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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE VIANÓPOLIS - GO Rua Felismino Viana, nº 174, 1º andar, salas 01, 02 e 03 Centro - Vianópolis Go - CEP 75260-000 Telefone/Fax: (0xx62) 3335-1209 e E-mail: [email protected] Home Page: www.mp.go.gov.br Referência Origem : Promotoria de Justiça da Comarca de Vianópolis Autos/Protocolo : Procedimento Administrativo nº 040 Autor(a)(es) : Ministério Público do Estado de Goiás Requerido(a)(s) : Antônio Divino de Rezende Natureza : Ação por Ato de Improbidade Administrativa Promoção MP : Inicial Promotor de Justiça Maurício Alexandre Gebrim Página 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE VIANÓPOLIS ESTADO DE GOIÁS. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu Representante Legal ao final assinado, titular da Promotoria de Justiça de Entrância Inicial da Comarca de Vianópolis - Goiás, no uso de suas atribuições, com suporte nos artigos 37, § 4º e 129, inciso III, ambos da Constituição Federal; artigo 25, inciso IV, alínea “b” da Lei nº 8.625/93; artigos 46, inciso VI e 47, inciso I, ambos da Lei Complementar Estadual nº 25 de 06 de Julho de 1.998; artigos 1º, inciso IV, 2º e 5º, todos da Lei 7.347/85; artigos 1º, 2º e 17, todos da Lei nº 8.429/92 e demais legislações atinentes à matéria, vêm à presença de Vossa Excelência ajuizar a presente AÇÃO POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA em desfavor de ANTÔNIO DIVINO DE RESENDE , brasileiro, casado, médico, natural de Pires do Rio, nascido aos 09/05/1947, filho de Antônio Sebastião de Resende e de Maria da Conceição Resende, residente e domiciliado na Rua Antônio José Quinan, s/nº, centro, nesta urbe, encontradiço ainda no Hospital e Maternidade São Sebastião Ltda., também nesta cidade;

TERMO DE DECLARAÇÕES - MP-GO...PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE VIANÓPOLIS - GO Rua Felismino Viana, nº 174, 1º andar, salas 01, 02 e 03 – Centro - Vianópolis – Go -

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Requerido(a)(s) : Antônio Divino de Rezende

Natureza : Ação por Ato de Improbidade Administrativa

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Promotor de Justiça Maurício Alexandre Gebrim Página

1�

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE

VIANÓPOLIS – ESTADO DE GOIÁS.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu

Representante Legal ao final assinado, titular da Promotoria de Justiça de

Entrância Inicial da Comarca de Vianópolis - Goiás, no uso de suas atribuições,

com suporte nos artigos 37, § 4º e 129, inciso III, ambos da Constituição

Federal; artigo 25, inciso IV, alínea “b” da Lei nº 8.625/93; artigos 46, inciso

VI e 47, inciso I, ambos da Lei Complementar Estadual nº 25 de 06 de Julho de

1.998; artigos 1º, inciso IV, 2º e 5º, todos da Lei 7.347/85; artigos 1º, 2º e 17,

todos da Lei nº 8.429/92 e demais legislações atinentes à matéria, vêm à

presença de Vossa Excelência ajuizar a presente

AÇÃO POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

em desfavor de ANTÔNIO DIVINO DE RESENDE, brasileiro, casado,

médico, natural de Pires do Rio, nascido aos 09/05/1947, filho de Antônio

Sebastião de Resende e de Maria da Conceição Resende, residente e

domiciliado na Rua Antônio José Quinan, s/nº, centro, nesta urbe, encontradiço

ainda no Hospital e Maternidade São Sebastião Ltda., também nesta cidade;

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1. - DOS FATOS

Na data de 07/10/2005 este Órgão de Execução recebeu do Secretário

Municipal de Governo do Município de Vianópolis o Ofício nº 161/2005, protocolado no

Ministério Público sob o nº 249/2005 (fl. 06 do PA1 nº 040), informando que a partir do dia

10/10/2005 o horário de funcionamento da Prefeitura Municipal de Vianópolis, por motivo de

retenção de despesas, seria reduzido, passando a ser das 07h00 às 12h00.

Em razão do comunicado recebido, a Secretaria de Governo no dia

18/10/2005 foi oficiada no sentido de que fornecesse ao Ministério Público cópia do Decreto

Municipal que alterou o horário de funcionamento das repartições públicas municipais (Ofício

Vps/Go nº 445/2005 – fls. 07 do PA nº 040), no que, neste mesmo dia, qual seja,

18/10/2005, encaminhou em resposta o cópia do Decreto Municipal nº 119, de

18/10/2005, com efeito retroativo à data de 10/10/2005 (fls. 08 e 09 do PA nº 040).

No dia 21/10/2005 o Secretário de Governo do Município de Vianópolis

protocolou na Promotoria de Justiça de Vianópolis o Ofício nº 166/2005 (Protocolo MP no nº

267/2005), através do qual encaminhou cópia do Decreto Municipal nº 120, de 21/10/2005,

através do qual foi anulado o Decreto Municipal nº 119, de 18/10/2005 (fls. 10/11 do PA

040).

Em razão da mudança de horário de funcionamento dos órgãos públicos

municipais, num primeiro momento de forma verbal, e num segundo, sem qualquer

fundamentação e disciplinamento, bem como a “anulação” de um Decreto Municipal baixado

de forma retroativa somente após provocação ministerial (Ofício Vps/Go nº 445/2005), sob o

argumento de que foi editado com incorreções e falta das fundamentações adequadas, foi

instaurado através da Portaria nº 003/2005, na data de 25/10/2005, o Procedimento

Administrativo nº 040 (fls. 02 a 05 do PA 040), para apurar tais atos praticados por parte do

Senhor Prefeito Municipal de Vianópolis, Antônio Divino Resende, eis que, a princípio,

atentaram contra os princípios da administração pública e causarem lesão ao erário, posto que

1 PA – Procedimento Administrativo

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a prestação dos serviços públicos foi drasticamente reduzida, sem qualquer benefício, a

princípio, para a municipalidade, constituindo, em tese, Ato de Improbidade Administrativa.

Realizada e concluída a investigação por esta Promotoria de Justiça,

encontrando-se o Procedimento instruído com os documentos relacionados ao caso em

apuração (fls.18/286, 287/297, 302/340 e 341/345), requisitados à Secretaria de Governo de

Vianópolis, à Secretaria Municipal de Finanças (fls. 13/14 e 299/300), chegou-se à conclusão

que por decisão do então Prefeito Municipal de Vianópolis, Antônio Divino de Rezende, ora

requerido, diversos funcionários da Administração Municipal de Vianópolis, a maioria

em exercício de cargos comissionados (fls. 19, 20, 288, 289, 291, 292, 295 e 297 do PA nº

040), embora remunerados para uma jornada de trabalho de 8(oito) horas diárias, apenas

trabalhavam 5 (cinco) horas, sem proporcional redução dos salários, resultando prejuízo ao

erário de forma direta, na forma dos salários e demais benefícios pagos a maior para os

servidores e de forma indireta, em conseqüência dos vários encargos sociais, verbas

previdenciárias etc. (fls. 21 a 286 do PA nº 040), enquanto outros servidores públicos

municipais cumpriram a jornada normal de trabalho sem o proporcional aumento dos salários

(fls. 290, 293, 294, 296 e 297do PA nº 040), o que também gerou uma desigualdade

inaceitável.

A bem da verdade tal ato somente não se perpetuou no tempo em razão da

pronta intervenção do Ministério Público, que levou a que o ora Requerido “Anulasse” o

Decreto Municipal nº 119/2010.

Aliás, se o Requerido Antônio Divino de Rezende anulou o Decreto Municipal

nº 119/2005 é porque era ilegal. Senão teria sido revogado por não ser mais conveniente à

Administração Pública.

Revogação é a supressão de um ato administrativo legítimo e eficaz, realizado

pela Administração – e somente por ela – por não mais lhe convier sua existência. Toda

revogação pressupõe um ato legal e perfeito, mas inconveniente ao interesse público.

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Quanto o ato é ilegal ou ilegítimo não enseja revogação, mas sim, anulação,

seja pela própria Administração, seja pelo Poder Judiciário. Baseia-se, portanto, em razões de

legitimidade ou legalidade, diversamente da revogação.

Doutra banda, um Prefeito Municipal, que conta com assessoramento jurídico,

e, mesmo assim, pratica atos administrativos desprovidos de conteúdo constitucional, legal e

moral, não pode se valer da alegação de que não agiu com culpa ou dolo, sob pena de

prevalecer o interesse particular na Administração Pública. Já é momento de o Poder

Judiciário acabar com a desfaçatez de alguns péssimos administradores. Não se pode mais

admitir que a ""Lei de Gérson"" (aquela de sempre levar vantagem em tudo, mesmo que

indevidamente) ou que o ""jeitinho brasileiro"" prevaleçam sobre os princípios da legalidade,

impessoalidade, moralidade e economicidade na Administração da coisa pública, sob pena de

o Poder Judiciário contribuir para o sentimento de impunidade que assola o nosso País.

Há que se salientar, ainda, que além da mudança de horário de funcionamento

dos órgãos públicos municipais, num primeiro momento de forma verbal, e num segundo, sem

qualquer fundamentação e disciplinamento, bem como a “anulação” de um Decreto Municipal

baixado de forma retroativa somente após provocação ministerial (Ofício Vps/Go nº

445/2005), sob o argumento de que foi editado com incorreções e falta das fundamentações

adequadas, não foi realizado previamente nenhum estudo acerca da economia a ser gerada

com a mudança de horário de funcionamento a partir do dia 10/10/2005, atingindo em sua

grande parte ao servidores comissionados, de livre contratação e exoneração por parte do

chefe do executivo, ou seja, serviu mais para beneficiar os apadrinhados políticos,

enquanto garis, pedreiros, professores e outros profissionais que “pegam no pesado”

tiveram que permanecer cumprindo a jornada costumeira sem qualquer aumento de

remuneração, o que, no mínimo, deveria ter ocorrido. Do contrário seria e é injusto.

De posse de suficiente lastro probatório, torna-se imperativo ao Ministério

Público a propositura da presente Ação Civil Pública por Ato de Improbidade

Administrativa, que se afigura um instrumento com resultados até mais contundentes que

eventuais sanções de natureza criminal, atingindo o que já se convencionou a parte mais

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sensível do corpo humano: “O BOLSO”.

De todo o exposto, restou comprovado, estreme de dúvidas, que o Requerido

Antônio Divino de Rezende, quando Prefeito do Município de Vianópolis, com dolo (ou

seja, com consciência e vontade dirigidas à prática da conduta ilícita), permitiu que

funcionários públicos municipais de Vianópolis percebessem remuneração proporcional a

uma jornada de 8(oito) horas diárias mas trabalhassem apenas 5(cinco) horas por dia, gerando,

de forma simultânea, enriquecimento ilícito (dos funcionários beneficiados) e dano ao

Erário, além de atentarem contra os princípios da Administração Pública.

Após séculos de luta o homem contemporâneo conseguiu inserir, no

ordenamento jurídico, princípios destinados a evitar a costumeira confusão entre os interesses

particulares do detentor do poder e os interesses da sociedade, distinguindo a vontade da lei

da vontade do príncipe.

Governar passou a significar, acima de tudo, administrar, dirigir ações, regular

atividades sob a inspiração de um ordenamento jurídico democrático e, em última instância,

sob a vontade do verdadeiro detentor do Poder, no caso, o POVO.

A Administração Pública tornou-se atividade de quem “não é senhor absoluto,

transformando o administrador em “curador de interesses coletivos”,2 sujeitando-o à

sanções ou punições pelos abusos, erros ou omissões praticadas no exercício da função

administrativa.

Com tal conduta o Requerido violaou expressamente disposição de lei, o

que leva o Ministério Público do Estado de Goiás a pedir a tutelar jurisdicional do

Estado, configuradas que está a conduta ilítica.

Eis os fatos.

2 ARAÚJO, Florisvaldo Dutra de, Motivação e Controle do Ato Administrativo, p. 47, 1992.

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2. – DO DIREITO

2.1. – Da Ação Civil Pública

A Ação Civil Pública, ex vi do disposto no artigo 1º da Lei n.º 7.347/85, como

fator de mobilização social, é a via processual adequada para impedir a ocorrência ou reprimir

danos ao patrimônio público, meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor

artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, protegendo, assim, os interesses difusos,

coletivos e individuais homogêneos da sociedade, sendo que, diante de sua magnitude e

excelência, mereceu assento constitucional, como se extrai do art. 129, inciso III da

Constituição da República Federativa brasileira.

Não se presta a ação civil pública, à luz dos ensinamentos do insigne João

Batista de Almeida, a amparar direitos individuais subjetivos, cujos titulares deverão valer-se

das vias ordinárias para pleito de ressarcimento de dano sofrido ou para sustação de ato que

possa afetar seu direito. Tutelados são apenas os interesses dimensionados coletivamente,

transcendentes do indivíduo e os direitos individuais homogêneos socialmente relevantes,

como se pretende demonstrar no caso em tela (ALMEIDA, João Batista de. Aspectos

Controvertidos da Ação Civil Pública. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001).

Não restam dúvidas de que o patrimônio público é um interesse de dimensão

difusa, o que autoriza sua tutela processual por intermédio da ação civil pública. Nesse

diapasão, caracterizando a tutela do patrimônio público, inclusive na dimensão da moralidade

administrativa, como um interesse metaindividual de natureza difusa, e, ainda, considerando

que o Ministério Público é parte legítima para aforar ação de improbidade com a finalidade de

punir os agentes ímprobos que violam os princípios da Administração Pública, é a farta

jurisprudência do colendo Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

EMENTA: ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL

PÚBLICA CONTRA CHEFE DO PODER EXECUTIVO MUNICIPAL.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. UTILIZAÇÃO DE FRASES DE

CAMPANHA ELEITORAL NO EXERCÍCIO DO MANDATO.

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ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO

PÚBLICO. VIOLAÇÃO DO ART. 267, IV, DO CPC, REPELIDA. OFENSA

AOS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS. INTERPRETAÇÃO DO ART. 11

DA LEI 8.429/92. LESÃO AO ERÁRIO PÚBLICO. PRESCINDIBILIDADE.

INFRINGÊNCIA DO ART. 12 DA LEI 8.429/92 NÃO CONFIGURADA.

SANÇÕES ADEQUADAMENTE APLICADAS. PRESERVAÇÃO DO

POSICIONAMENTO DO JULGADO DE SEGUNDO GRAU.

1. Cuidam os autos de ação civil pública por improbidade administrativa

ajuizada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo em face de José

Cláudio Grando, à época Prefeito Municipal de Dracena/SP, objetivando, em

síntese, a sua condenação nas sanções previstas na Lei nº 8.429/92 por suposta

utilização irregular das frases "Dracena Todos por Todos Rumo ao Ano 2000"

e "Dracena Rumo ao Ano 2000" em fachadas de órgão públicos municipais,

veículos e placas de inauguração, uniformes dos alunos das escolas e creches

públicas, jornais da região, carnês de pagamento de tributos e publicações

especiais. Sobreveio sentença julgando parcialmente procedente o pedido para

suspender os direitos políticos do réu pelo período de três anos, proibi-lo de

contratar, receber benefício, incentivos fiscais ou creditícios, diretos ou

indiretos, junto ao poder público, ainda que por intermédio de pessoa jurídica,

pelo mesmo prazo, bem como para condená-lo a pagar o equivalente a dez

vezes sua atual remuneração, a título de multa civil e a ressarcir ao Município

os gastos comprovadamente efetuados com recursos públicos na inserção da

expressão e símbolo de sua campanha eleitoral em bens e atos da

administração, a serem liquidados no momento oportuno, bem como a arcar

com as custas e eventuais despesas processuais, extinguindo o processo nos

termos do art. 269, inciso I, do CPC. O réu interpôs apelação a fim de que fosse

julgado improcedente o pedido do apelado com a inversão dos ônus

processuais aduzindo, preliminarmente, a incompetência absoluta do Juízo

monocrático por considerar que o TJSP seria o competente para julgar o feito e

carência de ação por considerar que, em sede de ação civil pública, é descabido

o pedido de eventual reparação por danos ao erário em virtude de ato de

improbidade administrativa. No mérito, aduziu ausência de prova do dano,

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cerceamento de defesa e que a sentença não apreciou a contestação. O

Tribunal, por maioria, rejeitou as preliminares e negou provimento ao recurso.

Insistindo pela via especial, fundamentado nas alíneas "a" e "c", aponta o réu

violação dos artigos 267, IV, do CPC, e 11, caput e inciso I, e 12, ambos da Lei

nº 8.429/92. Requer seja decretada a extinção do processo sem julgamento do

mérito em virtude de carência de ação ou seja reconhecida a improcedência do

pedido formulado na exordial. Contra-razões apresentadas. Recurso

extraordinário interposto concomitantemente, tendo sido contra-arrazoado.

Juízo positivo de admissibilidade apenas ao recurso especial no que concerne à

alínea "c" do permissivo constitucional. Houve interposição de agravo de

instrumento em relação à alínea "a". O Ministério Público Federal ofereceu

parecer opinando pelo improvimento do recurso especial.

2. A ação civil pública protege interesses não só de ordem patrimonial como,

também, de ordem moral e cívica. O seu objetivo não é apenas restabelecer a

legalidade, mas também punir ou reprimir a imoralidade administrativa a par

de ver observados os princípios gerais da administração. Essa ação constitui,

portanto, meio adequado para resguardar o patrimônio público, buscando o

ressarcimento do dano provocado ao erário, tendo o Ministério Público

legitimidade para propô-la. Precedentes. Ofensa ao art. 267, IV, do CPC, que se

repele.

3. A violação de princípio é o mais grave atentado cometido contra a

Administração Pública porque é a completa e subversiva maneira frontal de

ofender as bases orgânicas do complexo administrativo. A inobservância dos

princípios acarreta responsabilidade, pois o art. 11 da Lei 8.429/92 censura

“condutas que não implicam necessariamente locupletamento de caráter

financeiro ou material” (Wallace Paiva Martins Júnior, “Probidade

Administrativa”, Ed. Saraiva, 2ª ed., 2002).

4. O que deve inspirar o administrador público é a vontade de fazer justiça para

os cidadãos, sendo eficiente para com a própria administração. O cumprimento

dos princípios administrativos, além de se constituir um dever do

administrador, apresenta-se como um direito subjetivo de cada cidadão. Não

satisfaz mais às aspirações da Nação a atuação do Estado de modo compatível

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apenas com a mera ordem legal, exige-se muito mais: necessário se torna que a

gestão da coisa pública obedeça a determinados princípios que conduzam à

valorização da dignidade humana, ao respeito à cidadania e à construção de

uma sociedade justa e solidária.

5. A elevação da dignidade do princípio da moralidade administrativa ao

patamar constitucional, embora desnecessária, porque no fundo o Estado possui

uma só personalidade, que é a moral, consubstancia uma conquista da Nação

que, incessantemente, por todos os seus segmentos, estava a exigir uma

providência mais eficaz contra a prática de atos dos agentes públicos violadores

desse preceito maior.

6. A tutela específica do art. 11 da Lei 8.429/92 é dirigida às bases axiológicas

e éticas da Administração, realçando o aspecto da proteção de valores

imateriais integrantes de seu acervo com a censura do dano moral. Para a

caracterização dessa espécie de improbidade dispensa-se o prejuízo material na

medida em que censurado é o prejuízo moral. A corroborar esse entendimento,

o teor do inciso III do art. 12 da lei em comento, que dispõe sobre as penas

aplicáveis, sendo muito claro ao consignar, “na hipótese do art. 11,

ressarcimento integral do dano, se houver...” (sem grifo no original). O objetivo

maior é a proteção dos valores éticos e morais da estrutura administrativa

brasileira, independentemente da ocorrência de efetiva lesão ao erário no seu

aspecto material.

7. A infringência do art. 12 da Lei 8.429/92 não se perfaz. As sanções aplicadas

não foram desproporcionais, estando adequadas a um critério de razoabilidade

e condizentes com os patamares estipulados para o tipo de ato acoimado de

ímprobo.

8. Recurso especial conhecido, porém, desprovido. (REsp 695.718/SP, Rel.

Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16.08.2005, DJ

12.09.2005 p. 234).

Corrobora a tese ministerial a festejada doutrina dos Promotores de Justiça do

Rio de Janeiro Emerson Garcia e Rogério Pacheco, senão vejamos:

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“Partindo de tais premissas, é possível compreender que a Lei nº 7.347/85

busca disciplinar, antes de tudo, uma nova técnica de tutela dos interesses

coletivos e difusos, trazendo, só para citar dois exemplos, uma nova

mentalidade sobre a legitimação para a causa (art. 5º) e a extensão da coisa

julgada (art. 16), institutos que, remodelados, se prestam ao resguardo dos

“novos direitos”. Não se prende, assim, propriamente, ao disciplinamento do

procedimento, que é o ordinário, e não de filia, de igual forma, ao sistema

romano da tipicidade de ações. Entra pelos olhos, desta forma, que a

incidência, ou não, das regras previstas na Lei da Ação Civil Pública, de sua

técnica de tutela, independentemente do nome que se queira dar à ação e ao rito

que se deseje imprimir, vai depender, fundamentalmente, ou não, de um

interesse coletivo ou difuso, objeto do referido diploma legal. Se

considerarmos que a Lei nº 8.429/92 compõe, ao lado de outros instrumentos

constitucionais e infraconstitucionais, o amplo sistema de tutela do patrimônio

público, interesse difuso, a possibilidade de manejo da ação civil pública na

seara da improbidade, quer pelo Ministério Público, quer pelos demais co-

legitimados, torna-se clara. Claríssima, de lege lata, em razão da regra contida

no art. 129, III e § 1º, da Constituição Federal, o que, a nosso juízo, torna até

desimportante a discussão sob o enfoque puramente pragmático. Equivocada,

assim data vênia, a assertiva do descabimento da ação civil pública com vistas

ao ressarcimento dos danos causados ao erário e à aplicação das sanções do art.

12 da Lei nº 8.429/92 em razão do suposto rito especial adotado pela Lei nº

7.347/85. Equivocada, rogata vênia, não só porque o rito da ação civil pública

não é especial, como também, mesmo que especial fosse, ou venha a ser,

porque a questão do procedimento, para fins de incidência da Lei, de sua

técnica protetiva, como visto, é de nenhuma importância” (Improbidade

Administrativa. Rio de Janeiro: Lumem Júris, 2006, pág. 620-621).

É certo que a Constituição Federal de 1988 conferiu ao Parquet o status de

guardião da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais

indisponíveis, sendo que, no afã de instrumentalizar o ombudsman com mecanismos idôneos

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para a consecução de suas finalidades institucionais, estabeleceu expressamente dentre suas

funções a de promover o inquérito civil e a ação civil pública (art. 129, III).

A Constituição da República de 1988 confia ao Ministério Público, em seu

artigo 129, a atribuição de zelar pela preservação do patrimônio público e social por

intermédio da Ação Civil Pública, que é o instrumento processual idôneo para a defesa da

probidade administrativa e para a punição do agente ímprobo, senão vejamos o enunciado

normativo estampado na Lei Fundamental da República:

“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do

patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e

coletivos”.

Em consonância com essa orientação, a Lei Orgânica do Ministério Público –

Lei federal n.º 8.625/93 – assim estatui:

“Art. 25. Além das funções previstas nas Constituições Federal e Estadual, na

Lei Orgânica e em outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério Público:

...

IV – promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei:

a) para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meio

ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético,

histórico, turístico e paisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos e

individuais indisponíveis e homogêneos;

b) para a anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio

público ou à moralidade administrativa do Estado ou de Município, de

suas administrações indiretas ou fundacionais ou de entidades privadas de

que participem.”

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Em termos mais específicos, o artigo 17 da Lei n.º 8.429/92 confere ao

Ministério Público legitimidade para propor ação de improbidade administrativa nos seguintes

termos:

“Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo

Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da

efetivação da medida cautelar”.

Dirimindo-se, portanto, quaisquer controvérsias sobre tal legitimidade,

especialmente, quanto ao manejo da presente ação de improbidade administrativa para punir o

agente ímprobo, em atenção ao mandamento constitucional do artigo 37, § 4º, a jurisprudência

do egrégio Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de reconhecer legitimidade ao

Ministério Público para a promoção da ação civil pública com o escopo de tutelar o

patrimônio público:

EMENTA: “Ação Civil Pública. Atos de Improbidade Administrativa. Defesa

do Patrimônio Público. Legitimação ativa do Ministério Público. Constituição

federal, arts. 127 e 129, III. Lei 7.347/85 (arts. 1º, IV, 3º, II e 13). Lei 8.429/92

(art. 17). Lei 8.625/93 (arts. 25 e 26).

1. Dano ao erário municipal afeta o interesse coletivo, legitimando o

Ministério Público para promover o inquérito civil e a ação civil pública

objetivando a defesa do patrimônio público. A Constituição Federal (art.

129, III) ampliou a legitimação ativa do Ministério Público para propor

Ação Civil Pública na defesa dos interesses coletivos.

2. Precedentes jurisprudenciais.

3. Recurso não provido”. (Resp. n.º 154.128/SC, 1ª Turma, relator Ministro

LUIZ PEREIRA).

EMENTA: “Processual Civil. Ação Civil Pública. Defesa do Patrimônio

Público. Ministério Público. Legitimidade Ativa. Inteligência do art. 129, III,

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da CF/88 c/c o art. 1º, da Lei n.º 7.347/85. Precedente. Recurso especial não

conhecido.

I – O campo de atuação do MP foi ampliado pela Constituição de 1988,

cabendo ao Parquet a promoção do inquérito civil e da ação civil pública para

proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros

interesses difusos e coletivos, sem a limitação imposta pelo art. 1º da Lei

7.347/85 (Resp. n.º 31.547-9/SP).

II – Recurso especial não conhecido” (Resp n.º 67.148/SP, relator Ministro

Adhemar Maciel).

A remansosa jurisprudência da Corte Superior Federal culminou com a edição

da Súmula 329, assim redigida: “O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil

pública em defesa do patrimônio público”.

No mesmo sentido é a jurisprudência do Tribunal de Justiça goiano:

"Ação Civil Pública. Atos de improbidade administrativa. Defesa do

patrimônio público. Legitimidade do Ministério Público. O Ministério Público

tem legitimidade para propor ação civil pública que objetiva a proteção do

erário municipal. 2. Sentença ultra e extra petita. Não há se falar em sentença

ultra ou extra petita quando ela é proferida nos estritos limites do petitum. 3.

Nomeação de menor impúbere para o exercício de cargo comissionado.

Caracteriza-se ato de improbidade administrativa a nomeação de filho menor

de 18 anos para a função pública, uma vez que ofende os princípios da

administração. Apelo conhecido e improvido. Decisão unânime" (TJGO, 2ª

CC, AP nº 54530-7/188, rel. Des. Fenelon Teodoro Reis, j. em 21/11/00, DJ de

06/12/00, p. 6).

Patente, portanto, que o Ministério Público é parte legítima para aforar ação

civil pública em defesa do patrimônio público e da moralidade administrativa, além de ter

legitimidade ativa para a promoção de ação de improbidade tendente a punir o agente ímprobo

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responsável por violações aos princípios estruturais do regime jurídico administrativo, pela

lesão ao erário público e enriquecimento às custas dos cofres públicos.

2.2. – O Requerido como Agente de Improbidade Administrativa

A norma primeira que prevê a inclusão dos atos atentatórios aos princípios

constitucionais entre os atos de improbidade, encontra insculpida no artigo 37 da Constituição

Federal, in verbis:

“Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos

princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência

e, também, ao seguinte:

omissis

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos

direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o

ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da

ação penal cabível.”

Regulamentando tais dispositivos constitucionais, temos a Lei Federal nº

8.429/92, que, dentre outras matérias, estabelece as infrações contra a probidade

administrativa e relaciona as respectivas sanções a serem aplicadas quando de sua prática por

qualquer agente público que delas se beneficie. Inclusive em seu artigo 4º acha-se renovada a

ordem constitucional retro:

“Art. 4° - Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a

velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade,

moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.”

Para os fins desta lei, considera-se agente público todo aquele que exerce, ainda

que transitoriamente, com ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação ou

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qualquer outro vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em qualquer entidade pública ou

mesmo privada (artigo 2º).

Nesse conceito encontra-se inserido o Réu Antônio Divino de Rezende, o qual,

por ser o agente público (latu sensu) - então Prefeito Municipal de Vianópolis – responsável

pelos atos de improbidade em comento, figura no pólo passivo da presente ação em razão,

também, da disposição contida no caput do artigo 1º, in verbis:

“Art. 1º. Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público,

servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos

Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de

entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com

mais de 50% (cinqüenta por cento) do patrimônio ou da receita anual, serão

punidos na forma desta Lei.”

Por outro lado, as disposições da Lei nº 8.429/92 são aplicáveis, no que couber,

àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de

improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta (artigo 3º).

Vale observar que estão também sujeitos às sanções da lei os atos de

improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou

incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou

custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio

ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito

sobre a contribuição dos cofres públicos.

Ademais, como se vê, é amplíssimo o universo de pessoas cujo procedimento

pode ser apontado como ímprobo, desde servidores ou terceiros, incidam nas situações

apontadas pela lei. Exemplificativamente, estariam também sujeitos às cominações legais,

membros de colegiados que não são remunerados, dirigentes de entidades privadas,

fornecedores, enfim todos os que concorram para a prática dos atos previstos na lei.

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Bastante largo é, também, o número de entidades cujo patrimônio se acha

protegido pelas disposições legais em referência. Para se ter uma idéia da amplitude do

alcance da lei, basta observar que empresas que gozam de incentivos fiscais, a exemplo das

que eram favorecidas através da extintas SUDENE, SUDAM e outros organismos nacionais

ou estaduais, como o FAIN, acham-se reguladas pela legislação ora comentada, em relação à

conduta irregular de seus administradores, dolosa ou culposa, em que pese sua condição de

empresas privadas.

2.3. – Individualização dos Atos de Improbidade Administrativa

A Lei nº 8.429/92 conhece três tipos de atos ímprobos na administração, a

saber:

a) atos que importam em enriquecimento ilícito (artigo 9º);

b) atos que causam prejuízo ao erário (artigo 10); e

c) atos que atentam contra os princípios da administração pública (artigo 11).

A primeira classe de atos de improbidade administrativa compreende os

seguintes (artigo 9º, caput, e incisos I a XII, da Lei nº 8.429/92):

“Art. 9º. Constitui ato de improbidade administrativa importando

enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida

em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas

entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer

outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão,

percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou

indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente

das atribuições do agente público;

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II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição,

permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços

pelas entidades referidas no artigo 1º por preço superior ao valor de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação,

permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente

estatal por preço inferior ao valor de mercado;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos

ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer

das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, bem como o trabalho de

servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para

tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico,

de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar

promessa de tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para

fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou

qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou

característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades

mencionadas no artigo 1º desta Lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego

ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à

evolução do patrimônio ou à renda do agente público;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou

assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de

ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do

agente público, durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de

verba pública de qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente,

para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;

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XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou

valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo

1º desta Lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do

acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei.”

O artigo 9º retro-citado envolve 12 (doze) diferentes hipóteses de atos de

improbidade que importam enriquecimento ilícito. Não é rol taxativo ou exaustivo, o que fica

claro pela utilização, no caput, do advérbio notadamente para enunciar a dúzia de incisos

exemplificativos do enunciado.

Tanto o caput quanto os incisos do artigo 9º guardam entre si uma

característica: o agente público aufere vantagem econômica indevida, para si ou para outrem,

em razão do exercício ímprobo de cargo, mandato, função, emprego ou atividade pública.

Ainda que não concorra o prejuízo ao erário ou ao patrimônio das entidades

referidas no artigo 1º, a percepção, ainda que indireta, de dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou

qualquer outra vantagem econômica já realiza o “tipo”.

A segunda classe de atos de improbidade, na conformidade da disposição legal,

é a dos que causam lesão ao erário, compreendendo as seguintes práticas (artigo 10 da Lei nº

8.429/92):

“Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário

qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,

desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das

entidades referidas no artigo 1º desta Lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio

particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores

integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º desta

Lei;

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II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,

rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades

mencionadas no artigo 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais

ou regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda

que de fins educativos ou assistenciais, bens, rendas, verbas ou valores do

patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, sem

observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do

patrimônio de qualquer das entidades referidas no artigo 1º desta Lei, ou ainda

a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por

preço superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e

regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das

formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou

regulamento;

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que

diz respeito à conservação do patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou

influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,

equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição

de qualquer das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, bem como o

trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas

entidades.”

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Requerido(a)(s) : Antônio Divino de Rezende

Natureza : Ação por Ato de Improbidade Administrativa

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O artigo 10 retro-citado envolve 13 (treze) diferentes hipóteses de atos de

improbidade que importam lesão ao erário. Não é rol taxativo ou exaustivo, o que fica claro

pela utilização, no caput, do advérbio notadamente para enunciar a dúzia de incisos

exemplificativos do enunciado.

Finalmente, a terceira classe dos atos de improbidade administrativa contempla

os atos que atentam contra os princípios da administração pública, violando os deveres de

honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, e notadamente os seguintes

(artigo 11 da Lei nº 8.429/92):

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os

princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os

deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, e

notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele

previsto na regra de competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e

que deva permanecer em segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

V - frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da

respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de

afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.”

O artigo 11 retro-citado envolve 07 (sete) diferentes hipóteses de atos de

improbidade que atentam contra os princípios da administração pública, violando os deveres

de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições. Da mesma forma que o

artigo 9º e o artigo 10, o rol não é taxativo ou exaustivo, o que fica claro pela utilização, no

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caput, do advérbio notadamente para enunciar a dúzia de incisos exemplificativos do

enunciado.

Pois bem.

Com base nos eventos narrados tem-se que o Requerido Antônio Divino de

Rezende realizou comportamento que permitiu o enriquecimento ilícito por parte de terceiros

(alguns servidores municipais que tiveram a jornada de trabalho reduzida sem a conseqüente

redução salarial) e causou lesão ao erário municipal de forma direta, na forma dos salários e

demais benefícios pagos a maior para os servidores e de forma indireta, em conseqüência dos

vários encargos sociais, verbas previdenciárias etc. (fls. 21 a 286 do PA nº 040), atentando

ainda contra os princípios da administração pública, violando os deveres de honestidade,

moralidade, legalidade, imparcialidade e lealdade às instituições, eis que outros servidores

públicos municipais cumpriram a jornada normal de trabalho sem o proporcional aumento dos

salários (fls. 290, 293, 294, 296 e 297do PA nº 040), o que também gerou uma desigualdade

inaceitável, ferindo, por conseguinte, as disposições contidas no artigo 9º, caput, 10, caput, e

11, caput, da Lei nº 8.429/92.

O Requerido, ao reduzir verbalmente a jornada de trabalho de alguns servidores

públicos municipais, e posteriormente assinar o Decreto Municipal nº 119/2005 com data

retroativa a 10/10/2005, após questionamento do Ministério Público, permitiu que alguns

funcionários públicos municipais de Vianópolis, de forma ilícita, ao arrepio das disposições

legais, obtivessem indevida remuneração, correspondente a jornada de trabalho superior à

efetivamente praticada, cometeu ato de improbidade administrativa que importou no

enriquecimento ilícito desses funcionários públicos, nos termos do art. 9°, caput, da Lei n°

8.429/1992, combinado com o art. 3° desse mesmo Diploma, in verbis:

Art. 3°. As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber, àquele que,

mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato

de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

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Ademais, o Requerido, por ocasião de sua assunção do cargo de Prefeito do

Município de Vianópolis, efetuou a promessa solene de cumprir as leis e as Constituições

Federal e Estadual, o que não fez.

Destarte, ao fixar para os servidores públicos municipais jornada de trabalho

inferior à legalmente prevista, sem o correspondente desconto na remuneração e demais

vantagens, o Requerido cometeu ato de improbidade administrativa que importa em

enriquecimento ilícito (de terceiros, qual seja, dos referidos servidores), na medida em que

propiciou que tais servidores auferissem vantagem patrimonial indevida em razão do

exercício de cargo junto ao Município – agindo dolosamente, eis que alterou a jornada

verbalmente e depois assinou o Decreto Municipal nº 119/ de forma livre e consciente –,

concorrendo para a prática do ato de improbidade administrativa capitulado no art. 9°, caput,

da Lei n° 8.429/92.

De resto, desde já se aduz ser absolutamente improcedente eventual alegação

de que o ato de improbidade foi praticado por subordinados do então Prefeito Municipal, ora

requereido, ao largo da sua responsabilidade, até porque se aplica, quanto a esta questão, as

regras atinentes à culpa in eligendo e in vigilando.

A primeira, na medida em que os cargos de confiança são de livre provimento

do Prefeito Municipal, há responsabilidade solidária entre os auxiliares diretos do Prefeito

Municipal e este.

Assim, podendo o Prefeito prover livremente os cargos, nomeando e

exonerando os Secretários Municipais, Diretores e demais ocupantes de cargo em comissão,

conclui-se que seus ocupantes hão de merecer sua confiança,3 até porque, como bem ensina

HELY LOPES MEIRELLES,4 “a responsabilização dos servidores públicos é dever genérico da

Administração e específico de todo chefe, em relação a seus subordinados”.

3 “os cargos de provimento em comissão (cujo provimento dispensa concurso público) são aqueles vocacionados para serem ocupados em caráter transitório por pessoa de confiança da autoridade competente para preenchê-los, a qual também pode exonerar ad nutum, isto é, livremente, quem os esteja titularizando” [in MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Curso de Direito Administrativo, 13ª ed., Malheiros, p. 276]. 4 Direito Administrativo Brasileiro, 26ª ed., Malheiros, 2001, p. 461.

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23�

A culpa in vigilando caracteriza-se na medida em que o Chefe do Executivo

Municipal não exerceu o controle sobre os atos de seus subordinados, omitindo-se no

cumprimento de disposição expressa de lei.

Por óbvio, tais institutos do direito obrigacional, cuja gênese está no Direito

Privado, devem ser analisados sob a ótica do Direito Público.

Preciosos, ainda, os seguintes comentários à Lei Orgânica do Município de São

Paulo:5

“Os Secretários Municipais são auxiliares diretos do Prefeito, por ele nomeados

como agentes políticos sobre os quais tem o nutum, podendo exonerá-los, como

os nomeou, sem necessidade de autorização do Poder Legislativo.

[…]

A administração municipal, como toda organização governamental, tem sua

cúpula administrativa, que concebe a política a ser seguida, estabelecendo o

plano a ser executado no quatriênio ou os planos temporários ou ainda os

planos setorizados e os põe em execução, escolhendo os meios e a

oportunidade. A cabeça da estrutura do governo local formada pelos

Secretários Municipais, pelo Procurador-Geral do Município, pelos consultores

e assessores técnicos, formam a direção superior da administração municipal,

cuja direção cabe ao Prefeito, que dá a decisão, expressa ou tácita,

aprovando ou não, as medidas desse primeiro escalão.

A atribuição de decidir é do Prefeito. Os auxiliares diretos que compõem a

cúpula, coadjutores de confiança, têm competência delegada para executar o

decidido pelo Prefeito, ainda que essa decisão não seja formal. A ação da

direção superior da administração é tomada como conseqüência do querer do

Prefeito, porque, se não o quisesse, bastaria o nutum para demonstrar o

contrário.

5 GODOY, Mayr, A lei orgânica do município comentada, Livraria e Editora Universitária de Direito, 1990, p. 143-4.

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24�

A Administração superior tem caráter subordinado e hierarquizado ao Prefeito,

razão por que este responde por ela. O Prefeito é o governo, que decide

politicamente” [sem os destaques no original].

Com a competência de sempre, aborda a questão HELY LOPES MEIRELLES:6

“As atribuições do prefeito são de natureza governamental e administrativa;

governamentais são todas aquelas de condução dos negócios públicos, de

opções políticas de conveniência e oportunidade na sua realização, e, por isso

mesmo, insuscetíveis de controle por qualquer outro agente, órgão ou Poder;

administrativas são as que visam à concretização das atividades executivas do

Município, por meio de atos jurídicos sempre controláveis pelo Poder

Judiciário e, em certos casos, pelo Legislativo local. Claro está que o prefeito

não realiza pessoalmente todas as funções do cargo, executando aquelas que

lhe são privativas e indelegáveis e traspassando as demais aos seus auxiliares e

técnicos da Prefeitura (secretários municipais, diretores de departamentos,

chefes de serviços e outros subordinados). Mas todas as atividades do

Executivo são de sua responsabilidade direta e indireta, quer pela sua

execução pessoal, quer pela sua direção ou supervisão hierárquica” [sem

os grifos no original].

Ainda, oportuno à colação decisão da pena do Douto Juiz de Direito Doutor

FLÁVIO RENATO CORREIA DE ALMEIDA, à época titular da 3ª Vara Cível da Comarca de

Maringá, no curso dos Autos de ação civil pública nº 650/2000, em que ocupava o pólo

passivo o Prefeito Municipal de Paiçandu, versando a lide especificamente sobre a omissão do

Administrador Público no cumprimento do dispositivo do art. 27, § 2º, da Constituição do

Estado do Paraná, que determina a publicação semestral dos gastos com propaganda e

publicidade, que sintetiza brilhantemente a questão posta:

“No mérito, razão assiste ao autor. Embora tenha o réu tentado afastar sua

responsabilidade sob a alegação de que o Chefe do Gabinete é quem teria a

6 Direito Municipal Brasileiro, 10ª ed., Malheiros, 1998, p. 543.

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25�

incumbência de fazer publicar os relatórios, é sabido que toda a estrutura de

governo é escolhida, e nomeada, pelo Prefeito, nos moldes do que ocorre nas

outras esferas de poder.

Por isso, ao escolher e nomear alguém para exercer o cargo, que é de confiança,

o Chefe do Poder Executivo carreia para si toda a responsabilidade pelos atos

praticados pelo escolhido, até porque este age a mando daquele. É evidente

que, por existir a cadeia de comando, aquele que tem o poder de ordenar tem

também a responsabilidade pelos atos dos subordinados.

Na condição de administrador da coisa pública, cabe ao Prefeito velar pelo fiel

cumprimento dos deveres da Administração, como ressalta TOSHIO MUKAI:7

„Para a concretização do interesse público, que, em última análise, resume-

se no bem coletivo, os administradores públicos detêm poderes e deveres, ou

seja, meios e responsabilidades para o exercício das respectivas funções

públicas em prol de todos os que se achem no âmbito territorial ou funcional

de suas atribuições legais. O administrador público tem principalmente

deveres a serem bem e fielmente cumpridos com os poderes e recursos

materiais, financeiros e humanos ao seu dispor.‟

Assim, não se trata, como pretende o réu, de afirmar que o Prefeito deva,

pessoalmente, cuidar de todos os atos praticados pela Administração. É óbvio

que existem muitas pessoas praticado atos administrativos, mas o comando

parte do Prefeito, a quem incumbe escolher pessoas que, efetivamente,

cumpram com os deveres do administrador.

Aliás, o ato omissivo não tem a minimização que o réu pretende lhe dar. Não se

trata de „mero ato administrativo‟, porque nenhum ato administrativo é „mero‟.

À Administração compete, estritamente, cumprir a lei. E esta, no presente caso,

foi desrespeitada.”

Logo, o Requerido é responsável direto pelo ato de improbidade

administrativa que implicou o enriquecimento ilícito narrado.

7 Direito administrativo sistematizado, Saraiva, 1999, p. 154.

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26�

Ao mesmo tempo, de se concluir que o ato supranarrado atribuído ao

Requerido Antônio Divino de Rezende também caracteriza ato de improbidade administrativa

que causou prejuízo ao erário, nos termos do artigo 10, caput e incisos I, IX e XII, da Lei n°

8.429/92.

Com efeito, os mesmos atos de redução ilícita da jornada de trabalho sem a

correspondente adequação salarial dos referidos servidores públicos, cometidos com dolo

também causaram lesão ao erário, vez que ensejaram perda patrimonial, apropriação e

malbaratamento de haveres pertencentes ao Município de Vianópolis (Lei n° 8.429/92, art.

9°), na medida em que o Requerido Antônio Divino de Rezende:

a) facilitou/concorreu para a incorporação ao patrimônio dos citados agentes

públicos, de valores integrantes do acervo patrimonial do Município (inciso I);

b) ordenou/permitiu a realização de despesas relativas ao pagamento de

pessoal, não autorizadas em lei (inciso IX); e

c) permitiu/facilitou/concorreu para que terceiros (os multicitados funcionários

públicos) enriquecessem ilicitamente (inciso XII).

Valem, aqui, os mesmos argumentos já expendidos quanto à responsabilidade

do Prefeito Municipal, inclusive a questão quanto à responsabilidade advinda da culpa in

eligendo e in vigilando.

Simultaneamente, os atos supranarrados atribuídos a Requerido Antônio

Divino de Rezende, também caracterizam atos de improbidade administrativa que causam

prejuízo ao erário, nos termos do artigo 11, caput e inciso I, da Lei n° 8.429/1992, na medida

em que atentaram contra os princípios da Administração Pública, por violarem aos deveres de

honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, eis que os atos de

improbidade administrativa foram praticados visando fim proibido em lei. Adiante, será

explorado com mais profundidade o tema dos Princípios da Administração Pública.

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27�

O Requerido Antônio Divino de Rezende desprezou as disposições

estabelecidas no art. 37 da Constituição Federal, as quais preconizam que:

Art. 37. A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer

dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

§ 4º. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos

direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o

ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da

ação penal cabível.

De fato, extrai-se da conduta do réu a ofensa aos princípios norteadores da

Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade administrativa, publicidade e

eficiência, todos previstos na regra Constituição acima mencionada.

No dizer de PAULO BONAVIDES,8

“as regras vigem, os princípios valem; o valor que neles se insere se exprime

em graus distintos. Os princípios, enquanto valores fundamentais, governam a

Constituição, o regímen, a ordem jurídica. Não são apenas a lei, mas o

Direito em toda a sua extensão, substancialidade, plenitude e abrangência”

[sem os destaques no original].

Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO:9

“Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer.

A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico

mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave

forma de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, conforme o escalão do

8 Curso de Direito Constitucional, Malheiros, 5ª ed., 1994, p. 260. 9 Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 5ª ed. 1994, p. 451.

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28�

princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema,

subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu

arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isso porque, com ofendê-

lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas

esforçada.”

Os princípios da Administração previstos na Constituição Federal, são

reproduzidos na Constituição Estadual e na Lei Orgânica do Município de Vianópolis, não

havendo razão para que o Requerido possa alegar ignorância ou qualquer outra circunstância

para descumpri-los.

No tocante ao princípio da legalidade infringido pelo Requerido, CELSO

ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO em magistral lição pontua que:10

“... o princípio da legalidade é o da completa submissão da Administração às

leis. Esta deve tão somente obedecê-las, cumpri-las, pô-las em prática. Daí que

a atividade de todos os seus agentes, desde o que lhe ocupa a cúspide, isto é, o

Presidente da República, até o mais modesto dos servidores, só pode ser a de

dóceis, reverentes, obsequiosos cumpridores das disposições gerais fixadas

pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhes compete no direito

brasileiro” [sem os destaques no original].

Quer significar que o ato de todo o servidor público, de todo o agente público,

deve ser realizado nos termos da Lei. Enquanto para o particular o que não é proibido é

permitido, ao administrador, e à própria Administração, somente é permitido fazer o que

a lei expressamente autoriza, ou seja, o que não é permitido pela lei é proibido.

O sempre lembrado DIÓGENES GASPARINI, aponta que:11

10 Op. cit., p. 48. 11 Direito Administrativo, 4ª ed. Saraiva, 1995, p. 6.

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29�

“O princípio da legalidade, resumido na proposição suporta a lei que fizeste,

significa estar a Administração Pública, em toda a sua atividade, presa aos

mandamentos da lei, deles não se podendo afastar, sob pena de invalidade do

ato e responsabilidade de seu autor. Qualquer ação estatal, sem o

correspondente calço legal ou que exceda o âmbito demarcado pela lei, é

injurídica e expõe-se à anulação. Seu campo de ação, como se vê, é bem

menor do que o do particular. De fato, este pode fazer tudo o que a lei

permite, tudo o que a lei não proíbe; aquela só pode fazer o que a lei autoriza

e, ainda assim, quando e como autoriza. [Na seqüência arremata, dizendo:] A

este princípio também se submete o agente público. Com efeito, o agente da

Administração Pública está preso à lei e qualquer desvio de suas imposições

pode nulificar o ato e tornar seu autor responsável, conforme o caso,

disciplinar, civil e criminalmente” [sem os destaques no original].

Vislumbra, outrossim, ter o Requerido contrariado o princípio da moralidade

administrativa, princípio pelo qual, na lição de DIÓGENES GASPARINI:

“o ato e a atividade da Administração Pública devem obedecer não só à lei

mas a própria moral, porque nem tudo que é legal é honesto, conforme

afirmavam os romanos”.12

Referido autor, continuando a comentar o princípio da moralidade

administrativa, diz que:13

“Para Hely Lopes Meirelles, apoiado em Manoel Oliveira Franco Sobrinho, a

moralidade administrativa está intimamente ligada ao conceito de bom

administrador, aquele que, usando de sua competência, determina-se não só

pelos preceitos legais vigentes mas também pela moral comum, propugnando

pelo que for melhor e mais útil para o interesse público. A importância desse

princípio já foi ressaltada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (RDA

12 Direito Administrativo, 4ª ed. Saraiva, 1995, p. 7. 13 Op. cit., p. 7.

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89/134), ao afirmar que a moralidade administrativa e o interesse coletivo

integram a legalidade do ato administrativo”.

Discorrendo sobre o tema, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO assevera

que:14

“… compreendem-se em seu âmbito, como é evidente, os chamados princípios

da lealdade e da boa-fé, tão oportunamente encarecidos pelo mestre espanhol

Jesus Gonzales Peres em monografia preciosa. Segundo os cânones da

lealdade e boa-fé, a Administração haverá de proceder em relação aos

administrados com sinceridade e lhaneza, sendo-lhe interdito qualquer

comportamento astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a

confundir, dificultar ou minimizar o exercício de direitos por parte dos

cidadãos”.

MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, citando Manoel de Oliveira Franco

Sobrinho, de modo mais radical enfatiza que:15

“Mesmo os comportamentos ofensivos da moral comum implicam ofensa ao

princípio da moralidade administrativa”.

E mais adiante sentencia:16

“Em resumo, sempre que em matéria administrativa se verificar que o

comportamento da Administração ou do administrado que com ela se

relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a moral, os

bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e de

eqüidade, a idéia comum de honestidade, estará havendo uma ofensa ao

princípio da moralidade administrativa”.

14 Curso de Direito Administrativo, 5ª ed., 1994, Malheiros Editores, p. 59-60. 15 Direito Administrativo, 8ª ed., 1997, Atlas, p. 71. 16 Op. cit., p. 71.

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Assim é a atitude do Requerido, ao desrespeitar, deliberadamente, às

determinações legais, reduzindo verbalmente e por decreto, a jornada de trabalho sem a

necessária compensação da remuneração dos servidores públicos.

Portanto, restou claro e evidente, a ocorrência de atos atentatórios aos

princípios da legalidade, moralidade administrativa e eficiência da Administração Pública,

praticado pelo Requerido, considerado ato de improbidade administrativa, na medida em que,

com seu atuar, violou aos deveres de legalidade e lealdade às instituições (especificamente, ao

Município de Vianópolis), previsto no art. 11, caput, da Lei n. 8.429/1992.

Todavia, não sem antes em dizer que dentre os deveres do servidor público,

ressai o dever de probidade, que segundo HELY LOPES MEIRELLES:17

“está constitucionalmente integrado na conduta do administrador público,

como elemento necessário à legitimidade de seus atos”

Discorrendo sobre o dever de probidade, DIÓGENES GASPARINI pondera que:18

“Esse dever impõe ao agente público o desempenho de suas atribuições sob

pautas que indicam atitudes retas, leais, justas, honestas, notas marcantes da

integridade do caráter do homem. É nesse sentido, do reto, do leal, do justo e

do honesto que deve orientar o desempenho do cargo, função ou emprego

junto ao Estado ou entidade por ele criada, sob pena de ilegitimidade de suas

ações”.

Na lição do insigne administrativista,19

“os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou

não, contra a Administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos 17 Op. cit., p. 91. 18 Op. cit., p. 51. 19 Op. cit., p. 7.

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poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de

empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação

ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do

patrimônio ou receita anual, serão punidos com base na Lei federal n.

8.429/92”.

Com efeito, a Lei 8.429/1992, cujo teor do art. 1º é acima reproduzido pelo

ilustre jurista, estabelece no que consistem os atos de improbidade administrativa, qual é a sua

punição e quais são seus responsáveis, legitimando o Ministério Público, em seu artigo 17, à

propositura de ação civil, com rito ordinário, contra estes últimos.

No caso em apreço, verifica-se que a conduta do Requerido violou os deveres

de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, in casu, o Município de

Vianópolis, na medida em que, ilegal e arbitrariamente, reduziu a jornada de trabalho sem a

contrapartida, qual seja, redução de vantagens, dos funcionários públicos municipais de

Vianópolis.

Também vale consignar as disposições do art. 4º da Lei 8.429/1992 no tocante

a conduta que se espera de qualquer agente público:

Art. 4º. Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a

velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade,

moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.

A punição do agente público que viola, deliberadamente, os princípios

basilares da Administração Pública é absolutamente necessária e deve ser exemplar, ainda

mais em um momento que se busca o resgate da seriedade com o trato da coisa pública, em

que se objetiva a probidade no serviço público e a responsabilização dos funcionários

descumpridores de seus deveres.

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2.4. – Das sanções aplicáveis ao Réu

A Lei nº 8.429/92 não se preocupa em definir crimes. Os atos tipificados nos

artigos 9°, 10 e 11 não constituem crimes no âmbito da referida lei. Muitas das condutas ali

descritas são de natureza criminal, assim definidas, porém, em outras leis, a exemplo do

Código Penal, do Decreto-Lei 201, da Lei n° 8.666/93 etc.

Não sendo crimes, têm, contudo, uma sanção, de natureza política ou civil,

cominada na lei sob comentário, independentemente das sanções penais, civis e

administrativas previstas na legislação específica.

Assim, os atos de improbidade administrativa praticados pelo Réu e que

importaram em enriquecimento ilícito estão sujeitos às seguintes cominações (artigo 9º c/c

artigo 12, inciso I, ambos da Lei nº 8.429/92):

a) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;

b) ressarcimento integral do dano, quando houver;

c) perda da função pública;

d) suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos;

e) pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial;

f) proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou

incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por

intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez

anos.

Em relação ao prejuízo ao erário, as sanções aplicáveis são (artigo 10 c/c artigo

12, inciso II, ambos da Lei nº 8.429/92):

a) ressarcimento integral do dano, se houver;

b) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se

concorrer esta circunstância;

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c) perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito

anos;

d) pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano;

e) proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou

incentivos fiscais ou creditício, direta ou indiretamente, ainda que por

intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de

cinco anos

Finalmente, a prática dos atos de improbidade praticados pelo Réu, que

atentaram contra a moralidade e demais princípios da administração, acarretam como sanção

(artigo 11 c/c artigo 12, inciso III, ambos da Lei nº 8.429/92):

a) ressarcimento integral do dano;

b) perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco

anos;

c) pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida

pelo agente;

d) proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefício ou

incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por

intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três

anos.

Forçoso reconhecer, que neste lamentável fato, reprovável ao extremo foi o

comportamento do Réu.

2.5. – Da Prescrição

Cumpre-nos referir ao prazo para ajuizamento das ações destinadas a levar a

efeito as sanções previstas na lei 8.429/92. Segundo esta, as mencionadas ações podem ser

propostas até cinco anos após o término do exercício de mandato, cargo em comissão ou

função de confiança (artigo 23, inciso I).

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Nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego, devem as ações ser

propostas dentro do prazo prescricional previsto na lei específica para faltas disciplinares

puníveis com demissão a bem do serviço público (artigo 23, inciso II).

No caso em comento se percebe que a presente ação não se encontra atingida

pelo instituto da prescrição, posto que o fato ilícito ocorreu a partir de 10/10/ e o mandato do

Réu Antônio Divino de Resende, como Prefeito Municipal de Vianópolis, findou-se aos

31/12/2.008.

III – DO PEDIDO

ANTE O EXPOSTO DE TAIS CONSIDERAÇÕES, requer o Ministério

Público do Estado de Goiás, por seu Representante Legal ao final assinado, no uso de suas

atribuições:

a) Seja a presente petição recebida, autuada e processada na forma e no

rito preconizado no artigo 17 da Lei n° 8.429/92, com a alteração produzida através da

Medida Provisória nº 2.225-45, de 04 de setembro de 2001 e demais legislações atinentes à

matéria, juntando para tanto os documentos que acompanham essa inicial;

b) Digne-se seja o Réu notificado para oferecer manifestação por escrito,

instruindo-a, se assim lhe aprouver, com documentos e justificações, dentro do prazo de

quinze dias;

c) Recebida ou não a manifestação do Réu, seja aceita a presente petição e

citado pessoalmente, no local inicialmente indicado para, querendo, vir responder aos termos

da presente ação no prazo legal, sob pena de aplicação dos consectários jurídicos legais da

revelia, o que desde já requer, produzindo as provas que porventura possuir, acompanhando-a

até final julgamento, facultando ao Oficial de Justiça para a comunicação processual, a

permissão estampada no artigo 172, § 2°, do Código de Processo Civil;

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No sentido do recebimento, julgados do Egrégio Tribunal de Justiça de Goiás e

de Minas Gerais, respectivamente:

ORIGEM.....: 2A CAMARA CIVEL FONTE......: DJ 159 de 22/08/2008

ACÓRDÃO....: 05/08/2008 LIVRO......: (S/R)

PROCESSO...: 200702391250 COMARCA....: TURVANI

A

RELATOR....: DES. ZACARIAS NEVES COELHO

RECURSO....: 56580-0/180 - AGRAVO DE INSTRUMENTO

EMENTA.....: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. ACAO CIVIL PUBLICA POR ATO DE

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA C/C DECLARACAO DE

INCONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL. LEGITIMIDADE ATIVA DO

MINISTERIO PUBLICO. COMPETENCIA. RECEBIMENTO DA INICIAL. ART.

17 DA LEI 8.429/92. 1 - A JURISPRUDENCIA DO SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL FIRMOU ENTENDIMENTO DE QUE E POSSIVEL O CONTROLE

DE CONSTITUCIONALIDADE EM ACAO CIVIL PUBLICA, DESDE QUE DE

FORMA INCIDENTAL. 2 - O MINISTERIO PUBLICO E PARTE LEGITIMA

PARA PROPOR ACAO CIVIL PUBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA E TAMBEM PARA PROVOCAR O CONTROLE DE

CONSTITUCIONALIDADE DIFUSO, SEJA NA QUALIDADE DE PARTE OU

DE FISCAL DA LEI (ART. 5 DA LEI N. 7.347/85 E ART. 17 DA LEI N.8.429 /92).

3 - A COMPETENCIA PARA O PROCESSAMENTO DA ACAO CIVIL PUBLICA

E A DO FORO DO LOCAL DO DANO (ART. 2 DA LEI 7.347/85). 4 -

VERIFICANDO O JULGADOR INDICIOS SUFICIENTES DA EXISTENCIA DO

ATO DE IMPROBIDADE (ART. 17, PARAGRAFO 6, LEI N. 8.429/92), DEVE

RECEBER A PETICAO INICIAL DA ACAO CIVIL PUBLICA E MANDAR

PROCESSA-LA, DEPOIS DE FACULTAR AO REU A OPORTUNIDADE DE

PREVIA MANIFESTACAO."

DECISÃO....: "ACORDAM OS INTEGRANTES DA 3A TURMA JULGADORA DA 2A

CAMARA CIVEL DO EGREGIO TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE

GOIAS, POR UNANIMIDADE DE VOTOS, EM CONHECER DE AMBOS OS

RECURSOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO, NOS TERMOS DO VOTO DO

RELATOR."

PARTES.....: AGRAVANTE: EDILSON APARECIDO DA SILVA E OUTROS

AGRAVADO: MINISTERIO PUBLICO

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Número do processo 1.0460.05.019071-5/003(1)

Relator: CÉLIO CÉSAR PADUANI

Data do Julgamento: 10/07/2008

Data da Publicação: 22/07/2008

Ementa:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RECEBIMENTO DE PETIÇÃO

INICIAL. INDÍCIOS DE IMPROBIDADE. SUFICIÊNCIA. RECURSO A QUE SE NEGA

PROVIMENTO. 1. Não merece reparo a decisão interlocutória que recebe a petição inicial de ação

civil pública, determinando a citação da parte contrária, por vislumbrar a existência de indícios dos atos

de improbidade administrativa narrados na inicial, não sendo de se exigir, nesta fase preliminar, um

maior aprofundamento dos fatos discutidos, nem tampouco extensa fundamentação. 2. Nega-se

provimento ao recurso.

Súmula: NEGARAM PROVIMENTO.

Número do processo 1.0529.07.018606-7/002(1)

Relator: WANDER MAROTTA

Data do Julgamento: 22/04/2008

Data da Publicação: 05/06/2008

Ementa:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - COMPRA DE MATERIAL SEM

O DEVIDO PROCESSO DE LICITAÇÃO - MATÉRIA DE PROVA. Na ação civil pública, como em

qualquer outra ação civil, cabe ao Juiz verificar as condições da ação e os pressupostos processuais,

que, estando presentes, ensejam o recebimento da inicial, e nada mais. Não cabe, nesta fase, discussões

aprofundadas a respeito da autoria e da existência do ato de improbidade administrativa passível de

sanção, questões de mérito a serem analisadas após a instrução processual. O agravo só pode atacar a

matéria efetivamente decidida, sendo vedada a sua utilização como via para conhecimento originário de

questões não apreciadas na origem.

Súmula: NEGARAM PROVIMENTO.

d) Seja o pedido julgado procedente em todos os seus aspectos para condenar o

Réu Antônio Divino de Rezende nas sanções civis relacionadas nos artigos 12, incisos I, II e

III pela prática das infrações descritas nos artigos 9º, 10 e 11, todos da Lei nº 8.429/92;

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e) Seja o Réu condenado, também, ao pagamento das custas e emolumentos

processuais, como ônus da sucumbência;

f) A cientificação da Prefeitura Municipal de Vianópolis, na pessoa do atual

Prefeito Municipal, para, querendo, integrar a lide, nos termos do artigo 17 § 3º, da Lei nº

8.429/92, devendo ser observado que essa cientificação deverá preceder a citação do réu.

Nesse sentido julgado do Egrégio Tribunal e Justiça do Estado de Minas

Gerais:

Número do processo: 1.0000.00.279333-9/000(1)

Relator: PEDRO HENRIQUES

Data do acordão: 13/09/2002

Data da publicação: 22/02/2003

Ementa:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROMOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO - IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA - COMISSÃO MUNICIPAL DE LICITAÇÃO - EMPRESA HABILITADA -

REQUISITOS DO EDITAL - PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - PREJUÍZO AO

ERÁRIO - SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA - LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO -

ARTIGO 17, § 3º, DA LEI N.º 8.429/92 - INEXISTÊNCIA DE CITAÇÃO DO MUNICÍPIO -

SENTENÇA CASSADA, DE OFÍCIO. Em se tratando de ação civil pública promovida pelo

Ministério Público em face de membros de Comissão Municipal de Licitação por suposto ato de

improbidade administrativa, consistente na violação aos termos de edital e aos princípios da

Administração Pública, com prejuízo aos cofres públicos, com fulcro na Lei nº 8.429/92, mister a

citação, como litisconsorte necessário, da pessoa jurídica de direito público interessada, 'in casu', o

Município, a teor do § 3º do artigo 17 daquele diploma, cuja ausência acarreta, em sede revisora e de

ofício, a cassação da sentença, para que se proceda àquela formalidade essencial.

Súmula: CASSARAM A SENTENÇA, DE OFÍCIO.

Salienta-se que nos termos legais o Município não pode defender o réu,

sendo-lhe permitido somente defender a validade do ato.

Requer e protesta, ainda, provar o alegado por qualquer meio de prova

admitida em direito, máxime provas testemunhais (cujo rol será depositado em cartório

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oportunamente), periciais e documentais, e, inclusive pelo depoimento pessoal do réu,

pleiteando desde já a juntada dos documentos anexos, constantes do Procedimento

Administrativo nº 040.

Dá-se a causa o valor de R$ 12.0000 (doze mil reais) para efeitos meramente

fiscais.

Gabinete da Promotoria de Justiça da Comarca de Vianópolis-Goiás, em 1º de

setembro de 2.010.

Promotor de Justiça Maurício Alexandre Gebrim

PGJ/GO nº 489