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UMA REVISTA ALÉM DO COMUM AÇÃO I ESPORTE I VIAGEM I ARTE I MÚSICA SKATE UNDERGROUND UMA PISTA NO PORÃO DE CASA MUNDIAL DE POWERBOAT OS BARCOS DE ALTA VELOCIDADE D2 MARCELO “TODO CARIOCA É RAPPER POR NATUREZA” COM JACK JOHNSON, KINGS OF LEON E GUITARRAS RECICLADAS MUITA MÚSICA NOVEMBRO DE 2013

The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

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Page 1: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

Uma revista além do comUm

Ação i EsportE i ViAgEm i ArtE i músicA

sk ate underground u m a p i s ta n o p o r ã o d e c a s a

mundia l de powerboat o s b a r c o s d e a lta v e l o c i d a d e

d2marcelo

“todo carioca é rapper por natureza”

com jack johnson,

kings of leon e guitarras recicladas

muita música

Novembro de 2013

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bem-vindoÉ respirando o mais puro ar do Rio de Janeiro que o Red bulletin de novembro chega a suas mãos – mais precisamente, direto do calçadão do Arpoador. Foi lá que Marcelo D2 concedeu uma belíssima sessão de fotos e uma descontraída entrevista. o rapper brasileiro mais conhecido no exterior confirmou: “Quero fazer a pessoa ouvir e se sentir no Rio de Janeiro”. Tudo graças ao tempero do samba e da ginga típica dos cari- ocas. Além da entrevista com d2, você terá nas próximas páginas uma viagem pelo portfólio foto-gráfico de Franco Banfi, irá conhecer a endinhei-rada corrida de powerboats no mar da Turquia, a aventura interestelar de dois dinamarqueses que querem ser lançados da Terra com seu próprio foguete e ainda vai entrar numa pista de skate no porão de uma casa na Áustria.

SUPERSÔNICOSDois dinamarqueses

decidiram investir num sonho astronômico: criar um foguete

e se lançar no espaço

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“O skate formou meu lifestyle e minha maneira de pensar” Marcelo D2, pág. 28

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O MunDO De reD Bull

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Powerboatdinheiro, glamour e motores ferozes: esse é o ambiente que cerca a corrida dos superbarcos

mulher-aranhaa americana que divide sua vida entre os estudos em manhattan e as escaladas livres é a grande promessa do esporte

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danny macaskillo biker escocês mostra que para ter a glória é necessário passar pelo sofri-mento – e seu corpo é testemunha

Para semPremcconkeyum documentário celebra a vida do base-jumper

40banfianimais selvagens, águas profundas e a destreza com a máquina fotográfica: essa é a vida de Franco banfi

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Novembro

Nesta edição

Bullevard 16 NOTAS  Pelo mundo 19 meu cOrpO  Danny MacAskill 20 kAiNrATh  O que está rolando 22 ANTeS e DepOiS  Painéis do Mazda 24 FórmulA cerTA A onda 26 NA cAbeçA...  Chris Hemsworth 27 NÚmerOS DA SOrTe  Fiascos

destaques 28 Marcelo d2

Um papo com o rapper carioca

34 ian RutherO caminhão-câmera

38 Kings of LeonA banda fala do novo disco 

40 Galeria Franco BanfiRegistros do fundo da natureza

52 sasha diGiulianA promessa do alpinismo feminino

58 Foguete próprioDois caras querem ir para o espaço

66 shane McConkeyO legado do BASE-jumper

76 superbarcosCorrida milionária dos powerboats 

84 skate no porãoUma pista com as próprias mãos 

ação! 92 meu eQuipO Wetsuits ecológicas93 bAlADA Montenegro ferve94 mAlAS prONTAS  Finlândia radical95 em FOrmA  Dicas de golfista 96 mÚSicA  Jack Johnson97 NA AgeNDA  O melhor de novembro98 TÚNel DO TempO  O voo

o MuNdo de Red BuLL

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A energiA de red Bull em três

novos sABores.

www.redBull.com.Br

crAnBerry lime BlueBerry

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THE RED BULLETIN Brasil, ISSN2308-5940

Editora e sede Editorial Red Bull Media House GmbH

Gerente Geral Wolfgang Winter

Diretor Editorial Franz Renkin

Editor Chefe Robert Sperl

Coordenador Editorial Alexander Macheck

Editor Brasil Fernando Gueiros

Diretor de Arte Erik Turek

Diretor de Fotografia Fritz Schuster

Editora Assistente Marion Wildmann

Gerentes de Projeto Cassio Cortes, Paula Svetlic

Apoio Editorial Ulrich Corazza, Werner Jessner, Ruth Morgan,

Florian Obkircher, Arek Piatek, Andreas Rottenschlager, Stefan Wagner, Paul Wilson, Daniel Kudernatsch (iPad),

Christoph Rietner (iPad)

Editores de Arte Miles English (Diretor)

Martina de Carvalho-Hutter, Silvia Druml, Kevin Goll, Carita Najewitz, Kasimir Reimann, Esther Straganz

Editores de Fotografia Susie Forman (Diretora artística de fotografia)

Ellen Haas, Eva Kerschbaum, Catherine Shaw, Rudi Übelhör

Revisão Manrico Patta Neto, Judith Mutici

Impressão Clemens Ragotzky (Diretor),

Karsten Lehmann, Josef Mühlbacher

Gerente de Produção Michael Bergmeister

Produção Wolfgang Stecher (Diretor)

Walter O. Sádaba, Christian Graf-Simpson (iPad)

Financeiro Siegmar Hofstetter, Simone Mihalits

Marketing & Gerência de países Stefan Ebner (Diretor), Stefan Hötschl, Elisabeth Salcher,

Lukas Scharmbacher, Sara Varmingg

Assinaturas e Distribuição Klaus Pleninger, Peter Schiffer

Marketing de Criação Julia Schweikhardt, Peter Knethl

Anúncios Marcio Sales, (11) 3894-0207, [email protected].

Gestão de anúncios Sabrina Schneider

Coordenadoria Manuela Geßlbauer, Kristina Krizmanic, Anna Schober

IT Michael Thaler

Escritório Central Red Bull Media House GmbH,

Oberst-Lepperdinger-Straße 11–15, A-5071 Wals bei Salzburg, FN 297115i, Landesgericht Salzburg, ATU63611700

Sede da Redação Heinrich-Collin-Straße 1, A-1140 Wien

Fone +43 1 90221-28800 Fax +43 1 90221-28809

Contato [email protected]

Publicação The Red Bulletin é publicado simultaneamente

na Áustria, Brasil, França, Alemanha, Suíça, Irlanda, Kuwait, México, Nova Zelândia, África do Sul,

Grã-Bretanha e Estados Unidos.

Visite nosso site www.redbulletin.com.br

colaboradoresnosso time em novembro

Um dos maiores fotógrafos de aventura do mundo, vencedor do Maggie Award em 2013 na cate-goria Single Editorial Photograph pela sua foto numa escalada gela- da no Colorado, Keith Ladzinski esteve com Sasha DiGiulian em uma expedição alucinante à África do Sul. O objetivo? Desvendar e registrar novas paredes e rotas para subir. Para ver essas conquis-tas junto a paisagens de tirar o fôlego, vá à página 58.

keith ladzinski

O premiado jornalista de 42 anos fez

grandes reportagens na África. Desta vez ele não precisou pegar um avião para fazer sua história: foi de moto mesmo. Bernd foi ao Danish Space Center, dos astro-nautas Peter Madsen e Kristian von Bengtson, que fica a poucos quilômetros de sua casa em Cope-nhague. “O que mais me impres-sionou foi a resistência dos dois”, diz o jornalista. “Você trabalha que nem um louco e, mesmo diante de contratempos bem chatos, retoma o fôlego e põe a mão na massa de novo.”

Bernd hauser

Nascido em Londres, Robert é casado com uma brasileira e vive em São Paulo há quatro anos. Ele é especializado em moda, música e celebridades. Já cola- borou para revistas como GQ, Esquire, Glamour e jornais como Sunday Times e New York Times. Seu desafio neste mês foi fotogra-far o rapper carioca Marcelo D2. “O Marcelo é um grande artista”, analisa Robert. “Ele é muito ligado ao Rio e a gente deu muita sorte com o dia, que nos presenteou com um belo pôr-do-sol”.

roBert astley-sparke

“o Marcelo é um grande artista. ele é muito ligado ao rio de Janeiro” RobeRt Astley-spARke

FranCo BanFiCrescer ao lado do Lago Lugano fez com que Banfi desco-

brisse ainda pequeno que os lagos de seu país natal, a Suíça, eram pequenos demais para ele. Foi assim que ele se tornou um dos principais profissionais do mundo da fotografia subaquática. Jacarés, baleias, arraias: ele se aproxima de qualquer animal selvagem sem medo. Sua missão mais perigosa até hoje foi fazer a foto de uma anaconda no Brasil: foi aí que ele descobriu que esses bichos podem engolir qualquer coisa que chegue perto.

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Seus artistas favoritos compartilham playlists pessoais em rbmaradio.com

A melhor seleção musical da web.

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Tuam oTu, P o li n é s ia Fr an c e sa

Posição Privilegiada

Com o perdão de Manu Bouvet e dos surfistas ao redor do mundo, este pode ser o caso em que o fotógrafo tem

mais espírito de aventura que o fotografado. “Decolei com meu paraglider motorizado num atol no meio do Pacífico”, diz Ben Thouard. “Eu voava, via a formação de ondas e se-

guia. Manu via que as ondas estavam chegando a cada vez que eu me aproximava dele.” A equipe do francês preferiu

evitar o estresse: “Ninguém avisou sobre os tubarões que estavam ali nem que meu motor estava quebrado.”

www.benthouard.com Foto: Red Bull Illume/Ben Thouard

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A n n ec y, Fr A n ç A

CaneleiraEsta foto foi o resultado do uso de baixa tecnologia

por parte do fotógrafo francês Pierre Augier e do paraglider Tim Alongi. “Usei uma caneleira de futebol

para ligar minha câmera à perna do Tim”, diz Augier. Alongi terminou em terceiro no campeonato mundial

de sua categoria e atualmente está entre os melhores do mundo. O portfólio de Augier é variado e conta com imagens de esporte e ação, mas ele também fotografa

casamentos. Se você é desses que pretendem dizer “sim” antes de pular de paraquedas ou de bungee

jump, ele é o cara certo para o trabalho. www.pierreaugier.com

Foto: Red Bull Illume/Pierre Augier

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B o u ld e r , euA

Na lama“Às vezes”, diz Dave Trumpore, “a única forma de

registrar os melhores detalhes do esporte é literal-mente enfiar a cara e a câmera diretamente dentro

dele.” Até pouco tempo, Trumpore era um competidor, não fotógrafo. Sua decisão de começar a usar uma câmera depois de se aposentar do mountain bike

profissional indica que ele pode ver ângulos que outros não conseguem sacar. Fazer as fotos

de Joey Schusler no Colorado foi uma missão empolgante, apesar das pedrinhas voadoras.

www.davetrumporephoto.com Foto: Red Bull Illume/Dave Trumpore

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c a li fÓ r n ia , eua

sonho encanadoA cada 10 anos o canal que leva árvores derrubadas de cima da montanha à cidade de Tehachapi é esvaziado. Geoff Rowley aprendeu isso, esperou o dia certo e cha- mou Anthony Acosta: “Vamos lá?” Eles dirigiram 4 horas para o norte de Los Angeles, às 4 da manhã. Rowley trabalhou seus movimentos no skate e Acosta testou os melhores ângulos com a câmera. O resultado é uma foto que vale por uma década.www.instagram.com/aacostaa Foto: Red Bull Illume/Anthony Acosta

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Bullevard

Whistler Martin Söderström voa na cidade canadense de Whistler durante o Red Bull Joyride – e se machuca. Dale Tidy

AnAmAnAguchiInusitados: os três integrantes de Nova York tocam punk rock

com sons de Nintendo Game Boys e antigos videogames.

cAninusBatidas hard rock e guitarras distorcidas. Nos vocais: dois

buldogues. Um deles morreu em 2011, o que levou ao fim da banda.

The VegeTAble OrchesTrAA orquestra de 12 integrantes

esculpe seus instrumentos para cada apresentação e no final

transforma tudo em sopa.

The Zimmers Com 15 integrantes, todos entre

67 e 89 anos, é a banda mais velha do mundo. Fazem covers de bandas como Beastie Boys.

Sua dose mensal de esporte e cultura

Rock das Rodinhas

todo skatista passa por isso: por ano que-bram, em média, cinco shapes. mas o que fazer com as partes quebradas? em 2011, o argentino ezequiel galasso, fabricante de instrumentos, teve uma ideia. com a ajuda de gianfranco de gennaro, skatista profissional, ele transformou shapes usa-dos em guitarras excêntricas. para montar uma dessas completa, é necessário ter dois shapes. e funciona direitinho: devido ao seu comprimento e curvatura, a ma-deira é perfeita para servir de braço da guitarra. desde que mike mccready (da banda pearl jam) começou a tocar ao vivo com uma guitarra de galasso, a demanda explodiu. no entanto, ele não produz suas guitarras com máquinas – para ele, o importante é a qualidade. Quem quiser um brinquedinho desse (que custa cerca de us$ 1 mil) deve enviar um e-mail.www.facebook.com/galassoguitars

Sons diferentesPara aqueles que acham Daft

Punk – e seus capacetes – exótico, seguem quatro bandas

que (ainda) não são conhe- cidas, mas que são únicas

Ezequiel Galasso dá sobrevida a skates quebrados, transformando-os em guitarras elétricas

ezequiel galasso monta uma guitarra com dois skates

CliCkS

Você já tirou uma foto com o sabor da red bull?

Todo mês a gente faz uma seleção com nossas favoritas.

[email protected]

a sUa FoTo aQUi

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Yamaguchi Kart no limite: chuvas torrenciais transformam o Red Bull Kart Fight numa batalha molhada. Jason Halayko

Seignosse A surfista americana de 19 anos Brianna Cope prepara sua prancha para o Swatch Girls Pro em Le Penon, na França. Laurent Masurel

Linz O ciclista Tom Öhler quebra o recorde mundial no “BunnyHop”, com 44,62 segundos, nos 400 metros com barreiras. Enrique Castro Mendivil

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the red bulletin: Como sua vida mudou depois do Red Bull Stratos?Felix baumgartner: A mi-nha vida pessoal definitiva-mente ficou prejudicada. Já não é mais tão fácil de encontrar com amigos em um pub. Mas eu construí uma rede perfeita de pessoas interessantes e celebridades do mundo in- teiro. Agora, pessoalmente, eu não mudei.O documentário Mission to the Edge of Space - The Inside Story of Red Bull Stratos conta da pressão…...e do enorme alívio depois do ato. A pressão durante a prepa-ração e durante o próprio salto chegou ao limite do que um ser humano é capaz de suportar. Mas eu nunca duvidei de mim.

Eu queria voltar para a estra-tosfera e voltar com segurança. Tinha que ser.Como você se sente quando vê as fotos?Às vezes me assusta. Eu penso comigo: como você conseguiu lidar com todos os altos e bai-xos!?! E nunca mais vou parti-cipar de um projeto dessa mag-nitude. Mas a verdade é que, se algo surgisse que me fasci-nasse tanto quanto o Red Bull Stratos, eu faria tudo de novo. O que é que o público leva do documentário?Que tudo aquilo que você tem em mente pode se tornar uma realidade – se você fizer tudo possível para realizá-lo.

“Tinha que ser”Um ano depois do salto histórico de Felix Baumgartner, o documentário mission to the edge of space – the inside story of red bull stratos conta os detalhes

Muscle Shoals conta a incrível história de sucesso de um pequeno estúdio no Alabama

O berço dos hitsmuscle shoals é uma cidade pacata no alabama, rodeada por plantações de milho, no meio do nada. mas, na década de 1970, essa tranquila vila entrou para a história da música por um simples motivo: artistas como os rolling stones, aretha franklin, paul simon, bob dylan, wilson pickett e muitos outros foram a muscle shoals para gravar sucessos num pequeno estúdio local. no filme, keith richards descreve o lugar como o céu do rock and roll. o motivo? Quatro jovens músicos do estúdio local ganharam fama de serem feras na arte do ritmo e da criação sonora. no documentário, os próprios – que hoje têm em torno de 70 anos – contam a história. lendas como mick jagger e jimmy cliff adoravam a atmosfera do pequeno estúdio da cidade. e a geração mais jovem, de bono Vox (u2) aos black keys, já declarou sua paixão por muscle shoals.

Top 3 Os três livros

mais vendidos na história

da literatura

14 de outubro de 2012: Finalmente!

O SEnHOr dOS AnéiS

A história de J.R.R. Tolkien, de 1954,

vendeu 150 milhões de cópias

no mundo.

O PEquEnO PrínCiPE

O conto de Antoine de Saint-Exupéry, de 1943, vendeu

140 milhões.

uM COntO dE duAS CidAdES Obra-prima de

Charles Dickens, publicada em 1859,

200 milhões de cópias vendidas.

Feira de Frankfurt, de 9 a 13/10

Muscle Shoals está em exibição nos cinemas:www.muscleshoalsmovie.com

O documentário pode ser vistoa partir de 14 de outubro no siterdio.com/redbullstratos

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Berga Alta velocidade na chegada da cidade de Berga, na Noruega. Vegard Breie, Red Bull Olabillop

Silverstone O espanhol Jorge Martín, de 15 anos, se prepara para o Red Bull Rookies Cup. Gold & Goose

Haarlemmermeer A final do Red Bull Studio Conecte, no Mysteryland (Holanda). Arenda de Hoop

Interlagos decisivaA posição que a parada brasileira tem na agenda da F1 no mundo favorece grandes decisões. Foi por aqui que vimos títulos serem vencidos e espe-ranças irem embora em duelos nas curvas e retas de Interlagos.

Nos dias 22, 23 e 24 de novembro, a gente deve assistir mais uma vez à reta final do campeonato mundial, com Sebastian Vettel e Fernando Alonso brigando pelo título de 2013. Os ingressos ainda estão à venda. Corra lá.gpbrasil.com.br

Maratona de filMes São Paulo está pronta para receber a 37ª edição da Mostra Internacional de Cinema, que terá sessões especiais de filmes de Stanley Kubrick

O maior festival de cinema do Brasil acontece entre os dias 18 e 31 de outubro em São Paulo. É a 37ª edição da Mostra Internacional de Cinema, que destacará o trabalho de Stanley Kubrick por meio de seus filmes, uma extensa exposição que fica no ar até janeiro e um livro editado pela Cosac Naif em parceria com a mostra, chamado Conversas com Kubrick, onde o crítico francês Michel Ciment realiza uma afiada seleção de entrevistas, críticas e análises feitas pelo próprio cineasta ou por seus colaboradores. Serão exibidos também cerca de 300 títulos em mais de 20 espaços da cidade. No cardápio estão Ilo Ilo, vencedor da Caméra d’Or do Festival de Cannes, e a imersão 3D do diretor francês Jean-Luc Godard, com o filme 3x3D. A mostra conta também com ses-sões temáticas no vão-livre do Masp, onde serão exibidos filmes de personagens e histórias que contemplam a cidade de São Paulo, com uma reflexão sobre a mobilidade urbana.mostra.org

Kubrick será o destaque

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NBA no BrasilSabadão no Rio de Janeiro. Praia, água de coco e clássico no Maracanã... Ou não. Em um dos sábados de outubro, mais especificamente no dia 12, o jogo que vai pulsar a tarde dos cariocas não será no Maraca, e sim no HSBC Arena. A cidade receberá um clássico diferente, interna- cional. É o amistoso entre Washington Wizards (dos brasi-leiros Nenê e Leandrinho) e Chicago Bulls (com a estrela Derrick Rose), ambos os times do primeiro escalão do basquete mundial, a NBA. A partida vale pela pré- temporada e até 14 mil espectadores podem ir à arena para assistir à apresentação. Os ingressos custam de R$ 90 a R$ 2 mil.lojanba.com

Briga de gigantes

Bullevard

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ArmAdo e perigoso“Há alguns anos, usando uma bicicleta de criança numa competição na lama, caí e agora tenho um pino no pulso. Depois, eu ainda levei um tombo com minha mountain bike e fiquei com pedras alojadas no músculo do braço. Operei e fiquei todo remendado.”

2 CAlCAnhAr de Aquiles

“Quebrei meu pé direito duas vezes, o esquerdo três e torci os ligamentos do tornozelo várias vezes. Isso acontece quando você salta de algum lugar de costas e aterrissa numa superfície irregular. Só não é pior do que bater com o calcanhar no chão.”

engessAdo 4“Em seis meses eu quebrei três vezes minha clavícula.

Primeiro quando eu caí em uma pump track,

depois quando escorreguei no meio-fio – quando tive

que parafusar uma placa de metal – e também fazendo downhill de mountain bike,

quando caí de 3 metros.”

pAsso em fAlso 5“Uma história triste:

eu estava filmando na área rural de Vancouver em 2011

e quebrei minha bicicleta. Quando desci, meu pé

esquerdo pisou em cocô de ganso, escorreguei

e torci, rompendo meu menisco. Precisei de uma

cirurgia para melhorar.”

nAs CostAs 3 “Rompi um disco nas minhas

costas filmando um salto de 3,6 metros em 2009, mas

na hora não me dei conta. Senti muita dor tanto nas

costas quanto no meu joelho esquerdo, quando começou a pressionar o nervo. Operei

em 2012 e precisei de dez meses para ficar bom.”

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EU E MEU CORPO

O ciclista escocês de 27 anos fez milhões delirarem na internet com sua habili- dade em cima da magrela – mas não existe glória sem sofrimento. E sem outras coisinhas mais...

danny macaskill

 www.redbull.com/imaginate

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vencedores do mêsSorte, suor, sofrimento... Existem diversos elementos que levam à glória no esporte

Gatas na pistaA publicitária Rayana Lucena chama atenção por suas fotos quentes e radicais no Instagram

ela nasceu em Brasília e vive em João Pessoa desde os 10 anos. há cinco meses, conheceu o skate e, desde então, descer ladeiras se tornou um hobby. Rayana lucena, 26, pratica todas as ma-nhãs na orla: “É para começar bem o dia”, diz. em seu perfil no instagram, não faltam belas mulheres (as amigas nina Monteiro e nara Marques), ação, sorrisos, praia e muito sol na capital paraibana. O sucesso na rede social aumentou sua visibilidade (ela conta com quase 4 mil seguidores na rede social) e hoje, por ironia do destino, trabalha na área. Falamos com Rayana: The red bulleTin: Você pensa nas fotos antes de fazer? rayana lucena: as fotos de skate não são pensadas, é tudo muito espontâneo. sempre que a gente acaba de dar um rolé, tiramos uma foto para registrar. Qual é o poder das redes sociais atualmente? hoje em dia, elas são bastante influentes. Quase todo mundo está dentro. É uma forma de expressão bem grande e que dá muito certo.Você é muito assediada? não sofro assédio, mas ganhei uma visibili-dade que não esperava. levo numa boa, meu instagram sempre foi aberto, gosto de passar meu estilo de vida. Quais outros esportes você pratica? Malho, ando de patins e jogo fresco-bol nos finais de semana. Como é a cena de skate em João Pessoa? aqui tem uma galera que anda de noite, desce ladeira e tal. depois que comecei a postar as fotos com as meninas, o número de pessoas andando de manhã na orla aumentou e hoje está uma febre por aqui.Siga Rayana no Instagram: @rayluc

Rayana (de capacete) e sua amiga Nina depois de mais uma sessão de skate

O mundial de bike passou pela África do Sul e deu à inglesa Rachel Atherton seu segundo ouro na categoria downhill.

A vitória no MX1GP da Inglaterra deu ao italiano Tony Cairoli seu quinto título mundial seguido.

O alemão Sebastian

Vettel voltou das

férias para conquistar

os GPs da Bélgica

e Itália na Fórmula 1.

Daniel Sordo, da Espanha, garantiu sua primeira vitória no mundial de rally depois de dez anos tentando. O feito aconteceu na etapa da Alemanha.

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O cupê de dois lugares foi o carro esportivo dos sonhos naquele tempo. Porém, era ven­dido oficialmente só no Japão – daí a direção do lado direito. O estilo com formas futu­ristas e motor Wankel é refletido no design de seu interior: os instrumentos no painel, de formas arredondadas e o volante de madeira eram símbolos de veículos raros e caros. É assim que o luxo dos carros esportivos era representado no final dos anos 1960.

O Mazda 110 S Cosmo Sport (1967­1972) foi o primeiro carro de produção em série com mo­tor rotativo da Wankel e 110 cavalos de potência

1969 Mazda 110 CosMo sport

O interior do Mazda, uma evolução entre o velho painel do carro e a central multifuncional de informação e entretenimento

ANTES E DEPOIS

DE OLHO NO PAINEL

aCendedOr eSPeCialDizem que nos anos 1970, se fumava de tudo e em qualquer lugar. Por isso, o acen-dedor ganhou este lugar de destaque e a seguinte descrição: CL – que significa Cigar Lighter – acendedor de charuto (!).

inCreMentadONaquela época, o rádio não fazia parte do equi-pamento de série. Este Sharp é um ícone da sim-plicidade: não tem som estéreo nem transmis-são FM ou toca-fitas.

MadeiraO volante fino de madeira com três eixos de metal representa a sensualidade e a leveza do passado. Na época, não se preocu- pavam com a segurança em caso de impacto.

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comandosO botão de apertar e

girar HMI Commander comanda todo o sistema

de infotainment. Ao redor estão cinco botões, um para cada dedo.

Assim, os aplicativos complexos podem

ser controlados sem precisar olhar.

Fácil controleO volante tem diversas funções. Possibilita ope-rar o celular via Bluetooth, e o Mazda Radar Cruise Control mantém o veículo a uma distância segura do carro da frente.

touchscreenCom o MZD Connect – conceito de conectividade de áudio da Mazda –, a comunicação e o sis- tema de navegação são projetados para facilitar o uso e a legibilidade. Com seu smartphone, é possível acessar a internet pelo carro.

ProjeçãoO head-up display é retrátil. Com um truque óptico, os números pare-cem estar a uma distância de 1,5 m do condutor. Assim, o olho focaliza com mais facilidade entre a estrada e os números.

hoje, designers de carros e estrategistas têm o desafio de dar ao motorista uma riqueza de informações sem distraí-lo da direção. o mazda3 conseguiu atender a estes dois requi-sitos com uma tela de 7 polegadas posicionada no alto, instrumentos claramente visíveis e o head-up display retrátil. além disso, o interior satisfaz os mais exigentes em termos de conforto, segurança e ergonomia.

o novo mazda3 tem estrutura e tecnologia que ajudam a economizar e aumentar a diversão

2013 Mazda3

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AS ONDAS GIGANTES Como esse fenômeno acontece? Como se surfa esses monstros? O nosso físico* explica.

Dança Das partículasNormalmente, as partículas de uma onda se movimentam na direção de propagação (como as partículas de ar nas ondas sonoras), ou se movem pela transversal (como ao puxar a corda de um instrumento de cordas). Ondas do mar, no entanto, têm movimentos circulares, o que pode ser observado facilmente quando se coloca uma rolha de cortiça para flutuar (Figura 1). As partículas da água movem-se em círculo. Quanto mais profundo, menor o raio. Devido a esse movimento circular, as ondas em águas profundas sempre têm a forma de curvas ondu- ladas. Isso pode ser visto ao se marcar um ponto em uma roda em movimento e observar ela de lado (Figura 2). Em “a”, a marcação encontra-se na metade do raio, em “b” justamente na borda. As ondas da água têm exa-tamente essas formas, só que invertidas, como mostra a Figura 1. A curva mais pontuda chega ao seu limite em “b” – as ondas de água não conseguem ficar maiores do que isso. Por consequência, é possível se chegar à relação máxima da altura da onda h e o comprimento da onda λ.

O comprimento da onda corresponde à circunferência da roda e, por consequência, à distância percorrida pela roda ao dar uma volta completa, sendo U = λ = 2rπ. A altura máxima é representada por h = 2r. Portanto λ = 2r π = hπ. Para que uma onda atinja uma altura de 8 m, como na foto, ela precisa ter pelo menos 8π m de comprimento (≈ 25 m).

A velocidade em águas profundas é calculada como: vprofunda = √ g ∙ λ/2π ; onde g é a aceleração gravitacional (9,81 m/s²). Uma onda com 25 m de comprimento chega a uma velocidade de 6,25 m/s, ou aproximadamente 23 km/h. O surfista deveria ter praticamente essa mesma velocidade para que não perca a onda. É por isso que os profissionais que surfam as ondas gigantes vão de jet ski para atingir a velocidade certa. Quando a água fica mais rasa na costa, a onda “sente o chão”. Nesse momento, o movimento das partículas se torna elíptico (veja foto). Ondas de águas rasas têm uma velocidade de vrasa = √ g ∙ d , onde d é a profundidade da água.

Se a água ficar rasa, as partículas nas camadas mais profundas desaceleram, enquanto as das camadas superiores continuam se movimentando rapidamente.

DançanDo à beira Do abismoComo uma onda gigante te faz sentir? O australiano Ross Clarke-Jones (foto) diz: “Me sinto como se estivesse sal-tando de um avião. A aceleração, as forças centrífugas – você acha que a fibra de vidro da prancha vai descascar”.O mundo dos big riders: www.stormsurfers.com.au

*�Dr.�Martin�Apolin,�de�48�anos,�é�físico�e�cientista�esportivo,��trabalha�como�professor�do�ensino�secundário�e�da�Faculdade��de�Física�de�Viena.�É�também�autor�de�diversos�livros.�

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Ross Clarke-Jones é o melhor surfista

de ondas gigantes que a Austrália já produziu

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Onde está sua Cabeça

Chris hemsworth Com a volta triunfal de Thor aos cinemas, é tempo de heróis mitológicos.

Mas o que será que se passa pela cabeça loira do ator que interpreta o mito?

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Na bagagemHemsworth pode ser visto em

várias produções: em três delas ele interpreta Thor, incluindo

no sucesso Os Vingadores, e em duas faz George Kirk, pai do Capi­tão Kirk, nos novos Jornada nas Estrelas. Tem ainda o suspense

A Trilha, que não é um filme perfeito, mas vale a pena.

Mudando a marchaJá foi lançado Rush: No Limite da Emoção, com Hemsworth vivendo James Hunt, rival de

Niki Lauda. O diretor Ron Howard diz que isso abriu oportunidades

para o ator: “Para Chris foi um grande divisor de águas.

O pessoal de Hollywood passou a lhe oferecer papéis dramáticos”.

NoveleirosTodos os irmãos Hemsworth

apareceram na novela Neighbours, da TV austra­

liana. Chris também esteve três anos e meio na produ­ção concorrente, Home and

Away, vivendo Kim Hyde. Pobre Kim: foi dispensado

no altar; a namorada perse­guidora e assassina morreu

em uma explosão de gás causada por velas

no bolo de casamento.

www.marvel.com/thor

Agenda cheiaMichael Mann (Colateral e

Ali) acabou de filmar Cyber, um suspense de ação com Hemsworth no papel prin­ cipal. Depois disso, nosso

amigo tem Os Vingadores 2 – A Era de Ultron, previsto

para 2015. Em seguida, ele deve descansar ao lado

de Elsa Pataky, atriz de Velozes e Furiosos, e da filha

India Jane, de 2 anos.

Deus do trovão“Vou encontrar uma maneira de salvar a todos”, diz Thor, ou Hemsworth, todo fanfar­rão de armaduras e tranças

no novo Thor: O Mundo Som­brio, que tem estreia mundial prevista para 30 de outubro. Curiosidade: seu irmão Liam também concorreu ao papel

(e eles ainda são amigos).

Irmãos no surfChristopher Thomas

Hemsworth nasceu em Melbourne, Austrália, em 11 de agosto de 1983. Sua

família ficava entre a cidade de Outback – entre “croco­

dilos e búfalos”, segundo ele – e Phillip Island, onde ele, seu irmão mais velho

Luke e o caçula Liam, ambos atores, pegavam onda.

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NÚMEROS DA SORTE

filmes-bombaNem todo blockbuster se torna um sucesso de público.

Aqui está um apanhado geral de falências no mundo do cinema

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1 800 figurinos, incluindo um vestido de noiva cravejado

com 120 mil cristais Swarovski e mais de 2 mil efeitos visuais:

cerca de US$ 250 milhões fazem da ficção científica John Carter:

Entre Dois Mundos a quarta produção mais cara da história.

Já a bilheteria nos EUA foi de apenas US$ 70 milhões.

120 mil

Mais de mil protagonistas parti- ciparam do filme Sahara (2005),

incluindo Matthew McConaughey, que embolsou US$ 8 milhões.

Do orçamento de 240 milhões, ficou uma dívida de 120 milhões. Mas parece que ninguém se im-

portou com o desperdício: corta-ram, sem a menor cerimônia, uma cena que havia custado 2 milhões.

2

A batalha decisiva no dia 6 de março de 1836, na qual

200 texanos confrontaram 1 800 mexicanos no Forte Álamo,

durou seis horas. A filmagem da cena do massacre para

o longa-metragem O Álamo (2004) durou mais de um mês –

num set de 20,4 hectares, o maior da história do cinema americano. A produção de US$ 100 milhões

conquistou só 22,4 milhões nos cinemas.

20,4

O diretor Renny Harlin não agradou sua esposa, Geena Davis, com um papel em A Ilha da Garganta Cortada (1995). Mandaram trazer cavalos da Áustria, artesãos da Inglaterra, dublês da Polônia, 2 mil figu- rinos, 620 espadas e mais US$ 2 milhões para produzir réplicas de navios. O prejuízo total foi de US$ 80 milhões.

2 mil

Em 2011, o filme Marte Precisa de Mães causou um desastre à Disney. No fim de semana da estreia, a animação conquistou US$ 7 milhões diante de US$ 175 milhões de custos. O problema foi o caro processo de captação de movimentos usado: o ator ficou seis semanas com uma roupa especial.

6

Tempo de gravação do filme: 18 dias. Custo: US$ 2 milhões. Bilheteria: US$ 30. Exatamente seis espectadores foram ao cinema em Dallas, no Texas, para assistir ao suspense independente ameri-cano Zyzzyx Road, com Katherine Heigl. Pelo menos conseguiram arrecadar US$ 368 mil com as vendas de DVD em 23 países.

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Desastre: Marte Precisa de Mães, dos estúdios da Disney

O Álamo: um fiasco

... John Carter

O galã de Sahara

Joias brilhantes de ...

O mega- fracasso de Katherine Heigl

Milhões jogados fora: A Ilha da Garganta Cortada

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H á 2 0 a n o s , e l e f o r m o u o P l a n e t H e m p ; h á d e z , f i c o u c o n h e c i d o n o m u n d o p o r s u a m i s t u r a d e r a p c o m s a m b a . H o j e , M a r c e l o D 2 f a z p a r t e d a v a n g u a r d a d a m ú s i c a m o d e r n a d o B r a s i l e c o n t i n u a a i n o v a r . S e n t a m o s c o m e l e p a r a t o m a r u m a c e r v e j i n h a n u m d i a d e s o l n o A r p o a d o r

P o r : F e r n a n d o G u e i r o s F o t o s : R o b e r t A s t l e y S p a r k e

céu está claro no Rio de Janeiro. Marcelo D2 desce a pé o caminho de terra escura, úmida e batida que liga o bowl de skate do Arpoador à praia. “Agora vem a melhor parte”, diz, animado. “A hora da cerveja!” Ele segue com o sorriso tranquilo,

vestindo regata, boné, calça e tênis, com a mochila pendurada por uma alça

só, caminhando com o passo gingado da malandragem do Rio. “O carioca é propício para o rap por ser marrento naturalmente”, me diria mais tarde, entre umas e outras.

Marcelo Peixoto, hoje com 44 anos, era camelô no Largo do Machado quando conheceu Skunk, um vendedor que lhe presenteou com uma fita do Miles Davis ao vê-lo com uma camiseta do grupo punk Dead Kennedys. O encontro foi o embrião do Planet Hemp, banda criada

Soudo Rio

de Janeiro

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red bulletin: Como foi com o Planet no Lollapalooza?marcelo d2: Foi incrível porque a gente tocou em Nova York, no Central Park, e acho que mais da metade do público era brasileira. Aí, quando a gente chegou no Lollapalooza, em Chicago, tocamos para um público de umas 3 a 5 mil pessoas e os gringos gostaram mais que os brasi-leiros. O Planet é uma banda de hardcore, tá ligado? Acho que tem uma decepção daqueles brasileiros que botam banana na cabeça, se enrolam na bandeira do Brasil e esperam “Aquarela do Brasil”.O Planet é mais digerível hoje do que nos anos 1990?Quando a gente ia ensaiar antes, eu achava o Planet pesado pra caralho. Agora fui ver e não achei tão pesado assim. É engraçado porque, pra falar do assunto que a gente falava, na época dava até vergonha de to-car numas cidadezinhas de interior. Hoje em dia, não é mais tão tabu, depois de 15, 20 anos... “Legalize Já”, que levou a gente pra cadeia, não é mais tão tabu quanto era em 1993, 1997.Hoje você tem um apelo internacional que poucos artistas brasileiros têm. Como aconteceu isso?Ah, foi o samba, cara. O lance que abriu as portas legal foi fazer o meu rap com música brasileira. Considero que isso rola desde o Planet. No segundo álbum, já tem coisa pra caramba de música brasileira. Tem um lance em 1995, em abril, quando fui para Recife: nesse dia, o cara da grava-dora veio com o disco impresso e foi a pri-meira vez que eu vi o disco na minha mão [o disco Usuário, o primeiro do Planet Hemp] e fui almoçar com o Chico [Science], Fred Zero Quatro, os caras do mangue beat. A gente estava querendo se afastar muito da geração anterior. Não dava para querer ser inglês ou americano. Ele falou algo que entrou na minha cabeça nesse almoço, que é fazer uma coisa regional mas que seja universal. O cara lá na França vai poder ouvir uma música que nem “À Procura da Batida Perfeita” ou “Qual É” ou “Desabafo” , e vai falar: isso é um rap lá do Rio. Sabe, nem de São Paulo ou Recife, é do Rio mesmo. E minha busca

Marcelo D2 à frente do Planet Hemp no festival Lollapalooza, em Chicago: “Tocamos pra 5 mil”

em 1993 e que marcou o hardcore e o hip hop do Rio de Janeiro e do Brasil, unindo elementos da música brasileira com os da estrangeira de maneira genuína, con-testadora e à frente de seu tempo. A banda chegou, inclusive, a ser presa em 1997.

“O Chico Science me falou uma vez, em 1995, que tínhamos que fazer uma coisa regional que fosse universal”, lembra Marcelo, sentado na mesa em frente ao hotel Arpoador Inn, em pleno calçadão do Arpoador, no final de tarde ensolarado de uma segunda-feira.

A s cervejas descansam

no balde de gelo enquanto o sol começa a se esconder atrás do Morro Dois Irmãos. Marcelo acaba de vir do estúdio, onde estava ensaiando com o grupo de hip hop carioca Cone Crew Diretoria, com quem irá fazer uma participação especial num show. Há poucos dias voltou dos EUA, por onde fez shows em Chicago (no festi-val Lollapalooza) e em Nova York, cidade na qual ficou um mês com uma loja itine-rante que já passou por São Paulo e agora está no Rio de Janeiro – uma modalidade revigorada de divulgação de seu trabalho.

“Preciso melhorar meu inglês”, co-menta D2, com as sobrancelhas franzidas, se ajeitando na cadeira. “É sério, cara.” A preocupação tem cabimento, afinal o rapper faz shows nos EUA e na Europa há algum tempo. Depois do sucesso “Qual É”, do disco À Procura da Batida Perfeita (2003), D2 voltou a ser hit no exterior com “Desabafo”, do disco A Arte do Baru-lho (2008), que entrou na trilha sonora do filme de ação Velozes e Furiosos 5 – Operação Rio (2011). Tudo isso sem falar nas turnês e no pioneirismo do Planet Hemp nos anos 1990.

Seu último disco, Nada Pode Me Parar, que lançou em maio deste ano, vai mais fundo na busca por um rap com influências equilibradas de samba e R&B que nos leva a uma viagem pelo Rio de Janeiro dos dias de hoje. Marcelo está divulgando os clipes que fez de cada uma das músicas, viajando junto com sua loja, pensando na turnê e, de quebra, lançando o DVD do Planet Hemp.

O garçom passa para completar nossos copos. O sol cai. “Mais um balde, por favor?”

“ N o L o l l a p a l o o z a , o s g r i n g o s g o s - t a r a m m a i s d o q u e o s b r a s i l e i r o s . A c h o q u e t e m u m a d e c e p ç ã o d a q u e - l e s q u e b o t a m b a n a n a n a c a b e ç a e e s p e r a m o u v i r ‘A q u a r e l a d o B r a s i l ’ ”

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No bowl do Arpoador, no Rio,

a galera parou para tirar fotos

com Marcelo

foi sempre essa, fazer uma música carioca e contemporânea. Quero chegar num festival igual quando fomos lá na suíça com gente do mundo inteiro, com cara da espanha, Cuba, Jay-Z, eminem, e o Nas veio falar comigo: “Demais aquela base, brasileira pra caralho, não sabia que dava pra fazer tão brasileiro assim”.Como você é recebido nos outros paí-ses, com um rap brasileiro e carioca?tem uma cena de hip hop nos eUa que é mais underground, com o mos Def, dessa rapaziada. eles começaram a abrir a cabeça como os franceses, que conhecem pra caramba não só rap, a minha música, mas a música brasileira. o europeu sem-pre gostou muito de outro tipo de música e tal. o americano menos. só ouve música em inglês, mas ultimamente tenho visto que eles têm dado mais atenção pro que vem de fora. geralmente, os países mais quentes se identificam mais, argentina, espanha, Portugal, França... o carioca é propício pra rap por ser marrento natural-mente, o lance do samba. a marra tem uma coisa de rap. todo carioca é meio rapper, aquele “Qual É, Cumpadi?”, mexe muito um com o outro na rua. “Coé barbudo, coé barriga, coé careca.” todo mundo fala e zoa muito.A sua influência de samba vem desde pequeno, dos tempos de Andaraí?tive uma família muito musical. a primeira vez que teve som mecânico em casa, eu devia ter uns 10 anos, meu pai chegando com um 3 em 1 que vendia no supermer-cado. antes era batuque na cozinha literal- mente. as mulheres na cozinha fazendo comida e os caras no quintal sentando a mão nas peles. música ao vivo pra caramba. Lembro que televisão só teve em 1975, 76... tinha falta de grana tam-bém, mas ninguém estava interessado em

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ver TV ou ouvir música gravada. As pes-soas estavam a fim de cantar. Essa tal interatividade que as pessoas falam hoje, os caras já pensavam naquela época [risos]. Neguinho queria cantar, bater lata... Só quando eu fiz uns 13, 14 anos é que comecei a andar de skate, me afastei desse samba e passei a ouvir punk rock, heavy metal. Não queria mais andar com meus pais. Era a galera do skate, era punk, que-ria cuspir, xingar, não dá para fazer isso na frente dos pais.Como era a sua relação com o skate?Comecei com 12 anos. O auge nos meus 20, por aí. Não jogava mais bola porque meu sonho de jogador já tinha ido pra cucuia. Fiz teste no Botafogo, na Portu-guesa... Quando fiz teste na Portuguesa lá da Ilha do Governador e não passei, aí falei: “Ah, mermão, se não vou jogar na Portuguesa ‘pelamordedeus’, não quero essa vida”. Aí fui andar de skate. Foi o que formou meu lifestyle, minha maneira de vestir, de pensar no mundo. No universo do skate, se tu for ver, tem cinema, artes plásticas, tem música, atitude, roupa, é uma cultura completa.O que você ouve atualmente?Meus filhos falam que eu só ouço gente morta. Não ouço muita coisa nova não, é mais música antiga. Agora, neste momen- to, no meu iPhone, tá tocando hardcore pra caralho. Quando voltei a ensaiar com o Planet, comecei a ouvir umas coisas que

me inspira muito. Pra mim, o mais inspi-rador é o movimento Native Tongues, com A Tribe, De La Soul, Jungle Brothers. Aquilo foi o mais importante no rap, que começou a usar jazz, música regional e rock sem ser clichê.Como você faz para o seu público hoje, que é bem grande, entender essas refe-rências de samba e jazz?Quando comecei a fazer rap, eu carre- gava discos para os DJs, porque eles eram os astros. Nessa época, o trabalho do DJ era levar esse tipo de informação. Lógico que neguinho quer ouvir os grandes hits, mas o DJ é que ia apresentar a mú- sica nova e tudo mais. Acho que tenho essa função hoje em dia. Uma vez, um molequinho de uns 8 anos veio falar pra mim que curtia meu som, e aí o pai dele veio: “A gente é de São Paulo e ninguém tinha conhecimento do João Nogueira, agora a gente ouve João Nogueira pra cacete por sua causa”. Acho que, de certa maneira, eu sou um comunicador. Quero vender disco, quero estar ao lado dos maiores, sabe qual é? Fazendo a minha música. Não é uma música descartável. Estou há 20 anos nessa parada ganhando disco de ouro, fazendo música que eu acredito. De certa maneira, esse trabalho, mesmo que o cara não entenda, fica no subcons-ciente. Depois de mais velho que você fala: “Caraca, Chet Baker!”.

“ C r e s c i m u i t o c o m a q u e l a c o i s a d e ‘ t u t á s e v e n d e n d o ’ . T i n h a m e u t r a b a l h o n o m e u g u e t o e t i n h a q u e d a r u m p a s s o à f r e n t e . O R a c i o n a i s n ã o q u i s i r n o F a u s - t ã o , a í e u f u i e m a n t i v e m e u d i s c u r s o ”eu não ouvia antes. Comecei a ouvir Fugazi, uma banda que eu achava interes-sante mas nunca tive na minha casa. Bad Brains, que eu sempre ouvi pra caralho. E tô ouvindo coisas de rap nova também, sabe? Tipo o disco novo do Kendrick Lamar... Aí, o resto é só música de morto: Chet Baker, Nina Simone, muito jazz e samba antigo. São esses sons que te inspiram na hora de criar suas músicas?Tem um momento no rap que cada vez mais eu me aprofundo naquilo. Quanto mais vai passando o tempo, mais eu vou voltando àquele lugar, que é o final dos anos 1980 e começo dos anos 1990. Seria uns dez anos de 1985 a 1995, aquilo ali

Você influência opiniões...Pro bem e pro mal [risos].E hoje o Brasil vive um momento de pro-testos, querendo derrubar governador, reivindicar atitudes dos políticos...Achava que nunca ia ver isso. Incrível. A galera na rua. E não tem um líder, sabe? O ser humano tem essa coisa meio babaca de querer que alguém lidere e resolva o seu problema. Nesse momento não tem isso. Ninguém quer mostrar a cara. Eu te-nho participado. Fui pra rua umas quatro vezes. Mas minha idade não dá mais, corre pra cá, corre pra lá, abaixa, levanta, joga pedra... Chego em casa e fico dois dias na cama. Tomei porrada da polícia, me mandaram deitar no chão e o caralho.

Você acha que vai mudar alguma coisa?Acho que já mudou. Se mudar um pouco, já é alguma coisa. Abrir a cabeça do povão, dos menos politicamente envolvidos, de que existe a possibilidade de mudança já é uma coisa. Só de saber o que é que tá acontecendo, quem tá lá em cima, como eles tratam as coisas. A grande mídia diz que tem 50 mil e o cara vai na rua e vê que tem bem mais que aquilo. Isso já é uma mudança. O cara passa a enxergar diferente o que falam pra ele, com muito mais desconfiança e filtro. Na verdade, o que as pessoas querem é que parem de roubar o nosso dinheiro.Nesse momento, você acha que sua música tem mais importância?Em Nova York, o cara falou: “Esse momen- to de protestos no Brasil te inspira?” Eu disse: “Faço isso há 20 anos”. Meu último disco tem “Eu Tenho Poder”, “Abre Alas”, uma porrada de música que fala de protesto antes dessas manifestações.Que disco você mais tem orgulho de ter feito?Disco é que nem filho. Quando olho meus discos, vejo uma fotografia daquela época. São momentos. À Procura... foi um disco muito importante na minha carreira porque eu estava começando uma relação nova com a mulher que estou desde aquela época. Aquela coisa de construir família, meu filho Luca nascendo, comprando casa [D2 tem quatro filhos: Stefano e Lourdes de outros casamentos; Luca e Maria Joana do casamento atual]. O À Procura... foi uma mudança porque teve o fim do Planet Hemp. Cresci muito com aquele disco porque tive que enfren-tar a coisa dos fãs do Planet falando: “Porra, tu tá indo no Faustão, se vendendo pra mídia”. Mas eu sabia que meu traba-lho era maior. Já tinha feito meu trabalho dentro daquele gueto ali com o Planet. Tinha que dar um passo à frente, passar aquele muro. Alguém tinha que fazer isso. Naquela época, o Racionais não queria ir no Faustão. No dia que eu fui, era o Racionais que tinha que ir. Fui meio que a segunda opção. Falei: “Quer saber? Vou lá, vou falar de maconha e tudo mais, sem mudar meu discurso”. Pra mim, isso é o meu trabalho. Acho que o À Procura... é importante por isso. Viajei o mundo por três anos com esse disco. Cheguei a fazer 59 shows em 85 dias na Europa. Quase acabou o casamento! [risos] Mas o que eu mais gosto agora é o Nada Pode Me Parar. Acho que tem um pouco do Eu Tiro É Onda, do À Procura..., do Meu Samba É Assim. Acho que cada vez estou me aprofundando.Confira os vídeos do último trabalho deMarcelo D2 em: nadapodemeparar.com.br

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de verdadeMágica

I a n R u h t e R t I R a f oto s c o m u m v e l h o c a m I n h ão d e e n t R e g a s . o R e s u lta d o é tão ú n I c o q u a n to I m p R e s s I o n a n t e

No começo dos anos 1860, o fotógrafo Carleton Watkins fez negativos em 18” x 22” de Yosemite, imagens que con-venceram Abraham Lincoln e o Congresso Americano a assinarem o projeto de lei de 1864 que transformou o lugar no primeiro Parque Nacional. Ansel Adams apareceu 100 anos depois, com suas férteis imagens do Half Dome que fizeram da foto-grafia ambiental uma forma de arte. Hoje, Ian Ruhter está na área com a que pode ser a mais singular câmera que aquelas encos-tas já viram. Seu modelo é um caminhão. E seu mecanismo é o interior humano.

“Estou muito seguro que se trata da maior câmera que já esteve em Yosemite”, diz um habitante local que é conhecido pelo nome Yosemite Steve. É noite e nós podemos escutar a patrulha dos ursos cir-culando e fazendo barulho para afugentar qualquer animal que esteja por perto. Es-tamos sentados em torno de uma fogueira de acampamento, com o caminhão-câmera azul de Ruhter estacionado a alguns metros, parecendo-se menos uma câmera e mais um lugar para comprar sorvete ou tacos. Yosemite Steve, que também é fotógrafo e cinegrafista, admira Ruhter e sua espetacular câmera, que usa lentes do tamanho de uma bola para criar impres-sões do mundo exterior finamente deta-lhadas em enormes chapas de alumínio.

O equipamento de Ruhter é basica-mente uma versão em tamanho gigante da câmera de Watkins, usando a mesma técnica de “colódio úmido”. “Exceto que Carleton produzia negativos e Ian está fazendo positivos”, diz Yosemite Steve.

Ian Ruhter comprou um caminhão de

entregas e o trans-formou em câmera

para produzir nega- tivos em “colódio úmido prateado”

Por: Caroline Ryder Fotos: Shaun Roberts

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patrocinado que começou a fotografar aos 26 anos depois de se aposentar do es-porte. Sua tia o presenteou com uma velha Nikon SLR 35mm, e ele estudou revelação de fotografia numa universidade pública, trabalhando nas horas vagas em um cas- sino local para conseguir dinheiro para um equipamento melhor. Ele se mudou para Los Angeles e fez uma carreira de sucesso como fotógrafo comercial e de revistas, mas descobriu que sofria com esse ritmo de vida. Então ele deixou as fotografias e a cidade para morar em Lake Tahoe, colocando as economias de toda uma vida em um caminhão azul-claro.

“Soube que tinha um cara que estava fazendo uma câmera gigante em Lake Tahoe”, diz Power. “Eu gosto de remodelar e construir coisas, então comecei a apare-cer onde ele trabalhava. Para mim, Ian tinha essa coisa de Mágico de Oz, como o homem por trás do jogo. Me ofereci até que um dia ele deixou.”

Naquele momento, Ruhter ainda teria que fotografar com uma chapa com a qual ficasse satisfeito. Por cima, cada uma delas custa uns US$ 500. Na primeira vez que Lane saiu com Ruhter, para uma mina de prata abandonada em Nevada, foi também a primeira vez que ele conseguiu produzir uma imagem. “Eu nunca tinha visto o processo do ‘colódio úmido’ antes, fiquei abismado com os realces prateados e de como eles são bonitos”, diz Power. Isso foi em setembro de 2011. E qual é o objetivo? Ele dá de ombros: “Fazer o que quisermos quando quisermos.”

Depois disso, Power, Ruhter e Will começaram a viajar, Power filmando suas viagens para uma série de documentários online que incluía o memorável Silver and Light, um curta-metragem que ajudou que Ruhter deixasse de ser “aquele cara com a câmera maluca” para ser um Thoreau do nosso tempo, com um culto se for- mando em torno dele no país inteiro.

Toda a discussão do analógico versus digital é deixada para trás por Ruhter. Ele usa o Instagram, Facebook e tem um iPhone. Ele se vê como um fotógrafo contemporâneo, construindo uma ponte entre o passado e o futuro.

“Vem aqui”, diz Ruhter no dia seguinte, puxando a lona preta na traseira do cami-nhão. Dentro do veículo a escuridão é total, exceto por uma imagem fantasma-górica e de ponta-cabeça em uma chapa. São as Cataratas de Yosemite e a Cooks Meadow, água caindo em tempo real. A imagem é preta e branca e incrivelmente nítida, uma cena ao vivo hipnótica que de alguma forma é mais bonita que a real do lado de fora. Como pode ser? “Porque nós estamos criando ela”, ele diz.

Para Ruhter, 39 anos, que sofre de uma dislexia severa, essas fotos são a única forma que conhece de se expressar com clareza e confiança.

Dentro do caminhão, Ruhter muda a chapa de lá para cá, focando a imagem. “Nesse momento, nós somos a câmera”, ele diz. “Nós somos os ajustes. Que via-gem, né?” Quando ele está pronto para fazer uma foto (ele prefere o termo “fazer” a “tirar”), coloca nitrato de prata na cha-pa. É a prata que faz chapa ser sensível à luz, dando a qualidade reflexiva.

Mais tarde, para comemorar, ele posa no alto de um precipício rochoso, mos-trando os dentes na beira de uma queda de mil metros. Ele estende seu iPhone para alguém da equipe – “Quero só uma foto minha de pé na pedra, sabe?” – e depois compartilha no Instagram. “Agora é isso que está na moda.”

“Quero fazer obras únicas, como uma pintura”, diz Ruhter. “Especialmente nesta era em que tudo é produzido e con-sumido em massa. Gosto muito de uma fotografia. É só o que precisa.”

Ruhter fala em um dialeto meio Yoda meio o gato de Alice no País das Mara- vilhas. Quando questionado sobre que horas planeja fotografar no dia seguinte, ele responde: “Entre o meio-dia e o meio- dia e quinze. Ou duas e duas e treze. Ou cinco a seis. Ou você pode chegar à hora que quiser. Não posso garantir que estarei lá”. Risadas são ouvidas à sua esquerda, vindas do mimado protegido de Ruhter, Will Eichelberger, um fotógrafo de 23 anos e autoproclamado “nerd da arte” da cidade de Casper, Wyoming. Ele conheceu Ian Ruhter dois anos atrás, se sentou no caminhão do fotógrafo e decidiu que iria para a estrada com ele e fazer parte do seu assim chamado “American Dream Project”, um tipo de história visual com todas as imagens registradas pelo caminhão mágico.

Zanzando pelo acampamento, Lane Power, também com seus 20 e poucos anos, é fotógrafo, cinegrafista e soldador. Ele ajudou Ruhter a customizar o cami-nhão, um antigo veículo de entregas que Ruhter comprou em Los Angeles há cerca de dois anos. Lane é o que fala de forma mais clara no trio, ajudando a preencher lacunas deixadas na biografia do seu mentor. Originalmente de South Lake Tahoe, Ruhter era um snowboarder

‘‘ Nessa época em que tudo é produzido e consumido em massa, eu gosto mesmo é de fazer uma boa foto. É só o que preciso.’’

Na linhagem de Carleton Watkins e Ansel Adams, Ruhter faz fotos do parque de Yosemite, na Califórnia

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Siga @ianruhter no Twitter, e ian_ruhter no Instagram

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Com o novo disco mechanical Bull prestes a ser lançado, os primos e membros da banda Kings of Leon Jared e Matthew Followill falam sobre a vida sem música, o Twitter para solteiros e o segredo da felicidade eterna

Entrevista: Andreas Rottenschlager

Kings of Leon

De volta ao trono

Em uma suíte no Ritz-Carlton, em Viena, a capital da Áustria, Matthew Followill se atira no sofá de couro, exausto. O primo do guitarrista responsável pelo baixo, Jared Followill, esconde os olhos atrás dos óculos escuros Ray-Ban (“Jet lag, cara”) e acende um cigarro eletrônico. Faltam seis horas para o show.

the red bulletin: O que o Kings of Leon faz antes de uma apresentação?jared: nós formamos um círculo e batemos palmas. Pura superstição. se a gente não faz, parece que falta algo.Qual a regra mais importante para beber?jared: não fique bêbado demais. todos têm seu limite.matthew: não bebo nada antes do show. Já estraguei alguns shows por estar bêbado. Foi quando me dei conta de que tem que estar bem.jared: Já estraguei alguns shows por estar sóbrio. Foi quando me dei conta de que “F... -se. Preciso beber mais!”Quando você está no supermercado e escuta “Sex on Fire”, pensa “Legal, essa é nossa” ou “Caramba, estão tocando num supermercado”?jared: isso me deixa feliz. e, quando alguém pega o último leite longa vida bem na minha frente, penso: “e daí? sou eu que estou tocando no rádio, filho da p...!”matthew: eu faria um solo de air guitar para as pessoas que estivessem lá.jared: ouvir as próprias músicas no rádio é uma grande sensação. especial-mente quando você vai fazer compras com a mulher. É legal para impressioná-la.Qual é a melhor forma de fazer um disco novo: experimentar ou refinar o som clássico?matthew: gosto de experimentar e mu-dar coisas. em Mechanical Bull nós temos cordas e guitarras metálicas.jared: Fala que você toca em “Wait for me”. matthew: …jared: ele não quer falar. está tímido!

É um gravador?matthew: mal dá para ouvir... é uma cítara.Como o Kings of Leon supera os blo-queios criativos no estúdio?jared: tirando folgas.matthew: ouvindo música sem parar. todo dia. Depois de um mês no estúdio, eu chego a um ponto em que estou me debatendo. então coloco minhas ban- das favoritas – o novo do Wild nothing ou do thin Lizzy –, e daí as coisas voltam a fluir.

Você deu o nome da banda em home-nagem a seu avô, Leon. O que o velho ensinou a vocês?jared: muitas piadas e o segredo do bom casamento. ele diz que as duas palavras mais importantes para um marido são: “sim, querida”. outra frase dele é: “Você quer ser feliz ou estar certo?” ele é casado há muito tempo.Vocês se lembram da primeira músi- ca que os infectou com a doença do rock’n’roll?jared: a primeira que me deixou ani-

mado de verdade quando eu tinha 13 anos foi “Where is my mind”, do Pixies, do disco Surfer Rosa.matthew: tenho uma bem menos legal. Quando eu tinha 9 anos, escutei “more than a Feeling”, do Boston... [cantando] more than a fee-eeling! e eu pensei: “Uau, que música!”O Twitter é uma bênção ou uma maldição para roqueiros?jared: Comecei a tuitar quando era solteiro. as mídias sociais são ótimas quando se é solteiro. esse foi o único motivo pelo qual comecei a usar.Também dá a chance de corrigir

rumores falsos.jared: sem dúvida. e você pode ouvir os fãs enquanto planeja os shows. Quando algumas centenas de pessoas no twitter dizem para você tocar uma determinada música, tem que tocar.Você ainda fica adrenalizado no palco? matthew: sem dúvida. Quando todo mundo canta junto, posso sentir.jared: Quando o público começa a can-tar ou as pessoas começam a pular, tenho um calafrio nas costas. e, quando uma garota nas primeiras fileiras levanta a camiseta, aí sim fico bem adrenalizado.matthew: Fico adrenalizado quando acerto um solo.jared: mas principalmente quando algumas garotas tiram a camiseta.

www.kingsofleon.com

Suas famílias são religiosas. Qual pas-sagem da Bíblia é a mais rock’n’roll?matthew: o antigo testamento! [risos]jared: o antigo testamento é bem bru-tal. acredito que a maior parte das reli-giões prega a batalha do bem contra o mal. Como rock star, a coisa que se aprende é: trate as pessoas bem quando sua carreira está decolando porque essas são as mes-mas pessoas que você vai encontrar quando estiver em decadência.matthew: Como compositor, dá para encontrar grandes histórias na Bíblia.jared: sodoma e gomorra.Vocês não tinham uma TV em casa quando crianças. Isso foi bom ou ruim?matthew: Provavelmente bom. mas meus pais eram divorciados – quando eu queria ver mtV, ia para a casa do meu pai.

Kings of Leon ao vivo: rituais pré-show e força total no palco

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Kings of Leon, em sentido horário a partir de cima: Followills Matthew (guitarra), Jared (baixo), Nathan (bateria) e Caleb (guitarra e vocal)

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InstInto anImalFotografar modelos vivos pode ser um negócio cruel, mas os de Franco Banfi podem atacar. O fotógrafo suíço fala sobre os perigos da vida debaixo d’água Por: Arek Piatek Fotos: Franco Banfi

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Bem de pertoCara a cara com um tubarão-azul

em pleno Atlântico, na costa do Arquipélago dos Açores

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ubitamente, a foca-leopardo percebe o mergulhador. Deixando cair o pinguim ferido que estava perseguin-do, ela volta sua atenção para o homem com a câmera. De forma assustadora, o predador de 300 kg se mexe em alta velocidade na direção do fotógrafo. Se qui-sesse, poderia matá-lo com apenas uma mordida.

Para Franco Banfi, situações de vida e de morte como essa são apenas parte de seu trabalho diário. O suíço de 55 anos é um dos mais requisitados fotógrafos-mergulhadores.

Em sua carreira de 30 anos, Banfi viu todas as mais perigosas criaturas dos oceanos e fotografou-as nos mais fechados enquadramentos: crocodilos, tubarões, lulas-gigantes, arraias... Sua motivação é simples: “Prefiro espécies que são difíceis de fotografar. Arrisco minha vida por isso”, ele diz.

Banfi descobriu a fotografia nos mergulhos no iní-cio dos anos 1980. “Alguns amigos me convenceram a mergulhar no Lago Lugano”, ele explica. “O mundo debaixo da superfície me fascinou na hora.” Fotografia de mergulho – um meio de capturar esse mundo – se tornou a paixão de Banfi. Ele aprendeu sozinho

os aspectos técnicos e estudou também o máximo de espécies marinhas que podia.

“Para ser notado como fotógrafo você tem que fazer o que ninguém fez antes”, diz. E foi isso exata-mente o que ele se propôs a fazer, estabelecendo rapidamente seu próprio modus operandi. “Não saio clicando para fazer a foto por sorte; tento ganhar primeiro a confiança dos animais”, revela. “Quando monstros marinhos agressivos ou tímidos toleram sua presença, as imagens ganham uma dimensão inteiramente nova.”

Aos 25 anos, Banfi vendeu sua primeira foto para uma revista de mergulho italiana. Aos 34, ganhou o campeonato mundial de fotografia de mergulho em Cuba. Desde então, suas fotos se transformaram em destaques de respeitadas revistas sobre a vida selva-gem, como National Geographic, BBC Wildlife e Stern.

A arte de se aproximar de um animal, diz Banfi, é uma mistura de ciência e experiência. “Cada espécie reage de forma diferente, mas existe uma regra de sobrevivência que quase sempre funciona: mostre respeito pelo animal, nunca medo.”

Foi essa regra que salvou sua vida durante o encon-tro com a foca-leopardo: “Fiquei parado e mantive a câmera apontada para ela, que nadou para longe.” Mas sempre tem as exceções: “Quando uma sucuri fica agressiva, é melhor desaparecer”, conta. “Elas são primitivas e, assim que começam a atacar, não param mais.”

Gigantesca: Franco Banfi tira uma foto de uma anaconda de 8 metros

Franco Banfi tem 30 anos

de experiência como fotógrafo e mergulhador

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Dançando com a arraia“Esta espécie gigante da costa da ilha mexicana de Socorro me aceitou depois de alguns dias. Coloquei minhas mãos nela e deixei que me puxasse pela água. Sua pele é áspera como uma lixa. Quando a deixo ir embora, ela volta e nós fazemos tudo de novo.”

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Bocão“Os crocodilos chegam a ter 2 metros de comprimento. Para se refrescarem durante o dia, eles abrem a boca na água e permanecem nessa posição. No Brasil, mexi com um deles durante um mergulho. Sempre pela frente, no entanto, porque estes animais gostam de morder para o lado.”

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No olho do tubarão“É um dos mais temidos animais do mar:

imprevisível e com uma mordida poderosa o bastante para rachar cascos de tartaruga.

Nós atraímos um deles na costa africana com sangue de peixe. Ele chegou

muito perto: pode-se ver a sombra da minha câmera no seu focinho.”

No gelo com baleias“Esta recebeu uma porção de prêmios. Foi feita no Mar Branco, na costa da Rússia. As baleias-brancas geralmente têm medo das pessoas, mas este macho curioso e brincalhão quebrou a regra. Ele chegou tão perto que eu tive que ficar empurrando para longe com a câmera para que pudesse acertar o foco.”

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Alimentando os predadores“Para fazer fotos de tubarões, sempre

é necessário segurar de longe uma isca para que eles possam sentir o cheiro, mas não alcançá-la. Em nosso caso,

pedaços de peixe em caixas tipo jaula. Você para de clicar na mesma hora

em que os predadores se aproximam. Nesta foto eu estou nas Bahamas,

a 15 metros de profundidade, cercado por 25 tubarões-limão.”

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Caçando o impossível“Ninguém conseguiu fotografar o nascimento

de arraias na vida selvagem. Um biólogo marinho e eu acompanhamos esta fêmea grávida por uma

semana no Atlântico, enquanto procurávamos evitar a ferroada mortal. Infelizmente, ela se afastou

de nós. O que ficou foram as fotos do animal em sua incrível busca por um local de desova.”

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Atento aos sinais“As baleias sabem quando você

está nervoso, por isso é importante transparecer tranquilidade. Esta

foto é o resultado da harmonia entre homem e animal. Eu já sabia que esta cachalote iria submergir,

então fui na frente e tirei a foto enquanto ela mergulhava olhando para mim.”

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www.banfi.ch

Monstro envergonhado“Lulas-gigantes podem agarrar

os mergulhadores com seus tentáculos e arrastá-los para as profundezas. Esse

colosso nos acompanhou até os 80 metros, mas com cautela. Quando o flash

da câmera disparou, ela se afastou – e depois, lentamente, fugiu.”

Sucuri satisfeita“Esta foto foi tirada no Pantanal. As sucuris esperam pela sua presa em um lugar seco – elas comem até mesmo crocodilos. Esta já tinha comido e mal percebeu que a gente estava lá. Mas de repente ficou incomo- dada e abriu a boca em minha direção. Foi o sinal para nossa retirada.”

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DiGiulian escalando a rota “Jack of all Trades”, em Waterval Boven, África do Sul

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O m a i s n o v o n o m e d o s e s p o r t e s r a d i c a i s

é u m a u n i v e r s i t á r i a a s p i r a n t e a e s c r i t o r a .

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p U R O

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ogo acima da copa das árvores, mas ainda perto de onde a luz do sol começa, a campeã de alpinismo Sasha DiGiulian se agarra na pedra do penhasco. Estamos numa manhã de inverno. “Agarrar” talvez não seja o verbo. A jovem norte-americana está equilibrada demais para esse termo. Está serelepe.

De qualquer maneira, a ágil escaladora superou essa. Ela nunca fica em um lugar por muito tempo, e sua subida do Rodan – uma escalada que nenhuma mulher completou até hoje – não foi diferente. Um giro de tronco, o reposicionamento da ponta do pé direito e um puxão coordenado de seus apoios fazem com que ela dê mais um passo para a luz.

Sasha DiGiulian encontra novos pontos para segurar com as mãos treinadas, pintadas de esmalte rosa e cobertas por pó de giz e cicatrizes.

Praticamente imbatível como alpinista júnior, DiGiulian selou sua entrada no cenário sênior ao ganhar o campeonato mundial 2011 de alpinismo em Arco, Itália, aos 18 anos. Ela também é dona de três campeonatos americanos e é a melhor colocada do mundo como alpinista outdoor. Mas foi uma conquista aos 20 anos, fora de competição, que atraiu a atenção do resto do mundo.

A conquista da inóspita e pontuda parede Pure Imagination, do Red River Gorge, no estado do Kentucky (EUA), em outubro de 2011, fez dela a primeira mulher a concluir uma escalada 9a. Quão difícil é uma escalada 9a? Mais de 50 mulheres já estiveram no espaço, por exemplo. E DiGiulian é uma das três únicas pessoas em todo o mundo com uma 9a no currículo. Ela é a mais nova entre elas.

L“Realmente não sei do que sou capaz”,

ela diz. “Mas gosto de descobrir.” E tudo isso aconteceu antes que tivesse início seu segundo ano na Columbia University. Por volta desta época no ano passado, a estudante de escrita criativa sabia exatamente o que queria fazer em suas férias de verão. Ela ouvia histórias daquele parque de diversões rochoso cerca de 290 km a leste de Johannes- burgo, perto de Waterval Boven (“Acima das Cataratas”, em africâner), e de sua reputação.

“Lá tem muitas superfícies e eleva- ções”, diz. “Você também precisa de muito trabalho técnico com os pés. E eu nunca tinha usado tantos grampos, que são pequenos buracos onde você só consegue colocar alguns dedos ou as digitais.”

Em cima da pedra marrom alaranjada, a cerca de 10 km da cidade, DiGiulian tem uma manobra a mais para completar antes de alcançar o ponto mais importante. Seus 13 anos de treinamento e competição fazem disso uma rotina. Seu corpo de 1,58 m sobe quase brincando.

Quando criança, em Alexandria, no estado americano de Virgínia, Sasha praticou todos os esportes, desde natação

Entre as primeiras escaladas de DiGiulian estão as subidas do Bellavista, uma esca- lada de nível 5,14b (o mais alto entre os escaladores), nas Dolomitas italianas, e do Pure Imagination, de 5,14d, no Red River Gorge, Kentucky (EUA)

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“ E u r e a l m e n t e n ã o s e i d o q u e

s o u c a p a z . M a s g o s t o d e

d e s c o b r i r . ”

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e futebol até tênis. Mas foi outra de suas buscas da infância que a convenceram a se dedicar ao alpinismo.

“Na época em que eu comecei a escalar, também participava de com- petições de skate”, conta. “Para praticar alguns saltos, a gente usava equipa- mentos de segurança como os usados nas escaladas. Mas eu lembro que todas as vezes em que eu colocava, tudo o que pensava era que preferiria estar nos treinos de alpinismo.”

Com o sol africano cuidadosamente deslizando pela face da rocha, DiGiulian alcança um local de descanso em Rodan. Não dá para relaxar e desfrutar da vista, trata-se de uma pausa momentânea.

Arjan de Kock, alpinista sul-africano de destaque internacional que faz o papel de anfitrião e parceiro de escalada nessa viagem, viu DiGiulian pela primeira vez aos 16 anos, em 2009, “realizando escaladas muito difíceis” na Espanha. “Acima de tudo ela é motivada, concen- trada e muito pilhada pela vida. Agora ela também está com muita confiança de que pode ir até o limite. E essa sua paixão

também faz com que a escalada alcance um público totalmente diferente.”

Depois de um ano sabático após a escola, durante o qual viajou e escalou, ela foi admitida na Columbia University, onde cursa escrita criativa com especi- alização em negócios. “Me vejo escalando pelo resto da vida”, ela diz, “mas tenho uma queda por marketing esportivo como algo que gostaria de fazer um dia.” Por enquanto, ela vive se equilibrando entre os esportes e os estudos.

Quando está no momento “garota da cidade”, DiGiulian anda de bicicleta e corre para manter a forma. Cinco dias por semana ela visita a parede indoor de Chelsea Piers, em Manhattan. Quan-do seus estudos permitem, ela viaja para competir aos finais de semana. “A carreira de Sasha no alpinismo não parece dominar sua vida”, diz a colega de quarto Ariana Dickey. “Diria que Sasha tem o mesmo tempo que qualquer outro estudante para se divertir. E mesmo durante este verão, enquanto ela viajava pelo mundo, deu uma passada para me ver, saber como eu estava.”

Enquanto está em Nova York, DiGiulian treina no muro de escalada indoor em Chelsea Piers, além de correr e pedalar

No recesso escolar de verão, DiGiulian viajou para a África do Sul para escalar umas encostas

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Em uma superfície rochosa isolada na terra onde se pescam trutas, não muito longe da fronteira oriental da África do Sul com Moçambique e o recluso Reino da Suazilândia, tudo isso parece ficar em outro mundo. Existe uma razão para que nenhuma mulher tenha conquistado Rodan antes. O corpo pequeno e ágil são pontos positivos para alguns movimentos, mas altura e força são muito importantes também. Mesmo Arjan de Kock passou perrengues por lá.

E então VUUUUUSH… e por um mo- mento a primeira do ranking feminino de escalada outdoor está pendurada, 10 metros acima de um precipício.

DiGiulian deixa que a corda em torno de sua cintura se estique, trazendo suas costas mais uma vez para o conforto da rocha e amortecendo o impacto com a perna. Rodan venceu. Mas existem outras subidas para fazer.

Enquanto caminhava entre escaladas durante uma manhã, DiGiulian avistou o que nomearia de “aquela orgulhosa e intimidante face escura que chamava a atenção. Não havia marcas de giz, mas a pedra estava projetada como se pedisse para ser escalada”. Ela e De Kock

“ P o u c o a p o u c o v o c ê

s e d á c o n t a d e q u e o q u e

a n t e s e r a i m p o s s í v e l n a v e r d a d e

é p o s s í v e l . ”

consultaram os locais e viram um projeto deixado de lado em 2008, no qual havia sido dado o nome de “Overlord” (Sobe- rano), mas que ainda não tinha sido con- quistado por ninguém. “Era tão bonito que pensei: ‘Por que não tentar?’ ”

Overlord é um teste mais difícil que Rodan. Dividido violentamente ao meio por uma protuberância, exige muita flexibilidade, trechos de escalada por fendas e uma boa dose de deslizamentos diagonais em super-fícies íngremes. Por três dias a dupla

voltou para prestar sua reverência ao Overlord. “Foi uma experiência nova”, explica DiGiulian. “Quando você está fazendo uma escalada que ainda não foi concluída, sempre tenta trabalhar uma parede se ela permitir. De certa forma, percorrê-la pela primeira vez é como montar um quebra-cabeças. Aí você percebe que o impossível é possível.”

Depois de três dias de um processo que incluiu muitas escorregadas e passos lentos, o Overlord foi conquistado. “EU CONSEGUI!” foi a proclamação de DiGiulian nas redes sociais. Logo em seguida, chegou o fiel Arjan, o segundo na escalada inédita, concordando em classificá-la como uma 8c – tecnicamente pouco atrás da melhor de Sasha, uma 9a, mas em um território ainda inexplorado.

Uma tradição do alpinismo manda que o primeiro a concluir uma escalada inédita tem o direito de escolher seu nome para sempre. DiGiulian aproveitou a chance para homenagear uma das mais importantes figuras do país, que estava no hospital a duas horas de carro dali. “Dei o nome de ‘Rolihlahla’ ”, anunciou. “É o nome do meio de Nelson Mandela. Ele é um dos maiores homens da história, é comovente estar aqui em um momento tão crítico para o país.”

A tradução desse nome é “Agitador”. “Gosto dessa provocação”, prossegue DiGiulian. “Você está ali se arriscando a sofrer quedas perigosas. É um agito! Você sobe e faz uma bagunça na pedra, subjugando a gravidade e o medo. É uma forma de rebeldia.”

Ao ir embora, DiGiulian para e observa Rodan, a única escalada que ela não con- seguiu. “Essa vai ficar para a próxima vez que eu voltar aqui.”Veja Sasha na internet: www.sasha-digiulian.com

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D o i s d i n a m a r q u e s e s e stã o t ra b a l h a n d o e m u m p ro g ra m a e s p a c i a l p a r t i c u l a r. D e n t ro d e c i n co a n o s, u m d e l e s e n t ra rá e m ó r b i ta a b o r d o d o fo g u ete q u e co n st r u í ra m

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Peter Madsen (à esqu.) e Kristian

von Bengtson em Copenhague:

os responsáveis pela construção do foguete

espacial. O lança- mento do HEAT 1X, de fabricação própria, foi

feito no Mar Báltico: “Somos supersônicos”

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“ Te n h o m a i s m e d o d e m o r re r s oz i n h o e m u m a s i l o d o q u e

a b o r d o d e u m fo g u ete c a s e i ro” , Peter Madsen

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p Duzentos mil cavalos pressionam Peter com uma força de 4G contra seu banco. Isso representa quatro vezes o peso de seu corpo. “Esse é o meu melhor momento”, é a frase que passa por sua cabeça. Peter entra em órbita na ponta de seu foguete caseiro HEAT 1600. Essa cena passa muitas vezes por sua cabeça quando se deita de noite em um colchão debaixo da mesa de trabalho. Algumas horas de sono e um café de máquina mais tarde, ele continua seu trabalho no galpão HAB (Horizontal Assembly Building) da empresa Copenhagen Suborbitals, que Madsen fundou em 2008 com seu parceiro Kristian von Bengtson.

Quando esse sonho se tornará uma realidade? Em quatro anos? Em cinco? Madsen terá 50 anos... Mas o projetista e empresário tem a certeza de que o sonho se tornará uma realidade. O HAB é um simples galpão de ferro localizado em um estaleiro abandonado nos arredores de Copenhague. Aqui, Peter Madsen solda, martela, perfura e bate para construir seu sonho.

Por que aqui e não na Nasa? “A Nasa trabalha com muitas empresas que constroem propulsores. Eles me enviariam para trabalhar em uma empresa como a Pratt & Whitney Rocketdyne. Lá eu seria uma pequena peça de uma grande engrenagem. Isso não me faria feliz e seria desastroso. Na nossa empresa, a Copenhagen Suborbitals, eu que tomo as decisões e posso construir um foguete a partir do zero, em vez de ser responsável por apenas um detalhe. Quero pôr a mão na massa, criar o projeto e depois voltar a soldar. Eu amo isso!”

O arquiteto espacial Kristian von Bengtson trabalhou para a Nasa, mas renunciou porque todos

os seus projetos acabavam no lixo. No programa de via-gem de volta à Lua, chamado Constellation, ele projetou os interiores da nave espacial, porém foi encerrado pelo presidente dos EUA, Barack Obama.

Quando Kristian estava cansado de apresentações no PowerPoint e modelos

Em 2008, Peter e Kristian criaram a empresa Copenhagen Suborbitals. O objetivo era construir um fo- guete a partir do zero. À esquerda: desenho do estudo da cápsula com assento. Energia recheada de tecnologia

ete r M a d s e n co l o c a u m a foto d e s u a e s p o s a S i r i d

n o p a i n e l d e co n t ro l e. U m a u x i l i a r fe c h a a e s cot i l h a p o r fo ra . M a d s e n d á u m tc h a u z i n h o e s e u co ra ç ã o b a te fo r te. C o n ta g e m re g re ss i va : “ Trê s, d o i s, u m , ze ro ! ” – e e n tã o s ã o a c i o n a d o s q u a t ro m oto re s d o fo g u ete.

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Cr

edit

:

teóricos, leu em um jornal sobre Peter Madsen que o mesmo tinha construído o maior submarino parti-cular do mundo e que seu próximo projeto seria ir pessoalmente para o espaço num foguete.

Kristian ficou fascinado e se reuniu com Peter em sua casa, que na época era o Nautilus – um submarino de 34 toneladas construído por ele. Submarinos são como cápsulas espaciais: recheados de tecnologia, com um escudo protetor para enfrentar um ambiente hostil. Kristian tem uma certeza: somente com

N a v i d a , P ete r n u n c a teve p ro b l e m a co m a q u i l o q u e

m u i ta s p e ss o a s te m e m : s e r r i d i c u l a r i za d a s p e l o s o u t ro s

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dinheiro; empresas patrocinam aço, equipamentos e combustível para novas experiências; o clube de apoiadores tem 300 membros, cada um pagando € 13 por mês. Semanalmente, Peter posta os pro- gressos no blog ingeniøren. Leitores dão conselhos e profissionais se apresentam no HAB para oferecer ajuda com frequência.

No verão seguinte, a plataforma de lançamento, feita de antigos trilhos de trem, é levada nova-mente para o Mar Báltico. Na segunda tentativa com o HeAt 1X, 25 mil leitores do ingeniøren acompanham o evento pela web. O canal de televisão dinamarquês tV2 envia um helicóptero e uma equipe de reportagem para cobrir o evento ao vivo.

O motor é acionado, e já na contagem “um”, os espectadores veem um rastro de fogo e o fogue-

te sendo lançado ao céu. O público que acompanha o lançamento de dentro do planetário de Copenhague não consegue mais ficar sentado. eles gritam, batem palmas, levantam as mãos.

depois de dois segundos, Peter, observando o Mar Báltico, comenta: “Somos supersônicos”, usando jargão da Nasa. Mas, de repente, o foguete dá uma guinada como um fogo de artifício e chega apenas a 2,8 km de altura e não aos 16 km planejados.

O paraquedas da microssonda não abre direito e rescue randy, dentro de sua microcápsula, cai com força na água. Quando a equipe resgata o tubo de aço, verifica que está muito danificado: um homem não teria sobrevivido a esse acidente. No entanto, ninguém tira uma com a cara deles.

O número de membros do clube de apoiadores sobe para 450. Por que o foguete não funcionou na primeira contagem regressiva? “Provavelmente foi um contato elétrico defeituoso”, diz Kristian. Por que funcionou na segunda contagem regressiva? “então, esse é o problema dos contatos elétricos: às vezes a corrente flui.”

No verão de 2012, Peter e Kristian testam um assento ejetável para uma nova cápsula espacial,

o Peter ele conseguiria reali-zar seu sonho. eles trocaram ideias e fizeram planos: Peter garante que o foguete chegue a 100 km de altitude e Kristian assegura que Peter sobreviva ao voo. Como eles planejam um voo suborbital – uma via-gem de 15 minutos pelo espa-ço –, batizaram o programa de Copenhagen Suborbitals.

As primeiras tarefas são claras. Peter cuida da construção do foguete e Kristian da cápsula e dos paraquedas. Para começar, os dois compram chapas e placas de cortiça. “A cortiça é um isolante térmico fantástico”, diz Kristian. “ela suporta mais de 1000 graus Celsius.”

em junho de 2010, o Nautilus reboca a primeira plataforma de lançamento, chamada de Sputnik, para o Mar Báltico. em cima da plataforma está o primeiro foguete, o HeAt 1X, com 9 metros de comprimento, 2 toneladas de peso e capacidade de atingir 16 km de altitude.

Na microssonda no topo do foguete está rescue randy, o manequim que se vê pela cúpula de acrílico. depois que o fogo queimar, rescue randy deve retornar com segurança à superfície da água por paraquedas. A unidade de acionamento contém 500 litros de oxigênio líquido que serão jogados no bloco de 500 quilos de borracha especial, onde serão incendiados.

Nos barcos que acompanham o lançamento estão a imprensa nacional e internacional, prontas para registrar o evento: “...três, dois, um, zero”. e nada acontece. O foguete não se move. O oxigênio líquido, refrigerado a 183 graus negativos, congelou uma válvula. A pilha do secador de cabelo, comprado por € 10 no supermercado, morreu. ele que deveria ter mantido a válvula funcionando. Mas não são só os homens-foguete que recebem críticas. tem muita gente envolvida no projeto: pessoas físicas doam

Em um galpão de ferro no porto de Cope- nhague (à dir.), Peter trabalha seu sonho. Em 2018, ele quer entrar em órbita a bordo de seu foguete, porém, até lá, o boneco Rescue Randy (abaixo) fará os voos de teste

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em forma de cone truncado. Em junho de 2013, um passo decisivo: a guinada do HEAT 1X mostrou que os foguetes precisam de um controle ativo. Assim, o novo foguete de teste de 4,5 metros, chamado Sapphire, terá quatro lemes feitos de cobre abaixo do motor. Um programador do grupo de apoiadores trabalhou meses num software que controla o trajeto de voo do foguete 500 vezes por segundo e vai corrigindo-o constantemente por meio dos lemes.

Mais uma vez a equipe está no Mar Báltico, agora apoi- ada pelo Vostok, um antigo navio de resgate alemão, que funciona como centro de controle. (Peter havia postado no blog que preci- sava do navio. Em poucos dias arrecadaram € 40 mil em doações para comprá-lo.)

O Sapphire dispara em direção ao céu, em linha reta, perfeita. Assim que ele ameaça sair da rota, os lemes

o trazem de volta ao trajeto em uma questão de milissegundos. A 1239 km por hora, o foguete atinge 8,3 km de altitude. “Um grande sucesso”, comemora Ingeniøren. Por que o paraquedas novamente falha e o foguete afunda no Mar Báltico? A equipe está trabalhando em um novo mecanismo de liberação. A próxima meta, para o verão de 2014, é integrar o controle ativo no HEAT 2X, um foguete de 3 metros que já está sendo feito no HAB e que deve ter um motor de 200 mil cavalos de potência.

O HEAT 2X não tem mais motor híbrido com bor-racha especial – agora trata-se de um foguete líquido, alimentado por álcool e oxigênio líquido. O foguete é um modelo 1:03 do projeto final do HEAT 1600, uma cópia do foguete V2 do pioneiro Wernher von Braun. Esse foguete, que levará Peter ao espaço, deverá ser lançado no verão de 2015, inicialmente com Rescue Randy a bordo.

Em 2018, Peter quer estar sentado na cápsula. Em toda sua vida ele nunca teve problema com aquilo que muitas pessoas temem: ser ridicularizado pelos outros. “Criar um teatro. Navegar ao redor do mundo.” O medo do fracasso afasta as pessoas. “Não fazemos nada que consideramos arriscado economicamente ou pessoalmente.”

Mas, no projeto do foguete, Peter até arrisca sua vida: “Aos 40 anos de idade, muitos se conven-cem que têm um trabalho chato, uma casa chata, uma mulher chata. Eu tento não ficar entediado. Tenho mais medo de morrer sozinho em um asilo do que a bordo de um foguete caseiro”.

Os pertences pessoais de Peter cabem em dois sacos plásticos. Ele abandonou a faculdade de enge-nharia mecânica e vários outros cursos. Antes de casar com Sirid e morar com ela (e ela fazer uma tatuagem de uma cápsula espacial no braço), viveu em oficinas e em submarinos. Peter nunca quis fazer carreira. Ele queria só construir submarinos e (espe-cialmente) foguetes, porque os considera míticos e bonitos pela sua força titânica.

Quando finalizou o pri- meiro de seus três submarinos e queria apresentá-lo, havia uma multidão no cais, repleta de técnicos e engenheiros. Um deles gritava: “Você fez curso de solda?”. Peter respondeu “Sim!”, e o homem gritou de volta: “Você foi reprovado?” Peter diz que “o cara tinha a intenção de magoar”.

Até hoje Peter Madsen já fez mil mergulhos com seu submarino. Ele e Kristian vivem seus sonhos e o de muitos outros: atualmente, a Copenhagen Suborbitals tem 40 voluntários e 800 apoiadores. Muitos são engenheiros e técnicos, e quase todos precisam conciliar com seus trabalhos do dia a dia. “A gente, no entanto, faz todos os dias o que quer fa-zer”, diz Kristian. “Quando eu posto no blog notícias sobre o nosso projeto, escrevo em uma linguagem técnica”, diz Peter. É a sua maneira de conquistar o leitor: “O que realmente fascina é a poesia dessa missão absurda”.

Às vezes, Peter não suporta o barulho e as pessoas que trabalham no HAB. Então ele passeia pelo esta-leiro. Entre o asfalto e as ruínas de concreto, brotam flores. Abelhas voam sobre elas. Seu barulhinho pa-rece uma máquina. As abelhas têm um corpo grosso e asas pequenas. É incrível que elas consigam voar. Mas elas voam. www.copenhagensuborbitals.com

Acima: ajudantes alçam componentes do foguete Sapphire. Abaixo: o fundador da empresa, Peter Madsen: “Aqueles que nos apoiam são fascinados pela poesia dessa missão absurda”

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Preparativos para o lançamento do foguete

Sapphire em junho de 2013: “Todo dia a gente

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Como uma águia

Shane McConkey morreu fazendo o que amava fazer. Para sua viúva, Sherry, esse fato é o que a faz seguir em frentePor: ann Donahue

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Shane McConkey e Miles Daisher pulam de BASE-

jump de um bondinho em Whistler, Canadá

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A verdade dura e fria é que em março de 2009 Shane McConkey – um inovador nos esportes de aventura, pioneiro da mais nova modalidade de saltos com esquis – morreu aos 39 anos quando seu equipamento falhou durante um salto nas montanhas Dolomitas, na Itália. Aos 41 anos de idade, Sherry se tornou viúva e com uma filha de 3 anos para criar.

De origem sul-africana, Sherry é uma fortaleza compacta e ágil: vive em Squaw Valley e acompanha atletas feridos em acidentes de esqui no seu processo de reabilitação com ajuda da ioga. Seu nome próprio é Scheherazade, devido à herança persa e em honra à famosa contadora de histórias das Mil e Uma Noites. Ela usa um colar com diversos pingentes – um é o anel de Shane e outro tem a inscrição com uma frase atribuída a Leonardo da Vinci: “Uma vez tendo experimentado fo

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voar, caminharás para sempre sobre a terra de olhos postos no céu, pois é para lá que tencionas voltar”.

Para Sherry, os quatro anos desde que seu marido morreu têm sido de um borrão sombrio, com dois momentos de grande clareza: primeiro, quando percebeu que precisava controlar o luto como forma de dar exemplo à filha, Ayla. E segundo, o de que apesar dos altos riscos que seu marido assumiu na carreira, ela tinha que provar o amor inquestionável de Shane por sua família.

the red bulletin: Como você está lidando com o documentário? sherry mcconkey: É difícil, mas eu sei que bem no fundo é o que eu quero, é o que Shane iria querer e eu quero que Ayla tenha algo realmente incrível. Eu sabia que demoraria e que seria muito duro. não superei a perda ainda. E é porque isso está bem na minha cara o tempo todo e é uma lembrança constante. Mas não é uma coisa ruim. Sempre me recordarei dele, goste disso ou não.

Quando Shane morreu, primeiro ouvi muitas observações negativas, comentá-rios online do tipo: “Como ele poderia ser um bom pai? Como ele poderia amar você se ele foi fazer esse tipo de coisa?” Aí eu ficava sentada remoendo isso na cabeça. não é possível alguém sair [do filme] e dizer que aquele homem não era um pai amoroso e um marido incrível.Ayla viu o filme?Ela viu as partes relacionadas a ela e a nosso casamento; ela dá risadinhas de prazer e eu fico atrás dela tipo... [faz uma mímica de choro]. foi duro para ela e é muito difícil para mim chorar na frente de Ayla. Sabe, a gente é muito ligada. E você deve lembrar de como era ver seus parentes chorarem, você enlouquece. É horrível – e eles não choram. E, quando choram, é por algo sério. Mas uma amiga me disse que às vezes é bom para ela ver essa emoção e como amo Shane. Então, quando ela viu o filme, falei: “Preciso te contar, eu vou chorar, pois é muito difícil para mim. tenho saudade do papai”. Dava para notar que era desconfortável para ela, mas ela entendeu. E, depois da cena que ela aparece, corta para a Itália e ela disse: “Eles vão mostrar o papai

“Não é possível que alguém fale que aquele homem

não era um marido incrível e um pai amoroso”

Sherry McConkey se lembra de uma conversa que teve com o marido, Shane. Foi um daqueles momentos numa relação em

que as perguntas são rápidas e firmes e a sede por detalhes – não importa quão pequenos nem quão bobos – é da mais absoluta importância.

“Quando você morrer, como gostaria de voltar à vida?”, Sherry perguntou. A resposta de Shane foi instantânea. “Como uma águia”, disse.

Naquele momento, Sherry soube tudo o que precisava saber sobre Shane McConkey. Porque ela quer reencarnar como uma águia, também.

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McConkey mudou o esqui livre com seu design inovador. Depois de escolher o BASE-jumping como hobby, ele se tornou o primeiro esquiador e BASE-jumper do mundo

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que se encerraria. E eu estava tão ansiosa para que as pessoas vissem o Shane da forma que queríamos.

Eu vi diversas vezes, mas estava com muito medo de assistir na frente de todo mundo. Eu só tinha visto com alguns amigos, mesmo assim tive que parar.

Foi muito difícil. Tinha uma rota de fuga se quisesse sair, tinha meus amigos em volta e... foi simplesmente uma paulada. Olhei em volta em determinado momento, obviamente chorando – e todo mundo também chorava. Eu pensei: “Todo mundo vai chorar nessa parte, porque é triste e é lindo também”.O filme vai ser exibido em várias salas dos EUA. Você vai acompanhar alguma dessas exibições?Não sei até que ponto posso ver esse filme. Estou muito feliz por Squaw. É minha fa-mília e eles estão tão felizes de ver o filme acontecer, deram um incentivo tão incrível nestes anos todos. Eu também queria vê-lo em uma grande cidade, não apenas em uma vila esportiva como aqui. Uma mu-lher se levantou do filme em Nova York e disse: “Agora eu vou viver minha vida”. FO

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“ Uma mulher saiu da sessão e disse: ‘Agora vou viver minha vida’. Era isso que a gente queria.”

morrendo?” E é claro que não mostram. Mas foi muito sofrido mesmo assim ver as preparações para o último salto. Foi uma grande conversa.

Fiquei paralisada pensando que eles fossem mostrar, sendo que não era neces-sário. Mas a coisa transcorreu da melhor forma. Na minha opinião, preferiria não ter visto a saída [para o salto] pois aque-les foram seus últimos momentos. Não é divertido ver. Sou sua mulher e, obvia-mente, vou odiar assistir. Mesmo que todo mundo pense que é tranquilo, ainda assim vou detestar. Mas a filmagem é bo-nita, o cenário, foi isso o que aconteceu. Em seu último instante, ele fez um double flip. Confiei nos diretores, se eles achassem necessário, mas eles tinham que parar onde eu queria parar. E me escutaram.Como foi a estreia de McConkey no festival de Tribeca?É aquela ansiedade de ir para Nova York – mais do que nunca na minha vida. Era como se eu estivesse indo para um casa-mento e um funeral ao mesmo tempo. Eu estava animada porque parte de mim avançaria, mas também é um capítulo

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A vida e a carreira de McConkey é contada

no documentário McConkey, disponível

para download no iTunes.

Na foto menor: Sherry McConkey

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McConkey teve sua première mundial no festival de Tribeca, em abril, na cidade de Nova York. Para mais informações, acesse: mcconkeymovie.com

AÇÃO

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É isso que nós queríamos. Esse homem incrível era tão engraçado e brincalhão. Ele não ligava para o que as outras pessoas pensavam. O melhor não é nem o fato de que era um atleta incrível – sua perso-nalidade era muito contagiante.Como você e Shane se conheceram?Eu o vi pela cidade, mas não o conhecia. Ele era esquiador, eu era uma snowboarder – públicos diferentes. Começamos a andar de bicicleta juntos e então foi inevitável. A gente se divertia, ele era muito engra- çado. Um palhação que me fazia rir.Ele era famoso. Isso foi estranho?Ele nunca foi famoso para mim. Via seus filmes ou via ele nos saltos e dizia: “Uau!”, mas ele não me parecia famoso. Era humilde – bem, não humilde, mas ele sabia do que era capaz. Era sua paixão. Ele não era metidão. É o que ele amava fazer e isso transpirava naturalmente. Acredito que ele é mais famoso agora.Um dos meus momentos favoritos do filme é quando você faz seu primeiro BASE-jump.No meu primeiro salto eu estava muito assustada, mas foi muito bom. Queria ir de novo, então saltei mais algumas vezes. É o tipo do esporte em que você realmente quer ser um bom paraquedista. Você quer muito ser um daqueles atletas ligeiros que você idealiza, que pensa as coisas rápido. Acho que é melhor começar quando se é jovem e tem mais coragem. Eu comecei quando tinha 35 anos, o que é muito. Então pratiquei paraquedismo e fiquei um pouco mais confortável com isso – e então fui nocauteada. [Risos.] E hoje eu não consigo mais. Sem chance.Depois da morte de Shane, por que você deu início à Shane McConkey Foundation?A princípio eu só queria realizar alguma coisa no aniversário [de sua morte]. Senti muita pressão – as pessoas olhavam para mim e diziam: “O que você vai fazer?” E foi uma oportunidade de levantar fundos e estimular a conscientização. Fizemos

Shane na telona Para os atletas que conhe-ciam Shane McConkey, o documentário sobre sua vida foi um olhar incisivo sobre a entrega de alguém a uma paixão – apesar do preço que pode custar

Miles Daisher (esquerda)Paraquedista, Base-jumPer“O filme me deixou bastante emocionado. Foi bom rir do seu humor insano e relembrar alguns grandes momentos de nossa vida. O fim foi trágico. Você sabia que aconteceria mesmo sem conhecer Shane, como mostra logo no começo do filme.”

Charles Bryan (direita)Paraquedista, Base-jumPer“O filme foi uma experiência ótima. Não conhecia o Shane esquiador, como a maioria das pessoas conhe-cia; a gente era amigo no paraque-dismo e no BASE-jumping. Soube de sua fama e influência no esqui mais tarde. É uma realidade triste, a dos perigos dos esportes aéreos. A de todos os esportes, na verdade.”

“ Todo mundo vai chorar, porque é triste e lindo”

Sherry McConkey e Pedro, seu cachorro, em Squaw Valley, Califórnia

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uma daquelas coisas que ele gostava de fazer: levar um Mickey para esquiar com todo mundo fazendo bobeira, sem levar a vida tão a sério. É uma competição, um downhill com esquis, o que é ridículo, e todo mundo se fantasia. Como meninas da dança do ventre, ou prostitutas, ou tudo junto. [Risos.] É uma ocasião de gala; é superdivertido. Nós demos início a equi-pes sustentáveis nas escolas daqui, quero fazer mais eventos de conscientização ecológica na região.Parece bem cansativo.É um emprego full-time que não paga nada. [Risos.] Para mim, é como prolongar minha dor, mas não acredito que algum dia conseguirei superar. E por que deveria? Eu o amava. Ele era minha alma gêmea. Quero que Ayla veja que tanto seu pai quanto sua mãe eram pessoas apaixona-das por este mundo, e eu quero continuar fazendo isso. Ele deu tanta coisa para mim. E não foi apenas amor e companhei-rismo, foi coragem de fazer coisas que eu nunca tinha feito. O que você aprendeu sobre o luto?A única forma de superar esse luto, obvia-mente, foi Ayla. Quero ser uma mãe forte e mostrar a ela que seu pai me deu a cora-gem de fazer as coisas que precisava fazer. E esportes. Se eu não tivesse minha mountain bike, não sei o que seria de mim. É com ela que posso sair e deixar fluir toda minha raiva ou ficar sozinha algumas horas e ver como o mundo é bonito. Não tenho mais o Shane para brigar [risos], então tenho que extravasar em uma volta de bike. Você vai bastante no túmulo dele, no Squaw Valley?Squaw deu a ele o Ninho da Águia [reba-tizando o difícil circuito de esqui em sua homenagem], e isso foi bem apropriado. Nós tínhamos essa ligação com as águias – a gente conversava: “Quando morrer, como você gostaria de reencarnar?” E nós dois dissemos: “Como águias, claro”. Você pode levantar voo e planar. Não poderia ter uma homenagem melhor. A mais bela vista de uma de suas montanhas favoritas. Tirei fotos de uma águia-real lá em cima sentada. Subi lá no dia do seu aniversário e tinha águias-reais voando. É tão estra-nho. Nunca tinha visto elas lá em cima antes. E agora vejo o tempo todo.www.mcconkeymovie.com

3P: Scott GaffneyAmigo de longa data de Shane e codiretor da pro-dutora de vídeos de esqui MSP Films, ele é um dos diretores de McConkeythe red bulletin: Quais foram os desafios de pesquisar todas as imagens de Shane McConkey em ação? scott gaffney: Sou ridiculari- zado pelos outros caras da MSP Films por ser nerd e saber tudo de filmagem. Mas por acaso eu estava presente como cinegrafista em cerca de 80% da carreira de Shane como esquiador... Sei o que aconteceu, onde e quando e quais foram suas emoções. Mas os BASE-jumpers também são nerds de câmeras – se Shane e outros três caras fossem pular de uma antena, três deles provavelmente estariam com câmeras nos capacetes. Então, demorou um tempo, mas eu sabia o que significaria muito para ele e o que era apenas mais uma filmagem. Como você trabalhou com sua mulher, Sherry, na criação do filme? Queríamos que Sherry desse a última palavra. Suas entrevistas obviamente deram um conjunto ao filme. Ficamos muito orgulhosos porque ela ficou bem impressionada com o resultado final.O que a estreia de McConkey no Tribeca significou para o filme? Só de ter sido aceito foi a afirmação de que Shane era alguém que merecia atenção fora do mundo esportivo. A gente é meio excluído por sermos “viciados em adrenalina”, embora Shane constantemente rejeitasse esse rótulo. O que ele fazia significava muito mais para ele.

Chris Davenport (direita)ESQuiAdOr“Contar a história de qualquer vida, mesmo que seja curta, é uma tarefa difícil. Shane era um brincalhão e amante das coisas divertidas, o filme é bem-sucedido mesmo que seu falecimento e a história por trás dele sejam tristes. O espectador é lembrado que se divertir na vida é da mais absoluta importância.”

Jt holmes (direita)ESQuiAdOr, BASE-juMPEr“É um grande tributo e um triunfo, considerando a tarefa desafiadora de fazer justiça à vida e ao legado de Shane. Claro, havia muito mate-rial para trabalhar na história, já que o conteúdo é convincente, mas as expectativas daqueles que o co-nheciam eram extremamente altas. É para se orgulhar desse filme.”

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O barco de corrida Fendi 8 LFF8 na UIM Offshore Powerboat Grand Prix, em Istambul, Turquia

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A vida no limite no campeonato mundial de lanchasPor: Noel Ebdon

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A CORRIDA DE LANCHAs OffsHORE CLAss 1 é A MAIs ALTA CATEgORIA DA MODALIDADE

As lanchas roncam seus motores pela água no começo da corrida, com o Victory 3 abrindo na frente

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Ameia-noite se aproxima no primeiro dia de corrida e os boxes ainda fervilham. Mecânicos e integrantes das equipes se empurram, alguns carregando peças de reposição para as máquinas de perfor-mance, outros carregando partes desgas-tadas pela corrida que precisam ser lavadas para tirar a água salgada. Componentes descartados estão espalhados pelo chão. Não é Fórmula 1.

Faltam menos de 12 horas até a segun-da corrida do UIM Offshore Powerboat Grand Prix, em Istambul, na Turquia, e o barco Victory 3 tem os dois motores removidos. Pouco antes, o barco, com seus dois pilotos, o condutor Arif Saif Al Zafeen e o acelerador Mohammed Al Marri, caiu fora na primeira das duas corridas do fim de semana, danificando motores e dando um grande trabalho para a equipe Victory, de Dubai.

“Essas coisas acontecem. A gente segue em frente, mesmo com Mohammed tendo sofrido um choque na cabeça”, disse Al Zafeen após o acidente. “Se conseguirem consertar os motores, a gente volta na segunda corrida.”

Os boxes, conhecidos também como “boxes molhados” nessas corridas, estão localizados em uma bem-acabada área da marina. Essa é uma corrida de lanchas offshore Class 1, a mais alta categoria dessa modalidade. De cima de um guin-daste que levanta os barcos, um cara de barba por fazer observa a loucura com jeito de quem gostaria de estar na cama.

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O Victory 3 necessita de reparos em sua estrutura, ainda que o casco tenha aguentado bem ter sido arremessado com toda a força. Ambos os motores precisaram ser reconstruídos, e todas as partes que sobreviveram à transformação precisam ter a água do mar retirada. A equipe terá uma longa noite pela frente.

Por todos os lados, mecânicos da Fendi Racing estão sentados em cadeiras de ar-mar, tomando uma gelada em celebração ao barco que está preparado, limpo e arrumado, pronto para o dia seguinte. Esses caras sabem que poderiam ser eles que iriam varar a noite trabalhando. O mar não escolhe o lado quando faz suas vítimas na água, quando há colisão em alta velocidade. O oceano não é nem um pouco fofo. Ele pode ser tão duro quanto o concreto e, depois de ter destruí-do seu meio de transporte, ainda vai tentar te afogar. O segundo barco da Fendi Racing terminou em terceiro na primeira corrida, de forma que os responsáveis têm direito a uma bebidinha de comemoração. Sob holofotes erguidos às pressas cercados por mariposas esvoaçantes, os mecânicos

O BARCO PODE TANTO vOAR E RODAR NA suPERfíCiE da equipe Victory realizam reparos. Um engenheiro de software aparece no cockpit do barco para fazer ajustes nos equipamentos eletrônicos.

N ós podemos baixar to-dos os dados do motor para um laptop a fim de descobrir onde esta-mos indo mal e o que os motores estão fazen-do”, afirma Stephen Phillips, um engenheiro eletrônico da equipe Victory. “Mas nós con-seguimos isso apenas antes ou depois da cor-rida, porque eles bani-

ram a telemetria ao vivo alguns anos atrás para tentar manter os custos baixos.”

A cabine é úmida e cheira a suor mo-lhado. Os assentos, com o do piloto na direita, são bem próximos uns dos outros, separados apenas por uma barra central de sustentação que se estende pela cabine. No casco, à frente e ao lado de cada assento

há uma escotilha. Dentro dela, parece mais um tanque do que com um veículo de alta performance.

Os controles são: duas telas mostrando informações de GPS, algumas chaves, um volante como o de um carro de corrida e dois aceleradores de mão. Não há nada ali que não precise estar ali. Esse é o tipo do lugar em que a maioria das pessoas não quer passar mais que alguns minutos.

A corrida de lanchas é um esporte gla-mouroso, sexy, em que os pilotos testam suas habilidades uns contra os outros em perigo extremo, mas participar é um tra-balho cheio de dureza, calor e desprazer.

A corrida de lanchas não é um esporte para os jovens. A maioria dos competidores já passou dos 40 anos; muitas de suas com- panheiras femininas não têm essa idade. Os homens, como as mulheres, estão no local simplesmente pela emoção do es- porte. A adulação e os prêmios são ambos relativamente pequenos. Os patrocinadores de alto nível não estão nesse esporte. Algumas equipes são como brinquedos de homens ricos; outros são bancados por entidades de turismo nacionais.

Em sentido horário, a partir da direita: a equipe Abu Dhabi se acidenta; os mecânicos da Victory fazem checagens de última hora; o motor de 8,2 litros V12 da Fendi Racing; um membro da equipe aperta os cintos de segurança de Giovanni Carpitella, da Fendi Racing

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DA ÁGuA COMO PEGAR uMA ONDA E CAPOTAR os barcos têm uma velocidade máxima

de 128 nós (255 km/h). o casco está quase que completamente fora d’água pela maior parte do tempo. se a potência for muito pequena, o barco não vai ficar sobre a superfície; se for demais, ele vai virar o bico para trás. “Manter o barco na inclinação certa é crucial”, diz ragesh elayadeth, gestor da equipe Victory. “se conseguir fazer com que o barco corra nesse equilíbrio, então você está no caminho certo para vencer.”

a potência é controlada pelo acele- rador, que usa dois aceleradores de mão. eles estão conectados a cabos que se enre-dam embaixo da cabine, os quais por sua vez estão conectados a dois motores V12 grandes, escondidos debaixo do convés do barco, cada um capaz de produzir 850 hp.

o condutor toma conta da direção. ao fazer conversões, o timoneiro pilota de forma fechada o bastante para contor-nar a curva, enquanto o acelerador tam-bém usa os motores gêmeos para ajudar o barco na curva. se os dois pilotos não estiverem em sincronia um com o outro e com o veículo, o barco pode tanto virar,

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OS NÚMEROS DA CORRIDA DE LANCHA COLOCAM O ESPORTE ENTRE OS MAIS PERIGOSOS DO MUNDO

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pulando e girando na superfície da água, como pode pegar uma onda e capotar.

No domingo da Corrida 2, o céu está mais limpo. dez minutos antes do início, os pilotos colocam seus coletes salva-vidas e se jogam para dentro das cabi-nes. as escotilhas são abertas e trancadas. os motores de arran-que começam a roncar.

Uma lancha é pro- jetada de forma que

a cabine permaneça intacta no caso de um acidente, mas o que acontece na vida real e o que foi projetado nem sempre são a mesma coisa. Quando comparada com outros esportes de velocidade, esta cor- rida é uma das mais perigosas do mundo. desde 1972, 25 pilotos morreram em

“estamos bem”, diz o condutor faleh al mansoori, enquanto caminha para dentro dos boxes, sem dizer mais nada.

Capotagem é apenas mais uma das muitas maneiras de afundar Us$ 1 milhão no mar em uma corrida de lanchas. tem também a “submarinagem”, que é quando o barco decola antes de mergu-lhar de bico. É tão forte que pode muitas vezes separar o convés do casco, feito uma lata de sardinha.

depois do recomeço, o Victory 3 acelera para primeiro. fendi chega em segundo com os vencedores da primeira corrida, a equipe hub australia, em terceiro.

as corridas de lancha em alto-mar são grandes, perigosas e elitizadas. o dinheiro é a principal exigência para participar. Por esse motivo, provavelmente vai se manter para sempre como um esporte de nicho. mas é isso que o torna interes-sante. ele é mais restrito que a f1, mas é também mais atrelado à corrida do que ao circo como um todo.

de volta aos boxes, a parte superior foi removida de um dos blocos de motor da abu dhabi, e um mecânico está dando partida no motor à mão, fazendo jorrar uma cascata de água para fora.

Um mecânico carrega uma peça que-brada da lataria para fora da área de consertos. “outra noite longa”, ele diz.

corridas de lancha assim, incluindo qua-tro acidentes que mataram dois homens e um no qual três morreram. no mesmo período, 16 morreram na fórmula 1, seis dos quais durante GPs.

no mar em frente à marina, os barcos rumam para a linha de largada. Com as lanchas, o som é como o de uma turbina em baixa velocidade, diferente da f1.

Quando a bandeira abaixa, o rugido das máquinas é alto. a aparência dos barcos faz com que pareçam malvados.

nos primeiros momentos da corrida, eles quicam na água. o barco Victory 3 parece estar correndo sem problemas. os mecânicos estão tomando baldes de café no trailer da equipe. de repente, o barco da equipe abu dhabi capota, ficando de cabeça para baixo no meio do circuito. toda a tripulação está bem, saindo pela escotilha de emer- gência no fundo do barco. a corrida é interrompida.

A ação rolou perto das pedras em Istambul.

O Victory 3 (abaixo), de Dubai, foi o campeão, já

o Team Abu Dhabi (esquerda) terminou em sétimo

É GRANDE E PERI-GOSO. DINHEIRO É A PRINCIPAL EXIGÊNCIA PARA PARTICIPAR

A última etapa da temporada 2013 do mundialde powerboat vai acontecer em Dubai, nos dias5 e 6 de dezembro: www.class-1.com

the red bulletin 83

Page 84: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

Um skatista profissional troca seu shape por uma betoneira e se enfia, por quatro meses,

num porão empoeirado onde não bate luz. Essa é a forma mais extrema do “faça você mesmo”?

É pura loucura? Ou as duas coisas?Por: Mike Mandl Fotos: Philipp Schuster

FAÇA VOCÊ

mesmOU

m tranquilo bairro residencial em Viena, igual a qualquer outro de periferia de uma grande cidade europeia. Uma discreta casa em frente a um jardim de infância. Tem vasos de flores no pátio e bici-cletas encostadas. Nos fundos

está um belo jardim. Do lado de dentro, um corredor estreito leva a um porão no andar de baixo. O ar parece estar parado e a luz praticamente não consegue entrar. Um buraco estreito vai até o andar de baixo. De repente, você está no meio de uma incrível pista de concreto, um verdadeiro underground de skate.

Johannes Wahl fazendo um transfer backside tailslide

84

Page 85: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

Até para pequenos reparos Elias Assmuth usa

o material pesado

Page 86: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

A partir do topo, à esquerda, em sentido

horário: foram utilizados aproximadamente

800 metros de concreto. Modelar as rampas

exigiu muita precisão, pois cada desnível

interfere diretamente na session; Elias Assmuth

afia o metal: foram mais de seis meses de construção; Frido Fiebinger conseguiu fazer um fingerflip to tail; atualmente, esta obra no

porão é a única no mundo e já se tornou lendária

Page 87: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

Aqui, o skatista profissional de Viena, Philipp Schuster, realizou um sonho com seus amigos. O lugar fica tão bem escon-dido e é tão abstrato e complexo que até skatistas acostumados a andar em bowls precisam de um tempo para absorver a realidade underground. “Muita coisa aconteceu nos últimos meses”, diz Schuster, com orgulho.

O inverno é longo na Europa Central. Isso é bom para quem curte o esqui, mas ruim para a galera do skate. Nem todos podem viajar aos países ensolarados para andar. Philipp Schuster pode – porque vive do skate – mas também não dispensa um bom lugar em casa “para curtir com os amigos, andar de skate e alimentar a alma, pois são seus amigos que te fazem ser quem você é”. Um desses caras é John Wahl, inquilino da casa e “descobridor” do porão, que passaria por uma transfor-mação inimaginável depois de ter servido como armazém de carvão.

O porão tem 5 metros de lar- gura, 10 de comprimento e 7 de altura. A ideia era criar um lugar para andar de skate durante o inverno. Quais eram os obstáculos? Toneladas de entulho e todo o lixo que nor-malmente se acumula num

porão ao longo de anos. Só tinha uma so-lução: “Faça você mesmo”. O “faça você mesmo” (conhecido como DIY, de “do it yourself”) é uma cultura onde os esforços de amadores criam algo novo com habili-dade e improvisação. Embora o resultado nem sempre seja tão bom quanto um pro-duto pronto, certamente é mais vivo e hu-mano. A motivação por trás de fazer com as próprias mãos foi em parte a diversão e em parte a criatividade. No entanto, para Schuster, o DIY é a alma do skate, sendo o começo de tudo – e continua assim até hoje. A história nos diz que, em algum momento, surfistas tiveram a ideia de para-fusar rodas de patins à prancha de madeira

O desafio não é somente andar de skate: “É sobre o que você faz com o seu potencial”

87

Page 88: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

De cima para baixo: Elias Assmuth, Johannes Wahl, Philipp Schuster, Matthew Collins e Frido Fiebinger. Por mais diferentes que sejam as per- sonalidades e histó-rias dos criadores do porão, o skate os mantém unidos e expande seus potenciais

Os primeiros skatistas também andavam em pisos irregulares: “Você usava o que tinha disponível”

para poder surfar no asfalto nos dias sem onda. Além disso, os primeiros skates eram feitos por surfistas em suas garagens. No começo, tinha a criatividade e a von- tade de fazer as coisas com suas próprias mãos. E, assim, surgiram os primeiros parques de skate e half-pipes, um processo de tentativa e erro com sucessos, excessos e falhas. “Mas o skate sempre se levantou, e por conta própria”, diz Schuster. “Faz parte errar uma manobra, juntar forças e tentar tudo de novo.”

No inverno de 2011, foram re- unidas as primeiras ideias para o porão do skate. Schuster se lembra: “Já que vai dar trabalho, deve valer a pena. O porão deveria ser algo exi-gente e desafiador, mesmo depois do passar do tempo”.

Então, por que não um bowl feito de con-creto, versátil e duro? Mesmo com as infini-tas possibilidades, eles resolveram explorar livremente as ideias do grupo, que conhece

88 the red bulletin

Page 89: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

bem as facetas do skate ao redor do mun-do. Rapidamente, Schuster e seus amigos definiram o planejamento.

O que levou mais tempo foram os tra-balhos preparatórios. “Tente tirar dezenas de metros cúbicos de entulho de um bura-co de difícil acesso. Esse foi bem difícil”, diz Schuster. Muitas horas de leva e traz de entulho. E isso foi só o começo: se são necessários dez dias para desentulhar um porão, ainda tiveram mais dez para preenchê-lo novamente.

Em outono de 2012, voltaram a traba-lhar durante o dia depois de passar o verão ao ar livre. Foram toneladas de cimento e cascalho, vergalhões, arame, madeira, uma betoneira, ferramentas e muita moti-vação. “Sem a motivação, você não con- segue descer todo esse material da rua para dois andares no subsolo”, lembra Schuster. “Sem ela, você também não aguenta o tranco, especialmente num inverno com pouquíssimo sol. Nossos amigos acham que somos loucos.”

A equipe tinha cinco pessoas, cada uma com uma habili- dade diferente. A jornada de trabalho era diária, por até 14 horas, muitas vezes em turnos. Tinha que se con-siderar tudo, da desidratação da piscina à cura prolongada

do concreto – um porão frio e úmido tem aspectos peculiares para uma construção como essa. Schuster diz que é preciso ter nervos de aço. “Depois de horas e dias sem luz do sol, em condições físicas extremas, você logo percebe seus limites. Além disso, a concretagem tem uma baixa tolerância a erros.” Foi preciso esquecer um pouco do habitual perfeccionismo na execução da obra. Os primeiros skatistas também andavam em pisos irregulares: “Você usava o que tinha disponível”. Andar de skate também significa adaptar-se – estar aberto às possibilidades é inevitável. Para Philipp Schuster este é o verdadeiro ato criativo que define o DIY na prática: “Depende de você e da sua vontade de fazer e curtir”. É por isso que ele também não lamenta que algumas partes do bowl do porão ficaram mais duras do que o esperado. Na entrada e saída, por exemplo, tem uma subida íngreme seguida por 70 centí-metros na vertical e, para concluir, uma transição: “Você precisa de muita veloci-dade para passar pelo buraco, que é a entrada e a saída da piscina. Só tem um desnível no começo da ladeira, que faz com que seja extremamente difícil”.

Trabalho em primeiro lugar: Frido Fiebinger carregando o cimento (esq.). O resultado? A paisagem mais underground pos- sível para uma sessão de skate

“Skate no Porão” se tornou uma exposição de fotos. Saiba mais em: redbull.com.br/skate

the red bulletin 89

Page 90: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

Seu MoMento.ALÉM DO COMUM

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DEIXAM SEM FÔLEGO

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UMA REVISTA ALÉM DO COMUM

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Seu MoMento.ALÉM DO COMUM

Page 91: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

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a ç ã o ! V I A G E M / E Q U I P A M E N T O / T R E I N O / M Ú S I C A / F E S T A S / C I D A D E S / B A L A D A S

aonde ir e o que fazer

Som na caixa: um teclado que é uma capa de iPad ao mesmo

tempo. MÚSICA, página 96

Sem limites: deslize pelo

gelo em uma Lamborghini

Gallardo

Velocidade no gelo V o a r b a i xo c o m u m s u p e r c a r r o p e l o s l a g o s c o n g e l a d o s d a F i n l â n d i a é u m n o V o pata m a r n o p r a z e r d e d i r i g i r MALAS PRONTAS, página 94

the red bulletin 91

Page 92: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

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Ação!Meu equipo P E N S E

v E r d EOs acessóriOs

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piores condições timberland.com

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de carbono incrivelmente baixa,

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Com a meta de reduzir a quantidade de neopre-ne, um material nocivo ao ambiente presente na roupa de banho clássica, a Patagonia traba-lhou por quatro anos com a Yulex, uma empresa do Arizona (EUA) que extrai a borracha natural do guaiúle, um arbusto do deserto.

O resultado: uma wetsuit de alta perfor- mance, feita 60% de borracha não sintética e biodegradável. Qual o único porém? Tem um cheiro parecido com o do eucalipto – o que tem seu lado bom na hora de deixar dentro do carro. “Fiz o ‘teste da Pepsi’ com nossos surfistas”, disse o diretor de surfe da Patagonia, Jason McCaffrey. “Mandei a nova roupa sem dizer nada. E eles disseram: ‘É, veste bem. A boa e velha...’ ” McCaffrey não esperava por um elogio maior.

depois que a Patagonia teve sucesso em popula-rizar sua roupa ecoló- gica, o protótipo r2, eles convidaram o resto da indústria para come-çar a usar o yulex com o objetivo de erradicar o neoprene em alguns anos. eles conseguiram. e o melhor está por vir: a meta é tornar as wetsuits do futuro 100% recicláveis.www.patagonia.com

Verde É BOm

Chega de neoprene s u r f e A s r o u pA s d e b o r r A c h A d A pAtA g o n i A s ã o fA b r i c A d A s c o m m At e r i A i s v e g e tA i s

Jason mccaffrey é diretor de surfe da Patagonia (o melhor emprego do mundo)

LãO interior é

costurado para mantê-lo quente

92 the red bulletin

guaiúleCresce em clima

árido, como o sudoeste dos EUA

Bioborracha Ideal para aqueles que são alérgicos

a látex

Page 93: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

Batidas de house, raios laser, dança- rinas seminuas e uma pista de dança cheia de top models. Isso não é uma piada. Uma noite na balada mais es- trelada em Kotor promete agito em todos os seus sentidos. A Maximus é a força noturna do nobre porto da costa montenegrina. Nobre por- que, a partir de 2014, Kotor terá mais atracadouros para superiates do que Mônaco: 50 no total – e isso também não é uma piada. A balada fica atrás da muralha medieval da cidade que, em 1979, se tornou patrimônio mundial pela Unesco, o que deixa a diversão ainda mais intensa. Antigamente, essas paredes de 2 metros de espessura protegiam Kotor dos otomanos. Hoje, elas garantem que os vizinhos não reclamem do barulho.

Modelos e iates KO T O R f i c a n a c O s Ta d e m O n T e n e g R O, j á é c h a m a d a d e “a n O va m ô n a c O ” e aT R a i e n d i n h e i R a d O s d O m u n d O T O d O

P e g a ç ã oAprendA três frAses

pArA se dAr bem nA noite de Kotor

Club maximus: a pista ferve até o sol nascer atrás das mura-lhas de Kotor

pernas torneadas no palco, batidas de house music,

raios laser e modelos na pista

Por

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ação!BALADA

1

Seus olhos têm a cor do meu Porsche.

tvoje oci imaju istu boju kao moj porše.

2

Eu perdi o meu número de telefone. Você

me dá o seu?izgubio sam svoj broj.

mogu li da dobijem tvoj?

3

Eu não te conheço? Você parece a minha próxima namorada.

da li se znamo, jer puno liciš na moju buducu

djevojku?

M o n t e n e g r o w o o d

três filmes pArA entrAr no

ClimA do pAís

mAXimUsstari Grad 433, Kotor, montenegrowww.discomaximus.com

smAsh & GrAb documentário

sobre uma quadri-lha internacional

de ladrões de joias com raízes na

sérvia e monte- negro. em mais de 500 roubos,

levaram cerca de Us$ meio bilhão.

o prínCipe dAs sombrAs

Uma história de amor com belos pores do sol, filma-da em montenegro

no período antes da guerra.

É o primeiro papel de brad pitt como

protagonista.

007 – CAsino royAle

o filme mais conhecido de montenegro

não foi filmado lá. Quando Craig per-corre Kotor, ele na realidade estava sendo filmado na república Checa e nas bahamas.

the red bulletin 93

Page 94: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

Deslizando no gelo D I R E Ç Ã O G E L A D A A L G u m A v E z v O c ê j á s E p E R G u n - t O u p O R q u E O s f I n L A n D E s E s và O b E m n O s E s p O R - t E s m O t O R I z A D O s ? pA R A E L E s , D E s L I z A R n O G E L O c O m u m A L A m b O R G h I n I é b R I n c A D E I R A D E c R I A n Ç A

FIQUE ATENTOFrIO cOmO O gElO

“É preciso ficar de olho no tempo”, avisa Daniel Eden. “Assim que você chega à lapônia, o frio vem com tudo.

Pode chegar até a -40°c. mesmo que nós mandemos infor-mações sobre como se preparar, ainda tem gente que aparece de camiseta no aeroporto. Somos esquimós.”

N ã o f i q u e d e b o b e i r a

AONDE Ir NA lAPôNIA

Enquanto crianças sonham com uma viagem à Lapô-nia para conhecer Papai Noel, adultos são levados a um frenesi similar pela ideia de ir até lá para dirigir a 100 km/h no gelo. Não que crianças sejam proibi-das de mudar do Papai Noel para supercarros.

“No ano passado, tivemos um garoto de 11 anos dirigindo uma Lamborghini”, diz Daniel Eden, proprietário da D1 Ultimate-GT, uma organizadora de passeios motorizados. “Não existe nenhuma norma ou lei em circuitos de lagos gelados. Qualquer um pode pegar o volante.” Mas são os adultos quem normalmente fazem as manobras. “Já dirigi muitos carros de corrida e de alta performance ”, diz o empre- sário alemão Frank Scheelen, que viajou à Finlândia no ano passado, “mas é aqui que você aprende a levar o carro até o limite. Não tem obstáculos no lago e eu ainda tive o tetracampeão mundial Juha Kankkunen ao meu lado dando conselhos enquanto dirigia. Então, o carro foi uma sala de aula.”

“O Porsche 911 é ótimo, você literalmente desliza. Mas o mais divertido é a Lamborghini Gallardo. Ela é muito potente. Você precisa ter reflexos rápidos para

parar o giro dela a 100 km/h, mas é assim que a adrenalina pega. Você realmente sente a potência do carro. Foi uma experiência para testar os nervos. Sei que não vou encontrar a liberdade de diri-gir assim em nenhum outro lugar.

Numa fria: a 100 km/h numa lamborghini gallardo num lago gelado na lapônia

cUrTAQuer ainda

mais adrenalina? Salte num ski-doo e acelere por uma floresta em busca

do esplendor do Polo Norte. www.experience-

-isosyote.fi

ExPlOrEPara uma folga no ronco dos motores,

pegue um trenó puxado por huskies e explore as gelei-

ras em silêncio quase total.

www.visitrovaniemi.fi

Pronto para briga “Todo motorista deveria tentar”, diz Frank Scheelen. “No gelo, você pode acelerar o carro com segurança e descobrir quais são seus limites. Você aprimora as técnicas. Agora sei o que fazer em qual-quer situação.”

cOmAPara se alimentar como os finlande-ses, é preciso co-

mer carne de rena. ravióli de rena, pescoço de rena frito ou um sim-ples bife de rena. www.monterosa.fi

O frio faz parte do dia a dia no Polo Norte

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Ação!MALAS PRONTAS

custa a partir de € 3 569 (mais taxas) para uma estadia de três dias all-inclusive incluindo um dia inteiro no circuito

www.ultimate-gt.com

94 the red bulletin

Page 95: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

Em dezembro e janeiro, Matteo Manassero se prepara fisicamente para a temporada desgastante de cerca de 25 torneios. “O treino deve incluir exercícios de resistência e de força”, diz ele. “O mais importante no golfe são músculos fortes e rápidos, especialmente nos quadris e nas pernas.Eu foco em poucas repetições, umas oito, em explosão”. Para garantir a estabilidade do tronco e a flexibilidade, Manassero completa as séries com pilates e alonga-mento. O mais importante, antes de uma partida de cinco horas de golfe, é se ali-mentar corretamente. “Me acostumei a comer um pouco de bresaola [carne curada ao ar seco] com arroz.”https://twitter.com/ManasseroMatteo

AÇÃO! EM FORMA

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A b d ô m e n , p e r n A s , g l ú t e o s“Duas coisas são importantes no golfe: tronco sólido e pernas com músculos fortes e rápidos.

Portanto, todos os meus treinos incluem agachamentos explosivos e diferentes exercícios de pilates”

1

2Q u e s t ã o d e t r e i n o

Dicas Para encaçaPar

tá na graMaQual é a fórmula para reduzir o número de tentativas de putt? “Precisa ter convicção de acertar a bola no buraco e muito treino. Minha rotina inclui 15 minutos de exercí-

cios técnicos, 20 minutos de putts a uma distância de 1,2 m

e, para finalizar, a uma distância de 6 m.”

Agachadas P R O N T O P R O G O L F E O i Ta L i a N O d E 2 0 a N O s , M aT T E O M a N a s s E R O, é u M a j O v E M E s T R E L a d O G O L F E M u N d i a L q u E F O c a E M a G a c h a M E N T O s Pa R a G a R a N T i R M ú s c u L O s F O R T E s E R á P i d O s , a L é M d E P i L aT E s Pa R a T R E i N a R a F L E x i b i L i d a d E

em 2010 Matteo Manassero se tornou o mais jovem vencedor do european tour events. em 2013 ele ganhou o BMW Pga championship

Pés alinhados com o ombro (apontado a 30° para fora), barra apoiada sobre os ombros, inspire durante

o agachamento. não incline o quadril para a frente

na sequência, voltar do agachamento expirando, levando ligeiramente o peito para cima, curvando

um pouco as costas. não esticar totalmente os joelhos

elevar as duas pernas, dobrar os joelhos a cerca de 90°, levantar o tronco do chão. O queixo vai em

direção ao peito e as mãos tocam a batata da perna

esticar as pernas e ao mesmo tempo colocar as mãos em movimento circular atrás da cabeça, contrair

os músculos da barriga. repetir o exercício 15 vezes

a tensão corporal adequada é

essencial para Matteo Manassero

the red bulletin 95

Page 96: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

Por

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a música e o mar: Jack Johnson se sente bem nesses dois ambientes. aos 17 anos, ele se classificou para o campeonato mais cobiçado do havaí (sua terra natal), o Pipeline masters. foi quando se tornou o finalista mais jovem da história. mas, em vez de

seguir carreira profissional no surfe, foi para a califórnia estudar cinema e fazer música. aí bombou. seus cinco álbuns com canções folk e acústicas, com clima de verão, já venderam 15 milhões de cópias. Para a divulgação de seu novo trabalho, From Here to Now to You, Jack Johnson, 38 anos, revela quais são as músicas que o inspiram. Trechos de músicas e datas da turnê em: www.jackjohnsonmusic.com

Jack Johnson, 38, é músico, surfista e pro-dutor de filmes

Miselu C.24eis a maneira de deixar o iPad interessante

para os músicos que vivem na estrada. O C.24 é um teclado de duas oitavas que se conecta via Bluetooth com o iPad e,

ao ser dobrado, serve como capa protetora. www.miselu.com

Quando eu era um menino, muitas vezes fui acampar com meu pai. sempre levava o walkman com a fita do álbum electric

ladyland, do Jimi Hendrix. Ouvia todas as noites para dormir, especialmente essa música que acho incrível. Os sons estranhos que Hendrix tirava de sua guitarra pareciam tão mágicos que eu também resolvi tocar.

4 5Há quatro anos, um cara na Austrália me deu um CD: Tame impala. Duran-te o resto de nossa turnê era a única

coisa que ouvia no ônibus. esses austra-lianos são inexplicavelmente bons na maneira como reproduzem o som psicodélico dos Beatles conseguindo deixá-lo atual. O segundo álbum, lonerism, é ainda melhor.

2Durante minha adolescência, no Havaí, tinha só uma boa estação de rádio que eu ouvia todos os dias. uma vez tocou essa

música e eu achei muito louca! selva-gem, cheia de energia e tão simples que me fez ter certeza de que também con-seguiria tocá-la se eu ligasse o amplifi-cador bem alto. Criei a minha primeira banda por causa desse som.

Quando eu tinha 12 anos, meu irmão me fez uma mixtape com várias músi-cas do Violent Femmes. essa música eu

ainda gosto de tocar nas passagens de som, ela é bem calma e muito boa. essa banda me influenciou na juventude como nenhuma outra, mostrando que é possível expressar a energia do punk com um violão acústico.

3eu amo a voz do Michael Kiwanuka. ela me lembra a de caras como Bill Withers e Otis Redding, mas ainda assim tem

uma sonoridade única, especial. e nessa música ela se destaca muito, é muito bonita. eu o conheci na Austrália. eu vi em um show fascinante e quis conhecê- lo em seguida. Foi aí que vi que ele é um cara muito legal.

Nos ouvidos do surfista P l ay l i s t J i m i H e n d r i x o t r a n s f o r -m o u n u m g u i ta r r i s ta , f u g a z i o f e z e n t e n d e r o P u n k : Jac k J o H n s o n fa l a s o b r e a s m ú s i ca s d e s ua v i da

Ação!Música

P o P Q u i z

QuAl MúsiCO Fez QuAl QuADRO?

T e c l a s m i l a g r o s a sGADGeT DO Mês

Bob Dylan está com quadros

em exposição na National Portrait Gallery, em lon-

dres. Mas ele não é o único músico

a explorar o mundo dos pinceis.

Respostas: a) Patti smith b) Bob

Dylan c) Paul McCartney d) Marilyn Manson

ou Bob Dylan?

Patti smith,

Marilyn Manson,

Paul McCartney,

Kim Gordon

A

b

c

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Jimi Hendrix “1983 (A Merman I Should Turn...)”

Tame Impala “Feels Like We Only Go Backwards”

Fugazi “Waiting Room”

Violent Femmes “Good Feeling”

Michael Kiwanuka “Rest”1

96 the red bulletin

Page 97: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

C u r t a s e b o a s

o melhor de novembro

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ação!Na ageNda

dança de ruao Grupo de rua de niterói foi fundado

em 1996 pelos coreógrafos bruno beltrão e rodrigo

bernardi e se apre-senta no Teatro

alfa. Formada por jovens estudantes de dança que par-ticipavam de festi-vais competitivos.

teatroalfa.com.br

9sábado

zeca baleiroa rádio nova brasil

Fm traz ao palco do Teatro bradesco

o projeto nova no Teatro. o projeto

contará com seis importantes nomes da mPb. na última sessão a apresen-

tação será de zeca baleiro.

teatrobradesco.com.br

19terça-feira

Paralamasuma das bandas

de rock mais importantes

do brasil volta aos palcos do credicard hall

neste mês: herbet vianna, bi ribeiro

e João barone con-tinuam em ótima

forma e prometem esquentar a plateia com hits clássicos.ticketsforfun.com.br

2sábado

concreto e flo-resta: o rocky man exige versatilidade

9/11, no rio de Janeiro

Rocky Mana prova de aventura mais diversificada da américa latina chega a sua segunda edição com muito fôlego. o rocky man 2013, evento que envolve canoagem, corrida, mountain bike, suP, surf e até parapente, passará pelo rio de Janeiro e premiará a equipe vencedora com us$ 20 mil. os grupos têm atletas para cada desafio, mas em modalidades coletivas, como a canoagem, o espírito de equipe fala mais alto. www.rockyman2013.com.br

sucesso em 2009, o red bull Funk-se virou Tour em 2010 e, em

2011, se encontrou de vez com o hip hop. essa grande festa não parou em 2012 e continua

em 2013. nomes como dJ sany Pitbull e mc Guimé estão confirmados para a edição paraibana, em João Pessoa. os ingressos estão à venda e custam

a partir de r$ 45.redbull.com.br

7/11, em são Paulo

apimentados

9/11, em são Paulo

Planeta Terra

13/11, em João Pessoa

Red Bull Funk-se Tour

a arena anhembi receberá a turnê “i’m With You”, da banda californiana red hot chili Peppers, que está viajando pelo país.anhembi.com.br

com nomes de peso, como lana del rey, blur, beck, The roots e bnegão em seu lineup, o Festival Planeta Terra mostra em são Paulo por que se tornou um dos festivais mais concorri-dos do país. o evento será no campo de marte e os ingressos custam a partir de r$ 350.www.planeta terra.com.br

the red bulletin 97

Page 98: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR

A próximA edição do the red Bulletin sAi em novemBro de 2013

TÚNEL DO TEMPO

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voando ao passadoÉ um sinal de respeito ao magnetismo da terra ou falta disposição para se arriscar? Nos eventos atuais da Red Bull Flugtag, os participantes preferem a água, enquanto os pioneiros da aviação pousavam em terra firme e seca, muitas vezes machucando seus pés. Os modelos de aviões projetados para vencer a força da gravidade apresentam coisas surpreendentes, como mostra esta foto: Otto Lilienthal em 1893.

98 the red bulletin

Page 99: The Red Bulletin Novembro 2013 - BR
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