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Teoria dos números Quando arranjamos os números naturais em uma espiral e des- tacamos os números primos, observamos um intrigante e não to- talmente explicado padrão, chamado espiral de Ulam. A teoria dos números é o ramo da matemática pura que estuda propriedades dos números em geral, e em parti- cular dos números inteiros, bem como a larga classe de problemas que surge no seu estudo. 1 História 1.0.1 Alvorecer da aritmética A primeira descoberta histórica de natureza aritmética é um fragmento de uma tabela: a tábua de argila quebrada Plimpton 322 (Larsa, Mesopotâmia, cerca de 1800 a.C.) contém uma lista de "ternos pitagóricos", ou seja, inteiros (a,b,c) tais que a 2 +b 2 =c 2 . Os ternos são muitos e bastante elevados para terem sido obtidos pela força bruta. A posi- ção sobre a primeira coluna diz: “O takiltum da diagonal que foi subtraído de tal forma que a largura ...” [2] O layout da tabela sugere [3] que foi construída por meio do que equivale, na linguagem moderna, à identidade ( 1 2 ( x - 1 x )) 2 +1= ( 1 2 ( x + 1 x )) 2 , que está implícita nos exercícios rotineiros dos antigos babilônios. [4] Se algum outro método foi utilizado, [5] os ternos foram inicialmente construídos e depois reordena- A teoria de números deriva-se da antiga aritmética grega de Diofanto. [1] dos por c/a , presumivelmente para uso real como uma “tabela”, ou seja, com vista às suas aplicações. Nós não sabemos o que essas aplicações podem ter sido, ou se poderia ter havido qualquer uma; a astronomia babilônica, por exemplo, realmente floresceu só mais tarde. Tem sido sugerido, ao invés disso, que a tabela fosse uma fonte de exemplos numéricos para problemas escolares. [6][nota 1] 1.1 Características O termo “aritmética” é também utilizado para se refe- rir à teoria dos números. Esse é um termo antigo, que não é mais tão popular como já foi. A teoria dos nú- meros foi também chamada de aritmética superior, mas esse termo também caiu em desuso. Entretanto, esse 1

Teoria dos números

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  • Teoria dos nmeros

    Quando arranjamos os nmeros naturais em uma espiral e des-tacamos os nmeros primos, observamos um intrigante e no to-talmente explicado padro, chamado espiral de Ulam.

    A teoria dos nmeros o ramo da matemtica pura queestuda propriedades dos nmeros em geral, e em parti-cular dos nmeros inteiros, bem como a larga classe deproblemas que surge no seu estudo.

    1 Histria1.0.1 Alvorecer da aritmtica

    A primeira descoberta histrica de natureza aritmtica um fragmento de uma tabela: a tbua de argila quebradaPlimpton 322 (Larsa, Mesopotmia, cerca de 1800 a.C.)contm uma lista de "ternos pitagricos", ou seja, inteiros(a;b;c) tais que a2+b2=c2 . Os ternos so muitos e bastanteelevados para terem sido obtidos pela fora bruta. A posi-o sobre a primeira coluna diz: O takiltum da diagonalque foi subtrado de tal forma que a largura ... [2]

    O layout da tabela sugere [3] que foi construda por meiodo que equivale, na linguagem moderna, identidade

    12

    x 1x

    2+ 1 =

    12

    x+ 1x

    2;

    que est implcita nos exerccios rotineiros dos antigosbabilnios.[4] Se algum outro mtodo foi utilizado,[5] osternos foram inicialmente construdos e depois reordena-

    A teoria de nmeros deriva-se da antiga aritmtica grega deDiofanto.[1]

    dos por c/a , presumivelmente para uso real como umatabela, ou seja, com vista s suas aplicaes.Ns no sabemos o que essas aplicaes podem ter sido,ou se poderia ter havido qualquer uma; a astronomiababilnica, por exemplo, realmente oresceu s maistarde. Tem sido sugerido, ao invs disso, que a tabelafosse uma fonte de exemplos numricos para problemasescolares.[6][nota 1]

    1.1 CaractersticasO termo aritmtica tambm utilizado para se refe-rir teoria dos nmeros. Esse um termo antigo, queno mais to popular como j foi. A teoria dos n-meros foi tambm chamada de aritmtica superior, masesse termo tambm caiu em desuso. Entretanto, esse

    1

  • 2 1 HISTRIA

    Primeira edio de Disquisitiones Arithmeticae, de Carl Frie-drich Gauss.

    A tbua Plimpton 322

    termo ainda aparece nos nomes de objetos matemticosrelacionados (funes aritmticas, aritmtica de curvaselpticas, teorema fundamental da aritmtica). Esse sen-tido do termo aritmtica no deve ser confundido ou comaritmtica elementar, ou com o ramo da lgica que es-tuda aritmtica de Peano como um sistema formal. Osmatemticos que trabalham na rea de teoria dos nme-ros so chamados teoristas dos nmeros.Tradicionalmente, a teoria dos nmeros o ramo da

    Pierre de Fermat, um dos mais famosos teoristas dos nmeros.

    matemtica pura que se preocupa com as proprieda-des dos nmeros inteiros e que envolve muitos proble-mas que so facilmente compreendidos mesmo por no-matemticos. A disciplina veio a ocupar-se com umaclasse mais vasta de problemas que surgiram natural-mente do estudo dos nmeros inteiros.

    1.2 Subdivises

    A teoria dos nmeros pode ser subdividida em vrioscampos, de acordo com os mtodos que so usados e dasquestes que so investigadas, a saber:

    Teoria elementar dos nmeros: utiliza somente osmtodos elementares da aritmtica para a verica-o e comprovao das propriedades essenciais doconjunto dos nmeros inteiros e em particular aspropriedades dos nmeros primos;

    Teoria analtica dos nmeros: utiliza a anlise reale anlise complexa, especialmente para estudar aspropriedades dos nmeros primos;

  • 3.2 Conjectura de Goldbach 3

    Teoria algbrica dos nmeros: utiliza lgebra abs-trata e estuda os nmeros algbricos;

    Teoria geomtrica dos nmeros: utiliza mtodos ge-omtricos, algbricos e analticos.

    2 Sobre a teoria elementar dos n-meros

    Normalmente, o primeiro contacto com a teoria dos n-meros por meio da teoria elementar dos nmeros.Atravs desta disciplina podem ser introduzidas proprie-dades bastante interessantes e notveis dos nmeros intei-ros, mas, que ao serem propostas como questes a seremresolvidas, ou teoremas a serem provados, so geralmentede difcil soluo ou comprovao. Estas questes estoligadas basicamente a trs tipos de pesquisas, a saber:

    1. Estudos especcos sobre as propriedades dosnmeros primos;

    2. Estudos envolvendo a pesquisa de algoritmos eci-entes para a aritmtica bsica;

    3. Estudos sobre a resoluo de equaes diofantinas.

    Estas questes directamente ligadas ao estudo do con-junto dos nmeros inteiros e o seu subconjunto: o con-junto dos nmeros naturais.A ttulo de ilustrao, alguns dos muitos problemas quepodem ser focalizados nestas trs reas da teoria elemen-tar dos nmeros so, a seguir, rapidamente comentados.

    3 Propriedades dos nmeros pri-mos

    3.1 Teorema de Euclides"Existe uma quantidade innita de nmeros pri-mos."

    Euclides demonstrou este teorema da seguinte forma:Sabe-se que os nmeros inteiros so primos ou mltiplosde primos.Isso facilmente vericado quando factorizamos um n-mero inteiro em nmeros primos.Exs: 8 = 2*2*2; 10 = 5*2; 42 = 3*2*7. (lembrando que2, 3, 5 e 7 so inteiros primos).Para um nmero inteiro qualquer M temos a sua de-composio em factores primos (fatorao ou factoriza-o) da seguinte forma: (P' * P * P"' * ...), onde P um nmero primo qualquer que faz parte de sua factori-zao. E sabe-se que nenhum dos nmeros primos que

    compem a factorizao de M, integram a factorizaode M+1. Isso signica que dois nmeros inteiros conse-cutivos possuem factorizaes totalmente diferentes.A jogada de mestre de Euclides foi que:Suponhamos que os nmeros primos sejam nitos. En-to existe um nmero hipottico X cuja decomposioem factores primos a multiplicao de todos os primosexistentes (P' * P * P"' * ...). Sendo assim o nmeroseguinte X+1 no possui na sua factorizao nenhum dosprimos citados na decomposio em factores do seu ante-cessor X. Logo X+1 outro primo ou multiplo de umprimo que no est na lista de primos.Assim, Euclides provou por 'Absurdo' que o conjunto dosnmeros primos innito.

    3.2 Conjectura de Goldbach

    "Pode-se exprimir os nmeros pares, maioresque 2, como a soma de dois nmeros pri-mos?"[7]

    Esta a denominada Conjectura de Goldbach, formuladaem 1746 e at hoje no provada, apesar de ter sido veri-cada para nmeros da ordem de 4*10^14.Quantos nmeros primos terminam com o dgito 7? Se-riam innitos? So 664579 os nmeros primos menoresque 10 milhes, sendo que os nmeros primos que termi-nam em 1, 3, 7 e 9 respectivamente so 166104, 166230,166211 e 166032, isto corresponde a 24.99%, 25.01%,25.01% e 24.98% deste total de nmeros. O que isto su-gere?H innitos pares de nmeros denominados primos g-meos: nmeros primos que diferem um do outro deapenas duas unidades, como (3 ; 5), (71 ; 73) ou(1000000007; 1000000009)?

    4 Algoritmos ecientes para a arit-mtica bsica

    Muitas das modernas aplicaes que esto a ser levadasa efeito no campo da criptograa dependem de algumasdas propriedades dos nmeros inteiros e dos nmeros pri-mos. No entanto, as aplicaes aritmticas envolvendoas propriedades dos nmeros inteiros esto directamenterelacionadas com a capacidade de se resolver dois pro-blemas fundamentais:

    1. o problema do teste para vericar se o nmero primo;

    2. o problema da decomposio em factores primos.

  • 4 8 BIBLIOGRAFIA

    Aparentemente so problemas de simples soluo, atque passem a envolver numerais com dezenas e at cen-tenas de dgitos.

    5 Ver tambm Aritmtica

    6 Notas[1] Robson 2001, p. 201 Isso controverso. Veja en:

    Plimpton 322. O artigo de Robson escrito polemica-mente (Robson 2001, p. 202) com o objetivo de talvez[...] tirar [Plimpton 322] do seu pedestal (Robson 2001,p. 167); ao mesmo tempo, conclui-se que

    [...] a pergunta como a tabela foi cal-culada?" no tem que ter a mesma respostaque a pergunta que problemas a tabela esta-belece?" A primeira pode ser respondida deforma mais satisfatria por inversos multipli-cativos, como sugerido pela primeira vez hmeio sculo, e a segunda por algum tipo deproblema com tringulos retngulos (Robson2001, p. 202).

    Robson discorda da noo de que o autor que produziuPlimpton 322 (que teve de trabalhar para viver, e nopertencia a uma classe mdia desocupada) poderia tersido motivado por sua prpria curiosidade despreocu-pada na ausncia de um mercado para uma nova ma-temtica. (Robson 2001, pp. 199-200)

    7 Referncias[1] Jean-Paul Collette (1985), Historia de las matemticas

    (volmenes 1 y 2). Traduo de Alfonso Casal, Madrid:Siglo XXI Editores S.A. ISBN 84-323-0526-4

    [2] Neugebauer & Sachs 1945, p. 40. O termo takiltum pro-blemtico. Robson prefere a traduo Os quadrados re-alizados da diagonal a partir do qual 1 tomado, de modoque o lado mais curto aparece ... Robson 2001, p. 192

    [3] Robson 2001, p. 189. Outras fontes do a frmula mo-derna (p2q2;2pq;p2+q2) . Van der Waerden d tanto afrmula moderna quanto a que equivale forma preferidapor Robson (van der Waerden 1961, p. 79)

    [4] van der Waerden 1961, p. 184.

    [5] Neugebauer (Neugebauer 1969, pp. 36-40) discute a ta-bela em detalhes e menciona, de passagem, o mtodo deEuclides em notao moderna (Neugebauer 1969, p. 39).

    [6] Friberg 1981, p. 302.

    [7] ieeta.pt Goldbach conjecture verication. Acessado em10/01/2012.

    8 Bibliograa Friberg, Jran. (August 1981). Methods andtraditions of Babylonian mathematics: Plimpton322, Pythagorean triples and the Babylonian tri-angle parameter equations. Historia Mathematica8 (3): 277318. Elsevier. DOI:10.1016/0315-0860(81)90069-0.

    Neugebauer, Otto E.. The exact sciences in antiquity.corrected reprint of the 1957 ed. New York: DoverPublications, 1969. ISBN 978-0-486-22332-2

    Neugebauer, Otto E.; Sachs, Abraham Joseph;Gtze, Albrecht. Mathematical cuneiform texts.[S.l.]: American Oriental Society etc., 1945. vol.29.

    Robson, Eleanor. (2001). "Neither Sherlock Hol-mes nor Babylon: a reassessment of Plimpton 322".Historia Mathematica 28 (28): 167206. Elsevier.DOI:10.1006/hmat.2001.2317.

    van der Waerden, Bartel L.; Dresden, Arnold(trans). Science Awakening. New York: OxfordUniversity Press, 1961. vol. Vol. 1 or Vol 2.

  • 59 Fontes, contribuidores e licenas de texto e imagem9.1 Texto

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