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Teoria da classificaçã Bibliotecas Uma introdução à teoria Profa. Lidia Alvarenga 2012

Teoria da classificação

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Teoria da classificao em BibliotecasUma introduo teoriaProfa. Lidia Alvarenga 2012

Sumrio da aula1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Teoria na classificao abordada na Cincia da Informao Insero da classificao temtica no contexto da gesto de sistemas de recuperao de informao; Classificao como representao do conhecimento; Nveis da representao do conhecimento; Classificao e realidade; Limitaes dos sistemas de classificao documentais convencionais enumerativos; Como o bibliotecrio considera a realidade tendo em vista a classificao para a recuperao de informaes; Classificao como atividade mais importante do fazer bibliotecrio; Tericos da classificao ao longo da evoluo do pensamento cientfico e filosfico; Classificao segundo Shera, pensador americano produtor de teoria relevante para a rea da Biblioteconomia e da Cincia da Informao.

10.

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Teoria da classificao A palavra teoria, (de origem grega) significa olhar, ver. Sapientis est ordinare = Conhecimento ordenar Tomas Aquino (1279) A tarefa daqueles que tm sabedoria criar e manter a ordem. A ordem a primeira lei do cu , afirma Alexandre Pope (1688-1744), em forma mais potica.

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Teoria da cincia e teoria da classificao Conjunto de afirmaes sobre seu assunto que permitem compreender seus princpios, seu cenrio, suas relaes internas e sua estrutura (Dahlberg).

A teoria da classificao no contexto da cincia da informao e da biblioteconomia um campo relativamente novo, no qual Dahlberg destaca 3 grandes tericos, 3 importantes autores:Prof Lidia Alvarenga 4

TERICOS DA CLASSIFICAO Henry Evelyn Bliss (1870-1955) bibliotecrio americano que em 1910 criou um sistema classificatrio para bibliotecas e na dcada de 1920 publicou uma trilogia de livros sobre teoria da classificao; S.R. Ranganathan, matemtico indiano, bibliotecrio, que concebeu a Colon Classification (1924), publicada em 1933 e inspirado em Bliss escreveu o livro Prolegomena of Library Classification (1937); Classification Research Group (Londres), dcada de 1950 e que teve como membros R. Fairthorne, Douglas Foskett, Brian C. Vickery, Eric Coates, Jack Mills, Derek Austin, Jason Farradane, Jean Aitchison, Alan Gichrist and Barbara Kyle, autores que, baseando-se em Ranganathan, desenvolveram classificaes facetadas fundamentadas em teorias coerentes. Prof Lidia Alvarenga

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Classificao como termoO termo classificao no to antigo quanto a capacidade humana de ordenar os elementos do conhecimento. Como atividade humana existe desde que a prpria humanidade existe; At o Sculo XVII no era conhecido. 1662 - Antnio Arnauld, na famosa obra Logic of Port Royal (1662) trabalha os conceitos de diviso e separao, significando o que mais tarde se denominou classificao. 1733 - A combinao das palavras latinas Classis facere foi usada no Universal lexicon, por Zedler em 1733, para categorizar tipos no direito civil.

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Continua...

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Continuao... Final Sculo XVII, o termo classificao foi usado: a) para os sistemas filosficos; b) para aplicao desses sistemas em arranjo de livros nas estantes e nos catlogos. Meados do Sculo XIX o termo classificao foi usado para significar sistemas ordenadores de outros objetos, como lnguas, pases, etc.

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Contextos e pensadores que usaram classificaes Livro dos Vedas identifica-se neles uma ordem classificatria; Bblia, na descrio da criao do mundo; Enciclopdias, tratados, etc; Aristteles, chamado o pai da classificao, Filsofo grego que, interessado nas cincias biolgicas, colecionou exemplares de plantas e animais, organizando-os de maneira sistemtica; tambm investigou teoricamente os processos de classificao ou predicating.

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Classificaes do Saber e da CinciaQuando um filsofo, um terico do conhecimento, prope uma classificao do conhecimento, com potencial amplo e abrangente, oriunda da observao e reflexes sobre seres, coisas e fenmenos que ocorrem na realidade da existncia e das manifestaes dos seres, normalmente essa classificao se fundamenta em raciocnios dedutivos.

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CLASSIFICAES BIBLIOGRFICASO processo de construo de uma classificao bibliogrfica pressupe uma classificao de conceitos que constituem textos, partindo na maioria das vezes de um corpus documental bsico e de documentos mais tarde agregados a esse corpus, fundamentando-se no que se costuma denominar garantia da literatura. A base para a composio de uma classificao bibliogrfica ou documental no seria somente a observao da realidade ontolgica e fenomenolgica mas, os registros sobre essa realidade constantes dos documentos.Prof Lidia Alvarenga 10

Sistema de Informao DocumentalFunes componentes bsicas:1. 2. Seleo e aquisio; Organizao (representao secundria): a) descrio do documento (catalogao); Conjunto condensado de metadados relativos a caracteristicas de documentos. b) pontos de acessos temticos (CLASSIFICAO). Conjunto condensado de metadados relativos aos dos documentos. 3. 4. 5. 6. Armazenagem; Recuperao Disseminao Avaliao

contedos

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CLASSIFICAO COMO FUNO DA BIBLIOTECA

Classificao a mais importante funo do trabalho do bibliotecrio que requer domnio em tratar com o conhecimento humano, em toda a sua extenso.

(Afirmao com base em Richardson, 1951)

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Representao da realidade ontolgicaRepresentao Primria (nvel ontolgico), cujo material a realidadeconcreta dos seres em si e das coisas que existem; o nvel do trabalho dos pesquisadores nos campos cientficos, a partir da observao e que permite a criao de conceitos escritos e publicados, usando a linguagem disponvel. Capurro(1991) afirma que no paradigma da representao os seres humanos so conhecedores e observadores da realidade externa.

Ele est falando da Representao Primria.

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Representao na Cincia da InformaoNuma viso voltada para a CI, a Representao se processa em nvel secundrio:Representao Secundria (nivel epistemolgico ou

gnoseolgico), cujo material so os documentos, os registros deconhecimento sobre os seres, trabalhando-se com os conceitos expressos pelos cientistas dos vrios campos da cincia.

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Sintetizando os dois nveis de representaoRepresentao: Processos cognitivo/intelectual e organizacional:A - Instncias:1. 2. Produo do saber (Primria) Organizao e recuperao de informaes (Secundria); Percepo, identificao, codificao (Primria) Compactao do conhecimento primrio para fins de recuperao (Secundria);

B - Etapas:1. 2.

B - Contexto:1.

2.

Sociedade em geral (Primria) Cultura/literatura, cincia e tecnologia (Primria); Bibliotecas/Sistemas de informao/usurios (Secundria).

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Classificao e realidade Verifica-se que, como reflexo dos objetos, fenmenos e disciplinas existentes, o conceito de realidade importante em toda classificao: tanto a de nvel primrio (ontolgica), como a de nvel secundrio (epistemolgica); A realidade nem sempre composta somente de uma viso, pois, em sentido amplo cada pessoa v a realidade de um jeito; Mas, na cincia da informao, parte-se da realidade consensualmente aceita, pois no h como tratar de todas as instncias da realidade, explcitas ou implcitas nos documentos, que, em caso extremos, seriam as realidades de cada pessoa que aborda o conhecimento.

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Limitaes vistas em sistemas de classificao gerais como CDU, CDD, etcSegundo Elin Jacob, Um esquema de classificao bibliogrfica, hierarquicamente estruturado, define e ordena conhecimento registrado por meio da imposio de uma estrutura classificatria fixa e superficial consistindo de classes super-ordenadas, mutuamente exclusivas, e sries de divises ou subclasses, alocadas dentro de cada classe superordenada. Um sistema seria uma estrutura conceitual que, fisicamente, representa as relaes intelectuais entre classes, destinadas ao arranjo prtico de documentos dentro de uma biblioteca.

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Comentrios sobre essas limitaesA partir desse ponto de vista, uma imposio de uma estrutura fixa e arbitrria de conhecimento tem sido criticada;

A rigidez dessas estruturas proporciona pouco espao para o avano do conhecimento dentro das disciplinas individuais;As classificaes so vistas como esquemas positivistas, limitados e limitantes.Prof Lidia Alvarenga 18

Postura do BibliotecrioSabendo dessa tendncia de limitao dos sistemas de classificao convencionais, o bibliotecrio deve ter conscincia disso, mas argumentar que, se no se optasse por nenhuma classificao, na tentativa de organizao de sistemas de informaes documentais, os acervos seriam totalmente caticos, no sendo possvel nenhuma recuperao... AO BIBLIOTECRIO CABE TENTAR CLASSIFICAR OS DOCUMENTOS, PROCURANDO CONSIDERAR OS CONCEITOS MAIS OBJETIVAMENTE NELES EXPRESSOS.Prof Lidia Alvarenga 19

Dificuldades da Representao SecundriaDificuldade/impossibilidade de se incorporar na representao secundria a parte mais subjetiva dos conceitos, aquilo que no se acha explicitamente expresso e que depende da interpretao, da subjetividade, de vises peculiares de mundo.

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Elementos do processo de Representao Secundria Nesse processo de Representao Secundria, na parte da descrio temtica, interferem os seguintes elementos/processos: Conceitos; Relaes entre conceitos baseando-se nas caractersticas dos seres neles expressas; Terminologia/linguagem; Mdia/suportes documentais ( no mbito da Catalogao)

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Teorias suportam essa viso da classificao no campo da BCIShera considera que a teoria da organizao do conhecimento de Plato a Bliss apresenta como suporte dessa evoluo, 4 pressupostos bsicos: a) Existe uma ordem universal da natureza que revela um esquema conceitual permanente da totalidade do conhecimento humano; Os principais princpios da esquematizao dessa ordem seriam: a hierarquia gnero-espcie; classes e subclasses dos conceitos gerais para os especficos; Continua...

b)

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Continuao...

c) O princpio de diferenciao que opera nesse processo de construo hierrquica derivado da semelhana e diferena de propriedades e atributos das unidades a serem classificadas;d) Essas propriedades e atributos partilham da natureza substantiva ou propriedades fsicas das unidades a serem classificadas, sendo uma parte de caractersticas intrnsecas e permanentes, das prprias unidades, e outras caractersticas sendo fortuitas ou acidentais, possveis nas unidades.Prof Lidia Alvarenga 23

Continuao...

Esses 4 princpios se originam em Plato que, segundo Shera, foi o primeiro pensador conhecido quem comeou o tratamento classificatrio, baseado na unidade do conhecimento e que postulou seu paralelismo com a permanente ordem da natureza. Dividindo o universo dicotomicamente, em visvel e invisvel, Plato afirmou que o primeiro composto de coisas e suas imagens e o ltimo de concepes e ideias.Prof Lidia Alvarenga 24

Continuao...

Mas foi Aristteles que sistematizou a categorizao dos seres da natureza, segundo suas categorias, dando uma grande contribuio para a classificao dos seres e dos saberes;

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Idade Mdia e teoria da classificao

A Idade Mdia pouco avanou nessa concepo, exceto pela insistncia em uma orientao teolgica relativa unidade essencial do conhecimento [e suas relaes com o divino]... (p.79)

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Outros autores medievais e as classificaes bibliogrficas Conrad Gesner Pandectarium partitionum universalium (obra enciclopdica) considerado o primeiro sistema de classificao bibliogrfico por Edwards (apud Shera); Autor nascido em 26 de Maro de 1516, Zrichfalecido em 13 Dec. 1565, Zrich (Suia); Francis Bacon com seu esquema derivado do Trivium e do Quadrivium, conjunto de disciplinas das universidades medievais, baseado nas faculdades humanas da memria, imaginao, razo, sustenta-se em uma base subjetiva, sendo sua seleo das faculdades da alma racional inteiramente arbitrria. A histria subdividida em natural e civil e a filosofia subdividida em filosofia da natureza e em antropologia. Mas Bacon defende a unidade do conhecimento...

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Francis Bacon E segundo Shera, os esquemas de classificao do sculo XVII at o sculo XX (quando Shera viveu), foram afetados em menor ou menor escala em Francis Bacon, cujas classes assim se expressavam: Memria Histria Imaginao Literatura e Artes Criativas; Razo Filosofia e Cincias Racionais

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Continuao...

Francis Bacon preconizava que os sentidos seriam os portais do intelecto; as impresses recebidas pelas percepes dos sentidos que seriam fixadas na memria. Essas percepes seriam processadas pelo intelecto.

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Influenciados pela Classificao de Francis Bacon Diderot et DAlembert (Enciclopedistas,Frana Encyclopdie Franaise, publicada na Frana no sculo XVIII. Os ultimos volumes foram publicados em 1772); Bodleiam Library (Universidade de Oxford, Inglaterra, criada cerca do ano de 1602); Thomas Jefferson seus prprios livros e deles sua classificao, incorporada no plano da Library of Congress (cerca de 1800), atual Biblioteca do Congresso Americano, onde foi empregada com alguma modificao por quase um sculo (Estados Unidos)Prof Lidia Alvarenga 30

Continuao... A forma invertida do esquema de Bacon foi usada por

William T. Harris de quem Melvil Dewey (18511931), tomou-o para a sua Classificao Decimal de Dewey CDD (1876), da qual se derivou a CDU.

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Pensamento de Jesse Shera quanto totalidade do conehcimento Segundo Shera, qualquer classificao valida do conhecimento deveria representar uma sntese de partes componentes, representando conceitos, seu relacionamento e interdependncia. Em Hegel o todo da realidade seria concebido como sendo uma idia absoluta da qual todos os demais fenmenos, todos os conceitos e todas as cincias seriam partes componentes; Tambm Augusto Comte deu sua contribuio para essa unidade. (p.81 de Shera)Prof Lidia Alvarenga 32

Pensadores/tericos da classificao e suas influncia em sistemas de classificao

Thomas Jefferson; Bacon Library of Congress; Melvil Dewey; Bacon (invertido, via Harris) CDD; Charles A.Cutter; Comte e Spencer Expansive Classification (18371903) ; Bliss; Comte - Bibliographic Classification; Ranganathan; Aristteles Classificao facetada (cerca de 1930).

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Classificaes para a cincia e filosficas e classificaes bibliogrficasA teoria da classificao tem sua origem na classificao da cincia, dela depende e com ela se integra, embora os objetivos sejam diferentes. Isso porque o conhecimento a ser classificado nas bibliotecas o mesmo originado no mbito do saber e da cincia. Nesta disciplina vamos verificar essa conexo, com maior detalhe.Prof Lidia Alvarenga 34

ADAPTAO DOS SISTEMAS CIENTFICOS E FILOSOFICOS AOS BIBLIOGRFICOS

A histria da moderna classificao bibliogrfica uma histria de adaptao aos sistemas filosficos existentes aos materiais e necessidades da biblioteca. A contnua proliferao de registros grficos e aparecimento de novas formas de publicaes ocasiona uma sucessiva inadequao dos sistemas vigentes. Shera mostra isso na LC (p.82).Prof Lidia Alvarenga 35

Continuao... Como guias para os contedos das bibliotecas, as notaes dos sistemas bibliogrficos de classificao so cada vez mais usados como meios teis de localizar livros:

Segundo Shera: ... O sucesso da tentativa de organizar os registros grficosde nossa civilizao depender de nossa habilidade de encontrar sistemas para ordenar esses registros de forma a maximizar sua utilidade social (p.84 Shera).

SUA RECUPERAO E USO!!!Prof Lidia Alvarenga 36

Classificao facetada otimiza a estrutura convencional das Classificaes gerais A Classificao Facetada uma ferramenta que otimiza o desempenho dos sistemas de classificao por possibilitar uma ps-coordenao e mais ampla acomodao dos conceitos existentes nos registros de conhecimentos. A estrutura mais flexvel o que apresenta uma adequao incorporao de novos conceitos, e novas abordagens da realidade.

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Referncia relevante para estes slides SHERA, Jesse H. Libraries and the organization of knowledge. Hawden, Conn. Archon Books, 1965.

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FIMProfa. Lidia Alvarenga Aula de 23/04/2012

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