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TEXTO E IMAGEM: POTENCIALIDADES EXPLORÁVEIS

Irene Chabowski1

Jaime dos Reis Sant’ Anna2

Resumo Pensar a leitura em seu sentido amplo, considerando o professor como mediador para conduzir esse conhecimento na construção do leitor, sendo essa uma interação entre o leitor e interlocutor. Propor aos educandos a reflexão sobre as imagens que lhe são postas diante dos olhos é uma das tarefas urgentes da escola e cabe ao professor criar as oportunidades, em todas as circunstâncias, sem esperar a socialização de suportes tecnológicos mais sofisticados para as diferentes escolas e condições de trabalho. Assim, quando é proposto um trabalho envolvendo a análise interpretativa de imagem e texto, podem-se despertar habilidades e fazer com que os alunos percebam o sentido real da leitura verbal e não verbal. Com esse trabalho, espera-se construir novos olhares acerca da leitura, tendo como base principal a utilização das obras do artista plástico Aldemir Martins e os minicontos de Elias José. O objetivo é desenvolver uma proposta diferenciada e produtiva para os educandos e estimular as habilidades da leitura e a interpretação para a formação de um leitor consciente e crítico. Palavras- chave: Texto. Imagem. Aprendizagem. Leitura.

INTRODUÇÃO

‘Um bom leitor tem o poder de captar cheiros, cores, formas, gostos

e as sonoridades textuais.’ Elias José

Este artigo apresenta os resultados das reflexões que realizei para pensar

qual é papel da leitura na vida do educando do Ensino Fundamental. O trabalho foi

realizado entre a professora PDE e com o orientado professor IES e com a

participação dos alunos da escola pública do Paraná, onde em conjunto pude

realizar o Projeto ‘Texto e Imagem: Potencialidades Exploráveis’, envolvendo o

Projeto, Produção Didática Pedagógica, Intervenção e o Artigo Final.

Ao optar pelo Gênero Textual, em particular os minicontos, para executar o

trabalho, utilizei o livro Fantasia do Olhar, de Elias José, inspirado nas obras do

artista plástico Aldemir Martins, publicado pela Editora Moderna. A produção didática

pedagógica é apresentada em sete oficinas, nas quais foram oferecidas as

sugestões, as explicações e as ilustrações das respectivas tarefas, com uma

1 Licenciada em Letras pela Universidade do Oeste Paulista de Presidente Prudente. Pós-Graduação em Leitura e Produção Textual Pela FAFIJAN - Professora PDE 2012 pela UEL. Professora de Língua Portuguesa no Colégio Estadual Rio Branco Ensino Fundamental e Médio de Rio Branco do Ivaí da Rede Estadual do Paraná.

2 Bacharel em Letras (FFLCH-USP); Licenciado em Letras (FE-USP); Mestrado e Doutorado (FFLCH-USP) Docente da Universidade Estadual de Londrina.

programação bem diversificada, com imagens, textos, músicas, vídeos e slides,

dentre outras atividades.

E ao planejar esse projeto o que me levou a escolher esse tema foi

observação que fiz dos anos anteriores, que os alunos do ensino fundamental não

tem o hábito de ler e por isso apresentam grandes dificuldades de interpretação e

compreensão. Visando amenizar esse problema, elenco alguns objetivos como

reconhecer as diferenças entre as diversas linguagens e compreender os elementos

internos que compõem o texto e o contexto interno e externo.

A prática cotidiana prova que é preciso trazer significados aos educandos

para que possam entender e compreender o real poder da leitura na vida escolar e

social. Manifesto neste artigo que o trabalho com a leitura de texto e imagem

envolvendo o minicontos de Elias José, inspirados nas obras de Aldemir Martins,

pode dar uma nova visão de que a imagem e o texto podem proporcionar ao

educando novas ideias na construção de leitura e na produção de textos, permitindo

aos educandos um novo olhar e maior compreensão sobre as ações da leitura e

imagem que porventura sejam introduzidas nas atividades diárias dos mesmos.

Nas oficinas foi apresentada uma infinidade de sugestões com diversas

atividades para a turma de 6°ano. Essas atividades podem ser aplicadas também

em outros anos do Ensino Fundamental, desde que contemplem os mesmos

conteúdos. Todavia, deve-se atentar para um nível de maior complexidade para

obtenção de um aprendizado da turma. Sabendo dessa grande influência, os

educadores devem oferecer ao educando condições de apropriação do

conhecimento.

Cabe à escola garantir que os alunos possam interpretar adequadamente

tanto o texto escrito quanto as imagens, atribuindo–lhes possibilidades, para

entenderem e realizarem a leitura. É também incumbência da escola garantir aos

alunos acesso aos requisitos necessários ao processo cognitivo, facultando-lhes a

interpretação das duas linguagens - escrita e imagética. Muitos dos alunos do 6°ano

já trazem consigo uma trajetória de sua vida escolar, e já passaram pela Educação

Infantil, Ensino Fundamental - fase I, e para o Ensino Fundamental - fase II;

percebe-se, então, a necessidade de trabalhar a leitura, que a maioria dos alunos é

desmotivada e carece de estímulos que lhes resgate o interesse.

Todas as atividades contidas na unidade didática estão diretamente ligadas

ao Projeto, uma vez que permitirão um conhecimento aprofundado sobre a questão

da leitura, oralidade e escrita. Pois a leitura é muito mais do que apenas decodificar

letras, e sim conhecer e analisar os gestos presentes como os sons e imagens. Ter

o domínio desses códigos e permitir ao indivíduo fazer uma interpretação da

realidade e do mundo, proporcionando uma nova visão para compreensão das

diferentes linguagens existentes.

Portanto, com as propostas de aprofundamento com a leitura e a

interpretação o educando poderá adquirir um novo olhar para leitura e incorporá-la

ao seu cotidiano. O contato com a imagem e texto escrito serve de apoio e suporte

para posições mais coerentes e conscientes, proporcionando ao educando a

ampliação do horizonte e do pensamento. O mesmo corre com seu repertório e seu

imaginário, desenvolvendo sua percepção visual e gráfica, significativamente, para

assim poder ler e entender melhor o mundo em que vive.

Fundamentação Teórica

A leitura, ao longo dos tempos, tem sido discutida intensamente, sendo que

são muitas as indagações no que se refere ao ato de ler, e ao real significado do

valor da leitura. Muitas também são as dificuldades que se apresentam ao leitor e as

razões que o envolvem nesse processo em todos os níveis de escolaridade. É

responsabilidade de todos os envolvidos com a educação, independentemente da

formação de cada um, quando o assunto é leitura. Precisamos, então, entender os

fatores que estão a ela relacionados e envolvem dependentes do momento histórico.

Assim se expressam as DCE de Língua Portuguesa:

No processo de ensino-aprendizagem, é importante ter claro que quanto maior o contato com a linguagem, nas diferentes esferas sociais, mais possibilidades se tem de entender o texto, seus sentidos, suas intenções e visões de mundo. A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na interlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situações. Desse modo, sugere-se um trabalho pedagógico que priorize as práticas sociais (PARANÁ, 2008, p. 55).

Podemos entender que qualquer texto tem um sentido em aberto; cabe ao

leitor selecionar os sentidos, a partir de sua experiência com as palavras e montar

um conjunto coerente que produza a interpretação. Como aponta Orlandi (1996, p.

9), ‘a linguagem é sempre possível de equívoco [...] os sentidos não se fecham, não

são evidentes, embora pareçam ser’.

Compete ao professor promover diferentes momentos que sejam instigantes e

gerem perguntas sobre diversas visões apresentadas pelo texto, para que os alunos

possam exercitar sua capacidade de interpretação e compreensão. As Diretrizes

Curriculares do estado do Paraná para a disciplina de Língua Portuguesa na

educação básica postulam:

No ambiente escolar, a racionalidade se exercita com a escrita, de modo que a oralidade, em alguns contextos educacionais, não é muito valorizada; entretanto, é rica e permite muitas possibilidades de trabalho a serem pautadas em situações reais de uso da fala e na produção de discursos nos quais o aluno se constitui como sujeito do processo interativo (PARANÁ, 2008, p.55).

Para pensar em leitura com um sentido amplo, devemos considerar a

formação do professor como o principal desafio nas atividades de formação do leitor,

a qual possui dois parceiros fundamentais interagindo – o professor e o aluno –, pois

como o professor é o mediador nesse conhecimento, ele deve ser iniciado na

educação infantil e prosseguir por toda a vida; deve enfocar o poder da leitura na

vida das crianças. Afirma Isabel de Solé (1998, p. 61):

Desde muito pequenas, as crianças constroem conhecimentos relevantes sobre a leitura e a escrita e, se tiverem oportunidades – isto é, se alguém for capaz de se situar no nível desses conhecimentos para apresenta-lhes desafios ajustados- poderão ir construindo outros novos.

Quando se fala em leitura, é possível afirmar que, mesmo antes de nascerem,

os seres humanos já reagem aos diversos estímulos do exterior, fazendo a

interpretação das reações maternas. Trata-se de uma realidade em que se envolve

o homem com a natureza e a sociedade. E ele vem constituindo textos codificados

que levam o sujeito a decifrá-los e interpretá-los. O sujeito vai percorrendo etapas no

percurso do aprendizado e percebe as várias denominações entre as leituras

existentes a leitura sensorial, a emocional e a racional. Nessa construção do sentido

do texto é necessária a interação entre dois sujeitos (autor e leitor) mediada pelo

texto. Diz Orlandi (1998, p. 59):

Queiramos ou não, quando fazemos parte do conjunto dos chamados sujeitos-leitores além de construir um publico com suas implicações e

consequências estão fazendo parte de um processo do qual resulta a institucionalização dos sentidos. O cerne da produção dos sentidos está no modo de relação (leitura)entre o dito e o compreendido.

Ensina José Luiz Fiorin (1988, p. 9) que ‘para enxergar no texto produções

geniais ele apresenta duas respostas: para analisar um texto, é preciso ter

sensibilidade; para descobrir os sentidos do texto, é necessário lê-lo uma, duas, três,

n vezes’. É preciso fazer com que o educando leia atentamente, várias vezes,

mostrando-se a ele, como observar e o que observar, pois a sensibilidade não é algo

que nasce com ele, mas sim deve ser trabalhada e cultivada: ‘A fala, em si mesma,

não sofre qualquer determinação social, pois ela é a simples exteriorização do

discurso. É o ato concreto, momentâneo e individual de manifestação da linguagem’

(FIORIN, 1988, p. 12). Ainda segundo Fiorin (1988, p. 18), ‘O falante organiza suas

estratégias discursiva em função de um jogo de imagens: a imagem que ele faz do

interlocutor, a que ele pensa que o interlocutor tem dele, a que ele deseja transmitir

ao interlocutor, etc.’.

No que diz respeito ao texto, Ângela Kleiman (2000) crítica uma concepção

veiculada a respeito do trabalho com texto, entendido como um depósito de

informações, veiculadas pelas palavras. Sendo assim, o trabalho do leitor consiste

em buscar o sentido das palavras, uma a uma, para chegar à mensagem. Ela

adverte:

Parte constitutiva do ensino de leitura consiste em conscientizar o aluno da intencionalidade do autor, refletida na escolha das palavras. Substituir aquela palavra escolhida pelo autor por um sinônimo, que mais ou menos mantém o sentido original tencionado, vai contra essa conscientização (KLEIMAN, 2000, p. 20).

Maria Helena Martins (1985) diz que ler e interpretar tornam-se sinônimos; à

luz das teorias da linguagem hermenêutica, ela sintetiza as teorias da leitura em dois

grupos:

1- como decodificação mecânica de signos linguísticos, por meio de aprendizado estabelecido a partir do condicionamento estímulo-resposta (perspectiva benhaviorista cognitivo- sociológica )

2- como processo de compreensão abrangente, cuja dinâmica envolve componentes sensórias, emocionais, intectuais, fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômicos e políticos (cognitivo-sociológica) (MARTINS, 1885, p. 31).

Nesse percurso de significação do mundo, ele vai percorrendo as etapas:

‘Duas concepções o do ledor e leitor e têm-se três camadas diferentes que apoiam o

sensorial, emocional e racional’ (MARTINS, 1885, p. 37-81).

A leitura e os signos de mundo dentro da linguagem podem ser vistas como

um meio de comunicação que se realiza por sinais que são representados por

palavras, frases ou gestos. No que se refere à linguagem, Viégas (2004, p. 7), diz:

A linguagem é o instrumento ao qual o homem modela os seus pensamentos, emoções e sentimentos, além de ser um sistema de signos capaz de produzir um número ilimitado de signos, os quais traduzem os fatos da consciência, assim’ é através da linguagem que o ser humano se constitui como sujeito e adquire significância cultural.

A língua provoca em nós uma aparente dominância; mas, na maioria das

vezes, não tomamos consciência de que, por estarmos no mundo, como indivíduos

sociais, devemos recorrer a uma rede intrínseca e plural de linguagem, isto é,

comunicamos também através da leitura produzindo formas, volumes, massas,

interações de forças, movimentos etc. Também nos comunicamos e nos orientamos

através de imagens, gráficos, sinais, setas, números e luzes.

No fenômeno da linguagem deve-se levar em conta a Semiótica, pois ela é

vista como parte integrante da leitura, ou, nas palavras de Nojima (2008, p. 221), ‘é

uma disciplina do domínio da comunicação que tem por objeto a linguagem

entendida como um sistema estruturado de signos.’

Nesse sentido, Eco (1977, p. 21) afirma que a semiótica é ‘uma técnica de

pesquisa que consegue dizer-nos de um modo bastante exato como funcionam a

comunicação e a significação’. Para Santaella e Nöth (1985, p. 8), por sua vez,

Quando alguma coisa se apresenta em estado nascente, ela costuma ser frágil e delicada e um campo aberto a muitas possibilidades ainda não inteiramente consumidas, esse é justamente o caso da semiótica: algo nascendo e em processo de crescimento, é esse algo é uma ciência, um território do saber e do conhecimento ainda não sedimentado, indagações e investigações estão ainda em processo. Um processo com tal não pode ser traduzido em uma única definição cabal, sob pena de se perder justo aquilo que nele vale a pena, isto é , o engajamento vivo, concreto e real no caminho e do conhecimento, toda definição acabada é uma espécie de morte, porque, sendo fechada, mata justo a inquietação e curiosidade que nos impulsionam para as coisas que, vivas, palpitam e pulsam.

Pode-se dizer que um signo ‘representa’ algo para a ideia que provoca ou

modifica. Ou assim é um veículo que comunica à mente algo do exterior. O

‘representado’ é seu objeto; o comunicado, a significação; a ideia que provoca o seu

interpretante. O objeto de interpretação é uma representação que a primeira

representação interpreta. Pode conceber-se que uma série sem fim de

representações, cada uma delas representando a anterior, encontre um objeto

absoluto como limite. Santaella (1985, p. 78) nos mostra o seguinte exemplo:

[...] a palavra casa, a pintura de uma casa, o desenho de uma casa, a fotografia de uma casa, o esboço de uma casa, um filme de uma casa, a planta de uma casa, a maquete de uma casa, ou mesmo o seu olhar para uma casa, são todos signos do objeto casa. Não são a própria casa, nem a ideia geral que temos de casa. Substituem-na, apenas, cada um deles de um certo modo depende da natureza do próprio signo. A natureza de uma fotografia não é a mesma de uma planta baixa.

Dessa forma, o signo faz a mediação entre o objeto que ele substitui e a

representação desse objeto na mente do intérprete, o que vem a ser o interpretante.

Tal interpretante produz na mente interpretadora um outro signo, traduzindo, assim,

o significado.

Pois, quando realizamos qualquer atividade, por exemplo, lendo um livro, os

exemplos a que somos expostos, como as letras, imagens e cores, evocam em

nossa mente diversas associações, dificilmente distinguidas por nós. No instante em

que esses objetos semióticos encontram um intérprete, eles já se constituem como

signos. Tal processo traduz esses signos observados em representações mentais e

também signos, que diferem de pessoa para pessoa. Durante a leitura, por exemplo,

cada signo observado provoca primeiramente um signo psíquico e interpretante na

mente do leitor/intérprete, que o traduz para outro sistema que é o verbal, sonoro e

visual. É assim, por meio de várias traduções, que o pensamento humano se

desenvolve: ‘Entende-se dessa forma que o signo é o único elo entre o mundo

interior e o exterior, é algo que representa outra coisa’ para alguém, ou seja, cria na

mente desse alguém outro signo, que é interpretante do primeiro.

Pode-se entender a construção do sentido do texto coma leitura de várias

formas, ela pode ser compreendida com atribuição de sentido, com objeto de

linguagem de qualquer natureza, tem-se a possibilidade de leitura, então pode-se ler

tanto um livro , como uma figura, uma obra de arte etc. Tudo isso remete uma ampla

abordagem de compreensão da leitura e do ato de ler, o ato de ver e produzir

pensamentos novos pode ser chamado de leitura de imagem, assim a leitura

desenvolve a habilidade de ver, julgar e interpretar uma imagem dentro do seu

contexto histórico, social, político e cultural. Assim como as DCEs da Língua

Portuguesa afirma que:

O trabalho com os gêneros, portanto, deverá levar em conta que a língua é instrumento de poder e que o acesso ao poder, ou sua crítica, é legítimo e é direito para todos os cidadãos. Para que isto se concretize, o estudante precisa conhecer e ampliar o uso dos registros socialmente valorizados da língua, como a norma culta (PARANÁ, 2008, p. 53).

Por outro lado, a literatura só consegue exercer de forma plena todas as suas

funções, se ela for realmente compreendida com a real importância que lhe cabe,

podendo interpretá-la e compreendê-la em seu significado mais correto. Isso resulta

em uma ação cotidiana que é a prática da leitura.

O texto literário permite múltiplas interpretações, uma vez que é na recepção que ele significa. No entanto, não está aberto a qualquer interpretação. O texto é carregado de pistas/estruturas de apelo, as quais direcionam o leitor, orientando-o para uma leitura coerente. Além disso, o texto traz lacunas, vazios, que serão preenchidos conforme o conhecimento de mundo, as experiências de vida, as ideologias, as crenças, os valores, etc., que o leitor carrega consigo. Feitas essas considerações, é importante pensar em que sentido a Estética da Recepção e a Teoria do Efeito podem servir como suporte teórico para construir uma reflexão válida no que concerne à literatura, levando em conta o papel do leitor e a sua formação (PARANÁ, 2008, p. 59).

Quanto aos procedimentos de leitura e à formação do leitor competente, há

também três passos fundamentais. O primeiro passo é o mais familiar; trata-se da

leitura estruturalista /tradicional, a leitura superficial, a leitura das linhas ou leitura

horizontal, as decodificações linguísticas, as informações explícitas do texto e os

procedimentos mecânicos ou o analfabetismo funcional. Esses são considerados a

assimilação do FAZER-SABER.

O segundo passo relaciona-se também à semiótica, visto que sua principal

função é compreender o valor do texto, com a leitura dos sentidos do texto, a leitura

profunda, a leitura das entrelinhas ou verticalizada, a análise do texto, o

desvelamento, que são temas parciais a partir das figuras do texto, as informações

explícitas e implícitas, a ideologia do texto que é a intenção da obra, o procedimento

reflexivo, o desenvolvimento do raciocínio analítico (leitor crítico), as oposições

semânticas. Assim, a grande questão é o FAZER-CRER, saber o que há de verdade

no texto (veridicção).

O terceiro passo é o referente ao interacionismo, centrado na transformação

do leitor, é aquele no qual acontece a leitura ideológico-argumentativa, a (RE)

contextualização do leitor, que consiste em encaixar em uma realidade a ideologia

do leitor, consiste também em dar opiniões pessoais sobre o texto; é o FAZER-

FAZER.

Quando refletimos sobre o cotidiano da sala de aula, na questão da

construção do sentido do texto, seguindo os três passos mencionados na formação

do leitor. Aqui, recorremos a Jauss (1994), que elaborou a teoria conhecida como

Estética da Recepção, na qual formula sete teses com a finalidade de propor uma

metodologia para reescrever a história da literatura. Na primeira tese, ele aborda a

relação entre leitor e texto, afirmando que existe um diálogo entre o leitor e a obra;

na segunda, destaca sobre o saber prévio do leitor, que evidencia sua reação

individual diante da leitura, influenciado que é por um contexto social; na terceira,

ressalta os novos horizontes de expectativas, afirmando que é possível medir o

caráter artístico de uma obra literária tendo como referência o modo e a sua

aceitação pelo público nas diferentes épocas em que foi lida; na quarta, referente à

relação dialógica do texto, ele responde aos questionamentos do leitor; na quinta,

discute sobre o enfoque diacrônico, que trata do contexto em que a obra foi

produzida e a maneira como ela foi recebida e reproduzida em diferentes momentos

históricos, como processo histórico de recepção e produção estética; na sexta, ele

se refere ao corte sincrônico, no qual o caráter histórico da obra literária é visto

como atual - o autor defende que a historicidade literária pode ser mais bem

compreendida quando há um trabalho conjunto do enfoque diacrônico com o corte

sincrônico. Finalmente, na última tese, o caráter emancipatório da obra literária

relaciona a experiência estética com a atuação do homem em sociedade e, em

razão disso, acontece a emancipação e ele passa a desempenhar um papel atuante

no contexto social.

A partir desse conceito, no que diz respeito à leitura literatura, as DCEs

propõem:

Que o ensino da literatura seja pensado a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção e da Teoria do Efeito, visto que essas teorias buscam formar um leitor capaz de sentir e de expressar o que sentiu, com condições de reconhecer, nas aulas de literatura, um envolvimento de subjetividades que se expressam pela tríade obra/autor/leitor, por meio de uma interação que está presente na prática de leitura. A escola, portanto, deve trabalhar a literatura em sua dimensão estética. Trata-se, de fato, da relação entre o leitor e a obra, e nela a representação de mundo do autor

que se confronta com a representação de mundo do leitor, no ato ao mesmo tempo solitário e dialógico da leitura. Aquele que lê amplia seu universo, mas amplia também o universo da obra a partir da sua experiência cultural (PARANÁ, 2008, p. 58).

Para a construção do sentido do texto existem vários conceitos a serem

apreendidos, referentes aos minicontos, narrativas curtas, mas de grande

importância para estimular a leitura. Pode-se dizer que o miniconto tem origem

remota; em todos os tempos, os povos valeram-se das narrativas para expor seus

feitos, relatar fatos manter a tradição e disciplinar os indivíduos, sempre oralmente.

Muito mais tarde, somente com o advento da escrita, os contos ganharam forma e

puderam perpetuar-se através dos tempos.

Com as mudanças ocorridas na vida política, social e cultural das escolas,

foram surgindo novas modalidades de contos, surgindo também uma maneira nova

de narrar, tendo o autor liberdade de produzir seu estilo individual em sala de aula.

Essa nova perspectiva de escrita de contos deve ser o enfoque principal para a

escrita dos alunos, em razão de propiciar liberdade poética, incentivando as novas

formas de escrita, que dispensam as estruturas prontas e inflexíveis, a linguagem

culta, padrão, entendendo-se que o momento da escrita deve proporcionar

aconchego e se aproximar da realidade do aluno sem oprimi-lo com regras e

convenções linguísticas, e assim ele possa dar largas a sua força criativa,

principalmente na representação dos acontecimentos humanos, que, não raras

vezes, levados pelas fantasias e sonhos, passam os limites da realidade. Entende-

se que, este gênero deve ter um enfoque especial na sala de aula, em todos os

níveis de ensino.

O foco central da utilização do miniconto abrange o começo e o final, a não

ser que se consiga trabalhar com miniconto a partir de flash, como afirma Ernest

Hemingway. Para o final, é recomendável a assim dita reviravolta, como no

miniconto convencional ou na crônica. A reviravolta dá-se, geralmente, porque o

miniconto não tem tempo nem espaço para mostrar como a trama afetou os

personagens. Então, uma boa frase resolve a história e carrega a mensagem.

Assim, identificando ou produzindo um miniconto, observa-se algumas

características, como a linguagem simples e direta, que não explora muito as figuras

de linguagem ou considerações ambíguas; os personagens são poucos e estão

envolvidos numa mesma ação, que caminha sempre para um mesmo desfecho. O

miniconto possui somente um eixo temático, um conflito e as ações acontecem em

um único espaço.

É preciso pensar no miniconto como um corte de uma história maior, uma

fatia de bolo cujos ingredientes possibilitam a quem degusta usufruir o sabor do

bolo. O mesmo ocorre com o conto; um breve momento de leitura pode mostrar ao

leitor uma pequena parcela da vida. O conto é um gênero propicio para explorar a

criatividade dos alunos incentivando-os a contar histórias de um ponto de vista

diferente, servindo ainda como um ótimo exercício de criação, que faz com que os

educandos usem provérbios e poucos adjetivos e a empregar verbos de ação, sendo

suas características a concisão, a narratividade, a totalidade, o subtexto, a ausência

de descrição e o retrato de ‘pedaços da vida’’.

Dessa forma, o gênero não serve para mostrar somente um extenso

vocabulário; o miniconto tem o objetivo de estimular a criatividade facultando narrar

uma história em espaço limitado, o que não é o mesmo que pobreza de recursos

expressivos, mas sim aplicação de uma regra que serve para todos os gêneros, pois

é preciso ter a consciência de que ‘Escrever é selecionar’. Evidenciam-se nos

minicontos de Elias José, inspirados na obra de Aldemir Martins, um precioso

trabalho por meio da leitura visual das pinturas, das leituras de mundo, das

reflexões, que envolvem o fazer artístico, e das atividades que ensinam, fazendo

com que o aluno possa sensibilizar seu olhar e ampliar seu repertório imagético,

criando uma consciência mais crítica da sociedade em que vive, e com isso

capacitando-se para no futuro agir mais conscientemente.

Essa leitura visual se dá a partir de um processo de dissociação e associação, no qual o aluno destaca e reorganiza os elementos constitutivos da obra observada ou do recorte visual da realidade, segundo um critério próprio e individual, entre o ver/fazer e fazer/ver, se torna o meio do qual o pensamento analógico e o divergente se fazem presente, é um processo, onde o olhar do aluno como interpretante procura observar a pintura como uma segunda realidade, um signo novo, subsidiado pelo pensamento divergente, dessa forma busca-se também reconhecer visualmente os elementos estruturais da linguagem plástica (ponto, linha, forma, cor, espaço, superfície, composição), relacionando-os entre si para descobrir, na singularidade de cada composição, não só os elementos formais, mas o conteúdo por eles revelado (BUORO, 1998, p.17).

A autora também afirma que ‘o aluno deve chegar a compreender a leitura

visual com tradutora da visão de mundo de cada leitor, uma vez que o repertório

individual também está incluso neste processo de tradução, sintonizado coma

particularidade de visão do autor’ (BUORO, 1998, p. 21).

Nesse sentido, agindo dessa forma, o educando adquirirá uma estrutura de

pensamento e um repertório próprio, que é o desenvolvimento das suas

potencialidades como se propõe no âmbito da cultura e da troca. Assim, o

conhecimento a ser construído pelo aluno se processa a partir da movimentação que

ele faz entre o repertório imaginário individual e o repertório cultural e grupal.

Na questão do ato de ler, Paulo Freire (1985, p. 11) afirma que ‘ler não se

esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita’ e

acrescenta ‘Se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo

precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir

da leitura daquele’. O mesmo autor nos ensina que a leitura do mundo precede a

leitura das palavras; na sequência, as duas leituras irão caminhar lado a lado.

Quando falamos em imagem sabemos que o mundo, em pleno século XXI,

está repleto de imagens e, ao mesmo tempo, faz uso dessas imagens, consideradas

facilitadoras, concordamos com esse autor que o exercício da leitura e a relação que

estabelecemos com o mundo, nos propiciam um grande aprendizado. Devemos

desenvolver também leituras que contenham cores, movimentos, formas, linhas,

padrões, tamanhos, unidade, função. Podemos fazer uso das imagens para explorar

a leitura de modo significativo; a ideia deve nos orientar quando tratamos da leitura.

Segundo Freire (1985), a imagem deve estar associada à nossa visão de

mundo. Quando lemos, nós lemos no mundo e lemos o mundo; isso implica o

diálogo entre o leitor, o texto e a várias maneiras de construção que levam os novos

sentidos no ato de ler. ‘’O professor que pensa certo deixa transparecer ao

educando que uma das bonitezas de nossa maneira de estar no mundo e com o

mundo, como seres históricos, é a capacidade de intervir no mundo, conhecer o

mundo (FREIRE, 1996, p. 31).

Ressalte-se a utilização das imagens com a produção de sentido, as quais

são vistas como textos autônomos, mas que podem englobar inúmeros enfoques

com pensamentos que se têm a respeito delas, e os meios pelos quais elas são

distribuídas e difundidas, como diz Camargo (2007, p. 98): ‘uma imagem, é de fato

um texto, uma presença plena capaz de significar.’

Na sociedade contemporânea, há grande necessidade de programas de

atividades que não só envolvam leituras de imagens e todas as manifestações

imagéticas capazes de levar o sujeito leitor a fazer a observação do fato, mas

também o ajudem na reconstrução do saber, dando-lhe diferentes possibilidades de

leitura de mundo. Assim afirma Pierre (1988, p. 59):

Importante observar que o jogo combinatório sobre o qual assenta a percepção da imagem implica a existência de três níveis: o nível da realidade sensível, que transmite os estímulos, o nível do percepcionado, isto é, daquilo que os nossos sentidos nos permitem captar e o nível do imaginário, ou seja, da criatividade mental de cada um de nós.

Percebendo a grande importância da imagem na vida das pessoas, Buoro

(1998, p. 149) enfatiza: ‘O olhar sobre a pintura é, para nós, a possibilidade de

aproximar a criança do objeto estético, estimulando-a a criar seu trabalho de arte

movido pelo contato visual e discussões que a fundamentam’.

Portanto, só se percebe a literatura quando ela se concretiza, quando o autor

faz fluir o diálogo do leitor com o texto ou imagem, com propostas e metodologias

que contribuam para que ele se sinta dentro do processo criativo, seja da obra seja

da leitura, percebendo a importância da relação entre leitor e texto e entre texto e

leitor e deixando despertar em si a diversidade de pontos de vista e fazendo os

ajustes para efetivar o real sentido da atividade proposta.

Sequência didática desenvolvida

Neste trabalho após muitos estudos foi construído o projeto, a intervenção e o

resultado. Ele foi apresentado à escola de atuação na semana pedagógica para todo

o corpo docente e funcionários para conhecimento e acompanhamento. E também

apresentado às pessoas responsáveis pelos educandos que apoiaram e se

comprometeram a ajudar e finalmente aos alunos do 6°ano para seu conhecimento

e apreciação. A intervenção contou com sete oficinas construídas e desenvolvidas

em forma de unidade didática.

A primeira oficina trouxe um trabalho de socialização, trabalho este, que

considero importante para o relacionamento dos colegas de sala e a professora.

Com a interpretação da música em vídeo ‘Aquarela’, de Toquinho, pude sentir que

ela trouxe alegria luz e brilho ao trabalho, pois foram vários questionamentos e

momentos de descontração. No momento do desenho e ilustração, percebeu-se a

sensação de que música foi fascinante, estimulando a produção de muitos

desenhos. Percebi, então, que foi uma forma de deixar o lado artístico fluir, ao colorir

aquela imagem pode perceber a personalidade de cada um deles, sendo essa uma

experiência significativa.

Para conhecer e perceber realmente o perfil da turma aplica-se um

questionário para identificar o perfil do educando. Nessa pesquisa quantitativa, pude

levantar diversas perguntas como, quais são seus pensamentos e seus

conhecimentos referentes à leitura em sua vida familiar e pessoal. Com a tabulação

dos dados obtidos, percebemos que as respostas não foram tão diferentes do se

imaginava e já que havia sido detectado nos anos anteriores. Notei que os mesmos

dão pouca importância à leitura em sua vida e são pouco estimulados pela família e

também pela própria escola.

Em face da grande expectativa dos alunos, iniciei a 2ª Oficina apresentando o

resultado da pesquisa. E fiz uma sinopse do que é leitura, para que serve no que ela

pode ajudar. E também no gênero textual conto e o miniconto, ele que é o ponto

chave para esse trabalho. São alunos que estão chegando nessa escola, e

aproveitei para apresentar a biblioteca para eles, e expressar a minha alegria ao

passar por lá e poder usufruir da infinidade de livros que podem se lidos. E desta

maneira tentar contagiá-lo com todo o meu entusiasmo e vivência. Aproveitamos a

visita e cada um já levou consigo um livro para leitura.

Na sala de aula foi distribuído aos alunos sete pastas contendo 13 obras

literárias de vários autores e em especial a do autor Elias José que circulou entre os

alunos no decorrer do projeto e a termino os mesmos foram distribuídos como forma

de incentivo a leitura.

Contudo, trabalhar com diferentes formas de texto e aproximar o aluno à

literatura e saber que ela nos leva a compreender a construção da nossa cultura, de

entender épocas passadas, viajar pelos outros tempos e assim, compreender o

momento presente, pois a Literatura é outra forma de expressão que deve ser

conhecida e vivenciada pelo educando. É preciso levar o aluno, a reconhecer o

caráter da significação do texto, e isso só acontece quando ele é lido.

Apresentei o texto ‘Casal de Velhos’, que é um conto de Edson Gabriel, que

mostra a tensão, o suspense, o medo e a emoção. E também apresentei o miniconto

‘Galo Colorido’, de Elias José, para podermos perceber a diferença quanto à

extensão. Sabe-se que o miniconto apresenta-se limitado com uma brevidade, mas

não deixando perder o sentido e o tema. No laboratório de informática eles

pesquisaram outros minicontos para ajudar a reconhecer e interar-se para o nosso

trabalho.

Na 3° Oficina, apresentamos o renomado pintor Aldemir Martins e o ilustre

escritor Elias José. Suas bibliografias foram apresentadas em vídeos, na internet

(Wikipédia) para que entendessem como foram bem sucedidas e importantes para

divulgar as suas obras, tanto na escrita como na pintura.

E para valorizar a sua vida de estudante, foi feito um desafio para que eles

escrevessem a sua biografia, envolvendo sua vida pessoal e o seu histórico escolar,

essa tarefa foi muito interessante. Muitos tiveram dificuldade em lembrar-se de seus

ex- professores. Eles possuem pouco tempo de vida escolar e isso me deixou muito

preocupada, mas todos realizaram a tarefa com êxito.

Dando continuidade estamos na 4° oficina, onde foram apresentados os

slides ‘As tintas’, e em seguida foram trabalhados os valores presentes em nossa

vida. E em seguida no laboratório de informática apesar das dificuldades

encontradas ao usá-lo, sendo a internet é muito lenta. Assistiram ao vídeo:

Exposição de Aldemir Martins, que retrata a exposição e anotações visuais em

amostra em São Paulo, dia 19/11/2010, com duração de 3:11 (KLINTOVITZ, 2012).

E o importante é trazer a cultura até ele para que possa conhecer e entender esse

mundo fantástico que a pintura juntamente com literatura proporciona o

enriquecimento cultural.

Em grupo foi trabalhado o miniconto ‘Festa de Aniversário’, com atividades

orais e escritas, envolvendo gramática, compreensão e interpretação e produção.

Ela foi realizada com sucesso, dando uma continuidade nas atividades para uma

comparação, foi apresentado ‘Família de Gatos’ em formas de quebra cabeça, e

eles entenderam que se tratava da imagem que teria inspirado Elias José a escrever

a ‘Festa de Aniversário’, foi uma atividade bem espontânea e dinâmica e bem

colaborativa.

Na sequência, a 5° Oficina foi iniciada com a atividade realizada em grupo,

apreciando a obra de arte ‘Pássaro Redondo’, com um olhar mais profundo, dando

atenção aos pequenos detalhes para imaginar as hipóteses levantadas. Foram feitos

muitos questionamentos pela maioria dos educandos, mas ainda encontramos

aquele aluno que não quer ou que encontra muitas dificuldades para expressar–se.

Sempre precisando da ajuda do professor e em seguida realizamos a leitura do

miniconto idealizado por Elias José como novo título ‘O Pássaro Viúvo’ sempre

lembrando que é necessário dar um novo título ao nosso trabalho, pois é uma nova

versão. Eles realizaram exercícios referentes ao texto lido com atividade escrita.

Sabe-se que muitas coisas passam por nossa vida e muitas vezes

despercebidas, e que o nosso dia a dia é repleto de muitas imagens e nunca

valorizamos. Com esse olhar atento fomos ao um passeio pela nossa pequena e

acolhedora cidade, mas com um olhar diferenciado olhar biônico para captar os

pequenos elementos que deixam nossa vida mais alegre e transmitindo paz. Com

celulares e máquinas fotográficas nas mãos foram a campo e registraram tudo que

consideraram importantes. Essa atividade foi uma grande experiência para todos, foi

gratificante com muitos comentários e considerações. Ao retornar, cada um

escolheu uma foto que foi para um cartão postal como presente do projeto e como

uma recordação dos momentos especiais vivenciados com a turma.

Na 6° oficina, apresentei aos educandos a obra ‘Marinha com Jangada’ de

Aldemir Martins para observação e questionamentos para responder as questões,

descrevendo as imagens que perceberam e as sensações que as transmitirem. E

seguiu-se com muitos questionamentos individuais para melhor conhecer o perfil de

cada um.

Para dar maior ênfase e ligamento com a obra ouvimos a canção, ‘Suíte do

Pescador’ de Dorival Caymmi, onde ele apresenta os mesmos elementos da

passagem da obra de Aldemir Martins, mas apresenta-se com nova perspectiva de

trabalho e vários outros questionamentos realizados, fazendo a ligação com pintura

da ‘Marinha com Jangada’. Para perceber os elementos idênticos e os diferentes foi

apresentado o texto ‘Um fim de Semana Preguiçoso’ de Elias José para que

realmente eles pudessem traçar um paralelo entre o texto e a canção.

Outra tela do pintor cearense foi apresentada; desta vez, ‘Vaso com Flores’.

Foi preciso fazer com que eles possam sentir emoções nas pequenas coisas. E com

essa obra podemos fazer entender que flores nos trazem muitas alegrias, enfeitam e

decoram nossos lares dentro ou fora e tornam os ambientes especiais criando uma

beleza e encantamento, pois elas fazem parte de nossa vida. Fiz a introdução da

presença da família em sua vida, mostrei a importância que ela tem para todos nós.

Mostrar que independentemente do tipo de conceito familiar que possuo e o tipo que

ela se apresenta para ele. E muitos questionamentos foram realizados envolvendo

suas famílias.

Para mostrar que com uma pequena demonstração de carinho pode-se fazer

toda diferença na vida das pessoas que amamos. Apresentou-se a obra de Aldemir

Martins ‘Vaso com Flores’ e miniconto de Elias José inspirado nesta tela dando um

novo título para sua produção ‘Bilhetes e Flores para Mamãe’ muito simples, mas

fazendo toda a diferença em seu âmbito familiar. E com as atividades de

interpretação e compreensão diferenciadas realizadas com muitas reflexões.

Com um novo vídeo ‘Um Toque de Luz para Você’’! Essa mensagem trouxe

muitas cores mostrando luz para o trabalho. Sabemos que as cores trazem boas

vibrações e que cada uma transmite algo em nossa vida. E pensar em família que é

o centro, em estrutura familiar independente da maneira como ela seja constituída

ela tem um amor incondicional para com seus filhos, sempre protegendo dando

carinho atenção e dedicação. Os filhos devem sentir também esse amor e

demonstrar de diferentes maneiras e gestos. Foi proposto um desenho que

demonstrasse esse carinho e gratidão para com sua mãe, ou seja, aquele que

exerce esse papel. E usando a sua imaginação eles produziram com papel cartão e

tintas nas mãos. Suas obras foram produções que transmitiram momentos de

emoções, cada um revelando seu lado artístico e se tornando grandes pintores e

com um grande objetivo homenagear. E ao término das pinturas inspirados em sua

obra criaram um miniconto.

As oficinas trouxeram percepções, ações e envolveram as atividades e todo

processo de interpretação e compreensão, todas com o objetivo o foco principal

leitura. E para mostrar que o pensamento vai mudando e surgindo novas ideias

lançou-se nesta última oficina, desenhar um peixe colorido, ou seja, peixe-jardim.

Sentindo-se artista realizaram a tarefa. E enfim apresento a verdadeira obra de

Aldemir Martins ‘Peixe’ e eles comparam as diversidades de ideia que surgiram

alguns até ficaram emocionados que as suas obras ficaram idênticas as do grande

artista e isso deu um prazer e realização muito grande. E novamente uma produção

surge e são expostas as ideia se confrontadas com a produção de Elias José grande

inspirador deste trabalho.

E para finalizar e dar continuidade a novas ideias assistiu-se ao vídeo: ‘Jornal

TV Sul° Contadores de História do Instituto Cultural Elias José’. Que seja fonte de

inspiração para futuros trabalhos.

Considerações Finais

Os estudos realizados em todas as etapas de PDE levam a rever nosso

posicionamento frente ao nosso trabalho escolar. E veio abrir espaço para novas

reflexões, novas leituras e reviver o espírito de criatividade. E fazer acreditar que

possível aplicar as práticas da escrita e da oralidade e com as produções e as

reflexões que realizamos. Poder produzir textos e voltar a sentir o prazer no ler

independente do tipo de leitura que seja proposto.

Durante os estudos realizados, percebi também que na maioria de nossas

práticas às vezes deixamos muito a desejar em nossas metodologias a maneira e

forma de criar nossas atividades. Não apenas palavras minhas, mas também de

meus colegas que realizaram o GTR e acompanharam as atividades. E nas

atividades realizadas nesse trabalho mostrou–me que vale a pena acreditar e

construir e investir em mim e para que possa levar até aos meus educandos novas

propostas e novos caminhos. Toda essa Intervenção, tanto on-line com o GTR,

quanto direta, e durante a implementação foram muito importante e muito rica. A

produção foi acompanhada por meus colegas que realizaram o GTR, ficando a

disposição para novas adequações para suas turmas para que pudessem aplicá-la e

também dar novas sugestões de melhoria. As interações com os cursistas e as

trocas de experiências realizadas trouxeram muitos aprendizados com resultados

positivos.

Ressalto que é inegável o ensino de Língua Portuguesa, uma vez que a

linguagem que circunda em todas as esferas sociais envolvendo todas as

disciplinas. Sendo ela a linguagem oral ou escrita como indispensável e responsável

na construção dos diversos conhecimentos em todas as áreas. É preciso que os

educandos sejam desafiados a dar o máximo de si, interessando-se cada vez mais

para o processo da leitura. Sabe-se que o pensamento e a linguagem são dinâmicos

e aos poucos o sujeito vai-se transformando em relação ao meio em que está

inserido. Para tanto, é preciso que ele se exercite, seja motivado para o hábito de

leitura e orientado com diferentes estratégias e técnicas a fim de adquirir uma nova

visão, para ampliar seu conhecimento.

Deste modo procurei desenvolver um trabalho envolvendo a arte, disciplina

que particularmente gosto, pois o lúdico é bastante atraente e da mais vida aos

trabalhos e abre novos os horizontes. Focalizei as reflexões fala/escrita usando a

gramática contextualizada. As atividades lúdicas contemplam os conteúdos dando

um valor maior e uma qualidade diferenciada transformando o lado artístico. Todas

as atividades desenvolvidas contemplaram o conteúdo estruturante, Discurso como

Prática Social e a interdisciplinaridade vieram dar oportunidades do educando

inserir, produzir e facilitar o ensino dos conteúdos de uma forma prazerosa.

Portanto, o objetivo geral dessa pesquisa foi o de propiciar aos educandos

condições de apropriar dos conhecimentos, desenvolvendo suas capacidades

discursivas e linguísticas, para assim tornarem-se leitores e produtores competentes

sendo capazes de identificar os elementos explícitos e implícitos nos diferentes tipos

de textos, podendo estabelecer situações e formação efetiva de cidadania dentro do

espaço escolar e na sociedade que cada vez mais exige uma participação ativa e

consciente do sujeito no mundo globalizado.

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