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1 ELEODORA LOPES DE JESUS TERAPÊUTICA TÓPICA DA CERATITE BACTERIANA SALVADOR BAHIA 2008 Trabalho de Conclusão de curso apresentado à Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia para obter a habilitação em Farmácia Industrial. Área de Concentração: Farmácia Industrial Orientadora: Prof. Dra. Regina Jesus Santos Cunha

Terapêutica Tópica da Ceratite Bacteriana. Jesus, Eleodora L

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ELEODORA LOPES DE JESUS

TERAPÊUTICA TÓPICA DA CERATITE BACTERIANA

SALVADOR – BAHIA

2008

Trabalho de Conclusão de curso apresentado à

Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da

Bahia para obter a habilitação em Farmácia

Industrial.

Área de Concentração: Farmácia Industrial

Orientadora: Prof. Dra. Regina Jesus Santos Cunha

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RESUMO

As úlceras de córnea ou ceratites são umas das mais comuns patologias observadas nos serviços

de oftalmologia. Elas são causadas principalmente por bactérias ou fungos. Estima-se que

500.000 pessoas desenvolvem ceratite infecciosa anualmente em todo o mundo. Os fatores que

levam ao distúrbio da integridade epitelial da córnea tornam-na predisponentes à infecção, dentre

estes fatores destacam-se o uso de lentes de contato, trauma, alteração do filme lacrimal,

alteração da margem palpebral e uso crônico de medicamentos oculares, principalmente

corticosteróides ou antibióticos. Os principais causadores da ceratite infecciosa são as bactérias:

Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Streptococcus pneumonia e os fungos:

Acremonium ssp, Fusarium ssp e Candida albicans. O presente trabalho objetivou realizar um

estudo de revisão bibliográfica sobre o tema “Tratamento da ceratite infecciosa com a Utilização

de Colírios Fortificados e compostos de Fluoroquinolonas”, destacando o histórico de utilização

bem como os aspectos técnicos envolvido na manipulação destes medicamentos na farmácia

hospitalar. A antibioticoterapia utilizada na ceratite bacteriana atualmente é baseada

principalmente em duas classes antibióticas, a monoterapia com fluoroquinolonas, segunda ou

quarta geração, ou a politerapia com a utilização de cefalosporina e aminoglicosídeos. Na

ceratite fúngica os principais antibióticos utilizados são preparações fortificadas de anfotericina

B. As vantagens da utilização das fluoroquinolonas consistem na sua ação de amplo espectro,

baixa toxicidade, boa penetração ocular, maior concentração no filme lacrimal e fácil

disponibilidade. Os colírios antibióticos fortificados são considerados como de uso padrão na

terapia contra as ceratites bacterianas severas, apresentando boa penetração na córnea, menores

relatos de resistência microbiana, menores índices de perfuração de córnea e a possibilidades de

sinergia e combinação de efeitos com associação de antibióticos. Dessa forma, a utilização dos

colírios fortificados é uma alternativa viável na prática hospitalar, uma vez que se pode utilizar

dos próprios ativos existentes na farmácia do hospital para as preparações e é possível preparar

soluções com concentrações do fármaco maiores do que as apresentações comerciais existentes,

reduzindo assim a possibilidade de resistência bacteriana, entretanto, é imprescindível, na

manipulação de colírios antibióticos fortificados, a participação de um profissional farmacêutico

experiente, que possa preparar os colírios em condições de esterilidade e em conformação com

as legislações regentes no que diz respeito às Boas Práticas de Manipulação em Farmácias.

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Palavras Chave: Antibioticoterapia, Fluoroquinolonas, Colírios Fortificados, farmácia

hospitalar.

ABSTRACT

The corneal ulcers, or keratitis, are one of the most common pathologies observed in

ophthalmology services. They are caused mainly by bacteria or fungi. It has been estimated that

500,000 persons develop ulcerative keratitis annually around the world. The factors that lead to

the corneal epithelial integrity disruption make it predisposing to infection, among these factors

are: the use of contact lenses, lesion, change of tear film, change the eyelid margin and chronic

use of eye medicines, mainly corticosteroids or antibiotics. The main bacterial cause of

infectious keratitis is: Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Streptococcus

pneumonia and the main fungal cause is: Acremonium ssp, Fusarium spp and Candida albicans.

We aimed to realize a study of literature review about "Treatment of infectious keratitis with the

use of fortifieds eye drops and Fluoroquinolones", highlighting the history of use as well as the

technical aspects involved in the manipulation of these drugs in the hospital pharmacy. The

therapy currently used in bacterial keratitis is based mainly on two antibiotic kind, monotherapy

with fluoroquinolones, second or fourth generation, or polytherapy with the use of

cephalosporins and aminoglycosides. In fungal keratitis the main antibiotics used are fortified

preparations of amphotericin B. The advantages of the fluoroquinolones use consist in their wide

spectrum action, low toxicity, good eye penetration, greater concentration in the tear film and

easy availability. The fortified antibiotic eye drops are considered as standard for use in therapy

against severe bacterial keratitis, giving major penetration of the cornea, smaller reports of

microbial resistance, lower rates of corneal perfuration and possibilities of synergy in association

with antibiotics combination effects. Thus, the use of eye drops fortified is a good alternative in

hospital practice, since we can use the own active available in the hospital pharmacy for

preparations and it is possible to prepare solutions with most drug concentrations than the

existing in commercial presentations, thereby reducing the possibility of bacterial resistance,

however, it is essential, in the manipulation of fortified antibiotic eye drops, the participation of

an experienced professional pharmacist, who can prepare eye drops in conditions of sterility and

in conformation with the laws rulerships as regards to Good Practice of manipulation Pharmacy.

Key Words: Antibiotic therapy, Fluoroquinolones, Fortified eye drops, hospital pharmacy.

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SUMÁRIO

Resumo ...................................................................................................................................IV

Abstract ....................................................................................................................................V

1-INTRODUÇÃO .............................................................................................01

2-OBJETIVOS ..................................................................................................04

2.1 – Objetivos Gerais..............................................................................................................04

2.2 – Objetivos Específicos......................................................................................................04

3-DESENVOLVIMENTO................................................................................05

3.1 - Histórico do uso de colírios antibióticos.........................................................................05

3.2 - Evolução do tratamento da ceratite bacteriana e fúngica..............................................07

3.3 - Toxicidade dos agentes terapêuticos utilizados na ceratite............................................12

3.4 - Resistência Bacteriana....................................................................................................14

3.5 – Tratamento empírico da ceratite.....................................................................................16

4 – DISCUSSÃO................................................................................................17

4.1 – Opções de tratamento da ceratite microbiana no contexto hospitalar..........................17

5 - ASPECTOS FARMACOTÉCNICOS PARA MANIPULAÇÃO DE

COLÍRIOS.........................................................................................................22

5.1 – Critérios para manipulação de colírios..........................................................................22

5.1.1 – Precisão de Composição ..............................................................................................23

5.1.2 – Tonicidade...................................................... ..............................................................23

5.1.3 – Potencial hidrogeniônico (pH)......................................................................................23

5.1.4 – Estabilidade e conservação...........................................................................................24

5.1.5 – Esterilidade....................................................................................................................25

5.1.6 – Solventes utilizados na preparação de colírios.............................................................26

5.1.7 – Adjuvante......................................................................................................................26

5.2 – Aparatos necessários para a manipulação de colírios fortificados na farmácia

hospitalar..................................................................................................................................27

5.2.1. Manipulador....................................................................................................................27

5.2.2. Matéria prima..................................................................................................................27

5.2.3. Veículo............................................................................................................................28

5.2.4. Embalagem primária.......................................................................................................28

5.2.5. Rótulos............................................................................................................................20

5.3 - Formulações de Colírios Antibióticos Fortificados........................................................30

5.3.1 – Colírio Fortificado de Anfotericina B...........................................................................31

5.3.2 – Colírio fortificado de Cefalotina...................................................................................31

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5.3.3 – Colírio fortificado de Gentamicina ou Tobramicina.....................................................32

5.3.4 – Colírio fortificado de Vancomicina..............................................................................33

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................36

ANEXO I Características Físico-Químicas das Substâncias Utilizadas nos Colírios Fortificados......41

ANEXO II Embalagem Primária Multidose utilizada para armazenamento de Colírios Antibióticos

Fortificados...............................................................................................................................42

ANEXO III Preço Unitário dos Produtos...........................................................................................43

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1 - Introdução

A maioria das infecções oculares é causada por bactérias e em menor proporção causadas

por fungos ou vírus. Uma das principais patologias oftálmicas observadas nos centros de

tratamento oftalmológico são as ulceras de córnea ou ceratites, cujas principais etiologias são

bacterianas ou fúngicas (OLIVEIRA et al., 2002). Estima-se que, por ano, cerca de 500.000

pessoas desenvolvem ceratite infecciosa em todo o mundo (SUWAN-APICHON et al, 2007)

A

incidência de ceratite infecciosa nos Estados Unidos é de 11/100.000 pessoas por ano, enquanto

em países em desenvolvimento ela afeta 799/100.000 pessoas a cada ano (PANDA et al., 2007).

A ceratite é uma inflamação na córnea desenvolvida por inúmeros fatores que envolvem

os mecanismos de defesa da córnea. Em casos de ceratite infecciosa é comum a presença de

úlceras corneanas podendo ser acompanhadas por dor, fotofobia, baixa de acuidade visual ou

hiperemia conjuntival (ALVES e ANDRADE, 2000; THOMAS e GERALDINE, 2007;

MAIDANA et al, 2005).

Os fatores de risco predisponentes são aqueles que acabam provocando distúrbio da

integridade epitelial da córnea, como o uso de lentes de contato, trauma, alteração do filme

lacrimal, alteração da margem palpebral e uso crônico de medicamentos oculares principalmente

corticosteróides ou antibióticos. Cerca de 90% dos casos de ceratite bacteriana são causados por

organismos classificados em quatro grupos: Microccaceae (Staphylococcus, Micrococcus),

Streptocococcus sp, Pseudomonas sp, Enterobacteriaceae (Citrobacter, Klebsiella, Enterobacter,

Serratia, Proteus) (SOUSA et al., 2007; NICOLA, 2005; ALVES e ANDRADE, 2000).

A ceratite fúngica, menos comum que a bacteriana, pode ser indistinguível desta. Há

alguns fatores de risco que levam a desconfiar da origem fúngica da ceratite, que são: história de

traumatismo com material vegetal e uso crônico de corticosteróides tópico. São causadas

geralmente por dois grupos de fungos: Fungos filamentosos (Fusarium spp. Aspergillus spp e

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outros) e Fungos leveduriformes (Candida albicans, Candida spp entre outros). Os mais comuns

são: C albicans, Fusarium ssp e Aspergillus spp. (NICOLA, 2005).

Em algumas infecções fúngicas, sobretudo nas causadas por fungos filamentosos, é

possível verificar hifas fúngicas nas margens do infiltrado, estas hifas estão dispostas com

extensões irregulares ao estroma adjacente. A superfície pode estar em alto relevo, podendo

existir lesões satélites (focos de infiltração afastados da lesão principal) e infiltrados em anel ao

redor do infiltrado principal. A evolução é freqüentemente lenta (MAIDANA et al., 2005).

Uma vez estabelecida a ceratite, os sinais e sintomas não são suficientes para definir e

distinguir o microrganismo causador, apenas pode-se perceber que a ceratite por Gram-negativos

apresenta-se em um curso mais grave (SOUSA et al., 2007).

O tratamento de escolha para as ceratites baseia-se na utilização empírica de colírios com

antibióticos de amplo espectro de ação. Em protocolos revisados por Rodriguez (2004) verificou-

se principalmente a utilização de dois fármacos associados, o primeiro pode ser uma

cefalosporina de primeira ou segunda geração e o segundo um aminoglicosídio. Em úlceras

periféricas pequenas pode-se utilizar monoterapia com fluoroquinolonas devido a seu amplo

espectro de ação contra Gram-positivos e Gram-negativos, entretanto alguns Gram-positivos (ex:

Streptococcus sp.) e anaeróbios têm mostrado resistência às fluoroquinolonas. Dependendo de

fatores relacionados ao quadro clínico (progressão da infecção, condições prévias da córnea, área

e profundidade da ulceração entre outros) pode-se lançar mão da monoterapia ou da terapia

combinada de colírios fortificados ou reforçados, que são assim denominados por se tratar de

colírios que trazem os princípios ativos em altas concentrações. (BAUM e BARZA, 2000).

Em muitos protocolos os autores utilizaram colírios reforçados de cefalotina, tobramicina ou

gentamicina. Estes colírios antibióticos reforçados têm se mostrado efetivos contra vários Gram-

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positivos e Gram-negativos, sendo uma opção comumente empregada em muitos centos

oftalmológicos (RODRIGUEZ, 2004; MILLS, 2003).

O tratamento empírico inicial poderá ser modificado em função da evolução clínica, dos

microrganismos envolvidos, da toxicidade do agente terapêutico utilizado e dos resultados do

cultivo microbiológico (TITIYAL, 2006; MORLET, 20003; ALVES e ANDRADE, 2000).

2 - Objetivos

2.1 - Objetivo Geral

Realizar um estudo de revisão bibliográfica sobre o tema “Tratamento da ceratite

infecciosa com a utilização de Colírios Fortificados e compostos de Fluoroquinolonas”,

destacando o histórico de utilização bem como os aspectos técnicos envolvido na manipulação

destes medicamentos na farmácia hospitalar.

Objetivos Específicos

Revisar a evolução no tratamento de ceratite infecciosa com colírios fortificados com

antibióticos e fluoroquinolonas;

Discutir vantagens e desvantagens da utilização dos colírios antibióticos fortificados em

relação aos compostos de fluoroquinolonas no contexto hospitalar;

Abordar os aspectos técnicos da manipulação de colírios fortificados, com base na RDC N°

67 de 08 de Outubro de 2007;

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Levantar aspectos práticos da manipulação de colírios fortificados na farmácia hospitalar.

3. Desenvolvimento

3.1 – Histórico do uso de colírios antibióticos

O tratamento das infecções bacterianas oftalmológicas, principalmente as ceratites, foi

realizado por meio de penicilina de primeira geração e estreptomicina desde as décadas de 1950-

1960. No final de 1960 a gentamicina, um potente congênere da estreptomicina, foi introduzido e

tornou-se popular para uso sistêmico (BAUM e BARZA, 2000).

Ao longo década 1970 outros aminoglicosídeos, tobramicina e amicacina, foram

introduzidos. Estes aminoglicosídeos e as cefalosporinas de primeira geração começaram a ser

usadas em formulações extemporâneas para tratamento de ulceras bacteriana da córnea. Embora

a tobramicina tenha alcançado rápida aceitação entre os oftalmologistas, a amicacina era a mais

utilizada em casos de bactérias que fossem resistentes à gentamicina. Nesse período já se iniciou

a utilização dos colírios fortificados, inicialmente de cefazolina, sendo observado bons resultados

contra Gram-positivos e contra Staphylococcus, principal causador de ceratite bacteriana na

época. Nos anos de 1970 e 1980 houve extenso desenvolvimento de novas versões de

betalactâmicos para superar os problemas de resistência dos Gram-negativos e a toxicidade de

aminoglicosídeos (BAUM e BARZA, 2000).

Desde os anos 1980 já era muito utilizada a formulação extemporânea de colírios

fortificados, a fim de conseguir elevadas concentrações da droga na córnea. Estas preparações

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continham frequentemente concentrações de 5-30mg/ml, níveis que são 50-100 vezes maior que

a máxima concentração atingida no sangue, isto para drogas bem toleradas como a penicilina e

cefalosporina, no caso dos aminoglicosídeos e da vancomicina as concentrações alcançadas no

uso tópica chegava a ser 500 a 1000 vezes maior que a concentração sérica (BAUM e BARZA,

2000).

Com base em vários estudos comparativos entre a eficácia do tratamento sistêmico com

injeção subconjuntival e a aplicação tópica de colírios fortificados concluiu-se que a

administração sistêmica é uma via ineficiente de alcance da droga até a córnea, podendo esta via

ser utilizada apenas com adjuvante em ceratites graves e com perfuração de córnea. Já a injeção

subconjuntival consegue elevadas concentrações da droga na córnea, bem maior do que a

alcançada pela administração sistêmica e pelo menos 10 vezes superior a alcançada pelo uso

tópico. Entretanto há um aparente paradoxo na semelhante eficácia das administrações tópica e

subconjuntival. Apesar de ser muito menor o pico de concentração da droga atingido com

aplicação tópica, esta, de forma contínua, resulta em um nível de droga no tecido moderado,

porém contínuo, ao contrario da administração subconjuntival que produz um pico seguido por

uma depressão na concentração da droga. A administração de antibiótico por colírio é neste

momento o preferido método para tratamento de ceratite bacteriana (BAUM e BARZA, 2000).

Até 1960 a utilização de colírios fortificados era empírica, com base em evidencia

experimental e clinicas, com o uso sugerido pelos especialistas em córnea. Nas décadas de 1970

e 1980, no entanto foi estabelecida uma justificativa para o uso rotineiro de colírios fortificados

no tratamento de ceratite bacterianas. Muitos autores afirmam que o tratamento com colírios

fortificados é bem tolerado durante as 2-3 semanas de tratamento intensivo. Eles recomendam

que o tempo máximo do gotejamento esteja entre 15-30 minutos, na terapêutica inicial o

tratamento deve continuar durante toda noite nos primeiros 1-3 dias (BUTLER et al., 2005;

BAUM e BARZA, 2000).

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Atualmente, o uso de colírios antibióticos fortificados é uma prática habitual nos grandes

centros oftalmológicos, sendo que se recorre a estes produtos quando se depara com um agente

causal resistente aos colírios comerciais ou com ceratites graves, o que é frequentemente

observado em hospitais (RODRIGUEZ, 2004).

A partir dos anos 1980, as indústrias de manipulação de fármacos começaram a explorar

uma velha conhecida classe de drogas antimicrobianas para produzir agentes com potente

atividade contra Gram-negativos, estas eram as quinolonas, introduzidas inicialmente em 1962.

Um dos inicias congêneres, o ciprofloxacino, apresentou-se com boa potência contra Gram-

negativos, mas moderada atividade contra Staphylococcus aureus e modesta atividade contra

Streptococcus sp. As fluoroquinolonas, ciprofloxacino e ofloxacino, em colírios comerciais

mostraram-se tão efetivos quanto os colírios fortificados de outros agentes e são livres de

problemas de toxicidade na córnea, de vida curta de prateleira e da necessidade por formulações

extemporâneas como colírios fortificados. A facilidade de prescrição e administração, amplo

espectro contra Gram-positivos e Gram-negativos e menor toxicidade serviram como forte

impulso à utilização destes medicamentos (THOMPSON e PINEDA, 2004; BAUM e BARZA,

2000).

3.2 - Evolução do tratamento da ceratite fúngica e bacteriana

No século XIX, com os avanços da microbiologia e da anatomia patológica, houve os

primeiros avanços na tentativa de classificar a ceratite. No meado dos anos 20, após identificação

das bactérias como agentes que afetam a córnea diretamente, identificou-se fungos, vírus e

parasitos (RODRÍGUEZ, 2004). Com o advento destes conhecimentos, pesquisas mais

específicas foram empreendidas com o objetivo de eliminar tais agentes infecciosos do olho

(RAPUANO et al., 2001).

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A ceratite é uma ameaça para a visão, e, portanto é fundamental o diagnóstico e o

tratamento correto das úlceras e infecções; este deve iniciar-se o mais breve a fim de prevenir

maiores lesões e melhorar o prognóstico do paciente. O primeiro estudo realizado com o objetivo

de identificar o agente etiológico da ceratite foi realizado na Colômbia, em 1972, onde 100 casos

foram analisados e relataram-se bactérias (20%), fungos (17%), vírus (6%), vírus e bactérias

(2%) e 55% das amostras foram negativas (SALVATIERRA 1994 apud RODRÍGUEZ et al.,

2002).

As sulfonamidas foram introduzidas entre 1930 e 1940, atualmente apenas as

sulfacetamida e trimetoprim, seus derivados, continuam sendo utilizados. A partir de 1940, a

penicilina, estreptomicina e tetraciclina, tornaram-se comerciáveis, seguidos dos clorafenicol,

polimixina e da bacitracina. Em 1960, uma nova geração de penicilina e estreptomicina

tornaram-se uma alternativa no tratamento de ceratites bacterianas. Nesta mesma década,

isolados de S. aureus, apresentaram resistência à penicilina, ocorrendo à formulação de

penicilinas sintéticas (oxacilina, nafcilina) e uma primeira geração de cefalosporina, resistentes a

ação da betalactamase tornaram-se popular (BAUM e BARZA, 2000).

No final dos anos 60, com o surgimento de infecções por Pseudomonas aeruginosa,

(resistente à estreptomicina), surge a gentamicina, um aminoglicosideo, como um potente

fármaco no tratamento sistêmico. Posteriormente, outros aminoglicosídeos, como tobramicina,

que foi rapidamente aceita, e amicacina, utilizada apenas em casos de resistência a gentamicina;

foram introduzidos (BAUM e BARZA, 2000).

Dois estudos posteriores realizados em Medelhim, cidade colombiana, nos anos de 1978

e 1981, o antibiótico mais eficaz no tratamento da ceratite bacteriana foi a gentamicina, com

efetividade em 87% dos casos (RODRÍGUEZ, 2004).

Os antibióticos aminoglicosídeos, apesar de terem alta toxicidade, são parte importante

do arsenal terapêutico antibacteriano desde seu descobrimento, na década de 40. Todos os

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aminoglicosídeos agem pelo mesmo mecanismo da ação, exercendo seu efeito bactericida ao se

ligarem ao ribossomo bacteriano, diminuindo a síntese protéica e levando à leitura incorreta do

RNA mensageiro, causando alteração no funcionamento da membrana celular com saída de

constituintes essenciais ao funcionamento da célula, provocando a morte celular (OLIVEIRA et

al., 2006).

Entre os anos 70 e 80, houve um crescente desenvolvimento dos novos betalactâmicos, a

fim de solucionar os problemas de resistência à infecção por bactérias gram-negativas e os

efeitos tóxicos dos aminoglicosídeos (BAUM e BARZA, 2000). Os betalactâmicos agem

inibindo a ultima etapa de síntese da parede celular bacteriana; constituem a família mais

numerosa de antimicrobianos e a mais utilizada na prática clínica. Trata-se de compostos com

ação bactericida lenta, apresentam baixa toxicidade e possuem uma ampla margem terapêutica.

Seu espectro tem-se ampliado com a incorporação de novas moléculas com maior atividade

frente aos Gram-negativos (MARIN e GUDIOL, 2003).

No final da década de 80, a indústria farmacêutica explorou uma antiga classe de drogas

antimicrobianas, as quinolonas (a sua atividade bactericida resulta da inibição da girase do DNA,

enzima essencial à replicação e transcrição do DNA bacteriano), produzindo poderosos fármacos

contra Gram - negativos, porém com fraca atividade contra Gram-positivos. No final dos anos

80, as fluoroquinolonas tornaram-se uma excelente opção para o tratamento de infecções

oftalmológicas causadas por bactérias aeróbias gram-negativas justificando o uso das

fluroquinolonas, associadas aos colírios fortificados no tratamento de ceratites, demonstrando

eficácia e diminuindo os problemas da toxicidade (FYNN-THOMPSON, 2004; BAUM e

BARZA, 2000).

O primeiro caso de ceratite fúngica foi descrito por Leber em 1879 (LEBER, 1879 apud

SALERA et al., 2002). Levantamentos recentes mostram um aumento significativo dos casos de

ceratomicose nas últimas quatro décadas. Este fato pode ser atribuído ao desenvolvimento e ao

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uso indiscriminado de antibióticos de amplo espectro e de corticóides, uso de lentes de contato,

aumento do número de cirurgias corneanas e aos avanços nas técnicas de diagnóstico (VIEIRA,

1997 apud SALERA et al., 2002).

As ceratites fúngicas são mais freqüentes em climas quentes e ambientes agrícolas,

decorrente de lesões causadas por plantas. Quaisquer fungos podem causar infecção nas córneas,

não se observa, portanto, certa regularidade (RODRÍGUEZ, 2004).

A ceratite fúngica pode acometer as camadas corneanas profundas, seu tratamento é,

geralmente, prolongado e as medicações utilizadas são tóxicas, fazendo com que o diagnóstico

precoce seja importante (FLORAKIS et al., 1997). Estima-se que um terço das úlceras corneanas

supostamente infecciosas têm cultura negativa (MCDONNELL et al., 1992). Cerca de um quarto

das culturas para fungos apresentam-se positivas apenas depois de semanas (O’DAY et al.,

1979). Essa demora no diagnóstico e tratamento pode contribuir para piora do prognóstico,

inclusive favorecendo a possibilidade de perda da visão (POLACK et al., 1971).

O tratamento rapidamente inicia-se com uma suposição do agente micótico, pois ainda

são poucos os agente antifúngicos e há risco que o tratamento fracasse caso seja iniciado

tardiamente, com a infecção mais avançada. Os medicamentos disponíveis apresentam uma

limitada penetração na córnea, são irritantes e tóxicos para a superfície ocular, sendo, portanto,

pouco eficazes. Os antifúngicos disponíveis são natamicina, anfotericina B, compostos de

imidazol (miconazol, cetoconazol, fluconazol, cotrimazol), flucitocina e sulfadiazina de prata

(RODRÍGUEZ, 2004).

A maioria dos agentes antifúngicos disponíveis são fungistáticos requerendo um

tratamento prolongado, além de um hospedeiro imunocompetente, para erradicar a infecção

(OLIVEIRA et al., 2001). Fatores como as condições do hospedeiro, a capacidade de penetração

das drogas no tecido corneano, a toxidade às estruturas oculares e a sensibilidade do fungo ao

medicamento têm grande importância no resultado do tratamento. Muitos dos antifúngicos

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usados pelos oftalmologistas têm sido adaptados do uso sistêmico para o tópico ocular. Na

verdade não existe ainda uma droga ideal para o tratamento da ceratite micótica (MASCARO

2000 apud OLIVEIRA et al., 2001).

Existem três grupos de drogas antifúngicas utilizadas na clínica oftalmológica: os

polienos, os azóis e os derivados pirimidínicos. No grupo dos polienos estão a anfotericina B, a

natamicina, também conhecida com pimaricina e a nistatina (OLIVEIRA et al., 2001). Esses

medicamentos agem ligando-se ao ergosterol da membrana celular fúngica, criando poros que

alteram os mecanismos homeostáticos e causam a morte do fungo (MARBON 1998 apud

OLIVEIRA et al., 2001).

A Anfotericina B é tóxica para o olho quando aplicada topicamente em altas

concentrações (FOSTER et al., 1981 apud OLIVEIRA et al., 2006). A concentração mais usada

é 0,15% em água destilada, instilada a cada 15 ou 30 minutos durante as primeiras 24 a 48 horas.

A anfotericina B pode também ser usada por via subconjuntival, mas é muito dolorosa, pouco

tolerada e pode causar sérias complicações como necrose de conjuntiva, nódulos conjuntivais

transitórios, quemose e erosões epiteliais. O seu uso sistêmico é muito limitado em casos de

ceratite fúngica porque sua penetração na córnea é mínima, estando mais indicada no tratamento

de endoftalmites. Age principalmente contra leveduras, Candida spp e o Cryptococus ssp,

podendo agir também contra o Aspergillus spp e com menor eficácia contra o Fusarium spp

(OLIVEIRA et al., 2001).

A Natamicina possui baixa penetração na córnea e a desepitelização pode aumentar a sua

eficácia. A natamicina atua principalmente contra fungos filamentosos, especialmente o

Fusarium spp e Aspergillus spp (BRASIL, 2003; VIEIRA, 1997). A Nistatina é eficaz contra

leveduras podendo ser usada sob a forma de pomada a 3,5%, porém sua toxicidade e pouca

penetração na córnea limita o seu uso (OLIVEIRA et al., 2001).

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As infecções fúngicas são umas importantes causas de ceratite infecciosa em todo o

mundo, especialmente nas áreas tropicais. O conhecimento dos fatores de risco, a

conscientização dos oftalmologistas quanto à necessidade de diagnosticar a infecção o mais cedo

possível, meios diagnósticos mais eficientes e novos antifúngicos tópicos e sistêmicos têm

melhorado consideravelmente o prognóstico destes casos. Entretanto, muitos ainda evoluem

desfavoravelmente e a ceratite fúngica continua sendo um desafio e mais pesquisas são

necessárias para um diagnóstico rápido e seguro, além de um tratamento mais eficaz (SALERA

et al., 2002).

3.3 - Toxicidade dos agentes terapêuticos utilizados na ceratite

Os efeitos adversos ao uso de antibióticos variam desde reações alérgicas a anemias

aplásticas, um distúrbio da hematopoese, caracterizada por marcada redução ou ausência de

células eritróides, granulocíticas e megacariocíticas na medula óssea, com resultante

pancitopenia (TELES et al., 2002). Em relação aos antibióticos administrados na superfície

ocular, essas reações exacerbadas não são observadas, porém ocorre uma intensa irritação local.

Muitos destes antibióticos tópicos induzem hiperemia, inflamação e manchas pontuais na córnea.

A gentamicina e neomicina são os antibióticos que mais induzem estas reações (BAUM e

BARZA, 2000).

Estudos realizados in vivo e in vitro atestaram que os aminoglicosídeos e a vancomicina,

possuem toxicidade relacionada aos níveis de concentração da droga. A tobramicina apresenta

toxicidade inferior à gentamicina. A vancomicina exibiu efeitos tóxicos em altas concentrações

(50 mg/ml), mas não em baixas (25 mg/ml). O uso tópico de ciprofloxacina e ofloxacina não

mostrou toxicidade maior do que a combinação de cefalosporina e aminoglicosídeos em

experimentos in vitro (OLIVEIRA et al., 2006; WILSON, 1983; BAUM e BARZA, 2000).

Page 17: Terapêutica Tópica da Ceratite Bacteriana. Jesus, Eleodora L

17

O diagnóstico de toxicidade pode ser estabelecido quando o paciente apresenta uma

melhora clínica inicial com o uso das medicações e depois volta a ter piora de seus sinais e

sintomas, com defeito epitelial persistente, ceratite ponteada difusa e presença de úlceras

conjuntivais (SOUSA et al., 2007).

Mallari (2001) observou o aumento da incidência de perfuração na córnea de pacientes

tratados com fluoroquinolona, especificamente a ofloxacina, comparado com os pacientes

tratados com antibióticos fortificados, provavelmente relacionados com organismos ofloxacina

resistentes. Morlet e colaboradores (1999) foram os primeiros a relatar o aumento desta

incidência, em seu estudo, das quatro perfurações, três estavam relacionadas com o tratamento

com fluoroquinolonas.

Numerosos estudos associam as complicações com a administração oral de

fluoroquinolonas com tendinite ou ruptura espontânea do tendão. O mecanismo biológico que

esclareça essa associação é desconhecido, mas pode estar relacionado com a diminuição do fluxo

sanguíneo (HARREL, 1999). Estudos apontam ainda que o uso tópico de antibióticos

fluoroquinolonas certamente induz a apoptose dos queratócitos na re-epitelização da córnea,

dificultando a cicatrização epitelial (BEKOE et al., 1999; DANIELL, 2003).

3.4 - Resistência Bacteriana

Infecções bacterianas oculares, como ceratites, conjuntivites e endoftalmites, podem

evoluir com graves conseqüências para o olho e conseqüentemente para a manutenção da visão,

principalmente se o tratamento apropriado com antimicrobianos for tardio (HÖFLING-LIMA et

al., 2004).

Na conduta de atenção oftalmológica a estas infecções, os tratamentos são

freqüentemente iniciados antes da identificação do patógeno causador e dos resultados dos testes

Page 18: Terapêutica Tópica da Ceratite Bacteriana. Jesus, Eleodora L

18

de suscetibilidade aos antimicrobianos estarem disponíveis (GAYOSO et al., 2007). A escolha

dos antimicrobianos recai então sobre drogas que historicamente demonstram efetividade in vivo

e in vitro, contra um amplo espectro de possíveis microrganismos. Cada vez mais se isolam

microrganismos resistentes aos fármacos mais comumente utilizados (JENSEN e FELIX, 1998).

No inicio dos anos 40, quando a penicilina foi lançada com sucesso para tratamento das

infecções, Staphylococcus spp eram quase 90% suscetíveis a esta droga. Logo, desenvolveu-se a

resistência bacteriana à penicilina natural e foi acompanhada pela resistência às penicilinas semi-

sintéticas (GIL, 2000). Desde então, o aparecimento de amostras de Staphylococus coagulase

negativa (SCoN) meticilina resistente têm aumentado significativamente no mundo inteiro

(ALEXANDRAKIS et al., 2000). Normalmente, a resistência a esta droga está associada com

resistência cruzada in vitro a outros antimicrobianos, incluindo fluoroquinolonas e

aminoglicosídeos (MARIN, 2002).

A resistência à meticilina representa um sério problema, tanto do ponto de vista de sua

detecção, como por sua importância clínica (GAYOSO et al., 2007). Resistência dos

Staphylococcus ssp à meticilina implica em resistência a todos os antimicrobianos

betalactâmicos e apresentam um padrão de resistência múltipla associada a outros

antimicrobianos de uso freqüente na Oftalmologia, tais como as quinolonas e os

aminoglicosídeos (MARIN, 2002).

Mather e colaboradores (2002) e Höfling-Lima e colaboradores (2004) demonstraram

uma tendência de resistência às fluoroquinolonas de segunda geração e maior eficácia das

fluoroquinolonas de quarta geração contra os patógenos causadores da ceratite.

Alguns trabalhos têm demonstrado a resistência bacteriana ocular às fluoroquinolonas de

segunda geração e questionam sua eficácia no tratamento e profilaxia de infecções oculares,

mostrando inclusive que a resistência ao ciprofloxacino pode ser de até 49,6% em casos de

bactérias Gram-positivas. Como resultado dessa constante observação de resistência microbiana

Page 19: Terapêutica Tópica da Ceratite Bacteriana. Jesus, Eleodora L

19

à utilização das fluoroquinolonas de segunda geração, foram introduzidos nas rotinas dos centros

de oftalmologia as fluoroquinolonas de quarta geração (gatifloxacino e moxifloxacino). Estas

mostraram-se muito eficientes na terapia contra Gram-positivos, podendo ser considerados

antibióticos chave no tratamento e profilaxia de infecções bacterianas nos segmentos interior e

posterior do globo ocular (FYNN-THOMPSON e PINEDA, 2004).

Embora os valores de MIC (Minimal Inhibitory Concentration) sejam importantes

indicadores in vitro da atividade ou potência dos antimicrobianos, estes não necessariamente

predizem a eficácia in vivo (GAYOSO et al., 2007). A eficácia clínica depende da concentração

inibitória mínima atingida no tecido desejado (LIU et al., 2002).

Torna-se, portanto, necessário comparar resultados in vitro com vários parâmetros

farmacológicos para compreensão plena e escolha dos agentes antimicrobianos e de seu

potencial terapêutico verdadeiro. Principalmente, por se tratar do olho o órgão alvo, é importante

considerar a penetração ocular na córnea, na conjuntiva e no humor aquoso, já que o MIC refere-

se à concentração sanguínea da droga (GAYOSO et al., 2007).

A resistência à gentamicina foi observada em isolados oculares de S. aureus e

Staphylococcus coagulase negativo (MADER et al., 1991). Durante os anos de 1990, muitos

estudos indicaram o aumento de resistência em isolados para fluoroquinolonas, especificamente

S. aureus e P. aeruginosa, e desta ultima a ciprofloxacin; em diversas localidades dos Estados

Unidos (GOLDSTEIN et al., 1999) e Índia (GARG et al. 1999).

Casos individuais de falhas no tratamento devido à resistência dos microrganismos são de

difícil interpretação, pois aparentemente o sucesso do tratamento envolve não apenas a mudança

na droga, mas também a concentração e a freqüência de aplicação. Portanto, diversas causas

plausíveis justificariam a falha no tratamento com fluroquinolonas (JHANJI et al., 2007;

TITIYAL et al., 2006; SNYDER e KATZ, 1992).

Page 20: Terapêutica Tópica da Ceratite Bacteriana. Jesus, Eleodora L

20

3.5 - Tratamento antimicrobiano empírico da ceratite

É considerado um tratamento empírico da ceratite bacteriana a utilização de medicamento

antes que se tenha o resultado dos exames laboratoriais e/ou cultura do raspado corneano. Este

tratamento pode ser realizado por meio de monoterapia de antibióticos ou por meio da

combinação de colírios antibióticos fortificados de amplo espectro. A escolha de qual tratamento

utilizar depende da gravidade do quadro clínico, considerando o tamanho da lesão, a

profundidade e a distância do eixo visual, e fatores agravantes relacionados com a história e

exame clínico do paciente (DANIELL, 2003 e SOUSA et al., 2007).

Nas formas agressivas de ceratite bacteriana, é fundamental que a antibioticoterapia seja

administrada imediatamente e de forma intensiva, objetivando evitar cegueira por perfuração da

córnea e cicatrização secundária da córnea. A preparação de colírios antibióticos reforçados

requer um profissional farmacêutico experiente em preparações oftálmicas estéreis (MOROI e

LICHTER, 2006).

4. Discussão

4.1 Opções de tratamento da ceratite microbiana no contexto hospitalar.

A antibioticoterapia utilizada na ceratite infecciosa bacteriana, nos centros de oftalmologia,

atualmente é baseada em duas vertentes. A monoterapia com fluoroquinolonas, segunda ou

quarta geração, ou utilização combinada de antimicrobianos fortificados a base de cefalosporina

e aminoglicosídeos. Na ceratite fúngica os principais antibióticos utilizados são a anfotericina B

fortificada ou apresentações comerciais de natamicina (SOUSA et al., 2007; LOPES, 2004;

MILLS, 2003, DANIELL, 2003; RODRIGUEZ, 2004).

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21

O tratamento das ceratites com monoterapia pode ser feito com a utilização de uma

fluoroquinolona de espectro expandido, de segunda (ciprofloxacino ou ofloxacino) e quarta

(moxifloxacino ou gatifloxacino) gerações (DANIELL, 2003 e SOUSA et al., 2007).

As fluoroquinolonas têm se mostrado antibióticos atrativos para o uso oftalmológico

devido ao seu amplo espectro de cobertura bacteriana, fácil disponibilidade, sua facilidade em

penetrar na córnea por administração tópica e seus baixos níveis de efeitos tóxicos observados

(THOMPSON e PINEDA, 2004).

As fluoroquinolonas de segunda geração (ciprofloxacino ou ofloxacino) são ainda muito

utilizadas para o tratamento das ceratites bacterianas e apresenta amplo espectro de ação contra

Gram-positivos e Gram-negativos, embora muitos casos de microrganismos resistentes a essa

droga sejam observados. A concentração do ciprofloxacino ou ofloxacino que apresenta boa

atividade é de 0,3% (GANGOPADHYAY et al., 2000).

As fluoroquinolonas de quarta geração oferecem cobertura ampla contra Gram-positivos,

baixa toxicidade, boa penetração ocular, maior concentração no filme lacrimal. Acredita-se que a

probabilidade de aparecer um microrganismo resistente a elas, é da ordem de uma bactéria entre

10 trilhões. Quando consideradas as fluoroquinolonas de segunda geração, a possibilidade de

resistência é de uma bactéria para cada um milhão (ABELSON e PLUMER, 2004).

Os colírios antibióticos fortificados são usados principalmente em ceratites mais severas

(largo diâmetro, infiltração no estroma, inflamação nas câmeras anteriores e pacientes idosos)

(MAIDANA et al, 2005; THOMPSON e PINEDA, 2004; BENNETT et al., 1998). São

considerados como de uso padrão na terapia empírica inicial por ter boa penetração na córnea,

menores relatos de resistência microbiana, menores índices de perfuração e possibilidades de

sinergia e combinação de efeitos com associação de antibióticos (CHIQUET e ROMANET,

2007; MALLARI et al., 2000; TITIYAL et al., 2006).

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22

Em ambiente hospitalar, eles tem sido considerado uma alternativa altamente viável e

vantajosa (tabela1), pois podem ser manipulados na própria farmácia do hospital, com utilização

de ativos já disponíveis para uso sistêmico, pelo profissional farmacêutico familiarizado com

preparos de soluções estéries e em áreas específicas para estas manipulações (CHÉDRU-

LEGROS et al, 2007; CHIQUET e ROMANET, 2007). Autores recomendam que os colírios

fortificados devem ser mantidos em geladeira e substituídos freqüentemente porque apresentam

tempo de validade reduzido (BRASIL, 2007; SOUZA, 2007; FERNANDEZ 20005; ALVES e

ANDRADE, 2000).

A associação de fortificados pode ser feita com uma cefalosporina (cefazolina 5%,

cefalotina 5%) e um aminoglicosideo (tobramicina 1,3%, gentamicina 1%), ou, pode-se utilizar

também a associação de uma cefalosporina a uma quinolona de segunda geração (ofloxacino ou

ciprofloxacino) (SOUSA et al., 2007).

As cefalosporinas de primeira geração (cefazolina 5%, cefalotina 5%) são antibióticos de

amplo espectro e atuam muito bem contra bactérias Gram-positivas, enquanto os

aminoglicosídeos (tobramicina 1,3%, gentamicina 1%) agem melhor contra organismos Gram-

negativos (DANIELL, 2003; ALVES e ANDRADE, 2000).

Outra associação frequentemente utilizada na terapia com colírios fortificados é a

combinação (tobramicina 1,5% e cefazolina 5%), em vários estudos esta combinação se mostra

eficiente na atuação contra os principais patógenos oftalmológicos, com índices de cura ao redor

de 87% (KHOKHAR et al, 2000; HYNDIUK et al., 1996).

A vancomicina também poderá ser utilizada em formulações de colírio fortificado. Esta

preparação tem que ser utilizada com muito cuidado e em casos extremos de ceratite infecciosa,

devido à toxicidade do agente e devido ao fato da vancomicina ser o antibiótico mais potente, o

uso indiscriminado deste antibiótico pode selecionar bactérias vancomicina-resistentes, que são

microrganismos altamente difíceis de ser eliminados. (BAUM e BARZA, 2000). Há relatos de

Page 23: Terapêutica Tópica da Ceratite Bacteriana. Jesus, Eleodora L

23

casos de ceratites causada por Staphylococcus epidermidis coagulase negativos nos quais até as

fluoroquinolonas de quarta geração não foram eficazes contra o microrganismo, nesses casos, a

vancomicina foi utilizada com sucesso (JHANJI et al., 2007).

Para a ceratite fúngica há menos opções de tratamento, devido à toxicidade dos

antifúngicos disponíveis, o tratamento por meio destes começa geralmente após os resultados dos

exames laboratoriais, ou exame microscópico direto ou a cultura. Estudos têm mostrado que a

natamicina é a droga de escolha para os fungos filamentosos, já em infecções causadas por

leveduras é preferível tratar com anfotericina B 0,15%. Soluções de fluconazol 0,2% ou

itraconazol também têm se mostrado eficaz contra infecções oftalmológicas por leveduras

(MILLS, 2003).

Os colírios fortificados ou as fluoroquinolonas devem ser usados inicialmente de hora em

hora durante as primeiras 72 horas e depois de 2/2 horas por mais 3 dias, mantendo-se de 3/3

horas até que se complete 14 ou 21 dias, dependendo do microrganismo. No primeiro dia pode-

se fazer uma dose de ataque usando de 30 em 30 minutos nas primeiras horas (SOUSA et al.,

2007).

Em trabalho realizado por KhoKhar e colaboradores (2000) foram comparados as

respostas terapêuticas de dois grupos de pacientes com úlceras de córnea com a administração de

ofloxacina (0,3%) -Grupo I e a combinação de antibióticos fortificados Tobramicina (1,5%)-

Cefazolina (5%) – Grupo II. O principal microrganismo isolado foi S. aureus. A resolução das

úlceras foi alcançada em 93% e 87% entre os grupos I e II, respectivamente. Eles concluíram que

os dois tratamentos foram comparados em casos de úlceras corneanas de moderada severidade,

mas que considerando a efetividade, acessibilidade e custo, nos casos de moderada severidade é

mais indicado à utilização da monoterapia com ofloxacino. Um resultado parecido foi

encontrado nos trabalhos de O´Brien et al. (1995) e Hyndiuk et al. (1996), onde se verificou

Page 24: Terapêutica Tópica da Ceratite Bacteriana. Jesus, Eleodora L

24

ainda que o tratamento com a fluoroquinolona causava menos efeitos colaterais e toxicidade do

que os colírios fortificados.

Em outro trabalho realizado por Gangopadhyay et al. (2000), também comparando a

fluoroquinolona ofloxacino (0,3%) com a combinação Tobramicina (1,3%)-Cefazolina (5%) em

pacientes com úlceras de córnea, eles verificaram que o tratamento com a fluoroquinolona levou

a uma menor estadia do paciente no hospital e menor efeitos tóxicos quando comparados com os

colírios fortificados. Contudo, complicações sérias no tratamento, como perfuração córnea,

evisceração e enucleação do olho afetado foram mais encontradas no grupo tratado com

fluoroquinolona, dessa forma deve-se tomar muito cuidado no uso em larga escala da

fluoroquinolona, principalmente em pacientes com mais idade. Resultado parecido foi

encontrado por Mallari et al (2000) que também observou um maior risco de perfuração córnea

após o tratamento com fluoroquinolona, quando comparado com antibióticos fortificados. Eles

indicam a necessidade de mais estudos para entender este mecanismo e estabelecer como as

fluoroquinolonas podem alterar o colágeno da córnea ou a função dos queratócitos.

Apesar do uso de colírios fortificados serem uma prática antiga e difundida (DANIELL,

2003; BAUM e BARZA, 2000) ela ainda precisa de estudos galênicos das formulações pois a

maioria das bibliografias não faz menção a estudos de estabilidade química destes antibióticos

nas formulações de colírios (RODRIGUEZ 2004).

Tabela1.: Custo relativo dos colírios fortificados e a base de fluoroquinolonas.

Colírio 10ml Valor (R$)

única formul.

Valor ( R$ )

várias formul.

Form.

p/

ampola

Alternativas

a base de

quinolonas

Preço

Fábrica

(R$)

p/10ml.

Anfotericina B col. 0,15% 16,74

8,14 03

-

-

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25

Cefalotina col. 5,0% 5,14

4,42 02 Ciprofloxacino

Ofloxacino

Gatifloxacino

Moxifloxacino

13,16

27,06

32,64

32,64

Gentamicina col. 0,151% 12,62

- 0,5 Gatifloxacino

Moxifloxacino

36,64

32,64

Vancomicina col. 2,5%

15,36

9,61 02 - -

Obs. O custo dos fortificados foi calculado com base no preço de fábrica de três componentes

principais: matéria prima e veículo e no preço do recipiente estéril. Os preços de fábrica foram

consultados em 15/04/2008 no site da ANVISA.

5. Aspectos Farmacotécnicos para manipulação de colírios

5.1 – Critérios para manipulação de colírios

Colírios são preparações líquidas destinadas a ser aplicadas sobre a mucosa ocular, por

gotejamento, podendo ser soluções ou suspensões.. Os colírios atuam em várias afecções do

globo ocular, incluindo as das pálpebras, da conjuntiva e da córnea (PRISTA et al., 1996,

MOROI e LICHET, 2003).

O volume ideal de solução farmacêutica a ser aplicada, com base na capacidade do olho,

seria de 5 a 10 µL. Devido à dinâmica do sistema lacrimal, o tempo de retenção de uma solução

oftálmica na superfície do olho é curto e a quantidade de fármaco absorvida é bem inferior à

aplicada. Dessa forma uma opção muito utilizada é utilizar uma solução oftálmica com

concentração do fármaco mais elevada, para evitar inclusive a terapia com múltiplas aplicações

(ANSEL et al., 1999).

A formulação de colírios estáveis terapeuticamente ativos requer alto grau de pureza dos

ingredientes, bem como ausência de contaminantes químicos, físicos (partículas) ou

Page 26: Terapêutica Tópica da Ceratite Bacteriana. Jesus, Eleodora L

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microbianos, uma vez que inobservância desses padrões poderá acarretar graves acidentes,

incluindo a cegueira. A preparação de colírios antibióticos reforçados (fortificados) requer um

farmacêutico familiarizado com a preparação estéril de fármacos oftalmológicos (LACHMAN et

al., 2001; MOROI e LICHTER, 2006).

Os fatores mais importantes de serem considerados na preparação das soluções

oftalmológicas são: precisão de composição; tonicidade, pH, estabilidade e conservação,

viscosidade, acondicionamento e esterilidade, sendo que a esterilidade é o mais importante de

todos (RIEGELMAN e VAUGHAN, 1958; PRISTA et al., 1996; ANSEL et al., 1999).

5.1.1 – Precisão de Composição

É imprescindível pesar ou medir os componentes com o maior rigor possível, já que por

estar manuseando, muitas vezes, substâncias muito ativas em quantidades muito pequenas, o

mínimo erra pode resultar em alteração significativa da prescrição (PRISTA et al., 1996).

5.1.2 – Tonicidade

É necessário que as soluções de uso oftalmológico estejam em isotonia com o líquido

lacrimal para que sejam menos irritantes ao olho. Concentrações hipertônicas das soluções

oftalmológicas podem causar danos superficiais na córnea, como resultado da desnaturação de

proteínas das células. Esta situação pode ser cumulativa, cada instilação do colírio pode

aumentar o dano e a dor concomitantemente (RIEGELMAN e VAUGHAN, 1958; PRISTA et

al., 1996; ANSEL et al., 1999).

5.1.3 – Potencial hidrogeniônico (pH)

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27

Os colírios são mais bem tolerados quando seus pH´s estão mais próximo do valor do pH

do líquido lacrimal, que é de 7,4. Porém, muitas soluções tampões isotônicas não são irritantes

para o globo ocular mesmo apresentando um pH variando entre 7,4 e 9,6. Muitas vezes o valor

de pH 7,4 não é compatível com a estabilidade, dissolução ou dissociação dos fármacos usados

em oftalmologia (PRISTA et al., 1996).

Acredita-se que o globo ocular é tolerante a essa variação de pH do colírio devido a: (1) a

ação neutralizante do líquido lacrimal, que constitui um sistema tampão de pH aproximadamente

7,4; (2) a capacidade tamponante negligenciável da maioria das soluções oftalmológicas, que

têm como componente a água destilada ou soluções salinas isotônicas; (3) o aumento imediato

da produção do líquido lacrimal seguida da instilação de uma substância irritante e (4) a

quantidade relativamente pequena da medicação instilada (uma ou duas gotas, variando entre

0,05-0,1mL) (RIEGELMAN e VAUGHAN, 1958).

5.1.4 – Estabilidade e conservação

A estabilidade de drogas oftálmicas pode ser considerada em relação ao pH e à

temperatura sobre o componente ativo. Em condições de temperatura fixa, a decomposição fica

depender do pH. É de se esperar que uma droga seja 1000 vezes mais estável em pH 5,0 do quem

em pH 7,0. A precisão desta estimativa depende das características de dissociação dos

componentes e da estabilidade relativa dos seus ânions ou cátions livres (RIEGELMAN e

VAUGHAN, 1958; PRISTA et al., 1996).

Mesmo sendo estéreis, estas soluções devem conter um agente antibacteriano de ação

rápida que não seja tóxico para o olho, para que a solução oftálmica se mantenha conservada

quando no momento das várias utilizações pelo consumidor final. Os conservantes mais

adequados e suas concentrações máximas são: Cloreto benzalcônio a 0,13%; Cloreto de

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28

benzetônio a 0,01%; Clorobutanol a 0,5%; Acetato de fenilmercúrio a 0,004% e Timerosal a

0,01% (ANSEL et al., 1999).

Os colírios antibióticos fortificados devem ser conservados em geladeira e substituídos

frequentemente, pois apresentam um tempo de validade curto (ALVES e ANDRADE, 2000). A

conservação em geladeira é um fator indispensável e determinante na estabilidade de

formulações extemporâneas de colírios. Diversas formulações exigem conservação em baixas

temperaturas e protegidos da luz e algumas, mesmo para uso extemporâneo, exigem a presença

de antioxidantes (RIEGELMAN e VAUGHAN, 1958; ANSEL et al., 1999).

5.1.5 – Esterilidade

A invasão da córnea por microrganismos é bloqueada efetivamente pelo epitélio corneal

intacto. Uma vez que essa barreira não esteja intacta, não há defesa e organismos podem entrar

livremente na córnea e causar infecção. Um dos principais microrganismos que são comumente

contaminantes dos colírios são as Pseudomonas aeruginosa. (RIEGELMAN e VAUGHAN,

1958; PRISTA et al., 1996).

Por esse grande risco de infecção por microrganismos, as farmacopéias impõem que as

soluções de uso oftalmológico sejam estéreis. Inclusive a Food and Drug Administration (FDA)

considera as preparações oftalmológicas não estéreis sujeitas a penalidades na legislação

americana. Estas soluções não estéreis podem causar lesões de extrema severidade, sendo por

vezes, consideradas responsáveis pelos tipos mais sérios de úlceras córneas (PRISTA et al.,

1996).

As manipulações de colírios devem ser realizadas em áreas específica, providas de fluxo

laminar, com técnica asséptica, que garanta a esterilidade da formulação. Segundo a RDC N° 67

de 08 de Outubro de 2007, a Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

preconiza que: “a sala destinada à manipulação e envase de preparações estéreis deve ser

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29

independente e exclusiva, dotada de filtros de ar para retenção de partículas e microorganismos,

garantindo os níveis recomendados - Classe ISO 5 (100 partículas/ pé cúbico de ar) ou sob fluxo

laminar, Classe ISO 5 (100 partículas/ pé cúbico de ar), em área Classe ISO 7(10.000 partículas/

pé cúbico de ar) e possuir pressão positiva em relação às salas adjacentes” (BRASIL, 2007).

Os frascos utilizados, como embalagens primárias, também devem ser esterilizados de

maneira controlada e eficiente. Após a manipulação os produtos devem ser submetidos ao

controle de esterilidade. A esterilidade dos produtos deve ser garantida até o momento da

abertura dos frascos (BRASIL, 2007).

5.1.6 – Solventes

O solvente mais utilizado é a água destilada pura, porém outros solvente, que têm por

base a água também podem ser utilizados na preparação extemporânea ou industrial de colírios, a

exemplo da solução isotônica de cloreto de sódio, solução a 2% de ácido bórico e várias outras

soluções tampões (PRISTA et al., 1996).

5.1.7 – Adjuvantes

Quando se pretende agregar características que venham aumentar a eficácia terapêutica à

formulação podem ser adicionados adjuvantes que trazem a modificação desejada. Em colírios é

comum o emprego de adjuvantes que prolonguem a ação medicamentosa através do aumento da

viscosidade da formulação. Veículos mais viscosos prolongam o contato ocular aumentando a

fração da droga absorvida pelo olho. Os adjuvantes mais utilizados para essa finalidade são a

metilcelulose, hidroxipropilcelulose e o álcool polivinílico (LACHMAN, 2001).

Em algumas formulações há necessidade de usos de tensoativos, que tem a finalidade de

diminuir a tensão superficial da solução facilitando a mistura colírio-filme lacrimal. Com a

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30

diminuição da tensão superficial ocorre melhor difusão dos princípios ativos na superfície dos

tecidos oculares e ocorre também a diminuição de barreira lipídica o que aumenta

significativamente a absorção do fármaco. As diferenças de absorção de muitas drogas também

poderão ser compensadas pela variação das suas concentrações. Existem vários critérios técnicos

a serem observados na seleção de um veículo e/ou adjuvante: a penetração tecidual, viscosidade,

a compatibilidade físico-química dos componentes, estado inflamatório preexistente no olho,

toxicidade, entre outros (PRISTA et al., 1996).

5.2 – Aparatos necessários para a manipulação de colírios fortificados

na farmácia hospitalar

Além de ter sala com controle de partículas e estar munida de fluxo laminar horizontal, o

serviço de farmácia hospitalar deverá levar em consideração e reunir alguns recursos (humanos e

materiais) para iniciar a manipulação dos colírios fortificados. São eles:

5.2.1. Manipulador

O manipulador precisa ser treinado para utilização de técnicas assépticas semelhantes às

utilizadas para a manipulação de nutrição parenteral entre outras formulações do gênero

(MOROI e LICHTER, 2006).

5.2.2. Matéria prima

A maioria dos colírios fortificados antimicrobianos tem como princípios ativos fármacos

que só estão disponíveis no mercado para uso sistêmico (LACHMAN, 2001). Desta forma a

matéria prima poderá ser adquirida no próprio estoque da farmácia hospitalar. São geralmente

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31

disponíveis em pó liofilizado e possui alto grau de pureza e qualidade (CHIQUET e

ROMANET, 2007).

5.2.3. Veículos

O veículo mais recomendado é a água para injetáveis, que é muito utilizada no ambiente

hospitalar e também é encontrada na farmácia do hospital (RIEGELMAN e VAUGHAN, 1958).

Um veículo de fosfato isotônico, preparado no pH desejado e ajustado quanto à

tonicidade, pode ser empregado na preparação extemporânea de soluções. A solução é preparada

contendo duas outras soluções, uma contendo 8,00g de fosfato de sódio monobásico (NaH2PO4)

por litro e outra contendo 9,47g de fosfato de sódio dibásico (NaHPO4) por litro, sendo os pesos

sobre a base anidra (ANSEL et al., 1999).

5.2.4. Embalagem primária

As soluções ou suspensões oftalmológicas devem ser acondicionadas de modo que sejam

de fácil administração, mantendo sempre a esterilidade, em geral são acondicionadas em

recipientes de plásticos que vem com conta-gotas acoplado, esse recipiente reduz a possibilidade

de contaminação, quando comparado com o recipiente com rosca (ANSEL et al., 1999).

A embalagem primária multidose é um item complexo do processo de manipulação de

colírios. A condição de esterilidade das formulações, muitas vezes dificulta a aquisição dos

recipientes e eleva o custo final da formulação.

Além de ser estéril, os recipientes recomendados para acondicionamento de colírios,

precisam ser compatíveis com a formulação, de fácil manuseio e evitar a contaminação por parte

dos usuários (BRASIL, 2007).

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32

Os recipientes podem ser 10 ou 20ml, de vidro ou plásticos, sendo que para os de vidro é

necessário que tenham elevada resistência hidrolítica, evitando desta forma que haja liberação de

álcalis para o conteúdo e deverão ser submetidos aos mesmos ensaios submetidos os recipientes

para injetáveis.

As embalagens de plásticos, mais comumente empregadas, são feitas de polietileno e de

cloreto de polivinil. Estes recipientes são preferidos por serem mais leves, inquebráveis e

permitem aplicação com mais facilidade uma vez que o líquido sai dele por simples pressão das

respectivas paredes. Entretanto há algumas objeções ao uso generalizado dos recipientes de

plásticos. Deve-se verificar se têm alta ou baixa resistência ao calor (são poucos os fornecedores

que dispões de frascos de polietileno de alta densidade, os quais podem ser esterilizados pelo

calor se deixados ligeiramente abertos, e mesmo assim sua flexibilidade diminui de modo

acentuado). O polipropileno é o material mais resistente ao calor por isso mais utilizado

atualmente (PRISTA et al., 1996).

Outro fator a ser observado na hora da escolha do recipiente é se o plástico tem

permeabilidade acentuada ao vapor de água e ao oxigênio, para evitar que haja concentração do

fármaco por evaporação do solvente ou alteração dos componentes por oxidação. Outra questão

a ser evitada é adsorção dos componentes pelas paredes do recipiente (LACHMAN et al., 2001).

Após a escolha do material o próximo passo é esterilização, que no caso de um hospital

poderá ser feito uma parceria com o setor de esterilização, para que o processo seja feito após

aquisição das embalagens. A esterilização por oxido de etileno é um método eficaz para os

recipientes de plásticos ou de vidro.

Há relatos de manipulação de colírios fortificados usando como veículo a lágrima

artificial, que neste caso a própria embalagem do veículo poderá ser utilizada como embalagem

primária da formulação, desde que seja mantida a sua esterilidade. A anfotericina B não poderá

ser veiculada na lágrima artificial (KILIÇ e GURNER, 2006).

Page 33: Terapêutica Tópica da Ceratite Bacteriana. Jesus, Eleodora L

33

52.5. Rótulos

Faz-se necessário a confecção de rótulos específicos para cada tipo de formulação, no

qual deve constar composição qualitativa e quantitativa dos produtos e ou nomes das

especialidades farmacêuticas que compõem a manipulação, volume total, data e hora da

manipulação, número seqüencial de controle e condições de temperatura para conservação e

transporte, nome e CRF do farmacêutico responsável e identificação de quem preparou a

manipulação (BRASIL, 2007).

A confecção dos rótulos pode ser feito no computador e impresso em etiquetas

autocolantes que muitas vezes já são utilizadas para identificação de outros produtos da

farmácia.

5.3 - Formulações de Colírios Antibióticos Fortificados

As formulações abaixo citadas são as principais utilizadas na prática oftálmica,

entretanto, diversos outros trabalhos apontam a utilização de colírios utilizando mais de um

princípio ativo ou então com antibióticos de ação semelhante aos citados abaixo (ALVES e

ANDRADE, 2000; SOUSA et al. 2007; KHOKHAR et al., 2000; BRASIL, 2003; HYNDIUK et

al., 1996, O'BRIEN et al., 1995; Al-SHAKARCHI, 2007; DANIELL, 2003; CHIQUET e

ROMANET, 2007).

5.3.1 – Colírio Fortificado de Anfotericina B

O procedimento constitui-se em reconstituir o pó liofilizado com 10ml do diluente que

acompanha a ampola, retirar 3ml e acrescentar 7ml de água destilada. A Concentração final do

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fármaco alcançada é de 1,5mg/ml. (0,15%). A concentração usual: 1mg/ml, 5mg/ml, 10mg/ml ,

que correspondem a 0,1%; 0,5% e 1,0%, respectivamente. A estabilidade é de 8-10 dias mantido

a 2-8°C (ALVES e ANDRADE, 2000; BRASIL, 2003).

É indicado no tratamento de Ceratite micótica, causadas por Aspergillus fumigatus,

Candida sp. entre outros fungos susceptíveis, principalmente os leveduriformes (OLIVEIRA et

al., 2001).

A Anfotericina B é tóxica por qualquer via de administração, sendo bem tolerada na

concentração de 1,5mg/ml para uso oftálmico tópico. Não se deve utilizar lágrima artificial ou

soro fisiológico como diluente.

5.3.2 – Colírio fortificado de Cefalotina

Reconstitui o pó liofilizado com 20 ml do solvente para administração IV ou com água

destilada p/ injetáveis. A concentração final alcançada é de 50mg/ml, que corresponde a 5,0%. A

concentração usual é de 33,3mg/ml ou 50mg/ml, correspondente a 3,33% e 5,0%,

respectivamente. É estável a 2-8 ºC por 4 – 10 dias (SOUSA et al. 2007).

Outra forma de preparação usual é a de diluir o conteúdo de um frasco de cefalotina 1g

em 4ml de solução fisiológica estéril, sem preservativo. Da solução, retirar 1ml e adicionar a 4ml

de solução fisiológica. A solução final contém 50mg/ml (5%). É estável por 96 horas se

conservada em geladeira. Pode ser conservada a 20 graus negativos, permanecendo estável por

12 semanas (BRASIL, 2003).

O colírio fortificado de Cefalotina tem boa atividade contra bactérias Gram-positivas e

atividade relativamente moderada contra alguns Gram-negativos. Tem boa ação contra

Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e Proteus mirabilis, porém outras enterobacteriáceas,

Pseudomonas aeruginosa e Haemophilus influenzae são resistentes (NICOLA, 2005).

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No caso de falta de cefalotina 1g poderá ser utilizada a cefazolina 5%. O procedimento

utilizado na preparação é igual ao da Cefalotina. O solvente que acompanha o frasco-ampola

para a via IM deverá ser descartado porque contém anestésico (ALVES e ANDRADE, 2000).

Alternativas: Ciprofloxacino, Ofloxacino, Moxifloxacino (CONSTANTINOU et al, 2007) e

Gatifloxacino(DANIELL, 2003) para microorganismos cessíveis.

5.3.3 – Colírio fortificado de Gentamicina ou Tobramicina

Retirar 1mL de tobramicina ou gentamicina injetável (80mg em 2ml) e adicionar 3,3mL

de águia destilada.Concentração final 15,1mg/mL(1,51%). Manter refrigerado e agitar bem

antes de instilar. A validade é de até 30 dias em 4°C, porém acredita-se que não há necessidade

de se manter refrigerado (SOUSA et al. 2007).

A concentração usual freqüentemente utilizada varia de 9,5mg/ml; 13,6 mg/ml e

20mg/ml, correspondendo a 0,95%; 1,36% e 2,0%, respectivamente (SOUSA et al. 2007;

BRASIL, 2003; ALVES e ANDRADE, 2000).

O colírio fortificado de gentamicina ou Tobramicina é utilizado em combinação com

outros antimicrobianos, no tratamento de infecções graves, causadas por grande número de

bactérias Gram-negativas aeróbias, incluindo Brucella sp, Calymmatobacterium sp,

Campylobacter sp, Citrobacter sp, Escherichia sp, Enterobacter sp, Klebsiella sp, Proteus sp,

Providencia sp, Pseudomonas sp, Serratia sp, Vibrio sp, e Yersinia sp. Entre os

microorganismos Gram-positivos sensíveis, estão muitas linhagens de Staphylococcus aureus,

Listeria monocytogenes e algumas linhagens de Staphylococcus epidermidis. No entanto,

enterococos e estreptococos não são sensíveis à gentamicina (BAUM e BARZA, 2000).

Alternativa: Gatifloxacino, Moxifloxacino(DANIELL, 2003).

5.3.4 – Colírio fortificado de Vancomicina

No procedimento adiciona-se 10ml de água destilada para 500mg de vancomicina

(concentração final de 50mg/ml). Retira-se dessa solução 5 ml (250 mg) e adiciona-se mais 5ml

de água destilada, concentração final de 25 mg/ml ou 2,5%. Outras concentrações usuais são:

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25mg/ml, 31mg/ml e 50mg/ml, correspondentes a 2,5%, 3,1% e 5,0%, respectivamente (SOUSA

et al. 2007; ALVES e ANDRADE, 2000). Demonstra estabilidade por até 10 – 14 dias, sendo

conservado a 2-8ºC (FUHRMAN e STROMAN, 1998).

É usado unicamente nas infecções por bactérias aeróbicas Gram-positivas.

Staphylococcus aureus, S. epidermidis, estreptococos do grupo A, Streptococcus pneumoniae, S.

viridans, Corynobacterium diphtheriae e Clostridium sp. A vancomicina é considerada o

principal agente nos S. aureus e S. epidermidis meticilina-resistente. Poderá ser utilizado ainda

NaCl 0,9% ou lagrima artificial como diluente (JHANJI et al., 2007; BAUM e BARZA, 2000).

Alternativa: Gatifloxacino, Moxifloxacino (DANIELL, 2003).

6 – Considerações Finais

Através deste trabalho de revisão podemos observar que a ceratite infecciosa é uma

inflamação na córnea causada principalmente pela infecção por bactérias ou fungos, seus

principais fatores de risco são aqueles que acabam provocando lesão da integridade epitelial da

córnea como o uso de lentes de contato, trauma, alteração do filme lacrimal, alteração da

margem palpebral e uso crônico de medicamentos oculares principalmente corticosteróides ou

antibióticos (NICOLA, 2005; ALVES e ANDRADE, 2000).

A ceratite fúngica é menos comum que a bacteriana e tem como principais agentes

etiológicos o Acremonium ssp, Fusarium ssp, Aspergillus sp e C. albicans, enquanto a ceratite

bacteriana cerca de 90% estão relacionados com a infecção pelos grupos: Micrococcaceae

(Staphylococcus, Micrococcus); Streptocococcus sp; Pseudomonas sp e Enterobacteriaceae

(Citrobacter, Klebsiella, Enterobacter, Serratia, Proteus) (ALVES e ANDRADE, 2000;

SOUSA et al., 2007).

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37

Para o tratamento da ceratite bacteriana vários autores sugerem duas opções de esquemas,

ou a utilização de colírios antibióticos fortificados ou a monoterapia com fluoroquinolonas

(RODRIGUEZ, 2004; BAUM e BARZA, 2000; ALVES e ANDRADE, 2000;

GANGOPADHYAY et al., 2008; SNYDER e GLASSER, 1994).

A escolha adequada da estratégia de tratamento deve ser realizada considerando a

gravidade do quadro clínico, por meio de observação do tamanho da lesão, a profundidade e a

distância do eixo visual, e fatores agravantes relacionados com a história e exame clínico do

paciente O esquema terapêutico pode variar a depender da resposta clínica do tratamento inicial

e da identificação do agente etiológico, que se dá por meio de cultura microbiológica de raspado

córneo (DANIELL, 2003 e SOUSA et al., 2007).

Os colírios de fluoroquinolonas são antibióticos de amplo espectro, disponíveis em

preparações comerciais com atuação principalmente em Gram-negativos, de boa penetração

ocular, de baixa toxicidade, muito indicados no tratamento de ceratites moderadas enquanto os

colírios antibióticos fortificados podem ser associados, o que aumenta o espectro de ação devido

à atuação sinérgica dos dois ativos, atuam bem contra Gram-positivos, Gram-negativos e

anaeróbios, apresentam menores índices de perfuração de córnea, indicados em ceratites severas,

menores possibilidades de resistência bacteriana, boa penetração ocular e podem ser preparados

na própria farmácia hospitalar, com a utilização de antibióticos disponíveis, mesmo que não em

preparações oftalmológicas (MAIDANA et al, 2005; THOMPSON e PINEDA, 2004; BENETT

et al., 1998; CHIQUET e ROMANET, 2007; LLOYD et al., 2000; TITIYAL et al., 2006;

ABELSON e PLUMER, 2004).

Para a manipulação de colírios antibióticos fortificados é imprescindível a participação de

um profissional farmacêutico experiente, que possa preparar os colírios em condições de

esterilidade e em conformação com as legislações que regem sobre as Boas Práticas de

Manipulação em Farmácias (MOROI e LICHTER, 2006; BRASIL, 2007).

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Page 43: Terapêutica Tópica da Ceratite Bacteriana. Jesus, Eleodora L

43

ANEXO I

Características Físico-Químicas das Substâncias Utilizadas nos Colírios

Fortificados

Componentes Características Gerais Formula e PM Observação

Anfotericina B

Desoxicolato

(Convencional)

É um antifúngico

poliênico, obtido de

culturas do

Streptomyces nodosus

Pó amarelo alaranjado inodoro, insolúvel

em água; - É inativada em pH ácidos.

(manter pH acima de 4,2)

C47H73NO17

PM=924,1

Incompatível com

NaCl 0,9%,

conservantes e com

outros fármacos.

Cafazolina

Sódica

É uma cefalosporina

de primeira geração,

semi-sintética e

bactericida

Pó branco, cristalino, inodoro, solúvel em

água e álcool.

Contem 2,1mmol de sódio

pH 4,5 – 6, 0, após reconstituição.

C14H13NaO4S3

PM= 476,5

Em pH > 8,5 ocorre

hidrólise e em pH<

4,5 precipitação.

Sulfato de

Gentamicina

É um aminoglicosídeo

bactericida, derivado

do actinomiceto

Micromonospora

purpurea.

Pó branco a marrom claro, solúvel em

água, praticamente insolúvel em álcool,

acetona, clorofórmio e éter.

- pH 3.5 e 5.5, em solução a 4%. Deve ser

protegido da luz.

O Sulfato de

gentamicina é uma

mistura complexa

que contém

gentamicina C(1),

gentamicina C(1A)

e gentamicina C(2).

Algumas

apresentações

comerciais contêm,

ainda, pequenas

quantidades de

gentamicina C(2A)

e gentamicina

C(2B).

Ocorre incompa-

tibilidade com

antibióticos

betalactâmicos in

vitro, sendo a

inativação

dependente de

temperatura,

concentração e

duração do contato.

Vancomicina

Clorhidrato

É um antibiótico

glicopéptidico usado

no tratamento das

infecções bacterianas.

É um pépitideo

tricíclico glicosilado

não produzido em

ribossoma, mas sim

por enzimas

específicas.

Pó marrom claro, inodoro, muito

higroscópico, solúvel em água.

Solução a 5,0% possui pH entre 2,5 a 4,5.

Mistura Complexa -

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ANEXO II

Embalagem Primária Multidose utilizada na Manipulação de Colírios Antibióticos

Fortificados

Frasco Conta-Gotas, plásticos opaco.

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ANEXO III

Preço Unitário dos Produtos

Preços de fábrica dos produtos utilizados na formulação dos colírios fortificados e dos colírios a

base de fluoroquinolonas.

Produtos

Preço de fábrica (R$)

Água destilada p/ Injetáveis 10ml 0,14

Água destilada p/ Injetáveis 20ml 0,16

Anfotericina B 50mg inj. Liofilizado. 12,90

Cefalotina Sódica 1g inj liofilizado 1,28

Ciprofloxacino sol. Oftal. 3mg/ml 5ml 6,58

Gatifloxacino sol. Oftal. 0,3% 5ml 16,32

Gentamicina, Sulfato (40mg/ml) 2ml inj. 1,30

Moxifloxacino sol. Oftal 5mg/ml 5ml 16,32

Ofloxacino Sol. Oftal.3mg/ml 5ml 13,53

Vancomicina 500mg inj liofilizado 11,44

Obs. Os preços de fábrica foram consultados em 15/04/2008 no site da ANVISA11

.

Preço da embalagem primária, e do processo de esterilização disponíveis no mercado de Salvador-

Ba.

Embalagens Preço (R$)

Frasco conta-gotas plástico, opaco 10ml. 0,40

Frasco conta-gotas plástico, opaco 20ml. 0,53

Custo de esterilização por oxido de etileno em empresas especializadas. 3,50