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www.tieducacional.com.br 3 TEORIA DO ERP Ernesto Haberkorn Material didático do Curso TEORIA DO ERP Edição nº 2 12 de Agosto de 2015

TEORIA DO ERP Ernesto Haberkorn - erpflex.com.br · ERPFlex ou TOTVS ou mesmo de um outro desenvolvedor, ministrado em 12 horas, e outros dois, focados na parte prática, em 28 horas,

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3 TEORIA DO ERP

Ernesto Haberkorn

Material didático do Curso

TEORIA DO ERP

Edição nº 2 12 de Agosto de 2015

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4 TEORIA DO ERP

Índice

Introdução ................................................................................................................. 10

Capítulo 1 .................................................................................................................. 18

Funcionalidades do ERP e a Evolução da Internet ................................................... 18

1.1 Funcionalidades Básicas de um Sistema de ERP .................................................... 18

1.1.1 Contabilidade .................................................................................................... 19

1.1.2 Custos ............................................................................................................... 20

1.1.3 Compras ............................................................................................................ 22

1.1.4 Planejamento e Controle da Produção - PCP ....................................................... 24

1.1.5 Faturamento ...................................................................................................... 25

1.1.6 Financeiro .......................................................................................................... 26

1.1.7 Folha de Pagamento ........................................................................................... 26

1.1.8 Ativo Fixo .......................................................................................................... 27

1.1.9 SPED .................................................................................................................. 27

1.2 Verticais .............................................................................................................. 27

1.2.1 Automação Comercial ........................................................................................ 28

1.2.2 Sistemas de Apoio Logístico .............................................................................. 29

1.2.3 Gestão de Projetos ............................................................................................. 29

1.2.4 Gestão da Qualidade .......................................................................................... 29

1.2.5 Gestão Educacional ............................................................................................ 31

1.2.6 Manutenção de Ativos ........................................................................................ 32

1.2.7 Exportação ......................................................................................................... 32

1.2.8 Importação ........................................................................................................ 32

1.2.9 Gestão Hospitalar .............................................................................................. 33

1.2.10 Medicina e Segurança do Trabalho ................................................................... 33

1.2.11 Plano de Saúde ................................................................................................. 33

1.2.12 Controle de Direitos Autorais .......................................................................... 34

1.2.13 Gestão de Concessionárias .............................................................................. 34

1.2.14 Gestão Hoteleira .............................................................................................. 35

1.3 Radiação .............................................................................................................. 36

1.4 Como a Internet se Integra às Soluções de ERP ................................................. 42

1.4.1 CRM – Customer Relationship Management (Gestão do Relacionamento com os

Clientes) ..................................................................................................................... 43

1.4.2 Call Center ......................................................................................................... 43

1.4.3 e-commerce e Supply Chain Management (SCM) ................................................ 44

1.4.4 Apoio Logístico .................................................................................................. 47

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5 TEORIA DO ERP

Capítulo 2 .................................................................................................................. 49

Evolução da Tecnologia ............................................................................................ 49

2.1 Banco de Dados .................................................................................................... 50

2.2 Microinformática .................................................................................................. 53

2.3 Windows ............................................................................................................... 53

2.4 Redes ................................................................................................................... 57

2.5 Orientação a Objetos ............................................................................................ 59

2.6 Segurança e Internet ............................................................................................. 60

2.7 Web Services ........................................................................................................ 63

2.8 Hoje vivemos online! ............................................................................................ 64

2.9 Tablet ................................................................................................................... 65

2.10 IPad .................................................................................................................... 65

2.11 MacBook ............................................................................................................. 66

2.12 Smartphone ........................................................................................................ 66

2.13 iPod .................................................................................................................... 67

2.14 Computação em Nuvem...................................................................................... 67

2.15 DataCenter ......................................................................................................... 68

2.16 Opções de Conexão ............................................................................................ 70

2.17 Tecnologia voltada à Gestão e ao ERP ................................................................. 76

2.18 Big Data .............................................................................................................. 76

2.19 Mercado ERP no Brasil ........................................................................................ 77

Capítulo 3 .................................................................................................................. 78

A Gestão Empresarial e o Papel do Governo ............................................................ 78

3.1 O Papel do Governo .............................................................................................. 79

3.2 Contas Nacionais e Internacionais ........................................................................ 80

3.3 Taxa de Cambio .................................................................................................... 80

3.4 Protecionismo ...................................................................................................... 81

3.5 A Carga Tributária e o Crescimento Econômico .................................................... 82

3.6 Taxa de Juros ....................................................................................................... 84

3.7 Principais Impostos no Brasil ............................................................................... 84

Capítulo 4 .................................................................................................................. 89

Suporte à Decisão (SAD) ............................................................................................ 89

4.1 BI – Business Intelligence ..................................................................................... 89

4.2 Data Warehouse (DW) ........................................................................................... 90

4.3 ETL (Extract, Transformand and Load) .................................................................. 91

4.4 Dimensões, indicadores e drill-down/drill-up ...................................................... 91

4.5 Workflow .............................................................................................................. 92

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6 TEORIA DO ERP

4.6 BPM ...................................................................................................................... 93

4.7 BSC ....................................................................................................................... 94

4.7.1 As quatro perspectivas ...................................................................................... 95

4.7.2 Dashboard ......................................................................................................... 97

4.8 Painel de Gestão ................................................................................................... 98

4.9 Data Mining .......................................................................................................... 98

4.10 Correlação ........................................................................................................ 100

4.11 Simulação ......................................................................................................... 102

Capítulo 5 ................................................................................................................ 105

Normas de Qualidade no Desenvolvimento e Implantação de Software ............... 105

5.1 TQM ................................................................................................................... 106

5.2 COBIT ................................................................................................................. 107

5.3 ISO 9000 ............................................................................................................. 107

5.4 CMMI .................................................................................................................. 108

5.5 MPS ..................................................................................................................... 110

5.6 ITIL ..................................................................................................................... 110

5.7 PMI ..................................................................................................................... 111

5.8 SOX ..................................................................................................................... 112

5.9 SPICE, SLA, SIX-SIGMA ......................................................................................... 113

Capítulo 6 ................................................................................................................ 116

Jogo de Empresas .................................................................................................... 116

6.1 Objetivos do Jogo ............................................................................................... 116

6.2 Objetivos dos jogadores ..................................................................................... 116

6.3 Decisões ............................................................................................................. 117

6.3.1 Capital Inicial .................................................................................................. 117

6.3.2 Folha de Pagamento ......................................................................................... 118

6.3.3 Publicidade ...................................................................................................... 119

6.3.4 Percentual de Lucro ......................................................................................... 120

6.3.5 Previsão de Vendas .......................................................................................... 122

6.3.6 Redução dos Gastos Gerais de Fabricação........................................................ 123

6.3.7 Matéria-Prima .................................................................................................. 125

6.3.8 Política de Compras ......................................................................................... 125

6.3.9 Controle de Qualidade ..................................................................................... 127

6.3.10 Abatimento .................................................................................................... 128

6.4 Resultado Final ................................................................................................... 130

Capítulo 7 ................................................................................................................ 132

Contabilidade .......................................................................................................... 132

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7 TEORIA DO ERP

7.1 Plano de Contas .................................................................................................. 133

7.2 Rateios ................................................................................................................ 140

7.3 Tipos de Rateios ................................................................................................. 140

Capítulo 8 ................................................................................................................ 141

Gestão de Custos ..................................................................................................... 141

8.1 Classificação de Contas ...................................................................................... 141

8.2 Custos e Despesas .............................................................................................. 144

8.3 Sistema RKW tradicional ..................................................................................... 147

8.4 Critérios de Rateio .............................................................................................. 148

8.5 Custo Standard ................................................................................................... 153

8.5.1 Variação nas Vendas ........................................................................................ 155

8.5.2 Variação nos Custos ........................................................................................ 155

8.6 Resultado Orçado ............................................................................................... 157

8.7 Custo Real On-Line ............................................................................................. 158

8.8 Movimentações e Lançamentos Contábeis .......................................................... 159

8.9 Custo Mensal ...................................................................................................... 162

8.10 Regime de Caixa ............................................................................................... 163

8.11 Custo Standard Puro ........................................................................................ 164

8.12 Índices Econômicos e Financeiros .................................................................... 168

Capítulo 9 ................................................................................................................ 169

Gestão de Materiais ................................................................................................. 169

9.1 Lote Econômico .................................................................................................. 169

9.2 Ponto de Pedido ................................................................................................. 174

9.3 Consumo Médio .................................................................................................. 176

9.4 MRP I – Material Requirement Planning............................................................... 179

9.5 Carga Máquina MRP II - Manufactoring Resource Planning .................................. 182

9.6 Rastreabilidade .................................................................................................. 185

9.7 Supply Chain Management ................................................................................. 186

Capítulo 10 .............................................................................................................. 187

Gestão Administrativa ............................................................................................ 187

10.1 Financeiro ........................................................................................................ 187

10.1.1 Vencimentos .................................................................................................. 188

10.1.2 Títulos Provisórios ........................................................................................ 188

10.1.3 Compensações ............................................................................................... 189

10.1.4 Operações Bancárias ...................................................................................... 189

10.1.5 Aplicações e Empréstimos ............................................................................. 190

10.1.6 Moedas e as Desvalorizações Cambiais .......................................................... 190

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8 TEORIA DO ERP

10.1.7 Variação Monetária, Correção Integral e FASB ................................................ 191

10.1.8 Análise de Crédito e Controle de Inadimplência ............................................ 194

10.1.9 Orçamentos e a “Contabilidade” Financeira ................................................... 195

10.2 Ativo Fixo ......................................................................................................... 195

10.2.1 Vida útil do bem ............................................................................................ 196

10.2.2 Reavaliação .................................................................................................... 196

10.2.3 Baixas ............................................................................................................ 197

10.2.4 Ampliações e Reformas .................................................................................. 197

10.3 RH — Recursos Humanos ................................................................................. 198

Capítulo 11 .............................................................................................................. 201

Fluxo Sistêmico ....................................................................................................... 201

11.1 A representação da Integração da Empresa ...................................................... 201

11.2 Lançamentos Automáticos ................................................................................ 202

11.3 Supply Chain Management ............................................................................... 203

11.4 Custos .............................................................................................................. 205

Capítulo 12 .............................................................................................................. 206

SPED ......................................................................................................................... 206

12.1 Principais Definições sobre o SPED................................................................... 206

12.2 Principais Objetivos ......................................................................................... 207

12.3 Premissas (Definição da Receita Federal) .......................................................... 207

12.4 Principais Benefícios ........................................................................................ 207

12.5 O que é o certificado digital ICP-Brasil? ............................................................ 208

12.6 Definição do SPED Contábil .............................................................................. 208

12.6.1 Leiaute do arquivo ........................................................................................ 209

12.7 FCONT .............................................................................................................. 211

12.8 SPED Fiscal (EFD) .............................................................................................. 212

12.8.1 Como Funciona .............................................................................................. 213

12.8.2 Programa Validador e Assinador - PVA ........................................................... 213

12.8.3 Apresentação do arquivo ............................................................................... 213

12.8.4 Leiaute do SPED FISCAL EFD ICMS/IPI ............................................................ 214

12.9 SPED CONTRIBUIÇÃO ........................................................................................ 216

12.10 Considerações finais ....................................................................................... 218

Capítulo 13 .............................................................................................................. 219

Gerenciando com Modelos Matemáticos ................................................................ 219

13.1 O processo decisório auxiliado por modelos .................................................... 219

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9 TEORIA DO ERP

Prefácio

Em janeiro de 2015, quando o ERPFlex atingiu o seu milésimo cliente, e cada

vez mais os alunos passaram a procurar o curso Sistema de Gestão

Empresarial - ERPFlex (antigo ERPFlex Avançado), curso esse no qual se faz

um exercício semelhante àquele que é feito no curso Sistema de Gestão

Empresarial - TOTVS (antigo Gestão Empresarial com ERP, curso

ministrado desde 1991 e pelo qual já passaram mais de 5.000 alunos), mas

sem se beneficiar de aprender toda a teoria nele apresentada, a TI

Educacional decidiu fazer uma mudança. Desdobrar os dois cursos em três.

Separar a parte teórica da parte prática. Agora temos um curso denominado

Teoria do ERP, que cobre a parte teórica de um ERP, independente se for o

ERPFlex ou TOTVS ou mesmo de um outro desenvolvedor, ministrado em 12

horas, e outros dois, focados na parte prática, em 28 horas, onde o aluno põe

a “mão na massa” e faz todo o treinamento desenvolvendo um exercício

completo utilizando o software de gestão correspondente, ERPFlex ou

TOTVS.

Desta forma temos agora três livros e três cursos para você aprender cada

vez mais e melhor sobre Tecnologia da Informação. Este, denominado Teoria

do ERP, o Sistemas de Gestão Empresarial - ERPFlex, que substitui o antigo

ERPFlex Avançado e o Sistema de Gestão Empresarial - TOTVS, que substitui

o antigo Gestão Empresarial com ERP.

Além desses temos o Gestão com ERP, ministrado em 3 dias no SPAventura e

ainda o ERPFlex Básico, ministrado em 2 dias.

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10 TEORIA DO ERP

Introdução

A Tecnologia da Informação é hoje a ferramenta que o Gestor mais utiliza para bem

administrar a sua empresa. Sem o seu uso eficiente dificilmente será bem

sucedido, pois os concorrentes, que certamente a usam plenamente, acabarão por

eliminá-lo do mercado.

E essa tecnologia ainda tem como principal recurso o tradicional ERP - Enterprise

Resources Planning ou, em português, Planejamento dos Recursos da Empresa. Mas

hoje, não somente o ERP. Também a web com os infinitos serviços oferecidos nos

sites, as redes sociais, o Google, os APPs dos celulares como o Waze, WhatsApp,

Hangout e Skype, a Internet das Coisas, em inglês, IoT ou Internet on Things, onde

o uso de chips inteligentes ativa catracas, roupas e acessórios, utensílios

domésticos, dispositivos de segurança e veículos. Também o GPS que, por meio

dos satélites, fornece a localização de qualquer indivíduo ou objeto. Os vídeos que

podem ser vistos por qualquer dispositivo conectado à rede. Os próprios sistemas

operacionais desses dispositivos, que aprimoraram bastante os recursos das velhas

planilhas Excel, do Word e do PowerPoint. Recursos estes que farão do Gestor uma

pessoa mais eficiente e produtiva.

Claro, desde que saiba usar, e bem, toda essa tecnologia disponível.

Esse é o papel da TI Educacional. Ensinar a usar. E bem.

Mas vamos definir, primeiramente, o que é uma empresa.

Resumindo, é um conjunto de pessoas e recursos que geram uma receita vendendo

seus produtos e serviços, por meio do trabalho, para determinado mercado.

Vivemos num mundo capitalista e por isso ela tem que crescer e, ainda por cima,

com lucro.

Precisa dar um retorno ao capital investido.

Estudando o BSC - Balanced Score Card, definido por Kaplan e Norton, são quatro

as perspectivas que precisam ser bem cuidadas em uma empresa: Pessoal,

Processo Interno,

Clientes e Financeiro. Cada uma com seus objetivos, metas e indicadores.

Mas seriam somente essas? E o produto? E o Suprimento? E os Tributos? E,

principalmente, os Controles?

Por isso, vamos analisar não quatro, mas os oito pilares de uma boa Gestão.

PILAR 1 - CONTROLES

E vamos começar pelo mais importante: Controles. Saber o que está acontecendo

na sua empresa. Detalhadamente. Números, situação econômica e financeira,

resultado, previsões, nível de satisfação, de fidelidade e, claro, os quatro conceitos

do SWOT: Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças, FOFA em português.

Falemos do Painel de Gestão. São gráficos que apresentam Indicadores e suas

metas, calculados através de fórmulas definidas pelo próprio usuário, utilizando as

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11 TEORIA DO ERP

variáveis disponibilizadas pelo ERPFlex (Despesas e Receitas por Natureza,

Estoques, Bancos, Contas a Receber e a Pagar, entre outras).

Temos também a Consulta Multidimensional, semelhante a um BI (Business

Intelligence), apresentando o Faturamento nas várias dimensões: Período,

Natureza, Categoria, Subcategoria, Produto e Serviço, Cliente e Vendedor.

Enquanto o BI nos traz estatísticas bem completas, o Data Mining se preocupa em

mostrar os fatos relevantes, destacando as exceções, os padrões, as tendências e as

associações entre as várias dimensões. A Correlação entre elas permite ao usuário

identificar quais casos estão "fora dos trilhos".

O Big Data, que no fundo é uma ramificação do Data Mining, faz análises de dados

não estruturados, inclusive de mensagens lidas e digitadas em e-mails, rede sociais

e acessos a sites, fornecendo informações sobre as preferências e necessidades de

cada pessoa.

Todas essas informações podem ser usadas para aprimorar a busca e a

manutenção de clientes, evitar fraudes e inadimplência, definir onde investir, etc.

É preciso também entender que hoje o empresário passa a maior parte do seu

tempo acessando o celular. Por isso, é preciso cada vez mais disponibilizar

informações neste dispositivo. Assim, temos a consulta de clientes próximos ao

local em que você está, obtido graças ao uso do GPS; a posssibilidade de aprovar

orçamentos e pedidos de compras; o acesso ao Balanço e DRE e ao Painel de

Gestão.

Outra opção interessante que ajuda no controle da empresa é oWorkflow ou BPM -

Business Process Management ou Gestão dos Processos da Empresa. Com ele o

usuário recebe através de e-mails ou outra forma de mensagem (WhatsApp,

torpedo, SMS ou mesmo chamando um APP) informações que acabaram de ser

registradas no sistema e que merecem a sua atenção.

Alguns exemplos de notificações que devem exigir uma atitude por parte do

responsável pela empresa: uma reclamação ou mesmo elogio obtida através do

CRM (Customer Relationship

Management, em português, Gestão do Relacionamento com o Cliente); o

atingimento de uma meta, seja de receita, seja de despesa; o não recebimento ou

pagamento de um boleto e muitas outras situações como, por exemplo, o

aniversário de um cliente.

Enfim, é preciso que o gestor esteja permanentemente acompanhando tudo que

ocorre na empresa, esteja ele presente, esteja ele viajando a negócios e, porque

não, mesmo gozando suas férias.

Finalizando o tema CONTROLE é importante ressaltar que nem sempre um sistema

oferece na sua versão original todas as informações que o Gestor gostaria de ter. É

necessário que ele mesmo possa criar novas fontes de consulta, independente da

ajuda de um programador. Para tanto, quatro exemplos interessantes de como a

customização de um ERP pode ser feita pelo próprio usuário:

1- Gerador de Relatórios: com ele, cria-se relatórios próprios, via de regra

colunados, com os campos de uma determinada tabela e as por ela referenciadas.

Assim, por exemplo, uma listagem das notas fiscais de vendas, pode trazer dados

dos cadastros do cliente, do vendedor, da transportadora, dos produtos a ela

vinculados. Também pode ser definida a classificação do relatório, cálculos de

totais e subtotais, filtros, parâmetros que serão solicitados no ato da emissão e até

senhas que protejam o seu uso.

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12 TEORIA DO ERP

2- Flexcel: é uma planilha Excel dentro do ERPFlex, facilitando o acesso a todas as

tabelas do sistema.

3- Consultas com o uso do SELECT, principal comando da linguagem SQL.

4- Exportação dos dados das Tabelas para o Excel e daí fazer uso de suas Tabelas

Dinâmicas.

PILAR 2 - CLIENTES

Entre outras funcionalidades, há de se dizer que a grande revolução que a TI está

provocando neste pilar é, sem dúvida, o Marketing Digital. Bem mais barato e

eficiente do que as antigas mídias em revistas, jornais, outdoors, rádio e televisão.

Através do envio de emkt (e-mail marketing) utilizando o seu cadastro de clientes

ou de terceiros, incluindo palavras ligadas ao seu negócio no Adwords do Google,

criando uma fanpage ou colocando anúncios no Facebook ou mesmo em outros

sites que oferecem esses serviços, desenvolvendo um site com funcionalidades

úteis a seus clientes (agendamento, orçamento, rotinas de CRM/SAT que permitem

aos clientes enviarem mensagens de avaliação de seus serviços ou obter algum tipo

de suporte), disponibilizando vídeos, manuais, blogs, treinamentos online (e-

learning), vagas de emprego e, claro, uma loja virtual (e-commerce) que

disponibilize a venda de seus serviços e produtos pela Internet. E tudo

absolutamente integrado ao ERP.

No aspecto burocrático é o Faturamento a funcionalidade mais importante deste

pilar.

Primeiramente facilitando a criação da Nota Fiscal, hoje eletrônica, mas nem por

isso menos complexa. Através do Orçamento e da Gestão de Contratos facilita-se

esse trabalho.

O Orçamento, que faz a oferta inicial aos clientes, já calcula os impostos, o custo

do frete e outros detalhes e que, uma vez aprovado, transforma-se num Pedido de

Vendas, abrindo inclusive as Ordens de Serviço e Produção necessárias à sua

entrega.

A Gestão de Contratos, ideal para o faturamento de serviços recorrentes (aluguéis,

mensalidades, assinaturas, etc) grava no sistema os dados da Nota Fiscal, incluindo

as datas de reajuste de preços, de início, suspensão ou término do contrato e

condições de pagamento.

Seja via Orçamento, via Contrato, seja via venda pela Loja Virtual, seja

manualmente, uma vez digitados os dados da Nota Fiscal, calcula-se todos os

tributos com seus CFOPs, CSTs e alíquotas, através do Processo Fiscal do ERPFlex;

gera-se os boletos de recebimento; atualiza-se o estoque e imprime-se a DANFE e

gera-se o XML correspondente, que é enviado ao cliente e à SEFAZ ou ao sistema da

Prefeitura, se for uma Nota de Serviços.

Isso tudo, além do tratamento adequado às outras Receitas da empresa, tais como

aluguéis, receitas financeiras, entre outras.

E com todas essas informações, o atendimento via Call Center também fica

facilitado, pois todos os dados de cada cliente estão à disposição do atendente.

Enfim, a TI ajuda a fidelizar e satisfazer os clientes e contribui fortemente para

aumentar as vendas da empresa.

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13 TEORIA DO ERP

PILAR 3 - TRIBUTOS

Esse pilar ganha cada vez mais importância. O Governo quer acabar com a

sonegação e a corrupção no nosso país. Para isso, vem tomando medidas fortes,

inclusive com a ajuda da própria Tecnologia da Informação. Criou, além da Nota

Fiscal Eletrônica, o SPED - Serviço Público de Escrituração Digital. E tudo isso tendo

como pano de fundo a legislação tributária mais complexa do mundo. Haja ERP

para adequar as empresas à essa nova realidade.

Basta dizer que em uma Nota Fiscal podemos ter dez tributos: ICMS, ICMS-ST, IPI,

ISS, IRRF, CSLL, PIS, COFINS, II, INSS. Classificados como Despesas, Retenções,

Substituição Tributária ou Créditos.

Quem determina a sua alíquota ou a isenção, como deve ser pago, quem deve pagá-

lo ou quando é devido são códigos a serem inseridos na Nota e que são

sustentados por inúmeras tabelas, leis, regulamentos, instruções normativas,

convênios e protocolos. Uma coisa é fato: se a nota estiver correta a empresa não

terá problemas. O SPED será aprovado e não gerará multas e a nota não será

devolvida por erro ou omissão. E é esta a funcão do ERPFlex.

No ERPFlex foi criado o Processo Fiscal. Nada mais é que uma Tabela de Decisões

que leva em consideração todos os aspectos que interferem na definição de cada

item da nota: o CFOP - Código Fiscal de Operação, os quatro CSTs - Código de

Situação Tributária, sendo um para o ICMS, um para o IPI, um para o PIS e outro,

semelhante ao do PIS, para o COFINS. São eles que determinam a alíquota de cada

tributo e as leis que devem ser citadas na nota, justificando a sua isenção ou

cobrança especial.

Considerando que a lei trata de todos os segmentos da economia, desde energia

elétrica até a venda de combustível ou medicamentos, dos vários regimes de

tributação (Lucro Real,

Presumido e SIMPLES), dos vários Estados da União (são 27 ao todo) e das várias

esferas públicas (municipal, estadual e federal) seria impossível estabelecer uma

regra única para todos os casos. Por isso, usa-se uma Tabela de Decisão, que é feita

para cada empresa em particular. Exigindo por vezes a consultoria de um Contador

ou mesmo Advogado.

Define-se todos os aspectos que interferem no processo fiscal daquela empresa. E

se houver algum que não esteja disponibilizado em nenhuma das tabelas do

ERPFlex, cria-se as Propriedades. São campos inseridos em qualquer Tabela do

Sistema, mas que agem como campos nativos. E cruzando esses dados chega-se a

cada uma das situações a serem vividas por cada item de uma Nota, tanto nas

Compras como no Faturamento, a um único CFOP, a um único CST para cada

tributo e a uma única alíquota. É um processo contínuo de ajuste e que só pode ser

considerado encerrado quando não ocorrerem mais casos de, através da Tabela de

Decisão, chegar-se ou a nenhuma solução disponível ou, o que também é comum e

inválido, a mais do que uma.

E, como falamos, Notas corretas geram SPEDs sem erros. SPED Contábil, anual e

que substitui mas não elimina o Diário, Razão, Balancete, Balanço e DRE; o Fiscal

(EFD Fiscal), que trata do ICMS e do IPI, substituindo os antigos Livros Modelos I, II,

VII, VIII e IX; o Contribuição, que trata do PIS, COFINS e INSS das empresas

desoneradas; e o ECF (Escrituração Contábil Fiscal), que substitui o Lalur, FCONT e

DIPJ.

E para a Folha de Pagamentos, aguardem o E-Social.

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14 TEORIA DO ERP

PILAR 4 - PROCESSOS INTERNOS

Esse pilar vê a empresa como uma caixa preta. Não importa o que tem lá dentro. Os

prédios, as instalações, as máquinas, os sistemas implantados, incluindo o ERP, a

segurança, até a limpeza, a aparência, enfim, os processos. O que importa é que ao

comprar, o cliente receba o produto ou serviço solicitado no prazo, com o preço e

a qualidade acordada a um custo que traga uma boa margem de lucro. E como a TI

ajuda neste quesito? Mais uma vez, controlando e automatizando cada vez mais os

processos.

O controle, agora mais detalhado do que no Painel de Gestão, é feito

principalmente através das Ordens de Produção e das Ordens de Serviço. São elas

que definem o que está sendo feito a cada momento. Ambas podem ser abertas a

partir de uma venda já realizada ou de uma venda futura. E definem as tarefas e

operações a serem realizadas, detalhando quem as fará, quando e em quanto

tempo, com que matérias-primas e máquinas.

O cadastro de Estruturas ajuda muito nesta fase. É ele a "receita do bolo" definida

pelo pessoal técnico. Ela, que já serviu de base na elaboração do Orçamento,

alimenta as OPs e OSs, podendo sofrer os necessários ajustes que atendam casos

específicos.

E não esquecer de nelas incluir a mão de obra necessária em cada operação. Às

vezes seus custos são maiores que os da própria matéria-prima.

E para automatizar todo esse processo de alocação de recursos, o MRP II -

Manufactoring Resources Planing - o Planejamento dos Recursos da Fábrica.

Também chamado de Carga Máquina. O interessante é que essa rotina é utilizada

não só na fábrica, onde temos máquinas que devem ser alimentadas por operações

que levam determinado tempo, dependendo da quantidade de peças e do tempo de

setup (preparação), a serem feitas em uma sequência pré-determinada, podendo ou

não serem desdobradas (split) ou sobrepostas (overlaping).

Esse "planejamento" também deve ser realizado em qualquer processo que possa

ou gerar filas enormes ou, o que pode ser pior, provocar ociosidade em recursos

por vezes caríssimos.

Assim o MRP II pode ser a solução na definição de quantas mesas devemos

disponibilizar num restaurante, quantas cabines de pedágio devemos abrir numa

rodovia, quantas salas e professores devemos ter em uma escola, etc, etc. Tudo, é

claro, dependendo da demanda existente. A simulação e a correlação são recursos

que podem ser usados nestes casos.

Outra revolução que já está acontecendo neste pilar é o desenvolvimento IoT

(Internet on Things ou Internet das Coisas). Um exemplo é o Beacon, um

dispositivo captador de sinais que detecta a presença de celulares, identificando

quais pessoas estão próximas, podendo assim receber um atendimento especial.

Outro caso é o RFID, um chip que contém informações sobre aquele objeto e que

podem ser transferidas para o sistema. O Sem Parar, os cartões de acesso e mesmo

as catracas de universidades são exemplos típicos. O custo e a limitação das

antenas ainda é o limitador de um uso mais intenso dessa tecnologia.

As tornozeleiras eletrônicas usadas por condenados que ficam em "liberdade"

utilizam uma tecnologia que inclui um GPS para determinar a localização por

satélite da pessoa e um modem para transmissão de dados por sinal de celular.

Todas as informações são passadas, em tempo real, para uma central de

monitoramento que pode estar em qualquer lugar. Caso não haja sinal de celular,

assim que entra em uma área que tenha cobertura, automaticamente é transmitida

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15 TEORIA DO ERP

toda aquela informação para a central de monitoramento. É a mesma tecnologia

utilizada em rastreadores colocadas em veículos segurados contra roubo.

PILAR 5 - SUPRIMENTOS

Neste pilar a TI vai ajudar na definição do que é preciso comprar, quando e quanto.

São questões resolvidas pela sigla SCM, que vem de Supply Chain Management, ou

seja, a Gestão da Cadeia de Suprimentos. Cada vez mais há uma integração entre

Fornecedores e Clientes. O fornecedor por vezes controlando os estoques e as

vendas de seus clientes, repondo os estoques no momento adequado. É a busca

incansável do “Just in Time”, isto é, manter o estoque em níveis mínimos para não

sacrificar o caixa, mas também impedindo qualquer falta que possa prejudicar as

vendas ou a produção.

E é o MRP I - Material Requirement Planning ou Planejamento das Necessidades de

Materiais a solução para as empresas industriais, ou seja, que tem uma quantidade

enorme de matérias-primas e componentes necessários na elaboração de seus

produtos acabados. E mesmo no varejo onde, por exemplo, um supermercado deve

oferecer a maior variedade de itens possível para assim alcançar um bom volume

de vendas. Sem ter nada encalhado ou em excesso e não perder vendas por não ter

estoque. E ainda no caso da indústria o MRP I calcula as necessidades baseadas nas

estruturas dos produtos, multiplicando a quantidade a ser fabricada pela

quantidade de cada componente em cada produto acabado ou semi-acabado.

Já para os itens de consumo, ou seja, aqueles para os quais a previsão de demanda

depende de uma análise do passado ou de uma tendência calculada com base em

uma demanda conhecida e correlacionada (por exemplo, a venda de acessórios

para ciclistas deve aumentar nos próximos anos, pois com todas as ciclovias que

estão sendo feitas é certo que teremos muita gente aderindo a essa atividade), a

solução é estabelecer para cada um o Ponto de Pedido. Este é calculado com base

no Prazo de Entrega do fornecedor, no Consumo Médio neste prazo, na

confiabilidade desses dois números e no custo da falta do item, o que nos leva a

adicionar ao Ponto de Pedido um Estoque de Segurança.

E ainda falando da quantidade adequada a ser comprada, apesar do Just in Time

estar sempre na mira do gestor, pois reduz o custo financeiro do estoque , o risco

de obsolescência e a necessidade de espaço físico, há de se considerar que

compras muito "picadas" aumentam o custo do transporte, dos processos de

cotação e pagamento, aumentam o risco da falta de estoque, pois eles estarão com

seus saldos sempre próximos de zero, reduzem a possibilidade de preços

melhores, já que descontos são conseguidos normalmente quando se compra em

grandes quantidades.

Todo esse cálculo tem como foco obter-se o Lote Econômico de Compra e também

é válido para a quantidade a ser produzida em cada Ordem de Produção. É claro

que não estamos aqui considerando os casos de vendas por encomenda. E dividir

os itens em classes, de acordo com o gasto mensal de cada um, também é uma boa

prática.

Essa é uma das decisões bem típicas a ser tomada por um ERP: quando comprar, o

que comprar e quanto comprar.

E cada vez mais sem a interferência de alguém. É o sistema que fará a busca na

Internet, localizando o melhor fornecedor, com o melhor preço e nas melhores

condições de entrega e pagamento. O e-commerce, na sua modalidade B2B

(Business To Business), é a solução ideal.

PILAR 6 - FINANCEIRO E CONTÁBIL

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16 TEORIA DO ERP

Este é o Pilar onde a automação é levada aos mínimos detalhes. Nas integrações

com as Instituições Financeiras definidas pelo CNAB (Centro Nacional de

Automação Bancária ) onde Boletos são enviados e recebidos eletronicamente entre

os sistemas envolvidos, incluindo os extratos, as operações com Cartão de Crédito,

agora também o DDA (Débito Direto Autorizado) onde você acessa, consulta e paga

o boleto eletrônico pelo Internet Banking, Fone Fácil ou nas Máquinas de

Autoatendimento.

É claro que o Fluxo de Caixa futuro é uma das principais consultas, já que com ele

consegue-se planejar corretamente as aplicações, resgates ou solicitações de

empréstimos e aportes. E com isso ajustar as condições de recebimento e

pagamento.

Mas é na Contabilidade e principalmente na parte de Custos que esse Pilar interfere

na boa Gestão. O uso da Estrutura dos Produtos e Serviços, as respectivas Ordens,

a análise do Balanço e do DRE, o comparativo dos valores reais com os standards e

valores orçados, o correto uso de Indicadores e do Workflow, leva a um controle

absoluto do custo de cada serviço ou produto realizado. E com isso estabelecer o

preço de venda correto ou até onde podemos dar um desconto para conquistar um

negócio.

E porque não tornar a Contabilização de todos os movimentos da empresa

(compras, vendas, impostos, pagamentos, recebimentos, requisições, produção,

investimentos e empréstimos) um processo totalmente automático e online, ou

seja, possibilitando a emissão das posições a

qualquer momento? A um custo menor e com muito mais agilidade. O ERPFlex faz

isso. Basta preencher algumas telas de parametrização.

PILAR 7 - PRODUTO

O interessante desse PILAR é que ele não consta nem do BSC nem da ISO 9000.

Dizem os técnicos que se o seu Processo está correto, não importa o produto. A

qualidade está garantida. É claro, a qualidade é um fator importante no produto,

mas não único. O produto precisa ter uma série de outras virtudes: precisa ser

desejado pelo mercado, seu custo e preço precisam ser compatíveis com seus

benefícios e, porque não, é preciso verificar se já não existem tantos concorrentes

em melhores condições que inviabilizam a sua sobrevivência. Aí é que entra outra

ação importante e cada vez mais enaltecida: inovação. O produto deve estar

sempre se renovando. Nestes aspectos, no entanto, a TI pouco pode ajudar, a não

ser, é claro, que o produto que você venda seja um software ou um hardware. O

que vale aqui é a imaginação.

Mas mesmo nos produtos convencionais há possibilidade do bom uso da

tecnologia. O próprio BI, do qual já falamos e que nos mostra todo tipo de

estatística de vendas, ajuda na análise da aceitação do produto: por região, por

época do ano e por tipo de cliente, entre outras dimensões. Lembrando que as

dimensões disponíveis no ERPFlex são as seguintes: data, Natureza, Categoria,

Subcategoria, Produto, Variante, Ordem de Serviço, Cliente, Perfil de Cliente,

Vendedor e até o histórico da nota fiscal. Sendo que no ERPFlex pode-se ter mais

que uma Variante para cada produto e cada uma com várias opções. Tudo definido

pelo próprio usuário (cor, tamanho, modelo, voltagem, potência, qualidade, etc).

Na análise da Estrutura dos Produtos também podemos ver as várias configurações

possíveis de um mesmo item, facilitando a definição do seu custo standard, médio

e preços nas várias tabelas definidas pelo usuário.

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17 TEORIA DO ERP

Onde a TI tem ajudado a aumentar a lucratividade de um produto é na questão do

seu preço.

Hoje os preços são dinâmicos. Mudam a cada segundo, de acordo com a demanda,

se for um produto perecível, não apenas devido a sua data de validade, mas

também nos casos onde as vagas não aproveitadas simplesmente se perdem

(ingressos de shows e espetáculos, passagens de avião ou outro meio de

transporte, vagas em cursos, hotéis, etc). E tambédiante da ação da concorrência,

aliás cada vez mais transparente nos sites que apresentam o mesmo produto com

todos os seus fornecedores (market place). Não é por acaso que o

Amadeus, desenvolvido pela Amadeus IT Group, é usado pela maioria das

companhias aéreas na venda de suas passagens. No Jogo de Empresas exploramos

esse aspecto e vemos que a curva de lucratividade em relação ao preço de venda

atinge linhas bastante complexas: parábolas, senóides, dificilmente uma simples

reta.

Também na questão das inúmeras Unidades de Medida que um produto pode ter

em sua trajetória do fabricante ao consumidor (kg, pacote, groza, unidade, etc) e

dos vários estágios em que se encontra (depósito, armazém, filial, em elaboração,

estoque). Também quando se tem um controle de lote ou mesmo um identificador

como o número de série, elementos requisitados quando se torna necessária a

rastreabilidade dos componentes que o constituem em função, por exemplo, de um

defeito de fabricação.

E por fim, vale dizer que se pegarmos dez empresas provavelmente apenas uma

estará rigidamente correta no que tange às quantidades e custos apresentados pela

rotina de controle de estoques. Isso apesar da possibilidade de rastrear a

localização de cada produto por meio de RFID.

PILAR 8 - PESSOAL

Cabe aqui dizer que foi a Folha de Pagamento a primeiríssima funcionalidade que

efetivamente utilizou os recursos da Tecnologia da Informação, na época em que

essa atividade ainda era chamada de Processamento de Dados. Isso na década de

1960. Inclusive integrada com o Ponto Eletrônico. Por exigir muitos cálculos e

relatórios e também por ter uma periodicidade mensal, mas que precisa ser

executada em um curto espaço de tempo.

De lá para cá o processo evoluiu e a TI tem contribuído muito no quesito Gestão de

Pessoas.

Na formação dos colaboradores, com o ensino a distância (e-learning), a

disponibilidade de manuais, artigos e vídeos sobre os mais diversos assuntos; a

facilidade de comunicação entre os colaboradores de grupos específicos; o

controle de acesso a determinadas áreas com as catracas eletrônicas ou o

reconhecimento digital de pessoas e também aqui, da mesma forma feita com os

produtos, a rastreabilidade de pessoas, o que pode comprometer a privacidade

mas em certos casos é indispensável.

E uma grande evolução está por ocorrer com as exigências que estão prestes a

ocorrer através do e-Social. Vai aqui um resumo do que deverá ser informado.

Cabe dizer que no e-Social as informações são passadas de duas formas.

Inicialmente cadastra-se em lote todos os funcionários da empresa com as

seguintes informações.

A seguir envia-se os dados assim que ocorrer um fato específico com algum

colaborador. Entre esses fatos, temos:

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18 TEORIA DO ERP

Capítulo 1

Funcionalidades do ERP e a

Evolução da Internet

Objetivos do aprendizado

Apresentar uma descrição das funcionalidades básicas de um Sistema de ERP e as funcionalidades

específicas de cada um dos módulos.

Palavras-chave

Internet, Customer Relationship Management (CRM), Call Center, E-commerce, Supply Chain Management

(SCM), Apoio Logístico.

1.1 Funcionalidades Básicas de um Sistema de ERP

Um Sistema de ERP (Enterprise Resource Planning) visa à automação dos

procedimentos de uma empresa. Abrange o seu planejamento, execução e controle

sob o ponto de vista econômico e financeiro, através de uma série de técnicas,

conhecidas e simples, que realizam esta tarefa de uma forma mais eficiente e

rápida do que qualquer outro método de trabalho, fornecendo mobilidade para

toda a empresa, independente da sua área de atuação no mercado.

O objetivo deste capítulo é mostrar como um Sistema de ERP cumpre esta tarefa

através de seus módulos básicos de Contabilidade, Custos, Compras, PCP,

Faturamento, Fiscal, Financeiro, Ativo Fixo e Folha de Pagamento.

A integração é obtida através do aproveitamento total dos dados de entrada, onde

estas informações são compartilhadas entre os módulos correspondentes dentro

do sistema. Com isso elimina-se qualquer tipo de redundância na digitação dos

dados, sem diminuir o rigoroso controle administrativo e financeiro.

Este compartilhamento de informações é a chave para o Sucesso Administrativo,

uma vez que o ERP proporciona a atualização dos dados em tempo real (on-line) e

de forma íntegra, apresentando assim a Base de Conhecimento da Empresa com

uma excelente qualidade.

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19 TEORIA DO ERP

A bandeira de um sistema de ERP é representada pelo fluxograma que nos será

detalhado nos próximos capítulos, onde se vê claramente os pontos de integração

entre os vários departamentos de uma empresa, seja ela de qualquer tipo:

industrial, comercial, prestadora de serviços ou um conjunto dessas atividades.

1.1.1 Contabilidade

É importante destacar que a contabilidade exerce um papel fundamental em um

Sistema de ERP, pois é para lá que convergem todos os dados que de alguma forma

alteram o patrimônio de uma empresa.

Através dos lançamentos automáticos as contas de estoques, por exemplo, são

atualizadas a cada movimentação de material, ou seja, pelo recebimento de

compras, requisições, produções e vendas.

A receita e o custo da mercadoria vendida são contabilizados a cada nota emitida,

o que permite uma perfeita integração entre o controle de estoque e a

contabilidade.

As contas de títulos a receber e a pagar devem ser mantidas e integradas ao

financeiro gerando lançamentos contábeis à medida que as baixas são realizadas.

Figura 1.1 Lançamentos Automáticos

As contas de despesas devem ser discriminadas a partir das Notas de Serviços para

que se faça a devida apropriação nos produtos através das ordens de produção,

bem como nas ordens de serviço realizadas. Logo, é importante também um bom

critério de rateios.

De qualquer forma, a maior parte dos lançamentos é sempre feita de forma

automática, a partir de regras definidas pelo usuário para cada tipo de operação.

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20 TEORIA DO ERP

Os relatórios contábeis, ou seja, o diário, balancete, razão, balanço e

demonstrativo dos resultados do exercício (DRE) ficam à disposição para qualquer

consulta futura, principalmente fiscal e, para as empresas que estão obrigadas,

para gerar os SPED Contábil, Fiscal, Contribuição e ECF.

Podemos concluir que no ERP, as operações são informadas ao sistema uma única

vez e a partir delas são geradas consultas, relatórios, mensagens e mesmo as

obrigações acessórias ao fisco, o que permite aos administradores tomar decisões

corretas, legais, no momento adequado e a um baixo custo e aumentar assim de

forma significativa o resultado da empresa.

1.1.2 Custos

As rotinas de custos são totalmente integradas à contabilidade. E este é, sem

dúvida, um dos grandes problemas das empresas não só devido à nossa

persistente, embora agora pequena, inflação, como também por causa da margem

de lucro, cada vez mais restrita em função da acirrada concorrência, agora global.

O custo de um produto pode ser visto sob diferentes óticas. Uma delas, o custo de

reposição ou standard, com base em valores atualizados e quantidades padrão de

cada componente. Outra, pelo custo médio, que atende a todos os requisitos de

nossa complexa legislação de imposto de renda.

O custo real pode ainda ser calculado em moeda forte, para inibir os efeitos da

inflação. Para o cálculo do custo de reposição ou standard, baseia-se na estrutura

do produto e sua implantação permite não somente este cálculo como também o

uso do MRP I e II, as variações do consumo de matéria-prima e eficiência da mão-

de-obra, uma melhor determinação dos preços de vendas e a tomada de decisão

sobre o processo de fabricação de determinado item.

Figura 1.2 Custo

Os custos de reposição ou standard de cada matéria-prima podem ser atualizados a

cada nova compra ou ainda através de uma cotação específica, de modo que a

consulta à estrutura forneça sempre o custo atualizado.

Com base nestes dados, o sistema pode sugerir o preço de venda levando ainda em

consideração outros fatores determinados pela empresa, como por exemplo, lucro

desejado, volume de vendas, despesas administrativas e de vendas e a própria

elasticidade do produto no mercado.

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21 TEORIA DO ERP

Figura 1.3 Apropriação dos Custos

O cálculo do custo real tem início no recebimento dos materiais, onde é

determinado o novo custo médio das matérias-primas que valorizarão as

requisições, sejam elas manuais ou automáticas.

A apropriação destas requisições para as ordens de produção pode ser de forma

direta ou indireta, total ou parcial. A direta é a mais trabalhosa, pois exige que na

própria requisição se informe o seu destino, porém mais exata, pois cada ordem de

produção recebe apenas o que de fato foi consumido, ao passo que na indireta ou

pelo standard o sistema distribui os materiais requisitados de acordo com as

quantidades informadas na estrutura do produto, permitindo que a saída do

almoxarifado seja feita de forma simplificada e genérica.

Figura 1.4 Classificação da Apropriação de Custos: Diretos e Indiretos

Esquema semelhante é usado na apropriação da mão-de-obra e dos gastos gerais de

fabricação (GGF), ou seja, ou pelo apontamento das horas ou apropriando-se com

base nas estruturas, as quais contém o número de horas necessárias para a

alocação na produção.

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22 TEORIA DO ERP

Figura 1.5 Mão-de-obra e Gastos Gerais de Fabricação na composição dos custos.

A atualização dos custos propaga-se por todo o processo de produção chegando

até o custo da mercadoria vendida, onde ele pode ser comparado com o standard e

definir o lucro da venda.

1.1.3 Compras

Como vimos, custos depende de compras e, esta por sua vez, é integrada ao PCP. O

objetivo da informatização do processo de Compras é suprir automaticamente o

estoque com base em critérios pré-estabelecidos e flexíveis o suficiente para

atender as bruscas mudanças que ocorrem na previsão de vendas. Existem vários

métodos para definir o que, quando e quanto deve ser comprado de cada item

dentro de um determinado período.

Se existir a estrutura dos produtos e certa previsão de vendas recomenda-se o MRP

I (Material Requirement Planning ou Planejamento das Necessidades de Materiais).

Esta técnica parte de um plano de produção dependente de uma previsão de

vendas que pode inclusive ser uma carteira de pedidos já encomendados, dos

estoques existentes, da carteira atualizada das ordens de produção e da carteira

dos pedidos de compras.

Figura 1.6 Esquema geral para definição de compras.

O futuro é dividido em períodos, que podem ser semanas, meses ou mesmo dias. O

MRP I na verdade nada mais é do que a projeção dos saldos de estoques. Através de

uma rotina de explosão, o sistema calcula a necessidade de compras/produção de

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23 TEORIA DO ERP

cada componente intermediário, cada matéria-prima e da mão-de-obra a ser

utilizada.

Já para as empresas que não dispõem de uma estrutura de produtos e nem de uma

previsão de vendas confiável e para os materiais de consumo adota-se o método de

Ponto de Pedido. O sistema calcula inicialmente o consumo de cada item. Isto é

feito utilizando-se uma fórmula estatística de regressão linear onde a tendência do

passado é transformada em uma reta projetando qual será o consumo no futuro. A

seguir analisa a duração dos prazos de entrega e calcula os estoques de segurança.

O resultado é o ponto de pedido de cada item, também chamado de estoque

mínimo.

Por outro lado a quantidade a ser comprada, ou seja, o lote econômico é definido

através de um cálculo que leva em consideração a disponibilidade financeira da

empresa, a classe que o item ocupa na curva ABC e a periodicidade básica de

compras para cada classe. A periodicidade, por sua vez, depende da taxa de juros

que incide sobre o capital investido no estoque, do custo de armazenagem e, por

outro lado, do custo de cada pedido de compras.

Todo o processo de cotação, histórico das últimas compras, follow-up, variação nos

preços de compras deve ser controlado pelo sistema.

Ao chegar a mercadoria, sua recepção é monitorada pelo sistema. A digitação da

nota atualiza a carteira de pedidos, dá a entrada nos estoques, inclui o título em

contas a pagar, gera os lançamentos contábeis e fiscais, além de conferir a nota

não só quanto aos seus cálculos, mas também quanto ao que foi estabelecido nos

respectivos pedidos de compras.

Se o departamento de compras trabalha com ferramentas, como o Workflow-BPM,

os pedidos de compras poderão ser liberados de forma automática. Vejamos um

exemplo: Em uma das políticas internas da empresa, determinou-se que apenas o

gerente de compras poderá autorizar compras acima de R$ 15.000,00. Quando

surgir um pedido neste perfil, o sistema identifica este critério e gera o pedido em

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24 TEORIA DO ERP

questão, envia para a caixa de entrada deste gerente, que o analisa e devolve

informando se a compra deve ser feita.

Figura 1.8 Atualizações feitas pela nota de recebimentos

1.1.4 Planejamento e Controle da Produção - PCP

O PCP (Planejamento e Controle da Produção), por sua vez, parte justamente do

cálculo das necessidades de cada item a ser produzido (MRP I) e emite as

respectivas ordens de produção, em conjunto com o roteiro de operações da carga-

máquina MRP II (Manufactoring Resource Planning ou Planejamento dos Recursos da

Manufatura).

Uma rotina simples, porém cheia de dispositivos que atendem toda a dinâmica

existente em uma fábrica. Máquinas e mais máquinas executando as mais variadas

operações com um calendário repleto de horas extras, fins de semana, feriados,

greves, ausências, variação na produtividade, etc.

O roteiro de operação é definido para cada componente. Informa-se para cada

operação o recurso que ela utiliza inclusive os alternativos, a ferramenta, a

duração, a descrição, o tamanho do lote padrão e o tempo de setup. O

cadastramento dos roteiros possibilita a existência de calendários diferenciados.

O sistema otimiza a alocação dos recursos programando a fábrica minuto a minuto,

operação a operação proporcionando os meios necessários para que medidas

corretivas sejam tomadas no sentido de evitar os tão usuais transtornos ocorridos

no dia-a-dia de uma manufatura.

No mapa de recuo e avanços, por exemplo, o sistema mostra quais máquinas

provocaram uma alocação das operações fora do momento ideal para a produção.

A produção é informada e atualiza os estoques, o próprio programa de carga-

máquina e ainda alimenta os custos em número de horas reais utilizadas no

processo.

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25 TEORIA DO ERP

Figura 1.9 Controle das operações

1.1.5 Faturamento

O Faturamento é uma área onde normalmente há a necessidade de fortes

adaptações e é sem dúvida o setor onde sempre existem diferenças entre as

empresas. É a condição de pagamento, a política de reajuste de preços e descontos,

o pagamento de comissões, a legislação específica de ICMS, IPI, PIS e COFINS, ISS

etc.

De qualquer forma, todas as exceções apresentadas devem ser incorporadas ao

sistema de modo a atender os detalhes da Nota Fiscal Eletrônica (NFe), por vezes

diferentes para cada Estado da Federação.

O Faturamento controla a carteira de orçamentos e pedidos de vendas, administra

a sua liberação pelas condições ofertadas de preço e crédito e pelo estoque e

fornece todos os dados necessários para o setor de vendas, além de gerar os

boletos a receber, com base na condição de pagamento estipulada.

Emitida a Nota Fiscal, são realizadas as seguintes atualizações: a baixa no estoque

e nos pedidos/orçamentos, a contabilização, a escrituração dos dados fiscais e a

atualização do contas a receber.

Parte importante são as inúmeras estatísticas solicitadas pelos usuários, muitas

vezes somente atendidas por um poderoso sistema de BI, que estudaremos no

capítulo de Sistemas de Apoio à Decisão (SAD)

Figura 1.10 Faturamento

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26 TEORIA DO ERP

1.1.6 Financeiro

No Financeiro boa parte das informações são geradas em outros módulos: os

títulos a pagar são gerados em compras, os títulos a receber são gerados no

faturamento, bem como os dados da folha de pagamento, impostos, empréstimos e

investimentos. O papel do Financeiro é cuidar do controle dos pagamentos, dos

recebimentos e, claro, do Fluxo de Caixa.

Figura 1.11 Financeiro

Outros procedimentos como transmissão eletrônica dos títulos para bancos, que

envolvem a emissão automática de pagamentos através do SISPAG e PAGFOR e do

DDA e a baixa automática de títulos a partir de arquivos CNAB, a geração de

borderôs e sua possível conversão em faturas, troca e compensação de títulos,

controles dos cartões de crédito, integração e reconciliação com os extratos

bancários, gateways de pagamentos utilizados no e-commerce, liberação e o

bloqueio de faturamento em função de limite de crédito ou títulos atrasados

possibilitam que a tesouraria se preocupe apenas com a estratégia a ser adotada

para os recursos financeiros deixando para o ERP o trabalho da rotina diária. Para a

análise de crédito existem as consultas a clientes que mostram suas compras,

como pagou e outros dados importantes, além do acesso, através da Internet, às

informações de proteção ao crédito, como SERASA e SCP.

1.1.7 Folha de Pagamento

A Folha de Pagamento automatiza serviços do departamento de RH (Recursos

Humanos). Tudo se inicia com o cadastramento de funcionários. Um verdadeiro

arsenal de dados sobre a pessoa recém-admitida. Com base neles é feito o

pagamento do salário, bem como informações para RAIS, Férias, FGTS, Imposto de

Renda, etc. Digita-se os valores fixos e variáveis e para mudar o cálculo de um

provento ou um desconto basta alterar o respectivo parâmetro. Os cálculos levam

em consideração todas as hipóteses previstas na CLT (Consolidação das Leis do

Trabalho).

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27 TEORIA DO ERP

A própria folha, a relação de vencimentos e descontos, o FGTS, o recibo de férias e

sua provisão, o 13o salário, a relação de admitidos e demitidos, as guias de

recolhimentos e encargos são apenas alguns exemplos dos relatórios emitidos.

Uma função mais específica é o controle da entrada e saída dos funcionários. É o

Controle do Ponto que visa eliminar o trabalho de digitação destes dados. O

tradicional cartão de ponto é substituído por meios eletrônicos, que registra, em

um relógio apropriado acoplado ao sistema, cada entrada e saída do funcionário.

Outra vez entra o Workflow com controles automáticos. Este poderá ser utilizado

no controle de atrasos dos funcionários. Para isso basta criar regras de controle

entre o Workflow e o ponto eletrônico. Um exemplo desta situação pode ser

determinado pela área de RH que não admite atrasos além de 15 minutos e caso

isso ocorra por mais que três vezes envia uma mensagem ao superior imediato do

funcionário.

Um aspecto relevante é a possibilidade de trabalhar com várias escalas de horários,

além do cálculo das horas extras, descontos, abonos de faltas, atrasos e saídas

antecipadas.

1.1.8 Ativo Fixo

O Ativo Fixo é o módulo que administra os bens da empresa que constituem, na

realidade, grande parte do capital nela investido. Também neste módulo, o único

trabalho de digitação é feito quando da aquisição dos bens. Todos os dados são

incluídos no ato do cadastramento do bem e servem de base para o cálculo e

contabilização mensal das depreciações. Propicia também o efetivo controle e

fiscalização de todo o patrimônio da empresa.

1.1.9 SPED

O SPED (Sistema Público de Escrituração Digital) existe para que se cumpra nossa

legislação tributária. Temos o SPED Contábil, o Fiscal (ICMS e IPI), o de

Contribuições (PIS, COFINS e INSS), o ECF (Escrituração Contábil Fiscal: Lalur,

FCONT e DIPJ) e o E-Social (RH). Com eles o governo recebe as informações das

empresas tornando a fiscalização totalmente eletrônica e eliminando qualquer

possibilidade de sonegação. E, claro, é função do ERP gerar todos eles de forma

totalmente automática, a uma simples chamada da funcionalidade.

1.2 VERTICAIS

Além das funcionalidades básicas descritas, uma solução ERP visa na realidade

automatizar todos os processos de uma empresa, seja ela comercial, industrial, de

serviços ou distribuição. Não importa o ramo de atividade. Convencionou-se

chamar de VERTICAIS os módulos que são específicos a um setor de atividade. É

claro que é inerente a integração entre os módulos básicos e os verticais. Entre eles

destacam-se os seguintes:

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28 TEORIA DO ERP

1.2.1 Automação Comercial

É o processo de emissão de cupom fiscal nos caixas de lojas comerciais. Esta

automação, que é praticamente obrigatória, proporciona uma agilidade muito

grande principalmente quando integrada com um ERP focado para a área. Torna o

atendimento de balcão mais ágil, mesmo quando há processos complexos, como

financiamentos, troca de mercadorias, sangrias, pagamentos com cartão de débito

ou crédito, promoções especiais, etc. Os estoques são atualizados a cada saída ou

entrada de mercadoria, evitando a falta nas prateleiras.

Pagamentos em cheque, inclusive os pré-datados, comissões, cálculo do ICMS e a

emissão do Cupom Fiscal são contemplados neste módulo. A qualquer momento

tem-se o volume de vendas por vendedor e produto, a posição dos estoques

inclusive das outras lojas acopladas à rede e estatística dos produtos mais

vendidos possibilitando assim o uso deste módulo para grandes redes de lojas

varejistas ou atacadistas bem como para o pequeno comerciante. Não deixa de ser

um complemento do módulo de Faturamento.

Podemos dizer que uma automação comercial completa necessita de vários

equipamentos periféricos interagindo com o sistema, tais como: leitor de código de

barras, balanças eletrônicas, gaveta do caixa, o ECF (Emissor de Cupom Fiscal) e

também o TEF (Transmissor Eletrônico de Fundos), que é a popular maquininha de

cartão de crédito.

A partir de 2001 o governo tornou obrigatório o uso do ECF – Emissor de Cupom

Fiscal, que é o conjunto formado pela impressora, o microcomputador e o software

de automação comercial. O objetivo é acabar com a sonegação e para tanto a

impressora, que é lacrada, tem um dispositivo que grava em sua memória o

conteúdo de todas as notas emitidas, à qual somente a fiscalização tem acesso. O

software precisa ser homologado e em alguns Estados o desenvolvedor é co-

responsável por fraudes detectadas. O próprio cupom do cartão de crédito também

precisa ser impresso no ECF.

Agora os governos estaduais estudam outras duas soluções: o S@T, que é um

dispositivo (placa+memória) que faz a função de transmitir, via internet, os dados

dos cupons para o site da Sefaz. Funciona bem na contingência quando houver

interrupção na comunicação, pois armazena de forma inviolável os dados e os

transmite quando a internet é restabelecida. O estado de São Paulo é o principal

aliado desta solução.

Outra solução é a NFc-e (nota fiscal cupom eletrônico – Modelo 65), também

chamada de danfinha, pois o processo é basicamente igual ao da NF-e modelo 55.

O uso do formulário de segurança soluciona a contingência quando houver queda

da internet. O cupom é opcionalmente emitido em papel para o cliente, ficando sob

responsabilidade do comerciante o envio posterior dos dados para a Sefaz. O

consumidor também tem acesso ao cupom, pela internet, através de um QR-Code,

impresso no cupom.

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29 TEORIA DO ERP

1.2.2 Sistemas de Apoio Logístico

Em se tratando de armazenagem de produtos, é possível que haja a necessidade de

uma administração que possibilite o controle e a manutenção dos respectivos

produtos em lotes. Neste sentido, o WMS (Warehouse Management System) é um

sistema informatizado que auxilia no efetivo controle dos produtos, possibilitando

sua alocação automática bem como o controle de entradas/saídas, a otimização do

armazenamento no estoque, a melhor alocação de recursos humanos e físicos, a

identificação da prioridade de carga e descarga de produtos, o gerenciamento do

pátio, etc.

Por outro lado, o TMS (Transportation Management System), um Sistema de

Gerenciamento de Transporte, tem por objetivo oferecer subsídios através do uso

da tecnologia da informação para proporcionar o perfeito planejamento,

administração e controle da movimentação de cargas, incluindo a frota de veículos.

Abrange não só a geração de conhecimentos, viagens e faturas conforme contrato

do cliente como também o controle de pendências de sinistros, de indenizações e

serviços tanto regionais como nacionais e até mesmo internacionais.

Com o uso da tecnologia da informação, é possível uma perfeita integração com os

sistemas de rastreamento GPS de veículos além da integração com os clientes,

postos fiscais e filiais. Outro aspecto importante, em se tratando de integração, é a

manutenção dos próprios ativos envolvendo a frota de veículos e caminhões

utilizados.

Com uma tabela de frete configurável é feita a tarifação e com os demais recursos

cadastrados no sistema é possível à obtenção dos custos por veículo, frota, viagem

englobando inclusive o tratamento de impostos.

1.2.3 Gestão de Projetos

O PMS (Project Management System) possibilita o planejamento e a execução de

projetos incluindo o controle de orçamentos. Entre suas diversas funcionalidades,

o PMS possibilita, através da alocação dos recursos, o controle das fases do projeto

e o acompanhamento do progresso físico e financeiro.

Índices de desempenho, fluxo de caixa do projeto, quadros quantitativos

demonstrando o previsto x realizado são alguns exemplos de informações que

podem ser facilmente obtidas com o uso de um Sistema de Gerenciamento de

Projetos, incluindo uma perfeita integração com o MS-Project. Um conjunto de

consultas e relatórios permite uma abrangente análise da evolução e andamento do

projeto.

1.2.4 Gestão da Qualidade

A Gestão da Qualidade pode ser feita através de um conjunto de módulos

específicos. Entre eles destacam-se a Auditoria, o Controle de Documentos, a

Inspeção de Entradas, a Inspeção de Processos, a Metrologia, o Controle de Não-

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30 TEORIA DO ERP

Conformidades, o Processo de Aprovação e o Planejamento Avançado da Qualidade

(PPAP/APQP).

A Auditoria engloba tanto os aspectos internos da empresa (sistemas, produtos e

processos) bem como as relações externas com fornecedores e clientes. O módulo

de auditoria proporciona um melhor planejamento, controle e acompanhamento

através do cadastro dos tópicos e itens a serem auditados, do cadastro de

unidades, do cadastro de associados e através do controle de itens a serem

auditados novamente. A implantação do sistema de auditoria possibilita o

cronograma, o agendamento e um check-list de auditorias além da obtenção de um

relatório completo para atender os itens 4.17 do padrão ISO 9000 e o item 8.2.2 do

padrão ISO 9001 (2000).

Para auxiliar no atendimento do item 4.2.32 do padrão de qualidade ISO 9001

(2000), o módulo de controle de documentos proporciona a efetiva catalogação,

acompanhamento e distribuição dos documentos da qualidade. Este controle

envolve a numeração de documentos, cópias por documento e a manutenção de

referências e palavras-chaves além da distribuição de senhas para a restrição de

acesso por usuário, módulo, funções e relatórios.

A Inspeção de Entradas é um módulo que oferece um conjunto de funcionalidades

para atender os itens 1, 2, 6, 7, 8, 10, 12, 13, 14, 15, 16 e 20 do padrão ISO 9000 e

os itens 4, 5.1, 7.4, 7.5 e 8 do padrão ISO 9001 (2000). Estas funcionalidades

envolvem desde o registro e o controle das entregas de materiais por fornecedor,

ensaios calculados por fórmulas, ensaios realizados por laboratórios até a geração

de laudos automáticos para cada lote recebido e conseqüente emissão e controle

das notificações de não conformidades (NNC) e emissão e controle dos planos de

inspeção.

A Inspeção de Processos em conjunto com o módulo de Inspeção de Entradas é

preponderante para a manutenção da rastreabilidade dos produtos. A inspeção de

processos é um módulo que visa o atendimento dos itens 1, 2, 8, 9, 10, 12, 13, 14 e

16 do padrão ISO 9000 e dos itens 4, 5.1, 6.4, 7.4, 7.5 e 8 do padrão ISO 9001

(2000) através da manutenção de um plano de inspeção por produto, por setor de

controle e um plano de amostragem específica.

Através do cadastro de instrumentos, escalas, padrões e ainda com a coleta de

dados de calibrações externas, o módulo de metrologia efetua os cálculos para a

confirmação no aspecto da exatidão, adequação e aceitabilidade, além do cálculo

completo das incertezas, permitindo a geração de relatórios ou consultas que

possibilitam a visualização do plano, a ficha, o certificado e o resumo das

calibrações.

Outro aspecto no módulo de Metrologia é a rastreabilidade dos instrumentos x

padrões e a possibilidade dos cálculos de tolerância em termos percentuais.

O módulo de Metrologia mantém integração com os módulos de recebimento e

controle de processos.

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31 TEORIA DO ERP

Em se tratando da norma ISO 9001 (2000), o módulo de metrologia atende o item

7.6 e incorpora, ainda, um conversor de unidades de medidas.

Para atender a norma ISO 9001 (2000) nos itens 8.3 e 8.5.2/8.5.3, o módulo de não

conformidades permite o registro das ocorrências e o registro dos planos de ações

tanto corretivas como preventivas. Possibilita a utilização do método dos 8 passos

além de um Follow-up estatístico das não-conformidades, das ações corretivas e

dos controles de pendências por usuário. O módulo de não conformidades se

integra com os módulos de recebimento, processos, Field Service, auditorias,

metrologia e a manutenção de ativos.

O Processo de Aprovação e Planejamento Avançado da Qualidade (PPAP/APQP)

conta com o auxílio de um módulo que oferece uma série de funcionalidades para

atender a norma QS 9000. Estudo de R & R, estudo de capacidade, ensaio

dimensional, ensaio material, ensaio de desempenho e aprovação de aparência são

alguns exemplos destas funcionalidades. Permite a análise de modo e efeito de

falha potencial, além da geração de sumário e aprovação APQP. Outra facilidade

incorporada a este módulo é a geração de diagrama de fluxo dos dados.

1.2.5 Gestão Educacional

Sistemas de Gestão Educacional oferecem uma série de funcionalidades abordando

aspectos quanto:

- Ao Processo Seletivo;

- À Matrícula;

- Aos Requerimentos;

- Ao Curso Vigente;

- Ao Professor;

- Ao Financeiro/Tesouraria;

- À Avaliação Institucional;

Em se tratando de Processo Seletivo, o Sistema de Gestão Educacional administra e

controla os cursos ofertados e o número de vagas para cada um deles. Permite a

introdução de uma nota de corte e a adoção de critérios de desclassificação e

desempate. Proporciona a apuração dos aprovados, a reserva de vagas, a alocação

do candidato e o acompanhamento e controle financeiro.

Quanto às matriculas, o sistema de Gestão Educacional possibilita a efetivação da

matricula por grade de disciplinas avaliando, de maneira automática, os pré-

requisitos e co-requisitos, além de administrar as transferências e manter

integração total com o financeiro. Auxilia na administração dos requerimentos

através de uma configuração inicial quanto à ação a ser tomada, ao fluxo de

operações e ao controle do tempo, permitindo que seja realizado o

acompanhamento de operações e o retorno automático ao solicitante através de e-

mail, além da solicitação do requerimento via sistema ou mesmo pela WEB.

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32 TEORIA DO ERP

A Gestão Educacional armazena as informações vitais de cada disciplina tais como

carga horária, conteúdo programático, bibliografia e número máximo de faltas.

Entre as facilidades oferecidas aos professores da instituição, destacam-se o

apontamento e o acompanhamento do conteúdo programático, o apontamento de

faltas e notas incluindo a consulta da grade escolar.

1.2.6 Manutenção de Ativos

A Manutenção de Ativos envolve o cadastramento, a organização, a manutenção e o

controle dos bens de uma empresa, entidade ou órgão público. Entre as suas

diversas funcionalidades possibilita o planejamento tanto de manutenções

preventivas como manutenções corretivas, o registro de um histórico de

intervenções ocorridas comas revisões da ficha técnica e análises quanto à

durabilidade do bem por utilização, serviço, marca e fabricante.

Outro aspecto do sistema de Manutenção de Ativos é que, além do controle relativo

a cada centro de custo, permite também um comparativo entre o previsto e o

realizado tanto para o ativo em si como peças ou mesmo serviços.

1.2.7 Exportação

O Sistema de Exportação tem por objetivo auxiliar a emissão de documentos e

formulários relativos à exportação de bens e produtos permitindo um total

controle do desembaraço aduaneiro e uma perfeita integração com o Siscomex.

Entre estes diversos documentos e formulários gerados pelo Sistema de

Exportação, destacam-se:

• Invoice;

• Shipping Instruction;

• Packing List;

• Certificado de Origem-FIESP;

• Certificado de Origem-Mercosul;

• Certificado Aladi;

• Form-A;

• Acordo de alcance parcial;

• Saque cambial;

• Carta remessa de documentos;

• Aviso de embarque.

1.2.8 Importação

O Sistema de Importação trata das informações necessárias para que os pedidos de

compras internacionais sejam realizados, incluindo a emissão em inglês do pedido

de compras e a Licença de Importação (LI) integrada ao sistema governamental com

alimentação automática das informações necessárias ao licenciamento de

mercadorias.

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33 TEORIA DO ERP

O Sistema de Importação possibilita o registro do embarque das mercadorias, o

desembaraço englobando o controle das atividades alfandegárias necessárias à

liberação das mercadorias importadas, o controle financeiro de adiantamento de

numerário ao despachante e a respectiva prestação de contas.

O recebimento de mercadorias importadas, a apuração do custo final das

mercadorias, o fluxo de caixa das importações, Follow-ups, avaliações e

comunicações internacionais são outras funcionalidades oferecidas pelo sistema

de importação.

1.2.9 Gestão Hospitalar

Com o cadastramento de pacientes, tipos de atendimento e a manutenção da

agenda de consultas e cirurgias, o sistema de Gestão Hospitalar efetua uma série

de controles quanto às solicitações e prescrições médicas.

Proporciona o controle de múltiplos convênios incluindo o SUS a partir do cadastro

de convênios com todos os valores de CH´s. Permite a manutenção de tabelas de

preços diferenciados de materiais, medicamentos, taxas, diárias, procedimentos e

honorários para os convênios e, em destaque, as tabelas AMB e CID.

O sistema de Gestão Hospitalar permite também o controle de prontuários de

pacientes e o lançamento de despesas com exames, lavanderia e nutrição.

1.2.10 Medicina e Segurança do Trabalho

A partir de um conjunto de informações cadastradas e a programação automática

dos exames de avaliação clínica incluindo a convocação também automática dos

funcionários para a realização dos exames, o Sistema de Medicina e Segurança do

Trabalho permite o perfeito planejamento, acompanhamento e execução de todas

as atividades necessárias para orientar a medicina e segurança no ambiente de

trabalho através de uma série de relatórios, mapas e gráficos.

1.2.11 Plano de Saúde

Para manter uma boa qualidade tanto no atendimento ao cliente quanto ao

atendimento ao credenciado, o sistema de Plano de Saúde mantém uma série de

funcionalidades que auxiliam o controle da execução dos procedimentos médicos,

consultas médicas e exames. Estas funcionalidades baseiam-se nas informações

cadastradas a respeito dos credenciados (médicos, hospitais, clínicas e

laboratórios) e os associados com seus dependentes.

É necessária a parametrização para inclusão de tabelas dinâmicas de eventos tais

como AMB´s, Brasindice, Ciefas entre outras.

Para possibilitar um melhor suporte na área comercial, o Sistema de Plano de Saúde

permite, além dos cadastros convencionais, o cadastramento dos vendedores

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34 TEORIA DO ERP

internos e externos, regiões de atuação, formas de pagamento, alçadas para

liberação de propostas, simulação de vendas/prospects, metas mensais/anuais e

dados sobre o mercado/concorrência.

Em relação ao acompanhamento dos contratos/beneficiários, o sistema de Plano de

Saúde permite a compra de carências, atualização de preços, renegociação de

dívidas, abono de juros além do fornecimento de informações sobre a quantidade

média de atrasos, dia de pagamento médio, perfil dos clientes, entre outras.

1.2.12 Controle de Direitos Autorais

O principal objetivo deste módulo é oferecer subsídios tanto na administração

como no efetivo controle de obras culturais considerando o seu lançamento

através de diversas edições. Permite um eficaz controle dos contratos dos direitos

autorais devidos a elas.

Entre as suas funcionalidades, o Controle de Direitos Autorais permite o

acompanhamento financeiro dos contratos incluindo adiantamento de pagamento,

prestação de contas, apuração dos pagamentos e a apuração dos acumulados.

O controle de licenciamento e licitação também é tratado nesta vertical, através de

diversas consultas e relatórios.

1.2.13 Gestão de Concessionárias

A gestão de concessionárias é um completo sistema que auxilia na administração

de concessionárias sob três diferentes abordagens:

• Peças;

• Oficinas e Frotas;

• Veículos.

O módulo de autopeças permite a montagem e desmontagem de Kit´s de peças e o

orçamento integrado com emissão de notas concatenando funções para facilitar o

trabalho de venda balcão ou televendas.

Em se tratando da área comercial, o módulo de autopeças possibilita um melhor

atendimento através do controle de peças bloqueadas por defeito, reserva de peças

para venda futura e parametrização de períodos de garantia.

Em relação à integração, o módulo de autopeças facilita a entrada dos dados dos

catálogos das montadoras e os pagamentos eletrônicos por intermédio de cartões

de crédito.

O módulo Oficina e Frotas possibilita o acompanhamento e gerenciamento dos

orçamentos de peças e serviços integrados eletronicamente com as Ordens de

Serviço enquadrados em escalas de trabalhos de 24 horas por dia.

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35 TEORIA DO ERP

O controle das frotas pode ser realizado para proporcionar um melhor custo

beneficio através da manutenção de veículos por correção e prevenção incluindo

um efetivo acompanhamento dos componentes dos veículos.

1.2.14 Gestão Hoteleira

A gestão hoteleira reúne diversos quesitos. Desde a necessidade de divulgação dos

serviços oferecidos por um Hotel ou uma Pousada, como também controlar o fluxo

funcional de sua real atividade.

Podemos imaginar, desde a construção de uma bela e eficiente página na internet,

à participação nas redes sociais, como todo controle partindo do check in ao

checkout, passando pelo controle de reservas, tempo de permanência, serviços

solicitados durante a estadia e até mesmo o controle eletrônico do frigobar e do

sistema de telefonia e internet.

Lembrando que neste processo o cliente é bastante exigente e, por isso, é

necessário estabelecer controles, com base em um CRM, padrões de qualidade e

ampla oferta de serviços, que provoquem o retorno de antigos hóspedes.

Enfim, no mercado surgem a cada dia novos Sistemas Verticais, mesmo porque há

sempre alguém criando um novo modelo de negócio. Este capítulo visa apenas dar

uma visão geral.

No Case do Chaveiro, as funcionalidades dos módulos básicos são tratadas de

forma mais prática e detalhada, porém, para que os conceitos aqui tratados sejam

mais facilmente compreendidos, bem como a real abrangência de uma solução ERP,

nada como uma narração esportiva com base em um fluxo representativo, já que o

futebol está na alma do brasileiro e através dele nada se torna monótono. Vamos a

ela.

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36 TEORIA DO ERP

1.3 Radiação

Figura 1.12 Fluxograma geral do ERP.

Abrem-se as cortinas, começa o espetáculo e sai jogando o cliente.

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37 TEORIA DO ERP

Figura 1.13 Geração de pedido.

Ele faz o pedido de vendas. O jogo promete. É feita a liberação do crédito de forma

eletrônica nas principais entidades do mercado. Passa pelo Serasa, passa pelo SPC

e aprova o pedido. Vai para a liberação de estoque. Se for contra-entrega, emite a

nota fiscal e despacha a mercadoria para o Cliente.

Figura 1.14 Planejamento das necessidades de materiais.

Se for por encomenda, vai para o PCP. É o planejamento e controle da produção.

Parte das previsões de vendas e projeta o estoque. Executa o MRP I. É o Material

Requirement Planning, o Planejamento das Necessidades de Materiais.

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38 TEORIA DO ERP

Figura 1.15 Fluxo do Processo de Compras.

Explode a estrutura. Gera as ordens de produção. Para as matérias-primas faz as

solicitações de compras. Se for produto importado, já integra com o Siscomex. Vê a

cotação do dólar. As cotações de compras são enviadas, via Internet, para os

fornecedores.

Os fornecedores recebem, dão os preços, as condições de entrega e de pagamento.

O sistema negocia, pechincha e obtém o melhor preço. Faz o e-procurement. Emite

o pedido de compra e o manda para frente. O fornecedor recebe, sofre dura

marcação do followup. Planeja, produz, carrega o caminhão e descarrega a

mercadoria para o seu destino. É o Supply Chain Management, funcionando de

verdade.

Figura 1.16 Supply Chain Management.

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39 TEORIA DO ERP

Vem o Recebimento, pega o material, passa pelo Controle de Qualidade e coloca-o

no estoque de matéria-prima, e olha a integração já sendo feita em tempo real e

automaticamente. Atualiza os livros fiscais, o Pedido de Compra e inclui o título no

Contas a Pagar. E olha lá, até o lançamento contábil já é feito de forma automática

e inteligente.

Figura 1.17Fluxo da etapa de produção.

O material entra rachando no estoque. Vem à requisição, por trás, rouba a

mercadoria, coloca no chão de fábrica. Vem o MRP II. Entra na jogada. É o

Manufactoring Resource Planning. Faz a carga máquina. Aloca os recursos. Minuto

a minuto, operação a operação. Ninguém fica parado. É todo mundo se mexendo. A

produção rola macia. Vai entrando no estoque de produto acabado. Tem até coletor

eletrônico, controlando o processo.

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40 TEORIA DO ERP

Figura 1.18 Lançamento contábil automático.

E tudo sai valorizado e contabilizado pelos custos standard e real. A depreciação é

calculada pelo Ativo Fixo; a mão-de-obra, pela Folha de Pagamento e pelo Ponto

Eletrônico. Até os custos indiretos são rateados pela contabilidade.

Figura 1.19Integração dos Processos Vendas X Financeiro.

Volta, agora, o faturamento. Ele tem o produto, prepara, emite a nota fiscal e

manda a mercadoria para o cliente. É logística que não acaba mais.

A duplicata vai para o Contas a Receber, que passa o título para o banco via CNAB.

Ninguém põe a mão na bufunfa, o banco recebe, quita o título, faz o depósito e

devolve a informação para o sistema.

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41 TEORIA DO ERP

Figura 1.20Fluxo Financeiro.

E vai enchendo a bola do caixa! É dinheiro que não acaba mais, mas vem o contas a

pagar e estraga a festa. Choca-se com o contas a receber e emite o fluxo de caixa.

Tá sobrando, tá faltando. É feita a simulação. Paga, recebe, quita,aplica, financia e

resgata.

Compara o real com o orçamento e durma-se tranqüilo com um controle destes.

Mas o financeiro não pára. Manda os lançamentos para a contabilidade que recebe-

os livre e avança sozinha pela direita. Não tem ninguém na marcação! Passa pelo

razão, passa pelo balancete, dá um drible no diário e um chapéu no fiscal. Centra.

Na área.

A bola vai na cabeça do Sigaeis – Executive Information System. Vem o

DataWarehouse, faz tabelinha com o Workflow, pega os resultados , consolida,

sintetiza, analisa e entrega de bandeja para os diretores. Eles recebem, se reunem,

decidem, analisam ...tô sentindo o cheiro do gol, chutou ééééé........gooooool.

A torcida explode de emoção, mas....o que houve??

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42 TEORIA DO ERP

Figura 1.21 Consolidação de resultados.

Não, não foi gol, o juiz anulou. Ele deu lucro, muito lucro para as empresas que

usam a solução ERP. E olha lá o placar no Morumbi: Receitas 10 x Despesas 0.

É 100% de aproveitamento.

(Fim da radiação)

Este cenário é sem dúvida o sonho de todo administrador de empresas que hoje

sofre o impacto de novas tecnologias, principalmente as originárias da Internet que

revolucionam todo o processo, tornando-o cada vez ainda mais eficiente, rápido,

econômico e indispensável.

1.4 Como a Internet se Integra às Soluções de ERP

A Internet faz com que o ERP ultrapasse, em termos sistêmicos, as fronteiras da

empresa integrando-a cada vez mais com seus clientes, fornecedores, governo,

bancos e funcionários.

A Internet transformou o mundo em uma imensa rede em que todos têm acesso a

todas as informações de todas as empresas ligadas à rede. Tudo respeitando, é

claro, dados sigilosos e dentro de um esquema de segurança que não traga

prejuízos a ninguém.

A palavra de ordem é a conectividade. De sua mesa de trabalho você se comunica,

negocia, compra, vende e se informa. Não importa onde esteja seu interlocutor, em

seu bairro, em sua cidade, do outro lado do país ou do mundo.

Explorando estes recursos, algumas novas aplicações ligadas ao ERP ganharam

força: CRM, Call Center, e-commerce, Supply Chain e apoio logístico.

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43 TEORIA DO ERP

1.4.1 CRM – Customer Relationship Management (Gestão do

Relacionamento com os Clientes)

Se antigamente, nos tempos das velhas lojinhas e armazéns de esquina, podia se

dizer que o dono do estabelecimento comercial conhecia profundamente cada um

de seus fregueses, suas necessidades, seus desejos e sua capacidade financeira e

dava a cada um, atendimento especial, o mesmo não se pode dizer dos tempos

atuais, em que as grandes redes de varejo tratam-nos friamente como um simples

cliente a mais, na verdade um código cadastrado e ativo em suas vastas bases de

dados.

Com novos recursos o CRM veio para mudar esta situação, mesmo porque aquele

cliente que antes não era tão exigente passou, agora, a ser mais cortejado e

assediado por fortes esquemas de marketing, esquemas estes baseados exatamente

nos próprios recursos da Tecnologia. O CRM restaura o atendimento one-to-one,

onde aquelas necessidades, desejos e capacidade financeira passam a fazer parte,

de forma organizada e rapidamente acessível, daquelas mesmas bases de dados

que agora se propõem a ter mais informações que não apenas o “valor faturado” e

a “data da última compra”.

Um exemplo típico de CRM está presente em algumas redes de supermercados.

Disponibilizando um simples cartão, que também facilita o processo de pagamento

dos clientes, tem ele na verdade a finalidade de permitir o armazenamento de

todas as compras de cada cliente, em quantidade, código, data e valor de cada

produto adquirido. Assim, em uma próxima promoção, o marketing será muito

mais dirigido e eficiente, pois será feito com base neste conhecimento.

A venda não se resume à simples digitação do pedido e à conseqüente emissão da

nota fiscal e do boleto. Envolve o tele-marketing, a pré-venda, o suporte pós-venda,

a assistência técnica, o histórico das últimas compras, o controle das pendências

enfim, o direcionamento e atendimento personalizado do cliente.

1.4.2 Call Center

Para realizar parte destas tarefas utiliza-se o CTI – Computer Telephone Interface

– que disponibiliza a integração da rede de telefonia com terminais de

computadores.

O Call Center, que utiliza esta tecnologia, além de direcionar chamadas

telefônicas, acessa as bases de dados de sistemas ERP. Assim por exemplo, um

cliente pode telefonar e questionar sobre a disponibilidade de um item, a situação

de suas contas ou a efetiva data de entrega de um pedido pendente. Utilizando o

teclado do telefone como meio de entrada, e tendo por trás um programa que o

dirige através de uma gravação pré-formatada, o sistema acessa, depois de receber

os códigos devidos, as informações no banco de dados. Concluída a pesquisa,

monta a frase resposta, composta de uma seqüência de palavras previamente

gravadas. A URA, Unidade de Resposta Audível, que funciona à semelhança de uma

rotina de edição por extenso, monta o texto sonoro que é editado pela linha

telefônica. Assim, aqui vão alguns exemplos:

— Seu pedido número 123456 será entregue no próximo dia 10 de junho.

— O produto 654321, sulfato de sódio, está com disponibilidade de 100 kilos

para entrega imediata.

— Seu saldo devedor é de 5 mil reais, referentes aos boletos números 1234 e

2345, com vencimento para os dias 12 de maio e 20 de maio.

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44 TEORIA DO ERP

O Call Center permite este atendimento, bastante personalizado, sem que para tal

haja necessidade de um atendente presencial e o serviço pode ser disponibilizado

24x7, ou seja, 24 horas do dia, 7 dias da semana. É claro que hoje é muito mais

comum o funcionamento do Call Center ainda com a intervenção de um atendente.

Mas mesmo nestes casos ele já conta com forte apoio do sistema em seu trabalho

de suporte por telefone.

1.4.3 e-commerce e Supply Chain Management (SCM)

O comércio sempre procurou agilizar o processo de venda de mercadorias. Seja

pela troca de documentos, via telex ou fax, seja através de EDI –Eletronic Data

Interchange— onde empresas de comunicações viabilizam a compatibilidade entre

registros transmitidos pela rede. A própria venda postal, via catálogos, ou os

programas de shopping que proliferam nas emissoras de televisão são um

prenúncio de que este tipo de comércio não presencial ou à distância funciona.

Uma primeira forma mais avançada de comércio surgiu com as montadoras de

veículos e as redes de supermercados, que exaustivamente planejam e replanejam

suas encomendas que são colocadas em suas vastas redes de fornecedores,

acessando diretamente suas bases de dados.

É natural que a sua prática é mais fácil no caso de compras sistemáticas, onde

existe um contrato de fornecimento que estabelece as condições básicas de compra

e venda; nos casos de “commodities” com produtos de mesma origem e qualidade

e ainda na aquisição de materiais de consumo e preços assemelhados. É o B2B,

Business to Business.

O comércio eletrônico teve seu início, na verdade, com o surgimento das páginas

com interfaces gráficas na Internet. Envolve não somente a venda em si, como

também o marketing, a logística de entrega, o pagamento, o suporte pós-vendas e

assistência técnica e principalmente a integração com as soluções ERP das

empresas envolvidas. É o B2C, Business to Consumer.

Oferta para um mercado mais amplo, redução no ciclo de vendas do produto (a

Heineken conseguiu reduzir este ciclo de 3 meses para 4 semanas), redução de

custos, especialmente com a eliminação de estoques e de instalações tradicionais,

facilidade da operação (pode ser feita sem sair de casa, a qualquer momento),

velocidade nas comunicações, são algumas das vantagens básicas do comércio

eletrônico.

E temos ainda o Market Place, onde várias empresas ou mesmo pessoas colocam

seus produtos a venda em determinado site. Possibilita o C2C, Cosumer to

Consumer. É o ápice da concorrência, pois o cliente tem frente a frente na tela

preços e condições de vários fornecedores de um mesmo produto. Atuam no setor

siderúrgico (e-steel.com), agrobusiness (agrosite.com), construção civil

(construservice), alimentício (mercador.com) e muitos outros.

No que tange às mudanças que o comércio eletrônico proporciona, podemos

destacar:

Preços dinâmicos, administrados pelo próprio sistema, onde por exemplos

produtos perecíveis, como alimentos, ou que se exaurem como tickets de viagem e

de eventos esportivos e artísticos ou ainda diárias de hotel vão se alterando a

medida que se aproxima a data fatal.

Produtos passíveis de reprodução e distribuição digital como CDs musicais,

softwares, livros, revistas e jornais, games, filmes, cursos apresentados nos sites

de educação à distância, produtos financeiros como a compra e resgate de títulos,

serviços bancários e outros mais terão uma forte redução em seus preços em

função da eliminação de uma série de custos existentes no processo tradicional.

Isto fora a questão da tributação, atualmente sendo bastante discutida pelas

autoridades.

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45 TEORIA DO ERP

A possibilidade de uma abrangente pesquisa de preços em todos os sites que

oferecem o produto solicitado faz com que haja uma tendência de convergência de

valores, pois um preço fora do padrão praticamente retira o produto do mercado.

Para garantir ao menos parte da fidelidade, programas de milhagem oferecem cada

vez mais vantagens àqueles que compram sempre da mesma fonte.

O leilão eletrônico, nas suas variadas formas, tem sido também um mecanismo

bastante utilizado em determinados sites da Internet. Assim a eBay, pioneira de

leilões, tem hoje 2,4 milhões de itens. E não são apenas quadros, joias, obras raras

ou outros produtos com preços incertos que lá são encontrados. Criou também um

sistema de pontuação entre os maiores vendedores do site, baseado nas

experiências dos compradores, com o objetivo de reduzir fraudes ou negócios com

conseqüências negativas. O e-commerce funciona tanto no B2B - Business to

Business (Neogrid, Pedido Perfeito), como no B2C - Business to Consumer

(Submarino, NetShoes, Amazon), como no C2C –Consumer to Consumer (Mercado

Livre).

Alguns sites oferecem produtos tradicionais, mas cujos preços flutuam de acordo

com a oferta e a procura, ao estilo de um leilão contínuo. É o mesmo espírito da

Bolsa de Valores, onde os preços de ações sobem e descem à medida que

compradores e vendedores fecham seus negócios.

O leilão invertido funciona de forma inversa ao leilão tradicional. O comprador

informa o que necessita e os vendedores apresentam o seu preço. O comprador

pode inclusive estipular o valor máximo. É usado para a compra de passagens

aéreas, carros, diárias de hotel etc.

Procurando ganhar no poder de compra, alguns sites estão possibilitando que

várias empresas se unam, mesmo sendo concorrentes, no momento da compra, em

especial para a aquisição de materiais de consumo. Assim, os compradores

colocam suas necessidades e o site tenta obter o melhor negócio fazendo a

pesquisa na própria rede (e-procurement).

Um dos grandes problemas do comércio eletrônico é ainda o da conectividade de

software, ou seja, a possibilidade de se eliminar os intermediários neste processo.

Assim, as antigas empresas de EDI, que antes da Internet proviam o serviço de

comunicações, ainda hoje têm sua utilidade, transformando-se em canais

eletrônicos, compatibilizando a troca de dados (pedidos, notas fiscais, avisos de

pagamento, posições de estoque, etc.) entre clientes e fornecedores, mesmo que os

sistemas de ambos sejam totalmente incompatíveis. A ASSESPRO-SP, Associação

das Empresas Brasileiras de TI, Software e Internet, lançou um boletim no qual

propõe um formato padrão para COTAÇÃO E PEDIDO DE COMPRAS. A ideia é que, à

semelhança do formato CNAB, adotado pelos bancos para a troca de títulos, todas

as soluções de ERP, conversem entre si através deste formato, dispensando o

trabalho do intermediário. O formato XML (usado na NF-e) e mais recentemente as

APIs flexibilizam este procedimento. Os primeiros campos são preenchidos pelo

comprador. Os demais pelo fornecedor.

COTAÇÃO

01 - número da cotação do comprador

02 - quantidade de itens

03 - CNPJ/CPF do comprador

04 – nome do comprador

05 – contato no comprador

06 – telefone do comprador

07 – endereço do local de entrega

08 – e-mail do comprador

09 – número da cotação no fornecedor

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46 TEORIA DO ERP

10 – CNPJ do fornecedor

11 – nome do fornecedor

12 – contato no fornecedor

13 – telefone do fornecedor

14 – e-mail do fornecedor

15 – data de emissão da cotação

16 – data da resposta

17 – data de validade da cotação

ITEM_nnn

41 – código do produto no comprador

42 – código do produto no fornecedor

43 – descrição do produto

44 – quantidade solicitada

45 – quantidade ofertada

46 – unidade de medida

47 – preço à vista

48 – tipo de moeda

49 – preço à prazo

50 – despesas acessórias em valor

51 – despesas acessórias em porcentagem

52 – porcentagem do ICMS

53 – porcentagem do IPI

54 – porcentagem do ISS

55 – condição de pagamento

56 – data de entrega

57 – observações

58 – FOB ou CIF

TOTAL

71 – somatória dos preços à vista

72 – despesas acessórias em valor

73 – despesas acessórias em porcentual

COMPLEMENTO

Para a efetivação do Pedido são acrescentados os seguintes campos na seção

COTAÇÃO, campos que se destinam principalmente à emissão da nota fiscal.

18 – número do pedido no comprador

19 – código do comprador no fornecedor

20 – inscrição estadual

21 – inscrição municipal

22 a 26 – endereço de faturamento

27 a 31 – endereço de cobrança

A adoção deste formato padrão tem o objetivo de dinamizar o comércio eletrônico,

especialmente entre o comércio e seus fornecedores (indústrias e distribuidores).

Mas são os estabelecimentos comerciais tradicionais que ainda terão as melhores

possibilidades de incrementar suas vendas através da rede. A Amazon.com é um

exemplo marcante, pois saindo na frente em um mercado favorável a este tipo de

comércio – livros todo mundo compra, a quantidade de títulos é absurdamente

grande e o seu transporte pode ser feito via postal – conseguiu aproveitar as duas

maiores vantagens do comércio eletrônico: não mantinha estoque próprio e não

tinha estabelecimentos físicos. Hoje, tem seus próprios armazéns para garantir a

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47 TEORIA DO ERP

pronta entrega, onde os estoques são bastante elevados. Muitos outros sites, neste

ou noutro setor, como remédios, sucumbiram, pois os fabricantes e distribuidores

não se arriscaram a supri-los, com receio de destruir a rede física, montada à custa

de anos de sacrifício.

Há de se citar também que o comércio eletrônico apresenta suas desvantagens, as

quais devem, de qualquer forma, serem consideradas: elimina o prazer social da

compra, a interação física com o produto, principalmente nas primeiras aquisições,

a espera necessária, por vezes demorada ou pelo menos fora do prometido, já que

o processo de entrega nunca será perfeito, o alto custo do transporte para itens

pesados e volumosos e o receio quanto à segurança, em especial quando o

pagamento é feito através do cartão de crédito.

Uma solução interessante que está sendo adotada por algumas empresas consiste

em eleger uma rede de lojas tradicionais, presente nos mais remotos pontos do

país, que servem como “depósito de entrega” dos produtos vendidos na Internet.

Assim, o comprador se compromete a retirar o produto em local não muito

distante de sua residência e, em troca, só faz o pagamento no ato da entrega.

Também o processo de Cotação de Compra pode ser automatizado, seja ele restrito

a alguns fornecedores ou aberto a todas as empresas fabricantes ou fornecedores

do produto solicitado. O NCM (Nomenclatura Comum de Mercadorias) poderia, se

fosse mais explícito, ajudar bastante nesta tarefa. Já o EAN (código de barra)

funciona bem, mas tem o detalhe que mesmo produtos idênticos, mas de

fornecedores diferentes, tem EAN diferentes pois estes fazem parte do código. O

QR Code, que tem bem mais dígitos, talvez resolva esse problema.

1.4.4 Apoio Logístico

A área de logística de fornecimento tem o objetivo de estreitar o relacionamento

entre clientes e fornecedores, promovendo uma redução de custos operacionais e

do tempo necessário para a aquisição de produtos, cuidando principalmente da

entrega da mercadoria.

Este processo envolve desde a otimização das cargas dos caminhões e suas rotas

até o seu completo rastreamento através de equipamentos GPSs. Com eles é

possível detectar qualquer fuga de rota do veículo e travar a abertura de suas

portas caso sua localização não esteja dentro dos pontos pré-estabelecidos.

Sua situação exata e o conteúdo sempre são conhecidos, devido à transparência da

operação logística. A tecnologia é essencial na administração da cadeia de

abastecimento de hoje. A forma como se gerencia o processo do ponto de

produção até a chegada ao local de destino, faz a diferença. O setor de varejo é um

dos maiores beneficiários das técnicas melhoradas da cadeia de abastecimento

global que pode atender tantas necessidades exclusivas do setor. Estes benefícios

incluem prazo confiável para atender a demandas sazonais e promocionais e

estabelecimento do preço com frete incluso, rápido e eficiente, propiciando

entrega antecipada de mercadorias nas lojas. Sem dúvida, com isto fica facilitada a

adoção de uma política just-in-time em toda a cadeia de distribuição. Para ilustrar

um exemplo, imagine um fabricante de roupas de moda que fornece a centenas de

clientes no mundo inteiro. A partir do momento que os pedidos são colocados, é

instalado um sistema de administração do fornecedor para monitorar o progresso

do pedido. Se o prazo não será atendido, o varejista é alertado com antecedência

suficiente para tomar uma ação alternativa. Uma vez recebido o produto acabado,

este pode ser expedido do modo mais efetivo, freqüentemente em cargas

consolidadas. Esta é exatamente a flexibilidade que o comprador deseja a

princípio. O cenário alternativo em alguns setores de bens de consumo é a técnica

de “postponement” (retardamento), onde as opções de produtos se mantêm

flexíveis e são completadas o mais tarde possível na cadeia de suprimentos. Por

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48 TEORIA DO ERP

exemplo, no setor de vestuário, os artigos não tingidos poderão ser trazidos do

extremo oriente desembarcados na Europa e tingidos localmente, para atender à

demanda. Da mesma forma, alimentos de determinadas marcas poderão ser

estocados num local central e em seguida, serem distribuídos a outros países. Esta

abordagem, onde uma empresa de logística agrega valor aos produtos entre a

colocação do pedido e a entrega final é uma das mudanças no setor.

Um dos grandes incentivadores dessa nova forma de relacionamento da cadeia

logística é o ECR (Resposta Eficiente ao Consumidor). Trata-se de uma solução em

que indústria, distribuidores e supermercados trabalham em conjunto para tornar

a cadeia de distribuição mais ágil, reduzindo os custos totais do sistema, estoques

e bens físicos, proporcionando maior satisfação e valor ao consumidor. Já

praticado nos países desenvolvidos, o CPFR é considerado o próximo passo do

ECR. Trata-se de um sistema baseado no planejamento colaborativo. No CPFR, os

elos da cadeia estão em constante troca de informações. Analisando em conjunto

fatores como picos de venda e períodos de retração, é possível fazer previsões de

consumo e, com isso, evitar desperdícios e reduzir custos.

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49 TEORIA DO ERP

Capítulo 2

Evolução da Tecnologia

Objetivos do aprendizado

Oferecer uma descrição da evolução da tecnologia de sistemas computacionais. Essa descrição

abrange as características dos bancos de dados, os conceitos básicos de linguagens convencionais

e Orientadas a Objeto, sistemas operacionais, redes, web services, tabletes, smartphones,

cloudcomputing, datacenter e big data.

Palavras-chave

Orientação a Objetos, Linguagens de Programação, Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados,

Integridade Referencial, Constrains, Controle de Transação, Multiusuário, Internet, Segurança de

Dados, Assinatura Digital.

A tecnologia tem evoluído de forma exponencial. Muita coisa mudou desde a

época das primeiras máquinas, na década de 1940 e 50, seja com programas

registrados em painéis que podiam ser configurados através do remanejamento

dos cabos (pegas) e os primeiros computadores com memória onde se pode

carregar a cada processamento um programa diferente, até hoje, onde a partir de

um dispositivo, seja ele um notebook, um iPad, um Smartphone, pode-se acessar e

atualizar uma base de dados localizada em qualquer parte do mundo.

Na época do IBM-1401 e depois o IBM/360, o processamento era tipicamente batch,

seqüencial e procedimental. Batch porque era feito em lotes. Os movimentos que

iriam atualizar os cadastros eram “planilhados” para serem perfurados em cartões

e depois de classificados, eram mergeados com os cadastros, e seqüencialmente,

geravam os arquivos atualizados. Tudo em cartões perfurados! A partir destes,

imprimiam-se os relatórios que eram entregues aos usuários finais em suas mesas

de trabalho, por vezes distantes do “aquário” onde se situava o sofisticado Centro

de Processamento de Dados. Os programas eram procedimentais, pois uma vez

lançados, tratavam os dados de acordo com a seqüência de suas instruções, sem

interferência do usuário, até o final do processamento.

As linguagens mais comuns eram o Assembly, Cobol, PL1, Fortran, RPG, Pascal e

o onipresente C.

O Acesso Direto aos dados, no final dos anos 60, permitiu um tratamento mais

flexível, pois os registros armazenados podiam ser atualizados sem uma prévia

classificação. A busca por um acesso direto cada vez mais rápido fez com que

surgissem várias tecnologias: índices auxiliares, que indicam em qual trilha do

disco se encontra um determinado registro ISAM (Index Sequencial Access Method),

estruturas hierárquicas, onde os registros de uma mesma família, como títulos de

um mesmo cliente ou componentes de um mesmo produto, são amarrados entre si

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50 TEORIA DO ERP

através de um campo que contém o endereço de seu “filho” ou “irmão”, áreas de

overflow, localizadas no meio do arquivo para manter os dados em seqüência

mesmo após algumas novas inclusões, e até a gravação do registro no endereço

correspondente à sua chave, como ocorria nas primeiras versões do Basic para

micro computadores.

A década de 70 foi marcada pelo inicio do tele-processamento. Terminais remotos

ligados à unidade central, seja localmente, sejam através de linhas telefônicas

permitiam que a partir de uma estação IBM-3270 (mais tarde substituídas por

microcomputadores) se atualizasse e consultasse os dados gravados no mainframe

central. Estações “burras”, pois todo o processamento era feito no central,

deixando para elas apenas o controle do teclado e a edição dos resultados. De

qualquer forma havia se atingido o processamento on-line, ou seja, em tempo real

e os sistemas de reserva de passagens podem ser considerados os ícones desta

nova era.

2.1 Banco de Dados

A evolução do Acesso Direto levou-nos aos sistemas de Banco de Dados (DBMS

Data Base Management System ou SGBD Sistemas Gerenciadores de Banco de

Dados). Desde as versões mais simples, como o Access da Microsoft, o DBF da

Ashton-Tate/Borland/Nantucket/CA/Fox, o Dataflex da Data Access, Paradox da

Borland, entre outros, até as versões com padrão SQL - Structured Query Language,

que na verdade já existiam desde a década de 70, mas apenas para mainframes. No

SQL os arquivos não são exclusivamente controlados pelos programas. Há todo um

conjunto de rotinas - stored procedures, gatilhos ou triggers e metadados (arquivos

com informações sobre o próprio Banco) que controlam os dados e evitam a

ocorrência de qualquer tipo de perda, incorreção ou duplicação de informações. As

principais vantagens do SQL podem ser resumidas no seguinte:

1. Integridade Referencial: assegura a existência de registros referenciados

em outras tabelas. Assim, por exemplo, jamais teremos um pedido sem o

cliente estar cadastrado da mesma forma que não se consegue deletá-lo

enquanto existir um pedido em aberto. É claro que isto exige uma

normalização das tabelas, ou seja, que cada registro tenha uma chave

primária ou código exclusivo e é ele o elo entre os dois arquivos.

Figura 2.1 Integridade referencial.

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51 TEORIA DO ERP

Neste caso o Cliente cuja chave é 00010 precisa estar cadastrado quando da

implantação do Pedido e não pode ser deletado enquanto existir o Pedido. O

mesmo com o Vendedor 21 e o Produto 00501. O próprio controle do Banco

de Dados não permite a quebra desta Integridade Referencial. Em certos

casos é permitida a deleção em cascata, onde a exclusão do Cliente leva

consigo a exclusão de todos os seus Pedidos, Títulos, Faturas, etc.

2. Restrições ou Constrains: De forma análoga, pode-se definir no próprio

Banco expressões que obrigatoriamente são respeitadas,

independentemente dos programas que o atualizam. Por exemplo, a

expressão Saldo do Estoque > 0, impediria a existência de um saldo

negativo.

3. Controle de transação: nenhuma atualização de registros em disco é

interrompida no meio do processo. Ou grava tudo ou não grava nada. Este

conjunto de atualizações é definido no programa por um begin e um end

transaction. Se houver um problema durante a transação, o Banco volta à

situação original dos arquivos, permitindo um processo de retomada

seguro.

Figura 2.2 Controle de transações.

4. Acesso multiusuário: controle que permite várias estações acessarem a um

mesmo registro simultaneamente, sem que haja perda de informação.

Quando dois ou mais usuários tentarem atualizar simultaneamente um

mesmo registro a partir de uma estação, pode-se ou bloquear (lock) o seu

acesso enquanto perdurar o processo, o que de certa forma degrada o

sistema ou fazer um refresh antes da segunda atualização de forma que a

primeira não seja perdida. Neste caso também há o lock, mas somente

durante alguns milisegundos.

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52 TEORIA DO ERP

Figura 2.3 Multiusuário.

5. Segurança dos Dados: Senhas de autorização de acesso, métodos de

gravação em disco, back-up automático e on-line e log das atualizações são

mecanismos que garantem a privacidade de acesso e evitam perdas ou

duplicações de registros.

6. Stored Procedures e Gatilhos (triggers): Rotinas desenvolvidas pelo

usuário e armazenadas no próprio Banco fornecem um processo mais

seguro e, via de regra, mais rápido, pois independem do programa que faz

a movimentação. O gatilho difere da stored procedure, pois sua execução é

automática a partir de um evento (inclusão, alteração ou deleção no

Banco), enquanto a stored procedure é lançada via programa.

Estes recursos caracterizam a arquitetura Cliente-Servidor, pois aliviam o

processamento na estação (cliente), transferindo-o para o Servidor. No entanto,

sobrecarregam muito o Banco de Dados e muitos processos tiveram a desagradável

surpresa de, após sua implantação, ficarem extremamente lentos devido à entrada

de uma quantidade acima do previsto de estações remotas.

Figura 2.4 Cliente servidor.

Os principais Bancos de Dados disponíveis no mercado são o Oracle Database, o

MySQL, que também é da Oracle, mas tem versões gratuitas, o SQL Server da

Microsoft, o DB2 da IBM, o PostgreSQL (software livre), e o InterBase da Borland.

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53 TEORIA DO ERP

2.2 Microinformática

No início da década de 80 tivemos a revolução da microinformática. Com recursos

limitados, pouca memória, lentos e pouco espaço para armazenagem de dados,

sistemas operacionais CP/M e depois DOS e linguagens como Basic e Assembly, os

primeiros microcomputadores foram questionados por todos que trabalhavam nos

equipamentos de grande porte e nos modernos minicomputadores nacionais

(Cobra, Labo, Edisa, SID e Sisco, entre outros), frutos da Reserva de Mercado que se

instalara no país. Foi o surgimento do PC-IBM (Personal Computer), em 1983, que

possibilitou verdadeiramente o processo de downsizing, ou seja, a transferência de

grandes sistemas em mainframes para os micros.

E para tal não se podia pensar em fazer todo o processo em um único micro, ou

mesmo em um conjunto deles, mas totalmente desconectados entre si. Até que

houve tentativas deste tipo, fazendo-se a transferência de dados através do

transporte físico em disquetes. Mas foram as Redes que definitivamente

resolveram estes problemas. Inicialmente pensou-se no mais óbvio. Simplesmente

conectar-se os micros através de cabos, cada um armazenando parte dos dados,

mas todos acessando os vários discos espalhados pela rede. Era a rede peer-to-

peer, que ainda apresentava a vantagem de uma escalabilidade gradual, pois

bastava acrescentarem-se novas máquinas com discos à medida que aumentassem

as necessidades. Mas esta descentralização de dados não deu certo. Bastava uma

máquina parar e toda rede ficava prejudicada. Em cada uma era preciso ter todos

os controles de I/O (input e output) de dados armazenados, o que consome muitos

recursos de memória e processamento e era impossível coordenar todos os

arquivos do aplicativo, espalhados pela rede. Amplus e Novell foram às empresas

que mais investiram nesta solução, econômica, porém altamente instável.

A alocação de um Servidor dedicado foi a próxima solução. Reserva-se uma única

máquina, no máximo uma segunda para espelhamento de dados, para gerenciar e

manter toda a base de dados. As estações ficam com o processamento e controle

de teclado e tela, o Servidor armazena os dados. O Clipper, da Nantucket/CA e

sucessor do Dbase, foi quem se sobressaiu nesta época, que se iniciou em 1987

com a versão Summer e só teve sua trajetória interrompida com a chegada do

Windows, da Microsoft, já em meados da década de 90, depois de uma sofisticada

Versão 5, ainda DOS, e que continha comandos e recursos agora já bem

comparáveis aos velhos mainframes. E até com uma pincelada de Windows, através

do Five-Win, biblioteca espanhola, que dava ao Clipper funções gráficas de extremo

bom gosto.

2.3 Windows

Windows é um sistema orientado a eventos. É gráfico, portanto o desenvolvimento

é visual. Além disso, as linguagens disponíveis são orientadas a objeto.

Contrariamente ao que ocorre com a programação procedimental, onde a seqüência

das ações é controlada pelo programa, em Windows, quem controla esta seqüência

é o usuário, através do mouse. Com ele é possível clicar qualquer botão ou campo

habilitado na tela e a resposta tem que ser específica para aquele evento. Windows

envia ao programa uma mensagem, comunicando-lhe sobre o evento. Tratado o

evento, o programa devolve o comando para o Windows. Windows pode,

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54 TEORIA DO ERP

grotescamente, ser considerado uma super aplicação enquanto que os programas

são meras sub-rotinas que estão sob seu controle.

O fato de ser gráfico faz com que boa parte dos programas sejam desenvolvidos de

forma Visual, ou seja, ao invés de escrever-se código fonte, insere-se os

componentes na tela a partir de uma janela de CLASSES. Os componentes criados

são os OBJETOS, instancias das Classes. Customiza-se os Objetos alterando-se suas

propriedades e métodos. É a OOP – Object-Oriented Programming (Programação

Orientada a Objetos). A partir deste trabalho é gerado um código fonte, que pode

ou não ser modificado. Mas a programação Visual resolve apenas parte dos

problemas de uma aplicação: telas, controles, menus, relacionamentos, etc. A parte

de procedimentos, ou seja, as regras de negócios precisam ser escritas na forma

tradicional.

Em Windows, programar o que é simples é muito fácil, mas o que é complexo é

exponencialmente mais difícil. O Visual Basic, da própria Microsoft, o Delphi, da

Borland e o Visual Object, pretensioso sucessor do Clipper, da Computer

Associates, foram às primeiras linguagens que despontaram neste ambiente. Mais

tarde e já na mira de oferecer alternativas ao Windows, veio o Java. Junto com ele o

Linux, sucessor do Unix, eterno rival do DOS e ameaça ao próprio Windows.

Vejamos sua evolução:

Windows 1.0 - 1985

Dez anos depois da fundação da Microsoft por Bill

Gates e Paul Allen, a empresa lança o Windows. Em

1987, a Microsoft começa a vender o Windows 1.0. Em

vez de digitar comandos no MS-DOS, primeiro sistema

da empresa, basta mover o mouse, apontar e clicar

sobre as janelas. São lançados com ele o Paint, o Writer

e o Notepad.

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55 TEORIA DO ERP

Windows 2.0 - 1987

Com suporte a gráficos melhorado, é possível sobrepor

janelas, ajustar a visualização e usar atalhos de teclado

para acelerar o trabalho.

Windows 3.0 – 1990

Tem 16 cores e ícones aperfeiçoados. Uma nova onda de PCs

386 ajuda a impulsionar a popularidade do software, instalado

com disquetes que vêm em grandes caixas com manuais de

instrução difíceis. Três anos depois, a empresa se volta para o

mercado empresarial, com o Windows NT 3.1, de 32 bits, uma

plataforma de negócios estratégica que suporta os mais

avançados programas técnicos e científicos.

Windows 95 – 1995

Tem funções multimídia. Surge a barra de tarefas do menu

Iniciar, e os botões minimizar, maximizar e fechar em cada

janela. Comerciais com os Rolling Stones cantando "Start Me

Up" turbinam o sucesso da Microsoft. Surge o primeiro

navegador Internet Explorer.

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Windows 98 – 1998

A maior novidade desta versão era a completa integração do

sistema operacional com a internet utilizando o Internet

Explorer 4. Introduziu o sistema de arquivos FAT-32 e começou

a introduzir o teletrabalho (só foi possível devido à integração

da Web). Melhorou bastante a interface gráfica e incluiu o

suporte a muitos monitores e ao USB. Mas, por ser maior do

que o Windows 95 e possuir mais funções, era também mais

lento e mais instável.

Windows 2000 ou Windows ME – 2000

Microsoft oferece o Windows Millennium Edition (ME), com

melhorias em música, vídeo e rede. O software traz o

Windows MovieMaker e o Windows Media Player 7 para

mídias digitais. Aparece o recurso de restauração do sistema.

No mesmo ano, o Windows 2000 Professional é projetado para

substituir o Windows 95, o Windows98 e o Windows NT. O

sistema simplifica a instalação de hardware, inclui dispositivos

de rede e sem fio avançados, suporte a dispositivos USB,IEEE

1394 e infravermelhos.

Windows XP – 2001

Em duas versões, Home Edition e XP Professional, o sistema foi

redesenhado com suporte a 25 idiomas e navegação pelo

menu Iniciar, barra de tarefas e painel de controle mais

intuitiva. O Windows XP teve várias edições: XP 64-bit Edition

(2001), XP Media Center Edition (2002) e XP Tablet PC Edition

(2002).

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2.4 Redes

Mas voltando às redes, um grave problema ainda persistia. O fato de praticamente

todo o processamento ser realizado na estação e o servidor ser um mero

repositório de dados fazia com que fosse intenso o tráfego na rede. Razoável em

redes locais – LAN (Local Area Networks), onde a velocidade de transmissão logo

atingiu 10 mega bits por segundo (mbps), mas extremamente lenta quando

Windows Vista – 2007

Windows Vista é apresentado, com design mais bonito, nova

barra de tarefas e bordas mais desenhadas em torno das

janelas. Lançado em 35 idiomas, recebeu críticas negativas e

teve lenta adoção pelas empresas.

Windows 7 – 2009

O sistema recebe boas críticas, o que ajuda a superar a má

impressão causada pelo Vista. Muitos consumidores e

empresas passam diretamente do Windows XP para o

Windows 7. Melhorias para a barra de tarefas incluíram a

visualização em miniatura.

Windows 8 – 2012

De olho no mercado de dispositivos móveis, a Microsoft lança

o Windows 8 e o seu próprio hardware de tablet, o Surface.

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58 TEORIA DO ERP

utilizava as linhas telefônicas, a no máximo 9,6 kbps. O processamento remoto

exigia uma série de soluções alternativas, como o Metaframe e o Cisasync, que por

serem complexas, não resolviam todos os problemas. O Metaframe simula uma

estação local escrava do terminal remoto, usando para isto um servidor de

comunicação e o Cisasync faz o espelhamento de dois servidores remotos,

mantendo-os atualizados, e cada um atendendo as estações de sua localidade.

Por outro lado, a arquitetura cliente-servidor caminhava a passos largos

impulsionada pelo progresso e, principalmente, pelo barateamento das soluções

SQL. Oracle, IBM, Sybase, Borland pressionadas pela agressiva entrada do SQL

Server da Microsoft, também baixavam seus preços e viabilizaram a arquitetura

para a microinformática. Processamento centralizado com servidores robustos e

estações leves, por vezes disk-less, ou seja, sem discos de alta capacidade, já

pensando na multiplicidade de novos e simples dispositivos de acesso, lembrando

as antigas configurações de mainframes com seus terminais burros. Mas as Stored

Procedures do SQL ainda não eram a solução perfeita.

Incompatíveis entre si, trabalhosas em seu código e sobrecarregando o Servidor de

Dados forçaram mais um desmembramento. Surgia o Servidor de Aplicações que

forma, juntamente com a Estação e o Servidor de Dados, a arquitetura de 3

camadas (3-thiers) depois expandida para multicamada (multi-thier) com o

desmembramento dos Servidores de Aplicação. Cada um cuidando de uma parte da

aplicação, sendo que neles pode-se programar em qualquer linguagem. É o inicio

de uma forte tendência para a distribuição de carga do processamento denominada

computação de grade (OGSA – Open Grid Services Architecture).

Figura 2.5 Evolução da comunicação dos computadores.

Houve também uma evolução no hardware das máquinas, passando de 8 bits,

depois para 16, 32 e agora 64 bits. O Windows acompanhou esta evolução,

conforme surgiam novas versões, conforme visto acima.

As principais diferenças para o usuário e o programador que esta evolução traz são

as seguintes:

Nas arquiteturas de 16 bits havia a restrição de páginas de memória de até 64k.

Isto gerava a necessidade de segmentação dos programas em overlays de até 64k,

além da restrição de espaço de variáveis também de 64k. Estes problemas

deixaram de existir a partir das arquiteturas de 32 bits.

Outro problema encontrado nas arquiteturas de 16 bits era o fato de poderem

trabalhar com multitarefa, porém não de forma preemptiva. Isto significa que o

próprio processo era o responsável por sinalizar o Windows, na versão 3.1, que o

seu tempo de processamento acabou podendo ocasionar o travamento de todo o

sistema caso um processo estivesse, por exemplo, em looping.

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59 TEORIA DO ERP

A alocação da memória era outro fator que poderia ocasionar o bloqueio de todo o

sistema no caso de um determinado processo tentar invadir o espaço de memória

reservado para outro processo.

Com a versão do Windows para 32 bits estes problemas foram solucionados. A

alocação da memória deixou de ser realizada através de páginas de 64k,

possibilitando uma alocação integral da memória. A partir desta versão, o Windows

passou a ser um sistema multitarefa preemptivo e incorporou um recurso para a

proteção da memória que não permite a alocação de espaços reservados. A

proteção de memória passou a gerar os conhecidos erros GPF (tentativa de invasão)

apenas para o processo que tentasse alocar um espaço de memória já reservado,

preservando a execução dos demais processos.

2.5 Orientação a Objetos

Com as novas versões do Windows e a distribuição do processamento, a

Programação Orientada a Objetos ganhou força. Uma boa definição para Objeto

seria: é um conjunto de Propriedades e Métodos herdados de uma Classe. No

fundo, uma forte evolução das antigas Funções, visando estruturar cada vez mais o

trabalho de programação, aumentando sua eficiência e qualidade através da

reusabilidade e do encapsulamento.

Os dados de um Objeto são suas propriedades e as rotinas e funções seus métodos.

Por exemplo, as propriedades de uma janela ou um botão ou um campo são a sua

cor, tamanho, tipo de fonte, borda, fundo, etc. Os métodos são as rotinas que

exibem a janela, a escondem, avançam ou retrocedem um registro, atualizam um

registro, fazem um cálculo, etc. Os métodos são funções ou procedimentos, mas

com uma diferença. Os métodos estão sempre amarrados a uma Classe. O fato é

que se pode ter dois métodos com o mesmo nome em uma única aplicação com

procedimentos diferentes. É claro que ao evocá-lo menciona-se o nome do objeto.

A partir da Classe é que se gera um Objeto. A Classe em si não é executada. É como

se fosse uma planilha vazia. Para executar uma classe, gera-se antes, a partir dela,

um Objeto, ou seja, uma Instância da Classe. O Objeto gerado passa a dispor dos

mesmos Métodos e Propriedades da Classe. Pode-se então alterá-las de acordo com

as necessidades.

Da mesma forma, em determinadas linguagens, pode-se criar uma nova Classe

herdada de outra já existente. Muda-se então uma determinada Propriedade ou um

determinado Método, e ela passará a trabalhar de forma diferente. É o mesmo

Método, porém alterado e válido desta forma para os objetos herdados desta

última classe. O exemplo do celofane explica bem como isto funciona. Tem-se um

documento original e sobre ele colocam-se novos celofanes, de modo que se vê

todos os tópicos do primeiro. Ao escrever-se uma alteração sobre este último

celofane tem-se uma nova visão, onde se herdou tudo do primeiro, mas

adicionaram-se as alterações do último. E assim vai-se criando uma hierarquia de

classes, cada uma delas herdando as propriedades e os métodos de suas

antecessoras. A esta característica de um Método, com um mesmo nome trabalhar

de forma diferente, dependendo da Classe a que pertence, é que se dá o nome de

Polimorfismo, que significa “aquele que apresenta muitas formas”.

Por outro lado um Método somente altera as propriedades do Objeto a que

pertence. Isto para tornar o processo mais seguro e independente, ou seja, uma

vez que um Objeto está funcionando dificilmente terá problemas por interferência

externa. Por vezes esta mudança na forma de programar torna-se mais trabalhosa,

mas o esforço compensa. É o que se chama Encapsulamento.

A Programação Orientada a Objetos nem sempre é bem compreendida e um dos

motivos são os inúmeros termos usados pelos autores de livros para a mesma

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60 TEORIA DO ERP

entidade. Assim a palavra Classe é chamada por vezes de Componente, Modelo,

Protótipo, Abstração. A palavra Objeto é substituída por Instância, Componente,

Filho da Classe, Substantivo. A palavra Propriedade por Variável, Atributo,

Característica, Dado, Adjetivo, Especificação, Entidade ou Valor. Método por

Procedure (Procedimento), Função, Rotina, Comando, Verbo, Ação, Seletor.

Um exemplo de OOP (Object Oriented Programming) seria o caso de um sistema de

Faturamento, onde temos para cada Estado do Brasil um cálculo diferenciado do

ICMS. Provavelmente a rotina CalculaICMS será evocada em vários pontos do

sistema e na programação tradicional em cada um deles deveria haver uma

seqüência de desvios condicionais, ou seja comandos “IFs”, para definir qual

função deveria ser acionada, já que é necessária uma para cada Estado. Na OOP, já

teríamos, de início, uma facilidade na criação dos 27 objetos diferentes, pois pelo

recurso da herança, apenas as partes diferentes é que teriam que ser codificadas e

o que fosse igual seria herdado. No sistema, em sua abertura, em uma única

seqüência de desvios condicionais, se determina qual o objeto/Estado que deve ser

evocado ao se chamar, nos vários pontos do sistema, CalculaICMS. Se surgir um

novo Estado, basta criar uma nova Sub-Classe e alterar o sistema em um único

ponto.

2.6 Segurança e Internet

Uma das conseqüências da Internet é a preocupação cada vez maior de assegurar a

privacidade dos internautas. A verdade é que em troca dos acessos aos milhões de

sites ao redor do mundo e envio e recebimento de e_mails, a Internet é um

processo bastante vulnerável e o que temos a fazer é nos proteger com as

ferramentas disponíveis.

Senhas, criptografia, assinatura digital, firewall, programas específicos e

dispositivos de hardware é o que há de disponível.

A senha nada mais é do que um código definido pelo usuário ou pelo próprio

sistema e que é comparado a cada vez que é feito o primeiro acesso. É importante

entender que a senha transita pela rede criptografada, ou seja, cada dígito é

trocado com base em um algoritmo de modo que se alguém interceptá-la não

conseguirá identificá-la. Da mesma forma ela é gravada no sistema, impedindo que

alguém a descubra acessando os arquivos de senhas. Estes algoritmos são somente

de ida e para alguém descobri-lo é preciso fazê-lo por tentativa e erro, o que pode

levar anos.

CERTIFICADO DIGITAL

O processo da Assinatura Digital, obtido através de um Certificado, tem como

objetivo comprovar que um determinado texto não foi alterado no seu caminho e

que foi enviado pelo proprietário ou representante da empresa e é conhecedor da

chave privada. Ao terminar de editar o texto é calculado um hash do documento,

que é um conjunto de bytes bem menor que o texto original, o que torna o

processo de decifrar mais rápido. Junto com a chave privada é criada a assinatura,

uma string cifrada suficientemente longa que torna impossível obtê-la

aleatoriamente.

O cálculo do Hash do documento é feito através de um algoritmo com base nos

valores de cada dígito do texto. Em princípio nunca se repete e qualquer mudança

no texto, mesmo a inserção de um espaço em branco, o altera. O texto em si não é

cifrado. Junto com a chave privada é criada a assinatura, uma string cifrada

suficientemente longa que torna impossível obtê-la aleatoriamente. Esse conjunto

de bytes é a assinatura desse documento.

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61 TEORIA DO ERP

Cada certificador tem seus próprios algoritmos e ninguém tem acesso a ele. Por

isso o cálculo da Assinatura é feito nos computadores da Certificadora. Quando o

documento chega ao seu destino são feitas duas verificações. Primeiro se o

documento não foi alterado, verificando se o Hash está correto. Por outro lado,

cada usuário, armazena em um órgão certificador, que pode ser uma entidade do

Governo ou uma empresa de fé pública, a sua chave pública. Ela está relacionada

com a chave privada, pois através de um algoritmo consegue, juntando o Hash do

documento com a chave pública obter a Assinatura e assim verificar se ela bate

com aquela enviada no documento. Se não bater, algo está errado. Salvo pedido

expresso do emitente, qualquer pessoa tem direito de pedir a chave pública de

quem enviou o texto. Por isso é importante guardar-se junto com o documento o

seu Hash (na NF-e ele está sempre presente) e não divulgar a ninguém a sua chave

privada.

Um exemplo hipotético: imagine o hash AC e a chave privada 5. Suponha que o

algoritmo considere que cada letra equivale à sua posição no alfabeto, logo 1 e 3,

que a chave privada é 5 e o cálculo que ele faz é simplesmente somar tudo. Logo a

assinatura seria 9, ou seja 1+3+5. Chegando ao destino o cálculo a ser feito será a

soma dos dígitos mais a chave pública multiplicado por -1. Logo a chave publica

deste usuário seria (-13), pois (1+3-13)*-1=9. Tanto a assinatura como o hash são

strings longas, o que dificulta ainda mais a fraude. As Autoridades Certificadoras

(AC) atualmente homologadas no Brasil são a Certsign, Serasa, Caixa Econômica, PR

e SRF todas elas filiadas ao ICP Brasil.

Tanto o sistema de senhas como o de assinatura digital perdem seu efeito caso o

usuário permita que a senha ou a chave privada caia nas mãos de pessoas

indesejáveis. Isto considerando que a chave pública é fácil de ser obtida. Pode-se

restringir a distribuição da chave pública, ou seja, o certificador somente a entrega

para quem o usuário determinar, reduzindo com isto o risco de fraude.

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62 TEORIA DO ERP

A Chave Privada pode ser fornecida de duas formas: A1 ou A3. O A1 é mais prático,

pois a Chave é armazenada no Servidor de onde saem os documentos. Neste caso a

segurança depende do acesso ao sistema, que é protegido por senha.

O A3 é um cartão magnético semelhante a um cartão de crédito. Se perdê-lo é

preciso cancela-lo. O cartão é lido pela máquina de onde estiver o usuário, através

de um dispositivo apropriado.

O Certificado Digital tem prazo de Validade. Uma vez expirado precisa ser refeito.

Vencido o prazo, não se consegue emitir novas assinaturas. Porem assinaturas

geradas dentro do prazo de validade podem ser recebidas mesmo depois de

vencido o prazo do certificado.

O sistema de Assinatura Digital também pode ser utilizado para verificar a

autenticidade de programas e arquivos, evitando que pessoas desautorizadas o

alterem. É usado, por exemplo, no sistema do Voto Eletrônico.

OUTROS MECANISMOS DE PROTEÇÃO

Para impedir o acesso aos arquivos de sua máquina, a ação vai depender se ela está

conectada diretamente a um provedor ou se ela faz parte de uma rede local na

empresa. No caso da rede, o servidor de comunicação deve fazer o trabalho de

proteção, dando acesso apenas a usuários que fazem parte da tabela de

autorizados.

As páginas da Internet que são lidas por sua máquina podem conter, além dos

textos e das imagens, rotinas de programas. São os Active X, Java Scripts, VB

Scripts, Applets e Java Beans e são elas que podem “espionar” sua máquina,

enviando a informação a um determinado destino. Esta rotina pode se hospedar em

sua máquina e de lá enviar informações como quais programas e dados constam de

seus arquivos, quais procedimentos você operou ou que páginas são mais

acessadas. Os Spywares, por exemplo, podem até apresentar páginas de produtos

concorrentes em sua tela toda vez que for acessado determinado site.

Também sistemas ou programas adquiridos seja via download, seja via CD ou

disquete, podem conter funções que uma vez instaladas em sua máquina podem

acessar a base do fabricante do software e verificar se o registro e os pagamentos

estão em dia. Caso negativo o programa poderia, por exemplo, autodestruir-se.

A Internet tem como mecanismo básico para o seu funcionamento o endereço IP.

Trata-se de um número de 12 dígitos, formado por 4 blocos de 3 dígitos cada . Ex:

200.250.100.120. Este número é controlado por organismos nacionais e

Internacionais, ICANN, a nível mundial; FAPESP a nível nacional (para a Ásia é a

Apnic, para a América do Norte é a Arin, para a Europa e África a Ripe e Latnic para

a América Latina). Os endereços de IP definem cada ponto da grande rede. A nova

tendência são os endereços dinâmicos, alterados a cada acesso.

Já os Domínios são os nomes dados aos sites armazenados nos milhões de

provedores espalhados pelo mundo. Ex: tieducacional.com.br , onde a primeira

parte identifica seu proprietário, o segundo o tipo de entidade (.com para

empresas, .gov para governo, .org para outras instituições, .edu para universidades

e escolas, etc.) e o terceiro, o país de origem (.br para Brasil, .uk para reino unido e

sua ausência indica que a origem é norte-americana).

Cada página do site tem seu próprio nome, colocado após uma barra

(tieducacional.com.br/índice é o nome da primeira página deste site). Pode-se

acessar diretamente uma página, caso se digite seu nome completo. A URL

(Uniform Resource Locator) contém além do nome do domínio do site também o seu

Protocolo, como prefixo. Http:// para as páginas convencionais, FTP:// para

arquivos que podem ser lidos e descarregados (downloads), Https:// para as

paginas seguras e por fim o e_mail (mailto:) que tem em seu endereço o nome do

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usuário proprietário seguido da sigla @ (de at em inglês que significa onde) e o

domínio do provedor ou de sua empresa se tiver um domínio próprio.

2.7 Web Services

Uma nova tecnologia muito utilizada são os Web Services. Web Services são

serviços, pagos ou não, oferecidos na Internet onde uma determinada aplicação

pode receber de outra uma informação requerida. Para tornar esta comunicação

versátil entre aplicativos escritos, não só por empresas diferentes, mas em

linguagens e plataformas desiguais, criou-se um protocolo padrão denominado

XML.

O XML é um formato onde cada campo ou informação é precedido e sucedido de

seu nome entre os caracteres < e >, sendo que o posterior tem uma barra antes do

nome. Esse conjunto chama-se tag. Exemplo:

<proprietario> João </ proprietario>

<endereco> Rua Tupi 765 </endereco>

<peso> 75 </peso>

Neste caso, por exemplo, o fato do peso estar em quilos e não em libras já está pre-

determinado pelos analistas envolvidos em ambos os sistemas, ou seja, ambas

aplicações precisam estar sincronizadas nesta troca de informações.

Além das informações do aplicativo propriamente dito, numa mensagem XML são

também enviados metadados que dão a ela segurança e consistência, como

endereços de origem e destino, formato dos campos, qual deve ser o retorno,

regras do conteúdo. É a WSDL (Web Services Description Language) que define este

formato.

Alguns exemplos de Web Services que estão disponíveis na Internet:

1. Ao se enviar um CPF para o site da Receita Federal recebe-se como resposta

o nome da pessoa e sua situação perante o Imposto de Renda.

2. Ao site do Banco Central, a cotação do dólar naquele momento.

3. À Bovespa, a cotação de ações de empresas.

4. A posição de estoque de um determinado produto em determinada

empresa.

5. A situação de um pedido de compra, de um pagamento, de uma ordem de

produção.

6. Informações Comerciais.

7. Dados Cadastrais.

O Web Service também pode ser enviado para atualizar uma tabela.

E uma forma mais moderna de se fazer essa comunicação entre diferentes

sistemas são as API – Application Programming Interface, onde se atualiza e

consulta dados de outra aplicação praticamente como se estivéssemos dentro

de nosso próprio ambiente. Mas antes disso é preciso que essas APIs sejam

desenvolvidas.

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2.8 Hoje vivemos online!

As novas tendências levam as organizações a terem a maior possibilidade de

divulgação e acesso às suas informações de interesse, bem como, permitir aos seus

colaboradores que façam parte de ciclo de comunicação.

Fazer uma boa e eficaz gestão depende diretamente de informações e resultados

vindos das principais áreas da empresa, porém dados estes que garantam

confiabilidade, segurança, objetividade para que a tomada de decisão seja a mais

assertiva possível.

Redes sociais, aplicativos, dispositivos eletrônicos e de comunicação, são recursos

indispensáveis para que a interação e ação possam acontecer. A isso chamamos

MOBILIDADE!

Surge em função disso um novo termo: ERP SOCIAL. Esse modelo conecta as

informações antes tratadas somente no conceito ERP Tradicional, com informações

da internet, das redes sociais ou internas da corporação, a fim de alimentar com

dados consistentes e atualizados a base de dados da empresa, podendo assim

conhecer as preferências de seus clientes, ter acesso às informações relacionadas a

fornecedores, concorrentes, necessidades do mercado, permitindo que ajustes,

melhorias ou alterações ocorram em seus processos e também que esses dados

possam ser compartilhados com outras empresas.

Isso gera entre as empresas maior conectividade e compartilhamento permitindo a

realização de uma gestão colaborativa.

O ERP SOCIAL utiliza a computação convencional juntamente com a social (redes

sociais) criando internamente nas empresas uma maior sinergia, conectando

diferentes áreas e processos.

Por outro lado a computação em nuvem se tornou uma forte tendência, pois

possibilita a redução de custos nos projetos de implantação de sistemas e permite

que a pequena e média empresa possa ter ferramentas de gestão.

Este cenário de PMEs (Pequenas e Médias Empresas) vive um momento parecido

com o que ocorreu no passado com as grandes empresas. A busca por boas

ferramentas de controle para gestão, capacitação profissional, desenho de

processos com base em metodologias aplicadas e utilização de softwares que

sejam reconhecidos no mercado sem que tenham que continuar a fazer seus

controles em planilhas ou softwares de prateleira.

Costuma-se dizer que vivemos a era “i” (leia “ai”)...

IPad, IPhone, IPod, Itunes ... produtos da Apple Inc. Mas existem outros fabricantes,

como a Samsung, LG, Motorola, Xiaomi, Sony, Nextel, entre outros, que também

oferecem esses equipamentos.

Vamos conhecer um pouco sobre cada um desses equipamentos.

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65 TEORIA DO ERP

2.9 Tablet

Figura 2.6Exemplo de um Tablet.

Em português, Tablete, é um dispositivo, para acesso a Internet e uso pessoal, com

formato semelhante a uma prancheta. Também é comum seu uso para organização

de fotos, vídeos e bastante utilizado para leitura de livros, jornais e revistas e

jogos. Os primeiros modelos utilizavam uma caneta especial para o acesso aos

aplicativos e arquivos, os modelos atuais possuem a tecnologia sensível ao toque

da mão (touchscreen).

Não tem a complexidade de um computador, mas tem praticamente as mesmas

funcionalidades. Rodam com sistema operacional Android1

e Windows 82

, ou seja,

se assemelham mais ao smartphone do que aos computadores (notebooks e

desktop).

Android é um sistema operacional baseado no núcleo do Linux. O núcleo do Linux

é um dos exemplos mais proeminentes de software livre, pois pode prover alicerce

para o desenvolvimento e execução de outros softwares livres para dispositivos

móveis, desenvolvido pela Open Handset Alliance, liderada pelo Google e outras

empresas.

Windows8 é um sistema operacional da Microsoft para computadores pessoais,

portáteis, Netbooks e Tablets. É o sucessor do Windows7. Segundo a empresa, este

sistema operacional será um sistema para qualquer dispositivo, com uma interface

totalmente nova, adaptada para dispositivos sensíveis ao toque.

2.10 IPad

Figura 2.7Exemplo de um IPad.

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66 TEORIA DO ERP

O IPad é um tablet que foi desenvolvido e fabricado pela Apple Inc., lançado em

janeiro de 2010.

Tem funções análogas ao iPhone pois também utiliza o sistema operacional IOS.

Com o avanço da tecnologia os novos modelos apresentam processadores com

maior autonomia e recursos mais ricos para as câmeras.

2.11 MacBook

Figura 2.8 Exemplo de um MacBook.

É um modelo de Notebook da Apple, cujo sistema operacional é o Mac OS X

Leopard. Possui várias configurações, sendo todos equipados com

microprocessadores da Intel, como o Core 2 duo. Nos EUA, por exemplo, é muito

utilizado nas instituições de ensino.

2.12 Smartphone

Figura 2.9 Exemplo de um Smartphone.

Smartphone ou telefone inteligente. Possui recursos bastante avançados através de

configurações em seus sistemas operacionais que permitem ao usuário configurar

aplicativos e acesso a redes sociais. Possuem GPS integrado, bem como, câmeras

para foto e vídeo, editores de texto, planilhas eletrônicas e podem inclusive

monitorar uma corrida ou caminhada, controlando tempo, distância, velocidade,

simultaneamente permitindo que o usuário ouça suas músicas preferidas.

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67 TEORIA DO ERP

2.13 iPod

Figura 2.10 Exemplo de iPod.

iPod é uma marca registada da Apple Inc., e tem como funcionalidade o áudio

digital.Os aparelhos que formam a família iPod oferecem ao usuário uma interface

bastante simples, centralizada no uso de uma roda que pode ser acionada com

clicks. O modelo iPod Classic tem maior capacidade de armazenamento de mídia,

possui um disco rígido acoplado. Outros modelos utilizam uma memória chamada

flash. Como a maioria dos tocadores portáteis digitais, ele também pode servir

como armazenador de dados, quando conectado a um computador.

2.14 Computação em Nuvem

Figura 2.11Modelo de funcionamento da Computação em Nuvem.

A computação em nuvem (cloudcomputing) nada mais é do que, através da

Internet, rodar-se um sistema nos computadores de um DataCenter. O que mais

identifica a computação em nuvem é que o recursos do DataCenter são

disponibilizados sob demanda. Isso significa que o usuário só paga o diferencial de

recursos, como memória, máquina ou espaço em disco se utilizá-lo. O DataCenter

tem grande capacidade, e faz a distribuição para quem a necessita naquele

momento. Com isso sistemas que tem picos decorrentes de uma alta demanda

esporádica não tem problemas de lentidão ou insuficiência de hardware para

atender seus usuários. E seu custo é proporcional a essa demanda.

As principais vantagens da computação em nuvem:

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68 TEORIA DO ERP

Boa parte das atualizações dos softwares são feitas de forma automática, pela

própria equipe técnica do DataCenter;

O compartilhamento e acesso a arquivos corporativos se tornam mais ágeis e

fáceis, pois tudo está no mesmo lugar;

O acesso a softwares e dados pode ocorrer a qualquer hora, de qualquer lugar, pois

é raríssima a queda do sistema no DataCenter. Os dados são espelhados,

normalmente em outros locais;

Diminuição de manutenção de softwares e troca e manutenção de hardware, já que

as grandes manutenções ficam a cargo do DataCenter;

Vale salientar ainda que há uma diferença entre computação na nuvem e um

sistema tipicamente web. Um sistema web roda no navegador (Internet Explorer,

Firefox, Chrome, etc.), não necessitando que nenhum plug-in (programas que

fazem a ponte entre a aplicação e a maquina que a está interpretando) seja

instalado na estação do usuário. E a instalação de plug-ins nem sempre é

autorizada em computadores de uso público, pois gera riscos de ataques que

podem corromper os dados ou acessar dados indevidos. Nem todos os APPs dos

smarthphones são aplicações web. Boa parte deles rodam independentemente de

uma conexão com um servidor. E um sistema também pode ser considerado web,

sem rodar no navegador, mas neste caso é preciso de um plug-in.

2.15 DataCenter

Figura 2.12 DataCenter doFacebook em Prineville, Estados Unidos.

É um local onde estão centralizados, equipamentos, softwares e aplicativos

diversos, meios de conectividade, processos de segurança para que

processamentos e armazenamentos de dados, de uma, ou de diversas empresas

possam ser realizados.

São projetados para serem extremamente seguros, abrigam milhares de servidores

e o volume de processamento de dados é gigantesco, tudo isso dentro de um

padrão internacional .

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69 TEORIA DO ERP

A segurança obrigatoriamente tem que ser física e lógica, pois as empresas que

contratam os seus serviços alocam ali o seu maior patrimônio, que é a sua

informação.

Possuem piso elevado, para que todo cabeamento (elétrico e de dados) fique

resguardado, os próprios racks, onde os equipamentos são montados e alocados

para que esse ambiente tenha total controle e segurança.

Figura 2.13 Interior de um DataCenter em Tampa, Estados Unidos.

Em questão de segurança, há sistemas inteligentes para detecção de fumaça,

extinção de incêndios, inclusive de gás inerte, para não colocar em risco os

equipamentos.

O acesso ao seu interior, por porta eclusa, ocorre por biometria, ou cartões

eletrônicos.

Além de energia convencional, fornecida por uma concessionária, eles tem

geradores de energia próprios, com alta capacidade e transmissão ininterrupta.

Dispõe de tanque de óleo diesel que lhes dá uma autonomia de energia por vários

meses.

O ar condicionado precisa manter a temperatura estável, para resfriamento dos

equipamentos, com constante monitoramento.

E principalmente tem todo o seu conteúdo “espelhado”, ou seja, duplicado em

outro local físico (normalmente bem distante do local original e muitas vezes em

outro país). Assim, mesmo nos casos de incêndios, terremotos, vandalismos ou

outras tragédias, o conteúdo é preservado. Até hoje, não existe um caso sequer de

perda de dados em DataCenters. Nem a Amazon, nem a Google, por exemplo,

informam em qual DataCenter os dados estão armazenados e nem mesmo onde

eles se localizam fisicamente. Tudo em nome da segurança.

As normas da Associação das Indústrias de Telecomunicações (AIT) são as mais

utilizadas, especificamente a norma AIT 942 que estabelece a classificação de

segurança Padrão TIER de 1 a 4.

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70 TEORIA DO ERP

2.16 Opções de Conexão

Existe uma anedota que diz que a Pirâmide de Maslow foi alterada. Se antes ela

pregava que as sete necessidades básicas do ser humano eram alimentação,

segurança, saúde, um certo conforto, reconhecimento social e outras coisinhas

mais, agora a mais importante de todas é a disponibilidade de uma conexão Wi-Fi.

Sem ela não dá pra viver!

O Brasil avançou bastante, mas ainda há muito que fazer. Principalmente para as

empresas, que nem conseguem mais faturar se não houver internet. A NF-e, as

cobranças, as vendas, as informações, o SPED, tudo depende da rede.

Existem basicamente três formas de acesso: cabo, 3G e satélite. A rede a cabo,

presente hoje em praticamente todas as cidades, aproveitou a estrutura da

telefonia e da energia elétrica (postes, torres e tubulações subterrâneas) para sua

expansão. Inicialmente utilizando cabos coaxiais, agora fibras óticas, muito mais

rápidas e seguras. Uma vez atingido o prédio da empresa, o acesso aos

computadores depende da estrutura interna. Via de regra o cabo ou a fibra chega a

um roteador que distribui a internet no prédio através de cabos RJ45 (normalmente

de cor azul) que são plugados nos computadores de cada pessoa.

O Wi-Fi nada mais é do que um prolongamento desta estrutura, que propaga o sinal

recebido através de access points (antenas) estrategicamente localizados. Em

lugares públicos a estrutura é semelhante e quanto mais access points houverem

maior é a possibilidade de se ter um bom sinal edm todo o prédio. Cada access

point atinge equipamentos localizados a no máximo 60 metros e isso depende

inclusive da existência dos obstáculos (paredes, portas, etc). Para utilizar uma rede

Wi-Fi normalmente é exigido a digitação de uma senha, pois seu proprietário paga

pela sua utilização e quanto mais pessoas a acessarem mais lenta fica a conexão. O

principal fornecedor deste tipo de rede são a NET e a Embratel, parceiras da Claro e

a GVT, parceira da Vivo.

Para locais mais distantes, onde a estrutura física não chega, a solução é o sinal de

Radio. Este chega por antenas maiores, que o recebem de outras antenas, estas sim

ligadas à estrutura central, os chamados Backbones, ligados à rede mundial. O

problema é que essa comunicação depende de “visada”, ou seja, a antena receptora

precisa “enxergar” a antena emitente. A distância não é problema. O destino do

sinal é, da mesma forma, o roteador da empresa.

A outra forma de conexão é a 3G e em breve a 4G. Ela existe devido aos celulares,

essa maravilhosa invenção que transformou nossas vidas. O 3G tem como base

suas antenas espalhadas por todo o país. É totalmente wireless, ou seja, não tem

cabeamento. O sinal vai de antena em antena até chegar ao seu destino e mesmo

que o dispositivo receptor se mova, uma outra antena lhe dá suporte. A distância

entre as antenas varia em média de 5 a 10 quilómetros. Cada provedora de 3G

(atualmente são 4 empresas disputando o mercado: Vivo, Claro, TIM e Oi) tem suas

próprias antenas, o que é incompreensível. Ainda são poucas as antenas

compartilhadas, o que evidentemente aumenta os custos. É o resultado da acirrada

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71 TEORIA DO ERP

concorrência. De qualquer forma hoje vivemos bem com o uso dos celulares. São

poucos os lugares onde não temos nenhum sinal. Mas o sinal 3G para o uso da

Internet não é o mesmo sinal de voz. O sinal da Internet necessita de um IP,

convertido para um endereço de email ([email protected], por

exemplo) que depois se conecta a um conjunto de dispositivos. Já o sinal de voz

utiliza o numero do telefone. O email, as demais aplicações, em especial o

navegador e tudo mais, funcionam com IP. Já o WhatsApp funciona com o sinal de

voz, depende apenas de um numero de telefone. ???

Para acessar o sinal 3G no computador é necessário um modem. Esse pode ser um

dispositivo semelhante a um pendrive, plugado numa entrada USB ou um modem

mais robusto, que pode ser usado simultaneamente por vários usuários. A conexão

modem-computador pode ser até por cabo, melhorando a transmissão.

E finalmente a conexão por Satélite. A SKY domina esse segmento utilizando sua

estrutura de TV. É lenta, devido à distancia do satélite e funciona precariamente

quando o céu está carregado de nuvens. Mas sem dúvida é a melhor solução para

lugares ermos. Na empresa, a estrutura é semelhante ao cabo e ao 3G.

VELOCIDADE e CUSTO

Como já falamos a concorrência é acirrada. São grandes empresas multinacionais,

com altíssimos investimentos (gastam mais em marketing do que na estrutura

propriamente dita) e querem um rápido retorno financeiro. E o usuário sofre!

Ao adquirir uma conexão veja primeiro em que local você se encontra. Cada

provedor é melhor em determinadas regiões. Assim você será melhor servido se

escolher corretamente. Isso não vale, é claro, se você estiver adquirindo uma

conexão 3G e viaja muito.

A velocidade depende do numero de pessoas que estão acessando aquele canal. E

lembre-se que uma coisa é a velocidade de conexão. Outra é a velocidade da

resposta que você tem ao fazer uma consulta. Esta depende do programa chamado,

que acessa Banco de Dados, faz inúmeros cálculos, enfim processa a informação.

Aí é com o programador! E com o volume de dados.

A velocidade de conexão tem o seu preço. Quanto mais rápida, mais cara. Garantia?

Esquece. E depende também da sua rede interna, a chamada última milha, que as

vezes inclui a conexão da sua rua até um ponto mais central da rede. É que nem o

trânsito. Se você mora longe do aeroporto...não adianta ter um jatinho!

A velocidade é diferente também para upload e download. Upload é o envio de

dados. Download é a recepção. E isso depende do que você está fazendo.

Os preços oferecidos estão vinculados a uma velocidade. Mas a operadora só

garante 10% dessa velocidade. Na hora do pico a velocidade é menor. A noite é

mais rápida.

10 mega....... $ 39,00

20 mega .......$

O preço também depende da quantidade de megabytes que você pode transferir.

Se ultrapassar a quantidade paga-se um adicional.

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72 TEORIA DO ERP

Um link dedicado é mais caro e garante um trafego mais livre, ou seja a operadora

lhe reserva uma faixa exclusiva. É o que o prefeito Hadad fez para os ônibus,

criando as faixas preferenciais.

Opções de Telecomunicação para obter a melhor conexão

com a Internet.

Existe uma anedota que diz que a Pirâmide de Maslow foi alterada. Se antes ela

pregava que as sete necessidades básicas do ser humano eram alimentação,

segurança, saúde, um certo conforto, reconhecimento social e outras coisinhas

mais, agora a mais importante de todas é a disponibilidade de uma conexão Wi-Fi.

Sem ela não dá pra viver!

E claro, logo abaixo dela, bateria! Quem nunca sentiu aquele frio na barriga por ver

o sinal vermelho sinalizando que a bateria está acabando, estando na metade do

caminho para o cliente e o Waze (aplicativo que emula um GPS) sugeriu uma rota

completamente diferente da que você faria?

O Brasil avançou bastante, mas ainda há muito que fazer. Principalmente para as

empresas, que nem conseguem mais faturar se não houver internet. A NF-e, as

cobranças, as vendas, as informações, o SPED, tudo depende da rede.

Quem for um pouquinho mais das antigas (nascidos na década de 80 para trás),

deve se lembrar do irritante barulho do modem lá de sua casa fazendo aquela

conexão com a Internet. Dava para saber se tinha dado certo ou não pelo som.

28.8kbps era a velocidade máxima de cada conexão, velocidade esta permitida pela

tecnologia dos modens da década de 90. Raramente, entretanto, as conexões eram

fechadas nesta velocidade: às vezes 14.4, às vezes 19.2, e porque isto? Porque

basicamente estas conexões usavam a linha telefônica como meio de conexão e

muitas vezes, dependendo do local onde morávamos, estas linhas estavam sujeitas

a infiltrações de água, centrais telefônicas antigas, o que gerava muito, mas muito

ruído.

Mas... 28.8kbps? É isso mesmo? Não tem algo errado? A resposta é: Não. Para se ter

uma idéia, os primeiros provedores de Internet do Brasil possuíam uma conexão

com o Backbone da Embratel que era de 64kbps. Esta conexão era feita através de

um rádio que geralmente ocupava uma parede inteira de uma sala e custava a

bagatela de aproximadamente R$45.000,00 por mês (sim, era o preço da época).

E era assim que tudo funcionava em meados da década de 90. As conexões

residenciais até os provedores sendo feitas somente por linhas telefônicas

discadas e os provedores se conectando à Embratel (que ainda era uma estatal)

através de equipamentos gigantescos!

Mas isto tudo ficou bem para trás em um passado muito distante. Hoje

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73 TEORIA DO ERP

existem hoje várias formas de acesso e tecnologias disponíveis no Brasil. Ainda

não somos o Japão nem a Coréia do Sul, mas nos avançamos bastante neste

quesito.

Hoje já é possível obter planos de diversos provedores diferentes que usam as

mais diversas tecnologias e meios físicos para acesso: Linha Telefônica (mas agora

em uma conexão dedicada, ou seja, constante sem precisar fazer discagem), Cabo,

satélite, telefonia celular, fibras-óticas, rádios dedicados e até pela rede elétrica. E

outros meios de acesso estão sendo estudados constantemente. O Google possui

um projeto onde ele pretende lançar balões no céu para que sejam pontos de

distribuição de conexão. É fácil imaginar o porquê disto tudo, em uma cidade como

São Paulo, por exemplo, temos abundância de fornecedores e por consequência

diferentes meios de acesso, mas como deve ser nas cidades mais distantes em

Manaus ou no Tocantins? E em outros países cuja infraestrutura é muito menos

favorecida?

Assim, através de suas redes e de sua “expertise” inicial, os principais

fornecedores que se estabeleceram e sem mantêm no mercado hoje são: A Net,

cujo serviço utiliza-se da tecnologia de Cabos (originalmente pensada para sinal de

Televisão). A ViVo, empresa do Grupo telefônica, que herdou os serviços do

“Speedy” e hoje oferece acesso à Internet também através da sua rede de Celular

(originalmente pensada para conversas de voz) para tráfego de dados utilizando-se

das modernas tecnologias 3G. A Embratel que possui uma ampla rede de rádios e

satélites e possui serviços privados utilizando-se de linhas dedicadas (geralmente

utilizado por empresas de maior porte) de valores mais altos. A GVT, que montou

uma estrutura espelho à operadora Telefônica e possui uma vasta rede de fibras-

óticas para servir os seus clientes de serviços de telefonia e também de acesso à

Internet. A SKY, que montou sua estrutura baseada na distribuição de pequenas

antenas residenciais, que se conectam aos seus serviços através de satélites

(Originalmente a rede foi pensada para servir sinais de televisão, mas que hoje

também já oferece serviços de telefonia e acesso à Internet). Existem outras

inúmeras opções, como as operadoras de telefonia celular Claro e Tim, a Intelig

que se assemelha à Embratel e à GVT além de provedores regionais ou locais.

O que chama a atenção é que estamos vivendo um momento de total “convergência

digital”, onde um determinado fornecedor oferece uma gama ampla de serviços

que geralmente já incluem: Acesso à Internet, Telefonia Fixa e Televisão. Em

muitos casos, até a telefonia celular entra no pacote. Isto faz com que tenhamos

cada vez mais serviços de melhor qualidade a um preço cada vez mais justo e

acessível. Além é claro, da gama de opções de conexão, mesmo em regiões mais

distantes.

O que possibilitou isto tudo foram avanços nas tecnologias associadas aos

chamados protocolos e serviços TCP-IP (cujos quais são a base de todo o

funcionamento da Internet). Não vamos entrar em muitos detalhes sobre isto (o

assunto é longo, e é tema de outro MBA), mas o importante é que saibamos que

vivemos em um mundo aonde as conexões são todas baseadas em uma única

linguagem (o tal do TCP-IP). No futuro (não muito distante) todos os nossos objetos

também estarão conectados.

O ponto mais importante então para a escolha do seu provedor de Internet está

relacionado à tecnologia que ele utiliza e é claro, à disponibilidade que ele possui

em sua região. Tecnologias como cabo e fibras-óticas que são, do ponto de vista de

meio físico as melhores, não estão presentes em todos os lugares. As tecnologias

baseadas em telefonia celular estão evoluindo muito, porém, também devemos nos

preocupar com as possíveis oscilações que estes sinais podem sofrer (pense que a

qualidade do sinal vai ser semelhante à qualidade que você possui ao falar no seu

telefone celular, se a ligação cai constantemente, assim vai ser a sua internet). O

Acesso à Internet através de satélite deve levar em consideração qual o tipo de

aplicação que irá trafegar na rede: Um pulso elétrico leva em média 250ms para

subir da terra até a órbita e mais 250ms para voltar. O trajeto completo então faz

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74 TEORIA DO ERP

com que as coisas fiquem um pouquinho mais lentas. Assim, aplicações como

acesso à Internet ou download de e-mails, que enviam pequenos pacotinhos de

requisição e que não nos incomodamos em esperar alguns segundinhos para

receber as mensagens ou para ler o conteúdo de nossas páginas, vão bem. Mas se

estamos pensando em utilizar, por exemplo, um sistema na Internet, que envia

muitas informações para o servidor, esta demora pode ser impactante: Imagine

uma pessoa que precisa digitar 100 notas fiscais por dia, com vários itens por

nota, alguns atrasos de segundos podem causar desconforto nos usuários. Este

fenômeno é conhecido como taxa de latência e é muito simples de medir:

Ao acessar o computador, digite em um prompt de comando o seguinte comando:

Ping <endereço de destino> aonde endereço de destino é um endereço válido de

internet. Por exemplo: ping WWW.erpflex.com.br. Este comando retornará algo

semelhante á isto:

Microsoft Windows [versão 6.3.9600]

(c) 2013 Microsoft Corporation. Todos os direitos reservados.

C:\Users\Usuário>ping www.erpflex.com.br

Disparando erpflex.com.br [186.202.132.17] com 32 bytes de dados:

Resposta de 186.202.132.17: bytes=32 tempo=16ms TTL=51

Resposta de 186.202.132.17: bytes=32 tempo=18ms TTL=51

Resposta de 186.202.132.17: bytes=32 tempo=13ms TTL=51

Resposta de 186.202.132.17: bytes=32 tempo=23ms TTL=51

Estatísticas do Ping para 186.202.132.17:

Pacotes: Enviados = 4, Recebidos = 4, Perdidos = 0 (0% de

perda),

Aproximar um número redondo de vezes em milissegundos:

Mínimo = 13ms, Máximo = 23ms, Média = 17ms

Neste caso, note que o tempo de resposta oscilou entre 16ms e 23ms. Este tempo

foi o resultado de um pacote enviado da nossa rede até o provedor onde fica

hospedado o ERPFlex. Um tempo excelente de latência, o que nos garante que

nossa conexão está adequada para acesso ao sistema.

Basicamente então, o meio físico vai impactar em três coisas: Na largura de banda

(Que vai permitir mais usuários acessando pelo mesmo local), neste fator de

latência (que vai garantir uma melhor percepção das aplicações que acessaremos) e

na qualidade do sinal (que pode sofrer oscilações ou ruídos, dependendo do meio).

Quando falamos em largura de banda, estamos falando de basicamente do que os

provedores anunciam como: Taxas de download e taxas de upload. Para elucidar o

que significa cada uma delas, voltemos ao nosso exemplo anterior: Ao acessar uma

página da Internet, enviamos um pequeno pacote para o site que desejamos ver

(este pacote é um pequeno upload solicitando os textos e imagens a serem lidos),

depois disto, vem uma enxurrada através de um download (Textos, imagens e

muitas vezes até vídeos). A mesma coisa acontece quando queremos obter nossos

e-mails (uma pequena mensagem para o servidor: “Me mande meus e-mails” e uma

chuva de mensagens através de downloads). Nestes dois casos, a taxa de download

é o mais importante.

Agora, quando acessamos uma aplicação, um ERP, como é o caso do ERPFlex,

vamos lembrar que para a emissão de uma nota fiscal ou um orçamento, são

requisitados vários dados, que são digitados na tela pelos usuários e enviados para

o servidor. Neste caso, precisamos muito da taxa Upload.

O importante aqui é que, os provedores oferecem basicamente serviços com uma

alta taxa de download e uma baixa taxa de upload. A proporção geralmente gira em

torno de 10% de Upload, ou seja, um link de 10Mbps de Download possui uma taxa

de Upload de 1Mbps. É importante ter em mente a taxa de Upload como o fator

limitador no caso de um uso de um sistema como o ERPFlex. Vamos supor uma

banda de 100kbps para cada usuário (com bastante folga para um bom acesso),

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75 TEORIA DO ERP

teríamos a limitação de 10 usuários simultaneamente para a garantia da qualidade

do acesso

Ou seja, na hora de contratar um provedor, tenham em mente estes pontos e façam

alguns questionamentos para saber se a tecnologia oferecida atenderá os requisitos

básicos para um bom funcionamento dentro de suas necessidades.

Uma forte tendência gira em torno da adoção da telefonia celular uma vez que seu

meio físico é de longe o mais abrangente hoje e o que atinge a maior parte da

população. Dados recentes mostram que o país possui hoje algo em torno de 277

Milhões de aparelhos celulares.

O que permite este uso de dados através da rede celular é, mais uma vez, os

avanços tecnológico. A famosa rede 3G já estabelecida e a promessa da adoção do

padrão 4G.

Dependendo da região e da rede a qual se encontram conectados, os displays dos

smartphones exibem uma das quatro siglas: GPRS, EDGE (geralmente representada

apenas pela letra "E"), 3G ou 4G. Elas correspondem a diferentes protocolos de

comunicação celular - e consequentemente diferentes velocidades de transmissão.

A mais antiga é a GPRS, que significa Serviço de Rádio de Pacote Geral (em inglês,

General Packet Radio Service).

Dentro dessa tecnologia, a velocidade de transferência de dados gira em torno de

40Kbps.

Depois do GPRS, a evolução nos trouxe a tecnologia EDGE que, na prática, apenas

representou um aumento de velocidade em relação ao GPRS. Dentro da tecnologia

EDGE, a velocidade de conexão gira em torno de 128 Kbps.

As velocidades de conexão só começaram a alcançar padrões mais altos a partir da

tecnologia 3G, que pode alcançar até 7 Mbps de velocidade (na prática, as

velocidades ficam em torno de 1 Mbps no Brasil e começamos falando em 64kbps

para um provedor de Internet na década de 90, hein?). Só que quando se fala em

3G, estamos, na verdade, falando de várias tecnologias diferentes.

Embaixo do "guarda-chuva" 3G, as operadoras usam diferentes tecnologias e

protocolos de transmissão de dados. Os principais são: UMTS, HSPA, HSDPA,

HSUPA, W-CDMA, EVDO). Assim, não estranhe se, ao entrar numa rede 3G, o seu

celular mostrar uma letra "H" em algum lugar da tela: esses protocolos que

começam com "H" estão entre os mais recentes da tecnologia 3G.

O padrão 4G já está por aí. E dá para dizer que ele é o primeiro a realmente

oferecer velocidades decentes de comunicação de dados. Com o 4G, algumas

operadoras já planejam transmitir até mesmo a voz via dados, abandonando os

canais tradicionais, e transmitindo a voz de um jeito similar ao que acontece nas

ligações do Skype, por exemplo. A exemplo do 3G, o 4G também é mais um nome

comercial que uma tecnologia propriamente dita. A tecnologia, nesse caso, recebe

o nome de LTE (Long Term Evolution) - por isso, pode ser que você veja essas

letras no seu visor. No LTE, as velocidades de transmissão de dados podem

alcançar até 100 Mbps de download e 50 Mbps de upload. Na prática, no Brasil, elas

têm girado em torno dos 10 Mpbs de download e 4 Mpbs de upload (o que já é uma

excelente banda de acesso para um ERP por exemplo, que suportaria 40 usuários

simultâneamente).

A diferença básica destes padrões está que para que as operadoras possam

oferecer os serviços é necessário uma renovação de seus equipamentos, de forma

constante.

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76 TEORIA DO ERP

2.17 Tecnologia voltada à Gestão e ao ERP

Falaremos agora de algumas tendências tecnológicas totalmente aplicadas no dia a

dia de grandes corporações, que precisam associar a conectividade, segurança,

agilidade, acessos e principalmente o gerenciamento de suas informações e

processos.

A tecnologia utilizada supre as necessidades de sistemas altamente sofisticados

que permitem o total controle da gestão dos negócios, dos processos e das

informações que alimentam as organizações. Como os sistemas integrados ERP.

A sigla ERP foi criada pelas empresas internacionais (Baan, Oracle, People Soft e

SAP – BOPS) que aqui chegaram na década de 90, após a queda da Reserva de

Mercado (1976 a 1991).

A IBM começou com o BOOMP, PICS (Planning Inventory Control System), COPICS de

Comunication. E hoje, quem lidera esse mercado no âmbito nacional é a brasileira

Totvs.

A evolução vem do avanço de processos industriais que geraram os primeiros

controles voltado a processos.

A indústria sempre foi tida como modelo nos processos organizacionais e foram os

sistemas MRP II (Manufactoring Resource Planing) que deram origem ao ERP

(Enterprise Resource Planing), ou seja, o sistema passou a controlar toda a empresa

e não apenas a fábrica ou manufatura.

2.18 Big Data

É um novo conceito que trata do grande volume de dados que são tratados hoje

por todo o universo de equipamentos de T.I. espalhados pelo mundo.

Pode-se dizer que é uma estratosférica quantidade de dados e informações geradas

por infinitas fontes e colocadas à disposição de quem a elas tem acesso.

Para que se tenha uma ideia, em apenas quinze minutos, a humanidade gera o

triplo de informação disponível no acervo da Biblioteca do Congresso Americano,

que é a maior do mundo.

A grande questão é que 98% de todo esse volume de informação ou de dados é

descartado por ser considerado lixo.

Porém, com base em opiniões de grandes especialistas, todo esse “lixo” representa

uma grande possibilidade de “negócio”, de transformação.

Eles atribuem que os dados resultantes de processos que são fielmente finalizados,

são “dados estruturados”, como por exemplo, uma compra num site de e-

commerce, ou seja, acesso ao site através do login e senha do cliente, identificação

do produto a ser comprado, confirmação do pedido, geração do número do pedido

de venda, envio do Workflow para o e-mail do cliente confirmando a compra e já

indicando a previsão de entrega, bem como a forma de pagamento escolhida.

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77 TEORIA DO ERP

Já, os chamados “dados não estruturados” partem desses mesmos acessos aos

sites de e-commerce, porém não tiveram a finalização da compra. Foram apenas

consultas ou visualizações. Inclusive entram nessa classificação mensagem

trocadas no Facebook, acessos ao Google buscando informações através de

palavras selecionadas, e-mails enviados, filmes ou musicas baixados, etc.

É neste momento que pode, por exemplo, ser aplicado o conceito do Data Mining,

ou seja, detectar e perceber aquilo que é a exceção.

Em um volume gigantesco de dados, muitas vezes, numa análise será óbvio o olhar

à grande massa, ao que realmente prevalece. Porém neste conceito há a

necessidade da percepção pelo não óbvio, pela exceção.

Um exemplo é diante de uma orquestra, ter a percepção, de quando um único

instrumento está desafinado ou fora do ritmo;

Quando num determinado seguimento de vendas, um item não convencional

naquela rede, passa ser o mais vendido em uma de suas unidades;

Ou seja, o grande desafio do BIG DATA é interpretar os dados de forma a detalhar a

informação e utilizar-se dela com a máxima inteligência. E para cumprir essa tarefa

existem hoje sistemas especialistas que são usados pelas grandes empresas. Com

isso conseguem resultados surpreendentes e que geram ações altamente

lucrativas.

2.19 Mercado ERP no Brasil

A fundação Getúlio Vargas soltou recentemente a Pesquisa Anual do Uso de TI, na

qual mostra bem como está situado o mercado brasileiro de ERP.

Figura 2.14Mercado ERP no Brasil

O gráfico mostra a superioridade da TOTVS (Microsiga, Logocenter, RM, Datasul e

muitas outras empresas de menor porte) no mercado atual, com o total de 38% do

mercado brasileiro, seguido pela SAP que detém 28%, Oracle com 16% e outras

empresas que somam 18% do mercado.

Em relação ao nicho de mercado das três maiores fornecedoras de ERP atual no

Brasil, a TOTVS tem 53% do mercado de pequenas empresas, 40% de médias

empresas e 21% de grandes empresas. Já a SAP, detém 28% do mercado das

pequenas empresas, 8% de médias empresas e 51% das grandes empresas e a

Oracle fecha com 8% do mercado de pequenas empresas, 18% de empresas médias

e 21% das grandes empresas. O Brasil é um dos únicos países do mundo em que

uma empresa local domina o mercado de T.I.

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78 TEORIA DO ERP

Capítulo 3

A Gestão Empresarial e o Papel do Governo

Objetivos do aprendizado

Mostrar o funcionamento básico da economia, os diversos mecanismos que o Governo dispõe para

a condução da política econômica e como a tecnologia da informação oferece elementos

fundamentais para a gestão empresarial em um processo de globalização de mercados.

Palavras-chave

Gestão Empresarial, Globalização, Barreiras Alfandegárias, Taxa de Câmbio, Balança Comercial,

Superávit Primário, Acordos Multilaterais, Taxa de Juros, Mercado de Capitais, Tecnologia da

Informação, Sistemas de Gestão, Tributação, Mercado Internacional.

Antes de estudar Gestão Empresarial é preciso analisar quais são os objetivos de

uma empresa. Uma empresa é um conjunto de pessoas e recursos que geram uma

receita, produzindo e vendendo seus produtos e serviços, através do trabalho, a

um determinado mercado.

Para sobreviver, essa receita precisa ser maior que as despesas gastas nesse

processo. O que sobrar, ou seja, o lucro é distribuído aos investidores,

proprietários ou acionistas da empresa ou ainda pode ser reinvestido para

alavancar o seu crescimento.

Estes por sua vez, ao investirem seu capital na empresa esperam ter um retorno no

mínimo tão bom quanto aquele obtido em outras aplicações financeiras, na

verdade um pouco mais, pois uma empresa tem um fator de risco bem maior. É o

ROI – Return On Investment - ou - Retorno Sobre o Investimento.

Não há bom negócio que seja eterno.

Um “Negócio da China” logo é copiado por outras pessoas. Surge a concorrência e

com ela a pressão para uma melhoria do produto, e também, uma redução na

margem e nos preços. O lucro cai e os investidores começam a procurar

alternativas.

A taxa de “mortalidade” de empresas, em especial nos primeiros anos de vida, é

muito maior do que se imagina. O fracasso nem pode mesmo ser considerado uma

incompetência de seus gestores. Mantê-la viva demanda que uma série de fatores

positivos ocorram simultaneamente. E nem sempre isto é possível.

De qualquer forma um fator é indispensável nos dias atuais, em que a concorrência

é cada vez mais acirrada e cada centavo é importante no seu sucesso: ter um bom

sistema de gestão.

Há vários tipos de empresas. Públicas (estatais), privadas, comerciais, industriais,

de serviços, filantrópicas, associações, igrejas, clubes, condomínios, fundações,

cooperativas, consórcios, ONGs, OSCIPS, Sociedades Anônimas, Sociedades Civis

Limitadas, Micro Empresas, Empresas de Pequeno Porte, Micro Empreendedor ou,

até mesmo o Autônomo, que não deixa de ser uma empresa. Na verdade, você

também é uma empresa. Mesmo se a receita for apenas a sua mesada ou o seu

salário e a despesa o gasto com a alimentação, roupas, escola e a casa onde você

mora.

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79 TEORIA DO ERP

E independente do tipo de empresa, para sobreviver, a equação R > D (Receita

maior que Despesa) deve estar sempre presente. Afinal vivemos em um país

capitalista. Mas este é apenas um dos Indicadores ao qual o executivo deve estar

atento. A boa tomada de decisão depende de muitos outros, mesmo os intangíveis.

O BI (Business Intelligence) e o BSC (Balanced Scorecard) estão aí para ajudar nesta

tarefa.

E, é claro, uma boa dose de empreendedorismo é necessária: visão, ousadia,

iniciativa, disciplina, ética, liderança, foco, competitividade, estratégia, percepção,

pioneirismo, espírito de equipe, respeito, inovação. E isto a própria escola da vida

nos ensina.

Mas as decisões mais acertadas são tomadas à luz de aspectos exatos, lógicos e

bem definidos. O uso de Modelos Matemáticos e boas Regras de Negócios aliadas

ao intensivo uso da Tecnologia da Informação – soluções ERP, CRM, BI, BSC, SCM,

e_business - aumentam a possibilidade de sucesso.

E agora também há de se considerar a crescente onda de Globalização. Que

também só viabilizou-se da forma como veio devido aos avanços tecnológicos –

comunicações, facilidades de transporte, informática, eletrônica, Internet. A

Globalização, em última análise, nada mais é do que a queda das barreiras

alfandegárias e a internacionalização das empresas.

3.1 O Papel do Governo

A concorrência é mundial, mesmo se a empresa vende e produz um item em uma

remota cidade do interior. Logo, sua gerência deve ser tão eficiente quanto a mais

eficiente empresa de seu setor.

E aí entra também o papel do Governo. Sua ação política afeta diretamente os

custos da empresa. E há de se considerar que as diferenças são grandes, mesmo

entre países vizinhos, o que evidentemente leva as multinacionais a selecionarem

cada vez com mais critério o local de suas fábricas que alimentarão o resto do

mundo com seus produtos.

Ou seja, o sucesso de uma empresa depende, também, das políticas do Governo

onde ela atua.

Por sua vez, o próprio papel do Governo é de alguma forma, semelhante ao de uma

empresa, no sentido que ele deve dar condições de desenvolvimento ao país, ao

mesmo tempo em que necessita de recursos que só podem ser obtidos no seio de

sua sociedade através de impostos, taxas e contribuições.

Antes de criticar ou elogiar este ou aquele Governo, vamos entender melhor como

funciona sua economia.

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3.2 Contas Nacionais e Internacionais

Uma diferença fundamental entre empresa e governo é que o Caixa do Governo

trabalha com duas moedas: o Real e o Dólar, ou outras moedas, mas desde que

sejam estáveis. O Real para as transações internas e o Dólar para as transações

externas. Em princípio somente o Banco Central deveria manipular dólares, ou seja,

as transações de importação e exportação de uma empresa privada são por ele

convertidas, utilizando-se a Taxa de Cambio do dia. Na prática, no entanto, uma

boa parte da moeda estrangeira é negociada livremente por bancos e mesmo

pessoas físicas, e a taxa de câmbio, que agora no Brasil é flutuante, tem seu valor

definido pela sua oferta e procura baseada nos fatores que veremos a seguir.

Figura 3.1 Contexto geral de entradas e saídas das contas em R$ e em US$.

Assim, a cada exportação que uma empresa faz, os dólares pagos pelo comprador

externo são recebidos pelo Banco Central que os converte para Real, pagando para

a empresa exportadora. Da mesma forma, quando uma empresa no Brasil importa

produtos, paga o seu valor em Real ao Banco Central, que após convertê-lo, envia

os dólares ao vendedor estrangeiro. Fica fácil perceber que se tivermos um

aumento nas importações e uma redução nas exportações faltarão dólares no

Banco Central, pois mais dólares terão que ser remetidos ao exterior, comparando-

se com as entradas provenientes das vendas ao exterior. E o Governo não tem

como emitir dólares. Este poder, infelizmente, é de exclusividade do governo

norte-americano.

3.3 Taxa de Cambio

Por outro lado, o que influi basicamente no volume de exportações e importações é

o próprio valor da Taxa de Câmbio. Subindo a taxa, o exportador recebe mais por

cada dólar vendido no exterior, tendo assim maiores possibilidades de negociação.

O importador, por sua vez, pagará mais caro por seus produtos, preferindo, se

houver, o similar nacional. E vale lembrar que os preços dos produtos em dólar são

praticamente estáveis, variando apenas quando ocorre uma forte alteração em sua

oferta ou procura.

Ocorre que há produtos estrangeiros indispensáveis para o nosso

desenvolvimento, não disponíveis no mercado interno e caso sejam comprados

com a taxa de câmbio elevada provocam aumento de preços, gerando,

conseqüentemente, um processo inflacionário. É o caso de componentes

eletrônicos, software, trigo, perfumes, veículos e peças, tecidos, químicos e muitos

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81 TEORIA DO ERP

outros, mesmo que, em alguns casos, tenhamos aqui um similar, por vezes de

melhor qualidade e preço mais baixo. Só que é nacional!

Existem ainda outras fontes de entradas e saídas de dólares no caixa do Banco

Central. Serviços de frete, turismo, captações de empréstimos e investimentos e,

saindo, seus resgates e amortizações, pagamentos de juros, royalties e dividendos

de multinacionais.

A Reserva Internacional é o saldo em dólares (as chamadas divisas, hoje também

formadas pelo Euro criado pela Comunidade Europeia) do Banco Central e quando

este zera a única saída é a moratória. O Brasil já utilizou este expediente em 1982 e

a conseqüência é sempre um completo isolamento do país devedor. O México, em

1994, provocou o “efeito tequila”. Em 1997 foi a vez do Sudeste Asiático e em 1998

a Rússia. A Argentina também passou por um momento destes, conseqüência da

fixação da taxa de câmbio em níveis abaixo do necessário.

3.4 Protecionismo

Uma forma de barrar as importações é através de medidas protecionistas, tais

como tarifas alfandegárias, impostos sobre importações, criação de cotas,

embargos sanitários, leis anti-dumping ou o próprio aumento artificial da taxa de

câmbio. Há até a medida extrema de criar taxas diferenciadas de acordo com o

produto ou ainda proibir a importação daqueles em que houver similar nacional. O

consumidor normalmente reclama destas medidas, pois não acha justo arcar com

ineficiências que, em sua opinião, são de responsabilidade do empresariado

nacional. A Reserva de Mercado no setor de informática, tão criticada por alguns e

elogiada por outros, que pairou entre nós de 1976 a 1991, é um bom exemplo do

que estamos falando.

Do outro lado, o da exportação, o problema é o mesmo e a questão chega

freqüentemente aos tribunais internacionais, seja na OMC – Organização Mundial

de Comércio – seja nos acordos multilaterais criados por países de mesma índole

ou homogêneos. Assim, temos o MERCOSUL, União Europeia, Nafta, ALCA, Asean,

União Africana, entre outros. São subsídios que beneficiam o exportador que vão

desde a isenção de impostos, financiamentos privilegiados e apoio logístico até a

obrigatoriedade do equilíbrio comercial, na base do “só compro de seu país se o

seu país comprar do nosso”.

O saldo da Balança Comercial brasileira vive de altos e baixos. Iniciou o milênio

2.000 com excelentes perspectivas, mas nos últimos anos, os resultados não tem

sido tão positivos.

Entradas Saídas

Exportação 114.516 Importação 117.516

Figura 3.2 Dados anuais relativos à entradas e saídas internacionais. Valores em US$ Milhões.

Às vezes é a China que reduz seu crescimento, outras são os preços de nossos

produtos que caem ou ainda ações do governo que prejudicam nossa capacidade

de concorrer. A briga não é fácil!

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82 TEORIA DO ERP

3.5 A Carga Tributária e o Crescimento Econômico

Do outro lado, temos as contas governamentais em Reais. É aqui que se trava a

grande luta pelo superávit. O resultado de um déficit é sempre o aumento da Carga

Tributária e esta por sua vez inibe o crescimento econômico, com empresas e

consumidores arcando com impostos e contribuições cada vez mais onerosos.

Também aqui temos uma polêmica, pois é claro que muito do que o Governo gasta

vai para obras sociais, serviços de infraestrutura e em empresas que, se

privatizadas, não cumprem com o papel que a sociedade necessita, ou seja, um

serviço público eficiente a um custo acessível e disponível para todas as classes

sociais. É o caso da Educação, Saúde, Energia, Segurança, Transporte, Saneamento,

Correios, Telecomunicações, Habitação e muitos outros, embora a iniciativa

privada também participe hoje da maioria desses setores.

O balanço das contas do Governo é o reflexo das entradas provenientes da

cobrança de impostos e, caso estas sejam insuficientes, de empréstimos obtidos

com a venda das Letras do Tesouro Nacional (LTN). Há ainda a possibilidade da

emissão de papel moeda, medida altamente inflacionária, pois aumenta a base

monetária sem um aumento correspondente da produção de bens e serviços,

criando uma demanda que pressiona o aumento dos preços.

As saídas por sua vez são representadas pelos gastos, que podem ser correntes

(folha de pagamento, aluguéis, serviços, enfim despesas de expediente),

investimentos em obras e empresas, geridos normalmente pelos ministérios,

gastos sociais, pagamento aos aposentados e o incômodo pagamento de juros e

financiamentos que se vencem.

Um balanço anual pode ser resumido no quadro ilustrado na figura 3.3

Demonstrativo de Arrecadação e Gastos em Bilhões de Reais

IRPJ 104.01

IRPF 85.02

IPI 35.17

COFINS 116.16

PIS 30.99

IOF 24.26

FGTS 52.91

CSSL 51.30

INSS 203.63

II (IMPORTAÇÃO) 21.54

CIDE 10.30

ICMS 226.68

Outros Estaduais 42.08

Municipais 51.50

Outros 46.01

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Figura 3.3 Balanço das Contas do Governo

Além de analisar cada número isoladamente, é importante verificar sua tendência e

o porcentual em relação ao PIB – Produto Interno Bruto.

O diagrama da figura 3.4 representa o ciclo econômico:

Figura 3.4 A economia brasileira: de onde viemos, onde estamos e o que esperar do futuro.

(fonte: Leite Antonio Dias).

Este diagrama estabelece a relação existente entre as pessoas, as empresas, o

exterior e o governo. As linhas serrilhadas representam o fluxo de dinheiro e as

contínuas referem-se aos produtos e ao trabalho.

O PIB é o valor de bens e serviços produzidos pelo país. Considerando que um país

tem normalmente um aumento populacional, é fácil entender que a qualidade de

vida do povo e a taxa de emprego, só irão melhorar se o crescimento do PIB for

maior que o demográfico. Isto descontando a inflação.

O Governo, por sua vez, dispõe de armas limitadas para provocar o aumento do

PIB.

A forma de consegui-lo é incentivar as exportações, gerar condições para captação

de recursos externos, desestimular as importações substituindo-as por produtos

nacionais e distribuir melhor a renda reduzindo a carga tributária para que haja

um aumento no consumo privado. Tudo isso sem perder a popularidade e sem

provocar inflação.

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84 TEORIA DO ERP

Equilíbrio de suas contas, melhor distribuição de renda, certo planejamento

familiar nas camadas de menor renda e melhores condições para a produção local

são objetivos óbvios que o Governo persegue a cada medida.

3.6 Taxa de Juros

E é a definição da Taxa de Juros que remunera a venda das LTN, o principal

calibrador que ao mesmo tempo provoca o crescimento do PIB e por outro lado

evita a volta da inflação. Isto porque, quando aumenta, reduz o Consumo Privado,

já que as compras a prazo tornam-se mais caras, reduzindo preços e o próprio

volume de importações, ao mesmo tempo em que incentiva a venda de novas LTNs.

Também faz crescer as exportações, pois os produtos aqui fabricados não

encontram demanda no mercado interno.

Quando baixa, por sua vez, aquece a economia, desestimulando o investidor que

aplica em LTNs, lançando-o ao Mercado, ou seja, investir na produção e em novas

empresas; aumenta as compras a prazo, pois os Bancos acompanham a redução

nos seus financiamentos e com isso incrementa as importações e desestimula as

exportações. Enfim, o aumento do Consumo Privado pressiona a demanda e, caso

não haja um rápido crescimento da produção, gera mais importações ou provoca

um aumento de preços. É a volta da inflação - que ninguém quer - pois além de

promover a desigualdade social, cria um ciclo cuja única saída é uma nova e forte

ruptura no processo de crescimento, ou seja, não é sustentado e provoca a volta da

recessão.

Existem outros mecanismos alternativos para o controle da taxa de juros, tais

como a obrigatoriedade dos Depósitos Compulsórios que os Bancos devem fazer

no BC, cujo aumento reduz a liquidez e diminui a disponibilidade de

financiamentos. Outra forma é a própria retenção de empréstimos públicos.

É nesse universo que trabalha a empresa privada e com a globalização aumenta a

responsabilidade do Governo, pois para ela é cada vez mais fácil fechar uma

fábrica aqui e abrir outra num país que lhe ofereça melhores condições. E quem se

beneficia é a população, mesmo que o país sirva como “quintal” do mundo,

recebendo investimentos em função de sua farta e barata mão-de-obra, para

reexportar aos países ricos através das empresas multinacionais que lá se instalam.

Cabe ao país saber aproveitar essa oportunidade e desenvolver seu próprio parque

e sua própria tecnologia. Afinal é preciso dar emprego à sua população.

3.7 Principais Impostos no Brasil

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Os impostos pagos hoje pela empresa brasileira podem ser resumidos no seguinte:

Figura 3.5 Principais impostos no Brasil em porcentual sobre o valor mencionado.

A ME-Micro Empresa não pode ter faturamento superior a R$ 360.000,00 por ano. A

EPP-Empresa de Pequeno Porte pode faturar de R$ 360.000,00 a R$ 3.600.000,00.

Podem optar pelo regime do SIMPLES.

Em relação ao IRPJ, a opção pelo LP-Lucro Presumido é possível desde que a

empresa não seja uma Sociedade Anônima e que seu faturamento não seja superior

a R$ 78 milhões por ano.

Os percentuais entre parênteses na linha IRPJ, no caso do Lucro Presumido,

referem-se ao Faturamento. Assim, para empresas de comércio optantes do LP, o

IRPJ considera que o Lucro é de 8% sobre o Faturamento, ou seja, o IRPJ é de 1,2% a

2% sobre Faturamento, já que a alíquota é de 15% (até$ 20.000/mês) e 25% (acima).

Para as empresas de Serviço, o Lucro Presumido é de 32%, o que dá um IRPJ de 4,8%

a 8% sobre o Faturamento. O mesmo para a CSSL.

A sigla nc/c significa não cumulativo/cumulativo, ou seja, no não cumulativo é

permitido o crédito dos insumos na base de cálculo, isto é, o imposto é sobre valor

agregado.

No caso do SIMPLES, há municípios que incluem o ISS na alíquota geral, tornando-a

mais alta. No caso de não incluí-la, esta é mais baixa. Depende também do valor do

faturamento e do segmento de atividade. São os Anexos que definem as alíquotas.

Figura 3.6 Exemplo de Tributação em uma Empresa no regime Lucro Real.

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86 TEORIA DO ERP

O PIB Brasileiro representa a 6ª economia mundial, conforme o ranking

demonstrado na figura 3.7.

Ranking País Produto Interno Bruto

1 Estados Unidos $15,524,180,000,000 ($15.5 trilhões de dólares)

2 China $7,700,370,000,000

3 Japão $6,108,630,000,000

4 Alemanha $3,701,100,000,000

5 França $2,932,040,000,000

6 Brasil $2,618,760,000,000

7 Reino Unido $2,601,680,000,000

8 Itália $2,381,070,000,000

9 Rússia $2,146,280,000,000

10 Índia $2,001,140,000,000

Figura 3.7 PIB dos países

Segue uma breve descrição sobre cada um dos impostos e contribuições acima

elencados, lembrando que no Brasil temos mais de sessenta tributos:

IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica. Pago sobre o lucro das empresas. Até

um lucro de R$ 20.000,00 para cada mês do respectivo período de

apuração a alíquota é de 15%. Daí para cima é de 25%. No Lucro Presumido

o Lucro é um percentual do faturamento, entre 8% e 32%.

IRPF Imposto de Renda Pessoa Física. Pago sobre a renda do assalariado e

qualquer renda auferida por um indivíduo. Uma tabela em cascata de

alíquotas que chega a 27,5% tributa a renda dentro do princípio de quem

ganha menos tem uma alíquota menor.

CSSL Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido. Similar ao IRPJ tem sua

destinação pré-determinada para os gastos com a Previdência. A alíquota é

de 9% sobre o Lucro.

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. É taxado sobre o

faturamento, sendo que para as com Lucro Presumido é cumulativo, com a

alíquota de 3%. Para as demais empresas a taxa é maior, 7,6%, mas não é

cumulativo, ou seja, pode-se deduzir da base de cálculo todas as notas de

compra de materiais e serviços vinculadas às receitas. A COFINS taxa as

importações e não taxa as exportações. Dependendo do segmento, mesmo

empresas que estão no regime de Lucro Real, pagam a COFINS no regime

cumulativos. São empresas de serviços que não tem despesas que geram

créditos. A folha de pagamento, embora esteja vinculada às receitas não

gera crédito, pois sobre ela não é cobrada a contribuição.

PIS Programa de Integração Social. É taxado praticamente da mesma forma que

a COFINS, tendo, porém uma alíquota menor, ou seja, 0,65 e 1,65

respectivamente.

Para alguns segmentos (combustíveis, bebidas, medicamentos, veículos,

etc) o PIS e COFINS tem ou um valor fixo por unidade (pauta) ou

alíquotas diferenciadas. A cobrança Monofásica cobra apenas o primeiro

elo da cadeia, de forma semelhante à Substituição Tributária do ICMS (que

também existe no PIS/COFINS)

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87 TEORIA DO ERP

IPI Imposto sobre os Produtos Industrializados. É um tributo federal que recai

sobre o faturamento, mas não é cumulativo, pois permite a dedução do IPI

pago sobre as compras de matéria-prima. O valor do IPI é cobrado

adicionando-se o seu valor ao total da nota. Tem alíquotas diferenciadas de

acordo com o produto.

INSS Instituto Nacional de Saúde e Seguro. O INSS é cobrado sobre praticamente

todos os rendimentos recebidos na folha de pagamento. Quem não for

registrado pela CLT recolhe o carnê. A taxa é de 20% sobre a folha, além de

outras, cobradas de acordo com a atividade da empresa: Sesi, Senai, Sesc,

Senac, Sebrae, Salário Educação, Funrural, etc., que somadas chegam a mais

de 5%.

Há ainda a cobrança da parte do funcionário, que varia de 9% a 11%, mas

incide apenas sobre o Salário Contribuição cujo teto é de R$ 2.668,15.

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. O valor do FGTS é pago pela

empresa, 8,5% sobre a Folha, mas esse dinheiro não pertence ao Governo. É

do funcionário que pode sacá-lo ao ser demitido sem justa causa ou em

outras circunstâncias especiais. No caso de dispensa sem justa causa, há

ainda a multa de 40% sobre o saldo depositado, que também vai para o

funcionário. O adicional de 0,5% no valor mensal é da Caixa Econômica.

IOF Imposto sobre Operações Financeiras. Esse imposto recai sobre operações

de financiamento, remessas ao exterior, aplicações e leasing. A taxa é de

1,5%.

II Imposto sobre Importações. Esse imposto serve como uma proteção aos

produtos similares nacionais. Tem taxa que varia de 10% a 35%.

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. É um imposto

estadual e é cobrado no faturamento de mercadorias e dos serviços, como

telecomunicações, comunicações e transporte intermunicipal. Incide

também sobre Energia Elétrica, que, curiosamente, é considerada uma

mercadoria. Não é cumulativo, mas permite apenas a dedução das entradas

de matéria-prima que façam parte do processo produtivo. O ICMS tem taxas

de 7%, quando a mercadoria se destina ao norte do país, 12% quando se

destina aos estados do sul e 17% ou 18% quando for para dentro do estado.

Há ainda outras alíquotas que podem chegar a 25%, como por exemplo, na

taxação dos serviços de eletricidade. O ICMS é incluído no preço. Cada

Estado tem sua própria legislação do ICMS, o que tem provocado uma forte

guerra fiscal entre eles.

IPVA Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotivos. É variável de acordo

com o ano e o tipo de veículo.

ISS Imposto sobre Serviços. É um imposto municipal e a alíquota varia de 2% a

5%. Em alguns casos, é cobrado no município onde o serviço é efetivamente

prestado, independente da localidade do prestador.

IPTU Imposto sobre Propriedade Territorial e Urbana. É cobrado sobre os

imóveis, com taxa variando de acordo com o seu valor e categoria.

CIDE Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. Incidente sobre a

comercialização de petróleo e seus derivados, sobre o gás natural e seus

derivados bem como sobre álcool etílico combustível e também sobre

remessas de royalties ao exterior.

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88 TEORIA DO ERP

ITBI Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis. É um imposto cobrado no ato

da lavratura de contrato ou promessa de compra e venda ou mesmo após a

quitação final, caso conste no próprio contrato de compra e venda que a

emissão de posse seja realizada após a quitação final.

TFE Taxa de Fiscalização de Estabelecimentos. É uma taxa municipal recolhida

anualmente e que depende do porte da empresa variando de R$ 50,00 a R$

4.000,00.

TFA Taxa de Fiscalização de Anúncios. É o antigo CADAN cobrado por metro

quadrado de anúncios de cartazes e out doors.

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89 TEORIA DO ERP

Capítulo 4

Suporte à Decisão (SAD)

Objetivos do aprendizado

Mostrar os principais conceitos e técnicas utilizadas em BI (Business Intelligence) e como essas

técnicas ajudam na Gestão da Empresa.

Palavras-chave

BI - Business Intelligence, EIS – Executive Information System, DataWarehouse, OLAP, CUBO, Workflow,

Balanced Scorecard- BSC, Portal do Executivo.

4.1 BI – Business Intelligence

Depois de citar todas essas tecnologias e funcionalidades do ERP, chegamos ao

Business Intelligence, mais conhecido como BI. O BI é voltado para os altos

executivos das empresas. O BI é a ponta do iceberg de uma Solução ERP e tem

muito a ver com DSS, Decision Support System - metodologia que, como o próprio

nome diz, dá suporte ao processo decisório. Para executivos e administradores de

empresas, o BI é o que realmente interessa, pois proporciona o suporte e o apoio

necessários à tomada de decisões.

De modo geral, podemos classificar o BI como uma evolução de todas as

possibilidades de consultas que um ERP oferece. No passado, era muito difícil

vermos um executivo à frente de um computador. Era praticamente consenso que o

primeiro escalão da companhia não deveria operar computadores. Pensava-se: a

entrada e saída de dados são responsabilidade do pessoal burocrático. Além disso,

as consultas eram muito lentas, muito detalhadas, pouco dinâmicas e pouco

flexíveis. Assim, os executivos recebiam apenas os principais relatórios solicitados

e trabalhavam com base nestas informações. Ainda há executivos que agem desta

maneira: usam o computador apenas para ler e-mail ou as últimas notícias nas

páginas gratuitas.

O BI veio facilitar esse processo de consulta e, conseqüentemente, integrar o

executivo à tecnologia. Por meio do BI, a Solução ERP consegue fornecer

informações relevantes com rapidez, sem um irritante “prazo de entrega”. Além

disso, o BI é muito flexível no levantamento das informações.

Isto está relacionado com o que os americanos costumam chamar de friendly.

Friendly é a terceira característica do BI e significa, neste caso, fácil de usar; ou

usabilidade, como dizem os técnicos. Todo o procedimento de definir ou alterar

uma consulta pode ser feito sem a ajuda de um programador. Resumindo, são três

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90 TEORIA DO ERP

os objetivos do BI: rapidez nas consultas, flexibilidade e facilidade de uso, ou

amigável.

Há pessoas que dizem que o Windows proporcionou toda essa “frescura” de

oferecer gráficos coloridos e enfeitados para ilustrar as estatísticas da empresa.

Apesar dos comentários, esse”floreamento” é muito interessante e positivo para

quem faz as consultas. O fato é que uma das finalidades do BI é mostrar dados sob

a forma de gráficos e tabelas.

Figura 4.1Gráficos Amigáveis

BI e data warehouse, workflow, BPM,BSC e Data Mining são componentes do

suporte e apoio à decisão.

4.2 Data Warehouse (DW)

Como precisa ser rápido, o BI trabalha com uma base de dados própria, em lugar

da base operacional. A essa base de dados dá-se o nome de data warehouse, que

significa armazém de dados. Os criadores desta tecnologia foram Bill Ilmnone

Ralph Kimball. Porque se utiliza o datawarehouse e não a base operacional?

Primeiro, porque o DW, muitas vezes, contém informações que não estão na base

operacional. Exemplo: utilizar informações históricas, como uma longa cadeia de

dados de 10 ou 15 anos, mostra melhor uma tendência; conseqüentemente, a

tomada de decisão tem como base uma amostra mais confiável. Se fôssemos

manter esse enorme volume de dados históricos na base operacional, o

processamento se tornaria mais lento.

Por isto, eles são segregados no datawarehouse.

Outras informações que, normalmente, não existem na base operacional são as

relativas à concorrência e ao mercado. Essas informações, obtidas com muita

riqueza e facilidade via Internet ou em bases paralelas, também são acrescentadas

ao datawarehouse.

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91 TEORIA DO ERP

O segundo motivo para utilizar o DW é que nele se permite a redundância de

dados. Utiliza-se uma técnica denominada Star Schema, desenvolvida por Ralph

Kimball: gravam-se, de forma repetida, os indicadores de acordo com o número de

dimensões existentes, mesmo nos níveis sintéticos, como explicados adiante. Isto

faz com que, às vezes, o datawarehouse ocupe mais espaço do que a própria base

operacional. Em compensação, ele não trabalhará com índices ou classificações,

que é a forma - mais lenta- utilizada nas bases operacionais, quando é solicitada

determinada seqüência de leitura dos dados. É o sacrifício de ocupar mais espaço

para obter alta velocidade. Não existe almoço grátis.

4.3 ETL (Extract, Transformand and Load)

O processo de criação e atualização do DW recebe o nome de ETL (Extract

Transformand Load), que significa: Extrair os dados da base ERP e de outras bases

existentes na empresa ou externas. Transformar esse conjunto de dados em um

mesmo padrão, uma vez que as informações extraídas podem estar, por exemplo,

em unidades de medida diferentes, como quilos, libras etc.; e Carregar (Load), que

consiste em trazer esses dados para o DW.

Por conta da quantidade de dados, a carga inicial normalmente é lenta.

Na seqüência, o processo torna-se bem mais rápido, uma vez que iremos apenas

atualizar as informações de acordo com as necessidades e exigências dos

executivos, seja a cada dia, a cada período (manhã e tarde), a cada hora; ou seja, o

suficiente para uma boa tomada de decisão.

4.4 Dimensões, indicadores e drill-down/drill-up

Dimensões, referidas acima, são a forma, a seqüência como estes dados são

apresentados. Ao analisar os dados de faturamento da nossa empresa, por

exemplo, queremos saber quanto faturamos por período, por região, por produto,

por cliente, analítica e sinteticamente. A dimensão pode ser:

Temporal, que informa o quanto faturamos por ano, mês, quinzena, semana

ou dia;

Geográfica, quanto foi faturado, no exterior, no Brasil, em cada estado,

cidade, bairro, chegando até o cliente. É possível que este último

detalhamento só exista na base operacional. Nesse caso, o BI irá acessá-la

automaticamente;

Por produto: por categoria, subcategoria, classe, nível, tipo etc.;

Outros.

Podemos ter um grande número de dimensões. Todas as possibilidades desejadas,

porém, devem ser especificadas pelo usuário na fase de planejamento e montagem

do datawarehouse. Caso contrário, ao pedir determinada dimensão não prevista,

aquela tão falada e enaltecida flexibilidade não se concretizará. É melhor pecar por

excesso do que se lamentar futuramente.

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92 TEORIA DO ERP

Indicadores são os números apresentados: valor do faturamento, custo das

mercadorias vendidas, comissões de vendas, impostos são os exemplos mais

comuns.

Muita gente, quando fala em BI, só pensa em faturamento. No entanto, não é

apenas para acompanhar o faturamento que o BI é interessante. O sistema pode e

deve fornecer dados referentes à contabilidade, departamento financeiro, RH,

estoque, mercado e, também, o perfil dos clientes: idade, sexo, classe social,

preferências, etc.

O drill-down (drill, em inglês, significa furar) é o detalhamento dos indicadores

segundo qualquer dimensão. A partir do faturamento por estado pode-se, por

exemplo, solicitar o detalhamento das vendas de qualquer estado por mês,

vendedor, produto etc.

Toda essa agilidade permite ao executivo mudar facilmente os indicadores e as

dimensões, fazer os chamados drill-downs, ou seja, “brincar” com os dados. Cria-se

um cenário que o leva a “perceber” melhor o universo de informações da empresa,

induzindo-o a um processo de tomada de decisão mais consistente. Aqui, o BI está

cumprindo a missão de alertar o executivo. É como se o sistema dissesse: Olha, eu

lhe dei a informação rápida e precisa. Agora, faça alguma coisa!

O drill-up é o processo inverso. A partir de um indicador específico, como vendas

por estado, o sistema fornece o total do país.

O conjunto de informações acima ainda permite filtrar dados, criar rankings e

alertas. Exemplos:

• Filtrar dados acima de determinado valor, dados entre duas datas ou selecionar

produtos;

• Classificar os indicadores em ordem ascendente ou descendente (rankings);

• Destacar em vermelho ou outra cor os números que fujam do padrão ou meta

estabelecida (alertas).

É preciso focar a informação. Às vezes, diante de tantos dados, podemos não saber

por onde começar.

Ao se colocar diante de um mundo de informações, talvez o usuário não saiba

extrair os fatos relevantes. Ficará perdido. Podemos dizer que será “muita areia

para o seu caminhão” ou muita informação para a sua cabeça. Por isso, vamos falar

agora sobre o Workflow.

4.5 Workflow

Workflow é o desenho do fluxo dos processos e tem como um dos objetivos indicar

quando deve haver uma ação ou tomada de decisão.

A Solução ERP, a cada segundo, recebe informações e alimenta bases de dados que

serão posteriormente exibidas ao executivo através do BI. Porque não fazermos

com que a informação que acabou de chegar e que provocou a necessidade de uma

ação seja repassada imediatamente ao executivo, sem que ele precise acessar o

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93 TEORIA DO ERP

sistema? O Workflow cumpre essa missão, enviando um e-mail ou mensagem

eletrônica, informando que algo relevante acaba de acontecer e que é preciso

tomar uma atitude. O ERP torna-se proativo. Ele vai até você; você não tem que ir

até ele.

O Workflow pode ser operacional ou gerencial. O Workflow operacional refere-se ao

dia-a-dia: por exemplo, aprovação de pedido de compra ou venda, pagamento de

títulos, autorização de férias, de viagens. A forma como o executivo recebe o e-

mail ou a mensagem é irrelevante: via outlook, smathphone, messenger, rede

social. O executivo pode estar em qualquer lugar e receber a mensagem.

Se, por qualquer motivo, ele não responder em determinado prazo, o sistema

encaminha a mensagem ao seu substituto, e assim sucessivamente, até que chegue

ao sistema a confirmação de recebimento e a tomada de decisão. Assim, a empresa

ganha muita agilidade, pois todos os problemas são imediatamente resolvidos, não

importando hora ou lugar. É evidente que isso aumenta o stress dos executivos.

Mas, afinal, eles ganham - e bem - para isso!

O Workflow gerencial é ainda mais interessante e trata de situações específicas,

onde o executivo poderá tomar uma atitude rapidamente. Por exemplo, uma

mensagem relativa à meta de vendas atingida, com possibilidade de premiação no

ato. O executivo tomará essa decisão onde estiver e o vendedor, que acabou de

fechar o negócio, ainda no cliente, recebe o e-mail da gratificação.

Pelo sistema tradicional, sem o Workflow, o recebimento da informação ea

definição e envio da premiação aconteceriam apenas no final do mês. Em situações

como essa, onde fica a motivação? Onde está aquela sensação, que é a coisa mais

importante numa premiação: o impacto, a surpresa e a satisfação da pessoa

premiada?

É claro que o Workflow gerencial não trata apenas das boas notícias. Poderá

informar, também, a queda de produção na fábrica, solicitações de compra que

superem o budget (orçamento), perdas acima de determinado padrão, vendas

canceladas. Em todos os casos, as respostas e as ações devem ser imediatas.

4.6 BPM

Ferramentas como o data warehouse e o workflow fazem com que os executivos se

tornem mais eficientes e eficazes na administração da empresa e, principalmente,

no acompanhamento e medição do desempenho da companhia.

Esse conjunto de informações nos remete ao conceito de BPM (Business

Performance Management - Gestão da Performance da Empresa): números exatos,

lógicos e bem definidos, em oposição a práticas subjetivas, baseadas em opiniões.

A apresentação dos dados é feita em painéis de gestão, que mesclam indicadores,

gráficos, tabelas, notícias da empresa e da mídia, normalmente colocados em

portais na Internet.

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94 TEORIA DO ERP

Figura 4.2Painel de Gestão

Com a mesma sigla, o BPM também é conhecido no mercado como “Business

Process Management”, e neste caso mais perto do Workflow, pois tem como foco

mapear e desenhar os processos internos das empresas de forma gráfica e

intuitiva.

4.7 BSC

Como fazer a Gestão da Performance da Empresa? Cada empresa pode ter o seu

próprio critério?

Surgiram no mercado várias correntes, cada uma medindo a performance do

negócio de uma forma diferente e, normalmente, baseada apenas nos aspectos

financeiros. Coube aos cientistas Robert S. Kaplan e David P. Norton escreverem

uma coleção de livros (um dos quais denominado: Mapas Estratégicos) e

introduzirem um novo conceito, o Balanced Scorecard (BSC), hoje globalmente

reconhecido. O BSC tornou-se padrão mundial e levou os executivos a agir de

forma homogênea. O conceito ajuda também o benchmarking, permitindo que a

comparação entre empresas seja feita com critérios semelhantes.

Pode-se dizer que o BSC contempla dois tópicos importantes: padronização de

indicadores e indicadores intangíveis, em lugar de indicadores exclusivamente

financeiros, facilmente identificados nos balanços contábeis.

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4.7.1 As quatro perspectivas

Kaplan e Norton criaram quatro perspectivas, que definem o ambiente de uma

empresa. Para cada perspectiva são estabelecidos objetivos. Para cada objetivo são

estabelecidas metas, que precisam ser controladas e medidas. Para medir cada

meta são definidos indicadores, com prazos de execução e alvos que mostram a

sua posição.

As quatro perspectivas são: perspectiva financeira; perspectiva cliente; perspectiva

processos internos; perspectiva aprendizado e conhecimento dos colaboradores.

A perspectiva financeira é tradicional. No livro Introdução à Análise de Sistemas,

escrito em 1969, já havia uma lista bem completa destes indicadores. São números

baseados no balanço da empresa, como: retorno sobre o investimento, lucro sobre

vendas, margem bruta, liquidez, inadimplência, giro do estoque, passivo sobre

ativo, ativo sobre exigível, patrimônio sobre ativo. Hoje, o EBITDA (Earnings Before

Interest, Taxes, Depreciation and Amortization – em português, “Lucros antes de

juros, impostos, depreciação e amortização”) é o indicador preferido dos gestores

de companhias de capital aberto. Todos esses indicadores definem a performance

da gestão da empresa, ou seja, mostram se ela caminha bem ou não, do ponto de

vista econômico e financeiro.

A segunda perspectiva é a do cliente. Ela parte da premissa de que o cliente é o rei

e precisa sempre estar satisfeito para ser fiel. A empresa não pode perder

faturamento devido à insatisfação ou perda de um cliente. Todos os integrantes da

empresa, do presidente ao porteiro, incluindo o pessoal administrativo e de

produção, devem ter um só objetivo: satisfazer o cliente. Apesar de ser difícil

medir com precisão a satisfação, não é tarefa impossível. Os indicadores, neste

caso, são intangíveis.

A ISO 9000 ajuda nesta questão de métricas, de medição de intangíveis, através de

ações como procedimentos definidos, criação de SAC (Serviço de Atendimento ao

Consumidor), envio de questionários e pesquisas telefônicas. Com estas

ferramentas consegue-se medir e acompanhar o nível de satisfação dos clientes e

analisar a sua evolução através de indicadores como: número de reclamações

mensais, volume de devoluções, visitas de clientes que não reverteram em vendas,

clientes que entraram na loja e não foram atendidos, retorno de clientes,

recuperação de clientes perdidos.

A terceira perspectiva são os processos internos. Aqui a empresa é vista como uma

caixa preta. Uma caixa com recursos, pessoas, máquinas, estruturas, onde o cliente

quer adquirir um produto ou um serviço e ser bem atendido. Estes processos

internos terão que cumprir prazos, apresentar custos razoáveis, assegurar a

qualidade e garantir a oferta daquilo que o cliente quer, sempre buscando atender

às suas necessidades e expectativas. Todos esses processos internos,

evidentemente, têm que ser eficientes. De preferência, devem ser os melhores do

mercado ou, pelo menos, estar próximos disso. Exemplos de indicadores de

processos internos: relação custo próprio/custo do concorrente, prazos de entrega,

defeitos detectados na produção ou durante o prazo de garantia, recalls, o próprio

uso da Tecnologia da Informação.

A quarta perspectiva refere-se às pessoas. Durante muito tempo as pessoas foram

consideradas simplesmente funcionários encarregados de cumprir determinadas

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96 TEORIA DO ERP

tarefas obrigatórias. Para ser um funcionário exemplar, o mais importante era não

faltar, chegar e sair na hora, ficar até mais tarde quando necessário e obedecer

rigorosamente às normas e procedimentos.

Hoje, há o enfoque do relacionamento humano: motivar o funcionário, fazer com

que ele participe da empresa. A própria cogestão faz parte desse processo. Ou

também a remuneração, baseada na Meritocracia tão enaltecida no livro Sonho

Grande que conta a história de Jorge Paulo Lemann, Marcel Teles e Beto Sicupira.

É preciso que o funcionário tome decisões, ajude no fortalecimento e no

crescimento da empresa. Antigamente, era apenas um Funcionário. Depois, passou

a ser chamado de Colaborador. Agora, a palavra-chave é Participante. Ou até

mesmo, sócio.

Para que o Funcionário se transforme em Participante, é preciso estar capacitado,

ser treinado, estar satisfeito e motivado. A ferramenta que ajuda na medição dos

indicadores da perspectiva aprendizado e conhecimento dos colaboradores é o KM

(Knowledge Management). Como o próprio nome diz, trata-se da Gestão do

Conhecimento. Através do cadastramento completo, a empresa sabe e acompanha

as habilidades de cada Funcionário. Ops, desculpe! De cada Participante! A partir

dessas informações, ela conhecerá o potencial de cada um, poderá administrar

melhor a substituição do pessoal, traçar planos de carreira e treinamentos mais

eficientes.

Figura 4.3Mapa Estratégico.

O Mapa Estratégico estabelece a relação entre os objetivos das quatro perspectivas.

Mostra como um influencia o outro e ajuda a evitar erros comuns, como o de

criarmos dois indicadores para objetivos dependentes e relacionados. Um único

bastaria. O Mapa indica, na parte de cima, os objetivos maiores da empresa, que

tem como pano de fundo a sua Missão e a sua Visão.

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4.7.2 Dashboard

Dashboard é como os americanos chamam o painel de controle dos veículos, onde

estão instrumentos como velocímetro, relógios, contagiro, etc. O dashboard, painel

de controle, é uma das principais funcionalidades de um software de Balanced

Scorecard. Para cada indicador são estabelecidos os alvos. Verde é a meta atingida,

amarelo a faixa intermediária e vermelho a meta não atingida. Usa-se ainda o azul,

quando a meta foi ultrapassada e, às vezes, o laranja, para discriminar posições

entre vermelho e amarelo.

O dashboard é a visualização gráfica do BSC, assim como os gráficos e tabelas são

a visualização gráfica do datawarehouse.

Quantos indicadores, em média, devem aparecer no dashboard?

Cada uma das 4 perspectivas deve ter, em média, 3 objetivos; cada objetivo, para

ser controlado, deve ter 2 metas; cada meta, de 1 a 2 indicadores.

Logo, teríamos no dashboard:

4 x 3 x 2 x 1,5 = 36 indicadores.

Exemplo de um objetivo

Perspectiva: Processos Internos

Objetivo: Qualidade adequada

Meta: Máximo de 3 devoluções por mês

Indicador: Quantidade de devoluções por mês

Alvos: Vermelho, mais que 8; amarelo, entre 4 e 8; verde, menos que 4 e azul, zero

Figura 4.4 Dashboard ou Painel de Controle

O importante é que todo o processo de BSC crie uma sinergia na empresa e que os

colaboradores estejam sintonizados e sincronizados. Por meio do Dashboard todos

vêm, claramente, quais são os objetivos da empresa e qual a posição atual. No

sistema, estão definidos os responsáveis por cada um dos objetivos, prazos para

atingi-los, custos e recursos necessários, bem como as iniciativas que devem ser

tomadas.

Esses resultados são divulgados abertamente, em painéis na empresa, nas salas e

nos corredores.

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98 TEORIA DO ERP

4.8 Painel de Gestão

É como ter para cada executivo de uma empresa, sobre sua mesa um monitor, sem

teclado. Ele é apenas um espectador, e quando surge algum assunto importante,

um bip chama a sua atenção. Esse é, na verdade, um misto de Business Intelligence,

mostrando gráficos e tabelas sobre a situação da empresa, com Workflow e

Balanced Scorecard.

Em determinado momento, pode aparecer uma notícia importante, como uma

grande venda realizada (Workflow). Apresentando, também, indicadores da

empresa (BSC). O monitor não deveria ser colocado apenas nas mesas dos

executivos, mas também em todas as salas da empresa, na recepção para visitantes

e até nos elevadores, para que os freqüentadores do prédio ficassem sabendo

como está àquela empresa lá do 5º andar!

Esse tipo de atitude leva à sinergia e à motivação. Evidentemente, precisa haver

uma seleção de informações, evitando-se as confidenciais e restritas aos

administradores.

O Balanced Scorecard deve estar presente em todos os lugares. Hoje, ele é

freqüentemente apresentado em portais: portal do executivo, portal do cliente,

portal do vendedor, portal do participante. Um portal nada mais é do que

disponibilizar informações na Internet, de forma diferenciada para cada um dos

públicos alvos. Cria-se uma sinergia.

O Balanced Scorecard exige um sistema de medição interno intenso em todas as

áreas.

Em princípio, o Balanced Scorecard nada tem a ver com TI. Os livros de Kaplan e

Norton não falam em software. Porque, no entanto, a Totvs tem o BSC e todos os

fornecedores de ERP têm hoje um módulo de BSC? Porque a primeira

funcionalidade de um software de Balanced Scorecard é apresentar o Dashboard,

armazenar e atualizar todos os objetivos, metas e indicadores. Além disso, o ERP

deverá calcular os valores ou percentuais atingidos pelos indicadores, em tempo

real. Trata-se, então, de um grande sistema de medição.

A interligação entre a filosofia do BSC e a Tecnologia da Informação é um belo

exemplo de como a TI ajuda a gestão das empresas. Muitas usam o Balanced

Scorecard sem recorrer a TI. Resumindo: a tecnologia não é um fim. É apenas um

meio.

E há de se considerar também que existem outros padrões de indicadores

disponíveis no mercado.

4.9 Data Mining

Falamos em Data Warehouse, Workflow, BPM, BSC, quatro componentes do apoio e

suporte à decisão, e agora a pergunta: onde está a “Intelligence,” do Business

Intelligence?

Para começar a responder a esta pergunta, façamos outra: Será que o computador,

o hardware, o chip, juntamente com os programas, o software, enfim, toda essa

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99 TEORIA DO ERP

parafernália eletrônica, é mais inteligente do que nós,seres humanos, que temos

essa maravilha da natureza, criada por Deus,que é o nosso cérebro? Eu diria: Se

não são mais inteligentes, um dia serão ou, pelo menos, chegarão perto. Na

verdade, tudo que dissemos até agora nada teve de Inteligência, com I maiúsculo.

Em termos de solução, explicamos como os sistemas processam e mostram

informações que, na realidade receberam de nós. Apresentar informações não é

inteligência. Inteligência é você saber, entre muitas alternativas, escolher a opção

mais correta, tomar a melhor decisão, mesmo que tenha apenas relativa

probabilidade de dar certo.

É a inteligência que leva algumas pessoas a acertarem mais do que as outras.

Muitos podem dizer que foi sorte, que a pessoa acertou sem querer ou que nasceu

com um dom especial. Mas, não foi nada disso. Também não podemos dizer que a

pessoa nasce com “visão” ou “sente o cheiro das coisas”. Na verdade, para tomar a

melhor a decisão, é preciso fazer previsões e acertá-las, é preciso metodologia,

usar estatística, pesquisa operacional, modelos matemáticos, técnicas que, muitas

vezes, são usadas até de forma subconsciente.

Se antes era complicado o uso destes recursos, hoje, com a tecnologia, tudo ficou

mais fácil, viável, automático, disponível ao mais simples usuário. Por exemplo,

fazer uma previsão de vendas, da valorização de uma ação, do comportamento de

uma pessoa, do clima, do resultado de um jogo de futebol.

Intelligence, então, significaria compreender, prever, decidir corretamente. O

processo de decisão envolve memorização, dedução, instrução, raciocínio e

analogia. É precisamente o que faz o computador. Primeiro, recebe os dados

(memorização); depois, os trata via programa (dedução, instrução e raciocínio); em

seguida, analisa (analogia). A decisão é conseqüência. Ela depende, entre outros, de

dois mecanismos, que estudaremos a seguir: correlação e simulação.

Há um processo, que teve origem no KDD (Knowledge Data Development,

Desenvolvimento do Conhecimento através de Dados), que hoje é chamado

simplesmente de data mining. Essa expressão é bem interessante. Literalmente,

significa mineração de dados: a partir de um grande volume de informações,

identificar o que realmente é importante e relevante para o seu negócio.

Você deve perceber o que está acontecendo e, a partir daí, tomar uma atitude.

Além de tomar uma atitude, é preciso apresentar resultados. O data mining

primeiro explora os dados do sistema, faz um verdadeiro trabalho de mineração, e

seleciona o que é relevante, usando a correlação - percebe. Em seguida, usa a

simulação para tomar uma atitude.

Como todas as alternativas são simuladas, a atitude tomada é a melhor - resultado.

O mercado brasileiro usa pouco o data mining. Pesquisamos vários fornecedores

de sistemas de BI e constatamos que raramente oferecem soluções em data mining.

O data mining utiliza disciplinas já conhecidas, como estatística, pesquisa

operacional e modelos matemáticos. Nas faculdades elas são estudadas, porém

pouco se aplica na prática, especialmente na gestão de empresas.

Talvez pela falta de parâmetros, pelo custo elevado ou mesmo pelas dificuldades

técnicas, a “chutometria” ainda está muito presente. Porém, os recursos

tecnológicos estão aí e o usuário precisa entendê-los e utilizá-los. Mais uma vez,

cabe ressaltar a posição do analista de suporte. Como já disse, é ele o grande

culpado! O analista de suporte precisa saber unir essas três pontas: o problema, as

ferramentas (a tecnologia) e o usuário.

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100 TEORIA DO ERP

Um exemplo, que abrange os problemas mais comuns:

Este case analisa a queda de faturamento de um fabricante de brindes. Imagine que

você é um consultor e a empresa vende dezenas de produtos, para vários estados,

com diversos vendedores, diferentes condições de pagamento e milhares de

clientes. A empresa lhe apresenta, em planilhas, os dados referentes a todas as

transações realizadas nos últimos meses. O diretor lhe diz: “Olha, a empresa não

está legal. Pelo menos um dos indicadores que acompanhamos a trajetória do

faturamento, está caindo muito. Você poderia nos dizer o que está acontecendo e

quais as atitudes que deveríamos tomar para mudar essa situação?”.

Como consultor, você tentará analisar todas as informações referentes aos últimos

meses e apresentar a solução. Talvez seja fácil e rápido visualizar a tendência do

faturamento, colocando os dados em um gráfico. Porém, e os fatos relevantes?

Como identificar o que aconteceu de diferente, o que mudou para comprometer o

resultado da empresa? Para respondera essas questões, seria necessário identificar

tudo que fugiu do padrão, quais os fatos relevantes que ocorreram.

4.10 Correlação

Na estatística, existe uma fórmula chamada correlação. Antigamente, calcular uma

correlação era trabalho para matemáticos e estatísticos. Hoje, no Excel, existe uma

função chamada Correl que faz este cálculo. A partir de números colocados em

duas colunas ou linhas, a função calcula se há ou não alguma correlação. O

objetivo da correlação é mostrar se há dependência entre indicadores, ou seja, se

quando um sobe, o outro acompanha o movimento e sobe também, e em que

proporção. Por exemplo, verificar a correlação entre faturamento e despesas com

propaganda.

Quando as despesas com propaganda aumentam, as vendas crescem também? Em

que proporção? Outro exemplo, na situação oposta: quando um sobe, o outro

desce. Quando o preço aumenta, a quantidade vendida diminui?

Em todos os casos, é preciso sempre confirmar se, de fato, existe a correlação e

verificar qual é a linha de tendência. Quanto maior a população de uma cidade,

tanto maior será o volume de vendas? Quanto maior o salário do vendedor, mais

ele venderá? Quanto maior o consumo de energia elétrica, maior será o PIB do país?

Quanto maior o investimento em educação, maior será o crescimento econômico?

Ou ainda, uma questão polêmica e atual: Quanto maior for a pena, tanto menor

será a criminalidade? Tudo isso é correlação.

Um caso bem típico para ilustrar a correlação é o comportamento dos gastos com

marketing e a trajetória das vendas de determinado produto, como a cerveja. As

empresas gastam em marketing para aumentar as vendas. Certamente, o consumo

cresce e mantém uma tendência de crescimento nos meses subseqüentes. Porém,

em determinado ponto, apesar do elevado gasto com marketing continuar, os

percentuais de crescimento não são mantidos na mesma proporção.

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101 TEORIA DO ERP

Figura 4.5 Linha de Tendência.

Há casos ainda mais complexos, representados por uma parábola. Por exemplo:

vamos comparar o preço em relação ao faturamento. Não podemos esquecer,

entretanto, que o preço também influi na quantidade vendida. Logo, o aumento de

preços inicialmente pode gerar maior faturamento, porém somente até

determinado patamar. A partir daí, as quantidades vendidas podem começar a

diminuir tanto, em função do aumento de preço, que a curva de faturamento

também inverte a tendência e começa a baixar. Neste caso, é preciso observar em

que ponto o faturamento atingiu o pico, o ponto ótimo. Um exemplo, sobre um

assunto muito falado hoje em dia: a questão dos impostos. Se baixássemos a carga

tributária, a arrecadação aumentaria, pois mais pessoas contribuiriam. Todavia, as

alíquotas não poderiam baixar muito, sob pena de a arrecadação diminuir.

O índice de correlação varia de -1 a +1. É -1 quando há um movimento inverso:

preço e quantidade vendida; preço sobe, quantidade cai. O +1 representa uma

correlação total entre dois fatores: um sobe, o outro sobe na mesma proporção. Se

subir mais, teremos uma linha exponencial. Próximo de zero significa que não

existe qualquer correlação entre as duas variáveis. Por exemplo: salário do

contador e as vendas. Nada a ver. Um pode subir e o outro descer; ou não.

Voltando ao exemplo da fábrica de brindes. Com a função Correl verificar-se-ia

primeiro, qual a correlação entre um elemento e o total. Por exemplo, Vendedor x

Produto, ou seja, o mix de vendas de cada vendedor em relação ao mix de todos os

vendedores. A maioria apresenta uma correlação próxima de +1. Mas, não

necessariamente todos. Um ou outro vendedor pode ter feito um mix de venda

diferente, apresentando uma correlação menor. Eles são as exceções, os fatos

relevantes. Agora, utilizando outro recurso do Excel, as tabelas dinâmicas,

verificam-se como agiram estes vendedores diferenciados: quais produtos

venderam mais e quais venderam menos do que o conjunto de vendedores. O

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102 TEORIA DO ERP

próximo passo é analisar as causas, entrevistando cada um deles para descobrir

porque isto aconteceu. A partir daí, sim, iremos tirar valiosas conclusões.

Continuando a análise para descobrir porque houve queda de faturamento na

fábrica de brindes, é preciso correlacionar todos os fatores, não apenas Vendedor x

Produto, e analisar as discrepâncias: vendedor x condição de pagamento, vendedor

x mês, vendedor x tipos de clientes e até vendedor x salário. Depois, deve-se

correlacionar também produto x mês, produto x região, produto x condição de

pagamento, produto x tipo de cliente, região x condição de pagamento, região x

mês, enfim, correlacionar todas as combinações possíveis e concentrar a atenção

naquelas onde as correlações indique uma fuga do padrão, uma exceção, um fato

relevante.

Figura 4.6 Visão de fato relevante com tabela dinâmica (A Agenda tem comportamento diferente dos demais)

Isso é um exemplo típico de mineração de dados. O sistema foi lá, coletou todas as

informações, fez as correlações e destacou apenas os fatos relevantes. Por

exemplo, um dos vendedores vendeu com condições de pagamento totalmente

diferentes dos demais; em uma das regiões determinado produto não vendeu nada;

em março, determinado tipo de cliente comprou muito.

Enfim, o data mining ajudou a fábrica de brindes a identificar exceções, padrões,

regras. A partir daí traça-se um plano de ação para recuperar o faturamento.

4.11 Simulação

Até aqui o data mining ajudou bastante, mas não tomou a decisão, apenas ajudou.

Aqui entram as simulações. Trata-se de processo conhecido, mas também pouco

usado. Simular nada mais é do que testar todas as alternativas e escolher a melhor.

Isto pode levar muito tempo. Uma partida de xadrez, jogada pelo computador, é

um exemplo. O programa simula todas as alternativas possíveis e, a partir da

jogada do adversário, verifica qual é a ação com maior probabilidade de ganhar. É

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103 TEORIA DO ERP

necessário estudar mecanismos que diminuam o número de tentativas,

abandonando as simulações que de antemão não levarão ao resultado desejado.

No Excel, há uma função chamada Solver, que é uma rotina de simulação.

O primeiro passo é definir o modelo a ser simulado, colocando-se na planilha suas

fórmulas e valores. A seguir indica-se, na janela do Solver, a célula a ser otimizada,

as células que podem variar e as restrições do modelo. Acionando-se o Solver,

aquela célula é minimizada (no caso de custos), maximizada (no caso de lucro ou

faturamento) ou, ainda, atinge determinado valor especificado, uma meta. Além

das restrições inerentes do modelo, normalmente se restringem a determinado

intervalo os valores das células que serão simuladas. Este tipo de problema pode

ser resolvido de outras formas, estudadas em pesquisa operacional, entre elas a

programação linear ou simplex. Isto é bem mais complicado e trabalhoso.

Todo este processo é feito no ERP, integrando-o com o Excel.

O processo de simulação ajuda muito na tomada de decisões e por isto faz parte

do BI. Para compreender melhor, vejamos um exemplo onde o objetivo é decidir o

preço ideal para se obter o maior lucro, numa feira onde todos vendem o mesmo

produto.

Imagine que você participe com um stand em uma feira, onde há vários outros

stands com o mesmo produto que o seu. Você verifica que, às vezes, o seu stand

está cheio, outras vezes, é o do concorrente e, às vezes, o movimento é igual. Você

logo desconfia: deve ser o preço. Cada um deve estar utilizando um preço

diferente. A primeira atitude que você precisa tomar é verificar se há, de fato, uma

correlação entre preço e vendas.

Pode ser que num stand ao lado esteja uma morena super simpática comandando

as vendas de modo que, mesmo com preço mais alto, o stand continuará vendendo

melhor. Aí não tem jeito, só mesmo arrumando uma morena ainda mais simpática.

Porém, se não for esse o caso, é certo que existirá uma correlação entre preço e

volume de vendas nos stands e, evidentemente, quanto maior o preço, tanto menor

a quantidade vendida.

Você concorda que o aumento do faturamento pode não significar aumento do

lucro? Conforme aumentamos o preço, a quantidade vendida diminui. O

faturamento vai formar uma parábola e chegará um momento em que ele começa a

cair. O mesmo acontecerá com o lucro, principalmente se há custos fixos e

variáveis envolvidos. O lucro máximo será baseado em um preço ótimo, que

precisa ser calculado. Para isso, monta-se a planilha com os dados de todos os

stands, com o cálculo do lucro, considerando o preço, a quantidade vendida, os

custos fixos e variáveis.

Em seguida, é preciso lançar na planilha os preços e as quantidades vendidas em

cada stand.

A função Correl verifica se a correlação preço x quantidade vendida persiste e

calcula a quantidade vendida para cada preço simulado pelo Solver que, por sua

vez, calculará qual deles gera o lucro máximo. Se a correlação não persistir,

abandona-se o modelo.

Dentro de restrições estabelecidas, como, por exemplo, que o preço e a quantidade

devem estar dentro de um intervalo pré-determinado, todas as hipóteses são

testadas, em poucos segundos, mesmo que haja centenas de stands ou que a

variação de preço seja grande.

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104 TEORIA DO ERP

Note que, se seus concorrentes também estiverem up-to-date com a tecnologia e

também dispuser de uma boa massa de dados, você terá que alterar seus preços a

todo instante, porque eles não estarão dormindo no ponto. Nesse caso, é guerra!

A simulação é utilizada de forma análoga na Teoria das Filas: Quantos (minimizar)

guichês preciso manter abertos num pedágio para ter uma fila de, no máximo, três

minutos de espera (restrição), dependente do fluxo de veículos e do tempo de

atendimento? Quantas (minimizar) mesas devo manter num restaurante para ter

uma espera de, no máximo, 10minutos (restrição), com determinado fluxo de

clientes? Também na otimização de rotas, onde se calcula o melhor caminho entre

dois pontos, simulam-se todas as alternativas, identificando-se a mais curta e mais

rápida, considerando, inclusive, a situação do trânsito (integração via webservice

com a CET– Companhia de Engenharia do Tráfego). No caso do Waze os próprios

motoristas informam a situação do trânsito nas principais avenidas e essa

informação é passada a todos os usuários. Com a ajudado GPS, que fornece a

posição atual do veículo, a rota é recalculada sempre que houver um desvio. No

MRP II, também se otimizam as alocações de máquinas e pessoas simulando as

alternativas.

O modelo que usamos no Jogo de Empresas é outro exemplo das vantagens que a

simulação oferece. São mais de 150 mil alternativas de decisões. O simulador

nunca perde. Imagine agora o planejamento global de uma empresa, considerando

todas as suas regras de negócios. Cada vez que ocorresse uma das seguintes

hipóteses: um concorrente mudasse seus preços; o mercado ficasse aquecido ou

retraído; houvesse aumento ou diminuição na taxa de juros ou do dólar; a fábrica

tivesse seus custos alterados; ou ocorresse qualquer outra mudança prevista no

modelo - rodar-se-ia o simulador e ele apresentaria todas as decisões que deveriam

ser tomadas naquilo que é possível para maximizar, a todo o momento, o resultado

da empresa!

Concluindo: a finalidade do BI não é apenas mostrar informações, como bem fazem

o datawarehouse, o workflow, o BPM e o BSC. Sem dúvida, esse é um papel

fundamental e importante, que está sendo muito usado.

Porém, para um efetivo suporte e apoio à decisão é preciso fazer o datamining, a

simulação, usar modelos matemáticos, inteligência.

De manhã, você chega à empresa, liga o computador e ele fará um dos dois sinais

para você: assim, polegar para cima: Positivo! Ou assim, mão direita espalmada

batendo violentamente na mão esquerda cerrada: Você está ferrado! Mas o ERP tem

a solução! SIGA as instruções!

Figura 4.7 Painel de Gestão do Futuro

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105 TEORIA DO ERP

Capítulo 5

Normas de Qualidade no Desenvolvimento e Implantação de Software

Objetivos do aprendizado

Mostrar as principais metodologias utilizadas para o Desenvolvimento e Implantação de Software

mantendo os mais diversos padrões de Qualidade.

Palavras-chave

TQM - COBIT - ISO9000 - CMMI - MPS - ITIL - PMI - SOX - SPICE - SLA - SIX-SIGMA

Este capítulo trata de um assunto amplamente estudado e com farta literatura

disponível. Trata-se de normas, padrões, metodologias e melhores práticas para o

desenvolvimento e implantação de software, cujo principal objetivo é garantir a

qualidade do produto.

Um programa de computador pode apresentar inconsistências, falhas. Na verdade,

a expressão correta que se usa é não conformidade. As pessoas se conscientizaram

disso e perceberam que, se essa é a situação, é preciso resolvê-la. Assim,

arregaçaram as mangas e começaram a dar uma solução.

A programação exige muita criatividade e as idéias não vêm por encomenda. Então,

quando é solicitado um planejamento, anteprojeto, projeto, análise de requisitos,

orçamento, fica difícil definir e prever, logo de início, todos os detalhes

necessários. As idéias fluem durante o próprio desenvolvimento. O processo de

criação, geralmente, acontece no momento em que está se desenvolvendo. Hoje,

todos pedem redução de prazos, redução de custos, qualidade impecável,

perfeição. Enfim, cada vez mais (funcionalidades) por menos (custos); é o que

todos querem. A programação é uma verdadeira criação artística.

No final da década de 90, os cursos de Ciências da Computação e Sistemas de

Informação começaram a tratar esse assunto de maneira mais séria. Criaram uma

disciplina chamada Engenharia de Software ou Engenharia de Sistemas. O MEC

(Ministério da Educação e Cultura) orientou que a disciplina fosse incorporada às

grades curriculares. Esse movimento ganhou força através de livros, como o

Engenharia de Software, de Roger S. Pressman, editado em português apenas em

1995.

O que impressiona, no entanto, é a profusão de normas, padrões, metodologias e

melhores práticas que começaram a surgir. Hoje temos várias, com características

pouco diferentes. Quase sempre desenvolvidas por institutos americanos e

europeus, estas normas, padrões e metodologias têm um objetivo: o

desenvolvimento de software deve ser feito com a qualidade adequada, de forma

profissional e regulamentada.

O usuário quer cumprimento de prazos e qualidade nos resultados. As principais

normas são as seguintes:

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106 TEORIA DO ERP

5.1 TQM

TQM (Total Quality Management, Gerenciamento com Qualidade Total), é a sigla

mais antiga. O TQM, desde o início, definiu normas relativas aos atributos que

devem ser avaliados para se estabelecer a qualidade do software.

Partiu dos seguintes pontos básicos:

• Facilidade de uso: o usuário precisa navegar no sistema e conseguir se

achar, sem muito treinamento. Além disso, o programa deve ter

conformidade com as necessidades do usuário, estar de acordo com os

requisitos estabelecidos por quem pediu aquele desenvolvimento e conter

muitos helps (ajudas), claros e fáceis de entender;

• Segurança da informação: o sistema deve ter acesso restrito, com senhas. Os

arquivos não podem permitir invasão fácil;

• Flexibilidade: o sistema deve ter facilidade de adequação. Este é um ponto

importante. Flexibilizar sem despadronizar, ou seja, customização,

aderência, flexibilidade. Adequar o sistema às necessidades específicas

daquele usuário;

• Portabilidade: o sistema precisa rodar em vários ambientes, tanto Linux

quanto Windows, numa máquina Macintosh, numa máquina Intel, com

qualquer banco de dados, agora também no smathphone, nos tablets e nos

browses (navegadores da Internet);

• Estabilidade: esse é um dos critérios de avaliação mais importantes.

Quando, por exemplo, o Windows trava, quando perdemos um arquivo sem

saber por que, quando o sistema abenda, encerra o programa, dando um

erro totalmente sem sentido, trata-se de uma falha na estabilidade do

sistema. O processo todo entrou num loop, travou e isso é quase sempre

um erro do software;

• Performance: o último critério avaliado refere-se ao desempenho do

sistema.

Em uma máquina normal, a desculpa de que ela é lenta, e não o sistema, nem

sempre é aceita.

A performance de um software tem sempre que ser analisada dentro de um

hardware equivalente, cada vez mais robusto.

Estas normas do TQM são parecidas com as da ISO 9126. O objetivo é sempre o

mesmo: o cuidado que se deve ter para que esses critérios de avaliação estejam

perfeitamente de acordo com o que foi requisitado e com um projeto pré-

estabelecido. O instituto ou a entidade responsável pela avaliação dificilmente faz

um teste exaustivo do software em si, nem mesmo a ISO 9000.

E como eles avaliam a qualidade, se não testam o produto em si, testam apenas o

processo? Resposta: “Se você faz o processo perfeito, conseqüentemente, o

resultado será um produto bem feito. Mesmo que o produto apresente defeitos, se

os procedimentos que devem ser tomados quando houver um problema, dentro do

critério de avaliação de qualidade, estiverem definidos de forma adequada e bem

documentada, a norma está atendida. Isso é muito importante: parte-se do

princípio de que devem ser estabelecidos procedimentos para o processo de

desenvolvimento. Se esses procedimentos forem seguidos, certamente o produto

final será de qualidade.

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107 TEORIA DO ERP

5.2 COBIT

COBIT (Control Objectives for Information and Related Technology, Objetivos de

Controle para as Informações e Tecnologias Correlatas) é uma metodologia

considerada o guarda-chuva de todo o processo de qualidade na área de TI e

também em outras áreas. O COBIT certifica pessoas. Muito abrangente e genérico,

os principais tópicos do COBIT são:

• Manter os serviços de TI disponíveis;

• Entregar valor: uma solução que agregue algo;

• Redução de custos;

• Ambiente correto;

• Gerenciamento dos riscos, verificando quais são as probabilidades de haver

problemas;

• Recursos;

• Monitoração do desempenho, controles.

5.3 ISO 9000

A ISO 9000 é a norma que mais agitou o mercado. O processo de certificação é feito

por entidades certificadoras, credenciadas por um órgão acreditador, que no Brasil

é o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).

A ISO (International Organization for Standardization, Organização Internacional

para Padronização), sediada em Genebra, Suíça, é a responsável pela padronização

e divulgação global de inúmeras normas de qualidade. A ISO 9000 é uma das mais

conhecidas.

Há várias entidades certificadoras no Brasil, como a Fundação Vanzolinie outras.

A ABNT é o órgão brasileiro responsável pelas normas ISO que, na verdade, são um

conjunto de normas. Para software temos: ISO 9000, 9126,12207, 15504, 17799,

20000, 27000. Apesar de cada uma tratar de assunto específico, no fundo, todas

foram estruturadas sob aqueles mesmos pontos básicos que foram vistos acima.

Após a certificação inicial é preciso fazer re-certificações periódicas, a cada seis

meses ou a cada ano. É uma espécie de fiscalização e os auditores são bem

rigorosos. Se a empresa não cumprir as normas, a certificação é cancelada. O ponto

forte exigido pela ISO é a documentação. A empresa precisa documentar tudo,

principalmente as situações que demandem procedimentos de emergência. Se

houver um incidente e existir um plano de ação corretivo e preventivo bem

documentado, incluindo os procedimentos para chegar a uma solução, o incidente

deixa de ser um problema.

Outra exigência importante é a rastreabilidade: como a empresa identifica os fatos

que desencadearam o incidente e como busca as causas.

Apesar de todas as pesquisas, nenhum deles tem suas causas plenamente

conhecidas. A propósito, dizem que o governo americano gastou mais dinheiro

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108 TEORIA DO ERP

para rastrear e descobrir as causas do acidente com a nave espacial Apolo, a

muitos anos, do que com o seu próprio desenvolvimento.

É necessário criar um processo para detectar as causas da falha ou do incidente,

com perguntas e respostas:

• Porque houve a falha?

• Porque o metal era de má qualidade.

• Porque a máquina que o produziu estava sem manutenção.

• Porque o mecânico não recebeu a informação adequada.

• Porque fez um curso com programa defasado...

...e assim sucessivamente. É desta maneira que se atinge a qualidade: corrigindo as

causas dos problemas e aprimorando processos.

Um dos tópicos mais recorrentes destas normas é evitar que o erro se repita.

Controle de inspeção, de ensaios, todas as métricas e dispositivos utilizados, têm

que estar bem calibrados. Isto é um problema sério. Se amanhã houver um

indicador que não esteja correto, a empresa pode achar que está tudo bem, mas na

realidade não está.

Por exemplo, em relação a treinamento, os auditores da ISO 9000 fazem uma

grande vistoria do Departamento de Pessoal. Pedem as fichas dos funcionários,

conferem onde estão alocados e quais os cursos que fizeram. Se não houver

coerência entre a atividade que desempenham e os cursos de que participaram

(pedem até para ver o certificado de conclusão!), isto conta pontos negativos para a

certificação. Assunto importante com relação à qualidade é a pesquisa de

satisfação. Isto responde, em parte, àquela questão dos testes do produto.

Normalmente, o auditor da ISO 9000 responde: "Não é preciso testar o produto. Ele

tem a pesquisa de satisfação." Ao fazer esta pesquisa junto aos usuários testa-se,

de forma indireta, o produto. Deve-se ser muito rigoroso na quantidade de

usuários pesquisados, nas perguntas selecionadas, nos entrevistadores.

Existe também o lado psicológico: nas normas internas são colocados

procedimentos que as pessoas sabem que deveriam seguir, mas que não seguem.

5.4 CMMI

Em 2000 surgiu uma nova norma, genericamente chamada CMM ou CMMI

(Capability Maturity Model Integration) para o setor de tecnologia da informação e

software. Difere um pouco da ISO 9000, mas os objetivos são os mesmos.

O CMMI possui cinco níveis. O Brasil perdeu muito terreno, principalmente para a

Índia, por não ter dado a devida atenção a esse assunto. Na Índia, quando apareceu

o CMMI, as empresas, com o apoio do governo e pressão dos clientes, rapidamente

começaram a se certificar.

Com isso, invadiram o mercado de outsourcing mundial. Mesmo hoje, o número de

empresas no Brasil que têm CMMI Níveis 2, 3 ou 4 é muito pequeno. No Nível 5, há

pouquíssimas.

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109 TEORIA DO ERP

O CMMI foi criado nos Estados Unidos para atender as empresas que desenvolvem

algum tipo de projeto específico, com começo, meio e fim.

Na área de tecnologia, o CMMI está menos arraigado em empresas que fazem um

produto padronizado do que em empresas que desenvolvem sob encomenda, como

as que fazem outsourcing e as fábricas de software.

O cliente, quando adquire um produto através de licitação, seja governo ou

empresa privada, seja desenvolvimento de software ou outro projeto, dará

preferência para as empresas qualificadas em um bom nível do CMMI. Na

realidade, os grandes clientes já colocam no edital a exigência de CMMI Nível 3 ou

Nível 4. Se a empresa não tiver, nem participa da concorrência.

Quais são os critérios do CMMI?

Resumidamente, os critérios estão descritos nos cinco níveis:

• Nível 1: inicial, sem avaliação. São criados processos para fins específicos

em empresas pouco organizadas;

• Nível 2: passível de repetição. Processos são projetados para possibilitar a

repetição da qualidade do serviço;

• Nível 3: processo definido. Além de ser possível repetir os processos, eles

estão integralmente documentados, padronizados e integrados. Os

processos passam a ser independentes das pessoas. Se um funcionário sair

da empresa, quem assumir a função no dia seguinte lerá a norma e

procederá da mesma maneira;

• Nível 4: gerenciar. A empresa mensura os resultados e conscientemente os

utiliza para melhorar a qualidade dos serviços. Aqui entra o conceito de

melhoria contínua, também muito citado na ISO: a qualidade nunca está no

seu nível máximo, é sempre possível melhorar. No Nível 4, já existem

algumas métricas que permitem o gerenciamento e a melhoria;

• Nível 5: otimizar. A empresa otimiza conscientemente seus processos e

melhora a qualidade, com novas tecnologias, novos serviços, dentro do

processo de melhoria contínua, deforma natural e sem stress.

Com relação ao Nível 2, procure você, na sua vida particular, fazer processos

repetitivos. Faça um teste. Pela manhã, ao acordar, comece a medir quanto tempo

gasta desde sair da cama até ligar o carro na garagem: tomar banho, café, se vestir

etc. Este processo deve ser aprimorado até o momento em que se consegue manter

sempre o mesmo tempo, evitando qualquer incidente, com a mesma qualidade.

Percebe aonde a norma quer chegar? Se você leva dois minutos para escolher o

terno, não tem porque demorar quatro ou cinco minutos em determinado dia. É

preciso sempre repetir o processo.

O processo de avaliação, em cada Nível, demora entre oito e doze meses e envolve

consultores dentro da empresa. É um trabalho de evangelização dos envolvidos no

desenvolvimento de software, como programadores e técnicos, no sentido de

seguirem o modelo. Cria-se uma campanha de motivação, com camisetas, cartazes,

palestras, tal como foi muito usado na ISO. O objetivo é habituar as pessoas à

cultura do CMMI.

Os auditores são credenciados pelo SEI, Software Engineering Institute, Instituto de

Engenharia de Software, oriundo da Carnegie Mellon University. Há pouquíssimos

credenciados no Brasil, o que pode requerera vinda de auditores do exterior para a

avaliação.

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110 TEORIA DO ERP

5.5 MPS

O MPS (Melhoria de Processo do Software) é um modelo brasileiro coordenado pelo

Softex, órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que define as

normas e faz todo o processo de certificação, sem qualquer interferência

estrangeira.

Há tempos que o Softex, apoiado pela Assespro e outras associações de classe,

vinha trabalhando para criar uma norma brasileira. É difícil obter o

reconhecimento, principalmente internacional, mas o Softex está conseguindo. O

MPS foi baseado na CMMI e mantém semelhança, também, com a ISO 9000. Ele se

ocupa, entre outros objetivos, do fornecimento de software junto ao cliente que vai

comprá-lo, ajudando na avaliação e seleção do desenvolvedor, monitora a

qualidade da aquisição, obediência ao contrato e processo de aceitação. O MPS

certifica empresas de qualquer porte, permitindo que até as pequenas participem

de licitações.

Houve uma licitação em que o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados)

exigiu que o fornecedor tivesse a certificação ISO 9001 ou a avaliação CMMI Níveis

2 ou 3. O protesto foi grande, porque o número de empresas, principalmente de

pequeno porte, que tinham estas certificações no Brasil era ínfimo. A resposta do

Serpro foi: "Nós, obrigatoriamente, temos que contratar fornecedores que tenham

uma certificação. Caso contrário, perderemos a nossa." Assim, forma-se uma

cadeia: você só mantém a sua certificação se todos os seus fornecedores também a

tiverem.

Subentende-se que, se os seus fornecedores não tiverem, o seu processo não está

perfeito. Foi nesta ocasião que o MPS ganhou força.

Quando uma empresa brasileira, como está acontecendo muito agora, exporta para

os Estados Unidos, a primeira pergunta que o comprador faz é: "Quais são as

certificações ou avaliações que a companhia tem?" Lutamos pelo dia em que a

empresa brasileira possa, orgulhosamente, declarar:

"Nós temos o MPS, Nível tal" (são oito níveis) - e que o americano responda:

"Então está tudo certo."

Muitas empresas brasileiras estão na fase de credenciamento junto ao MPS. É

importante que tenham êxito, principalmente porque os custos de certificação e

avaliação são menores.

5.6 ITIL

O ITIL, uma criação britânica, está atualmente muito em voga no Brasil.

Os europeus sempre procuram encontrar uma alternativa a tudo que é introduzido

pelos Estados Unidos.

ITIL significa Information Technology Infrastructure Library, Biblioteca da

Infraestrutura da TI. De modo geral, o ITIL é mais um conjunto de práticas que

começou a ser exigido. Reúne livros escritos pelos consultores da Central

Computing and Telecommunication Agency, um órgão do governo britânico.

Apresenta as melhores práticas de gestão corporativa para a área de tecnologia da

informação. Os dois livros mais importantes são:

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111 TEORIA DO ERP

Service Support e Service Delivery. A principal diferença com relação a outras

normas e metodologias é que o ITIL é mais focado no desenvolvimento e na

entrega dos serviços e suporte, certificando pessoas, não empresas. Existem três

níveis de certificação: Fundamento, Praticante e Gerente.

5.7 PMI

Vamos agora tratar do PMI (Project Management Institute, Instituto de Gestão de

Projetos), outra organização americana. Para alguns, a citação do PMI neste

Capítulo pode parecer estranha, porque ele trata mais de planejamento e controle

do que de qualidade. As melhores práticas do PMI também estão baseadas em um

livro, o PMBoK (Project Management Body of Knowledge).

O PMI está mais focado na implementação e gerenciamento de projetos,

identificando os pontos críticos. Emite certificações para pessoas, não para

empresas.

O primeiro ponto crítico é Escopo do Projeto. O projeto tem que ser focado e exige

análise de requisitos: definir e documentar claramente o que se pretende fazer,

incluindo as expectativas do usuário e como atendê-las.

Uma vez que isto esteja definido, o projeto deve ser seguido à risca.

O segundo ponto crítico é Gerenciamento do Tempo. É preciso prever a duração

das atividades, incluindo a programação. É o prazo de entrega que deve ser

cumprido. Quantas vezes o programador não fica horas e mais horas sem avançar,

procurando uma causa pelo não funcionamento de uma rotina. Isso tem até um

lado positivo, pois é nestes momentos que ele mais aprende, mas pode impedir

que a entrega ocorra no prazo.

O ponto crítico seguinte é Gerenciamento dos Custos. Orçamento e custo realizado

quase nunca batem. E o custo real é quase sempre maior do que o custo orçado.

É por isso que o gerenciamento dos custos é um exercício tão importante. Hoje em

dia, praticamente todos os projetos são fechados, têm o preço pré-estabelecido. No

passado, eram cobrados por hora. Assim, se houvesse algum problema, como o

aumento do número de horas previstas, o usuário tinha que pagar.

Isso mudou. Antes era por Administração, agora é por Empreitada, comparando-se

com a forma de cobrança das construtoras.

Outros pontos críticos do PMI são:

• Gerenciamento da Qualidade: o PMI considera todos os procedimentos

definidos na ISO 9000;

• Gerenciamento dos Recursos Humanos: recrutamento, treinamento,

certificação de pessoas;

• Gerenciamento das Comunicações: compreende até mesmo o uso de

linguagem adequada e coerente, proporcionando entendimento fácil entre

os envolvidos;

• Gerenciamento dos Riscos: cada vez mais importante, tanto que há uma

norma ISO que trata exclusivamente deste assunto;

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112 TEORIA DO ERP

• Gerenciamento das Aquisições: compra de mercadorias, equipamentos,

componentes relacionados com o projeto; de nada adianta um projeto

muito bem planejado se o que está sendo adquirido para produzi-lo não

tiver qualidade.

5.8 SOX

Com relação ao gerenciamento de riscos, ele é o cerne da Lei Sarbanes-Oxley.

Algumas empresas têm até mesmo o cargo de Gerente de Risco. Hoje, já podemos

incluir a Sarbanes-Oxley (abreviadamente conhecida como SOX ou Sarbox) neste

Capítulo sobre normas, padrões, metodologias e melhores práticas. Tecnicamente,

a Lei Sarbanes-Oxley apresenta um rol de responsabilidades e de sanções,

classificando crimes de colarinho branco, fraudes cometidas por administradores e

auditores. Tenta-se coibiras práticas contábeis que possam expor a empresa a um

risco sem aprovisionamento prévio, coibir empréstimos fictícios para membros do

conselho de administração ou da diretoria e outras anomalias.

A SOX, criada em decorrência dos escândalos da Enron, Tyco e Worldcom, trouxe

alguns conceitos básicos muito importantes, que norteiam as novas exigências do

mercado, a começar pela governança corporativa: maior transparência, forte

disciplina, aprimoramento dos processos e controles internos, gestão de riscos e

apresentação de resultados, como indica a metodologia do COSO (Committe eof

Sponsoring Organizations of the Treadway Comission), a mais adotada pelas

empresas como padrão para controles internos.

Uma das maiores novidades introduzidas pela SOX é a exigência de criação de um

comitê de auditoria nas empresas, com severas punições, inclusive criminais (nos

Estados Unidos existe legislação muito rigorosa a respeito) para os principais

executivos: CEO (presidente), CFO (financeiro), CIO (TI), conselhos, diretores e até

gerentes. Estes executivos devem prestar contas a auditores internos e externos.

Nos Estados Unidos, estão enquadradas na SOX as companhias americanas e não

americanas listadas nas Bolsas de Valores Nyse e Nasdaq com capital acima de

determinado valor. Estas empresas estão sujeitas à fiscalização da SEC (US

Securities and Exchange Commission), equivalente à nossa CVM (Comissão de

Valores Mobiliários), órgão máximo que deverá atestar a veracidade das

declarações financeiras.

No Brasil, estão sujeitas à SOX as companhias de capital nacional listadas nas

Bolsas Nyse e Nasdaq (cerca de 40 empresas) e as subsidiárias de multinacionais de

qualquer origem listadas nestas entidades, a critério de suas matrizes.

O Brasil é o 3º país do mundo em número de companhias listadas na Nyse, atrás

apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Isto é um bom sinal! A Lei Sarbanes-Oxley tornou-se a referência mundial para a

governança corporativa. Também está sendo implantada como padrão de

qualidade em companhias brasileiras que não estão listadas nas bolsas americanas,

como as que fazem parte do Novo Mercado e dos Níveis 1 e 2 de Governança

Corporativa da Bovespa.

Estas empresas também vêm sendo observadas bem de perto por administradores

de fundos de investimentos, nacionais e estrangeiros, associações de classe,

sindicatos, ambientalistas. Agora, o resultado financeiro não é uma meta a ser

atingida a qualquer custo. Não dá mais para fazer "mágica", ou cook the books

(cozinhar os livros), como se diz nos Estados Unidos.

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113 TEORIA DO ERP

E o programador, há alguma punição para ele? Ele pode ser um dos elos de um

processo ilícito.

No Brasil, por incrível que pareça, a profissão do programador não é

regulamentada, o que dificulta punições em casos de conluio com o fraudador.

5.9 SPICE, SLA, SIX-SIGMA

São as outras normas, padrões, metodologias e melhores práticas também

importantes.

O SPICE (Software Process Improvement and Capability Determination,

Aprimoramento e Determinação da Capacidade dos Processos de Software) também

é uma norma americana, muito parecida com a ISO 15504. A palavra Determination

corresponde ao E da sigla - parece erro, mas é assim mesmo.

SLA significa Service Level Agreement, Acordo de Nível de Serviço. É uma

metodologia celebrada entre o fornecedor de serviço e o cliente, interno ou

externo. O SLA classifica a severidade dos problemas em vários níveis.

A partir dessa severidade e das conseqüências, define-se o prazo máximo para

correção do incidente. Caso não seja corrigido, o SLA também estabelece qual

procedimento deve ser seguido.

• Nível 1 é (Severidade) Crítica: em empresas de grande porte,como um call-

center, quando ocorre um problema com o software de atendimento, ela

pára. Neste caso, o SLA determina que o defeito deve ser corrigido em, no

máximo, duas horas.

Se não for corrigido, a empresa precisa ter um plano de contingência que

resolva o problema;

• Nível 2 é Alta: o problema é sério, mas existe uma alternativa para solução,

como um processo manual para faturamento,no caso de falha no sistema

informatizado;

• Nível 3 é Média e Nível 4 Baixa: ambos funcionam de maneira análoga aos

outros níveis, com maior tolerância de horas para correção.

No passado, existiam o MTTR (Medium Time To Repair, Tempo Médio para Reparar)

e o MTBF (Medium Time Between Failures, Tempo Médio Entre Falhas). Podemos

dizer que o SLA é uma modernização desses conceitos.

O Six-Sigma (6-Sigma ou Seis-Sigma) tem como base o DMAIC (Definir,

Medir,Analisar, Implementar e Controlar) e procura reduzir a quantidade de

problemas e erros incidentes, até que o processo otimizado seja atingido.

O Six-Sigma estabelece que o número máximo é 3,4 erros em 1 milhão de

oportunidades. É dificílimo chegar lá, mas um setor que consegue, com folga e no

mundo todo, é o aéreo. Dependendo do continente, ocorrem 0,8, 1,0 ou 1,3

acidentes com vítimas fatais em 1 milhão de pousos e de decolagens. O número de

acidentes é bem inferior aos 3,4.

Com todos os pontos descritos podemos dizer que não é fácil chegar à máxima

qualidade em software.

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114 TEORIA DO ERP

O que acontece quando há um erro de software? Hoje, os softwares são utilizados

em todas as atividades humanas, o que não acontecia no passado, quando eram

mais utilizados em aplicações comerciais, onde um erro não tinha tanta

repercussão e conseqüência.

O foguete Mariner1, por exemplo, teve que ser destruído a caminho de Vênus

devido a um erro de software. O foguete francês Ariane 5, menos de um minuto

após o seu lançamento, também teve que ser destruído por conta de erros de

software. Cinco pessoas morreram em instituto de câncer no Panamá devido à

exposição excessiva aos raios-x, em processo controlado por software. Para se ter

uma idéia das conseqüências financeiras, o departamento comercial nacional de

ciência e tecnologia dos Estados Unidos afirma gastar US$ 59 bilhões por ano em

decorrência de erros de software.

Cada vez mais o software substitui o ser humano, nos aeroportos, hospitais e

automóveis. É por isto que a qualidade precisa ser cada vez mais robusta, com um

nível de não conformidades muito pequeno.

O culpado foi o software. Sempre ouvimos falar de erro humano ou de falha do

equipamento. Podemos dizer que, nos incidentes relatados, o erro humano foi

conseqüência de um erro de software? A culpa de um acidente pode estar

relacionada a um erro de software.

Quando afirmamos que o erro foi do software, quer dizer que aquela situação não

foi prevista. Vejamos um exemplo bem simples. Uma pessoa vai ao caixa eletrônico

de um banco e, sem querer, digita o valor de R$ 100 mil como transferência para

outra conta. O sistema aceita e o correntista vai embora. O dinheiro é transferido,

desde que haja fundos. Você concordaria que o erro foi do software? Certamente

não, e argumentaria: a falha foi de quem digitou o valor errado. Mas, falando como

analista de sistemas, o erro foi do software porque não apresentou uma mensagem

alertando: O valor está muito alto, você não costuma fazer isto.

O software deve alertar para situações como esta. Muitas pessoas se irritam com

perguntas, aparentemente óbvias, feitas pelo sistema: Você tem certeza que quer

apagar esses arquivos? Mas quando elas as salvam de uma catástrofe, ficam

aliviadas.

Por outro lado, existe um ponto em que há excesso de mensagens e o usuário acaba

não as lendo.

O software, porém, precisa prever todas as circunstâncias e evitar que o erro

aconteça. Hoje, se você não se lembra de colocar o cinto de segurança e se fere ao

sofrer um acidente, o erro é do software. Nos carros antigos há um alerta, com um

bip intermitente ou uma luz acesa no painel, para avisar sobre o cinto. Nos carros

mais modernos, o motor pode não dar a partida enquanto o motorista não colocar

o cinto. É a sua segurança que está em jogo.

Quando ocorre um erro de digitação, o certo é perdoar quem o cometeu, pois o

erro foi do software. O sistema precisa se preocupar com o processo de digitação

de tal forma que evite erros do usuário. Veja o Word. Corrige até erros gramaticais.

O combo-box, por exemplo, é uma forma de evitar que a pessoa digite uma

bobagem qualquer. Ele só dá as alternativas válidas. Cada vez mais, esta e outras

formas de entrada de dados evitam que entre lixo. E se entra lixo, sai lixo (garbage

in, garbage out). Esta é uma das mais antigas frases usadas no segmento.

É difícil, mas é preciso que se aprimore sempre esse processo. Tanto as

certificações como as normas mencionadas fazem com que a qualidade melhore. O

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115 TEORIA DO ERP

difícil é as pessoas se decidirem a adotar e a gastar energia neste aprimoramento.

No momento em que isto for não apenas uma obrigação, mas também um hábito,

quando houver fiscalização, punição e premiação, todos participarão e irão

melhorar.

Ainda com relação à afirmativa de que o software é sempre o culpado, podemos

insinuar que a atividade de um programador seria uma ciência exata, sem erros?

A programação, o sistema ou o software, como estabelece o próprio Nível 5 do

CMMI, têm que passar por um processo de melhoria contínua. Quando se fala de

gestão de qualidade, o que na verdade quer se dizer é que todos os incidentes que

acontecem - e acontecem mesmo- precisam ser evitados. É um processo de

melhoria contínua e permanente.

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116 TEORIA DO ERP

Capítulo 6

Jogo de Empresas

6.1 Objetivos do Jogo

A inclusão do Jogo de Empresas neste livro visa dar ao leitor mais um conjunto de

princípios administrativos que julgamos úteis a quem convive com Sistemas de

Gestão e especialmente para a realização das dinâmicas de motivação descritas no

Capítulo do Caso do Chaveiro.

O jogo tem como objetivo treinar pessoas da área administrativa, vendas e

empresários na gestão de negócios. É um jogo simples e rápido, mas mesmo assim

completo no que diz respeito aos vários aspectos que interferem na estratégia do

dia-a-dia de uma organização.

O seu desempenho depende de suas decisões e também pelo raciocínio rápido.

Não existe uma fórmula “mágica” para ganhar sempre.

Aconselhamos aos jogadores que antes de cada decisão visualize a ajuda online.

Nesta ajuda, o jogador encontrará a teoria referente à decisão que está em questão,

possibilitando definir uma melhor estratégia.

O objetivo final do jogo não é somente proporcionar momentos de lazer aos

participantes. É também o de mostrar como funciona na prática o mecanismo de

uma empresa e treiná-los a conviver neste ambiente que, se por um lado é exato e

lógico, por outro é subjetivo e estratégico.

6.2 Objetivos dos jogadores

São 5 (cinco) os objetivos dos jogadores:

1. Obter o maior volume de vendas em quantidade;

2. Maior lucro orçado;

3. Melhor administração do caixa, ou seja, não deixá-lo negativo;

4. Maior lucro real;

5. Melhor retorno do lucro sobre o capital inicial.

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117 TEORIA DO ERP

6.3 Decisões

São 10 decisões a serem tomadas, sendo que a maioria demanda cálculos para se

chegar à melhor e algumas dependem um pouco de sorte, poiso aluno toma a

decisão sem saber exatamente qual o cálculo feito pelo jogo. Fatores aleatórios

interferem-no resultado.

6.3.1 Capital Inicial

Nesta primeira decisão você define o Capital Inicial que o seu acionista irá investir

em sua empresa. O jogo oferece 16 (dezesseis) opções de valor para o Capital,

variando de 85.000,00 a 115.000,00.

O Capital servirá para pagar o imobilizado da empresa, que no jogo foi estipulado

em 100.000,00, mais o valor que será necessário para financiar o estoque (Capital

de Giro).

Como todos os desembolsos são feitos somente após os recebimentos do capital e

das receitas, o cálculo utilizado para decidir o Capital Inicial é:

CAPITAL = IMOBILIZADO + ESTOQUE FINAL – LUCRO

Tanto o estoque final quanto o lucro não são totalmente conhecidos neste

momento e dependem da estratégia que será adotada.

Quando o cenário da Capacidade Máxima Produtiva da Fábrica estiver ativo, a

quantidade vendida ficará limitada à quantidade que a fábrica consegue produzir

com o capital que for investido. Este cenário visa dar ao quesito Capital uma

importância maior, influindo não só na taxa de retorno, mas também no tamanho

da fábrica.

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118 TEORIA DO ERP

Figura 6.1Definição Capital Social.

Figura 6.2Escolhendo o valor do Capital Social.

6.3.2 Folha de Pagamento

Nesta decisão você decide o valor a ser investido na Folha de Pagamento. Como

sabemos quem tem boa remuneração presta um bom serviço. Por este motivo, o

valor a ser investido na Folha irá influenciar na qualidade de seu produto e,

conseqüentemente, nas vendas, nas perdas e no custo da mercadoria vendida da

empresa que você está administrando.

O jogo oferece três opções para investir na Folha:

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119 TEORIA DO ERP

Figura 6.3 Opções Folha de Pagamento.

Para cada um destes valores, você terá uma perda de peças do seu produto e um

aumento na quantidade vendida:

Figura 6.4 Impacto da Folha em outras áreas.

Por exemplo, investindo 2.000,00 na Folha, você terá a perda de 1 peça e um

aumento de 10% na quantidade vendida.

Cada peça perdida representa uma queda no faturamento. Por outro lado, quanto

maior o valor da Folha, maior será o Custo da Mercadoria Vendida.

Figura 6.5 Folha de Pagamento.

6.3.3 Publicidade

Na decisão do gasto em Publicidade o jogo oferece 10 (dez) opções, variando de 0 a

4.500,00. Para selecionar o valor pretendido, basta posicionar o mouse na linha

correspondente e a seta indicará o valor selecionado.

Para cada 100,00 (cem) investido em Publicidade você vende 1 (uma) peça a mais.

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120 TEORIA DO ERP

A tabela a seguir mostra quantas peças serão vendidas para cada valor da

Publicidade:

Figura 6.6 Opções Investimento em Publicidade.

Caso o cenário Anúncio Não Incluso no Preço estiver ativo, o custo da Publicidade

não entra no preço do produto, alterando a contribuição marginal. Este cenário tem

como objetivo atender a prática empresarial comum. Caso este cenário não esteja

ativado a alteração no valor da Publicidade afeta diretamente o Preço de Venda.

Figura 6.7 Definindo o Investimento.

6.3.4 Percentual de Lucro

Nesta decisão é definida a percentagem de lucro que você deseja sobre o Capital

investido.

O jogo oferece 8 (oito) opções: 1%, 2%, 3%, 4%, 5%, 7%, 9% e 12% ao mês.

O Lucro irá definir o preço de venda do seu produto.

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121 TEORIA DO ERP

Portanto, você deverá basear-se em uma série de fatores. Por exemplo, no Brasil

paga-se hoje, para qualquer tipo de investimento, taxas de juros altas em relação a

outros países, não só para atrair capital externo e equilibrar nossa balança de

pagamentos, mas também para restringir o consumo, evitando assim a volta da

inflação.

A taxa atual é de 11% ao ano, ou seja, um pouco menos que 0,8% ao mês, não

considerando juros compostos.

Você deve basear-se também em outros indicadores de mercado. A poupança, por

exemplo, rende em torno de 0,5% ao mês, um CDB chega a 1%, a Bolsa de Valores é

uma incógnita, o agiota ganha de 6% a 10%, as lojas cobram 3%, um imóvel (risco

baixo) 0,5%. Por outro lado, no exterior, uma taxa de 4% ao ano é considerada alta.

Portanto, seu lucro não pode fugir muito destes patamares.

A sua decisão está relacionada aos parâmetros do sistema, pois ela determinará o

preço de venda que, conseqüentemente, influirá na quantidade vendida.

Assim, se você for muito ambicioso (lucro alto) poderá ter uma decepção nas

vendas, ao passo que, se for conservador demais (lucro baixo) dificilmente ganhará

o jogo, pois o lucro interfere em 3 critérios de pontuação.

É como um jogo de poker ou, se formos mais longe, a realidade da maioria dos

mercados, onde é preciso ser perspicaz e “adivinhar” a decisão dos concorrentes,

definindo assim o melhor índice, não só quanto ao lucro, mas também na decisão

seguinte que trata da quantidade prevista de venda.

Com o cenário do Preço de Venda ativo, o preço é informado pelo jogador ao invés

de ser calculado pelo jogo. Assim sendo, não terá a decisão da Taxa de Lucro, que é

um dos itens que formam o preço de venda.

Este cenário tem como objetivo atender a uma tendência de mercado, ou seja,

define-se o preço independente do lucro desejado, o que sem dúvida não é a

melhor prática empresarial, mas é a nova ordem, em função da globalização e da

forte concorrência.

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122 TEORIA DO ERP

Figura 6.8 Definindo o percentual de lucro.

6.3.5 Previsão de Vendas

Nesta decisão o jogo oferece 15 (quinze) opções para a Quantidade Prevista de

Vendas do seu produto.

Figura 6.9 Quantidade Prevista de Vendas.

Para tomar esta decisão, você necessita um pouco de feeling, pois não sabe qual é

o preço dos seus concorrentes definido pelos parâmetros do sistema. E o preço é

um dos fatores que mais influi na quantidade vendida.

No jogo, será apurada a diferença entre o seu preço e o maior preço dos

concorrentes. Para cada percentual de diferença, você venderá 1 (uma) peça a mais.

Exemplo:

Preço mais alto 635,00 (calculado pelo jogo)

Seu preço 381,00 (calculado pelo jogo)

Quantidade que você irá vender a mais:

(635 / 381) - 1) x 1 = 66

Influem também na quantidade vendida os gastos com Publicidade e Folha de

Pagamento.

Além disso, pelo simples fato de existir, sua empresa vende uma quantidade inicial

mínima de 20 (vinte) peças.

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123 TEORIA DO ERP

Figura 6.10 Previsão de Vendas.

Figura 6.11 Definindo Previsão de Vendas.

6.3.6 Redução dos Gastos Gerais de Fabricação

Nesta decisão você necessita de raciocínio rápido para analisar as fórmulas que

serão apresentadas ao clicar no botão do personagem e descobrir as que resultam

num valor maior.

No prazo de 20 (vinte) segundos, você deverá clicar nas 3 (três) que resultem num

valor mais alto, cuja soma será a redução nos gastos gerais de fabricação da sua

empresa.

Originalmente, o GGF é de 2.000,00, sendo que, em alguns casos, a redução poderá

suprimir totalmente ou até zerar esta despesa.

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124 TEORIA DO ERP

Figura 6.12 Exibição das fórmulas.

Figura 6.13 Analisando as fórmulas.

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125 TEORIA DO ERP

Figura 6.14 Escolhendo as fórmulas.

6.3.7 Matéria-Prima

O Jogo oferece 5 (cinco) opções de valores de matéria-prima que variam de 103,00

a 115,00.

Nesta decisão você faz a função de um representante do fornecedor de matérias-

primas, oferecendo um preço aos seus concorrentes. Ao vender matéria-prima, sua

empresa ganha uma comissão equivalente à quantidade de peças compradas pelo

seu cliente, multiplicada pelo valor ofertado menos 100, que é o preço mínimo

estipulado. Cada empresa compra uma quantidade de matéria-prima igual à de

Produtos Acabados Vendidos. Lembre-se que você está fazendo o papel de

representante, logo esta oferta é independente do material que você está

comprando.

6.3.8 Política de Compras

Você pode adotar uma Política de Compras de matéria-prima para o consumo de 1,

2 ou 3 meses.

Cada peça consome uma unidade de matéria-prima. A quantidade de meses que

você comprar menos 1, que será consumido na fabricação dos produtos, ficará no

estoque final.

Comprando em grandes quantidades, se ganha descontos com o fornecedor,

porém, ao término do jogo, sua empresa precisa financiar o saldo em estoque.

Por outro lado, se adotar uma política de compras Just-In-Time, ou seja, apenas

para 1 mês, você não precisa de capital para financiar o estoque (que será zero),

porém deixa de receber o desconto de seu fornecedor.

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126 TEORIA DO ERP

Veja abaixo a tabela de descontos:

Figura 6.15 Tabela de Descontos.

Quando o cenário de Compras estiver ativo, a quantidade de matéria-prima

comprada será igual à quantidade prevista de venda. Portanto, esta será a

quantidade máxima possível de ser vendida. Caso a venda real seja menor que a

prevista, a diferença ficará no estoque, mesmo tendo comprado para apenas um

mês. Este cenário tem como objetivo evitar que se jogue uma Previsão de Vendas

baixa com o único objetivo de aumentar o preço e também simular uma situação

onde a compra de matéria-prima demanda um prazo de entrega maior, dificultando

a compra de última hora.

Figura 6.16 Política de Compras.

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127 TEORIA DO ERP

Figura 6.76 Política de Compras.

6.3.9 Controle de Qualidade

Nesta etapa do jogo você está envolvido com a qualidade do seu produto.

Figura 6.18 Controle de Qualidade.

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128 TEORIA DO ERP

Figura 6.19 Controle de Qualidade.

Dica: Clicar na lâmpada que não pisca, o mais rápido que puder, para que sejam perdidas

menos peças possível.

6.3.10 Abatimento

Esta é a última decisão do jogo. Aqui se simula a negociação de um abatimento a

ser concedido ao seu cliente.

Ele sempre reclama de alguma coisa e exige um abatimento na quitação da dívida.

O tempo disponível para a negociação é aleatório, variando de 7 a 45 segundos.

A taxa inicial é de 15%. À medida que o tempo passa, o cliente vai cedendo e o

abatimento vai diminuindo, podendo chegar até a 0%.

Quando achar que o abatimento está razoável, clique no botão ACEITO.

Mas, se o tempo esgotar e a negociação não tiver sido concluída, a taxa de

abatimento será a que foi definida inicialmente, ou seja, 15%.

Após esta decisão é apresentado o resultado final com todos os valores envolvidos

no jogo e a pontuação que define a classificação geral das empresas.

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129 TEORIA DO ERP

Figura 6.20 Abatimento.

Figura 6.21 Abatimento.

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130 TEORIA DO ERP

Figura 6.22 Abatimento.

6.4 Resultado Final

Figura 6.23 Comparativo – Resultado Final.

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131 TEORIA DO ERP

Figura 6.24 Comparativo – Resultado Final.

Figura 6.25 Comparativo – Resultado Final.

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132 TEORIA DO ERP

Capítulo 7

Contabilidade

Objetivos do aprendizado

Descrever os principais conceitos de contabilidade aplicados em um sistema de gestão integrada.

Palavras-chave

Débito, Crédito, Rateios, Lançamentos Contábeis, Contabilidade Gerencial e Demonstrativos.

O principal objetivo da Contabilidade é controlar e fornecer informações sobre a

situação econômico-financeira da empresa.

Seu inventor foi o frade Luca Pacioli, em 1494, que criou o método da partida

dobrada, que basicamente significa: para cada entrada existe uma saída.

O princípio deste método estabelece que uma empresa, desde o momento que ela é

criada, tem Bens e Obrigações. Estes Bens e Obrigações chamam-se na linguagem

contábil ATIVO e PASSIVO. Desta forma temos sempre duas colunas de valores: Do

lado esquerdo, o Ativo e do lado direito, o Passivo.

O método da partida dobrada faz com que o Ativo seja sempre igual ao Passivo,

pois como já falamos, a cada entrada (DEBITO) corresponde uma saída (CREDITO).

Isto do lado do Ativo. No Passivo é o inverso. O relatório que apresenta estes

valores é o Balanço e é por causa desta igualdade que ele leva este nome.

A Contabilidade não considera suposições ou fatos incertos. Apenas fatos reais e

sacramentados e que afetem os Bens ou Obrigações da empresa, ou seja, seu

Patrimônio. Assim uma Nota Fiscal é um fato contábil, mas um Pedido não. Um

pagamento, recebimento ou a assinatura de uma nota promissória são. Mas a

assinatura de um contrato ou a contratação de um funcionário, não. Uma

requisição ao almoxarifado é, assim como a produção de um item e mesmo uma

perda se houver, mas o envio de um título para o banco cobrar, não.

Houve tempos em que eram criadas as Contas de Compensação, que tinham o

objetivo de controlar estes fatos não contábeis. Hoje se utiliza apenas o recurso da

Provisão para dar à contabilidade o máximo de transparência em relação à

realidade dos fatos.

Estes fatos são contabilizados através de Lançamentos Contábeis. Um lançamento

ou aumenta ou diminui o Ativo e Passivo ou transfere o valor de uma conta para

outra no Ativo ou no Passivo, isto é, debita e credita contas.

Fazem parte do Ativo todos os bens que podem ser convertidos em dinheiro, como

os depósitos bancários, investimentos, títulos a receber, estoques, imobilizados

como máquinas, equipamentos, prédios, veículos, instalações e mesmo bens

intangíveis como marcas e patentes.

Fazem parte do Passivo todas as obrigações que a empresa tem com terceiros e

também com os proprietários da empresa, que nela investiram. Desta forma o

Passivo é dividido em Exigível (obrigações com terceiros, como duplicatas, a folha,

impostos, encargos, financiamentos, etc.) e Patrimônio Líquido (obrigações com os

proprietários, como o Capital inicial, lucros acumulados e reservas).

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133 TEORIA DO ERP

Figura 7.1 Grupos Contábeis.

O Patrimônio Líquido, que é a diferença entre o Ativo e o Exigível, ou seja, tudo o

que a empresa tem menos o que ela deve a terceiros, é na verdade o valor contábil

da empresa, ou seja, o quanto ela vale caso seja colocada a venda ou encerre suas

atividades e vá a leilão. É composto pelo Capital Inicial, colocado pelos

proprietários, que inicialmente teve como contrapartida a conta Caixa (Ativo),

Caixa esta que depois foi usada para adquirir imobilizados, estoques, financiar

vendas, etc. Mas alem do Capital fará também parte do Patrimônio Liquido da

empresa, o Lucro Acumulado, pois nada mais justo do que devolver aos

proprietários o Retorno pelo Capital Investido (ROI).

E é exatamente para gerar este Lucro que a empresa gera Receitas. E não há,

infelizmente, Receitas sem Despesas. As Despesas ficam do lado do Ativo, pois

também constituem um Bem da Empresa, já que de alguma forma ela gera um

Direito de usufruto para a empresa:

Ao pagar um salário, o Direito de usufruir do trabalho do funcionário.

Ao pagar um aluguel, o Direito de usufruir do imóvel.

Ao pagar uma propaganda, o direito de ter seu espaço em uma mídia.

Na verdade, as Despesas têm como finalidade gerar a Receita. E por isso a Receita

fica do lado do Passivo. Assim como a Despesa é um Bem, a Receita é uma

Obrigação. Uma Obrigação para com os proprietários, que arriscaram seu Capital

no Empreendimento. Mas que precisam se conformar que desta Receita sejam

subtraídas as Despesas, de modo que a eles cabe apenas o Resultado, ou seja, o

Lucro. E se ao invés de Lucro, tivermos Prejuízo, que arquem eles com a perda. O

Patrimônio Líquido passa a ser o Capital menos este déficit.

Para calcular o Lucro/Prejuízo é feito, ao final de cada Exercício, o encerramento

das contas de Despesas e Receitas contra a conta de Resultados. Seus saldos são

zerados, debitando-se as Receitas e creditando-se as Despesas em contrapartida

com a conta Resultado do Exercício. O DRE – Demonstrativo do Resultado do

Exercício, demonstra este encerramento, listando as Receitas, as Despesas e

mostrando o Resultado.

7.1 Plano de Contas O Plano de Contas é a relação que identifica cada Ativo e cada Passivo da Empresa.

Não deve ser muito detalhado, pois fica trabalhosa a classificação dos

lançamentos, nem muito sintético, pois impede que se faça uma análise apurada

dos resultados.

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134 TEORIA DO ERP

Apesar da lei das Sociedades Anônimas estabelecerem regras básicas, dificilmente

se encontra um padrão, na indústria ou no comércio, de Plano de Contas. No

segmento bancário e de seguros, onde há maior controle das instituições, os

planos seguem uma linha bem rigorosa quanto ao modelo a ser seguido.

O exemplo a seguir serve de base para o exercício que será vistos neste capítulo.

Contas Patrimoniais

1. Ativo

2. Passivo

Contas de Resultados

3. Despesas

4. Receitas

Contas Patrimoniais

1.0.00.00.00 Ativo

1.1.00.00.00 Ativo Circulante

1.1.01.00.00 Disponível

1.1.01.01.00 Caixa Geral

1.1.01.01.01 Caixa

1.1.01.02.00 Bancos Conta Movimento

1.1.01.02.01 Banco do Brasil S/A

1.1.02.00.00 Estoque

1.1.02.01.00 Estoque de Produtos Acabados

1.1.02.01.01 Estoque de Mercadorias

1.1.02.02.00 Créditos com Mercadorias

1.1.02.02.01 ICMS a Recuperar

1.1.02.02.02 PIS a Recuperar

1.1.02.02.03 COFINS a Recuperar

1.1.03.00.00 Direitos Realizáveis

1.1.03.01.00 Valores a Receber

1.1.03.01.01 Duplicatas a Receber

1.2.00.00.00 Ativo Permanente

1.2.01.00.00 Bens em Operação

1.2.01.01.00 Bens Tangíveis

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135 TEORIA DO ERP

1.2.01.01.01 Imóveis

1.2.01.01.02 Instalações

1.2.01.01.03 Máquinas e Equipamentos

1.2.01.01.04 Veículos

1.2.01.01.05 Computadores

1.2.01.02.00 (-) Depreciação/Amort./ Exaustão

1.2.01.02.01 (-) Depreciação Acumulada

1.4.00.00.00 Ativo Diferido

1.4.01.00.00 Despesas Diferidas

1.4.01.01.00 Seguros

1.4.01.01.01 Seguros a Amortizar

1.4.01.01.02 Seguros Amortizados

1.4.01.02.00 Férias

1.4.01.02.01 Adiantamento de Férias

2.0.00.00.00 Passivo

2.1.00.00.00 Passivo Circulante

2.1.01.00.00 Valores a Pagar

2.1.01.01.00 Obrigações com os Sócios

2.1.01.01.01 Dividendos a Pagar

2.1.01.02.00 Obrigações com Folha de Pagamento

2.1.01.02.01 Salário Líquido a Pagar

2.1.01.02.02 Provisão para 13º Salário

2.1.01.02.03 Salário de Férias Líquido a Pagar

2.1.01.03.00 Obrigações com Terceiros

2.1.01.03.01 Duplicatas a Pagar

2.1.01.03.02 Títulos a Pagar

2.1.01.04.00 Obrigações Fiscais

2.1.01.04.01 ICMS a Recolher

2.1.01.04.02 PIS a Recolher

2.1.01.04.03 COFINS a Recolher

2.1.01.04.04 ISS a Recolher

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136 TEORIA DO ERP

2.1.01.04.05 INSS a Recolher

2.1.01.04.06 IRRF a Recolher

2.1.01.04.07 FGTS a Recolher

2.1.01.04.08 IRPJ a Recolher

2.1.01.04.09 Contribuição Social a Recolher

2.2.00.00.00 Patrimônio Líquido

2.2.01.00.00 Capital Integralizado

2.2.01.01.00 Capital dos Sócios

2.2.01.01.01 Capital Social

2.2.02.00.00 Reserva de Capital

2.2.02.01.00 Reserva para Aumento de Capital

2.2.02.01.01 Reserva Legal

2.2.03.00.00 Lucros e Perdas

2.2.03.01.00 Do Exercício

2.2.03.01.01 Resultado do Exercício

2.2.03.01.02 Dividendos a Pagar

2.2.03.02.00 Acumulados

2.2.03.02.01 (+) Lucros ou (-) Prejuízos

Contas de Resultado

3.0.00.00.00 Despesas

3.1.00.00.00 Despesas Operacionais

3.1.01.00.00 Custo das Mercadorias Vendidas

3.1.02.00.00 Despesas com Férias

3.1.03.00.00 Despesas com ISS

3.1.04.00.00 Despesas com Combustíveis

3.1.05.00.00 Despesas com Água

3.1.06.00.00 Despesas com Energia Elétrica

3.1.07.00.00 Despesas com Telefone

3.1.08.00.00 Despesas com Depreciação

3.1.09.00.00 Despesas com Seguros

3.1.10.00.00 Despesas com Salários

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137 TEORIA DO ERP

3.1.11.00.00 Despesas com INSS

3.1.12.00.00 Despesas com FGTS

3.1.13.00.00 Despesas com 13º Salário

3.1.14.00.00 Transferência entre Centros de Custos

3.1.15.00.00 Despesa com ICMS

3.1.16.00.00 Despesa com PIS

3.1.17.00.00 Despesa com COFINS

3.2.00.00.00 Despesas Administrativas

3.2.01.00.00 Juros Passivos

3.3.00.00.00 Transferências de Rateios

3.3.01.00.00 Rateios Recebidos

3.3.02.00.00 Rateios Enviados

3.4.00.00.00 Despesas de Vendas

3.4.01.00.00 Despesas com Comissões

3.4.02.00.00 Despesas com Marketing

4.0.00.00.00 Receitas

4.1.00.00.00 Receitas Operacionais

4.1.01.00.00 Vendas de Mercadorias

4.1.02.00.00 Receitas de Serviços

4.2.00.00.00 Receitas Administrativas

4.2.01.00.00 Descontos Obtidos

É importante entender que no Plano temos contas sintéticas e analíticas. Uma conta

sintética é a soma de várias outras, gerando uma hierarquia com níveis e

evidentemente não podem receber lançamentos.

Definido o Plano o próximo passo é a classificação dos Lançamentos.

Tarefa difícil, pois cada lançamento representa um fato contábil e um erro em sua

classificação pode afetar seriamente a veracidade do Resultado da empresa ou sua

situação patrimonial. Há normalmente nas empresas um manual que estabelece os

critérios de classificação para cada situação:

Quando lançar uma aquisição em despesa e não no imobilizado?

Como amortizar uma despesa de longo alcance e em quantos meses?

Como depreciar um imobilizado e em quantos anos?

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138 TEORIA DO ERP

Como provisionar uma despesa futura, como por exemplo, o 13º salário ou

a despesa com Devedores Duvidosos?

Como lançar um desconto recebido? Como uma receita ou abatê-lo da

despesa?

O que considerar como despesa de fabricação, que vai para o custo da

mercadoria vendida e o que considerar despesa administrativa ou de

vendas que é abatida diretamente do resultado?

Até que ponto lançar um faturamento ou uma despesa antecipada no

Resultado ao invés de deixá-la no Diferido e realizá-la somente quando o

fato realmente ocorrer? E que as vezes nunca ocorre.

Lançamentos “frios”, ou seja, referentes a fatos que nada tem a ver com a

empresa, como despesas com combustíveis dos diretores em viagens de fim

de semana e outras bem maiores. Ou ao contrário, deixar de registrar

receitas e vendas efetivamente realizadas.

A legislação do Imposto de Renda fiscaliza de um lado para impedir que se reduza

artificialmente o lucro da empresa para diminuir ou as vezes apenas postergar o

seu pagamento. A Comissão de Valores Imobiliários e as empresas de auditoria,

por sua vez, não desejam a apresentação de lucros fictícios que provoquem uma

alta no valor da ação ou mesmo um excessivo pagamento de bônus e dividendos

aos seus diretores e acionistas em função de lançamentos que geram receitas ou

escondem despesas.

A lei Sarbane-Oxlei, nos EUA, veio para impedir que novos casos de fraudes

ocorram mesmo em empresas que eram fortemente auditadas por companhias

internacionais. Ações em alta, em empresas com resultados “brilhantes”, mas que

quebraram alguns meses depois.

Aqui no Brasil, o CRC – Conselho Regional dos Contabilistas – é o órgão

responsável em fiscalizar esta profissão.

De qualquer forma, não somente para evitar fraudes, mas também para facilitar e

agilizar o trabalho de classificação quando se informatiza a contabilidade, um dos

pontos básicos é a criação de lançamentos padronizados. São lançamentos

armazenados em um arquivo próprio, já pré-definidos pelo contador quanto ao seu

débito, crédito, histórico e até o valor a ser considerado. Para cada tipo de

documento e, em uma etapa mais avançada, para cada tela que, ao ser digitada,

gere um fato contábil é criado um registro. Uma vez acionado permite, é claro, que

o usuário faça pequenas alterações como ajustar o histórico ou o valor, mas a base

é padrão.

Os lançamentos podem ser simples ou compostos. Nos simples é feito um débito

para cada crédito, evidentemente no mesmo valor. O lançamento composto faz um

débito para vários créditos, ou vários débitos para cada crédito ou ainda vários

débitos para vários créditos, cada lançamento com o seu próprio valor, mas a soma

dos débitos sempre batendo com a soma dos créditos. Os simples são mais fáceis

de reconciliar, mas no composto se consegue manter na contabilidade os mesmos

valores registrados nos documentos de base. Assim, por exemplo, se uma conta de

energia elétrica deve ser distribuída entre vários centros de custos, o crédito na

conta da fornecedora deste serviço será único, com seu valor de face.

Este exemplo nos leva a entender que para refletir melhor os gastos e mesmo as

receitas da empresa usa-se o rateio de valores, melhor analisados no capítulo que

trata de Custos.

O rateio visa distribuir um determinado valor, utilizando um critério pré-

estabelecido, em diversas contas e freqüentemente em diversos centros de custos.

No exemplo que será visto a seguir existem rateios de uma despesa em vários

centros de custos, de um centro de custo em vários clientes (2. nível) e de um

cliente em vários serviços (3. nível). Tudo em nome de uma análise que permita

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139 TEORIA DO ERP

saber-se exatamente para onde estão indo os gastos da empresa. O importante é ter

rotinas que facilitem esta tarefa, bastante trabalhosa em sistemas manuais.

Os saldos de uma conta também podem ter suas características próprias. É claro

que sempre teremos um saldo em real, que retrate os valores oficiais da empresa. É

comum, no entanto, para fins gerenciais, terem-se saldos paralelos, seja em outras

moedas, seja de valores orçados, empenhados ou gerenciais. Ao se fazer os

lançamentos indicam quais saldos devem ser atualizados.

Feitos os lançamentos, há de se apresentá-los de forma clara e fácil para uma

análise dos números, lembrando ainda que nem sempre a data de fechamento é o

último dia do mês ou mesmo o último mês do ano. Tudo para adequar a entrega

dos relatórios com as datas das reuniões dos gestores da empresa.

Estes relatórios ou consultas podem ser discriminados nos seguintes:

• Diário: é um livro obrigatório e que tem como principal finalidade impedir

que se esconda uma fraude com lançamentos feitos fora de época, ou

seja, somente no momento da chegada da fiscalização. Nele os

lançamentos aparecem em ordem cronológica de dia, mês e ano, em

folhas que são encadernadas e autenticadas na Junta Comercial. Uma

vez cumprida esta obrigação não há como retroagir no tempo. O que

está feito, está feito!

• Razão: reflexo do diário coloca os lançamentos em seqüência de conta e, a

exemplo de um extrato de conta corrente, parte de um saldo inicial e

fecha com o saldo atual, saldo este apresentado no Balancete.

• Balancete: lista as contas sintéticas e analíticas com seu saldo anterior,

movimento a débito, a crédito e o saldo atual. Balancete de Verificação,

de Ajuste e de Encerramento nada mais são do que etapas que ocorrem

no período de fechamento de um exercício.

• DRE Demonstrativo do Resultado do Exercício: antes de se chegar ao

Balanço, que já traz o Resultado consolidado da empresa em uma conta

de Lucro/Prejuízo faz-se o encerramento das contas de Despesas e

Receitas. Processo simples, mas que por vezes necessita de fortes

ajustes antes de chegar ao resultado final. E é exatamente no DRE que se

tem os valores destas contas que foram encerradas, primeiramente as

receitas, depois as despesas e finalmente o lucro ou prejuízo.

• Balanço: é o relatório mais importante, pois retrata a situação financeira da

empresa, detalhando todas as contas do Ativo e do Passivo. Exigido

pelos Bancos para realizar qualquer financiamento e por ele se tem o

valor atual do patrimônio da empresa.

• Demonstrativo das Origens e Aplicações: este relatório tem por objetivo

mostrar de onde veio o dinheiro (do lucro, de uma redução do contas a

receber, de um aumento do contas a pagar, da venda de um

imobilizado, etc.) e para onde ele foi (aumento do contas a receber,

redução do contas a pagar, aquisição de um imobilizado, cobertura de

um prejuízo, aumento do estoque, etc.).

• Demonstrativo de Mutação Patrimonial: mostra como variou o patrimônio

líquido da empresa e as contas que afetaram esta mudança.

Para as Sociedades Anônimas de Capital Aberto há obrigatoriedade, ao final de

cada exercício, a publicação em jornais, do Balanço, da Demonstração do

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140 TEORIA DO ERP

Resultado, do Demonstrativo das Origens e Aplicações e do Demonstrativo de

Mutação Patrimonial.

Outros relatórios podem ainda ser gerados na contabilidade como Comparativo

entre valores orçados e reais, Mapas por Centro de Custo, relatórios com uma visão

gerencial diferente, relatórios com indicadores e muitos outros.

7.2 Rateios

Certas despesas ou mesmo receitas apresentadas no documento como um valor

único podem na verdade pertencer a mais do que um centro de custos. É o caso,

por exemplo, da conta de energia elétrica que, embora apresente um único valor

total consumido pela empresa, precisa ser rateado entre os vários centros de

custos que a utilizam. A questão central é estabelecer qual é o critério a ser

adotado para este rateio. No exemplo citado, o critério a ser adotado poderia ser a

quantidade de KVA instalados em cada centro de custos.

Assim, as porcentagens definidas para cada centro de custos podem ser

cadastradas para facilitar os lançamentos de rateios a ser feitos todos os meses.

7.3 Tipos de Rateios Independentemente dos métodos de rateios existentes, no sistema informatizado

podem ser utilizados diversos processos para sua realização. Estes processos

estabelecem a maneira pela qual um rateio será operacionalizado no sistema

contábil e podem ser enumerados, basicamente, em três tipos: manualmente no

próprio lançamento, rateios On-Line e rateios Off-line os dois últimos feitos de

forma automática, ou seja, por programa.

O rateio manual é informado diretamente no próprio lançamento digitando-se os

centros de custo, item contábil e classe de valor. Neste caso, o sistema não efetua

nenhum tipo de cálculo para o rateio, ficando a cargo de o próprio usuário

informar os respectivos valores.

O rateio On-Line baseia-se em um cadastro prévio o qual poderá ser utilizado para

lançamentos que envolvam rateios de despesas ou receitas. Neste caso escolhe-se o

tipo de lançamento 5.

Já os rateios Off-Line são feitos no final do mês, distribuindo saldos de contas. Um

exemplo é o rateio dos saldos dos Centros Indiretos nos Centros de Custos Diretos,

sempre baseado em um cadastro previamente digitado e que pode ser feito em

qualquer um dos três níveis da subclassificação.

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141 TEORIA DO ERP

Capítulo 8

Gestão de Custos

Objetivos do aprendizado

Apresentar os conceitos e regras de negócios da área contábil e de custos independente de sua

informatização.

Palavras-chave

Plano de contas, Ativo, Passivo, Despesas, Receitas, Custos, Custo da Mercadoria Vendida, Centro

de Custos, Regime de Competência, Regime de Caixa, Custo Standard, Índices Econômicos, Índices

Financeiros.

Através da Contabilidade, é possível ter-se uma “fotografia” da empresa em seu

aspecto econômico e financeiro.

Todos os fatos que concretizam uma mudança em seu patrimônio são ali

registrados. Por isso, planos ou suposições que ainda não se realizaram ficam fora

da Contabilidade.

É o caso, por exemplo, de pedidos de vendas ou de compras, ordens de produção e

outros, que somente são contabilizados na emissão ou chegada da nota ou no

momento em que a produção se torna real.

O Plano de Contas, que é a relação de todas as contas existentes na contabilidade

da empresa, precisa ser muito bem estudado, pois é o instrumento que permitirá a

análise dos números da empresa através do “Balanço”, “Demonstração de

Resultados”, “DRE”, “Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos” e das

“Mutações do Patrimônio Líquido”.

O Razão apresenta os lançamentos discriminados de cada conta e o Diário em

ordem cronológica.

8.1 Classificação de Contas

As contas precisam ser suficientemente detalhadas, para permitir uma boa análise

e não tão sintéticas, a ponto de impedir que se saiba a origem de seus valores.O

Fisco pode glosar uma Contabilidade caso a empresa não consiga demonstrar a

origem dos valores sintéticos. É preciso que esses valores sejam comprovados com

documentos fiscalmente válidos.

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142 TEORIA DO ERP

As contas contábeis dividem-se em quatro grandes grupos: Ativo, Passivo,

Despesas e Receitas.

Dentro do Ativo, temos em primeiro lugar o Circulante a Curto Prazo. Caixa e

Bancos devem ser discriminados por conta bancária, pois para cada uma delas

recebemos um extrato diferente.

Inclui-se também contas de Aplicações Financeiras, tais como, Fundos de Renda

Fixa e Variável, CDBs, Debêntures, ações negociadas em bolsa etc., onde são

contabilizados os valores investidos. Se esses investimentos forem de baixa

liquidez devem ir para o Imobilizado.

A seguir, temos a conta Títulos a Receber. Uma dúvida é se esta conta deve, na

contabilidade, ser discriminada por cliente. Pelo grande número e pelo fato que

estes já são controlados individualmente no setor financeiro, é praxe aglutinar os

grupos de clientes, discriminando-os apenas em, por exemplo, clientes nacionais e

internacionais, isto evidentemente se a empresa também atuar em exportações.

Neste grupo temos o que chamamos de Contas Redutoras, ou seja, que reduzem o

valor da “conta-pai”.A rigor, deveriam ser colocadas no passivo, pois seu saldo é

sempre credor, mas aqui inseridas permitem uma melhor análise. Estamos falando

da conta Provisão para Devedores Duvidosos.

Debita-se mensalmente a despesa correspondente com um pequeno valor e credita-

se a Provisão. Se um cliente realmente deixar de pagar, debita-se a provisão e

credita-se o cliente, baixando definitivamente a pendência. Assim, evitam-se

impactos no resultado quando alguma dívida grande é considerada incobrável. É

uma espécie de reserva mensal.

Outro exemplo de Conta Redutora de Títulos a Receber é a Perda com a Variação

Monetária, mais usada em tempos de alta inflação.

Continuando ainda no Circulante, temos Outros Créditos de alta liquidez tais

como Promissórias a Receber, Cheques Pré-datados, Créditos de Funcionários,

Estoques a Receber por compras futuras e outros adiantamentos e empréstimos.

Outra conta normalmente colocada no Circulante são os Impostos a Recuperar

(ICMS, IPI, Imposto de Renda, CSLL, PIS, Cofins, ISS e INSS)ou quando geram

créditos ou quando retidos na fonte na venda de serviços.

Encerrando o Circulante temos as contas de Estoque. Estas devem estar

absolutamente coerentes com a classificação dos itens cadastrados para permitir a

integração com aquele módulo.

As Contas de Estoque sintetizam o Kardex. Portanto devemos ter subcontas de

Produtos Acabados, Mercadorias para Revenda, Produtos Intermediários, Matérias-

Primas,Embalagens, Importações em Andamento, Materiais de Consumo,

subdivididos em materiais para manutenção, elétrica, segurança, higiene, copa,

vestuário, escritório, etc. e por último, mas talvez a mais importante, Produtos em

Processo. Esta conta agrega os itens requisitados para as ordens de produção que

ainda não se encerraram, ou seja, que não foram transferidas para o estoque de

Acabados ou para o nível seguinte de Intermediário. Agrega também os itens de

apropriação pelo Standard, do qual falaremos mais tarde. Pode-se ainda colocar

neste grupo a conta de Adiantamento para Fornecedores e em casos especiais uma

Provisão (conta redutora) para estoque obsoleto e perdas.

E entramos no Realizável. Neste grupo classificam-se valores depositados em

investimentos mobiliários de difícil liquidez, como Empréstimos Compulsórios e

investimentos em ações de companhias fechadas.

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143 TEORIA DO ERP

Finalizando o Ativo, temos o grupo Ativo Permanente, que na sua parte mobiliária

se confunde com o Realizável e nele podemos colocar investimentos feitos em

empresas do próprio grupo, marcas e patentes, cessão de direitos etc.

Já os Ativos Imobilizados representam os terrenos, edificações, instalações,

veículos, móveis e utensílios, máquinas, ferramentas e computadores. Cabe

também uma conta para obras em andamento.

Como conta redutora, temos a Depreciação Acumulada dos itens que sofrem

desgaste com o tempo e uso.

Os valores desta conta advêm da despesa com depreciações, que descarrega desta

forma no resultado mensal o custo das máquinas e equipamentos. O detalhe desta

despesa é que ela não gera uma saída do caixa, e por isso aparece como entrada,

somada ao lucro, no Mapa de Origens de Recursos e Aplicações.

O Passivo é dividido em Passivo Circulante, Exigível a Longo Prazo e Patrimônio

Líquido. Vale aqui o mesmo argumento, mencionado em clientes, para a conta

fornecedores. Pode ser sumarizado em uma conta, já que no Financeiro o controle

é individualizado.

O Patrimônio Líquido, ou seja, o Ativo menos o Exigível, é constituído pelo

Capital, Reservas e os Lucros Suspensos e do Exercício.

As Reservas são oriundas de valores lançados em despesas ou ativos pendentes

com o propósito de reduzir-se o lucro e a conseqüente distribuição, retendo-se o

recurso para uma determinada finalidade. Reserva para aumento de capital,

reserva legal, reserva para compra de um imóvel, são exemplos que aparecem em

balanços publicados.

O Lucro do Exercício é parte que pode ser distribuída aos acionistas através de

dividendos e parte transferida para Lucros Suspensos.

O Lucro Suspenso representa o resultado da empresa não distribuído aos

acionistas. Tanto as Reservas como o Lucro Suspenso são depois, por decisão da

assembléia, transferidos para a conta Capital, sacramentando assim o aumento do

valor da empresa. Deveria servir de base para definir a cotação de uma ação no

Bolsa de Valores.

Este é um plano de contas sugerido. Adequa-se perfeitamente ao esquema de

Lançamentos Contábeis Automáticos. Nada impede, porém, que a empresa adote

outros modelos. Hoje temos o Plano Referencial do SPED Contábil, uma tentativa

do Governo Federal criar um padrão de Plano de Contas. Mas, por enquanto, não

vingou.

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144 TEORIA DO ERP

8.2 Custos e Despesas

As Contas de Despesa são divididas em 4 grandes grupos:

• Custo da Mercadoria Vendida;

• Despesas Gerais de Fabricação;

• Administrativas;

• Vendas.

O Custo da Mercadoria Vendida (CMV) absorve os custos de Matéria-Prima e todas

as Despesas Gerais de Fabricação. Parte das Despesas Gerais de Fabricação são

apropriadas ao custo das Ordens de Produção através de mecanismos de rateios

que serão estudados a seguir. No caso de Revenda o CMV é o custo de compra do

produto.

Já as Despesas Administrativas e de Vendas são subtraídas diretamente do

Resultado.

Pode-se ainda eleger outros grupos de despesas que, em determinada empresa,

podem não se encaixar nem em administrativa nem em vendas, como Despesas

Financeiras, Despesas de Marketing, Despesas Tributárias, Despesas com

Coligadas, com Novos Projetos, etc.

Voltando às Despesas ou Gastos Gerais de Fabricação, costuma-se dividir este

bloco em 2 subgrupos: Pessoal e GGF.

Em Gastos com Pessoal consideram-se, além dos salários e horas extras, todas as

demais remunerações recebidas pelos funcionários e, é claro, os encargos sociais:

INSS, FGTS, Férias, 13º Salário, Aviso Prévio, Salário Educação, Indenizações, Horas

Paradas, Vale-Refeição, Transporte, Assistência Médica, Seguros, Cursos,

Treinamentos e Viagens.

Em Gastos Gerais considera-se o resto, como depreciações e amortizações, energia

elétrica, água e esgoto, telefone, gás, correios, aluguéis, material de consumo

(manutenção, elétricos, higiene, segurança, alimentação, escritório, etc), perdas,

seguros, fretes, impostos, donativos, contribuições a sindicatos e associações de

classe, manutenção e serviços de terceiros, etc.

Todo este detalhamento de despesas pode ou não ser propagado (rateado) para o

custo individual de cada produto, tornando assim o cálculo do Preço de Venda

mais exato.

O objetivo é um só: distribuir todo o gasto da forma mais coerente possível e

usando um critério que não dê muito trabalho para ser calculado, podendo ser

feito de forma automática.

É válido o trocadilho: há empresas onde o cálculo do custo custa mais que o próprio

produto.

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145 TEORIA DO ERP

O importante é que a empresa não perca mercado por custear de forma incorreta

seus produtos e conseqüentemente, calcule preços irreais.

Um bom exemplo é o caso de uma fábrica que tenha máquinas antigas e novas.

Supondo que o critério adotado foi o de horas e que a depreciação das máquinas

novas seja alta, não seria justo que peças ainda fabricadas nas máquinas antigas,

totalmente depreciadas, mas morosas, recebam um alto custo para cada hora de

trabalho.

Nestes casos o correto é abrir-se dois centros de custo, cada um com taxa horária

própria.

E note que abrir um centro de custo é muito mais do que simplesmente dar um

novo código àquele setor da fábrica. É abrir em cada conta de despesa uma

subconta para controlar os seus gastos. Esta abertura, no Sistema, é feita de forma

automática e de acordo com as despesas que ele faz.

Outro aspecto referente aos Gastos Gerais de Fabricação refere-se à divisão entre

custos Fixos e Variáveis ou Diretos.

Enquanto Matéria-Prima é um custo tipicamente variável, as despesas

administrativas são tipicamente fixas e as de vendas se dividem entre fixas

(salários, certos gastos de promoção, etc.) e variáveis (ICMS, comissões, etc.).

No GGF, esta divisão é mais trabalhosa, pois muitos deles são semi-variáveis, ou

seja, são fixos para determinados intervalos de produção, aumentando ou

diminuindo de forma não diretamente proporcional ao volume produzido.

De qualquer forma a divisão entre fixos e variáveis é importante para se calcular a

Contribuição Marginal de cada produto.

A Contribuição Marginal é o valor faturado menos as despesas variáveis, ou seja, é

quanto à empresa ganha se produzir uma peça a mais. Este valor é muito

importante em certos tipos de decisão, como por exemplo, na concessão de

descontos ou a situação em que nos é oferecido certo tipo de propaganda que,

segundo pesquisas, vende certo número de peças a mais a cada real investido.

À primeira vista poderia se tomar a decisão analisando-se o lucro unitário. Se ele

for maior que o gasto publicitário, positiva-se a publicidade. Em caso contrário,

não.

Esta decisão, no entanto, não é a mais correta, pois se a Contribuição Marginal for

maior que este gasto com propaganda ela já será vantajosa, mesmo que o lucro

unitário seja menor.

Assim, se um produto tem o preço de $1000, custo variável de $500 e um custo

fixo de $300 para certo volume de produção/vendas com um conseqüente lucro de

$200, a propaganda será vantajosa, mesmo que ela custe $400 para proporcionar a

venda adicional de 1 peça, pois a Contribuição Marginal é $500.

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146 TEORIA DO ERP

A divisão do GGF em Fixo e Variável deve ser feita por conta e caso uma

determinada despesa tenha comportamento duplo, deve-se ou dividi-la em duas

contas ou abrir dois centros de custo.

O importante é que esta diferenciação envolva todos os níveis, dos produtos

intermediários até o acabado, transitando assim nos estoques.

Isto significa que tanto os registros de movimentação como Requisições, Produção

e Vendas como aqueles que mantêm o saldo em estoque devem ter campos

separados para o valor da matéria-prima, dos gastos gerais fixos e dos gastos

gerais variáveis. Desta forma, o Custo da Mercadoria Vendida também estará

subdividido nestes três tópicos.

Explorado o tema da estrutura das contas de despesas, vejamos como se faz sua

contabilização e correspondente apropriação.

O fato gerador das despesas é a emissão do documento que torna obrigatório o seu

pagamento. Existem, no entanto dois regimes para se realizar a contabilização:

Regime de Competência e Regime de Caixa.

O Regime de Competência é o correto, em especial do ponto de vista fiscal, onde

as despesas são contabilizadas no mês a que competem, podendo ainda ser

amortizadas por vários períodos.

No Regime de Caixa contabiliza-se a despesa quando do seu pagamento,

principalmente em caso de parcelamentos. É usado, por exemplo, na pseudo

contabilidade que existe no módulo financeiro do sistema. É claro que quando se

adota o regime de caixa para as despesas, este deve ser adotado também para as

receitas.

No caso do Regime de Competência, fortemente defendido pelos contadores, deve-

se inclusive fazer amortizações independente do documento gerador e de seu

pagamento.

Assim, se uma Nota de Seguro for emitida em janeiro, seu prazo de validade for um

ano e o pagamento em 7 parcelas, a contabilização deve inicialmente gerar um

débito na conta de Despesas Pendentes e crédito em Seguros a Pagar. Depois, a

cada mês, um débito na despesa propriamente dita com 1/12 do valor original e

crédito no Pendente.

De forma semelhante, as despesas devem ser apropriadas corretamente a cada

Centro de Custo, o que por vezes é feito através do rateio on-line ou mensal, a

partir de uma tabela de percentuais previamente estabelecida.

Assim, por exemplo, a Conta de Energia Elétrica é lançada pelo seu valor total e o

sistema faz a divisão para cada Centro de Custo.

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147 TEORIA DO ERP

O rateio mensal tem o mesmo efeito, porém baseia-se no movimento completo do

mês reduzindo a quantidade de lançamentos, em especial, nos casos em que há

muitos documentos da mesma despesa no mês.

E finalmente o rateio entre os Centros de Custo.

Como somente os centros produtivos geram produção, apenas eles têm onde

descarregar seus custos, isto é, nas Ordens de Produção.

Mas para tal é preciso transferir o total das despesas dos Centros Indiretos

(almoxarifado, departamento de pessoal, médico, manutenção, serviços gerais,

etc.) para os Diretos.

Também nesta etapa é necessário estabelecer-se um critério justo, transformá-lo

em percentual, e fazer a transferência através de um crédito no Centro de Custo

Indireto e um débito nos Produtivos.

Recomenda-se fazer tal transferência em um grupo de contas separado, como se

fosse uma determinada natureza. Um ponto discutido é se este rateio, chamado de

RKW, deve ser feito em um único lance dos indiretos para os produtivos ou se deve

passar de um indireto para todos os demais, descendo hierarquicamente até os

produtivos.

Assim, por exemplo, as despesas do Centro de Custo Pessoal seriam inicialmente

rateadas para todos os demais, inclusive os outros indiretos, com base na

quantidade de pessoas de cada um, o que certamente é o critério mais justo.

A seguir o de Serviços Gerais com base na área de cada departamento, e assim por

diante.

No sistema, este rateio é feito em um único lance, no caso, as despesas do

Departamento Pessoal são rateadas somente para os centros produtivos.

Um pequeno exemplo mostra que as diferenças não são significativas.

8.3 Sistema RKW tradicional

Figura 8.1 Despesas com energia elétrica.

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148 TEORIA DO ERP

Figura 8.2 Despesas com pessoal.

Figura 8.3 Despesas com depreciação.

Figura 8.4 Despesas de material de consumo.

8.4 Critérios de Rateio

Figura 8.5 Rateio por KWA instalados (Total: 200).

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149 TEORIA DO ERP

Figura 8.6 Rateio por número de pessoas.

Figura 8.7 Rateio por área ocupada.

Figura 8.8 Rateio por pontos de produção.

Figura 8.9 Rateio por centro de custo. Somatória Figura 8.1 até 8.4

Qual o valor total das despesas da Usinagem e do Acabamento a ser considerado

para cálculo de suas taxas unitárias?

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150 TEORIA DO ERP

Usando o método RKW e respeitando a seqüência dos Centros de Custos de acordo

com o Plano de Contas, e conforme visto nas tabelas das imagens 11.5 a 11.8,

teríamos:

Figura 8.10 Rateio com o método RKW.

Por exemplo, a Central Elétrica tem um gasto total de 2.000 e o total de KWA

instalado é de 200. O CC Pessoal tem 10 KWA. Fazendo um regra de 3:

2000 200

X 10

X = 2000x10 = 100

200

Ou seja, o CC Pessoal recebeu 100 de custos da Central Elétrica.

Taxa unitária da Usinagem: 20150/1000 = 20,15

Taxa unitária do Acabamento: 25150/1350 = 18,63

Caso as transferências fossem feitas em um único lance, como é feito no sistema,

teríamos:

Usinagem:

15900 + 1111 + 280 + 2300 +468 = 20059/1000 = 20,06

Acabamento:

18000 + 889 + 1120 + 4600 + 632 = 25241/1350 = 18,69

Concentradas as despesas nos centros produtivos, o próximo passo é sua

transferência para o Processo onde serão apropriadas às Ordens de Produção.

Assim, a cada lançamento de horas em uma OP faz-se, à semelhança de uma

requisição de matéria-prima, a sua valorização pela taxa horária do Centro de

Custo correspondente e adiciona-se o valor na OP, acompanhado de um

lançamento contábil que debita o Processo e credita as despesas.

Também este crédito deve ser feito em um grupo de despesas à parte.

Este grupo, através dos créditos, indicará o valor apropriado, que nem sempre será

o mesmo que o contabilizado. Isto acontecerá quando o custo for on-line, pois

neste caso usa-se como taxa horária um valor definido no início do mês que nem

sempre será equivalente à taxa real, calculável somente no seu encerramento, após

o fechamento da folha e contabilização de todas as despesas.

Esta diferença de apropriação deve sempre ajustar o resultado do mês, e no caso

de ser muito alta é recomendável o recálculo do custo para que o valor por produto

não fique distorcido.

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151 TEORIA DO ERP

Figura 8.11 Custo da mão-de-obra e gastos gerais.

Para melhor entender todo este processo façamos um pequeno exemplo:

Despesa prevista de Pessoal do centro de custo Acabamento: $10.000

Número de horas previstas: 1.000

Taxa horária prevista: $10

Se os valores reais foram 12.000 de despesa e 800 horas trabalhadas, a apropriação

on-line somou 8.000(800h x $10), ou seja, uma diferença de 4.000, que sem dúvida

teria de ajustar o resultado do mês.

No recálculo, a taxa horária passaria a ser de 12.000/800 = 15 não havendo

diferença de apropriação, pois às 800 horas seriam valorizadas a $15 cada.

Este é um ponto a ser analisado quando se usa custo on-line.

Antes de encerrarmos esta parte de despesas e custos uma explicação de como

funciona a apropriação da matéria-prima nas Ordens de Produção.

Figura 8.12 Apropriação dos custos às ordens de produção.

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152 TEORIA DO ERP

Em princípio esta apropriação é feita com base nas Requisições. É ela que define

em qual OP foi usado determinado material, valorizando-a geralmente pelo seu

custo médio.

Porém, dois detalhes operacionais provocam a necessidade de um tratamento

especial.

O primeiro refere-se ao fato de que muitas empresas simplesmente não fazem

requisições.

O estoque é aberto e o pessoal, quando muito, recebe uma lista do que deve ser

usado naquela OP (picklist) e se utiliza da matéria-prima de acordo com suas

necessidades.

Para esta situação existe no sistema a requisição automática.

As Requisições Automáticas são geradas a partir do empenho que por sua vez é

baseado na estrutura do produto. O momento desta geração pode ser ou quando a

OP se inicia ou no seu encerramento, informado a partir da entrada do produto

produzido no respectivo estoque.

O Empenho pode, por sua vez, ser ajustado caso se perceba que, por um motivo

qualquer, esteja incorreto ou ainda criar requisições ou devoluções adicionais que

ajustem a quantidade realmente utilizada.

No caso de produção parcial o sistema baixa apenas parte do empenho.

As Requisições Automáticas têm o inconveniente de não permitir que o saldo em

estoque do sistema coincida exatamente com o saldo físico, pois é muito difícil

fazer com que as requisições automáticas sejam geradas no momento exato em

que elas ocorrem na fábrica. De qualquer forma se ganha bastante tempo com esta

dispensa de digitação.

O segundo detalhe está relacionado com itens de difícil controle. Rebites, pregos,

tintas, parafusos, graxa, cola, enfim itens de baixo custo, mas que nem por isto

devem ser tratados como material de consumo e que por outro lado, não compensa

que sejam requisitados separadamente para cada Ordem de Produção. Este

controle positivamente não se justifica. São itens baratos e consumidos em

quantidades relativamente grandes.

Assim requisita-se em grandes quantidades sem especificar a que OP se destina. O

destino é o próprio processo e de lá se apropria para as várias ordens com base

nas quantidades definidas na estrutura dos produtos.

Logo, este mecanismo chamado de Apropriação Indireta ou pelo Standard, obriga

que estes componentes de custo mais baixo, também estejam pendurados nas

estruturas dos produtos.

Considerando que o uso destes componentes pode não coincidir com o

estabelecido na estrutura, recomenda-se de tempos em tempos que se faça um

inventário no processo, verificando se o saldo físico bate com o do sistema.

As diferenças devem ser lançadas em uma conta de perdas ou ganhos

Ainda falando em lançamentos contábeis, note que tanto as requisições digitadas

manualmente como as automáticas, e aquelas que terão depois a apropriação pelo

Standard provocam um débito no Processo e um crédito no estoque

correspondente.

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153 TEORIA DO ERP

A apropriação em si feita pelo Standard, no entanto não gera nenhum lançamento,

pois o item não sai do processo.

A produção, por sua vez, é que gera o crédito no Processo, transferindo os seus

custos para o estoque de intermediários ou acabados pelo valor total da OP.

Se a produção for parcial, sua valorização engloba apenas parte do custo da OP.

Se for total, mesmo que a quantidade seja menor que o previsto na OP, todo o seu

custo é incorporado ao item produzido.

E se houver produção de um produto secundário ou sobras de sucatas que serão

reaproveitadas, faz-se uma devolução valorizando-a pelo custo de mercado, pois é

impossível deixar que o sistema tome a decisão de quanto eles devem receber do

valor total da OP.

Há necessidade ainda de se frisar a possibilidade de Ordens de Produção de

Retrabalho, ou seja, aquelas em que há um problema com o produto que pode ser

corrigido sem necessidade de se agregar mais matéria-prima.

Devido a este e outros casos é preciso prever a existência de vários Tipos de

Movimentação, cada uma com um tratamento apropriado.

8.5 Custo Standard

A metodologia do Custo Standard é altamente utilizada fora do Brasil. Seu uso por

aqui tem sido inibido por dois fatores principais:

a) Nossa persistente inflação que durante décadas não permitia

nenhuma comparação a médio ou longo prazo levando-se em

consideração valores contabilizados em nossa moeda.

É certo que a conversão destes valores para uma moeda forte ou para

um índice que refletisse a desvalorização resolveria em parte o

problema, mas o nível de nossas oscilações somadas às próprias

variações das moedas fortes, obrigava o ajuste muito freqüente dos

valores Standard estabelecidos;

b) A Legislação do Imposto de Renda ameaça, em seu código, glosar todo o

sistema de custos se o adotado for Standard e não houver um correto

ajuste para que o lucro da empresa seja corrigido.

Isto complicou ainda mais depois que o recolhimento deste tributo

passou a ser trimestral.

Cabe aqui uma explicação de como este fato pode afetar o lucro da

empresa: quando se adota o custo Standard, todas as movimentações e

conseqüentemente o estoque são valorizados por cifras pré-

determinadas, ou seja, os valores Standard.

As variações por sua vez são descarregadas diretamente contra o

resultado, sejam elas positivas ou negativas.

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154 TEORIA DO ERP

Isto faz com que, se, por exemplo, o estoque, em especial o de

acabados, ficar muito alto no final do mês e as variações forem

significativas e positivas o lucro da empresa naquele período ficará bem

menor e o pagamento do imposto de renda será postergado enquanto se

mantiver esta situação.

Exemplo:

Custo standard do produto acabado: $100

Produtos vendidos: 500

Produção: 1000

Estoque inicial: 0

Variações de custo: -$20.000

(produção ao custo real $120)

Preço de venda: $150

Figura 8.13 Comparativo de resultados pelo custo standard e pelo custo médio.

O que o imposto de renda exige — e isto de acordo com o regime trimestral ou

anual — é que a variação dos custos seja apropriada aos produtos e

conseqüentemente aos estoques, não podendo, como foi feito no exemplo acima,

descarregá-la diretamente contra o resultado. Este procedimento é possível,

embora trabalhoso e conflitante com a filosofia do custo Standard.

O método do custo Standard tem como vantagem nos mostrar onde está o

problema.

Imagine o Diretor de uma empresa perguntando ao gerente responsável qual foi o

custo de nossos produtos neste mês?

No método tradicional do custo médio receberia como resposta:

“Este mês foi $120, contra $100 do mês passado e $150 do mês retrasado.”

E de forma alguma, ou somente com muito trabalho, teria uma explicação razoável

do por que destas diferenças.

Já no Custo Standard, não receberia como resposta o custo do produto em si, pois

este é Standard e já conhecido.

Por outro lado saberia o total das variações de preços de compra de matéria-prima,

do seu consumo no processo produtivo, da eficiência da mão-de-obra, das perdas

entre outras.

E com estes valores certamente tomaria ações muito mais eficazes, pois saberia

quais as reais anomalias que ocorreram dentro da empresa. E somente mexeria no

preço de venda se constatasse que determinada variação não é esporádica, mas

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155 TEORIA DO ERP

sim permanente. Neste caso alteraria o Standard que, automaticamente, levaria a

uma atualização dos preços.

O aliado do Custo Standard é o Sistema de Orçamentos.

Enquanto o Custo Standard fornece as variações ligadas a ações que têm um

padrão, o Orçamento verifica a diferença entre valores reais e valores previstos de

contas que podem ser ou despesas fixas ou metas predefinidas de vendas com

suas conseqüentes despesas variáveis.

E o importante é a ação — rápida e eficaz — a ser tomada pela direção da empresa

quando algo sai dos trilhos. Para tal é fundamental um planejamento que defina

quais os valores orçados a serem respeitados e quais os Standards a serem

adotados para atingir os objetivos.

O sistema foi desenhado de tal forma que, embora toda a contabilização seja feita

pelo custo médio real, obtém-se através de relatórios e consultas todas as

variações obtidas somente quando se usa o Custo Standard.

Para se obter estes números de forma clara e acessível, é preciso montar um

esquema contábil próprio que é apresentado a seguir sob a forma de exercício.

(Este exercício pode ser praticado no Sistema, e por isso há algumas explicações

apropriadas no texto).

Os principais fatores a serem analisados e que afetam a lucratividade de uma

empresa são os seguintes: volume de vendas, preço aplicado, custos diretos e

indiretos e a eficiência do processo produtivo.

Comecemos pelas Vendas. A apresentação destes valores pode ser feita por

produto, grupo ou total geral. São os seguintes:

8.5.1 Variação nas Vendas

Quantidade Vendida x Quantidade Orçada (volume)

Preço Médio Real x Preço Standard

Divergências no Mix de Vendas

Valor Total das Vendas

8.5.2 Variação nos Custos

Um primeiro ponto a ser analisado é que o Custo da Mercadoria Vendida de um

determinado período, que afeta diretamente o lucro, difere do Custo de Produção.

Esta diferença cresce à medida que haja um aumento ou redução dos estoques. A

maioria das variações e índices, no entanto são possíveis somente em cima do

custo da produção. Portanto o impacto que uma variação do custo gera no lucro do

mês é calculado através da proporcionalidade entre o custo da produção e o CMV,

que é na verdade a diferença de apropriação ou, mais corretamente, adotar-se o

esquema completo do Custo Standard. Nele calcula-se o lucro com base no Custo

Standard e todas as variações são aplicadas diretamente contra o resultado do mês.

As variações em relação a um Standard que devem ser analisadas são as seguintes:

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156 TEORIA DO ERP

Variação nos preços de compras.É a diferença entre o standard

estabelecido e o preço real. A causa pode ser inflação, descontos

especiais, anomalias no processo de compras (fraudes), etc.

Variação na eficiência da mão-de-obra. É a diferença entre as horas

realmente utilizadas no processo de produção e o padrão estabelecido

na estrutura. Esta variação somente ocorre e está sujeita a uma medição

se houver apontamento.

Variação no custo da mão-de-obra e dos gastos gerais de fabricação.Este

custo pode variar em função de um aumento no valor (aumento dos

salários, de encargos, dos preços de compra) ou uma redução no

volume de produção provocada por uma queda nas vendas, já que boa

parte desses gastos são fixos. A variação dos valores pode ser medida

com mais detalhes com o comparativo entre os valores orçados e real

de cada despesa por centro de custo. Para ter o valor exato do aumento

do custo provocado pela falta de serviço basta abrir uma ordem de

produção (OP falta de serviço) na qual se aponta especificamente estas

horas. Este valor depois é subtraído do resultado.

Variação na Perda de Produção. É o valor perdido (ou ganho) em função

das perdas de produção. Note que no cadastro de produtos há uma

previsão de perdas, evidentemente considerada no cálculo da variação.

Por exemplo, suponha que, pelo padrão, a cada 10 Produtos Acabados

bons um é perdido. Ao abrir-se uma OP de 10 PA, o sistema irá

requisitar material para produzir 11, sabendo que um será perdido. Se

esta perda fugir deste padrão teremos a variação. De forma semelhante

temos as perdas que ocorrem durante o processamento (fundições,

processos químicos, operações de corte, etc.). Neste caso para cada

matéria-prima informa-se, na estrutura, o percentual de sua perda e o

sistema gerará uma necessidade que supra esta lacuna.

As seguintes premissas constituem a base do exercício:

• Produto: PA composto de 1 MP e 4 horas de mão-de-obra.

• O Preço Standard da MP é R$100,00, porém subtraindo o ICMS chegou-

se a R$ 82,00.

• A capacidade ideal da fábrica é de 50 PAs/mês.

• O salário total da produção é de R$ 3.500,00.

• O MC é um material de consumo, portanto não entra na estrutura. São

usadas 12 peças/mês.

• Cada MC também custa R$100,00.

• As despesas administrativas são de R$2.000,00.

• O ICMS é de 18%.

• O lucro total desejado é de R$5.000,00 ou R$100,00 por peça.

O exercício terá a seguinte seqüência:

1. Cálculo do Resultado Orçado;

2. Cálculo do Resultado com base no Custo Real On-Line;

3. Cálculo do Resultado com base no Custo Real Mensal;

4. Cálculo do Resultado com base no Custo Standard puro;

5. Análise das Variações no Custo Real On-Line.

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157 TEORIA DO ERP

Os Produtos a serem considerados são: PA, MP e MC.

•PA Tipo PA, Nome Produto Acabado, Unidade PC, Conta 133 (estoque de

Produtos Acabados), Tipo de Saída 501, Alíquota ICMS 18 %, Local 01.

•MP Tipo MP, Nome Matéria-Prima, Unidade KG, Conta 130 (estoque de

Matéria-Prima), Tipo de Entrada 001, Alíquota ICMS 18 %, Custo

Standard 100,00, Local 01.

•MC Tipo MC, Nome Material de Consumo, Unidade PC, Conta 132 (estoque

de Material de Consumo), Tipo de Entrada 004, Alíquota ICMS 18 %,

Custo Standard 100,00, Local 01.

8.6 Resultado Orçado

Figura 8.14 Custo direto do PA.

Cálculo do Custo Unitário da MOD+GGF

Salário: R$ 3.500,00

MC: 12 x R$ 100,00 1.200,00

Total: 4.700,00

Total de horas/mês: 200 (equivalente à produção de 50 PA)

Custo unitário: 4.700,00/200 = 23,50

Ou seja, o Custo Standard da Mão-de-Obra é de $ 23,50

Cálculo do preço de vendas:

Custo direto: 176,00 (Ver quadro acima – 11.14)

Despesa Administrativa: 2.000/50 = + 40,00

Lucro: 5.000/50 = + 100,00

ICMS sobre vendas: + 0.18 de PV

Preço de Venda (PV): 385,36

Portanto o orçamento contábil é o seguinte:

Venda: 50 PAs x 385,36 19.268,00

ICMS: 18 % de 19.268,00 3.468,00

CMV: 50 PAs x 176,00 8.800,00

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158 TEORIA DO ERP

Despesas Administrativas: 2.000,00

Lucro: 5.000,00

8.7 Custo Real On-Line

Os seguintes ‘acidentes’ acontecem no real:

Os preços da MP e do MC são de R$110,00 cada e não R$100,00;

São compradas 5 MPs e 3 MCs a mais (55 e 15);

As vendas são de apenas 45 PAs e não 50;

O preço de venda é de R$ 360,00 (desconto médio de 25,36);

São produzidos 48 PAs (3 a mais do que o necessário);

Um PA é rejeitado no controle de qualidade com perda total;

São necessárias 4 MPs a mais, portanto 52;

É apontada 1 hora a mais;

São consumidos 15 MC e não 12;

Os salários pagos chegam a R$ 4.000,00 e não R$ 3.500,00;

As despesas administrativas chegam a R$ 3.000,00 e não R$ 2.000,00.

O Plano de Contas é o seguinte:

Ativo

• Cliente

• Estoque de Matéria-Prima

• Estoque em Processo

• Estoque de Material de Consumo

• Estoque de Produto Acabado

• Diferença de Apropriação

Passivo

• Fornecedores

• ICMS a pagar

• Folha a pagar

Despesas

• Despesa Administrativa

• Despesa com ICMS

• Despesas MOD + GGF

Transferência para Processo

• Custo da Mercadoria Vendida

Receitas

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159 TEORIA DO ERP

• Receitas

8.8 Movimentações e Lançamentos Contábeis

É necessário que os arquivos de Produtos, Saldos, Clientes, Fornecedores, Plano de

Contas, Tipo de Entrada e Saída, Tipo de Movimentações, Lançamentos

Padronizados, Condições de Pagamento, Estruturas e Consumos Médios estejam

disponíveis em seu status inicial adequado. As movimentações são feitas em telas

apropriadas, com geração de lançamentos automáticos.

Figura 8.15 Contabilização.

Compra de 55MP a R$110,00 com recuperação de ICMS

D* Estoque de Matéria-Prima 4.961,00

DICMS a Pagar 1.089,00

CFornecedores 6.050,00

Entrada de uma NF de Compra Tipo N

NF número 000001

Fornecedor 000001/01

Produto MP

Quantidade 55

Preço Unitário $110,00

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160 TEORIA DO ERP

Valor Total $6050,00.

* D é Débito (lado esquerdo) e C é Crédito (lado direito)

O ICMS é calculado automaticamente.

Um segundo produto:

MC

Quantidade 15

Preço Unitário $110,00

Valor total $1650,00.

Pelo Tipo de Entrada este produto não tem crédito de ICMS. A duplicata a pagar e

os lançamentos contábeis são gravados automaticamente.

Compra de 15 MC a R$ R$ 110,00 sem recuperação de ICMS

D Estoque de Material de Consumo 1.650,00

C Fornecedores 1.650,00

Abertura da Ordem de Produção: 48 PA

Empenho de 48 MP e 192 horas

A Solicitação de Compras e o Empenho são gerados automaticamente.

Requisição adicional de 4 MP ao custo médio de R$90,20

D Estoque em Processo 360,80

C Estoque de Matéria-Prima 360,80

A requisição é apropriada na OP do PA e na verdade é uma perda adicional.

Requisição adicional de 1 hora de MOD ao custo de R$23,50

D Estoque em Processo 23,50

C Transferência p/ Processo 23,50

É claro que para detectar que foram consumidas horas a mais que o padrão houve

necessidade de apontamento.

Requisição de 15 MC ao custo médio de 110,00 no centro de custo 0001.

D Despesas com MOD+GGF 1.650,00

C Estoque de Material de Consumo 1.650,00

Produção de 47 peças boas e 1 perda

Requisição automática de 48 MP ao custo médio de R$90.20

D Estoque em Processo 4.329,60

C Estoque de Matéria-Prima 4.329,60

Transferência de 192 horas a 23,50 cada

Veja que 192 é a quantidade Standard de horas para os 48 PA.

D Estoque em Processo 4.512,00

C Transferência p/ Processo 4.512,00

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161 TEORIA DO ERP

Produção de 47 PA ao custo unitário 196,296 (9.225,90 / 47)

D Estoque de Produto Acabado 9.225,90*

*(360,80+23,50+4329,60+4512,00)

C Estoque em Processo 9.225,90

Despesa com salários

D Despesas com MOD + GGF 4.000,00

C Folha a Pagar 4.000,00

Venda de 45 PA a R$ 360,00, através de nota fiscal, o que gera os seguintes

lançamentos contábeis:

D Clientes 16.200,00

C Receitas 16.200,00

Pelo custo de 196,296 cada

D CMV 8.833,32

C Estoque de PA 8.833,32

Despesa com ICMS 18% de 16.200,00

D Despesa com ICMS 2.916,00

C ICMS a pagar 2.916,00

Despesas Administrativas:

D Despesa Administrativa 3.000,00

C Fornecedores 3.000,00

Baseado nestas movimentações, o resultado será o seguinte:

VENDA: 45 PAa R$ 360,00 16.200,00

ICMS: 18 % de 16.200,00 2.916,00

CMV: 45 PA a R$ 196,296 8.833,32

Despesas Administrativas 3.000,00

Lucro 1.450,68

Este foi o lucro do mês, considerando o custo unitário da MOD + GGF a R$23,50.

Este, no entanto, não foi o custo real.

Como o processo foi on-line não teríamos como ter o valor real, pois a maior parte

das despesas do mês, em especial a folha de pagamento, somente são processadas

no final do período.

A solução a ser adotada é ajustar-se o custo unitário da MOD+GGF para o mês

seguinte, de tal forma que, no final do exercício anual a diferença de apropriação

esteja próxima de zero.

Este ajuste tem a ver com a análise dos “acidentes” ocorridos no mês, ou seja, se

existe ou não a probabilidade deles ocorrerem novamente no mês seguinte. Enfim,

forammesmo “acidentes” ou fazem parte de uma nova conjuntura?

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162 TEORIA DO ERP

De qualquer forma para se chegar ao lucro REAL do mês basta incluir 2

lançamentos contábeis.

Um descarrega a diferença de apropriação no resultado e outro ajusta os estoques

ao seu valor real. Neste caso, se necessário for, o custo da MOD+GGF deve ser

recalculado para o mês seguinte, sem o ajuste acima mencionado, mas refletindo a

nova realidade. É claro que o ajuste dos estoques deve também ser feito nos saldos

de cada item.

O valor da diferença de apropriação a lançar é o saldo da conta sintética de

DESPESA, no caso, R$ 1.114,50, isto é, (4000 + 1650) – 4535,50.

D Diferença de Apropriação 1.114,50

C Transferência p/ Processo 1.114,50

Já o ajuste do estoque é mais complexo. É preciso antes calcular-se o custo real do

PA:

4.690,40 (MP) + 4.000 (salário) + 1.650 (MC) = 10.340,40

10.340,40 / 47 = 220,00 (custo unitário real de cada PA)

Ajuste: (2 x 220,00) – 392,58 = 47,42

(saldo atual da conta de PA)

DEstoque de Produto Acabado 47,42

CDiferença de Apropriação 47,42

Portanto, o lucro REAL do mês foi de:

Lucro on-line 1.450,68

Diferença de apropriação -1.114,50

Ajuste do estoque +47,42

Lucro REAL 383,60

Note que o estoque de MP não precisa ser ajustado, pois ele já está calculado pelo

custo médio real.

8.9 Custo Mensal

Se rodássemos o recálculo agora obteríamos exatamente este resultado. O

Recálculo do custo médio, que geralmente é processado no final do mês, utiliza o

método tradicional de custeio, dentro de 3 alternativas:

1. Mensal — o processamento é feito na seguinte seqüência: trata

inicialmente todas as compras, depois as ordens de produção, do nível

mais baixo para o mais alto (PA) e sempre processando todas as

requisições antes da produção e por último custeando as vendas.

2. Diário — análogo ao anterior, mas dentro do conceito dia.

3. Seqüencial — processa na seqüência em que os movimentos foram

digitados.

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163 TEORIA DO ERP

Figura 8.16 Apuração de resultado.

8.10 Regime de Caixa

Veja que, mesmo se fizéssemos o cálculo do lucro pelo Regime de Caixa (mas

considerando o estoque final!), o resultado seria o mesmo.

Figura 8.17 Custo direto do PA.

As desvantagens do Recálculo, embora seja o método mais empregado em função

de sua praticidade, em relação ao custo on-line são as seguintes:

1. Não se tem o lucro da empresa no dia-a-dia, o que muitas vezes

impede ações corretivas rápidas;

2. Impede o cálculo das variações que serão vistos a seguir.

Portanto, o recálculo somente deve ser rodado se a diferença de apropriação for

muito grande e seu cálculo for complexo (isto depende da quantidade deítens, de

contas e de centros de custos).

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164 TEORIA DO ERP

8.11 Custo Standard Puro

Neste caso trabalha-se com contas de variações inseridas no próprio plano, de tal

forma que todos os lançamentos são feitos pelo standard e pelo real, refletindo

nestas contas os desvios. O maior ou menor detalhamento destas contas é decisão

do usuário.

O plano de contas seria assim enriquecido pelas seguintes contas:

• Variação no Preço de Compra;

• Variação no Consumo de MP;

• Variação na Eficiência da Mão-de-Obra;

• Variação na taxa horária da MOD;

• Variação pelo Volume de Produção;

• Variação no Consumo de MC;

• Variação pela Perda de PA;

• Variação no Preço de Venda;

• Variação no Volume de Vendas;

• Variação na despesa com ICMS.

Figura 8.18 Custo Standard.

Os movimentos e lançamentos contábeis seriam feitos da seguinte forma:

Compra de 55 MP a R$ 110,00 c/recuperação de ICMS

D Variação no Preço de Compra 4.961,00

D ICMS a Pagar 1.089,00

C Fornecedores 6.050,00

Compra de 15 MC a R$ R$ 110,00 sem recuperação de ICMS

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165 TEORIA DO ERP

D Variação no Preço de Compra 1.650,00

C Fornecedores 1.650,00

Compra pelo valor standard 55 MP a R$82,00

D Estoque de Matéria-Prima 4.510,00

C Variação no Preço de Compra 4.510,00

Compra pelo valor standard 15 MC a R$100,00

D Estoque de Material de Consumo 1.500,00

C Variação no Preço de Compra 1.500,00

Abertura da Ordem de Produção 48 PA

Empenho de 48 MP e 192 horas

Requisição de 52MP ao custo standard de R$ 82,00

D Variação no Consumo de MP 4.264,00

C Estoque de Matéria-Prima 4.264,00

Requisição standard de 48 MP a R$ 82,00

D Estoque em Processo 3.936,00

C Variação no Consumo de MP 3.936,00

Requisição standard de 192 hr a R$ 23,50

D Estoque em Processo 4.512,00

C Variação na Eficiência da Mão-de-Obra 4.512,00

Requisição de 193 hr ‘apontadas’ a R$ 23,50

D Variação na Eficiência da Mão-de-Obra 4.535,50

C Variação pelo Volume de Produção 4.535,50

MOD+GGF para a produção planejada (50 PA)

D Variação pelo Volume de Produção 4.700,00

C Variação na taxa horária da MOD 3.500,00

C Variação no Consumo de MC 1.200,00

Pelo valor real da Folha de Pagamento

D Variação na taxa horária da MOD 4.000,00

C Folha a Pagar 4.000,00

Requisição de 15 MC ao custo standard de R$ 100,00

D Variação no Consumo de MC 1.500,00

C Estoque de MC 1.500,00

Produção de 47 peças boas e 1 perda

Produção de 48 PA ao custo standard de 176,00

D Variação pela Perda de PA 8.448,00

C Estoque em Processo 8.448,00

Entrada no estoque de PA de apenas 47 PA bons, a 176,00

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166 TEORIA DO ERP

D Estoque de Produto Acabado 8.272,00

C Variação pela Perda de PA 8.272,00

Figura 8.19 Custo standard - vendas.

Venda de 45 PA ao custo R$ 176,00 cada

D CMV 7.920,00

C Estoque de PA 7.920,00

Vendas

Venda de 50 PA a R$ 385,36

D Variação no Volume de Vendas 19.268,00

C Receitas Standard 19.268,00

Venda de 45 PA ao preço standard de R$ 385,36

D Variação no Preço de Venda 17.341,20

C Variação no Volume de Vendas 17.341,20

Venda de 45 PA ao preço real de R$ 360,00

D Clientes 16.200,00

C Variação no Preço de Vendas 16.200,00

Pelo ICMS Standard (18% de 19.268,00)

D Despesa com ICMS 3.468,24

C Variação na Despesa com ICMS 3.468,24

Pelo ICMS real (18% de 16.200,00)

D Variação na Despesa com ICMS 2.916,00

C ICMS a Pagar 2.916,00

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167 TEORIA DO ERP

O resultado será:

Figura 8.20 Resultado após a contabilização.

Para se chegar ao lucro REAL, ainda é preciso um ajuste no estoque. Este ajuste

somente é feito ao final do exercício. É exatamente levar aos estoques o que lhe

cabe das variações.

Figura 8.21 Lucro real.

Para se trabalhar no sistema com o método de Custo Standard puro seria

necessário à elaboração de uma série de lançamentos automáticos específicos, ou

seja, é possível, mas não recomendado e porque não dizer desnecessário. O que se

prega é a utilização do custeio on-line com quantidades reais e custos médios para

a matéria-prima e valor Standard, ajustado a cada mês, para a MOD+GGF, ou seja,

plenamente aceito pelo imposto de renda e propício para o cálculo das variações.

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168 TEORIA DO ERP

Há um conjunto de relatórios que fornece as variações calculadas e detalhadas por

produto, matéria-prima, ordem de produção, centro de custo, comprador, cliente e

vendedor.

8.12 Índices Econômicos e Financeiros

São relações entre os números do balanço que indicam a tendência da empresa e

servem como medidas de sua performance e eficiência.

Índices de Liquidez

Medem a disponibilidade financeira do caixa. Considera a liquidez dos

ativos — caixa, bancos, títulos a receber a curto e longo prazo,

estoques, aplicações e por que não dizer imobilizados. Em relação aos

passivos — títulos a pagar a curto e médio prazo, financiamentos e

dividendos.

Índices de Rentabilidade

O lucro em relação às vendas, em relação ao capital próprio ou ao

passivo como um todo. Uma comparação com as taxas de juros do

mercado é importante numa chamada de capital. O valor dos novos

investimentos em relação ao lucro informa para onde está indo o

dinheiro.

Índices de Giro de Estoque

Determina qual o estoque médio em relação às vendas. Quais itens

estão ‘dormindo’ nas prateleiras. Por outro lado, quais vendas deixaram

de ser feitas, provavelmente, por falta de produtos.

Índices de Inadimplência (contas a receber e a pagar)

Valores atrasados em relação ao total a receber, idade dos títulos, risco dos

atrasados e prazos médios de pagamento e recebimento.

Índice de Rotatividade de Mão-de-Obra

Quantidade de admissões e demissões em relação à quantidade de funcionários,

por centro de custo, período, nível salarial, etc.

Estes índices podem ser melhor analisados nos seguintes relatórios:

• Relação dos Produtos Vendidos;

• Relação de Real x Standard;

• Balancetes;

• Posição Geral da Cobrança;

• Comparativo de valores Orçados x Reais;

• Faturamento por prazo;

• Análise dos Estoques;

• Fluxo de Caixa.

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169 TEORIA DO ERP

Capítulo 9

Gestão de Materiais

Objetivos do aprendizado

Fornecer conceitos básicos sobre Lote Econômico e Ponto de Pedido bem como os elementos

fundamentais para a adoção de políticas de administração de suprimentos de materiais.

Palavras-chave

Lote Econômico, Ponto de Pedido, Estoque de Segurança, Regressão Linear, Correlação Simples,

Correlação Múltipla, Tempo de sobreposição, Tempo de desdobramento, Rastreabilidade.

9.1 Lote Econômico

Quando se fala em Planejamento e Controle da Produção, MRP, Ponto de Pedido,

Lote Econômico, Estoque de Segurança no fundo o que se está procurando é

otimizar o processo de Suprimento de matérias-primas, produtos intermediários e

acabados, na forma mais eficiente e econômica.

Todos os sistemas de administração de materiais procuram manter o estoque em

níveis mínimos sem no entanto gerar uma falta do material.

A manutenção dos estoques no nível mínimo (também conhecido como Just in

Time) é feita comprando/produzindo apenas o necessário para atender a demanda

imediata.

Com isso, a quantidade de encomendas cresce, pois sempre, independente da

política adotada, a quantidade consumida ou vendida em um determinado período

de tempo é a mesma.

A principal vantagem de se manter um estoque médio em patamares baixos é

financeira. Estoques baixos demandam menor capital de giro. Não é preciso

recorrer a financiamentos externos e com isso não se paga juros. E se houver

capital próprio, o mesmo é liberado para ser aplicado, oferecendo um rendimento

extra para a empresa.

Há ainda outros fatores que trazem vantagens quando se tem níveis de estoques

reduzidos:

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170 TEORIA DO ERP

• Menor necessidade de espaço para armazenamento;

• Menor risco de obsolescência e deterioração;

• Menor custo de seguro;

• Menor risco de desperdício.

Por outro lado, adquirir materiais em quantidades elevadas também traz suas

vantagens:

Possibilidade de obtenção de melhor preço e descontos especiais;

Economia no transporte;

Menor quantidade de cotações, pedidos, ordens de produção e pagamentos;

Menor gasto com set-up ou preparação de máquinas;

Maior disponibilidade e variedade em estoque, o que incrementa vendas e

ajuda na produção;

Em tempos de inflação o estoque pode ser uma boa aplicação;

Possibilidade de comprar de melhores fontes, ou seja, do próprio

fabricante, de distribuidores e de atacadistas;

Menor risco de falta de material por se comprar menos vezes.

O conflito entre as vantagens e desvantagens na quantidade a encomendar a cada

nova compra/produção é resolvido com o cálculo do Lote Econômico.

Para este cálculo existe uma fórmula que estabelece a quantidade na qual a soma

dos custos de aquisição e de manutenção é mínima. Note que o valor total gasto

em certo período com a aquisição do produto não é afetado pelo tamanho do lote.

Parte-se do princípio que o consumo e o preço independem do lote.

A fórmula leva em consideração os seguintes aspectos:

Figura 9.1 Lote econômico.

LE= = = 5

CP= Custo de um Pedido

C= Consumo de Item

I= Custo de Armazenagem

P= Preço Unitário

ICusto de Armazenagem Pode ser usada a taxa de juros mensal corrente no

mercado.

É claro que esta taxa difere bastante se a empresa toma emprestado ou aplica o

excesso do dinheiro necessário para financiar o estoque.

De qualquer forma, como ela inclui também os demais custos (armazenagem,

obsolescência, etc), convém considerar a taxa de juros para empréstimos acrescida

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de 1 ou 2 pontos percentuais. Assim, por exemplo, a uma taxa anual de 12 % pode-

se considerar um índice igual a 2 como razoável.

Como o índice é aplicado sobre o suposto estoque médio de cada item é preciso

também incluir na fórmula o seu custo unitário, já que o estoque médio é igual ao

lote econômico em valor dividido por dois. Isto porque, desconsiderando-se o

estoque de segurança, o estoque máximo é o próprio lote e o mínimo é zero.

CP Custo de cada pedido ou ordem de produção. Considera-se aqui os valores

gastos pelos setores envolvidos dividido pela quantidade de pedidos e ordens

emitidos no mês. Este valor tem caído bastante nos últimos anos em função da

própria informatização destes setores, da melhor comunicação cliente-fornecedor

e da agilização nos processos de entrega e de preparação de máquinas. O Kanban,

por exemplo, é outra forma de reduzir o custo deste processo. Há de se considerar

também, no caso de compras, que um mesmo pedido pode ser entregue

parceladamente, ou mesmo ser estabelecido um contrato de prazo mais longo.

Neste caso, o lote econômico é a quantidade entregue em cada remessa.

C Consumo médio mensal. É este número, na verdade, o “divisor de águas” entre

as duas políticas básicas existentes no processo de Suprimentos:

Pelo ponto de pedido

Pelo MRP

No “frigir dos ovos” compra-se o que se consome. Portanto, é preciso ter esta

previsão.

Para os itens dependentes o cálculo é feito em cima da previsão de vendas com

base na estrutura de produtos. Se esta previsão estiver correta, pode-se comprar

no momento certo e na quantidade necessária. Somente em casos mais esporádicos

é que se lançaria mão do lote econômico, adquirindo-se uma quantidade superior à

necessária devido à economia obtida.

Mas para os materiais independentes da previsão de vendas, ou seja, aqueles que

não estão pendurados em nenhuma estrutura, a solução é calcular o consumo

médio e estabelecer como momento de compra aquele em que o ponto de pedido

for atingido. Este ponto, por sua vez, também chamado de Ponto de Alerta, de

Encomenda ou mesmo de Estoque Mínimo será o consumo médio dividido pelo

prazo de entrega mais o estoque de segurança. Falaremos do estoque de segurança

mais para frente.

É o consumo médio que determinará quantas vezes um item será comprado ou

produzido por mês de acordo com o lote econômico.

Desta forma teríamos:

Custos de armazenamento: LE.P.I

2

ou seja, estoque médio multiplicado pelo custo unitário do item multiplicado pelo

índice referente ao custo de armazenamento:

Custos dos Pedidos: C .CP

LE

Olhando-se no gráfico pode-se ver que a equação do Custo de Armazenagem gera

uma reta ao passo que a equação do Custo dos Pedidos é uma parábola. A equação

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que representa a soma de ambas também é uma parábola cujo ponto mínimo

coincide, no eixo dos X, com o ponto onde as duas equações se cruzam.

Logo, o LE será o ideal quando:

LE.P .I = C .CP

2 LE

ou LE . P .I =C .CP

2 LE

ou LE2

= 2 . C .CP ou LE = 2 . C .CP

P . I P . I

Onde:

•LE Lote Econômico;

• C Consumo médio mensal;

• CP Custo de cada pedido;

•P Preço unitário do produto;

•I Taxa de armazenagem (já dividida por 100).

Vejamos um exemplo:

CP = 300

P = 20

I = 0,03

C = 1000

LE = 2 .1000 .300 =600000 = 1000000 = 1000

20.0,03 0,6

ou seja, o lote econômico é de 1.000 peças, equivalendo a 1 compra por mês.

Custo de Armazenagem:

LE Custo

250 75

500 150

1000 300

1500 450

2000 600

2500 750

Custo dos Pedidos

LE Custo TOTAL

250 1200 1275

500 600 750

1000 300 600

1500 200 650

2000 150 750

2500 120 870

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Na prática, especialmente entre os comerciantes, tem-se adotado o número de

meses para definir a quantidade a adquirir a cada nova encomenda, ou seja, se

compra ou se produz para ½ mês, 1 mês, 1 semana, 6 meses, etc.

E na verdade, é esta freqüência que se informa no sistema para o cálculo do lote

econômico. A fórmula, no entanto, continua sendo o guia desta política.

Normalmente aplica-se a fórmula a um pequeno grupo de materiais e depois se

adota o seu resultado como regra geral.

O primeiro ajuste se refere às classes dos produtos. A fórmula traz resultados

bastante diferentes para itens da classe A,B ou C.

O que significam estas classes? É a classificação dos produtos de acordo com o

gasto mensal total.

Multiplica-se o consumo médio mensal pelo custo unitário e faz-se uma

classificação em ordem descendente destes totais.

Desta forma, itens ou com alto consumo em quantidade ou com custos unitários

mais elevados tendem a ser de classe A. São normalmente as matérias-primas mais

usadas, os materiais de consumo caros, enfim, aqueles que mais merecem nossa

atenção, pois o seu estoque médio tende a ser alto, recebendo assim um forte

impacto da taxa de armazenagem.

O custo do pedido terá pouca influência nestes casos e assim a tendência é uma

compra ou produção mais “picada”, ou seja, com lotes pequenos.

O inverso é verdadeiro para os itens baratos ou de pouco consumo. Não vale a

pena, por exemplo, comprar semanalmente uma quantidade pequena de lâmpadas.

O custo dos pedidos (fazer cotação, emitir o pedido, receber o material, emitir a

ordem de pagamento) seria bem maior do que manter um estoque para pelo menos

três meses de consumo. Assim, itens de classe C tendem a ter lotes econômicos

maiores. Por isso no sistema informa-se uma periodicidade de compra diferente

para cada classe. Ao se fazer a curva ABC há de se considerar ainda qual o

percentual do gasto total a ser atribuído a cada classe. 30%, 30% e 40%

respectivamente para as classes A,B e C são percentuais razoáveis e normalmente

adotados.

Somente quando se tem uma classe A com poucos itens e significativa é que se

muda esta relação colocando-se, por exemplo, 20%, 30% e 50%.

Um segundo aspecto a ser considerado é a divisão, ao se fazer o cálculo da curva

ABC, dos grupos de itens considerados. Não se pode misturar matéria-prima com

material de consumo, pois neste caso certamente todos os materiais de consumo

cairiam para a classe C e todas as matérias-primas ficariam na classe A.

Um terceiro e último ajuste refere-se à disponibilidade financeira.

Não se pode permitir que, de acordo com os critérios adotados, os lotes

econômicos fiquem tão altos que exijam um financiamento externo.

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Para evitar este fato pode-se estipular qual é o valor máximo que a empresa tem

para financiamento do estoque. Ultrapassado este valor, o sistema “achata” os

lotes econômicos de tal forma que as compras do mês não ultrapassem o valor

determinado.

A vantagem é que este “achatamento” é feito de forma harmônica, não

prejudicando nenhum item em particular. Para o cálculo da disponibilidade

financeira deve-se recorrer ao fluxo de caixa, verificar qual o pior dia do mês, em

termos de saldo de caixa e somar este saldo ao valor médio das compras nos

últimos meses.

Com isto a tendência será, a partir da nova política, aplicar-se até o último centavo

disponível em estoque, mas sem jamais se recorrer a financiamentos externos.

Normalmente o retorno do investimento em estoque é superior ao de uma

aplicação financeira, mas inferior ao custo de um empréstimo.

Sabemos que esta fórmula, pelos próprios fatores vistos, e pelo que ela deixa de

contemplar, não é das mais perfeitas. Mas é a única que existe. Deixa de

contemplar, por exemplo, as variações de preços que ocorrem em função da

quantidade comprada. Neste caso o que resolve é um algoritmo programado.

9.2 Ponto de Pedido

O Ponto de Pedido é o equivalente ao consumo no prazo de entrega mais o estoque

de segurança. Logo a dificuldade em estabelecer o ponto ideal está justamente em

se calcular médias confiáveis para o prazo e o consumo. Tanto em um como em

outro, apela-se para métodos estatísticos, como os que serão vistos a seguir. De

qualquer forma, para evitar faltas de estoque motivadas por consumos ou prazos

acima do previsto, trabalha-se com Estoque de Segurança.

Figura 9.2 Ponto de Pedido.

O Estoque de Segurança é o saldo que teríamos quando da chegada de uma nova

encomenda, caso o prazo e o consumo tenham se mantido na média.

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Serve justamente como proteção para eventuais anormalidades.

Será tanto mais alto quanto menor forem os índices de confiabilidade, medidos

pelo desvio padrão, das médias apuradas. Influi também o custo da falta do

produto, que pode ser catastrófico ou sem importância, dependendo da existência

de um alternativo, do próprio prazo de entrega e, é claro, das conseqüências que

sua falta trará.

Considere, por exemplo, as 10 últimas entregas:

Prazos de Entrega: 5,3,6,5,8,7,5,4,10,3

Média: 5,6 dias

Consumo diário: 90,110,80,100,90,105,95,109,120,90

Média: 98

Ponto de Pedido: 98 .5,6 = 548,8

Qual o Estoque de Segurança para se ter 100 % de confiança que não haverá falta de

material?

A primeira resposta parece ser 10 * 120 que daria 1.200 para o ponto de pedido e

1.200-549 = 651 para o estoque de segurança, ou seja, considerar-se os valores

máximos de cada série. Mas mesmo com este estoque de segurança não teremos

uma confiança de 100 % que jamais haverá falta de material. Isto porque

estatisticamente é possível e até provável que em algum momento teremos prazos

superiores a 10 dias e consumos diários superiores a 120 peças.

Para que se tenha a probabilidade exata de cada valor é necessário o uso de

complexas fórmulas estatísticas, das quais aqui damos apenas uma idéia geral:

O primeiro conceito é o do desvio padrão. A fórmula de cálculo do Desvio Padrão é:

Desvio Padrão = (X i – X)

N- 1

2

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Figura 9.3Desvio Padrão

O desvio calculado do prazo de entrega é de 2,2, ou seja, é a soma de

0,36+6,76+0,16+0,36+5,76+1,96+0,36+2,56+19,36+6,76, que são os desvios

elevados ao quadrado dividido por nove, cujo resultado é 4,93 e a raiz quadrada é

2,2.

Usa-se raiz quadrada e potenciação apenas para evitar compensações entre

diferenças positivas e negativas em relação à média, já que qualquer número

elevado ao quadrado é sempre positivo.

Baseado no desvio padrão é feita a Distribuição Normal, cujo cálculo é por demais

complexo para este texto, e que nos dá justamente as porcentagens de confiança

de cada valor.

No caso dos Prazos de Entrega teríamos como Distribuição Normal o seguinte:

Confiança Dias

50 % 5,6 (em 50% dos casos o prazo será menos do que 5,6 dias)

80 % 7,4

90 % 8,4

95 % 9,2

97 % 9,7

99 % 12,4

100 % infinito, ou seja, não se pode jamais garantir um prazo com 100% de

certeza.

Depende como já mencionado, das conseqüências da falta do material, o

estabelecimento do estoque de segurança. Se por exemplo, se queira que em 99 %

das vezes não falte, multiplica-se 12,4 x 98 = 1.215. Isto sem considerar a

distribuição normal do Consumo Médio, que também não garante um consumo de

98 peças.

9.3 Consumo Médio

O cálculo do consumo médio serve na verdade para se apurar qual será o consumo

futuro provável de determinado item. Por isso é válido em casos onde é

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relativamente estável. Caso contrário, em especial quando houver uma tendência

de crescimento ou queda, outros métodos devem ser utilizados. É o caso da

regressão linear, que estabelece uma equação que reflita esta tendência e que pode

assim ser usada para calcular o consumo futuro.

O cálculo da média é feito tomando-se a soma do consumo dos últimos 12 meses

dividido pela quantidade de meses. Pode-se também dar um peso a determinados

meses, para ajuste da média. Se houver sazonabilidade o mais correto é considerar

apenas o mês em questão e de preferência, com uma massa de 3 ou mais anos.

Mas se houver tendência, ou seja, se o consumo estiver aumentando ou abaixando

há necessidade de se fazer uma projeção do futuro. Esta projeção é feita através de

uma Regressão Linear na qual, baseado no passado, estabelece-se uma equação que

representa uma reta e a partir daí chega-se ao consumo dos próximos meses.

Se, por exemplo, o consumo dos últimos meses foi de 2,4,6,8,10,12,14,16,18 peças,

facilmente conclui-se que o consumo do próximo mês será de 20 e não de 10 que é

a média.

Ou seja, a equação Y = AX + B, que representa a reta, neste caso é y = 2x + 0, onde

A indica a inclinação da reta e B o ponto em que a reta cruza Y.

X é o número do mês e Y o consumo.

Figura 9.4 Linha de tendência.

Pelo gráfico tem-se que o consumo no mês 1 é 2, no mês 2 é 4 e assim por diante.

Mas, se o consumo não for regular, sofrendo altos e baixos, mas mesmo assim

seguir uma tendência, o método que calcula os valores de A e B da reta é o dos

Mínimos Quadrados. Com este método é calculada a inclinação (A) e posição (B) da

reta que mais se aproxima dos pontos que representam o consumo no passado.

Exemplo:

Mês Consumo

01 2

02 5

03 6

04 9

05 12

06 11

07 14

08 15

09 18

10 21

Por este método A = Σ(X . Y) – (( ΣX . ΣY) / meses)

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ΣX2 – (( ΣX . ΣX) / meses )

B = ( ΣY / meses) – (A . ( ΣX/meses))

Y = AX + B,

Logo, como

Consumo no próximo mês = A .próximo mês + B

Mês (X) Consumo X.Y X.X

1 2 2 1

2 5 10 4

3 6 18 9

4 9 36 16

5 12 60 25

6 11 66 36

7 14 98 49

8 15 120 64

9 18 162 81

10 21 210 100

55 113 782 385 ( soma)

A = 782 – (( 55 . 113 )/10)

385 – (( 55 . 55 )/10)

A = 782 – 621,5 = 160,5 = 1,94

385 – 302,5 82,5

B = ( 113 / 10 ) – ( 1,94 . ( 55 / 10) = 11,3 – 10,67 = 0,63

Logo, a equação da reta que reflete o passado é:

Y = 1,94 X + 0,63

Consumo no mês 11:

Y = 1,94 .11 + 0,63 = 21,97

Consumo no mês 12:

Y = 1,94 .12 + 0,63 = 23,96

Caso o consumo no passado refletisse uma parábola, a equação que a representa

seria de segundo grau: Y = AX2

+ BX + C.

De forma semelhante é feito o cálculo das constantes A,B e C e a partir delas

calcula-se a projeção do consumo.

A regressão linear projeta a tendência sempre baseada unicamente no passado.

Outra técnica estatística permite que se projete a tendência baseada em outros

fatores, fatores estes para os quais nós temos uma certeza maior de que os valores

futuros se tornarão realidade.

Assim, suponha que o consumo teve um determinado comportamento no passado.

Fazendo-se a regressão chegar-se-ia em determinado valor previsto.

Mas vamos supor que na realidade o consumo só ocorre se houver investimento

em propaganda. Assim se não houver propaganda no próximo mês, o consumo

cairá, fato que o método da regressão não detecta.

O que se faz é estabelecer correlações.

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179 TEORIA DO ERP

Relacionar consumo com gastos de propaganda é uma correlação simples. Já

relacionar consumo com mais fatores, como por exemplo, com gastos em

propaganda, crescimento da população e preço aplicado é uma correlação múltipla.

As chances de acertar aumentam.

Mas o importante é fazer a correlação apenas com fatores que realmente têm a

mesma tendência que o consumo. Para tal existe uma fórmula na qual se calcula o

índice de correlação para cada um dos fatores. Quanto mais próximo de 1 for o

índice, mais relacionado ele é. Próximo de zero não existe correlação e próximo de

-1 a correlação é inversa (exemplo: quantidade vendida em relação ao preço).

Ao se fazer depois o cálculo da previsão do consumo, dá-se mais força aos fatores

que têm forte correlação e abandonam-se aqueles em que a relação é fraca.

Deve-se também evitar fatores que possam, apenas por coincidência, ter uma forte

correlação, como por exemplo, consumo de bolas de futebol com o gasto de

energia elétrica. Para que tal não aconteça, a amostra do passado não pode ser

pequena.

Para projetar depois o consumo do item que está sendo estudado, é preciso que se

saiba, de antemão, a previsão dos outros fatores nos meses cujos consumos serão

previstos.

A correlação é tanto maior quanto mais próximo de 1 for o resultado.

Exemplo:

Fator 1: 2, 4, 6 Média = 4

Fator 2: 6, 12, 18 Média = 12

Como se vê, os fatores 1 e 2 são absolutamente correlacionados.

Vejamos o cálculo do índice de correlação:

(2-4) . (6-12) + (4-4) . (12-12) + (6-4) . (18-12) =

(4+0+4) . (36+0+36)

12+0+12 = 24 = 24 = 1

8.72 57624

Notem que os métodos aqui analisados para o cálculo do consumo de determinado

material são usados também e, principalmente, para o cálculo de Previsão de

Vendas.

É importante também mencionar que existe um bom número de softwares no

mercado especializados nestes complexos cálculos estatísticos.

9.4 MRP I – Material Requirement Planning

O MRP tem como objetivo gerar Ordens de Produção e Solicitações de Compras

baseado em uma Previsão de Vendas.

Ao contrário do Ponto de Pedido, onde a ordem é emitida independentemente de

uma demanda futura, o MRP é mais eficiente, pois, se não houver uma previsão de

demanda, nada é gerado, mesmo que o estoque vá à zero.

Por outro lado o MRP só funciona se houver uma Previsão confiável, o que nem

sempre é fácil na prática. A indústria automobilística, por exemplo, trabalha muito

com previsões, mas também é muito sensível a qualquer mudança da política

econômica. E estas mudanças, se feitas em cima da hora e de forma significativa,

causam enormes problemas no processo produtivo.

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180 TEORIA DO ERP

Em vista disto o MRP faz algo mais do que a simples explosão dos produtos

acabados e descer nível a nível até chegar às matérias-primas. Muito disto é

conseguido graças a informações adicionais incluídas na estrutura dos produtos,

tais como componentes alternativos, seqüência de montagem, etc.

Façamos um pequeno exemplo para que fique bem claro como funciona este

processo básico de explosão.

Estrutura: PA

PI (1)

MP1 (1)

MP2 (1)

O número entre parênteses indica a quantidade do “filho” em relação ao “pai”, ou

seja, em cada PA é usada uma unidade de PI e uma de MP2, em cada PI uma

unidade de MP1.

No exemplo utilizam-se ainda os conceitos de Lote Econômico e Lote Mínimo. A

rigor estas quantidades mínimas não deveriam ser colocadas em um processo de

MRP, ainda mais se considerarmos a “febre” de Just in Time que existe hoje em dia.

Recordando, LE é a quantidade ideal a ser produzida ou comprada a cada ordem de

produção ou pedido de compras e Lote Mínimo é um múltiplo da quantidade a ser

encomendada seja por questões de embalagem, seja porque determinada máquina

faz mais que uma peça por ciclo. Também se colocou um Estoque de Segurança,

que é assim subtraído do saldo existente no cálculo das necessidades.

O cálculo da necessidade é o seguinte:

(Previsão de Vendas + Empenhos) –

(Saldo Atual – Estoque de Segurança) –

(Pedidos de Compra + Ordens de Produção)

A soma Previsão de Vendas + Empenhos também é chamada de Previsão de Saídas.

A cada abertura de Ordem de Produção tem-se a geração de empenhos para todos

os seus filhos, multiplicando-se a quantidade da Ordem pelas quantidades da

Estrutura.

A soma Pedidos de Compra + Ordens de Produção em aberto também é chamada de

Previsão de Entradas.

A necessidade, por sua vez, é ajustada para cima ou se for menor que o Lote

Econômico ou se não for um múltiplo do Lote Mínimo.

Figura 9.5 Situação atual.

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181 TEORIA DO ERP

A solução para este caso é a seguinte:

Figura 9.6 Cálculo das necessidades de materiais.

Como se vê, o que o MRP na verdade faz é uma Projeção do saldo em estoque,

calculando as Previsões de Saída e as Necessidades de acordo com os dados

disponíveis.

Figura 9.7 Ordem de Produção.

Neste primeiro exemplo, não foram consideradas nem as datas, nem as restrições

de recursos para a produção prevista. As datas, para que se saiba quando cada

entrada ou saída devem de fato ocorrer. E as restrições para tornar o plano viável.

Para considerar as datas é necessário conhecer o prazo de produção de cada item

produzido e também o prazo de entrega dos itens comprados.

Com os prazos de produção se calcula a data início das ordens de produção que

são sugeridas pelo MRP. E assim recua-se no tempo, a cada nível que se desce na

estrutura.

Assim, por exemplo, se os prazos dos produtos acima fossem:PA - 10 dias PI - 5

dias e a Previsão de Vendas das 2.000 peças de PA fosse para o dia 30/04, a data

final da OP do PI teria que ser dia 20 e a compra da MP1 teria de chegar no dia 15.

Pelo prazo de entrega de MP1 chega-se à data em que o Pedido de Compra deve ser

realizado. Esta informação consta da Solicitação de Compra.

É claro também que se tivermos um Pedido de Compra com data de entrega

prevista para o dia 20 e surgir uma necessidade para o dia 18, um novo pedido terá

de ser gerado, mesmo que não haja outra necessidade para aquele já colocado.

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182 TEORIA DO ERP

Na verdade, o correto em uma situação destas é eliminar todas as previsões de

entrada, sejam pedidos ou ordens de produção, geradas desnecessariamente. É

claro que, em certas situações, em especial quando se tratar de Pedidos de

Compras, este cancelamento não é mais possível.

Outro fator a ser verificado na Projeção de Estoques é a questão de produtos

alternativos. No momento em que existe a possibilidade de usar outra matéria-

prima, disponível no estoque, não há realmente razão para se comprar mais um

lote da original. O que é preciso verificar é se o sistema não irá utilizar produtos

alternativos que depois farão falta em estruturas onde eles são originais. Para tanto

esta decisão é deixada para o final do processamento, quando então é possível

verificar a melhor opção de compra/produção.

Ainda em relação às estruturas temos a opção dos acessórios. Acessórios são itens

que nem sempre são solicitados pelo cliente e, portanto, são agregados à estrutura

no momento do Pedido de Venda.

9.5 Carga Máquina MRP II - Manufactoring Resource Planning

Estabelecido o que deve ser produzido através da abertura das ordens de

produção, o grande problema passa a ser o planejamento de como realizar esta

tarefa.

Uma fábrica é um conjunto de máquinas, pessoas, ferramentas e outros recursos

que trabalham dentro de um determinado horário. As ordens de produção por sua

vez devem ser entregues nas datas estabelecidas pelo setor de vendas. Os vários

componentes de uma estrutura de produtos por sua vez são dependentes entre si,

ou seja, a seqüência de fabricação precisa seguir certa ordem, principalmente na

montagem final.

O primeiro passo é estabelecer os roteiros de operação. Cada componente da

estrutura deve ter o seu. Para cada operação define-se o seu tempo, a máquina

onde é realizada, a ferramenta, o tempo de sobreposição e o tempo de

desdobramento. As operações são numeradas de forma ascendente, respeitando

sua seqüência.

O tempo de operação pode ser estabelecido para um determinado lote, já que é

comum este tempo, se medido para uma determinada peça, ser demasiado

pequeno, mesmo que medido em segundos.

Normalmente o tempo total de operação é proporcional à quantidade de peças,

mas há exceções. Por exemplo, a operação “secar” tem tempo fixo, seja para uma

peça, seja para um conjunto maior delas.

Além do tempo da operação propriamente dito, há ainda o tempo de Setup ou

preparação da máquina. Este tempo, que é fixo, e que por isso afeta o cálculo do

lote econômico, é sempre somado ao tempo variável, independente da quantidade

de peças a produzir. Na prática, este tempo nem sempre é o mesmo, pois muitas

vezes depende da operação anterior. Isto acontece, por exemplo, em gráficas, onde

dependendo da cor anterior fica mais fácil ou mais difícil a limpeza da impressora

para receber a nova tinta. Para otimizar este processo, trabalha-se com grupos de

operações, procurando manter-se aquelas do mesmo grupo, adjacentes.

A operação pode, também, ser feita em máquinas alternativas. Seja uma máquina

idêntica, pois cada uma é tratada individualmente, como semelhante, mas

realizando a tarefa de forma adequada. É claro que para cada tipo de máquina os

tempos de Setup e operação podem variar. Quanto maior o número de máquinas

alternativas, maior flexibilidade terá o processo de carga de máquinas.

Além das máquinas, é possível ter mais recursos escassos. Ferramentas, como

moldes, facas de corte, dispositivos, precisam também estar disponíveis quando a

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máquina for alocada. É fácil perceber que a adição de cada recurso complica

exponencialmente a sua alocação, pois é preciso conciliar em um determinado

momento suas disponibilidades. O mesmo é válido para pessoas.

Também em relação às máquinas, há detalhes a serem considerados quanto à sua

capacidade. Embora a maioria das operações dependa apenas do fator tempo para

serem alocadas, outras como fornos e estufas têm uma capacidade limitada a certa

quantidade de peças e podem, dentro de certas circunstâncias, tratar peças

diferentes simultaneamente.

Como foi falado, as operações seguem uma determinada seqüência. Assim, como

numa rede PERT, uma operação é dependente da anterior. Mas nem sempre a

operação anterior precisa estar totalmente concluída para que a próxima se inicie.

Se o lote for grande, por exemplo, pode-se muito bem transferir um sublote para a

estação seguinte antes que todos eles estejam concluídos. Isto depende da própria

distância entre as estações, de sua natureza e seu tempo total. Por outro lado, não

é muito vantajoso criar-se uma operação para cada etapa do processo quando se

tratar de uma produção em série, pois o controle neste trecho da fabricação é

praticamente impossível e porque não dizer, desnecessário.

De qualquer forma, o tempo de sobreposição ou overlap permite a execução de

duas operações paralelamente. Este tempo, quer seja informado em percentual ou

em valor absoluto, indica a partir de quando pode se iniciar a operação seguinte.

Já o tempo de desdobramento ou split-time, é aquele mínimo em que se pode

“quebrar” uma operação para otimizar a alocação das máquinas. Esta quebra pode

ser feita para alocar uma operação que, por exemplo, levaria 10 horas para ser

realizada, em duas etapas, cada uma de 5 horas, seja usando máquinas diferentes,

seja aproveitando-se 2 tempos livres deste tamanho. Neste caso, a cada etapa é

preciso somar o tempo de Setup.

A questão do tempo disponível de cada máquina tem também uma série de

detalhes a serem analisados.

Inicialmente, o seu calendário, que informa o horário de trabalho em cada dia da

semana, inclusive nos fins de semana e feriados e bloqueios a que ela está sujeita,

em função de uma manutenção preventiva ou mesmo corretiva. É neste ponto que

há a integração com o módulo de Manutenção Industrial, que gera estes bloqueios

automaticamente.

O que o processo de Carga Máquina faz é, a partir das ordens de produção e suas

datas de entrega, alocar as operações, minuto a minuto, nos recursos disponíveis.

Se a máquina estiver ocupada e não for compartilhada, é feita uma navegação no

tempo até encontrar o tempo disponível necessário. Esta navegação pode ser feita

no sentido do início para o fim ou do fim para o começo.

O ideal é fazê-la pelo fim, ou seja, parte-se da data de entrega prevista da ordem de

produção do produto “pai” e daí aloca-se e recua-se no tempo, todas as suas

operações e as operações das ordens de seus componentes. Ideal, pois elimina o

estoque já que entrega a mercadoria no momento exato de sua necessidade.

Por outro lado, se apesar de tudo, o tempo disponível não for suficiente, gerando

um planejamento com datas anteriores à atual, ou mesmo se houver interesse em

se iniciar a produção mais cedo, faz-se a navegação do início para o fim. Parte-se

da disponibilidade das matérias-primas e começa-se o processo o mais cedo

possível, alocando para frente as operações cujos recursos estejam ocupados. Com

isso, a data fim da ordem de produção do produto “pai” será estabelecida pelo

sistema e, se atraso houver, este pode ser contornado, seja avisando o cliente, seja

tomando uma das seguintes medidas:

• reduzir os tempos de operação;

• aumentar as horas disponíveis, via horas extras;

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• aumentar os recursos disponíveis, mesmo que seja através de terceirização;

• otimizar o processo, via redução do tempo de desdobramento ou aumento

da sobreposição.

No Sistema, um relatório que ajuda bastante na eliminação de gargalos dentro da

fábrica é o Mapa de Recuos e Avanços. Este relatório fornece a diferença entre o

momento ideal em que uma operação deveria ser alocada e o momento real que

isto foi possível, em virtude de haverem máquinas ocupadas.

Este processo de navegação é usado quando a carga é finita. No caso de carga

infinita, a navegação não é feita e a resposta do sistema limita-se a informar o

excesso de carga que cada recurso recebeu.

Vejamos um exercício simples de carga de máquina, onde dois produtos

necessitam usar os mesmos recursos e devem ser entregues na mesma data-fim.

Boneco Boneca

Cabeça Cabeça

Roteiro de operações do Boneco e da Boneca

Operação Máquina Tempo Lote

A Lixar Lixadeira 5 hr 10

B Montar Montadora 10 hr 10

Roteiro de operações da Cabeça

Operação Máquina Tempo Lote

A Pintar Estufa 5 hr 10

Disponibilidade de máquinas:

• 2 Montadoras;

• 1 Lixadeira;

• 1 Estufa.

Horário de trabalho: das 8hs às 18hs sem intervalo para almoço e sem fim de

semana.

Previsão de Vendas

30/04 50 Bonecos

30/04 50 Bonecas

Foram abertas 4 Ordens de Produção:

50 Bonecos

50 Bonecas

50 Cabeças

50 Cabeças

A navegação será feita do fim para o início.

Resultado:

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OP Boneco

B Montar Montadora1 Dia 25/4 8hs ao dia 29/4 18 hs

A Lixar Lixadeira Dia 22/4 13 hs ao dia 24/4 18 hs

OP Boneca

B Montar Montadora 2 Dia 25/4 8 hs ao dia 29/4 18 hs

A Lixar Lixadeira Dia 20/4 8 hs ao dia 22/4 13 hs

Esta operação teve que “navegar” para o dia 20, quando o certo seria seu início no

dia 22. Mas neste dia a lixadeira já está ocupada.

OP Cabeça

A Pintar Estufa Dia 20/4 8 hs ao dia 22/4 13 hs

A Pintar Estufa Dia 17/4 13 hs ao dia 19/4 18 hs

A operação que teve que ser recuada – Lixar Boneca – apareceria no mapa de

Recuos e Avanços indicando assim ao usuário que um aumento neste recurso,

melhoraria o balanceamento da fábrica, portanto sua capacidade real, pois trata-se

de um “gargalo”. Normalmente a eliminação de um gargalo gera imediatamente um

novo nas operações adjacentes. É um trabalho de planejamento a eliminação

completa de todos os “gargalos”.

9.6 Rastreabilidade

Imagine um Laboratório que produza remédios recebendo uma informação que um

paciente, ao medicar-se com seu produto, teve uma reação que quase o levou a

morte. Feitos os exames, descobriu-se que a causa foi o uso indevido de uma

matéria-prima, cujo prazo de validade provavelmente estaria expirado.

Como irá o Laboratório descobrir qual o lote de matéria-prima usado na fabricação

do citado medicamento? E mais. Onde estarão todos os demais produtos usados

por este famigerado lote vencido? Esta é a função da rotina de Rastreabilidade,

cada vez mais exigida nos processos de fabricação que atendam aos quesitos de

qualidade exigidos na norma ISO-9000.

O princípio de seu funcionamento é simples.

À medida que chegam os materiais dos fornecedores é dado a eles um número de

Lote. Caso o fornecedor também adote este controle, é claro que o seu número

também é registrado. E aqui já começa o primeiro trabalho adicional. Os saldos de

estoque são controlados por Lote, o que obriga à criação de mais uma tabela com

pelo menos o número do lote, data de entrada, saldo físico e via de regra data de

validade.

Ao serem requisitados para as suas Ordens de Produção, menciona-se também

nesta transação o número do lote. É comum adotar-se, em especial nos casos de

requisições automáticas o critério FIFO (First In First Out).

A produção da OP, por sua vez, também recebe o seu número de lote ao dar

entrada no próximo estágio de estoque.

E assim caminha o processo até o produto acabado permitindo então que na Nota

Fiscal de Venda conste o número do lote referente ao último estágio de produção.

Para amarrar os lotes é criado mais um arquivo que contém o número do lote, da

requisição, da ordem de produção, código do material, quantidade e data,

viabilizando assim as consultas de rastreabilidade.

Basicamente o sistema oferece dois tipos de informações:

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186 TEORIA DO ERP

• Onde determinado lote foi usado;

• Que lotes de matéria-prima foram usados em determinado lote de produto,

OP ou nota de saída, isto em todos os níveis.

Vale salientar que a rotina de rastreabilidade é relativamente simples, embora

trabalhosa, quando para cada ordem de produção se utiliza apenas um lote de

determinada matéria-prima. Torna-se complicada quando, por exemplo, para uma

determinada OP usa-se dois lotes de uma mesma matéria-prima. E esta OP por

questões de fabricação (por exemplo carga em um forno) também gera mais que

um lote.

Exemplo:

Lotes da matéria-prima: A e B

Lotes produzidos: C e D

Ocorre que o lote C precisaria ser subdividido em sublotes C1 e C2, de acordo com

o uso de MP (A ou B). O mesmo para o lote D.

Imagine agora a multiplicidade de combinações que isto pode gerar quando se tem

várias matérias-primas nesta ou em pior situação. Uma solução é “quebrar” a OP

em múltiplos sublotes de produção.

9.7 Supply Chain Management

A Gestão de Materiais ganhou com a Internet a possibilidade de integrar cliente e

fornecedor de forma eletrônica e realizar todo esse processo aqui visto de forma

bastante automática. É o Supply Chain Management (Gestão da Cadeia de

Suprimentos). Nele o Fornecedor recebe instantaneamente as movimentações e

saldos de cada produto de seus clientes e, baseado nas regras de Ponto de Pedido,

Lote Econômico e MRP I, faz o necessário suprimento.

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187 TEORIA DO ERP

Capítulo 10

Gestão Administrativa

Objetivos do aprendizado

Mostrar a importância de uma ferramenta de ERP (Enterprise Resource Planning) na otimização dos

recursos da empresa e na obtenção de informações Financeiras bem como sobre o Ativo Fixo e o

RH.

Palavras-chave

ReturnonInvestiment, Fluxo de Caixa, Desconto, Cobrança,Variação, Monetária, Correção Monetária, FASB,

Correção Integral, Ativo Fixo, Depreciação de Ativo Fixo, Reavaliação de Ativo Fixo, Recursos Humanos,

Folha de Pagamento.

É na administração financeira e RH que se procura otimizar o destino de outros

recursos da empresa, igualmente escassos e difíceis de se obter: dinheiro e gente. E

para tal é preciso saber exatamente onde está cada centavo da empresa, qual sua

liquidez e disponibilidade. Obter um maior Giro e um maior ROI —

ReturnOnInvestment— ou Taxa de Retorno sobre o Capital Investido, somente é

possível com ferramentas de ERP.

Os módulos administrativos cumprem esta tarefa.

10.1 Financeiro

O grande desafio da administração financeira é conseguir uma alta taxa de retorno

do capital. A vida de uma empresa depende da compra e venda de mercadoria e

serviços. Neste processo, ela paga seus fornecedores e recebe de seus clientes.

Entre seus fornecedores estão também os funcionários que de alguma forma

“vendem” seus serviços e recebem os valores correspondentes através da Folha de

Pagamento. E, além dos funcionários, outro credor mais importante ainda são os

acionistas, que recebem seus valores através da distribuição dos lucros, via

dividendos.

Em toda esta movimentação, os detalhes são enormes e podem ser resumidos no

seguinte:

• Negociação de vencimentos de títulos a pagar e a receber;

• Atenção à necessidade de pagamentos “imprevistos”;

• Compensações referentes a adiantamentos;

• Desconto de títulos para suprir o capital de giro ou outros financiamentos;

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188 TEORIA DO ERP

• Melhor aplicação dos recursos disponíveis;

• Moedas e o problema da desvalorização/valorização cambial;

• Controle de crédito e da inadimplência;

• Orçamentos e a “contabilidade” financeira.

10.1.1 Vencimentos

Os títulos, uma vez emitidos, têm uma data de vencimento que é considerada no

Fluxo de Caixa como a data em que o dinheiro estará disponível ou deverá ser

desembolsado.

O Fluxo de Caixa é ferramenta importante para o setor financeiro e é comum

vermos situações complicadas simplesmente porque houve precipitação em um

determinado desembolso e atraso em uma entrada. Assim sendo, é objetivo do

sistema precaver-se contra estas incertezas e procurar acertar de forma exata este

movimento de dinheiro, que hoje, baseado em sistemas informatizados não

permite deslizes que, antes, eram “acertados” pelo gerente da agência bancária

mais próxima.

Assim, no sistema, há tratamento especial para o cálculo efetivo da data de

vencimento.

Este vencimento, chamado de real (nada a ver com a denominação de nossa

moeda), considera inicialmente os fins de semana e feriados, jogando-o para o

próximo dia útil. Considera ainda a retenção bancária, que embora hoje seja cada

vez menor, exatamente em função da T.I., ainda existe quando, por exemplo, um

título é pago pontualmente, porém em outra unidade da federação.

Até mesmo cálculos automáticos de atrasos para clientes que não costumam pagar

seus títulos em dia são levados em consideração para afinar ao máximo os eventos

em suas datas efetivas.

10.1.2 Títulos Provisórios

Da mesma forma que as datas, outra dificuldade de qualquer Fluxo de Caixa é

prever efetivamente todos os valores que irão sair do caixa nos próximos dias ou

meses.

A carteira de títulos a pagar apresenta os boletos implementados na entrada das

notas fiscais de compras. Comissões de vendas guias de impostos e a folha de

pagamento com seus encargos também são implantados automaticamente.

Até mesmo os Pedidos de Compras são, opcionalmente, considerados. A data de

vencimento neste caso é considerada pelo prazo de entrega mais a condição de

pagamento acertada no respectivo pedido.

E qualquer outra previsão de saída de caixa não presente nos tópicos acima é

implementada através dos Títulos Provisórios. Sua finalidade é estar presente no

fluxo de caixa e ser substituído o mais rápido possível por um título real, ou

mesmo pelo seu pagamento direto. Exemplo desta situação são certos aluguéis a

serem pagos via recibo e que muitas vezes pega de surpresa quem trabalha com

sistemas que somente lançam valores baseados em um documento fiscal. Ou

aquela compra que o dono da empresa faz e para agradar o fornecedor liga para o

financeiro pedindo que lhe seja feito um adiantamento, na base do: - Agora, estou

mandando!

Há também uma rotina evitando que estes títulos provisórios fiquem duplicados

quando da chegada do título real. O Sistema avisa sobre sua existência tão logo

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seja mencionado o código do fornecedor. Tudo isto também é válido para os

títulos a receber.

10.1.3 Compensações

Em um sistema financeiro é importante que haja um controle para se evitar

duplicidade de pagamentos e recebimentos. Isto é bem fácil de acontecer quando

se trabalha com antecipações. Em projetos de prazo mais longo é comum haver

pagamentos antecipados e que depois são descontados do boleto final, que

apresenta o valor total.

O sistema, além de impedir que ocorra, por falta de controle, o pagamento integral

do citado boleto, permite um tratamento contábil da compensação dos valores e

relata, com clareza, no razonete o jogo de valores.

Também em devoluções, seja de vendas seja de compras, há todo um tratamento

de notas de crédito que deduzem os respectivos valores dos títulos originais.

10.1.4 Operações Bancárias

O sistema bancário brasileiro oferece várias opções de financiamento para uma

empresa.

Além dos empréstimos convencionais onde o cliente normalmente assina uma ou

várias notas promissórias com o valor da dívida acrescida de juros e comissões ou

ainda oferece um bem em garantia, a forma mais comum de financiar uma empresa

comercial é trabalhar com os títulos emitidos contra seus clientes.

É uma boa garantia que o Banco tem e fácil de ser conseguida pela empresa. Na

verdade o que o Banco faz é apenas antecipar o valor do boleto para o qual foi

dado um prazo mais longo de pagamento. Dentro desta opção há dois tipos básicos

de financiamentos:

• Desconto simples;

• Cobrança caucionada ou vinculada.

No Desconto Simples a empresa literalmente entrega os títulos ao Banco e este

credita na sua conta o total do valor, já subtraindo os juros e comissões. Mas a

empresa continua respondendo pelo não pagamento do título em seu vencimento,

recebendo, no caso, um débito, normalmente inesperado, em sua conta corrente.

Como vemos o controle não é tão fácil assim. Primeiro é preciso desconsiderar a

entrada dos valores destes títulos em seu vencimento, pois o dinheiro já foi

creditado no ato do desconto. Assim, eles precisam ser desconsiderados no fluxo

de caixa. Por outro lado, não podem ser simplesmente baixados, pois a empresa

ainda responde por eles. Enfim, o que o sistema faz é dar a eles uma condição

especial de modo que não participem do fluxo de caixa.

Situação mais complicada ainda ocorre com os títulos colocados em cobrança

caucionada ou vinculada. Trata-se de um financiamento onde os boletos servem de

garantia, mas dentro de um processo rotativo. Normalmente o valor da garantia é

20% acima do valor do empréstimo.

O contrato é longo, normalmente 1 ano, e durante sua vigência os títulos pagos

podem ser substituídos por novos e, somente aí, o valor recebido é creditado na

conta da empresa.

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190 TEORIA DO ERP

Caso o título não seja pago, o banco pede sua substituição e o mesmo passa para a

cobrança simples. No final do contrato os títulos pagos são retidos exatamente

para cobrir o pagamento do empréstimo e o que sobrar também vai para crédito da

conta corrente.

Este tipo de contrato, além de ter uma taxa de juros menor e ter um prazo maior, é

mais fácil de ser aprovado pelos Bancos do que o Desconto Simples.

É claro que em todos estes casos há necessidade de se analisar cuidadosamente

qual a real taxa de juros que está sendo cobrada.

Para tal a fórmula do valor presente é a melhor entre as muitas disponíveis em

qualquer compêndio de matemática financeira.

10.1.5 Aplicações e Empréstimos

O controle destas operações afeta diretamente o fluxo de caixa e no sistema elas

podem ser simuladas para se atingir a melhor combinação. A diversidade de

aplicações em nosso mercado – CDB, fundos de renda fixa ou variável, mercado de

ações, compra de moedas estrangeiras, a tradicional caderneta de poupança e

muitos outros – provoca a criação de rotinas específicas para elas.

10.1.6 Moedas e as Desvalorizações Cambiais

Apesar da baixa inflação que finalmente parece ser fato consumado em nosso país,

a questão das várias moedas é, ainda, um ponto que deve ser tratado tanto em

sistemas financeiros como na contabilidade. Mesmo porque, uma oscilação entre

as várias moedas do mundo sempre existirá, dependendo da saúde econômica de

um país em relação a outro.

No aspecto financeiro, há de se considerar que alguns bens da empresa, seja papel

moeda, sejam títulos, sejam ativos podem e devem ser gravados em moeda

estrangeira. Com a oscilação do câmbio, no entanto, estes bens mudam de valor

em real e no seu vencimento ou alienação passam por um processo de valorização

ou desvalorização, diferença esta que precisa ser devidamente contabilizada.

No sistema, cria-se para estes casos um campo que indica o tipo de moeda em que

está gravado o valor. Há também um arquivo de moedas que reflete dia-a-dia o

valor do câmbio das moedas estrangeiras em relação ao real. Desta forma, pode-se,

a qualquer momento emitir-se um relatório em qualquer moeda e converter todos

os valores para Real ou Dólar ou Euro ou qualquer outra pré-estabelecida.

Já no sistema de estoque, cada moeda tem seu próprio campo e seus valores são

históricos, ou seja, são convertidos pela taxa do dia do fato. Mas note que apenas a

Entrada do Material proveniente de uma compra é que sofre a conversão.

Daí em diante, o sistema trabalha com a própria moeda estrangeira. Assim, as

requisições que são apropriadas às Ordens de Produção são valorizadas, por

exemplo, pelo custo médio em dólar, que constitui um campo próprio no arquivo

de Saldos.

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191 TEORIA DO ERP

10.1.7 Variação Monetária, Correção Integral e FASB

O objetivo do cálculo da Variação Monetária é ajustar o balancete de uma empresa,

em especial com relação à conta de Lucros e Perdas, cujos números são falsos em

decorrência dos efeitos de uma desvalorização da moeda, causada pela inflação.

Muitas empresas chegaram a distribuir dividendos achando que estavam tendo

lucros altíssimos e logo depois quebraram, pois o resultado apresentado era

ilusório.

A questão de como fazer este acerto é polêmica, porque nem todos concordam

quanto ao momento em que se deve fazer o ajuste.

Tomemos um exemplo:

A empresa vende uma mercadoria a prazo para receber o valor em 60 dias.

Imaginando-se que se tenha a previsão de inflação, como deveria ser lançada a

receita: em dólar pela taxa de hoje e lançar o prejuízo no dia do recebimento? Ou

considerá-lo já no dia da venda, deixando para o dia do vencimento apenas o

ajuste do resíduo causado pela diferença de previsão da taxa? Ou ainda, lançá-lo ao

final de cada mês?

É basicamente nestas diferenças de conceitos que surgiram os vários métodos de

correção: a Correção Monetária imposta por lei em 1967 e extinta em 1996, o FASB,

adotado pelas empresas multinacionais, e a Correção Integral, idealizada pela CVM

para as sociedades anônimas de capital aberto.

A Correção Monetária fazia o acerto nos valores em cruzeiros ajustando as contas

que nada perdem com a inflação, ou seja, o imobilizado.

Ela não corrigia o estoque, pois considerava que a empresa somente usufrui o lucro

no ato da venda. Assim, a realização do lucro e sua taxação, ocorre no momento da

venda. Se a empresa corrige o imobilizado é justo também que o Capital e o

restante do patrimônio líquido sejam corrigidos. Afinal o acionista também deve

ser beneficiado, pois é ele o proprietário deste imobilizado. Com isso a empresa

somente pagava imposto de renda sobre a diferença entre a valorização do

imobilizado e do patrimônio.

Já o FASB se preocupa com o balancete em dólar. Partindo do princípio que os

valores ali registrados foram convertidos pela taxa do dia do lançamento, o que se

faz é dividir os valores em reais das contas que exatamente perdem ou ganham

com a inflação pela taxa atual do dólar. Assim, se a conta caixa apresentar um

saldo de R$1.000,00, convertido pela taxa de R$2,00 referente à data de sua

entrada, o saldo em dólar será de US$500,00.

Supondo que hoje, no fechamento, a taxa seja de R$ 3,00, o saldo real em caixa é

de apenas US$333,33, ou seja, se convertêssemos agora os reais para dólar

teríamos realizado uma perda de US$166,66 devido a inflação, e é exatamente isto

que a matriz estrangeira quer saber. Esta despesa é debitada em uma conta “Ganho

e Perdas com a Inflação” e o crédito é feito na própria conta caixa, ou em uma

subconta.

O mesmo raciocínio é válido para todas as contas do Circulante, como a de Clientes

e outros títulos a receber e de forma inversa, no contas a pagar. Nele, cada vez que

o pagamento é postergado há um ganho, pois o valor desembolsado em dólar é

menor.

O FASB pede justamente isto: que se ajuste os valores para o câmbio corrente

lançando em contas apropriadas os ganhos e perdas obtidos. As perdas do caixa

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192 TEORIA DO ERP

devem ser debitadas em Despesas Financeiras abatendo-as das Receitas

Financeiras, normalmente altíssimas, porém ilusórias em períodos de inflação. As

perdas do Contas a Receber devem reduzir o valor das Receitas com Vendas, que

assim refletirão os prejuízos obtidos com as vendas a prazo. Por outro lado, os

ganhos obtidos com as contas a pagar de Fornecedores devem ser creditados ao

Custo da Mercadoria Vendida, que será assim reduzido em função dos pagamentos

com prazos dilatados.

O FASB não apresenta um efeito idêntico ao da Correção Monetária, pois cada um

trata o Estoque de forma oposta.

Enquanto a Correção Monetária não corrige o estoque, fazendo com que o lucro da

desvalorização do custo seja realizado somente no ato da venda, o FASB ao não

considerar o Estoque como um item do Circulante, está na verdade considerando

que ele se valoriza com a inflação, o que no fundo é uma realidade (na verdade

este era um “benefício” que o governo concedia às empresas, pois já que a lei

exigia a correção do imobilizado, taxando-a, porque já não corrigir também o

estoque no fechamento do exercício? Certamente nenhum governante da época

percebeu esta “falha”!).

Para talvez igualar os resultados e, porque não dizer, corrigir a “falha”

mencionada, em 1992, a CVM — Comissão dos Valores Mobiliários, autarquia

federal que tem como uma de suas missões proteger acionistas que aplicam suas

economias em empresas de capital aberto —, estabeleceu que as empresas S/A de

capital aberto apresentassem seus demonstrativos segundo novas regras.

Estas regras, denominadas de Correção Integral chegam ao mesmo resultado que o

FASB, mas evidentemente usando os índices de variação da inflação. A ideia era

que este mecanismo viesse a ser adotado posteriormente para efeito de tributação

do imposto de renda, mas com o declínio da inflação e o plano Real, qualquer tipo

de correção oficial foi eliminado a partir de 1996.

O sistema mantém as rotinas de Variação Monetária em seu módulo contábil

através dos seguintes mecanismos, mesmo porque as empresas estrangeiras,

apesar dos baixos índices de inflação, não têm intenções de abandonar o FASB:

1. No cadastramento das contas coloca-se, se ela é sujeita à variação, ou seja,

se é uma conta sujeita aos efeitos da inflação (Caixa, Bancos, Contas a

Receber e a Pagar, enfim todo o Circulante), e a conta que deve ser a

contrapartida de sua perda ou ganho. Exemplos: Conta caixa: receitas

financeiras. Contas a receber: receitas com vendas. Contas a pagar:

custo da mercadoria vendida, etc.

2. Pode-se também mencionar uma conta diferente da própria para servir de

Redutora. Assim, por exemplo, em vez de creditar-se na própria conta

Caixa a sua perda com a inflação, cria-se uma outra específica para este

fim, que sintetizada com a própria, nos dá o novo saldo em moeda

forte. Com isso os valores das variações ficam destacados dos

operacionais.

3. Informa-se qual a conversão que deve ser feita no ato do lançamento para

cada conta: usando-se o dólar do dia, o médio do mês, o da data de

vencimento do título ou um informado pelo usuário no ato do próprio

lançamento. A vantagem de usar a taxa do dia do vencimento (caso de

compras e vendas), embora seja sempre uma previsão, é que neste caso

está se fazendo o tratamento da Variação Monetária de imediato, no

momento do lançamento e com isto, ao final do mês, é feito apenas o

ajuste entre a taxa prevista e a real. Ou seja, antecipa-se ao máximo o

ajuste do resultado.

4. Mantém-se um Plano de Contas para cada moeda, cada um com seu saldo

baseado nos lançamentos convertidos.

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193 TEORIA DO ERP

5. Mantém-se um arquivo com as taxas diárias em relação ao Real de cada

moeda, arquivo este que deve prever as taxas futuras caso alguma conta

faça a conversão pela data do vencimento.

6. Ao final do mês, ou do exercício contábil, processa-se a rotina de Variação

Monetária, que faz os seguintes procedimentos:

6.1 Para cada conta do Circulante, ou seja, aquelas para as quais foram

cadastradas contas de Variação Monetária se divide o saldo em Real pela

taxa da moeda correspondente no dia do fechamento.

O resultado é o novo saldo da conta em moeda forte. A diferença, positiva ou

negativa, é debitada ou creditada na conta de Variação e creditada ou

debitada na conta Redutora. As contas de Variação farão parte do resultado

da empresa em moeda forte.

Note que as contas que não sofrem variação como Estoques, Imobilizado e

Patrimônio Líquido (ou seja, quase exatamente aquelas que sofriam os efeitos

da Correção Monetária) permanecem com seus valores históricos em moeda

forte, isto é, convertidos pela taxa do dia do lançamento.

6.2 Para efeito de emissão de um Balancete com Correção Integral

reconvertem-se os saldos em moeda forte para Real, pela taxa atual. O que

ocorre: as contas do Imobilizado e Patrimônio Líquido aumentam de valor. As

contas do Circulante permanecem iguais, pois temos agora uma menor

quantidade de moeda forte, mas multiplicadas por uma taxa maior. Mas as

contas de Estoque, que não sofreram a tal da Variação, têm agora o mesmo

comportamento do Imobilizado, ou seja, têm seu valor aumentado, refletindo

em Real o seu valor atualizado. E o reflexo desta ação é o aumento do Lucro e

a conseqüente tributação, embora os itens ainda não tenham sido vendidos.

Apesar da não obrigatoriedade e dos baixos índices de inflação, muitas

empresas, especialmente as multinacionais, continuam a processar a

Correção Integral de seus balanços.

Analisemos um exercício, onde ainda é considerada uma alta taxa de inflação:

Situação inicial (dia 1):

Taxa do dólar R$ 2

Caixa Saldo Devedor de R$ 1000 e US$ 500

Capital Saldo Credor de R$ 1000 e US$ 500

Dia 15:

Taxa do dólar: R$ 3

Lançamentos:

Receita de Vendas: R$ 2400 US$ 800

Debita Contas a Receber e Credita Receita com Vendas

Receita com Aplicação: R$ 240 US$ 80

Debita Caixa e Credita Receita Financeira

Saldo no final do mês:

Caixa Saldo Devedor de R$ 1240 US$ 580

Contas a Receber Saldo Devedor de R$ 2400 US$ 800

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194 TEORIA DO ERP

Capital Saldo Credor de R$ 1000 US$ 500

Receitas Saldo Credor de R$ 240 US$ 80

Financeiras

Receita Saldo Credor de R$ 2400 US$ 800 com Vendas

Resultado antes da Correção $2640

Ativo/Passivo R$ 3640 US$ 1380

Taxa do dólar: R$ 2,6371

Contas com Variação: Caixa e Contas a Receber.

Ajuste de Saldos em dólar:

Caixa: de US$580 para R$1240/2,6371 = US$470,11 isto é, menos US$109,89

Contas a Receber: de US$800 para R$2400/2,6371 = US$909,89mais

US$109,89

Débito em Receita Financeira e Crédito no Caixa: US$109,89

Crédito em Receita com Vendas e Débito no Contas a Receber: US$ 109,89

Resultado em Dólar:

Receita com Vendas: 800 – 109,89 = 909,89

Receita Financeira: 80 –109,89 = - 29,89

Resultado: 880219,78 isto é -660,22

Em Real (Balancete com Correção Integral, só que em dólar):

Caixa: 470,11 .2,6376= 1239,96

C/R: 909,89. 2,6376 = 2.399,92 3640 (ativo)

Capital: 500.2,6376 = 1318

RF : - 29,89.2,6376= - 78,84

RV :909,89.2,6376= 2400 3640 (passivo)

Resultado: 2329,16 e não 2640, isto é, menos 318,84

Ativo/Passivo US$1380 R$3640

Como se vê neste caso, os efeitos de uma Correção Integral são idênticos aos da

Correção Monetária tradicional, baseada na legislação de 1967. No fundo o que

houve foi uma correção do Capital, que perdeu R$ 909,89, ou seja, a variação de 2

para 2,6371 no câmbio, para cada dólar. Como tínhamos US$ 500 de capital, a

perda foi de R$318,84. Na verdade a perda foi em cima do Circulante Líquido, ou

seja, do Caixa + Contas a Receber.

10.1.8 Análise de Crédito e Controle de Inadimplência

A análise de crédito é feita com base em informações comerciais obtidas em outras

empresas que, de preferência, tenham já feitos negócios com o futuro cliente. A

Internet certamente facilita esta tarefa, fornecendo muitas informações difíceis de

obter até pouco tempo atrás.

No sistema, duas rotinas controlam e evitam a venda para clientes que apresentam

algum perigo. Para cada cliente é definido um risco de A a E, risco este que aceita

ou rejeita um pedido dependente do volume de títulos em atraso. O risco é

informado ou pode ser gerado automaticamente de acordo com critérios pré-

estabelecidos.

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195 TEORIA DO ERP

Além do risco há também o Limite de Crédito evitando que, se o pior acontecer,

pelo menos as perdas não sejam muito altas. Também este valor pode ser

calculado de forma automática, inclusive baseado em informações obtidas da rede.

Via Internet o sistema consegue acessar, por exemplo, informações do SERASA ou

do SPC e assim atualizar dados de clientes como títulos protestados, cheques sem

fundos, falências e concordatas.

O controle de inadimplência é feito através de uma reação rápida quando o

primeiro atraso ocorrer. Suspensão de assistência, interrupção de fornecimento,

envio de cartas de advertência e finalmente medidas judiciais são atos que podem

e devem ser acionados via sistema.

10.1.9 Orçamentos e a “Contabilidade” Financeira

A contabilidade é o meio pelo qual se obtém os resultados econômicos de uma

empresa. Mas o fato de trabalhar pelo regime de competência, pelo seu aspecto

oficial e fiscal e por que não dizer, pela sua complexidade no cumprimento das

normas atuárias estabelecidas, fez com que surgissem as chamadas contabilidades

paralelas.

Caracterizam-se por serem simplificadas, tratam os dados do jeito que a empresa

quer e principalmente trabalham em regime de caixa, ou seja, o que vale é a

entrada e saída do dinheiro proveniente de todas as operações realizadas. Assim,

se a venda ou compra for a prazo, interfere no resultado no mês do recebimento

ou pagamento, inclusive se parcelado. O mesmo com as aquisições de ativos e

outras transações que envolvem trabalhosas rotinas de amortização.

Desta forma cria-se no próprio módulo financeiro uma pseudo contabilidade. Nela

a conta é substituída pela natureza e os lançamentos contábeis por movimentações

financeiras e bancárias.

O orçamento para cada natureza possibilita um planejamento e controle muito

mais eficiente do fluxo de caixa, pois permite que se compare a previsão com o

realizado em função das datas de vencimento.

10.2 Ativo Fixo

O controle do Imobilizado de uma empresa teve na complicada legislação da

Correção Monetária o seu motivo para o seu ingresso na tecnologia da informação.

Se formos considerar apenas o controle de bens de uma empresa e o cálculo de sua

depreciação, que sem dúvida, é elemento importante na composição dos custos

das empresas, concluímos que esta parte poderia ser simplesmente uma sub-rotina

da contabilidade. Mas a necessidade que o governo teve, nos anos que convivemos

com a inflação, em complicar o mecanismo da correção fez com que se criassem

softwares especializados em Ativo Fixo.

As manobras para recolher mais impostos de um lado e as reavaliações que as

empresas faziam para supervalorizarem os efeitos da inflação, proporcionou um

sem-número de leis que somente um especialista era capaz de decifrar. E tudo

porque não havia um mesmo índice de inflação aceito por todos. Mas como este

tempo já passou e não deve voltar tão cedo, esqueçamo-lo.É claro que o processo

de depreciação também apresenta seus “poréns”. É um custo que representa o uso

e desgaste que ocorre com um bem de alto valor. Da mesma forma que não seria

certo considerá-lo como uma simples despesa no mês de aquisição, aniquilando o

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lucro do período, não é certo também pensar como alguns ilusionistas: isto não é

despesa, é investimento e jamais subtraí-lo do resultado, a não ser quando da sua

venda ou sucateamento.

O mecanismo da depreciação lembra um conta-gotas. Descarrega em despesas, mês

a mês, o valor de aquisição diluindo o seu custo durante o uso do bem e, o que é

mais importante, guardando o dinheiro necessário à sua reposição. Só que

evidentemente a empresa não vai tirar o dinheiro do caixa e colocá-lo em um cofre

para no final da vida útil do bem fazer a nova aquisição.

O objetivo na verdade é reduzir o lucro impedindo que os acionistas, vendo um

lucro alto, saquem, através de dividendos, este dinheiro que deve ser resguardado.

Assim, a despesa com depreciação é creditada em uma conta chamada Depreciação

Acumulada e seus recursos são usados para reforçar o capital de giro da empresa,

através do aumento do circulante. Circulante este que evidentemente sofre, em

momentos diferentes, o impacto da aquisição, mesmo que ela seja parcelada.

Ao analisar um Mapa de Origens e Aplicações sempre aparece como Origem a

despesa de depreciação do mês, já que ela reduziu o lucro, mas não reduziu o

caixa, e por outro lado, em Aplicações, as aquisições de bens.

10.2.1 Vida útil do bem

Um computador nos dias atuais dura 5 anos? E uma máquina fabril, com o atual

desenvolvimento tecnológico, pode se manter por 10 anos?

Pois estes são os tempos de vida útil estabelecidos pela legislação do imposto de

renda. Vantagem para o acionista que não vê seu lucro diminuído (mas pode estar

sendo enganado e ter surpresas desagradáveis no futuro), desvantagem para a

empresa que paga imposto de renda mais alto hoje, embora se considerarmos o

período todo, o valor seja igual.

No sistema, por exemplo, a taxa de depreciação anual, que no fundo reflete o

tempo de vida útil (10% para 10 anos, 20% para 5 anos e 2% para 50 anos – caso de

edifícios e outros imóveis), pode ser diferente para cada uma das moedas previstas

no sistema. Assim, na contabilidade em Real, é usada a taxa legal, enquanto que

para as demais, em especial em dólar, é usada uma mais realista, já que

normalmente a matriz da multinacional está mais interessada no resultado efetivo

da empresa do que naquele camuflado pela legislação.

Existem também, casos em que a depreciação varia durante a vida útil do bem,

normalmente acelerando o processo. Diante de um laudo emitido por autoridade

competente, pode até ser usado na contabilidade oficial. Os critérios variam, mas

resumem-se nos seguintes:

• A taxa mensal aumenta conforme o bem perde em produtividade;

• A taxa diminui de tal forma que a soma da depreciação mais as despesas de

manutenção, crescentes com o desgaste do bem, fiquem mais ou menos

constantes durante sua vida;

• A taxa é maior porque o bem trabalha 24 horas por dia, fins de semana ou

mesmo em condições desfavoráveis.

10.2.2 Reavaliação

A reavaliação de um bem, usada até pelo governo quando reconheceu que os

índices de inflação oficiais não condiziam com a realidade (lei 8200), é na verdade

usada quando uma empresa quer aumentar seu valor patrimonial, seja em uma

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197 TEORIA DO ERP

oferta de venda, seja na busca de uma garantia para um financiamento, seja para

mascarar um prejuízo operacional. É aplicável mais nos casos de imóveis, que por

um motivo qualquer têm seus valores aumentados de forma significativa.

De qualquer forma é um procedimento que foge dos padrões contábeis

estabelecidos, onde um fato só deve ser registrado no ato de sua concretização.

Neste caso, na venda do imóvel, cujo lucro seria contabilizado na conta Lucro na

Venda de Ativos.

Qualquer reavaliação depende de laudo oficial. A reavaliação também é depreciada,

mas via de regra separadamente do valor original e considerando o período que

ainda resta de vida útil.

10.2.3 Baixas

Como já foi dito a depreciação é debitada em despesas e creditada em Depreciação

Acumulada. Embora seja uma conta com saldo credor é ela mantida no ativo,

reduzindo o valor do Imobilizado, que apresenta assim um saldo sintético real, ou

seja, aquele que seria obtido se hoje vendêssemos os bens.

Portanto, ao encerrar a depreciação, ou seja, ao final da vida útil do bem, esteja ele

funcionando ou não, seu valor residual é zero. Por isso não se justifica sua baixa,

pois se ele ainda está em funcionamento, deve constar do balanço da empresa,

refletindo sua existência.

Portanto, a baixa de um bem somente deve ocorrer quando de seu sucateamento,

venda, roubo ou outro tipo de desativação.

Neste caso credita-se a conta do Ativo, debita-se a depreciação acumulada e debita-

se o caixa, se algum valor foi recebido. E, neste caso, pode haver um lucro ou

prejuízo (se houver valor residual), que será então lançado em uma conta de

resultado.

O caso fica um pouco mais complicado se for uma baixa parcial. Se, por exemplo,

for um bem facilmente divisível, como a compra de 100 cadeiras, é comum baixar

parte delas e o cálculo da proporcionalidade é uma simples regra de três. Os

lançamentos contábeis e o valor residual são feitos em cima destes valores.

Exemplo:

100 cadeiras adquiridas a R$ 180,00 cada uma = R$ 18.000,00

Após 12 meses: Depreciação acumulada = R$ 1.800,00

isto é, 18.000 / 120 meses (10 anos) . 12 meses

Venda de 30 cadeiras a R$ 100,00 cada

Caixa: R$ 3.000,00

Depreciação Acumulada: R$ 540,00 (só das 30 cadeiras)

Ativo Móveis e Utensílios: R$ 5.400,00

Prejuízo na venda: R$ 1.860,00

Na verdade cada cadeira deveria ter sido vendida por R$ 162,00, isto é, R$ 180,00 –

R$ 18,00 da depreciação anual, dando o total de R$ 4.860,00.

10.2.4 Ampliações e Reformas

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198 TEORIA DO ERP

Da mesma forma, ampliações e reformas de bens já imobilizados podem ou ser

agregadas a ele e ter o valor da depreciação mensal aumentado e o prazo mantido

ou serem considerados itens a parte e ter uma depreciação própria, alongando

assim a vida do bem. A opção pode até ser feita de acordo com o interesse

econômico da empresa, ou seja, sua necessidade de gerar despesa.

Quanto à obrigatoriedade de imobilizar uma aquisição, a regra que manda é o seu

valor. O imposto de renda pode glosar um balanço que apresente grandes

aquisições lançadas em despesas, até mesmo em casos de, por exemplo, um

grande trabalho de consultoria que visou reorganizar a estrutura departamental da

empresa.

E finalizando estes comentários sobre ativo fixo, um resumo de sua real

necessidade de controle:

• Precaver-se de furtos de bens, tão difíceis de comprar e tão fáceis de

desaparecer. Para tal devem-se usar as etiquetas impressas pelo próprio

sistema, que fixadas nos bens e com código de barras, permitem um

rápido e eficiente inventário dos mesmos;

• Responsabilizar pessoas dentro da organização, através de relatórios por

centro de custo;

• Apuração de um custo mais exato, pois é fato comum termos máquinas

caras e com alta produtividade e máquinas velhas e obsoletas mas com

custo baixo. Nem sempre a modernidade é a melhor solução. De

qualquer forma a decisão somente pode ser tomada com um detalhado

controle de custos de depreciação.

10.3 RH — Recursos Humanos

É história que, antigamente, uma empresa poderia se considerar informatizada

quando seus “holerites” estivessem finalmente sendo impressos pelo “cérebro

eletrônico” da empresa.

A folha de pagamento foi sem dúvida o sistema que mais rapidamente se adaptou

aos novos recursos do processamento de dados.

Alto volume de cálculos e dados, periodicidade quinzenal e necessidade de um

processamento rápido — o tempo entre a puxada do cartão de ponto e o

pagamento é no máximo de dois dias – fez com que este setor fosse sempre o

primeiro a ser informatizado e colaborou para êxito de muitos birôs de serviços

independentes.

Mas nossa complexa legislação — a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) — fez

com que os programas da folhase coloquem entre os mais difíceis de serem

desenvolvidos e mantidos, exigindo sempre um grupo especializado de

programadores.

Mas a evolução deste módulo tem sido enorme nos últimos anos, transformando os

prosaicos sistemas de Folha em completos sistemas de Recursos Humanos. E

agora, o SPED Social confirma essa tendência.

A base do sistema está no cadastro de funcionários, um verdadeiro arsenal de

informações que atende não somente o pagamento mensal, mas também as rotinas

anuais como 13º Salário, férias, RAIS, FGTS, DIRF, entre outros.

Quanto aos vencimentos e descontos normais da folha, o importante é a

flexibilidade de cálculo que deve existir. Esta questão, aliás, toca em um

importante ponto de qualquer software de gestão: a sua flexibilidade.

Até onde podemos customizar uma fórmula? Fazer uma expressão matemática,

utilizando os campos disponíveis nos arquivos é suficiente? E que tamanho

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199 TEORIA DO ERP

poderia ter esta expressão? A verdade é que em muitos casos isto não resolve.

Basta analisar o cálculo do nosso imposto de renda pessoa física. A taxa é variável

de acordo com o total de vencimentos tributáveis, mas dentro de um esquema de

cascata.

Exemplo:

Até R$ 1.710,78 isento

De R$ 1.710,79 a R$ 2.563,91 alíquota de 7,5% deduz R$ 128,31

De R$ 2.563,92 a R$ 3.418,59 alíquota de 15% deduz R$ 320,60

De R$ 3.418,60 a R$ 4.271,59 alíquota de 22,5% deduz R$ 517,00

Acima de R$ 4.271,59 alíquota de 27,5% deduz R$ 790,58

Como o cálculo é em cascata se o valor do vencimento for, por exemplo, R$

5.000,00, o IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) não será de 27,50% de R$

5.000,00 que daria R$ 1.375,00. O certo é:

Isento até R$ 1.710,78

7,5% de 853,12 (2.563,91 – 1.710,79) = 63,98

15% de R$ 854,67 (3.418,59–2.563,92) = 128,20

22,5% de 853,00 (4.271,59–3.418,60) = 191,92

27,5% de R$ 728,41 (5.000,00–4.271,59) = 200,31

Total do imposto = R$ 584,41

Na tabela do Imposto de Renda são apresentados valores a deduzir que facilitam o

calculo em cascata, pois calcula-se o valor pela alíquota correspondente e depois

subtrai-se a dedução.

Assim chegaríamos ao mesmo resultado: 1.375,00 – 790,58 = 584,42.

Há ainda o valor a deduzir por dependente de R$ 171,97.

Fazer este cálculo em uma única expressão, mesmo usando os valores a deduzir, é

praticamente impossível.

Portanto, é preciso que as fórmulas de cálculo de cada provento ou desconto sejam

customizadas através de verdadeiras rotinas programáveis, com possibilidade de

Ifs, Elses, Whiles, Cases e prolongando-se por dezenas ou mesmo centenas de linhas

de código.

O sistema possibilita esta opção através do uso de um interpretador de código em

Run-Time, ou seja, o usuário escreve a rotina em uma sintaxe pre-estabelecida, dá a

ela um nome e a cita como sendo a fórmula de cálculo de um determinado

provento/desconto. Este recurso é também utilizado nos demais módulos do

sistema.

Outro ponto interessante em sistemas de folha é a questão das Bases. Para cada fim

a base é diferente. Para efeito de FGTS entra Ajuda de Custo, já para Imposto de

Renda, não. Prêmios, comissões, férias, aviso prévio, salário família, auxílios

maternidade e natalidade, adicionais noturnos, insalubridade e periculosidade são

vencimentos que podem ou não participar das bases de INSS, FGTS, 13º Salário,

Férias, Aviso Prévio, Imposto de Renda, Hora Extra e outras.

Benefícios como Assistência Médica, Vale-Transporte, Cesta Básica, Vale-Refeição,

Seguro de Vida e Acidentes e uma série de outros também são tratados na folha,

seja como um vencimento adicional, seja descontando um valor simbólico em

troca de uma vantagem oferecida.

Adiantamentos, cálculo do IRRF, FGTS, INSS, Contribuição Sindical, Férias e seu

Abono, Comissões, Rescisões e Afastamentos, 13º Salário, Troco, Adicional por

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200 TEORIA DO ERP

tempo de serviço, DSR, Dissídios, Salário Família são, entre outras, rotinas que

fazem da folha um sistema com nível de complexidade acima do normal.

Em se tratando de relatórios a lista é bastante extensa: recibo de pagamento (nome

correto de “holerite”), cheques, relação de líquidos, a própria folha, relação dos

vencimentos, descontos e tributos, ficha financeira, relação de admitidos e

demitidos são os principais.

O cartão de ponto por sua vez é substituído pelo relógio eletrônico, onde o

funcionário, ou passa o seu crachá, ou simplesmente sua impressão digital e um

smart-card, se for um dispositivo que aceita esta entrada.

O sistema de Folha de Pagamento, no entanto, evoluiu muito. Primeiro passou a ser

um sistema de Gestão de Pessoal e depois um completo sistema de Recursos

Humanos.

Nele incorpora-se:

Terminal de Consulta do Funcionário: possibilita ao funcionário consultar seus

dados através da rede. É claro que um forte esquema de senhas garante o sigilo.

Situação de férias, lançamentos no demonstrativo de pagamento no mês, extrato

de FGTS, marcações de ponto são algumas das consultas disponíveis. Também é

possível que o próprio funcionário atualize seu cadastro como endereço e outros

dados, sempre sob a auditoria do departamento de pessoal.

Recrutamento e Seleção de Pessoal: todo o controle e análise de currículos que a

empresa recebe são tratados por esta rotina. Estes currículos podem ser

preenchidos em uma página pré-formatada da Internet de tal forma que é possível

uma pré-seleção dos candidatos a determinado cargo.

Substituições, promoções e análises de cargos e funções são automatizados

quando se tem no sistema informações sobre todas as características de cada

funcionário.

É claro que um criterioso esquema de pontuação consegue tornar mais exato aferir-

se o nível de qualidade de cada funcionário, pois são considerados cursos e testes

realizados, conhecimento de idiomas, histórico profissional, participação em

seminários, eventos e viagens, etc. Os próprios testes são automatizados e até

corrigidos de acordo com as respostas do candidato.

Controle de exames médicos e do estado de saúde dos funcionários.

Benefícios concedidos aos familiares e suas características.

Apesar de possuir características não tão exatas e bem definidas como os demais

setores da empresa, o RH vem procurando tornar cada vez mais a administração de

pessoal uma atividade altamente técnica e baseada em critérios científicos e

isentos de decisões subjetivas.

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201 TEORIA DO ERP

Capítulo 11

Fluxo Sistêmico

Objetivos do aprendizado

Descrever os tipos de integração em um sistema de ERP e como ela atua nos diversos módulos do sistema.

Palavras-chave

Integração, Supply Chain Management (SCM), Lançamentos Automáticos.

11.1 A representação da Integração da Empresa

O fluxo geral do ERP, verdadeiro ícone com o qual ele se identifica, mostra os

pontos de ligação entre os vários departamentos de uma empresa, em especial do

setor industrial.

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202 TEORIA DO ERP

Figura 11.1Fluxo Sistêmico

11.2 Lançamentos Automáticos

O ponto mais importante da integração são os lançamentos contábeis automáticos

(L.A.). São rotinas disparadas a partir das telas de entrada dos vários módulos e de

qualquer outra rotina cujos cálculos afetem alguma conta contábil. As contas a

serem movimentadas, bem como o histórico e os valores são parametrizados em

uma tabela-mestre.

Os lançamentos, que são gerados automaticamente, são os seguintes:

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203 TEORIA DO ERP

Figura 11.2 Lançamentos automáticos representados nas contas T.

a) Pelas compras de materiais: débito a Estoque correspondente e crédito a

Fornecedores;

b) Pelas despesas: débito em Despesas e crédito a Fornecedores e outras Contas a

Pagar;

c) Pelas Requisições: débito a Processo ou Despesa com material de consumo e

crédito ao Estoque correspondente;

d) Pelos rateios dos centros de custos improdutivos nos produtivos: débito à

Transferência de Rateio dos Centros Produtivos e crédito à Transferência dos

Centros Improdutivos;

e) Pela absorção dos custos: débito ao Processo e crédito à Despesas Industriais;

f) Pela produção: débito a estoque de Semi-Acabados e Acabados e crédito a

processo;

g) Pelas vendas ao valor de custo: débito ao Custo da Mercadoria Vendida e crédito

a Estoque de Produtos Acabados;

h) Pelas Vendas ao Valor Faturado: débito a clientes e Despesas com ICMS, Cofins e

PIS e crédito a Receitas, ICMS, Cofins, PIS e IPI a recolher;

i) Pelos Recebimentos de duplicatas: débito a Banco e Despesas com descontos

concedidos e crédito a Clientes e Receitas de Juros;

j) Pelo Pagamento das Obrigações: débito a Fornecedores e Despesas com Juros e

crédito a Bancos e Receita com Descontos Obtidos;

k) Pela folha de pagamento: débito às Despesas com Pessoal e Encargos e crédito a

Contas a Pagar, Provisões de Férias, 13º e adiantamentos de salários;

l) Pela depreciação do ativo fixo: débito a Despesas com Depreciação e crédito a

Depreciação Acumulada;

m) Pelo Encerramento das contas de resultado (final do exercício): débito a Receitas

e crédito a Conta Lucro do Exercício, débito a conta Lucro do Exercício e crédito à

Despesas.

Com isso é possível manter-se a contabilidade absolutamente atualizada e em

tempo real, além de manter os saldos íntegros com as demais tabelas do sistema.

Considerando que a contabilidade retrata a situação econômica e financeira da

empresa é fácil perceber as vantagens obtidas com este procedimento. Note que no

fluxo tudo aponta para o quadro que mostra o Resultado da Empresa, objetivo

maior de qualquer sistema ERP.

11.3 Supply Chain Management

Outro ponto forte de integração é a geração automática do suprimento. A partir

dos pedidos de clientes ou estatísticas de vendas, abrem-se as ordens de produção

e as solicitações de compras. A partir desta é gerada a cotação de compras, sua

atualização e análise e finalmente o pedido.

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204 TEORIA DO ERP

Figura 11.3 Detalhamento do fluxo para o processo de compras.

A partir do Pedido de Compras é feito o follow-up ou acompanhamento das

encomendas feitas aos fornecedores. Cada vez mais esta distância fica reduzida

chegando-se ao extremo em que o próprio sistema controla o processo de

produção dos fornecedores. Estes passam a ser parceiros, sócios minoritários e

praticamente assumem o papel de subsidiárias.

O Supply Chain Management objetiva esta integração com o propósito de agilizar

a operação de fornecimento. São pontos básicos manter a estrutura e o controle

dos estoques dos fornecedores, uma comunicação on-line por onde transitam os

pedidos de compra e suas alterações e também a quitação de títulos quando esta

não é feita via banco.

Uma cena que será vista brevemente, pode assim ser descrita: feita uma requisição

de material, o ponto de pedido é atingido. Ou ainda, um pedido de vendas é

registrado, gerando uma necessidade de compras.

A partir disto, o sistema gera automaticamente as cotações e via Internet, as envia

aos vários fornecedores credenciados. Para que estes possam recebê-las, via

sistema, uma padronização neste tipo de documento é necessária, recomendando-

se para tal aquela publicada pela ASSESPRO-SP.

Ela permite que sistemas concorrentes conversem entre si seguindo uma

determinada norma. Recebidas as cotações, todas as condições de fornecimento,

inclusive preço, prazo de entrega e condições de pagamento são reenviadas via

Internet ao solicitante.

A própria análise das ofertas recebidas, com a escolha daquela que melhores

condições apresentam pode ser feita de forma automática, principalmente nos

casos onde o preço é fator decisivo.

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205 TEORIA DO ERP

Definido o vencedor da concorrência, emite-se o Pedido de Compra, que é enviado

pela Internet de forma automática e sem intervenção manual, para converter-se em

Pedido de Venda e proceder aos trâmites de despacho. Ou seja, automatiza-se todo

o processo, desde a detecção da necessidade até a efetivação do suprimento.

11.4 Custos

Todo o processo de custos também é feito buscando seus dados em subprodutos

de outros módulos. As requisições e produções, digitadas para atualizarem os

estoques, são valorizadas automaticamente. O mesmo com os itens vendidos. E a

partir destes dados, os lançamentos contábeis.

A integração entre o Recebimento de Materiais e o Faturamento com o Financeiro é

feita a partir de algumas informações adicionais, como condição de pagamento e

moeda, colocadas nas telas que tratam estes tipos de transação.

São óbvias as muitas vantagens obtidas com esta integração:

• Menor volume de digitação;

• Maior transparência nas atualizações;

• Informações on-line;

• Redução de fraudes, pois aumentam as dificuldades;

• Maior integridade de dados.

É claro que esta integração também tem seu custo:

• Necessidade de bons equipamentos, principalmente uma rede estável;

•Conseqüências danosas em casos de falhas sejam quais forem suas

origens.

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206 TEORIA DO ERP

Capítulo 12

SPED

Objetivos do aprendizado

Apresentar os conceitos principais desta forma de escrituração através das definições do Governo

Federal e os processos e obrigações que tramitam entre o Fisco e os Contribuintes.

Palavras-chave

Sped - Sped Contábil - Sped Fiscal - Sped Contribuição - FCONT

12.1 Principais Definições sobre o SPED

O SPED surgiu através do Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007 e significa

Sistema Público de Escrituração Digital. Está incluso no PAC – Programa de

Aceleração do Crescimento do Governo Federal e tem por objetivo informatizar os

processos entre o Fisco e os Contribuintes.

Seu objetivo é modernizar e padronizar o modelo atual, do cumprimento das

obrigações acessórias que são transmitidas pelos contribuintes ao Fisco, usando

uma certificação digital que autentica os documentos eletrônicos, assegurando

assim, a validade jurídica (somente no que diz respeito ao formato digital, não a

qualidade dos dados em si).

Surgiu em cinco projetos: Escrituração Contábil Digital (SPED CONTÁBIL),

Escrituração Fiscal Digital (SPED FISCAL), SPED CONTRIBUIÇÃO, SPED SOCIAL E SPED

IRPJ.

Simboliza a integração entre as três esferas do governo: Federal, Estadual e

Municipal.

Participam do projeto órgãos públicos, associações, entidades civis e conselhos de

classe.

Estabelece Protocolos de Cooperação com empresas do setor privado, que

participam do projeto-piloto para assegurar o desenvolvimento e manter o padrão

estabelecido para os trabalhos conjuntos.

Através dessas parcerias pode planejar, identificar necessidades e soluções

antecipadas, para que o cumprimento das obrigações acessórias atenda a

legislação tributária, mantendo a participação de todos os contribuintes no

desenvolvimento de mecanismos para que estes instrumentos transpareçam um

grau elevado de legitimidade social, o que o torna um modelo novo de

relacionamento, baseado na transparência, gerando pontos positivos para toda

sociedade.

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207 TEORIA DO ERP

12.2 Principais Objetivos

Integração do Fisco a partir da padronização e compartilhamento das informações

contábeis e fiscais com base na legislação.

Simplificar e padronizar as contribuições acessórias para os contribuintes a partir

de uma transmissão única de cada modelo dessas contribuições através dos

diferentes órgãos de fiscalização.

Identificar com mais eficiência os ilícitos tributários, através de controles mais

severos nos processos e acesso mais rápido às informações, com isso mantendo

uma fiscalização mais efetiva através do cruzamento dos dados e a auditoria

eletrônica.

12.3 Premissas (Definição da Receita Federal)

Propiciar melhor ambiente de negócios para as empresas no País;

Eliminar a concorrência desleal com o aumento da competitividade entre as

empresas;

O documento oficial é o documento eletrônico com validade jurídica para

todos os fins;

Utilizar a Certificação Digital padrão ICP Brasil;

Promover o compartilhamento de informações;

Criar na legislação comercial e fiscal a figura jurídica da Escrituração Digital

e da Nota Fiscal Eletrônica;

Manutenção da responsabilidade legal pela guarda dos arquivos eletrônicos

da Escrituração Digital pelo contribuinte;

Redução de custos para o contribuinte;

Mínima interferência no ambiente do contribuinte;

Disponibilizar aplicativos para emissão e transmissão da Escrituração

Digital e da NF-e para uso opcional pelo contribuinte.

12.4 Principais Benefícios

Redução de custos com a emissão e armazenamento de documentos em

papel; na racionalização e simplificação das obrigações acessórias; redução

em fraudes,no tempo gasto com auditores fiscais nas instalações do

contribuinte, com custos administrativos e do “Custo Brasil”;

Eliminação do papel e acesso rápido às informações; melhor qualidade da

informação bem como padronização da informação gerada e enviada às

diversas unidades federadas;

Permite a troca de informações entre os próprios contribuintes a partir de

um layout padrão; bem como o cruzamento entre dados contábeis e fiscais;

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208 TEORIA DO ERP

Maior qualidade e mais agilidade no trabalho de auditoria, eliminando

etapas para a coleta de arquivos, resultando em melhoria nos

procedimentos sujeitos ao controle da administração tributária (comércio

exterior, regimes especiais e trânsito entre unidades da federação);

Disponibilidade de cópias autênticas e válidas da escrituração para usos

distintos e concomitantes;

Aperfeiçoamento do combate à sonegação;

Preservação do meio ambiente pela redução do consumo de papel.

Eliminação de algumas obrigações acessórias definidas no CTN – Código

Tributário Nacional.

12.5 O que é o certificado digital ICP-Brasil?

É um certificado digital emitido de acordo com as regras da infraestrutura de

Chaves Públicas e Privadas (ICP) Brasil, estabelecidas pela Medida Provisória

2200/01.

O certificado digital comprova a identidade de uma pessoa ou de uma empresa na

internet e garante a segurança das transações, bem como da troca de documentos e

dados eletrônicos, com presunção de validade jurídica. Com ele é possível realizar

vários serviços sem sair de casa, entre eles: envio e consulta do imposto de renda,

assinatura de documentos eletrônicos e emissão de procuração eletrônica na

Receita Federal e no Conectividade Social ICP.

12.6 Definição do SPED Contábil

A Escrituração Contábil Digital (ECD) é parte integrante do projeto SPED e tem por

objetivo a substituição da escrituração em papel da contabilidade da empresa pela

escrituração transmitida via arquivo, ou seja, corresponde à obrigação de

transmitir, em versão digital, os seguintes livros:

I - livro Diário e seus auxiliares se houver;

II - livro Razão e seus auxiliares se houver;

III - livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento

comprobatórias dos assentamentos neles transcritos.

Segundo a Instrução Normativa RFB nº 787/07, estão obrigadas a adotar a ECD:

I - em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de

2008, as sociedades empresárias sujeitas a acompanhamento econômico-tributário

diferenciado, nos termos da Portaria RFB nº 11.211, de 7 de novembro de 2007, e

sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no Lucro Real.

II - em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de

2009, as demais sociedades empresárias sujeitas à tributação do Imposto de Renda

com base no Lucro Real.

Portanto, a partir do ano-calendário 2009, estão obrigadas ao Sped Contábil todas

as sociedades empresárias tributadas pelo lucro real.

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209 TEORIA DO ERP

As empresas de Lucro Presumido só estão obrigadas a entregar o SPED Contábil em

2014 caso a distribuição do lucro ou dividendo tenha sido superior à base de

cálculo para fins de IR e CSLL menos os impostos (IR, CSLL, PIS e COFINS).

As sociedades simples e as microempresas e empresas de pequeno porte optantes

pelo Simples Nacional estão, por enquanto, dispensadas desta obrigação.

As regras de obrigatoriedade não levam em consideração se a sociedade

empresária teve ou não movimento no período. Sem movimento não quer dizer

sem fato contábil.

12.6.1 Leiaute do arquivo

O SPED Contábil envia ao Governo a contabilidade da empresa. Todo o processo de

classificação contábil (definição de qual conta é debitada e creditada a cada

movimento), o histórico e os respectivos valores devem ser gerados fora do SPED.

O SPED recebe os lançamentos gravando-os em registros específicos. Quando criou

o SPED Contábil o Governo tentou implementar um Plano de Contas padrão,

denominado Plano Referencial. A empresa poderia usar o seu, mas precisaria

informar a correlação do seu plano com o referencial. A medida é interessante no

sentido que uma padronização facilita, por parte do público e dos investidores, a

análise comparativa entre as empresas. Mas hoje a correlação não é mais

solicitada. A partir dos dados do SPED é possível gerar o Diário, o Razão, o

Balancete, a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) e o Balanço. O próprio

PVA do SPED Contábil contempla essas funcionalidades.

Uma vez que a empresa opta em enviar seus dados via SPED Contábil não pode

mais voltar ao processo tradicional, que consiste em imprimir os citados relatórios,

encardená-los e registrá-los na Junta Comercial ou no Cartório Civil.

Deve ser entregue anualmente, até o dia 30 de junho do ano subsequente.

Um detalhe interessante é que todas as contas analíticas são subdivididas em

Centro de Custos, independente do grupo a que pertencem. Assim nas contas de

Bancos, Clientes, Fornecedores e mesmo produtos e serviços detalha-se o saldo de

cada um, mas sem necessidade de abrir uma conta para tal fim.

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210 TEORIA DO ERP

Os registros do SPED Contábil são os seguintes:

Registro 0000:Contém os dados da empresa.

Registro 0001: Abertura do Bloco 0.

Registro 0007:Contém a Inscrição Estadual.

Registro 0990: Quantidade de registros desse bloco.

Registro I001:Abertura do Bloco I.

Registro I010: Tipo do livro. Coloca-se G – Livro Diário, completo, sem escrituração

auxiliar.

Registro I030: Termo de Abertura do Livro. Natureza do livro, quantidade de

linhas, nome da empresa, inscrição estadual, CNPJ, data.

Registro I050:Contém o Plano de Contas. Caso se utilize o próprio Plano

Referencial é ele que é gravado aqui, completo.

Registro I052: Como no Balanço aparecem todas as Contas com os respectivos

Centros de Custos, indica-se nesses registros à qual conta pertence cada um. Se um

Centro de Custos aparece em duas contas, ele aparece duas vezes nessa seqüência

de registros. Esse registro na verdade serve para aglutinar vários centros de custos.

Registro I075: É a Tabela de Históricos Padronizados. São textos padrões que

facilitam o preenchimento dos históricos nos registros dos lançamentos.

Registro I100:Contém a tabela de Centros de Custos, com seus códigos e

descrições.

Registro I150:Contém a data inicio e fim do período gerado.

Registro I155: Esse registro é importante. Contém para cada Conta/Centro de

Custo o saldo inicial, se é devedor ou credor, o movimento a débito, o movimento

a crédito e o saldo atual. Na prática é um Balancete.

Registro I200: Esse registro encabeça o conjunto de registros I250 que são os

lançamentos em si. Um registro I200 pode encabeçar vários registros I250,

permitindo-se lançamentos compostos, ou seja, um débito com vários créditos. No

registro I200 ainda consta a data do lançamento e o valor debitado/creditado.

Registro I250:Cada um desses registros é, finalmente, uma perna do lançamento.

Contém o código da conta, do Centro de Custo, o valor da Partida, indicador de

débito ou crédito, o número do lançamento, o código do histórico padrão e o seu

texto complementar. Exemplo: histórico padrão “Pagamento de título” e como

complemento o seu número.

Registro I990: Encerra o Bloco I, com a quantidade de registros.

Registro J001: Abre o Bloco J. Esse Bloco é necessário para a impressão do Balanço.

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211 TEORIA DO ERP

Registro J005: Informa a data inicial e final do período.

Registro J100/J150: Balanço Patrimonial. Contém o Código de Aglutinação,o nível

e o saldo, isso em todos os níveis, das sintéticas às analíticas. O J100 apresenta as

contas de Ativo e Passivo. O J150 as contas de Resultado.

Registro J900: Termo de Encerramento.

Registro J930: Dados do Empresário e do Contador, obtidos na tela de entrada.

Registro J990: Contador de registros do Bloco J.

Registro 9900: informa separadamente a quantidade de cada tipo de registro.

Registro 9990: Informa a quantidade de registros 9900.

Registro 9999: Informa a quantidade total de registros no arquivo

12.7 FCONT

Conforme disciplina a Instrução Normativa RFB nº 949/09, o FCONT é uma

escrituração das contas patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas,

que considera os métodos e critérios contábeis vigentes em 31.12.2007.

Em termos práticos, no Programa Validador e Assinador da entrada de dados

do FCont devem ser informados os lançamentos que:

Efetuados na escrituração comercial, não devam ser considerados para

fins de apuração do resultado com base na legislação vigente em

31.12.2007. Ou seja, os lançamentos que existem na escrituração

comercial, mas que devem ser expurgados para remover os reflexos das

alterações introduzidas pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, e

pelos arts. 37 e 38 da Lei nº 11.941, de 2009, que modifiquem o critério

de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na

escrituração contábil, para apuração do lucro líquido do exercício

definido no art. 191 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976;

Não efetuados na escrituração comercial, mas que devam ser incluídos

para fins de apuração do resultado com base na legislação vigente em

31.12.2007.

A seguir, lembramos as principais modificações introduzidas pela Lei 11.638/07:

Registro, no ativo imobilizado, dos direitos que tenham por objeto os bens

para a perfeita manutenção das atividades, inclusive os que transfiram à

companhia os benefícios, riscos e controles desses bens;

Modificação do modo de contabilização do diferido (despesas pré-

operacionais e de reestruturação que impactam o resultado de mais de um

exercício);

Criação do subgrupo "intangível" (ágio, bens incorpóreos e fundo de

comércio);

Avaliação contínua dos valores constantes no ativo imobilizado, intangível e

diferido;

Utilização da metodologia “fairvalue” para demonstrar o valor justo de

mercado para instrumentos financeiros;

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212 TEORIA DO ERP

Ajuste a valor presente em todas as operações ativas e passivas de longo

prazo, além das operações relevantes de curto prazo;

A rubrica "reserva de capital" não servirá para registrar prêmios recebidos

por debêntures ou doações e subvenções;

Os critérios para o cálculo de equivalência patrimonial para coligadas e

controladas passam a ser de 20% do capital votante da investida;

Eliminação das reservas de reavaliação;

Eliminação da conta de Lucros Acumulados;

Criação da conta de Ajustes de Avaliação Patrimonial.

O FCONT será substituído pelo SPED IRPJ, também chamado ECF

(Escrituração Contábil Fiscal).

12.8 SPED Fiscal (EFD)

A Escrituração Fiscal Digital - EFD é um arquivo digital, que se constitui de um

conjunto de escriturações de documentos fiscais e de outras informações de

interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal

do Brasil, bem como de registros de apuração de impostos referentes às

operações de compra e venda de mercadorias praticadas pelo contribuinte.

Praticamente substitui o Modelo I, II, VIII e IX, que controlam os valores

devidos e creditados do ICMS e do IPI, envolvendo as Secretarias de Fazenda

dos Estados.

Este arquivo deverá ser assinado digitalmente e transmitido, via Internet, ao

ambiente Sped.

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213 TEORIA DO ERP

Figura 12.1 Modelo da Escrituração Fiscal

12.8.1 Como Funciona

A partir de sua base de dados, a empresa deverá gerar um arquivo digital de

acordo com layout estabelecido em Ato COTEPE, informando todos os documentos

fiscais e outras informações de interesse dos fiscos federal e estadual, referentes

ao período de apuração dos impostos ICMS e IPI. Este arquivo deverá ser submetido

à importação e validação pelo Programa Validador e Assinador (PVA) fornecido pelo

Sped.

12.8.2 Programa Validador e Assinador - PVA

Como pré-requisito para a instalação do PVA é necessária a instalação da máquina

virtual do Java. Após a importação, o arquivo poderá ser visualizado pelo próprio

Programa Validador, com possibilidades de pesquisas de registros ou relatórios do

sistema. Outras funcionalidades do programa: digitação, alteração, assinatura

digital da EFD, transmissão do arquivo, exclusão de arquivos, geração de cópia de

segurança e sua restauração. O Programa Validador e Assinador(PVA) e o “Ajuda do

Validador” são baixados gratuitamente pela Internet.

12.8.3 Apresentação do arquivo

A periodicidade de apresentação é mensal e será até o 25º dia do mês subseqüente

ao das operações ou prestações.

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214 TEORIA DO ERP

12.8.4 Leiaute do SPED FISCAL EFD ICMS/IPI

Com a EFD ICMS/IPI envia-se ao Governo toda a movimentação das Notas Fiscais de

Compras e Vendas de Mercadorias. Tem os seguintes Blocos:

Bloco 0–Abertura, Identificação e Referências.

Bloco C–Documentos Fiscais I Mercadorias e Energia Elétrica (ICMS/IPI).

Bloco D– Documentos Fiscais II Serviços (Transportes e Comunicações) (ICMS).

Bloco E –Apuração do ICMS e do IPI.

Bloco G –Controle do Crédito de ICMS do Ativo Permanente – CIAP.

Bloco H–Inventário Físico.

Bloco K–Movimentações Internas, mas não está ainda definido se deverá constar a

Ordem de Produção, o que de um lado permitirá um controle mais rígido de

compra e venda sem nota, mas por outro abre a estrutura do produto, considerada

por vezes, segredo inviolável da empresa.

Bloco 1–Outras Informações.

Bloco 9–Controle e Encerramento do Arquivo Digital.

O Guia Prático EFD, com 168 páginas, descreve detalhadamente o leiaute de cada

Registro.

É no Bloco C que estão os registros referentes às Notas. Um ponto importante é a

freqüente observação de que todos os produtos comprados e vendidos devem ser

detalhadamente identificados, evitando-se ao máximo o uso de Descrições do tipo

Diversos ou similares.

O Inventário deve ser informado no SPED de fevereiro com os saldos no estoque

em 31 de dezembro do ano anterior, ou seja, dois meses após o fechamento

contábil.

Os registros do SPED Fiscal são os seguintes:

Registro 0000: Dados da empresa.

Registro 0001: Indicador de movimento no Bloco 0.

Registro 0005: Endereço da entidade.

Registro 0100: Dados do Contabilista.

Registro 0150: Participantes (Clientes e Fornecedores vigentes).

Registro 0190: Unidades de Medida.

Registro 0200: Itens (Produtos).

Registro 0990: Encerramento do Bloco 0.

Registro C001: Abertura do Bloco C.

Registro C100: No Registro C100, se lança o cabeçalho das Entradas e Saídas (SF1 e

SF2), ou seja, os dados gerais da nota, o cliente ou fornecedor, chamado de

Participante e os totais de todos os valores constantes na nota. Para documentos

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215 TEORIA DO ERP

de entrada os campos de valor de impostos e contribuições (ICMS, IPI, PIS e Cofins)

somente devem ser informados se o adquirente tiver direito à credito.

Registro C170: No Registro C170 são gravados os Itens de cada Nota (SD1 e SD2).

Registro C176: Ressarcimento de ICMS em Operações com Substituição Tributária

(modelo 01 e 55).

Registro C190: Totalização nota a nota por CST/CFOP/Alíquota.

Registro C400: Notas emitidas por ECF.

Registro C500/510/590: Contas de Energia Elétrica.

Registro C990: Encerramento do Bloco C.

Registro D001: Abertura do Bloco D.

Registro D100: Nota Fiscal de Transporte (modelos 07, 08, 8B, 09, 10, 11, 26, 27, 57).

Registro D190: Itens da Nota de Transporte.

Registro D500: Nota Fiscal de Comunicação (21) e Telecomunicação (22).

Registro D590: Itens da Nota.

Registro D990: Encerramento do Bloco D.

Registro E001: Abertura do Bloco E de Apuração. No caso da EFD fiscal não há

rotina de Apuração no PVA.

Registro E100: Período do ICMS.

Registro E110: Apuração do ICMS.

Registro E116: ICMS a Recolher, operações próprias.

Registro E200: Período do ICMS-ST.

Registro E210: Apuração do ICMS-ST.

Registro E500: Período do IPI.

Registro E510: Consolidação dos Valores de IPI.

Registro E520: Apuração do IPI.

Registro E990: Encerramento do Bloco E.

Registro G001/G990: Controle de Credito de ICMS do Ativo Permanente (CIAP).

Registro H001: Abertura do Bloco H Inventário.

Registro H005: Totais do Inventário.

Registro H010: Aqui é gravado o Inventário, produto a produto com seu saldo em

Quantidade e Valor.

Registro H990: Encerramento do Bloco H.

Registros K: ainda sem definição.

Registro 1001: Abertura do Bloco 1.

Registro 1600: Total das operações com Cartão de Crédito ou Débito.

Registro 1990: Encerramento do Bloco 1.

Registros 9001,9900,9990,9999:totais de registros.

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216 TEORIA DO ERP

12.9 SPED CONTRIBUIÇÃO

O SPED Contribuição trata do PIS, Cofins e do INSS das empresas desoneradas do

pagamento dessa contribuição pela folha de pagamento (setores têxtil, confecções,

calçados, plásticos, material elétrico, bens de capital mecânico, ônibus, autopeças,

naval, aéreo, móveis, T.I e TIC, hotéis, call-center e design houses.

O PIS e Cofins são cumulativos para as empresas de regime de tributação com base

no Lucro Presumido.

E não cumulativos para as empresas no regime do Lucro Real. Exceto para os

seguintes setores: Bancos, financeiras, seguros, transportes, telecomunicações,

jornal, rádio, construção, hospitais, educação, telefonia, hotéis, correio, agencia de

viagem e informática, que permanecem no cumulativo.

Neste caso (não cumulativo) os créditos são calculados a partir da base de cálculo,

ou seja, subtrai-se do faturamento de produtos e serviços todas a notas de entrada

que dão direito à crédito, e a partir dessa base calcula-se as contribuições. O EDF-

PIS/Cofins controla detalhadamente esse procedimento. A grande questão é saber o

que dá e o que não dá direito ao crédito. Em principio, somente o que está

vinculado às Receitas, ou seja, que entra no processo produtivo. Mas é bem mais

abrangente do que o crédito do ICMS. Além das matérias primas entram todos

materiais de consumo da fábrica, quase todos os serviços tomados, energia

elétrica, aluguéis e muitos outros. Mas a Folha de Pagamento, não . Como disse o

Sr. Gerdau, suas empresas tem 100 funcionários cuja única tarefa é ficar

analisando o que dá direito a crédito (CST 50 a 66) e o que não dá (CST 70 em

diante).

As alíquotas para o regime de cumulatividade (sem direito a créditos) são,

respectivamente, para o PIS e Cofins de 0,65% e 3%. Para o regime de não

cumulatividade, 1,65% e 7,6%.

Todas as empresas de Lucro Presumido passam a ser obrigadas, a partir de julho

de 2012, a entregar o SPED Contribuições. Lucro Real, desde 2009.

No arquivo vão apenas as Notas de Entrada que dão direito a crédito. Assim quem

está no regime cumulativo não as envia e quem está no não cumulativo apenas as

com CST 50 a 66. Tanto as notas de entrada como de saída pode ser consolidadas

(aglutinam-se os itens com mesmo CFOP, CST e alíquota) ou detalhadas item a

item.

O arquivo do PIS/Cofins é composto dos seguintes blocos:

Bloco 0– Abertura, Identificação e Referências.

Bloco A – Bloco das notas fiscais de Serviço.

Bloco C – Bloco das Notas Fiscais de Produtos (Mercadorias e Energia Elétrica).

Bloco D – Bloco das Notas de Serviços que pagam ICMS (Comunicações e

Transporte).

Bloco F –Demais Documentos e Operações. Aqui entram as Receitas de Aluguel e

Financeiras e as Retenções do PIS/Cofins feitas nas Notas de Serviços de Vendas.

As retenções nas compras não entram no SPED.

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217 TEORIA DO ERP

Bloco M– Esse é o Bloco das Apurações dos valores a pagar de PIS/Cofins. Esse

Bloco em principio é gerado automaticamente por uma opção do PVA, mas nem

sempre ela funciona, portanto cada sistema gerador do SPED trata esse ponto com

rotinas próprias.

Bloco P – Esse Bloco trata da Contribuição do INSS devido sobre o Faturamento,.

Foi por isso que esse SPED mudou de nome, de PIS/Cofins para Contribuição. O

Bloco P é da Previdência.

Bloco 1 – Trata saldos de créditos de operações extemporâneas (de outros

períodos). Como o prazo para correção de arquivos foi ampliado, não convém

lançar créditos extemporâneos. O certo é corrigir os arquivos e reenviá-los.

Bloco 9 – Encerramento do arquivo com os totais de registros.

Há a possibilidade de permitir, através do PVA, que o usuário digite manualmente

qualquer registro do arquivo. Assim os casos omissos e erros que não se corrigem

com a alteração dos dados devem ser tratados por essa funcionalidade.

São 181 registros que compõe o SPED Contribuições. Segue um resumo de seus

conteúdos:

Registro 0000–Contém dados da Empresa, como o Nome, CNPJ, UF, Data Inicio e

Data Fim.

Registro 0001– É o registro que indica se o Bloco tem movimento.

Registro 0100– Dados do Contabilista.

Registro 0110– Regime de Apuração da Contribuição Social e de Apropriação de

Crédito. O COD_INC_TRIB indica se o regime de tributação da empresa vai pelo

PIS/Cofins Não-Cumulativo (Lucro Real)->código 1 ou pelo Cumulativo (Lucro

Presumido ou Simples)-> código 2 ou ainda por ambos, código 3 (caso, por

exemplo de empresas que vendem software e ministram cursos). O campo

IND_APRO_CRED indica se o credito do regime Não-Cumulativo é pelo método de

Apropriação Direta (código 1) ou pelo método de Rateio Proporcional (código 2). O

campo COD_TIPO_CONT indica se a contribuição do período é exclusivamente pela

alíquota básica (código 1) ou se é por alíquotas diferenciadas e/ou por unidade de

medida de produto (código 2). E por ultimo o campo IND_REG_CUM indica se a

apuração, no caso do regime cumulativo, é pelo Regime de Caixa (código 1), pelo

de Competência (código 2) ou Competência Detalhada (código 9).

Registro 0111– Tabela de Receita Bruta Mensal para fins de Rateio de Créditos

Comuns: a ser preenchido somente se o campo IND_APRO_CRED do registro 0110

for 2, o que dificilmente acontecerá.

Registro 0140– Tabela de Cadastro de Estabelecimento: dados da empresa. Repete

dados do 0000 como nome e CNPJ.

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218 TEORIA DO ERP

Registro 0150– Tabela de Cadastro do Participante: cadastro de todos os

Fornecedores e Clientes que realizaram operações com a empresa. Não pode entrar

Participante que não teve movimento no período.

Registro 0190– Unidades de Medida, com código e descrição.

Registro 0200– Produtos e Serviços

Os demais registros são semelhantes àqueles do SPED Fiscal.

12.10 Considerações finais

As empresas devem atentar para os seguintes pontos a partir de 1 de julho de 2012

na emissão de suas Notas Fiscais:

1- Todas as notas devem ter o campo do numero da NF-e preenchido.

2- Os campos de CFOP (Código Fiscal das Operações), todos os CSTs (Código de

Situação Tributária do ICMS, IPI, PIS e Cofins) e todas as alíquotas devem ser

preenchidos corretamente, pois são os campos mais criticados pelo PVA.

3- Atenção aos cadastros CLIENTE e FORNECEDORES, pois o campo código do

município é levado para a NFe.

4- O arquivo enviado precisa ser guardado pelo emitente durante cinco anos

juntamente com o Recibo de Transmissão.

.

Finalizando esse capítulo pode-se dizer que a sonegação em nosso país está com

os dias contados. São três centros de processamento (Distrito Federal, São Paulo e

Rio de Janeiro) controlando todos esses dados, fazendo cruzamentos, detectando

aberrações e autuando eletronicamente as empresas.

O Hardware, denominado T-REX e o Software denominado HARPIA, constitui um

recurso capaz de processar 5,5 bilhões de transações por ano e capacidade de

armazenamento de 24 petabytes, ou seja, qualquer irregularidade será detectada e

cabe à empresa apresentar prova em contrário.

A solução é regularizar todos os procedimentos e atentar para que eles sejam

registrados com exatidão nos vários SPEDs que o Governo criou.

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219 TEORIA DO ERP

Capítulo 13

Gerenciando com Modelos Matemáticos

Objetivos do aprendizado

Mostrar como a utilização de modelos matemáticos tais como correlação simples, correlação múltipla e

mineração de dados podem subsidiar a tomada de decisão. Estes modelos são apresentados em estudos de

caso que envolvem soluções baseadas nesses modelos.

Palavras-chave

Regressão Linear, Correlação Simples, Correlação Múltipla, Teoria das Filas.

13.1 O processo decisório auxiliado por modelos

Hoje podemos dizer que, entre outras, as seguintes ações podem ter soluções mais

“científicas” no processo decisório de uma empresa:

- Maximização de receitas e lucro em situações onde se tem recursos com

diferentes disponibilidades e custos que não obedecem a uma

determinada proporcionalidade. Da mesma forma pode-se minimizar

custos. Estes modelos são compostos de um conjunto de restrições e

um objetivo. São resolvidos através de Modelos de Programação Linear,

de forma gráfica ou matemática e simulações.

- Resolução de solução de Problemas de Transporte ou otimização de rotas.

Baseado em custos de cada trecho da rota e nas muitas alternativas de

traçado, o modelo seleciona a mais econômica.

- Teoria das Filas. Este modelo procura estabelecer a quantidade de

atendentes que leva a um tempo de espera aceitável dentro de um

cenário que envolve um volume de chegada dos usuários e um tempo

médio de atendimento.

- Cálculos específicos que levam também à otimização de certos valores:

- Lote Econômico de Compras e Produção

- Ponto de Pedido

- Preço de Venda

- Gasto ideal em determinada despesa de acordo com o beneficio que ela gera

- Seleção de um funcionário, fornecedor ou equipamento

- Avaliação do valor de uma empresa

- Escolha das aplicações financeiras mais rentáveis

Cabe ainda mencionar que boa parte dos modelos acima descritos dependem de

valores não exatos, ou seja, sua realização ocorre com determinada probabilidade.

Para tanto a regressão linear é o método estatístico mais utilizado, onde baseado

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220 TEORIA DO ERP

no histórico dos valores chega-se a um número mais provável. Em casos mais

complexos a correlação múltipla pode aumentar o índice de confiabilidade da

previsão. Este índice está diretamente relacionado com o nível de conhecimento

que se tem a respeito do objetivo (neste caso, a previsão) e da qualidade dos

recursos disponíveis para alcançá-lo. Um dos recursos mais importantes é a base

de conhecimentos que poderá ser aplicada no cálculo da previsão. Quanto mais

conhecimentos sobre o tema envolvido tiverem sido acumulados, maior será a

probabilidade de obter-se uma previsão mais próxima da realidade. Atualmente, é

comum essas bases de conhecimentos atingirem volumes que somente poderão ser

manipuladas por meios adequados, leia-se, programas de computador. O custo

para se obter o melhor resultado é muito alto, tanto em termos dos recursos

necessários, quanto pelo tempo que se leva. Portanto, na maioria dos casos, se

aceita aquele que possa ser considerado um bom resultado.

Este capítulo tem como objetivo analisar algumas das técnicas disponíveis que

permitem uma tomada de decisão, em especial no campo da gestão de empresas,

baseada em critérios lógicos, exatos e bem definidos.

No CD seguem alguns “cases” desenvolvidos em planilha eletrônica e que fornecem

uma idéia melhor daquilo que estamos tratando:

Case 1: Trata-se de um estudo que verifica qual deve ser a Venda de cada unidade

de uma empresa, usada em casos de definições de Metas e de Previsões de

Vendas.

A previsão é feita sempre com base em uma correlação. A correlação pode ser

simples ou múltipla. A forma que usaremos para verificar se há correlação

entre as vendas e outro fator é o do Mínimo Quadrado. Através dele obtém-

se a equação que define a correlação e há também o cálculo que define se

esta correlação é valida. O índice oscila de -1 a +1. Se -1 a correlação é

inversa, como por exemplo, o preço em relação à venda. Quanto mais alto

ele for menores serão as vendas. Índice +1 indica uma correlação

diretamente proporcional e 0 indica que os pontos estão muito distantes

da reta, ou seja , não há correlação. Há de se dizer também que nem

sempre a correlação representa uma reta. Há casos em que temos uma

parábola, indicando que a correlação é diferente dependendo do ponto em

que se está no eixo x. A parábola pode ter 4 desenhos. A representação da

parábola é uma equação de 2 ou enésimo grau.

Quando se tem uma correlação múltipla, para se chegar ao valor projetado calcula-

se a projeção para cada fator e depois tira-se uma média ponderada cujos

pesos são baseados nos índices de correlações encontrados.

Em nosso exemplo calcularemos a correlação entre as vendas e outros fatores, a

saber: População e PIB da região, Salário do Vendedor, Publicidade e Preço.

Após o cálculo do índice de correlação concluiu-se que:

Há uma fortíssima correlação (1,0) das Vendas com os gastos em Publicidade.

Uma forte correlação (-0,96), mas inversa, com os Preços aplicados.

Uma boa correlação (0,91) com a população.

Baixa correlação (0,77) com o PIB e

Nenhuma correlação (-0,24) com o salário dos vendedores.

Baseado no exposto para se calcular a previsão de vendas de uma região, nova ou

velha, basta obter-se o valor da Publicidade a ser aplicado, o Preço e a sua

População e o modelo calcula a sua mais provável venda.

A solução do case usa a função Correl do Excel, para calcular a Correlação.

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221 TEORIA DO ERP

Case 2: Este case é uma situação típica de otimização com a existência de

restrições, sendo que as restrições são independentes dos resultados

oferecidos. A questão é definir qual deve ser a quantidade a ser produzida

de cada um de 2 produtos que a empresa fabrica. O produto X tem um

lucro unitário menor, mas por outro lado leva menos tempo para ser

produzido e gasta menos material. As restrições são o tempo total

disponível para a produção dos 2 produtos e o total de material a ser

adquirido. Há ainda uma terceira restrição, que é a quantidade mínima a

ser produzida de cada produto. O objetivo é maximizar o Lucro.

A solução do case foi feita usando-se a função Solver do Excel, que é um processo

de Simulação, onde todas as alternativas são examinadas e a melhor é a

escolhida.

Case 3: Este case é uma Simulação que envolve um complicador. Foi desenvolvida

uma rotina em VBA, que é uma linguagem de programação disponível no

Excel, similar ao Visual Basic, mas também pode ser resolvida com o

Solver. Trata-se de se definir um preço de venda que maximize o lucro da

empresa. Ocorre que a quantidade vendida depende deste preço, ou seja,

quanto maior o preço menos se vende. Por outro lado existem os

concorrentes e a quantidade vendida depende da relação do nosso preço e

o preço destes concorrentes. Desta forma a quantidade muda a cada vez

que os concorrentes alteram o seu preço e a fórmula de lucro é recursiva,

ou seja, ela depende do preço e da quantidade, sendo que a quantidade se

modifica quando o preço é alterado. Esta situação é a mesma que

normalmente temos em Jogos de Empresas. No gráfico se nota que a linha

do faturamento e do lucro é uma parábola e o problema é encontrar o seu

ponto mais alto.

Case 4: Este caso é o mais tradicional no uso da matemática na gestão de

empresas. É o cálculo do Lote Econômico de compras. A partir do custo de

armazenagem e do custo de cada pedido calcula-se o lote ideal que deve

ser comprado/produzido em cada encomenda. Seu pouco uso na prática se

deve, sem dúvida, ao fato de que a fórmula apresentada é muito simplória,

no sentido de deixar de considerar uma série de outros fatores que

interferem no problema. Neste exercício é considerado um fator a mais,

que é o desconto obtido no preço de compra de acordo com o tamanho do

lote. Esta simples inclusão inviabiliza o uso da fórmula tradicional e a

solução somente é atingida através de Simulação, ou seja, o Solver.

Case 5: Esta planilha é um estudo de Índices Econômicos e Financeiros. Apresenta

uma série deles, com dados de empresas obtidos na Revista Exame. O objetivo é

realizar uma avaliação destes índices, principalmente no sentido de se chegar ao

valor de uma empresa e conseqüentemente de sua ação na Bolsa com base nestes

indicadores. A verdade é que hoje em dia o valor das ações nas Bolsas de Valores

não segue uma lógica bem definida, muito mais fruto de uma forte especulação do

que uma avaliação mais técnica. Basta dizer que existem empresas cujo valor

atinge a 15 vezes o seu lucro anual, ou seja, são necessários 15 anos para se ter o

retorno do capital empregado, ao passo que em uma aplicação DI, com risco bem

menor, o número de anos cai para menos de 6 (isto considerando-se uma taxa de

juros de 18% ao ano). O argumento é sempre o mesmo: a empresa crescerá muito

nos próximos anos elevando seus lucros e seu valor, ou seja, vive-se da expectativa

e não de um passado consolidado. A crise de 2000 no mercado norte-americano é

conseqüência desta situação.

Case 6: Trata-se de problema de Teoria das Filas, aqui resolvido usando-se

exclusivamente a Simulação. O exemplo é o de um restaurante que, a partir

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222 TEORIA DO ERP

de certas premissas, deseja estabelecer a quantidade mínima de mesas que

forneça um tempo de espera aos seus clientes de no máximo 5 minutos. As

premissas são a quantidade de famílias que vêm ao restaurante, o tempo

médio usado para a refeição, o tempo total do horário de almoço e o

conseqüente intervalo de chegada.

A simulação é feita de forma bastante simples pois não se considerou uma série de

fatores que ocorrem na prática: tanto a quantidade de famílias como o

tempo para a refeição seguem uma distribuição normal, onde os valores

colocados são apenas os mais prováveis. O intervalo também segue uma

distribuição ao longo do horário que, na prática, é mais complexa do que a

aqui considerada.

Case 7: Otimização de Rota. Trata-se de um problema convencional de Pesquisa

Operacional onde se define, entre várias alternativas de ligação entre 2

pontos, qual a mais econômica.

Case 8: Simulação de uma empresa: A simulação de uma empresa pode ser feita a

partir dos seguintes dados de entrada: cadastro de clientes, indicando suas

condições de pagamento, uma previsão dos produtos que eles devem

comprar os descontos, a alíquota do ICMS, dependendo do Estado;

cadastro de produtos, indicando o custo para as matérias-primas, alíquota

de ICMS, IPI, Ponto de Pedido, Estoque de Segurança, Lote Econômico,

Prazo de Entrega e para os Produtos Acabados/Intermediários o seu preço,

ICMS, IPI e Prazo de Entrega. Cadastro de Estruturas com a quantidade de

cada componente, Cadastro de Fornecedores com Condição de Pagamento,

Plano de Contas/Naturezas com a previsão de Despesas, Taxa de Juros

obtida para aplicações e utilização de financiamentos.

A partir destes dados é feita uma simulação para 12 meses com a emissão de

Balancetes, Fluxo de Caixa, Carga da Fábrica, Posição dos Estoques, Relação

das Vendas com CMV e Lucro.

Case 9: Este case é um exercício de Data Mining utilizando fortemente a macro

CORREL do Excel.

A dificuldade para analisarmos uma massa de dados muito grande reside no fato

de que é quase impossível nela acharmos as exceções, a tendência ou o

padrão.

Para acharmos a tendência ou o padrão uma forma é verificar os dados pelos totais

ou mesmo pela média.

Assim, se verificarmos nossa massa de dados do Caso do Chaveiro juntamente com

outros produtos, poderá concluir que a tendência das vendas mês a mês, a

distribuição das vendas por vendedor, produto, região, condição de

pagamento e cliente simplesmente fazendo os gráficos usando a totalidade

dos dados.

Mas como descobrir nesta massa de dados as exceções? Aqueles elementos

(vendedor, produto, região, mês, cliente ou condição de pagamento) que

fugiram da regra, que tiveram um comportamento diferente do restante. E

note que não podemos fazer este cálculo simplesmente pela média pois

estamos tratando de universos diferentes. Assim, por exemplo, as vendas

médias no sul serão maiores que na região central ou um cliente pequeno

compra bem menos que uma grande empresa.

A solução dada neste Case é relativamente simples:

Inicialmente foi desenvolvido um programa que calcula a Correlação de cada

elemento de uma Dimensão com o seu total. Assim, por exemplo, ele

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223 TEORIA DO ERP

calcula a correlação das vendas do Vendedor A em relação aos produtos

com a Venda de todos os vendedores. E assim faz com o Vendedor B, C,

enfim todos eles, concluindo quem vendeu fora do padrão, ou seja, quem

teve um índice de correlação menor que 0,9. A correlação 1 é absoluta, ou

seja, a curva de vendas é idêntica à curva da soma de todos.

No nosso exemplo são listadas várias discrepâncias.

O Resultado do programa deve ser concluído com uma análise nas Tabelas

Dinâmicas do Excel.

A figura 18.1 mostra um exemplo com um conjunto de itens de produtos. Nesse

exemplo podem ser visualizadas as curvas de cada item juntamente com a curva

do total (tracejado) e observarem-se quais curvas que estão fora do padrão em

relação a esse total: a Agenda e a Mochila.

Figura 13.1 Exemplo de gráfico comparativo de itens em relação ao Total.

Enfim, os exemplos já estudados mostram claramente a complexidade que a

Tomada de Decisão feita com base matemática apresenta. As planilhas Excel

desenvolvidas tornam esta tarefa mais fácil, prática e exeqüível permitindo que o

administrador comum se utilize dos modernos recursos que hoje lhe são colocados

a disposição no sentido de incrementar a performance de sua empresa.