Terapia Familiar

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  • Terapia FamiliarDr.Ricardo Baracho dos Anjos, Ph.DSociedade Psicanaltica do Paran

  • IntroduoA famlia um modelo universal para o viver. Ela unidade de crescimento; de experincia; de sucesso e fracasso; ela tambm a unidade da sade e da doena (Nathan W.Ackerman).

  • IntroduoFunes primordiais da famlia:Asseguramento da sobrevivncia fsica;Socializao;Desenvolvimento da identidade;Desenvolvimento da individualidade de seus membros;A famlia protege a criana do mundo exterior e a prepara para ele.

  • O que famlia?Existem diferentes critrios para conceituar famlia, como por exemplo, coabitao, consanginidade, nome da famlia, afinidade afetiva, que variam segundo diferentes momentos histricos. porm nas definies clssicas de famlia, o critrio de consanginidade o mais frequente, assim como, na modernidade, o de afetividade se sobressai. Portanto, quando falamos em famlia, devemos contextualizar scio-economicamente e compreender aspectos tnicos e religiosos, para reconhecer suas formas variadas de organizao.

  • A Terapia Familiar Psicanaltica baseia a sua perspectiva na constatao de que num grupo denominado famlia, para uma dada cultura, existe entre os indivduos que o compem uma interdependncia resultante da hierarquia das geraes e da repartio dos papis, e uma interdependncia das subjetividades. Comeou-se a dar ateno a famlia devido aos impasses do tratamento individual de certos pacientes. Isso fez com que os terapeutas tivessem interesse pela famlia do paciente. Famlia e paciente passaram a ser levados em conta conjuntamente. A famlia deve ser um ambiente facilitador. Esta importncia muito vista, por exemplo, no atendimento a crianas. Como a criana melhorar se a famlia no colabora? Introduo

  • O desenvolvimento clssico do ciclo de vida de uma famlia, por exemplo, se inicia no estgio do jovem adulto, quando um homem e uma mulher se casam, formando uma nova famlia. Nesse momento h a necessidade de realizar a separao e a diferenciao da famlia de origem, fazendo a passagem e maneira harmnica, sem criar conflitos ou rompimentos. O sucesso ou fracasso dessa fase influenciar como, quando e com quem o jovem adulto se casar e cumprir os outros estgios do ciclo vital. O prximo estgio do ciclo vital, do recm formado casal, exige que uma srie de questes pessoais definidas pela famlia de origem, tais como: a frequncia das visitas aos pais, a distncia fsica e emocional a ser mantida, dentre outras questes.

  • O ciclo de vida da famliaA chegada do primeiro filho inaugura um novo ciclo da vida familiar, impondo novos comportamentos ao casal e desafiando-os a manter a intimidade e, ao mesmo tempo, abrir espao para acolher um novo membro.A chegada dos filhos adolescncia precipita a necessidade de redefinio das relaes familiares. As famlias com adolescentes precisam estabelecer novas fronteiras, mas que sejam flexveis o suficiente para permitir oscilaes entre os comportamentos de independncia e os momentos em que o adolescente sente necessidade de buscar e proteo e orientao dos pais.

  • O ciclo de vida da famliaA sada dos filhos de casa, uma etapa do ciclo vital tambm conhecida como Sndrome do Ninho Vazio, o momento em que os filhos mais velhos comeam a partir e, ao mesmo tempo, inicia-se a etapa da entrada dos cnjuges e netos. Muitas vezes, esse estgio coincide com situaes de adormecimento e morte na famlia e exige do casal uma renegociao do casamento, que j no pode funcionar com base nas funes parentais. Frequentemente, essa fase envolve sentimentos de vazio e depresso.

  • O mais importante, para o terapeuta de famlia, o que ocorre entre os membros, sua relao e interao. O desenvolvimento de cada membro percebido atravs dos processos interativos dos quais participa. As mudanas nas funes de um indivduo acarretam alteraes nas funes complementares dos outros membros da famlia. Uma famlia saudvel aquela que, atravs do tempo e dos ciclos de vida familiar, permite que o processo de crescimento e a reorganizao do sistema familiar ocorram continuamente.

  • A famlia como um sistemaNos atendimentos familiares a observao teraputica deve identificar os comportamentos, as interaes verbais e no-verbais dos membros da famlia. Estas observaes contribuem no reconhecimento das possibilidades existentes na prpria famlia para superao do problema que os levou a buscar o tratamento. Observar as transferncias e contra-transferncias dos membros da famlia. O objetivo da Terapia Familiar tem o objetivo de realizar uma ao intencional para alterar padres de comunicao.

  • A Psicanlise v a famlia como um grupo de dependncia e apoio com suas leis to obscuras e to poderosas quanto as do inconsciente, e que asseguram assim sua coerncia e sua coeso. A famlia possui leis muito fortes, paradigmas difceis de serem quebrados.A famlia tem mltiplas finalidades: prover as necessidades materiais e psquicas de seus membros; conceber e formar o pequeno ser at sua instituio como indivduoCada um dos pais transmite uma herana que a criana dever ajustar com o seu desejo

  • A famlia como um sistemaNos atendimentos familiares a observao teraputica deve identificar os comportamentos, as interaes verbais e no-verbais dos membros da famlia. Estas observaes contribuem no reconhecimento das possibilidades existentes na prpria famlia para superao do problema que os levou a buscar o tratamento.

  • Primeira SociedadeA famlia a nossa primeira sociedade. A partir dela formamos a nossa viso e levaremos esta bagagem para a sociedade maior. Antes de Freud, os mdicos interessavam-se muito pouco pela famlia. O paciente era estudado no presente; nenhuma aluso histria infantil, ao contexto no qual ele se formara, ao pai ou me, salvo para descobrir predisposies hereditrias eventuais que servissem de alimento hiptese em voga sobre a degenerescncia nos doentes mentais.Especialistas dizem que o carter de um indivduo formado na primeira infncia, justamente no momento da primeira sociedade. Quer entender o sujeito? Informe-se sobre a sua histria familiar.

  • Valorizar a histria da famlia dar espao a chamada transgeracionalidade que um processo que permite que sejam reconhecidas as modalidades conflituais que relacionam um ser humano com as geraes que precederam o seu nascimento. Terapia familiar implica na investigao da histria. O termo transgeracional oriundo da Terapia Familiar Sistmica.Trabalhar a transgeracionalidade estudar o modo como a histria que precedeu a concepo do sujeito participa na formao e na evoluo psquica.

  • O grupo familiar cujos membros tm uma vida comum cotidiana, passada e atual, objeto de numerosos trabalhos especficos conduzidos por psicanalistas. A vida passada marca presena na vida atual: conceitos, viso, leis, etc.Ren Kas (psicanalista francs especialista nas teorias psicanalticas de grupo) forjou o conceito de aparelho psquico grupal (familiar), o qual tem sua origem nos depsitos psquicos individuais arcaicos e nos contedos psquicos da herana transgeracional. Sua fuso cria um fundo psquico inconsciente comum aos membros do grupo-famlia. As fantasias individuais articulam-se com esse fundo psquico, do qual elas extraem uma parte de seu contedo.

  • Entre todos os grupos humanos, a famlia desempenha um papel primordial na transmisso da cultura. A famlia prevalece na primeira educao, na represso dos instintos, na aquisio da lngua acertadamente chamada de materna (Lacan, 1984).A famlia estabelece, entre as geraes, uma continuidade psquica cuja causalidade de ordem mental. Pensemos por um momento em ns mesmos. Conseguimos perceber determinada continuidade psquica?

  • Os lugares de cada um Analisar a famlia nos ajudar a ver o lugar de cada um. Pois cada membro da famlia possui um papel, idealizado ou no, nasceu num determinado momento, etc. Muitas vezes veremos que o paciente que nos procura ou a pessoa que levada pela famlia, pode ser a melhor pessoa da casa.

  • A lata de lixoNa famlia podemos ter aquele membro chamado lata de lixo. a pessoa que recebe todas as projees negativas e isso visa manter a harmonia da famlia. Ele pode ser enviado terapia, mas inconscientemente no desejam a sua cura.

  • O preferido da casaA predileo pode gerar insegurana em quem o , pois tem que constantemente atender s expectativas da famlia, ou pode ser um sinal de disfuno e mascaramento dos verdadeiros problemas familiares

  • A famlia disfuncionalPodemos entender a famlia disfuncional como um modelo excessivamente gregrio, no permitindo autonomia. Os padres habituais foram preservados, mas se enrijeceram, bloqueando a possibilidade de comportamentos alternativos. A escolha de um dos membros para ser o detentor do problema a maneira mais fcil de preservar a rigidez da estrutura. o chamado paciente identificado, que pode no ser.

  • Viso teraputicaPara Nathan Ackerman a famlia adoece quando fracassa no cumprimento de suas funes essenciais, estas dizem respeito reciprocidade de relaes entre os papis familiares; de prover vias de soluo para os conflitos; de estabelecer complementaridade eficaz e de prover apoio aos novos nveis de identificao.

  • A aceitao em terapia familiar requer um trabalho preliminar cuja finalidade induzir o grupo-famlia a admitir essa situao singular

  • BibliografiaBYINGTON, Carlos Amadeu Botelho. A construo amorosa do saber. So Paulo, Religare, 2003LACAN, Jacques. Os complexos familiares. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1993SANTOS, Leontino Farias dos. A formao do carter na Psicanlise. A viso de Erich Fromm. Capinzal, FAEST Editora, 2012VIORST, Judith. Perdas Necessrias. So Paulo, Melhoramentos, 2000ZIMERMAN, David. Fundamentos bsicos das grupoterapias. Porto Alegre, Artmed, 2000