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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ADEMILSON FERREIRA DE ALMEIDA TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS CONTINUADOS EM UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR (IFES) E SEU SISTEMA DE CONTROLE DE MÃO DE OBRA COM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA: UMA PROPOSTA DE UNIFORMIZAÇÃO DISSERTAÇÃO CURITIBA - PR 2019

TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS CONTINUADOS EM UMA ......2019/01/01  · t Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) A447t Almeida, Ademilson Ferreira de Terceirização

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ADEMILSON FERREIRA DE ALMEIDA

TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS CONTINUADOS EM UMA

INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR (IFES) E SEU

SISTEMA DE CONTROLE DE MÃO DE OBRA COM DEDICAÇÃO

EXCLUSIVA: UMA PROPOSTA DE UNIFORMIZAÇÃO

DISSERTAÇÃO

CURITIBA - PR

2019

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ADEMILSON FERREIRA DE ALMEIDA

TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS CONTINUADOS EM UMA INSTITUIÇÃO

FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR (IFES) E SEU SISTEMA DE CONTROLE DE

MÃO DE OBRA COM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA: UMA PROPOSTA DE

UNIFORMIZAÇÃO

Dissertação apresentada como requisito parcial

para obtenção do título de Mestre em

Administração Pública, do Programa de

Mestrado Profissional em Administração

Pública em Rede Nacional - PROFIAP da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Everton Coimbra de

Araújo

CURITIBA - PR

2019

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A447t

Almeida, Ademilson Ferreira de

Terceirização de serviços continuados em uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) e seu sistema de controle de mão de obra com dedicação exclusiva: uma proposta de uniformização / Ademilson Ferreira de Almeida.- - Curitiba: [s.n.], 2019.

117 f.: il. color. Orientador: Prof. Dr. Everton Coimbra de Araújo Dissertação (Mestrado) – Universidade Tecnológica Federal do

Paraná, Programa de Mestrado Profissional em Administração Pública em Rede Nacional - PROFIAP, 2019.

Bibliografia: f.71-74. 1. Administração pública. 2. Contratos de serviços. 3. Terceirização.

4. Padronização. 5. eSocial (Projeto). 6. Administração pública – Dissertações. I. Araújo, Everton Coimbra de. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. III. Programa de Mestrado Profissional em Administração Pública em Rede Nacional - PROFIAP. IV. Título.

CDD (22 ed.) 351

Bibliotecário Responsável: Sueli Alves da Silva – CRB-9/1040

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação Mestrado Profissional em Administração Pública

TERMO DE APROVAÇÃO DE DISSERTAÇÃO Nº 39

A Dissertação de Mestrado intitulada:

TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS CONTINUADOS EM UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR (IFES) E SEU SISTEMA DE CONTROLE DE MÃO DE OBRA COM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA: UMA PROPOSTA DE UNIFORMIZAÇÃO

defendida em sessão pública pelo candidato:

Nome do Candidato: Ademilson Ferreira de Almeida

Instituição / Campus: UTFPR-Apucarana

no dia 16 de Setembro De 2019, foi julgada para a obtenção do título de Mestre

em Administração Pública, e aprovada em sua forma final, eixo de pesquisa Transformação

e Inovação Organizacional.

Banca Examinadora:

Componentes da Banca (Nomes) Instituição / Campus

Prof(a). Dr(a). Everton Coimbra de Araújo Presidente UTFPR-MD

Prof(a). Dr(a). Odemir Vieira Baêta Membro 1 UFV

Prof(a). Dr(a). José Paulo de Souza Membro 2 UEM

A via original assinada deste documento encontra-se arquivada no Departamento de Registros

Acadêmicos da UTFPR-Câmpus Ponta Grossa.

Ponta Grossa, 16 de Setembro de 2019.

Prof. Dr. Abel Dionizio Azeredo

Nome do Coordenador do PROFIAP-UTFPR Assinatura e Carimbo

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que nos momentos turbulentos me deu forças para continuar e

atingir os objetivos.

Ao professor Dr. Everton Coimbra de Araújo, pela orientação no desenvolvimento

deste trabalho, sua presteza, suas correções e sugestões foram de fundamental importância

nesta caminhada.

A minha esposa Rosane e ao meu filho Miguel, pela compreensão nos momentos de

ausência, pela paciência nos vários momentos de cansaço e pelas palavras de incentivo para

não desanimar.

Especial agradecimento a minha amiga Cynthia Correa Lopes Barbosa, sua

colaboração, suas palavras de incentivo nos momentos difíceis deram forças para chegar até

aqui.

Aos amigos de trabalho e de mestrado, que também incentivaram e colaboram nesse

período.

Aos professores José Paulo de Souza e Odemir Vieira Baêta pela participação e

sugestões na Banca de Defesa que enriqueceram este trabalho.

Aos professores Dalésio Ostrovski, que não se faz mais presente entre nós, e o

Professor Sergio Adelar Brun pelas sugestões na Banca de Qualificação.

Enfim agradeço a todos que colaboraram de alguma forma para conclusão dessa

dissertação, sem vocês eu não conseguiria. Muito Obrigado.

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RESUMO

ALMEIDA, Ademilson Ferreira. Terceirização de serviços continuados em uma

Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) e seu sistema de controle de mão de obra

com dedicação exclusiva: uma proposta de uniformização. 2019. 117 f. Dissertação

(Mestrado Profissional em Administração Pública) - Programa de Mestrado Profissional em

Administração Pública em Rede Nacional – PROFIAP, Universidade Tecnológica Federal do

Paraná. Curitiba, 2019.

A terceirização de serviços é uma estratégia de gestão amplamente aplicada nas empresas e na

Administração Pública, como uma maneira das organizações ganharem em eficiência,

produtividade e redução de custos. Nas contratações em que se busca somente a redução de

custos pode haver a precarização das relações de trabalho, com a burla dos direitos sociais e

trabalhistas. No âmbito público a Administração tem o poder/dever de fiscalizar a execução

dos contratos de maneira gerencial, técnica e administrativa, por meio de servidores

nomeados para esse fim. Nas contratações em que há a dedicação exclusiva de mão de obra, a

Administração deve se ater ao cumprimento das obrigações sociais e trabalhistas pelas

empresas terceirizadas, para que não sejam responsabilizadas pelo inadimplemento dessas

obrigações. Cabe a cada órgão elaborar procedimentos específicos para a fiscalização dos

contratos, atendendo a legislação e as especificidades do objeto contratado. Esta pesquisa teve

o objetivo de investigar os procedimentos adotados na fiscalização administrativa dos

contratos com dedicação exclusiva de mão de obra nos Câmpus de uma Instituição Federal de

Ensino Superior. A coleta de dados deu-se por meio da aplicação de questionário, que buscou

identificar os procedimentos adotados em cada Câmpus. A análise dos dados foi realizada por

meio da estatística descritiva, criando estratos que permitiram identificar similaridade nos

procedimentos adotados na fiscalização. Posteriormente, foi utilizado o teste Exato de Fisher

para investigar se as características sócio demográficas dos fiscais e outras variáveis se

associavam de maneira significante na execução dos procedimentos de fiscalização de

contratos. Isto não se confirmou e concluiu-se que os fiscais desempenham a fiscalização de

maneira não uniforme entre os Câmpus da IFES, encontram obstáculos para desempenhar

suas atividades advindas da falta de capacitações e de manuais de instrução para executá-la.

Desta maneira, foi elaborado um manual prático de fiscalização administrativa.

Palavras-chave: Fiscalização de Contratos. Administração Pública. Padronização de

Procedimentos. ESocial.

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ABSTRACT

ALMEIDA, Ademilson Ferreira. Outsourcing of Continuing Services in a Federal Higher

Education Institution (IFES) and its Dedicated Labor Control System: A proposal for

standardization: 2019. 117 p. Dissertation (Professional Master Degree in Public

Administration) Professional Master's Program in Public Administration in National Network

- PROFIAP - Federal University of Technology - Paraná. Curitiba, 2019.

Outsourcing services is a management strategy widely applied in business and public

administration as a way for organizations to gain in efficiency, productivity and cost

reduction. In hiring what only the cost reduction is sought, there may be the precariousness of

labor relations, with the circumvention of social and labor rights. In the public sphere, the

Administration has the power/duty to supervise the execution of contracts in a managerial,

technical and administrative manner, through servers appointed for this purpose. In hirings in

which there is an exclusive dedication of labor, the Management must adhere to the

fulfillment of the social and labor obligations by the outsourced companies, so that they are

not liable for the breach of these obligations. It is up to each body to elaborate specific

procedures for the supervision of contracts, taking into account the legislation and the

specificities of the contracted object. This research aimed to investigate the procedures

adopted in the administrative supervision of contracts with the exclusive dedication of labor

on the campus of a Federal Higher Education Institution. Data collection took place through

the application of a questionnaire, which sought to identify the procedures adopted in each

campus. We performed a data analysis by using descriptive statistics, creating strata that

allowed the identification of similarity in the procedures adopted in the inspection. Afterward,

we applied the Fisher's Exact Test to investigate whether the socio-demographic

characteristics of the inspectors and other variables were significantly associated. In the

execution of the contract inspection procedures, this was not confirmed and it was concluded

that the inspectors perform the inspection in a non-uniform way among the IFES Campus,

find obstacles to perform their activities arising from the lack of training and instruction

manuals. To carry it out, a we created a practical manual for administrative supervisioned.

Keywords: Contract Inspection. Public Administration. Standardization of Procedures.

ESocial.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cronograma de Implantação do eSocial .................................................................. 37 Figura 2 - Fórmula para cálculo da amostra ............................................................................. 41 Figura 3 - Organograma da IFES ............................................................................................. 47

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Procedimentos de Fiscalização Administrativa...................................................... 33 Quadro 2 - Relação entre objetivos específicos e o questionário da pesquisa ......................... 42 Quadro 3 - Variáveis associadas aos procedimentos de fiscalização ....................................... 43

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Grau de Escolaridade ............................................................................................. 50 Gráfico 2 - Solicitação de Extratos de FGTS e INSS ............................................................... 59 Gráfico 3 - Grau de Importância dos Procedimentos ............................................................... 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Cargo na Instituição................................................................................................. 48 Tabela 2 - Função na Instituição * Grau de Escolaridade ........................................................ 50 Tabela 3 - Formação Acadêmica .............................................................................................. 51 Tabela 4 - Atividade anterior ao serviço público na Instituição ............................................... 51 Tabela 5 - Tempo de atuação como fiscal de contrato de serviços terceirizados ..................... 52

Tabela 6 – Ateste de Notas Fiscais ........................................................................................... 54 Tabela 7 – Funcionários Alocados nos Contratos .................................................................... 55 Tabela 8 - Elaboração do Manual de Procedimento ................................................................. 57 Tabela 9 - Periodicidade de Realização de Procedimentos ...................................................... 60

Tabela 10 - Documentos de Rescisão de Contrato de Funcionários ........................................ 62 Tabela 11 - Nível de Significância do Teste Exato de Fisher .................................................. 63

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADC Ação Direta de Constitucionalidade

CBO Classificação Brasileira de Ocupações

CCT Convenção Coletiva de Trabalho

CEFET-PR Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná

CND Certidão Negativa de Débitos

CNDT Certidão Negativa de Débitos Trabalhista

CPF Cadastro de Pessoa Física

CRF Certidão de Regularidade do FGTS

CT-e Conhecimento de Transporte Eletrônico

CTPS Carteira de Trabalho e Previdência Social

DEMAP Departamento de Materiais e Patrimônio

DEOFI Departamento de Orçamento, Finanças e Contabilidade

DESEG Departamento de Serviços Gerais

ECD Escrituração Contábil Digital

EFC Escrituração Fiscal Contábil

EFD Escrituração Fiscal Digital

EPI Equipamento de Proteção Individual

Esocial

Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e

Trabalhistas

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

GFIP Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência

GRRF Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS

IFES Instituição Federal de Ensino Superior

IN Instrução Normativa

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

MARE Ministério da Administração e Reforma do Estado

MEC Ministério da Educação e Cultura

NF-e Nota Fiscal Eletrônica

PCCTAE Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

RE Recurso Extraordinário

RFB Receita Federal do Brasil

RG Registro Geral

SICAF Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores

SLTI/MPOG

Secretária de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do

Planejamento e Gestão

SPED Sistema Público de Escrituração Digital

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SPSS Statistical Package for the Social Sciences

STF Supremo Tribunal Federal

TCU Tribunal de Constas da União

TST Tribunal Superior do Trabalho

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................................ 17

1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 18

1.3 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES ........................................................................ 18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 20

2.1 TERCEIRIZAÇÃO ............................................................................................................ 20

2.2 TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................. 25

2.3 ATORES DA GESTÃO E FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS .................................... 28

2.3.1 Nomeação dos fiscais de contrato ................................................................................... 31

2.4 PROCEDIMENTOS DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA .................................. 32

2.5 ESOCIAL: UMA FERRAMENTA OU UM PROBLEMA ............................................... 35

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 40

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................. 40

3.1.1 Delimitação da Pesquisa .................................................................................................. 40

3.2 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS ........................................................... 41

3.2.1 Tratamento dos dados ...................................................................................................... 43

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................. 46

4.1 DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL ............................................................................ 46

4.2 PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO DOS FISCAIS ADMINISTRATIVOS ..................... 48

4.3 CONHECIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS ...................................... 53

4.4 ATUAÇÃO DO FISCAL ADMINISTRATIVO DE CONTRATO .................................. 54

4.4.1 Influências no desempenho da fiscalização de contrato .................................................. 55

4.5 PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO ...................................................................... 58

4.6 OBSTÁCULOS PARA A FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS ..................................... 66

4.7 DIFICULDADES E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA ................................................ 66

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 68

6 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 70

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............ 74

APÊNDICE B - TERMO DE COMPROMISSO E DE CONFIDENCIALIDADE DE

DADOS .................................................................................................................................... 77

APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA ........................................................... 78

APÊNDICE D - MANUAL PRÁTICO: FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DE

CONTRATOS ......................................................................................................................... 82

ANEXO A - TERMO DE APROVAÇÃO CEP ................................................................. 117

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1 INTRODUÇÃO

A exigência da população por melhores produtos e serviços, a globalização dos

mercados pressionando por redução de custos, melhoria na produtividade e excelência no

atendimento, exigem das organizações a eficiência em seus processos, fazendo com que elas

inovem e criem alternativas de atuação para alcançar suas necessidades. Dessa maneira, as

organizações, quer sejam públicas ou privadas, estão em constante evolução e aprimoramento

de seus métodos de atuação.

Nesse contexto, na “crise econômica do final dos anos 1980 e início de 1990”, tomou

força no Brasil a terceirização (CUNHA, 2015, p.255), como uma forma das organizações

focarem na sua missão principal, transferindo à outras empresas especializadas, suas

atividades secundárias e de apoio, obtendo assim melhores resultados e eficiência.

Segundo Vieira et al. (2015, p. 34) o modelo de terceirização "foi trazido para o

Brasil nas décadas de 1950 a 1960 pelas empresas multinacionais de automóveis" que têm

uma forma bem conhecida de transferir partes do seu processo produtivo, pois a produção de

peças é realizada por outras empresas, ficando a fábrica responsável pela montagem do

automóvel. A terceirização se apresenta de várias formas de contratação como "para fornecer

bens ou serviços em forma de franquias, locações, empreitadas" (VIEIRA et al, 2015) e

também para fornecimento de mão de obra.

Em um período de recessão e desemprego, a terceirização, em meio a grandes

discussões, se expandiu nas empresas e também na Administração Pública, principalmente,

“após a Reforma do Aparelho do Estado, iniciada durante os anos 1990”, conduzida no

governo de Fernando Henrique Cardoso (CUNHA, 2015, p. 240).

Essa Reforma Administrativa que tinha como objetivo modernizar a máquina

pública, reduzir o gasto e o tamanho do Estado, como nas palavras do então Ministro da

Administração Federal e Reforma do Estado (MARE), Bresser Pereira (2001, p. 5), "visando

torná-lo menor, mais eficiente e mais voltado para atendimento das demandas dos cidadãos",

transferindo partes de suas atividades às empresas privadas, consequentemente, reduzindo o

quadro de funcionários contratados pelo Estado, com a extinção de vários cargos,

posteriormente ocupados por funcionários pertencentes a empresas terceirizadas.

A estratégia de terceirizar serviços, tanto no âmbito público ou privado, quando

utilizada como instrumento de gestão, com o objetivo de especialização de atividades, pode-se

tornar a geradora de novas empresas, empregos e renda. No entanto, quando utilizada como

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mecanismo de redução de custos com o trabalho, na tentativa das organizações se eximirem

das obrigações trabalhistas, pode ocasionar a precarização das relações de trabalho e má

distribuição de renda. (PEREIRA, ALBUQUERQUE e MORAES, 2015)

Não se objetiva aqui entrar no mérito se a terceirização é uma maneira moderna de

gestão ou uma maneira de precarização das relações trabalhistas. O intento, neste momento, é

demonstrar que essa relação pode apresentar pontos frágeis, que necessitam de vigilância no

decorrer do tempo.

A extinção de cargos públicos, como, por exemplo: vigilância, limpeza, serviços de

apoio e vários outros, agora ocupados por funcionários terceirizados, faz com que a

Administração contrate os serviços que perduram ao longo do tempo, sendo que a interrupção

pode provocar danos no atendimento e desempenho das necessidades públicas, dessa maneira,

essas prestações são chamadas de serviços continuados. Os serviços continuados são

definidos na Instrução Normativa nº 05/2017 do Ministério de Planejamento,

Desenvolvimento e Gestão, como:

“aqueles que, pela sua essencialidade, visam atender à necessidade pública de forma

permanente e contínua, por mais de um exercício financeiro, assegurando a

integridade do patrimônio público ou o funcionamento das atividades finalísticas do

órgão ou entidade, de modo que sua interrupção possa comprometer a prestação de

um serviço público ou o cumprimento da missão institucional”. (BRASIL, 2017a)

A Administração não contrata mão de obra, mas o serviço. Não há como negar que

para essa prestação de serviço, há a necessidade de alocar pessoas para desempenhar as

tarefas.

Nos modelos de execução contratual, onde os empregados da contratada ficam a

disposição continuamente nas dependências da contratante, ou seja, com dedicação exclusiva,

sob sua supervisão (BRASIL, 2017a), é possível que nessa relação haja alguns

desvirtuamentos, como bem diz Di Pietro (2016, p. 399):

"a terceirização acaba muitas vezes, por implicar burla aos direitos sociais do

trabalhador da empresa prestadora do serviço, o que coloca a Administração Pública

sob a égide do direito do trabalho. Daí a necessidade de sujeitar-se às decisões

normativas da Justiça do Trabalho". (DI PIETRO, 2016)

Para que a Administração não incorra nas responsabilidades trabalhistas advindas

dessa contratação, é necessário que faça a gestão e a fiscalização diligente e constante da

execução do contrato, atentando para o cumprimento, pela prestadora de serviço, de todas as

obrigações fiscais, sociais e trabalhistas com seus empregados, e para esse fim, a

Administração nomeia servidores pertencentes ao seu quadro funcional, entre eles, o fiscal

administrativo do contrato, que fará o acompanhamento, inspeção e controle da regularidade

dessas obrigações e outras decorrentes do contrato.

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A obrigação da Administração de nomear servidores para fiscalizar o contrato

decorre do Art. 67 da Lei nº 8.666/1993, sendo que, este quando nomeado, não pode oferecer

recusa para exercer a função, por não se tratar de ordem ilegal, conforme manifestação do

TCU no Acórdão nº 2.917/2010, no entanto, no mesmo acordão se manifesta que “não se

aceita é uma atuação a esmo (com imprudência, negligência, omissão, ausência de cautela e

de zelo profissional), sob pena de configurar grave infração à norma legal”, ou seja,

respondendo o servidor público pelos seus atos nas esferas administrativa, civil e penal.

Para que o servidor nomeado para fiscalizar contratos possa executar sua função

com zelo e eficiência é necessário estar munido de ferramentas que o auxiliem nas suas

atribuições, dessa maneira, minimizando os riscos de responsabilização deste tipo de

contratação.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

A Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) pesquisada é uma autarquia da

administração pública indireta, dedicada à formação superior, atuando no formato de

multicampus, composta por treze Câmpus em várias cidades do Estado do Paraná, que como

outros órgãos da Administração Pública, contrata empresas terceirizadas para prestação de

serviços de vigilância, conservação, limpeza e atividades de apoio, portanto, estando ela

sujeita aos normativos legais das obrigações de fiscalização na execução dos serviços

prestados.

Atuando no formato de multicâmpus, a administração é descentralizada, onde cada

unidade contrata empresas terceirizadas para atender suas necessidades, nomeando cada

Câmpus os fiscais para acompanhar e fiscalizar os contratos, cada um com suas

particularidades e complexidade advindas dessa forma de gestão.

Na Administração Pública, as ações dos entes públicos devem estar respaldadas nos

princípios constitucionais, entre eles, o da legalidade, como ensina Di Pietro (2016) “a

Administração Pública só pode fazer o que a lei permite” e para a fiscalização dos contratos a

Instrução Normativa nº 02/2008 traz um roteiro de fiscalização, substituída em 2017 pela

Instrução Normativa nº 05/2017, que no seu Anexo VIII-B apresenta instruções de como

realizar a fiscalização administrativa do contrato.

A IN 05/2017 traz um roteiro básico de como proceder a fiscalização. No entanto,

para situações específicas de cada órgão, é recomendado, que se adote um Manual

Padronizado de Fiscalização.

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Para Pacheco Jr e Mendes (2015):

“Por manual entende-se qualquer conjunto de regras, procedimentos, funções,

atividades, instruções e diretrizes substanciais ou essenciais, possibilitando definir e

orientar atividades a serem desenvolvidas, replicando, disseminando e solidificando

conhecimentos e experiências” (PACHECO JR e MENDES, 2015)

Em recente auditoria interna, divulgada no site da instituição, foi constatado que há

“uma falta de padronização nos processos” e recomenda que seja elaborado um “manual ou

um procedimento que contenha formulários práticos a serem utilizados pelos gestores e fiscais

de contratos”.

Para Espíndola (2011), a padronização é um processo contínuo que proporciona

melhorias na qualidade e segurança para atingir os objetivos, mas deve estar voltada não

somente para o processo, mas também para as pessoas, permitindo que os procedimentos

sejam revistos conforme a surjam as necessidades.

A falta de um Manual Padronizado, pode ser um fatores para, que a atuação da

fiscalização não seja uniforme em todos os Câmpus, possibilitando que uma mesma empresa

que preste serviços a mais de um Câmpus da IFES, tenha solicitações de documentos ou

maneiras de apresentá-los de modo diferente em cada local.

Pelo exposto, questiona-se: Quais os fatores envolvidos na eficiência da fiscalização

dos contratos de terceirização de mão de obra com dedicação exclusiva?

1.2 OBJETIVOS

Considerando a questão exposta, este trabalho tem como objetivo geral investigar os

procedimentos adotados na fiscalização administrativa dos contratos com dedicação exclusiva

de mão de obra nos Câmpus da IFES e, propor um manual de instrução para a execução da

fiscalização administrativa dos contratos.

Para atingir o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram delineados:

a) Caracterizar o processo de fiscalização administrativa dos contratos;

b) Identificar os obstáculos ao bom desempenho da fiscalização;

c) Analisar os fatores envolvidos na fiscalização de contratos de terceirização em

uma IFES para auxiliar em uma proposta de uniformização.

1.3 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES

Essa pesquisa mostra-se relevante, pois o levantamento dos dados permitirá um

diagnóstico dos procedimentos de fiscalização nos Câmpus da IFES, contribuindo para criar

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bases para uniformização, indo de encontro ao Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI)

da IFES que traz, como uma das metas de planejamento, definir diretrizes básicas para

padronizar processos.

Outro ganho para a instituição, sendo uniformizados os procedimentos,

preventivamente, é que poderá ser minimizado os riscos de ações trabalhistas decorrentes da

prestação de serviços terceirizados.

A uniformização dos procedimentos de fiscalização administrativa dos contratos,

fornecerá ao fiscal ferramentas para melhor executar suas atividades, agilizando suas rotinas,

prevenindo-o de erros ou omissões que poderiam vir a lhe atribuir responsabilidade solidária

pelo pagamento dos encargos trabalhistas e previdenciárias decorrentes da execução do

contrato.

O benefício ainda se estende aos funcionários das empresas terceirizadas, tendo a

segurança de que seus direitos estão sendo preservados. Por conseguinte, ganha a sociedade

como um todo, na economia de recursos públicos que seriam gastos em demandas judiciais.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esse capítulo apresenta alguns conceitos para um melhor entendimento e

contextualização do tema proposto. Traz o conceito de Terceirização e a Terceirização no

Serviço Público, juntamente com o histórico da legislação que regula a terceirização no

Brasil. Também apresenta os Atores da Fiscalização de Contratos e os Procedimentos da

fiscalização administrativa dos contratos. Por fim, faz uma análise de um dos módulos do

Sistema Público de Escritura Digital, o eSocial.

2.1 TERCEIRIZAÇÃO

Nas relações diretas de trabalho assalariado há, de um lado, a empresa detentora do

capital e meios de produção e o empregado a qual compete a força de trabalho. No entanto,

quando nessa relação aparece outra empresa, intermediando essa relação contratual, passou-se

a chamar, no Brasil, de terceirização, presente no dia a dia das empresas e também nas

instituições públicas. O termo terceirização, segundo Marcelino e Cavalcante (2012) é um

neologismo exclusivamente brasileiro derivado do latim terciariu, terceiro no sentido de

intermediário e apareceu no Brasil nos anos 90, período de grandes reestruturações globais e

da flexibilização das relações de trabalho. Essa flexibilização, que ganhou destaque conforme

apontado por Krein (2007, p. 21) pela “inserção financeira do país no processo de

globalização, baixo crescimento econômico, reestruturação produtiva, desestruturação do

mercado de trabalho, fragilização dos sindicatos e hegemonia de reformas liberalizantes”.

Esse termo, com esse sentido de intermediação, foi cunhado na empresa RIOCELL,

empresa produtora de celulose do Rio Grande do Sul, onde buscavam um vocábulo para

substituir a intermediação de mão de obra, proibida pela legislação brasileira da época, exceto

nos casos de trabalho temporário e para os serviços de vigilância, e assim dar um novo nome

a sua estratégia de contratação de mão de obra.

Em outros países, essa forma de relação entre duas empresas remete a tradução para

a palavra subcontratação, que tem como objetivo a redução de custos nas relações trabalhistas,

delegando às empresas especializadas parte de seu processo produtivo.

O termo terceirização, é relativamente novo no Brasil, mas a atividade em si de

subcontratar ou delegar a outros, partes de suas atividades, não é uma invenção brasileira,

advém de períodos bem anterior, como apontado por Mancebo, Silva Junior e Léda (2016, p.

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747) “[...] instrumento que data do início da própria Revolução Industrial, em fins do século

XVIII e início do século XIX”, despontando no Brasil a partir do final dos anos 70 em

decorrência de crises financeiras no país e como uma das “alternativas de intervenção direta

na economia” (OLHER, COSTA e TEIXEIRA, 2015, p. 323).

A terceirização é motivo de grandes discussões no país, desde sua legalidade,

abrangência, objetivos, e até mesmo de sua definição. Para Baltar e Biavaschi, (2009, p. 17)

uma das dificuldades para definir terceirização “reside nas distintas formas por meio das quais

se vem apresentando no mundo do trabalho, bem como na multiplicidade de conceitos que

lhes são atribuídos por autores de diversas áreas do conhecimento.” Por exemplo, é chamada

de terceirização o fato de uma empresa subcontratar outra empresa especializada para fazer

partes do seu produto, como na fabricação de automóveis, onde cada empresa faz partes do

veículo antes da montagem, no entanto, também é chamada de terceirização quando uma

empresa contrata empregados por intermédio de outra empresa, muitas vezes para executar

atividades que também são realizadas por seus próprios empregados, trabalhando lado a lado

em uma mesma planta produtiva.

Na busca por uma definição para o termo terceirização, Marcelino e Cavalcante

(2012) definem como “todo processo de contratação de trabalhadores por empresa interposta,

cujo objetivo último é a redução de custos com a força de trabalho e/ou a externalização dos

conflitos trabalhistas.”

Como apresentado anteriormente, a terceirização ou subcontratação é uma forma que

as organizações adotam para delegar a terceiros especializados partes das suas atividades, com

o objetivo de redução de custos, melhoria de produtividade e consequente melhoria de

resultados (OLHER, COSTA e TEIXEIRA, 2015, p. 323). Nessa linha Druck (1995)

apontava esses objetivos como a “visão empresarial” da terceirização, outra visão, bem

diferente, é destacada por Feitosa e Montenegro (2015, p. 83) que a terceirização contribui

“para o processo de exclusão social, com redução de postos de trabalho, de salários e pela

perca de direitos e garantias trabalhistas fundamentais para o trabalhador”.

Druck (1995) ainda aponta que no Brasil é possível identificar duas modalidades de

terceirização:

“Uma primeira modalidade é aquela identificada como parte das mudanças nas

práticas de gestão e organização do trabalho com a reestruturação produtiva em

curso a nível mundial: a terceirização justificada pela busca da produtividade,

qualidade e competividade [...] outsourcing como parte da revolução da qualidade

típica dos países industrializados, defendida como tendência mundial de

modernização.

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Uma segunda modalidade é reconhecida como aquela que mais tem se adequado à

cultura empresarial brasileira, determinada essencialmente, pela redução de custos,

que contraria a ideia de qualidade, de modernização empresarial e tem precarizado

as condições de trabalho e de emprego, comprometendo, inclusive, a qualidade do

produto. É o “outsourcing tupiniquim”” (DRUCK, 1995)

A primeira modalidade é a modernização, a flexibilização do trabalho, sendo a mola

propulsora para o aparecimento de novas empresas, geração de novos empregos, melhor

produtividade, melhoria de renda. A empresa passa a se concentrar no seu produto final,

naquilo que faz melhor, em parceria com outras empresas, delega as atividades secundárias e

de apoio a seu processo.

Já na segunda modalidade é a busca da redução de custo a qualquer preço, não há a

valorização do trabalho, há desrespeito aos direitos trabalhistas e o enfraquecimento das

relações coletivas de trabalho.

Vários autores relacionam a terceirização como um intensificador da precarização do

trabalho, Feitosa e Montenegro, (2015, p. 81) em seu estudo de revisão bibliográfica apontam

que os efeitos da terceirização na precarização do trabalho é motivo de estudo em várias

categorias profissionais, passando tanto pelos docentes no ensino superior, como por

trabalhadores do setor bancário, setor de confecções e também pelo setor de saúde.

Para Fernández e Valência (2013, p. 21) a terceirização reduz empregos e deteriora

as relações de trabalho e para Tortello (2010, p. 52), divide os trabalhadores em categorias

entre “internos e externos”, um grupo com mais benefícios do que o outro, gerando

instabilidade nas relações sociais pela ameaça de redução de direitos conquistados.

A precarização do trabalho não contribui para o desenvolvimento do país, e

prejudica a convivência social. No entanto, não podemos simplesmente descartar a

terceirização, pois a subcontratação não é uma prática exclusiva do Brasil, mas um fenômeno

global que necessita ser ajustado pelas organizações e pela legislação para que a primeira

modalidade apontada por Druck (1995) seja a que sobreponha.

Outro ponto de discussão da terceirização é quais atividades das organizações podem

ser terceirizadas, pois há grupos que defendem que nada pode ser terceirizado, outros

defendem que as atividades meios e de apoio podem ser terceirizadas para empresas

especializadas, que sem precarizar o trabalho, poderiam reduzir custos, onde a contratante

manteria o foco no seu produto final e há outro grupo que defende que qualquer atividade

pode ser terceirizada. Dificilmente se chegará a um consenso entre os grupos que defendem a

terceirização e os que a “demonizam”, situação que repercutiu e repercute na legislação

brasileira que também é motivo de discussão ao longo do tempo.

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Na iniciativa privada, um dos marcos iniciais da legalização da “terceirização” foi a

Lei nº 6.019/1974, que dispõe sobre o trabalho temporário nas empresas urbanas, dispondo

nos seguintes termos:

“Art. 1º É instituído o regime de trabalho temporário, nas condições estabelecidas

na presente Lei.

Art. 2º Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para

atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente

ou a acréscimo extraordinário de serviços.

Art. 3º É reconhecida a atividade da empresa de trabalho temporário que passa a

integrar o plano básico do enquadramento sindical a que se refere o artigo 577, da

Consolidação das Leis do Trabalho.

Art. 4º Compreende-se como empresa de trabalho temporário a pessoa física ou

jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas,

temporariamente, trabalhadores, devidamente qualificados, por elas remunerados e

assistidos.” (BRASIL, 1974)

Para Krein (2007, p. 126) o trabalho temporário estabelece uma “relação triangular”

para “atendimento das necessidades transitórias e de substituição de pessoal, legitimando, na

prática, a terceirização” e também para Marcelino e Cavalcante (2012, p. 7) “[...] não há como

deixar de considerar o trabalho temporário como uma forma de terceirização, pois é uma

contratação de trabalhadores por empresa interposta, vinculado a uma empresa, e quem paga

seu salário, indiretamente, é a outra”, dessa maneira, apesar de tratar do trabalho temporário,

as características da contratação, com a intermediação de empresa especializada abriu espaço

para a terceirização de forma legal.

Posteriormente a Lei nº 7.102/1983 permitiu a contratação de empresas

especializadas para execução dos serviços de vigilância e de transporte de valores.

As empresas viram nessas leis uma forma de ampliar a terceirização, no entanto, as

contratações por meio de outras empresas, não abarcada pela legislação gerou inumeras

discussões judiciais de quais atividades poderiam ser terceirizadas, o que acabou cuminando

no Enunciado nº 256 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) de 30 de setembro de 1986

reafirmando as situações possíveis de contratação (grifo nosso):

256 - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE

Salvo os casos de trabalho temporário e de serviço de vigilância, previstos nas

Leis nºs 6.019, de 03.01.1974, e 7.102, de 20.06.1983, é ilegal a contratação de

trabalhadores por empresa interposta, formando-se o vínculo empregatício

diretamente com o tomador dos serviços. (BRASIL, 1986)

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A partir dos anos de 1990 com o processo de abertura e reestruturação econômica, a

pressão nas empresas por redução de custos e flexibilização das relações de trabalho levou o

TST a revisar o Enunciado nº 256, primeiro em 1993 e com revisões posteriores que resultou

na redação atual da Sumula nº 331 do TST, acrescentando como legal a terceirização das

atividades de limpeza e conservação e de serviços especializados ligados à atividades meio da

empresa. Também atribuiu a responsabilidade subsidiária do tomador do serviço em caso de

inadimplemento das obrigações trabalhistas pela empresa intermediária:

331 - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o

vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho

temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).

II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera

vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou

fundacional (art. 37, II, da CF/1988).

III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de

vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de

serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a

pessoalidade e a subordinação direta.

IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador,

implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas

obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do

título executivo judicial.

V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem

subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta

culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,

especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da

prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de

mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa

regularmente contratada.

VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas

decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.

A Sumula nº 331 ao considerar como legal a terceirização da atividade meio, gerou

outra discussão de qual seria a atividade meio, sendo que cada organização tem suas

particularidades e processo produtivo, tornando tenue a separação entre atividade meio e

atividade fim.

Mas no esteio da modernização das relações de trabalho em 2017 foi aprovada a Lei

nº 13.429 que alterou a Lei nº 6.019/1974, que passou a dispor sobre o trabalho temporário e

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sobre as relações de trabalho na empresa de prestação de serviços a terceiros. Também no

mesmo ano foi editada a Lei nº 13.467/2017, conhecida como lei da reforma trabalhista.

Essas leis legalizaram a terceirização de forma geral nas organizações privadas,

independente de quais atividades, sendo que a Lei nº 6.019 passou a vigorar com a seguinte

redação (grifo nosso):

“Art. 4º-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela

contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade

principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua

capacidade econômica compatível com a sua execução.” (BRASIL, 1974)

Também no julgamento do Recurso Extraordinário 958252 em 30/08/2018 o

Supremo Tribunal Federal (STF) firmou a seguinte tese com repercusão geral:

"É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre

pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas

envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante" (RE

958252)

A terceirização presente nas organizações de diversos ramos de atividades e

estruturas, e com a legalização no Brasil, espera-se que sobresaia a primeira modalidade

apontada por Druck (1995), a da modernização, produtividade e competividade e não a

precarização do trabalho o “outsourcing tupiniquim”.

2.2 TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Se nas empresas, em meio a crises econômicas, gerou a necessidade de eficiência nos

processos, e levou à terceirização, na Administração Pública isso também não foi diferente.

Para Costa e Espirito Santo (2014), a terceirização é parte do rearranjo produtivo

decorrente das crises econômicas e, na esfera pública, o que se busca na transferência da

execução e serviços para empresa especializada é agilidade, eficiência e economicidade.

Nas relações entre particulares, tudo que a lei não proíbe é permitido, já a

Administração Pública só pode fazer o que a lei permite, é o princípio da legalidade (DI

PIETRO, 2016, p 96). Para a Administração atingir suas “vontades”, é necessária a edição de

normas, para regulamentar seus atos, sendo que o marco legal da terceirização na esfera

pública foi o Decreto-Lei nº 200/1967 que trata da organização da Administração Federal e

estabelece as diretrizes para Reforma Administrativa.

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A base para o que viria ser a terceirização está contida no parágrafo 7º do art. 10

desse decreto:

§ 7º Para melhor desincumbir-se das tarefas de planejamento, coordenação,

supervisão e controle e com o objetivo de impedir o crescimento desmesurado da

máquina administrativa, a Administração procurará desobrigar-se da realização

material de tarefas executivas, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta,

mediante contrato, desde que exista, na área, iniciativa privada suficientemente

desenvolvida e capacitada a desempenhar os encargos de execução.(BRASIL, 1967)

Esse decreto alinha-se com os objetivos da terceirização, segundo Cunha (2015, p.

244), pois “objetivava, além de ‘impedir’ o crescimento da máquina administrativa e ‘evitar

custos injustificáveis’, proporcionar uma suposta melhoria na produtividade e rentabilidade”.

Apesar de indicar o caminho, o decreto não especificava as funções que seriam

terceirizadas, sendo que a Lei nº 5.645/1970 apresentou textualmente que as atividades

relacionadas com transporte, conservação, operação de elevadores e limpeza seriam, de

preferência, de execução indireta.

Já na década de 1990, houve a aprovação do Plano Diretor da Reforma do Aparelho

do Estado, baseado na administração pública gerencial. Essa forma de gestão teve inspiração

nas experiências da Europa e Estados Unidos, e buscava a descentralização administrativa e

obtenção de resultados por meio de uma completa reformulação da máquina estatal.

(BRESSER PEREIRA, 2001; PAES DE PAULA, 2005)

O Plano Diretor aprovado em 1995 dividiu em dois tipos as atividades estatais:

a) atividades exclusivas do Estado: que envolvem o poder de Estado, sob o domínio

do núcleo estratégico: legislação, fiscalização, regulação e formulação de políticas públicas;

b) as atividades não exclusivas do Estado: são aquelas que o Estado provê, mas de

caráter competitivo que podem ser executados pelo setor privado (saúde, educação,

assistência social) e as atividades de apoio (limpeza, transporte, vigilância, manutenção).

No contexto da administração pública gerencial, a Administração deveria concentrar

seus esforços nas atividades exclusivas de Estado, reduzindo-o via privatização, terceirização

e voluntarismo. (COSTA e ESPÍRITO SANTO, 2014, p. 32)

Nesse clima reformista, foi editado o Decreto nº 2.271/1997 que dispôs sobre a

contratação de serviços pela Administração Pública e ampliou as atividades que seriam

executadas de forma indireta (grifo nosso):

“Art. 1º No âmbito da Administração Pública Federal direta, autárquica e

fundacional poderão ser objeto de execução indireta as atividades materiais

acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que constituem área de

competência legal do órgão ou entidade.

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§ 1º As atividades de conservação, limpeza, segurança, vigilância, transportes,

informática, copeiragem, recepção, reprografia, telecomunicações e

manutenção de prédios, equipamentos e instalações serão, de preferência, objeto

de execução indireta. (BRASIL, 1997)

Em seguida foi editada a Lei nº 9.632/1998, que extinguiu vários cargos das

atividades de apoio na Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional,

proibindo novos concursos e ampliando o rol de atividades que seriam executadas por meio

da contratação de serviços de terceiros.

Em maio de 2000, foi publicada a Lei Complementar nº 101/2000, conhecida como

Lei de Responsabilidade Fiscal, que limitou as despesas com pessoal na União em 50% e

Estados e Município em 60% da receita corrente líquida, sendo que os gastos com a

terceirização de mão de obra referentes à substituição de servidores e empregados públicos

não entram nesse limite.

Com a aprovação dessas medidas, a terceirização se intensificou na Administração

Pública, muitas vezes de forma irregular, pois não objetivavam a especialização do serviço,

mas, somente como uma forma de burlar o limite de gastos com pessoal, que levou os órgãos

de controle a coibir as terceirizações ilícitas.

Para que a terceirização seja lícita, deve seguir os normativos legais, sob o risco da

Administração, se confirmada à irregularidade, ser responsabilizada pelo pagamento das

obrigações trabalhista e sociais decorrentes dessa contratação.

Entre as normativas que tratam da forma regular de contratar serviços tem-se a

Instrução Normativa nº 05/2017, que diz que a Administração poderá contratar, mediante

terceirização, as atividades dos cargos extintos ou em extinção, mas veda a contratação cujo

objeto seja a execução de atividades de “tomada de decisão ou posicionamento institucional

nas áreas de planejamento, coordenação, supervisão e controle”; as consideradas estratégicas

que em caso de terceirização possam colocar em risco o controle de processos, conhecimentos

e tecnologias.

Também é vedada a terceirização das funções relacionadas ao poder de polícia, de

regulação, de outorga de serviços públicos, de aplicação de sanção e das atividades constantes

nos planos de cargos do órgão ou entidade, ou seja, sua atividade finalística.

A contratação por meio da terceirização não gera vínculo empregatício entre o

trabalhador e a Administração Pública, pois o vínculo de emprego com a Administração se dá

com a aprovação em concurso público, no entanto, o órgão contratante é responsável pelas

obrigações trabalhistas decorrentes dessa contratação se não contratar corretamente ou não

vigiar a execução contratual.

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Para não ser responsabilizada, a Administração e seus servidores precisam se cercar

de alguns cuidados (IN 05/2017):

Não deve haver pessoalidade e subordinação direta;

Não vincular hierarquia, prestação de contas, aplicação de sanção e

supervisão direta sobre os empregados da contratada;

Não exercer poder de mando sobre os empregados, quando necessário, deve

reportar-se ao preposto ou responsáveis indicados pela empresa;

Não direcionar a contratação de pessoas;

Não permitir que o trabalhador execute atividade diversa da que foi

contratado;

Não deve definir o valor da remuneração dos trabalhadores;

Não conceder aos trabalhadores da contratada os direitos típicos dos

servidores públicos, como recessos e pontos facultativos.

Além de prevenir que as situações acima ocorram, a Administração também deve

cuidar para que a empresa contratada cumpra seus deveres sociais e trabalhistas para com o

empregado, por meio da gestão e fiscalização.

A Administração tem o dever/poder de fiscalizar as contratações que realiza

conforme o Art. 58 e 67 da Lei 8.666/93, que como diz Pércio (2015, p. 196) “mais do que

uma prerrogativa, a fiscalização da execução contratual é um dever da Administração,

intransferível e irrenunciável, competindo-lhe zelar para que o fim público seja alcançado”.

Para que essa fiscalização seja executada, a Administração nomeia, entre seus

quadros, servidores para atuarem como Gestor e Fiscal de Contrato.

2.3 ATORES DA GESTÃO E FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS

A Administração Pública para alcançar seus objetivos realiza contratações de

produtos e serviços. Essas contratações são formalizadas pela celebração de Contratos

Administrativos, que segundo Di Prieto (2016, p. 297) são “os ajustes que a Administração,

nessa qualidade, celebra com pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas para a

consecução de fins públicos, segundo regime jurídico de direito público”.

Nesses contratos, sobressai o interesse público, que dessa forma, concede ao poder

público, privilégios e prerrogativas sobre o interesse privado.

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Para que a finalidade pública seja alcançada, segundo Pércio (2015, p. 193) a

“execução do contrato administrativo necessita de planejamento e controle”, cabendo a

Administração tomar as medidas que se fizerem necessárias.

Entre as medidas necessárias à garantia do interesse público, a Administração tem a

prerrogativa de fiscalizar a execução do contrato. Para Santana e Camarão (2015, p. 44)

acompanhar a execução contratual é “tanto um direito quanto um dever da Administração”,

pois assim, verifica se o que foi pactuado está sendo cumprido.

Para esse acompanhamento a legislação prevê que a Administração deve nomear

pessoas entre seu quadro de servidores para atuarem no planejamento, gerenciamento e

fiscalização do contrato.

A contratação de serviços terceirizados mereceu uma atenção especial, por envolver

a responsabilização da Administração no cumprimento das obrigações trabalhistas, tanto que

a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento e Gestão

(SLTI/MPOG) editou a IN 02/2008, estabelecendo regras e diretrizes para a contratação de

serviços.

A IN 02/2018 e seus anexos trouxeram os procedimentos para contratação, execução

e fiscalização dos contratos de serviços. Para a fiscalização, inicialmente, trazia que seria

exercida por um representante da Administração.

Em 2013, a SLTI/MPOG promoveu diversas alterações na IN 02/2008, trazendo

como atores na fiscalização dos contratos de serviços a figura do Gestor de Contrato,

auxiliado pelo Fiscal Técnico e Fiscal Administrativo, definindo cada um, da seguinte

maneira:

Gestor do Contrato: servidor designado para coordenar e comandar o

processo da fiscalização da execução contratual;

Fiscal Técnico: servidor designado para auxiliar o gestor do contrato quanto à

fiscalização do objeto do contrato;

Fiscal Administrativo: servidor designado para auxiliar o gestor do contrato

quanto à fiscalização dos aspectos administrativos do contrato. (BRASIL,

2008)

Posteriormente, em 2017, o Ministério do Planejamento, por meio da IN 05/2017,

revogou a IN 02/2008 e trouxe como importante inovação, a inclusão do planejamento como

fase obrigatória antes do processo de licitação, com a realização de estudos preliminares e

gerenciamento de riscos da contratação.

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A IN 05 também definiu para a fiscalização de contratos, os seguintes atores, além

do gestor, fiscal técnico e fiscal administrativo, acrescentou o fiscal setorial e o público

usuário, descrevendo as atividades de cada um desses atores.

Ainda na fiscalização, trouxe a possibilidade da execução das atividades

fiscalizatórias, por um setor específico, por equipe de fiscalização ou por somente um

servidor, dependendo da dimensão e especificidades do órgão ou entidade.

A IN 05/2017 delineou as atividades da gestão e fiscalização do contrato da seguinte

maneira:

Gestão da Execução do Contrato: compreendem as atividades de coordenação

da fiscalização, preparação da instrução processual para formalização dos

procedimentos que envolvam prorrogação, alteração, reequilíbrio,

pagamento, eventual aplicação de sanções e extinção de contrato.

Fiscalização Técnica: é o acompanhamento para avaliar a execução do

contrato, aferindo a quantidade, qualidade, tempo e modo da prestação dos

serviços, conferindo se estão de acordo com o que foi contratado.

Fiscalização Administrativa: é o acompanhamento dos aspectos

administrativos da execução dos serviços nos contratos com regime de

dedicação exclusiva de mão de obra quanto às obrigações previdenciárias,

fiscais e trabalhistas e também quanto às providências a serem tomadas em

caso de inadimplemento.

Fiscalização Setorial: é o acompanhamento dos aspectos técnicos e

administrativos quando a prestação dos serviços ocorre em setores distintos

ou em unidades desconcentradas de um mesmo órgão ou entidade.

Fiscalização pelo Público Usuário: é o acompanhamento da execução

contratual por pesquisa de satisfação do usuário, com o objetivo de aferir os

resultados da prestação de serviço quanto aos aspectos qualitativos.

(BRASIL, 2017a)

Para Santana e Camarão (2015, p. 139) “as figuras do gestor e fiscal não se

confundem”, pois, o fiscal é o que faz o acompanhamento diário do contrato, que visa garantir

à Administração que se executa o que foi contratado, obedecendo a todas as especificações. O

gestor é o que gerencia o contrato, autoriza o pagamento pelos serviços, é a quem o fiscal

deve se reportar para a tomada de providências, cabendo também ao gestor à tomada de

decisões quanto a execução ou aditivação do contrato.

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A IN 05/2017 ao separar as atividades de fiscalização, permite que o contrato seja

acompanhado de forma integral em todos os aspectos, desde os aspectos técnicos empregados

até ao resultado final do serviço, que é a satisfação do usuário dos serviços, permitindo que a

Administração efetue o pagamento somente do serviço recebido, com a qualidade esperada.

Para Pereira Junior e Dotti (2014, p. 303), uma fiscalização competente deve “garantir a

melhor execução do contrato e a fidelidade aos objetivos da contratação”.

Para os casos onde há a dedicação exclusiva de mão de obra, ou seja, onde os

empregados da empresa contratada prestam serviços exclusivamente nas dependências da

contratante, faz-se necessário o fiscal administrativo, que verificará se a empresa está

cumprindo com seus empregados as obrigações sociais e trabalhistas. Para Vieira et al. (2015,

p. 325) o fiscal deve conhecer bem o contrato e saber diferenciá-lo, pois este tipo de

contratação exige um maior nível de controle. Essa fiscalização se bem executada, com zelo,

previne a Administração de eventuais responsabilizações sobre os encargos devidos pela

empresa aos seus empregados.

A importância dessa fiscalização pode ser percebida nas palavras de Di Pietro (2016,

p. 403), “a regra é a de que a Administração Pública não responde subsidiariamente pelas

obrigações trabalhistas, em caso de inadimplemento pelo contratado, a menos que tenha

havido omissão ou falha na fiscalização da execução do contrato”.

Essa também é a decisão do STF no julgamento da ADC nº 16, que a Administração

Pública somente será responsabilizada em havendo culpa in vigilando, ou seja, pela ausência

de vigilância, comprovada perante a Justiça do Trabalho.

2.3.1 Nomeação dos fiscais de contrato

A nomeação dos fiscais decorre do artigo 67 da Lei nº 8.666/93 onde diz que a

“execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da

Administração especialmente designado”, ou seja, o fiscal deve ser um servidor do órgão e

formalmente nomeado para atividade. Cabe ressaltar que não há um cargo específico de fiscal

ou gestor de contrato, essa atribuição é conferida a qualquer servidor por ato da autoridade

responsável do órgão.

Pércio (2015, p. 200) diz que a designação do fiscal é um ato discricionário da

autoridade responsável pelo órgão. No entanto, para se resguardar e para que o fiscal tenha

condições de desempenhar seu papel, deveriam ser seguidos alguns critérios para a nomeação:

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O fiscal precisa ter conhecimento técnico específico do objeto do contrato,

entretanto, quando isso não for possível, por carência de pessoal ou pela

diversidade de objetos, deverá ser providenciado assessoramento técnico ou

capacitação;

As atribuições de fiscalização devem ter equivalência com a complexidade

exigida do cargo exercido pelo servidor;

É desejável que o fiscal tenha algumas características pessoais como: boa

postura profissional, habilidade de negociação, espírito de liderança,

segurança no agir, dinamismo e objetividade no trato das questões;

Não é recomendado designar um mesmo fiscal para vários contratos, que não

permita a concreta fiscalização, dessa maneira, poderá haver o mero

atendimento formal, podendo ocasionar falhas devido a falta de condições

humanas para executar as tarefas.

Vieira et al. (2015, p. 329) recomendam ainda que o fiscal tenha conhecimentos

sobre os processos de contratações públicas, da legislação básica e orçamentária, de

gerenciamento de contratos e de elaboração do Projeto Básico/Termo de Referência.

Dessa descrição de critérios e conhecimentos, desejados de um fiscal de contratos,

seria esperado, que o servidor que não se sentisse pleno dessas capacidades, caso fosse

nomeado para fiscal de contratos, deveria recusar tais atribuições. No entanto, o servidor não

pode se recusar a desempenhar a função pelo que se extrai do julgamento do Tribunal de

Contas da União:

“5.7.7”. O servidor designado para exercer o encargo de fiscal não pode oferecer

recusa, porquanto não se trata de ordem ilegal. Entretanto, tem a opção de expor ao

superior hierárquico as deficiências e limitações que possam impedi-lo de cumprir

diligentemente suas obrigações. (Acórdão 2.917/2010 – Plenário)

Cabe então ao fiscal, buscar capacitação, para atender os requisitos desejados, e cabe

a Administração fornecer os meios e condições para o melhor desempenho da função.

2.4 PROCEDIMENTOS DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

Como mencionado anteriormente nesse trabalho, a fiscalização administrativa deve

primar pelo cumprimento das obrigações sociais e trabalhistas. No Quadro 1, a seguir, são

apresentados os procedimentos que devem ser executados segundo a IN 05/2017.

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Quadro 1 - Procedimentos de Fiscalização Administrativa

Procedimentos Frequência

Solicitar relação dos empregados, contendo nome completo,

cargo ou função, horário do posto de trabalho, números da

carteira de identidade (RG) e da inscrição no Cadastro de

Pessoas Físicas (CPF), com indicação dos responsáveis

técnicos pela execução dos serviços

Primeiro mês do contrato

Elaborar planilha-resumo contendo informações sobre todos

os empregados terceirizados que prestam serviços no órgão

divididos por contrato, com os seguintes dados: nome

completo, número de inscrição no CPF, função exercida,

salário, adicionais, gratificações, benefícios recebidos, sua

especificação e quantidade (vale-transporte, auxílio-

alimentação), horário de trabalho, férias, licenças, faltas,

ocorrências e horas extras trabalhadas

Início do contrato, manter

atualizado

Solicitar e verificar a Carteira de Trabalho e Previdência

Social (CTPS) dos empregados admitidos, devidamente

assinada pela contratada

Primeiro mês e na contratação

de novos funcionários

Solicitar exames médicos admissionais dos empregados Primeiro mês e na contratação

de novos empregados

Solicitar comprovante de entrega de EPIs. Quando o serviço exigir

Consultar situação da empresa no SICAF Mensal

Solicitar Certidão Negativa de Débitos relativos a Créditos

Tributários Federais e à Dívida Ativa da União (CND)

Mensal, quando não for

possível consultar o SICAF

Solicitar certidões que comprovem a regularidade perante as

Fazendas Estadual, Distrital e Municipal do domicílio ou

sede do contratado

Mensal, quando não for

possível consultar o SICAF

Solicitar Certidão de Regularidade do FGTS (CRF) Mensal, quando não for

possível consultar o SICAF

Solicitar Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT) Mensal, quando não for

possível consultar o SICAF

Solicitar extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer

empregado

Amostragem

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Solicitar cópia da folha de pagamento analítica de qualquer

mês da prestação dos serviços

Amostragem

Solicitar cópia dos contracheques dos empregados relativos

a qualquer mês da prestação dos serviços ou, de depósitos

bancários

Amostragem

Solicitar comprovantes de entrega de benefícios

suplementares (vale-transporte, vale-alimentação, entre

outros), a que estiver obrigada por força de lei ou de

Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho, relativos a

qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer

empregado

Amostragem

Solicitar comprovantes de realização de eventuais cursos de

treinamento e reciclagem que forem exigidos por lei ou pelo

contrato

Quando necessário

Solicitar termos de rescisão dos contratos de trabalho dos

empregados prestadores de serviço

Na rescisão de contrato de

funcionários

Solicitar guias de recolhimento da contribuição

previdenciária e do FGTS

Na rescisão de contrato de

funcionários

Solicitar extratos dos depósitos efetuados nas contas

vinculadas individuais do FGTS

Na rescisão de contrato de

funcionários

Solicitar exames médicos demissionais dos empregados Na rescisão de contrato de

funcionários

Emitir relatório ao gestor sobre cumprimento das obrigações

sociais e trabalhista para recebimento provisório do serviço

Mensal

Evitar dar ordem direta aos terceirizados Diário

Não negociar folgas ou compensações com empregados Diário

Conferir se os empregados estão cumprindo a jornada de

trabalho

Amostragem, diário

Verificar se a empresa repassou a correção salarial na data

base prevista em CCT

Anual

Verificar se a empresa concedeu férias aos empregados Anual

Oficiar à Receita Federal do Brasil (RFB) Em caso de indício de

irregularidade no

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recolhimento de contribuições

previdenciárias.

Oficiar ao Ministério do Trabalho Em caso de indício de

irregularidade no

recolhimento do FGTS

Fonte: Elaboração Própria baseada na IN 05/2017

2.5 ESOCIAL: UMA FERRAMENTA OU UM PROBLEMA

O avanço tecnológico e de sistemas de informação tornou a comunicação mais ágil,

transformando de forma dinâmica as relações sociais e o mundo dos negócios, para Zanin et

al (2017, p. 191) as “ideias rapidamente migram por continentes e países, negócios se

multiplicam, parcerias são feitas, blocos econômicos são formados” graças as novas

tecnologias.

Da mesma forma que a tecnologia propicia o desenvolvimento das empresas,

também permite ao Estado avançar em sua forma de se comunicar e relacionar com seus

cidadãos e empresas.

Numa sociedade em constante evolução, os entes governamentais também

acompanham essas mudanças e utilizando das ferramentas tecnológicas melhoram a

fiscalização de impostos, ampliam a arrecadação e se abastecem de informações para formular

políticas públicas.

Uma das ferramentas utilizadas para avançar nesses quesitos foi a implementação do

Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), implementado a partir de 2007, segundo o

portal eletrônico do sistema, “constitui-se em um avanço na informatização da relação entre o

fisco e o contribuinte”.

Os benefícios esperados dessa ferramenta é a redução de custos, eliminação do uso

de papel, simplificação das obrigações acessórias, uniformização das informações prestadas a

diversos órgão e entes federados, melhoria da qualidade e rapidez no acesso a informação,

combate a sonegação de impostos entre outros.

O SPED vem sendo implementado gradualmente em módulos como o de

Escrituração Fiscal Digital (EFD), que trata dos impostos e contribuições incidentes sobre o

consumo; Escrituração Contábil Fiscal (ECF) que trata dos impostos e contribuição sobre o

lucro; Escrituração Contábil Digital (ECD) que trata da escrituração contábil das empresas e

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entidades, estes já assimilados pelas empresas e também pela população como a Nota Fiscal

Eletrônica (NF-e) e Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e).

Faz parte também do SPED o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações

Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial), instituído pelo Decreto n° 8.373/2014, e tem

como objetivo unificar as informações relativas aos trabalhadores, como vínculos,

contribuições previdenciárias, folha de pagamento, comunicações de acidente de trabalho,

aviso prévio, escriturações fiscais e informações sobre o FGTS.

Também visa reduzir a burocracia para as empresas eliminando a redundância de

informações prestadas a diversos órgãos e viabilizará a garantia, para os trabalhadores, os

direitos previdenciários e trabalhistas.

Está previsto, dentro do sistema do eSocial, que serão extintas e os empregadores

passarão a comunicar ao Governo, de forma unificada, 15 obrigações:

GFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência

Social

CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados para controlar as

admissões e demissões de empregados sob o regime da CLT

RAIS - Relação Anual de Informações Sociais.

LRE - Livro de Registro de Empregados

CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho

CD - Comunicação de Dispensa

CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social

PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário

DIRF - Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte

DCTF - Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais

QHT – Quadro de Horário de Trabalho

MANAD – Manual Normativo de Arquivos Digitais

Folha de pagamento

GRF – Guia de Recolhimento do FGTS

GPS – Guia da Previdência Social

Desde sua instituição, em 2014, o eSocial vem tendo sua implantação plena

prorrogada por diversas vezes, devido a complexidade e quantidade das informações a serem

prestadas.

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O Comitê Gestor do eSocial elaborou um cronograma de implantação, dividido em

grupos, tomando como parâmetros as informações a serem prestadas, faturamento, porte e

outras características das organizações.

A mais recente alteração no cronograma de implantação foi estabelecida pela

Portaria 716 de 04 de julho de 2019 da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do

Ministério da Economia. A Figura 1 apresenta o cronograma com as alterações estabelecidas

por esta normativa.

Figura 1 - Cronograma de Implantação do eSocial

Fonte: Portal eSocial

Como pode ser notado no cronograma, algumas empresas iniciaram a implantação

em 2018 com previsão para estar plenamente implantando em 2020, enquanto para os órgãos

públicos, está previsto o início de implantação em janeiro de 2020, estando plenamente

implantado em julho de 2021.

As informações prestadas dentro do eSocial têm periodicidade distintas. Por

exemplo, as contratações de funcionários devem ser prestadas antes destes entrarem em

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atividade, informação de férias deve ser comunicada 30 dias antes do período de gozo e a

folha de pagamento deve ser informada mensal, ou seja, as empresas e entidades devem estar

estruturadas para prestar essa diversidade de informações.

As dificuldades de implantação são tanto para as empresas quanto para o governo

que precisa unificar as informações que são prestadas a diversos órgãos envolvidos, como a

Caixa Econômica Federal, que administra o FGTS, Receita Federal, Ministério da Economia e

suas secretarias, que incorporaram partes do antigo Ministério do Trabalho e Ministério da

Previdência Social, além dos órgãos de planejamento e de informações estatísticas das

relações de trabalho.

Para se adequar às exigências da escrituração digital, as empresas têm investido em

sistemas e controle de informações, especialmente com o eSocial, devido a complexidade das

informações a serem prestadas, pois atingem todas as organizações, quer sejam públicas ou

privadas, de todos os portes, até mesmo pessoas físicas ou produtores rurais que mantenham

empregados.

Alguns estudos têm demonstrado essas dificuldades de implantação como em Filipin

et al (2016), que apontam como principais desafios a mudança cultural das empresas nas

relações de trabalho, a necessidade de qualificação de pessoal para administrar essas

informações e as falhas nos programas que controlam esses dados, ou seja, com a tecnologia

da informação.

Também, Zanin et al (2017), apontam a necessidade de melhoria da informação

interna, melhor planejamento para cumprir a legislação trabalhista, influenciando nos

processos produtivos e administrativos.

A Revista Exame já apontava, em 2014, que o sucesso na adoção do eSocial, passa

pela sensibilização das lideranças, empresários e gestores, observação das não conformidades,

fazendo um diagnóstico trabalhista, tributário, tecnológico e de medicina/segurança do

trabalho, com definição das estratégias de ação para cada não conformidade encontrada.1

A complexidade do eSocial é de tal envergadura, que passados, seis anos de sua

instituição, o governo fala em redução das informações a serem prestadas e até mesmo na

extinção do sistema. Nessa linha, tramita no Congresso Nacional a Medida Provisória

881/2019, conhecida como MP da Liberdade Econômica, sendo incluído no relatório da

comissão que analisa o texto, um dispositivo que acaba com o eSocial.

1 Revista Exame. Be-a-ba do Sped Trabalhista: da grande empresa ao empregador doméstico, um sistema

completo e abrangente para reger os contratos de trabalho e dat mais transparência as relações entre as partes. N.

8, p. 90, out. 2014. 407226809/AONE?u=capes&sid=AONE&xid=5bd60cb9. Acesso em 12 jun. 2019

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Caso seja mantido o eSocial, este terá impacto na fiscalização de contratos, pois

vários documentos e procedimentos indicados na IN 05/2017 deixarão de existir.

Como elencado anteriormente, o eSocial substituirá, por exemplo, a GFIP, a CTPS, o

Livro de Registros de Empregados, Folha de Pagamento, as guias de recolhimento de INSS e

FGTS, até mesmo a necessidade de comunicar aos órgãos responsáveis, as irregularidades no

recolhimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias, tendo em vista, que tais

informações constarão no banco de dados desses órgãos.

Por outro lado, essas informações estando em forma digital, poderia ser criado um

Módulo de acesso aos fiscais de contrato, onde teriam todas as informações referentes às

empresas e empregados contratados em sua unidade, agilizando a verificação, praticamente

em tempo real, do cumprimento das obrigações sociais, trabalhistas e previdenciárias,

refletindo em ganhos para os empregados terceirizados, estando estes certos de que seus

direitos e garantias estão sendo cumpridas.

O uso dessa ferramenta, se implantada, possibilitará a redução de custos, pois a

fiscalização seria muita mais rápida e assertiva, podendo os fiscais e gestores focar nas

questões técnicas do contrato, ao invés de se perder em vários documentos, que nem sempre

traduzem a realidade das empresas prestadoras de serviços.

Apesar da complexidade do sistema de escrituração digital, que representa um

grande problema para todos os envolvidos na implantação, o eSocial pode vir a ser uma

ferramenta indispensável na execução da fiscalização administrativa de contratos.

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3 METODOLOGIA

Este capítulo compreende os procedimentos metodológicos da pesquisa e estão

divididos nas seções 3.1, onde é apresentada a caracterização e delimitação da pesquisa. Na

seção 3.2 são apresentados procedimentos de coleta e tratamento dos dados da pesquisa.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa pretendeu identificar os procedimentos adotados na fiscalização

administrativa dos contratos com dedicação exclusiva de mão de obra , com base na pesquisa,

elaborar um modelo uniformizado de atuação. Para que esse objetivo pudesse ser alcançado,

primeiramente foi necessário levantar quais são esses procedimentos adotados e compará-los

com a legislação vigente.

Posteriormente foram analisados os fatores que influenciam na adoção desses

procedimentos e os obstáculos para a eficiência da fiscalização.

Esta pesquisa pode ser classificada como descritiva, pois segundo Gil (2008) esse

tipo de pesquisa tem “como objetivo primordial a descrição das características de determinada

população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis” e são as pesquisas

“que tem por objetivo levantar atitudes, opiniões e crenças de uma população”.

3.1.1 Delimitação da Pesquisa

Para que a pesquisa tivesse uma amostragem dos procedimentos adotados pelos

fiscais, o público alvo foi os servidores dos treze câmpus da IFES pesquisada, nomeados

como fiscais administrativos ou mesmo não nomeados, mas que exerçam essa atividade.

Para identificar os participantes da pesquisa, foram levantados os contratos ativos da

IFES, que tenham como objeto a contratação de serviços terceirizados com dedicação

exclusiva de mão de obra e os fiscais responsáveis de cada contrato.

Foi informado pela Diretoria de Serviços Gerais da instituição que, no mês de

fevereiro de 2019, havia 41 contratos ativos de serviços terceirizados com dedicação

exclusiva de mão de obra.

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Em consulta ao site da instituição foi verificada a nomeação de 24 fiscais

administrativos e substitutos para os contratos, para um erro amostral de 8%, com nível de

confiança de 90%, a amostra final mínima a ser investigada é de 20 fiscais.

Segundo Santos (2018), erro amostral é “a diferença entre o valor estimado pela

pesquisa e o verdadeiro valor”, e o nível de confiança é “a probabilidade de que o erro

amostral efetivo seja menor do que o erro amostral admitido pela pesquisa.”

Para o cálculo de amostra foi utilizada a seguinte equação:

(1)

Figura 2 - Fórmula para cálculo da amostra

Fonte: Santos (2018)

Onde:

n - amostra calculada

N - população

Z - variável normal padronizada associada ao nível de confiança

p - verdadeira probabilidade do evento

e - erro amostral

3.2 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS

Após a submissão e aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa com

Seres Humanos, os servidores selecionados para participar da pesquisa foram convidados e

receberam por e-mail uma apresentação do objetivo e importância da pesquisa, o link para

responder ao questionário eletrônico, e em anexo, podendo ser impresso, caso o participante

desejasse, o questionário no formato Word, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(APÊNDICE A), Termo de Compromisso e de Confidencialidade de Dados (APÊNDICE B).

Ao acessar o link, foi solicitado ao participante seu aceite eletrônico para participar

da pesquisa, que correspondeu a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Após o aceite o participante teve acesso ao questionário eletrônico, aplicado com o auxílio da

ferramenta Google Forms, composto por cinco partes (APÊNDICE C), sendo: 1 - Perfil sócio

demográfico do participante; 2 – Conhecimentos relacionados à área de fiscalização de

contrato; 3 – Atuação do Fiscal; 4 – Procedimentos operacionais, e 5 – Obstáculos no bom

desempenho para a fiscalização de contratos. O Quadro 2 apresenta a relação entre os

objetivos específicos e questionário da pesquisa.

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Quadro 2 - Relação entre objetivos específicos e o questionário da pesquisa

Objetivos Específicos Questionário

Caracterizar o processo de fiscalização

administrativa dos contratos

Procedimentos Operacionais – verificar os

documentos solicitados e periodicidade.

Identificar os obstáculos ao bom desempenho

da fiscalização

Atuação do Fiscal – verificar se a forma e

objeto das contratações, a quantidade de

contratos que o fiscal atua, são obstáculos ao

desempenho de suas atribuições;

Obstáculos à fiscalização- possibilitar ao

participante descrever os obstáculos que

encontra no desempenho de suas atribuições.

Analisar os fatores envolvidos na fiscalização

de contratos

Procedimentos Operacionais – analisar a

percepção dos fiscais quanto ao Grau de

importância atribuída aos procedimentos,

para execução do contrato e garantia de

direitos dos trabalhadores terceirizados.

Perfil sócio demográfico – analisar a

similaridade de periodicidade do

procedimento e grau de importância

correlacionado com formação acadêmica,

tempo de atuação no serviço público e de

fiscal;

Conhecimentos relacionados à área de

fiscalização – analisar a similaridade de

periodicidade do procedimento e grau de

importância correlacionado com

treinamentos realizados e época dos

treinamentos;

Atuação do Fiscal – analisar a similaridade

de periodicidade e grau de importância

correlacionado com a quantidade de

contratos que o fiscal atua, forma e objeto do

contrato.

Fonte: Elaboração Própria

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3.2.1 Tratamento dos dados

A análise dos dados foi realizada utilizando o software estatístico SPSS versão 24.0.

Para a caracterização das informações, foi utilizada a estatística descritiva, por meio de

medidas de tendência central, como média e mediana e medidas de dispersão, como amplitude

e desvio padrão para as variáveis numéricas e por distribuição de frequências absoluta e

relativa para as variáveis categóricas.

A partir da estatística descritiva buscou-se agrupar as informações criando estratos

que permitiram identificar similaridade nos procedimentos adotados na fiscalização.

Posteriormente, foi aplicado o Teste Exato de Fisher, para determinar se existiam variáveis

que se associam aos procedimentos adotados pelos estratos.

O Teste Exato de Fisher é utilizado para testar hipóteses de associação entre duas

variáveis, medindo o nível de significância entre elas, sendo indicado quando a amostra é

pequena.

O teste foi aplicado associando os procedimentos adotados pelos fiscais com as

seguintes variáveis:

Quadro 3 - Variáveis associadas aos procedimentos de fiscalização

Parte do Questionário Variáveis Justificativa

Perfil Sócio Demográfico Função na Instituição Verificar se o cargo ocupado

influência na adoção dos

procedimentos

Perfil Sócio Demográfico Tempo de atuação no serviço

público

Devido a amplitude entre o

fiscal de menor tempo no

serviço público e o de maior

tempo, foram divididos em

dois grupos, um com até

cinco anos de trabalho e

outro com mais de cinco

anos, para testar se a

experiência no trabalho

associa aos procedimentos.

Perfil Sócio Demográfico Tempo de atuação como

fiscal de contrato

Foram divididos em dois

grupos, sendo o primeiro

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grupo com até dois anos de

fiscal e outro com mais de

dois anos, testando se a

experiência na função,

associa aos procedimentos.

Conhecimentos relacionados

à área de fiscalização de

contrato

Participação em treinamentos Verificar se a capacitação

realizada associa a adoção

dos procedimentos.

Atuação do Fiscal Quantidade de contratos de

atuação

Foram divididos em dois

grupos, um grupo que atua

em até dois contratos e outro

em mais de dois contratos,

testando se a carga de

trabalho se associa a adoção

dos procedimentos.

Atuação do Fiscal Quantidade de funcionários

alocados nos contratos

Dividido em dois grupos, um

com até 25 funcionários e

outro com mais de 25

funcionários, testando se a

quantidade de documentos

individualizados por

funcionário se associa aos

procedimentos adotados.

Atuação do Fiscal Participação na elaboração

do Termo de Referência

Testar se o conhecimento

prévio das condições

contratuais associa a adoção

dos procedimentos.

Atuação do Fiscal Uso de Manual de

Procedimentos

Testar se o uso de uma

ferramenta de processos

associa a adoção dos

procedimentos.

Fonte: Elaboração Própria

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45

Para fazer a associação foram elaboradas duas hipóteses: H₀ - Há associação entre o

procedimento com as variáveis elencadas; H₁ - Não há associação entre os procedimentos e as

variáveis elencadas.

Para aceitar a hipótese H₀ o nível de significância de p-valor será inferior a 0,05, caso

contrário, será considerada a hipótese nula H₁.

A investigação dos obstáculos para desempenho da função aconteceu por análise de

conteúdo.

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46

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesse capítulo, é apresentado um diagnóstico organizacional da IFES pesquisada, em

seguida, são apresentados e analisados os dados obtidos na pesquisa por meio da aplicação do

questionário.

Para melhor compreensão dos dados, o capítulo foi dividido nas seções: 4.1

Diagnóstico Organizacional, 4.2 Perfil Sócio Demográfico dos Fiscais Administrativos, 4.3

Conhecimentos de Fiscalização de Contratos, 4.4 Atuação do Fiscal, 4.5 Procedimentos de

Fiscalização e 4.6 Obstáculos à Fiscalização dos Contratos.

4.1 DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL

Os fiscais escolhidos para participarem da pesquisa são servidores de uma Instituição

Federal de Ensino Superior, com natureza jurídica de autarquia de regime especial, vinculada

ao Ministério da Educação e Cultura (MEC), localizada no Estado do Paraná, com câmpus em

treze cidades e tem autonomia didático-científica, disciplinar, administrativa, de gestão

financeira e patrimonial.

Segundo o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), a instituição oferta,

atualmente, 127 cursos regulares de graduação e pós-graduação, com quase 4.000 servidores

entre professores e técnico- administrativos distribuídos em treze câmpus.

Ainda, segundo o PDI, em sua filosofia institucional, a forma de gestão acadêmica e

administrativa adotada pela instituição possibilita que cada câmpus incorpore e mantenha os

princípios e valores historicamente estabelecidos e incentiva aos pesquisadores a buscarem

soluções para problemas práticos, com possibilidade de interferir, indiretamente, nas formas

de gestão e nas relações de trabalho.

A estrutura administrativa da IFES é formada pela Reitoria e suas assessorias, com

quatro Pró-Reitorias, Diretorias de Gestão e por treze Diretorias-Gerais dos câmpus. Para o

funcionamento organizacional, o orçamento é descentralizado, conforme parâmetros

qualitativos e quantitativos, com delegação na gestão e com significativa autonomia de cada

câmpus.

A estrutura administrativa de cada câmpus é formada pela Direção Geral e suas

assessorias, por Coordenadorias (Recursos Humanos; Gestão de Tecnologia da Informação) e

Diretorias de Área (Graduação e Educação Profissional; Pesquisa e Pós-graduação; Relações

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Empresariais e Comunitárias; Diretoria de Planejamento e Administração). As Diretorias de

Áreas por sua vez, são compostas de departamentos e divisões.

As Diretorias de Área estão subordinadas a Diretoria Geral do câmpus, entretanto,

também seguem as instruções e normativas elaborados pelas Pró Reitorias, dessa maneira, os

departamentos devem seguir os mesmos procedimentos.

Para melhor entendimento da estrutura hierárquica, a Figura 3 apresenta de forma

sintética o Organograma da IFES:

Figura 3 - Organograma da IFES

Fonte: Elaborado pelo autor baseado no PDI da IFES

As contratações de serviços terceirizados são realizadas pela Diretoria de

Planejamento e Administração, por meio do Departamento de Materiais e Patrimônio

(DEMAP). As contratações têm origem nas demandas de serviço levantadas pelo

Departamento de Serviços Gerais (DESEG), cabendo a esse departamento o acompanhamento

e a fiscalização dos contratos.

Os serviços terceirizados com dedicação exclusiva de mão de obra, normalmente,

estão sob a fiscalização e acompanhamento do DESEG, mas cabe enfatizar, que não estão

Reitoria

Diretoria Geral - Câmpus

Diretorias de área e

Coordenaorias

Diretoria de Planejamento e Administração

DEMAP

DESEG

DEOFI

Pró reitorias Diretorias de

Gestão

Assessorias

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subordinados a este departamento, em atendimento aos normativos legais que vedam a ordem

direta de servidores aos funcionários das empresas terceirizadas.

No ano de 2018, a Auditoria Interna realizou procedimento de avaliação na

fiscalização de contratos com dedicação exclusiva de mão de obra. Em uma de suas

recomendações, sugeriu que a fiscalização administrativa fosse realizada pelos servidores

lotados no Departamento de Orçamento, Finanças e Contabilidade (DEOFI) de cada câmpus

ou por um contador, devida a sua estreita relação com os procedimentos de verificação

documental.

Apesar da descentralização administrativa, dos aspectos regional e histórico de cada

câmpus, das características de cada contrato, ou de qual departamento a fiscalização

administrativa dos contratos esteja alocada, ela deve ser uniforme, para segurança tanto da

instituição quanto dos fiscais.

4.2 PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO DOS FISCAIS ADMINISTRATIVOS

Foram enviados 24 questionários aos fiscais administrativos, retornaram 18

participantes representando 75% dos fiscais e com participação de todos os Câmpus da IFES.

O questionário, nesse módulo, buscou traçar o perfil dos participantes, sendo que dos

fiscais que responderam ao questionário, 14 são do sexo masculino representando 77,8% e 4,

representando 22,2%, são do sexo feminino, com idade variando de 28 a 62 anos, sendo a

mediana das idades 36,5 anos.

Dentro do perfil dos participantes, também se buscou averiguar qual o seu cargo na

instituição, uma vez que não há na Administração Pública o cargo de Fiscal de Contrato,

função que pode ser atribuída a qualquer servidor público, bastando para isso ser nomeado.

A Tabela 1 demonstra o cargo ocupado pelos respondentes, sendo que 11 são

Assistentes em Administração e 07 são Contadores.

Tabela 1 - Cargo na Instituição

Cargo Frequência Porcentual

Assistente em Administração 11 61,1

Contador 7 38,9

Total 18 100,0

Fonte: Dados da pesquisa

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O Plano de Carreira dos Cargos Técnicos-Administrativos em Educação (PCCTAE)

instituído pela Lei n⁰ 11.091/2005, classifica as funções dos Técnico-administrativos em cinco

níveis, representados pelas letras A, B, C, D e E.

Essa classificação é utilizada tanto para exigência de escolaridade, definição de

atribuições como a remuneração dos servidores, aumentando as exigências e remuneração,

quanto maior a letra.

Os Assistentes em Administração são classificados como nível D, sendo exigido

como formação o ensino médio ou médio profissionalizante e têm como atribuições, definidas

pela IFES:

“Executar serviços de apoio nas áreas de recursos humanos, administração, finanças

e logística; atender usuários, fornecendo e recebendo informações; tratar de

documentos variados, cumprindo todo o procedimento necessário referente aos

mesmos; preparar relatórios e planilhas; executar serviços administrativos”.

Para o cargo de Contador é exigido formação Superior em Ciências Contábeis e é

classificado como nível E, sendo suas atribuições, definidas pela IFES:

“Administrar os tributos; registrar atos e fatos contábeis; controlar o ativo

permanente; gerenciar custos; preparar obrigações acessórias, tais como: declarações

acessórias ao fisco, órgãos competentes e contribuintes e administrar o registro dos

livros nos órgãos apropriados; elaborar demonstrações contábeis; prestar consultoria

e informações gerenciais; realizar auditoria interna e externa; atender solicitações de

órgãos fiscalizadores e realizar perícia”.

Pelas atribuições de cargo pode-se verificar que a fiscalização de contratos não é

atribuição específica de um cargo ou outro, e sim, depende, da vontade discricionária da

autoridade competente da Instituição.

A Auditoria Interna da Instituição, quando do procedimento de auditoria nos

contratos terceirizados, recomendou que a fiscalização administrativa dos contratos fosse

executada por um contador, o que não ocorre na maioria dos casos.

Como será visto mais a frente neste trabalho, nos casos onde não foi possível seguir

essa recomendação, pelos câmpus, não se mostrou relevante na execução dos procedimentos

de fiscalização.

Para atuar como fiscal de contrato não é necessária uma formação acadêmica

específica, mas é recomendado, que o servidor conheça o objeto do contrato, e no caso do

Fiscal Administrativo que tenha conhecimentos de Recursos Humanos, Legislação

Trabalhista e Previdenciária.

Os participantes da pesquisa, apesar de seus cargos exigirem escolaridade em nível

médio para o Assistente em Administração e escolaridade em nível superior para o cargo de

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Contador, ao analisar o Gráfico 1, constata-se que 83% dos participantes da pesquisa tem

especialização ou mestrado.

Gráfico 1 - Grau de Escolaridade

Fonte: Dados da pesquisa

Ao aprofundar na análise de escolaridade e fazer o cruzamento entre o cargo ocupado

e o nível de escolaridade, demonstrado na Tabela 2, tem-se que somente um pesquisado tem

nível escolar igual ao exigido para o cargo, dessa maneira, em 94% dos casos a escolaridade é

superior ao exigido.

Pode-se inferir que os pesquisados têm buscado o desenvolvimento pessoal, que

para Chiavenato (2014, p. 351), melhora a capacidade de compreender e interpretar o

conhecimento.

Tabela 2 - Função na Instituição * Grau de Escolaridade

Escolaridade

Cargo Médio Superior Especialização Mestrado Total

Assistente em Administração 1 2 5 3 11

Contador 0 0 4 3 7

Total 1 2 9 6 18

Fonte: Dados da pesquisa

Ao realizar o cruzamento da informação dos seis portadores de título de mestres com

o gênero dos participantes, verifica-se que a proporção é igual para ambos os gêneros.

Se nos cargos houve uma concentração entre os dois cargos, já a formação

acadêmica é bem diversificada, como demonstrado na Tabela 3.

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Há uma concentração maior dos formados nos Cursos de Ciências Contábeis e

Administração, mas com boa diversidade, em outras áreas, que também contribui, para a troca

de experiências entre os fiscais.

Tabela 3 - Formação Acadêmica

Frequência Porcentual

Ensino Médio 1 5,6

Administração 4 22,2

Ciências Biológicas 1 5,6

Ciências Contábeis 7 38,9

Direito 2 11,1

Gestão Ambiental 1 5,6

Matemática 1 5,6

Turismo 1 5,6

Total 18 100,0

Fonte: Dados da pesquisa.

Quando questionados sobre o tempo que estão no serviço público, a amplitude foi de

23 anos entre o menor tempo de serviço e o mais antigo, sendo a mediana de nove anos.

Da mesma maneira que na formação acadêmica e no tempo de serviço, ao serem

questionados sobre a atividade anterior ao serviço público, o grupo se apresentou, igualmente,

heterogêneo.

Tabela 4 - Atividade anterior ao serviço público na Instituição

Atividade Frequência Porcentual

Administrativo 1 5,6

Administrativo no ensino a distância (UAB) 1 5,6

Bancário e Empresário 1 5,6

Chapeiro 1 5,6

Contador 1 5,6

Diretor de Planejamento do IPPUL - LONDRINA 1 5,6

Empresário 1 5,6

Encarregada recursos humanos 1 5,6

Estagiário 1 5,6

Nenhuma 2 11,1

Professor 2 11,1

Representante Comercial 1 5,6

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Fonte: Dados da pesquisa.

Quando perguntados sobre o tempo que estão lotados no departamento a amplitude é

igual ao tempo de serviço público, de 23 anos, sendo o mais novo com um ano no

departamento e o mais antigo com 24 anos, no entanto, a mediana de tempo no departamento

é de cinco anos, sendo que 66,7% estão lotados no departamento há cinco anos ou menos.

Entretanto, ao questionar há quanto tempo atua como fiscal de contrato o tempo varia

de dois meses a cinco anos, sendo que 50% dos respondentes atuam como fiscal em período

igual ou menor que dois anos, sendo ainda que, quase 40% atua como fiscal há um ano ou

menos.

Tabela 5 - Tempo de atuação como fiscal de contrato de serviços terceirizados

Meses Frequência Porcentual Porcentagem

acumulativa

2 1 5,6 5,6

3 1 5,6 11,1

5 1 5,6 16,7

6 1 5,6 22,2

12 3 16,7 38,9

18 1 5,6 44,4

24 1 5,6 50,0

30 1 5,6 55,6

36 4 22,2 77,8

48 1 5,6 83,3

60 3 16,7 100,0

Total 18 100,0

Fonte: Dados da pesquisa

O perfil dos Fiscais Administrativos que responderam à pesquisa, pode ser resumido

da seguinte forma: a maioria são homens, com mediana das idades de 36,5 anos, que tem

cargo de Assistente em Administração ou Contador, na grande maioria com grau de

Servidor comissionado do TJPR 1 5,6

Teleatendimento 1 5,6

Turismo 1 5,6

UFPR 1 5,6

Total 18 100,0

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escolaridade superior ao exigido para o cargo, com formação acadêmica e atividade anterior

ao serviço público bem diversificada, tendo trabalhado no serviço público na mediana de

nove anos, no departamento atual a mediana de cinco anos, no entanto, a metade tem atuado

como fiscal por no máximo há dois anos.

4.3 CONHECIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS

O questionário nesse módulo buscou verificar a capacitação dos pesquisados quanto

a Fiscalização de Contratos, segundo Vieira et al. (2015, p. 330), a capacitação dos servidores

envolvidos é cada dia mais necessária devendo estar interligada aos príncipios constitucionais

da legalidade e principalmente da eficiência.

Ao respoderem a pergunta, se participou de treinamentos relacionados à fiscalização

de contratos nos últimos dois anos, 50% responderam que sim, tendo participado de cursos

presenciais 17%, à distância 22% e em cursos presenciais e à distância 11%. No entanto, ao

serem indagados em quantos treinamentos participaram no ano de 2018, três participantes

responderam que fizeram um curso e outros três participantes responderam que fizeram dois

cursos.

O ano de 2018 foi tomado como marco temporal para verificar a quantidade de

cursos que o fiscal participou, devido as alterações promovidas pela IN 05/2017 e a Reforma

Trabalhista que entraram em vigor no final do ano de 2017. Tomando esse marco temporal,

chama atenção o fato de 66,7% dos fiscais não terem participado de nenhum treinamento.

Para Chiavenato (2014, p. 317):

“O treinamento das pessoas na organização deve ser uma atividade contínua,

constante e ininterrupta. Mesmo quando as pessoas apresentam excelente

desempenho, alguma melhoria das suas habilidades e competências sempre deve ser

introduzida ou incentivada. A base principal para os programas de melhoria contínua

é a constante capacitação das pessoas para patamares cada vez mais elevados de

desempenho. E o treinamento funciona como o principal catalisador dessa

mudança.” (CHIAVENATO, 2014, p. 317)

Ao serem questionados se têm conhecimento sobre as novas obrigações para as

empresas quando for implantado o eSocial, 17 participantes responderam não ter

conhecimento, correspondendo a mais 94% dos respondentes.

O eSocial como dito, anteriormente, está mudando a forma de como as empresas se

comunicam com o fisco em relação aos seus empregados, impactando diretamente na atuação

do Fiscal Administrativo, tendo em vista, que sua atuação no contrato, visa a verificação se as

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empresas estão cumprindo o contrato quanto ao cumprimento das obrigações sociais,

previdenciárias e trabalhista.

Com as constantes alterações na legislação, é essencial que o fiscal esteja sempre se

atualizando, quer por meios próprios ou solicitando à gestão da entidade. Segundo Pércio,

(2015, p. 213) é imprescindível que a alta gestão dos órgãos públicos mantenham seus agentes

em constante atualização e aperfeiçoamento.

Da mesma maneira, o Tribunal de Contas da União vem recomendando à alta gestão

dos órgãos que “providencie o adequado treinamento dos fiscais para o regular exercício do

acompanhamento e fiscalização da execução dos contratos” (Acórdão 478/2006-TCU) e

“promova cursos de capacitação para os servidores que atuam na área de licitações e

contratos” (Acórdão 1.159/2013-TCU).

4.4 ATUAÇÃO DO FISCAL ADMINISTRATIVO DE CONTRATO

Nesse módulo do questionário buscou-se identificar as condições de trabalho do

Fiscal Administrativo.

Ao serem questionados se, nos contratos onde atuam, as funções são segregadas

entre Gestor, Fiscal Técnico e Fiscal Administrativo, 89% dos pesquisados responderam

positivamente a essa afirmação, dando aderência ao preconizado pela IN 05/2017 que

estabelece que o órgão deve observar o princípio da segregação de funções.

No entanto, ao serem questionados sobre quem atesta as notas fiscais, 55%

responderam que é o Gestor do Contrato, e os demais, as respostas são distribuídas entre o

Gestor, Fiscal Técnico e Fiscal Administrativo, conforme demonstrado na Tabela 6.

Tabela 6 – Ateste de Notas Fiscais

Quem atesta? Frequência Porcentual

Fiscal Técnico 2 11,1

Fiscal Técnico, Fiscal Administrativo 1 5,6

Gestor 10 55,6

Gestor, Fiscal Administrativo 1 5,6

Gestor, Fiscal Técnico 1 5,6

Gestor, Fiscal Técnico, Fiscal Administrativo 3 16,7

Total 18 100,0

Fonte: Dados da pesquisa

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55

O ateste da nota fiscal equivale ao recebimento definitivo do serviço. Para Santana e

Camarão (2015, p. 189) é realizado “com a devida constatação pelo gestor de que o objeto se

encontra livre de vícios e de completo acordo com as especificações contratuais, sendo

elemento imprescindível para o ato de liquidação de despesa”.

O ateste deve ser executado pelo Gestor do Contrato conforme o Art. 50 da IN

05/2017, que o fará baseado em relatórios circunstanciados, emitidos durante o recebimento

provisório do serviço pelo Fiscal Técnico, Fiscal Administrativo, Fiscal Setorial ou equipe de

Fiscalização.

4.4.1 Influências no desempenho da fiscalização de contrato

Para Pércio (2015, p. 201) não é eficiente designar um mesmo fiscal para vários

contratos que não permita a correta fiscalização, pois dessa maneira, poderá haver o mero

atendimento formal de nomear o fiscal. Os pesquisados, ao responderem em quantos contratos

atuam como fiscal administrativo, 33% responderam que atuam em apenas um contrato, 11%

que atuam em dois contratos, 22% atuam em três contratos, no entanto, 22% responderem que

atuam em mais de cinco contratos.

Entre os que responderam ao questionário, 28% além de atuarem como Fiscal

Administrativo, ainda são Fiscais Técnicos ou Gestor em outros contratos.

O número de contratos em que o fiscal atua pode ser um fator prejudicial a eficiência

da fiscalização como apontado pela literatura, entretanto, outro fator que também influencia

no desempenho da fiscalização está relacionado a quantidade de funcionários alocados nesses

contratos, pois alguns dos documentos solicitados no processo de fiscalização de contratos

com dedicação exclusiva de mão de obra são individualizados por funcionário, como por

exemplo a verificação do extrato do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e da

Contribuição Previdenciária.

Ao verificar a quantidade de funcionários alocados nos contratos 41% dos fiscais têm

até dez funcionários para serem fiscalizados, no entanto, há contratos que têm mais de

sessenta funcionários, como demonstrado na Tabela 7.

Tabela 7 – Funcionários Alocados nos Contratos

Funcionários Frequência Porcentagem Porcentagem

acumulativa

2 3 17,6 17,6

3 1 5,9 23,5

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56

4 1 5,9 29,4

8 1 5,9 35,3

9 1 5,9 41,2

20 1 5,9 47,1

24 1 5,9 52,9

32 1 5,9 58,8

33 1 5,9 64,7

36 1 5,9 70,6

40 2 11,8 82,4

45 1 5,9 88,2

52 1 5,9 94,1

61 1 5,9 100,0

Fonte: Dados da pesquisa

Outro fator que pode influenciar no desempenho da fiscalização de contratos é o

conhecimento do objeto. Os fiscais que responderam à pesquisa, atuam em contratos com

vários objetos, como limpeza, vigilância, manutenção, portaria, transporte, assistência a

discentes com necessidades especiais entre outros.

Para o Fiscal Administrativo o conhecimento sobre os objetos dos contratos, torna-se

importante, pois determinará a qual Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) o funcionário

está vinculado, qual a data base de correção salarial, qual a remuneração da função, quais

benefícios a que tem direito, requisitos de segurança de trabalho e quais cursos ou

treinamentos devem ter sido realizados.

Os fiscais devem ter ciência dos tipos de objeto a serem executados, mesmo antes do

processo de contratação. A Instrução Normativa 05/2017 inovou ao tornar obrigatório na fase

de Planejamento das contratações de serviços, a elaboração de estudos preliminares e

mapeamento dos riscos das contratações, além do Termo de Referência ou Projeto Básico.

Ao tratar da equipe de Planejamento da Contratação, a Instrução Normativa

considera que a equipe será formada por servidores que reúnem as competências necessárias

para o planejamento, o que inclui conhecimentos sobre os aspectos técnicos e de uso do

objeto, licitações e contratos.

Entre os indicados para compor essa equipe, a IN 05/2017 diz que também será

composta por aquele “a quem será confiada a fiscalização dos serviços, o qual poderá

participar de todas as etapas do planejamento da contratação”.

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Os participantes da pesquisa ao serem questionados se participaram da elaboração do

Termo de Referência dos contratos em que atuam, 27,8% responderam que participaram e

72,2% não participaram.

O Termo de Referência é o documento que consta o objeto, a fundamentação da

contratação, os requisitos, o modelo de execução e gestão do contrato, critérios de medição e

pagamento, a forma e critérios de seleção dos fornecedores. É um dos principais documentos

que norteará a fiscalização do contrato.

Para Vieira et al (2015, p. 157) o Termo de Referência serve de subsídio para a

elaboração do Edital e do Contrato, e define o “procedimento de fiscalização e de

gerenciamento do contrato”, por isso a importância da participação do fiscal na elaboração do

Termo “evitando, assim, falhas que só seriam percebidas posteriormente, quando da execução

do contrato”.

Um fator que pode colaborar na prevenção de falhas na fiscalização de contratos é a

utilização de ferramentas de consulta e apoio como manuais de procedimentos ou check list,

Por mais que os procedimentos da Fiscalização Administrativa do contrato estejam definidos

na legislação e no Termo de Referência, que obrigatoriamente devem ser seguidos, os

manuais trazem a vantagem do detalhamento dos procedimentos.

Pacheco Jr e Mendes (2015) pontuam que a elaboração e adoção de manuais trazem

também como vantagem o fato de serem uma fonte constante de informações, facilitam a

execução de procedimentos, reduz contradições e é um intrumento de treinamentos nas

instituições.

Os participantes da pesquisa ao serem questionados se utilizam de algum Manual de

Procedimento para fiscalizar os contratos, 61% responderam afirmativamente, os demais,

39% não utilizam de nenhum manual.

Aos que responderam afirmativamente, foi questionado, quem elaborou o Manual de

Procedimento ou check list, obteve-se as respostas elencadas no Tabela 8.

Tabela 8 - Elaboração do Manual de Procedimento

Frequência Porcentual

Universidade 6 33,3

Departamento 3 16,7

Fiscal 2 11,1

Não há 7 38,9

Total 18 100,0

Fonte: Dados da pesquisa

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Como demonstrado pela Tabela 8, apesar de boa parte utilizar de alguma ferramenta,

ela não é padronizada, pois as respostas obtidas divergem sobre o autor da ferramenta, da

mesma forma não há divulgação das ferramentas considerando que 39% não fazem uso de

nenhum manual.

A falta de padronização de procedimentos também pode ser apurada quando se

pergunta aos participantes, se no caso de falta ou divergência nos documentos enviados pela

empresa, quem realiza o contato com ela. As respostas foram diversas, em alguns casos, quem

faz o contato, é o gestor, em outros, o fiscal administrativo, em outros, o fiscal técnico, em

outros, casos o gestor em conjunto com os fiscais.

A mesma falta de padronização pode-se inferir ao verificar quanto aos meios que os

fiscais administrativos recorrem para sanar dúvidas quanto aos procedimentos a serem

adotados: chefia, manual de procedimentos, consulta com outros fiscais, pesquisa na internet

entre outras.

Santana e Camarão (2015) dizem que a gestão documental cabe ao gestor do

contrato, que deve observar os documentos que devem ser exigidos desde o início do contrato

e referenciando Pereira Junior e Dotti (2011), que dizem que o gestor “é a autoridade superior

à que o fiscal remeterá às decisões e providências que ultrapassam a sua competência”.

Diante da complexidade da legislação, dos procedimentos de fiscalização que

obrigatoriamente devem ser realizados, a necessidade de suprir os fiscais que não utilizam

nenhum ferramenta de procedimentos, torna-se de grande importância a elaboração de

manuais padronizados que venham a contribuir com a eficiência da Fiscalização

Administrativa dos contratos.

4.5 PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO

Nesta seção do questionário buscou-se verificar os procedimentos realizados pelos

fiscais administrativos ou documentos solicitados com base na IN 05/2017 elencados na seção

2.4 deste trabalho.

A IN 05/2017 elenca a frequência em que os procedimentos devam ser realizados ou

quais documentos devem ser solicitados. Alguns são solicitados no início do contrato, como a

verificação das informações registradas na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS),

ou a verificação, com base nos exames de saúde admissionais, se os funcionários, estão aptos

para exercer a função.

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Também elenca os procedimentos que devem ser realizados mensalmente, como por

exemplo, pagamento dos salários, entrega de benefícios como vale transporte e alimentação, e

a regularidade fiscal e previdenciária da empresa.

A conferência do cumprimento das obrigações previdenciárias e trabalhistas,

individualizada por funcionário, podem ser realizadas mensalmente de todos os funcionários

ou por amostragem, desde que, no período de doze meses, todos os funcionários tenham seus

dados conferidos.

Essa conferência pode ser realizada, solicitando à empresa, que apresente extrato de

da conta de FGTS e INSS, individualizado, dos empregados selecionados.

O Gráfico 3 apresenta como os respondentes realizam esses procedimentos, verifica-

se que os percentuais são bem distribuídos entre os fiscais que o fazem mensalmente e os que

realizam por amostragem. Entretanto, mesmo sendo exigido pelas normativas legais, um

percentual quase igual não realiza esse procedimento.

Gráfico 2 - Solicitação de Extratos de FGTS e INSS

Fonte: Dados da pesquisa.

A Instrução Normativa 05/2017 também prevê que alguns procedimentos devem ser

realizados na rescisão de contrato de funcionários e outros devem ser realizados

periodicamente ou a cada vez que ocorrem.

A Tabela 9 apresenta um rol de procedimentos e a periodicidade que é executado

pelos pesquisados.

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60

Tabela 9 - Periodicidade de Realização de Procedimentos

Periodicidade de realização do procedimento

Procedimentos Mensal

%

Esporádico

%

Não realiza

%

Mantém relação atualizada de funcionários com nome,

função, horário de trabalho, CPF e RG, salários e

benefícios

66,6 27,8 5,6

Mantém atualizado registro de ocorrências 83,3 16,7

Consulta a regularidade fiscal ou SICAF 72,2 27,8

Acompanha saldo de empenho dos contratos 77,8 11,1 11,1

Solicita comprovante de pagamento do INSS e FGTS do

mês anterior

77,8 11,1 11,1

Solicita cópia da GFIP (completa com RE) 88,9 11,1

Solicita cópia da Folha de Pagamento 88,9 11,1

Solicita cópia do contracheque 94,4 5,6

Solicita cópia do comprovante do depósito bancário dos

salários

94,4 5,6

Verifica se os valores informados na folha de

pagamento, RE, extratos de INSS e FGTS são

condizentes

77,8 22,2

Solicita comprovante de entrega de Vale Transporte e

Vale Alimentação

94,4 5,6

Solicita comprovante de eventuais cursos quando

exigido por lei ou contrato

16,7 66,7 16,7

Negocia com funcionários a compensação de horas ou

dias de trabalho

27,7 16,7 55,6

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao analisar a Tabela 9, verifica-se, que a maioria dos pesquisados realizam os

procedimentos mensalmente, em que pese, que alguns procedimentos não ocorrem todo mês,

alguns fiscais responderam que não executam alguns procedimentos.

O acompanhamento administrativo do contrato é um fator de redução de riscos da

contratação, mas deve ser efetiva. De nada adianta o fiscal ter os documentos em mãos, se não

souber avalia-los.

Quando se pergunta aos fiscais se fazem a verificação dos valores informados na

folha de pagamento com outros documentos, 22,2% não realizam esse procedimento.

A análise da folha de pagamento é importante, pois é a base para se verificar os

valores devido aos funcionários, os descontos legais, além do valor líquido a ser depositado

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ou pago ao funcionário. Também consta nesse documento o demonstrativo dos valores de

INSS e FGTS, que devem ser condizentes com os valores informados na Relação de

Empregados (RE), documentos este, integrante da GFIP que é a Guia de Recolhimento de

FGTS e de Informações à Previdência Social, onde são prestadas as informações para os

órgãos governamentais de arrecadação e fiscalização.

Também ao analisar a Tabela 9, merece especial atenção, quando se pergunta, se o

fiscal negocia com funcionários a compensação de horas ou dias de trabalho, ainda que, a

maioria não faz essa negociação, uma parte realiza essa negociação mensal ou esporádica,

prática que pode ser caracterizada como poder de mando ou como subordinação do

empregado ao fiscal, que pode culminar com a responsabilização subsidiária da instituição

quanto aos encargos trabalhistas e previdenciários.

Os procedimentos de verificação das anotações na CTPS, como salário e alterações

posteriores, função e a Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) são realizados por 33,3%

dos que responderam à pesquisa, no momento da contratação dos funcionários, 33,3% quando

há alterações, 16,7% realizaram o procedimento no mês da pesquisa e 16,7% não realizam

esse procedimento.

De maneira parecida, a solicitação da comprovação da realização dos exames

admissionais e periódicos, são solicitados por 55,6% dos entrevistados, somente no momento

da contratação dos funcionários, 16,7% solicitam a comprovação na contratação e

anualmente, e 27,8% não solicitam nenhuma comprovação.

Os exames de saúde dos funcionários devem ser realizados na contratação dos

funcionários, periodicamente, com base no Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional (PCMSO) da empresa, e no momento da rescisão do contrato. Esses exames

visam avaliar o estado de saúde dos funcionários e orientá-los quanto aos fatores de risco a

que estão expostos pelo ambiente laboral, promovendo a preservação da saúde e prevenindo

doenças laborais.

Nas rescisões de contrato de funcionários, diversos documentos devem ser

solicitados, pois com o encerramento do vínculo empregatício, aumenta-se a possibilidade de

surgir contestações sobre o período em que o funcionário laborou.

A Tabela 10 apresenta os documentos a serem solicitados nas rescisões de contrato

de trabalho e o percentual dos pesquisados que solicitam cada documento. Todos os

documentos devem ser analisados, pois visam garantir que as verbas trabalhistas como

salários, férias e décimo terceiro salário, bem como, o recolhimento do FGTS e multa

rescisória, foram quitadas corretamente.

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Tabela 10 - Documentos de Rescisão de Contrato de Funcionários

Documento Percentual

Termo de Rescisão de Contrato 94,4

Comprovante de Pagamento 88,9

Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS (GRRF) 55,6

Demonstrativo do Trabalhador de Recolhimento FGTS

Rescisório

77,8

Extrato de FGTS 72,2

Exame Demissional 77,8

Fonte: Dados da pesquisa.

A análise desses documentos requer do fiscal conhecimentos da legislação

trabalhista, previdenciária e práticas de departamento pessoal, conhecimentos que nem

sempre fazem parte da formação do fiscal.

Ao analisar as tabelas desta seção, verifica-se que a maioria dos pesquisados

executam os procedimentos listados, no entanto, não uniformemente.

Como os procedimentos não estão sendo realizados de maneira uniforme por todos

os fiscais, buscou-se verificar se algumas variáveis estão associadas, de como os

procedimentos são realizados.

Dos procedimentos realizados, fez-se o estrato onde os participantes responderam

que o procedimento é realizado mensalmente, em percentual inferior a 80%.

Foi verificado se há alguma associação entre o fato do procedimento ser realizado

mensalmente, esporádico ou não ser realizado com as variáveis: cargo do fiscal na instituição,

tempo de serviço público, tempo de atuação como fiscal, se participou de treinamentos, se

participou da elaboração do Termo de Referência, número de contratos em que atua, número

de funcionários alocados nos contratos de atuação e se utilizam de algum Manual de

Procedimento.

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Tabela 11 - Nível de Significância do Teste Exato de Fisher

Variáveis

Procedimentos Cargo

( p-valor)

T_Serviço

(p-valor)

T_Fiscal

(p-valor)

Treinamentos

(p-valor)

Nº. Contratos

(p-valor)

Funcionários

(p-valor)

TR

(p-valor)

Manual

Procedimento

(p-valor)

Mantém relação atualizada de

funcionários com nome, função,

horário de trabalho, CPF e RG,

salários e benefícios

1 0,600 0,131 1 0,620 0,620 0,268 1

Consulta a regularidade fiscal ou

SICAF

1 0,615 1 0,294 1 0,294 1 0,326

Acompanha saldo de empenho dos

contratos

1 1 1 0,576 0,576 0,206 0,533 1

Solicita o extrato de conta do INSS e

FGTS

0,637 0,627 1 0,05 1 1 0,326 0,332

Solicita comprovante de pagamento

do INSS e FGTS do mês anterior

1 0,245 0,576 0,082 0,576 0,206 1 1

Verifica se os valores informados na

folha de pagamento, RE, extratos de

INSS e FGTS são condizentes

1 1 0,576 1 0,576 1 0,533 1

Solicita exame Admissional e

periódico

0,326

0,114 1 1 0,131 0,131 0,249 1

Solicita comprovante de eventuais

cursos quando exigido por lei ou

contrato

0,245 0,245 1 1 0,471 1 0,172 1

Negocia com funcionários a

compensação de horas ou dias de

trabalho

0,596 1 0,294 1 0,294 0,576 0,09 1

Nota: Cargo – Cargo ocupado pelo Fiscal na Instituição; T_Serviço – Tempo de Serviço Público do Fiscal; T_Fiscal – Tempo de atuação na função de fiscal de contrato;

Treinamentos – Participação em treinamentos relacionados a Fiscalização de Contratos; Nº. Contratos – Quantidade de contratos sob responsabilidade do fiscal; Funcionários –

Quantidade de funcionários alocados nos contratos; TR – Participação na elaboração do Termo de Referência; Manual de Procedimento – Uso pelo fiscal de algum tipo de Manual

de Procedimento ou Check List

Fonte: Dados da Pesquisa

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Nos valores apresentados na Tabela 11, nenhum p-valor apurado foi inferior a 0,05

de significância, demonstrando que nenhum dos procedimentos é dependente das variáveis,

ou seja, a adoção do procedimento ou a periodicidade de execução não estão relacionados

significativamente a essas variáveis.

Na pesquisa, também buscou-se observar a importância que os fiscais atribuem a

cada procedimento, que na sua percepção, promovem a boa execução do contrato e garantem

que os direitos trabalhistas e sociais dos terceirizados estão sendo cumpridos.

Foi solicitado que atribuíssem a cada procedimento um grau de importância variando

de 1 a 4, sendo 1 – não importante, 2 – pouco importante, 3 – importante e 4 – muito

importante.

O Gráfico 3 apresenta a valoração que os fiscais atribuem a cada procedimento. Da

visualização percebe-se, que na maioria, os procedimentos são considerados importante ou

muito importante.

O Teste de Fisher não demonstrou níveis de significância para execução dos

procedimentos, no entanto, a maioria os executa. A partir dessas constatações, pode-se inferir,

que devido ao normativo legal e ao grau de importância a que os fiscais atribuem aos

procedimentos, justifica-se o fato de adotarem, em sua maioria, os procedimentos elencados.

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Gráfico 3 - Grau de Importância dos Procedimentos

Fonte: Dados da Pesquisa

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Mantém relação atualizada de funcionários

Mantém atualizado registro de ocorrências

Consulta a regularidade fiscal ou SICAF

Acompanha saldo de empenho dos contratos

Solicita comprovante de pagamento do INSS e FGTS do mês anterior

Solicita cópia da GFIP (completa com RE)

Solicita cópia da Folha de Pagamento

Solicita cópia do contracheque

Solicita cópia do comprovante do depósito bancário dos salários

Verifica se os valores informados na folha de pagamento, RE, extratos de INSS…

Solicita comprovante de entrega de Vale Transporte e Vale Alimentação

Solicita comprovante de eventuais cursos quando exigido por lei ou contrato

Negocia com funcionários a compensação de horas ou dias de trabalho

Verifica as anotações de registro, salário, função e CBO na CTPS

Solicita exames admissionais e periódicos

Solicita o extrato de conta do INSS e FGTS

Documentos solicitados na rescisão de contrato

Não importante Pouco Importante Importante Muito Importante

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4.6 OBSTÁCULOS PARA A FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS

Como em qualquer atividade, sempre há as dificuldades para aqueles que as

executam, para o Fiscal Administrativo, isso não é diferente.

As dificuldades, já relatadas neste trabalho, são confirmadas pelas palavras dos

respondentes da pesquisa. Como falta de treinamentos e capacitações: “Falta de treinamento e

falta de informação” (R10); dificuldades impostas pela própria legislação ou burocracia:

“Legislação extensa e complexa” (R1), “Falta de apoio jurídico” (R15) e “tira o funcionário

de suas atividades rotineiras para ficar cuidando dos serviços de terceiros, e pior, por

imposição legal e sem qualificação técnica” (R7).

Acumulo de contratos em um mesmo servidor: “O acúmulo de número reduzido de

fiscais em vários contratos, o que justifica a falta de acompanhamento com mais atenção”

(R17) ou ainda “Excesso de trabalho, contratos concentrados em poucos servidores” (R3).

A falta de padronização é outro obstáculo apontado pelos participantes da pesquisa,

como dito pelo respondente de número nove (R9) “falta de padronização dos procedimentos

da Universidade, ausência de treinamentos e fontes de informação”.

Os obstáculos apontados podem ser muito bem resumidos na fala do respondente

número cinco (R5) “Melhorar a atualizações e capacitações. Outro fator importante é ser

fiscal e desempenhar outra função. O servidor que atua como fiscal perde muito tempo com a

documentação e pedidos ao fornecedor”.

Diante dessas dificuldades enfrentadas, o fiscal deve levá-las ao conhecimento do

Gestor do Contrato ou à alta gestão da instituição. Dessa maneira, estará agindo

preventivamente aos riscos decorrentes da atividade de fiscalização, preservando a instituição

e a si mesmo de futuros dissabores.

4.7 DIFICULDADES E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA

A amostra desejada era de no mínimo 20 participantes, no entanto, 18 fiscais

responderam ao questionário, deixando claro que a pesquisa contou com a participação de

todos os câmpus da IFES.

Em uma amostra maior, poderia ser aplicado outros testes estatísticos para

verificação de aderência entre as variáveis e os procedimentos adotados.

A pesquisa contribuiu para identificar o perfil do Fiscal Administrativo dos contratos

da IFES, os procedimentos adotados e a partir desses dados foi identificada a necessidade de

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de um manual de instrução para a fiscalização administrativa de contratos, dessa maneira, foi

elaborado uma proposta de manual.

A versão inicial do manual foi apresentada para três fiscais administrativos de

contratos, sendo um com cinco anos desempenhando a função, outro nomeado há um mês

para função e o último há seis meses.

Os fiscais apresentaram suas dúvidas e sugestões, que foram incorporadas ao Manual

Prático de Fiscalização Administrativa de Contratos, constante no Apêndice D deste trabalho.

Quando questionados se o manual poderia contribuir para o desempenho de suas

funções, responderam afirmativamente.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A terceirização de serviços está presente no dia a dia das organizações, quer sejam

públicas ou privadas. Cada vez mais as empresas e instituições buscam concentrar seus

esforços nas atividades para que foram constituídas, delegando às outras empresas

especializadas as atividades acessórias.

Com as recentes alterações liberalizantes da legislação e a flexibilização das relações

de trabalho, a terceirização tende a aumentar.

Flexibilização das relações de trabalho não é sinônimo de fragilização do trabalho.

Dessa maneira, emerge a necessidade das instituições públicas fiscalizarem seus contratos.

Cabe ao Fiscal Administrativo, acompanhar os Contratos Administrativos com

dedicação exclusiva de mão de obras nas questões relacionadas ao cumprimento, por parte das

empresas terceirizadas, das obrigações sociais, trabalhistas e previdenciárias.

Para bem desempenhar esta função, esse profissional, necessita de conhecimentos

multidisciplinar e de ferramentas que o auxiliem na execução dessa atividade.

Vale salientar que o Fiscal de Contratos, se não executar com zelo a fiscalização,

pode vir a ser responsabilizado pelas demandas trabalhistas e sociais advindas da contratação,

expondo-se a responder subsidiariamente com seus próprios bens.

Esse estudo buscou conhecer o Fiscal Administrativo de Contratos de uma

Instituição Federal de Ensino Superior multicâmpus, analisando a execução de sua atividade,

comparando se os procedimentos adotados têm aderência com a legislação vigente.

Buscou-se nessa pesquisa responder à pergunta quais os fatores envolvidos na

eficiência da fiscalização dos contratos de terceirização de mão de obra com dedicação

exclusiva?

Para responder a essa pergunta, foi realizado levantamento bibliográfico da

legislação pertinente, pesquisado quais documentos e procedimentos são exigidos pela

legislação, como os fiscais adotam esses procedimentos e qual o grau de importância que

atribuem a esses procedimentos.

Nos últimos dois anos foram várias as alterações na legislação trabalhista e nas

normativas que tratam da fiscalização de contratos. Pela pesquisa, infere-se que há uma

necessidade de oportunizar capacitação específica aos servidores envolvidos na fiscalização

de contratos.

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Nos procedimentos, verificou-se que os participantes, executam a maioria das

atividades exigidas pela legislação e atribuem um alto grau de importância aos documentos e

procedimentos, para garantia dos direitos trabalhistas e sociais dos empregados terceirizados.

Verificou-se também, que variáveis como formação acadêmica, idade, tempo de

serviço público, números de contratos de atuação e quantidade de funcionários alocados nos

contratos entre outras variáveis não tem representado relacionamento significante na execução

dos procedimentos de fiscalização.

Apesar de não estarem relacionados significativamente, questões como acúmulo de

contratos para o mesmo fiscal, falta de treinamentos e principalmente a falta de padronização

de processos tem se mostrado como obstáculos para a eficiência da fiscalização de contratos.

Também foi constatado que alguns fiscais já adotam alguma ferramenta para

fiscalização de contratos, mas não é uniforme em todos os câmpus da instituição, carecendo

de manuais de procedimentos ou outras ferramentas que agilizem e uniformize a execução da

atividade de fiscalização de contratos.

Recomenda-se, à IFES, que promova a capacitação dos fiscais com treinamentos

específicos voltados para as questões trabalhistas, sociais e previdenciárias, munindo os

fiscais de conhecimentos que melhorem o desenvolvimento das atividades de fiscalização,

para garantia dos direitos dos trabalhadores terceirizados. Dessa maneira, evitando riscos de

demandas judiciais, preservando a integridade da instituição e dos fiscais.

Também se recomenda que a IFES elabore manuais de procedimentos que

padronizem as atividades de Gestão e Fiscalização de Contratos, específicos para cada parte

da execução do contrato. Este trabalho apresenta uma proposta de manual prático de

fiscalização administrativa de contratos.

Por fim, para futuros estudos, sugere-se, após a adoção de manuais e procedimentos

padronizados, reaplicar a pesquisa na instituição e comparar os resultados, bem como aplicar

a pesquisa em outras IFES, podendo dessa maneira, manter constantemente atualizado os

procedimentos necessários para maior eficiência das fiscalização de contratos

administrativos..

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SANTANA, Jair Eduardo; CAMARÃO, Tatiana. Gestão e Fiscalização de Contratos

Administrativos. 1. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2015.

SANTOS, Glauber Eduardo de Oliveira. Cálculo amostral: calculadora on-line. Disponivel

em: <https://www.publicacoesdeturismo.com.br/calculoamostral/>. Acesso em: 30 dez 2018.

SCHERER, F. O.; CARLOMAGNO, M. S. Gestão da inovação na prática: como aplicar

conceitos e ferramentas para alavancar a inovação. São Paulo: Atlas, 2009.

SECRETARIA DE PREVIDÊNCIA. Portaria nº 716, de 4 de julho de 2019. Dispõe sobre o

cronograma de implantação do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais,

Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial). Brasília. 2019.

TORTELLO, Magdalena Echeverría. La Historia Inconclusa de La Subcontratación y el

Relato de los Trabajadores. Dirección del Trabajo. Santiago de Chile. 2010.

VIEIRA, Antonieta Pereira et al. Gestão de Contratos de Terceirização na Administração

Pública: teoria e prática. 6. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2015.

ZANIN, Antonio et al. Fatores dificultadores na fase pré-implantação do eSocial na

concepção de instituição comunitárias de ensino superior de Santa Cantarina. Revista Gestão

Universitária na América Latina - GUAL, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 189-209, maio

2017.

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APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Título da pesquisa: PROPOSTA DE UNIFORMIZAÇÃO DE FISCALIZAÇÃO

ADMINISTRATIVA DE SERVIÇOS CONTINUADOS COM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA

DE MÃO DE OBRA EM UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR (IFES)

Pesquisador: Ademilson Ferreira de Almeida, aluno do Mestrado Profissional em

Administração Pública em Rede Nacional – PROFIAP. Endereço : Rua Emílio de Menezes,

1275, Jardim América, Apucarana – Paraná – Brasil. CEP 86.807-360. Telefone : (43) 99108-

8501.

Orientador: Everton Coimbra de Araújo, Universidade Tecnológica Federal do Paraná –

UTFPR, Departamento de Computação, Avenida Brasil, 4232, Medianeira – Paraná – Brasil.

CEP 85884-000. Telefone : (45) 3240-8119. Local de realização da pesquisa: Formulário online, encaminhado por e-mail, aos servidores

fiscais de contratos dos 13 (treze) câmpus da UTFPR.

A) INFORMAÇÕES AO PARTICIPANTE

1. Apresentação da pesquisa.

O(a) senhor(a) está sendo convidado(a) a participar voluntariamente da pesquisa intitulada

“Proposta de Uniformização de Fiscalização Administrativa de Serviços Continuados com

Dedicação Exclusiva de Mão de Obra em uma Instituição Federal de Ensino Superior

(IFES)”.

A pesquisa consiste em investigar os procedimentos adotados na fiscalização administrativa

de contratos com dedicação exclusiva de mão de obra nos câmpus da Instituição de Ensino e

com base nos dados apurados será proposto um modelo de uniformização procedimental.

2. Objetivos da pesquisa.

A pesquisa busca verificar e analisar como cada fiscal procede na fiscalização administrativa

dos contratos, quais variáveis descritivas do fiscal se associam ao procedimental adotado e ao

final elaborar uma proposta de uniformização de procedimentos, possibilitando maior

agilidade e segurança no desempenho da função.

3. Participação na pesquisa.

Você está sendo convidado a participar espontaneamente desta pesquisa, ao aceitar participar:

a) Será solicitado seu aceite eletronicamente, o que corresponderá à assinatura do TCLE,

o qual poderá ser impresso se assim o desejar.

b) Será solicitado que preencha um questionário on-line com questões sobre os

procedimentos adotados na fiscalização de contratos e sua percepção quanto ao grau

de importância de cada procedimento para a execução do contrato e preservação dos

direitos dos trabalhadores terceirizados. O preenchimento deste questionário poderá

durar 15 (quinze) minutos.

4. Confidencialidade.

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Os dados obtidos na pesquisa serão extremamente confidenciais e somente serão utilizados

para o estudo. Para a publicação dos resultados não há a necessidade de divulgar nenhum

dado pessoal dos participantes.

Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador

responsável por um período de 5 (cinco) anos, e após esse tempo serão destruídos.

5. Desconfortos, Riscos e Benefícios.

5a) Desconfortos e/ou Riscos:

Os riscos decorrentes de sua participação são mínimos, pois podem decorrer de possível

constrangimento ao responder a alguma questão específica, assim, havendo desconforto, o

participante poderá desistir de sua participação em qualquer momento, sem prejuízo à sua

pessoa.

5b) Benefícios:

Os benefícios e vantagens em participar deste estudo são de forma indireta, pois a proposta de

uniformização a ser elaborada poderá contribuir na melhoria e segurança no desempenho de

sua função.

6. Critérios de inclusão e exclusão.

6a) Inclusão:

Ser fiscal administrativo em contratos com dedicação exclusiva de mão de obra, nos

câmpus da UTFPR.

6b) Exclusão:

Não se aplica

7. Direito de sair da pesquisa e a esclarecimentos durante o processo.

Você tem o direito de esclarecimentos em qualquer etapa da pesquisa. Você é livre para

participar, recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação a

qualquer momento.

A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer

penalidade.

Você pode preencher o campo a seguir, para receber o resultado desta pesquisa, caso seja de

seu interesse:

( ) quero receber os resultados da pesquisa (email para envio :___________________)

8. Ressarcimento e indenização.

Você não será remunerado ou ressarcido por sua participação. No entanto, caso ocorram

perdas ou danos comprovadamente decorrentes de sua participação na pesquisa, a

indenização está prevista na Resolução CNS 466/2012.

ESCLARECIMENTOS SOBRE O COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA:

O Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (CEP) é constituído por uma

equipe de profissionais com formação multidisciplinar que está trabalhando para assegurar o

respeito aos seus direitos como participante de pesquisa. Ele tem por objetivo avaliar se a

pesquisa foi planejada e se será executada de forma ética. Se você considerar que a pesquisa

não está sendo realizada da forma como você foi informado ou que você está sendo

prejudicado de alguma forma, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa

envolvendo Seres Humanos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (CEP/UTFPR).

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Endereço:Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Bairro Rebouças, CEP 80230-901,

Curitiba-PR, Telefone: (41) 3310-4494,e-mail: [email protected].

B) CONSENTIMENTO

Ao assinalar o aceite eletrônico, eu declaro ter conhecimento das informações contidas

neste documento e ter recebido respostas claras às minhas questões a propósito da minha

participação direta (ou indireta) na pesquisa e, adicionalmente, declaro ter compreendido o

objetivo, a natureza, os riscos, benefícios, ressarcimento e indenização relacionados a este

estudo.

Após reflexão e um tempo razoável, eu decidi, livre e voluntariamente, participar deste

estudo. Estou consciente que posso deixar o projeto a qualquer momento, sem nenhum

prejuízo.

Pesquisador: Ademilson Ferreira de Almeida

Eu declaro ter apresentado o estudo, explicado seus objetivos, natureza, riscos e

benefícios e ter respondido da melhor forma possível às questões formuladas.

Assinatura do Pesquisador: _______________________________ 01/03/2019.

Para todas as questões relativas ao estudo ou para se retirar do mesmo, favor entrar em

contato com Ademilson, via e-mail: [email protected] ou telefone (43) 99108-8501.

Contato do Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos para denúncia,

recurso ou reclamações do participante pesquisado:

Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos da Universidade Tecnológica

Federal do Paraná (CEP/UTFPR)

Endereço:Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Rebouças, CEP 80230-901,

Curitiba-PR, Telefone: 3310-4494,E-mail:[email protected]

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares.

Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP. Comprometo-me a utilizar o material e os dados

obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou

conforme o consentimento dado pelo participante.

OBS : este documento poderá ser impresso pelo participante da pesquisa, caso seja sua

vontade.

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APÊNDICE B - TERMO DE COMPROMISSO E DE CONFIDENCIALIDADE DE

DADOS

Eu, Ademilson Ferreira de Almeida, pesquisador responsável pelo projeto de pesquisa

intitulado: Proposta de Uniformização de Fiscalização Administrativa de Serviços

Continuados com Dedicação Exclusiva de Mão de Obra em uma Instituição Federal de

Ensino Superior (IFES), sob orientação do Prof. Dr. Everton Coimbra de Araújo,

comprometo-me a dar início a este estudo somente após apreciação e aprovação pelo Comitê

de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e

registro de aprovado na Plataforma Brasil.

Com relação à coleta de dados da pesquisa, o pesquisador, assegura que o caráter anônimo

dos dados coletados no questionário online será mantido não sendo passível a identificação

dos seus respondentes.

Aos participantes dos questionários online, será disponibilizado virtualmente, juntamente com

o questionário, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para impressão.

Declaro, também, que li e entendi a Resolução 466/2012 (CNS) responsabilizando-me pelo

andamento, realização e conclusão deste projeto e comprometendo-me a enviar ao

CEP/UTFPR, relatório do projeto em tela quando da sua conclusão, ou a qualquer momento,

se o estudo for interrompido.

Apucarana, 01 de março de 2019.

______________________________________________________

Ademilson Ferreira de Almeida - pesquisador responsável

______________________________________________________

Prof. Dr. Everton Coimbra de Araújo - orientador

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APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

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APÊNDICE D - MANUAL PRÁTICO: FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DE

CONTRATOS

Ademilson Ferreira de Almeida

Everton Coimbra de Araújo

MANUAL PRÁTICO: Fiscalização Administrativa

de Contratos

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

APRESENTAÇÃO

A terceirização de serviços está presente no dia a dia das organizações, quer sejam

públicas ou privadas. Cada vez mais as empresas e instituições buscam concentrar seus

esforços nas atividades para que foram constituídas, delegando à outras empresas

especializadas as atividades acessórias.

Com as recentes alterações liberalizantes da legislação e a flexibilização das relações

de trabalho a terceirização tende a aumentar.

Flexibilizar as relações trabalhistas não é sinônimo de fragilização do trabalho. Dessa

maneira, emerge como importante missão a figura do Fiscal Administrativo de Contratos.

Cabe a esse profissional acompanhar os Contratos Administrativos com Dedicação

Exclusiva de Mão de Obras nas questões relacionadas ao cumprimento, por parte das

empresas terceirizadas, das obrigações sociais, trabalhistas e previdenciárias.

Para bem desempenhar esta função, o Fiscal Administrativo necessita de

conhecimento multidisciplinar e de ferramentas que o auxilie na execução dessa atividade.

Este trabalho é fruto de uma pesquisa com Fiscais Administrativos de Contratos,

onde se percebeu a necessidade de um manual prático que possa orientá-los no desempenho

da função.

Neste manual, na legislação, são apresentados os principais atores da gestão e

fiscalização de contratos e também os procedimentos de fiscalização administrativa dos

contratos.

Baseado no roteiro trazido pela IN 05/2017 apresenta-se os documentos que devem

ser fiscalizados. Entretanto, muito além de receber e arquivar esses documentos é necessário

entendê-los e verificar as informações neles constantes.

Dessa maneira, procurou-se trazer as imagens dos principais documentos e como

conferi-los.

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

1. ATORES DA GESTÃO E FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS

Para que a finalidade pública seja alcançada, segundo Pércio (2015, p. 193), a

“execução do contrato administrativo necessita de planejamento e controle”, cabendo à

Administração tomar as medidas que se fizerem necessárias.

Entre as medidas necessárias à garantia do interesse público, a Administração tem a

prerrogativa de fiscalizar a execução do contrato. Para Santana e Camarão (2015, p. 44)

acompanhar a execução contratual é “tanto um direito quanto um dever da Administração”,

pois assim, verifica se o que foi pactuado está sendo cumprido.

Para esse acompanhamento, a legislação prevê que a Administração deve nomear

pessoas entre seu quadro de servidores para atuarem no planejamento, gerenciamento e

fiscalização do contrato.

A contratação de serviços terceirizados mereceu uma atenção especial, por envolver

a responsabilização da Administração no cumprimento das obrigações trabalhistas, tanto que

a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento e Gestão

(SLTI/MPOG) editou a IN 02/2008 estabelecendo regras e diretrizes para a contratação,

execução e fiscalização de serviços.

Em 2017, o Ministério do Planejamento, por meio da IN 05/2017, revogou a IN

02/2008, e atualizou a legislação que trata da gestão e fiscalização de contratos e trouxe a

possibilidade da execução das atividades fiscalizatórias, por um setor específico, por equipe

de fiscalização ou por somente um servidor, dependendo da dimensão e especificidades do

órgão ou entidade.

A IN 05/2017 delineou as atividades da gestão e fiscalização do contrato da seguinte

maneira:

Gestão da Execução do Contrato: compreendem as atividades de coordenação

da fiscalização, preparação da instrução processual para formalização dos

procedimentos que envolvam prorrogação, alteração, reequilíbrio,

pagamento, eventual aplicação de sanções e extinção de contrato.

Fiscalização Técnica: é o acompanhamento para avaliar a execução do

contrato, aferindo a quantidade, qualidade, tempo e modo da prestação dos

serviços, conferindo se estão de acordo com o que foi contratado.

Fiscalização Administrativa: é o acompanhamento dos aspectos

administrativos da execução dos serviços nos contratos com regime de

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

dedicação exclusiva de mão de obra quanto às obrigações previdenciárias,

fiscais e trabalhistas e também quanto às providências a serem tomadas em

caso de inadimplemento.

Fiscalização Setorial: é o acompanhamento dos aspectos técnicos e

administrativos quando a prestação dos serviços ocorre em setores distintos

ou em unidades desconcentradas de um mesmo órgão ou entidade.

Fiscalização pelo Público Usuário: é o acompanhamento da execução

contratual por pesquisa de satisfação do usuário, com o objetivo de aferir os

resultados da prestação de serviço quanto aos aspectos qualitativos.

(BRASIL, 2017)

A IN 05/2017, ao separar as atividades de fiscalização, permite que o contrato seja

acompanhado de maneira integral em todos os aspectos, desde os aspectos técnicos

empregados até ao resultado final do serviço que é a satisfação do usuário dos serviços,

permitindo que a Administração realize o pagamento somente do serviço recebido, com a

qualidade esperada.

Para os casos onde há a dedicação exclusiva de mão de obra, ou seja, onde os

empregados da empresa contratada prestam serviços exclusivamente nas dependências da

contratante, faz-se necessário o Fiscal Administrativo, que verificará se a empresa está

cumprindo com seus empregados as obrigações sociais e trabalhistas.

Essa fiscalização, se bem executada, com zelo, previne a Administração de

eventuais responsabilizações sobre os encargos devidos pela empresa aos seus empregados,

conforme a decisão do STF no julgamento da ADC nº 16, que a Administração Pública

somente será responsabilizada em havendo culpa in vigilando, ou seja, pela ausência de

vigilância, comprovada perante a Justiça do Trabalho

Este trabalho tem foco na fiscalização administrativa de contratos dando ao Fiscal

Administrativo conhecer os principais documentos exigidos pela IN 05/2017.

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

2. PROCEDIMENTOS DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

A fiscalização administrativa deve primar pelo cumprimento das obrigações sociais e

trabalhistas. No quadro a seguir, são apresentados a frequência e procedimentos que devem

ser executados segundo a IN 05/2017.

Quadro 1 -- Procedimentos de Fiscalização Administrativa

Início do Contrato ou quando necessário

•Solicitar relação dos empregados, contendo nome completo, cargo ou função, horário do posto de trabalho, números do RG e CPF

•Elaborar planilha-resumo contendo informações sobre todos os empregados terceirizados que prestam serviços no órgão divididos por contrato, com os seguintes dados: nome completo, CPF, função exercida, salário, adicionais, gratificações, benefícios recebidos, sua especificação e quantidade (vale-transporte, auxílio-alimentação), horário de trabalho, férias, licenças, faltas, ocorrências e horas extras trabalhadas

•Solicitar e verificar a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) dos empregados admitidos, devidamente assinada pela contratada

•Solicitar exames médicos admissionais dos empregados

Amostragem

•Solicitar extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer empregado

•Solicitar cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da prestação dos serviços

•Solicitar cópia dos contracheques dos empregados relativos a qualquer mês da prestação dos serviços ou, de depósitos bancários

•Solicitar comprovantes de entrega de benefícios suplementares (vale-transporte, vale-alimentação, entre outros), a que estiver obrigada por força de lei ou de Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho, relativos a qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer empregado

Na rescisão de contrato de funcionários

•Solicitar termos de rescisão dos contratos de trabalho dos empregados prestadores de serviço

•Solicitar guias de recolhimento da contribuição previdenciária e do FGTS

•Solicitar extratos dos depósitos efetuados nas contas vinculadas individuais do FGTS

•Solicitar exames médicos demissionais dos empregados

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

Fonte: Elaboração Própria baseada na IN 05/2017

Mensal

•Consultar situação da empresa no SICAF

•Solicitar Certidão Negativa de Débitos relativos a Créditos Tributários Federais e à Dívida Ativa da União (CND), caso não seja possível emitir SICAF

•Solicitar certidões que comprovem a regularidade perante as Fazendas Estadual, Distrital e Municipal do domicílio ou sede do contratado, caso não seja possível emitir SICAF

•Solicitar Certidão de Regularidade do FGTS (CRF), caso não seja possível emitir SICAF

•Solicitar Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), caso não seja possível emitir SICAF

•Emitir relatório ao gestor sobre cumprimento das obrigações sociais e trabalhista para recebimento provisório do serviço

Anual

•Verificar se a empresa repassou a correção salarial na data base prevista em CCT

•Verificar se a empresa concedeu férias aos empregados

Diário

•Conferir se os empregados estão cumprindo a jornada de trabalho

•Evitar dar ordem direta aos terceirizados

•Não negociar folgas ou compensações com empregados

Quando necessário ou quando a função exigir

•Solicitar comprovante de entrega de EPIs

•Solicitar comprovantes de realização de eventuais cursos de treinamento e reciclagem que forem exigidos por lei ou pelo contrato

•Oficiar à Receita Federal do Brasil (RFB) em caso de indício de irregularidade no recolhimento de contribuições previdencíárias

•Oficiar ao Ministério do Trabalho em caso de irregularidade no recolhimento do FGTS

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

3. ESOCIAL

O avanço tecnológico e de sistemas de informação tornou a comunicação mais ágil,

transformando de maneira dinâmica as relações sociais e o mundo dos negócios.

Em uma sociedade em constante evolução, os entes governamentais também

acompanham essas mudanças e, utilizando das ferramentas tecnológicas, melhoram a

fiscalização de impostos, ampliam a arrecadação e se abastecem de informações para formular

políticas públicas.

Uma das ferramentas utilizadas para avançar nesses quesitos foi a implementação do

Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), implementado a partir de 2007 e constitui-se

em um avanço na informatização da relação entre o fisco e o contribuinte.

O SPED é composto de vários módulos e gradualmente estão sendo implantados. O

Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas

(eSocial), instituído pelo Decreto n° 8.373/2014, tem como objetivo unificar as informações

relativas aos trabalhadores, como vínculos, contribuições previdenciárias, folha de

pagamento, comunicações de acidente de trabalho, aviso prévio, escriturações fiscais e

informações sobre o FGTS.

Também visa reduzir a burocracia para as empresas, eliminando a redundância de

informações prestadas a diversos órgãos e buscará viabilizar a garantia, para os trabalhadores,

os direitos previdenciários e trabalhistas.

Está previsto, dentro do sistema do eSocial, que serão extintas 15 obrigações e os

empregadores passarão a comunicar ao Governo, de forma unificada, são elas:

GFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência

Social

CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados para controlar as

admissões e demissões de empregados sob o regime da CLT

RAIS - Relação Anual de Informações Sociais.

LRE - Livro de Registro de Empregados

CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho

CD - Comunicação de Dispensa

CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social

PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário

DIRF - Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

DCTF - Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais

QHT – Quadro de Horário de Trabalho

MANAD – Manual Normativo de Arquivos Digitais

Folha de Pagamento

GRF – Guia de Recolhimento do FGTS

GPS – Guia da Previdência Social

Como elencado anteriormente, o eSocial substituirá, por exemplo, a GFIP, a CTPS, o

Livro de Registros de Empregados, Folha de Pagamento, as guias de recolhimento de INSS e

FGTS e até mesmo a necessidade de comunicar aos órgãos responsáveis, as irregularidades no

recolhimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias, tendo em vista que tais

informações constarão no banco de dados desses órgãos.

O eSocial, como dito anteriormente, está sendo gradualmente implementado, da

mesma maneira, os documentos de arrecadação de contribuições estão sendo substituídos

gradativamente. Neste trabalho são apresentados dois documentos de arrecadação das

contribuições previdenciárias, um gerado pelo sistema do eSocial e outro gerado pelo sistema

SEFIP, tendo em vista que nem todas as empresas aderiram ao eSocial devido ao cronograma

de implantação.

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

4. DOCUMENTOS

Neste capítulo são apresentados os documentos e a maneira de conferência de cada

documento.

4.1.Planilha-Resumo

Os modelos a seguir são sugestões e devem ser adaptadas conforme a necessidade,

podendo ser feito de forma eletrônica, para facilitar as atualizações.

Na planilha da Figura 1 são registrados os dados dos funcionários, dados do contrato

e benefícios devidos aos funcionários. Deve ser elaborada no início do contrato e atualizadas

conforme a necessidade.

Na planilha da Figura 2, é realizado o acompanhamento mensal da frequência dos

funcionários, sendo esses dados extraídos dos cartões ponto.

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

Figura 1 – Quadro de Funcionários Terceirizados

Fonte: Elaboração Própria

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

Figura 2 – Quadro de Frequência

Fonte: Elaboração Própria

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

4.2 Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)

Na CTPS são realizados os registros dos dados do contrato do trabalhador.

O Fiscal do contrato deve exigir a apresentação deste documento quando o

funcionário é admitido, verificando os dados do trabalhador (Figura 3)

Figura 3 – CTPS – Identificação do Trabalhador

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

Na página do Contrato de Trabalho, devem ser verificados os dados do empregador

(A), o cargo do trabalhador (B), o Classificação Brasileira de Ocupação (C), data de admissão

(D), verificando se condiz com a data em que o funcionário iniciou suas atividades no órgão,

salário contratual (E), que deve corresponder ao valor estipulado para o cargo pela Convenção

Coletiva da categoria.

Figura 4 – Dados do Contrato de Trabalho

4.3 Atestado de Saúde Ocupacional (ASO)

Os exames de saúde dos funcionários devem ser realizados na contratação dos

funcionários, periodicamente, com base no Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional (PCMSO) da empresa, e no momento da rescisão do contrato.

Esses exames visam avaliar o estado de saúde dos funcionários e orientá-los quanto

aos fatores de risco a que estão expostos pelo ambiente laboral, promovendo a preservação da

saúde e prevenindo doenças laborais.

Para comprovar o exame médico, deve ser apresentado o Atestado de Saúde

Ocupacional (ASO), modelo apresentado na Figura 5.

A

B C

D

E

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

Figura 5 – Atestado de Saúde Ocupacional

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

4.4 Folha de Pagamento

O acompanhamento administrativo do contrato é um fator de redução de riscos da

contratação, mas deve ser efetiva. De nada adianta o fiscal ter os documentos em mãos, se não

avaliá-los.

A análise da folha de pagamento é importante, pois é a base para se verificar os

valores devido aos funcionários, os descontos legais, além do valor líquido a ser depositado

ou pago ao funcionário.

Também consta nesse documento o demonstrativo dos valores de INSS e FGTS, que

devem ser condizentes com os valores informados na GFIP que é a Guia de Recolhimento de

FGTS e de Informações à Previdência Social, onde são prestadas as informações para os

órgãos governamentais de arrecadação e fiscalização.

A folha de pagamento não é padronizada, podendo cada desenvolvedor de software

adotar o modelo que desejar, no entanto, as informações básicas constam na maioria dos

relatórios de folha de pagamento emitido pelos softwares.

Na Figura 6 é apresentado um modelo de Folha de Pagamento. Para melhor

exemplificar, foi dividido em blocos de informações.

Geralmente, no cabeçalho consta o dados da empresa como Razão Social e CNPJ

(A), no bloco B constam os dados dos funcionários e Tomador do Serviço, ou seja, o órgão

contratante; no bloco C constam os proventos devido aos funcionários como salários mensal,

horas extras e adicionais quando devido; no bloco D, constam os descontos como faltas ao

serviço, contribuição previdenciária devida pelo empregado, descontos da parte do empregado

do Vale Alimentação, conforme estipulado na Convenção Coletiva ou legislação e também

desconto de 6% do salário do empregado, referente ao Vale Transporte fornecido pela

empresa.

No bloco E, geralmente, é apresentado um resumo do funcionário, dos valores que

serviram de base de cálculo, como por exemplo: o salário base do empregado, base de cálculo

de INSS e FGTS, valor a ser depositado de FGTS e o líquido devido ao empregado.

Da mesma maneira, em seguida, é apresentado um resumo geral, de todos os

empregados do Tomador do Serviço, podendo ainda constar o resumo de todos os

empregados da empresa.

Nos próximos tópicos, será explicado como utilizar as informações da Folha de

Pagamento para conferência de outros documentos.

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

Figura 6 – Folha de Pagamento

`

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4.5 Holerite ou Contracheque

O art. 464 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê que “o pagamento do

salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado pelo empregado”. Dessa maneira, o

holerite ou contracheque é um comprovante de pagamento dos salários ao empregado.

O holerite contém três tipos de informações: dados da empresa; dados do

funcionário; e os dados financeiros, proventos: salário bruto, dias trabalhados, horas extras,

adicionais, adiantamentos e descontos, como: faltas, contribuição ao INSS, imposto de renda,

convênios, descontos da parte do Vale Alimentação e Vale Transporte.

O holerite é importante para que o funcionário possa acompanhar seus vencimentos,

deduções e o valor líquido a que tem direito.

Como pode se perceber, no holerite constam as mesmas informações da folha de

pagamento e não poderia ser diferente, pois o contracheque é emitido com base na folha de

pagamento.

Veja que os valores apresentados na Figura 7 são um espelho da folha de pagamento.

Figura 7 – Holerite ou Contracheque

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

Na era digital, muitas empresas oferecem ao funcionário a consulta ao holerite de

forma online, eliminando a emissão no modo papel e também efetuam o depósito bancário

dos valores devido.

Como prevê o parágrafo único do art. 464 da CLT “terá força de recibo o

comprovante de depósito em conta bancária, aberta para esse fim em nome de cada

empregado, com o consentimento deste”.

Sendo então efetuado o

depósito em conta

bancária do funcionário,

o holerite, deixa de ser o

comprovante de

pagamento, dispensando

sua assinatura pelo

empregado, mas

continua sendo um

importante documento

para demonstrar seus

haveres.

O Fiscal Administrativo deve conferir se o valor depositado corresponde ao valor

apresentado na Folha de Pagamento.

Também deve ficar atento quando o pagamento não é realizado por depósito

bancário, preventivamente, deve questionar aos funcionários se receberam o valor estipulado

no holerite.

Dependendo do número de funcionários alocados no contrato, fazer essa conferência

mensal individual por funcionário, pode-se tornar inviável. Dessa maneira, a IN 05/2917

prevê que essa conferência possa ser realizada por amostragem, desde que no período de doze

meses, todos os funcionários tenham sido fiscalizados.

A metodologia de amostragem deve estar prevista no Plano de Fiscalização

elaborado pelo Gestor do Contrato.

4.6 GFIP

Figura 8 – Comprovante de Pagamento

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

A GFIP é a Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social e

contém o conjunto de informações destinadas ao FGTS e à Previdência Social, sendo

transmitido os dados por meio do aplicativo SEFIP – Sistema Empresa de Recolhimento do

FGTS e Informações à Previdência Social.

A obrigação de prestar informações relacionadas aos fatos geradores de contribuição

previdenciária e outros dados de interesse do INSS – Instituto Nacional do Seguro Social – foi

instituída pela Lei nº 9.528, de 10/12/1997. (BRASIL, 2008).

São os documentos que compõem a GFIP/SEFIP:

• Protocolo de Envio de Arquivos;

• Guia de Recolhimento do FGTS - GRF;

• Relação dos Trabalhadores Constantes do Arquivo SEFIP – RE;

• Relação de Estabelecimentos Centralizados – REC;

• Comprovante de Declaração à Previdência;

• Relação de Tomadores/Obras – RET;

4.6.1 Protocolo de Envio

O Protocolo de Envio é gerado quando a empresa transmite as informações para a

Caixa Econômica Federal.

Nesse documento o Fiscal Administrativo deve verificar o nome da empresa, a

competência e o NRA (Número do Respectivo Arquivo) que deve corresponder aos outros

documentos da GFIP.

Figura 9 – Comprovante de Pagamento

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

4.6.2 Relação dos Trabalhadores Constantes do Arquivo SEFIP – RE

Não há exigência de formação acadêmica específica para o Fiscal Administrativo e,

em muitos casos, os documentos fiscalizados contêm informações que não lhe são

compreensíveis.

A Relação de Trabalhadores contém várias informações, que não raramente, o Fiscal

não consegue interpretar, tornando o relatório somente como “mais um documento”.

O Fiscal Administrativo não precisa conferir individualmente cada informação, mas

conhecendo o documento pode muitas vezes sanar algumas dúvidas sobre o recolhimento das

obrigações trabalhistas e detectar inconsistências.

A Relação de Trabalhadores é gerada de maneira separada para cada Tomador de

Serviço, ou seja, para cada órgão ou empresa contratante.

Na Figura 10 é apresentado uma RE e em destaque seus diversos campos.

Figura 10 – GIFP - Relação dos Trabalhadores

Nesse relatório consta o nome da empresa e a competência a que se refere as

informações, também consta o:

Código de recolhimento: quando há cessão de mão de obra, ou seja, quando é

especificado um tomador de serviço, é utilizado o número 150;

Código GPS – Refere-se ao código de recolhimento da Guia da Previdência

Social, varia conforme o tipo de contribuinte, nesse caso específico 2100, é

utilizado para Empresas em Geral com CNPJ;

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Código FPAS – a sigla significa Fundo da Previdência e Assistência Social e

identifica a atividade econômica que a empresa exerce;

Outras entidades: são as contribuições destinadas a entidades como SENAI,

SESI, SESC e outras;

RAT: É a sigla para Risco Ambiental do Trabalho e identifica o percentual de

contribuição previdenciária que o empregador recolhe para cobrir os custos

da Previdência com vítimas de acidente de trabalho ou doenças ocupacionais;

FAP é o Fator Acidentário de Prevenção. Este índice varia conforme o

desempenho da empresa em relação à respectiva atividade econômica quanto

ao grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos

ambientais do trabalho. O índice varia de 0,5 a 2, calculado sobre o

percentual de RAT, ou seja, pode premiar a empresa que tem baixa incidência

de afastamento em até 50%, ou pode aumentar seu custo nesta rubrica em

100%.

Este relatório também apresenta de forma individualizada, em quantas folhas sejam

necessárias, o valor da remuneração do trabalhador com e sem o décimo terceiro salário; data

de admissão; data e código de movimentação, ou seja, data de demissão ou afastamentos; o

CBO que deve corresponder ao anotado na CTPS do trabalhador; valores de contribuição

previdenciária e de FGTS.

Os funcionários que pediram demissão são apresentados neste relatório, no entanto,

os que foram demitidos pela empresa são apresentados em folha separada (Figura 11), pois

nesse caso o FGTS foi recolhido em até 10 dias após a data de demissão e a contribuição

previdenciária será recolhida juntamente com a contribuição dos outros funcionários.

Figura 11 – GFIP - Relação dos Trabalhadores Demitidos

A totalização do relatório deve coincidir com os valores da folha de pagamento,

conforme demonstrado na Figura 12.

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Figura 12 – Conferência RE x Folha de Pagamento

4.6.3 Conferência do Recolhimento INSS e FGTS

A empresa que se dedica a terceirização, provavelmente, presta serviços a várias

empresas ou órgãos públicos, como mencionado anteriormente, as informações são separadas

por cada Tomador de Serviço, no entanto, o recolhimento da Contribuição Previdenciária e do

FGTS são realizados de forma centralizada, somando todos os tomadores.

Para recolhimento da Contribuição Previdenciária, o sistema SEFIP/GFIP, gera um

relatório chamado Comprovante de Declaração a Previdência, contendo a soma de todos os

tomadores, apresentado na Figura 13.

Figura 13 – Comprovante Declaração a Previdência

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O valor a recolher de contribuição previdenciária apresentado no relatório deve ser

igual ao valor pago na GPS - Guia da Previdência Social (Figura 14).

Figura 14 – Guia da Previdência Social

Para as empresas que estão prestando as informações de seus empregados por meio

do e-Social, a GPS foi substituída pelo DARF - Documento de Arrecadação de Receitas

Federais (Figura 15).

Figura 15 – Documento de Arrecadação de Receitas Federais

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

Para conferência de FGTS o sistema GFIP/SEFIP apresenta também um relatório

resumo de todos os Tomadores de Serviço (Figura 16).

Figura 16 – GFIP – Fechamento FGTS

Para recolhimento do FGTS, é gerada a GRF - Guia de Recolhimento de FGTS

(Figura 17), sendo que os valores devem corresponder ao apresentado no relatório de

fechamento e com o comprovante de pagamento (Figura 18).

Figura 17 – Guia de Recolhimento do FGTS (GRF)

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

Figura 18 – Comprovante de pagamento do FGTS

4.7 Fiscalização por Amostragem do INSS e FGTS

A Instrução Normativa 05/2017 no seu Anexo VIII-B, prevê que devem ser

verificadas as contribuições previdenciárias e do FGTS dos empregados, dispondo da seguinte

forma:

“10.5. Fiscalização por amostragem

a) A Administração deverá solicitar, por amostragem, aos empregados, que

verifiquem se as contribuições previdenciárias e do FGTS estão ou não sendo

recolhidas em seus nomes.

b) A Administração deverá solicitar, por amostragem, aos empregados terceirizados

os extratos da conta do FGTS, os quais devem ser entregues à Administração.

c) O objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final

de um ano (sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de

uma vez em um mesmo empregado), garantindo assim o “efeito surpresa” e o

benefício da expectativa do controle.” (BRASIL, 2017a)

Os extratos a serem apresentados à Fiscalização estão na Figura 19 e Figura 20, que

devem ser verificados com a Folha de Pagamento e/ou Holerite.

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

Figura 19 – Extrato Previdenciário

Figura 20 – Extrato de FGTS

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4.8 Rescisão de Contrato de Trabalho

Quando o funcionário é demitido ou o contrato com a empresa terceirizada é

encerrado, a Fiscalização Administrativa deve ficar atenta, pois, é a partir dessa quebra de

vínculo que, geralmente, surgem as demandas judiciais.

Na rescisão de contrato a Fiscalização deve-se atentar se as verbas trabalhistas como

saldo de salário, décimo terceiro, férias e multa rescisória de FGTS estão sendo pagas.

A Figura 21 apresenta o Termo de Rescisão onde são demonstradas as verbas que

estão sendo pagas ou descontadas do funcionário.

Figura 21 – Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho (TRCT)

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

O Termo de Rescisão discrimina as verbas a serem pagas ou descontadas, enquanto,

o Termo de Homologação (Figura 22) é o recibo de quitação das verbas trabalhistas, o que

não impede que o funcionário procure a Justiça do Trabalho para contestar os valores.

Deve-se verificar se a data da homologação da rescisão ocorreu dentro de até 10 dias

a contar do último dia do afastamento.

Também deve ser verificado se o valor devido na rescisão foi pago ou depositado em

conta bancária do empregado.

Figura 22 – Termo de Homologação Rescisão de Contrato de Trabalho

Quando o funcionário é dispensado, também faz direito ao saque dos valores

depositados em conta de FGTS e multa de 40% sobre o saldo.

Deve ser solicitado que seja apresentado o extrato do saldo da conta do trabalhador,

conforme modelo da Figura 23.

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O extrato apresenta os seis últimos recolhimentos, o saldo para fins rescisórios e o

saldo da conta que nem sempre é o mesmo utilizado para fins rescisórios, pois o funcionário

pode ter realizado saques ou tenha tido complemento de rendimentos previstos na legislação.

Figura 23 – Extrato de FGTS

Junto com o extrato, a empresa também deve apresentar o Demonstrativo do

Trabalhador de Recolhimento FGTS Rescisório (Figura 24), gerado pelo aplicativo próprio do

FGTS.

Neste Relatório consta o valor de FGTS devido no mês da rescisão do funcionário

que será somado ao Valor Base para Fins Rescisório informado no extrato (Figura 23).

A soma encontrada servirá como base para cálculo da multa rescisória.

A multa rescisória é composta de 40% do saldo de FGTS, sendo esse valor destinado

ao funcionário, e outros 10% de Contribuição Social repassados ao governo.

Por fim, os valores devidos no mês e a multa, deverão ser recolhidos pela empesa por

meio da GRRF - Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS (Figura 25).

A GRRF pode englobar vários funcionários da empresa, mas alocados em outros

Tomadores de Serviço, faz-se necessário verificar se o código identificador são iguais na

GRRF e no Demonstrativo do Trabalhador.

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

O Fiscal deve ainda verificar se esses valores foram realmente pagos (Figura 26).

Figura 24 – Demonstrativo do Trabalhador

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

Figura 25 – Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS

Figura 26 – Comprovante de Pagamento GRRF

Realizadas as conferências nos documentos apresentados, é sugerido ao Fiscal

Administrativo, o Checklist a seguir, podendo dessa maneira relacionar os documentos

apresentados e emitir seu parecer ao Gestor do Contrato.

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

CHECK LIST DE FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

Empresa Contratada:

Mês de Referência:

Houve contratação de novos funcionários no mês? SIM NÃO

Apresentou CTPS e foram conferidos os dados

do funcionário, data de admissão, CBO,

Função, Salário?

SIM NÃO

Apresentou Exame Admissional? SIM NÃO

Apresentou entrega de EPI conforme a função? SIM NÃO

Foi concedido férias, no mês, para funcionários? SIM NÃO

Apresentou recibo de férias e comprovante de

pagamento?

SIM NÃO

Houve rescisão de contrato de trabalho de

funcionários no mês?

SIM NÃO

Apresentou Termo de Rescisão? SIM NÃO

Apresentou Termo de Homologação? SIM NÃO

Apresentou Extrato de FGTS? SIM NÃO

Apresentou Demonstrativo do Trabalhador? SIM NÃO

Apresentou GRRF e Comprovante de

Pagamento? Data de pagamento: __ / __/ ___

Valor:

Apresentou exame demissional? SIM NÃO

Apresentou Folha de Pagamento? SIM NÃO

Valor de FGTS do Tomador

Valor de INSS do Tomador

Apresentou GFIP/RE? SIM NÃO

Valor de FGTS do Tomador

Valor FGTS geral da empresa

Valor de INSS do Tomador

Valor INSS geral da empresa

Apresentou Guia Recolhimento FGTS (GRF) e

Comprovante de Pagamento? Data de pagamento:

____/_____/_______

Valor:

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

Apresentou Guia Recolhimento Previdenciário

(GPS) ou DARF e Comprovante de Pagamento?

Data de pagamento: ____/_____/_______

Valor:

Apresentou Holerite e Comprovante de Depósito

dos salários? Data de pagamento: ___/ ___/ _____

Quantidade apresentada:

Apresentou comprovante de entrega de Vale

Transporte? Data de pagamento: ___/ _____/ _____

Quantidade apresentada:

Apresentou comprovante de entrega de Vale

Alimentação? Data de pagamento: ___/ ___/ _____

Quantidade apresentada:

Foi consultado a situação do SICAF ou apresentou

Certidões Negativa de Débitos?

SIM NÃO

Fiscalização por amostragem, relacionar funcionários fiscalizados:

1. Mês: Valor Extrato

FGTS

Valor Extrato

INSS

2. Mês: Valor Extrato

FGTS

Valor Extrato

INSS

3. Mês: Valor Extrato

FGTS

Valor Extrato

INSS

4. Mês: Valor Extrato

FGTS

Valor Extrato

INSS

Parecer do Fiscal Administrativo:

Nome e assinatura do Fiscal Administrativo:

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

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providências. Brasília. 2014.

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Manual Prático: Fiscalização Administrativa de Contratos

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Universitária na América Latina - GUAL, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 189-209, maio

2017.

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ANEXO A - TERMO DE APROVAÇÃO CEP