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ILUMINAÇÃO
THE POLICETHE POLICE
Aconcepção do show é a de aproveitar os recursos
tecnológicos da indústria do entretenimento do século
XXI para reproduzir em grande escala a energia e o cli-
ma das apresentações do The Police. Digamos que o objetivo é
ter um show com visual moderno e sonoridade forte, mas man-
tendo o DNA que caracterizava o trio. Não há bailarinos, piro-
tecnia ou multi-atrações que passaram a imperar no circuito Pop
de “cantores de videoclip”. O que há é um trio de baixo, guitarra
e bateria, como se costumava ver. O projeto de iluminação é um
trabalho conjunto entre os lighting designers Patrick Woodroffe e
30 AnosIluminação Simples e Espetacular
Claudia [email protected]
Sting, Andy Summers e Stewart Copeland estão juntos no palco novamente,matando 24 anos de saudade dos fãs da banda. Veja o esquema deiluminaçãp que tem sido utilizado pelo grupo em sua turnê mundial batizadacomo “The Police Reunion”
Na turnê do The Police, luz branca para lembrar as lâmpadas PAR dos anos 70 e 80, e cores saturadas, para dar o clima de festa.
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Danny Nolan, este também diretor de
iluminação e operador de luz na turnê. O
envolvimento de Patrick foi por meio de
Jim Gable, um diretor de vídeo com
quem já tinha saído em turnê, com os
Rolling Stones. Patrick convidou Danny
a integrar o time, o que aconteceu em
janeiro deste ano.
Processo de criaçãoInicialmente, Patrick desenvolveu al-
guns esboços do que tinha em mente e
apresentou-os para a banda, que aprovou
o conceito. Patrick e Danny seguiram
em frente para elaborar um projeto de
iluminação e cenografia propriamente
dito, desenhar mapas e criar cenas. No
estúdio da companhia Upstagings, em
Chicago, eles organizaram uma sessão de
pré-programação.
Em um espaço de quase 43.000 m2, a
Upstagings montou um sistema completo e
o colocou funcionando para que os lighting
designers trabalhassem no visual de cada
música. Cinco dias depois que Patrick e
Danny terminaram esta etapa, a empresa
partiu para o detalhamento técnico e pre-
paração do sistema que iria para a estrada.
Três semanas depois, despachou o sistema
para os ensaios de produção em Vancouver.
Patrick estava bastante ocupado ainda
com outros projetos, entre os quais as turnês
dos Rolling Stones e Genesis. Danny, en-
tão, foi para Vancouver, onde contou com
o suporte do técnico Daniel Ridano, da
MA Lighting, e fez o “ajuste fino” necessá-
rio com a banda tocando no palco.
O show ficou praticamente pronto
com os ensaios. Foi construído um pal-
co outdoor junto à arena em Vancou-
ver, para que se pudesse preparar o sis-
tema para gigantescos espaços abertos,
como estádios, ou espaços um pouco
menores e fechados.
O show ficou praticamente pronto com os ensaios.Foi construído um palco outdoor junto à arena emVancouver, para que se pudesse preparar o sistemapara gigantescos espaços abertos, como estádios
11 Martin MAC 250 Wash
18 Martin MAC 700 Profile
8 Martin Atomic 3000 Strobe
40 Martin MAC 2000 Wash
18 Little Big 3.5
57 Coemar Infinity Wash
29 Robe 2500 Spot
9 8-lite Mole + scroll
24 2-lite Mole
4 DL2 Projector
3 5K beam projector
8 Maxi 12
72 PAR 64 NSP
6 Pixel PAR
4 Omni Flood e Versa Tube
Lista de Equipamentos
Show Design: Patrick Woodroffe
Lighting design: Patrick Woo-
droffe, Danny Nolan
Lighting Director: Danny Nolan
Tour Manager: William Francis
Production Manager / Co-set
designer: Charlie Hernandez
Produção de Imagens
Content Direction: Danny No-
lan, Joana Mazzucchelli e Gisa
Locatelli - Polar Films
Production: Ricardo Fernades,
Dinamo
Addition Content Direction: Jim
Gable, Vello Virkhaus
Ficha Técnica
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CenografiaO palco tem formato arena, ou seja,
não é fechado ao fundo nem nas late-
rais, e sua forma é oval. A cenografia
combina iluminação e vídeo, e pode-se
dizer que o conjunto todo é dividido em
quatro blocos principais, distribuídos
verticalmente: palco, iluminação de
efeito, iluminação de platéia e telões. Opalco tem seis treliças verticais ao fundoque se movem, cada uma com trêsmoving lights no topo. No “segundo ní-vel”, há um conjunto de moving lights
que lembram antigos rigs cheios de lâm-padas PAR, utilizados com fachos emcores bem saturadas, dando um climade festa ao show e fazendo um contra-ponto com imagens em preto e brancodo começo da banda nos telões.
O “terceiro nível” é uma espécie deprocênio, digamos assim, composto por umsistema de projeção de imagem digital,medindo 215m x 2m, denominado VersaTubes. Nele aparecem símbolos de alguns
álbuns da banda, efeitos de ondulação deágua, barras individuais ou grupos de barrasque enfatizam viradas de bateria ou riffs decontrabaixo. O sistema serve também paramanter luz sobre a platéia.
A parte mais alta da cenografia – eelemento principal – é um conjuntode três telões de LED Toshiba de alta-resolução, colocados lado a lado,acompanhando a forma oval do palco.Estes telões mostram imagens ao vivoe imagens pré-produzidas. “Não querí-
amos um show de vídeo, porque poderia
dispersar a atenção, mas há pessoas no
público a muitos metros do palco e que
querem ver como a banda está hoje”, dizPatrick Woodroffe.
Complementando o conjunto ceno-gráfico, há ainda dois telões de LED
A parte mais alta dacenografia – e
elemento principal –é um conjunto detrês telões de LEDToshiba de alta-
resolução
Mapa de iluminação do palco
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Screenworks de baixa resolução, de 15mx 12m, construídos sob medida para asasas do PA. Nestes, aparecem imagensgráficas simples, pré-produzidas.
Imagens
Desde o começo, os lighting designers
e diretores de vídeo queriam efeitosgráficos eficientes e simples, que ficas-sem longe de qualquer coisa muito ób-via ou trivial. O conteúdo foi elaboradode forma a integrar-se à iluminação,sempre dentro do conceito “simples,mas espetacular”, como definiu Pa-trick Woodroffe. “Eles são três no palco,
somente, e tudo que fizemos foi projetado
para manter o visual equilibrado”, acres-centa Danny.
O material foi produzido por DannyNolan, juntamente com Joana Mazzucchellie Gisa Locatelli, da Polar films & Dínamo. JimGable, da empresa Graying and Balding,e Vello Virkhaus, da V Squared Labs,também contribuíram com várias se-qüências de animação. O aspecto finaldo trabalho foi definido em conjuntocom Kevin Williams, responsável peladireção de vídeo durante os shows.
Simples mas nem tanto
O conceito cenográfico pode ser “sim-ples, mas espetacular”, como definePatrick Woodroffe, mas a engenhariaque faz a coisa toda funcionar não é tãosimples assim. Na verdade, é na parte decomunicação entre sistemas e conexõesque se concentra a maior inovação
tecnológica da turnê. Os aparelhos decontrole se comunicam via Ethernet,DMX e Vídeo/VGA – o que não é novi-dade –, mas foi desenvolvido especial-mente para a turnê um backbone em fi-bra ótica, mais comumente utilizadopara fins militares, para garantir umatransmissão de sinal confiável e sem per-da, apesar das longas distâncias percorri-das pelos cabos. Esses cabos fazem a co-municação entre switchers, levando sinaldo house mix (onde fica o console de co-mando) para o palco (onde ficam osprocessadores de sinais e equipamentode luz e vídeo).
O controle geral de luz e vídeo é feitoatravés de um console grandMA full-size, sendo que há uma outra igual,como back-up. O sinal que vai para a ilu-minação de platéia, moving l ights edimmers passa por switchers e processa-dores de sinal de rede (NSP).
O sinal que vai para os telões dealta e baixa resoluções e para os Ver-saTubes passa por switchers e servido-res de mídia. Um servidor de mídiagrandMA controla os telões de baixaresolução, um controla o sistema Ver-saTubes e outros três alimentam ostelões de alta resolução. O sinal dasimagens captadas ao vivo entram numswitcher especial, antes de ser enviadopara os servidores.
Prova de que “a tecnologia existe paraservir ao homem” e não vice-versa é que,como se pode perceber, recursos de últi-ma geração são utilizados para dar àturnê a grandiosidade que merece, masa operação do show é manual, sem co-mandos via MIDI, por exemplo. “Estamos
falando de uma banda de Pop Punk dos
anos 80. O feeling e a alma do show se man-
têm intactos” – afirma Danny Nolan,com o profissionalismo que o trabalhoexige, mas entusiasmo de fã. Agora é irao Maracanã e aproveitar a festa que elesprepararam para o público!
Steel Wheels foi um divisor de águas em cenografia
para shows em estádios
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O lighting designer Patrick Woodroffe é uma referência internacional. Suatrajetória inclui grandes espetáculos com grupos, artistas e eventos quevão dos mais variados estilos: Rolling Stones, Steve Wonder, The PetShop Boys, Bjork, Elton John, Andrea Boccelli, High School Musical,Montreux Jazz Festival e mais uma longa lista
Patrick WoodroffeEntrevista
Ele tem projetos de grande porte também no teatro, televisãoe em arquitetura, como o Palácio de Buckingham (Londres),Castelo de Praga (Praga), a sede da Schlumberger (Viena) e oWynn Hotel & Resort (Las Vegas). Patrick esteve no Brasil re-centemente, participando como palestrante do 4º Simpósio In-ternacional de Iluminação, realizado no Museu Nacional deBrasília, no final de outubro. Não foi sua primeira vez por aqui.Os eventos Rock in Rio, Hollywood Rock, Brasil 500 Anos,Rolling Stones na praia de Copacabana e também artistas naci-onais, como Marisa Monte, brilharam sob seus desenhos de luz.
Ele volta, agora, com o show do The Police no Maracanã,num trabalho com o lighting designer e lighting director DannyNolan. Numa rápida visita ao Rio de Janeiro, depois de sua pa-lestra em Brasília, Patrick respondeu a algumas perguntas sobretemas que vêm ganhando espaço nas discussões sobre as ten-dências da iluminação de espetáculos no mundo.
Backstage: Em que projetos você está envolvido recente-
mente, além da turnê com o The Police?
Patrick Woodroffe: Bod Dylan continua. Genesis acaba determinar sua turnê, em Los Angeles, em setembro. Estou traba-lhando em alguns projetos para arquitetura nos Estados Unidos,China e Reino Unido. The Police está em turnê e estou concen-trado na filmagem dos shows na América do Sul.
Backstage: A indústria da iluminação teve um grande
boom no período de dez a vinte anos atrás, com surpreenden-
tes lançamentos anuais. Este começo de século XXI mostra
um quadro menos dinâmico, em termos de saltos tecnológicos.
Você concorda? Acha que os lighting designers têm que ser
mais criativos neste momento?
Woodroffe: A indústria continua evoluindo, mas mepergunto se um dia teremos a mesma revolução que acon-teceu em 1989, com a turnê Steel Wheels, dos RollingStones, quando o set designer Mark Fisher estabeleceuuma nova forma de se ver um espetáculo num estádio.Mas acho que a explosão da tecnologia de LED chega per-to, na forma como possibilita que pequenas produções fi-quem tão espetaculares.
Backstage: Vai ser possível para a indústria da iluminação
– especialmente no que diz respeito a equipamentos para o
segmento de entretenimento – ser “ecologicamente correta”?
Você anda atento a isso?
Woodroffe: Sim, acho que estamos todos atentos a essa ques-tão. Temos que ser responsáveis agora por muitas razões – nossopúblico nos exige isso da mesma forma que o fazem em outrossetores do mundo comercial. A opinião pública dita o que é vistocomo a coisa certa a fazer. Uma tecnologia que reduza o custode se ter essas grandes produções na estrada representa, de fato,uma economia de dinheiro e também um ganho, no sentido detorná-las ainda mais viáveis. E isso é, com certeza, a coisa certa ase fazer.
Backstage: Qual é o conceito do projeto de iluminação destaturnê do The Police?
Woodroffe: É um show simples – sem pirotecnia, infláveis oupalcos móveis – mas é, também, grande, espetacular e, acredito,bem excitante para o público.
Claudia Cavallo
É um show simples – sem pirotecnia,infláveis ou palcos móveis – mas é,
também, grande, espetacular e,acredito, bem excitante para o
público