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REDES DE INOVAO DINAMIZANDO PROCESSOS DE INOVAO EM
EMPRESAS FORNECEDORAS DA INDSTRIA DE PETRLEO E GS NATURAL
NO BRASIL
Ivan De Pellegrin
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAO DOS PROGRAMAS DE PS-GRADUAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE DOUTOR EM CINCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUO.
Aprovada por:
____________________________________________________
Prof. Heitor Mansur Caulliraux, D.Sc.
____________________________________________________
Prof. Mario Salerno, D.Sc.
____________________________________________________
Prof. Adriano Proena, D.Sc.
____________________________________________________
Profa Lia Hasenclever, D.Sc.
____________________________________________________
Prof. Jos Antonio Valle Antunes Jr., D.Sc.
____________________________________________________
Prof. Francisco Jos de Castro Moura Duarte, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
MARO DE 2005
II
PELLEGRIN, IVAN DE
Redes de Inovao Dinamizando
Processos de Inovao em Empresas
Fornecedoras da Indstria de Petrleo e Gs
Natural no Brasil [Rio de Janeiro] 2004
XIV, 605 p., 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc.,
Engenharia de Produo, 2006)
Tese - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Inovao. 2. Indstria do Petrleo. 3.
Redes de Inovao.
I. COPPE/UFRJ II. Ttulo (srie)
III
Resumo da Tese apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessrios para a obteno do grau de Doutor em Cincias (D.Sc.)
REDES DE INOVAO DINAMIZANDO PROCESSOS DE INOVAO EM EMPRESAS FORNECEDORAS DA INDSTRIA DE PETRLEO E GS NATURAL
NO BRASIL
Ivan De Pellegrin
Maro/2006
Orientador: Heitor Mansur Caulliraux
Programa: Engenharia de Produo.
A institucionalizao de redes de organizaes (firmas fornecedoras, governo,
universidades, laboratrios de pesquisa) pode promover a articulao entre atores e
recursos do Sistema Regional de Inovao, contribuindo para o desenvolvimento de
novos produtos e servios pelas empresas locais, bem como melhorando o seu
posicionamento enquanto fornecedoras para setores especficos.
Essa tese prope um esquema conceitual para um modelo organizacional definido
como Rede de Inovao Horizontal Induzida - RIHI. A RIHI apia os processos de
inovao das empresas e contribui para um ambiente favorvel colaborao e
inovatividade.
O Caso de uma rede de inovao focada no apoio empresas fornecedoras da
Indstria de Petrleo e Gs Natural - a Rede PETRO-RS - estudado para subsidiar a
crtica do esquema conceitual de RIHI proposto, a partir de uma incurso emprica.
Conclui-se que as Redes de Inovao Horizontais Induzidas podem ser uma
alternativa interessante para a implementao de polticas industriais e de inovao no
que tange ao desenvolvimento da competitividade de setores produtores de bens de
capital para a Indstria de Petrleo e Gs Natural no Brasil.
IV
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
INNOVATION NETWORKS DYNAMIZING INNOVATION PROCESSES IN SUPPLY COMPANIES OF THE BRAZILIAN OIL AND GAS INDUSTRY
Ivan De Pellegrin
March/2006
Advisor: Heitor Mansur Caulliraux
Department: Production Engineering.
The institutionalization of organizations networks (gathering firms, government,
universities, labs and research organizations) can improve connection between players
and resources of the Regional Innovation Systems and this may contribute to the
development of new products and services by local firms as well as to a better
positioning of these firms as suppliers of specific sectors. This thesis suggests a
conceptual framework for a network organizational model defined as Induced
Horizontal Innovation Network - IHIN. The IHIN supports the innovation processes at
the firm level and contributes to a favorable environment for cooperation and
innovativeness.
The case of an innovation network focused on supporting Oil and Gas Industry
suppliers - the case of PETRO-RS - is studied to support the critique of this conceptual
framework through an empirical analysis.
The conclusion is that the IHIN may play an important role in the implementation of
industrial and innovation policies concerning the development of competitiveness of the
supply chain for the Oil and Gas Industry in Brazil.
V
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos para todos que de alguma forma tenham contribudo
para a realizao deste trabalho, dentre os quais gostaria de destacar os que seguem.
A Rede PETRO-RS, com especial agradecimento aos profissionais, empresas
e outras organizaes que foram ou so ligados a ela e que receberam o pesquisador
quando das pesquisas de campo:
o Jos Antnio Valle Antunes Jr., Ado Villaverde e Nelson Fujimoto (ex-
SCT/RS), Mrcia Lange (SEDAI);
o Fulvio Chimisso (FURG), Telmo Roberto Strohaecker (LAMEF/UFRGS),
Luis Fernando Cantele (URI);
o Marcus Coester (Coester Automao), Maurcio Graeff (ETM
Integradora de Servios de Engenharia), Jos Abu-Jamra e Felipe
Andrian Techeira (Cordoaria So Leopoldo), Luis Fernando Dambroz e
Alvaro Tergolina (Dambroz), Paulo Schmidt (Koch Metalrgica), Luciano
Karnas (Serrano Automao), Marcelo Cantele (Intecnial), Conrrado
Lacchini (Digicon), Gerbase (Altus), Cludia Messias (Elipse Software),
Jos Garcia (Tecmoldin), Octavio Teichmann (Forjas Taurus);
o Vitor Odorcyck (FINEP) e Tiago Lemos (SEBRAE-RS);
o Suzana Sperry (PETRO-RS) e Marcelo Lopes (RBT);
o Hamilton Romanato Ribeiro (REFAP S.A.) e Joo Carlos Nunes (ex-
PETROBRAS).
Aos representantes de organizaes internacionais que receberam o
pesquisador em suas visitas de referncia: Johnar Olsen (Innovation Norway), Knut
Gulbrand Wangen (INTSOK Noruega), Ewan Daniel (Aberdeen City Council), Chris
Feeman (LOGIC), Morten Holmager e Peter Blach (Offshore Center Denmark).
Ao orientador, professor Heitor Mansur Caulliraux, que propiciou a
oportunidade do Doutorado e das pesquisas no GPI, alm do aprendizado entre uma e
outra atividade de trabalho. Ao professor Adriano Proena pela co-orientao e
oportunidade da convivncia fraternal. Aos demais colegas do GPI, especialmente
Sandra e Almaisa.
Ao professor Nelson Casarotto Filho e aos colegas e amigos Roberto dos Reis
Alvarez e Marcelo Lopes, pelas crticas sobre os questionrios das pesquisas de
campo. Ao companheiro Alvarez tambm pela convivncia fraternal durante meus trs
anos de residncia no Rio de Janeiro e posteriormente.
VI
Aos amigos Junico Antunes e Moiss Balestro meus agradecimentos especiais
pelo apoio nas discusses de carter metodolgico e terico, bem como pelo apoio na
orientao ao longo dessa trajetria. Junico, muito obrigado pelas orientaes e pela
amizade.
Ao amigo e colega Renato Samuel, pelo apoio e parceria no projeto da
PETRO-BC, bem como aos demais colegas de projetos na COPPE.
Ao pessoal de Maca que participou do projeto PETRO-BC e ao Antnio
Batista do SEBRAE/RJ que foi fundamental para a concretizao daquela experincia.
Ao Rodrigo Pinto pelo empenho e apoio na reta final do trabalho.
Agradeo tambm aos amigos da Cordoaria So Leopoldo: Zeca, Le, Perc,
Felipe, Leandro, Ftima, Valdecir, Cntia, entre tantos colegas com quem tive o
privilgio de trabalhar e conviver durante o perodo que mais contribuiu para meu
aprendizado sobre a inovao em empresas fornecedoras da indstria de petrleo do
Brasil e do mundo.
Um agradecimento especial ao Engenheiro Flvio Celso Petracco, mestre
maior na minha carreira profissional, sobretudo em relao tica, ao respeito
natureza, pela acolhida fraternal em tantos momentos e por tantos exemplos a serem
seguidos.
A todos de minha famlia, especialmente aos meus pais pela formao,
minha irm Ana e Dona Ilse pelos constantes incentivos e aos primos e tios que me
deram forte apoio nesta e noutras empreitadas.
Um agradecimento especial tambm para minha esposa, Flvia, pela pacincia
(que foi to exigida) e pelo carinho, fundamental em tantas horas. Tambm aos seus
pais, Fernanda e Moiss, pelos incentivos nessa trajetria.
Finalmente, minha filha Catharina, que tanto motivou para a concluso do
trabalho, com o desejo de que tenha as oportunidades e o apoio que tive nessa
jornada.
VII
SUMRIO
LISTA DE QUADROS................................................................................................... XII LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... XIII 1. APRESENTAO........................................................................................................1 1.1. CONSIDERAES INICIAIS ....................................................................................1 1.2. IMPORTNCIA DO TRABALHO...............................................................................8 1.3. JUSTIFICATIVA.......................................................................................................14
1.3.1. Justificativa Acadmica..................................................................................14 1.3.2. Justificativa para o Brasil ...............................................................................15 1.3.3. Justificativa do Estudo de Caso selecionado.................................................17
1.4. QUESTO GERAL DA PESQUISA.........................................................................18 1.5. OBJETIVOS.............................................................................................................19
1.5.1. Objetivo Geral ................................................................................................19 1.5.2. Objetivos Especficos.....................................................................................19
1.6. DELIMITAES......................................................................................................20 1.7. ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................................23 2. REFERENCIAL TERICO .........................................................................................27 2.1. INTRODUO.........................................................................................................27 2.2. PROCESSOS DE INOVAO................................................................................28
2.2.1. Modelos esquemticos de inovao ..............................................................29 2.2.2. Trajetrias, paradigmas, externalidades e regimes econmicos ...................34 2.2.3. Atributos da inovao.....................................................................................39 2.2.4. Inovao e posicionamento estratgico.........................................................41
2.2.4.1. Estratgia de inovao ofensiva ..............................................................48 2.2.4.2. Estratgia de inovao defensiva ............................................................48 2.2.4.3. Estratgias dependente e imitativa..........................................................49 2.2.4.4. Estratgia Tradicional ..............................................................................50 2.2.4.5. Estratgia Oportunista .............................................................................51
2.2.5. Competncias centrais e capacitaes dinmicas ........................................52 2.3. INOVAO ALM DAS FRONTEIRAS DA EMPRESA..........................................56
2.3.1. Sistemas de inovao ....................................................................................57 2.3.1.1. Sistema Nacional de Inovao SNI ......................................................61 2.3.1.2. Sistema Regional de Inovao SRI ......................................................67 2.3.1.3. Sistema Setorial de Inovao SSI ........................................................71 2.3.1.4. Sistemas Tecnolgicos STEC ..............................................................73
VIII
2.3.2. Fatores locais determinantes da competitividade Teoria de clusters..........75 2.3.2.1. Os determinantes da vantagem competitiva de um cluster .....................77 2.3.2.2. A influncia do Governo na competitividade do cluster ...........................87 2.3.2.3. A influncia do setor privado na competitividade do cluster ....................89
2.3.3. Redes de inovao ........................................................................................92 2.4. PROPOSIO DE ESQUEMA CONCEITUAL PARA REDE DE INOVAO
HORIZONTAL INDUZIDA RIHI .................................................................................100 2.5. CONSIDERAES FINAIS...................................................................................107 3. METODOLOGIA DA PESQUISA..............................................................................108 3.1. INTRODUO.......................................................................................................108 3.2. MTODO DE PESQUISA......................................................................................108
3.2.1. Modalidades de Estudos de Caso ...............................................................111 3.2.2. Projeto do Estudo de Caso com Unidades Incorporadas ............................113
3.2.2.1. A questo do estudo de caso ................................................................114 3.2.2.2. Os objetivos da pesquisa de campo......................................................114 3.2.2.3. As unidades de anlise..........................................................................115 3.2.2.4. A lgica que une os dados aos objetivos da pesquisa de campo .........116 3.2.2.5. As variveis explicativas e seus desdobramentos operacionais ...........118
3.3. MTODO DE TRABALHO.....................................................................................123 3.3.1. Definio e Planejamento ............................................................................125
3.3.1.1. Definio do Tema Geral .......................................................................126 3.3.1.2. Levantamento do Referencial Terico e Emprico.................................126 3.3.1.3. Definio do Tema Especfico e do Esquema Conceitual Inicial...........127 3.3.1.4. Definio da Metodologia da Pesquisa e Seleo do Caso ..................127
3.3.2. Preparao, coleta e anlises preliminares .................................................128 3.3.2.1. Visitas de referncia no Reino Unido, Noruega e Dinamarca ...............129 3.3.2.2. Preparao de questionrios .................................................................129 3.3.2.3. Levantamentos de informaes e dados da PETRO-RS ......................131
3.3.3. Anlises e Concluses da Pesquisa ............................................................134 3.3.3.1. Anlises .................................................................................................135 3.3.3.2. Concluses da Pesquisa .......................................................................137
4. EXPERINCIAS INTERNACIONAIS DE APOIO S CADEIAS FORNECEDORAS
DA INDSTRIA DO PETRLEO E GS NATURAL....................................................138 4.1. INTRODUO.......................................................................................................138 4.2. O CASO DO REINO UNIDO .................................................................................140 4.3. O CASO DA NORUEGA........................................................................................147 4.4. CONSIDERAES FINAIS...................................................................................154
IX
5. CONTEXTO DO ESTUDO DE CASO ......................................................................156 5.1. INTRODUO.......................................................................................................156 5.2. A INDSTRIA DE PETRLEO E GS NATURAL NO MUNDO E NO BRASIL ...157
5.2.1. Elementos Histricos da Indstria de Petrleo e Gs Natural .....................157 5.2.2. Tendncia Mundial das Taxas Reserva/Produo (R/T) .............................166
5.2.2.1. Petrleo..................................................................................................166 5.2.2.1. Gs Natural............................................................................................173
5.2.3. Investimentos Previstos na Indstria de Petrleo e Gs no Brasil ..............178 5.3. O FORNECIMENTO DE BENS E SERVIOS PARA A INDSTRIA DE
PETRLEO E GS NATURAL ....................................................................................184 5.4. SISTEMA BRASILEIRO DE INOVAO DO SETOR DE PETRLEO ................193
5.4.1. Elementos da Dimenso Nacional ...............................................................195 5.4.1.1. Principais Atores da Dimenso Nacional para o SBISP........................195 5.4.1.2. Polticas, Leis e Programas da dimenso Nacional relevantes para o
SBISP .................................................................................................................198 5.4.2. Elementos da Dimenso Estadual ...............................................................210
5.4.2.1. Principais Atores da Dimenso Estadual no RS para o SBISP .............210 5.4.2.2. Polticas, Leis e Programas da Dimenso Estadual relevantes para o
SBISP .................................................................................................................211 5.5. CONSIDERAES FINAIS...................................................................................213 6. APRESENTAO E ANLISE DO ESTUDO DE CASO .........................................216 6.1.INTRODUO........................................................................................................216 6.2. DESCRIO DA PETRO-RS VISO HISTRICA ............................................217
6.2.1. Fase 1 da idia ao lanamento da rede (Dezembro/1998 a
Dezembro/1999) ....................................................................................................218 6.2.2. Fase 2 do lanamento primeira mudana de governo (Dezembro/1999 a
Dezembro/2002) ....................................................................................................224 6.2.3. Fase 3 da primeira mudana de governo at os dias atuais
(Dezembro/2002 em diante) ..................................................................................241 6.3. ANLISE DE INDICADORES DE INOVAO DA PETRO-RS ............................252
6.3.1. Tipos de empresas do survey PETRO-RS 2005 .........................................254 6.3.2. Inovao Tecnolgica ..................................................................................255 6.3.3. Inovao Organizacional..............................................................................259 6.3.4. Patentes .......................................................................................................260 6.3.5. Fontes Externas de Informao e Conhecimento........................................260 6.3.6. Parcerias pr-inovao desenvolvidas ........................................................262 6.3.7. Participao de Novos Produtos no Faturamento .......................................266
X
6.4. A PETRO-RS LUZ DAS CATEGORIAS DE ANLISE ......................................268 6.4.1. Estrutura da rede, objetivos e papis dos atores.........................................269
6.4.1.1. Governo .................................................................................................270 6.4.1.2. Organizaes de apoio e fomento .........................................................271 6.4.1.3. PETROBRAS.........................................................................................272 6.4.1.4. Organizaes de P&D ...........................................................................273 6.4.1.5. Empresas...............................................................................................274
6.4.2. Produtos, Atividades e recursos ..................................................................276 6.4.2.1. Rotinas...................................................................................................277 6.4.2.2. Aes coletivas ......................................................................................282
6.4.3. Interaes/relaes entre os atores.............................................................287 6.4.4. Aspectos institucionais.................................................................................294 6.4.5. Ganhos relacionais para o ambiente local ...................................................308
6.4.5.1. Ganhos relativos a fatores relacionados com demanda........................308 6.4.5.2. Ganhos relativos a fatores relacionados com insumos .........................311 6.4.5.3. Ganhos relativos a fatores relacionados com setores correlatos e de
apoio ...................................................................................................................313 6.4.5.4. Ganhos relativos a fatores relacionados com o contexto pr-inovao 315
6.4.6. Processos de inovao ................................................................................316 6.4.6.1. Etapa 1 Mercado Potencial.................................................................317 6.4.6.2. Etapa 2 Inveno e/ou Concepo do Projeto Bsico........................322 6.4.6.3. Etapa 3 Projeto Detalhado e Testes ...................................................323 6.4.6.4. Etapa 4 Reprojeto e Produo............................................................328 6.4.6.5. Etapa 5 Distribuio e comercializao ..............................................331
6.4.7. Crticas e sugestes Rede PETRO-RS ....................................................334 6.4.7.1. Com relao ao ambiente externo rede..............................................335 6.4.7.2. Ambiente interno rede.........................................................................340
6.5. CONSIDERAES FINAIS...................................................................................349 7. REVISO DO ESQUEMA CONCEITUAL DE RIHI ..................................................353 7.1. INTRODUO.......................................................................................................353 7.2. MODELO CONCEITUAL DE REDE DE INOVAO HORIZONTAL INDUZIDA..353
7.1.1. Definio e objetivos ....................................................................................354 7.1.2. Estrutura e relacionamentos ........................................................................357 7.1.3. Produtos, atividades e recursos...................................................................361 7.1.4. Representao esquemtica do modelo de RIHI ........................................365
7.3. CONSIDERAES FINAIS...................................................................................368 8. CONCLUSES.........................................................................................................369
XI
8.1. INTRODUO.......................................................................................................369 8.2. CONCLUSES GLOBAIS DA PESQUISA ...........................................................370 8.3. CONSIDERAES FINAIS DA PESQUISA .........................................................387 8.4. RECOMENDAES PARA PESQUISAS FUTURAS...........................................389 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................391 ANEXOS.......................................................................................................................400
XII
LISTA DE QUADROS Quadro 1: Evoluo da Oferta Interna de Energia no Brasil 1984 - 2004 ...................... 2 Quadro 2: Valor do Barril de Petrleo Brent no perodo 2000-2004............................... 3 Quadro 3: Lucro Lquido e Faturamento das quatro maiores empresas da Amrica
Latina em 2003 e 2004................................................................................. 3 Quadro 4: Tecnologia do Processo e do Produto e as Estratgias Genricas ............ 42 Quadro 5: Liderana Tecnolgica e Vantagem Competitiva ........................................ 42 Quadro 6: Grau de competncia desejvel por funo tcnica da firma para diferentes
estratgias em relao inovao............................................................. 47 Quadro 7: Dimenses dos Sistemas de Inovao e respectivas Unidades de Anlise 61 Quadro 8: Situaes relevantes para diferentes estratgias de pesquisa ................. 109 Quadro 9: Tipos bsicos de projetos para os estudos de caso.................................. 112 Quadro 10: Dados macroeconmicos da Noruega (2002), Brasil e Rio Grande do Sul
(2004) ....................................................................................................... 147 Quadro 11: Evoluo do Contedo Local nos fornecimentos da indstria de petrleo e
gs natural na Noruega 1970 - 1996........................................................ 148 Quadro 12: Reservas Provadas x Produo de Petrleo no mundo 1984 - 2004...... 169 Quadro 13: Consumo de Petrleo no mundo ............................................................. 171 Quadro 14: Reservas Provadas x Produo de Gs Natural no mundo 1984 - 2004 175 Quadro 15: Consumo de Gs Natural no Mundo em bilhes de metros cbicos 1994 -
2004 ......................................................................................................... 176 Quadro 16: Contedo Local dos Investimentos da PETROBRAS 2006-2010 ........... 180 Quadro 17: Concentrao das aquisies externas da PETROBRAS 2006-2010 .... 180 Quadro 18: Investimentos de empresas do setor de Petrleo e Gs Natural no Brasil
alm da PETROBRAS em 2006-2010 ..................................................... 182 Quadro 19: Exemplos de empresas grandes contratantes da Indstria de Petrleo e
Gs Natural .............................................................................................. 187 Quadro 20: Contedo Local realizado nos investimentos na Indstria de Petrleo e
Gs no Brasil entre 2003 - 2005 .............................................................. 188 Quadro 21: Evoluo da PETRO-RS entre 2000 - 2005 aes, atividades e dados
gerais........................................................................................................ 251 Quadro 22: Taxa de Inovao das empresas brasileiras por porte da empresa PINTEC
2000 e Survey PETRO-RS 2005.............................................................. 257 Quadro 23: Cooperao com outras organizaes PINTEC 2000 e 2003................. 262 Quadro 24: Cooperao entre empresas e organizaes de P&D RBT 2006 ........ 264 Quadro 25: Cooperao com outras organizaes Noruega 1997 ......................... 265 Quadro 26: % de empresas por faixa de participao de novos produtos no
faturamento 2004 no survey PETRO-RS 2005 ........................................ 266 Quadro 27: % de empresas por faixa de participao de novos produtos no
faturamento 2004 na PINTEC 1998 e 2000 ............................................. 267 Quadro 28: Valores do Fundo CTPETRO (em Milhes de Reais) 1999 - 2005 ......... 298
XIII
LISTA DE FIGURAS Figura 1: Matriz Energtica Mundial em 2004 ................................................................ 1 Figura 2: Modelo Linear de inovao ........................................................................... 29 Figura 3: Modelo Linked Chain (Elo de Cadeia).......................................................... 32 Figura 4: Modelo Sistmico da Inovao...................................................................... 33 Figura 5: Dinmica induzida pelas inovaes .............................................................. 38 Figura 6: Tecnologias x Atividades da Cadeia de Valor ............................................... 44 Figura 7: Relaes horizontais e verticais entre empresas de um Sistema de Valor... 45 Figura 8: Elementos de um Sistema Nacional de Inovao ......................................... 65 Figura 9: O Sistema Nacional de Inovao como uma Matriz de SRI's e SSI's........... 70 Figura 10: Fontes da vantagem competitiva da localizao......................................... 78 Figura 11: As influncias do governo no aprimoramento dos clusters ......................... 88 Figura 12: Influncia do setor privado no aprimoramento dos clusters ........................ 90 Figura 13: Necessidade de Especializao X Diversificao de Competncias da Firma
................................................................................................................... 97 Figura 14: Esquema conceitual de Rede de Inovao Horizontal Induzida ............... 102 Figura 15: O Mtodo de estudo de caso .................................................................... 124 Figura 16: Esquema do Mtodo de Trabalho aplicado na Tese................................. 125 Figura 17: Pases membros da OECD em 2005 ........................................................ 161 Figura 18: Reservas mundiais e brasileiras de petrleo 1994 2004 (bilhes de barris)
................................................................................................................. 167 Figura 19: Produo mundial e brasileira de petrleo (milhares de barris/dia) .......... 167 Figura 20: ndice Reservas/Produo de Petrleo mundial e brasileiro em anos 1994 -
2004 ......................................................................................................... 168 Figura 21: Reservas de Petrleo no Brasil no perodo 1994 - 2004, terra e mar, em
bilhes de barris ....................................................................................... 171 Figura 22: Demanda x Produo mundial de petrleo em 2004 em Milhares de barris
por dia ...................................................................................................... 173 Figura 23: Reservas mundiais e brasileiras de Gs Natural em trilhes de metros
cbicos 1994 - 2004 ................................................................................. 174 Figura 24: Produo mundial e brasileira de GN em bilhes de metros cbicos 1994 -
2004 ......................................................................................................... 174 Figura 25: ndice Reservas/Produo de Gs Natural mundial e brasileiro em anos
1994 - 2004 .............................................................................................. 175 Figura 26: Reservas de GN no Brasil no perodo 1994 - 2004, terra e mar, em bilhes
de metros cbicos .................................................................................... 176 Figura 27: Demanda versus Produo mundial de GN em 2004 em bilhes de metros
cbicos ..................................................................................................... 178 Figura 28: Planejamento Estratgico e de Investimentos da PETROBRAS 2003 - 2015
................................................................................................................. 179 Figura 29: Fontes para os investimentos da PETROBRAS 2004 - 2015 ................... 182 Figura 30: Modalidades de Negociao e Compras da PETROBRAS ...................... 189 Figura 31: Segmentao das Categorias de itens adquiridos (Bens de Capital) ....... 191 Figura 32: Principais elementos do Sistema Brasileiro de Inovao do Setor de
Petrleo .................................................................................................... 194 Figura 33: Estrutura de Governana do PROMINP.................................................... 200 Figura 34: Valores realizados e previses de Contedo Local alocado nos
investimentos do setor de petrleo e GN no Brasil entre 2003 - 2010..... 202 Figura 35: Estrutura Organizacional da Rede PETRO-RS a partir de Dezembro de
1999 ......................................................................................................... 225 Figura 36: Gancho KS modelado pelo pessoal do LAMEF/UFRGS........................... 230 Figura 37: Estrutura organizacional da rede PETRO-RS ........................................... 232
XIV
Figura 38: Estande da PETRO-RS na Feira Argentina OIL & GAS EXPO 2001 ....... 236 Figura 39: Unidade de Gerao de Energia Eltrica a Gs Natural........................... 238 Figura 40: Unidade de Bombeio Cavalo de Pau ..................................................... 240 Figura 41: Estande da PETRO-RS na Argentina Oil & Gs 2003 .............................. 245 Figura 42: Porte das empresas do survey PETRO-RS 2005 ..................................... 254 Figura 43: Taxa de Inovao de Produto e Processo na PETRO-RS Survey PETRO-
RS 2005 ................................................................................................... 255 Figura 44: Taxas de Inovao do survey PETRO-RS 2005 por faixa de pessoal
ocupado.................................................................................................... 256 Figura 45: Grau de utilizao de informaes externas empresa na PETRO-RS
Survey PETRO-RS 2005.......................................................................... 261 Figura 46: Relao Volume de Investimentos Viveis por Taxa de Juros Nominais em
Novembro/2005........................................................................................ 264 Figura 47: Representao Esquemtica das Relaes na Rede na Fase 2 da
PETRO-RS............................................................................................... 291 Figura 48: Representao Esquemtica das Relaes na Rede na Fase 3 da
PETRO-RS............................................................................................... 291 Figura 49: Tipos de interaes entre atores de uma RIHI e mecanismos de governana
preponderantes nas relaes................................................................... 293 Figura 50: % de Empresas pesquisadas com linhas de produto para o mercado de
petrleo e gs no perodo 2000-2004 ...................................................... 328 Figura 51: Desenho esquemtico da Estrutura Organizacional de uma RIHI genrica
................................................................................................................. 359 Figura 52: Desenho esquemtico das relaes entre os tipos de atores da RIHI
genrica.................................................................................................... 360 Figura 53: Relacionamento entre Atividades da Rede PETRO-RS e Produtos ......... 362 Figura 54: Representao esquemtica da Rede de Inovao Horizontal Induzida
RIHI .......................................................................................................... 366
1
1. Apresentao
1.1. Consideraes Iniciais
Dentre vrios setores econmicos relevantes para o Brasil e para o mundo, um
dos que cada vez mais se destaca como estratgico o setor de Energia. Em 2004, o
consumo mundial de combustveis em geral cresceu acima da mdia dos 10 anos
anteriores (um crescimento da ordem de 4,3% sobre o ano de 2003), sendo que
aproximadamente 88% da demanda foi suprida por combustveis fsseis. Do total do
consumo energtico daquele ano, 66% foi ofertado pela Indstria de Petrleo e Gs
Natural, conforme ilustrado na Figura 1.
Matriz Energtica Mundial (2004)
37%
24%
27%
6% 6% PetrleoGs NaturalCarvoNuclearHidroeltrica
Figura 1: Matriz Energtica Mundial em 2004
Fonte: BRITISH PETROLEUM (2005b).
2
No Brasil, em 2004, o Petrleo e o Gs Natural tiveram uma participao
significativa na Matriz Energtica, tendo representado, respectivamente, 39,1% e 8,9%
da oferta interna de energia, conforme demonstra o Quadro 1.
Quadro 1: Evoluo da Oferta Interna de Energia no Brasil 1984 - 2004
EVOLUO DA OFERTA INTERNA DE ENERGIA - UNIDADE: 10 tep*
IDENTIFICAO 1984 1994 2004 % em 2004 2004/1984
ENERGIA NO RENOVVEL 58.276 83.215 119.757 56,1% 106%PETRLEO E DERIVADOS 46.535 66.692 83.381 39,1% 79%GS NATURAL 2.406 5.128 18.982 8,9% 689%CARVO MINERAL E DERIVADOS 8.477 11.353 14.225 6,7% 68%
URNIO (U3O8) E DERIVADOS 857 43 3.170 1,5% 270%ENERGIA RENOVVEL 65.068 74.227 93.613 43,9% 44%HIDRULICA E ELETRICIDADE (*) 14.314 23.595 30.804 14,4% 115%
LENHA E CARVO VEGETAL 33.340 24.854 28.193 13,2% 15%DERIVADOS DA CANA-DE-ACAR 15.989 22.773 28.756 13,5% 80%
OUTRAS RENOVVEIS 1.425 3.004 5.860 2,7% 311%TOTAL 123.343 157.442 213.370 100% 73%
(*) tep = Tonelada Equivalente de Petrleo.
Fonte: MINISTRIO DE MINAS E ENERGIA (2005).
O Quadro 1 mostra que houve uma inverso na matriz de energia no Brasil nas
ltima duas dcadas. Em 1984, a oferta interna de energia renovvel1 foi superior de
energia no renovvel. Entre 1984 e 2004 houve um crescimento de 106% da oferta
de energia no renovvel, frente a um crescimento de 44% da oferta de energia
renovvel, sendo que o maior crescimento refere-se oferta de gs natural (689%),
alcanando 8,9% da oferta total de energia no pas.
Essa ocorrncia de maior participao das fontes no renovveis na matriz
energtica, especialmente do petrleo e do gs natural, foi global. O pico da taxa
reservas/produo de petrleo no mundo dever ocorrer no perodo 2010-2020
(LEITE, 2005), o que sugere tendncias de manuteno ou crescimento do valor
1 O termo energia renovvel utilizado pelo pesquisador para explicar o Quadro 1 e refere-se fonte de energia e no energia propriamente dita. O termo energia renovvel no seria rigorosamente correto do ponto de vista cientfico caso se referisse a uma forma de energia, haja vista que a segunda Lei da Termodinmica mostra que os processos de transformao de energia em calor no so 100% reversveis, portanto, qualquer forma de energia convertida em calor no 100% renovvel.
3
mdio do barril de petrleo nos prximos anos. O Quadro 2 apresenta o valor nominal
do barril de petrleo Brent no perodo 2000 a 2004.
Quadro 2: Valor do Barril de Petrleo Brent no perodo 2000-2004
Ano U$/Barril 2000 28,50 2001 24,44 2002 25,02 2003 28,83 2004 38,27
Fonte: BRITISH PETROLEUM (2005b).
Para a Indstria de Petrleo e Gs Natural, esses cenrios, com preo e
demanda estveis ou crescentes, so favorveis para viabilizar as atividades de
Explorao e Produo (E&P) em guas ultra-profundas, como o caso do Brasil. As
principais reservas brasileiras so offshore, localizadas em lminas dgua entre 300 e
3.000 metros de profundidade, o que implica em grandes investimentos em bens de
capital e em servios especializados, alm de grandes desafios tecnolgicos para um
amplo conjunto de cadeias fornecedoras.
Outros aspectos que sugerem ateno para a Indstria de Petrleo e Gs
Natural so: fortemente concentrada nas empresas operadoras (no caso do Brasil
em uma empresa estatal, a PETROBRAS), com importncia econmica ampla, pois,
alm de ser fonte energtica para praticamente todos os demais setores da economia,
insumo para a Indstria Petroqumica, a qual tambm transversal a um grande
nmero de setores.
Na amostra das 500 maiores empresas em faturamento da Amrica Latina as
quatro maiores empresas so estatais de Petrleo e Gs (AMRICA ECONOMIA,
2005). O Quadro 3 mostra a PETROBRAS como a empresa mais lucrativa em 2004,
apesar de no ser a maior em faturamento.
Quadro 3: Lucro e faturamento das quatro maiores empresas da Amrica Latina 2003 - 2004
Lucro Lquido (US$ Milhes)
Vendas (US$ Milhes) Empresa
2004 2003 2004 2003 PETROBRAS 6.728,00 6.159,00 40.763,00 33.181,00 PDVSA 6.600,00 3.100,00 63.200,00 46.000,00 PETRLEOS MEXICANOS -1.268,40 -3.718,00 69.834,00 55.726,00 PEMEX REFINATION -1.978,00 -3.222,00 28.350,00 27.420,00
Fonte dos dados: AMRICA ECONOMIA (2005).
4
A dinmica tecnolgica dessa indstria no Brasil marcante desde os anos
19602. A participao da PETROBRAS no desenvolvimento de tecnologia e de
fornecedores nacionais tem sido um fator relevante para a economia brasileira,
sobretudo em funo das inovaes resultantes de projetos de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) do CENPES (Centro de Pesquisas da PETROBRAS).
Os nmeros projetados no Plano de negcios 2006-2010 da PETROBRAS, em
termos de valor mdio anual adicionado economia brasileira, equivalem a cerca de
10% do PIB Nacional (BARUSCO FILHO, 2005), assim distribudos: (i) R$ 92
bilhes/ano de faturamento mdio; (ii) R$ 49 bilhes/ano com a cadeia produtiva dos
gastos operacionais; e (iii) R$ 35 bilhes/ano com as cadeias produtivas dos
investimentos (correspondente aos desdobramentos das aquisies de vrias cadeias
produtivas fornecedoras da estatal). A PETROBRAS projeta ainda para esse perodo a
ocupao anual de 160 mil postos de trabalho diretos e 502 mil postos de trabalho
indiretos, como efeito de sua atuao no Brasil (BARUSCO FILHO, 2005).
O total de investimentos diretos projetados para essa indstria no Brasil3 no
perodo 2006-2010 monta US$ 66,2 bilhes, dos quais a PETROBRAS deve participar
com 74% (TEIXEIRA, 2005; BARUSCO FILHO, 2005). Esses investimentos envolvem
produtos de alto valor agregado, com alto padro tecnolgico4, representando uma
oportunidade sem precedentes para as empresas nacionais fornecedoras, de vrias
cadeias produtivas, haja vista a diversidade de itens demandados. Nesse contexto h
uma srie de necessidades (e oportunidades) de desenvolvimento de produtos e
processos novos para o mercado mundial, cujas demandas tecnolgicas j vm sendo
tratadas por programas do CENPES, como o PROCAP 30005.
O ambiente de concorrncia global no qual esto inseridas empresas
brasileiras da indstria em geral, e em especial aquelas de capital majoritariamente
Nacional que so fornecedoras da indstria de Petrleo e Gs Natural, sugere a
necessidade de esforos de catch up tecnolgico em relao a fornecedores
noruegueses, ingleses, escoceses, dinamarqueses, norte-americanos, canadenses,
2 O item 5.2.1 deste trabalho descreve sinteticamente a histria dessa indstria no mundo e no Brasil. 3 Dados referentes a investimentos na indstria de petrleo mundial e no Brasil podem ser vistos em http://www.iea.org, pgina do IEA International Energy Agency e em http://www.prominp.com.br, pgina do PROMINP Programa Nacional de Mobilizao da Indstria do Petrleo. Detalhes sobre previses de investimentos da PETROBRAS para o perodo 2003 2007 so apresentados no Captulo 4 desta Tese. 4 O Anexo III apresenta uma relao de bens e servios utilizados pela indstria de Petrleo e Gs Natural. No Captulo 3 deste documento esto descritos os investimentos planejados pela PETROBRAS para o perodo 2003 a 2007, o que d uma viso mais clara sobre os tipos de bens e servios relacionados a tais investimentos. 5 PROCAP 3000 o programa do CENPES que visa desenvolver capacitaes para produo de petrleo e gs natural em lminas dgua de at 3.000 metros de profundidade.
5
entre outros6. Empresas destes pases vm fornecendo produtos para essa indstria
h vrios anos, inclusive para demandas especficas de atividades de explorao e
produo em guas profundas, como no caso do Mar do Norte. Com as tendncias de
queda das reservas e da produo naquela regio, uma srie de esforos
colaborativos envolvendo empresas, organizaes de apoio e governos, vem sendo
desenvolvida para aumentar a competitividade das empresas fornecedoras daqueles
pases em mercados alvo como o Golfo do Mxico, a Costa Brasileira e a Costa da
frica.
A articulao desses atores com vistas a inovaes vem sendo tratada como
pea-chave para a competitividade das firmas e para o desenvolvimento econmico de
pases, regies e setores em geral. A competitividade est cada vez mais associada
capacidade de inovao institucional, organizacional e tecnolgica, desde o nvel do
Estado at o nvel da Firma, e em todos os setores da economia (OECD, 1997).
Em 1999, uma pesquisa promovida pela Agncia Nacional do Petrleo ANP
(ANP, 1999) j indicava que a Indstria Nacional Brasileira teria tecnologia e
capacidade produtiva e de engenharia para atender cerca de 70% da demanda por
bens e servios para o setor de Petrleo. Esse estudo mostrava que em 1999 a
Indstria Brasileira atendia to somente cerca de 30% dessa demanda.
Ainda em 2003, a maior parte dos suprimentos (em valor) para a PETROBRAS
nas atividades de E&P, permanecia composta direta ou indiretamente de itens
importados. Estudo de PELLEGRIN & SAMUEL (2004), baseado em dados da
PETROBRAS, aponta que mais de 50% do valor das aquisies de produtos e
contratos de servios da PETROBRAS na regio da Bacia de Campos naquele ano
eram fornecimentos diretos de empresas externas. O mesmo estudo aponta ainda que
uma parte do que adquirido internamente (no Brasil), realizado junto a empresas
(nacionais) de capital externo, que por sua vez utilizam recursos de suas matrizes no
exterior, como rebocadores ocenicos, barcos de apoio, ferramentas, plataformas,
equipamentos, componentes, engenharia, tecnologias, entre outros.
Esses dados sugerem a possvel existncia de restries no Sistema Brasileiro
de Inovao do Setor de Petrleo, restries essas, que teriam limitado o potencial de
inovao das firmas fornecedoras de capital nacional nas ltimas dcadas,
demandando a importao de tecnologias, bens e servios externos pela Indstria
Nacional.
6 Os pases Escandinavos, especialmente Noruega e Dinamarca, e do Reino Unido, especialmente Esccia e Inglaterra, tm uma indstria de Petrleo e Gs Natural bastante desenvolvida em relao atividades offshore, enquanto pases como EUA e Canad destacam-se mais pela sua indstria onshore.
6
Diretrizes estratgicas do Governo Federal Brasileiro apontam para a
articulao de aes que visem maximizar o fornecimento a partir das firmas
nacionais, atravs da substituio competitiva de importaes (REDE BRASIL DE
TECNOLOGIA, 2005; PROMINP, 2006)7. Nessa linha, uma srie de projetos vem
sendo viabilizada a partir do Fundo Setorial CT-PETRO do MCT/FINEP, atravs de
financiamento de estudos e projetos especficos para o setor de Petrleo, visando
desenvolver as inovaes que essa indstria demanda (REDE BRASIL DE
TECNOLOGIA, 2005).
Esses esforos so consonantes com o referencial terico desta tese, o qual
postula que, embora o locus principal da inovao seja a empresa, os processos de
inovao tecnolgica ocorrem dentro de um sistema mais amplo, envolvendo outros
atores, cujas interaes so mediadas por elementos de natureza institucional. Ainda,
a viabilizao econmica dos processos de inovao poder depender de outros
atores, como governo (polticas e legislao relativas a inovaes tecnolgicas,
proteo dos novos entrantes nacionais, fomento, etc.) e/ou agentes financeiros, alm
da capacidade de colaborao entre os prprios clientes/usurios e seus
fornecedores.
Algumas experincias no Brasil, como a da Rede PETRO-RS e a Rede Brasil
de Tecnologia (RBT) mostram caminhos possveis para apoiar as empresas brasileiras
a buscarem competitividade internacional (VILLAVERDE et al., 2000; BALESTRO et
al., 2004; BALESTRO e PELLEGRIN, 2005). Fundamentalmente, essas iniciativas
tratam de apoiar as firmas atravs de aes colaborativas com os demais atores dos
Sistemas de Inovao, aes essas que tenham impacto na produtividade ou na
capacidade de inovar das empresas. So experincias pblicas, privadas ou hbridas
que envolvem a coordenao e a execuo de um conjunto de aes e projetos,
articulando vrios atores para atuarem de forma sinrgica. Reforam-se questes tais
como captao de informaes (e oportunidades) de mercado, representao poltica,
relaes sociais e empresariais, alm da flexibilidade no uso de recursos externos,
com vantagens de reduo de riscos e de custos em vrios aspectos.
O caso apresentado neste trabalho, da Rede PETRO-RS, indica que o Brasil
pode fazer uso da experincia de Redes de Inovao para expandir o fornecimento
das firmas nacionais para a indstria de petrleo e para outros setores, com
competitividade em nvel global.
Os resultados medidos mostram que essa rede vem potencializando as
inovaes tecnolgicas no Estado do Rio Grande do Sul, ao facilitar as interaes
7 Mais detalhes no Captulo 4 da tese.
7
entre atores (firmas, Universidades, instncias do Governo Estadual e Federal,
Unidades da PETROBRAS em outros Estados e em outros pases, FINEP, SEBRAE,
entre outros), alm de estar potencializando a institucionalizao de novas formas de
relacionamento no tecido econmico. A PETRO-RS vem apoiando a articulao dos
atores para desenvolvimento de projetos colaborativos e para desenvolver relaes
mais qualificadas entre os mesmos. Esses projetos j resultaram no desenvolvimento
de uma srie de produtos novos pelas firmas do Rio Grande do Sul, alm da
ampliao do nmero de fornecedores locais para a PETROBRAS e para o exterior.
Outras aes da PETRO-RS viabilizaram a participao de empresas do RS
em eventos, tais como misses ao exterior e exposio em feiras nacionais e
internacionais. Algumas firmas elevaram significativamente o seu faturamento para o
setor de petrleo, e muitas delas creditam parte desses resultados s aes da
PETRO-RS.
A prpria constituio da Rede PETRO-RS, pode ser considerada como uma
inovao organizacional para a Indstria Nacional de Petrleo, na medida em que o
seu modus operandi foi original no pas, potencializando os processos de inovao
com o desenvolvimento de aes de governana horizontais (ou simtricas)8 sobre os
elementos dos Sistemas de Inovao Nacional, Regional e Setorial envolvidos.
O modelo de organizao da PETRO-RS est sendo disseminado
nacionalmente pela prpria PETRO-RS, bem como pelo Ministrio da Cincia e da
Tecnologia (MCT) atravs da Rede Brasil de Tecnologia (RBT). Essa disseminao,
que esteve como objetivo da rede desde a sua origem, estratgica, uma vez que a
performance dos processos de inovao desenvolvidos pelos atores da PETRO-RS
depende, em grande medida, de organizaes e de instituies nacionais e setoriais.
Em ltima anlise, trata-se de uma contribuio concreta para o fortalecimento do
Sistema Brasileiro de Inovao do Setor de Petrleo, propriamente dito.
A partir dessas consideraes iniciais, este Captulo introdutrio da tese
apresenta os elementos formais da pesquisa, tais como a importncia do trabalho,
alguns conceitos bsicos, as justificativas de natureza econmica e acadmica, as
questes de pesquisa, seus objetivos e suas delimitaes. Apresenta tambm, ao
final, uma descrio sobre a estrutura deste documento.
8 Por aes de governana horizontais ou simtricas entende-se a articulao dos atores compartilhando a mesma capacidade de influncia (poder de deciso). Fornecedores e outros atores (laboratrios de P&D, governo, agentes financeiros e de fomento, por exemplo) articulam-se numa lgica de organizao horizontal em parceria com a PETROBRAS, distinta (mas no excludente) de outras formas de organizao, tambm exitosas, onde os esforos de desenvolvimento das cadeias de fornecimento e/ou dos parceiros de P&D partem da PETROBRAS, numa lgica top down (verticalizada e/ou assimtrica). Sobre redes horizontais e verticais (top down) ver CASAROTTO FILHO & PIRES (2001). Sobre redes simtricas e assimtricas ver GRANDORI & SODA (1995) e AMATO NETO, (2000). O item 2.3.3 deste trabalho apresenta essas formas organizacionais.
8
1.2. Importncia do trabalho
Como em tantas outras matrias, a histria fundamental para a compreenso
das atuais fronteiras do conhecimento sobre o tema da Inovao. Isso tanto no que diz
respeito evoluo dos aspectos tericos, como em relao ao conhecimento das
experincias empricas.
J na edio de Alexander Hamilton dos Reports of the Secretary of the
Treasury on the Subjects of Manufactures9 (HAMILTON, 1791 apud CHANG, 2004) e
na obra The National System of Political Economy10, de Friederich List (LIST, 1885),
argumentava-se o que se comprova hoje: que os pases que lograram maior sucesso
em termos de desenvolvimento industrial e econmico, desenvolvem fortemente aes
poltico-estruturais de suporte e fomento ao desenvolvimento de capital intelectual, de
empresas inovadoras.
O estado presente das naes o resultado da acumulao de descobertas,
invenes, melhorias, acertos e erros de todas as geraes que tm vivido
antes de ns; eles formam o capital intelectual atual da raa humana, e cada
nao separada produtiva somente na proporo em que tenha
conhecimento sobre como se apropriar daqueles conhecimentos das geraes
passadas e increment-los pelas suas prprias competncias (LIST, 1885, p.
79).
LIST (1885) antecipou, de certa forma, as idias sistmicas dos estudos
contemporneos sobre inovao, especialmente a necessidade de articulao de um
conjunto de atores, tais como Governo, firmas, agentes financeiros, organizaes de
educao e treinamento, de Pesquisa e Desenvolvimento, entre outros. LIST ressaltou
a importncia de elementos como a aprendizagem interativa entre usurios e
produtores, a acumulao de conhecimento, adaptao de tecnologia importada,
promoo de indstrias estratgicas, etc. Ele tambm colocou nfase no papel do
Estado na coordenao e conduo de polticas de longo prazo para a indstria e para
a economia de uma forma geral.
9 Relatrios do Secretrio do Tesouro sobre a Questo das Manufaturas, original publicado nos EUA no ano de 1791. 10 O Sistema Nacional de Poltica Econmica, original publicado na Alemanha no ano de 1841.
9
Joseph A. Schumpeter em sua obra Capitalism, Socialism and Democracy11
(SCHUMPETER, 1976), apresenta a tese do desequilbrio inerente ao sistema
capitalista em mercados competitivos, onde os atores buscam a diferenciao como
estratgia principal para auferir ganhos de monoplio temporrio, ao oferecerem novos
produtos e servios. Essas, entre outras obras, vieram embasando o arcabouo
terico sobre Inovao, com abordagens para o entendimento da dinmica da
economia e da competitividade, desde o nvel do Estado Nao at o nvel da firma, e
suas conexes.
Na sua obra de 1942, Schumpeter j propunha que as inovaes
desenvolvidas pelas firmas so o motor da economia capitalista, e que essas
inovaes podem ser de diversas naturezas, por exemplo, novos bens de consumo,
novos mtodos de produo ou de transporte, novos mercados e novas formas
organizacionais que a firma capitalista cria (SCHUMPETER, 1976, p. 83). Percebe-se
claramente em Schumpeter a preocupao com inovaes de natureza
organizacional, alm de inovaes tecnolgicas.
As contribuies tericas de Schumpeter ganharam novo impulso, sobretudo a
partir dos anos 1980, com os economistas evolucionistas12 (NELSON & WINTER,
1982, DOSI, 1982 e 1988, entre outros) 13. Essa linha terica refora a idia da
empresa como agente central da inovao atravs da implementao de suas
estratgias competitivas, baseada em incorporao de tecnologia e mudanas
organizacionais. Nessa abordagem as inovaes so desenvolvidas a partir de um
processo interativo que envolve fatores internos e externos firma, tanto nas fases de
gerao como de difuso tecnolgica (NELSON & WINTER, 1982).
Essa concepo terica parte de uma srie de crticas teoria econmica
neoclssica. A escola evolucionista entende a concorrncia no como um estado
representativo ou com tendncia ao equilbrio (viso esttica e clssica), mas como
um processo dinmico, que induz os agentes a formularem estratgias de
diversificao. Nessa viso, as estratgias vencedoras so aquelas selecionadas pelo
mercado, e o resultado so rendimentos extraordinrios temporrios alcanados pelas
empresas inovadoras.
No contexto analtico evolucionista, tanto o mercado como as empresas (por
suas decises) selecionam certas estratgias que as firmas ou a estrutura de mercado
ou da indstria seguiro. Apesar de ser muito difcil predizer o sucesso de uma
inovao, razovel supor que uma inovao de sucesso possa gerar uma situao
11 Capitalismo, Socialismo e Democracia. Original publicado nos EUA no ano de 1942. 12 Ou evolucionrios. 13 Essa linha terica mais detalhada no item 2.2.2. deste Captulo.
10
de desequilbrio temporrio no mercado ou na indstria. Essa situao de desequilbrio
possivelmente ter respostas por parte dos concorrentes, porm, respostas que a
priori so desconhecidas. Assim, o equilbrio pode ser admitido como um caso (ou
acaso) particular do processo, uma caracterstica momentnea, mas que no perdura
no longo prazo, pois a estrutura de mercado estar constantemente sujeita ao
processo competitivo, o qual resulta em desequilbrio, potencializado pelas inovaes.
A hiptese da racionalidade dos agentes econmicos abandonada sobretudo
devido existncia de incertezas no horizonte de anlise. O processo de tomada de
deciso ocorre em um ambiente onde h limitao cognitiva dos agentes, os quais
esto sujeitos tambm s limitaes relativas disponibilidade de informaes e,
principalmente, onde h mudana estrutural constante, com grau de incerteza elevada.
Na prtica, os agentes econmicos, particularmente as firmas, tem objetivos a
serem perseguidos e tomam decises baseadas em racionalidade limitada14. Alm de
existir uma diversidade entre os agentes, estes mesmos tomam decises em
condies de informao incompleta e distinta. Normalmente as decises so tomadas
com base em heursticas (um conjunto de regras de rotina), ou seja, seguindo um
conjunto de procedimentos e metas, conscientes de que os objetivos no estaro
assegurados. Para os economistas da escola evolucionista essa articulao para a
tomada de deciso , em ltima anlise, a definio da estratgia um processo de
busca de novas oportunidades, atravs de inovaes, sobre o contexto tecnolgico
atual ou futuro j percebido pelo agente.
Verifica-se que, neste contexto, o desenvolvimento pela firma de uma rede de
relacionamentos que lhe permita obter informaes mais atualizadas e com menor
grau de incerteza sobre mercado e tecnologia, poderia significar uma reduo
substancial dos riscos associados aos processos de inovao.
Essa abordagem tambm enfatiza que o progresso tecnolgico tem
caractersticas de cumulatividade, isto , as experincias passadas e os investimentos
j comprometidos em recursos incorrem em caractersticas de irreversibilidade ao
processo de busca de oportunidades econmicas. A busca tem tambm carter
contingente em funo da trajetria tecnolgica atual e incorpora um elevado grau de
incerteza, pois os resultados econmicos no so conhecidos a priori, tampouco a
reao dos concorrentes.
As inovaes, por sua vez, no costumam se dar exclusivamente de um s
golpe, a partir de um produto ou processo inteiramente novo. H um desdobramento
de inovaes incrementais que podem ser desenvolvidas tanto pela firma que deu
14 Sobre racionalidade limitada ver SIMON (1955 e 1979).
11
origem inovao (respostas a feedback dos consumidores), como pelas firmas
concorrentes, que em postura defensiva podero buscar incorporar melhorias ao
produto original. NELSON & WINTER (1982) chamam esse processo inovativo de
trajetria natural, ou progresso ao longo de curvas de aprendizagem.
A partir dos anos 1980 o aprofundamento das discusses sobre os fenmenos
que envolvem a inovao trouxe consigo novos conceitos. Por exemplo, os conceitos
de trajetrias tecnolgicas (path dependence), paradigmas tecnolgicos, assim como o
conceito de atributos da inovao (oportunidade, cumulatividade e apropriabilidade)
destacados por DOSI (1982 e 1988), apiam o entendimento sobre a existncia de
componentes endgenos e exgenos firma que impactam a eficcia dos seus
processos de inovao.
Tambm ganha novo impulso, na dcada de 1980, a discusso sobre a
relevncia da dimenso local para a competitividade. Enquanto a apropriabilidade dos
retornos econmicos de uma firma, propiciados pela inovao, , notadamente, um
aspecto de natureza privada, existem outros resultados ao longo dos processos de
inovao que podem ser vistos como no privados, ou quase-pblicos, caracterizados
como externalidades positivas (DOSI, 1988). Na aquisio de mquinas e
equipamentos, e nos relacionamentos entre produtores e usurios de bens de capital
ou servios normalmente ocorrem trocas de informaes, comunicao de
especificaes tcnicas, visitas, entre outras prticas, as quais so elementos
fundamentais para os processos de inovao, mesmo que algumas vezes essas
atividades no envolvam transaes financeiras ou sejam informais. Boa parte de tais
transaes, tambm geram impostos que, de forma direta ou indireta, contribuiro
para manter e/ou desenvolver recursos (como infra-estrutura tecnolgica) disposio
das firmas. Esses fenmenos representam um conjunto estruturado de externalidades
que pode, algumas vezes, ser reconhecido como um ativo coletivo (LUNDVALL 1984
e 1988 apud DOSI, 1988 p. 1146) de um grupo de firmas e ou indstrias de um pas
ou de uma regio, ou seja, tendem a ser internalizados pelas firmas individualmente,
estando em potencial15 no ambiente.
Nesse sentido, PORTER (1990) apresenta a teoria de clusters como resultado
da compilao de cerca de 180 referncias bibliogrficas sobre a temtica das
vantagens oferecidas por uma localidade competitividade das empresas. Baseia-se
tambm em 34 relatrios e estudos de caso sobre clusters, conduzidos em 17
diferentes regies do mundo, por diversos pesquisadores. Essa abordagem discute
que os ganhos de competitividade propiciados pela participao da firma em um
15 Grifo do pesquisador.
12
cluster so fundamentados em duas grandes linhas, a saber: (i) ganhos de
produtividade; e (ii) atravs de inovaes. O autor enfatiza a importncia das
inovaes, situando a discusso, fundamentalmente, no mbito das relaes externas
da firma, sem aprofundar a discusso sobre os fatores internos que permitem
empresa alcanar e internalizar esse tipo de vantagem competitiva.
O conceito de externalidades tecnolgicas (DOSI, 1988), por sua vez, apia o
entendimento da dinmica entre componentes endgenos e exgenos firma. Essa,
dentre outras contribuies, vem embasando a abordagem de Sistemas de
Inovao16, a qual, sem perder a referncia da firma como o locus principal da
inovao, discute aspectos sistmicos, alm das fronteiras da firma. Os primeiros
trabalhos empricos desenvolvidos a partir da dcada de 1990 com essa abordagem
visavam estudos comparativos entre a competitividade de diferentes pases. Formava-
se, nessa poca, o arcabouo terico sobre Sistema Nacional de Inovao17.
A abordagem de Sistemas de Inovao evoluiu tambm para outras dimenses
alm da Nacional, a saber: Sistema Regional de Inovao18, Sistema Setorial de
Inovao19 e Sistemas Tecnolgicos de Inovao20.
O desenvolvimento da abordagem de Sistemas de Inovao inspirou uma
tipologia para classificao das inovaes, a qual sugere que as inovaes podem ser
de trs naturezas:
1. Inovaes Tecnolgicas: dizem respeito ao desenvolvimento de produtos (bens
e servios) novos ou substancialmente modificados, e ao desenvolvimento de
novos materiais;
2. Inovaes Organizacionais: referem-se a forma de organizao do trabalho,
aos mtodos e tcnicas de gesto, aos modelos e processos de negcio, e a
estrutura organizacional;
3. Inovaes Institucionais: dizem respeito s regras do jogo ou condies
estruturais (EDQUIST et al., 1998; p. 04). Podem ser subdivididas em trs
grupos:
a. de natureza informal cognitiva (prioridades, crenas, cultura);
b. informal normativa (normas, valores, sistemas de autoridade, cdigos
de conduta); e
16 Essa abordagem apresentada adiante neste captulo. 17 Ver sntese no item 2.2.4 deste captulo. Para detalhes ver FREEMAN (1987), LUNDVALL (1992), NELSON (1993), EDQUIST et al. (1998); OECD (1999 e 2002b) e FREEMAN (2002). 18 Ver sntese no item 2.2.4 deste captulo. Para detalhes ver COOKE (1996), COOKE & MORGAN (1998), OEA (2001), OECD (2001), CHUNG (2002) e COOKE, HEIDENREICH e BRACZYK (2004). 19 Ver sntese no item 2.2.4 deste captulo. Para detalhes ver MALERBA (2002 e 2004). 20 Ver sntese no item 2.2.4 deste captulo. Para detalhes ver CARLSSON & STANKIEWICZ (1995) e CARLSSON et al., (2002).
13
c. formal de regulao (leis, regras formais, sanes, regulamentaes,
contratos, normas tcnicas, entre outras).
Esse arcabouo terico discute que o desenvolvimento e a sustentao da
competitividade da firma, da indstria, de uma regio e/ou de uma nao, passam,
necessariamente, pela existncia de um ambiente local favorvel ao desenvolvimento
dos fatores que impactam os processos de inovao das firmas.
Desde o modelo mais clssico utilizado para representar processos de
inovao, o modelo linear Technology Push, passando por modelos mais interativos
como o Linked Chain ou Elo de Cadeia (KLINE & ROSEMBERG, 1986), at o modelo
sistmico (OECD, 1999), todos incluem um conjunto de atores participantes dos
processos de inovao, externos empresa. Ganham importncia, nesses contextos,
as atividades que devem ser desenvolvidas pela firma para melhor interagir com
atores externos, bem como os recursos que esto em potencial 21 no ambiente e que
podero ser utilizados para alavancar sua competitividade.
Os desenvolvimentos tericos e as pesquisas empricas mais recentes
reforam que dentre os fatores mais decisivos para a sustentabilidade de posies
estratgicas e para a evoluo da competitividade esto o acesso e a aplicao de
novas tecnologias de produto, de processo e de gesto, bem como o desenvolvimento
de novos insumos e de novos mercados. Destacam-se as capacitaes relacionais da
firma, para apropriao de conhecimento e informaes e para alcanar outros
recursos externos necessrios aos processos de inovao (OECD, 2002a), a partir de
interaes com outros atores.
Muitos desses fatores que impactam na competitividade individual de cada
empresa podem ser impulsionados atravs da melhoria da qualidade nas relaes
inter-firmas, assim como do aprimoramento das relaes entre empresa e
organizaes de apoio, como Universidades e Centros de Pesquisa, financiadores,
Governo, entre outros (OECD, 2002b; DYER & SINGH, 2004). Nessa linha POWELL,
KOPUT & DOERR-SMITH (1996) apresentam evidncias de que o crescimento das
empresas est relacionado com as suas relaes de rede. A absoro de
conhecimento externo depende, entre outras coisas, da rede de relaes inter-
organizacionais que as empresas estabelecem.
Em paralelo com a evoluo dos conceitos de Sistemas de Inovao,
discusses sobre modelos inter-organizacionais, tais como redes de inovao e redes
de cooperao ganharam espao. Um dos aspectos mais relevantes nessa temtica
21 Grifo do pesquisador.
14
o fato de que essas formas de organizao vm propiciando principalmente para
firmas de pequeno e mdio porte, mesmo em pases menos desenvolvidos, maiores
oportunidades para alcanar nveis superiores de competitividade, atravs de aes
de colaborao horizontal e vertical em suas cadeias produtivas, ou mesmo entre
diferentes setores da indstria (DEBRESSON & AMESSE, 1991; ROTHWELL, 1996;
POWELL, KOPUT e DOERR-SMITH, 1996; KUMARESAN & MIYAZAKI, 1999;
KPERS & PYKA, 2002; NOOTEBOOM, 2004).
O conceito de Rede de Inovao Horizontal Induzida que proposto nesta tese
vem ao encontro dessas questes, seja a servio da firma, enquanto mecanismo de
apoio aos seus processos de inovao, seja a servio do Estado, enquanto
mecanismo de apoio execuo de polticas de inovao.
1.3. Justificativa
A seguir sero apresentadas as justificativas do trabalho a partir de trs
diferentes prismas inter-relacionados: (i) da Academia; (ii) do Pas; e (iii) do Caso
selecionado.
1.3.1. Justificativa Acadmica
As abordagens tericas sobre inovao vm sendo desenvolvidas com
colaboraes diversas, principalmente de pesquisadores de Economia Industrial, da
Sociologia, das Engenharias e da Administrao entre outras reas do conhecimento.
Dentre vasto arcabouo terico relacionado ao tema, destacam-se nesta tese, tpicos
da Economia e da Engenharia de Produo, a saber: (i) questes relativas aos
elementos sistmicos do ambiente onde a firma inovadora est inserida; e (ii) questes
pertinentes aos fatores determinantes da competitividade local que impactam os
processos de inovao da firma; (iii.) questes relacionadas com o modelo
organizacional de uma rede de inovao.
Particularmente para os pesquisadores de Engenharia de Produo mais afins
com as temticas da estratgia e da microeconomia, o estudo dos processos de
inovao e de suas interfaces apresenta-se como um tema relevante. Ele trata
diretamente de capacitaes dinmicas e da articulao de recursos internos e
externos da empresa, elementos esses que impactam na sua competitividade. So
15
questes, por exemplo, sob a perspectiva de sistemas de inovao e/ou sob a
perspectiva da estratgia competitiva, relacionadas com o entendimento de por que
e/ou como a articulao de uma rede de atores distintos pode apoiar as empresas,
de forma individual e coletiva, nos seus processos de inovao.
As questes da tese associam-se ao quadro contemporneo de pesquisa sobre
Inovao, especialmente Sistemas e Redes de Inovao. Redes de Inovao um
campo em conformao, com contribuies de diferentes disciplinas e vrias reas do
conhecimento, sendo necessrio avanar as pesquisas que contribuam terica e
empiricamente com o mesmo (ALVAREZ, 2004). Uma das principais contribuies que
se pretende trazer com este trabalho analisar, com certo grau de detalhamento,
porque uma Rede de Inovao, que, pode-se dizer, est no nvel meso, pode apoiar
os processos de inovao da firma, que est no nvel micro.
Pretende-se trazer contribuies Teoria da Inovao22, tanto de cunho
conceitual como prtico. Desenvolve-se, a partir do referencial terico, um esquema
conceitual para um tipo de Rede de Inovao, a Rede de Inovao Horizontal Induzida
- RIHI, evidenciando os elementos institucionais que mediam as interaes entre os
atores participantes dos processos de inovao entre outros fatores determinantes da
competitividade local. Esse esquema analisado luz de um Estudo de Caso e d
origem a um modelo que proposto para ser testado em trabalhos futuros. Tambm,
um conjunto de dados levantado, tanto em entrevistas estruturadas como em
entrevistas em profundidade (semi-estruturadas), de forma a contribuir com as
pesquisas empricas sobre o tema de Redes de Inovao.
1.3.2. Justificativa para o Brasil
Algumas questes que justificam a conduo deste trabalho de pesquisa, sobre
o ponto de vista da importncia nacional do tema, foram colocadas no item 1.2.
Importncia do Trabalho, neste Captulo. Essas questes vem se tornando ainda mais
relevantes com o incremento da competio resultante da globalizao e com a
acelerao dos desenvolvimentos tecnolgicos, particularmente com as tecnologias da
informao e seu impacto sobre a difuso do conhecimento e da informao
propriamente dita.
22 Grifo do Pesquisador. O termo Teoria da Inovao est colocado na Tese como o conjunto ou arcabouo terico sobre inovao, por exemplo, a abordagem evolucionista e a economia da inovao.
16
O modelo conceitual de Rede de Inovao proposto aplicvel para situaes
em que a localizao geogrfica das empresas no seja concentrada, e onde haja
diversidade tecnolgica ou de setores da economia23. Este foco parece ser
particularmente interessante para o Brasil, pas de dimenses continentais, onde
empresas que tenham interesses comuns possam estar geograficamente dispersas. E
em especial, atualmente, para empresas inseridas nas diversas cadeias de
fornecimento da indstria de petrleo, dadas as condies favorveis de investimento
previstas para esse incio de sculo nesse setor no Brasil.
O conjunto de tpicos a seguir procura sintetizar as questes que justificam
essa pesquisa, sob o prisma nacional:
O setor de petrleo e gs natural tem importncia estratgica em mbito
mundial. Essa importncia se traduz, em termos econmicos, em uma
participao relevante na produo econmica mundial atual, como principal
insumo energtico para praticamente todos os demais setores e, tambm,
como matria-prima para a indstria petroqumica, com derivaes diversas, na
qumica fina e farmacutica, novos materiais, entre outras reas;
Trata-se de uma indstria dinmica, especialmente nos pases como o Brasil,
onde as reservas concentram-se em guas ultra-profundas, o que demanda
constante investimento em novas tecnologias de produtos (bens e servios).
O setor intensivo em capital, sendo abastecido por cadeias de fornecimento
diversas e no exclusivas, oportunizando, em muitos casos, que as inovaes
demandadas transbordem para outros setores da economia, tanto com respeito
s tecnologias de materiais, de produtos e de processos de fabricao como
tambm em relao inovaes na organizao do trabalho, na gesto do
conhecimento e da inovao, novos modelos de negcio, melhorias na
articulao dos atores dos processos de inovao entre si e destes em relao
aos elementos institucionais determinantes da competitividade das empresas;
O estudo de modelos inter-organizacionais que contemplem a questo da
disperso geogrfica dos atores participantes parece ser relevante em pases
com dimenses continentais, como o Brasil;
A atratividade desse setor no Brasil para os fornecedores internacionais,
particularmente do Reino Unido, Noruega, Dinamarca, entre outros,
crescente, devido aos investimentos previstos no Brasil e devido reduo de
23 Esse interesse especial por Redes de Inovao com empresas geograficamente dispersas, e de diferentes setores da economia, decorre justamente da escassez de pesquisas nesses contextos, ao passo que h riqueza de referncias bibliogrficas sobre aglomerados (clusters) na literatura que, normalmente, referem-se a concentraes setoriais. Sobre inovao em clusters ver PORTER (1990 e 1999) e OECD (2001).
17
reservas de seus pases de origem, especialmente no Mar do Norte. Este fato
tende a tornar o ambiente de competio mais acirrado para as empresas
brasileiras, as quais tm potencial para atender a tais demandas; e
Pouco h escrito, de forma estruturada, a respeito dos elementos que
concorrem para a definio das possibilidades de participao de empresas
locais no fornecimento da indstria de petrleo e gs natural, seguindo a
abordagem de Sistemas e/ou Redes de Inovao24. Esta tese prope um
conjunto de conceitos e idias articuladas que visam explicar porque e como
uma Rede de Inovao pode contribuir para que as empresas nacionais
possam ser mais competitivas no atendimento s demandas da indstria do
petrleo e gs natural.
1.3.3. Justificativa do Estudo de Caso selecionado
Como comentado anteriormente neste Captulo, a indstria de Petrleo no
Brasil vm atravessando uma fase de grandes desafios e grandes avanos
tecnolgicos, criando um ambiente rico em oportunidades para empresas
empreendedoras, que invistam em desenvolvimento de produtos e servios. A
abertura do setor e a legislao atual trazem tambm uma nova dinmica ao setor,
colocando as empresas nacionais em concorrncia direta com as de outros pases. A
fase atual pela qual passa a indstria nacional do petrleo conta ainda com a
vanguarda tecnolgica da PETROBRAS em vrias tecnologias relacionadas com
explorao e produo em guas ultra-profundas, refino de leos pesados, entre
outras. Essa dinmica do ambiente no qual esto inseridas as empresas fornecedoras
nacionais, deve perdurar ainda por pelo menos uma dcada25.
A experincia bastante recente de uma Rede de Inovao para essa indstria
no Brasil indica que possvel melhorar a competitividade de um conjunto de
empresas nacionais, a partir da ao de organizaes inter-firma como a Rede
PETRO-RS. Com uma nova abordagem organizacional para essa cadeia de
suprimentos multi-setorial, onde a colaborao entre empresas e dessas com
organizaes de apoio assume papel central, um conjunto de empresas e outros
atores do Estado do Rio Grande do Sul vm, de forma articulada, respondendo s
24 Alguns estudos como os de Alex Tubino Dantas e os de Andr Furtado tratam desse tema, mas no sobre o enfoque proposto nesta pesquisa, de redes de inovao. 25 No Captulo 4 da tese so apresentados indicadores referentes a taxa de produo sobre reservas e outras informaes que apontam para um horizonte de atividades na indstria brasileira de petrleo e gs natural, pelo menos, at o ano de 2025.
18
novas demandas tecnolgicas e desenvolvendo inovaes, aumentando sua insero
no mercado nacional e internacional. O estudo do caso da Rede PETRO-RS visa
auxiliar o entendimento sobre por que uma Rede de Inovao efetiva para apoiar
os processos de inovao das firmas nacionais em ambientes de diversidade e
dinmica tecnolgica como o que vive a indstria de petrleo no Brasil.
A opo de focalizar a pesquisa no Caso da PETRO-RS est associada
tambm s caractersticas particulares daquele contexto econmico, onde as
empresas esto geograficamente dispersas e pertencem a diversos setores da
indstria, o que tambm poder ser o caso de outras redes PETRO que vem se
estruturando em outros Estados do pas.
Procurou-se, ainda, na literatura, experincias similares PETRO-RS no
exterior, sendo que uma viagem para visitas de referncia organizaes de apoio a
empresas fornecedoras da indstria de petrleo foi realizada, envolvendo Noruega,
Dinamarca e Reino Unido. Nenhuma das organizaes visitadas permite um estudo de
caso comparativo, muito embora uma srie de informaes colhidas seja relevante
para as anlises do caso e concluses da pesquisa.
1.4. Questo geral da pesquisa
O problema de pesquisa foi estruturado a partir da seguinte questo geral:
Por que uma Rede de Inovao pode apoiar os processos de inovao de
um grupo de empresas?
Essa questo conforma o objetivo geral e um conjunto de objetivos especficos,
apresentados adiante, que foram perseguidos pelo pesquisador durante o projeto. Ela
norteou as etapas de busca e seleo de referncias bibliogrficas, tericas e
empricas, bem como contribuiu para a definio do mtodo de estudo de caso como
estratgia de pesquisa a ser empregada, conforme detalhado no Captulo 3 deste
trabalho.
Trata-se de uma questo de natureza proeminentemente exploratria, inserida
em contexto terico em conformao. A questo geral est relacionada ao
entendimento sobre os elementos determinantes e/ou de impacto sobre os processos
de inovao das empresas que possam ser mais facilmente alcanados a partir de
esforos coletivos e/ou coordenados em forma de rede. A explorao dos elementos
19
tericos associados a essa questo tm, como ponto de partida, uma pesquisa
preliminar de carter explanatrio, que serve de base para a construo de um
esquema conceitual inicial sobre Redes de Inovao, apresentado no final do Captulo
2 da tese.
A questo geral traz embutida a necessidade de avanar tambm na
explanao de como uma rede de inovao pode apoiar os processos de inovao.
Essa questo refere-se, principalmente, s questes relacionadas com estrutura,
atividades e recursos que compem o modus operandi de uma rede de inovao e
participao dos diversos tipos de atores na mesma. Entretanto, a questo tambm
remete para os processos de inovao das empresas, o que, no necessariamente,
encontra homogeneidade, ou seja, as aes e recursos disponibilizados pela Rede de
Inovao que forem mais significantes para uma empresa no necessariamente o
sero para outra, dado que pode existir diversidade de demandas entre as empresas
da mesma rede, fruto de diferentes bases tecnolgicas, mercados distintos e/ou
estratgias distintas, entre outras razes. Essa situao implica em realizar
levantamentos tanto no nvel da coordenao da Rede de Inovao, como no nvel
das empresas, a fim de investigar potenciais diferenas entre as unidades de anlise
e, assim, caracterizar um quadro mais completo sobre o tema.
1.5. Objetivos
So os seguintes os objetivos geral e especficos do presente trabalho.
1.5.1. Objetivo Geral
O objetivo geral dessa tese consiste em entender e explicar a atuao de uma
organizao do tipo Rede de Inovao no apoio aos processos de inovao
conduzidos por uma ou mais empresas.
1.5.2. Objetivos Especficos
Os objetivos especficos deste trabalho so:
20
1. Descrever conceitualmente uma organizao do tipo rede de inovao e sua
insero como elemento de coordenao de Sistemas de Inovao (Nacional,
Setorial e Regional).
2. Analisar conceitualmente os elementos ambientais determinantes da
competitividade local que possam ser potencializados por uma organizao do tipo
rede de inovao.
3. Propor um esquema conceitual para rede de inovao com vistas a apoiar os
processos de inovao de empresas fornecedoras da Indstria de Petrleo e Gs
Natural no Brasil e analis-lo criticamente a partir de referncias empricas.
4. Caracterizar o contexto no qual esto inseridas as empresas brasileiras
fornecedoras da Indstria de Petrleo e Gs Natural.
5. Selecionar uma rede de inovao que apie fornecedores da Indstria de Petrleo
e Gs Natural no Brasil, descrever e analisar a estrutura organizacional, os
objetivos gerais da rede e dos atores envolvidos, as principais atividades e seus
resultados, alm dos principais recursos, desde uma perspectiva histrica.
6. Descrever e analisar os tipos principais de interaes entre os atores envolvidos na
rede selecionada, alm dos aspectos institucionais que conformam o ambiente de
relaes entre os seus atores e que conferem legitimidade rede e aos seus
participantes dentro do Sistema Brasileiro de Inovao do Setor do Petrleo.
7. Descrever e analisar as contribuies que a Rede de Inovao selecionada
conferiu indiretamente aos processos de inovao das firmas, atravs de melhorias
proporcionadas elementos determinantes da competitividade local.
8. Descrever e analisar as contribuies que a Rede de Inovao selecionada
conferiu diretamente aos processos de inovao das firmas.
9. Sugerir oportunidades de melhoria para a rede de inovao selecionada.
1.6. Delimitaes
A pesquisa busca relacionar elementos de abordagens tericas sobre
Inovao, especialmente da economia evolucionista e da abordagem de Sistemas de
Inovao com elementos da Teoria das Organizaes e da Engenharia de Produo,
notadamente questes sobre Organizaes em Rede e Redes de Organizaes,
21
mudana tecnolgica e competitividade. O arcabouo terico dessas reas do
conhecimento vasto, e, ainda, outras linhas tericas poderiam ser apontadas como
apoio para a tese. Reconhecida essa possibilidade do ponto de vista terico, mas
tambm a inviabilidade tcnica de aprofundar-se em todas as linhas tericas
potencialmente contributivas para a tese, definiu-se, enquanto referenciais tericos
principais, duas abordagens complementares, afins com o objeto de pesquisa Redes
de Inovao, a saber:
Abordagem de Sistemas de Inovao; e
Teoria de Clusters.
Parte-se do pressuposto de que as inovaes, que por definio so outputs de
processos com resultado econmico, so promotoras da competitividade da firma.
Significa que, com base nas referncias tericas apresentadas no Captulo 2 desta
tese, assume-se que a diferenciao em produtos e processos (resultados de
processos de inovao) uma estratgia competitiva robusta. No inteno deste
trabalho de pesquisa questionar e/ou investigar esse pressuposto, haja vista que
encontra sustentao em vasta referncia bibliogrfica. Dessa forma, no se
desenvolve um trabalho aprofundado sobre a competitividade das empresas
investigadas em relao s suas concorrentes dentro de suas indstrias. As
investigaes, nesse sentido, focam sobre as influncias que a Rede de Inovao
pode trazer para apoiar os processos de inovao das empresas, e para alguns
exemplos especficos, os resultados que estes mesmos tm trazido para as
organizaes envolvidas, em termos de novos produtos e processos, melhorias
significativas em produtos e processos, novos mercados, nova aplicaes, entre
outros tipos de inovao.
Esta pesquisa tem foco na questo da atuao de Redes de Inovao para
apoiar processos de inovao de empresas, desde uma perspectiva micro e
mesoeconmica. Ela trata de questes relacionadas com os processos de inovao
conduzidos pelas empresas em colaborao com outras organizaes. Embora se
apresente uma contextualizao macroeconmica do seto