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UNIVERSIDADE FEDERAL DO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR EM CRIANÇAS NA REDE BÁSICA DE SAÚDE UTILIZANDO O TESTE DE DENVER II: IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO MATERNO HILTON LUIZ DA CUNHA NATAL / RN 2008

TESE DE HILTON LUIZ DA CUNHA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR EM

CRIANÇAS NA REDE BÁSICA DE SAÚDE UTILIZANDO O TESTE DE

DENVER II: IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO MATERNO

HILTON LUIZ DA CUNHA

NATAL / RN

2008

HILTON LUIZ DA CUNHA

AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR EM

CRIANÇAS NA REDE BÁSICA DE SAÚDE UTILIZANDO O TESTE DE

DENVER II: IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO MATERNO

Tese apresentada à Universidade Federal do

Rio Grande do Norte para obtenção do Titulo

de Doutor em Ciências da Saúde pelo

Programa de Pós-Graduação em Ciências da

Saúde

Orientador: Professora Doutora Áurea Nogueira

de Melo

NATAL / RN

2008

Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCS

C972a Cunha, Hilton Luiz da. Avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor em crianças na rede básica de saúde utilizando o teste de Denver II: identificação de fatores de risco materno / Hilton Luiz da Cunha. – Natal, RN, 2008. 76 f.: Il.

Orientadora: Áurea Nogueira de Melo.

Tese (doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Centro de Ciências da Saúde – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

1.Fatores de risco – neuropsicomotor – Tese. 2. Teste de Denver – Tese 3. Risco materno – Tese. I. Melo, Áurea Nogueira de. II. Título.

RN/UF/BS-CCS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

COORDENADOR DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROF. DR. ALDO DA CUNHA MEDEIROS

iii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

PRESIDENTE DA BANCA

Profª. Drª. Áurea Nogueira de Melo

BANCA EXAMINADORA

Profª. Drª. Áurea Nogueira de Melo - UFRN

Profª. Drª. Rosana Maria Tristão - UNB

Profª. Drª. Maria Valeriana Leme de Moura Ribeiro - UNICAMP

Profª. Drª. Eulália Maria Chaves Maia - UFRN

Profa. Drª. Técia Maria de Oliveira Maranhão - UFRN

iv

DEDICATÓRIA

Ao meu Deus, meu Senhor e Criador. Acredito ser Único, Universal. Acredito

nos ter dado uma consciência única e o livre arbítrio para decidir que caminho

trilhar sem Sua interferência.

Aos meus pais Hilton e Dulce (in memorian), razão primeira da minha vida.

Aos meus filhos Gina, Carollinne e Hilton Neto pela tolerância à minha

presença pífia em suas vidas durante este trabalho.

À minha esposa Ana pela paciência e estímulo.

v

AGRADECIMENTOS

Ao Mestre Paulo Roberto Medeiros de Azevedo pela sabedoria na difícil tarefa

de orientar a complexidade da Estatística; pela amizade, cordialidade e

dedicação de um verdadeiro Mestre.

Aos familiares das crianças participantes pela colaboração e gentileza na

coleta de dados deste estudo.

À Professora Áurea, pelos ensinamentos fundamentais da pesquisa científica e

pela capacidade docente irrefutável demonstrada na orientação deste trabalho.

Aos dirigentes do Programa da Pós-Graduação em Ciências da Saúde pela

dedicação a esta causa.

Ao Professor José Brandão Neto, visão científica incomparável. Docente que

dirigiu com maestria o Programa da Pós-Graduação em Ciências da Saúde da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

vi

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ..................................................................................................v

AGRADECIMENTOS ........................................................................................ vi

RESUMO ......................................................................................................... viii

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

REVISÃO DA LITERATURA ...............................................................................6

INDEXAÇÃO DE ARTIGOS.............................................................................. 18

COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES ................................................. 41

ANEXOS .......................................................................................................... 49

APÊNDICES .................................................................................................... 54

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 60

Abstrat .............................................................................................................. 75

vii

RESUMO

As alterações do desenvolvimento neuropsicomotor na criança não são

raras e podem manifestar-se com intensidade variável em diferentes etapas do

seu desenvolvimento. Neste contexto, fatores de risco materno podem

contribuir para o aparecimento daquelas alterações. Alguns estudos têm

relatado que o diagnóstico neuropsicomotor não é uma tarefa fácil, sobretudo,

na rede básica de saúde. Isto requer procedimentos eficazes, de baixo custo e

de fácil aplicabilidade. O Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver,

publicado pela primeira vez em 1967, hoje usado em diversos países, revisado

e nominado atualmente como Teste de Denver II, preenche aqueles critérios.

Dessa forma, o objetivo deste estudo foi aplicar o Teste de Denver II com a

finalidade de verificar a prevalência de suspeita de atraso no desenvolvimento

neuropsicomotor de crianças de 0 a 12 meses de idade e correlacionar com

fatores maternos de risco: renda familiar, escolaridade, idade ao engravidar,

uso de drogas durante a gestação, idade gestacional, intercorrências

gestacionais, tipo de parto e o desejo de ter o filho. Para a coleta dos dados,

realizada nos seis primeiros meses do ano de 2004, inicialmente foi feita a

avaliação clínica das 398 crianças selecionadas com a participação de

pediatras e equipe de enfermagem de cada posto de saúde; posteriormente, os

pais ou cuidadores responderam a um questionário estruturado para

determinação de possíveis indicadores de risco de desenvolvimento

neuropsicomotor. Finalmente, aplicou-se o Teste de Triagem de

Desenvolvimento de Denver II (Teste de Denver II). Os dados coletados foram

viii

analisados em conjunto, através do programa Statistical Package for Social

Science – SPSS, versão 6.1. Utilizou-se o intervalo de confiança de 95%.

Através da aplicação do Teste de Denver II, obtivemos resultados

Normais e Questionáveis. Estes sugerem prejuízos no desenvolvimento

neuropsicomotor da criança examinada e merece maior investigação. A

correlação dos resultados com as variáveis de risco materno pré-estabelecidas

– renda familiar, escolaridade da mãe, idade ao engravidar, uso de drogas

durante a gestação e idade gestacional – foi fortemente significativa. As outras

variáveis de risco materno - intercorrências gestacionais, tipo de parto e desejo

de ter filho - não foram significativas. Através da técnica multivariada de

regressão logística, chegamos à estimativa de maior probabilidade de uma

criança ser suspeita de atraso de desenvolvimento neuropsicomotor: mãe com

instrução escolar formal ≤ 4 anos, idade cronológica inferior a 20 anos e

usuária de droga durante a gestação.

Este estudo gerou dois manuscritos, um deles publicado na "Acta

Cirúrgica “Brasileira”, pela qual se faz uma análise de crianças com suspeita de

atraso no seu desenvolvimento neuropsicomotor na rede pública de saúde, da

cidade de Natal. O outro manuscrito, a ser publicado, analisa a magnitude da

variável independente – escolaridade materna – associada à suspeita de atraso

de desenvolvimento neuropsicomotor, trimestralmente, nos doze primeiros

meses de vida das crianças selecionadas.

Os resultados apresentados neste estudo reforçam a característica

multifatorial de neurodesenvolvimento e o efeito cumulativo dos fatores de risco

ix

materno; alertam para a necessidade de uma política regional que promovam

programas de baixo custo e abordagem comunitária, envolvendo crianças com

riscos de atraso no seu desenvolvimento neuropsicomotor. Além disso, sugere

um melhor preparo de todos os profissionais de saúde em relação à vigilância

do desenvolvimento da criança.

Esta foi uma pesquisa inter e multidisciplinar pela participação integrada

de profissionais da saúde, como médicos, enfermeiros, auxiliares de

enfermagem e profissionais de outras áreas, como estatísticos e profissionais

de informática, que preenchem todos os requisitos do Programa de Pós-

graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte.

Palavras Chaves: Fatores de risco de desenvolvimento neuropsicomotor, teste

de triagem, teste de Denver II, risco materno.

x

1 INTRODUÇÃO

Acompanhar a evolução do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM)

de criança nos primeiros anos de vida é parte essencial do seguimento

pediátrico na atenção à sua saúde1. As alterações desse desenvolvimento não

são raras e manifestam-se com intensidade variada em diferentes etapas da

vida da criança2,3. Algumas podem ser reconhecidas facilmente, como

comprometimentos motores, e outras, tais como, distúrbios de linguagem e

deficiências cognitivas, não são comumente diagnosticadas3,4.

Em países em desenvolvimento, como o Brasil, as crianças estão

expostas a vários tipos de riscos, os quais possibilitam o aparecimento de

atrasos nas diversas etapas neuroevolutivas do seu desenvolvimento5. Diante

disso, são convenientes procedimentos eficazes, práticos e de baixo custo que

possam ser usados pelos profissionais de saúde em serviços públicos durante

o acompanhamento de crianças suspeitas de atraso no seu DNPM3,5.

O Ministério da Saúde do Brasil, na década de 80 do século passado,

propôs estratégias de assistência à saúde infantil, de comprovada eficácia,

denominadas de “Ações Básicas na Assistência Integral à Saúde da Criança”6

e neste século, em parceria com a Organização Mundial de Saúde /

Organização Pan-Americana de Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de

Saúde, promoveu cursos de capacitação em “Atenção Integrada às doenças

Prevalentes na Infância (AIDPI)7, cujas tecnologias foram adaptadas às

necessidades de cada região e que têm apresentado resultados positivos

desde a sua criação6,7. Elas são usadas para a prevenção, promoção e

intervenção de crescimento e desenvolvimento; aleitamento materno e

1

orientação alimentar para o desmame; assistência e controle das doenças

diarréicas; assistência e controle das infecções respiratórias agudas;

prevenção e controle de doenças através de imunização.

Acompanhamento do DNPM da criança, além de ser fundamental à

verificação da sua integridade ou a prevenção de distúrbios, oportuniza a

formação de indivíduo capaz de manifestar suas potencialidades e enfrentar as

disparidades sociais e econômicas encontradas na sociedade 8. Esse enfoque

tem incentivado pesquisadores à realização de estudos em sítios de referência

em saúde da criança1,4,5,9.

O objetivo do nosso estudo foi investigar a prevalência de suspeita de

alteração no DNPM de crianças potiguares na rede pública de saúde, utilizando

instrumento de triagem de desenvolvimento, a fim de verificar a existência de

associação com as variáveis de risco materno, comumente identificadas em

outros estudos2,4,5,10,11,12,13.

Para que a pesquisa fosse bem desenvolvida e com a intenção de poder

ser facilmente repetida em outros sítios regionais, optamos trabalhar com o

Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver (Teste de Denver),

repadronizado e nominado atualmente - Teste de Denver II14- instrumento bem

aceito pela comunidade científica mundial, usado em populações

assintomáticas, de baixo custo, aplicabilidade rápida e acessível a qualquer

profissional de saúde4, 5,10,11,12 .

O Teste de Denver II é um instrumento usado para avaliar suspeitas de

alterações neuropsicomotoras em áreas específicas do comportamento de

crianças, tais como, conduta pessoal-social, conduta de linguagem, conduta de

motricidade fino-adaptativa e conduta de motricidade grossa ou ampla5,12.

2

Assim, a conduta motora ampla avalia fundamentalmente as aquisições

motoras; a conduta pessoal-social avalia o comportamento frente aos estímulos

sociais e culturais; a conduta de linguagem avalia a comunicação da criança

com o mundo, sua percepção de sons e imagens; a conduta de motricidade

fino-adaptativa avalia as reações da criança frente a objetos ou situações.

Outrossim, o impacto de fatores de risco biológicos, psicossociais e

ambientais tem sido objeto de vários estudos como determinantes de atraso de

DNPM5, 15. Esses fatores associam-se freqüentemente a outros resultando uma

situação de múltiplo risco, em que um agrava o outro, ampliando a ameaça ao

desenvolvimento sadio e adaptativo da criança5,16,17. Neste contexto, os fatores

de risco materno pré-estabelecidos nesta pesquisa - renda familiar,

escolaridade materna, idade da mãe ao engravidar, uso de drogas, idade

gestacional, intercorrências gestacionais, tipo de parto e desejo de ter o filho -

representam cadeia de eventos negativos que aparecem como de maior

impacto em diversos estudos1,2,4,5,11.

Para análises dos dados clínico-demográficos da criança e das variáveis

maternas, elaboramos um protocolo padronizado (apêndice 1). Colaboram para

seleção da amostra profissionais da saúde com os quais foram estabelecidos

critérios de seleção: Inclusão - crianças atendidas na rede pública de saúde da

cidade de Natal, Rio Grande do Norte, com idade entre duas semanas de vida

a doze meses, residentes neste município; Exclusão – crianças que

apresentavam malformação ou síndrome genética, deficiência neurológica e/ou

sensorial evidente, patologia ósteo-articular, patologia orgânica grave ou

crônica debilitante e transtorno psiquiátrico. A avaliação do DNPM foi feita

através do Teste de Denver II (anexo 1) nas competências comportamentais já

3

referidas.

Só participaram da pesquisa as crianças selecionadas cujos pais ou

responsáveis assinaram o termo de consentimento informado (apêndice 2).

Os dados estatísticos foram analisados através do programa Statiscal

Package for Social Science - SPSS, versão 6.1 (Norussis )18. Assim, a análise

bivariada foi realizada através do cruzamento da variável dependente (DNPM

“Questionável”) com as variáveis independentes (fatores de risco materno). Foi

estimado um intervalo de confiança de 95%. Para o cálculo de significância

estatística das associações utilizamos o teste do Qui-quadrado (X2).

Através do método de regressão logística obtivemos as Razões de Odds

(OR), tendo sido utilizado o intervalo de confiança de 95%. (apêndice 3 e 4)

O estudo foi projetado de acordo com as Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos (Resolução

196/1996, do Conselho Nacional de Saúde) e aprovado pela Comissão de

Ética do Hospital de Pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte.

Com base na metodologia e análise estatística descritas foi possível

elaborarmos os seguintes manuscritos:

I – Artigo publicado em periódico:

Avaliação de riscos ao desenvolvimento neuropsicomotor em

crianças: triagem utilizando-se o Teste de Denver II e identificação de

fatores maternos de risco, publicado em abril de 2005, no periódico Acta

Cirúrgica Brasileira, vol. 20, Suplemento 1, qualis internacional C, CAPES e

apresentado no IX Congresso Nacional de Cirurgia Experimental / I Simpósio

de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Natal , RN, abril de 2005.

4

II – Manuscrito a ser enviado para publicação no periódico Cadernos de Saúde

Pública:

Maternal schooling as a risk factor for suspected

neuropsychomotor developmental delay in children: screening using the

Denver II test in the city of Natal, Brazil.

5

2 REVISÃO DA LITERATURA

O estudo científico do desenvolvimento da criança é tão antigo quanto

complexo19, 20. Sua importância ganha força no Brasil quando se observam

crianças que apresentam alterações comportamentais, deficiências neuro-

sensoriais ou genéticas e necessitam de intervenção 13,21. Neste contexto, é

conveniente que ante a avaliação de desenvolvimento infantil, tenha-se a

compreensão da sua representatividade como marco fundamental na atenção

à saúde de criança 8,13,21.

Em comunicação técnica, o Ministério da Saúde ressaltou que

oportunizar um desenvolvimento humano satisfatório contribui à construção de

um indivíduo mais autêntico e apto a enfrentar as adversidades da vida com

mais eficiência e com maior capacidade para romper o ciclo de pobreza e

redução de desigualdades sociais 8.

Relatos históricos levam a inferir que as tentativas iniciais para

compreender o DNPM da criança vieram de James Mark Baldwin com o

“Mental Development in the Children and the Race” (Desenvolvimento Mental

da Criança e da Raça), publicado em 1895 e o “Social and Ethical

Interpretacions of Mental Development (Interpretações Sociais e Éticas do

Desenvolvimento Mental) publicado em 1897 22,23.

Os conhecimentos mais consistentes sobre desenvolvimento da criança

vieram das ciências biológicas por volta do século XVIII. Basearam-se em

doutrinas sobre o Preformismo, Epigênese e Características Adquiridas, cujas

abordagens provieram de aspectos genéticos do comportamento humano24,

25,26.

6

Do ponto de vista científico, o estudo de desenvolvimento da criança

sofreu influências significativas de eminentes filósofos, psicólogos, pedagogos e

médicos, cujas idéias e observações, indubitavelmente, têm tido um impacto

sobre o estudo do comportamento infantil até os dias atuais19,20. Assim, ao

longo dos anos não tem sido fácil identificar como ocorreram as mudanças

comportamentais a partir dos ancestrais diretos do homem19. Considerando

essas dificuldades, destacam-se na literatura alguns precursores históricos e

uma obra literária de cada um deles:

Charles Darwin - Diário de bebês 19; Granvile Stanley Hall - Adolescência: sua

psicologia e relação com a fisiologia, antropologia, sociologia, sexo, crime,

religião e educação27; James Mark Baldwin - A psicologia da criança 28; W.

Stern - Psychology of early childhood: up to the sixth year of age29; Arnold

Lucius Gesell & Catherine Amatruda - Diagostico del desarrolo normal y

anormal del niño: metod clinicoc y aplicaciones practicas30; Sigmund Freud -

Três ensaios sobre a teoria da sexualidade31; Henri Wallon - Uma concepção

dialética do desenvolvimento infantil32; John Broadus Watson - Psychology as

the behavorist views it33; René Spitz - O primeiro ano de vida: um estudo

psicanalítico do desenvolvimento normal e anômalo das relações objetais34;

Lev Semenovich Vigotski - A formação social da mente35; Jean Piaget - O

nascimento da inteligência da criança36; Burrhus Frederic Skinner - Ciência e

comportamento humano37; Erik Erikson - Life cycle completed: extend

version38; John Bowlby - Apego39; Mary Ainsworth - Infant-mother Attachment

and Social development40; Urie Bronfenbrenner - Ecological system theory41;

Frankenburg & Dodds - The denver developmental screening test14; Winnicott:

Os bebês e suas mães42.

7

O conceito de desenvolvimento varia segundo um referencial teórico que

se quer adotar, o que se constitui um problema metodológico, tornando-se

imperativo enquadrar com clareza palavras-chave que identifique com precisão

o seu significado, tanto na linguagem comum como na linguagem técnica ou

científica4, 43,44,45. Neste contexto, existe um verdadeiro caos conceitual de

definições heterogêneas e vastas teorizações que só focalizam os aspectos

que se querem discernir. Assim, significados diversos superpõem-se sem que

se saibam qual é o lugar ou a importância que cabe a cada um deles44, 45.

Constitui-se consenso o fato de que o desenvolvimento de criança

fundamenta-se em ganho de capacidade individual na realização de funções

cada vez mais complexas e não pode ser isolado de crescimento físico;

crescimento e desenvolvimento são fenômenos diferentes do ponto de vista

fisiológico, paralelos em seu curso e integrados em seu significado, resultando

dois fenômenos em um só; portanto, a integração entre crescimento e

desenvolvimento em criança é tão ampla que na língua portuguesa não existe

palavra ou termo que abranja as duas palavras44.

Em suma, pode-se dizer que o desenvolvimento infantil é caracterizado

em termos de mudanças nas estruturas físicas, neurológicas, cognitivas,

emocionais e comportamentais que ocorrem ao longo da vida da criança, de

maneira ordenada e relativamente duradoura46, 47,48.

Do ponto de vista investigativo, o desenvolvimento infantil deverá ser

analisado de forma multidisciplinar, desde os aspectos genéticos às

experiências particulares de cada criança20,44. Neste contexto, pela

complexidade do seu estudo, dimensionaram-no em biológico e

psicossociológico, duas dimensões paralelas e integradas, as quais unidas, de

8

forma sistematizada, passam a ser conhecidas como desenvolvimento

neuropsicomotor44.

Apesar de fazerem parte do mesmo processo, desenvolvimento

biológico e psicossociológico, exigem abordagens diferentes e específicas em

relação à sua compreensão, descrição e avaliação.

Abordagem biológica de desenvolvimento infantil corresponde a

alterações de tamanho, forma e funções celulares, as quais produzem

crescimento: geral somático, neural, genital e linfóide. Isto representa evolução

do ponto de vista anatômico, fisiológico, bioquímico e psicossocial44.

Abordagem psicossociológica de desenvolvimento da criança refere-se

ao processo de humanização que inter-relaciona aspectos biológicos, psíquicos,

cognitivos, ambientais, socioeconômicos e culturais pelos quais a criança irá

adquirir, de forma progressiva, maior aptidão de coordenar-se, sentir, pensar e

interagir com os outros e com o meio ambiente em que vive. Para maior

aprofundamento sobre o assunto, é conveniente que se conheça as diversas

correntes teóricas que a caracterizam, ou seja, as Teorias de Desenvolvimento

Humano.

Teoria de Desenvolvimento Humano é um domínio sistemático de

princípios e generalizações que estabelece uma estrutura coerente para o

estudo e a explicação do desenvolvimento em geral20. Neste contexto,

destacam-se as teorias: Biológicas, de Aprendizagem, Psicanalíticas, Cognitivo-

comportamentais, Sócio-culturais e de Sistemas Epigenéticos.

Cada teoria de desenvolvimento é interpretada a partir de perspectivas

diferentes, mas todas tentam fornecer um contexto para a compreensão de

como as experiências da criança e o comportamento mudam ao longo do

9

tempo; elas são úteis na medida em que fornecem uma estrutura para

interpretação e pesquisa, assim como um conjunto coerente de suposições que

ajudem nas investigações20.

Merece destaque dentre as teorias, a produção científica de Jean Piaget,

Lev Semenovich Vigotski e Erik. Erikson.

Jean Piaget elaborou uma teoria de como a inteligência da criança se

desenvolve. Sustentou que o desenvolvimento cognitivo é um processo ativo e

universal e que o pensamento de cada criança se desenvolve sob a ótica de

faixas etárias relacionadas com o aparecimento de novas qualidades de

pensamento, o que, por sua vez, interfere no seu desenvolvimento20. Neste

contexto, o desenvolvimento cognitivo foi dividido em quatro períodos:

sensório-motor, na primeira infância; pré-operacional, na idade pré-escolar;

operacional concreto, na idade escolar; operacional formal, na adolescência e

ao longo da vida20, 49.

Lev Semenovich Vigotski, principal representante da teoria sócio-

cultural, propôs como pressuposto básico, que as origens das formas

superiores de pensamento consciente (pensamento, memória, atenção

voluntária, entre outros) diferenciam o homem dos outros animais e devem ser

encontradas nas relações sociais que os homens mantêm, uns com os outros,

desde a filogênese (origem da espécie), continuando com a sócio-gênese

(origem da sociedade) e ontogênese (origem do homem), à microgênese

(origem do indivíduo único)50.

Erik Erikson enfatizou os contextos psicossociais dentro de uma visão da

Teoria Psicanalítica. Segundo seus postulados, a personalidade se desenvolve

na medida em que a criança reage às suas mudanças corporais e a do seu

10

ambiente, isto é, pela interação das características pessoais e forças sociais.

Ele enfatiza que a personalidade saudável é construída, nos primeiros anos de

vida, baseada em senso de segurança, confiança básica e autonomia20, 49.

Atualmente, acredita-se exuberantemente na força transformadora do

ambiente sobre o desenvolvimento de criança. Baseado neste aspecto, Urie

Bronfenbrenner idealizou a Teoria Ecológica do Desenvolvimento Humano,

caracterizada por quatro níveis dinâmicos e inter-relacionados: a Pessoa, o

Processo, o Contexto e o Tempo51.

De acordo com essa teoria, toda criança é significativamente

influenciada pelas interações entre os ecossistemas que se sobrepõem:

microssistema, mesossistema exossistema e macrossistema. Fazem parte do

microssistema da criança, as suas interações face a face, ou seja, os amigos, a

sala de aula ou tudo que a envolve diretamente; o mesossistema é formado

pelas conexões ou inter-relações entre dois ou mais ambientes nos quais a

criança participe ativamente, podendo ser formado ou ampliado sempre que

passe a fazer parte de novos ambientes, entre os vários microssistemas; no

exossistema a criança não é participante ativa, mas aí, podem ocorrer eventos

que a afetem ou vice-versa. O mesossistema é formado pelas instituições

econômicas, políticas, educacionais e culturais diretamente ligados vários

microssistemas da criança. Permeando todos esses sistemas, encontra-se o

macrossistema, o qual é formado pelas tradições, crenças e valores próprios

de cada cultura20, 51,52,53.

Em suma, o desenvolvimento psicossociológico da criança é construído

no decorrer de seu crescimento físico através de todas as aquisições

11

psicológicas, sociais, emocionais e espirituais na medida em que, destas

aquisições, iniciam a formação de um ser adulto e independente.

Em relação ao DNPM, é peculiar que sua caracterização seja feita por

todas as ações observáveis na criança, sejam elas reflexas, voluntárias,

espontâneas e aprendidas e, sua descrição deve ser realizada de acordo com

competências sociais, funções de linguagem, motricidade, cognição e

desenvolvimento emocional54, 55.

Para melhor acompanhamento de DNPM, há uma divisão de condutas

agrupadas em quatro domínios: conduta motora, conduta adaptativa, conduta

de linguagem e conduta pessoal-social. Todos esses domínios são

interdependentes e se influenciam mutuamente seguindo um padrão universal,

com um ritmo individualizado 55,56,57.

As várias etapas do DNPM de criança refletem o desenvolvimento do

seu sistema nervoso central, sendo, portanto, importantes marcadores

semiológicos de sua integridade56 e são percebidas pelo seu comportamento58.

Por outro lado, eventos diversos podem pôr em risco a integridade da

saúde da criança e contribuir para alterações em seu DNPM, de uma maneira

geral ou em área específica. Estes eventos são denominados: Fatores de

Risco de Desenvolvimento59.

Conceitua-se fatores de risco de desenvolvimento a uma série de

condições biológicas ou ambientais que aumentam a probabilidade do

surgimento de deficiência neuropsicomotora na criança4,5,57. Os riscos

biológicos podem ser pré-estabelecidos, ou seja, referem-se a desordens

médicas definidas, especialmente as de origem genéticas, e, as condições

12

provenientes de eventos danosos pré, peri e pós-natais5; Quanto aos riscos

ambientais, eles estão ligados às condições precárias de saúde, à falta de

recursos sociais e educacionais, aos estressores familiares e às práticas

inadequadas de cuidado pessoal e educação5,52,54,59.

Na análise dos fatores de risco, considera-se que impacto sobre a

criança pode manifestar-se com intensidade variada em diferentes etapas do

seu desenvolvimento2; podem ser múltiplos e se relacionarem entre si, com

provável efeito cumulativo ou potencializado, causando um maior

comprometimento no DNPM 5,11,60.

Em se tratando de população geral, os riscos podem ser individuais ou

coletivos. Essa classificação possibilita a identificação de grupos populacionais

mais vulneráveis, conseqüentemente, torna-se mais fácil promover ações

coletivas para atenuá-los ou eliminá-los 9.

Dentre os mais variados tipos de risco, os fatores de risco materno são

indubitavelmente citados em quase todas as pesquisas em que se abordam

alterações no DNPM de criança, pela influência que os mesmos exercem na

vida do futuro adulto 2,4,5,11,14,15.

A Renda familiar e a escolaridade de pais, dois importantes fatores de

risco materno, geralmente representam características socioeconômicas de

população e sobredeterminaram outras variáveis de risco, em diversas

pesquisas4, 5,14. Assim, a renda familiar reflete-se na alimentação, vestuário,

higiene, estimulação intelectual, socialização, condição de proteção e na

atenção à saúde e à educação da criança, estando fortemente associada ao

seu desempenho global59,60,61,62,63,64; O baixo nível instrucional da mãe

prejudica o desenvolvimento físico, mental e psicoafetivo do filho 3,9,10,65,66. E

13

ainda, a escolaridade possibilita à mãe entender a importância das primeiras

ligações na díade mãe-filho, constituindo assim, fonte estável de interações

com o ambiente que as cerca, além de induzir a ampla estimulação sensorial,

maior tempo de alimentação natural, sono tranqüilo, aquisição rápida de

linguagem, desenvolvimento motor, intelectual e afetivo adequados e a

experiências vivenciais perceptivamente positivas9, 10,66,67,68.

A idade da mãe ao engravidar é uma variável de risco materna que tem

despertado interesse de pesquisadores e profissionais de saúde pelos efeitos

deletérios que podem causar à vida fetal, peri-natal e infantil69,70,71. Gestantes

adolescentes pobres e de baixa escolaridade, em países em desenvolvimento,

apresentam uma maior incidência de filhos com baixo peso ao nascer,

prematuridade, morbi-mortalidade neonatal e filhos menos estimulados71,72,73,74.

O uso de drogas pela mulher grávida é outro fator de risco materno

bastante estudado. Freqüentemente, a usuária de drogas utiliza mais de um

tipo de substância ilícita durante a gestação e contribui significativamente para

violência doméstica. O resultado de tudo isto sobre o feto é desastroso:

nascimento prematuro e/ou de baixo peso, malformação, síndrome alcoólica

fetal e atraso de desenvolvimento cognitivo, manifestado no futuro75,76,77,78.

A incidência de gestação com duração inferior a nove meses em países

em desenvolvimento tem despertado interesse dos pesquisadores por ser um

fator de risco materno indutor de morbi-mortalidade neonatal, seqüelas de

natureza neurológica, deficiência visual e retardo de DNPM79,80,81.

Em relação aos outros fatores de risco maternos pré-estabelecidos para

este estudo – intercorrências gestacionais, tipo de parto e desejo de ter o filho

– pesquisas referem que hipertensão arterial, transtornos mentais ou

14

comportamentais, toxoplasmose, lues, rubéola e citomegalovírus são

intercorrências gestacionais que associadas, ou não, a parto operatório e

desejo de ter filho constituem risco materno freqüentemente associados aos

desfechos negativos de desenvolvimento neuropsicomotor da

criança2,4,5,12,15,16,61,79,80,81,82,83,84.

Por outro lado, dentro do estudo neuropsicomotor da criança, existem

processos, nominados fatores de proteção, que podem alterar uma resposta

pessoal ante a fator de risco de DNPM85. Neste contexto, a superação de

criança, de modo consistente, ante a situação de risco resultando um DNPM

dentro dos patrões esperados, traduziria sua resiliência 57,86. Portanto, a

resiliência é uma combinação de fatores que auxiliam as crianças enfrentarem

e superarem adversidades na vida58.

Por fim, uma criança será considerada em situação de risco quando as

características do seu DNPM não ocorrerem dentro do esperado para sua faixa

etária e para os parâmetros da sua cultura57.

Na prática, o diagnóstico de DNPM consiste na observação

discriminativa de padrões comportamentais apresentados durante a avaliação

em comparação com os padrões comportamentais normais48,54. Dentro desta

rotina, é preocupante que criança, com DNPM alterado, submeter-se,

freqüentemente, a critérios de políticas públicas inadequadas e precárias, à

base do assistencialismo e humanitarismo 87,88. Essa afirmativa torna-se mais

inquietante quando analisamos alguns fatos, tais como:

- A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em tempo de paz pelo

menos 10% das crianças de qualquer país nascem ou adquirem impedimentos

físicos, mentais ou sensoriais que interferirão no seu desenvolvimento 88;

15

- O senso brasileiro de 2000 publicou que 14,5% da população brasileira

apresentavam algum tipo de deficiência o que corresponde a 24,5 milhões de

pessoas 9;

- A prevalência de crianças com atraso de DNPM é estimado entre 1% a 3% na

faixa etária abaixo dos cinco anos89;

- Aproximadamente 2% das pessoas deficientes no Brasil recebem algum tipo

de tratamento3;

- Diversos fatores de risco de DNPM são obscuros o que os torna difícil de

identificá-los11;

- Estima-se que uma assistência perinatal e materno-infantil adequadas evitar-

se-iam 60% a 70% de deficiências no DNPM existentes atualmente 10,90;

- O diagnóstico de atrasos no DNPM feito precocemente é essencial para

melhorar o prognóstico da alteração comportamental identificada11,90;

Estudos têm relatado que um percentual significativo de crianças com

alteração em seu DNPM apresentou uma recuperação satisfatória através de

procedimentos simples durante o atendimento na rede básica de saúde3,90,91.

Neste contexto, o teste de Denver tem sido freqüentemente aplicado no Brasil e

mundo.

A padronização inicial do teste de Denver foi feita em 1967 por

Frankenburg e Dodds, aplicando-o a 1.036 crianças, presumivelmente normais,

na faixa etária de 2 semanas a 6,4 anos, na população da cidade de Denver,

Estados Unidos da América do Norte14,92.

O Teste de Dever tem sido indicado para ser utilizado principalmente

pelos profissionais de saúde para triagem de DNPM em populações

assintomáticas5.

16

Devido às amplas formas de interpretação, desde sua padronização até

os dias atuais, o Teste de Denver passou por ampla revisão no local de origem

e em outros países. Desde 1990 está padronizado com a denominação de

Teste de Denver II5. Mesmo assim, tem sido revalidado por diversos

pesquisadores em todo mundo. Neste contexto, citamos: Glascoe et. al. (1989)

93, Wade (1992) 94, Archer et. Al. (1992)92, Lin, Chan e Yoong (1994)95, Lin et.

al. (1996)96, Durmazlar (1998)97, Al-Ansari e Frankenburg (1998)98. Todos estes

idealizaram estudos para validação do teste de Denver II em relação à

especificidade e/ou sensibilidade do comportamento da criança nos países nos

quais realizaram as pesquisas.

Por fim, o teste de Denver II por ser um recurso de triagem de DNPM

não deve ser usado como avaliação de inteligência da criança ou como

preditivo do seu desenvolvimento posterior, não sendo também apropriado seu

uso com finalidade diagnóstica5,14,92.

17

3 INDEXAÇÃO DE ARTIGO

3.1 ARTIGO PUBLICADO

AVALIAÇÃO DE RISCOS AO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR

EM CRIANÇAS: TRIAGEM UTILIZANDO-SE O TESTE DE DENVER II E

IDENTIFICAÇÃO DE FATORES MATERNOS DE RISCO

HILTON LUIZ DA CUNHA, ÁUREA NOGUEIRA DE MELO

Acta Cirúrgica Brasileira – Vol 20 – Supl nº 1 - 2005

18

19

20

21

22

23

3.2 MANUSCRITO A SER ENVIADO PARA PUBLICAÇÃO

MATERNAL SCHOOLING AS A RISK FACTOR FOR SUSPECTED

NEUROPSYCHOMOTOR DEVELOPMENTAL DELAY IN CHILDREN:

SCREENING USING THE DENVER II TEST IN THE CITY OF NATAL,

BRAZIL.

Hilton Luiz da Cunha e Áurea Nogueira de Melo

24

ABSTRACT

OBJECTIVE: To identify of positive screening test for developmental dalay in

children by Denver Test II and mother’s schooling.

METHODS: A sample of 398 children born in Natal, was studied at 0 the 12

months of age regarding their development. The Denver II Test was used. The

children who failed in two or more items of the test were suspected of having

development delay. A set of independent variables was: socioeconomic,

reproductive and environmental, birth conditions children’s care. Analyses were

performed using test x-square and multivariate technique logistic regression.

CONCLUSIONS: At of 0 – 12 months of age, 45,73% (182) of the total of 398

children failed in the screening test. After adjusting for possible confounding

variables, failure was associated with family lower income children, gestacional

age less than 38 weeks, socioeconomic status family, schooling of the mother,

mother’s age, and use of drug. This study demonstrates the multiple etiology

delays effect development and concept risk effect.

KEY WORDS: Child development, Screening test, Denver II Test

25

Introduction

Assessing neuropsychomotor development in children in the first years of

life is basic to overall health and an essential part of primary pediatric care. (1,2)

Both follow-up and evaluation of the entire development of the child must

be systematized, programmed, low cost and easily understood, in order to be

used by any member of a health team. This profile usually characterizes child

developmental screening tests (2,3)

The Denver II developmental screening test is an instrument used in

pediatric practice in various countries on almost every continent, including in

Brazil. Its validity is well documented because of its easy applicability over a

short period of time. This test is used in the 0-5 year-old age group and it

assesses four areas of neuropsychomotor development: motor-gross, motor-

adaptative, personal-social and language. (4,5,6)

The importance of studies on child development in the first year of life

lies in the fact that at this age range children experience the greatest and

fastest rate of growth and neuropsychomotor development of their entire life. It

is therefore, essential to detect the factors that interfere in their neuroevolution. (1,7,8)

Risk in health care is understood as a series of biological or

environmental conditions that increase the likelihood of neuropsychomotor

alterations in children. (8)

Neuropsychomotor developmental delays in children have historically

been studied in correlation with biological and environmental risks. In a more

current and wider perspective, the determinant risks of these delays must also

be analyzed in relation to family structure, environment and social contact of the

child. (7,9)

Scientific studies have verified that early childhood risk factors linked to

family structure are partially due to maternal education. This enables the mother

to understand the importance of the first bonds with her children, mainly through

acts of love and affection, which are indispensable to neuropsychomotor

development. In addition, the mother is most responsible for her children’s links

with the world, which, as a source of subsequent stable interactions with their

environment, contributes to their maturation. (1,10)

26

The scientific literature has shown the mother-child relation, both through

physical contact and breastfeeding, sleep and perceptive experiences, is very

positive when correlated to neuropsychomotor development. The result of this

relation manifests it self through the acquisition of language skills, adaptative

and social behavior, fine and gross motor skills. Breastfeeding in particular

provides the baby with a greater likelihood of obtaining a natural link to its world

and better motor, affective, social and intellectual development, which are basic

components of neuropsychomotor development. (12,13)

On the other hand, maternal affection allows the child to sleep restfully,

which results in better affective and cognitive development and induces it to

explore a new world, interpreted according to the type of magical-

phenomenological thinking. Normal cognitive development is the result of

adequate stimulation of its genetic potential, through perceptive experiences. All

of these manifestations are reflected by its neuropsychomotor development

performance. (2,11)

Despite this evidence, there is a lack of studies about the influence of

maternal education on neuropsychomotor development in children. There are

bibliographic references showing that neuropsychomotor development is

multifactorial and that the cumulative effect of multiple risk factors increases the

possibility of compromised neuroevolution. (7,14)

Considering that maternal education could have an impact on

neuropsychomotor development in children, it is fundamental to identify at-risk

children as early as possible, in order to minimize the deleterious effects.

Thus, the aim of the present study was to verify the prevalence of

suspected neuropsychomotor developmental delay in children from 0 to 12

months, born in Natal, Brazil and correlate it with maternal schooling.

27

Methods

To verify the occurrence of suspected neuropsychomotor developmental

delay, children in the 6 day to 12 month age group, treated at public ambulatory

health facilities in Natal, Brazil between January and June, 2004, were

randomly selected. Information was collected from individual records of the

following maternal variables: family income (based on the monthly minimum

wage at the time of the study), schooling, age at pregnancy, drug use during

gestation and gestational age. Children with malformation and/or genetic

syndrome, apparent neurological and/or sensory deficiency, osteoarticular

pathology, serious or chronically debilitating organic pathology and severe

malnutrition were excluded from the sample. The children selected were

submitted to Denver II developmental screening test, (15) outlined in the

Technical Manual and Training Manual Denver II. (27) The test consists of 125

items, divided into four groups: 1) Personal-social – comprises aspects of

personal skills and reactions of children in their social environment; Fine-

adaptative motor- assesses manual dexterity; 3) Language – refers to all means

of communication, whether through gestures, vocalizations or words and 4)

Gross-motor – corresponds to the control of body movements, postural

reactions, head balance, the acts of sitting, crawling, walking and running.

These items were recorded by direct observation of the child or obtained from

the mother or guardian, who report if their children performed or not a

determinate task. The responses for each item were recorded on the protocol of

the test using the following symbols: P, when the child performed the task

successfully or the parent/guardian informed that it was adequately executed;

NO, when the child had no opportunity to perform the task; R, when the child

refused to perform a task established for its age. The children were classified

as: 1) Normal – those who had no type of delay, or at most, had one risk item

and 2) Questionable – those who had two or more risk items and/or one or

more delay items. Age was corrected for preterm children by subtracting the

number of weeks left to complete 38 weeks of gestation.

Statistical analysis was performed in the following manner: chi-squared

test was used to determine the association between independent variables and

final outcome (Questionable or Normal) and multivariate analysis was

28

performed using logistic regression. The measure of estimated risk was Odds

Ratio (OR). The significance level considered in all the analyses was 5% (p <

0.05). The software used was: Statistical Package for Social Science (SPSS),

version 6.1 and The R Foundation for Statistical Computing, version 2.1.0. (28)

29

Results

Of the 398 randomly selected children, 182 (45.73%) presented with

suspected neuropsychomotor developmental delay. Of this total, 100 (25.13%)

children were male and 82 (20.60%) were female. Because of the small number

of cases, the results were described considering the global result of the test. No

statistical significance was observed. Table 1 shows these results.

The results for family income in monthly minimum wages, maternal

schooling, maternal age at pregnancy onset, use of some type of drug during

pregnancy and gestational age in weeks showed, in their entirety, a statistically

significant association (p < 0.05) in relation to suspected neuropsychomotor

development delay in the children studied. The magnitude of the following

variables can be observed: family income (p = 0.00001) and maternal schooling

(p = 0.00000). A majority of the children with suspected developmental delay

belonged to families whose income was in the 1-5 monthly minimum wage

group; children whose mothers had 1-4 years of schooling had a higher

proportion of Questionable diagnosis (table 2).

Logistic regression showed that children whose mothers had from 1-4

years of schooling, were nearly 6 times more likely of being Questionable (more

failures on the test) on the Denver II test (odds ratio = 5.90; CI 95%: 2.20 –

15.69); mothers with more than 4 years of schooling become a protective factor,

that is, less chance of failures on the Denver II test. (table 3)

Similar results were found for children in the following age groups: 0-3

months, 3-6 months, 6-9 months and 9-12 months (table 4).

30

Discussion

In recent years focus on risk has been used for early recognition and/or

follow-up of groups more vulnerable to morbidity/mortality. This results in early

and effective treatment. (18)

Some researchers have shown that children in developing countries are

exposed to various types of risk, making early identification fundamental, in

order to minimize the negative effects that may result. (7,18,19)

As a means of protection against risks in children, their

neuropsychomotor development should be followed in a systematic manner. (21,22)

Identifying neuropsychomotor developmental delays in childhood is not

an easy task for nonspecialized professionals, especially for those working in

primary health care. New risk factors are detected daily; thus the need for a

good assessment or a rigorous monthly (or even at shorter intervals) follow-up,

mainly in the first six months of life. This problem may be resolved, in part, by

using developmental screening tests. (23)

In this study, carried out in Natal, Rio Grande do Norte, Brazil, I used the

Denver II test, because of the lack of standardized instruments in Portuguese

that met my objectives. Furthermore, the Denver II test is easily applied and

internationally recognized.

In the population studied (n = 398), 45.73% of the children (182 children)

had suspected neuropsychomotor developmental delay. This result showed no

significant association to gender and is similar to other studies that used the

Denver test for the same purpose. (6,7,24,,25)

This profile was in accordance with a number of studies that have shown

a correlation between psychosocial and environmental characteristics when

determining suspected neuropsychomotor developmental delay in children. The

population studied had fixed residence on the periphery of Natal, family income

of 1-5 minimum monthly wages and maternal education of 1-4 years of

schooling.

In the present study, a number of variables were significant in relation to

neuropsychomotor developmental delay; however, logistic regression analysis

of maternal schooling was noteworthy for the null value of p. The magnitude of

31

the maternal schooling value was surprising and must be analyzed with caution

because it reflects the likely education level of mothers in the state of Rio

Grande do Norte. Therefore, this result must be confirmed by specific diagnostic

tests.

I found, through Odds Ratio, that children whose mothers had from 1-4

years of schooling had more chance of being questionable on the Denver II test

that those whose mothers had no schooling. This finding seems contradictory;

however, a likely explanation is that most of these children are patients of the

ambulatory facility of the UFRN pediatric hospital, a well-structured basic health

unit providing various education programs for mothers.

It is important to point out that studies using the Denver II test that

investigated a possible correlation between mother’s schooling and child

development were contradictory. Some showed a positive association between

these variables when dealing with child immunization, diarrheal and respiratory

diseases as well as language acquisition. (7,26,27) Other studies have shown no

association between mother’s schooling and the basic education performance

of children or in their cognitive development, among others. (22,25)

Generally speaking, the studies show the influence of maternal risk

factors, including mother’s schooling, on neuropsychomotor development in

children. Studies that involve these variables in the child’s first year of life are

scarce or nonexistent in Brazil. The results of this study showed that the

mother’s schooling level, isolatedly or associated to other maternal risk factors,

was very significant in relation to the neuropsychomotor development of their

children. A low level of maternal schooling causes inadequate psychoaffective

stimulation and represents less sensitivity towards the child and less possibility

of acquiring general information about the importance of child care and of the

environment. (11,28)

The impact of mother’s schooling on the child’s future goes beyond

scholastic performance: children of mothers with low schooling levels are 16

times more likely to live in a house without water, seven times more likely to be

poor and four times more likely to begin working while still in childhood than

those whose mothers have intermediate level schooling. (11,13,20,22)

Maternal schooling is also an important protective factor of child

development. This occurs because it provides the mother with better emotional

32

balance, greater language skills, and a wider awareness of her maternal and

protective role in developing her child. (19,20,26)

In homes whose mothers have basic education , there is a tendency for

low levels of interactivity and psychosocial development, greater punitive and

restrictive control and minimum levels of family organization, transforming

domiciles into potentially harmful environments for child development. Middle

class mothers with more schooling had the most positive behaviors; lower class

mothers with less schooling exhibited the most negative behaviors. (18,22,25)

Maternal education is strongly associated to cognitive development in

children. This is due to the influence of environmental organization, parental

expectations and practices, and experiences with cognitive stimulation

educational materials. Thus, it is concluded that mothers with greater schooling

are predisposed to lower percentages of negative environments. We can

assume that mothers with more schooling had more access to information

about child development and thus interact better with their children, respond

adequately to their needs and are able to provide improved physical and

emotional conditions for development, affective behavior, a stable relationship

and good level of care for their children and consequently for their development.(19,22,28,30)

It is recommended that countries like Brazil implement, especially in

poorer localities, programs that orientate mothers about their children’s

development and stimulate universal high-quality public education .

33

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37

TABLES

Table 1. Suspected neuropsychomotor developmental delay by sex in children

screened by Denver II Test, Natal, Brazil, 2004.

NPMD Total P value Sex

Questionable Normal

n % n %

Male 100 25.13 108 27.14 208

Female 82 20.60 108 27.14 190 0,32515

Total 182 45.73 216 54.27 398

P < 0.05

NPMD = neuropsychomotor development

38

Table 2. Maternal variables indicative of NPMD risk in children screened by Denver II

Test, Natal, Brazil, 2004.

Variable NPMD Total p OR C interval

Normal Questionable (95%) n % n %

Family income

< 1 min. wage 7 1.76 14 3.52 21 0.00001 1

1-5 min. wages 153 38.44 154 38.69 307 0.50 [0.20-1.28]

6-10 min. wage 49 12.31 14 3.52 63 0.14 [0.05-0.42]

> 10 min. wages 7 1.76 0 0 7 0 [0]

Schooling

No schooling 13 3.27 7 1.76 20 0.00000 1

1 - 4 years 45 11.31 143 35.93 188 5.90 [2.22-15.69]

5 - 8 years 99 24.87 21 5.28 120 0.39 [0.14-1.11]

9 - 11years 56 14.07 10 2.51 66 0.33 [0.11-1.04]

> 11 years 3 0.75 01 0.25 4 0.62 [0.05-7.12]

Mother’s age

< 20 years 23 5.78 40 10.05 63 0.01608 1

20 - 29 years 133 33.42 103 25.88 236 0.44 [0.25-0.79]

30 - 39 years 57 14.32 36 9.05 93 0.36 [0.19-0.70]

40 - 49 years 03 7.50 03 7.50 06 0.58 [0.11-3.09]

Drug useNon-users 199 50 156 39.20 355 0.00530 1

Tobacco 4 1 4 1 8 1.28 [0.31-5.18]

Alcohol 7 1.76 2 0.5 9 0.36 [0.07-1.78]

Others 6 1.51 20 5.03 26 4.25 [1.6710.24]

Gestational age

< 38 weeks 13 3.27 27 6.78 40 0.00357 1

38-42 weeks 203 51.01 155 38.94 358 0.37 [0.18-0.74]

NPMD = neuropsychomotor development min. wage = minimum wage P < 0,05 OR = Odds ratio C interval = confidence interval

39

Table 3 – Suspected neuropsychomotor development in children between 0 – 3

months, 3 – 6 months, 6 – 9 months, 9 – 12 months, according to mother’s schooling,

Natal, Brazil, 2004.

Variable Category NPMD Total P OR C interval

Normal Questionable (95%)

(n) (n)

0 - 3 m No schooling

1 - 4 years

5 – 8 years

> 8 years

13

29

0

2

26

5

4

0

39

34

4

2

0.00000 1

0.09

0

0

[0.03-0.27]

[0]

[0]

3 - 6 m No schooling

1 – 4 years

5 – 8 years

> 8 years

4

10

26

10

2

37

9

2

6

47

35

12

0.00010 1

7.40

0.69

0.40

[1,18-46.4]

[0.06-2.10]

[0.04-2.20]

6 - 9 m No schooling

1 – 4 years

5 – 8 years

> 8 years

5

12

19

12

3

43

4

2

8

55

23

14

0.00001 1

1.24

0.35

0.28

[5.97-28.6]

[0.06-2.10]

[0.04-2.20]

9 –12 m No schooling

1 – 4 years

5 – 8 years

> 8 years

2

9

29

14

2

37

4

2

4

36

33

16

0.00000 1

0.51

0.14

0.14

[4.11-33.7]

[0.01-1.27]

[0.01-1.67]

P < 0.05

NPMD= neuropsychomotor development

OR = Odds ratio

C interval = Confidence interval

m = months

40

4 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES

Este trabalho teve o propósito de incentivar discussões das várias

nuances do DNPM infantil, considerando os pouquíssimos estudos existentes

no Estado do Rio Grande do Norte, como também, estimular o uso do Teste de

Denver II como instrumento de triagem do desenvolvimento da criança. O seu

conteúdo fez parte da nossa rotina de trabalho no Hospital de Pediatria da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte e no Centro de Reabilitação

Infantil da cidade de Natal e estendeu-se aos postos da Rede Básica de Saúde

da mesma cidade.

A pesquisa realizou-se através de um estudo quantitativo, transversal e

analítico, mensurado através de variáveis pré-estabelecidas99,100. A amostra

selecionada seguiu critérios estatísticos e sua análise incluiu pressupostos de

pesquisa qualitativa fundamentada em informação dos participantes

(cuidadores das crianças investigadas).

O Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver II (Teste de Denver

II) foi escolhido por se tratar de um instrumento bastante conhecido no Brasil e

gozar de prestígio internacional11. É o teste mais utilizado entre profissionais de

saúde, educação, ciências sociais e desenvolvimento humano, nos mais

variados tipos de serviços de atendimento à criança, permitindo a cada

profissional uma leitura dos dados obtidos, de acordo com a sua formação

específica12.

Em relação à validade preditiva e sensibilidade, o Teste de Denver II é

um instrumento falho para detectar atrasos leves de desenvolvimento

neuropsicomotor11,101. O seu uso é muito criticado em países nos quais não foi

41

normatizado93,102. Alguns estudos apresentaram resultados discrepantes, em

alguns itens do Teste, devido às diferenças culturais, como aconteceu em

países da Ásia, no Alasca, no México e na Argentina1,103.

Os resultados deste estudo assemelham-se aos de outras pesquisas,

que identificaram característica multifatorial na determinação de suspeita de

atraso de DNPM, a qual é indicativa de maior impacto no desenvolvimento da

criança. 2,4,5,10,11,51,104.

Assinalamos nossa preocupação pelo fato de o DNPM de criança

parecer não ser foco de interesse de profissionais da saúde nas consultas de

puericultura, apesar de sua avaliação ser parte fundamental de toda consulta

pediátrica1,104. Alerta-se que a impressão clínica do examinador, sem outro

auxílio complementar, detecta menos de 30% de alterações

neurodesenvolvimentais105. Assim, algumas hipóteses foram formuladas em

relação à dificuldade em acompanhar o desenvolvimento da criança:

maleabilidade do desenvolvimento neuropsicomotor e deficiência de

instrumentos avaliativos padronizados5; falta de preparo técnico e

conhecimento sobre os aspectos de DNPM infantil3,89. Neste contexto, um

estudo realizado com uma amostra representativa de crianças norte-

americanas, observou-se que apenas 57% da população infantil examinada

haviam sido submetidas a algum tipo de avaliação de desenvolvimento pelo

pediatra devido àqueles fatores104. No Brasil, um estudo, que avaliou práticas e

conhecimento de profissionais da saúde sobre desenvolvimento da criança,

referiu que apenas 21,8% das mães tinham sido indagadas sobre o

desenvolvimento dos seus filhos e 14,4% haviam recebido algum tipo de

orientação sobre o assunto3; outro estudo sobre detecção de transtornos

42

invasivos de desenvolvimento em criança, concluiu que somente 25% das

alterações de DNPM são detectadas pelos profissionais de saúde e 45% das

mães não receberam orientação sobre a evolução dos seus filhos, pela

deficiente capacitação e/ou sensibilização para esse tipo de atendimento89.

Na análise dos fatores de risco materno, os resultados encontrados

neste estudo mostraram uma magnitude das variáveis - renda familiar e

escolaridade da mãe – sobre as demais variáveis independentes.

A renda familiar, neste estudo, esteve fortemente associada à suspeita

de atraso no DNPM das crianças pesquisadas. As crianças pertencentes às

famílias com renda de até cinco salários mínimos representaram o maior índice

de desfecho negativo, estatisticamente significativo.

Um estudo realizado no Sul do Brasil, com 1363 crianças, encontrou

associação estatisticamente significativa entre a renda familiar baixa e a

suspeita de atraso de DNPM5. Outro estudo encontrou índice que correlacionou

a condição socioeconômica desfavorável à maior chance de a criança

apresentar atrasos no seu DNPM97.

Refletindo-se sobre as características da população estudada, uma

provável explicação para os resultados encontrados, consiste na constatação

de que crianças habitantes da periferia das cidades, local da maioria dos

postos da rede básica de saúde, são as mais pobres, recebem menos

estimulação, são mais vulneráveis em relação à sua saúde e recebem

instrução e educação deficitárias. Além disso, apresentam maior probabilidade

de viverem em lares desagregados e violentos, são mal alimentadas, vivem em

habitação insalubre e exibem baixo nível de qualidade de vida 5,11, 106, o que

justificaria os resultados encontrados em nosso estudo.

43

Quanto à escolaridade materna, encontramos nesta pesquisa resultados

fortemente significativos em relação à suspeita de atraso de DNPM, que

sobredeterminaram as demais variáveis independentes, tanto em uma análise

global junto às demais variáveis independentes, quanto em análises trimestre a

trimestre.

Baixo nível de escolaridade materna constitui um fator de risco para

resultados desfavoráveis em relação ao desenvolvimento da criança. Estes

resultados são refletidos em filhos com: deficiência de crescimento físico, baixo

peso de nascimento, estimulação psicoafetiva deficitária, convívio em ambiente

doméstico desestruturado, instabilidade emocional e menor domínio da

linguagem. 4,5,11,43.

Um estudo multicêntrico realizado no Brasil encontrou que a

escolaridade das mães está associada ao conhecimento que elas têm sobre o

desenvolvimento dos seus filhos, gerando impacto importante sobre os

processos gerais de desenvolvimento infantil107. Outro estudo mostrou que

36% de crianças portadoras de atraso de DNPM apresentaram características

neuropsicológicas pobres, associadas à baixa escolaridade da mãe13.

A instrução escolar das mães oportuniza ampliação da consciência

sobre si mesmas e da relação com os filhos no processo de organização do

ambiente, induzindo-os a estimulação psicomotora na vida diária e a práticas

parentais de desenvolvimento cognitivo. Igualmente, influencia a qualidade de

relação mãe-filho, contribui para baixo peso de nascimento, perimortalidade e

promoção à saúde dos filhos5,43,60,69,107,108,109.

Quanto à idade da mãe ao engravidar, este estudo encontrou que a

maior parte das mães pertencia à faixa etária entre 20-29 anos. Essa variável

44

apresentou associação estatisticamente significativa em relação a suspeita de

atraso de DNPM das crianças estudadas.

Estudos sobre características demográficas das mães, referiram que

mulheres com idade inferior a 20 anos e maior de 35 anos constituem grupo de

maior risco em relação ao DNPM dos filhos, pela possibilidade dos mesmos

nascerem prematuros e/ou de baixo peso, através de partos cirúrgicos e de

apresentarem maior incidência de morbimortalidade, doenças genéticas,

distúrbios perceptuais e motores futuros10,110,111,112,113.

Verificamos que a maioria das mães das crianças investigadas não fez

uso de drogas durante a gestação. Apesar disso, esta variável foi significativa

em relação à suspeita de atraso de desenvolvimento neuropsicomotor. Há

referências que a gestante tabagista, usuária de álcool ou de outras drogas

ilícitas, apresenta uma maior incidência de ter filhos prematuros e/ou de baixo

peso, deficientes congênitos ou portador de Síndrome alcoólica fetal. Além

disso, são pessoas conflitantes que promovem desestruturação familiar e

precária qualidade de vida11,49,78,114,115.

A usuária de droga freqüentemente utiliza mais de um tipo de

substância ilícita durante a gestação, mas a ausência de estudos prospectivos

com grande número de usuárias, aliada a problemas sociais concomitantes,

dificulta o reconhecimento real dos efeitos de droga durante a gestação116.

Em relação à idade gestacional neste estudo, houve predomínio de

crianças nascidas a termo, resultado que se assemelha a outros estudos.

Assim, criança pré-termo poderá ser vítima de algum tipo de comprometimento

neurológico, resultando em deficiências sensoriais, motoras ou alteração no

funcionamento intelectual5,79,117. Neste contexto, riscos de morbidade e de

45

atraso de DNPM são baixos para crianças nascidas próximo ao final da

gestação, mas crescentes em relação à prematuridade116,117.

Estudos referiram que 80% a 90% das crianças prematuras apresentam

desenvolvimento normal116; a magnitude de alterações de DNPM em crianças

prematuras está relacionada, sobretudo, à intensidade e duração de eventos

adversos118,119.

Estudos demonstraram haver associação estatisticamente significativa

entre intercorrências gestacionais e baixo peso de nascimento e suspeita de

atraso de desenvolvimento neuropsicomotor5,120,121,122. Neste estudo, essas

variáveis não foram significativas. Uma possível explicação para isso pode ser

atribuída às limitações de análise, dificuldades na coleta de dados ou a fatores

de proteção do binômio mãe-feto, no aspecto bio-social123,124.

O desejo de ter filho é uma variável independente, que neste estudo não

se mostrou significativa em relação aos desfechos de suspeita de atraso de

desenvolvimento neuropsicomotor. Alguns autores consideram que a

desejabilidade está ligada a uma multiciplicidade de crenças que acentuam a

importância do desejo de ter filhos, como objetos altamente valorizados na

sociedade e como fonte de satisfação emocional na vida dos pais125; outros

acham que o desejo de ter filhos é um sentimento inato, primitivo e que a

fertilidade está relacionada à realização pessoal e, a incapacidade para

procriar, representa uma falha biológica e um estigma social126. Estudos

realizados com mães portadoras de doenças sexualmente transmissíveis,

demonstraram sentimento de medo, culpas, conflitos internos nos grupos

analisados127,128.

46

Por fim, os fatores de risco, de qualquer natureza, predispõem a

alterações de DNPM, de diversas formas, conforme o grau de desenvolvimento

da sociedade: nas mais desenvolvidas estão prioritariamente vinculadas às

questões relacionadas aos processos de evolução social; nas sociedades

subdesenvolvidas estão relacionados à pobreza e ao desequilíbrio social129,130.

Neste contexto, a implementação de programas de baixo custo e de

abordagem comunitária em países em desenvolvimento, como o Brasil, pelos

quais envolvam crianças com risco de atraso de DNPM, seria uma boa

alternativa intervencionista que certamente minimizaria ou aboliria o impacto na

futura vida da criança.

No que se refere ao instrumento utilizado no estudo ora apresentado, a

nossa experiência tem demonstrado que o Teste de Denver II é um instrumento

de vigilância de DNPM eficiente e prático.

Cabe considerar que este trabalho enriqueceu nossos conhecimentos

literários sobre o assunto e reforçou a importância de se estudar o DNPM

infantil. Neste sentido, foi imperativo estabelecer prioridades, estratégias de

intervenção e interação com outras áreas de conhecimento, além da medicina.

Profissionais médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e

profissionais de outras áreas, como estatísticos e profissionais de informática

foram fundamentais no desenvolvimento deste estudo, o que o torna, sem

sombra de dúvida, um trabalho inter e multidisciplinar, que preenche os

requisitos do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

A multi e a interdisciplinaridade na pesquisa em saúde da criança,

sobretudo em DNPM, possibilitam interação de metodologias, de modelos e

47

conceitos buscando a integridade das ações de saúde, de forma individual e

coletiva nos diversos níveis de atenção, nos aspectos preventivos e curativos.

Se acreditarmos nisto, certamente contribuiremos para que criança potiguar

tenha possibilidade de expandir todo seu potencial físico, psicológico, social e

cultural, tornando-se uma pessoa plenamente desenvolvida.

48

5 ANEXOS

ANEXO 1

DESCRIÇÃO DO TESTE DE DENVER II *

FRANKENBURG e DODDS (1967) propuseram o “The Denver

Developmental Screening Test” (DDST) para crianças de 0 a 6 anos. Este

teste é um instrumento que serve para avaliar crianças que apresentam

suspeita de atraso global do desenvolvimento ou em áreas específicas do

comportamento, tais como, pessoal-social, motor fino-adaptativo, linguagem e

motor grosseiro. O DDST é usado em crianças, na faixa etária zero ( recém

nascidos) aos seis anos de idade. O manual de treinamento e aplicação orienta

que é adequado seu uso entre crianças de duas semanas de vida aos seis

anos e meio de idade, dividindo-se os grupos estudados em 10 faixas etárias :

0 – 2 meses; 2 – 4 meses; 4 – 7 meses; 7 – 10 meses; 10 – 13 meses; 13 – 18

meses; 18 – 24 meses; 24 – 40 meses; 40 – 57 meses; 57 – 78 meses.

O Teste de Denver, repadronizado com o nome de Denver-II, avalia o

desempenho de crianças através de 125 itens ou tarefas, agrupadas em quatro

setores que correspondem às quatro grandes áreas do comportamento :

1. Pessoal-social: avalia a maneira como a criança se relaciona com terceiros

e como atua nas atividades da vida diária.

2. Motor fino-adaptativo: avalia a habilidade visual da criança e sua destreza

manual.

3. Linguagem: avalia a linguagem expressiva e receptiva.

4. Motor grosso (amplo): avalia a habilidade da criança em relação aos

movimentos globais do corpo, como sentar, andar, correr e pular.

Os 125 comportamentos foram distribuídos em faixas etárias, considerando

a freqüência da sua execução, de 25%, 50%, 75% e 90% das crianças da

população de padronização.

*Cristiane Schultz, Fernanda Tabarelli Ribeiro,Juliana Marins Araújo,Luciana Aparecida

Affonso, Mônica Vanessa Nakahara, Márcia Regina Marcondes Pedromônico

(UNIFESP / Escola Paulista de Medicina)

49

As instruções para a aplicação e os critérios para avaliação de cada

comportamento do Denver-II encontram-se descritas detalhadamente no

Manual de Treinamento e Aplicação.

O material utilizado no teste é composto por: um pompom vermelho, um

sino, um chocalho, dez blocos de madeira coloridos de 2,5 cm (nas cores:

verde, azul, amarelo, laranja e vermelho), um vidro pequeno, transparente e

aberto, um saco de jujuba, uma bola de tênis, uma caneca, uma boneca

pequena de plástico com mamadeira, um lápis vermelho, cinco desenhos (gato,

cavalo, pássaro, cachorro e menino), papel sulfite branco e folha de aplicação

padronizada.

Antes de o examinador aplicar o instrumento é essencial obter informações

à respeito da criança através do cuidador. Esta atitude facilita a escolha da

área a ser inicialmente avaliada. Além disso, o fato do cuidador interagir com o

profissional, facilita a criança a aderir à situação de testagem.

Os autores referem que existe flexibilidade na ordem de apresentação dos

itens, em função das características individuais da criança a ser testada. No

entanto, sugerem que a área Pessoal-social seja a primeira, seguida da

Motora-adaptativa e da Linguagem, finalizando com a área Motora-ampla. Esta

hierarquia foi proposta, em função de que algumas crianças, após realizarem

itens de motricidade global, têm dificuldade de reorganizar-se para as

atividades de mesa.

Para selecionar os comportamentos a serem aplicados em cada criança, é

necessário calcular a idade da mesma em anos, meses e dias. No caso de

crianças nascidas prematuras e com idade inferior a dois anos, os autores

sugerem que a idade deva ser ajustada, subtraindo-se a quantidade de

semanas que faltavam para o final da gestação e idade cronológica atual. A

partir disso, traça-se uma linha vertical no protocolo de aplicação. Todos os

comportamentos cortados pela linha devem ser aplicados.

É sugerido ao examinador que comece pelos itens à esquerda da linha

divisória para facilitar o conhecimento e contato com a criança.

50

Observando o protocolo, visualizam-se as barras que representam a faixa

de variação de ocorrências de acerto de 25 a 90%, contendo o comportamento

a ser avaliado.

O registro de respostas da criança é feito através dos seguintes

símbolos:

P (Passou): quando a criança realiza o item com sucesso ou o cuidador

afirma que a criança o realiza;

F (Falhou): quando a criança não realiza o item com sucesso ou o cuidador

informa que a criança não o realiza;

NO (Não-Observado): quando a criança não teve a chance de realizar o

item ou o item foi feito por inquérito;

R (Recusa): quando a criança recusa-se a realizar o item solicitado.

O protocolo também permite o registro do comportamento de atenção,

orientação e interesse da criança durante a prova

As interpretações dos itens individuais são realizadas da seguinte forma:

Itens Avançados: quando a criança passa em um item que está

totalmente à direita da linha da idade;

Itens Normais: quando a criança falha ou recusa-se a realizar um item que

está completamente à direita da linha da idade;

Itens de Risco: quando a criança falha ou recusa-se a realizar o item no

qual a linha da idade cruza entre 75 e 90%.

Itens de Atraso: quando a criança falha ou recusa-se a realizar um item

que está totalmente à esquerda da linha da idade;

Itens de Não-Observados: estes não são considerados na interpretação.

A interpretação final do teste permite classificar o desenvolvimento da

criança em:

Normal: quando não há nenhum tipo de atraso e no máximo um item de

risco;

51

Questionável: quando há dois ou mais itens de risco e/ou um ou mais itens

de atraso;

Não Testável: quando há recusa em um ou mais itens totalmente à

esquerda da linha da idade ou recusa em mais de um item cortado pela

linha da idade na área de 75 a 90%.

Quando o resultado é questionável, como conduta realiza-se o re-teste em

uma ou duas semanas para eliminar possíveis fatores temporários.

52

53

APÊNDICE 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROTOCOLO DE PESQUISA

AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR EM CRIANÇAS NA REDE BÁSICA DE SAÚDE UTILIZANDO O TESTE DE DENVER II: IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO MATERNO

I – Dados gerais

Caso número: _________

1. Nome: __________________________________ D.N. ______________

2. Endereço: _________________________________________________

3. Sexo

( ) masculino ( ) feminino

4. Entrevistado

( ) pai ( ) mãe ( ) cuidador

5. Escolaridade da mãe

( ) < 4 anos ( ) 4 anos ( ) 8 anos ( ) 11 anos ( ) > 11 anos

6. Renda familiar (em salário-mínimo*)

( ) Menos que um salário mínimo ( ) Um a cinco salários mínimos

( ) Seis a dez salários mínimos ( ) Acima de dez salários mínimos

II – Dados da gestação

1. Criança desejada (desejabilidade)

( ) sim ( ) não

2. Idade ao engravidar

( ) Menos de 20 anos ( ) 20 – 29 anos ( ) 30 – 39 anos ( ) 40 -49

anos

3. Uso de drogas

( ) álcool ( ) fumo ( ) outras drogas ( ) Não usou

4. Idade gestacional

( ) Menos de 38 semanas ( ) 38 – 42 semanas

5. Intercorrências gestacionais

54

( ) orgânicas ( ) psicossociais ( ) psicopatológicas ( ) sem

intercorrências

Qual (s): _____________________________

6. Tipo de parto

( ) normal ( ) cesárea ( ) fórceps

III - Exame clínico da criança

1. Normal

( ) sim ( ) não

2. Presença de:

( ) malformação ( ) síndrome genética ( ) deficiência neurológica

evidente

( ) patologia ósteo-articular ( ) patologia orgânica grave

( ) patologia crônica debilitante

IV – Aplicação do Teste de Denver II(resultado final)

( ) NORMAL

( ) QUESTIONÁVEL

*Salário mínimo: R$ 240,00

55

APÊNDICE 2

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Pós-Graduação em Ciências da Saúde

Consentimento pós-informação

Sr. Pai ou responsável:

O desenvolvimento neuropsicomotor é o conjunto de modificações

biopsicológicas que ocorrem durante a vida.

Para avaliarmos o desenvolvimento neuropsicomotor existem diversos

tipos de testes neurológicos, psicológicos e pediátricos.

Nós pretendemos usar um teste de origem americana, totalmente

inócuo, denominado Denver II, objetivando pesquisar o perfil de suspeita do

desenvolvimento neuropsicomotor da sua criança com a idade de zero a doze

meses de vida.

A nossa Instituição assegura que em nenhuma hipótese será revelada a

identidade da criança, como também manteremos o caráter confidencial de

todas as informações prestadas ao pesquisador.

Necessitamos, portanto, seu consentimento, nos termos que segue:

Eu, ______________________________________________ abaixo assinado,

pai ou responsável pela criança __________________________________

declaro que estou totalmente esclarecido sobre a pesquisa acima referida.

Natal, ______ de __________2004

____________________________ ____________________________

Pai ou Responsável Pesquisador

56

APÊNDICE 3

3.1

Tabela 1. Distribuição das crianças de zero aos doze meses conforme o teste de Denver II Normal e Questionável e efeito das variáveis de risco materno sobre a suspeita no atraso de desenvolvimento neuropsicomotor

Variável DNPM Total p OR IC(95%)

Normal Questionável n % n % Renda familiar< 1 sal mínimo 7 1,76 14 3,52 21 0,00001 11-5 sal mínimo 153 38,44 154 38,69 307 0,50 [0,20-1.28]

6-10 sal mínimo 49 12,31 14 3,52 63 0,14 [0,05-0,42]> 10 sal mínimo 7 1,76 0 0 7 0 [0]Escolaridade Sem escol. 13 3,27 07 1,76 20 0,00000 1

1-4 anos escol. 45 11,31 143 35,93 188 5,90 [2,22-15,69]

5- 8 anos escol. 99 24,87 21 5,28 120 0,39 [0,14-1,11]

9-11 anos escol 56 14,07 10 2,51 66 0,33 [0,11-1,04]

> 11 anos escol 3 0,75 01 0,25 4 0,62 [0,05-7.12]

Idade da mãe< 20 anos 23 5,78 40 10,05 63 0,01608 1

20-29 anos 133 33,42 103 25,88 236 0,44 [0,25-0,79]

30-39 anos 57 14,32 36 9,05 93 0,36 [0,19-0,70]

40-49 anos 3 0,75 3 0,75 6 0,58 [0,11-3,09]

Uso de drogasNão usou 199 50 156 39,20 355 0,00530 1

Fumo 4 1 4 1 8 1,28 [0,31-5,18]

Álcool 7 1,76 2 0,5 9 0,36 [0,07-1,78]

Outras drogas 6 1,51 20 5,03 26 4,25 [1,67-10,24]

Id. gestacional

< 38 semanas 13 3,27 27 6,78 40 0,00357 1

38-42 semanas 203 51,01 155 38,94 358 0,37 [0,18-0,74]

DNPM = desenvolvimento neuropsicomotor OR = razão de odds IC = intervalo de confiança

57

3.2

Tabela 2. Suspeita de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor de 0-3 meses, 4-6 meses, 7-9 meses, 10-12 meses, de acordo com a variável escolaridade materna Variável Denver II

normalDenver II suspeito

Total Valor p Razão de Odds(IC 95%)

0 – 3 meses Sem escolaridade 13 26 39 0,0000 11 - 8 anos escol.5 – 8 anos escol.> 8 anos escol.

29 0 2

5 4 0

34 4 2

0,09 [0,03-0,27] 0 [0] 0 [0]

4 – 6 meses Sem escolaridade 4 2 6 0,0001 11 – 4 anos escol. 10 37 47 7,40 [1,18-46,4]5 – 8 anos escol 26 9 35 0,69 [0,06-2,10]> 8 anos escol. 10 2 12 0,40 [0,04-2,20]

7 – 9 meses

Sem escolaridade 5 3 8 0,0001 11 – 4 anos escol. 12 43 55 5,97 [1,24-28,64]5 – 8 anos escol. 19 4 23 0,35 [0,06-2,10]> 8 anos escol. 12 2 14 0,28 [0,04-2,20]

10 – 12 meses

Sem escolaridade 2 2 4 0,0000 11 – 4 anos escol. 9 37 36 4,11 [0,51-33,27]5 – 8 anos escol. 29 4 33 0,14 [0,01-1,27]> 8anos escol. 14 2 16 0,14 [0,01-1,67]

P < 0,05 IC = intervalo de confiança

58

APÊNDICE 4

Modelo ajustado:

Sendo:

p∧

a estimativa da probabilidade de um indivíduo ser Questionável

IG – idade gestacional

ESC – escolaridade materna

D – uso de droga na gestação

Conclusão: Criança com maior probabilidade de atraso são aquelas cuja mãe

tenha um nível de instrução escolar inferior a 4 anos, idade gestacional menor

que 38 semanas e tenha usado algum tipo de droga durante a gestação.

1,617 1,014( ) 2,583( 2) 1,03( 3)

1,617 1,014( ) 2,583( 2) 1,03( 3)1

IG ESC D

IG ESC D

ep

e

− + + +∧

− + + +=

+

59

7 BIBLIOGRAFIA

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60

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Abstract

Alterations in the neuropsychomotor development of children are not rare

and can manifest themselves with varying intensity at different stages of their

development. In this context, maternal risk factors may contribute to the

appearance of these alterations. A number of studies have reported that

neuropsychomotor development diagnosis is not an easy task, especially in the

basic public health network. Diagnosis requires effective, low-cost, and easy -

to-apply procedures. The Denver Developmental Screening Test, first published

in 1967, is currently used in several countries. It has been revised and renamed

as the Denver II Test and meets the aforementioned criteria. Accordingly, the

aim of this study was to apply the Denver II Test in order to verify the

prevalence of suspected neuropsychomotor development delay in children

between the ages of 0 and 12 months and correlate it with the following

maternal risk factors: family income, schooling, age at pregnancy, drug use

during pregnancy, gestational age, gestational problems, type of delivery and

the desire to have children. For data collection, performed during the first 6

months of 2004, a clinical assessment was made of 398 children selected by

pediatricians and the nursing team of each public health unit. Later, the parents

or guardians were asked to complete a structured questionnaire to determine

possible risk indicators of neuropsychomotor development delay. Finally the

Denver II Developmental Screening Test (DDST) was applied. The data were

analyzed together, using Statistical Package for Social Science (SPSS)

software, version 6.1. The confidence interval was set at 95%.

The Denver II Test yielded normal and questionable results. This

suggests compromised neuropsychomotor development in the children

examined and deserves further investigation. The correlation of the results with

preestablished maternal risk variables (family income, mother’s schooling, age

at pregnancy, drug use during the pregnancy and gestational age) was strongly

significant. The other maternal risk variables (gestational problems, type of

delivery and desire to have children) were not significant. Using an adjusted

logistic regression model, we obtained the estimate of the greater likelihood of a

child having suspected neuropsychomotor development delay: a mother with ≤

75

4 years of schooling, chronological age less than 20 years and a drug user

during pregnancy.

This study produced two manuscripts, one published in “Acta Cirúrgica

Brasileira”, in which an analysis was performed of children with suspected

neuropsychomotor development delay in the city of Natal, Brazil. The other

paper (to be published) analyzed the magnitude of the independent variable

maternal schooling associated to neuropsychomotor development delay, every

3 months during the first twelve months of life of the children selected.. The

results of the present study reinforce the multifactorial characteristic of

development and the cumulative effect of maternal risk factors, and show the

need for a regional policy that promotes low-cost programs for the community,

involving children at risk of neuropsychomotor development delay. Moreover,

they suggest the need for better qualified health professionals in terms of

monitoring child development.

This was an inter- and multidisciplinary study with the integrated

participation of doctors, nurses, nursing assistants and professionals from other

areas, such as statisticians and information technology professionals, who met

all the requirements of the Postgraduate Program in Health Sciences of the

Federal University of Rio Grande do Norte.

Keywords: neuropsychomotor development, risk factors, screening test,

Denver II test, maternal risk.

76