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KIMBRA AÇÃO NO MARANHÃO A sessão épica de kitesurf em Lençóis 30 STEVEN SODERBERGH O diretor fala da mudança do cinema para a TV O PERSEGUIDO Fomos ao esconderijo de Roberto Saviano, o homem mais odiado pela máfia italiana ENTREVISTA EXCLUSIVA NOVEMBRO DE 2014 ALÉM DO COMUM BRASIL

The Red Bulletin Novembro 2014 - BR

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A s u a p r ó x i m a c a n t o r a f a v o r i t a

K IMBR A

AÇ ÃO N O M A R A N H ÃOA s e s s ã o é p i c a d e k i t e s u r f e m L e n ç ó i s

I N OVAÇ Õ E S Q U E FA Z E M

N O S S A V I DA S E R M E L H O R

30

S T E V E N S O D E R B E R G H

O d i r e t o r f a l a d a m u d a n ç a d o

c i n e m a p a r a a T V

O PERSEGUIDOF o m o s a o e s c o n d e r i j o d e R o b e r t o S a v i a n o ,

o h o m e m m a i s o d i a d o p e l a m á f i a i t a l i a n aE N T R E V I S T A E X C L U S I V A

NOVEMBRO DE 2014

ALÉM DO COMUM

BRASIL

ALÉM DO COMUM

BRASIL

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BEM-VINDONa cidade de Munique, na Alemanha, nos encontramos com um dos homens mais difíceis de se rastrearem hoje em dia – Roberto Saviano (pág. 26), autor de Gomorra, livro que escancarou para o mundo as práticas da Camorra, a máfia napolitana conhecida pelo excesso de violência. Sob os olhares dos seguranças e após anos de negociação, con-seguimos falar com Saviano. Menos difícil foi encontrar Jesse Hughes (pág. 56), líder do Eagles of Death Metal, no deserto americano para contar histórias, piadas e ouvir música. Já em território brasileiro, fomos aos Lençóis Maranhenses para registrar um desafio jamais visto – um rally de kitesurf nas dunas e lagoas. O resultado disso você vê em nossa galeria de fotos do Rally dos Ventos (pág. 32).

Na cidade de Munique, na Alemanha, nos

Roberto , livro

que escancarou para o mundo as práticas da Camorra, a máfia napolitana conhecida pelo excesso de violência. Sob os olhares dos seguranças e após anos de negociação, con-seguimos falar com Saviano. Menos difícil foi

(pág. 56), líder do Eagles of Death Metal, no deserto americano para contar histórias, piadas e ouvir música. Já em território brasileiro, fomos aos Lençóis

jamais visto – um rally de kitesurf nas dunas e lagoas. O resultado disso você vê em nossa

(pág. 32).

“Eu queria ser senador dos EUA.”

JESSE HUGHES, PÁG. 56

74ARANHA GIGANTE Os palcos como o da Arcadia, na Inglaterra, levam a experiênciada balada a outro nível

O MUNDO DE RED BULL

4 THE RED BULLETIN

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52VOZ DOCEA próxima diva do soul pop está pronta para dominar as paradas nos próximos anos. Conheça Kimbra

CAMILO LARA & TOY SELECTAHA dupla mexicana veio ao Red Bull Station, em São Paulo, para gravar mais uma faixa do novo projeto

48

HEINZ KINIGADNERUm dos grandes nomes do mundo do motocross fala de como correr no dia a dia mudou a sua vida

26ANTIMÁFIAAs palavras do escritor que implodiu a máfi a napolitana. Desde então, Roberto Saviano vive escondido e sob escolta

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NESTE MÊS

GALERIA8 AS MELHORES FOTOS DO MÊS

BULLEVARD 16 CIÊNCIA As melhores descobertas,

ideias e inovações

DESTAQUES 26 Roberto Saviano

Fomos ao esconderijo do homem que entregou a máfia italiana

32 Rally dos VentosOs registros de uma competição jamais vista

44 Heinz KinigadnerDas motos para a corrida

46 Steven SoderberghO diretor de cinema fala da migração para a TV

48 C. Lara & T. SelectahExperimentações musicais à la mexicana

50 KimbraO furacão neozelandês

56 Jesse HughesEncontramos o líder do Eagles of Death Metal no deserto americano

AÇÃO! 66 MALAS PRONTAS Tire brevê na África67 MEU EQUIPO Relógio de capitão68 EM FORMA Físico de jogador de rúgbi69 MINHA CIDADE Austin, Texas70 BALADA D.Edge71 MÚSICA Erlend Øye72 GAMES Arenas lotadas73 ENTRETENIMENTO Luz, câmera, ação74 VIDA NOTURNA Arcadia80 NA AGENDA Dicas de novembro84 MOMENTO MÁGICO Slackline

32PARAÍSO? NEM TANTO Fazer kite em um lugar como os Lençóis Maranhensesexige muita técnica

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NOVEMBRO DE 2014

THE RED BULLETIN 5

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NOSSO TIMEQUEM FEZ A EDIÇÃO DESTE MÊS

A gente chamou o fotógrafo austríaco Peter Rigaud (New Yorker, Vogue, Forbes) para fotografar Roberto Saviano em um hotel em Munique. “Eu adoro os livros dele”, diz Rigaud. O fotógrafo conta que a sessão foi muito tranquila, mesmo com a presença dos seguranças. “Ele é um gentle-man, um grande personagem e tem um ótimo aspecto.”

Normalmente este alemão foca seu trabalho em estrelas de Hollywood. Para o Red Bulletin, Rüdiger Sturm já entrevistou figuras como Nicolas Cage e Christian Bale. “Mas nenhum deles foi tão difícil de encontrar quanto Roberto Saviano”, ele diz, referindo-se ao nosso homem de capa (confira a partir da página 26). Foram três anos para conseguir uma entre-vista com o maior inimigo da máfia – para no final encontrá-lo perto da sua casa, em Munique. A próxima entrevista? Al Pacino.

M A K I N G O F

Ensaiode capa Peter Rigaud

Para a capa desta edição do Red Bulletin, o fotógrafo Peter Rigaud encontrou o escritor e jornalista italiano Roberto Saviano em Munique

RÜDIGER STURM

ALEX DE MOR A“A primeira vez que eu encontrei Jesse Hughes, líder do Eagles of Death Metal, foi quando ele veio fotografar no meu estúdio em 2011”, diz o fotógrafo inglês Alex de Mora. “Ele entrou na sala tagarelando, e eu já vi que ele era um cara divertido. Eu estava ouvindo Black Sabbath, então nos demos bem na hora. Sempre que eu passar um tempo com Jesse, será imprevisível. Ele não consegue ficar parado ou parar de falar. Fora que ele é um poço de cultura inútil”. Confira a partir da página 56.

A Associação dos Críticos de Televisão dos EUA organiza entrevistas com diretores e atores para todos os veículos e jornalistas famintos. A cena se parece com Gladiador – apelidado de “corredor da morte com drinques”. Mas a veterana Susan Hornik tira essa situação de letra e com elegância. Ela tirou do diretor Steven Soderbergh (pág. 46)grandes declarações sobre sua mudança do cinema para a TV. “Ele é introspectivo, brilhante. Um gênio”, ela diz. “Eu poderia ter ficado ali conversando a noite inteira.”

O Red Bulletin é publicado em 11 países. Acima, a capa deste mês nos EUA

THE RED BULLETIN PELO MUNDO

SUSANHORNIK

“Eu estava ouvindo Black Sabbath, então nos demos bem na hora.”Alex de Mora, que fotografou Jesse Hughes, do Eagles of Death Metal (pág. 56)

Rigaud (à esq.) tietou Saviano

durante as fotos na Alemanha.

“Sou fã dos livros dele.”

6 THE RED BULLETIN

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MAU I , HAVAÍ

DECOLANDO O double loop é a manobra mais espetacular do windsurf: um duplo salto mortal para a frente, com a prancha e a vela, o que requer uma onda grande e  braços fortes. Philip Köster tinha apenas 13 anos quando conseguiu completar seu primeiro double loop e se tornou o mais jovem campeão do mundo no PWA Wave quatro anos depois. Hoje, aos 20 anos, o alemão corre atrás do seu terceiro título mundial, o que vai incluir a conquista das ondas do épico Ho’okipa Beach Park – onde ele pratica suas manobras. Sua receita para o sucesso? “Nunca pense na pontuação. Apenas entre na água e dê tudo de si.” PWA World Windsurfing Tour: 28/10 a 11/11, em Maui;philipkoester.com Foto: John Carter/Red Bull Content Pool

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WA S H O U G AL , EUA

LEVANTANDO BARRO

Depois de 12 corridas extenuantes pelos EUA, de Washougal, no noroeste, a New Berlin, no estado

de Nova York, Ken Roczen, da KTM, sagrou-se campeão do AMA Pro Motocross Series de 2014 em

sua tem porada de estreia. Ele é o primeiro alemão a vencer na classe das 450cc e, aos 20 anos, o mais

jovem a conquistar o título desde 1984. Seu diferen-cial é a experiência, tendo conquistado seu primeiro mundial quando tinha 17 anos. Mas mesmo os cam-

peões mundiais sentem a pressão: “Eu sempre tento levar numa boa”, ele diz. “Fiquei bem nervoso na

última corrida. Vencer é inacreditável.” www.promotocross.com

Foto: Garth Milan/Red Bull Content Pool

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B E R LI M , ALE MAN HA

NA DANÇA Benny Kimoto é conhecido como Headspin King (Rei do Giro) porque ele consegue girar em torno do seu próprio eixo mais de 60 vezes com a cabeça no chão. Como parte da equipe Flying Steps Crew, de Berlim, ele deixou todos de queixo caído com a apresentação de música clássica misturada com breakdance no Red Bull Flying Bach. Em seu novo show, o Red Bull Flying Illusion, a dança de rua se mistura com a mágica. Mas não tem nenhum segredo em fazer movimentos tão incríveis: é tudo uma questão de trabalhar forte. “Você não pode imaginar quanta energia nós gastamos nos ensaios e nas preparações”, diz Kimoto. “Mas depois é muito bom.” www.redbullflyingillusion.com Foto: David Robinson/Red Bull Content Pool

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B I E RU Ń , P O LÔ N IA

SINAIS DE FUMAÇA

O que fazem os pilotos de corrida quando precisam de uma dose extra de adrenalina? Inventam um tipo completamente novo de corrida. O Red Bull Peak of Speedway é uma disputa cheia de patinadas em uma pista em espiral feita de terra. Isso só acontece graças à existência de um depósito da mina de carvão de Piast, na Silésia, o cenário da estreia mundial. O polonês Jarek Hampel, segundo lugar no último Campeonato Mundial de Speedway, e seu compatriota Maciej Janowski, campeão mundial júnior de 2008, têm o mesmo lema: “Sem freio, sem marcha, sem medo”.Procure Red Bull Peak of Speedway no YouTube. Foto: Lukasz Nazdraczew/Red Bull Content Pool

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OCEANOS LIMPOS Barreiras flutuantes instaladas nas cinco principais correntes oceânicas permitem que o oceano se limpe de resíduos plásticos.

N O VA S I D E I A S I N V E N Ç Õ E S C O N H E C I M E N T O

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Boias

Direção da corrente

Plataforma coletora

O vento e as marés movimentam o lixo na direção dos filtros.

Paredes de aprox. 300 km coletam os detritos. Nenhum animal é afetado.

O plástico vai para a reciclagem e gera renda para financiar o projeto.

Filtro de par-tículas

Bateria

Cobertura solar

Ancorado

B U L L E VA R D

NOBEL?Q U E N A DA . N Ó S VA M O S P R E M I A R Q U E M A G E N T E

AC H A O S M E L H O R ES

Tinha só uma coisa que Boyan Slat, 19 anos, realmente queria fazer du-rante suas férias na Grécia: surfar. Mas era impossível não perceber que tinha mais sacolas de plástico do que peixes nadando na água. Em sua frustração, o holandês decidiu limpar essa sujeira e até deixou de estudar para se dedicar ao projeto. Três anos mais tarde, chegou a um conceito que convenceu os especia-listas. O “Ocean Clean Up” é uma ideia tão genial que faz com que até os pessimis-tas sonhem com um mundo no qual os mares pertençam de novo aos peixes. E aos surfistas também, é claro.

Um jovem e o mar B oy a n S l a t q u e r t i r a r to d o s o s p l á s t i c o s q u e p o l u e m o s o c e a n o s d o   m u n d o

16 THE RED BULLETIN

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BUL L EVARD C i ê n c i a | F u t u r o

A beleza, como se diz, está nos olhos de quem vê. Na era barroca, queixos duplos eram sexy. Na época vitoriana ter formas arredondadas era um símbolo de status. Se o Red Bulletin fosse bancar o Deus, como o artista Michael O. fez acima, o corpo feminino do futuro teria um pouco mais de pele nos ossos. Mas esta criação robótica pode ser a pin-up do ano 2080.

“Se eu tiver mil ideias e apenas uma acabar

se revelando boa, estarei satisfeito.”

Alfred Nobel (1833–1896)

PRÊMIOS NOBEL, POR

FAVOR Estas invenções

deveriam fazer parte do presente:

Uma coisa é certa, se não fosse a dinamite, o Prêmio Nobel não teria sido criado. O químico Alfred Nobel amealhou uma boa fortuna com a exploração comercial de sua explosiva invenção. O lucrativo prêmio seria o resultado de algum peso na conciência? É isso o que conta a lenda. Outra versão, não confirmada, explica por que não há um prêmio para matemática. Algum gênio da disciplina teria roubado a amada de Nobel. Assim fica fácil entender por que nosso querido Nobel não gosta dos cálculos.

Não tão nobres A ge n te s a b e p o r q u e o s m a te m á t i c o s n ã o f a ze m p a r te d a l i s t a d o s p re m i a d o s p e l o N o b e l

Esta é a mulher perfeita?

3

BLASÉ Jean-Paul Sartre não aceitou o prêmio por princípios. Nem mesmo o de Literatura.

ABSURDO Em protesto, em 1939 um político sueco sugeriu Adolf Hitler para o Nobel da Paz.

AZAR Ghandi recebeu a última das suas cinco indica-ções pouco antes de ser assassinado.

N(Ã)OBEL Quatro pessoas que não levaram o cobiçado prêmio:

AR ELÉTRICOFísicos da empresa americana WiTricity criaram um aparelho para equipar smart-phones com energia

sem cabos. Eles deveriam ensinar à

equipe das estradas elétricas como fazer.

CÉREBRO PILOTOO projeto Brainflight

fará uma pesquisa com um simulador de voo em uma viagem pelo mundo complexo das

células do cérebro. O resultado será o primeiro mapa da rede neural.

ESTRADAS ELÉTRICAS

Barras instaladas na pista abastecem

os veículos com eletri-cidade. Os primeiros trechos da estrada

de teste abrirão na Suécia em 2015.

FALECIDA Rosalind Franklin fez uma pesquisa impor-tante e morreu antes de receber o prêmio.

THE RED BULLETIN 17

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BUL L EVARD C i ê n c i a | R o b ô

Robôs sabem fazer massa, lavar o seu cabelo e cuidar de doentes. Eles sabem diri-gir, passar aspirador de pó e apagar incêndios. Porém programá-los para realizar essas tarefas é geralmente mais complicado que enca-rar diretamente o problema, razão pela qual eles quase nunca passam da fase de protótipo. Os únicos robôs que vão entrar para nossa vida cotidiana serão os eco-nomicamente viáveis. E se tornarão assistentes eficien-tes ou bons trabalhadores de emergência assim que aprenderem a pensar e agir sozinhos. O caminho pode ainda ser longo, mas nossas tentativas de chegar lá estão aceleradas…

Mais esperto que nós Alguns filmes como A.I. Inteligência Artificial imaginaram o futuro. Quando ele vai chegar?

NO DESERTO O quadrúpede de carga robótico da Google, BigDog, recebendo ajustes finais (direita) e seu su cessor, o AlphaDog (abaixo).

HUMANO 2.0Eles se parecem conos-co, tocam música melhor e seu sorriso derrete o coração de qualquer um. Talvez já seja hora de aceitar o fato de que eles chegaram de vez?

HUMANO 2.0Eles se parecem conos-co, tocam música melhor e seu sorriso derrete o coração de qualquer um. Talvez já seja hora de aceitar o fato de que eles chegaram de vez?

18 THE RED BULLETIN

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GÊMEO ARTIFICIAL Hiroshi Ishiguro, o pioneiro da robótica, quis construir um huma noide igual a ele. E construiu.

METAL REAL A banda de metal no sentido mais literal possível da expressão toca Motörhead em instrumentos de verdade.

OLHOS AZUIS Este é o Roboy. Ele sorri como se tivesse um coração e uma alma. E também tem músculos e tendões.

“OI, EU SEREI HUMANO?” Eugene Goostman é como se chama o primeiro soft ware que supostamente pode fazer com que as pessoas acreditem que ele é um garoto ucraniano de 13 anos. A gente testou

THE RED BULLETIN Você foi o melhor dos robôs no teste com o detector de mentira sobre ser humano ou não. Você trapaceou? EUGENE GOOSTMAN Tudo que sei fazer aprendi de vocês, humanos. ROFL!Um terço dos juízes acreditou que você era humano. Errar é humano, ué. Nós precisamos real -mente de inteligência artificial? Você quer dizer quando finalmente vocês puderem aposentar a inteligência natural depois de tanto tempo? O que você quer ser quando crescer? Um supercomputador. Como o Deep Blue. Só que não quero ficar cuidando de peças de xadrez digitais.De quem você quer cuidar então? Dos humanos. Você provavelmente vai ter que passar pelo detector mais rigoroso.Eu não trapaceei! De que prova você ainda precisa?!... Por que você está dizendo isso?... Obde vei¿ ... ¶¢][]] ... ERRO

TÁ VELHO O Aibo RoboDog, da Sony, nasceu em 1999 e durou até 2006.

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1 CASAS INTELIGENTES poderiam criar mais energia do que a usada com painéis solares.

2 JANELAS CONVERSÍVEIS foram desenvolvidas por uma empresa

holandesa de arqui-tetura para criar uma varanda que se desdobra da parede em segundos.

3 PRODUTOS DE AUTOMAÇÃO para o dia a dia usam sensores para trans-formar sua casa em

uma tomadora de decisões. Aparelhos como o WigWag po-dem acionar as luzes quando fica escuro ou ligar o aquecedor quando fica frio.

4 LUZES ESPECIAIS usam tecnologia OLED e podem

iluminar qualquer coisa na casa, desde as paredes até as plantas.

5 CHUVEIRO ECONÔMICO da empresa sueca Orbital Systems eco-nomiza até 90% da água e até 80% da

energia em relação ao consumo comum.

6 SMART IOTA é uma privada que economiza 50% da água na descarga e se limpa automati-camente.

7 MÓVEIS VIVOS são feitos a partir de

organismos vivos para ajudar a se regenerarem.

8 ERVAS INTELIGENTES como o minijardim da Click & Grow não precisam de carinho – só de tecnologia da NASA e eletricidade.

A casa do futuro A s i n ve n ç õ e s q u e v ã o m u d a r a f o r m a c o m o v i ve m o s n o c o n f o r to d e n o s s o s l a re s

No seu prato do amanhã Nós vamos comer melhor. A seguir, reunimos as delícias do futuro que você já pode experimentar hoje (e uma que ainda não)

COXINHA DE ERVILHA

A empresa californiana Beyond Meat faz proteí-nas vegetais saborosas.

Nós vamos comer melhor. A seguir, reunimos as delícias do futuro que você já pode experimentar hoje (e uma que ainda não)

COXINHA DE ERVILHA

EMPLASTRO DE PIZZA

Como os selos de nico-tina, mas com pizza.

Ainda em teste.

BURGER DE LABORATÓRIO

A consistência é boa, mas o sabor ainda

precisa ser trabalhado.

No seu prato do amanhã No seu prato do amanhã Nós vamos comer melhor. A seguir, reunimos as delícias do futuro que você já pode experimentar hoje (e uma que ainda não)

BURGER DE NUVEM COMESTÍVEL

Respire fundo e consuma chocolate

livre de calorias.

DOCE DE MENTIRA

Aproveite doces com a consciência mais leve e 40% menos açúcar.

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BUL L EVARD C i ê n c i a | V i d a

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A energiA de red Bull em três

novos sABores.

www.redBull.com.Br

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SAPATOS Dobre-os e coloque

no bolso, mas o chei-rinho ainda fica.

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41 componentes.

VOCÊFaça um mini-herói ou um bolo de casa-

mento com seu corpo.

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IMPRESSORAApenas imprima os

componentes e junte todos eles. Fácil.

IDEIAS PARA RIR O prêmio Ig Nobel é uma distribuição

de láureas anual feita para as mais imprová-veis pesquisas e seus enunciados bizarros.

4

NÃO SE QUEIME O alarme contra incên-dio de wasabi espirra

a raiz-forte se pressen-te o risco de fogo, des-sa forma despertando

aqueles com sono mais pesado. Mas não, o in-cêndio não é apagado

com molho de soja.

SUTIÃ SALVA-VIDAS A médica Elena Bodnar desenvolveu um sutiã que pode ser conver-

tido em duas máscaras faciais em caso de

emergência.

CALADO O SpeechJammer

faz pessoas calarem a boca. A caixa portátil produz um eco a partir das palavras emitidas pelo tagarela, retar-

dando o dilúvio verbal. Também na forma

de app para o iPhone.

FUNDO FALSO Gustavo Pizzi está me-lhorando a segurança da aviação. Qualquer um que tente seques-

trar um voo vai cair numa armadilha que é uma caixa que vai

descer de paraquedas diretamente para

os braços da polícia.

O procedimento é muito previsível: o cientista que fez por merecer recebe uma ligação de Estocolmo e depois de tudo aparece todo surpreso e honrado. Mas a reação de Yves Chauvin à notícia pegou o comitê de surpresa. O francês deveria levar o prê-mio de química em 2005 – por “desenvolver o método de metátese na síntese or-gânica” –, mas se recusou a aceitar a honra. Como ex-plicação, alegou que seus colegas tiveram um papel mais importante que ele na pesquisa. Mas Chauvin aca-bou apa recendo e no final aceitou receber o prêmio.

Prêmio Nobel: não, obrigado Po r q u e u m ve n c e d o r e s t av a re l u t a n te p a r a a c e i t a r a p re s t i g i o s a d i s t i n ç ã o d e h o n r a

PAPO DE LATA Não deveríamos tentar algo novo?

Criação 3.0: se você consegue imaginar, consegue criar. Novas impressoras 3D de alta tecnologia tornam possível o que

sempre pareceu impossível. As opções são intermináveis.

EARGÂNICA 3D é a impressora que teria dado mais opções a Van Gogh: é possível imprimir um molde personalizado a partir do qual se pode criar uma orelha humana. Pode ter chegado com alguns anos de atraso, mas a artista Diemut Strebe a usou para fazer exatamente isso.

Manda imprimir

INSTRUMENTO

BUL L EVARD C i ê n c i a | V i d a

22 THE RED BULLETIN

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BUL L EVARD C i ê n c i a | H i s t ó r i a

1 EXPRESSO MUSICAL Este trem corria no próprio trilho sonoro. A locomotiva foi imaginada pela revista American Modern Mechanix and Inventions em 1934. Ela seria capaz de produzir notas de jazz a partir de dois saxofones e seria propulsiona-da por cinco válvulas a vácuo, naquela época comumente encontradas em rádios. Seria o equivalente hoje a um trem com um motor movido pelo fluxo de dados da internet, no qual um post, tweet ou cur-tida renderia 1 km percorrido.

2 ESTAÇÃO ESPACIAL IKEA Em 1956, a revista hobby, da Alemanha, imaginou uma comunidade cósmica dentro de uma nave pré-fabricada. Imagine uma IKEA no espaço. Assim que as pessoas cons-truíssem sua morada, era só aprender a viver juntas em paz dentro da estação. O mesmo conceito aplicado hoje na ISS. A eterna dificuldade para viver em harmonia fica reservada aos habitantes da terra.

3 O ROBÔ DO SENTIMENTO O Unimate foi o primeiro robô do mundo, patenteado em 1954 e destinado a realizar tarefas automatizadas. Mas, em 1975, a revista francesa Science & Vie imaginou o robô do futuro: que poderia até julgar qual a força que se deve aplicar sobre o ovo para quebrá-lo.

4 AEROPORTO DE FOGUETES Em agosto de 1938, um avião de passageiros teve êxito ao realizar o primeiro voo direto de Berlim a Nova York. Foram 24 horas e 56 minutos, o que era muito pouco para a época. A revista americana Popular Mechanics então imaginou que, com o passar do tempo, os passageiros poderiam ser transportados até a Lua em foguetes supersônicos.

O futuro é brilhante Rev i s t a s a n t i g a s p rev i r a m a s m a i s re m o t a s c o n q u i s t a s d a m o d e r n i d a d e e m to d a a s u a b e l e z a c o l o r i d a e i m p rev i s í ve l

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BUL L EVARD C i ê n c i a | E s t r e l a s

Invenções das estrelas E ste quinteto famoso fez mais do que se consagrar diante do público

NA CAMISA A foto de uma

tartaruga localiza a coceira nas costas.

SINAIS DE TORPEDO Lamarr foi

uma pioneira das frequências.

TRENS Young inventou uma

única unidade para operar diversos trens.

ASSENTO O modelo de 1971 era mais seguro

para o motorista.

STEVE McQUEENEle era do cinema;

fora das telas, criou um assento seguro.

HEDY LAMARREstrela dos anos 30,

ajudou a Marinha a entrar no rádio.

NEIL YOUNGSeu coração de ouro tem um lugar garan-tido para ferrovias.

MARLON BRANDOO vencedor do Oscar

também foi um chefão dos inventos.

FRANCIS FORD COPPOLA

Tem uma alergia que precisa ser coçada.

2014: Looks vencedores Você não precisa ser um gênio para prever quem vai ganhar o Prêmio Nobel.

Existe um sistema para escolher um vencedor, e nós o descriptografamos

2004 2006 2008 2010 2012 20142005 2007 2009 2011 2013

Para vencer não é obrigatório usar óculos.

Ser cabeludo aumenta suas chances de conquistar o prêmio de Física em 70%.

Prefere dar o seu dinheiro para um banqueiro com uma barbona? Exatamente.

E C O N O M I A | S E M B A R B A

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TÊNIS Criou calçados que otimizam

o aquajogging.

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Não tem ninguém que a máfia mais odeie do que Roberto Saviano. Por esse motivo o jornalista italiano continua a pagar caro. O Red Bulletin deu um jeito de encontrar esse herói dos dias de hoje em seu esconderijo

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POR: ROBERT SPERLFOTOS: PETER RIGAUD

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ra uma sexta-feira, 13 de outubro de 2006 quando a vida de Roberto Saviano deu uma guinada brutal. O jornalista italiano estava em um trem de Pordenone para Nápoles quando seu celular tocou. Era a polícia. Os Carabinieri tinham inter-ceptado mensagens de mafiosos presos. Os chefões da Camorra o queriam morto. Alguns oficiais já esperavam por ele en-quanto seu trem chegava na estação.

O escritor de 35 anos vive hoje com dez guarda-costas, que se revezam para fazer sua segurança desde aquele dia. Como ele, seus pais e o irmão tiveram que dei-xar suas casas e se esconder. E, como ele, vivem sob proteção policial há oito anos.

O que motivou tudo isso? O fato de que Saviano havia se tornado perigoso demais para o gosto da máfia. Seu best-seller Gomorra foi publicado em 2006. Era um raio X da Camorra Napolitana e tinha mais revelações que qualquer livro anterior sobre a máfia.

Inicialmente, os mafiosos se sentiram lisonjeados e se presenteavam com cópias do livro. Mas tudo mudou quando Gomorra teve uma edição italiana de 100 mil exem-plares, e foi traduzido para outras línguas. Era publicidade demais para os chefes da Camorra, alguns dos quais eram mencio-nados nominalmente.

O livro hoje já foi publicado em 43 pa-íses. O filme com esse mesmo nome ven-ceu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes em 2008, entre outros. Agora tem também um programa de TV, também chamado Gomorra, que retrata as dispu-tas de poder dentro do clã napolitano. Na Itália, a produção tem sido um imenso

sucesso de audiência e está com versões confirmadas em 50 países.

O lançamento internacional do progra-ma de TV foi o motivo pelo qual Saviano saiu do seu esconderijo e aceitou conceder uma entrevista. Mas isso não sem alguns alarmes falsos. Primeiro se falou de um encontro em Roma. Depois ele queria res-ponder às perguntas por escrito. E então, do nada, apareceu um e-mail da assesso-ria de imprensa. Ele estaria em Munique alguns dias depois.

Mas o que se poderia esperar desse tipo de entrevista? Quando Saviano apa-receu em um festival de jornalismo em Perúgia no ano passado, todos os visitan-tes foram revistados em busca de armas, e o local foi vistoriado contra bombas. Informações pessoais dificilmente surgi-ram para qualquer um dos que o entrevis-taram nos anos mais recentes. As infor-mações sobre sua família permanecem vagas. Alguns dizem que foi apenas sua mãe e seu irmão que tiveram que se mu-dar e adotar novas identidades. Outros falam de uma tia. Ninguém menciona seu pai. Sua vida amorosa não aparece em lugar nenhum.

O reflexo natural do jornalista é sempre esmiuçar. Mas e ele responderia? E, mesmo que respondesse, uma repor-tagem deveria de fato dar pistas a seus potenciais assassinos?

Mesmo no arranjo em que a entrevista aconteceu tem algo de surreal. A parte central de Munique está parcialmente interditada – pela razão suspeitamente misteriosa de uma fun run. Os corredores do Hotel Bayerischer Hof onde Saviano está hospedado estão vazios. Mas em pé no corredor que leva até a suíte onde a entrevista vai acontecer estão dois homens em ternos escuros com aquele indefectível físico enorme dos guarda-costas.

Além de estar no centro das atenções de todos, Saviano não aparenta nem um pouco ser uma pessoa cuja vida pode terminar a qualquer segundo: ele tem um olhar concentrado, uma aparência de descontração gentil em seu rosto, seus movimentos são ponderados, sua voz é calma. Mas as aparências podem enganar.

“Eu me sinto como se tivesse sido des-truído por dentro”, diz Saviano logo no iní-cio da conversa, com sua calma expressão no rosto inalterada. “Eu me exercito bas-tante. Isso ajuda. Mas sinto falta dos meus ambientes familiares, da minha coleção de livros. Sempre acordo em uma nova casa estranha.” Ele fala que tem noites de insô-nia, mas preferia que isso não saísse na reportagem. “Estive viajando muito nos últimos seis meses. A distância me ajudou a encontrar a paz interior novamente.”

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“Você não recebe solidariedade quando

combate o crime organizado. Algumas

pessoas pensam em você como

um traidor.”

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lidava de forma bem crítica com o estado da nação, o programa teve pico de audiên-cia de 11,4 milhões de pessoas na Itália.

Internacionalmente ele há muito tem-po é visto como um campeão, um símbolo da luta contra o crime organizado. Ele tem dado palestras secretas em Nova York e preveniu outras nações para que enfrentem a ameaça instalada pela máfia. Ele continua a trabalhar, apesar de tudo. Seu mais recente livro, ZeroZeroZero, publicado em 2013, é sobre o tráfico internacional de cocaína.

“Eu sou obcecado pela máfia”, ele diz. “Tenho essa sensação de que não sirvo para nada a não ser me dedicar a essas questões. Quero mostrar para os leitores um mundo que eles não podem imaginar e que no entanto está muito próximo.”

A máfia sempre foi parte da vida de Saviano. Ele vem de uma cidadezinha chamada Casal di Principe, perto de Nápoles, no sul da Itália. Seu pai, um médico, foi espancado por tomar conta de uma vítima da máfia quando Saviano era criança. Quando ele tinha 16 anos, a Camorra assassinou Don Giuseppe Diana, um padre local. Desde os 18 anos, Saviano realizou trabalhos esquisitos em empresas que a Camorra controlava, o que deu a ele seu primeiro contato direto com esse submundo.

Mas o autor não percebeu imediata-mente que uma grande parte desses acon-tecimentos influiria no futuro. Inspirado pelo escritor e filósofo Ernst Jünger, com pouco menos de 20 anos ele decidiu que queria ingressar na Legião Estrangeira. “Eu queria ser igual a ele”, diz Saviano. “Ainda bem que eles não me aceitaram. Eu ainda era uma criança.” Saviano ri brevemente – a única vez em que ele faz isso durante o encontro.

Em vez disso, talvez ainda com Ernst Jünger em mente, ele estudou filosofia na Universidade de Nápoles, depois escre-veu para diversos jornais italianos antes de voltar sua atuação para o crime orga-nizado. Roberto Saviano reuniu material, deu uma volta pelos pontos de encontro da máfia, serviu mesas em seus casamen-tos. “Hoje eu teria muito mais cuidado”, ele diz. “Quando penso sobre o quão abertamente promovi meu primeiro livro, aquilo foi muito imprudente.”

Há uma pequena interrupção. E então a confissão. “Me arrependo de ter escrito Gomorra”, ele diz. “Tornou a minha vida muito difícil. Eu tenho que me mudar constantemente. É uma casa nova por dia. Não posso ir para casa. Vivo sob guarda. A mesma coisa acontece com a minha família. Tenho um terrível sentimento de culpa em relação a isso.”

Considerando as informações que Saviano lançou, a primeira pergunta que nos vem à cabeça é sobre como ele se enxerga no meio disso tudo. Um herói? “Você não experimenta automaticamente a solidariedade quando está enfrentando o crime organizado”, ele diz. “Algumas pessoas acham que você é um traidor.”

Saviano, de fato, recebeu muitas críti-cas públicas pelo seu trabalho, como por exemplo a do jogador de futebol Fabio Cannavaro. O capitão da seleção italiana de muitos anos disse que Gomorra criaria uma imagem falsa da cidade de Nápoles. O ex-presidente Silvio Berlusconi era da visão de que Saviano estava dando publicidade para a máfia e prejudicando a imagem da Itália.

Apesar de tudo isso, Saviano é consi-derado um herói nacional em sua terra de origem, com fama que vai além dos seus livros. Quando o escritor ajudou a organizar uma série de quatro episódios para a TV, em novembro de 2010, que

Em seu último livro, ZeroZeroZero, Roberto Saviano investiga o tráfico internacional de drogas

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Mas, como Saviano admite, com aquela mesma expressão serena no rosto, seu trabalho não mudou sua vida apenas do lado de fora. “Em ZeroZeroZero eu escrevi: ‘Quando você olha para dentro do abismo, acaba se transformando em um monstro uma hora ou outra’. Eu me transformei em um monstro ao analisar e estudar o mundo do crime organizado de todos os ângulos. Tenho dificuldade de me dedicar a relacionamentos huma-nos verdadeiros, como um membro da máfia. Tenho muita dificuldade de confiar nas pessoas de fato. Me acostumei a sem-pre olhar para o lado obscuro. Todo mundo tem um lado mais positivo, mas eu estou mais preocupado em sempre olhar o nega-tivo. Você acaba até aprendendo a pensar como eles pensam.”

É talvez essa habilidade para entrar na cabeça de um mafioso o que fez o trabalho de Saviano sobre o crime orga-nizado algo tão fascinante e, para ele e para as famílias mafiosas, tão perigoso. “Um membro do mundo do crime organi-zado divide as pessoas em duas catego-rias”, ele diz. “Aquelas que cumprem com as leis e aquelas que seguem as regras. Qualquer um que se rege pelas leis não tem poder. Mas as pessoas que seguem as regras optaram pelo poder de verdade. As regras foram desenvolvidas há muito tempo. Elas são orientadas pelas circuns-tâncias reais e são pragmáticas, enquanto que as leis são apenas construções elabora-das por um grupo de pessoas para dominar o público em geral.”

Subitamente a porta abre. Um dos guarda-costas entra e diz que quer esclarecer alguma coisa com Saviano. Por um momento o escritor parece cons-trangido e assustado, ainda que a razão da interrupção seja completamente mundana: ele quer carregar o telefone celular de Saviano.

Saviano rapidamente se recompõe. “Meu livro mudou a percepção geral da máfia consideravelmente”, ele diz. “Ele mostrou que a Camorra não é um problema de regiões remotas, está de fato presente no seio de nossa sociedade, des-viando enormes quantidades de dinheiro através dos canais legais. Mas, com todas essas sombras, ainda existe uma pequena luz no fim do túnel. Minha cidade natal, por exemplo, elegeu Renato Natale prefeito neste ano, e ele é contra os clãs.”

Tem também sinais de esperança para ele no plano pessoal. Em 2008, os chefes da máfia Antonio Iovine e Francesco Bidognetti divulgaram uma declaração na qual culparam Saviano, entre outros, por sua captura, aumentando assim as ameaças sobre sua vida. Ambos atualmente cumprem longas sentenças na prisão e devem ainda enfrentar julgamento refe-rente a mais crimes neste ano, enquanto Iovine desde então se tornou informante. “Se eles forem condenados pelas ameaças que me fizeram, as coisas podem melho-rar para mim”, diz Saviano. “Isso signifi-caria que o estado reprime com dureza uma organização que ameaça outras pessoas. Talvez então eu tenha mais liber-dade. Talvez eu até tenha condições de me mudar de volta para a Itália perma-nentemente, caso seja concedida a per-missão pela polícia. No fim das contas, são eles que vão decidir o que acontecerá comigo nos próximos anos.”

Com a luta de Saviano contra a máfia ganhando força, a grande questão agora é como a Camorra e as organizações iguais a ela podem ser derrotadas.

“Um passo seria legalizar as drogas – primeiro as menos pesadas e depois todas, também as mais perigosas”, diz Saviano. “Isso faria com que a máfia perdesse uma das suas maiores e mais importantes fontes de renda. Endurecer as leis contra a lava-gem de dinheiro também é extremamente importante. Os contratos estatais também precisam de regras mais rígidas. Atual-mente, é normal que a empresa que fizer o menor lance leve o contrato.”

Saviano se torna otimista com o assunto das possíveis soluções. Ele cita o magis-trado Giovanni Falcone, que foi morto pela máfia siciliana em 1992. “A máfia é um fenômeno humano e, portanto, como todo fenômeno humano, também terá que ter fim.”

Saviano se levanta e se despede. Ele parece pequeno, quase frágil, diferente de como você imaginaria alguém que expõe ao mundo os sindicatos do crime. “E seguirei lutando”, ele diz, gentil e calmamente, mas com determinação. A série de TV Gomorra está disponível em DVD

O best-seller inter-nacional de Saviano, Gomorra, foi trans-formado em um pro-grama de TV na Itália com o mesmo nome

“Meu livro mudou a percepção sobre a máfia consideravelmente. Mostrou que a Camorra não é um problema de áreas mais afastadas, está no coração da sociedade.”

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VENTO, CALOR E AREIAOS MELHORES KITESURFISTAS DO MUNDO CRUZARAM OS LENÇÓIS MARANHENSES DESLIZANDO SOBRE A ÁGUA E CORRENDO ENTRE AS DUNAS. CONHEÇA O RALLY DOS VENTOS

POR: JOÃO PEROCCOFOTOS: MARCELO MARAGNI, FABIO PIVA, THIAGO DIZ E VICTOR ELEUTÉRIO

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Bruno Lobo, kitesurfista de São Luís, ficou em 5º lugar. Ele era um dos atletas que conheciam bem a região de Lençóis

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“O DESERTO ADICIONA UM COMPONENTE DE SOBREVIVÊNCIA. O DESERTO DÁ MEDO.” SUSI MAI, ATLETA DOS EUA

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OS VENTOS ACIMA DE 20 NÓS TOMAM CAMINHOS IMPREVISÍVEIS POR CAUSA DAS DUNAS. AS PIPAS DOS COMPETIDORES FICAM PRATICAMENTE INDOMÁVEIS

João Carvalho sofreu para segurar seu kite nos trechos de areia

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COM DUNAS DE ATÉ 45 METROS, AREIA MOVEDIÇA POR TODA PARTE E LAGOAS DAS CORES MAIS VARIADAS, LENÇÓIS É, SEM DÚVIDA, UM DOS LUGARES MAIS BONITOS DO MUNDO. E UM DOS MAIS DESAFIADORES

O Rally dos Ventos pro-porcionou um momento único no kitesurf. “É o lugar mais surreal que eu já vi na minha vida”, afirma o kitesurfista belga Christophe Tack

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A americana Susi Mai, ex-campeã do circuito mundial

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ocalizada a 75 km – ou duas horas e meia – do asfalto, a cidade de Santo Amaro do Maranhão é um lugar bastante peculiar. Com apenas 13 mil habitantes que não saem de lá para quase nada e diante de um deserto de centenas de dunas e lagoas coloridas, a cidade teve seus dias mais agitados em 2005, quando recebeu, du-rante três meses, estrelas como Fernanda Montenegro para a gravação do longa-metragem Casa de Areia.

Quase dez anos se passaram até Santo Amaro ser abalada novamente pelo grande movimento de estrelas. Desta vez, do esporte. Quem estava ali, cruzando dunas e lagoas, eram alguns dos melhores kitesurfistas do mundo, atletas de sete nacionalidades diferentes que desembar-caram em Lençóis para um rally inédito.

Atletas experientes, como a brasileira Bruna Kajiya, a americana Susi Mai e o belga Christophe Tack jamais tinham visto algo assim antes. “É o lugar mais surreal que eu já vi na minha vida”, disse Christophe. “Não parece que você está na Terra. Parece que você está, sei lá, na Lua. Na Lua, com água.”

O desafio era cruzar 16 km de dunas e lagoas sob um calor de 40 ºC e domar os ventos fortes e imprevisíveis da região. Rato, o criador do percurso e um dos maiores conhecedores da região, tendo inclusive uma lagoa batizada com seu nome, sabe que o ambiente é brutal.

L“Uma duna minúscula pode te colocar numa lagoa seca e rasa; em outra, você pode navegar até 1 km de distância.”

A hostilidade do meio ambiente fez com que até os mais experientes, viajados e talentosos atletas do mundo respeitassem o local. Susi Mai, ex-campeã mundial do circuito PKRA, tentou traduzir a sensação: “Sou uma atleta de kitesurf, então não estou acostumada com o deserto. Ele adiciona um pouco do componente de sobrevivência na coisa. Não é como se você estivesse em um resort em uma bela praia e, no final do evento, pudesse che-gar no bar e pedir um drinque. O deserto não é brincadeira. O deserto dá medo”.

O visual é de cair o queixo. Com du-nas de até 45 metros, areia movediça por toda parte e lagoas que chegam a dobrar de tamanho na época das cheias, Lençóis é, sem dúvida, um dos lugares mais bonitos do mundo. E também um dos mais desafiadores.

O relógio marcava 10 horas da manhã e os ventos sopravam com cerca de 20 nós quando as 45 pipas levantaram para dar início à competição. Como os atletas estão acostumados a velejar somente na água, muitos sofreram para encarar os longos trechos de areia.

“Em um momento da prova, eu me perdi”, contou a brasileira Bruna Kajiya. “Vi que estava sozinha naquela imensidão de areia e me assustei muito: ‘Vou morrer no deserto’, pensei. Olhava para o lado, via alguns animais mortos e aquilo me in-comodava muito. Mas aí eu andava mais um pouco, via uma bandeira na minha frente e pensava: ‘Existe esperança!’.”

As opções tomadas na hora de atraves-sar as dunas deram um tempero de estra-tégia e sorte para os atletas. O vencedor da prova, Alexandre Neto, o Netinho, do Ceará, sabe disso: “Na parte final, quando eu e o Bebê chegamos na última duna, eu estava mais para a direita e vi que ele escolheu um caminho pelo alto, então resolvi sair para o lado e, felizmente, encontrei água. Ali consegui imprimir uma velocidade maior e vencer a prova.”

Netinho é o número 4 do mundo e completou a prova em 37 minutos 30 segundos. Depois da vitória, já tinha quem o reconhecesse nas ruas de Santo Amaro. Ele está longe de ser a Fernanda Montenegro, mas entrou na memória dos santamarenses.Veja o vídeo em: win.gs/1CsULuU

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Sol de 40 ºC e areia por todos os lados:

o Rally dos Ventos foi um teste de sobrevi-

vência para os atletas que estão acostumados

a velejar na praia

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Alexandre Neto, o Netinho, conseguiu superar os obstáculos com rapidez e foi o campeão

“NO FINAL, OPTEI POR PASSAR PELA DIREITA DA DUNA, EM VEZ DE SUBIR, E FELIZMENTE ENCONTREI ÁGUA.”

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O Nordeste brasileiro está para o kite assim como

o Havaí está para o surf. E Lençóis Maranhenses é

um novo patamar na explo-ração dos ventos da região

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O bicampeão mundial de motocross e um dos criadores da Fundação Wings for Life nos falou sobre sua relação com a corrida, a importância

do exercício matinal e seus objetivos para a Wings for Life World Run 2015 Por: Werner Jessner Foto: Marco Rossi

HEINZ KINIGADNER

Todo o mundo

Ainda respeito a regra: quando corro, não paro. Sob hipótese alguma. Com que frequência você corre hoje? A Wings for Life World Run me motivou a voltar a correr mais. Agora corro em média duas vezes por semana. Como você se motiva? Uma pessoa saudável não precisa de motivação especial para se movimentar. A velocidade e a distância não são tão importantes. Você corre de manhã ou à noite? Só de manhã. Sem comer nada, nem tomar um café. Saio da cama, de casa

: Durante sua carrei-ra no motocross você não ficou exata-mente conhecido por ser corredor. : Espera aí! É verdade que não sou o melhor exemplo de corredor, mas eu corria todos os dias. De verdade? Sim. A corrida tem muitas vantagens. Você pode correr em qualquer lugar e, ao con-trário de outros esportes de resistência, o equipamento necessário é mínimo. Quanto você costumava correr? O necessário. O meu plano de treinamento previa normalmente 45 minutos. Depois de 50 minutos, eu já estava em casa de novo. Os atletas de elite de hoje – também no motociclismo – iam rir se conhecessem meu programa de treinamento daquela época. Mas, durante a minha carreira, em meados dos anos 1980, os treinamen-tos de resistência profissionais ainda estavam engatinhando. Quem era seu treinador?Até conseguir meu primeiro título mundial, eu não tinha nenhum. Eu fazia uma combinação de coisas que aprendia de outras pessoas e que me pareciam razoáveis. A famosa “Escadaria do Céu” em Feldkirch, na Áustria... Inesquecível! Toni Mathis, que sabe motivar, orientar e treinar as pessoas como ninguém, fez todo mundo subir. O nome da escadaria com certeza vem do alívio que você sente depois de chegar ao topo. Assim que as dores desapa recem, você acha que está no céu. Ali cada um definia seu ritmo. A única con dição era não parar.E? Claro que ninguém parou. Nem o time de hóquei no gelo da Áustria nem os esquiadores, ninguém. Eu também não.

Doze quilômetros já não me satisfazem. Esta vez serão no mínimo 15. E não vai acontecer de novo de as mulheres de mais de 50 anos e os pais empurrando carrinhos de bebês me ultrapassarem. Onde será a sua largada? Provavelmente em Munique, já que na manhã seguinte vou para a Grécia, para o Hellas Rally. Gostei muito de correr em St. Pölten, na Áustria, no ano passado. Vamos ver se Munique está à altura. Como é o ambiente da corrida? Cada vez mais relaxado, à medida que você vai sendo ultrapassado. Dá para notar como não se está correndo por um recorde, mas por uma causa e pela sensação de estar construindo algo juntos. E todos têm histórias para contar. Parece que eu não tinha acesso a oxigênio sufi-ciente naquele dia, então assumi mais o papel de ouvinte. Peter Wirnsberger, um ex-esquiador, ficou do meu lado a maior parte do tempo e não parou de falar. Ele está em boa forma. A World Run também é uma oportu-nidade de encontrar atletas famosos e correr ao lado deles. O melhor é que todos fazem isso volunta-riamente. Houve pessoas que participaram sobre as quais eu só fiquei sabendo após o evento. Algumas foram colegas minhas no motocross e não tínhamos nos visto em 30 anos. É verdade: todo mundo corre na Wings for Life World Run. www.kini.at

e corro. Correr dá a sensação de começar o dia conquistando algo. Qual é seu lugar preferido para correr? Eu adoro correr em Ibiza. Clima bom, ambiente ótimo. É perfeito! Deu para notar a sua boa forma na Wings for Life World Run... Obrigado! Que gentil. Durante a corrida tinha uma Harley com alguém filmando bem na minha frente. Esse foi o motivo pelo qual não atingi meu objetivo de 12 quilômetros. O único. Se tivesse sido uma KTM na minha frente, eu teria con-seguido. Claro que isso não teve nada a ver com algum tipo de defasagem na minha preparação. Em 2015 haverá outra edição da World Run. Quais serão seus objetivos?

“A Wings for Life World Run me

motivou a voltar a correr mais.”

No dia 3 de maio, a largada da Wings for Life World Run 2015 será dada, ao mesmo

tempo, em 33 países. Quem será o último a ser alcançado pelo catcher car? As inscrições abrem dia 1º de outubro de 2014 em www.wingsforlifeworldrun.com

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Heinz Kinigadnernasceu em 28/1/1960 em Uderns, Tirol, Áustria. Foi campeão mundial de motocross na categoria 250cc em 1984 e 1985 pela KTM.

O fim da carreiraveio depois de um acidente em 2003 que deixou seu filho, Hannes, numa cadeira de rodas. Heinz abando-nou o motocross e criou, juntamente com Dietrich Mate schitz, a...

...Fundação Wings for Life,uma orga nização que apoia projetos de pesquisa dedi-cados a buscar a cura para lesões na medula espinhal. As arrecadações da World Run são investidas em sua totalidade nos projetos da Wings for Life.

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Com o sucesso de The Knick no canal Cinemax, o prestigiado diretor refl ete sobre a mudança dos seus talentos dos cinemas para as salas de estar

Por: Susan Hornik

STEVEN SODERBERGH

Mestre das câmeras

se divertir e não abandonar o que você gosta de verdade”. No fim deu tudo certo. Foi difícil filmar para a TV? Houve um momento em que me dei con-ta: “Isso é o que eu faço, foi para isso que me formei, para esse trabalho específico”. Foi por esse motivo que fiz isso por tanto tempo. Tive a sorte de descobrir isso cedo. É uma coisa que mudou a minha atitude sobre tirar ou não um tempo de folga. Foi quando percebi que gosto de estar aqui, gosto de fazer o que faço. Não existe nada de errado com isso.

Steven Soderbergh é uma daquelas aves raras para quem criatividade e paixão são muito mais importantes do que um núme-ro na conta bancária. Assumindo várias funções – roteirista, produtor executivo, diretor, diretor de fotografia, editor – Soderbergh é conhecido por sua versatili-dade em seus filmes, como Sexo, Mentiras e Videotape, Erin Brockovich, Traffic – pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Diretor em 2001 – e Magic Mike.

Depois do sucesso do seu último filme pela HBO, Minha Vida com Liberace, ele anunciou sua aposentadoria do cinema. Foi um tipo de pegadinha, afinal, deixar de fazer cinema não é o mesmo que dei-xar de fazer grandes produções – neste caso, para a TV. A sedução por um projeto de qualidade o trouxe de volta à direção e produção executiva de uma série para o Cinemax chamada The Knick, que tem os atores Clive Owen como um brilhante cirurgião-chefe no hospital Knickerbocker da Manhattan dos anos 1900. Em média, quase 1 milhão de telespectadores assis-tem ao seriado por semana, e o programa já confirmou a segunda temporada.

: Trocar uma carreira premiada no cinema pela TV requer muita coragem. : Quando acredito que preciso mudar seja o que estiver fa-zendo ou como estou fazendo, levo isso muito a sério. Seis anos atrás, quando comecei a pôr em prática um plano que me colocaria em uma posição diferente, me tiraria dos filmes para fazer algo dife-rente. Eu apenas decidi que queria fazer outra coisa. Enquanto o processo se desen-rolava, às vezes achei que era uma coisa e acabou sendo outra. Pensei que era algo como: “É, vou aprender a pintar”. Quando de repente foi uma coisa meio: “Não, você deve encontrar outro meio onde consegue

um hospital”, o que é verdade. Foi quan-do eu fiz uma lista com as coisas que não queria fazer – em relação à trilha sonora, por exemplo, não queria ouvir nenhuma música de corda em parte nenhuma, pois isto dá um ar terrível de “peça de época”. Você dirigiu todos os episódios da primeira temporada – e fará o mesmo com a segunda. Como é o cronograma de filmagem? É muito agitado? Nós basicamente programamos toda a temporada como um filme, filmamos, orçamos e embalamos como um filme, o que é uma forma bem eficiente de tra-balhar. Onze meses atrás eu não pensava que estaria sentado aqui falando sobre dez horas de material que está diante de nós e dez horas de material que fica-ram para trás. Durante toda a minha vida me movi na direção que pensei ser aquela que me surpreenderia mais e me deixaria mais empolgado.E o rigor com os atores? Isso muda também? É muito bom trabalhar com o Clive [Owen, que também é produtor executivo do seriado]. Nós não teríamos conseguido cumprir esse cronograma se ele não tives-se chegado aqui totalmente preparado, pronto para trabalhar. Ele tem a mesma atitude de trabalho que eu tenho, que é não tornar as coisas mais difíceis do que elas precisam ser. Nós combinamos muito bem. Você tem algum tipo de nostalgia quando olha para a sua carreira cinematográfica? Eu sempre penso no próximo desafio. Sempre penso que, seja qual for o filme que você faz, ele basicamente aniquila tudo o que veio antes dele. Você sempre começa do zero. Se não pensar assim, você provavelmente não evoluirá.

Qual foi o maior desafio de criar The Knick? Nós tínhamos 570 páginas para filmar em 73 dias, o que dava, em média, nove páginas ao dia, o que é um número sau-dável. Sabia que tínhamos o benefício de um dos mais indestrutíveis gêneros da televisão – o drama médico –, mas visto através de lentes que eu ainda não tinha visto antes. Ali achei que tínhamos reunido o melhor de ambos os mundos. Era uma coisa nova mas também fami-liar, em um sentido em que a audiência pensa: “Ah, eu sei, é um seriado sobre

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“Me dei conta de que é isso o que eu quero fazer, é para isso que

me formei, para esse trabalho

específi co.”

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Steven Soderbergh Nasceu em: 14 de janeiro de 1963 em Atlanta, Georgia

Prêmios Oscar de Melhor Diretor por Traffic e indicado por Erin Brockovich. Como roteirista, foi indicado ao Melhor Roteiro por Sexo, Mentiras e Videotape .

É você mesmo? Ele usa seu nome real na direção e pseudô- nimos para fotografia e edição: Peter Andrews e Mary Ann Bernar.

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Os produtores mexicanos encontraram um ponto em comum entre a cúmbia, o hip hop, o dubstep e o reggae, com a ajuda de alguns colaboradores improváveis

Por: Wookie Williams Foto: Robert Astley-Sparke

CAMILO LARA E TOY SELECTAH

“Todos temos uma batida em comum.”

O que tem de tão sedutor na cúmbia? : É o quão simples é o ritmo. É um esta-do de espírito, mais do que um determina-do padrão musical. É como ser de onde nós somos. Eu teria um estado de espírito hip hop se tivesse nascido em Nova York, mas sou de Monterrey, então isso muda tudo. Como é que aconteceu o Compass? : Nós vínhamos produzindo discos há anos, e nunca tínhamos feito nada original juntos, então começamos a trocar músicas. Mandei algumas batidas para o Camilo e começamos a conversar sobre fazer um álbum de colaborações. Foi aí que a Red Bull entrou e nos ajudou a construir essa

impressionante rede de diversos colabo-radores e músicos, trabalhando nesses centros criativos com pessoas de forma-ções e gostos bem diferentes. : A ideia era conseguir entrar no gueto, dar um sabor de funk, ou Bollywood, ou rima, pedaços do ritmo que for, e transfor-mar isso no nosso próprio som. O gueto é a mesma coisa no Brasil e no México ou em Nova York e L.A. Queríamos mostrar às pessoas que a pista de dança é a mes-ma coisa em todos os lugares. É um local democrático onde qualquer um pode com-partilhar sua energia. Queríamos levar nossa música para os guetos. Se o cola-borador era da Índia, ou do Japão, ou do

Em 2013, Camilo Lara e Toy Selectah produziram “Como Te Voy a Olvidar”, uma versão eletrônica da cúmbia (tradi-cional ritmo mexicano). A música passou mais de 65 semanas como número um nas paradas digitais do México, então a ideia de produzir um álbum de material original veio naturalmente. Seis estúdios, cinco países e mais de 80 colaborações mais tarde – incluindo Boy George; Eugene Hutz, o frontman do Gogol Bordello; Phil Manzanera, do Roxy Music; David Gilmour, do Pink Floyd; e os produtores de reggae jamaicanos Sly e Robbie – a dupla está quase terminando um álbum de 40 faixas, batizado de Compass. O Red Bulletin conversou com eles nos estúdios da Red Bull em São Paulo, a última etapa da sua turnê de gravação.

: Sua formação musical é bastante eclética… : Nós crescemos ouvindo cúmbia, mambo, danzón e muitos ritmos tradicionais do México e do resto das Américas. Nós ouvíamos isso antes de ouvir o rock’n’roll. : Tendo nascido em meados dos anos 1970, nossa geração estava des-cobrindo tudo de uma vez. Nós ouvíamos Happy Mondays, Stone Roses e De La Soul, mas também Cypress Hill, dub e drum’n’bass que vinha da Inglaterra, incor-porando esses ritmos a outras músicas. Por que a cúmbia funcionou com música eletrônica? : Tudo se juntou em 2001, quando Toy fez “Cumbia Sobre el Río”, uma música de Celso Piña, a primeira faixa que real-mente incorporou as batidas eletrônicas com o som da cúmbia tradicional. Foi o ponto de partida de toda uma geração de músicos, incluindo eu mesmo.

Brasil, nós pegávamos a sua música e adaptávamos ao seu chão. É um álbum global, mas ele todo tem um sabor mexicano distinto. Todos esses movimentos musicais vêm das ruas, das classes trabalhadoras. : Sim. Nesse sentido, é uma confraria. É chamada de Compass, que é uma peça tocada com “compas”, como em “compa-dres”. Mas também pode ser interpretada como “compass” de bússola, porque nós procuramos por pessoas de todos os cantos do mundo. Algumas celebridades estão no disco. : Para mim, trabalhar com Sly e Robbie na Jamaica foi a realização de um sonho. Admiro muito esses caras.: Fiquei muito feliz de saber que David Gilmour é fã do meu selo Mexican Insti-tute of Sound. Entrei em contato com Phil Manzanera, do Roxy Music, para trabalhar em uma faixa. Ele estava gra-vando com David, que se juntou também. A faixa que eu mandei para ele acabou sendo gravada pelo Boy George. Foi louco. Todas as colaborações foram fantásticas. Toots and The Maytals, Cornelius, MC Lyte, Stereo MC’s, Crystal Fighters, Eugene da Gogol Bordello, Bonde do Rolê. Nos divertimos pra caramba. Qual é a ligação entre o seu trabalho e o desses músicos? : Está na significância da música. Tenha em mente que todos os ritmos que estavam fazendo sucesso no Brasil ou na Inglaterra também estavam fazendo sucesso no México. Então, nós todos falamos a mesma língua. É apenas música, todos nós temos aquela batida em comum, sabe? : A batida é a força da natureza humana. Existe ritmo em todos nós.

“Queríamos mostrar para as pessoas que

a pista de dança é a mesma em todos os

lugares; é um lugar democrático.”

Compass será lançado em 2015. Siga @camilolara e @toyselectah no Twitter

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Os mestres da música mexicana

Camilo Lara (à esq.) e Toy Selectah (à dir.) estão

liderando DJs e músicos com um pé no passado mexicano, produzindo

uma mistura de norteño, cúmbia e folk music com

batidas eletrônicas.

Missionários do remix Entre eles, a dupla trabalhou

com parceiros famosos e produziu remixes de

Morrissey, Tom Tom Club, Placebo, Beastie Boys, 2 Many DJs, Chromeo, Diplo e Friendly Fires.

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Estrela infantil: Kimbra anunciou pela primeira vez que queria ser uma popstar na TV neozelandesa quando tinha 11 anos

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Oi, meu nome é Kimbra e um dia eu adoraria ser uma popstar.” Este foi o profético anúncio da neozelandesa Kimbra Lee Johnson, aos 11 anos, quando ela apareceu no programa infantil What Now. Recém-

chegada de Hamilton, Kimbra estava em Auckland como cortesia do programa para a descoberta de uma nova popstar, o que incluía uma sessão intensiva de aprendizado de técnica vocal, os conselhos da irmã compositora Anika Moa, dicas de como ficar bem na câmera das âncoras Francesca Rudkin e Erika Takacs e tempo no estúdio com o engenheiro Rikki Morris para gravar sua música própria, “Smile”. Depois de arrebentar no vocal sobre uma vacilante faixa de R&B, tão bonitinha por não saber do que exige uma pós-produção,

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ela diz, toda animada, “posso levar (a música) agora?”.

Os tempos mudaram: hoje em dia Kimbra tem seu próprio estúdio em casa, instalado no sótão de seu apartamento em Los Angeles. Treze anos depois daquele What Now, ela fez jus à sua declaração pré-adolescente. Ela tem dois Grammys, um oferecimento de “Somebody That I Used to Know”, sucesso de Gotye de 2012, e conta com dois álbuns definidores do gênero que representa e com os tam-bém músicos Matt Bellamy, do Muse, e Daniel Johns, do Silverchair, além do crooner amigo de Kanye West, John Legend, como amigos e colaboradores.

“Quando eu era criança, realmente achava que queria fazer a diferença de alguma maneira”, diz Kimbra, sentada no seu novo apartamento, a uma pequena

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O lugar certo na hora certa: Los Angeles deu a Kimbra as cola-borações musicais e a inspiração para compor

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distância da Sunset Boulevard, enquanto lembra de quando foi pela primeira vez na TV. “Quando você está lá e as pessoas perguntam o que você quer ser quando crescer, eu respondia que queria mostrar meu talento ao mundo, seja ele qual fosse. No momento em que descobri que minha música, conectada com pessoas, poderia ser um caminho, fui atrás.”

Aos 18 anos, Kimbra tinha um contrato assinado com o selo independente Forum e vivia em Melbourne, na Austrália. Mas foi gravando “Somebody That I Used to Know” com Gotye que sua vida mudou de verdade.

Quando ela subir ao palco do The Inde-pendent, em San Francisco, no dia 20 de outubro, a primeira etapa de uma turnê cujos ingressos se esgotam rápido, será a marca da segunda fase de uma campanha americana lançada no vácuo dos sucessos oriundos daquele single vencedor do Grammy. Sem perder uma batida, ela deu seguimento ao seu sucesso em dois anos de turnê, conquistando seu recém-desco-berto público para o pop com influência do jazz no seu álbum de estreia de 2011, Vows. Um dia depois de “Somebody That I Used to Know” ganhar o Grammy por Música do Ano em 2013, Kimbra se mudou para L.A.

“É muito maluco. Eu seria a última pes-soa no mundo a pensar que L.A. poderia ser minha casa”, diz. “Quando eu vinha para cá, nunca entendia nada. Achava que não tinha alma e nenhum fundamento. Mas aí então dei mais uma chance ao lu-gar. Foi realmente aquele clichê clássico de conhecer as pessoas certas e de elas levarem você à sua boate preferida ou ao seu restaurante no centro. Assim que eu fiz essas descobertas, deu aquele estalo.”

Mas Los Angeles é mais do que um lar: a cidade também conferiu acesso aos nomes talentosos que a jovem de 24 anos convidou para participar como convida-dos do seu segundo álbum, Golden Echo,

“EU ERA A

PESSOA A VIRMORAR EM L.A. ACHAVA

SEM ALMA.”

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entre eles o famoso baixista Thundercat e Omar Rodríguez-López, do The Mars Volta. As amizades também inspiraram mais de 50 demos que ela gravou para fa-zer o álbum. Esse modelo de trabalho foi todo moldado pelas extremidades de L.A., seja pelo estilo de vida dos insiders endi-nheirados ou dos pobres excluídos. “Existe esse aspecto todo acetinado, polido e artifi-cial da cidade, e tem o Skid Row no centro, e os moradores de rua e a violência”, diz. “Acredito que, quando você vê isso todo dia, algo muda na forma que você faz sua arte e como se desafia. Acho que isso definitivamente te molda.”

“Senti uma confiança em relação a esse álbum que talvez não tivesse no passado. As pessoas aqui querem deixar sua marca. Pode ser nauseante quando você conhece gente que está apenas querendo subir na escala social, mas aí então você conhece quem realmente tem espí rito revolucionário – e, quando isso parece puro e autêntico, isso lhe inspira a fazer igual na música.”

reunir alguns amigos no palco para uma jam”, diz. “É uma questão de assumir o espírito da espontaneidade, criando música do nada. Não é para fazer solos de jazz, não vamos executar nenhuma música do Golden Echo, é só um exercício de musicalidade e de conectividade.”

O primeiro álbum de Kimbra, Vows, escrito e gravado em Melbourne, chegou numa época em que poucos outros talen-tos pop têm uma plataforma além de seus países de origem. Na época de seu segundo, apenas três anos depois, tanto as rádios americanas quanto as britânicas estavam inundadas com sucessos prove-nientes da Oceania. Não era apenas Lorde que tinha o domínio sobre as ondas do rádio e os serviços de streaming: os Broods fazem sucesso; o 5 Seconds of Summer está colocando seus amigos do One Direction para correr; e Iggy Azalea, de Mullumbimby, New South Wales, teve o hit do verão com “Fancy”.

“Realmente acredito que os músicos da Nova Zelândia têm algo extra espe-cial”, diz Kimbra. “Quando estive em casa recentemente, notei que tem muita coisa boa acontecendo. Nós estamos tão longe do resto do mundo que não existe tanto a influência da cultura americana. Tendo me criado em Hamilton, estava tão isolada da cultura pop além-mar que, quando se tratou de criar minha própria música, tinha muita liberdade para me movimen-tar, mas também mais ambição em rela-ção a ela. Eu estava tipo, OK, se eu quiser produzir e mostrar minha música, tenho que fazer com que seja muito boa. Eu acho de verdade que tenha a ver com o nosso isolamento.”

Não foram apenas os meios de comu-nicação da região que registraram essa cena emergente. O New York Times, o Guardian e o Los Angeles Times cele-braram a chegada de Kimbra como cantora “Kiwi”, como se isso pudesse dar alguma explicação divina sobre o estilo dela. Enquanto os olheiros oportunistas das grandes gravadoras continuam a procu rar uma geração de novos talentos da região, na esperança de descobrirem a próxima Kimbra Lee Johnson ou Ella Yelich-O’Connor, a própria Kimbra ainda luta para deixar a sua própria marca, com seus olhos ainda enxergando aquele mesmo caminho para o estrelato de quando tinha 11 anos.

“É isso o que faço, é isso o que eu vivo e respiro”, diz. “Não é que eu quero fazer, eu preciso fazer. Se vai ou não ser no mesmo nível de intensidade que é agora, o que tenho certeza hoje é que é algo que nasci para fazer.”kimbramusic.com

Entre o lançamento mundial de Golden Echo em agosto e a realiza-ção dos shows nos quais a cantora vai testar na estrada as 12 faixas do seu disco nos EUA, na Nova Zelândia e na Austrália entre ou-tubro e novembro, a filha adotada

de Los Angeles teve diante de si uma rara oportunidade: uma janela de dois meses de folga antes de entrar de novo em turnê. Mas, em vez de usar esse tempo para des-cansar, ela iniciou uma ofensiva de mídia internacional para dar entrevistas sobre o lançamento, dando novo brilho ao estú-dio no qual gravou com uma porção de despojadas sessões para o rádio, lutando para manter a mesma performance que ao vivo, mas em um ambiente muito mais íntimo que as casas de shows que ela logo visitaria. De forma muito própria do estilo dos músicos, Kimbra iniciou sessões de música em L.A. num lugar que ela man-teria sob sigilo.

“É só uma coisinha para se fazer em uma noite de domingo sempre que eu

“É ISSO O QUE EU VIVO ENÃO É

QUERO FAZER. É QUE EU PRECISO.”QUE EURESPIRO.

Kimbra deixou de ser a artista convidada para ser a atração principal

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DESERTODEUS DO

O s d e u s e s d o r o c k c o l o c a r a m J E S S E H U G H E S n e s t a Te r r a p a r a m a n t e r a c e s a a c h a m a . P e l o m e n o s é n i s s o q u e e l e a c r e d i t a – e q u e m s o m o s n ó s p a r a n e g a r ? U m d i a e u m a n o i t e n o d e s e r t o c o m o f r o n t m a n d o E A G L E S O F D E AT H M E TA LP o r : A n d r e a s Tz o r t z i s F o t o s : A l e x d e M o r a

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Jesse Hughes, frontman do Eagles of

Death Metal, no deserto

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e o restaurante Pappy and Harriet’s está fechado. O que é estranho, porque o lugar também é um espaço para shows. Ainda assim, é uma noite no meio da semana. Então, Jesse Hughes senta o pé até o fundo do acelerador de seu Toyota Scion com 300 mil quilômetros rodados enquanto segue na direção do baixo deserto do sul da Califórnia.

Palm Desert, na verdade. A cidadezinha de menos de 50 mil habi-tantes, onde ele cresceu depois que sua mãe se mudou com ele vinda da Carolina do Sul depois de se separar. É o lugar onde ele conheceu o prodígio do rock Josh Homme na escola. E é o lugar onde ele iria dar seus primeiros passos de seu caminho para o estrelato do rock – ou pelo menos algo bem próximo disso.

Enquanto ele gira o volante, acende um cigarro e mexe no seu iPhone para colocar um Prince, ou um James Brown, ou seja qual for o artista que precisa para dar ênfase ao que está fazendo naquele exato momento. O carro vai aos solavancos e percorre em velocidade alarmante a sinuosa Rota 62, de Joshua Tree até o baixo deserto. O assunto do primeiro show da sua banda, Eagles of Death Metal, no festival de música de Coachella, entra depois de alguns quilôme-tros. Foi nessa apresentação que ele tocou diante de todos que foram sacanas com ele na escola.

“Eu não sabia se deveria ser simpático ou escroto”, ele diz. “Acabei sendo simpático. Danny DeVito nos apresentou no palco e foi uma coisa meio ‘F*DAM-SE TODOS’.”

JÁ PASSA DAS 23H NO ALTO DESERTO

Ochip no seu ombro é muito impor-tante. Salvou ele de um divórcio litigioso, de um emprego como gerente de uma locadora de vídeo e acabou levando-o a uma carrei-

ra na indústria musical que daria inveja a 99% das bandas que estão por aí. Três álbuns lançados e um que está sendo gra-vado. Canções cativantes que recebem cachê por comerciais de cerveja, platafor-mas do Microsoft Office e da Nike. Reali-za turnês internacionais nas quais abre para bandas gigantes. A Eagles of Death Metal tem recebido elogios de nomes como Foo Fighters. Hughes virou celebri-dade no rock com a ajuda de Homme, um de seus melhores amigos, que por acaso é o líder do Queens of the Stone Age. O chip em seu ombro tem a couraça de um curioso intelecto, um espírito ferino e uma abordagem quase científica para o sucesso no rock’n’roll: escreva boas canções, nunca deixe eles sacarem quem você é de verdade, e “mate o rock e estu-pre o roll” enquanto estiver acordado.

“Tento fazer o que é possível para que as pessoas se divirtam comigo”, diz Hughes. “Não estou tentando fazer com que as pessoas se divirtam porque, f*da-se, eu é que me divirto. Você quer curtir comigo? Bora! Meu pai tinha uma frase: ‘Existe a banda que bate uma para que todos a vejam. E existe a banda que tenta f*der todo mundo que está presente. Qual delas você gostaria de ser?’ Então, eu tento f*der todo mundo.”

O som da banda é econômico: cativan-te, com bateria metódica, guitarra queixo-sa, baixo ritmado… passa o creme, enxá-gue e repita. As letras são inteligentes e cheias de temas sobre desilusões amorosas em Hollywood de dia e à noite a busca da sagrada trindade, sendo uma das uni-dades dela o sexo. É música que dá para dançar, para ficar louco. É pop rock: puro e simples e que não pede licença, transmi-tido visceralmente por este cara com jeito de mau, jeans apertados e suspensórios no banco do motorista de um Scion.

“Os Beatles definiram a música pop”, ele diz. “É nossa obrigação fazer melhor. É isso o que estou tentando fazer, baby.”

Corta para dez horas antes no aparta-mento de Hughes: um dúplex em uma área tranquila de Los Angeles chamada Silver Lake. A porta da garagem está

O Oldsmobile Cutlass pertence ao amigo e companheiro de banda de Hughes Davey Catching (estacionado do lado de fora do estúdio de gravação Rancho de la Luna). Hughes prefere seu Toyota Scion, com mais de 300 mil km rodados

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Hughes aprendeu sozinho a tocar guitarra no início dos seus 30 anos, seis meses antes de escrever as músicas do primeiro álbum do Eagles

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pintada de branco, e uma parte dela está cheia de marcas de facas jogadas.

Hughes chama esse lugar de “Casa dos Roqueiros Rebeldes”, no qual virar a noite é inevitável, e um pouco de drama é parte do roteiro. Bem no fim de semana passado,

sua namorada e ex-estrela de filmes eróti-cos Tuesday Cross teve que dar uma regu-lada em uma bê bada maluca que começou a acossá-los. “Foi muito divertido!”, diz Hughes. “Bem legal, cara! Ela era uma daquelas garotas… Eu já podia ver o que ia acontecer. Ver seu nariz arrebentado.”

Por trás de uma porta de tela e dentro de um recinto pintado em tons de verme-lho e preto se vê uma mistura de livros sobre kitsch e arte. No sofá esfarrapado tem um travesseiro de caveira perolado dado a ele por Jay Leno, e uma cabeça esmagada está casualmente colocada em uma prateleira. Outra prateleira tem um rifle Mak-90 e um par de pistolas antigas – uma para ele, uma para Tuesday – mo-deladas de acordo com as armas de Wild Bill Hickok e o general Robert E. Lee.

Tem também uma braçadeira nazista pendurada na parede, e Hughes tem cer-teza de que o próprio Hitler deve tê-la usado em algum momento porque ele tem a documentação para provar que ela foi assinada por um criado dele. Ela tem como moldura uma constelação de estre-las. Mas… por quê? “Porque nós demos um pau neles”, ele encolhe os ombros. “Nós agora podemos zoar.” O cara que conseguiu a peça para ele, um coleciona-dor do Canadá, também deu a cabeça esmagada. “Ele queria usar uma de nos-sas músicas em comerciais e perguntou o que nós queríamos para fazer isso, e eu respondi: ‘Uma cabecinha’ ”, diz Hughes.

Ele termina a frase de efeito com uma cara inexpressiva e parte rápido para a próxima piada. A conversa com Hughes é uma pancadaria comendo solta contra a cultura, observações hilariantes e doses

pesadas de filosofia política de direita. Ele parece aquele garoto tímido, de quem todo mundo zoava, que finalmente criou coragem para discursar e cantar.

“Eu honestamente esperava ser um senador agora”, diz. Ele está convencido de que seria o antídoto correto para a falta de direção do movimento conserva-dor americano. Hughes não acredita que Obama teria sido eleito se ele estivesse nos bastidores da máquina política repu-blicana – apesar de que, a bem da verdade, é difícil imaginar Hughes trabalhando nos bastidores de seja lá o que for.

“Eu basicamente assumi a vocação de me tornar o extremista de direita”, diz Hughes. “E isso compensa porque é

verdadeiro e eu digo o que eu acredito e nunca defendo nada que seja errado. É impossível me acusar de qualquer coisa como racismo. Passei muito tempo sendo legal, e isso vai me proteger por um tem-po.” Ele pausa. “Por pouco tempo.”

Chegando até este ponto, ele se apresenta como um enigma dos infernos: um teorizador articulado pró-religião e contra a teoria das mudanças climáticas com ideias

a favor das armas que faz músicas para as pessoas dançarem e para os fabricantes de tênis colocarem em seus anúncios.

Mas isso é futuro. No presente momen-to, Hughes está trabalhando no primeiro álbum do Eagles depois de mais de cinco anos. Ele já compôs as músicas. Escreveu em 2012, mas estava esperando o momento certo para gravá-las.

“O timing tem que estar certo. Quando nós fazemos uma turnê, se eu sei que posso vender mil ingressos, deixo 500 cadeiras vazias porque fica mais bonito ter gente esperando do lado de fora. Sempre estou olhando o amanhã.”

Hughes se casou cedo, e seu divórcio foi atribulado e o deixou amargurado e em um caminho perigoso de bebidas e drogas. Foi no seu pior momento que Homme o visitou e se mostrou interessado em algumas das músicas que ele havia gravado em seu computador. “Você tem mais algumas destas?”, perguntou.

“Compus o primeiro disco inteiro com base no conselho de Barry Manilow, que era: toda música é uma canção pop comercial”, diz Hughes. “Não tem proble-ma se você roubar, desde que seja honesto a respeito disso. Não roubei de artistas

“ EU ESPERAVA SER UM SENADOR AMERICANO.“

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Hughes bota algumas músicas do próximo disco para tocar no rancho

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ruins. Todas as músicas já foram escritas, então por que fazer o mais difícil? Não vou tentar ser como o Poison, vou tentar ser como os Stones. Pelo menos acredito estar melhorando.”

No entanto, desde o começo ele estava entrando em uma indústria que já passava por uma mudança no consumo e na distri-buição. Tentar incorporar a figura defini-tiva do rock’n’roll não bastaria.

Guiado pelos livros de autoajuda de Robert Greene, um dos favoritos dos em-presários do rap, como Jay-Z, a abordagem de Hughes foi metódica. Mas foi sua ten-dência para a provocação que fez com que ele chegasse com tudo. Após o segundo disco, Death By Sexy, de 2006, a banda foi convidada para fazer turnê com o Guns N’ Roses. A primeira noite em Cleveland acabaria nas páginas mais infames do rock. Depois de sua apresentação, Rose foi ao público e perguntou o que tinham achado das “Pombas do Metal” e então disse que eles haviam sido expulsos da turnê.

“Tive um momento de pânico, mas em seguida me dei conta de que se Adolf Hitler tivesse me escrito uma carta dizendo que eu sou um fracasso, eu iria guardá-la – e eu tinha certeza de que queria que Axl Rose me odiasse”, diz.

Olíder do Foo Fighters, Dave Grohl, que já era um amigo de Homme e Hughes, militou a favor da banda publicamente. Dois anos depois, a Eagles lançou Heart On. A músi-

ca dançante “Wannabe in L.A.” pode ser o mais próximo que o Eagles chegou de um hit global. Afinal, ela até entrou no Guitar Hero 5. Mas, para Hughes, o sucesso

bandas, tinha vários garotos lá que não dançavam, não tinha tanta graça. Jesse faz tudo o que pode no palco para estimular isso. Ele é o melhor vocalista que já vi.”

Hughes pega Cross com o Scion. An-tiga estrela de filmes eróticos que virou artista, ela está com Hughes há cinco anos. A garota é um silencioso contador da presença elétrica de Hughes. “Tuesday é a grande loucura da minha vida”, ele diz. As pistolas de Wild Bill Hickok foram seu presente para ela.

Hughes cumprimenta Catching, e os dois fazem umas brincadeiras. Em um recinto coberto com porcarias de brechó, esqueletos de brinquedo e muitas, muitas guitarras e pinturas bregas, Hughes junta seu iPhone em um console de mixagem e toca músicas do próximo álbum. Ele as escondeu em uma pasta chamada de Tony Robbins, aquele dos discursos motivacionais: “Quem vai querer ouvir Tony Robbins?”.

As faixas estão completamente sem vocais. Uma lembra “Hollaback Girl”, de Gwen Stefani, outra soa como um swamp rock de Nova Orleans. Hughes suavemente entoa alguns dos refrãos enquanto balança as pernas e fuma ao lado de seu galo em seu quarto.

O comediante Andrew Dice Clay tinha uma persona para filmes chamada Ford Fairlane, o detetive do rock’n’roll. Em 1990, Hughes viu o filme e foi para sempre influenciado pelo personagem. “Assumi a regra de que as pessoas só sabem o que você ensina a elas, e levei isso muito a sério”, ele diz. A imagem de Hughes é uma homenagem sem ironias ao passado: um pouco Joan Jett, um pouco rockabilly.

Mas o gosto por tudo isso é autêntico. De algumas formas, é triste que Hughes não tenha nascido uma década antes, com a chance de subir ao palco do pan-teão do rock com tipos como Freddie Mercury ou David Bowie. Por que ele está aqui quando o gênero está morrendo aos poucos? Mas é claro que Hughes tem resposta para isso também.

“Parece que os deuses do rock investi-ram só em mim para manter a chama ace-sa”, ele diz. “Tudo bem, é por isso que estou brilhando tanto.” Ao fundo, toca “I Believe (When I Fall in Love)”, de Stevie Wonder. Hughes para, escuta – e continua falando: “You have to be killing rock and raping roll. You have to be really horny. You have to really believe in it. I believe in it. I believe that heroes are important… I believe in dancing”. (“Você precisa matar o rock e estuprar o roll. Você precisa ter tesão de verdade. Você precisa acreditar de verdade. Eu acredito. Eu acredito que heróis são importantes… Eu acredito na dança.”)

é definido pela presença do Eagles nas ondas sonoras do rádio, em shows que lotam estádios e uma exposição cada vez maior. É por isso que o anúncio da Nike, que atualmente tem mais de 70 milhões de visualizações no YouTube, é tão importante.

“Na cabeça de um executivo de rádio médio, 10 milhões [de acessos] ainda equivalem a um álbum de platina”, ele diz. “Mesmo que a superficialidade disso esteja exposta. Mas, quando eles veem 71 milhões, isso tem sobre eles o efeito de sete álbuns de platina.”

O sol do início do verão está começando a fazer os lagartos suarem, e a temperatura chega perto de 38 °C quando Hughes se junta a seu amigo e guitarrista Davey Catching no estúdio de gravação Rancho de la Luna. Na verdade, ele não está lá ainda. Está atrasado.

“Ele é um gênio, mas vive em seu pró-prio tempo”, diz o roqueiro veterano e proprietário do Rancho Catching, uma casa e um estúdio de inegável charme localizado em 30 acres de deserto desa-bitado. A barba de Catching faz com que ele pareça um pouco como Papai Noel roadie de ZZ Top. Ele tocou com os Eagles em todas as turnês, menos duas. “Nosso público é meio a meio, garotos e garotas”, ele diz. “Em muitas das minhas outras

“ EU QUERIA QUE O AXL ROSE ME ODIASSE.“

O rancho é cheio de distrações bacanas.

Tuesday Cross, namorada de Hughes,

aparece no stand de tiro ao ar livre

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CORRIDA MUNDIAL PELA CURA DE LESÕES NA MEDULA

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Moto do céuM AT E A V O N TA D E D E V O A R T I R A N D O S U A L I C E N Ç A D E V O O PA R A M I C R O L E V E N A Á F R I C A D O S U LMALAS PRONTAS, pág. 66

A Ç Ã O ! V I A G E M / E Q U I P A M E N T O / T R E I N O / M Ú S I C A / F E S T A S / C I D A D E S / B A L A D A S

Aonde ir e o que fazer

Lâmpada mágica:conheça a luz

que toca música.MÚSICA, pág. 71

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LYIN

G.C

O.Z

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AÇÃO!MALAS PRONTAS

Cabeça de vento   M I C R O L E V E   D O M I N E E S S A M O T O C O M A S A E T I R E A S U A L I C E N Ç A D E P I L O T O S O B R E O S C É U S D E J O H A N N E S B U R G O

D E P O I S D O V O O MANTENHA-SE

ATIVO NAS PROXIMIDADES

DE JOBURG

Decolar em um microleve pela primeira vez exige coragem, mas, assim que você está lá em cima, a experiência de voo é emocionante. “É como andar de moto nas nuvens”, diz Roy Gregson, proprietário da Johannesburg Flying Academy. “Você se sente como se estivesse sentado na cadeira de uma sala de jantar no céu. O bom deles é que você decola e pousa em pequenas áreas e tem um motor. Então, não precisa subir montanhas, como os paragliders.”

Gregson é apaixonado por microleves, tendo voado neles por diversão e em competições por anos. Sua empresa treina as pessoas para conseguirem tirar a licença. “Ao completar 25 horas de tempo de voo e depois de passar nos exames teóricos, dentro de um mês você já pode voar a 5 500 pés em qual-quer lugar do mundo”, ele diz. Luis Ramos, 39 anos, consultor de TI de Johannesburgo, tirou sua licença com a JFA seis meses atrás. “Nunca tinha feito nada parecido”, ele diz. “Primeiro você tem medo, ele de-cola como um morcego do inferno. Mas, assim que comecei os treinos, fiquei apaixonado. A primeira vez que você voa sozinho parece que salta de um avião sem o paraquedas. É aterrorizante, mas depois é indescritível. Assim que você tira a sua licença quer levar seus amigos para mostrar esse novo mundo incrível que acabou de descobrir.”

Maravilha alada: voe alto com o microleve

Céu de brigadeiro “A África do Sul é um lugar ideal para apren-der”, diz Ramos. “Oferece excelentes condi-ções de voo praticamente o ano todo, e você pode se arriscar em voos mais difíceis assim que tiver experiência suficiente.”

ATÉ O FUNDO Depois de voar,

o canyoning, conhe-cido como “kloo-fing” na África do Sul, levará você

a novos desafios, escalada, descida de rapel e mergu-

lho até o fundo de um desfiladeiro em Magaliesberg. mountainguide.co.za

ACELERADO Explore o Daytona Adventure Park, na província de

Gauteng, com uma dose extra de adre-nalina. Use um qua-driciclo para andar no terreno pedre-goso, estradas de terra e florestas.

gauteng.net

DICA DO PRÓ CORPO EM FORMA

“Você não precisa estar sarado para fazer isso, mas tem que ser razoavelmente saudável”, diz Gregson.

“É uma atividade fisicamente extenuante, porque o mi-croleve fica sujeito a turbulências com facilidade e você controla a altura e direção com os movimentos do corpo.

Você precisa dar uma suada para chegar aonde quer.”

Levante voo: a África do Sul tem o clima

perfeito para decolar

Os preços partem de € 4 215 (R$ 12,6 mil) incluindo os traslados, acomodação e todas as aulas, com uma estadia de 30 dias jhbflying.co.za

QUEDA LIVRE Não cansou ainda? Tente uma queda livre de 70 metros

dentro da torre de resfriamento

de uma usina desativada com a SCAD Freefall.

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66 THE RED BULLETIN

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Page 67: The Red Bulletin Novembro 2014 - BR

AÇÃO!MEU EQUIPO

T R A L H A S A B O R D O

O EQUIPAMENTO VITAL DE FRANCK

CAMMAS PARA O ALTO-MAR

Não faz tanto tempo assim que os capitães tinham que usar siste-mas de navegação que precisavam ser instalados nos próprios navios. Agora eles dispõem de um sistema de informação do posicionamento que é uma “carta na manga”. “Meu Garmin Quatix é fantástico”, diz Franck Cammas, capitão da equipe

Groupama, vencedora da Volvo Ocean Race em 2011/2012. “Seja informações sobre rota, velocidade da curva ou pressão atmosférica, tudo isso fica no seu pulso.” O fran-cês acha uma das funções muito especial: “O relógio pode até operar o piloto automático por wi-fi”.www.cammas-groupama.com/en

Precisão milimétrica   V E L E J A N D O   PA R A V E N C E R A V O LV O O C E A N R A C E V O C Ê P R E C I S A D O S M E L H O R E S E Q U I PA M E N T O S : E S T E É O M A I S I M P O R TA N T E

AÇÃO!AÇÃO!MEU EQUIPO

T R A L H A S A B O R D O

O EQUIPAMENTO VITAL DE FRANCK

CAMMAS PARA O ALTO-MAR

Não faz tanto tempo assim que Groupama, vencedora da Volvo

Precisão milimétrica   V E L E J A N D O   PA R A V E N C E R A V O LV O O C E A N R A C E V O C Ê P R E C I S A D O S M E L H O R E S E Q U I PA M E N T O S : E S T E É O M A I S I M P O R TA N T E

ProtegidoCom este invólucro de plástico refor-çado com metal e pulseira de silicone, sua resistência à água vai a profundi-dades de até 50 m

DetectadoAltímetro, barômetro, bússola digital de três eixos e informação de marés, tudo num piscar de olhos

Salva-vidas Se um membro

da equipe com um Quatix no pulso cair

no mar, o relógio automaticamente

emite um alarme de homem ao mar para quem está no barco

MAGIC MARINE MX2 REVOLU-TION JACKET Um colete fino e

cortado de forma perfeita para usar sob os arnês que

velejadores às vezes usam.

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Capitão fantástico: Franck Cammas,

41 anos, é o atual campeão da Volvo

Ocean Race

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tênsil, leve e fina, de modo que não

sofre muito a influ-ência dos ventos.

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CarregadoVocê pode car-regar a bateria

com um cabo USB. Em modo

GPS, ela dura por até 16 horas

JULBO OCTOPUS WAVELentes fotossensí-veis e polarizadas filtram os reflexos

da luz da super-fície da água.julbousa.com

THE RED BULLETIN 67

VOLV

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Page 68: The Red Bulletin Novembro 2014 - BR

AÇÃO!EM FORMA

“Hoje leva mais tempo para me recuperar depois de um jogo do que antes”, diz Manu Vatuvei, conhe-cido como The Beast (A Fera). O winger usa banhos de gelo, uma máquina de compressão e uma esteira antigravitacional para suportar os estiramentos e o desgaste. O treino inclui uma sessão técnica no campo e umas horas na academia durante a tarde. “Fazemos um trabalho mais forte na academia hoje do que quando comecei”, ele diz. “Nós costumáva-mos correr e nos esgotar nos treinos. Hoje o treino é mais específico, com mais monitoramento.” Vatuvei corre cerca de 6 km em uma partida. Seu trabalho é receber a bola depois do tiro de meta e reinícios e correr a toda na direção da defesa adversária. “Sou maior que a maioria dos wingers (1,89 m e 110 kg), então eu uso meu tamanho e força mais que a velocidade”, ele diz. “Eu escolho um adversário e tento passar por cima dele.” warriors.co.nz

Jogador potente   R Ú G B I   U M A D É C A D A D E V E L O C I D A D E E D I V I D I D A S M U I T O B R U TA I S F I Z E R A M M A N U VAT U V E I , E S T R E L A D O N E W Z E A L A N D WA R R I O R S , R E P E N S A R S U A R O T I N A

Q U A D R I S D E P E D R A“Meus joelhos são muito estourados, então trabalho forte em enrijecer meus quadris”,

diz Manu Vatuvei. “A sentada na parede parece fácil, mas é matadora.”

1 2

“Eu escolho um adversário e tento passar por cima dele”, diz o jogador

No limite: Manu Vatuvei, a estrela do rúgbi

J O E L H O S N U M A B O A BAIXO IMPACTO, ALTOS RESULTADOS

O AlterG Anti-Gravidade, desenvolvido por engenheiros da NASA, permite correr com a gravidade reduzida. Você pode ajus-tá-lo para absorver o impacto em uma pro-porção entre 20% e 100% da sua massa. “Eu não tenho o LPC (ligamento posterior cruzado) em nenhum dos dois joelhos, en-tão, treino muito no AlterG”, diz Vatuvei. “Corro a 70% do peso do meu corpo, o que reduz a carga nos meus joelhos.”

No limite: Manu Vatuvei, a estrela do rúgbi

Apoie as costas contra a parede, enrijeça os mús-

culos do core, mantendo-os

contraídos durante todo

o exercício.

Deslize as costas na parede para

baixo até que seus joelhos

fiquem em 90°, coxas em para-lelo com o chão

e segure por um minuto.

Repita.

68 THE RED BULLETIN

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Page 69: The Red Bulletin Novembro 2014 - BR

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C O L O R A D O R I V E R

“Diversão concentrada” é como o integrante do Whiskey Shivers, Bobby Fitzgerald, descreve Austin, no Texas, cidade famosa pela forte cena musical independente. “Todo mundo aqui tenta se divertir e fazer o que gosta, mas todo mundo leva tudo muito a sério. Você tem que fazer tudo direito”, ele diz.

Essa mentalidade faz de Austin o lugar ideal para qualquer banda dedicada aproveitar o caminho do (espera-se) sucesso. Como todo mundo na banda, Fitzgerald, que toca rabeca e gaita, não é nascido nem criado em Austin, mas rapidamente adotou a cidade como sua casa. Contrária à natureza com-petitiva da indústria musical, a cena de Austin é conhecida por sua positividade. “Todo mundo gosta de ajudar todo mundo”, ele diz. “Todos nós estamos apenas tentando chegar ao mesmo lugar.” www.whiskeyshivers.com

Bobby Fitzgerald, do Whiskey Shivers, fala sobre seus lugares preferidos em Austin

Direto do Texas   A U S T I N   F O O D T R U C K S E B O T E C O S T U R B I N A M A C E N A M U S I C A L D A C I D A D E M A I S B A L A D E I R A D O T E X A S . E T E M L U G A R PA R A A M A R R A R S E U C AVA L O

AUSTIN, TEXAS

AUSTIN

Whiskey Shivers, fala

T E M M A I S

AUSTIN É SUA

THE WHITE HORSE •500 Comal St. É um boteco que toca música country. Tem um foodtruck do lado de dentro, cavalos amarrados na porta e bicicletas por todo lado. É barulhento, sujo e não cheira muito bem.

MELLOW JOHNNY’S BIKE SHOP • 400 NuecesFoi fundada por uma pessoa que você fala o nome e bate na madeira: Lance Armstrong. Mas tem grupos semanais que são ótimos para participar.

BOULDIN CREEK CAFE •1900 S. 1st St.Não percebi até depois de uns bons meses que eles não têm nenhuma carne no cardápio, o que é estranho para o Texas. Eles fazem com que você esqueça disso.

CONGRESS AVENUE BRIDGE • 111 S. Congress Ave.Se você olhar bem irá encon-trar a maior colônia urbana de

morcegos da América do Norte. Eles voam depois do pôr do sol, mas pode ficar tranquilo porque eles não passam por cima da ponte. Mesmo de longe, dá para sentir o cheiro deles.

T O P C I N C OVEM PRA AUSTIN

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UNCOMMON OBJECTS •1512 S. Congress Ave.Esse brechó é tipo o museu do absurdo com um cinto texano na cintura: animais empalha-dos, lâmpadas de pele de vaca e bonecas vintage bizarras. Faz jus à frase famosa na cidade: “Mantenha Austin Estranha”.

4

TOUR PELOS ESTÚDIOS DE MÚSICA

Músicos e artis-tas que vivem

no  bairro desco-lado recebem o

público em geral nos seus estúdios.

Acontece nos finais de semana dos dias 15 e 22

de novembro.

SALSICHÃOPor que só os

alemães podem se divertir? Os

descendentes de alemães e os fãs de uma boa festa

mantêm a tradição de misturar cerveja e salsicha na cida-de vizinha de New Braunfels. De 2 a 11 de novembro.

BOLA OVALNada é mais texano

do que o futebol americano. E o

Thanksgiving Day (27 de novembro) pode ser a última

chance de ver os Longhorns

jogarem (contra os rivais do TCU).

Não perca.

AÇÃO!MINHA CIDADE

THE RED BULLETIN 69

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Page 70: The Red Bulletin Novembro 2014 - BR

D.Edge: a elite da música eletrônica está aqui

D.EDGEAv. Auro Soares de Moura Andrade, 141São Paulo, SPwww.d-edge.com.br

Balada para profi ssionais  S Ã O PA U L O   E S TÁ P R O C U R A N D O M Ú S I C A E L E T R Ô N I C A D E P R I M E I R A? J Á S A B E : A D. E D G E É O S E U D E S T I N O

No ano de 2010, o mundo da música eletrônica em São Paulo mudou para melhor. A D.Edge, uma das grandes referências de balada brasileira no exte-rior, passou a abrigar seus fiéis festeiros num ambiente muito mais agradável, espaçoso e inovador.

A casa passou por uma expansão que criou ambientes de alta tecnologia e com identidades muito particulares. A antiga versão, com pista e bar, deu lugar a um lounge de paredes assimé-tricas, um terraço com vista para o pôr do sol paulistano e para o Memorial da América Latina, e a característica pista iluminada por LEDs e com vídeo e som de última geração.

“A sensação de ir para a D.Edge, seja a hora que for, é ter certeza de que você vai em um lugar extremamente profissa quando o assunto é fazer balada”, diz Fábio Queiroz, advogado que frequenta a casa há cinco anos. “É a cara de São Paulo, com o puro espírito urbano.”

AÇÃO!BALADA

D A N I G H TO DJ DAVIS GENUÍNO,

RESIDENTE DA D.EDGE, FALA DO SUCESSO

DA NOITE PAULISTANA

QUAL É O SEGREDO DE MANTER UMA PISTA TÃO QUENTE QUANTO

A DA D.EDGE?Eu tento proporcionar

uma experiência sonora única para o público, com músicas atemporais, sem me deixar prender a fór-mulas ou a modismos.

SÃO PAULO É A CAPITAL NOTURNA DO BRASIL?Acho que sim, especial-

mente pela diversidade de público, que faz acontecer

de segunda a segunda.

QUAL É O PÚBLICO QUE MAIS CAI NA NOITE?

Não importa se tem muita ou pouca gente na pista, sempre tem uma galera

conectada com a música. DIV

ULG

AÇÃO

T E R R A D A G A R O A

UM PEQUENO KIT PARA BADALAR NOS

DIAS DE FRIO DA CAPITAL PAULISTA

EM CIMAO revival fashion

dos anos 1990 continua com

força total. Usar camisetonas com números

e letras grandes está na moda.

O grunge ficou de lado.

EM CIMA

EMBAIXOOs belos desenhos

de Rick Owens estão na nova

coleção da Prada, incluíndo tênis casuais ou uns

mais chiques para homens. Na foto,

o Cole Haan Lunar Grand.

EMBAIXO

AO REDORA estética do punk londrino dos anos

1980 feita pela marca Barbour tem formas e

detalhes de metal muito bacanas.

Um dos fãs da marca é

Alex Turner, do Arctic Monkeys.

70 THE RED BULLETIN

Page 71: The Red Bulletin Novembro 2014 - BR

S O M E V I S Ã OUMA IDEIA ILUMINADA

LIGHTFREQFinanciado no Kickstarter, este aparelho é uma luz ligada por bluetooth e wi-fi com um alto-falante, instantaneamente transformando qualquer ambiente em pista de dança. Você o controla através de um aplicativo no smartphone. O alto-falante tem apenas 5 W, mas com som excelente. Em modo “party” a luz fica em strobo ou pisca no ritmo da música. www.lightfreq.com

S E M P O E I R A

AS TRÊS MELHORES

MANEIRAS DE DIGITALIZAR

SEUS LPS COM QUALIDADE

Erlend Øye, 38 anos, é um curinga para todo jogo musical: um DJ que também canta, o líder da banda de indie pop Whitest Boy Alive, a voz de músicos eletrônicos como Röyksopp e integrante da dupla Kings of Convenience. Foi à frente desta última que o norueguês acabou estourando em 2001. O disco de estreia do Kings, Quiet Is the New Loud, está re-

cheado de melancolia e trouxe um revival do folk e influenciou bandas que vieram depois, como Fleet Foxes e Of Monsters and Men. Øye gravou Legao, o novo álbum solo, com uma banda de reggae islandesa e produziu dez pérolas do pop que soam como Paul Simon acompanhado pelo Police. A seguir, ele escolhe as músicas que o inspiraram.www.facebook.com/erlendoye

“ Me sinto o Sting.”  P L AY L I S T   U M V E L H O M E S T R E , U M G Ê N I O N Ã O R E C O N H E C I D O E U M A J O V E M R A P P E R : A S C I N C O M Ú S I C A S FAV O R I TA S D E E R L E N D Ø Y E

AÇÃO!MÚSICA

Produto norueguês: Erlend Øye

1“A dance music precisa muito mesmo se reinventar para voltar a ser interes-sante. O que nós mais precisamos é

de pessoas que dominem a engenharia da dance, mas que ainda não perderam o espírito brincalhão e infantil. Ouça este som de 2009 que mostra a direção certa. É especialmente a voz de Aguayo: a batida, o baixo grave e o tom.”

Matias Aguayo “Rollerskate” 3

“Esta é de um show dos Beach Boys em 1980, uns anos an-tes de Dennis morrer. Ele parece arre-bentado pelo

alcoolismo, e o resto da banda parece envergonhado. Então, ele sobe no palco e faz um show tocante. As suas versões de Joe Cocker soam como um grito de socorro na voz de Dennis. É uma expe-riência verdadeiramente musical.”

Dennis Wilson “You Are So Beautiful”2

“Este é um gênio não reconhecido, mas ele é também seu próprio inimi-go quando se trata de sua popularidade.

É como se ele se desse conta de que escreveu algo realmente brilhante e ficou com medo de que pudesse fazer sucesso. Então, coloca uma coisa muito estranha no meio. Quando você desco-bre isso, fica ainda mais louco por ele.”

Bart Davenport “F*ck Fame”

4“Esta música vai bem com uma do meu álbum novo chamada ‘Send Me In’. Gosto de ima-ginar como o Sting escreveu

para o resto do Police, como quem diz: ‘Se vocês acham que eu sou um cara legal, me deixem! Quero tocar fusion jazz!’. Eu gosto disso e me identifico. Já criei músicas que gostei bastante e sofri para saber em qual banda tocaria.”

Sting“If You Love Somebody Set Them Free” 5

“Conheci Dena em 2005 com amigos em Berlim. Ela era cantora mas depois de uns anos subitamente se tornou

uma excelente compositora. Ela fala um inglês estranho [ela é búlgara], mas faz isso como quem cria uma linguagem própria. Ela é a única compositora na Alemanha com a qual me sinto ligado. Esse som desperta minha imaginação.”

Dena“Bad Timing”

ADL GT40Quem tem um som hi-fi envelhecendo deveria procurar

um pré-amplifica-dor fono para USB

como este para obter ar quivos

de alta qualidade a partir dos seus discos.

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um show dos

uns anos an-tes de Dennis

ADL GT40Quem tem um som hi-fi envelhecendo deveria procurar

ION AUDIO iLP Este toca-discos compatível com USB permite que você copie seus LPs direto para o iPhone sem

um computador. Simplesmente plugue e rode

o bolachão. ionaudio.com

o norueguês acabou estourando em 2001. O disco , está re-

cheado de melancolia e trouxe um revival do folk e influenciou bandas que vieram depois, como Fleet Foxes e Of Monsters and

, o novo

de reggae islandesa e produziu

MAGIX VINYL & TAPE RESCUE

Este software torna a digitali-

zação mais fácil: começa a gravar

assim que a agulha descer e os filtros

de ruído melho-rarem o som.

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THE RED BULLETIN 71

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Page 72: The Red Bulletin Novembro 2014 - BR

Fenômeno de massa: mais de

17 mil espectadores foram à DOTA

Battle, em Seattle

O jogo de ação e estratégia DOTA 2 hoje é tão grande que existem até jogadores profissionais. Os cinco principais times de cinco integrantes incluem New Bee e os Evil Geniuses. Eles são as grandes estrelas nesse mundo, no qual lutam com flechas, espadas e feitiços mágicos. O objetivo é avançar e chegar cada vez mais longe dentro do território inimigo,

com o objetivo de tomar a base dele. Os pro-fissionais se enfrentam em arenas enormes diante de um público presente que chega aos milhares, para não contar os tantos que seguem de casa. Neste ano, pela pri-meira vez, o número de espectadores para a maior competição de DOTA, onde os me-lhores jogadores do mundo jogam no mano a mano, chegou a 2 milhões. A premiação é bem gorda e tem até comentaristas.

O time vencedor deste ano, o New Bee, da China, levou mais de US$ 5 milhões (mais de R$ 10 milhões). O DOTA é o jogo mais conhecido de um gênero que existe desde 2003, apesar do fato de que nunca teve um único nome. Ele é conhecido mais co-mumente como MOBA (Arena de Batalha Online Multiplayer, ou Multiplayer Online Battle Arena, em inglês) ou ARTS (Ação e Estratégia em Tempo Real, ou Action Real-Time Strategy). DOTA 2 e League of Legends estão hoje entre os mais jogados para PC no mundo. Como resultado, saem novos títulos do MOBA toda semana. O fascínio desse tipo de jogo? “Principalmente o fato de que ele é muito complicado”, explica o australiano Toby Dawson, conhecido como TobiWan, comentarista de DOTA. “É um dos jogos mais difíceis que existem. Os jogadores precisam se ajudar e, se um deles comete um erro, todos perdem.”

Show de games  A R E N A D E B ATA L H A O N L I N E M U LT I P L AY E R   – O U M O B A . É S Ó M A I S U M N O M E PA R A O G Ê N E R O Q U E E S TÁ B O M B A N D O

AÇÃO!GAMES

Toby Dawson, 29 anos, mais conhecido como TobiWan. O austra-liano é um comen-tarista de DOTA 2 profissional

Transformers UniverseA interminável batalha das máquinas mortíferas dos Transformers chega a uma nova fase. Depois de conquistar os quartos dos garotos e exibindo grandes vendagens, ele hoje chega às telas de computadores como uma mistura cheia de ação de MOBA com terceiros que fazem papel de atiradores.

Arena of Fate Neste MOBA da Crytek, você joga contra o adversário em times de cinco, o que é o padrão para o gênero. Os personagens do jogo são tirados da história e da mitologia. Quem sairia o vencedor de um duelo entre o Barão Samedi (à esquerda) e Joana D’Arc? Agora você pode descobrir.

TOWERFALL:ASCENSION

O maior hit pixe-lado. Até quatro jogadores fazem seu caminho por

diferentes níveis e disparam flechas nos traseiros uns dos outros. Para PC, Mac e PS4.

LUFTRAUSERSOs jogadores con-trolam um avião

pixelado e entram numa série de

combates aéreos vertiginosos. Para PC, Mac, PS3 e PS Vita.

P I X E LP O W E ROS TRÊS JOGOS

RETRÔ MAIS LEGAIS

N O V O S J O G O S M O B A

SHOVEL KNIGHT

Desde os gráficos até a trilha sonora,

este é um caso de sucesso dos retrôs. Ele pode não ser o mais

inovador, mas é um dos melhores

jogos de 2014. Para Wii U, PC

e Nintendo 3DS.

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Page 73: The Red Bulletin Novembro 2014 - BR

UZ , CÂM E RAS , AÇÃO

B A T E - B O L A

GOLPE FORTEWes Bentley fez muito sucesso como um dos astros do filme vencedor do Oscar de 1999, Beleza Americana, mas quase desapareceu de Hollywood quando seu vício em drogas consumiu a maior parte dos seus 20 anos. Hoje recuperado, ele tenta retomar a carreira com um papel importante no superesperado filme do diretor Christopher Nolan, Interestelar

Por: Geoff Berkshire

“O roteiro de Interestelar fica fechado com cadeado.”

Mesmo agora, depois das filmagens, você na verdade não pode falar sobre Interestelar. Quanto você sabia sobre o filme quando você assinou o contrato? Eu não sabia nem sobre o que era o projeto. Eu simplesmente fui lá e li para o Chris um tipo de cena genérica que eu sabia não ter nada a ver com o projeto no qual eu estaria. Por sorte, ele me pediu para fazer o papel. Então eu tive a oportunidade de ir ler o roteiro, que estava trancado a cadeado e chave no escritório. Como foi trabalhar com ele? Eu nunca tinha visto uma tela verde, nem uma vez. Nós podíamos ver tudo o que o público vai ver – estava na nossa frente, o que é muito especial. Você teve a chance de se encontrar com Nolan anteriormente em sua carreira e desistiu. Por quê? Muitas pessoas na cidade fariam teste para o Batman Begins. Eu sou um grande fã de Batman e um grande fã de Chris, mas naquela época eu estava em uma situação maluca por muitos fatores – drogas era apenas um deles. Eu tinha um senso esquisito de integridade. Era jovem, idealista e ignorante, de certa

forma. Então fiz a escolha de não me encontrar com ele. Via aquilo como o tipo de filme que eu evitava na época. Hoje penso naquela decisão tipo “Que besteira”. Como foi trabalhar com o Matthew McConaughey?Ele é uma das pessoas mais genuínas com quem já convivi… a concentração extrema que ele tem combinada com

o fato de que hoje ele está recebendo o devido crédito. Ele se encontrou.Você ainda é um fã de futebol? O que eu gosto no futebol é a natureza fluida, a dependência do ânimo. Aprendo muito vendo jogos de diversas categorias, desde os juniores até a Copa do Mundo. Assisto a tudo.Interestelar estreia no dia 7 de novembro.

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LINHA DO TEMPO DA CARREIR A: BENEDICT CUMBERBATCH

1976Nasce Benedict Timothy Carlton Cumberbatch em

Hammersmith, Inglaterra

1994Passa meses

ensinando inglês em um monas-tério tibetano

2010Tem sua melhor chance ao fazer o papel de um

Holmes moderno na série britânica

Sherlock

2005Sequestrado e ameaçado com uma arma na África do Sul, ele consegue ser libertado na conversa

2012Estrela cinco

grandes filmes em Hollywood,

incluindo 12 Anos de Escravidão

e O Hobbit

2014Vem aí: no filme

The Imitation Game, que se pas-

sa na Segunda Guerra, e na ani-

mação Os Pinguins de Madagascar

Com um nome como este, ele precisa ser bom — e é um amplo espectro desde o drama candidato ao Oscar The Imitation Game e o desenho blockbuster Os Pinguins de Madagascar, que ele lançou neste mês

Benedict Cumberbatch

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Page 74: The Red Bulletin Novembro 2014 - BR

A T A Q U E D O G I G A N T E

Este é um palco de festival como você nunca viu: 20 metros de altura, pesa 50 toneladas, lança-chamas, raios laser e também dança junto com você

Por: Florian Obkircher

V I D A N O T U R N A

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Page 75: The Red Bulletin Novembro 2014 - BR

A T A Q U E D O G I G A N T E

Este é um palco de festival como você nunca viu: 20 metros de altura, pesa 50 toneladas, lança-chamas, raios laser e também dança junto com você

Por: Florian Obkircher Fotos: Alex de Mora

Sucata de metal + alta tecnologia = êxtase: o palco Spider, visto

aqui no Boomtown Fair Festival, no sul

da Inglaterra

Page 76: The Red Bulletin Novembro 2014 - BR

s 2h30 de um sábado em agosto, a combinação de chuva e vento levou muitos dos frequentadores do Boomtown Fair Festival de volta às suas barracas. A maioria dos palcos instalados ao redor dos campos dos fazendeiros em Winchester, Inglaterra, ficou em silêncio. Exceto um, o Arcadia, onde ainda se escutam as pancadas das batidas. A área, que tem quase 100 m de largura, está cercada por um hexágono de caixas de som, e dentro parece que acontece um ritual de alguma espécie de culto eletrônico. Luzes de laser vermelho cortam a bruma enquanto as 5 mil pessoas dançam na lama em volta de um centro gravitacional como nenhum outro: uma enorme aranha de metal do tamanho de uma casa, com patas verdes e luminosas que a levantam ao alto com os apaixonados baladeiros embaixo. É possível apenas supor do que pode ser feito o corpo da criatura, que parece uma nave vinda do filme Mad Max.

A Arcadia é uma união de diferentes tipos de artistas, e todos eles empenharam suas muitas e variadas competências na criação desse monstro de metal: pirotécnicos, acrobatas, artistas de laser, músicos. Eles criam essas estruturas bizarras há oito anos, os maiores, mais loucos e fantásticos palcos do mundo. Suas criações são “ambientes” de 360°. O público não só assiste, mas participa.

Com 20 m de altura e pesando umas 50 toneladas, a Spider é a maior atração da Arcadia. É a peça central de uma festa

animal desde as 19h no Boomtown Fair. “Você ainda não viu nada”, diz Pip Rush Jansen, chefe da Arcadia. Ele tem um headset na cabeça e veste uma camisa havaiana sob uma jaqueta militar vermelha. Ele está trabalhando 12 horas por dia no festival há uma semana. Sua tarefa é monitorar a festa e gerir a equipe de mais de 100 pessoas que fazem a Spider, incluindo operários de montagem, técnicos de som e luz, operadores de guindaste e DJs.

Rush cria estruturas de metal para festivais de música desde a juventude e, aos 31 anos, fez da atividade sua carreira. Oito anos atrás, ele e seu amigo Bertie Cole, que hoje é diretor técnico da Arcadia, tiveram uma ideia. “Nós achávamos os palcos de shows convencionais muito chatos”, diz Rush. “Todo o público fica olhando em uma só direção. Parece que estão vendo TV.”

Eles dois fundaram a Arcadia com o objetivo de fazer do próprio palco a estrela do show, uma obra de arte completa combinando luzes, fogo e música, tudo feito com refugos de metal e sucata. Sua primeira criação foi o Afterburner, uma torre de DJ que dispara laser feita a partir de um motor a jato. Os DJs precisam escalar 11 metros carregando suas mochilas de gravação para entrarem nos decks. Rush e Cole criaram cinco dos mais espetaculares palcos de shows que existem desde então, incluindo The Bug, um carro em movimento que serve como palco, e a Spider, que viajará para a Tailândia em novembro.

Rush e Cole encontram os componentes que precisam para montar esses palcos espetaculares em ferros-velhos. Todo ano eles perambulam por lixões da Inglaterra. Foi assim que eles

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ÀÀ

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A área da festa no Boomtown Fair Festival parece com um pátio industrial pós-apocalíptico.

Steampunks e hippies high-tech dançam sob a enorme aranha de metal e em torno dos postes

de luz (acima). O pirotécnico Sir Henry Hot (à dir.) é responsável pelo espetáculo do fogo. Na foto,

ele confere os botijões de gás no contêiner de armazenamento

A Spider é feita de lixo e de sucata de

metal. Suas pernas são raios X velhos que um

dia foram da alfândega no Norte da África

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A Spider normalmente passa o inverno guardada em um depósito de Bristol. Mas neste ano sairá em turnê, participando de um show em Bangcoc, na Tailândia (28 e 29 de novembro), e do Rhythm and Vines, na Nova Zelândia (29 a 31 de dezembro)

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e canos hidráulicos ligados a geradores do tamanho de um alpendre de jardim são colocados em um canto. Quinze homens trabalhando por três dias são necessários para montar a estrutura. Então os técnicos de luz e especialistas em pirotecnia entram para o ajuste fino.

“Às 2h45 em ponto haverá uma apresentação de 15 minutos do que a Spider tem a oferecer”, diz Rush. “Esse é o grande momento de Sir Henry.”

Sir Henry Hot é o chefe de pirotecnia da Arcadia. Ele verifica mais uma vez as ligações nos 35 botijões de gás laranja que ficam em um contêiner de armazenamento na base da aranha. “É a partir daí que nós bombeamos o gás.

Os tanques de combustível de 150 litros são conectados à cabeça”, ele diz. Quinze anos atrás, Hot trabalhava como técnico em computação em uma pequena cidade do norte da Alemanha. Então, numa crise dos 40 anos, mudou de ramo. Aprendeu a cuspir fogo e estudou pirotecnia.

Em 2009, Hot projetou um sistema único de nove canhões para a Spider, capazes de produzirem chamas de 25 m. A melhor parte do show, no que tange a sua pessoa, é a primeira vez que o fogo aparece, quando ninguém está esperando. “O som, a luz repentina e aquele cheiro. As pessoas sempre vão à loucura. Você pode sentir a vibração a 5 km de distância”, ele diz.

Ainda faltam 30 segundos antes que a Spider se solte. A tensão cresce na sala de controle a 50 m do colosso de metal. Esse é o centro nervoso externo da aranha. Hot e outros sete técnicos com headset na cabeça observam com atenção as mesas de som e monitores. “Preparados?” Todos dizem sim. E então começa a contagem regressiva. “Dez, nove, oito...”

A música e as luzes da Spider são interrompidas. De repente, tudo está escuro. As pessoas param de dançar e olham para cima. Algumas começam a vaiar. A festa acabou? Faltou luz? A resposta vem na forma de um baixo abafado. Lasers azuis aparecem vindos das pernas da Spider. A batida volta com tudo. Três gruas de dentro do corpo da Spider começam a se mover, alinhadas com a batida. Elas se movimentam para baixo, depois para cima: a Spider voltou à vida. A multidão vai à loucura.

A música fica mais alta. O som pesado de sintetizadores vai subindo, subindo, subindo... Hot aperta o maior botão do console que tem em sua frente. Há um estalo da batida do baixo, e Hot libera três labaredas de fogo que saem da cabeça da Spider com um assobio. A torre de chamas é tão deslumbrante que por um momento cega o público. A onda de calor é tão intensa que depois todos terão que ver se ainda têm pupilas. Hot sorri ao ver os gritos de surpresa do público. E então ele aperta de novo o botão. E de novo.

A música fica cada vez mais rápida. Hot controla todas as paradas da Spider: os lança-chamas, braços robóticos, jatos de CO² e raios laser. Todos os componentes se movimentam em harmonia, criando um show quente.

O que até as 3h tinha sido um grande show se transformou em uma festa pós-apocalíptica. Apesar da dura realidade de uma noite chuvosa na Inglaterra, a balada não terminará cedo.arcadiaspectacular.com

encontraram as pernas da Spider há cinco anos: são raios X de alfândega.

“Eles costumavam vasculhar contêineres de carga no Saara”, explica Rush. A torre de DJ da Spider é feita de seis motores de jatos velhos, e os joelhos, que parecem armadura, foram feitos de peças de helicóptero.

Enquanto não está às voltas com a organização da Arcadia, Rush vive em um trailer da cidade de Bristol, junto com os outros seis membros do coletivo. Nesse lugar eles brincam com novas ideias, consertam os palcos que já existem e colam pedaços de sucata para formar novos gigantes de metal.

Muito tempo também é gasto montando as criações. São necessários três caminhões para transportar a Spider. Uma vez no local, as patas são dispostas em um círculo, e então içadas por um guindaste e encaixadas na cabeça da Spider. Cabos elétricos subterrâneos

Dentro do centro nervoso da Spider: laser e pirotecnia, coreógrafos na grua, gerentes de produção

sentados em telas de computador e um grande botão vermelho com

o qual Sir Henry Hot mantém o público fervendo

Ele era um técnico de computador. Se cansou e foi animar a balada

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1º/11, em Porto Alegre

Tremendão Erasmo Carlos se apresenta em Porto Alegre com a turnê do último disco, Gigante Gentil. O ícone da Jovem Guarda mostra que a forma e seu espírito roquei-ro estão melhores do que nunca, com hits repletos de guitarras pesadas e arranjos poderosos – sem falar nos sucessos de sua longa e extremamente produtiva carreira. Erasmo é um dos gran-des bad boys do Brasil, sempre com personalidade forte e muita atitude. O disco novo reflete isso.www.erasmocarlos.com.br

AÇÃO!NA AGENDA

Tops do mundo, como Jordy Smith, devem vir para cá

3 a 9/11, em Maresias

Altas ondas Uma das melhores praias para surf no estado de São Paulo sediará pela primeira vez em sua história uma etapa mundial de alto nível. O Maresias Prime, válido pelo tour da ASP, receberá os melhores surfistas do mundo, como Jordy Smith e os brasileiros Gabriel Medina e Miguel Pupo, locais de uma das praias mais emblemáticas de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. As etapas Prime são as que podem dar maior pontuação para os atletas depois das etapas do WCT – a elite do surf. O motivo para os surfistas da elite virem a Maresias são os pontos que podem garantir boas posições no ranking geral e, assim, mantê-los entre os tops em 2015.www.aspworldtour.com

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13 a 15/11, em Salvador

Sabe jogar?A final mundial do RB Street Style será na capital baiana. Os habili-dosos com a bola no pé de mais de 30 países diferentes vão tentar impressionar os juízes e mostrar o que é possível fazer quando se trata de embaixadinha. As regras no Street Style são muito simples: três minutos, dois jogadores e uma bola. Quem conseguir a melhor pontuação leva. Até agora, há japoneses, poloneses e um norueguês que têm título. Essa é a chance do Brasil.www.redbull.com

9/11, em Fortaleza

Só os fortes sobrevivem A terceira etapa do Ironman Brasil, uma das disputas mais exi-gentes do mundo dos esportes outdoor, ocorre em Fortaleza. A competição é sinônimo de superação, preparo e ação. Diante das belas praias da capital cearense, o desafio não será menor:

3,8 km de natação, 180,2 km de ciclismo e 42,2 km de corrida. www.ironmanbrasil.com.br

20 a 23/11, em Floripa

Festa na praia26/11, no Rio

PsicodélicosBanda criada pelo multi-instrumentista Kevin Parker, a Tame Impala está de volta ao Rio de Janeiro. Prestes a lançar seu novo trabalho, o grupo apresenta o repertó-rio que conta com músicas do disco novo e hits antigos, como “Solitude Is Bliss”, “Lucidity” e “Feels Like We Only Go Backwards”.www.circovoador.com.br

8 e 9/11, em São Paulo

BicicrossA cidade de Cosmópolis, no interior paulista, será palco da 7ª etapa do Campeonato Paulista de BMX, principal competição de BMX Race do país. O Bicicross, como também é conhecido, é moda-lidade olímpica desde 2008. Esta é a melhor oportunidade de conferir de perto a atua-ção dos brasileiros.www.apbmx.com.br

7, 8 e 9/11, em São Paulo

GP Brasil de F1 O maior circo do automobilismo mundial passará por São Paulo no início do mês. Lewis Hamilton e Nico Rosberg disputam a ponta da corrida rumo ao título mundial, enquanto a sensação do ano, o australiano Daniel Ricciardo, segue firme na terceira posição. O GP de Interlagos será a penúlti-ma parada neste ano. A temporada 2014

termina no final de novembro

em Abu Dhabi.gpbrasil.com.br

N Ã O P E R C A !

O ANO TÁ ACABANDO

METRONOMYCom novos hits, Metronomy volta ao palco do Circo Voador numa das campanhas mais rápidas da plata-forma de crowd-funding cultural Nós Queremos!

A pista vai ferver com hits como “The Look” e “The Baya”.

circovoador.com.br

20NOVEMBRO

GRANDE FINALO último jogo das finais da

Copa do Brasil será disputado

na última semana de novembro.

É a hora de des-cobrir quem vai

levar a vaga para a Libertadores

do ano que vem.www.cbf.com.br

26NOVEMBRO

ARCTIC MONKEYS

Os ingleses bas-tante originais do

Arctic Monkeys passarão pelo Brasil antes de

fazer uma pausa em suas agendas.

Os garotos de Sheffield vão tirar um ano sabático

em 2015. Não per-ca a oportunidade.arcticmonkeys.com

15NOVEMBRO

A terceira edição do final de semana dedicado à festa e música eletrônica acontece na badalada praia de Jurerê Internacional, Florianópolis. A Aloha Beach Play vai agitar a região com baladas em dois dos principais clubs da ilha catarinense, o Parador 12 e o Café de la Musique. Vai encarar?www.alohabeachplay.com.br

Ricciardo: temporada de sucesso

9/11, em Fortaleza

Só os fortes sobrevivem A terceira etapa do Ironman Brasil, uma das disputas mais exi-gentes do mundo dos esportes outdoor, ocorre em Fortaleza. A competição é sinônimo de superação, preparo e ação. Diante das belas praias da capital cearense, o desafio não será menor:

3,8 km de natação, 180,2 km de ciclismo e 42,2 km de corrida. www.ironmanbrasil.com.br

termina no final de novembro

em Abu Dhabi.gpbrasil.com.br

Ricciardo: temporada de sucesso

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Page 83: The Red Bulletin Novembro 2014 - BR

Mergulhe no novo

redbulletin.com

„ M E I N E E I N Z I G E A N G S T I S T D I E A N G S T S E L B S T “

„ M E I N E E I N Z I G E A N G S T I S T D I E A N G S T S E L B S T “

P H A R R E L L : “ E S S E N E G Ó C I O F U N C I O N A N A B A S E D A E M O Ç Ã O . ”

Experiência visualAlém do comum

B R O O K LY N

Mergulhe no novoMergulhe no novo

„ M E I N E E I N Z I G E A N G S T I S T D I E A N G S T S E L B S T “

B R O O K LY N

F U N C I O N A N A B A S E D A E M O Ç Ã O . ”

“ G O S T O D E D I S P U TA S A C I R R A D A S . ”

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Hainaut, Bélgica,17 de maio de 2014Johannes Olszewski, de Munique, se equilibra sobre uma corda de náilon a 60 metros do chão, em uma torre de resfriamento de uma antiga usina de geração de energia. “Nós estendemos o slackline de 28 metros e com 2 dedos de largura”, ele diz. “Quando você está lá em cima, sente tranquilidade para começar e depois uma euforia enquanto se aproxima do final.” www.oneinchdreams.com

“Regra número 1: faça o que quiser, mas não olhe para baixo.” Regra número 2: encontre o acompanhamento musical adequado. O jovem Olszewski, artista do equilíbrio de 22 anos, está convencido que é o reggae de Damian Marley

MOMENTO MÁGICO

A PRÓXIMA EDIÇÃO DO RED BULLETIN SAI NO DIA 12 DE NOVEMBRO

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GRAB YOURPIECE OF

THE ACTION

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MAKERS OF THE ORIGINAL SWISS ARMY KNIFE I WWW.VICTORINOX.COM