por que os assuntos que relacionam o ser humano com o

seu Criador não poderiam ser verdade também? Se, em termos terrenos, humanos e

proféticos a Bíblia tem se revelado 100% verdadeira, seguramente é também 100%

verdadeira naquilo que afirma sobre Deus e os valores espirituais nela contidos. É

inteiramente digna de confiança. Como Jesus havia afirmado:

"...nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto, contudo não aceitais o nosso testemunho. Se tratando de coisas terrenas não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (Jo 3:11-12).

3.9.3 QUAL DEVE SER A ATITUDE DE UM VERDADEIRO CRISTÃO EM RELAÇÃO À

INFALIBILIDADE BÍBLICA?

Mas, por que estamos insistindo em definir o que é ser cristão? Simplesmente

pelo fato de que, pelo que temos observado, o verdadeiro cristão deve aceitar a Bíblia por

inteiro e não utilizar como verdade para a sua vida apenas uma passagem ou outra,

conforme a conveniência. Parece exagero? Vejamos. Jesus afirmou:

“Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.” (Lc 11:23).

Portanto, quem não concorda com algum ensinamento de Cristo, está contra Ele

e não pode ser chamado cristão, consequentemente. Mas, Jesus disse mais:

“...se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” (Jo 5:46-47).

Portanto, quem não crê no Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia, que

foram escritos por Moisés) não crê também nas palavras de Jesus. E mais, quem não crê

nos demais livros do Antigo Testamento não crê também em Jesus.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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É exatamente isto que o seguinte texto ensina:

“Então lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.” (Lc 24:25-27; comparem com Lc 11:47-51).

Percebam que o texto afirma que todos os profetas, toda a Escritura Sagrada

registrou a respeito dEle, Jesus (comparem com Lc 24:44-46).

E o Novo Testamento? Vejamos. Cristo disse:

“Quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.” (Jo 13:20); “Quem vos der ouvidos ouve-me a mim, e quem vos rejeitar a mim me rejeita; quem, porém, me rejeitar rejeita aquele que me enviou.” (Lc 10:16).

Isso é muito sério. Segundo estas palavras de Cristo, quem aprende com os

Seus apóstolos, aprende os ensinamentos do próprio Cristo, aliás, do próprio Pai Celeste,

que O enviou. O contrário é verdadeiro também: quem não dá ouvidos às palavras dos

apóstolos de Cristo, está ignorando os Seus ensinamentos e os do próprio Pai Celeste.

Portanto, quem rejeita algum ensino do Antigo e do Novo Testamento, rejeita as

palavras de Deus. Mas, infelizmente, não apenas muitas pessoas, mas denominações

religiosas inteiras, “evangélicas” ou não, estão negligenciando estas palavras de Jesus.

Em outras palavras, existe uma tendência extremamente prejudicial de se

assumir como Palavra de Deus sem erros e regra de fé e prática para toda a vida apenas

porções da Bíblia conforme a conveniência, apenas quando as convicções e paixões

pessoais se coadunam com o que as Escrituras ensinam. Reflexo do egoísmo humano.

Por exemplo: as denominações religiosas atualmente chamadas “cristãs”, como

evangélicos, católicos e espíritas, obviamente acreditam que seguem a Cristo. Mas, quando

um trecho ou fato das Escrituras contraria uma de suas crenças, essa referida porção das

Escrituras é completamente rechaçada pelos adeptos destes segmentos religiosos, até

mesmo entre muitos setores evangélicos. Existem setores religiosos que chegam ao cúmulo

de editarem sua própria versão da Bíblia, adulterando suas palavras originais para que os

mesmos estejam em conformidade com seu corpo doutrinário (Testemunhas de Jeová, por

exemplo). Outros negligenciam totalmente a Bíblia e outros ainda admitem apenas partes

dela, utilizando como regra infalível outros escritos.

Será que esta é uma atitude sensata? Cada um de nós, seja de qual segmento

religioso for, deve avaliar qual tem sido o nosso posicionamento pessoal em relação à Bíblia

e se ela inteira é para nós a fiel e perfeita Palavra de Deus (e de fato ela o é). Se admitimos

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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outros escritos como infalíveis no lugar da Bíblia, devemos avaliar se eles realmente

expressam a perfeita vontade de Deus (já de antemão podemos ressaltar que infalível só

mesmo a Bíblia, pois muitas vezes estas obras possuem erros e contradições doutrinárias,

científicas, históricas e proféticas, e Deus não erra).

Afinal, o que é mais sensato: Criarmos os nossos próprios dogmas e o nosso

próprio deus (justamente nós que somos imperfeitos e falhos) ou aceitar a revelação escrita

e inerrante vinda do único, suficiente e perfeito Deus triúno, mesmo que não a entendamos

perfeitamente?

Aceitar algo apenas por partes parece ser uma atitude ilógica também. Por

acaso, nós amamos nossos filhos apenas em parte? Quando eles nos desobedecem nós

deixamos de amá-los ou eles deixam de ser nossos filhos? Por acaso, nós amamos nossas

esposas dependendo daquilo que elas falam ou praticam? Nosso amor não deve ser

incondicional? É certo que sim. Semelhantemente desta maneira deve ser o nosso amor a

Deus e à Sua Palavra.

Partindo do pressuposto que a Escritura Sagrada é perfeita e inteiramente útil

para a nossa edificação e aprendizagem, deve ser, consequentemente, inteiramente

adotada como regra de fé e prática para a nossa vida e não deve ser adulterada ou

negligenciada apenas pelo fato de que nos incomoda em algum ensinamento, atacando

justamente os nossos pecados e enganos ou simplesmente pelo fato de não termos ainda

compreendido o sentido e a aplicação de um determinado texto bíblico. É preciso, sim, ter

um bom esclarecimento sobre diversas técnicas de interpretação bíblica para podermos

discernir exatamente qual a vontade de Deus para nós. Por isso, logo em seguida,

estudaremos, mesmo que detidamente, algumas noções de interpretação bíblica.

Afinal de contas, será que a Bíblia está envolvida quando se afirma

popularmente que “papel aceita tudo”? Até certo ponto este ditado popular está correto.

Simplesmente escrever irresponsavelmente algo não torna o texto confiável. Muitos (não

todos) documentos antigos e contemporâneos contém inúmeros equívocos em seu

conteúdo, seja no campo histórico, no campo moral, social ou outro qualquer (não estamos

aqui desvalorizando os diversos estilos literários, apenas afirmando que a Bíblia deve estar

sempre em primeiro plano como autoridade máxima em favor da verdade). Ademais, o que

atesta a veracidade e confiabilidade de um texto são três principais fatores:

1º) Qual a origem da mensagem?

2º) Quem a escreveu é confiável? e

3º) Os fatos corroboram para a confiabilidade do texto?

É evidente que a Bíblia é aprovada com louvor nestes requisitos (e em quaisquer

outros que venham a testá-la). Sua mensagem vem do coração do próprio Deus (sem

comentários). Os seus escritores foram escolhidos e inspirados pelo próprio Deus (sem

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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comentários). Os fatos científicos e históricos têm dia-a-dia atestado a confiabilidade das

Escrituras Sagradas cristãs.

E então, somos cristãos ou não? Seguimos a Cristo realmente? Somos guiados

pela Palavra inerrante de Cristo ou pela palavra de pessoas que imaginam estar seguindo-

O, mas estão sinceramente enganadas? (palavras que podem estar nos levando a uma

ilusão espiritual e religiosa extremamente danosa para as nossas vidas e para o nosso

futuro).

Pensemos nisso e coloquemos em prática a Palavra de Deus. Não permitamos

que preconceitos e dificuldades de compreensão nos afastem da verdade revelada por Deus

a nós em Sua Palavra.

Que a Bíblia seja para nós realmente a nossa única regra de fé e prática em

nosso cotidiano, não a deixemos em um canto da casa apenas como um amuleto ou até

mesmo como um objeto de veneração e adoração (!). Não a utilizemos para julgar os outros

e não julgar primeiramente a nós mesmos. Independente se a nossa Bíblia está rasgada,

amassada, cheia de "orelhas", toda grifada e anotada ou ainda está como nova, comecemos

(ou continuemos) a utilizá-la como ferramenta de transformação de nossas vidas, de nossa

família e da sociedade como um todo.

Depois de centenas de evidências histórico-científicas que confirmam as

Escrituras Sagradas (e outras que veremos mais adiante sobre o Salvador), precisamos

ressaltar que as evidências do cristianismo jamais poderão substituir a nossa fé, que por sua

vez, é primordial para a salvação e comunhão com Deus. Aliás, quando defendemos a fé

cristã baseados em todas as suas evidências incontestáveis, não desrespeitamos a fé, mas

sim, a enfatizamos, qualificamos, reforçamos e a renovamos. Ademais, é preceito bíblico

que tenhamos sempre explicações para a fé que professamos (1Pe 3:15). Temos assim

também ferramentas importantes para a evangelização e para resistirmos firmes diante de

momentos de provação e fraqueza.

Já não bastam as tentações carnais diárias e ainda temos que lidar com

influências externas de todos os lados, no anseio de nos afastar da fé e desacreditá-la,

principalmente influências das arenas acadêmicas, intelectuais, que são importantes para o

crescimento da sociedade e do nosso conhecimento, mas que, geralmente desprovidas de

uma adequada interpretação bíblica e de uma argumentação razoável baseada em

pesquisas de evidências científicas, elas tentam minar a fé daqueles cristãos mais

despreparados. E infelizmente atualmente, por inúmeras razões, os cristãos estão cada vez

mais despreparados.

Mas será que os céticos e descrentes e até mesmo os cristãos estão preparados

para conhecer a verdade incontestável? Será que nós, cristãos, acreditamos mesmo em

tudo o que pregamos (se é que pregamos)? Nós costumamos criticar as doutrinas de outras

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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religiões, afirmando que são um absurdo, que são mentira, que nada daquilo existe, mas

nós já paramos para refletir naquilo que afirmamos?

Vamos recapitular: estamos afirmando, como cristãos protestantes, que Deus

existe e é único, mas subsiste eternamente através de três formas pessoais, o Pai, o Filho e

o Espírito Santo. Afirmamos que devido ao Seu amor incondicional, Deus, na Pessoa do

Filho, se encarnou, viveu cerca de 33 anos aqui na Terra, há cerca de 2.000 anos atrás,

sendo que nos últimos três anos de Sua vida, Ele pregou sobre o amor de Deus, o amor ao

próximo e a vida eterna, entre tantas outras coisas.

Afirmamos que Ele, Jesus Cristo, nunca pecou e realizou inúmeros e

extraordinários milagres de cura, de poder sobre a morte e sobre a natureza, mas se deixou

prender, ser julgado e castigado cruel e injustamente e após passar por um sofrimento

inimaginável na cruz (um instrumento de tortura destinado aos piores bandidos), morreu em

nosso lugar, se entregando ao Pai pelos nossos pecados, mas depois ressuscitou

poderosamente dos mortos com um corpo de carne e osso, mas glorificado, e está vivo

eternamente, dirige a Sua Igreja pessoalmente, bem como está no controle soberano da

história humana e em breve voltará para julgar toda a humanidade, lançar aqueles que se

recuzaram a crer Nele, ou seja, os não salvos, no inferno e os salvos conduzi-los para o

Paraíso, na presença pessoal de Deus eternamente, sem choro, sem dor, sem morte.

É isso realmente que nós acreditamos? Mesmo? Não parece uma história

maluca ou irreal? Onde estão as provas de tudo isso? Você acredita que o que está escrito

na Bíblia é verdade? Quem garante que é tudo verdade? E se os textos sobre as profecias

foram escritos após o cumprimento das mesmas? Isso as invalidaria. E se o relato da

criação é uma invenção criativa de alguém? Será que tudo o que os profetas e apóstolos

escreveram é verdade?

Não, não estamos desejando que você desacredite na Bíblia, pelo contrário, que

você creia em tudo o que está registrado nela, pela fé, sim, mas como evidência que você

ama a Deus com todo o seu entendimento, com as faculdades mentais que o próprio Deus

lhe ortorgou, inclusive, e não apenas com as emoções (Mc 12:29-30).

Mas precisamos de evidências? É claro que vivemos pela fé e não pelo que

vemos, mas se você como cristão critica as demais crenças religiosas e seus dogmas,

rotulando-os de absurdos, mentirosos e que parecem loucura, tenha cuidado e esteja

preparado para defender a sua crença como sendo a verdadeira (e sabemos que ela é a

Verdade pura), pois são os adeptos de outras religiões que muitas vezes acreditam que o

que pregamos é loucura.

E mais: Creiamos firmemente nesta nossa confissão de fé, independente das

evidências que a confirmam, mas utilizemos estas evidências incontestáveis como

ferramenta de defesa da nossa fé, na evangelização e para qualificar e enfatizar esta nossa

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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fé diante das muitas mentiras propagadas pelas demais religiões (independente de muitos

valores pregados por elas serem válidos).

Afinal, a fé cristã não é uma fé cega e burra, mas uma fé na verdade, uma fé

operante. Não cremos simplesmente porque gostamos mais das histórias bíblicas em

detrimento das histórias de outras religiões (mesmo que algumas delas sejam relatos

verdadeiros e de pessoas honradas).

Não, nós cremos porque Deus Pai nos salvou através de Seu Filho e nos

presenteou com o Espírito Santo, que inspirou os autores bíblicos de forma sem erros, que

habita em nós, que nos mostra onde e quando pecamos, que nos dá discernimento, que

testifica que somos filhos de Deus e nos ensina tudo sobre Jesus.

Nós cremos não apenas porque as histórias bíblicas são bonitas e edificantes, e

nem pelo fato de não serem meras lendas, mitologia e nem contos de fada, mas por serem

a pura verdade.

Portanto, depois de tantas evidências e de argumentações apologéticas em

defesa da inerrância bíblica, finalmente chegamos onde desejávamos:

Quando, nos capítulos posteriores, nós provarmos com centenas de evidências

a irrefutável, irrevogável, inegável e irresistível base bíblica, de Gênesis a Apocalipse, para a

doutrina trinitariana, todos aqueles que acreditam na infalibilidade bíblica e desejam

obedecer a Palavra do Senhor, se ainda não o fizeram, deverão se render, mais cedo ou

mais tarde, a esta doutrina. Afinal, somos todos cristãos não somos? Amém.

_____________________________________________________________________________________________________

DESEJO IR PARA: (click no link desejado para se locomover com mais rapidez pelo nosso estudo) SOBRE O AUTOR - ÍNDICE – APRESENTAÇÃO – AGRADECIMENTOS – DEDICATÓRIA - ABREVIATURAS – PREFÁCIO -

Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 – 13 – BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________

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______________

NOTA: (01) O livro “A Ciência Fala” foi elogiado pelo Dr. H. Harold Hartzler da Sociedade Científica Norte-Americana, que cuidadosamente o examinou com uma equipe de especialistas e concluiu-se que o material analisado é cuidadoso e confiável no trato do material científico, com princípios de probabilidade corretos, aplicados de maneira apropriada e convincente.. Comparem com semelhante estudo no seguinte endereço: http://doa-a-quem-doer.blogspot.com/2009/06/o-cumprimento-das-profecias-biblicas.html Links úteis sobre as evidências da infalibilidade bíblica: http://introduobiblica.blogspot.com/2007/10/aula-12-o-desenvolvimento-da-crtica.html http://www.scribd.com/doc/4723216/BIBLIA-TEXTUAL http://logoshp.6te.net/bbpalevi.htm http://tradutoresbiblicos.wordpress.com/tag/originais-biblicos/ http://br.dir.groups.yahoo.com/group/solascripturatt/message/2932 AS EVIDÊNCIAS TEXTUAIS, HISTÓRICAS E PROFÉTICAS DA BÍBLIA POSSUEM AS SEGUINTES FONTES DE PESQUISA: “Evidência que exige um veredicto – Vol. I” (Josh McDowell)–Editora Candeia “Em defesa de Cristo” (Lee Strobel) – Editora Vida “Enciclopédia de Apologética” (Norman Geisler) – Editora vida Revista “Defesa da Fé” - nº 57 - junho de 2003 http://www.vivos.com.br/46.htm http://www.cafetorah.com/arqueologia.php http://www.jesussite.com.br/acervo.asp?Id=63 http://www.mucheroni.hpg.ig.com.br/religiao/96/arqueologia/arqueologia1.htm http://arqueologiabiblica.blogspot.com/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Arqueologia_b%C3%ADblica http://www.christiananswers.net/portuguese/archaeology/home.html http://www.cacp.org.br/superinteressante.htm http://www.sbb.org.br/ http://www.labiblia.org/introduccion.htm Links úteis sobre a origem da Bíblia: http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%ADblia http://www.vivos.com.br/298.htm http://www.vivos.com.br/36.htm http://www.webartigos.com/articles/15559/1/a-origem-da-bblia/pagina1.html http://prbeto-estudosteologicos.blogspot.com/2008/01/estudos-teolgicos_19.html http://www.comunicandojesus.net/biblia/historia.htm Links úteis sobre a formação do Antigo Testamento: http://pt.wikipedia.org/wiki/Antigo_Testamento http://www.vivos.com.br/288.htm http://www.jesussite.com.br/acervo.asp?Id=1277 http://www.vivos.com.br/220.htm http://logoshp.6te.net/bbcan1.htm http://www.formandobreiros.com/download/apocrifosnoat.htm http://www.ifcs.ufrj.br/~frazao/apocrifos.htm http://www.guia.heu.nom.br/apocrifos.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Livros_ap%C3%B3crifos Links úteis sobre a formação do Novo Testamento: http://www.vivos.com.br/220.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2non_b%C3%ADblico Sobre o tema “a Bíblia e a Ciência”, como fontes de pesquisa para comparação e análise, acessem os seguintes links, por exemplo: http://www.youtube.com/watch?v=l0dw1WelcHg http://sodownnanet.blogspot.com/2009/10/esqueleto-leva-historia-da-humandidade.html http://www.historiadetudo.com/criacionismo-evolucionismo.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Criacionismo http://www.renascebrasil.com.br/f_criador.htm http://www.comciencia.br/200407/reportagens/15.shtml http://www.cacp.org.br/movimentos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=853&menu=12&submenu=4 http://iced-brasil.blogspot.com/2005/11/criacionismo-vs-evolucionismo-no.html

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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4

A hermenêutica bíblica confirma e reforça a

doutrina trinitariana

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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4.1 INTRODUÇÃO

palavra "hermenêutica" é derivada da palavra grega "hermeneutike", que é

derivada do verbo "hermeneuo". É a ciência que ensina princípios, leis e métodos

de interpretação, geralmente de obras literárias do passado, trazendo um caminho

seguro para remover as diferenças e a distância entre o escrito original e os leitores da

atualidade, sendo que estes últimos devem figuradamente "se transportar" para a época do

autor para compreender melhor o que ele tinha em mente.

A hermenêutica sacra é especial por tratar da Bíblia, única no domínio da

literatura, que só mantém seu caráter teológico enquanto acredita e reconhece o princípio

da inspiração divina. E neste tipo de interpretação não é suficiente tão somente

compreender o que os autores quiseram transmitir, pois, na verdade, eles são autores

secundários. É preciso, acima de tudo, tentar compreender melhor a mente do Espírito

Santo, pois Ele é o autor principal, o inspirador do texto sagrado.

Muito da confusão atual da religião na aplicação dos princípios bíblicos vem da

interpretação distorcida e má compreensão da Palavra de Deus. Isso acontece até mesmo

em círculos que defendem a infalibilidade das Escrituras.

Quando interpretamos a Bíblia estamos praticando “hermenêutica bíblica”, um

campo específico da hermenêutica que também é o estudo da linguagem e do discurso. A

expressão “hermenêutica” também provém do deus grego Hermes, que, segundo aquela

sociedade, trazia a palavra dos deuses aos mortais (comparem com At 14:11-13).

A hermenêutica bíblica estuda a linguagem da Bíblia e a sua tarefa é determinar

o que uma declaração bíblica significava para o seu autor e seus leitores e depois explicar e

aplicar este significado para nós hoje. Existe uma ordem de prioridades, portanto, neste

estudo: 1) O que a Bíblia queria dizer quando foi escrita; e 2) Qual o significado dela para a

nossa vida hoje.

O princípio máximo da hermenêutica bíblica é que a Bíblia é divinamente

inspirada. Se este pressuposto não estiver inserido nos nossos critérios de interpretação,

nossa hermenêutica será deficiente e não poderá ser considerada como ideal para a

compreensão da Bíblia como sendo a Palavra de Deus. Por inspiração divina, portanto,

queremos dizer que é a influência sobrenatural e inerrante exercida pelo Espírito Santo

sobre a mente dos escritores bíblicos, movidos pela iniciativa Dele e não humana, que

conferiu aos textos bíblicos a autenticidade divina. E quando afirmamos que o Espírito Santo

moveu os autores bíblicos na escrita dos livros sagrados, essa expressão possue um

sentido bem mais amplo do que muitos podem imaginar, ela inclui a investigação dos

documentos, a coleção dos fatos, a organização do material, a escolha correta das palavras,

ou seja, todo o processo que envolve a composição de um livro.

A

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Page 67: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

67

Muitos de nós podem até não compreender ou não aceitar muitas vezes o que

está registrado na Bíblia, mas, sem dúvida, inegavelmente, o que está registrado é a pura

verdade. Portanto, é vital interpretar corretamente a Bíblia, considerando que ela é a

verdadeira Palavra de Deus para a nossa vida.

Interpretar corretamente a Bíblia é saber exatamente qual a vontade de Deus

para a nossa vida. Interpretar corretamente a Bíblia não nos deixa alienados sobre as

verdades da vida. Interpretar corretamente a Bíblia nos ensina que foi Deus que criou a vida,

o universo, suas leis e o rege soberanamente no passado, presente e futuro. Interpretar

corretamente a Bíblia nos torna pessoas conscientes de onde viemos, de nossa missão na

Terra e para onde vamos.

A Bíblia foi escrita para ser entendida claramente (2Co 1:13). Paulo inclusive não

se importava em escrever mais de uma vez a mesma coisa para garantir a segurança de

seus leitores de que eles realmente aprenderiam (Fp 3:1).

4.2 A INTERPRETAÇÃO HUMANA FALHA DIANTE DA INSPIRAÇÃO DIVINA

INERRANTE

Mesmo diante da inerrância e da infalibilidade bíblica, a natureza falha do ser

humano acarreta dificuldades de interpretação do texto sagrado. Muitas pessoas erram por

não conhecerem a Bíblia adequadamente (Mt 22:29). Muitas delas precisam de auxílio para

compreendê-la (At 8:26-35; comparem com Ne 8:5-8) e outras ainda até mesmo deturpam

as verdades bíblicas propositadamente (2Pe 3:14-18).

Sem discernimento bíblico, incorremos no erro de aceitar ensinos e práticas

contrários a vontade de Deus (Gl 1:6-9; Ef 4:13-14; 2Pe 3:14-18), sem muitas vezes nem

conferirmos se é verdade (At 17:11), adulterando, assim, a verdade bíblica, muitas vezes

também subtraindo ou adicionando algo das Escrituras Sagradas (Dt 4:1-2; 12:32; Pv 30:5-

6; Ec 3:14; Ap 22:18-19) e indo além do que está escrito (Rm 15:4; 1Co 4:6; 2Tm 3:16-17),

perdendo o referencial máximo de conduta e ética e, assim, nos desorientando em uma

espécie de escuridão doutrinária por não termos mais a “lâmpada” da Palavra para iluminar

os nossos passos (Sl 119:105), quando o correto seria guardarmos no coração a Palavra de

Deus para não pecarmos contra Ele (Sl 119:11,112).

Vejamos elucidativas declarações sobre esta problemática:

“HÁ ERROS NA BÍBLIA? NÃO! Os críticos afirmam que a Bíblia está cheia de erros. Alguns falam até mesmo em milhares de erros. A verdade é que não há nem mesmo um só erro no texto original da Bíblia que tenha sido demonstrado [...] HÁ DIFICULDADES NA BÍBLIA? SIM! Ainda que a Bíblia seja a Palavra de Deus e, como tal, nela não possa haver erro algum, isso não significa que nela não haja dificuldades. Todavia, como Agostinho

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Page 68: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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observou com sabedoria: „Se estamos perplexos por causa de qualquer aparente contradição nas Escrituras, não nos é permitido dizer que o autor desse livro tenha errado; mas ou o manuscrito utilizado tinha falhas, ou a tradução está errada, ou nós não entendemos o que está escrito‟. Os erros não se acham na revelação de Deus, mas nas falhas interpretações dos homens [....] A Bíblia é isenta de erros, mas os críticos não são. Todas as alegações feitas nesse sentido baseiam-se em erros cometidos pelos próprios críticos. Tais erros enquadram-se numa das seguintes principais categorias [...]” (01)

Em seguida, os autores demonstraram 17 erros de interpretação com os quais

devemos tomar cuidado para não cometer em nossa leitura bíblica, porém o erro citado por

eles que deve ocupar a nossa atenção neste momento é o erro n.º 5: “Deixar de interpretar

passagens difíceis à luz das que são claras”. Eles afirmaram que:

“Algumas passagens das Escrituras são de difícil compreensão. Às vezes a dificuldade é por serem obscuras. Outras vezes a dificuldade está em que uma passagem parece estar ensinando algo contrário ao que uma outra parte da Escritura ensina com clareza.” (01)

Já o Pastor e Doutor James C. Denison (de origem batista), afirmou que:

“[...] Em vista da palavra de Deus ser coerente e plenamente inspirada, a melhor maneira de entender qualquer passagem isolada é interpretar esse texto à luz de toda a Escritura. Em todo o nosso estudo bíblico devemos comparar passagem com passagem, interpretando a parte pelo todo. Cinco princípios importantes repousam sobre este pressuposto orientador. Primeiro, as passagens menos claras devem ser interpretadas à luz de textos mais claros. Devemos estudar as partes difíceis das Escrituras de acordo com seus claros ensinos [...] Segundo, nenhuma grande doutrina deve basear-se em apenas um versículo ou um pequeno conjunto deles [...] Terceiro, as passagens breves devem ser estudadas à luz de passagens mais longas [...] Quarto, quando uma doutrina é ensinada em vários trechos da Bíblia, ela se aplica a todos os tempos e culturas [...]” (02)

A doutrina trinitariana não contraria nenhum destes quatro primeiros princípios.

Passagens muito claras, principalmente no Novo Testamento, confirmam a doutrina

trinitariana, que, por sua vez, não é baseada em um pequeno conjunto de versículos ou

textos curtos, obscuros ou de difícil interpretação, mas em dezenas e dezenas de textos

longos e claros, de fácil interpretação (com raríssimas exceções, como o caso de 1Co 8:6

que afirma, de forma complementar e não contraditória, que só o Pai é Deus e só Jesus

é Senhor), tanto do Antigo como do Novo Testamento, o que a faz uma doutrina aplicável

para todos os tempos e todas as culturas. Quando estudarmos posteriormente as evidências

da doutrina trinitariana, tanto no Antigo como no Novo Testamento, essas afirmações se

tornarão mais claras em nossas mentes. Contudo, desejamos dar mais ênfase no quinto

ponto. O Dr. Denison afirmou em seguida:

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Page 69: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“[...] Quinto, se duas declarações bíblicas parecem contradizer-se em termos humanos, devemos aceitar ambas. A verdade divina não está presa à lógica humana e deve ser muitas vezes expressa declarando duas verdades aparentemente opostas. Isto é chamado de „antinomia‟ – aceitação de dois princípios que parecem excluir-se mutuamente, mas são independentemente verdadeiros [...] Em vista da Escritura interpretar a Escritura, todos os princípios bíblicos são verdadeiros, mesmo quanto transcendem a nossa lógica humana [...]” (02)

A doutrina trinitariana depende grandemente desta quinta regra de interpretação

bíblica, ou seja, seguindo os parâmetros da ANTINOMIA e aceitando em nossas vidas que a

verdade divina não está vinculada à nossa lógica meramente humana e falha, poderemos

ler, aceitar e compreender os versículos de toda a Escritura Sagrada que afirmam

explicitamente que Deus é único, sim, mas implicitamente que Ele subsiste em três formas

pessoais e distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Esses versículos jamais se excluem

mutuamente, mesmo parecendo que se contradizem, mas eles são mutuamente

complementares.

Podemos inferir, portanto, que os autores bíblicos, mesmo impelidos pelo

Espírito Santo jamais sentiram a necessidade de apresentar explicita e claramente a

doutrina trinitariana em forma de teologia sistemática, demonstrando esta doutrina em todos

os textos bíblicos que a apontavam. Podemos inferir que essa não era a preocupação dos

escritores bíblicos na época que escreveram seus livros, para eles sempre esteve claro,

inspirados pelo próprio Deus, que Deus é único, mas o Pai é Deus, o Filho é Deus e o

Espírito Santo é Deus.

Somente séculos depois dos livros do Novo Testamento serem escritos e do

inicio da Igreja, quando surgiram inúmeras acusações e heresias contra principalmente a

divindade de Cristo e do Espírito Santo, passou-se a se tornar necessária a exposição

explícita e teologicamente sistemática da doutrina trinitariana, no propósito de fundamentar

a doutrina, preparar apologeticamente os cristãos e refutar tais heresias com eficácia.

4.3 O ESPÍRITO SANTO NOS AUXILIA A COMPREENDER A BÍBLIA

Não podemos confundir as nossas falhas interpretações com a perfeita

revelação de Deus. Por mais consagrados que estejamos, não podemos esquecer que

somos falhos e sem a ajuda de Deus podemos interpretar equivocadamente a Sua Palavra,

tanto os pregadores como os ouvintes.

É o Espírito Santo que conhece as profundezas do pensamento divino. Cristo

afirmou que o Espírito pode nos levar ao conhecimento de toda a verdade. Foi o próprio

Espírito Santo que inspirou a Bíblia e a utiliza como uma espada e Ele com certeza pode

nos orientar e direcionar na interpretação adequada da mesma.

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Page 70: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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E já que o arrependimento dos pecados e a salvação são individuais e somos

sacerdotes individuais diante de Deus, então Ele quer um relacionamento individual

conosco, consagrado, para podermos ouvir corretamente a Sua mensagem.

O crescimento espiritual é algo que precisa ser experimentado individualmente.

Como que Deus pode falar ao seu coração através de Sua Palavra se você só estudar a

Bíblia através das opiniões de outras pessoas, que mesmo que sejam importantes, podem

ser tão falhas quantas as suas? Se fosse assim, teríamos uma igreja onde poucos

pregadores saberiam corretamente interpretar a Bíblia e milhões de cristãos que seguiriam

apenas aquilo que eles dissessem (já vimos algo semelhante ocorrer na história do

catolicismo romano).

Sim, Deus usa os demais irmãos para nos exortar e aconselhar, mas Ele está

interessao em que nós tenhamos um crescimento espiritual de comunhão particular com

Ele, enquanto fazemos parte da comunidade da Igreja e compartilhamos os nossos dons

espirituais.

Não existem intermediários entre você e Deus e, consequentemente, não

existem também entre você e a Palavra de Deus. O mesmo Espírito Santo, que não é falho,

mas é perfeito, pois é Deus, e que levou a salvação a você, pode levar a correta

interpretação da Palavra de Deus ao seu coração.

4.4 TEXTO FORA DO CONTEXTO COMO PRETEXTO

A Bíblia precisa ser interpretada e reconhecida como um todo, ela possui

contextos maiores e menores. Um contexto menor e não menos importante é o da

sequência textual, pois, todos os versículos possuem uma sequência lógica e estão ligados

entre si. A esmagadora maioria dos livros da Bíblia foi escrita em forma de texto corrido, isto

é, sem qualquer divisão textual por versículos ou capítulos (com exceção, por exemplo, do

livro dos Salmos onde cada salmo é um capítulo).

"Divisão em Capítulos: A Bíblia em sua forma original é desprovida das divisões de capítulos e versículos. Para facilitar sua leitura e localização de "citações" o Prof. Stephen Langton, no ano de 1227 dC a dividiu em capítulos. Divisão em Versículos: Até o ano de 1551 dC não existia a divisão denominada versículo. Neste ano o Sr. Robert Stephanus chegou a conclusão da necessidade de uma subdivisão e agrupou o texto em versículos [...] É composta de 66 livros, 1.189 capítulos, 31.173 versículos, mais de 773.000 palavras e aproximadamente 3.600.000 letras [...]" (03)

Alienadas desta verdade ou com más intenções, muitas pessoas utilizam textos

bíblicos completamente fora de seus contextos originais, muitas vezes como um pretexto de

justificar alguma doutrina contrária à vontade de Deus.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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O nosso anelo no momento é o de apenas lançar um pouco de “luz” sobre esta

questão dos textos isolados, fora de contexto. Citaremos cinco exemplos:

Primeiro: Muitas pessoas advertem: “Cuidado! Maldito o homem que confia no

homem” e assim, querem dizer que não podemos confiar em ninguém. Mas, não é verdade.

Em Jeremias 17:5, lemos: “Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem,

faz da carne mortal o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR”. O que o texto quer

dizer é que quem apenas confia nas capacidades humanas e se afasta de Deus, fracassará

em seus planos (cf. vv. 6-10; cf. Sl 118:8-9), mesmo porque a Bíblia apóia a confiança e a

amizade entre as pessoas (Pv 15:22; 17:17; 27:5,6,9; Ec 4:9-12).

Segundo: Logo após a miraculosa libertação de Paulo e Silas da prisão de

Filipos (At 16:26), o carcereiro, indagou-lhes “...senhores, que devo fazer para que seja

salvo?” (v.30). Eles responderam: “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e tua casa” (v.31).

Mas, se a responsabilidade pelos pecados é individual e todas as pessoas precisam se

arrepender (Ez 18:4,19-22,30-32; At 17:30-31), como o texto pode afirmar que se o

carcereiro cresse em Deus, toda a sua família seria salva? Mas, não é isso o que o texto

ensina, pois, a Palavra de Deus foi pregada logo em seguida ao carcereiro e a toda a sua

família (v. 32), que ele cuidou dos ferimentos de Paulo e Silas e depois juntamente com a

sua família foi batizado (v.33). Mas, eles foram batizados sem crerem? A explicação surge

em seguida, pois o carcereiro estava muito feliz, pois, toda a sua família creu em Deus

(v.34). A expressão usada foi “e serás salvo” e não “e serão salvos”. As palavras “tu” e “tua

casa” devem estar relacionadas tanto à palavra “crê” quanto a “será salvo”: Por exemplo:

“Creia tu e serás salvo” e “Creia tua casa e será salva”.

Terceiro: O apóstolo Paulo afirmou: “A ardente expectativa da criação aguarda a

revelação dos filhos de Deus” (Rm 8:19). Muitos usam este texto para afirmar que as

pessoas não crentes aguardam ardentemente a nossa manifestação, o nosso testemunho.

Sim, isto pode até acontecer, mas o que Paulo quis dizer é que toda a criação de Deus está

sujeita ao pecado e aguarda ardentemente a redenção deste cativeiro quando Cristo voltar e

nós, filhos de Deus, co-herdeiros com Cristo, seremos glorificados (vv. 17-23; cf. 2Pe 3:10-

13). Multidões de não crentes estão prontas para “aceitar” Jesus, mas é melhor usarmos

João 4:34-38 sobre “os campos que estão brancos para a ceifa” como fundamentação.

Quarto: Em 1º Coríntios 2:9, lemos que: “...nem olhos viram, nem ouvidos

ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles

que o amam” (cf. Is 64:4). Muitos acreditam que essa promessa se refere ao que nos é

reservado no Paraíso. Mas, o texto quer dizer que a sabedoria de Deus, outrora oculta, em

mistério, mas preordenada desde a eternidade para a nossa glória (vv.6-7), nos é revelada

pelo Espírito (v.10) que conhece os mistérios de Deus (v.11; cf. vv. 12-13). Sim, o Paraíso

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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será maravilhoso e indescritível (2Co 12:1-4; Ap 21:1-4). Contudo, este texto fala de uma

realidade abençoada para a Igreja de Cristo hoje.

Quinto: O apóstolo Paulo afirmou: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp

4:13). Muitas pessoas, então, querem justificar que podemos fazer qualquer coisa, pois,

Deus nos fortalecerá ou ainda que o verdadeiro crente não passa por dificuldades. Mas,

Paulo afirmou que tinha aprendido a viver contente em qualquer situação, seja de

humilhação, de honra, de fartura, de fome, abundância e escassez (vv. 11-12) e que Deus

em todas estas situações lhe fortalecia (v. 13). Deus nos fortalecerá se estivermos no centro

da Sua vontade (Mt 6:10; 1Jo 5:13-15). Se também não formos diligentes, fatalmente

passaremos dificuldades (Pv 13:4; 18:9; 20:13; 21:5; 22:26-27; 27:23-24).

Portanto, baseados neste pressuposto hermenêutico do contexto textual, quando

citarmos referências bíblicas que atestam evidências e inferências (deduções lógicas) para a

doutrina trinitariana no Antigo como no Novo Testamento, não ficaremos “limitados” a um

versículo. Afinal, apenas pelo fato, por exemplo, de um determinado versículo conter a

menção ao Pai e outro versículo, após alguns versículos, mencionar o Filho e depois de

outros versículos houver uma menção ao Espírito Santo, isso não invalida a evidência, mas

a reforça, pois o texto sagrado é um contexto harmonioso e geralmente (mas, há exceções)

existe uma mesma linha de raciocínio e de contexto dos autores bíblicos dentro de um

mesmo capítulo.

4.5 COMPREENDENDO A ÉPOCA NA QUAL A BÍBLIA FOI ESCRITA

Como todos sabem a Bíblia é um livro muito antigo. Seus autores terminaram os

seus escritos ainda no final do primeiro século, 500 anos antes da Idade Média, 1400 anos

antes de Cristóvão Colombo e 1700 anos antes da fundação da América. Portanto, a Bíblia

foi escrita inicialmente para uma sociedade muito diferente da nossa. Para que a mensagem

bíblica chegue até nós de forma pura, de forma corretamente interpretada, precisamos

aprender a cobrir quatro intervalos entre a nossa sociedade e o mundo bíblico: 1) Intervalo

de tempo; 2) Intervalo de cultura; 3) Intervalo de linguagem; e 4) Intervalo de perspectiva.

Em outras palavras, precisamos estreitar a lacuna de tempo, cultura, linguagem

e perspectiva entre as duas épocas. Conhecendo melhor como era a sociedade do tempo

bíblico, como eles se comportavam, como era o idioma predominante e como eles

encaravam a vida e o mundo que os cercavam, poderemos entender melhor o contexto no

qual a Bíblia foi escrita e aplicarmos os seus ensinos de forma muito mais precisa,

conhecendo assim melhor qual a vontade de Deus para nós, tendo a garantia de que

estaremos certamente obedecendo e agradando a Deus.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Ademais, quem pode dizer que sabe explicar a Bíblia toda, o significado de todos

os versículos? Mas, mesmo com dificuldades em inúmeros textos, essa realidade não nos

dá o direito de imaginar que jamais elas serão sanadas, como ocorreu, por exemplo, muitos

casos nos quais a arqueologia provou fatos e povos narrados na Bíblia (p.ex. os heteus),

mas que ainda não haviam sido encontrados pela ciência. Os teólogos precisam ter a

mesma perseverança que os cientistas que se dedicam em pesquisas até esclarecer os

mistérios da natureza.

A Bíblia não pode ser declarada culpada até que se prove o contrário. O fato de

alguma dificuldade com o texto sagrado ainda não ter sido resolvida, não quer dizer que

nunca será. Portanto, em toda leitura bíblica que fizermos, devemos manter este padrão de

interpretação expresso nas declarações que temos estudado. Estas técnicas de

interpretação nos auxiliarão no estudo da doutrina trinitariana e de qualquer outra parte da

Bíblia. Ademais, qualquer pensamento que se levante contrário aos ensinamentos divinos

deve ser refutado (At 17:11; 2Co 10:3-5).

4.6 O TEXTO BÍBLICO SAGRADO VERDADEIRO E INERRANTE É O “CÂNON

PROTESTANTE”

Depois de demonstrarmos inúmeras evidências da infalibilidade bíblica e

relembrarmos algumas técnicas de interpretação bíblica, devemos lembrar que o texto que

afirmamos ser inerrantemente inspirado por Deus e verdadeiro é aquele correspondente ao

“cânon” adotado pela Igreja Cristã Protestante, nada pode ser acrescentado ou diminuído.

Essa não é apenas uma técnica de interpretação, mas uma obediência a ordem divina.

Deus condena ensinamentos extrabíblicos, isto é, nenhuma doutrina que venha a ser

acrescentada ou subtraída do texto sagrado:

"Tudo o que eu te ordeno, observarás; nada lhe acrescentarás nem diminuirás” (Dt 12:32; cf. Dt 4:2); “Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso” (Pv 30:5-6); “...não ultrapasseis o que está escrito...” (1Co 4:6); “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e se alguém tirar qualquer cousa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa, e das cousas que se acham escritas neste livro.” (Ap 22:18-19).

O apóstolo Paulo advertiu aos gálatas que mesmo se ele próprio ou um anjo

vindo do céu lhes trouxesse algum ensinamento que fosse além do evangelho de Jesus,

que fosse considerado maldito, destinado à excomunhão da igreja, ou seja, anátema:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“Mas, ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (Gl 1:8; cf. v. 9).

O problema aqui neste contexto da epístola aos gálatas não era o de acreditar

em doutrinas de seres celestiais. Paulo estava preocupado com os cristãos da Galácia que

estavam abandonando o ensino da graça de Deus e recuando suas vidas de volta à “prisão”

da lei e assim, “anulando” o evangelho de Jesus. É possível, no entanto, aplicarmos esta

passagem para aprender que o que está registrado na Palavra de Deus não deve ser

adulterado. Nem mesmo se um anjo do céu nos vier anunciar novos ensinos (certamente

não será um anjo enviado por Deus). Em 1 João 4:1-3, encontramos uma importante

recomendação em discernir os espíritos:

"Amados, não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora. Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem, e presentemente já está no mundo”.

Em seguida no versículo 6, o apóstolo João complementa:

"Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.”

Em sua segunda epístola, João também nos recomenda:

“Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem assim o Pai, como o Filho.” (2 Jo 9).

É importante ressaltar esses exortações bíblicas, pois estaremos nos baseando

nelas em nossa busca de evidências bíblicas para a Trindade, nada do que

demonstraremos como evidências da doutrina trinitariana estará além do texto sagrado e

nem aquém, não acrescentaremos e nem subtrairemos nada do texto sagrado. Seremos

extremamente fieis ao texto bíblico. Tudo o que observaremos será baseado no texto

divinamente inspirado e adotado pela Igreja Protestante.

Mas, distante destas exortações, as heresias que já apresentamos e ainda

apresentaremos, que atacam a doutrina trinitariana, são “revelações” extra-bíblicas, são

“adições” não autorizadas por Deus ou deturpações do texto original e interpretações

completamente alienadas das verdadeiras técnicas de hermenêutica bíblica.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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4.7 A DOUTRINA TRINITARIANA NÃO É UMA CONTRADIÇÃO

A alegação de muitas pessoas de que existe contradição na doutrina trinitariana

é infundada. Os ensinos bíblicos não apenas da Trindade, mas sobre qualquer assunto, na

verdade, não se contradizem, eles se complementam:

“Mateus 28:18-20 - Como é que três pessoas podem ser Deus, se há um só Deus? Problema: Mateus fala do „Pai e do Filho e do Espírito Santo‟, todos participando de um „nome‟. Mas são três pessoas diferentes. Como pode haver três pessoas da Divindade, já que há um único Deus? (Dt 6:4; 1Co 8:6). Solução: Deus é um em essência, mas três em pessoas. Ele tem uma só natureza, mas três centros de consciência. Isto é, há apenas um „O Que‟ em Deus, mas há três „Quem‟. Há um só ser, mas são três „Eu‟. Isso é um mistério, mas não uma contradição. Seria contraditório dizer que Deus é uma só pessoa, mas também três pessoas. Ou que Deus tem uma só natureza, mas também tem três naturezas. Mas declarar, como os cristãos, que Deus é um em essência, eternamente revelado em três pessoas distintas, isso não é uma contradição.” (04)

A figura abaixo (em inglês), exemplifica o que acabamos de ver neste artigo. Em

Deus axiste apenas um "O QUÊ" (WHAT), ou seja, uma substância ou essência, mas três

"QUEM" (WHO), ou seja, três "pessoas" ou "personalidades".

Vincent Cheung, semelhantemente, também defendeu a doutrina trinitariana:

“A formulação doutrinal para a Trindade é que Deus é „um em essência, e três em pessoa‟. Isto não confere uma contradição, visto que não estamos dizendo que Deus é „um em essência, e três em essência‟, ou que Deus é „um em pessoa, e três em pessoa‟. Isto é, não estamos dizendo que Deus é um e três no mesmo sentido, mas que Ele é um num sentido, e três em outro sentido. Portanto, não há contradição na doutrina da Trindade.” (05)

Aldo Meneses também fez defesa semelhante:

“[...] Com Trindade não queremos dizer que acreditamos em três deuses, pois há somente um Deus único e verdadeiro (Dt 6.4; Is 43.10) que subsiste em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Mesmo sendo paradoxal, o ensino não é contraditório. Deus é três e um simultaneamente. Precisamos distinguir os termos „pessoa‟ e „natureza‟. As pessoas em Deus são três, mas uma só é sua natureza, que consiste em onipotência, onisciência, onipresença, etc. [...]” (06)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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4.8 A EXPRESSÃO "TRINDADE" E A BÍBLIA

No “Dicionário Bíblico Universal” encontramos as seguintes considerações sobre

a Trindade, entre tantas outras:

“[...] São, pois, estes os dados para a doutrina da Trindade: o reconhecimento de um só Deus, sendo feita, contudo, a distinção, dentro da Divindade, entre Pai, Filho, e Espírito [...]” (07)

Mas, de onde surgiu o termo “trindade”? Afinal, ele não consta de nenhum texto

da Escritura Sagrada. Na verdade, o termo “trindade” foi utilizado pela primeira vez por

Tertuliano (160-240 d.C.), no final do segundo século d.C. (veremos a história desta doutrina

mais adiante no capítulo 9).

"[...] A maior contribuição de Tertuliano para a teologia foi a sua reflexão acerca do mistério trinitário. Criou um vocabulário que passou a fazer parte da linguagem oficial da teologia cristã. Foi ele que introduziu a palavra “Trinitas”, como complemento da “Unitas”. Segundo Tertuliano, Pai, Filho e Espírito Santo são um só Deus porque uma só é a substância, um só estado (status) e um só poder. Mas, por outro lado, distinguem-se, sem separação, pelo grau, pela forma e pela espécie (manifestação). Tertuliano introduz assim o termo “pessoa”, (persona), para significar cada um dos três, considerado individualmente. Este vocabulário passou a vigorar, até hoje, para referir as realidades trinitárias [...]" (08)

A Revista Defesa da Fé trouxe interessantes considerações:

“[...] Alguns grupos sectários que zombam dos trinitarianos afirmam que a Trindade foi um conceito forjado (manipulado) por „homens‟. Por exemplo: a Sociedade Torre de Vigia, organização das Testemunhas de Jeová, assevera que os primitivos cristãos não tinham consciência nem instruíam seus adeptos da doutrina da Trindade. Querem afirmar, com isso, que a fé na doutrina da Trindade, advogada pelos cristãos, ocorreu por conta de uma heresia doutrinária por volta do século 3º. Se assim fosse, e se a Bíblia não comentasse nada sobre a Trindade, uma pergunta ficaria sem reposta: quem foi o „inventor‟ dessa doutrina? Uma coisa é certa: não foi inventada por homens. A bem da verdade, se os cristãos quisessem minimizar o suposto „problema‟ que permeia a compreensão genuína dessa doutrina, seria muito mais fácil alterá-la, manipulá-la ou, então, não reconhecê-la como bíblica. Antes de qualquer coisa, é necessário afirmar que a doutrina da Trindade não tem sua origem nas definições e escritos dos chamados „pais da igreja‟. Ao contrário. Sempre esteve esposada nas Sagradas Escrituras [...] Analisando as informações históricas referentes ao assunto, podemos afirmar que o termo Trindade foi uma expressão de caráter teológico conferida a Deus por Tertuliano, no final do século 2º. Obviamente que recebeu esta designação porque seus ensinos se encontram em várias partes da Bíblia. Não necessitamos dos chamados „pais da igreja‟ para justificar a doutrina da Trindade, mas os documentos ou os escritos desses „pais‟ provam, sem deixar nenhuma sombra de dúvida, que a doutrina da Trindade era ensinada e difundida pelos cristãos da antiguidade.” (09)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Portanto, embora o vocábulo “trindade” não esteja presente em nenhum

versículo da Bíblia, a doutrina da Trindade ou trinitariana (que trata não de um ser unitário,

mas trinitário) não foi concebida por homens, como muitos podem imaginar, como muitos

sectários e críticos antitrinitários asseveram. Na verdade, ela é exaustivamente apresentada

na Bíblia, em inúmeras referências, como veremos durante este estudo. Isso se deve ao fato

de que o homem não inventou ou descobriu a Trindade. O que ocorreu foi o

desenvolvimento da sua doutrina.

É como o caso do cientista Isaac Newton. Ele não descobriu a gravidade, esta

foi criada por Deus. Newton apenas desenvolveu a lei concernente à gravidade. Existem

muitos outros nomes dados a outras doutrinas, como a escatologia (doutrina dos últimos

tempos), a hamartiologia (doutrina do pecado), a angelologia (doutrina dos anjos) e a

soteriologia (doutrina da salvação), por exemplo, que não se encontram na Bíblia, como

também expressões teológicas usadas para os atributos divinos, como “onisciência”,

“onipotência”, “onipresença”, “imanência” e “transcendência”, mas as suas verdades estão

claramente expostas nas Escrituras. Da mesma forma ocorre com as expressões

“hermenêutica”, “hexegese” e “homilética”, que também não fazem parte do texto sagrado,

mas elas são técnicas extremamente úteis para um bom estudo das Sagradas Escrituras.

Ademais, nem mesmo as palavras “sexo” e “política” se encontram na Escritura

Sagrada, mas, sim, conceitos e situações que expressam claramente o propósito de Deus

para estes assuntos.

Na verdade, nem a própria palavra “Bíblia”, no sentido que conhecemos hoje

(como um acervo de livros sagrados inspirados por Deus) se encontra na Bíblia. Nas

Sagradas Escrituras não existe uma lista de quais livros são inspirados realmente por Deus

e devem fazer parte dela, no entanto, os critérios adotados pela Igreja Cristã para que

somente estes livros devessem fazer parte da Bíblia foram extraídos dela mesma, com a

direção de Deus. Finalmente, temos estes comentários esclarecedores:

“Um e Três: Trindade: [...] O Antigo Testamento insiste constantemente na afirmação de que há somente um Deus, o Criador que se revela a si mesmo, que deve ser cultuado e louvado com exclusividade [...] O Novo Testamento concorda [...], mas fala de três agentes pessoais, Pai, Filho e Espírito Santo, que operam juntos para realizar a salvação [...] A formulação histórica da Trindade (do latim trinitas, que significa „estado de ser três‟) não é uma tentativa de explicá-la, propósito que estaria além da nossa capacidade. Apenas oferece limite e salvaguarda aos nossos pensamentos a respeito desse mistério, que nos confronta, talvez, com o mais difícil pensamento que a mente humana pode elaborar. Não é fácil de entender, mas é verdadeiro [...] Embora a linguagem técnica da teologia posterior não se encontre no Novo Testamento, a fé e o pensamento trinitarianos estão presentes em todas as suas páginas. Nesse sentido, a Trindade, é uma doutrina bíblica [...]” (10)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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4.9 A TRINDADE NÃO É O ÚNICO "MISTÉRIO" MENCIONADO NA BÍBLIA

Na Bíblia há outros elementos escriturísticos que são denominados “mistérios”,

ou seja, fatos fora do alcance de nosso entendimento que foram revelados nas Escrituras.

Por exemplo, o “mistério da iniquidade” (2Ts 2:7), o “mistério da piedade” (1Tm 3:16), o

“mistério da Sua vontade” (Ef 1:9-10; 3:3-9), o “mistério do Reino de Deus” (Mc 4:11), o

grande “mistério do relacionamento de Cristo com Sua Igreja” (cf. Ef 5:32) - (Comparem com

Dn 2:28; Rm 11:25; 16:25; 1Co 2:7; 4:1; 13:2; 14:2; 15:51; Ef 6:19; Cl 1:26-27; 2:2). Sobre

este assunto Robert M. Bowman Jr afirmou:

“[...] É verdade que muitos trinitaristas – especialmente entre os católicos, mas também entre os protestantes e ortodoxos – declaram taxativamente que a Trindade não pode ser compreendida e que é, nesse sentido, um „mistério‟. É válido o aspecto da verdade que estão ressaltando, embora não seja bem exata a sua linguagem. Um „mistério‟ na linguagem bíblica é geralmente um segredo que antes não era conhecido pelo homem, mas que agora passou a ser revelado, mais do que uma verdade que os homens não conseguem entender. Mesmo assim, esses mistérios tendem a possuir um elemento „misterioso‟ que não pode ser totalmente entendido pelos homens (...) Dizer que não se pode compreender a Trindade é inexato, também, ou pelo menos passível de equívocos. Os teólogos trinitaristas não querem dar a entender que a Trindade é um absurdo ininteligível. Pelo contrário, apenas querem ressaltar que a Trindade não pode ser totalmente sondada e compreendida pela mente finita do homem. Há uma diferença entre conseguir uma compreensão basicamente correta de alguma coisa e ter uma compreensão completa, integral, total e perfeita da mesma. O modo de muitos teólogos expressarem essa diferença seria declarar que a Trindade pode ser entendida ou „apreendida‟, mas não „compreendida‟ [...]” (11)

Nós, cristãos, realmente confessamos que a doutrina trinitariana não é de fácil

compreensão em sua totalidade, mas nem por isso afirmaremos que ela é confusa. É um

equívoco rejeitar um aprofundamento nesta doutrina apenas pelo fato de ainda não

compreendê-la totalmente. Geralmente aqueles que não a compreendem são os não-

crentes, os cristãos ainda imaturos na fé ou aqueles que não se deram ao “trabalho” de

acurar melhor sobre esta maravilhosa e indispensável doutrina cristã.

O que podemos observar é que a doutrina trinitariana é um mistério revelado,

mas não decifrado. À nós, meros seres humanos finitos e limitados, apenas resta a humilde

conduta de aceitar os mistérios da Bíblia, inclusive a Trindade, e exclamar como o salmista

Davi diante da grandeza de Deus:

“Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; é sobremodo elevado, não o posso atingir.” (Sl 139:6).

Berkhof falou sobre a mentalmente inatingível triunidade divina:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“A Trindade é um mistério, não somente no sentido bíblico de que se trata de uma verdade anteriormente oculta e depois revelada, mas também no sentido de que o homem não pode compreendê-la e não pode torná-la inteligível. É inteligível em algumas de suas relações e de seus modos de manifestação, mas é ininteligível em sua natureza essencial [...] A real dificuldade está na relação em que as pessoas da Divindade estão com a essência divina e uma com as outras, e essa é uma dificuldade que a igreja não é capaz de remover, podendo apenas tentar reduzí-la as suas apropriadas proporções mediante uma apropriada definição de termos. Ela jamais tentou explicar o mistério da Trindade, mas procurou somente formular a doutrina de modo que fossem evitados os erros que a ameaçam.” (12)

Enquanto que Adão Carlos Nascimento, afirmou, entre outras coisas, que:

“[...] Que é Santíssima Trindade? É a coexistência das Três Pessoas na Divindade Única [...] É um mistério que não pode ser explicado nem definido, porque está além do alcance da mente do homem. Em suma: ou aceitamos a Triunidade do Deus Único, ou temos de admitir três deuses na Bíblia. A Bíblia, no entanto, nos ensina com muita clareza que existe um só Deus verdadeiro (1Co 8.5,6; 1Tm 2.5) [...]” (13)

4.10 A IMPORTÂNCIA DO NÚMERO TRÊS NA BÍBLIA

O número “três” possui extrema importância no contexto bíblico, ele é aplicado à

inúmeras situações e assume simbolicamente inúmeras realidades simplesmente porque

reflete uma analogia sagrada com a perfeição que existe na essência de Deus, que é

tripessoal (subsiste em três formas pessoais e eternas). Exatamente por este motivo, esta

realidade em nenhum momento expressa algum tipo de misticismo ou superstição.

Salientamos, portanto, que não desejamos aqui fundamentar nenhuma “doutrina

numerológica” afirmando que o número “três” é mencionado na Bíblia apenas no intuito de

trazer “sorte” ou “azar” a quem quer que seja ou determinar acontecimentos em sua vida.

Herbert Lockyer trouxe o significado bíblico do número “três”:

“Este número tem associação sagrada porque representa a trindade – Pai, filho e Espírito Santo (Mateus 28:19) [...] Aqui, por exemplo, estão alguns exemplos a fim de aguçar o interesse: Três homens apareceram a Abraão (Gênesis 18:2). Três cidades de refúgio (Deuteronômio 4:41). Três vezes por ano (Deuteronômio 16:16). Tríplice bênção sacerdotal (Números 6:24-26). Tríplice clamor dos serafins (Isaías 6:3). Três chamados à terra (Jeremias 22:29). Três vezes ao dia Daniel orava (Daniel 6:13). Três vezes Pedro negou a Cristo (Marcos 14:72). Três medidas de farinha (Mateuis 13:33). Três dias e três noites (Mateus 12:40). Três vezes Pedro viu a visão (Atos 10:16). Três vezes Paulo foi à presença do Senhor por seu espinho (2 Coríntios 12:8). A tríade é uma parte integral da Escrituras, e onde quer que seja encontrada geralmente pode ser vista como o número simbólico do que é divino (como no caso de Paulo da saudação freqüente da graça, misericórdia e paz). Testemunho divino e inteireza divina freqüentemente são enfatizados por este número [...] Assim como três dimensões: comprimento, largura e altura são necessárias para formar um objeto

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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sólido, o número três pode ser tratado como símbolo do cubo, e portanto, representativo do que é sólido, real, substancial, completo e inteiro. Ao todo há quatro números perfeitos que sugerem a inteireza nas Escrituras: Três, representando a perfeição divina. Sete, representando a perfeição espiritual. Dez, representando a perfeição ordinal. Doze, representando a perfeição governamental.” [grifos nossos] (14)

Ainda em referência ao Apocalipse, sobre os 144.000 salvos de Ap 7:4, o Rev.

Hernandes Dias Lopes, apresentou a interpretação pré-milenista histórica/amilenista.

Observaremos apenas o trecho onde ele refere-se à Santíssima Trindade:

“[...] O número 144.000 não é estatístico, mas metafórico. Primeiro, o número 3, que significa a Trindade, é multiplicado por 4, que indica a inteira criação, porque os selados virão do Norte e do sul, do Leste e do Oeste. 3 multiplicado por 4 são 12. Portanto, esse número indica: a Trindade (3) operando no universo (4) [...]” [grifos nossos] (15)

A edição da “Bíblia da Mulher” também trouxe um estudo sobre a Bíblia e sua

relação com os números, com uma abordagem semelhante:

“O significado dos números nas Escrituras. Significado Bíblico. 1. Unidade (Gn 2.24); existência independente (Dt 6:4); 2. Uma adição – força, ajuda (Ec 4.9-12); 3. Unidade composta mais simples; o número de Deus (Mt 28.19); 4. O mundo com suas quatro estações e direções (Ap 7.1); 5. A humanidade com as cinco partes dos membros do corpo (Lv 14.14-16); 6. O mal e o fracasso ficam aquém do número sete, que representa a perfeição (Ap 13.18); 7. Perfeição ou plenitude; número que representa a terra coroada pelos céus (Ap 1.4); 10. O dobro de cinco e, portanto, a plenitude humana (Ap 2.10); 12. A manifestação perfeita de Deus de si mesmo à ordem criada (Ap 21.12). Nota: Ao longo das Escrituras, os números, com freqüência, têm sentidos simbólicos e também literais. No livro do Apocalipse, o número sete é especialmente predominante, aparecendo mais de 50 vezes”. [grifos nossos] (16)

Mais impressionante é um estudo sobre a molécula da neve e sua relação com o

algarismo “três” e também com a existência triúna de Deus:

“O Sr. A J. Pace, desenhista do periódico evangélico „Sunday School Times‟, fala de sua entrevista com o finado Wilson J. Bentley, perito em microfotografia (fotografar o que se vê através do microscópio). Por mais de um terço de século esse senhor fotografou cristais de neve. Depois de haver fotografado milhares desses cristais ele observou três fatos principais: primeiro, que não havia dois flocos iguais; segundo: todos eram de um padrão formoso; terceiro: todos eram invariavelmente de forma sextavada. Quando lhe perguntaram como se explicava essa simetria sextavada, ele respondeu: „Decerto, ninguém sabe senão Deus, mas a minha teoria é a seguinte: Como todos sabem, os cristais de neve são formados de vapor de água à uma temperatura abaixo de zero, e a água se compõe de três moléculas, duas de hidrogênio que se combinam com uma de oxigênio [...] O algarismo três, portanto, figura no assunto desde o começo‟ [...] Sua declaração acerca do „algarismo três que figura no assunto‟ me pôs a pensar. Não seria então que o trino Deus, que modela toda a formosura

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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da criação, rubrica a própria trindade nestas frágeis estrelas de cristal de gelo como quem assina seu nome em sua obra-prima? Ao examinar os flocos de neve ao microscópio, vê-se instantaneamente que o princípio básico da estrutura do floco de neve é o hexágono ou a figura de seis lados, o único exemplo disso a todo o reino da geometria a este respeito [...] Portanto, resultam seis triângulos equiláteros reunidos ao núcleo central [...] Que símbolo sugestivo do trino Deus é o triângulo! Aqui temos unidade: um triângulo, formado de três linhas, cada parte indispensável à integridade do conjunto. A curiosidade agora me impeliu a examinar as referências bíblicas sobre a palavra „neve‟, e descobri, com grande prazer, este mesmo „triângulo‟ inerente na Bíblia. Por exemplo, há 21 (3 x 7) referências contendo o substantivo „neve‟ no Antigo Testamento, e 3 no Novo Testamento, 24 ao todo. Então achei 3 referências que falam da „lepra tão branca como a neve‟. Três vezes a purificação do pecado é comparada à neve. Achei mais três que falam de roupas „tão brancas como a neve‟. Três vezes a aparência do Filho de Deus compara-se à neve. Mas a maior surpresa foi ao descobrir que a palavra hebraica, „neve‟, é composta inteiramente de algarismos „três‟! É fato, embora não seja geralmente conhecido que, não tendo algarismos, tanto os hebreus como os gregos usavam as letras do seu alfabeto como algarismos. Bastava um olhar casual de um hebreu à palavra SHELEG (palavra hebraica que quer dizer „neve‟) para ver que ela significa o algarismo 333 (...). No hebraico a primeira letra, que corresponde à nossa „SH‟, vale 300; a segunda consoante „L‟ vale 30; e a consoante final, o nosso „G‟, vale 3. Somando-as, temos 333, três algarismos de três. Curioso, não é verdade? [...]" [grifos nossos] (17)

Glória a Deus porque Ele deixou marcas, traços de Sua tri-personalidade em

Sua criação, como vimos acima. É o que observaremos no capítulo 8, sobre as “analogias

cosmológicas”, comparações extraídas da natureza para compreender melhor a Trindade.

_____________________________________________________________________________________________________

DESEJO IR PARA: (click no link desejado para se locomover com mais rapidez pelo nosso estudo) SOBRE O AUTOR - ÍNDICE – APRESENTAÇÃO – AGRADECIMENTOS – DEDICATÓRIA - ABREVIATURAS – PREFÁCIO -

Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 – 13 – BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________

NOTAS: (01) Norman Geisler e Thomaz Howe: “Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e „Contradições‟ da Bíblia”): pp. 13, 17 , 18 e 21, respectivamente - Quanto à referência a Agostinho, ver: Agostinho, Reply to Faustus the Manichaean 11.5, em Philio Schaff, A Select Library of the Nicene and Ante-Nicene Fathers of the Christian Church, Grand Rapids: Eerdmans, 1956, vol.4). (02) “Sete questões cruciais sobre a Bíblia” (pp. 203-205;OBS: o quinto item será de grande utilidade nas postagens sobre as três "pessoas" da Divindade, em breve).- (03) (fonte: http://www.vivos.com.br/36.htm).- (04) Norman Geisler e Thomas Howe: “Manual popular de dúvidas, enigmas e „contradições‟ da Bíblia” (p. 376).- (05) (Artigo "O Deus Triúno"; extraído e traduzido do livro “Prayer and Revelation” (p. 5), por Felipe Sabino de Araújo Neto: fonte:

http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_cheung.htm).- (06) (“As Testemunhas de Jeová e a Trindade”, p. 21).

(07) (fonte: http://www.vivos.com.br/196.htm).- (08) (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tertuliano#A_Trindade).- (09) (edição de maio de 2004, p. 60). - (10) (Nota Teológica, página 837: fonte: http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_genebra.htm).- (11) “Por que devo crer na Trindade” (p. 17).- (12) (“Teologia Sistemática” – p. 85). - (13) livreto “A razão da nossa fé” (p. 18) - (14) (“Apocalipse: o drama dos séculos”, pp. 226-228).- (15) (“Apocalipse – O futuro chegou”, p. 189). - (16) (“A Bíblia da Mulher: Leitura – Devocional – Estudo”, p. 1636).- (17) (fonte: http://rubens.colli.com.br/?cat=7, texto extraído do livro "Conhecendo as doutrinas da Bíblia" de Myer Pearlman).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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A dificuldade humana em

compreender o seu Criador trinitário

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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5.1 A FALIBILIDADE HUMANA

ivemos um tempo em que o ser humano está cada vez mais distante de Deus em

uma total inversão dos eternos valores bíblicos. No conceito humano, “Deus” está

sendo humanizado e o “homem” está sendo divinizado, fatores que dificultam

demasiadamente a compreensão correta de Deus e de Sua natureza triúna.

Portanto, é de suma importância que antes de apresentarmos as evidências

bíblicas da Santíssima Trindade e toda a doutrina que a cerca, que estudemos os atributos

de Deus, mesmo que resumidamente, bem como a fragilidade humana e sua dificuldade em

compreender o Ser de Deus.

O ser humano anela cada vez mais se comparar ao seu Criador, desde o início

da humanidade ele não está satisfeito com a sua posição de criatura finita (Gn 3:6; 11:4-6;

Pv 27:20b; Ec 4:8). Atualmente inúmeros conceitos seculares apregoam, mesmo que nem

sempre de forma explícita, que não precisamos de Deus. Segundo estes conceitos, com a

nossa própria força mental e autodeterminação podemos realizar qualquer sonho e vencer

qualquer tipo de problema.

É evidente que a mente humana é maravilhosamente forte, pois é criação de

Deus, mas, é um pálido reflexo da mente de Seu Criador (Gn 1:26-27) e estes conceitos

humanistas acabam se mostrando exagerados e, inclusive, diabólicos, pois, pretendem nos

separar dEle. Ao contrário disso, a Bíblia afirma que “a nossa suficiência vem de Deus” (2Co

3:5). Portanto, é necessário para compreender melhor a Deus e Sua natureza triúna, que

adotemos quatro atitudes principais, dentre outras, sendo que estamos suscetíveis a

“tropeçar” em uma ou mais delas ou até mesmo em todas elas. Por isso, é preciso atenção:

Primeiro: Admitirmos que somos falhos e limitados. Devemos nos “despir” de

qualquer orgulho ou soberba. As dificuldades de compreensão que encontramos ao estudar

a natureza triúna de Deus, não residem nas Escrituras Sagradas, pois a Bíblia é perfeita. Ou

nós não conseguimos interpretar corretamente os textos bíblicos utilizando as inúmeras

regras de interpretação existentes ou a culpa se encontra justamente em nossa limitada

capacidade de compreender os mistérios da vida humana.

Segundo: Não sermos preconceituosos quanto a algo que não compreendemos.

Geralmente este é um defeito humano que nos atrapalha demasiadamente. O simples fato

de não entendermos uma doutrina não quer dizer que ela seja mentirosa e que não mereça

a nossa atenção e apreço. Não devemos rejeitar tudo aquilo que não pareça prático ou

lógico do nosso ponto de vista. Nós também não conseguimos entender completamente a

vida após a morte e a onipresença de Deus, por exemplo, mas nem por isso nós deixamos

de acreditar nesses dogmas do cristianismo.

V

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Terceiro: Não sermos orgulhosos e nos acomodar em relação ao conhecimento

já adquirido sobre a vida cristã. Muitas vezes acreditamos que já sabemos tudo sobre Deus

e nos fechamos para ensinamentos contidos em Sua Palavra dos quais não temos

conhecimento. Não devemos nos esquecer que “o saber ensoberbece” (1Co 8:1-2) e que

mesmo se realizarmos tudo o que Deus nos ordenou, deveremos nos considerar “servos

inúteis” (Lc 17:7-10).

Quarto: Não idealizarmos a Deus do ponto de vista humano, mas apenas nos

basear nas revelações bíblicas. Do contrário acabamos por “construir” o nosso próprio deus,

muito aquém de tudo o que Deus realmente é e tentando limitar a Sua ilimitada grandeza

através de parâmetros e critérios de avaliação meramente humanos, oriundos de uma

sociedade tremendamente afetada pelo pecado.

Sobre esta impossibilidade de analisarmos a personalidade divina tendo a

humana como parâmetro, Berkhof sabiamente salientou que:

“Visto que o homem foi criado à imagem de Deus, podemos compreender algo da vida pessoal de Deus pela observação da personalidade como a conhecemos no homem. Contudo, precisamos ter o cuidado de não estabelecer a personalidade humana como padrão pelo qual avaliar a personalidade de Deus. A forma original da personalidade não está no homem, mas em Deus [...] Devemos dizer que, aquilo que aparece como imperfeito no homem, existe com infinita perfeição em Deus. A grande diferença entre ambos é que o homem é unipessoal, enquanto que Deus é tripessoal. E essa existência tripessoal é uma necessidade do Ser Divino, e em nenhum sentido resulta de uma escolha feita por Deus, Ele não poderia existir em nenhuma outra forma que não a forma tripessoal.” (01)

Infelizmente Deus continua sendo “o Deus desconhecido” (At 17:23; cf. Jó

26:14). Inúmeros conceitos seculares apregoados pelos meios de comunicação e por

diversos segmentos da sociedade têm distorcido o verdadeiro lugar que devem estar o

Criador e a Sua criatura. Este triste fenômeno, no entanto, não ocorre apenas em nossa

sociedade secularizada, mas também nas igrejas cristãs, evidentemente numa proporção

muito menor e poderia ser evitado ou pelo menos enfraquecido se a Igreja de Cristo fosse

mais preparada.

O descaso e a falta de transmissão adequada dos preceitos bíblicos durante

várias gerações, as quais paulatinamente têm se esquecido de Deus, se amoldando aos

padrões de conduta seculares, certamente contribuíram muito para este quadro que, por sua

vez, é uma triste realidade presente em vários lares cristãos. Muitos pais não repassam as

tradições cristãs e a importância de se ter uma comunhão com Deus e Sua Palavra aos

seus filhos, com dedicação e perseverança suficientes.

Foi exatamente acerca desta triste e alarmante realidade que David J. Merkh,

sabiamente alertou:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“[...] Qualquer pessoa que tenha experimentado um período de amnésia conhece a sensação desconcertante de acordar de repente e perceber que uma parte de sua vida foi apagada da memória. Que tragédia! Contudo, uma tragédia ainda maior persegue hoje inúmeras famílias cristãs. Acreditando-se vencedoras, descobrem que estão prestes a perder a batalha pela preservação da lembrança mais preciosa do nosso legado espiritual. A amnésia espiritual apaga das nossas mentes a lembrança de Deus. Identificamos um padrão que parece se repetir com certa freqüência entre as famílias crentes: A primeira geração conheceu a Deus. A segunda geração conheceu fatos acerca de Deus. A terceira geração não conheceu a Deus [...]” [vejam. Dt 6:10-12]. (02)

Temos ainda algumas declarações preocupantes de Arthur W. Pink. Ele afirmou

que:

“[...] Dos que lêem ocasionalmente a Bíblia, bem poucos sabem da grandeza do caráter divino, que inspira temor e concita à adoração. Que Deus é grande em sabedoria, maravilhoso em poder, não obstante, cheio de misericórdia, muitos acham que pertence ao conhecimento comum; contudo, chegar-se a um conhecimento adequado do Seu Ser, Sua natureza, Seus atributos, como estão revelados nas Escrituras Sagradas, é coisa que pouquíssimas pessoas têm alcançado nestes tempos degenerados [...]” (03)

Devido à fatos como estes, se torna cada vez mais complicado para as pessoas,

sejam cristãs ou não, entender a doutrina trinitariana, haja visto que muitos se esquecem ou

nem sabem quem Deus é ou o que Ele é. E é no intuito de reafirmamos inúmeros atributos

de Deus, que citaremos vários deles, pois são parâmetros imprescindíveis para

compreendermos melhor a Sua natureza triúna.

C. H. Spurgeon, considerado “o príncipe dos pregadores” afirmou que:

“Nada alargará tanto o intelecto, nada engrandecerá tanto a alma do homem, como um a investigação devota, zelosa e continuada do grande tema da Deidade. O mais excelente estudo para a expansão da alma é a ciência de Cristo, e Este crucificado, e o conhecimento do Ser divino na Trindade gloriosa.” (04)

5.2 RELEMBRANDO ALGUNS ATRIBUTOS DO DEUS TRINITÁRIO

Vamos recorrer inicialmente a Confissão de Fé de Westminster. Sendo que se

torna necessário para tal, traçarmos um pequeno histórico sobre a Confissão de Fé, pois

iremos utilizá-la em mais dois momentos posteriormente.

Em 12 de junho de 1643 uma grande assembléia de teólogos e eruditos das

Escrituras foi convocada pelo Parlamento da Inglaterra para, entre outras coisas,

estabelecer os pontos doutrinários da Igreja Cristã Reformada diante de inúmeras heresias

que se opunham a sã doutrina bíblica naquele tempo.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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A Assembleia de Westminster, como ficou conhecida, quando 151 teólogos

reunidos na Abadia de Westminster, em Londres (de julho de 1643 a fevereiro de 1649),

resultou na promulgação da Confissão de Fé e nos Catecismos (Maior e Breve). Mas, esta

Confissão jamais pretendeu ocupar o lugar da Bíblia como Palavra inerrante de Deus. (5)

A Confissão, por sua vez, expressa de forma resumida a doutrina trinitariana, no

seu capítulo II, que trata “De Deus e da Santíssima Trindade”. Vamos observar neste

momento apenas suas primeiras afirmações concernentes aos atributos divinos (artigo 1),

mais adiante observamos os artigos 2 e 3. A Confissão de Fé de Westminster afirma:

“I) Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões, é imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro galardoador dos que o buscam, e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo pecado; de modo algum terá por inocente o culpado.” (06)

As referências bíblicas usadas pela Confissão de Fé foram: Gn 17:1; Ex 3:14;

36:6-7; Dt 4:15-16; 6:4; 1Rs 8:27; Ne 9:32-33; Jó 11:7-9; Sl 5:5-6; 92:2; 115:3; 145:3; Pv

16:4; Is 6:3; Jr 10:10; Na 1:2-3Lc 24:39; Jo 6:24; At 14:11,15; Rm 11:36; 16:27; 1Co 8:4,6; Ef

1:11; 1Ts 1:9; 26:14; 1Tm 1:17; Hb 11:6; Tg 1:17; 1Jo 4:8; Ap 4:11.

Portanto, vamos de maneira resumida relembrar alguns atributos divinos,

certamente primordiais para o estudo da Trindade:

5.2.1 Deus é único: Jamais devemos nos afastar deste ponto, por mais que pareça a

princípio entrar em contradição com a doutrina trinitariana. Jamais vamos perder de vista

que o nosso querido Deus é um. Ele é o único e suficiente Deus do universo.

Jamais pensemos que adoramos três deuses ou três pessoas que em algum

momento se transformaram em um só deus (!). Ao orar a Deus, O contemplemos sempre

como uma unidade (mas uma unidade composta). Do contrário, poderemos experimentar

em algum nível uma confusão mental que pode até mesmo nos afastar do único e

verdadeiro Deus, sem saber exatamente com quem estamos falando e quem estamos

adorando.

“Vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR, o meu servo a quem escolhi; para que o saibais e me creiais e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há Salvador” (Is 43:10-11; cf. Dt. 6:4; 1Rs 8:60; Is 45:5-6; Jo 5:44; 17:3; Rm 3:30; Gl 3:20; 1Tm 1:17; 6:15; Tg 2:19; Jd 25).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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5.2.2 Deus não compartilha a Sua glória com ninguém: “Deus é a Trindade”. Essa

afirmação reflete a mais inalterável verdade. Se apenas uma das três pessoas da Trindade

estivesse ausente ou não possuísse atributos divinos, então não haveria Deus. Se Jesus

fosse um simples ser humano ou o Espírito Santo fosse um tipo de força cósmica ou

energia, como muitos afirmam, Deus jamais teria dito:

“Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra às imagens de escultura.” (Is 42:8; cf. 48:11).

Seria contradição Ele compartilhar Sua glória com um ser humano e uma

energia cósmica.

5.2.3 Deus é insondável: É impossível compreender totalmente a natureza de Deus. Por

mais que se façam profundas reflexões filosóficas e teológicas, jamais o ser humano

conseguirá conceber em sua mente a grandeza imensurável do nosso Deus:

“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos. Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?” (Rm 11:33-34; cf. Jó 36:22-26; Is 40:28; 55:8; 1Co 1:18,25; 2:6-16).

5.2.4 Deus é eterno: Deus habita a eternidade e não sofre a ação do tempo como nós,

seres humanos, a Sua existência não é de forma linear como a nossa, ela não tem início e

nem fim. Mas, Ele não está livre da ação contínua do tempo apenas por ser Todo-Poderoso,

mas, principalmente porque foi Ele mesmo quem criou o tempo:

“Eis que Deus é grande e não o podemos compreender; o número dos seus anos não se pode calcular.” (Jó 36:26). “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.” (Sl 90:2; comparem com Dt 32:40; Sl 102:27; 1Co 2:7; Ef 1:4; 1Tm 1:17; 6:16; Ap 1:8; 15:8).

“Eternidade é infinitude com relação ao tempo. Implica que a natureza de Deus não está sujeita à lei do tempo. Deus não está no tempo. Mais correto é dizer que o tempo não está em Deus. Apesar de que há sucessão lógica nos pensamentos de Deus, não há sucessão cronológica.” (07)

5.2.5 Deus é espírito: Da mesma forma que Deus não está vinculado aos efeitos do tempo,

Ele também não sofre a influência do mundo material, pois Ele é espírito. Ele não está

limitado a um determinado local, cidade ou qualquer região do nosso planeta ou do universo

(com exceção da natureza humana do Senhor Jesus, fato que estudaremos mais adiante).

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Page 88: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:24; cf. v. 21; At 7:48-50; 17:24).

5.2.6 Deus é perfeito: Ele não erra, não se engana e nem se arrepende. Ele não mente,

pois é a verdade e apenas fala o que é verdade.

“Porventura desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até a perfeição do Todo-Poderoso?" (Jó 11:7-9). "Também a Glória de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é homem, para que se arrependa.” (1Sm 15:29). “Eu, o SENHOR, falo a verdade, e proclamo o que é direito.” (Is 45:19b; cf. Jo 17:17; Hb 6:18; 2Tm 2:13; Tt 1:2).

5.2.7 Deus é infinito: É absolutamente impossível mensurar não somente a existência

eterna de Deus, mas a Sua natureza infinita. Ele não tem começo nem fim, já que Ele é um

espírito eterno, perfeito, insondável e auto-existente, antes de qualquer coisa criada.

“Mas, de fato habitaria Deus na terra? Eis que os céus, até o céu dos céus, não te podem conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei.” (1Rs 8:27).

5.2.8 Deus é onipresente: Ele está em todo o universo, não em um sentido literal, com a

Sua essência espalhada por todo ele, mas, de forma misteriosamente multidimensional

(entre o mundo espiritual e o material), pois Ele sempre foi e será um espírito infinito e

ilimitado, antes de qualquer coisa que Ele mesmo criou, podendo, assim, estar em todas as

partes do universo ao mesmo tempo.

E mais: Deus é ao mesmo tempo imanente (se relaciona com a criação e

participa ativamente da história humana) e transcendente (está acima, separado e

independente da Sua criação).

"Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e vivificar o coração dos contritos.” (Is 57:15 cf. Ex 3:7-8; Jó 11:17; 22:12; 33:12; 37:23; Sl 104:27-30; 113:5-7; Jr 23:24; Is 34:14-15; Jo 8:23).

5.2.9 Deus é onipotente: Ele é Todo-Poderoso. Tudo é possível para Deus (Lc 18:27).

“Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá?” (Is 43:13; cf. Jó 25:2; 42:2; 1Cr 29:11-12; Ap 5:11-13).

Contudo, devido à Sua completa perfeição, mesmo podendo fazer qualquer

coisa, Ele jamais desejaria realizar algo que contrariasse Sua completa bondade e Sua

completa justiça.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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5.2.10 Deus é onisciente: Ele sabe de todas as coisas, sejam do presente, do passado ou

do futuro. Não há nenhuma situação que escape aos olhos oniscientes de Deus. Ele

conhece cada pensamento e cada atitude dos seres humanos, bem como tudo o que

acontece em todo o universo que Ele criou.

“Os olhos de Deus estão sobre os caminhos do homem, e vêem todos os seus passos. Não há trevas, nem sombra assaz profunda, onde se escondam os que obram a iniqüidade.” (Jó 34:21-22; cf. Dt 29:29; 1Sm 16:7; Jó 28:24; Dn 2:20-23, Jo 21:17; At 15:18; 1Co 2:10).

5.2.11 Deus é imutável: Em Deus não pode haver diminuição ou acréscimo em Sua

essência ou em Seus atributos, pois toda mudança evidentemente é para pior ou para

melhor, mas Deus não precisa melhorar e nem irá piorar, pois Ele é eternamente perfeito. O

que Deus é, Ele sempre foi e sempre será. Em nenhum momento do tempo houve algum

tipo de alteração na natureza ou nos atributos dEle e nem haverá.

“Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.” (Tg 1:17; cf. Sl 102:25-27; Ml 3:6).

5.2.12 Deus é soberano: Deus é soberano sobre todas as situações de nossa vida e sobre

toda a Sua criação, a despeito de circunstâncias de dificuldades e de provações:

“No céu está o nosso Deus; e tudo faz como lhe agrada.” (Sl 115:3; cf. Ec 7:14; Ef 1:11; Fp 2:13).

5.2.13 CONCLUSÕES

E pelo fato de Deus possuir todos estes atributos, entre tantos outros, Ele é

absoluto. Ele não está sujeito às regras de tempo (nascimento e morte) ou espaço (altura,

largura ou profundidade). Por isso também o apóstolo Paulo afirmou:

"Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente ou do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 8:38-39; comparem com Ef 3:17-18).

Em suma, a Trindade é Deus. Ele não se tornou a Trindade. Ele é a Trindade, é

a Sua natureza eterna, absoluta e imutável. Aliás, é somente quando estudamos a

Santíssima Trindade que podemos confessar que estamos nos aprofundando no

conhecimento do único Deus verdadeiro. João Calvino afirmou que:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“[...] Ele não somente nos diz que é Uno, mas sim que três pessoas devem ser conhecidas e distinguidas nEle. Se não nos apegarmos firmemente a isto, não temos nenhum conhecimento do Deus verdadeiro; temos somente o nome de Deus flutuando em nosso cérebro [...]” (08)

Deus não é um velhinho de barba e cabelos brancos que vive em uma nuvem

distante. Ele não é um espírito errante e piedoso que serve apenas para presentear as

pessoas. Ele não é uma espécie de gênio da lâmpada que está disponível para satisfazer os

caprichos e as tendências egocêntricas humanas e muito menos um mero ser espiritual com

poderes cósmicos que divide o domínio do universo com o diabo. Deus está muito, muito

além de todos estes conceitos heréticos, simplistas e humanísticos. Deus é muito mais

elevado e cheio de glória do que possamos imaginar. Ele está infinitamente acima do que

qualquer área do conhecimento humano:

“Ó SENHOR, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas?” (Ex 15:11). “Levantai-vos, bendizei ao SENHOR vosso Deus de eternidade em eternidade. Então se disse: Bendito seja o nome da tua glória, que ultrapassa todo bendizer e louvor.” (Ne 9:5b). “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” (Is 55:8-9; comparem com Is 40:15-18,22-23; Rm 11:33-36). “[...] Deus é Espírito puro, sem corpo, e, portanto, não está confinado ao espaço. Embora seja onipresente no universo criado, ele é igualmente transcendente: não se confunde com a criação nem e limita a ela. „Ele não habita em templos feitos por mãos humanas‟. Deus também é independente. Ele em nada depende da criação. A criação não é absolutamente necessária. Deus se satisfaz plenamente nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ele também é eterno: não está sujeito ao tempo. O tempo, como sucessão de eventos, também foi criado. O habitat natural de Deus não é nem o espaço nem o tempo. Ele não experimenta nenhuma limitação. Ele é ilimitado, infinito e eterno. Ele se manifesta no espaço e no tempo, mas não está de modo algum confinado a eles. Para Deus, não há início nem fim; não há passado, presente ou futuro. Ele também não necessita percorrer os pontos sucessivos de uma reta para alcançar a outra extremidade. Ele se faz presente em cada ponto do universo. O Deus Pai, Filho e Espírito Santo está em todo lugar e em todo tempo (Sl 139:7-12) [...]” (09)

_____________________________________________________________________________________________________

DESEJO IR PARA: (click no link desejado para se locomover com mais rapidez pelo nosso estudo) SOBRE O AUTOR - ÍNDICE – APRESENTAÇÃO – AGRADECIMENTOS – DEDICATÓRIA - ABREVIATURAS – PREFÁCIO -

Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 – 13 – BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________

NOTAS: (01) (“Teologia Sistemática”, p. 81).- (02) livro “101 idéias criativas para o culto doméstico” (p.11), - (03) livro “Os atributos de Deus” (p. 7) - (04) (citado em “Os atributos de Deus” de Arthur W. Pink, pp. 91-92).- (05) Ressaltamos que a Confissão de Fé não visa ocupar o lugar da Bíblia como única regra de fé e prática, mas servir como declaração da fé reformada diante de heresias, tratando de forma sistemática doutrinas que muitas vezes estão dispersas por toda a Bíblia (Obs: O art. 1º, do cap. 1º da Constituição da I.P.B., por exemplo, referente a “Natureza, governo e fins da Igreja” nos informa que a Confissão de Fé é um “sistema expositivo de doutrina e prática”). -(06) Artigo 1º, do capítulo 2 (Confissão de Fé de Westminster; p. 26).-(07) Complementando este item: Teologia Sistemática de Augustus H. Strong (Vol. I, p. 412) - (08) (“As Institutas da Religião Cristã, – Um resumo – Parte 13, p. 60).-(09) Paulo Anglada, no livro “Introdução à hermenêutica reformada”, pp. 173-174.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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6

Evidências bíblicas para a doutrina trinitariana no

Antigo Testamento

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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6.1 INTRODUÇÃO

pós estudarmos o que o ateísmo e inúmeras seitas e religiões afirmam sobre a

Trindade, após defender a inerrância e a infalibilidade bíblica e estudarmos os

atributos divinos e as limitações humanas, com todos estes conceitos bem firmados

em nossas mentes, chegamos, enfim, acreditamos que melhor preparados, ao segundo

ponto mais importante do nosso estudo, ou seja, quando fundamentaremos biblicamente

todo o estudo básico da Santíssima Trindade, onde encontraremos o sólido e imutável

alicerce doutrinário para a Trindade: o texto sagrado das Escrituras (conceitos avançados

serão biblicamente fundamentados posteriormente no capítulo 10).

O ponto culminante, o mais importante, será no final do estudo, quando

conheceremos ou relembraremos a relevância e a praticidade da doutrina trinitariana, o que

nos levará a um conhecimento prático e não meramente teórico do Deus triúno.

Mas, pimeiramente observaremos dezenas e dezenas de referências bíblicas

que confirmam a existência e a atuação das três pessoas da Trindade no Antigo Testamento

(capítulo 6) e em seguida a atuação das três pessoas da Trindade no Novo Testamento e

analisando também as evidências de que elas são o mesmo Deus e ao mesmo tempo são

distintas entre si, compartilhando algumas conclusões em seguida (capítulo 7),.

Inicialmente podemos asseverar seguramente que a Trindade não foi

esquematizada ou inventada pelos apóstolos. Ela não é uma realidade apenas encontrada

no Novo Testamento, nem muito menos podemos imaginar que Deus se transformou numa

Trindade para iniciar o período em que ele foi escrito (!!) Ao contrário do que muitos podem

imaginar, as evidências bíblicas da Trindade não são uma exclusividade do período da Nova

Aliança. Wayne Grudem afirmou:

“Estudar os ensinamentos bíblicos sobre a Trindade lança forte luz sobre a questão que está no âmago da nossa busca de Deus: como é Deus em si mesmo? Aqui aprendemos que, em si mesmo, no seu próprio ser, Deus existe nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo, sendo, porém um só Deus. Se Deus existe eternamente em três pessoas, seria surpreendentemente estranho não encontrar indicações da Trindade no Antigo Testamento.” (01)

Na realidade, existe uma progressão na revelação trinitária de Deus por toda a

Escritura Sagrada, sendo que no Antigo Testamento encontramos evidências da pluralidade

divina até que no Novo Testamento nos é apresentada de forma clara a existência das três

pessoas da Divindade. Deus, portanto, foi revelando paulatinamente em Sua Palavra a Sua

natureza triúna.

Charles Hodge, afirmou, entre outras coisas, que:

A

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

93

“[...] O caráter progressivo da revelação divina se reconhece em relação a todas as grandes doutrinas da Bíblia [...] Tudo o que encontramos desenvolvido na plenitude do Evangelho se encontra em forma rudimentar nos primeiros livros da Bíblia. O que no início se insinua apenas obscuramente, desenvolve-se gradualmente em partes posteriores do volume sagrado, até que a verdade emerge em sua plenitude [...] E é especialmente verdade no que diz respeito à doutrina da Trindade [...]” (02)

B. B. Warfield, também trouxe uma interessante analogia sobre esta questão da

revelação progressiva da Santíssima Trindade nas Escrituras:

“Podemos comparar o Velho Testamento com um salão ricamente mobiliado, mas muito mal iluminado; a introdução de luz nada lhe traz que nele não estivesse antes; mas apresenta mais, põe em relevo com maior nitidez muito do que mal se via anteriormente, ou mesmo não tivesse sido apercebido. O mistério da Trindade não é revelado no Velho Testamento; mas o mistério da Trindade está subentendido na revelação do Velho Testamento, e aqui e acolá é quase possível vê-lo.” (03)

Uma questão que deve ser refutada antes de apresentarmos as evidências

vetero-testamentárias da Trindade e que pode gerar dúvidas neste estudo é que muitas

pessoas desmerecem o conteúdo do Antigo Testamento, acreditando que seus ensinos são

ultrapassados ou que devem ser classificados como “Escritura de segunda classe”. É uma

espécie de preconceito escriturístico.

Sobre essa problemática, Ralph L. Smith, afirmou, entre outras coisas, que:

“Ainda precisamos do Antigo Testamento? Ele ainda tem significado, pertinência e valor religiosos? [...] Os alicerces do cristianismo repousam sobre o Antigo e o Novo Testamentos juntos. Os „preparativos‟ para a vinda de Jesus Cristo começaram com a primeira revelação do segredo da pessoa de Javé [...] O Novo Testamento considera o Antigo Escritura Sagrada, e de forma alguma entende que seu valor seja limitado. Um cristão não pode considerar o Antigo Testamento Escritura de segunda linha [...] Os cristãos não devem sobrepor o Novo Testamento ao Antigo. Deve-se permitir ao Antigo Testamento que fale em seus próprios termos [...]” (04)

O AT possui a mesma condição de Escritura Sagrada inspirada por Deus que o

NT. O que ocorre é que o NT apresenta a Nova Aliança em Cristo, superior a aliança do AT,

pois Cristo satisfez cabalmente as exigências da Lei, o que nenhum ser humano teria sido

capaz (At 13:38-39; Rm 3:31; 5:15,20; 7:6,12; 8:3-4; 10:4; Gl 3:11,13,17,19,24-25; Hb

7:12,18,22; 8:6-7,13; 9:6-10; 10:5-14;12:24). O Novo Testamento complementa e interpreta

o Antigo Testamento, mas jamais o denigre ou o anula. Pelo contrário, inúmeros ensinos e

personagens do Antigo são confirmados pelos apóstolos e pelo próprio Senhor Jesus no

Novo Testamento. Ademais, toda a Bíblia forma um mesmo contexto harmoniosamente

inspirado e inerrante, sendo que um Testamento não pode ser desconsiderado em

detrimento do outro (Rm 15:4; 2Tm 3:16; 2Pe 1:21).

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Page 94: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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O Rev. Paulo Anglada sabiamente teceu comentários sobre estes assuntos:

“[...] O propósito de Deus é eterno e imutável, mas a sua revelação e execução são temporais e progressivas. Logo, embora o Novo Testamento esteja em harmonia com o Antigo, ele apresenta uma revelação mais desenvolvida, clara e precisa da vontade de Deus [...] O Antigo e o Novo Testamento revelam o mesmo Deus, proclamam o mesmo Evangelho, apresentam o mesmo Cristo e são empregados pelo Espírito para operar uma mesma salvação. Ambos apresentam a graça de Deus em Cristo para a redenção de pecadores. Entretanto, esta continuidade é progressiva [...]“ (05)

6.2 A PLURALIDADE DO SER DIVINO NO ANTIGO TESTAMENTO

Em hebraico existem duas palavras para expressar unidade: ´ehad e ´yahid. A

primeira palavra demonstra uma unidade composta ou plural, como, por exemplo, em

Gênesis 2:24 diz que o homem e a mulher seriam uma (´ehad) só carne, ou seja, dois e um.

A segunda expressão apresenta uma unidade absoluta, isto é, aquela que não permite

pluralidade, como por exemplo, em Juízes 11:34 que diz que Jefté tinha uma única (´yahid)

filha. Foi justamente a primeira palavra (´ehad), que denota uma unidade composta, a que

foi empregada em Deuteronômio 6:4, onde lemos:

"Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único [´ehad] SENHOR” (comparem com Mc 12:29). [citação entre colchetes de nossa parte].

Neste texto bíblico, ´ehad indica que na unidade da Divindade há uma

pluralidade (comparem com Gn 2:24; Nm 13:23; Jz 20:8).

"Nesta passagem os judeus empenharam grande atenção e é uma das quatro passagens que eles escrevem em seus filactérios (sobre a palavra Elohim, Simeon Ben Joachi disse: „Venha e veja o mistério da palavra Elohim: há três graus e cada grau é por si mesmo único e mesmo assim são todos um, unidos em um e não divididos‟).” (06)

Podemos ainda acrescentar as palavras de Hermann Bavinck como

complementação a este ponto do nosso estudo:

“Mas essa unidade ou unicidade de Deus é, de acordo com a Escritura e com a confissão da Igreja, não uma unidade vazia, nem solitária, mas cheia de vida e força. Ela envolve diferença, ou distinção, ou diversidade. É essa diversidade que se expressa nas três pessoas do Ser de Deus.” (07)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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E embora os hebreus adorassem o único e verdadeiro Deus, a sua utilização de

nome no plural para se referir a Ele (Elohim) aparentemente gerou confusão em seus

vizinhos politeístas. Quando os Israelitas levaram a Arca da Aliança ao acampamento

preparado para enfrentar os filisteus, encontramos o seguinte relato:

“E se atemorizaram os filisteus e disseram: os deuses vieram ao arraial. E diziam mais: Ai de nós! Que tal jamais sucedeu antes. Ai de nós! Quem nos livrará destes grandiosos deuses? São os deuses que feriram aos egípcios com toda sorte de pragas no deserto.” (1Sm 4:7-8.)

Os hebreus poderiam facilmente ter evitado a confusão, usando a forma singular

(IAVÉ ou JAVÉ), porém não o fizeram. Poderíamos inferir, então, certamente, que a

pluralidade do seu Deus singular era muito importante para eles.

Há referências bíblicas vetero-testamentárias que indicam (ou sugerem) a

pluralidade de pessoas na Divindade pela tríplice repetição do nome Iavé, como, por

exemplo: Nm 6:24-26; Dn 9:19; Is 6:3; 33:22 (comparem com Ap 4:8), e pode até mesmo

parecer coincidência, mas acreditamos que nada nas Escrituras Sagradas tenha sido

escrito sem um propósito específico (Rm 15:4; 2Tm 3:16).

As evidências da pluralidade divina, no entanto, são encontradas desde a

criação da humanidade. Em Gênesis 1:26a, encontramos as seguintes declarações:

“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.”

Semelhantemente a este texto há outros que mencionam a Deus se

expressando no plural, como em Gênesis 3:22a, após a desobediência de Adão e Eva:

“Então Disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal.”

E em Gênesis 11:7, no episódio da Torre de Babel:

“Vinde, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro.”

Alguns estudiosos afirmam que esta expressão divina trata-se do uso do plural

de majestade (majestático), isto é, quando um indivíduo, um rei, por exemplo, fala de si

mesmo, mas na forma plural, não revelando, assim, uma pluralidade participativa. Contudo,

esta ideia se torna insustentável, pois o plural majestático não existia quando o Antigo

Testamento foi escrito, não se encontram exemplos de um rei usando verbos no plural para

referir-se a si mesmo, por exemplo.

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Page 96: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Outra sugestão apresentada para explicar o uso do plural por Deus é que Ele

estava nestas ocasiões falando com anjos. Mas a Bíblia não indica que os anjos

participaram da criação do homem, nem foi o homem criado à imagem e semelhança de

anjos e nem participaram do episódio da Torre de Babel, apesar do fato de que serafins

estavam presentes na visão de Isaías (Is 6), quando Deus indagou: "Quem há de ir por

nós?", mas não parece sensato e convincente pensar que Ele estava incluindo esta

classificação de anjos como aqueles que juntamente com Deus enviaram aquele profeta em

sua missão.

A explicação mais biblicamente aceitável é que já nos primeiros capítulos de

Gênesis e em Isaías temos indicações da pluralidade de pessoas no próprio Deus. Não é

possível, no entanto, analisando isoladamente Gênesis e Isaías, por exemplo, saber

quantas pessoas são e nada encontramos à primeira vista que se aproxime de uma doutrina

da Trindade nestes textos, mas seguramente se infere que há mais de uma pessoa nessas

declarações. Veremos posteriormente que o Novo Testamento esclareceu essa questão,

principalmente referindo-se à visão de Isaías.

Podemos afirmar que as três pessoas da Divindade participaram da criação do

homem, pelo fato de que outros trechos das Escrituras afirmam claramente isso. Jesus

Cristo também criou todas as coisas, as visíveis e as invisíveis (Jo 1:1,3; Cl 1:16-17; Hb

1:10) e consequentemente o homem. Mencionando a Cristo, o Filho do amor de Deus Pai e

Sua imagem em Colossenses 1:13-15, o apóstolo Paulo afirmou no v. 16b:

“Tudo foi criado por meio dele e para ele.”

Já em Jó 33:4, Eliú declarou:

“O Espírito de Deus me fez; e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida.”

Quem criou o homem, então? Deus Pai, Jesus ou o Espírito Santo? Se a Bíblia

afirma que foi Deus quem criou o homem (Gn 1:26-27), mas que Jesus Cristo e o Espírito

Santo também o fizeram, então, podemos afirmar que o homem foi criado pela Santíssima

Trindade, ou seja, obviamente por Deus. Esta realidade fica ainda mais evidente quando

nos defrontamos com textos como Jó 35:10, Salmo 149:2, Eclesiastes 12:1 e Isaías 54:5,

nos quais a tradução para a língua portuguesa apresenta “Criador” no singular, mas o texto

original hebraico apresenta o termo no plural: Criadores.

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Page 97: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

97

6.3 CRISTOLOGIA VETERO-TESTAMENTÁRIA (INFERÊNCIAS DA DIVINDADE DE

JESUS CRISTO E EVIDÊNCIAS DA DIVINDADE DO PAI NO ANTIGO TESTAMENTO)

6.3.1 INTRODUÇÃO

Inicialmente podemos afirmar que tanto as profecias bíblicas, como o apóstolo

Paulo e o próprio Jesus confirmam que Ele, o Senhor, o Filho de Deus em Sua eternidade,

já era mencionado e já atuava no povo de Israel desde o Antigo Testamento. Depois que

Adão e Eva pecaram, Deus prometeu enviar um descendente que esmagaria a cabeça da

serpente (Gn 3:14-15). Mas este texto, se analisado isoladamente, não explicita o referido

descendente, o que seria revelado depois de muitos séculos, na pessoa do Senhor Jesus,

que foi identificada com aquele descendente:

“Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.” (Gl 3:16).

Em Lucas 24:27 nos diz que o Senhor Jesus:

"...começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.”

De fato, Moisés testificou de Cristo (se interpretarmos o texto à luz do Novo

Testamento, como uma das regras de interpretação bíblica nos ensina):

“O SENHOR Deus te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim: a ele ouvirás.” (Dt 18:15).

Moisés foi semelhante a Cristo referente a seu serviço e ao ofício de profeta

(confiram At 3:12-26 e Hb 3:1-3 e comparem Dt 34:10 com Lc 24:19). Contudo, não são

apenas passagens proféticas sobre a vida de Jesus, como esta que acabamos de observar

e outras tais como os Sl 16 e 22 e Is 53 que falam de Cristo no AT. Por todo o AT, na

verdade, há uma constante menção de uma pessoa, distinta do Deus Iavé dos hebreus, mas

idêntica a Ele ao mesmo tempo. Ela reivindica autoridade divina, exerce prerrogativas

divinas e recebe homenagem divina. Seria Jesus pré-encarnado? Jesus ensinou que

Abraão de alguma maneira reconheceu a Sua existência. Em João 8:56-58, temos:

“Vosso pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos, e viste a Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abraão existisse, eu sou.”

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Page 98: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

98

Sobre este texto, Charles C. Ryre salientou que:

“A expressão „Eu Sou‟ denota existência eterna absoluta, não apenas existência anterior à de Abraão. É uma reivindicação de ser o Javé do A.T. A reação dos judeus (v. 59) a esta suposta blasfêmia demonstra que eles entenderam claramente o significado desta reivindicação de Cristo.” (08)

Além disso, esta referência de Jesus ao fato de Abraão ter visto o Seu dia pode

estar vinculada à manifestação da Divindade nos dias que precederam a destruição de

Sodoma e Gomorra (Gn cap. 18 e 19), mas esta afirmação carece de evidências bíblicas. É

mais provável que esta referência de Jesus seja ao episódio do sacrifício de Isaque que

veremos logo a seguir, onde observamos a atuação clara do Anjo do SENHOR.

E o apóstolo Paulo afirmou que o povo de Israel em sua peregrinação no

deserto, se alimentou e bebeu de uma mesma "fonte espiritual", de uma "pedra espiritual"

que seguia o povo. Segundo ele, essa "pedra" era Cristo Jesus.

“Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido batizados, assim na nuvem, como no mar, com respeito a Moisés. Todos eles comeram de um só manjar espiritual, e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo.” (1Co 10:1-4).

É mais do que notória, portanto, a obra providencial de Jesus, pré-encarnado, na

vida do povo hebreu no deserto. Essa rocha sobrenatural ou espiritual protegia e sustentava

o povo. Está claro que a proteção veio de Deus, mas o apóstolo Paulo esclarece que essa

proteção vinha de Deus, o Filho, que no tempo de Paulo já se havia feito homem (Obs:

Comparem ainda Mt 2:6 com Mq 5:2 sobre a eternidade de Cristo).

Mas, como pode ser isso? Vamos ver a seguir, então, a atuação de um

personagem ainda polêmico entre muitos especialistas, mas que para muitos, é claramente

a pré-encarnação do Salvador no período do Antigo Testamento.

6.3.2 O "ANJO DO SENHOR" ATUANDO NO PENTATEUCO

6.3.2.1 EM GÊNESIS

Em Gênesis 16, o Anjo do SENHOR aparece a Agar:

“Disse-lhe mais o Anjo do SENHOR: Multiplicarei sobremodo a tua descendência, de maneira que, por numerosa, não será contada.” (v. 10; cf. vv. 11,12).

E na continuidade da narrativa bíblica...

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Page 99: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“Então ela invocou o nome do SENHOR, que lhe falava: Tu és Deus que vê, pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?” (v.13).

Portanto é declarado que este Anjo é o próprio SENHOR Deus. Afinal, Ele

promete o que somente Deus poderia cumprir (cf. vv. 10-11). Não muito à frente em

Gênesis, o Anjo de Deus aparece novamente a Agar:

"Deus, porém, ouviu a voz do menino; e o Anjo de Deus chamou do céu a Agar e lhe disse: Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino, daí onde está. Ergue-te, levante o rapaz, segura-o pela mão, porque eu farei dele um grande povo. Abrindo-lhe Deus os olhos, viu ela um poço de água, e, indo a ele, enchei de água o odre, e deu de beber ao rapaz." (Gn 21:17-19).

Percebam que Deus ouviu a voz do menino, mas foi o Anjo que chamou Agar e

disse que faria do menino um grande povo, e, em seguida Deus mostra a Agar um poço

para que ela desse de beber a Ismael (Gn 25:12).

Logo em seguida, no próximo capítulo de Gênesis, quando Deus pôs Abraão à

prova pedindo o seu filho Isaque como sacrifício (Gn 22:1-2), no momento que o patriarca

tomou o cutelo para imolar o próprio filho em obediência a Deus (v.10), mais uma vez

encontramos a ação do Anjo do SENHOR:

“Mas do céu lhe bradou o Anjo do SENHOR: Abraão! Abraão! Ele respondeu: Eis me aqui. Então lhe disse: Não estendas a mão sobre o rapaz, e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho.” (vv. 11-12).

O Anjo do SENHOR sabia que Abraão temia a Deus, pois não lhe negara o

único filho (v.12). E então Abraão encontrou um carneiro preso entre os arbustos e o imolou

no lugar de seu filho (v.13) e em seguida chamou aquele lugar onde estavam de o SENHOR

proverá (v.14). Em seguida novamente o Anjo do SENHOR se manifesta a Abraão:

“Então do céu bradou pela segunda vez o Anjo do SENHOR a Abraão, e disse: Jurei, por mim mesmo, diz o SENHOR, porquanto fizesse isso, e não me negaste o teu único filho, que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos, nelas serão benditas todas as nações da terra: porquanto obedeceste à minha voz.” (vv. 15-18).

Mais uma vez o Anjo do SENHOR se apresenta como mensageiro do SENHOR,

mas Ele também é o SENHOR. Isto fica claro com expressões tais como “jurei por mim

mesmo” (v.16) e “obedeceste à minha voz” (v. 18b) e pelas promessas feitas pelo Anjo a

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Page 100: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Abraão como sendo o próprio SENHOR e que realmente só Deus poderia cumprí-las

cabalmente (vv. 17-18; comparem com Gn 13:14-16; 15:5).

Fica mais uma vez evidente que o "Anjo do Senhor" ou o "Anjo de Deus" é o

próprio Deus mais adiante, ainda em Gênesis:

"E o Anjo de Deus me disse em sonho: Jacó! Eu respondi: Eis-me aqui! Ele continou: Levanta agora os olhos e vê que todos os machos que cobrem o rebanho são listados, salpicados e malhados, porque vejo tudo o que Labão está fazendo. Eu sou o Deus de Betel, onde ungiste uma coluna, onde me fizeste um voto. levanta-te agora, sai dessa terra e volta para a terra de sua parentela." (Gn 31:11-13).

Que espetacular e impressionante! O Anjo de Deus fala a Jacó que estava ciente

de tudo o que Labão estava fazendo (uma alusão à onisciência divina?) e que Ele é o Deus

de Betel, onde Jacó ungiu uma coluna e fez um voto a Ele, a Deus (Gn 28:18-22) e em

seguida o Anjo dá ordem para que o patriarca volte para a terra de sua família. O Anjo

reivindicou Sua divindade, fez uma provável menção à Sua onisciência divina e deu ordens

importantes que influenciariam a história do povo de Israel.

Existe também a narrativa da tão conhecida luta de Jacó com um homem, que

na verdade era uma teofania, era o próprio Deus (vejam Gn 32:22-30). Neste episódio não é

possível comprovar a participação do Anjo do SENHOR, pois fica claro que era o próprio

SENHOR Deus que estava presente. Muito à frente no Antigo Testamento, no livro do

profeta Oséias há uma menção deste episódio e o texto afirma que Jacó lutou com "o anjo"

e prevaleceu (Os 12:4), mas, mesmo assim, não fica evidente que era o Anjo do SENHOR.

Mas observem, ainda mencionando Jacó, que no fim de Gênesis, quando ele

abençoou a José e seus flhos, ele mencionou a provisão de Deus em sua vida e na de seu

pai e seu avô e a proteção do Anjo de Deus em sua vida e desejou que Deus e o Anjo de

Deus trouxessem bênçãos para os seus descendentes (Gn 48:15-16).

6.3.2.2 EM ÊXODO

O Anjo do SENHOR também se manifestou a Moisés em forma de chama de

fogo no meio de uma sarça. Fica evidente, mais uma vez, que o Anjo do SENHOR não é tão

somente um mensageiro de Deus, mas Ele é o próprio Deus:

"Apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Midiã; e, levando o rebanho para o lado ocidental do deserto, chegou ao monte de Deus, a Horebe. Apareceu-lhe o Anjo do SENHOR numa chama de fogo, no meio de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo e a sarça não se consumia. Então, disse consigo mesmo: Irei para lá e verei essa grande maravilha, por que a sarça não se queima?" (Ex 3:1-3).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Percebam que em Horebe, no monte de Deus, foi o Anjo do SENHOR que

apareceu a Moisés em forma de chama de fogo em uma sarça. Moisés ficou maravilhado

pois a sarça não se consumia com o fogo e quis se aproximar mais. E...

“Vendo o SENHOR que ele se voltava para ver, Deus, do meio da sarça, o chamou, e disse: Moisés, Moisés! Ele respondeu: Eis-me aqui. Deus continuou: Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa.” (vv. 4-5; comparem com At 7:30-35).

Que interessante não é mesmo? Foi o Anjo do SENHOR que apareceu em

forma de chama de fogo na sarça, mas foi Deus, o SENHOR, que do meio da sarça

conversou com Moisés. A presença da santidade do SENHOR era tão intensa naquele lugar

que Deus ordenou que Moisés não se aproximasse, mas ficasse descalso em sinal de

purificação. Que honra o Anjo do SENHOR desfrutava juntamente com Deus não é mesmo?

Deus não compartilha Sua glória com ninguém (Is 42:8; 48:11), mas com o Seu Anjo Ele

permitia que o mesmo co-participasse de momentos de honra e glória. Não parece

contradição? Apenas parece, pois o Anjo do SENHOR estava com o SENHOR e era o

SENHOR. E nos versículos seguintes, Deus ainda se apresenta a Moisés como Deus de

Abraão, Isaque e de Jacó e afirma que estava atento ao sofrimento do povo hebreu, cativo

no Egito e providenciaria o livramento (vv. 7-10).

Mas, o Anjo do SENHOR ainda revelaria Seu poder divino em outras ocasiões

da libertação de Israel do poder egípcio. Não vimos anteriormente que o apóstolo Paulo

afirmou que Cristo era como uma pedra espiritual que seguia o povo de Israel no deserto e

os alimentava? Então, mais evidente ainda torna-se a distinção entre Ele, o Anjo do

SENHOR (ou o Filho de Deus pré-encarnado) e o SENHOR Deus no episódio da travessia

do mar vermelho, quando o SENHOR ia adiante do povo durante o dia numa coluna de

nuvem para os guiar e durante a noite numa coluna de fogo para os iluminar (Ex 13:21-22) e

diante da perseguição dos egípcios aproximando-se do povo de frente ao mar, o SENHOR

ordenou a Moisés para mandar o povo seguir caminho (Ex 14:1-15) e para ele estender a

mão sobre o mar para o dividir (v. 16) para que o nome do SENHOR fosse glorificado (v.

17). O versículo 18, então, afirma que:

“Então o Anjo de Deus, que ia adiante do exército de Israel, se retirou, e passou para trás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pôs atrás deles."

Então Moisés estendeu a mão sobre o mar e o SENHOR o abriu através de um

forte vento oriental livrando mais uma vez o povo hebreu (vv. 21-22; cf. vv. 23-31).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Após instituir os chamados Dez Mandamentos e transmitir outras inúmeras leis

ao povo, Deus garantiu-lhe a posse da terra prometida e mais uma vez vemos a atuação do

Seu Anjo:

"Eis que eu envio um Anjo adiante de ti, para que te guarde pelo caminho e te leve ao lugar que tenho preparado. Guarde-te diante dele, e ouve a sua voz, e não te rebeles contra ele, porque não perdoará a vossa transgressão, pois nele está o meu nome. Mas, se diligentemente lhe ouvires a voz e fizeres tudo o que eu disser, então, serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários. Porque o meu Anjo irá adiante de ti e te levará aos amorreus, aos heteus, aos ferezeus, aos cananeus, aos heveus e aos jebuseus; e eu os destruirei." (Ex 23:20-23).

Ora, ao mencionar que "um" Anjo iria adiante do povo, poderia Deus ter deixado

a entender que este Anjo era um simples mensageiro celestial, mas posteriormente na

narrativa, Deus o designa como "o Seu Anjo". E mais: O povo teria que se guardar diante do

Anjo de Deus (santificação?), não deveria se rebelar contra o Anjo, pois Ele, o Anjo, não

perdoaria esse pecado, pois no Anjo estava o Nome de Deus e zelosamente deveria ouvir a

voz "do Anjo" e fazer "tudo o que Deus dissesse".

Bem, algumas dessas prerrogativas divinas do Anjo, tais como, conduzir o povo,

santificar o povo, não perdoar pecados, poderiam ter sido delegadas por Deus e, no fim das

contas, o Anjo, na verdade, não seria Deus, mas um anjo comum. No entanto, com o Anjo

de Deus estava o Nome do próprio Deus. Levando em consideração que Deus não

compatilha a Sua glória com ninguém, nos parece um tanto quanto insensato imaginar que

um simples anjo estivesse levando o Nome do próprio Deus e o SENHOR dissesse para o

povo "ouvir a voz do Anjo" e realizar tudo o que “eu disser".

Vejam ainda bem mais ao final de Êxodo, para complementar, que Deus ainda

confirma que o Seu Anjo estaria conduzindo o povo de Israel (Ex 32:34; 33:2).

6.3.2.3 EM "NÚMEROS"

Na história de Balaão, podemos observar novamente a atuação do SENHOR e

do Anjo do SENHOR. Vejamos o tão conhecido episódio quando a jumenta de Balaão falou

com ele. Aliás, foi um diálogo entre os dois:

"Então, Balaão levantou-se pela manhã, albardou a sua jumenta e partiu com os príncipes de Moabe. Acendeu-se a ira de Deus, por ele se foi, e o Anjo do SENHOR pôs-se-lhe no caminho por adversário. Ora, Balaão ia caminhando, montado na sua jumenta, e dois de seus servos, com ele. Viu, pois, a jumenta o Anjo do SENHOR parado no caminho, com a sua espada desembainhada na mão; pelo que se desviou a jumenta do caminho, indo pelo campo; então, Balaão espancou a jumenta para fazê-la tornar ao caminho. Mas o Anjo do SENHOR pôs-se numa vereda entre as vinhas,

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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havendo muro de um e outro lado. Vendo, pois, a jumenta o Anjo do SENHOR, coseu-se contra o muro e comprimiu contra este o pé de Balaão, por isso, tornou a espancá-la. Então, o Anjo do SENHOR passou mais adiante e pôs-se num lugar estreito, onde não havia caminho para se desviar nem para a direita, nem para a esquerda. Vendo a jumenta o Anjo do SENHOR, deixou-se cair debaixo de Balaão; acendeu-se a ira de Balaão, e espancou a jumenta com a vara. Então, o SENHOR fez falar a jumenta, a qual disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste já três vezes? Respondeu Balaão à jumenta: Porque zombaste de mim; tivera eu uma espada na mão e, agora, te mataria. Replicou a jumenta a Balaão: Porventura, não sou a tua jumenta, em que toda a tua vida cavalgaste até hoje? Acaso, tem sido o meu costume fazer assim contigo? Ele respondeu: Não. Então, o SENHOR abriu os olhos a Balaão, ele viu o Anjo do SENHOR, que estava no caminho, com a sua espada desembainhada na mão, pelo que inclinou a cabeça e prostrou-se com o rosto em terra. Então, o Anjo do SENHOR lhe disse: Por que já três vezes espancaste a jumenta? Eis que eu saí como teu adversário, porque o teu caminho é perverso diante de mim; a jumenta me viu e já três vezes se desviou de diante de mim; na verdade eu, agora, te haveria matado e a ela deixado com vida. Então Balaão disse ao Anjo do SENHOR: Pequei, porque não soube que estavas neste caminho para te opores a mim; agora, se parece mal aos teus olhos, voltarei. Tornou o Anjo do SENHOR a Balaão: Vai-te com estes homens; mas somente aquilo que eu te disser, isso falarás. Assim, Balaão se foi com os príncipes de Balaque." (Nm 22:21-35).

Percebam que no início da narrativa nos é informado que acendeu-se a ira de

Deus contra Balaão (v. 22a), mas o Anjo do SENHOR é que se opôs no caminho de Balaão

para impedi-lo. O Anjo do SENHOR tem uma participaçao tão fundamental neste episódio

que Ele é mencionado NOVE vezes na narrativa (nos vv. 22b, 23, 24, 25, 27, 31, 32, 34, 35).

Percebam também que, apesar de ter sido a ira de Deus que tenha se acendido contra

Balaão (v. 22a), pois era o SENHOR Deus que vinha dando instruções a Balaão até neste

momento (Nm 22:8-20), foi o Anjo do SENHOR que apareceu para a jumenta (Nm 22:23-27)

e foi Ele quem dialogou com Balaão em todos os momentos (vv. 32-35), todavia, foi o

SENHOR e não o Anjo do SENHOR que fez a jumenta falar (v. 28) e também abriu os olhos

de Balaão para perceber a presença do Anjo do SENHOR (v. 31). Em seguida, no início do

capítulo 23, é o SENHOR Deus que retorna a falar com Balaão e instrui-lo e não o Anjo do

SENHOR (Nm 23:3-5, 15-16).

Mais uma vez, em uma narrativa vetero-testamentária, aparentemente o Anjo do

SENHOR estava tão somente atuando na autoridade do SENHOR, executando uma missão

como um simples anjo mensageiro. Todavia, quando Balaão viu o Anjo do SENHOR,

inclinou a cabeça e prostrou-se em terra (v. 31), mas o Anjo não o repreendeu por se curvar

diante Dele e em seguida disse que o comportamento de Balaão ultimamente vinha sendo

perverso diante “Dele”, o Anjo, e não “diante do SENHOR” (v. 32).

Ora, por que o Anjo aceitaria adoração e diria que Balaão não O estava

agradando com suas atitudes ao invés de dizer que Balaão não estava agradando ao

SENHOR se o Anjo do SENHOR não fosse o próprio Deus?

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Page 104: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Considerando que o SENHOR estava presente neste epísódio, se Ele tivesse

descordado deste comportamento do Anjo, certamente haveria o registro deste fato, mas o

Anjo do SENHOR e o SENHOR trabalharam, como temos visto, sempre em harmonia e

concordância. Afinal, que glória é esta que este Anjo compartilha com o SENHOR? Mas,

Deus não compartilha de Sua glória com ninguém não é mesmo? (vejam Is 42:8; 48:11). Ao

menos que este "Alguém" seja o próprio Deus, um com Ele em essência, mas distinto como

"pessoa" ou "personalidade".

Extremamente interessante é verificar que, mais adiante, quem atuou em um

momento específico da vida de Balaão não foi nem o SENHOR Deus e nem o Anjo do

SENHOR, mas foi o Espírito de Deus (Nm 24:2), trazendo as palavras de Deus, Altíssimo e

Todo-poderoso ao povo (Nm 24:4,16). Podemos, então, inferir que Balaão teve contato com

as três pessoas da Santíssima Trindade? À luz do Novo Testamento, acreditamos que sim.

Ainda em relação ao Anjo de Deus ter conduzido o povo no deserto, temos

mais uma menção que o Anjo foi enviado por Deus e tirou o povo do Egito (vejam Números

20:16). No entanto, mais adiante, em Números 23:20-23, é mencionado que foi Deus que os

tirou do Egito (comparem com o relato de Atos 7:30-38, confirmando o Antigo Testamento).

Mas, afinal, foi Deus ou o Anjo de Deus quem tirou o povo do Egito então? Isso

não é uma contradição? Não, evidentemente. Foram ambos, em co-participação de tarefas

das co-existências pessoais dentro da essência única divina (veremos mais adiante, no

capítulo 9, detalhes sobre este assunto). Comparem ainda esta verdade com o episódio

relatado em Juízes 2:1-5 (sobre o qual veremos mais adiante).

Ainda existe outra manifestação de Deus que muitos podem atribuir ao Anjo do

SENHOR, mas acreditamos que é incerta e temerosa essa afirmação, pois parece

realmente ser uma manifestação do próprio SENHOR. Foi após a época registrada pelo

Pentateuco, na época após a morte de Moisés, quando o povo de Israel já havia

atravessado o Rio Jordão e estava para destruir a cidade de Jericó. É o episódio narrado em

Josué 5:13-15, onde Josué vê um homem com uma espada na mão e questiona se ele é um

dos adversários de Israel, mas o homem diz ser o "príncipe do exército do SENHOR". Josué

então se prostra diante deste homem e o adora, perguntando quais instruções ele estava

trazendo.

O Príncipe dos Exércitos do SENHOR aceitou a adoração de Josué e,

semelhantemente ao episódio de Moisés e a sarça ardente (Ex 3), disse: "Descalça as

sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é santo". Mesmo que seja um episódio

semelhante àquele da sarça, no qual foram o Anjo do SENHOR e o SENHOR que

participaram, neste aqui é difícil estabelecermos uma dogmatização. É mais sensato

acreditar que é uma teofania realizada pelo próprio SENHOR e não pelo Anjo do SENHOR.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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6.3.3 O "ANJO DO SENHOR" ATUANDO NO PERÍODO DOS JUÍZES

Prosseguindo ainda mais no estudo da "Cristologia Vetero-testamentária”,

observamos que logo no início do livro de "Juízes", já encontramos o Anjo do SENHOR em

ação com o povo de Israel novamente. Vejamos a narrativa bíblica:

"Subiu o Anjo do SENHOR de Gilgal a Boquim e disse: Do Egito voz fiz subir e voz trouxe à terra que, sob juramento, havia prometido a vossos pais. Eu disse: nunca invalidarei a minha aliança convosco. Vós, porém, não fareis aliança com os moradores desta terra; antes, derribarei os seus altares; contudo, não obedecetes à minha voz. Que é isso que fizestes? Pelo que também eu disse: não os expulsarei de diante de vós; antes, vos serão por adversários, e os seus deuses vos serão laços. Sucedeu que, falando o Anjo do SENHOR estas palavras a todos os filhos de Israel, levantou o povo a sua voz e chorou. Daí, chamarem a esse lugar Boquim; e sacrificaram ali ao SENHOR." (Jz 2:1-5).

O Anjo do SENHOR apareceu ao povo e disse que Ele conduzira o povo do

Egito até aquela terra, sobre a qual Ele mesmo, o Anjo havia prometido sob juramento aos

antepassdos do povo e havia dito que jamais invalidaria esta aliança. E mais: O Anjo ainda

lembrou que havia ordenado ao povo que não fizesse aliança com os moradores daquela

terra, mas, destruissem os altares idólatras deles, contudo, o povo de Israel não obedeceu a

Sua voz. Percebam que tudo o que o Anjo disse que pronunciou ao povo, na verdade foi o

SENHOR que disse (vejam, por exemplo: Ex 34:12-13; Nm 20:16; 23:20-23; Dt 7:2-5;

comparem com At 7:30-38). E mais: após o pronunciamento do Anjo do SENHOR, houve

um grande quebrantamento entre o povo, que ofereceu sacríficos ao SENHOR (v. 5).

Vejam no conhecido "Cântico de Débora", juíza de Israel, como o Anjo do

SENHOR e o SENHOR continuavam presentes na vida do povo:

"Amaldiçoai a Meroz, diz o Anjo do SENHOR, amaldiçoai duramente os seus moradores, porque não vieram em socorro do SENHOR, em socorro do SENHOR e seus heróis." (Jz 5:23).

Mais uma grande narrativa, agora sobre a vida de Gideão, outro juíz de Israel,

nos apresenta a atuação do SENHOR e do Seu Anjo:

"Então, veio o Anjo do SENHOR, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lugar, para o pôr a salvos dos midianitas. Então, o Anjo do SENHOR lhe apareceu e lhe disse: O SENHOR é contigo, homem valente. Respondeu-lhe Gideão: Ai, senhor meu! Se o SENHOR é conosco, por que nos sobreveio tudo isso? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o SENHOR subir do Egito? Porém, agora o SENHOR nos desamparou e nos entregou nas mãos dos midianitas. Então, se virou o SENHOR para ele e disse: Vai nessa tua força e livra Israel da mão dos midianitas; porventura, não te enviei eu? E

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Page 106: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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ele lhe disse: Ai, Senhor meu! Com que livrarei Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai. Tornou-lhe o SENHOR: Já que eu esotu contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem. Ele respondeu: Se, agora, achei mercê diante dos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu, SENHOR que me falas. Rogo-te que daqui não te apartes até que eu volte, e traga a minha oferta, e a deponha perante ti. Respondeu ele: Esperarei até que voltes. Entrou Gideão e preparou um cabrito e bolos asmos de um efa de farinha; a carne pôs num cesto, e o caldo, numa panela; e trouxe-lho até debaixo do carvalho e lho apresentou. Porém o Anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os bolos asmos, põe-nos sobre esta penha e derrama-lhes por cima o caldo. E assim o fez. Estendeu o Anjo do SENHOR a ponta do cajado que trazia na mão e tocou a carne e os bolos asmos; então, subiu fogo da penha e consumiu a carne e os bolos; e o Anjo do SENHOR desapareceu de sua presença. Viu Gideão que era o Anjo do SENHOR e disse: Ai de mim, SENHOR Deus! Pois vi o Anjo do SENHOR face a face. Porém o SENHOR lhe disse: Paz seja contigo! Não temas! Não morrerás! Então, Gideão edificou ali um altar ao SENHOR e lhe chamou de O SENHOR é Paz. Ainda até ao dia de hoje está o altar em Ofra, que pertence aos abiezritas." (Jz 6:11-24).

Podemos destacar muitas lições trinitárias aqui. O Anjo do SENHOR apareceu a

Gideão e, como representante do próprio SENHOR, disse: "O SENHOR é contigo homem

valente" (Jz 6:12). Já imaginou o próprio Deus falar isso para você? Não existe maior

incentivo. Mas, Gideão, certamente sabendo que o Anjo era o próprio SENHOR ou o Seu

representante direto, questionou diretamente ao SENHOR e não ao Anjo a situação pela

qual Israel atravessava, pois já que o Anjo do SENHOR afirmou "O SENHOR é contigo",

como que depois de tamanhas maravilhas realizadas no livramento de Israel do Egito e a

peregrinação até a terra prometida, o SENHOR estava permitindo tamanha opressão do

povo midianita (v. 13).

Então, o próprio SENHOR, que certamente estava presente ali, mas ainda não

se manifestara, "se virou para Gideão" e respondeu ao questionamento, incentivando-o

e confirmando que Ele, o SENHOR estava enviando Gideão para livrar a nação de Israel

dos midianitas (v. 14). E mesmo Gideão insistindo em afirmar a pobreza e a simplicidade

dele e de sua família diante de tão grande missão, o SENHOR confirmou uma vez mais que

Gideão feriria os midianitas como se fossem um só homem, pois Ele, o SENHOR estava

com Gideão (vv. 15-16).

Mas, Gideão ainda quis que o SENHOR desse um sinal de que era Ele mesmo

que estava falando, sinal de era alvo da mercê divina e suplicou para que Deus não se

ausentasse daquele lugar até que ele voltasse com sua oferta, pedido que o SENHOR

atendeu (vv. 17-18), sendo que Gideão preparou a oferta e a trouxe e a apresentou ao

SENHOR, colocando-a debaixo do carvalho (v. 19), justamento o carvalho onde no início o

Anjo do SENHOR se assentara debaixo (v. 11).

Nesse momento, o texto chama o "Anjo do SENHOR" de "o Anjo de Deus"

(como em outros textos) e afirma que Ele ordenou que Gideão tomasse a oferta, carne e

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Page 107: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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bolos asmos, pusesse sobre a penha e derramasse o caldo por cima, o que Gideão

obedeceu (v. 20). Então o "Anjo do SENHOR" (o texto volta a chamar o Anjo desta forma)

estendeu a ponta do cajado que estava em Sua mão e tocou a oferta, o que fez com que

fogo subisse da penha e consumisse a oferta. Logo em seguida, o Anjo do SENHOR

desapareceu da presença de Gideão (v. 21). E foi apenas neste momento que Gideão

percebeu que era o Anjo do SENHOR e exclamou: "Ai de mim, SENHOR Deus, pois vi o

Anjo do SENHOR face a face" (v. 22).

Ora, aqui temos que nos deter um momento e questionar: Não é sabido e

ensinado que nenhum ser humano pode ver Deus face a face porque morrerá? É o que nos

ensina o texto de Êxodo 33:17-25, quando Moisés, mesmo com tamanha comunhão com o

SENHOR, não teve a permissão para ver a glória de Deus, mas Deus a encobriu com Sua

própria mão, pois Moisés morreria se visse Sua glória.

Como então que Gideão ao ver o Anjo do SENHOR temeu por tê-lo visto face a

face se não fosse reconhecido em Israel que o Anjo do SENHOR era o próprio Deus? Se

Ele fosse um anjo comum, um mensageiro celestial, como tantos outros encontrados na

Bíblia, porque Gideão teria tanto medo de morrer? Mas quem disse que Gideão ficou com

medo de morrer? O próprio Deus disse, pois em seguida o SENHOR acalma Gideão,

dizendo (neste momento, o Anjo do SENHOR estava “ausente”): "Paz seja contigo! Não

temas! Não morrerás!" (v. 23). Ora, por que Deus disse "não morrerás"? Encontramos duas

posições distintas: 1) Por que, na verdade, o Anjo não era Deus e então Gideão não tinha

visto Deus face a face? 2) Ou por que o Anjo era Deus, sim, mas o próprio SENHOR em

Sua soberania, não permitiu a morte de Gideão, pois, na verdade, o Anjo se manifestara em

uma forma humana (teofania) e então, não estava manifestando toda a glória de Deus?

Bem, preferimos ficar com a segunda posição, pois já foi demonstrado e ainda

será demonstrado exaustivamente que o Anjo do SENHOR é o SENHOR. Então sendo

assim, Deus estava compartilhando a Sua glória com o Anjo Dele, sim, (glória que nenhum

homem pode contemplar face a face e permanecer vivo), pois o Anjo de Deus era um em

essência com Ele, mesmo sendo distinto Dele. Deus não compartilharia Sua excelsa glória

com ninguém que não estivesse em eterna e indivisível unidade de essência com Ele. Em

seguida, então, Gideão edificou naquele local um altar ao SENHOR com o nome de "O

SENHOR é paz" (v. 24).

Prosseguindo na narrativa, na mesma noite, o SENHOR deu instruções a

Gideão para derribar o altar de Baal e cortar o poste-ídolo junto ao altar e edificar a Ele, o

SENHOR, o Deus de Gideão, um altar e oferecer holocausto com a mesma lenha do poste-

ídolo que tivesse cortado (Jz 6:25-26). Gideão obedeceu ao SENHOR, mas fez tudo a noite

e não de dia, temendo as pessoas da casa de seu pai e daquela cidade, pois o altar era do

pai de Gideão (v. 27).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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De madrugada os homens daquela cidade se levantaram e viram o altar de Baal

derribado, bem como o poste-ídolo, que também estava cortado e o boi que fora oferecido

ao SENHOR no altar derribado (v. 28) e concluíram que fora Gideão o responsável por tudo

aquilo (v. 29) e, cheios de fúria, foram a Joás, pai de Gideão e contaram o ocorrido e

pediram que trouxesse seu filho para fora para morrer (v. 30). Joás, porém, afirmou que não

precisava aquela contenda por causa de Baal, pois, se este era uma divindade, ele mesmo

contenderia contra aqueles que derribaram o seu altar (v. 31).

E Gideão, no mesmo dia, por ter derribado o altar de Baal, e na expectativa

de que este deus contendesse contra ele, passou a ser chamado "Jerubaal" (v. 32) e todos

os midianitas e amalequitas e povos do Oriente se ajuntaram e se acamparam no vale de

Jezreel (v. 33). Mas, vejamos a narrativa seguinte:

"Então, o Espírito do SENHOR revestiiu a Gideão, o qual tocou a rebate, e os abiezritas se ajuntaram após dele." (v. 34).

Gideão, assim como Balaão, que vimos anteriormente, também foi revestido pelo

Espírito do SENHOR. Portanto, ele também teve contato com as três pessoas da

Santíssima Trindade.

Ressaltamos que é evidente que quando afirmamos algo assim, só o fazemos

porque o Novo Testamento já nos revelou e confirmou as três pessoas da Divindade, o Pai,

o Filho e o Espírito Santo e complementou e interpretou a história do Antigo Testamento (o

que estudaremos posteriormente com as evidências neo-testamentárias da doutrina

trinitariana).

Ademais, é evidente que apenas lendo essas narrativas vetero-testamentárias

não é possível vislumbrar, por exemplo, a pessoa do Filho de Deus, a segunda da Trindade,

mas apenas inferir claramente que o Anjo do SENHOR à luz do Novo Testamento só pode

ser a manifestação pré-encarnada do Filho. Mas, veremos mais adiante que as pessoas do

Deus Pai e do Deus Espírito Santo, a primeira e a terceira da Trindade, são claramente

inferidades desde que também interpretadas à luz do Novo Testamento.

Encerrando esta parte, é notável verificar também a participação do Anjo do

SENHOR na história de Sansão, também juíz de Israel, em uma época que Israel era

dominado pelos filisteus por décadas, por terem se desviado de Deus (Jz 13:1). O Anjo do

SENHOR apareceu à uma mulher que era estéril, esposa de Manoá, da linhagem da tribo

de Dã, e prometeu-lhe que daria à luz um filho, mas advertiu-a a não beber vinho, nem

bebida forte e nem comer nada considerado imundo pela Lei mosaica e assegurou que este

filho seria nazireu, ou seja, cujos cabelos jamais seriam cortados e seria consagrado a Deus

desde a concepção e, quando crescesse, iniciaria a libertação de Israel do poder os

filisteus (Jz 13:2-5).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Esta mulher, sem ter compreendido quem tinha falado com ela, foi ao seu

marido, Manoá, e disse que "um homem de Deus com aparência tremenda e semelhante à

de um anjo de Deus tinha se apresentado a ela, mas ela não perguntou a origem dele e ele

não disse o seu nome" e repassou a mensagem do Anjo ao marido (v. 6). Manoá, então,

orou ao SENHOR, reconhecendo que tinham recebido um mensageiro divino, suplicando

que este "homem" retornasse e lhes instruisse sobre a criança que haveria de nascer (v. 8).

Deus ouviz Manoá e o "Anjo de Deus" se manifestou novamente em uma oportunidade que

a mulher estava sozinha (v. 9), mas ela apressadamente buscou o seu marido, o qual

suplicou que o Anjo fornecesse mais instruções sobre a concretização da promessa do

menino (vv. 10-12). Então, o Anjo do SENHOR confirmou Suas instruções anteriormente

dadas à mulher (vv. 13-14). O grande destaque para a ainda maior fundamentação vetero-

testamentária da doutrina trinitariana vem exatamente nos próximos versículos: Manoá

pediu que o Anjo do SENHOR permanecesse com eles, pois pretendiam preparar um

cabrito como refeição (v. 15), mas o Anjo do SENHOR disse que mesmo que Ele

permanecesse com eles, não aceitaria a refeição. E disse mais: se eles tivessem a intenção

de preparar um holocausto, que este deveria ser dirigido ao SENHOR. E o texto ainda

afirma que o Anjo disse essas palavras porque Manoá não havia ainda reconhecido que

quem falava com ele era o Anjo do SENHOR (v. 16). Percebemos que o Anjo em uma

atitude de humildade extrema, apesar de Sua Divindade, pediu para que a adoração fosse

direcionada ao SENHOR e não a Ele. Mas, em seguida, Manoá pede que o Anjo informe o

Seu nome para que, quando a promessa do nascimento da criança se cumprisse, eles

pudessem prestar-lhe honras (v. 17). É, então, que o Anjo demonstra Sua Divindade, pois

diz a Manoá: "Por que perguntas pelo meu nome que é maravilhoso?" (v. 18). Ora, o

SENHOR permitiria que um anjo comum dissesse algo assim? Evidente que não, apenas se

este Anjo fosse um em essência com Ele.

Em seguida, Manoá apresenta uma oferta ao SENHOR e o Anjo do SENHOR,

segundo o texto "se houve maravilhosamente" (v. 19). Quando a chama do sacrifício saiu do

altar e subiu em direção ao céu, o Anjo do SENHOR subiu nela e Manoá e sua mulher

caíram com o rosto em terra (v. 20) e nunca mais o Anjo do SENHOR apareceu para eles.

Só então que Manoá compreendeu que era o Anjo do SENHOR (v. 21) e, diante disso disse

a sua mulher: "Certamente morreremos porque vimos a Deus" (v. 22). Percebam que Manoá

se deixou atemorizar pelo mesmo receio que teve Gideão, pois Israel sabia que o Anjo do

SENHOR era o próprio SENHOR, que ver o Anjo do SENHOR era como contemplar a Deus

face a face. Mas, a mulher de Manoá o acalmou com sua tese de que jamais o SENHOR

teria aceitado a oferta deles e nem revelado os Seus planos se Sua intenção fosse tirar a

vida deles (v. 23). O texto bíblico relata em seguida que a mulher de Manoá deu à luz um

filho e o chamou Sansão, que cresceu e foi abençoado pelo SENHOR (v. 24).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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E, para fundamentar ainda mais a doutrina trinitariana no Antigo Testamento, o

texto ainda nos informa que o Espírito do SENHOR passou a atuar na vida de Sansão (v.

25; comparem ainda com Jz 14:6,19; 15:14, por exemplo). Portanto, temos mais um

personagem importante da história de Israel cuja história foi permeada pela atuação da

Trindade Santíssima. Mas, referente a atuação específica do Espírito Santo no Antigo

Testamento, veremos detalhadamente mais adiante, logo depois do término desta parte do

nosso estudo.

6.3.4 O "ANJO DO SENHOR" ATUANDO NOS ESCRITOS DOS PROFETAS

6.3.4.1 No segundo livro do profeta Samuel: Vemos a ação do SENHOR e do Anjo do

SENHOR no julgamento de Israel. Contudo, não fica evidente a divindade do Anjo do

SENHOR como nos demais trechos do Antigo Testamento que observamos anteriormente:

'Então, enviou o SENHOR a peste a Israel, desde a manhã até ao tempo que determinou; e, de Dã até Berseba, morreram setenta mil homens do povo. Estendendo, pois, o Anjo do SENHOR a mão sobre Jerusalém, para a destruir, arrependeu-se o SENHOR do mal e disse ao Anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta, retira a mão. O Anjo estava junto à eira de Araúna, o jebuseu. Vendo Davi ao Anjo que feria o povo, falou ao SENHOR e disse: Eu é que pequei, eu é que procedi perversamente; porém estas ovelhas que fizeram? Seja, pois, a tua mão contra mim e contra a casa de meu pai." (2Sm 24:15-17).

6.3.4.2 No livro do profeta Isaías: Na última oração deste profeta, encontramos um texto

maravilhoso e riquíssimo para, entre outras finalidades, embasar a doutrina trinitariana:

"Celebrarei as benignidades do SENHOR e os seus atos gloriosos, segundo tudo o que o SENHOR nos concedeu e segundo a grande bondade para com a casa de Israel, bondade que usou para com eles, segundo as suas misericórdias e segundo a multidão das suas benignidades. Porque ele dizia: Certamente, eles são meu povo, filhos que não mentirão; e se lhes tornou o seu Salvador. Em toda a angústia deles, foi ele angustiado, e o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e pela sua compaixão, ele os remiu, os tomou e os conduziu todos os dias da antiguidade. Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles. Então, o povo se lembrou dos dias antigos, de Moisés, e disse: Onde está aquele que fez subir do mar o pastor do seu rebanho? Onde está o que pôs neçe o seu Espírito Santo? Aquele cujo braço glorioso ele fez andar à mão direita de Moisés? Que fendeu as águas diante deles, criando para si um nome eterno? Aquele que os guiou pelos abismos, como o cavalo no deserto, de modo que nunca tropeçaram? Como o animal que desce aos vales, o Espírito do SENHOR lhes deu descanso. Assim, guiaste o teu povo, para te criares um nome glorioso. Atenta no céu e olha da tua santa e gloriosa habitação. Onde estão o teu zelo e as tuas obras poderosas? A ternura do teu coração e as tuas misericórdias se detém para comigo? Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó SENHOR, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade." (Is 63:7-16).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Primeiramente, vemos Isaías mencionando a benignidade e os atos poderosos

do SENHOR para com a nação de Israel, pois Deus os considerava como filhos e era o Seu

Salvador, ou seja, Deus Pai Salvador (vv. 6-7). Isaías, em seguida, menciona que face à

angústia do povo, Deus se sentiu angustiado com o sofrimento de Israel e o Anjo da Sua

presença salvou o povo pelo Seu amor e compaixão, remindo-o e conduzindo-o (vv. 8-9).

Contudo, segundo o texto, o povo se rebelou e entristeceu o Espírito do

SENHOR, que se virou contra o povo para os disciplinar e, então, o povo recordou-se do

passado e questionou onde estava Deus que havia colocado o Espírito Santo em Moisés e

que, por meio do Espírito do SENHOR deu descanso ao povo (vv. 10-14). Isaías, então,

clama a Deus para que de Sua santa morada, atente para ele, que se recorde de Suas

poderosas obras, a ternura do Seu coração e Sua misericórdia e, mesmo que Israel

negligenciasse o seu ofício de profeta, Deus era o Pai de Seu povo, o Seu Redentor desde

tempos antigos (vv. 15-16).

Que texto maravilhoso! Em nove versículos, Isaías menciona a Deus, o

SENHOR, que era o Pai e Salvador (vv. 7,8,16), menciona o Anjo da Presença de Deus que

pelo Seu amor e compaixão remiu e conduziu o povo (v. 9; mesmo que o conceito de

salvação do Antigo Testamento seja de certa forma diferente do conceito do Novo

Testamento, mas seja um tipo de pré-figuração do mesmo). E, Isaías, ainda menciona o

Espírito do SENHOR (v. 14), ou seja, o Espírito Santo (vv. 11-12) que se entristeceu com a

rebeldia posterior do povo, mas depois lhe deu descanso.

Temos, portanto, as três pessoas da Santíssima Trindade quase

totalmente definidas aqui neste texto. É evidente que, dentro da revelação progressiva do

propósito divino, ainda não é possível identificar o Anjo do SENHOR como o Filho de Deus,

a segunda pessoa, mas "apenas" como uma das pessoas divinas. É também possível

identificar a Deus Pai e a Deus Espírito Santo, a primeira pessoa e a terceira pessoa. Se

muitos ainda duvidavam que o Antigo Testamento tratava a Deus como Pai e o Espírito do

SENHOR como Espírito Santo, esperamos que as dúvidas tenham caído por terra. Amém.

6.3.4.3. No livro do profeta Oséias: Aqui temos a menção do episódio no qual Jacó lutou

com Deus (Os 12:3-5; cf. Gn 32:22-30), referindo-se ao "homem" ou "teofania"

(manifestação de Deus), como "o anjo", mas não fica claro que era o Anjo do SENHOR,

mas, sim, o próprio SENHOR.

6.3.4.4 No livro do profeta Zacarias: Encontramos uma menção aparentemente clara e

distinta entre o SENHOR e o Anjo do SENHOR em Suas atuações na história de Israel:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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"No vigésimo quarto dia do mês undécimo, que é o mês de sebate, no segundo ano de Dario, veio a palavra do SENHOR ao profeta Zacarias, filho de Baraquias, filho de Ido. Tive de noite uma visão, e eis um homem montado num cavalo vermelho; estava parado entre as murteiras que havia num vale profundo; atrás dele se achavam cavalos vermelhos, baios e brancos. Então, perguntei: meu senhor, quem são estes? Respondeu-me o anjo que falava comigo: Eu te mostrarei quem são eles. Então, respondeu o homem que estava entre as murteiras e disse: São os que o SENHOR tem enviado para percorrerem a terra. Eles responderam ao anjo do SENHOR, que estava entre as murteiras, e disseram: Nós já percorremos a terra, e eis que toda a terra está, agora, repousada e tranquila. Então, o anjo do SENHOR respondeu: Ó SENHOR dos Exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém e das cidades de Judá, contra as quais estás indignado faz já setenta anos? Respondeu o SENHOR com palavras boas, palavras consoladoras, ao anjo que falava comigo." (Zc 1:7-13.)

Contudo, destacamos que nesta narrativa também é temeroso assegurar que

este "anjo" era o "Anjo do SENHOR". Inclusive, a edição de algumas das mais conhecidas

versões da Bíblia utilizam a inicial minúscula para a expressão "anjo" neste caso (ARA, ACF,

NVI, NTLH, por exemplo), o que não ocorreu em todas as menções feitas a este

personagem com inicial maiúscula que já citamos (mesmo que nos originais do texto

hebraico não existisse essa diferença, os editores a empregam em conformidade com o

contexto). Sem falar da menção de outro anjo logo adiante junto com este primeiro anjo (Zc:

2:3-5). Para reforçar mais ainda esta ideia, depois do episódio narrado em Zc 3:1-10, que

veremos logo a seguir, o anjo anterior volta a falar com o profeta Zacarias (Zc 4:1), deixando

evidente que o primeiro anjo muito provavelmente era um anjo comum. Vejamos Zacarias

3:1-10, portanto, onde fica bem mais evidente que é o Anjo do SENHOR que está sendo

citado especificamente neste episódio:

"Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do Anjo do SENHOR, e Satanás estava à mão direita dele, para e lhe opor. Mas o SENHOR disse a Satanás; sim, o SENHOR, que escolheu Jerusalém, te repreende; não é este um tição tirado do fogo? Ora, Josué, trajado de vestes sujas, estava diante do Anjo. Tomou este a palavra e disse aos que estavam diante dele: Tirai-lhe as vestes sujas. A Josué disse: Eis que tenho feito que passe de ti a tua iniquidade e te vestirei de finos trajes. E disse eu: ponham-lhe um turbante limpo sobre a cabeça. Puseram-lhe, pois, sobre a cabeça um turbante limpo e o vestiram com trajes próprios; e o Anjo do SENHOR estava ali, protestou a Josué e disse: Assim diz o SENHOR dos Exército: Se andares nos meus caminhos e observares os meus preceitos, também tu julgarás a minha casa e guardarás os meus átrios, e te darei livre acesso entre estes que aqui se encontram. Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti, porque são homens de presságio; eis que eu farei vir o meu servo, o Renovo." (comparem com Jr 23:5; 33:15; Zc 6:12).

Deus revela a Zacarias, em uma visão, o sumo sacerdote Josué que estava

diante do Anjo do SENHOR, vestido com roupas sujas (simbologia para a iniquidade), sendo

que Satanás estava ao lado de Josué como adversário e acusador (vv. 1,3), mas o

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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SENHOR repreendeu a Satanás em defesa de Josué, pois ele representava aqueles judeus

que escaparam do exílio babilônico com vida ("tição tirado do fogo"), com o propósito

salvífico de Deus em trazer o Messias ao mundo através da nação judaica (v. 2).

E, então, o Anjo do SENHOR toma a palavra e dá ordens referentes a Josué

para que ele se vista de trajes finos (simbologia para a santidade; vv. 4-5) e afirmou a Josué

uma palavra do próprio SENHOR que se aquele sumo sacerdote andasse nos caminhos de

Deus, ele teria a autoridade para julgar a Sua casa e zelar pelos Seus átrios (vv. 6-7). E

disse mais: Josué e os demais sacerdotes eram como "homens de presságio", ou seja, um

sinal profético sobre a vinda do Renovo (v. 8), ou seja, sobre a vinda do Servo de Deus, do

Salvador, o Messias, o Senhor Jesus Cristo. (OBS: Para melhor entendimento desta

realidade, comparem Is 4:2; Jr 23:5; 33:15 com Zc 6:12-13).

Isso tudo é muito interessante. Em Sua soberania, o próprio SENHOR, na

pessoa do Anjo do SENHOR, menciona a profecia sobre a vinda do Messias, o Cristo, que

segundo grande parte dos especialistas, era o Anjo do SENHOR. Em outras palavras, o

Filho de Deus pré-encarnado estava mencionando uma profecia sobre Ele próprio. O

interessante também é verificar que, partindo da realidade que a palavra do Anjo do

SENHOR foi dada a Josué, podemos lembrar aqui que tanto o nome "Josué", em hebraico,

como o nome "Jesus", em grego, significam "O Senhor salva". "Jesus", portanto, é o

equivalente grego para "Josué" no hebraico. Mais ao final deste livro, mais uma vez fica

evidente a atuação do SENHOR e do Anjo do SENHOR:

"Naquele dia, o SENHOR protegerá os habitantes de Jerusalém; e o mais fraco dentre eles, naquele dia, será como Davi, e a casa de Davi será como Deus, como o Anjo do SENHOR diante deles." (Zc 12:8).

Não é uma declaração clara e explícita que o Anjo do SENHOR é Deus? O texto

diz: "a casa de Davi será como Deus, como o Anjo do SENHOR".

6.3.4.5 No livro do profeta Malaquias: Encontramos o seguinte texto:

“Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos. Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda? E quem poderá subsistir quando ele aparecer?" (Ml 3:1b-2; comparem com Mt 26:28; Ag 2:7; Is 42:5).

Neste texto impressionantemente trinitário, Aquele que fala da profecia do

Messias é o SENHOR dos Exércitos, o Deus Pai (como afirmou Isaías) e distingue-se

claramente do Senhor a quem o povo ansiava, Senhor que foi designado como o "Anjo da

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Aliança" (v. 1), sugerindo duas pessoas separadas, que podem ambas ser chamadas

"Senhor". Mas, antes Ele menciona o Seu mensageiro que preparará o Seu caminho, uma

alusão clara a João Batista, que antecedeu a Jesus Cristo no ministério profético em Israel,

preparando o caminho do Senhor. Vejam que em Mateus 11:10-13, o próprio Jesus cita

esse texto de Malaquias confirmando ser uma menção a João Batista e, em outras palavras,

confirmando que o "Senhor" mencionado por Malaquias era realmente o Messias, Cristo

Jesus, mas na época da profecia foi citado como o "Anjo da aliança".

Será que ainda existe alguma dúvida que o Anjo do SENHOR é o próprio

SENHOR, um com Ele, mas uma pessoa separada, ou melhor, distinta, mais

especificamente o Verbo de Deus pré-encarnado, o Filho de Deus, o Senhor Jesus, em uma

interpretação à luz do Novo Testamento?

6.3.5 O QUE ALGUNS ESTUDIOSOS DIZEM SOBRE ESTE ASSUNTO

Encerrando o estudo da "Cristologia Vetero-Testamentária" dentro das

evidências da doutrina trinitariana no Antigo Testamento, vamos observar diversas

considerações de escritores e ministérios cristãos a respeito da afirmação de que o Anjo do

Senhor relatado no Antigo Testamento é uma manifetação pré-encarnada do Filho de Deus.

Primeiramente observemos o que B. J. Oropeza, com mestrado em Teologia e professor de

Teologia, e que já trabalhou no ICP (Instituto Cristão de Pesquisas), afirmou:

"Pergunta 12 - Jesus é o Anjo do Senhor do Antigo Testamento? O Anjo do Senhor é o anjo mais preeminente do Antigo Testamento. Diferentemente dos outros anjos, esse mensageiro particular às vezes parece ser Deus (Gn 22:11-18; 32:24-31; Os 12:2-4; Gn 48:15-16; Êx 23:20-21; Jz 2:1-5; 6:11-24; 13:21-22). Depois que Hagar, a serva de Sara, se encontrou com esse anjo, 'ela invocou o nome do Senhor que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?' (Gn 16:7-13). Quando Deus se encontrou com Moisés na sarça ardente (Êx 3), o texto refere-se a ele como 'o Anjo do Senhor' (Êx 3:2; compare com Atos 7:30-38). J. M. Wilson faz três sugestões concernentes à identidade deste anjo: (1) o Anjo do Senhor pode ser simplesmente um anjo com uma missão especial; (2) pode ser uma descida momentânea de Deus numa realidade visível (uma teofania); (3) pode ser o Cristo pré-encarnado, o Logos (Verbo) de Deus. A primeira sugestão de Wilson parece difícil de conciliar com a forma direta que as Escrituras às vezes igualam esse anjo a Deus. A segunda sugestão parece mais plausível, já que a teofania é uma manifestação indireta de Deus que esconde a natureza transcedental dele. Ao contrário da encarnação de Cristo, que é uma realidade permanente de Deus, as teofanias são manifestações temporárias. Um estudioso escreveu: 'Deus é compreendido por Israel como uma realidade diferente do mundo e não-limitada por ele (1Rs 8:27; Am 9:24; Sl 139). Nas teofanias, porém, Deus se revela por uma autolimitação a lugares específicos e formas particulares dentro do próprio mundo'. Uma vez que ninguém poderia olhar para Deus em sua verdadeira essência e sobreviver (Êx 33:20-23), o Anjo do Senhor seria uma manifestação indireta de Deus aos homens. O único problema com este ponto de vista é que às vezes o Anjo do Senhor parece

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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ser outra pessoa além do Senhor (2Sm 24:16; Zc 1:1-13; Êx 23:20-21; Nm 20:16). A terceira sugestão de Wilson é que o Anjo do Senhor é uma aparição de Cristo antes de sua encarnação. Esta visão concilia o paradoxo entre algumas dessas passagens que descrevem Deus como o Anjo do Senhor, e outras que fazem uma distinção entre os dois. De qualquer forma, precisamos evitar qualquer dogmatismo, porque sempre é possível que nenhum dos significados mencionados acima capte totalmente o significado da expressão 'Anjo do Senhor'. Às vezes pode referir-se à própria presença de Deus, enquanto em outras ocasiões pode designar apenas um anjo enviado por ele [...]" (09)

Portanto, é considerado temeroso dogmatizarmos que a realidade do Anjo do

Senhor no Antigo Testamento seja a manifestação do Filho de Deus pré-encarnado, apesar

de apreciar a ideia e sustentar que é a melhor hipótese, segundo ele, para a explicação

deste "personagem". Semelhantemente, a "Bíblia de Estudo de Genebra", também não

definiu sua opinião sobre o assunto como afirmativa ou negativa. Segundo ela, o tema é

"discutível". Vejamos suas considerações encontradas para Gênesis 16:7:

"A identidade deste Anjo do Senhor é discutível. Alguns dizem que, embora o 'Anjo do SENHOR' possa algumas vezes ser distinto de Deus (p. ex., 21.17; 2Sm 24.16; 2Rs19.35), em outras passagens o Anjo do Senhor parece ser uma teofania, uma manifestação visual do próprio Deus (p. ex., 18.1-33; 22.11-18; 32.24-30; Êx 3.2-6). Outros, entretanto, observam que 'anjo' significa 'mensageiro'. Eles sustentam que, assim como os mensageiros seculares são inteiramente equiparados com aqueles que os enviam (Jz 11:13; 2Sm 3:12-13; 1Rs 20.2-4), da mesma forma, o Anjo de Deus é identificado com ele (ver também Gn 21.17; 31.11; Êx 14.9; 23.20; 32.34)." (10)

A "Bíblia de Estudo NVI" (Nova Versão Internacional), semelhantemente,

considerou "incerto" assegurar que o Anjo do Senhor é a manifestação da segunda pessoa

da Santíssima Trindade, mesmo que o cristianismo tradicionalmente tenha aceitado essa

interpretação:

"[...] Segundo a interpretação cristã tradicional, esse 'anjo' era uma manifestação pré-encarnada de Cristo como Mensageiro-Servo de Deus. É possível, no entanto, que, como mensageiro do Senhor, representando-o e levando suas credenciais, o anjo pudesse falar em nome de quem o enviara e ser assim identificado com ele [...] Parece, portanto, incerto afirmar que esse 'anjo' seja a segunda pessoa da Trindade [...]" (11)

Já no "Dicionário Vine", que apresenta o significado exegético e expositivo das

palavras do Antigo e do Novo Testamento, acerca do vocábulo "ANJO", especificamente no

Antigo Testamento e sobre o Anjo do Senhor, afirmou que:

"[...] Terceiro, e mais importante, são as expressões mal´äk Yahweh, 'o anjo do Senhor', e mal´äk ´elohim, 'o anjo de Deus'. A frase sempre é usada no singular. Denota um anjo cuja função principal era proteger e

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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salvar: 'Porque o meu Anjo irá adiante de ti e te levará aos amorreus, e aos heteus, e aos ferezeus, e aos cananeus, e aos heveus, e aos jebuseus; e eu os destruirei' (Êx 23:23). Ele também podia trazer destruição: 'E, levantando Davi os seus olhos, viu o anjo do SENHOR, que estava entre a terra e o céu, com a espada desembainhada na sua mão estendida contra Jerusalém; então, Davi e os anciãos, cobertos de panos de saco, se prostraram sobre os seus rostos' (1 Cr 21.16). A relação entre o Senhor e o 'anjo do Senhor' é tão estreita que é difícil separar os dois (Gn 16.7ss; 21.17ss; 22.11ss; 31.11ss; Êx 3.2ss; Jz 6.11; 13.21s). Esta identificação tem levado alguns intérpretes a concluir que o 'anjo do Senhor' era o Cristo pré-encarnado. Na Septuaginta [a versão em língua grega do Antigo Testamento] a palavra mal´äk é traduzida por angelos e a frase 'o anjo do Senhor' por angelos kuriou." [expressões em negrito e entre colchetes de nossa parte] (12)

Portanto, neste importante dicionário não encontramos uma posição nem a favor

e nem contra o fato do Anjo do Senhor poder ser a pré-encarnação de Cristo, mas ele afirma

que alguns intérpretes têm chegado à conclusão afirmativa. Semelhantemente, a "Bíblia de

Estudo da Mulher" apresentou suas considerações (especificamente no tocante ao encontro

do Anjo do Senhor com Hagar, serva de Sara; Gn 16:7):

"O Anjo do Senhor é associado com o Deus da aliança. O Anjo é tido por muitos como uma teofania, isto é, uma aparição do próprio Deus, como Agar reconheceu (v. 13) [...] O Anjo apareceu em Gênesis para evitar que o plano de Deus para seus escolhidos deixasse de ser realizado (veja Gn 22.11). O Anjo parece distinguir a si mesmo de Javé, mas não nega sua divindade (vs. 11-13). Por essa razão, tem sido identificado como Cristo pré-encarnado." (13)

O site "GOT QUESTIONS" também não definiu uma posição:

"Pergunta: 'Quem é o anjo do Senhor?' Resposta: A identidade precisa do 'anjo so Senhor' não nos é dada especificamente na Bíblia. No entanto, há várias ''dicas' importantes para a sua identidade. Há referências no Velho e Novo Testamento a 'anjos do Senhor', 'um anjo do Senhor' e 'O anjo do Senhor'. Aparenta ser o caso que quando o artigo definido 'o' é usado, está especificando um ser único, separado dos outros anjos. O anjo do Senhor fala como Deus, identifica-se com Deus e exercita as responsabilidades de Deus (Gênesis 16:7-12; 21: 17-18; 22:11-18; Êxodo 3:2; Juízes 2:1-4; 5:23; 6:11-24; 13:3-22; 2 Samuel 24:16; Zacarias 1:12; 3:1; 12:8). Em várias outras aparições, aqueles que viram o anjo do Senhor temeram por suas próprias vidas porque eles tinham 'visto o Senhor'. Portanto, é claro que em pelo menos alguns casos, o anjo do Senhor é uma teofania, uma aparição de Deus em forma física. As aparições do anjo do Senhor cessaram depois da encarnação de Cristo. Anjos são mencionados inúmeras vezes no Novo Testamento, mas 'O anjo do Senhor' nunca é mencionado no Novo Testamento. É possível que as aparições do anjo do Senhor eram manifestações de Jesus antes de Sua encarnação. Jesus Se declarou como sendo existente 'antes de Abraão' (João 8:58), então é lógico que Ele estava ativo e manifesto ao mundo. Qualquer que seja o caso, se o anjo do Senhor era uma aparição do Cristo pré-encarnado (Cristofania), ou uma aparição de Deus Pai (teofania), é muito provável que a frase 'anjo do Senhor' identifica uma aparição física de Deus." (14)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Semelhantemente é o que salienta o portal "O Apocalipse":

"[...] É mister fazer menção especial ao "Anjo do SENHOR" (às vezes, "o Anjo de Deus"), um anjo incomparável que aparece no AT e no NT [...] A identidade do anjo do Senhor tem sido debatida, especialmente pelo modo como ele freqüentemente se dirige às pessoas. Note os seguintes fatos: (a) em 2.1, o anjo do Senhor diz: Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe à terra que a vossos pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu concerto convosco (o grifo dos pronomes foi acrescentado). Comparada esta passagem com outras que descrevem o mesmo evento, verifica-se que eram atos do Senhor, o Deus do concerto dos israelitas [...] Quando o anjo do Senhor apareceu a Josué, este prostrou-se e o adorou (Js 5.14). Essa atitude tem levado muitos a crer que esse anjo era uma manifestação do próprio Senhor Deus; do contrário, o anjo teria proibido Josué de adorá-lo (Ap 19.10; 22.8-9) [...] Ainda mais explicitamente, o anjo do Senhor que apareceu a Moisés na sarça ardente disse, em linguagem bem clara: 'Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó' (Êx 3.6) [...] Porque o anjo do Senhor está tão estreitamente identificado com o próprio Senhor, e porque ele apareceu em forma humana, alguns consideram que ele era uma aparição do Cristo eterno, a segunda pessoa da Trindade, antes de nascer da virgem Maria [...]" (15)

Vejamos a opinião de outros sites de ministérios cristãos protestantes.

No site do "VIVOS":

"[...] Também se menciona um anjo, que em certas circunstâncias parece ser distinto de Jeová e que, no entanto se identifica com ele, Gn 16.10,13,14,33; 22.11,12,15,16; 31.11,13; Ex 3.2,4; Js 5.13-15; 6.2; Zc 1.10-13: 3.1,2. Assim, em Gn 32.30, se menciona um anjo em que se revelava a face de Jeová que tinha o nome de Jeová, e cuja presença equivalia a presença de Jeová, Gn 22.11; Ex 32:14: 33.14; Is 63.9. O anjo do Senhor aparece como uma manifestação de Jeová, um com ele e, todavia diferente dele [...]" (16)

As considerações do site "Answering Islam" (Respondendo o Islã):

"O Anjo do Senhor - Um estudo de Teofanias nas Escrituras (de Callum Beck) [...] O Anjo do Senhor (lit. JEOVÁ) que aparece em diversas passagens do Novo Testamento é comparado com, e no entanto diferenciado, de JEOVÁ. A passagem que melhor descreve esta relação encontra-se em Isaías 63:8-9, onde Deus é chamado de Salvador de Israel, mas é o Anjo da Sua presença que salva Israel. Este Anjo de Deus é geralmente visto pelos primeiros pais da Igreja como o Logos ou a Palavra de Deus (João 1:1), aquele que declarou Deus e cuja glória nós vimos (João 1:14,18; cf João 12:45; 14:9; II Coríntios 4:4-6; Colossenses 1:15; 2:9; Hebreus1:3). Veja-se E. W. Hengstenberg, Cristologia do Velho Testamento, pp. 80-91, 1279-1312 para uma discussão profunda do assunto [...] Mais uma vez parece que em muitos desses casos, se não mesmo em todos, Deus apareceu na forma do Seu Anjo. Isto é certo no caso da teofania a Jacob em Betel, pois em Génesis 31:11-13 o Anjo do Senhor diz que Ele é o Deus de Betel a quem Jacob tinha feito um voto em Génesis 28:18-22. Também parece que a presença (literalmente “face”) de JEOVÁ em Êxodos 33:14-15 é outro titulo para o Anjo de Êxodo 23:20-23, pois ambos desenvolvem o mesmo trabalho de liderar Israel para a terra

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prometida (cf Deuteronómio 4:37). Mais evidências deste facto vêm da expressão “Anjo da Sua Presença” (lit. “face”). Parece ter sido formado por conjugação de dois nomes e sugere que o profeta inspirado equacionou a “face de JEOVÁ” com “o Anjo em quem está o nome do Senhor" (Êxodo 23:21) [...] A única conclusão lógica que pode ser retirada de tudo isto é que Jesus, na sua forma pré-encarnada como a Palavra = Logos, também desenvolveu o trabalho de revelar Deus ao Homem no tempo do Velho Testamento. O Logos manifestou-se a si próprio na forma do Anjo, algumas vezes como figura humana, algumas vezes na natureza (Êxodo 13:21; 20:18-22), e algumas vezes de forma não identificada (e.g., Génesis 17:1,22; 35:9). [...] Não há menção do Anjo do Senhor nos Evangelhos ou nas Epístolas e apenas uma referencia histórica em Actos (7:38). É necessário perguntar porque razão uma figura tão destacada no Velho Testamento desaparece subitamente no Novo. A resposta é clara, não desapareceu. Apenas assumiu uma diferente forma. Na Nova Aliança o Anjo do Senhor incarnou como Jesus, o Messias. Todos os atributos e trabalho antes descritos como sendo do Anjo são agora encontrados em Cristo. Através de ambos Deus desenvolve as suas tarefas de redenção, julgamento e revelação [...]" [expressões em negrito de nosssa parte] (17)

No site do CACP (Centro Apologético Cristão de Pesquisas):

"Como podemos entender a expressão 'O Anjo do Senhor no AT'? Nem sempre quando encontramos a expressão o anjo do Senhor, está claro que se refere à Pessoa do Senhor Jesus, pois há ocasiões que um mero anjo é identificado com Deus. Nesses contextos, o propósito é mostrar que o anjo está agindo e falando como representante de Deus. Mas, algumas vezes, o anjo indica a presença imediata de Deus (Êx 23.20-23; 32.34; 33.14,15; Is 63.9). Nesses textos Deus está prometendo andar e orientar o povo de Israel. O anjo mencionado em Êx 32.24 é chamado em Êx 33.14-15 de a minha presença, essa expressão poderia ser traduzida literalmente por a minha face. Em Is 63.9, o anjo da sua presença, no hebraico, significa não somente o anjo que se conserva na presença de Deus, mas também naquele em quem Deus é visto. Theophania, é uma palavra composta pelos vocábulos gregos Theós (Deus), e phainein, (aparecer), significando uma manifestação visível de Deus. Tais teofanias são atribuídas a Segunda Pessoa da Trindade, Jesus Cristo. Elas não têm o objetivo de demonstrar a forma do Senhor, mas visa apenas dar uma mensagem, ao passo que a forma visível atrai meramente e fixa a atenção. O livro de Apocalipse dá uma notável visão de Jesus Cristo ressurrecto e glorificado (1.12-20). Fonte: Revista DF." (18) [frase em negrito de nossa parte].

Por fim, o que pode seguramente fornecer uma inestimável contribuição para

este assunto é a opinião do Rev. Paulo Anglada, também a favor desta tese cristológica:

“[...] Mesmo antes da sua encarnação, Cristo já exercia seu ofício profético, como o Anjo do Senhor (Gn 16:7-13 e Gn 22:11-12) [...]” (19)

Portanto, esses últimos depoimentos que apresentamos corroboram claramente

para a afirmação de que o Anjo do Senhor é a manifestação pré-encarnada do Filho de

Deus, que é justamente a tese que defendemos também como uma das bases das

evidências da manifestação trinitariana no Antigo Testamento.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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6.4 A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO E AS EVIDÊNCIAS DE SUA DIVINDADE

NO ANTIGO TESTAMENTO

"Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo." (2Pe 1:21).

Deus realizou Seus propósitos através do Seu Anjo, mas também pelo Seu

Espírito, operou e opera a Sua vontade. Esta palavra de Pedro acima é a pura verdade.

Inúmeros textos que veremos apontam a realidade da inspiração do Espírito Santo na vida

dos profetas, na inspiração dos escritos bíblicos. Vejamos, portanto, dezenas de referências

à Pessoa e à obra do Espirito de Deus no Antigo Testamento:

6.4.1 NO PENTATEUCO

6.4.1.1 Em Gênesis: O Espírito de Deus estava presente na criação:

"A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas." (Gn 1:2).

Mas, tempo depois, diante da pecaminosidade tão imensa da humanidade, Deus

disse:

"Então, disse o SENHOR: O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos." (Gn 6:3).

Já mais próximo do final deste livro, encontramos um testemunho

impressionante do Faraó em relação a José:

"Disse Faraó aos seus oficiais: Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o Espírito de Deus? Depois, disse Faraó a José: Visto que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão ajuizado e ábio como tu." (Gn 41:38-39).

Faraó, mesmo sendo de uma nação pagã, aparentemente ou certamente, foi

usado por Deus aqui para expressar uma verdade tão latente sobre a obra do Espírito na

vida de José, ou de certa forma ele, Faraó, conhecia a crença do povo hebreu acerca do

Espírito de Deus para poder falar desta forma. De qualquer maneira, pode ser que

estejamos aqui lidando com um destes casos ou até mesmos que ambas as alternativas

sejam possíveis.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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6.4.1.2 Em Êxodo: O Espírito Santo revestiu a Bezalel, da tribo de Judá, com incríveis

habilidades artísticas, artesanais e de engenharia e inteligência para a construção do

tabernáculo e confecção de utensílios internos e até mesmo para transmitir seu

conhecimento para outra pessoa, Aoliabe, da tribo de Dã:

"Disse mais o SENHOR a Moisés: Eis que chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uti, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência e de conhecimento, em todo artifício [...]" (Ex 31:1-4). "Disse Moisés aos filhos de Israel: Eis que o SENHOR chamou pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o Espírito de Deus o encheu de habilidade, inteligência e conhecimento em todo artifício [...]" (Ex 35:30-31; vejam Ex 31:1-11; 35:30-35).

6.4.1.3 Em “Números”: O Espírito Santo foi "repartido" de Moisés e "distribuído"

entre setenta anciãos escolhidos em Israel para o auxiliarem na administração da nação:

"Então, descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente." (Nm 11:17). "Então, o SENHOR desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois, nunca mais. Porém, no arraial, ficaram dois homens; um se chamava Eldade, e o outro, Medade. Repousou sobre eles o Espírito, porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda; e profetizaram no arraial." (Nm 17:25).

Se algum crítico antitrinitarista estiver imaginando que este "Espírito"

mencionado neste episódio não é o "Espírito de Deus”, pois o texto não usa esta última

expressão (mas fica "subentendida") e pelo fato do idioma hebraico não possuir a

diferenciação de iniciais maíúsculas e minúsculas e isso poder significar que seja uma

menção ao espírito humano e não o de Deus, por exemplo, podemos observar seguindo

esta narrativa que um moço apressou-se e avisou Moisés de que o Espírito havia sido

derramado sobre os anciãos (v. 27), fato este que gerou ciúmes em Josué, um dos

escolhidos de Moisés e seu servidor, que pediu para que Moisés proibisse aquilo (v. 28):

"Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito." (v. 29).

Neste caso, como em todos os outros, quando a Bíblia menciona "o Espírito", "o

Espírito do SENHOR", "o Espírito de Deus", "o Espírito do SENHOR Deus" e até “Espírito do

Pai”, é mais do que evidente que ela está mensionando uma só pessoa, ou seja, o Espírito

Santo. E foi Ele, o Espírito, quem atuou na vida de Balaão em um período específico, não foi

nem o SENHOR Deus e nem o Anjo do SENHOR (cf. Nm 24:4,16).

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"Levantando Balaão os olhos e vendo Israel acampado segundo as suas tribos, veio sobre ele o Espírito de Deus." (Nm 24:2).

O Espírito Santo também revestiu Josué de poder para liderar o povo de Israel,

substituindo Moisés (cf. Nm 27:19-20):

"Disse o SENHOR a Moisés: Toma Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e impõem-lhe as mãos." (Nm 27:18).

6.4.2 NOS LIVROS HISTÓRICOS

6.4.2.1 No livro dos Juízes: O Espírito do SENHOR revestiu de grande coragem e força a

Otniel, Gideão, Jefté e Sansão, que lideraram e libertaram Israel dos inimigos estrangeiros:

"Clamaram ao SENHOR os filhos de Israel, e o SENHOR lhes suscedeu libertador, que os libertou: Otniel, filho de Quenaz, que era irmão de Calebe e mais novo do que ele. Veio sobre ele o Espírito do SENHOR, e ele julgou a Israel; saiu à peleja, e o SENHOR lhe entregou nas mãos a Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia, contra o qual ele prevaleceu." (Jz 3:9-10). "Então, o Espírito do SENHOR revestiu a Gideão, o qual tocou a rebate, e os abiezritas se ajuntaram após ele." (Jz 6:34). "Então, o Espírito do SENHOR veio sobre Jefté; e, atravessando este por Gileade e Manassés, passou até Mispa de Gileade e de Mispa de Gileade passou contra os filhos de Amom." (Jz 11:29). "Depois, deu a mulher à luz um filho e lhe chamou Sansão; o menino cresceu, e o SENHOR o abençoou. E o Espírito do SENHOR passou a incitá-lo em Maané-Dã, entre Zorá e Estaol." (Jz 13:24-25). "Então, o Espírito do SENHOR de tal maneira se apossou dele, que ele o rasgou como quem rasga um cabrito, sem nada ter na mão; todavia, nem a seu pai nem a sua mãe deu a saber o que fizera." (Jz 14:6). "Chegando ele a Leí, os filisteus lhe saíram ao encontro, jubilando; porém o Espírito do SENHOR de tal maneira se apossou dele, que as cordas que tinha nos braços se tornaram como fios de linho queimados, e as suas amarraduras se desfizeram das suas mãos." (Jz 15:14).

6.4.2.2 Em 1º e 2º Samuel: O Espírito estava presente nas palavras do profeta Samuel para

Saul, ungindo este como rei e depois ungindo a Davi como o sucessor deste:

"O Espírito do SENHOR se apossará de ti, e profetizarás com eles e tu serás mudado em outro homem. Quando estes sinais se sucederem, faze o que a ocasião te pedir, porque Deus é contigo [...] Chegando eles a Gibeá, eis que um grupo de profetas lhes saiu ao encontro; o Espírito de Deus se apossou de Saul, e ele profetizou no meio deles." (1Sm 10:6-7,10). "E o Espirito de Deus se apossou de Saul, quando ouviu estas palavras, e acendeu-se sobremodo a sua ira." (1Sm 11:6). "Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se apossou de Davi. Então, Samuel se levantou e foi para Ramá. Tendo-se retirado de Saul o Espírito do SENHOR, da parte deste um espírito maligno o atormentava." (1Sm 16:14).

Interessante aqui também é uma possível alusão de Samuel à divindade do

Espírito, pois disse a Saul que quando o Espírito viesse sobre ele, Saul, seria um sinal de

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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que Deus estava com ele. Notem também que o "Espírito do SENHOR" mais uma vez

também é chamado de "Espírito de Deus" (1Sm 11:6).

Nas últimas palavras de Davi encontramos mais uma menção ao poder do

Espírito Santo de falar por seu intermédio ao povo (2Sm 23:1):

"O Espírito do SENHOR fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua." (2Sm 23:2).

O apóstolo Pedro testificou que o Espírito Santo falava por intermédio de Davi e

o inspirara a profetizar (At 1:16-20; comparem com Sl 69:25; 109:8). E o escritor aos

hebreus também fez asseveração semelhante (Hb 3:7-11; comparem com Sl 95:7-11).

6.4.2.3 No segundo livro dos Reis: Vemos que o Espírito do SENHOR estava presente na

época dos profetas Elias e Eliseu. Depois que Elias foi levado ao céu em um redemoinho e

Eliseu, que estava junto com Elias, tomou o manto que este deixara cair e tocou com ele as

águas do rio Jordão que, pelo poder de Deus, se dividiram para Eliseu passar, os discípulos

dos profetas viram o ocorrido e reconheceram que o mesmo poder que estava com Elias

agora estava com Eliseu, então se aproximaram deste e disseram...

"[...] Eis que entre os teus servos há cinquenta homens valentes; ora, deixa-os ir em procura do teu senhor; pode ser que o Espírito do SENHOR o tenha levado e lançado nalgum dos montes ou nalgum dos vales. Porém ele respondeu: Não os envieis." (2Rs 2:16; vejam, por exemplo, 2Rs 2:9-18 para reconhecer todo o contexto).

6.4.2.4 No segundo livro de Crônicas: O Espírito do SENHOR veio sobre Jaaziel e

Zacarias para levarem a mensagem de Deus ao povo:

"Então, veio o Espírito do SENHOR no meio da congregação, sobre Jaaziel, filho de Zacarias, filho de Benaia, filho de Jeiel, filho de Matanias, levita, dos filhos de Asafe." (2Cr 20:14). "O Espírito de Deus se apoderou de Zacarias, filho do sacerdote Joiada, o qual se pôs em pé diante do povo e lhes disse: Assim diz Deus: Por que transgredis os mandamentos do SENHOR, de modo que não prosperais? Porque deixastes o SENHOR, também ele vos deixará." (2Cr 24:20).

6.4.2.5 No livro de Neemias: Temos mais um registro da providência divina na Pessoa do

Espírito Santo de ensinar ao povo de Israel no deserto e como Deus os proveu de alimento,

bem como menção da rebeldia deste povo, o que fez com que o Espírito Santo falasse pelos

profetas sobre o juízo de Deus sobre aquela nação obstinada e rebelde:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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"E lhes concedeste o teu bom Espírito, para os ensinar; não lhes negaste para a boca o teu maná; e água lhes deste na sua sede [...] No entanto, os aturaste, por muitos anos e testemunhaste contra eles pelo teu Espírito, por intermédio dos teus profetas, porém eles não deram ouvidos, pelo que os entregaste nas mãos dos povos de outras terras." (Ne 9:20,30).

6.4.3 NOS LIVROS POÉTICOS

6.4.3.1 No livro de Jó: Eliú declarou a Jó em um de seus discursos:

“O Espírito de Deus me fez; e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida.” (Jó 33:4).

Em Gênesis é demonstrado que o Espírito de Deus estava no momento da

criação, mas aqui, o texto vai mais além, ele afirma que o Espírito de Deus não apenas

estava, mas participou da criação da humanidade. Mesmo que alguns dos amigos de Jó não

tenham expressado muitos ensinos verdadeiros sobre Deus (Jó 42:7), podemos assegurar,

interpretando este texto à luz de toda a Escritura, que neste caso específico é um ensino

real que partiu de um destes personagens.

6.4.3.2 No livro dos Salmos: Vemos que o salmista Davi estava ciente que ter o Espírito

Santo era a mesma coisa que possuir a presença do próprio Deus e que o Seu Espírito

poderia conduzi-lo conforme a vontade de Deus e que esse mesmo Espírito era onipresente,

que era impossível se ocultar Dele. E disse mais: Que se fosse possível se esconder o

Espírito Santo seria como se esconder da face de Deus. Não

temos claramente aqui menções diretas à divindade do Espírito Santo?

"Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito." (Sl 51:12). “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guie-me o teu bom Espírito por terreno plano." (Sl 143:10). "Para onde meu ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?" (Sl 139:7).

O Espírito Santo não apenas estava na criação, mas participou ativamente da

criação da humanidade: outro salmo menciona que Deus atua na criação enviando o Seu

Espírito Santo com um poder renovador. E ainda outro salmo confirma a rebeldia do povo de

Israel ao Espírito de Deus:

"Envias o teu Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face da terra." (Sl 104:30). "Pois foram rebeldes ao Espírito de Deus, e Moisés falou irrefletidamente." (Sl 106:33).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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6.4.4 NOS LIVROS PROFÉTICOS

6.4.4.1 No livro do profeta Isaías: Vemos que a manifestação terrena do Senhor Jesus foi

acompanhada por uma capacitação do Espírito Santo, que o Redentor foi enviado a Israel

pelo SENHOR Deus juntamente com o Seu Espírito. Vemos também que como Espírito de

sabedoria, e entendimento, de conselho, e de força, de conhecimento e de temor do Senhor,

esse Espírito Santo estava sobre o Messias:

"Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes um renovo. Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria, e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR.” (Is 11:1-2). "Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios." (Is 42:1). "Chegai-vos a mim e ouvi isto: não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que isso vem acontecendo, tenho estado lá. Agora, o SENHOR Deus me enviou a mim e o seu Espírito." (Is 48:16). "O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemdos." (Is 61:1).

O próprio Senhor Jesus testificou que especificamente essa última referência (Is

61:1) era à Sua Pessoa e Sua obra (vejam Lc 4:18-19). E de fato o Espírito Santo esteve

presente na vida terrena de Jesus desde o Seu nascimento e até após Sua ressurreição (Lc

1:35; 3:22; 4:1,14; 10:21; 11:13; At 1:1-2). Isaías também profetizou sobre o derramamento

futuro do Espírito Santo sobre o povo de Deus:

"Até que se derrame sobre nós o Espírito lá do alto; então, o deserto se tornará em pomar, e o pomar será tido por bosque." (Is 32:15). "Porque derramarei água sobre o sedento e torrentes, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes." (Is 44:3).

Isaías inclusive fez uma forte menção ao senhorio soberano do Espírito Santo

como sendo o próprio Deus, que possui vontade própria, que possui toda a sabedoria e

conhecimento:

"Quem guiou o Espírito do SENHOR? Ou, como seu conselheiro, o ensinou? Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse compreensão? Quem o instruiu na vereda do juízo, e lhe ensinou sabedoria, e lhe mostrou o caminho de entendimento?" (Is 40:13-14).

Notem que interessante é a aplicação ou paráfrase (menção livre e adaptada de

um outro texto, sem perder o sentido original) que o apóstolo Paulo realizou deste mesmo

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Page 125: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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texto, mas aplicando-os ao Senhor Deus, deixando evidente a divindade do Espírito Santo

(vejam Rm 11:30-36; comparem com Jó 41:11; 1Co 2:16). E esta divindade ficou evidente

no restante desta referência bíblica de Isaías, pois o texto não parou por aqui, ele ainda

afirmou a extrema pequenês dos povos da Terra perante o Espírito do SENHOR (Is 40:15-

17) e questionou em seguida:

"Com quem comparareis a Deus? Ou que coisa semelhante confrontareis com ele?" (v. 18).

Ora, vamos ponderar um pouco: Isaías estava falando sobre a grandeza da

sabedoria do Espírito do SENHOR e a pequenês da humanidade diante Dele e depois

exclama como Deus é incomparável? Reflitamos: a Bíblia não possui contradições. Não há

para onde os críticos antitrinitaristas fugirem. Fica mais do que evidente

que Isaías reconhecia a divindade do Espírito Santo e O equiparou em grandeza e

majestade ao próprio Deus. Alguém ainda duvida da divindade do Espírito Santo?

Isaías também profetizou que o nome e a glória de Deus seriam temidos pelas

nações, pois viriam impelidos pelo Espírito do SENHOR na pessoa do Redentor, o Senhor

Jesus (à luz do Novo Testamento) e que as palavras de Deus jamais se apartariam do Seu

povo e nem o Seu Espírito que estava sobre o povo:

"Temerão, pois, o nome do SENHOR desde o poente e a sua glória, desde o nascente do sol; pois virá como torrente impetuosa, impelida pelo Espírito do SENHOR. Virá o Redentor a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz o SENHOR. Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o SENHOR: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se apartarão dela, nem da de teus filhos, nem da dos filhos de teus filhos, não se apartarão desde agora e para sempre, diz o SENHOR." (Is 59:19-21).

6.4.4.2 No livro do profeta Ezequiel: O Espírito Santo levou o profeta a experimentar

inúmeras visões de Deus, revelando a vontade do SENHOR para Israel. O Espírito levou

Ezequiel a ter a tão conhecida visão do vale de ossos secos, que simbolizava o povo de

Israel em sua rebelião contra Deus e consequente morte espiritual, mas que poderia ser

vivificado novamente através do Espírito de Deus:

"Então, entrou em mim o Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé; e ouvi o que me falava." (Ez 2:2). "Estendeu ela dali uma semelhança de mão e me tomou pelos cachos da cabeça; o Espírito me levantou entre a terra e o céu e me levou a Jerusalém em visões de Deus, até à entrada da porta do pátio de dentro, que olha para o norte, onde estava colocada a imgem dos ciúmes, que provoca o ciúme de Deus. Eis que a glória do Deus de Israel estava ali, como a glória que eu vira no vale." (Ez 8:3-4). "Então, o Espírito me levantou e me levou à porta oriental da Casa do SENHOR, a qual olha para o oriente [...] Caiu, pois, sobre mim o Espírito do SENHOR e disse-me:

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Page 126: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Fala: Assim diz o SENHOR: Assim tendes dito, ó casa de Israel; porque, quanto às coisas que vos surgem à mente, eu as conheço[...] Depois, o Espírito de Deus me levantou e me levou na sua visão à Caldéia, para os do cativeiro; e de mim se foi a visão que eu tivera. Então, falei aos do cativeiro todas as coisas que o SENHOR me havia mostrado." (Ez 11:1,5,24). "Veio sobre mim a mão do SENHOR; ele me levou pelo Espírito do SENHOR e me deixou no meio de um vale que estava cheio de ossos [...] Então, me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel [...] Porei em vós o meu Espírito, e vivereis [...]" (Ez 37:1,11a,14a).

Notamos que o Espírito Santo inclusive falou e deu ordens ao profeta. Ora, foi o

SENHOR (v. 24) ou o Espírito do SENHOR que mostrou a Ezequiel aquelas visões? Ambos

na verdade. Como já afirmamos antes em referência ao SENHOR e ao Anjo do SENHOR,

essa é a co-participação das existências pessoais de Deus na economia trinitariana (divisão

de funções).

Segundo outras profecias de Ezequiel, Deus dará a Seu povo um novo coração

e um novo espírito, derramando o Seu Espírito, e, assim, o Seu povo andará em Seus

estatutos e obedecerá os Seus mandamentos:

“Dar-vos-ei coração novo, e porei dentro em vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro em vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” (Ez 36:26-28). "Já não esconderei deles o rosto, pois derramarei o meu Espírito sobre a cada de Israel, diz o SENHOR Deus." (Ez 39:29).

Esta última referência não seria mais uma clara menção à divindade do Espírito

Santo? Afinal, Deus afirmou que Seu rosto não estaria mais escondido do povo, pois o Seu

Espírito seria derramado sobre Israel. Profecia bastante semelhante é a registrada logo a

seguir, que se encontra em outro livro bíblico.

6.4.4.3 No livro do profeta Joel: A profecia de que o Espírito Santo seria derramado sobre

toda a carne, sobre filhos e filhas de Deus, idosos e jovens, servos e senhores:

“E acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias.” (Jl 2:28-29).

Vejam Atos 2:17-21 onde Pedro aplica essa profecia à descida do Espírito Santo

no Dia de Pentecostes.

6.4.4.4 No livro do profeta Ageu: Temos uma linda e edificante mensagem:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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"Ora, pois, sê forte, Zorobabel, diz o SENHOR, e sê forte, Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote, e tu, todo o povo da terra, sê forte, diz o SENHOR, e trabalhai, porque eu sou convosco, diz o SENHOR dos Exércitos; segundo a palavra da aliança que fiz convosco, quando saístes do Egito, o meu Espírito habita no meio de vós; não temais." (Ag 2:4-5).

Que mensagem grandiosa! Deus exorta a que o povo se fortaleça e ao mesmo

tempo continue empenhado em trabalhar, firmado na garantia de que o próprio Deus não

apenas estava com eles, mas era com eles, por intermédio do Seu Espírito que habitava no

meio deles, conforme a aliança feita aos seus antepassados. Não é mais uma alusão à

divindade do Espírito Santo inclusive? Afinal, Deus era com o povo pois o Seu Espírito

habitava no meio deles.

6.4.4.5 No livro do profeta Miquéias: O Espírito do SENHOR revestiu aquele profeta de

poder, juízo e força para declarar a Israel os seus pecados:

"Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do SENHOR, cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel, o seu pecado." (Mq 3:8).

6.4.4.6 No livro do profeta Zacarias: Temos inicialmente um ensino muito conhecido:

"Prossegiu ele e me disse: Esta é a palavra do SENHOR a Zorobabel: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos." (Zc 4:6).

Riquíssima lição: nada no Reino de Deus é obtido pela força física, mas tão

somente pelo Espírito de Deus. Mais adiante temos outra menção do poder do Espírito em

levar a mensagem de Deus ao povo de Israel, pelos profetas. E complementando esse

versículo, citaremos, em seguida, mais uma narrativa do livro de Isaías:

"Sim, fizeram o seu coração duro como diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o SENHOR do Exércitos enviara pelo seu Espírito, mediante os profetas que nos precederam, daí veio a grande ira do SENHOR dos Exércitos." (Zc 7.12).

"Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles. Então, o povo se lembrou dos dias antigos, de Moisés, e disse: Onde está aquele que fez subir do mar o pastor do seu rebanho? Onde está o que pôs nele o seu Espírito Santo? [...] Como o animal que desce aos vales, o Espírito do SENHOR lhes deu descanso. Assim, guiaste o teu povo, para te criares um nome glorioso." (Is 63:10-11,14).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Existe ainda uma menção em Zacarias 12:10 sobre o "espírito de graça e de

súplicas" que Deus prometeu derramar sobre o povo de Israel, uma clara profecia sobre

Cristo, pois este "espírito" faria com que o povo olhasse para aquele a quem traspassaram e

chorariam como quem chora por um "unigênito" e amargamente chorariam como que por um

"primogênito".

À luz de João 19:37 e Apocalipse 1:7 fica claro que é uma profecia messiânica,

mas não parece claro que este "espírito" seja o "Espírito Santo". Nos parece temeroso

dogmatizarmos aqui, mesmo que seja uma hipótese bastante plausível, partindo do princípio

de que o Espírito Santo age em nós para nos convencer dos pecados (Jo 16:8-14) e

testemunha de Cristo e glorifica a Cristo (Jo 15:26; 16:13-14).

6.5 EVIDÊNCIAS DAS TRÊS PESSOAS DA TRINDADE NA MESMA NARRATIVA

Antes de apresentarmos as evidências neo-testamentárias da Santíssima

Trindade, apresentaremos passagens do Antigo Testamento que apresentam claramente

as três pessoas da Divindade na mesma narrativa, desde que o texto seja analisado à luz do

Novo Testamento.

São poucos textos vetero-testamentários que indicam as três pessoas em um

mesmo episódio ou contexto, geralmente, na esmagadora maioria das vezes, a menção é

ao "SENHOR" e ao "Anjo do SENHOR" ou outras vezes a menção é ao "SENHOR" e ao

"Espírito do SENHOR", mas apenas estas passagens que veremos mostram claramente as

três pessoas: o SENHOR (Deus e Pai), o Anjo do SENHOR (o Filho pré-encarnado) e o

Espírito do SENHOR (Espírito Santo). Muitas destas narrativas já foram observadas por nós

anteriormente com relação ao Anjo do SENHOR, mas é vital que as repitamos e as

complementemos para a maior aplicação do nosso estudo. São elas, portanto:

6.5.1 Na vida de Balaão: Nm 22:21-35

Na história de Balaão, podemos observar a atuação do SENHOR, do Anjo do

SENHOR e do Espírito de Deus. No início da narrativa nos é informado que acendeu-se a

ira de Deus contra Balaão (v. 22a), mas o Anjo do SENHOR é que se opôs no caminho de

Balaão para impedi-lo. O Anjo do SENHOR tem uma participaçao tão fundamental neste

episódio que Ele é mencionado NOVE vezes na narrativa (nos vv. 22b, 23, 24, 25, 27, 31,

32, 34, 35). Percebam também que, apesar de ter sido a ira de Deus que tenha se acendido

contra Balaão (v. 22a), pois era o SENHOR Deus que vinha dando instruções a Balaão até

neste momento (Nm 22:8-20), foi o Anjo do SENHOR que apareceu para a jumenta (Nm

22:23-27) e foi Ele quem dialogou com Balaão em todos os momentos (vv. 32-35), todavia,

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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foi o SENHOR e não o Anjo do SENHOR que fez a jumenta falar (v. 28) e também abriu os

olhos de Balaão para perceber a presença do Anjo do SENHOR (v. 31). Em seguida, no

início do capítulo 23, é o SENHOR Deus que retorna a falar com Balaão e instrui-lo e não o

Anjo do SENHOR (Nm 23:3-5, 15-16).

Aparentemente o Anjo do SENHOR estava tão somente atuando na autoridade

do SENHOR, executando uma missão como um simples anjo mensageiro. Todavia, quando

Balaão viu o Anjo do SENHOR, inclinou a cabeça e prostrou-se em terra (v. 31), mas o Anjo

não o repreendeu por se curvar diante Dele e em seguida disse que o comportamento de

Balaão ultimamente vinha sendo perverso diante Dele (v. 32). Ora, por que o Anjo aceitaria

adoração e diria que Balaão não O estava agradando com suas atitudes ao invés de dizer

que Balaão não estava agradando ao SENHOR se o Anjo do SENHOR não fosse o próprio

Deus? Considerando que o SENHOR estava presente neste epísódio, se Ele tivesse

descordado deste comportamento do Anjo, certamente haveria o registro deste fato, mas o

Anjo do SENHOR e o SENHOR trabalharam, como temos visto, sempre em harmonia e

concordância. Afinal, que glória é esta que este Anjo compartilha com o SENHOR? Mas,

Deus não compartilha de Sua glória com ninguém não é mesmo? (vejam Is 42:8; 48:11). Ao

menos que este "Alguém" seja o próprio Deus, um com Ele em essência, mas distinto como

"pessoa" ou "personalidade".

Extremamente interessante é verificar que, um pouco mais adiante na narrativa,

quem atuou em um momento específico da vida de Balaão não foi nem o SENHOR Deus e

nem o Anjo do SENHOR, mas foi o Espírito de Deus (Nm 24:2), trazendo as palavras de

Deus, Altíssimo e Todo-poderoso ao povo (Nm 24:4,16). Podemos, então, inferir que

Balaão teve contato com as três pessoas da Santíssima Trindade? À luz de toda a Escritura

e principalmente do Novo Testamento, acreditamos que sim.

6.5.2 Na vida de Gideão: Jz 6:11-24

Mais uma grande narrativa, agora sobre a vida de Gideão, juíz de Israel, nos

apresenta a atuação do SENHOR e do Seu Anjo e em seguida do Espírito do SENHOR.

Podemos destacar muitas lições trinitárias aqui. O Anjo do SENHOR apareceu a Gideão e,

como representante do próprio SENHOR, disse: "O SENHOR é contigo homem valente" (Jz

6:12). Já imaginou o próprio Deus falar isso para você? Não existe maior incentivo. Mas,

Gideão, certamente sabendo que o Anjo era o próprio SENHOR ou o Seu representante

direto, questionou diretamente ao SENHOR e não ao Anjo a situação pela qual Israel

atravessava, pois já que o Anjo do SENHOR afirmou "O SENHOR é contigo", como que

depois de tamanhas maravilhas realizadas no livramento de Israel do Egito e a peregrinação

até a terra prometida, o SENHOR estava permitindo tamanha opressão do povo midianita (v.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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13). Então, o próprio SENHOR, que certamente estava presente ali, mas ainda não se

manifestara, "se virou para Gideão" e respondeu ao questionamento, incentivando-o e

confirmando que Ele, o SENHOR estava enviando Gideão para livrar a nação de Israel dos

midianitas (v. 14). E mesmo Gideão insistindo em afirmar a pobreza e a simplicidade dele e

de sua família diante de tão grande missão, o SENHOR confirmou uma vez mais que

Gideão feriria os midianitas como se fossem um só homem, pois Ele, o SENHOR estava

com Gideão (vv. 15-16).

Mas, Gideão ainda quis que o SENHOR desse um sinal de que era Ele mesmo

que estava falando, sinal de era alvo da mercê divina e suplicou para que Deus não se

ausentasse daquele lugar até que ele voltasse com sua oferta, pedido que o SENHOR

atendeu (vv. 17-18), sendo que Gideão preparou a oferta e a trouxe e a apreentou ao

SENHOR, colocando-a debaixo do carvalho (v. 19), justamento o carvalho onde no início o

Anjo do SENHOR se assentara debaixo (v. 11). Nesse momento, o texto chama o "Anjo do

SENHOR" de "o Anjo de Deus" (como em outros textos) e afirma que Ele ordenou que

Gideão tomasse a oferta, carne e bolos asmos, pusesse sobre a penha e derramasse o

caldo por cima, o que Gideão obedeceu (v. 20). Então o "Anjo do SENHOR" (o texto volta a

chamar o Anjo desta forma) estendeu a ponta do cajado que estava em Sua mão e tocou a

oferta, o que fez com que fogo subisse da penha e consumisse a oferta. Logo em seguida,

o Anjo do SENHOR desapareceu da presença de Gideão (v. 21). E foi apenas neste

momento que Gideão percebeu que era o Anjo do SENHOR e exclamou: "Ai de mim,

SENHOR Deus, pois vi o Anjo do SENHOR face a face" (v. 22).

Ora, aqui temos que nos deter um momento e questionar: Não é sabido e

ensinado que nenhum ser humano pode ver Deus face a face porque morrerá? É o que nos

ensina o texto de Êxodo 33:17-25, quando Moisés, mesmo com tamanha comunhão com o

SENHOR, não teve a permissão para ver a glória de Deus, mas Deus a encobriu com Sua

própria mão, pois Moisés morreria se visse Sua glória. Como então que Gideão ao ver o

Anjo do SENHOR temeu por tê-lo visto face a face se não fosse reconhecido em Israel que

o Anjo do SENHOR era o próprio Deus? Se Ele fosse um anjo comum, um mensageiro

celestial, como tantos outros encontrados na Bíblia, porque Gideão teria tanto medo de

morrer? Mas quem disse que Gideão ficou com medo de morrer? O próprio Deus disse, pois

em seguida o SENHOR acalma Gideão, dizendo (neste momento, o Anjo do SENHOR

estava ausente): "Paz seja contigo! Não temas! Não morrerás!" (v. 23).

Por que Deus disse "não morrerás"? Encontramos duas posições distintas: 1)

Por que, na verdade, o Anjo não era Deus e então Gideão não tinha visto Deus face a face?

2) Ou por que o Anjo era Deus, sim, mas o próprio SENHOR em Sua soberania, não

permitiu a morte de Gideão, pois, na verdade, o Anjo se manifestara em uma forma humana

(teofania) e então, não estava manifestando toda a glória de Deus?

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Bem, preferimos ficar com a segunda posição, pois já foi

demonstrado exaustivamente que o Anjo do SENHOR é o SENHOR, um com ele em

natureza divina, mas distinto dele como pessoa. Então sendo assim, Deus estava

compartilhando a Sua glória com o Anjo Dele, sim, (glória que nenhum homem pode

contemplar face a face e permanecer vivo), pois o Anjo de Deus era um em essência com

Ele, mesmo sendo distinto Dele. Deus não compartilharia Sua excelsa glória com ninguém

que não estivesse em eterna e indivisível unidade de essência com Ele. Em seguida, então,

Gideão edificou naquele local um altar ao SENHOR com o nome de "O SENHOR é paz" (v.

24).

Prosseguindo na narrativa, na mesma noite, o SENHOR deu instruções a

Gideão para derribar o altar de Baal e cortar o poste-ídolo junto ao altar e edificar a Ele, o

SENHOR, o Deus de Gideão, um altar e oferecer holocausto com a mesma lenha do poste-

ídolo que tivesse cortado (Jz 6:25-26). Gideão obedeceu ao SENHOR, mas fez tudo a noite

e não de dia, temendo as pessoas da casa de seu pai e daquela cidade, pois o altar era do

pai de Gideão (v. 27). De madrugada os homens daquela cidade se levantaram e viram o

altar de Baal derribado, bem como o poste-ídolo, que também estava cortado e o boi que

fora oferecido ao SENHOR no altar derribado (v. 28) e concluíram que fora Gideão o

responsável por tudo aquilo (v. 29) e, cheios de fúria, foram a Joás, pai de Gideão e

contaram o ocorrido e pediram que trouxesse seu filho para fora para morrer (v. 30). Joás,

porém, afirmou que não precisava aquela contenda por causa de Baal, pois, se este era

uma divindade, ele mesmo contenderia contra aqueles que derribaram o seu altar (v. 31).

E, Gideão, no mesmo dia, por ter derribado o altar de Baal, e na expectativa de

que este deus contendesse contra ele, passou a ser chamado "Jerubaal" (v. 32) e todos os

midianitas e amalequitas e povos do Oriente se ajuntaram e se acamparam no vale de

Jezreel (v. 33). E na narrativa seguinte, Gideão, assim como Balaão, que vimos

anteriormente, também foi revestido pelo Espírito do SENHOR (v. 34).

Podemos, então, inferir que Gideão também teve contato com as três pessoas

da Santíssima Trindade, assim como Balaão? À luz de toda a Escritura e principalmente do

Novo Testamento, acreditamos que sim.

6.5.3 Na vida de Sansão: Jz 13:1-25; 14:6,19; 15:14

É notável verificar também a participação do Anjo do SENHOR na história de

Sansão, também juíz de Israel, em uma época que Israel era dominado pelos filisteus há

décadas, por terem se desviado de Deus (Jz 13:1). O Anjo do SENHOR apareceu à uma

mulher que era estéril, esposa de Manoá, da linhagem da tribo de Dã, e prometeu-lhe que

daria à luz um filho, mas advertiu-a a não beber vinho, nem bebida forte e nem comer nada

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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considerado imundo pela Lei moisaica e assegurou que este filho seria nazireu, ou seja,

cujos cabelos jamais seriam cortados e seria consagrado a Deus desde a concepção e,

quando crescesse, iniciaria a libertação de Israel do poder os filisteus (Jz 13:2-5). Esta

mulher, sem ter compreendido que tinha falado com ela, foi ao seu marido, Manoá, e disse

que "um homem de Deus com aparência tremenda e semelhante à de um anjo de Deus

tinha se apresentado a ela, mas ela não perguntou a origem dele e ele não disse o seu

nome" e repassou a mensagem do Anjo ao marido (v. 6).

Manoá, então, orou ao SENHOR, reconhecendo que tinham recebido um

mensageiro divino, suplicando que este "homem" retornasse e lhes instruisse sobre a

criança que haveria de nascer (v. 8). Deus ouviz Manoá e o "Anjo de Deus" se manifestou

novamente em uma oportunidade que a mulher estava sozinha (v. 9), mas ela

apressadamente buscou o seu marido, o qual suplicou que o Anjo fornecesse mais

instruções sobre a concretização da promessa do menino (vv. 10-12). Então, o Anjo do

SENHOR confirmou Suas instruções anteriormente dadas à mulher (vv. 13-14).

O grande destaque para a ainda maior fundamentação vetero-testamentária da

doutrina trinitariana vem exatamente nos próximos versículos: Manoá pediu que o Anjo do

SENHOR permanecesse com eles, pois pretendiam preparar um cabrito como refeição (v.

15), mas o Anjo do SENHOR disse que mesmo que Ele permanecesse com eles, não

aceitaria a refeição. E disse mais: se eles tivessem a intenção de preparar um holocausto,

que este deveria ser dirigido ao SENHOR. E o texto ainda afirma que o Anjo disse essas

palavras porque Manoá não havia ainda reconhecido que quem falava com ele era o Anjo

do SENHOR (v. 16). Percebemos que o Anjo em uma atitude de humildade extrema, apesar

de Sua Divindade, pediu para que a adoração fosse direcionada ao SENHOR e não a Ele.

Mas, em seguida, Manoá pede que o Anjo informe o Seu nome para que,

quando a promessa do nascimento da criança se cumprisse, eles pudessem prestar-lhe

honras (v. 17). É, então, que o Anjo demonstra Sua Divindade, pois diz a Manoá: "Por que

perguntas pelo meu nome que é maravilhoso?" (v. 18). Ora, o SENHOR permitiria que um

anjo comum dissesse algo assim? Evidente que não, apenas se este Anjo fosse um em

essência com Ele.

Em seguida, Manoá apresenta uma oferta ao SENHOR e o Anjo do SENHOR,

segundo o texto "se houve maravilhosamente" (v. 19). Quando a chama do sacrifício saiu do

altar e subiu em direção ao céu, o Anjo do SENHOR subiu nela e Manoá e sua mulher

caíram com o rosto em terra (v. 20) e nunca mais o Anjo do SENHOR apareceu para eles,

só então que Manoá compreendeu que era o Anjo do SENHOR (v. 21) e, diante disso disse

a sua mulher: "Certamente morreremos porque vimos a Deus" (v. 22). Percebam que Manoá

se deixou atemorizar pelo mesmo receio que teve Gideão, pois Israel sabia que o Anjo do

SENHOR era o próprio SENHOR, que ver o Anjo do SENHOR era como comtemplar a Deus

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Page 133: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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face a face. Mas, a mulher de Manoá o acalmou com sua tese de que jamais o SENHOR

teria aceitado a oferta deles e nem revelado os Seus planos se Sua intenção fosse tirar a

vida deles (v. 23).

O texto bíblico relata em seguida que a mulher de Manoá deu à luz um filho e o

chamou Sansão, que cresceu e foi abençoado pelo SENHOR (v. 24).

E, para fundamentar ainda mais a doutrina trinitariana no Antigo Testamento, o

texto ainda nos informa que o Espírito do SENHOR passou a atuar na vida de Sansão (v.

25; comparem ainda com Jz 14:6,19; 15:14, por exemplo). Portanto, temos mais um

personagem importante da história de Israel cuja história foi permeada pela atuação da

Trindade Santíssima.

6.5.4 Na vida de Isaias:

Para derrubar de vez qualquer dúvida ou crítica antitrinitarista, particularmente

referente ao Antigo Testamento, observemos mais três impressionantes e claras menções,

agora no livro de Isaías, às três pessoas da Santíssima Trindade:

6.5.4.1 PRIMEIRA: Isaías 48:11-16.

"Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a outrem. Dá-me ouvidos, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, sou o primeiro e também o último. Também a minha mão fundou a terra, e a minha destra estendeu os céus; quando eu os chamar, eles se apresentarão juntos. Ajuntai-vos, todos vós, e ouvi! Quem, dentre eles, tem anunciado estas coisas? O SENHOR amou a Ciro e executará a sua vontade contra a Babilônia, e o seu braço será contra os caldeus. Eu, eu tenho falado; também já o chamei. Eu o trouxe e farei próspero o seu caminho. Chegai-vos a mim e ouvi isto: não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que isso vem acontecendo, tenho estado lá. Agora, o SENHOR Deus me enviou a mim e o seu Espírito. Assim diz o SENHOR, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o SENHOR, o teu Deus, que te ensina o que é últil e te guia pelo caminho em que deves andar." (Is 48:11-17).

Que narrativa impressionante. Desde o início do capítulo 48 de Isaías, vemos

Deus trazendo inúmeras exortações e considerações a Israel, sobre a Sua grandeza,

eternidade e onisciência, sempre falando de Si mesmo na primeira pessoa do singular e

com Israel na segunda pessoa do singular (por exemplo, vv. 3-15), mas inicialmente parece

ser lógico que é Deus, o Pai que está falando com Israel, pois o texto inicialmente não se

preocupa em apresentar as pessoas da Divindade.

Deus usou expressões tais como "Anunciei acontecimentos a você desde a

antiguidade antes que elas acontecessem, coisas novas e ocultas que você não sabe" (vv.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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3,5,6), "Eu sabia que você era de dura cerviz, obstinado e desde o ventre materno seria

transgressor e procederia perfidamente" (vv. 4,8), "Por amor do meu nome retardarei a

minha ira, por amor de mim faço estas obras. Como deixaria que o meu nome fosse

profanado? A minha glória não dou a mais ninguém". (vv. 9,11) e "Ouça-me, eu sou o

mesmo, o primeiro e o último (comparem com Is 44:6; Ap 1:7; 22:13), eu criei a Terra e os

céus" (vv. 12-13). OBS: No v. 14, Deus fala sobre Ele mesmo, mas na terceira pessoa do

singular e no v. 15 volta a falar na primeira pessoa do singular.

Mas, o que queremos destacar é o que Deus diz logo em seguida (v. 16):

"Chegai-vos a mim e ouvi isto: não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que isso vem acontecendo, tenho estado lá. Agora, o SENHOR Deus me enviou a mim e o seu Espírito."

Deus convocou Israel a se aproximar dele e ouvir Sua mensagem, pois nunca

escondeu nada desde o início dos tempos e desde que todos estes acontecimentos

narrados vinham acontecendo, Ele já existia. Então, em seguida, Ele, o próprio Deus, disse

"o SENHOR Deus me enviou e enviou também o seu Espírito". Ora, se era Deus que estava

falando, como Ele pode dizer que foi enviado pelo SENHOR Deus?

Será que quem falou, na verdade, neste versículo foi Ciro, a quem o SENHOR

Deus chamou e estava usando, conforme nos versículos anteriores, ou foi um anjo comum

ou outro personagem bíblico? Acreditamos ser pouquíssimo provável. Ciro estava sendo

usado por Deus, sim, mas parece insustentável biblicamente falando asseverar que ele

possuia clara consciência que tinha sido enviado por Deus e juntamente com o Espírito

Dele. Um anjo também não poderia ser, pois a narrativa desde o início é clara em revelar

que os atributos e comportamentos de quem está falando só podem ser do próprio Deus.

Considerando que a Bíblia é inerrantemente inspirada por Deus e que só existe

um Deus, esta fala só pode ter sido proferida por Deus, na pessoa do Filho (a segunda

pessoa da Trindade, pré-encarnada), mencionando o SENHOR Deus e Pai (a primeira

pessoa da Trindade) que O enviou e enviou também o Espírito Santo (a terceira pessoa da

Trindade). É mais uma profecia messiânica, portanto.

Pode ser que nossa interpretação esteja equivocada para este episódio, talvez

estudiosos e teólogos muito mais capazes possam esclarecer melhor essa situação. Mas,

nos parece ser muito difícil chegar a uma conclusão diferente desta: que este texto é mais

uma menção da Santíssima Trindade no Antigo Testamento, interpretada à luz do Novo

Testamento.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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6.5.4.2 SEGUNDA: Isaías 59:19-21.

Isaías profetizou que o nome e a glória de Deus seriam temidos pelas nações,

pois viriam impelidos pelo Espírito do SENHOR na pessoa do Redentor, o Senhor Jesus e

que as palavras de Deus jamais se apartariam do Seu povo e nem o Seu Espírito, que

estava sobre o povo. Mas, não nos esqueçamos que Deus não compartilha a Sua glória

com ninguém, como o próprio Isaías afirmou (Is 42:8; 48:11). Mas, nesta profecia, o nome e

a glória de Deus seriam temidos, pois seriam impelidos pelo Espírito na manifestação do

Salvador. Ora, Deus, o Pai neste caso, só pode estar compartilhando o Seu nome e a Sua

glória com o Seu Filho e o Seu Espírito Santo, um com Ele em natureza divina, mas distintos

pessoalmente uns dos outros. Temos aqui, portanto, mais uma menção à Santíssima

Trindade, à luz do Novo Testamento.

6.5.4.3 TERCEIRA: Isaías 63:7-16.

Na última oração do profeta Isaías encontramos um texto maravilhoso e

riquíssimo para, entre outras finalidades, embasar a doutrina trinitariana no Antigo

Testamento.

Primeiramente, vemos Isaías mencionando a benignidade e os atos poderosos

do SENHOR para com a nação de Israel, pois Deus os considerava como filhos e era o Seu

Salvador, ou seja, Deus Pai Salvador (vv. 6-7). Isaías, em seguida, menciona que face à

angústia do povo, Deus se sentiu angustiado com o sofrimento de Israel e o Anjo da Sua

presença salvou o povo pelo Seu amor e compaixão, remindo-o e conduzindo-o (vv. 8-9).

Contudo, segundo o texto, o povo se rebelou e entristeceu o Espírito do SENHOR, que se

virou contra o povo para os disciplinar e, então, o povo recordou-se do passado e

questionou onde estava Deus que havia colocado o Espírito Santo em Moisés e que, por

meio do Espírito do SENHOR deu descanso ao povo (vv. 10-14). Isaías, então, clama a

Deus para que de Sua santa morada, atente para ele, que se recorde de Suas poderosas

obras, a ternura do Seu coração e Sua misericórdia e, mesmo que Israel negligenciasse o

seu ofício de profeta, Deus era o Pai de Seu povo, o Seu Redentor desde tempos antigos

(vv. 15-16).

Que texto maravilhoso! Em nove versículos, Isaías menciona a Deus, o

SENHOR, que era o Pai e Salvador (vv. 7,8,16), menciona o Anjo da Presença de Deus que

pelo Seu amor e compaixão remiu e conduziu o povo (v. 9; mesmo que o conceito de

salvação do Antigo Testamento seja de certa forma diferente do conceito do Novo

Testamento, mas seja um tipo de pré-figuração do mesmo).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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E, Isaías, ainda menciona o Espírito do SENHOR (v. 14), ou seja, o Espírito

Santo (vv. 11-12) que se entristeceu com a rebeldia posterior do povo, mas depois lhe deu

descanso.

Temos, portanto, as três pessoas da Santíssima Trindade quase total e

claramente definidas aqui neste texto. É evidente que, em se pensando na revelação

progressiva do propósito divino, se não analisássemos o texto à luz do Novo Testamento,

ainda não seria possível identificar o Anjo do SENHOR como o Filho de Deus, a segunda

pessoa, mas "apenas" como uma das três pessoas divinas. Mas, mesmo assim, é

claramente possível identificar a Deus Pai e a Deus Espírito Santo, a primeira pessoa e a

terceira pessoa.

Se muitos ainda duvidavam que o Antigo Testamento tratava a Deus como Pai e

o Espírito do SENHOR como Espírito Santo, esperamos que as dúvidas tenham caído por

terra. Amém.

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DESEJO IR PARA: (click no link desejado para se locomover com mais rapidez pelo nosso estudo) SOBRE O AUTOR - ÍNDICE – APRESENTAÇÃO – AGRADECIMENTOS – DEDICATÓRIA - ABREVIATURAS – PREFÁCIO -

Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 – 13 – BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________

NOTAS: (01) “Teologia Sistemática” (p. 166). (02) “Teologia Sistemática” (p. 336) (03) (“A doutrina Bíblica da Trindade”, pp. 130-131, citada em “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo” de Herminsten da Costa, p. 393). (04) “Teologia do Antigo Testamento: História, Método e Mensagem” (pp. 404, 408, 409 e 416, respectivamente) (05) livro “Introdução à hermenêutica reformada”, pp.175-176. (06) Segundo o artigo “A doutrina da Trindade” encontrado no site http://www.christiandefense.org.: (07) (“Teologia Sistemática”, p. 171). (08) Edição da “Bíblia Anotada” (p. 1335) (09) livro "99 Perguntas sobre Anjos, Demônios e Batalha Espiritual" (pp. 30-31). (10) "Bíblia de Estudo de Genebra", (p. 33). (11) "Bíblia de Estudo NVI" (Nova Versão Internacional) - (p. 32): (12) "Dicionário Vine - O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento” (p. 41) (13) "Bíblia de Estudo da Mulher" (p. 28). (14) (fonte: http://www.gotquestions.org/portugues/anjo-do-Senhor.html) . (15) (fonte: http://www.oapocalipse.com/home/estudos/estudos_anjos.html). (16) (fonte: http://www.vivos.com.br/243.htm). (17) (fonte: http://www.answering-islam.org/portugues/quem-e-jesus/teofania.html) (18) (fonte: http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1287&menu=7&submenu=5). (19) livro “Introdução à hermenêutica reformada”, p.183. Vejam ainda no site "MONERGISMO" um estudo bastante elucidativo sobre este assunto e afirmativo quanto a esta "incerteza" de muitos intérpretes: http://www.monergismo.com/textos/cristologia/anjo-senhor_jefte.pdf.

Como complemento das evidências do Espírito Santo, acessem os seguintes links, por gentileza: http://www.vivos.com.br/45.htm http://doaldofb.sites.uol.com.br/espsantonoat.htm http://www.estudosdabiblia.net/d58.htm http://www.iprb.org.br/estudos_biblicos/estudos_1-50/est14.htm http://www.oapocalipse.com/home/estudos/cristao_o_espirito_santo_no_antigo_testamento.html http://www.palavraprudente.com.br/estudos/ron_c/espiritosanto/cap04.html

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7

Evidências bíblicas para a doutrina trinitariana no

Novo Testamento

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7.1 INTRODUÇÃO

epois de apresentarmos dezenas e dezenas de referências vetero-testamentárias

sobre a atuação das três pessoas da Divindade, passaremos às evidências neo-

testamentárias da Trindade e perceberemos de forma muito mais clara a Sua

atuação na era da Nova Aliança.

Observemos em quais situações e contextos estas evidências surgem. Nestas

evidências já conseguimos visualizar dezenas de lições práticas com respeito à doutrina

trinitariana sobre as nossas vidas: o plano do Deus triúno para a humanidade.

7.2 NOS QUATRO EVANGELHOS

7.2.1 No nascimento de Cristo, chamado de Filho de Deus, o Altíssimo, ou seja,

evidentemente Deus Pai, que envolveu Maria com poder ao descer sobre ela o Espírito

Santo:

“Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.” (Lc 1:35).

7.2.2 Comparem este relato de Lucas com o que afirmou Mateus, também revelando a

atuação da Trindade no nascimento de Cristo, pois em Mt 1:18, narrando o nascimento de

Jesus Cristo (v. 18a), afirmou que "Maria achou-se grávida do Espírito Santo", enquanto que

no v. 20, um anjo do Senhor (Senhor que muito provavelmente pode ser identificado como

Senhor Deus e Pai) informou a José que a criança que Maria aguardava foi gerada pelo

Espírito Santo.

Em seguida, no v. 21, o anjo afirma que o nome da criança deveria ser Jesus

para cumprir a profecia do Senhor (Senhor que, mais uma vez, muito provavelmente pode

ser identificado como Senhor Deus e Pai), profecia que atribuia a esta criança a designação

de "Deus conosco", apontando para a Divindade de Cristo, como Filho de Deus (vejam

ainda os vv. 24-25).

7.2.3 No batismo de Cristo, quando a voz vinda do Céu o chamou de Filho amado e o

Espírito Santo desceu em forma de pomba sobre Cristo. Vejamos como relatou Mateus:

“Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mt 3:16-17).

D

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Comparem a mesma narrativa nos outros três evangelhos e a consonância em

relatar a atuação da Trindade nesta ocasião (obs: Cristo mencionou que o Pai o aprovava:

cf. Jo 6:27, assim como o Pai afirmou que o Filho é com quem Ele se compraz).

"Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galiléia e por João foi batizado no rio Jordão. Logo ao sair da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito descendo como pomba sobre ele. Então, foi ouvida uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo." (Mc 1:9-11). "E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e, estando ele a orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo". (Lc 3:21-22). "No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo [...] E João testemunhou, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Pois eu, de fato, vi e tenho tetificado que ele é o Filho de Deus." (Jo 1:29, 32-34).

Podemos notar, portanto, que mesmo narrando alguns detalhes diferentes, mas

que se complementam, ao se referir a esta ocasião, os evangelistas relataram a atuação da

Trindade. E mais: Mateus afirmou que quem desceu em forma de pomba foi o "Espírito de

Deus" e Marcos e João afirmaram que foi o "Espírito".

Se algum crítico antitrinitarista ficou em dúvida acreditando que não foi o Espírito

Santo, Lucas tirou essa dúvida afirmando que foi o "Espírito Santo" que desceu em forma de

pomba, ou seja, todos eles mencionaram a mesma pessoa da Divindade. Apesar de que

João citou "Espírito" nos vv. 32-33a, mas já no v. 33b, ele disse "Espírito Santo". Unindo o

final do v. 33b com o v. 34, foi como se ele dissesse "o Filho de Deus Pai batiza com o

Espírito Santo".

7.2.4 Na grande comissão missionária para a evangelização das nações como testemunho

de Jesus Cristo, pelo poder do Espírito Santo que fora enviado pelo Pai:

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” (Mt 28:19).

Esse versículo do fim do evangelho de Mateus, certamente é o mais conhecido

quando se menciona a doutrina trinitariana. Fica mais do que evidente a existência das três

pessoas da Divindade e que são o mesmo Deus, pois Deus não compartilharia essa glória

de batizar discípulos Seus de todas as nações com mais ninguém que não "participasse" da

natureza divina, ou melhor, que fosse Deus. Cristo disse "em nome" e não "nos nomes".

Portanto, Pai, Filho e Espírito Santo representam o nome do único Deus.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Mas, complementando a grande comissão, temos outros versículos que apontam

a Trindade na obra evangelística das nações:

“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.” (Jo 20:21-22). "...e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas. Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder." (Lc 24:46-49).

Neste último versículo, na menção de Cristo ao fato de os discípulos serem

revestidos de poder, é evidente que a expressão "poder" é diretamente relacionada ao

Espírito Santo. Fica mais clara ainda essa verdade se compararmos este último versículo

com o contexto daqueles versículos mencionados anteriormente.

7.3.5 Em se falando de evangelização das nações e pensando em conversões, devemos

lembrar o ensino de Jesus, o Filho, sobre o fato que de apenas as pessoas que “nascerem

da água e do Espírito” poderão entrar no Reino de Deus, o Pai.

“Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.” (Jo 3:5).

7.2.6 E, em se falando de testemunhar do evangelho, foi o próprio Cristo, o Filho, que

assegurou aos discípulos que quando os mesmos fossem entregues aos tribunais e às

autoridades para serem inquiridos, que eles não deveriam se preocupar, pois o Espírito

Santo, vindo do Pai, falaria por intermédio deles:

“E acautelai-vos dos homens; porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitação nas suas sinagogas; por minha causa sereis levados à presença de governadores e de reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. E, quando vos entregarem, não cuideis em como ou o que haveis de falar, porque, naquela hora, vos será concedido o que haveis de dizer, visto que não sois vós os que falais, mas o Espírito do vosso Pai é quem fala em vós.” (Mt 10:17-20).

7.2.7 Semelhantemente a estes versículos anteriores, temos a garantia de Cristo de que o

Espírito Santo seria enviado pelo Pai:

“Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” (Jo 14:26).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7.2.8 Logo após os setenta discípulos de Jesus regressarem de sua missão e relatarem o

seu sucesso sobre as forças das trevas, Cristo os exortou a basearem a alegria deles no

fato de que o nome deles estava “escrito nos céus” e não pelo fato de que os espíritos

imundos se submetiam e eles. E, então, Cristo exulta no Espírito Santo e fala com o Pai

sobre os Seus desígnios para com os homens e faz declarações sobre Seu relacionamento

com Ele, o Pai:

“Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai; e também ninguém sabe quem é o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (Lc 10:21-22).

7.2.9 A lição de Cristo de que o Pai pode presentar com o Espírito Santo aqueles que lhe

pedirem. São palavras de Jesus, o Deus Filho (cf. Lc 11:5):

"Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?" (Lc 11:13).

7.2.10 A exortação de Cristo aos mestres da lei que O acusaram de estar possesso por um

espírito imundo aos expulsar demônios. Ele, o Filho, afirmou que este Seu ato de expulsar

demônios era sinal de que o Reino de Deus, o Pai no caso, havia chegado e que uma

acusação como esta era uma blasfêmia contra o Espírito Santo, algo eternamente

imperdoável (o que era perdoável, caso a blasfêmia fosse direcionada ao Filho), pois era o

Espírito que agia em Cristo e não um demônio:

“Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós [...] Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado. Mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.” (Mt 12:28,31; vejam vv. 22-32; comparem com Mc 3:29; Lc 12:8-10).

7.2.11 As palavras de João Batista acerca das pessoas da Trindade: Deus Pai envia seus

mensageiros para levarem as Suas Palavras, pois Ele não dá o Espírito Santo por medida

ou "sem limitações" (cf. NVI) e ama Seu Filho e confiou às mãos Dele todas as coisas:

"Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida. O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos." (Jo 3:34-35).

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7.3 NO LIVRO DE “ATOS DOS APÓSTOLOS”

7.3.1 Essa referência está diretamente relacionada ao item 7.2.4, sobre a grande comissão

missionária: Jesus, o Deus Filho ensinou que Deus Pai em Sua soberania estabeleceu

tempos e épocas específicos para realizar os Seus propósitos e que, em relação a obra

missionária, Deus Espírito Santo revestiria a Igreja de poder para pregar o evangelho:

“Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (At 1:7-8).

7.3.2 Declarações evangelisticas de Pedro: Ele afirmou que Deus Pai ressuscitou a Jesus,

Seu Filho, O exaltando à Sua direita e delegou autoridade a Cristo para que derramasse o

Espírito Santo sobre os discípulos e apóstolos. Ele afirmou também que quem se

arrependesse com a pregação do evangelho seria batizado em nome de Jesus e receberia o

Espírito Santo, uma promessa para todos aqueles a quem Deus Pai chamar:

“A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.” (At 2:32-33). "Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos o que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar." (At 2:38-39).

7.3.3 O próximo texto une essas duas verdades anteriores: Deus Pai ressuscitou ao Seu

Filho Jesus e enviou o Espírito Santo para todos aqueles que forem chamados pelo Pai, se

arrependerem e receberem a remissão dos pecados:

"O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-o num madeiro. Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem." (At 5:30-32).

7.3.4 Em uma maravilhosa oração, quando Pedro e João haviam sido libertados do sinédrio,

após a cura milagrosa de um paralítico, sendo que os mesmos foram ameaçados pelas

autoridades judaicas a não mais proclamarem o nome do Senhor Jesus (At 4:1-22). Após

contarem a igreja o ocorrido, eles oraram a Deus, unânimes (v. 23):

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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"Ouvindo isto, unânimes levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de nosso pai Davi, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido; porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e povos de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram.” (At 4:24-28).

É possível claramente perceber que a oração foi direcionada ao Pai que, através

do Espírito, inspirou uma profecia sobre Cristo, o Seu Ungido (vv. 24-27), para que se

realizasse o que Ele, o Pai, havia predestinado na eternidade (v. 28).

7.4 NAS EPÍSTOLAS PAULINAS

7.4.1 Epístola aos romanos:

7.4.1.1 Para aqueles que receberam a Cristo, o Filho de Deus Pai, em suas vidas, não há

mais condenação, pois o Espírito Santo, por meio de Cristo, os livrou do pecado e da morte,

pois o Pai enviou o Filho para cumprir a Lei e condenar o pecado, para andarmos "mortos

para o pecado" e conforme o Espírito e não conforme as tendências carnais, pois a vontade

carnal é inimiga do Pai e não pode agradá-Lo. Estes que receberam a Cristo estão no

Espírito Santo (até mesmo chamado de o Espírito de Cristo), que habita neles, os

transformando em Sua propriedade particular. Este mesmo Espírito, o Espírito do Pai, que

ressuscitou a Cristo, por habitar nestas pessoas, as ressuscitará também:

"Agora, pois, já nenhuma condenação há para com os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado; a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque o que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça. Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita." (Rm 8:1-11).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7.4.1.2 Os filhos de Deus Pai são guiados pelo Espírito Santo e são co-herdeiros de Seu

Reino com Cristo, o Filho:

"Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus [...] Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados." (Rm 8:14,17; vejam os vv. 12-17 para melhor aplicação).

7.4.1.3 O Espírito Santo auxilia os cristãos no momento de orar, intercedendo por eles de

uma maneira extremamente intensa e Sua mente, Suas vontades são conhecidas pelo Pai,

pois o Espírito realiza essa intercessão de acordo com a vontade do Pai, vontade que

permite com que todas as circunstâncias cooperem para o bem daqueles que O amam,

daqueles que Ele chamou com um propósito benéfico, bem que inclui a eleição para que

eles sejam santificados, ou seja, busquem se assemelhar cada vez mais com o Filho:

"Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos. Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos." (Rm 8:26-29).

7.4.1.4 O Reino de Deus Pai é constituido de justiça, paz e alegria no Espírito Santo,

elementos que devem compor o comportamento dos servos de Cristo, o Filho, para

agradarem ao Pai e serem aprovados pelos homens:

"Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens." (Rm 14:17-18).

7.4.1.5 Jesus nos recebeu para glória do Pai e devemos seguir Seu exemplo. Cristo é

ministro da aliança do Pai em defesa da verdade do Pai, para confirmar as antigas profecias

e para que os gentios glorifiquem ao Pai em Sua misericórdia. O Pai pode encher os

cristãos de alegria, para serem ricos de esperança no poder do Espírito Santo:

"Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus. Digo, pois, que Cristo foi constituído ministro da circuncisão, em prol da verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos nossos pais; e para que os gentios glorifiquem a Deus por causa da sua misericórdia [....] E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso ser, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo." (Rm 15:7-9a,13).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7.4.1.6 Paulo era ministro de Jesus, o Filho do Pai Celeste, entre os gentios, anunciando o

evangelho do Pai, para que as ofertas recebidas fossem aceitáveis, já que foram

santificadas pelo Espírito Santo. Paulo se gloriava em Jesus em tudo referente a Deus Pai e

apenas falava ousadamente sobre obras que Cristo fazia por seu intermédio, conduzindo os

gentios à obediência, inclusive através de sinais pelo poder do Espírito Santo, o que fez

espalhar o evangelho do próprio Cristo, o Filho:

"Para que eu seja ministro de Cristo Jesus entre os gentios, no sagrado encargo de anunciar o evangelho de Deus, de modo que a oferta deles seja aceitável, uma vez santificada pelo Espírito Santo. Tenho, pois motivo de gloriar-me em Cristo Jesus nas coisas concernentes a Deus. Porque não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez por meu intermédio, para conduzir os gentios à obediência, por palavra e por obras, por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo, de maneira que, desde Jerusalém e circunvizinhança até ao Ilírico, tenho divulgado o evangelho de Cristo." (Rm 15:16-19).

7.4.1.7 Paulo rogou aos cristão romanos, pelo nome de Jesus e pelo amor do Espírito

Santo, para que juntos lutassem em oração a Deus Pai em favor da vida do apóstolo:

"Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor." (Rm 15:30).

7.4.2 Epístolas aos coríntios:

7.4.2.1 Devemos pensar como Cristo (ter a mente de Cristo), pois Ele é a imagem exata de

Deus Pai, para compreendermos melhor a riqueza insondável de Deus, pois só o Espírito

Santo conhece profundamente a mente do Pai:

"Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo." (1Co 2:10-16).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7.4.2.2 Os incrédulos pecadores não herdarão o reino de Deus Pai, mas podem ser lavados,

santificados e justificados em nome de Jesus, o Filho, e no Espírito Santo de Deus, como

muitos cristãos foram quando ainda estavam perdidos sem a salvação:

"Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós, mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus." (1Co 6:11).

7.4.2.3 Deus Pai ressuscitou a Jesus, Seu Filho, do qual os corpos dos cristãos pertencem,

do qual são membros e são santuários do Espírito Santo, que receberam do Pai:

"Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder. Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente não [...] Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?" (1Co 6:14-15,19).

7.4.2.4 Na vida da Igreja e atuação de Deus sobre ela, da seguinte forma: os dons

espirituais são vários, mas apenas um Espírito é quem os doa. Os serviços realizados na

Igreja são vários, mas o Senhor é um. As tarefas realizadas na Igreja são diversas, mas é o

mesmo Deus e Pai que as opera em todos os cristãos:

“Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos” (1Co 12:4-6).

7.4.2.5 Deus unge e confirma o chamado dos cristãos e o Espírito Santo os sela:

"Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus, que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração." (2Co 1:21-22).

7.4.2.6 Na conhecida e querida bênção apostólica, invocando que a graça do Filho e o amor

do Pai e a comunhão do Espírito Santo estivessem com os corintios. Certamente um dos

textos bíblicos mais utilizados como evidência trinitariana:

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” (2Co 13:13).

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7.4.3 Epístola aos gálatas:

7.4.3.1 Na tríplice obra de Deus: o Pai enviou o Filho para nos resgatar, e em seguida, após

a ascensão de Cristo, nos enviou o Seu Espírito:

“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.” (Gl 4:4-6).

7.4.4 Epístola aos efésios:

7.4.4.1 Este item está diretamente relacionado ao item 7.4.2.5: Deus unge e confirma o

chamado dos cristãos e o Espírito Santo os sela:

"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo [...] no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência [...] em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa, o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória." (Ef 1:3,7,8,13,14).

7.4.4.2 Através de Jesus, a pedra angular, temos acesso a Deus Pai, sendo Sua família, no

Espírito Santo:

"Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo [...] porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito. Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito." (Ef 2:13,18-22).

7.4.4.3 Na intercessão de Paulo pelos efésios, de joelhos perante Deus Pai, suplicando que

Ele lhes fortalecesse, pelo Espírito, para que o Filho habitasse nos corações deles:

"Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda a família, tanto no céu como na terra, para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor." (Ef 3:14-17).

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7.4.4.4 Este item está relacionado diretamente ao item 7.4.2.4: A vida da Igreja e a

distribuição dos dons: os dons espirituais são vários, mas apenas o Espírito Santo é quem

os doa. Os serviços realizados na Igreja são vários, mas o Senhor da Igreja é um, Jesus, o

Filho de Deus. As tarefas realizadas na Igreja são diversas, mas é o mesmo Deus e Pai que

as opera em todos os cristãos:

“Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” (Ef 4:4-6).

7.4.5 Segunda epístola aos tessalonicenses:

7.4.5.1 Na eleição de Deus Pai para com os cristãos, desde o princípio dos tempos, para

serem salvos e justificados pela fé em Jesus Cristo e santificados pelo Espírito Santo:

"Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus, por vós, irmãos amados pelo Senhor, por isso que Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.” (2Ts 2:13-14; comparem com os vv. 16-17).

7.4.6 Epístola a Tito:

7.4.6.1 Na obra salvífica da Trindade: a benignidade e o amor de Deus Pai pelos homens se

manifestou para salvá-los, sendo que Ele os salvou mediante a regeneração e renovação do

Espírito Santo, derramado sobre os cristãos por meio de Cristo, o Filho:

“Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens, não por obras de justiça praticada por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador.” (Tt 3:4-6).

Entre as epístolas paulinas, portanto, não existe menção das três pessoas da

Trindade na epístola aos filipenses, na epístola aos colossenses, na primeira epístola aos

tessalonicenses, nas duas epístolas a Timóteo e na epístola a Filemon. Portanto nas 13

epístolas paulinas, 7 delas mencionam claramente as pessoas da Trindade e 6 não

mencionam. Contudo, evidentemente existem claras menções de uma ou de outra pessoa

da Trindade e inclusive da Divindade do Salvador em algumas destas últimas 6 epístolas

mencionadas, mas não da operação das três pessoas. Veremos posteriormente os textos

que demonstram o que acabamos de afirmar.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7.5 NAS EPÍSTOLAS GERAIS

7.5.1 Epístola aos hebreus:

7.5.1.1 Podemos servir a Deus, limpando nossas consciências através do poder do sangue

de Jesus Cristo, que foi oferecido ao Pai por nós, pelo Espírito Santo:

"Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!" (Hb 9:14).

7.5.2 Epístola de Judas:

7.5.2.1 Podemos orar com o auxílio do Espírito Santo, nos guardando no amor do Pai, tendo

nossa esperança embasada na misericórdia de Jesus:

"Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna." (Jd 20-21).

7.5.3 Primeira epístola de Pedro:

7.5.3.1 Este item está diretamente relacionado aos itens 7.4.1.1 e 7.4.3.1: A obra salvífica

efetuada pelas três pessoas da Trindade: Os cristãos foram eleitos pela presciência de Deus

Pai, em santificação do Espírito Santo, visando a obediência e aspersão do sangue de

Jesus, o Filho:

“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Dispersão, no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.” (1Pe 1:1-2).

7.5.4 Primeira epístola de João:

7.5.4.1 No mandamento do Pai em crermos em Jesus, o Filho, e nos amarmos uns aos

outros, pois assim, o Deus Espírito Santo permanece em nós, pois foi enviado pelo Pai:

“Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou. E aquele que guarda os seus mandamentos, permanece em Deus, e Deus nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu.” (1Jo 3:23-24).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7.5.4.2 UMA APARENTE EVIDÊNCIA NA PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO

Existe outra passagem que poderia ser talvez a maior evidência neo-

testamentária acerca da Trindade, mas carece de comprovação de autenticidade. Estamos

falando de 1ª João 5:7 (a versão Almeida Revista e Atualizada traz parte deste texto entre

colchetes para expressar a carência de autenticidade do mesmo, cf. v. 8):

“Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um”.

Wayne Grudem e Hermann Bavinck comentaram toda esta questão:

“[...] a tradução (dentro de colchetes, significando que o texto em questão não tem apoio dos melhores manuscritos) que a ARA dá de 1Jo 5.7 não deve ser usada com esse fim [o de comprovar a Trindade] [...] O problema dessa tradução é que ela se baseia num número muito pequeno de manuscritos gregos pouco confiáveis, sendo o mais antigo deles do século XIV d. C. As melhores versões não incluem esse trecho, mas o omitem, como o faz a grande maioria dos manuscritos gregos de todas as tradições textuais de monta, inclusive vários manuscritos bastante confiáveis dos séculos IV e V d. C. e também citações dos pais da igreja, como Ireneu (m. c. 212 d.C.), Tertuliano (m. depois de 220 d.C.) e o grande defensor da Trindade, Atanásio (m. 373 d. C.).” (01)

Enquanto que Bavinck afirmou que:

“A genuinidade do texto de 1Jo 5.7 permanece duvidosa. Ela não é encontrada em quaisquer dos códices gregos, exceto em uns poucos datados do século XVI. Também não aparece em quaisquer dos códices latinos anteriores ao século VIII e está ausente de quase todas as versões. Além disso, nunca é citado pelos pais latinos: Hilário, Ambrósio, Jerônimo, Agostinho, etc. Se é citado ou pressuposto por Tertuliano, ele deve ter existido desde aproximadamente ao ano 190; e se é citado por Cipriano, deve ter sido conhecido por volta do ano 220. Se a Versão Africana continha esse texto – como é sustentando por um manuscrito datado do século V e por outro do século VII – podemos voltar ainda no tempo, porque a Versão Africana data de por volta do ano 160 e foi trazida para a Itália por volta de 250. Com certeza, podemos afirmar que esse texto apareceu nos escritos de Virgílio, por volta de fins do século V. No século XVI, ele foi incluído no N.T. Grego Complutensiano, por Erasmo na terceira edição de sua obra, por Robert Estienne (Estefano), por Teodoro Beza, e no Textus Receptus. Ele não é definitivamente exigido pelo contexto e seria muito difícil explicar a sua omissão e subseqüente desaparecimento. Há ainda alguns que defendem esta passagem como genuína. Em 1897, a questão de se 1 Jo 5.7 pode ser rejeitado com segurança ou pelo menos omitido por ter origem duvidosa foi rejeitada pela Congregação do Santo Ofício, em Roma, decisão essa que foi ratificada pelo papa. Mas aparentemente esse veredicto não resolveu a questão da autenticidade do texto...De qualquer modo, mesmo após essa declaração oficial [da Igreja de Roma], muitos teólogos católicos romanos têm defendido com muitos argumentos a inautenticidade de 1 Jo 5.7.” (02)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Portanto, das 8 epístolas consideradas GERAIS, em 4 encontramos evidências

trinitarianas: Hebreus, 1ª Pedro, 1ª João e Judas e em 4 epístolas não encontramos

menções da Trindade: Tiago, 2ª Pedro, 2ª João e 3ª João.

7.6 EM APOCALIPSE

7.6.1 Ressaltamos também a saudação trinitária de Apocalipse 1:4-6, onde lemos:

“João, às sete igrejas que se encontram na Ásia: Graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete espíritos que se acham diante do seu trono, e da parte de Jesus Cristo, a fiel testemunha, o primogênito dos mortos, e o soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém”.

João saudou as igrejas da Ásia da parte do Pai, do Espírito Santo, que está

diante do trono de Deus e de Jesus Cristo, que se ofereceu ao Pai, pelos nossos pecados.

O Espírito Santo neste texto é indicado pelos “sete espíritos” (Ap 3:1; 4:5; 5:6), em Sua

perfeita plenitude (cf. Is 11:2). É importante destacar que o número “sete” ocorre 54 vezes

em Apocalipse e é associado à inteireza, ao cumprimento e à perfeição (cf. Gn 2:2; Ex

20:10; Lv 14:7; At 6:3).

Fica evidente, inclusive ressaltando o cunho simbólico deste livro, que este é

mais um exemplo do modelo bíblico de fórmulas trinitárias (cf. Mt 28:19; 2Co 13:13; 1Pe 1:1-

2.). Sobre esta passagem, J. I. Packer (pastor anglicano) comentou:

“...É assim que lemos a bênção trinitária de 2Coríntios 13.14 [em algumas versões é no v. 13], e a oração por graça e paz do Pai, Espírito e Jesus Cristo em Apocalipse 1.4,5 (teria João colocado o Espírito entre o Pai e o Filho, se não reconhecesse o Espírito como divino no mesmo sentido que eles são?).” (03) (04)

7.6.2 Cristo, o Filho, ressurreto, envia uma mensagem a igreja de Tiatira:

“Assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Ap 2:28-29).

7.6.3 Semelhantemente, Cristo, a igreja de Sardes, diz:

“O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Ap 3:5-6).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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É assaz interessante e edificante perceber que Cristo, como Filho, faz

afirmações às igrejas que O incluem juntamente com o Pai Celeste, mas, em seguida exorta

que os cristãos atentem para a mensagem do Espírito Santo para essas igrejas (comparem

com Ap 3:12-13, 21-22). É o Espírito que nos fala a vontade do Pai e do Filho.

7.6.4 O Espírito Santo afirma que aqueles cristãos que perseveram na obediência a Deus

Pai e na fé em Jesus, o Filho, podem ter a certeza e o consolo de receber no Céu o

descanso depois de terem trabalhado arduamente na obra do Senhor:

“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.” (Ap 14:12-13).

7.6.5 Nas últimas palavras de Jesus, o Filho, no livro do Apocalipse, sobre a Sua mensagem

às igrejas, sobre o anseio desta igreja e do Espírito Santo na volta do Senhor e que se

alguém ensinar algo além do que foi transmitido, o Pai irá castigá-lo com as mesmas pragas

que o Apocalipse relatou (“Pai” está implícito, pois é Cristo quem está falando):

“Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas [...] O Espírito e a noiva dizem: Vem! [...] Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro.” (Ap 22:16a,17a,18b).

Considerando uma das regras de interpretação bíblica que diz que “se uma

doutrina é encontrada em vários versículos no Antigo e no Novo Testamento, ela vale para

todos os tempos e culturas”, após tantas evidências trinitarianas no Antigo Testamento e

após alistarmos 50 narrativas trinitarianas no Novo Testamento (!!), justamente no Novo,

que interpreta e complementa o Antigo, parece bastante clara e evidente a existência e a

relevância desta doutrina para a vida cristã e para a humanidade, não é mesmo? Mas,

mesmo assim, iremos prosseguir com inúmeras outras evidências.

Veremos a seguir, algo surpreendentemente edificante. Não uma narrativa

trinitariana do Antigo ou do Novo Testamento, mas uma demonstração trinitariana, notória e

irrefutável, de como a Bíblia é um contexto harmonioso e inerrantemente inspirado.

7.7 O "ELO TRINITÁRIO" ENTRE OS TESTAMENTOS

Apresentaremos uma referência do Antigo Testamento que, aliada à duas outras

passagens do Novo, formam o que o escritor Aldo Menezes denominou de “elo trinitário

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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entre o Antigo e o Novo Testamento”. (05) Esta é mais uma demonstração da

progressividade da revelação da vontade divina aos homens contida nas Escrituras.

Somente analisando o Novo Testamento, encontramos essa conexão maravilhosa das

pessoas da Trindade com o Antigo Testamento. Aqui, Deus mais uma vez se expressa no

plural (comparem Gn 1:26; 11:7; Nm 6:24-26; Dn 9:19; Is 33:22; Ap 4:8). O texto que

desejamos enfatizar é o de Isaías 6:1-9 (à luz do Novo Testamento):

“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, com duas cobria os pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então disse eu: Ai de mim! Estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos! Então um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado o teu pecado. Depois disto ouvi a voz do SENHOR, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais”.

Algumas observações importantes devem ser feitas sobre esta passagem:

PRIMEIRA: No v. 8 ocorre mais uma forma plural, “quem há de ir por nós?”.

Afirmar que o profeta subentendeu que Deus falava no plural, pois incluiu os anjos não é

correto porque em outras ocasiões, quando não só o ser humano estava presente, mas até

anjos, a forma permaneceu no singular (Gn 18:21-22), pois neste caso, apenas um membro

da Trindade estava presente, enquanto que na visão de Isaías aparecem os três, o que se

verifica inclusive pela tríplice expressão: “Santo, Santo, Santo”;

SEGUNDA: Deus Pai estava ali: A visão da glória divina implica logicamente a

presença do próprio Deus, o Pai, que é implicitamente mencionado no v. 1;

TERCEIRA: Jesus Cristo em Seu estado pré-encarnado estava ali. Podemos

afirmar isso diante da passagem de João 12:36-41. Pelo contexto que veremos, no v. 41, o

texto revela que Isaías afirmou tais coisas quando viu a glória de Jesus.

“Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz. Jesus disse estas coisas e, retirando-se, ocultou-se deles. E, embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele; para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Por isso não podiam crer, por que Isaías disse ainda: Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, e se convertam e sejam por mim curados. Isto disse Isaías porque viu a glória dele e falou a seu respeito”.

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É muito precioso verificar que no original hebraico deste texto, Isaías afirmou ter

visto “YHWH”, isto é, as quatro letras que designam o nome de Deus para os hebreus no

Antigo Testamento, tamanho era o zelo pela santidade do nome de Deus. Atualmente, com

a adição das vogais e a transliteração, a expressão seria “Yahweh”, ou ainda pode-se referir

a ela como “IAVÉ” (ou “JAVÉ”), trazendo-a para a língua portuguesa.

Nas nossas versões, esse “tetragrama” é substituido pela expressão em letras

maiúsculas: “SENHOR”. E no texto grego do Novo Testamento, foi utilizada a expressão

equivalente para “YHWH” que é “Kýrios”, que, evidentemente, também significa “Senhor”. E

foi assim que o Senhor Jesus foi identificado pelos escritores do Novo Testamento,

atribuindo o tetragrama sagrado ao Filho de Deus, O colocando em igualdade com o Deus

Todo-poderoso do Antigo Testamento.

Para o apóstolo e evangelista João, um judeu piedoso conhecedor das

Escrituras hebraicas, é a sua testificação de que o Senhor Jesus é o próprio Deus.

QUARTA: O Espírito Santo estava na visão de Isaías. Podemos afirmar isto

devido às inspiradas declarações do apóstolo Paulo em Atos 28:25-27, especialmente no v.

25b, incluindo o v. 10 de Isaías 6:

“E havendo discordância entre eles, despediram-se, dizendo Paulo estas palavras: Bem falou o Espírito Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías, quando disse: Vai a este povo e dize-lhe: De ouvido ouvireis, e não entendereis; vendo vereis, e não percebereis, porquanto o coração deste povo se tornou endurecido; com os ouvidos ouviram tardiamente, e fecharam os seus olhos, para que jamais vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, para que não entendam com o coração, e se convertam, e por mim sejam curados”.

É igualmente precioso verificar que Paulo atribuiu as palavras de “YHWH”, o

“SENHOR” do Antigo Testamento proferidas a Isaías como sendo palavras proferidas pelo

Espírito Santo. Ora, quem, afinal de contas falou com Isaías, Iavé ou o Espírito Santo? É

evidente que é assim que o Senhor Espírito Santo é identificado pelos escritores do Novo

Testamento, como neste caso, o médico e historiador Lucas, escritor de “Atos dos

Apóstolos”, inspirado pelo próprio Espírito Santo, relatou as palavras do apóstolo Paulo, que

também atribuiu o tetragrama sagrado ao Espírito de Deus, O colocando em igualdade com

o Deus Todo-poderoso do Antigo Testamento e com o Deus Filho, Jesus.

Para o apóstolo Paulo, profundo conhecedor das Escrituras hebraicas, também

foi a sua testificação de que o Senhor Espírito Santo é o próprio Deus.

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Page 155: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

155

7.8 CONCLUSÕES DAS EVIDÊNCIAS APRESENTADAS ATÉ O MOMENTO

Depois de tantas referências bíblicas, vetero e neo-testamentárias (muitas

dezenas e dezenas de versículos bastante claros) que apontam a manifestação, obra e

comportamento das chamadas três pessoas da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo e

depois de verificar em todas essas referências que nenhuma outra pessoa criada ou anjo,

por mais santos que fossem ou qualquer outra coisa ou criatura do universo participou da

obra de Deus de criação e salvação da humanidade, inclusive batizar e abençoar os

cristãos, mas tão somente participaram estas três pessoas, e sabendo que Deus jamais

compartilharia essa glória com mais ninguém, mas somente com alguém que fosse Deus, e

mesmo utilizando o critério da ANTINOMIA, ou seja, conciliando versículos aparentemente

contraditórios, mas que são complementares (os que mostram as três pessoas da Divindade

e os que afirmam a unicidade de Deus), mesmo depois de tantas evidências será que

muitas pessoas ainda possuem dúvidas na veracidade e autenticidade da doutrina

trinitariana? Sem problema. Se dúvidas e críticas ainda persistem em muitos corações e

mentes sobre a doutrina trinitariana, esperamos que com as próximas partes deste estudo,

todas elas, em nome de Jesus, caiam por terra, pois serão evidências ainda mais claras e

diretas da Divindade de Cristo e do Espírito Santo e de que as três pessoas da Divindade

são o único Deus e ao mesmo tempo subsistem de forma distinta uma das outras.

Portanto, observamos até aqui textos bíblicos (do Antigo e do Novo Testamento)

que comprovam claramente a existência e a atuação das três pessoas da Trindade. Mas,

vamos ponderar: à partir da realidade de que as três pessoas da Trindade existem, já que é

afirmado que elas são o único e verdadeiro Deus (como afirma a doutrina trinitariana), quais

são os textos bíblicos mais claros que comprovam esta verdade? E mais: e os textos que

comprovam que as três pessoas são distintas entre si? É o que veremos logo a seguir.

7.9 EVIDÊNCIAS DA DIVINDADE DAS TRÊS PESSOAS NO NOVO

TESTAMENTO

7.9.1 INTRODUÇÃO

Já demonstramos dezenas e dezenas de referências bíblicas que atestam de

forma clara a existência das três pessoas divinas como sendo o único Deus, mas, no Antigo

Testamento sem a revelação clara e aberta de quem é a segunda pessoa. É evidente que

só podemos afirmar que o que encontramos implicitamente no Antigo Testamento podemos

chamar de primeira pessoa, segunda pessoa e de terceira pessoa da Trindade porque o

Novo Tetamento já as revelou como tal.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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E também já demonstramos a atuação clara e aberta das três pessoas da

Trindade no Novo Testamento sendo o único Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. E foi

possível observar que é o mesmo Deus único e que subisiste em três formas pessoais

idênticas, mas distintas (para uma parte daqueles que lêem e discutem sobre este estudo).

Mas, a grande parte destas evidências já demonstrada até aqui não é

suficientemente clara para muitas pessoas, cristãs ou céticas, e, segundo muitas, nem é

exaustiva em comprovar essa realidade trinitária de que essas três pessoas são realmente o

único Deus e ao mesmo tempo são distintas entre si. Estas supostas evidências (segundo

muitos críticos) são apenas inferências (deduções) óbvias, lógicas e teológicas conforme a

análise do contexto geral biblico. Em parte muitos têm razão, pois para assegurarmos 100%

de comprovação bíblica sobre a doutrina trinitariana, é mais sensato ainda demonstrarmos

mais algumas dezenas de evidências. E é o que faremos a seguir.

Mas, antes mesmo de citarmos as claras e indiscutíveis evidências das

distinções entre as pessoas da Trindade, é necessário que se mencione as claras e

indiscutíveis evidências da plena divindade de cada uma delas no Novo Testamento, para

confirmar e interpretar as inferências e evidências que já observamos no Antigo Testamento.

A Divindade do Pai, à propósito, dificilmente tem sido questionada na história do

cristianismo, o que não ocorreu com o Filho e o Espírito Santo.

7.9.2 A PLENA DIVINDADE DO PAI CELESTE

Quais as evidências de que o Pai Celeste é realmente Deus e quais as Suas

"funções", "atributos" ou "atribuições"? A Igreja Cristã atualmente fala e canta tanto a

respeito do Pai, de Jesus e do Espírito Santo (mesmo que algumas igrejas ainda resistam

ao Espírito), mas a respeito do Pai Celeste, é evidente que ninguém na igreja desconfia de

Sua divindade, mas será que lembramos quem é Ele realmente e qual é a Sua obra?

Citaremos inúmeras evidências do Novo Testamento. Para as evidências no Antigo

Testamento, sugerimos a leitura do capítulo anterior.

7.9.2.1 Ele é o Deus e Pai de todos os crentes em Cristo:

“Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus.” (Gl 3:26).

7.9.2.2 Ele é o Deus e Pai da Igreja e dos cristãos porque o amor dEle pelo Filho os

alcança:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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"Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes crido que eu vim da parte de Deus. Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou para o Pai." (Jo 16:27). "Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo." (Jo 17:24).

7.9.2.3 Ele o bendito Deus e Pai e é abençoador e é o Autor da eleição:

"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade.” (Ef 1:3-5).

7.9.2.4 O Deus e Pai, além de eleger, selou os cristãos:

"Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará. Porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo." (Jo 6:27).

7.9.2.5 O Pai, além de selar, leva os cristãos a conhecer Cristo:

"Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim, e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora [...] E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu, pelo contrário, eu o ressuscitarei no última dia [...] Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." (Jo 6:37,39,44).

7.9.2.6 Deus Pai é o comissionador do Filho, movido por um intenso amor:

"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3:16). "Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz. Porque o Pai ama ao Filho, e lhe mostra tudo o que faz, e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis [...] Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu repeito de que o Pai me enviou." (Jo 5:19-20,36). "Respondeu-lhes Jesus: a obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado [...] Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo [...] Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede." (Jo 6:29,33,35).

7.9.2.7 O Pai deseja que todos aqueles que crêem no Filho, tenham vida eterna:

"De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia." (Jo 6:40).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7.9.2.8 Ele é Deus Pai, nosso Pai espiritual, disciplinador de Seus filhos, para que

participemos de Sua santidade:

"É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? [...] Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos? Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade." (Hb 12:7,9,10)

7.9.2.9 Ele é o nosso Deus ensinador, se ouvimos e aprendemos tudo o que vem Dele:

"Está escrito nos profetas: E serão ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim." (Jo 6:45-46; cf. Is 54:13).

7.9.2.10 Deus Pai nos concede Sua graça e Sua paz:

"A todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos, graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo." (Rm 1:7).

7.9.2.11 Ele é o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação:

"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus." (2Co 1:3-4).

7.9.2.12 O Pai vivifica e ressuscita os mortos, bem como também o Filho:

"Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a querm quer." (Jo 5:21).

7.9.2.13 Assim sendo, o Pai concedeu ao Filho ter a vida em Si mesmo, assim como Ele

tem a vida em Si mesmo:

"Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo." (Jo 5:26).

7.9.2.14 O Pai, juntamente com o Filho, enviou o Espírito Santo:

"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele

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habita convosco e estará em vós [...] Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito." (Jo 14:16-17,25-26). "Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim." (Jo 15:26; comparem ainda com Jo 16:7,13).

7.9.2.15 Pertence ao Pai também o beneplácito (consentimento ou aprovação):

"Desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo." (Ef 1:4; comparem com os vv. 9 e 11).

7.9.2.16 Ao Pai, de forma especial, pertence o poder, o reino e a glória:

"[...] Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!" (Mt 6:13b).

7.9.2.17 Cristo não O chama apenas de Pai, mas também de Deus:

"Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mt 27:46). "Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus." (Jo 20:17)

7.9.2.18 O próprio Cristo é chamado "Cristo de Deus" ou “Cristo de Deus Pai”:

"Mas vós, perguntou ele, quem dizeis que eu sou? Então, falou Pedro e disse: És o Cristo de Deus." (Lc 9:20; comparem com 1Co 3:23; Ap 12:10).

7.9.2.19 O Pai confiou ao Filho todo o julgamento, para que todos honrem o Filho da mesma

forma como o Pai deve ser honrado:

"E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo julgamento, a fim de que todos honrem o Filho do modo por que honra o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou." (Jo 5:22-23).

7.9.2.20 Aliás, o Pai confiou não apenas todo o julgamento ao Filho, como também todas as

coisas:

"O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos." (Jo 3:35).

7.9.2.21 Mas, o Pai reservou para Sua exclusiva autoridade o tempo determinado para o fim

das eras:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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"Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai." (Mt 24:36). “Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (At 1:7-8).

7.9.2.22 O Pai está trabalhando constantemente, assim como o Filho:

"Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também." (Jo 5:17).

7.9.2.23 Deus Pai, que é espírito, procura adoradores que O adorem em espírito e em

verdade:

"[...] Mulher, podes crer-me, que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai [...] Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade, porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:21,23,24).

7.9.2.24 A PATERNIDADE DE DEUS

Será que ainda restam dúvidas ainda de que o Pai Celeste é Deus? Acreditamos

que não. Como afirmamos, a Divindade do Pai nunca foi um grande problema para a defesa

da fé cristã protestante, dificilmente ela foi contestada, o que não ocorreu com o Filho e o

Espírito. Por isso, no capítulo anterior, não nos preocupamos em demonstrar evidências no

Antigo Testamento da Divindade do Pai, pois elas são claras e permeiam todas as

narrativas que citamos, pois em muitas delas as três pessoas da Divindade estão presentes.

Portanto, para encerrarmos esta parte, desejamos relembrar conceitos importantos acerca

da paternidade de Deus. Hermisten da Costa trouxe sábias considerações quanto a este

assunto tão importante:

“A paternidade de Deus é amplamente ensinada no Novo Testamento. Paulo, por exemplo, em todas as suas epístolas reafirma este fato (Rm 1.7; 1Co 1.3; 2Co 1.2; Gl 1.3; Ef 1.2; Cl 1.2; 1Ts 1.1; 2Ts 1.2; 1Tm 1.2; 2Tm 1.2; Tt 1.4; Fm 3). A paternidade divina é entendida como um ato de intenso amor para com os homens que se encontravam num estado de total depravação e miséria (Jo 3.16; 1Jo 3.1) [...]” (06)

Em seguida, Hermisten forneceu uma edificante relação de adjetivos referentes

à paternidade de Deus para que compreendamos melhor o seu sentido:

“1) Pai Glorioso: Jo 17.1-5; Ef 1.17; 2) Pai Santo: Jo 17.11; 3) Pai Justo: Jo 17.25; 4) Pai Perfeito: Mt 5.48; 5) Pai Misericordioso: Lc 6.36; 2Co 1.3; 6)

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Pai Gracioso: Mt 7.11; Rm 1.7; Tg 1.17; 7) Pai Fiel no Cumprimento de suas Promessas: Dt 7.6-9; Lc 24.49; At 1.4, 8; At 2.1ss.; 14ss.; 8) Pai que escolhe seus filhos adotivos: Jo 6.37, 44, 65; Ef 1.3, 4; 2Ts 2.13; 9) Pai Incansável: Jo 5.17; 10) Pai Onisciente e Todo-Poderoso: Mc 13.32; 14.36; 11) Pai que envia seu Filho para salvar seu povo: 1Jo 4.14; Jo 17.6-26; 12) Pai Auto-existente: Jo 5.26; 13) Pai livre em seus atos: Jo 5.21; Rm 9.14-29; 11.33-36; 14) Pai que se revela através do Filho: Mt 11.27.” (06)

7.9.3 A PLENA DIVINDADE DE JESUS CRISTO

Certamente esta doutrina dentro da doutrina trinitariana foi exaustivamente

combatida e criticada através dos séculos pelos antitrinitaristas, juntamente com a Divindade

do Espírito, e veremos em algumas partes deste estudo essas acusações contra a

Divindade do Salvador e do Espírito Santo. Citaremos inúmeras evidências do Novo

Testamento. Para as evidências (ou inferências) no Antigo Testamento, sugerimos a leitura

do capítulo anterior.

Algo “interessante” de se notar é que a nossa sociedade todo ano no Natal, que

é quando uma parte significativa se lembra que Jesus existe, canta com os pulmões à toda

força "bate o sino pequenino, sino de Belém, já nasceu o Deus-menino para o nosso bem",

mas parece que praticamente ninguém faz a menor ideia do que significa a expressão

"Deus-menino". Da mesma forma, todos os que dizem “amém” logo após o padre ou pastor

pronunciar a expressão “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, parece não possuir

a menor noção do que significa a frase para a qual está confirmando com o seu “amém”.

Depois do término de todo este estudo, espero em Cristo que toda e qualquer

dúvida ou crítica contra a Divindade do Salvador e do Espírito tenham caído por terra.

Amém. Portanto, entre outros atributos do Pai e do Espírito Santo, Cristo é...

7.9.3.1 Onipotente e soberano:

"Seguiram os onze discípulos para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes designara. E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra." (Mt 28:16-18; comparem com Mc 4:38-41; 5:13,19; Ap 1:8).

Se Jesus não possuísse plena Divindade, idêntica ao Pai, certamente Ele teria

repreendido Seus discípulos que o adoraram ao vê-lo, mas Ele aceitou adoração.

7.9.3.2 Ele é onipresente:

"E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas." (Ef 1:22-23).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7.9.3.3 Ele é onisciente:

Jesus sabia exatamente o que as pessoas pensavam:

"Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que cogitais o mal no vosso coração?" (Mt 9:4; comparem com Mt 12:25; Mc 2:8a; Lc 5:22; 6:8; 9:47; 11:17; Jo 1:47-50; 13:19; 37-38; 18:4).

Ele conhecia os pensamentos ruins das pessoas e não se confiava muito a elas

(Jo 2:24-25; 6:67; comparem com Mt 22:18; Mc 12:15).

7.9.3.4 Ele é imutável:

"Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre." (Hb 13:8).

7.9.3.5 E mais: Cristo, assim como o Pai, já era glorioso antes da criação do mundo:

"E, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo." (Jo 17:5; comparem com o v. 24 e com Mt 24:30; Mc 8:38; Jo 7:39; Ap 21:23).

Aliás, a mesma glória é compartilhada entre o Pai e o Filho a tal ponto que o

apóstolo João, além disso, em seu evangelho e em sua primeira epístola, essencialmente

trinitarianos, também ensinou:

01) O primeiro milagre de Cristo, em Caná, revelou a Sua glória (Jo 2:11);

02) O Pai seria glorificado no Filho (Jo 13:31-32; 14:13; comparem com Jo

11:4,40; 12:27-28);

03) O próprio Pai glorificava o Filho (Jo 8:54b);

04) Se os judeus aceitassem a Cristo, que veio em nome do Pai, seria como

aceitar em receber a glória que vem do Deus único (Jo 5:41-44);

05) Quem honra o Filho, honra o Pai (Jo 5:23);

06) Quem vê o Filho, vê o Pai (Jo 12:45; 14:6-11);

07) O que o Pai faz, o Filho também faz (Jo 5:19);

08) Quem conhece o Filho, conhece o Pai (Jo 8:19);

09) Quem serve ao Filho, será honrado pelo Pai (Jo 12:26);

10) Quem crê no Filho, crê no Pai (Jo 12:44);

11) Que o Bom Pastor e Suas ovelhas se conhecem da mesma maneira que o

Pai e o Filho (Jo 10:14-15);

12) Da mesma forma que alguém viveria por causa de Jesus, seria a mesma

forma que o Filho vivia por causa do Pai (Jo 6:57);

13) Quem ama o Filho será amado pelo Pai (Jo 14:21);

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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14) Quem confessa o Filho confessa também o Pai e quem nega o Filho, não

possui o Pai em sua vida (1Jo 2:22-23; comparem com Jo 3:33-36); e

15) Que a nossa comunhão é com o Filho e com o Pai (Jo 14:23; 1Jo 1:3b).

Ora, se Deus não compartilha a Sua glória com ninguém (Is 42:8; 48:11), por

que, então, Cristo compartilharia da glória do Pai se Cristo não fosse Deus? É uma

contradição bíblica? É evidente que não, a Bíblia é inerrante, pois Deus não erra.

7.9.3.6 Aliás, para complementar, Cristo é o resplendor da glória e a expressão exata de

Deus Pai. Percebam que Cristo não é parecido, semelhante a Deus Pai, mas é a

EXPRESSÃO EXATA Dele. Portanto, Cristo é igual, é idêntico ao Pai em divindade,

majestade e glória:

"Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser.” (Hb 1:1-3a).

7.9.3.7 Cristo é a imagem de Deus Pai, que é invisível:

“Dando graças ao Pai que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação.” (Cl 1:12-15).

7.9.3.8 O Filho estava no princípio com Deus. Ele não só estava com Deus, mas também

era (e é) Deus, Ele subsistia (e subsiste) em forma de Deus:

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (Jo 1:1). “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus.” (Fp 2:5-6).

7.9.3.9 Jesus é o Deus unigênito que está em comunhão de essência com o Pai (no seio

do Pai) e O revelou ao mundo (cf. Jo 14:8-9):

“Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.” (Jo 1:18).

7.9.3.10 O próprio Deus Pai declara o Filho como Deus:

“Mas, acerca do Filho: o teu trono, ó Deus, é para todo o sempre, e: Cetro de equidade é o cetro do seu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade;

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros.” (Hb 1:8-9).

7.9.3.11 Cristo é o Emanuel, o Deus conosco:

“Eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).” (Mt 1:23; cf. Is 7:14).

7.9.3.12 Cristo é chamado de Deus Forte:

“Um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da paz.” (Is 9:6).

7.9.3.13 Cristo é Deus bendito para todo o sempre:

“Deles [dos israelitas, cf. v. 4] são os patriarcas e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém.” (Rm 9:5). [citação entre colchetes de minha parte].

7.9.3.14 No corpo físico de Jesus Cristo habita ou reside toda a plenitude da Divindade.

Notem: o texto inerrante diz: "toda" a plenitude e não parte dela:

"Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; porquanto nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade.” (Cl 2:8-9).

7.9.3.15 Jesus Cristo é o nosso grande Deus e Salvador:

“...aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.” (Tt 2:13). "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo." (2Pe 1:1).

7.9.3.16 Jesus é o verdadeiro Deus e a vida eterna:

“Também sabemos que o Filho de Deus é vindo, e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” (1Jo 5:20).

7.9.3.17 O cético discípulo Tomé sem hesitação afirmou diante do Cristo ressurreto:

“Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20:28). Certamente essa expressão não foi uma

interjeição, pois os judeus não empregavam este tipo de linguagem.

Sobre esta expressão, A. H. Strong afirmou:

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Page 165: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“[...] Porque não foi repreendida por Cristo, equivale a uma declaração da sua parte como reivindicação da divindade.” (07)

Wayne Grudem, sobre esta declaração de Tomé, asseverou:

“João 20.28, no seu contexto, também é uma sólida prova em favor da divindade de Cristo. Tomé duvidava dos relatos dos outros discípulos, de que haviam visto Jesus ressuscitado, e disse que não acreditaria se não visse as marcas dos cravos nas mãos de Jesus e não lhe tocasse com a mão na ferida do lado (Jo 20.25). Então Jesus apareceu novamente aos discípulos, estando agora Tomé com eles. Disse a Tomé: „Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente‟ (Jo 20.27). Diante disso, lemos: „Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu‟ (Jo 20.28). Aqui Tomé chama Jesus de „Deus meu‟. A narrativa mostra que tanto João no modo como escreveu o seu evangelho quanto o próprio Jesus aprovam o que Tomé disse e incentivam todos os que ouviram falar de Tomé a crer nas mesmas coisas em que Tomé creu. Jesus imediatamente disse a Tomé: „Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram‟ (Jo 20.29). Quanto a João, esse é o momento dramático mais forte do evangelho, pois ele logo a seguir diz ao leitor - já no versículo seguinte – que esta é a razão pela qual ele o escreveu: „Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome‟ (Jo 20:30-31) [...]” (08)

7.9.3.18 Ainda como evidências da divindade do Salvador, podemos citar também que três

escritores do Novo Testamento aplicaram a Cristo verdades de Deus escritas no Antigo

Testamento:

Em Mateus 3:3, por exemplo, lemos: “Preparai o caminho do Senhor”, que é uma

citação livre, parafraseada de Isaías 40:3: “Preparai...o caminho de Yahweh (SENHOR)...”.

Semelhantemente, em Efésios 4:7-8, Paulo realizou uma aplicação do que o

Salmo 68:8 afirma sobre Cristo, com a expressão “levaste cativo o cativeiro”.

E o apóstolo Pedro em sua primeira epístola afirmou: “santificai a Cristo em

vossos corações” (1Pe 3:15), tomando emprestado a linguagem de Isaías 8:13: “Ao

SENHOR dos Exércitos santificai...”.

Em seu estilo inconfundível, o famoso escritor cristão C.S. Lewis dirigiu uma

impactante palavra exortativa àquelas pessoas que não acreditam na divindade de Jesus e

O consideram apenas como um mestre moral:

“[...] Alguém que fosse meramente um homem e dissesse o tipo de coisas que Jesus disse nunca seria um grande mestre moral. Ou ele seria um lunático ou seria um demônio do inferno. Logo, você deve tomar sua decisão. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus; ou ele era um louco ou algo pior. Você pode considerá-lo um tolo, pode cuspir nele ou matá-lo como um demônio, ou você pode prostrar-se aos seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Todavia, não apresentemos essa adulação sem sentido sobre ele ser um grande mestre humano.” (09)

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Page 166: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Repetindo um trecho deste estudo que apresentamos anteriormente, vejamos

mais uma vez Cristo aceitando a adoração dos apóstolos:

"Seguiram os onze discípulos para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes designara. E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra." (Mt 28:16-18; comparem com Ap 1:8).

Semelhantemete ao episódio com Tomé, se Jesus não possuísse plena

Divindade, idêntica ao Pai, certamente Ele teria repreendido Seus discípulos que O

adoraram ao vê-Lo, mas Ele aceitou adoração (p. ex. Mt 8:1-3; Mc 5:33-34; Jo 9:35-39).

7.9.3.19 Cristo utilizou a expressão “EU SOU”. Em João 8:56-58, temos:

“Vosso pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos, e viste a Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abraão existisse, eu sou.”

Cristo não afirmou “Eu era”, Cristo não apenas afirmou que existia antes do

patriarca Abraão, Ele diretamente reivindicou ser IAVÉ do Antigo Testamento. A expressão

“EU SOU” aponta para uma existência eterna absoluta. Para os judeus foi blasfêmia e isso

deixa claro que eles compreenderam claramente o significado da reivindicação do Senhor

(v. 59), pois “EU SOU” era o nome que Deus havia revelado a Moisés (Ex 3:1-6, 13-14).

7.9.3.20 Jesus claramente reinvindicou Sua Divindade ao se igualar ao Pai também ao

afirmar que Ele e o Pai são “um”, o que mais uma vez enfureceu os judeus, que

consideraram essa declaração como blasfêmia, o que era condenada com a morte por

apedrejamento (Lv 24:14-16). Em seguida, Cristo utilizou um texto bíblico dos salmos para

aplicar a Sua Divindade:

“Eu e o Pai somos um. Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar. Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais? Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses? Se ele chamou deuses àqueles daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, dizeis: Tu blasfemas; porque declarei: sou Filho de Deus? Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis; mas, se faço, e não me credes, crede nas obras; para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai. Nesse ponto, procuravam, outra vez, prendê-lo; mas ele se livrou das suas mãos.” (Jo 10:30-39).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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O texto citado por Cristo, segundo estudiosos, demonstra como os juízes

israelitas eram metaforicamente (pois, Israel só adorava a um único Deus) chamados de

“deuses” devido ao seu honroso cargo de representar Deus diante do povo. Mas, essa

expressão foi utilizada em um sentido representativo e não qualitativo.

“Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo. Todavia, como homens, morrereis e, como qualquer dos príncipes, haveis de sucumbir.” (Sl 82:6-7; vejam os vv. 1-8 para compreenderem todo o contexto).

Cristo utilizou, então, essa realidade para aplicar a Sua própria Divindade. Ora,

segundo o raciocínio de Cristo, se os juízes israelitas, meramente humanos e mortais (v. 7)

eram ironicamente chamados “deuses” (vv. 1,6) e “filhos do Altíssimo” (v. 6), quanto mais

Ele, “Filho de Deus” e enviado pelo Pai poderia ser verdadeiramente considerado “Deus”. E

ainda acrescentou: “Creiam nas minhas obras para compreenderem que eu estou no Pai e o

Pai está em mim, que somos um em essência” (parafraseado). Pode-se relevar também que

essa designação “deuses” para os juízes israelitas tem sido considerada não uma honraria,

mas uma forma irônica de desmarcará-los como juízes iníquos, injustos, parciais (vv. 2-5),

diante do justo juízo de Deus (vv. 1,8).

Depois de tantas evidências claras e tantas considerações, questionamos: Será

que alguém ainda continua com dúvida que Jesus Cristo é Deus? O problema, na verdade,

não é que as pessoas não acreditam que possam existir evidências, mas o problema é uma

questão de vontade em aceitar as evidências. As pessoas, sejam céticas ou até mesmo

crentes, geralmente não querem aceitar a Divindade de Cristo ou ainda têm barreiras com o

assunto, por imaturidade doutrinária, orgulho espiritual ou neglicência escriturística.

Confesso que a Divindade de Cristo e do Espírito Santo até alguns anos atrás

não estavam muito "cristalizadas", firmadas em minha mente, mesmo nascido e crescido em

um lar cristão. Precisei de um certo tempo de oração, leitura bíblica, meditação, conselhos e

pesquisa do assunto ao material teológico disponível para compreender finalmente essas

verdades tão maravilhosas e fundamentais para a nossa vida cristã.

7.9.3.21 Demonstraremos neste momento uma aparente evidência, segundo alguns

estudiosos, mas para nós, mais uma evidência incontestável. Enfatizamos o texto de 1Tm

3:16. Alguns manuscritos do NT mais antigos, menos confiáveis, nesta referência foram

traduzidos como “Aquele que foi manifestado em carne”, traduzido assim na ARA, por

exemplo. Mas, já na NVI e na ACF, nesta referência foram utilizados outros manuscritos,

mais confiáveis, 99% dos manuscritos gregos mais recentes, que trazem a expressão:

“Deus foi manifestado em corpo (ou em carne)” e não “mutilam essa forte declaração da

Divindade de Jesus” (10). Observem as diferenças entre três versões muito conhecidas:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne, foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória.” (ARA); “Não há dúvida de que é grande o mistério da piedade: Deus foi manifestado em corpo, justificado no Espírito, visto pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo, recebido na glória.” (NVI); “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.” (ACF) [ grifos nossos]

Já na nova tradução do NT, idiomática, que contém o texto majoritário (dos

manuscritos gregos mais recentes e confiáveis) encontramos a narrativa assim:

“Incontestavelmente, grande é o mistério da piedade: Deus manifestou-se em carne, foi justificado no Espírito, visto pelos anjos, proclamado entre os gentios, crido no mundo e exaltado na glória.” (10) [grifo nosso]

Fica evidente de que o apóstolo está mencionando a encarnação do Filho como

o mistério revelado que leva a uma vida piedosa. Segundo alguns estudiosos, não fica

evidente que existe uma menção direta a Divindade de Cristo aqui e nem ao Espírito Santo

(ARA). Para nós, essa evidência é clara e incontestável, no entanto (ACF e NVI).

“[...] A própria pessoa de Deus, o ser de Deus, se revela de modo especialíssimo no Verbo encarnado, a segunda pessoa da Trindade (Jo 1:14; Cl 1:15 e 2:9) [...]” (11)

7.9.4 A PLENA DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO

“[...] O Espírito Santo é revelado na Bíblia como a terceira pessoa da Trindade (At 5:3-4; Jo 15:26). Ele é colocado em igualdade com o Pai e com o Filho na grande comissão (Mt 28:19) e na bênção apostólica (2Co 13:13). O Espírito Santo não é apenas uma manifestação de Deus. É uma pessoa [...]” (11)

Além de todas as evidências acerca da divindade do Espírito Santo que

demonstramos no Antigo Testamento, desejamos apresentar as neo-testamentárias. O

Espírito Santo possui os mesmos atributos do Pai e do Filho.

Entre outras coisas, Ele é: 7.9.4.1 Eterno:

"Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!" (Hb 9:14).

7.9.4.2 Ele é onipotente:

"...e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas. Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder." (Lc 24:46-49).

Nesta menção de Cristo ao fato de os discípulos serem revestidos de poder, é

evidente que a expressão "poder" é relacionada ao Espírito Santo. Vejam:

“Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (At 1:7-8).

Se o Espírito não fosse também Todo-poderoso igualmente a Cristo e ao Pai,

certamente não concederia poder aos discípulos para uma missão tão importante que vem

do coração de Deus que é a evangelização das nações.

E o que dizer, então, do poder sobrenatural do Espírito para gerar o menino

Deus sem a intervenção de alguém que seria o pai biológico, mas apenas utilizando o Seu

poder e a natureza humana de Maria? (mas sem pecados). Vejam Mt 1:18-24: no v. 18a:

"Maria achou-se grávida do Espírito Santo" e no v. 20, um anjo do Senhor informou a José

que a criança que Maria aguardava foi gerada pelo Espírito Santo; comparem com Lc 1:35).

Se o Espírito não fosse Todo-poderoso, o Pai iria permitir que o Espírito gerasse em Maria a

união da natureza divina de Seu querido Filho com a natureza humana, com o sublime

propósito de Seu coração de revelar o Salvador da humanidade?

7.9.4.3 Ele é onipresente:

"Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face." (Sl 139:7).

Voltemos ao AT. Aliás, essa referência não é só evidência da onipresença do

Espírito, mas da Sua Divindade. Davi estava falando com Deus Pai. Ele indagou em qual

lugar ele poderia se esconder do Espírito de Deus Pai ("do teu Espírito"), que é o Espírito

Santo, e em seguida indagou para onde fugiria da face de Deus Pai ("da tua face"). Se Davi

estivesse tão somente mencionando o Espírito, na segunda indagação ele teria usado a

expressão "da face dele" ou "da sua face", conjugando a frase na terceira pessoa do

singular, mas ele usou "da tua face", na segunda pessoa do singular. Portanto, se esconder

do Espírito Santo de Deus, se fosse possível, seria se esconder da face de Deus.

7.9.4.4 Ele é onisciente:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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"Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo." (1Co 2:10-16).

7.9.4.5 Ademais, o Espírito Santo participou da criação (Jó 33:4) e da redenção (Jo 3:3-5).

Além disso, o Espírito Santo não é uma energia cósmica, Ele tem personalidade: Ele fala

(Ap 2:7), testifica (Jo 15:26), intercede (Rm 8:26), ensina (Jo 14:26), ordena (At 13:2), guia

(Rm 8:14), pode ser entristecido (Is 63:10; Ef 4:30). É possível rebelar-se contra Ele (Is

63:10), blasfemar contra Ele (Mt 12:31-32), resistí-Lo (Gn 6:3) e apagá-Lo (1Ts 5:19). Assim

como o Pai é a Verdade (Is 45:19b; Hb 6:18), e o Filho é a Verdade (Jo 14:6), o Espírito

Santo também é a Verdade (1Jo 5:6).

7.9.4.6 Continuando, portanto, sabemos que é possível mentir contra Ele, o Espírito, o que é

o mesmo que mentir para Deus. Aliás, essa referência bíblica a seguir é uma das maiores

evidências da divindade do Espírito Santo:

“Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At 5:3-4).

7.9.4.7 Paulo afirmou que o cristão é santuário de Deus e que Seu Espírito nele habita. Ele

também afirmou que todos aqueles que são direcionados pelo Espírito Santo são filhos de

Deus:

“Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Co 3:16; comparem com 1Co 6:19). “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” (Rm 8:14; comparem com vv. 15-17).

Paulo não afirmaria estas verdades sobre o Espírito Santo se não cresse que Ele

é Deus e não uma mera energia cósmica usada por Deus (inclusive quem não nascer da

água e do Espírito não entra do Reino de Deus, cf. Jo 3:5-8).

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Page 171: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7.9.4.8 O Espírito Santo é colocado nas Escrituras em igualdade com as demais pessoas da

Divindade, o Pai e o Filho, pois, é também em Seu nome que somos batizados (Mt 28:19) e

somos abençoados (2Co 13:13). Sem mencionar a saudação trinitária encontrada em

Apocalipse 1:4-6 (conforme mencionamos anteriormente). Se Deus não compartilha a Sua

glória com ninguém, se o Espírito não fosse Deus, o Pai permitiria que Ele participasse

dessa obra conjuntamente com Ele o Seu Filho amado?

7.9.4.9 Aliás, como mencionamos anteriormente, nada além do que alguém igual a Deus

poderia sondar e conhecer profundamente o próprio Deus, como é o caso do espírito do

homem que é o único, humanamente falando, que pode conhecer o que está dentro do

homem (1Co 2:11). O espírito do homem é o próprio homem e o Espírito de Deus é o

próprio Deus.

7.9.4.10 Além disso, a blasfêmia contra o Espírito Santo é pecado imperdoável:

"Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo nem no porvir." (Mt 12:31-32; vejam todo o contexto: vv. 22-32).

Comparando todo o contexto desta dessa narrativa (vv. 22-32) com a do

evangelista Marcos, ficamos sabendo que Cristo fez uma exortação bastante semelhante

porque os mestres da lei acusaram Jesus de estar com um espírito imundo no momento em

que expulsava demônios (Mc 3:20-30). Será que se o Espírito Santo fosse apenas uma

energia de Deus, uma força ativa ou qualquer outra coisa senão o próprio Deus, Jesus teria

afirmado isso? É evidente que o Espírito Santo é Deus, pois só poderíamos blasfemar se o

nome do próprio Deus ou Sua santa obra estivessem sendo o alvo de nossas eventuais

afirmações blasfemas. Se o Espírito não fosse Deus, será que Cristo teria dirigido palavras

de exortação tão fortes e impactantes? Deus Pai permitiria toda essa glória ao Espírito

Santo se este não fosse uma pessoa da Divindade? Afinal, Deus não compartilha Sua glória

com ninguém, como já afirmamos várias vezes anteriormente.

7.9.4.11 E mais, da mesma maneira como o Pai e o Filho são considerados “Senhor” (Mt

6:9-13; 11:25; Rm 1:4), o Espírito Santo também o é. Wayne Grudem esclarece:

“Embora tantas passagens distingam claramente o Espírito Santo dos outros membros da Trindade, 2Coríntios 3.17 se revela um versículo desconcertante: „Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade‟. Os intérpretes muitas vezes supõem que „Senhor‟

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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aqui só pode ser Cristo, pois Paulo usa freqüentemente „Senhor‟ para se referir a Cristo. Mas provavelmente não é esse o caso aqui, pois a gramática e o contexto nos fornecem bons argumentos para dizer que esse versículo tem melhor tradução com o Espírito Santo como sujeiro: „Ora, o Espírito é o Senhor...‟. Nesse caso, Paulo estaria dizendo que o Espírito Santo é também „Javé‟ (ou „Jeová‟), o Senhor do Antigo Testamento (repare o claro pano de fundo do Antigo Testamento que se revela nesse contexto, a partir do v. 7). Teologicamente, isso seria bastante aceitável, pois sem dúvida se pode dizer que assim como Deus Pai é „Senhor‟ e Deus Filho é „Senhor‟ (no pleno sentido de „Senhor‟ no Antigo Testamento como nome de Deus), também o Espírito Santo é chamado „Senhor‟ no Antigo Testamento - e é o Espírito Santo que nos manifesta especialmente a presença do Senhor na era da nova aliança.” (12)

Uma ocasião que parece claramente evidenciar que o Espírito Santo é Senhor

foi quando Pedro teve a visão do grande lençol que descia do céu com toda espécie de

animais criados por Deus (At 10:9-12). Uma voz lhe disse: "Lentante-se, mate e coma" (At

10:13). Pedro respondeu: "De modo algum Senhor, jamais comi algo impuro" (v. 14). A

mesma voz falou outra vez: "O que Deus purificou não considere imundo" (v. 15). E a voz

não exortou a Pedro por ter sido chamada de "Senhor". Isso aconteceu três vezes até que o

lençol foi recolhido ao céu (v. 16). No entanto, em seguida, vemos que o Espírito Santo falou

com Pedro, dando algumas instruções (v. 19) e se Ele deu ordens a Pedro, só pode ser pelo

fato de que Ele é Senhor. E mais: o Espírito ordenou a Pedro sem hesitar seguir três

homens que haviam acabado de chegar, pois Ele, o Espírito, os havia enviado (v. 20).

Será que quem falava antes com Pedro era um anjo ou o próprio Senhor Jesus

ou até mesmo o Pai Celeste e depois foi o Espírito Santo? Não parece ser isso que o texto

sugere, parece mais sensato acreditar que Pedro conversou com a mesma pessoa da

Divindade o tempo todo. Portanto, se está aqui implícito que o Espírito Santo era (e é) o

Senhor que falava com Pedro, temos mais uma evidência da divindade do Espírito Santo.

Não podemos deixar de mencionar que no início da Igreja vemos claramente a

direção soberana do Deus e Senhor Espírito Santo sobre os cristãos, Ele falou e deu

instruções aos discípulos e apóstolos de Cristo (At 8:29; 10:19; 11:12; 13:2; 15:28; 20:21-22;

21:4,11), os capacitou no testemunho do evangelho do Senhor Jesus (Mt 10:17-20; Lc

12:11-12; At 6:10), os encorajou (At 9:31), os chamou e os enviou para a obra de Deus Pai

(At 10:20; 13:3-4; 20:22) e determinou onde não era para pregar (At 16:6-7) e foi o Espírito

Santo que distribuiu os dons a Igreja, o Corpo de Cristo, conforme a Sua soberana vontade

divina (1Co 12:7-11 e 18).

Alguém ainda duvida que o Espírito Santo é Senhor e Deus?

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7.10 O DEUS ESSENCIALMENTE ÚNICO, MAS PESSOALMENTE DISTINTO

7.10.1 JESUS CRISTO É DEUS, MAS É DISTINTO DO PAI CELESTE

Os seguintes itens, entre outros, nos auxiliarão a observar esta distinção entre

Deus Pai e Deus Filho:

7.10.1.1 Deus Pai falou em vários momentos quando Cristo estava aqui na Terra:

"Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mt 3:16-17; comparem com Mc 1:9-11; Lc 3:21-22; Jo 1:29-34). “Falava ele ainda [Pedro], quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo: a ele ouvi.” (Mt 17:5; cf. 2Pe 1:17-18). [citação entre colchetes de minha parte]. “Agora está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora. Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei, e ainda o glorificarei.” (Jo 12:27-28).

7.10.1.2 Além destas, em diversas outras ocasiões, apenas Jesus se dirigiu ao Pai,

semelhantemente ao versículo acima, que acabamos de citar:

“Por aquele tempo exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.” (Mt 11:25-26; comparem com Lc 10:21; cf. Mc 1:35; Lc 5:16; 6:12; 9:28; 11:1; 22:39-44; 23:34,46; Jo 11:41; 17:17).

7.10.1.3 Quando Jesus esteve na Terra, o Pai esteve nos céus (sabemos que o Pai estava

sempre com Cristo mesmo que também o Pai estivesse no Céu, pois tanto o Pai, como o

Filho e o Espírito são onipresentes, pois Deus é onipresente):

“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5:16; comparem com Mt 5:48; 6:9).

7.10.1.4 Jesus disse que poderia nos confessar ou nos negar diante do Pai, dependendo de

nossa atitude para com Ele, Cristo:

“Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus.” (Mt 10:32-33).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7.10.1.5 Deus Pai é Pai de Jesus e Jesus não é Pai de si mesmo:

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo...” (Ef 1:3a). “A graça, a misericórdia e a paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor.” (2Jo 3).

7.10.1.6 Jesus, além de espiritual, se fez também carne e sangue, enquanto o Pai e o

Espírito Santo são seres "apenas" espirituais:

“Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.” (Lc 24:39). “Mas vem a hora, e já chegou, quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:23-24). “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.” (Jo 14:16-17; comparem com Jo 14:,26; 15:26; 16:7,15; 19:34).

7.10.1.7 E mais: Jesus veio fazer a vontade do Pai e não a Sua (Jo 5:30; 6:38); Jesus era

amado pelo Pai (Jo 10:17-18); Jesus é o único caminho para o Pai (Jo 14:6); E Jesus disse

“tanto a mim como a meu Pai” (Jo 15:24).

7.10.1.8 ESCLARECIMENTOS IMPORTANTES SOBRE DEUS PAI E DEUS FILHO

A expressão “Filho de Deus” NÃO significa que Jesus foi criado por Deus Pai ou

gerado a partir dEle semelhantemente a um filho humano comum. Evidentemente se

pensássemos assim, seríamos logicamente obrigados a admitir que Jesus, da mesma forma

que possui um Pai Celeste, também deveria possuir uma “Mãe Celeste” (!!), o que seria

além de um absurdo, uma heresia. Jesus Cristo não é filho de Deus Pai literalmente

falando, no sentido de paternidade que temos em nossa mente humana.

Mesmo que seja óbvio que um filho terreno sempre é mais novo que seu pai

terreno, como Deus Pai sendo imutável, eterno e infinito poderia ter tido um filho terreno,

limitado e mortal, já que neste caso este seu suposto filho herdaria Suas características? Se

assim fosse, como explicaríamos que Deus Pai e Deus Filho são igualmente eternos?

Devemos tomar muita cautela com nossas comparações limitadas e falhas para

não termos uma visão equivocada de Deus. Ressaltamos, portanto, que nem tudo o que se

aplica aos pais e filhos terrenos pode ser aplicado ao Pai Celeste e ao Seu Filho. Apesar

que como o filho humano não é menos humano do que seu pai, o Filho Divino não é menos

Deus do que o Pai Divino.

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Page 175: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

175

Ressaltamos também que sempre que a expressão “Filho de Deus” surge na

Bíblia, na verdade ela está de forma abreviada, pois, ela significa Filho de Deus Pai ou Filho

do Pai (cf. 2Jo 3). É uma questão de lógica: já que Jesus é Filho de Deus, a própria

expressão “Filho” já expressa que “Deus”, neste caso, é “Deus Pai”, pois todo filho tem um

pai. Jesus Cristo é Filho de Deus Pai no sentido de possuir a mesma essência, a mesma

natureza e tendo sido gerado não no tempo e no espaço como nós, mas na eternidade. Ele

é Filho devido a uma ordem de precedência na eternidade. É complicado para compreender

mais uma vez. Este é mais um mistério dentro da doutrina trinitariana, pois compreender

uma realidade baseada ilimitadamente na eternidade infinita é impossível para seres

limitados, finitos e mortais.

Alguém gerado na eternidade, na verdade, não tem início e nem fim. A

expressão "gerado" é um pobre e limitado recurso didático teológico para tentarmos

compreender um pouco da distinção pessoal entre Deus Pai e Deus Filho. Posteriormente

iremos considerar mais detidamente essa situação, inclusive em relação ao Espírito Santo

para com o Pai e o Filho. Ademais, Cristo é a imagem de Deus Pai, que é invisível (Cl 1:15;

Jo 1:18), o resplendor da glória e a expressão exata do Seu Ser (Hb 1:1-3a). Nele habita

corporalmente toda a plenitude da Divindade (Cl 2:8-9). A expressão “filho de” é um recurso

de linguagem também usado na Bíblia em Efésios 2:2 para os “filhos da desobediência”, que

possuem a mesma natureza da desobediência, isto é, são desobedientes. Também a

expressão “Filho do homem” não quer dizer que Jesus era "filho de um homem". Afinal, Ele

não teve um pai biológico. Segundo alguns estudiosos, ela quer dizer que Jesus possui a

natureza humana em Seu Ser, mas para outros estudiosos, ela aponta para a Sua

divindade:

“[...] Notemos a freqüente introdução deste termo no Novo Testamento como referência a Cristo por parte Dele próprio, pois Jesus fez amplo uso desta expressão (cf. Mat. 8:20; 9:6. 10:23; 11:19; 12:8; 32, 40, 13:37, 41; 16:13, 27, 28; 17:9, 12, 22, etc.) [...] Vários estudiosos defendem que a expressão Filho do Homem usada em Daniel 7:13 significa mermente homem – com o que não podemos concordar. Quando lemo o versículo seguinte (Dan. 7:14), vemos que trata-se na verdade do Homem Celestial, a quem todo homem adorará eternamente, Jesus Cristo, o Fiho de Deus [...] A palavra homem pode indicar o homem como frágil e dependente, mas a preposição semelhante pode indicar a Pessoa sobrenatural, o estado pré-encarnado da Figura Celestial [...] Na tradição apocalíptica judaica este Filho do Homem é considerado como um Preexistente que virá no fim dos tempos como Juiz e como uma luz para os gentios [...]” (13)

Os judeus certamente entendiam que Jesus afirmava ser “Filho” de Deus em um

sentido metafísico (que transcende a natureza física), pois consideravam blasfêmia o modo

como Ele falava de Si mesmo como o Filho de Deus (Mt 26:63; Jo 5:18; 10:36).

Observemos algumas considerações de Hermisten da Costa sobre esta questão:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“[...] O que dificulta nossa compreensão é o fato de entendermos sempre a filiação e a paternidade como tendo um princípio; ou seja, sou pai somente a partir do momento que tenho um filho, e obviamente um filho é filho porque tem um pai: A paternidade está para a filiação como esta para aquela. Ambos (pai e filho) são o que são, só enquanto são um para o outro. Todavia, há certas expressões empregadas pela própria Bíblia que se constituem numa forma figurada de falar: Tiago e João são chamados „filhos do trovão‟ (Mc 3.17); José é chamado „filho da exortação ou consolação‟ (At 4.36); Jesus fala de „filho da paz‟ (Lc 10.6); Paulo fala dos „filhos da luz‟ (Ef 5.8) etc. Estes exemplos não significam que um trovão gerou Tiago e João, mas, sim, que eles procediam como tal (vd. Lc 9.54); o mesmo se aplica a Barnabé, que era de fato um consolador (vd. At 9.26, 27) e exortador (At 11.23). De semelhante modo, os filhos da luz e da paz são aqueles que procuram viver em paz (Rm 12.18) e refletir a luz de Cristo em seu comportamento diário (Jo 8.12; Mt 5.14-16).” (14)

Jesus não é Filho de Deus assim como nós somos. Essa relação de Cristo com

o Pai é única. Por isso, na chamada oração dominical Ele ensinou aos discípulos “Vós

orareis assim: Pai nosso”. Ele não disse “Nós oraremos assim” (cf. Mt 6:9).

“Quando falamos da eternidade do Filho, queremos dizer também de sua eternidade como Filho; a relação filial entre o Deus Filho e o Deus Pai sempre foi e sempre será assim; não foi forjada, criada ou assumida. Não houve na eternidade nenhum „momento‟ em que o Filho não fosse Filho, o Pai não fosse Pai e o Espírito não fosse Espírito. A Trindade coexiste eternamente como tal [...] É oportuno lembrar que, quando a Bíblia nos fala de Jesus Cristo como primogênito de Deus, obviamente não se refere à sua suposta criação, mas, sim, à sua honra. A primogenitura também é usada desta forma, e no caso de Jesus Cristo indica sua prioridade, supremacia, honra, herança e governo (Ex 4.22; Sl 89.27; Jr 31.9; Rm 8.29; Cl 1.15-18; Hb 1.1, 2). Por isso, os crentes são chamados „primogênitos‟, porque alcançaram a primogenitura em Cristo (Hb 12.23). Os crentes em Cristo uniram-se a uma família de primogênitos, da qual Cristo é o Filho maior e eterno (Hb 1.5-8), sendo o modelo do que seremos (Rm 8.29).” (14)

7.10.2 O ESPÍRITO SANTO É DEUS, MAS É DISTINTO DE JESUS E DE DEUS PAI

Os seguintes itens nos auxiliarão a observar esta distinção:

7.10.2.1 O Espírito Santo é um outro Consolador, procedente do Pai e do Filho:

"Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” (Jo 14:26; comparem com Lc 24:49; Jo 5:32; 14:16-17; 15:26; 16:7,13).

7.10.2.2 Era necessário que Jesus voltasse para o Pai, para que o Espírito Santo viesse:

“Mas eu digo a verdade: Convém-vos que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.” (Jo 16:7; comparem com Jo 14:16,26).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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7.10.2.3 O Filho fora enviado antes que o Espírito Santo viesse:

“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.” (Jo 20:21-22; cf. Jo 3:16; At 1:7-8; 2:1-4).

7.10.2.4 O Espírito Santo deu ordens aos apóstolos, não foi Jesus e nem o Deus Pai:

“E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.” (At 13:2; comparem com At 10:19-20).

7.10.2.5 E mais: O Espírito Santo não veio falar de si mesmo ou glorificar a si mesmo, mas,

sim, a Jesus (Jo 16:7-15); E A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi a prova

de que Jesus havia chegado ao Céu, onde assentou-se à destra do Deus Pai (Jo 7:39; At

2:33-34).

Portanto, Deus Pai, em Sua natureza, é espírito (Jo 4:24) e Ele é santo (Is 9:3),

mas o Espírito Santo é claramente distinto dEle como espírito. Deus é um espírito por

natureza, mas em Sua essência eterna e indivisível subsiste o Espírito, que sonda as

profundezas do Ser de Deus (1Co 2:11). Mas apesar de ser distinto do Pai e também do

Filho, o Espírito Santo mantém o mais íntimo relacionamento com ambos (como

observaremos mais adiante).

7.11 CONCLUSÕES SOBRE TODAS AS EVIDÊNCIAS BÍBLICAS

TRINITARIANAS

À vista de tudo o que observamos como evidências bíblicas da Santíssima

Trindade, desejamos enfatizar mais uma vez a importância de interpretarmos corretamente

as Escrituras para compreendermos a doutrina trinitariana.

À título de recapitulação, observamos até aqui as evidências da existência e da

operação das chamadas “três pessoas da Trindade”: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, tanto

no Antigo como no Novo Testamento e demonstramos também as evidências de que as três

pessoas são Deus e que, inclusive, são pessoas distintas entre si, simultaneamente.

Poderia, no entanto, surgir uma interpretação equivocada asseverando que

partindo da premissa de que cada pessoa da Trindade é Deus, então haveria três deuses, o

que contrariaria o ensino de que há somente um único e verdadeiro Deus no universo.

Torna-se, então, de primordial importância unir dois ensinos bíblicos básicos em um mesmo

contexto doutrinário, já que as Escrituras Sagradas jamais se contradizem entre si:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Primeiramente, há somente um Deus; e em segundo lugar, Deus subsiste em três formas

pessoais igualmente eternas e gloriosas.

Estes dois ensinos aparentemente contraditórios não devem ser refutados, mas

aceitos. E para reforçar esta declaração de que devemos aceitar estes dois ensinos bíblicos

aparentemente contraditórios, lembremos de um dos princípios de interpretação bíblica que

estudamos anteriormente: a antinomia:

“Se duas declarações bíblicas parecem contradizer-se em termos humanos, devemos aceitar ambas. A verdade divina não está presa à lógica humana e deve ser muitas vezes expressa declarando duas verdades aparentemente opostas. Isto é chamado de „antinomia‟ – aceitação de dois princípios que parecem excluir-se mutuamente, mas são independentemente verdadeiros. [...] Em vista da Escritura interpretar a Escritura, todos os princípios bíblicos são verdadeiros, mesmo quanto transcendem a nossa lógica humana [...]” (15)

Portanto, não nos esqueçamos: a Palavra de Deus não está vinculada ou

submetida à lógica humana.

Apenas pelo fato de que duas ou mais verdades da Bíblia parecem a princípio

contradizer-se, não devemos perder a confiabilidade na perfeição bíblica (como vimos

anteriormente). Já estudamos anteriormente também que Deus e Seus pensamentos e

palavras estão em uma posição muito, muito além das limitadas conjecturas humanas.

Várias outras doutrinas bíblicas precisam do apoio da ANTINOMIA para as

compreendermos melhor. Não é muito fácil. Aliás, muitas vezes é complicado.

É o caso da conciliação entre a total soberania de Deus sobre o querer e o

realizar dos seres humanos, que por sua vez sempre são responsáveis pelas suas decisões

tomadas por sua livre escolha.

É o caso também da união das naturezas divina e humana de Cristo, que possui

100% de ambas ao mesmo tempo, unidas, mas não misturadas ou confundidas.

É o caso também da realidade do Reino de Deus. Cristo, ao habitar entre nós,

"inaugurou" o Reino de Deus entre nós, mas o Reino ainda não se concretizou plenamente,

o que ocorrerá apenas na segunda vinda do Senhor. Nesse sentido, vivemos de certa

maneira ao mesmo tempo no "agora" e "ainda não".

Finalmente, por exemplo, é o caso da destruição da morte. Cristo venceu a

morte ao ressuscitar em poder, mas, apesar disso, ainda morremos. Isso se deve ao fato de

que Cristo, ao ressuscitar, nos permitiu (por crermos Nele) ser ressuscitados em glória

semelhantemente como Ele foi, e isso deu sentido a nossa fé, fé no Senhor que vive para

sempre, que nos ressuscitará e que não foi derrotado pela morte. Mas, a morte ainda é o

último inimigo a ser definitivamente derrotado, o que ocorrerá também na segunda vinda do

Senhor.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

179

Vamos encerrar, então, esta parte, repetindo o ensino bíblico sobre a unidade de

Deus e unindo-o ao ensino sobre as três pessoas da Divindade que acabamos de estudar.

Portanto, Deus é uma única essência que subsiste em três formas pessoais.

Jamais pensemos que adoramos três deuses ou que adoramos três pessoas

que um dia se tornaram divinas (!!). Deus é eternamente a Trindade.

Cada pessoa da Trindade é totalmente Deus e totalmente digna de glória e

adoração. Além disso, Deus não compartilha a Sua glória com ninguém, como já

asseveramos diversas vezes (Is 42:8; 48:11).

_____________________________________________________________________________________________________

DESEJO IR PARA: (click no link desejado para se locomover com mais rapidez pelo nosso estudo) SOBRE O AUTOR - ÍNDICE – APRESENTAÇÃO – AGRADECIMENTOS – DEDICATÓRIA - ABREVIATURAS – PREFÁCIO -

Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 – 13 – BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________

NOTAS: (01) (Grudem, “Teologia Sistemática”, p. 169). (02) em “The Doctrine of God” (pp. 265-266) (citado em “O ser de Deus e os seus atributos” de Héber C. Campos, pp. 110-111). (03) J. I. Packer (Teologia Consisa, p. 39). (04) No início do relato da visão de João, quando o mesmo afirmou que estava preso “[...] por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. Achei-me em espírito, no dia do Senhor [...] (Ap 1:9b-10a), a NVI, a ACF e a nova tradução do texto majoritário trazem a expressão “no Espírito” com inicial maiúscula, a “NTLH” chega a usar a espressão “ Espírito de Deus”, mas a ARA traz com inicial minúscula (“em espírito”). Mesmo que seja possível inferir que seja a atuação do Espírito Santo aqui, não iremos dogmatizar como uma evidência trinitariana. Vejam Ap 21:9-10 para uma situação semelhante. (05) (livreto: “As Testemunhas de Jeová e a Trindade”, p. 29). (06) “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo” (pp. 130-131). (07) (“Teologia Sistemática – Vol. I”, p. 455). (08) (“Teologia Sistemática”, p. 172). (09) (“Mere Christianity”, Nova York: Touchstone, 1980, p. 56). (10) Texto majoritário: “Novo Testamento – interlinear analítico” de Paulo Sérgio Gomes e Odair Olivetti (p. 784) – Vejam as interessantes observações de Wilbur Pickering em “Qual o texto original do Novo Testamento” (pp. 210-211) - (fonte: http://www.4shared.com/document/BUZSmbbt/Wilbur_Pickering_-_Qual_o_Text.htm). Ainda sobre esta “Nova Tradução do Novo Testamento”, outra grande evidência trinitariana é o texto de João 4:23-24, onde Cristo, o Filho, declara a mulher samaritana que Deus Pai é Espirito e que os Seus verdadeiros adoradores devem adorá-Lo em Espírito e em verdade. Aqui a expressão “espírito” está com inicial maiúscula em uma referência direta ao Espírito Santo (como na ACF), enquanto que, em outras versões, é mantida a inicial minúscula, referindo-se ao espírito humano (como na NVI e na ARA). (11) Rev. Paulo Anglada no livro “Introdução à hermenêutica reformada”, pp. 141 e 126, respectivamente. (12) (livro: “Teologia Sistemática”, p. 171). (13) Pr. Ismael Andrade Leandro (livro “O Filho do Homem”, pp. 26-28) (14) (Livro “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo”, pp. 254-255). (15) (Dr. James C. Denison, “Sete questões cruciais sobre a Bíblia”, pp. 203-204). Sobre a polêmica da genuidade do texto de 1Jo 5:7, vejam ainda uma discussão complementar que parece ir contra estas matérias apresentadas: (http://solascriptura-tt.org/Bibliologia-PreservacaoTT/ObservacoesSobreAutenticidade1Joao5_7-Dabney.htm)

Os itens numerados que foram utilizados para exemplificar as distinções pessoais do Ser de Deus foram inspirados na edição da Revista Defesa da Fé de janeiro de 2002, pp. 48-49; as transcrições dos versículos são de minha parte. Como complementação do nosso estudo, acessem: http://pt.shvoong.com/humanities/1650214-santissima-trindade/

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Compreendendo a doutrina trinitariana através de analogias

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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8.1 INTRODUÇÃO ÀS ANALOGIAS

epois de verificarmos as evidências bíblicas da atuação das três pessoas da

Santíssima Trindade e de que são o mesmo e único Deus e ao mesmo tempo três

existências pessoais distintas, vamos estudar inúmeras maneiras de tentar

compreender melhor a Trindade.

Inúmeras analogias (comparações) já foram apresentadas não apenas pelos

estudiosos do assunto, mas também pela sociedade em geral (na grande parte das vezes

por pessoas leigas no assunto) no intuito de trazer alguma compreensão diante do mistério

da Trindade, mas veremos que todas as comparações que façamos no intuito de

compreender melhor a Deus acabam sendo insuficientes.

Como afirmou Wayne Grudem:

“[...] As pessoas já usaram várias analogias retiradas da natureza ou da própria experiência humana para tentar explicar esta doutrina [a trinitariana]. Embora tais analogias sejam úteis num nível elementar de compreensão, todas elas se revelam inadequadas ou ilusórias numa reflexão mais aprofundada [...]” (01) [citação entre colchetes de nossa parte].

Portanto, apesar de insuficientes, para um estudo inicial e uma demonstração

mais didática da doutrina trinitariana, as analogias são úteis. Algumas são úteis apenas para

conhecermos como o ser humano possui uma concepção da Santíssima Trindade tão

equivocada, pois se mostram extremamente distantes da realidade bíblica, chegando a

serem absurdamente heréticas. Enquanto que outras já se aproximam mais da realidade,

mas nunca uma ou algumas delas atingem o objetivo de expressar realmente como é a

Trindade. Podemos, portanto, distinguir quatro tipos dessas analogias:

01 Analogias cotidianas Exemplos corriqueiros de diversas atividades da vida humana.

02 Analogias cosmológicas Exemplos extraídos da criação de Deus.

03 Analogias gráficas Compostas de diagramas didático-ilustrativos.

04 Analogias artísticas Demonstradas através de desenhos, pinturas e esculturas.

Mas, estudar analogias não nos fará entrar em contradição justamente com

aquilo que estudamos anteriormente sobre não tentarmos idealizar a Deus partindo do

nosso ponto de vista meramente humano e falho? Sim, de certa forma. Mas, as

estudaremos justamente para demonstrar a nossa falibilidade humana. Ademais, as

analogias são recursos didáticos para tentarmos elucidar algumas questões trinitárias e

todas elas não conseguem atingir o objetivo de compreendermos ao Deus triúno, porque Ele

é insondável, como vimos nesta mesma parte mencionada do nosso estudo trinitariano.

D

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Aliás, algumas analogias contradizem essa regra estudada anteriormente, outras

não. Algumas são baseadas em nossas meras criações e pontos de vista, outras são

baseadas nas revelações bíblicas e podem fornecer uma pequena noção do que ensina a

doutrina trinitariana. Portanto estas últimas são válidas conquanto também sejam

insuficientes. Ao final deste capítulo sobre analogias todos nós poderemos perceber na

prática qual é o proveito que podemos extrair das analogias para a nossa vida.

8.2 ANALOGIAS COTIDIANAS PARA A TRINDADE

As analogias cotidianas estão diretamente ligadas ao que observamos

anteriormente sobre não idealizarmos a Deus do ponto de vista meramente humano. São

oriundas de exemplos das capacidades criativas humanas (dadas por Deus), desenvolvidas

em inúmeras atividades cotidianas. Muitas pessoas as utilizam, imaginando que, com elas,

possuem bons exemplos da Trindade. Um ledo engano. Elas são extremamente

insuficientes e muitas são de pouquíssimo proveito para compreender melhor a Trindade:

8.2.1 A analogia cotidiana mais rudimentar provavelmente é a do antigo aparelho de som

“três em um”, o qual desempenha basicamente três funções: executa CD´s, fitas cassete e

estações de rádio. Realmente uma analogia extremamente fraca, utilizada apenas para

iniciarmos esse assunto.

8.2.2 Outra analogia cotidiana é a de três automóveis que possuem a mesma marca, o

mesmo modelo e ano de fabricação, a mesma cor, os mesmos acessórios, etc. Os três são

idênticos, são da mesma natureza, por assim dizer. Porém, eles são distintos entre si,

devido à individualidade de cada um outorgada pelo número do chassi, da placa e do

RENAVAM, por exemplo.

8.2.3 Outra analogia cotidiana poderia ser um suposto escritório que se dividiria em três

atividades: 1º) Imobiliária; 2º) Advocacia; e 3º) Despachante. É a mesma empresa, inclusive

funcionando no mesmo local, mas possui três salas diferentes, uma para gerenciar cada

ramo de atividade (Obs: estas considerações são ilustrativas e não seguem

necessariamente alguma especificação técnica de qualquer setor profissional).

8.2.4 Temos também os três elementos básicos de uma partitura musical: melodia,

harmonia e andamento (ritmo). Cada elemento é distinto entre si, mas todos fazem parte da

escrita musical (obs: existem outros elementos como a dinâmica, a letra, as cifras, a fórmula

de compasso que é ligada ao ritmo, a tonalidade que é ligada a harmonia, etc.).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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8.2.5 Uma outra analogia bastante conhecida de todos seria a dos três poderes que

constituem o mesmo governo: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário.

Eles são distintos entre si, cada um com a sua função, mas são interdependentes e formam

o mesmo sistema de governo.

8.2.6 Uma analogia cotidiana, mas que é mais complexa do que as que já observamos seria

a de uma estrada fictícia. Esta estrada passaria por dentro de uma cidade qualquer e por

isso seria considerada estrada municipal naquele ponto (estrada municipal “Fulano de tal”,

por exemplo), mas, como ela seria uma ligação com outra importante cidade do mesmo

Estado da Federação, obviamente ela também seria considerada estadual (SP-000, por

exemplo). Contudo, esta estrada não apenas ligaria cidades do mesmo Estado, mas

cruzaria a fronteira (fluvial) entre dois Estados da Federação e, portanto, também seria

considerada rodovia federal (BR-000, por exemplo). Sendo assim e considerando que uma

das cidades pela qual esta estrada passaria estaria à beira do rio que faz fronteira entre

estes dois Estados, na exata localização desta cidade, a mesma estrada poderia ser

considerada municipal, estadual e federal ao mesmo tempo (Obs: estas considerações são

fictícias e não denotam necessariamente nenhum exemplo ou fazem menção à um possível

caso real).

8.2.7 Finalmente, um outro exemplo corriqueiro e bastante conhecido por grande parte da

população é o da Matemática. Muitas pessoas refutam a doutrina da Trindade utilizando o

raciocínio contido nesta ciência, afirmando que “um” mais “um” mais “um” é igual a “três” (1

+ 1 + 1 = 3), e então, neste caso, a Trindade seriam três deuses. Mas, por que não usarmos

a multiplicação? Ora, sabemos que “um” vezes “um” vezes “um” é igual a “um” (1 X 1 X 1 =

1). (02)

As analogias cotidianas são pouco proveitosas para compreensão da doutrina da

Trindade. Elas são limitadas e falhas por serem produtos da limitada e falha mente humana,

infinitamente aquém da mente de Seu Criador. Elas possuem caráter iniciatório, para um

maior aprofundamento posterior, o que faremos a seguir através da criação divina, pois, o

mais importante não é procurar exemplos da essência de Deus oriundos de meras

invenções humanas, mas nos basearmos nas revelações bíblicas.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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8.3 ANALOGIAS COSMOLÓGICAS PARA A TRINDADE

Deixando o limitado cotidiano humano, procuremos analogias mais úteis

(conquanto também sejam limitadas) para a Santíssima Trindade na Sua própria criação. A

Bíblia possui textos que nos auxiliam a avançar um pouco neste ponto do nosso estudo.

Observemos o que o apóstolo Paulo declarou. Leiamos Romanos 1:20:

“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.” (comparem com Sl 8:1; 19:1-4).

Portanto, os atributos que não podemos visualizar, a essência ou natureza e o

poder de Deus sempre puderam ser claramente observados através das obras criadas por

Ele. Sendo assim, estudando alguns aspectos da natureza e do universo em geral,

poderemos encontrar traços ou marcas de Sua essência deixados propositadamente por

Deus. É uma situação semelhante ao que acontece com diversas atividades humanas.

Os autores de obras de arte refletem o que pensam e até mesmo suas próprias

personalidades em seus trabalhos, seja na pintura, na escultura, etc. Da mesma forma isso

ocorre na música, que pode transmitir os sentimentos e o caráter do compositor, mas pode

ocorrer em outras inúmeras formas de arte como o cinema, o teatro, etc.

É de vital importância ressaltarmos e relembrarmos também que Deus utiliza

inúmeros simbolismos oriundos de Sua própria criação para expressar a Si mesmo e os

Seus ricos ensinamentos.

É o que ocorre, por exemplo, com a vida animal: a águia (Is 40:31), a corça (Sl

42:1-2), o cordeiro (Jo 1:29; Ap 5:6), o leão (Ap 5:5), as serpentes, as pombas, as ovelhas e

os lobos (Mt 10:16), os gafanhotos (Is 33:4; Ap 9:3,7) e o leite (Ex 3:8; 1Pe 2:2).

É o que ocorre, por exemplo, com os demais elementos da natureza, da vida

vegetal, da vida mineral e até mesmo os elementos atmosféricos e meteorológicos: as

rochas (Sl 62:2; Mt 7:24), os montes (Dn 2:35; Sl 125:1; Ap 6:4), as árvores (Jr 17:8; Mt

7:17; Jo 15:1), as temperaturas (Ap 3:15-16), o vento (Is 11:15; Jo 3:8; Ef 4:14), as nuvens

(Sl 18:11; Ap 1:7), a saraiva (Is 30:30; Ap 8:7), o fogo (Hb 12:29; Ap 2:18), o relâmpago (Mt

24:27; Ap 4:5), o arco-íris (Gn 9:13; Ap 4:3; 10:1), a água (Sl 42:7; Jo 4:14; 7:38; Ap 4:6), as

cores (Is 1:18; Jr 4:28; Ap 3:4; 17:4; 19:14) e tantos outros exemplos.

Ora, sabemos que o universo é formado de três elementos principais: tempo,

espaço e matéria. Cada um destes elementos, por sua vez, possui também três

componentes:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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ESPAÇO: Altura Largura Profundidade

TEMPO: Passado Presente Futuro

MATÉRIA: Sólido Líquido Gasoso

Como qualquer leigo no assunto pode observar, quando nos referimos ao tempo,

o passado é diferente do presente, que é diferente do futuro. Cada um deles, porém, é

simultâneo. Não existem três “tempos”, mas o tempo é um apenas, ou seja, os três

elementos do tempo, presente, passado e futuro desfrutam da mesma essência, todos eles

formam o tempo.

Com o espaço também ocorre o mesmo. A altura é diferente da profundidade,

que é diferente da largura. Mesmo assim, não existem três “espaços”, mas o espaço é

apenas um. As partes que formam o espaço possuem a mesma natureza: todas são

“espaço”.

Também temos a matéria que se divide em estado sólido, líquido e gasoso. O

sólido não é igual ao líquido, que, por sua vez, não é o mesmo que o gasoso. Mesmo assim,

não existem três “matérias”, mas apenas uma. Todos os componentes da matéria possuem

a mesma essência: matéria. (03)

Temos também como exemplos retirados da criação de Deus: "o trevo de três

folhas", "as partes da árvore" (raízes, tronco e ramos), "as partes da laranja" (casca, bagaço

e suco) e "os elementos do sol" (calor, luz e gases), entre outros, como a analogia utilizada

pelo reformador protestante Lutero:

“Lutero chamava a Trindade uma flor, na qual se pode distinguir a forma, a fragrância, e a sua eficácia medicional.” (04)

Todos estes exemplos também são insuficientes. Cada membro deles não

constitui o todo como na Trindade, onde cada pessoa da Trindade é totalmente Deus. Sem

falar de que todos estes exemplos são destituídos de algo que se compare à complexa

personalidade da Divindade. Wayne Grudem apresentou uma analogia complementar:

“Nossas próprias personalidades humanas proporcionam outra débil analogia, que nos pode ser útil na reflexão sobre a Trindade. O homem pode pensar em objetos diferentes fora de si mesmo, e então ele é o sujeito em quem se pensa: nesse caso é ao mesmo tempo sujeito e objeto. Além disso, ele pode refletir sobre as suas idéias sobre si mesmo como uma terceira coisa, nem sujeito nem objeto, mas pensamentos que ele, como sujeito, tem sobre si mesmo como objeto. Quando isso acontece, o sujeito, o objeto e os pensamentos são três coisas distintas. Porém, cada coisa de certo modo inclui todo o seu ser: todo o homem é sujeito, todo o homem é objeto, e os pensamentos (embora num sentido inferior) são pensamentos sobre a totalidade do homem como pessoa.” (05)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Então, concluir que estas analogias são insuficientes para compreender a

natureza triúna de Deus invalida o versículo que vimos no início? É evidente que não. A

Bíblia é infalível. O apóstolo Paulo em sua epístola aos romanos afirmou que os atributos

invisíveis, o poder e a essência de Deus são claramente percebidos e reconhecidos e não

claramente e totalmente compreendidos. É possível, sim, contemplar os atributos de Deus

através de Sua criação, tendo, assim, uma evidência de Sua existência e um vislumbre de

Sua glória, Sua majestade e Seu poder, mas, mesmo assim, não é possível compreender

totalmente a essência de Deus, principalmente no que se refere a Sua triunidade, pois Ele é

insondável.

Para complementar estes ensinamentos, comparem com o extremamente

interessante estudo a respeito da molécula da neve e os indícios trinitarianos encontrados

em sua composição, o qual apresentamos na página 72, no capítulo 4.

8.4 ANALOGIAS GRÁFICAS "INFERIORES" PARA A TRINDADE

Além das analogias cotidianas e cosmológicas, vamos tentar entender um pouco

a misteriosa e complexa existência da Trindade através de dez diagramas ou simplesmente

"analogias gráficas inferiores". Estas figuras, na verdade, como qualquer analogia, indicam

o que a Trindade não é, pois demonstrar graficamente a Trindade é uma tarefa impossível.

Algumas destas figuras se aproximarão um pouco da verdade sobre a Trindade, mas

mesmo assim nenhuma poderá ser considerada o modelo ideal.

“Se nos pedem que definamos a Trindade, nós só podemos dizer, não é isto ou aquilo.” (06)

Neste ponto do nosso estudo atingimos um estágio mais avançado, onde

podemos nos aprofundar mais na doutrina trinitariana, apresentando ensinos teológicos que

formam o corpo doutrinário trinitariano, com a finalidade de, diante de diagramas ilustrativos,

podermos visualizar, mesmo que palidamente, o que seria uma descrição mais próxima da

realidade bíblica acerca da Trindade. Para tal, será necessário ressaltarmos três verdades

principais sobre a Trindade, que formam a base da doutrina trinitariana. Elas formam na

verdade uma tríade de verdades sobre a Trindade.

Verdade n.º 01: Só existe um Deus no universo e Ele não compartilha Sua glória com ninguém;

Verdade n.º 02: Na essência divina única e indivisível subsistem três pessoas distintas; e

Verdade n.º 03: As três "pessoas" da Divindade compartilham a mesma essência de forma

uniforme, ou seja, elas são idênticas em poder, glória e eternidade.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Com estas três verdades firmadas em nossas mentes, podemos além de ter uma

visão definida biblicamente da Trindade, como também auxiliar as pessoas que estão

confusas na busca de compreender melhor esta doutrina.

O Pr. James White também utilizou recursos semelhantes. (Obs: não

confundamos o Pr. James White com o marido de Ellen White, James White, citado

anteriormente nas controvérsias do trinitarianismo com as seitas):

“Quando reduzimos a discussão aos três claros ensinos bíblicos que fundamentam a Trindade, podemos mover nossa discussão da informação bíblica abstrata para a concreta, e podemos ajudar aqueles envolvidos em falsas religiões a reconhecer quais dos ensinos bíblicos eles estão negando.” (07)

Passemos às figuras de n.º 01 a 10b, sendo que as de n.º 01 a 04 são básicas e

as de nº 05 a 10b são avançadas.

Vejamos a figura 01:

Neste caso, a figura n.º 01 nitidamente não corresponde à Trindade, pois ela

apresenta apenas Deus Pai como Deus. Jesus Cristo seria inferior a Deus Pai, apenas um

ser humano iluminado pelo Pai e o Espírito Santo seria, neste caso, uma mera energia

cósmica impessoal. Esta figura respeita a verdade n.º 01, ou seja, que “Só existe um Deus

no universo e Ele não compartilha Sua glória com ninguém”, mas, contradiz a verdade n.º 02

que afirma que “na essência divina única e indivisível subsistem três pessoas distintas”, não

admitindo, assim, as demais pessoas da Trindade, apenas Deus Pai.

Consequentemente, esta figura também contradiz a verdade n.º 03, que diz que

“as três pessoas da Divindade compartilham a mesma essência de forma uniforme, ou seja,

elas são idênticas em poder, glória e eternidade”. Essa falsa interpretação da Trindade é

chamada de “Subordinacionismo”, que afirma que o Pai é o único Deus, o Filho é criatura

criada e subordinada, mas nunca igualada ao Pai (?!).

“Afirma-se [no subordinacionismo] também a unidade de Deus, em detrimento as outras pessoas divinas. Deve-se tributar prudente veneração a Jesus Cristo, mas não ao ponto de igualá-lo a Deus mesmo, pois tal

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excesso destrói o sentido autêntico de Deus. Ele pode ser semelhante (homoioúsios) a Deus, jamais, porém, igual (homooúsios) a Ele. Ele é a primeira criatura, o protótipo de todas as criaturas, mas não Deus.” (08) [citação minha entre colchetes]

Salientamos que este subordinacionismo não refere-se à subordinação funcional

de Cristo e do Espírito Santo em relação à Deus Pai, chamada de economia da Trindade ou

Trindade econômica (assunto que veremos mais adiante). Algumas religiões posicionam

apenas Cristo como Deus do universo (unicismo, por exemplo), o que está errado também,

pois, apesar de Cristo ser Deus, essa afirmação também contradiz as verdades n.º 02 e n.º

03.

Agora vamos para a figura 02:

A figura 02 também não corresponde à Trindade. Ela posiciona as três pessoas

da Trindade como sendo Divindades, ela contradiz todas as três verdades básicas, pois

neste caso são três deuses e não apenas um como afirma a verdade n.º 01. Neste caso

também não são três pessoas compartilhando a mesma essência divina como diz a verdade

n.º 02 e muito menos as três pessoas divinas compartilhando uniformemente a mesma

essência como na verdade n.º 03.

Essa falsa interpretação da Trindade é chamada de “Triteísmo”, que afirma que

o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três deuses (?!). O triteísmo afirma as três pessoas

divinas e acredita na divindade do Filho e na pessoa do Espírito como Deus em igualdade,

mas, para ele são três substâncias independentes e autônomas. Não se afirma a relação

entre elas nem a comunhão na mesma natureza divina.

Existiriam então, neste caso, três absolutos e não apenas um, três seres eternos

e não um, e três criadores e não um. Contudo, não pode haver dois seres infinitos. Dois

infinitos implicaria em uma contradição e já vimos que a Trindade não é uma contradição.

Como poderia alguma coisa ser igual ao Ser Superior ou igualmente excelente ao Ser mais

excelente? No caso do triteísmo ficaríamos questionando a qual destes supostos deuses

deveríamos mais adoração.

Passemos para a figura 03:

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A figura 03, a exemplo das duas primeiras, também não corresponde à Trindade.

Apesar dela satisfazer a verdade n.º 01 sobre apenas um Deus no universo e

aparentemente posicionar as três pessoas divinas como sendo o único Deus, ela não

satisfaz completamente a verdade n.º 02, pois neste caso as pessoas divinas não estão

distintas entre si. Aparentemente ela também satisfaz a verdade n.º 3, dando a impressão

que a mesma essência está sendo compartilhada entre as três pessoas divinas, mas não é

suficiente, pois, a verdade n.º 03 está intimamente ligada a verdade n.º 02, ou seja, a

mesma essência é compartilhada uniformemente, mas as pessoas divinas se mantém

distintas entre si. Complicado? Certamente. Por isso, sempre repetimos que compreender a

natureza do nosso querido Deus triúno é impossível.

Essa representação pode ser confundida com outra falsa interpretação da

Trindade chamada “Modalismo”, ou seja, “Pai”, “Filho” e “Espírito Santo” são três modos

diferentes e não simultâneos de agir do mesmo Deus, ou seja, Deus, em dado momento da

história Ele foi o Pai, depois Ele se transformou no Filho e depois se transformou no Espírito

Santo. O unicismo afirma algo semelhante, com a diferença de que ele atribui essas

supostas "transformações divinas consecutivas" especificamente à pessoa de Jesus (?!).

É de suma importância ressaltarmos que quando as Escrituras tratam a Deus

subsistindo em Pai, Filho e Espírito Santo, elas jamais estão afirmando que existe uma

ordem cronológica na existência da Trindade. Ao contrário disso, como já afirmamos, Deus

habita na eternidade, Ele não está vinculado aos efeitos de um tempo linear

semelhantemente aos seres humanos. Esta ordem na Trindade apresentada nas Escrituras

Sagradas, Pai, Filho e Espírito Santo, expressa o eterno relacionamento existente entre as

três pessoas da Divindade e a Sua criação.

Passemos, então, para a figura 04:

A figura 04 parece que não, mas é mais uma mentira, conforme as três

primeiras. Ela parece a princípio ser a representação que mais se adequa à realidade bíblica

da Trindade, porém possui uma sutil inverdade que pode enganar os mais distraídos.

Apesar de satisfazer a verdade n.º 01 sobre o único Deus, e demonstrar as três pessoas da

Divindade em Suas formas distintas na essência divina, como afirma a verdade n.º 02, ela

não explica satisfatoriamente o mistério desta mesma essência ser plenamente

compartilhada uniformemente pelas três pessoas divinas, igualmente eternas, Todo-

Poderosas e gloriosas, não satisfazendo assim, a verdade n.º 03.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Vamos discutir, a seguir, o que seria a representação básica e ideal para a

Trindade. A representação ideal, portanto, seria uma conciliação das figuras 03 e 04, pois,

demonstraria as três pessoas da Trindade uniformemente compartilhando da mesma e

única essência divina indivisível, mas, que ao mesmo tempo preservam suas existências

pessoais e distintas entre si. Contudo essa representação se torna racionalmente

impossível.

Concluímos, portanto, que estas figuras básicas anteriores são insuficientes para

representar a Trindade. Oferecemos a seguir, no entanto, outro estilo de diagrama mais

complexo, que certamente nos auxiliará a compreender melhor os vários pontos da doutrina

trinitariana. Mas será que este estilo de diagrama mais complexo é suficiente para expressar

a Trindade?

8.5 ANALOGIAS GRÁFICAS "SUPERIORES" PARA A TRINDADE

(UM PROBLEMA CHAMADO "TETRATEÍSMO")

Vejamos atentamente as figuas 05 e 06:

As figuras 05 e 06 mostram as três pessoas da Trindade em suas co-existências

individuais e distintas entre si e ao mesmo tempo demonstram que o Pai é Deus, o Filho é

Deus e o Espírito Santo é Deus, sendo que o Pai não é o Filho e nem é o Espírito Santo, os

quais também não são o Pai. O Filho não é o Espírito Santo, que por Sua vez não é o Filho.

Nesse tipo de diagrama, mostra-se claramente que, ao mesmo tempo em que as

pessoas da Divindade são distintas, todas compartilham a mesma essência divina

indivisível.

Vejam ainda as figuras 06-B, 06-C, 06-D e 06-E como complementação:

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Observemos agora a figura 07:

A figura 07, a exemplo das 05 e 06, mostra as três pessoas da Trindade em suas

co-existências individuais e distintas entre si, ao mesmo tempo que todas compartilham a

essência divina.

Passemos para a figura 08:

A figura 08, também demonstra as três pessoas da Trindade em suas co-

existências individuais e distintas entre si, ao mesmo tempo que todas compartilham a

essência divina. Vejam ainda as figuras 08-B, 08-C e 08-D como complementação:

Ainda teríamos a apresentar uma figura que foi chamada de “A Trindade

ortodoxa” em um artigo adventista na internet chamado “O Deus de Três Cabeças. A

Trindade Ortodoxa”:

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“A Trindade ortodoxa ilustrada: O melhor modo que podemos ilustrar a concepção „trinitariana ortodoxa de Deus‟ seria puxar de um círculo três protuberâncias:”

Pode até parecer o contrário, mas as figuras 05 até 09 também são insuficientes

para demonstrar com 100% de precisão a Trindade (a exemplo dos diagramas básicos),

conquanto sejam diagramas didaticamente muito importantes e bem mais precisos do que

os diagramas básicos.

Essa insuficiência de precisão se deve ao fato de que estas figuras não

satisfazem completamente a verdade n.º 3 a respeito da uniformidade do compartilhamento

da mesma essência divina.

Podemos observar que cada uma destas figuras (05 a 09) deixa transparecer

que a Divindade, além das três co-existências pessoais ou personalidades, possuiria um

"quarto centro de consciência comum", ficando a impressão da existência de uma quarta

pessoa (?!), o que seria um imenso e descabido absurdo herético, smplesmente pelo fato

incontestável de que a essência divina não existe à parte das três pessoas da Divindade. Se

fosse assim, não haveria unidade no Ser de Deus, o que originaria uma espécie de

TETRATEÍSMO, ou seja, não seria uma Trindade, mas uma "Tetrindade". Em outras

palavras: um pensamento ridículo!

Estas figuras servem, sim, como meio prático e didático de expor as distinções

pessoais da Divindade dentro do mesmo Ser, mas, mesmo assim, permanece o desafio

para as nossas limitadas capacidades intelectuais diante da grandeza do Deus único e Suas

três subsistências pessoais. Mas, será que não existiria um diagrama ainda mais superior

que fosse o mais adequado para se aproximar da verdade trinitariana?

Vejamos a seguir.

8.5.1 AS ANALOGIAS GRÁFICAS MAIS ADEQUADAS PARA A TRINDADE?

À vista de todas as figuras já apresentadas que podem esbarrar nas heresias do

Subordinacionismo, Triteísmo, Modalismo e Tetrateísmo, entre outros, desejamos sugerir a

seguinte:

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Nesta figura 10, temos as três pessoas da Divindade preservando Suas

subsistências distintas e ao mesmo tempo compartilhando igualmente a totalidade da

essência divina. As linhas pontilhadas internas representam esta dupla realidade: ao mesmo

tempo em que distinguem uma pessoa da outra, permitem que as três façam parte da

mesma natureza e que cada uma configure a totalidade absoluta do Ser divino. Já as linhas

pontilhadas externas possuem a finalidade de nos lembrar que Deus é infinito e eterno, Sua

existência não depende de tempo ou espaço.

Mas, esta figura também é insuficiente, pois, mesmo que pareça totalmente

correta, podemos afirmar seguramente que é contrário à vontade de Deus que oficializemos

algum tipo de figuração de seu Ser, seja qual for. Isso seria pecado.

É absolutamente impossível expressar a Trindade graficamente com um nível de

acerto de 100%. Mesmo se julgarmos a figura 10 como excelente do ponto de vista didático,

como podemos afirmar com margem de acerto de 100% de que uma figura assim é

exatamente a expressão da existência triúna de Deus? Vejam ainda a figura 10-B como

complementação:

A figura 10-B (apesar de estar em língua inglesa), semelhantemente à figura 10,

é bastante interessante e se aproxima muito mais da realidade da doutrina trinitariana do

que as figuras anteriores, apresentando um triângulo onde cada ponta representa cada

existência pessoal e distinta do Ser de Deus, mas ao mesmo tempo entre essas pessoas

(entre as pontas do triângulo) não é possível discernir o início e nem o fim de cada

existência. Portanto, as três co-existências fazem parte do mesmo Deus.

Os exemplos sugeridos através das figuras de n.º 05 até a n.º 10-B são todos

úteis didaticamente, mas nenhum pode ser assumido como a maneira definitivamente

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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satisfatória de expressar a Santíssima Trindade. Todas as analogias e exemplos que

venhamos a usar apenas nos oferecem a definição de alguns eficientes princípios

teológicos, mas não exaustivos ou conclusivos. O Pr. Wilbern Elias Best afirmou que:

“Analogias não podem fazer nada, senão estabelecer um princípio.” (09)

Berkhof, complementando, ainda salientou que:

“[...] É especialmente quando refletimos na relação da três pessoas da essência divina, que todas as analogias nos falham e ficamos profundamente conscientes de que a Trindade é um mistério que ultrapassa a nossa possibilidade de compreensão. É a incompreensível glória da Divindade [...]” (10)

Adiantamos que é impossível produzirmos alguma comparação artística, como

gravuras, pinturas ou esculturas do Ser de Deus, pois nada que existe se aproximaria de

Sua glória, Ele obviamente sempre existiu antes e existe muito além de qualquer coisa

criada. Vejamos o seguinte texto para fornecer respaldo bíblico para o que acabamos de

afirmar:

"Guardai, pois, cuidadosamente, as vossas almas, pois aparência nenhuma vistes no dia em que o SENHOR vosso Deus vos falou, em Horebe, no meio do fogo; para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem esculpida na forma de ídolo, semelhança de homem ou de mulher; semelhança de algum animal que há na terra; semelhança de algum volátil que voa pelos céus; semelhança de algum animal que rasteja sobre a terra; semelhança de algum peixe que há nas águas debaixo da terra.” (Dt 4:15-18; comparem com Ex 20:3-5b).

O reformador João Calvino expressou sua opinião sobre este assunto:

“As Escrituras nos informam que Deus é um Ser infinito e que Ele é Espírito. Estas duas verdades devem bastar para derrubar não apenas os sonhos estultos dos idólatras como também os raciocínios sutis da filosofia profana [...] Deus, porém, a fim de nos conservar dentro dos limites da sobriedade, fala pouco acerca da Sua própria essência, e ainda assim, pelas suas características da espiritualidade e da grandeza infinita, não somente refreia a temeridade da mente humana como também derruba as imaginações grosseiras dos idólatras. Pois certamente Sua infinita grandeza deve impedir-nos de tentar medí-Lo por nossos sentidos; e o fato de que Deus é Espírito proíbe todas as especulações terrestres e carnais acerca dEle.” (11)

Voltemos às considerações do Pr. James White, em seu artigo “Uma Breve

Definição da Trindade”. Ele discorreu sobre as três verdades básicas da doutrina da

Trindade (de uma maneira semelhante à deste estudo) e o efeito que ocorre de acordo com

a aceitação total ou parcial delas. Vejamos a figura 11:

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"Os três lados do triângulo representam as três doutrinas bíblicas [...] Quando alguém nega qualquer um desses três ensinos, os outros dois lados apontam para o resultado. Por conseguinte, se alguém nega que há Três Pessoas, ela é deixada com os dois lados da Plena Igualdade e do Um Deus, resultando no ensino „Oneness‟ (unidade, unificação, união) da Igreja Pentecostal Unida e outras. Se alguém nega a Plena Igualdade, ela é deixada com as Três Pessoas e Um Deus, resultando no „subordinacionismo‟ [...]” (12)

8.6 ANALOGIAS ARTÍSTICAS "ANTI-BÍBLICAS" PARA A TRINDADE

Após estudarmos as analogias cotidianas, cosmológicas e gráficas, iremos

observar neste momento as analogias artísticas, oriundas (conforme as cotidianas) das

capacidades humanas, demonstradas através de desenhos (ilustrações), pinturas e

esculturas. São produções artísticas nas quais o ser humano acredita estar reproduzindo a

Santíssima Trindade.

Mas, como já concluímos anteriormente, é impossível reproduzir a Trindade com

100% de exatidão e veremos que estas analogias a seguir também não satisfazem. Pior

ainda, elas não apenas não satistazem como também algumas são pura heresia e outras,

sutilmente, se disfarçam utilizando os personagens bíblicos, mas podem nos levar a uma

ilusão religiosa e até mesmo ao pecado da idolatria. Estas analogias a seguir utilizam

situações e personagens bíblicos totalmente fora de contexto para expressar a Trindade,

resultando em uma absurda e herética aplicação da Palavra de Deus.

Observemos alguns conceitos que um site esotérico possui sobre a Santíssima

Trindadee atentemos para a figura 12:

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“APLICAÇÃO: Dirigi VOSSA ATENÇÃO para os vossos corações. Sabei: DEUS ESTÁ em vossos corações; do contrário eles não pulsariam! Procurai sentir que vosso coração é um irradiante sol dourado de luz que se expande e que preenche todas as partes de vosso corpo: vede, como a luz sobe e se irradia em vossos cérebros e em vossos sentimentos e enche todo o ambiente com vosso AMOR e boa vontade; expandi-vos, irradiai-vos até encher vosso ambiente, e mais e mais, até que todo o mundo seja envolvido. Depois contemplai a estampa da Santíssima Trindade que representa vosso parentesco com Deus.”

Em resumo, um grande absurdo herético. Qualquer cristão por mais novo na fé

que seja percebe logo de início que esta figura não possui nenhuma relação com a única e

verdadeira Trindade, mesmo que, ao analisar todas as suas considerações no site, sejam

utilizados eventos e personagens bíblicos como aplicação da figura.

Já no site http://www.adventistas.com é possível acompanhar um breve e

interessante histórico sobre esta questão polêmica de representar a Trindade por meio de

gravuras que, apesar de buscarem algum elemento bíblico, ficam completamente aquém da

realidade. Vejamos a figura 13:

"A gravura acima é uma representação gráfica da trindade desaprovada pela Igreja Católica, embora pretenda ilustrar exatamente a crença de que o Deus triúno é composto por três pessoas, mas não equivale a três deuses, pois esses três seres formariam um único Deus. O quadro, que data do século 19 e foi pintado na Alemanha, apresenta na verdade um deus siamês, com três cabeças em um único corpo! Quadros e imagens desse tipo estão proibidos pela Igreja Católica desde 1628, quando o Papa Urbano VIII condenou a representação da „santíssima trindade‟ sob a forma de um tronco humano com três cabeças. Antes disso, uma outra tentativa de representação artística produzida no século XV, pelo Monge André Rublev, da Igreja Ortodoxa Russa do Mosteiro de São Sérgio da Santíssima Trindade, mostrava o Pai, o Filho e o Espírito Santo, como três pessoas absolutamente iguais.” [conforme as figuras mais abaixo:]

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Portanto, esta figura 13 é, no mínimo, horrível, assombrosa, ridícula, descabida e

qualquer coisa semelhante, algo que se assemelhe a 0,00001% da doutrina trinitariana.

Conforme vimos nas declarações anteriores, quadros e imagens conforme este

foram sabiamente proibidos pela Igreja Católica desde o ano 1628 d.C. pelo Papa Urbano

VIII, que condenou qualquer representação da Santíssima Trindade como se fosse um

"tronco humano com três cabeças". Sábia decisão. Mas, antes dessa proibição, uma outra

espécie de representação artística já havia sido produzida no século XV, (especialmente a

figura 14, abaixo), pelo Monge André Rublev, da Igreja Ortodoxa Russa do Mosteiro de São

Sérgio da Santíssima Trindade, mostrando o Pai, o Filho e o Espírito Santo, como três

pessoas humanas absolutamente iguais. Certamente este é outro equívoco grave. Será que

este erro passou despercebido? Vejamos a figura 14:

“Dizia-se fundamentar no episódio bíblico da visita dos três anjos à casa de Abraão (Gênesis 18:1-4). O autor acreditava que, assim, a suposta unidade e igualdade entre os membros da Trindade poderia ser melhor visualizada, a ponto de confundirmos as personagens e, à primeira vista, não sabermos distinguir a pessoa do Pai, do Filho e do Espírito. Mas em 1745, o Papa Bento XIV rejeitou também essa cena de três pessoas sentadas uma ao lado da outra, para representar a Santíssima Trindade. Isso porque, segundo ele, o Espírito Santo nunca apareceu sob forma humana. Ainda em 1745, o Papa Bento XIV afirmou, através da Sollicitudini nostrae, que as imagens da Santíssima Trindade eram temerárias e contrárias ao costume da Igreja. „Imagens da Santíssima Trindade que são comumente aprovadas e que podem ser permitidas com segurança, são aquelas que representam a pessoa de Deus, o Pai, como um venerável patriarca, figura tomada do „ancião de dias‟ que se assentou em Daniel 7:9; e próximo dele Seu Filho unigênito, Jesus Cristo, Deus e Homem; e entre ambos, o Espírito Santo, o Paracleto, em forma de uma pomba.‟

Como pudemos averiguar, graças ao bom Deus, mais uma vez uma tentativa

equivocada de representação artística de Seu ser foi proibida. Em 1745, portanto, mais de

um século depois daquela proibição do Papa Urbano VIII, o Papa Bento XIV proibiu o uso de

pinturas com três pessoas humanas sentadas uma ao lado da outra para representar a

Santíssima Trindade. Conforme a opinião deste Papa (e concordamos com ele), o Espírito

Santo jamais apareceu sob forma humana e este tipo de representação era "temerária" e

"contrária" ao costume da Igreja (mais especificamente contrária a revelação bíblica).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Mas, ao passo que Bento XIV proibiu este tipo de representação, ele

recomendou que a Santíssima Trindade seria seguramente representada desde que

mostrasse, segundo ele, a pessoa de Deus, o Pai, como um venerável patriarca, figura

retirada do "ancião de dias" que se assentou em Daniel 7:9 e ao lado do "Pai", Jesus Cristo,

a encarnação de Deus e entre ambos, o Espírito Santo, o Consolador, em forma de uma

pomba.

Poís é, Bento XIV afirmou corretamente que o Espírito jamais encarnou, mas

permitiu que Ele fosse representado por uma pomba, em alusão a ocasião do batismo do

Senhor e que Cristo fosse retratado em forma humana (evidentemente, pois Ele encarnou) e

o Pai como o Ancião de Dias. Tudo bem, mas até que ponto será que uma recomendação

como essa é correta e sábia? Bem, é preciso lembrar que este Papa afirmou que é uma

"representação" da Trindade, ele não quis dizer que essas pinturas demonstrariam

exatamente a Trindade como Deus é.

Por isso, questionamos, até que ponto é saudável e proveitoso para a nossa fé

estabelecermos uma representação da Divindade por mais que ela seja inspirada em

acontecimentos e personagens biblicamente embasados? É preciso muito discernimento.

Muitas representações podem ser usadas de forma didático-pedagógica para

compreendermos mesmo que de forma rudimentar a doutrina trinitariana, mas é preciso

cuidado para não sermos aprisionados por uma ilusão religiosa sobre as verdades sobre o

nosso Deus e nem cairmos no pecado da idolatria, não apenas reverenciando essas

pinturas e esculturas, mas no fim das contas, nos curvando a elas ou fazendo petições a

elas.

É de vital importância nesta parte do nosso estudo esclarecer que em nenhum

momento a nossa intenção é criticar ou denegrir o caráter ou a pessoa de quem quer que

seja dentro da religião cristã católica. Pelo contrário, temos grande admiração e respeito por

estes nossos amigos. Já afirmamos, inclusive, que sabiamente estes Papas citados

proibiram a utilização de alguns tipos de representações da Divindade.

Desejamos tão somente, nessa e na postagem seguinte, apresentar pinturas e

imagens que durante séculos foram utilizadas para representar a Santíssima Trindade,

justamente obedecendo as recomendações de Bento XIV. Desejamos, como acabamos de

afirmar, trazer um alerta de que essas pinturas e imagens devem apenas servir como

referência didática na demonstração da Trindade e quando não incluirem alguma alusão à

idolatria (como na figura 19 que veremos adiante). (OBS: muitos evangélicos e adeptos de

outras religiões também caem no pecado da idolatria, só que na maioria das vezes na

idolatria ao bens materiais, ou seja, avareza, que também é pecado). Veremos mais sobre

esta questão da idolatria, mesmo que resumidamente, na conclusão desta parte do nosso

estudo trinitariano sobre as analogias artísticas.

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Page 199: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Prosseguindo, portanto, no site da Revista Veja encontramos mais uma imagem

da Trindade cuja utilização foi também proibida pela Igreja Católica (diretamente relacionada

à figura 14). Vejamos a figura 15:

“Um tesouro, restrito durante décadas a integrantes da Ordem do Carmo, será aberto aos cariocas. Nem o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), até o ano passado, havia tido acesso às preciosidades: são 1 200 imagens sacras, do século XIV ao XX, de várias partes do mundo [...] As obras e a montagem do espaço, que funcionará na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro, na Lapa. É um patrimônio e tanto. Entre as raridades, uma Santíssima Trindade do século XVIII, em que Pai, Filho e Espírito Santo aparecem como figuras humanas. Esse tipo de imagem foi proibido pela Igreja em 1745, pois cada divindade deveria ter sua representação de acordo com a história cristã: o Espírito Santo, por exemplo, na forma de uma pomba.”

Vejam ainda as figuras 15-B, 15-C e 15-D como complementação:

Portanto, em resultado a recomendação de Bento XIV, vejamos, a seguir, na

próxima postagem, inúmeros exemplos de representação da Trindade utilizando as figuras

que ele sugeriu.

8.7 ANALOGIAS ARTÍSTICAS "PSEUDO-BÍBLICAS" PARA A TRINDADE

Vimos, portanto, figuras bizarras e absurdas que tentaram reproduzir a Trindade

equivocadamente, pois utilizaram uma aplicação biblicamente descontextualizada. Veremos,

agora, analogias artísticas apenas ligeiramente superiores. Utilizaremos nestas analogias

artísticas a expressão “pseudo-bíblicas”, pois, elas utilizam três elementos bíblicos que

individualmente estão contextualizados para tentar formar uma analogia completa da

Trindade, mas veremos que elas não são suficientes também para esta finalidade.

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Page 200: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Apresentaremos algumas imagens a seguir que atendem à recomendação da

Igreja Católica de utilizar elementos bíblicos como a pomba (Mc 1:10), a cruz de Cristo e

este encarnado (Fp 2:5-8) e a figura do Ancião de Dias (cf. Dn 7:9) para expressar a

Trindade. Vejamos, antes, as referências bíblicas que dão margem, segundo muitas

pessoas, para utilizarmos esses personagenss e ocasiões para representar a Trindade:

Para representar Deus Pai:

"Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou, sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a pura lã; o seu trono eram chamas de fogo; e suas rodas eram fogo ardente." (Dn 7:9).

Para representar Deus Filho:

"Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus, antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de honens, e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz." (Fp 2:5-8)

Para representar Deus Espírito Santo:

"E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e, estando ele a orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo." (Lc 3:21-22; comparem com Mt 3:16-17; Mc 1:9-11; Jo 1:29, 32-34).

À vista de tudo isso, é preciso evitar alguns enganos: o Espírito Santo não é uma

pomba, este foi um simbolismo usado por Ele em apenas uma ocasião (alguns especialistas

nos lembram que a pomba simbolizava a pureza ou santidade no judaísmo). Deus Pai

jamais assumiu a forma humana (e nem o Espírito), mas, apenas o Filho (como veremos

posteriormente). A figura do Ancião de Dias também é um simbolismo, Deus não é um

velhinho de barbas e cabelos brancos. O Filho de Deus, o Senhor Jesus, mesmo tendo sido

reconhecido em forma humana, não pode ser representado com segurança por uma simples

pintura ou escultura, é uma atitude temerária e ilusória.

Mas, independente do que significa teologicamente a aparição do Espírito como

uma pomba, a encarnação do Verbo ou o Ancião de Dias, podemos afirmar que a

subsistência tri-pessoal do Ser de Deus não pode ser representada satisfatoriamente

através destes personagens e eventos (e por nenhum outro meio, aliás).

É evidente que reconhecemos que uma parte significativa dos nossos leitores,

protestantes, católicos, etc., estão cientes destas verdades que acabamos de rememorar,

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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mas acreditamos que é de vital importância trazermos à lume essas recomendações, para,

entre outras coisas, a edificação de muitos que ainda sejam imaturos da fé e na doutrina

trinitariana. Estas figuras a seguir, portanto, também são insuficientes para expressar a

Santíssima Trindade. Mesmo que em alguns aspectos apresentem uma simbologia

biblicamente embasada, é equivocado utilizá-las como parâmetro trinitariano, pois se

posicionam muito aquém da verdade sobre a Trindade. Elas podem, inclusive, como já

afirmamos com veemência, acarretar uma perigosa e idólatra ilusão religiosa, desviando-nos

da verdade, tentando limitar a Deus, que é ilimitado e infinito.

Iniciando com uma escultura inspirada na recomendação papal, observemos a

figura 16:

“[...] Quando da reconstrução para a nova Igreja, foi encontrado no subsolo, uma Imagem da Santíssima Trindade de pedra Ançã, datada do século XV ou XVI, proveniente da Visigótica Igreja de São Gião [...] Esta Imagem foi encontrada, como anteriormente foi dito, no ano de 1968, a quando da reestruturação da Igreja, embora danificada pela retro-escavadora podemos, ainda, observar a pintura original da Imagem em diversas partes [...] De salientar, que à entrada se encontra em lugar de honra, a referida Imagem da Santisssima Trindade, a qual recebe grande devoção do povo.” [citação em negrito de nossa parte].

Vejam o problema: por mais que uma escultura tenha sido criada com zelo,

temor, boas intenções, respeito e grande habilidade, ela não pode ser alvo de nossa

devoção. Nossa devoção dever ser ao Deus vivo e verdadeiro e não a uma escultura, por

mais que ela tenha a intenção de representar a Divindade.

Iniciando as pinturas inspiradas na recomendação papal, verificamos as

seguintes imagens no site da “The M+G+R Foundation” e no site da ACI (Agência Católica

de Imprensa na América Latina):

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Enquanto que no site do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima de

Sumaré encontramos um tipo de imagem semelhante, apresentando “A Mão de Deus Pai”,

“o Filho”, “a Pomba”, uma mensagem chamada “Rumo ao novo milênio” e a imagem da

chamada “Nossa Senhora”, que apesar de estar em uma posição que simboliza submissão

à Cristo, segundo o artigo “a ela nós devemos também confiar nossa vida, nossos desejos e

sonhos”.

Neste caso, então, parece que a Mãe de Cristo está sendo praticamente

igualada a Divindade, e, então, não haveria uma Trindade, mas uma Tetrindade (Tetra=4),

ou seja, mais uma heresia. É preciso cuidado.

Vejamos a referida imagem e alguns dizeres contidos no site:

“'Ó Trindade Santa, Fonte indefectível de amor'. Foi a partir desta frase que a artista se inspirou para realizar a pintura da 'Santissíma Trindade', que acompanhara as preparações e festejos do Terceiro Milênio, neste Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima de Sumaré.”

Sobre a questão do catolicismo romano inserir a realidade da Trindade à

intercessão da mãe do Senhor Jesus, temos as palavras do Papa Bento XVI que discorreu

sobre a Santíssima Trindade com palavras belas e biblicamente embasadas, até que mais

ao final, mencionou Maria.

Vejamos alguns trechos de seu discurso:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“Queridos irmãos e irmãs. Neste domingo que se segue ao Pentecostes celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. Graças ao Espírito Santo, que ajuda a compreender as palavras de Jesus e orienta para a Verdade completa (cf. Jo 14, 26; 16, 13), os fiéis podem conhecer, por assim dizer, a intimidade do próprio Deus, descobrindo que Ele não é solidão infinita, mas comunhão de luz e de amor, vida doada e recebida num eterno diálogo entre o Pai e o Filho, no Espírito Santo Amante, Amado e Amor, para citar Santo Agostinho [...] Quem encontra Cristo e estabelece com Ele um relacionamento de amizade, acolhe a própria Comunhão trinitária na sua alma, segundo a promessa de Jesus aos discípulos [...]. Para quem tem fé, todo o universo fala de Deus Uno e Trino. Desde os espaços interestelares até às partículas microscópicas, tudo o que existe remete a um Ser que se comunica na multiplicidade e variedade dos elementos, como numa imensa sinfonia [...] Entre as diferentes analogias do mistério inefável de Deus Uno e Trino, que os fiéis são capazes de entrever, gostaria de citar a da família. Ela é chamada a ser uma comunidade de amor e de vida, em que as diversidades devem concorrer para formar uma „parábola de comunhão‟. Entre todas as criaturas, a obra-prima da Santíssima Trindade é a Virgem Maria: no seu Coração humilde e repleto de fé, Deus preparou para si uma morada digna, para completar o mistério da salvação. O Amor divino encontrou nela uma correspondência perfeita e foi no seu seio que o Filho Unigénito se fez homem. Dirijamo-nos com confiança filial a Maria para que, com a sua ajuda, possamos progredir no amor e fazer da nossa vida um cântico de louvor ao Pai, por meio do Filho no Espírito Santo.” (13)

Quantas palavras biblicamente embasadas Bento XVI expressou em referência

ao Deus triúno!! A doutrina trinitariana foi defendida pelo representante maior do catolicismo.

Mas, em seguida, equivocadamente, ele chamou Maria, mãe do Senhor de "obra-prima da

Santíssima Trindade", uma exacerbada veneração com ela, mesmo que admita que ela é

também uma criatura de Deus, mas uma pessoa na qual, inclusive, Deus encontrou uma

correspondência digna e perfeita do Seu próprio amor para poder gerar o Seu Filho. Mais

um equívoco: afirmar que Maria seria uma correspondente à altura para o amor

incondicional de Deus, por mais temende a Ele e consagrada que ela fosse.

Em seguida, Bento XVI, mesmo que inconscientemente, parece contradizer-se,

pois pede que nos dirijamos confiadamente a Maria, como seus filhos, para que ela nos

auxilie a viver de tal forma que o nosso viver seja um cântico de louvor ao Pai, por meio do

Filho, no Espírito. Em outras palavras, ao mesmo tempo que diz, equivocadamente, que

Maria é uma "mãe auxiliadora" para os cristãos, diz, acertadamente, que por meio de Cristo

e no Espírito a nossa vida será como um cântico de louvor ao Deus Pai.

O Papa Bento XVI, portanto, ensina a Trindade corretamente até certo ponto,

pois insere Maria, mãe do Senhor como se participasse da Divindade de alguma forma. O

problema não foi que ele incentivou a idolatria abertamente, mas, ao incentivar a busca por

Maria, ele incentivou o ritual de invocação ou consulta aos mortos, o que é abominável a

Deus. Mas, deixando essa discussão e prosseguindo com o estudo, vejam ainda as figuras

19-B, 19-C e 19-D como complementação do que acabamos de mencionar como

"representação idólatra da Trindade":

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Prossigamos, então, com mais algumas imagens. Em um site de conteúdo

espírita, que evidentemente crítica a Trindade, encontramos a seguinte figura:

Voltando ao site http://www.adventistas.com, encontramos ainda uma discussão

sobre um folheto que foi distribuído pela Igreja Cristã Bíblica Adventista. O artigo chama-se

“Novo Folheto A-Trinitariano da ICBA-Igreja Cristã Bíblica Adventista”. Não seria possível

transcrevermos toda a discussão, mas iremos apenas mostrar a figura utilizada para

representar a Santíssima Trindade neste folheto:

A imagem acima, portanto, possui os mesmos problemas de simbologia que já

asseveramos e também requer discernimento para não ser confundida com o verdadeiro

Deus triúno. Sem mencionar que mostra Cristo não ressurreto, mas ainda na cruz,

parecendo derrotado, outro problema que surge em várias outras representações que

veremos mais adiante.

O mesmo site possui uma crítica a uma imagem da Trindade sugerida pela

Divisão Sul Americana da IASD (Igreja Adventista do Sétimo Dia):

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“Parte 9 – Didática Trinitariana. Todo Adventista do Sétimo Dia conhece muito bem esta parte da Bíblia [referindo-se à Deuteronômio 4:15-18, texto que estudamos no fim da postagem anterior e estudaremos no fim da próxima também]. O tempo em que ninguém se atrevia a representar Deus, o Pai através de uma ilustração ficou para trás, pois a Divisão Sul Americana da IASD recentemente preparou uma série de Estudos Bíblicos ilustradas em PowerPoint onde se pode ver o seguinte:” [citação entre colchetes de nossa parte]

Ora, as críticas têm fundamento, pois sabemos que a figura acima é mais uma

mera simbologia, e ruim por sinal. Afinal, sabemos (e veremos posteriormente) que Cristo é

a imagem do Pai e quando se fala do Senhor Jesus "à destra do Pai" é apenas uma

simbologia, transparecendo o lugar de honra máxima que Cristo obteve ao morrer e

ressuscitar, mas não ocorre como na figura acima, como se o Pai sentasse no trono e Cristo

em uma posição inferior, ficasse intercedendo por nós.

Cristo não está, literalmente falando, nem ao lado e nem à frente e nem atrás do

Pai, Ele está com o Pai em total comunhão de essência. Sim, Cristo intercede por nós ao

Pai, mas, na verdade, Cristo está no trono, o Pai está no trono, pois Deus reina soberano

em Seu trono. Quem vê Cristo, vê também o Pai. Ambos são distintos, mas são um em

essência. E o Espírito Santo não é uma pomba que fica circulando pelo Paraíso enquanto

Cristo e o Pai dialogam. Posteriormente iremos detalhar um pouco mais essa realidade.

Talvez para alguns a figura supracitada possa servir para uma apresentação

didática da economia trinitariana (o que também veremos posteriormente), mas acreditamos

ser muito dificil sustentar biblicamente essa atitude, ela não parece razoável e sensata.

À exemplo das figuras 16 a 21, mesmo utilizando elementos bíblicos

individualmente contextualizados, a figura 22 é insuficiente para expressar a Trindade. (Obs:

Sugerimos ainda neste site a leitura da interessante discussão se Ellen White, a "profetiza"

fundadora do adventismo, apoiava a doutrina da Trindade ou não).

Vejamos ainda muitos outros exemplos de tudo o que verificamos até

agora sobre as analogias artísticas.

Temos, a seguir, portanto, as figuras 23 a 52 para complementação:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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8.8 OS PERIGOS DA IDOLATRIA

Vejamos algumas reclarações interessantes que nos recordam as

recomendações para a cuidadosa utilização de imagens dentro do catolicismo:

"[...] O CONTROLE DA IGREJA CATÓLICA SOBRE A PRODUÇÃO DE IMAGENS. Todo o poder que as imagens possuem, remetem inevitavelmente, segundo Jean-Claude Bernadet, ao poder da Igreja, que, ciosa de não perdê-lo, tende a manter um monopólio sobre a produção de imagens. As autoridades eclesiásticas têm exercido controle sobre os tipos de imagens utilizadas no culto cristão. Estas não podem ser inspiradas unicamente pelo esteticismo ou pela devoção popular exuberante, fantasista. Foi com esse pensamento que o Papa Urbano VIII, em 1628, condenou a representação da Santíssima Trindade sob forma de um tronco humano com três cabeças, e que, em 1745, Bento XIV rejeitou a cena de três pessoas sentadas uma ao lado da outra, para representar a Santíssima Trindade. Isso porque nunca o Espírito Santo apareceu sob forma humana. Foi também proibido pelo Papa Pío VI que as sagradas imagens, em particular as da Virgem Maria, recebessem outras denominações diferentes daquelas que a Igreja aprova e recomenda. Essa denominações são “temerárias, ofensivas aos ouvidos piedosos e injuriosa à veneração devida especialmente à bem-aventurada Virgem.” Para a Igreja, a arte cristã deve representar as Pessoas Divinas somente sob as formas pelas quais são citadas na Sagrada Escritura. A posição da Igreja Católica favorável às imagens não autoriza a representação direta de Deus, como uma das figuras da Santíssima Trindade. Em 1745, o Papa Bento XIV já afirmava através da Sollicitudini nostrae, citada por Denziger, que as imagens da Santíssima Trindade são temerárias e contrárias ao costume da Igreja, pois não existem imagens da Santíssima Trindade comumente aprovadas e que possam ser permitidas com segurança. A impossibilidade dessa representação será mantida pela Igreja por séculos. Durante todo o primeiro milênio as representações de Deus são extremamente raras na cristandade latina. Somente a partir do século XIII elas se tornam mais freqüentes e explodem no maneirismo e no barroco. Tanto para Kant quanto para Hegel, citados por Alain Besançon, “todas as imagens que se referem à Deus são justificáveis, mas nenhuma é verdadeira; só são verdadeiras em relação ao artista, não em relação a Deus [...]” (15 )

Vejam a que ponto chegou essa discussão do uso de imagens dentro dos

templos, inclusive no cristianismo protestante, no seguinte site:

http://caiafarsa.wordpress.com/imagens-em-templos-prostestantes.

Neste endereço acima, encontramos críticas ao protestantismo em resposta a

condenação bíblica contra a idolatria que tanto nós defendemos.

Em alguns casos apresentados, inclusive com fotos, é realmente verdade e é

preocupante, pois a Igreja evangélica (algumas denominações) está perdendo a noção da

sã doutrina biblica, mas em alguns outros casos relatados, é puro mal entendido e falta de

conhecimento do que é permitido e não no assunto das artes da pintura e escultura dentro

das igrejas, algo que foi praticamente banido das igrejas evangélicas, de forma radical

muitas vezes, para impedir qualquer aparência do mal, qualquer menção ou traço de uma

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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suposta e inconsciente idolatria. Por um lado é uma atitude sensata, mas infelizmente acaba

muitas vezes desestimulando a prática artística entre os cristãos, com exceção da música.

Quantas demonstrações religiosas nós podemos observar na época do natal,

nas festas juninas e julinas, nos feriados religiosos catóticos alusivos a algum “santo” e na

virada para o novo ano não é mesmo? Orações, rezas, petições por milagres, por um ano

de paz e prosperidade, saúde, etc. Quantas demonstrações de "fé" e devoção de inúmeras

formas e para vários "deuses" diferentes e em vários lugares, em templos, na rua, em casa,

olhando para as estrelas e até no mar.

Nosso objetivo neste momento é o de alertar a todos nós com respeito à

idolatria. O que vamos verificar aqui é um ensino puramente bíblico. Nada do que diremos

aqui estará fora do que qualquer pessoa de qualquer religião não tenha acesso a ler na

Bíblia. Mas, acreditamos que poucos terão condições de aceitar a verdade, mas pedimos a

Deus que toque em cada vida para que conheçam A Verdade.

8.8.1 O ÚNICO DEUS DIGNO DE ADORAÇÃO

O universo possui um Criador auto-suficiente, independente de Sua Criação,

ilimitado, infinito e que, consequentemente, não pode habitar em nada fabricado por nós,

Suas criaturas, e nem é semelhante a nada do que Ele mesmo criou (At 17:24-25; Is 66:1-

3). Este Criador não é semelhante ao ouro, à prata ou a algo produzido pela arte, fruto da

nossa imaginação (At 17:29). Aliás, Ele é o dono da prata e do ouro (Ag 2:8).

Mas, quem não conhece os Dez Mandamentos?

“Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo da terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR teu Deus, Deus zeloso.” (Êxodo 20:3-5b; comparem com Levítico 26:1 e Deuteronômio 4:15-18; 27:15).

Deus não aceita que nos curvemos a imagens de nada semelhante a tudo que

Ele mesmo criou, inclusive de um homem ou uma mulher (Jr 7:17-18; 44:15-17). Deus é

único, é o único Salvador (Is 43:11; 44:6-8; 45:14-16; 45:20-22) e não permite que a Sua

glória e honra sejam atribuídas a ninguém, por amor a Ele mesmo e para que o Seu Santo

nome não seja profanado (Is 42:8; 48:11).

Por tudo isso, Deus condena severamente a prática da idolatria, ela é pecado, é

uma das as “obras da carne” e seus praticantes não herdarão o Paraíso (Gl 5:19-21).

Pedro, apóstolo de Jesus, aclamado por muitos como o “primeiro Papa”

confirmou esta condenação. Aliás, ele usou o termo “idolatrias detestáveis” (1Pe 4:3;

comparem com Jr 16:18; Ez 7:20). O mesmo apóstolo Pedro não aceitou adoração para si

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Page 211: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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(At 10:25-26). E o apóstolo Paulo também não aceitou ser adorado (At 14:11-18). Mas,

muitas pessoas negligenciam estas verdades e adoram estes e outros apóstolos até hoje.

O fato é que não devemos prestar culto a pessoa alguma (Jo 12:43), nem aos

anjos (Cl 2:18-19; Ap 19:10; 22:8-9), nem a pinturas de ídolos (Ez 8:10-12), nem ao sol (Ez

8:16) ou outro elemento da natureza, que, por sua vez, apenas manifesta a glória do seu

Criador (Rm 1:18-23).

8.8.2 A INSENSATEZ DA IDOLATRIA

Parece ser mais sensato e lógico, portanto, prestarmos a devida glória e honra a

ao Criador do que a ídolos, imagens de coisas criadas, pois, eles...

“...têm boca, e não falam; têm olhos, e não vêem; têm ouvidos, e não ouvem; têm nariz, e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta” (Sl 115:1-7; comparem com Sl 96:5; 135:15-18).

Ponderemos: Como é possível racionalmente se prostrar diante de algo feito por

mãos humanas (Jr 16:20; Dn 5:22-23), mesmo feitos com dedicação e habilidade? (Is 2:8;

40:17-20; 41:7; 44:9-21). Nós somos limitados pecadores (Sl 39:4; 103:14; Jr 17:9; Mc 7:21-

23). Como poderíamos construir o nosso próprio deus? (Os 13:2-4). Algo fabricado por

mãos imperfeitas poderia ser perfeito? (Hc 2:18-19). Poderíamos confiar em um deus que

nem sabe fazer chover? (Jr 14:22). As imagens de ídolos são chamadas de “obra ridícula”

que envergonha quem a produziu (Jr 51:17).

Todas as advertências contra a idolatria são para que quando Deus, pela Sua

infinita graça e misericórdia trouxer bênçãos aos seres humanos, elas não sejam atribuídas

aos ídolos (Is 48:5-6). Será que ficaríamos esperando sermos livres de um problema por um

ídolo mudo, limitado, que precisa de ajuda até mesmo para ser carregado? (Jr 10:3-16; 1Co

12:2). Mas, muitos adeptos da idolatria asseveram que não são idólatras, pois, segundo

eles, não adoram a uma imagem de um santo, eles a veneram, é apenas uma lembrança de

alguém santo e que realizou milagres, como os apóstolos (16). Mas, já afirmamos

anteriormente que os apóstolos não aceitaram serem adorados. E mais: quando se pede

algo para uma imagem, a pessoa está realizando petições para alguém que já morreu e

consultar os mortos também é pecado. Sim, os apóstolos realizaram milagres, mas foi em

nome de Jesus e foi enquanto estavam vivos.

"...acaso não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos?” (Is 8:19b; vejam também Lv 19:31; 20:6; Dt 18:9-14).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Como poderíamos, por exemplo, nos prostrar diante da imagem de um ser

humano que é pecador, por mais brilhante e religioso que tenha sido em vida? Mesmo

porque os mortos não podem voltar para nos ajudar (Hb 9:27; Lc 16:19-31) e consultá-los

também é abominação (Is 8:19b; Lv 19:31; 20:6; Dt 18:9-14). Ademais, só Jesus Cristo é o

Mediador entre Deus e os seres humanos (Jo 14:6; At 4:12; 1Co 3:11; 1Tm 2:5).

Com a idolatria, resusamos ouvir a voz de Deus (Jr 11:10), viramos as costas

para Ele (1Rs 14:7-9; Jr 2:11,26-28; 19:4; Ez 23:30,35), provocamos a Sua santa ira (Jr

8:19; 25:6) e nos tornamos passíveis de Sua justa punição (Ez 6:4-13; 7:19-21; 11:21). Já

imaginaram ouvir de Deus: “Vocês vêm agora clamar a mim?! Os seus ídolos que te livrem!”

(Is 57:13; Ez 14:2-5). Nem adianta elevarmos nossos louvores e cânticos a Ele se formos

idólatras (Am 5:21-27). A idolatria é tão abominável que pode fazer com que tenhamos nojo

de nós mesmos (Ez 6:9; 20:43).

8.8.3 SATANÁS E A IDOLATRIA

A idolatria choca profundamente o coração amoroso de Deus: pessoas zelosas,

honestas e inteligentes, que Ele ama tanto, se prostrando diante de ídolos, de imagens sem

vida, ao invés de adorar o Deus vivo e verdadeiro: Uma imagem refletida de uma

humanidade longe de Deus.

E já que a idolatria é condenada por Deus (At 15:20,29; Ap 2:14), obviamente

Ele não está presente e nem satisfeito com rituais idólatras. Sendo assim, os inimigos de

Deus, o diabo e seus anjos malignos, desejando adoração para si mesmos, para desviar de

Deus a glória que Lhe é devida, fazem com que ingênua e involuntariamente os zelosos

devotos de imagens se associem à eles, aos demônios e não a Deus (1C 8:4,7; 10:14,19-

20; Ap 9:20). O diabo e seus anjos são manipuladores astutos (Jo 8:44; Ef 2:2; 6:11; 1Tm

4:1). Isso é muito sério. O diabo é mentiroso (2Ts 2:9-10), ele vive pecando desde o início

(1Jo 3:8), Desde o Éden, quando ele enganou Eva com o velho questionamento enganador:

“Será que foi assim mesmo que Deus disse?” (Gn 3:1-7) nele não existe qualquer traço de

verdade. Ele é astuto e enganador (2Co 11:3). Satanás astutamente arma ciladas e

tentações:

“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo” (Ef 6:11). “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém para devorar.” (1Pe 5:8; comparem com 1Ts 3:5; Tg 4:7).

Mas, isso não é o pior, quando ele age, ele o faz com conhecimento das

Escrituras Sagradas, porém, deturpando a verdade em causa própria, como quando tentou

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Page 213: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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o Senhor Jesus no deserto (Mt 4:1-11). Satanás atua nos filhos da desobediência, ou seja,

pessoas que são desobedientes por natureza (Ef 2:2), ele cegou o entendimento dos

incrédulos para que não resplandeça neles a glória do evangelho de Jesus (2Co 4:3-4). O

diabo e os demônios têm o poder de se disfarçar em anjos de luz, de ministros de justiça:

“E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras.” (2Co 11:14-15).

O diabo é o príncipe da potestade do ar (Ef 2:2), ele e os demônios estão nas

chamadas regiões celestes (Ef 6:12). As nações da Terra estão debaixo da influência de

Satanás, pois a Bíblia afirma que ele é o príncipe deste mundo (Jo 16:11), que o mundo está

sob o poder do maligno (1 Jo 5:19), que o diabo é o enganador das nações (Ap 20:3) e que

ele pode arrebatar a Palavra de Deus que foi “semeada” no coração das pessoas (Lc 8:12).

Quando enfrentou a incredulidade dos judeus, O Senhor Jesus os exortou por estarem

sendo influenciados pelo diabo, o pai da mentira (Jo 8:44).

“Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque são incapazes de ouvir a minha palavra. Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe aos desejos. Ele é homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira.” (Jo 8:43-44).

No livro de Atos dos Apóstolos, temos um exemplo do engano de Satanás. No

capítulo 19, vemos que muitos efésios estavam preocupados, pois o evangelho de Cristo,

pregado por Paulo estava ameaçando não só o rentável comércio idólatra (vv. 23-25), como

a crença na deusa Diana (v. 26), a qual era adorada não só na Ásia como no mundo da

época (v. 27). Diante desta realidade, a cidade de Éfeso foi tomada por um grande tumulto e

os seus cidadãos, tomados de um zelo pela sua deusa, se dirigiram para o teatro local,

levando consigo os macedônios companheiros de Paulo, Gaio e Aristarco (vv. 27-29). Paulo

foi impedido se apresentar nesta assembléia devido ao risco que ele poderia estar correndo

(vv. 30-31). Vamos seguir, então, na narrativa de Lucas:

“Uns, pois, gritavam de uma forma, outros de outra, porque a assembléia caíra em confusão. E na sua maior parte nem sabiam por que motivo estavam reunidos. Então tiraram Alexandre dentre a multidão, impelindo-o os judeus para frente. Este, acenando com a mão, queria falar ao povo. Quando, porém, reconheceram que ele era judeu, todos a uma voz gritaram por espaço de quase duas horas: Grande é a Diana dos efésios!” (vv. 32-34).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Aqui podemos observar as reações inflamadas deste povo idólatra. A reunião se

tornou uma completa confusão devido ao grande impacto que o evangelho obteve naquela

região. O versículo seguinte afirma:

“O escrivão da cidade, tendo apaziguado o povo, disse: Senhores efésios, quem, porventura, não sabe que a cidade de Éfeso é a guardiã do templo da grande Diana, e da imagem que caiu de Júpiter?” (v. 35).

Percebemos neste versículo a astúcia de Satanás por trás do culto que eles

prestavam à deusa Diana. De alguma forma os efésios haviam encontrado uma imagem,

possivelmente com rosto de mulher, a qual passaram a idolatrar e de alguma forma tinham a

crença de que a mesma era originária do planeta Júpiter. Não é preciso muito esforço para

imaginar que Satanás havia disseminado entre o povo essas mentiras. No Brasil sabemos

que ocorre o mesmo hoje em dia, com a conhecida imagem idolatrada, que foi encontrada

em um rio. Poderíamos citar inúmeros exemplos de pessoas que caem nas mentiras de

Satanás e organizam crenças, heresias e seitas a partir de então.

A idolatria “cega” o entendimento dos seres humanos. Também em Atos temos

um exemplo disso (capítulo 14). Após uma cura realizada por Deus através do apóstolo

Paulo em Listra (vv. 8-10), as pessoas gritavam “os deuses, em forma de homens, baixaram

até nós” (v. 11) e deram a Barnabé o nome de Júpiter e a Paulo, Mercúrio (v. 12) e queriam

oferecer-lhes sacrifícios (v. 13), o que os apóstolos rejeitaram, afirmando serem humanos e

falhos e pregaram acerca de Deus e de Seu poder e provisão através dos séculos para com

os homens (v. 14-18).

O apóstolo Paulo já havia advertido que surgiriam pessoas que não suportariam

a doutrina bíblica e se entregariam às fábulas, aos ensinamentos baseados apenas em

tradições humanas e à doutrina de demônios (Cl 2:8; 1Tm 4:1-2; 2Tm 4:3-4; comparem com

Mt 24:23-24; Ef 2:2; 6:12; 2Ts 2:9-10). Não podemos acreditar ao mesmo tempo em Deus e

nos ensinos de demônios (1Co 10:21-22; cf. 2Co 6:14-18; comparem com 1Rs 18:21; Sf 1:5;

Mt 6:24).

8.8.4 CONCLUSÕES SOBRE A IDOLATRIA

No entanto, as pessoas que não se prostram diante de imagens não pensem

que estão livres da idolatria: há outra imagem que choca a Deus: A escravidão ao dinheiro e

aos bens materiais, um pecado que nos desvia de Deus e de Sua vontade para a nossa vida

(Lc 12:15-21; 1Tm 6:6-10). Tudo isso porque para Deus avareza também é idolatria (Ef 5:5;

Cl 3:5). Vamos repetir: AVAREZA É IDOLATRIA!! Portanto, devemos fugir da idolatria (1Co

10:14), “nos guardar dos ídolos” (1Jo 5:21).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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E pelo fato de Deus ser totalmente santo e não tolerar a presença do pecado (Hc

1:13; Êx 33:17-23), os praticantes de idolatria não herdarão o Paraíso, não poderão

desfrutar de Sua presença eternamente (Ap 22:15; Gl 5:19-21). Portanto, sejamos de qual

religião formos, devemos ter cuidado para evitar a idolatria, seja através de imagens de

ídolos ou pelo exagerado apego aos bens materiais, antes que seja tarde demais.

É de suma importância atentarmos para três verdades, para complementarmos

tudo o que já afirmamos desde o artigo anterior:

1ª) DEUS NÃO É CONTRA A ARTE E A CONSTRUÇÃO TRABALHADAS EM

MADEIRA E PEDRAS PRECIOSAS, mas não devemos utilizar a criatividade dada por Ele,

para edificarmos algo que ocupe o Seu lugar de glória e honra em nosso coração (Êx 31:3-

6; 1Rs 4:29-34; 7:1-51; 8:1-66; 9:1-9; Tg 1:17);

2ª) DEUS NÃO É CONTRA AS RIQUEZAS, mas devemos honrar a Deus com

os nossos bens materiais e não honrar os nossos bens primeiramente e nos esquecer de

Deus (1Rs 3:11-13; 10:23-25; Pv 3:9-10; Ec 5:19); e

3ª) DEUS NÃO É CONTRA PRESTARMOS HONRAS E HOMENAGENS

àquelas pessoas que as merecem, só não podemos exaltá-las e cultuá-las como deuses ou

superestimá-las ao ponto de desviar para elas a glória que deve ser para Deus (Rm 13:7;

Fip 2:29; 1Pe 2:17). Nossas homenagens não podem ser usadas de tal maneira que sejam

um instrumento para invocar pessoas já falecidas, que foram importantes e que devem ser,

sim, homenageadas e lembradas, mas não invocadas, pois invocar e consultar os mortos é

abominação diante de Deus, mesmo porque este contato com os mortos é impossível

(vejam todas estas referências: Lv 19:31; 20:6; Dt 18:9-14; Is 8:19; 26:13-14; Ec 3:19-22; Lc

16:19-31; Jo 5:26-29; 1Co 15:12-44; Hb 9:27; Ap 20:11-13).

Muitas destas ilustrações que estudamos podem servir de útil exposição bíblico-

didática do que o Deus triúno operou na história, inclusive sempre colocando Cristo ao lado

direito do Pai e neste ponto estas pinturas não estão equivocadas, desde que não insinuem

nenhuma heresia, evidentemente, como é o caso daquelas pinturas que incluem Maria

como participante da Divindade, como intercessora.

Contudo, como já afirmamos, é preciso muito cuidado para que não caiamos no

gigantesco equívoco de acreditar que essas ilustrações representam a imagem do Deus que

adoramos e servimos. Isso é um claro engano idólatra e uma ilusão herética.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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8.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE AS ANALOGIAS PARA A TRINDADE

Como já concluímos anteriormente, é impossível expressar a Trindade

graficamente com um nível de acerto de 100%. Mas, alguns diagramas (como as analogias

gráficas), podem ser didaticamente úteis para estudarmos a Trindade em um nível

elementar de compreensão.

Recordando todos os exemplos que vimos, é preciso destacar a figura 38,

bastante interessante, se formos admiti-la como uma representação do que veremos ao

chegar no Paraíso, ou seja, seremos recebidos amavelmente pelo Senhor Jesus e o Pai e o

Espírito Santo estarão presentes, todos em comunhão de essência uns com os outros, mas,

segundo muitos estudiosos, o Pai e o Espírito não serão vistos, apenas Cristo, pois Cristo é

Deus, é a encarnação e a imagem do Deus invisível. Quem vê a Cristo, vê o Pai.

Destacamos também as figuras 31 e 51, realmente muito belas artisticamente

falando e, por sua vez, não usaram diretamente todas as imagens dos personagens e dos

eventos bíblicos como vimos nas demais figuras. Essas duas figuras foram mais discretas

em relação a esta questão. Ademais, é digno de nota e destaque a grande criatividade e a

habilidade de todos os artistas que estiveram empenhados na produção de todas estas

obras. Deus nos deu inteligência, habilidades e talentos para serem usados. Mas,

infelizmente, muitas destas representações precisam e devem ser evitadas por nós cristãos

protestantes devido ao engano doutrinário, a ilusão religiosa e a heresia idólatra a que

muitas podem nos levar.

“Guardai, pois, cuidadosamente, as vossas almas, pois aparência nenhuma vistes no dia em que o SENHOR vosso Deus vos falou, em Horebe, no meio do fogo; para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem esculpida na forma de ídolo, semelhança de homem ou de mulher; semelhança de algum animal que há na terra; semelhança de algum volátil que voa pelos céus; semelhança de algum animal que rasteja sobre a terra; semelhança de algum peixe que há nas águas debaixo da terra.” (Dt 4:15-18). “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Sendo, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata, ou à pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem.” (At 17:24,29; comparem com Is 40:18-25).

A essência ou a aparência do Criador e Senhor do universo não pode ser

confundida com qualquer coisa que Ele mesmo criou. Ela não pode ser refletida por meras

expressões artísticas humanas, por melhor que seja a intenção. Deus não está limitado há

um local ou um objeto. Portanto, é contrário à vontade dEle que oficializemos algum tipo de

figuração de Seu Ser, seja qual for. Isso seria pecado.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Mas, por que todas as analogias, sejam de quaiquer tipos, são insuficientes?

Ora, já vimos que o Espírito Santo não é uma pomba, Ele se apresentou em forma corpórea

como uma pomba apenas no batismo de Cristo e não existe nenhuma outra menção bíblica

de que Ele repetiu ou repetirá esse comportamento. O Pai é espírito, Ele não é um velhinho

de barbas e cabelos brancos que vive sentado em um trono em uma nuvem qualquer.

“[...] Ancião de Dias é a expressão usada para designar o Juiz na cena escatológica de Daniel 7:9, 13 e 22. Daniel não enxerga em sua visão o Eterno Deus, mas um idoso homem em cuja figura Deus se faz visível, uma vez que ele repreenta o verddeiro Deus como um velho homem. Deus não é chamado o velho Deus, mas é tipificado tão somente por um velho homem, por motivo diversos, dentre os quais o fato de que o idoso supõe respeito. Seu manto e cabelo igual à pura lã são símbolos de santidade e pureza sem mancha [...]” (14)

Cristo, sim, além se Sua natureza divina, possui a natureza humana, Ele pode

ser visto em forma humana e sempre será, mas não podemos afirmar como é essa

aparência com exatidão plena. Aliás, Cristo é a imagem do Pai, que é espírito, Ele é a

expressão exata do Pai. Quem vê a Cristo, vê o Pai, que está em comunhão de essência

com o Filho, e quem vê a Cristo, pode ter a certeza de que o Espírito Santo, obviamente,

está presente com o Senhor Jesus, pois também é espírito, como o Pai, e também está em

comunhão de essência com o Filho. Tanto o Pai, como o Filho e o Espírito Santo são

onipresentes e indivisíveis, cada pessoa da Trindade sempre está habitando junto com as

demais em qualquer lugar do universo. Quando alguém recebe a Cristo, também recebe o

Espírito Santo e obviamente o Pai está presente também, pois Deus é sempre um (Jo 10:30;

14:9-11, 20-23; Rm 8:9-11; 1Jo 2:23; 3:21-24).

Prezados irmãos, amigos e leitores, Deus é único. Nós nunca, jamais, quando

pensarmos em Deus e até mesmo quando finalmente pudermos comtemplá-Lo face a face,

veremos três seres separados, muito menos, um idoso de cabelos brancos, uma pomba e

um rapaz com uma cruz ou uma coroa de espinhos ou até mesmo uma criança. Isso é um

pensamento ilusório, herético e ridículo. Deus nunca se dividiu ou se separou em duas ou

três pessoas ou seres literalmente falando. Quando Cristo esteve na terra e falava do Pai

que estava no Céu e do Espírito que "viria" ou "seria derramado", ou, como já afirmamos,

que Cristo está à direita de Deus Pai, tudo isso é um arcabouço doutrinário correto, mas

está repleto de simbologia, são apenas maneiras didáticas para que nossa limitada

humanidade consiga compreender um pouco das verdades divinas.

A diferença existente na essência divina indivisível está exatamente na

funcionalidade trinitariana, devido a divisão de tarefas na economia do ser de Deus, ou seja,

a divisão de funções que cada uma das três co-existências de Deus possui (veremos mais

detalhes posteriormente).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Mesmo que as pessoas da Trindade sempre estejam em união de essência,

habitando umas com as outras misteriosamente, cada uma possui algumas atribuições (e

não atributos) diferentes. Todas estas pinturas e esculturas que vimos anteriormente devem

ser consideradas por nós como meras simbologias da nossa fé em Deus, mas nunca uma

representação 100% fiel de quem Ele é e muito menos elas podem ser consideradas como

alvo de nossa adoração. Devemos adorar e servir ao único e verdadeiro Deus, que é

invisível, e não uma imagem ou pintura.

Que Deus nos abençoe. Inclusive, que Ele abençoe com discernimento espiritual

todas aquelas pessoas envolvidas com a idolatria para que venham a se libertar e venham

adorar tão somente o Deus vivo e verdadeiro. Amém.

Encerrando, portanto, que o nosso único e verdadeiro Deus, o Deus triúno seja

glorificado para todo o sempre. Amém.

_____________________________________________________________________________________________________

DESEJO IR PARA: (click no link desejado para se locomover com mais rapidez pelo nosso estudo) SOBRE O AUTOR - ÍNDICE – APRESENTAÇÃO – AGRADECIMENTOS – DEDICATÓRIA - ABREVIATURAS – PREFÁCIO -

Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 – 13 – BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________

NOTAS: (01) “Teologia Sistemática” (p. 176) (02) (fonte de inspiração deste item: Ministério de Pesquisa e Apologética Cristã - www.carm.org/Portugues/index.htm). Compare com uma crítica sobre o assunto em http://simplesmente.com/2009/06/01/poder-de-deus). (03) (os exemplos referentes aos três elementos da natureza foram inspirados em matéria do Ministério de Pesquisa e Apologética Cristã- www.carm.org/Portugues/index.htm). Comparem as analogias cosmológicas com http://logoshp.6te.net/trim.htm (04) (A. H. Strong - “Teologia Sistemática, Vol. I”, p. 509). (05) (Livro: “Teologia Sistemática”, p. 189). (06) (Agostinho, citado na História da Igreja Cristã, Volume 3, de Philip Schaff, Seção 130, página 672). (07) artigo “Uma Breve Definição da Trindade” (vejam o estudo completo em http://www.monergismo.com/).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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(08) (artigo “A Doutrina da Trindade”, Pr. Isaías Lobão Pereira Júnior: http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_isaias.htm) (09) artigo “A Divina Trindade” (fonte: http://www.monergismo.com/?secao=trindade). (10) (Livro: “Teologia Sistemática”, p. 84). (11) (“As institutas da Religião Cristã – Um Resumo”, p. 59). (12) (fonte: http://www.monergismo.com/textos/trindade/breve_definicao_trindade_white.htm). (13) (Angelus; Domingo, 11 de Junho de 2006 - fonte: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/angelus/2006/documents/hf_ben-xvi_ang_20060611_po.html). (14) Pr. Ismael Andrade Leandro (livro “O Filho do Homem”, p. 29) (15) (fonte: http://www.artesacra.art.br/historia_da_iconografia.php). (16) Vejam, declarações deste tipo, por exemplo no seguinte endereço: http://www.basilicadocarmocampinas.org.br/os_santos_maria_imagens_idolatria.htm.

Fontes de pesquisa das imagens 12 a 52: 05: Figura inspirada no livro “Seitas e Heresias - um sinal dos tempos” de Raimundo F. de Oliveira, p.156). 06: O escritor Aldo Meneses utilizou figura semelhante em seu livreto “As Testemunhas de Jeová e a Trindade” – p. 21, que foi extraída da obra “Teologia cristã em quadros”, de H. Wayne House, São Paulo: Vida, 1999, p.53). 06-D (fonte: http://sociedadeapostolado.blogspot.com/2009/06/domingo-da-santissima-trindade.html) - Vejam ainda em (http://triunitas.blogspot.com/2007/11/santssima-trindade.html). 06-E (fonte: http://lifeconsulting.multiply.com/photos/album/99/OS_ESCOLHIDOS) 08: Essa figura – sem as legendas, que são de minha parte - foi utilizada no artigo “Como Explicar a Trindade?” de Dennis Allan – http://www.monergismo.com/ e pode ser encontrada também no site http://www.estudosdabiblia.net/bd811.htm). 08-B (fonte: http://allaboutgod.ning.com/group/whydoyoubelieveinthetrinity?xg_source=activity) - Vejam ainda em: (http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/File/imagens/3ensino_religioso/3triqueta1.jpg). 08-C (fonte: Igreja Luterana: http://celbp.blogspot.com/2009/06/santissima-trindade.html) 08-D (fonte: http://triunitas.blogspot.com/2007/11/santssima-trindade.html) 09 (fonte: http://www.adventistas.com/janeiro2003/tipo_trindade_3.htm). 10: Wayne Grudem utilizou uma figura com o mesmo princípio das linhas pontilhadas na obra “Teologia Sistemática” p. 189). 10-B (fonte: http://indonesia.faithfreedom.org/forum/woi-wong-kafir-mari-kita-berdebat-jumlah-tuhan-t21059/page240.html) 12 (confiram mais detalhes no endereço: http://www.naveluz.arq.br/santissi.htm). - (Comparem com http://guiagratisblog.com/o-que-e-santissima-trindade-e-corpus-christi e com http://www.temmais.com/blog/cassiasalvajoli/?param=0109 e http://www.artesandra.com.br/universalista_6.html). 13 (http://www.adventistas.com - Comparem com http://webspace.webring.com/people/so/oguata1/trindade.htm). 14 (Bullarium Rom., p. 318)- Citado em: "Modernistic Art and Divine Worship- http://www.petersnet.net/browse/3141.htm) - (fonte: http://www.arquivoxiasd.com.br/). 15 (fonte: http://veja.abril.com.br/vejarj/090604/patrimonio.html). 15-B, 15-C e 15-D http://imagenscatolicas.blogspot.com/2008/07/santissima-trindade.html) - (Comparem com http://ittanoticias.arautos.org/2010/09/09/sao-pedro-claver-o-escravo-dos-escravos/?paged=6 e com http://marciacsilva.wordpress.com/2009/01/16/minha-viagem-a-cuba-7). 16 (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Paroquial_de_Nossa_Senhora_da_Vict%C3%B3ria) 17 http://www.mgr.org/trinPort1.html) - Comparem com http://www.paginaoriente.com/anoeclesiastico/trindadesanta.htm). 18 http://www.acidigital.com/fiestas/trindade/papa.htm) 19 (fonte: http://www.fatima.com.br/interna_exibe.asp?ct=0&mn=59&id=1194&nt=1206) [confira no site para mais detalhes sobre a significação de cada elemento da pintura]. 19-B (imagem do “divino Pai Eterno” - http://www.permutalivre.com.br/248041/divino-pai-eterno-santissima-trindade-imagem-catolica-de-gesso-artesanato-sao-paulo.html). 19-C (fonte: http://imagenscatolicas.blogspot.com/2008/07/santissima-trindade.html). 19-D (fonte:: http://blig.ig.com.br/rccsume/2010/05/30/solenidade-da-santissima-trindade-e-coroacao-de-maria). (20: http://www.sitepalace.com/espiritismoehcristao/trinpaga.htm) 21 (http://www.adventistas.com) Vejam ainda sobre figura 22, mais um debate no seguinte site: http://adventistas-bereanos.com.br/maio2004/idololatriamodernaparteI.htm. 23 (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Trinity.jpg). 24 (fonte: http://caminho.perfeito.zip.net/images/santissima_trindade.jpg). 25 (fonte: http://3.bp.blogspot.com/_H7SvRrYDc0M/SivFvg0Hk_I/AAAAAAAAAbo/FUpoHmxB_98/s400/santissima+trindade.jpg). 26 (fonte: http://files.eflog.net/fotos/img248558_sstrindade.jpg). 27 (fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/archive/4/41/20090122145349!Adora%C3%A7%C3%A3o_da_Sant%C3%ADssima_Trindade.jpg). 28 (fonte: http://www.cantodapaz.com.br/images/santissima_trindade_evangelho.jpg). 29 (fonte: http://imagenscatolicas.blogspot.com/2008/07/santissima-trindade.html). 30 (fonte: http://pt.photaki.com/picture-azulejo-da-trindade-almensilla_57832.htm). 31 (fonte: http://allaboutgod.ning.com/group/whydoyoubelieveinthetrinity?xg_source=activity). 32 (fonte: http://fradesestudantesofm.blogspot.com/2010/05/solenidade-da-santissima-trindade.html). 33 (fonte: http://coroinhaspsj.blogspot.com/2010/05/santissima-trindade-domingo-apos.html). 34 (fonte: http://aartedafuga.blogspot.com/2006/02/representao-hertica.html) - (Vejam também uma gravura semelhante em: http://www.oracoes.info/trin07.html). 35 (fonte: http://anjosdeadoracao.blogspot.com/2009/06/santissima-trindade.html). 36 (fonte: http://messiah.sites.uol.com.br/Fe/capitulo24.html). 37 (fonte: http://www.cantodapaz.com.br/blog/meditacao-com-som-e-imagem/santissima-trindade/partituras-santissima-trindade). 38 (fonte: http://rainhadapazmensagens.blogspot.com/2009_06_01_archive.html). 39 (fonte: http://catequeseconsolata.blogspot.com) 40 (fonte: http://viladocarvalho.blogspot.com/2009/06/santissima-trindade.html).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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41 (fonte: http://www.paroquia-smbelem.pt/mdom2008/SMBelem_mdom_2008_10_26.html). 42 (fonte: http://blog.comunidades.net/filipinho/index.php?op=arquivo&idtopico=98584). 43 (fonte: http://mafaoli.blogspot.com/2007/06/mistrio-santssima-trindade.html). 44 (fonte: http://o-povo.blogspot.com/2009/06/domingo-da-santissima-trindade.html). 45 (fonte: http://novo.coracaodemaria.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=108:santissima-trindade&catid=38:artigos&Itemid=58). 46 (fonte: http://www.inglesnosupermercado.com.br/o-trio-barra-de-cereal-arrebentou-em-show-para-milhares-de-pessoas). 47 (fonte: http://www.edisal.salesianos.pt/j155/index.php?option=com_content&view=article&id=827:lectio-ssma-trindade&catid=14:il&Itemid=121). 48 (fonte: http://www.derradeirasgracas.com/2.%20Segunda%20P%C3%A1gina/As%20Devo%C3%A7%C3%B5es/1.%20DEVO%C3%87%C3%95ES%20A%20DEUS%20PAI/ORA%C3%87%C3%83O%20DO%20TRIS%C3%81GIO%20%C3%80%20SANT%C3%8DSSIMA%20TRINDADE.htm). 49 (fonte: http://fatimapedropaulo.blogspot.com/2010/05/santissima-trindade.html). 50 (fonte: http://fatimacuruca.blogspot.com/2010_05_01_archive.html) - Vejam também: http://www.artesacris.com/portal/index.php?id=1550). 51 (fonte: http://flog.clickgratis.com.br/sstrindade/foto/grupo-santissima-trindade/248827.htm). 52 (fonte: http://mais.uol.com.br/view/g3c5axuhakz8/a-santissima-trindade-0402183470CCC12366?types=A&amp Vejam muitas outras figuras complementares àquelas vistas neste estudo: http://www.metodista.br/ppc/correlatio/correlatio05/devocao-e-romaria-a-santissima-trindade-um-olhar-simpatico-na-perspectiva-de-paul-tillich http://www.artfinding.com/Artwork/Paintings/Seguidor-de-Martin-de-Vos/La-Sant%C3%ADsima-Trinidad/4988.html?LANG=po http://www.altiplano.com.br/0809astrindade.html http://marcosgrossi.com.br/fotos_casamento_jau_sao_paulo_sp/72157615241571250/1/16/3353735920 http://catequese1.blogspot.com/2009/06/santissima-trindade.html http://www.snpcultura.org/pedras_angulares_santo_hilario.html http://movimentomensagemfatima.blogspot.com/2009/06/santissima-trindade-gloria-ao-pai-ao.html http://jmvalferrarede.blogspot.com/2009_06_01_archive.html http://www.reflexos-da-alma.com/novena_santissima_trindade.html http://blogdomateus.blogs.sapo.pt/2010/06/03/ http://www.livrariaspirit.com/catalog/index.php?cPath=182_74_40 http://tactiboqueando.blogspot.com/2009_08_14_archive.html http://presentepravoce.wordpress.com/2009/08/12/domingo-da-santissima-trindade/ http://www.hynet.com.br/saojose/2.htm http://www.vipartadesivos.com.br/plotado.htm http://www.revistamuseu.com.br/emfoco/emfoco.asp?id=3350 http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/viewcat.php?cid=0&letter=T&min=590&orderby=titleA&show=10 http://www.dac.ufsc.br/artes_visuais_humanidade_jornal.php http://lh4.ggpht.com/_DkTKQT1L91E/R-m8XlGV-UE/AAAAAAAAEPg/pL1YEGgUBSE/s144-c/SantissimaTrindade.jpg http://radioperegrinos.com/?p=115 http://www.planetanews.com/produto/L/65884/teologia-da-santissima-trindade--a-donizete-jose-xavier.html http://www.panama.adm.br/panama/index.php/divino-pai-eterno http://www.misericordiadivina.com.br/departamento/51522/Livros http://30porcento.com.br/detalhes.php?proc=857430154x http://www.saosebastiaodoiririu.com.br/santissima.php http://www.ansiao.net/ccouce02.htm http://rccsjc.com.br/CLIPARTS/DEFAULT.ASP http://www.asj.org.br/educacao_artigos.asp?codigo=4991&cod_curso=143 Para se ter noção como o termo "Santíssima Trindade" se tornou mal utilizado na sociedade, algumas vezes para diversos setores da atividade humana, outros até mesmo com conotação blasfema ou satírica e muitas vezes sem conhecimento alguma da doutrina trinitaria, vejam: http://teteraconsultoria.com.br/blog/a-santissima-trindade-da-tecnologia http://satiro-hupper.blogspot.com/2008/11/santssima-trindade.html http://www.ascoisas.com/2007/07/seres-superiores.html http://www.federacaopr.com.br/index.php?system=news&news_id=407&action=read http://vicentesardinha-vicente.blogspot.com/2007/07/santssima-trindade-da-escola-franco.html http://www.prosaepolitica.com.br/2009/11/24/santissima-trindade/ Comparem ainda com: http://palotinos.blogspot.com/2009/06/domingo-da-santissima-trindade.html http://iamiampequenosegrandesmissionarios.blogspot.com/2010/05/santissima-trindade.html http://messiah.sites.uol.com.br/Fe/capitulo22.html http://www.quiosqueazul.com.br/2009/05/festa-da-santissima-trindade.html Para complementar o nosso estudo, acessem os seguintes links: http://pt.wikipedia.org/wiki/Idolatria http://www.vivos.com.br/318.htm http://www.cacp.org.br/catolicismo/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=118&menu=2 http://www.estudosdabiblia.net/esc11_04.htm http://www.chamada.com.br/mensagens/idolatria.html

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A história da doutrina trinitariana

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9.1 A DOUTRINA TRINITARIANA É UMA INFLUÊNCIA DO PAGANISMO?

uitas pessoas acusam a doutrina trinitariana de ter se originado das religiões

pagãs da antiguidade, o que não é verdade.

Charles Hodge afirmou que:

“[...] A doutrina da Trindade é peculiar à religião da Bíblia. A Tríade do mundo antigo não passa de uma afirmação filosófica da teoria panteísta que é a base de todas as religiões da antiguidade. Para os hindus, o ser simples, não desenvolvido e primário é chamado de Brahma. Esse ser, revelado no mundo real, é Vishnu; quando retornar ao abismo da consciência ou atributos, é Shiva. No budismo, encontramos essencialmente as mesmas idéias, em uma forma mais dualista. O budismo estabelece uma distinção mais forte entre Deus, ou princípio espiritual de todas as coisas, e a natureza. A alma do homem é uma parte, ou uma forma de existência, dessa essência espiritual, cujo destino consiste em poder livrar-se da natureza e perder-se no infinito ignoto. No platonismo também encontramos uma trindade irreal [...] Em todos esses sistemas, antigos ou modernos, há uma Tese, uma Antítese e uma Síntese; o Infinito se torna finito, e o finito volta para o Infinito. É óbvio, pois, que tais fórmulas trinitarianas não têm analogia oom a doutrina bíblica da Trindade, e não servem nem para explicá-la nem para confirmá-la [...]” (01)

Observemos mais algumas declarações que fortalecem o conceito de que a

doutrina trinitariana não possui origem pagã:

"[...] Equivalência Pagã: Outros movimentos que, embora não sejam reconhecidos como cristãos pelas grandes denominações cristãs, se auto-denominam de cristãos, bem como alguns movimentos pára-cristãos, afirmam que a Trindade é o fruto da importação de conceitos religiosos pagãos, e ainda uma fabricação da Igreja do século IV. A este respeito, porém, é hoje consensual entre os especialistas em História das Religiões que nas outras religiões - em especial a religião Egípcia e a religião Hindú - não se encontra a afirmação da «subsistência de um Deus em três Pessoas distintas» - crença peculiar e restrita ao cristiansmo trinitário -, mas tão só a reunião de três deuses distintos de entre um vasto panteão, ou de três avatáres, respectivamente [...]” (02)

Aldo Menezes afirmou que:

“[...] A objeção de que a doutrina da Trindade é de origem pagã, uma vez que cultuavam as tríades de deuses, também não faz sentido, pois a concepção pagã em nada se assemelha à doutrina trinitária. Os pagãos são politeístas, ou seja, crêem na existência de vários deuses, e a trindade é mais um conjunto de deuses em seu panteão [...]” (03)

M

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9.2 A DOUTRINA TRINITARIANA É UMA INVENÇÃO DA IGREJA DO 4º

SÉCULO?

“[...] Quanto à datação da doutrina da Trindade como tendo surgido somente no século IV, as práxis sacramentais e os escritos cristãos dos três primeiros séculos - sobretudo Orígenes, Teófilo de Antioquia, Justino, Hipólito e Tertuliano - são testemunhos suficientes para se ser ter uma posição de grande renitência, senão mesmo de rejeição, quanto à veracidade de tal afirmação (Refª Mircea Eliade - "Traité d'histoire des religions", 2004). Na realidade, se a formulação dogmática da referida doutrina só foi postulada no decorrer dos grandes concílios ecumênicos do referido século IV, a sua crença é-lhe anterior, podendo a sua gênese remontar aos próprios escritos do Novo Testamento [...]“ (04)

Como se deu, portanto, o desenvolvimento da doutrina trinitariana através dos

séculos, inclusive desde o fim do período apostólico, é o que iremos observar a seguir.

9.3 GUERRAS EM NOME DA TRINDADE?

A alegação de que em nome da doutrina trinitariana na história do cristianismo

foram promovidas muitas guerras e muito derramamento de sangue deve ser questionada.

Será mesmo justo condenar uma doutrina claramente apresentada na Bíblia (como vimos

anteriormente) apenas pelo fato lamentável de que algumas pessoas que se diziam “cristãs”

tiveram um comportamento nada cristão, cometendo crimes absurdos em nome desta

doutrina? Sobre esta questão Robert M. Bowman Jr afirmou:

“[...] Outra coisa que confunde a questão em debate é a referência aos trinitários que têm perseguido antitrinitários. Embora tal coisa tenha acontecido, não foi como resultado da crença na Trindade, mas por sustentar a crença que o governo civil tinha a responsabilidade de castigar ou até mesmo de executar hereges. Quando e onde antitrinitários estavam no governo e sustentando uma crença semelhante a respeito do papel das autoridades civis, freqüentemente eram perseguidos os trinitários. Logo, a perseguição histórica de antitrinitários por trinitários, por lamentável que tenha sido, não refuta de nenhuma maneira a doutrina da Trindade [...] Ainda menos relevante é a história lastimável de guerras em que trinitários têm matado trinitários. Quer concordemos ou não com a premissa de que toda a participação na guerra é um pecado (premissa com que concordam alguns cristãos, mas não todos), o fato de alguns trinitários terem matado outros na guerra, embora seja lamentável, não serve de refutação da doutrina da Trindade. No máximo, serve de prova de que a crença na doutrina da Trindade, por si só, não garante que a conduta da pessoa, ou a conduta de nações inteiras que aceitam essa doutrina, seja consistentemente cristã. Mas simplesmente não existe conexão lógica entre a crença na Trindade e a participação na guerra. Essas são questões separadas, e tentar alegar que a verdade da Trindade é suspeita por causa das crenças a respeito da participação na guerra é simplesmente confundir a questão [...]” (05)

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Portanto, alguns fatos realmente lamentáveis podem até ter “manchado” a

história dos trinitaristas, devido à atitudes desumanas, mas jamais “mancharia” a história do

trinitarismo, pois em nenhum momento ofuscou ou invalidou a veracidade da sã doutrina da

Santíssima Trindade revelada na Bíblia, de Gênesis à Apocalipse.

9.4 AS TRÊS PRINCIPAIS HERESIAS CONTRA A DOUTRINA TRINITARIANA

Desde os primeiros séculos da igreja a doutrina trinitariana passou por um

desenvolvimento, seja por considerações mais elaboradas do Credo Apostólico, seja por

meio dos Credos dos primeiros concílios ecumênicos (Nicéia, em 325, Constantinopla, em

381), sem falar do Credo de Atanásio, todos eles compelidos por controvérsias doutrinárias

significativas em torno de três principais movimentos heréticos:

9.4.1 O Monarquismo (a crença em um Deus não apenas unitário, mas unipessoal e não

tripessoal), dividido em monarquismo modalista, e monarquismo dinâmico. O modalista

surgiu com uma tendência de acreditar em Cristo como um ser divino, mas não distinto do

Pai e do Filho, negando a sua plena humanidade (docetismo). Também acreditava na

unicidade de Deus, porém que a Trindade são modos de Deus cronologicamente de

expressar ao mundo (nunca simultaneamente, mas sucessivamente). Teve como expoentes

Noeto (c. 200), Práxeas (c.200) e Sabélio (c. 215), todos de Roma.

Já o monarquismo dinâmico teve como expoente Paulo de Samosata (260) e

possuía uma tendência ebionita, ou seja, negava a divindade essencial de Jesus. Acreditava

na unicidade de Deus, mas que Jesus e o Espírito não são pessoas distintas, pois Cristo (o

Filho de Deus adotado neste caso por Deus, pois seria meramente homem) receberia o

Espírito Santo que seria apenas um atributo de Deus, o "dynamis" de Deus (do grego:

"poder"), no Seu batismo, O elevando a categoria de divino.

9.4.2 O Arianismo. O seu originador foi Ário (250-336), presbítero de Alexandria. Para Ele

apenas Deus Pai é verdadeiramente Deus, mas não foi sempre Pai. Em um determinado

tempo Ele “criou” o Filho. Apesar de crer na unicidade de Deus, não acreditava que Seus

atributos fossem compartilhados por outras pessoas na Divindade, isso seria politeísmo para

ele. Ele (Ário) e seus discípulos enfatizavam o fato de que Jesus foi um ser humano

perfeitíssimo, porque Ele estava cheio do Espírito Santo.

É possível, inclusive, observar uma influência significativa do pensamento

filosófico grego em Ário. Para ele, o "Logos" relatado no evangelho de João não é Deus,

pois, Deus não pode se comunicar com o mundo, por ser um mistério indecifrável e alienado

demais de Sua criação. A natureza de Deus, portanto, neste caso, seria incomunicável. Este

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"Logos" não seria Deus, mas seria um elemento participante da natureza divina. Jesus,

cheio do Espírito, alcançou a perfeição, segundo esta doutrina, a ponto de merecer um

nome divino. Jesus, então, teria sido adotado pelo Pai como seu filho, sendo eternamente

subordinado ao Pai, por ter sido criado ou gerado pelo Pai.

O Concílio de Nicéia (325) refutou a doutrina de Ário, afirmando que Jesus Cristo

é o único Filho de Deus (mais adiante transcreveremos o conteúdo dos Credos da Igreja).

9.4.3 O Macedonianismo. Ao contrário dos demais movimentos heréticos semelhantes, a

questão primordial deste refere-se diretamente a divindade do Espírito Santo, pois,

acreditava que Ele era uma espécie de energia oriunda de Deus.

9.5 A LUTA PELA DOUTRINA TRINITARIANA FOI NO CAMPO DOGMÁTICO

À despeito de conflitos ocorridos entre trinitários e antitrinitários e até mesmo

entre os trinitários, a maior luta da Igreja Cristã através dos séculos em relação à doutrina

da Trindade foi no campo dogmático. Foram necessários séculos de confrontação doutrinal

até que os representantes eclesiásticos tivessem condições de oferecer um sistema

expositivo desta doutrina que pudesse não somente ser aceito pela Igreja, mas

principalmente com total respaldo bíblico. Vejamos algumas declarações que nos ajudam a

entender melhor a história da doutrina trinitariana:

“[...] A doutrina trinitariana defende que há inúmeros trechos da Bíblia em que as chamadas „Pessoas da Trindade‟ são referidas distintamente em suas ações [..] Historicamente, um dos primeiros a utilizar esta definição foi Tertuliano, na sua obra Adversus Praxeas, onde ele utilizou o termo „trinitas‟. Esta perspectiva foi postulada como um artigo de fé pelo credo de Nicéia (proclamado em 325 no Concílio de Niceia) e o credo de Atanásio (cerca de 500 d.C.) [...] Estes credos foram formulados e ratificados pela Igreja dos séculos III e IV, em reação a noções algumas delas envolvendo a natureza da Trindade e a posição de Cristo nela, como as do arianismo, que foram depois declaradas como heréticas. Os credos foram mantidos em alguma forma pela maioria das igrejas protestantes, sendo até mesmo citados na liturgia de igrejas luteranas e Igrejas Reformadas [...] O Credo Niceno-Constantinopolitano, ou o Ícone/Símbolo da Fé, é uma declaração de fé cristã que é aceita pela Igreja Católica Romana, pela Igreja Ortodoxa Oriental, pela Igreja Anglicana e pelas principais igrejas protestantes. O nome está relacionado com o Primeiro Concílio de Niceia (325), no qual foi adaptado, e com o Primeiro Concílio de Constantinopla (381), onde foi aceita uma versão revista. Por esse motivo, ele pode ser referido especificamente como o Credo Niceno-Constantinopolitano para o distinguir tanto da versão de 325 como de versões posteriores que incluem a cláusula filioque [sobre esta cláusula veja os comentários sobre o Credo de Nicéia]. Houve vários outros credos elaborados em reação a doutrinas que apareceram posteriormente como heresias, mas este, na sua revisão de 381, foi o último em que as comunhões católica e ortodoxa conseguiram concordar em todos os pontos (Esta composição do credo pode ser encontrada nas atas dos Concílios Ecumênicos de Éfeso e Calcedônia; na

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Carta de Eusébio de Cesareia à sua própria igreja; na Carta de Santo Atanásio ao Imperador Joviniano; nas Histórias Eclesiásticas de Teodoreto e Sócrates, podem existir variações devidas à tradução). O Credo de Atanásio, subscrito pelos três principais ramos da Igreja Cristã, é geralmente atribuído a Atanásio de Alexandria, Bispo de Alexandria (século IV), mas estudiosos do assunto conferem a ele data posterior (século V). Sua forma final teria sido alcançada apenas no século VIII. O texto grego mais antigo deste credo provém de um sermão de Cesário, no início do século VI. O credo de Atanásio, com quarenta artigos, é um tanto longo para um credo, mas é considerado por Archibald A. Hogde „um majestoso e único monumento da fé imutável de toda a igreja quanto aos grandes mistérios da divindade, da Trindade de pessoas em um só Deus e da dualidade de naturezas de um único Cristo.‟ Apesar da data ser incerta, este credo foi elaborado para combater o arianismo e reafirmar a doutrina bíblica da Trindade [...]” (06) [citação entre colchetes de nossa parte]

Ainda sobre a intensa discussão doutrinária que a Igreja promoveu através dos

séculos, Hermann Bavinck trouxe as seguintes considerações:

"[...] A Igreja não chegou a essa rica e gloriosa confissão [da doutrina trinitariana] sem antes passar por uma dura e longa luta de tendências. Séculos da mais profunda experiência de vida espiritual dos filhos de Deus e dos mais agudos intelectos dos pais e dos mestres da Igreja foram necessários para que esse ponto da revelação da Escritura fosse entendido e reproduzido com fidelidade na confissão da igreja. Sem dúvida, a Igreja não teria obtido sucesso nesse esforço de firmar seus fundamentos se não tivesse sido conduzida pelo Espírito a toda a verdade e se Tertuliano e Irineu, Atanásio e os três santos da Capadócia, Agostinho e Hilário e muitos outros além desses, não tivessem sido homens especialmente dotados e capacitados de sabedoria para nos mostrar o caminho correto. Nada menos do que a essência peculiar do Cristianismo estava em jogo nessa luta de opiniões. Durante dois séculos a Igreja correu o risco de ser arrastada de suas fundações sobre as quais estava edificada e assim ser engolida pelo mundo [...]” (07) [citação entre colchetes de nossa parte].

9.6 A DOUTRINA TRINITARIANA E OS CREDOS ECLESIÁSTICOS

Apresentaremos os Credos elaborados através da história pela Igreja (o texto

dos dois primeiros foi apresentado por Wayne Grudem em sua Teologia Sistemática).

9.6.1 CREDO APOSTÓLICO (Séculos III e IV)

“Creio em Deus, o Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu Filho unigênito, nosso Senhor, concebido pelo Espírito Santo e nascido da Virgem Maria; que padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado(*), e ao terceiro dia ressurgiu dos mortos; que subiu ao céu e assentou-se à direita do Pai Todo-Poderoso, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa igreja católica [universal], na comunhão dos santos, na remissão de pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém.” [citação minha entre colchetes].

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Comentários do Centro Apologético Cristão de Pesquisas a respeito do Credo

Apostólico:

“Por ser uma das primeiras partes da literatura confessional que se aprende, o Credo Apostólico é o credo mais usado em nossa igreja. E, exceto a oração do Senhor (dominical), não há conjunto de palavras na Igreja Cristã que os cristãos mais pronunciem. Ele é o primeiro dos credos ecumênicos [...] Apesar de receber o nome de Apostólico, não temos nenhuma evidência de que foi escrito pelos próprios apóstolos ou por alguns deles. O título „Credo Apostólico‟ foi usado pela primeira vez em 390, no Sínodo de Milão. Em 404, Tirano Rufino escreveu um comentário do credo, contando a história de sua provável origem (de que no dia de Pentecostes os apóstolos, antes de cumprir a ordem de ir aos confins da terra, teriam se reunido e cada um contribuído com alguma parte do credo). Há evidência, no entanto, de que um credo muito semelhante a este já era usado no ano 150. A verdade, talvez, nunca se saberá. Entretanto, ninguém de sã consciência negará que esse credo reproduz autenticamente o ensino dos apóstolos, fundamentado nas verdades das Escrituras (1 Co 8.6; 12.13; Fp 2.5-11; 1 Tm 2.4-6; 1 Tm 3.16)”.

Hermisten M. P. da Costa trouxe outras considerações sobre este Credo:

"O Credo dos Apóstolos tem sua origem no Credo romano Antigo, elaborado no segundo século, tendo algumas declarações doutrinárias acrescentadas no decorrer dos primeiros séculos, chegando à sua forma como temos hoje por volta do sétimo século [...] O Credo Apostólico era usado na preparação dos catecúmenos, professado durante o batismo, servindo também para a devoção privada dos cristãos. Posteriormente passou a ser recitado com a Oração do Senhor no culto público. No nono século, ele foi sancionado pelo Imperador Carlos Magno para uso na Igreja, e o papara o incorporou à liturgia romana. A Reforma valorizou este Credo, sendo ele usado liturgicamente em muitas de nossas igrejas ainda na atualidade.” (08)

9.6.2 CREDO DE NICÉIA (ou Niceno-Constantinopolitano: 325 A.D. – revisado em Constantinopla

em 381 A.D.)

“Cremos em um só Deus, Pai, Todo-Poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis. E em um só Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito Santo e da Virgem Maria, e tornou-se homem, e foi crucificado por nós sob Pôncio Pilatos, e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos céus e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim. E no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e do Filho(**), que com o Pai e o Filho conjuntamente é adorado e glorificado, que falou através dos profetas. E na igreja una, santa, católica [universal] e apostólica. Confessamos um só batismo para remissão dos pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém.” [citação nossa entre colchetes].

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Comentários do CACP a respeito do Credo de Nicéia ou Credo Niceno:

“Enquanto a Igreja Cristã se desenvolvia, passou a sofrer oposição de Roma e dos judeus em forma de perseguições e morte aos que professavam a fé cristã. Mas este não foi o único tipo de perseguição sofrida. Apesar da igreja primitiva ter recebido aceitação social e respeitabilidade durante o governo do Imperador Diocleciano (284-305), um outro tipo de perseguição começou a se infiltrar na Igreja – o da oposição à fé como revelação direta da verdade por parte de Deus. A origem do Credo Niceno se encontra na necessidade que houve de defender a doutrina apostólica da divindade de Cristo contra Ário, e da divindade do Espírito Santo contra os seguidores de Macedônio. Convocou-se um concílio na cidade de Nicéia para maio e junho de 325. 220 bispos estavam presentes [...] Além, de Ário, apenas 5 outros se recusaram a assinar o documento elaborado em Nicéia. O Imperador os baniu, mas sem grande interesse político. O mesmo credo foi reafirmado no Concílio de Constantinopla, em 381, e foi oficialmente adotado com alguns acréscimos em 451 [...]”

O Rev. Hermisten trouxe as seguintes considerações sobre este Credo:

“O Credo Niceno Constantinopolitano é usado liturgicamente pela Igreja romana e pelas Igrejas Luteranas e Anglicanas. As Igrejas Reformadas o usam pouco. Ele é sem dúvida um dos mais importantes Credos da Igreja Cristã.”

O Centro Apologético Cristão de Pesquisas ainda nos apresenta o chamado

Credo de Cesaréia:

“Cremos em um só Deus, Pai onipotente, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um só Senhor, Jesus Cristo, Verbo de Deus, Deus de toda a criação, por quem foram feitas todas as coisas; o qual foi feito carne para nossa salvação, tendo vivido entre os homens. Sofreu, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao Pai e novamente virá em glória para julgar os vivos e os mortos. Cremos também em um só Espírito Santo”.

Talvez o Credo mais importante em referência à Trindade seja o Atanasiano. Os

textos e comentários que se seguem são do Centro Apologético Cristão de Pesquisas:

9.6.3 CREDO ATANASIANO

“Todo aquele que quer ser salvo, antes de tudo deve professar a fé católica [universal]. Quem quer que não a conservar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá eternamente. E a fé católica [universal] consiste em venerar um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade, sem confundir as pessoas e sem dividir a substância. Pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; Mas uma só é a divindade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, coeterna a majestade. Qual o Pai, tal o Filho, tal também o Espírito Santo. Incriado é o Pai, incriado o Filho, incriado o Espírito Santo. Imenso é o Pai, imenso o Filho, imenso o Espírito Santo. Eterno o Pai, eterno o Filho, eterno o Espírito Santo; Contudo, não são três eternos, mas um único eterno; Como não há três incriados, nem três

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imensos, porém um só incriado e um só imenso. Da mesma forma, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente; Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus; E todavia, não há três Deuses, porém um único Deus. Como o Pai é Senhor, assim o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor; Entretanto, não são três Senhores, porém um só Senhor. Porque, assim como pela verdade cristã somos obrigados a confessar que cada pessoa, tomada pela verdade cristã somos obrigados a confessar que cada pessoa, tomada em separado, é Deus e Senhor, assim também estamos proibidos pela religião católica de dizer que são três Deuses ou três Senhores. O Pai por ninguém foi feito, nem criado, nem negado. O Filho é só do Pai; não feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo é do Pai e do Filho; não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente. Há, portanto, um único Pai, não três Pais; um único Filho, não três Filhos; um único Espírito Santo, não três Espíritos Santos. E nesta Trindade nada é anterior ou posterior, nada maior ou menor; porém todas as três pessoas são coeternas e iguais entre si; de modo que em tudo, conforme já ficou dito acima, deve ser venerada a Trindade na unidade e a unidade na Trindade. Portanto, quem quer salvar-se, deve pensar assim a respeito da Trindade. Mas para a salvação eterna também é necessário crer fielmente na encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo. A fé verdadeira, por conseguinte, é crermos e confessarmos que nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem. É Deus, gerado da substância do Pai antes dos séculos, e é homem, nascido, no mundo, da substância da mãe. Deus perfeito, homem perfeito, subsistindo de alma racional e carne humana. Igual ao Pai segundo a divindade, menor que o Pai segundo a humanidade. Ainda que é Deus e homem, todavia não há dois, porém um só Cristo. Um só, entretanto, não por conversão da divindade em carne, mas pela assunção da humanidade em Deus. De todo um só, não por confusão de substância, mas por unidade de pessoa. Pois, assim como a alma racional e a carne é um só homem, assim Deus e homem é um só Cristo; o qual padeceu pela nossa salvação, desceu aos infernos, ressuscitou dos mortos, subiu aos céus, está sentado à destra do Pai, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos. À sua chegada todos os homens devem ressuscitar com os seus corpos e vão prestar contas de seus próprios atos; E aqueles que tiverem praticado o bem irão para a vida eterna; aqueles que tiverem praticado o mal irão para o fogo eterno. Esta é a fé católica [universal]. Quem não a crer com fidelidade e firmeza, não poderá salvar-se.” [citações minhas entre colchetes].

Comentários:

“O Credo Atanasiano é uma confissão magnífica sobre o Deus triúno. Lutero o considerou „a maior produção da igreja desde os tempos dos apóstolos‟. A origem do credo é, entretanto, obscura. Desde o século IX alguns o atribuíram a Atanásio, o heróico defensor da doutrina da divindade de Cristo contra Ário. Entretanto, não há razões muito fortes para que se possa atribuí-lo a Atanásio: 1. Não há evidências de que Atanásio e seus contemporâneos tivessem tomado conhecimento desse credo (também chamado „Quicunque‟ – pois ele inicia com estas palavras: „Todo aquele....‟). 2. Ele ataca heresias que surgiram depois da morte de Atanásio, quando Nestório e Éutico introduziram heresias sobre a Trindade e a pessoa de Cristo. 3. É bem provável que o autor desse credo era versado nos escritos de Agostinho, que viveu entre 354 e 430. Mas se Atanásio não foi o autor, quem foi? A questão tem intrigado os estudiosos da história cristã ao longo de todos esses anos. O mais próximo que chegaram, baseados em evidências encontradas, foi de que se conhecia um credo semelhante a esse na Galiléia (hoje França) na metade do 5° século. Entretanto, só se tornou popular para fins de instrução após Carlos Magno (742-814) ter

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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decretado que todos os clérigos tinham que aprendê-lo. O Credo Atanasiano nunca teve um uso generalizado como os outros 2 credos [...]”

Observemos mais uma vez as considerações do Rev. Hermisten, agora sobre o

Credo Atanasiano:

"Apesar de várias hipóteses quanto à sua autoria [...] ninguém conseguiu provar de modo incontestável a identidade do seu autor. A ênfase deste Credo é a defesa da Cristologia e da doutrina da Trindade conforme foram definidas nos Concílios Nicéia (325), Constantinopla (381) e Calcedônia (451), refletindo visivelmente a teologia de Agostinho (354-430). Ele foi amplamente considerado na Idade Média: na Igreja latina era quase que diariamente usado nas devoções matinais e, ao que parece, também tinha funções catequéticas. Os Reformadores o apreciaram bastante (tanto Lutero como Calvino) [...]” (10)

No próximo capítulo, trataremos, entre outras coisas, de inúmeros conceitos

teológicos mais complexos baseados na doutrina trinitariana, para complementar e

aprofundar mais o nosso conhecimento neste estudo, antes de atingirmos o ponto mais alto

do mesmo, que é a relevância e a praticidade desta doutrina para nós, diante do mundo

moderno e corrupto, e as bênçãos de uma íntima comunhão com o nosso Deus triúno.

_____________________________________________________________________________________________________

DESEJO IR PARA: (click no link desejado para se locomover com mais rapidez pelo nosso estudo) SOBRE O AUTOR - ÍNDICE – APRESENTAÇÃO – AGRADECIMENTOS – DEDICATÓRIA - ABREVIATURAS – PREFÁCIO -

Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 – 13 – BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________

NOTAS: (01) Teologia Sistemática (p. 333) (02) (Refª Henri-Charles Puech – „Histoire des religions‟, T1. T2, 1999; Konemann Verlag – „Histoire des religions‟, 1997) (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%ADticas_%C3%A0_doutrina_da_Trindade). (03) livro “As Testemunhas de Jeová e a Trindade” (p. 38) (04) (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%ADticas_%C3%A0_doutrina_da_Trindade). (05) livro “Por que devo crer na Trindade” (pp. 157-158) (06) (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/santissimatrindade). (07) (“Teologia Sistemática”, p. 169) (08) “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo” (pp. 29-30) (09) “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo” (p. 35). (10) “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo” (p. 31).

Para complementar o estudo acessem: http://www.documentacatholicaomnia.eu/03d/sine-data,_AA_VV,_A_Santissima_Trindade_Nos_Escritos_Dos_Santos_Padres,_PT.pdf

O texto dos Credos apresentados por Wayne Grudem foram extraídos do livro “Teologia Sistemática”, pp. 996-997.

(*) Wayne Grudem não incluiu a frase “desceu ao inferno”, porque segundo ele, a mesma “não é confirmada nas versões mais antigas do Credo Apostólico e por causa das dificuldades doutrinárias associadas com ela” (p. 1038).

(**) Segundo Grudem a cláusula filioque, ou seja, “a frase „e do Filho‟ foi acrescentada depois do Concílio de Constantinopla em 381, mas é normalmente incluída no texto do Credo de Nicéia usado pelas igrejas católicas e protestantes hoje. A frase não aparece no texto usado pelas igrejas ortodoxas (...) A frase „Deus de Deus‟ não estava na versão de 381, mas somente na de 325 e é normalmente incluída hoje” (p. 1038).

Fonte dos comentários do Centro Apologético Cristão de Pesquisas – CACP: http://www.cacp.org.br/credos.htm. Sendo que o CACP teve como fontes: http://www.icp.com.br e http://www.ielb.org.br/cremos/credos.htm).

Ainda sobre o Credo Atanasiano ver também o site da Biblioteca Reformada - ARPAV: http://www.geocities.com/arpav/biblioteca/credoatanasio.html.

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Aspectos avançados da doutrina trinitariana

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10.1 A ESSÊNCIA DIVINA UNIFORMEMENTE COMPARTILHADA

Podemos observar até o presente momento que a grande dificuldade em

compreensão da Santíssima Trindade reside justamente no mistério de como podem

subsistir três pessoas compartilhando igualmente a Divindade.

O batismo cristão ordenado por Cristo na grande comissão missionária (Mt

28:19) deve ser efetuado “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Observe que o

texto diz “nome” e não “nomes”. A ideia é que o nome de Deus é "Pai-Filho-Espírito Santo".

Mas, como é essa dinâmica interativa entre as subsistências divinas, então?

10.1.1 Deus Pai e Deus Filho operam juntos na economia trinitariana em vários aspectos: O

Reino Eterno é descrito como sendo de ambos, Deus Pai e Deus Filho, onde também

observamos a atuação clara da Trindade:

“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens” (Rm 14:17-18). “Sabei, pois, isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus.” (Ef 5:5).

10.1.2 Deus Pai e Deus Filho podem atuar juntamente na direção dos crentes:

“Ora, o nosso mesmo Deus e Pai, com Jesus, nosso Senhor, dirijam-nos o caminho até vós.” (1Ts 3:11; cf. contexto: vv. 9-13).

10.1.3 Deus Pai e Cristo podem atuar no consolo e confirmação do ministério cristão:

“Ora, o nosso Senhor Jesus Cristo mesmo, e Deus nosso Pai que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça, console os vossos corações e os confirme em toda boa obra e boa palavra.” (2Ts 2:16-17; comparem com 1:12).

10.1.4 Contudo, o Deus Filho é “um” com o Deus Pai, não somente no sentido de que

possuem os mesmos propósitos, mas também a mesma natureza divina:

“E rogo não somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um; eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste a eles, assim como me amaste a mim.” (Jo 17:21-22). [grifos nossos]

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Muitas pessoas alegam que o texto acima indica que Cristo e Deus Pai possuem

apenas uma unidade de propósitos e não de natureza, mas observemos outra passagem:

“Eu e o Pai somos um. Novamente pegaram os judeus em pedras para lhe atirar. Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais? Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e, sim, por causa da blasfêmia, pois sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo.” (Jo 10:30-33; comparem com 5:17-18). [grifos nossos]

Se Jesus apenas tivesse dito que era um em propósito com Deus, ou que estava

apenas realizando a obra do Pai, quando afirmou “Eu e o Pai somos um”, os brios dos

judeus não teriam sido atingidos. Além do mais, eles também criam estar fazendo a vontade

do Pai. Mas Ele estava declarando ser o SENHOR Deus, o Criador do universo, e havia

ampla razão, segundo eles, para todas as pedras que pudessem apanhar e jogar contra

Jesus. E mais: a forma neutra do numeral “um” no original grego exclui o sentido de que

sejam uma única pessoa (é evidente, pois Pai e Filho são distintos entre si – Pai, Filho e

Espírito Santo compartilham a mesma essência e não a mesma existência pessoal).

Observemos mais alguns textos como fundamentação:

“Se eu testifico a respeito de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Outro é o que testifica a meu respeito, e sei que é verdadeiro o testemunho que ele dá de mim” (Jo 5:31-32; cf. 3:35; 10:17; 14:31) [grifo nosso].

No texto original grego o apóstolo João inspirado pelo Espírito Santo, utilizou a

expressão “allos” para indicar “outro” (“outro é o que testifica a meu respeito”), o que quer

dizer “outro da mesma natureza”. Se Cristo e Deus Pai fossem apenas distintos entre si,

como realmente o são, mas também fossem de naturezas diferentes, ou seja, uma divina e

uma apenas humana, a palavra utilizada deveria ser “héteros” (“outro de outra natureza”).

Mas, o texto indica que Cristo e Deus Pai possuem a mesma natureza, isto é, a divina.

Jesus afirmou a Filipe que quem vê a Ele, também vê o Pai, pois Cristo está no

Pai e o Pai está em Cristo, na mesma essência. E ainda afirmou que Filipe cria nissso pelo

menos pelo fato de que ambos (Pai e Filho) executam as mesmas obras.

“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conhceceis e o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas, o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras.” (Jo 14:6-11; vejam o mesmo ensino em Jo 10:37-38).

E, de fato, é extremamente interessante verificar que inúmeros textos

apocalípticos canônicos afirmam que Deus é soberano no trono do universo, mas o trono é

misteriosamente e eternamente pertencente ao Pai e ao Filho.

Como duas pessoas literalmente falando não podem ocupar o mesmo lugar no

espaço e muito menos poderiam ocupar juntas o trono do universo, pois só Deus é

soberano e reina sobre o universo, então, só mesmo as pessoas da Divindade poderiam

ocupar o mesmo trono. Afinal, Deus é um.

E mais: muitos destes textos bíblicos inúmeras vezes referem-se a Deus Pai e a

Seu Filho Jesus, a ambos, no centro do trono, como Deus, como o Alfa e o Ômega, o

Princípio e o Fim de todas as coisas, o Todo-Poderoso, únco digno de adoração (obs:

vejam, por exemplo, Ap 1:8; 3:21-22; 4:8; 5:1-14; 7:9-17; 12:10; 14:1; 15:1-4; 16:4-7; 17:14,

19:1-7; 20:4-6,11; 21:5-7, 22-23; 22:1-5, 12-13; comparem com Mt 25:31-34).

Tudo isso é uma contradição? É evidente que não. É tão somente mais uma

clara confirmação da doutrina trinitariana.

10.1.5 A mesma situação de compatilhamento uniforme com a essência divina ocorre em

relação ao Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo que são um em essência, mesmo

possuindo personalidades distintas:

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco.” (Jo 14:16; cf. 14:26; 16:8-11) [grifo meu].

Mais uma vez no texto original o apóstolo João utilizou a expressão “allos” que

significa “outro da mesma natureza” (“outro Consolador”), o que quer dizer que se Cristo e o

Espírito Santo fossem apenas distintos entre si, como realmente o são, mas também fossem

de naturezas diferentes, ou seja, uma divina e uma apenas humana, a palavra utilizada

deveria ser “héteros”. Mas, o texto indica que Cristo e o Espírito Santo possuem a mesma

natureza, isto é, a divina.

Concluímos que já que o Espírito Santo em relação à Cristo é “outro da mesma

natureza” (héteros), Ele, o Espírito, está em Cristo e Cristo está Nele, e, consequentemente,

o mesmo Espírito está no Pai e o Pai está no Espírito Santo, pois o Pai, em relação a Cristo,

também é “outro da mesma natureza” (héteros).

Portanto, tanto o Pai, como o Filho e o Espírito Santo são indivisíveis, cada

pessoa da Trindade sempre está habitando junto com as demais. Quando alguém recebe a

Cristo, também recebe o Espírito Santo e obviamente o Pai está presente também, pois

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Deus é sempre um (vejam, por exemplo, Jo 10:30; 14:9-11, 20-23; Rm 8:9-11; 1Jo 2:23;

3:21-24). Isso é tão verdade que o próprio Cristo prometeu que quem cresse Nele, sentiria a

atuação do Espírito Santo, como se fossem “rios de água vida” fluindo do seu interior (Jo

7:37-39).

Outra questão importante a ser salientada é que, ao contrário do que muitos

podem imaginar, cada pessoa da Trindade é completa, plenamente Deus, ou seja, cada

pessoa tem em si a absoluta plenitude do Ser divino.

Deus não é subdividido em três partes ou três terços. O Filho não é parcialmente

Deus ou só uma parte de Deus, mas completa e plenamente Deus. O mesmo valendo para

o Pai e o Espírito Santo. O Pai não é parte de Deus, mas, completamente Deus e o Espírito

Santo não é uma parte de Deus, mas, totalmente Deus. Não há em Deus três vontades ou

propósitos diferentes.

Wayne Grudem afirmou:

“Quando falamos conjuntamente do Pai, do Filho e do Espírito Santo, não estamos falando de um ser maior do que quando falamos somente do Pai, ou somente do Filho, ou somente do Espírito Santo. O Pai é todo o ser divino. O Filho é todo o ser divino. E o Espírito Santo é todo o ser divino.” (01)

Robert M.Bowman Jr salientou:

“[...] Outro aspecto importante sobre a unicidade de Deus é o fato de que não há separações, divisões ou repartições em Deus. A doutrina Trinitarista sustenta que Deus é um ser infinito, único, que transcende os limites do espaço e do tempo, que não possui corpo material nem espiritual (a não ser o corpo que o Filho tomou sobre Si ao tornar-se homem). O Deus trino, portanto, não tem partes. Não se pode dividir em componentes a existência infinita [...]” (02)

A existência de três pessoas distintas na Divindade não enseja que cada uma

seja separada das outras, assim como os seres humanos possuem a mesma essência

humana, mas são separados uns dos outros, não formando, assim, um único ser, apesar da

mesma natureza.

“A organização TJ [Testemunhas de Jeová] afirma que o simples fato de haver três pessoas juntas não significa que exista uma trindade. Abraão, Isaque e Jacó (Mt 22.32), bem como Pedro, Tiago e João (Mt 17.1), sempre são citados juntos, mas isso não os torna um. O que a organização TJ não percebeu foi que Abraão, Isaque e Jacó tinham algo em comum: o patriarcado. Já Pedro, Tiago e João tinham em comum o apostolado. E o que o Pai, o Filho e o Espírito Santo têm em comum? Resposta: a natureza divina ou, simplesmente, a divindade.” (03) [citação entre colchetes de nossa parte]

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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A natureza divina, ao contrário da nossa natureza humana limitada e finita, pode

subsistir em Sua plenitude, sem divisões e de forma infinita em mais de uma pessoa, pois

cada uma das pessoas da Divindade possui a mesma substância ou essência, o que torna

Deus um único Ser, daí existir em Deus uma única vontade, uma só glória.

Vincent Cheung trouxe algumas considerações sobre a expressão “essência” e

que “três pessoas” que definem teologicamente o verdadeiro Ser de Deus assim como “dois

rins” define biologicamente um ser humano normal:

“Pela palavra „essência‟ nos referimos aos atributos de Deus, tais como Sua onipotência e onisciência [...] Assim, Deus tem uma definição, mas há três pessoas que completamente e igualmente participam desta definição. Contudo, isto não se traduz em politeísmo. O exposto acima não nos compele a afirmar a existência de três Deuses distintos e independentes. E isto porque o Deus da Bíblia é, por definição, uma Trindade; portanto, uma Trindade constitui somente um Deus. Por exemplo, se por definição um corpo humano normal inclui dois rins, então, o fato de que eu tenha dois rins não significa que eu consisto de dois corpos humanos. Visto que por definição cada corpo humano tem dois rins, o próprio fato de que eu tenha dois rins significa que eu tenho um corpo humano normal. Da mesma forma, a definição bíblica da deidade é que Deus é uma Trindade, assim, se há uma Trindade de pessoas divinas, há um Deus. Não há outro Deus além do Deus da Bíblia, e o Deus da Bíblia é uma Trindade. Por si mesma, esta doutrina separa o Cristianismo de todas as outras cosmovisões e filosofias, sejam religiosas ou seculares [...]” (04)

Diante de tudo que temos observado, podemos afirmar que:

"[...] Jo 17:11,22 – „para que sejam um, assim como nós‟ [...] não unus, mas unum; não uma pessoa, mas uma substância [...] Há uma intercomunhão de pessoas e uma imanência de uma pessoa divina na outra que permite a obra peculiar atribuir-se, com uma simples limitação, a qualquer uma das outras e a manifestação de uma se reconheça na manifestação de outra [...]” (05)

Portanto, cada membro da Trindade, em um sentido misterioso, habita no outro,

sem qualquer diminuição da total pessoalidade de cada um.

“O termo usado para explicar a comunhão das Pessoas da Trindade é pericórese, (latim, circumincessio). O sentido seria o fato de envolver - circum - e entrar numa profunda intimidade.” (06)

10.2 CONSCIÊNCIA E AUTOCONSCIÊNCIA

Vamos estudar também os conceitos de “consciência” e “autoconsciência” e

suas implicações na pessoalidade humana e na tri-pessoalidade divina.

Héber Carlos de Campos afirmou, entre tantas outras coisas, que:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“Há uma distinção importante entre consciência e autoconsciência. Na consciência, o objeto é uma outra coisa ou ser que existe além do sujeito. O objeto de conhecimento é distinto do sujeito. Contudo, na autoconsciência, o objeto de conhecimento é da mesma substância do sujeito. Conhecer algo fora de nós mesmos é muito mais fácil do que o conhecimento de nós próprios. A auto-inspeção é muito mais difícil do que a inspeção de algo que não nós mesmos. No ato da auto-inspeção, não há a realidade objetiva que podemos contemplar. No ato da autoconsciência é a mesma alma individual que percebe e é percebida. Não há diferença entre o pesquisador e o pesquisado. Toda consciência implica um sujeito e um objeto. Na autoconsciência não há diferença entre os dois. Este é o poder que o espírito racional possui, diferentemente dos animais irracionais. Se o homem perde essa capacidade, ele deixa de ser homem. Deus, que é Espírito supremo, possui esta capacidade de autoconsciência num grau infinitamente maior, e, portanto, perfeito. É este poder que Deus possui, em grau de perfeição, de fazer-se a si mesmo seu próprio objeto de conhecimento, sendo um ser eminentemente pessoal; na verdade, tripessoal.” (07)

Analisando deste ponto de vista, torna-se mais acessível às nossas mentes

limitadas compreender melhor o Ser triúno de Deus: A Sua autoconsciência é infinitamente

superior a nossa e, portanto, perfeita, permitindo a Ele facilmente contemplar a Si mesmo,

em Sua única e indivisível essência, como um tripersonalidade.

Ainda baseados nas sábias considerações de Campos, podemos citar, mesmo

que resumidamente, a comparação que o mesmo apresentou entre Deus, os seres

humanos e os animais irracionais: (08)

10.2.1 O animal irracional possui uma consciência (percepção ou sensação) de objetos que

estão em torno de si, limitada, ele não diferencia exatamente o que ou quem são estes tais

objetos, mesmo que lhe pareçam “familiares”. Todavia, ele não possui consciência de si

mesmo. Ele até se impressiona com objetos ao seu redor (não participantes da sua

essência), mas nunca se impressiona consigo mesmo. Se colocarmos o animal irracional

diante de um espelho, ele não entenderá que o que está observando é sua própria imagem.

Ele nunca se contempla, mas é capaz de contemplar os outros, mesmo que não possa fazer

as devidas distinções. Esse comportamento se deve ao fato de que ele não é uma pessoa.

Ele possui a consciência das coisas ao seu redor, mas não possui autoconsciência.

10.2.2 O ser humano possui consciência no sentido de perceber as coisas que estão ao seu

redor, no entanto, o que o difere do animal irracional é que o homem é capaz de se

contemplar e de entender que aquele que está refletindo no espelho é ele próprio, e não

alguma outra coisa que o impressiona. Diferentemente dos animais irracionais, o homem

pode ter pensamentos e sentimentos espontâneos, sem que precise exercitar sua mente ou

suas emoções. A autoconsciência é mais profunda do que a consciência. Todo homem tem

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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consciência de que comete erros, mas somente quando o Espírito Santo o convence dos

seus pecados é que ele passa a exercer a autoconsciência do que é e do que faz.

10.2.3 Ao contrário dos animais racionais e irracionais, Deus não possui a mesma espécie

de consciência, porque existe antes que qualquer coisa que não Ele mesmo. Ele não

precisa desse tipo de consciência para ser o que é. Deus não tem corpo, partes e nem é

afetado por nada que não seja Ele próprio. Ele é auto-existente e independente de tudo o

que há na criação, porque já era antes de ela vir a existir. O Ser divino, em contraste com os

seres humanos, não possui a autoconsciência que provém da mera consciência, nem possui

um processo mental irrefletido, como é próprio da mente humana. Nada vem à Sua mente

de maneira irrefletida, espontânea, sem que tenha sido desejado e planejado por Ele. Ele

sempre exercita a Sua mente naquilo que pensa. Em nós, pode haver uma distinção entre

consciência e autoconsciência, mas não em Deus. Essas duas coisas são absolutamente

unidas, e é difícil entender a autoconsciência em Deus em virtude de Sua natureza pessoal

ser muito superior e mais complexa do que a nossa. Sendo assim, a autoconsciência em

Deus é perfeita e tem um grau bem mais elevado que nos homens ou nos anjos, que são os

seres racionais criados.

Héber Campos ainda salientou:

“É aqui que a doutrina da Trindade derrama algum tipo de luz sobre esse profundo mistério da autoconsciência divina. Deus é um ser tripessoal, sendo que as três pessoas compartilham da mesma essência divina. A revelação das Escrituras mostra a Deus como aquele que „é bendito eternamente‟, sendo absolutamente independente, tendo vida própria, possuindo todas as características de um ser pessoal, que vive relacionando-se. Portanto, como tal, ele deve possuir todas as propriedadas dentro de si mesmo, e não fora do seu próprio ser, porque ele já era antes de todas as outras coisas virem a ser. Ele nunca precisou do universo para poder relacionar-se. Essa faculdade é encontrada dentro do seu próprio ser, que subsiste tripessoalmente. Ele não precisa conhecer a sua criação a fim de que possa ter um objeto para conhecer e amar, e com quem possa regozijar-se e ter comunhão. Isso Ele faz dentro do próprio ser divino. Essa propriedade é impossível para o homem, que é unipessoal. A fim de que ele possa relacionar-se, amar e ter alegria, tem que haver uma outra pessoa. Por essa razão, Deus fez Eva para servir de companhia para Adão. Deus não precisava de ninguém para ser o que é. Ele não precisa de ninguém além de si próprio. Ele se basta a si mesmo, por que é tripessoal [...] Deus tem uma perfeita autoconsciência. Antes mesmo que houvesse qualquer outra coisa além do ser divino, as pessoas da Trindade já se relacionavam, tendo amor uma pela outra e alegrando-se mutuamente. Esta relação se dava dentro da essência divina. A autoconsciência divina é diferente e superior em Deus porque ele é independente de qualquer outro ser para relacionar-se [...]” (09)

A Confissão de Fé de Westminster comenta sobre a independência e auto-

suficiência divina. Ela afirma:

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“II) Deus tem em si mesmo, e de si mesmo, toda a vida, glória, bondade e bem-aventurança. Ele é todo-suficiente em si e para si, pois não precisa das criaturas que trouxe à existência; não deriva delas glória alguma, mas somente manifesta a sua glória nelas, por elas, para elas e sobre elas. Ele é a única origem de todo ser; dele, por ele e para ele são todas as coisas e sobre elas tem ele soberano domínio para fazer com elas, para elas e sobre elas tudo quanto quiser [...]” (10)

Como referências para as declarações deste parágrafo a CFW utilizou: Sl

119:68; 145:17; Pv 15:3; Jo 5:26; At 7:2; 15:18; Rm 11:33-34,36; 17:24-25; 1Tm 6:15; Hb

4:13; Ap 4:11; 5:12-14.

Berkhof apresentou importantes considerações complementares:

“Shedd baseia o seu argumento na autoconsciência geral do Deus triúno, como distinta da autoconsciência individual e particular de cada uma das Pessoas da Divindade, pois na autoconsciência o sujeito tem que se conhecer a si mesmo como objeto, e também percebe que o faz. Isso é possível em Deus em razão de Sua existência trina. Argumenta Shedd que Deus não poderia contemplar-se a Si mesmo, conhecer-se e comunicar-se consigo mesmo, se não fosse trino em sua constituição. Bartlett apresenta de maneira interessante várias considerações para provar que Deus é necessariamente tripessoal. A argumentação que parte da personalidade, para provar ao menos que há pluralidade em Deus, pode ser expressa de forma semelhante a esta: Entre os homens o ego só se desperta para a consciência por meio do contato com o não-ego. A personalidade não se desenvolve nem existe na isolação, mas somente associada a outras pessoas. Daí, não é possível conceituar a personalidade de Deus independentemente de uma associação de pessoas iguais nele. Seu contato com Suas criaturas não explica a Sua personalidade, do mesmo modo como o contato do homem com os animais não explica a sua personalidade. Em virtude da existência tripessoal de Deus, há uma infinita plenitude da vida divina nele [...]" (11)

Um ser vivo racional, portanto, só desenvolve sua personalidade com a

convivência com uma outra personalidade do mesmo nível de existência. Por exemplo, a

personalidade humana não se desenvolve em contato com um animal irracional (inferior),

mas, em contato com outro ser humano. A personalidade divina não se desenvolveu em

contato com a personalidade humana (inferior), aliás, ela existe eternamente, inclusive

relacionando-se entre si com outras personalidades também divinas, isto é, as três pessoas

da Santíssima Trindade.

10.3 O TERMO “PESSOA”

A declaração de que o Deus único revela-se em “três pessoas” tem sido mal

interpretada tanto pelo cristianismo quanto pelos não-crentes, pois a expressão “pessoa” no

que se refere à Trindade tem sido confundida como uma referência a um ser humano

individualmente separado, o que daria a entender que três pessoas divinas fossem três

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Page 240: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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divindades. No entanto, este outro significado da palavra “pessoa” denota, não a existência

separada, mas o relacionamento. Ao denominarmos as formas de subsistência da essência

da Divindade de “pessoas”, devemos lembrar que este termo é de origem humana, ou seja,

sujeito à falhas.

Bavinck afirmou:

“A palavra foi escolhida, não porque fosse mais precisa, mas porque nenhuma outra melhor foi encontrada. Neste caso a palavra está atrás da idéia, e a idéia está atrás da realidade. Apesar de não poder preservar a realidade a não ser dessa forma, nós nunca devemos nos esquecer de que é a realidade que conta, e não a palavra. Certamente, na glória, outras e melhores palavras e expressões serão colocadas em nossos lábios.” (12)

A Bíblia não possui o termo “pessoas”, mas emprega os termos “Pai”, “Filho” e

“Espírito Santo”. E é essa verdadeira realidade da Trindade que mais importa, e não uma

mera expressão humana que na verdade não satisfaz plenamente à realidade trinitariana.

W. E. Best trouxe importantes declarações a este respeito:

“A palavra „pessoa‟ na teologia é definida como um modo de subsistência, a qual é marcada por inteligência, vontade e existência individual. A mente humana não pode compreender o mistério da Trindade, pois o finito não pode compreender o Infinito. A palavra „Pessoa‟, estudada teologicamente, é usada num sentido diferente dos seus outros usos. Por exemplo, a essência Divina não pode ser ao mesmo tempo três Pessoas e uma Pessoa se „pessoa‟ é empregada num único sentido. Contudo, ela pode ser ao mesmo tempo três Pessoas e um ser pessoal. As características pessoais pelas quais as Pessoas na Deidade se diferem uma das outras não podem ser as características pessoais da Deidade inteira. „Pessoa‟ é usada para expressar uma idéia de personalidade dentro da Deidade. Isso evita, por um lado, a idéia de uma mera forma de manifestação e, por outro lado, a idéia de personalidades completamente independentes nos seres humanos. A verdade da Trindade não assevera que há três Deuses em um Deus (triteísmo). Ela não afirma que Deus meramente se manifesta de três formas diferentes (trindade de manifestações). Os Trinitarianos sustentam que há três Pessoas eternas na substância da Deidade (monoteísmo). O Pai, Filho e o Espírito Santo são um Deus. Cada Pessoa tem uma qualidade distintiva. Nenhuma das Pessoas é Deus sem as outras. Cada uma, com as outras, é Deus.” (13)

O termo "pessoa" é um pobre recurso humano na tentativa de expressar coisas

divinas, apenas um recurso didático que revela a dificuldade existente em utilizar o nosso

limitado vocabulário para referir-se a Deus. A maioria dos teólogos, no entanto, prefere o

termo hipóstase em lugar de “pessoa”. Hipóstase é um meio-termo entre a simples

personalidade e um ser individual. É possível explicar este difícil conceito:

“A doutrina de uma subsistência na substância da Deidade nos dá a visão de espécies de existência que são anômalas e sem igual, e a mente humana deriva pouco ou nenhum conceito dessas analogias, as quais estão

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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presentes em todos os casos na Trindade. A hipóstase é uma subsistência real, - uma forma sólida essencial de existência, e não uma mera emanação, ou energia, ou manifestação, - mas é um intermediário entre substância e atributos. Não é idêntica a uma substância, por isso não são três substâncias [ou seres]. Não é idêntica a atributos, por isso, são três 'pessoas' e cada uma igualmente possui todos os atributos divinos… Conseqüentemente a mente humana é induzida a aceitar a noção de espécies de existência que são totalmente incompreensíveis, e não é capaz de ilustrá-las por quaisquer das comparações comuns e analógicas.” (14)

A. H. Strong considerou que:

“[...] O temo „pessoa‟ só representa aproximadamente a verdade. Apesar de que esta palavra mais aproximadamente do que qualquer outra, expressa a concepção que as Escrituras nos dão da relação entre Pai, Filho e Espírito Santo não é de si mesma empregada nesta conexão na Escritura e empregamo-la em um sentido qualificado, não no sentido comum em que aplicamos a palavra „pessoa‟ a Pedro, Paulo e João [...]” (15)

10.4 O RELACIONAMENTO INTERPESSOAL DO SER DE DEUS

Partindo, então, do princípio de que o termo “pessoa”, ao referir-se a Trindade,

denota relacionamento e não um ser individual separado, realizaremos, a seguir, um

exercício prático utilizando as nossas próprias personalidades para compreender melhor o

relacionamento existente no Ser de Deus. Olhe para dentro de si, para o mais íntimo do seu

ser. Este ser é um tipo de existência eternamente limitada (dependente de Seu Criador) e

temporariamente falha (não por culpa de Deus, mas do pecado humano), ela necessita

crescer e aprender constantemente para se desenvolver. Esta é a escalabilidade da vida

humana, que jamais atinge nem sombra da grandeza infinita e insondável de Seu Criador. O

ser humano no sentido essencial e no sentido pessoal é uma unidade simples, mas é de se

esperar naturalmente que o Criador possua uma espécie de existência diferente, aliás,

superior, uma vez que está infinitamente acima de Sua criação, ilimitado e absoluto. Ele, em

Seu Ser, portanto, no sentido essencial é uma unidade, mas no sentido pessoal é composto

de três modos de existência:

“[...] O fato de que a escala ascendente da vida é marcada pela crescente diferenciação de faculdade e função deve levar-nos principalmente a esperar no mais elevado de todos os seres uma natureza mais complexa do que a nossa. No homem muitas faculdades se unem em um ser inteligente e, quanto mais inteligente for o homem mais distintas se tornarão tais faculdades umas das outras; até que o intelecto e o sentimento, consciência e vontade admitam uma independência relativa e apareça até mesmo a possibilidade de conflito entre elas. Nada há de irracional ou autocontraditório na doutrina de que em Deus as principais funções são ainda mais notadamente diferenciadas, de modo a torná-las pessoais, enquanto ao mesmo tempo tais pessoalidades se unem pela fé em que cada uma delas e de igual modo manifestam a indivisível essência [...]” (16)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Imagine, então, que em seu desenvolvimento da personalidade, fosse possível

para a natureza humana atingir um patamar mais elevado a ponto de surgir um

desdobramento, originando duas existências distintas entre as emoções e os pensamentos.

Em outras palavras o seu “Eu” interior agora passaria a se relacionar com um “Tu”, um

habitando no outro, no mesmo ser, mas distintos, uma bipersonalidade. Este relacionamento

seria semelhante àquele existente entre as pessoas do Pai e do Filho. Agora, imagine que

neste fictício desenvolvimento de personalidade, a natureza humana pudesse alcançar mais

um nível, um segundo desdobramento, resultante do primeiro.

Agora, portanto, há um relacionamento interpessoal entre “Eu”, “Tu” e “Ele”, três

existências distintas entre as emoções, os pensamentos e a vontade (por exemplo), uma

tripersonalidade, um habitando no outro, no mesmo ser, mas distintos, a ponto de podermos

aplicar os demais pronomes pessoais a esta realidade: “Nós”, “Vós”, “Eles” (dependendo do

contexto). Este relacionamento seria semelhante àquele existente entre as pessoas do Pai,

do Filho e do Espírito Santo (se já é difícil imaginar o primeiro desdobramento, pior ainda

este segundo).

"[...] Precisamos dizer que as pessoas são reais, que não são apenas modos diferentes de enxergar o ser único de Deus [...] Antes, precisamos conceber a Trindade de forma tal que a realidade das três pessoas se conserve: cada pessoa se relaciona com as outras como um „eu‟ (primeira pessoa, um „você‟ (segunda pessoa) e um „ele‟ (terceira pessoa). Aparentemente, a única maneira de fazê-lo é dizer que a distinção entre as pessoas não é uma diferença no „ser‟, mas sim uma diferença de „relações‟. Trata-se de algo bem distante da nossa experiência humana, na qual cada „pessoa‟ distinta é também um ser distinto. De algum modo o ser divino é tão maior que o nosso que dentro do seu ser único e indiviso pode haver um desdobramento em relações interpessoais, de forma tal que existam três pessoas distintas [...] Essa forma tripessoal de ser ultrapassa sobremaneira a nossa capacidade de compreensão. É uma espécie de existência bem diferente de qualquer coisa que já tenhamos vivenciado, bem diferente de qualquer outra coisa do universo [...]” (17)

"[...] As três „substâncias‟ pessoais, como são chamadas, são centros coiguais e coeternos de autoconsciência, sendo cada um um „Eu‟ em relação aos outros dois, que são „Vós‟, cada um possuindo a plena essência divina de Deus, a existência específica que pertence só a Deus [...]” (18)

Obviamente na condição de seres criados, finitos e limitados, esta faculdade

pessoal de tripersonalidade não nos foi outorgada, pois ela pertence única e exclusivamente

a Deus, o Criador Soberano e eternamente trinitário. Em nenhum momento do tempo foram

geradas as pessoas da Trindade (a geração e a procedência existente na Trindade – as

quais estudaremos em seguida, pertencem à realidade incompreensível da eternidade). E

esta verdade sobre a essência de Deus, além de eterna, é imutável.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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10.5 "TRINDADE ONTOLÓGICA" E "TRINDADE ECONÔMICA"

10.5.1 INTRODUÇÃO

A razão da unidade da Divindade é a completa ausência de diferenças entre as

pessoas no tocante a atributos divinos como poder, glória, majestade, soberania,

eternidade, onipotência, onisciência e onipresença. Sendo assim, existem atributos comuns

às três pessoas da Trindade, ao passo que outros são exclusivos de uma ou duas pessoas.

Os membros da Divindade possuem a mesma honra, majestade e glória, ou

seja, todos constituem a natureza de Deus, mas é de vital importância também

apresentarmos alguns conceitos concernentes não somente ao relacionamento intratinitário,

que ocorre no Ser de Deus entre as três subsistências pessoais: Pai, Filho e Espírito Santo,

mas também intertrinitário, o relacionamento entre Deus e a Sua criação.

A Confissão de Fé de Westminster expressa de forma resumida esta questão:

“III) Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade - Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O Pai não é de ninguém – não é gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho.” (19)

Mas, este artigo da Confissão expressa apenas a igualdade de ser em Deus

(ontológica) e precisamos analisar também a distinção de papéis com a criação e a

subordinação de relacionamento em Deus (econômica). Há, portanto, uma igualdade

ontológica e uma subordinação econômica. Se não houvesse igualdade ontológica (de ser)

nem todas as pessoas seriam plenamente Deus.

10.5.2 TRINDADE ONTOLÓGICA

Ela tem a ver com o que Deus é, com sua essência ou natureza, onde

estudamos a questão das três pessoas da Divindade e o relacionamento existente entre

elas. São obras que acontecem dentro do Ser divino, na eternidade, à parte de qualquer

contato com algo externo, são apresentadas em unidade, são eternas e imutáveis, pessoais

e essenciais. Estas obras não são resultantes da vontade de Deus, pois Ele não decretou

ser o que é, nem houve um momento no tempo em que Ele não tenha sido o que sempre foi

e será (diferentemente de Suas obras, que ocorrem no tempo). Em outras palavras, a

paternidade de Deus, a geração do Filho pelo Pai e a processão do Espírito do Pai e do

Filho não são obras acidentais, mas essenciais.

Vamos observar cada um destes pontos fundamentais:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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10.5.2.1 Paternidade: Ser Pai é exclusivo da Primeira Pessoa da Trindade. Quando alguém

se torna pai, sua natureza não muda, da mesma forma com Deus, mas, há uma diferença.

Deus Pai é Pai eternamente, jamais houve um tempo que Ele não o fosse.

10.5.2.2 Filiação: É um atributo pessoal exclusivo ao Filho, da Segunda Pessoa da

Trindade, não ao Ser divino completo. Ele é eternamente Filho do Deus Pai e não do Deus

Espírito e nunca houve época em que não o fosse. Ele é eternamente gerado do Pai. Há

várias testemunhas do fato da paternidade e filiação: O Pai (Mt 3:17; 17:5; Hb 1:8); o Filho

(Mc 14:61-62; Jo 19:7), os anjos (Lc 1:31,35), os demônios (Mt 8:28-29; Mc 3:11; Lc 4:41),

os discípulos (Mt 16:15-16; Jo 1:34,39; 11:27; At 8:37), os apóstolos em suas pregações (At

9:20; 2Co 1:19) e até os homens ímpios (Mt 27:54).

10.5.2.3 Processão: O atributo de proceder do Pai e do Filho é propriedade pessoal do

Espírito Santo, não da totalidade do Ser divino. O Espírito procede ou é espirado tanto do

Pai (Jo 15:26), como do Filho (Jo 16:7). Da mesma forma como vimos a respeito do Pai e do

Filho, nunca houve um tempo que o Espírito não procedesse de ambos. O Espírito Santo é

“um” com Cristo e com Deus Pai. Ele é também chamado de Espírito de Jesus (At 16:7),

Espírito de Cristo (Rm 8:9; 1Pe 1:11), Espírito de Jesus Cristo (Fp 1:19), Espírito do Senhor

(At 5:9; 8:39; comparem com 2Co 3:14-18), Espírito do Filho de Deus (Gl 4:4-6), Espírito de

Deus (Rm 8:9,14; 1Co 2:6-16; 3:16; 2Co 3:3; 1Ts 4:8) e Espírito do nosso Pai (Mt 10:19-20;

comparem com Lc 11:13; 1Co 6:19; 1Ts 4:8).

“Se não houvesse nenhuma trindade na natureza Divina, a Paternidade em Deus teria um princípio e teria um fim. Além do mais, a Filiação não seria uma perfeição, mas imperfeição, pois existiria somente para um propósito temporário. O mesmo que é dito do Filho pode ser dito do Espírito Santo. Visto que a paternidade e a filiação são eternas em Deus, a lei de amor requer que os cristãos se conformem a Deus em ambos aspectos, como a mais alta dignidade do ser deles. A reciprocidade de afeição data além do tempo. Um pai humano pode ser tanto pai como filho. Contudo, isso não pode ser verdade da Pessoa Divina. Uma pessoa humana pode ser um filho e não um pai, mas tornar-se um pai subseqüentemente. Tal mudança na Deidade destruiria a imutabilidade. As três Pessoas na Deidade são co-eternas. Elas existem lado a lado, mas não independentemente ou separadamente.” (20)

“Geração” e “processão” são termos humamos, assim como “pessoas”:

“[...] são apenas expressões aproximadas da verdade e, através de outras declarações bíblicas, devemos corrigir quaisquer impressões imperfeitas que podemos derivar somente delas. Empregamos estes termos em um sentido especial, que explicitamente estabelecemos e definimos excluindo toda a noção de desigualdade entre as pessoas da Trindade.” (21)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Esta ordem eterna existente no Ser essencial de Deus é a base da qual se

oriunda as funções nas pessoas da Divindade, originando a Trindade econômica.

10.5.3 TRINDADE ECONÔMICA

Diz respeito ao modo como as coisas são feitas pelas pessoas da Trindade,

embora a Divindade triúna trabalhe co-exista em unidade, as três pessoas possuem uma

maneira própria e exclusiva de agir com o mundo criado (criação, providência ou redenção).

A expressão “economia” se baseia no significado já obsoleto de “ordenamento

de atividades”, como antigamente costumava-se mencionar, por exemplo, a economia

doméstica para as atividades não somente financeiras, mas de todas as atividades da casa.

“Concluímos, portanto, que quando a palavra „Deus‟ é usada de modo simples e indefinida, ela pertence ao Filho e ao Espírito tão verdadeiramente quanto pertence ao Pai; mas quando, por exemplo, o Pai é comparado com o Filho (em expressões tais como „O Pai ama o Filho‟, ou „o Pai enviou Seu Filho‟) cada pessoa divina é distinguida uma da outra por aquilo que peculiarmente lhe pertence [...]” (22)

“[...] A unidade e a diversidade das obras de Deus se originam da unidade e diversidade que existem no Ser divino. Esse Ser é um Ser, singular e simples. Ao mesmo tempo Ele é tripartido em Sua pessoa, em Sua revelação e em Sua influência. Toda a obra de Deus é compacta e indivisível, mas ao mesmo tempo compreende a mais rica variedade [...]” (23)

Embora haja a co-igualdade das três pessoas da Divindade, ou seja, não exista

uma subordinação na essência divina, existe uma subordinação de função, que é própria da

Trindade econômica. O Deus triúno trabalha de forma que cada uma das pessoas opere

diferenciadamente e nelas o Filho e o Espírito estão em uma função de subordinação, com a

finalidade supra de que os eternos decretos de Deus Pai sejam cabalmente cumpridos.

A subordinação do Filho ao Pai é caracterizada pelo fato do primeiro ter sido

enviado pelo segundo, e não o contrário, como uma questão de precedência na eternidade,

na forma de autoridade funcional (Jo 7:29; 14:16). É caracterizada também pelo fato do

Filho obedecer a vontade do Pai (Jo 4:34; 14:31) e não poderia ser ao contrário, se não o

Pai deixaria de sê-lo e o Filho também. O Filho recebe autoridade do Pai (Jo 17:2) que será

devolvida quanto todas as coisas da redenção forem completadas (1Co 15:28).

A subordinação do Espírito ao Filho e ao Pai revela-se pelo fato do Espírito ter

sido enviado pelo Filho (Jo 16:7) e pelo Pai (Jo 14:26) e só revelar o que o Filho lhe ordenou

(Jo 16:13-14). O Filho e o Espírito não são inferiores ao Pai ou de importância menor nas

relações interpessoais.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“A única subordinação de que podemos falar é uma subordinação quanto à ordem e ao relacionamento.” (24)

"[...] Não podemos dizer, por exemplo, que o Pai é mais poderoso ou mais sábio que o Filho ou que o Pai e o Filho são mais sábios que o Espírito ou um existia antes do outro [...] Embora, as pessoas da Trindade sejam iguais em todos os seus atributos, assim mesmo diferem nas suas relações com a criação. O Filho e o Espírito Santo são iguais em divindade a Deus Pai, mas são a Ele subordinados nos seus papéis [...] As únicas distinções entre os membros da Trindade estão nas formas como se relacionam uns com os outros e com o restante da criação [...]” (25)

“[...] A subordinação da pessoa do Filho à do Pai, ou, em outras palavras, uma ordem de pessoalidade, ofício e operação que permite ao Pai ser oficialmente o primeiro, o Filho o segundo e o Espírito o terceiro é perfeitamente consistente com a igualdade. Prioridade não é necessariamente superioridade [...]” (26)

Todo trinitarista acredita, baseado nas Escrituras que, enquanto viveu entre os

homens, Cristo estava em uma posição de submissão ao Pai, que, por sua vez, era exaltado

no Céu, enquanto o Filho era humilde, tendo abdicado temporariamente de Sua glória, mas

não de Sua divindade. Inclusive é mencionado que o Pai era maior do que Cristo (Jo 14:28).

Ora, era necessário que Jesus Cristo honrasse ao Pai enquanto possuidor de uma natureza

humana que fora criada, que se unira à Sua eterna natureza divina (sobre este assunto

trataremos mais detalhadamente mais adiante).

Contudo, esta questão se torna mais complexa pelo fato de que esta submissão

de Cristo ao Pai ultrapassa a Sua vida histórica na Terra. Cristo fora enviado ao mundo pelo

Pai (1Jo 4:9), o que deixa transparecer que em algum sentido Cristo estava em submissão

ao Pai antes da encarnação.

Porém, Cristo, ao encarnar, tornou-se um servo de Deus (Fp 2:8), dando a

entender que Ele não estava naquele relacionamento (entre servo e senhor) com o Pai

antes de tornar-se homem. Em contrapartida, após a ressurreição e a ascensão, Cristo

prosseguiu referindo-se ao Pai como Seu Deus (Jo 20:17; Ap 3:12) e considerando Deus

Pai como Seu „cabeça‟ (cf. 1Co 11:3). Podemos resolver esta aparente contradição com as

seguintes posições trinitarianas:

Primeira: Tanto na Trindade ontológica como na econômica, o Filho sempre foi

distinto do Pai e sempre o será, apesar de ambos possuírem a mesma essência. Aliás,

deve-se dar a mesma honra tanto ao Pai como ao Filho (Jo 5:20-23); Segunda: Na Sua

natureza humana adquirida e unida à Sua natureza divina, Jesus Cristo sempre honrou ao

Pai como Seu Deus; Terceira: Mesmo antes da encarnação, Cristo se ofereceu (vicária e

espontaneamente) a representar o Pai diante da humanidade e sempre buscou honrar ao

Pai; Quarta: Na Sua natureza divina (eterna e infinita como a do Pai e a do Espírito), Cristo

sempre foi plenamente Deus e sempre será, como o Pai e o Espírito também o serão; e

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Quinta: Como afirmamos anteriormente, devido à Sua humanidade adquirida, Cristo possui

um relacionamento com Deus Pai diferente daquele que possuía antes da encarnação.

Portanto, na Sua natureza divina, Ele é essencialmente idêntico ao Pai, embora no

relacionamento, subordinado ou submisso ao Pai, depois de tornar-se também ser humano.

10.5.4 UMA ANALOGIA DA ECONOMIA TRINITARIANA E O MODELO BÍBLICO DE

ESTRUTURA FAMILIAR

É possível estabelecermos uma analogia (comparação) entre a Trindade

Econômica, com sua subordinação funcional (e não de essência) com a estrutura familiar

bíblica. Observamos que no casamento (análogo à Trindade e segundo é o propósito de

Deus) o homem e a mulher se tornam uma unidade impressionante de duas pessoas

literalmente falando, mas que permanecem indivíduos distintos (1Co 6:16-20; Ef 5:31).

Em um certo grau, o relacionamento matrimonial possui uma imagem

semelhante ao relacionamento entre Deus Pai e Deus Filho na Trindade Econômica (cf. 1Co

11:3), ou seja, da mesma forma que o Pai tem autoridade sobre o Filho na economia

trinitariana, por ter precedência na eternidade (Trindade ontológica), também o marido

possui autoridade sobre a mulher na vida conjugal por ter sido criado primeiro (1Co 11:3, 8-

9). Este fato não significa, no entanto, que haja um desmerecimento da parte subordinada.

Da mesma forma como o Pai e o Filho são iguais em importância e divindade, também o

marido e a mulher são iguais em importância e humanidade.

E, apesar de não estar exposto claramente nas Escrituras Sagradas, a realidade

dos filhos, dentro do contexto do casamento, no fato de serem procedentes do pai e da mãe

e estarem debaixo da autoridade de ambos é de certa forma semelhante à relação do

Espírito Santo com o Pai e com o Filho (procedente e debaixo da autoridade de ambos).

10.5.5 TABELA DEMONSTRATIVA DA "TRINDADE ONTOLÓGICA" E DA "TRINDADE

ECONÔMICA"

Sobre a dinâmica existente entre a Trindade ontológica e a econômica, a tabela

a seguir demonstra atributos divinos comuns entre as pessoas da Divindade, ou seja, Sua

igualdade dentro da mesma essência do Ser divino e outros atributos específicos de uma ou

duas pessoas da Divindade, ou seja, a operacionalidade e a subordinação funcional dentro

do Ser de Deus para com as obras da Criação, inclusive a humanidade.

Cada atributo apresentado terá sua referência bíblica correspondente como

respaldo textual (Obs: a tabela é uma adaptação): (27)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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10.6 O "CONSELHO INTRATRINITÁRIO"

O Conselho intratrinitário (ou Conselho Eterno) diz respeito às obras que

ocorrem e os decretos que são estabelecidos dentro do Ser infinito, eterno e indivisível de

Deus (ontológica: relacionamento intratrinitário), que por sua vez, refletem diretamente nos

acontecimentos temporais, ou seja, na maneira como o próprio Deus atuou e atua na

história humana e da criação (econômica: relacionamento intertrinitário).

Héber Carlos de Campos, sabiamente trouxe considerações que nos auxiliam

grandemente neste estudo:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“O Conselho Eterno, que é estabelecido entre as Três Pessoas da Trindade, refere-se aos planos do Deus Triúno com respeito à criação, queda e redenção de pecadores, inclusive a Pessoa e a obra do Redentor. Esse plano feito na eternidade tem a ver com o decreto de Deus que abrange todas as coisas que acontecem na história do mundo [...]” (28)

Mais adiante, Héber Campos complementou:

“[...] Diz respeito às Três Pessoas eternas, as únicas existentes desde sempre, que tomaram as decisões com relação a todas as coisas que viriam a acontecer no mundo e na história dos homens, que são chamadas „decretos de Deus‟ [...]” (28)

Convém mencionar que esta doutrina do Conselho Intratrinitário não é

exaustivamente apresentada nas Escrituras, mas deduzida logicamente de inúmeros textos

e, por não haver uma afirmação ou nomenclatura explícita no texto sagrado, há muita

divergência de termos e considerações entre os teólogos.

Sem o desejo de nos aprofundar neste tema, por carecer de embasamento

bíblico mais consistente para tal, poderíamos afirmar por esclarecimento proveniente de

outros textos bíblicos que:

10.6.1 Deus Pai é o líder do Conselho Eterno pela Sua própria denominação de “Pai”,

tendo assim, na eternidade, precedência na essência trinitária diante do Filho e do Espírito,

os quais possuem uma subordinação funcional para com Ele. Pode ser que foi o Pai quem

tomou a iniciativa do “façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”

(Gn 1:26) quando a Trindade criou os seres humanos. Pode ter sido iniciativa do Pai para

que a Trindade descesse à Terra para confundir a linguagem do povo de Babel (Gn 11:5-8).

Seguramente foi iniciativa do Pai reconciliar-se com os pecadores enviando o Seu Filho (Jo

3:16).

10.6.2 Deus Filho é o executor das decisões do Conselho Eterno. Apesar de não haver

diferenças na essência divina, o Filho é tanto executor da criação (Jo 1:3; Cl 1:16) quanto da

redenção (Jo 3:16; Ef 1:4-5,11; 3:8-11; comparem com Is 9:6 e Cl 2:3).

10.6.3 Deus Espírito é o comunicador do Conselho Eterno. Ele conhece plenamente e

nos revela os mistérios e os conselhos ocultos e as profundezas do Ser de Deus (1Co 2:10-

13). Inclusive, dentro da execução das decisões deste Conselho para a redenção da

humanidade, o Espírito preparou uma natureza humana para o Redentor (Mt 1:20) e O

ungiu com sabedoria e entendimento (Lc 4:18-21; cf. Is 11:2).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Os propósitos divinos são chamados na Bíblia de “conselhos” por estarem

alicerçados na sabedoria divina:

“Ó Senhor, tu és o meu Deus; exaltar-te-ei a ti, e louvarei o teu nome, porque tens feito maravilhas, e tens executado os teus conselhos antigos, fiéis e verdadeiros.” (Is 25:1); “Quem guiou o Espírito do SENHOR? ou, como seu conselheiro, o ensinou?” (Is 40:13, cf. v. 14); “Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?” (Rm 11:34).

O Conselho Eterno também fixou as leis para a criação (Jr 31:35-36), sobre a

raça humana (At 17:26; cf. Gn 11:7; comparem com Gn 3:22), sobre o envio de um profeta

aos pecadores (Is 6:8) e sobre o conteúdo da pregação para a redenção da humanidade

(1Co 2:6-7), simplesmente chamado de “desígnios de Deus” (At 20:27).

10.7 CRISTOLOGIA APOLOGÉTICA NEO-TESTAMENTÁRIA

10.7.1 INTRODUÇÃO

Iremos aprender mais adiante, no próximo capítulo, a grande lição prática da

doutrina trinitariana que é justamente em relação ao propósito de Deus para a salvação da

humanidade. Por isso, precisamos realizar uma apologética (defesa da fé cristã) consistente

e elucidativa em relação à Pessoa do Salvador, Jesus Cristo, e conhecer em seguida

aspectos teológicos sobre Ele diretamente relacionados à doutrina trinitariana.

Quando alguém afirma que não existem evidências de que o Senhor Jesus

realmente veio à Terra e muito menos que Ele ressuscitou, o que vocês fazem? Qual a sua

reação? Uma afirmação destas coloca a sua fé em dúvida?

Não, isso não pode acontecer. Independente de evidências, a nossa fé em Cristo

deve ser inabalável. Mas, sim, para responder aos críticos e céticos, existem inúmeras

evidências bíblicas e não bíblicas de que Cristo não só é um real personagem histórico real,

mas, apesar de ter sofrido muitas injustiças e ter tido um “final” aparentemente trágico, Ele

ressuscitou em glória. Afinal, qual a verdadeira identidade de Jesus Cristo? Ele teria

realmente alegado ser o Filho de Deus?

Muitos céticos criticam a Pessoa de Jesus, afirmando que Ele não era e não é

Deus encarnado, que Ele não acreditava nisso ou que estava mentindo ou até mesmo que

esta louco, fora do uso adequado de suas faculdades mentais quando afirmou ser o Filho do

Deus. Pior, afirmam ainda que Ele poderia ter hipnotizado as pessoas. Como responder as

essas acusações?

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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10.7.2 JESUS FOI ASSASSINADO OU ELE SE ENTREGOU?

"...os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos zombavam dele, dizendo: 'Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo! E é o rei de Israel! Desça agora da cruz, e creremos nele. Ele confiou em Deus. Que Deus o salve agora, se dele tem compaixão, pois disse: 'Sou o Filho de Deus'" (Mt 27:41-43).

O maior exemplo do preceito bíblico de que Deus age com um propósito final

benéfico utilizando inicialmente uma situação de aparente tragédia ou calamidade vem

justamente da maior injustiça já feita a um ser humano (ou melhor, ao Deus Filho, que

possue a natureza humana), através de um “assassinato” frio e cruel de um inocente, que

nunca maltratou ninguém e ensinou o amor ao próximo. Afinal, Jesus iniciou o Seu

ministério com cerca de 30 anos de idade (Lc 3:23) e morreu cedo demais, cerca de 3 anos

depois, ou seja, "assassinado" ainda muito jovem, com 33 anos de idade aproximadamente.

Muitos de nós podem ficar perplexos com isso. Pior ainda, para muitos, a morte

de Cristo na cruz, foi apenas uma demonstração de fraqueza e de derrota da parte Dele.

Muitos aspectos da vida de Cristo não parecem condizer com alguém que um dia viria a ser

derrotado. Jesus se dizia ser o Messias, o Cristo (Jo 4:26; 10:24-25), Ele afirmava ser e foi

reconhecido por muitos como o Filho de Deus (Mt 14:33; 16:16; 27:54b; Mc 14:61-62; Jo

5:25; 8:25; 9:35-38; 19:7; Rm 1:4) e até mesmo os demônios sabiam quem Jesus era e se

prostravam diante de Sua soberania com medo (Mc 1:34; 3:11; 5:6-7; Lc 8:27-32).

O Espírito Santo esteve presente na vida terrena de Jesus desde o nascimento

(Lc 1:35; 3:22; 4:1,14; 10:21; 11:13; At 1:1-2), Jesus já era glorificado pelo Pai Celeste antes

mesmo da criação da humanidade (Jo 8:54; 13:31-32; 17:5,24), era o Filho amado que

agradava ao Pai (Mt 3:17; 17:5; Lc 3:21-22) e dono de um trono glorioso (Mt 19:28), Ele

transmitiu sábios e ricos ensinamentos (Mt caps. 5-7; Jo 13:34-35; 14:1-3,27), mesmo

diariamente e de forma aberta e pública, nas sinagogas e nos templos (Mc 14:49; Jo 18:20),

que fez com que muitos cressem em Sua mensagem e em Deus (Jo 2:23; 4:42; 8:30; 11:45;

12:42-43) e realizou incontáveis milagres extraordinários diante de todos, fossem os

discípulos, o povo ou os fariseus e mestres da Lei, etc. (Mt 9:6-8; 11:4-5; Jo 2:23; 3:2; 6:26;

9:16; 11:38-44).

Jesus era (e é) Rei, Mestre e Senhor (Lc 5:5; 17:13; Jo 3:2; 4:31; 13:13; 18:37;

20:16), Ele é O caminho, A verdade e A vida (Jo 14:6), Ele demonstrou Sua sabedoria, o

que admirou a muitos (Mt 13:54; 22:46; Mc 11:18; 12:17,34b; Lc 4:22; Jo 3:11-12; 6:63,68;

7:46; 16:30), demonstrou autoridade (Mt 4:19-20; 21:12-13; Mc 1:22,27; 2:28; Lc 4:32; Jo

1:42; 2:16; 10:27-28; 13:3; 17:1-2), demonstrou a Sua soberania (Jo 15:5,16), poder sobre a

matéria criada (Mt 14:19-21; Jo 2:8b,10; 6:5-14), sobre as doenças, enfermidades e

tormentos (Mt 4:23-24; 8:1-3; 9:35; 15:30; Jo 5:8-9; 9:6-7), sobre os demônios (Mt 8:16,29-

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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30; Mc 1:24; Lc 4:36; 10:17), sobre a natureza (Mt 8:26-27; 14:25; Mc 4:38-41; Jo 6:19),

sobre a vida (Jo 5:21,24-26; 8:51; 10:10b) e a morte (Lc 7:11-15; Jo 4:50; 11:25-26, 38-44).

Ele foi admirado, afamado e seguido pelas multidões (Mt 4:24; 14:14; 15:30;

19:2; 21:8-11; 22:22,33; Mc 7:37; 10:1; Lc 5:15; Jo 12:12-19), chegando às vezes a milhares

de pessoas (Lc 12:1), sendo que muitos ouviram fascinados os Seus ensinos e com prazer

e alegria mesmo logo de manhã (Mc 12:37b; Lc 13:17; 19:48; 21:38).

Por outro lado, muitos outros aspectos da vida de Cristo parecem indicar que o

fracasso poderia ser iminente em Sua vida, diante de tantas dificuldades que Ele passou.

Jesus, não apenas utilizou Seus atributos divinos em grandes ensinamentos e milagres

extraordinários e nem teve apenas momentos de fama e admiração popular (Lc 4:1-2,36;

5:15; 8:40), mesmo que não as buscasse. Mesmo antes da prisão, vivenciou muitos

problemas e conflitos e teve que dar exemplo de tudo o que ensinava (amor, perdão,

compreensão, etc.).

Jesus tinha uma vida muito simples no sentido material, desde o nascimento em

situação extremamente pobre (Lc 2:6). Ele tinha aprendido o ofício de carpinteiro (Mc 6:3) e

chegou ao ponto de afirmar em certa ocasião que não tinha onde reclinar a cabeça (Mt

8:20). Ele já sabia quais dos Seus discípulos não creriam Nele e qual deles O trairia (Jo

6:64; 13:11). Ele sabia que muitos não conseguiam entender a sua mensagem (Jo 8:43), Ele

enfrentou a incredulidade de muitos judeus (p. ex.: Lc 8:52-55), mesmo diante dos milagres

Dele (Mc 3:3-5; Jo 12:37), ele enfrentou até mesmo a falta de fé Nele, falta de discernimento

e de maturidade espiritual por parte dos seus próprios discípulos (Mt 17:14-17; 28:17; Mc

9:30-32; 10:13-14; 16:10-14; Lc 9:44-45, 54-55; 17:5; 18:34; 24:25; Jo 12:16; 20:9), que

inclusive O abandonaram no momento de sua prisão (Jo 16:31-32). Ele enfrentou oposição

e falta de fé por parte de Sua própria família (Mc 3:20-21; Jo 7:3-5).

Jesus sabia que muitos atribuíam erroneamente os Seus milagres ao poder de

Satanás (Mt 12:24; Mc 3:22; Jo 7:20) e até blasfemaram, dizendo que Cristo estava

endemoninhado e havia enlouquecido (Jo 10:20). Ele escapou de uma imensa multidão que

queria O proclamar Profeta antes do momento certo (Jo 6:14; comparem com Mc 1:45) e

escapou também quando muitos outros tentaram apedrejá-Lo (Jo 8:59) e também prendê-Lo

(Jo 7:30) e certa ocasião precisou se manter em segredo mesmo em uma grande festa (Jo

7:10-11), mas nem sempre conseguiu manter em segredo a Sua presença (Mc 7:24).

Jesus já sabia que muitos judeus e os fariseus e mestres da Lei o odiavam (Jo

7:7; 14:24) e planejavam flagrar Jesus em alguma atitude errada e matá-Lo (Mc 14:1; Lc

11:53-54; 19:47-48; 20:19-26; 22:2; Jo 7:19,25; comparem com Mc 11:18), até porque Cristo

com autoridade pronunciou muitas severas advertências contra os pecados deles (Mt 23:1-

39; Mc 12:38-40; Lc 11:37-52), o que deve ter certamente contribuido para aumentar todo o

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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ódio que sentiam por Ele, mas não conseguiram apanhá-Lo em flagrante transgressão em

nenhuma palavra que Ele disse (vejam cf. Lc 20:26,39).

E em se falando em dificuldades as quais Cristo vivenciou, não podemos deixar

de mencionar a tremenda angústia que Ele sentiu na véspera de Sua crucificação ao orar ao

Pai no Jardim do Getsêmani (Mc 14:34; Mt 26:36-46), sabendo da profunda dor que sentiria

devido à crucificação e a terrível separação temporária da presença do Pai Celeste devido

ao fato de que todos os pecados da humanidade seriam lançados sobre Ele (Mt 27:46) e

sabemos que Deus não tem comunhão com o pecado (Jó 34:10-12; Sl 5:4).

Por que com tantas insinuações de que o povo e as autoridades não

compreendiam o ministério de Jesus e não nutria msimpatia por Ele, mas ódio, e sabendo

do sofrimento que sentiria, Ele não previu que conseguiriam prendê-Lo, espancá-Lo e matá-

Lo? Muitas pessoas, sem conhecer e compreender toda a história da salvação, podem

questionar por que mesmo depois de todas aquelas demonstrações de poder, sabedoria,

autoridade e aprovação pública, ainda conseguiram prendê-Lo com facilidade (Jo 18:12). E

mais: nenhum dos servos de Jesus lutou para impedir que os líderes religiosos judeus O

prendessem (Lc 22:52-54; Jo 18:36), e ainda bateram e cuspiram Nele (Mt 26:67; Jo 18:22),

tentaram depor falsamente contra Ele (Mt 26:59-60; Mc 14:55-56), O mantiveram amarrado

(Mt 27:2; Jo 18:24), tomaram a decisão unânime de condenar Jesus à morte (Mt 27:1) e

conseguiram levar os romanos, mesmo que estes O considerassem inocente (Mt 27:24b; Lc

23:4,13-15,22; Jo 18:38; 19:4,6b) a O violentar cruelmente com açoites e zombar Dele (Mt

27:39-44; Mc 15:15-20; Lc 22:63; 23:11; Jo 19:1-3) e crucificá-Lo (Mc 15:15; Jo 19:16,23).

Por que Deus permitiu esse "final" tão trágico? Afinal, Jesus não era onisciente?

Jesus sabia exatamente o que a pessoas pensavam (Mt 9:4; 12:25; Mc 2:8a; Lc 5:22; 6:8;

9:47; 11:17; Jo 1:47-50; 13:19; 37-38; 18:4). Ele conhecia os pensamentos bons e ruins das

pessoas e não se confiava muito a elas (Jo 2:24-25; 6:67; comparem com Mt 22:18; Mc

12:15). Mas será que foi assim mesmo? Jesus não teve como evitar? Muitos podem

exclamar: “Que tragédia não é mesmo?!” Mas, será que foi uma tragédia? Será que Jesus

foi pego de surpresa e foi derrotado? Então, diante de tantas evidências não nos parece que

Ele foi "mais que um derrotado"? Ou será que Ele foi (e é) "mais do que vencedor"?

Recordando histórias edificantes e triunfantes de importantes personagens

bíblicos que foram mais do que vencedores, observamos, por exemplo, que não foram os

irmãos de José que o enviaram ao Egito e nem foi faraó que promoveu José ao posto de

governador daquela nação, mas foi Deus agindo soberanamente na eternidade, tecendo

seus propósitos eternos através das atitudes dos seres humanos. Também não foi Satanás

que deliberadamente atacou e destruiu a vida de Jó, mas Deus, no controle de tudo,

permitiu toda aquela tribulação para ensinar ricas lições a Jó e restaurar sua saúde, sua

família e sua riqueza. E certamente foi o que ocorreu com Cristo. Ninguém o prendeu e

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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matou por obra do acaso e por sinal de fraqueza de Deus, mas todo o contexto da morte e

ressurreição do Senhor estava dentro dos propósitos benignos e soberanos de Deus.

Quando vemos as pessoas agindo de forma errada ou algum acontecimento

trágico ocorrendo, uma circunstância adversa, não podemos esquecer que Deus está no

controle e pode transformar a aparente derrota em uma imensurável vitória.

Meus prezados amigos e irmãos leitores, como muitos de vocês também sabem

muito bem, desde a eternidade tudo a respeito da salvação da humanidade já estava

decretado por Deus, Cristo é eterno (Jo 8:58; 17:24), Ele é o Cordeiro que foi morto antes da

fundação do mundo (Rm 2:7; 1Pe 1:20; Ap 13:8). Nada pegou a Deus de surpresa, tudo

estava dentro dos Seus planos infalíveis, dentro de Seus propósitos eternos, nada escapou

do Seu controle, Ele não precisou mudar de planos ou improvisar nada.

Jesus sabia perfeitamente de Sua missão de pregar o Reino de Deus, as boas

novas e de dar a Sua vida pelos pecadores (Mt 9:13; 18:11; 20:28; Mc 1:38; Lc 4:43; Jo

7:33-34; 8:21; 10:14-16; 12:27,47; 17:26). Ele sabia o que deveria acontecer em Sua vida e

na vida de Sua Igreja (Mt 16:18; Jo 7:39; 8:28; 12:30-32; 13:1-3; 36-37; 14:19; 18:4). Jesus

sabia o momento exato e a maneira exata pelos quais deveria se comportar (Lc 9:51; Jo 2:4;

6:6; 7:6-8; 11:14-15; 12:49; 13:1; 16:25). Ele reconhecia que Suas decisões eram as certas

(Jo 8:16). Ele, inclusive predisse várias vezes o que ocorreria com Ele, que seria preso,

escarnecido e crucificado, mas que ressuscitaria (Mt 17:22-23; 20:17-19; 26:10-12; Mc 8:31-

32a; 9:30-31; Lc 9:22,44; 18:31-33; Jo 18:32).

Muitas vezes tentaram prendê-Lo, mas ninguém lhe colocou as mãos, pois a

hora determinada para a prisão Dele não havia chegado ainda (Jo 7:30,44; 8:20; 10:39).

Aliás, Pilatos só manteve Cristo sob sua custódia porque o Pai Celeste autorizou e não

porque Pilatos foi mais forte que Cristo (Jo 19:11a).

Ademais, no momento de Sua prisão, Cristo evitou que houvesse violência e se

deixou prender e afirmou que facilmente poderia pedir ao Pai que lhe colocasse à Sua

disposição mais de doze legiões de anjos para o defender (Mt 26:52-53). Portanto, a prisão

de Cristo claramente era algo que precisava ocorrer, mas no momento certo, depois que Ele

já tivesse entregue Seus ensinamentos, para se cumprir as Sagradas Escrituras (Mt 26:54-

56; Mc 14:48-49; comparem com Lc 22:37; 24:44-49).

Não, de forma alguma Jesus foi assassinado, derrotado na cruz, nem pelos

judeus, nem pelos romanos e nem por Satanás (Mt 4:1-11; Lc 10:17-18; Jo 14:30; 16:11).

Ninguém assassinou Jesus. Ninguém tinha esse poder em toda a Terra e no universo, mas

Jesus tinha autoridade dada pelo Pai de dar a Sua vida e reavê-la, espontaneamente (Jo

10:17-18). Portanto, Sua morte e ressurreição estavam sob o Seu controle o tempo todo.

Aliás, na cruz, foi Ele que entregou espontaneamente o Seu espírito ao Pai na hora certa

(Mt 27:50; Lc 23:46; Jo 19:30), na hora determinada, quando tudo estava concluído para

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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que as profecias das Escrituras Sagradas se cumprisssem (Jo 19:28) e quando toda a obra

de salvação já estava consumada (Jo 19:30) e para a pregação do evangelho (Lc 24:44-49).

E então, considerando o que estudamos, questionamos: Jesus foi um fraco,

derrotado? E Deus foi injusto? Não, jamais, porque o evangelho de Jesus Cristo é o poder e

não a fraqueza de Deus para a salvação de todo aquele que crê, evangelho esse que revela

a justiça e não a injustiça de Deus, justiça do princípio ao fim que é pela fé (Rm 1:16-17).

Realmente, o sentido da morte de Cristo na cruz e o Seu evangelho para aqueles que não

possuem o Espírito Santo e não discernem espiritualmente as obras de Deus, pode parecer

uma história sem lógica aparente, pode "soar" como algo escandaloso ou uma loucura (1Co

1:23-24; 2:10-16). Mas, a mensagem da cruz realmente é loucura para aqueles que não

conhecem a Cristo ainda e estão se perdendo, mas essa mensagem, para aqueles que

estão sendo salvos por ela, é o poder de Deus e não a fraqueza de Deus (1Co 1:18).

Aqueles que pensam como o mundo pensa não entenderão a mensagem da cruz, pois Deus

tornou louca a sabedoria deste mundo e...

"[...] visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que crêem por meio da loucura da pregação" (1Co 1:20:21, cf. vv.25-29; 3:18-19). "Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente." (1Co 2:12).

Ademais, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus (1Co 1:24b) e...

"o Reino de Deus não consiste de palavras, mas de poder." (1Co 4:20).

À vista de tudo o que afirmamos, a morte de Cristo não ocorreu na hora

determinada por outra pessoa ou devido à alguma influência de Seus perseguidores e nem

muito menos por Satanás, ela havia sido predeterminada na eternidade por Deus. O povo e

as autoridades judaicas e romanas fizeram toda essa injustiça com Jesus muitos por

ignorância e por não terem entendido e reconhecido quem era realmente Jesus, mas

mesmo assim, todos eles são culpados por seus pecados (Jo 15:22-24; 16:9; 19:11; Rm 2:6;

1Co 2:8). Aliás, por mais difícil que seja de se compreender e pior ainda para explicar, Deus

age soberana e misteriosamente utilizando as vontades, decisões e atitudes humanas e até

mesmo o Diabo para os Seus propósitos, sem interferir na livre escolha humana, sem

interferir nas vontades do próprio Satanás, sem deixar de ser soberano e além de tudo, sem

poder ser chamado de culpado ou injusto por determinada situação, pois na verdade, foram

atos operados pela livre vontade dos seres humanos, os verdadeiros culpados e atos

realizados pela vontade de Satanás, também culpado de muita tragédia e desgraças que

ocorreram e ocorrem.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Todos estes preceitos que temos visto, de uma forma ou de outra, estão

intrínsecos em várias declarações dos apóstolos em suas pregações no início da igreja

primitiva e da pregação do evangelho às nações:

“Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos; ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela” (At 2:22-24). “O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós traístes e negastes perante Pilatos, quando este havia decidido soltá-lo. Vós, porém negastes o Santo e o Justo, e pedistes que vos concedessem um homicida. Dessarte matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas. E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também as vossas autoridades; mas Deus assim cumpriu o que dantes anunciava por boca de todos os profetas, que o seu Cristo havia de padecer. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (At 3:13-15,17-19). “Porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e povos de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram...tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo, e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus” (At 4:27-28,31). "Irmãos, filhos de Abraão, e gentios que temem a Deus, a nós foi enviada esta mensagem de salvação. O povo de Jerusalém e seus governantes não reconheceram Jesus, mas, ao condená-lo, cumpriram as palavras dos profetas, que são lidas todos os sábados." (At 13:26-27; vejam ainda os vv. 28-30). “Mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória; sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória.” (1Co 2:7-8).

Deus transforma aparentes derrotas em vitórias indescritíveis. Eis que surgiu

uma grande notícia depois de tanta tragédia, dada por um anjo:

"Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Venham ver o lugar onde ele jazia." (Mt 28:5-6; comparem com Mc 16:6; Lc 24:5-6).

À despeito de todo ódio, inveja, planos de conspiração, maldade e crueldade dos

seres humanos, Jesus ressuscitou!! Glória a Deus! (1Co 15:3-8). Maria Madalena foi uma

das primeiras pessoas a falar da ressurreição, ela correu para anunciar aos apóstolos: "Eu vi

o Senhor" e lhes contou sobre o seu encontro com o Mestre ressurreto (Jo 20:18; comparem

com Mt 28:7-10; Mc 16:9).

Devido ao plano de salvação em sua totalidade, isto é, o fato de Deus de

antemão nos conhecer, nos predestinar, nos chamar, nos justificar e (na eternidade) nos

glorificar é que temos a certeza que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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O amam, que foram chamados conforme o Seu propósito. Ele atua em todas as

circunstâncias da nossa vida de modo que, mesmo sendo ruins, elas cooperarão juntas para

o nosso bem, segundo o Seu propósito (Rm 8:28-30). Diante de tudo isso, já que Deus é por

nós, está ao nosso favor, já que Ele mesmo nos justifica, quem será contra nós? Deus não

poupou nem o Seu Filho amado, mas pagando um alto preço (1Co 6:20; 7:23), O entregou

por nós para passar por tudo aquilo que estudamos anteriormente, certamente pode nos dar

de graça todas as coisas (Rm 8:31-32). Cristo morreu e ressuscitou e intercede por nós

junto ao Pai, portanto, nada poderá nos condenar e nos separar do Seu ilimitado,

incondicional e imensurável amor, nem angústia, nem pereguição ou privações ou perigos,

nem anjos, nem demônios, nem o presente, nem o futuro, nem altura ou profundidade, ou

qualquer outro poder, nada (Rm 8:33-35).

O amor de Cristo sempre estará conosco independente da situação, boa ou

ruim. Em todas estas coisas, portanto, não somos derrotados, mas também não somos

apenas vencedores, nós somos MAIS QUE VENCEDORES, através do amor de Deus,

demonstrado em Cristo Jesus na cruz. Ele não foi assassinado, Ele entregou

espontaneamente a Sua vida ao Pai em nosso favor, por nos amar infinitamente (Jo 13:1).

Se falando em vitória, damos graças a Deus e à Sua graça maravilhosa, Ele nos

dá a vitória por meio de Cristo, a nossa justificação e redenção (Rm 3:24) e por isso, não

desanimemos, mantenhamo-nos firmes, inabaláveis, sempre dedicados na obra do Senhor,

pois Ele venceu, Ele ressuscitou com poder (Rm 1:4) e em carne e osso, Ele não é um

fantasma (Lc 24:36-39). Ele está vivo e dirigindo soberanamente a Sua Igreja e, por isso, o

nosso trabalho para Ele jamais será em vão (1Co 15:57-58). Cristo ressurgiu dos mortos,

em glória. Ele é o maior exemplo de vitória a ser seguido. Passaremos, sim, por aflições,

mas precisamos manter o ânimo e a nossa fé Nele que é capaz de vencer o mundo (1Jo

5:4). Porque Ele venceu, nós podemos vencer também (Jo 16:33).

10.7.3 EVIDÊNCIAS DA EXISTÊNCIA DE JESUS CRISTO

10.7.3.1 FONTES CRISTÃS SOBRE JESUS

10.7.3.1.1 OS 27 LIVROS DO NOVO TESTAMENTO (NT): Existem mais de 24.000 cópias

do NT (manuscritos), entre elas, versões em grego, latim, egípcia, armênia, árabe, etc.,

proporcionando uma confiabilidade ao texto bíblico. Os escritores do NT foram testemunhas

oculares ou registraram fatos relatados daqueles de testemunharam tais fatos. Eles

afirmaram com convicção sobre Jesus (Lc 1:1-3; Jo 20:30-31; At 1:1-3; 1Pe 5:1; 1Jo 1:1-3),

inclusive após a ressurreição (Lc 24:48; At 1:8; 1Co 15:4-9,15).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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10.7.3.1.2 OS "PAIS" DA IGREJA (Séc. II e III d.C.): São mais de 36.000 citações com

relação ao NT de Clemente de Roma (95 A.D.), Inácio (70-110 A.D.), Policarpo (70-156

A.D.), Irineu (170 A.D.), Clemente de Alexandria (150-212 A.D.), Tertuliano (160-220 A.D.),

Justino Mártir (133 A.D.), Orígenes (185 254 A.D.), entre outros. Suas citações poderiam

recompor praticamente todo o NT sem recorrer aos manuscritos. Irineu, bispo de Lion, que

foi aluno de Policardo, discípulo do apóstolo João, afirmou que é tão firme a base sobre a

qual os evangelhos foram escritos que as pessoas que eram contra os ensinamentos

bíblicos também confirmavam a sua veracidade e os tomavam por base para estabelecer

suas próprias doutrinas.

10.7.3.2 FONTES NÃO CRISTÃS SOBRE JESUS

10.7.3.2.1 A ARQUEOLOGIA (apenas alguns exemplos): O pátio onde JESUS foi julgado

por Pilatos, chamado o Pavimento (João 19:13), foi descoberto apenas recentemente, pois,

o local ficou soterrado quando da reconstrução de Jerusalém na época do Imperador

Adriano. O poço (tanque) de Betesda (João 5:2) localiza-se na zona nordeste da cidade

velha (em Jerusalém), foi descoberto em 1888 (veja foto abaixo).

10.7.3.2.2 CORNÉLIO TÁCITO (nascido em 52-24 a.C.): Historiador romano, governador da

Ásia (112 A.D.). Ao escrever sobre o governo de Nero, afirmou que “Christus, o que deu

origem ao nome cristão, foi condenado à morte por Pôncio Pilatos, durante o reinado de

Tibério; mas, reprimida por algum tempo, a superstição perniciosa irrompeu novamente, não

apenas em toda a judéia, mas também em toda a cidade de Roma” (Anais XV.44).

10.7.3.2.3 LUCIANO DE SAMOSATA: Escritor satírico do Séc. II. Se referiu aos cristãos

relacionando-os às sinagogas da Palestina e ao referir-se a Cristo, afirmou: “...o homem que

foi crucificado na Palestina porque introduziu uma nova seita no mundo...Além disso, o

primeiro legislador dos cristãos os persuadiu de que todos eles seriam irmãos uns dos

outros, após terem finalmente cometido o pecado de negar os deuses gregos, adorar o

sofista crucificado e viver de acordo com as leis que ele deixou” (O Peregrino Passageiro).

Samosata também menciona os cristãos em “Alexandre, o Falso Profeta”, seções 25 e 29.

10.7.3.2.4 SUETÔNIO (120 A.D.): Historiador judeu, oficial da corte do Imperador Adriano.

Afirmou: “Como os judeus, por instigação de Chrestus (uma outra forma de escrever

Christus), estivessem constantemente provocando distúrbios, ele os expulsou de Roma”

(Vida de Cláudio, 25.4). E também que “Nero infligiu castigo aos cristãos, um grupo de

pessoas dadas a uma superstição nova e maléfica” (Vida dos Césares, 26.2).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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10.7.3.2.5 PLÍNIO SEGUNDO, PLÍNIO O JOVEM: Foi governador da Bitínia (Ásia Menor,

112 A.D.) e escreveu ao imperador Trajano no intuito de obter orientações de como tratar os

cristãos. Ele disse, sobre os cristãos, que “os fez amaldiçoarem a Cristo, o que não se

consegue obrigar um cristão verdadeiro a fazer”. Mais a frente, ele menciona os cristãos que

estavam sendo julgados: “Eles afirmavam, no entanto, que sua única culpa, seu único erro,

era terem o costume de se reunirem antes do amanhecer num certo dia determinado,

quando então cantavam responsivamente os versos de um hino a Cristo, tratando-o como

Deus, e prometiam solenemente uns aos outros a não cometerem maldade alguma, não

defraudarem, não roubarem, não adulterarem, nunca mentirem, e a não negar a fé quanto

fossem instados a fazê-lo” (Epístolas X.96).

10.7.3.2.6 TALO, O HISTORIADOR SAMARITANO: É um dos primeiros não judeus a

mencionar Cristo (52 A.D.), mas seus escritos se perderam, sendo que temos apenas

citações dele oriundas de outros escritores, como Júlio Africano (220 A.D.), cristão: “Talo, no

terceiro dos livros que escreveu sobre a história, explica essa escuridão como um eclipse do

sol – o que me parece ilógico”. Para esta afirmação e a seguinte, abaixo, vejam Mateus

27:45; Marcos 15:33; Lucas 3:1; 23:44.

10.7.3.2.7 FLÊGÃO, UM HISTORIADOR DO PRIMEIRO SÉCULO: Suas “Crônicas” também

se perderam, mas um trecho desta obra, também mencionado por Júlio Africano, afirma que

“durante o tempo de Tibério César, ocorreu um eclipse do sol durante a lua cheia” (7/IIB,

seção 256, fl6, p. 1165).

10.7.3.2.8 OS TALMUDES JUDEUS: “...e penduraram-no na véspera da Páscoa”. Os títulos

“Ben Pandera” (o Ben Pantere) e Jeshu Ben Pandera” dados a Jesus podem ser um jogo de

palavras com a expressão grega “panthenos”, ou seja, “nascido de uma virgem”, chamando-

O, então, de “filho de uma virgem”. Há comentários na Baraila sobre Jesus como sendo

Yeshu (de Nazaré) e que já havia uma ameaça que Ele poderia ser apedrejado por ter

praticado magia e desviado Israel (Talmude Babilônico, Sanhedrim 43a).

10.7.3.2.9 A ENCICLOPÉDIA BRITÂNICA: A Edição de 1974 desta enciclopédia renomada,

utilizou 20.000 palavras em sua descrição de Jesus, oriundas de inúmeros relatos não

bíblicos sobre Ele, muito mais do que o número de palavras empregadas para outros

personagens históricos de outras religiões. Uma das declarações da enciclopédia foi que

“esses relatos independentes comprovam que nos tempos antigos até mesmo os

adversários do cristianismo jamais duvidaram da historicidade de Jesus...”.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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10.7.3.2.10 FLÁVIO JOSEFO (nascido em 37 A.D.): Conhecido historiador judeu. Em

Antiguidades (18.3.3), ele afirmou: “Nessa época havia um homem sábio chamado Jesus.

Seu comportamento era bom, e sabe-se que era uma pessoa de virtudes. Muitos dentre os

judeus e de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos condenou-o à crucificação e

à morte. E aqueles que haviam sido seus discípulos não deixaram de segui-lo. Eles

relataram que ele lhes havia aparecido três dias depois da crucificação e que ele estava vivo

(...) talvez ele fosse o Messias, sobre o qual os profetas relatavam maravilhas” (versão

árabe, a mais confiável).

10.7.4 AS PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO CUMPRIDAS NA PESSOA DE

JESUS CRISTO

Elas começaram já com Adão e Eva, com a promessa de que um descendente

de Abraão acabaria com a maldição provocada pela desobediência deles (Gn 3:15-16), o

que se cumpriu através de Jesus Cristo (Gl 3:16; 4:4; Mt 1:20).

Todas as profecias do Antigo Testamento sobre Jesus se cumpriram.

Observaremos várias: Ele nasceria em Belém (Mq 5:2; Mt 2:4-8; Lc 2:4-7; Jo 7:42). Ele

nasceria de uma virgem (Is 7:14; Mt 1:18, 24, 25; Lc 1:26-35). Ele era o Filho de Deus (Sl

2:7; Mt 3:17). Ele seria da Tribo de Judá (Gn 49:10; Mq 5:2; Mt 1:2; Lc 3:23,33; Hb 7:14). Ele

receberia presentes (Sl 72:10-12; Is 60:6; Mt 2:1,11). Ele seria chamado Emanuel – Deus

Conoso (Is 7:14; Mt 1:23). Ele receberia uma unção especial do Espírito Santo (Is 11:2; Lu

4:15-21). Ele teria zelo pelas coisas de Deus (Sl 69:9; Jo 2:15-17). Os apóstolos

confirmaram o cumprimento das profecias em Jesus (Mt 2:4-6; At 3:18; 10:43; 13:29; 17:2-3;

Rm 1:2; 1Co 15:3-4; 1Pe 2:5-6).

Mais uma vez mencionaremos o mesmo livro. No livro “A Ciência Fala” (29), o

matemático e cientista Peter Stomer demonstrou matematicamente a probabilidade de

apenas 8 profecias do Antigo Testamento referentes a Jesus Cristo (de um total de mais de

300!), terem sido cumpridas por acaso. Segundo Stomer a probabilidade é de 1 em 10

elevado à décima sétima potência , isto é, 1 em 100.000.000.000.000.000 (!!).

Para se ter uma ideia, suponhamos que tomemos esta quantidade em moedas

de dólar e cubramos todo o Estado norte-americano do Texas (o maior, com 684.000 Km²),

o que cobriria este Estado com altura de 60 centímetros. Então marcaríamos apenas uma

destas moedas e misturaríamos todas as moedas e pediríamos para alguém encontrar a

moeda marcada. Quais as chances desta moeda ser encontrada? É justamente esta mesma

probabilidade absurda e inimaginável que possuem as profecias sobre Jesus de terem

ocorrido por acaso, em uma pessoa qualquer.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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10.7.5 EVIDÊNCIAS DA RESSURREIÇÃO DE JESUS

Jesus já havia predito várias vezes que iria morrer e ressuscitar (entre elas: Mt

16:21; 17:9,22-23; 20:18-19; 26:32; Lc 9:22-27; Jo 2:18-22).

Mais quais são as evidências bíblicas e históricas da ressurreição de Jesus

Cristo? Vamos observar algumas delas:

10.7.5.1 As menções ao túmulo vazio aparecem “apenas” nos Evangelhos, mas já em Atos

dos Apóstolos, nas pregações públicas, não se menciona o túmulo vazio, mas, tão somente

o valor da ressurreição de Cristo (At 2:23-24,31-32; 10:39-41; 13:29-39). Isso evidencia que

o fato do túmulo estar vazio era inquestionável, mesmo entre os cristãos e seus oponentes.

Todos poderiam averiguar o túmulo, pois estavam na mesma cidade onde ocorrera o

sepultamento do Senhor;

10.7.5.2 Os apóstolos não apenas relataram fielmente o que presenciaram sobre Jesus e

sua ressurreição, mas, ousadamente disseram aos seus opositores: “vocês mesmo sabem

do que estamos falando, você também viram” (At 2:22; 26:24-28). Em situações assim, o

acusador precisa saber do que está falando, pois caso esteja errado, o acusado o fará

“engolir” o que disse;

10.7.5.3 Além disso, havia no primeiro século muitos discípulos de Jesus espalhados entre

diversas nações e sabiam dos fatos ocorridos e com certeza poderiam desmentir os

apóstolos caso eles afirmassem algo que não tivesse acontecido;

10.7.5.4 Os judeus fracassaram em comprovar que Jesus não havia ressuscitado. Eles não

dispunham de um corpo ou algum material advindo de um exame do túmulo de Jesus;

10.7.5.5 Por que as autoridades judaicas procuraram subornar os soldados romanos para

que declarassem que o corpo de Jesus havia sido roubado senão devido à evidência

gritante de que o túmulo estava vazio e não havia nenhum indício do corpo de Jesus? (Mt

28:11-15). Os próprios inimigos do cristianismo haviam, portanto, se rendido à verdade;

10.7.5.6 Jamais, em nenhum documento antigo, cristão ou não, encontrou-se algum relato

de alguém que tenha contrariado a pregação dos apóstolos sobre a ressurreição de Jesus,

com evidências consistentes, ninguém ousou ir contra uma verdade mais do evidente

àqueles que viveram nos primeiros séculos da era cristã;

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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10.7.5.7 Não há qualquer indício histórico de que o túmulo de Jesus tenha se tornado alvo

de adoração e peregrinação, seja por parte dos cristãos ou não, pelo simples fato de que

não haveria sentido neste comportamento. Mais de quinhentas pessoas já haviam visto

Jesus ressuscitado logo no início da igreja, por exemplo (1Co 15:1-8);

10.7.5.8 Cristo apareceu ressurreto para mais de 500 pessoas!! Aos discípulos, por

exemplo, após a ressurreição durante quarenta dias, apareceu não como um espírito, mas

em carne e osso, inclusive comendo com eles (Mt 28:16-20; Mc 16:14-20; Lc 24:33-52; Jo

21:1-23; At 1:1-8; 1Co 15:1-15). Inclusive, mais tarde apareceu para o apóstolo Paulo várias

vezes (At 9:3-6; 18:9-10; 22:17-21; 23:11), e para Estevão (At 7:55) e para o apóstolo João

(Ap 1:10-19; 5:6).

10.7.6 LOUCO, MENTIROSO, HIPNOTIZADOR OU O FILHO DE DEUS ENCARNADO?

Para a cultura judaica da época, afirmar ser o Filho de Deus era o mesmo que

dizer ser o próprio Deus (Jo 10:30-33). Jesus, por Sua vez, afirmou para a mulher

samaritana ser Ele o Cristo, o Messias (Jo 4:25-26). Certa vez os judeus o confrontaram

solicitando para que afirmasse sinceramente ser Ele o Messias. Ele respondeu que já tinha

afirmado, mas eles não acreditaram (Jo 10:23-25). Até os demônios temiam a Cristo e

reconheceram ser Ele o Filho de Deus (Lc 4:41; 8:28-29).

No julgamento de Cristo, antes da crucificação, o sumo sacerdote O interrogou:

“Tu és o Cristo, o Filho do Deus Bendito?”. Qual foi a resposta de Jesus? “Eu sou, e vereis o

Filho do homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu” (Mc

14:61-64).

Pedro afirmou a Cristo que os discípulos acreditavam ser Ele o Filho do Deus

vivo. Cristo não o exortou como em outras situações, mas, disse que Pedro era bem-

aventurado porque o Pai Celeste o tinha revelado a verdade (Mt 16:15-17; comparem com

Mt 3:16-17; 17:5; Mc 1:9-11; Lc 3:21-22; 1Jo 5:9-12). Aliás, Cristo evidentemente sabia que

era Deus. Ele aceitou adoração (Mt 8:2; 14:33; Jo 9:35-39; 20:27-29; comparem com Hb

1:5-6,14). Quando um dos dez leprosos curados por Jesus se prostrou em sinal de adoração

e gratidão diante dEle, Cristo não o exortou pela atitude, mas, perguntou ao ex-leproso onde

estavam os outros que não vieram dar glória a Deus (Lucas 17:12-18). Sem falar o que

ocorreu com o discípulo Tomé quando exclamou a Jesus: “Senhor meu e Deus meu”. Cristo

o repreendeu? Não. Ele disse: “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não

viram, e creram” (Jo 20:26-29).

Portanto, à vista das declarações de Cristo, encontramos duas opções:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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1ª) As alegações eram FALSAS: Neste caso, a) Ou Ele sabia que eram falsas e

mentiu propositadamente; ou b) Ele estava sendo enganado, Ele estava sinceramente

iludido.

2ª) As alegações eram VERDADEIRAS: Neste caso, Ele é o Messias, o Filho de

Deus encarnado, o Salvador do mundo. Temos, então, duas escolhas: a) Acreditarmos nEle

e sermos salvos do pecado que nos separa do Pai; b) Não acreditarmos nEle e

continuarmos perdidos longe do Pai Celeste (1Jo 5:9-12).

Ponderemos: Se Cristo estivesse mentindo propositadamente seria uma

demonstração explícita de loucura, pois, Ele teria passado cerca de três anos pregando a

milhares de pessoas algo que não acreditava (hipocrisia) e depois com tanto poder que já

havia demonstrado possuir, morreu sem realizar o menor esforço para escapar de uma

morte tão injusta e desumana, tudo por causa de Suas alegações. Se Cristo estivesse

sendo enganado, quem o estaria enganando? Deus, o Pai, Aquele que O enviou?

Impossível. Não, Jesus também não era e nem estava louco, Ele tinha plena noção de

realidade. Seu comportamento era lúcido. Ele se entristeceu, se alegrou e se irou na medida

correta. Soube controlar suas emoções mesmo em momentos de extremo sofrimento. Não

vemos em Jesus, por exemplo, mania de perseguição, conclusões equivocadas sobre o

comportamento alheio, soberba mesmo com tamanha multidão O adorando ou incapacidade

de relacionamentos duradouros e estáveis.

Um dos especialistas que garante a sanidade mental de Cristo é o Dr. Gary R.

Collins, Ph.D., com mestrado em psicologia clínica pela Purdue University, que há mais de

35 anos vem estudando e ensinando sobre o comportamento humano. Ele garante também

que Jesus não era hipnotizador. Ele teria tido dificuldades nas multiplicações dos pães e

peixes para convencer mais de 5.000 pessoas de seus “truques”. Há pessoas com maior ou

menor facilidade de indução hipnótica. A hipnose não funciona em pessoas céticas como foi

o caso de Tomé, de Saulo de Tarso e do próprio Tiago, irmão de Jesus, que vieram a crer

só depois que Cristo já havia ressuscitado. E Cristo realmente ressuscitou.

Outro especialista, inclusive um dos melhores e mais conhecidos em nosso país,

inclusive no contexto secular, e que analisou profundamente a personalidade de Cristo e

defende a existência real e histórica do Salvador é Augusto Cury:

"Provavelmente fui um ateu mais crítico e investigativo do que Marx, Nietzche e Sartre. Pesquisei a personalidade de Cristo analisando continuamente se ele poderia ser ou não fruto da imaginação humana. Investiguei-o dentro da minha área de pesquisa. Analisei atentamente a lógica, coerência, limites e alcances dos seus pensamentos e das suas reações. Pesquisei detalhes dos seus comportamentos expressos nas entrelinhas da suas biografias, chamadas dos evangelhos. Analisei minúcias dos seus gestos em várias traduções e que não foram enfatizada pelos autores das suas biografias nem por teólogos. A conclusão a que cheguei

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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foi surpreendente. Fiquei plenamente convicto de que é impossível a mente humana ter criado uma personalidade como a dele. Na minha opinião, as maiores evidências de que ele foi real não estão nos achados arqueológicos e nem na existência de manuscritos antigos, mas na colcha de retalhos da sua personalidade [...] Independentemente de qualquer religião ou análise teológica, Jesus Cristo não poderia ter sido fruto de uma invenção literária, prova disso é que ele foi, como discorri, contra a lógica política, social e religiosa. Ele não apenas não cabe no imaginário humano, mas atingiu o topo da excelência como o mestre da emoção [...] Nem Freud chegou próximo da maturidade emocional de Cristo. Freud era muito inteligente e sociável, ma não suportou ser contrariado em suas idéias, por isso baniu da família psicanalítica alguns discípulos que pensavam diferente dele, tais como Jung e Adler. O mestre da emoção se comportou com seus discípulos de modo completamente diferente de Freud. Ele andou com seu traidor, Judas, por muito tempo e, embora tivesse consciência da sua traição, não o baniu do convívio dos seus discípulos. Previu que Pedro iria negá-lo de maneira dramática e não fez nada para impedi-lo. Que homem é este que não desiste nem de um traidor e que suporta ser negado com paciência? Ele não era um pobre coitado, mas fortíssimo. Sabia navegar e ser livre nas águas da emoção. Nunca ninguém respeitou a tal ponto o ser humano. Treinou os homens para ser livres, conscientes e felizes. Deu liberdade incondicional para que eles repensassem suas atitudes e reescrevessem a sua história, mesmo diante dos seus mais graves erros." (30)

10.8 AS DUAS NATUREZAS DA PESSOA DE CRISTO

"[...] Conquanto o assunto da unio personalis [ou união pessoal] seja um mistério muito grande, somente precedido em profundidade pelo mistério da união das três pessoas da Trindade, não podemos nos furtar a estudá-lo [...]” (31) [citação entre colchetes de minha parte].

Quando Cristo esteve entre nós, passou por diversas situações tipicamente

humanas, teve um crescimento físico normal como todo ser humano (Lc 2:7,39,52), passou

fome e sede (Mt 4:2; Jo 4:7), desfrutou de uma amizade, da perda de um amigo (Jo 11:35-

36; 13:23) e sofreu tentações (Mt 4:1-10; Hb 4:15; 5:7). Porém, como já vimos

anteriormente, o Filho de Deus é eterno, assim como o Pai e o Espírito Santo também o

são. Quando a Segunda Pessoa da Trindade encarnou, recebendo, assim, a natureza

humana oriunda de Maria, que gerou a Jesus Cristo em seu ventre pelo poder do Espírito

Santo (Lc 1:30-35), esta natureza humana foi unida à Sua já eterna natureza divina em uma

só Pessoa.

Portanto, o Senhor Jesus Cristo, após a Sua encarnação, passou a possuir duas

naturezas concomitantemente: a humana e a divina, mas, sem que uma natureza

comprometa a outra. A Sua divindade não o torna menos humano e a Sua humanidade não

o torna menos divino (Fp 2:5-7; cf. 1Tm 2:5). Este é mais um mistério dentro do grande

mistério da Trindade.

A união destas duas naturezas em Cristo foi possível pelo fato de que o ser

humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, ou seja, natural e moralmente parecido

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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com Deus (Gn 1:26-27), por isso, possuidor de uma certa afinidade com Ele (2Pe 1:4). Deus

jamais iria se encarnar em um ser irracional e sem alma. É importante salientar, entretanto,

que a natureza humana de Cristo não é decaída como a nossa, ela não compartilha da

pecaminosidade que acompanha a humanidade desde a “queda” de Adão e Eva (Rm 5:20-

21; Hb 4:15; 7:26) e que a Segunda Pessoa da Trindade não encarnou em um ser humano

já existente, o que seria um absurdo herético. Neste caso então à Trindade teria se somado

mais uma pessoa e passaria a ser uma “Tetrindade” (quatro pessoas). Héber Campos

trouxe considerações que nos auxiliam neste estudo:

“Jesus Cristo é o Verbo divino que se fez carne. Ele não é metade homem. Ele é plenamente Deus e plenamente homem. Na encarnação não houve nenhum acréscimo à sua natureza divina, mas o Verbo adquiriu uma natureza humana que não possuía antes da encarnação. Ele não é meramente um homem que possui certas qualidades divinas dentro de si, nem o Deus que possui algumas qualidades humanas, mas ele é perfeitamente Deus e perfeitamente homem, possuindo ambas as naturezas, a divina e a humana, de modo que ele é Deus cem por cento e homem cem por cento, possuindo todas as propriedades de cada natureza [...]” (32)

Mais adiante, Héber Campos complementou:

“[...] De Maria não iria nascer simplesmente e unicamente uma das naturezas do Redentor – a humana, porque esta natureza não seria personalizada, nem existiria antes e à parte de sua união com a Segunda Pessoa da Trindade, que possuía a natureza divina, o Verbo [...] Todavia, esse ser pessoal deriva sua personalidade e sua natureza divina de Deus, e sua natureza humana de Maria. Quando houve a união das duas naturezas numa manifestação poderosa do Espírito Santo no ventre da mãe, então passou a existir um ser pessoal em Maria que, depois de nove meses, saiu do seu ventre [...]” (32)

Hermisten da Costa apresentou evidências bíblicas sobre a união pessoal de

Cristo. Estes textos citados pelo autor não são como os que citamos até o momento em

nosso estudo, ora demonstrando a natureza humana, ora demonstrando a natureza divina

de Cristo. Nestes casos, estes textos indicam claramente as duas naturezas simultâneas do

Redentor, unidas (mas, não misturadas ou confundidas) em uma só “Pessoa”. Observemos:

“1) Jesus Cristo fala de si mesmo como uma única pessoa; não havendo o intercâmbio entre um „Eu‟ e um „Tu‟ entre as duas naturezas (Jo 17.1, 4, 5, 22, 23); 2) Os pronomes pessoais atribuídos a ele são sempre referentes a uma pessoa; 3) Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, não havendo uma preponderância do divino sobre o humano nem do humano sobre o divino. Não podemos falar biblicamente – como muitas vezes somos tentados a pensar – em Jesus agindo, pensando e falando como homem em alguns textos, e em outros como Deus. Jesus é o Verbo de Deus encarnado que vive, sofre, morre e ressuscita como tal. Jesus Cristo não tem personalidade fragmentada, sendo em alguns momentos Deus e em outros homem. Por isso, os atributos de sua divindade, bem como de sua

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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humanidade, são atribuídos a uma só Pessoa. Leia com atenção os seguintes textos: Lc 1.43 – Mãe do Senhor. Lc 2.11 – Nasceu o Senhor. Jo 3.13 – O Filho do Homem está aqui e no céu (vd. Jo 1.18; 6.62). At 3.15 – Mataram o Autor da Vida. At 20.28 – Sangue de Deus. Rm 9.5 – Cristo, Deus bendito. 1Co 2.8 – Crucificaram o Senhor da Glória. Gl 4.4 – O Filho foi enviado para nascer. Hb 1.1-2 – O Filho é herdeiro de todas as coisas. Cl 1.13-20 – „Nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho de seu amor...Ele é a imagem do Deus invisível...havendo feito a paz pelo sangue de sua cruz...‟. Cl 2.8-9 – Em Cristo habita a plenitude da divindade. Além dos textos citados, leia também: Mt 1.21; Lc 1.31-33; Fp 2.6-11, entre outros. 4) Todos os que se referiam a Jesus Cristo faziam menção de uma só pessoa (Mt 16.16; 1Jo 4.2).” (33)

Existem dois textos bíblicos que, de forma especial, comprovam claramente a

existência das duas naturezas em Cristo simultaneamente, onde Cristo é apresentado como

descendente de Davi, isto é, conforme a natureza humana, mas também é identificado como

Filho de Deus (de natureza divina) ou até mesmo como Deus bendito:

“O qual foi por Deus, outrora, prometido por intermédio dos seus profetas nas Sagradas Escrituras, com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1:2-4); “Deles são os patriarcas e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém.” (Rm 9:5) [grifos meus].

E ao contrário do que muitos podem acreditar, esta união de naturezas da

Segunda Pessoa da Trindade não foi temporária, mas é eterna. Primeiramente, Cristo não

se apresentou após a ressurreição apenas espiritualmente, como se tivesse desencarnado,

Ele se apresentou fisicamente. Sua ressurreição foi com um corpo humano, porém

glorificado, quando, inclusive, Ele pode ser tocado pelos discípulos e comeu com eles:

“Falavam ainda estas cousas quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco. Eles, porém, surpresos e atemorizados acreditavam estarem vendo um espírito. Mas ele lhes disse: Por que estais perturbados? E por que sobem dúvidas aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E por não acreditarem eles ainda, por causa da alegria, e estando admirandos, Jesus lhes disse: Tendes aqui alguma cousa que comer? Então lhe apresentaram um pedaço de peixe assado [e um favo de mel]. E ele comeu na presença deles.” (Lc 24:36-43,51; comparem com At 1:1-11; 2:32; 7:54-60; 10:41; Jo 20:19-31; 21:5,13-14; cf. 1Jo 1:1).

Este estado simultâneo de dupla natureza em Cristo é para sempre. Ele

apresentará eternamente em Seu corpo glorificado as marcas de Seu sofrimento na cruz,

uma eterna prova do Seu amor sacrificial por nós, a ponto de ficar marcado para sempre em

Seu corpo glorificado.

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Page 267: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

267

Na visão que o apóstolo João recebeu de Deus, que resultou no livro do

Apocalipse, ele descreveu simbolicamente ter visto “de pé, um Cordeiro como tendo sido

morto” (Ap 5:6a), confirmando a existência das cicatrizes no corpo do Senhor.

Não podemos deixar de mencionar que a dinâmica da união das naturezas

humana e divina do Senhor Jesus foi uma doutrina, ao lado da trinitariana, que também

encontrou forte oposição, como, por exemplo: (34)

10.8.1 O apolinarismo, que “ensinava que a pessoa única de Cristo possuía um corpo

humano, mas não uma mente ou um espírito humano, e que a mente e o espírito de Cristo

provinham da natureza divina do Filho de Deus.”;

10.8.2 O nestorianismo, “doutrina de que havia duas pessoas distintas em Cristo, uma

pessoa humana e outra divina.”; e

10.8.3 O monofisismo (ou eutiquianismo), “a idéia de que Cristo possuía só uma

natureza”).

O Credo de Calcedônia trouxe a definição bíblica e definitiva contra estas

heresias. Vejamos, a seguir, o seu conteúdo: CREDO DE CALDEDÔNIA (451 A.D.)

“Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo a divindade pelo Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus (*); um e só mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo, conforme os profetas desde o princípio acerca dele testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e o Credo dos santos Pais nos transmitiu.” (35)

Quando o Credo de Calcedônia afirma que a união das duas naturezas de Cristo

ocorre em “uma só pessoa e subsistência”, a palavra grega para “subsistência” é hypostasis,

ou seja, “ser”. Desta forma, a união das naturezas de Cristo em uma só pessoa é

geralmente denominada de união hipostática.

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Page 268: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

268

Em outras palavras, a união das naturezas em apenas um Ser. Esta palavra

subsistência (hypostasis) é frequentemente usada também para definir as pessoas da

Santíssima Trindade, como temos visto ao longo deste estudo.

É de suma importância também ressaltar que quando este mesmo Credo afirma

que Maria é a “Mãe de Deus”, ele está se referindo ao fato dela ser mãe de Cristo, que é

Deus, a Segunda Pessoa da Trindade e não expressando algum conceito idólatra.

Sobre esta questão Hermisten da Costa afirmou que:

“[...] O Concílio de Éfeso (431, alguns anos antes do Credo de Calcedônia) utilizou esta expressão („Mãe de Deus‟) não como uma atribuição de majestade a Maria [o que viria a acontecer por volta do sexto século, quando Maria começaria a ser adorada], mas sim como reconhecimento de que o que dela nasceu, por obra do Espírito Santo, era o Filho de Deus, o Deus encarnado desde à concepção (...)” (36) (citações nossas entre parenteses).

10.9 O EFEITO DA UNIÃO DUAS NATUREZAS DE CRISTO SOBRE A TRINDADE

Partindo do fato de que Jesus é Deus e ao mesmo tempo homem, sugerimos os

seguintes questionamentos: 1) A Trindade não teria "perdido" uma das três pessoas quando

Cristo encarnou? 2) Ou será que todas as três pessoas da Trindade assimilaram a natureza

humana também? 3) Será que a Santíssima Trindade perdeu parte de Sua glória por ter

Deus assumido a natureza humana, que é pecadora? 4) Afinal, qual teria sido o efeito da

encarnação do Verbo na existência da Santíssima Trindade?

Héber Campos afirmou a imensa importância na união das naturezas em Cristo

dentro da Trindade:

"A importância da unio personalis [união pessoal] está no fato de ela ser fundamentada na união trinitária. A união das duas naturezas no Redentor está baseada numa união infinitamente mais elevada das três pessoas num só ser trinitário. Essa união é a mais incompreensível e inefável de todas as mencionadas nas Escrituras. Todavia, diferentemente da unio personalis, a trinitária é uma união de pessoas da mesma essência. A unio personalis, que é a segunda em mistério e insondável em alguns de seus aspectos, é característica da segunda pessoa da Trindade. O Filho, com sua natureza divina, ao unir-se a uma natureza humana, tornou-se Jesus Cristo, o Redentor divino-humano. Se houvesse apenas uma pessoa na essência divina, a nossa salvação teria sido totalmente impossível. Somente porque Deus está unido tripessoalmente entre si é que uma dessas pessoas – o Filho – pôde ser enviada para se tornar o nosso Redentor, assumindo natureza humana [...]” (37) [citação em colchetes de minha parte].

A união das naturezas em Cristo é indispensável para a nossa redenção, ela é

de vital importância. Esta união também só foi possível graças à existência triúna de Deus

(estudaremos estes pontos mais adiante).

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Page 269: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

269

Outro ponto que deve ser ressaltado é que a união das naturezas é apenas

relativa à Segunda Pessoa da Trindade, Jesus Cristo. O Pai e o Espírito não participam da

natureza humana:

“Ao mesmo tempo que entendemos que o Filho foi enviado, cremos que o próprio Filho veio voluntariamente para assumir uma natureza humana numa união pessoal consigo mesmo, de forma que a humanidade existe somente na segunda pessoa, não nas outras pessoas da Trindade. Essa união da natureza divina com a humana é sem confusão, mistura ou separação. Portanto, a união pessoal faz com que a segunda pessoa da Trindade tenha duas naturezas distintas, todavia não uma personalidade dupla. A natureza humana de Jesus Cristo nunca poderia existir fora e à parte da união com o Verbo, a segunda pessoa. Ela nunca poderia ter existência própria como os outros homens. Os homens possuem a natureza humana porque cada um deles é uma pessoa humana, e Jesus Cristo não possui a personalidade humana, mas todas as propriedades da natureza humana.” (38)

Mais adiante, Campos complementou sobre as consequências da união das

naturezas sobre a Santíssima Trindade:

“Antes da encarnação, a Trindade era composta desta forma: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Após a encarnação, a Trindade ficou constituída desta forma: Deus Pai, Deus Filho encarnado e Deus Espírito Santo. As três pessoas da Trindade continuam sem sofrer qualquer mudança substancial [...] Não houve mudança na Trindade porque não foi acrescentada nenhuma pessoa a ela. Foi acrescentada à segunda pessoa uma natureza humana, não uma pessoa humana. A Trindade não é divino-humana, mas o Filho eterno sim. O Verbo tornou-se o Deus-homem, mas não perdeu o seu papel trinitário. A encarnação não é uma justaposição de uma pessoa humana com uma divina, mas nela uma pessoa divina assume uma natureza humana, sem perder a natureza divina.” (39)

A encarnação, não acrescentou uma pessoa à Trindade. Do contrário, a

chamaríamos de Tetrindade, ou seja, um absurdo herético. A encarnação também não

subtraiu uma pessoa da Trindade, pois neste caso seria uma Duodade, outro absurdo

herético (muitos acreditam que quando Cristo encarnou, houve a despotencialização do

Verbo, a perda da divindade por parte da Segunda Pessoa):

“Se a citação reflete a verdade, verificamos que a despotencialização [perda da divindade] do Verbo na encarnação traz grandes prejuízos para as relações trinitárias, pois, quando há a perda de atributos divinos de uma das pessoas, toda a Trindade é afetada. Esse é um grande problema, que aponta plenamente para a ruptura da doutrina da Trindade, o grande pilar do Cristianismo histórico.” (40)

É evidente também que a encarnação do Verbo não desmereceu ou inferiorizou

a Santíssima Trindade, exatamente pelo fato de que em nenhum momento o Filho de Deus

perdeu a Sua divindade quando Ele encarnou (Fp 2:5-7).

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Page 270: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

270

O que ocorreu foi que a Segunda Pessoa da Trindade passou a compartilhar

mais de uma natureza. A encarnação do Verbo manteve a honra, a glória, a majestade e a

dignidade da Trindade, pois a natureza humana adquirida pela Segunda Pessoa é santa e

perfeita, ela foi gerada pelo Espírito Santo (Mt 1:20; Lc 1:35), ela jamais foi “manchada” pelo

pecado, pois Cristo jamais pecou. Cristo não se tornou menos divino com a encarnação, e,

portanto, a Trindade jamais foi alterada em Sua natureza divina, apenas foi lhe acrescida,

especificamente em Sua Segunda Pessoa, Cristo, uma natureza humana perfeita.

Mas, podemos sugerir outros questionamentos quanto à união das naturezas da

Pessoa de Cristo: 1) Mesmo Cristo não tendo perdido a Sua divindade, essa Sua natureza

divina não teria se tornado limitada? Afinal, ela foi unida a uma natureza humana, que é

limitada. 2) Será que em relação à Sua natureza humana, Cristo está em todas as partes do

universo? Afinal, Deus é onipresente.

Grudem ressaltou a realidade existente na operação das naturezas da Pessoa

de Cristo e o “raio de ação” das mesmas:

“Quando falamos da natureza humana de Jesus, podemos dizer que ele subiu ao céu e já não está no mundo (Jo 16.28; 17.11; At 1.9-11). Mas com respeito à sua natureza divina, podemos dizer que Jesus está presente em toda parte: „Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles‟ (Mt 18.20); „Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século‟ (Mt 28.20); „Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada‟ (Jo 14.23). Assim, podemos dizer que duas coisas são verdade a respeito da pessoa de Cristo – ele voltou para o céu, e ele também está presente conosco.” (41)

Héber Campos também salientou a dinâmica entre as duas naturezas de Cristo

e a extensão da operação de cada natureza:

“A essência das duas naturezas permanece intacta. Como o Filho encarnado, ele age em seu modo duplo de existência. Ora percebemos a sua verdadeira humanidade, ora percebemos a sua verdadeira divindade. Possuindo a natureza divina, ele pode ainda existir e agir como um ser divino, e ainda existe e age na esfera da divindade eterna e infinita, sem qualquer limitação. Possuindo a natureza humana, ele pode também existir e agir como um ser humano, e assim existe e age na esfera da sua humanidade finita e temporal, e de acordo com suas limitações. Segundo a natureza humana, ele está localizado no céu e, segundo a sua natureza divina, ele está em toda parte, pois é onipresente [...] Ele é capaz de pensar igual a Deus e igual ao homem [...] Em suas relações trinitárias, ele permanece a segunda pessoa da Trindade imutável, infinita, onipresente e onisciente; em suas relações humanas, ele permanece um conosco, localizado no céu, à direita de Deus.” (38)

Quanto à Sua natureza humana, Cristo, permanece eternamente glorificado,

mas física e geograficamente vinculado (não limitado) ao Céu, pois onipresença, onipotência

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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e onisciência não são atributos da natureza humana criada por Deus. Quanto à Sua

natureza divina, Cristo é onipresente, onipotente e onisciente, está em todo o universo, pode

todas as coisas e sabe de tudo o que acontece. Ademais, é necessário que Cristo

permaneça no Céu poderosamente sustentando todo o universo, dirigindo a Sua Igreja e

intercedendo por ela junto ao Pai, entre outras coisas, até o tempo determinado

soberanamente para a restauração de todas as coisas (Jo 14:2-6; At 3:19-21; Rm 8:19-23;

Hb 1:3; Ap 1:12-20; 2:1).

Podemos, enfim, afirmar que a redenção só se tornou viável devido à união das

duas naturezas em Jesus Cristo. Se Ele fosse apenas um ser humano, jamais teria

suportado tantas dificuldades e sacrifícios em Sua vida terrena. Se ele possuísse “apenas” a

natureza divina, Ele não poderia ser o nosso Mediador (como veremos posteriormente em

maiores detalhes):

“A pessoa de Jesus Cristo depende da natureza divina para dar suporte à realização da obra da redenção, porque, sem a natureza divina, o Salvador não poderia suportar o que suportou. Por outro lado, a pessoa de Jesus Cristo não poderia fazer o que fez se não possuísse a natureza humana.” (42)

10.9.1 ANALOGIAS GRÁFICAS DA TRINDADE ANTES E APÓS A ENCARNAÇÃO DO

VERBO

Poderíamos traçar um paralelo gráfico com o diagrama que apresentamos

na postagem das analogias gráficas superiores. A figura 10 (a qual apresentamos

anteriormente no capítulo sobre as analogias gráficas superiores), logo abaixo, é a que,

segundo o nosso entendimento, melhor exprime a Santíssima Trindade, mesmo que ainda

seja limitada. Ela demonstra as três subsistências divinas preservadas em Suas distinções,

mas, ao mesmo tempo, também demonstra que cada uma constitui a totalidade do Ser

divino. Tudo isso com o auxílio das linhas pontilhadas internas.

Após a encarnação da Segunda Pessoa, porém, a figura 10, passaria a ter a

formação da figura 53, acima. Cada pessoa da Trindade, portanto, continua preservando

Sua divindade, inclusive a Segunda, porém, esta última uniu à Sua existência a natureza

humana, recebendo o nome de Jesus. O retângulo contínuo, sem linhas pontilhadas,

acrescentado à subsistência do Filho (figura 53), significa a Sua exclusiva natureza humana,

“limitada” à um determinado local do universo (o Céu, por exemplo), unida, mas não

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Page 272: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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misturada ou confundida à Sua natureza divina. A ausência de linhas pontilhadas neste

retângulo, no entanto, não enseja que Cristo, em Sua natureza humana não possua

qualquer contato com as demais pessoas da Trindade, pois, isso indicaria que uma parte da

Pessoa de Cristo existiria alienada da mesma essência da Divindade. Pelo contrário, este

retângulo contínuo só expressa a exclusividade da natureza humana de Cristo. (43)

Outras questões podem ser levantadas quanto à dinâmica existente entre as

naturezas de Cristo, como quando Ele dormia em um barco onde estavam os discípulos

(provavelmente e obviamente por estar cansado), mas foi despertado e foi capaz de acalmar

uma terrível tempestade no mar apenas com uma voz de comando (Mt 8:24-27).(44)

_____________________________________________________________________________________________________

DESEJO IR PARA: (click no link desejado para se locomover com mais rapidez pelo nosso estudo) SOBRE O AUTOR - ÍNDICE – APRESENTAÇÃO – AGRADECIMENTOS – DEDICATÓRIA - ABREVIATURAS – PREFÁCIO -

Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 – 13 – BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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NOTAS: (01) (“Teologia Sistemática” – p. 187). (02) “Por que devo crer na Trindade” (p. 13) (03) Aldo Meneses; livrero “As Testemunhas de Jeová e a Trindade, p. 37) (04) “Prayer and Revelation” (p. 5) - (fonte: http://www.monergismo.com/). (05) (Strong, “Teologia Sistemática”, pp. 465 e 494, respectivamente). (06) Pastor Isaías Lobão Pereira Júnior - Artigo “A doutrina da Trindade”, (http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_isaias.htm): (07), (08) e (09) livro “O Ser de Deus e os seus atributos” (pp. 101-104): (10) Capítulo II - “De Deus e da Santíssima Trindade”, artigo 2º (p. 30). (11) [Shedd: Dogm. Theol. I, pp. 393,394,251 e seguintes, 178 e seguintes; Bartlett: The Triune God, Part Two].- (citado em “Teologia Sistemática”, p. 81). (12) (“Teologia Sistemática”, p. 171). (13) Artigo: “A Divina Trindade” (fonte: http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_divina_best.htm). (14) (Dr. Shedd, História de Doutrina Cristã, vol. I. pág. 365 como citado na História da Igreja Cristã, de Philip Schaff, Volume 3, Seção 130, páginas 676, 677). (15) (Augustus Hopkins Strong – “Teologia Sistemática – Vol. I”, p. 491). (16) (A. H. Strong, “Teologia Sistemática – Vol. I”, p. 512). (17) (“Teologia Sistemática” de Wayne Grudem) - [pp. 188-189] (18) (Fonte: Bíblia de Estudos de Genebra - Nota Teológica, pg. 837 - http://www.monergismo.com/). (19) Capítulo II - “De Deus e da Santíssima Trindade”; artigo 3º, (p. 32). (20) artigo “A Divina Trindade” (http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_divina_best.htm). (21) (A. H. Strong, “Teologia Sistemática – Vol. I”, p. 506). (22) (“As institutas da Religião Cristã – Um Resumo”, p. 62). (23) (“Teologia Sistemática”, p. 157). (24) “Teologia sistemática”, p. 84). (25) (“Teologia Sistemática”, pp. 183-185). (26) (Strong, “Teologia Sistemática - Vol I”, p. 507). (27) (Fontes inspiradoras: Ministério de Pesquisa e Apologética Cristã - http://www.carm.org/Portugues/index.htm); Revista “Defesa da Fé”, jan/2002, pp. 48-51 e ago/2003, p.59; Livro “Seitas e Heresias - Um sinal dos tempos” de Raimundo F. de Oliveira, pp. 83-84). (28) livro “As duas naturezas do Redentor” (pp. 28-29) (29) O livro “A Ciência Fala” foi elogiado pelo Dr. H. Harold Hartzler da Sociedade Científica Norte-Americana, que cuidadosamente o examinou com uma equipe de especialistas e concluiu-se que o material analisado é cuidadoso e confiável no trato do material científico, com princípios de probabilidade corretos, aplicados de maneira apropriada e convincente. (30) (Augusto Cury; "Treinando a emoção para ser feliz", pp. 116-118). (31) (Héber C. Campos, “A união das naturezas do Redentor”, p. 16). (32) (“As duas naturezas do Redentor”, pp. 101 e 103). (33) “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo” (pp. 247-248). (34) “Teologia Sistemática” de Wayne Grudem (pp. 457-458): (35) (Wayne Grudem, “Teologia Sistemática”, pp. 459-460). (36) (“Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo”, nota da p. 36). (37) (Héber Carlos de Campos, “A união das naturezas do Redentor”, p.19). (38) (Héber Carlos de Campos, “A união das naturezas do Redentor”, p. 106). (39) (“A união das naturezas do Redentor”, p. 113). (40) (Héber Campos, “A união das naturezas do Redentor”, p. 268). (41) (“Teologia Sistemática”, p. 461). (42) (“A união das naturezas do Redentor”, p. 115). (43) (Grudem apresentou uma interessante figura para demonstrar a Pessoa de Cristo e a Trindade – “Teologia Sistemática”, p. 460). (44) A Pessoa de Cristo, em Sua união hipostática também pode ser chamada teologicamente de “teantrópica” (do grego: théos=Deus + anthropos=homem), ou seja, Deus-homem. Ttodos os conceitos apresentados no item “O Conselho Intratrinitário” foram baseados nas declarações de Héber Campos no livro “As duas naturezas do Redentor”, pp. 29 a 47). Como complemento de base bíblica para a seção “Jesus Cristo: Mais que derrotado ou mais que vencedor”, consultem ainda, por favor 2Co 5:19, 21; 13:4a; Gl 4:4; Ef 1:9-10; 2:14-18; 3:12,14-18; Fp 2:5-11; 3:20-21 FONTES DE PESQUISA PARA AS EVIDÊNCIAS DE CRISTO: "Evidência que exige um veredicto – Vol. I” (Josh McDowell)–Editora Candeia “Em defesa de Cristo” (Lee Strobel) – Editora Vida “Enciclopédia de Apologética” (Norman Geisler) – Editora vida http://www.earthharvest.org/pt/ApologiaDaBibliaChristianismo/JesusCristoDeusProvas/5ProvasDivindadeDeJesusCristo.htm http://ricardo.marchi.sites.uol.com.br/Julgamento_Cristo.html http://www.gotquestions.org/Portugues/Jesus-existiu.html http://www.verdadebiblica.com.br/blog/?p=19=1 http://www.ejesus.com.br/exibe.asp?id=1550 http://www.allaboutgod.com/portuguese/jesus-christ-1.htm http://www.ejesus.com.br/exibe.asp?id=1550 http://www.allaboutgod.com/portuguese/jesus-christ-1.htm

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Page 274: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

274

11

Aspectos práticos da doutrina trinitariana

O nosso relacionamento com

o Deus triúno

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

275

11.1 PODEMOS ORAR PARA AS TRÊS PESSOAS DA TRINDADE?

11.1.1 INTRODUÇÃO

Tudo o que estudamos até aqui em todos os capítulos sobre a doutrina

trinitariana (Trindade) é de vital importância, são conceitos doutrinários balizares, mas, não

passarão de teoria se não buscarmos um relacionamento íntimo com o Deus triúno.

Teologia sem vida com Deus é em vão. Deus não é o nosso alvo de estudo, mas

de adoração e louvor. Não basta estudarmos sobre Deus, devemos também desfrutar de

Sua companhia. Este relacionamento com Deus pode, inclusive, mudar a nossa maneira de

viver e de perceber a vida, pois, percebemos as nossas falhas e limitações e nos

quebrantamos diante de Sua perfeita e imarcescível santidade.

Héber Campos, sabiamente considerou sobre esta busca pelo relacionamento

com Deus e como ele pode influenciar a nossa vida:

"[...] O único modo de se conhecer o caráter de Deus é conhecer o que dele está revelado nas Escrituras, que nos mostram a mente de Deus [...] O caráter de Deus, ao ser conhecido das pessoas, pode influenciá-las em sua conduta [...] Porque as pessoas não conhecem o Deus verdadeiro, elas acabam adorando falsos deuses, deidades da sua própria imaginação [...] Quando conhecemos quem Deus realmente é, desfrutamos, com muito mais fervor e alegria, de nosso relacionamento com ele. À medida que conhecemos o Deus das Escrituras, é mais fácil termos um relacionamento pessoal com ele [...] Quanto mais conhecemos Deus, mais enxergamos as coisas como elas realmente são!” (01)

Hermann Bavinck complementa, afirmando que apenas conhecemos realmente

a Deus, quando aprendemos sobre a Santíssima Trindade:

“[...] É nessa Trindade santa que cada atributo do Seu Ser alcança, digamos, o seu conteúdo pleno e o seu significado mais profundo. Somente quando nós contemplamos essa Trindade é que nós descobrimos quem e o que Deus é [...]” (02)

Partindo, então, da eterna e imutável verdade de que Deus subsiste em três

pessoas, como podemos nos relacionar com Ele? Vamos primeiro verificar se temos

respaldo bíblico para nos relacionar com as três pessoas da Trindade e em seguida iremos

entrar em detalhes da dinâmica da comunhão com Deus.

Afinal, podemos nos relacionar com as três pessoas da Divindade? Podemos

orar a Jesus ou somente ao Pai Celeste? Podemos falar com o Espírito Santo? Afinal,

estudamos que cada pessoa da Trindade é totalmente Deus e orar a Deus não é um hobby

ou uma opção de vida, é um dever (Lc 18:1).

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Page 276: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

276

E mais: adorar o Espírito Santo não é idolatria? (muitas igrejas até hoje

obviamente não têm problemas quanto à questão de adorar a Cristo, mas quanto ao

Espírito, por incrível que possa parecer, ainda existem restrições). Vamos estudar estas

questões passo a passo, de acordo com as verdades bíblicas sobre o nosso relacionamento

com cada pessoa da Trindade e sobre a adoração devida a Trindade:

11.1.2 "PAI NOSSO QUE ESTÁS NOS CÉUS" (Devemos orar a Deus Pai)

Da mesma forma que não existe muita necessidade de comprovar a divindade

do Pai, a questão quanto a orar a Ele praticamente não encontra oposição entre as igrejas

cristãs. Mesmo assim, apresentaremos algumas evidências bíblicas quanto a este assunto:

11.1.2.1 Cristo nos ensinou a orar:

“Pai nosso que estás nos céus.” (Mt 6:9). “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lc 11:9-13).

11.1.2.2 O apóstolo Paulo agradecia e intercedia ao Pai pela vida de várias igrejas em suas

orações:

"Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós.” (Cl 1:3; cf. 1Ts 1:2-3; comparem com Ef 1:16; 3:13-16; Fp 1:3-4; 3:9-10; 2Ts 1:11-12; 2Tm 1:3).

11.1.2.3 Nossas atitudes devem ser em nome de Jesus, como se Ele estivesse fisicamente

entre nós, acompanhadas de um sentimento de gratidão a Deus Pai:

“E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Cl 3:17; cf. Ef 5:18-21).

11.1.2.4 Princípio semelhante a este foi ensinado pelo próprio Senhor Jesus aos apóstolos:

“Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer cousa que porventura pedirem, ser-lhe-á concedida por meu Pai que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome ali estou no meio deles.” (Mt 18:19-20; cf. contexto, vv. 15-18).

11.1.2.5 E é através de Cristo, o Caminho, que temos acesso a Deus Pai, no Espírito.

“...eu sou o caminho, a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14:6). “Porque, por ele [Jesus], ambos [judeus e gentios] temos acesso ao Pai em um Espírito.” (Ef 2:18) [citações nossas entre colchetes].

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Page 277: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

277

11.1.2.6 Paulo se prostrava diante do Pai de joelhos para interceder pelos efésios.

“Por esta causa me ponho de joelhos diante do Pai.” (Ef 3:14).

11.1.2.7 Deus Pai deseja que tenhamos uma comunhão com Ele como filhos

espiritualmente adotados em Cristo, clamando por Ele e sendo disciplinados por Ele, assim

como ocorre entre os filhos e os pais terrenos (cf. Hb 12:3-11).

11.1.3 ORANDO AO SENHOR JESUS

Será que existe respaldo bíblico para orarmos ao Senhor Jesus? Afinal, nossas

orações não devem ser realizadas apenas ao Pai Celeste?

11.1.3.1 O apóstolo Paulo mencionou que é preciso invocar a Cristo para ser salvo (Rm

10:9-14). O próprio Senhor Jesus afirmou que estaria entre nós (Mt 18:19-20), mas que nem

todos que O invocam como Senhor irão para o Céu, mas aqueles que O invocam e também

fazem a vontade do Pai (Mt 7:21). Cristo convidou aos cansados e sobrecarregados que

busquem alívio nEle (Mt 11:28). Ele também afirmou que todos que O buscam e obedecem

aos Seus mandamentos, adquirem firmeza inabalável diante das provações (Lc 6:46-49) e

que podemos pedir algo a Ele (Jo 14:13-14).

11.1.3.2 O apóstolo João ensinou em suas epístolas que podemos orar a Cristo:

“Estas coisas vos escrevi a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus. E esta é a confiança que temos para com ele, que, se pedirmos alguma cousa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito.” (1Jo 5:13-15).

11.1.3.3 Um exemplo de oração feita a Jesus é a de Estevão, o primeiro mártir cristão. Este

texto que veremos também apresenta claramente a Trindade e revela que Cristo está vivo,

em forma humana, junto ao Pai, intercedendo por nós:

“Ouvindo eles isto, enfureciam-se nos seus corações e rilhavam os dentes contra ele. Mas Estevão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem em pé à destra de Deus. E apedrejavam a Estevão que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Com estas palavras adormeceu.” (At 7:54-56, 59-60).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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11.1.3.4 Os olhos e ouvidos do Senhor (Jesus no caso) estão atentos às nossas vidas:

“Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males.” (1Pe 3:12).

11.1.3.5 Os apóstolos pediram a orientação do Senhor Jesus para elegerem o substituto de

Judas Iscariotes (veremos este ponto em mais detalhes posteriormente):

“E, orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, revela-nos qual destes dois tens escolhido.” (At 1:24).

11.1.4 ORANDO AO ESPÍRITO SANTO?

É evidente que temos uma íntima comunhão com Ele, pois o Espírito Santo é o

próprio Deus vivendo em nós (Jo 14:17; 1Jo 3:23-24), Ele fala conosco e nos direciona (At

10:19-20; 13:2; 15:28; 16:6-7; 21:4), nos ensina a orar corretamente de acordo com a

vontade do Pai (Rm 8:26-27), nos convence dos pecados (Jo 16:8-14), nos guia em toda a

verdade (Jo 14:26; At 13:9; 1Jo 2:20,27) e nos capacita a testemunhar (At 1:8; 4:8-13), entre

outros atributos. No entanto, mesmo com tamanha comunhão entre nós e o Espírito, parece

não haver qualquer recomendação bíblica direta e enfática para orarmos ou não a Ele.

Então, as nossas orações não podem ser direcionadas a Ele? Vejamos.

11.1.4.1 O apóstolo Paulo afirmou que nós adoramos a Deus no Espírito:

“Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.” (Fp 3:3).

11.1.4.2 Paulo também exortou a que sejam feitas orações perseverantes no Espírito:

"Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito, e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos.” (Ef 6:18).

11.1.4.3 Semelhante recomendação foi ministrada por Judas em sua epístola:

"Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé Santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna.” (Jd 20-21).

11.1.4.4 Pois é em um só Espírito que através de Cristo temos acesso ao Pai.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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"Porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito.” (Ef 2:18).

Como podemos concluir diante do que observamos até o momento, o modelo

bíblico de oração geralmente apresentado é aquele dirigido ao Pai, em nome de Jesus e

sobre a orientação e intercessão do Espírito Santo. Devemos pedir ao Pai (ou a Cristo) que

o Seu Espírito (que dEles procede) venha auxiliar as nossas vidas no âmbito dos atributos

dEle (alguns dos quais citados anteriormente).

11.1.5 O EXEMPLO DE "ORAÇÃO TRINITÁRIA" DA IGREJA PRIMITIVA

Podemos observar estes princípios na vida da Igreja apostólica. Já no início do

livro de Atos, encontramos a narrativa da ocasião quando os apóstolos precisaram decidir

qual dos discípulos do Senhor substituiria Judas Iscariotes e como Jesus não estava

fisicamente presente, eles oraram a Ele (At 1:24). Eles se dirigiram ao Senhor Jesus e não

ao Espírito Santo, mesmo que este último atue na direção, capacitação e comissionamento

dos cristãos, como vimos anteriormente.

Logo em seguida, na narrativa de Lucas, encontramos a descida do Espírito

Santo no dia de Pentecostes:

“Todos ficaram cheios do Espírito Santo, e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem” (At 2:4); “Tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios; como os ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?” (At 2:11).

Observem que todos ficaram cheios do Espírito Santo e o resultado foi que

passaram a falar em outras línguas sobre as grandezas de Deus, conforme o próprio

Espírito lhes concedia. O Espírito atuou neles como doador e capacitador soberano e em

nenhum momento foi invocado o Seu nome. Comparem este contexto com o da descida do

Espírito Santo sobre os gentios (At 10:1-46, principalmente os vv. 44-46).

Talvez o maior exemplo de uma oração ocorrida na igreja apostólica é o daquela

realizada quando os apóstolos Pedro e João haviam sido libertados do sinédrio após a cura

milagrosa de um paralítico, sendo que os mesmos foram ameaçados pelas autoridades

judaicas a não mais proclamarem o nome do Senhor Jesus (At 4:1-22). Após contarem a

igreja o ocorrido, eles oraram a Deus, unânimes (v. 23):

"Ouvindo isto, unânimes levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de nosso pai Davi, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram cousas vãs? Levantaram-se os reis da terra e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido; porque verdadeiramente se ajuntaram

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e povos de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram.” (At 4:24-28).

É possível claramente perceber que a oração foi direcionada ao Pai que, através

do Espírito, inspirou uma profecia sobre Cristo, o Seu Ungido (vv. 24-27), para que se

realizasse o que Ele, o Pai, havia predestinado na eternidade (v. 28). Continuemos

observando e aprendendo com esta oração:

“Agora, Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra, enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e prodígios, por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus.” (vv. 29-30).

Eles clamaram ao Pai para que Ele permitisse que, mesmo diante das ameaças

das autoridades judaicas, a igreja ousadamente proclamasse a Sua Palavra, enquanto eram

realizados em nome de Jesus inúmeros milagres. Bem, será que esta oração realmente

estava dentro da vontade de Deus e foi corretamente direcionada ao Pai? O que ocorreu em

seguida? Será que ela foi atendida?

"Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo, e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.” (v. 31).

A oração foi aceita e atendida pelo Pai, por estar de acordo com Sua soberana

vontade.

No clamor de Estevão a Jesus diante de seu apedrejamento, notamos que ele

estava cheio do Espírito, mas não orou ao Espírito (At 7:54-60). Quando Pedro foi

aprisionado devido a perseguição de Herodes, a igreja permanecia em oração incessante a

Deus (At 12:3-5). Aqui, não é mencionado que a igreja orava ao Espírito Santo.

Em suma, o modelo bíblico de oração que vimos até o momento parece não

deixar espaço para a oração ao Espírito Santo. E, quanto a isto, se isto for mesmo verdade,

não há problema algum, pois, a tarefa do Espírito Santo na economia trinitariana é a de nos

auxiliar em nossas orações, pois somos falhos e limitados e não sabemos orar da maneira

correta. Não é a tarefa primordial dEle recebê-las:

“Também, o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.” (Rm 8:26-27).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Portanto, segundo tudo o que vimos até aqui, parece mais sensato, biblicamente

falando, orarmos através do Espírito, no Espírito e não ao Espírito.

Mas, vamos continar o nosso estudo no intuito de reunirmos mais princípios

bíblicos e obtermos mais conclusões, até porque, se concluirmos que não podemos orar ao

Espírito Santo, este fato não O desmerecerá nem um pouco e, sim, O dignificará e O

honrará, pois Ele (o Espírito) está em consonância e submissão funcional ao Pai e ao Filho

(que são os alvos de nossas orações). Além do mais, já estudamos anteriormente que o

Espírito Santo não veio buscar glória para Si (apesar de a possuir, cf. 1Pe 4:14), mas, sim, a

glória de Cristo (Jo 16:12-15).

Hermisten da Costa trouxe considerações edificantes que nos auxiliam neste

ponto do nosso estudo:

“O que nos enche de alegria e mostra a nossa relação íntima com Deus é o fato de que em Cristo, pelo Espírito, podermos nos dirigir ao Pai, como filhos adotivos de Deus [...] Orar como convém é orar segundo a vontade de Deus, colocando os nossos desejos em harmonia com o santo propósito de Deus; isto é possível pelo Espírito de Deus que se conhece perfeitamente (1Co 2.10-12). Assim, toda oração genuína é sob a orientação e direção do Espírito (Ef 6.18; Jd 20) [...] O Espírito ora conosco e por nós; ele juntamente com Cristo, em esferas diferentes, intercede por nós: „Cristo intercede por nós no céu, e o Espírito Santo na terra. Cristo nosso Santo Cabeça, estando ausente de nós, intercede fora de nós; o Espírito Santo nosso Consolador intercede em nosso próprio coração quando ele o santifica como seu templo‟, contrasta Kuyper (1837-1920)” (03)

No site cristão http://www.greatcom.org encontramos uma opinião também a

este respeito:

“Para Quem Devemos Orar? Nós oramos ao Pai em nome do Senhor Jesus Cristo, através do ministério do Espírito Santo. Quando oramos ao Pai, as nossas orações são aceitas por Jesus Cristo e interpretadas a Deus, o Pai, pelo Espírito Santo (Romanos 8:26, 27,34).” (04)

Já o Papa João Paulo II pareceu não se preocupar se o modelo bíblico de

oração permite ou não orar ao Espírito Santo e afirmou que devemos sim orar ao Espírito

Santo (só que com uma visão idólatra). Vejamos algumas de suas palavras:

"[...] A Missão da cidade prepara-nos, a nós mesmos e aos nossos fiéis, para viver estes eventos no seu verdadeiro significado de graça, de fé e de conversão. Por isso devemos orar insistentemente ao Espírito Santo, pois sabemos bem que só Ele é capaz de converter os corações e de conceder a fé e a graça [...] A invocação ao Espírito Santo não pode, portanto, estar desvinculada da consagração a Maria [...]” (05)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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O ministério evangélico “Chamada da Meia-Noite”, ao contrário, orientou a não

orarmos ao Espírito. O pior problema é que ele aparentemente foi mais além: Segundo este

ministério, não podemos nem adorar o Espírito Santo! Vejamos algumas de suas

declarações:

“A Bíblia nos ensina a orar ao Espírito Santo? Pergunta: „Freqüentemente encontro crentes que se dirigem ao Espírito Santo em suas orações. Conforme meu entendimento da Sagrada Escritura, isso não é correto. O que vocês dizem a respeito?‟ Resposta: Você tem razão: não devemos adorar ao Espírito Santo, mesmo que certos hinos ou corinhos sejam dirigidos direta ou indiretamente a Ele. Por que rejeitamos decididamente a oração ao Espírito Santo? Devido a diversos motivos: 1. Em toda a Bíblia não encontramos nenhuma indicação de que os crentes tenham orado ao Espírito Santo ou que deveriam adorá-lO. 2. O próprio Senhor Jesus Cristo disse claramente e repetidas vezes que devemos invocar o Pai em Seu Nome [...] Em nenhum lugar o Senhor Jesus deu ao menos uma leve indicação de que deveríamos orar ao Espírito Santo ou Lhe pedir alguma coisa! [...] Por que o Espírito Santo iria interceder por nós diante dEle mesmo? Certamente não é assim. Pois a tarefa do Espírito Santo é glorificar a Jesus (Jo 16.14) e, por isso, Ele nunca ficará à parte de Jesus, nem colocará a Si mesmo no centro das atenções [...] Orar „no Espírito‟ é algo bem diferente do que orar ao Espírito! Pois, no fundo, „orar no Espírito‟ significa simplesmente: orar através do Espírito de Jesus! E isso, significa, conforme Sua orientação, que podemos e devemos aproximar-nos do Pai em nome de Jesus, na certeza de que Deus atende à oração!” (06)

Podemos concluir que orar e adorar o Espírito Santo é contrário às Escrituras?

Afinal, já que o Espírito Santo é totalmente Deus, Ele também é digno de honra, louvor e

adoração, igualmente ao Pai e ao Filho. É o que observaremos e concluiremos a seguir.

11.2 ADORANDO AS TRÊS PESSOAS DA SANTÍSSIMA TRINDADE

Podemos adorar as três pessoas da Santíssima Trindade? Vejamos.

O Pai procura para Si adoradores que O adorem em espírito e em verdade, ou

seja, que sejam autênticos e não materialistas e o Filho deve ser adorado e honrado da

mesma forma como ao Pai:

“Mas vem a hora, e já chegou, quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.” (Jo 4:23; cf. v. 24); “...a fim de que todos honrem o Filho, do modo por que honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou.” (Jo 5:23; Mt 14:33; comparem com 9:35-38; 20:28; Ap 5:11-13; 7:9-12).

Mesmo que não haja uma menção bíblica direta a orarmos ao Espírito ou

adorarmos o Espírito, sendo Ele a totalidade do Ser divino, assim como o Pai e o Filho, seria

um tanto quanto conflitante e discutível imaginarmos não poder adorá-Lo. Seria como não

poder adorar a Deus!

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Mesmo o Espírito Santo sendo glorioso (1Pe 4:14) e tendo a missão de glorificar

e testemunhar a Cristo e não a Si mesmo (Jo 15:26; 16:13-14), Ele é digno de honra, glória

e adoração, igualmente como o Pai e o Filho.

De que maneira, afinal, adoramos o Espírito Santo? As considerações do Rev.

Hermisten da Costa certamente podem nos auxiliar nesta questão:

“O ministério do Espírito só pode ser compreendido e avaliado de modo correto dentro da perspectiva cristocêntrica; um enfoque sem esta consideração consiste num esquecimento do Espírito por maior que seja nosso desejo de „reabilitá-lo‟ à igreja. Quando a igreja compreende adequadamente quem é Cristo e seu ministério, ela honra o Espírito, porque este conhecimento só pode ser alcançado por obra de Deus (Mt 11.27; 16.17) e é o Espírito de Deus que nos conduz à verdadeira compreensão de Cristo. A confissão de Cristo por parte da igreja é, de certa forma, a glória do Espírito (Jo 14.26; 15.26; 16.13-15; 1Co 12.3).” (07)

Portanto, nós prestamos a devida adoração ao Espírito Santo quando:

1º) Compreendemos o ministério e a Pessoa de Cristo; 2º) Quando obedecemos

a Palavra de Deus, pois é a espada do Espírito (Ef 6:18; cf. 2Pe 1:21); 3º) Quando nos

enchemos do Espírito. De que maneira? Falando entre nós com salmos, hinos e cânticos,

com gratidão ao Pai, em nome de Jesus e em sujeição uns aos outros (Ef 5:18-21; cf. Cl

3:15-17); 4º) Quando evitamos uma vida pecaminosa (Gl 5:16-26) para não O

entristecermos (Ef 4:30) e, assim, desenvolvermos o fruto do Espírito (Gl 5:22-23); e 5º)

Quando exercitamos os dons espirituais concedidos pelo Espírito (Rm 12; 1Co 12; Ef 4).

Não apresentaremos um novo elemento à Pneumatologia, a doutrina do Espírito

Santo, mas, baseados no que já estudamos, a questão de adorar o Espírito na forma de

cântico ou hino pode eventualmente gerar um certo grau de sadia discussão (afinal, a

adoração ou o louvor através da música é uma forma de oração). Muitas pessoas acreditam

que podemos entoar hinos e cânticos ao Espírito seja qual for a letra, com petições

inclusive. Outras podem concluir que a letra deve ser composta apenas de adoração e

louvor (o que a Bíblia jamais proibiu) e não de petições (que, conforme o modelo bíblico,

devem ser dirigidas ao Pai ou ao Filho). De fato, as tarefas do Espírito Santo, entre outras,

são a de glorificar a Jesus e interceder por nós ao Pai em nossos corações. Do contrário,

Ele intercederia por Ele mesmo! Por outro lado, Cristo também intercede por nós ao Pai no

Céu e referências bíblicas mencionam uma busca a Cristo em oração.

O Rev. Hernandes Dias Lopes, comentou sabiamente sobre este assunto:

"[...] Precisamos compreender que cada pessoa da Santíssima Trindade tem um lugar singular e distinto na oração. Por meio de Cristo, temos acesso ao Pai pelo Espírito Santo. A oração é dirigida ao Pai, por meio do Filho, pelo Espírito Santo. Temos dois intercessores na Trindade: O Espírito Santo e Jesus. O Espírito intercede em nós, assim como Jesus

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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intercede por nós. Jesus é o intercessor no céu, enquanto o Espírito é o intercessor na Terra. Jesus intercede por nós à destra do Pai, ao passo que o Espírito intercede por nós dentro de nós. Jesus é o nosso intercessor forense e legal, e o Espírito é o nosso intercessor existencial [...] A mente do Espírito está afinada com a mente do Pai. Não há conflito na Trindade. O Espírito nunca intercede por uma causa contrária à vontade do Pai [...]" (08)

Em suma, já que o Novo Testamento não é detalhista e exaustivo quanto à

forma de culto do período apostólico, principalmente no tocante à esta questão e pelo fato

de jamais ter proibido falarmos com o Espírito Santo, é mais sensato que esta questão seja

orientada por Deus soberanamente ao coração de cada um de nós.

É relevante ressaltar que não existem restrições ou facções em Deus. Se

adoramos ao Pai ou a Cristo, isso não quer dizer que não estamos adorando o Espírito. Não

podemos nos esquecer que Deus é uma única e indivisível essência. Quando nos dirigimos

a uma das pessoas da Trindade, não estamos excluindo as outras, tirando a glória delas e

muito menos causando ciúme entre elas.

Cada pessoa da Trindade é totalmente Deus. De uma certa forma, quando

adoramos o Pai ou o Filho ou o Espírito Santo, estamos adorando as demais pessoas.

Mesmo distintas, uma pessoa misteriosamente habita na outra, participa da existência da

outra.

É evidente que podemos louvar e orar ao nosso único Deus sem nos dirigirmos

especificamente a uma das pessoas da Trindade (Lc 18:1; At 4:21,23-31; 1Tm 1:17). E

mesmo que oremos especificamente ao Pai ou ao Filho, não estamos falando com uma

parte ou um terço do Ser divino, e menos ainda com um ser inferiorizado, mas, sim, com

Deus em Sua totalidade. Em outras palavras, portanto, devemos adorar as três pessoas da

Santíssima Trindade, pois elas são o nosso único Deus, digno de toda adoração, honra e

louvor.

“Um e Três: Trindade: [...] Praticamente falando, a doutrina da Trindade exige que demos honra igual a cada uma das três Pessoas na unidade do Deus único [...]” (09)

"A Doxologia da igreja ao que está assentado no trono (Ap 4:10-11). João fala sobre três coisas importantes: Primeiro, o objeto da adoração. Os remidos adorarão Àquele que vive pelos séculos dos séculos. Também adoram o Espírito Santo (1:4-5; 4:5). Igualmente adoram o Cordeiro (5:12,13) [...] João é chamado ao céu para ver o trono e o Entronizado. O trono de Deus está no centro do universo [...] Todo o louvor e glória são dirigidos Àquele que está assentado no trono.” (10)

Portanto, que o nosso querido Deus triúno seja adorado pelos séculos dos

séculos. Amém.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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11.3 AS BÊNÇÃOS DA COMUNHÃO COM O DEUS TRIÚNO

Todo ser humano é essencialmente religioso, mais cedo ou mais tarde em sua

vida ele se entrega, se rende a alguma crença para se aproximar de Deus.

Já que a Bíblia é perfeita, pois é a Palavra de Deus e Deus é perfeito,

precisamos nos render à Santíssima Trindade que é a essência única de Deus revelada nas

Escrituras Sagradas. Do contrário, nos renderemos a algum tipo de culto ou credo herético

pagão, que por melhor intencionado que for, estará nos afastando do verdadeiro Deus, que

se revelou na Bíblia.

“[...] Render-se a Deus não é a melhor maneira de viver, é a única maneira de viver; nada mais funciona. Todas as outras vias levam à frustração, decepção e autodestruição [...] Se Deus tiver de fazer uma profunda obra em sua vida, ela começará por aqui. Então entregue tudo a Deus [...]” (11)

Essa rendição total a Deus, que é triúno, enseja um relacionamento de total

confiança com as pessoas da Santíssima Trindade:

“[...] Ao fazer essa confissão [no Deus Triúno] o cristão expressa o fato de que Deus é o Deus vivo e verdadeiro, que é o Deus Pai, Filho e Espírito, o Deus de sua confiança, a quem ele tem se rendido inteiramente, e em que ele descansa com todo o seu coração. Deus é o Deus de sua vida e de sua salvação. Como Pai, Filho e Espírito, Deus o criou, redimiu-o, santificou-o e glorificou-o. O cristão deve tudo a Ele. É sua alegria e prazer que ele possa crer nesse Deus, confiar nEle e esperar tudo dEle.” (12) [citação nossa entre colchetes]

Nada do que Deus revela na Bíblia é por acaso. A doutrina trinitaria nos revela

não somente o quanto Deus é singular e poderoso, mas também o Seu infinito amor para

conosco e Seu desejo de realizar uma profunda e permanente obra em nosso viver. Só

alcançamos este entendimento quando buscamos uma amizade, um relacionamento com o

Deus Triúno. Mesmo que não tenhamos ainda compreendido completamente a doutrina

trinitariana, o mais importante é buscar a Deus acima de tudo:

“[...] Ter amizade com Deus só é possível por causa da graça de Deus e do sacrifício de Jesus [...] Um antigo hino diz „Quão bondoso amigo é Cristo‟, mas na verdade Deus nos convida a desfrutar da amizade e da companhia das três pessoas da Trindade: nosso Pai, o Filho e o Espírito Santo [...]” (13)

Sem fé em Deus, é difícil imaginar uma amizade entre o Deus perfeito e uma

criatura imperfeita, mas, como afirmamos anteriormente, graças à encarnação do Filho e

Sua intercessão por nós ao Pai, este relacionamento é perfeitamente possível. Sem

mencionarmos a direção constante do Espírito Santo em nosso viver.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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É aceitando e vivendo este amor de Deus em profundo relacionamento com Sua

natureza triúna, que poderemos conhecê-Lo cada vez melhor, destruindo, assim, todas as

barreiras que existam em nosso ser e que estejam impedindo a nossa comunhão com Ele,

tais como o medo, o orgulho (representando o pecado de uma maneira geral) e a falta de

entendimento:

“Existem três barreiras que impedem a nossa total rendição a Deus: medo, orgulho e falta de compreensão [...] Você não irá se render a Deus, a menos que confie nele, mas você não tem como confiar nele até que o conheça melhor. O medo impede que nos rendamos, mas o amor lança fora todo o medo. Quanto mais você se der conta do quanto Deus o ama, mais fácil será você se render [...] Uma segunda barreira para a total rendição é o nosso orgulho. Não queremos admitir que somos apenas criaturas e que não estamos no controle de coisa nenhuma [...] Não somos Deus nem jamais seremos; somos humanos! É quando tentamos ser Deus que acabamos mais parecidos com Satanás, o qual quis a mesma coisa [...] Render-se não é suprimir a própria personalidade; Deus quer utilizar sua personalidade singular. Em vez de diminuí-la, render-se a aprimora [...]” (14)

Após eliminarmos de nosso viver as barreiras que temos com Deus, atingimos

um desenvolvimento do nosso caráter, agora transformado diariamente por Ele, e em

conseqüência, podemos auxiliar as pessoas que estão afastadas de Deus, atingindo, assim,

um patamar muito mais elevado dentro dos Seus propósitos para a humanidade: uma

sociedade mais santa e justa, entregue confiadamente em Suas soberanas mãos.

O processo se dá com o desenrolar destas três etapas:

1ª) Entendemos que Deus nos ama, então, perdemos todo o medo; 2ª) Então

conhecemos mais a Deus e nos rendemos a Ele, nos tornando pessoas melhores; e 3ª)

Podemos contribuir na edificação de uma sociedade melhor.

Esta dinâmica comportamental dentro dos propósitos de Deus para a

humanidade, envolvendo Seu relacionamento com a Igreja e com a sociedade, só é possível

com o exercício do amor. Ele deu o exemplo maior de amor, é iniciativa dEle nos amar e em

conseqüência, devemos nos amar e levar este amor à sociedade. Mas, como podemos

realizar esta obra?

É permanecendo firmes em comunhão com Cristo, o Senhor da Igreja, em uma

relação de total dependência de Seus mandamentos e de Seu amor, que poderemos ver

realizados os Seus propósitos através de nossas realizações. Assim, como o Filho, guardou

os mandamentos e permaneceu no amor de Deus Pai.

Observemos o texto de João 15:5-17:

"Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15:5, comparem com vv. 1,16).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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E com a obediência aos mandamentos divinos, os nossos desejos se realizam

(v. 7, cf. v. 16). Para que, frutificando em nossas realizações como discípulos escolhidos do

Senhor Jesus, Deus Pai seja glorificado (v. 8; cf. v. 16). E com o propósito de que não

vivamos uma vida medíocre e frustrada, mas para que a alegria de Cristo esteja conosco e a

nossa alegria seja completa (v. 11).

Mas, qual é o mandamento que Cristo nos deu? Que nos amemos uns aos

outros, da mesma forma como Ele nos amou (v. 12, cf. v. 17; comparem com 1Pe 4:8). E

este amor de Cristo, a ponto de morrer em nosso lugar, é o vínculo necessário para um

perfeito relacionamento nosso com Deus (cf. Cl 3:14), a ponto de sermos chamados de

Seus amigos, a ponto do Filho não ocultar a vontade do Pai, mas revelá-la a nós, em sinal

de amizade (vv. 13-15).

No entanto, o vínculo perfeito do amor entre Deus e os homens, revelado em

Cristo, não pode ficar restrito à Igreja, mas, ser estendido à sociedade, para que os que

crerem sejam batizados em nome de Deus, ou seja, em nome da Trindade (Mt 28:19). Para

executar esta missão, a Igreja deve voltar-se para o seu Senhor, ela carece de um urgente

avivamento, ela está espiritualmente enferma e sonolenta. Como ela vai pregar sobre

alguém com o qual não se relaciona direito? Como poderemos falar sobre Deus se não

orarmos, lermos a Bíblia, jejuarmos ou vivermos uma vida piedosa e de testemunho? Será

que as nossas palavras estão refletindo mesmo a vontade de Deus?

Podemos observar, mais adiante, no contexto do capítulo 17 do mesmo

evangelho de João que devemos refletir em nós como Igreja de Cristo, a unidade existente

no Ser de Deus, o que redundará em testemunho tal que o mundo crerá no amor de Deus

(Jo 17:21-22).

Não devemos criticar a doutrina da Trindade, devido à alguma dificuldade de

aprendizado, mas, nos curvar diante de Deus, admitindo, que somos “crianças espirituais”,

ainda imaturos demais no conhecimento de Deus. Muitos acreditam no poder de Deus para

curar, para restaurar e até ressuscitar os mortos, mas, não conseguem acreditar que Ele é

poderoso e soberano o suficiente para ser uma Trindade!

Busquemos uma comunhão íntima com Deus, diária, peçamos a Ele sabedoria

diante de Sua Palavra revelada e nos arrependamos dos nossos pecados. Deixemos um

pouco de lado a vida moderna tão materialista e automatizada e reservemos momentos para

nos aquietar, buscar a Deus e desfrutar de Sua maravilhosa presença:

“Então me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.” (Jr 29:12-13; cf. Sl 16:11; 25:14; At 2:28).

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Page 288: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Deus jamais nos convocou a que O compreendêssemos totalmente, mas, sim,

para que tivéssemos fé e confiança nEle, buscando-O sempre em primeiro lugar:

“Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino [do Pai Celeste] e a sua justiça, e todas estas coisas [alimentação e vestuário] vos serão acrescentadas.” (Mt 6:33; cf. vv. 25-34; Ap 2:4-5b); [citações entre colchetes de minha parte].

"[...] A razão se vê diante de uma pedra de tropeço quando confrontada pela natureza paradoxal da doutrina trinitariana. “Mas”, asseverou Martinho Lutero, de modo enérgico, “posto que se baseie claramente nas Escrituras, a razão precisa conservar-se em silêncio sobre o assunto; devemos tão somente crer.Por isso, o papel da razão é o de auxiliar, e nunca de dominar (atitude racionalista), a entender as Escrituras, especialmente no tocante à formulação da doutrina da Trindade. Não estamos, pois, tentando explicar Deus, mas, sim, considerar as evidências históricas que estabelecem a identidade de Jesus como homem e também como Deus (em virtude dos seus atos milagrosos e do seu caráter divino) e, ainda, “incorporar a verdade que Jesus tornou válida no que diz respeito ao seu relacionamento eterno com Deus Pai e com Deus Espírito Santo [...]” (15)

Glorifiquemos a Deus por aquilo que Ele é: insondável (Rm 11:33-34) e

permitamos que os mistérios da vida sejam desvendados de acordo com Sua vontade:

"As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus; porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” (Dt 29:29; comparem com Dn 2:22; Lc 8:17; 12:2; Cl 2:1-4; Rm 16:25-27; 1Co 2:6-9; Ef 1:9).

Isto é confiança e humildade diante de Deus. Atitudes que são frutos de um

coração que busca verdadeiramente a Ele, não pelo que Ele pode oferecer, mas por tudo

aquilo que Ele é, sem que, no entanto, se procure compreender todos os mistérios da vida

primeiro (e sempre do ponto de vista humanístico filosófico).

Deus é misteriosamente revelado, mas, não completamente decifrado.

Podemos afirmar que, metaforicamente, toda a Palavra revelada no Antigo e no

Novo Testamento paulatinamente foi fornecendo como que peças de um glorioso “quebra-

cabeças” até que o cânon das Escrituras foi finalizado e a última peça “encaixada” pelo livro

do Apocalipse. A questão é que não conseguimos compreender completamente a figura que

nos foi revelada neste “quebra-cabeças”, podemos “apenas” crer nela.

Finalmente, desejamos apresentar as sábias palavras de Eugene H. Peterson

com respeito ao nosso relacionamento prático com as três pessoas da Trindade:

"A noção de 'Trindade' é a formulação teológica que fornece a estrutura mais adequada para manter as conversas sobre a vida cristã coerentes, focadas e pessoais. Desde o início, a comunidade cristã percebeu que tudo a nosso respeito - adorar e aprender, conversar e ouvir, ensinar e pregar, obedecer e decidir, trabalhar e brincar, comer e dormir - se desenrola no

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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'território' da Trindade, ou seja, na presença e no meio das operaçõe de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Se a presença e a operação de Deus não forem entendidas como o que define quem somos e o que estamo fazendo, nada será entendido e vivido corretamente [...] Na verdade, trata-se de nosso empreendimento intelectual mais exuberante sobre Deus. A Trindade é a tentativa conceitual de dar coerência a Deus conforme ele é revelado diversamente como Pai, Filho e Espírito Santo nas Escrituras: Deus é intensamente pessoal; é Deus única e exclusivamente em relacionamentos. A Trindade não é uma tentativa de explicar ou definir Deus por meio de abstrações (ainda que, em parte, seja isso também), mas um testemunho de que Deus se revela pessoal, em relacionamentos pessoais. A consequência prática desse fato é que Deus nos resgatou das especulações dos metafísicos e nos trouxe ousadamente para uma comunidade de homens, mulheres e crianças chamados a ter essa vida comum de amor, uma vida exremamente pessoal, na qual experimentam a si mesmos em termos pessoais de amor, perdão, esperança e desejo. Descobrimos, sob a imagem da Trindade, que não conhecemos Deus ao defini-lo, mas ao sermos amados por ele e ao correspondermos a esse amor." (16)

_____________________________________________________________________________________________________

DESEJO IR PARA: (click no link desejado para se locomover com mais rapidez pelo nosso estudo) SOBRE O AUTOR - ÍNDICE – APRESENTAÇÃO – AGRADECIMENTOS – DEDICATÓRIA - ABREVIATURAS – PREFÁCIO -

Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 – 13 – BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________

NOTAS: (01) (“O Ser de Deus e os seus atributos”, pp. 13-14). (02) (“Teologia Sistemática”, p. 155). (03) (Abraham Kuyper, “The Work of The Holy Spirit”, p. 670; citado no livro: “O Pai Nosso”, Hermisten da Costa, pp. 19-20) (04) (fonte: http://www.greatcom.org/portugues/7steps/questions.htm). (05) (“Discurso do santo padre ao clero de roma por ocasião do início da quaresma” - Quinta-feira, 26 de Fevereiro de 1998) - (fonte: http://www.vatican.net/holy_father/john_paul_ii/speeches/1998/february/documents/hf_jp-ii_spe_19980226_clero-roma_po.html) (06) (Elsbeth Vetsch) Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, março de 1997. (fonte: http://www.chamada.com.br/mensagens/print.php?docname=orar_ao_espirito). (07) (“Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo”, p. 383). (08) livro "Destinados para a glória" (pp. 37-38 e 45, respectivamente). (09) (Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra, Nota Teológica, página 837 (http://www.monergismo.com/). (10) (Rev. Hernandes Dias Lopes: “Apocalipse – O futuro chegou”, p. 158). (11) (Rick Warren, “Uma vida com propósitos”, p. 74). (12) (Bavinck, “Teologia Sistemática”, p. 156); (13) (Rick Warren, “Uma vida com propósitos”, p. 77). (14) (Rick Warren, “Uma vida com propósitos”, pp. 70-71). (15) (fonte: http://adca.org.br/site/modules/articles/article.php?id=6). (16) (livro: "A maldição do Cristo genérico - A banalização de Jesus na espiritualidade atual"; pp. 19-20). Para complementar o nosso estudo sobre orar e adorar a Trindade, acessem: http://www.paroquias.org/oracoes/?o=32 http://www.oracoes.info/trin07.html http://www.derradeirasgracas.com/2.%20Segunda%20P%C3%A1gina/As%20Grandiosas%20Ora%C3%A7%C3%B5es/ORA%C3%87%C3%95ES%20Ao%20Pai%20Eterno/ORA%C3%87%C3%83O%20%C3%80%20SANT%C3%8DSSIMA%20TRINDADE.htm

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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12

Mais lições práticas da doutrina trinitariana

A sua relevância e a sua praticidade

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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12.1 A RELEVÂNCIA DA DOUTRINA TRINITARIANA

“A acusação de que a doutrina da Trindade não se conforma com a lógica ou a razão também é descabida, pois a mente humana não pode apreender tudo sobre Deus. É impossível que o relativo entenda com precisão o Ser absoluto, que a criatura desvenda todos os mistérios e segredos do Criador. Isso é pedir demais para míseros mortais (V. Rm 11.33; 1Co 2.11; Jó 11.7; Is 40.28).” (01)

Realmente é esperar demais de nós, limitados e falhos seres humanos,

compreender totalmente os mistérios insondáveis do nosso Deus absoluto, eterno, único e

infinito. Contudo, a Bíblia não revelaria a essência e a operação triúna de Deus sem algum

propósito construtivo ou simplesmente no intuito de nos confundir.

A Igreja de Cristo (talvez algumas denominações evangélicas) deve, por sua

vez, urgentemente resgatar a importância do estudo da Santíssima Trindade.

Como afirmamos na apresentação do nosso estudo, os nossos principais

objetivos são o de: 1) Resgatar a consciência entre os cristãos da tremenda relevância do

estudo da Trindade; 2) Apresentar a aplicabilidade desta doutrina para as nossas vidas; e 3)

Nos aproximarmos um pouco mais da infinita e insondável glória de Deus através da busca

de uma íntima comunhão com Ele. Sem uma melhor compreensão e aplicação do que Deus

representa para nós não podemos servir-Lhe de uma maneira adequada.

Para compreender melhor a Trindade, devemos analisar o plano eterno de Deus

para a redenção da humanidade. Deus Pai permitiu através do Seu eterno decreto que o ser

humano, em sua liberdade de escolha, O desobedecesse e caísse em pecado e fosse salvo

do poder deste pecado e da morte pela fé em Seu Filho, Jesus Cristo e Seu sacrifício vicário

e espontâneo, e em consequência, recebesse o revestimento de poder, a regeneração, e a

santificação através do Deus Espírito Santo.

Em outras palavras, a história da humanidade, desde a criação, queda, redenção

e glorificação é a imagem exata da manifestação triúna de Deus.

Conforme Charles Hodge afirmou:

“[...] A verdade visa a santidade. Deus não torna notórios seu ser e atributos com o fim de ensinar ciência aos homens, mas para levá-los a um conhecimento salvífico do próprio Deus [...]” (02)

E com razão ele afirmou isso. A verdade da revelação divina da Santíssima

Trindade visa a salvação e a santidade dos homens. Afinal, Deus não torna evidentes o Seu

Ser e Seus atributos com o intuito de ensinar um conhecimento meramente intelectualizado

da Divindade, mas para nos levar a um conhecimento da salvação que existe no próprio

Deus.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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O plano de salvação da humanidade constitui um contexto harmonioso, uma

obra de Deus com princípio, meio e fim, onde podemos destacar três grandes momentos,

que são a criação, a redenção e a regeneração, os quais explicitam uma causa tríplice em

Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Todo o plano de salvação não deve ser visto de

maneira segmentada, mas é, sim, uma operação globalizada da Santíssima Trindade:

decretada pelo Pai, comprada pelo Filho e aplicada pelo Espírito Santo.

“O propósito eterno do Pai na eleição, o desígnio limitado na morte do Filho e o escopo restrito das operações do Espírito Santo estão em perfeita sintonia. Se o Pai escolheu certas pessoas antes da fundação do mundo e as deu ao Filho, e se foi em favor delas que Cristo se deu como resgate, então o Espírito Santo não está agora esperando poder conduzir a Cristo o mundo inteiro. A missão do Espírito Santo no mundo atual é aplicar os benefícios do sacrifício redentor operado por Cristo [...] Cada uma das três pessoas da Santíssima Trindade desempenha um papel em nossa salvação: o Pai, quanto à predestinação; o Filho, quanto à propiciação; e o Espírito Santo, quanto à regeneração. O Pai nos escolheu; o Filho morreu por nós; o Espírito Santo nos vivifica. O Pai se preocupou conosco; o Filho derramou seu sangue por nós; e o Espírito Santo realiza sua obra em nós.” (03)

"As Escrituras Sagradas nos ensinam que o Deus que nos chama à santidade está comprometido com a nossa santificação. A Santíssima Trindade opera eficazmente em nós para que sejamos santos. Por isso, fundamentamos na Palavra de Deus, podemos dizer que o Deus Trino é o autor de nossa santificação [...]” (04)

O Pai, o Filho e o Espírito Santo são em Sua eterna e indivisível unidade e em

Suas distinções pessoais a plenitude da revelação de Deus na Bíblia. A doutrina trinitariana

é o resumo da religião genuinamente cristã, sem ela nenhum dogma da Igreja pode ser

sustentado. Se nos afastarmos de qualquer um dos pontos doutrinários da Trindade,

permitiremos a abertura de uma perigosa oportunidade para a influência sutil de heresias.

Como na figura abaixo, a doutrina trinitariana é o sólido alicerce que sustenta

toda a revelação bíblica. Todas as demais doutrinas bíblicas, de um modo ou de outro,

derivam da doutrina trinitariana.

REVELAÇÃO BÍBLICA (ANTIGO E NOVO TESTAMENTO)

A criação, a providência divina, o amor incondicional divino, a eleição

incondicional, a salvação, a graça, a regeneração, a evangelização, a

unidade da Igreja, os sacramentos, a escatologia, etc.

DOUTRINA TRINITARIANA

(A ETERNA E IMUTÁVEL VERDADE SOBRE DEUS –

A BASE DO CRISTIANISMO)

HERESIAS

(RELIGIÕES NÃO CRISTÃS,

SEITAS E FILOSOFIAS

HUMANISTAS)

Quando as heresias atacam as

verdades inerrantes da revelação

bíblica, atacam diretamente a base

do cristianismo reformado, ou seja,

a doutrina trinitariana.

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Page 293: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Como Bavinck afirmou:

“[...] O artigo sobre a santa Trindade é o coração e o núcleo de nossa confissão, a marca registrada de nossa religião, o prazer e o conforto de todos aqueles que verdadeiramente crêem em Cristo. Essa confissão foi a âncora na guerra de tendências através dos séculos. A confissão da santa Trindade é a pérola preciosa que foi confiada à custódia da Igreja Cristã [...]” (05)

A doutrina trinitariana deve ser compreendida e defendida, mas, não se

transformar em ponto de árdua batalha verbal e até corporal. É preciso compreensão e amor

entre as pessoas e para com Deus, pois estes são os grandes mandamentos (Mt 22:37-40).

O ponto principal para a salvação é a fé em Jesus (Ef 2:8-9) e não compreender

a doutrina trinitariana. Este é outro ponto importante que deve ser ressaltado: o fato de não

compreendermos totalmente a Trindade é uma situação normal diante da nossa limitação e

da grandeza infinita de Deus e não quer dizer que perderemos a salvação ou ainda que, por

este fato, Deus não nos amará da mesma forma. Por outro lado, alguém que não acredita

na divindade do Senhor Jesus e do Espírito Santo dificilmente poderá ser considerado salvo.

Como alguém que afirma ser cristão pode afirmar: "Eu sou cristão, mas não acredito e nem

aceito que Jesus é o meu Deus. Ele é meu Senhor e Salvador, mas é apenas um homem

comum que foi iluminado por Deus"?

O ponto que desejamos enfatizar é a diferença entre compreender e acreditar.

Uma pessoa verdadeiramente salva em Cristo pode até não compreender a Trindade, mas

com certeza acredita firmemente nela, pois ela é Deus. Para efeito de mais uma

comparação, a doutrina da Trindade, semelhantemente ao que afirmamos sobre ela ser a

base da fé cristã, é a espinha dorsal do cristianismo, onde as doutrinas provenientes dela

são as vértebras que não podem ser “fraturadas” para não comprometerem o

“funcionamento” geral do cristianismo, mas a doutrina da salvação é o coração da religião

cristã, sem a cruz de Cristo, o cristianismo não existe, ele perde o sentido de existir.

12.2 A PRATICIDADE DA DOUTRINA TRINITARIANA

12.2.1 INTRODUÇÃO

“Nossos termos serão sempre limitados, meras alusões à complexidade do Ser divino, por isso podemos no máximo trabalhar dentro dos limites da Revelação, ter uma compreensão pálida deste mistério, que certamente ultrapassa em muito nossa percepção e, mais ainda, à nossa linguagem, no esforço de expressar o que percebemos; no entanto, se a doutrina da Trindade nos foi revelada nas Escrituras, fazendo parte do desígnio de Deus, tem por certo utilidade para a vida da Igreja; nada na Escritura é ocioso (At 20.27; 2Tm 3.16); ocioso e ingrato é deixar de considerar todo o desígnio de Deus ou tentar ultrapassá-lo [...]” (06)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Após estudarmos as bases da doutrina trinitariana e a sua imensa importância

para o cristianismo, observaremos como poderíamos aplicá-la em nosso viver, como

podemos observar resultados práticos para o nosso cotidiano, haja visto que pertencemos a

uma sociedade secular tão mergulhada numa “egolatria” - adoração de si mesmo - e

“antropolatria” - adoração do ser humano, como seu próprio deus.

Muitos críticos antitrinitários, crentes iniciantes e imaturos ainda na fé cristã

reformada e adeptos de outras religiões certamente questionam o que devemos observar de

prático na doutrina trinitariana. Com tamanha relevância que a doutrina trinitariana possui,

lógica e consequentemente, ela só deve possuir também uma proporcional praticidade para

as nossas vidas.

Afinal, depois de tantas evidências bíblicas e científicas e de tanta verborragia

teológica, o que podemos aprender de prático para o nosso cotidiano ao estudar a doutrina

trinitariana? Nada mais, nada menos do que 30 lições práticas! Muitos ainda podem

questionar: O que tudo isso tem a ver comigo, meu trabalho, minha família, meus estudos e

meus ministérios? Tem tudo a ver. É o que passaremos a observar agora:

12.2.2 (LIÇÃO 01): A doutrina trinitariana nos ensina a imensa importância da união

das naturezas de Cristo para a mediação entre Deus e os homens.

Em Jó 9:32-35 encontramos Jó se sentindo tão pequeno diante da grandeza e

santidade de Deus que suspira, anela por encontrar alguém que se tornasse um mediador

entre ele e Deus, pois Jó estava sofrendo muito. Mesmo sendo pecador, ele sabia que

aquele sofrimento não era decorrente de algum pecado e desejava que alguém fizesse essa

mediação entre ele e Deus, desviando dele então, a Sua ira, que Jó acreditava ser a

causadora de todas as provações pelas quais passava, e então, Jó seria justificado diante

de Deus por este mediador.

A Bíblia é maravilhosa! De uma certa maneira, vemos aqui uma espécie de

predição da vinda de um mediador entre nós e Deus. E é disso mesmo que vamos tratar

neste momento. Uma das maiores aplicações (a maior de todas, aliás) da doutrina

trinitariana é justamente a respeito da mediação entre Deus e os homens que, por sua vez,

só se tornou possível graças a encarnação da Segunda Pessoa da Trindade.

Como um Deus perfeitamente santo poderia conceder perdão aos pecadores se

Ele fosse constituído de somente uma única distinção pessoal? Como Ele se sacrificaria em

nosso lugar se Ele fosse apenas o Pai ou somente o Filho ou somente o Espírito Santo?

Neste caso, existiria um abismo intransponível entre o Deus santo e a criatura pecadora, por

sua vez condenada à morte sem qualquer chance de redenção por não poder salvar a si

mesma.

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Page 295: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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De acordo com o islamismo, por exemplo, o deus Alá permanece acima da ponte

da morte que passa da via terrestre para o paraíso. Embaixo da ponte estreita fica o abismo

do inferno. Um homem que teve uma vida 70% boa e 30% má talvez tenha permissão de

passar para o paraíso e para a presença de Alá. Um homem com menos virtude, ao

contrário, seria empurrado por este mesmo “deus” para o abismo. Conhecendo que nenhum

homem é 100% bom e, consequentemente igual a Alá neste caso, este comprometeria a

sua “santidade” ao permitir qualquer pessoa entrar no seu paraíso.

Contudo, o nosso Deus, o único e suficiente Deus, é Justo e também o

Justificador de nossos pecados (Rm 3:23-26), precisamente porque...

Ele é infinito, absoluto e eterno e tão incalculavelmente superior a nós que existe

em Seu Ser desde a eternidade um desdobramento de relações interpessoais que resulta

desde a eternidade em três auto-distinções dentro da mesma essência divina, o que O

revela como um só Deus, mais que subsiste em três formas pessoais.

Devido à esta pluralidade de pessoas, por causa desta tripersonalidade divina, o

Deus Triúno pode ser o Santo Criador, Redentor e Regenerador da humanidade sem,

contudo, comprometer a Sua natureza totalmente pura. Deus Pai enviou o Deus Filho para

espontaneamente se tornar o Mediador entre Ele e os homens pecadores. Por isso, a

Segunda Pessoa da Trindade, como vimos anteriormente, assumiu mais uma natureza, a

humana, unindo-se à Sua natureza divina. O próprio Deus, na Pessoa do Filho, tomou a

iniciativa de fazer a mediação com os homens.

"Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” (1Tm 2:5). “Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um” (Gl 3:20.; “E a Jesus, o Mediador de Nova Aliança.” (Hb 12:24a).

Semelhantemente como na sociedade humana, deveria haver um mediador que

representasse as partes interessadas:

“[...] Não seria possível para Cristo exercer as tarefas de Mediador se ele não possuísse as duas naturezas [...] Deus, em si mesmo, não poderia ser mediador porque ele é uma das partes interessadas; um homem simplesmente não poderia ser mediador pela mesma razão. Então, qual foi a alternativa do Conselho da Redenção para a solução desse impasse? A Trindade decidiu enviar o Filho para que este, com natureza divina, assumisse a natureza humana na encarnação. Com a unio personalis [união pessoal], havendo uma pessoa com duas naturezas, isto é, possuindo a mesma natureza das suas partes interessadas, criou-se a possibilidade do estabelecimento de uma mediação: um Mediador que fosse capaz de compreender e igualmente satisfazer as reivindicações e as necessidades das suas partes interessadas.” (07) [expressão entre colchetes de nossa parte]

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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O Senhor Jesus deveria ter a natureza humana e vivenciar experiências

humanas (com exceção do pecado) para poder substituir os seres humanos, fazendo a

propiciação a Deus pelos nossos pecados. Por isso Ele deveria ser não apenas um ser

humano real, mas um ser humano ideal.

“Pois ele, evidentemente, não socorre a anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso mesmo convinha que, em todas as cousas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso, e fiel sumo sacerdote nas cousas referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.” (Hb 2:16-18.; “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, antes foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hb 4:14-16). “Com efeito nos convinha um sumo sacerdote assim como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores, e feito mais alto do que os céus.” (Hb 7:26; comparem com Hb 12:2-3).

O Senhor Jesus deveria ter a natureza divina também para os seguintes

propósitos:

1º) Ser um poderoso Salvador (Jo 17:2);

2º) Apresentar um sacrifício de valor infinito (Mt 1:21; Ap 7:9);

3º) Suportar a ira divina em relação ao pecado de todos os seres humanos que

vierem a crer nEle, livrando-os para sempre desta penalidade diante de Deus, salvando-os

da morte eterna (At 4:12);

4º) Cumprir o propósito original de Deus de governar a criação (cf. Gn 1:31; Sl 8;

Hb 2:8);

5º) Ser o nosso padrão de comportamento (Rm 8:29; 1Jo 2:6; 1Jo 3:2-3; 1Pe

2:21); e

6º) Ser o padrão da totalidade de nossa natureza humana, ou seja, restaurar o

ser humano à sua condição inicial de homem perfeito, como no Éden antes da “queda” (1Co

15:49; Fp 3:21).

Sem compreender este assunto, perde-se a oportunidade de conhecer melhor

não somente o Salvador, como também o eterno plano de Deus para a redenção da

humanidade. Sem compreender este assunto, não visualiza-se até que ponto Deus chegou

em Seu infinito amor para conosco no intuito de por em prática o Seu plano de salvação.

Infelizmente para muitos crentes e não crentes a ideia que eles possuem do Salvador e

Mediador da humanidade está tão distante do verdadeiro Jesus, o Deus-homem! Eles

possuem conceitos influenciados por dogmas gnóstico-humanísticos que distorcem a

verdade sobre Cristo e privam a humanidade da tremenda bênção de conhecê-Lo.

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Page 297: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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12.2.3 (LIÇÃO 02): A doutrina trinitariana nos conscientiza que Aquele que sofreu e

morreu em nosso lugar para nos salvar, o Senhor Jesus Cristo, é o próprio Deus:

Nenhum ser humano pecador como nós poderia suficientemente ter se

sacrificado a Deus Pai, somente o Deus-homem. Se Jesus não fosse realmente Deus

acabaríamos por duvidar se de fato Ele poderia nos salvar completamente, pois como uma

simples criatura, por melhor que fosse, poderia nos salvar? Neste caso, nós nem

poderíamos adorá-Lo, pois isso seria idolatria, pois Ele seria apenas um ser criado por

Deus, o que retiraria todo o mérito da salvação.

Muito mais do que imagens e acontecimentos registrados em livros, contos de

fada e filmes, voltemos a nossa atenção para as páginas sagradas da Bíblia, são elas que

relatam a maior história de amor de todos os tempos. Jesus Cristo, o Filho do Deus

Altíssimo, em troca da honra e glória que desfrutava no Céu com o Pai, veio a Terra, em

forma humana, sem cometer um único pecado, ensinou inúmeros preceitos de vida,

inclusive como amar, e deu o maior exemplo de amor da história: Cristo Jesus entregou

voluntariamente a Sua vida ao Pai em nosso favor, para pagar por todos os nossos

pecados, para sanar totalmente e de uma vez por todas a dívida que a humanidade

pecadora possuía com Deus. Ele pagou o preço, Ele sofreu todo o castigo que deveria ser

nosso e hoje está vivo para sempre e em breve voltará a esta Terra. Cada gota de sangue,

cada lágrima, cada gesto de Cristo foi pensando em nós.

Que excelente notícia para todos nós !! A humanidade, portanto, não está

perdida sem salvação, como muitos pensam. Deus não abandonou o mundo, Ele está

preocupado conosco. Se Jesus Cristo não estivesse vivo, em vão seria a nossa fé e a

humanidade não teria salvação, nós não teríamos esperança de um final feliz (1Co 15:12-

19; Ap 4:1-7). De que adiantaria confiar a nossa salvação em um mero ser humano morto há

quase 2.000 anos? Mas, Jesus Cristo não foi e nem é apenas um ser humano sem defeitos,

Ele é muito mais do que isso. Cristo tem a natureza divina, juntamente com o Pai (Jo

1:1,18).

Mas, Cristo nos salva de quê? Precisamos ser salvos mesmo? É claro que sim.

Toda a humanidade está debaixo do poder escravizador do pecado e, sem Cristo, ela

permanece afastada da glória de Deus (Rm 3:23; Ef 2:13-19; 1Jo 5:11-12). Cristo se

entregou ao Pai Celeste por nós, para pagar por todos os nossos pecados. Ele sofreu todo o

castigo que era nosso, retornou da morte, está vivo para sempre e em breve voltará.

A humanidade tem jeito, sim: Jesus Cristo. Não importa o que fizemos no

passado, Cristo tem o poder de perdoar todos os nossos pecados hoje, agora (1Jo 1:7). Não

importa o nosso poder aquisitivo, a nossa cor de pelo ou nossa denominação religiosa,

Cristo quer o nosso coração arrependido e disposto a segui-Lo (Lc 9:23; At 2:38). Ele salva

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Page 298: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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e conduz a todos para a vida eterna com Deus Pai no Céu, longe de todas as más notícias,

longe da morte, da dor e de qualquer tristeza (Ap 21:4).

Não é necessário pagar ou fazer nada para Deus para ser salvo. Ele já fez tudo

por nós, sem cobrar nada. Agora basta humildemente você aceitar a Sua graça em sua vida.

Jesus Cristo te ama e está de braços abertos para você. Receba-o hoje, agora, em seu

coração, como Senhor e Salvador. Não há o que temer, Não há como errar.

Muitas profecias bíblicas estão já se cumprindo à vista de todos nós: nações

contra nações, guerras, epidemias, fomes e terremotos em vários lugares, traições e ódio

para com o próximo, o amor se esfriando cada vez mais, falsos profetas, o bramido das

ondas do mar (Mt 24:4-12; Lc 21:8-11, 25). Os sinais da segunda vinda de Cristo estão cada

vez mais visíveis, será que estamos preparados? (Mt 24:27; Lc 17:26-30; 18:8; 21:26-28).

A cruz está vazia, o sepulcro está vazio e o nosso coração cheio de paz, amor e

salvação. Aleluia!! Cristo está ao lado do Pai Celestial, mas também na vida daquele que o

receber como Senhor e Salvador.

Deus se tornou homem. Era natural, portanto, que Deus, na Pessoa do Filho,

tivesse apresentado todos os elementos que Jesus (e apenas Ele) apresentou em Sua

primeira vinda. Afinal Cristo entrou na vida humana de um modo incomum (Is 7:14; Lc 1:34-

35), Ele não pecou (Jo 8:46; 1Pe 2:22), Ele manifestou poderes sobrenaturais (Mt 8:23-27;

Jo 2:1-11; 6:19), inclusive sobre a morte (Jo 11:1-44), Ele apresentou a maior mensagem já

ensinada (Jo 14:6), Ele influenciou a humanidade de forma duradoura e universal (Lc 21:33),

Ele pode satisfazer a sede espiritual do ser humano (Mt 11:28; Jo 4:14; 7:37).

O valor da fé cristã não está na crença propriamente dita, mas nAquele em quem

se crê: CRISTO, que entregou a Sua vida ao Pai por nós, para pagar por todos os nossos

pecados. Ele sofreu todo o castigo que era nosso, retornou da morte, está vivo para sempre

e em breve voltará. Se Ele não fosse Deus, não teria ressuscitado em glória e hoje não

estaria vivo r em vão seria a nossa fé e a humanidade não teria salvação (1Co 15:12-19).

12.2.4 (LIÇÃO 03): A doutrina trinitariana nos revela o quão insondável e

maravilhosamente misterioso e digno de louvor e adoração é o nosso Deus triúno:

Maravilhoso, glorioso, amoroso, misericordioso, onipotente, único digno de

receber toda exaltação, glória, honra, louvor e adoração!! Esse é o nosso único e

maravilhoso Deus! Quantas palavras de gratidão e exaltação podemos proferir a Ele! Sua

grandeza é tão insondável e inatingível, mas ao mesmo tempo Ele está tão próximo de nós

com Sua presença protetora e orientadora que muitas vezes nos faltam palavras para

expressar esse relacionamento de filho de Deus com nosso Pai Celeste, com nosso

Salvador e o nosso Consolador.

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Page 299: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

299

Mas a Bíblia, que é a Palavra do Pai Celeste, inspirada pelo Deus Espírito Santo

e revelada pelo Deus Filho, Jesus Cristo, contém inúmeras e inúmeras expressões que

podem nos inspirar em nossa adoração a esse mesmo Deus.

Afinal, o Deus triúno não é um "deus desconhecido", Ele se permitiu revelar

através das Escrituras Sagradas (além da revelação pela Sua criação e por Seu Filho

Jesus). Infelizmente, em se falando de uma das expressões de louvor mais conhecidas que

é a música, muitas vezes, compositores evangélicos atualmente acabam por utilizar letras

em suas músicas com pouca profundidade doutrinária e que não condizem com o que a

Bíblia nos ensina sobre o seu autor: o próprio Deus e Sua maneira de ser e agir.

Quais são estes inúmeros textos bíblicos que são verdadeiros hinos de adoração

e exaltação ao nosso Deus. São as doxologias. DOXOLOGIA = do grego "Doxa" = louvor,

honra, glória + expressão grega "logos" = palavra. Isto é: "Palavra de louvor, dito que

expressa honra ou atribui glória". Utilizemos essas expressões para orarmos a Deus e

glorificarmos as pessoas da Santíssima Trindade enquanto detentoras da mesma essência

e grandeza divinas e desde que as palavras, quando mencionar as obras de Deus, estejam

devidamente dentro do contexto do atributo de funcionalidade da economia trinitariana (o

Espírito não é o Salvador da humanidade e nem Ele e nem o Pai morreram na cruz, por

exemplo, mas o Filho).

Portanto, não há no universo ninguém que seja mais puro e santo como o nosso

Deus. Aliás, não há outro Deus além do nosso Deus, a nossa Rocha (1Sm 2:1b-2). A

grandeza, o poder, a glória, a majestade e o esplendor pertencem ao nosso Deus e tudo o

que há no universo é Dele, Ele reina sobre tudo. É Dele que recebemos riqueza, honra e

força (1Cr 29:10b-13; comparem com Jó 25:2). Jó, mesmo depois de ter sido acometido de

uma tragédia de proporções épicas, de ter perdido quase todos os seus empregados, de ter

perdido todo o seu riquíssimo rebanho e, muito pior, depois de ter perdido seus filhos, ao

ouvir as notícias de todas estas tragédias, levantou-se, rasgou o manto, rapou a cabeça e

prostrou-se em rendição, adoração e louvor a Deus (Jó 1:13-21). O mesmo livro ainda

declara que Deus, nosso Mestre, não possui ninguém no universo para lhe dizer ou ensinar

sobre o que deve fazer ou não (Jó 36:22-23).

Os "cinco livros" contidos no livro dos salmos terminam com doxologias. Que

seja, portanto, eternamente louvado e bendito o nosso Senhor Deus trúno, grandioso e

glorioso, Aquele que faz maravilhas em nosso meio. Que sejam utilizados instrumentos

musicais para adorá-Lo e que todo o ser que respira louve ao Senhor (Sl 41:13; 72:18-19;

89:52; 106:48; 150:1-6). Mas, o livro dos salmos é riquíssimo em palavras de louvor e

exaltação ao Deus triúno (vejam muitas delas para a nossa inspiração em nossos momentos

de louvor, por exemplo, em Sl 8:1-9; 18:46; 21:13; 57:5,11; 67:3-5; 68:19-20; 71:19; 77:13-

14; 89:5-9; 95:6-7; 96:4-6; 97:7,9; 106:2; 108:5; 145:3).

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Page 300: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

300

Como é majestoso o nosso Deus!! Digno de todo louvor. Seja bendito e exaltado

o nosso infinitamente grande e soberano Salvador, a nossa Rocha, acima dos céus e em

toda a Terra, que nos dá alívio nas dificuldades e nos livra da morte!! Que todas as nações

louvem ao Senhor pois Ele está acima dos deuses deles e reina com justiça e realiza coisas

indescritíveis, poderosas e grandiosas. Nos curvemos diante de nosso incomparável

Criador, o nosso Pastor, repleto de esplendor, dignidade e poder.

Já em Isaías, observamos que só o Senhor será exaltado no fim dos tempos,

derrubando, assim, todo o orgulho humano e sua arrogância e idolatria, diante do esplendor

e da majestade do vivo, santo, justo e verdadeiro Deus (Is 2:17-20; 5:15-16; 33:5-6). E quem

não se lembra da visão de Isaías e a maravilihosa declaração dos serafins diante do nosso

santo e triúno Deus, o Senhor entronizado e exaltado? (vejam Is 6:1-3). Deve-se também

obrigatoriamente ser incluída a profecia do nascimento do Salvador, o Deus Filho, e a gama

de nomes e atributos que seriam lhe dados: Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai

da Eternidade, Príncipe da Paz (Is 9:6; comparem com Is 11:1-3).

E que de todos os cantos do nosso planeta se ouçam declarações de adoração

e glorificação, com alegria, ao nosso justo e majestoso Deus (Is 24:14-16).

O nosso Deus deve ser louvado e exaltado pois executa com perfeição obras

maravilhosas que Ele mesmo planejou muito antes (Is 25:1). Confiemos para sempre no

Senhor, pois somente Ele é a nossa Rocha eterna (Is 26:4), só a Ele prestamos honra (Is

26:13), Àquele que é maravilhoso em conselhos e magnífico em sabedoria (Is 28:29), que é

exaltado e habita no alto (Is 33:5), o nosso juiz, legislador, rei e salvador (Is 33:22), glorioso

e esplendoroso (Is 35:2b; 60:9b), incomparável e impossível de ser representado por algo

criado, santo, eterno Criador, de sabedoria insondável (Is 40:18-31), o Alto e Sublime, que

vive para sempre, cujo nome é santo (Is 57:15a), Aquele que num manto de esplendor

avança na grandeza de Sua força (Is 63:1b). Devemos destacar a linda oração do rei

Ezequias declarando que o nome de Deus está entre os querubins, só Ele é sobre todos os

reinos da terra, pois fez os céus e a terra." (Is 37:16).

Sem mencionar outra linda declaração, agora no livro do profeta Jeremias (Jr

10:6-7). E Jeremias ainda nos faz lembrar que o nosso Deus é o Deus vivo e verdadeiro, o

rei eterno (Jr 10:10a), que possui um trono glorioso (sobre o qual vimos anteriormente

pertencer ao Pai e ao Filho), exaltado desde o princípio (Jr 17:12), o Soberano Senhor,

Criador grande e poderoso, Aquele que não vê absolutamente nada difícil demais para

executar, bondoso, grande em feitos e propósitos, justo retribuidor (Jr 32:17-19, 26).

No livro do profeta Daniel, encontramos uma maravilhosa oração que este

profeta fez Deus. A sabedoria, discernimento o poder pertencem a Deus, que é soberano

sobre o tempo, sobre os reis da Terra. Com Ele estão guardados os mistérios do universo

(Dn 2:20-23; comparem com Jó 12:22-23).

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Page 301: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Nos evangelhos encontramos lindas declarações de adoração e exaltação a

Deus, como o cântico de Maria, por exemplo (Lc 1:46-49; comparem com vv. 68-79).

Notamos como ela, na posição de humilde serva, engrandeceu alegremente ao Senhor

nosso santo Deus e Salvador, pois lhe fez grandes coisas. Inclusive, os anjos cantaram uma

linda doxologia em celebração ao nascimento de Jesus (Lc 2:14). E Cristo, o Deus Filho,

nos ensinando a oração do "Pai Nosso" termina com uma querida e maravilhosa doxologia:

“...porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém.” (Mt 6:13b; comparem com

Sl 22:28; 62:11; 93:1-2).

Já nas epístolas paulinas, encontramos várias doxologias. Em Romanos 9:5,

Paulo exalta a Cristo como sendo Deus bendito eternamente e mais adiante inclui nessa

epístola uma das mais lindas declarações de rendimento do ser humano diante da

insondável majestade do nosso Deus, da Sua inatingível grandeza, sabedoria e soberania

para com os propósitos para a nossas vidas (Rm 11:33-36; vejam ainda Rm 16:27;

comparem com Jó 11:7-9; 36:5, 22-26; 37:23; Sl 147:5).

Na segunda epístola aos coríntios e na epístola aos efésios, Paulo já inicia

bendizendo a Deus Pai (2Co 1:3; comparem com 11:31; 1Pe 1:3; Ef 1:3). Ao escrever aos

filipenses, Paulo também deixou uma linda doxologia ao Pai Celestial, O glorificando (Fp

4:20; vejam também Gl 1:5; comparem com Hb 13:21; 2Pe 3:18; Ap 1:6b). Portanto, seja

bendito e glorificado para sempre o nosso Pai Celeste, Pai das misericórdias, Deus de toda

a consolação, que nos presenteou com ricas bênçãos espirituais. Amém.

Mais adiante, na mesma epístola aos efésios, Paulo faz outra memorável

declaração de exaltação a Deus, tão conhecida e querida de todos nós, Àquele que é capaz

de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o Seu

poder que atua em nós (Ef 3:20-21). Deus tem o poder de realizar na nossa vida

INFINITAMENTE mais aquilo que estamos pedindo à Ele ou apenas pensando para a nossa

vida. É infinitamente mais, pois é conforme o poder Dele que atua em nós e não conforme a

nossa força, que é tão pequena. Isso nos dá muita confiança e segurança em Deus e em

Sua divina providência. A Ele, portanto, seja a glória, através de nossas vidas, como Sua

igreja, e através do Senhor da Igreja, Jesus Cristo, o Deus Filho, para sempre. Amém.

E ao nosso único, imortal e invisível Deus, o Rei eterno, sejam a honra e a glória

eternamente. É o que Paulo declarou em sua primeira epístola a Timóteo (1Tm 1:17). E na

mesma epístola, o apóstolo trouxe mais uma linda doxologia. Ao nosso Deus, portanto,

sejam honra e poder para sempre. Àquele que é o bendito e único Soberano, Rei dos reis e

Senhor dos senhores, imortal (1Tm 6:15b-17).

Cristo é o nosso sumo sacerdote diante do Pai, "inculpável, puro, separado dos

pecadores, exaltado acima dos céus" (Hb 7:26) e "a quem seja a glória para todo o sempre"

(Hb 13:21b).

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Page 302: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

302

Portanto, ao único Deus e Pai, nosso Salvador sejam glória, majestade, poder e

autoridade, por Jesus, Seu Filho, por toda a eternidade. Àquele que é poderoso para nos

proteger de tropeçar na carreira cristã e nos apresentar santificados e com imensa alegria

diante da Sua glória, que Ele compartilha apenas com o Filho e o Espírito (Jd 24-25).

O livro do Apocalipse é repleto de doxologias. Ele não é um livro apenas de

julgamentos e desastres cósmicos e não é apenas repleto de simbolismos. Nele

encontramos lindas declarações de adoração. São os quatro seres viventes, os vinte e

quatro anciãos, os milhares e milhões de anjos, todas as criaturas existentes no céu, na

terra, debaixo da terra e no mar, a incontável multidão de remidos no Senhor oriundos de

todas as nações e povos, todos eles se prostrando em reverência e adoração ao único e

soberano Deus do universo (Ap 4:8b,11; comparem com Sl 115:1; Ap 5:9,12-13b; 7:10-12;

15:3-4; comparem com 16:7; 19:1; Sl 92:5 e 8; 111:2-4).

Portanto, santo é o nosso Deus Salvador, que criou soberanamente todas as

coisas, Aquele que há de vir, digno de receber toda gratidão, toda glória, honra e poder, que

na Pessoa do Filho, possui toda a sabedoria e que é digno de receber poder, riqueza, força,

honra, glória e louvor, morreu e com o Seu sangue resgatou pessoas de todas as nações e

povos para serem sacerdotes. Sim, grandes e maravilhosas são as obras deste grande,

maravilhoso e onipotente Deus. Justos e verdadeiros são os propósitos do Rei das nações.

Quem não glorificará esse Deus? Sim, toda as nações virão à Sua santa presença, se

prostarão e O adorarão.

Lembremos destas palavras de exaltação e adoração do Antigo e do Novo

Testamento, nas nossas orações, na liturgia dominical, no repertório de hinos e cânticos,

etc. Ela nos dão a direção correta para adorarmos o nosso Deus triúno e conhecermos

exatamente a Sua maneira de operar em nossas vidas e no universo, já que estudamos

anteriormente que as três pessoas da Trindade são igualmente dignas de louvor e

adoração. Ademais, a nossa adoração deve ser inspirada pelo Deus Espírito Santo, que

inspirou a Bíblia, para nos aproximarmos do Pai, por meio do Deus Filho. Essa nossa

adoração não deve estar firmada em ensinamentos meramente humanos (Is 29:13; vejam

também os vv. 14-16). Mas, que entre nós, a nossa comunhão com Deus Pai e a nossa

adoração a Ele sejam justamente o contrário, com gratidão, reverência e temor, por meio do

Filho, Jesus, oferecendo sacrifício de louvor, fruto de lábios que confessam o Seu nome (Hb

12:28; 13:15).

Mencionando outra maneira de pretarmos louvor e adoração a Deus, que é por

meio dos nossos recursos materiais e a maneira pela qual os pregadores da teologia da

prosperidade tratam este assunto, não adianta buscar a Deus com o intuito de troca, de

barganha material, como se Deus fosse obrigado a nos abençoar, situações como, por

exemplo, pagar ou ofertar à igreja uma certa quantia em troca de uma bênção ou milagre.

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Page 303: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

303

Determinadas igrejas, prometendo vida próspera, chegam a pedir tudo o que o

fiel imaturo na fé possui, paulatinamente, até que este fica praticamente sem nada e sem a

realização da promessa, incluive. Essa é uma, entre tantas outras, das situações que mais

ocorrem em muitas igrejas evangélicas atualmente, principalmente nas denominadas

neopentecostais. Já foram inventados até mesmo termos extra-bíblicos do tipo "unção

financeira dos últimos dias" que é apenas obtida por intermédio de uma oferta determinada.

Não parece que estamos voltando para o tempo das indulgências tão refutadas pelos

reformadores? Que Deus tenha misericórdia de nós. Por que todos nós não seguimos o

exemplo do apóstolo Paulo que não negociava a Palavra de Deus Pai visando lucro? (cf.

2Co 2:17; 4:2-4).

Essas negociatas e barganhas do moderno contexto evangeliquês tentam

denegrir todo o sacrifício de Cristo no calvário. É como se Deus já não tivessse feito tudo

por nós em Cristo Jesus, na morte sacrificial de Seu Filho amado, que nos dá a salvação e a

vida eterna. Deus já nos deu esta bênção, Ele já nos presenteou com as bênçãos espirituais

nas regiões celestiais. E nas regiões materiais, ou seja, aqui na Terra, Ele é o nosso Deus

provedor, o nosso Pastor que não deixará faltar nada (Sl 23:1), a Sua graça nos é suficiente

para viver (2Co 12:7-10).

Quando se menciona ofertas e contribuições na igreja, deve-se lembrar os

preceitos neo-testamentários ensinados por Paulo sobre o assunto. Em outras palavras,

devemos ter prontidão, iniciativa e disposição em ofertar e contribuir para a obra do Senhor,

em participar deste privilégio. Nossas ofertas e contribuições devem ser espontâneas,

generosas (Rm 12:8) e não como algo dado com avareza, conforme determinarmos em

nosso coração, sem pesar ou obrigação, mas com alegria e prazer (Rm 15:26-27a; 2Co

9:7), elas devem ser resultados de um amor sincero, zeloso, elas devem ser de acordo com

os bens que possuímos e não de acordo com o que não temos, devem ser visando honrar

ao Senhor (2Co 8:3-4,7b,11,12,19b; 9:2,5), elas são uma oferta de aroma suave, um

sacrifício aceitável e agradável a Deus (Fp 4:18b).

E Deus pode, em Sua soberana vontade, pela Sua graça insuperável e

transbordante, em todas as coisas e em todo o tempo, permitir que tenhamos tudo o que é

necessário para o nosso sustento, com o propósito de que transbordemos e frutifiquemos

em toda boa obra e assistência aos necessitados e não fiquemos acomodados, resultando

em muitas expressões de gratidão e louvor a Deus (2Co 9:9-14). E esse suprimento divino é

proporcionalmente de acordo com a generosidade de cada um, a conhecida lei da

semeadura (2Co 9:6). "Contribuição" como esta ensinada por Paulo é um dom de Deus,

inefável, indescritível (2Co 9:15). Observem um caso prático destes ensinamentos relatado

em Filipenses 4:14-19.

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Page 304: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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E se vocês, como nós, já ouviram alguns pregadores da teologia da

prosperidade, seja de igrejas neopentecostais ou tradicionais, afirmarem (com intenção de

impor medo e obrigar os fieis a ofertarem) que se vocês não contribuirem, Deus vai castigá-

los, não se preocupem, não devemos nos preocupar se Deus irá derramar alguma maldição

sobre nós simplesmente pelo fato de contribuirmos pouco ou nada. É evidente que devemos

contribuir como sinal de obediência e fidelidade a Deus e para a manutenção da "casa de

Deus", ou seja, da igreja, e também para a manutenção de Sua obra e é evidente que quem

semeia pouco, colhe pouco e quem não semeia, não colhe, mas devemos sempre lembrar

que "Cristo nos redimiu da madição da Lei quando se tornou maldição em nosso lugar" (Gl

3:13). Não existe mais maldição no período da Graça, da Nova Aliança, depois do sacrifício

de Cristo por nós na cruz. Deus não está preocupado com dinheiro, Ele é dono de todo ouro

e prata (Ag 2:8), tudo na Terra pertence a Ele, inclusive nós mesmos (Sl 24:1), o que Ele

quer é que primeiramente ofertemos espontaneamente o nosso coração, a nossa vida a Ele.

O nosso dinheiro, os nossos bens e o nosso tempo consequentemente serão ofertados a

Ele automaticamente e proporcionalmente conforme nos ofertarmos, nos entregarmos de

coração a Ele e a Sua obra.

Sim, Deus tem o melhor para nós, Ele pode fazer o melhor por nós, Ele deseja o

melhor para nós, mas Ele já fez o melhor por nós, através de Sua maravilhosa graça, nos

presenteando com a vida eterna em Cristo. Ele não precisaria fazer mais nada, tudo já foi

consumado pelo Filho, mas Ele é misericordioso, gracioso e provedor e sempre continuará

bem de perto em nossas vidas com a Sua providência.

12.2.5 (LIÇÃO 04): A doutrina trinitariana ensina que “a Trindade nos requer

santidade” e nos ensina como viver neste mundo que jaz no maligno:

"[...] Que bendita esperança é esta: a de termos o Espírito Santo, Deus onipotente, para nos assistir em nossas fraquezas. Aquele que embelezou os céus e a Terra e espalha vida em todo o universo pelo seu poder criador é o mesmo que nos fortalece em nossas debilidades [...] O gemido é uma expressão de dor. É a comunicação não verbalizada do sofrimento. O gemido extravasa quando não podemos mais falar. É a expressão pungente e indizível de dor. É o sofrimento tão profundo que não pode ser articulado. É assim que Deus, o Espírito, intercede por nós. Nenhum teólogo jamais conseguiu alcançar as profundezas dessa verdade sublime [...]" (08)

Que alegria é saber que o Espírito Santo está em nós para interceder ao Pai em

nossas fraquezas, e na maneira correta de orar ao Pai. Que alegria é saber que o Espírito

habita e opera em nós, mesmo que ainda tenhamos resistência e preconceito a respeito

Dele. Mesmo assim, Ele não desiste de nós, nos convence dos pecados, nos leva a

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Page 305: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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conhecer toda a verdade, intercede por nós, nos santifica, nos presenteia com dons

espirituais e nos leva a glorificar ao Senhor Jesus.

E se falando em sermos convencidos dos nossos pecados, devemos lembrar

que a santificação não é um evento específico que ocorre na carreira cristã como a

conversão, mas, ocorre a partir do momento da conversão, quando diariamente nos

santificamos, nos aperfeiçoamos em santidade, ou seja, nos separamos para Deus,

deixando que Ele molde o nosso ser, o nosso caráter, de acordo com os propósitos Dele,

buscando um padrão de vida puro diante Dele, nos livrando cada vez mais do poder

escravizador do pecado até que cheguemos à perfeição no Céu (Pv 4:18; Rm 7:15-19; 2Co

7:1; Gl 5:16-25; Ef 4:12; Fp 3:12-14).

A vontade de Deus para nós é que nos santifiquemos (Jo 17:17-19; 1Ts 4:13),

pois, Ele é santo (Lv 11:45; 1Pe 1:15), e nos ama e quer que tenhamos uma íntima

comunhão com Ele (Sl 25:14; Pv 3:32), sem a influência do pecado que nos separa dEle (Is

59:1-2; 2Co 6:16) e dá um péssimo testemunho (Mt 5:13-16), pois, o corpo do cristão é

santuário do Deus Espírito Santo (1Co 3:16; 6:19) e sem a santificação jamais veremos o

Seu poder atuando em nossas vidas (Js 3:5) e muito menos o próprio Deus pessoalmente

(Hb 12:14).

O Senhor Jesus, o Deus Filho, ensinou que a nossa maneira de expressar

reflete diretamente aquilo que pensamos, ou seja, o que está em nossa mente (coração) e

que a mesma revela o nosso caráter (comparem com Rm 10:9-11).

Cristo ensinou mais: seremos julgados pelos nossos pensamentos, refletidos em

nossas ações (Mt 12:33-37; comparem com Jr 17:9). E não podemos enganar o Deus triúno,

Ele é onisciente. Todos os nossos pensamentos, mesmo antes de virem à nossa mente já

são conhecidos por Ele (1Sm 16:7; Pv 15:11; 20:27; Jr 17:17). Tanto o Pai, como o Filho e o

Espírito Santo são oniscientes, se oramos ao Pai, imaginando que só Ele vai ficar ciente de

nossas atitutes erradas, é engano, pois o Filho e o Espírito também já sabiam antes o que

iríamos dizer e conhecem todos os nossos pecados.

Para termos uma mente saudável e pura temos um ensino prático deixado pelo

apóstolo Paulo na epístola aos filipenses, capítulo 4, versículos 4 ao 8: Primeiro: Nossa

alegria deve estar em Deus (v. 4); Segundo: Devemos transparecer um comportamento de

moderação (v. 5); e Terceiro: Não devemos dar chance a ansiedade, mas termos atitude

de oração em petição e gratidão diante de Deus (v. 6). Mantendo essas atitudes, temos a

promessa no versículo seguinte (v. 7): “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento,

guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus“. Portanto, o Deus

Espírito Santo nos convence quando estamos pecando, mas para termos nossas mentes e

corações protegidos e sadios diante de Deus Pai em Cristo Jesus, o Deus Filho, devemos

seguir essa exortação que vimos acima.

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Page 306: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

306

E sabemos que o envolvimento com as obras mundanas gera inimizade com

Deus, o Pai (Tg 4:4; Mt 6:24; 1Co 10:19-22; 1Jo 2:15-17). Mas, isso não significa, no

entanto, que devemos nos afastar do mundo. Esta atitude é contra a vontade de Deus.

Vimos que o profeta Isaías, teve, à luz do Novo Testamento, uma experiência

com as três pessoas da Santíssima Trindade que nos ensina sobre santificação. Ele teve

uma visão da glória do Deus triúno (Is 6:1-4) e se quebrantou diante de Sua majestade e

santidade, perplexo pela situação pecaminosa tanto dele próprio, Isaías, como da do povo

de Israel (v. 5). Mas, a seguir, um serafim tocou a boca do profeta com uma brasa e disse

que a iniquidade dele foi tirada e foram perdoados os seus pecados (vv. 6-7). Apenas após

a purificação do profeta, nós encontramos o chamado de Deus Pai, Filho e Espírito Santo

(“quem há de ir por nós?”), ao qual prontamente Isaías se apresentou. Assim, Deus nos

ensina que podemos viver em meio ao um povo pecaminoso, mas devemos buscar a

santificação (v. 8). E, então, Deus envia Isaías a profetizar ao povo (vv. 9-11). Deus não

disse ao profeta: “Já que você habita no meio de um povo impuro, eu lhe enviarei para outra

direção, para que você fique isolado e não se contamine”.

Contudo, o maior exemplo de viver no mundo sem se contaminar vem do próprio

Senhor Jesus. O Deus Filho. Ele veio para chamar os pecadores ao arrependimento e

salvá-los (Lc 5:31-32) e para isso esteve próximo de vários deles (Lc 7:36,44; 8:51; Jo 4:5-

42). Sabemos, porém, que Ele jamais pecou (Rm 5:20-21).

Jesus enviou seus discípulos a pregar a um povo pecador, mas os advertiu a

serem “prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mt 10:16). Cristo

afirmou que o nosso testemunho cristão pode dar mais qualidade de vida às pessoas que

não O conhecem ainda. Mas, se não dermos um testemunho fiel, seremos alvo de

escândalo e repúdio da sociedade (Mt 5:13).

Ele também declarou que o nosso testemunho cristão traz luz para a escuridão

que o mundo vive e não deve ficar escondido da sociedade, pelo contrário, nossas atitudes

devem fazer com que os incrédulos venham a glorificar a Deus (Mt 5:14-16; Lc 11:33-36).

Ele pediu ao Deus Pai que não nos tirassem do mundo, mas que apenas nos livrasse do

mal enquanto nos santificamos e testemunhamos dEle (Jo 17:14-18).

A descida do Espírito Santo, o Deus que habita em nós, no Dia de Pentecostes,

quando Jerusalém abrigava cidadãos “de todas as nações debaixo do céu” (At 2:5), que, por

sua vez, ouviram as grandezas de Deus em suas próprias línguas (At 2:11), é seguramente

uma das maiores evidências de que Deus quer que o mundo O conheça. A Igreja do

primeiro século, então, desfrutou de um grande avivamento e contou com a simpatia de toda

a população. Ela não se auto-excluiu da sociedade, mas, viveu em meio àquele ambiente

pecaminoso, sem se contaminar e deu um testemunho fiel do evangelho de Jesus e

inúmeras pessoas se converteram ao Senhor (At 2:42-47).

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Page 307: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Como exemplos práticos, temos os apóstolos, que não só ensinavam o

evangelho constantemente no templo, mas também de casa em casa (At 5:42; 16:30-34).

Paulo quando esteve em Éfeso, não se limitou a usar um templo religioso para suas

pregações e, deixando de ensinar na sinagoga (onde esteve por três meses) devido à

descrença de alguns, passou a testemunhar de Cristo em uma espécie de salão reservado

para palestras, do qual Tirano era proprietário, que provavelmente o usava para aulas de

retórica e o alugava para mestres itinerantes e filósofos. Em um período de dois anos todos

os habitantes da Ásia tiveram a oportunidade de ouvir o evangelho (At 19:8-10). Ele também

pregou no Areópago, um concílio que se reunia para tratar de assuntos religiosos e

educacionais em Atenas, oportunidade quando algumas pessoas se converteram a Cristo

(At 17:19-34).

O próprio Paulo afirmou que não é possível evitar que nos relacionemos com o

mundo e os ímpios (1Co 5:9-10). Ele não pediu aos cristãos que se isolem do mundo, mas,

diante da grandeza insondável de Deus e do fato de que tudo foi criado para Ele (Rm 11:33-

36), o apóstolo recomendou que nos separemos para Deus, não nos amoldando com este

presente mundo, mas nos transformando pela renovação da nossa mente, para

experimentarmos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12:1-2).

12.2.6 (LIÇÃO 05): A doutrina trinitariana ensina que o batismo com o Espírito Santo

ocorre no momento da conversão, pois o Espírito é Deus e somente quem recebe o

Filho de Deus, recebe o Espírito:

Muitos acreditam que, após a conversão, deve-se buscar também o Espírito

Santo, ou seja, segundo esta crença, o Espírito de Deus ainda não habita no recém

convertido. Alguns chamam este suposto segundo estágio da carreira cristã de “batismo

com o Espírito Santo”, outros chamam de “batismo com fogo” e outros ainda de “a segunda

bênção”. Será que as coisas são de fato assim? Ao olharmos para as páginas sagradas,

parece que este ensino não foi propagado e nem incentivado pelos apóstolos:

O apóstolo Paulo trouxe inúmeros ensinos que podem nos auxiliar nesta

questão: 1º) Todos aqueles que recebem a Jesus em suas vidas são chamados filhos de

Deus (Jo 1:12); 2º) Somente quem é filho de Deus é guiado pelo Espírito Santo (Rm 8:12-

17); 3º) O Espírito Santo confirma que somos filhos de Deus e nos guia e aqueles que não O

possuem, não podem dizer que são de Deus (Rm 8:9,14,16; 1Jo 3:23-24); 4º) Deus envia ao

coração dos cristãos o Seu Espírito pelo fato de sermos seus filhos (Gl 4:4-6); 5º) Como

vimos anteriormente, o Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo são “um” em essência,

mesmo possuindo personalidades distintas (pode-se inferir essa verdade, segundo alguns

estudiosos, também através da leitura de 2Co 3:14-18); 6º) Os cristãos podem ser

fortalecidos com poder pelo Espírito Santo, no intuito de que Jesus habite ricamente em

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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seus corações (Ef 3:14-17); 7º) Quem possui o Espírito Santo jamais profere uma blasfêmia

contra Jesus e é somente através do Espírito que admite-se sinceramente que Jesus Cristo

é Senhor de sua vida (1Co 12:3).

O apóstolo Pedro fez uma advertência aos judeus de todas as nações (At 2:5)

que presenciaram a descida do Espírito Santo sobre os discípulos no dia de Pentecostes em

Jerusalém (vv. 6-13) que, quebrantados diante de sua pregação do evangelho (vv. 14-36),

perguntaram: “...que faremos, irmãos?” (v. 37). O apóstolo afirmou: “...arrependei-vos, e

cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados,

e recebereis o dom do Espírito Santo” (v. 38). Aqui nesta declaração de Pedro ("...e

recebereis..."), muitos podem asseverar que ele deixou uma lacuna doutrinária para

podermos afirmar que após o arrependimento e conversão, o recebimento do Espírito Santo

vem depois, mas não na mesma hora ou logo depois da conversão. Mas vamos ver alguns

outros textos que deixam mais claro que o Espírito Santo é dádiva de Deus Pai a todos

aqueles que, arrependidos, recebem a Jesus Cristo em suas vidas no momento da

conversão, quando se crê verdadeiramente em Cristo, e não um prêmio oferecido àqueles

cristãos que alcançam um patamar elevado em sua carreira cristã.

No Capítulo 18 de Atos, Apolo, um judeu alexandrino, eloqüente e firme na

Palavra de Deus, pregou precisamente a respeito de Jesus em Éfeso, mas conhecia apenas

o batismo de arrependimento de pecados realizado por João Batista (vv. 24-28). Após sua

partida para Corinto, Paulo chegou em Éfeso e, conhecendo que o Espírito Santo é recebido

no momento da conversão de uma pessoa, perguntou à alguns discípulos: “...recebestes,

porventura, o Espírito Santo quando crestes?” (At 19:2a). Ao saber que eles haviam sido

batizados apenas no batismo de João Batista, Paulo os batizou em nome de Jesus e eles

receberam o Espírito Santo (vv. 2b-6).

Quando Pedro pregava aos parentes e amigos de Cornélio, em Cesaréia, (At

10:23-28) e falava da grandeza da obra de Deus através da vida de Jesus (vv. 34-41) e

sobre a pregação do evangelho (v. 42), ao mencionar que a remissão dos pecados seria

recebida por todos aqueles que cressem em Jesus (v. 43), o Espírito Santo desceu

imediatamente sobre todos os ouvintes enquanto Pedro falava (v. 44), pois atenderam à

pregação do apóstolo e creram em Cristo. No capítulo seguinte, Pedro, se defendendo

perante os judeus convertidos e os demais apóstolos e irmãos que estavam na Judéia,

quanto à conversão dos gentios (At 11:1), disse que Deus concedeu aos gentios o mesmo

dom do Espírito quando todos creram no Senhor Jesus (At 11:16-17).

Facilmente, portanto, podemos verificar nas expressões apostólicas "recebestes

o Espírito quando crestes" e "Deus concedeu o Espírito quanto todos creram no Senhor"

que as pessoas recebem o Espírito Santo quando se convertem a Cristo e não em um

estágio posterior em sua santificação e carreira cristã.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

309

Como observamos no item n.º 5 no início, se Jesus Cristo e o Espírito Santo

possuem a mesma essência divina (comparem com 2Co 3:14-18), aqueles que apregoam o

posterior batismo com o Espírito, estão na verdade afirmando que a Trindade sofre uma

espécie de separação no momento da conversão de alguém, ou seja, segundo eles, Jesus

viria habitar na pessoa convertida, enquanto o Espírito Santo aguardaria o momento

oportuno para o “batismo com fogo”. É evidente, no entanto, que quem recebe a Cristo em

seu coração, também recebe o Espírito Santo.

É evidente que existe o batismo com o Espírito Santo (Mt 3:11; Jo 1:32-34;), mas

ele ocorre no momento da conversão. Portanto, já somos batizados com o Espírito Santo. O

que devemos buscar é a Sua plenitude (At 4:31; 7:55; 9:17), pela santificação, buscando

realizar a vontade de Deus (1Ts 4:3), através de Sua Palavra, louvando sinceramente ao

Senhor, com hinos e cânticos, com gratidão a Deus e submissão entre os irmãos (Ef 5:17-

21), não “apagando” o Seu poder em nós com os nossos pecados (1Ts 5:19). Devemos

buscar o fortalecimento do nosso interior com o poder do Espírito, para que Cristo habite

ricamente em nós, pela fé, fazendo com que vivamos em amor, para que compreendamos a

grandeza do amor de Cristo. Dessa forma, seremos tomados pela plenitude de Deus (Ef

3:14-19) e transbordaremos do Espírito Santo (At 13:52).

12.2.7 (LIÇÃO 06): A doutrina trinitariana nos ensina a distinguir quais são as

manifestações que vêm de Deus e que não vêm, pois o Espírito Santo é Deus. Ela nos

ensina sobre o que é o verdadeiro avivamento para a Igreja de Cristo:

Por que precisamos de avivamento? Porque a Igreja, eleita pelo Pai Celeste,

comprada com o sangue do Filho de Deus, Jesus, e selada com o Deus Espírito Santo, está

cada vez mais perdendo sua identidade genuinamente cristã. A Igreja é a luz do mundo, é

ela quem deve anunciar a luz de Jesus, o evangelho puro, para salvar este mundo cada vez

mais afundado nas trevas. Mas, ao contrário disso, parece que a igreja de Cristo "deu as

mãos para o mundo" e ela e o mundo estão indo de "mãos dadas" para a escuridão (há

excessões é evidente).

Será que o plano de salvação decretado e executado pela Santísima Trindade

foi em vão? É evidente que não, mas parece que aqueles que foram salvos pelo sangue do

Cordeiro não estão dando a menor importância para muitos preceitos da vida cristã,

inclusive como Igreja. Eles estão se “sujando” com os mesmos pecados pelos quais Cristo

já pagou. Mas, distante de tudo isso, o avivamento genuíno não é um comportamento

passageiro ou puramente emocional ou carnal, mas tem fortes e eternas bases bíblicas.

Devemos ter um comportamento moderado, equilibrado e amadurecido,

embasado nas Sagradas Escrituras, sabendo discernir o que vem de Deus, o que é

simplesmente humano ou até mesmo diabólico (Gl 5:16; 2Tm 1:7; 1Jo 2:18-27; 4:1-6; 5:20).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Não podemos também nos posicionar contra o avivamento apenas pelo fato de terem

ocorrido exageros em nome dele no passado e até mesmo atualmente. Ao contrário do que

muitos pensam, no avivamento verdadeiro não é necessária uma revolução na liturgia do

culto público. O que ocorre é a transformação de uma liturgia simplesmente ritualística e fria

em uma liturgia alegre e reverente ao mesmo tempo, sem nunca perder de vista a adoração

e o temor a Deus, o zelo e a ordem, visando a edificação de todos os irmãos, com harmonia

entre a razão e as emoções (1Co 14:12,15,33). O avivamento verdadeiro não se restringe a

uma mera mudança de comportamento na igreja, mas na nossa vida diária, seja onde

estivermos, em nossos lares, no trabalho, na escola ou faculdade, viajando, em um lazer

qualquer ou outra atividade.

Contudo, mesmo que devamos nos santificar, o avivamento não pode ser

agendado ou produzido por nós, pois, o Deus triúno age nos corações soberanamente. É

como numa imensa floresta (a Igreja) onde uma fagulha (o toque do Espírito Santo, o Deus

que em nós habita) incendeia uma ou mais árvores (crentes) que, gradativamente, alastrará

o fogo por toda a floresta conforme a força e a direção do vento (o vento do Espírito). Este

fogo de Deus aquece os corações desanimados, queima os pecados, ilumina os passos e

forja uma nova personalidade, agora poderosamente usada por Deus.

O nosso exemplo máximo de avivamento deve ser a igreja apostólica do primeiro

século. Ela permaneceu em perseverante oração, em unidade, até que o Espírito de Deus

foi derramado (At 1:14; 2:1-4) e experimentou um grande despertamento e crescimento.

Algumas denominações evangélicas parecem há muito tempo estar permitindo

ingenuamente manifestações místicas, sobrenaturais ou até mesmo puramente emocionais

em seus momentos de culto, que são equivocadamente chamadas de sinais da plenitude do

Espírito Santo e de avivamento. Nestas reuniões, são manifestados supostos tipos de

“unção”, como o “cair no Espírito”, quando os crentes ficam prostrados ao chão durante

longos períodos, a “unção do riso”, quando a congregação emite prolongadas gargalhadas e

o que poderíamos chamar de a “unção do zoológico”, quando são realizadas imitações de

cão, leão, águia e assim por diante (não apenas os ruídos, mas os gestos também).

E se falando em Trindade, o Filho afirmou que quem cresse Nele, o Espírito

Santo fluiria de seu interior como se fossem rios de água viva (Jo 7:37-39). Muitos devem

acreditar que essa promessa de Cristo incluiria essas manifestações bizarras, mas veremos

que eles estão completamente enganados. É evidente que Deus é soberano para realizar

Sua obra em determinada pessoa de uma maneira tão intensa que a mesma venha a cair

(reverentemente com o rosto em terra).

Contudo, estes fenômenos bizarros relatados até aqui seguramente não são

obra do Espírito Santo. A Palavra de Deus é a Espada do Espírito (Ef 6:17b), é com as

revelações das Escrituras Sagradas que o Espírito Santo opera. Ele jamais realizará uma

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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obra que contrarie o que está registrado na Bíblia. Foi Ele mesmo quem inspirou os autores

bíblicos (2Pe 1:21; cf. 2Tm 3:16).

Estes fenômenos jamais estão presentes em inúmeras verdades bíblicas, como,

por exemplo: os dons espirituais (Rm 12; 1Co 12; Ef 4), o fruto do Espírito (Gl 5:22-23), as

reações dos cristãos da Igreja apostólica repletos do Espírito (At 2:1-15; 4:8,31; 6:3-10;

7:54-60; 8:39-40; 9:17-19; 10:44-48; 11:19-26; 13:8-12,44-52; 19:6), as referências do

apóstolo Paulo ao enchimento do Espírito e a plenitude de Deus (Ef 3:17-19; 5:18-21),

quando a glória de Deus encheu o templo em Jerusalém e o povo se curvou diante de Sua

presença (2Cr 7:1-3), as inúmeras referências ao Espírito Santo no Antigo Testamento

(entre elas: Ex 31:1-5; Jz 3:10; 1Sm 10:6-7; Ez 36:27-28; 37:1-14; Is 11:2; Jl 2:28-32), as

poderosas experiências que os apóstolos tiveram com Deus (2Co 12:1-10; Ap 1:9-11,17), a

atuação do Espírito Santo na vida do próprio Senhor Jesus (Mt 1:18-21; 3:16-17; 4:1; Lc

10:21; At 10:38) e a descida do Espírito Santo no Dia de Pentecostes sobre 120 pessoas (At

1:15; 2:1-47).

Deus não é de confusão (1Co 14:33a) e requer de nós um culto racional,

apresentando os nossos corpos a Ele em sacrifício vivo, santo e agradável (Rm 12:1), O

adorando em espírito e em verdade (Jo 4:23-24), com alegria (Sl 100:2; Gl 5:22; Fp 4:4),

com decência e ordem (1Co 14:40), com moderação (Fp 4:5), sem gritarias (Ef 4:31), onde

tudo é feito para a edificação da Igreja (1Co 14:12,26) e para a glória dEle (1Co 10:31), em

nome de Jesus (Cl 3:17; Hb 13:15), onde podemos cantar e orar com o nosso espírito, mas,

também com o uso de nossas faculdades mentais (1Co 14:15,23).

Portanto, chega de emocionalismo vazio sem arrependimento de pecados.

Chega de show musical e danças coreografadas sem profundidade doutrinário-teológica.

Chega de pregações acadêmico-científicas e vazias da unção do Espírito. Chega de

espiritualidade de fim de semana e não de testemunho cristão autêntico em todos os dias e

em todos os lugares. Chega de buscar a Deus para barganhar e não para adorar. Chega de

vida cristã enclausurada na igreja sem transformar a sociedade e sem fervor missionário.

Avivamento é quando a igreja aprende a interpretar corretamente a Bíblia e

pratica corretamente o que aprendeu a interpretar. Pronto! Parece que o avivamento já está

devidamente definido e já podemos embalar a nossa definição em um belo pacote

doutrinário e amarrá-lo com um lindo laço teológico não é mesmo? Não, não é simples

assim. Por que? Porque o avivamento, por mais que se saiba definir o que é, é preciso ser

ardorosamente buscado por cada um de nós e ele só acontecerá de acordo com o mover

soberano de Deus sobre a Igreja. Nós, a Igreja de Cristo, só voltaremos a saber interpretar a

Sagrada Escritura corretamente e praticar tudo aquilo que aprendemos a interpretar se Deus

tocar em nossos corações. Como? Através da oração perseverante, da fé operante, da

santificação incessante e da unidade da Igreja.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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12.2.8 (LIÇÃO 07): A doutrina trinitariana nos revela o infinito amor de Deus Pai e Deus

Filho por nós, derramado em nossas vidas pelo Espírito Santo:

Você deseja encontrar o verdadeiro amor? Você gostaria de vivenciar um tipo de

amor que pode transformar a sua vida para sempre? Mas, será que existe mesmo este

amor? Quem não gostaria de experimentar uma bela e eterna história de amor? Quem não

gostaria de experimentar o amor verdadeiro? Hoje fala-se tanto do amor, seja em novelas e

filmes, seja através de incontáveis músicas, como um de seus temas principais. Mas, será

que o amor verdadeiro está sendo propagado e vivenciado corretamente? Nunca a

humanidade precisou tanto de amor. Nunca experimentamos uma carência tão grande de

verdadeiros exemplos de amor, seja no trabalho, na escola e inclusive em muitas famílias.

Com a doutrina trinitariana entendemos que Deus não é um Ser distante e

impessoal, mas, sim, que abdicou da Sua glória, veio à Terra pessoalmente para nos salvar

e está presente nas nossas vidas de modo direto e pessoal constantemente. Esse fato dá

ao “cristão trinitarista” (redundância?) uma confiança tremenda em Deus.

Com a doutrina trinitariana também compreendemos que Deus não nos salvou

porque depende ou precisa de nós, mas porque nos ama infinitamente e deseja ter um

relacionamento conosco. Se Deus não fosse trinitário, seria difícil compreender como Ele

poderia ser auto-suficiente e auto-existente, pois não haveria relacionamentos interpessoais

em Seu Ser e Ele seria limitado e insuficiente o bastante a ponto de necessitar de Sua

criação para com ela relacionar-se. O que ocorre é o contrário, pois o verdadeiro Deus é

auto-existente, auto-suficiente e independente e não precisa da Sua criação para se realizar,

Ele basta a si mesmo, pois é tripessoal, contudo, nos ama e se importa conosco, mesmo

que não mereçamos este amor. E esse infinito amor existente em Deus só é possível pelo

fato dEle ser tripessoal. Se Ele fosse uma unidade simples não haveria em Seu Ser outras

distinções pessoais com as quais exercitar este amor. (09)

O Pr. Ricardo Barbosa de Sousa (IPB do Planalto, em Brasília) afirmou que:

“Deus como Trindade transcende o conceito individualístico de pessoa numa forma radical. C. S. Lewis escreveu que „aprendemos da doutrina da Santíssima Trindade que alguma coisa análoga à sociedade existe dentro do Ser divino desde toda a eternidade – que Deus é amor, não no sentido da concepção platônica de amor, mas porque nele a reciprocidade concreta de amor existe antes dos mundos, e é, por isso, compartilhada com as criaturas‟.” (10)

12.2.9 (LIÇÃO 08): A doutrina trinitariana nos faz perceber que não temos capacidade

de salvar a nós mesmos:

De onde vem a salvação? Dos méritos humanos ou dos divinos? Da graça de

deus ou das boas obras?

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Algumas religiões, não todas, pregam que os seres humanos só podem ser

salvos mediante a prática de boas obras, mediante os méritos humanos. Sim, devemos

praticar boas obras, mas são elas que nos trazem a salvação e a vida eterna?

Já aprendemos que toda a obra de redenção e glorificação foi decretada, foi e

ainda será executada por Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. Ele amou, criou, elegeu, salva,

justifica, regenera, santifica, julgará e glorificará os seres humanos. Nenhum ser humano

pode contribuir com absolutamente nada para a sua própria salvação, por mais dinheiro,

inteligência e beleza que possua. É evidente que a salvação é pela fé e as pessoas

recebem a Cristo espontaneamente em suas vidas, mas até mesmo este acontecimento foi

decretado por Deus e não está fora de Seu controle soberano (cf. Ef 2:1-10), o que fere

diretamente o orgulho humano, é um golpe certeiro e desconcertante na soberba humana.

São fatos não muito bem aceitos em nossa sociedade perdida em seus conceitos

humanísticos.

De forma clara e ampla é fundamentado nas Escrituras Sagradas o preceito de

que Deus decreta o destino das pessoas com base em Sua soberania e misericórdia (cf. Pv

16:4; Mt 20:16; 24:31; Mc 13:20; Jo 6:44; At 13:48; 22:14; Rm 8:29-30,33; 11:2-7; Ef 1:4-

5,11, Cl 3:12; 2Ts 2:13; 2Tm 1:9; 1Pe 1:1-2, 2:9a; 2Pe 1:10). Mesmo assim quando se

pensa em predestinação ou eleição incondicional, tal doutrina se transforma em alvo de

críticas ardorosas e da repulsa até mesmos de muitos crentes experientes (comparem com

Lc 4.25-30). Muitos discípulos de Jesus se escandalizaram e deixaram de O seguir depois

que Ele afirmou que somente as pessoas que o Pai designasse é que O seguiriam. Mas,

apesar de fortes, eram palavras de vida (Jo 6:63-68).

A Bíblia afirma que Deus conhece os que lhe pertencem (2Tm 2:19; cf. Jo

10:27). Mas, Deus não os conhece porque previu que poderiam se salvar, devido ao caráter

ou a receptividade deles ao Espírito Santo, mas, pelo fato de que foi Ele mesmo quem os

escolheu. Não somos nós que, alcançando um determinado patamar de discernimento

espiritual em nossas vidas, escolhemos “aceitar” a Cristo. Somos salvos pela graça de Deus

mediante a fé em Jesus. É um dom de Deus, não depende de nossas virtudes, para que

ninguém se ensoberbeça.

Deus nos deu vida espiritual, enquanto estávamos mortos em nossa natureza

pecaminosa (Jr 17:9), pois, mortos espirituais não possuem discernimento para saber se

precisam de salvação, eles estão acomodados em seus pecados e qualquer que seja o seu

conceito acerca da salvação, ele será insuficiente (2Tm 3:1-9,13). Deus nos salvou por ser

rico em misericórdia e amor e para mostrar aos séculos após a primeira vinda de Cristo, a

suprema riqueza da Sua graça. Somos salvos em Cristo Jesus, para as boas obras e não

pelas boas obras, preparadas de antemão por Deus, para que as pratiquemos (Ef 2:1-10; cf.

Jo 6:44; 10:16,27-29; 15:16; At 3:16b; Rm 9:11; 2Tm 1:9; Tt 3:4-6).

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Page 314: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Glória a Deus porque a iniciativa da salvação partiu dEle, se dependesse dos

seres humanos, jamais alguém seria salvo (Rm 3:22b-24; 11:5-6; Ef 2:1,8-10; Cl 2:8-15; Tt

3:4-7; Tg 2:26). Foi Deus quem nos amou primeiro (1Jo 4:19; cf. Dt 7:7; Rm 5:8; 6:23; 11:6).

Mas, se a salvação é dada por Deus, então é uma imposição? Muitas pessoas

podem até questionar: “Que livre escolha temos, se somos forçados a aceitar a Jesus, para

não irmos para o inferno?” Não se deve pensar desta forma.

A graça de Deus é irresistível, os Seus dons são irrevogáveis e Ele dará a

salvação aos predestinados, sendo que nenhum jamais se perderá (Is 14:27; 55:11; Jo

10:16,27-29; 17:20; Rm 11:27-29; Ap 3:4-5). Contudo, o recebimento da salvação não é

forçado, as pessoas recebem a Cristo confessando a Ele como Senhor e Salvador

espontaneamente ao sentir o toque irresistível e transformador do Espírito Santo (Lc 9:23;

Jo 10:27-29; 16:8-11; Rm 10:8-12,17; 1Co 12:3; Tt 3:4-6).

Aqueles que pensam em “usar” a fé em Jesus como “trampolim” para o Céu e

fugirem do inferno ou que acreditam que possuem algum poder, talento ou bens materiais

que permitem salvá-los ou os capacitam a buscar a Deus, fracassam em suas convicções. A

predestinação é um golpe certeiro de Deus na soberba e nos insuficientes e egocêntricos

esforços religiosos humanos.

E se Deus não faz acepção de pessoas (cf. Rm 2:11), porque, então, Ele

predestinou apenas uma parcela da humanidade para a salvação? Ele não foi injusto? É

evidente que não (Sl 145:17). Deus é soberano para eleger quem será salvo (Rm 9:14-18; cf

Fp 2:13). Toda a humanidade está debaixo do poder do pecado, não há distinção, todos

carecem da glória de Deus (Rm 3:21-23), mas, Ele, em Sua infinita misericórdia e amor

escolheu uma parte desta humanidade pecadora para receber a salvação, independente de

cor, raça ou poder aquisitivo (At 10:34-35; 1Co 1:21-24; 6:9-11; Cl 3:5-17), sem que

ninguém mereça. Isso é a graça de Deus. Ele não escolheu entre uma humanidade perfeita

e santa, alguns para receberem a salvação. Isso seria injustiça.

Ademais, quem somos nós para discutir com Deus os Seus critérios? (Is 45:9-

11; Rm 9:20-23; 1Co 1:27). É correto nos preocupar com aqueles que ainda não conhecem

a Jesus e levarmos o evangelho a eles (Mt 9:36-38; 2Co 4:4; 1Ts 1:4-5; 2:7-8), mas, se

algumas destas pessoas são ou não predestinadas, devemos deixar esta questão nas mãos

soberanas, justas e amorosas de Deus (Dt 29:29; Ec 11:5; 1Co 2:11).

Mas, muitos ainda podem questionar: “se todas as pessoas predestinadas

receberão a salvação, por que devemos evangelizar? Afinal, mais cedo ou mais tarde a

graça de Deus irá alcançá-las!” Esse pensamento é equivocado. A soberania divina não

exclui as responsabilidades humanas. A predestinação necessita da evangelização, é o

método decretado por Deus para que a salvação chegue aos descrentes. Somos salvos

para as boas obras, e isso requer testemunho (Ef 2:9-10; 1Pe 2:9).

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Page 315: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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A fé em Cristo que salva os homens vem da pregação da Palavra de Deus (Rm

10:8-17; 1Co 2:18-31). O apóstolo Paulo, mesmo escrevendo sobre a predestinação,

afirmou que suportava todas as coisas por causa daqueles que foram eleitos para que eles

também alcançassem a salvação em Cristo (2Tm 2:10). Os eleitos de Deus são de todas as

nações e de todas as eras e é através da pregação do evangelho que a salvação alcançou e

alcançará a todos estes predestinados. E, então, virá o fim (Mt 24:14; Ap 7:9-10).

12.2.10 (LIÇÃO 09): A doutrina trinitariana nos ensina humildade e altruísmo:

O orgulho e o egoísmo são um “câncer comportamental” em nossa sociedade,

ele pode destruir qualquer relacionamento, seja na família, no âmbito profisional, social e

eclesiástico. A Bíblia, inspirada pelo Deus Espírito Santo, nos ensina a humildade (Pv 3:7-8;

8:13 13:10; 16:5,18; 21:4; 22:4; 25:27; 27:2; 27:21; 29:23).

Todos nós, seres humanos, somos iguais perante Deus, mas devemos

considerar as demais pessoas mais do que a nós mesmos, buscar o sucesso e o bem-estar

do próximo acima do nosso (Fp 2:3-4).

Na Santíssima Trindade, o Deus Filho apesar de não diminuir a Sua Divindade

(Fp 2:5-11), por exemplo, busca a glória do Deus Pai (Jo 8:49-50; 12:25-30; 14:13; 17:1,4,5).

O Pai, por Sua vez, sem diminuir a Sua Divindade, glorifica e dá testemunho do Deus Filho

(Jo 8:18,54; 11:4; 17:1-5,22,24; comparem com 13:31-32; 2Pe 1:17-18). O Espírito Santo,

sem diminuir a Sua Divindade glorifica e dá testemunho acerca do Deus Filho (Jo 15;26;

16:13-14; Hb 3:1-7). Deus Pai dá testemunho do Espírito Santo (Zc 4:6) que por Sua vez

nunca dá testemunho de si mesmo (Jo 16:13) e, evidentemente honra ao Pai, pois veio para

testemunhar do Filho e glorificá-Lo (Jo 15:26; 16:13-14) e quem assim o faz, também dá a

mesma honra ao Pai (cf. Jo 5:22-23; 16:15).

12.2.11 (LIÇÃO 10): A doutrina trinitariana nos ensina a “unidade na diversidade”:

A Trindade ordena que sejamos unidos mesmo sendo diferentes e a Trindade dá

o exemplo. Apesar de terem alguns atributos específicos na economia trinitariana, as

pessoas da Trindade possuem unidade de natureza e propósito. Será que a Igreja

atualmente é assim também? Mesmo tendo dons diferentes, temos a mesma natureza

humana e somos irmãos em Cristo, mas será que compartilhamos os mesmos propósitos?

(cf. 1Co 1:10). A Bíblia de Estudos de Genebra nos fornece as seguintes considerações:

“Um e Três: Trindade: [...] Além do mais, conhecer essa doutrina estabelece fé pessoal e enriquece não menos o forte senso de unidade com outros cristãos.” (11)

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Page 316: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

316

Existe uma importante lição sobre a maturidade cristã: “A unidade demonstra

maturidade”. Cristo, o Deus Filho, deseja que sejamos perfeitos, ou seja, maduros em nossa

semelhança com Deus Pai. Em Mateus 5:43-48, o Mestre nos ensina a amar os nossos

inimigos e orar por aqueles que nos perseguem, ou seja, devemos buscar a paz em nossos

relacionamentos para alcançarmos a maturidade.

Cristo nos ensina que devemos viver em paz com os irmãos antes de ofertarmos

a Ele e que não devemos esperar que um irmão que nos tenha ofendido ou que tenha algo

contra nós venha ao nosso encontro buscando a reconciliação e sim, que devemos ter a

iniciativa de buscar o entendimento com este irmão (Mt 5:23-24). Cristo também nos ensina

que devemos amar e interceder pelos nossos oponentes e, assim, nos assemelhemos a

Deus, que sejamos maduros e completos na nossa semelhança a Ele e não bebês

espirituais (Mt 5:38-48).

Tiago fez uma forte exortação em relação à discriminação de pessoas e atitudes

partidaristas, em conformidade com os ensinos de Paulo (Tg 3:14-16; cf. Tg 2:1,8-10; Dt

16:19). Ele não apenas mostrou o erro, mas afirmou que com a sabedoria de Deus podemos

ser usados para promover a paz e a justiça (Tg 3:17-18). João, chamado “o apóstolo do

amor”, inspirado por Deus, ensinou que Ele é luz e que devemos viver com Ele, ou seja, na

luz, e teremos comunhão entre nós e que nossos pecados, através do sangue precioso de

Jesus, serão perdoados (1Jo 1:5-10; Is 43:25). Ele afirma que quem odeia a seu irmão em

Cristo está perdido na escuridão, sem direção (1Jo 2:7-11), e que o amor ao próximo é

consequência da nossa comunhão com Deus (1Jo 4:7-16; 5:2-3). Em João 15: 9 a 14, Jesus

nos ensina que Ele nos ama assim como Deus Pai o ama e que devemos permanecer neste

amor. Para isso devemos praticar os seus mandamentos (vv. 9 e 10) que Ele nos dá com o

propósito de sermos felizes (v. 12; 1 Jo 5:3). Nesta passagem, Cristo não apenas nos

ordena a amar, mas faz menção ao exemplo máximo de amor que é morrer no lugar de um

irmão (e Ele fez isso por todos nós). Se seguirmos os seus mandamentos, seremos

considerados seus amigos (vv. 13 e 14).

Em Efésios 4, Paulo relatou diversos dons espirituais (v. 11) e afirmou que são

destinados ao aperfeiçoamento dos cristãos no desempenho do serviço e edificação do

Corpo de Cristo (v. 12; Rm 12:3-9) e mostra que apenas vivendo a unidade em amor na

Igreja conseguiremos atingir essa maturidade (Ef 4:15-16).

Em Sua maravilhosa oração sacerdotal diante de Deus Pai, o Senhor Jesus

intercedeu pela união de Seus seguidores, a Sua Igreja, mencionando a união de essência e

a mesma glória que Ele possue com o Pai: “Pai santo, guarda-os em teu nome, que me

deste, para que eles sejam um, assim como nós” (Jo 17:11b; ARA).

Esta é uma missão para a Igreja que traz um desafio: a unidade diante da

diversidade, mas também traz um privilégio: sermos cada vez mais semelhantes a Deus.

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Page 317: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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O propósito inserido nesta missão? Unidos em Deus e nos aperfeiçoando na

unidade da Igreja, inclusive daqueles que ainda se converterão pelo poder da Palavra, o

mundo crerá que Deus Pai enviou a Jesus Cristo e conhecerá o infinito amor de Deus.

Vamos observar mais um trecho desta bela oração que dá base para o que

acabamos de afirmar:

“Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste, e os amaste como também amaste a mim.” (Jo 17:20-23; cf. Mt 5:14-16; 2Co 2:15; 1Pe 2:9).

Encontramos o caminho para a unidade em 1º Coríntios 12:21-26, onde Paulo

comparou o Corpo de Cristo ao corpo humano e afirmou que todos os membros são

importantes e precisam trabalhar em unidade, mesmo que haja diversos membros e

diversas funções (v. 12-20). Em seguida, o apóstolo afirmou: “Não podem os olhos dizer à

mão: Não precisamos de ti, nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós. Pelo

contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos, são necessários” (vv. 21 e

22). Qual deve ser a atitude dos membros fortes para com os mais fracos? Vejamos: “E os

que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra; também os

que em nós não são decorosos revestimos de especial honra” (v. 23).

Analisando todo o contexto, observamos que Deus, na pessoa do Espírito Santo,

em Sua soberana vontade, distribue os dons e dirige a Igreja, conferindo maior honra

àqueles irmãos mais necessitados (cf. 1Co 12:7-11,18,24; Rm 14:1-23; 15:1-4): “Mas os

nossos membros nobres não têm necessidade disso. Contudo Deus coordenou o corpo,

concedendo muito mais honra àquilo que menos tinha” (v. 24).

Qual seria o propósito de Deus envolvido nesta dinâmica? “Para que não haja

divisão no corpo, pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns

dos outros” (v. 25).

Qual o resultado que podemos obter seguindo estes passos? UNIDADE.

Vejamos: “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é

honrado, com ele todos se regozijam” (v. 26).

Que mensagem poderosa das Escrituras! A Igreja deve estar em unidade a

ponto de quando um irmão estiver feliz, todos estarão felizes com ele e quando este irmão

estiver triste, todos compartilharão com ele de sua tristeza.

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Page 318: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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12.2.12 (LIÇÃO 11): A doutrina trinitariana nos ensina a respeitar outras maneiras de

ser e agir e a não sermos preconceituosos:

Devemos amar alguém mesmo que não a compreendamos totalmente, mesmo

que esta pessoa seja muito diferente de nós e tenha uma maneira de agir diferente da

nossa. Devemos também respeitar as diferenças existentes entre as pessoas, não apenas

de comportamento, mas sociais, raciais e intelectuais. Muito mais ainda estas verdades se

aplicam em nosso relacionamento com Deus. Devemos amá-Lo mesmo sem compreendê-

Lo completamente, mesmo Ele sendo muito, muito diferente de nós e infinitamente mais

elevado do que a raça humana, em Sua maneira eterna e imutável de agir e de existir.

Cristo, o Filho, mesmo sendo Deus, mas sendo distinto do Pai, procurava

humildemente fazer aquilo que O agradasse (Jo 8:29). Ele nos deixou o exemplo.

Existe uma tendência humana de rejeitar algo ou alguém que seja diferente dos

padrões convencionais já estabelecidos e discriminar alguém que se comporte de maneira

diferente daquela que acreditamos ser um padrão imutável de conduta.

Você só poderá agradar alguém se você amar esse alguém. Quando amamos

realmente alguém, amamos independente se ela é muito diferente de nós, mesmo que não

entendamos muito de seu comportamento e, sendo assim, desejamos ardentemente fazer

essa pessoa feliz, anelamos agradá-la, satisfazê-la com situações e coisas que ela aprecia,

que ela almeja. Quando amamos alguém, devemos amá-lo(a) da forma como ele(a) quer ser

amado(a) e não como imaginamos que ela deve ser amada o que seria egoísmo e não

amor. E para demonstrar amor da maneira que o alvo do nosso amor deseja, devemos

saber qual é a vontade desta pessoa, evidentemente através de três maneiras:

1) Perguntando diretamente a ela; 2) Perguntando a alguém que a conhece

melhor que nós; 3) Identificando "pistas" ou "dicas" que ela demonstra em seu

comportamento; ou 4) Lendo o seu diário ou a sua agenda onde certamente deixou

regitrado os seus desejos, sonhos e planos (o que seria anti-ético).

No caso de Deus, nosso alvo máximo de amor, devemos conhecer qual a Sua

vontade para podermos amá-lo e agradá-lo realmente, da maneira que Ele deseja, e para

isso, devemos bucar a Sua vontade, independente se compreendemos o Seu modo de agir

e independente que Sua majestade seja insondável ao nosso limitado pensamento:

1) Em oração, perguntando a Ele, suplicando que Ele nos ensine, nos mostre

a Sua vontade (Sl 19:9-14; 25:7-12); 2) Buscando conhecimento com irmãos que têm mais

experiência, pois Deus usa as pessoas para nos abençoar; 3) Identificando em Seu

comportamento revelado na Bíblia, traços de Sua personalidade que nos indique a Sua

vontade; 4) Principalmente buscando na Bíblia, as Escrituras Sagradas, onde Deus registrou

o Seu "diário", ou seja, tudo o que já aconteceu na história humana desde a criação e onde

Ele regitrou a Sua "agenda", ou seja, tudo o que Ele decretou e prometeu que acontecerá

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Page 319: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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até o fim dos tempos. Não é anti-ético "vasculhar" o diário-agenda de Deus, pois Ele nos

revelou propositadamente o que o Espírito Santo registrou na Bíblia, para justamente O

conhecermos melhor e a Sua vontade. E Sua vontade principal é que recebamos a Cristo, o

Seu Filho amado como Senhor e Salvador de nossas vidas (comparem com Jo 6:29,39).

12.2.13 (LIÇÃO 12): A doutrina trinitariana anula qualquer dogma ou conceito pagão e

fortalece a crença na Verdade, Jesus, o Deus Filho:

Os seres humanos nascem com uma consciência religiosa e intelectual gravada

em seus corações por Deus (Rm 2:13-15; Tg 1:17). Centenas de culturas ao redor do

mundo, inclusive a indígena, trazem em si um senso religioso carregado de um sentimento

de culpa que precisa ser expiado para satisfazer ao seu “deus”.

“Religião”, por sua vez, tem se tornado um assunto cada vez mais delicado em

nossa sociedade. A mídia apregoa tenazmente o perigoso conceito de que não se pode

convencer as pessoas a mudar de religião, alegando que a própria religião é a única correta,

pois, no fim das contas, todas as religiões estão certas e levam ao mesmo Deus, ou melhor,

“deus”. Contudo, nenhum pensamento poderia ser mais destrutivo para a sociedade como

este.

Cada religião possui seus próprios dogmas. Muitas adotam a Bíblia

parcialmente. Muitas outras rejeitam a Bíblia e outras a deturpam para os seus próprios

interesses. Outras adotam seus próprios livros sagrados. Algumas acreditam em mais de

um deus e em alguns casos até centenas ou milhares de divindades. Em contrapartida a

esta realidade, os ateus alegam não acreditarem em Deus.

O deus deste mundo pecador, o diabo, cegou o entendimento dos não crentes.

Devemos apresentar o evangelho vivo e verdadeiro de Cristo a eles, para que conheçam a

única verdade (Jo 8:31-36; 14:6; 2Co 4:1-4). Mas simplesmente acusar as pessoas não

crentes de estarem sendo usadas pelo diabo pode não ser uma estratégia adequada. Um

dos piores sentimentos que podem ser herdados deste árduo debate religioso é quando os

não crentes envolvidos em seitas e religiões pagãs se sentem acusados de participantes

das obras do diabo, cúmplices dele. Com exceção dos satanistas, nenhum outro segmento

“religioso” aceitaria esta acusação.

Como devemos lidar com este delicado assunto, então? Não podemos discutir

religião? Na verdade, não devemos impor a própria religião, nem obrigar que as pessoas

das demais religiões se convertam ao cristianismo, mas, testemunhar do evangelho do

nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, com palavras e atitudes piedosas e deixar que

soberanamente Deus, o Espírito Santo, irá convencer e converter as pessoas (Zc 3:6b; Jo

16:8-11; Ef 6:11-12).

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Page 320: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Devemos demonstrar simpatia (At 2:47), paciência (2Tm 2:24-26) e

principalmente estarmos habilitados e firmados na Palavra de Deus, o Pai (At 18:28; Rm

10:17; 1Tm 4:16; 2Tm 3:16-17), para que as nossas palavras sejam edificantes (Cl 4:5-6;

1Pe 3:15). Sim, vivemos pela fé (Hc 2:4; Hb 11:1,6), mas não é uma fé “burra”. Nossa fé em

Deus e na Sua Palavra é consciente, inteligente. Temos o Espírito Santo que nos guia a

toda verdade (Jo 14:26; At 13:9; 1Jo 2:20,27), testifica conosco que somos filhos de Deus

Pai (Rm 8:16), nos capacita a testemunhar ousadamente (At 1:8; 4:8-13,29-31; 6:9-10) e

nos mostra o que devemos falar (Mt 10:19-20; Jo 16:12-14).

A nossa cultura atual ensina que a verdade e a moralidade são relativas, que

não existe essa "história" de verdade absoluta. Quantas vezes não ouvimos declarações

assim: “Cada um possui a sua própria verdade. Não existe uma verdade única, absoluta,

mas tudo é relativo”? E para a ala intelectual e acadêmica da nossa sociedade, ideias como

estas são encaradas como progressistas, modernistas. A verdade se tornou uma vítima de

nossa cultura popular. Expressões como “tolerância religiosa” e “pluralismo” estão em moda.

Para muitas pessoas, estas palavras não significam apenas tratar com civilidade e respeito

as pessoas de outros credos, mas concordar com todas as suas afirmações, como sendo a

pura verdade, e isso, logicamente, implica que os cristãos renunciem muitas, ou quase

todas as suas doutrinas. Este é o grande perigo: Quando a verdade "desaparece" do ponto

de vista humano, a autoridade do evangelho "diminui", a Igreja perde a essência da

pregação e o mundo perde a oportunidade de salvação. Isso ocorre porque o evangelho diz

tudo sobre a Verdade.

Falando na Verdade, o interessante é verificar que os pregadores da “tolerância

religiosa” asseveram que todas as afirmações religiosas são dignas de mérito, mas quando

os cristãos afirmam que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, eles procuram encontrar

com criatividade uma exceção para a regra que eles mesmos criaram. Possuem, portanto, o

mesmo problema que muitos cristãos, ou seja, muitas vezes não praticam aquilo que

pregam. Muitas vezes a resistência à ideia do cristianismo possuir A Verdade é tão

veemente que parece nos desqualificar como dignos de tolerância. Na contra-mão deste

comportamento, os cristãos não devem ser intolerantes e nem desrespeitos com as pessoas

de outras religiões.

Ademais, o cristianismo não é a única religião que possui afirmações exclusivas

quanto à verdade, mas todas as grandes religiões possuem tais afirmações. Para fazer com

que as pessoas de várias religiões se sintam mais cômodas, é dito que todas as religiões

são iguais e que o mesmo Deus é adorado em todas elas, mas isso é uma enorme mentira,

pois muitas das principais asseverações das principais religiões não podem ser conciliadas,

mesmo que muitas de suas afirmações secundárias sejam bastante semelhantes.

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Page 321: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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O islamismo, por exemplo, afirma que Cristo foi apenas um profeta e não uma

divindade, o que contraria o cristianismo, que afirma que Cristo é Deus encarnado. As

religiões orientais apregoam que Deus está em tudo na natureza e não há distinção clara

entre as criaturas e o Criador, isto é, mais um conflito com o cristianismo. E infelizmente até

a Igreja cristã, influenciada pela sociedade, tem se corrompido, assimilando estes conceitos

de tolerância religiosa e “diluiu” a pregação do evangelho para se adequar ao que podemos

chamar de politicamente correto.

Mas, para transmitirmos um comportamento amoroso e compreensível diante da

sociedade, precisamos nos esvaziar daquilo que acreditamos ser verdade (se é que

acreditamos mesmo)? Será que foi assim na Igreja primitiva? O livro de Atos refere-se à

uma Igreja que contava com a simpatia de toda a população (At 2:47). Como será que eles

conquistaram esta simpatia do povo? Pregando toda a verdade sobre o evangelho e o

arrependimento ou omitindo a verdade? Sabemos que, um pouco antes disto, foi pregando a

verdade sobre o arrependimento e a salvação em Jesus, corretamente embasado nas

Escrituras, que através da ousadia de Pedro, o Espírito Santo converteu cerca de 3.000

pessoas em um só dia (At 2:14-40). Dizer toda a verdade não é exatamente uma forma de

demonstrar amor? Omitindo a verdade do povo não estamos pemitindo que eles continuem

desviados dela e mostra que no fim das contas não temos paixão pelas almas que se

perdem? Ou será que não acreditamos mais a Verdade de Cristo? Será que acreditamos

que Ele não pregou a Verdade? Ou pior: será que estamos nos acomodando com a ideia de

que todas as religiões levam a Deus?

Afinal, por que Deus enviaria o Seu Filho para sofrer desta maneira inimaginável

para nos reconciliar com Ele, se, no fim das contas, qualquer outra religião pudesse nos

levar à Ele? Além do mais, já que afirmamos que somos cristãos, qual o motivo para

acreditar que as outras religiões são verdadeiras, se Cristo já havia ordenado pregarmos

sobre Ele, como O CAMINHO, A VERDADE e A VIDA, a todas as nações? Qualquer atitude

nossa de tentar conciliar as outras religiões com o cristianismo e frear a obra missionária

deve ser considerada pecado. Não, não estamos afirmando aqui que as demais religiões

estão completamente erradas e muito menos que os seus adeptos são pessoas menos

inteligentes ou menos honestas ou menos tementes a Deus. Pelo contrário, grande parte

delas possuem ensinos verdadeiros valiosos, mas não possuem o ensino central sobre a

redenção da humanidade por meio de Cristo.

Mas, com a aceitação da doutrina trinitariana, anula-se heresias que estejam

influenciando as igrejas evangélicas, sejam eles sobre a Trindade e Sua obra, sejam sobre

doutrinas derivadas (e não menos importantes) da trinitariana, como a soteriologia (da

salvação), hamartiologia (do pecado), entre outras (como as da eleição e justificação), pois

todas as doutrinas cristãs, de uma forma ou de outra, dependem da doutrina trinitariana.

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Page 322: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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As pessoas podem pregar algo durante a vida toda acreditando que aquilo é a

pura verdade, mas podem estar sinceramente enganadas.

Mas à despeito de afirmamos que as pessoas de outras religiões estão

sinceramente enganadas sobre grande parte do que pregam, este fato não nos dá o direito

de desrespeitá-las, pelo contrário, a obra missionária deve ser executada sempre com

respeito, cordialidade, lembrando que ninguém é melhor do que ninguém e que todos somos

iguais perante a Deus.

Mas nada nos obriga a aceitar todo e qualquer sistema de crenças como sendo

a verdade única e nada também os obriga a aceitar o evangelho como Verdade, mas é

Deus, na pessoa do Espírito Santo, que fará a obra nos corações de cada pessoa, apenas

devemos fazer a nossa parte com zelo e respeito. Mesmo porque é preceito bíblico

estarmos sempre preparados para mostrar a razão da fé que pregamos e com mansidão e

respeito, sem abandonar a verdade, mesmo que isso nos custe a popularidade que temos e

que sejamos perseguidos (1Pe 3.15-18).

Os céticos e críticos da Bíblia a vêem como um livro tendencioso, escrito por

pessoas tendenciosas, mas é assim que funciona: Todo escritor religioso escreverá a sua

obra com base naquilo que acredita ser a verdade. Um cristão não precisa deixar de ler um

livro de um ateu por ele ser ateu e escreve aquilo que acredita e um ateu não precisa deixar

de ler uma obra cristã pelo fato dela ser cristã, pois ambos estão expressando o seu ponto

de vista daquilo que acredita. Esta é a tendência, contanto que a paixão que o escritor nutre

por seu objeto de estudo não atenue a sua objetividade.

Muitos escritores podem ser levados a exagerar em suas obras devido à paixão,

todavia, muitos outros se tornam ainda mais meticulosos e precisos sobre aquilo que estão

escrevendo devido ao grande laço afetivo que o une ao seu objeto de estudo, fornecendo

assim, total credibilidade à mensagem que desejam transmitir. E foi exatamente este fato

que ocorreu com os escritores bíblicos.

A Bíblia é verdadeira (Jo 17:17) porque Aquele que a inspirou, Deus, o Espírito

Santo, é verdadeiro (Hb 6:18; 2Pe 1:20b-21). O Filho de Deus já havia afirmado que é A

VERDADE que liberta (Jo 8:31-36; 14:6). Já que Cristo é A Verdade, seguir a Cristo é seguir

A VERDADE. Então, o cristianismo prega a verdade para a humanidade. A fé cristã não é

uma fé cega, ela é baseada em fatos invisíveis (Hb 11:1). Os seguidores de Cristo vivem

pela fé (Rm 1:17).

Mas, devemos amar a Deus Pai com todo o nosso entendimento também (Mc

12:30). Quando uma pessoa se converte ao cristianismo, ela não se submete a uma espécie

de suicídio mental. O cristianismo não é um salto na escuridão intelectual, mas, sim, em

direção da “luz” (Jo 1:7,9; 8:12).

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Page 323: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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12.2.14 (LIÇÃO 13): A doutrina trinitariana nos ensina que Deus é soberano sobre tudo

e pode transformar uma situação de calamidade em uma retumbante vitória:

Deus é soberano sobre tudo, sobre a nossa vida, sobre toda a criação e

inclusive sobre anjos e demônios. Muitos setores evangélicos estão transmitindo conceitos

equivocados no ensino sobre batalha espiritual (que além de necessário, é bíblico), quando

empregam uma ênfase exacerbada ao poder do diabo e seus anjos malignos. Muitos

crentes, então, passam a acreditar que Deus e o diabo dividem o poder do universo em

duas partes, uma boa e uma má, como se Deus tivesse apenas 50% de Sua soberania (!!).

Muitos acreditam que absolutamente tudo de errado que acontece é culpa do diabo, que

todas as nossas provações estão sob o poder de Satanás e Deus vem nos ajudar e salvar

como se fosse um super-herói poderoso. Veremos nesta lição que não é bem assim.

Conhecendo melhor o Ser de Deus e Sua essência trinitária, infinita, eterna,

absoluta e imutável, bem como a união da Segunda Pessoa com a natureza humana,

percebemos como os anjos caídos e até mesmo os anjos bons são tão pequenos diante do

poder de Deus. Tanto no mundo material quanto espiritual, eles só podem atuar dentro da

permissão de Deus. E devido ao fato que o Pai ressuscitou a Jesus pelo poder do Espírito,

Ele tem o poder de nos reavivar em uma situação de completa morte emocional e espiritual.

Pois então, você está passando por uma situação muito difícil, um problema que

parece não ter solução? É o desemprego, uma enfermidade em você ou na família ou um

relacionamento familiar problemático ou um problema financeiro? Saiba que Deus, mesmo

que muitos não acreditem, está no controle da situação e pode mudá-la para melhor, muito

melhor. Por mais difícil que seja a sua situação, para Deus não existe nada

demasiadamente difícil (Jr 32:27). Para Ele tudo é possível. O que é impossível para nós,

para Ele é perfeitamente possível (Lc 1:37; 18:27).

Quem não conhece a incrível e emocionante história de José? Ele era o filho

querido (e preferido) de Jacó (Gn 37:3). Ele foi traído pelos seus próprios irmãos, que

planejaram matá-lo primeiramente (Gn 37:18) e por puro ódio e ciúme, resolveram vendê-lo

para uma caravana de ismaelitas que estava indo para o Egito (Gn 37:4-5,11,25-27), e

estes, por sua vez, o venderam a Potifar, capitão da guarda e oficial do Faraó (Gn 37:36).

À despeito de tudo isso, Deus honrou a José, lhe deu prosperidade e permitiu

que ele morasse com Potifar (Gn 39:1-2), que ao ver que tudo o que José realizava

prosperava o elevou à administrador de seus bens (Gn 39:3-4). E ao contrário do que muitos

de nós talvez gostariam que acontecesse, ele não se vingou de seus irmãos. Pelo contrário,

em uma declaração tranquilizadora e de uma fé incrível nos propósitos divinos, ele disse

que não se culpassem por tê-lo vendido, pois foi Deus que o havia enviado até ali no

propósito de salvar muitas vidas (Gn 45:5-8).

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Page 324: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

324

Diante de seus irmãos que temiam a vingança de José e lhe suplicaram perdão

e estavam prostrados, concretizando, assim, o sonho que José tivera, ele fez mais uma

linda declaração de fé nos planos de Deus e de dependência Dele, declarando que ele não

estava no lugar de Deus, mas se seus irmãos haviam planejado o mal contra ele, Deus, em

Sua soberania, transformou este mal em bem para a preservação de muitas vidas. E ainda

afirmou que sustentaria a todos eles (Gn 50:19-21)

Maravilhosa lição de vida: José estava ciente de que Deus controlou toda aquela

situação difícil pela qual ele passou e mesmo com os planos malignos de seus irmãos, Deus

os utilizou para transformá-los em algo bom, benéfico para a vida de José e ainda visando a

salvação de muitas vidas no mundo diante da gigantesca seca que lhe sobreveio. E José

manteve seu temor a Deus e seu testemunho tão preservados, mesmo diante de tamanha

adversidade, que não permitiu que seu coração ficasse cheio de ódio, sentimento de

vingança ou mágoa, mas cheio de amabilidade conseguiu falar com seus irmãos, os

perdoou e ainda promoteu cuidar, sustentar todos eles e suas famílias.

Afinal, Deus não possui uma visão limitada, Seus pensamentos e planos vão

mais altos, vão muito mais além do que imaginamos. Em muitas situações, quando Ele

planeja conceder a vitória a alguém, Ele está tendo um objetivo, um propósito não apenas

local, em um contexto individual ou familiar, por exemplo, mas inclusive social, globalizado

Jó foi também um personagem real, de carne e osso, que passou por uma

duríssima provação, um momento de sua vida tão angustiante que o fez acreditar que seria

melhor morrer ou nem mesmo ter nascido. Um homem que atualmente poderia ser

considerado milhonário, de uma hora para outra perdeu senão toda, mas praticamente toda

a sua riqueza, que naquela época era considerada através de rebanhos. Sem falar em

praticamente todos os seus empregados também, assassinados.

Não é uma grande tragédia? Quem não ficaria completamente arrasado,

frustrado e revoltado com tamanha devastação na área financeira, humana e material?

Quantos de nós não enfrentam situações semelhantes? Algum tipo de acidente natural ou

de outro tipo ou uma crise financeira já lhe subtraiu todo ou quase todo o seu patrimônio?

Ou será que você foi assaltado e levaram muitos dos seus bens como dinheiro, joias,

aparelhos eletrônicos e veículos? Ou ainda: Você já imaginou em uma mesma hora perder

toda a sua empresa e os seus empregados em uma tragédia natural, por exemplo?

Mas Jó perdeu todos os seus dez filhos de uma vez só, três filhas e sete filhos.

Qual seria a nossa reação diante de tamanha tragédia? Uns certamente desmaiariam,

outros entrariam imediatamente em estado de choque ou em pânico, outros perderiam a

sanidade mental tamanho o impacto da notícia, outros ainda se revoltariam contra Deus e

certamente blasfemariam.

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Page 325: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

325

E agora? Diante de tantas adversidades, como Jó poderia sair vitorioso daquela

situação? Parecia que o mundo inteiro estava conspirando contra ele. Ele havia perdido

quase todos os seus bens e seus empregados, perdeu todos os seus filhos, foi acometido

de uma doença avassaladora com sintomas dolorosamente indescritíveis, não suportava

mais nem viver, a sua esposa aparentemente não estava ajudando muito, os seus amigos

estavam contra ele e, para piorar, Deus parecia não estar ouvindo suas queixas.

Mas, Deus, responde a Jó, dizendo que ele falava sobre Deus sem

conhecimento correto, como um simples homem e que lhe faria perguntas (Jó 38:1). As

perguntas que Deus faz a Jó, sobre os grandes feitos da criação, tanto dos animais, do

homem, mas também de todo o gigantesco espaço sideral, por exemplo (Jó caps. 38 e 39),

trazem à discussão, a supremacia, a soberania e a eternidade de Deus sobre a limitada

fragilidade humana e revelam uma verdade a Jó, consequentemente: Já que Deus é tão

tremendamente poderoso e soberano para ter feito tudo isso, determinado cada coisa da

criação e as controlar, sem sombra de dúvida, Deus estava também no controle dos

acontecimentos da vida de Jó. Deus ainda disse a Jó: "Aquele que contende com o Todo-

poderoso poderá repreendê-lo? Que responda a Deus quem o acusa!" (Jó 40:1-2).

Neste momento Jó emocionalmente deve ter ficado do tamanho comparável ao

de uma formida tamanha a pequenez que sentiu diante de Deus e ao perceber que não

existe como discutir com Deus e de alguma forma repreendê-lo por alguma atitude Sua. Por

tudo isso, então, Jó responde: "Sou indigno; como posso responder-te? Ponho a mão sobre

a minha boca. Falei uma vez, mas não tenho resposta; sim, duas vezes, mas não direi mais

nada." (Jó 40:4-5). Deus, então, do meio da tempestade, chama a Jó mais uma vez

"simples homem" (Jó 40:6-7) e lança mais perguntas (Jó 40:8-10).

Jó nem disse mais nada e Deus ainda mais uma vez lhe fez perguntas como se

Jó pudesse ter a capacidade de dominar os homens orgulhosos e ou ainda dominar os

grandes e poderosos animais que Ele criou, sendo que tudo na criação lhe pertence (Jó

40:11:-24; 41:1-34). Então, Jó, esmagado em seu orgulho presunçoso, admitindo que falou

precipitadamente sobre coisas das quais não tinha entendimento, arrependido de ter sido

presunçoso e diante da santidade e soberania de Deus, se rende a Ele em uma tão querida

e conhecida declaração: “Sei que o Senhor pode fazer todas as coisas e que nenhum de

Seus planos pode ser frustrado. Falei coisas que eu não compreendia, tão maravilhosas que

eu não poderia saber. Eu já te conhecia por ouvir falar, mas agora os meus olhos te vêem,

por isso me sinto humilhado e arrependido” (Jó 42:1-6; parafraseado).

Mas, então, depois de Deus ter mostrado a Jó o devido lugar dele em seu

relacionamento com Deus e Seus propósitos, veio a reviravolta total e para o bem na

história de Jó (Jó 42:10-13).

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Page 326: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

326

Observamos que na história de Jó, logo no início vemos que Satanás estava

rodeando a Terra (Jó 1:7; 2:2), certamente tentando encontrar comportamentos

pecaminosos para acusar as pessoas diante de Deus (1Pe 5:8-9) e em dois momentos foi

se reunir com os anjos de Deus, na presença de Deus, frente a frente (Jó 1:6; 2:1) e, mesmo

Deus tetemunhando da integridade e retidão de Jó, como em nenhuma outra pessoa e que

não havia motivos para Jó receber algum castigo de Dele (Jó 1:8; 2:3), Satanás acusou Jó

de ser íntegro e fiel a Deus devido à prosperidade que Deus o havia dado (Jó 1:9) e

desafiou a Deus a permitir grande aflições na vida de Jó, inclusive na saúde, e Jó, segundo

Satanás, certamente perderia sua integridade e fidelidade e blasfemaria diante de Deus (Jó

1:11; 2:4).

E como tudo está no controle absoluto e soberano de Deus, o Senhor permitiu a

Satanás (que, por sua vez, fez tudo por vontade própria, Jó 2:7) a tocar na vida de Jó,

primeiramente nos bens e na família (Jó 1:12) e depois na saúde (Jó 2:6). E todo o restante

da história nós já relatamos aqui, todos nós conhecemos a aparente derrota e a

esmagadora vitória de Jó no final. Satanás perdeu a "aposta", pois Jó se manteve íntegro,

mesmo que amargurado com as provações, e Deus, que manteve o controle da situação

todo o tempo, honrou a Jó no final, em uma impresionante reviravolta.

As "cortinas da eternidade" muitas vezes (ou quase sempre) estão fechadas aos

nossos olhos mortais e terrenos, como é o caso da existência triúna de Deus, que é um

mistério revelado, mas não decifrado. Mas, no caso do livro de Jó, Deus permitiu que fosse

revelado aos futuros leitores, mas não a Jó, o que estava acontecendo no Céu, ao redor do

Seu trono de glória e poder, que é dividido entre o Pai e o Filho, na mesma essência

gloriosa. Ele revelou até mesmo este plano de provar a vida de Jó, que para muitas pessoas

pode soar estranho diante do amor e da justiça divinos, um plano que para muitos pode

fazer de Deus um "carrasco injusto". Mas sabemos que os atributos de Deus jamais podem

ser manchados.

12.2.15 (LIÇÃO 14): A doutrina trinitariana não objetiva confundir as nossas mentes,

mas trazer clareza e confiança sobre o Ser do nosso Deus triúno e Sua obra:

Além disso, ela vem libertar as nossas mentes de qualquer preconceito ou

barreira que porventura exista contra o Espírito Santo e como deve ser a nossa livre

adoração a Deus. A doutrina trinitariana não objetiva também nos afastar da fé que temos

batalhado até hoje (ela não é uma ideologia nova como muitos podem asseverar). Pelo

contrário, o seu estudo e compreensão redundam em uma maior aproximação do próprio

Deus e de todo o arcabouço doutrinário cristão.

Geralmente quando passamos por uma grande provação, a primeira atitude que

tomamos é esfriar o nosso relacionamento com Deus, parar de orar, de louvar e começar a

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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murmurar. Dizemos que Deus nos abandonou, mas, na verdade, foi o contrário. Não

devemos nos comportar desta forma. Você está passando por uma provação, um momento

difícil, cheio de expectativas, incertezas? Você tem medo de que seus planos fracassem?

A Palavra de Deus tem uma mensagem edificante e libertadora para você em

Romanos 5:1-5. Que palavra poderosa. Que lição para as nossas vidas. Aliás, quantas

lições podemos extrair de "apenas" cinco versículos! Vamos comentar resumidamente:

12.2.15.1 Deus Pai não apenas é digno de inteira confiança e jamais nos decepcionará, mas

Ele, diferente de muitos de nós, teve a iniciativa de restaurar o relacionamento que estava

rompido entre Ele e nós, quebrado por nós mesmos, seres humanos, devido ao pecado, que

Ele não suporta, devido à "queda de Adão". Então, Ele nos presenteou com a fé em Cristo,

Seu Filho, que nos libertou do poder mortal do pecado que nos separaria eternamente do

Pai, nos justificou diante Dele e ainda trouxe paz para este relacionamento. Agora temos

paz com Deus Pai. Repito: Temos paz com Deus!!

12.2.15.2 E não apenas temos paz com Deus, mas pela fé Nele obtivemos acesso à Sua

graça, na qual estamos firmes. Não nos esqueçamos disso, mesmo em um momento de

provação e incerteza quanto ao futuro, Deus nos traz paz e firmeza.

12.2.15.3 Além de termos paz com Deus e estarmos firmes através de Sua graça, podemos

nos gloriar na esperança de Sua glória. Não depositamos nossa esperança em qualquer um,

mas na glória de Deus (Pai, Filho e Espírito Santo, que compartilham a mesma glória). Será

que conseguimos imaginar isso? Uma vez que nossa esperança está firmada na glória de

Deus, que é infinita e insondável em suas riquezas, o que iremos temer?

12.2.15.4 E assim, com estas verdades firmadas no coração, podemos nos gloriar também

nas tribulações, nos momentos de provação, de grande dificuldade, pois temos paz com

Deus, estamos firmes em Sua graça e depositamos nossa esperança na glória Dele.

12.2.15.5 Aqui começa uma espécie de escalabilidade no crescimento espiritual do cristão:

podemos nos gloriar nas tribulações, pois ela produz perseverança em nós, que evita que

desanimemos "no meio do caminho". E esta perseverança produz em nós um caráter

aprovado. Bem, se é aprovado é porque obviamente ele foi previamente testado. Isto é,

Deus permite as provações para testar o nosso caráter e para o nosso próprio bem, termos

este caráter aprovado por Ele. E enfim, este caráter aprovado produz esperança.

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Page 328: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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12.2.15.6 Essa esperança produzida em nós depois de aprovados pelo teste das provações

jamais nos decepcionará. Por que? Porque é baseada em alguma pessoa qualquer? Em

alguém que pode falhar? Não, essa esperança é baseada no amor incondicional de Deus,

que foi derramando em nós através do Espírito Santo. Se já passamos por decepções em

relacionamentos amorosos e de amizade e sociedade, com certeza, no relacionamento com

Deus isso jamais irá acontecer.

Percebemos que o amor de Deus não foi apenas derramado em nós, mas ele foi

na prática demonstrado, através do sacrifício de Cristo na cruz. É o que a sequência do

texto sagrado nos ensina (Rm 5:6). Em seguida (v. 7), o apóstolo afirmou como é difícil

alguém se sacrificar com a própria vida por alguém, mesmo que seja por uma pessoa justa.

E Cristo, como o v. 6 afirmou, morreu por nós antes que fossemos justificados, tornados

santos, ou seja, ele não morreu por pessoas justas, mas pecadoras e perdidas.

Deus teve a iniciativa em nos reconciliar com Ele, em restaurar o nosso

relacionamento com Ele, quando Cristo morreu em nosso lugar. Se dependesse de nós,

estaríamos para sempre mortos em nossos pecados e separados do Senhor (v. 8).

Esta mensagem é de extrema importância para a sua vida. Se você está

passando por um momento que lhe tirou a paz, lembre-se desta verdade que a Bíblia nos

traz. Não se esqueça que a fé que você tem em Cristo, o Filho, te justificou dos seus

pecados e trouxe paz com Deus e que você pode se gloriar baseado na glória de Deus Pai e

se gloriar nas provações, pois elas te tornarão uma pessoa perseverante, de caráter

aprovado e cheio de esperança no amor perfeito de Deus, que não vai te decepcionar

jamais, pois o amor de Deus foi derramado sobre você pela pessoa do Espírito Santo.

Essa é a obra de Deus, do Deus triúno, não há possibilidade de nos

confundirmos. Vemos as três pessoas da Trindade agindo aqui mais uma vez. Portanto, a

doutrina trinitariana não deseja nos confundir, mas esclarecer sobre a obra de Deus. Afinal,

foi o próprio Filho que afirmou que o Pai merece toda a confiança (Jo 8:26).

12.2.16 (LIÇÃO 15): A doutrina trinitariana nos revela o senso divino de organização

subordinada e a Sua distribuição de tarefas perfeita: Ao mesmo tempo ela nos ensina

a manter as nossas distinções particulares mesmo inseridos em um ambiente ou

organização social que desfruta dos mesmos propósitos e afinidades:

Em outras palavras, mesmo vivendo em família, trabalho, estudos e a igreja,

onde devemos manter a mesma visão e a mesma missão de cada contexto, devemos ser

autênticos e leais à nossa maneira de ser e agir e respeitar as características das demais

pessoas. É assim na Santíssima Trindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo são o mesmo

Deus, desfrutando da mesma essência, inclusive existindo misteriosamente um no outro,

mas sempre mantendo Suas distinções pessoais e respeitando o modo de ser de cada um.

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Page 329: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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E Deus em Suas perfeições é perfeitamente organizado. Mesmo com igualdade

absoluta de essência, na economia trinitariana existem funções pelas quais cada pessoa da

Trindade é responsável e as cumpre ou cumprirá cabalmente. E mais, nessa organização

trinitária, o Filho e o Espírito Santo respeitam integralmente a subordinação funcional (e não

na essência) existente em relação ao Pai. Assim deve ser em nossos relacionamentos.

Deus colocou em nossas vidas pessoas para nos guiar, comandar e ensinar que devem ser

obedecidas e honradas (Rm 13:1-5; 1Tm 2:1-2; Tt 2:9-10; 3:1-2; Hb 13:17; 1Pe 3:11-19).

E da mesma forma como na organização divina na mesma essência existe

unidade e idêntica importância, assim deve ser na igreja. Muitas pessoas costumam dividir a

igreja em diversas categorias, como se alguns fossem melhores do que os outros,

dependendo, por exemplo, do tempo de vida cristã, cargo ou ministério, sexo, cor ou

posição social. Contudo, a Palavra de Deus ensina que não se deve pensar desta forma:

12.2.16.1: Todos nós dependemos de Deus para atuar em Sua obra (Jo 3:27; 15:5-17; Ef

2:12-13);

12.2.16.2: Todos somos pecadores, estamos sujeitos à falhas e precisamos da graça de

Deus (Rm 3:23; 5:12; 7:19; 1Co 10:12-13; 1Jo 2:1-20);

12.2.16.3: Não existe um irmão mais importante que o outro na igreja (1Co 1:10-13; 3:1-9;

12:12-31; Tg 4:11-12);

12.2.16.4: Todos pertencemos a Deus (Is 64:8; 29:13-16; Rm 9:19-24; 1Co 3:21-23); e

12.2.16.5: Fazemos todos parte do Corpo de Cristo (Rm 12:3-8; 1Co 12:12-14,27; Ef 4:4-6),

a família da fé, e se fazemos algo bom ou ruim, é Deus quem nos julgará (Rm 14:10-12) e

nos recompensará (Gl 6:7-10; Cl 3:23-25).

12.2.17 (LIÇÃO 16): A doutrina trinitariana nos ensina que Deus é sempre 100% em

todos os Seus atributos, seja o Pai, o Filho ou o Espírito Santo:

Todos nós sabemos e reconhecemos que Deus é perfeito. Ele é perfeito, pois é

imutável, ou é imutável, pois é perfeito (Sl 102:27; Ml 3:6; Hb 13:8; Tg 1:17). Bem,

independente da ordem como interagem os atributos de Deus, sabemos que algo ou alguém

que não muda jamais é devido ao fato de que não precisa mudar na verdade, e toda

mudança ou é para melhor ou para pior, mas Deus não precisa melhorar e também jamais

vai piorar, por isso Ele é perfeito, porque Ele é imutável, o que podemos chamar de uma

perfeita imutabilidade ou uma perfeição imutável.

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Page 330: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Ademais, o que Deus é, Ele sempre foi e sempre será. Em nenhum momento do

tempo houve algum tipo de alteração na natureza triúna ou nos atributos dEle e nem haverá.

Deus não precisa de nada e de ninguém, mesmo que ame imensamente e

infinitamente a Sua criação, primordialmente os seres humanos, mas Ele é auto-suficiente,

auto-existente, Ele se satisfaz a si mesmo, pois é tri-pessoal. Deus é perfeito, pois todos os

Seus atributos são bons, perfeitos na totalidade, eles são 100%, totalmente perfeitos, isto é,

se sabemos que Ele é santo, justo, bondoso, misericordioso, eterno, insondável, fiel, eterno,

infinitto, etc., Ele é tudo isso em Sua máxima capacidade.

Da mesma forma, podemos imaginar inúmeras situações hipotéticas em relação

aos atributos divinos. Ele é 100% onisciente (redundância), sabe de todo o bem e de todo o

mal que acontece e exatamente onde e com quem acontece, pois é 100% onipresente

(redundância). Ele é 100% bondoso, pratica apenas o bem e odeia o mal, não está

envolvido com o mal, pois é 100% santo e puro. Ele é 100% poderoso, pode fazer qualquer

coisa, inclusive evitar e derrotar todo o mal, quando Ele quiser e da maneira que Ele

quiser, pois Ele é 100% soberano. Ele é 100% misericordioso e derrama esta misericórdia

diariamente sobre todos, mas se Ele ainda não derrotou todo o mal, mesmo assim esse fato

o mantém 100% justo. Ele é 100% verdadeiro, autêntico, só profere palavras e promessas

verdadeiras que se cumprirão na íntegra, cedo ou tarde, pois Ele é 100% fiel. Ele é 100%

infinito (redundância), não possue começo e nem fim em relação ao espaço e ao tempo,

pois é 100% eterno. Ele é, portanto, perfeito, jamais mudará nem para melhor nem para pior

em Sua essência ou em Seu caráter, pois é 100% imutável.

Se Deus fosse mutável, Ele não seria perfeito e deixaria de ser Deus, Ele

poderia ser onisciente (saber 100% sobre tudo), mas não ser totalmente presente, Ele

saberia de tudo o que acontece, mas não saberia a localização correta. Deus é 100%

bondoso, mas se Ele fosse 90% fiel, Ele não seria perfeito, Ele entraria em contradição e

deixaria de ser Deus, pois Deus é perfeito. Como Ele manteria o tempo todo a Sua bondade,

se em alguns momentos Ele deixasse de ser fiel? Se Ele fosse 50% justo, como Ele poderia

retribuir e vingar todo o mal que acontece na Terra no momento oportuno que Ele

determinou em Sua soberania 100% e que certamente ocorrerá, pois Ele é 100% poderoso?

Parece que a justiça neste nosso mundo cruel não está sendo executada?

Realmente é uma situação desanimadora se pensarmos apenas nesta vida. Mas,

aguardemos confiantemente, pois Deus é 100% onisciente, sabe de tudo o que está

acontecendo. Ele é 100% justo e julgará cada atitude boa ou má que cada ser

humano tomar ainda em vida. E Ele é 100% eterno, mesmo que dure muitos e muitos anos

para que a justiça seja feita, ela certamente será feita, pois tudo pode passar neste mundo,

mas as promessas e as palavras de Deus jamais passarão, pois Ele vive eternamente.

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Page 331: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Qual a conclusão de tudo isso? Paz e segurança para vivermos, pois Ele é todo-

poderoso, mas Ele jamais irá contrariar Sua justiça, Sua fidelidade, Sua soberania, etc. Ele

poderia nos dar algo que para nós é impossível, sim, mas será que, dependendo da

situação, Ele estaria sendo realmente 100% justo e 100% fiel ou amoroso? Pois, muitas

vezes suplicamos a Ele coisas que podem fazer mal para nós ou para esbanjarmos em

nossos próprios prazeres egoístas.

Ele é 100% amoroso e permite provas difíceis em nossas vidas para nos

aperfeiçoarmos e nos disciplinar como Seus filhos, mas em Sua misericórdia 100%, Ele

envia juntamente com as provas, as forças suficientes para podermos vencer a provação e

em Sua soberania 100%, faz isso como e quando quiser, e em Seu 100% poder, não há

qualquer probabilidade que essa vitória não ocorra, independente do grau de dificuldade que

possamos estar vivenciando. Sem mencionar o auxílio do Espírito Santo, Deus Consolador.

Mas, se passamos por tantos problemas, Ele, o Pai, deixou de ser amoroso,

bondoso ou misericordioso? Não. Nenhum porcento. Então, Ele não tem capacidade de

mudar a situação? Ele deixou de ser poderoso, foi isso? Não. Nenhum porcento. Então, Ele

não podia prever o que ia acontecer conosco e evitar toda essa adversidade? Ele deixou de

ser onisciente, então? Não. Nenhum porcento.

No início do estudo asseveramos que devemos reconhecer a Deus da forma que

Ele é, ou seja, 100% perfeito, no intuito de tentarmos pelo menos nos assemelhar um pouco

com Ele, pois, certamente nós não somos 100% em nada de bom. Não somos 100%

bondosos, não somos 100% justos, não somos 100% amorosos e nem 100% santos ou

qualquer outro atributo bom, ninguém é perfeito e imutável. Sempre precisamos mudar para

melhor e muitos mudam para pior. Se fôssemos, por exemplo, na mais otimista das

hipóteses 70% bondosos, realizando caridade e mantendo excelentes relacionamentos com

família e amigos, muitas vezes acabaríamos não sendo nem 50% justos com algum ou

alguns deles, pois somos falhos. Não conseguimos ser nem 80% verdadeiros e sermos 80%

fieis ao mesmo tempo.

Mas como medir a porcentagem de nossa bondade, fidelidade ou santidade, por

exemplo? Quem determina e mede tudo isso? Deus sabe exatamente a quantidade de

bondade que realizamos ou não, mas apenas pessoas 100% santas poderiam viver com Ele

no Paraíso, na eternidade, pois o mal (nenhum porcento) pode coexistir, habitar com Deus.

Por tudo isso, a nossa capacidade vem de Deus, carecemos todos da glória de Deus,

compartilhada igualmente pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo. Por isso, Cristo, Deus

na pessoa do Filho, veio ao mundo para nos salvar, nos JUSTIFICAR diante do Pai, pois

não somos 100% justos e santos por nós mesmos, mas o sacrifício de Cristo nos justificou,

nos tornou 100% justificados diante do Pai (em relação a nossa natureza pecaminosa que

nos levaria para o inferno), pois toda a nossa injustiça, nossa infidelidade, nossa mentira,

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Page 332: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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enfim, todos os nossos pecados foram imputados na Pessoa do Salvador (o que nos

garantiu a herança no Céu, a vida eterna). Por isso temos paz e reconciliação com Deus

Pai, mas continuamos sendo falhos e pecadores imperfeitos, e nos tornaremos 100% santos

quando chegarmos ao Céu, onde não há imperfeições, problemas ou tristeza.

Supliquemos a Deus, portanto a Sua ajuda para que nos assemelhemos a cada

dia mais com Seu Filho Jesus, nosso Senhor. Uma tarefa difícil, um patamar e um nivel de

santidade a ser alcançado com muito esforço, mas foi para isso que Ele nos escolheu e nos

chamou.

12.2.18 (LIÇÃO 17): A doutrina trinitariana nos ensina que Deus sempre possui a

iniciativa exemplar:

Ele nunca exige de nós algum comportamento que não tenha desde sempre.

Devemos nos amar, porque Ele nos amou primeiro e é amor desde a eternidade (Rm 5:8;

1Jo 4:19,21), porque Ele expressa amor em Suas relações interpessoais dentro do Seu Ser.

Devemos ser santos porque Ele é e sempre será santo (1Pe 1:15). Devemos ser

humildes porque existe humildade em Seu Ser (Jo 13:13-17; Fp 2:5-11). Devemos ser

obedientes porque Cristo foi obediente até a morte (Fp 2:8). Devemos perdoar as pessoas

porque Deus nos perdoou (Cl 3:13). Devemos entender a situação que alguém esteja

passando como se fosse conosco (empatia) porque Deus fez isso conosco, encarnando e

morrendo na cruz para nos salvar (1Pe 3:18; comparem com Rm 15:1-7). Devemos seguir o

exemplo do Criador. Devemos primeiramente dar o exemplo antes de exigir alguma coisa de

alguém.

E mais, Deus jamais permite alguma dificuldade em nossas vidas sem que

providencie os meios necessários para lidarmos com a situação e vencermos (1Co 10:12-

13). Assim, também deve ser o nosso procedimento. Não devemos exigir alguma coisa de

alguém que vá além das forças desta pessoa ou que pelo menos não tenhamos

providenciado recursos para ela executar esta determinada tarefa.

Até que ponto temos a iniciativa humilde de amar, perdoar e amparar alguém

sem esperar algo em troca? Aplicando essas verdades ao contexto da vida conjugal, por

exemplo, podemos observar que para a nossa sociedade mundanizada é fácil organizar a

cerimônia de casamento e a festa, o complicado é se manter íntegro, altruísta e fiel o tempo

todo. Para muitos, deveriam permanecer nos votos apenas as expressões "na alegria", "na

riqueza" e "na saúde", já as expressões "na tristeza" e "na doença" deveriam ser banidas.

Assim fica muito fácil amar, não é mesmo?

Mas, muitos provam o seu grande amor abnegado pelo cônjuge em situações de

extrema dificuldade na área financeira ou no momento de uma provação na área da saúde.

Neste momento, verificamos quem ama realmente.

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Page 333: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Dizer "eu te amo" apenas na alegria, na riqueza e na saúde é fácil. E quando

uma crise financeira, o desemprego, uma doença grave ou uma crise de

relacionamento atinge o lar, nesses momentos, tendo que perdoar o cônjuge na hora que

ele(a) mais precisa ser amado e perdoado, continuar sendo fiel a ele(a) independente do

seu estado de saúde física, mental e espiritual, independente se não sabemos se teremos

condições de pagar o pão e o leite no outro dia, verdadeiros maridos e esposas se levantam

e dizem: “Mesmo com tudo que estamos passando, não importa o tempo que irá durar,

estarei sempre ao seu lado, eu continuarei te amando, Deus proverá todas as coisas, não

iremos desistir, nós vamos sair juntos dessa situação".

Essas sim, são atitudes espelhadas no comportamento divino, na obra do Deus

triúno em nos amar primeiro, nos perdoar, de ser humilde mesmo sendo Deus e de jamais

nos abandonar, mesmo que sejamos permanentemente falhos.

Mas, uma parcela significativa da nossa sociedade está impregnada de egoísmo,

só pensa em seus planos e projetos individualistas, não para com sua agenda corrida para

olhar o que o cônjuge realmente precisa, como ele ou ela quer que as coisas sejam

realizadas no casamento. Geralmente queremos amar (quando amamos) do nosso jeito,

mas devemos pensar se o nosso cônjuge se sente amado(a) do jeito que ele(a) deseja ser

amado(a). Casamento é entrega, é devoção, é dedicação, compreensão, perdão, é

altruísmo, não é só sentimento, é questão de decidir amar e se entregar, assim como Cristo,

o Filho, se entregou por todos aqueles que o Pai elegeu para a salvação.

12.2.19 (LIÇÃO 18): A doutrina trinitariana nos ensina que o nosso aprendizado deve

ser constante, buscando atingir um patamar de conhecimento e maturidade cristã

cada vez mais elevado:

Na progressividade da revelação divina para a humanidade encontrada na

Bíblia, observamos que Deus paulatinamente se revelou. Encontramos traços e sinais da

existência tri-pessoal de Deus no início da Biblia e depois encontramos sinais claros da

atuação das três pessoas da Divindade, mas com o Filho ainda pré-encarnado, até que por

fim, encontramos claramente a distinção de Pai, Filho e Espírito Santo. Da mesma forma, a

nossa vida espiritual deve estar sempre em crescimento constante, buscando cada vez mais

o conhecimento de Deus e de Sua Palavra, nos alimentando das verdades e ensinamentos

que ela expressa. É o mesmo que ocorre com a nossa vida material ou física. Precisamos

do alimento material para o nosso crescimento, não só físico, mas intelectual também.

Desde que conhecemos o evangelho de Cristo e o recebemos em nosso coração, iniciamos

o processo de crescimento ou amadurecimento espiritual. Essa é uma verdade tanto para

aqueles que se converteram depois de adultos ou mesmo para aqueles que sempre foram

de um lar cristão.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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No capítulo 5 da epístola aos Hebreus, o seu autor fez uma severa exortação

aos cristãos que, apesar de um significante tempo de carreira cristã, estavam agindo como

crianças espirituais, pois recebiam os ensinamentos bíblicos com muita dificuldade (vv. 11-

14; comparem com Rm 2:18; 1Co 3:1-4; Fp 1:10; 1Pe 2:1-2).

O Senhor Jesus Cristo disse que devemos receber os Seus mandamentos com

a humildade e a pureza peculiares a uma criança, pois do contrário, jamais poderemos

entrar no Reino de Deus (Mt 18:3-4). Recebendo o evangelho dessa forma, devemos buscar

os ensinos de Cristo como sendo o nosso “leite espiritual”, semelhantemente como uma

criança faz com o leite material (1Pe 2:1-2). Todos aqueles que recebem os ensinamentos

do Mestre e os praticam, se manterão firmes mesmo diante das adversidades da vida (Mt

7:24-27). Essa atitude certamente é uma demonstração de maturidade cristã.

O apóstolo Paulo mencionou a importância que a Palavra de Deus possuía no

crescimento espiritual de Timóteo (2Tm 3:14-15; comparem com 2Tm 1:5; 1Tm 4:6). Paulo

também transmitiu aos cristãos de Corinto importantes conceitos sobre o crescimento

espiritual que devemos almejar (1Co 2:14-16). O homem natural a quem Paulo se referiu

nesta passagem aos coríntios é uma pessoa não salva.

Em Judas 19, a mesma palavra é usada e traduzida por “sensual” e indica uma

pessoa que não possui o Espírito (Rm 8:9). Já o homem espiritual é o cristão maduro,

guiado e ensinado pelo Espírito, que julga todas as coisas, ou seja, possui discernimento

para avaliá-las e entendê-las (Gl 6:1). Ele, porém, não pode ser julgado, isto é, avaliado ou

entendido adequadamente pelo descrente (o homem natural) e nem pelo cristão cuja

mentalidade é carnal. Logo a seguir, porém, o apóstolo lamenta não ter podido ensinar aos

coríntios, pois eles eram cristãos imaturos ainda, eram como “bebês espirituais”

necessitando de “leite” (1Co 3:1-3). Conforme esta passagem, alguns cristãos se

comportam como crianças, impelidos muitas vezes por sentimentos de ciúmes e inveja. Isso

demonstra pouco crescimento na Palavra de Deus.

É importante lembrarmos também a exortação de Paulo quanto aos “ventos de

doutrina” que podem nos induzir ao erro (Ef 4:13-14; cf. 2Pe 3:17-18). Notem a importância

do crescimento espiritual até a unidade da nossa fé cristã e total conhecimento de Cristo, o

que demonstrará maturidade, para que não mais caiamos no erro de nos deixar influenciar

por astutos ensinamentos pecaminosos que muitas pessoas pregam.

Na Igreja do primeiro século temos um bom exemplo de cristãos que

examinavam as Escrituras para saber se realmente a pregação do evangelho estava

correta. Eram os cristãos de Beréia (At 17:11). Devemos examinar tudo, saber discernir e

aprovar apenas aquilo que é bom (Rm 16:19; Fp 1:10; 1Ts 5:21; Tt 2:6). É necessário tomar

muito cuidado com o que lemos, assistimos, ouvimos e cantamos!

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Existem algumas denominações consideradas evangélicas que, voluntariamente

ou não, podem estar divulgando doutrinas equivocadas, em discordância com as Escrituras

Sagradas e levando uma parcela considerável de irmãos em Cristo a uma vida religiosa de

ilusões.

A Bíblia é uma fonte inesgotável de conhecimento e verdade e mesmo com

décadas de estudos não conseguimos assimilar todas as lições de vida que ela pode nos

passar. Há sempre mais a aprender com ela.

Mas, algumas verdades bíblicas são básicas, como o amor incondicional de

Deus, o pecado, a salvação pela fé, a vida eterna, entre tantas outras, e, devem estar

firmadas no coração de cada discípulo de Jesus, tanto para edificação própria, como para a

edificação da Igreja e para o testemunho adequado àqueles que não conhecem o evangelho

(Cl 4:5-6; 2Tm 3:16; 1Pe 3:15).

12.2.20 (LIÇÃO 19): A doutrina trinitariana infunde em nós um sentimento de gratidão

espontâneo e irresistível diante da obra do Deus triúno em nossa vida:

Sem sombra de dúvida um dos comportamentos humanos que mais agrada a

Deus e ao mesmo tempo fazem bem ao nosso espírito é o da GRATIDÃO ESPONTÂNEA

(Sl 50:14,23; 52:17; 54:6; 69:30-31a; 92:1; Cl 2:6-7; 4:2). Cristo era grato ao Pai (Jo 11:41).

Quais seriam alguns motivos para agradecermos? Todos nós conhecemos estes

motivos, mas, talvez, nem sempre lembramos de agradecer. Aliás, aparentemente a Igreja

de Cristo está cada vez mais ingrata com o seu Senhor e Mestre e cada vez mais "pedinte".

Na maioria das vezes pedimos (e às vezes exigimos) e muito pouco agradecemos.

Os motivos de gratidão, portanto, seriam o dom da vida, a saúde, o alimento

diário, o vestuário, a família, os irmãos, o trabalho, os bens materiais, tudo o que o Pai

Celete nos concede todos os dias, bem como a vida eterna em Cristo, Seu Filho, através de

Sua morte sacrificial e ressurreição gloriosa e inclusive os dons naturais e espirituais que

Ele, o Espírito Santo nos concedeu, etc.

Todas estas bênçãos são maravilhas que o Deus triúno nos concedeu de

maneira misericordiosa e não porque Ele nos é obrigado a concedê-las. Ademais, não

devemos agradecer apenas quando Deus age de modo sobrenatural com um milagre, uma

cura, etc., mas com estes elementos "simples", "naturais" do nosso cotidiano.

O livro dos salmos está inteiramente permeado por lições de gratidão (vejam, por

exemplo: Sl 9:1-2; comparem com Sl 66:5; 100:4; Sl 11:6; 26:6-7; comparem com Sl 69:30-

31; 75:1; 95:2; Sl 28:6-7; 30:11-12; Sl 40:5; comparem com Sl 105:1; 106:1-2; Sl 56:12;

comparem com Sl 116:17-18; 107:1,8-9; comparem com vv. 21-22; 108:3; 111:1; 116:1;

118:29; 136:1-5, 25-26; 145:10; Sl 118:21).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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O apóstolo Paulo ensinou que a gratidão ou ações de graça é um dos elementos

da receita para sermos cheios do Espírito Santo, sendo gratos a Deus Pai em nome de

Jesus, o Filho (Ef 5:18-20). O princípio da gratidão foi aqui ensinado juntamente com a

sinceridade e a perseverança, pois o apóstolo ensinou a louvarmos de coração ao Senhor,

agradecendo constantemente por todas as coisas.

O ensino foi para agradecermos por todas as coisas e não apenas por algumas,

inclusive por aquelas situações que não nos agradem. Esse ensino é de difícil assimilação e

prática, pois geralmente agradecemos apenas quando tudo está indo bem na nossa vida.

Paulo também ensinou que a gratidão faz parte de mais uma receita, dentro do

propósito de Deus para a oração, que é justamente para lidarmos com a ansiedade e para

termos a paz de Deus Pai em nosso coração, tendo nossa mente protegida por Cristo, o

Filho (Fp 4:6-7). A gratidão pode ser expressada ao Pai Celeste, não apenas através da

música, mas deve estar presente em todas as nossas atitudes, em nome de Jesus, e em

todas as circustâncias, sejam boas ou más (Cl 3:16-17; comparem com o Cl 4:2; (1Ts 5:18).

Paulo também ensinou que a gratidão a Deus faz parte de um propósito divino

de salvação que possue alcance social, ou seja, devemos agradecer a Deus por todas as

pessoas que nos cercam e, inclusive, por aquelas que possuem alguma influência e

autoridade sobre nós, sejam os governantes ou autoridades constituídas, para que

tenhamos uma vida tranquila, pacífica, piedosa e digna. E isso é bom e agrada a Deus (1Tm

2:1-4). A gratidão a Deus deve abranger tudo aquilo que Ele criou. Devemos receber com

gratidão em nossa vida tudo aquilo que Deus criou, sejam os alimentos, seja o casamento (a

família), a natureza, a música, etc. (1Tm 4:1-5).

Quantos exemplos de gratidão podemos extrair da Escritura Sagrada não é

mesmo? Mas o apóstolo também exortou a estarmos atentos, pois nos últimos tempos as

pessoas se tornariam ingratas (2Tm 3:2). Que não sejamos ingratos para com o nosso Deus

e nem para com nenhuma pessoa (Sl 103:2).

Que Deus nos abençoe com um coração sempre grato, para agradarmos ao

Senhor Deus e Pai, em nome de Jesus, termos um espírito livre de preocupações e sermos

cheios do Espírito Santo e termos uma vida tranquila, pacífica, piedosa e digna. Amém.

12.2.21 (LIÇÃO 20): A doutrina trinitariana nos ensina que não há nada melhor do que

estar com o Deus triúno, de desfrutar de Sua excelsa presença:

Estamos vivendo uma época na Igreja na qual muitos de nós estão,

acertadamente, buscando o melhor de Deus para as suas vidas. Mas, infelizmente muitos

cristãos estão indo à igreja pensando que ela é algum tipo de supermercado ou um

shopping center, onde as pessoas vão apenas buscar bênçãos, presentes de Deus.

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Não há nada de errado em buscar uma vida melhor, buscar as bênçãos de

Deus, em buscar o melhor de Deus, pois realmente Deus tem o melhor para nós, Ele jamais

imagina algo ruim para os seus filhos, Ele só quer o melhor, Ele quer que melhoremos a

cada dia, Ele nos ama com amor incondicional e infinito, que o fez morrer, na pessoa do

Filho, numa cruz em nosso lugar, quando ainda estávamos perdidos.

Quando você afirma que o melhor de Deus ainda virá em sua vida, o que você

está esperando? Um novo emprego? A cura sua ou de algum ente querido? O fim de uma

crise financeira? Um filho que você e seu cônjuge tanto anseiam e ainda não tiveram? A

conversão de alguém muito querido? A aprovação em um vestibular ou concurso? Amém

por tudo isso, Deus se interessa em nos abençoar, inclusive com milagres e quer que nos

aperfeiçoemos e melhoremos de vida.

Nós apenas gostaríamos de refletir rapidamente sobre um aspecto desta busca

pelo melhor de Deus que ainda não tínhamos parado para ponderar: Você já parou para

pensar que o melhor de Deus também pode incluir a provação? É isso mesmo. Você já

imaginou que as bênçãos de Deus para nós, para que nós melhoremos de vida, podem

incluir uma dose significativa de sofrimento? Não é fácil pensar assim, não é mesmo? Pois

uma parcela não muito pequena da igreja evangélica atualmente não quer nem mencionar a

palavra "sofrimento", parece que ela foi banida do nosso vocabulário "evangeliquês".

É bastante salutar ressaltar que quando afirmamos "o melhor de Deus", não

estamos afirmando "o melhor que Deus pode fazer", pois Ele pode fazer infinitamente mais

do que pedimos ou pensamos, mas estamos afirmando "o melhor que Deus, em Sua eterna

bondade e soberana vontade, preparou para a minha vida".

Mas, o mesmo Deus, na Pessoa do Filho, que se encarnou, que nos salvou para

uma vida eterna sem dor e tristeza, que nos selou com o Espírito Santo da promessa, que

nos garante uma herança infinitamente rica no Paraíso, que nos deseja uma vida em

abundância, que permite que andemos em novidade de vida, de glória em glória, que deseja

que a nossa alegria Nele seja completa, esse mesmo Deus, o nosso Deus, em Sua rica,

perfeita, agradável, boa e soberana vontade, para cumprir os Seus bons propósitos para

nós, pode permitir que passemos por pequenas e grandes lutas, momentos muitas vezes de

intenso sofrimento, mas nunca maior do que as nossas forças, sempre providenciando as

forças para que o suportemos, nos dando o escape, o consolo necessário, a direção a

seguir, sempre visando o nosso bem, fazendo com que tudo contribua para o nosso bem,

para a nossa disciplina e aperfeiçoamento, para que tenhamos um caráter um pouco mais

parecido com o Dele a cada dia, para que participemos de Sua santidade. Este mesmo

Deus, na Pessoa de Cristo Jesus, garantiu que neste mundo teríamos aflições, mas também

disse para termos ânimo, pois Ele venceu este mundo.

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Não esqueça meu irmão e minha irmã, portanto, que o melhor de Deus deve ser

buscado, mas que nós, seres humanos falhos e pecadores, na imensa maioria das vezes,

só conseguimos aprender realmente na vida e crescer emocional e espiritualmente quando

estamos passando por alguma dificuldade. Geralmente quando está tudo bem, temos a

tendência de não querermos ouvir a voz de Deus a nos ensinar. Ele portanto, nos

contemplando por detrás das "cortinas da eternidade", permite a tribulação, para o nosso

bem, visando o nosso bem estar no futuro. A bonança, muitas vezes, nos deixa "surdos

espirituais" e, então, Deus passa a "gritar" conosco através das dificuldades para podermos

ouví-Lo (não que Ele precise disso, mas nós precisamos).

O momento de provação é uma oportunidade única não apenas para

demonstrarmos quem somos e a nossa fé, mas de aprender ricos ensinamentos, por mais

difícil que seja. Como disse sabiamente o Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu programa

televisivo: "O sofrimento não deve ser o seu carrasco, mas o seu pedagogo".

Estamos, então, preparados para o melhor de Deus? Todos nós sabemos que,

na verdade, o melhor de Deus não são as bênçãos que Ele venha nos dar, as curas, os

milagres, a saúde, os bens materiais, e nem mesmo o Paraíso, mesmo que tudo isso sejam

bênçãos infinitamente boas e que Ele venha a nos dar.

O melhor de Deus, o melhor presente de Deus para a nossa vida, na verdade, é

Ele mesmo, a Sua santa e augusta presença, Sua companhia na nossa vida. Estar na

presença do Senhor Jesus, sentir essa presença, saber que Ele está bem ao nosso lado, ter

um relacionamento com Ele de louvor, adoração, amizade e devoção, com Aquele que com

tão infinito amor nos salvou e cuida de nós e voltará em glória para nos buscar, é a melhor

coisa que podemos receber nessa vida (Sl 16:2,7-9,11).

Não existe nada melhor do que o próprio Deus, perfeito e totalmente santo, justo,

misericordioso e amoroso, eternamente o mesmo. O melhor de Deus é o próprio Deus

conosco, o Deus Filho, Jesus Cristo, que nos faz estar na presença do Pai Celeste e nos dá

o Seu Espírito Santo quando cremos Nele. Existe algo melhor?

12.2.22 (LIÇÃO 21): A doutrina trinitariana ensina corretamente como orar devido ao

auxílio do Espírito Santo, o Deus que habita em nós:

“Senhor, ensina-nos a orar...” (Lc 11:1). Foi o próprio Deus, na Pessoa do

Espírito Santo que inspirou todos os verículos que veremos e, como já vimos, é o Deus

Espírito Santo que nos auxilia a orar ao Deus Pai conforme a vontade Dele e aprendemos

que a vontade de Deus é soberana e nossas orações devem ir de encontro com ela, que

não adiante determinar mas suplicar e se o Espírito e Cristo intercedem por nós, devemos

interceder uns pelos outros.

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Como devemos orar pelos nossos planos? Muitas pessoas diante de seus

planejamentos frustrados se deixam levar por questionamentos como: “Para que orar, se

Deus nunca responde as minhas orações? Eu planejo várias coisas, mas nenhuma dá

certo!!”. Será que estamos pedindo corretamente a Deus? Será que conhecemos o

propósito de Deus para a oração? Precisamos ter em mente que a oração é o meio pelo

qual nos aproximamos de Deus, para adorar, suplicar, interceder, agradecer, enfim,

estarmos principalmente em comunhão com Ele. A principal bênção da oração é estar em

intimidade com Deus e Sua vontade. Ele quer ter um relacionamento conosco.

Um dos propósitos principais do sacrifício de Cristo por nós na cruz foi o de

deixar livre o caminho entre nós pecadores (agora sendo santificados diariamente) e o

nosso Pai celestial, eternamente, totalmente santo (Ef 2:18; cf. Hb 4:14-16). O próprio

Jesus, na tão querida oração do “Pai nosso” nos ensina a colocar a vontade do Pai acima da

nossa, em submissão e adoração (Mt 6:9-13). Nossos planos devem estar submissos ao

eterno plano de Deus. Muitos deles não dão certo, pois não procuramos saber antes qual é

a vontade dEle para nós. O apóstolo João enfatizou essa verdade em uma de suas

epístolas (1Jo 5:14-15). As nossas petições serão atendidas se estiverem de acordo com a

vontade dEle. É Ele quem efetua em nós tanto o desejar como o realizar, segundo a Sua

vontade (Fp 2:13).

Quantas vezes realizamos planos sem antes questionar se estão dentro da

vontade de Deus? Na epístola de Tiago temos uma severa exortação a quem não planeja

sua vida de acordo com o querer de Deus (Tg 4:13-16). Mesmo que nossos planos, projetos

e intenções sejam bons, muitas vezes Deus tem um outro plano para aquele momento ou

circunstância (Pv 16:9; cf. Pv 5:21; 16:1; 19:21; Jó 22:23-28).

Paulo pediu a Deus três vezes para que fosse afastado dele o chamado “espinho

na carne”, talvez um problema físico permitido por Deus, que o apóstolo recebeu para não

se ensoberbecer após o seu arrebatamento ao Céu e as visões que teve (2Co 12:1-8).

Paulo, entretanto, não foi atendido, mas relatou o que ouviu do próprio Deus: “Então ele me

disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Co 12:9a). E,

então, concluiu com humildade e reverência: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas

fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2Co 12:9b; cf. v. 10).

Outras vezes pensamos que estamos confiando, mas na verdade ficamos

cobrando de Deus respostas imediatas e murmurando (Is 45:8-12), pois às vezes Deus

parece demorar em responder (Sl 77:5-13; Ec 7:10; Lc 18:7). Muitas outras vezes não

recebemos nada, pois, não aprendemos a orar corretamente ainda ou pedimos algo a Deus

que está em desacordo com ensinos de Sua Palavra. Tiago nos adverte que não devemos

pedir algo para esbanjar em nossos próprios prazeres (Tg 4:3). Na história de Josué, temos

um episódio que demonstra que quando pedimos a Deus justamente algo que Ele está

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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planejando realizar, milagres acontecem. Josué orou e o Sol parou. Esse milagre durou

quase um dia inteiro (Js 10:12-14). Deus atendeu ao pedido de Josué, pois era de Sua

soberana vontade dar a vitória a Israel naquela batalha e não porque Josué tinha algum

poder em si mesmo (v. 14).

A oração pode apresentar três resultados diferentes. Ao clamarmos a Deus por

Sua intervenção diante de uma situação, se a petição estiver de acordo com Sua vontade,

ou o Senhor nos atenderá (Js 10:12-14; 2Cr 1:7-12) ou fará que aguardemos um tempo (Lc

18:7; Jo 11:1-44). Se o pedido for contrário a Sua vontade, Ele mostrará que devemos

mudar as nossas intenções (Jo 16:8; Rm 8:26; 2Co 12:1-10).Portanto, como podemos

aprender a orar adequadamente? Com o auxílio do Espírito Santo. É Ele quem nos ensina a

orar (Rm 8:26; Jo 14:26) e intercede por nós naquilo que está de acordo com a vontade de

Deus (Rm 8:27; Sl 143:10). Devemos buscar a vontade de Deus antes de planejar algo para

nós, pois a instrução adequada para os nossos caminhos só pode vir dEle, de acordo com

os seus eternos propósitos para nós (Sl 25:12; 32:8; 33:11; 57:2; 86:11; 90:12,17; 92:5; Is

48:17). Deus tem um plano eterno para a oração. Ela pode ser utilizada dentro da vontade

soberana de Deus com muitas finalidades. Portanto, oremos intensamente pelos nossos

planos , mas não nos esqueçamos de planejar com a orientação do Senhor (Pv 3:5-7; 5:21;

16:1-4,9,33; 19:20-21; 20:18a,24; 21:2,5,30; 27:1).

Devemos adimitir, como o profeta Jeremias, que o nosso futuro está nas mãos

de Deus e não em nossas próprias mãos (Jr 10:23). Mas, muitos na Igreja acreditam que é

possível determinar os acontecimentos em nossas orações. Vejamos a questão:

Em João 14:11-14, Cristo afirmou que se crermos nEle, faremos grandes coisas

(v. 12) e se pedirmos algo em Seu nome, o pedido será atendido com o propósito de Deus

ser glorificado em Seu Filho, ou seja, no próprio Jesus Cristo: “E tudo quanto pedirdes em

meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma

cousa em meu nome, eu o farei" (vv. 13-14). Essa afirmação do Senhor, todavia, não pode

ser considerada apenas como se fosse uma fórmula mágica para inserirmos o Seu Santo

Nome no fim de nossas orações. Apenas usar esta expressão não é garantia de que tudo o

que pedimos nos será concedido.

O que Cristo ensinou é que, devido ao fato de que Ele voltaria para o Céu, junto

do Pai (v. 12), os discípulos permaneceriam na Terra dando continuidade na obra da Igreja

e orariam pelas mesmas coisas que Cristo desejaria ver realizadas aqui se Ele estivesse

pessoalmente entre eles. Seria como se os apóstolos tivessem recebido uma procuração de

Jesus autorizando a eles pedirem a Deus em favor de Seu Reino na Terra. Antes de subir

ao Céu, portanto, Cristo mostrou que a vontade de Deus está acima da nossa. Em Sua

maravilhosa oração sacerdotal registrada no capítulo 17 do evangelho de João, podemos

observar a intimidade e o respeito mútuo que existe entre Deus Pai e Deus Filho.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Jesus, mesmo com Seus atributos divinos, em nenhum momento de Sua oração

demonstrou arrogância e pretensão. Muito pelo contrário, Ele disse: “Não peço que os tires

do mundo; e, sim, que os guardes do mal” (v. 15); e “Não rogo somente por estes...” (v. 20).

Ele não deu ordens ao Pai, Ele pediu, Ele rogou (comparem com Lc 22:39-46). Muitos de

nós em nossas orações acreditamos que podemos determinar o que Deus deve fazer ou

não. Muitas pessoas acreditam que se elas determinarem um acontecimento aqui na Terra,

Deus, no Céu, confirmará o desejo delas.

Há alguns anos atrás (e acreditamos que até hoje), por exemplo, muitos

evangélicos oravam assim: “Senhor, nós ligamos aqui na Terra que os milagres irão

acontecer entre nós, para que isso seja ligado também no Céu. Nós determinamos, então,

que o Senhor vai fazer esses milagres”. Esse é um exemplo de falha na interpretação das

Escrituras, mais precisamente da passagem de Mateus 18:18, que diz: “Em verdade vos

digo que tudo o ligardes na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra

terá sido desligado no céu”. Nos versículos anteriores, Cristo disses: "Se teu irmão pecar

[contra ti], vai argüilo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não

te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou

três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se

recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano.” (Mt 18:15-17).

O que Cristo ensinou aos discípulos é como deve ser realizada a disciplina na

igreja. No caso de um irmão que tiver cometido um erro contra outro irmão, se este irmão

faltoso não possuir disposição para o arrependimento e a reconciliação, mesmo depois de

exortado em particular, por duas ou mais pessoas e mesmo depois de o caso ter sido levado

aos irmãos da igreja, ele deve ser excluído da membresia (vv. 15-17). Cristo, então,

transmitiu aos apóstolos a autoridade de incluir ou excluir pessoas da comunhão da igreja

em nome dEle.

Assim, todos aqueles que os apóstolos incluíssem no rol de membros (“tudo o

que ligardes na terra”), já teria sido antes arrolado no céu (“terá sido ligado no céu”) e todos

aqueles que eles excluíssem da igreja (“tudo o que desligardes na terra”), já teria sido antes

desarrolado no Céu (“terá sido desligado no céu”). Comparem com o que Cristo afirmou a

Pedro (Mt 16:19). Sempre de Deus é que partiria a ação e não dos apóstolos. Em seguida,

Jesus afirmou: “Em verdade também vos digo que, se dois entre vós, sobre a terra,

concordarem a respeito de qualquer cousa que porventura pedirem, ser-lhes-á concedida

por meu Pai que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome,

ali estou no meio deles” (vv. 19-20). Isso está de acordo com a passagem do evangelho de

João que vimos anteriormente: o pedido será concedido, pois será feito em nome de Jesus,

ou seja, estaremos pedindo algo no lugar de Cristo aqui na Terra, em conformidade com a

Sua vontade.

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Alguns segmentos evangélicos dos dias atuais poderiam se lembrar de alguns

preceitos sobre a soberania de Deus (Sl 115:3). Algumas pessoas parecem que por uma

questão de conveniência dão ênfase apenas ao Seu ilimitado poder (Is 43:13; Lc 18:27), se

empenhando em campanhas de cura, prosperidade e milagres, marcando o dia e a hora

exatos quando Deus, dizem, irá operar. Como se fosse uma “soberania agendada” e não

livre.

Aprendamos todos nós com o Mestre Jesus. Nós devemos suplicar, rogar, pedir

a Deus, assumindo a nossa posição de filhos amados, que têm um Pai bondoso e Todo-

Poderoso, mas, que também é Soberano. Sim, Ele opera milagres e traz prosperidade, mas

com quem Ele quer, quando Ele quer e da forma que Ele achar melhor (vejam Rm 15:32a;

1Co 4:19; 16:7).

Mas, vamos enumerar mais alguns equívocos que muitos cometem ao orar. O

sacrifício do Senhor Jesus por nós na cruz nos reconciliou com Deus Pai e, assim, temos

livre acesso a Ele, podendo nos aproximar do Trono da Graça com confiança (2Co 5:14-21;

Hb 4:14-16; 10:19-22). Contudo, por mais sinceras que sejam as nossas orações, podemos

estar involuntariamente equivocados em algumas afirmações ou comportamentos

específicos.

Deus deseja que amadureçamos mais no Seu conhecimento e nos tornemos

mais preparados e habilitados através do conhecimento de Sua Palavra (Os 4:6a; 6:6; Mt

22:29; Jo 17:17; Hb 5:11-14; 2Tm 2:15; 3:16-17). Citaremos alguns equívocos, dentre

outros, com os quais devemos tomar cuidado para não cometermos em nossas orações,

pois, todos nós estamos suscetíveis à falhas (1Co 10:12-13; Gl 6:1-3).

12.2.22.1: A frase, por exemplo: “Perdoa, Senhor, a nossa multidão de pecados”. O cristão

verdadeiro não pode ter uma “multidão” de pecados. Mesmo que o processo de santificação

termine apenas no Céu (Pv 4:18; Fp 3:12-14) e que pelo menos um pecado nós cometamos

(Ec 7:20; Tg 2:8-11), isso não é justificativa para uma vida de pecado constante (1Jo 1:5-10;

2:1-2; 3:4-10; 5:18), mesmo porque o Espírito Santo convence o cristão de seus pecados e

dá discernimento entre o certo e o errado (Jo 16:8-11; 1Jo 2:20,27; 3:19-21).

12.2.22.2: A frase, por exemplo: “Senhor Jesus, querido Pai Celestial...”. Se orarmos desta

forma, estaremos realizando uma confusão teológica. Jesus Cristo é Deus Filho e não Deus

Pai. Apesar do Senhor Jesus ser Deus (Jo 1:1; Cl 1:15; 2:8-9; Fp 2:5-6; Hb 1:1-3) e

podermos seguramente orar a Ele (Mt 18:19-20; At 7:54-56, 59-60; 1Jo 5:13-15), a Bíblia

afirma que Deus Pai e Deus Filho, mesmo tendo a mesma essência divina, a mesma glória,

majestade e poder, são pessoas distintas (Mt 3:17; Mc 1:35; Lc 5:16; 6:12; 9:28; Jo 10:15;

11:41; 14:6; 15:24; 17:17; Ef 1:3,17).

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Page 343: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

343

12.2.22.3: Alguns segmentos religiosos adotam orações repletas de repetições, como, por

exemplo, “Senhor Jesus, Senhor Jesus, Senhor Jesus, abençoa o meu lar, abençoa o meu

lar, abençoa o meu lar, abençoa o meu lar”. O pedido está correto, mas, a questão está

justamente nas vãs repetições. Muitas frases, por exemplo, são repetidas mais de dez

vezes! Muitas delas parecem “mantras” (tipo de rezas realizadas por algumas seitas - cf.

1Rs 18:26). Jesus nos ensinou que não devemos utilizar vãs repetições em nossas orações,

acreditando que, desta forma, seremos ouvidos (Mt 6:7-8). O que Deus quer de nós é que

sejamos perseverantes em oração e não repetitivos na mesma oração (Lc 18:1-7; At 12:5;

Rm 12:12b; Cl 4:2; 1Ts 5:17).

12.2.22.4: A frase, por exemplo: “Satanás, você não tem poder sobre nós, em nome de

Jesus”. Apesar desta oração ser correta e sabermos que o diabo está ao nosso redor (Ef

6:11; 1Pe 5:8), como podemos ter certeza que ele ou algum de seus anjos malignos está

nos ouvindo, justamente naquele lugar e naquele momento? Afinal, só Deus é onipresente,

o diabo e os demônios não (Jó 1:6-8,12; 2:1-3,7; Sl 139:7-12; Tg 4:7). Devemos ter

discernimento espiritual (Ef 6:12; 1Co 12:10; 1Jo 4:1-6). Se realmente existir a presença de

entidades satânicas, devemos, sim, repreendê-las em nome de Jesus, se tivermos uma vida

com Deus de devoção e fé (Mt 17:14-21; At 16:16-18; 19:11-17; Ef 6:10-18; Tg 4:7).

12.2.22.5: Muitos de nós oramos assim: “Senhor, que tu possas nos abençoar”. Contudo,

não devemos nos preocupar se Deus pode fazer algo. A questão é se Deus deseja nos dar

uma determinada bênção. Tudo é possível para Deus (Lc 18:27), Ele é soberano, faz tudo

como Ele deseja (Sl 115:3; Ef 1:11; Fp 2:13) e Todo-Poderoso, o domínio e o poder estão

em Suas mãos (1Cr 29:11-12; Is 43:13; Ap 5:11-13).

12.2.22.6: Algumas pessoas utilizam em suas orações um vocabulário de alto nível, mas,

não estão com sinceridade e pureza diante de Deus, é apenas um exibicionismo. Deus não

se compraz de tais orações (Pv 15:8,29; 16:5; Is 1:11-18; Mt 6:1,5-6). Podemos, sim, orar

com tudo o que já aprendemos, com a nossa inteligência, mas, principalmente com um

coração humilde e quebrantado diante de Deus (2Cr 7:14-15; Sl 51:17; Is 57:15; 1Co 14:15).

Mas, a oração ainda possue o âmbito da intercessão. O patriarca hebreu Abraão

é um dos primeiros exemplos de oração intercessória nas Escrituras, quando ousada e

humildemente arrazoou com Deus sobre a Sua vontade de destruir a cidade de Sodoma (Gn

18:16-33).

Salomão, Samuel, Daniel e Esdras são exemplos de homens de Deus que

intercederam pela nação de Israel (1Sm 12:23; 2Cr 6:1-18; 7:1-15; Dn 9:3-21; Ed 9:5-15;

10:1).

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Page 344: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

344

No Novo Testamento, temos o exemplo do apóstolo Paulo, que pediu a

intercessão dos cristãos de várias igrejas: Aos romanos (Rm 15:30), aos coríntios (2Co

1:11a), aos colossenses (Cl 4:3a; comparem com Fp 1:19; 1Ts 5:25; 2Ts 3:1-2). Em

contrapartida, Paulo expressou inúmeras vezes o seu chamado a interceder: Pelos efésios

(Ef 1:16; cf. 3:13-16) e pelos filipenses (Fp 1:3-4; comparem com Cl 1:3,9; 1Ts 1:2-3; 3:9-10;

2Ts 1:11-12; 2Tm 1:3; Fm 4-6). Depois que o apóstolo descreveu aos efésios a importância

do uso da “armadura” de Deus (Ef 6:13-17), ele exortou para que, juntamente com todas

estas atitudes recomendadas para lutarmos contra as forças das trevas (vv. 11-12),

estivéssemos orando perseverantemente a Deus o tempo todo, através do Espírito Santo,

vigiando e intercedendo por todos os crentes (v. 18).

No capítulo 5 da epístola de Tiago, temos um ensino fundamental sobre a

oração e intercessão entre os irmãos em Cristo (vv. 13-14). Aqui, Tiago exorta a que oremos

pelos enfermos, nos alegremos juntamente com os irmãos que estão alegres, cantando

louvores. Ele afirma também que os líderes da igreja podem orar sobre o enfermo e usar

óleo para ungí-lo em nome do Senhor. Entretanto, não é o óleo que poderá curar este irmão,

mas, sim a oração com fé e a vontade de Deus (v. 15).

Então, se orarmos e o irmão enfermo for curado, os seus pecados também serão

perdoados? Mas, e onde fica o arrependimento e a confissão de pecados? É justamente

esses comportamentos que Tiago está ensinando, para que os pecados sejam perdoados

por Deus (v. 16). A confissão de erros cometidos contra Deus e contra as pessoas é

ensinada como comportamento fundamental para a comunhão eficaz entre o povo de Deus.

A oração de fé tem grande poder, devido ao fato de estar fundamentada nestes

ensinamentos bíblicos.

A intercessão pode abranger não apenas o âmbito da igreja, mas, também a

sociedade. No âmbito social, Paulo trouxe um ensino prático. Em 1º Timóteo 2:1-4, Paulo

exortou que fosse utilizada na igreja a intercessão e gratidão em favor de todas as pessoas,

inclusive autoridades constituídas (vv. 1-2a; cf. Tt 3:1; 1Pe 2:11-17).

Mas, qual é a consequência para as nossas vidas se cultivarmos esse

comportamento? A sequência do texto nos esclarece: “Para que vivamos vida tranqüila e

mansa, com toda piedade e respeito” (v. 2b).

E com qual propósito devemos buscar essa realidade para nós? Para

agradarmos ao nosso Deus (v. 3). Por que Deus estabeleceu estes procedimentos dos

cristãos para com todas as pessoas da sociedade, inclusive as autoridades? Para

testemunhar dEle às pessoas, para que elas alcancem a salvação e o conhecimento da

verdade (v. 4).

Paulo, então, mais adiante, convocou a igreja a cultivar a prática da oração em

todos os lugares, com santidade, sem ira e sem animosidade (1Tm 2:8).

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Page 345: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

345

Portanto, a prática da intercessão e da gratidão a Deus por todos os homens,

inclusive as autoridades, pode nos proporcionar uma vida mansa, piedosa e respeitosa,

sendo agradáveis a Deus, pois com um testemunho de vida santa e pacífica, pessoas

podem vir a conhecê-Lo e serem salvas. Portanto, a oração intercessória é uma ferramenta

vital dentro dos planos de Deus, tanto para a edificação de Sua Igreja, como para a

edificação do Seu Reino aqui na Terra.

O maior exemplo de intercessão vem de Jesus, Deus Filho. Com humildade

diante do Pai, rogou por nós e por aqueles que virão a se converter e se unir a Sua Igreja

através do evangelho (Jo 17:1-26), através do Espírito Santo, o Deus que convence as

pessoas do pecado (Jo 16:7-10), as leva a Verdade, pois é o Espírito da Verdade (Jo 14:16-

17; 15:26; 16:13), testemunha de Cristo e de Seus ensinamentos (Jo 14:26; 15:26), glorifica

a Jesus (Jo 16:13-14) e é por Ele que alguém pode chamar a Cristo de Senhor (1Co 12:3).

12.2.23 (LIÇÃO 22): A doutrina trinitariana ensina que a nossa linguagem e nossas

atitudes devem ser sempre edificantes, verdadeiras e não apegadas ao materialismo:

Assim como vimos até aqui que entre as existências pessois do Deus triúno

existe amor e respeito em submissão funcional e citamos referências nas quais o Pai e o

Filho disseram várias palavras verdadeiras, sábias e edificantes um ao outro, inclusive em

público, assim deve ser com os nossos relacionamentos.

Em relação às palavras sábias e edificantes, sabemos que a Bíblia afirma que

palavras agradáveis têm o poder semelhante ao mel para a nossa alma e são saudáveis ao

nosso corpo, inclusive (Pv 16:24). A Palavra de Deus também afirma que devemos

expressar sabedoria ao falar e ter o discernimento do que é mais agradável ao ouvido das

pessoas (Pv 10:31-32; 15:2,4,26; 22:11; 16:24; Ef 6:19; 1Co 15:33).

O apóstolo Paulo, em conformidade com estes ensinos de Salomão, também

afirmou que as palavras só devem sair de nossa boca se tiverem o intuito de trazer

edificação aos nossos ouvintes, de acordo com a necessidade do momento (Ef 4:29).

Mas, Salomão trouxe outros ensinamentos com respeito ao nosso vocabulário.

Ele afirmou que há um momento determinado para todas as coisas e propósitos (Ec 3:1),

inclusive um momento certo para falar e outro para ficar em silêncio (Ec 3:7). Seus sábios e

inspirados provérbios nos ensinam que devemos moderar os lábios (Pv 10:19), que uma

pessoa que fala excessivamente traz um efeito no ouvinte semelhante à pontas de espada

(Pv 12:18) e o que guarda a sua própria boca conserva a sua alma, mas o que muito a abre

traz ruína para si (Pv 13:3).

Como podemos concluir, segundo a Bíblia, palavras agradáveis evitam distúrbios

emocionais que podem acarretar problemas de ordem física também. Mas, distante destes

ensinamentos bíblicos, porém, a nossa sociedade tem se deparado com a triste realidade de

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Page 346: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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conviver com clinicas psiquiátricas repletas de pacientes com problemas de relacionamento,

muitos deles, entre outros, traumatizados por um tratamento desumano recebido. Uma

parcela significativa dessas pessoas é composta por filhos cujos pais jamais os elogiaram e

apenas lançaram sobre eles palavras de rejeição. Uma triste realidade.

Infelizmente, até mesmo no meio cristão, em alguns casos, seja na família ou na

igreja, encontramos conflitos e dissabores devido ao uso inadequado das palavras. Quantas

vezes expressamos palavras da forma errada e no momento errado?! Quantas vezes

expressamos a verdade, sim, mas, sem qualquer critério?!

É evidente que devemos sempre buscar a verdade, mas ela deve ser dita com

amor e no momento adequado (Pv 15:23; Zc 8:16; Ef 4:15,29; Cl 3:8-14). Devemos também

demonstrar sabedoria com nossas palavras (Sl 37:30-31; Pv 12:18; 15:7; 16:21,23; 18:7;

20:15) e evitar um vocabulário imoral e maledicente (Lv 19:16; Sl 1:1-3; Pv 3:29; Ef 4:31-32;

5:3-4; Cl 3:8; 1Pe 3:10-11).

No livro de Tiago aprendemos que se alguém imagina ser religioso, mas não

sabe usar a língua adequadamente, ou seja, não domina as suas palavras, a sua religião é

vã (Tg 1:26). Ele também afirmou que quem é capaz de dominar sua língua, é capaz de

dominar todo o seu corpo e possui maturidade espiritual (Tg 3:1-4), pois a língua, mesmo

sendo um pequeno órgão, pode acarretar terríveis estragos, pois ela é como um fogo, onde

uma simples palavra maldosa pode ser como uma pequena fagulha que inceideia toda uma

floresta, ou seja, o curso de nossa vida, sendo que a própria língua é incendiada pelo

inferno, a língua é um mundo de iniquidade, um mal incontrolável e é carregada de veneno

mortífero (vv. 5-8).

Em seguida, Tiago também afirmou sobre a língua: "Com ela bendizemos ao

Senhor e Pai; também com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus: de

uma boca procede bênção e maldição” (vv. 9-10a; cf. Pv 15:4).

Essa afirmação de Tiago infelizmente é uma realidade, inclusive no meio

evangélico. Muitos de nós usamos as palavras para louvar a Deus, mas, por outro lado, a

mesma língua que louva a Deus, também é capaz de falar mal de pessoas que foram, da

mesma forma que nós, feitas à imagem dEle (Tg 4:11-12). Mas, em seguida, Tiago nos

exorta: “Meus irmãos, não é conveniente que estas cousas sejam assim.” (v. 10b) e faz a

seguinte reflexão: “Acaso pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é

amargoso?” (v. 11).

Não devemos ter uma atitude dividida, nossa boca não deve exprimir palavras

de bênção e maldição ao mesmo tempo, ela não pode ser como uma fonte doce e amarga.

Segundo ele, mesmo que estejamos passando por um momento de provação ou de

perseguição, devemos buscar uma atitude de mansidão, evitando a ira (Tg 1:19).

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Page 347: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Nestes casos, não devemos nos esquecer que uma resposta branda tem a

capacidade de desviar a ira (Pv 15:1), que também devemos saber ouvir e responder na

hora certa (Pv 18:13) e esperar em Deus (Sl 38:12-15; 39:1-2; 119:41-42), pois devemos,

como cristãos, fazer tudo o que tiver ao nosso alcance para termos paz com todos (Rm

12:14,18; 1Tm 2:1-4; Hb 12:14; 1Pe 3:10-11).

Para termos um vocabulário adequado, devemos principalmente manter a mente

pura, em santificação ao Senhor, pois nós falamos daquilo que ela contém, a nossa boca

fala daquilo que o nosso coração (mente) está cheio. É do nosso enganoso coração que

surge todo tipo de intenção pecaminosa (Pv 20:5; Jr 17:9; Mt 5:8; 12:33-37; Mc 7:20-23; Lc

6:45; Ef 4:23; Fp 4:8; Hb 9:12-14). Ele, o nosso coração, já é naturalmente pecaminoso,

automaticamente inclinado a pecar. Portanto, devemos induzí-lo a seguir o caminho correto,

enchendo-o com os mandamentos do Senhor (Sl 119:9,11,105,112).

Já em relação à palavras verdadeiras, sabemos que atualmente a mentira se

transformou em algo corriqueiro. As pessoas estão mentindo sem qualquer escrúpulo.

Segundo a opinião popular, é até mesmo uma necessidade em algumas atividades da

sociedade, seja no âmbito familiar, escolar, profissional, religioso, etc..

Muitos assumem a opinião da maioria, mesmo que particularmente não

concordem, torcendo muitas vezes a verdade, para poder continuar influente e aceito em

determinado grupo social. Em nosso calendário existe até mesmo o dia da mentira.

Nos círculos sociais, em sites na internet e demais veículos da mídia, mesmo

que inconscientemente, mas, muitas vezes propositadamente, encontramos expressões

absurdas, tais como: “Vamos nos divertir no dia 1º dia abril” e “Não é bom mentir, mas neste

dia pode”. Muitos usam expressões que tentam atenuar a gravidade da mentira

(eufemismos), como: “inverdade”, “mentirinha”, “boato”, "caô", “inventar uma desculpa ou um

pretexto” e assim por diante.

As pessoas que enganam as outras e acreditam que tudo não passa de

diversão, são denominadas na Bíblia de loucos que lançam a morte contra o seu próximo

(Pv 26:18-19). Aqueles que acreditam que podem mentir e que não haverá consequências,

estão completamente enganados, pois Deus conhece o coração dos homens e todos

seremos retribuídos pelos frutos nos nossos lábios e de nossas ações (Mt 12:33-37; Jr

17:9).

Desde o Antigo Testamento, Deus ensinou que devemos ser verdadeiros,

seguindo o Seu exemplo, pois Ele não pode mentir, Ele sempre fala a verdade e o que é

direito (Is 45:19b; Rm 3:4; Hb 6:18; Tt 1:2). Em Êxodo 23:1-3, observamos um texto que não

apenas nos exorta a falar a verdade, mas também a ser imparciais no julgamento, não

sendo influenciados pela maioria para distorcer a verdade, nem se for para ajudar alguém

necessitado.

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Page 348: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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O sábio rei Salomão ensinou, entre milhares de provérbios, que “os lábios

mentirosos são abomináveis ao Senhor; mas os que obram fielmente são o seu prazer” (Pv

12:22) e que é melhor exortar alguém baseado na sinceridade e amor do que omitir a

verdade (Pv 27:5).

O apóstolo Paulo rogou a Igreja de Cristo que deixe a mentira e fale apenas a

verdade, pois somos membros uns dos outros (Ef 4:25; Fp 4:8a; Cl 3:9; comparem com Zc

8:16) e se preocupou em se apresentar com sinceridade diante de Deus e dos homens (2Co

6:11-13; 7:4a; 8:21; Gl 4:16-17).

O diabo tem o poder de “cegar” o entendimento das pessoas (2Co 4:1-4; 2Ts

2:9-11) e para piorar, muitas delas, mais do que podemos imaginar, estão envolvidas com o

hábito da mentira, escravizadas por este pecado e não terão o direito de viverem no Céu

(Ap 21:8; 22:15; cf. Sl 15:2).

A mentira é um comportamento muito destrutivo e que envolve as pessoas num

ciclo vicioso que parece não ter fim, quem a utiliza, está tendo participação nas obras

malignas do diabo, está sendo influenciado por suas artimanhas e ciladas. Um dos objetivos

dele, sempre foi distorcer as verdades divinas, desde o Éden, quando ele enganou Eva com

o velho questionamento enganador: “Será que foi assim mesmo que Deus disse?” (Gn 3:1-

7) e quando tentou desaprovar o ministério de Jesus, com suas tentações (Mt 4:1-11; 1Pe

1:21-22), entre tantas outras vezes. Mas as pessoas aprisionadas ao comportamento

mentiroso podem ser libertas pelo poder de Jesus, se ouvirem as Suas Palavras (Jo 8:31-

36,44).

Jesus Cristo, Deus Filho, é a Verdade, em total contraste com o diabo. Cristo é a

verdade acima de qualquer filosofia, ciência, tendência de comportamento ou religião pagã.

Ele jamais afirmou que é um dos caminhos, uma das verdades ou uma das fontes de vida

para o homem, mas disse que é o caminho, a verdade e a vida e só através dEle temos

acesso a Deus Pai (Jo 14:5-6; 1Jo 5:18-21).

Através dos ensinos das Escrituras adquirimos entendimento necessário para

sermos mais verdadeiros e honestos, pois a Palavra de Deus é a verdade (Jo 17:17; Sl

119:151,160; 1Tm 3:15) e não pode errar jamais (Jo 10:35), assim como no exemplo do

salmista: “Por meio dos teus preceitos consigo entendimento; por isso detesto todo caminho

de falsidade” (Sl 119:10; comparem com Sl 101:2b).

Mas, as nossas palavras e atitudes devem ser não apenas edificantes e

verdadeiras, mas não apegadas ao materialismo de mundo maligno, pois Deus Pai é

espírito e deve ser adorado em qualquer lugar que estivermos: “Deus é espírito; e importa

que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:24).

Quantos de nós, cristãos de milhares de igrejas entoam belos e inspirados

cânticos e hinos que trazem, de uma forma ou de outra, esta profunda declaração a Deus?

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Page 349: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“Te adoramos em espírito e em verdade”? O Senhor Jesus Cristo, o Filho, nos ensinou que

as nossas orações devem conter sempre adoração a Deus Pai: “Portanto, vós orareis assim:

Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (Mt 6:9; Lc 11:2; cf. Jo 4:23-24).

Mas, afinal, o que significa adorar? Não somente adorar, mas, o que é adorar em

espírito e em verdade? Não iremos aqui buscar o sentido original das palavras amor, paixão

e adoração nos idiomas originais bíblicos (hebraico, aramaico e grego), mas, tão somente

atentar para o ensino de Cristo relatado pelo apóstolo João em seu evangelho (capítulo 4).

Nesta ocasião, o Senhor Jesus estava dialogando com uma mulher, numa

cidade samaritana chamada Sicar (vv. 5-7). Esta mulher demonstrou sinceridade diante do

Mestre, pois, apesar dela ter tido cinco maridos e atualmente viver com um homem sem

estar casada com ele, confessou ao Senhor a sua situação irregular (vv. 15-17a). Jesus lhe

respondeu: “Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que

agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.” (vv. 17b-18).

A mulher samaritana poderia ter tentado esconder sua situação de Jesus, mas,

com sinceridade no coração a confessou ao Senhor. Este é justamente um dos aspectos da

adoração verdadeira: transparência diante de Deus, adoração em verdade. Não adianta

querermos nos aproximar de Deus com falsidade, Ele conhece os nossos pensamentos e

atitudes (1Cr 28:9; 1Sm 16:7; Sl 119:108; 145:18; Is 1:11-20; 29:13-16; 59:1-3). E Cristo já

conhecia a situação da mulher samaritana antes mesmo que ela a confessasse.

O outro aspecto da verdadeira adoração é que ela seja em espírito. Retornando

à passagem do evangelho de João, vemos que a mulher samaritana afirmou que os

samaritanos adoravam a Deus em um monte, mas que os judeus, por sua vez, adoravam

em Jerusalém. De fato, vemos pela história da rivalidade entre os judeus e samaritanos (Lc

9:51-56) que estes últimos haviam erigido um templo no monte Gerizim, rival ao templo de

Jerusalém (Dt 11:29; 27:12; Js 8:33; Jz 9:7), mas Cristo disse “mulher, podes crer-me, que a

hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.” (v. 21).

Isso quer dizer que nossa adoração a Deus Pai não deve estar apegada a um

local apenas, pois Deus não habita em construções humanas (At 7:48-50; 17:24).

A Bíblia, portanto, nos ensina que devemos considerar a Deus de duas formas

principais:

Primeiro: em espírito, isto é, isentos de qualquer forma de materialismo, a

despeito de todas as nossas convicções e paixões físicas e materiais e do local onde

estivermos (Pv 10:2; 11:4; Lc 12:16-21; Hb 13:5-6), pois Deus Pai é espírito; e

Segundo: em verdade, isto é, com total transparência, a despeito de um mundo

de mentiras, falsidade e hipocrisia que nos cerca, pois Deus é a verdade (Jo 17:17; 1Sm

15:29; Is 45:19b; Hb 6:18).

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Page 350: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

350

Adorar ao nosso Deus triúno, portanto, não é somente amá-Lo muito, mas,

também levar à sério os Seus mandamentos todos os dias da nossa vida, expressando,

assim, este amor com devoção plena, sinceridade e autenticidade, em qualquer lugar que

estivermos, a despeito do modo de vida antibíblico que este mundo hipócrita e materialista

venha a nos oferecer. Afinal, a nossa comunhão é com o Pai e com o Filho (1Jo 1:3b).

12.2.24 (LIÇÃO 23): A doutrina trinitariana nos ensina a “escala descendente da

consolação”, de Deus até nós:

A adversidade e sofrimento muitas vezes são tão grandes, tão

avassaladores que muitos de nós acabam desanimando da carreira cristã e se afastando da

comunhão com Deus (Jó 6:14).

Há muitos desanimados, frustrados e feridos emocionalmente dentro de muitas

igrejas e famílias evangélicas atualmente e que precisam de amparo. Não apenas dentro

dos "limites" evangélicos, mas evidentemente fora da igreja também. E em Sua eterna

misericórdia e providência, o próprio Deus sempre prepara pessoas para estar ao nosso

lado e nos trazer o conforto e encorajamento, sejam amigos, irmãos ou familiares. Mas, na

verdade, Deus nos ensina que nós somos amparados em nossas tribulações através de

uma escala descendente de consolação. Mas, como se dá esse processo?

Deus Pai, é o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação. É Ele que nos

consola nas tribulações, para que fiquemos firmes e possamos consolar os demais que

precisam de amparo em seus problemas, mas, é Ele mesmo, o Pai, que permite que como

seguidores de Seu Filho também passemos por sofrimentos, que transbordam sobre nós,

assim como o Mestre passou por sofrimentos. Mas, o Pai também permite que nossa

consolação ocorra por meio do próprio Jesus, Deus Filho.

Assim, o Pai, em posição superior a Cristo apenas no que se refere a economina

trinitariana, pelo fato do Senhor Jesus como nosso Salvador e Mediador precisar possuir a

natureza humana, inferior a natureza divina, pois foi criada, o Pai, utiliza os sofrimentos de

Cristo, sentidos em Sua natureza humana, para que a nossa consolação também

transborde por meio de Cristo.

O Pai e o Filho, na economia trinitariana, enviraram o Espírito Santo (em

subordinação de função com relação a ambos) como o nosso Consolador (do grego

“parákletos”: consolador, advogado, aquele que está ao nosso lado). O interessante é que a

mesma expressão “parákletos” é utilizada para Cristo, como nosso “Advogado” junto ao Pai

(1Jo 2:1). O Espírito Santo nos consola, nos encoraja, nos ensina sobre a verdade, etc.. E já

afirmamos anteriormente que Cristo prometeu que quem cresse Nele, sentiria grandemente

a atuação do Espírito Santo em seu ser, como se fossem “rios de água vida” fluindo do seu

interior (Jo 7:37-39).

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Page 351: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Vejamos o diagrama a seguir para exemplificar este ensino (vejam essas

referências bíblicas para o que afirmamos até aqui: Jo 14:16,25; 16:13; At 9:31; Rm 8:26-27;

2Co 1:3-6):

A ESCALA DESCENDENTE DA CONSOLAÇÃO

12.2.25 (LIÇÃO 24): A doutrina trinitariana confirma e fortalece o senso bíblico de

união familiar:

Como estudamos anteriormente, é possível estabelecermos uma analogia

(comparação) entre a Trindade Econômica, com sua subordinação funcional (e não de

essência) com a estrutura familiar bíblica.

Observamos que no casamento (análogo à Trindade e segundo é o propósito de

Deus) o homem e a mulher se tornam uma unidade impressionante de duas pessoas

literalmente falando, mas que permanecem indivíduos distintos (1Co 6:16-20; Ef 5:31).

Em um certo grau, o relacionamento matrimonial possui uma imagem

semelhante ao relacionamento entre Deus Pai e Deus Filho na Trindade Econômica (cf. 1Co

11:3), ou seja, da mesma forma que o Pai tem autoridade sobre o Filho na economia

DEUS PAI

(PAI DAS MISERICÓRDIAS E DEUS DE TODA CONSOLAÇÃO)

Em ordem de precedência na eternidade em relação ao Filho e ao

Espírito e na divisão de funções dentro do tempo.

JESUS CRISTO, DEUS FILHO

Nosso “parákletos” no Céu, diante do Pai

Enviado pelo Pai. De acordo com os propósitos do Pai, é por

meio de quem sofremos como seguidores e imitadores e por

meio de quem transborda a nossa consolação.

ESPÍRITO SANTO, DEUS

CONSOLADOR

Nosso “parákletos” em nosso coração, diante do Pai

Enviado pelo Pai e pelo Filho. Nos conforta, nos encoraja,

nos ensina, flui de nós como “rios de água viva”, etc.

CRISTÃO QUE RECEBERAM CONSOLO

Receberam o consolo vindo do Pai de misericórdias e Deus de toda

consolação. Sua consolação transborda por meio de Cristo e do Espírito.

Assim, podem consolar aqueles em situação difícil.

CRISTÃOS QUE NECESSITAM DE CONSOLO

Serão consolados por outros cristãos, que já receberam o consolo vindo do

Deus Pai e Deus de toda a consolação, do Filho e do Espírito Santo.

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Page 352: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

352

trinitariana, por ter precedência na eternidade (Trindade ontológica), também o marido

possui autoridade sobre a mulher na vida conjugal por ter sido criado primeiro (1Co 11:3, 8-

9). Este fato não significa, no entanto, que haja um desmerecimento da parte subordinada.

Da mesma forma como o Pai e o Filho são iguais em importância e divindade, também o

marido e a mulher são iguais em importância e humanidade.

E, apesar de não estar exposto claramente nas Escrituras Sagradas, a realidade

dos filhos, dentro do contexto do casamento, no fato de serem procedentes do pai e da mãe

e estarem debaixo da autoridade de ambos é de certa forma semelhante à relação do

Espírito Santo com o Pai e com o Filho (procedente e debaixo da autoridade de ambos).

Mas, devemos estar alertas sobre o perigoso e desastroso descaso que vem

ocorrendo durante muitas gerações à respeito de princípios elementares do cristianismo,

como a família, que é a célula primordial da Igreja, um reflexo simbólico do relacionamento

trinitário que existe no Ser de Deus.

O descaso e a falta de transmissão adequada dos preceitos bíblicos durante

várias gerações, as quais paulatinamente tem se esquecido de Deus, se amoldando aos

padrões de conduta seculares, certamente contribuíram muito para este quadro de desgaste

do modelo bíblico familiar que, por sua vez, é uma triste realidade presente em vários lares

cristãos, inclusive. Percebemos que muitos pais não repassam mais as tradições cristãs e a

importância de se ter uma comunhão com Deus e Sua Palavra aos seus filhos como há

décadas atrás era comum e era realizada com dedicação e perseverança.

É evidentemte que a sociedade mudou muito nas últimas décadas e a

velocidade e qualidade dos relacionamentos e vínculos afetivos foram "sugados" para a

esteira desta tendência. Vivemos em uma sociedade imediatista e egocêntrica, onde os

relacionamentos não precisam mais ser tão profundos, mas são instantâneos e muitas

vezes descartáveis.

As pessoas, mesmo em meio à uma multidão ou com um acesso ilimitado à

internet, através da qual podem ter acesso ao mundo todo, se sentem solitárias, vazias.

Pela vida social nos moldes antigos, as pessoas muitas vezes estão muito próximas

geograficamente, mas muito distantes afetivamente. Pela internet, as pessoas muitas vezes

estão muito distantes geograficamente, mas é maneira pela qual desejam se aproximar

afetivamente nos dias atuais.

E infelizmente a família evangélica, não só no Brasil, mas no exterior, tem sofrido

com estes sintomas da vida moderna ("moderno" nem sempre significa "ideal"). Os pais

conversam pouco com seus filhos e os filhos se afastam cada vez mais dos pais, se isolam.

Cada membro da família possui seus próprios afazeres, sua agenda "apertada", ninguém

tem mais tempo para ninguém muitas vezes.

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Page 353: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Muitos pais cristãos, inclusive lideres evangélicos, não se importam mais qual

será a decisão dos filhos sobre qual religião seguir, se eles estão usando roupas

adequadas, se dão importância a temas como virgindade, drogas e até mesmo a preferência

sexual. E isso é sério demais.

Seja qual for a situação em que a minha ou a sua família estiver vivenciando,

seja entre marido e mulher ou com relação aos filhos, não nos esqueçamos: Há esperança

de restauração e reedificação da família em Jesus Cristo, o Filho de Deus Pai. A família é

criação de Deus, é instituição divina, é a célula essencial de outra instituição divina: a Igreja.

Deus, portanto, tem sempre um plano para a família.

Busquemos a Deus suplicando discernimento, sabedoria e orientação, pois os

dias são maus e não parece que a situação irá melhorar com relação ao mundo. A Igreja,

como a família cristã, deve estar alerta e não perder mais as suas tradições (tradição é

diferente de tradicionalismo), se fortalecer cada vez mais, sempre se espelhando na

compreensão, comunhão, humildade e altruísmo existente desde a eternidade no

relacionamento triúno de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. Um excelente começo é por em

prática um ensino básico encontrado nos salmos, uma parte de um lindo poema da família

de Asafe: Transmitir sem interrupção de geração para geração os feitos maravilhosos de

Deus e o Seu grandioso poder (Sl 78:3-4).

12.2.26 (LIÇÃO 25): A doutrina trinitariana refuta a “teologia da prosperidade”, pois os

cristãos devem buscar a prosperidade celestial e não a terrena:

“Teologia da Prosperidade”: A doutrina que prega que os cristãos devem ser

ricos e gozar de plena saúde sempre, sem exceções. Se essa condição não existir na vida

de algum cristão, significa que ele não tem fé ou sua fé é muito pequena ou ainda que ele

está em pecado. Será que é verdade mesmo tudo isso? É o que veremos.

A Teologia da Prosperidade deveria ser chamada de “Teologia da

Mediocridade”, pois o nosso bendito Deus e Pai de nosso Senhor Jesus já nos abençoou

com TODAS as bênçãos ESPIRITUAIS (Ef 1:3). Este texto não diz “bênçãos materiais”

(apesar de que elas vêm de Deus também). E mais, as reais bênçãos, as eternas, as

espirituais, estão nas regiões celestiais, não aqui na Terra.

Aliás, seja provando uma vida piedosa com contentamento aqui na Terra ou até

mesmo passando pela morte, nós poderemos nos considerar ricos (Fp 1:21; 1Tm 6:6).

Também podemos alcançar a riqueza do pleno entendimento em Cristo, o Filho, onde estão

ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (Cl 2:2-3).

A Teologia da Prosperidade na verdade é a Teologia da Mediocridade

simplesmente pelo fato de que, prometendo riquezas e saúde constantes aqui na Terra, ela

faz com que as pessoas se afastem das promessas gloriosas do Céu, onde nos está

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Page 354: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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reservado o verdadeiro tesouro, o próprio Senhor Jesus, onde está a nossa herança, pois

somos herdeiros do Pai Celeste e co-herdeiros com Cristo. Desfrutaremos no Paraíso de

uma vida eterna na presença santa e gloriosa do nosso Deus, com todos os demais

cristãos, remidos, sem dor, sem tristeza, sem choro, sem luto. Essa é a maior riqueza que

um ser humano pode anelar.

A Teologia da Prosperidade é ridícula, pois ela erra o alvo. A verdadeira e eterna

prosperidade será no Céu, onde seremos infinitamente mais ricos e saudáveis do que em

qualquer circunstância aqui na Terra. A Teologia da Prosperidade é pura mediocridade se

compararmos suas promessas falsas com as riquezas prometidas a nós para a vida eterna,

a herança eterna (Hb 9:15), do nosso Pai Celeste gloriosamente rico (Ef 3:16a).

Fomos regenerados conforme a grande misericórdia de Deus Pai para uma

esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo, pelo poder do Espírito Santo,

para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o valor, uma rica e

gloriosa herança guardada nos céus (1Pe 1:3-4; Ef 1:14,18; Cl 3:24; Tt 3:7b), uma coroa que

dura para sempre (1Co 9:25b).

O Filho de Deus Pai, o Senhor Jesus, nos ensinou que devemos acumular

tesouros espirituais no Céu e não promovermos uma corrida insana por acúmulo de

riquezas aqui na Terra (Mt 6:19-20). Ele também ensinou que não podemos servir a Deus e

ao dinheiro ao mesmo tempo (Mt 6:24). Afinal, do que adiantaria ganhar toda a riqueza do

mundo e perder a oportunidade de salvar sua alma? (Mt 16:26).

Como no caso do encontro de Jesus com o jovem rico, que com tristeza no

coração devido ao seu apego aos seus bens, não abriu mão de sua riqueza e rejeitou o

apelo do Senhor em segui-Lo, ocasião quando Cristo afirmou o quanto é difícil um rico

entrar no Reino de Deus (Mt 19:16-26). É mais difícil, mas não impossível, aliás.

Não nos esqueçamos que avareza é pecado e é idolatria também e seus

praticantes não herdarão o Reino de Deus Pai, mas os seus praticantes podem ser

santificados em nome do Filho, Jesus e no Espírito do nosso Deus e Pai (1Co 6:9-10;

comparem com Ef 5:5; Cl 3:5).

Em toda a problemática que circula a teologia da prosperidade, nos deparamos

com mais um exemplo da famosa expressão "texto fora do contexto como pretexto". Em

outras palavras, muitas pessoas "pegam" o tão querido versículo "Tudo posso naquele que

me fortalece" (Fp 4:13), isoladamente, fora de seu contexto textual, fora da intenção original

do autor e com isso acreditam que o texto está dando carta branca para termos tudo de bom

nesta vida, que podemos fazer e ter tudo, mas é uma grande falácia (equívoco) de

interpretação, pois se verificarmos os versículos anteriores, veremos que o apóstolo afirmou:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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"...aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito ou passando necessidade..." (vv. 11-12).

Ele aprendeu a se adaptar a todas as circustâncias, não apenas às boas,

àquelas de fartura, que nos trazem apenas prazer, mas também de passar necessidade e

até fome. E será que poderíamos atualmente fazer uma declaração como essa? Será que já

descobrimos e já aprendemos o segredo de viver contente em qualquer situação? Será? O

segredo é viver com Cristo. Nele, sim, em todas as circunstâncias, boas ou adversas, temos

capacidade para fazer qualquer coisa, qualquer coisa que seja de Sua vontade, segundo os

Seus justos e santos propósitos, pois a força vem DELE, é ELE quem nos fortalece, se

estivermos em comunhão com ELE e na direção DELE, ou seja, se estivermos NELE, pois é

uma união espiritual nossa com o Senhor Jesus, pois aqueles que se unem a Ele, se tornam

um com Ele (1Co 6:17; comparem com 1Ts 5:10).

E mais adiante, ma mesma epístola, o apóstolo Paulo ainda afirmou que Deus

iria suprir TODAS as necessidades deles, dos filipenses, de acordo com as Suas gloriosas

riquezas em Cristo Jesus (v. 19), que depois de Sua ascenção ao Céu, glorificado, voltou a

desfrutar, na totalidade, das riquezas da eternidade e da Divindade, mas durante Sua

passagem na Terra, mesmo sendo Deus Filho, não tinha nem um lugar para reclinar a

cabeça (Mt 8:20). Ele mesmo é a antítese, a realidade totalmente oposta da Teologia da

Prosperidade, pois nos ensinou uma vida simples, humilde e nos advertiu contra a ganância,

pois a nossa vida não consiste na quantidade de bens que possuímos (Lc 12:15). E tudo

indica que seus apóstolos seguiram este ensinamento (At 3:6).

O autor de Hebreus exorta a que os cristãos lembrem-se das lutas, sofrimento,

insultos, tribulações que suportaram e, entre a prática de boas obras, aceitaram

alegremente o confisco do seus próprios bens, pois sabiam que possuíam bens superiores e

permanentes (Hb 10:32-34; comparem com 2Tm 3:11-12). Que situação!! Será que hoje nós

também teríamos a mesma reação? É evidente que precisamos zelar dos bens materiais

que Deus nos dá, mas será que, almejando ardentemente as riquezas celestiais,

aceitaríamos com alegria que estes bens materiais que Deus nos deu fossem retirados de

nós? Difícil não é mesmo? Os pregadores da teologia da prosperidade com certeza não

incluirão este texto bíblico em suas mensagens.

Paulo não cobiçava os bens materiais de seus filhos na fé em troca de seu

trabalho ministerial, mas amorosamente e de boa vontade se desgastava por eles (2Co

12:14-15), e mais do que qualquer cristão de sua época, sabia que as provações e todas as

outras situações de nossa vida cooperam para o nosso bem com um propósito benéfico,

elas estão sob o controle do Senhor (Rm 8:28) e que nem mesmo a morte pode nos separar

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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do amor de Deus que é demonstrado em sua plenitude em Jesus Cristo, por isso não somos

apenas vencedores, somos MAIS do que vencedores, à despeito das provações, pois Deus,

dentro dos propósitos do Seu plano de salvação, realiza tudo sempre a nosso favor e,

portanto, ninguém poderá estar contra nós ou nos condenar (Rm 8:28-39).

E em se falando em fé, sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11:6) e a fé é a

certeza em algo que se espera e é prova de coisas que não vemos (Hb 11:1). Sendo assim,

como vamos agradar a Deus se estamos presos apenas a coisas materiais? Ou nos

esquecemos que a nossa amizade com as coisas do mundo gera inimizade com Deus Pai?

(vejam Tg 4:4; 1Jo 2:16-17; comparem com Rm 12:1-2; 1Co 7:31).

Não é realmente uma cena constrangedora quando uma noiva já pronta para

encontrar-se com seu noivo para celebrarem as núpcias resolve abandonar o noivo? Após

todos os preparativos para o grande enlace matrimonial dos nubentes, após tantos anos de

relacionamento e preparação para a vida a dois, o noivo, então, na última hora, com todo o

seu amor pela noiva que o faria entregar a sua própria vida por ela, descobre que sua noiva,

já tinha escolhido um outro noivo para ela, ela se apaixonou por outro. Na verdade, essa

noiva nunca amou realmente o noivo com quem iria se casar. E o pior: ela está fascinada,

mas também iludida, o novo noivo dela não a ama (e jamais a amará), mas só quer usá-la

como se fosse uma escrava para os seus planos maléficos. Parece cena de novela ou de

filme não é mesmo? O interessante e preocupante é que observando e meditando sobre

alguns preceitos contidos nas Escrituras Sagradas e os aplicando à realidade da igreja

evangélica brasileira atual, nos deparamos com uma situação semelhante a esta que

descrevemos acima.

Em Apocalipse 22:17, a Palavra menciona que o Deus Espírito Santo e a Noiva

de Cristo, o Filho, que é a Igreja, desejam a volta do Senhor e clamam unânimes: "VEM!!".

Essa união derradeira entre Cristo e a Igreja, apesar de ser um simbolismo, é chamada de

"mistério profundo" (Ef 5:32) e o compromisso entre estes "noivos" é tão sério, tão firme, que

em Apocalipse 21:10, já na eternidade ela é chamada de "esposa do Cordeiro", pois as

bodas já ocorreram (comparem com a parábola do banquete de casamento em Mt 22:1-14).

Observemos também Apocalipse 21:2: "Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém,

que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu

marido". Pois é, na verdade, como todos já devem ter notado, não estamos mencionando o

casamento do ponto de vista humano, mas desejamos falar sobre nós mesmos, a Igreja de

Cristo, a Noiva de Cristo, a noiva que parece não estar querendo mais as bodas do

Cordeiro, parece que está desejando ficar aqui na Terra. A verdade é que a Igreja de Cristo

está se esquecendo do Paraíso, do Céu com Cristo, ela parece que quer viver Militante e

nunca Triunfante.

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Page 357: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Infelizmente, o que está ocorrendo é que dentro da Igreja, a Noiva, surgiu uma

ala, corrompida pelo dinheiro. Na verdade, esta ala é uma "falsa noiva", é a "noiva fujona",

pois a verdadeira Noiva de Cristo é santificada por Ele mesmo, com Seu próprio sangue,

derramado em favor dela, que deseja fervorosamente o encontro com Cristo, o Cabeça da

Igreja (Ef 5:23), o Noivo. Já a falsa noiva, a falsa igreja, está abandonando (ou já

abandonou) o noivo às vésperas das bodas (pois sabemos que a segunda vinda de Cristo

se aproxima cada vez mais). O "cabeça" dessa falsa igreja não é Cristo, mas o dinheiro,

aliás, o amor ao dinheiro, ela não deseja mais o casamento, prefere ficar na mediocridade

deste mundo, com as promessas falsas das teologias heréticas da Confissão Positiva e

suas experanças frustradas, bem como a ilusão do materialismo passageiro deste mundo

corrompido (1Co 7:31). Essa falsa noiva, na verdade, nunca amou verdadeiramente o noivo

verdadeiro, mas escolheu outro para ser seu marido, o dinheiro. Aí está a diferença da

verdadeira e da falsa noiva: lembrando do clamor unânime do Espírito Santo e da

verdadeira Noiva pela vinda do Senhor Jesus, pois não busca os seus próprios interesses,

mas os de Cristo, o seu noivo (Fp 2:21) e imaginamos que a falsa noiva, mesmo

inconscientemente, esteja dizendo na prática: "Não venha Senhor Jesus". Mas, glória a

Deus, pois a volta do Senhor é iminente e Ele vem buscar a verdadeira igreja, a verdadeira

noiva. A falsa ficará na mediocridade e sua teologia herética, longe do infinitamente rico

casamento com o Noivo.

Lembremos de um personagem bíblico, Demas, que amou as coisas do mundo e

não espirituais e abandonou o ministério que desempenhava juntamente com o apóstolo

Paulo (2Tm 4:10). Os nossos desejos carnais devem ser dominados, controlados e

anulados, pois vivem em conflito com o Espírito Santo, o Deus que em nós habita, e não

existe maneira como conciliá-los (Gl 5:16-17). Além do mais, o mundo deve ser "crucificado"

para nós e nós devemos ser "crucificados" para o mundo (Gl 6:14).

Ao contrário destes ensinamentos mundanizantes da Confissão Positiva, o

apóstolo Paulo nutria um sentimento tão forte em desejar a suprema grandeza de estar em

comunhão com Cristo e se encontrar com Ele que usou uma palavra forte, "esterco", para

designar tudo aquilo que possuía antes de conhecer a Cristo e considerava ser o seu lucro

(Fp 1:21-23; 3:7-9) e ciente de que não havia alcançado ainda a perfeição nesta vida

(prometida pela teologia da prosperidade), ele continuava esquecendo o que para trás ficava

e permanecia "correndo" adiante, para o alvo, o prêmio do chamado celestial (e não terreno)

em Cristo (Fp 3:12-14). Ele mesmo ensinou que a nossa cidadania é o Céu (Fp 3:20), que

os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que será revelada

em nós no fim dos tempos (Rm 8:18) e que já que somos filhos herdeiros de Deus Pai e co-

herdeiros com Cristo, Seu Filho, devemos participar dos Seus sofrimentos para que

participemos de Sua glória (Rm 8:17).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Devemos fixar nossas mentes naquilo que é invisível, mas eterno, e não naquilo

que é paupável, mas temporário (2Co 4:16-18; 5:7), nos livrar de tudo o que nos atrapalha e

do pecado que nos envolve, correr a corrida à nós proposta com perseverança, tendo os

olhos fixos em Jesus, autor e consumador da nossa fé (Hb 12:1-2a). A Igreja deve

urgentemente se desprender dos prazeres mundanos, se santificar, despertar

espiritualmente (1Ts 5:6) e continuar, como herdeira da promessa (Hb 6:17), da promessa

da herança eterna (Ef 1:13-14,18; Hb 9:15), prosseguindo para o supremo alvo de nossas

vidas a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo (Fp 3:14), pois, não

buscamos aqui na Terra uma cidade permanente, mas aquela que há de vir, a Jerusalém

Celestial (Hb 12:22-25; 13:14), de onde aguardamos ansiosamente, juntamente com o

anseio do Espírito Santo, a realização da esperança a nós proposta, âncora da nossa alma,

firme e segura (Hb 6:18-19), nossa bendita esperança que é a gloriosa manifestação no

nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo (Tt 2:13).

12.2.27 (LIÇÃO 26): A doutrina trinitariana refuta a “teologia da prosperidade”, pois os

cristãos podem ficar doentes e passar por sofrimentos:

“Teologia da Prosperidade”: A doutrina que prega que os cristãos devem

desfrutar de plena saúde sempre, sem exceções e não passar por provações. Se essa

condição não existir na vida de algum cristão, significa que ele não tem fé ou sua fé é muito

pequena ou ainda que ele está em pecado. Será que é verdade mesmo tudo isso?

Os pregadores desta teologia asseveram que não é recomendável ao cristão

procurar um médico ou tomar remédios quando estiver doente. Pessoas já morreram por

negligência devido à crença sem fundamento e sem lógica de que cristãos não devem

procurar auxílio da medicina. Não é para ficarmos preocupados? Quantos de nós, cristãos,

temos passado por tantas agruras e "tempestades" nesta vida à despeito de nossa

comunhão zeloza e em confissão de pecados para com Deus?! Se concordamos com a

teologia da prosperidade, milhares e até milhões de nós, cristãos, então, estaremos com

uma fé minúscula ou inexistente (neste caso nem seremos salvos realmente!!) ou estamos

debaixo do poder de Satanás? Não, não, está tudo errado!

Não é isso que a Palavra de Deus assevera. Aqueles cristãos que têm chorado

constantemente, considerem-se bem-aventurados, pois serão consolados (Mt 5:4). Aqueles

que estão cansados e sobrecarregados encontrarão descanso no Senhor (Mt 11:28). Sim,

os cristãos passam por muitas dificuldades, ficam doentes e passam por problemas físicos.

O apóstolo Paulo ficou doente e passou por dificuldades físicas (Gl 4:14; 2Co

12:7-10), Epafrodito, o seu irmão em Cristo, cooperador e companheiro de LUTAS também

passou pela experiência da enfermidade (Fp 2:25-26), o jovem pastor Timóteo, "filho na fé"

de Paulo contantemente sofria de uma enfermidade no estômago (1Tm 5:23), Trófimo,

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Page 359: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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possivelmente outro irmão companheiro de ministério de Paulo, não pode acompanhar o

apóstolo em suas viagens e ficou doente em Mileto (2Tm 4:20).

Tiago afirmou que quando os crentes ficarem enfermos, devem ser chamados os

presbíteros da igreja para intercederem por eles (Tg 5:14). Existe ainda alguma dúvida que

os cristãos ficam doentes? Ao contrário do que afirmam os pregadores da Confissão

Positiva, as doenças podem não ser causadas por pecados cometidos, mas terem o

propósito de que se manifeste a obra de Deus na vida de um cristão (talvez em Jo 9:3) ou

pode ser para a própria glória de Deus como foi a situação de Lázaro, que era grande amigo

de Jesus e certamente um de Seus seguidores, no entanto, adoeceu e morreu (vejam Jo

11:4).

O apóstolo Pedro, certa ocasião em suas viagens, foi visitar os cristãos de Lida,

onde encontrou um homem paralítico há oito anos chamado Enéias. Pedro, em nome de

Jesus, o curou e isso foi um grande testemunho para muitas conversões (At 9:32-35).

Enéias provavelmente era um dos cristãos que Pedro foi visitar, no entanto, estava paralítico

já há muito tempo e sua cura foi usada por Deus para o bem, para a conversão de muitos.

Dorcas, moradora de Jope, era uma piedosa discípula de Cristo, no entanto, ela adoeceu e

morreu, mas Pedro milagrosamente pelo poder de Deus a ressuscitou. Este fato também foi

usado por Deus para que muitos cressem na mensagem do evangelho (At 9:36-43).

Independentemente se você acredita que alguns dons cessaram ou acredita que

todos os dons espirituais ainda estão presentes na vida da Igreja de Cristo, questionamos:

Por que o Espírito Santo, o Deus que vive em nós, presentearia alguns cristãos da igreja

primitiva com o dom de cura se não existisse enfermos no contexto da Igreja? (vejam 1Co

12:9,28,30). Para que serviria o dom de cura se não existisse cristãos passando por

enfermidades? Deus estaria doando algo aos crentes que não teria proveito algum na vida

prática da Igreja? Impossível, os dons espirituais eram dados por Deus visando a edificação

da Igreja e um fim proveitoso, o bem comum entre os crentes (1Co 12:7; 14:12,26;

comparem com Rm 14:19; 15:2; Ef 4:12).

Ou será que o dom de cura era visando ser utilizado nos incrédulos já que os

cristãos não ficavam doentes? É bastante difícil de acreditar e de encontrar respaldo bíblico

para esse questioamento. Mas, será que algum defensor da teologia da prosperidade pode

responder estas questões? Existe ainda alguma dúvida se os cristãos passam por

enfermidades? Acreditamos que não.

Os pregadores da teologia da prosperidade utilizam a passagem de Is 53:4-5

para justificar a doutrina de que o cristão não pode ficar enfermo, pois, segundo este texto,

profeticamente, Jesus "tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas

doenças [...] o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos

sarados."

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Page 360: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Mas, esta verdade também é mencionada em Mt 8:17 e 1Pe 2:24 e cada uma

parece interpretar o texto de Isaías de uma forma diferente: um como se fossemos "sarados

fisicamente" e o outro como se fossemos "sarados espiritualmente".

Portanto, a passagem mencionada de Isaías não desejava afirmar que jamais os

cristãos enfrentariam a enfermidade, mas a verdade é que, seja fisica ou espiritualmente,

somos sarados por Deus, através do sacrifício de Cristo. O Senhor Jesus possui toda

autoridade, inclusive sobre as doenças, e exatamente por este fato e conforme a Sua

soberana vontade, Ele pode permitir que um de Seus discípulos experimente

temporariamente um momento de provação face à enfermidade com um propósito benéfico

(talvez seja o caso em 2Co 12:7-10).

O apóstolo Paulo foi tremendamente usado por Deus como instrumento

escolhido para testemunhar de Cristo aos gentios e Deus tinha um propósito tão grande

para Paulo que o arrebatou ao terceiro Céu e o concedeu visões e revelações, o fez ouvir

coisas que não se pode dizer aos seres humanos normalmente (2Co 12:1-4). Paulo

frequentemente é considerado pelo cristianismo, depois de Cristo, o maior missionário da

história, ele é responsável pela maioria dos livros do Novo Testamento e certamente os

seus escritos, inspirados por Deus, têm influenciado séculos de história da Igreja. No

entanto, ele não recebeu um tipo de isenção de enfermidades e sofrimentos da parte de

Deus, pelo contrário, o próprio Cristo disse por ocasião do chamado de Paulo: "Mostrarei a

ele o quanto deve sofrer pelo meu nome" (At 9:15-16).

Podemos observar em dezenas de versículos os relatos de lutas e sofrimentos

do apóstolo Paulo: foram perseguições, noites sem dormir, fome e sede, enfermidade,

prisões, açoites, apedrejamento, naufrágios e até picada de cobra que o apóstolo passou e

algumas vezes chegou próximo da morte (At 14:19-20; 20:23; cap.27, 28:1-10; 1Co 15:30;

2Co 1:8; 4:8-12; 6:3-10; 7:4b; 11:23-27; Gl 4:14; 1Ts 2:2; 2Tm 2:8-9; 3:10-12; 4:16-17), sem

mencionar o misterioso "espinho na carne" usado por Deus para evitar que Paulo se

vangloriasse com o seu arrebatamento ao Paraíso, situação que fez Paulo pedir três vez a

Deus para que o libertasse, mas Deus afirmou que Sua graça era suficiente para o apóstolo

e que o Seu poder se aperfeiçoa justamente nos momentos de fraqueza (2Co 12:7-9).

Mas, o que dizer da argumentação de que todos estes casos que vimos até aqui

de que cristãos padecendo de sofrimentos e doenças poderiam ser devido à fauta de fé ou

até mesmo à influência do poder de Satanás?

Ora, em nenhum destes casos que citamos, onde temos mencionado as

doenças, os textos bíblicos deixam alguma mínima menção de que aquelas enfermidades

foram devido a fauta de fé daqueles irmãos ou obras de Satanás. Acreditamos que o

apóstolo Paulo teria mencionado em algum momento e principalmente porque são casos

ocorridos no tempo da Nova Aliança.

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Page 361: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Sim, o Novo Testamento registra alguns casos de doenças causadas por

demônios, no entanto, todos eles foram ainda no tempo dominado pela Lei e não pela Graça

de Deus. Parece difícil ou até impossível afirmar categoricamente que com a morte de

Cristo, essa possibilidade de um demônio causar doença exista na Igreja. Um cristão jamais

pode ficar possesso de um espírito maligno, pois ele é habitação, templo, santuário do

Espírito Santo de Deus (Rm 8:11; 1Co 3:16; 6:19), ele é morada de Deus por Seu Espírito

(Ef 2:22), ele pertence à Cristo (Rm 8:9; 1Co 6:15). Em sua conversão, ele se uniu ao

Senhor, ele é um espírito com Ele (1Co 6:17; comparem com 1Jo 4:13), o cristão foi

comprado por alto preço, seu corpo nem é dele mesmo, mas de Deus (1Co 6:15a,19-20), o

cristão faz parte de uma geração eleita, nação santa, ele é propriedade EXCLUSIVA de

Deus (1Pe 2:9; comparem com 1Co 1:21-22; Tt 2:14), ele é nascido de Deus e não está

mais dominado pelo pecado, Deus o protege e o Maligno não o atinge (1Jo 5:18), pois o

cristão, em nome de Jesus, vence os espíritos que não são de Deus, pois maior é Aquele

que está em nós do que aquele que está no mundo (1Jo 4:1-4; 5:19).

Por todos estes fatores, uma enfermidade causada por demônios ou ação

satânica em um cristão autêntico parece ser impossível de acreditar. Podemos inferir esta

argumentação dessas passagens que mencionamos, mas a situação em si não é descrita

detalhadamente no NT. Pode ter ocorrido com Paulo (2Co 12:7-10), mas, mesmo que isso

tenha ocorrido, analisando todo o contexto da passagem, verificamos que a suposta

enfermidade estava sempre no controle do Senhor (comparem com Jó 2:4-7).

Indo para o livro aos Hebreus, o que dizer de muitos personagens da tão

conhecida "galeria da fé"? (capítulo 11). Observem quanta perseguição, sofrimento e até

mesmo martírios!! Os pregadores da teologia da prosperidade certamente evitam pregar

sobre este texto por razões óbvias. Sim, aguardamos ansiosamente, juntamente com o

anseio do Deus Espírito Santo (Ap 22:17, a realização da esperança a nós proposta, âncora

da nossa alma, firme e segura (Hb 6:18-19), nossa bendita esperança que é a gloriosa

manifestação no nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo (Tt 2:13).

A segunda vinda de Cristo que transformará os nossos corpos humilhados na

semelhança do seu corpo glorioso (1Co 15:52; Fp 3:20-21). Será que Cristo precisaria

transformar os nossos corpos se eles já fossem perfeitos e não precisassem da medicina,

como asseveram os propagadores da teologia da prosperidade?

12.2.28 (LIÇÃO 27): A doutrina trinitariana ensina que o homossexualismo é pecado e

que seus praticantes precisam da restauração e do perdão de Deus:

Vamos refletir de forma prática: Se o nosso Deus triúno quisesse que dois

homens se casassem, Ele teria criado e realizado a união de dois homens. Se Deus

quisesse que duas mulheres se casassem, Ele teria realizado o mesmo com duas mulheres.

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Page 362: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Mas, não, Ele criou "Adão" e "Eva", homem e mulher, macho e fêmea. Não

existe um terceiro sexo, são apenas e suficientemente dois.

Deus, com satisfação abençoou essa união, e ambos, homem e mulher,

receberam o mandamento de serem férteis e se multiplicarem, visando a procriação e

perpetuação da raça humana, o que biologicamente todos nós sabemos, só seria possível

entre sexos opostos. Se Deus tivesse o propósito de que houvesse a procriação por

intermédio de pesoas do mesmo sexo, Ele certamente teria realizado esta instituição, essa

união entre os sexos de forma diferente. A mulher foi declarada "idônea" (alguém que o

auxiliasse e correspondesse), para ser a companheira do homem e não outro homem (Gn

1:27-28a 2:20b-24). Não está claro? Mas, parece que não está claro para a nossa

sociedade atual. Ou pelo menos a sociedade não quer acreditar ou admitir (prefiro ficar com

a segunda opção). Até porque a nossa sociedade vive uma religiosidade raza, sem

conteúdo e compromisso, muito aquém do compromisso verdadeiro com Deus.

Quando Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, terminou a Sua criação a partir do

nada, quando Ele encerrou o Seu processo de criação do universo e da humanidade,

cessou no universo todo o processo de criação a partir do nada, o que ocorre desde então,

ou seja, as mudanças existentes na criação são micro-evoluções dentro das espécies já

criadas por Deus e os resultados da inteligência, livre escolha e criatividade dos seres

humanos. E tudo o que Deus criou, Ele viu que era MUITO BOM (Gn 1:31) e é bom e deve

ser recebido e aceito com gratidão e oração, inclusive o casamento (1Tm 4:1-5). Não há

qualquer chance de haver a criação de outro sexo, ou seja, do terceiro sexo. A criação

cessou no sétimo dia e ponto final (Gn 2:1-2).

As Escrituras Sagradas deixam claro desde o início da criação da humanidade

que a união conjugal que é aprovada por Deus é apenas entre pessoas do sexo oposto (Lv

18:22; 20:13). Contudo, a humanidade incorreu no pecado do homossexualismo desde o

início, como podemos observar na história da cidade de Sodoma (Gn 19:4-5; comparem

com Jd 7). O apóstolo Paulo deixou claro como a atitude homossexual, seja masculina ou

feminina, é reprovada por Deus (Rm 1:26-27). E mais: Paulo ensinou que as pessoas que

vivem na prática homossexual não poderão herdar o Reino de Deus Pai, o Paraíso. Na

passagem de 1º Coríntios 6:9-11 na ARA (Versão Almeida Revista e Atualizada), mais

amplamente utilizada, lemos:

“Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.” (1Co 6:9-11).

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Page 363: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Neste texto, os “efeminados” (do grego: “malakoí”, ou seja, "macio ao tato") são

aqueles homens que assumem o papel passivo no ato homossexual, ou seja, o lugar que

deveria ser da mulher, daí o seu nome. Já o termo “sodomitas” (do grego: “arsenokoitai”

composta de duas outras palavras, “arsen”, que significa macho, e “koitai”, cama) refere-se

aos homens que assumem o papel ativo no ato homossexual, conforme aqueles habitantes

de Sodoma (daí o termo: cf. Gn 19:4-5).

Já na NVI (Nova Versão Internacional), a menção contra o homossexualismo

passivo e ativo é bem mais clara:

"Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus." (1Co 6:9-11; NVI; comparem com 1Tm 1:9-10; 2Pe 2:7-10).

Verificamos que Paulo referiu-se a irmãos de Corinto que haviam tido no

passado, antes de se converterem a Cristo, atitudes homossexuais, entre tantas outras

relacionadas, que não permitiram que os mesmos herdassem o Reino do Pai Celeste, mas

que haviam sido lavados, santificados e justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no

Espírito do nosso Deus e Pai (1Co 6:11). Portanto, o Deus triúno atua no perdão e na

restauração de pessoas envolvidas com o homossexualismo.

Mas, distante destas verdades bíblicas, o homossexualismo está deixando de

ser visto como pecado pela nossa sociedade secularizada e agora é encarado como uma

nova orientação sexual, isto é, o surgimento de um novo sexo ou, como já afirmamos, até

mesmo doença de origem genética. Contudo, se isso fosse verdade, jamais o apóstolo

Paulo teria mencionado o poder restaurador de Jesus Cristo e do Espírito de Deus na vida

de homossexuais, para herdarem o Reino de Deus Pai.

Afinal, se a homossexualidade fosse de ordem genética, então, Deus teria

propositadamente em seus atos de criação, permitido que em nosso DNA estivesse a

tendência homossexual. Mas, como Deus, na Pessoa do Espírito Santo então restauraria

pessoas homossexuais já que Ele mesmo teria permitido essa condição? Seria uma

contradição. Tudo isso nos leva a concluir que homossexualismo é pecado, sim, e,

consequentemente, desagrada a Deus (1Jo 3:4).

Portanto, à vista de todos estes relatos bíblicos, o homossexualismo não é

doença e nem algum tipo de disfunção hereditária, mas, uma prática pecaminosa cujo seus

adeptos necessitam da restauração e do perdão de Deus.

Todo comportamento pecaminoso, inclusive o homossexual, é passível de

reversão através do poder do Senhor.

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Page 364: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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É o Deus Espírito Santo que convence as pessoas dos pecados que cometem

(Jo 15:26; 16:8), não adianta aqueles que criticam o homossexualismo agirem com palavras

ríspidas e preconceituosas ou, em muitos casos, até violência física. Nada referente ao

Reino de Deus Pai se conseguirá por violência, mas por amor, pelo poder do Espírito Santo

(Zc 4:6). Este assunto da homossexualidade deve ser tratado com muito respeito,

discernimento e equilíbrio.

12.2.29 (LIÇÃO 28): A doutrina trinitaria fortalece a tríade virtuosa: fé, esperança e

amor:

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três: porém o maior destes é o amor” (1Co 13:13).

Este é certamente um dos versículos mais conhecidos da Bíblia. Aqui, Paulo

encerra sua explanação sobre o amor, antes de falar sobre os dons espirituais (Capítulo 14),

destacando uma espécie de tríade de virtudes: a fé, a esperança e o amor, ressaltando

porém, a superioridade do amor sobre as outras duas virtudes. Virtudes? Não apenas

virtudes, mas, podemos classificar estes três como dons de Deus, sem os quais não

podemos viver adequadamente a carreira cristã. Aliás, ninguém, cristão ou não, consegue

viver sem fé, sem esperança e sem amor. Observemos nas Escrituras Sagradas o porque

destas três virtudes serem tão importantes e porque o amor é o mais importante das três:

Vejamos sobre a fé primeiramente:

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.” (Hb 11:1). “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.” (Hb 11:6). “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.” (Rm 1:17; comparem com Hb 2:4 e Gl 3:11). “E assim, a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo.” (Rm 10:17).

Depois de todos estes versículos, nem é necessário muita consideração sobre a

importância da fé, não é mesmo? Vejam, acreditamos no mundo sobrenatural, nos milagres

de Deus por meio da fé, vivemos pelo que não vemos e não pelo que vemos (2Co 4:18;

5:7), a nossa fé é a vitória que vence o mundo (1Jo 5:4) e sem esta fé não podemos agradar

a Deus. Sem fé não podemos viver, vivemos por ela, pois as obras (sempre justas) de Deus,

isto é, Sua justiça, se revelam em Sua Palavra de fé em fé. E esta fé que pode

gratuitamente nos salvar só é obtida pela pregação da Palavra de Cristo (At 3:16; Ef 2:8).

Que tremenda responsabilidade daqueles que pregam a Palavra, ou seja, um dever de

todos nós, cristãos: levar a Palavra de Deus para que ela gere a fé nos corações incrédulos.

E a esperança?

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara, não duvidou da promessa de Deus, por incredulidade; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera.” (Rm 4:18-21).

O que dizer depois de um versículo como este? O patriarca hebreu Abraão

suportou com esperança uma situação que para muitos seria desesperadora e sem

esperanças. Ele “esperou contra a esperança”. Diante da promessa do Todo-Poderoso que

ele seria pai de muitas nações, mesmo ele não podendo ter filhos, não perdeu a fé (e,

assim, retornamos à fé neste momento). Aliás, a fé no sobrenatural (redundância) nos

proporciona esperança, a esperança, por exemplo, de que Cristo ressuscitou e um dia

voltará para nos buscar e estaremos para sempre com Ele, pois “se a nossa esperança em

Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1Co

15:19). Quando Cristo se manifestar do Céu em Sua segunda vinda, seremos transformados

em Sua semelhança e é nesta esperança que nos santificamos nesta vida (1Jo 3:2-3).

Paciente, benigno, não ciumento, não soberbo, se porta convenientemente, não

se alegra com injustiças, mas com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta

e é eterno (1Co 13:4-8).

Quem não conhece este trecho das Escrituras Sagradas? Estas palavras de

Paulo já foram tema de incontáveis sermões, livros e canções.

É, este é o AMOR. O amor é parte integrante do “Fruto do Espírito” (Gl 5:22-23),

um reflexo comportamental daqueles que seguem a Cristo, o Filho, e, consequentemente,

foram revestidos com o Espírito Santo, o Deus que vive em nós. O amor é o resumo, o

cumprimento da lei de Deus (Mt 22:37-40; Rm 13:10; Gl 5:14). O amor deve ser intenso

entre os irmãos em Cristo, pois tem a capacidade de apagar, cobrir (e não esconder,

encobrir) uma multidão de pecados (1Pe 4:8). O próprio Deus é amor (1Jo 4:8,16), o amor é

a Sua essência, é dEle que procede o amor (1Jo 4:7).

Hoje nós podemos sentir amor porque Deus Pai nos amou primeiro (1Jo 4:19).

Ele derrama o Seu amor em nossos corações por meio do Espírito Santo, a terceira pessoa

da Trindade (Rm 5:5) e prova o Seu próprio amor para conosco pois Cristo, o Deus Filho,

morreu por nós, mesmo sendo pecadores (Rm 5:8; 1Jo 4:9).

Portanto, como Deus é amor e é perfeito (2Sm 22:31; Jó 11:7), o amor é o

vínculo da perfeição (Cl 3:14). É praticando o amor para com Deus e o nosso próximo que

juntos prosseguimos nos aperfeiçoando até chegarmos à perfeição no Céu.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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O amor verdadeiro é tão pregado e ansiado pela sociedade moderna, mas, tão

pouco praticado! Nunca vimos tantas demonstrações de ausência de amor, até mesmo

dentro das famílias, muitas totalmente destroçadas pelo egoísmo e pelo ódio.

Retornando ao tão conhecido texto de Paulo aos coríntios (1Co 13:13), o

interessante é que o apóstolo, inspirado por Deus, atribuía uma importância tão grande a

estas três virtudes (fé, esperança e amor) que ele ressaltou a dinâmica existente entre elas

na vida cristã também em outras de suas epístolas e não somente aos coríntios.

Observemos como as três virtudes conjuntamente atuam na vida dos cristãos:

“Recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo.” (1Ts 1:3; grifos nossos).

Vejam mais uma vez aqui a tríade de virtudes: a operosidade da fé, ou seja, uma

fé que reflete em atitudes, em prática. A abnegação do amor, ou seja, um amor que faz com

que nos doemos ao próximo sem, no entanto, pensarmos em nós mesmos. E a firmeza da

esperança em Cristo, uma esperança que não vacila diante das dificuldades do cotidiano.

Mais ao final desta epístola aos tessalonicenses, Paulo afirmou:

“Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e amor, e tomando como capacete a esperança da salvação.” (1Ts 5:8; grifos nossos).

A fé e o amor, portanto, servem juntos como uma couraça e a nossa esperança

de salvação em Cristo como um capacete para que em nosso cotidiano vivamos de maneira

sóbria diante das dificuldades e diante dos ataques do maligno (comparem com Ef 6:11-18).

Já aos gálatas, Paulo afirmou:

“Porque, nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé. Porque em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão, tem algum valor, mas a fé que atua pelo amor.” (Gl 5:5-6; grifos nossos).

Paulo asseverou que a nossa esperança em Cristo, que nos justifica pelo Seu

sacrifício na cruz, provém da fé nEle. Observemos a fé e a esperança juntos, a fé que

produz a justificação, na qual está a nossa esperança (“...de sorte que a vossa fé e

esperança estejam em Deus...”, 1Pe 1:21b).

Mas, a fé também atua mais uma vez aqui conjuntamente com o amor. Segundo

Paulo, a fé que produz a nossa justificação diante de Deus, ela atua através ou pelo amor. É

como vimos em 1Ts 5:8, a fé e o amor atuam como uma couraça para as nossas vidas. E

por fim, aos romanos, Paulo asseverou que...

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“...justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriemos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.” (Rm 5:1-5; grifos nossos).

Mais uma vez Paulo menciona a fé em Deus que nos torna justos diante dEle,

que nos traz paz para com Ele e nos dá acesso direto a Deus por meio de Jesus Cristo, este

Deus cuja a excelsa glória deve nos trazer esperança, esperança que é resultado de um

processo permitido por Deus em nossas provações cotidianas, depois de vermos produzida

em nós a perseverança e a experiência. Uma esperança que não nos desaponta, não nos

engana, pois o amor de Deus, como afirmamos anteriormente, é derramando em nosso

viver pelo Seu Espírito, que está em nós. Mas o apóstolo Pedro também relatou a operação

da tríade virtuosa (mesmo que implicitamente):

"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros, que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para salvação preparada para revelar-se no último tempo.” (1Pe 1:3-5).

Encontramos claramente a esperança e a fé. Mas, e o amor? Interpretando esta

passagem com o auxílio de outra passagem, descobriremos que o amor está presente nesta

declaração de Pedro (implicitamente), pois ele mencionou a "misericórdia" de Deus pela Ele

nos regenerou.

“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos.” (Ef 2:4-5).

Paulo declarou que o Pai é rico em misericórdia devido ao Seu grande amor,

pelo qual nos deu vida em Cristo, o que corrobora com o que Pedro disse: Deus Pai

segundo a Sua muita misericórdia nos deu nova vida mediante a ressurreição de Cristo.

Portanto, implicitamente Pedro tratou do amor de Deus quando mencionou ser Ele muito

misericordioso. A imensa misericórdia de Deus é reflexo exato do Seu imensurável amor. Da

mesma forma, quando sentimos misericórdia por alguém, este é um reflexo do nosso amor

por aquela pessoa. Pedro, então, afirmou que devido à misericórdia do Pai, Ele nos trouxe

uma viva esperança com a ressurreição de Cristo, herdando nós, assim, uma vida perfeita

no Céu, que é reservada pelo poder de Deus, mediante a nossa fé.

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Page 368: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Vamos analisar um exemplo prático da atuação das três virtudes?

"E eis que uma mulher, que durante doze anos vinha padecendo de uma hemorragia, veio por trás de dele e lhe tocou na orla da veste; porque dizia consigo mesma: Se seu apenas lhe tocar a veste, ficarei curada. E Jesus, voltando-se, e vendo-a disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou. E desde aquele instante a mulher ficou sã.” (Mt 9:20-22).

Esta mulher sofrida dizia a si mesma que se ao menos tocasse nas vestes do

Mestre, ela seria curada. Que tremenda fé, uma fé que alimentou uma esperança inabalável

em alcançar o seu objetivo de encontrar-se com Jesus. E ela o alcançou, sua fé a salvou,

uma fé prática, operosa, que a lançou em direção do Senhor com uma esperança firme,

esperança que encontrou o amor abnegado de Cristo, que a curou imediatamente (compare

com o que observamos anteriormente sobre 1Ts 1:3).

No AT também encontramos um exemplo prático da tríade virtuosa, mas aqui, o

salmista não usou a palavra fé, mas confiança em Deus, que não deixa de ser um sinônimo

para fé, pois confiar em Deus é acreditar em alguém que não se vê e ainda poder ter a

certeza (pois Ele é sempre fiel) daquilo que se espera em Deus:

"Nossa esperança está no SENHOR; ele é o nosso auxílio e a nossa proteção. Nele se alegra o nosso coração, pois confiamos no seu santo nome. Esteja sobre nós o teu amor, SENHOR, como está em ti a nossa esperança." (Sl 33:20-22; NVI; comparem com Ef 3:12 que equivale a confiança à fé).

Mas, por que o amor é maior que as outras duas virtudes, a fé e a esperança? O

amor é eterno, pois, Deus é amor e só o amor permanecerá entre nós no fim dos tempos,

visto que não precisaremos de fé no Céu, pois, estaremos frente a frente, diante do Autor e

Consumador na nossa fé (Hb 12:2), Jesus, um encontro aguardado e esperado por anos,

décadas.

Aleluia! Com este encontro, juntamente com a fé, a esperança na promessa da

vida eterna (1Jo 2:25) também terá encontrado o seu fim, pois não precisaremos esperar

mais nada, não precisaremos de nada, pois seremos eternamente satisfeitos e felizes pela

presença santa, excelsa e indescritível do nosso Deus, em um lugar sem choro, sem luto,

sem dor (Ap 21:3-5).

Com tudo isto, o que resta é o amor, o amor emanando do coração de Deus,

refletido eternamente na Igreja triunfante, entre os salvos e redimidos pelo sangue do

Cordeiro (Ap 19:7-9), Cristo Jesus e devolvido a Deus por nós em eterna gratidão, adoração

e devoção. A esperança e a fé não são virtudes de Deus, não fazem parte da Sua essência,

são virtudes dadas a nós por Deus, por causa da Sua imensa misericórdia (uma virtude, ou

melhor, atributo de Deus) com que nos amou.

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Page 369: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Deus não possui fé e esperança, pois Ele é Deus, Ele é perfeito, Ele não precisa

ter fé em ninguém e nem esperar por ninguém para salvá-Lo de nada, e nem esperar por

nenhum acontecimento, pois Deus não está vinculado aos poderes do tempo como nós

estamos, Ele é eterno, Ele está no início, no meio e no fim de todas as coisas, Ele está no

passado, no presente e no futuro. Agora, o amor, sim, é virtude (ou atributo) de Deus. Por

isso, o amor é eterno, ele é a essência do Ser de Deus. Além de tudo, o amor é o vínculo

perfeito ou vínculo da perfeição para a unidade do Corpo de Cristo, a Igreja (Cl 3:12).

Quantas ligações, quantos vínculos edificantes podem ser desfrutados entre a

fé, a esperança e o amor, não é mesmo? As três virtudes atuando em harmonia e nos

aperfeiçoando por meio da ação sobrenatural de Deus em nosso viver. Mas, o amor

continua sendo a maior das três virtudes. É como podemos observar na figura abaixo:

Portanto, pdemos afirmar que sem a FÉ é impossível agradar a Deus e Pai (Hb

11:6) e ela é a certeza de algo que se espera e prova de coisas que não vemos (Hb 11:1) e

Deus Pai é espírito, é invisível (Jo 4:21-24). A nossa bendita ESPERANÇA é a gloriosa

manifestação no nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo (Tt 2:13). O AMOR de Deus

Pai foi derramando em nós pelo Deus Espírito Santo (Rm 5:1-5).

12.2.30 (LIÇÃO 29) A doutrina trinitariana ensina que para tudo tem um jeito, até

mesmo para a morte:

No início da criação, Deus e o homem tinham um relacionamento muito próximo

(Gn 3:8). O ser humano podia contemplar a essência de Deus face-a-face. Após a

desobediência do homem, porém, houve a separação: Deus, o Criador, agora invisível, de

um lado (Jo 1:18; 4:24; 1Tm 1:17) e o homem de outro lado, condenado à morte por causa

do pecado e à separação eterna de Deus devido à corrupção da natureza humana (Gn 3:10-

13; Sl 14.1-3; Mt 15.19-20), juntamente com toda a criação (Gn 3:17-18; Jr 12:4; Rm 8:19-

22). “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado:

porque tu és pó e ao pó tornarás." (Gn 3:19).

Todos os seres humanos, a partir deste fato, vivem numa dimensão material,

separados da essência de Deus, pois, devido à sua natureza extremamente pecaminosa,

não suportariam contemplá-la, pois morreriam (Ex 33:17-23).

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Page 370: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Após a “queda” do homem, Deus se manifestou em todo o restante do Antigo

Testamento através de várias formas, mas nunca em sua essência. O pecado, portanto,

entrou no mundo através de um só homem e com isso a morte foi transmitida para todos os

homens, pois a recompensa pelo pecado é a morte (Gn 2:15-17; 3:1-19; Rm 5:12; 6:23; 1Tm

5:6; Tg 1:15).

Mas, ao contrário do que muitos podem imaginar, Deus não tem prazer na morte

de ninguém, nem mesmo das pessoas perversas (Ez 18:23,32; comparem com Jó 34:10-15;

1Tm 2:3-4; 2Pe 3:9). O próprio inferno não foi preparado inicialmente para as pessoas

perversas, mas para o diabo e os seus anjos (Mt 25:41).

Todas as pessoas, sejam elas cristãs ou não, na verdade foram criadas para

serem eternas. Deus jamais criou o ser humano para o destruir. Afinal Ele jamais destruiria

alguém que contenha a Sua imagem e semelhança (Gn 1:26-27). Ele mesmo viu que tudo o

que tinha criado era muito bom (Gn 1:31).

As almas dos seres humanos foram criadas para serem eternas. Mesmo após a

morte cada ser humano tem seu destino eterno, seja com Deus ou não (Jo 5:24-29; Rm 2:5-

16; 2Ts 1:9). A eternidade faz parte da natureza humana. Por todos estes motivos, ninguém

que esteja física, emocional e espiritualmente saudável deseja a própria morte (cf. Ec 3:11):

Sabemos que a condenação à morte para toda a humanidade resultou de um ato

de desobediência de um só homem, Adão (Gn 2:15-17; 3:1-19; Rm 5:12; 6:23; Tg 1:15).

Contudo, Deus Pai estabeleceu mesmo antes do pecado ter atingido a raça humana (Gn

3:14-15; Hb 9:26; 2Tm 1:9; Ap 13:8) que a justificação de nossos pecados e a vida eterna

viriam por intermédio de um ato de obediência de um só homem, o Deus-homem: Jesus

Cristo (Rm 5:12-19; 6:23; 8:38-39; 1Co 15:21; Ef 2:1-10; Cl 2:11-15).

Fomos convocados pela Palavra de Deus a buscar conhecimento em relação

àqueles que já morreram (1Ts 4:13). Quando o apóstolo Paulo se referiu “aos que dormem”,

ele estava mencionando a morte física, pois quando morremos, o nosso corpo permanece

deitado, semelhantemente ao corpo de alguém que está dormindo. Paulo não estava

ensinando que as almas dos mortos estão em estado de sono (comparem com Jo 11:11; At

7:59-60).

É vital, portanto, que nós, como cristãos, não tenhamos dúvidas sobre o que é a

morte e o que ocorre depois dela, mas, sim, busquemos o esclarecimento necessário para

este assunto na Palavra de Deus para obtermos nela o nosso próprio conforto e daqueles

que nos cercam, bem como para termos respostas adequadas para aqueles que não

conhecem a Cristo ainda (Cl 4:5-6; 1Pe 3:13-17), pois eles não possuem o consolo e a

esperança que temos por conhecermos o evangelho.

As artes, o cinema, as novelas, os livros, entre outros, retratam a morte

constantemente.

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Page 371: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

371

Todos os dias temos acesso a inúmeras notícias de morte através da mídia.

Milhares de pessoas morrem diariamente em todo o mundo, seja por causa natural,

doenças, vícios, crimes, acidentes, catástrofes naturais e suicídios.

Mas, e a respeito da nossa própria morte, será que temos medo dela? Muitos

têm medo de apenas tocar neste assunto. Muitos vivem grande parte de suas vidas evitando

esse assunto e muitas vezes sabem pouco sobre ele e quando a morte de alguém, de

alguma forma os atinge, seja no trabalho, na igreja ou na família, ficam atônitos,

desesperados, sem respostas adequadas e entram em estado de profunda tristeza e muitas

vezes se revoltam com Deus e até se afastam dEle.

Não queremos aqui, de maneira alguma, banalizar ou negligenciar a profunda

dor e a tristeza pelas quais passamos com a “perda” de alguém querido, mesmo porque o

relacionamento amoroso entre amigos e parentes é mandamento de Deus (Lv 19:18; Jo

15:12) e até mesmo Jesus chorou quando se aproximou do túmulo do seu amigo amado,

Lázaro, falecido há poucos dias, comovido com a tristeza daquela situação entre os

familiares (Jo 11:1-35). Precisamos buscar o conforto e o esclarecimento necessários não

apenas a respeito de nossa própria morte, mas também sobre a morte de nossos entes

queridos, amigos e familiares. Neste estudo (dividido em duas partes), vamos observar

relatos de cristãos que passaram por difíceis experiências com a morte de entes queridos.

Frequentemente vemos muitas pessoas afirmarem em nosso cotidiano um

antigo ditado popular que diz que “para tudo existe um jeito, menos para a morte.” Mas, a

doutrina trinitariana refuta essa ideia, pois até mesmo para a morte existe uma saída, pois

Deus Pai, pelo poder do Espírito Santo, ressuscitou a Jesus, o Filho, nos dando a certeza de

nossa ressurreição e nossa vida eterna com Deus.

O Espírito Santo é o nosso Consolador (Jo 14:16-17,25-26; 16:7). Ele habita em

cada um de nós, cristãos (Rm 5:5), nos capacita (At 1:5-8), nos fortalece (Gl 5:5,16-18). O

Espírito de Deus pode nos dar direcionamento (At 13:1-4; Gl 5:16-18) e nos ensinar (Is

40:13; Jo 14:25-27).

Recordemos as palavras do apóstolo Paulo em 1ª Coríntios 15:55-58 que nos

exortam a trabalhar com perseverança e dedicação na obra de Deus, pois a morte foi

derrotada por Jesus. Ele está vivo.

Sabemos que Deus é o dono da vida e conforme a Sua soberana vontade Ele a

dá ou a tira. Ele mesmo pode permitir uma enfermidade ou mesmo curá-la (Dt 32:39; Jo

10:17-18). Deus não é somente o dono da vida, Ele é dono de tudo, tudo pertence a Deus,

as pessoas, o mundo, a vida, a morte, o presente e o futuro (1Co 3:21-23). Por isso, uma

atitude que devemos tomar enquanto vivemos nesta vida é a de dependermos de Deus. A

nossa suficiência deve estar em Deus (Ef 6:10).

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Page 372: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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É o Espírito Santo habitando em cada cristão, após este ter recebido a Cristo

como Senhor e Salvador, que promove a regeneração interior (1Co 6:9-11; Tt 3:4-7), a

transformação de pessoas perdidas em pecados em pessoas que buscam se santificar (Rm

15:16; 2Ts 2:13), ou seja, se separar para Deus, buscando cada vez mais se afastar do

domínio da natureza pecaminosa que existe em cada ser humano, tentando se aproximar

cada vez mais do Criador, diminuindo, assim, o abismo que o pecado deixou entre Deus e a

raça humana (Hb 12:14). Cristo, o Filho, ressuscitou pelo poder do Pai, destruiu o poder da

morte, para nos ressuscitar no fim dos tempos, e nos mostrou como é a vida eterna com

Deus e como devemos proceder para obtê-la (2Tm 1:8-10).

Na passagem de 1Co 15:35-58, Paulo ensina a respeito da ressurreição geral

dos mortos e da natureza do corpo que receberemos. Nosso corpo imortal será como o de

Cristo glorificado (Fp 3:20-21; 1Jo 3:2; Sl 17:15). Mas, as qualidades do corpo ressuscitado

não são discutidas amplamente nas Escrituras, exceto por algumas insinuações de como

era Jesus e os seus aparecimentos após a ressurreição. Após a ressurreição, Cristo tinha a

forma visível e podia ser tocado, mas mesmo assim foi capaz de passar através de madeira

sólida sem ser modificado (Mt 28:9; Lc 24:39; Jo 20:26-27). Maria Madalena e os discípulos

o reconheceram de um relance (Jo 22:16,18,20). Através destas passagens que temos visto

podemos ter um vislumbre de como este corpo imortal será e quais serão suas qualidades.

Nosso corpo material é mortal, corruptível, sujeito a morrer, enquanto que, o corpo

ressurreto será incorruptível, imortal, imperecível (Jo 14:17; 1Co 15:53-54). Os defeitos

desta vida não existirão na ressurreição.

A criação será restaurada para que possa ser purgada de todos os efeitos do

pecado (2Pe 3:7,10,12) e nos será apresentada a nova criação. A cidade celestial será a

morada de todos os santos (Hb 12:22-24), a noiva de Cristo (Ap 21:9-10), e o lugar que

Cristo está preparando para o Seu povo (Jo 14:1-3).

12.2.31 (LIÇÃO 30) A doutrina trinitariana ensina que não existe “purgatório” e nem

“reencarnação”:

Deus é o Pai dos espíritos (Hb 12:9; Ap 22:6), Ele não é Deus de mortos, mas de

vivos porque para Ele todos estão vivos, estejam nesta Terra ou não (Lc 20:38), portanto,

Ele domina o mundo dos mortos e dos vivos. Todas as almas pertencem a Ele (Ez 18:4a).

É Ele quem chama as gerações à existência desde o princípio (Is 41:4). Ele, Deus Pai,

outorgou a Cristo toda a autoridade no céu e na terra (Mt 28:18b; Ef 1:17-22), inclusive para

entregar a Sua própria vida por nós e depois vivificar a si mesmo (Jo 10:17-18). Por isso,

Jesus Cristo, o Filho, é o Senhor dos mortos e dos vivos (Rm 14:7-9) e dá vida a quem Ele

desejar (Jo 5:21). Cristo é o Autor da Vida (At 3:15), nEle foram criadas todas as coisas,

inclusive visíveis e invisíveis, Ele existe antes de tudo (Cl 1:16-17).

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Page 373: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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A reencarnação, portanto, estaria sob o domínio de Jesus Cristo, evidentemente.

Mas, observamos que a Bíblia, inteiramente aprovada por Jesus (Lc 10:16; 24:25-27; Jo

5:46-47; 13:20), também afirma que para os seres humanos é importante zelar por um bom

comportamento aqui na Terra, pois o espírito de cada pessoa será chamado por Deus e não

retornará mais para consertar alguma situação errada (Ec 3:19-22; Is 26:13-14). Ou seja,

depois da morte, o ser humano não fica reencarnando sucessivamente, mas o seu espírito

aguarda a ressurreição e o julgamento de suas obras: (Hb 9:27; Lc 16:19-31; Jo 5:26-29;

1Co 15:12-44; Ap 20:11-13).

Aliás, Deus não tem prazer na morte de ninguém, nem mesmo na morte dos

perversos (Ez 18:23,32). Seria difícil imaginar Deus se conformando com incontáveis mortes

e renascimentos de quem quer que fosse.

O que ocorre realmente com o nosso espírito quando morremos? Ele vai direto

para o Céu com o Senhor? Ele fica vagando por um período de tempo e se comunica com o

mundo dos vivos? Ele precisa reencarnar inúmeras vezes até atingir a perfeição? Ou ele

passa um tempo no purgatório?

As pessoas salvas vão diretamente para o Céu. Devemos lembrar que “Paraíso”

é definido como sendo “o terceiro céu” (2Co 12:2,4). Quando os justos do Antigo

Testamento morreram, foram diretamente para o Céu. Deus tomou a Enoque para si (Gn

5:24; Hb 11:5) e Elias foi tomado “ao Céu” quando partiu (2 Rs 2:1). O chamado “seio de

Abraão” (Lc 16:23) é, metaforicamente, uma descrição do Céu. Jamais esta descrição é

atribuída ao inferno., mas é o lugar para onde Abraão foi, o “reino dos céus” (Mt 8:11).

Moisés e Elias, na transfiguração de Jesus, vieram do Céu (Mt 17:3)

E não existe contato das almas de pessoas falecidas com o mundo dos vivos.

Em Isaías 26:13-14, temos a declaração de que governantes que haviam oprimido a Israel

não poderiam mais fazê-lo, pois haviam morrido e não poderiam mais voltar a viver. A Bíblia

ainda afirma que o ser humano e os animais vieram do pó e para lá voltarão e que para o

homem é importante zelar por um bom comportamento aqui na Terra, pois seu espírito será

chamado por Deus e não retornará mais para consertar alguma coisa errada (Ec 3:19-22).

Em Hebreus temos uma importante passagem que afirma que aos homens foi ordenado

morrer apenas uma vez e depois disto o juízo final os aguarda (Hb 9:27-28). Na passagem

do rico e Lázaro também podemos observar a realidade de que os mortos não podem

retornam ao mundo dos vivos (Lc 16:19-31).

Ao contrário do que muitas seitas e religiões apregoam, portanto, não existe uma

segunda oportunidade de salvação após a morte. Não existe, por exemplo, a reencarnação,

que seriam sucessivos renascimentos para buscar o aperfeiçoamento e pagar por erros

cometidos na vida anterior.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Nesta mesma linha de raciocínio, podemos afirmar também que não existe o

purgatório, um lugar de transição destinado à purificação dos pecados cometidos em vida

para que o indivíduo se torne apto a entrar no Céu.

O Senhor Jesus, Deus Filho, afirmou que o seu espírito estava indo diretamente

para o Céu, quando disse: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23:46). É

evidente que Cristo não possuía pecados e consequentemente não necessitaria de um

estágio intermediário para purgar Seus pecados (!), mas essa narrativa demonstra como o

espírito vai direto para “as mãos de Deus Pai”.

Aliás, Cristo afirmou ao ladrão arrependido na cruz que naquele mesmo dia o

ladrão estaria com Ele no Paraíso (Lc 23:39-43), portanto, aquele homem mesmo tendo sido

um ladrão, não precisaria ficar incontáveis reencarnações se aperfeiçoando até pode ir para

o Céu, devido ao seu coração arrependido e ao seu clamor ao Mestre, ele recebeu a

garantia que iria direto para o Céu.

Muitas pessoas não crêem, mas, existe consciência depois da morte. As almas

das pessoas falecidas estão conscientes e podem se reconhecer. Essas verdades são

evidentes através de ricos ensinamentos que o Senhor Jesus trouxe sobre a vida após a

morte.

A parábola do rico e de Lázaro. Vamos estudar Lucas 16:19-25. Somos

apresentados a dois indivíduos que levavam vidas completamente diferentes: um homem

riquíssimo e um mendigo doente chamado Lázaro que dependia do homem rico para se

alimentar (vv. 19-21). Ambos os homens da história morreram, o rico foi para o inferno e o

mendigo foi para o Céu (vv. 22-23). Em seguida, podemos constatar o sofrimento que existe

no inferno. O rico, desesperado, pede alívio para o seu tormento, mas Abraão o exorta

dizendo que Lázaro sofreu em sua vida, mas que agora, no Céu, estava recebendo o

consolo, mas que ele (o rico) apesar de todos os bens que possuía, iria sofrer no inferno (vv.

23-25). Não há dúvida que o rico da história de Lázaro o reconheceu e também a Abraão,

porque os chamou pelo nome, de dentro do inferno.

No episódio da transfiguração de Jesus. Sugerimos a leitura de Lucas 9:29-31

(comparem com Mt 17:1-8; Mc 9:2-8). No momento em que Jesus foi transfigurado, Moisés

e Elias, séculos depois de suas mortes, conversaram com Jesus (vv. 30-31). O que ocorre é

que um deles foi trasladado e o outro tinha sido morto e enterrado cerca de 1500 anos antes

(Dt 34:5-6; 2Rs 2:11; Mt 17:3). Mesmo depois de estarem “mortos” todo esse tempo, Moisés

e Elias continuavam vivos, conscientes e com capacidade de conversar com Jesus. Neste

episódio da transfiguração de Jesus, os discípulos reconheceram a Moisés e Elias em seus

corpos eternos e não precisaram ser apresentados a eles formalmente, embora jamais os

tivessem encontrado nem visto seus retratos.

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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No episódio narrado em Lucas 20:27-40 (comparem com Mc 12:18-27; Mt 22:23-

33): Os saduceus (que não acreditavam na ressurreição: At 23:8), vieram testar o Senhor

Jesus. O questionamento que lhe fizeram foi: Um homem casado e que não tinha filhos

faleceu. Um de seus seis irmãos solteiros se casou com a viúva para poder gerar

descendentes (de acordo com a Lei de Moisés: Dt 25:5-10), mas morreu também sem

deixar filhos. Um após o outro, os demais irmãos também se casaram com esta mulher e

morreram sem deixar descendência. No fim, a mulher também morreu. Os saduceus

perguntaram a Jesus, então, se na ressurreição geral dos mortos, no fim dos tempos, de

quem essa mulher deverá ser esposa, pois na vida terrena ela foi esposa dos sete irmãos

sucessivamente (vv. 27 a 33).

Com a resposta de Cristo, podemos aprender muitas lições preciosas. A

situação levantada pelos saduceus nesse episódio era irrelevante. O Senhor ensinou que

não há casamento na vida futura. Os santos ressuscitados serão como os anjos, isto é, não

haverá mais procriação (vv. 33-36). Em seguida Jesus demonstrou que no episódio da sarça

ardente (Ex 3:6), Deus Pai reconhecia a existência de um relacionamento presente e

contínuo com Abraão, Isaque e Jacó, embora os patriarcas dos hebreus tivessem “morrido”

séculos antes de Moisés (v. 37). Neste episódio de Êxodo, Deus afirmou “Eu sou” e não “Eu

fui” o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. A ênfase estava no tempo presente e não no

passado. Deus falou de sua ligação com os patriarcas mortos como se estando vivos

naquela época, ou seja, a eternidade destas relações não havia cessado com a morte deles.

Não há dúvida que esses homens de Deus estavam e estão ainda vivos e ativos com Deus

no Céu. E que declaração poderosa de Jesus quanto à morte! Deus Pai não é Deus de

mortos, Ele é Deus dos vivos. Para Deus Pai todas as pessoas estão vivas (v. 38). Cristo

repreendeu os saduceus dizendo que eles caíram em um grande erro pelo fato de não

conhecerem as Escrituras e nem o poder de Deus (Mt 22:29; Mc 12:24).

REFLITAMOS:

1) Como a reencarnação explica o sofrimento de Adão e Eva se não em

decorrência do pecado? Eles não haviam passado pela experiência de vidas anteriores.

Seus sofrimentos, estabelecidos por Deus, não foram decorrentes de pecados em vidas

anteriores;

2) Se desde o início os humanos estão se reencarnando para aperfeiçoamento,

deveríamos estar vendo uma geração ou uma raça de pessoas quase perfeitas, mas onde

estão elas?;

3) Se o “carma” é uma espécie de “carga” que uma pessoa deve suportar para

pagar por pecados que cometeu em outras vidas, é estranho e injusto ela ter que pagar por

algo que não se lembra (vejam Ap 21:11-15);

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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4) Para que fazermos caridade, então, se a dificuldade que nosso próximo está

passando é um “carma” que ele deve suportar durante a sua vida, neste “plano de

existência”, para se tornar um espírito mais “evoluído”? Sendo assim, estaríamos

atrapalhando-o em sua evolução espiritual e em nossa também, pois estaríamos “pecando”,

indo contra Deus;

5) Se a caridade é obrigação para a evolução, na verdade é uma contradição,

pois o amor verdadeiro ao próximo se excluiria neste caso, pois estaríamos apenas

realizando uma mera obrigação, apenas aliviando a nossa consciência;

6) Até quando a humanidade ficaria vinculada a este ciclo de reencarnações?

Haveria um dia quando a humanidade pecadora estaria apta, imaculada, para estar diante

do Deus totalmente santo?

7) A humanidade tem evoluído muito no campo científico, mas no campo moral

está cada vez pior. Se ela estivesse melhor, depois de milhares de anos não deveria haver

muitos humanos, e sim, quase todos teriam se desencarnado e se tornado espíritos

evoluídos. Mas, ocorre o contrário, a taxa de crescimento populacional é gigantesca;

8) Já que Deus é totalmente justo e bom, não seria mais justo Ele oferecer a

salvação dos pecados, para que ao morrer, a pessoa possa ir para o Céu, um lugar de paz

total e gozar de Sua presença para sempre do que ficar sofrendo durante inúmeras vidas

para pagar por pecados que nem se lembra?

Mas, a doutrina da reencarnação possui outro problema bastante sério: ela

rebaixa a Divindade e a humanidade. Ora, sabemos que tudo, exatamente tudo o que Deus

criou é bom, inclusive a humanidade (1Tm 4:4-5; cf. Gn 1:31; comparem com Tg 1:17). Deus

criou o ser humano e viu que era muito bom, Ele não nos criou para sermos algo sem valor,

inferiorizado, um ser intrinsecamente maligno. Mas, Allan Kardec, fundador do Espiritismo,

distante desta verdade bíblica, afirmou que: “O nosso mundo pode ser considerado, ao

mesmo tempo, como escola de espíritos pouco adiantados e cárcere de espíritos

criminosos” (12). Em outras palavras, de acordo com famoso fundador do Espiritismo só

existem duas classificações possíveis para nós, seres humanos: ou somos espíritos

atrasados ou somos criminosos (!!).

Será que é essa visão que Deus tem de nós? É evidente que a natureza divina é

superior à humana, como vimos neste nosso estudo, pois esta é finita, limitada, e foi criada

por aquela, infinita, ilimitada.

É evidente também que o homem se enveredou por livre vontade e por sua

ambição desenfreada em um estado de pecado e rebelião contra Deus, mas, o Criador, Pai,

o Fiho e Espírito Santo, jamais desistiu da humanidade e nem passou a vê-la como uma

corja de espíritos inferiorizados e bandidos. Muito pelo contrário, em Seu infinito e

incondicional amor, se encarnou, uniu à Sua natureza divina a natureza humana na Pessoa

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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do Seu Filho Jesus Cristo, para, sem pecado, morrer em nosso lugar e restaurar toda a Sua

criação (Jo1:14; Rm 5:8; 8:17-25; Hb 4:14-16). Deus, que é totalmente puro e santo, jamais

desejaria se unir a uma natureza ou espécie de vida que considerasse pouco evoluída.

Observemos o que Alexandre Dias, outro escritor espírita, afirmou:

"Nascer, morrer, renascer é o trabalho contínuo a que está sujeito o espírito, passando por todas essas transições, desde o tipo boçal ao gênio. Não importa saber quantos milhares de anos foram precisos para tomar as feições humanas, o tempo que demorou na raça indígena e na preta, até chegar à branca, e nem as várias nacionalidades que adotou na sua trajetória...E o espírito passará a outro planeta mais adiantado. Daí, em escala sempre ascendente, de planeta em planeta [...]” (13)

Mesmo que Alexandre Dias seja pouco conhecido até mesmo no contexto

espírita, sua obra parece ter sido influenciada por outro escritor espírita, o francês Leão

Denis, que publicou inúmeras obras que lhe acarretaram o título de “o filósofo inconfundível

do espiritismo” e em seu livro “Depois da Morte”, descreveu o homem como um mineral, que

depois se transforma em vegetal, e depois animal irracional até atingir o patamar de ser

racional, apoiando-se na filosofia do evolucionismo mais primitivo (até mesmo anterior a

Charles Darwin). Hoje, Denis é citado pelos espíritas doutrinadores brasileiros como

importante referência dentro do Espiritismo. Observemos algumas de suas declarações:

"Sabemos que em nosso Globo, a vida aparece primeiramente sob o mais simples, os mais elementares aspectos, para elevar-se, por uma progressão constante, de formas em formas, de espécies em espécies, até o tipo humano, coroamento da criação terrestre [...] A alma se elabora no seio dos organismos rudimentares. No animal está apenas em estado embrionário; no homem adquire o conhecimento, e não mais pode retrogradar (...) No dia em que a alma, libertando-se das formas animais e chegando ao estado humano, conquistar a sua autonomia, a sua responsabilidade moral, e compreender o dever, nem por isso atinge o seu fim ou termina a sua evolução.” (14)

Observemos, nesta linha de raciocínio, o que o próprio Allan Kardec afirmou:

“Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do homem e o do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dignidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.” (15)

Seguindo este pensamento, o espírita Leopoldo Machado, asseverou que:

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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“A vida orgânica a anímica vem, não tenhamos dúvida, de muito baixo e de muito longe, dos seres inorgânicos, até chegar ao homem, ao espírito, ao anjo...A espécie humana provém material e espiritualmente da pedra bruta, das plantas, dos peixes, dos quadrúpedes, do mono (macaco). E, de homem, ascenderá a espírito, a anjo, indo povoar mundos superiores...” (16)

Jefferson M. Costa considerou sore estas declarações espíritas:

“Vemos aí que Allan Kardec, subserviente à doutrina materialista dos evolucionistas anteriores a Darwin, deu um jeitinho de arranjar uns paletós de macacos para os seus espíritos de estimação (...) Portanto, segundo temos constatado até aqui, os doutrinadores da reencarnação afirmam que uma pessoa (eu ou você, caro leitor) pode ter sido, em existências passadas, um animal qualquer, um vegetal ou um mineral (...) O próprio Allan Kardec, que afirmava ser a reencarnação de um antigo poeta celta, pode muito bem ter sido, em encarnações anteriores, a pedra onde alguém dentre os primeiros homens deu o primeiro tropeção e proferiu as primeiras palavras torpes; ou quem sabe, talvez Kardec tenha sido a árvore de onde alguém tirou um galho para a prática de um homicídio, ou uma porção do barro utilizado nos tijolos da Torre de Babel, ou, quem sabe ainda, o jumento cuja queixada serviu de arma a Sansão, quando ele matou mil filisteus (Juízes 15.15,16), ou simplesmente um sapo...” (17)

A doutrina da reencarnação, portanto, reduz, rebaixa o ser humano (todos nós) a

seres inferiorizados do ponto de vista espiritual e até físico e intelectual, seres que precisam

evoluir constantemente por meio de sucessivas vidas até chegar à perfeição. Sim, devemos

evoluir cada vez mais, mas isso ocorre nesta vida terrena, seja no campo físico, material,

intelectual e espiritual, mas a Bíblia deixa claro que Deus criou cada elemento da natureza

em seu contexto e com os seus propósitos: o mineral é sempre mineral, o vegetal é sempre

vegetal, o animal irracional é sempre animal irracional, o ser humano é racional e continuará

sempre nesta condição, mas, ele é pecador e precisa se arrepender dos seus pecados e

receber a salvação por meio da fé no Filho de Deus, Jesus Cristo. Até mesmo os anjos são

sempre anjos. Eles não são seres humanos que evoluíram (Gn 1:1-31; 2:7; Pv 3:19; 15:4a;

Ec 3:1-11,19-21; Mt 17:1-3; Lc 16:19-31; 20:27-40; At 17:24-31; Rm 3:21-24; Hb 1:13-14; Ap

5:11-13; 7:9-12).

E pior ainda, a doutrina da reencarnação, não apenas rebaixa a humanidade.

Quando ela se apoia na teoria da evolução, ela rebaixa a Divindade também, tornando-se

um atalho filosófico para o ateísmo, devido ao fato de que com todos estes conceitos que

observamos, afirma que Deus não criou o homem (que seria originário da evolução das

espécies e da seleção natural) e nem criou o universo (que também seria originário de uma

evolução cósmica).

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Page 379: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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DESEJO IR PARA: (click no link desejado para se locomover com mais rapidez pelo nosso estudo) SOBRE O AUTOR - ÍNDICE – APRESENTAÇÃO – AGRADECIMENTOS – DEDICATÓRIA - ABREVIATURAS – PREFÁCIO -

Capítulos: 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 – 13 – BIBLIOGRAFIA - ANEXOS _____________________________________________________________________________________________________

NOTAS: (01) (Aldo Menezes, livreto “As Testemunhas de Jeová e a Trindade”, p. 42). (02) (“Teologia Sistemática”, p. 333) (03) Arthur W. Pink: livro “Deus é Soberano” (pp. 75-76). (04) Hermisten da Costa (livro “O Pai Nosso”, p. 228). (05) (“Teologia Sistemática”, p. 156). (06) (Hermisten da Costa, “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo”, pp. 413-414). (07) (Héber C. Campos, “A união das naturezas do Redentor”, p. 155) (08) (Rev. Hernandes Dias Lopes, livro "Destinados para a glória", p. 30). (09) (confiram um artigo sobre a concepção de Agostinho sobre a Trindade com uma interessante tabela que analisa compara a diferença entre as doutrinas de um Deus pessoal ou de um Deus tripessoal em http://www.monergismo.com/textos/trindade/Trinitate_Agostinho_Franklin.pdf). (10) (“A Trindade e a Pessoa”, Revista VINDE, Ano 3 – No. 31 – Junho/1998). (11) (Fonte: Nota Teológica, página 837 - http://www.monergismo.com/). (12) (livro “O que é o Espiritismo”, 10ª edição, p. 153) (13) “Contribuições para o Espiritismo” (2ª ed., Rio de Janeiro, 1950, p. 19ss): (14) Leão Denis, “Depois da Morte”, 6ª ed., FEB, Rio de Janeiro, pp. 139-143). (15) (“A Gênese”, FEB, Rio de Janeiro, 1985, 28ª ed., p. 212). (16) “Revista Internacional do Espiritismo”, p. 193, em 1941, em Matão, SP (17) “Porque Deus condena o Espiritismo” (CPAD, 12ª ed., Rio de Janeiro; (pp. 142-143). Para complementar sobre a praticidade da doutrina trinitariana, acessem: http://www.permanencia.org.br/revista/teologia/garrigou10.htm

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Conclusões gerais

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Prezado leitor, depois de atentar para este estudo, você compreendeu agora o

que é a Santíssima Trindade, ou seja, o Deus triúno? Não? Não tem problema. Nós também

não, e ninguém jamais vai compreender, pois Deus é insondável. O que devemos

compreender é a doutrina trinitariana. Então, no desejo de que nosso estudos sobre a

Santíssima Trindade edifiquem a sua vida, neste momento enfatizamos e reformulamos a

nossa principal preocupação em forma de questionamento: “Você compreende o sentido da

doutrina da Santíssima Trindade?”

A doutrina trinitariana nem sempre apresenta conceitos fáceis de assimilar, mas

ela é bíblica e Deus, na Pessoa do Espírito Santo, pode nos auxiliar a que cheguemos ao

conhecimento de toda a verdade (cf. Jo 16:13). Se você não compreendeu ou não concorda

com ela, no mínimo, humildemente, deve agradecer e adorar a Deus pelo que Ele é, pois se

Ele não fosse tri-pessoal, estaríamos perdidos, condenados a “passar” a eternidade

distantes Dele. Contudo, mesmo que não compreendamos a Trindade completamente, a

doutrina trinitariana deve ser não apenas compreendida, como também defendida e

propagada, já que é a base doutrinária sólida e irrefutável da fé cristã evangélica:

“Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos, ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica.” (Fp 1:27). “...exortando-vos a batalhardes diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.” (Jd 3).

Sugerimos, inclusive, a releitura de todo este estudo, quantas vezes os nossos

prezados leitores julgarem necessário (não precisa ser em ordem numérica, pode ser

aleatoriamente), para a melhor compreensão, aplicação e edificação, pois é um estudo

completamente esquecido pela Igreja de Cristo hoje, e possui muitas vezes, como já

afirmamos, conceitos de difícil assimilação.

Bem, se admitimos a Bíblia como única regra infalível de fé e prática para a

nossa vida (e ela o é), naturalmente com a direção do Espírito Santo, mais cedo ou mais

tarde, deveremos aceitar a doutrina trinitariana, mesmo que ainda não a compreendamos

totalmente. Do contrário, a nossa fé perderá o sentido. Essa conclusão pode até parecer a

princípio um tanto exagerada, mas é correta.

Baseados no que afirmamos anteriormente, se a doutrina trinitariana não fosse

verdade, então o nosso Salvador, neste caso, seria tão somente um mero ser humano e o

Espírito Santo que em nós, cristãos, habita, não seria Deus, mas uma energia cósmica ou

uma alma desencarnada qualquer (!) Tudo isso invalidaria todas as evidências bíblicas para

a doutrina trinitariana que vimos neste estudo e consequentemente, a própria confiabilidade

na perfeição bíblica e a nossa salvação. E isso é muito, muito sério. Mas, a maioria

esmagadora das pessoas estão alienadas e negligenciam o poder libertador da doutrina

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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trinitariana, não investem nem um momento do seu precioso tempo gasto em muitas

atividades banais e passageiras para conhecer melhor esta doutrina. Grande parte da culpa

de tudo isto é da própria Igreja de Cristo.

Para aqueles críticos antitrinitaristas que afirmam que a doutrina trinitariana não

se encontra na Bíblia, acreditamos que sobraram evidências para todos os gostos e estilos

teológicos e doutrinários, pois as encontramos de Gênesis a Apocalipse. Vamos recapitular

os livros nos quais encontramos estas evidências, para confirmar o que estamos

asseverando (juntamente com o livro, inserimos as páginas do nosso trabalho para

consulta): Mas, se os críticos vão aceitar a Verdade, já é outra história:

No Antigo Testamento, 19 livros: Gênesis (98,119), Êxodo (100, 120),

Números (102,120, 128), Juízes (105, 121, 128, 129, 131), 1º e 2º Samuel (110, 121), 2º

Reis (122), 2º Crônicas (122), Isaías (110, 124, 133), Ezequiel (125), Neemias (122), Jó

(123), Salmos (123), Oséias (111), Joel (126), Ageu (127), Miquéias (127), Zacarias (111,

127), Malaquias (113); e

No Novo Testamento, 17 livros: Nos quatro evangelhos (138), Atos dos

Apóstolos (142), Epístola aos romanos (143), Epístolas aos coríntios (145), Epístola aos

gálatas (147), Epístola aos efésios (147), Segunda epístola aos tessalonicenses (148),

Epístola a Tito (148), Epístola aos hebreus (149), Epístola de Judas (149), Primeira epístola

de Pedro (149), Primeira epístola de João (149) e Apocalipse (151).

Portanto, dos 66 livros do “cânon” protestante, 36 livros apresentam evidências

diretas e claras das três pessoas da Trindade, sem mencionar inúmeras outras evidências

indiretas em muitos outros livros canônicos a uma ou outra pessoa da Trindade.

Considerando mais uma vez a regra de interpretação bíblica que versa que “uma doutrina só

pode ser considerada bíblica e para todas as épocas e culturas se forem encontrados

muitos versículos tanto no Antigo como no Novo Testamento para a mesma”, existir mais de

50% dos livros canônicos com evidências trinitarianas diretas acreditamos ser uma

excelente e suficiente base para a apologética segura e irrefutável desta doutrina não é

mesmo?

Ademais, todo e qualquer estudo que se faça a respeito da Santíssima Trindade

só pode ser extraído das páginas das Escrituras Sagradas do cristianismo, a Bíblia.

Nenhuma arte, filosofia, ciência ou religião jamais conseguirá compreender ou até mesmo

expor de maneira satisfatória a Santíssima Trindade em Sua plenitude. Por mais que se

façam estudos minuciosos a Seu respeito, o homem seguramente jamais a compreenderá

plenamente.

Nem os maiores escritores, artistas e nem os consagrados roteiristas de filmes e

novelas, seja de que gênero for (documentário, ficção científica, ação, drama ou épicos),

jamais conseguirão criar uma realidade tão impressionante, complexa e ao mesmo tempo

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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verdadeira como a Santíssima Trindade e Sua obra, exatamente pelo fato de que se Deus

não tivesse se revelado na Bíblia como a Trindade, seguramente jamais conseguiríamos

desenvolver ou sustentar a doutrina trinitariana de forma satisfatória.

E mais: Não podemos adaptar o que a Bíblia afirma sobre Deus apenas para

torná-Lo mais acessível e compreensível às nossas mentes limitadas. Por mais

perplexidade que a verdade trinitariana nos traga, jamais podemos nos deixar levar ao

equívoco de negar o que Deus realmente é.

Muitas pessoas negam a Trindade, pois, acreditam na grandeza de Deus até um

certo grau, tentando limitá-Lo (como se fosse possível). Acreditam que Deus é infinito, que é

eterno, imutável, onipotente, etc., mas quando se deparam com a doutrina trinitariana, não

conseguem acreditar que este mesmo Deus com tamanha gama de atributos perfeitos

possa ser tripessoal também, ou seja, que Ele possua uma tripersonalidade.

Aliás, a doutrina trinitariana tem pouca aceitação não apenas pelo fato de

possuir conceitos complexos, mas também porque encontra enraizados na sociedade

conceitos distorcidos sobre a Divindade e a humanidade: fábulas, contos de fada,

mitologias, heróis indestrutíveis vindos de outros planetas para “nos salvar”, homens e

mulheres com poderes psíquicos e físicos sobre-humanos resultantes de uma evolução

genética fictícia, entre tantas outras historietas. Ressaltamos, portanto, com veemência, que

a doutrina trinitariana não é mais uma “historinha” como essas, ela é reflexo de uma

realidade ainda desconhecida de muitas pessoas, realidade existente desde a eternidade:

Deus existe de forma tripessoal.

A doutrina trinitariana também é pouco aceita, divulgada e estudada devido aos

graves sintomas de materialismo e egocentrismo encontrados na sociedade secular e que

estão cada vez mais invadindo a Igreja, para a nossa tristeza. O ser humano e, infelizmente,

incluindo muitos cristãos, só estão pensando naquilo que Deus pode nos dar, como um

milagre, a prosperidade, saúde, etc. Parece que cada vez menos pessoas estão querendo

conhecer realmente a Deus em Sua essência, se relacionar com Ele e oferecer a Ele uma

adoração e louvor com maior qualidade.

A doutrina trinitariana é a base doutrinário-teológia do cristianismo e que possui

implicações práticas na vida da Igreja e da sociedade, mas está completamente esquecida

pela Igreja. Nós pregamos, escrevemos e cantamos sobre o Pai, o Filho e o Espírito Santo,

mas na prática parece que evitamos discutir o assunto. Estudar a doutrina trinitariana,

portanto, parece atualmente algo completamente sem propósito, uma perda de tempo ou

ainda algo enfadonho, chato, que mais confunde do que esclarece. Mas, na verdade, é o

contrário.

É neste intuito que a doutrina trinitariana surge: para nos levar a conhecer

melhor a Deus e para podermos adorá-Lo e servi-Lo com mais qualidade. É o mínimo que

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Ele merece depois de tudo o que Ele fez, faz e fará por nós. Mas Deus requer isso de nós

não porque Ele precise disso para se sentir melhor. Ele requer isso de nós, justamente

pensando em nosso bem, em nossa edificação.

Todos estes conceitos humanos pecaminosos, como materialismo e

egocentrismo, estão separando a todos nós da necessidade vital e urgente de estudar,

conhecer e servir o Deus Triúno.

O melhor, talvez, seria se utilizássemos menos o termo "trindade", pois muitas e

muitas pessoas, receiamos, podem acabar por separar em suas mentes este termo de sua

noção de Deus, o que é extremamente prejudicial. Não, não podemos descartar este termo

apenas pelo fato de não fazer parte do texto sagrado, mesmo porque é um termo muito útil

originado para defender a Divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo diante das críticas

dos céticos nos primeiros séculos da Igreja (e ainda é útil atualmente), mas, talvez,

pudéssemos utilizar mais a querida expressão "Deus triúno" ou "Trino Deus".

A despeito disso, a expressão "trindade", uma vez que já é tão amplamente

utilizada pela Igreja, deve estar "cristalizada" em nossa mente como sendo tão somente um

sinônimo didático e não um substituto para a palavra "Deus". Ou seja, sempre que lermos ou

ouvirmos "trindade", imediatamente este conceito deve vir ao nosso pensamento: "Trindade"

significa "Deus triúno", ou "Deus triúno" = "Trindade". Não, jamais deveremos excluir a

palavra "Deus", não é isso que estamos afirmando, isso seria uma espécie de "suicidio

doutrinário".

O que devemos é sempre lembrar que Deus sempre existiu como trino ou triúno,

Ele sempre foi e sempre será a santíssima e adorada Trindade. Este termo "trindade" jamais

pode nos confunfir e nos afastar do conceito que temos do nosso querido Deus único. O

termo não foi desenvolvido pela Igreja e com a direção do Espírito Santo para confundir,

mas para defender, esclarecer, libertar e edificar.

Para quem ainda não acredita na doutrina trinitariana, vamos retomar a um

conceito que lançamos no início deste estudo. A veracidade da Bíblia e de suas histórias e

conceitos vem sendo confirmada através dos séculos por diversos ramos da ciência, como

geografia, história, astronomia, arqueologia, antropologia, medicina, etc. Suas profecias ano

a ano vêm se cumprindo e se cumprirão cabalmente até o fim dos tempos. Se, em termos

terrenos, humanos e proféticos ela é 100% verdadeira, seguramente é também 100%

verdadeira naquilo que afirma sobre Deus e os valores espirituais nela contidos. Foi o que o

Deus Filho, Cristo Jesus, ensinou:

“...nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto, contudo não aceitais o nosso testemunho. Se tratando de cousas terrenas não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (Jo 3:11-12; cf. vv. 3-12).

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Não parece, portanto, uma decisão saudável permanecer ignorando as verdades

sobre a vida, inclusive sobre quem e como é Aquele que te criou e te ama tanto.

Mas, se mesmo depois deste estudo e talvez depois de reestudar todos os

conceitos, ainda não compreendermos a doutrina trinitariana, não fiquemos preocupados, é

uma reação normal das nossas mentes limitadas diante da glória insondável de Deus.

O que podemos fazer é, por exemplo, orar assim a Deus: "Ó Deus, nosso Pai

Celestial, depois de verificarmos e aprendermos em Sua Palavra como tu és infinito, eterno

e insondável em Sua essência, só podemos nos render a Ti, te exaltarmos e glorificarmos

porque não podemos alcançar a Sua incompreensível grandeza, mas o Espírito Santo que

está em Ti e vive em nós conhece e participa igualmente desta grandeza e nos ajuda nesta

oração a Ti, bem como Jesus Cristo, o Seu Filho e nosso Senhor e Salvador, em nome de

quem nós oramos. Amém".

Aldo Menezes, em sua busca pelo entendimento da doutrina trinitariana, em um

esforço de se desvencilhar dos dogmas das Testemunhas de Jeová, seita da qual ele foi

adepto, buscou a Deus em oração semelhantemente. Se você ainda possui incertezas,

dúvidas e críticas quanto à doutrina trinitariana, este relato será muito edificante para sua

vida:

“Lembro-me de certo dia em que, numa igreja, ajoelhei-me para orar. A Igreja estava praticamente vazia, como estava o meu coração. Eu queria crer na Trindade, mas minha mente, ainda presa aos raciocínios da organização TJ, não me permitia aquilo no momento. Fiz, então, uma oração: „Jeová, se é um Deus trino, mostra-me isso em tua Palavra, e perdoa-me pela dúvida; mas, se não és uma Trindade divina, por favor, perdoa-me por estar aqui pondo isso em dúvida‟. Naquele dia, havia incerteza em minha mente e no meu coração. Hoje, dissipada qualquer dúvida sobre a Trindade bendita, posso orar com confiança [...]” (01)

Você que é cristão busque mais a Deus fervorosamente. Você que ainda não

teve um encontro com Ele busque-O de coração e O encontrará. Oremos para que o nosso

Deus e Pai venha com o Seu Santo Espírito tocar em todos os corações, em nome do Seu

Filho Jesus. Glória ao Pai, ao Filho e ao Santo Espírito.

Ao nosso único e suficiente Deus, portanto, sejam dados todo louvor e adoração

para sempre. Amém.

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NOTA: (01) Aldo Menezes: livreto “As Testemunhas de Jeová e a Trindade”, (p. 45)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Page 387: Teologia Sistemática Trinitariana (as Bases Do Monoteísmo Trinitariano)

Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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A N E X O S

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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FOTOS DO CAPÍTULO 3

Foto 01: Obelismo negro de Salmaneser III

Foto 02: Prima de Taylor

Fotos 03, 04 e 05: Os tabletes e escavações de Ebla

Foto 06: Escavações em Jericó

Foto 07: Ruínas de Tiro

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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QUESTIONÁRIO TRINITARIANO BÁSICO (Assinale apenas as alternativas que julgar serem as corretas)

01) Aspectos Gerais da Trindade:

a) Três deuses em uma única pessoa. b) É apenas quando Deus age de três maneiras

diferentes. c) Uma divindade da mitologia grega. d) É formada por Pai, Filho e Maria Mãe de Deus. e) Na unidade divina, há três pessoas eternas e iguais

entre si, idênticas em substância, santidade e poder, mas distintas em existência (subsistência).

f) O Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus.

g) O Deus único subsiste em três modos pessoais e eternos de ser.

h) É quando há o alinhamento de três planetas. i) Tem esse nome porque Deus é o Deus de Abraão, de

Isaque e de Jacó. j) Apesar da expressão “Trindade” não constar na Bíblia,

sua existência é evidente através de inúmeros versículos.

l) As pessoas da Trindade são dignas de louvor e adoração, pois são o Deus único.

m) É uma doutrina de origem pagã que a Igreja incorporou aos seus dogmas no Século IV e foi grandemente refutada na Reforma Protestante.

n) Não existem divisões em Deus, cada pessoa da Trindade é a totalidade da essência divina.

o) A subordinação que existe na Trindade não é na essência indivisível (não inferioriza nem o Filho e nem o Espírito), mas, é apenas funcional.

02) Deus Pai:

a) Ele é a Primeira Pessoa da Trindade. b) Ele encarnou-se para nos salvar. c) Ele enviou o Espírito Santo simultaneamente com o

Filho. d) Ele é quem enviou o Seu Filho para nos salvar. e) Ele é espírito e não possui corpo como Cristo. f) Ele foi o primeiro ser criado, alguns milhões de anos

antes das demais pessoas da Trindade. g) Ele é onipotente, onisciente, onipresente, eterno e

imutável, assim como as demais pessoas da Trindade.

h) Se revelou aos homens de várias formas, principalmente em Jesus.

i) Ele é igualmente digno de todo o louvor e adoração, como o Filho e o Espírito.

j) Ele é o autor da eleição dos crentes (predestinação). l) Ele poderia deixar de ser Pai e trocar de posição com

Jesus, se tornando o Filho. m) Ele é o Pai porque sempre possui e sempre possuirá

precedência na eternidade em relação ao Filho e ao Espírito Santo.

n) Ele é o único Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo são seres celestiais iluminados por Ele.

o) Ele e o Senhor Jesus são a mesma pessoa, não há distinção.

03) Sobre a Pessoa de Jesus Cristo:

a) Ele é a Terceira Pessoa da Trindade. b) Foi apenas um ser humano que buscou a perfeição. c) É Deus encarnado, perfeito, que teve as limitações

humanas, mas não pecou. d) Ele Sempre existiu, pois ele é Deus. e) Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. f) Ele possui apenas a natureza humana, a divina Ele

perdeu com a encarnação. g) Sua natureza humana é devido ao fato que Ele

encarnou em um ser humano que já existia. h) Ele é uma das criaturas de Deus, o primeiro anjo

(Gabriel). i) Na existência triúna de Deus, Jesus é eternamente

gerado do Pai e jamais do Espírito Santo. j) Depois de Sua ascensão Ele voltou a ser apenas

espírito como antes da encarnação. l) Ele foi criado por Deus para salvar a humanidade. m) Graças à Sua encarnação Ele pode ser o suficiente

Mediador entre a humanidade perdida e o Deus Criador completamente Santo.

n) Jesus é nosso único Deus, não existem as demais pessoas da Trindade.

o) Ele é igualmente digno de todo o louvor e adoração, como o Pai e o Espírito.

04) A Pessoa do Espírito Santo:

a) É uma energia cósmica usada por Deus. b) Ele é Deus. É a Terceira Pessoa da Trindade. c) É um espírito desencarnado, um fantasma. d) É apenas um espírito que faz as pessoas falar em

línguas. e) Ele fala, possui vontade própria, inteligência e

emoções. f) Na existência triúna de Deus, Ele é eternamente

gerado do Pai e do Filho. g) É o substituto de Jesus na Terra. h) Ele é o Consolador e Ensinador dos cristãos. i) Ele convence do pecado e regenera espiritualmente. j) É Deus presente na vida dos cristãos hoje. l) Ele não é Senhor, mas apenas o Pai e o Filho. m) Não podemos adorá-Lo, isso seria idolatria. n) Ele é igualmente digno de todo o louvor e adoração,

como o Pai e o Filho. o) Ele foi criado logo após a ascensão de Cristo.

GABARITO

A B C D E F G H I J L M N O

1 X X X X X X X

2 X X X X X X X X

3 X X X X x x

4 x x X x x x x x

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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HINOS EM DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE (Extraídos do “Hinário Novo Cântico”)

3. A Igreja em Adoração

1 Eterno Pai, teu povo congregado,

Humilde entoa teu louvor aqui! No dia para o culto reservado,

Com esperança olhamos para ti. Teu santo livro, ó grande Deus, tomamos

Com fé singela e reverente amor;

E, como atentos filhos, procuramos Ciência na Palavra do Senhor.

2.

Jesus! Aos teus benditos pés sentados Queremos teu conselho receber,

E sendo por ti mesmo doutrinados, De mais em mais na santa fé crescer.

Do mundo e seus encargos retirados Queremos descansar em ti, Senhor,

Mirando os ricos bens entesourados

Na plenitude do teu vasto amor.

3.

Ensina aos teus, Espírito divino, Dissipa as trevas destes corações;

E com a luz do teu celeste ensino,

Vem aclarar as santas instruções. Aviva em nós as forças da memória,

Pois sempre mais queremos conhecer O Rei dos céus, o Cristo cuja glória

Enleva os santos anjos de prazer. Amém.

(S. P. Kalley, pp. 1-2)

4. Culto á Trindade

1.

Deus está no templo! Pai onipotente!

A seus pés nos humilhamos.

Servos consagrados, Reverentemente,

Ao Deus santo adoramos. Por favor, com amor,

Espiritualmente

Deus está no templo!

2.

Cristo está no templo! Sumo benefício

Por seu sangue nos foi dado.

Ele, o bom Cordeiro, Foi o sacrifício

Que expiou o vil pecado. Escolheu e sofreu

O cabal suplício;

Cristo está no templo!

3. Tu, que estás no templo,

Preceptor divino, E os corações habitas;

Tu, paciente Mestre, Dá-nos teu ensino,

Aclarando as leis benditas.

Que prazer conhecer A graça infinita!

Sim, estás no templo! Amém.

(J. G. Rocha, pp. 2-3)

5. Trindade Adorada

Glória seja ao Pai,

Ao Filho e ao Santo Espírito, Como era no princípio,

É hoje e para sempre,

Eternamente! Amém! Amém!

(Latino, século II – J. G. Rocha, p. 3)

6. Doxologia

A Deus, Supremo Benfeitor, Anjos e homens dêem louvor;

A Deus o Filho, a Deus o Pai,

E a Deus Espírito. glória dai. Amém.

(T. Ken – G. Silveira, p. 4)

7. Glória à Trindade

1.

A ti, meu Criador, Dos altos céus Senhor,

Eu quero honrar. Aceita a adoração

Que a voz é o coração Te vêm, bondoso Pai,

Aqui prestar.

2. A ti, Emanuel,

Por teu amor fiel

Rendo eu louvor. Do céu trouxeste a luz,

Por mim sofreste a cruz, Bendito sejas, pois,

Meu Redentor

3. A ti, Consolador,

Divino Preceptor, Eu louvarei.

Com teu poder sem par, Oh, vem me iluminar,

E assim, ao teu fulgor,

Eu brilharei. Amém.

(J. Gueiros, p. 5)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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8. Adoração à Trindade

1.

Grande Deus, o teu louvor

Hoje, unidos, entoamos; Teu excelso e doce amor

Com os anjos celebramos. E, em adoração a ti,

Vimos bendizer-te aqui.

2. Cristo, Salvador veraz,

Com poder em nós domina! Tua graça e tua paz,

Ó Senhor, ao mundo ensina.

Redimido, em tua luz Vem fazê-lo andar, Jesus!

3. Santo Espírito eternal,

Oh! Dirige as nossas mentes

Para, em comunhão real, Te buscarmos reverentes;

E o nosso coração Se encherá de gratidão

4.

Ó Deus Trino, pois a ti Sejam, sem cessar, rendidas

Pelos filhos teus aqui, Honra e glória sem medida.

Infinito é o teu amor!

Cantem todos teu louvor! Amém.

(I. Franz – R. H. Moreton – M. S. Porto Filho, pp. 5-6)

9. Aleluia ao Deus Triúno

1.

A ti, ó Deus, altíssimo Senhor, Eterno Pai, supremo Benfeitor,

Teus filhos vêm, alegres, dar louvor. Aleluia! Aleluia!

2.

A ti, Deus Filho, Salvador Jesus, Da graça a fonte, da verdade a luz,

Por teu amor mostrado sobre a cruz, Aleluia! Aleluia!

3.

A ti, ó Deus, Espírito de amor, De nossas almas santificador.

Mestre divino, bom Consolador, Aleluia! Aleluia!

4.

Ó Deus Triúno, vem-nos conceder A plenitude do real poder,

E as nossas almas vem, aqui, reger. Aleluia! Aleluia!

(H. M. Wright, pp. 6-7)

10. A Criação e Seu Criador

1.

Vós, criaturas de Deus Pai,

Todos erguei a voz, cantai! Oh, louvai-o! Aleluia!

Tu, sol dourado a refulgir, Tu, lua em prata a reluzir,

Oh, Louvai-o! Oh, Louvai-o!

Aleluia! Aleluia! Aleluia!

2.

Oh, boa terra que nos dás Infindas bênçãos, canta já!

Oh, louvai-o! Aleluia!

Frutos e flores, juntos dai A glória a Deus, Senhor e Pai.

Oh, Louvai-o! Oh, Louvai-o! Aleluia! Aleluia! Aleluia!

3.

Vós, homens sábios e de bem, A todos proclamai também!

Oh, louvai-o! Aleluia! Louvor ao filho, glória ao pai,

E ao Santo Espírito louvai!

Oh, Louvai-o! Oh, Louvai-o! Aleluia! Aleluia! Aleluia!

(W. H. Draper – J. C. Mota – M. S. Porto Filho, pp. 7-8)

11. Trindade Santíssima

1.

Santo! Santo! Santo! Deus Onipotente!

Louvam nossas vozes teu nome com fervor! Santo! Santo! Santo! Justo e compassivo!

És Deus Triúno, Excelso Criador!

2. Santo! Santo! Santo! Nós, os pecadores,

Não podemos ver tua glória sem temor. Tu somente és Santo! Só Tu és perfeito,

Deus soberano, imenso em Teu amor.

3. Santo! Santo! Santo! Todos os remidos,

Juntos com anjos, proclamam teu louvor! Antes de forma-se o firmamento e a terra

Eras, e sempre és, e hás de ser, Senhor!

4. Santo! Santo! Santo! Deus Onipotente!

Tuas obras louvam teu nome com fervor.

Santo! Santo! Santo! Justo e compassivo! Deus soberano, excelso Criador! Amém.

(R. Héber – J. G. Rocha, p. 8)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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20. Glorificação à Trindade

A. Louvor A ti, ó Deus, louvamos,

E por nosso Senhor te confessamos!

A ti, ó Pai da Eternidade, adora toda a terra; A ti, o coro angélico,

A ti, todo o poder do céu, A ti, querubins e serafins proclamam sem

cessar:

“Santo! Santo! Santo! Senhor Deus dos Exércitos!

Os céus e a terra estão cheios Da majestade da tua glória!”

A ti, o glorioso coro apostólico louva;

A ti, a congregação dos profetas louva; A ti, o nobre exército dos mártires louva;

A santa Igreja reconhece por toda a terra a ti: Ao Deus Pai, infinito Dominador!

E ao teu venerável, vero e único Filho, E ao Santo Espírito, Consolador.

B. Declaração Tu és o Rei da Glória, ó Jesus!

Tu és o sempiterno Filho de Deus! Quando vieste resgatar os homens,

Não te escusaste a nascer do ventre da Virgem! Quando venceste a morte e seu aguilhão,

Logo abriste a teus servos

As portas do reino dos céus. Estás sentado à destra de Deus

No trono onipotente. Cremos que voltarás e aqui serás Juiz.

Portanto, nós, remidos com teu sangue,

Suplicamos teu auxílio! Nós, que já estamos alistados com teus santos

Na glória eterna.

C. Oração Senhor, guarda o povo e abençoa-nos

Reina e guarda-nos para sempre.

Noite e dia te adoramos E glorificamos teu nome sem par.

Senhor, concede que hoje Nós vençamos o pecado!

Eterno e bondoso Pai, compadece-te de nós!

Concede-nos a tua misericórdia, Pois confiamos e esperamos em ti.

Senhor! em ti, em ti eu espero; Nunca eu seja, nunca eu seja confundido.

Amém.

(Hino Latino – J. G. Rocha, pp. 15-16)

86. Espírito do Trino Deus

Espírito do Trino Deus,

Opera em nós.

Espírito do Trino Deus, Opera em nós.

Quebranta-nos, consola-nos, Transforma-nos, transborda-nos!

Espírito do Trino Deus,

Opera em nós. Amém.

(D. Iverson, p. 72)

328. Deus do Universo

1.

Deus do universo, de leis imutáveis, Que nos sustém na vida terreal,

Dá-nos marchar em meio às tuas hostes. Para servir na luta divinal.

2.

Filho de Deus, por ele aqui mandado, És com o Pai o mesmo Deus de amor!

Une teus servos para o teu serviço,

Sim, vem unir-nos, pois, em ti, Senhor.

3.

Ó Santo Espírito, divino Mestre, A sã doutrina vem nos ensinar!

Traze ao aflito e triste o teu consolo,

E em meio às trevas faze a luz brilhar

4.

Ó Deus Triúno, Deus de toda a graça,

Teus pensamentos quão grandiosos são! Teu povo almeja estar contigo sempre;

“Venha o teu reino” – é a nossa petição. Amém.

(S. Knapp – J. W. Faustini, p. 301)

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Teologia Sistemática Trinitariana (As bases do monoteísmo trinitariano)

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POESIA EM DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE (*)

“TRINDADE”

Pai, Filho e Espírito Santo A Trindade está presente O ímpio vê com espanto Não entra na sua mente O cristão nisso medita E com certeza acredita Que Deus é onipotente

Apesar das três funções Distintas que vem a ter

A harmonia perfeita A nenhum desmerecer Deus sendo o Criador Jesus nosso Salvador

O Espírito faz convencer

Criador de tudo que existe Salvador da humanidade Convencer de que existe Mesmo que parece tarde

Justiça pelo pecado Que todos têm praticado Ao fugirem da verdade

(*) Poesia gentilmente cedida pelo irmão Diácono Inácio

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