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Teoria Geral do Processo - Comentários ao CPC de 2015 ... · 04/11/2017 · Quando da primeira edição deste livro, comentários que eram e são a parte geral do Código de Processo

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    Impresso no Brasil Printed in Brazil

    Direitos exclusivos para o Brasil na lngua portuguesaCopyright 2018 byEDITORA FORENSE LTDA.Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial NacionalRua Conselheiro Nbias, 1384 Campos Elseos 01203-904 So Paulo SPTel.: (11) 5080-0770 / (21) [email protected] / www.grupogen.com.br

    O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poder requerer aapreenso dos exemplares reproduzidos ou a suspenso da divulgao, sem prejuzo da indenizao cabvel (art. 102da Lei n. 9.610, de 19.02.1998).Quem vender, expuser venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depsito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidoscom fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou paraoutrem, ser solidariamente responsvel com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo comocontrafatores o importador e o distribuidor em caso de reproduo no exterior (art. 104 da Lei n. 9.610/98).

    Capa: Rodrigo Lippi

    Produo Digital: Equiretech

    Fechamento desta edio: 11.09.2017

    CIP Brasil. Catalogao na fonte.Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

    T288v. 1

    Teoria geral do processo: comentrios ao CPC 2015: parte geral / Fernando da Fonseca Gajardoni [et. al.] ;prefcio Antonio Carlos Ferreira. 2. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; So Paulo: MTODO, 2018.

    Inclui bibliografiaInclui SumrioISBN 978-85-309-7711-5

    1. Processo civil - Brasil. 2. Direito processual - Brasil. I. Gajardoni, Fernando da Fonseca. II. Ttulo.

    17-43914 CDU: 347.91/.95(81)

    mailto:[email protected]://www.grupogen.com.br

  • Sempre que concluo um trabalho, lembro-me de como minha famlia especial.Nunca demais, portanto, externar o meu agradecimento. Rosana, ao Ian e Mait,com todo o meu amor.

    Sempre que tenho dvidas sobre o novo CPC (e so tantas!), recorro a quem confio erespeito. Aos amigos e grandes processualistas Luiz Dellore, Andre Roque e ZulmarDuarte, com todo o meu reconhecimento.

    Sempre que penso em processo civil, lembro-me de minhas casas, a Faculdade deDireito de Ribeiro Preto da USP (FDRP-USP), a Faculdade de Direito da USP (FD-USP) ea Faculdade Paulista de Direito (PUC-SP): ontem, hoje e sempre.

    Sempre que escrevo sobre o novo Cdigo de Processo Civil, penso nos seusaplicadores, principalmente nos juzes. magistratura brasileira, com meu respeito eadmirao.

    Fernando da Fonseca Gajardoni

    Considerando que, at aqui nos ajudou o Senhor (I Sm, 7:12), no h como deixarde agradecer a Deus.

    Tambm necessrio agradecer famlia, especialmente querida Dani e ao Leo,pelo apoio e pela compreenso nos momentos de ausncia (ou de presena parcial,pois havia o debate via celular com os coautores).

    Agradeo tambm ao Andre, Gajardoni e Zulmar, pelas timas reflexes e pela

  • parceria na elaborao desta obra. Antes de coautores, so amigos amizade esta que,estou certo, perdurar bem mais que o texto original do CPC/2015 (e, talvez, at que oprprio Cdigo).

    E, principalmente, agradeo aos alunos (de ontem e de hoje, presenciais e virtuais) eaos leitores. Vocs so a mais relevante motivao para que eu escreva.

    Luiz Dellore

    Agradeo, antes de mais nada, aos meus amigos, Dellore, Gajardoni e Zulmar, semos quais este projeto no seria possvel.

    Devo agradecer, tambm, seja l quem for, a quem inventou essas geniaisferramentas de comunicao virtual, origem do nosso grupo e fonte permanente dedebates.

    Para meus colegas de trabalho, um agradecimento especial, pelo tempo que pudeme ausentar para cuidar destes comentrios.

    Finalmente, para meus alunos e leitores, razo deste trabalho e motivao para quepossamos seguir em frente, apesar de todas as dificuldades.

    Andre Vasconcelos Roque

    Ao meu amor, Mariana, eternamente agradecido por nosso amor, Antnio, gratidoesqulida ao colorido que vocs imprimem a minha vida.

    Aos meus pais, minhas irms, aos pais e irmos de Mariana, que conjuntamentecompletam a paleta de cores de nossas vidas.

    Aos amigos Andre Roque, Fernando Gajardoni e Luiz Dellore, coautores destaaquarela e, certamente, sem os quais o quadro no passaria de um mero borro.

    Esta no a primeira vez que agradeo tampouco ser a ltima. O distanciamento,talvez amadurecimento, permite-me esquadrinhar as tintas que algumas pessoas, cadauma a seu estilo, aplicaram na minha formao profissional, Carlos Jorge de Souza,Rafael Speck de Souza, Fernando Speck de Souza e professor Cludio Scarpeta Borges.

    Zulmar Duarte

  • Quando da primeira edio deste livro, comentrios que eram e so a parte geral doCdigo de Processo Civil, muito da jornada ainda estava por ser trilhada, na medida emque a mesma se compunha de trs volumes de comentrios ao Cdigo (parte geral;processo de conhecimento e cumprimento de sentena; execuo e recursos).

    Logo quando veio a lume, a primeira edio deste livro representava um tero dotrabalho a ser feito, pelo que sequer se vislumbrava a dimenso do esforo necessrio aocumprimento do objetivo.

    Ainda assim, o livro representou o pilar fundamental dos demais, pois estabeleceu alinha mestra que foi seguida pelos autores nos demais comentrios, o desejo deinterpretar o Cdigo de Processo Civil (Lei n 13.105/2015) potencializando suasnovidades, sem desconsiderar o passado, mas tambm no ficando a ele amarrado.Comentar o Cdigo como ele , no como, ns ou outros, desejssemos que ele poderiater sido.

    A acolhida da primeira edio na academia e no mbito da prtica foi uma gratasurpresa, que reforou a convico dos autores do acerto das premissas estabelecidaspara a construo da obra.

    Ademais, neste momento, em que os outros volumes dos Comentrios restarameditados, com felicidade se verifica a harmonia e o equilbrio entre eles, certamente frutoe consequncia da slida base estabelecida pela primeira edio deste livro.

    Assim, nesta segunda edio, aprofundou-se o exame dos dispositivos do Cdigo,agora iluminados pelas nascentes doutrina e jurisprudncia construdas em torno dele

  • nesse j completado ano de sua vigncia, mas sem jamais descurar do objetivo de serfiel ao Cdigo.

    Embora falte muito para maturao do entendimento e da interpretao do Cdigo,ainda assim j se apresentam acentuadas tendncias na compreenso do sentido e doalcance de suas disposies, as quais, na medida possvel, foram objeto de reflexonessa nova edio.

    Tal qual o Cdigo, que est em fase de construo de sua inteleco, esta ediorepresenta mais uma fase nessa jornada dos autores em comentar o Cdigo de ProcessoCivil, na qual j se pode recolher alguns resultados de sua aplicao na vida real, no realprocesso.

    Nosso compromisso com a jornada qual convidamos os leitores a participarativamente, no como meros espectadores, no objetivo final de um processo civil melhor.

    Os Autores

  • O Brasil tem um novo Cdigo de Processo Civil (Lei 13.105/2015). O primeirototalmente concebido em ambiente democrtico. Tambm o primeiro promulgado aps acriao do Superior Tribunal de Justia, que ser, desde o incio, o seu ltimo intrpretesob a perspectiva infraconstitucional.

    O Cdigo nasce sob o signo da esperana. Muitas so as apostas do legislador nonovo CPC, destacando-se os precedentes vinculantes, o incidente de resoluo dedemandas repetitivas (IRDR), a tutela da evidncia e o incentivo conciliao e mediao, entre tantas outras novidades.

    Poucas so as certezas.

    Ser o problema do processo civil brasileiro, de fato, a legislao? Os institutosoferecidos pelo novo Cdigo, se desacompanhados de uma mudana de mentalidade dosoperadores do Direito, sero capazes de viabilizar a prometida prestao jurisdicional emtempo razovel?

    Possivelmente no.

    O Pas precisa de muito mais do que um Cdigo. Precisa de uma nova cultura jurdica,aquela na qual o Judicirio seja a ltima ratio. Uma mentalidade de reverncia ao direitoindependentemente da interveno do Estado-Juiz. Um modelo em que o paradigma sejao dilogo, com respeito aos precedentes dos Tribunais Superiores tambm no mbitoextrajudicial, particularmente pelas entidades pblicas. Devemos fomentar a cultura dapacificao, e no a do litgio.

    Evidente que uma lei nova pode contribuir. alvissareira a novel codificao do

  • processo civil, revigorando o nimo dos operadores do Direito e motivando os debates arespeito do futuro do processo e da Justia brasileira.

    Os benefcios, todavia, somente sero sentidos se os estudiosos do novo Cdigo (emespecial o Superior Tribunal de Justia, seu intrprete autntico) forem capazes de extrairdo novo sistema o mximo rendimento, que compatibilize o respeito s garantiasconstitucionais e o ideal de celeridade e de eficcia do processo.

    Parabenizo, por isso, a iniciativa dos autores destes Comentrios, de oferecer para acomunidade jurdica uma esmerada anlise sobre tudo o que h de novo (ou mesmoaquilo que foi repetido) no Cdigo de Processo Civil.

    Este primeiro volume, de quase 1.000 pginas, rene comentrios detalhados sobre aParte Geral da Lei 13.105/2015 (Teoria Geral do Processo), que corresponde aosprimeiros 317 artigos do novo diploma. Outros dois livros seguiro, com debates sobre oProcesso de Conhecimento e Cumprimento de Sentena (livro I da Parte Especial), oProcesso de Execuo (livro II da Parte Especial) e os Processos nos Tribunais e os Meiosde Impugnao s Decises Judiciais (livro III da Parte Especial).

    Os autores da obra, experimentados e reconhecidos professores de processo civil alm de terem participado ativamente da elaborao e da discusso do novo texto legal tm profcua atividade acadmica, experincias e conhecimentos colhidos na realidadedo dia a dia da prtica forense, sob diferentes perspectivas, pois atuam em atividadesprofissionais diversificadas (advocacia pblica, advocacia privada e magistratura).

    Apesar de revelarem preocupaes distintas em relao ao processo, ainda assimexprimem nestes Comentrios suas impresses de forma compartilhada, oferecendo umaabordagem crtica da obra, preservando a necessria neutralidade hermenutica aotexto, fundamental para sua exata compreenso.

    Fernando da Fonseca Gajardoni do interior paulista. Graduou-se na PUC-SP. CursouMestrado e Doutorado em Processo na Faculdade de Direito da USP, no Largo SoFrancisco. Em 2010, por concurso pblico, tornou-se Professor Doutor de DireitoProcessual Civil da Faculdade de Direito da USP Ribeiro Preto (FDRP-USP), ondeleciona nos cursos de graduao, especializao e mestrado. Desde 1998, magistradono Estado de So Paulo. Tem intensa produo cientfica, com foco nos estudos sobretcnicas de acelerao do processo, legislao processual estadual e flexibilizao doprocedimento.

    Luiz Dellore tambm paulista, da capital. Graduou-se na Faculdade de Direito daUSP, onde tambm cursou Mestrado e Doutorado em Direito Processual Civil. Alm disso, Mestre em Direito Constitucional pela PUC-SP. advogado concursado da Caixa

  • Econmica Federal desde 2001, e atuou, de 2011 a 2013, como meu assessor no mbitodo Superior Tribunal de Justia. Seus estudos centram-se na disciplina constitucional doprocesso, especialmente na coisa julgada e nas aes de controle de constitucionalidade.Leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie, nos cursos de graduao e ps-graduao, no mestrado e no doutorado da Fadisp, como tambm em outras instituies.

    Andre Vasconcelos Roque do Rio de Janeiro. Graduou-se na Faculdade de Direito daUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde cursou tambm o Mestrado e oDoutorado em Direito Processual Civil. Desde 2014, professor adjunto da Faculdade deDireito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Seus principais estudos voltam-se ao processo coletivo e arbitragem. advogado militante.

    Zulmar Duarte de Oliveira Jnior catarinense. Especialista em direito processualcivil, tem intensa atividade docente por todo o Pas. Foi Procurador-Geral do Municpio deImbituba e Consultor Jurdico do Estado de Santa Catarina. Atualmente, advogado eparecerista. Centra seus estudos e publicaes, especialmente, na temtica da oralidadee dos princpios processuais.

    Os autores dos presentes Comentrios no optaram por uma obra com breves esuperficiais notas. Estudaram minuciosamente os temas da Parte Geral do novo Cdigode Processo Civil, com profunda pesquisa cientfica sobre o que se construiu no regime doCPC/1973 e tambm a propsito do que decidiram os Tribunais Superiores na suavigncia.

    Resistiram, por sua vez, tentao de comentar o Cdigo como desejavam que elefosse. O texto legal no isento de crticas, sabe-se. Contudo, os presentes Comentriosexprimem o que o Cdigo , e no o que os seus autores gostariam que tivesse sidoaprovado, conforme suas convices ou emendas legislativas no acolhidas.

    Neste primeiro livro da srie, que comenta a Parte Geral, temas centrais eestruturantes do novo CPC so tratados: normas fundamentais, jurisdio e competncia,partes e terceiros, despesas processuais e honorrios, deveres das partes e procuradores,prazos, precluso, nulidades, negcio jurdico processual, tutela de urgncia e deevidncia etc. Nos prximos dois livros sero abordadas questes relativas ParteEspecial do novo Cdigo.

    Estes Comentrios certamente serviro de importante suporte e referncia para osoperadores jurdicos.

    Cumprimentos aos autores e Editora Mtodo | Grupo GEN pelo belo projeto editoriale valorosa contribuio para a literatura jurdica brasileira.

    Antonio Carlos Ferreira

  • Ministro do Superior Tribunal de Justia

  • ndice Sistemtico do Cdigo de Processo Civil

    Introduo

    Lei 13.105, de 16 de maro de 2015 Cdigo de Processo Civil

  • LEI 13.105, DE 16 DE MARO DE 2015

    PARTE GERAL

    LIVRO IDAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS

    TTULO NICODAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAO DAS NORMAS

    PROCESSUAIS

    Captulo I Das normas fundamentais do processo civil (arts. 1 a 12)Captulo II Da aplicao das normas processuais (arts. 13 a 15)

    LIVRO IIDA FUNO JURISDICIONAL

    TTULO IDA JURISDIO E DA AO

    Arts. 16 a 20

  • TTULO IIDOS LIMITES DA JURISDIO NACIONAL E DA COOPERAO

    INTERNACIONAL

    Captulo I Dos limites da jurisdio nacional (arts. 13 a 15)Captulo II Da cooperao internacional (arts. 26 a 41)

    Seo I Disposies gerais (arts. 26 e 27)Seo II Do Auxlio Direto (arts. 28 a 34)Seo III Da Carta Rogatria (arts. 35 e 36)Seo IV Disposies Comuns s Sees Anteriores (arts. 37 a 41)

    TTULO IIIDA COMPETNCIA INTERNA

    Captulo I Da competncia (arts. 42 a 66)Seo I Das disposies gerais (arts. 42 a 53)Seo II Da Modificao da Competncia (arts. 54 a 63)Seo III Da Incompetncia (arts. 64 a 66)

    Captulo II Da cooperao nacional (arts. 67 a 69)

    LIVRO IIIDOS SUJEITOS DO PROCESSO

    TTULO IDAS PARTES E DOS PROCURADORES

    Captulo I Da capacidade processual (arts. 70 a 76)Captulo II Dos deveres das partes e de seus procuradores (arts. 77 a 102)

    Seo I Dos deveres (arts. 77 e 78)Seo II Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual (arts. 79 a 81)Seo III Das Despesas, dos Honorrios Advocatcios e das Multas (arts. 82 a 97)Seo IV Da Gratuidade da Justia (arts. 98 a 102)

    Captulo III Dos procuradores (arts. 103 a 107)Captulo IV Da sucesso das partes e dos procuradores (arts. 108 a 112)

    TTULO II

  • DO LITISCONSRCIOArt. 113 a Art. 118

    TTULO IIIDA INTERVENO DE TERCEIROS

    Captulo I Da assistncia (arts. 119 a 124)Seo I Das disposies comuns (arts. 119 a 120)Seo II Da assistncia simples (arts. 121 a 123)Seo III Da assistncia litisconsorcial (art. 124)

    Captulo II Da denunciao da lide (arts. 125 a 129)Captulo III Do chamamento ao processo (arts. 130 a 132)Captulo IV Do incidente de desconsiderao da personalidade jurdica (arts. 133 a 137)Captulo V Do amicus curiae (art. 138)

    TTULO IVDO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIA

    Captulo I Dos poderes, dos deveres e da responsabilidade do juiz (arts. 139 a 143)Captulo II Dos impedimentos e da suspeio (arts.144 a 148)Captulo III Dos auxiliares da justia (art. 149 a )

    Seo I Do escrivo, do chefe de secretaria e do oficial de justia (arts. 150 a 155)Seo II Do perito (arts. 156 a 158)Seo III Do depositrio e do administrador (arts. 159 a 161)Seo IV Do intrprete e do tradutor (arts. 162 a 164)Seo V Dos conciliadores e mediadores judiciais (arts. 165 a 175)

    TTULO VDO MINISTRIO PBLICO

    Art. 176. a 181

    TTULO VIDA ADVOCACIA PBLICA

    Art. 182 a 184

  • TTULO VIIDA DEFENSORIA PBLICA

    Art. 185 a 187

    LIVRO IVDOS ATOS PROCESSUAIS

    TTULO IDA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS

    Captulo I Da forma dos atos processuais (arts. 188 a 211)Seo I Dos atos em geral (arts. 188 a 192)Seo II Da prtica eletrnica de atos processuais (arts. 193 a 199)Seo III Dos atos das partes (arts. 200 a 202)Seo IV Dos pronunciamentos do juiz (arts. 203 a 205)Seo V Dos atos do escrivo ou do chefe de secretaria (arts. 206 a 211)

    Captulo II Do tempo e do lugar dos atos processuais (arts. 212 a 217)Seo I Do tempo (arts. 212 a 216)Seo II Do lugar (art. 217)

    Captulo III Dos prazos (arts. 218 a 235)Seo I Disposies gerais (arts. 218 a 232)Seo II Da verificao dos prazos e das penalidades (arts. 233 a 235)

    TTULO IIDA COMUNICAO DOS ATOS PROCESSUAIS

    Captulo I Disposies gerais (arts. 236 e 237)Captulo II Da citao (arts. 238 a 259)Captulo III Das cartas (arts. 260 a 268)Captulo IV Das intimaes (arts. 269 a 275)

    TTULO IIIDAS NULIDADES

    Art. 276 a 283

  • TTULO IVDA DISTRIBUIO E DO REGISTRO

    Art. 284 a 290

    TTULO VDO VALOR DA CAUSA

    Art. 291 a 293

    LIVRO V DA TUTELA PROVISRIA

    TTULO IDAS DISPOSIES GERAIS

    Art. 294 a 299

    TTULO IIDA TUTELA DE URGNCIA

    Captulo I Disposies gerais (arts. 300 a 302)Captulo II Do procedimento da tutela antecipada requerida em carter antecedente(arts. 303 e 304)Captulo III Do procedimento da tutela cautelar requerida em carter antecedente(arts. 305 a 310)

    TTULO IIIDA TUTELA DA EVIDNCIA

    Art. 311

    LIVRO VIDA FORMAO, DA SUSPENSO E DA EXTINO DO PROCESSO

    TTULO IDA FORMAO DO PROCESSO

  • Art. 312.

    TTULO IIDA SUSPENSO DO PROCESSO

    Art. 313 a 315

    TTULO IIIDA EXTINO DO PROCESSO

    Art. 316 e 317

    BIBLIOGRAFIA

  • Existe uma velha fbula sobre um grande professor de piano que, no obstante seusmritos musicais, era destitudo de posses, pois direcionava seu ensino s pessoas depoucos recursos, quando no despojados destes. Esse professor ministrava suas aulasutilizando um velho piano, em que algumas teclas no mais funcionavam, pelo que oprofessor habilidosamente ignorava-as com seus toques rpidos e certeiros. Ainda assim,o virtuoso professor, nas suas interpretaes musicais, extraia do piano os sonsnecessrios execuo musical.

    Passados vrios anos de ensino, formados diversos alunos no maltratadoinstrumento, um deles presenteou o professor com um novo piano. Ainda que estefuncionasse perfeitamente, o professor continuava a tocar majestosamente suas peasignorando as teclas do novo piano, correspondentes quelas que no funcionavam novelho piano.

    Conquanto as interpretaes musicais do grande professor continuassem virtuosas,as mesmas ficavam sempre aqum das potencialidades do novo piano, da execuomusical completa que utilizasse todos os recursos sonoros disponveis no referidoinstrumento.

    A lio por trs do conto que o novo instrumento no produz resultadosrenovadores se no acompanhado de uma nova viso, uma nova postura ou, melhordizendo, uma nova prtica.

    Nosso compromisso com esses Comentrios foi interpretar o Cdigo de Processo Civil(Lei n 13.105/2015) potencializando suas novidades, sem desconsiderar o passado, mas

  • tambm no ficando a ele amarrados. Tocamos no que o Cdigo traz de novidade paraextrair sons antes no propagados pelo CPC de 1973.

    Assim, ao comentarmos o Cdigo pretendemos, sempre que possvel, apresentar suadimenso renovadora do atual estado da arte do Processo Civil, buscando na suainterpretao novos sons que permitam uma sinfonia processual mais virtuosa do queaquela produzida pelo CPC de 1973.

    Comentamos o Cdigo aprovado como ele , no como, ns ou outros, desejssemosque ele poderia ter sido. Cada Cdigo, e esse no ser diferente, traz consigo sua porode sombra e luz, de acerto e erro, de novas ideias, renovadas iluses e algumasdecepes.

    Sem dvida, a maior qualidade do Cdigo, e isso no pouca coisa, est no seucarter democrtico. Embora nas audincias pblicas no se conhecesse o texto, masalgumas poucas diretrizes, o fato que durante o trmite legislativo do projeto que lhedeu origem, notadamente na Casa do Povo (Cmara de Deputados), o Cdigo restoudebatido pela sociedade.

    Os defeitos do Cdigo derivados desse amplo debate e da tentativa decompatibilizar, acolher e absorver as pulses da sociedade chamam reflexo futura decomo compatibilizar o exame de questes tcnicas com o exerccio livre da democracia.De como permitir decises qualificadas da maioria sobre determinados assuntos sem orisco de direcionar o debate. Perceba-se, muitas decises previamente tomadas impedemou direcionam decises posteriores.

    O Cdigo em si poderia ter nos dado uma melhor sinfonia. Deveria ter superado arealidade processual vigente, apresentado novas solues a problemas j conhecidos.Poderia ter rompido com alguns paradigmas vivenciados, trazendo novos arranjosprocessuais. O modo verbal se posiciona no futuro pretrito (aquilo que poderia ter sido,mas no foi), porque o Cdigo, em parte significativa, no atendeu s expectativas,dando continuidade ao sistema processual do CPC de 1973.

    Os autores compartilharam viso crtica ao projeto apresentado para discusso noCongresso Nacional e hoje transformado em Cdigo. Durante cinco anos discutimos oprojeto, apresentamos propostas de alterao ao texto, participamos, na medida dopossvel, de sua tramitao, vivemos em plenitude as discusses sobre o Cdigo.

    Os comentrios ao Cdigo surgem dessa viso partilhada entre os autores, de que sepoderia fazer melhor, pelo que no presente livro (e nos que se seguiro), ainda quesejam reconhecidos os mritos ao texto aprovado, sero analisadas criticamente asescolhas legislativas realizadas, apresentando, quando permitido, solues aos

  • problemas de sempre e os por devir.

    Ressalte-se, a empreitada no foi fcil. Embora o Cdigo no tenha feito bom uso dasinovaes tecnolgicas poderia, mas no o fez , podemos dizer que utilizamos estascomo nossas aliadas, discutindo intensamente os comentrios por diversos meioseletrnicos. Por muitas noites e madrugadas, em prejuzo do convvio familiar, o debateentre os autores foi de uma nota s: o novo CPC. E sob a perspectiva de como melhorinterpretar os diversos dispositivos que trazem dificuldades na sua anlise e de comoharmonizar as previses legais como um sistema.

    Os autores tm diferentes formaes, atuam em frentes profissionais diversas, peloque revelam preocupaes distintas frente ao processo. Ainda assim, os comentrios, namedida do possvel, exprimem perspectiva processual compartilhada. A ampliao deenfoques permitiu uma latitude maior dos horizontes dos comentrios ao Cdigo, pois aalteridade na sua confeco permite que o alter veja onde os olhos do outro noalcanavam, s vezes por cima do ombro.

    Tanto para imprimir nos comentrios um tom renovador do sistema processual atual,quanto para possibilitar sua confeco compartilhada do novo, iniciamos os comentriosaps sua aprovao pelo Congresso Nacional.

    Por conta disso, escolhemos a edio de trs obras comentadas, cada qualabordando uma parte do Cdigo (parte geral, processo de conhecimento e cumprimentode sentena, processo de execuo e nos tribunais), aproveitando ao mximo dosaportes tericos trazidos lume nos perodos de tramitao e vacatio legis do Cdigo.

    Que tenha incio uma nova sinfonia processual, com a participao dos leitores naconstruo de uma melodia que soe agradvel (ou seja, efetiva, justa e segura) para osjurisdicionados. o que desejamos, inclusive com as crticas e sugestes dos leitorespara as prximas edies.

  • PARTE GERAL

    LIVRO IDAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS

    TTULO NICODAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAO DAS NORMAS

    PROCESSUAIS

    CAPTULO IDAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 1. O processo civil ser ordenado,disciplinado e interpretado conforme osvalores e os princpios fundamentaisestabelecidos na Constituio da RepblicaFederativa do Brasil, observando-se asdisposies deste Cdigo.

    Art. 1. A jurisdio civil, contenciosa evoluntria, exercida pelos juzes, em todoo territrio nacional, conforme asdisposies que este Cdigo estabelece.

    Comentrios de Zulmar Duarte:

  • 1. Constitucionalizao do processo. No tem sabor de novidade sustentar que,mxime a partir da promulgao da Constituio da Repblica Federativa do Brasil de1988, ocorreu a absoro pelo texto constitucional dos pressupostos fundamentais doProcesso Civil, com o reconhecimento pela Constituio da Repblica de diversos direitose garantias processuais, como direitos e garantias fundamentais da Repblica (entreoutros, artigo 5., incisos XXXV, XXXVI, XXXVII, LIII, LIV, LV, LVI, LX, LXVII, LXIX, LXX,LXXI, LXXII, LXXIII, LXXIV, LXXVII e LXXVIII). 1.1. A constitucionalizao do processo fato conhecido e reconhecido aqui e acol, tendo sido de grande relevo para o prpriofortalecimento e democratizao do pas, haja vista que a passagem dos direitos eliberdades s constituies representa uma das maiores conquistas polticas da invenohumana, inveno da democracia (MIRANDA, 1954. p. 37). 1.2. A relao entre aConstituio e o Cdigo de Processo Civil tem como pedra de toque a convergncia ecomplementaridade, sem descurar jamais, obviamente, da proeminncia do textoconstitucional. Porm, no se pode olvidar, a Constituio pouco pode realizarisoladamente, eis que incapaz de determinar realmente a dinmica do processo poltico(LOEWENSTEIN, 1979. p. 218).

    2. Norma jurdica. O formalismo que equiparava o texto norma restou superado,seja pelos positivistas inclusivos (HART, Herbert L. A. O conceito de direito. 2. ed. Lisboa:Calouste Gulbenkian, 1994. p. 139), seja pelos ps-positivistas, todos acentuam anecessidade de adensamento do texto normativo. O enunciado normativo no seconfunde com a norma (MLLER, Friedrich. Teoria estruturante do direito. 3. ed. rev. eatual. So Paulo: RT, 2012. p. 187), podendo esta inclusive ser resultado de diversosenunciados denticos. a diferenciao terica da estrutura normativa no programanormativo e no mbito normativo. Mesmo porque, a ambiguidade conotativa e a vaguezadenotativa dos signos lingusticos depem contra uma atividade meramente declaratriado texto normativo. A forma lingustica expressa no plano do direito positivo e o contedosemntico da norma merecem especificao na fase de concretizao. Indispensveldistinguir o significante do significado, uma relao semntica de significado, dao desentido no processo de comunicao (NEVES, Marcelo. Princpios e regras constitucionaiscomo diferena paradoxal do sistema jurdico. So Paulo: Martins Fontes, 2014. p. 2). Anorma somente se apresenta ao final do processo concretizador, sendo que o textonormativo o primeiro dado, ponto de partida e de referncia. A situao tende a piorarnos casos limites, nos quais utilizados conceitos jurdicos indeterminados nas regras,formulaes lingusticas genricas e na aplicao de princpios na construo doscomandos normativos. Verdade seja, princpios e regras so dois polos normativosfundamentais no processo de concretizao jurdica, cada um deles se realimentando

  • circularmente na cadeia argumentativa orientada deciso do caso. No h hierarquialinear entre eles (NEVES, Marcelo. Princpios e regras constitucionais como diferenaparadoxal do sistema jurdico. So Paulo: Martins Fontes, 2014). O juiz recebe o sentidodo enunciado a partir e em virtude de um determinado caso. No se ter um meroredespertar do processo anmico original da redao do enunciado normativo, mas areconstituio do texto guiado pela compreenso do que se diz nele (GADAMER, Hans-Georg. Verdade e mtodo I: traos fundamentais de uma hermenutica filosfica.Traduo de Flvio Paulo Meurer. Nova reviso da traduo por Enio Paulo Gianchini. 15.ed. 1. reimpresso. Petrpolis: Vozes. Bragana Paulista: Editora Universitria SoFrancisco, 2016. p. 499/500). Tal reconstituio pressupe um dilogo com este e no oseu assujeitamento. O intrprete tem que estar aberto ao texto, pelo que a construoda deciso passa pelo exame do direito positivo e a reconstruo do seu sentido: Emprincpio, quem quer compreender um texto deve estar disposto a deixar que este lhediga alguma coisa. Por isso, uma conscincia formada hermeneuticamente deve, desde oprincpio, mostrar-se receptiva alteridade do texto. Mas essa receptividade nopressupe nem uma neutralidade com relao coisa nem tampouco um anulamento desi mesma; implica antes uma destacada apropriao das opinies prvias e preconceitospessoais. (GADAMER, Hans-Georg. Verdade e mtodo I: traos fundamentais de umahermenutica filosfica. Traduo de Flvio Paulo Meurer. Nova reviso da traduo porEnio Paulo Gianchini. 15. ed. 1. reimpresso. Petrpolis: Vozes. Bragana Paulista:Editora Universitria So Francisco, 2016. p. 358). Embora mltiplas interpretaes sejampossveis, o texto sempre nos diz algo, sempre limita o campo das possibilidades: Podesignificar muitas coisas, mas h sentidos que seria despropositado sugerir. (ECO,Umberto. Interpretao e superinterpretao. So Paulo: Martins Fontes, 2016. p. 50).Toda interpretao se funda no entender. O que como tal articulado na interpretao, eo que de antemo delineado como articulvel no entender em geral, o sentido(HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Edio em alemo e portugus. Traduo eorganizao, nota prvia, anexos e notas Fausto Castilho. Campinas: Editora da Unicamp.Petrpolis: Vozes, 2012. p. 435). A interpretao de algo como algo funda-seessencialmente por ter-prvio, ver-prvio e conceito-prvio. A interpretao nunca umaapreenso sem-pressupostos de algo previamente dado [eines Vorgegebenen, de um j-dado]. Quando a concretizao particular da interpretao, no sentido da interpretaoexata de texto, apela de bom grado para o que de imediato est-a, o que est a deimediato nada mais do que a indiscutida, e que-se-entende-por-si-mesma, opinio-prvia do intrprete, que ocorre necessariamente em todo princpio-de-interpretaocomo aquilo que j posto com a interpretao em geral, isto , j previamente dadono ter-prvio, no ver-prvio e no conceito-prvio. (HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo.

  • Edio em alemo e portugus. Traduo e organizao, nota prvia, anexos e notasFausto Castilho. Campinas: Editora da Unicamp. Petrpolis: Vozes, 2012. p. 427). acompreenso do prprio texto em um contnuo reanalisar de seus diferentes dados(crculo hermenutico), sempre considerando o caso concreto para o qual se destina:To logo aparea um primeiro sentido no texto, o intrprete prelineia um sentido dotodo. Naturalmente que o sentido somente se manifesta porque quem l o texto l apartir de determinadas expectativas e na perspectiva de um sentido determinado. Acompreenso do que est posto no texto consiste precisamente na elaborao desseprojeto prvio, que, obviamente, tem que ir sendo constantemente revisado com base noque se d conforme se avana na penetrao do sentido. (GADAMER, Hans-Georg.Verdade e mtodo I: traos fundamentais de uma hermenutica filosfica. Traduo deFlvio Paulo Meurer. Nova reviso da traduo por Enio Paulo Gianchini. 15. ed. 1.reimpresso. Petrpolis: Vozes. Bragana Paulista: Editora Universitria So Francisco,2016. p. 356). () uma vez que o significado das palavras em cada caso s pode inferir-se da conexo de sentido do texto e este, por sua vez, em ltima anlise, apenas dosignificado - que aqui seja pertinente - das palavras que o formam e da combinao depalavras, ento ter o intrprete - e, em geral, todo aquele que queria compreender umtexto coerente ou um discurso - de, em relao a cada palavra, tomar em perspectivapreviamente o sentido da frase por ele esperado e o sentido do texto no seu conjunto; ea partir da, sempre que surjam dvidas, retroceder ao significado das palavrasprimeiramente aceito e, conforme o caso, rectificar este ou a sua ulterior compreensodo texto, tanto quanto seja preciso, de modo a resultar uma concordncia sem falhas.(LARENZ, Karl. Metodologia da cincia do direito. 6. ed. Traduo de Jos Lamego.Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 2012. p. 286). O direito alogrfico, pelo quedemanda a participao do intrprete na construo do seu sentido: O direito alogrfico. E alogrfico porque o texto normativo no se completa no sentido neleimpresso pelo legislador. A completude do texto somente atingida quando o sentidopor ele expressado produzido, como nova forma de expresso, pelo intrprete. (GRAU,Eros Roberto. Ensaio e discurso sobre a interpretao/aplicao do direito. 4. ed. SoPaulo: Malheiros, 2006). O sempre Ministro Seplveda Pertence, do Supremo TribunalFederal, apreendeu com correo: ao direta de inconstitucionalidade um mecanismode controle de constitucionalidade de normas e no de textos ou dispositivos (ADI 2063MC, Relator Ministro Nri da Silveira, Tribunal Pleno, julgado em 23.03.2000, DJ27.04.2001, p. 57, ement. vol. 02028-02, p. 324). A norma jurdica surge ao final doprocesso interpretativo, em que o texto normativo a chave de entrada. Em snteseabsolutamente genrica, norma jurdica o texto normativo aps a interpretao.

  • 3. As normas processuais. A ligao do ordenamento processual com o textoconstitucional umbilical, uma vez que envolve os prprios valores e princpiosfundamentais estatudos na Carta Magna, no se limitando ao respeito s ditas regrasconstitucionais. O Cdigo adotou a tcnica legislativa de enunciar, j no seu umbral, noseu prtico de entrada, as regras, os princpios e os valores que timbram suacompreenso, a fixao do sentido e o alcance de suas disposies (MAXIMILIANO,1997). Este livro do Cdigo, relativo s normas processuais civis e titulado das normasfundamentais e da aplicao das normas, o princpio e a sntese conclusiva dacompreenso dos preceptivos processuais. A disposio em apreo tem ntido carterpropedutico ou, melhor dizendo, estabelece um prognstico hermenutico, a saber, anecessidade do processo, seja na dinmica do seu desenvolvimento, seja na suaoperacionalizao, respeitar primariamente a Constituio da Repblica Federativa doBrasil, bem como, passo seguinte, os preceitos estratificados no corpo do prprio Cdigo luz daquela compreenso constitucional. 3.1. O Cdigo, no particular, retrata o estadoatual da arte, em que a Constituio assume o papel de centralidade que prprio desua fora normativa (HESSE, 1991. p. 16). Atualmente, no se discute mais com vigorque a atividade do intrprete de qualquer texto normativo passa, perpassa e prestacontas Constituio. certo que no existe norma, seno norma jurdica interpretada(HRBELE, 2002. p. 9), pelo que podemos adjudicar a sentena para expressar: noexiste norma, seno norma jurdica interpretada de acordo com a Constituio. Mesmoporque, a Constituio assume a condio de primazia normativa, carter fundacional daordem jurdica (MIRANDA, 2009), pelo que alocada no prprio vrtice da dita pirmidenormativa (KELSEN, 2013. p. 246 e seg.). 3.2. Essa heterodeterminao constitucional(CANOTILHO, 1997) tem face positiva e negativa, impondo e determinando o contedode atos de estalo inferior, mas tambm servindo de limites a eles. Sem receio, podemosdizer que, atualmente, o ordenamento jurdico est imerso na Constituio, funcionandoesta como blsamo que encharca, purifica e fixa o sentido e alcance de todas as normasjurdicas. Assim, o processo, o processo civil em particular , no existe em dimensodiversa da Constituio, pelo que sua adequada compreenso e realizao passa pelorespeito Constituio. 3.3. Ainda, as proposies jurdicas constantes deste ttulo, almde timbrar toda a compreenso do Cdigo, vo se espraiar pelo texto normativo, oraestratificando disposies, ora especificando comandos, ora servindo de suportes doutrostextos normativos. A capilaridade dos dispositivos que compem estas normasfundamentais evidenciada em uma mirade de artigos do Cdigo, pelo que se verificamverdadeiros vasos comunicantes que perpassam, estruturam e vivificam a interpretaodos preceptivos inter-relacionados.

  • 4. Regras, princpios e valores. De menor importncia para o compromissoexigido pelo dispositivo a distino precisa entre regras, princpios e valoresconstitucionais que tem ocupado tanto a ateno dos cultores da matria. Mesmo porquefalharam as tentativas de demarcao qualitativa (forte) pautada numa diferenteestrutura lgica entre regras e princpios , da demarcao quantitativa (fraca) maiorou menor grau de generalidade entre regras e princpios, maior impreciso dos ltimos.Somente em uma concepo generalizante, os princpios serviriam para controlar o juiznaqueles espaos no alcanados pelas regras, em contraposio a concepo dehartiana da textura aberta do direito, em que as situaes no reguladas pelas regrasficariam no mbito da discricionariedade judicial (RAWLS, 2002). Ainda que sejamtradicionais e populares as concepes de que as regras so aplicveis maneira dedisjuntiva, possuindo os princpios dimenso de peso ou importncia (DWORKIN, 2002. p.78), ou, ento, que os princpios so mandatos de otimizao, satisfeitos em grausvariados, enquanto as regras so ou no satisfeitas (tudo ou nada) (ALEXY, 2008. p. 90),o fato que reina indefinio quanto diferenciao. A situao tende a piorar nos casoslimites, nos quais utilizados conceitos jurdicos indeterminados nas regras e formulaeslingusticas genricas, somados s eventuais ambiguidades conotativas e vaguezasdenotativas dos signos lingusticos, tudo a esfumaar suas diferenas frente aosprincpios. Verdade seja, princpios e regras so dois polos normativos fundamentais noprocesso de concretizao jurdica, cada um deles se realimentando circularmente nacadeia argumentativa orientada deciso do caso. No h hierarquia linear entre eles(NEVES, 2014). Com os princpios superamos o carter binrio das regras,validade/invalidade, satisfao/no satisfao, bem como a binariedade no plano docdigo ilcito/lcito. No ponto, de ser ressaltado, as regras tendem ao fechamento dacadeia argumentativa, enquanto os princpios abrem o processo de concretizao jurdica.As regras se obedecem aos princpios se prestam adeso (ZAGREBELSKY, 2008). Mascada qual tem o defeito de suas qualidades. Embora a aplicao dos princpios possaquebrar a consistncia do sistema jurdico, as regras tendem a tornar excessivamentergido o sistema, no permitindo absorver problemas sociais complexos (adequao socialdo direito) (NEVES, 2014. p. 132). Assim, o caminho ficar entre o formalismo das regrase o substancialismo dos princpios, permitindo uma justia em duas dimenses, a justiainterna, compreendida como juridicamente consistente (autorreferncia), e a justiaexterna, deciso adequadamente complexa sociedade (heterorreferncia) (NEVES,2014. p. 223/224). 4.1. Com a absoro dos valores, cede espao o formalismo jurdico,tecnicismo institucional de inegvel importncia, mas que no pode eclipsar aparticipao de valores ticos no ordenamento jurdico. O Cdigo inova na tradio. Oresultado da compreenso que supera a posio positivista foi a abertura consentida aos

  • valores, princpios e enunciados normativos com clusulas abertas. Descabe, nestecontexto, discutir a diferena entre normas jurdicas e valores, a possibilidade deesvaziamento da compreenso normativa do Direito pela sua apreenso axiolgica(HABERMAS, 2003. v. 1, p. 316/317). O fato que o Cdigo compatibilizou os princpioscom os valores na esteira de doutrina abalizada (ALEXY, 2008. p. 31 e seg.; SILVA, 2009.p. 44 e seg.; MENDES, 2007. p. 46 e seg.). Porm, deve-se tomar cuidado comenunciados que contenham expresses meramente performticas, no conectadas ouconectveis diretamente ao texto constitucional, pois a teoria dos direitos fundamentais uma ordem de valores em processo de objetivao (FELLET, 2014. p. 225). 4.2. Vivemosa era dos princpios (DUARTE; OLIVEIRA JUNIOR, 2012. p. 1), o que marcadefinitivamente a compreenso do ordenamento jurdico. As diversas encrespaesquanto aos princpios no eclipsam o entendimento dominante sobre sua foranormativa, eficcia, razo porque, para fins deste livro, basta termos presentes que tantoas regras, quanto os princpios, como os valores constitucionais devero ser respeitados eobservados na estruturao do processo, desde que obviamente possam ser extrados dotexto constitucional posto. Deve-se dar valor ao valor positivado (CANARIS, Claus-Wilhelm. Pensamento sistemtico e conceito de sistema na cincia do direito. 5. ed.Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 2012. p. 75). 4.3. Alis, interessante notar, noanteprojeto do atual Cdigo de Processo Civil, na redao da Comisso dos Juristas, ocontedo do atual artigo 140 era ainda mais incisivo, considerada a redao do artigo126 do CPC/1973, ao dar relevo aos princpios perante as normas jurdicas (Art. 108. Ojuiz no se exime de decidir alegando lacuna ou obscuridade da lei, cabendo-lhe, nojulgamento da lide, aplicar os princpios constitucionais e as normas legais; no ashavendo, recorrer analogia, aos costumes e aos princpios gerais de direito). 4.4.Outrossim, essa abertura ao texto constitucional realizada pelo dispositivo, criando umvaso comunicante direto entre as normas constitucionais e as infraconstitucionais,acentua tambm a aplicao no processo dos Tratados e Convenes Internacionais,como reforado pelo prprio artigo 13 deste Cdigo. A Constituio da Repblica, em suatessitura aberta aos direitos e garantias individuais, dotados de aplicao imediata, noexclui a aplicao daqueles reconhecidos em textos internacionais ou por uma relao deconsequencialidade (artigo 5., 1. e 2., da CF/1988). Demais disso, pela atualjurisprudncia do Supremo Tribunal Federal ( v.g., RE 349703, Relator Ministro CarlosBritto, Relator p/ Acrdo: Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em03.12.2008, DJe-104, divulg. 04.06.2009, public. 05.06.2009, ement. vol. 02363-04 p. 675e (RE 466343, Relator Ministro Cezar Peluso, Tribunal Pleno, julgado em 03.12.2008, DJe-104, divulg. 04.06.2009, public. 05.06.2009, ement. vol. 02363-06, p. 01106, RTJ vol.00210-02, p. 745, RDECTRAB v. 17, n. 186, 2010, p. 29-165), os tratados e as

  • convenes internacionais sobre direitos humanos tm posio hierrquica superior sleis (supralegal), ficando subordinados apenas s disposies constitucionais, a despeitode poderem ser incorporados com equivalncia de emendas constitucionais (artigo 5., 3., da CF/1988) (vide Decreto n. 6.949/2009, que promulgou a ConvenoInternacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia e seu Protocolo Facultativo).

    5. Consequncias da absoro (violaes reflexas). Incumbe ressaltar, um dosproblemas dessa inter-relao das normas constitucionais com as infraconstitucionais nocorpo do Cdigo dar-se- na seara dos Tribunais de Superposio. que o SupremoTribunal Federal (STF) no conhece de recurso extraordinrio (RE), em que a violao Constituio seja oblqua (reflexa), isto , acaso o normativo constitucional dito afetadotenha tambm disciplina infraconstitucional igualmente passvel de violao. O Enunciadode Smula n. 636 do STF, ainda que limitado determinada hiptese, expressivo detal tendncia jurisprudencial: No cabe Recurso Extraordinrio por contrariedade aoprincpio constitucional da legalidade, quando a sua verificao pressuponha rever ainterpretao dada a normas infraconstitucionais pela deciso recorrida. Assim, porexemplo, o STF deixa de analisar o vilipndio ao devido processo legal, quando a anlisedo postulado constitucional embainhe a quebra da legislao processual. Em si, oentendimento objetiva impedir a usurpao da competncia do Superior Tribunal deJustia (STJ) pelo STF, na medida em que, pela extenso do texto constitucional e pelotnus principiolgico da Constituio, dificilmente uma matria no permitiria anlise soba perspectiva constitucional. O Cdigo de Processo Civil foi deferente ao entendimento,como bem se v do artigo 1.033. Nada obstante, essa autoconteno no pode ter comoresultado a demisso do STF da funo de estabelecer o sentido e o alcance do textoconstitucional, com o esmaecimento de sua dico constitucional. O STF no poderenunciar ao exame da violao dos princpios constitucionais, na hiptese em que,embora arrostadas disposies infraconstitucionais, o prprio ncleo dentico das regras,princpios e valores da Constituio sejam atingidos. Noutras palavras, a absorooperada por este artigo 1. das regras, princpios e valores constitucionais no devefechar as portas do STF para sua anlise, a pretexto de um desrespeito conjugado aoprprio artigo em comento (ofensa) reflexa, sempre que o prprio ncleo dentico estejasendo alvejado. Deveras, o STF est na vanguarda na densificao e na concretizaodos valores e princpios, inclusive os de ndole processual. No se trata de deificar o STF,mas apenas recolher um dado da realidade jurisprudencial, nosso Tribunal Supremo,alado condio de interlocutor oficial da Carta Magna (artigo 102 da CF/1988), bocada Constituio, tem uma dico carregada de sotaque, sotaque acentuado de princpiosconstitucionais. Boca da Constituio no no sentido propugnado e j superado de

  • a)

    b)

    c)

    d)

    Montesquieu (bouche de la loi), mas sim naquele resultante do novo concerto entre ospoderes constitudos, em que conhecida frmula do Juiz Hughes: We are under aConstitution but the Constitution is what the judges say it is (aqui com as devidasressalvas, para que no se caia em arbitrrio solipsismo). Sem dvida, tal voxconstitucional sofre a influncia do timbre e, principalmente, do sotaque principiolgico,que lhe d uma impostao particular e prpria das ditas Cortes Constitucionais.

    ENUNCIADOS E JURISPRUDNCIA SELECIONADA:

    Enunciado n. 4 da I Jornada de Direito Processual Civil do Conselho da Justia Federal:A entrada em vigor de acordo ou tratado internacional que estabelea dispensa dacauo prevista no art. 83, 1, inc. I, do CPC/2015, implica a liberao da cauopreviamente imposta.

    Enunciado n.o 369 do FPPC: O rol de normas fundamentais previsto no Captulo I doTtulo nico do Livro I da Parte Geral do CPC no exaustivo.

    Enunciado n.o 370 do FPPC: Norma processual fundamental pode ser regra ouprincpio.

    Sobre a constitucionalizao do direito: PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO.RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AO DE INDENIZAO. AGRAVO DEINSTRUMENTO. ANTECIPAO DE TUTELA. EFETIVAO MEDIANTE EXPEDIO DEPRECATRIO. VIOLAO DOS ARTS. 165; 458, II; 463, II e 535, I e II, DO CPC. NOCONFIGURADA. 1. A tutela de urgncia pressupe a impossibilidade de cumprimentode liturgias que posterguem a prestao jurisdicional, sendo essa a ratio afervel nagnese do novel instituto. 2. Deveras, a institucionalizao dos provimentos urgentes consectrio do princpio da inafastabilidade da jurisdio ou do acesso justia, quedeve atuar de pronto diante de ameaa ou leso a direito individual ou coletivo. 3. Asregras infraconstitucionais, na sua exegese, devem partir da premissa metodolgicada novel constitucionalizao do direito, inaugurada pela Carta ps-positivista de1988. 4. A ideia de efetividade, autoexecutoriedade e mandamentalidade nsita aosprovimentos de urgncia, cuja situao acautelada reclama satisfatividade imediata,conduzem concluso da incompatibilidade com os meios que revelem postergaoda efetivao da tutela deferida, como si ser o recebimento de apelao com efeitosuspensivo e, a fortiori, submisso da execuo das mencionadas tutelas ao regimede precatrio. 5. Sob o ngulo analgico, as quantias de pequeno valor podem serpagas independentemente de precatrio e, a fortiori, entregues, por ato de imprio do

  • Poder Judicirio, notadamente porque o disposto no caput do artigo 100 da CF/1988no se aplica aos pagamentos de obrigaes definidas em lei como de pequeno valor,de modo que, ainda que se tratasse de sentena de mrito transitada em julgado,no haveria submisso do pagamento ao regime de precatrios. Precedentes: AgRgno REsp 888325/RS, DJ de 29.03.2007; REsp 853880/RS, DJ de 28.09.2006 e REsp656.838/RS, DJ de 20.06.05. 6. A possibilidade de graves danos decorrentes dademora da efetivao do provimento antecipatrio sub examine revela aincompatibilidade da submisso da tutela de urgncia ao regime do precatrio,mxime porque a penso provisria a ser paga pelo Municpio requerido, at decisofinal da ao principal, imprescindvel para fazer face s despesas mdicas eteraputicas da menor, acometida de encefalopatia grave e irreversvel, emdecorrncia de vacinao em posto de sade do Municpio de Curitiba. 7. Ademais, oTribunal local, com ampla e irrestrita cognio acerca dos requisitos ensejadores dodeferimento da antecipao de tutela, assentou que: () A verossimilhana que podeser conceituada como convencimento pelo Juiz da certeza dos fatos colacionados nacausa petendi, e assim, entendo a mesma restou demonstrada quando das provascontidas nos autos, eis que as crises de convulso que desencadearam o processopatolgico na menor, tiverem como termo inicial, o dia seguinte aplicao da vacinano Posto de Sade do Municpio, o que indica a existncia de nexo causal entre odano a vacina, entretanto, como bem salientou o eminente Procurador de Justiaessa a hiptese mais provvel, conforme se infere dos documentos de fls. 53, 58 e60. (fls. 152) 8. Inexiste ofensa aos arts. 165; 458, II; 463, II e 535, I e II, CPC,quando o Tribunal de origem se pronuncia de forma clara e suficiente sobre a questoposta nos autos, cujo decisum revela-se devidamente fundamentado. Ademais, omagistrado no est obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte,desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a deciso.Precedente desta Corte: RESP 658.859/RS, publicado no DJ de 09.05.2005. 9. Recursoespecial provido (STJ, REsp 834.678/PR, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma,julgado em 26.06.2007, DJ 23.08.2007, p. 216). Pronunciamento do STF negandoconhecimento ao RE pela ocorrncia de ofensa reflexa ao direito de ao: DIREITOPROCESSUAL CIVIL. JUIZADOS ESPECIAIS. IMPOSSIBILIDADE DE LITIGAR. ALEGAODE OFENSA AO ART. 5., XXXV, DA CONSTITUIO DA REPBLICA. LEGALIDADE.CONTRADITRIO E AMPLA DEFESA. DEVIDO PROCESSO LEGAL. INAFASTABILIDADEDA JURISDIO. DEBATE DE MBITO INFRACONSTITUCIONAL. EVENTUAL VIOLAOREFLEXA DA CONSTITUIO DA REPBLICA NO VIABILIZA O MANEJO DE RECURSOEXTRAORDINRIO. ACRDO RECORRIDO PUBLICADO EM 23.01.2014. O exame daalegada ofensa ao art. 5., XXXV, da Lei Maior, observada a estreita moldura com que

  • e)

    devolvida a matria apreciao desta Suprema Corte dependeria de prvia anliseda legislao infraconstitucional aplicada espcie, o que refoge competnciajurisdicional extraordinria, prevista no art. 102 da Magna Carta. As razes do agravoregimental no se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisoagravada, mormente no que se refere ausncia de ofensa direta e literal a preceitoda Constituio da Repblica. Agravo regimental conhecido e no provido (STF, ARE835276 AgR, Relatora Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, julgado em 10.02.2015,Acrdo Eletrnico DJe-042, divulg. 04.03.2015, public. 05.03.2015).

    Negativa de conhecimento do RE, aviado por violao ao contraditrio, a ampla defesae ao devido processo legal, em virtude da ofensa ser reflexa: AGRAVO REGIMENTALNO RECURSO EXTRAORDINRIO COM AGRAVO. ALEGADA CONTRARIEDADE AO ART.5., XXXV, LIV E LV, DA CONSTITUIO. OFENSA REFLEXA. DILIGNCIA PROBATRIA.INDEFERIMENTO. VIOLAO AOS PRINCPIOS DO CONTRADITRIO E DA AMPLADEFESA. MATRIA INFRACONSTITUCIONAL. INEXISTNCIA DE REPERCUSSO GERAL.INOVAO DE MATRIA EM SEDE DE AGRAVO REGIMENTAL. IMPOSSIBILIDADE.AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I Esta Corte firmou orientao no sentido deser inadmissvel, em regra, a interposio de recurso extraordinrio para discutirmatria relacionada ofensa aos princpios constitucionais do devido processo legal,da ampla defesa, do contraditrio e da prestao jurisdicional, quando a verificaodessa alegao depender de exame prvio de legislao infraconstitucional, porconfigurar situao de ofensa reflexa ao texto constitucional. II Os Ministros destaCorte, no ARE 639.228-RG/RJ, Relator Ministro Cezar Peluso, manifestaram-se pelainexistncia de repercusso geral da controvrsia acerca da violao dos princpios daampla defesa e do contraditrio, nos casos de indeferimento de diligncia probatria,por se tratar de matria restrita ao mbito processual, deciso que vale para todos osrecursos sobre matria idntica. III inadmissvel o recurso extraordinrio quandosua anlise implica rever a interpretao de norma infraconstitucional quefundamenta a deciso a quo. A afronta Constituio, se ocorrente, seria apenasindireta. IV Para se chegar concluso contrria adotada pelo Tribunal de origem,necessrio seria o reexame do conjunto ftico-probatrio constante dos autos, o queatrai a incidncia da Smula 279 do STF. V A questo atinente violao aos arts.193, 194, 196 e 201 da CF/88, no foram objeto do recurso extraordinrio e, dessemodo, no pode ser aduzida em agravo regimental. incabvel a inovao defundamento nesta fase processual. Precedentes. VI Agravo regimental a que senega provimento (STF, ARE 820146 AgR, Relator Ministro Ricardo Lewandowski,Segunda Turma, julgado em 19.08.2014, Processo Eletrnico DJe-166, divulg.

  • f)

    27.08.2014, public. 28.08.2014).

    Deciso do STF considerando ser reflexa eventual violao ao dever de motivao:DIREITO CIVIL. DISSOLUO DE SOCIEDADE. NEGATIVA DE PRESTAOJURISDICIONAL. ARTIGO 93, IX, DA CONSTITUIO DA REPBLICA. NULIDADE.INOCORRNCIA. RAZES DE DECIDIR EXPLICITADAS PELO RGO JURISDICIONAL.EVENTUAL OFENSA REFLEXA NO VIABILIZA O MANEJO DO RECURSOEXTRAORDINRIO. ART. 102 DA LEI MAIOR. ACRDO RECORRIDO PUBLICADO EM30.3.2012. Inexiste violao do artigo 93, IX, da Constituio Federal. O SupremoTribunal Federal entende que o referido dispositivo constitucional exige que o rgojurisdicional explicite as razes do seu convencimento, dispensando o examedetalhado de cada argumento suscitado pelas partes. A controvrsia, a teor do que jasseverado na deciso guerreada, no alcana estatura constitucional. No h falar,nesse compasso, em afronta aos preceitos constitucionais indicados nas razesrecursais, porquanto compreender de modo diverso exigiria anlise da legislaoinfraconstitucional encampada na deciso prolatada pela Corte de origem, o que tornaoblqua e reflexa eventual ofensa, insuscetvel, portanto, de viabilizar o conhecimentodo recurso extraordinrio. Desatendida a exigncia do art. 102, III, a, da Lei Maior,nos termos da remansosa jurisprudncia desta Corte. As razes do agravo regimentalno se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a deciso agravada,mormente no que se refere ausncia de ofensa direta e literal a preceito daConstituio da Repblica. Agravo regimental conhecido e no provido (STF, ARE855992 AgR, Relatora Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, julgado em 03.02.2015,Processo Eletrnico DJe-032, divulg. 18.02.2015, public. 19.02.2015).

    CPC/2015 CPC/1973

    Art. 2. O processo comea por iniciativada parte e se desenvolve por impulso oficial,salvo as excees previstas em lei.

    Art. 2. Nenhum juiz prestar a tutelajurisdicional seno quando a parte ou ointeressado a requerer, nos casos e formaslegais.Art. 262. O processo civil comea poriniciativa da parte, mas se desenvolve porimpulso oficial.

    Comentrios de Zulmar Duarte:

    1. Princpio da demanda. O preceptivo abraa o princpio da demanda, para alguns

  • abrangido nas franjas do princpio dispositivo (para outros a absoro se d em sentidoinverso artigo 141), sendo sua incorporao um importante vetor para anlise daideologia assumida pelo Cdigo. Pode-se dizer, no tema, que o atual Cdigo manteve,como fio condutor, a carga ideolgica do anterior (CPC/1973), acentuadamentepublicista, ainda que tenha realizado novos concertos entre as ideologias ditasconflitantes. Por exemplo, abrindo flancos no seu carter publicista, o Cdigo franqueouespaos aos negcios processuais (artigos 190 e 191), permitiu o saneamento processualcompartilhado com as partes (artigo 357, 2.), bem como abandonou o sistemapresidencialista na inquirio das testemunhas, para adotar o sistema cross examination(artigo 459). Em contrapartida, reforou a cariz pblica do processo, ampliando aextenso da coisa julgada independentemente da vontade das partes (artigo 503, 1.),extinguindo consequentemente, via de regra, a ao declaratria incidental (artigos 5.,325 e 470 do CPC/1973), transformando os embargos infringentes em tcnica dejulgamento (artigo 942) e fortalecendo os precedentes (artigo 926). Saliente-se, a aodeclaratria incidental remanesce no sistema processual para declarao daautenticidade ou falsidade documental (artigos 19, inciso II, e 430). 1.1. A rigor, cada vezmais fica evidente a convergncia de ideologias, para aproveitamento dos valorespositivos tanto do publicismo quanto do privatismo, em sntese destinada a fazer frente uma inevitvel multiplicidade de conjunturas dos tempos correntes. Prevalece no Cdigovis pragmtico, pelo que os diferentes institutos processuais foram conformadosobjetivando uma maior eficcia, independentemente de sua raiz ideolgica (ROQUE,Andr Vasconcelos; OLIVEIRA JUNIOR, Zulmar Duarte. O pragmatismo processual nonovo CPC: um voo panormico. In: CALDEIRA, Adriano Csar Braz (org.). Processo eideologia. So Paulo: LTR, 2015). 1.2. O princpio da demanda vincula o juiz a iniciativada parte na busca da tutela jurisdicional, bem como na prpria extenso e conformaodesta. Em regra, o processo no pode ser iniciado sem o pedido da parte, sendo que talpedido delimita o raio de incidncia daquela tutela (adstrio ou congruncia).

    2. Inrcia jurisdicional. O princpio da demanda tem relao estreita com opostulado da inrcia jurisdicional, razo porque a prestao da tutela jurisdicional estjungida ao pleito da parte interessada (artigo 5., incisos XXXIV e XXXV, da CF/1988). o axioma: nemo iudex sine actore; ne procedat iudex ex officio. 2.1. O princpio dademanda reforado pela disciplina do artigo 492 do Cdigo, o qual veda expressamenteum provimento jurisdicional desbordante da pretenso retratada pelo autor. Diversosdispositivos do Cdigo, implcita ou explicitamente, por vezes na perspectiva do princpiodispositivo, agasalham a vinculao da prestao jurisdicional ao pleiteado pelas partes(v.g., artigos 141, 177, 1.002 e 1.013). 2.2. O Cdigo permite excees ao princpio da

  • a)

    b)

    demanda, seguindo tradio de nosso ordenamento, possibilitando o incio de processosex officio, como previsto nos arts. 712, 730 e 738, bem como na hiptese remanescentedo artigo 878 da Consolidao das Leis do Trabalho (CLT). O multicitado exemplo daabertura do inventrio de ofcio no persiste no atual Cdigo (art. 989 do CPC/1973).

    JURISPRUDNCIA SELECIONADA:

    Relativamente ao princpio da demanda: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AOCIVIL PBLICA. TUTELA ANTECIPADA. NECESSIDADE DE REQUERIMENTO. DISSDIOJURISPRUDENCIAL. AUSENTE. 1. Ambas as espcies de tutela cautelar e antecipada esto inseridas no gnero das tutelas de urgncia, ou seja, no gnero dosprovimentos destinados a tutelar situaes em que h risco de comprometimento daefetividade da tutela jurisdicional a ser outorgada ao final do processo. 2. Dentre osrequisitos exigidos para a concesso da antecipao dos efeitos da tutela, nos termosdo art. 273 do CPC, est o requerimento da parte, enquanto, relativamente smedidas essencialmente cautelares, o juiz est autorizado a agir independentementedo pedido da parte, em situaes excepcionais, exercendo o seu poder geral decautela (arts. 797 e 798 do CPC). 3. Embora os arts. 84 do CDC e 12 da Lei 7.347/85no faam expressa referncia ao requerimento da parte para a concesso da medidade urgncia, isso no significa que, quando ela tenha carter antecipatrio, nodevam ser observados os requisitos genricos exigidos pelo Cdigo de Processo Civil,no seu art. 273. Seja por fora do art. 19 da Lei da Ao Civil Pblica, seja por forado art. 90 do CDC, naquilo que no contrarie as disposies especficas, o CPC temaplicao. 4. A possibilidade de o juiz poder determinar, de ofcio, medidas queassegurem o resultado prtico da tutela, dentre elas a fixao de astreintes (art. 84, 4., do CDC), no se confunde com a concesso da prpria tutela, que depende depedido da parte, como qualquer outra tutela, de acordo com o princpio da demanda,previsto nos arts. 2., 128 e 262 do CPC. 5. Alm de no ter requerido a concesso deliminar, o MP ainda deixou expressamente consignado a sua pretenso no sentido deque a obrigao de fazer somente fosse efetivada aps o trnsito em julgado dasentena condenatria. 6. Impossibilidade de concesso de ofcio da antecipao detutela. 7. Recebimento da apelao no efeito suspensivo tambm em relao condenao obrigao de fazer. 8. Recurso especial parcialmente provido (STJ,REsp 1178500/SP, Relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em04.12.2012, DJe 18.12.2012).

    Quanto ao princpio da demanda, no que determina adstrio ao pedido formulado:

  • c)

    RECLAMAO. JUIZADOS ESPECIAIS. DIREITO DO CONSUMIDOR. AGNCIABANCRIA. FILA. TEMPO DE ESPERA. AO DE INDENIZAO POR DANOS MORAIS.CONDENAO POR DANOS SOCIAIS EM SEDE DE RECURSO INOMINADO.JULGAMENTO ULTRA PETITA . RECLAMAO PROCEDENTE. 1. Os artigos 2., 128 e460 do Cdigo de Processo Civil concretizam os princpios processuais consabidos dainrcia e da demanda, pois impem ao julgador para que no prolate decisoinquinada de vcio de nulidade a adstrio do provimento jurisdicional aos pleitosexordiais formulados pelo autor, estabelecendo que a atividade jurisdicional estadstrita aos limites do pedido e da causa de pedir. 2. Na espcie, proferida a sentenapelo magistrado de piso, competia Turma Recursal apreciar e julgar o recursoinominado nos limites da impugnao e das questes efetivamente suscitadas ediscutidas no processo. Contudo, ao que se percebe, o acrdo reclamado valeu-se deargumentos jamais suscitados pelas partes, nem debatidos na instncia de origem,para impor ao ru, de ofcio, condenao por dano social. 3. Nos termos do Enunciado456 da V Jornada de Direito Civil do CJF/STJ, os danos sociais, difusos, coletivos eindividuais homogneos devem ser reclamados pelos legitimados para propor aescoletivas. 4. Assim, ainda que o autor da ao tivesse apresentado pedido de fixaode dano social, h ausncia de legitimidade da parte para pleitear, em nome prprio,direito da coletividade. 5. Reclamao procedente (STJ, Rcl 13.200/GO, RelatorMinistro Luis Felipe Salomo, Segunda Seo, julgado em 08.10.2014, DJe14.11.2014).

    Como dito, considera-se a adstrio ou congruncia do pedido como decorrente doprincpio dispositivo. No caso, excluiu-se a necessidade de pedido quanto correomonetria: RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. PROCESSUAL CIVIL. CORREO MONETRIA. INEXISTNCIA DE PEDIDOEXPRESSO DO AUTOR DA DEMANDA. MATRIA DE ORDEM PBLICA.PRONUNCIAMENTO JUDICIAL DE OFCIO. POSSIBILIDADE. JULGAMENTO EXTRA OUULTRA PETITA. INOCORRNCIA. EXPURGOS INFLACIONRIOS. APLICAO. PRINCPIODA ISONOMIA. TRIBUTRIO. ARTIGO 3. DA LEI COMPLEMENTAR 118/2005.PRESCRIO. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 4. DA LC 118/2005.DETERMINAO DE APLICAO RETROATIVA. DECLARAO DEINCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO. CORTE ESPECIAL. RESERVA DEPLENRIO. JULGAMENTO DO RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DECONTROVRSIA (REsp 1.002.932/SP). 1. A correo monetria matria de ordempblica, integrando o pedido de forma implcita, razo pela qual sua incluso exofficio, pelo juiz ou tribunal, no caracteriza julgamento extra ou ultra petita, hiptese

  • em que prescindvel o princpio da congruncia entre o pedido e a deciso judicial(Precedentes do STJ: AgRg no REsp 895.102/SP, Relator Ministro Humberto Martins,Segunda Turma, julgado em 15.10.2009, DJe 23.10.2009; REsp 1.023.763/CE,Relatora Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 09.06.2009, DJe23.06.2009; AgRg no REsp 841.942/RJ, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma,julgado em 13.05.2008, DJe 16.06.2008; AgRg no Ag 958.978/RJ, Relator MinistroAldir Passarinho Jnior, Quarta Turma, julgado em 06.05.2008, DJe 16.06.2008; EDclno REsp 1.004.556/SC, Relator Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em05.05.2009, DJe 15.05.2009; AgRg no Ag 1.089.985/BA, Relatora Ministra Laurita Vaz,Quinta Turma, julgado em 19.03.2009, DJe 13.04.2009; AgRg na MC 14.046/RJ,Relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 24.06.2008, DJe05.08.2008; REsp 724.602/RS, Relatora Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma,julgado em 21.08.2007, DJ 31.08.2007; REsp 726.903/CE, Relator Ministro JooOtvio de Noronha, Segunda Turma, julgado em 10.04.2007, DJ 25.04.2007; e AgRgno REsp 729.068/RS, Relator Ministro Castro Filho, Terceira Turma, julgado em02.08.2005, DJ 05.09.2005). 2. que: A regra da congruncia (ou correlao) entrepedido e sentena (CPC, 128 e 460) decorrncia do princpio dispositivo. Quando ojuiz tiver de decidir independentemente de pedido da parte ou interessado, o queocorre, por exemplo, com as matrias de ordem pblica, no incide a regra dacongruncia. Isso quer significar que no haver julgamento extra, infra ou ultrapetita quando o juiz ou tribunal pronunciar-se de ofcio sobre referidas matrias deordem pblica. Alguns exemplos de matrias de ordem pblica: a) substanciais:clusulas contratuais abusivas (CDC, 1. e 51); clusulas gerais (CC 2.035, par. n.)da funo social do contrato (CC, 421), da funo social da propriedade (CF, arts. 5.,XXIII, e 170, III, e CC, 1.228, 1.), da funo social da empresa (CF, 170; CC, 421 e981) e da boa-f objetiva (CC, 422); simulao de ato ou negcio jurdico (CC, 166,VII, e 167); b) processuais: condies da ao e pressupostos processuais (CPC, 3.,267, IV e V; 267, 3.; 301, X; 30, 4.); incompetncia absoluta (CPC, 113, 2.);impedimento do juiz (CPC, 134 e 136); preliminares alegveis na contestao (CPC,301 e 4.); pedido implcito de juros legais (CPC, 293), juros de mora (CPC, 219) ede correo monetria (Lei 6.899/81; TRF-4 53); juzo de admissibilidade dosrecursos (CPC, 518, 1.) () (Nelson Nery Jnior e Rosa Maria de Andrade Nery, inCdigo de Processo Civil Comentado e Legislao Extravagante, 10. ed., Ed. Revistados Tribunais, So Paulo, 2007, pg. 669). 3. A correo monetria plena mecanismo mediante o qual se empreende a recomposio da efetiva desvalorizaoda moeda, com o escopo de se preservar o poder aquisitivo original, sendo certo queindepende de pedido expresso da parte interessada, no constituindo um plus que se

  • STJ)

    acrescenta ao crdito, mas um minus que se evita. 4. A Tabela nica aprovada pelaPrimeira Seo desta Corte (que agrega o Manual de Clculos da Justia Federal e ajurisprudncia do

    enumera os ndices oficiais e os expurgos inflacionrios a serem aplicados em aesde compensao/repetio de indbito, quais sejam: (i) ORTN, de 1964 a janeiro de1986; (ii) expurgo inflacionrio em substituio ORTN do ms de fevereiro de 1986;(iii) OTN, de maro de 1986 a dezembro de 1988, substitudo por expurgoinflacionrio no ms de junho de 1987; (iv) IPC/IBGE em janeiro de 1989 (expurgoinflacionrio em substituio OTN do ms); (v) IPC/IBGE em fevereiro de 1989(expurgo inflacionrio em substituio BTN do ms); (vi) BTN, de maro de 1989 afevereiro de 1990; (vii) IPC/IBGE, de maro de 1990 a fevereiro de 1991 (expurgoinflacionrio em substituio ao BTN, de maro de 1990 a janeiro de 1991, e ao INPC,de fevereiro de 1991); (viii) INPC, de maro de 1991 a novembro de 1991; (ix) IPCAsrie especial, em dezembro de 1991; (x) UFIR, de janeiro de 1992 a dezembro de1995; e (xi) SELIC (ndice no acumulvel com qualquer outro a ttulo de correomonetria ou de juros moratrios), a partir de janeiro de 1996 (Precedentes daPrimeira Seo: REsp 1.012.903/RJ, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, PrimeiraSeo, julgado em 08.10.2008, DJe 13.10.2008; e EDcl no AgRg nos EREsp517.209/PB, Relator Ministro Luiz Fux, julgado em 26.11.2008, DJe 15.12.2008). 5.Deveras, os ndices que representam a verdadeira inflao de perodo aplicam-se,independentemente, do querer da Fazenda Nacional que, por liberalidade, diz noincluir em seus crditos (REsp 66733/DF, Relator Ministro Garcia Vieira, PrimeiraTurma, julgado em 02.08.1995, DJ 04.09.1995). 6. O prazo prescricional para ocontribuinte pleitear a restituio do indbito, em se tratando de pagamentosindevidos efetuados antes da entrada em vigor da Lei Complementar 118/05(09.06.2005), nos casos dos tributos sujeitos a lanamento por homologao,continua observando a cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data davigncia da novel lei complementar, sobejem, no mximo, cinco anos da contagem dolapso temporal (regra que se coaduna com o disposto no artigo 2.028, do Cdigo Civilde 2002, segundo o qual: Sero os da lei anterior os prazos, quando reduzidos poreste Cdigo, e se, na data de sua entrada em vigor, j houver transcorrido mais dametade do tempo estabelecido na lei revogada) (Precedente da Primeira Seosubmetido ao rito do artigo 543-C, do CPC: RESP 1.002.932/SP, Relator Ministro LuizFux, julgado em 25.11.2009). 7. Outrossim, o artigo 535, do CPC, resta inclumequando o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronuncia-se de forma clara esuficiente sobre a questo posta nos autos. Ademais, o magistrado no est obrigado

  • d)

    a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentosutilizados tenham sido suficientes para embasar a deciso. 8. Recurso especialfazendrio desprovido. Acrdo submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e daResoluo STJ 08/2008 (STJ, REsp 1112524/DF, Relator Ministro Luiz Fux, CorteEspecial, julgado em 01.09.2010, DJe 30.09.2010).

    Ressaltando a inrcia jurisdicional: RECURSO ESPECIAL OFENSA AO ARTIGO 535 DOCDIGO DE PROCESSO CIVIL INEXISTNCIA ARTIGOS 130, 131, 330 E 333 DOCDIGO DE PROCESSO CIVIL AUSNCIA DE PREQUESTIONAMENTO INCIDNCIADA SMULA 211/STJ FASE EXECUTRIA IRREGULARIDADE NA CAUSA DEBENDI ANL ISE EX OFFICIO PELO JULGADOR JULGAMENTO EXTRA-PETITA RECONHECIMENTO CONVERSO DO JULGAMENTO DA APELAO EM DILIGNCIAPARA JUNTADA DE DOCUMENTOS NOVOS IMPOSSIBILIDADE RECURSOPARCIALMENTE PROVIDO. 1 Os embargos de declarao consubstanciam-se noinstrumento processual destinado eliminao, do julgado embargado, decontradio, obscuridade ou omisso sobre tema cujo pronunciamento se impunhapelo Tribunal, no se prestando para promover a reapreciao do julgado. 2 Inadmissvel recurso especial quanto questo que, a despeito da oposio deembargos declaratrios, no foi apreciada pelo tribunal a quo. (Smula 211/STJ). 3 No processo de execuo, a certeza da obrigao deve ser observada pelo julgador, eestar representada no ttulo executivo; no entanto, a verificao de algumairregularidade na causa debendi refoge ao pressuposto processual do processo deexecuo e deve ser objeto de manifestao do executado, em sede de embargos dodevedor, sob pena de se violar o princpio da demanda e da inrcia da jurisdio. 4 Nos termos do artigo 614 do Cdigo de Processo Civil, deve o credor juntar petioinicial elementos que comprovem a certeza, liquidez e a exigibilidade do seu crdito,ou seja, o ttulo executivo, o valor em que se encontra a dvida, o vencimento e oinadimplemento da obrigao. Na falta de alguns desses documentos, deve o julgadorintimar o exequente para emendar a inicial. A diligncia determinada pelo Tribunal aquo teve claro objetivo de desconstituio da certeza do ttulo executivo, questomeritria oponvel em sede de embargos do devedor (nus do embargante) e queextrapola a norma insculpida no artigo 616 do Cdigo de Processo Civil. 5 RecursoEspecial parcialmente provido (STJ, REsp 971.804/SC, Relator Ministra NancyAndrighi, Relator p/ Acrdo Ministro Massami Uyeda, Terceira Turma, julgado em16.12.2010, DJe 11.04.2011).

    CPC/2015 CPC/1973

  • Art. 3. No se excluir da apreciaojurisdicional ameaa ou leso a direito. 1. permitida a arbitragem, na forma dalei. 2. O Estado promover, sempre quepossvel, a soluo consensual dos conflitos. 3. A conciliao, a mediao e outrosmtodos de soluo consensual de conflitosdevero ser estimulados por juzes,advogados, defensores pblicos e membrosdo Ministrio Pblico, inclusive no curso doprocesso judicial.

    Art. 125. O juiz dirigir o processoconforme as disposies deste Cdigo,competindo-lhe:[]IV tentar, a qualquer tempo, conciliar aspartes.

    Comentrios de Zulmar Duarte:

    1. Proteo judicial. O texto repete a disciplina prevista no artigo 5., inciso XXXV,da CF/1988: a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa adireito. a garantia da tutela jurisdicional por intermdio do direito de ao, como sever como mais vagar nos comentrios aos artigos 16 e 17 do Cdigo. 1.1. Todavia,como se v, a reproduo no se fez sem alterao, uma vez que no Cdigo, a ameaaveio antes da leso. A inverso, alm de lgica (a ameaa normalmente precede aleso, ainda que instantaneamente), no deixa de chamar a ateno pelo prestgioassumido hodiernamente pela tutela de urgncia (artigos 294 e seg.). 1.2. Ao propsito,o artigo ratifica, como no poderia deixar de ser, o postulado da inafastabilidade docontrole jurisdicional, o direito de ao, o acesso justia. Alis, a proposio reforadapelo artigo 140 do Cdigo, que veda a absteno por parte do Estado Juiz na prestaoda tutela jurisdicional, bem como pela regra de julgamento estipulada no artigo 373, aqual impede juramento pela obscuridade da causa (sibi non liquere). 1.3. O acesso justia princpio contagiante, protraindo sua influncia, entre outros, para igualdade eceleridade processual, pois se pretende um acesso justia, predicado de igualdade eceleridade. 1.4. Ressalta-se, ainda, a preocupao externada nos comentrios ao artigo1., quanto absoro dos princpios constitucionais pelo Cdigo e suas consequnciasprticas (item 4).

    2. Acesso justia. O acesso justia tem como pedra de toque a universalidade,conformando o prprio Estado Democrtico de Direto. O Estado, ao afirmar-se comoinstituio, absorveu, como funo prpria, a resoluo dos conflitos de interesses,

  • passando usando palavras conhecidas da biologia , a condio de tecido conjuntivo dasociedade (OLIVEIRA JUNIOR, 2011. p. 20), pelo que indispensvel assegurar referido oacesso ao indivduo. 2.1. Assim, ao impossibilitar a autotutela salvo excees, desforo(artigo 1.210, 1., do Cdigo Civil), assumindo a obrigao de bem dirimir os conflitosde interesses, o Estado, por meio do Poder Judicirio, como primeira obrigao decorrncia lgica do monoplio na prestao da tutela jurisdicional , deve assegurar oacesso justia. Vedada a tutela a manu militari do direito pelo contrrio, proibindo-acom sano criminal (artigo 345 do Cdigo Penal) , impe-se ao Estado disponibilizar etornar efetivas alternativas para reao contra a ofensa, o que faz pela via ampla eirrestrita de acesso ao Poder Judicirio contra toda e qualquer ameaa ou leso ao direito(acesso justia). 2.2. Vale dizer, o acesso justia garante a resposta, a tutelajurisdicional adequadamente prestada, deciso prolatada por juiz imparcial, devidamentemotivada e etc., mas no abrange, contudo, deciso favorvel ou de contedopredeterminado. O acesso justia tem relao com o pedido imediato de tutelajurisdicional, no tendo ligao direta com a pretenso das partes (pedido mediato).Logo, mesmo na hiptese de ser rejeitado o pedido do autor, ainda assim ter sidoprestada a tutela jurisdicional. 2.3. Como no existem absolutos no Direito, aConstituio traz algumas flexes ao acesso justia no regime da caserna (artigo 142, 2., da CF/1988), e no desporto ao exigir o prvio exaurimento das instnciasadministrativas (artigo 217, 2., CF/1988). A princpio no se tm como violadoras aoacesso justia as disposies que estatuem requisitos ou condicionantes realizao datutela, tais como pressupostos processuais e condies da ao, pois mesmo quando noexaminado o mrito ter existido a prestao da tutela jurisdicional, posto que negativa.Numa frase, o acesso justia no pode ser obstaculizado, mas aceita condicionantesrazoveis. No particular, o Cdigo fornece bom exemplo de condicionante passvel de sersuperado frente s peculiaridades da situao em prestgio ao acesso justia (artigo319, 3.). 2.4. Ressalte-se, existe candente discusso sobre a constitucionalidade dasvedaes de liminares contra o Poder Pblico, sob a perspectiva do acesso justia,atualmente repetida no artigo 1.059 do Cdigo. 2.5. Dimenso inescusvel do acesso justia a assistncia jurdica aos necessitados (artigo 5., LXXIV, da CF/1988)(CAPPELLETTI; GARTH, 1988). Indispensvel que o legislador, na sua atividade deintercalao legislativa entre a Constituio e a realidade desigual, erija formas quepossibilitem o real acesso justia, impedindo feio contingencial face insuficinciafinanceira de determinadas partes, pela impossibilidade de fazerem frente aos nusfinanceiros do processo (artigos 82 e seg.). Sem dvida, essa foi uma preocupao doCdigo, que, inovando, trouxe tpico especfico sobre a defensoria pblica (Ttulo VII doLivro III), sem prejuzo das diversas outras menes no corpo do Cdigo colocando-a em

  • p de igualdade com os demais autores do processo. Ainda, o Cdigo trouxe no seu corporegramento detalhado sobre a gratuidade da justia (Seo IV do Captulo I do Ttulo I doLivro III).

    3. Natureza jurisdicional da arbitragem. Historicamente, a justia arbitralintercalou a passagem da autotutela (justia de mo prpria) para a justia propriamenteestatal, sem ter jamais desaparecido, principalmente com o caractere da facultatividade.Atualmente, pela edio da Lei n. 9.307/1996, cujo artigo 31 equiparou os efeitos dasentena arbitral proferida pelo Poder Judicirio, retirando a exigncia de sua prviahomologao judicial, a tendncia assegurar o carter jurisdicional da arbitragem(CARMONA, 2009. p. 26-27) (CARREIRA ALVIM, 2007. p. 46); (NERY JUNIOR, 2010. p.161/164). No por acaso, para Greco a jurisdio um conceito em evoluo, que est sedesprendendo da noo de monoplio estatal (GRECO, 2013. v. I, p. 55/56). Nessemesmo sentido, Mancuso aponta que a concepo de jurisdio est sendo revisitada eem boa medida superada por uma compreenso abrangente, que no se esgota no poderdo Estado (MANCUSO, 2014. p. 154). Cabe lembrar a posio inicial de Dinamarco,sustentando que as funes de rbitro teriam natureza parajurisdicional (DINAMARCO,2002, p. 327-329), posteriormente revista em estudo especfico, aderindo o ilustradoautor tese jurisdicional (DINAMARCO, 2013. p. 40-41). Em sentido minoritrio, negandoo carter jurisdicional arbitragem (MARINONI; ARENHART, 2013. p. 352-355). 3.1. OCdigo na redao da Comisso de Juristas era incisivo em negar a natureza jurisdicional arbitragem, uma vez que a redao do ento artigo 3. realizada verdadeira oposioentre arbitragem e jurisdio: Art. 3. No se excluir da apreciao jurisdicionalameaa ou leso a direito, ressalvados os litgios voluntariamente submetidos soluoarbitral, na forma da lei. Contudo, prevaleceu redao que no exclui a compreenso deque a arbitragem tenha carter jurisdicional. 3.2. Ademais, independentemente daconcepo sobre a natureza jurdica, inegvel a importncia atual da arbitragem, o queimps melhor tratamento do instituto pelo Cdigo. O Cdigo reconhece a supremacia dainstituio da arbitragem, pelo que, inclusive, determina a extino do processo nahiptese em que o juzo arbitral reconhea sua competncia (artigo 485, inciso VII).Igualmente, explicitou-se melhor as formas de relacionamento entre o juzo estatal e oarbitral (artigos 69, 237, IV, 260, 3., 267, 515, 960, 3., e 1.061). 3.2. Alguns dosdelineamentos do CPC/1973 sobre o tema restaram mantidos. A conveno dearbitragem continua a ser matria de preliminar da contestao (artigo 337, inciso X e 5. e 6.), sendo seu acolhimento determinante da extino do processo semconhecimento do mrito (artigo 485, inciso VII), cuja sentena no dotada de efeitosuspensivo ope legis (artigo 1.012, inciso IV). 3.3. A conveno de arbitragem um dos

  • temas que permite a utilizao do agravo de instrumento (artigo 1.015, inciso III),recurso este, como se ver a seu tempo, assumiu uma nova conformao poisestabelecidas taxativamente suas possibilidades de cabimento. 3.4. Outra inovao notema o fato da conveno de arbitragem justificar o segredo de justia quando aconfidencialidade tenha sido estipulada (artigo 189, inciso IV). O segredo apontadocomo necessrio, principalmente pelos arbitralistas, a par dos segredos comerciais, comcontedo econmico, normalmente discutidos em tais processos. 3.5. Inovao dignanota operada pelo Cdigo foi permitir que a decretao de nulidade da sentena arbitral(artigo 33 da Lei n. 9.307/1996), possa ser aviada na impugnao ao seu cumprimento(artigo 1.061). 3.6. Finalmente, vale o registro, durante a discusso do projeto de Cdigo,mais propriamente no substitutivo apresentado pela Cmara dos Deputados, restouerigido procedimento para alegao de Conveno de Arbitragem, quando da realizaoda audincia de conciliao ou da contestao (artigos 345 a 350 do Substitutivo), o queacabou por no vingar na verso final aprovada pelo Senado. O tema foi objeto ainda demoo de discordncia aprovada pelo IV Encontro do Frum Permanente deProcessualistas Civis Carta de Belo Horizonte.

    4. Soluo consensual. Um dos vetores que norteou a reforma operada peloCdigo foi a aposta na promoo e no estmulo da soluo consensual dos conflitos,compromisso com a resoluo do litgio em sentido amplo, inclusive como fenmenosocial. A exposio de motivos ao anteprojeto absolutamente clara: Pretendeu-seconverter o processo em instrumento includo no contexto social em que produzir efeitoo seu resultado. Deu-se nfase possibilidade de as partes porem fim ao conflito pela viada mediao ou da conciliao () Entendeu-se que a satisfao efetiva das partes podedar-se de modo mais intenso se a soluo por elas criada e no imposta pelo juiz. 4.1.O Cdigo estimulou, em diversas fases, a abertura ao dilogo e a superao ao dissenso,permitindo que as partes passem da discrdia para concrdia: Se a esse drama, oumelhor, ao drama em geral, tratarmos de lhe colocar um nome, este o da discrdia.Tambm concrdia e discrdia so duas palavras que, como a palavra de acordo, quetanta importncia tem para o direito, provm de corde (corao): os coraes doshomens unem-se ou se separam; a concrdia ou a discrdia o germe da paz ou daguerra (CARNELUTTI, 2001b. p. 13). 4.2. de se observar, a exortao dirigida aosjuzes, advogados, defensores pblicos e ao membro do Ministrio Pblico, no maissomente para o magistrado (artigo 125, inciso IV, do CPC/1973), o que demonstra atentativa do Cdigo em influir diretamente na cultura dominante que fomenta e alimentao litgio. 4.3. Por conta dessa diretriz determinante, o Cdigo trouxe para o umbral doprocesso, verdadeira fase processual de conciliao ou mediao (artigos 334 e 565),

  • momento em que se presume estarem os espritos desarmados e, talvez, seja mais fcila autocomposio. Longe de ser mero captulo de uma determinada sesso de audincia(como dantes nos artigos 331 e 447 do CPC/1973), a fase de conciliao ou mediaoganhou corpo, audincia prpria e exclusiva para tal finalidade, sendo considerado atoatentatrio da justia a ausncia injustificada de comparecimento (artigo 334, 8.). Talfase processual pode se desenrolar em mais de uma sesso (artigo 334, 2.), com apossibilidade de participao de conciliador ou mediador (artigo 334, 1.), conquantoesteja limitado ao perodo de dois meses (artigo 334, 1.). Alis, ainda quando permites partes dispensarem a aludida fase processual (artigo 334, 4.o e 5.o), o Cdigo exigeo consenso no particular: o consenso quanto ao dissenso (OLIVEIRA JR., Zulmar Duartede. A difcil conciliao entre o NCPC e a Lei de Mediao. Jota, 17.08.2015. Disponvelem: ). Remanesce, obviamente durante o processo, a pulso pelaconciliao (artigos 139, inciso V, e 359), o que timbra tambm a atuao de auxiliaresda justia (artigo 154, inciso VI e pargrafo nico). Para se ter uma ideia do intento doCdigo em obter a autocomposio, permite-se a produo antecipada de prova comvistas a sua viabilizao (artigo 381, inciso II). Ainda, o Cdigo permite expressamenteos mutires de conciliao, com a suspenso dos prazos processuais (artigo 221,pargrafo nico). Demais disso, a transao realizada dispensa das custas processuaisremanescentes (artigo 90, 3.). 4.4. No particular, como registro histrico, o Tribunalde Justia do Estado de Santa Catarina (TJSC), adotou em determinado momento aprtica de uma audincia preliminar conciliatria antes da fase de resposta, peloProvimento n. 04/1992, sendo que, at hoje, no Regimento de Custas e Emolumentosdo Estado de Santa Catarina, a transao pode reduzir em at 50% as custas processuais(artigo 34).

    5. Conciliadores e Mediadores. Mais ainda, o Cdigo determina a criao decentros judicirios de soluo consensual dos conflitos, tanto para atuarem nas sessesda audincia de conciliao e mediao, como para desenvolverem mtodos destinados autocomposio (artigos 165 e seg.). 5.1. Alis, o Cdigo d tratamento pormenorizados figuras do conciliador e do mediador, agora considerados como auxiliares da justiapara todos os fins (artigo 149). A fronteira entre as atividades de mediao e conciliao fincada no histrico de relacionamento das partes. A figura do conciliador apropriadaquanto inexista vnculo anterior entre as partes, com exceo do prprio litgio emapreciao (artigo 165, 2.), sendo o mediador prprio para os casos em que as partestenham relacionamento pr-estabelecido (artigo 165, 3.). 5.2. A participao doconciliador ou mediador na fase respectiva restou catalisada pelo Cdigo, no que permite

    https://jota.info/colunas/novo-cpc/a-dificil-conciliacao-entre-o-novo-cpc-e-a-lei-de-mediacao-17082015

  • o uso de tcnicas negociais (artigo 166, 3.), a modelagem do procedimento (artigo166, 3.), escolha dos profissionais (artigo 168), bem como a confidencialidade dastratativas (artigo 166, 1.). 5.3. Nas aes de famlia, as solues consensuais decontrovrsia, como si de ser, so a primeira e mais importante forma de soluo doprocesso, haja vista que, via de regra, o relacionamento entre as partes, de uma formaou outra, subsiste ao processo (artigo 694). Assim, a melhor iniciativa que o PoderJudicirio pode ter na matria apaziguar definitivamente as partes, evitando quebolses do litgio, agora insuspeitos, amanh estourem em novas demandas.

    6. Prazo para realizao da audincia de mediao/conciliao. Vitalizando asoluo consensual dos conflitos, o Cdigo estabeleceu prazo mnimo que deve mediarentre a realizao da citao e a audincia de mediao/conciliao (artigo 334, partefinal). Tal prazo no se destina exclusivamente a permitir a organizao da audincia eas cientificaes respectivas, mas servir de momento destinado reflexo para parte(interstcio reflexivo - OLIVEIRA JR., Zulmar Duarte de. Conciliao e Mediao no NovoCPC: interstcio reflexivo. Jota, 08.06.2015. Disponvel em:). Via de regra, o tempo ingressa no processo como limite aoexerccio dos atos processuais, pelo que, para o responsvel respectivo, operanegativamente, restringindo sua liberdade na realizao dos seus atos. Agora, o tempopode tambm assumir no processo outras potencialidades, como interstcio que consente parte a possibilidade de maturar as questes nas quais envolvida. Nessa compreenso,podemos extrair que o devido processo legal, em determinadas situaes, impe que arealizao de determinado ato processual seja precedida de intersecto reflexivo, logo,no imediatamente, possibilitando o amadurecimento das posies respectivas. Isso sed no campo constitucional, quando envolvida questo de inegvel envergadura (v.g.,artigos 29 e 32 da Carta Magna, que tratam da edio das Leis Orgnicas), certamentevisando que o tempo possibilite a melhor tomada de deciso, a destilao do suprassumodecisrio. Essa lgica preside o artigo 334 do Novo CPC. De nada adiantaria o Cdigoestabelecer como diretriz determinante a soluo consensual das controvrsias,estimulando a abertura ao dilogo e a superao do dissenso, acaso no estruturasse afase de conciliao e mediao rente a tais objetivos. O Cdigo apreendeu bem talnecessidade, na exata medida em que, para alm de mero captulo das sesses daaudincia (artigos 331 e 447 do CPC/1973), a conciliao e a mediao passam a sermomento processual prprio, com regramento destinado a valorizar e incentivar aautocomposio, sem prejuzo de comporem a estrutura processual no incio, meio e fim.O interstcio de reflexo compe tal regramento, verdadeira mola mestra para o exerccio

    https://jota.info/colunas/novo-cpc/conciliacao-e-mediacao-no-novo-cpc-intersticio-reflexivo-08062015

  • a)

    b)

    c)

    d)

    e)

    f)

    da autonomia da vontade, da deciso informada e da independncia das partes (artigo166 do Novo CPC), permitindo a parte a anlise de sua posio jurdica e,consequentemente, a reflexo sobre os benefcios da soluo consensual da controvrsia.Em sendo assim, a regra do artigo 334 do Novo CPC merece ser prestigiada pelos atoresprocessuais, respeitando o interstcio de reflexo ali estabelecido, como expressivo deuma nova viso de processo, em que a autonomia da vontade das partes passe a servaloriza