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2 INTRODUÇÃO A T. SISTEMÁTICA

INTRODUÇÃO À TEOLOGIA SISTEMÁTICA

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INTRODUÇÃO

A

T. SISTEMÁTICA

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SUMÁRIO

Breve História da Teologia Sistemática.................................................................................3

I. Bibliologia – A Doutrina das Escrituras....................................................................3

II. Teologia Própria – Doutrina de Deus........................................................................5

III. Cristologia – Doutrina de Cristo................................................................................8

IV. Paracletologia – Doutrina do Espírito Santo...........................................................10

V. Antropologia Teológica – Doutrina dos Homens....................................................11

VI. Hamartiologia – Doutrina do Pecado.......................................................................12

VII. Soteriologia – Doutrina da Salvação........................................................................14

VIII. Angelologia – Doutrina dos Anjos............................................................................16

IX. Escatologia – Doutrina das Últimas Coisas.............................................................19

Exercício de Fixação..............................................................................................................22

Referencias Bibliográficas.....................................................................................................23

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INTRODUÇÃO À TEOLOGIA SISTEMÁTICA

Introdução

A teologia sistemática é o ramo da teologia cristã que reúne as informações extraídas da

pesquisa teológica, organiza-as em áreas afins, explica as suas aparentes contradições e, com

isso, fornece um grande sistema explicativo (diferentemente da teologia histórica ou da teologia

bíblica).

Breve História da Teologia Sistemática

A tentativa de organizar as variadas idéias da religião cristã (e os vários tópicos e temas de

diversos textos da Bíblia) em um sistema simples, coerente e bem-ordenado é uma tarefa

relativamente recente. Na ortodoxia oriental, um exemplo antigo é a Exposição da Fé Ortodoxa,

de João de Damasco (feita no século VIII), na qual se tenta organizar, e demonstrar a coerência,

a teologia de textos clássicos da tradição teológica oriental. No Ocidente, as Sentenças de Pedro

Lombardo (no século XII), em que é coletada uma grande série de citações dos Pais da Igreja,

tornou-se a base para a tradição de comentário temático e explanação da escolástica medieval -

cujo grande exemplo é a Suma Teológica de Tomás de Aquino. A tradição protestante de

exposição temática e ordenada de toda a teologia cristã (ortodoxia protestante) surgiu no século

XVI, com os Loci Communes de Felipe Melanchton e as Institutas da Religião Cristã de João

Calvino. No século XIX, especialmente em círculos protestantes, um novo modelo de teologia

sistemática surgiu: uma tentativa de demonstrar que a doutrina cristã formava um sistema

coerente baseado em alguns axiomas centrais. Alguns teólogos se envolveram, então, numa

drástica reinterpretação da fé tradicional com o fim de torná-la coerente com estes axiomas.

Friedrich Schleiermacher, por exemplo, produziu Der christliche Glaube nach den Grundsatzen

der evangelischen Kirche, na década de 1820, onde a idéia central é a presença universal em

meio à humanidade (algumas vezes mais oculta, outras, mais explícita) de um sentimento ou

consciência de "absoluta dependência"; todos os temas teológicos são reinterpretados como

descrições ou expressões de modificações deste sentimento.

I. Bibliologia – A Doutrina das Escrituras

O vocábulo "Bíblia" significa etimologicamente "coleção de livros pequenos". Trata-se de uma

coleção de livros perfeitamente harmônicos entre si. Tais livros foram reunidos num só volume

através de um longo processo histórico divinamente dirigido: a sua canonização; isto é, o

reverente, criterioso e formal reconhecimento pela Igreja dos escritos divinamente inspirados do

Antigo e do Novo Testamentos. Esse conjunto de escritos sagrados passou a denominar-se cânon

ou escrituras canônicas. A palavra "Escrituras" é uma das identificações dadas à Bíblia Sagrada.

Existem ainda outras, tais como: "o Livro" (Êx 17.14; 24.7; Dt 28.58); "a Lei e os Profetas" (Js

1.7,8; Ne 8.3,4,18); "oráculos de Deus" (At 7.38; Rm 3.2; 9.4), etc. Nesta seção, estudaremos

alguns aspectos deste Santo Livro visando fortalecer nossa crença na revelação e inspiração da

Palavra escrita.

A Origem das Escrituras

Na Segunda Epístola de Paulo a Timóteo 3.16 está escrito: "toda escritura é divinamente

inspirada...". Esta declaração fortalece o fato de que as Escrituras têm sua origem sobrenatural e,

portanto, elas são a infalível Palavra de Deus. Quando ainda não havia Palavra de Deus escrita, o

Todo-Poderoso revelava-se verbalmente às suas criaturas na terra.

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1. A revelação divina nas Escrituras. A palavra "revelação" significa "mostrar, tornar

conhecido". No latim revelare significa "por para trás o véu para que se veja o que está

encoberto". Segundo o Dicionário Bíblico de Thayer, o significado bíblico de revelação é

"descobrir, despir, tornar a verdade conhecida". Ora, "Deus é Espírito" (Jo 4.24), por isso, é

imperceptível aos sentidos físicos; todavia Ele pode ser conhecido pela revelação que faz de si

mesmo aos homens. As Escrituras nos informam sobre três modos pelos quais Deus tem se

revelado às suas criaturas terrenas:

a) A revelação natural manifesta na Criação. É impossível negar a existência de Deus diante da

beleza da Criação (Sl 19.1-6). Entretanto, quando entrou o pecado no mundo, o homem desviou-

se do Criador e, conseqüentemente, a revelação natural tornou-se insuficiente. Daí a necessidade

de uma revelação mais objetiva e explicita, a escrita (At 14.17).

b) A revelação escrita. Por esse modo, o Criador revelou seu amor à obra-prima da Criação, o

homem; demonstrando-lhe o desejo de manter comunhão com ele e revelar-lhe sua soberana

vontade através da escrita. Este modo de revelar-se não anulou a revelação natural, mas tornou-a

ainda mais viva e real, propiciando ao homem uma revelação pessoal, como Deus Todo-

Poderoso e suficiente. Para que sua Palavra fosse conhecida por todos os homens através da

escrita, o Senhor escolheu dois ricos idiomas, o hebraico e o grego.

c) A revelação pessoal. Deus é um ser Pessoal que se comunica com suas criaturas racionais. O

Deus das Escrituras não é uma força ou energia cósmica, nem tampouco, qualquer coisa neutra e

impessoal. O Deus da Criação é único e singular, tem personalidade, pensa, decide, e tem

sentimentos. Sua revelação pessoal ao homem foi feita através do Verbo Divino que se fez carne,

Jesus Cristo (Jo 1.1-12). As profecias bíblicas anunciavam uma revelação pessoal de Deus

através de Jesus (Jo 1.18; 5.39).

2. A inspiração das Escrituras. No ponto anterior, estudamos a tríplice revelação de Deus aos

homens. Porém, não podemos confundir revelação com inspiração. Enquanto a revelação é o ato

pelo qual Deus torna-se conhecido pelos homens, a inspiração diz respeito ao modo como os

homens recebem e transmitem essa revelação. Na língua do Novo Testamento, o grego, a palavra

inspiração é theopneustos, que significa "aquilo que é soprado ou inspirado por Deus". É com

esse sentido que Paulo declara que "toda a Escritura é divinamente inspirada" (2 Tm 3.16). Deste

modo, entendemos que o Espírito Santo inspirou cada palavra da Bíblia, capacitando os

escritores a registrarem de modo correto e preciso a revelação divina.

3. A inspiração verbal e plenária das Escrituras. Este é o verdadeiro conceito de inspiração das

Escrituras. Ele sustenta que todas as palavras da Bíblia são inspiradas por Deus. Quando dizemos

inspiração verbal é para denotar cada palavra, e, inspiração plenária, para dar o sentido de

completo, inteiro; o que contraria o conceito de inspiração parcial. Na verdade, os escritores

bíblicos escreveram suas mensagens com palavras de seu próprio vocabulário, porém, inspirados

e influenciados pelo Espírito Santo. Ele guiou os escritores na escolha das palavras de acordo

com a personalidade e o contexto cultural de cada um. A despeito de conter palavras humanas, a

Bíblia é a Palavra de Deus.

A Inerrância das Escrituras Sagradas

O conceito de inerrância das Escrituras contraria alguns críticos modernos que não aceitam a

infalibilidade das Escrituras. Tais críticos julgam haver erros nas Escrituras em razão de

encontrarem nelas palavras divinas e humanas. Para nós que cremos na inspiração plena das

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Escrituras estamos convictos de que as dificuldades nela encontradas não representam erros e,

geralmente, são explicadas pelos textos paralelos encontrados em toda a Bíblia.

A verdade divina revelada nas Escrituras é apresentada de modo explícito, certo e transparente.

O ensino genuíno das Escrituras não tem discrepâncias doutrinárias; é único em todo o mundo e

adaptável a qualquer cultura (Jo 17.17; 1 Rs 17.24; Sl 119.142,151; Pv 22.21).

1. A infalibilidade das Escrituras. As Escrituras são a infalível Palavra de Deus. A sua

infalibilidade tem sido alvo de muita contestação especialmente entre os chamados

"racionalistas" que endeusam a razão humana, sem perceberem que ela é falha, afirmam que o

racionalismo científico, com seus métodos de estudo e pesquisa, será capaz de analisar e

responder todas as indagações do homem. Porém, são completamente limitados quando analisam

coisas espirituais, além da matéria.

A ciência é incapaz de estudar elementos que não são pesados ou medidos, como a alma

humana. Portanto, o poder sobrenatural das Escrituras não pode ser analisado em laboratório,

porque se refere a algo milagroso e sobrenatural.

2. A autoridade divina e humana das Escrituras. Indiscutivelmente a Bíblia tem dupla autoridade.

A autoridade divina é demonstrada pela infalibilidade das Escrituras, uma vez que elas têm

origem em Deus e são a expressão de sua mente. A humana é reconhecida pelo fato de Deus ter

escolhido, pelo menos 40 homens, os quais receberam a sua Palavra e a transmitiram na forma

escrita.

II. Teologia Própria – Doutrina de Deus

Teologia própria, ou teologia propriamente dita, ou teontologia, é o locus (área de estudo) da

teologia sistemática que trata do estudo de Deus e, especificamente, de Deus Pai. Suas áreas

clássicas de investigação são a questão da existência de Deus, os atributos divinos, a Santíssima

Trindade, a doutrina do decreto divino, criação e providência.

Os Atributos de Deus

Os atributos de Deus não equivalem simplesmente às meras atribuições humanas, mas são

revelações que o próprio Senhor faz de si mesmo. São características ou qualidades que o tornam

independente e distinto de sua Criação. Essas características descrevem sua natureza e caráter

divinos. Através delas podemos compreender melhor a pessoa de Deus; como Ele existe e atua

entre os homens.

1. Deus é Espírito. Deus não está limitado ou confinado a algum elemento físico, ou seja, Ele

não tem, como nós, um corpo material. Deus, sendo espírito, é imortal, invisível e eterno (Jo

4.24). O apóstolo Paulo assim assevera: Deus "não habita em templos feitos por mãos humanas"

(v.24), isto significa que é impossível vê-lo ou tocá-lo. Por ser Espírito, Ele é atemporal e

imparcial; o tempo não o limita nem o espaço, porque Ele pode estar em todo o lugar ao mesmo

tempo (Mt 18.20; 28.20).

2. Deus é transcendente. A Bíblia declara que "o Deus que fez o mundo e tudo o que nele há" é

"Senhor do céu e da terra" (v.24). Ora, se Ele é Senhor do céu e da terra significa que está acima

de todas as coisas criadas e que nada o restringe à matéria.

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O profeta Isaías, em sua visão, contemplou o Senhor "assentado sobre um alto e sublime trono"

(Is 6.1), revelando neste episódio sua transcendência. Apesar de os homens poderem participar

limitadamente de alguns dos atributos divinos, as qualidades de Deus estão acima e além da dos

seres humanos. Deus é infinitamente superior às suas criaturas. Davi também registrou em seus

salmos a transcendência de Deus sobre sua obra (Sl 8.1,3,4). O fato de Deus ser transcendente

não significa que se isolou nos céus e está completamente distante de suas criaturas, como

ensinam algumas crenças. A transcendência divina não tem a ver com distância, e sim, com

expansão, porque o Altíssimo está presente em todos os lugares. Ele existe, ao mesmo tempo

"além" do mundo e "no" mundo.

3. Deus é imanente. Paulo fez a seguinte declaração aos atenienses: "Deus... de um só sangue

fez toda a geração dos homens" (v.26). A imanência de Deus revela-se na relação dEle com sua

obra-prima, o homem. De um só indivíduo, Adão, procede toda a humanidade. O apóstolo Paulo

ainda enfatizou que Deus "determinou os tempos e os limites da habitação dos homens sobre a

face da terra" (v.26). Ou seja, com a multiplicação da espécie humana, os homens seriam

espalhados em toda a terra. Esse texto refere-se a presença imanente de Deus nos destinos da

humanidade, e demonstra também sua presciência no estabelecimento dos eventos da vida

humana. A salvação é obra da imanência de Deus em Cristo, o qual manifestou-se como "o

caminho" para conduzir o homem a Deus (Jo 14.6).

4. Deus é soberano. A Bíblia diz que é "Deus mesmo quem dá a todos a vida, a respiração e

todas as coisas" (v.25). É Ele quem "determina os tempos"(v.26; Dn 2.21). Deus é transcendente

e soberano; Ele está acima de tudo e de todos, porém, é também imanente; está intimamente

ligado à sua Criação. Em Jesus, o próprio Deus habitou entre os homens (Jo 1.1).

5. O Todo-Poderoso é um Deus Pessoal. Cremos num Deus pessoal: "para que buscassem ao

Senhor" (v.27). Buscar a quem? Ao Senhor! Não se trata de buscar alguma "coisa" impessoal.

Lamentavelmente, há muita gente no mundo que não o trata como uma pessoa. E sim como

coisa, objeto, força ou energia. A personalidade de Deus é revelada no seu tratamento com suas

criaturas, especialmente os seres humanos.

Ele identifica-se como pessoa, quando diz: "EU SOU O QUE SOU" (Êx 3.14). Na Bíblia

também encontramos os pronomes pessoais relativos a Deus. As caraterísticas morais de Deus

como justiça, amor, alegria, ira, são próprias de sua personalidade. O amor não pode ser

experimentado por algo impessoal (Jo 3.16; Rm 5.8).

O Dogma da Unidade Composta de Deus

Apresentaremos o entendimento trinitário sobre a “unidade composta” de Deus, refutando a

apresentação dos unitários sustentada principalmente em Deuteronômios 6:4

“Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”.

Os unitários entendem que o presente versículo exclui o Filho da divindade plena e do senhorio

com o Pai, tratando Jesus como um anjo criado, não sendo Deus.

Perceba que o presente versículo não é refutado pelos trinitários, contudo refuta-se o

entendimento dado por alguns críticos que insistem em denegrir a Santíssima Trindade

afirmando que seriam três deuses, quando o presente versículo em nada ofende, mas fortalece o

dogma da Trindade.

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Os unitários acreditam que esse versículo bíblico refuta a existência do Deus trino, contudo os

trinitários não reagem contra a citação de tal passagem, pois aceitam e concordam: há um só

YHVH.

Crêem os trinitários no único Deus YHVH, e quando os unitários em suas cartilhas catequéticas

põem que os trinitários adoram a três deuses não expressão a verdade, ou o simplesmente é uma

tentativa de insultar os que adoram o Deus Trino. Ademais, como já foi dito, os trinitários

acreditam que o presente versículo ajuda a explicar o conceito de unidade composta, como será

apresentado.

“Ouve, Israel, o Senhor (YHVH) nosso Deus é o único (echad) Senhor (YHVH)”.

A palavra hebraica originalmente usada para chamar YHVH de “único” é “echad” que é

pronunciada “errad”. Echad é a palavra usada para expressar unidade composta. Quando se

deseja expressar a unidade absoluta, a palavra usada é “yachid”, que tem a pronúncia “yarrid”.

Também Faraó teve “um” sonho que tinha “dois” acontecimentos que o intrigaram e José, antes

de interpretar, disse: o sonho é “um” (echad) só, dando clara conotação que Faraó tivera “dois”

sonhos em “um”, ou “um” sonho sobre um “evento” com duas personificações que diziam a

mesma verdade. Facilmente percebemos “dois” sonhos, mais são “um” só.

Para que seja mais bem compreendido o termo echad, em Gênesis 2:24, o homem deveria

“deixar seu pai e sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”. Aqui

novamente encontramos o termo “uma carne” empregada como unidade (echad), significando

unidade composta.

Se o texto quisesse expressar a unidade absoluta, teria usado a palavra “yachid”. Observe que

marido e mulher são sim pessoas distintas, entretanto, no plano espiritual, seus corpos são unos.

Como no caso de marido e mulher, há existência de pessoas distintas, contudo eles se fazem

“um”, no que a Bíblia denomina de “mistério”. Não há um maior que o outro no enlace do

casamento, mas um deles é considerado o “pai de família”, enquanto o outro é denominado:

“ajudadora” ou “sua costela”; contudo o texto dá entendimento que saíram do mesmo “corpo”

adâmico e devem andar lateralmente, não atrás, nem na frente, mas em unidade composta e

“igual”, como um só.

Obviamente não é o objetivo dos trinitários explicar o funcionamento das turbinas quando

decolam nos aviões. Assim também não é uma questão simplesmente racional, também de fé.

Entretanto, as Escrituras dão pistas sim sobre a pluralidade do único Deus YHVH, como

veremos mais à frente; contudo, ainda sobre o Deuteronômio 6:4 ficará mais facilmente

compreendido na versão da TNM que é descrita na Wikipédia da seguinte forma: "YHVH, nosso

Elohím, é um só YHVH" ou seja, "Jeová, nosso Deus, é um só Jeová". Poderá ser percebida aqui

uma melhor compreensão da unidade composta, pois o termo Elohím é plural, ainda que se fale

na pessoa de YHVH como “unidade”.

Conforme nos explica Warren Wiersbe: "O termo o termo [echad] é empregado dessa forma em

Gênesis 2:24, descrevendo a união de Adão e Eva, e também em Êxodo 26:6 e 11, para

descrever a “unidade” das cortinas do tabernáculo."

Como havia a tradição dos escribas na transcrição dos pergaminhos letra por letra, não acreditam

os trinitários que houvesse “erro” ou "acidente", contudo destinava-se ao propósito de referir-se

ao Deus único em pluralidade de pessoas. Desta forma é aceito pelos que creem na Santíssima

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Trindade que Pai, Filho (Jesus) e Espírito Santo são a unidade plural de YHVH, pois o único

(echad) Elohim (Deus) é YHVH

O Ensino da Pluralidade em Elohím

Uma das pistas bíblicas apresentadas pelos trinitários é Gênesis 1:26a

“E disse [singular] Deus [Elohim]: Façamos [plural] o homem à nossa imagem, conforme a

nossa semelhança”;

Pode-se perceber que Deus se apresenta “singular” e faz o homem no “plural”. Os não trinitários

argumentam que Deus falava com os anjos, contudo, se assim fosse, o homem não seria fruto da

criação de Deus, mas apenas “parcialmente” fruto da criação de Deus, pois quem teria feito a

obra seriam os anjos, Deus teria dado apenas a ordem; então, se tal argumentação fosse aceita, os

homens seriam fruto da criação dos anjos, o que é rejeitado pelos trinitários.

Outro argumento que os trinitários entendem incoerente na argumentação dos opositores é que se

os anjos é que conversavam com Deus, então os homens não são a imagem e semelhança de

Deus, mas a imagem e semelhança dos anjos; o que não é confirmado por outras passagens

bíblicas, logo é rejeitado pelos trinitários.

Assim, os trinitários entendem que quando Deus disse “façamos o homem conforme a nossa

imagem” ele falava com os outros dois seres incriados e uno com o Pai, autor [trino] da criação,

falava com o Deus Filho [Jesus] e com o Deus Espírito [Espírito Santo]. O homem foi criado a

imagem do Pai, do Filho e do Espírito Santo, à imagem de DEUS e não à imagem dos anjos.

Também em Gênesis 3:22a é encontrado diálogo semelhante: “Então disse o Senhor (YHVH)

Deus [Elohím]: Eis que o homem é como um de nós [plural], sabendo o bem e o mal.”

vayyo'mer Adonay 'elohiym hên hâ'âdhâm hâyâh ke'achadhmimmennu lâdha`ath thobh vârâ`

ve`attâh pen-yishlach yâdho velâqachgam mê`êts hachayyiym ve'âkhal vâchay le`olâm (Gênesis

3:22)

Para os trinitários tanto o Pai, como o Filho, como o Espírito Santo é o Deus uno, apresentando

assim o termo Deus no singular e as pessoas no plural.

Tais evidências da unidade composta seriam justificadas, dentre outras, pelas seguintes

passagens bíblicas que apresentam o Pai, o Filho e o Espírito como Deus:

O Pai é Deus – Em Efésios 4:6 o texto revela que Deus é Pai.

O Filho Jesus é Deus – Em I Jo 5:20 traz mais evidências bíblicas de que o Filho também

é Deus quando afirma: “o Filho de Deus é vindo... isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este

é o verdadeiro Deus e a vida eterna”.

O Espírito Santo é Deus – Em Atos 5:3 primeiro a advertência: “Ananias, porque encheu

Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo...?” Contudo no versículo

seguinte vem a revelação: “Por que formaste este desígnio em teu coração [Ananias]?

Não mentiste aos homens, mas a Deus”. Nessa passagem, claramente o Espírito Santo é

chamado de Deus, pois Ananias havia mentido ao Espírito Santo.

Como nas passagens acima, os trinitários reconhecem em outras passagens bíblicas a

apresentação do único (echad) Senhor (YHVH) na forma trina do Pai, do Filho [Jesus] e do

Espírito Santo.

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III. Cristologia – Doutrina de Cristo

A Cristologia é o estudo sobre Cristo, é uma parte da teologia cristã que estuda e define a

natureza de Jesus, a doutrina da pessoa e da obra de Jesus Cristo, com uma particular atenção à

sua relação com Deus, às origens, ao modo de vida de Jesus de Nazaré, visto que estas origens e

seu papel dentro da doutrina de salvação, tem sido objeto de estudo e discussão desde os

primórdios do Cristianismo.

Eixo Central da Cristologia

A Cristologia tem sido debatida incansavelmente durante séculos, em várias nações, dentro de

várias correntes cristãs, com pontos de vista semelhantes, divergentes e mesmo com algumas

controvérsias. Alguns aspectos deste assunto muito debatidos no eixo central da cristologia no

decurso da história do cristianismo são:

a natureza divino-humana de Jesus (União Hipostática);

a sua encarnação;

a sua revelação de Deus;

os seus milagres;

os seus ensinamentos;

a sua morte expiatória;

a sua ressurreição;

a sua ascensão;

a sua intercessão em nosso favor;

a sua parousia;

o seu ofício de Juiz;

a sua posição como Cabeça de todas as coisas; e

a sua centralidade dentro do mistério da vontade de Deus, dentro da restauração.

Talvez a disputa mais antiga dentro do cristianismo centrou-se sobre se Jesus era Deus. Um

número de cristãos primitivos acreditavam que Jesus não era divino, mas fora simplesmente o

Messias humano prometido no Antigo Testamento. A inclusão das genealogias de Jesus Cristo

em São Mateus 1:1-17 e São Lucas 3:23-38 são explicadas às vezes por esta opinião. Uma

explanação alternativa é que eram uma oposição às doutrinas dos Cristãos Gnósticos que

afirmavam que Jesus Cristo teve somente a ilusão de um corpo humano e, assim, nenhuma

ancestralidade humana. A opinião que Jesus era somente humano foi oposta por líderes da igreja

tais como São Paulo, e veio eventualmente a serem aceitas somente por seitas como a dos

Ebionitas e (de acordo com São Jerônimo) dos Nazarenos, mas logo subjugadas pelas igrejas

ortodoxas de uma forma ou outra.

A Natureza de Cristo

A natureza de Jesus Cristo, é uma questão da busca por determinar se Cristo era um homem

com a tendência para pecar igual à de Adão antes do pecado (pré-lapsarianismo) ou uma

tendência ao pecado, igual à de Adão depois do pecado (pós-lapsarianismo), ambas diretamente

relacionadas com o Plano da Salvação, visto que o ministério de Cristo, se caracterizava pelo

exemplo na superação do pecado, mostrando que era possível o homem viver sem pecar.

Entre as principais escolas que buscaram determinar a natureza de Cristo temos:

Arianismo, que crê que Jesus, apesar de um ser superior, seja inferior ao Pai sendo uma

criatura sua;

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Docetismo, defende que Jesus era um mensageiro dos céus e que seu corpo era "carnal"

apenas na aparência e sua crucificação teria sido uma ilusão;

Ebionismo, que crê em Jesus como um profeta, nascido de Maria e José, que teria se

tornado Cristo no ato do batismo;

Monofisismo, segundo a qual Cristo teria uma única natureza composta da união de

elementos divinos e elementos humanos.

Nestorianismo, segundo a qual Jesus Cristo é, na verdade, duas entidades vivendo no

mesmo corpo: uma humana (Jesus) e uma divina (Cristo).

Sabelianismo, o qual defendia que Jesus e Deus não eram pessoas distintas, mas sim

"aspectos" ou "modos" diferentes do trato da Divindade com a humanidade ;

Trinitarianismo, que crê em Jesus como a segunda pessoa da Trindade divina.

IV. Paracletologia – Doutrina do Espírito Santo

Vivemos hoje a proclamada dispensação do Espírito Santo (2 Co 3.8). Suas multiformes

operações mantêm a Igreja de Cristo viva, dinâmica e atuante. Entretanto, ao longo dos séculos,

essa doutrina vem sofrendo grandes distorções gerando incredulidade em alguns, e fanatismo em

outros. Um dos grandes equívocos a respeito do Espírito Santo é tratá-lo de modo impessoal,

como se Ele fosse uma coisa qualquer, um poder, uma energia, ou simples influência. Nesta

lição, estudaremos os aspectos de sua personalidade e divindade.

A Personalidade do Espírito Santo

A pessoa do Espírito não pode ser confundida com alguma forma corpórea. Ele não necessita de

corpo material para manifestar-se. Sua personalidade é espiritual e incorpórea. Não se trata de

um espírito criado como um anjo ou um homem. A palavra "espírito" deve ser interpretada com

cuidado. Em relação ao homem, seu espírito foi criado por Deus. Em relação ao próprio Deus, a

palavra "espírito" ganha um sentido especial, porque Ele é o "Espírito Eterno" (Hb 9.14). Ele é o

Espírito pessoal que se comunica com os homens com todas as manifestações próprias da sua

personalidade.

1. Ao referir-se ao Espírito Santo a Bíblia utiliza-se de pronomes pessoais. Encontramos em João

16.8,13,14 pronomes pessoais como: ele, aquele, dele, etc. Em João 14.16 temos a expressão

"outro Consolador" referindo-se ao Espírito Santo como Pessoa.

Ao afirmar que enviaria o Espírito Santo, o Consolador, Jesus usou o pronome grego "outro"

allos, significando "outro do mesmo tipo". Isto quer dizer que Ele enviaria outra pessoa especial,

o "paracleto" que ficaria com seus discípulos para sempre. O termo grego "paracleto" significa

"aquele que vem para socorrer, ajudar, assistir".

2. O Espírito Santo exerce atributos de uma personalidade. Há, pelo menos, três atributos que

revelam a personalidade do Espírito, que são: o intelecto, a vontade e o sentimento.

Através do intelecto o Espírito Santo fala, pensa, raciocina e tem poder de determinação,

elementos típicos de personalidade (Rm 8.27; 1 Co 2.10,11,16). Através da vontade o Espírito

tem o poder de agir de conformidade com a economia divina (Hb 2.4). Um elemento

proeminente de sua vontade é a liberdade de distribuir seus dons aos homens (1 Co 12.11). Em

relação ao sentimento do Espírito, é evidente que Ele possui todos os graus de afeição e

sensibilidade de quem ama: consola, geme, chora e intercede (Rm 8.26,27; Ef 4.30).

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A Deidade do Espírito Santo

Nas Escrituras o Espírito Santo é expressamente chamado Deus. Ele possui os atributos de Deus

e realiza obras que só o Altíssimo poderia realizar. A existência do Espírito Santo (Hb 9.14). Se

o Espírito Santo existe como ser divino significa que Ele não é meramente uma parte deste ser,

mas é o próprio Deus Espírito (Jo 4.24). Ele tem existência própria sem dissociar-se da

divindade. As três pessoas da Trindade são distintas em suas manifestações, mas pertencem à

mesma essência indivisível e eterna. O Espírito Santo não se originou em nada e em ninguém.

Ele é eterno. Ele é Deus.

2. O Espírito Santo possui atributos divinos. Dentre os vários atributos divinos do Espírito Santo

podemos citar: eternidade, imutabilidade, onisciência, onipresença, onipotência, infinitude etc.

Para esta lição destacaremos apenas dois atributos: imutabilidade e eternidade.

a) Ele é imutável como Deus é (Ml 3.6). Ele não é vulnerável diante das circunstâncias conforme

os seres humanos. O Espírito Santo é eternamente firme, inalterável e perfeito em seus juízos.

b) Ele é eterno (Hb 9.14). O Espírito Santo transcende as limitações temporais. Vejamos o que

nos diz o escritor da Epístola aos Hebreus: "Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito

Eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras

mortas para servirdes ao Deus vivo?" (Hb 9.14).

3. O Espírito Santo realiza as obras que só Deus pode realizar. Foi o Espírito de Deus quem deu

vida à Criação (Gn 1.2). Foi o Espírito Santo quem levantou a Cristo da morte, mediante a

ressurreição (Rm 8.11), e é o Espírito Santo quem transforma os homens em novas criaturas, por

meio do novo nascimento (Jo 3.3-8).

V. Antropologia Teológica – Doutrina dos Homens

Há teorias, as mais variadas, sobre a origem do homem, porém contrárias à Bíblia Sagrada. Não

passam de especulação e simples hipóteses. A única fonte realmente autorizada e verdadeira

acerca do assunto é a Bíblia.

O Homem Que Deus Criou

1. O que não é o homem.

a) Não é o resultado evolutivo de formas inferiores de vida da terra. A teoria da evolução

progressiva dos seres ensina que o homem veio de sucessivas alterações das formas materiais,

devido às forças latentes na matéria. Esta é a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin.

Não há um ponto de partida para o surgimento da vida física, segundo os evolucionistas.

b) Não é um ser meramente biológico e psicológico que nada mais resta depois da morte. Esta

idéia foi espalhada no mundo pelo filósofo e psicanalista Sigmund Freud. Sua teoria descarta a

idéia de uma relação do homem com o sobrenatural. Afirmou Freud que coisas, como sexo,

fome, sede, segurança e prazer, são elementos que determinam as ações e os padrões de

personalidade do homem.

2. O que é, de fato, o homem, segundo a Bíblia.

Page 12: INTRODUÇÃO À TEOLOGIA SISTEMÁTICA

13

a) O homem foi uma criação especial de Deus. Os dois primeiros capítulos de Gênesis

descrevem com detalhes a criação do homem e da mulher. No sexto dia da criação foi criada a

vida animal e a humana (Gn 1.24-26). De todos os seres viventes, segundo as suas espécies, a

criatura humana foi a obra-prima do Criador. Foi Deus quem criou as mais variadas formas de

vida existentes na terra, inclusive as formas inferiores de vida. Mas, também, criou uma forma

superior de vida, distinta de todas as demais criaturas terrenas: a humana. Essa forma de vida se

destaca por seus elementos como personalidade, vontade, sentimento e consciência.

b) O homem foi criado para um fim especial na terra. A razão da existência do homem é o

próprio Criador, porque Ele o criou para sua própria glória. O homem não veio à existência por

si mesmo, mas pelo ato criador de Deus. Por isso, ele depende de Deus e Deus precisa dele para

governar a terra.

c) O homem foi criado com uma biforme natureza: material e espiritual. A natureza material do

homem procede do pó da terra (Gn 2.7) e a espiritual foi outorgada pelo Criador. O sopro divino

nas narinas do homem concedeu-lhe vida física e a espiritual. A vida física é representada pelo

corpo e a vida imaterial é representada pela alma e pelo espírito.

O Que Ocorreu Com o Homem

1. O homem subjugou-se voluntariamente ao pecado. Diz a Bíblia que "por um homem entrou o

pecado no mundo, e pelo pecado a morte" (Rm 5.12). No relato bíblico da queda de Adão e Eva

no pecado entendemos que o pecado foi um ato voluntário da vontade e determinação do casal

(Gn 3.1-12). A tentação veio de fora, da parte de Satanás, personificado na serpente, que os

instigou a desobedecerem à ordem divina. Portanto, a essência do primeiro pecado está na

desobediência de Adão e Eva à vontade divina. O seu pecado foi uma transgressão deliberada ao

limite que Deus lhes havia determinado.

2. O homem foi afetado de modo abrangente pelo pecado.

a) O pecado afetou a vida física e psíquica do homem (Rm 5.12). A morte física tornou-se, então,

a conseqüência natural da desobediência no seu corpo, e a morte espiritual se constituiu na

separação de Deus. O Criador foi enfático no Éden: "Porque no dia em que dela comeres,

certamente morrerás" (Gn 2.17).

b) O pecado afetou sua vida espiritual. O texto bíblico declara: "O salário do pecado é a morte"

(Rm 6.23). A morte, para Adão, naquele dia do seu pecado não foi uma cessação imediata de sua

vida física, mas iniciou-se, sem dúvida, a deterioração dessa vida física. A morte, teve, também,

uma afetação espiritual, porque implicou no rompimento da comunhão imediata e plena com o

Criador. Isto causou-lhe "morte espiritual".

c) O pecado de Adão nos fez herdar sua corrupção moral (Rm 5.12). O texto diz que "a morte

passou a todos os homens, por isso que todos pecaram". Essa herança do pecado foi impregnada

na natureza humana a partir de então.

VI. Hamartiologia – Doutrina do Pecado

A questão do pecado tem sido alvo de muitas teorias. Algumas delas negam taxativamente a

realidade do pecado. Outras, tornam-no inconseqüente; algo natural à vida humana. Porém, a

Page 13: INTRODUÇÃO À TEOLOGIA SISTEMÁTICA

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Bíblia não compartilha dessas infundadas idéias. Ela declara que "todos pecaram e carecem da

glória de Deus" (Rm 3.23).

A Realidade do Pecado

1. Discussão filosófica sobre o pecado. Alguns filósofos discutem a questão do mal moral

sugerindo que essa força esteja intrinsecamente ligada à vida. Outros pensam que o mal teve uma

origem voluntária, isto é, se originou na livre escolha do homem.

Há, ainda, os que querem abrandar a realidade do pecado e seus funestos resultados. Vejamos

alguns exemplos:

a) Ateísmo. Esta teoria nega que o pecado seja real, assim como a existência de Deus. Há uma

relação negativa entre pecado e Deus, visto que o pecado afeta diretamente sua santidade. Uma

vez que o ateísmo nega a existência de Deus, também, nega a realidade do pecado.

b) Gnosticismo. Ensinam que existe um princípio eterno do mal, e sustentam que no homem, o

espírito representa o princípio do bem, e o corpo, o do mal. Ora, é impossível que haja fora de

Deus algo que seja eterno e independente. A Bíblia declara que o mal tem um caráter ético. Por

isso, tratar o pecado como uma coisa puramente física significa negar seu caráter ético e

espiritual. O gnosticismo tenta fugir da idéia real do pecado ensinando, inclusive, que o corpo,

por ser mal, deve ser destruído pelo ascetismo e licenciosidade. Uma tremenda mentira de

Satanás!

c) Determinismo. Os adeptos desta teoria ensinam que o livre-arbítrio, simplesmente, não existe:

quem faz o bem não possui qualquer mérito, e quem faz o mal não pode ser condenado. Ao

contrário disso, a Bíblia ensina que o homem é livre para escolher entre o bem e o mal. O

homem não pode ser tratado como vítima da fatalidade ou casualidade quando peca. Para os

deterministas o homem, por ser escravo das circunstâncias, deve ser alvo de compaixão e não de

castigo.

d) Hedonismo. Esta falsa teoria afirma que tudo que causa prazer deve ser praticado. Os

hedonistas não se preocupam com o certo ou errado. Eles dizem: "se o sexo dá prazer, porque

evitá-lo?" O hedonismo, em sua versão mais moderna, prega que não se deve reprimir os desejos

físicos, mas, dar vazão a todos eles. Em nome dessa ideologia, estimula-se a experiência sexual

entre os jovens e a liberdade para satisfazer os vícios.

Segundo a Bíblia, o prazer sexual no casamento é perfeitamente normal, mas fora dele, constitui-

se pecado. Na realidade, os prazeres da carne manifestos como: glutonaria, bebedice,

licenciosidade, e outros são duramente refutados pela Palavra de Deus (Rm 16.18). A Palavra de

Deus não titubeia: "Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal" (Is 5.20).

2. A fonte do pecado. Deus é o Criador de todas as coisas. Entretanto, não é responsável pela

manifestação do pecado. Veja o que diz a Palavra de Deus: "longe de Deus a impiedade, e do

Todo-poderoso, a perversidade" (Jó 34.10). Portanto, constitui-se blasfêmia contra Deus atribuir-

lhe a autoria do pecado. Na verdade, o pecado é um ato livre das criaturas de Deus, uma vez que

elas são seres morais, dotadas da capacidade de perceber o certo e o errado. O homem é um

agente moral livre para decidir o que fazer da sua vida.

3. A origem do pecado no Universo. O pecado originou-se nas regiões celestiais quando o Diabo,

querubim que servia na presença de Deus, encheu-se de arrogância e desejou usurpar o trono do

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Criador (Is 14.13,14). Por sua livre vontade escolheu o caminho do pecado, o que motivou sua

destituição das suas funções celestiais, condenação, e execração eterna.

4. A origem do pecado na raça humana. A Bíblia ensina que o pecado de Adão afetou muito

mais que a ele próprio (Rm 5.12-21; 1 Co 15.21,22). Esta transgressão de Adão é chamada de

pecado original. Esse pecado do primeiro homem, Adão, passou a fazer parte da natureza

humana.

O pecado de Adão fê-lo culpado, e sua culpa foi automaticamente imputada a toda a sua

descendência (Rm 5.12-19; Ef 2.3; 1 Co 15.22).

Como a Bíblia Descreve o Pecado

A Bíblia emprega vários vocábulos no Antigo e no Novo Testamento para definir o pecado.

1. Palavras que descrevem o pecado, no hebraico (hb) e no grego (gr).

a) Chata'th (hb) e hamartia (gr). Estes termos dão o sentido de "desvio do rumo", como o

arqueiro que atira suas flechas e erra o alvo.

b) Avon (hb) e adikia (gr). Aqui o sentido indica "falta de integridade"; alguém que se desvia do

seu caminho original.

c) Pesha (hb) e parabasis (gr). O pecado é visto como uma revolta; uma insubordinação à

autoridade legítima de Deus, ou rompimento de um pacto ou aliança.

d) Resha (hb) e paraptoma (gr). Significam fuga culposa da lei.

Todas essas palavras falam do pecado com sentido ético, pois, envolvem relações sociais e

espirituais.

2. Expressões bíblicas que descrevem o pecado.

a) "Toda iniqüidade é pecado" (1 Jo 5.17). Deus não classifica tipos ou tamanho de pecados

como fazem os sistemas sociais. Para o Altíssimo todo pecado constitui-se numa afronta à sua

santidade.

b) "Todo pecado é transgressão da lei" (1 Jo 3.4). Transgredir significa infringir, violar, quebrar

a lei, passar dos limites. Todo e qualquer mandamento divino deve ser obedecido, pois,

desobedecê-lo significa transgredi-lo.

c) "Tudo o que não é de fé é pecado" (Rm 14.23). Duvidar da Palavra de Deus constitui-se

pecado, assim como, rejeitar o Salvador e negar suas promessas. Jesus disse: "Do pecado, porque

não crêem em mim" (Jo 16.9).

VII. Soteriologia – Doutrina da Salvação

A doutrina da salvação diz respeito ao plano divino para restaurar o homem do pecado e,

conseqüentemente, livrá-lo da condenação eterna. Cristo é o único caminho ao Pai. A salvação

nos é concedida mediante a graça de Deus, manifesta em Cristo Jesus e está baseada na morte,

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ressurreição, e exaltação do Filho de Deus. A doutrina em apreço pode ser estudada sob os vários

aspectos da salvação. Nesta lição nos deteremos em apenas três: justificação, regeneração e

santificação.

Justificação

1. Definição. "Justificação" é o ato de Deus declarar justo o pecador que pela fé aceita Jesus por

seu Salvador (Rm 5.1,33). Tal pessoa passa a ser vista por Deus como se jamais tivera pecado

em toda a sua vida. Deus declara o pecador livre de toda a culpa do pecado e de suas

conseqüências eternas.

2. Os benefícios da justificação. A justificação nos concede inúmeras bênçãos divinas. Para o

estudo desta lição destacaremos apenas três:

a) Remissão dos pecados. O apóstolo Paulo quando pregou na sinagoga de Antioquia da Pisídia

fez a seguinte declaração: "Seja-vos notório, varões irmãos, que por este se vos anuncia a

remissão dos pecados. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele

é justificado todo aquele que crê" (At 13.38,39). Cristo ao cumprir toda a lei que o homem não

pôde cumprir, possibilitou ao homem ser plenamente justificado.

b) Restauração da graça de Deus. A justificação tem sua origem na livre graça de Deus (Rm

3.24). Graça é o favor divino dispensado ao homem sem que ele mereça. Mediante o pecado o

homem perdeu a proteção divina e passou a viver sob a justa ira divina (Jo 3.36; Rm 1.18). A ira

de Deus representa a reação automática de sua santidade contra o pecado. Porém, ao aceitar a

Cristo pela fé, o pecador é por Deus justificado, ficando assim, livre da ira divina (Rm 5.9).

c) Imputação da justiça de Cristo. A graça de Deus só foi possível mediante a provisão da justiça

de Cristo. Justificação significa mudança de posição perante Deus: de condenado que era, o

homem passa a ser considerado justo. Como isso ocorre? A justiça de Cristo é creditada à nossa

conta espiritual (Rm 3.24-28; 1 Co 1.30).

Regeneração

O termo "regeneração", como o temos em Tito 3.5 refere-se à renovação espiritual do indivíduo.

Significa ser gerado novamente; receber nova vida, reconstruir, restaurar, reviver.

É a ação poderosa, criativa, decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele recria a

natureza interior do pecador arrependido. Existem várias expressões bíblicas que esclarecem o

sentido de regeneração.

1. Novo Nascimento.

a) O que significa nascer de novo? Sobre esse aspecto da salvação Jesus asseverou a Nicodemos:

"Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de

Deus" (Jo 3.3). Jesus salientou a necessidade mais profunda dos homens: uma mudança radical e

completa da totalidade da natureza e do caráter. Este milagre é operado no espírito do ser

humano, através do qual este é recriado de conformidade com a imagem divina. Aquele que

realmente nasceu de novo está liberto da escravidão do pecado e passa a ter desejo e disposição

de obedecer a Deus e seguir as orientações do Espírito Santo.

b) O que não significa novo nascimento. Primeiro, não se realiza pela vontade e participação

humana (Jo 1.13). Segundo, não depende de esforços humanos (Tt 3.5; Ef 2.8,9). Isto é, não há

nada que o homem possa fazer por si mesmo ou pelos outros. Terceiro, não é o batismo em

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águas. O batismo em águas pode simbolizar a regeneração, mas não a produz. Quarto, não é a

prática de boas obras (Tt 3.5).

2. Nova criação (2 Co 5.17; Gl 6.15; Ef 2.10). Mediante a palavra criativa de Deus, os que

aceitam a Jesus Cristo pela fé, são feitos novas criaturas. O crente é uma criatura renovada

segundo a imagem de Deus, que compartilha da sua glória. Em relação à primeira criação

material, o homem está caído e morto, porém, na segunda, a espiritual, ele é renovado pelo

Espírito Santo.

3. Renovação (Tt 3.5; Cl 3.10). A "renovação do Espírito Santo" refere-se à outorga constante da

vida divina aos crentes à medida que se submetem a Deus (Rm 12.2).

4. Ressurreição espiritual (Ef 2.5,6). É preciso morrer para o mundo e ressuscitar para uma nova

vida em Cristo. A Palavra de Deus diz que os que recebem a Cristo morrem e são sepultados

com Ele, para ressuscitarem em novidade de vida (Rm 6.2-7).

Santificação

O termo "santificação" significa "tornar-se santo", "consagrar-se", "separar-se do mundo", para

pertencer a Deus, ter comunhão com Ele e servi-Lo com alegria. É através do processo de

santificação que o homem regenerado passa a ter um relacionamento íntimo com Deus em sua

vida diária.

1. Os sentidos da santificação. Santificação tem o sentido genérico de separação, dedicação,

consagração de pessoas ou coisas para uso exclusivo do Senhor (Êx 13.2; Jr 1.5; Lv 27.14,16; 2

Cr 29.19). Em se tratando de santificação do crente, dois sentidos principais fluem da Palavra de

Deus.

a) Separação do mal, para pertencer a Deus (Lv 20.26). É chamado de aspecto negativo da

santificação, porque ocupa-se de "não farás isso; não farás aquilo" etc.

b) Separação para servir a Deus; dedicação a Deus, para seu serviço (Êx 19.5,6). É chamado de

aspecto positivo da santificação, porque ocupa-se de fazer o que Deus ordena quanto à

santificação (2 Co 7.1; Ap 22.11; Pv 4.18; 1 Ts 5.23).

2. Os meios da santificação.

a) O crente é santificado pela Palavra de Deus (Jo 17.17). A Palavra tem poder purificador (Ef

5.26); ela nos corrige (1 Pe 1.22; Sl 119.9; Jo 17.17; 1 Jo 1.7); ela penetra profundamente (Hb

4.12).

b) O crente é santificado pelo sangue de Jesus (Hb 13.12). O sangue de Jesus expiou a nossa

culpa, nos justificou diante de Deus (Rm 3.24,25), e também é a provisão da nossa santificação

diária (Rm 7.18; 8.7,13; 1 Jo 1.7).

c) O crente é santificado pelo Espírito Santo (Rm 1.4; 15.16). Essa obra do Espírito manifesta-se

pelo poder e a unção que garantem ao crente a vitória sobre a carne (Rm 8.13; Gl 5.17-21).

VIII. Angelologia – Doutrina dos Anjos

Nos últimos anos tem havido um crescente interesse em se conhecer os mistérios do mundo

espiritual. A humanidade anseia por respostas às suas indagações espirituais e a questão sobre os

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anjos tem sido explorada por todas as formas de misticismo. Por isso, conhecer a doutrina sobre

os anjos é de fundamental importância para os cristãos.

A Realidade da Criação Espiritual

Na ordem da criação divina destacam-se a criação espiritual e a criação material.

1. A criação espiritual (Ne 9.5,6; Sl 33.6-9; 148.4-7; Cl 1.16). Segundo a revelação bíblica a

criação espiritual ocorreu antes da material. Deus criou os seres espirituais para cumprir os seus

propósitos segundo a sua soberana vontade. Esses seres espirituais são chamados anjos. Portanto,

os anjos são criaturas racionais inteiramente espirituais, sem poder de procriação, mas dotados de

poderes para o exercício de múltiplas funções, nos céus e na terra (Hb 1.14).

2. Onde habitam esses seres espirituais? A Bíblia não aponta nenhum lugar no mundo material,

absolutamente nenhum, como possível habitação dos anjos. A ficção comercial tem imaginado

mundos estranhos nas galáxias onde dizem existir seres extraterrestres. Isso são fantasias e vãs

imaginações do espírito humano. Nesse particular devemos atentar para a palavra "céu" na

Bíblia. Ela coloca a palavra no plural: "céus", porque distingue, pelo menos, três céus. O

primeiro céu é o das nuvens o qual se pode ver a olho nu (Tg 5.18). O segundo céu é o cósmico

que está além das nuvens, do sol, da lua e dos planetas, do espaço sideral. O terceiro céu é

chamado "céu dos céus", e designa "a morada do Altíssimo" (At 7.49), É um lugar espiritual

totalmente inacessível à matéria, Aí habitam os santos anjos (Mc 13.32; Gl 1.8; Mt 18.10).

3. Existem anjos bons e maus. Quando Deus os criou os fez perfeitos e santos. Entretanto,

dotados de personalidade e livre-arbítrio, esses seres angelicais podiam optar, escolher o

caminho a seguir. Eles foram criados no mesmo nível de justiça, bondade e santidade. Foram

criados em condição de igualdade (2 Pe 2.4; Jd v.6). Foi na condição de livre-arbítrio que

Lúcifer, um querubim ungido para o serviço do Trono da Divindade, rebelou-se contra o Criador

e fomentou sua rebelião induzindo milhões de outros anjos a seguirem sua funesta revolta (Is

14.12-16; Ez 28.12-19). A Bíblia fala dos anjos que pecaram contra a autoridade do Criador e

não guardaram a sua dignidade (2 Pe 2.4; Jd v.6; Jó 4.18-21). Mas, também menciona os anjos

bons, aqueles que se mantiveram fiéis ao Criador e às funções designadas para eles. Estes são

ministradores a favor dos que hão de herdar a salvação (Hb 1.14).

4. Os anjos são inumeráveis. Várias expressões indicam a quantidade incontável de anjos criados

por Deus, tais como "milhares de milhares e milhões de milhões"(Ap 5.11; Dn 7.10; Dt 33.2);

"muitos milhares de anjos" (Hb 12.22); "exércitos dos céus" (Ne 9.6; Sl 33.6); "multidão dos

exércitos celestiais"(Lc 2.13). Não se pode determinar o número de anjos criados porque é

incontável (Sl 148.2-5). Tantos quantos foram criados por Deus na eternidade, são quantos

existem e existirão para sempre. Deus não os dotou da capacidade de procriação.

A Classificação Angelical

A Bíblia revela que os anjos são organizados e classificados obedecendo a uma hierarquia

angelical. Os anjos estão presentes em todo o Universo, pois realizam funções específicas, e são

altamente capacitados e livres para exercerem essas atividades.

1. Uma hierarquia angelical.

a) Arcanjo. É um termo cujo prefixo indica a mais elevada posição nessa hierarquia angelical. O

prefixo "arc" significa principado. A Bíblia fala apenas de um arcanjo chamado Miguel, o qual,

além de sua posição superior aos demais anjos, tem uma missão protetora em relação ao povo de

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Israel (Dn 10.13, 21; 12.1). Ele exerce juízo sobre os inimigos do povo de Israel (Jd v.9; Dn

12.1). O termo "principado" é também aplicado em sentido relativo, certamente a anjos com

missões específicas (Cl 1.16; Ef 1.21). Ver Ap 14.18; 16.5.

b) Querubins. No hebraico o vocábulo querub aparece com o sentido de "guardar, cobrir". Os

querubins são uma classe especial de anjos diretamente relacionados com o trono de Deus. A

Bíblia declara que Deus habita entre os querubins (1 Sm 4.4; 2 Rs 19.15; Sl 80.1; 99.1; Is

37.16).

c) Serafins. Esse vocábulo deriva do hebraico saraph que significa "ardente", "refulgente" ou

"brilhante". Segundo a Bíblia, eles estão envolvidos diretamente no serviço de adoração ao Deus

Todo-Poderoso (Is 6.1-3). São seres que proclamam e vindicam a santidade divina, louvando-o

todo o tempo.

2. Uma ordem angelical neotestamentária. Em Cl 1.16, vemos várias das classes de anjos, entre

as quais estão os querubins e serafins.

a) Tronos. No original esta palavra refere-se a uma classe de anjos que tem uma relação vital

com o trono de Deus, com a sua soberania. A metáfora de "tronos" na forma plural indica essa

classe de anjos sobre os quais Deus, o Senhor, se assenta e reina sobre todas as coisas (1 Sm 4.4;

2 Rs 19.15; Sl 80.1; 99.1). Os querubins se identificam perfeitamente à esta classe de seres

angelicais como "anjos-tronos".

b) Domínios. Esse termo aparece em algumas versões como "soberanias". Portanto, "domínios"

são uma classe de anjos que executam ordens da parte de Deus sobre as coisas criadas. Eles

possuem poderes executivos para atuarem sobre o Universo, e especialmente, sobre a terra.

c) Principados. Outro termo muito próximo de dominadores, mas que possuem atividades de

príncipes do reino de Deus. A relação do termo "principados" pode ser ilustrada quando nos

reinos da terra os principados regem sobre territórios pertencentes ao reino de um país. Na Bíblia

existe um outro "príncipe" das hostes celestiais chamado "Miguel", o qual exerce seu cuidado

providente e protetor sobre a nação de Israel (Dn 10.13).

d) Potestades. Referem-se a anjos especiais que executam tarefas especiais da parte de Deus.

Não são poderes isolados, mas são investidos para exercerem atividades especiais (1 Cr 21.15-

27; Sl 103.20).

Quem São os Anjos

1. Os anjos são criaturas. Negar a criação dos anjos implica em deixar de reconhecer a realidade

do mundo espiritual. Eles não são meras figuras de retórica nem simbologias irreais, mas

criaturas de Deus, superiores às criaturas humanas e também dotados de qualidades morais

espirituais.

2. Os anjos são seres espirituais. O autor da Epístola aos Hebreus os chama de "espíritos

ministradores" (Hb 1.14). Eles são espíritos criados sem corpos materiais, neste aspecto

diferentes de nós, que somos espíritos com corpos físicos. Portanto, as limitações físicas,

próprias dos humanos, os anjos não as têm. Eles são superiores à matéria e não estão sujeitos à

lei da gravidade, por isso, podem locomover-se de um lugar para outro com extrema rapidez.

Várias aparições angelicais indicam essa caraterística (Gn 18.1-10; 28.10-22).

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3. Os anjos são seres pessoais. Eles possuem todos aqueles atributos de personalidade que os

homens têm, tais como inteligência, vontade, sentimento, livre-arbítrio. Eles pensam, falam,

sentem e se comunicam com Deus e com os homens (Sl 148.2; Mt 24.36).

4. Os anjos e suas qualidades e atribuições.

a) Santidade. É um estado dos anjos que servem a Deus, por isso, eles são identificados como

"santos" (Ap 14.10; Mt 25.31; Mc 8.38; Lc 9.26; At 10.22), e isto os distingue dos anjos caídos

(Jo 8.44; 1 Jo 3.8-10).

b) Reverência. É uma caraterística que envolve louvor e adoração a Deus em cuja presença os

anjos o glorificam (Sl 29.1,2; 89.7; 103.20; 148.2).

c) Serviço. É a atividade principal dos anjos de Deus, por isso são chamados de "espíritos

ministradores" (Hb 1.14).

d) Proteção. Os anjos cuidam e protegem os fiéis da terra (Sl 34.7; 1 Rs 19.5-7).

IX. Escatologia – Doutrina das Últimas Coisas

Escatologia é um termo constituído de duas palavras gregas: escathos e logos, que se traduzem

por “últimas coisas” e “tratado ou estudo”. Em resumo, significa para os cristãos “o estudo ou a

doutrina das últimas coisas”. A principal preocupação dos estudos escatológicos é interpretar os

textos proféticos das escrituras. As verdades proféticas se tornam claras e definidas quando se

tem o cuidado de interpretá-las seguindo os princípios de interpretação, observando o seu

contexto histórico e doutrinário. Não podemos duvidar, nem admitir falha na Palavra de Deus.

Ela é inspirada pelo Espírito Santo (2Tm 3.16). A inerrância das Escrituras tem sua base na

infalibilidade da Palavra de Deus. (Jr 1.12). Para que a profecia bíblica tenha o crédito que

merece, devemos estudá-la no que concerne ao que já foi cumprido e, também, referente ao

futuro. Jesus, em seu discurso aos discípulos no aposento alto, falou do ministério do Espírito

Santo: “Ele vos ensinará e vos anunciará as coisas que hão de vir”, Jo 16.13. Devemos ter

confiança de que assim como teve cumprimento a Palavra de Deus no passado e o tem no

presente,mesmo acontecerá com as profecias relacionadas ao futuro.

Existe, entre os crentes bíblicos, uma variedade considerável na interpretação da seqüência dos

eventos dos tempos do fim. Parte da variedade provém da interpretação do Apocalipse como um

todo, outra parte provém da interpretação do Apocalipse 20, e ainda oura parte tende a interpretar

a Bíblia mais literalmente ou mais figuradamente. As opiniões humanas em relação à

Escatologia têm valor enquanto estiverem em conformidade com Escrituras

Tipos de Leituras do Apocalipse

Historicistas: Procuram formar um paralelo entre os eventos no livro com a História da Igreja

desde o primeiro século até hoje.

Preteristas: Procuram ligar todos os eventos do Apocalipse, menos o próprio fim, com os

eventos do século I, sendo que Roma e os imperadores daquele período são os únicos

protagonistas.

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Idealistas ou simbolistas: Entendem que o livro não faz nenhuma identificação com os

eventos históricos, mas afirmam que os simbolos e as figuras de linguagem no livro

simbolizam a luta constante entre o bem e mal.

Futuristas: Crêem que todos os eventos depois do cap. 04 do livro, sejam cumpridos num

breve período no fim da Era da Igreja; período este de grande tribulação, ira e juízo que terá

auge com a volta de Cristo em glória para destruir os exércitos do anticristo e estabelecer o

seu reino milenial.

Interpretações Sobre o Milênio

Os amilenistas: Ensinam que os 1000 anos não são literais, mas representam um tempo

indefinido. Esperam que a era da Igreja termine com uma ressurreição geral e o juízo final

dos justos e injustos ao mesmo tempo, seguido do Reino eterno dos novos céus e nova terra.

Os pós-milenistas: Tratam o Milênio como uma extensão da Era da Igreja, quando, mediante

o poder do Evangelho, o mundo inteiro será conquistado para Cristo. Crêem num juízo geral

(ímpios e justos), na sua maioria são preteristas.

Os pré-milenistas: Reconhecem que o modo mais simples de interpretar essas profecias é

colocar a segunda vinda de Cristo, a ressurreição dos crentes e o tribunal de Cristo antes do

Milênio, depois dos quais haverá ma soltura temporária de Satanás, seguida por sua derrota

final. Então virá o Julgamento do Grande Trono Branco do restante dos mortos, e finalmente,

o reino eterno dos novos céus e nova terra. Existem duas escolas do pré-milenismo:

a) Pré-Milenismo Histórico: Colocam o milênio depois da tribulação, mas crêem que a tribulação

será um período breve e indeterminado de aflição.

b) Pré-Milenismo Dispensacionalista: Estes vinculam a tribulação à 70 semana de Daniel, e,

assim, baseado nela, consideram a sua duração por um período de sete anos.

Interpretações Sobre o Arrebatamento

Os pós-tribulacionistas: Crêem que o arrebatamento ocorrerá depois da Grande Tribulação,

portando afirmam que passaremos pela perseguição do anticristo.

Os miditribulacionistas: Crêem que o arrebatamento ocorrerá no meio da Grande Tribulação,

ou seja, depois dos 3,5 primeiros anos.

Os pré-tribulacionistas: Crêem que o arrebatamento ocorrerá antes da Grande Tribulação.

Sinais da Vida de Cristo (Mt 24.1-14)

Jesus, ao proferir Seu discurso público nos pátios do grande templo de Jerusalém aproveitava a

ocasião para predizer sobre o futuro da cidade e do templo:

A destruição de Jerusalém e do templo = Tal fato ocorreu alguns anos após a morte de Cristo, os

romanos não deixaram pedra sobre pedra, para que se cumprisse o que fora dito por Cristo.(vv

1,2) O termo “princípio das dores”, foi usado por Cristo para expor os sinais da sua vinda.

Podemos então comparar a volta de Jesus com uma mulher que está preste a dar a luz, sofrendo

com suas contrações. Mas Ele disse : - “Acautelai-vos, pois ainda não é o fim”.

Hoje podemos observar que as profecias de Cristo se cumprindo. Vejamos:

Falsos Cristos (v.5) = Nos 2000 anos de cristianismo, centenas de falsos cristos tem surgido e

enganado a muitos. Hoje temos exemplos como INRI Cristo e outros apóstatas que distorcem a

sã doutrina.

Guerras e rumores de guerras (v.6,7a)= 100 milhões de pessoas mortas, desde 1900 nas guerras.

23 milhões de mortos desde o final da 2a Grande Guerra(1944). Só em 1993 ocorreram 29

guerras. Foram gastos na Guerra do Golfo: 500 bilhões por dia, com uma média de 350 milhões

por minuto. Eisonhower, disse o seguinte: - “Toda arma fabricada, todo míssil e foguete lançado

é, num certo sentido, um crime contra os que passam fome e não são alimentados, contra os que

sentem frio e não são agasalhados”.

Fome, pestes e terremotos (v.7b) = Cerca de 1/3 da população mundial é bem alimentada, 1/3 é

mal alimentada e 1/3 passam fome. A África é o continente que mais sofre com este mal, lá as

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crianças devido a tamanha fome estão ficando raquíticas e na maioria dos casos morrem antes de

completar 1 ano de vida. Em 1993 a AIDS se tornou a principal causa da morte de homens de 20

à 45 anos. No ano de 2000 já havia 24 milhões de aidéticos e mais de 100 milhões foram

infectados pelo HIV. Em 27 de março de1964, o Alasca foi devastado por um terremoto de 8.6

graus na escala Richiter. Uma média do crescimento do número de terremotos do ano 1000 d.c

até 1991 d.c:

1000 D.C - 1800 D.C = 21

1800 D.C - 1900 D.C = 18

1900 D.C - 1950 D.C = 33

1950 D.C - 1991 D.C = 93 (quase o triplo da média anterior)

Ciência multiplicada (Dn 12.4) = Por mais de 1000 anos não se teve progresso nos meios de

transporte (900 d.c - 1900 d.c ). Daí para frente a ciência deu um salto no desenvolvimento,

vejamos alguns avanços tecnológicos em geral:

Um jato hoje percorre o globo em 24h

Uma nave espacial percorre o globo em 80 minutos

A cada 8 anos a totalidade do conhecimento humano é duplicado.

A cada minuto são acrescentadas 200 mil páginas ao conhecimento científico humano

Uma pessoa precisaria de 5 anos para ler o conhecimento científico produzido em 24h

500 mil livros são publicados por ano

Em 1970, a Apolo 13 se perdeu no espaço e computador, precisou de 90 minutos para

calcular como traze-la de volta. Se o homem fosse fazer os mesmos cálculos no papel,

levaria 1 milhão de anos.

Em 1948 o transistor, bloco básico de um computador foi inventado nos laboratórios Bell

Em 1994 um chipe possuía 3 milhões e 100 mil transistores, mais do que o dobro do ano

anterior. Hoje ele possui 1 bilhão de transistores.

Dias de Noé (Mt 24.37/Gn 6.5,11) = O Vietnã matou 58 mil jovens americanos em 8 anos e

meio. Hoje nas ruas americanas o número de mortes é 4 vezes maior. Tudo por quê: O fato de

uma criança normal americana até chegar aos 15 anos já terá testemunhado, através da TV:

35 mil mortes violentas

200 mil atos de violência

O Rock também tem contribuído com a violência juvenil, pois:

O americano médio de 12 a 18, terá escutado 11000 horas de Rock, mais que o dobro que

passam na sala de aula

A era do Rock aumentou em 10% o número de violência entre os Jovens

É cometido 1 crime violento a cada 25 segundos

A cada 9 segundos há um roubo

1 mulher é estuprada a cada 6 minutos

É cometido 1 assassinato a cada 25 minutos

Doutrina de demônios (1 Tm 4.1) = Nos EUA, em 1963 as escolas proibiram as orações e Bíblias

e hoje uma matéria que vale ponto é a magia negra. O ocultismo cada vez mais tem ganhado

espaço na sociedade americana. Desde a sua forma mais sutil até o próprio Satanismo. Jovens de

diversas partes do globo cometem atrocidades em nome do diabo. As seitas têm difundido esta

doutrina tragando milhares de pessoas, usando de uma sutileza demoníaca.

Volta dos judeus à Palestina (Jr 32.36-42/Am 9.14,15) = Os judeus já voltaram para a Palestina,

em maio de 1948, desde este tempo o Estado de Israel voltou a existir. 1878 anos os judeus

viveram sem pátria, sem terra e sem bandeira. Israel é como um relógio escatológico, que marca

a volta do Senhor Jesus, tudo que acontece em relação aos judeus nos leva a meditar na Palavra

de Deus e notarmos a importância de Israel no estudo da Escatologia. Jesus nos disse:-“Olhai

para a figueira”. Então observemos fatos referentes a judeus e árabes e a possível negociação de

paz entre esses dois povos.

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Sinais destacáveis da vinda de Cristo = Amontoamento de riquezas (Tg 5.1-6); Conferências de

paz (1Ts 5.2,3); Apostasia (1Tm 4.1- 2Tm 4.3,4); Aparecimento de zombadores (2Pe 3.3,4);

Libertinagem, drogas, sexo e abortos (Jr 2.34) etc.

É necessário destacar que muitas pessoas, têm se apegado ao versículo 14 de Mateus 24, para

dizer que Cristo só arrebatará a Igreja depois que o evangelho for pregado em todo o mundo,

mas o termo “evangelho do reino” é referente a pregação da palavra referente ao milenio na

grande tribulação, que será feita pelos 144 mil, as 2 testemunhas e os santos da tribulação. O

evangelho que pregamos é o da graça. A graça de Deus para com os homens. Jesus pode vir a

qualquer momento!

Exercício de Fixação

1. O que é Teologia Sistemática?

2. O que é Teologia Própria?

3. O que são atributos e quais os cinco atributos de Deus descritos na apostila?

4. O que é o Dogma da Unidade Composta de Deus?

5. Qual é o ensino da Teoria da Pluralidade em Elohím?

6. O que é Cristologia?

7. O que diz o Arianismo sobre a natureza de Cristo? E o Nestorianismo?

8. O que é União Hipostática?

9. O que é Paracletologia?

10. Como podemos explicar biblicamente a personalidade do Espírito Santo?

11. O que significa canonização?

12. Por que podemos dizer que a revelação de Deus é tríplice?

13. Qual a diferença básica entre revelação e inspiração?

14. O que é sustentado pela teoria da inspiração verbal e plenária?

15. O que quero dizer quando afirmo: “A Palavra de Deus é infalível”?

16. O que o homem não é?

17. O que é o homem segundo as Escrituras?

18. Que áreas da vida humana foram afetadas pelo pecado?

19. O que dizem alguns filósofos sobre o pecado?

20. Qual a relação da humanidade com o pecado de Adão?

21. O que é justificação?

22. Quais os três benefícios da justificação citados em nosso material?

23. O que é regeneração?

24. O que significa e o que não significa nascer de novo?

25. O que vem a ser santificação?

26. Quais os meios de santificação?

27. O que é Angelologia e por que é importante o crente conhecer essa doutrina?

28. Como são classificados os seres angelicais?

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29. Quem são os anjos?

30. Porque existem anjos maus?

Referencias Bibliográficas

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