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TERRITÓRIOS, MEMÓRIAS, IDENTIDADES

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TERRITÓRIOS, MEMÓRIAS, IDENTIDADESTERRITORY, MEMORY, IDENTITY

TERRITOIRES, MÉMOIRES, IDENTITÉS

MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIALISBOA, 2017

PARCEIRO EDITORIAL

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ÍNDICE

14 RAZÕES DE SER DE UMA EXPOSIÇÃO

24 LOULÉ. O LUGAR

À NOSSA PASSAGEM. TERRAS DE LOULÉLídia Jorge

LOULÉ EM VISTA RASANTE. DAS ORIGENS A 1950Joaquim Romero Magalhães

PARA A HISTÓRIA DA ARQUEOLOGIA DE LOULÉCarlos Fabião

26

28

34

42 I. TERRITÓRIO

TERRITÓRIOS DE LOULÉAna Ramos-Pereira

50

58 II. PRÉ-HISTÓRIA: AS ANTIGAS SOCIEDADES CAMPONESAS

SERRA E MAR. AS ANTIGAS SOCIEDADES CAMPONESAS EM LOULÉ (ALGARVE) Victor S. Gonçalves

e Ana Catarina Sousa

FICHAS DE CATÁLOGO

60

9 APRESENTAÇÃO 198 III. PROTO-HISTÓRIAO MUNDO PROTO-HISTÓRICO E O ADVENTO DA ESCRITA

A IDADE DO BRONZE NO CONCELHO DE LOULÉCarlos Oliveira, Pedro Barros,

Samuel Melro e Susana Estrela

FICHAS DE CATÁLOGO

A IDADE DO FERRO NO CONCELHO DE LOULÉ (FARO, ALGARVE, PORTUGAL)Ana Margarida Arruda

NAS ORIGENS DA ESCRITA: OS MONUMENTOS EPIGRÁFICOS COM ESCRITA DO SUDOESTE Amílcar Guerra

NA DESCOBERTA DAS ESTELAS EPIGRAFADAS DE LOULÉPedro Barros, Samuel Melro

e Susana Estrela

AS ENTIDADES ÉTNICAS DO MUNDO PRÉ-ROMANOAmílcar Guerra

FICHAS DE CATÁLOGO

200

148

210

220

226

238

246

252

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264 IV. ÉPOCA ROMANAO MUNDO ROMANO. UM TERRITÓRIO ENTRE CIDADES

LOULÉ ROMANA: UM TERRITÓRIO ENTRE CIDADESCatarina Viegas

O ESTABELECIMENTO PORTUÁRIO DO CERRO DA VILA (VILAMOURA): DE AGLOMERADO ROMANO A ALDEIA ISLÂMICAFelix Teichner

AS OCUPAÇÕES ANTIGAS DA QUINTA DO LAGO (ALMANSIL, LOULÉ)Ana Margarida Arruda

MUNDO FUNERÁRIO ROMANO NO TERRITÓRIO DE LOULÉCarlos Pereira

DOS MONUMENTOS EPIGRÁFICOS ROMANOS DE LOULÉJosé d’Encarnação

APROXIMACIÓN A LA CIRCULACIÓN MONETARIA DEL CONCEJO DE LOULÉ EN ÉPOCA ROMANANoé Conejo Delgado

A FAUNA MALACOLÓGICA DO CERRO DA VILAFilipe Henriques e Ana Pratas

FICHAS DE CATÁLOGO

266

278

292

302

312

318

324

328

410 V. ANTIGUIDADE TARDIADA AFIRMAÇÃO DO CRISTIANISMO À UNIFICAÇÃO VISIGODA

LOULÉ NA ANTIGUIDADE TARDIA: A CRISTIANIZAÇÃO E O MUNDO RURAL ROMANO EM TRANSFORMAÇÃOJoão Pedro Bernardes

O MUNDO FUNERÁRIO VISIGÓTICO NO TERRITÓRIO LOULETANO: SÍTIOS, PRÁTICAS E MATERIAISAndreia Arezes

FICHAS DE CATÁLOGO

412

418

428

448 VI . ÉPOCA ISLÂMICADO GHARB AO ALGARVE: CINCO SÉCULOS DE ISLÃO

O ATUAL TERRITÓRIO DE LOULÉ NO PERÍODO ISLÂMICOHelena Catarino

AL-‘ULYÀ, A CIDADE ISLÂMICAIsabel Luzia e Alexandra Pires

O CASTELO DE SALIR: UM DISTRITO RURAL (HISN E QARYA) ISLÂMICO DE OCSONOBAHelena Catarino

AS NECRÓPOLES ISLÂMICAS DE LOULÉAlexandra Pires e Isabel Luzia

FICHAS DE CATÁLOGO

450

464

480

494

504

572 VII. ÉPOCA MEDIEVALDO ISLÃO À CRISTANDADE

A CONQUISTA E A SOBERANIA DO ALGARVELuís Filipe Oliveira

UM ESPAÇO ENTRE PODERES: O REI, O CONCELHO, A IGREJAJoão Luís Fontes

e Gonçalo Melo da Silva

ORDENAR O POVOAMENTO E A VIZINHANÇA: MUÇULMANOS, CRISTÃOS E JUDEUSMaria Filomena Lopes de Barros

FIGOS DA TERRA E TRIGO DO MARLuís Miguel Duarte

FICHAS DE CATÁLOGO

574

582

590

598

608

628 IDENTIDADES

A FELICIDADE DE CONHECER OS GUARDIÕES DA IDENTIDADE DE LOULÉPedro Barros

630

650 ANTES DO HOMEM

LOULÉ HÁ MAIS DE 220 MILHÕES DE ANOS: OS VERTEBRADOS FÓSSEIS DO ALGARVE TRIÁSICOOctávio Mateus e Hugo Campos

652

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264 LOULÉ. TERRITÓRIOS, MEMÓRIAS, IDENTIDADES

IV. ÉPOCA ROMANAO MUNDO ROMANO. UM TERRITÓRIO ENTRE CIDADES

Em finais do séc. II a. C. o Algarve integrou o Império romano. Com a criação da província da Lusitania (16-13 a. C.) reforçou-se a estrutura política e administrativa, baseada em capitais de civitates como Balsa (Torre de Ares, Tavira) e Ossonoba (Faro). O concelho de Loulé inclui-se no território desta última. A via romana, que ligava os principais núcleos urbanos, teve uma função estruturante.

Pontuavam a região casais agrícolas, casas rurais de maiores dimensões (villae) ou aldeias (vicus), muitas das quais exploravam recursos marinhos. O seu desenvolvimento intensificou-se sobretudo a partir do século III, e sítios como Cerro da Vila (Vilamoura) chegaram a transformar-se em pequenas «cidades».

Além da exploração dos recursos marinhos, de que os preparados piscícolas transportados em ânforas são um excelente exemplo, desenvolveram-se outras atividades, como a agricultura e a mineração, ou a produção artesanal, como a tecelagem.

O território de Loulé integrava-se plenamente na vasta rede comercial do Império Romano, como comprovam as ânforas, que transportavam alimentos, e outras cerâmicas provenientes da vizinha Bética (atual Andaluzia), da Península Itálica, da Gália, mas também do Norte de África ou do Mediterrâneo oriental.

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IV. ÉPOCA ROMANA. O MUNDO ROMANO. UM TERRITÓRIO ENTRE CIDADES 265

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292 ANA MARGARIDA ARRUDA

1. INTRODUÇÃO

O sítio arqueológico da Quinta do Lago, por vezes também designado por Tejo do Praio, localiza-se na freguesia de Almansil, no Concelho de Loulé. Foi iden-tificado em 1984 por Victor S. Gonçalves e pela sig-natária, na sequência de uma visita ao local a convite da empresa Planal SA, que então geria a propriedade. A construção do Campo de Golfe de São Lourenço, implantado nos terrenos da Quinta do Lago, tinha posto a descoberto e, em parte, destruído, vestígios de uma ocupação antiga. A intenção de prosseguir os trabalhos de construção na área anexa, que aliás tinha também sido já alvo de terraplanagens, aconselhava a realização de trabalhos arqueológicos que não só minorassem os impactos negativos sobre o patrimó-nio arqueológico, mas que também avaliassem o es-tado de conservação dos espaços que ladeavam o campo de golfe, permitindo a concretização de um diagnóstico igualmente no que se referia à própria cronologia da ocupação.

As escavações foram longas e extensas, tendo decorrido entre 1984 e 1986, tendo sido retoma-das em 1998 e em 2001, quando o loteamento de São Lourenço prosseguiu.

Os trabalhos de campo evidenciaram que o local se dividida em dois núcleos distintos separados pelo campo de golfe de São Lourenço, distando entre si cerca de 120 metros. Ainda assim, é evidente que se trata do mesmo sítio arqueológico, tendo-se infeliz-mente perdido a relação entre as duas áreas, relação que se perdeu com as obras destinadas à construção do campo de golfe.

O núcleo romano implanta-se em área mais baixa (3 metros) e mais próxima da ria, neste caso o Esteiro do Ancão, e localiza-se a sudeste do campo de golfe. Convém desde já referir que a ocupação romana se estendia muito para lá dos limites da Quinta do Lago, prolongando-se para os terrenos da vizinha Quinta do Ludo, onde não se efetuaram quaisquer trabalhos arqueológicos.

O segundo, de época islâmica, possui cota mais elevada (9 metros), implantando-se a noroeste. As ocupações nunca se sobrepõem.

2. A ÁREA ROMANA

A ocupação romana da Quinta do Lago prolonga-se, como se referiu na introdução, para os terrenos da Quinta do Ludo, pelo que a área escavada em 1985 e 1986 foi relativamente restrita, sobretudo se aten-dermos à sua real extensão. Ainda assim, foi possível escavar dois equipamentos relacionados com ativi-dades produtivas, sobre os quais nos deteremos, mais pormenorizadamente, nas páginas seguintes.

Os dados recuperados nos trabalhos de campo permitem situar a fundação do sítio ainda no século I, muito provavelmente em torno dos seus meados. De facto, e apesar de não ter sido possível escavar níveis desta época, a verdade é que em valas e aterros diver-sos surgiram espólios que apontam para esta cronolo-gia. É o caso, por exemplo, de fragmentos de cerâmicas de transporte (ânforas) e de mesa. Entre os primeiros, destacam-se três exemplares de Dressel 2/4, de produ-ção itálica, que terão transportado vinho para este sítio

AS OCUPAÇÕES ANTIGAS DA QUINTA DO LAGO (ALMANSIL, LOULÉ)ANA MARGARIDA ARRUDA

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AS OCUPAÇÕES ANTIGAS DA QUINTA DO LAGO (ALMANSIL, LOULÉ) 293

algarvio. Também da península itálica chegou cerâmica de mesa, importações que, contudo, estão documen-tadas por um único vaso. Trata-se de uma taça (forma Conspectus 23) que pode datar-se do segundo e ter-ceiro quartel do século I. Sendo muito escassos, estes materiais testemunham, todavia, uma ocupação antiga do Alto Império e uma relativa capacidade aquisitiva da população que fundou e habitou a Quinta do Lago.

As importações de cerâmicas destinadas ao serviço de mesa e de produtos alimentares, envasados em ân-foras, cresceram e diversificaram-se ao longo da segun-da metade do século I e em toda a centúria seguinte.

A terra sigillata chegou sobretudo do sul da Gália, mas também da Hispânia e do norte de África. As pri-meiras totalizam 47 fragmentos. São todas oriundas do centro produtor de La Graufesenque, sendo maio-ritariamente lisas. Estão representadas por pratos (for-mas 15/17 e 18/31 de Dragendorff) e por taças lisas e decoradas (forma 27, 35, 36 e 37 de Dragendorff). Estas importações podem ser datadas, de forma gené-rica, entre o reinado de Tibério e os finais do século II.

A cerâmica destinada ao serviço de mesa oriunda do atual território espanhol é mais rara, havendo peças (15) com origem em Andújar, centro oleiro de grande dimensão localizado na província de Jaén (Andaluzia), e em Peñaflor (dois vasos), também na Andaluzia, mas na província de Sevilha. A importação destes materiais (taças e pratos) aconteceu entre a segunda metade do século I e os finais do século II.

As importações norte africanas de cerâmica de mesa (terra sigillata clara) iniciaram-se ainda nesta fase anti-ga da ocupação romana da Quinta do Lago, com cerca de três dezenas de vasos de Clara A, correspondentes

às formas 3, 6, 8 e 9 de Hayes, a tipologia mais utiliza-da para classificar este tipo de produtos. Trata-se, uma vez mais, de pratos e taças destinados a serem usados à mesa, para comer, e terão começado a chegar a este sítio do litoral algarvio nos finais do século I, perdu-rando até aos finais do século II.

Os produtos alimentares importados podem ser analisados com base nas ânforas que os transporta-vam. No conjunto das ânforas da Quinta do Lago, cujo estudo está em curso pela signatária em colaboração com Rui Roberto de Almeida, destacam-se os prepa-rados de peixe oriundos da baía de Cádis, cuja pre-sença se confirmou pelas ânforas que se classificaram como Beltrán II. O azeite produzido nas margens do Guadalquivir, envasado em ânforas de tipo Dressel 20, veio também da Bética e o vinho gaulês chegou den-tro das ânforas designadas Gauloise 4.

Além destes produtos manufaturados e alimentares, outras importações podem ser referidas. É o caso da ce-râmica comum, de cozinha, que foi fabricada no norte de África, muito concretamente na área da atual Tunísia, e que a população que habitou na Quinta do Lago durante os séculos I e II usou para confecionar os seus alimentos. Esta acompanhava certamente as cerâmicas de mesa já anteriormente referidas (Sigillata Clara A) nas mesmas embarcações, sendo transportadas simultaneamente.

Também da atual Andaluzia chegaram cerâmicas ditas comuns, destinadas à preparação de alimentos, como é o caso dos almofarizes e das tigelas e alguidares.

Do conjunto numismático encontrado no sítio, apenas duas moedas, neste caso do século II, podem ser associadas a esta ocupação.

Como se comentou atrás, este momento está, apesar de tudo, mal documentado, sobretudo se comparado com o que se desenvolve a partir do terceiro quartel do século III. Infelizmente não foi possível associar es-truturas habitacionais ou de outro tipo ao conjunto de materiais que aqui se apresentou de forma sumá-ria, apesar de se saber, através de alguns artefactos re-cuperados durante os trabalhos de campo, que a pes-ca, a produção de vidro, a fiação e outras atividades artesanais tiveram lugar no sítio, além, naturalmente, da agricultura e da criação de gado.

Pode, contudo, dizer-se que as áreas residenciais terão existido, estendendo-se certamente para a vizi-nha Quinta do Ludo.

As realidades alto-imperiais da Quinta do Lago, sendo escassas, traduzem uma relativa, mas significativa, pu-jança da sua ocupação nesta época, atestada sobretudo pelas importações, diversas nos produtos e nas origens.

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294 ANA MARGARIDA ARRUDA

A partir dos finais do terceiro quartel do século III, a ocupação romana da Quinta do Lago ganha uma considerável dimensão e dinamismo. Destes são testemunho a produção de salgas de peixe (fig. 1) e dos respetivos envases. Uma porção considerável da «fábrica» permitiu compreender que a sua planta era retangular e que tinha uma orientação E/O, possuin-do 14,20 metros de comprimento. Os cinco tanques foram escavados na rocha e estavam revestidos por opus signinum, com os ângulos internos em meia cana convexa (fig. 2). O espaço produtivo organizava-se em dois grupos de dois tanques cada, a que se soma um outro de maiores dimensões. Este núcleo de cin-co tanques, que se constituía em unidade produtiva, estava delimitado por uma parede espessa, e estaria coberto por um telhado de tegulae e imbrices, cujos restos entulhavam as camadas inferiores dos tanques.

Nas áreas que circundavam esta unidade «fabril» e mesmo nos níveis de entulhamento dos tanques, foram recolhidos abundantes materiais que testemu-nham a associação direta desta produção ao fabri-co de ânforas destinadas ao envase e transporte do produto obtido nestas caetariae. Trata-se de blocos informes de bordos, fundos e paredes de ânforas co-lados, por refusão, uns aos outros, bem como de frag-mentos destas mesmas ânforas, sobrecozidos e, por vezes, vitrificados, que atestam circunstâncias de co-zeduras não conseguidas, concretamente acidentes de cocção, o que por sua vez certifica a existência de um ou de vários fornos nas proximidades imediatas. Note-se ainda que estes blocos e os fragmentos de-formados foram recolhidos, na maior parte dos casos, próximos uns dos outros. Infelizmente, estes fornos localizavam-se em área onde não foi possível escavar, concretamente na propriedade vizinha, a Quinta do Ludo. De qualquer forma, quero insistir no facto de a associação das duas produções, a de preparados de peixe e a anfórica, ser óbvia e evidente. Refira-se ain-da que as ânforas que foram fabricadas na Quinta do Lago durante a época romana cabem todas nos tipos Almagro 50 e, muito especialmente, 51C, ao contrário do que foi defendido no início dos anos 90 do século passado (Arruda e Fabião, 1990), uma vez que o que foi então classificado como Dressel 14 eram afinal su-portes destinados a apoiar as peças no interior dos fornos, como, aliás, Françoise Mayet teve já oportu-nidade de chamar a atenção (Mayet, 1990). Assim, a cronologia da própria fábrica de salga de peixe, dire-tamente associada à produção anfórica, deve avançar para os meados/finais do século III.

Fig. 1 – Quatro tanques

da fábrica de salga de

peixe da Quinta do Lago.

Fig. 2 – Um dos tanques

da fábrica de salga de

peixe da Quinta do

Lago, revestido por

opus signinum, sendo

visível o remate em

«meia-cana» no fundo.

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AS OCUPAÇÕES ANTIGAS DA QUINTA DO LAGO (ALMANSIL, LOULÉ) 295

A produção de azeite foi também documentada na Quinta do Lago. Está atestada por dois pequenos tan-ques, pouco profundos, revestidos por opus signinum, junto dos quais se encontrou uma prensa ainda in situ, constituída por dois grandes pesos paralelepipédicos (fig. 3a e 3b).

Estas atividades foram particularmente importantes e evidenciam um considerável dinamismo assumido pelo sítio entre a segunda metade do século III e a se-gunda metade do século IV. Esta relevância está ates-tada por um numeroso conjunto de importações de produtos alimentares e manufaturados. De facto, e ao contrário do que se verificou nos séculos I e II, as cerâ-micas de mesa abundam no sítio, reconhecendo-se grandes quantidades de terra sigillata clara, concreta-mente A, C e D, com origem no norte de África. Entre as primeiras, mais escassas, dominam as formas Hayes 3C, 8B, 14/17, 15 e 33, e nas segundas as 50 e 58 da mesma tipologia. Nas importações de Clara D, muito abundantes, dominam claramente os grandes pratos, mais ou menos profundos, das formas Hayes 60, 61A, 67, 68, alguns dos quais atingiram o século V.

Além da cerâmica destinada ao serviço de mesa, che-garam à Quinta do Lago abundantes vasos destinados à confeção de alimentos, produzidos nas mesmas ofici-nas, como é o caso, sobretudo das caçoilas, dos tachos e das respetivas tampas (formas 23, 197 e 196 de Hayes).

Esta cerâmica de mesa e de cozinha foi, muito pro-vavelmente, transportada nas mesmas embarcações que o azeite envasado em ânforas também de pro-dução norte-africana, que são consideravelmente abundantes, integrando-se nos tipos Africana II e III,

de acordo com o estudo que, como se disse acima, está a ser concretizado.

Não pode deixar de impressionar o conjunto das importações da Quinta do Lago, durante esta época, sobretudo se se pensar que os trabalhos decorreram numa área relativamente reduzida, que não ultrapas-sou os 300 m2, e cuja potência estratigráfica era redu-zida (50/60 cm, com exceção dos tanques de salga). Por outro lado, trata-se de uma ocupação de tipo villa, em que a exploração dos recursos locais, nomeada-mente marítimos, mas também certamente agrícolas, foi quase exclusiva. Mas a verdade é que o conjunto numismático, atualmente em estudo por Noé Conejo, evidencia uma notável concentração de numismas com cronologias que concordam com as obtidas para a grande maioria das cerâmicas (260/360). Adianta-se aqui, sumariamente, que se trata, sobretudo, de imi-tações, que parecem corresponder à necessidade de numerário que terá servido para fazer face às neces-sidades de abastecimento de produtos importados.

Outros materiais, cerâmicos, vítreos, metálicos fazem parte do espólio recolhido na Quinta do Lago associado a esta fase de ocupação, mostrando atividades de na-tureza variada, como a pesca (anzóis, agulhas de rede, pesos de rede), a exploração agrícola (foices) (fig. 4), o fabrico de peças de vidro (escória e espuma de vidro) e a produção metalúrgica (pingos de fundição, escórias). Outros artefactos, cerâmicos, de vidro, de osso, de bron-ze e ferro, relacionam-se também com o quotidiano das populações, como é, por exemplo, o caso das lucernas, dos vidros e dos artefactos de adorno (contas de colar de vidro e de osso, os anéis, alfinetes de cabelo) (fig. 5).

Fig. 3a – Pequeno

tanque, revestido

por opus signinum, ao

fundo à esquerda, e, à

direita um dos pesos

da prensa de azeite,

em fase de escavação.

Fig. 3b – As estruturas

da prensa de azeite

da Quinta do Lago. 

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296 ANA MARGARIDA ARRUDA

preparados de peixe e de ânforas cessa e as importações diminuem. Todavia, algumas cerâmicas de mesa, com origem exógena chegaram ainda durante o século V à Quinta do Lago, mas a sua presença já é mais rara. Além de alguma terra sigillata africana (Clara D), já atrás re-ferida, podem recuperar-se alguns fragmentos de tige-las (forma 1/3 de Lamboglia) produzidas no sudoeste da Gália, uma produção que é habitualmente designa-da por sigillata luzente. De acordo com os dados que Noé Conejo já coligiu, das 166 moedas romanas en-contradas durante as escavações, apenas 13 integram o século V, pouco ultrapassando os seus meados.

Por último, convém fazer notar que certas impor-tações indiciam que a ocupação pode ter-se prolon-gado até aos inícios do segundo quartel do século VI. De facto, alguns vasos de terra sigillata Clara D, como a taça da forma 91 de Hayes, por exemplo, e mesmo alguns fragmentos do que a comunidade científica conhece por Derivada das Sigillatas Paleocristãs (DPS) podem ter atingido esta cronologia. Trata-se, contudo, de importações muito escassas e sem qualquer peso percentual no conjunto das importações, evidencian-do uma clara retração demográfica e uma acentuada decadência, que culminou no abandono total do sítio.

As realidades referentes à ocupação romana imperial da Quinta do Lago não se diferenciam substancialmen-te de outras já conhecidas para o Algarve. De facto, ob-serva-se, no geral, a mesma evolução reconhecida em Ossonoba e Balsa (Viegas, 2011), por exemplo, salvaguar-dando, naturalmente, as devidas distâncias em termos de quantidades de espólios recolhidos, explicáveis pela diversidade funcional dos dois tipos de sítios (urbano/rural). Assim, quer em termos de centros abastecedores, seja de produtos manufaturados seja dos alimentares, quer no que se refere à dinâmica evolutiva não se regis-tam dissemelhanças substanciais, apesar de, pelo menos em Balsa, a ocupação se ter prolongado até aos inícios do século VII (Ibidem, p. 401), situação que, como vimos anteriormente, não ocorreu na Quinta do Lago. Aparen-temente, os ataques suevos do século V terão tido um impacto consideravelmente maior nos sítios rurais do que nos urbanos, implicando o seu abandono na cen-túria seguinte. Ainda assim, recorde-se que mesmo em Faro o núcleo urbano se retrai, como se depreende do «...abandono do núcleo oeste, exterior às muralhas, em meados/terceiro quartel do século V.» (Ibidem, p. 258).

Deve por fim acrescentar-se que o momento de maior pujança da Quinta do Lago, que se situa, grosso modo, entre 260 e 370, corresponde aqui ao desenvol-vimento de um modelo de ocupação e de exploração

As escavações incidiram na área «industrial» do aglomerado urbano, tendo sido descobertas as estru-turas relacionadas com a produção de azeite e de pre-parados de peixe, e intuídas as da produção anfórica.

Parece evidente que a pars urbana se desenvolvia para sudeste. O aparecimento de numerosas tecelae e mesmo de fragmentos de mosaicos, bem como de placas de mármore comprovam a sua existência, de acordo com os parâmetros conhecidos e habituais para a área e para a cronologia.

Em meados/finais do século IV, a ocupação da Quinta do Lago acusa alguma decadência. A produção de

Fig. 4 – Podoa in situ,

de época romana.

Fig. 5 – Alfinete de cabelo

de osso romano.

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AS OCUPAÇÕES ANTIGAS DA QUINTA DO LAGO (ALMANSIL, LOULÉ) 297

que se ajusta a uma «trilogia» constituída por «uma villa, uma «fábrica» de salga, um forno de ânforas», modelo muito característico do Algarve, ainda que não

exclusivo, como os casos do Martinhal e de Lagos, no Barlavento, e de Cerro da Vila e de Balsa, no Algarve cen-tral e oriental, respetivamente, evidenciam claramente.

3. O NÚCLEO ISLÂMICO

Fig. 6 – Planta composta

da área islâmica

da Quinta do Lago

(segundo Arruda,

Almeida e Freitas, 2003).

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298 ANA MARGARIDA ARRUDA

Os vestígios de época islâmica implantavam-se numa área suavemente declivosa, estando atualmente se-parada do núcleo de época romana pelo campo de golfe de São Lourenço. Foram escavados 1.670 m2, no decorrer das várias campanhas de trabalhos arqueo-lógicos que tiveram lugar no sítio, nos anos 80 e 90 do século XX e em 2001.

Foram identificados cinco núcleos habitacionais distintos, que estavam separados entre si por áreas de dimensão variável e se distribuíam aleatoriamente pelo terreno (Arruda, Almeida e Freitas, 2003). Não parece ter havido qualquer arruamento nos espa-ços não edificados, tendo estes sido utilizados como áreas de descarte de lixos domésticos (Ibidem) (fig. 6).

As habitações, com cerca de 13 m2, eram constituídas por várias células (duas, três ou cinco), de planta retan-gular, que formavam, em conjunto um L ou um U, en-quadrando um pátio descoberto. As paredes seriam de taipa, alçadas sobre um alicerce composto por pedras de média dimensão ligadas por argila (fig. 7 e 8), e as coberturas eram formadas exclusivamente por imbrices. Estes telhados, cujos derrubes, em alguns casos, perma-neceram in situ, seriam suportados por traves e por pos-tes, tendo sido possível identificar os buracos de alguns destes últimos no interior dos compartimentos (Ibidem).

A área ocupada durante a época islâmica não seria, certamente, mais extensa do que a que foi identificada nos trabalhos de campo. De facto, a ampla dimensão da escavação permitiu delimitar esta ocupação de for-ma rigorosa. Trata-se, assim, de um pequeno núcleo habitacional, sem grande expressão arquitetónica, apesar de os materiais arqueológicos, sobretudo os cerâmicos, estarem representados.

Nas proximidades do espaço doméstico foi iden-tificada uma necrópole (fig. 9), composta por 72 se-pulturas que correspondem a 75 indivíduos, uma vez que algumas são duplas (dois adultos, um adulto + uma criança). Uma outra sepultura foi encontrada isolada, na área habitacional propriamente dita. Tra-ta-se de inumações, sendo os corpos depositados em decúbito dorsal direito, em fossas de contornos ova-lados abertas no substrato geológico. Algumas eram cobertas por telhas e outras estavam tapadas por pe-dras. Todas as sepulturas tinham a mesma orientação (sudoeste/nordeste), com a cabeça a sudoeste, e não continham qualquer espólio (Ibidem). Seguiram-se portanto de perto as prescrições corânicas.

Os materiais encontrados no núcleo islâmico da Quinta do Lago não são particularmente abundan-tes e no seu conjunto dominam as cerâmicas. Apesar

Fig. 7 – Habitação

de época islâmica

da Quinta do Lago.

Fig. 8 – Vaso

fragmentado in situ,

no interior de um

compartimento

de época islâmica

da Quinta do Lago.

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AS OCUPAÇÕES ANTIGAS DA QUINTA DO LAGO (ALMANSIL, LOULÉ) 299

de algumas destas poderem datar ainda do século IX, a grande maioria integra-se entre os séculos X e XII, cronologia que pode aferir-se através das cerâmicas vidradas monócromas, meladas, ou com decoração a verde e manganês que englobam taças e tigelas, mas também garrafas e pequenas bilhas. Destinavam-se, muito provavelmente ao serviço de mesa. As panelas, as jarrinhas e os púcaros cabem na categoria da cerâ-mica comum, e foram usadas na cozinha, para preparar e confecionar alimentos (Ibidem).

Além da cerâmica, o espólio engloba artefactos metálicos, sobretudo de bronze (Ibidem). É o caso das pontas de fuso, que indicam a prática da fiação no lo-cal. Com esta atividade pode também relacionar-se o que parece ser um cossoiro, igualmente metálico. As agulhas de coser e o dedal associam-se ainda também aos tecidos, neste caso à sua costura.

Os chamados espevitadores de candil estão bem conservados e apresentam-se decorados. Os pregos e as cavilhas fariam parte do mobiliário, tal como o puxador, e ao adorno pessoal pertenceria a presilha de cinturão (Ibidem).

Os artefactos de osso são bastante raros, estando relacionados com atividades de manufatura e confeção de tecidos, que podiam ser de lã ou de linho (Ibidem).

A dieta alimentar da comunidade que habitou a Quinta do Lago assentou, em grande parte, nos re-cursos disponíveis a nível local, nomeadamente nos moluscos marinhos. As grandes concentrações de res-tos de bivalves que se documentaram no sítio, e que se depositavam em fossas de dimensões diversas, são testemunho dessa realidade. Entre estes, destaca-se uma maioria clara de amêijoa (ruditapes decussatus), seguida de perto pelos berbigões (cerastoderma edu-le) (Branco, Valente e Arruda, 2016). As outras espé-cies de bivalves são irrelevantes do ponto de vista nu-mérico, mas podem assinalar-se os lingueirões (solen marginatus), os mexilhões (mytilus galloprovincialis) e as ostras (ostrea edulis) (Ibidem). Relativamente aos gastrópodes, muito menos expressivos, destacam-se os búzios (hexaplex trunculus) e os chamados caracóis do mar (Cerithium vulgatum) (Ibidem).

A arquitetura e a organização do espaço habitado do sítio da Quinta do Lago durante a época islâmica traduzem uma ocupação de âmbito rural, com fraca densidade populacional, que não deveria ultrapassar os 20 indivíduos em simultâneo. Estaria certamente in-tegrada numa rede de povoamento rural que se iniciou no século X e que incluía outros sítios referenciados por Helena Catarino (1999), maioritariamente alcarias.

Contudo, esta última classificação não se adapta às ca-racterísticas da ocupação do sítio que aqui tratamos. De facto, e ainda que as habitações se distribuam por núcleos distintos, estes não parecem organizar-se em função de qualquer espaço estruturante, como ruas, parecendo não obedecer a qualquer plano pré-con-cebido. Por outro lado, os elementos constituintes dos espaços habitacionais, os compartimentos, são polivalentes em termos funcionais, tudo indicando que as atividades artesanais decorriam no pátio, que desempenharia um importante papel no quotidiano dos grupos humanos que aqui habitavam.

A ocupação islâmica da Quinta do Lago decorreu entre os séculos X e XII, fazendo sentido recordar que é justamente a partir do primeiro que o território de Ossonoba recupera parte do poder económico que detinha em época romana, o que justificou a fundação destes centros de exploração rural.

Fig. 9 – Enterramentos

de época islâmica

da Quinta do Lago.

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300 ANA MARGARIDA ARRUDA

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