6
Termodinâmica – Exercícios resolvidos Quasar - 1 - Termodinâmica Exercícios resolvidos 1. Gases perfeitos – Cp e Cv a) Mostre que a relação entre o calor específico molar a pressão constante Cp e a volume constante Cv é dada por k Cv Cp + = , e determine a constante k. b) A energia interna de um dado sistema é apenas função da sua temperatura absoluta, como se viu () nCvdT T dU = . No caso dele ser constituído por moléculas monoatómicas ( ) T NK T U B 2 3 = , N é o nº de moléculas e K B a constante de Boltzmann. Determine Cv e Cp para um gás monoatómico. c) Porque é que Cv Cp > ? Resolução: a) Pela definição das variáveis Cp e Cv temos = = V P dT Q n Cv dT Q n Cp δ δ 1 1 Por outro lado a 1ª lei da termodinâmica diz que W dU Q δ δ + = , sendo dU o diferencial de energia interna. Reescrevendo a equação PdV nCvdT Q + = δ Tanto Cp como Cv relacionam-se pela temperatura, pelo que temos de substituir o termo PdV através da equação dos gases perfeitos, nRT PV = . Diferenciando ficará nRdT VdP PdV = + , pois n e R são constantes. Como só nos interessa o caso em que a pressão é constante 0 = VdP e ficará então nRdT PdV = . Substituindo em cima ( ) dT R Cv n nRdT nCvdT Q + = + = δ , que é o calor fornecido numa transformação a pressão constante. Analogamente isto poderia ser escrito da forma nCpdT Q = δ .

term_res

Embed Size (px)

DESCRIPTION

muito bom !

Citation preview

  • Termodinmica Exerccios resolvidos Quasar

    - 1 -

    Termodinmica Exerccios resolvidos

    1. Gases perfeitos Cp e Cv

    a) Mostre que a relao entre o calor especfico molar a presso constante Cp e a

    volume constante Cv dada por kCvCp += , e determine a constante k. b) A energia interna de um dado sistema apenas funo da sua temperatura absoluta,

    como se viu ( ) nCvdTTdU = . No caso dele ser constitudo por molculas monoatmicas ( ) TNKTU B2

    3= , N o n de molculas e KB a constante de Boltzmann. Determine Cv e Cp para um gs monoatmico.

    c) Porque que CvCp > ?

    Resoluo:

    a) Pela definio das variveis Cp e Cv temos

    =

    =

    V

    P

    dTQ

    nCv

    dTQ

    nCp

    1

    1

    Por outro lado a 1 lei da termodinmica diz que WdUQ += , sendo dU o diferencial de energia interna.

    Reescrevendo a equao PdVnCvdTQ += Tanto Cp como Cv relacionam-se pela temperatura, pelo que temos de substituir o termo

    PdV atravs da equao dos gases perfeitos, nRTPV = . Diferenciando ficar nRdTVdPPdV =+ , pois n e R so constantes. Como s nos interessa o caso em que a

    presso constante 0=VdP e ficar ento nRdTPdV = .

    Substituindo em cima ( )dTRCvnnRdTnCvdTQ +=+= , que o calor fornecido numa transformao a presso constante. Analogamente isto poderia ser escrito da forma

    nCpdTQ = .

  • Termodinmica Exerccios resolvidos Quasar

    - 2 -

    Ento ( ) RCvCpdTRCvnnCpdT +=+= k=R, a constante dos gases perfeitos R 11314,8 KJmol

    b) A energia interna de um dado sistema apenas funo da sua temperatura absoluta,

    como se viu ( ) nCvdTTdU = . No caso dele ser constitudo por molculas monoatmicas ( ) TNKTU B2

    3= , N o n de molculas e KB a constante de Boltzmann. Determine Cv e Cp para um gs monoatmico.

    1147,12314,823

    23

    23

    23

    23 ====== KJmolRCvnR

    NRNnCvdTNKnCvdT

    AB

    1179,20314,825

    25

    23 ===+=+= KJmolRRRRCvCp

    c) Sendo C a quantidade de energia (calor) fornecida a uma mol de gs para que a sua

    temperatura aumente 1K, se a transformao se der a volume constante toda a energia

    disponibilizada se converte em energia interna (que faz aumentar a temperatura do gs

    pois U(T) ), ao passo que se a transformao se der a presso constante, uma parte do

    calor perdido para fazer expandir o gs. Assim, para o mesmo aumento de temperatura,

    preciso fornecer mais energia quando a presso constante, logo Cp>Cv.

  • Termodinmica Exerccios resolvidos Quasar

    - 3 -

    2. Gases perfeitos transformaes isobricas (presso constante)

    a) A temperatura de um gs perfeito duplica durante uma transformao isobrica.

    Sendo 320cmVi = determine o seu volume no final da expanso. Qual foi o trabalho realizado se atmP 100= ?

    b) Uma amostra de 10g de ar, que se pode considerar um gs perfeito diatmico encontra-se temperatura ambiente de 20C. O gs comprimido a presso

    constante at o seu volume diminuir 5%. Obter a temperatura final do sistema, o

    calor transferido e o trabalho realizado. 111005 = KgJKCp

    Resoluo:

    a) nRTPV = Como P constante podemos escrever:

    ==== 3402

    20 cmVT

    VTT

    VTV

    fi

    f

    if

    f

    i

    i 35104 mx

    ( ) JxxxxVPW VfVi 20010210410100 555 ===

    b) cteTV =

    ( ) KTTT

    VVTV

    TV

    TV

    iff

    ii

    i

    i

    f

    f

    i

    i 2782027395,095,005,0 =+====

    ( ) JTmCpQ 151293278100501,0 ===

    TCpQnTnCpQ

    ==

    JCp

    RCpQ

    CvCp

    QQWWTCvTCp

    QWTnCvQWUQ

    12,01005

    314,810051151 =

    =

    =

    ==+=+=+=

  • Termodinmica Exerccios resolvidos Quasar

    - 4 -

    3. Gases perfeitos transformaes isotrmicas (temperatura constante)

    a) Calcular o trabalho realizado durante um processo isotrmico de um gs perfeito. b) Considere a compresso isotrmica de 0,10 mol de um gs perfeito a 0C. A presso

    inicial de 1 atm e o volume final 51 do inicial. Determine o trabalho realizado e o

    calor transferido.

    c) Um gs ideal ocupa um volume de 30,8 m a uma presso de 4 atm e a uma

    temperatura de 300K. Expande-se o gs at presso final de 1 atm. Calcular o

    volume e temperatura finais, o trabalho realizado, o calor absorvido e a variao de

    energia interna para uma expanso isotrmica.

    Resoluo:

    a) Pela definio de trabalho de um gs perfeito = fi

    V

    VVfViPdVW e, da equao de

    estado nRTPV = temos V

    nRTP 1= . Substituindo no integral acima:

    =

    ==

    f

    iVf

    Vii

    fVfVi V

    VnRTVV

    nRTdVV

    nRTW lnln1

    b) Usando a expresso obtida anteriormente JW 3,3655ln273314,810,0 == 3,365== TnCvWUQ A temperatura constante logo JQ 3,365= .

    c) ctePV = 3321

    0,84 mVVPVP fffii ===

    KTT if 300== molxnnRTVP ii 1283300314,80,8104 5 =

    ==

    JxVVnRTW

    f

    iVfVi

    6104,432

    0,8ln300314,81283ln =

    =

    =

    JxWQ 6104,4== 0=U

  • Termodinmica Exerccios resolvidos Quasar

    - 5 -

    4. Transformaes adiabticas (sem trocas de calor)

    a) 5 mol de non gasoso a 2 atm e a 27C so comprimidas adiabaticamente para um tero do volume inicial. Determine a presso final e o trabalho realizado sobre o gs.

    35==

    CvCp

    b) Um gs ideal expande-se adiabaticamente at um volume triplo do seu volume original. Ao faz-lo, o gs realiza um trabalho de 720J. Quanto calor sai do gs?

    Qual a alterao da energia interna do gs? A temperatura aumenta ou diminui?

    Resoluo:

    a) ctePV = uma relao vlida para qualquer processo adiabtico.

    ( ) PaxxVVPVVPPVPVP ffifiifffii 6355 103,131023 ===== ( ) 3

    5 06,010227327314,85 m

    xVi =+= 183906,0102 3

    55 == xk

    302,0306,0

    3m

    VV if ===

    Jx

    VVkdVkVPdVW fi

    Vf

    Vi

    Vf

    ViVfVi

    4

    1351

    35

    11

    109,11

    35

    02,006,01839

    1

    =

    +=

    =

    +===

    ++

    ++

    b) No sai calor nenhum do gs, j que essa a definio de processo adiabtico (sem

    trocas de calor). JUUW 720== A energia interna do gs diminui 720J. A temperatura diminui pois TnCvU = .

  • Termodinmica Exerccios resolvidos Quasar

    - 6 -

    5. Nave espacial

    Uma nave espacial atravessa a cintura de asterides. Tem uma massa de ar interior m0

    ocupando um volume V temperatura T. A certa altura um asteride colide com a nave,

    fazendo um buraco de rea A no casco. O ar comea a sair da nave.

    Sabendo que os tripulantes s podero sobreviver enquanto houver pelo menos metade

    da massa de ar inicial, quanto tempo tero eles para repararem a nave?

    Resoluo:

    Comeando pela equao de estado RTMVmPRT

    MmnRTPV === onde M a

    massa molecular mdia do ar.

    Por outro lado podemos aplicar a equao de Bernoulli entre um ponto no interior da

    nave e o ponto exterior a esta por onde o ar est a sair, sendo a a presso nula.

    MRT

    MVmmRTVPvvP 222

    21 2 ====

    Atravs de anlise dimensional podemos escrever a taxa de perda de massa de ar por

    unidade de tempo como,

    mMRTA

    VmAv

    dtdm === 2 ,

    MRT

    VA 2= que facilmente se verifica pelas suas

    dimenses. Para resolver esta equao diferencial de 1ordem consideremos que a

    soluo genrica do tipo ( ) tetm = , sendo uma constante arbitrria a ser determinada pelas condies iniciais. Substituindo na equao ficar

    ( ) === tttt eeeedtd

    ( ) tetm = ( ) 000 mmm == Vem finalmente ( ) temtm = 0 , M

    RTVA 2=

    E, quando a massa de ar se reduz a metade,

    2ln2

    2ln121ln

    2 %50%5000

    MRTA

    Vtttemm t ==

    ==