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1 ESCOLA SECUNDÁRIA ANTERO DE QUENTAL TESTE DE PORTUGUÊS – 10º ANO F GRUPO I (130 pontos) TEXTO Leia, atentamente, o seguinte texto. Eu quis apostar, ele não quis, foi pena, eu ganhava. Eu quis apostar que ela era portuguesa, ele dizia que não e, na verdade, a partir de certa altura, a aparência estava toda do seu lado, mas eu tinha cá um sexto sentido patriótico, que me dizia que ela era cá da gente, quis apostar e tudo, não era grande aposta, era mais uma brincadeira, quem perdesse pagava a despesa, uma tosta e uma limonada para mim, um «prego» e uma cerveja para o meu amigo, mas o meu amigo não quis apostar, foi pena, ganhava eu. Vamos por partes… Lugar onde: uma esplanada na Avenida da Liberdade, a meio da tarde, havia mais estrangeiros do que portugueses, até parecia que a gente estava lá fora, por exemplo, no Algarve. Na mesa mesmo ao lado da nossa dois jovens casais, franceses, isto é, os quatro falavam francês, mas não sei porquê deu-me a impressão que uma das moças era portuguesa ou, no mínimo, portuguesa de origem, filha de emigrantes… talvez porque era morena e os demais louros, talvez pela maneira de falar, dir-se-ia que era uma cara conhecida dessas que a gente vê nos transportes públicos, no dia-a-dia lisboeta. Veio o empregado, falou-lhes em inglês, ficou contrariado por serem franceses, preferia «camones», pediram-lhe um «croque- monsieur», disse que não sabia o que era, aproveitei para meter a colherada, expliquei-lhe que se tratava de uma tosta

Teste 3 2ºP 10ºF

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ESCOLA SECUNDRIA ANTERO DE QUENTALTESTE DE PORTUGUS 10 ANO F GRUPO I (130 pontos)

TEXTO

Leia, atentamente, o seguinte texto.

Eu quis apostar, ele no quis, foi pena, eu ganhava. Eu quis apostar que ela era portuguesa, ele dizia que no e, na verdade, a partir de certa altura, a aparncia estava toda do seu lado, mas eu tinha c um sexto sentido patritico, que me dizia que ela era c da gente, quis apostar e tudo, no era grande aposta, era mais uma brincadeira, quem perdesse pagava a despesa, uma tosta e uma limonada para mim, um prego e uma cerveja para o meu amigo, mas o meu amigo no quis apostar, foi pena, ganhava eu.Vamos por partes Lugar onde: uma esplanada na Avenida da Liberdade, a meio da tarde, havia mais estrangeiros do que portugueses, at parecia que a gente estava l fora, por exemplo, no Algarve. Na mesa mesmo ao lado da nossa dois jovens casais, franceses, isto , os quatro falavam francs, mas no sei porqu deu-me a impresso que uma das moas era portuguesa ou, no mnimo, portuguesa de origem, filha de emigrantes talvez porque era morena e os demais louros, talvez pela maneira de falar, dir-se-ia que era uma cara conhecida dessas que a gente v nos transportes pblicos, no dia-a-dia lisboeta.Veio o empregado, falou-lhes em ingls, ficou contrariado por serem franceses, preferia camones, pediram-lhe um croque-monsieur, disse que no sabia o que era, aproveitei para meter a colherada, expliquei-lhe que se tratava de uma tosta mista, duvidou, achou o nome muito esquisito, l se foi e vai eu quis meter conversa, a ver se tirava o caso a limpo, a ver se ela, no mnimo, dizia obrigada Nada, nem ela obrigada, nem eles merci, nada, no ligaram puto ao intrometido e continuaram os quatro conversa, em francs, obviamente, para gudio1 do meu amigo que ria a bom rir:- Ento, ainda ests convencido que a fulana portuguesa!?... Mete-se-te cada coisa na cabea que s visto!... Se ela fosse portuguesa, tinha pedido a tosta, no tinha pedido o croque-monsieur. Eu que no gosto de apostas, sou do Porto, gosto de contas moda do Porto, cada um paga o seu e acabou-se.Nem assim me convenci. Agora, na minha ideia, ela podia ser antiptica, malcriada, peneirenta, tudo isso, mas era portuguesa ou filha de portugueses. Convenci-me, sim, que no tinha hiptese nenhuma de convencer o meu amigo, at porque os dois casais j chamavam o garon, j se levantavam e foi na altura de se levantarem que se deu o milagre que eu, intimamente, ainda esperava. Um deles, sem querer, queimou-a com um cigarro num brao e ela soltou um palavro bem dos nossos, uma palavra feia que me soou lindamente. No disse fogo e muito menos feu, disse um palavro bem adaptado s circunstncias, desabafo inevitvel que um de ns diz quando se queima com um cigarro, quando entala um dedo, quando lhe contam o grande azar que aconteceu a um amigoCarlos Pinho, Crnicas do PblicoVocabulrio(1) gudio regozijo, alegria

Responda, agora, de forma concisa e rigorosa, s questes apresentadas.

1. Apresente, de forma sintetizada, o facto que deu origem a esta crnica. (10 pontos)

2. A expresso Vamos por partes (l.7) marca o incio da narrao. Quais so as partes a que o cronista se refere? (20 pontos)

3. O cronista diz possuir um sexto sentido patritico. a) Em que que esse sentido se traduz? (15 pontos)b) Transcreva os elementos textuais que confirmam a sua resposta. (10 pontos)

4. Explique por que razo o autor afirma que a partir de certa altura, a aparncia estava toda do lado do meu amigo. (20 pontos)

5. Identifique as figuras de estilo presentes nas frases e comente o seu valor expressivo: a)()at parecia que a gente estava l fora, por exemplo, no Algarve.(ll.8-9) (10 pontos) b) () ela podia ser antiptica, malcriada, peneirenta () (10 pontos)

6. Releia o ltimo pargrafo e interprete a afirmao do narrador: () uma palavra feia que me soou lindamente.(ll.30-31) (15 pontos)

7. Aponte duas caractersticas que permitem reconhecer este texto como um exemplo de crnica. (20 pontos)

GRUPO II (30 pontos)

1. Na frase () a aparncia estava toda do seu lado, mas eu tinha c um sexto sentido patritico. (ll.2-3), classifique morfologicamente a palavra sublinhada e explique a ideia por ela introduzida. (3 pontos)

2. Releia o seguinte extrato do texto: Lugar onde: uma esplanada na Avenida da Liberdade, a meio da tarde, havia mais estrangeiros do que portugueses, at parecia que a gente estava l fora, por exemplo, no Algarve. Na mesa mesmo ao lado da nossa dois jovens casais, franceses, isto , os quatro falavam francs, mas no sei porqu deu-me a impresso que uma das moas era portuguesa ou, no mnimo, portuguesa de origem, filha de emigrantesa) Identifique e classifique dois elementos deticos presentes no extrato. (3 pontos)b) Defina os respetivos referentes. (4 pontos)

3. Indique as funes sintticas desempenhadas pelos termos sublinhados.(10 pontos)a) A mesa ao lado da nossa foi ocupada por quatro jovens. b) O empregado da esplanada portou-se mal. c) Uma das moas parecia portuguesa. d) No tinha hiptese nenhuma de convencer o meu amigo. e) O meu amigo considerava-me maluco e dizia Mete-se-te cada coisa na cabea!... .

4. Transcreva o sujeito da seguinte orao: Em plena tarde, apareceu na esplanada de um caf da Avenida um grupo de jovens estrangeiros. (2 pontos)

5. Classifique as oraes sublinhadas. (8 pontos)a) Ao chegar Avenida, vi logo muitos estrangeiros. b) Os quatro jovens sentaram-se onde quiseram. c) Eu quis apostar que ela era portuguesa.d) O grupo que estava sentado mesmo ao nosso lado mostrou-se indiferente aos meus gestos corteses.

GRUPO III (40 pontos)

Ao longo da histria da Humanidade e ainda no tempo presente, tm sido vrios os motivos que levam as pessoas a deixar o seu pas, a famlia e os amigos, levando consigo sentimentos de saudade e esperana.

Numa composio cuidada, que no deve ultrapassar as 200 palavras, refira o que pensa sobre este assunto.

A ProfessoraGraa Melo Borges / 2014SOLUESGRUPO II (30 pontos)

1. Mas conjuno coordenativa adversativa ( 4 pontos)

2. Releia o seguinte extrato do texto: Lugar onde: uma esplanada na Avenida da Liberdade, a meio da tarde, havia mais estrangeiros do que portugueses, at parecia que a gente estava l fora, por exemplo, no Algarve. Na mesa mesmo ao lado da nossa dois jovens casais, franceses, isto , os quatro falavam francs, mas no sei porqu deu-me a impresso que uma das moas era portuguesa ou, no mnimo, portuguesa de origem, filha de emigrantesc) Identifique e classifique dois elementos deticos presentes no extrato. (4 pontos)d) Defina os respetivos referentes. (4 pontos)

3. Indique as funes sintticas desempenhadas pelos termos sublinhados.(12 pontos)f) A partir de certa altura, a aparncia estava toda do seu lado. (Modificador)g) A mesa ao lado da nossa foi ocupada por quatro jovens. (Agente da Passiva)h) O empregado da esplanada portou-se mal. (C. Oblquo)i) Uma das moas parecia portuguesa. (Predicativo Suj)j) No tinha hiptese nenhuma de convencer o meu amigo. (C. Direto)k) O meu amigo considerava-me maluco e dizia Mete-se-te cada coisa na cabea!... (Predicativo CD) 4. Aponte o sujeito da seguinte orao: Em plena tarde, apareceu na esplanada de um caf da Avenida um grupo de jovens estrangeiros. (2 pontos)

5. Classifique as oraes sublinhadas. (8 pontos)a) Ao chegar Avenida, vi logo muitos estrangeiros. (sub. adverbial temporal)b) Os quatro jovens sentaram-se onde quiseram. (sub. substantiva relativa)c) Eu quis apostar que ela era portuguesa. (Sub. substantiva completiva)d) O grupo que estava sentado mesmo ao nosso lado mostrou-se indiferente aos meus gestos corteses. (sub. adjetiva relativa restritiva)