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Textos de Blogs, a motivação para a leitura e escrita. · O objetivo principal foi apresentar aos professores de Língua Portuguesa, atividades baseadas em assuntos discutidos em

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Textos de Blogs, a motivação para a leitura e escrita.

____________________________________________________

Nair Aparecida Pollo Nunes1, Professora PDE/2010

Bruno B. A. Dallari2, Professor orientador

Resumo: É possível observar uma séria dificuldade de leitura e escrita por grande parte dos discentes das escolas públicas. O livro didático acaba se transformando em uma barreira intransponível ao aluno. Possível de ser aferida nas avaliações realizadas em sala de aula, onde o conceito da maior parte dos alunos fica aquém do esperado. Tal problema se dá em virtude da expectativa de uma ação ativa do aluno em relação ao livro didático. O problema é que a vida cotidiana destes alunos impõe lhes uma postura passiva diante de todos os recursos midiáticos existentes no seu cotidiano. O que esta atividade didática propõe é a tentativa do uso de um recurso midiático acessível à grande maioria dos alunos, objetivando a inserção ao que se denomina “Àgora”- espaço da antiga Atenas - onde os cidadãos tinham participação ativa nas decisões da pólis. A internet se constitui atualmente como um recurso midiático acessível à grande maioria dos alunos, onde eles interagem ativamente, ou seja, expressando-se à sua maneira. A proposta foi trazer este recurso para sala de aula, em forma de textos de Blogs, jornais, notícias, enfim de assuntos pertinentes onde os alunos pudessem debater temas por eles sugeridos. Palavras-chave: alunos;blogs;leitura;motivação 1. Apresentação Este trabalho foi desenvolvido durante atividades apresentadas no Programa de

Desenvolvimento Educacional PDE, da Secretaria de Educação do Estado do

Paraná, nos anos de 2010/2012.

1 Nunes, Nair Aparecida Pollo, professora da Rede de Ensino Público do Estado do Paraná, Psicopedagoga,

Especialista em Ensino de Jovens e Adultos (PROEJA) e concluínte do PDE/2010. 2 Dallari, Bruno B. A., professor/doutor UFPR.

O objetivo principal foi apresentar aos professores de Língua Portuguesa, atividades

baseadas em assuntos discutidos em Blogs, fazendo desta maneira a inserção de

nossos alunos neste espaço público onde as notícias de jornais, televisão, acabam

transformando-se em debates virtuais.

O termo “Motivação” tem sido motivo de muitas discussões no meio educacional,

sendo ele fator primordial de mudança, sucesso, superação, tanto para alunos

quanto para professores e ao próprio ambiente escolar.

Desta forma foi trabalhado com materiais que nossos alunos dominam e, portanto,

os motivam, pois a maioria dos jovens desta geração estão ligados uns aos outros

por meio desta rede chamada “Internet”, passando horas em frente ao computador,

às vezes fazendo uso de forma inadequada ou vazia e na maioria das vezes nada

acrescendo em conhecimento nas suas vidas.

Não se tratou de trabalhar questões de leitura e interpretação nos moldes do livro

didático, pois isto já acontecia no dia-dia da escola e que, segundo Geraldi “na

escola não se lêem textos, fazem-se exercícios de interpretação e análise de textos.

E isso nada mais é do que simular leituras”.

Desta forma o que se pretendeu foi: estimular o aluno a manter-se informado e saber

como posicionar-se diante das questões discutidas no espaço público, ao mesmo

tempo sendo crítico e participante.

2. Exposição dos problemas.

A escola ainda é considerada uma das maiores agências de letramento, portanto

quanto mais escolarizado for o indivíduo maior será seu grau de letramento. Uma

aula bem preparada com objetivos bem traçados já faria a diferença. E cada vez que

se falassem em mudanças na educação, em currículo e metodologias, estas

deveriam ser bem estruturadas. E que estes pensadores de novas fórmulas,

pensassem no professor em sala em como ajudá-lo de forma realista e não

sonhadora.

Percebendo que os alunos dessa geração, estes que já nasceram com um controle

remoto nas mãos e que tem os recursos visuais e tecnológicos em todos os lugares

que vão e estão, querem que tudo se resolva “prá ontem” e se entediam diante de

atividades tradicionais. Eles não querem simplesmente escrever, ler em sala de aula,

percebe-se que o que está sendo ensinado não mais surte o efeito desejado, isto é,

o crescimento como cidadão crítico e sabedor de seus direito e deveres.

Estes adolescentes, jovens escrevem muito uns para os outros por meio de “msn”,

“e-mail”, consulta e participação em “blogs”, tornando-se desta forma para nós

professores, um ponto de partida para inserir as atividades de leitura e escrita,

utilizando textos da mídia para discussão, leitura e escrita em sala de aula. Com

temas de relevância para a vida fora e dentro da escola.

Ao ouvir em todos os discursos professores reclamando que: “os alunos de hoje não

são como antigamente”, “que não sabem o que fazer com eles”, pois “não querem

ler, escrever, não tem motivação nenhuma”, concordo em partes. Realmente eles

não se interessam pelas aulas, tanto faz fazer ou não, é de uma indiferença tão

grande que frustra qualquer profissional da educação.

Concordo quando dizem que não são como antigamente, pois não são e não serão.

Eu não fui como meus pais, meu filho não é igual a mim, certamente o filho de meu

filho não será igual ao pai. O tempo é vivo, a escola é viva - muda conforme a

evolução e criação - e de algumas décadas para cá a transformação foi maior e

muito rápida.

Não se pode viver achando que esta geração nascida com a internet seria a mesma

que a nossa. Antes não questionávamos: fazíamos. Hoje nossos alunos questionam

e se não tiverem interesse simplesmente não fazem.

Sabendo desta realidade e da indiferença de nossos alunos, sabendo da evolução

tecnológica, sabendo também como este mundo midiático cativa a atenção e a

curiosidade deles, então por que não juntar o útil ao agradável e ensinar a ler e

escrever utilizando esta evolução e os recursos tecnológicos, os quais nossos

alunos estão plenamente adaptados?

Surgiu então lacunas que chamaram a atenção por estarem ligadas diretamente

sobre a atuação do professor em sala de aula, que trouxe questões a serem

respondidas quanto a definição dos critérios da produção textual quando se fala em

qualidade, por exemplo: O que define um texto como sendo bom ou ruim? O que é

relevante para a avaliação? Quais as metas e os meios para atingi-las? Como provar

que o aluno está progredindo ou que está estagnado, partindo de sua produção?

Quanto a definição de critérios, qual material selecionar se a questão não é mais a

aquisição de um certo repertório, como acontecia na literatura, qual espécie de

material usar em sala de aula? Qual material é adequado, é bom? Existe os mais ou

menos relevantes? Que espécie de domínio se espera do aluno, de todo material

examinado ao longo do anos que a eles foram repassados?

Se fosse para responder estas questões enquanto vigorava a literatura como

referência, seriam claras as respostas, porém elas deixaram de ser parâmetros.

Para se ter a obtenção destas respostas teria que se investir em novas linhas de

desenvolvimento. Segundo Dallari, “estas não são questões tópicas para serem

resolvidas pelo em sala de aula”, e ele vai mais além ao dizer que “envolvem

aspectos da adoção dos GDs, que ficaram em abertos.”

Com o recurso aos GDs, qual horizonte que se persegue, no que diz respeito à

formação do aluno? No âmbito de um processo educacional e de letramento, quais

objetivos finais a serem alcançados, que espécie de cidadão, seguindo este

caminho, pretende-se formar? E que tipo de domínio da linguagem, em termos de

conhecimento e de aptidão para o uso em situações sociais, se espera que este

aluno tenha.

Para responder estas questões há de se fazer uma reflexão sobre a educação,

letramento e principalmente sua função na formação da cidadania, na atual

conjuntura da vida e atuação do sujeito em sociedade, as práticas de sala de aula,

enfim, refletiu-se sobre o papel da mídia e qual o seu lugar na sociedade

contemporânea e pela atribuição a ela de um papel entre as práticas de letramento.

A mídia é referida no elenco dos discursos adequados para o trabalho com

linguagem oral e escrita elencados no PCN muito restritamente, ela responde

somente por alguns gêneros ou modalidades de texto, com mais ênfase quando

citada como referência da escrita:

�notícias, anúncios, entrevistas, na televisão ou via rádio.

�textos de jornais, quadrinhos, revistas e suplementos infantis.

Ao contrário de outros gêneros que nos PCNs são detalhados, especificados, os

gêneros midiáticos nem mesmo são considerados enquanto gêneros.

Mas se os GDs. se justifica pelo interesse em usar referências presentes na

realidade dos falantes, a produção linguística quando veiculada à mídia, seria a mais

próxima desta realidade. O que não se explica é o quanto esse dado tem sido

subestimado quando da formulação de políticas de letramento.

A prática linguística e comunicativa passa pela mídia, é ela quem faz a

intermediação e circulação linguística da sociedade, até mesmo o que não tem

origem nela acaba passando por ela e consequentemente absorvido pela sociedade.

São temas de interesse público pelo qual a mídia se apropria e coloca em

circulação. Enquanto gênero a mídia inclui o público, o leitor, o espectador o

internauta entre outros, e não se trata de um processo unilateral de emissão e

recepção e sim de uma interlocução, onde ora um faz papel de falante, ora de

ouvinte assim alternadamente.

A mídia não pode ser analisada como produtora e veiculadora unilateral de

conteúdos e abordagens, pois seu impacto se dá e está condicionado ao ponto de

vista que o público tem e faz dela. Então nada mais justo que este público se

aproprie dela, participando e decidindo seu modo de produção. Dando desta forma,

sentido da inclusão dos gêneros midiáticos entre as práticas de letramento.

É necessário que as práticas de leitura e produção textual quando relacionadas à

mídia estas sejam mais ambiciosas e assumam o lugar de fala que está em todas as

partes e presentes em nossas vidas.

A mídia é uma entidade decisiva para constituição do sujeito das sociedades

modernas, ela incide sobre todos os temas, dos mais banais aos mais nobres.

Reforça ou atenua estereótipos, propõe modelos, associações, juízos de valor,

pautando o exercício de cidadania.

Desse modo, dada a mudanças que a abordagem dos gêneros pretendeu dar - no

que diz respeito a empregar e incorporar efetivamente os discursos efetivamente

usados socialmente – não fazia sentido passar por este fenômeno midiático e tratá-

lo como produção linguística da sociedade moderna. O papel da mídia na circulação

linguística em nossa sociedade são razões para que seja vista como referência em

bloco, como esfera ou campo da mídia, e não como vem sendo citada nos PCNs,

somente como referência eventual a um texto, artigo, anúncio.

Habermas fala sobre um intervenção na esfera pública, em que visaria dirimir os

efeitos perversos que as distorções comunicativas provocam na produção da

consciência e na formação dos cidadãos. Habermas, segundo Bruno Dallari,

“persegue um ideal iluminista e racionalista da cidadania, segundo o qual o cidadão

verdadeiramente consciente está preocupado em obter a informação mais acurada

possível.”

Para se referir a esfera pública Habermas recupera a Ágora, como referência

metafórica. A Ágora era a praça principal da Atenas, onde as pessoas se reuniam

para discutir assuntos políticos, ali não se excluía ninguém, todos poderiam

participar dos discursos e expor seus pontos de vista. Habermas propõe que o

universo da mídia faça o papel da Ágora, já que este mundo virtual faz parte da vida

da maioria das pessoas, sendo este o lugar onde elas se encontram para conversar

dos mais diversos assuntos.

A proposta de Habermas para a utilização da mídia é de que as pessoas se

encontrem numa praça virtual, mas real, para conversar sobre assuntos de respeito

a todos. A leitura de um jornal, um filme que se assiste, os sites que se visitam,

seriam os lugares de encontro das pessoas para discussões, e a constituição da

cidadania, tornando o mundo da mídia acessível, na esfera pública das sociedades

modernas.

Portanto, esta foi a forma que encontrei para me aproximar de meus alunos, que

estavam se distanciando cada vez mais de mim e das atividades propostas em sala,

desenvolver e criar com eles um lugar de encontro para debates, com notícias de

atualidades, esportes, livros de literaturas, novelas, enfim tudo o que nos cerca

neste mundo virtual.

3. A formulação do projeto e implementação.

Seguindo as orientações do PDE, para dar início as implementações na escola

haveria a necessidade de apresentação do projeto aos professores, direção e equipe

pedagógica da escola e, para isso deveria ser usado a semana pedagógica.

Esta foi a primeira tentativa de apresentar o projeto, mas foi barrado pela direção,

pois esta deveria repassar aos professores assuntos mais importantes. Outra

tentativa foi em uma reunião, mas novamente a diretora encerra as atividades sem

autorizar um espaço para apresentação do projeto e a implementação.

No mês de agosto, no retorno à escola faço então a apresentação individualmente,

para cada professor, direção, equipe pedagógica e para a turma do terceiro ano,

com a qual desenvolveria as atividades.

1ª Atividade – Entre leitura, discussão e produção do material, levou-se 6 aulas.

Os materiais didáticos utilizados foram matérias de blogs, portanto se fez necessário

estarmos atentos a notícias do momento, aquelas mais discutidas pela televisão,

pois são estas matérias que motivam as discussões entre as pessoas.

O trabalho foi braçal, assim, se fez necessário ter um tema em mente e partir para a

pesquisa.Cada texto foi vinculado a diversas opiniões. Estas opiniões é que

motivaram os alunos a concordarem ou não, ocorrendo desta forma discussões,

debates e conclusões sobre os temas propostos.

Após estarmos com vários jogos de notícias, o interessante foi separar a turma em

grupos de no máximo 5 alunos e entregar os temas selecionados e seus respectivos

comentários, obtidos em blogs, para as equipes e, propor a eles que fizessem a

leitura, procurando analisar as diferentes opiniões existentes e a discutirem entre

seus pares se os comentários ali existentes eram coerentes ou não com o tema,

bem como formando uma opinião própria do grupo sobre o assunto.

Cada equipe apresentou seu tema para as outras equipes, discutindo sobre os

vários comentários existentes no texto. O interessante e esperado foi que houve

discussões- debates - entre as equipes. Partindo de cada grupo o dever de montar

seus próprios comentários, pois foi por meio destes vários pontos de vista que

trabalhamos a oralidade e a escrita.

Como exemplo foi pesquisado alguns tipos de textos baseados em “violência no

futebol”, “brigas de torcida” e, como motivação, fiz perguntas norteadoras e

inspiradoras, do tipo:

1)Qual a raiz da violência, da raiva existente entre torcedores que aparentemente

vão aos estádios para um lazer, uma paixão e no fundo para se distraírem?

2)Qual seria a origem: Frustração social? Desemprego? Falta de perspectiva? Fuga

da realidade?

3)Estar em grupo ajuda a despertar, se sentir menos vulnerável e assim poder

extravasar, sem a possibilidade da punição e sem ser identificado? Já que a

identidade e a do bando e não a do indivíduo.

Estas são questões foram amplamente analisadas e discutidas entre os alunos e ao

professor coube a função de motivá-los a se expressar, a debater e a escreverem,

ou seja, produzirem culturalmente, sem um regramento mais rigoroso imposto pela

didática operacional vigente em nossas escolas.

Segui-se então algumas questões para reflexão sobre os textos, apenas como

sugestão, para que pudesse instigar as discussões em grupo:

1)Os textos condizem com a realidade vivida nos bastidores das torcidas

organizadas?

2)As pessoas que expõem suas opiniões as fazem com fundamento, ou falam por

falar?

3)Após lerem e debaterem com seus colegas, a qual opinião chegaram?

4)Procurem conversar com seus pares e discutirem se é realmente necessário

certos tipos de comportamento, para se sentirem incluídos em algum grupo?

5)Em quais outros eventos faz-se necessário sair em grupo e se auto afirmar

perante seu grupo?

6)Façam suas reflexões, apontamentos acerca do assunto e exponham aos colegas

de classe.

2ª Atividade - A inserção no espaço público. Pesquisa, leitura discussão e

produção. Tempo 6 aulas.

Como a intenção deste projeto era a inserção do aluno neste espaço público –

internet: o qual eles, em sua maioria, conhece muito bem – nesta atividade foi

mostrado aos alunos que o ambiente virtual é necessário para o desenvolvimento do

trabalho a ser realizado, então a proposta foi passar alguns temas para que cada

equipe trouxessem para sala um texto retirado de blogs e os comentários de lá

extraídos.

Este tema, trazido pelos alunos, foi trabalhado em sala e como sugestão

disponibilizei dois assuntos referentes “à copa do mundo no Brasil e sua

consequências” e “a polêmica que ocorreu com os termos presidenta ou presidente”

Cada equipe fez a leitura e promoveu um debate entre eles. Após fazerem uma

síntese dos conteúdos e comentários, e expuseram às outras equipes, com objetivo

de que todos pudessem dar a sua opinião pessoal sobre o tema. Ao final cada

equipe entregou um único texto onde constava exposto seus pontos de vista.

3ª Atividade – Foi a criação de um blog para a sala de aula.

A proposta foi a criação de um Blog para a sala, nesta atividade os alunos foram

levados ao laboratório de informática da escola. Para que não ocorresse tumulto se

fez necessário dividir as atividades, na forma abaixo discriminadas:

a) Elegeu-se um aluno por equipe para ir ao laboratório, para dar início à construção

do Blog.

b) O restante ficou em sala de aula, para entre eles escreverem uma matéria, de

preferência sobre sua escola, seu bairro, notícias do dia a dia – pessoais ou não -,

do Grêmio Estudantil e sua função dentro da escola, etc.

c) Estas matérias foram motivo de discussão entre os alunos, pois uma delas seria

inserida no ambiente virtual, no caso o Blog .

d) Uma vez no Blog ela estaria disponível a todos os alunos da escola e, fora dela,

para que fosse motivo de discussão e interação entre os estudantes.

O caminho para que todos os alunos ficassem cientes deste Blog foi a divulgação e,

para que esta se concretizasse, foi necessário a produção de panfletos, avisos no

mural escolar, etc. Então mais uma vez as equipes trabalharam a escrita e a

confecção das mensagens, sempre corrigidas e colocadas em edital.

4ª Atividade – Análise de suas produções.

Esta foi a etapa final, os alunos trouxeram para sala o textos e os comentários

colhidos acerca do assunto disponibilizando para que pudessem ser analisá-los,

discutindo a respeito. Este foi um momento deles, pois estavam avaliando as

próprias produções.

4. Resultado da Implementação.

Foram vários textos produzidos, lidos, relidos pelas equipes, mas apenas um de

cada grupo entrou para postagem no BLOG. A criação do Blog também sofreu

discussões, qual melhor nome, as cores, designer, tudo resolvido por meio de

votação, ficando escolhido por unanimidade o nome de “LITERO LANGER”.

Começou as postagens dos textos e os alunos foram encaminhados para sala de

computação da escola que ficou repleta, todos querendo ler, ver seus textos e quais

comentários já haviam postados.

Texto postado mais discutido entre os colegas foi o escrito pelo aluno Douglas

Lenon, o criador do Blog “Litero Langer”:

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Torcida Organizada

Por Douglas Lenon Quando falamos de torcidas organizadas, ou até mesmo de estádios de futebol, a primeira coisa que pensamos: confusão. Conforme o tempo foi passando ir ao estádio de futebol passou a não ser mais tão prazeiroso assim, tudo isso devido a grande jogada da mídia, muitas vezes colocando medo nas pessoas, antes mesmo delas pensarem em como as coisas poderiam ser se não fosse essa pressão psicológica que o mundo globalizado impõe. Sinônimo de torcida organizada ultimamente anda sendo brigas, o que não é bem assim. Torcida organizada está em todo lugar, um show de música por exemplo, não deixa de ser uma torcida organizada, todos vibram e aplaudem, não é tão familiar quanto um estádio de futebol? Vários questionamentos me passam pela cabeça a partir do momento que começamos a criticar sem ao menos saber como funciona, como é estar nesse meio? Quantas histórias um senhor ou uma senhora que tem amor pelo seu time não deve ter para contar? Estar em grupo nos da uma autoconfiança maior, porém existe uma grande diferença, lá dentro a união sempre vai fazer a força e a vontade! E fora do estádio qual é o momento que eu caio na real e vejo que brigar pelo meu time só vai prejudicar a mim e ninguém, além de mim? Suponhamos que você vá em um jogo qualquer e não torce para time algum, a sensação de estar num lugar onde todo mundo está torcendo, todos vibrando de uma forma extremamente contagiante, onde na vida que você vai encontrar uma sintonia maior que a de uma torcida organizada, temos de doutrinar nossos conhecimentos tendo em vista que uma torcida não é uma máfia, ou até mesmo uma gangue de bandidos, uma torcida é muito mais, é você entrar em contato com todos involuntariamente. Percebe o que eu estou querendo passar? Se divertir nunca foi crime, nunca machucou ninguém. Entretanto vivemos numa sociedade que têm suas próprias teorias, seus princípios e suas prioridades. Será que a crítica de que fazer parte de uma torcida organizada te faz melhor ou pior que qualquer outro cidadão? Até que ponto o meu time vai pensar em mim? Temos mil questionamentos, posso fazer uma lista de perguntas por aqui, mas acho que não vale a pena. Somos apenas um membro de uma torcida qualquer,

independente de time. Nada disso quer dizer que você não pode chorar quando seu time perde, ou muito feliz quando ele vence. Nada disso impede você de fazer parte de uma galera que agita, que faz teu corpo inteiro suar, que te dá vontade de gritar, de mostrar que você tá ali, que você faz parte de um grupo também. Clique no link abaixo para ver o vídeo da Torcida do Liverpool.

O "Hino" dos fãs do Liverpool embala torcidas por

toda a Europa

Incrível foi ver todos os alunos lendo os textos tecendo comentários, mas na hora de

enviar, aconteceu o inesperado, apareceu uma mensagem do Governo do Estado do

Paraná, com os seguintes dizeres: “Acesso Proibido”. Então todos os comentários

foram perdidos. Infelizmente descobrimos que nem todos os sites estão liberados.

Alguns comentários sobre o texto estão como anônimos, devido a censura aos

Blogs, feita pelo governo, como citado acima:

Anônimo26 de outubro de 2011 09:12

Karolyne Bosa nº 19 3ºC Ai existe pessoas que vão ao estádios por paixão ao seu time de coração, porém a grande maioria acabam com a festa, pois estar lá para muitos é uma emoção um sentimento inexplicável de amor. Essa grande maioria pode até mesmo ir porque gosta do time mais ao chegar lá e se encontrar com seus amigos se transformam em vândalos e acabam machucando as outras pessoas ao seu redor.

Responder

Anônimo26 de outubro de 2011 09:14jean 3ºc O exemplo de Curitiba. Os chefes das torcidas organizadas, falam que suas torcidas estão em plena harmonia, Mas é só pegar um biarticulado, com um monte de torcedor de um determinado time, e então colocar mais meia dúzia de outro time adversário ( Exemplo:

Coritiba X Atlético) que a confusão está feita! Então, acredito que não dará certo, pelo simples desrespeito dos torcedores!

Responder

Anônimo26 de outubro de 2011 09:17

Hoje os torcedores vão ao estádio com a intenção de brigar,não tem mas aquela coisa gostosa de realmente torcer pelo seu time,cantar,gritar,pular,sentir emoção. Até parece quando o torcedor entra dentro do estádio passa por uma lavagem cerebral. Começam a xingar os jogadores e depois partem para cima da torcida adversária ,mas essa briga não para por ai terminada a partida fora do estádio começa uma guerra entre as torcidas ,pessoas machucadas patrimônios públicos destruídos ,ate quem não tem nada a ver,mas esta passando por ali pode sofrer as consequências. Com a violência entre as torcidas quem realmente quer torcer pelo seu time fica em casa assistindo pela televisão porque sabe se for ao estádio vai ter que enfrentar a loucura das torcidas organizadas.... Willian Teodoro 3°C

Responder

Anônimo26 de outubro de 2011 09:18Anônimo disse... A violência é o reflexo das frustrações pessoais. É fruto das pressões sociais que afetam milhões de jovens brasileiros e acaba sendo canalizada em qualquer motivo para um desabafo íntimo exteriorizado na violência. A pergunta que se faz é: "Onde está minha fatia do bolo?". Cadê meu emprego? cadê um salário para que eu possa viver dignamente? Cadê o respeito? A mídia vende uma vida cheia de bugigangas que desperta desejo e vontade em todos. Mas tais bugigangas são realmente necessárias? Propagandas, novelas, telejornalismo só alimentam algo que não podemos ter. As dúvidas sobre o futuro, sobre as realizações pessoais e qual o fim de tudo, pressiona qualquer um. Afinal ninguém quer ser estagiário a vida toda ou trabalhar 30 horas por dia para ganhar um salário mínimo. Então o pano de fundo para a violência, não é a violência em si, mas as pressões pela qual todos passamos em nosso dia a dia. O mais triste de tudo e ver que a maior parte das caras que aparecem nos jornais - que vendem principalmente: violência e futebol (vendem sim, porquê ganham muuuuuito dinheiro com isso) - são de jovens, que no fundo é o retrato do desespero, mas que com certeza ferraram com suas vidas e muitas das vezes de outras pessoas. A quem interessa esse desperdício de vidas? Outra hora eu conto...

Grande texto, Douglas. 20 de outubro de 2011 11:05

Responder

Hellen26 de outubro de 2011 09:35Ah torcedores que vão ao estádio pra realmente assistirem o jogo de seu time. Torcida é forma de demonstrar o amor que você tem pelo seu time, eu quando vou ao estádio gosto de assisti no meio da torcida, pois é uma sensação maravilhosa. Pode canta, torce pelo seu time junto com outras pessoas. Mas não são todas as pessoas que pensam dessa forma, ah pessoas que qualquer coisinha é motivo de briga, mas quem sai prejudicado pelas brigas não são os jogadores e sim a torcida. De um modo geral torcida significa pode canta, dar apoio ao seu time, vibrar com o time pelas vitoria, e ate mesmo chora com a derrota. 3ºC

Responder

Como foi relatado no início deste artigo, que a motivação seria parte essencial nas

atividades desenvolvidas com alunos. Esta se concretizou ao perceber que mesmo

com acesso negado, cada aluno se dispôs a acessar de sua casa, de seu local de

trabalho, fazendo a interação entre os participantes, alunos, pais, comunidade.

A implementação na escola foi encerrada com a apresentação do filme “Holligans”,

de Lexi Alexander, em que conta a história de violência entre torcedores ingleses,

por ter sido um dos assuntos discutidos no Blog. O planejamento de encerramento

das atividades foi realizado por meio do Blog, desde como seria a montagem da

sala, pipoca, refrigerante, data show.

A motivação, a inserção dos alunos no espaço público, tornou-se clara com os

debates sobre o filme, no texto postado por um dos alunos no dia seguinte. Porém,

para mim como professora, meu trabalho não encerrou-se ai, pois ao fazer remoção

e trocar de escola continuei minha implementação no Colégio Estadual Professor

Lysímaco Ferreira da Costa e criei o Blog “Litero Lysímaco”, onde além de

disponibilizar todo material trabalhado em sala, postei também os resumos de todos

os livros que serão cobrados nos vestibular da UFPR/2012/2013. A interação está

sendo um sucesso, pois conto com todo apoio da direção, equipe pedagógica,

alunos e pais. O Blog já está disponível no site do colégio.

REFÊRENCIAS

BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. 4 ed. Martins Fontes. São Paulo,

2003.

GERALDI, J. W. A prática de leitura de textos na escola. O texto na sala de aula:

Leitura e produção. Cascavel: Assoeste, 1984.

MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2005. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Currículo Básico para Escola Pública do Paraná. Curitiba: SEED, 1992, p 56. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Lìngua Portuguesa, 2008. POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: mercado de letras, 1996. DALLARI, Bruno B. A. Mídia, cidadania e as novas práticas de letramento. Projeto Geral de Pesquisa e Intervenção Pedagógica na Escola. UFPR, 2010. SUASSURA, L. Ensino de Língua Portuguesa: uma abordagem pragmática.

Campinas, SP: Papirus, 1995.