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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA TESE DE DOUTORADO ESTUDO EXPERIMENTAL E MODELAGEM DO PROCESSO DE SACARIFICAÇÃO E FERMENTAÇÃO SIMULTÂNEA UTILIZANDO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA PRODUÇÃO DE ETANOL ALEXANDRE DE ARAUJO GUILHERME Orientador(a): Prof a . Dra. Gorete Ribeiro de Macedo – DEQ – UFRN Coorientador(a): Prof. Dr. Fabiano André Narciso Fernandes – DEQ – UFC NATAL / RN Setembro / 2014

TESE DE DOUTORADO - repositorio.ufrn.br · Coorientador(a): Prof. Dr. Fabiano André Narciso Fernandes – DEQ – UFC RESUMO: Diante da grande demanda atual por commodities e biocombustíveis,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

TESE DE DOUTORADO

ESTUDO EXPERIMENTAL E MODELAGEM DO PROCESSO DE SACARIFICAÇÃO E FERMENTAÇÃO SIMULTÂNEA UTILIZANDO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA PRODUÇÃO DE ETANOL

ALEXANDRE DE ARAUJO GUILHERME

Orientador(a): Profa. Dra. Gorete Ribeiro de Macedo – DEQ – UFRN Coorientador(a): Prof. Dr. Fabiano André Narciso Fernandes – DEQ – UFC

NATAL / RN Setembro / 2014

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ALEXANDRE DE ARAUJO GUILHERME

ESTUDO EXPERIMENTAL E MODELAGEM DO PROCESSO DE SACARIFICAÇÃO E FERMENTAÇÃO SIMULTÂNEA UTILIZANDO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA PRODUÇÃO DE ETANOL

Tese de doutorado submetido ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia Química, sob a orientação da Profa. Dra. Gorete Ribeiro de Macedo – DEQ/UFRN e coorientação do Prof. Dr. Fabiano André Narciso Fernandes – DEQ/UFC.

NATAL / RN Setembro / 2014

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GUILHERME, Alexandre de Araujo – Estudo experimental e modelagem do processo de sacarificação e fermentação simultânea utilizando bagaço de cana-de-açúcar para produção de etanol. Tese de Doutorado, UFRN, Programa de Pós-graduação em Engenharia Química – PPGEQ, Área de Concentração: Engenharia Química, Natal/RN, Brasil. Orientador(a): Profa. Dra. Gorete Ribeiro de Macedo – DEQ – UFRN Coorientador(a): Prof. Dr. Fabiano André Narciso Fernandes – DEQ – UFC

RESUMO: Diante da grande demanda atual por commodities e biocombustíveis, um estudo para produção de açúcares redutores e etanol celulósico, a partir de bagaço de cana-de-açúcar, foi realizado incluindo-se no conceito de biorrefinaria. Neste trabalho realizou-se um estudo de hidrólise enzimática avaliando diferentes complexos enzimáticos, otimizando carga enzimática e concentração de substrato inicial, bem como, se estudou o processo em biorreator para futura ampliação de escala e estudos como o processo de Sacarificação e Fermentação Simultânea (SFS). Também se estudou as características físico-químicas do bagaço de cana, na forma não-tratada e pré-tratada (ácido-alcalino, hidrotérmico-alcalino, alcalino e com peróxido de hidrogênio), para se fazer uma correlação empírica destas características com resultados de hidrólise enzimática. Um estudo do processo SFS, em sistema batelada, foi realizado para otimiza-lo em termos de carga enzimática inicial, substrato inicial e inóculo e com os resultados, um estudo em sistema batelada alimentada foi feito e fim de se reduzir a carga enzimática e favorecer a transferência de massa do sistema. A etapa de modelagem deste trabalho se dividiu na etapa da elaboração de um modelo de hidrólise enzimática e um modelo do processo SFS, onde o modelo de hidrólise foi acoplado a um modelo fermentativo. Os resultados experimentais foram usados para a estimativa de parâmetros, bem como, para a validação dos modelos. No estudo para a produção de açúcares redutores pelo processo de hidrólise enzimática, se produziu quantidades de glicose de 40 g/L e xilose de 17 g/L, em biorreator, utilizando bagaço de cana pré-tratado com peróxido de hidrogênio. A partir das caracterizações físico-químicas do bagaço de cana, foi visto que os pré-tratamentos agem de forma diferente deixando a estrutura do material com a morfologia externa e grupos orgânicos diferentes para cada processo. Entretanto, pelo estudo de Difração de raio–X, não foi visto uma modificação na cristalinidade da celulose do material lignocelulosico. Após uma hidrólise enzimática com os quatro bagaços pré-tratados, foi obtido o melhor rendimento global (g açúcar/100g de bagaço não-tratado) em glicose, 16%, e xilose, 10%, utilizando o pré-tratamento alcalino. Com o estudo do processo SFS em biorreator, foi possível otimizar o processo em batelada, e os parâmetros inicias ótimos foram, 6% de celulose contida no bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose de atividade enzimática das enzimas celulases. No processo SFS otimizado em sistema batelada e batelada alimentada obteve-se rendimentos de etanol em relação ao rendimento teórico (51%) de 92,54% e 88,0% respectivamente, rendimentos estes iguais aos obtidos pelo processo de produção de etanol a partir de caldo de cana (etanol de primeira geração). O rendimento em etanol, obtido no sistema batelada alimentada, foi alcançado trabalhando-se com 1/3 da carga enzimática que foi utilizada no processo em batelada. Os modelos foram ajustados e representram de forma satisfatória o sistema complexo aqui estudado. Portanto, os resultados aqui obtidos são úteis quando se pensa em produção de etanol celulósico, bem como, a ampliação de escala do processo SFS.

Palavras-Chave: bagaço de cana-de-açúcar, pré-tratamento, celulose, hidrólise enzimática, glicose e etanol.

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ALEXANDRE DE ARAUJO GUILHERME

ESTUDO EXPERIMENTAL E MODELAGEM DO PROCESSO DE SACARIFICAÇÃO E FERMENTAÇÃO SIMULTÂNEA UTILIZANDO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA PRODUÇÃO DE ETANOL

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química -PPGEQ, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Engenharia Química.

Aprovado (a) em 08/ Setembro/2014

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ABSTRACT

Experimental Study and Modeling of the Simultaneous Saccharification and

Fermentation Process Using Sugar Cane Bagasse for Ethanol Production Given the high demand for commodities and biofuels, a study for the production of reducing sugars and cellulosic ethanol from sugarcane bagasse was carried out using the bio refinery concept. In this work, an enzymatic hydrolysis study was carried out evaluating different enzyme complexes, optimizing enzyme load and initial substrate concentration. A study on a bioreactor was done aiming future scale-up and the study of the Simultaneous Saccharification and Fermentation (SSF) process. The physicochemical characteristics of sugarcane bagasse in untreated and pretreated form (acid-alkaline, hydrothermal-alkaline, alkaline and by using hydrogen peroxide) was studied to make an empirical correlation of these characteristics with the results of enzymatic hydrolysis. A study of the SSF process in batch system was done to optimize it in terms of initial enzyme load, initial substrate and inoculum concentration. Modeling was done for the enzymatic hydrolysis and for the SSF process model where the enzymatic hydrolysis model was coupled to a fermentation model. The experimental results were used for parameter estimation and for model validation. A concentration of 40 g/L of glucose and 17 g/L of xylose were produced in the bioreactor using bagasse pretreated with hydrogen peroxide. From the physicochemical characterization of sugarcane bagasse, it was seen that pretreatments act differently leaving the structure of the material with the external morphology and the organic groups different for each process. However, in the X-ray diffraction study was no change in the crystallinity of cellulose from lignocellulosic material was observed. The best overall yield (g sugar/100g of untreated bagasse) glucose 16%, and xylose 10%, was obtained using alkali pretreatment. The study carried out in bioreactor with the SSF process was possible to optimize the batch process. The optimum initial parameters were 6% of cellulose contained in the bagasse subjected to pretreatment acid-alkaline, 1.0 g/L of inoculum and 15 FPU/g cellulose of enzyme activity of cellulase enzymes. In the SSF optimized process in batch and fed-batch system obtained yields of ethanol in relationship of the theoretical yield (51%) of 92.54% and 88.0%, respectively. The ethanol yield obtained in fed-batch systems, was been achieved by working with three-fold less enzymatic load that was used in the batch process. The models were adjusted and had represented satisfactorily the complex system studied herein. Therefore, the results obtained here are useful when the production of cellulosic ethanol, as well as the scaling-up process SFS is the final objective.

Keywords: sugarcane bagasse, pretreatment, enzymatic hydrolysis, cellulose, glucose and ethanol.

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Aos meus pais Antonio Guilherme (in memoriam) e Maria Eliane por toda a educação concedida, por toda a confiança depositada, por todos os princípios ensinados e por sempre apoiarem meus estudos. Amarei-vos para todo o sempre...!!!

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AGRADECIMENTOS

A Deus por nos conceder a vida com infinitos propósitos, sendo um deles a

oportunidade da evolução espiritual.

Aos meus pais, Antonio Guilherme da Silva (in memoriam) e Maria Eliane de Araujo

Guilherme, por estarem sempre presentes nos momentos de alegrias e dificuldades e por toda

educação e princípios ensinados até o presente.

Ao meu irmão Eliezer por acompanhar meus pais nos momentos de dificuldades

enquanto precisei ausentar-me para trabalhar em minha Tese de Doutorado.

A todos que acreditam na minha capacidade e apoiam meus estudos, tanto familiares

quando amigos e professores.

À minha Orientadora de Doutorado, Profa Titular. Gorete Ribeiro de Macedo, pela

pessoa que se representa e por me conceder a oportunidade de trabalhar em um tema tão atual

e importante para o país.

Ao meu Co-orientador de Doutorado, Prof. Dr. Fabiano André Narciso Fernandes, por

todos os ensinamentos e paciência.

A todos meus orientadores desde os primeiros passos em um laboratório, já

vislumbrando a carreira acadêmica, Prof. Dr. Fernando Monteiro de Paula (in memoriam),

Profa. Suzana Claudia Silveira Martins, Profa. Dra. Vânia Maria Maciel Melo, Profa. Dra.

Sueli Rodrigues e Profa. Dra. Telma Teixeira Franco.

Aos os professores do Departamento de Engenharia Química da UFRN, pela

competência, pelos ensinamentos e colaboração durante o curso de Doutorado.

À secretária do curso de Pós-Graduação, Mazinha, pela dedicação e ajuda no decorrer

do curso, e pela amizade.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela possibilidade de cursar o

doutorado e seguir a carreira acadêmica.

À CAPES, pela concessão da bolsa de estudo durante todo o curso e ao CNPq pela

concessão de recursos financeiros utilizados no projeto de pesquisa.

Aos membros da banca examinadora, Prof. Dr. Jackson Araujo de Oliveira, Prof. Dr.

Everaldo Silvino dos Santos, Profa. Dra. Maria Valderez Ponte Rocha e Profa. Dra. Luciana

Rocha Barros Gonçalves que aceitaram o convite para participar da banca de avaliação deste

trabalho e nos presentearam com excelentes sugestões.

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Se não existissem problemas, não haveria trabalho, se não houvesse trabalho a vida se resumiria aos prazeres mundanos, se a vida se resumisse a devanear-se mundanamente, ela, simplesmente, seria entediante. Permitir-me fazer ciência em prol da humanidade é uma dádiva.

Alexandre Guilherme

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SUMÁRIO

Introdução....................................................................................... 27

Objetivo geral................................................................................................ 30

Objetivos específicos..................................................................................... 30

1. Revisão Bibliográfica................................................................. 31

1.1 Setor sucroalcoleiro (cana-de-açúcar, etanol e bagaço)........................... 31

1.1.1 Aspectos gerais sobre a cana-de-açúcar......................................................... 31

1.1.2 Aspectos econômicos sobre a cana-de-açúcar............................................... 33

1.1.3 Aspectos gerais sobre o etanol....................................................................... 34

1.1.4 Aspectos econômicos sobre o etanol............................................................. 34

1.1.5 Processos de produção de etanol de primeira geração................................... 38

1.1.6 Micro-organismos produtores de etanol........................................................ 39

1.1.6.1 Aspectos gerais sobre micro-organismos produtores de etanol............................. 39

1.1.6.2 Aspectos gerais sobre Saccharomyces cerevisiae e Kluyveromyces marxianus... 40

1.1.7 Aspectos gerais sobre bagaço de cana-de-açúcar........................................... 45

1.1.8 Aspectos econômicos sobre bagaço de cana-de-açúcar................................. 47

1.2 Biorrefinaria............................................................................................. 48

1.2.1 Aspectos gerais sobre biorrefinaria................................................................ 48

1.2.2 Celulose.......................................................................................................... 50

1.2.3 Hemicelulose.................................................................................................. 53

1.2.4 Lignina........................................................................................................... 54

1.2.5 Aspectos gerais sobre os pré-tratamentos de material lignocelulosico.......... 56

1.2.6 Pré-tratamentos ácidos................................................................................... 57

1.2.7 Pré-tratamento hidrotérmico.......................................................................... 58

1.2.8 Pré-tratamento alcalino.................................................................................. 59

1.2.9 Pré-tratamento com peróxido de hidrogênio.................................................. 59

1.2.10 Caracterização físico-química material lignocelulosico (morfologia externa, grupos orgânicos e cristalinidade)............................................................. 60

1.2.11 Aspectos gerais sobre enzimas celulolíticas................................................ 61

1.2.12 Hidrólise enzimática de biomassa lignocelulosica....................................... 62

1.2.13 Processo de produção de etanol de segunda geração................................... 63

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1.2.13.1 Aspectos gerais sobre o etanol de segunda geração............................................ 63

1.2.13.2 Produção de etanol de segunda geração por sistema HFS e SFS........................ 64

1.3 Modelos matemáticos em bioprocessos................................................... 67

1.3.1 Aspectos gerais sobre modelagem em bioprocessos...................................... 67

1.3.2 Modelagem do processo de produção de etanol de primeira geração............ 74

1.3.3 Modelagem do processo de produção de etanol de segunda geração............ 74

2. Estudo da Hidrólise Enzimática Para Produção de Açúcares Redutores a Partir de Bagaço de Cana-de-açúcar Pré-tratado com Ácidos, Álcalis e Peróxido de Hidrogênio...................................... 81

2.1 Introdução................................................................................................ 81

2.2 Material e métodos................................................................................... 81

2.2.1 Reagentes utilizados....................................................................................... 81

2.2.2 Enzimas.......................................................................................................... 82

2.2.3 Bagaço de cana-de-açúcar.............................................................................. 82

2.2.4 Pré-tratamentos.............................................................................................. 82

2.2.4.1 Pré-tratamento ácido-alcalino................................................................................ 83

2.2.4.2 Pré-tratamento com peróxido de hidrogênio em pH alcalino................................ 84

2.2.5 Caracterização do bagaço de cana-de-açúcar................................................. 84

2.2.6 Avaliação das misturas enzimáticas............................................................... 86

2.2.7 Delineamento Composto Central Rotacional................................................. 87

2.2.8 Influencia da quantidade de celulose inicial.................................................. 88

2.2.9 Hidrólise enzimática em biorreator STR....................................................... 88

2.2.10 Procedimentos analíticos.............................................................................. 90

2.3 Resultados e Discussão............................................................................ 91

2.3.1 Caracterização das enzimas utilizadas........................................................... 91

2.3.2 Caracterização do bagaço de cana-de-açúcar................................................. 92

2.3.2.1 Composição química.............................................................................................. 92

2.3.2.2 Análises de MEV e FTIR....................................................................................... 95

2.3.3 Avaliação das misturas enzimáticas............................................................... 100

2.3.4 Delineamento Composto Central Rotacional................................................. 103

2.3.5 Influencia na quantidade de celulose inicial.................................................. 109

2.3.6 Hidrólise enzimática em biorreator STR....................................................... 110

2.4 115

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Conclusão.......................................................................................................

3. Bagaço de Cana-de-açúcar: Caracterização por Composição Química, Microscopia, FTIR e DR-X, e Hidrólise Enzimática do Material Pré-tratado Para Produção de Açúcares Redutores.......... 116

3.1 Introdução................................................................................................ 116

3.2 Material e métodos................................................................................... 116

3.2.1 Reagentes utilizados....................................................................................... 116

3.2.2 Bagaço de cana-de-açúcar.............................................................................. 117

3.2.3 Enzimas.......................................................................................................... 117

3.2.4 Pré-tratamentos.............................................................................................. 117

3.2.4.1 Pré-tratamento ácido-alcalino................................................................................ 118

3.2.4.2 Pré-tratamento hidrotérmico-alcalino.................................................................... 118

3.2.4.3 Pré-tratamento alcalino.......................................................................................... 119

3.2.4.4 Pré-tratamento com peróxido de hidrogênio em pH alcalino................................ 119

3.2.5 Composição química...................................................................................... 119

3.2.6 Caracterização por Microssonda Eletrônica.................................................. 119

3.2.7 Caracterização por FTIR................................................................................ 119

3.2.8 Caracterização por DR-X............................................................................... 120

3.2.9 Hidrólise enzimática...................................................................................... 120

3.3 Resultados e discussão............................................................................. 122

3.3.1 Composição química...................................................................................... 122

3.3.2 Caracterização por Microssonda Eletrônica.................................................. 125

3.3.3 Caracterização por FTIR................................................................................ 126

3.3.4 Caracterização por DR-X............................................................................... 130

3.3.5 Hidrólise enzimática...................................................................................... 134

3.4 Conclusão................................................................................................. 136

4. Estudo do Processo de Sacarificação e Fermentação Simultânea do Bagaço de Cana-de-açúcar Para Produção de Etanol.............................................................................................. 137

4.1 Introdução................................................................................................ 137

4.2 Material e métodos................................................................................... 137

4.2.1 Reagentes utilizados....................................................................................... 137

4.2.2 Enzimas.......................................................................................................... 138

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4.2.3 Micro-organismos.......................................................................................... 138

4.2.4 Bagaço de cana-de-açúcar.............................................................................. 138

4.2.5 Atividade enzimática inicial........................................................................... 138

4.2.6 Influencia da concentração de celulose inicial............................................... 139

4.2.7 Estoque dos micro-organismos...................................................................... 139

4.2.8 Propagação de pré-inóculo e inóculo............................................................. 139

4.2.9 Estudo do processo SFS................................................................................. 141

4.2.9.1 Processo SFS para seleção da levedura e bagaço pré-tratado................................ 141

4.2.9.2 Estudo do processo SFS em biorreator STR.......................................................... 142

4.3 Resultados e discussão............................................................................. 144

4.3.1 Propagação de pré-inóculo e inóculo............................................................. 144

4.3.2 Atividade enzimática inicial........................................................................... 146

4.3.3 Influencia da concentração de celulose inicial............................................... 146

4.3.4 Estudo do processo SFS................................................................................. 147

4.3.4.1 Processo SFS para seleção da levedura e bagaço pré-tratado................................ 147

4.3.4.2 Estudo cinético do processo SFS em biorreator STR............................................ 149

4.4 Conclusão................................................................................................. 168

5. Modelagem Matemática da Hidrólise Enzimática no Bagaço de Cana-de-açúcar Para Produção de Açúcares Redutores............. 169

5.1 Introdução................................................................................................ 169

5.2 Material e Métodos.................................................................................. 169

5.2.1 Reagentes utilizados....................................................................................... 169

5.2.2 Enzimas e bagaço de cana-de-açúcar............................................................. 169

5.2.3 Ensaios enzimáticos....................................................................................... 170

5.2.4 Modelagem matemática................................................................................. 172

5.3 Resultados e Discussão............................................................................ 173

5.4 Conclusão................................................................................................. 189

6. Modelagem Matemática do Processo de Sacarificação e Fermentação Simultânea do Bagaço de Cana-de-açúcar Para Produção de Etanol......................................................................... 190

6.1 Introdução................................................................................................ 190

6.2 Material e métodos................................................................................... 190

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6.2.1 Reagentes utilizados....................................................................................... 190

6.2.2 Enzimas e bagaço de cana-de-açúcar............................................................. 191

6.2.3 Obtenção de dados experimentais e parâmetros de processo........................ 191

6.2.4 Ensaios de inibição......................................................................................... 192

6.2.5 Modelagem matemática................................................................................. 193

6.3 Resultados e Discussão............................................................................ 193

6.3.1 Obtenção de parâmetros do processo............................................................. 193

6.3.2 Ensaios de inibição......................................................................................... 194

6.3.3 Modelagem matemática................................................................................. 199

6.3.3.1 Primeira modelagem.............................................................................................. 199

6.3.3.2 Segunda modelagem.............................................................................................. 211

6.4 Conclusão................................................................................................. 218

7. Conclusão Geral e Sugestões para Trabalhos Futuros................ 219

7.1 Conclusão Geral....................................................................................... 219

7.2 Sugestões para Trabalhos Futuros........................................................... 220

Referências Bibliográficas.............................................................. 221

Apêndice I....................................................................................... 248

Apêndice II..................................................................................... 257

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Representação de uma planta de cana-de-açúcar........................................ 31

Figura 1.2 – Estrutura molecular do etanol..................................................................... 34

Figura 1.3 – Quantidade de veículos Flex fuel no Brasil entre 2010 a 2013................... 36

Figura 1.4 – Quantidade de veículos no mês de janeiro de 2014 para cada tipo de combustível usado........................................................................................................... 36

Figura 1.5 – Produção de etanol entre as safras de 2010/2011 a 2013/2014................... 37

Figura 1.6 – Exportação do etanol entre os anos de 2010 a 2013................................... 38

Figura 1.7 – Fluxograma simplificado da conversão de glicose a etanol........................ 39

Figura 1.8 – Estrutura da celulose (parte central da cadeia molecular)........................... 50

Figura 1.9 – Reações de hidrólise da celulose. R e R' são as semicadeias do polímero de celulose. A ligação em zig-zag representa a ligação β-D (1-4) glicosídica................ 51

Figura 1.10 – Representação do hemiacetal (a) e do aldeído (b) do grupo terminal redutor. R é a semicadeia do polímero de celulose......................................................... 51

Figura 1.11 – Estrutura dos monossacarídeos que formam as hemiceluloses................. 54

Figura 1.12 – Estrutura da lignina de abeto (Picea abies).............................................. 55

Figura 1.13 – Evolução do conceito de processamento consolidado na Engenharia de Biocommodities. HFS: hidrólise e fermentação separadas, SFS: sacarificação e fermentação simultâneas, SCFS: sacarificação e co-fermentação simultâneas, BPC: bioprocessamento consolidado........................................................................................ 65

Figura 2.1 – Foto do biorreator utilizado nos ensaios de hidrólise enzimática............... 90

Figura 2.2 – Morfologia através de MEV do bagaço de cana-de-açúcar submetido aos diferentes pré-tratamentos. A: bagaço não-tratado; B: bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino; C: bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio........................................................................................................................ 96

Figura 2.3 – Morfologia através de MEV do bagaço de cana-de-açúcar pré-tratado e hidrolisado. A: bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino e hidrolisado; B: bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio e hidrolisado no primeiro ensaio; C: bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio e hidrolisado no segundo ensaio...................................................................................... 97

Figura 2.4 – Análises de FTIR em Transmitância. a – bagaço não-tratado; b - bagaço de diâmetro de valores iguais e menores a 0,84 mm e submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino; c - bagaço de diâmetro de valores iguais e menores a 0,29 mm e submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino; d - bagaço de diâmetro de valores iguais e menores a 0,29 mm e submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio....... 98

Figura 2.5 – Hidrólise enzimática realizadas em bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino para e seleção da mistura enzimática; primeiro (■), segundo (●) e terceiro ensaio (▲)................................................................................................. 100

Figura 2.6 – Hidrólise enzimática realizadas em bagaço de cana submetido ao pré- 102

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tratamento ácido-alcalino para avaliação das enzimas xilanases, hemicelulases e uso de TWEEN 80; primeiro ensaio (■), para fins de comparação, quarto (●), quinto (▲) e sexto ensaio (▼)...........................................................................................................

Figura 2.7 – Superfície de resposta para o primeiro delineamento realizado em 24 horas para a otimização da carga enzimática inicial....................................................... 107

Figura 2.8 – Superfície de resposta para o segundo delineamento realizado para a otimização da carga enzimática inicial............................................................................ 107

Figura 2.9 – Diagrama de Pareto para o segundo delineamento realizado para a otimização da carga enzimática inicial............................................................................ 108

Figura 2.10 – Conversão e produção de glicose para o estudo variando a concentração inicial de celulose............................................................................................................ 109

Figura 2.11 – Conversão (A) e concentração de glicose (B) nos ensaios de hidrólise enzimática em biorreator STR para o bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino............................................................................................................................. 211

Figura 2.12 – Conversão (A) e concentração de glicose (B) na hidrólise enzimática em biorreator STR para o bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio. Primeiro ensaio: uso das enzimas celulases e β-glicosidase; segundo ensaio: ensaio com celulases, β-glicosidase, hemicelulases e xilanases......................... 113

Figura 2.13 – Concentração de xilose na hidrólise enzimática em biorreator STR para o bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio. Primeiro ensaio: uso das enzimas celulases e β-glicosidase; segundo ensaio: ensaio com celulases, β-glicosidase, hemicelulases e xilanases............................................................................. 114

Figura 3.1 – Fotos dos bagaços não-tratado e pré-tratado............................................... 123

Figura 3.2 – Morfologia dos bagaços pré-tratados e não-tratado através das análises de Microssonda Eletrônica. a – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino; b – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento hidrotérmico-alcalino; c – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio; d – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento alcalino; e – bagaço de cana não-tratado............. 125

Figura 3.3 – Resultados de FTIR em Transmitância para o bagaço não-tratado e pré-tratado (gráficos sobrepostos). a – bagaço de cana não-tratado; b – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino; c – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento hidrotérmico-alcalino; d – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento alcalino; e – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio........................................................................................................................ 127

Figura 3.4 – Resultados de FTIR em Transmitância para o bagaço não-tratado e pré-tratado (gráficos separados). a – bagaço de cana não-tratado; b – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino; c – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento hidrotérmico-alcalino; d – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento alcalino; e – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio........................................................................................................................ 128

Figura 3.5 – Difratograma dos bagaços não-tratado e pré-tratados. a – bagaço de cana não-tratado; b – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino; c – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento hidrotérmico-alcalino; d – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio; e – bagaço de cana 130

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submetido ao pré-tratamento alcalino..............................................................................

Figura 3.6 – Resultados da última água de lavagem para o bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino............................................................................................................. 132

Figura 3.7 – Resultados da última água de lavagem para o bagaço submetido ao pré-tratamento hidrotérmico-alcalino................................................................................................. 132

Figura 3.8 – Resultados da última água de lavagem para o bagaço submetido ao pré-tratamento alcalino....................................................................................................................... 133

Figura 3.9 – Resultados da última água de lavagem para o bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio...................................................................................... 133

Figura 3.10 – Rendimento global de glicose e xilose após a etapa de pré-tratamento seguido da hidrólise enzimática. a – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino; b – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento hidrotérmico-alcalino; c – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento alcalino; d – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio.................................... 136

Figura 4.1 – Monitoramento do crescimento microbiano para a padronização do pré-inóculo. SC PE-2 - Saccharomyces cerevisiae PE- 2; SC CAT-1 - Saccharomyces cerevisiae CAT-1; KM ATCC - Kluyveromyces marxianus ATCC 36907, KM CE - Kluyveromyces marxianus CE025................................................................................... 145

Figura 4.2 – Monitoramento do crescimento microbiano para a padronização do inóculo. SC PE-2 - Saccharomyces cerevisiae PE- 2; SC CAT-1 - Saccharomyces cerevisiae CAT-1; KM ATCC - Kluyveromyces marxianus ATCC 36907, KM CE - Kluyveromyces marxianus CE025................................................................................... 145

Figura 4.3 – Conversão e produção de glicose para o estudo variando a concentração inicial de celulose............................................................................................................ 147

Figura 4.4 – Crescimento microbiano para os ensaios realizados variando-se concentração inicial de celulose...................................................................................... 150

Figura 4.5 – Etanol produzido para os ensaios realizados variando-se a concentração inicial de celulose............................................................................................................ 151

Figura 4.6 – Valores de µx para os ensaios realizados variando-se concentração inicial de celulose....................................................................................................................... 152

Figura 4.7 – Valores de µp para os ensaios realizados variando-se concentração inicial de celulose....................................................................................................................... 153

Figura 4.8 – Valores de produtividade para os ensaios realizados variando-se concentração inicial de celulose...................................................................................... 154

Figura 4.9 – Crescimento microbiano para os ensaios realizados variando-se inóculo e atividade enzimática inicial.......................................................................................... 156

Figura 4.10 – Produção de etanol para os ensaios realizados variando-se inóculo e atividade enzimática inicial............................................................................................. 157

Figura 4.11 – Valores de µx para os ensaios realizados variando-se inóculo e atividade enzimática inicial............................................................................................. 158

Figura 4.12 – Valores de µp para os ensaios realizados variando-se inóculo e atividade enzimática inicial............................................................................................. 159

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Figura 4.13 – Valores de produtividade para os ensaios realizados variando-se inóculo e atividade enzimática inicial............................................................................. 160

Figura 4.14 – Perfil cinético do processo SFS otimizado (1,0 g/L de inóculo, 15 FPU/g celulose e 6% de celulose)................................................................................... 162

Figura 4.15 – Estudo cinético do processo SFS em batelada alimentada (primeiro e segundo ensaio)............................................................................................................... 163

Figura 4.16 – Início do processo SFS partido de 6% de celulose contido no bagaço pré-tratado com ácido-alcalino (sistema batelada).......................................................... 165

Figura 4.17 – Processo SFS partido de 6% de celulose contido no bagaço pré-tratado com ácido-alcalinoo após 6 horas de ensaio (sistema batelada)...................................... 166

Figura 4.18 – Início do processo SFS partido de 2% de celulose contido no bagaço pré-tratado com ácido-alcalino (sistema batelada alimentada)........................................ 167

Figura 5.1 – Produção de glicose em diferentes condições de hidrólise para o estudo cinético............................................................................................................................. 174

Figura 5.2 – Produção de xilose em diferentes condições de hidrólise para o estudo cinético............................................................................................................................. 175

Figura 5.3 – Resultados dos ensaios de adsorção da enzima para a modelagem enzimática........................................................................................................................ 176

Figura 5.4 – Ajuste de Langmuir no ensaio de adsorção para a modelagem da hidrólise enzimática......................................................................................................... 177

Figura 5.5 – Correlação entre (Rc x C/Co) levando em consideração a reatividade teórica (idealizada) de 1,0 no tempo zero de processo de hidrólise enzimática para os ensaios de reatividade do substrato................................................................................. 178

Figura 5.6 – Ensaios de inibição na reação global (celulose – glicose) para a modelagem enzimática.................................................................................................... 179

Figura 5.7 – Ensaios de inibição para a reação de hidrólise enzimática (celulose – celobiose).......................................................................................................................... 180

Figura 5.8 – Ensaios de inibição para a reação de hidrólise enzimática (celobiose – glicose)............................................................................................................................. 180

Figura 5.9 – Modelo ajustado para 15 FPU/g celulose e 4% de celulose inicial (celulose, celobiose e glicose).......................................................................................... 185

Figura 5.10 – Modelo ajustado para 15 FPU/g celulose e 4% de celulose inicial (hemicelulose e xilose)..................................................................................................... 186

Figura 5.11 – Comparação entre uma simulação utilizando o modelo de hidrólise enzimática e os resultados de glicose produzida nos ensaios realizados em biorreator no Cap. II desta Tese........................................................................................................ 188

Figura 5.12 – Comparação entre uma simulação utilizando o modelo de hidrólise enzimática e os resultados de xilose produzida no ensaios realizados em biorreator no Cap. II desta Tese............................................................................................................. 189

Figura 6.1 – Ensaios de inibição do etanol na reação de hidrólise enzimática (celulose – glicose).......................................................................................................................... 195

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Figura 6.2 – Ensaios de inibição do etanol na biomassa celular no processo SFS.......... 196

Figura 6.3 – Ensaios de inibição do etanol na produção de etanol no processo SFS....... 197

Figura 6.4 – Ensaios de inibição da glicose no crescimento celular no processo SFS.... 198

Figura 6.5 – Ensaios de inibição da glicose na produção de etanol no processo SFS..... 199

Figura 6.6 – Primeiro modelo sem modificação nas constantes cinéticas fermentativas obtidas experimentalmente; celulose (6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose)................................................................................................................ 203

Figura 6.7 – Primeiro modelo sem modificação nas constantes cinéticas fermentativas obtidas experimentalmente; biomassa e etanol (6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose)........................................................................................... 204

Figura 6.8 – Primeiro modelo sem modificação nas constantes cinéticas fermentativas obtidas experimentalmente e modificação nas taxa de reações enzimáticas; celulose (6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose)................................... 204

Figura 6.9 – Primeiro modelo sem modificação nas constantes cinéticas fermentativas obtidas experimentalmente e modificação nas taxa de reações enzimáticas; biomassa e etanol (6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose)......................... 205

Figura 6.10 – Comparação entre o primeiro modelo e a condição experimental de 6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; celulose, etanol e biomassa........................................................................................................................... 208

Figura 6.11 – Comparação entre o primeiro modelo e a condição experimental de 6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose ; hemicelulose e xilose....... 209

Figura 6.12 – Comparação entre o primeiro modelo e a condição experimental de 6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; celobiose e glicose............ 210

Figura 6.13 – Comparação entre o segundo modelo e a condição experimental de 6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; celulose, etanol e biomassa........................................................................................................................... 214

Figura 6.14 – Comparação entre o segundo modelo e a condição experimental de 6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; hemicelulose e xilose........ 215

Figura 6.15 – Comparação entre o segundo modelo e a condição experimental de 6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; celobiose e xilose.............. 216

Figura 6.16 – Comparação entre o segundo modelo e a condição experimental de 2% de celulose inicial, 0,5 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; etanol................................. 217

Figura A1 – Curva de calibração (Biomassa x DO) para a levedura Saccharomyces cerevisiae PE- 2................................................................................................................ 248

Figura A2 – Curva de calibração (Biomassa x DO) para a levedura Saccharomyces cerevisiae CAT-1............................................................................................................. 249

Figura A3 – Curva de calibração (Biomassa x DO) para a levedura Kluyveromyces marxianus ATCC 36907.................................................................................................. 250

Figura A4 – Curva de calibração (Biomassa x DO) para a levedura Kluyveromyces marxianus CE025............................................................................................................. 251

Figura A5 – Curva de calibração de células viáveis (UFC/mL) x biomassa em massa 252

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seca (g/L) para a levedura Saccharomyces cerevisiae PE- 2...........................................

Figura A6 – Correlação Ln(k) x1/T para o cálculo da energia de ativação da reação global de celulose a glicose.............................................................................................. 253

Figura A7 – Correlação Ln(k) x1/T para o cálculo da energia de ativação da reação de celobiose a glicose............................................................................................................ 254

Figura A8 – Estimativa das constantes α e β usadas no modelo de Leudeking e Piret para a produção de um produto, através da regressão da correlação entre os valores de µx e µp, para o processo partindo de 6% de celulose, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose............................................................................................................................. 255

Figura A9 – Cálculo da taxa de morte Kd para o processo SFS partindo de 6% de celulose, 15 FPU/g celulose da enzima celulase e 0,5 g/L de inóculo............................. 256

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 – Composição média do bagaço de cana fresca.......................................... 45

Tabela 1.2 – Composição da fibra da cana de açúcar................................................... 45

Tabela 1.3 – Composição média do bagaço de cana-de-açúcar seco ao ar e referido a 100% de matéria............................................................................................................ 46

Tabela 1.4 – Composição elementar do bagaço de cana............................................... 46

Tabela 1.5 – Composição dos principais componentes de matérias lignocelulosicas.. 49

Tabela 1.6 – Modelos cinéticos para a produção de etanol por processo fermentativo.................................................................................................................. 76

Tabela 2.1 – Ensaios variando-se diferentes misturas enzimáticas e TWEEN 80 para avaliação das misturas enzimáticas............................................................................... 86

Tabela 2.2 – Primeiro delineamento composto central rotacional realizado para a otimização da carga enzimática inicial......................................................................... 87

Tabela 2.3 – Segundo delineamento composto central rotacional realizado para a otimização da carga enzimática inicial......................................................................... 88

Tabela 2.4 – Caracterização das enzimas utilizadas para avaliação da mistura enzimática e estudos de hidrólise enzimática posteriores; atividade enzimática.......... 91

Tabela 2.5 – Caracterização das enzimas utilizadas para avaliação da mistura enzimática e estudos de hidrólise enzimática posteriores; proteína total...................... 92

Tabela 2.6 – Composição do bagaço de cana-de-açúcar não-tratado e fração sólida do pré-tratado com (5,0±1,5%) de umidade.................................................................. 94

Tabela 2.7 – Grupos orgânicos encontrados no bagaço de cana não-tratado e pré-tratado através das análises de FTIR............................................................................. 99

Tabela 2.8 – Comparação entre as médias para os ensaios realizados para a avaliação das misturas enzimáticas; primeiro, segundo e terceiro ensaio............................................................................................................................. 101

Tabela 2.9 – Comparação entre as médias para os ensaios realizados para a escolha da mistura enzimática; primeiro, quarto, quinto e sexto ensaio.................................... 103

Tabela 2.10 – ANOVA para o primeiro delineamento nos tempos de 1,0; 2,5; 5,0 e 12,0 horas para a otmização da carga enzimática inicial.............................................. 104

Tabela 2.11 – Resultados do primeiro delineamento no tempo de 24 horas para otimização da carga enzimática inicial......................................................................... 104

Tabela 2.12 – Resultados do segundo delineamento no tempo de 24 horas para otimização da carga enzimática inicial......................................................................... 105

Tabela 2.13 – Resultados da ANOVA para os delineamentos realizados ao nível de 90 % de confiança para a otmização da carga enzimática inicial................................. 106

Tabela 3.1 – Composição do bagaço de cana-de-açúcar na forma não-tratado e submetido aos diferentes pré-tratamentos (fração sólida em base seca)....................... 124

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Tabela 3.2 – Grupos orgânicos encontrados através das análises de FTIR no material não-tratado e na fração sólida do bagaço pré-tratado..................................... 129

Tabela 3.3 – Índice de Cristalinidade da biomassa não-tratada e pré-tratada............... 131

Table 3.4 – Conversão de celulose em glicose e produção de açúcares redutores após a hidrólise enzimática........................................................................................... 134

Tabela 4.1 – Tempos padronizados para preparo de pré-inóculo e inóculo e quantidade de células no tempo final do inóculo para as leveduras estudadas............. 144

Tabela 4.2 – Resultados da atividade inicial das enzimas celulases e β-glicosidase.... 144

Tabela 4.3 – Resultados do processo SFS para cada levedura estudada e cada bagaço de cana pré-tratado no tempo de 24 hs............................................................. 148

Tabela 4.4 – Valores de µmax e pmax e fatores de conversão para os ensaios realizados variando-se concentração inicial de celulose................................................................ 153

Tabela 4.5 – Quantidade de glicerol e etanol produzido, rendimento de etanol por bagaço utilizado, celulose residual e rendimento de etanol em relação ao rendimento teórico, variando-se a concentração inicial de celulose no tempo de 24 hs.................. 155

Tabela 4.6 – Valores de µmax e pmax e fatores de conversão para os ensaios variando-se inóculo e atividade enzimática inicial....................................................................... 159

Tabela 4.7 – Produção de glicerol e etanol, rendimento de etanol por grama de bagaço utilizado, celulose residual e rendimento de etanol em relação ao rendimento teórico do processo variando-se inóculo e atividade enzimática inicial no tempo de 24 hs.............................................................................................................................. 161

Tabela 4.8 – Produção de glicerol e etanol, rendimento de etanol por grama de bagaço utilizado, celulose residual e rendimento de etanol em relação ao rendimento teórico do processo para o sistema batelada alimentada para o segundo ensaio no tempo de 40 hs.............................................................................................................. 165

Tabela 4.9 – Comparação de diferentes estudos em SFS para a produção de etanol... 168

Tabela 5.1 – Condições de inibidores, substrato e tempo para os ensaios de inibição no processo de hidrólise enzimática.............................................................................. 172

Tabela 5.2 – Resultados dos ensaios de reatividade do substrato para a modelagem do processo de hidrólise enzimática.............................................................................. 178

Tabela 5.3 – Valores dos parâmetros do modelo de hidrólise enzimática.................... 184

Tabela 5.4 – Teste de χ2 para o ajuste das constantes no modelo para cada condição cinética e para a comparação do modelo obtido a as condições operacionais realizadas (2,73 para d = 8 e α = 0,05).......................................................................... 187

Tabela 6.1 – Inibidores estudados nos ensaios fermentativos para a modelagem do processo SFS................................................................................................................. 192

Tabela 6.2 – Valores das constantes α e β usadas no modelo de Leudeking e Piret e taxa de morte celular..................................................................................................... 194

Tabela 6.3 – Teste de χ2 para o ajuste das constantes no modelo para cada condição cinética e para a comparação do modelo obtido a as condições operacionais realizadas para o primeiro modelo (2,73 para d = 8 e α = 0,05)................................... 206

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Tabela 6.4 – Valores das constantes do primeiro modelo proposto..............................

207

Tabela 6.5 – Teste de χ2 para o ajuste das constantes no modelo para cada condição cinética e para a comparação do modelo obtido a as condições operacionais realizadas parao segundo modelo (2,73 para d = 8 e α = 0,05)..................................... 212

Tabela 6.6 – Valores das constantes do segundo modelo proposto..............................

213

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NOMENCLATURA

Parâmetro Definição Unidade

μ Taxa específica de crescimento microbiano g.L-1.h-1

μmax Taxa máxima específica de crescimento microbiano h-1

S Concentração de substrato g.L-1

Ks Constante de saturação de Monod g.L-1

X Concentração de biomassa microbiana g.L-1

B Constante relacionada à competição por substrato entre microrganismos na fase estacionária

-

Ki Constante de inibição g.L-1

kd Taxa de morte microbiana h-1

Yx/s Fator de conversão do substrato em biomassa microbiana g.g-1

Yp/s Fator de conversão do substrato em produto g.g-1

m Constate de substrato para manutenção fisiológica celular h-1

Yp/x Fator de conversão de biomassa microbiana em produto g.g-1

α Constate de produção do produto associado à taxa de crescimento celular

g.g-1

β Constate de produção do produto não-associado à taxa de crescimento celular

g.g.-1.h-1

Xf Biomassa microbiana final g.L-1

Xo Biomassa microbiana inicial g.L-1

So Substrato inicial g.L-1

Sf Substrato final g.L-1

Pf Produto final g.L-1

Po Produto inicial g.L-1

P Concentração do produto g.L-1

Pmax Quantidade máxima de produto antes de causar inibição g.L-1

Kp Constante de inibição parabólica pelo produto formado g.L-1

ν Velocidade inicial de reação enzimática g.L-1.h-1

νmax Velocidade máxima de reação enzimática g.L-1.h-1

k1 Taxa constante de adsorção da enzima L.h-1.g-1

k-1 Taxa constante de desorção da enzima h-1

k2 Taxa constante de produção do produto h-1

Km Constante de Michaelis-Menten g.L-1

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Rc Reatividade do substrato (celulose) -

R Taxa inicial de hidrólise enzimática antes sem interrupção g.L-1.h-1

Ro Taxa inicial de hidrólise enzimática antes após interrupção g.L-1.h-1

C Concentração de celulose g.L-1

Co Concentração inicial de celulsoe g.L-1

δ Constante adimensional -

ki Taxa constante de reação enzimática (i=1, 2 e 4) L.g.-1.h-1

k3 Taxa constante de reação enzimática L.h-1

E Concentração enzimática g.L-1

Ed Quantidade de enzima adsorvida no modelo de Langmuir g.L-1

Emax Quantidade máxima de celulases adsorvida na celulose no modelo de Langmuir

g.g-1

Kads Constante de adsorção das enzimas celulases na celulose no modelo de Langmuir

L.g-1

Ef Quantidade de enzima livre no modelo de Langmuir g.L-1

YN Constante exponencial na inibição causada pelo produto -

K1 Constante de inibição pelo produto do modelo de Sevely et al. (1980)

g.L-1

K2 Constante de inibição pelo susbtrato do modelo de Sevely et al. (1980)

g.L-1

YM Constante exponencial na inibição causada pela biomassa microbiana

-

Xmax Quantidade de biomassa microbiana máxima antes de causar inibição

g.L-1

G2 Concentração de celobiose g.L-1

G Concentração de glicose g.L-1

Xi Concentração de xilose g.L-1

ET1 Concentração de enzimas totais (proteínas totais) g.L-1

EB1 Concentração de enzimas celulases adsorvida na celulose g.L-1

EF1 Concentração de enzimas celulases livres g.L-1

ET2 Concentração de enzimas β-glicosidases totais livres g.L-1

KiIG2 Constante de inibição causada pela celobiose na hidrólise enzimática

g.L-1

KiIG Constante de inibição causada pela glicose na hidrólise enzimática e fermentação

g.L-1

KiIXi Constante de inibição causada pela xilose na hidrólise enzimática g.L-1

KiIE Constante de inibição causada pelo etanol na hidrólise enzimática g.L-1

K3M Constante de saturação da celobiose g.L-1

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H Concentração de hemicelulose g.L-1

KiG Constante de saturação de Monod g.L-1

pmax Taxa máxima inicial de produção de etanol h-1

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INTRODUÇÃO

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Introdução

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Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

Introdução

Com a necessidade da substituição parcial da plataforma petroquímica, processos não

convencionais de produção de combustíveis e blocos construtores para síntese química devem

ser desenvolvidos (Garzon, 2009). Quando produtos são obtidos a partir de fontes renováveis

e de maneira integrada estabelece-se o conceito de biorrefinaria (Lynd et al., 1999).

A biomassa vegetal rica em material lignocelulosico está sendo estudada no mundo

todo como uma fonte renovável de carbono e energia. O etanol é um produto final obtido pela

fermentação de hidrolisados lignocelulosicos, e diversos estudos vêm sendo realizados no

mundo todo para elucidar esta tecnologia, porém, outros produtos também podem ser obtidos

a partir desta biomassa.

Para a produção de etanol de segunda geração (etanol celulósico obtido a partir de

biomassa vegetal) é preciso que se obtenha monômeros de carboidratos como a glicose

proveniente da estrutura da parede celular vegetal. Desta forma, diferentemente do processo

convencional (etanol produzido a partir de caldo de cana), para a produção de etanol de

segunda geração, é preciso que o material lignocelulosico seja submetido a um pré-tratamento

químico, físico, biológico ou combinado e a uma hidrólise enzimática para que se tenha

substrato disponível para a fermentação alcoólica.

O processo de pré-tratamento é crucial para a desestruturação da matriz

lignocelulosica de forma a deixar a celulose mais disponível para o ataque das enzimas

celulolíticas tanto em relação ao favorecimento da remoção dos componentes como

hemicelulose e lignina, bem como para a modificação da estrutura cristalina da celulose que

pode ser convertida em estrutura amorfa e favorecer, também, o ataque enzimático.

A escolha do pré-tratamento deve levar em consideração a origem e a composição do

material lignocelulosico, reduzir a produção de resíduos industriais, evitar a corrosão de

equipamentos e reduzir a produção de inibidores enzimáticos e microbianos. Desta forma, os

pré-tratamentos estudados para o desenvolvimento da tecnologia para produção de etanol de

segunda geração, são considerados brandos quando comparados com hidrólise completa do

material lignocelulosico, com uso de ácidos concentrados e altas temperaturas, onde todo o

material é convertido em monômeros de glicose e uma gama de outros produtos e muitos

deles, inibidores enzimáticos e microbianos. Portanto, para complementar o processo de pré-

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Introdução

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tratamento, a fim de se obter monômeros de glicose, uma etapa de hidrólise enzimática deve

ser realizada.

A hidrólise enzimática da celulose é realizada por enzimas denominadas celulases

onde se tem como produto uma grande quantidade de celobiose (dímero de glicose) e uma

menor quantidade de glicose liberada. Para se aumentar a produção de glicose durante a

hidrólise enzimática, enzimas denominadas de β-glicosidases devem ser adicionadas ao

complexo enzimático. O processo de hidrólise enzimática aplicado após o processo de pré-

tratamento apresenta vantagens pelo fato de as enzimas apresentarem atividade específica

para produção de glicose e se trabalhar em temperaturas brandas e pressão atmosférica, assim,

evitando a produção de inibidores microbianos.

Diferentes micro-organismos são estudados para a produção de etanol, dente eles as

leveduras Saccharomyces cerevisiae e Kluyveromyces marxianus estão sendo bastante estudas

para a produção de etanol de segunda geração. Introduzindo-se no conceito de biorrefinaria e

produção integrada, existem duas formas de produção de etanol a partir de material

lignocelulosico, são eles; Hidrólise Enzimática e Fermentação Separada (HFS) e a

Sacarificação e Fermentação Simultânea (SFS). Os processos em SFS têm, geralmente, um

menor tempo de operação e por consequência, uma maior produtividade, mas em relação ao

maior rendimento, depende do caso a ser estudado (Shen & Agblevor, 2010). Uma

desvantagem do HFS em relação ao SFS é que no HFS existe a formação de inibidores

competitivos da hidrólise enzimática, celobiose e glicose, o que não ocorre no SFS, pois a

glicose é retirada do meio de cultura pelo processo fermentativo onde a levedura consome a

glicose para suas necessidades fisiológicas, e a celobiose é convertida em glicose, pela

hidrólise enzimática, sem que haja inibição da glicose e, desta forma, a ação das enzimas

celulases não é inibida pela celobiose.

A modelagem matemática de processos enzimáticos e fermentativos pode ser definida

como a tentativa de representar, através de equações matemáticas, os balanços de massa para

cada componente no biorreator, associada às complexas transformações bioquímicas que

ocorrem no processo e às velocidades com que essas transformações acontecem, muito

embora, possa ser virtualmente impossível simular o sistema biológico e bioquímico em sua

totalidade.

Apesar de os processos de Sacarificação e Fermentação Simultânea serem importantes

para a economia de uma planta de produção, a modelagem destes sistemas são, de certa

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Introdução

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Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

forma, mais complexos de serem desenvolvidos. Por isto, uma menor quantidade de

referências são encontradas na literatura sobre este tema.

Diante do contexto socioeconômico em que se enquadra a atual situação dos

combustíveis fósseis, faz-se valiosa a iniciativa de estudar processos alternativos de obtenção

de energia verde a partir de recursos renováveis que não impliquem em competição pelo solo

com a produção de alimentos. Assim, o estudo do processo de Sacarificação e Fermentação

Simultânea para produção de etanol a partir de substratos residuais do setor sucroalcoleiro

(bagaço de cana-de-açúcar), bem como a obtenção de um modelos determinístico do

processo, são ferramentas importantes para se avaliar o comportamento dinâmico da

fermentação e realizar simulações computacionais, buscando a elaboração de projeto de uma

planta industrial e a otimização do processo.

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Introdução

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Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é um estudo amplo do processo de Sacarificação e

Fermentação Simultânea utilizando o bagaço de cana-de-açúcar como matéria-prima de baixo

custo para produção de etanol, aplicando princípios de Engenharia Bioquímica.

Objetivos específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

Realizar um estudo de hidrólise enzimática do bagaço pré-tratado utilizando uma

mistura de enzimas comerciais (endoglicanases, exoglicanases, β-glicosidases,

hemicelulases e xilanases) buscando rendimentos, em glicose e xilose,

consideráveis para futuros processos fermentativos;

Aplicar os pré-tratamentos (ácido-alcalino, hidrotérmico-alcalino, alcalino e com

peróxido de hidrogênio) ao bagaço de cana-de-açúcar produzido no estado do Rio

Grande do Norte a fim de se avaliar, posteriormente, a disponibilidade de celulose

e hemicelulose e correlacionar os resultados com um estudo de caracterização

físico-química;

Estudar o desempenho de quatro linhagens de leveduras com relação ao

rendimento em etanol no processo simultâneo de Sacarificação e Fermentação

Simultânea e realizar um estudo em biorreator em batelada e batelada alimentada;

Propor e validar um modelo matemático mecanistico para a hidrólise enzimática

do material lignocelulosico a partir dos dados experimentais;

Propor e validar um modelo matemático mecanistico não-estruturado e não-

segregado para o processo SFS em batelada utilizando enzimas e células livres a

partir dos dados experimentais.

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CAPÍTULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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Revisão Bibliográfica

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1. Revisão Bibliográfica

1.1 Setor sucroalcoleiro (cana-de-açúcar, etanol e bagaço)

1.1.1 Aspectos gerais sobre a cana-de-açúcar

Historicamente a cana-de-açúcar é um dos principais produtos agrícolas do Brasil,

sendo cultivada desde a época da colonização. Do seu processo de industrialização obtêm-se

como produtos o açúcar nas suas mais variadas formas e tipos, o álcool (anidro e hidratado), o

vinhoto e o bagaço.

A cana-de-açúcar, originária da Índia, chegou ao Brasil em 1522 (Bastos, 1987) e,

atualmente, é explorada em quase todo o país, que apresenta 5,4 milhões de hectares

cultivados (Gonçalves & Veiga Filho, 1998), sendo considerado o maior produtor mundial e o

país com maior potencial de expansão em área plantada (Reis Jr, 1999).

Como a maior parte das plantas, a cana-de-açúcar apresenta um eixo principal,

denominado talo, de onde emergem as raízes, as folhas e as inflorescências (Figura 1.1). Dos

constituintes da cana-de-açúcar, apenas o talo vem apresentando valor econômico por sua

capacidade de acumulação de açúcares e produção de fibras (Rabelo, 2007).

Figura 1.1 – Representação de uma planta de cana-de-açúcar.

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Revisão Bilbiográfica

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Estruturalmente, a cana-de-açúcar consiste de vários tipos de tecidos, tais como o

córtex (ou casca), tecido parenquimatoso e hastes fibrovasculares. O córtex é composto de

fibras muito lignificadas, sendo caracterizado pela espessura da parede celular, comprimento e

rigidez de suas fibras. Este tecido confere proteção contra os efeitos mecânicos externos,

servindo de suporte para a planta. A parte interior do talo é constituída por um tecido

parenquimatoso (medula) de caráter não fibroso, o qual possui como principal função o

armazenamento do suco adocicado produzido pela planta. Imerso dentro deste tecido

encontram-se as hastes fibrovasculares, compostas de fibras curtas e vasos que atuam na

sustentação e condução dos nutrientes e outros produtos ao longo da planta (Paturau, 1989).

O açúcar predominante é a sacarose. Os açúcares redutores compõem-se

primordialmente de glicose e frutose. Esses açúcares se encontram em proporções quase

iguais nas canas imperfeitamente maduras. À medida que avança o amadurecimento, seus

teores diminuem, podendo não ser detectados nas canas perfeitamente maduras. O teor de

frutose diminui primeiro, até desaparecer. A cana-de-açúcar pode conter: 74,5% de água, 14%

de açúcares (12,5% de sacarose, 0,9% de dextrose e 0,6% de levulose), 10% de fibras e o

restante dividido entre matérias minerais, compostos nitrogenados, ceras, pectinas e ácidos.

Entretanto, esta composição pode variar devido a fatores como o solo e o clima (Lima et al.,

2001).

O caldo obtido da moagem da cana-de-açúcar encerra entre 78 e 86% de água, 10 e

20% de sacarose, 0,1 e 2,0% de açúcares redutores, 0,3 e 0,5% de cinzas e entre 0,5 e 1,0% de

compostos nitrogenados. Segundo Lima et al. (2001), o pH do caldo varia entre 5,2 e 6,8.

A cana-de-açúcar é uma cultura plurianual, com colheita anual. De maneira geral, ela é

economicamente produtiva por três anos consecutivos. Dependendo da região e do manejo

adequado, esse período pode ser estendido. Admite-se que a média do rendimento agrícola

atinge entre 85 e 100 toneladas por hectare por ano, em grandes culturas e em condições

normais. A quantidade obtida na primeira colheita é a maior e decresce anualmente, até a

reforma do canavial (Lima et al., 2001).

Segundo Lima et al., (2001) a proporção de caldo produzido pela moagem varia de 50

a 86% do peso da cana, isto é, uma tonelada produz de 500 a 860 L de caldo; comumente

admite-se o valor de 850 L. O rendimento da extração do caldo depende do preparo da cana

para moagem, número de esmagamentos e porcentagem de embebição usada.

Primordialmente depende do processamento, se para produzir açúcar ou álcool, e do custo do

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Revisão Bilbiográfica

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balanço térmico. A embebição extrai mais sacarose, mas dilui o caldo normal, aumenta o

volume em operação e, em consequência, aumenta o gasto de vapor.

1.1.2 Aspectos econômicos sobre a cana-de-açúcar

Devido à grandeza dos números do setor sucroalcooleiro no Brasil, não se pode tratar

a cana-de-açúcar apenas como mais um produto, mas sim, como o principal tipo de biomassa

energética, base para todo o agronegócio sucroalcooleiro.

Na região Centro-Sul a área de cana disponível para colheita em 2012 foi estimada em

quase 8,5 milhões de hectares (ha). São Paulo é o maior produtor de cana, com uma área de

5,1 milhões ha disponíveis para colheita, representando 53% da área colhida no Brasil seguido

por Minas Gerais, com 871 mil ha, Goiás, com 732 mil ha, Paraná, com 655 mil ha, Mato

Grosso do Sul, com 558 mil ha e Mato Grosso, com 246 mil ha. Na Região Norte-Nordeste, o

estado com maior área de produção de cana foi Alagoas, com 433 mil ha, seguido por

Pernambuco, com 299 mil ha, sendo a área total de 9.7 milhões de ha em todo Brasil (Unica,

2014a).

As avaliações da área cultivada com cana, por meio de imagens de satélites de

sensoriamento remoto, são realizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

em cooperação com a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA) e o Centro de

Tecnologia Canavieira (CTC) desde 2003 (Unica, 2010).

A moagem de cana-de-açúcar, na safra 2013/2014, foi de 367.450 mil t no estado de

São Paulo, 62.018 mil t em Goiás, 61.042 mil t em Minas Gerais, 42.216 mil t no Paraná e

41.419 mil t no Mato Grosso do Sul. Na Região Nordeste, o estado com maior quantidade de

cana processada foi Alagoas com 21.638 mil t seguido de Pernambuco, com 15.070 mil t,

sendo um total de 56.383 mil t de cana processada em toda Região Norte-Nordeste. Já na

Região Centro-Sul, foi processada a quantidade de 597.061 mil t de cana e um total de

653.444 mil t de cana foram processadas em todo o Brasil na safra de 2013/2014 (Unica,

2014b).

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1.1.3 Aspectos gerais sobre o etanol

O etanol é um composto orgânico de fórmula molecular (C2H6O) que possui um grupo

hidroxila (OH) em sua cadeia carbônica, segundo a estrutura da Figura 1.2, e massa molecular

de 40,07 u.m.a.

Figura 1.2 – Estrutura molecular do etanol.

O etanol pode ser obtido por duas maneiras gerais: por via sintética e por via

fermentativa. Por via sintética, pode-se obter etanol a partir de hidrocarbonetos não saturados,

como eteno e etino, gases de petróleo e da hulha. Nos países em que há grandes reservas de

petróleo e uma indústria petroquímica avançada, é uma forma econômica de produzir álcool.

A via fermentativa é a maneira mais importante para a obtenção de álcool no Brasil. Mesmo

que venha haver disponibilidade de derivados do petróleo para a síntese química de álcool, a

rota fermentativa é a única forma de obtenção da aguardente genuinamente brasileira, a

cachaça (Lima et al., 2001).

1.1.4 Aspectos econômicos sobre o etanol

No período de 1968 a 1973 o Brasil tinha alcançado um sucesso econômico com altas

taxas de crescimento de seu produto, as taxas anuais de inflação apresentavam-se em declínio

e o balanço de pagamentos não representava um problema mais sério, apesar do início rápido

do crescimento da dívida externa. Entretanto, no período entre setembro de 1973 a janeiro de

1974, desencadeia-se um fenômeno mundial chamado de “crise energética” que se deu como

resultado da elevação do preço do petróleo, tendo um aumento de US$ 3.00 para US$ 12.00

por barril, o preço do petróleo importado pelo país. Isto foi resultado da ação da OPEP

(Organização dos Países Exportadores de Petróleo) composta, principalmente, pelos grandes

países produtores do Oriente Médio, caracterizando aquilo que foi conhecido como o primeiro

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Revisão Bilbiográfica

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“choque” do petróleo. Após este período, o Brasil iniciou um processo de endividamento

externo e a inflação quase que dobrou, acarretando graves problemas econômicos e sociais.

Esta crise viria a se agravar a partir de julho de 1979 com o início de novas elevações no

preço do petróleo. Durante o primeiro semestre de 1981, o Brasil estava pagando US$ 34.00

por barril. Este período, correspondido entre 1979-80, foi identificado como o segundo

“choque” do petróleo (Fonseca & Eduardo, 1981).

O Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL), definido em novembro de 1975 e

acelerado a partir de julho de 1979, correspondeu à primeira tentativa do governo brasileiro

no que diz respeito ao desenvolvimento de fontes alternativas de energia líquida.

Adicionalmente, ele representava o único exemplo de um programa já com resultados

alcançados, ao lado de uma previsão de produção de álcool para 1985 com alta probabilidade

de se tornar realidade (Fonseca & Eduardo, 1981).

O PROÁLCOOL foi o primeiro indício da utilização do setor agrícola brasileiro como

produtor de substitutos do petróleo. Este programa federal, administrado pelo Ministério da

Indústria e Comércio através da Comissão Executiva Nacional do Álcool (CENAL), tinha o

objetivo de aumentar a produção de safras agroenergéticas e a capacidade industrial de

transformação, visando à obtenção de álcool para a substituição da gasolina, assim como

incrementar o uso no setor químico (Fonseca & Eduardo, 1981).

Na atualidade, vem se buscando o uso de novas fontes de combustíveis devido à

grande demanda de energia e a escassez futura do petróleo. Também faz-se valiosa a busca

por combustíveis limpos, ou seja, que evitam a degradação do meio ambiente. Atualmente,

mais de 80% da frota de veículos no Brasil podem usar o etanol como combustível, e, até

mesmo, pequenos aeroplanos estão sendo desenvolvidos com esta tecnologia (Socol et al.,

2010). Na Figura 1.3 estão os dados de quantidade de veículos Flex fuel no Brasil nos anos de

2010 a 2013 e na Figura 1.4 estão as quantidades de veículos no mês de janeiro de 2014 para

cada tipo de combustível usado segundo o levantamento de dados da Unica, (2014c).

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FONTE: Unica (2014c)

Figura 1.3 – Quantidade de veículos Flex fuel no Brasil entre 2010 a 2013.

FONTE: Unica (2014c)

Figura 1.4 – Quantidade de veículos no mês de janeiro de 2014 para cada tipo de combustível

usado.

Um dos fatores que tornam a produção de etanol por fermentação a forma mais

econômica de sua obtenção, é o grande número de matérias-primas naturais existentes em

todo país. Sua distribuição geográfica, que encerra diversos climas e tipos de solos, permite

diferentes cultivos em quase todo o território e durante todo o ano (Lima et al., 2001). A

produção de etanol em uma destilaria autônoma é de 70 L por tonelada de cana (Garcia,

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2002). Segundo Zuniga, (2010) pode-se produzir de 6000 – 7500 L de etanol por hectare de

cana plantada com uma custo de produção de US$ 0,25 a 0,3 por litro.

Existem 448 usinas de etanol no país e a produção em 2008 foi de 25 bilhões de litros

onde 5,16 bilhões de litros foi exportado sendo os EUA o maior comprador (Socol et al.,

2010). Na safra de 2013/2014, a quantidade de etanol total produzido, incluindo etanol anidro

e hidratado, foi de 13.944 mil m3 somente no estado de São Paulo, 3.879 mil m3 em Goiás,

2.657 mil m3 no estado de Minas Gerais, 2.231 mil m3 no Mato Grosso do Sul, 1.488 mil m3

no Paraná e 1.104 mil m3 no Mato Grosso. Na Região Norte-Nordeste, a produção de etanol

foi de 1.962 mil m3, valores baixos quando se compara com os resultados de produção da

Região Centro-Sul, 25.575 mil m3, sendo a produção total no Brasil de 25.537 mil m3 (Unica,

2014b). Na Figura 1.5 estão os dados de produção de etanol entre as safras de 2010/2011 a

2013/2014 e na Figura 1.6 estão os dados de exportação do etanol entre os anos de 2010 a

2013 segundo o levantamento de dados da Unica, (2014c).

FONTE: Unica (2014c)

Figura 1.5 – Produção de etanol entre as safras de 2010/2011 a 2013/2014.

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FONTE: Unica (2014c)

Figura 1.6 – Exportação do etanol entre os anos de 2010 a 2013.

O sistema de produção de agroenergia a partir da cana-de-açúcar no Brasil é

considerado o mais eficiente, entretanto, para se obter maiores rendimentos em etanol, faz-se

necessário um estudo para o aproveitamento da fração lignocelulosica (Goldemberg, 2007).

1.1.5 Processos de produção de etanol de primeira geração

É denominado de etanol de primeira geração o etanol produzido a partir do caldo da

cana-de-açúcar ou do melaço diluído proveniente da produção de açúcar. A levedura

Saccharomyces cerevisiae realiza a fermentação dos açúcares com o objetivo de conseguir a

energia química necessária à sua sobrevivência, sendo o etanol apenas, e tão somente, um

subproduto desse processo. As células de levedura possuem compartimentos para adequação

de sua atividade metabólica. A fermentação alcoólica (glicólise anaeróbia) ocorre no

citoplasma, enquanto que a oxidação total do açúcar (respiração) se dá na mitocôndria

(Amorim et al., 1996). A transformação do açúcar (glicose) em etanol e dióxido de carbono

envolve 12 reações em sequência ordenada, cada qual catalisada por uma enzima específica.

Tal aparato enzimático está confinado no citoplasma celular, sendo, portanto nessa região da

célula que a fermentação alcoólica se processa. O rendimento teórico para a produção de

etanol é de 0,511 g/g. Na prática, segundo Oura (1974), este valor não é observado devido à

utilização de parte dos carboidratos açúcares fermentáveis para a produção de glicerol, álcoois

superiores, ácidos, entre outras substâncias necessárias para a síntese de material celular e

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manutenção fisiológica da levedura. A Figura 1.7 mostra um fluxograma simplificado da

conversão da glicose a etanol.

Figura 1.7 – Fluxograma simplificado da conversão de glicose a etanol.

De acordo com Andrietta (2004), frente ao número elevado de reações catalisadas

enzimaticamente no metabolismo celular, fatores como pH, temperatura, pressão,

concentração de reagentes, concentração de nutrientes, concentração celular, etc., afetam os

parâmetros cinéticos que definem as taxas de reprodução celular, consumo de substrato e

produção de etanol.

No processo convencional de produção de etanol (etanol de primeira geração) a fonte

de carbono e energia é o caldo de cana rico em sacarose, um dímero de glicose e frutose. O

processo utilizado varia de acordo com a planta de operação podendo ser em batelada com

sistemas de corte, reaproveitamento de culturas e recuperação de leveduras, e têm-se,

também, os processos em batelada alimentada e contínuo (Lima et al., 2001).

1.1.6 Micro-organismos produtores de etanol

1.1.6.1 Aspectos gerais sobre micro-organismos produtores de etanol

As leveduras são os micro-organismos mais importantes na obtenção de álcool por via

fermentativa. Bactérias, entre as quais a Zymomonas mobilis, são tidas como capazes de

produzir etanol, mas, economicamente, as leveduras ainda são os agentes mais usados. A

levedura da fermentação alcoólica é a Saccharomyces cerevisiae, da qual foram selecionadas

várias linhagens, tidas por muito tempo como espécies: Saccharomyces ellipsoideus, S.

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carlsbergensis e S. uvarum. Cada linhagem isolada de meios diferentes de vinho, de cerveja

ou de mosto de destilarias tem suas características próprias, afetadas pelas condições em que o

processo fermentativo se desenvolve (Lima et al., 2001). O desempenho do processo

fermentativo é enormemente afetado pelo tipo de levedura que o executa (Lima et al., 2001).

As fermentações se iniciam com uma determinada levedura, com culturas puras

fornecidas por instituições especializadas ou pelo uso de leveduras de panificação produzidas

por diferentes fabricantes, prensadas ou granuladas. As culturas puras são apenas isoladas ou

obtidas através de melhoramento genético. Com o tempo, as linhagens que dão início ao

processo, são substituídas por leveduras comuns à região da destilaria, comumente

denominada de leveduras “selvagens”. Esta substituição foi confirmada pela técnica da

cariotipagem, ou seja, pela identificação de leveduras por separação eletroforetica do DNA

cromossômico intacto (Lima et al., 2001).

Leveduras “selvagens” foram isoladas e selecionadas com as características de

dominância e persistência ao longo da safra, e com as habilidades fermentativas desejáveis, de

alta eficiência na produção de etanol, baixa produção de glicerol e alta tolerância a diversos

fatores estressantes. Usadas no processo industrial mostraram-se capazes de sobreviver ao

longo da safra, exibindo bom desempenho fermentativo. A prática da seleção regional já é

corrente em destilarias. Essas leveduras constituem-se em excelente material genético para a

incorporação de atributos metabólicos desejáveis, por meio dos recursos da biotecnologia

(Lima et al., 2001).

A técnica da cariotipagem demonstra que os fermentos ditos “caipiras”, usados pelos

pequenos fabricantes regionais de aguardentes, se constituem em bom inóculo, pois

representam leveduras regionais, desenvolvidas com técnicas artesanais (Lima et al., 2001).

1.1.6.2 Aspectos gerais sobre Saccharomyces cerevisiae e Kluyveromyces marxianus

O processo de conversão de açúcares a etanol, pela levedura Saccharomyces

cerevisiae, é bastante conhecido e realizado, principalmente, por processos anaeróbios em

sistema batelada. Os principais produtos secundários produzidos durante a fermentação

alcóolica são; glicerol, biomassa celular e ácido succínico, entretanto, outros ácido orgânicos

podem ser produzidos como o ácido acético, benzóico e octanóico (Taherzadeh et al., 1997).

Segundo Kuyper et al. (2005), a S. cerevisiae é o principal micro-organismo utilizado na

produção industrial de etanol em grande escala.

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Devido à alta produtividade em etanol, há décadas vêm-se estudando diferentes

aspectos metabólicos, fisiológicos, genéticos e industriais da levedura S. cerevisiae a fim de

se conhecer melhor este micro-organismos e aumentar as conversões em etanol. Segundo Van

Dijken et al. (2000) muitos aspectos são favoráveis para se realizar estudos com a S.

cerevisiae como; crescimento rápido em meio mineral definido sem necessidade de

suplementos vitamínicos, ampla gama de fontes de carbono e nitrogênio para o crescimento;

alto rendimento de biomassa em fontes de carbono, rápido crescimento aeróbio em cultivo

contínuo com limitação de glicose, crescimento em meio definido sob condições estritamente

anaeróbias, alta eficiência de esporulação, viabilidade dos esporos, eficiência de manutenção

fisiológica, alta eficiência de transformação, geneticamente estáveis e boa produção de

proteínas heterólogas, tanto intra e extracelular.

Taherzadeh et al. (1997) estudaram o aspecto toxicológico do ácido acético na

produção de etanol pela levedura S. cerevisiae. A toxicidade do ácido acético, assim como

outros ácidos orgânicos fracos é dependente do valor de pH, intra e extracelular, uma vez que

a molécula não-dissociada pode atravessar a parede celular microbiana (Gottschalk, 1987).

Segundo Verduyn et al. (1990), a adição de ácido acético ao meio de crescimento celular em

cultivo anaeróbio contínuo pode desfavorecer o rendimento em biomassa celular e favorecer a

produção de etanol, e a explicação está relacionada com os mecanismos de transporte passivo

(difusivo) do ácido acético não-dissociado para o interior da célula e o mecanismo de

transporte ativo do ácido acético na forma dissociada para o exterior da célula onde há o

consumo de ATP.

Taherzadeh et al. (2000) estudaram os efeitos fisiológicos do furfural no crescimento

da S. cerevisiae na presença de etanol e acetato como fonte de carbono e energia e observaram

uma inibição no crescimento celular nos dois casos estudados. Entretanto quando todo

furfural foi convertido em furfuril álcool e ácido furóico, o crescimento celular foi retomado.

Bowman et al. (2010) estudaram a estequiometria da redução do furfural pela enzima aldeído

redutase em culturas de S. cerevisiae e, a partir de um modelo de Michaelis pôde-se observar

resíduos hidrófobos próximo do local de ligação do furfural, e que, mediante a mutação, pôde-

se aumentar a especificidade para o furfural e melhorar o desempenho da enzima. Jordan et al.

(2011) estudaram, além do furfural, a toxicidade do 5-hidroximetilfurfural em culturas de S.

cerevisiae fazendo uma analises da ação de enzima aldeído redutase, bem como a elaboração

de uma modelo do processo. Moon & Liu (2012) a partir de estudos de engenharia genética,

tentaram produzir leveduras mais tolerantes aos inibidores furfural e 5-hidroximetilfurfural e

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apresentaram resultados promissores. Kuyper et al. (2005) aplicaram princípios de engenharia

evolutiva em culturas de S. cerevisiae mutantes para a utilização de xilose como fonte de

carbono e energia pela levedura e concluiu que o uso de xilose para produção de etanol não é

mais um gargalo quando se pensa em produção de etanol de segunda geração. O termo etanol

de segunda geração é utilizado quando se usa material lignocelulosico como matéria-prima

pra produção de etanol, uma abordagem mais detalhada deste tema será descrita no tópico

sobre biorrefinaria.

Wang & Hatzimanikatis, (2006) desenvolveram uma estrutura computacional e

matemática utilizando o método de Monte Carlo em que a incerteza dos parâmetros pode ser

resolvida através de um procedimento de amostragem em larga escala. Esta estrutura foi

aplicada nas compartimentadas rotas de carbono do metabolismo da levedura S cerevisiae

considerando os processos batelada e contínuo e a integração de informações a partir da

análise de fluxo metabólico. A análise estatística dos resultados indica que as células de

levedura crescendo em diferentes condição de cultura (batelada e contínuo) apresentam

comportamentos distintos.

Basso et al. (2008) apresentaram um programa de seleção de leveduras realizado

durante 12 anos com o objetivo de selecionar espécies de leveduras S. cerevisiae adequadas

para a fermentação de substratos de cana-de-açúcar (caldo de cana e melaço), com reciclo de

células, como é realizado em usinas brasileiras de etanol. Como resultado, algumas provas

foram apresentadas, mostrando o impacto positivo das cepas de leveduras selecionadas no

aumento da produção de etanol e redução dos custos de produção devido ao seu maior

desempenho de fermentação (alta produção de etanol, redução de glicerol produzido e

formação de espuma, manutenção da alta viabilidade durante a reciclagem e a alta capacidade

de utilização em fermentadores industriais). Os resultados também sugerem que a grande

biodiversidade de leveduras encontradas em ambientes de destilaria pode ser uma importante

fonte de cepas produtoras de etanol. Isso ocorre porque durante a reciclagem das células, a

pressão seletiva (uma evolução adaptativa) é imposta sobre as células, levando-as a uma

maior tolerância às condições estressantes da fermentação industrial. Os resultados, também,

provaram que as leveduras PE-2, CAT-1 e BG-1 apresentaram uma notável capacidade de

competir com leveduras selvagens, sobreviver e dominar as fermentações industriais, e são,

atualmente, as cepas mais utilizadas nas usinas de etanol no Brasil. Dorta et al. (2006)

estudaram duas linhagens de S. cerevisiae, PE-2 e M-26, quanto ao potencial de fermentação

alcoólica em condições altamente estressantes proporcionadas pela presença de sulfito, ácido

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lático, etanol e baixo pH. O pH baixo (3,6) foi o principal fator de estresse nas leveduras,

durante a fermentação. A cepa M-26 produziu maior acidez do que a outra cepa, com uma

maior produção de ácido succínico, um importante inibidor de bactérias lácticas. Ambas as

linhagens de leveduras mostraram desempenho semelhante durante a fermentação, não

havendo diferença significativa na viabilidade celular.

A Kluyveromyces marxianus foi descrita pela primeira vez em 1888 por E. C. Hansen

onde, naquela época, seu nome era Saccharomyces marxianus após Marx ter, originalmente,

isolado uma cepa proveniente de uvas (Fonseca et al., 2008). É uma levedura

hemiascomicetos homotalica usualmente encontrada em produtos lácteos, entretanto, também

é encontrada em diferentes habitats, sendo capaz de crescer na presença de inulina. Esta

espécie está apta a crescer em temperaturas elevadas como 45 °C, possui alta capacidade de

conversão de biomassa e uma alta taxa específica de crescimento entre os eucariotos.

Apresenta dimorfismo assim como as leveduras S. cerevisiae e Wickerhamomyces anomalus,

sendo a morfologia de algumas cepas como a K. marxianus CBS 397, afetada pela taxa de

crescimento. Esta é uma característica interessante para se estudar a produção e excreção de

proteínas, uma vez que células filamentosas são conhecidas por ter uma melhor secreção de

proteínas do que as células com crescimento leveduriforme (Rocha et al., 2011a).

Desde de que Van de Walt, (1956) propôs o gênero de leveduras Kluyveromyces,

vários trabalhos reportaram aspectos taxonômicos de espécies e variedades entre este gênero

aplicando diferentes abordagens e técnicas. Um aspecto comum que foi observado

recentemente nos trabalhos foi uma alta heterogeneidade entre membros do mesmo gênero

(Rocha et al., 2011b).

O gênero Kluyveromyces é restrito a seis espécies de acordo com a classificação

monofiletica geral baseada na sequência do rDNA 26S. Duas espécies, K. lactis e K.

marxianus carregam o gene par LAC12-LAC4 que forma e subsequente cliva a lactose em

galactose e glicose, sendo as duas linhagens, lactose positivas. K. lactis foi escolhida como

modelo para análises genéticas de leveduras lactose positivas e tem sido extensamente

estudada a nível molecular. Já a levedura K. marxianus é menos estudada a nível molecular,

mas tem sido adotada industrialmente para aplicações de aproveitamento de biomassa e

processos de biorremediação. As vantagens destas leveduras são o rápido crescimento celular,

secretar enzimas inulinases, produzir etanol e ser termotolerante. Entretanto, não existem,

ainda, dados na literatura que explique a termotolerância deste levedura (Lane et al., 2011). K.

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marxianus é, também, conhecida por consumir xilose como fonte de carbono (Rocha et al.,

2011b).

Diferentes cepas de K. marxianus têm sido isoladas de diferentes habitats sugerindo

uma alta diversidade metabólica e um substancial grau de polimorfismo intraespecífico.

Como consequência, diferentes aplicações biotecnológicas têm sido estudadas usando esta

levedura como; produção de enzimas (β-galactosidase, β-glicosidase, inulinase,

polygalacturonases, dentre outras), single-cell protein, produção de compostos aromáticos e

etanol, redução de lactose em alimentos, expressão de proteínas heterologas, bem como

aplicações em biorremediação e medicina (Rocha et al., 2011b).

Grba et al. (2002) estudaram cinco cepas de K. marxianus para produção de etanol a

partir de soro de leite desproteinado variando diferentes condições de temperatura e

concentração inicial de lactose. Os resultados apontaram que as linhagens K. marxianus VST

44 e ZIM 75 são capazes de produzir etanol, bem como biomassa celular a partir do substrato

utilizado. Christensen et al. (2011) estudaram a produção de etanol a partir de soro do leite

produzido na produção de queijo orgânico. A partir dos resultados, foi visto que não foi

preciso pasteurizar nem resfriar o coproduto, e a levedura K. marxianus foi capaz de competir

com as bactérias láticas utilizadas na fabricação dos queijos produzindo etanol desde que uma

significante quantidade de ácido lático não fosse produzida (1 a 2 g/L). Parrondo et al. (2009)

estudaram a suplementação de extrato de levedura, sulfato de amônia, proteínas, peptídeos,

vitaminas como ácido nicotínico, biotina, ácido pantotenico e inositol no soro de leite para a

produção de etanol em um cultivo aeróbio onde os autores, também, consideraram o efeito

Crabtree-negative em seus estudos. Os resultados apontaram que a adição de extrato de

levedura bem como algumas vitaminas direcionaram o processo para o metabolismo

fermentativo, favorecendo a produção de etanol. Diferentes modelos cinéticos estão sendo

desenvolvidos no estudo de produção de etanol utilizando a levedura K. marxianus e o

substrato soro de leite como fonte de carbono e energia (Longhi et al., 2004; Ozmihci &

Kargi, 2007; Sansonetti et al., 2011).

Outra matéria-prima que pode ser usada para produção de etanol é a biomassa vegetal,

rica em celulose, hemicelulose e lignina onde a celulose e hemicelulose são polímeros de

açúcares utilizados pala levedura K. marxianus como fonte de carbono e energia, os principais

são glicose e xilose (Suryawati et al. 2009; Rocha et al., 2011b).

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1.1.7 Aspectos gerais sobre bagaço de cana-de-açúcar

O bagaço de cana-de-açúcar é o coproduto resultado da extração do caldo após

esmagamento da planta nas moendas, rico em conteúdo celular, que serve para fabricação de

diversos produtos e geração de energia. O bagaço de cana-de-açúcar “in natura” é composto

por 45% de fibras lignocelulosicas, 50% de umidade, 2 a 3% de sólidos insolúveis e 2 a 3%

de sólidos solúveis em água. Quimicamente, constitui-se de celulose, hemicelulose e lignina,

com 41%, 25% e 20%, respectivamente, baseado no peso seco de bagaço

(Icidca/Geplacea/Pnud, 1990). A composição média do bagaço de cana fresca é demonstrada

na Tabela 1.1 e na Tabela 1.2 é demonstrada a composição da fibra da cana de açúcar.

Tabela 1.1 – Composição média do bagaço de cana fresca. Componente Massa (%)

Umidade 48,0

Fibra 45,5

Sacarose 4,5

Açúcares redutores 0,5

Cinzas 1,5

FONTE: Garcia (2002)

Tabela 1.2 – Composição da fibra da cana de açúcar. Componente Massa (%)

Celulose 45,0

Pentosanas 28,0

Lignina 20,0

Cinzas 2,0

Sacarose 5,0

FONTE: Garcia (2002)

Na Tabela 1.3 é demonstrada a composição média do bagaço de cana-de-açúcar seco

ao ar e referido a 100% de matéria.

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Tabela 1.3 – Composição média do bagaço de cana-de-açúcar seco ao ar e referido a 100% de matéria.

Componente Bagaço integral Fração

medular

Fração fibrosa

Extrativos solúveis em água

fria 1,97 2,08 1,72

Extrativos solúveis em água

quente 3,37 4,12 2,65

Extrativos solúveis em

hidróxido de sódio a 1% 34,83 40,07 31,73

Extrativos solúveis em álcool-

benzol (resinas) 2,19 2,77 1,88

Celulose 52,82 51,98 60,58

Alfa-celulose % 67,74 65,96 70,36

Alfa-celulose 39,78 34,28 42,63

Pentosanas 39,13 29,32 30,55

Ligninas 23,11 23,60 22,75

Cinzas 1,5 3,38 1,05

FONTE: Garcia (2002)

Na Tabela 1.4 é apresentada a composição elementar do bagaço de cana.

Tabela 1.4 – Composição elementar do bagaço de cana. Elemento Massa (%)

Carbono 47,0

Hidrogênio 6,5

Oxigênio 45,0

Cinzas 1,5

FONTE: Garcia (2002)

O bagaço de cana, exposto ao ar, fermenta com muita facilidade. Nestas condições, o

calor desprendido pelo processo exotérmico da fermentação, que se realiza as custas dos

açúcares presentes, faz com que haja intensa perda de água por evaporação, ficando o

conjunto, depois de algum tempo, com um teor de umidade da ordem de 8 a 14% (Garcia,

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2002). A massa específica do bagaço com o teor de umidade de 48% é de 112 a 140

kg/m3(Garcia, 2002).

Em geral, o beneficiamento gera 270 kg de bagaço para cada tonelada de cana, sendo

que, apenas 50% desse montante é suficiente para gerar energia utilizada na usina de açúcar e

etanol (Xu et al., 2006). Entretanto, segundo Pattra et al. (2008), a queima de bagaço de cana

para produção de energia nas usinas são maléficas ao meio ambiente devido a emissão de

dióxido de carbono.

A queima dos canaviais antecedendo a colheita de cana-de-açúcar, que vem sendo

adotada pela maioria dos plantadores por facilitar e melhorar o rendimento do corte manual e

por diminuir os acidentes de trabalho (Oliveira et al., 1999) é considerada uma atividade

tipicamente poluidora, visto que degrada o ambiente e traz problemas de saúde pública, pois,

lançam anualmente na atmosfera aproximadamente 64,8 milhões de toneladas de gás

carbônico, que contribuem para a diminuição da qualidade do ar e o aumento do efeito estufa

(Os impactos, 1999).

No Brasil, com a proibição da despalha da cana-de-açúcar, estabelecendo um período

de transição de 8 anos até a proibição total, observa-se a colheita mecanizada de cana crua

(Gonçalves & Souza, 1998), na qual a palhada proporciona melhor qualidade industrial da

cana, maior proteção do solo contra erosão, melhor retenção de umidade do solo, maior

atividade microbiana no solo e seu enriquecimento em matéria orgânica, controle de ervas

daninhas, suspensão da operação de queima e menor impacto ambiental. Estes resíduos que

permanecem no solo e ainda não são bem explorados no Brasil, apresentam quantidades que

variam com a idade, variedade e com o local do plantio, que podem oscilar entre 6 e 22,8 t/ha

de palhada (Sartori, 2001). A quantidade de resíduos pode chegar a 1/5 do peso total da cana

e, desta forma, causar problemas para as operações de pós-colheita (Lopes, 1970). Segundo

Zuniga, (2010) pode-se obter 140 kg de palha para cada tonelada de cana produzida.

1.1.8 Aspectos econômicos sobre bagaço de cana-de-açúcar

Em 2010, a matriz energética brasileira apresentou 47,6% proveniente de fonte

renovável, uma participação similar dos últimos seis anos e um dos maiores aumentos desde

1992, com o bagaço de cana apresentando uma participação de 19,3% para bioeletricidade.

Entretanto, o bagaço de cana é um material lignocelulosico que pode ser utilizado como

matéria-prima para produção de etanol de segunda geração (Hofsetz & Silva, 2012).

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O Brasil é o maior produtor de bagaço de cana no mundo, em 2010 foram produzidos

719 mil ton representando 43% da produção mundial e a perspectivas é para o consumo de 7

mil ton/ano em 2015 e 25,9 mil ton/ano em 2050 de bagaço, por hidrólise enzimática (Hofsetz

& Silva, 2012) a fim de se obter diferentes produtos.

Os resíduos agroindustriais como o bagaço de cana-de-açúcar (Hofsetz & Silva, 2012)

são ricos em biomassa lignocelulosica a qual é composta, principalmente, por celulose,

hemicelulose e lignina. O bagaço de cana, principal coproduto da indústria sucroalcoleira, é

uma matéria-prima muito promissora para produção de glicose, xilose, etanol e metano.

Segundo Goldemberg, (2007) seria possível produzir 2 bilhões de litros de etanol a

partir de bagaço de cana sem expandir a área plantada de cana, respeitando as condições de

sustentabilidade econômica, social e ambiental. Cabe destacar que toda a logística e

infraestrutura já disponível para o mercado do etanol convencional poderão ser aproveitadas

na medida em que a produção de etanol produzido por bagaço de cana fosse se tornando

comercialmente viável (Zuniga, 2010).

1.2 Biorrefinaria

1.2.1 Aspectos gerais sobre biorrefinaria

Durante a última década vem-se desenvolvendo um novo conceito de produção,

baseado na evolução das refinarias convencionais, agora aplicado ao desenvolvimento

industrial sustentável. Com a necessidade da substituição parcial da plataforma petroquímica,

processos não convencionais de produção de combustíveis e blocos construtores para síntese

química, devem ser desenvolvidos (Garzon, 2009). Quando produtos são obtidos de fontes

renováveis e de maneira integrada estabelece-se o conceito de biorrefinaria (Lynd et al.,

1999). As biorrefinarias devem ser projetadas para processar os precursores contidos na

biomassa vegetal (carboidratos, óleos, proteínas), para isto, numa primeira etapa, eles devem

ser separados por processos físicos. Logo depois, os produtos e subprodutos das separações

devem ser submetidos a processos bioquímicos e/ou químicos e microbiológicos (Garzon,

2009).

Materiais lignocelulosicos, provenientes da parede celular do vegetal, tais como os

produtos agrícolas e florestais e seus resíduos, são fontes renováveis de carbono energia. A

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composição da biomassa vegetal é variável de acordo com as espécies, mas em geral,

apresentam os seguintes valores, como pode ser visto na Tabela 1.5.

Tabela 1.5 – Composição dos principais componentes de matérias lignocelulosicas.

Componentes Madeira Resíduos agrícolas

Celulose (%) 40 - 45 40

Hemicelulose (%) 15 - 30 15 - 26

Lignina (%) 20 - 35 22 - 30

Cinzas (%) Até 1 1 - 8

FONTE: Rodrigues (2007)

A tradicional matéria-prima para a obtenção de açúcares fermentescíveis via hidrólise

ácida tem sido a madeira, mas devido às propriedades físicas e óbvias vantagens do ponto de

vista econômico, os resíduos agrícolas têm mostrado ser a matéria-prima mais favorável para

a indústria de sacarificação, especialmente no cenário brasileiro. Sem dúvida alguma, o etanol

é o mais importante produto final obtido pela fermentação do hidrolisado, porém outros

produtos também podem ser produzidos (Rodrigues, 2007).

Para obter os açúcares da celulose, a glicose, e da hemicelulose, principalmente a

xilose, é preciso se utilizar uma etapa prévia, denominado na literatura de “pré-tratamento”,

que remove a lignina de forma total ou parcial, e, em seguida, a hidrólise enzimática,

quebrando as ligações nos polímeros de celulose e hemicelulose, liberando os monômeros

(glicose, xilose, etc) (Rodrigues, 2007).

A biomassa lignocelulósica é um material abundante, renovável e atraente para a

bioconversão em etanol. O uso de derivados de biomassa (etanol) é uma alternativa aos

combustíveis fósseis e apresenta inúmeras vantagens como: o acúmulo de gases de efeito

estufa é mitigado porque o carbono liberado como CO2 é apenas o carbono anteriormente

fixado pela planta através do processo de fotossíntese, emissões de gases tóxicos são

reduzidas e a dependência por combustíveis diminui. Além disso, o uso destas matérias-

primas poderia conduzir a uma evolução florestal sustentável (Cantarella et al., 2004).

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1.2.2 Celulose

A celulose, que corresponde isoladamente a aproximadamente 40% de toda reserva de

carbono disponível na biosfera, é a fonte mais abundante deste elemento base dos

componentes orgânicos. Está presente em todas as plantas, desde árvores altamente

desenvolvidas até em organismos mais primitivos sendo que seu conteúdo nestas espécies

varia de 20 a 99% (Rabelo, 2007).

A estrutura física e morfológica nativa da celulose é complexa, e os detalhes da

estrutura são dificilmente determinados experimentalmente (O’Sullivan, 1997). Este polímero

natural é um homopolissacarídeo linear cuja unidade repetitiva é a celobiose ou anidroglicose

sindiotática (Figura 1.8) que é formada por anéis de β-D-glicopiranose unidas por ligações do

tipo β-D (1-4) glicosídicas, de fórmula geral (C6H10O5)n, proporcionando assim um

crescimento linear da cadeia macromolecular levando a uma elevada massa molecular,

considerável grau de cristalinidade, insolubilidade em água e estrutura rígida (Rabelo, 2007).

Em sua estrutura, duas unidades de glicose adjacente são ligadas pela eliminação de uma

molécula de H2O entre seus grupos hidroxílicos no carbono 1 e carbono 4 (Canettire, 2004). O

grau de polimerização depende da espécie vegetal, e varia de 2.000 a 15.000 segundo

Rodrigues (2007). Para a celulose extraída da madeira o valor é 10000.

FONTE: Fengel & Wegner (1989)

Figura 1.8 – Estrutura da celulose, parte central da cadeia molecular.

Da hidrólise da celulose obtêm-se polímeros menores, oligossacarídeos com cadeias

terminais redutoras e não redutoras (Figura 1.9) que, após reações mais extensas,

decompõem-se dando origem a celobiose (dissacarídeo redutor) e a glicose.

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FONTE: Rabelo (2007)

Figura 1.9 – Reações de hidrólise da celulose. R e R' são as semicadeias do polímero de

celulose. A ligação em zig-zag representa a ligação β-D (1-4) glicosídica.

A cada quebra da ligação β-D (1-4) glicosídica há a formação de uma cadeia redutora

e outra não redutora. Apesar das duas extremidades da cadeia serem grupos hidroxílicos, o

grupo C1–OH terminal da cadeia redutora é um grupo aldeído hidratado, derivado da

formação do anel piranose por ligação intramolecular hemiacetal (Figura 1.10) (Rabelo,

2007).

FONTE: Rabelo (2007)

Figura 1.10 – Representação do hemiacetal (a) e do aldeído (b) do grupo terminal redutor. R é

a semicadeia do polímero de celulose.

Este grupo tem poder redutor, ao contrário do grupo alcoólico C4–OH terminal (grupo

não redutor). Apesar da sua simplicidade química, a diversidade de origem e dos

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processamentos tecnológicos subsequentes que a biomassa celulósica é sujeita, conduz a uma

complexa gama de formas físicas de celulose. A descrição destes substratos inclui

propriedades como o tamanho, a forma, a porosidade, o grau de polimerização, a área

superficial, a associação com compostos não celulósicos, a conformação molecular e

cristalinidade, sendo todas eles relevantes para o processo de hidrólise (Beguin & Aubert,

1994).

As estruturas da celulose podem ser definidas em termos de três níveis organizacionais

(Atalla & Hackney, 1993). O primeiro é definido pela sequência de ligações covalentes,

correspondendo a um homopolímero de anidroglicose com ligações β-D (1-4). O segundo

nível descreve a conformação molecular, isto é, a organização espacial das unidades

repetitivas, e é caracterizado pelas distâncias das ligações e respectivos ângulos, e pelas

ligações de hidrogênio intramoleculares. O terceiro nível define a associação das moléculas

formando agregados com uma determinada estrutura cristalina (Rabelo, 2007).

Muitos estudos sobre a hidrólise enzimática consideram a existência da celulose nativa

em duas formas extremas: amorfa e cristalina. As duas formas ocorrem em proporções

características em celuloses de diferentes origens, e o ataque enzimático pode ser preferencial

em um dos tipos de estrutura (Gama, 1996).

As moléculas de celulose tendem a formar ligações de hidrogênio intramoleculares

(entre unidades de glicose da mesma molécula) e intermoleculares (entre unidades de glicose

de moléculas adjacentes). O primeiro tipo de interação é responsável por certa rigidez das

cadeias unitárias e o segundo pela formação da fibra vegetal (Fengel & Wegener, 1989).

Devido às suas fortes ligações de hidrogênio, a celulose é praticamente insolúvel em água e

em solventes orgânicos comuns (Hon, 1996).

As fibras de celulose, quando colocadas em contato com a água e certos solventes

orgânicos, sofrem intumescimento. A extensão do intumescimento da celulose pode ser

intercristalino ou intracristalino. No primeiro caso o agente intumescedor penetra nas regiões

desordenadas (amorfas) da microfibrila de celulose e nos espaços entre elas. O caso mais

comum de intumescimento intercristalino é o inchamento da celulose em água. No segundo

caso, o agente intumescedor penetra nas regiões ordenadas (cristalinas) das microfibrilas. O

intumescimento intracristalino pode ser efetuado pelo uso de soluções concentradas de ácidos

e bases fortes e de soluções de alguns sais (D’Almeida, 1988).

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A principal vantagem da celulose para uso energético, quando comparada com

derivados de petróleo, por exemplo, é sua grande disponibilidade, uma vez que ela provém de

matéria-prima renovável (Rabelo, 2007).

1.2.3 Hemicelulose

As hemiceluloses, também chamada de polioses, estão intimamente associadas à

celulose na parede da célula vegetal e são compostas por diferentes unidades de açúcares

formando cadeias ramificadas (Fengel & Wegener, 1989). As estruturas dos monossacarídeos

que formam as hemiceluloses são mostradas na Figura 1.11.

Estas diferentes unidades de açúcares são compostas por glicose, manose e galactose

(hexoses) além da xilose e arabinose (pentoses), podendo ainda apresentar quantidades

variáveis de ácidos urônicos e desoxi-hexoses em alguns tipos de vegetais.

As hemiceluloses apresentam-se na forma de homopolímeros como, por exemplo, a

xilana, formada por xiloses ou heteropolímeros como, por exemplo, a glico-manana formada

por glicose e manose. As madeiras moles (coníferas) apresentam maior proporção de

galactoglico-mananas do que xilanas, enquanto as madeiras duras (folhosas) são ricas em

xilanas. O teor de hemicelulose em diferentes tipos de vegetais é bastante variável, com um

valor médio de 20%.

As hemiceluloses se encontram no bagaço de cana-de-açúcar na proporção de 25 a

27% e quando sofrem hidrólise ácida podem ser decompostas em xilose, arabinose, ácido

urônico e furfural (Paturau, 1989). O principal açúcar encontrado nas hemiceluloses do

bagaço é a xilose (Fengel & Wegener, 1989) a qual também pode ser utilizada para produção

de etanol (Bommarius et al., 2008).

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FONTE: Fengel & Wegner (1989)

Figura 1.11 – Estrutura dos monossacarídeos que formam as hemiceluloses.

A estrutura ramificada da hemicelulose diminui a energia de ligação e também a

cristalinidade tornando-a mais facilmente hidrolisada que a celulose (Canettire, 2004). O grau

de polimerização para a hemicelulose é igual a 200 unidades de açúcar ao contrário de 2.000-

15.000 moléculas de glicose por polímero como visto na celulose (Rodrigues, 2007).

1.2.4 Lignina

A lignina, depois da celulose, é a macromolécula orgânica mais abundante dentre os

materiais lignocelulosicos. É uma substância que vai sendo incorporada durante o crescimento

do vegetal, sendo composta basicamente de unidades de fenilpropano que formam uma

macromolécula tridimensional e amorfa (Figura 1.12).

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FONTE: Fengel & Wegner (1989)

Figura 1.12 – Estrutura da lignina de abeto (Picea abies).

A lignina representa de 20 a 30% da massa total do material lignocelulosico. O

acoplamento das unidades fenilpropano não ocorre de forma regular e repetitiva, o que é

atribuído ao mecanismo da biossíntese da lignina. Esta se processa por via radicalar a partir da

reação de três diferentes álcoois cinamílicos precursores: álcool p-cumarílico, álcool

coniferílico e álcool sinapílico, que geram unidades p-hidroxibenzílicas, guaiacílicas e

siringílicas, respectivamente (Rodrigues, 2007).

Por ser um polímero que possui uma estrutura polifenólica complexa, formado

principalmente de unidade de fenilpropano oxigenado, o processo de hidrólise não altera sua

estrutura; assim a lignina é um resíduo sólido que pode ser separado dos açúcares. O peso

molecular da lignina nativa é 20.000 g/gmol (Rodrigues, 2007).

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1.2.5 Aspectos gerais sobre os pré-tratamentos de material lignocelulosico

Todo processo de conversão de biomassa vegetal a um produto qualquer, requer um

pré-tratamento para alterar a estrutura da biomassa e tornar os polissacarídeos mais acessíveis

aos processos subsequentes. O objetivo é quebrar a proteção de lignina e romper a estrutura

cristalina de celulose. Esta etapa tem sido vista como a de maior custo dentro do processo de

conversão de biomassa a etanol, junto com os processos de produção das enzimas

celulolíticas, com valores de até 0,3 US$/galão de etanol produzido (Seabra, 2008).

A taxa e a extensão da degradação enzimática da celulose são relacionadas

inversamente ao índice de lignina. Para a enzima celulase catalisar a hidrólise da celulose,

deve existir um contato direto entre as microfibras da celulose e o complexo enzimático.

Desta forma, a taxa de hidrólise enzimática da celulose é profundamente afetada pela

estrutura do material lignocelulosico. Existem vários tipos de pré-tratamentos que podem ser

usados para se aumentar a susceptibilidade da associação celulose-lignina e assim melhorar a

hidrólise enzimática. Um pré-tratamento é considerado bom se a acessibilidade ao ataque

bioquímico e biológico, isto é, enzimas e microrganismos, é maximizada, e a formação dos

coprodutos inibidores é minimizada. A realização destes requerimentos é necessária para

tornar um processo economicamente viável (Rabelo, 2007).

Os pré-tratamentos agem desestruturando a matriz lignocelulosica, reduzindo a

quantidade de lignina e hemicelulose e modificando a cristalinidade da celulose deixando-a

mais susceptível ao ataque enzimático (Silverstein et al., 2007). O rendimento em açúcares

redutores a partir de biomassa lignocelulosica, realizando a hidrólise enzimática, é baixo se o

pré-tratamento adequado à biomassa não for realizado. Os pré-tratamentos são aplicados

quando um alto rendimento em glicose é requerido a partir da hidrólise enzimática da fração

sólida da biomassa pré-tratada. A fração líquida produzida pelo pré-tratamento é rica em

açúcares, principalmente pentoses, que podem ser usadas para produção de etanol. A lignina

pode ser recuperada e usada na produção de energia e outros compostos no conceito de

biorrefinaria (Luo et al., 2010).

O processo de pré-tratamento da biomassa lignocelulosica pode ser agrupado em três

categorias; físicos, com uso de altas temperaturas, altas pressões e ou rápida despressurização;

químicos, com uso de reações químicas que desorganizam as ligações químicas da matriz

lignocelulosica facilitando a solubilização de parte do material; e os biológicos com o uso de

enzimas liberadas por micro-organismos capazes de degradar os componentes do material

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lignocelulosico. A combinação entre os processos físicos e químicos, pré-tratamentos físico-

químicos estão sendo os mais estudados na atualidade. Os processos biológicos são menos

estudados e demandam um tempo longo de duração, inviabilizando-os economicamente.

Os pré-tratamentos têm efeitos diferentes sobre os componentes majoritários da

biomassa lignocelulosica; os tratamentos ácidos, por exemplo, hidrolisam a hemicelulose e

deixam a celulose e a lignina intactas, enquanto que os alcalinos tendem a ter mais efeitos

sobre a lignina. A química do pré-tratamento também afeta a composição da fração não-

açúcar do hidrolisado. Os pré-tratamentos ácidos podem resultar em altas concentrações de

furfural na fase líquida, ao passo que os alcalinos podem resultar em altas concentrações de

ferulano e acetato no hidrolisado. Estes compostos podem ter efeitos negativos sobre os

micro-organismos da fermentação (Gray et al., 2006)

A avaliação para a escolha do melhor pré-tratamento não deve levar em consideração

apenas o fator tecnológico, mas também os fatores econômicos e ambientais (Sousa et al.,

2009). O maior custo na biorrefinaria, na atualidade, é o gasto com a matéria-prima, ou seja, o

substrato (Aden et al., 2002). Por esta razão, rendimentos em açúcares e pré-tratamentos

efetivos contribuem largamente para a economia e viabilidade do processo. Ao mesmo tempo,

resíduos formados pelos processos de pré-tratamento afetariam de forma direta a economia do

processo (Searchinger et al., 2009). Requerimentos de energia são associados a reagentes

químicos e utilização de água, temperatura, pressão, mistura, e recuperação (Sousa et al.,

2009). Estes parâmetros têm impactos econômicos e ambientais, entretanto, não se pode

limitar os cálculos de custos do processo apenas à etapa de pré-tratamentos (Yang & Wyman,

2008).

1.2.6 Pré-tratamentos ácidos

O principal objetivo do pré-tratamento ácido é a remoção da fração de hemicelulose da

biomassa vegetal tornando, assim, a celulose mais acessível ao ataque enzimático. Esse tipo

de pré-tratamento pode ser feito por ácidos concentrados ou com ácidos diluídos (Alvira et

al., 2009).

Ácidos concentrados como H2SO4 e HCl tem sido usados para pré-tratamentos de

materiais lignocelulosico. Embora sejam altamente eficientes na hidrólise da celulose, ácidos

concentrados são tóxicos e corrosivos sendo assim perigosos de se manusear requerendo

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reatores resistentes a corrosão (Sun & Cheng, 2002), e para que haja viabilidade econômica

do processo, os ácidos ainda precisam ser recuperados (Silvers & Zacchi, 1995).

Processos de hidrólise com ácido diluído têm sido desenvolvidos com sucesso para o

pré-tratamento de material lignocelulosico (Sun & Cheng, 2002). Segundo Esteghlalian et al.

(1997) que modelaram um processo de hidrólise com ácido diluído, a hidrólise com ácido

sulfúrico pode alcançar altas taxas de reação e provocar um significante aumento na hidrólise

da biomassa. Altos rendimentos em hidrólise têm sido reportados na literatura quando se usou

o H2SO4 no pré-tratamento de lignocelulosicos, sendo este o mais estudado (Sun & Cheng,

2002). Diferentes tipos de reatores tal como percolação, fluxo pistonado, leito de lama, STR

têm sido aplicados para o pré-tratamento de material lignocelulosico (Taherzadeh & Karimi,

2008). Os processos podem ser a altas temperaturas com curto tempo como 180°C ou em

temperaturas mais brandas como 120°C por 30 a 90 minutos, o segundo possui vantagem de

solubilizar a hemicelulose em açúcares fermentescíveis principalmente a xilose (Sun &

Cheng, 2002). Não obstante, dependendo da temperatura do processo, alguns compostos

provenientes da degradação dos açúcares podem ser formados como HMF, furfural e

compostos aromáticos, formados a partir da degradação da lignina, estes afetam o

desempenho dos micro-organismos fermentativos (Saha et al., 2005) e são encontrados

principalmente na fração líquida do hidrolisado. De qualquer forma, estes pré-tratamentos

formam menos compostos de degradação em comparação com os processos com ácidos

concentrados (Sun & Cheng, 2002).

1.2.7 Pré-tratamento hidrotérmico

O pré-tratamento hidrotérmico ou autohidrólise da biomassa vegetal é baseado no uso

de água (água líquida no reator de alta pressão ou vapor de água) e de calor (150 a 230ºC).

Este processo permite a obtenção de hidrolisados essencialmente de derivados da

hemicelulose e uma fração sólida composta de celulose e lignina. A vantagem deste

tratamento está na prevenção da corrosão do equipamento observado na hidrólise ácida, na

ausência de reciclagem e de neutralização do ácido utilizado, o que simplifica a condução do

processo, e na baixa produção de compostos inibidores dos processos enzimáticos e

fermentativos (Boussarsar et al., 2009). O calor aplicado ao material lignocelulosico provoca

a formação de ácidos orgânicos principalmente ácido acético que serve como catalisador da

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hidrólise parcial dos açúcares, da celulose e, principalmente, da hemicelulose. Por isto este

processo pode ser denominado de autohidrólise.

1.2.8 Pré-tratamento alcalino

O rendimento dos pré-tratamentos alcalinos dependem da quantidade de lignina na

biomassa lignocelulosica. Estes processos são menos efetivos na solubilização de celulose e

hemicelulose sendo, portanto, mais utilizado para a remoção da fração de lignina, além de

aumentar o grau de digestibilidade da celulose (Chang & Holtzapple, 2000). A hidrólise

alcalina proporciona baixos rendimentos na liberação de açúcares e gera um maior volume de

efluentes quando comparada com outros processos de hidrólise (Canettire, 2004). Podem ser

realizados em diferentes temperatura e tempo, de acordo com a biomassa utilizada, e tem se

mostrado mais efetivo em resíduos da agricultura do que em madeira (Kumar & Wyman,

2009). Os reagentes mais usados no processo são hidróxido de sódio, potássio, cálcio e

amônio. O NaOH ao desestruturar e remover a lignina, provoca o intumescimento, aumenta a

superfície interna, diminui o grau de polimerização e cristalinidade da celulose (Taherzadeh &

Karimi, 2008). Outra característica importante é que, com a remoção de parte da lignina, se

observa um aumento do rendimento de hidrólise enzimática, pois, a enzima tende a adsorver

em sítios da lignina e, assim, desativando-a (Kim & Holtzapple, 2006).

1.2.9 Pré-tratamento com peróxido de hidrogênio

O peróxido de hidrogênio é usado na indústria de papel e celulose como agente de

branqueamento. Quando usado para o pré-tratamento de biomassa lignocelulosica, tem a

grande vantagem de não deixar resíduos na biomassa e se decompor em oxigênio e água.

Além disso, a formação de produtos secundários, possíveis inibidores dos processos

enzimáticos e fermentativos, são praticamente inexistente (Rabelo et al., 2011). Segundo

Gould (1984) o início da deslignificação dos resíduos pelo peróxido de hidrogênio depende do

valor do pH da solução de pré-tratamento que deve estar acima de 10,5 com a máxima

deslignificação ocorrendo a pH 11,5 ou mais. A adição da base hidróxido de sódio ao

peróxido de hidrogênio faz com que a solução se torne um agente efetivo na deslignificação e

solubilização da hemicelulose. Isto é devido à formação do ânion hidroperóxido (HOO-),

formado em pH alcalino, que se apresenta como a principal espécie ativa no peróxido. Em

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contraste, o peróxido de hidrogênio é instável nas condições alcalinas e decompõe-se em

radicais hidroxil (.OH) e superóxido (.O-2). Estes radicais são responsáveis pela oxidação da

estrutura da lignina, na qual ataca os grupos hidrofílicos, quebrando algumas ligações e,

eventualmente, levando a dissolução da lignina e hemicelulose (Pan et al., 1988; Fang et al.,

1999; Sun et al., 2004).

1.2.10 Caracterização físico-química material lignocelulosico (morfologia externa,

grupos orgânicos e cristalinidade)

Diferentes características da fração sólida oriunda de biomassa pré-tratada têm sido

avaliadas em muitas pesquisas. Morfologia externa, grupos orgânicos que constitui a

biomassa e a cristalinidade da molécula de celulose tem sido alvo de estudos frequentes.

Estudos em morfologia externa da biomassa podem ser realizados por metodologias de

microscopia eletrônica (Reiner, 2010). Riyajan e Intharit (2011) estudaram a morfologia do

bagaço de cana submetido ao pré-tratamento alcalino mostrando que a superfície da biomassa

não tratada possuía menos rugosidade em comparação à biomassa tratada, devido a remoção

de ácidos graxos existentes na superfície do bagaço. Estudos morfológicos com coco verde,

palha de soja, farelo de trigo, casca de arroz, bagaço de cana e pedúnculo de caju têm sido

realizados após diferentes pré-tratamentos (Brigida et al., 2010; Xu et al., 2007; Zhao et al.,

2010; Camargo et al., 2012, Rocha, 2010).

Análises de espectrofotometria Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR)

podem ser usadas para caracterizar a biomassa de acordo com os grupos orgânicos (Smith,

1996). Os principais resultados de FTIR estão associados à lignina. Este é um biopolímero

aromático constituído principalmente de unidades de fenilpropano substituídas ligadas em

conjunto para formar um polímero de baixa regularidade, cristalinidade e atividade óptica.

Apesar de haver cerca de 20 tipos de ligações dentro da própria lignina, a maior quantidade de

ligações entre as unidades são as ligações tipo éter e, ao que parece, a lignina está associada à

hemicelulose (Sun et al., 2000). O componente sólido da lignina é um fator chave para o

sucesso da sacarificação, pois a lignina é considerada um adsorvente das enzimas

celulolíticas, capaz de desativá-las. Grupos fenol-hidroxílicos têm um importante efeito

inibidor nas enzimas celulases, portanto, a redução destes compostos na biomassa pré-tratada

é idealizada (Gould, 1985; Pan, 2008). Guo et al. (2009) estudaram a hidrólise enzimática em

três diferentes biomassas (palha de arroz, bagaço de cana e graminhas) que foram pré-tratadas

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com diferentes concentrações de ácidos. Com o estudo, verificou-se que a hidrólise

enzimática foi diferentes para diferentes composições da lignina na biomassa.

A molécula de celulose é formada por uma região cristalina e uma amorfa. A

cristalinidade da celulose é um importante fator que pode favorecer os resultados de hidrólise

enzimática (Chang & Holtzapple, 2000). A cristalinidade pode ser medida por Difração de

Raio-X (Cullity, 1956). A cristalinidade relativa da celulose representa toda a cristalinidade

da biomassa lignocelulosica. Portanto, os resultados de cristalinidade são fortemente

influenciados pela composição do material. Rodrigues et al. (2007) estudaram a

cristalinidade da metilcelulose purificada a partir de bagaço de cana e encontraram

modificações nas diferentes amostras.

1.2.11 Aspectos gerais sobre enzimas celulolíticas

Os pré-tratamentos físico-químicos aplicados à biomassa vegetal são tão severos que

desnaturam as proteínas naturais dos vegetais responsáveis pela hidrólise da celulose (Han &

Chen, 2008). Portanto, se faz uso de outras enzimas celulolíticas para degradar este material

de celulose à glicose que, no geral, são enzimas produzidas por fungos filamentosos.

São necessárias pelo menos três tipos de enzimas para se converter celulose em

glicose de forma a se obter o açúcar fermentescível para processos biológicos, são elas:

endoglicanases (EG) (EC.3.2.1.4) onde estas quebram as moléculas de celulose de forma

randômica, as celobiohidrolases ou exoglicanases (CBH) (EC.3.2.1.91) que convertem os

oligômeros formados pela ação das endoglicanases em celobiose e celodextrinas solúveis, e as

β-glicosidases (BG) (EC.3.2.1.21) que convertem celobiose e celodextrinas em glicose (Zhou

et al., 2009). As endoglicanases são capazes de hidrolisar a região amorfa da celulose de

forma randômica e como resultado, vários oligômeros são formados com diferentes graus de

polimerização (Pere et al., 2001). As enzimas celobiohidrolases agem nas extremidades da

molécula de celulose sendo então de dois tipos, uma que age na extremidade redutora e o

outro tipo que age na extremidade não-redutora (Lynd et al., 2002). Todas estas enzimas

trabalham sinergicamente para hidrolisar a celulose (Galbe & Zacchi, 2002).

As enzimas endo e exoglicanases são denominadas de celulases e são geralmente

produzidas por linhagens de Trichoderma sp. (Zhou et al., 2009). Conforme Saloheimo et al.,

(1997), T. reesei secreta no mínimo cinco endoglucanases e duas celobiohidrolases. Para uma

maior eficiência no processo de hidrólise de celulose à glicose em um processo industrial, as

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enzimas celulases precisam ser suplementadas com a β-glicosidase, sendo esta, geralmente,

produzida por linhagens de Aspergillus niger (Han & Chen, 2008, Sukumaran et al., 2009).

1.2.12 Hidrólise enzimática de biomassa lignocelulosica

A hidrólise enzimática de materiais lignocelulosicos é um processo muito estudado

por apresentar especificidade da reação, ausência de reações secundárias (que levariam à

perda de rendimento), ausência de formação de produtos secundários (inibidores de processos

fermentativos) e reação em condições suaves que não requerem altas pressões e temperaturas

ou ambientes corrosivos para os equipamentos (Bastos, 2007). A cristalinidade da celulose, a

proteção da lignina e as configurações espaciais do complexo (celulose-hemicelulose-lignina)

tornam este tipo de hidrólise um processo lento e pouco econômico caso este material não seja

submetido a um pré-tratamento. A estrutura capilar das fibras de celulose e a presença de

metais também diminuem a eficiência da hidrólise enzimática (Canettiere, 2004). Portanto, a

hidrólise enzimática, neste caso, apresenta-se como um tratamento bioquímico realizado na

biomassa lignocelulosica submetida aos pré-tratamentos físico-químicos, e que antecedem ao

processo fermentativo.

Diferentes trabalhos vêm sendo publicados a respeito do processo de hidrólise

enzimática abordando diferentes aspectos. Ganesh et al. (2000) estudaram a diferentes fatores

que contribuem para a desativação de enzimas celulases durante o processo de hidrólise

enzimática. No trabalho, as enzimas celulases foram submetidos ao teste de cisalhamento em

um reator agitado com um objetivo de investigar sua desativação sob várias condições, tais

como diferentes velocidades de agitação, concentração de enzima, sistemas tamponamento e a

concentração de tampão, diferentes valores de pH e a presença da interface gás-líquido. De

acordo com os autores, a extensão de desativação depende das condições sob as quais a

enzima foi sujeito a cisalhamento. Borjesson et al. (2007) estudaram a adição de polietileno

glicol (PEG) no processo de hidrólise enzimática. Segundo os autores, a lignina é capaz de

adsorver certa quantidade de enzimas celulases desativando-as e o PEG é um surfactante que

pode agir de uma forma, ainda não elucidada, de forma a evitar ou reduzir a adsorção das

enzimas celulases à lignina. Zhou et al. (2009) estudaram a otimização de misturas de

enzimas celulases produzidas a partir de uma cepa mutante de Trichoderma viride T 100-14,

utilizando a metodologia de planejamento experimental e palha de milho pré-tratada por

explosão a vapor, chegando a uma composição efetiva do complexo enzimático.

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Benko et al. (2008) estudaram a adição de enzimas xiloglicanases no processo de

hidrólise enzimática. Segundo os autores, xiloglicana é um dos principais componentes da

parede celular de plantas superiores. Ela está intimamente associada às cadeias de celulose,

que constituem a rede de suporte de carga da parede celular. A degradação enzimática do

polímero de xiloglicana por xiloglicanases poderia aumentar a hidrólise de substratos

lenhocelulosicos, facilitando as enzimas celulases hidrolisar o polímero de celulose, de forma

mais eficiente, devido ao aumento da área de superfície. De modo a avaliar o papel de

xiloglicana na hidrólise enzimática de lignocelulose, 11 substratos celulósicos diferentes

foram pré-tratados e hidrolisados utilizando diferentes combinações de enzimas

celobiohidrolases purificadas I e II, endoglucanase II e xiloglicanases a partir de cepas de

Trichoderma reesei e, β-glucosidase a partir de cepas de Aspergillus. De acordo com os

resultados, a adição de enzimas xiloglicanases melhoraram, em geral, a hidrólise de substratos

lenhocelulosicos. Estes resultados indicam que estas enzimas podem ser utilizadas para

melhorar a hidrólise de substrato lignocelulosico, especialmente quando o pré-tratamento não

está otimizado (Benko et al., 2008).

No mundo todo, a biomassa lignocelulosica, a partir de diferentes fontes, têm sido

estudada no processo de hidrólise enzimática a fim de se obter açúcares redutores totais,

celobiose, glicose e xilose, tais como salgueiro (Salix babylonica, L.), palha de cevada,

capim-amarelo (Phalaris arundinacea), palha de trigo, palha de milho (Benko et al., 2008),

bagaço do pedúnculo do caju (Rocha et al., 2009), talos de girassol (Ruiz et al., 2008),

madeira (Lee et al., 2009), bagaço de cana-de-açúcar (Carlos et al., 2012), dentre outros.

1.2.13 Processo de produção de etanol de segunda geração

1.2.13.1 Aspectos gerais sobre o etanol de segunda geração

A escassez mundial de energia tem direcionado, em todo o mundo, pesquisas para a

utilização de recursos renováveis ainda não utilizados na sua totalidade. A biomassa vegetal é

um dos recursos renováveis de grande potencial para obtenção de energia e commodities

sendo a celulose o principal constituinte e seu produto de hidrólise, a glicose, pode ser usado

para produção de etanol via processo fermentativo (Lynd et al., 2002; Ohgren et al., 2006;

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Sassner et al., 2006; Jafari et al., 2011; Zhao et al., 2011; Vancov et al., 2012; Choi et al.,

2012; Zhang et al., 2013).

O etanol pode ser produzido a partir de amido, mais notavelmente do amido de milho,

e das fontes de sacarose como beterraba e cana-de-açúcar. Entretanto, limitações territoriais

na capacidade de produção de etanol e a competição com a produção de alimentos farão com

que materiais lignocelulosicos como, palha de milho, gramíneas e madeiras, sejam utilizadas

como fonte de carbono para produção em larga escala deste combustível (Bommarius et al.,

2008).

De acordo com Bommarius et al. (2008) para a produção de etanol a partir de material

lignocelulosico, existem duas etapas que antecedem a fermentação alcoólica, são elas: (i) pré-

tratamento do material e (ii) hidrólise enzimática da biomassa vegetal pré-tratada.

Segundo Soccol et al. (2010) se 50% do bagaço de cana no Brasil for usado para

produção de etanol, pode-se obter até 4.000 L a mais por hectare de cana plantada tornado o

rendimento em 10.000 L de etanol por hectare.

1.2.13.2 Produção de etanol de segunda geração por sistema HFS e SFS

Desde finais da década passada vem-se discutindo a ideia de centralizar os processos

de produção de químicos em complexos industriais, conhecido inicialmente como engenharia

de “Biocommodities”, a ideia foi aperfeiçoada e se tornou num conceito, o atual de

biorrefinaria (Garzon, 2009). Desde aquela época era reconhecido que o maior impedimento

para uma aplicação global em grande escala deste conceito era a ausência de tecnologias de

processamento de baixo custo (Lynd et al., 1999), reconhecendo também que a fonte deste

custo era consequência da matéria-prima, da sua disponibilidade e mais ainda, de sua

adequação. A primeira abordagem visando uma redução dos custos de produção foi feita

baseada na integração e, principalmente, na intensificação de processos. Foi assim que se

estabeleceu que um bioprocesso consolidado da biomassa necessitaria incluir etapas de

produção de enzimas, hidrólise e fermentação e deveria ser feito em uma única unidade sob a

ação de uma ou várias populações de micro-organismos. Projetaram-se então os denominados

Sistemas de Conversão Microbiana Direta (Figura 1.13) (Garzon, 2009).

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Figura 1.13 – Evolução do conceito de processamento consolidado na Engenharia de

Biocommodities. HFS: hidrólise e fermentação separadas, SFS: sacarificação e fermentação

simultâneas, SCFS: sacarificação e co-fermentação simultâneas, BPC: bioprocessamento

consolidado.

A celulose pode ser hidrolisada, por enzimas celulases, em glicose e esta pode ser

fermentado para produzir etanol (Yang et al., 2011) em um processo com duas etapas

denominado Hidrólise Enzimática e Fermentação Separada (HFS). Entretanto, estes dois

processos podem ser realizados em uma só etapa denominada de Sacarificação e Fermentação

Simultânea (SFS) (Vasquez et al., 2007) objetivando a redução de tempo e energia, diminuído

custos de processo.

Os processos em SFS têm, geralmente, um menor tempo de operação e por

consequência, uma maior produtividade, mas em relação ao maior rendimento, depende do

caso a ser estudado (Shen & Agblevor, 2010). A combinação das duas etapas resulta em um

menor custo e reduz o risco de contaminação por outros micro-organismos devido ao etanol

encontrado no meio de fermentação (Ohgren et al., 2007). As temperaturas dos processos de

hidrólise enzimática e fermentação alcóolica são diferentes, portanto, estudos de otimização

precisam ser realizados a fim de se encontrar as melhores condições de operação para o

processo SFS (Ohgren et al., 2007). O sistema SFS apresenta a vantagem de se consumir

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todos os açúcares presentes no meio (glicose e xilose), ou pelo menos a glicose, diminuindo

ou eliminando a inibição causada pelo produto formado durante a hidrólise enzimática.

Soderstrom et al. (2005) estudaram os sistemas SFS e HFS usando madeira conífera pré-

tratada por vapor e verificaram um melhor rendimento no processo SFS. Ohgren et al. (2007)

também observaram um melhor rendimento do processo SFS em comparação ao processo

HFS quando estudaram a produção de etanol a partir de palha de milho pré-tratada por

explosão a vapor usando tanto a fração líquida junto com a sólida como somente a fração

sólida do material pré-tratado.

Romani et al. (2012) estudaram a produção de etanol pelo processo SFS utilizando a

madeira de Eucalyptus globulus submetido a um pré-tratamento hidrotérmico. Aplicando a

metodologia de planejamento experimental, os autores otimizaram as quantidades de sólidos e

quantidades de enzimas no processo obtendo até 91% de etanol a partir da celulose contida na

biomassa lignocelulosica. Rohowsky et al. (2012) aplicando metodologia de planejamento

experimental otimizaram o pré-tratamento hidrotérmico em termos de temperatura e tempo de

processo e em seguida usaram o material pré-tratado no processo SFS para produção de etanol

obtendo até 53 g/L de produto final. Soares & Gouveia, (2013) estudaram a diferença na

produção de etanol utilizando bagaço de cana-de-açúcar submetido ao pré-tratamento com

explosão a vapor submetido ou não a uma deslignificação com NaHO. De acordo com os

resultados, foi possível observar um aumento de até 733% na produção de etanol quando o

bagaço explodido foi deslignificado com NaOH a 1%.

Tomas-pejo et al., (2009) estudaram o efeito de diferentes quantidades de celulases

comerciais (Celluclast 1.5L FG) no crescimento da levedura Kluyveromyces marxianus CECT

10875 e a produção de etanol no processo de SFS. De acordo com os autores, em testes

preliminares realizados com adição de glicose (50 g/L) no meio de cultura, foi observado um

efeito negativo na taxa de crescimento microbiano e no número de células viáveis quando se

usou quantidades diferentes de enzimas (2,5-3,5 FPU/mL). No entanto, a produção de etanol

não foi afetada e cerca de 22 g/L de etanol, representando 86% de rendimento em relação ao

rendimento teórico, foi alcançada em todos os casos, independentemente da dosagem

enzimática. Em experimentos com o processo SFS sem adição de glicose, a viabilidade

celular foi sempre afetada pela carga enzimática.

Erdei et al., (2013) estudaram Sacarificação e Co-fermentação Simultânea (SSCF)

utilizando palha de trigo submetida ao pré-tratamento por explosão a vapor (SPWS) com e

sem adição de farinha de trigo liquefeita (LWM), e a cepa de levedura TMB3400, capaz de

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fermentar pentoses em etanol. O maior rendimento global em etanol, 70% (g etanol/100 g

biomassa lignocelulosica), equivalendo a uma concentração de etanol de 43,7 g/L, operando

em batelada, foi conseguida usando SPWS com 7,5% de sólidos insolúveis em água com

adição de 1% de LWM.

Shengdong et al., (2006) estudaram o processo SFS em batelada e batelada alimentada

utilizando a palha do arroz submetida aos pré-tratamentos com ácidos, álcalis, micro-ondas e

peróxido de hidrogênio. Pelos resultados obtidos, 29,1 e 57,3 g/L de etanol produzido nos

sistemas batelada e batelada alimentada respectivamente, pode-se observar a vantagem de se

trabalhar com alimentação do resíduo durante o processo SFS.

Li et al., (2009) estudaram diferentes materiais lignocelulosicos submetidos ao pré-

tratamento com ácido fosfórico e acetona para produção de etanol no processo SFS operado

no sistema batelada e batelada alimentada. De acordo com os autores, baixos rendimento em

etanol foi observado quando se iniciou o processo SFS com baixa carga de celulose sendo

estes rendimentos aumentados, chegando a mais de 93%, quando se trabalhou com carga

inicial de celulose de 10%. Já, operando em sistema batelada alimentada, foi possível obter

até 56 g/L de etanol com adição de 36% de celulose ao longo do processo.

1.3 Modelos matemáticos em bioprocessos

1.3.1 Aspectos gerais sobre modelagem em bioprocessos

A modelagem matemática em processos enzimáticos e fermentativos pode ser definida

como a tentativa de representar, através de equações matemáticas, os balanços de massa para

cada componente no biorreator, associada às complexas transformações bioquímicas que

ocorrem no processo e às velocidades com que essas transformações acontecem (Schmidell et

al., 2001). Embora possa ser virtualmente impossível simular os sistemas bioquímicos e

biológicos em sua totalidade, uma compreensão de seus mecanismos básicos ou essenciais

pode permitir a construção de um modelo que reflita, pelo menos, os principais aspectos do

processo. Usando a modelagem é possível simplificar as complexas interações do sistema

qualitativamente e quantitativamente (Brass et al., 1997).

Micro-organismos são seres de metabolismo complexo, capazes de se adaptar e

desenvolver metabolismo diferenciado dependendo das condições ambientais. Dentre os

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fatores que podem influenciar no metabolismo celular pode-se citar o tipo de substrato, pH do

meio, temperatura, concentração de oxigênio, presença de substâncias inibidoras e

quantidades de macro e micronutrientes disposta no meio (Tortora et al., 2000). Na obtenção

de um modelo de um processo fermentativo, deve-se lembrar de que o modelo pode ser

distinto para um mesmo micro-organismo e produto se os fatores ambientais forem

modificados.

Os modelos mecanisticos, também denominados determinísticos, são os modelos

matemáticos que levam em consideração os mecanismos que ocorrem na reação seja ela

química, bioquímica ou biológica, portanto, cada termo do modelo representa um fenômeno

que ocorre na reação. Já os modelos empíricos são correlações matemáticas ajustadas a partir

de dados experimentais e são capazes de predizer a reação em questão sem que se represente

os mecanismos da reação na equação matemática. Na literatura existe uma divergência entre

autores sobre o termo “modelo fenomenológico” onde alguns autores relatam como sendo o

mesmo que modelo empírico e outros como sendo e mesmo que modelo mecanistico.

Uma classificação geral apresentada por vários autores divide os modelos utilizados

em bioprocessos em dois grandes grupos: os modelos fenomenológicos no qual se baseiam

em formulações de hipóteses e correlações teóricas ou empíricas para explicar os fenômenos e

o comportamento das variáveis do processo observados experimentalmente (Schmidell et al.,

2001), e os modelos de entrada-saída, que estabelecem relações empíricas para correlacionar

o efeito de variações nas variáveis de entrada em relação aos valores de resposta das variáveis

de saída (Hecht-Niele, 1990; Bar & Feigenbaum, 1991; Baughman & Liu, 1995; Basheera &

Hajmeerb, 2000; Fernandes & Lona, 2005). Um exemplo de modelo de entrada e saída são as

Redes Neurais Artificiais.

Na formulação de um modelo matemático mecanistico são, normalmente, utilizadas

equações que podem ser classificadas em: equações de balanço ou de conservação, equações

de velocidade ou modelos cinéticos, e equações termodinâmicas (Schmidell et al., 2001).

Enquanto as equações de balanço e termodinâmicas são passíveis de padronização através de

estudos aplicados há décadas na engenharia química, as equações cinéticas, neste caso, são

específicas para processos fermentativos.

Na proposição de um modelo matemático deve-se considerar ainda um modo de

operação, se cultivo em batelada, batelada alimentada ou contínuo (Modak & Lim, 1992).

Neste caso, o modelo cinético representa o termo de consumo ou geração da equação de

balanço de massa.

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Os modelos cinéticos de processos fermentativos podem ser classificados quanto ao

número de componentes usados na representação celular, em dois tipos, conforme detalhado a

seguir (Schmidell et al., 2001).

Modelos não-estruturados: o material celular é representado por uma única variável,

por exemplo, a massa celular ou o número de células sem considerar variações no estado dos

componentes intracelulares, ou usar tais variações na previsão do comportamento cinético do

processo.

Modelos estruturados: as células são descritas com maiores detalhes, considerando,

por exemplo, componentes intracelulares, permitindo descrever o estado das células e sua

adaptação às mudanças do meio ambiente.

Quanto à homogeneidade da população microbiana, os modelos cinéticos também são

classificados em duas categorias, descritas a seguir (Schmidell et al., 2001).

Modelos não-segregados: a população celular é considerada homogênea, isto é, todas

as células apresentam o mesmo comportamento.

Modelos segregados: as células são consideradas discretas, como indivíduos de uma

população heterogênea, com distribuição de idade, de tamanho e de propriedades celulares.

De um modo geral, a escolha do modelo cinético do processo depende do nível de

complexidade com que se deseja caracterizar a população de células do sistema e deve

atender a, pelo menos, um dos seguintes requisitos: discriminar possíveis mecanismos de

controle do metabolismo celular, auxiliar no projeto do biorreator e na otimização das

condições de operação (Araújo, 1996). Um modelo básico deve estabelecer uma relação de

causa e efeito entre as variáveis substrato, biomassa e produto (Silva, 2003).

Um dos modelos cinéticos não-estruturados mais simples e mais conhecidos que inclui

o efeito da concentração de nutriente limitante, desenvolvido por Jacques Monod em 1942, foi

baseado nas observações do crescimento da E. coli em várias concentrações de glicose

(Blanch & Clark, 1997). Neste modelo, propôs-se uma relação entre a velocidade específica

de crescimento celular µ e a concentração de substrato limitante S. A cinética de crescimento

celular de Monod pode ser expressa pela Equação 1.1.

max

s

S

K S

(1.1)

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Onde Ks é a constante de saturação de Monod, que representa o valor da concentração

do nutriente limitante para a qual a velocidade específica de crescimento é a metade de seu

valor máximo. Uma baixa constante de saturação implica uma maior duração da fase

exponencial. Valores de µmax variam com o tipo de microrganismo e os valores de Ks

dependem da natureza do substrato, segundo Schmidell et al. (2001).

Quando se examina bem o complexo sistema bioquímico das células, torna-se claro

que a equação de Monod é uma grande simplificação. No entanto, ela descreve muito bem o

comportamento da fase exponencial do crescimento de um grande número de

microrganismos. Para um reator em batelada pode-se aplicar a uma modelagem mais simples,

(Equação 1.2) (Schmidell et al., 2001).

max

s

dx SX

dt K S

(1.2)

Outros modelos para o processo fermentativo em batelada, Equações de 1.3 a 1.7,

foram propostos para descrever a relação entre a velocidade específica de crescimento e a

concentração do substrato limitante que, para casos particulares, ajustam-se melhor aos dados

experimentais (Schmidell et al., 2001).

Equação de Tessier:

max 1 s

S

Kdxe X

dt

(1.3)

Na equação de Moser (Equação 1.4) se tem três constantes (µmax, Ks e n) e é a mais

geral delas, sendo equivalente a equação de Monod quando n = 1.

Equação de Moser:

1

max 1 n

s

dxK S X

dt

(1.4)

A equação de Contois (Equação 1.5) representa a competição por substrato entre

células na fase estacionária.

Equação de Contois:

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max

dx SX

dt BX S

(1.5)

A velocidade específica de crescimento µ pode ser inibida pelos constituintes do meio,

tais como substratos e produtos. A inibição causada por excesso desses constituintes pode ser

explicada por modificações físico-químicas e metabólicas, tais como força iônica, variação da

pressão osmótica, redução da atividade enzimática, etc. Exemplos de inibição pelo substrato e

pelo produto, no crescimento celular, são representados pelas equações de Andrews, (Equação

1.6), e de Jerusalimsky e Neronova, (Equação 1.7) respectivamente (Bailey & Ollis, 1986).

max 2

s

i

dx SX

dt SK S

K

(1.6)

max

p

s p

Kdx SX

dt K S K P

(1.7)

Termos relacionados à inibição por excesso de substrato, consumo de diferentes

substratos em tempos diferentes, inibição por algum elemento tóxico, inibição por produtos

secundários e taxa de morte celular também podem ser adicionados aos modelos básicos na

medida em que a modelagem do sistema vai se tornando cada vez mais complexa. A

(Equação 1.8) representa um modelo para a taxa de morte microbiana (Bailey & Ollis, 1986).

d

dxk

dt (1.8)

Com relação à cinética de consumo de substrato, um modelo generalizado que

relaciona o consumo do substrato com a produção de um produto primário, o crescimento

celular e o substrato requerido para a manutenção celular pode ser usado, (Equação 1.9)

(Bailey & Ollis, 1986).

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mX

dt

dp

Ydt

dx

Ydt

ds

spsx //

11 (1.9)

Com relação à cinética de formação de produto, os modelos não-estruturados mais

simples referem-se a processos cujos balanços estequiométricos entre as reações permitem a

obtenção de fatores de conversão que relacionam a velocidade de produção com a velocidade

de crescimento celular (Equação 1.10) ou de consumo de substrato (Equação 1.11) (Bailey &

Ollis, 1986).

dt

dxY

dt

dpxp / (1.10)

dt

dsY

dt

dpsp / (1.11)

Estas equações referem-se a processos cuja produção está associada ao crescimento,

como na produção de metabólitos primários. Para metabólitos secundários, um balanço

estequiométrico simples resulta em expressões de velocidade de produto relacionadas com a

concentração celular e não com a velocidade de crescimento. Um modelo misto utilizado por

diversos pesquisadores para representar a velocidade de produção de vários metabólitos foi

proposto em 1959 por Leudeking e Piret, (Equação 1.12), (Bailey & Ollis, 1986).

X

dt

dx

dt

dp (1.12)

Esta equação permite a obtenção de três tipos distintos de formação de produto, um

para produção associada ao crescimento celular, outra para produção não-associada ao

crescimento celular e uma terceira para o comportamento misto como no caso da produção de

ácidos orgânicos.

Para o cálculo dos fatores de conversão têm-se as seguintes Equações de 1.13 a 1.15,

(Schmidell et al., 2001).

f

f

sxSS

XXY

0

0

/ (1.13)

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0

0

/XX

PPY

f

f

xp (1.14)

f

f

spSS

PPY

0

0

/ (1.15)

Conforme o processo vai se tornando mais complexo de se modelar e se observa

inibições causadas por produtos no crescimento microbiano, consumo de substrato e na

própria produção de um produto requerido, termos de inibição causada por produtos

formados, são adicionados aos modelos cinéticos existentes. As Equações de 1.16 a 1.18 são

exemplos de termo de inibição causada por produtos (Schmidell et al., 2001).

max

1P

P

(1.16)

p

p

K

K P

(1.17)

pK Pe

(1.18)

Conforme dito anteriormente, crescimento microbiano é um fenômeno complexo. A

modelagem matemática surge como uma valiosa ferramenta para a sua descrição,

simplificando a representação do processo, através de um pequeno número de expressões

cinéticas relativamente simples.

Da mesma forma que o modelo de Monod, existe o modelo de Michaelis-Menten para

representar uma cinética enzimática da forma mais simplificada como se é apresentado nas

Equações 1.19 e 1.20. Este modelo cinético é representativo de um processo onde a enzima

(E) se combina com o substrato (S) formando o complexo (ES) para formar o produto (P) com

a enzima (E) sendo liberada para a próxima reação enzimática conforme as Equações 1.21 e

1.22 (Bailey & Ollis, 1986). Este modelo é utilizado em sistemas homogêneos, ou seja, onde

o substrato é solubilizado no meio.

max

m

Sv v

K S

(1.19)

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1 2

1

m

k kK

k (1.20)

1

1

k

kE S ES

(1.21)

2kES P E (1.22)

Para sistemas onde o substrato é insolúvel no meio, ou seja, um sistema heterogêneo, o

fenômeno de adsorção da enzima na superfície do substrato precisa ser levado em

consideração no momento da modelagem. Desta forma, o modelo de adsorção de Langmuir

pode ser acoplado ao modelo cinético do processo enzimático em questão, Equação 1.23.

max

1

ads f

d

ads f

E K E SE

K E

(1.23)

Segundo Silva (2003), uma vez que os modelos matemáticos fornecem uma relação

funcional entre as variáveis do processo, eles são idealmente convenientes para muitas tarefas

no projeto de processos, como por exemplo:

a) Otimização da estrutura da planta e de parâmetros de operação;

b) Cálculos de perfis de tempo ótimos para adição de substratos e outros nutrientes;

c) Planejamento de experimentos com o objetivo de obter máxima informação com um

mínimo de tempo e gastos;

d) Projeto de sistemas de controle;

e) Estimativa de variáveis ou parâmetros que não podem ser medidos, e métodos

indiretos de medidas.

1.3.2 Modelagem do processo de produção de etanol de primeira geração

A utilização de modelos matemáticos na otimização de um processo é de grande

importância, pois minimiza o custo e o tempo aplicado de estudo (Andrietta, 1991). Apesar

dos vários trabalhos que tratam da cinética de fermentação, pouca influência estes tiveram

sobre o arranjo das plantas industriais instaladas no Brasil (Porto, 2005).

A cinética de fermentação alcoólica é um assunto muito estudado e pesquisado nos

centros de pesquisa especializados, tendo em vista seu potencial industrial e econômico (Lima

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& Marcondes, 2002). Na fermentação alcoólica o rendimento da biomassa com a levedura

Saccharomyces cerevisiae diminui, de 0,156 para 0,026, com o aumento da concentração de

etanol, de 0 à 107 g/L, indicando uma relação entre o rendimento da biomassa e a inibição

pelo produto (Thatipalama et al., 1992). O efeito inibidor do etanol deve apresentar um termo

de descrição cinética não-competitiva à atividade de fermentação das células (Aiba et al.,

1968). O etanol começa a ter efeito inibitório na taxa de crescimento celular acima de 15 g/L.

A concentração máxima de etanol permitida, acima da qual as células não crescem, foi predita

em 112 g/L. A capacidade de produção de etanol onde as células são completamente inibidas

foi de 115 g/L de etanol (Luong, 1985).

A cinética da fermentação alcoólica foi estudada por vários autores que formularam

modelos que estão apresentados na Tabela 1.6, levando em conta a limitação pelo substrato e

a possível inibição pelo produto, substrato e concentração celular. No geral, os modelos

apresentados na Tabela 1.11 são modelos que tem como base o Modelo de Monod, porém,

adicionando termos de inibições no crescimento celular, deixando a equação um pouco mais

complexa. Algumas destas inibições também foram citadas no item 1.3.1. Os modelos para

produção de etanol e consumo de substrato geralmente são os que foram apresentados no item

1.3.1.

Tabela 1.6 – Modelos cinéticos para a produção de etanol por processo fermentativo.

Modelos Condições Autores

max 2max

1

s

i

S P

PSS K

K

Substrato limitante Inibição pelo substrato Inibição linear pelo produto

Ghose & Tyagi, (1979)

max 2max

1NXY

s

i

S P

PSS K

K

Substrato limitante Inibição pelo substrato Inibição de potência pelo produto

Tosetto, (2002)

max

max

1NXY

s

P S

P K S

Substrato limitante Sem inibição pelo substrato Inibição de potência pelo produto

Levenspiel, (1980)

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max

max

1p

s p

KS P

K S P K P

Substrato limitante Sem inibição pelo substrato Inibição parabólica pelo produto

Sevely et al., (1980) citado por Dourado, (1987)

1 2

maxK P K S

s

Se

K S

Substrato limitante Inibição exponencial pelo substrato Inibição exponencial pelo produto

Jin et al., (1981) citado por Dourado, (1987)

max

max max

1 1NX MXY Y

s

S P X

K S P X

Substrato limitante Sem inibição pelo excesso de substrato Inibição de potência pelo produto Inibição por altas concentrações de biomassa e potência de biomassa

Lee et al, (1983)

FONTE: Porto (2005)

1.3.3 Modelagem do processo de produção de etanol de segunda geração

Para modelar o processo de produção de etanol de segunda geração deve-se levar em

consideração se a produção é feita pelo processo de Hidrólise Enzimática e Fermentação

Separada (HFS) ou Sacarificação e Fermentação Simultânea (SFS). Em se tratando do

processo HFS, o modelo é separado em um modelo de hidrólise enzimática, levando em

consideração o substrato insolúvel, como foi mencionado no item 1.3.1 e o modelo de

fermentação do processo de produção de etanol de primeira geração como mencionado no

item 1.3.2. Desta forma, o ajuste do modelo aos dados experimentais é dado em duas etapas

assim como o processo em si, primeiro a hidrólise enzimática e, em seguida, a etapa

fermentativa.

Quando se pensa em modelos do processo SFS, a modelagem é realizada acoplando as

taxas de produção dos açúcares redutores, provenientes do modelo hidrólise enzimática, na

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taxa de consumo de açúcares existente nas equações da etapa fermentativa do processo. Estes

açúcares são consumidos para o crescimento celular e produção do produto ao mesmo tempo

em que são produzidos pela hidrólise enzimática, como mostra o modelo do processo SFS

proposto por South et al. (1995) para um processo em batelada da produção de etanol de

segunda geração. Portanto, o ajuste de um modelo representativo de um processo em SFS é

feito de forma simultânea, hidrólise enzimática e fermentação ocorrendo ao mesmo tempo.

Entretanto, as equações que representam e etapa de hidrólise enzimática são as mesmas

apresentadas no item 1.3.1 e as equações que representam a etapa fermentativa são as mesmas

equações apresentadas nos itens 1.3.1 e 1.3.2 com exceção da equação de consumo de

substrato onde se precisa acoplar a produção de açúcares formados na etapa de hidrólise

enzimática.

Vários são os trabalhos realizados em diferentes biomassas vegetais para a modelagem

da hidrólise enzimática visando à produção de açúcares redutores. Belkacemi & Hamoudi,

(2003) modelaram a hidrólise enzimática de material lignocelulosico a partir de talo de milho

pré-tratado com vapor. O modelo, que abordou a teoria de Michaelis–Menten, descreveu bem

o sistema onde se observou que a taxa máxima de sacarificação foi influenciada pela

quantidade de enzima inicial e pelo nível de aglomeração das partículas da biomassa

lignocelulosica.

Kadam et al. (2004) desenvolveram um modelo cinético para o sistema fechado de

hidrólise enzimática de biomassa lignocelulósica utilizando palha de milho pré-tratada com

ácido diluído como substrato. Três reações de hidrólise foram modeladas, duas reações

heterogêneas para a quebra da celulose para celobiose e glicose e uma reação homogênea para

hidrolisar celobiose em glicose. A adsorção das enzimas celulases em na biomassa

lignocelulosica pré-tratada foi modelada através de uma isoterma tipo Langmuir. Os produtos

de hidrólise da celulose, celobiose e glicose, bem como a xilose, o açúcar dominante na maior

parte dos produtos da hidrólise da hemicelulose, foram assumidos como inibidores

competitivos nas reações de hidrólise enzimática. Também levou-se em consideração a

reatividade do substrato bem como a cinética de reação feita em diferentes temperaturas. Os

parâmetros do modelo foram calculados a partir de dados experimentais. De acordo com o

resultados de simulação, o modelo teve um bom desempenho preditivo dentro e fora do

espaço amostral experimental e pode ser usado para uma otimização computacional.

Liao et al. (2008) abordando os mesmo conceitos exposto na modelagem de Kadam et

al. (2004), modelaram a hidrólise enzimática de esterco proveniente da indústria de laticínios

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onde a biomassa foi pré-tratada com ácido sulfúrico a 1% a 135 °C por 2 hs, onde o modelo

apresentou uma predição satisfatória, segundo os autores. Já no modelo proposto por

Khodaverdi et al. (2012), onde se usou a algodão pré-tratado com solvente, foi observado que

a reatividade do substrato pode ser desconsiderada, e obtiveram uma predição satisfatória para

o teor de substrato entre 1 a 5%.

Diferentes abordagens, desde a mais simples ás mais complexas, sobre o mecanismo

da hidrólise enzimática em material lignoceluosico, bem como a modelagem do processo,

estão disponíveis na literatura (Savageau, 1995; Movagharnejad & Sohrabi, 2003; Bezerra e

Dias et al., 2005; O’Dwyer et al., 2007; Al-Zuhair, 2008; Bommarius et al., 2008; Hodge et

al., 2009; Ting et al., 2009; Zhang et al., 2010; Levine et al., 2010; Carvalho et al., 2013;

Moreira Neto et al., 2013).

Modelos do processo SFS também podem ser encontrado na literatura. Philippidis et

al. (1992) propuseram um modelo para o processo SFS utilizando celulose pura seguindo os

seguintes passos; difusão das enzimas celulases para a celulose, adsorção das enzimas

celulases na superfície da celulose, a hidrólise da celulose em celobiose catalisada pelos

componentes das celulases, difusão de celobiose para a fase aquosa, a hidrólise de celobiose

para glicose catalisada pela enzima β-glicosidase, a difusão de glicose para as células

microbianas, a absorção da glicose pelas células microbiana, o catabolismo da glicose, a

síntese do etanol e a secreção do etanol para a fase aquosa. Segundo os autores, estudos

experimentais em uma suspensão 50 g/L de celulose pura indicaram que a difusão das

enzimas foi rápida em relação a taxa de hidrólise da celulose. Além disso, uma vez que a

celobiose, glicose e etanol são moléculas pequenas com elevados coeficientes de difusão em

soluções aquosas (da ordem de 10-5 cm2/s), a sua difusão não influenciam na taxa de

conversão global da celulose. Portanto, as limitações de transferência de massa não foram

considerados neste modelo preliminar. Ainda assim, as potenciais limitações de difusão

enzimática em concentrações mais elevadas de celulose, precisam ser investigadas segundo

Philippidis et al. (1992). South et al. (1995) propuseram um modelo do processo SFS,

levando em consideração o modelo de adsorção de Langmuir na hidrólise enzimática

utilizando material lignocelulosico como substrato, em reator STR operando de modo

batelada e contínuo. De acordo com os autores o modelo foi capaz de predizer de forma

satisfatória processos com 4 vezes a carga enzimática e 12,8 vezes a carga inicial de substrato.

Krishnan et al. (1999) estudaram a cinética da fermentação para produção de etanol a

partir de glicose, xilose, e suas misturas, utilizando uma cepa recombinante de Saccharomyces

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1400 (pLNH33). De acordo com os autores, a partir dos estudos cinéticos com um único

substrato, a taxa de crescimento específico da levedura e a produtividade específica de etanol

foram maior usando glicose como o substrato do que utilizando xilose. O efeito de inibição do

etanol é mais pronunciado para a fermentação quando se usa apenas xilose como substrato. Os

estudos com a mistura glicose-xilose indicam que a levedura recombinante cofermenta a

xilose. A partir destes resultados, os autores desenvolveram um modelo de fermentação

incorporando os efeitos da inibição do substrato, a inibição do produto, e a quantidade de

inóculo, onde se observou bons ajustes e previsões do modelo aos dados experimentais de

fermentação em batelada com glicose, xilose e suas misturas.

Zhang et al. (2009) propuseram um modelo com a cofermentação da xilose no

processo denominado Sacarificação e Cofermentação Simultânea (SCFS) utilizando o resíduo

da indústria do papel como fonte de biomassa lignocelulosica. O modelo foi baseado no

modelo anteriormente proposto por South et al. (1995) e ajustado utilizando dados

experimentais. A partir dos resultados experimentais observou-se que as hidrólises

enzimáticas de xilana e glicana estão altamente correlacionadas, e que as baixas

concentrações de xilose encontradas durante o processo, não tiveram um efeito inibitório

significativo sobre a hidrólise enzimática. O etanol produzido não só inibiu o crescimento

microbiano como também acelerou a taxa de morte celular. As taxas de absorção da glicose e

xilose, pela célula microbiana, foram observadas como sendo inibidores competitivos, mas

não causaram um grande impacto durante o processo porque as suas concentrações foram

baixas. O modelo foi utilizado para avaliar as constantes que causaram maior impacto na

produção de etanol para uma carga inicial de substrato, atividade enzimática inicial e tempo

de fermentação. A capacidade de adsorção da celulose e a velocidade de hidrólise da celulose

foram as constantes que proporcionaram maior impacto entre as constantes de hidrólise

enzimática relatadas, e a produção de etanol e tolerância máxima ao etanol proporcionaram o

maior impacto entre as constantes de fermentação relatadas.

Morales-Rodriguez et al. (2011a) ajustaram um modelos do processo SCFS fazendo o

acoplamento do modelo de hidrólise enzimática proposto por Kadam et al. (2004) e o modelo

de cofermentação proposto por Krishnan et al. (1999) e validaram os resultados a partir de

dados experimentais. Outros modelos para o processo SFS ou SCFS podem ser encontrados

na literatura a partir dos mecanismos abordados no modelos anteriores (Shen & Agblevor,

2010), bem como modelos com uma abordagem mais moderna e complexa (Ko et al., 2010;

Wong et al., 2010).

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Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

A partir de modelos matemáticos é possível realizar uma série de estudos via

simulação computacional abordando diferentes aspectos de um processo como; um estudo

mais aprofundado dos mecanismos do processo, obtenção de resultados de produção em

diferentes configurações de processo, avaliação de distúrbios nos processos, elaboração de

estratégias de controle do processo, dentre outras. Morales-Rodriguez et al. (2010)

otimizaram a operação, em batelada alimentada, do processo de hidrólise da celulose. Para

este fim, três diferentes estratégias realimentação através de controle (PI) foram

desenvolvidas e avaliadas por meio de um modelo de hidrólise enzimática.

Morales-Rodriguez et al. (2011b) avaliaram as configurações do processo integrado de

hidrólise enzimática e cofermentação para produção de etanol a partir de biomassa

lignocelulosica. Neste estudo, foram gerados um número de diferentes fluxogramas de

processo e a viabilidade foi avaliada através de simulações de modelos dinâmicos. Uma

modelagem dinâmica foi utilizada para a avaliação de diferentes cenários operacionais, tais

como, batelada alimentada, contínuo e contínuo com diferentes configurações de reciclagem

celular. Alvarado-Morales et al. (2010) utilizando um modelo matemático desenvolveram

toda uma estrutura do processo de produção de etanol de segunda geração assim como

estratégias de controle de operação o que favorece uma ampliação de escala do processo.

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CAPÍTULO II: ESTUDO DA HIDRÓLISE ENZIMÁTICA PARA PRODUÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES A PARTIR DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR PRÉ-TRATADO COM ÁCIDOS, ÁLCALIS E PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO

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Estudo da Hidrólise Enzimática Para Produção de Açúcares Redutores a Partir de Bagaço de Cana-de-açúcar

Pré-tratado com Ácidos, Álcalis e Peróxido de Hidrogênio

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Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

2. Estudo da Hidrólise Enzimática Para Produção de

Açúcares Redutores a Partir de Bagaço de Cana-de-

açúcar Pré-tratado com Ácidos, Álcalis e Peróxido

de Hidrogênio

2.1 Introdução

Esta etapa do trabalho teve como objetivo estudar a hidrólise enzimática do bagaço de

cana-de-açúcar pré-tratado por diferentes formas para produção de glicose e xilose. O bagaço

de cana foi submetido a dois tipos de pré-tratamentos, um pré-tratamento ácido-alcalino e

outro com uso de peróxido de hidrogênio. Variou-se, também, a granulometria do bagaço e

realizou-se uma caracterização segundo sua composição, morfologia externa e grupos

orgânicos. Feito isto, um estudo de hidrólise enzimática foi feito para escolher a mistura

enzimática ideal, avaliar o uso de TWEEN 80, otimizar, por planejamento experimental, a

atividade enzimática inicial, avaliar a concentração inicial de substrato (celulose) e, com

posse dos resultados anteriores, um estudo cinético da hidrólise enzimática foi realizado em

biorreator de 2 L.

2.2 Material e métodos

2.2.1 Reagentes utilizados

Os principais reagentes utilizados foram: peróxido de hidrogênio (Synth, P.A), ácido

sulfúrico e ácido clorídrico (MICRO-QUÍMICA PRODUTOS PARA LABS LTDA, P.A),

hidróxido de sódio (CRQ, P.A), ácido cítrico e citrato de sódio (QUEMIS, P.A), azida de

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Pré-tratado com Ácidos, Álcalis e Peróxido de Hidrogênio

82

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

sódio (CRQ, P.A), brometo de potássio (Sigma-Aldrich, FT-IR), ácido acético, ácido fórmico,

glicose, xilose, celobiose e furfural (Sigma-Aldrich, HPLC) e hidroximetilfurfural (Aldrich).

2.2.2 Enzimas

As enzimas utilizadas foram as celulases (Celluclast 1.5L), a enzima β-glicosidase

(Novozym 188), o complexo de celulases (NS22074), a enzima β-glicosidase (NS50010), o

complexo enzimático com arabinase, β-glicanase, celulases, hemicelulases, pectinase e

xilanase (NS50012) e enzima xilanase (NS22036), todas cedidas pela Novozymes

(Bagsvaerd, Dinamarca) e o complexo enzimático (Accellerase 1500) cedida pela

Danisco/GENENCOR (EUA).

2.2.3 Bagaço de cana-de-açúcar

O substrato utilizado foi o bagaço de cana-de-açúcar cedido gentilmente pela Usina

Estivas (Arês – RN, Brasil). O material foi coletado logo após a moagem da cana e continha

50% de umidade e 2% de açúcares redutores adsorvidos na estrutura externa da biomassa. O

bagaço foi seco em estufa de circulação e renovação de ar (TE – 394/1, Tecnal, São Paulo,

Brasil) a 40 °C por 48 horas ficando com 5% de umidade para ser estocado.

Para a realização dos ensaios, a biomassa foi triturada em moinho de facas tipo willye

(TE – 680, Tecnal, São Paulo, Brasil) (Hames et al., 2008). O moinho utilizado neste trabalho

possuía uma peneira de 20 mesh acoplada o que corresponde, ao final do processo, partículas

com diâmetro igual e inferior a 0,84 mm. Entretanto, o comprimento das partículas ficou

irregular chegando a 8,0 mm de limite máximo.

2.2.4 Pré-tratamentos

Dois pré-tratamentos foram estudados: ácido-alcalino e o pré-tratamento oxidativo

com uso de peróxido de hidrogênio. Em primeiro lugar, o pré-tratamento ácido foi escolhido

por ser o mais estudado na literatura (Schell et al., 2003). Devido à importância, já

reconhecida, sobre a remoção da lignina, um segundo pré-tratamento alcalino foi aplicado

após o tratamento ácido (Chang & Holtzapple, 2000). Portanto, um pré-tratamento combinado

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Pré-tratado com Ácidos, Álcalis e Peróxido de Hidrogênio

83

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com ácido em uma primeira etapa e álcali em uma segunda etapa, foi aplicado em um

primeiro momento.

O pré-tratamento com peróxido de hidrogênio foi realizado para se comparar com o

pré-tratamento ácido-alcalino visando a redução de etapas, eliminação da produção de

resíduos poluidores e inibidores do processo de hidrólise enzimática (Rabelo et al., 2011) e a

produção de xilose contida na hemicelulose, uma vez que este pré-tratamento não elimina a

hemicelulose.

A quantidade da fração sólida (recuperação dos sólidos) após cada pré-tratamento, foi

determinada de acordo com a Equação 2.1. Estes valores são importantes para se avaliar o

pré-tratamento em relação à remoção de lignina e hemicelulose, e, posteriormente, se calcular

outros parâmetros do processo, como o rendimento global.

( )

( )

g Parte insolúvel gFração sólida

g material não tratado Material não tratado g

(2.1)

2.2.4.1 Pré-tratamento ácido-alcalino

O pré-tratamento ácido-alcalino foi realizado utilizando bagaço na quantidade de

sólidos de 20% (p/v) imerso em uma solução de ácido sulfúrico 2% (v/v) ou 3,66% (m/m)

submetido a uma temperatura de 121 °C por 30 minutos, segundo Guo et al. (2009). Em

seguida, a fração sólida foi lavada com água por 15x até o valor do pH ficar próximo ao pH

da água de lavagem, sendo a última lavagem realizada com água destilada. A lavagem foi

realizada em frascos Becker de 4 L agitando-se o sistema a 200 rpm com agitador mecânico

(TE – 139, Tecnal, São Paulo, Brasil) por 15 minutos. Após a lavagem, o material foi seco a

40 °C em estufa com circulação e renovação de ar (TE – 394/1, Tecnal, São Paulo, Brasil) por

24 h.

Após o pré-tratamento ácido, o material foi submetido a um pré-tratamento alcalino

para a deslignificação onde foi utilizada uma quantidade de 20% (p/v) do material sólido

submerso em solução de hidróxido de sódio 4% (m/m) submetido a uma temperatura de 121

°C por 30 minutos, segundo Vasquez et al. (2007). Em seguida, o pH foi corrigido para 7,0

utilizando ácido clorídrico (PA) para posterior lavagem. A neutralização do pH favorece a

remoção da lignina. A fração sólida foi lavada com água por 15x, sendo a última lavagem

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Pré-tratado com Ácidos, Álcalis e Peróxido de Hidrogênio

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realizada com água destilada. A lavagem foi realizada em frascos Becker de 4 L agitando-se o

sistema a 200 rpm com agitador mecânico (TE – 139, Tecnal, São Paulo, Brasil) por 15

minutos. A estocagem foi a 4 °C. A umidade foi determinada para se trabalhar com o bagaço

em base seca e foi de 83%.

Foi testado a granulometria com dimensões iguais e inferiores a 0,29 mm e 0,84 mm

de diâmetro para avaliar se esta diferença de tamanho de partícula influencia na composição

química do material pré-tratado após o pré-tratamento. Neste trabalho não se estudou a fração

líquida produzida pelo pré-tratamento.

2.2.4.2 Pré-tratamento com peróxido de hidrogênio em pH alcalino

O pré-tratamento oxidativo foi realizado utilizando 4% (p/v) de bagaço não-tratado

imerso em uma solução de peróxido de hidrogênio a 7,35% (v/v) ou 8,15% (m/m), agitado a

100 rpm com agitador mecânico (TE – 139, Tecnal, São Paulo, Brasil) à temperatura

ambiente (28 °C), conforme Rabelo et al. (2011). Entretanto, como a reação é exotérmica, foi

detectado temperaturas de até 80 °C durante o processo. O tempo de residência foi de 1 h.

O pH da solução de peróxido de hidrogênio foi ajustado para 11,5 com hidróxido de

sódio antes de entrar em contato com o bagaço de cana. Após o término da reação a fração

líquida foi descartada e os sólidos lavados (Rabelo et al., 2011) com água por 15x, sendo a

última lavagem feita com água destilada, e estocado a 4 °C para posterior utilização. A

lavagem foi realizada em frascos Becker de 4 L agitando-se o sistema a 200 rpm com agitador

mecânico (TE – 139, Tecnal, São Paulo, Brasil) por 15 minutos. Para este pré-tratamento foi

testado, apenas, a granulometria com dimensões iguais e inferiores a 0,29 mm de diâmetro.

2.2.5 Caracterização do bagaço de cana-de-açúcar

Uma caracterização foi realizada na fração sólida do material não-tratado, bem como,

no bagaço pré-tratado em relação à composição química, morfologia externa e grupos

orgânicos.

O bagaço de cana não-tratado e pré-tratado foi caracterizado quanto às quantidades de

celulose, hemicelulose, lignina total, cinzas, extraíveis em solvente orgânicos e extraíveis em

água quente (100 °C). As quantificações de celulose, hemicelulose, lignina e cinzas foram

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realizadas de acordo com Gouveia et al. (2009) com modificações, sendo as análises

cromatográficas feitas como descrito nos métodos analíticos (item 2.210).

As determinações dos extraíveis em solvente orgânico e em água quente (100 °C)

foram realizadas segundo o NREL (National Renewable Energy Laboratory, Golden,

Colorado - USA), conforme Sluiter et al. (2008), com modificações. A quantificação dos

constituintes extraídos na água quente foi feita por CLAE (Cromatografia Líquida de Alta

Eficiência) (LC-10ADvp, Shimadzu, Kyoto, Japão) onde se determinou os açúcares para o

bagaço não-tratado e, açúcares, ácido acético, ácido fórmico, HMF e furfural para os bagaços

pré-tratados segundo os métodos analíticos. A caracterização do bagaço de cana quanto à

composição foi realizada em triplicata.

Foi realizado um estudo da morfologia por Microscopia Eletrônica de Varredura

(MEV) no bagaço não-tratado e pré-tratado, bem como após a hidrólise enzimática. O

objetivo desta análise foi avaliar a modificação externa dos bagaços após os pré-tratamentos

realizados e hidrólise enzimática.

Análises de espectrofotometria Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR)

foram realizadas no material lignocelulosico na forma não-tratada e submetido aos pré-

tratamentos. Com estas análises, é possível detectar a presença dos principais grupos

orgânicos contidos na estrutura lignocelulosica e com isso, pode-se avaliar o grau de

modificação química que um pré-tratamento promove na biomassa vegetal principalmente em

relação aos componentes lignina e hemicelulose.

2.2.6 Avaliação das misturas enzimáticas

Na Tabela 2.1 estão apresentados os ensaios realizados para seleção da mistura

enzimática bem como avaliação do uso do TWEEN 80, visando um aumento na produção de

glicose. Os experimentos de hidrólise enzimática no bagaço de cana pré-tratado foram

realizados em ensaios independentes de 5, 10, 24 e 48 horas em triplicata. As hidrólises

ocorreram em 20 mL de volume reacional com 1,4% (m/m) de bagaço em Erlenmeyers de

250 mL o que corresponde a 1% (m/m) de celulose, os quais foram colocados em incubador

rotatório (TE – 421, Tecnal, São Paulo, Brasil) a 50 °C e 150 rpm de acordo com o protocolo

de digestibilidade da NREL (Selig et al., 2008). O bagaço utilizado neste estudo foi o com

granulometria de dimensões iguais e inferiores a 0,29 mm de diâmetro submetido ao pré-

tratamento ácido-alcalino.

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Tabela 2.1 – Ensaios variando-se diferentes misturas enzimáticas e TWEEN 80 para avaliação das misturas enzimáticas.

Ensaios Condições testadas

Primeiro (Celluclast 1.5L) + (Novozym 188)

Segundo (Accellerase 1500)

Terceiro (NS22074) + (NS50010)

Quarto Primeiro ensaio + (NS22036)

Quinto Primeiro ensaio + (NS50012)

Sexto Primeiro ensaio + (NS22036) + TWEEN 80

As enzimas foram adicionadas com as atividades iniciais de 60 FPU/g celulose para as

celulases e 30 CBU/g celulose para as β-glicosidases. As outras enzimas foram adicionadas de

acordo com o fabricante, NS22036 0,25% (v/v) e NS50012 1% (v/v). A quantidade de

TWEEN 80 testado foi de 0,05g/g bagaço.

A avaliação das hidrólise utilizando as enzimas xilanases e hemicelulases foram feitas

objetivando o ataque a hemicelulose e assim aumentar a superfície de contato das enzimas

celulases na molécula de celulose (Benko et al., 2008). O ensaio com TWEEN 80 foi baseado

em estudos publicados na literatura pois o mesmo é um surfactante que pode agir de uma

forma, ainda não elucidada, que evita ou reduzir a adsorção das enzimas celulases à lignina,

assim evitando sua inativação segundo Borjesson et al. (2007) e Eriksson et al. (2002).

Após as hidrólises enzimáticas, as amostras coletadas foram submetidas a 100 °C em

banho-maria por 10 minutos para inativação das enzimas (Benko et al., 2008) e, em seguida,

centrifugadas a 14.000 rpm (18.406,7 x g) (5424, Eppendorf, Alemanha) por 30 minutos,

filtradas em membrana de PES de 0,22 µm (TPP, Suíça) e estocadas a -20 °C para análises

posteriores.

Para este estudo e os posteriores, o bagaço de cana pré-tratado não foi lavado com

água quente (100 °C) para ser usado nas hidrólises enzimáticas, portanto, os açúcares

adsorvidos da matriz lignocelulosica (denominados de extraíveis em água quente) foram

incorporados aos resultados de produção de glicose e xilose.

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2.2.7 Delineamento Composto Central Rotacional

A fim de se obter uma combinação ótima entre enzimas celulases com a enzima β-

glicosidase foi realizado um delineamento composto central cotacional 22 com três pontos

centrais em um primeiro estudo, de acordo com a Tabela 2.2. Entretanto, os níveis da

rotabilidade foram substituídos pelo ponto central durante a elaboração do delineamento de

acordos com as opções do software (Statistica 7.0). Os níveis centrais foram de acordo com o

protocolo de avaliação da digestibilidade de biomassa lignocelulosica submetida à pré-

tratamentos, NREL (Selig et al., 2008), com modificação, a atividade de pNPGU foi

substituída por CBU por motivos técnicos. Devido à ação complexa e sinérgica das enzimas e

problemas de transferência de massa característicos deste sistema, este estudo foi realizado

em ensaios independentes nos tempos de 1,0; 2,5; 5,0; 12,0; e 24,0 horas, visando avaliar a

existência de diferença nos resultados no decorrer do tempo.

Tabela 2.2 – Primeiro delineamento composto central rotacional realizado para a otimização da carga enzimática inicial.

Níveis Celulases

(FPU/g celulose)

β-glicosidase

(CBU/g celulose)

+1 90 94

0 60 64

-1 30 34

Um segundo delineamento, conforme Tabela 2.3, foi realizado para se tentar diminuir

a quantidade de enzimas no processo, ou seja, a razão (carga enzimática/substrato), sem que

se reduzisse drasticamente a conversão da celulose em glicose, pois um dos fatores que

aumentam o custo deste processo é o alto valor das enzimas utilizadas. Os níveis máximos e

mínimos das atividades enzimáticas foram baseados em dados publicados na literatura (Lu et

al., 2010; Rocha et al., 2009; Ferreira et al., 2009). Neste caso foi considerado a rotabilidade

(±1,41) para se aumentar o espaço amostral do experimento, e o tempo de ensaio foi de 24

horas.

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Tabela 2.3 – Segundo delineamento composto central rotacional realizado para a otimização da carga enzimática inicial.

Níveis Celulases

(FPU/g celulose)

β-glicosidase

(CBU/g celulose)

+1,41 34,14 11,03

+1 30 10

0 20 7,5

-1 10 5

-1,41 5,85 3,96

Os ensaios de delineamento foram realizados com os mesmos parâmetros de operação

que foram realizados no estudo para seleção da mistura enzimática e as enzimas usadas foram

de acordo com a seleção da mistura enzimática.

2.2.8 Influencia da quantidade de celulose inicial

Os ensaios de substrato inicial foram realizados com os mesmos parâmetros de

operação que foram realizados no estudo para seleção da mistura enzimática, porém, variou-

se a quantidade de celulose inicial de 1 a 6% baseando-se na literatura (Ruiz et al., 2008).

Neste caso, 6% de celulose contida no bagaço representam 9,24% de biomassa vegetal. A

quantidade de enzima inicial foi de acordo com os resultados de Delineamento Composto

Central Rotacional e os ensaios foram realizados em duplicata por 24 horas.

2.2.9 Hidrólise enzimática em biorreator STR

O biorreator utilizado no estudo cinético foi uma adaptação de uma dorna de 2 L

(Applikon Dependable Instruments, Holanda) com controle de agitação (P100/ADI 1032,

Applikon, Holanda) acoplados a uma torre de controle de pH, nível e nutriente (TEC BIO,

Tecnal, São Paulo, Brasil) usando um banho termostático para controle de temperatura (TE –

184, Tecnal, São Paulo, Brasil) de acordo com a Figura 2.1.

Os ensaios em STR foram realizados com 1L de volume reacional em tampão citrato

50 mM (pH 4,8), azida de sódio 1% (m/m) na proporção de 1:100 (v/v), temperatura de 50 °C

e agitação de 200 rpm. A condição de atividade enzimática inicial e concentração de substrato

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inicial foram de acordo com o estudo de delineamento composto central rotacional e celulose

inicial. As amostras foram coletadas em tempos determinados por 72 horas para se determinar

a concentração de glicose e xilose produzida, bem como a conversão (celulose – glicose).

Um primeiro ensaio de hidrólise enzimática foi realizado usando o bagaço com

granulometria de dimensões iguais e inferiores a 0,29 mm de diâmetro submetido ao pré-

tratamento ácido-alcalino e um segundo ensaio foi realizado usando o bagaço com dimensões

iguais e inferiores a 0,84 mm de diâmetro.

O bagaço com granulometria de dimensões iguais e inferiores a 0,29 mm de diâmetro

submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio também foi hidrolisado, em um

primeiro ensaio, com as enzimas celulases e β-glicosidase seguindo as mesmas condições

acima. Entretanto, foram utilizados 12% de bagaço de cana pré-tratado o que corresponde a

6% de celulose e 2,04% de xilose, contida na hemicelulose. Um segundo ensaio foi feito com

celulases, β-glicosidase, as enzimas (NS50012) na proporção de 0,4% (v/v) e a enzima

(NS22036) na proporção de 0,25% (v/v), de acordo com o fabricante. Este segundo ensaio

visou um maior ataque das enzimas à hemicelulose para uma maior produção de xilose, bem

como, aumentar a superfície de contato das enzimas celulases com a celulose segundo Benko

et al. (2008).

O rendimento global em glicose produzida após cada pré-tratamento e hidrólise

enzimática a partir do material não tratado foi quantificado de acordo com a Equação 2.2

usando os resultados da fração sólida obtidos na Equação 2.1.

Re dim (%) 100Açúcar g

n ento global Fração sólida x xBagaço não tratado g

(2.2)

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Figura 2.1 – Foto do biorreator utilizado nos ensaios de hidrólise enzimática.

2.2.10 Procedimentos analíticos

As atividades em (U/mL) para a caracterização das enzimas foram determinadas

segundo Ghose (1987). A quantificação de proteína total foi realizado pelo método de

Bradford.

O estudo da morfologia por MEV (XL-30 ESEM, Phillips, EUA) foi realizado

utilizando a voltagem de 20 kV e distância de trabalho de 10 mm, espessura do feixe de

elétrons de 4.0, detector SE e Metalizador (SCD-005, Bal-Tec, EUA).

As análises de FTIR foram realizadas variando-se o comprimento de onda de 4000 a

400 cm-1, em espectrofotômetro de infravermelho por Transformada de Fourier (FTS 3000

MX, Bio-Rad Excalibur Series, EUA), usando brometo de potássio como agente dispersante.

As quantificações dos açúcares, hidroximetilfurfural (HMF), furfural e ácidos

orgânicos foram realizadas por CLAE (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência) (LC-

10ADvp, Shimadzu, Kyoto, Japão) usando a coluna Shim-pack SCR 101-H (Shimadzu,

Kyoto, Japão) a 65 °C e ácido sulfúrico 5 mM em água MiliQ (D7031, Barnstead EasyPure

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RF System, Iowa, EUA) como fase móvel a uma vazão de 0,6 mL/min usando-se o índice de

refração como detecção (RID-10A, Shimadzu, Japão).

A quantidade de celulose digerida (conversão de celulose em glicose) foi determinada

de forma indireta segundo o protocolo de avaliação de digestibilidade da biomassa

lignocelulosica do NREL, (Selig et al., 2008), e expressa conforme Equações 2.3 e 2.4:

( )

% 100( )

celulose digerida gConversão x

celulose adicionada g (2.3)

( ) 0,9 cos ( / )celulose digerida g x Volume reacional L x gli e g L (2.4)

2.3 Resultados e Discussão

2.3.1 Caracterização das enzimas utilizadas

Nas Tabelas 2.4 e 2.5 estão demonstrados os resultados de caracterização das enzimas

estudadas nesta etapa do trabalho. Tabela 2.4 – Caracterização das enzimas utilizadas para avaliação da mistura enzimática e estudos de hidrólise enzimática posteriores; atividade enzimática.

Enzimas Atividade celulase

(FPU/mL)

Atividade β-

glicosidase

(CBU/mL)

Atividade xilanase

(FXU/mL)

Celluclast 1.5 L 109,97 ± 11,99 NC NC

Novozym 188 NC 176,31 ± 10,71 NC

NS22074 29,84 ± 0,35 NC NC

NS50010 NC 618,05 ± 60,98 NC

NS22036 NC NC 599,64 ± 7,77

NS50012 2,07 ± 0,88 560,08 ± 96,04 160,87 ± 4,15

Accellerase 1500 52,69 ± 3,17 44,08 ± 2,68 NC

NC– não caracterizado.

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Tabela 2.5 – Caracterização das enzimas utilizadas para avaliação da mistura enzimática e estudos de hidrólise enzimática posteriores; proteína total.

2.3.2 Caracterização do bagaço de cana-de-açúcar

2.3.2.1 Composição química

Na Tabela 2.6 estão apresentados os resultados da caracterização quanto à composição

do bagaço de cana-de-açúcar na forma não-tratada e da fração sólida do bagaço submetido aos

pré-tratamentos químico e físico-químico utilizados.

Conforme os resultados, o teor de celulose teve um aumento relativo médio de 68,33%

para o bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino e 34,36% para o bagaço

submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio. Para hemicelulose, observou-se

uma redução média de 63,15% nos bagaços submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino e uma

redução bem menor, em torno de 17,46%, para o bagaço submetido ao pré-tratamento com

peróxido de hidrogênio.

A redução de hemicelulose no bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino se

deve ao fato de se usar substâncias ácidas como catalisador (Schell et al., 2003). Como não se

faz uso de substâncias ácidas no pré-tratamento com peróxido de hidrogênio, a quantidade de

hemicelulose continuou alta na biomassa possibilitando uma futura utilização da xilose como

fonte de carbono para processos fermentativos (Boussarsar et al., 2009).

Enzimas Proteína total

(g/mL)

Celluclast 1.5 L 0,093 ± 0,0028

Novozym 188 0,059 ± 0,0059

NS22074 0,063 ± 0,0057

NS50010 0,091 ± 0,004

NS22036 0,030 ± 0,0028

NS50012 0,050 ± 0,0019

Accellerase 1500 0,036 ± 0,0008

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Os valores de lignina reduziram em 55,0% para o bagaço de cana submetido ao pré-

tratamento ácido-alcalino e 49,29% para o submetido ao pré-tratamento com peróxido de

hidrogênio. Esta redução é importante para aumentar o contato das enzimas com a celulose e

diminuir a adsorção da lignina com as enzimas. Os valores residuais de lignina foram

próximos para as diferentes granulometrias e pré-tratamentos, tal efeito foi obtido devido ao

fato de todos os pré-tratamentos utilizados serem em meio alcalino (Chang & Holtzapple,

2000).

Canilha et al. (2011) ao aplicar a metodologia de planejamento experimental no

processo de pré-tratamento utilizando ácido sulfúrico encontraram a melhor condição de 150

°C por 30 minutos e 2,5% de ácido sulfúrico, sendo os resultados alcançados de 59,3% de

celulose, 3,7% de hemicelulose e 33,8% de lignina, partindo de um bagaço de cana com 45%

de celulose, 25,8% de hemicelulose e 19,1% de lignina. Rabelo et al. (2011) partindo de um

bagaço de cana com 40,5% de celulose, 19,7% de xilanas e 26,4% de lignina usaram um pré-

tratamento com peróxido de hidrogênio e encontraram as quantidades de 80,07% de celulose,

11,74% de hemicelulose e 7,49% de lignina.

Com relação aos extraíveis em solvente orgânico, observou-se uma redução em todos

os bagaços pré-tratados. Os valores de extraíveis em água quente aumentaram para os bagaços

pré-tratados. Estes valores podem ter aumentado devido ao pré-tratamento deixar resíduos dos

compostos monoméricos solubilizados de forma ainda adsorvida à matriz lignocelulosica, mas

que é removida por água a 100 °C. As quantidades de cinzas também foram reduzidas para os

três processos realizados. Esta redução, tanto no teor de cinzas quanto de extraíveis em

solvente orgânico estão em concordância com a literatura (Alvira et al., 2009).

Destaca-se que os resultados da composição para o bagaço de cana não-tratado estão

de acordo com os resultados encontrados na literatura (Zhao et al., 2007; Sasaki et al., 2003).

Para os resultados da fração sólida obtida no processo de pré-tratamento, foram

observados valores de 0,26, e 0,21 g/g para o bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-

alcalinoo e com uso de peróxido de hidrogénio, respectivamente. Estes baixos valores da

fração sólida são causados por solubilização da lignina nos dois pré-tratamentos e parte dos

outros polímeros com celulose e principalmente hemicelulose. Apesar de o bagaço submetido

ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio não proporcionar uma redução significativa na

quantidade de hemicelulose, o rendimento da fração sólida foi menor devido a perdas de

material causada por formação de espuma durante o pré-tratamento.

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Tabela 2.6 – Composição do bagaço de cana-de-açúcar não-tratado e fração sólida do pré-tratado com (5,0±1,5%) de umidade. Pré-tratamentos Diâmetro de

partícula

(mm)

Celulose

(m/m %)

Hemicelulose

(m/m %)

Lignina total

(m/m %)

Extraíveis em

solvente orgânico

(m/m %)

Extraíveis em

água quente (100

°C)

(m/m %)

Cinzas

(m/m %)

Não-tratado

Ácido-alcalino

Ácido-alcalino

Peróxido de hidrogênio

≤ 0,29

≤ 0,84

≤ 0,29

38,59 ± 3,45

64,89 ± 1,57

65,03 ± 2,34

51,85 ± 4,56

27,89 ± 2,68

9,61 ± 0,94

10,95 ± 0,19

23,02 ± 4,23

17,79 ± 0,62

7,85 ± 0,24

8,12 ± 0,31

9,02 ± 0,24

1,61 ± 0,16

0,71 ± 0,04

0,98 ± 0,61

0,44 ± 0,03

1,11 ± 1,23

11,23 ± 0,53

10,97 ± 0,98

11,25 ± 0,95

8,80 ± 0,02

5,75 ± 0,14

4,60 ± 0,76

5,3 ± 0,07

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Como visto na Tabela 2.4, as diferenças de granulometrias não influenciaram, de

maneira significativa, na composição do bagaço ao se utilizar o pré-tratamento ácido-alcalino.

Este é um resultado importante quando se considera o rendimento uma vez que o bagaço com

dimensões iguais e inferiores a 0,29 mm representam apenas 30% da biomassa vegetal total

triturada a 0,84 mm. Entretanto, era preciso verificar se esta mesma diferença de

granulometria não influencia no rendimento em hidrólise enzimática.

2.3.2.2 Análises de MEV e FTIR

A fim de se observar a mudança estrutural ocorrida no bagaço devido aos diferentes

pré-tratamentos, utilizou-se as análises de MEV e FTIR. Nas Figuras 2.2 e 2.3 estão

apresentados os resultados em forma de imagens para o estudo da morfologia realizada por

MEV do bagaço não tratado, pré-tratado e hidrolisado enzimaticamente. As imagens estão em

aumento de 1.000x.

A partir da Figura 2.2, é possível ver algumas fissuras em paralelo à direção da fibra

no bagaço não-tratado e comparando-se as imagens A e B observa-se um aumento no número

destas fissuras, bem como, o aparecimento de algumas fissuras em perpendicular com o

bagaço de diâmetro de valores iguais e menores a 0,84 mm, submetido ao pré-tratamento

ácido-alcalino. O mesmo comportamento foi visto no bagaço com diâmetro de valores iguais

e menores a 0,29 mm, imagens não apresentadas. Comparando as Imagens B e C observa-se

um maior número de quebras da fibra vegetal no sentido perpendicular no bagaço submetido

ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio em relação ao outro bagaço pré-tratado. Dessa

forma, esses resultados parecem indicar que os dois pré-tratamentos agem de forma diferente

na fibra vegetal.

Conforme Figura 2.3, é possível ver a superfície do bagaço de cana de diâmetro de

valores iguais e menores a 0,84 mm, submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino, após a

hidrólise enzimática (Imagem A). Observa-se que a superfície do bagaço hidrolisado

apresenta-se mais desestruturada, com caráter mais enrugado ou aveludado quando

comparado com a Imagem B da Figura 2.2. Na Imagem B (Figura 2.3) está apresentado o

bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio, submetido à hidrólise

enzimática em biorreator no primeiro ensaio. Quando comparada com a Imagem A se observa

formas diferentes de ação das enzimas. No bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-

alcalino, aparentemente, as enzimas atuam apenas na superfície enquanto que no bagaço

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submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio ocorre uma maior desestruturação

interna do material. Comparando as Imagens B e C (Figura 2.3), observa-se que não existem

diferenças de ação quando utilizadas enzimas adicionais no segundo ensaio de hidrólise

enzimática no bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio.

Figura 2.2 – Morfologia através de MEV do bagaço de cana-de-açúcar submetido aos

diferentes pré-tratamentos. A: bagaço não-tratado; B: bagaço submetido ao pré-tratamento

ácido-alcalino; C: bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio.

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Figura 2.3 – Morfologia através de MEV do bagaço de cana-de-açúcar pré-tratado e

hidrolisado. A: bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino e hidrolisado; B: bagaço

submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio e hidrolisado no primeiro ensaio; C:

bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio e hidrolisado no segundo

ensaio.

Na Figura 2.4 é possível observar os resultados da caracterização do bagaço, não-

tratado e pré-tratado, feito por análises de FTIR. Na Tabela 2.7 estão apresentados os grupos

orgânicos para as bandas que aparecem na Figura 2.3 de acordo com a literatura que aborda

pré-tratamentos em bagaço de cana-de-açúcar.

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4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

d

c

b

Comprimento de onda (cm-1)

a

Figura 2.4 – Análises de FTIR em Transmitância. a – bagaço não-tratado; b - bagaço de

diâmetro de valores iguais e menores a 0,84 mm e submetido ao pré-tratamento ácido-

alcalino; c - bagaço de diâmetro de valores iguais e menores a 0,29 mm e submetido ao pré-

tratamento ácido-alcalino; d - bagaço de diâmetro de valores iguais e menores a 0,29 mm e

submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio.

A partir da Figura 2.4 é possível observar uma semelhança nas bandas de 2.910 e

2.850 cm-1 para o material pré-tratado em relação ao material não-tratado. Para o bagaço

submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino, não se observa mudanças nas bandas de 1.050,

1.100 e 1150 cm-1 em relação ao bagaço não-tratado. Estas bandas representam ligações éter e

éster conforme a Tabela 2.7. Entretanto, tais bandas aparecem com menor intensidade no

bagaço pré-tratado com peróxido de hidrogênio indicando uma menor quantidade destas

ligações o que pode ter favorecido uma maior modificação da estrutura da lignina ligada à

hemicelulose deste material. Estes resultados corroboram com as diferenças na estrutura

morfológica do bagaço de cana submetido aos pré-tratamentos visto na análise de MEV.

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Tabela 2.7 – Grupos orgânicos encontrados no bagaço de cana não-tratado e pré-tratado através das análises de FTIR.

cm-1 Grupo Orgânico Referência

3400 O-H

Xu et al., 2006,

Camargo et al., 2011; Filho et

al., 2007

2910 C-H

Camargo et al., 2011,

Riyajan & Intharit, 2011; Filho

et al., 2007

2850 OCH3 Camargo et al., 2011

2350 - NC

2340 - NC

1250 C-C Xu et al., 2006

1150 O-C=O Guo et al., 2009

1100 O-C=O Riyajan & Intharit, 2011

1050 C-O-C Xu et al., 2006

900 Ligações β-glicosídicas

entre açúcares Xu et al., 2006

NC – não citado na literatura.

Sabe-se que a lignina é um biopolímero aromático que consiste principalmente de

unidades de fenilpropano substituídas ligadas em conjunto para formar um polímero de baixa

regularidade, cristalinidade e atividade óptica. Apesar de ter cerca de 20 tipos de ligações

dentro da própria lignina, a maior quantidade de ligações entre as unidades são as ligações

tipo éter e, ao que parece, a lignina está associada à hemicelulose (Sun et al., 2000). O

componente sólido da lignina exerce uma forte influência no sucesso da sacarificação, pois a

lignina é considerada um adsorvente das enzimas celulolíticas, capaz de desativá-las (Guo et

al., 2009). Segundo Pan (2008) os grupos fenólicos hidroxil apresentam um efeito inibitório

em enzimas celulases. De acordo com Guo et al. (2009), as bandas onde se encontram os

grupos fenólicos hidroxil estão entre 1375 e 1325 cm-1, bandas estas que não foram

encontradas no material pré-tratado. Portanto, os pré-tratamentos aqui estudados,

aparentemente, foram capazes de reduzir os grupos fenol- hidroxílicos e assim,

provavelmente, reduzindo a adsorção das enzimas à lignina insolúvel.

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100

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2.3.3 Avaliação das misturas enzimáticas

Nas Figuras 2.5 e 2.6 estão apresentados os resultados de hidrólise enzimática

realizadas em bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino para e seleção da

mistura enzimática, bem como, teste com enzimas xilanases, hemicelulases e a adição de

TWEEN 80 ao processo.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 500

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Co

nve

rsa

o (

%)

Tempo (h)

(Celluclast 1.5L) + (Novozym 188) (Accellerase 1500) (NS22074) + (NS50010)

Figura 2.5 – Hidrólise enzimática realizadas em bagaço de cana submetido ao pré-tratamento

ácido-alcalino para e seleção da mistura enzimática; primeiro (■), segundo (●) e terceiro

ensaio (▲).

De acordo com as análises de diferença de médias Tabela 2.8, foi possível determinar

que não existe diferença significativa entre os resultados obtidos para as hidrólises

enzimáticas nos primeiro, segundo e terceiro ensaios nos tempos e condições estudadas, com

exceção do terceiro ensaio que foi diferente estatisticamente do segundo ensaio no tempo de

48 horas. Este último resultado, muito provavelmente, foi consequência de erros

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101

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experimentais. O teste de diferença das médias (Teste - t) (α = 0,05) foi realizado utilizando o

software Statistica 7.0.

Pode-se observar que as enzimas utilizadas no primeiro ensaio apresentaram uma

produtividade menor em 10 horas de processo, entretanto, os resultados ficam semelhante ao

final de 24 horas quando comparado aos ensaios quarto e sexto. Esses diferentes resultados

podem ser explicados pelos diferentes sinergismo para cada tipo de enzima associado aos

problemas de transferência de massa do sistema aqui estudado.

Tabela 2.8 – Comparação entre as médias para os ensaios realizados para a avaliação das misturas enzimáticas; primeiro, segundo e terceiro ensaio.

Comparação entre os ensaios em tempos determinados p-valor

(α=0,05)

Primeiro ensaio x Segundo ensaio (5 hs) 0,463472

Primeiro ensaio x Terceiro ensaio (5 hs) 0,083128

Segundo ensaio x Terceiro ensaio (5 hs) 0,882734

Primeiro ensaio x Segundo ensaio (10 hs) 0,680318

Primeiro ensaio x Terceiro ensaio (10 hs) 0,004280

Segundo ensaio x Terceiro ensaio (10 hs) 0,015179

Primeiro ensaio x Segundo ensaio (24 hs) 0,508512

Primeiro ensaio x Terceiro ensaio (24 hs) 0,390901

Segundo ensaio x Terceiro ensaio (24 hs) 0,016001

Primeiro ensaio x Segundo ensaio (48 hs) 0,776206

Primeiro ensaio x Terceiro ensaio (48 hs) 0,103570

Segundo ensaio x Terceiro ensaio (48 hs) 0,029412

Valor em vermelho representa uma diferença estatísticas entre as médias.

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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 260

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Con

vers

ao (

%)

Tempo (h)

Primeiro ensaio (Celluclast 1.5L) + (Novozym 188) Primeiro ensaio + (NS22036) (0,25%) (v/v) Primeiro ensaio + (NS50012) (1%) (v/v) Primeiro ensaio + (NS22036) (0,25%) (v/v)

+ TWEEN 80 (0,05g/g bagaço)

Figura 2.6 – Hidrólise enzimática realizadas em bagaço de cana submetido ao pré-tratamento

ácido-alcalino para avaliação das enzimas xilanases, hemicelulases e uso de TWEEN 80;

primeiro ensaio (■), para fins de comparação, quarto (●), quinto (▲) e sexto ensaio (▼).

Pelas análises estatísticas (Tabela 2.9) dos resultados, observou-se que o teor de

celulose digerida aumentou no quarto, quinto e sexto ensaio no tempo de 10 horas, quando

comparado ao primeiro ensaio. Também foi verificado que, no tempo de 5 e 10 horas, não há

diferença entre os quarto, quinto e sexto ensaio. Para os tempos de 24 horas, não há diferença

estatística no teor de celulose digerida para o primeiro, quarto, quinto e sexto ensaio. Portanto,

a adição das enzimas xilanases só seria útil se o tempo de hidrólise fosse de 10h, enquanto

que o uso do TWEEN 80 não foi viável nestas condições.

Resultados de conversão próximos aos encontrados neste trabalho pode ser visto na

literatura (Borjesson et al., 2007a; Borjesson et al., 2007b; Hernandez-Salas et al., 2009;

Maeda et al., 2011).

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Tabela 2.9 – Comparação entre as médias para os ensaios realizados para a escolha da mistura enzimática; primeiro, quarto, quinto e sexto ensaio.

Comparação entre os ensaios em tempos determinados p-valor

(α=0,05)

Primeiro ensaio x Quarto ensaio (5 hs) 0,077691

Primeiro ensaio x Quinto ensaio (5 hs) 0,013085

Primeiro ensaio x Sexto ensaio (5 hs) 0,091430

Quarto ensaio x Sexto ensaio (5 hs) 0,704874

Primeiro ensaio x Quarto ensaio (10 hs) 0,024298

Primeiro ensaio x Quinto ensaio (10 hs) 0,021598

Primeiro ensaio x Sexto ensaio (10 hs) 0,003371

Quarto ensaio x Sexto ensaio (10 hs) 0,877938

Primeiro ensaio x Quarto ensaio (24 hs) 0,984173

Primeiro ensaio x Quinto ensaio (24 hs) 0,275095

Primeiro ensaio x Sexto ensaio (24 hs) 0,858230

Quarto ensaio x Sexto ensaio (24hs) 0,872525

Valor em vermelho representa uma diferença estatísticas entre as médias.

As enzimas aplicadas no primeiro ensaio estavam saindo de linha de fabricação, as

enzimas aplicadas no segundo ensaio demoraram muito pra chegar, e as enzimas aplicadas no

terceiro ensaio ainda estavam em circulação e foram as mais fáceis de serem obtidas,

portanto, foi a mistura enzimática utilizada nos ensaios posteriores. Outra questão utilizada

como critério de seleção foi o fato de as enzimas do segundo ensaio já serem uma mistura de

celulases e β-glicosidase o que dificultaria um estudo posterior de modelagem da hidrólise

enzimática.

2.3.4 Delineamento Composto Central Rotacional

Uma otimização por delineamento experimental foi realizada na hidrólise enzimática

no bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino visando a redução de custo

com a utilização das enzimas. Os resultados da ANOVA para o primeiro delineamento nos

tempos de 1,0, 2,5, 5,0 e 12,0 horas estão em apresentados na Tabela 2.10 e não foi

conseguido um ajuste significativo do modelo de regressão. Estes resultados são intrigantes e

pode-se levantar a hipótese de um complexo sinergismo entre as enzimas nos primeiros

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momentos de hidrólise que dificultou o ajuste associado às dificuldades de transferência de

massa do sistema. Apenas no tempo de 24 horas é que foi encontrado um ajuste significativo

do modelo de regressão, por isso que o segundo delineamento foi realizado, também, em 24

horas.

Tabela 2.10 – ANOVA para o primeiro delineamento nos tempos de 1,0; 2,5; 5,0 e 12,0 horas para a otmização da carga enzimática inicial.

Parâmetros 1,0 h 2,5 hs 5,0 hs 12,0

hs

R2 0,51 0,35 0,56 0,61

Fcalculado para (Regressão) 1,05 0,55 1,28 1,57

F(5,5) tabelado 5,05

Nas Tabelas 2.11 e 2.12 estão apresentados os resultados dos delineamentos realizados

no tempo de 24 horas.

Tabela 2.11 – Resultados do primeiro delineamento no tempo de 24 horas para otimização da carga enzimática inicial.

Celulases (FPU/g celulose)

β-glicosidase (CBU/g celulose)

Conversão (%)

30 34 30,89

30 94 27,71

90 34 45,68

90 94 42,49

30 64 26,21

90 64 43,48

60 34 55,13

60 94 41,85

60 64 38,45

60 64 38,10

60 64 37,38

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Tabela 2.12 – Resultados do segundo delineamento no tempo de 24 horas para otimização da carga enzimática inicial.

Celulases (FPU/g celulose)

β-glicosidase (CBU/g celulose)

Conversão (%)

10 5 29,76

10 10 33,83

30 5 43,44

30 10 42,19

5,85 7,5 30,97

34,14 7,5 39,56

20 3,96 45,62

20 11,03 41,76

20 7,5 42,00

20 7,5 41,49

20 7,5 41,75

Na Tabela 2.13 estão os resultados da ANOVA para os primeiro e segundo

delineamentos realizados em 24 horas de processo, sendo a ANOVA realizada a 90% de

confiança devido à complexidade do sistema aqui estudado. As análises de ANOVA foram

realizadas levando em consideração os efeitos linear e quadrático, bem como, a interação

entre os fatores.

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Tabela 2.13 – Resultados da ANOVA para os delineamentos realizados ao nível de 90 % de confiança para a otmização da carga enzimática inicial.

Parâmetros Primeiro

delineamento

Segundo

delineamento

R2 0,88 0,89

Fcal. para (Regressão) 7,25 8,23

Fcal. para (Falta de

ajuste)

83,46 157,24

F(5,5) tab. 5,05

Um delineamento experimental só é considerado significativo estatisticamente se valor

de Fcal. for superior ao valor de Ftab., a uma dada significância. A partir dos resultados da

ANOVA para os planejamentos aqui estudados, observou-se que os valores de R2 ficaram em

um nível aceitável dado a complexidade do sistema e a ANOVA mostra que a correlação foi

significativa. Entretanto, como a falta de ajuste também foi significativa, os modelos de

regressão não são preditivos. As análises de ANOVA foram realizadas levando em

consideração os efeitos linear e quadrático, bem como, a interação entre os fatores. Na Figura

2.7 está apresentado a de superfície de resposta para o primeiro delineamento feito em 24

horas e nas Figuras 2.8 e 2.9 estão apresentados a de superfície de resposta e o gráfico de

Pareto para o segundo delineamento realizado, respectivamente.

Pelas superfícies de resposta foi possível observar que o aumento na atividade inicial

das enzimas celulases foi mais efetivo para o aumento na conversão de celulose a glicose e o

acréscimo da enzima β-glicosidase não influenciou na conversão nas condições aqui estudada,

muito provavelmente, os complexo enzimático das enzimas celulases também possuíam

atividade celobiase que aqui neste trabalho foi suficiente para as conversões obtidas.

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Figura 2.7 – Superfície de resposta para o primeiro delineamento realizado em 24 horas para a

otimização da carga enzimática inicial.

Figura 2.8 – Superfície de resposta para o segundo delineamento realizado para a otimização

da carga enzimática inicial.

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-3.76816

4.008555

-10.655

-35.5946

47.74

p=.1

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

(2)B-glicosidase(L)

B-glicosidase(Q)

1Lby2L

Celulase(Q)

(1)Celulase(L)

Figura 2.9 – Diagrama de Pareto para o segundo delineamento realizado para a otimização da

carga enzimática inicial.

A partir dos resultados dos delineamentos experimentais realizados e das superfícies

de resposta, foi possível otimizar a razão de carga enzimática levando em consideração a

combinação entre os dois tipos de enzimas (celulases e β-glicosidase) que foram escolhidas na

etapa de seleção das misturas enzimáticas. Os valores, ótimos, encontrados para o primeiro

delineamento foram de 60 FPU/g celulose da enzima (NS22074) e 34 CBU/g celulose da

enzima (NS50010) obtendo-se uma conversão máxima de 55%. Já os valores ótimos

encontrados para o segundo delineamento foram de 27 FPU/g celulose da enzima (NS22074)

e 4 CBU/g celulose da enzima (NS50010) obtendo-se uma conversão máxima de 45%. Desta

forma, a diminuição de carga enzimática inicial não reduziu drasticamente a conversão da

celulose e uma avaliação econômica deve ser realizada para redução de custo de processo.

Estes valores de conversão estão de acordo com dados publicados na literatura (Vasquez et

al., 2007; Rocha et al., 2009; Zhao et al., 2011).

Pela análise do Diagrama de Pareto (Figura 2.9) pode-se observar que o uso das

enzimas celulases foi o mais significativo no sistema estudado, a interação entre as enzimas

teve uma influência negativa, e a adição da enzima β-glicosidase teve uma menor influência.

Portanto, suspeita-se que o complexo enzimático (NS22074) possui uma certa atividade de

celobiase, entretanto, esta atividade não foi determinada. Uma maior influência das enzimas

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celulases foi observado por Ferreira et al. (2009) quando estudaram a otimização da hidrólise

enzimática de Cistus ladanifer e Cytisus striatus para a produção de etanol.

Com base nos resultados dos delineamentos experimentais, para estudos posteriores,

foi escolhido o valor 27 FPU/g celulose para as celulases e 4 CBU/g celulose para a β-

glicosidase.

2.3.5 Influencia na quantidade de celulose inicial

Na Figura 2.10 estão os resultados em termos de conversão e glicose produzida para o

estudo de hidrólise enzimática variando-se a quantidade de celulose inicial.

1 2 3 4 5 60

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60 Conversao Glicose

Celulose (%)

Co

nve

rsao

(%

)

0

5

10

15

20

25

30

Glico

se (g

/L)

Figura 2.10 – Conversão e produção de glicose para o estudo variando a concentração inicial

de celulose.

Pode-se observar que a produção de glicose aumenta na medida em que se aumenta a

quantidade de celulose inicial no processo. Estes resultados são importantes para se

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determinar a quantidade de substrato inicial no processo de hidrólise enzimática, pois,

segundo a literatura, valores acima de 10% de bagaço no meio comprometem a transferência

de massa no sistema reduzindo a conversão da celulose (Ruiz et al., 2008). Neste caso, 6% de

celulose contida no bagaço de cana correspondem a 9,24% de bagaço contido no frasco de

Erlenmyer.

O que pode ser visto é que, mesmo a produção de glicose aumentando, a conversão se

manteve constante nos ensaios a partir de 2% de celulose, desta forma, a conversão parece ter

sido influenciada por dificuldades de transferência de massa ou inibição causada pelo produto

formado, a glicose. Pela produção crescente de glicose, o valor de 6% de celulose inicial, foi

escolhido para os ensaios de hidrólise enzimática em biorreator STR.

2.3.6 Hidrólise enzimática em biorreator STR

A partir dos resultados da escolha para a mistura enzimática, otimização da carga

enzimática inicial e quantidade de celulose inicial, ensaios em bioreator STR foram realizados

para o bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino visando à produção de glicose.

Como foi visto que a composição química do bagaço pré-tratado não foi influenciada pela

diferença de granulometria aqui estudada (Tabela 2.6), mas poderia influenciar na hidrólise

enzimática uma vez que o tamanho das partículas é um fator que contribui para a eficiência do

processo tanto de pré-tratamento quanto de hidrólise enzimática (Duff & Murray, 1996), estes

ensaios foram feitos com duas granulometrias diferentes (diâmetro ≤ 0,29 mm e 0,84 mm). Os

ensaios foram realizados com 1,0 L de volume reacional partindo de 6% de celulose contida

no bagaço de cana, 27 (FPU/g celulose) das enzimas celulases (NS22074) e 4 (CBU/g

celulose) da enzima β-glicosidase (NS50010). Na Figura 2.11 estão apresentados os valores

de conversão e produção de glicose para os ensaios usando o bagaço de cana com

granulometria de dimensões iguais e inferiores a 0,29 mm e 0,84 mm de diâmetro submetido

ao pré-tratamento ácido-alcalino.

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0 10 20 30 40 50 60 700

10

20

30

40

50

60 Diametro =< 0,29 mm Diametro =< 0,84 mm

Conve

rsao (

%)

Tempo (h)

A

0 10 20 30 40 50 60 700

10

20

30

40

50 Diametro =< 0,29 mm Diametro =< 0,84 mm

Glic

ose

(g/L

)

Tempo (h)

B

Figura 2.11 – Conversão (A) e concentração de glicose (B) nos ensaios de hidrólise

enzimática em biorreator STR para o bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino.

A partir dos resultados apresentados na Figura 2.11 observa-se que foi obtida uma

conversão 40% para o ensaio com bagaço de diâmetro iguais e inferiores a 0,29 mm e 44% no

ensaio bagaço de diâmetros iguais e inferiores a 0,84 mm. A concentração de glicose foi de 27

g/L e 30 g/L para os bagaços com diâmetros iguais e inferiores a 0,29 mm e iguais e inferiores

a 0,84 mm, respectivamente, ao final de 72 horas. O teste de diferença de média foi realizado

da mesmo forma como foi feito nos ensaios para escola da mistura enzimática e se verificou

que não existe diferença significativa entre os resultados de produção de glicose para os dois

ensaios realizados, (p valor = 0,0865 para α = 0,05). Dessa forma, a diferença de

granulometria que não havia influenciado na composição do bagaço, também, não afetou a

eficiência da hidrólise enzimática.

Os valores das concentrações dos inibidores se mantiveram constantes durante o

tempo e próximos para os dois ensaios sendo o ácido acético de 0,175 g/L, o HMF de 0,11

g/L e o furfural de 0,04 g/L. Estes inibidores encontram-se adsorvidos na fração sólida do

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bagaço pré-tratado (extraíveis em água quente 100 °C) e são liberados devido a agitação do

processo, bem como, a desestruturação da matriz lignocelulosico devido a ação das próprias

enzimas.

Para a hidrólise enzimática com bagaço de diâmetro iguais e inferiores a 0,29 mm foi

observado um valor final de 3,08 g/L de xilose o que corresponde a 95,41% de xilose contida

no bagaço, enquanto que para o ensaio de hidrólise enzimática com bagaço de diâmetro iguais

e inferiores a 0,84 mm, a concentração de xilose foi de 3,87 g/L correspondendo a 94,02% da

xilose contida no bagaço. A liberação de xilose ao meio pode ter ocorrido devido à ação das

enzimas xilanases que podem ser encontradas em pequenas quantidades nos complexos

enzimáticos utilizados. Outra possibilidade, é que este açúcar foi liberado de forma indireta

devido à ação das enzimas celulases e β-glicosidase ao degradar a matriz lignocelulosica.

Nas Figuras 2.12 e 2.13 estão apresentados os resultados da hidrólise enzimática em

biorreator STR para o bagaço que foi submetido ao pré-tratamento com peróxido de

hidrogênio. Estes ensaios foram realizados em bagaço pré-tratado com peróxido de

hidrogênio com as enzimas celulases e β-glicosidase, sem, e com adição de enzimas xilanases

e hemicelulases por causa da grande quantidade de hemicelulose encontrada, conforme

Tabela 2.6, que poderia favorecer a produção de xilose.

A partir das Figuras 2.12 e 2.13 pode-se observar uma conversão de 50,16% e uma

produção de 33,44 g/L de glicose no primeiro ensaio, 57,27% e 38,18 g/L de conversão e

glicose respectivamente no segundo ensaio, ao final de 72 horas de processo.

O teste de diferença de média foi realizado da mesmo forma como foi feito nos

ensaios para escola da mistura enzimática e se verificou que existe diferença significativa

entre os resultados de produção de glicose para os dois ensaios realizados, (p valor = 0,0329

para α = 0,05).

As concentrações de xilose foram muito próximas, 16,88 e 17,66 g/L para o primeiro e

segundo ensaio, respectivamente, representando uma liberação na média de 89,72% em

relação à quantidade de xilose contida no bagaço pré-tratado com peróxido de hidrogênio.

Para os inibidores, as concentrações se mantiveram constante durante o processo nas

quantidades médias de 0,2 g/L de ácido acético, 0,1 g/L de HMF e 0,03 g/L de furfural para

os dois ensaios. Resultados semelhantes aos encontrados no bagaço pré-tratado com ácido e

álcali.

Comparando-se os dois ensaios de hidrólise em bagaço pré-tratado com peróxido de

hidrogênio, pode-se observar que para o segundo ensaio, obteve-se 4,74 g de glicose a mais

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Estudo da Hidrólise Enzimática Para Produção de Açúcares Redutores a Partir de Bagaço de Cana-de-açúcar

Pré-tratado com Ácidos, Álcalis e Peróxido de Hidrogênio

113

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

ao final do processo em relação ao primeiro ensaio e que os valores de xilose praticamente

foram os mesmo. Desta forma, deve-se realizar uma análise econômica do processo para se

avaliar a adição das enzimas hemiceluloliticas em relação à quantidade de glicose a mais

produzida.

A quantidade de glicose produzida a partir do bagaço submetido ao pré-tratamento

com peróxido de hidrogênio foi maior em 10 e 26% para os dois ensaios de hidrólise

enzimática, primeiro e segundo ensaio, respectivamente, quando comparado com o ensaio de

hidrólise enzimática com o bagaço de diâmetros iguais e inferiores a 0,84 mm submetido ao

pré-tratamento ácido alcalino. Sabe-se que uma parte desta glicose é proveniente da

hemicelulose, entretanto, como seria complicado fazer a distinção entre a glicose proveniente

de celulose e hemicelulose, a glicose foi calculada como sendo 100% proveniente da celulose.

0 10 20 30 40 50 60 700

10

20

30

40

50

60

70

Primeiro ensaio

Convers

ao (

%)

Tempo (h)

A

0 10 20 30 40 50 60 700

10

20

30

40

50

60

Segundo ensaio Primeiro ensaio

Glic

ose (

g/L

)

Tempo (h)

B Segundo ensaio

Figura 2.12 – Conversão (A) e concentração de glicose (B) na hidrólise enzimática em

biorreator STR para o bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio.

Primeiro ensaio: uso das enzimas celulases e β-glicosidase; segundo ensaio: ensaio com

celulases, β-glicosidase, hemicelulases e xilanases.

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Estudo da Hidrólise Enzimática Para Produção de Açúcares Redutores a Partir de Bagaço de Cana-de-açúcar

Pré-tratado com Ácidos, Álcalis e Peróxido de Hidrogênio

114

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

0 10 20 30 40 50 60 700

5

10

15

20

25

Xilo

se (

g/L

)

Tempo (h)

Primeiro ensaio Segundo ensaio

Figura 2.13 – Concentração de xilose na hidrólise enzimática em biorreator STR para o

bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio. Primeiro ensaio: uso das

enzimas celulases e β-glicosidase; segundo ensaio: ensaio com celulases, β-glicosidase,

hemicelulases e xilanases.

Os resultados do rendimento global de glicose foram 7,63, 8,41 (g glicose/100g

matéria-prima não-tratada), respectivamente, para o bagaço com partículas de diâmetro de

0,29 mm e inferior, e com partículas de diâmetro de 0,84 mm e inferior submetido ao pré-

tratamento ácido-alcalino. Para os estudos com bagaço submetido ao pré-tratamento com

peróxido de hidrogênio foram encontrado os valores de 5,74 e 6,65 (g glucose/100g matéria-

prima não-tratada), respectivamente, para o ensaio com apenas celulases e β-glicosidase e

para o ensaio com a adição de hemicelulases e xilanases. Rendimentos maiores em glicose

podem ser alcançados no pré-tratamento com peróxido de hidrogênio caso o problema de

perda de material, por formação de espuma, seja reduzido ou eliminado.

Mesmo sendo obtidos maiores valores em glicose no pré-tratamento com peróxido de

hidrogênio, quando se faz o cálculo de rendimento global, o pré-tratamento com ácido e álcali

ainda é o mais indicado.

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Estudo da Hidrólise Enzimática Para Produção de Açúcares Redutores a Partir de Bagaço de Cana-de-açúcar

Pré-tratado com Ácidos, Álcalis e Peróxido de Hidrogênio

115

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

2.4 Conclusão

Os resultados evidenciaram uma maior eficiência do pré-tratamento ácido-alcalino

para posterior hidrolise enzimática do bagaço de cana-de-açúcar a fim de se produzir glicose.

Para a produção de xilose o pré-tratamento com peróxido de hidrogênio é o mais

indicado, pois a remoção da hemicelulose é reduzida quando comparado ao pré-tratamento

ácido-alcalino.

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CAPÍTULO III: BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR: CARACTERIZAÇÃO POR COMPOSIÇÃO QUÍMICA, MICROSCOPIA, FTIR E DR-X, E HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DO MATERIAL PRÉ-TRATADO PARA PRODUÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES

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Bagaço de Cana-de-açúcar: Caracterização por Composição Química, Microscopia, FTIR e DR-X, e Hidrólise

Enzimática do Material Pré-tratado Para Produção de Açúcares Redutores

116

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

3. Bagaço de Cana-de-açúcar: Caracterização por

Composição Química, Microscopia, FTIR e DR-X, e

Hidrólise Enzimática do Material Pré-tratado Para

Produção de Açúcares Redutores

3.1 Introdução

O objetivo desta etapa do trabalho foi a caracterização físico-química do bagaço de

cana-de-açúcar submetido a quatro diferentes pré-tratamentos e correlacionar de forma

empíricas esses dados, com resultados de hidrólise enzimática para produção de açúcares

redutores. Os pré-tratamentos realizados no bagaço foi o ácido-alcalino, hidrotérmico-

alcalino, alcalino, e fazendo-se uso de peróxido de hidrogênio. As caracterizações foram;

composição química, grau de cristalinidade por análises de DR-X, morfologia externa por

análises de microscópicas, e determinação dos grupos orgânicos por análises de FTIR.

3.2 Material e métodos

3.2.1 Reagentes utilizados

Os principais reagentes utilizados foram: peróxido de hidrogênio (Synth, P.A), ácido

sulfúrico e ácido clorídrico (MICRO-QUÍMICA PRODUTOS PARA LABS LTDA, P.A),

hidróxido de sódio (CRQ, P.A), ácido cítrico e citrato de sódio (QUEMIS, P.A), azida de

sódio (CRQ, P.A), ácido acético, ácido fórmico, glicose, xilose, celobiose e furfural (Sigma-

Aldrich, HPLC), hidroximetilfurfural (Aldrich).

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Bagaço de Cana-de-açúcar: Caracterização por Composição Química, Microscopia, FTIR e DR-X, e Hidrólise

Enzimática do Material Pré-tratado Para Produção de Açúcares Redutores

117

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

3.2.2 Bagaço de cana-de-açúcar

O substrato utilizado foi o bagaço de cana-de-açúcar cedido gentilmente pela Usina

Estivas (Arês – RN, Brasil) e moído conforme descrito no Cap. II desta Tese, item 2.2.3.

3.2.3 Enzimas

As enzimas utilizadas foram (NS22074) que corresponde às celulases, (NS50010) que

é β-glicosidase, cedidas pela Novozymes (Bagsvaerd, Dinamarca), e caracterizadas conforme

o Cap. II desta Tese, item 2.2.10.

3.2.4 Pré-tratamentos

Quatros pré-tratamentos foram estudados: ácido-alcalino, hidrotérmico-alcalino,

alcalino e pré-tratamento oxidativo com uso de peróxido de hidrogênio. Em primeiro lugar, o

pré-tratamento ácido foi escolhido por ser o mais estudado na literatura (Schell et al., 2003).

Devido à importância, já reconhecida, sobre a remoção da lignina, um segundo pré-tratamento

alcalino foi aplicado após o tratamento ácido (Chang & Holtzapple, 2000). Portanto, um pré-

tratamento combinado com ácido em uma primeira etapa e álcali em uma segunda etapa, foi

estudado. Visando à redução de resíduos ácidos, evitar a corrosão ácida e aumentar a

produção de glicose, um segundo processo foi estudado, o pré-tratamento combinado com

uma etapa hidrotérmica seguida de uma etapa alcalina.

Um terceiro pré-tratamento foi realizado somente com hidróxido de sódio para tentar

reduzir o número de etapas do processo, pré-tratamento alcalino. Um quarto pré-tratamento

foi realizado com peróxido de hidrogênio em meio alcalino para se comparar com o pré-

tratamento com hidróxido de sódio visando à redução de resíduos poluidores e inibidores do

processo de hidrólise enzimática (Rabelo et al., 2011). A granulometria testada neste estudo

foi o bagaço com diâmetro igual e inferior a 0,84 mm, baseando-se em estudos anteriores

discutidos no Cap. II desta Tese.

Como todos os pré-tratamentos foram submetidos a processos de lavagem na última

etapa para os pré-tratamentos combinados e ao final dos pré-tratamentos feito em uma única

etapa, uma análise por CLAE (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência) foi realizada na

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Bagaço de Cana-de-açúcar: Caracterização por Composição Química, Microscopia, FTIR e DR-X, e Hidrólise

Enzimática do Material Pré-tratado Para Produção de Açúcares Redutores

118

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

última água utilizada nas lavagens a fim de se avaliar seus constituintes. As análises

cromatográficas foram de acordo como descrito no Cap. II desta Tese, item 2.2.10.

A quantidade da fração sólida (recuperação dos sólidos) após cada pré-tratamento, foi

determinada de acordo com a Equação 3.1. Estes valores são importantes para se avaliar o

pré-tratamento em relação à remoção de lignina e hemicelulose, e, posteriormente, se calcular

outros parâmetros do processo, como o rendimento global.

( )

( )

g Parte insolúvel gFração sólida

g material não tratado Material não tratado g

(3.1)

3.2.4.1 Pré-tratamento ácido-alcalino

O pré-tratamento ácido-alcalino foi realizado conforme o Cap. II desta Tese, item

2.2.4.1.

3.2.4.2 Pré-tratamento hidrotérmico-alcalino

O pré-tratamento hidrotérmico-alcalino foi realizado em duas etapas, a primeira etapa

foi o pré-tratamento hidrotérmico realizado utilizando um reator de alta pressão (Reator Inox

PARR 4520 – 1 L, Series 4520 Bench Top Reactors 1 L, Parr Instruments Company, EUA),

10% de sólidos, 100 rpm, 20 bar de pressão inicial com Nitrogênio, 170 °C de temperatura de

processo e pressão final de 35 bar, tempo de subida da temperatura 40 minutos, tempo de

processo 40 minutos e tempo de resfriamento 15 minutos. Por causa das características deste

processo de não se usar catálise ácida (Boussasar et al., 2009), a fração sólida não foi lavada,

reduzindo-se custo de produção. O reator utilizado e os parâmetros de operação aplicados no

pré-tratamento foram cedidos, gentilmente, pelo Laboratório de Tecnologia Enzimática da

Escola de Química da UFRJ.

Após o pré-tratamento, o material foi seco a 40 °C em estufa com circulação e

renovação de ar (TE – 394/1, Tecnal, São Paulo, Brasil) por 24 h antes de ser submetido a um

pré-tratamento alcalino, que foi realizado da mesma forma como foi realizado no pré-

tratamento ácido-alcalino.

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Enzimática do Material Pré-tratado Para Produção de Açúcares Redutores

119

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

3.2.4.3 Pré-tratamento alcalino

O pré-tratamento alcalino foi o realizado da mesma forma que a etapa alcalina do pré-

tratamento ácido-alcalino.

3.2.4.4 Pré-tratamento com peróxido de hidrogênio em pH alcalino

O pré-tratamento oxidativo foi realizado conforme o Cap. II desta Tese, item 2.2.4.2.

3.2.5 Composição química

O bagaço de cana foi quantificado de acordo com os procedimentos descritos no Cap.

II desta Tese, item 2.2.5.

3.2.6 Caracterização por Microssonda Eletrônica

Foi realizado um estudo, por imagem, da morfologia externa da biomassa pré-tratada.

O material em pó foi depositado numa fita de carbono dupla face, onde foi retirado o excesso

e, após a limpeza, foi depositado um filme fino de ouro para a metalização da superfície da

amostra, Metalizador (Q150R ES, Quorum, Reino Unido), para que a mesma se tornasse

condutora para que o excesso de elétrons fosse “escoado” para o chassi do equipamento. Para

a aquisição das imagens foi utilizado o equipamento Microssonda Eletrônica (EPMA 1720H,

Shimadzu, Japão) utilizando os parâmetros de trabalho; filamento CeB6, voltagem 15 kV e

distância de trabalho de 10 mm. O objetivo desta análise foi a avaliação da modificação

externa dos bagaços após os pré-tratamentos realizados.

3.2.7 Caracterização por FTIR

As análises de espectrofotometria de Infravermelho por Transformada de Fourier

(FTIR) (Spectrun 65 FT-IR, Perkin Elmer, EUA) foram conduzidas variando-se o

comprimento de onda de 4000 a 650 cm-1. Neste caso não se usou o brometo de potássio

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Enzimática do Material Pré-tratado Para Produção de Açúcares Redutores

120

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

como agente dispersante, as amostras peneiradas a 200 mesh ficaram com diâmetro médio de

0,074 mm e foram introduzidas diretamente no equipamento de análises.

O objetivo das análises de FTIR foi detectar a presença dos principais grupos

orgânicos contidos na estrutura da biomassa lignocelulosica na forma não tratada e pré-tratada

e, com isso, pode-se avaliar o grau de modificação química que um pré-tratamento promove

na biomassa vegetal principalmente em relação aos componentes lignina e hemicelulose.

3.2.8 Caracterização por DR-X

A cristalinidade da fibra de celulose foi avaliada por Difração de Raio–X (XRD-6000,

Shimadzu, Japão). Foi utilizada uma radiação Kα de cobre, 30,0 kV de voltagem e 15 mA de

corrente elétrica, velocidade de 2,0 graus por minuto, numa varredura contínua de ângulo 2θ

de 4,0 a 70,0. O Índice de Cristalinidade (IC) foi obtido através da razão entre a máxima

intensidade do pico 002 (I002, 2θ = 22,5) e o mínimo da depressão (Iam, 2θ = 18,5) entre os

picos 001 e 002 (Segal et al., 1959; Rodrigues et al., 2007) de acordo com a Equação 3.2.

(3.2)

Sendo que I002 é a intensidade máxima no pico 002 e Iam é referente à mínima

depressão da estrutura amorfa.

Com esta análise, é possível detectar a remoção da parte amorfa da biomassa

lignocelulosica, bem como a possível modificação da estrutura cristalina da celulose.

3.2.9 Hidrólise enzimática

Os ensaios de hidrólise enzimática foram realizados para se avaliar a produção de

celobiose, glicose e xilose para cada pré-tratamento aplicado no bagaço de cana. Os ensaios

foram realizados em incubador rotatório (TE – 421, Tecnal, São Paulo, Brasil) a 150 rpm e 50

°C utilizando Erlenmeyers de 250 mL e 30 mL de volume reacional com tampão citrato 50

mM (pH 4,8). Para este estudo usou-se o bagaço de cana pré-tratado na quantidade que

representasse 4,0% (m/v) de celulose no meio reacional. Uma solução de azida de sódio 1%

(m/m) na proporção de 1:100 (v/v) foi usada para prevenir o crescimento de micro-

002% 100am

am

I IIC x

I

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Enzimática do Material Pré-tratado Para Produção de Açúcares Redutores

121

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

organismos. A carga enzimática inicial foi de 27 FPU/g celulose da enzima (NS22074), e 4

CBU/g celulose da enzima (NS50010) conforme estudos anteriores.

Os ensaios foram realizados em triplicata por 48 horas e as amostras coletadas para

quantificação de celobiose, glicose, xilose por CLAE com os mesmos parâmetros de operação

que foi descrito no Cap. II desta Tese, item 2.2.10.

A quantidade de celulose digerida (conversão de celulose em glicose) foi determinada

de forma indireta segundo o protocolo de avaliação de digestibilidade da biomassa

lignocelulósica do NREL (Selig et al., 2008) com modificações, a quantidade de celobiose foi

adicionada na conversão, e expressa conforme Equações 3.3 e 3.4:

( )

% 100( )

Celulose digerida gConversão x

Celulose adicionada g (3.3)

( ) cos ( / ) 0,9 ( / ) 0,95Celulose digerida g Volume reacional L x gli e g L x cellobiose g L x

(3.4)

O rendimento global em glicose e xilose produzida após cada pré-tratamento e

hidrólise enzimática a partir do material não-tratado foi quantificado de acordo com a

Equação 3.5 usando os resultados da fração sólida obtidos na Equação 3.1.

Re dim (%) 100Açúcar g

n ento global Fração sólida x xBagaço não tratado g

(3.5)

Para este estudo e os posteriores, o bagaço de cana pré-tratado não foi lavado com

água quente (100 °C) para ser usado nas hidrólises enzimáticas, portanto, os açúcares

impregnados da matriz lignocelulosica (denominados de extraíveis em água quente) foram

incorporados aos resultados de produção de glicose e xilose.

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Enzimática do Material Pré-tratado Para Produção de Açúcares Redutores

122

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

3.3 Resultados e discussão

3.3.1 Composição química

A quantidade da fração sólida obtida após os processos de pré-tratamento foram de

0,26, 0,33, 0,55 e 0,21 g/g para o bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino,

hidrotérmico-alcalino, alcalino, e com uso de peróxido de hidrogénio, respectivamente. A

maior quantidade de fração sólida no pré-tratamento alcalino foi causado pela baixa

solubilização da hemicelulose, que permaneceu quase que total na fração sólida como pode

ser visto na Tabela 3.1. Os baixos valores da fração sólida são causados por solubilização da

lignina e parte dos outros polímeros com celulose e, principalmente, hemicelulose. Apesar do

bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio não reduzir muito a

quantidade de hemicelulose, o rendimento em fração sólida foi menor devido a perdas de

material causada por formação de espuma durante o pré-tratamento.

Para a quantidade de celulose observou-se um aumento de 68,51, 61,02, 39,54 e

22,33% nos bagaços submetidos aos pré-tratamentos ácido-alcalino, hidrotérmico-alcalino,

com peróxido de hidrogênio e alcalino, respectivamente. A quantidade de hemicelulose foi

reduzida em 60,73, 58,69 e 21,04% nos bagaços submetidos aos pré-tratamentos ácido-

alcalino, hidrotérmico-alcalino e com peróxido de hidrogênio respectivamente. Não foi

observada uma redução na hemicelulose no bagaço de cana submetido ao pré-tratamento

alcalino. A lignina foi reduzida em 54,35, 55,76, 55,08 e 75,77% nos bagaços submetidos aos

pré-tratamentos ácido-alcalino, hidrotérmico-alcalino, com peróxido de hidrogênio, e alcalino,

respectivamente. Pode-se observar uma redução bastante elevada da lignina no bagaço

submetido ao pré-tratamento alcalino quando comparado com as composições finais dos

outros bagaços pré-tratados.

Benko et al. (2008) obtiveram 59,3% de celulose, 3,7% de hemicelulose e 33,8% de

lignina após um pré-tratamento ácido a 150 °C por 30 minutos e 2,5% (v/v) de uma solução

de ácido sulfúrico partindo de um material com 45,0% de celulose, 25,8% de hemicelulose e

19,1% de lignina.

Os resultados quanto à composição química foram próximos para o bagaço de cana

submetido aos pré-tratamentos ácido-alcalino e hidrotérmico-alcalino. O pré-tratamento

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Enzimática do Material Pré-tratado Para Produção de Açúcares Redutores

123

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hidrotérmico tem sido estudado em diferentes tipos de biomassa vegetal como talos de uva,

talos de milho, graminha (Cynodon dactylon), sorgo, madeira, podas de oliveiras, eucalipto,

bambu, palha de trigo dentre outros (Amendola et al., 2012; Egues et al., 2012; Lee et al.,

2009; Rohowsky et al., 2013; Chen et al., 2010; Martin et al., 2010; Alves et al., 2010; Ruiz

et al., 2013a; Ruiz et al., 2013b). Silva et al. (2011) avaliaram um pré-tratamento

hidrotérmico a 185 °C por 10 minutos no bagaço de cana-de-açúcar com 42,8% de celulose,

25,9% de hemicelulose e 22,1% de lignina seguido de uma deslignificação com hidróxido de

sódio 1% (m/m), 100 °C por 1 hora, conseguindo ao final processo 68,5% de celulose, 9,9%

de hemicelulose e 18,8% de lignina.

Asgher et al. (2013) estudaram o pré-tratamento alcalino com NaOH a 4% (m/m), 121

°C por 30 minutos em bagaço de cana-de-açúcar contendo 35,5% de celulose e 21,3% de

lignina obtendo 45,4% de celulose ao final do processo.

Rabelo et al. (2011) partindo de um bagaço de cana com 40,5% de celulose, 19,7% de

xilanas e 26,4% de lignina usaram um pré-tratamento com peróxido de hidrogênio (as

mesmas condições deste estudo) e chegaram a quantidades de 80,07% de celulose, 11,74% de

hemicelulose e 7,49% de lignina. Portanto, os resultados de composição da biomassa pré-

tratada expostas neste trabalho, corroboram com a literatura.

Na Figura 3.1 estão as imagens do bagação não-tratado, bem como, as dos bagaços

submetidos aos diferentes pré-tratamentos. Pode-se observar uma diferença de coloração e

formação de aglomeradas para cada tipo de biomassa pré-tratada.

Figura 3.1 – Fotos dos bagaços não-tratado e pré-tratado.

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Açúcares Redutores

124

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Tabela 3.1 – Composição do bagaço de cana-de-açúcar na forma não-tratado e submetido aos diferentes pré-tratamentos (fração sólida em base seca).

Pré-tratamentos Celulose

(m/m %)

Hemicelulose

(m/m %)

Lignina total

(m/m %)

Extraíveis em

solvente orgânico

(m/m %)

Extraíveis em água quente

(100 °C)

(m/m %)

Cinzas

(m/m %)

Não tratado* 38,59 ± 3,45 27,89 ± 2,68 17,79 ± 0,62 1,61 ± 0,16 1,11 ± 1,23 8,80 ± 0,02

Ácido-alcalino* 65,03 ± 2,34 10,95 ± 0,19 8,12 ± 0,31 0,98 ± 0,61 10,97 ± 0,98 4,60 ± 0,76

Hidrotérmico-alcalino 62,14 ± 4,12 11,52 ± 0,73 7,87 ± 1,88 0,77 ± 0,09 10,08 ± 0,58 8,10 ± 0,06

Alcalino 47,21 ± 3,23 29,29 ± 2,32 4,31 ± 1,78 1,22 ± 0,47 12,52 ± 0,53 6,05 ± 1,22

Peróxido de hidrogênio 53,85 ± 2,76 22,02 ± 3,27 7,99 ± 3,84 0,78 ± 1,33 10,65 ± 1,55 4,22 ± 1,27

*Resultados obtidos no Capítulo II para meios de comparação.

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125

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3.3.2 Caracterização por Microssonda Eletrônica

Na Figura 3.2 estão apresentados os resultados da análise de morfologia através de

Microssonda Eletrônica dos bagaços pré-tratados e não-tratado. As imagens foram ampliadas

250x.

Figura 3.2 – Morfologia dos bagaços pré-tratados e não-tratado através das análises de

Microssonda Eletrônica. a – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino, b –

bagaço de cana submetido ao pré-tratamento hidrotérmico-alcalino, c – bagaço de cana

submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio, d – bagaço de cana submetido ao

pré-tratamento alcalino e, e – bagaço de cana não-tratado.

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126

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Pode-se observar uma semelhança entre os bagaços pré-tratados onde se removeu

hemicelulose e lignina, no caso, submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino e hidrotérmico-

alcalino, nas suas morfologias externas. Por outro lado, para os bagaços onde se removeu

apenas a lignina, bagaço de cana submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio e

alcalino, a morfologia se apresentou de forma semelhante entre os dois, porém, diferente dos

outros pré-tratados. Este resultado indica uma ação diferente destes pré-tratamentos, bem

como, uma diferente morfologia final quando se tem mais ou menos presença de lignina no

bagaço pré-tratado. Ficou nítida também a diferença entre o material pré-tratado, que

apresentam uma estrutura mais desorganizada, quando comparado com o bagaço não-tratado

que se apresenta com uma estrutura mais compacta.

3.3.3 Caracterização por FTIR

Nas Figuras 3.3 e 3.4 estão os resultados obtidos em FTIR para o bagaço não tratado e

pré-tratado. Na Figura 3.3 os gráficos estão sobrepostos para comparação da intensidade das

bandas encontradas, e na Figura 3.4 os gráficos estão separados para facilitar a visualização

individual do perfil de cada material analisado. A banda 3.350 cm-1 (O-H) foi mais intensa no

bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino, hidrotérmico-alcalino e com peróxido de

hidrogênio, do que o bagaço submetido ao pré-tratamento alcalino. Uma similaridade na

banda 2900 cm-1 pode ser observada no bagaço não-tratado, no submetido ao pré-tratamento

hidrotérmico-alcalino e no submetido ao pré-tratamento alcalino, e com mais intensidade nos

outros bagaços pré-tratados. A banda 1.710 cm-1 (HO-C=O Ácido carboxil) somente foi

encontrada no material não tratado. A banda 1.620 cm-1 (C=O Cetona) apresentou certa

similaridade entre o bagaço não-tratado e o bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-

alcalino e com mais intensidade no bagaço submetido ao pré-tratamento com peróxido de

hidrogênio e menos intensidade no bagaço submetido ao pré-tratamento alcalino.

As bandas 1.600, 1.500 e 1.410 cm-1 (C-H vibração no anel aromático) tiveram

diferentes intensidades para todos os materiais, tanto pré-tratados, como o bagaço não-tratado.

As bandas 1.390 e 1.360 cm-1 (O-H Fenólico) foram mais intensas no bagaço submetido ao

pré-tratamento ácido-alcalino, no hidrotérmico-alcalino e no com peróxido de hidrogênio,

mas não no bagaço submetido ao pré-tratamento apenas com hidróxido de sódio (pré-

tratamento alcalino). A banda 1.250 cm-1 (C-C) foi mais intensa no material não-tratado e a

banda 1.200 cm-1 (alongamento de C-O e C=O) apresentou maior intensidade no bagaço

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127

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submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino, hidrotérmico-alcalino e com peróxido de

hidrogênio.

Ligações éter e éster (bandas 1.150, 1.100, 1.050 e 1.030 cm-1) podem ser observadas

em maior intensidades no bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino, hidrotérmico-

alcalino e com peróxido de hidrogênio, mas não no bagaço não-tratado e no submetido ao pré-

tratamento alcalino. Na Tabela 3.2 estão demonstrados os grupos orgânicos encontrados neste

estudo.

4000 3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600

40

50

60

70

80

90

100

Tra

nsm

itancia

(%

)

Comprimento de onda (cm-1)

a b c d e

e

b

c

a

d

Figura 3.3 – Resultados de FTIR em Transmitância para o bagaço não-tratado e pré-tratado

(gráficos sobrepostos). a – bagaço de cana não-tratado; b – bagaço de cana submetido ao pré-

tratamento ácido-alcalino; c – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento hidrotérmico-

alcalino; d – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento alcalino; e – bagaço de cana

submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio.

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4000 3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600

Tra

nsm

ita

ncia

(%

)

Comprimento de onda (cm-1)

a

b

c

d

e

Figura 3.4 – Resultados de FTIR em Transmitância para o bagaço não-tratado e pré-tratado

(gráficos separados). a – bagaço de cana não-tratado; b – bagaço de cana submetido ao pré-

tratamento ácido-alcalino; c – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento hidrotérmico-

alcalino; d – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento alcalino; e – bagaço de cana

submetido ao pré-tratamento com peróxido de hidrogênio.

O componente sólido da lignina exerce uma forte influência no sucesso da

sacarificação, pois a lignina é considerada um adsorvente das enzimas celulolíticas, capaz de

desativá-las (Guo et al., 2009). Segundo Pan (2008) os grupos fenólicos hidroxil apresentam

um efeito inibitório em enzimas celulases.

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Tabela 3.2 – Grupos orgânicos encontrados através das análises de FTIR no material não-tratado e na fração sólida do bagaço pré-tratado.

Comprimento

de onda

(cm-1)

Grupos orgânicos Referencias

3350 O-H

Xu et al., 2006; Camargo

et al., 2012; Filho et al.,

2007

2900 C-H

Camargo et al., 2012,

Riyajan & Intharit, 2011,

Filho et al., 2007

2850 OCH3 Camargo et al., 2012

1710 HO-C=O Ácido carboxil Guo et al., 2009

1620 C=O Cetona Guo et al., 2009

1600 C-H vibração de anel aromático Guo et al., 2009

1500 C-H vibração de anel aromático Guo et al., 2009

1410 C-H vibração de anel aromático Guo et al., 2009

1390 O-H Fenólico Xu et al., 2006

1360 O-H Fenólico Xu et al., 2006

1250 C-C Xu et al., 2006

1200 Alongamento de C-O e C=O Sun et al., 2000

1150 O-C=O Guo et al., 2009

1100 O-C=O Riyajan & Intharit, 2011

1030 C-O-C Xu et al., 2006

1000 C-O-C Mancera et al., 2010

850 Ligações β-glicosídicas entre açúcares Xu et al., 2006

Apesar das semelhanças encontradas na morfologia externa do bagaço entre os pré-

tratamentos, a estrutura orgânica foi bem diferente. Assim, o estudo FTIR foi importante para

complementar as informações que não poderiam ser obtidas exclusivamente pelo estudo

morfológico. A estrutura orgânica da biomassa submetida ao pré-tratamento alcalino foi

semelhante ao bagaço não-tratado (Figuras 3.2 e 3.3), enquanto que os outros materiais pré-

tratados apresentaram maior variabilidade de resultados.

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3.3.4 Caracterização por DR-X

A cristalinidade de biomassa lignocelulosica representa a quantidade relativa de

celulose cristalina total no componente sólido. Na Figura 3.5 estão apresentados os resultados

da análise de Difração de Raio–X para avaliação do grau de cristalinidade dos bagaços na

forma não-tratada e pré-tratada.

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70

e

d

c

b

2Theta

a

Figura 3.5 – Difratograma dos bagaços não-tratado e pré-tratados. a – bagaço de cana não-

tratado; b – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino; c – bagaço de cana

submetido ao pré-tratamento hidrotérmico-alcalino; d – bagaço de cana submetido ao pré-

tratamento com peróxido de hidrogênio; e – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento

alcalino.

Como pode ser observado na Figura 3.5, todas as amostras apresentam o mesmo

difratograma típico, com o maior pico no plano cristalográfico 002 representando a região

cristalina da celulose (Rodrigues et al., 2007).

A cristalinidade é extremamente influenciada no caso de material lignocelulosico,

devido a sua composição. O bagaço não-tratado apresentou a menor cristalinidade relativa por

causa do alto teor de lignina e hemicelulose que são compostos amorfos (Xu et al., 2007).

Os resultados de Raio-X corroboraram com as análises de composição. O bagaços pré-

tratado com menos conteúdo de lignina e hemicelulose (ácido-alcalino e hidrotérmico-

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alcalino) (Tabela 3.3) foram os bagaços que apresentaram maior cristalinidade como está

demonstrado na Tabela 3.3

Tabela 3.3 – Índice de Cristalinidade da biomassa não-tratada e pré-tratada. Pré-tratamento IC (%)

Não-tratado 49,32

Ácido-alcalino 63,54

Hidrotérmico-alcalino 69,96

Alcalino 55,51

Peróxido de hidrogênio 60,59

Estudar a cristalinidade na celulose, que faz parte do material lignocelulosico, é

bastante complexo porque outros componentes, hemicelulose e lignina, influenciam

diretamente nos resultados. Neste estudo, se o IC do bagaço pré-tratado fosse menor que o IC

do material não-tratado, mesmo com a remoção da lignina e da hemicelulose, poderia se

suspeitar que o pré-tratamento modificou a estrutura cristalina da celulose. Entretanto não foi

isso que ocorreu, o IC do material pré-tratado foi maior que o do material não tratado,

indicando que a cristalinidade, neste caso, só foi influenciada pela composição.

De acordo com os resultados da última água de lavagem (Figuras 3.6 a 3.9) pode-se

observar um perfil semelhante de concentração para os açúcares e inibidores com exceção da

amostra coletada do processo de pré-tratamento com peróxido de hidrogênio onde se

observou uma maior quantidade de arabinose. Estes resultados mostram que, mesmo com

todas as etapas de lavagem realizadas, ainda se tem inibidores do processo adsorvidos na

matriz lignocelulosica e que pode interferir no processo de hidrólise enzimática bem como

fermentação ao serem liberados para o meio reacional devido ao processo de agitação e

desestruturação da matriz lignocelulosica pela hidrólise enzimática.

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Celob

iose

Glic

ose

Xilose

Arabino

se

A. For

mico

A. Ace

tico

Furfu

ral

HMF

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

(%)

Figura 3.6 – Resultados da última água de lavagem para o bagaço submetido ao pré-tratamento ácido-

alcalino.

Celob

iose

Glic

ose

Xilose

Arabino

se

A. For

mico

A. Ace

tico

Furfu

ral

HMF

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

(%)

A

Figura 3.7 – Resultados da última água de lavagem para o bagaço submetido ao pré-tratamento

hidrotérmico-alcalino.

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Celob

iose

Glic

ose

Xilose

Arabino

se

A. For

mico

A. Ace

tico

Furfu

ral

HMF

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

(%)

Figura 3.8 – Resultados da última água de lavagem para o bagaço submetido ao pré-tratamento

alcalino.

Celob

iose

Glic

ose

Xilose

Arabino

se

A. For

mico

A. Ace

tico

Furfu

ral

HM

F

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

(%)

Figura 3.9 – Resultados da última água de lavagem para o bagaço submetido ao pré-tratamento com

peróxido de hidrogênio.

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3.3.5 Hidrólise enzimática

Na Tabela 3.4 estão apresentados os resultados de conversão (celulose a glicose e

celobiose) bem como a produção de açúcares redutores após a hidrólise enzimática realizada

no bagaço de cana submetido aos diferentes pré-tratamentos.

Table 3.4 – Conversão de celulose em glicose e produção de açúcares redutores após a hidrólise enzimática.

Pré-tratamentos Conversão

(%)

Glicose

(g/L)

Celobiose

(g/L)

Xilose

(g/L)

Ácido-alcalino 49,50 ± 1,4 20,89 ± 0,87 1,04 ± 0,09 2,39 ± 0,65

Hidrotérmico-alcalino 35,65 ± 2,6 15,22 ± 1,56 0,58 ± 0,03 1,26 ± 0,05

Alcalino 82,28 ± 3,4 25,79 ± 3,21 10,29 ± 1,45 15,58 ± 2,34

Peróxido de hidrogênio 85,15 ± 1,8 33,87 ± 0,54 3,76 ± 0,34 3,73 ± 0, 78

O pré-tratamento alcalino proporcionou uma maior produção de xilose o que pode ter

inibido a conversão de celulose a celobiose e/ou glicose, causando um acumulo de celobiose.

O pré-tratamento com peróxido de hidrogênio proporcionou a maior conversão da celulose a

glicose, e o maior conteúdo da glicose produzida após a hidrólise enzimática. Estes resultados

indicam que a alta quantidade de hemicelulose no material não inibe a ação das enzimas

hidrolíticas. Portanto, a etapa ácida ou hidrotérmica nos pré-tratamentos aqui estudados não

fizeram a diferença para se aumentar o rendimento em açúcares produzidos após a hidrólise

enzimática.

Sabe-se que glicose também é liberada a partir da hemicelulose, entretanto, determinar

quantitativamente este valor seria complicado para este caso. Portanto, os valores de glicose

produzida foram considerados como proveniente apenas da celulose para facilitar os cálculos

de conversão e rendimento.

Pelos resultados de FTIR (Tabela 3.2 e Figuras 3.2 e 3.3) se pode observar que o

bagaço submetido ao pré-tratamento alcalino apresentou uma menor intensidade no grupo

orgânico fenólicos hidroxil (OH fenólico) o que pode ter favorecido o processo de hidrólise

enzimática mesmo sendo este bagaço o com maior teor de hemicelulose e menor teor de

celulose.

Mesmo se trabalhando apenas com enzimas celulases e β-glicosidase sem o uso de

xilanases ou hemicelulases, foi possível produzir altas quantidades de xilose no bagaço

submetido ao pré-tratamento alcalino. Estes resultados levantam duas hipóteses, ou a mistura

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enzimática possui uma quantidade de enzimas xilanases e hemicelulases capaz de agir na

hemicelulose, ou a xilose é liberada no meio devido à ação das duas enzimas celulases e β-

glicosidase quando estas desestruturam a matriz lignocelulosica.

Pode-se observar que um alto teor de hemicelulose foi encontrado nos bagaços

submetidos aos pré-tratamentos com peróxido de hidrogênio e com o pré-tratamento alcalino,

mas só no bagaço submetido ao pré-tratamento alcalino foram obtidos altos resultados em

xilose. Portanto, as diferentes modificações nas estruturas dos bagaços favoreceram uma

maior ou menor liberação de xilose no meio devido à ação das enzimas celulases e β-

glicosidase adicionadas os não com xilanases e hemicelulases.

Como os resultados dos inibidores, encontrados nos resultados da última água de

lavagem, foram semelhantes para todos os pré-tratamentos, as diferentes estruturas

morfológicas, bem como, as diferentes ligações químicas de cada biomassa pré-tratada, foram

os responsáveis pelos diferentes resultados de produção de glicose e xilose.

Maeda et al. (2011) obtiveram 17,5 (g/L) de glicose após a hidrólise enzimática do

bagaço de cana-de-açúcar submetido a um pré-tratamento que consistia em uma hidrólise

parcial com ácido sulfúrico 1% a 121 °C por 45 minutos, seguido de uma deslignificação com

hidróxido de sódio a 4% a 121 °C por 30 minutos. Silva et al. (2011) obtiveram 71,6 (g/L) de

glicose após a hidrólise enzimática do bagaço de cana-de-açúcar submetido a um pré-

tratamento hidrotérmico seguido de uma deslignificação. Rabelo et al., (2011) obtiveram

38,28% de conversão após a hidrólise enzimática do bagaço de cana submetido a uma pré-

tratamento com peróxido de hidrogênio 5% (v/v), 20 °C por 24 horas. Asgher et al. (2013) ao

estudar um pré-tratamento alcalino, no bagaço de cana, com NaOH a 4% (m/m), 121 °C por

30 minutos obtiveram 46,4 (g/L) de glicose após a hidrólise enzimática. Como pode ser

observado, os resultados de produção de glicose após a hidrólise enzimática para os diferentes

bagaços pré-tratados aqui estudados, corroboram com a literatura.

Os resultados para o rendimento global em glicose e xilose estão apresentados na

Figura 3.10. Um alto teor de glicose e xilose foram obtidos após o processo de hidrólise

enzimática com o bagaço prá-tratado com hidróxido de sódio (pré-tratamento alcalino).

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a b c d0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Ren

dim

en

to g

lobal (%

)

Pre-tratamento

Glicose Xilose

Figura 3.10 – Rendimento global de glicose e xilose após a etapa de pré-tratamento seguido

da hidrólise enzimática. a – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino, b –

bagaço de cana submetido ao pré-tratamento hidrotérmico-alcalino, c – bagaço de cana

submetido ao pré-tratamento alcalino e, d – bagaço de cana submetido ao pré-tratamento com

peróxido de hidrogênio.

3.4 Conclusão

O processo composto de pré-tratamento alcalino com hidróxido de sódio seguido da

hidrólise enzimática, foi a melhor opção para aumentar a produção de glicose, com a

vantagem de produzir altos teores de xilose, que também pode ser convertido em etanol.

A combinação do pré-tratamento ácido ou hidrotérmico com o alcalino não foi

suficiente para melhorar a produção de glicose. Portanto, o pré-tratamento alcalino pode ser

usado, neste caso, sem a adição de outras etapas de processo, reduzindo número de etapas,

gastos com reagentes utilizados e tratamento com resíduos formados.

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CAPÍTULO IV: ESTUDO DO PROCESSO DE SACARIFICAÇÃO E FERMENTAÇÃO SIMULTÂNEA DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA PRODUÇÃO DE ETANOL

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Estudo do Processo de Sacarificação e Fermentação Simultânea do Bagaço de Cana-de-açúcar Para Produção

de Etanol

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4. Estudo do Processo de Sacarificação e

Fermentação Simultânea do Bagaço de Cana-de-

açúcar Para Produção de Etanol

4.1 Introdução

Esta etapa do trabalho teve como objetivo estudar o processo de Sacarificação e

Fermentação Simultânea (SFS) para a produção de etanol usando o bagaço da cana-de-açúcar

como fonte de carbono visando uma otimização experimental do processo em batelada e

batelada alimentada. Foi realizado um estudo para encontrar a atividade enzimática e a

concentração de substrato (celulose) inicial ideal, uma padronização de pré-inóculo e inóculo

para quatro linhagens de leveduras e uma seleção do melhor processo SFS em incubador

rotatório para produção de etanol entre quatro linhagens de leveduras e quatro pré-tratamentos

aplicados ao bagaço de cana. Com o melhor resultado da seleção, foi feito um estudo cinético

do processo SFS em batelada onde se monitorou os parâmetros, celulose, açúcares redutores,

biomassa celular e etanol e se otimizou o processo em termos de inóculo, atividade enzimática

inicial e substrato inicial. Com o processo otimizado em batelada, foi realizado um estudo

para se otimizar o processo em batelada alimentada.

4.2 Material e métodos

4.2.1 Reagentes utilizados

Os principais reagentes utilizados foram: peróxido de hidrogênio (Synth, P.A), ácido

sulfúrico e ácido clorídrico (MICRO-QUÍMICA PRODUTOS PARA LABS LTDA, P.A),

hidróxido de sódio (CRQ, P.A), ácido cítrico e citrato de sódio (QUEMIS, P.A), azida de

sódio (CRQ, P.A), etanol (Vetec, P.A), Glicerol (AMRESCO), ácido acético, ácido fórmico,

glicose, xilose, celobiose e furfural (Sigma-Aldrich, HPLC), hidrometilfurfural (Aldrich).

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4.2.2 Enzimas

As enzimas usadas foram o complexo de celulases (NS22086) (220 FPU/mL) e a

enzima β-glicosidase (NS22118) (500 CBU/mL) cedidas pela Novozymes (Bagsvaerd,

Dinamarca). As atividades enzimáticas para caracterização das enzimas foi realizada de

acordo com Ghose, (1987).

4.2.3 Micro-organismos

Neste trabalho foram utilizadas quatro linhagens de leveduras capazes de produzir

etanol a partir de glicose. As linhagens Saccharomyces cerevisiae PE-2 e Saccharomyces

cerevisiae CAT-1 foram doadas pela Usina Estivas (Arês – RN, Brasil). A levedura

Kluyveromyces marxianus CE025 foi doada pelo Laboratorio de Ecologia Microbiana e

Biotecnologia (LEMBiotech), Departamento de Biologia, Setor de Microbiologia da

Universidade Federal do Ceará. E a levedura Kluyveromyces marxianus ATCC 36907 foi

obtida pela coleção de cultura da America Typical Culture Collectio (ATCC).

4.2.4 Bagaço de cana-de-açúcar

Neste trabalho, o substrato utilizado foi o bagaço de cana-de-açúcar cedido

gentilmente pela Usina Estivas (Arês – RN, Brasil) e foi moído e pré-tratado de acordo com o

apresentado no Capítulo II desta Tese, item 2.2.3.

4.2.5 Atividade enzimática inicial

Ensaios de hidrólise enzimática foram realizados para se determinar a melhor

atividade inicial das enzimas celulases e β-glicosidase. Os ensaios foram realizados em

incubador rotatório (TE – 421, Tecnal, São Paulo, Brasil) com 150 rpm e 50 °C utilizando

Erlenmeyers de 250 mL e 20 mL de volume reacional com tampão citrato 50 mM (pH 5,0).

Para este estudo usou-se o bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino na

quantidade que representasse 1,0% (m/v) de celulose no meio reacional. Uma solução de

azida de sódio 1% (m/m) na proporção de 1:100 (v/v) foi usada para prevenir o crescimento

de micro-organismos. A carga enzimática inicial testada foi de 15, 20 e 25 FPU/g celulose

para as enzimas celulases e 15 FPU/g celulose das enzimas celulases acrescentado de 5

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139

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CBU/g celulose da enzima β-glicosidase em um quarto ensaio. Os ensaios foram realizados

em triplicata por 24 horas.

Para este estudo e os posteriores, o bagaço de cana pré-tratado não foi lavado com

água quente (100 °C) para ser usado nas hidrólises enzimáticas, portanto, os açúcares

determinados nos extraíveis em água quente foram incorporados aos resultados de produção

de glicose e xilose.

Após a hidrólise, as amostras foram coletadas e analisadas de acordo como foi

descrito no Cap. II desta Tese, item 2.2.10, e partir dos resultados de conversão de celulose

em glicose, para os quatro ensaios, foi realizado um teste de diferença das médias (Teste - t)

(α = 0,05) utilizando o software Statistica 7.0 para a escolha da melhor atividade enzimática

inicial.

4.2.6 Influencia da concentração de celulose inicial

Os ensaios para se avaliar a quantidade de substrato inicial foram realizados com as

mesmas condições de operação de hidrólise enzimática para o estudo de atividade enzimática

inicial, porém, variou-se a quantidade de celulose inicial de 1 a 6% e utilizou-se a quantidade

de enzima inicial de acordo com os resultados do estudo de atividade enzimática inicial. Os

ensaios foram realizados em duplicata por 24 horas.

4.2.7 Estoque dos micro-organismos

As leveduras foram mantidas, durante os ensaios, a -20 °C em glicerol estéril segundo

Silva et al. (2008). Também foram mantidas em meio YEPD inclinado a 4 °C sendo este

estoque renovado a cada dois meses. Para o preparo do meio YEPD, o pH foi ajustado para

5,0 com ácido sulfúrico e, então, autoclavado a 121 °C por 15 minutos.

4.2.8 Propagação de pré-inóculo e inóculo

Para o preparo e padronização de pré-inóculo e inóculo foram realizados experimentos

para padronizar temperatura, meios de cultura e tempo de processo.

Para a padronização do pré-inóculo foi utilizado o meio de cultura nas seguintes

proporções; glicose (30,0 g/L), extrato de levedura (5,0 g/L), (NH4)2SO4 (10,0 g/L), KH2PO4

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(4,5 g/L), MgSO4.7H2O (1,0 g/L) e ZnSO4 (0,65 g/L) para as leveduras S. cerevisiae PE-2, S.

cerevisiae CAT-1 e K. marxianus ATCC 36907. Para este mesmo meio de cultura, não foi

possível observar o crescimento da levedura K. marxianus CE025, então outro meio de

cultura foi utilizado segundo Rocha et al., (2011), e que continha a seguinte composição;

glicose (20,0 g/L), extrato de levedura (10 g/L), uréia (0,4 g/L), KH2PO4 (1,2 g/L), NaH2PO4

(0,18 g/L). O pH dos meios foram ajustados para 5,0 com ácido sulfúrico e os mesmos

autoclavados a 111 °C por 10 minutos.

Para o preparo do pré-inóculo foi utilizado Erlenmeyers de 250 mL com 100 mL de

meio de cultura, velocidade de agitação de 150 rpm em incubador rotatório (TE – 421,

Tecnal, São Paulo, Brasil), temperatura de 30 °C para as leveduras S. cerevisiae PE-2, S.

cerevisiae CAT-1 e K. marxianus ATCC 36907 e 37 °C para a levedura K. marxianus CE025

pois esta última apresentou melhor crescimento nesta temperatura, em ensaios preliminares.

Uma colônia, de cada levedura, crescida em placa de Petri foi transferida para os frascos de

Erlenmeyers onde foi monitorado o crescimento celular através da densidade óptica DO

(Genesys 10 uv, Thermo Spectronic, Ronchester, EUA) para se determinar o tempo do pré-

inóculo. O tempo do pré-inóculo foi escolhido sendo o momento de transição entre a fase

logarítmica e estacionária, momento onde se tem grande número de células e a maioria, ainda,

viável.

A partir do pré-inóculo, foram transferidos 5 mL da suspensão celular para os meios

de inóculo que foram os mesmos do pré-inóculo. As condições de processos foram iguais às

do pré-inóculo com exceção da temperatura que foi de 35 °C para as S. cerevisiae PE-2, S.

cerevisiae CAT-1, 37 °C para a K. marxianus CE025 e 43 °C para a K. marxianus ATCC

36907. A escolha da temperatura de inóculo foi baseada na temperatura dos estudos

preliminares e visando temperaturas mais altas que podem favorecer o processo SFS. O tempo

de inóculo foi padronizado da mesma forma que o pré-inóculo.

Uma quantificação em base seca foi realizada fazendo-se a correlação entre massa

seca em g/L e DO em ABS, usando-se espectrofotômetro (Genesys 10 uv, Thermo

Spectronic, Ronchester, EUA), para cada levedura aqui estudada (Rodrigues, 2003) para se

padronizar a quantidade certa, em base seca, da levedura inoculada (Regressões em

Apêndice).

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141

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4.2.9 Estudo do processo SFS

4.2.9.1 Processo SFS para seleção da levedura e bagaço pré-tratado

Os ensaios foram realizados em Erlenmeyers de 250 mL com 100 mL e meio reacional

contendo uma quantidade de bagaço correspondente a 6% de celulose como única fonte de

carbono baseando-se em estudos anteriores. As temperaturas de processo foram escolhidas

como as melhores para o rendimento em etanol e foram 35 °C para as S. cerevisiae PE-2, S.

cerevisiae CAT-1, 37 °C para a K. marxianus CE025 e 43 °C para a K. marxianus ATCC

36907 de acordo com teste anteriores. A agitação foi de 150 rpm em incubador rotatório (TE

– 421, Tecnal, São Paulo, Brasil) e os meios de cultivo usados para complementar à nutrição

microbiana foram: extrato de levedura (4,0 g/L), (NH4)2SO4 (2,0 g/L), KH2PO4 (2,0 g/L),

MgSO4.7H2O (0,75 g/L) para as leveduras S. cerevisiae PE-2, S. cerevisiae CAT-1 e K.

marxianus ATCC 36907, para a levedura K. marxianus CE025, foi utilizado o mesmo meio

usado no preparo do inóculo. A quantidade de células iniciais foi de 0,5 g/L para todas as

leveduras e as quantidades de enzimas utilizadas foram de acordo com os resultados do estudo

para melhor atividade inicial de celulases e β-glicosidase. Para os estudos em SFS, foi

utilizado somente a fração sólida do bagaço de cana pré-tratado. Os ensaios foram realizados

em duplicata.

Os ensaios tiveram duração de 24 horas e as amostras foram coletadas para análises de

produção de etanol ao final do processo. Etanol foi determinado por CLAE (LC-10ADvp,

Shimadzu, Kyoto, Japão) utilizando os mesmo parâmetros de operação apresentados no

estudo de atividade enzimática inicial. O rendimento global em etanol (g de etanol/g bagaço

não-tratado) foi utilizado como critério de seleção do melhor processo, o rendimento leva em

consideração a quantidade de etanol produzido por bagaço de cana não-tratado de acordo com

as Equações 4.1 e 4.2.

( )

( )

g Parte insolúvel gFração sólida

g material não tratado Material não tratado g

(4.1)

Re dim tan (%) 100Etanol g

n ento global em e ol Fração sólida x xQuantidade inicial de bagaço pre tratado g

(4.2)

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O objetivo desta etapa foi avaliar o desempenho das quatro leveduras na produção de

etanol em cada pré-tratamento, uma vez que a estrutura do bagaço pré-tratado é diferente,

bem como a presença de inibidores no processo e suas concentrações. As cepas de S.

cerevisiae foram escolhidas por serem conhecidas mundialmente como boas produtoras de

etanol no processo convencional (Basso et al., 2008). Enquanto as cepas de K. marxianus

foram estudadas por consumirem xilose como fonte de carbono e produzir etanol a partir de

glicose em temperaturas elevadas, próximo de 40 °C ou mais, favorecendo, também, a

hidrólise enzimática das enzimas celulases (Rocha et al., 2011).

4.2.9.2 Estudo do processo SFS em biorreator STR

O biorreator utilizado nesta etapa foi uma adaptação de uma dorna de 2 L (Applikon

Dependable Instruments, Holanda) com controle de agitação (P100/ADI 1032, Applikon,

Holanda) acoplados a uma torre de controle de pH, nível e nutriente (TEC BIO, Tecnal, São

Paulo, Brasil) usando um banho termostático para controle de temperatura (TE – 184, Tecnal,

São Paulo, Brasil) e um sistema de condensação acoplado a um trocador de calor externo com

banho de gelo.

O estudo cinético, em batelada, foi realizado com 1L de volume reacional com a

quantidade de bagaço de cana variando de (2 a 6%) de celulose, atividade enzimática inicial

de 10, 15 e 20 FPU/g celulose das enzimas celulases e inóculo de 0,5, 1,0 e 2,0 g/L em base

seca. O bagaço de cana pré-tratado e a levedura utilizada foram de acordo com os resultados

dos ensaios em incubador rotatório.

Um estudo em batelada alimentada foi realizado com o intuito de melhorar a

transferência de massa e reduzir a quantidade de enzima utilizada para possível aumento na

produção de etanol. Um primeiro ensaio foi realizado com 2% de celulose inicial para

determinar os tempos de alimentação com bagaço de cana. O crescimento celular foi

monitorado para determinar o final da fase exponencial e uma estimativa da taxa de consumo

de celulose foi determinada imediatamente após a final da fase exponencial.

Um segundo ensaio foi realizado alimentando o processo com 6% de celulose, porém

divididas em três alimentações de 2% cada uma. A primeira alimentação foi na patida do

processo, a segunda alimentação foi no final da fase exponencial e a terceira alimentação foi

feita utilizando a estimativa da taxa de consumo de celulose obtida no primeiro ensaio de

batelada alimentada. A biomassa celular foi monitorada entre a segunda e terceira

alimentação.

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A atividade enzimática foi medida após cada alimentação e no final do processo

segundo Ghose, (1987). É importante salientar que o processo em batelada alimentada

começa com 2% de celulose em comparação com o processo em batelada que começa com

6% de celulose, assim, a quantidade de enzima no início do processo em batelada alimentada

é de 1/3 da quantidade utilizada no início do processo em batelada e não se adicionou mais

enzimas durante a segunda e terceira alimentação.

Amostras foram coletadas em intervalos de tempo determinados para análises de

açúcares celobiose, glicose, xilose bem como a produção de etanol e glicerol, todos

determinados por CLAE (LC-10ADvp, Shimadzu, Kyoto, Japão) utilizando os mesmo

parâmetros de operação apresentados no estudo de atividade enzimática inicial.

Para o estudo do processo SFS, foram testadas duas metodologias para se monitorar a

biomassa microbiana, uma vez que o bagaço de cana é um interferente na leitura de DO. Na

primeira metodologia testada, foi feita uma correlação entre a massa seca em g/L e contagem

de células viáveis em placa em UFC/mL (Zhang et al., 2009). Na segunda metodologia

testada, tentou-se fazer uma adaptação da metodologia aplicada por Ahamed & Vermette,

(2008), onde os autores utilizaram uma digestão ácida com ácido acético e nítrico para digerir

a biomassa fungica com objetivo de determinar o teor de celulose. Entretanto, de forma

indireta se pode medir a teor da biomassa celular microbiana.

O rendimento de etanol em relação ao rendimento teórico foi determinado de acordo

com a Equação 4.3, NREL (Dowe & McMillan, 2001). A mesma equação foi utilizada para a

obtenção da quantidade de celulose consumida substituindo o termo (rendimento) por

(celulose convertida).

( )

Re dim (%) 1000,51 1,111

Etanol produzido gn ento x

x Celulose inicial g x

(4.3)

Os cálculos dos parâmetros cinéticos µx, µp, µmax, pmax e fatores de conversão, foram

obtidos de acordo com (Schmidell et al., 2001) fazendo simplificações como; apenas a glicose

é utilizada como substrato sem levar em consideração todos os outros açúcares presentes no

meio, e negligenciando a adsorção dos micro-organismos na matriz lignocelulosica, o que

reduziria a taxa de divisão celular.

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4.3 Resultados e discussão

4.3.1 Propagação de pré-inóculo e inóculo

Na Tabela 4.1 estão apresentados os tempos padronizados para os preparos de pré-

inóculo e inóculo das quatro leveduras estudadas e suas respectivas concentrações ao final do

tempo de inóculo.

Tabela 4.1 – Tempos padronizados para preparo de pré-inóculo e inóculo e quantidade de células no tempo final do inóculo para as leveduras estudadas.

Levedura Tempo do pré-

inóculo (h)

Tempo de inóculo

(h)

Massa celular ao

fim do inóculo

(g/L)

S. cerevisiae PE-2 20 10 4,46± 0,48

S. cerevisiae CAT-1 20 12 4,52± 0,80

K. marxianus CE025 23 14 5,35± 0,74

K. marxianus ATCC

36907 22 8 6,26± 1,21

Pode-se observar uma diferença de tempos de crescimento entre as diferentes espécies,

bem como, da mesma espécie, mas nas diferentes cepas. Desta forma, foi possível se trabalhar

com o número de células mais viáveis possíveis em concentrações conhecidas. Os Gráficos

para a padronização de inóculo e pré-inóculo estão em apresentados nas Figuras 4.1 e 4.2.

Pode-se observar que a levedura K. marxianus ATCC 36907 apresenta a maior taxa de

crescimento e maior produção de biomassa final

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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 240

2

4

6

8

10

Bio

mass

a (

g/L

)

Tempo (h)

SC PE-2 SC CAT-1 KM ATCC KM CE

Figura 4.1 – Monitoramento do crescimento microbiano para a padronização do pré-inóculo.

SC PE-2 - Saccharomyces cerevisiae PE- 2; SC CAT-1 - Saccharomyces cerevisiae CAT-1;

KM ATCC - Kluyveromyces marxianus ATCC 36907, KM CE - Kluyveromyces marxianus

CE025.

0 2 4 6 8 10 12 14

0

1

2

3

4

5

6

7

Bio

ma

ssa

(g

/L)

Tempo (h)

SC PE-2 SC CAT-1 KM ATCC KM CE

Figura 4.2 – Monitoramento do crescimento microbiano para a padronização do inóculo. SC

PE-2 - Saccharomyces cerevisiae PE- 2; SC CAT-1 - Saccharomyces cerevisiae CAT-1; KM

ATCC - Kluyveromyces marxianus ATCC 36907, KM CE - Kluyveromyces marxianus

CE025.

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4.3.2 Atividade enzimática inicial

Na Tabela 4.2 estão os resultados em termos de conversão para o estudo da atividade

inicial das enzimas celulases e β-glicosidase bem como os resultados do (Teste – t) (α = 0,05)

para se avaliar a diferença entre as médias obtidas.

Tabela 4.2 – Resultados da atividade inicial das enzimas celulases e β-glicosidase. Ensaios Conversão (%) p-valor

15 FPU/g celulose 30,23 ± 2,48 0,1510

20 FPU/g celulose 33,59 ± 0,99 0,2797

25 FPU/g celulose 34,41 ± 4,02 0,7939

15 FPU/g celulose +

5 CBU/g celulose 34,94 ± 4,45 0,0577

De acordo com os resultados das análises estatísticas, os quatro ensaios são iguais

estatisticamente. Portanto, pode-se utilizar 15 FPU/g de celulose do complexo celulolítico

(NS22086), nos ensaios seguintes, sem suplementação da enzima β-glicosidase, sem

comprometer a eficiência do processo e, assim, reduzindo custo de produção.

4.3.3 Influencia da concentração de celulose inicial

Na Figura 4.3 estão os resultados em termos de conversão e glicose produzida para o

estudo de hidrólise enzimática variando a quantidade de celulose inicial. Pode-se observar que

a produção de glicose aumenta na medida em que se aumenta a quantidade de celulose inicial

no processo. Estes resultados são importantes para se determinar a quantidade de substrato

inicial no processo SFS, pois, segundo a literatura, valores acima de 10% de bagaço no meio

comprometem a transferência de massa no sistema reduzindo a conversão da celulose (Ruiz et

al., 2008). Neste caso, 6% de celulose contida no bagaço de cana correspondem a 9,24% de

bagaço contido no frasco de Erlenmeyer.

O que pode ser visto é que, mesmo a produção de glicose aumentando, a conversão se

manteve constante nos ensaios, desta forma, a conversão parece ter sido influenciada por

dificuldades de transferência de massa ou inibição causada pelo produto formado, a glicose.

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1 2 3 4 5 6

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

Conversao Glicose

Celulose (%)

Co

nvers

ao

(%

)

0

5

10

15

20

25

30G

licose (g

/L)

Figura 4.3 – Conversão e produção de glicose para o estudo variando a concentração inicial

de celulose.

4.3.4 Estudo do processo SFS

4.3.4.1 Processo SFS para seleção da levedura e bagaço pré-tratado

Na Tabela 4.3 estão apresentados os resultados para a produção de etanol (rendimento

global em etanol) onde se utilizou as quatro cepas de leveduras, S. cerevisiae PE-2, S.

cerevisiae CAT-1, K. marxianus CE025 e K. marxianus ATCC 36907, nos quatros bagaço de

cana pré-tratados, na quantidade de 6% de celulose contida no bagaço, e 15 FPU/g celulose de

atividade enzimática inicial das enzimas celulases de acordo com os resultados anteriores.

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Tabela 4.3 – Resultados do processo SFS para cada levedura estudada e cada bagaço de cana pré-tratado no tempo de 24 hs.

Pré-tratamento Levedura Temperatura

(°C)

Rendimento global

em etanol (%)

Ácido-alcalino

S. cerevisiae PE-2 35 4,94

S. cerevisiae CAT-1 35 3,64

K. marxianus ATCC 36907 43 4,16

K. marxianus CE025 37 2,86

Hidrotérmico-

alcalino

S. cerevisiae PE-2 35 2,47

S. cerevisiae CAT-1 35 2,27

K. marxianus ATCC 36907 43 2,90

K. marxianus CE025 37 1,15

Alcalino

S. cerevisiae PE-2 35 3,68

S. cerevisiae CAT-1 35 4,01

K. marxianus ATCC 36907 43 4,18

K. marxianus CE025 37 3,02

Peróxido de

hidrogênio

S. cerevisiae PE-2 35 2,73

S. cerevisiae CAT-1 35 2,52

K. marxianus ATCC 36907 43 3,15

K. marxianus CE025 37 1,57

Pode-se observar que o bagaço ácido-alcalino foi o que mais favoreceu ao processo de

produção de etanol seguido do bagaço pré-tratado alcalino. A levedura K. marxianus CE025

apresentou uma produção de etanol bem inferior às outras utilizadas em todos os bagaços pré-

tratados. O bagaço hidrotérmico-alcalino foi o que menos favoreceu ao processo estudado.

Nas condições avaliadas no presente trabalho, o processo que obteve melhor produção

de etanol foi o com a levedura S. cerevisiae PE-2 utilizando o bagaço de cana submetido ao

pré-tratamento ácido-alcalino, e, mesmo se trabalhando com temperaturas mais elevadas, no

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de Etanol

149

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

processo com a levedura K. marxianus ATCC 36907, não foi possível obter a mesma

produção. Entretanto, a levedura K. marxianus ATCC 36907 apresentou um melhor

rendimento global em etanol quando se utilizou os outros bagaços pré-tratados.

4.3.4.2 Estudo cinético do processo SFS em biorreator STR

De acordo com os resultados anteriores de produção de etanol, escolheu-se a levedura

S. cerevisiae PE-2 utilizando o bagaço de cana submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino

para realizar um estudo cinético em biorreator a fim de se avaliar o crescimento microbiano

bem como a produção de etanol, glicerol e o perfil cinético dos açúcares celulose, celobiose,

glicose e xilose. A metodologia escolhida para monitorar a biomassa microbiana foi a

correlação entre a massa seca em g/L e contagem de células viáveis em placa em UFC/mL

(Zhang et al., 2009), (Regressão em Apêndice). Desta forma, foi possível monitorar o

crescimento microbiano do processo.

Utilizando a metodologia de digestão ácida da biomassa microbiana, descrita por

Ahamed & Vermette, (2008), não foi possível obter resultados significativos em g/L de

células microbianas. A explicação por ser dada pelo fato de os autores terem aplicado esta

metodologia ao se trabalhar com fungos filamentosos onde o crescimento celular é bem mais

significativo que um crescimento de leveduras. Trabalhando-se com leveduras os erros de

passagem foram acima de 50% deixando os resultados impróprios para utilização.

Na Figura 4.4 está apresentado o perfil cinético para o crescimento microbiano para os

ensaios partindo de 2 a 6% de celulose inicial como fonte de carbono e energia.

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0 4 8 12 16 20 240,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

Cre

scie

mn

to c

elu

lar

(g/L

)

Tempo (h)

2% celulose 3% celulose 4% celulose 5% celulose 6% celulose

Figura 4.4 – Crescimento microbiano para os ensaios realizados variando-se concentração

inicial de celulose.

Para o processo partindo de 2% de celulose inicial se observa um crescimento máximo

de 3,18 g/L de biomassa celular em 18 horas de processo e 3,15 g/L ao final de 24 horas,

portanto, não houve inibição do crescimento microbiano pelo produto formado, porém, um

menor crescimento foi obtido, frente aos ensaios com 3 e 4% de celulose inicial, como

consequência da carência de substrato. Pode-se observar um maior crescimento para o

processo partindo de 4% de celulose até o tempo de 12 horas e, em seguida, uma inibiação

causada, muito provavelmente, pelo produto e/ou pelo excesso de biomassa.

Aparentemente, uma inibição que pode ser observada devido ao excesso de substrato

inicial e/ou produto formado (etanol), onde o melhor crescimento celular foi visto no ensaio

partindo de 4% de celulose e depois o crescimento foi inibido nos ensaios com 5 e 6% de

celulose inicial. Entretanto, os melhores resultados de processo para a produção de etanol foi

para o ensaio partindo de 6% de celulose inicial como pode ser visto na Figura 4.5. Como

pode ser observado, na medida em que se aumenta a quantidade de celulose inicial, se obtém

maiores quantidades de etanol.

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0 4 8 12 16 20 240

4

8

12

16

20

24

28

32

Eta

no

l (g/L

)

Tempo (h)

2% celulose 3% celulose 4% celulose 5% celulose 6% celulose

Figura 4.5 – Etanol produzido para os ensaios realizados variando-se a concentração inicial de

celulose.

Nas Figuras 4.6 e 4.7 estão apresentados os perfis de µx e µp para os ensaios variando-

se concentração inicial de celulose. Pode-se observar o maior valor de µx para o ensaio

partindo-se de 4% de celulose inicial e o menor valor do ensaio partindo-se de 6% de celulose

inicial. Estes resultados corroboram com os resultados cinéticos apresentados na Figura 4.4

onde o crescimento celular foi maior e menor nos ensaios partindo-se 4 e 6% celulose,

respectivemente. Pela Figura 4.7 pode-se observar um maior valor de µp para o ensaio

partindo-se de 6% de celulose, resultados que corroboram com os da Figura 4.5 de produção

de etanol e Figura 4.8 de produtividade em etanol.

Na Tabela 4.4 estão apresentados os valores de µmax e pmax e fatores de conversão para

os ensaios variando-se concentração inicial de celulose. Observa-se que alguns parâmetros

cinéticos estão de acordo com os resultados apresentados nas Figuras 4.4 e 4.4, onde se

observa um maior valor de µmax para o ensaio partindo-se de 4% de celulose e um menor valor

para o ensaio partindo-se de 6% de celulose inicial. Para os valores de pmax pode-se observar

uma maior valor para o ensaio partindo-se de 6% de celulose e um menor valor para o ensaio

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Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

partindo-se de 2% de celulose inicial. O valores do fator de conversão de substrato para

biomassa foram maiores para os ensaios partindo-se de 2 e 3% de celulose. Provavelmente, a

menor resistência a transferência de massa favoreceu uma melhor aeração do sistema e um

melhor crescimento celular. O maior fator de conversão de substrato a etanol foi para o ensaio

partindo-se de 6% de celulose inicial, corroborando com outros resultados já mencionados.

0 4 8 12 16 20 240,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

µx (

h-1)

Tempo (h)

2% celulose 3% celulose 4% celulose 5% celulose 6% celulose

Figura 4.6 – Valores de µx para os ensaios realizados variando-se concentração inicial de

celulose.

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0 4 8 12 16 20 240,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

µp (

h-1)

Tempo (h)

2% celulose 3% celulose 4% celulose 5% celulose 6% celulose

Figura 4.7 – Valores de µp para os ensaios realizados variando-se concentração inicial de

celulose.

Tabela 4.4 – Valores de µmax e pmax e fatores de conversão para os ensaios realizados variando-se concentração inicial de celulose.

Celulose

inicial µmax (h-1) pmax (g/L) Yx/s (24 hs) Yp/s (24 hs)

2% 0,45 0,41 0,13 0,49

3% 0,41 0,48 0,10 0,4

4% 0,55 0,51 0,05 0,36

5% 0,41 1,00 0,05 0,37

6% 0,30 1,80 0,02 0,44

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4 8 12 16 20 240,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

Pro

dutiv

ida

de (

g/L

.h))

Tempo (h)

2% celulose 3% celulose 4% celulose 5% celulose 6% celulose

Figura 4.8 – Valores de produtividade para os ensaios realizados variando-se concentração

inicial de celulose.

Pela Figura 4.8 pode-se observar que a maior produtividade em etanol foi no processo

que se iniciou com 6% de celulose, seguido dos processos com 5, 4, 3 e 2%. Na Tabela 4.5

estão apresentados os resultados para a produção de glicerol e etanol, bem como, a celulose

residual, o rendimento de etanol por quantidade de bagaço utilizado e o rendimento em

relação ao rendimento teórico do processo para os ensaios variando-se concentração inicial de

celulose no tempo de 24 horas.

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Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

Tabela 4.5 – Quantidade de glicerol e etanol produzido, rendimento de etanol por bagaço utilizado, celulose residual e rendimento de etanol em relação ao rendimento teórico, variando-se a concentração inicial de celulose no tempo de 24 hs.

Celulose

inicial

Glicerol

(g/L)

Etanol

(g/L)

Etanol

(g/g

bagaço)

Celulose

residual

(g/L)

Rendimento

(%)

2% 0,15±0,01 11,06±1,23 0,36±0,00 0,47±0,02 97,64

3% 0,21±0,00 13,37±2,01 0,29±0,02 6,39±1,43 78,67

4% 0,05±0,00 16,28±1,87 0,26±0,02 11,25±0,05 71,87

5% 0,83±0,08 20,88±2,01 0,27±0,01 13,13±1,75 73,73

6% 0,95±1,54 29,45±1,56 0,31±0,01 8,01±0,54 86,63

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 4.5, pôde-se observar uma

crescente produção do etanol quando se aumenta a quantidade de celulose inicial sendo,

então, o processo de maior rendimento o que utiliza 6% de celulose no início do processo.

Observa-se, também, uma baixa quantidade de glicerol produzido. Um maior rendimento

obtido no processo quando partido de 2% de celulose pode ter ocorrido devido a uma melhor

transferência de massa nestas condições.

A partir destes resultados, novos ensaios foram realizados variando-se a quantidade de

inóculo e atividade enzimática inicial mantendo-se a quantidade de celulose em 6%. Nas

Figuras 4.9 e 4.10 estão apresentados os resultados de crescimento microbiano e produção de

etanol para os ensaios realizados variando-se inóculo e atividade enzimática inicial.

Pode-se observar que os ensaios com 10 e 15 FPU/g celulose de atividade enzimática

inicial e 0,5 g/L de inóculo ficaram com resultados próximos em biomassa mas não para a

produção de etanol que foi maior no ensaio partindo-se de 15 FPU. Enquanto o ensaio

partindo de 20 FPU e 0,5 g/L de inóculo produziu mais biomassa que os anteriores, mas, a

mesma quantidade de etanol que o processo partindo-se com 15 FPU em 24 horas, entretanto,

as produtividades foram maiores entre 8 e 18 horas de processo. Nos ensaios partindo-se de

15 FPU e 1,0 e 2,0 g/L de inóculo, não se observa uma maior produção de biomassa, nem tão

pouco de etanol, quando comparado aos ensaios anteriores. Pode-se observar que se

reduzindo-se a atividade enzimática de 20 FPU para 15 FPU/g celulose e aumentando-se o

inoculo de 0,5 para 1,0, obtêm-se maiores valores de produtividade em etanol. Entretanto, ao

se aumentar o inóculo de 1,0 para 2,0 g/L não se observa diferença de produtividade,

provavelmente, devido à limitações na produção de glicose pelo processo de hidrólise

enzimática ou mesmo uma inibição causada pelo excesso de biomassa celular. Estes são

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resultados importantes para a indústria, pois a produção de inóculo bem como a compra de

enzimas representa um custo no processo.

0 4 8 12 16 20 240,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0C

resci

me

nto

ce

lula

r (g

/L)

Tempo (h)

15 FPU e 0,5 inoculo 20 FPU e 0,5 inoculo 10 FPU e 0,5 inoculo 15 FPU e 1,0 inoculo 15 FPU e 2,0 inoculo

Figura 4.9 – Crescimento microbiano para os ensaios realizados variando-se inóculo e

atividade enzimática inicial.

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0 4 8 12 16 20 240

5

10

15

20

25

30

35

40

Eta

no

l (g/L

)

Tempo (h)

15 FPU e 0,5 inoculo 20 FPU e 0,5 inoculo 10 FPU e 0,5 inoculo 15 FPU e 1,0 inoculo 15 FPU e 2,0 inoculo

Figura 4.10 – Produção de etanol para os ensaios realizados variando-se inóculo e atividade

enzimática inicial.

Nas Figuras 4.11 e 4.12 estão apresentados os perfis de µx e µp para os ensaios

variando-se inóculo e atividade enzimática inicial. Pode-se observar o maior valor de µx para

o ensaio partindo-se de 10 FPU de atividade enzimática inicial e 0,5 g/L de inóculo. Estes

resultados não eram esperados, pois esperava-se que uma menor atividade enzimática inicial

desfavorecesse tanto a transferência de massa no decorrer do tempo quanto a liberação de

glicose, assim, desfavorecendo o crescimento celular. Menores valores de µx foram vistos

quando se aumenta a quantidade de inóculo corroborando com os resultados apresentados na

Figura 4.9 e discutidos anteriormente.

Pela Figura 4.12 pode-se observar uma maior valor de µp para o ensaio partindo-se de

20 FPU de atividade enzimática inicial e 0,5 g/L de inóculo, resultados que não corroboram

com os da Figura 4.10 de produção de etanol e Figura 4.11 de produtividade em etanol onde

se observa uma maior taxa de produção de etanol para o ensaio partindo de 15 FPU de

atividade enzimática inicial e 1,0 g/L de inoculo. Entretanto, quando se observa os cálculos

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Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

realizados para se encontrar o valor de µx nota-se que o maior ΔX para o ensaio partindo de

0,5 g/L de inóculo favoreceu estes resultados (planilha de Le Duy & Zajic, Schmidell et al.,

(2001)).

Na Tabela 4.6 estão apresentados os valores de µmax e pmax e fatores de conversão para

os ensaios variando-se inóculo e atividade enzimática inicial. Os resultados de µmax e pmax

corroboram com a discussão apresentadas para os resultados de µx e µp descrito anteriormente.

O valores de do fator de conversão de substrato para biomassa foram maiores para os

ensaios partindo-se com maior ΔX. O maior fator de conversão de substrato a etanol foi para

o ensaio partindo-se 15 FPU de atividade enzimática inicial e 2,0 g/L de inóculo, entretanto,

este resultado foi muito próximo do ensaio partindo-se 15 FPU de atividade enzimática inicial

e 1,0 g/L de inóculo. Resultados que corroboram com os da Figura 4.10 de produção de etanol

e Figura 4.13 de produtividade em etanol.

0 4 8 12 16 20 240,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

µx (

h-1)

Tempo (h)

20 FPU e 0,5 inoculo 10 FPU e 0,5 inoculo 15 FPU e 1,0 inoculo 15 FPU e 2,0 inoculo

Figura 4.11 – Valores de µx para os ensaios realizados variando-se inóculo e atividade

enzimática inicial.

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0 4 8 12 16 20 240

2

4

6

8

µp (

h-1)

Tempo (h)

20 FPU e 0,5 inoculo 10 FPU e 0,5 inoculo 15 FPU e 1,0 inoculo 15 FPU e 2,0 inoculo

Figura 4.12 – Valores de µp para os ensaios realizados variando-se inóculo e atividade

enzimática inicial.

Tabela 4.6 – Valores de µmax e pmax e fatores de conversão para os ensaios variando-se inóculo e atividade enzimática inicial.

Atividade

enzimática

(FPU/g cel.)

Inóculo

(g/L) µmax (h-1) pmax (g/L) Yx/s (24 hs) Yp/s (24 hs)

20 0,5 0,42 1,02 0,05 0,44

10 0,5 0,47 0,32 0,06 0,36

15 1,0 0,25 0,37 0,04 0,47

15 2,0 0,04 0,34 0,02 0,49

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4 8 12 16 20 240,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

3,0

Pro

du

tivid

ad

e (

g/L

.h)

Tempo (h)

20 FPU e 0,5 inoculo 10 FPU e 0,5 inoculo 15 FPU e 1,0 inoculo 15 FPU e 2,0 inoculo

Figura 4.13 – Valores de produtividade para os ensaios realizados variando-se inóculo e

atividade enzimática inicial.

Pela Figura 4.13 pode-se observar valores de produtividade próximos para todos os

ensaios com exceção do ensaio que se utilizou 10 FPU/g de celulose de atividade enzimática

inicial e 0,5 g/L de inóculo. Entretanto, o maior valor foi pra o ensaio parindo-se com 15

FPU/g de celulose de atividade enzimática inicial e 1,0 g/L de inóculo. Na Tabela 4.7 estão

apresentados os resultados de produção de glicerol e etanol, o rendimento de etanol por grama

de bagaço utilizado, a celulose residual do processo e o rendimento em relação ao rendimento

teórico do processo para os ensaios variando-se inóculo e atividade enzimática inicial no

tempo de 24 horas.

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Tabela 4.7 – Produção de glicerol e etanol, rendimento de etanol por grama de bagaço utilizado, celulose residual e rendimento de etanol em relação ao rendimento teórico do processo variando-se inóculo e atividade enzimática inicial no tempo de 24 hs. Atividade

enzimática

(FPU/g

cel.)

Inóculo

(g/L) Glicerol

(g/L)

Etanol

(g/L)

Etanol

(g/g

bagaço)

Celulose

residual

(g/L)

Rendimento

(%)

20 0,5 1,24±0,08 29,42±2,30 0,31±0,00 8,07±0,06 86,54

10 0,5 0,52±0,04 24,22±1,56 0,26±0,01 17,24±1,09 71,25

15 1,0 1,21±0,1 31,47±2,09 0,34±0,03 4,45±0,93 92,58

15 2,0 1,37±0,01 33,15±1,95 0,35±0,00 1,47±0,25 97,53

Apesar do rendimento no processo partindo-se de 2,0 g/L de inóculo ser maior que o

processo partindo-se de 1,0 g/L, a produtividade do segundo foi maior em 18 horas de

processo e foi de 1,75 g/L.h comparado com 1,56 g/L.h no processo partindo de 2,0 g/L de

inóculo. Portanto, o processo SFS realizado em biorreator no sistema batelada foi otimizado

com 1,0 g/L de inóculo, 15 FPU/g celulose e 6% de celulose contida no bagaço de cana e 18

horas de processo, nas condições aqui estudadas. Na Figura 4.14 estão apresentados os

resultados cinéticos para os açúcares, produção de etanol e biomassa celular durante o

processo SFS otimizado anteriormente (1,0 g/L de inóculo, 15 FPU/g celulose e 6% de

celulose).

Pode-se observar que a celobiose é produzida em maior quantidade no início do

processo bem como a glicose, porém com o início da fase exponencial da levedura, estes

açúcares são consumidos rapidamente e ficando constantes próximos de zero no decorrer do

processo. A xilose foi liberada ao meio e não foi consumida pela levedura. A celulose foi

consumida em 92,58% e a biomassa celular atingiu 4,5 g/L ao final de 24 horas de processo.

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0 4 8 12 16 20 240,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

Bio

ma

ssa

celu

lar

(g/L

)

Ce

lulo

se e

eta

nol (g

/L)

Ce

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se e

xilo

se (

g/L

)

Tempo (h)

0

10

20

30

40

50

60

0

1

2

3

4

5

■-celobiose, ●-glicose, ▲-xilose, □-celulose, ○-etanol e ◊-biomassa celular.

Figura 4.14 – Perfil cinético do processo SFS otimizado (1,0 g/L de inóculo, 15 FPU/g

celulose e 6% de celulose).

Na Figura 4.15 estão apresentados os resultados do estudo cinético realizado em

sistema batelada alimentada para o crescimento microbiano para o primeiro ensaio, bem

como, o monitoramento completo para o segundo ensaio. O estudo em batelada alimentada foi

realizado com as condições de enzima, inóculo e celulose otimizadas no sistema batelada.

Como pode ser visto, 2,7 g/L de biomassa celular foi obtida em 10 horas de processo,

no primeiro ensaio em batelada alimentada, e depois um declínio. Este comportamento

microbiano foi utilizado para estimar o final da fase exponencial que foi em 4 horas. Portanto,

foi em 4 horas que se fez a segunda alimentação de bagaço de cana no segundo ensaio em

batelada alimentada, sendo a primeira alimentação os 2% de celulose inicial. Durante o

segundo ensaio o crescimento celular foi monitorado após a segunda alimentação e foi de 2,4

g/L no início até se estabilizar em 2,9 g/L em 17 horas de processo. Neste trabalho o

crescimento celular não foi monitorado após a terceira alimentação.

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Estudo do Processo de Sacarificação e Fermentação Simultânea do Bagaço de Cana-de-açúcar Para Produção

de Etanol

163

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

0 5 10 15 20 25 30 35 400

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

Ativ

ida

de

en

zim

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(F

PU

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elu

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)

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l e c

elu

lose

(g

/L)

Tempo (h)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

(■) Etanol produzido, (●) Celulose consumida, (▲) Crescimento celular no primeiro ensaio, (▼) Crescimento

celular, no segundo ensaio, depois da segunda alimentação, (□) Atividade enzimática. As setas em vermelho

apontam as alimentações.

Figura 4.15 – Estudo cinético do processo SFS em batelada alimentada (primeiro e segundo

ensaio).

Os resultados cinéticos do primeiro ensaio foram utilizados para estimar o tempo da

terceira alimentação de acordo com a taxa de consumo de celulose que estava em 1,47 g/L.h

em 4 horas de processo. E neste caso não se levou em consideração a taxa de crescimento

microbiano e produção de glicose, o que tornaria o cálculo mais complexo, nem tão pouco, as

dificuldades de transferência de massa logo depois da alimentação. Portanto, o tempo para a

terceira alimentação ficou em 22 horas após a segunda alimentação, onde se viu que toda

celulose estaria consumida, entretanto, quando se observa a Figura 4.15, pode-se notar que a

celulose não foi totalmente consumida neste tempo. Neste caso o comportamento celular, uma

nova fase Lag, parece ter reduzido o consumo de celulose, e em 26 horas de processo ainda

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de Etanol

164

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

restava 13g/L de celulose para ser consumida. Esta fase Lag pode ter sido causada pela

dificuldade de transferência de massa logo após a alimentação.

Após a terceira alimentação, a última etapa do processo, a celulose estava com 33 g/L

em concentração, mas como a quantidade de células estava maior e, ao que parece, se

encontravam numa fase de maior consumo de substrato, a celulose foi rapidamente consumida

em 14 horas. Ao que parece, a taxa de produção de glicose pelas enzimas celulases não

limitaram o processo aqui estudado e a transferência de massa, que melhorou durante a

hidrólise do bagaço pré-tratado, no decorrer do tempo, favoreceu um maior consumo de

celulose após a terceira alimentação.

É necessário enfatizar que o sistema de condensação do biorreator STR, utilizado, não

estava com 100% de sua eficiência, portanto, parte do etanol produzido no processo em

batelada alimentada, pode ter sido evaporado devido ao longo tempo de residência. Se este

problema for minimizado ou reduzido, pode-se obter rendimentos em etanol próximos ou

maiores que o processo em batelada.

Se os resultados cinéticos do segundo ensaio fossem utilizados para estimar a terceira

alimentação em um possível terceiro ensaio cinético, o tempo do final da segunda fase

exponencial seria de 14 horas de processo total. Neste caso, pela Figura 4.15, a celulose

aumentaria de 23 g/L para 43 g/L e a razão da atividade enzimática que estava em 15 FPU/g

de celulose cairia para 7,5 FPU/g de celulose o que poderia comprometer a agitação do

sistema, bem como, o tempo de processo. Portanto, pode-se afirmar que o perfil visto na

Figura 4.15 para o processo em batelada alimentada está perto do ideal.

Na Tabela 4.8 estão apresentados os resultados de produção de glicerol e etanol, o

rendimento de etanol por grama de bagaço utilizado, a celulose residual do processo e o

rendimento em relação ao rendimento teórico do processo para os sistemas batelada

alimentada para o tempo de 40 horas de processo.

Trabalhando no sistema batelada alimentada foi possível obter 29,83 g/L de etanol e

88% de rendimento em relação ao rendimento teórico em 40 horas de processo, comparado às

24 horas no processo batelada e um rendimento um pouco maior, os resultados não parecem

favorecer o processo, entretanto, a quantidade de enzima foi de 15 FPU/g celulose para 2% de

celulose inicial e que se reutilizou nas outras duas alimentações de 2 e 2% de celulose contida

no bagaço sem que houvesse alimentação de mais enzimas. Isso significa a utilização de

apenas 1/3 da quantidade de enzima que se utilizou no processo em batelada e pela Figura

4.15 pode-se verificar que a atividade enzimática manteve-se constante durante as 40 horas de

processo.

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Tabela 4.8 – Produção de glicerol e etanol, rendimento de etanol por grama de bagaço utilizado, celulose residual e rendimento de etanol em relação ao rendimento teórico do processo para o sistema batelada alimentada para o segundo ensaio no tempo de 40 hs.

Glicerol

(g/L)

Etanol

(g/L)

Etanol

(g/g

bagaço)

Celulose

residual

(g/L)

Rendimento

(%)

0,05±0,00 29,83±0,96 0,32±0,02 0,44±0.12 88,00

Outra vantagem encontrada no sistema em batelada alimentada foi a questão de uma

melhor agitação do sistema (observação visual para os ensaios em batelada e batelada

alimentada) e que se espera que este fato reduza a demanda de potência do motor quando se

pensa em ampliação de escala, Figuras 4.16 a 4.18.

Figura 4.16 – Início do processo SFS partido de 6% de celulose contido no bagaço pré-tratado

com ácido-alcalino (sistema batelada).

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166

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Figura 4.17 – Processo SFS partido de 6% de celulose contido no bagaço pré-tratado com

ácido-alcalinoo após 6 horas de ensaio (sistema batelada).

Pôde-se observar que o processo SFS em sistema batelada se inicia com o bagaço bem

concentrado no meio o deixando com uma aspecto quase sólido o que dificultou a

homogeneização do sistema. Somente em 6 hs de processo é que se foi verificado que o meio

já apresentava um aspecto mais líquido. Pela Figura 4.18, pode-se verificar que o sistema em

batelada alimentada se apresenta bem mais propício a uma melhor homogeneização, logo no

início do processo.

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Figura 4.18 – Início do processo SFS partido de 2% de celulose contido no bagaço pré-tratado

com ácido-alcalino (sistema batelada alimentada).

Na Tabela 4.9 estão apresentados resultados de estudos em SFS para a produção de

etanol utilizando-se diferentes biomassas lignocelulosicas, bem como diferentes processos

segundo os autores citados. Como pode ser observado, os resultados deste trabalho estão de

acordo com a literatura, porém, vale ressaltar que o rendimento em etanol deste trabalho foi

obtido fazendo-se uso de biorreator o qual corresponde a uma maior aproximação da realidade

quando se pensa em ampliação de escala do processo, pois um dos problemas que será

enfrentado na indústria será a transferência de massa nas dornas de fermentação.

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168

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

Tabela 4.9 – Comparação de diferentes estudos em SFS para a produção de etanol.

Autor Biomassa

vegetal

Micro-

organismo

Etanol

(g/L)

Etanol

(g/g

biomassa)

Rendimento

(%)

Este

trabalho

Bagaço de

cana

S. cerevisiae

PE-2 31,4 0,34 92,58

Ohgren et

al., 2007

Palha de

milho S. cerevisiae 21,4 0,75 81,5

Cuevas et

al., 2010

Galhos de

azeitona

S. cerevisiae

IR2-9a 18,0 0,09 83,6

Tomas-Pejo

et al., 2009

Celulose

cristalina K. marxianus 43,5 0,3 58,82

Yu et al.,

2010

Caule de

sorgo S. cerevisiae 37,0 0,07 93,0

Kovacs et

al., 2009 Serragem S. cerevisiae 18,0 0,36 76,0

4.4 Conclusão

A partir dos resultados obtidos neste estudo pôde-se verificar que foi possível reduzir a

carga inicial de enzima para redução de custo no processo de hidrólise da celulose. O bagaço

de cana-de-açúcar pré-tratado com ácido sulfúrico e hidróxido de sódio apresentou-se como o

mais eficiente para favorecer o processo SFS na produção de etanol, e a levedura com maior

potencial no processo SFS foi a S. cerevisiae PE-2, neste caso.

Fazendo-se uso de biorreator no sistema em batelada foi possível produzir

rendimentos consideráveis em etanol gerando dados para futuro estudo quando ao se

considerar a ampliação de escala do processo aqui estudado. Pelos resultados obtidos em

batelada alimentada foi possível reduzir custo com enzimas obtendo-se um considerável

rendimento em etanol.

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CAPÍTULO V: MODELAGEM MATEMÁTICA DA HIDRÓLISE ENZIMÁTICA NO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA PRODUÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES

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Modelagem Matemática da Hidrólise Enzimática no Bagaço de Cana-de-açúcar Para Produção de Açúcares

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5. Modelagem Matemática da Hidrólise Enzimática

no Bagaço de Cana-de-açúcar Para Produção de

Açúcares Redutores

5.1 Introdução

Este trabalho teve como objetivo a modelagem matemática do processo de hidrólise

enzimática em sistema batelada utilizando o bagaço de cana-de-açúcar como substrato para a

produção de glicose e xilose propondo um modelo mecanistico baseado em dados

experimentais. Para a obtenção de dados experimentais, foram realizados ensaios para avaliar

o comportamento cinético do processo, a reatividade do substrato, adsorção das enzimas

celulases, energia de ativação e ensaios de inibição. Com estes dados, e resultados publicados

na literatura, foi possível propor e validar um modelo matemático mecanistico para a hidrólise

enzimática no sistema batelada, aqui estudado.

5.2 Material e Métodos

5.2.1 Reagentes utilizados

Os principais reagentes utilizados foram: ácido sulfúrico e ácido clorídrico (MICRO-

QUÍMICA PRODUTOS PARA LABS LTDA, P.A), hidróxido de sódio (CRQ, P.A), ácido

cítrico e citrato de sódio (QUEMIS, P.A), azida de sódio (CRQ, P.A), glicose, xilose e

celobiose (Sigma-Aldrich, HPLC), e celulose microgranular (Sigma-Aldrich).

5.2.2 Enzimas e bagaço de cana-de-açúcar

A enzima utilizada foi cedida gentilmente pela Novozymes, e foi o complexo de

celulases NS22086 (220 FPU/mL, 4500 CBU/mL) (Ghose, 1987) e 0,04 g/mL de proteína

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170

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total. O substrato utilizado foi o bagaço de cana-de-açúcar cedido gentilmente pela Usina

Estivas (Arês – RN, Brasil) e submetido a um pré-tratamento com ácido sulfúrico diluído em

uma primeira etapa (Guo et al., 2009) e hidróxido de sódio em uma segunda etapa (Vasquez

et al., 2007) e analisado segundo (Gouveia et al., 2009) para determinação da composição

química. Maiores detalhes para o estudo de pré-tratamento e composição química, estão

apresentados no Capítulo III desta Tese.

5.2.3 Ensaios enzimáticos

Foram realizados ensaios cinéticos em sistema batelada variando-se a atividade

enzimática inicial de 5 a 90 FPU/g celulose e a quantidade de celulose inicial de 2 a 6%

(m/m). Um ensaio com bagaço não-tratado foi realizado para comparação com o bagaço pré-

tratado. O complexo enzimático utilizado já possuía atividade de celobiase suficiente,

portanto, não precisou ser suplementada com enzimas β-glicosidase. Os ensaios foram

realizados em incubador rotatório (TE – 421, Tecnal, São Paulo, Brasil) com 200 rpm e 50 °C

por 12 horas utilizando Erlenmeyers de 250 mL e 100 mL de volume reacional com tampão

citrato 50 mM (pH 5,0). Uma solução de azida de sódio 1% (m/m) na proporção de 1:100

(v/v) foi usada para prevenir o crescimento de micro-organismos. Os ensaios foram realizados

em duplicata.

Neste trabalho não foram realizados estudos cinéticos variando a temperatura pois já é

bem conhecido que as enzimas celulases agem melhor na temperatura de 50 °C assim como

esta temperatura também é mencionada como a ideal pelo fabricante da enzima doada.

Resultados cinéticos em diferentes temperaturas também não são de grande importância

quando se pensa em modelar o processo SFS, pois, mesmo que se trabalhe com temperaturas

mais baixas, as inibições por produto, glicose e celobiose, são reduzidas ou até mesmo

eliminadas no processo SFS, o que favorece às conversões de celulose mesmo se trabalhando

em temperaturas fora do ideal da enzima. Desta forma, utilizar os parâmetros cinéticos de um

modelo de hidrólise ajustado pra dados obtidos a temperaturas mais baixas como próximo de

30 °C podem resultar em baixas taxas de conversão, o que não ocorre no SFS. Portanto,

resultados cinéticos de hidrólise enzimática variando temperatura para este caso específico

não é de muita utilidade.

Para este estudo e os posteriores, o bagaço de cana pré-tratado não foi lavado com

água quente (100 °C) para ser usado nas hidrólises enzimáticas, portanto, os açúcares

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171

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

impregnados da matriz lignocelulosica (denominados de extraíveis em água quente) foram

incorporados aos resultados de produção de glicose e xilose.

Para os ensaios de adsorção (Khodaverdi et al., 2012), foi usada à quantidade de

celulose de 1% contida no bagaço pré-tratado em Erlenmeyer de 250 mL com 20 mL de

volume reacional, e as mesmas atividades enzimáticas utilizadas nos ensaios cinéticos. Os

mesmos parâmetros de processo do ensaio cinético foram utilizados neste ensaio com exceção

da temperatura que foi de 4 °C, para que não ocorresse hidrólise enzimática e sim, apenas, a

adsorção da enzima na superfície da biomassa. O tempo de contato da enzima-biomassa foi de

2 horas e em seguida se fez uma leitura de proteína por Bradford. Foi realizada uma

determinação de proteínas em um branco apenas com enzimas na solução tampão e outro

branco apenas com bagaço de cana em solução tampão. Portanto, a proteína adsorvida foi

obtida por diferença entre a quantidade de proteína total obtida pelo ensaio branco da proteína

e a quantidade de proteína obtida pelos ensaios onde se teve enzima-biomassa em contato,

pois não se detectou proteína no ensaio em branco apenas bagaço. Também se fez um ensaio

utilizando celulose pura microgranular para comparar a adsorção da enzima nesta e no bagaço

de cana.

Para os ensaios de reatividade (Khodaverdi et al., 2012), energia de ativação (Kadam

et al., 2004) e inibição, foi utilizada a quantidade de 3% de celulose em Erlenmeyer de 250

mL com 20 mL de volume reacional e 15 FPU/g celulose das enzimas celulases e 200 rpm de

agitação.

Nos ensaios para determinação da reatividade, realizou-se a hidrólise enzimática na

temperatura de 50 °C. Foram feitos ensaios nos tempos de residência de 15 e 30 minutos, 1,

1,5, 3, e 4 horas, em seguida as amostras foram retiradas (20 ml) e centrifugadas a 4.000 rpm

(5.257,1 x g) (5424, Eppendorf, Alemanha) por 15 min e a fase sólida lavada com água

destilada na proporção de 5:15 (bagaço/água). Depois disto, as amostras foram suspendidas

com tampão citrato 0,05 M (pH 5,0) e adicionou-se a mesma quantidade de enzimas (15

FPU/g celulose) para se realizar uma nova hidrólise por 1 hora. Em seguida, amostras foram

coletadas nos tempos de 1, 5, 10, 30 e 60 minutos, centrifugadas a 14.000 rpm (18.406,7 x g)

(5424, Eppendorf, Alemanha) por 30 minutos, para análises de açúcares. Os ensaios foram

realizados em duplicata. A reatividade está demonstrada nas Equações 4.1 e 4.2.

0

c

RR

R

(4.1)

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0

c

CR

C

(4.2)

Para os ensaios de energia de ativação foram feitas hidrólises no tempo de 3 horas

variando-se as temperaturas em 30, 35, 40, 45, 50 e 55 °C. Em seguida as amostras foram

coletadas para análises de açúcares. Os ensaios foram realizados em duplicata.

Nos ensaios de inibição foram usadas celulose do bagaço de cana ou celobiose pura

como substrato, as inibições testadas foram de acordo com a literatura (Kadam et al., 2004;

Morales-Rodriguez et al., 2011; Khodaverdi et al., 2012) e estão apresentados na Tabela 5.1.

Todos os ensaios foram realizados em duplicata. Devido ao complexo enzimático possuir

atividade celobiase, não foi possível se fazer um ensaio de inibição da reação direta (celulose

– glicose).

Tabela 5.1 - Condições de inibidores, substrato e tempo para os ensaios de inibição no processo de hidrólise enzimática.

Condições Reação: celulose -

celobiose

Reação global:

celulose - glicose

Reação: celobiose -

glicose

Celobiose (g/L) 0,01, 0,15 e 0,3 100, 132 e 140 20, 24,3 e 30

Glicose (g/L) 0,05, 0,1 e 0,2 0,02, 0,04 e 0,06 1,5, 3,9 e 5

Xilose (g/L) 0,05, 0,1 e 0,2 0,05, 0,2 e 0,35 180, 201 e 220

Substrato Celulose Celulose Celobiose

Tempo 30 minutos 3 h 2 h

Após as hidrólises enzimáticas, as amostras coletadas e analisadas foram de acordo

como foi descrito no Cap. II desta Tese, item 2.2.10.

5.2.4 Modelagem matemática

O modelo proposto foi baseado nos modelos publicados na literatura (Kadam et al.,

2004; Morales-Rodriguez et al., 2011; Khodaverdi et al., 2012) com algumas modificações

tomando-se por base os resultados dos ensaios de inibição e alguns fenômenos ocorridos na

hidrólise enzimática, como está demonstrado nos resultados e discussão.

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O software utilizado para a modelagem foi o Intel Fortran. O sistema de equações

diferenciais foi integrado numericamente utilizando o método matemático de integração

numérica Runge-Kutta de 5a ordem. A estimativa dos parâmetros foi realizada segundo o

método de Levenberg-Marquardt de regressão não-linear. Para os parâmetros não estimados

experimentalmente, utilizou-se valores da literatura como chute inicial, e para os parâmetros

obtidos através dos ensaios, utilizou-se os valores como chute inicial. O modelo foi validado

estatisticamente através do teste do χ2 (α = 0,5) realizado no software Statistica 7.0

comparando-se os dados experimentais com os preditos pelo modelo.

5.3 Resultados e Discussão

Para a composição do bagaço de cana foi encontrado 65% de celulose, 9,6% de

hemicelulose e 7,8% de lignina. Nas Figuras 5.1 e 5.2 estão apresentados os resultados para os

ensaios cinéticos para a produção de glicose e xilose nas diferentes condições de atividade

enzimática inicial, celulose inicial e um ensaio realizado com bagaço de cana sem pré-

tratamento.

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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0

10

20

30

40

50

60

Glic

ose (

g/L

)

Tempo (h)

5 FPU 4% cel.15 FPU 4% cel.30 FPU 4% cel.45 FPU 4% cel.60 FPU 4% cel.75 FPU 4% cel.90 FPU 4% cel.15 FPU 2% cel.15 FPU 6% cel.15 FPU 4% cel.*

*Hidrólise com bagaço de cana sem pré-tratamento.

Figura 5.1 – Produção de glicose em diferentes condições de hidrólise para o estudo cinético.

Pode-se observar que a produção de glicose aumenta à medida em que se aumenta a

quantidade de substrato e atividade enzimática inicial até o limite de 75 FPU, depois a

produção se mantém constante. A produção de glicose a partir de bagaço não-tratado foi

inferior em comparação com o bagaço pré-tratado. Pode-se observar, também, que a produção

de glicose partindo de 6% de celulose só se inicia a partir de 1 hora de processo. Tal

fenômeno pode ser explicado pelas dificuldades de transferência de massa no sistema. Este é

um dado importante quando se considera a modelagem do processo.

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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 200,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,05 FPU 4% cel.15 FPU 4% cel.30 FPU 4% cel.45 FPU 4% cel.60 FPU 4% cel.75 FPU 4% cel.90 FPU 4% cel.15 FPU 2% cel.15 FPU 6% cel.

Xilo

se (

g/L

)

Tempo (h)

Figura 5.2 – Produção de xilose em diferentes condições de hidrólise para o estudo cinético.

Na produção de xilose observa-se um acréscimo repentino a partir de 10 horas de

processo para os ensaios com maiores razões (enzima/substrato). Este foi um resultado

inesperado, considerando como o complexo enzimático age na produção de xilose, se existe

uma pequena atividade enzimática de xilanase na mistura enzimática ou se essa xilose é

liberada no meio de forma indireta devido à ação das enzimas celulases que desestruturaram a

matriz lignocelulosica. Observando a concentração de hemicelulose no bagaço pré-tratado que

foi de 29 g/L (4% de celulose inicial) e as quantidades baixas de xilose produzida pode-se

imaginar que o que ocorre é uma liberação dessa xilose no meio devido à ação indireta das

enzimas atuando na matriz lignocelulosica.

De acordo com os resultados cinéticos observa-se que a produção de glicose se

mantém constante a partir de 75 FPU, então, os ensaios de adsorção (Figura 5.3) foram

dimensionados a partir destes resultados e foi comprovado que, com 75 FPU a enzima alcança

o valor máximo de saturação. Desta forma, foi possível calcular o valor de Emax que foi de

0,018 (g proteína/g celulose), e, utilizando o software Statistica 7.0 foi possível encontrar o

valor de Kads de 23,28 (L/g proteína) por regressão não-linear. O gráfico com o ajuste de

Langmuir está em apresentado na Figura 5.4.

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176

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Um ensaio de adsorção com celulose pura e bagaço pré-tratado foi realizado partindo

de 15 FPU/g celulose das enzimas celulases e 4% de celulose inicial. Foi encontrado o

resultado de 0,037 g/L de enzimas adsorvidas no bagaço pré-tratado e 0,012 g/L de enzimas

adsorvidas na celulose pura. Este resultado indica que, provavelmente, 2/3 da quantidade de

enzimas (proteínas) adsorvidas no bagaço pré-tratado, ficaram adsorvidas na lignina e

hemicelulose. Entretanto, como a celulose pura, provavelmente tinha uma estrutura diferente

da que constitui o bagaço prá-tratado, essa afirmação ainda precisa ser verificada em estudos

mais aprofundados.

5 FPU 15 FPU 30 FPU 45 FPU 60 FPU 75 FPU 90 FPU0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40 Enzimas totais Enzimas livres Enzimas adsorvidas

Pro

tein

as (

g/L

)

Ensaios

Figura 5.3 – Resultados dos ensaios de adsorção da enzima para a modelagem enzimática.

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5 FPU 15 FPU 30 FPU 45 FPU 60 FPU 75 FPU 90 FPU0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

En

zim

as

ad

sorv

ida

s (

g/L

)

Ensaios

Observados Preditos

Figura 5.4 – Ajuste de Langmuir no ensaio de adsorção para a modelagem da hidrólise

enzimática.

Para os ensaios de reatividade foi encontrada uma alta discrepância entre a reatividade

ideal de 1,0 no tempo zero e a reatividade real no tempo de 15 min (Figura 5.5). Estes

resultados estão discrepantes dos apresentados por Kadam et al. (2004) onde um ajuste da

regressão da relação (C/Co x Rc) levando em consideração a reatividade 1,0 no tempo zero de

processo foi próximo de 1,0 e esta foi negligenciada do modelo. Na Tabela 5.2 estão os

resultados para os ensaios de reatividade.

Khodaverdi et al. (2012) encontrou uma reatividade de 0,6 no seu processo e como

este valor foi constante quando se correlacionou (C/Co x Rc) a reatividade foi negligenciada

no modelo alegando-se que ela possuía um valor relativamente alto e não diminuiu durante o

processo, mostrando que não foi influenciada pela estrutura do material.

Como pode ser visto na Tabela 5.2, o valor da reatividade aumentou em torno de

140% entre 15 minutos a 4 hs de processo. Este valor foi inesperado, pois se esperava que a

reatividade tivesse um leve acréscimo no início e fosse baixando no decorrer do processo

devido aos conhecimentos da estrutura lignocelulosica bem como da cristalinidade da

celulose, expostos nesta Tese. Ou seja, como a celulose tem uma região amorfa e outra

cristalina, esperava-se que, na medida que a região amorfa fosse sendo hidrolisada

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preferencialmente pelas enzimas, fosse restando a região cristalina onde a hidrólise ocorre em

uma menor taxa.

Duas hipóteses podem ser levantadas para se explicar estes resultados, a primeira é

que, com a degradação da hemicelulose, parte da celulose vai ficando mais exposta ao ataque

enzimático e assim aumentando a reatividade da celulose. A segunda hipótese é que a glicose,

que também e liberada da hemicelulose, interferiu nos resultados dos ensaios de reatividade.

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Rc

C/Co

Figura 5.5 – Correlação entre (Rc x C/Co) levando em consideração a reatividade teórica

(idealizada) de 1,0 no tempo zero de processo de hidrólise enzimática para os ensaios de

reatividade do substrato.

Tabela 5.2 – Resultados dos ensaios de reatividade do substrato para a modelagem do processo de hidrólise enzimática enzimática.

Tempo (h) R/Ro C/Co

0,25 0,10191 0,74911

0,5 0,13795 0,69375

1 0,15885 0,5466

1,5 0,12808 0,44901

3 0,18614 0,3285

4 0,24419 0,30936

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Como a reatividade foi baixa quando comparada com os resultados da literatura, este

fenômeno não foi negligenciado no modelo, e um valor médio (0,15) foi usado como chute

inicial durante a modelagem.

Na Figura 5.6 estão apresentados os resultados de inibição para a reação (celulose –

glicose). Para estes ensaios de inibição foi encontrado inibição no ensaio que leva em

consideração a reação global (celulose – glicose), para os outros ensaios não foi encontrado

inibição nas condições estudadas (Figuras 5.7 e 5.8). Observa-se que as constantes testadas na

inibição da reação (celobiose – glicose) são bem maiores para glicose e xilose, caracterizando

uma baixa inibição nesta rota (Tabela 5.1). Desta forma, as inibições para glicose e xilose

aqui determinadas foram consideras na taxa de reação r1 (Equação 4.1). Como é mais provável

de que a celobiose iniba a reação (celulose – celobiose) do que a reação direta (celobiose –

glicose) a constante de inibição aqui encontrada foi considerada, também, na taxa de reação

r1. Portanto, as inibições encontradas e incluídas como chute inicial no modelo foram para

celobiose (132g/L), glicose (0,04 g/L) e xilose (0,2 g/L) conforme os resultados encontrados

na Figura 5.6.

C 1

00 g

/L

C 1

32 g

/L

C 1

40 g

/L

G 0

,02

g/L

G 0

,04

g/L

G 0

,06

g/L

X 0,0

5 g/

L

X 0,2

g/L

X 0,3

5 g/

L

Branc

o

0

5

10

15

20

25

30C - CelobioseG - GlicoseX - xilose

Glic

ose

(g/L

)

B

Figura 5.6 – Ensaios de inibição na reação global (celulose – glicose) para a modelagem

enzimática.

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C 0

,01

g/L

C 0

,15

g/L

C 0

,3 g

/L

G 0

,05

g/L

G 0

,1 g

/L

G 0

,2 g

/L

X 0,0

5 g/

L

X 0,1

g/L

X 0,2

g/L B

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0C - CelobioseG - GlicoseX - xilose

Ce

lob

iose

(g

/L)

A

Figura 5.7 – Ensaios de inibição para a reação de hidrólise enzimática (celulose – celobiose).

C 2

0,0

g/L

C 2

4,3

g/L

C 3

0,0

g/L

G 1

,5 g

/L

G 3

,9 g

/L

G 5

,0 g

/L

X 180

,0 g

/L

X 201

,0 g

/L

X 220

,0 g

/L B

0

10

20

30

40

50

60

70

C - CelobioseG - GlicoseX - xilose

Glic

ose

(g

/L)

A

Figura 5.8 – Ensaios de inibição para a reação de hidrólise enzimática (celobiose – glicose).

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Os valores de energia de ativação foram de 9765 cal/mol na reação global (celulose –

glicose) em um ensaio feito por 3 horas e 2516 cal/mol para a reação (celobiose – glicose) em

um ensaio realizado por 10 minutos pois em 3 horas todos os ensaios variando-se as

temperaturas apresentaram conversão máxima de substrato a produto impedindo os cálculos

da energia de ativação. Pelos resultados pode-se ter uma ideia que a maior energia de ativação

necessária é na etapa (celulose – celobiose) na reação global (celulose – glicose). Os Gráficos

para a obtenção da energia de ativação estão em Apêndice.

Para a elaboração do modelo mecanistico que descrevesse o processo de hidrólise

enzimática foi feito algumas consideração para simplificar o sistema aqui estudado, são elas;

se considerou o tamanho da partícula como uniforme, não se considerou o efeito recalcitrante

da lignina, a taxa de transporte da enzima até o substrato foi muito menor que a taxa de reação

e foi negligenciada, as enzimas endo e exo-glicanases (celulases) foram consideradas apenas

uma enzima em um mecanismo catalítico simples (EP) e a atividade enzimática foi

considerada constante durante o tempo de residência sem levar em consideração a adsorção da

enzima na lignina e ostras desativações enzimáticas.

Tomando-se como base as publicações e os ensaios aqui realizados, um modelo

matemático foi proposto para a produção de glicose e xilose, a partir de bagaço de cana-de-

açúcar submetido a um pré-tratamento físico-químico, pelo processo de hidrólise enzimática

operando em sistema batelada. O modelo levou em consideração as taxas de reações r1, r2, r3 e

r4 (Equações 4.3, 4.4 e 4.5).

Como a reação direta (celulose – glicose) é menos provável de acontecer, ou seja,

pouca glicose é produzida de forma direta sem o intermediário celobiose mesmo que haja

apenas as enzimas celulases, e no caso deste estudo, existe uma alta atividade de celobiase,

esta reação levou em consideração apenas a inibição de glicose e um pequeno valor da taxa

constante de reação (k2), Equação 4.4. A taxa de reação r1 levou em consideração as inibições

por celobiose, glicose e xilose de acordo com os resultados dos ensaios experimentais de

inibição como já comentado (Figura 5.6). A taxa de reação r3 levou em consideração as

inibições por glicose e xilose considerando que o comportamento da celobiose possua uma

inibição diferenciada nesta rota, Equação 4.3. Desta forma, a inibição de celobiose na taxa r3

ficou expressa de forma diferente no modelo que é semelhante ao de Michaelis-Menten onde

se tem um sistema homogêneo e a enzima não é adsorvida no substrato. Nas outras taxas, por

se tratar de um sistema heterogêneo, foi preciso levar em consideração a adsorção da enzima

ao substrato e sua reatividade, Equação 4.7. Para a taxa de reação r4, foi levado em

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consideração apenas a inibição da xilose no processo, a razão (xilose/hemicelulose) foi de

(1/1) (m/m) e as enzimas que atuaram no processo foram as celulases agindo na

desestruturação de matriz lignocelulosica, por isso não foi levado em consideração a

reatividade da hemicelulose, Equação 4.5. Entretanto, esta reação (hemicelulose – xilose)

precisa ser melhor estudada. Por fim, o balanço de enzimas leva em consideração as celulases

adsorvidas, celulases livres e β-glicosidase total que se encontra livre. O modelo ajustado está

descrito nas Equações de 4.3 a 4.17.

31

2

cos, , ,

rrCelulose Celobiose Gli e

G G Xi G Xi

(4.3)

2 cosr

Celulose Gli eG

(4.4)

4 sr

Hemicelulose Xilo eXi

(4.5)

1 1 1 2ET EB EF ET

(4.6)

max 1

1

11

ads

ads

E K EF CEB

K EF

(4.7)

1 11

2

1 1 12

1

ads ck EB K R Cr

G G Xi

K IG K IG K IXi

(4.8)

2 12

2

1

ads ck EB K R Cr

G

K IG

(4.9)

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3 2 23

3 2

3 3

1

k ET Gr

G XiK M G

K IG K IXi

(4.10)

4 14

4

1

k EB Hr

Xi

K IXi

(4.11)

Balanço de massa:

1 2

dCr r

dt

(4.12)

21 31,056

dGr r

dt

(4.13)

2 31,111 1,053dG

r rdt

(4.14)

4

dHr

dt

(4.15)

4

dXir

dt

(4.16)

Com o ajuste do modelo para cada condição de acordo com os ensaios cinéticos,

foram obtidos os valores das constantes cinéticas e, desta forma, um modelo que abrange

todas as condições foi obtido a partir da média destas constantes (Tabela 5.3). Este modelo

foi, então, comparado com todas as condições operacionais (variação enzimática e de

substrato no ensaio cinético) a fim de se avaliar a predição do modelo e esta comparação foi

avaliada graficamente (Figuras 5.9 e 5.10) e através do teste χ2 (Tabela 5.4).

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Tabela 5.3 – Valores dos parâmetros do modelo de hidrólise enzimática. Parâmetros Valores Unidades Denominação

*Emax 0,018 g/g Máximo de enzimas celulases adsorvida na celulose

Kads 23,28 L/g Constante de adsorção das enzimas celulases na

celulose

*k1 6,24 L/g.h Constante da taxa de reação (celulose - glicose)

*Rc 0,27 - Reatividade do substrato (celulose)

*K1IG2 122,4 g/L Constante de inibição da celobiose

*K1IG 1,48 g/L Constante de inibição da glicose

*K1IXi 1,11 g/L Constante de inibição da xilose

*k2 2,24 L/g.h Constante da taxa de reação (celulose – glicose)

K2IG 80,0 g/L Constante de inibição da celobiose

*k3 305,0 1/h Constante da taxa de reação (celobiose-glicose)

K3M 6,0 g/L Constante de saturação da celobiose

K3IG 4,37 g/L Constante de inibição da glicose

K3IXi 250,0 g/L Constante de inibição da xilose

*k4 0,72 L/g.h Constante da taxa de reação (hemicelulose – xilose)

K4IXi 0,074 g/L Constante de inibição da xilose

C - g/L Celulose

G2 - g/L Celobiose

G - g/L Glicose

H - g/L Hemicelulose

Xi - g/L Xilose

ET - g/L Enzimas totais

EB1 - g/L Enzimas celulases adsorvida

EF1 - g/L Enzimas celulases livres

ET2 - g/L Enzima β-glicosidase total livre

*Constantes determinadas experimentalmente

Nas Figuras 5.9 e 5.19 estão a comparação do modelo obtido e a condição de 15

FPU/g celulose e 4% de celulose inicial. O mesmo ajuste foi encontrado para as outras

condições aqui testadas com exceção de alguns comportamentos da celobiose onde se

encontrou uma maior dificuldade de se ajustar o modelo. Entretanto, como a celobiose é

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apenas um intermediário da reação global (celulose – glicose) um ajuste perfeito desta curva

não é tão necessário um vez que os ajustes para celulose, glicose, hemicelulose e xilose foram

satisfatórios.

0 2 4 6 8 10 120

10

20

30

40

50

60

Celo

bio

se (

g/L

)

Celulose exp. Celulose cal. Glicose exp. Glicose cal.

Celu

lose

e g

licose

(g/L

)

Tempo (h)

0

1

2

3

4

Celobiose exp. Celobiose cal.

Figura 5.9 – Modelo ajustado para 15 FPU/g celulose e 4% de celulose inicial; celulose,

celobiose e glicose.

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0 2 4 6 8 10 125

6

7

Xilo

se

(g

/L)

Hemicelulose exp. Hemicelulose cal.

He

mic

elu

lose

(g/L

)

Tempo (h)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Xilose exp. Xilose cal.

Figura 5.10 - Modelo ajustado para 15 FPU/g celulose e 4% de celulose inicial; hemicelulose

e xilose.

Na Tabela 5.4 estão os resultados dos testes estatísticos tanto para o ajustes das

constantes cinéticas do modelo para cada condição experimental, bem como, para a

comparação do modelo obtido e as condições experimentais. Valores de χ2 calculados

menores que o valor tabelado indica um ajuste entre os dados experimentais e os calculados.

O modelo preditivo da xilose favorece posteriores estudos com a fermentação e

modelagem de processos utilizando a xilose como substrato fermentativo.

Nas condições de baixa concentração de bagaço de cana em meio reacional (2%

celulose) foi observado um menor ajuste para a produção de glicose, a glicose calculada ficou

subestimada (Tabela 5.4). Com esse resultado pode-se levantar a seguinte hipótese, o modelo

aqui proposto não leva em consideração a transferência de massa do sistema no seu

equacionamento, e como essa transferência de massa, provavelmente, foi dificultada em

valores maiores de celulose inicial (≥ 4%), o modelo teve dificuldades de predizer valores de

glicose para um processo onde se tem menor dificuldade de transferência (≤ 2%) de massa

onde a produção de glicose e melhor favorecida. Estes resultados são importantes, também,

para se modelar o sistema SFS.

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Tabela 5.4 – Teste de χ2 para o ajuste das constantes no modelo para cada condição cinética e para a comparação do modelo obtido a as condições operacionais realizadas (2,73 para d = 8 e α = 0,05).

Ajuste das constantes para cada condições cinética

Condições operacionais Celulose Glicose Hemicelulose Xilose

5 FPU e 4% celulose 0,47 5,28 0,001 0,02

15 FPU e 4% celulose 0,28 3,04 0,002 0,04

30 FPU e 4% de celulose 0,41 1,37 0,42 0,003

45 FPU e 4% celulose 0,51 0,88 0,07 0,35

60 FPU e 4% de celulose 6,59 2,87 0,04 0,27

75 FPU e 4% de celulose 12,92 4,3 0,25 0,68

90 FPU e 4% de celulose 9,2 2,7 0,26 0,79

15 FPU e 2% de celulose 0,59 2,28 0,66 4,29

15 FPU e 6% de celulose 0,67 5,77 0,01 0,35

15 FPU e 6% de celulose* 0,3 1,54 0,004 0,09

Comparação do modelo obtido e as condições operacionais realizadas

5 FPU e 4% celulose 0,15 3,4 0,001 0,03

15 FPU e 4% celulose 1,43 2,01 0,01 0,07

30 FPU e 4% de celulose 0,41 1,37 0,42 0,003

45 FPU e 4% celulose 1,36 2,4 0,06 0,28

60 FPU e 4% de celulose 2,58 2,91 0,04 0,19

75 FPU e 4% de celulose 12,52 4,57 0,33 1,01

90 FPU e 4% de celulose 7,57 3,1 0,27 1,08

15 FPU e 2% de celulose 3,34 21,43 0,76 7,26

15 FPU e 6% de celulose 0,99 11,09 0,02 0,49

15 FPU e 6% de celulose* 2,92 1,71 0,01 0,18

*Ajuste e predições feitas a partir de 1 h de processo.

Um menor ajuste foi obtido na condição partindo de 6% de celulose quando se iniciou

a modelagem a partir do tempo zero, entretanto, este problema foi resolvido quando se iniciou

a modelagem a partir de 1 hora de processo.

Um ajuste perfeito das constantes que representam os fenômenos baseando-se em

resultados experimentais é de grande dificuldade uma vez que é impossível se estudar

experimentalmente um fenômeno sem que outro esteja atuando. Desta forma, alguns valores

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podem ficar superdimensionados ou subdimensionados. Entretanto, ao juntar todos os

fenômenos para a realização da estimativa de parâmetros durante a modelagem, espera-se que

os erros fiquem balanceados entre as constantes.

Uma comparação foi realizada entre resultados de glicose e xilose simulados pelo

modelo e resultados de produção de glicose e xilose obtidos em biorreator, apresentados no

Cap. II desta Tese, (Figuras 5.11 e 5.12). Pode-se observar que o valor de glicose foi

superestimado e o de xilose subestimado. Estes resultado podem ser explicados pelo fato de

que a modelagem da hidrólise enzimática foi realizada utilizando resultados cinéticos obtidos

usando Erlenmeyers como reator onde a transferência de massa é diferente quando se

comparada à estudada nos biorreatores. Portanto, um estudo cinético em biorreator é de

grande valia para um melhor ajuste do modelo de hidrólise enzimática bem como se

considerar a modelagem do processo SFS.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 700

5

10

15

20

25

30

35

40

Glicose experimental - biorreator Glicose simulada - shaker

Tempo (h)

Glic

ose

(g

/L)

Figura 5.11 – Comparação entre uma simulação utilizando o modelo de hidrólise enzimática e

os resultados de glicose produzida nos ensaios realizados em biorreator no Cap. II desta Tese.

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Modelagem Matemática da Hidrólise Enzimática no Bagaço de Cana-de-açúcar Para Produção de Açúcares

Redutores

189

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 700,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0 Xilose experimental - biorreator Xilose simulada - shaker

Tempo (h)

Xilo

se (

g/L

)

Figura 5.12 – Comparação entre uma simulação utilizando o modelo de hidrólise enzimática e

os resultados de xilose produzida no ensaios realizados em biorreator no Cap. II desta Tese.

5.4 Conclusão

Em acordo com o apresentado verifica-se que o modelo proposto para descrever a

hidrólise enzimática do bagaço de cana-de-açúcar representa de forma mecanistica,

satisfatoriamente, o sistema aqui estudado.

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CAPÍTULO VI: MODELAGEM MATEMÁTICA DO PROCESSO DE SACARIFICAÇÃO E FERMENTAÇÃO SIMULTÂNEA DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA PRODUÇÃO DE ETANOL

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Modelagem Matemática do Processo de Sacarificação e Fermentação Simultânea do Bagaço de Cana-de-

açúcar Para Produção de Etanol

190

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

6. Modelagem Matemática do Processo de

Sacarificação e Fermentação Simultânea do Bagaço

de Cana-de-açúcar Para Produção de Etanol

6.1 Introdução

Este trabalho tem como objetivo a modelagem matemática do processo Sacarificação e

Fermentação Simultânea (SFS) utilizando o bagaço de cana-de-açúcar como substrato visando

à produção de etanol em sistema batelada. Para a estimativa de parâmetros dos modelos

propostos, foram utilizados os dados cinéticos obtidos no Capítulo IV desta Tese bem como

dados obtidos de um estudo de inibição do etanol na hidrólise enzimática e, glicose e etanol

no crescimento celular e na própria produção de etanol, realizados neste Capítulo. O modelo

macanístico proposto foi o acoplamento do modelo mecanístico de hidrólise enzimática

proposto no Capítulo V desta tese e um modelo fermentativo para a etapa biológica de

produção de etanol.

6.2 Material e métodos

6.2.1 Reagentes utilizados

Os principais reagentes utilizados neste trabalho foram: ácido sulfúrico e ácido

clorídrico (MICRO-QUÍMICA PRODUTOS PARA LABS LTDA, P.A), hidróxido de sódio

(CRQ, P.A), etanol e glicerol (Vetec, P.A), glicose (Sigma-Aldrich, HPLC).

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açúcar Para Produção de Etanol

191

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

6.2.2 Enzimas e bagaço de cana-de-açúcar

A enzima utilizada foi cedida gentilmente pela Novozymes, e foi o complexo de

celulases NS22086 (220 FPU/mL, 4500 CBU/mL) (Ghose, 1987) e 0,04 g/mL de proteína

total.

O substrato utilizado foi o bagaço de cana-de-açúcar cedido gentilmente pela Usina

Estivas (Arês – RN, Brasil) e submetido a um pré-tratamento com ácido sulfúrico diluído em

uma primeira etapa (Guo et al., 2009) e hidróxido de sódio em uma segunda etapa (Vasquez

et al., 2007) e analisado segundo Gouveia et al., (2009) para determinação da composição

química. Maiores detalhes para o estudo de pré-tratamento e composição química, estão

apresentados no Capítulo III desta Tese.

Neste trabalho foi utilizada a linhagem de levedura capaz de produzir etanol a partir de

glicose Saccharomyces cerevisiae PE- 2 (Basso et al., 2008).

6.2.3 Obtenção de dados experimentais e parâmetros de processo

Os dados cinéticos, em batelada, obtidos no Capítulo IV desta tese, bem como, os

valores de µmax, pmax e fatores de conversão foram utilizados no modelo como parâmetros de

processo obtidos experimentalmente, deixando o modelo o mais próximo do real possível. A

taxa de morte microbiana foi estimada fazendo-se uma regressão linear, utilizando o software

Origin 8.0, da região onde se observou um decréscimo na quantidade de células viáveis. As

constantes α e β usadas no modelo de Leudeking e Piret (Schmidell et al., 2001) para a

produção de um produto, foram determinadas fazendo uma regressão da correlação entre os

valores de µx e µp utilizando o software Origin 8.0. Os valores de µx e µp foram determinados

utilizando a planilha de Le Duy & Zajic segundo (Schmidell et al., 2001). Outras constantes

cinéticas de mais difícil obtenção como constantes de Monod e manutenção fisiológica

celular, foram retiradas da literatura (Morales-Rodriguez et al., 2011) e usadas como chute

inicial na etapa de estimativa de parâmetros.

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açúcar Para Produção de Etanol

192

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6.2.4 Ensaios de inibição

Para a etapa de hidrólise enzimática, foi realizado um estudo de inibição do etanol na

reação (celulose a glicose). Os ensaios foram realizados em incubador rotatório (TE – 421,

Tecnal, São Paulo, Brasil) com 200 rpm e 50 °C por 3 horas utilizando Erlenmeyers de 250

mL e 20 mL de volume reacional com tampão citrato 50 mM (pH 5,0), atividade inicial do

complexo enzimático de 15 FPU/g celulose e 3% de celulose contida no bagaço de cana-de-

açúcar. Uma solução de azida de sódio 1% (m/m) na proporção de 1:100 (v/v) foi usada para

prevenir o crescimento de micro-organismos. Foram adicionados 10, 20 e 30 g/L de etanol em

cada ensaio realizado acompanhado de um ensaio em branco onde não se adicionou etanol. Os

ensaios foram realizados em duplicata.

Nos ensaios fermentativos foram testadas inibições da glicose e etanol tanto no

crescimento microbiano como na produção de etanol de acordo com a Tabela 6.1. As

inibições testadas foram baseadas em resultados de modelos da literatura (Morales-Rodriguez

et al., 2011).

Tabela 6.1 – Inibidores estudados nos ensaios fermentativos para a modelagem do processo SFS.

Inibidor Quantidades (g/L)

Glicose 230, 280, 330, 380, 430, 480

Etanol 100, 130, 140, 160

Os ensaios foram realizados em incubador rotatório (TE – 421, Tecnal, São Paulo,

Brasil) com 150 rpm e 35 °C por 24 horas utilizando Erlenmeyers de 250 mL e 100 mL de

volume reacional em pH 5,0, atividade inicial do complexo enzimático de 15 FPU/g celulose

e 6% de celulose contida no bagaço de cana-de-açúcar. A quantidade de inóculo foi de 0,5 g/L

e o meio de cultura complementar foi o mesmo utilizada nos ensaios fermentativos em

biorreator apresentados no Capítulo IV desta Tese, item 4.2.9.2. Os ensaios foram realizados

em duplicata.

A quantificação do etanol e biomassa celular foi realizada da mesma forma como foi

feita no Capítulo IV desta Tese.

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açúcar Para Produção de Etanol

193

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

6.2.5 Modelagem matemática

Um primeiro modelo do sistema SFS foi de acordo com Morales-Rodriguez et al.,

(2011) com modificações. As modificações foram; o modelo de hidrólise enzimática foi o

modelo proposto e descrito no Capítulo V desta Tese, entretanto, neste modelo foi adicionada

a inibição causada pelo etanol na reação r1 (celulose a celobiose) e para a etapa fermentativa

foi excluído o fenômeno de consumo de xilose pelo micro-organismo para produção de

biomassa celular e etanol e ao termo de consumo de glicose foi acrescentado um termo para o

consumo de glicose para a produção de etanol.

Como não foi possível um bom ajuste dos dados no primeiro modelo proposto, um

segundo modelo foi testado usando o modelo de Leudeking e Piret (Schmidell et al., 2001)

para a formação do produto.

A integração numérica do modelo, estimativa dos parâmetros e validação estatística foi

de acordo com o descrito no Cap. V desta Tese.

6.3 Resultados e Discussão

6.3.1 Obtenção de parâmetros do processo

Na Tabela 6.2 estão os valores das constantes α e β usadas no modelo de Leudeking e

Piret bem como a taxa de morte celular (Kd) para os ensaios cinéticos realizados em biorreator

apresentados no Capítulo IV desta Tese.

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Tabela 6.2 – Valores das constantes α e β usadas no modelo de Leudeking e Piret e taxa de morte celular.

Condições de operação α (g/g) β (g/g.h) Kd (h-1)

2% celulose, 0,5 g/L inóculo e 15 FPU/g celulose 1,38 0,1 0,01

3% celulose, 0,5 g/L inóculo e 15 FPU/g celulose 2,6 0,09 0,11

4% celulose, 0,5 g/L inóculo e 15 FPU/g celulose 2,23 0,14 0,16

5% celulose, 0,5 g/L inóculo e 15 FPU/g celulose 3,25 0,33 0,1

6% celulose, 0,5 g/L inóculo e 15 FPU/g celulose 6,27 0,43 0,21

6% celulose, 0,5 g/L inóculo e 20 FPU/g celulose 1,67 0,27 0,0

6% celulose, 0,5 g/L inóculo e 10 FPU/g celulose 6,3 0,19 0,0

6% celulose, 1,0 g/L inóculo e 15 FPU/g celulose 3,5 0,29 0,0

6% celulose, 2,0 g/L inóculo e 15 FPU/g celulose 9,86 0,27 0,0

Os valores obtidos e apresentados da Tabela 6.2 foram utilizados como chute inicial

no ajuste dos modelos e nos Apêndices estão apresentados os gráficos para a obtenção destas

constantes para o ensaio na condição de (6% celulose, 1,0 g/L inoculo e 15 FPU/g celulose)

ao qual foi considerada a ótima condição experimental pelo Capítulo IV.

6.3.2 Ensaios de inibição

Na Figura 6.1 estão apresentados os resultados da inibição do etanol na reação

(celulose – glicose). Um ensaio sem adição de etanol (branco) foi feito para motivos de

comparação. Pôde-se observar que existe uma inibição entre o valor de 10 a 20 g/L de etanol

e este valor foi utilizado como chute inicial para estimar a constante de inibição na etapa de

hidrólise enzimática.

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10 20 30 B0

5

10

15

20

25G

lico

se (

g/L

)

Etanol (g/L)

Figura 6.1 – Ensaios de inibição do etanol na reação de hidrólise enzimática (celulose –

glicose).

Na Figura 6.2 estão apresentados os ensaios de inibição do etanol no crescimento

celular onde um branco foi realizado sem a adição do etanol.

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a b c d B0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Bio

ma

ssa

ce

lula

r (g

/L)

Ensaios

Figura 6.2 – Ensaios de inibição do etanol na biomassa celular no processo SFS.

a – 100 g/L, b – 130 g/L, c – 140 g/L e d – 160 g/L de etanol.

Pelos resultados observados percebeu-se que o valor de etanol que inibiu o processo

foi abaixo de 100 g/L, portanto, este valor foi usado como chute inicial no ajuste dos modelos.

Em valores próximos de 160 g/L de etanol o crescimento celular foi inibido por completo. Na

Figura 6.3 estão apresentados os resultados da inibição de etanol na própria produção de

etanol e pôde-se observar que a inibição está em valores abaixo de 100 g/L e que acima disto

não existe mais produção de etanol.

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a b c d B0

2

4

6

8

10

12

14

16

Eta

no

l (g

/L)

Ensaios

Figura 6.3 – Ensaios de inibição do etanol na produção de etanol no processo SFS.

a – 100 g/L, b – 130 g/L, c – 140 g/L e d – 160 g/L de etanol.

Na Figura 6.4 estão apresentados os resultados para os ensaios de inibição da glicose

no crescimento celular e pôde-se observar que a inibição está em valores abaixo de 230 g/L de

glicose adicionada ao meio reacional.

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a b c d e f B0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Bio

mass

a c

elu

lar

(g/L

)

Ensaios

Figura 6.4 – Ensaios de inibição da glicose no crescimento celular no processo SFS.

a – 230 g/L, b – 280 g/L, c – 330 g/L, d – 380 g/L, e – 430 e f – 480g/L de glicose.

Na Figura 6.5 estão apresentados os resultados para os ensaios de inibição da glicose

na produção de etanol. Como a glicose adicionada ao meio reacional tende a ser mais

rapidamente fermentada em etanol que a glicose hidrolisada da celulose, foram feito dois

cálculos para se analisar a inibição; um com o etanol produzido a partir de todas as glicoses e

outro descontando o equivalente em etanol que poderia ser produzido apenas da glicose

adicionada ao meio. Desta forma, se avaliou apenas o etanol produzido a partir da glicose

proveniente da celulose no processo SFS. Pôde-se observar que a inibição está em valores

abaixo de 230 g/L de glicose adicionada ao meio reacional. Também se observou que em

valores acima de 480 g/L de glicose adicionada no processo, até mesmo a fermentação

alcoólica da glicose adicionada foi inibida.

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a b c d e f B0

5

10

15

20

25

30

Eta

no

l (g

/L)

Ensaios

A B

Figura 6.5 – Ensaios de inibição da glicose na produção de etanol no processo SFS.

a – 230 g/L, b – 280 g/L, c – 330 g/L, d – 380 g/L, e – 430 e f – 480g/L de glicose.

A – determinação de etanol sem desconto da glicose pura adicionada, B – determinação de etanol descontando a

glicose pura adicionada ao meio reacional.

6.3.3 Modelagem matemática

6.3.3.1 Primeira modelagem

O primeiro modelo proposto para o ajuste dos dados experimentais foi de acordo com

Morales-Rodriguez et al. (2011) com modificações como descrito anteriormente. A Equação

6.1 representa a hidrólise enzimática da celulose em celobiose e, depois, glicose. A Equação

6.2 representa a formação direta de celulose em glicose. A Equação 6.3 é a produção de xilose

a partir de hemicelulose. A Equação 6.4 é o balanço de enzimas totais onde se têm as enzimas

celulases adsorvidas, as celulases livres e as celobiases totais livres, uma vez que, as enzimas

celobiases não são adsorvidas para esta modelagem admitindo que a reação (celobiose –

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açúcar Para Produção de Etanol

200

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

glicose) é homogênea. A Equação 6.5 representa o modelo de adsorção de Langmuir. As

Equações de 6.6 a 6.9 são as taxa de reações enzimáticas. A equação 6.10 é a taxa de

crescimento celular e a Equação 6.11 a taxa de morte celular. A Equação 6.12 representa a

produção de etanol e a Equação 6.13, o consumo de glicose pelo processo fermentativo. As

Equações de 6.14 a 6.20 são os balanços de massa para o consumo de celulose, produção e

consumo de celobiose, produção de consumo de glicose, consumo de hemicelulose, produção

de xilose, produção de biomassa celular e produção de etanol, respectivamente.

31

2

cos, , ,i i

rrCelulose Celobiose Gli e

G G X G X

(6.1)

2 cosr

Celulose Gli eG

(6.2)

4 si

rHemicelulose Xilo e

X

(6.3)

1 1 1 2ET EB EF ET

(6.4)

max 1

1

11ads

ads

E K EF CEB

K EF

(6.5)

1 1

1

2

1 1 1 12

1

ads c

i

i

k EB K R Cr

XG G E

K IG K IG K IX K IE

(6.6)

2 12

2

1

ads ck EB K R Cr

G

K IG

(6.7)

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3 2 23

3 2

3 3

1 i

i

k ET Gr

XGK M G

K IG K IX

(6.8)

4 14

4

1 i

i

k EB Hr

X

K IX

(6.9)

5 max 2max

5

5

1MY

G Pr

XGK G G

K IG

(6.10)

6 dr k

(6.11)

7 max 2max

7

7

1NY

G Pr p

PGK G G

K IG

(6.12)

8

/ /

1 1

p s x s

dP dXr mX

Y dt Y dt

(6.13)

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Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

Balanço de massa:

1 2

dCr r

dt

(6.14)

21 31,056

dGr r

dt

(6.15)

1 3 81,111 1,053dG

r r rdt

(6.16)

4

dHr

dt

(6.17)

4idX

rdt

(6.18)

5 6

dXr r X

dt

(6.19)

7

dPr X

dt

(6.20)

A implementação do modelo foi feita em duas etapas, a primeira foi durante a fase

Lag, onde as taxas de crescimento e morte celular foram nulas e a taxa de consumo de glicose,

pelo processo fermentativo, levou em consideração apenas a produção de etanol e a taxa de

manutenção celular. Na segunda etapa, levou-se em consideração o modelo completo como

demonstrado nas Equações acima.

Nas Figuras 6.6 e 6.7 estão a comparação entre os resultados calculados pelo modelo

para consumo de celulose e produção de biomassa e etanol comparados com os dados

experimentais utilizando apenas as constantes obtidas de forma experimental ou a partira da

literatura sem se fazer uma estimativa de parâmetro. E nas Figuras 6.8 e 69 estão a

comparação entre os resultados calculados pelo modelo para consumo de celulose e produção

de biomassa e etanol comparados com os dados experimentais utilizando apenas com as

constantes modificadas nas taxas de hidrólises enzimáticas.

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açúcar Para Produção de Etanol

203

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

O que se observou é que não foi possível o ajuste direto do modelo à condição

experimental e mesmo modificando-se apenas as taxas de reações enzimáticas para ajustar

melhor o perfil de celulose, não foi possível observar um ajuste da produção de etanol e

crescimento celular sem que fosse necessário um superdimensionamento das constantes µmax e

pmax. Tal fato evidencia que o modelo proposto ainda precisa de ajustes ou algum fenômeno

ainda não está equacionado no modelo, dificultando sua predição.

0 4 8 12 16 20 240

10

20

30

40

50

60 Celulose exp. Celulose cal.

Ce

lulo

se (

g/L

)

Tempo (h)

Figura 6.6 – Modelo 1 sem modificação nas constantes cinéticas fermentativas obtidas

experimentalmente; celulose (6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose).

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204

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0 4 8 12 16 20 24

0

5

10

15

20

25

30

35

Bio

ma

ssa

(g

/L)

Etanol exp. Etanol cal.

Eta

no

l (g

/L)

Tempo (h)

0

1

2

3

4

Biomassa exp. Biomassa cal.

Figura 6.7 – Modelo 1 sem modificação nas constantes cinéticas fermentativas obtidas

experimentalmente; biomassa e etanol (6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g

celulose).

0 4 8 12 16 20 240

10

20

30

40

50

60 Celulose exp. Celulose cal.

Celu

lose (

g/L

)

Tempo (h)

Figura 6.8 – Modelo 1 sem modificação nas constantes cinéticas fermentativas obtidas

experimentalmente e modificação nas taxa de reações enzimáticas; celulose (6% de celulose

inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose).

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açúcar Para Produção de Etanol

205

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

0 4 8 12 16 20 240

5

10

15

20

25

30

35

Bio

mass

a (

g/L

)

Etanol exp. Etanol cal.

Eta

nol (g

/L)

Tempo (h)

0

1

2

3

4

Biomassa exp. Biomassa cal.

Figura 6.9 – Modelo 1 sem modificação nas constantes cinéticas fermentativas obtidas

experimentalmente e modificação nas taxa de reações enzimáticas; biomassa e etanol (6% de

celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose).

Após a tentativa de se ajustar o modelo do processo SFS sem aplicar a estimativa de

parâmetros, o próximo passo foi usar a sub-rotina Levenberg-Marquard para se estimar os

parâmetros, usando os parâmetros obtidos experimentalmente como chute inicial. O modelo

proposto foi ajustado para as condições operacionais apresentadas na Tabela 6.2 onde se

observa o teste χ2 para cada condição ajustada. No teste χ2 o valor calculado precisa ser menor

que o valor tabelado para que o conjunto de dados sejam iguais estatisticamente. No geral se

observou que foi possível ajustar cada caso ao modelo proposto, entretanto, como se trabalhou

com dados cinéticos brutos, sem alisamento, alguns valores do teste estatísticos ficaram acima

do tabelado, e também se observou certa dificuldade no ajuste do modelo devido à

complexidade que é este sistema. Devido à grande quantidade de curvas a serem ajustadas e a

maior dificuldade de se ajustar os reagentes intermediários celobiose e glicose, estes dois

parâmetros foram os menos ajustados dando-se menor importância.

Com o ajuste do modelo para cada condição, foram obtidos os valores das constantes

cinéticas e, desta forma, um modelo que abrange todas as condições foi obtido a partir da

média destas constantes (Tabela 6.4). Este modelo foi, então, comparado com todas as

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açúcar Para Produção de Etanol

206

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

condições operacionais a fim de se avaliar a predição do modelo e esta comparação foi

avaliada graficamente e através do teste χ2 (Tabela 6.3).

Tabela 6.3 – Teste de χ2 para o ajuste das constantes no modelo para cada condição cinética e para a comparação do modelo obtido a as condições operacionais realizadas para o primeiro modelo (2,73 para d = 8 e α = 0,05).

Ajuste das constantes para cada condições cinética

Condições

operacionais

Celulose Hemicelulose Xilose Biomassa Etanol

A 2,28 0,003 0,04 1,75 1,27

B 0,73 0,005 0,06 0,50 2,11

C 6,56 0,021 0,28 0,33 4,95

D 4,89 0,006 0,10 0,43 1,89

E 35,02 0,009 0,11 2,89 2,65

F 3,22 0,01 0,26 0,41 3,59

G 3,74 0,016 0,2 2,74 13,72

H 8,19 0,017 0,22 1,21 3,76

I 5,29 0,034 0,46 0,003 2,54

Comparação do modelo obtido e as condições operacionais realizadas

A 13,2 0,02 0,28 2,93 4,73

B 1,52 0,007 0,09 0,51 6,98

C 6,52 0,02 0,23 3,73 4,61

D 50,94 0,01 0,17 1,67 3,13

E 18,74 0,01 0,17 2,11 3,19

F 500,9 0,25 2,19 3,13 10,52

G 6,54 0,04 0,74 2,25 31,75

H 15,79 0,029 0,33 1,76 13,66

I 14,59 0,024 0,31 4,23 13,57

A - 15 FPU, 2% celulose e 0,5 g/L inóculo, B - 15 FPU, 3% celulose e 0,5 g/L inóculo, C - 15 FPU, 4% celulose

e 0,5 g/L inóculo, D - 15 FPU, 5% celulose e 0,5 g/L inóculo, E - 15 FPU, 6% celulose e 0,5 g/L inóculo, F - 20

FPU, 6% celulose e 0,5 g/L inóculo, G - 10 FPU, 6% celulose e 0,5 g/L inóculo, H - 15 FPU, 6% celulose e 1,0

g/L inóculo e I - 15 FPU, 6% celulose e 2,0 g/L inóculo.

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207

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Tabela 6.4 – Valores das constantes do primeiro modelo proposto. Parâmetros Valores Unidades Denominação

*Emax 0,018 g/g Máximo de enzimas celulases adsorvida na celulose

Kads 23,28 L/g Constante de adsorção das enzimas celulases na

celulose

*k1 4,64 L/g.h Constante da taxa de reação (celulose - glicose)

*Rc 0,27 - Reatividade do substrato (celulose)

*K1IG2 132,0 g/L Constante de inibição da celobiose

*K1IG 0,24 g/L Constante de inibição da glicose

*K1IXi 5,64 g/L Constante de inibição da xilose

*K1IE 20,0 g/L Constante de inibição do etanol

*k2 2,2 L/g.h Constante da taxa de reação (celulose – glicose)

K2IG 80,0 g/L Constante de inibição da celobiose

*k3 184,0 1/h Constante da taxa de reação (celobiose-glicose)

K3M 0,22 g/L Constante de saturação da celobiose

K3IG 20,0 g/L Constante de inibição da glicose

K3IXi 255,5 g/L Constante de inibição da xilose

*k4 0,62 L/g.h Constante da taxa de reação (hemicelulose – xilose)

K4IXi 0,03 g/L Constante de inibição da xilose

*µmax 0,84 h-1 Taxa máxima inicial de crescimento microbiano

K5G 0,03 g/L Constante de Monod para o crescimento celular

*K5IG 200,0 g/L Constante de inibição da glicose no crescimento celular

*Px max 80,0 g/L Máximo de etanol o qual existe crescimento celular

YNX 1,29 - Constante exponencial de inibição do etanol no

crescimento celular

*kd 0,18 h-1 Taxa de morte celular

*pmax 4,12 h-1 Taxa máxima inicial de produção de etanol

K7G 0,03 g/L Constante de Monod para a produção de etanol

*K7IG 200,0 g/L Constante de inibição da glicose na produção de etanol

*Pp max 80,0 g/L Máximo de etanol o qual existe a produção de etanol

YNP 1,42 - Constante exponencial de inibição do etanol na

produção de etanol

*Yp/s 0,32 g/g Fator de conversão de glicose a etanol

*Yx/s 0,09 g/g Fator de conversão de glicose a biomassa celular

m 1,31 h-1 Taxa de consumo de glicose para manutenção celular

C - g/L Celulose

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Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

G2 - g/L Celobiose

G - g/L Glicose

H - g/L Hemicelulose

Xi - g/L Xilose

X - g/L Biomassa celular

P - g/L Etanol

ET - g/L Enzimas totais

EB1 - g/L Enzimas celulases adsorvida

EF1 - g/L Enzimas celulases livres

ET2 - g/L Enzima β-glicosidase total livre

*Constantes determinada experimentalmente

Nas Figuras 6.10, 6.11 e 6.12 estão apresentadas as comparações entre o modelo e a

condição experimental de 6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inoculo e 15 FPU/g celulose.

0 4 8 12 16 20 24

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Celulose exp. Celulose cal. Etanol exp. Etanol cal.

Bio

massa

ce

lula

r (g

/L)

Celu

lose e

Eta

nol (g

/L)

Tempo (h)

0

2

4

6

8

Biomassa exp. Biomassa cal.

Figura 6.10 – Comparação entre o primeiro modelo e a condição experimental de 6% de

celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; celulose, etanol e biomassa.

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0 4 8 12 16 20 246

7

8

9

10

11

12

Xilo

se (

g/L

)

Hemicelulose exp. Hemicelulose cal.

He

mic

elu

lose

(g

/L)

Tempo (h)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Xilose exp. Xilose cal.

Figura 6.11 – Comparação entre o primeiro modelo e a condição experimental de 6% de

celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; hemicelulose e xilose.

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0 4 8 12 16 20 240,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Glic

ose

(g

/L)

Celobiose exp. Celobiose cal.

Celo

bio

se (

g/L

)

Tempo (h)

-1

0

1

2

3

4

5

6

Glicose exp. Glicose cal.

Figura 6.12 – Comparação entre o primeiro modelo e a condição experimental de 6% de

celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; celobiose e glicose.

Pode-se observar um ajuste para o consumo de celulose e uma falta de ajuste para a

produção de etanol e crescimento celular. Apesar das dificuldades, ajustes, razoáveis, foram

obtidos nas cinéticas de celobiose e glicose. Entretanto, como estes dois açúcares são

intermediários do processo, um bom ajuste destes parâmetros foi de menor importância.

Para a hidrólise da hemicelulose e produção de xilose um bom ajuste foi obtido devido

à menor complexidade das equações propostas que são menos dependentes de outros

parâmetros de processo. Enquanto que, para o crescimento celular e produção de etanol,

parâmetros bastante relacionados com todo o sistema, observou-se uma dificuldade maior de

ajuste do modelo isto pode ser exemplificado nos valores de µmax e pmax que foram

superdimensionados para suprir algum termo do modelo que poderia estar mal proposto ou

algum fenômeno do sistema que não representado no modelo. Desta forma, devido à

complexidade do sistema estudado a primeira modelagem não foi suficiente para predizer o

processo.

Diante dos resultados, um segundo modelo foi proposto para tentar melhorar a

predição do processo SFS aqui estudado.

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açúcar Para Produção de Etanol

211

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

6.3.3.2 Segunda modelagem

Como não foi possível um bom ajuste dos dados no primeiro modelo proposto, um

segundo modelo foi testado substituindo o modelo de formação do produto exposto na

primeira modelagem pelo modelo de Leudeking e Piret (Schmidell et al., 2001) para a

formação do produto de acordo com a Equação 6.21.

7

dXr X

dt

(6.21)

Na Tabela 6.5 estão os resultado para o teste X2 para cada condição usada para ajustar

as constantes do modelo bem como a comparação do modelo às condições experimentais e na

Tabela 6.6 estão os valores das constantes obtidas na segunda modelagem.

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Tabela 6.5 – Teste de χ2 para o ajuste das constantes no modelo para cada condição cinética e para a comparação do modelo obtido a as condições operacionais realizadas para o segundo modelo (2,73 para d = 8 e α = 0,05).

Ajuste das constantes para cada condições cinética

Condições

operacionais

Celulose Hemicelulose Xilose Biomassa Etanol

A 1,48 0,001 0,01 0,43 0,22

B 2,27 0,005 0,06 0,43 1,48

C 6,81 0,017 0,17 0,62 3,7

D 2,08 0,007 0,09 0,52 0,53

E 4,72 0,01 0,14 0,21 3,03

F 4,34 0,14 0,14 0,31 3,30

G 1,65 0,01 0,23 0,23 3,11

H 13,3 0,007 0,15 0,20 2,95

I 7,13 0,02 0,36 0,003 4,35

Comparação do modelo obtido e as condições operacionais realizadas

A 15,8 0,03 0,44 3,29 16,56

B 2,47 0,01 0,16 1,23 15,07

C 4,1 0,021 0,29 3,66 9,89

D 21,28 0,008 0,13 0,74 14,39

E 18,74 0,01 0,17 2,11 3,19

F 4,59 0,01 0,2 1,23 3,35

G 82,42 0,08 0,98 1,19 16,87

H 10,61 0,018 0,11 0,71 2,31

I 1105 0,03 0,45 2,72 2,60

A - 15 FPU, 2% celulose e 0,5 g/L inóculo, B - 15 FPU, 3% celulose e 0,5 g/L inóculo, C - 15 FPU, 4% celulose

e 0,5 g/L inóculo, D - 15 FPU, 5% celulose e 0,5 g/L inóculo, E - 15 FPU, 6% celulose e 0,5 g/L inóculo, F - 20

FPU, 6% celulose e 0,5 g/L inóculo, G - 10 FPU, 6% celulose e 0,5 g/L inóculo, H - 15 FPU, 6% celulose e 1,0

g/L inóculo e I - 15 FPU, 6% celulose e 2,0 g/L inóculo.

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Tabela 6.6 – Valores das constantes do segundo modelo proposto. Parâmetros Valores Unidades Denominação

*Emax 0,018 g/g Máximo de enzimas celulases adsorvida na celulose

Kads 23,28 L/g Constante de adsorção das enzimas celulases na

celulose

*k1 3,19 L/g.h Constante da taxa de reação (celulose - glicose)

*Rc 0,27 - Reatividade do substrato (celulose)

*K1IG2 132,0 g/L Constante de inibição da celobiose

*K1IG 0,24 g/L Constante de inibição da glicose

*K1IXi 5,64 g/L Constante de inibição da xilose

*K1IE 20,0 g/L Constante de inibição do etanol

*k2 2,5 L/g.h Constante da taxa de reação (celulose – glicose)

K2IG 80,0 g/L Constante de inibição da celobiose

*k3 184,0 1/h Constante da taxa de reação (celobiose-glicose)

K3M 0,22 g/L Constante de saturação da celobiose

K3IG 20,0 g/L Constante de inibição da glicose

K3IXi 255,5 g/L Constante de inibição da xilose

*k4 0,55 L/g.h Constante da taxa de reação (hemicelulose – xilose)

K4IXi 0,03 g/L Constante de inibição da xilose

*µmax 0,9 h-1 Taxa máxima inicial de crescimento microbiano

K5G 0,03 g/L Constante de Monod para o crescimento celular

*K5IG 200,0 g/L Constante de inibição da glicose no crescimento celular

*Px max 80,0 g/L Máximo de etanol o qual existe crescimento celular

YNX 1,29 - Constante exponencial de inibição do etanol no

crescimento celular

*kd 0,11 h-1 Taxa de morte celular

α 5,21 g/g Constate de produção associada à taxa de crescimento

microbiano

β 0,15 g/g.h-1 Constate de produção não associada à taxa de

crescimento microbiano

*Yp/s 0,42 g/g Fator de conversão de glicose a etanol

*Yx/s 0,11 g/g Fator de conversão de glicose a biomassa celular

m 1,48 h-1 Taxa de consumo de glicose para manutenção celular

C - g/L Celulose

G2 - g/L Celobiose

G - g/L Glicose

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H - g/L Hemicelulose

Xi - g/L Xilose

X - g/L Biomassa celular

P - g/L Etanol

ET - g/L Enzimas totais

EB1 - g/L Enzimas celulases adsorvida

EF1 - g/L Enzimas celulases livres

ET2 - g/L Enzima β-glicosidase total livre

Nas Figuras de 6.13 a 6.15 estão apresentadas as comparações entre a predição do

modelo e os resultados experimentais condição de 6% de celulose inicial, 1,0 g/L de inoculo e

15 FPU/g celulose.

0 4 8 12 16 20 240

10

20

30

40

50

60

70

80

Celulose exp. Celulose cal. Etanol exp. Etanol cal.

Bio

ma

ssa (

g/L

)

Celu

lose

e E

tano

l (g

/L)

Tempo (h)

0

2

4

6

8

Biomassa exp. Biomassa cal.

Figura 6.13 - Comparação entre o segundo modelo e a condição experimental de 6% de

celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; celulose, etanol e biomassa.

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0 4 8 12 16 20 246

7

8

9

10

11

12

Xilo

se (

g/L

)

Hemicelulose exp. Hemicelulose cal.

Hem

icelu

lose

(g/L

)

Tempo (h)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Xilose exp. Xilose cal.

Figura 6.14 - Comparação entre o segundo modelo e a condição experimental de 6% de

celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; hemicelulose e xilose.

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açúcar Para Produção de Etanol

216

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

0 4 8 12 16 20 240,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Glic

ose

(g

/L)

Celobiose exp. Celobiose cal.

Ce

lobio

se (

g/L

)

Tempo (h)

-1

0

1

2

3

4

5

6

Glicose exp. Glicose cal.

Figura 6.15 - Comparação entre o segundo modelo e a condição experimental de 6% de

celulose inicial, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; celobiose e xilose.

Na Figuras 6.16 está apresentada a comparações entre a predição do modelo e os

resultados experimentais condição de 2% de celulose inicial, 0,5 g/L de inoculo e 15 FPU/g

celulose.

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açúcar Para Produção de Etanol

217

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

0 4 8 12 16 20 240

5

10

15

20

25

30 Etanol exp. Etanol cal.

Eta

no

l (g/L

)

Tempo (h)

Figura 6.16 - Comparação entre o segundo modelo e a condição experimental de 2% de

celulose inicial, 0,5 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose; etanol.

Como pôde ser visto, o segundo modelo proposto proporcionou uma melhor predição

do processo, entretanto, a predição para a produção de etanol só foi adequada para as

condições de celulose inicial de 6% como pôde ser observado na Figura 6.16 onde se

comparou o modelo com os dados experimentais partindo de 2% de celulose. Para valores de

celulose inicial abaixo de 6%, a predição foi superestimada. Alguns resultados do teste X2

foram um pouco acima do tabelado, mas o fato de ter se trabalhado com dados brutos, sem

alisamento, contribuiu para que isto ocorresse.

Pôde-se observar que mesmo com um melhor ajuste no segundo modelo, a constante

µmax foi superdimensionada para que os ajustes de cada condição fossem obtidos. Desta

forma, conclui-se que o modelo precisa de um melhor ajuste nas constantes já existentes, ou

um equacionamento de algum fenômeno existente no processo que não foi proposto no

modelo.

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Modelagem Matemática do Processo de Sacarificação e Fermentação Simultânea do Bagaço de Cana-de-

açúcar Para Produção de Etanol

218

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

6.4 Conclusão

Portanto, pode-se observar que a modelagem proposta ainda precisa de ajustes para

que o modelo do processo SFS seja representativo para todos os parâmetros de produção em

diferentes condições de processo.

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CAPÍTULO VII: CONCLUSÃO GERAL E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

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Conclusão Geral e Sugestões para Trabalhos Futuros

219

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

7. Conclusão Geral e Sugestões para Trabalhos

Futuros

7.1 Conclusão Geral

Um estudo para a produção de etanol celulósico foi realizado incluindo-se no conceito

de biorrefinaria. Neste trabalho foram realizados estudos de hidrólise enzimática,

caracterização físico-química, e estudos do processo de Sacarificação e Fermentação

Simultânea utilizando o bagaço de cana-de-açúcar como matéria-prima, bem como a

modelagem do processo de hidrólise enzimática e do processo SFS.

Com os resultados experimentais obtidos, procurou-se correlacionar de forma empírica

as características do bagaço de cana-de-açúcar submetido a diferentes pré-tratamentos com os

resultados apenas de hidrólise enzimática, bem como ao processo de Sacarificação e

Fermentação Simultânea para produção de etanol, estudado com diferentes linhagens de

leveduras. A partir dos resultado foi visto que para o processo de hidrólise enzimática o

bagaço que mais favoreceu a produção de glicose e xilose foi o submetido ao pré-tratamento

alcalino. Deferentemente, o bagaço que favoreceu a maior produção de etanol foi o bagaço

submetido ao pré-tratamento ácido-alcalino. Este resultado diferente suporta a hipótese de

que, cada micro-organismos, aqui estudado, reage de forma diferente aos constituintes do

meio de cultivo bem como as condições operacionais aplicadas.

Os resultados experimentais também foram importantes para a modelagem dos

processos de hidrolise enzimática e SFS. Muito embora, fatores como tipo de levedura,

complexo enzimático e pré-tratamento utilizado, não entre no equacionamento do modelo, a

escolha destes fatores a partir das avaliações experimentais, para se obter dados usados na

modelagem, deixam os modelos mais usuais quando se pensa em usa-los em uma otimização

de custo operacional.

Portanto, os resultados aqui apresentados são valorosos quando se pensa em produção

de etanol celulósico, bem como, a ampliação de escala do processo SFS. Desta forma, este

estudo agrega valor aos resíduos da agroindústria nacional implicando de forma direta no

aproveitamento do bagaço de cana-de-açúcar agregando-o mais valor e, assim, contribuindo

para o desenvolvimento sustentável do país.

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Conclusão Geral e Sugestões para Trabalhos Futuros

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Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

7.2 Sugestões para Trabalhos Futuros

Realizar estudos com o material solubilizado (fração líquida) produzido nos pré-

tratamentos, açúcares e lignina.

Realizar um estudo para tratamento e/ou reutilização da água de lavagem após os pré-

tratamentos.

Avaliar o quanto é possível reduzir o número de lavagens após os pré-tratamentos sem

afetar a produção de etanol pelo processo SFS.

Realizar um estudo com as enzimas celulases e β-glicosidase adicionadas com xilanases e

hemicelulases para a produção de glicose e xilose utilizando o bagaço de cana submetido

ao pré-tratamento alcalino.

Otimizar o meio de cultura em relação aos suplementos de nitrogênio e minerais para o

processo SFS.

Realizar os mesmos estudos anteriores agora com bagaço pré-tratado com peróxido de

hidrogênio e/ou hidróxido de sódio para se aproveitar a xilose na fermentação em um

processo SFS com Kluyveromyces marxianus ATCC 36907 e testar temperaturas mais

brandas como 35 °C.

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APÊNDICE

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Apêndice

248

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

Apêndice I

Resultados Experimentais

Capítulo IV

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,90,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Bio

massa

(g

/L)

ABS

Equation y = a + b*x

Weight No Weighting

Residual Sum of Squares

0,01505

Adj. R-Square 0,94702

Value Standard Error

BiomassaIntercept -0,03625 0,058

Slope 1,04534 0,12276

Figura A1 – Curva de calibração (Biomassa x DO) para a levedura Saccharomyces cerevisiae

PE- 2.

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Apêndice

249

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

Bio

ma

ssa

(g

/L)

ABS

Equation y = a + b*x

Weight No Weighting

Residual Sum of Squares

0,0017

Adj. R-Square 0,99207

Value Standard Error

BiomassaIntercept 0,04791 0,02002

Slope 0,95831 0,04279

Figura A2 – Curva de calibração (Biomassa x DO) para a levedura Saccharomyces cerevisiae

CAT-1.

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Apêndice

250

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,00,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Bio

ma

ssa

(g

/L)

ABS

Equation y = a + b*x

Weight No Weighting

Residual Sum of Squares

0,01868

Adj. R-Square 0,95326

Value Standard Error

BiomassaIntercept 0,24922 0,07013

Slope 1,2172 0,13394

Figura A3 – Curva de calibração (Biomassa x DO) para a levedura Kluyveromyces marxianus

ATCC 36907.

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Apêndice

251

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,90,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Bio

ma

ssa

(g

/L)

ABS

Equation y = a + b*x

Weight No Weighting

Residual Sum of Squares

0,01018

Adj. R-Square 0,93473

Value Standard Error

BiomassaIntercept -0,01689 0,05124

Slope 0,77713 0,10179

Figura A4 – Curva de calibração (Biomassa x DO) para a levedura Kluyveromyces marxianus

CE025.

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Apêndice

252

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

0 1x107

2x107

3x107

4x107

5x107

6x107

7x107

8x107

0

2

4

6

Biomassa Linear fit

Bio

massa

(g

/L)

UFC/mL

Equation y = a + b*x

Weight No Weighting

Residual Sum of Squares

1,52082

Adj. R-Square 0,8407

Value Standard Error

BIntercept 1,41252 0,43124

Slope 5,52473E-8 1,17495E-8

Figura A5 – Curva de calibração de células viáveis (UFC/mL) x biomassa em massa seca

(g/L) para a levedura Saccharomyces cerevisiae PE- 2.

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Apêndice

253

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

Capítulo V

0,00310 0,00315 0,00320 0,00325 0,003300,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8Ln (

k)

1/T (1/K)

Equation y = a + b*x

Weight No Weighting

Residual Sum of Squares

0,00778

Adj. R-Square 0,98384

Value Standard Error

Ln (k)Intercept 16,9138 1,00808

Slope -4932,0434 315,44014

Figura A6 – Correlação Ln(k) x1/T para o cálculo da energia de ativação da reação global de

celulose a glicose.

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Apêndice

254

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

0,00300 0,00305 0,00310 0,00315 0,00320 0,00325 0,00330

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

0,65

0,70

0,75

Ln (

k)

1/T (1/K)

Equation y = a + b*x

Weight No Weighting

Residual Sum of Squares

0,00175

Adj. R-Square 0,96763

Value Standard Error

Ln (k)Intercept 4,52705 0,42034

Slope -1271,18852 133,48422

Figura A7 – Correlação Ln(k) x1/T para o cálculo da energia de ativação da reação de

celobiose a glicose.

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Apêndice

255

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

µp (h

-1)

µx (h

-1)

Equation y = a + b*x

Weight No Weighting

Residual Sum of Squares

2,45238

Adj. R-Square 0,56108

Value Standard Error

BIntercept 0,29342 0,07789

Slope 3,52752 0,62673

Figura A8 – Estimativa das constantes α e β usadas no modelo de Leudeking e Piret para a

produção de um produto, através da regressão da correlação entre os valores de µx e µp, para o

processo partindo de 6% de celulose, 1,0 g/L de inóculo e 15 FPU/g celulose.

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Apêndice

256

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

17 18 19 20 21 22 23 24 25 260,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

Bio

massa

(g

/L)

Tempo (h)

Equation y = a + b*x

Weight No Weighting

Residual Sum of Squares

0

Adj. R-Square --

Value Standard Error

BiomassaIntercept 6,92596 --

Slope -0,20972 --

Figura A9 – Cálculo da taxa de morte Kd para o processo SFS partindo de 6% de celulose, 15

FPU/g celulose da enzima celulase e 0,5 g/L de inóculo.

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Apêndice

257

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

Apêndice II

Publicações em Eventos

APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL PARA A

HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR DO RIO GRANDE

DO NORTE - (RESUMO - CIENTEC 2011)

OTIMIZAÇÃO APLICANDO A METODOLOGIA DE PLANEJAMENTO

EXPERIMENTAL DA HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DE BAGAÇO DE CANA-DE-

AÇÚCAR DO RIO GRANDE DO NORTE - (TRABALHO COMPLETO – SINAFERM

2013)

OTIMIZAÇÃO POR REDES NEURAIS ARTIFICIAIS DA HIDRÓLISE ENZIMÁTICA

DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR DO RIO GRANDE DO NORTE - (TRABALHO

COMPLETO – SINAFERM 2013)

HIDRÓLISE ENZIMÁTICA EM STR DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR PRÉ-

TRATADO COM ÁCIDO SULFÚRICO DILUÍDO E HIDRÓXIDO DE SÓDIO -

(TRABALHO COMPLETO – SINAFERM 2013)

HIDRÓLISE ENZIMÁTICA EM STR DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR PRÉ-

TRATADO COM PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO - (TRABALHO COMPLETO –

SINAFERM 2013)

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENZIMÁTICO DE ENZIMAS COMERCIAIS NA

HIDRÓLISE DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR DO RIO GRANDE DO NORTE

(TRABALHO COMPLETO - COBEQ 2014)

ESTUDO FÍSICO-QUÍMICO POR DR-X E FTIR E HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DO

BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR SUBMETIDO A DIFERENTES PRÉ-

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Apêndice

258

Alexandre de Araujo Guilherme Setembro de 2014

TRATAMENTOS VISANDO A PRODUÇÃO DE ETANOL (TRABALHO COMPLETO -

COBEQ 2014)

UTILIZAÇÃO DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR SUBMETIDO A DIFERENTES

PRÉ-TRATAMENTOS VISANDO A PRODUÇÃO DE ETANOL PELO PROCESSO SFS

(TRABALHO COMPLETO - COBEQ 2014)

ESTUDO CINÉTICO DO PROCESSO SFS EM BIORREATOR PARA PRODUÇÃO DE

ETANOL A PARTIR DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR (TRABALHO COMPLETO

- COBEQ 2014)

ESTUDO DO PROCESSO SACARIFICAÇÃO E FERMENTAÇÃO SIMULTÂNEA (SFS)

EM BIORREATOR EM BATELADA ALIMENTADA VISANDO A REDUÇÃO DE

CUSTOS DA PRODUÇÃO DE ETANOL A PARTIR DE BAGAÇO DE CANA-DE-

AÇÚCAR (TRABALHO COMPLETO – COBEQ 2014)

MODELAGEM DA HIDRÓLISE ENZIMÁTICA NO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR

PARA PRODUÇÃO DE GLICOSE (TRABALHO COMPLETO - COBEQ 2014)

Publicações em Periódicos Indexados

Evaluation of Composition, Characterization and Enzymatic Hydrolysis of Sugar Cane

Bagasse Pretreated – Brazilian Journal of Chemical Engineering.