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ALÉM DO COMUM SETEMBRO DE 2014 PISTA QUENTE A festa mais alucinante de Nova York A nova aventura de Cacá Bueno Não para, não! Invasões em nome da arte Dossiê sobre as séries de TV Mergulho livre na Tailândia O rei da MotoGP MARC MÁRQUEZ PESO PESADO Conheça a nova máquina do Dakar

The Red Bulletin Setembro 2014 - BR

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Page 1: The Red Bulletin Setembro 2014 - BR

ALÉM DO COMUM

SETEMBRO DE 2014

P I S T A Q U E N T E

A f e s t a m a i s a l u c i n a n t e d e

N o v a Yo r k

A n o va a v e n t u r a d e C a c á B u e n o

N ã o p a r a , n ã o !Invasões em nome da arte

Dossiê sobre as séries de TV

Mergulho livre na Tailândia

O rei da MotoGPMARC MÁRQUEZP E S O P E S A D OC o n h e ç a a n o v a m á q u i n a d o D a k a r

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“A BESTA” Conheça os primeiros testes da nova máquina que a Peugeot está montando para o Dakar

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BEM-VINDO! As palavras que melhor definem a edição que você tem em mãos são velocidade e motor. As próximas páginas contêm histórias de grandes talentos, como o espanhol Marc Márquez, campeão mundial de MotoGP e fenômeno da modalidade, e o brasileiro Cacá Bueno, que faz parte do Team Brasil, que quer ser a primeira escuderia 100% tupiniquim a vencer um título mundial de automobilismo. Se isso não é o bastante, ainda temos a histó-ria da construção do peso pesado do Rally Dakar, o 2008 DKR, da Peugeot, que pretende inovar boa parte da engenharia da categoria. Está sentindo o cheiro de diesel? Gasolina? Barulho de motor? Então você já está no espírito – agora é acelerar!

“Encontrar o limite

faz parte do jogo.”

MARC MÁRQUEZ, PÁG. 28

O MUNDO DE RED BULL

4 THE RED BULLETIN

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NESTA EDIÇÃO

TAILÂNDIA A FUNDONo sudeste asiático, você irá encontrar um dos lugares mais bonitos para mer-gulhar – e nós indicamos o melhor curso

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BOTA PRA FERVERUma balada coletiva, louca e com gente de todos os credos, cores e roupas. Bem-vindo à BangOn!

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GALERIA10 Registros alucinantes de saltos, manobras e aventuras

BULLEVARD 18 Fique por dentro de toda a história das séries de TV: o passado e o futuro

DESTAQUES

28 Marc MárquezFenômeno? Rei? Gênio? Conheça o cara que está abalando a MotoGP

36 PlacehackersA turma de fotógrafos que invade lugares e prefere o anonimato

48 Cacá BuenoO sonho do piloto brasileiro é conquistar o mundo

58 New Beat FundEntrevistamos os meninos do g-punk

60 Máquina do DakarOs primeiros testes do 2008 DKR

AÇÃO! 68 MALAS PRONTAS Tailândia69 EM FORMA Pronto para escalar70 MINHA CIDADE Almaty71 EQUIPAMENTO Churrasqueira72 MÚSICA Influências do Twin Atlantic73 BALADA Webster Hall em NY74 RELÓGIO Pura resistência75 GAMES Alien vem aí76 NOITE BangOn!84 NA AGENDA O melhor do mês86 ENTRETENIMENTO The Walking Dead88 MOMENTO MÁGICO Voando alto

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EM FORMAJa-In Kim é a melhor alpinista do mundo. Quer saber como ela se prepara para subir paredões? A gente fala

36PLACEHACKERS A turma de fotógrafos que invade lugares públicos fechados ou abandonados para fotografar

CACÁ BUENOAcompanhamos a ação do Team Brasil, a equipe 100% brasileira com chances de levar o caneco do Mundial de GT

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SETEMBRO DE 2014

THE RED BULLETIN 5

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NOSSO TIMEQUEM FEZ AEDIÇÃO DESTE MÊS

O fotógrafo David Clerihew já fotografou algumas das maiores estrelas do esporte, como Neymar Jr. Neste mês, a missão do escocês foi foto-grafar o campeão da MotoGP, o espanhol Marc Márquez. Para saber como foi toda a sessão de fotos, confira o vídeo do making of em:www.redbulletin.com

Quando o fotógrafo Richie Hopson foi convidado a foto-grafar Cacá Bueno, ele não imaginava que iria fazê-lo debaixo de uma chuva sem fim numa cidade no litoral da Holanda. “Quando fui perceber, estava com meus tênis encharcados, meu jeans molhado e a lente da câmera idem. Foi quando caiu a ficha”, diz o fotógrafo. “Mas valeu a pena, pois o Cacá é um cara muito amável – e uma verdadeira estrela em seu país.” Confira como foi o final de semana que eles estiveram juntos na página 48.

B A S T I D O R E S

A capa com Márquez

“ Essa festa é o que dá para chamar facilmente de uma balada muito louca.”

Conseguimos desacelerar o campeão e fazê-lo posar

para nossas fotos

Nascida em Paris e moradora do Brooklyn, em Nova York, a premiada fotógrafa Julie Glassberg fez trabalhos para o New York Times e L’Équipe e costuma colaborar frequente-mente com o Red Bulletin. Ela já fotografou BASE-jumpers, corridas de moto e até skatis-tas em Santa Catarina. Para esta edição, ela registrou uma das baladas mais alucinantes de Nova York, a BangOn!. “Essa festa é o que dá para

JULIE GLASSBERG

RICHIE HOPSON

DUSTINDOWNINGNascido em Austin, no Texas, e morador de Los Angeles, Dustin é fotógrafo profissio-nal há 12 anos e já colaborou para publicações como Maxim, Newsweek, GQ e Esquire. Em seu currículo estão retratos de músicos, atores, modelos, chefs, empresários e atletas. Sem falar nas coberturas de festi-vais como SXSW, Festival de Música de Toronto e semanas de moda em Nova York. Para esta edição do Red Bulletin, ele registrou a banda califor-niana New Beat Fund. Veja o resultado na página 58.

chamar de balada louca”, ela diz. Julie varou a madrugada trabalhando – em compensação estava perto de casa.

6 THE RED BULLETIN

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MAKERS OF THE ORIGINAL SWISS ARMY KNIFE I WWW.VICTORINOX.COM

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Diretor de Redação Robert Sperl

Redator-Chefe Alexander Macheck

Editor de Generalidades Boro Petric

Diretor de Criação Erik Turek

Diretor de Arte e de Criação Adjunto Kasimir Reimann

Diretor de Arte Miles English

Diretor de Fotografia Fritz Schuster

Editora Executiva Marion Wildmann

Editor Geral Daniel Kudernatsch

Editor Online Kurt Vierthaler

Editores Stefan Wagner (Editor-Chefe),

Werner Jessner (Chefe de Redação), Lisa Blazek, Ulrich Corazza, Arek Piatek,

Andreas Rottenschlager

Colaboradores Muhamed Beganovic, Georg Eckelsberger,

Sophie Haslinger, Holger Potye, Clemens Stachel, Manon Steiner, Raffael Fritz, Marianne Minar, Martina Powell,

Mara Simperler, Lukas Wagner, Florian Wörgötter

Editores de Arte Martina de Carvalho-Hutter, Silvia Druml,

Kevin Goll, Carita Najewitz, Esther Straganz

Editores de Fotografia Susie Forman (Diretora de Fotografia),

Rudi Übelhör (Diretor de Fotografia Adjunto), Marion Batty, Eva Kerschbaum

Ilustrador Dietmar Kainrath

Diretor Editorial Franz Renkin

Anúncios Internacional Patrick Stepanian

Gestão de Anúncios Sabrina Schneider

Marketing & Gerência de Países Stefan Ebner (Diretor), Manuel Otto, Elisabeth Salcher,

Lukas Scharmbacher, Sara Varming

Design de Marketing Peter Knehtl (Diretor), Julia Schweikhardt, Karoline Anna Eisl

Gerente de Produção Michael Bergmeister

Produção Wolfgang Stecher (Diretor), Walter O. Sádaba,

Matthias Zimmermann (App)

Impressão Clemens Ragotzky (Diretor),

Karsten Lehmann, Josef Mühlbacher

Assinaturas e Distribuição Klaus Pleninger (Vendas), Peter Schiffer (Assinaturas)

Gerente Geral e Publisher Wolfgang Winter

Produção de Mídia Red Bull Media House GmbH

Oberst-Lepperdinger-Straße 11–15, A-5071 Wals bei Salzburg Tribunal de registro de empresas: Tribunal de justiça

de Salzburgo; Número de registro: FN 297115i; UID: ATU63611700

Diretores Executivos Christopher Reindl, Andreas Gall

THE RED BULLETIN México, ISSN 2308-5924

Editor México Alejandro García Williams

Editores Pablo Nicolás Caldarola (Editor Adjunto),

Gerardo Álvarez del Castillo, José Armando AguilarRevisão

Alma Rosa Guerrero, Inma Sánchez Trejo

Gerente de Projeto e Vendas Rodrigo Xoconostle Waye

Venda de Anúncios +5255 5357 7024, [email protected]

Assinaturas Preço da assinatura: MXP 270,00; 12 edições/ano

Impressão R.R. Donnelley de México,

S. de R.L. de C.V. (R.R. DONNELLEY) Av. Central no. 235, Zona Industrial Valle de Oro

San Juan del Río, Querétaro, CP 76802 Editor Responsável

Rodrigo Xoconostle Waye

THE RED BULLETIN Alemanha, ISSN 2079-4258

Editor Alemanha Andreas RottenschlagerRevisão Hans Fleißner

Gerentes de Canal Christian Baur, Nina KrausVenda de Anúncios

Evelyn Kross, Martin Olesch [email protected]

Assinaturas Preço da assinatura: EUR 25,90; 12 edições/ano

www.getredbulletin.com, [email protected]

THE RED BULLETIN França, ISSN 2225-4722

Editor França Pierre Henri CamyAssistente de Redação Christine Vitel

Tradução e Revisão Susanne & Frédéric Fortas, Ioris Queyroi,

Christine Vitel, Gwendolyn de Vries Gerente de Canal Charlotte Le Henanff

Venda de Anúncios Cathy Martin: 07 61 87 31 15, [email protected]

Impressão Prinovis Ltd. & Co. KG, 90471 NurembergRedação 12 rue du Mail, 75002 Paris; 01 40 13 57 00

THE RED BULLETIN Estados Unidos, ISSN 2308-586X

Editor EUA Andreas Tzortzis Editora Adjunta Ann Donahue

Revisão David CaplanDiretor de Publishing e Venda de Anúncios

Nicholas PavachGerente de Projeto Melissa Thompson

Venda de Anúncios Dave Szych, [email protected] (L.A.)

Jay Fitzgerald, [email protected] (Nova York) Rick Bald, [email protected] (Chicago)

Impressão Brown Printing Company, 668 Gravel Pike, East Greenville, PA 18041, www.bpc.com

Assinaturas Preço da assinatura: US$29,95; 12 edições/ano

www.getredbulletin.com, [email protected]ção 1740 Stewart St., Santa Mônica, CA 90404

Contato 888-714-7317; [email protected]

THE RED BULLETIN Brasil, ISSN 2308-5940

Editor Brasil Fernando Gueiros

Revisão Judith Mutici, Manrico Patta Neto

Venda de Anúncios Marcio Sales: (11) 3894-0207, [email protected]

Redação Av. Brig. Faria Lima, 1826, sala 709 – São Paulo/SP

Contato [email protected]

THE RED BULLETIN Irlanda, 2308-5851

Editor Irlanda Paul Wilson

Editora Associada Ruth Morgan Editor de Música Florian Obkircher

Subeditora-Chefe Nancy James Subeditor-Chefe Adjunto Joe Curran

Venda de Anúncios Deirdre Hughes: 00 353 862488504, [email protected]

Impressão Prinovis Ltd & Co KG, 90471 Nuremberg

Redação Richmond Marketing, 1st Floor Harmony Court,

Harmony Row, Dublin 2, Irlanda; +35 386 8277993

THE RED BULLETIN Reino Unido, 2308-5894

Editor Reino Unido Paul WilsonEditores

Florian Obkircher, Ruth Morgan, Nancy James (Subeditora-Chefe), Joe Curran (Subeditor-Chefe Adjunto)

Gerente de Projeto e Vendas Sam Warriner

Venda de Anúncios Georgia Howie: +44 (0) 203 117 2000,

[email protected] Impressão

Prinovis Ltd. & Co. KG, 90471 NurembergRedação

155-171 Tooley Street, Londres SE1 2JP, +44 (0) 20 3117 2100

THE RED BULLETIN Áustria, ISSN 1995-8838

Editor Áustria Ulrich CorazzaRevisão Hans Fleißner

Gerente de Projeto Lukas ScharmbacherVenda de Anúncios Alfred Vrej Minassian (Diretor),

Thomas Hutterer, Romana Müller; [email protected]ão Prinovis Ltd. & Co. KG, D-90471 Nuremberg

Assinaturas Preço da assinatura: EUR 25,90; 12 edições/ano

www.getredbulletin.com, [email protected] [email protected]

THE RED BULLETIN África do Sul, ISSN 2079-4282

Editor África do Sul Angus Powers Editores Nancy James (Subeditora-Chefe),

Joe Curran (Subeditor-Chefe Adjunto)Gerente de Projeto e Vendas Andrew Gillett

Venda de Anúncios Andrew Gillett: +27 (0) 83 412 8008, [email protected]

Impressão CTP Printers, Duminy Street, Parow-East, Cidade do Cabo 8000

Assinaturas Preço da assinatura: ZAR 228,00; 12 edições/ano www.getredbulletin.com, [email protected]

Redação South Wing, Granger Bay Court, Beach Road, V&A Waterfront,

Cidade do Cabo 8001, +27 (0) 21 431 2100

THE RED BULLETIN Nova Zelândia, ISSN 2079-4274

Editor Nova Zelândia Robert Tighe

Editores Nancy James (Subeditora-Chefe),

Joe Curran (Subeditor-Chefe Adjunto)Gerente de Projeto e Vendas

Brad MorganVenda de Anúncios

Brad Morgan: [email protected]ão

PMP Print, 30 Birmingham Drive, Riccarton, 8024 Christchurch

Assinaturas Preço da assinatura: NZD 45,00; 12 edições/ano

www.getredbulletin.com, [email protected] Redação

27 Mackelvie Street, Grey Lynn, Auckland 1021 +64 (0) 9 551 6180

THE RED BULLETIN Suíça, ISSN 2308-5886Editor Suíça Arek Piatek

Gerente de Canal Antonio Gasser, Melissa Burkart

Revisão Hans Fleißner

Venda de Anúncios Mediabox AG, Zurique: [email protected]

Assinatura Preço da assinatura: CHF 19,00; 12 edições/ano

www.getredbulletin.com, [email protected]

8 THE RED BULLETIN

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A RIDE?NEED

Get inside and discover the full rally experience from all spectacular angles. WRC is your ticket to the world's toughest motorsport, the FIA World Rally Championship! Subscribe now on wrcplus.com for only € 4,99 a month.

FULL HIGHLIGHTSThe WRC video highlights in full length.

LIVE STAGESRally live – up to three hours of rally action per event.

ONBOARD ACTIONUnique rally experience through the eyes of the drivers.

LIVE MAPSExclusive live tracking of drivers and cars.

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AC I MA D O S ALPE S , FR AN Ç A /ITÁLIA

LÁ DO ALTOFred Fugen e Vince Reffet saltam de um avião a uma altitu-de de 10 052 metros. Lá no alto, a temperatura é de -55 °C em uma iluminada terça-feira de maio. Subindo só mais um pouco, os dois franceses precisariam de escafandros pressurizados. Durante os próximos mais ou menos sete minutos de queda livre e de voo ao redor da ponta do Mont Blanc a apenas alguns centímetros da rocha, eles alcançam uma velocidade máxima de 385 km/h e levam consigo toda a ousadia possível. Teríamos que acreditar apenas em suas palavras sobre ser ou não verdade o que fizeram se não fosse por Dom Daher, também francês e um homem que tira fotos como esta, que os praticantes de esportes radicais usam como cartões de Natal.skycombo.redbull.comFoto: Dom Daher/Red Bull Content Pool

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SYD N E Y, AU STR ÁLIA

MESTRE DO PASSINHO

Khaled Chaabi é um dos melhores b-boys que existem. Ele faz parte da Flying Steps, uma equipe alemã que tem girado e feito novos passinhos em performances por todo o mundo desde 1993. Três anos atrás, a Flying Steps levou a velha dança de

rua para uma era inteiramente nova: a do pirata da barba preta e a invenção da má quina de vapor.

A equipe montou um espetáculo extraordinário que levou a cultura do breakdance a lugares tradicional-mente reservados à música erudita. Na foto, vemos

Khaled em ação no State Theatre, em Sydney. redbullflyingbach.com

Foto: Incite Images/Red Bull Content Pool

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TAC E N , E S LOVÊ N IA

JOGANDO EM CASA

Depois de terminar em sexto lugar na compe- tição de canoagem masculina na Olimpíada de

Londres em 2012, apesar de ser favorito ao ouro, Peter Kauser não conseguiu entender o porquê. “Não consegui encontrar nada que pudesse ter

afetado minha performance e que fosse responsá- vel por não atingir a minha meta”, ele diz. “Ainda

não descobri a resposta, mas espero algum dia encontrar.” Recentemente, o esloveno viu seu bom

desempenho reaparecer ao vencer a Copa do Mundo do seu esporte, em uma corredeira de água que fica

a cerca de uma hora de distância de carro de onde ele nasceu. Esta imagem é de um treino no local.

canoeicf.comFoto: Samo Vidic/Red Bull Content Pool

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M I LO S , G R ÉC IA

MUNDO DA LUAUns dizem que o diretor Stanley Kubrick e a NASA

forjaram “o pequeno passo para o homem” dado pelo astronauta Neil Armstrong com um cenário espetacular

montado em um local secreto. Quanta bobagem! Se alguém quisesse fazer com que uma aterrissagem pare-

cesse ser a Lua, teria que ter ido a algumas das ilhas vulcânicas de Milos. Com a luz certa, a outrora casa da Vênus de Milo tem uma aparência perfeitamente espa-

cial. “Já estive em muitos lugares”, diz o rider francês Julien Dupont, “mas nunca na Lua. É estranho: nós esta-mos aqui na Grécia, mas a sensação é de estar na Lua.”

twitter.com/juliendupontFoto: Samo Vidic/Red Bull Content Pool

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wurde dieser graue Kasten in Japan zum

Hit: Das Nintendo En-tertainment System brachte Videospiele in die Wohnzimmer

dieser

B E M - V I N D O À É P O C A D E O U R O D A T E L E V I S Ã O !

S É R I E S E S P E T A C U L A R E S

BULLE VA R DBULLE VA R D

Que belezinha, não? Este é um dos bichos medonhos que dominam nossa TV na série Grimm

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AS MELHORES SÉRIES DOS...

S A S H A R O I Z : P R Í N C I P E D O S C O N T O S D E FA D A

BASTARDO!Aqueles que não têm sangue puro devem ser os próximos grandes astros das séries

A descoberta mais estonteante que as

sitcoms sobre nerds já fizeram atende pelo nome de uma frase

famosa de Big Bang Theory: “Penny!”

(Kaley Cuoco) – ou na língua de Sheldon:

“Penny! Penny! Penny!” Definiti-

vamente todas as coisas boas são três.

Ou serão duas?

F A N T A S I A / H O R R O R

G R I M M

BAZINGA!

Na televisão atual, dentro dos gêneros de fantasia e contos de fada (Game of Thrones, Once Upon a Time, Grimm...) parece que uma nova tendência está chegando: os bastardos. Frutos de amo-res proibidos entre a nobreza e os simples mortais procuram por um lugar ao sol nas tramas e por uma maior (e mais legal) participação nos diálogos. Enquan-to em Game of Thrones, Jon Snow (Kit Harington), o filho bastardo de Eddard Stark, se desenvolve lentamente como um príncipe encantado, continuamos tentando seguir as pistas do florescer de Sean Renard, da série de fantasia e horror Grimm: um capitão do departa-mento de polícia de Boston e também um filho bastardo de sangue nobre (metade do sangue dele vem da realeza da linha das sete casas). Nós visitamos o pseudopríncipe dos contos de fadas em seu horário de trabalho e engatamos uma conversa olho no olho. Ele parece ter problemas com a família...

PERGUNTA AO CAPITÃO Capitão Sean Renard (em sua outra vida, Sasha Roiz), da série Grimm

De qual monstro de Grimm o senhor tem mais medo, Capitão? Bom, com base na mitologia dos Grimm eu deveria ter medo das bruxas e dos seres abelhudos. Seríamos inimigos. Mas, honestamente, tenho mais medo é da minha família. Eles são perigosos e estão sempre colocando pedras no meu caminho. Como um bastardo da nobreza Grimm, me dou melhor com os monstros. Já a minha família... é um verdadeiro desafio emocional.

C O M É D I A

T H E B I G B A N G T H E O R Y

ALF chegou à Terra qua-tro anos depois de E.T.

e nos ensinou que os ga-tos são muito saborosos.

A N O S 8 0Um estranho agente do FBI investiga um

assassinato num lugar chamado Twin Peaks.

A N O S 9 0Um chefão da máfia vai ao psiquiatra, e a Famí-lia Soprano entra para a história da televisão.

A N O S 2 0 0 0Bitch! Um químico e

um ex-aluno produzem uma metanfetamina dos deuses: Breaking Bad!

A N O S 2 0 1 0

“Tenho medoda minha

família.”Capitão

Sean Renard

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T E N D Ê N C I A 1 : A D A P T A Ç Ã O D E H I S T Ó R I A S E M Q U A D R I N H O S

T H E WA L K I N G D E A DT E N D Ê N C I A 1 : A D A P T A Ç Ã O D E H I S T Ó R I A S E M Q U A D R I N H O S

T H E WA L K I N G D E A D

T E N D Ê N C I A S D A T V

SANGUE FRESCONovos tipos de séries buscam grandes audiências na televisão. Apenas as fórmulas que elas usam são velhas: sexo, sangue e emoção

Primeiro os quadrinhos ganharam o cinema, agora estão ganhando a TV: a série de zumbis The Walking Dead (originalmente criada por Robert Kirkman) está atingindo um número dos sonhos em termos de audiência. A Marvel também impressiona com Agents of S.H.I.E.L.D. e Constantine (baseada nos quadrinhos Hellblazer): sucessos bem planejados.

B U L L E VA R D

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T E N D Ê N C I A 3 : H I S T Ó R I A E F A N T A S I A

G A M E O F T H R O N E S

T E N D Ê N C I A 2 : H O L LY W O O D N A T V

T R U E D E T E C T I V E

T E N D Ê N C I A 3 : H I S T Ó R I A E F A N T A S I A

G A M E O F T H R O N E S

T E N D Ê N C I A 2 : H O L LY W O O D N A T V

T R U E D E T E C T I V E

Uma história fantástica, baseada em fatos reais: Game of Thrones se inspira na Guerra das Rosas, que ocorreu na Inglaterra. A série Vikings retrata a vida do lendário rei nórdico Ragnar Lodbrok, e Reign conta a história de Maria Stuart, Rainha da Escócia.

O alto escalão de Hollywood cai tão bem na tela pequena quanto na telona. Grandes estrelas do Oscar, como Matthew McConaughey e Woody Harrelson em True Detective, Kevin Spacey em House of Cards ou Halle Berry em Extant, estão tentando a sorte na TV.

THE RED BULLETIN 21

HB

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J . J . A B R A M S

F E L I C I T Y

G R E E K B A T T L E

N O R T H E R N E X P O S U R E

T H E A F T E R

G E N E T I C A M E N T E B O N S

A ÁRVORE GENEALÓGICA DAS SÉRIESInvestigamos as origens de seis produtores e autores de séries de sucesso

e documentamos a evolução do universo televisivo

B R E A K I N G B A D

O S S O P R A N O S

M A G N U M

Q U A N T U M L E A P

S T A R T R E K : D S 9A R Q U I V O X

A R Q U I V O X

M I L L E N N I U M

B AT L L E S TA R G A L A C T I C A

R O S W E L L

C A R N I V A L E

T H E R O C K F O R D F I L E S

A L I A S

N C I S

D O N A L D P.B E L L I S A R I O

e documentamos a evolução do universo televisivo

C H R I SC A R T E R

D AV I DC H A S E

R O N A L D D .M O O R E

V I N C EG I L L I G A N

J A G

T H E L O N E G U N M E N

F R I N G E

P E R S O N O F I N T E R E S T

A L M O S T H U M A N

Netflix Produções próprias e acesso

rápido para quem quer assistir a tudo: o Netflix marca a nova era.

App TVTagA diversão das mídias sociais misturada ao entretenimento

da TV: o app televisivo perfeito.

4k Ultra-HD SmartTV Quatro vezes melhor do que

nossa atual resolução Full HD. Com ela você vê tudo mesmo.

Touch & Buy-Zapper Com o controle remoto, dá para

comprar direto da tela de TV. Não existe, mas seria legal.

As séries de crime e mistério estão crescendo cada vez mais e estão se tornando as queridinhas do momento

J.J. AbramsDonald Bellisario David Chase Chris Carter Ronald D. Moore Vince Gilligan

BUY

Touch & Buy-Zapper

BUY

Quatro coisas que tornam o universo das séries de TV ainda mais fantástico:

TELINHAQUENTE

B U L L E VA R D

L O S T

S TA R T R E K : T H E N E X T G .

D R A M AA N O A V E N T U R A C O M É D I A A Ç Ã O F I C Ç Ã O C I E N T Í F I C A C R I M E M I S T É R I O

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1 dia e 16 horas GAME OF THRONES (TEMPORADAS 1-4) Neste tempo, você poderia: escalar os quatro cumes mais altos do Reino Unido

V O C Ê É U M V I C I A D O E M S É R I E S ?

MARATONA TELEVISIVAA febre das séries que nos leva a assistir cada vez mais episódios e temporadas completas é uma das atividades mais populares de hoje em dia. Aqui você vê quanto tempo da sua vida você passou de olho na TV

12 dias e 5 horas DOCTOR WHO Neste tempo, você poderia: caminhar 1 465 km (ir e voltar 4 vezes do Rio a São Paulo)

11 dias e 12 horas OS SIMPSONS Neste tempo, você poderia: tirar a licença de piloto de avião nos EUA

10 dias e 2 horas SOS MALIBU Neste tempo, você poderia: emagrecer de 5 a 10 quilos – dependendo do esforço

7 dias e 10 horas STAR TREK: A NOVA GERAÇÃO Neste tempo, você poderia: aprender a tocar ukulelê com o aplicativo Aprendendo Ukulelê em 7 Dias

8 dias, 1 hora e 30 minutos NCIS Neste tempo, você poderia: mergulhar a fundo em toda a obra de Mozart

4 dias e 12 horas BUFFY Neste tempo, você poderia: preparar 2 592 saquinhos de pipoca no micro-ondas

3 dias e 8 horas TRUE BLOOD (TEMPORADAS 1-6) Neste tempo, você poderia: com bastante empenho, ler a Bíblia inteira

104 dias e 8 horas GENERAL HOSPITAL Neste tempo, você poderia: assistir a todas as séries listadas abaixo ou voar para Vênus

1 dia

1 hora

TRUE BLOOD

GAME OF THRONES

BUFFY

GENERAL HOSPITAL

DOCTOR WHO

OS SIMPSONS

SOS MALIBU

NCIS

STAR TREK - A NOVA GERAÇÃO

24 THE RED BULLETIN

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A V E R D A D E I R A F E M M E FATA L ECHRYSTA BELL É UMA MULHER PRA LÁ DE MISTERIOSA. UMA PRESENÇA HIPNÓTICA ONDE QUER QUE

A V E R D A D E I R A F E M M E FATA L ECHRYSTA BELL É UMA MULHER PRA LÁ DE MISTERIOSA. UMA PRESENÇA HIPNÓTICA ONDE QUER QUE

Experiência visualAlém do comum

Mergulhe no novo

redbulletin.com

„ M E I N E E I N Z I G E A N G S T I S T D I E A N G S T S E L B S T “

A V E R D A D E I R A F E M M E FATA L ECHRYSTA BELL É UMA MULHER PRA LÁ DE MISTERIOSA. UMA PRESENÇA HIPNÓTICA ONDE QUER QUE

Mergulhe no novoMergulhe no novo

„ M E I N E E I N Z I G E A N G S T I S T D I E A N G S T S E L B S T “

„ M E I N E E I N Z I G E A N G S T I S T D I E A N G S T S E L B S T “

P H A R R E L L : “ E S S E N E G Ó C I O F U N C I O N A N A B A S E D A E M O Ç Ã O . ”F U N C I O N A N A B A S E D A E M O Ç Ã O . ”

“ G O S T O D E D I S P U TA S A C I R R A D A S . ”

01 02 03

dois dos mais medonhos e evocativos símbolos da fragilidade e da fé. A cadeira elétrica é

uma peça de seu fi lme de 2005, Sin City: A Cidade do Pecado. Já o confessionário é do fi lme

Destruição e redenção são temas recorrentes nos fi lmes do diretor Robert Rodriguez, então

não é surpresa que ele tenha decorado a sala da entrevista no estúdio Troublemaker com

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O que seria a primeira coisa que você faria se de repente se tornasse livre?Abriria o primeiro bar gay da época eduardiana, que se chamaria “Lei de Barrow”. Um lugar onde todos os homens tivessem o direito de beijar quem quisessem –

inclusive o anfitrião. E contrataria Molesley como DJ, que ficaria sentado em um canto botando Radiohead na vitrola. E lhe diria: “Maldito Molesley, cadê a animação? Que tal um pouco de ABBA?” Aí viraria uma Rainha da Pista, no sentido mais literal da palavra.

Os especialistas estão todos de acordo quanto ao princípio da época de ouro na televisão. Os personagens de uma série podem se desenvolver mais do que em uma aventura cinematográfica de duas horas, o que faz com que muitas estrelas de Hollywood deixem os telões por formatos mais modestos. As séries de TV são um tipo de cinema melhorado, onde é permitido ousar mais. Lilyhammer é a primeira série produzida na Europa que, apesar das legendas, está fazendo sucesso nos EUA. O espetáculo de ficção científica Defiance abre novos caminhos, já que, além de ser uma série de TV, tam-bém faz parte do universo dos jogos online. Downton Abbey está inserindo milhares de telespectadores do mundo inteiro na Inglaterra Eduardiana. Confira abaixo as entrevistas com atores nos seus papéis.

PAPO COM O PERSONAGEMSteven Van Zandt, vulgo “Gangsterboss Frank Tagliano” de Lilyhammer

Se você fosse o homem mais poderoso em Lilyhammer, o que faria? Sou o homem mais poderoso de Lilyham-mer! Transformei aquele lugar em um bordel. Sou o homem por trás da onda de crimes. O pessoal lá é muito certinho, isso choca um americano como eu: nos EUA se pode comprar desde um cargo de prefeito até o de presidente.

N Ó R D I C O P O R N AT U R E Z A

CONSEGUIRAMO cult norueguês Lilyhammer é a primeira série legendada a se tornar hit nos Estados Unidos

F I C Ç Ã O C I E N T Í F I C A / A V E N T U R A

D E F I A N C E

D R A M A

D O W N T O N A B B E YC O M É D I A / D R A M A

L I LY H A M M E R

PAPO COM O PERSONAGEMRob James-Collier, vulgo “mordomo do mordomo Thomas Barrow”, de Downton Abbey

de prefeito até o de presidente.

“Sou o homem por trás da onda

de crimes.”Frank Tagliano

…Grant Bowler, vulgo xerife Joshua Nolan de Defiance.

O que você pensa sobre...

BATE-BOLA COM...

H E L L B U G S : Sexy!

A L A S C A : Deserto!

A M A N D A R O S E W A T E R : Gostosa!

D A T A K T A R R : Malandrinho!

V O L G E S : Fritos são gostosos.

T E R R A F O R M A Ç Ã O : Problema!

F I L H O S : Mais problema!!!

B U L L E VA R D

O barato que vem do extremo norte: Lilyhammer

26 THE RED BULLETIN

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Os especialistas estão todos de acordo quanto ao princípio da época de ouro na televisão. Os personagens de uma série podem se desenvolver mais do que em uma aventura cinematográfica de duas horas, o que faz com que muitas estrelas de Hollywood deixem os telões por formatos mais modestos. As séries de TV são um tipo de cinema melhorado,

Lilyhammeré a primeira série produzida na Europa que, apesar das legendas, está fazendo sucesso nos EUA. O espetáculo de ficção

abre novos caminhos, já que, além de ser uma série de TV, tam-bém faz parte do universo dos jogos online.

está inserindo milhares de telespectadores do mundo inteiro na Inglaterra Eduardiana. Confira abaixo as entrevistas com atores nos seus papéis.

PAPO COM O PERSONAGEMSteven Van Zandt, vulgo “Gangsterboss

Se você fosse o homem mais poderoso

Sou o homem mais poderoso de Lilyham-

F I C Ç Ã O C I E N T Í F I C A / A V E N T U R A

D E F I A N C E

T E R R A F O R M A Ç Ã O : Problema!

F I L H O S : Mais problema!!!

Lilyhammer

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E N R E D O

Q U E M D I S S E ?

F A M Í L I AÁ L C O O L

S E X O E G E N T E P E L A D A

E N R E D O

Use o botão de pausa para fazer um lanchinho ou para uma visita ao

banheiro. E depois segue o baile!

C O N C L U S Ã O C O N C L U S Ã O

T HE BIG BA NG T HEORY (2007)

NE W GIR L(2011)

CHEERS(1982)

S É R I E S D E O N T E M E D E H O J E

MUDANÇA DE VALORESOs tempos realmente mudaram: o que antes era cool,

hoje virou brega. As mudanças dos nossos valores transformaram também os seriados. Veja abaixo:

M AT R I A RCA DO: A M Ã E É QUE

DÁ O TOM

Todos os nossos heróis são provenientes de

famílias disfuncionais, e a “classe média sofre”.

Um grupo de nerds luta pelo reconheci-mento de seus pais

convencionais e pelo Prêmio Nobel.

PATRIARCADO:O PAI É QUE DÁ

A TÔNICA DO L ANCE

O que a série mostra é uma família que vive em harmonia em um local

paradisíaco. Essa família funciona.

A determinação foi tomando conta de todas as gerações. A família passou de um funcionamento

clássico para um ambiente disfuncional. O melhor dos mundos não é mais cogitável.

Os amigos são a melhor família.

Os pais são hippies, e o filho luta por seu

reconhecimento como um banqueiro

de sucesso.

A HEROÍNA DA SÉRIE, JESS, APARECE PELADA

JÁ NOS PRIMEIROS MINUTOS

O álcool é uma resposta para quase todos os problemas da vida.

Então... Saúde!

Mulher é traída por um homem e vai morar numa

república masculina. Característica principal: uma mulher destemida,

porém dependente.

SUGESTÕES INOF ENSI VAS

O álcool é aceito como uma arma contra a

solidão. O bar é um local de fuga para esquecer

as mágoas, e a bebida é uma boa companheira.

Os homens hoje são como porcos. O álcool, com o passar do tempo, conseguiu

aperfeiçoar seu poder.

Mulher é traída por um homem e por isso começa

a trabalhar em um bar. Característica principal: busca da independência

financeira.

CA R AS E CA R E TAS (1982)

KOMA* PAPO DE LATANosso artista, Kainrath, se volta

ao universo da televisão

ER - PLANTÃO MÉDICO

Two and a half can

*KOMA: KAINRATH’S OEUVRES OF MODERN ART

A FÓRMULA DA SITCOM

De quais ingredientes e personagens uma sitcom precisa

para se tornar um hit global?

F E N Ô M E N O G L O B A LSer cool somado a uma alta capacidade

intelectual, um pouco de sex-appeal e um lugar legal: isso dá audiência o ano todo.

W O M A N I Z E R Pode ser no estilo

Charlie Harper (Two and a Half

Men) ou no estilo Barney Stinson

(How I Met Your Mother), precisa ter um

mulherengo no pedaço.

N E R D Socialmente ele é um fracasso,

mas intelec tual-mente é um gênio, além de adorável:

Sheldon Cooper (The Big

Bang Theory).

I N T E R E S S E A M O R O S O

Uma bela moça, que faz feliz aos

homens e às mulheres: como Penny (The Big Bang Theory)

ou Robin (How I Met

Your Mother).

C L I M A P O S I T I V O

Um lugar onde todos nós nos sentiríamos

bem – pode ser um pub ou uma

sala de estar.

vs. vs.

B U L L E VA R D

THE RED BULLETIN 27

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d e d e r r o t á - l o é e l e m e s m o – e i s s o o g a r o t o j á e s t á f a z e n d o . M a s o q u e M A R C M Á R Q U E Z t e m q u e o t o r n a c o m p e t i d o r

f o r a d e s é r i e ? A q u i v ã o a l g u m a s d i c a s P o r : W e r n e r J e s s n e r F o t o s : D a v i d C l e r i h e w

FATOR

28

Page 29: The Red Bulletin Setembro 2014 - BR

Sucesso meteórico: Marc Márquez é o atual

campeão mundial e está mostrando que

será novamente vencedor em 2014

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e quisermos analisar o futuro e o passado de Marc Márquez, ir ao box da equipe Honda Repsol é o suficiente. Logo ali atrás, no cantinho, vemos um homem magro, bronzeado, cabelo curto, um pouco de marcas de expressão ao redor da boca (provavelmente de tanto sorrir de satisfa-ção), sentado sobre as próprias pernas. Pode-se pensar que ele é um ex-piloto de corridas que está conversando sobre o treinamento com Livio Suppo, o chefe da equipe, mas a semelhança com o jovem que acaba de vestir o capacete Shoei NXR é muito grande: ele é Julià Márquez, pai de Marc. Julià está presente em todas as corridas do filho. Presença infalível, porém sem alardes, sem uniforme de equipe, ape-nas ali, para o caso de seu filho precisar.

O mesmo vale para seu irmão três anos mais novo, Álex, também um piloto de sucesso, na classe júnior Moto3. Os irmãos ainda moram na casa dos pais, em Cervera, mais ou menos a uma hora de distância, de carro, do norte de Barce-lona. Marc dirige sua BMW M5 particular (seu troféu pela melhor qualificação do ano anterior), um veículo bastante prático – uma van branca sem janelas, totalmente equipada com uma oficina.

Na casa de Márquez há uma sala espe-cial reservada apenas para seus troféus, mas fora isso continua tudo como antes: a família vive junta, faz as refeições junta, treina junta, e deixa que o mundial da

motovelocidade, os grandes motorhomes, as belas modelos e a série de acordos e estratégias que envolvem este mundo das competições afete o mínimo possível a convivência. Pelo que se vê nas pistas, parece que isso conta muito para o sucesso.

No entanto, há duas coisas que de fato mudaram ao longo dos anos, como conta Álex Márquez: “Eu usava os capacetes, as luvas e as motos do Marc. Em uma corrida, enquanto papai acompanhava Marc, mamãe tinha que me levar para outro lado. No final de semana, eles tro-cavam. Mas, agora que estamos ambos no paddock da MotoGP, isso já não é mais necessário”.

Desde os 11 anos, Marc é gerenciado por Emilio Alzamora, campeão do mundo da categoria 125 cc em 1999. A importân-cia do espanhol de 41 anos pode ser com-parada com a de Helmut Marko na Fór-mula 1: quando o cara é forte o bastante para cumprir com as próprias expectati-vas e exigências, ele pode ir muito longe.

A recompensa (que provavelmente deveria ser em diamantes) que o jovem Marc Márquez deve a ele desde o início de sua parceria em 2004, é provavelmen-te incalculável. Para ter uma ideia, aos 8 anos o menino foi o campeão de enduro da Catalunha, estreou no mundial com 15 anos e foi campeão do mundo pela primeira vez aos 17, na classe de juniores. Mas por essa experiência também passa-ram outros pilotos. Da Moto2, devido a um acidente e ferimentos graves, ele

“ O MARC SUBIU NA MOTO E BATEU O MELHOR TEMPO DA PISTA EM SEU PRIMEIRO TREINO NA MOTOGP.”S

30 THE RED BULLETIN

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A Honda acreditou que Marc Márquez

substituiria o veterano Casey Stoner à altura – mesmo sem ele ter

corrido na MotoGP

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precisou ser afastado, demorou dois anos para conquistar o título e foi derrotado por Stefan Bradl, da Alemanha.

No entanto, a equipe da Honda queria muito contratá-lo, pois acreditava nele como o único sucessor possível do genial piloto australiano aposentado Casey Stoner para a categoria classe A, mesmo que para isso eles tivessem que mudar as regras. Normalmente, os novatos pre-cisam adquirir experiência em equipes satélites antes de um passo desses.

O primeiro teste de Marc com uma moto da MotoGP nunca será esquecido pelo coordenador da equipe Livio Suppo: “Foi em Valência. No primeiro dia, estava chovendo muito, não pudemos fazer nada. Outro piloto teria ficado bem nervoso, mas, quando Marc finalmente deu a lar-gada, no segundo dia, ele simplesmente sentou na moto e, quando vi, era o pri-meiro e ainda batendo o melhor tempo. Ele foi mais rápido que Stoner, Rossi, Pedrosa... Fotografei a tela com o meu telefone, era inacreditável”. Suppo é um velho lobo, que antes já tinha liderado a equipe Ducati, levado os japoneses orgu-lhosos para a Honda Racing Corporation e também o atrevido sr. Rossi e sua Yamaha para seu devido lugar. Alguém como Livio Suppo não se deixa impressionar tão rápi-do: “Os jovens pilotos, a gente pode julgar já depois da primeira temporada. Ou o cara tem talento ou não tem”. Contudo, alguém que como Marc se torna uma referência logo de cara... isso é inédito no darwinismo do mundo das motos.

Quando pilotos como o espanhol con-duzem seus potentes mísseis eletrônicos com 250 cavalos de potência pela pista, eles conseguem ângulos de inclinação de até 69 graus. (Esses são os momentos em que os giroscópios das câmeras acopladas nos capacetes dos pilotos fazem a cabeça deles desaparecer da imagem, e nos quais não apenas os joelhos e os cotovelos tocam o chão, mas também os ombros.)

Estes são os momentos em que todas as forças estão concentradas em duas

“ ACHAR O LIMITE”, DIZ MÁRQUEZ, “É PARTE DO JOGO. SÓ ASSIM VOCÊ PODE SER RÁPIDO O BASTANTE.”

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Rei das curvas: Marc é o único que

consegue fazer uma boa inclinação usando

a roda traseira

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O chefe da equipe garante: “Não existe

ninguém que não goste de trabalhar

com ele”

VEJA MARC MÁRQUEZ EM ON ANY SUNDAY, THE NEXT CHAPTER, UM FILME QUE MOSTR A A PAIX ÃO POR ANDAR DE MOTO Acesse no link e saiba mais: w w w.onanysunday film.com

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Page 35: The Red Bulletin Setembro 2014 - BR

superfícies da grossura de um cartão de crédito: os infalíveis pneus Bridgestone. Nesses momentos, a superfície está aque-cida a mais de 200 graus, e até mesmo os aros da roda estão tão quentes que você não pode tocar sem luvas. O engenheiro-chefe Klaus Nöhles, que também já foi um piloto disputando mundiais, está por dentro de todas as informações sobre os equipamentos dos pilotos e pode tirar suas próprias conclusões: “Marc tem uma roda dianteira extremamente está-vel. O que faz com que a roda traseira simplesmente não importe. Ele é o único que consegue fazer uma boa inclinação usando a roda traseira, e com tanta com-petência que não tem problemas em tomar providências quando entra em apuros nas curvas mais difíceis”.

Isso não significa que algumas vezes ele não caia, não role no chão e não precise de atendimento médico. “Isso faz parte da busca pela superação dos próprios limites”, diz Marc, balançando os ombros. “Se não for assim, você não consegue ser rápido o bastante.” Mas antes ele tinha muito mais pressa, hoje Marc conhece melhor os próprios limites, ao menos para não ter pressa a ponto de se esfolar seriamente.

Será que o segredo da velocidade per-feita de Marc está na familiaridade que ele tem com os recursos de ajuda e dire-ção eletrônica? Livio Suppo tem certeza que não: “Ele é tão rápido simplesmente porque é assim que ele é. O que acontece é justamente o contrário: as facilidades eletrônicas enganam, elas fazem com que os pilotos mais fracos pareçam despropor-cionalmente bons”.

De acordo com Nöhles, esse estilo de trabalho se deve muito à extrema capaci-dade de estruturação que ele vivenciou durante sua carreira na Repsol Honda: “Eles sempre sabem muito bem o que fa-zer na pista e, quando mudam alguma coisa, é uma coisa só. Por isso não há lu-gar para estratégias de pânico”. Isso tal-vez se deva também, sobretudo, ao estilo calmo e sábio do coordenador técnico de Márquez, Santi Hernández. O espanhol residente em Londres (e fumante invete-rado) é um jovem homem barbudo. O ho-mem por trás dos panos que se alegra tan-to com as vitórias de Marc, que faz declarações como: “É muito fácil traba-lhar com Marc. Ele sempre fala exatamen-te o que quer, e sempre corre mais rápido do que a gente calcula. Além de tudo, a hones tidade dele é inacreditável: quando ele comete alguma falha e cai, ele vem até o box e se desculpa. Então, nunca é preci-so chamar a atenção dele pra nada. Marc está sempre rindo e, apesar das inevitá-veis dificuldades, parece sempre feliz por

estar aqui. Isso faz bem para a equipe toda. Não existe ninguém que não goste de trabalhar com ele, que faz com que todos aqui se sintam mais jovens”.

A autoconfiança do jovem adulto também é inacreditável. Pudera: no ano passado, ele levou durante a última tem-porada cerca de 100 mil fãs para Valência, que o viram chegar à terceira posição, e assistiram à sua conquista de homem mais jovem da história a levar para casa um título mundial. Desde o início, Marc já batia nos ombros de seu coordenador de equipe e o acalmava: “Não se preocupe, o terceiro lugar eu levo com certeza, isso eu consigo com apenas um empurrãozinho nas costas”. Dito e feito: o primeiro lugar ficou com Jorge Lorenzo, o segundo lugar com Dani Pedrosa, e o terceiro com Marc Márquez. Zero risco, só felicidade.

O mesmo vale para Dani Pedrosa, seu colega de equipe, o tradicional adversário número de 1 de Marc – mas, apesar disso, os dois se dão muito bem: “Eles se enten-dem, riem muito juntos e até saem para jantar só os dois algumas vezes”. O segre-do para isso é um total respeito mútuo, o que talvez tenha a ver com o perigo que envolve esse esporte, e com o fato de que por isso um deve poder confiar no outro, para que possam se apoiar, principalmente quando ambos estão a 350 km/h, lutando lado a lado com suas motos. Mas como em todas as amizades, nem tudo são flores (ao menos não sempre): na última tem-porada, eles lutaram tanto, lado a lado, pela conquista do pódio, que o clima pe-sou um pouco. Mas isso eles resolveram rápido, conversando como homens.

Dani Pedrosa se mantém na liderança da MotoGP há uma década. Ele é, ao lado de Valentino Rossi, o grande desafiante em campo. O que ele pensa dos colegas? “Marc não só pilota muito, como é um cara muito difícil de ultrapassar. Ele

consegue frear muito bem mesmo nas piores curvas. Quando não há nada lá fora, a única chance é frear para se manter dentro. Mas é raro saber fazer isso também nas piores curvas.”

Stefan Bradl concorda: “Todos nós tentamos batê-lo, mas até hoje ninguém arranjou um jeito de fazer isso”.

Talvez isso seja por causa dos seus treinos em dirt track, onde ele se acostu-mou a dirigir motos deslizantes. Mais uma vez, nas palavras de Klaus Nöhles: “Marc aperfeiçoou o estilo de suas impa-gáveis pernas treinando o freio: ele se protege do asfalto com as pernas, enquanto a moto está visivelmente fora de controle, balançando e dançando como louca. Se você olhar bem para ele, percebe com quanta desenvoltura ele dirige a moto e vai pela pista em vez de se agarrar obses-sivamente nela, como faz a maioria dos outros pilotos. O que parece é que Marc confia mais na potência de sua máquina do que os outros competidores”.

Para piorar a situação (dos outros...), tem ainda os momentos mágicos à la Márquez, que acontecem graças ao seu brilho natural, quando ele aparentemente do nada e de brincadeira se aproxima dos adversários e simplesmente os frita, desmo-ralizando-os. Como na Yamaha, quando ele corre com tanta eficácia e rapidez em curvas abertas e difíceis, mantendo-se sublimemente na pole position, na frente de três Yamahas e uma Ducati, seguidas pelas outras Hondas. A explicação? Talvez seu místico e constante sorriso.

Para cada pole position conquistada, a equipe ganha um relógio do patrocina-dor. O primeiro do ano quem ganhou foi Marc. O segundo quem ganhou foi seu pai. A equipe está sempre se revezando... O coordenador da equipe, Santi, coleciona no momento quatro peças das mais nobres, e usa sempre a mais recente. As outras vão para a sua casa, em Londres, onde guarda até o capacete assinado depois do título mundial de 2013. “Um dia”, diz Santi, “vou olhar para trás e não vou con-seguir acreditar na grandeza que signifi-cou tudo isso e no quanto foi impagável trabalhar com alguém como Marc.”

Quem poderá parar Marc, se nem mesmo seus adversários acreditam mais nas próprias chances? O coordenador da equipe, Suppo, sabe a resposta: “Uma car-reira curta e de sucesso é uma coisa, uma carreira de sucesso duradoura é outra. Marc tem potencial para ser mais bem- sucedido que Valentino Rossi. Para impedi-lo disso, provavelmente só mesmo uma bela mu-lher brasileira, por quem ele se apaixone e que o leve para uma ilha deserta”.www.redbull.com/faster

“ ELE SÓ NÃO BATERÁ ROSSI SE UMA BRASILEIRA O LEVAR PARA UMA ILHA DESERTA.”

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CÂMERA ESCONDIDAÁreas desconhecidas nas ruas, no alto e nos subterrâneos de grandes cidades estão sendo descobertas e ocupadas por destemidos explora­dores urbanos. Nos juntamos a uma destas turmas para descobrir como – e por que – eles fazem isso

LONDRES, INGLATERRATHE SHARDTalvez um dos mais notórios e impressionantes “place hacks” dos últimos tempos foi a invasão da London Consolidation Crew ao arranha-céu The Shard, em abril de 2012. “Foi bem assustador”, diz o fotó grafo Otter, também explorador com a equipe Silent UK. “Sofro para subir prédios de 30 andares, mas mais de 72 com uma cobertura? A cabeça queria, mas o corpo vacilava.” Quase meia hora de es cadas depois, alcançaram o alto e escalaram até o terraço. Sua recompensa? O mais exclusivo e deslumbrante belvedere de Londres.

Foto: Bradley L. Garrett/ www.placehacking.co.uk

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...o dono do lugar. Quando você parece suspeito, as pessoas suspeitam de você.” Com passos confiantes que dissimulam nervos e as primeiras ondas de adrenalina, a equipe de exploração cruza a movimen-tada rua na direção de uma cerca de arame farpado no fim de uma rua esburacada. A rota se desvia do caminho e desaparece no mato das proximidades. Do meio dos arbustos, uma brecha se torna visível na altura do chão atrás de um denso tufo de capim. A equipe passa através do ponto de entrada improvisado e se camufla. Um conjunto de degraus de ferro podre depois e os espaços abertos à mostra no quintal passam a ter o estranho silêncio e frescor da planta insuspeita.

Dentro do prédio (acima), que deixou de existir como uma empresa em um subúrbio de Bruxelas há uns cinco anos, as evidências de invasões estão em todos os lugares. “Alguém sempre esteve no lugar antes de você. Nada é ‘exploração’ no sen-tido de encontrar algo que ainda não foi encontrado pela humanidade”, diz Koen L, líder dessa expedição, iluminando com sua lanterna algumas garrafas de cerveja em cima de uma mesa de controle destru-ída. “Mas nós todos levamos diferentes experiências para casa.”

É essa a essência da exploração urbana: colocar nossas próprias marcas territoriais em um mundo sem barreiras.

Esses limites foram infringidos por séculos. Muito antes das cercas afiadas e câmeras de segurança, os exploradores ousados descobrem locais proibidos por todo o mundo, locais nunca antes vistos. O gosto pela exploração é uma pulsão inerente à natureza humana.

“Todos nascemos exploradores”, diz o pesquisador e explorador urbano doutor Bradley L. Garrett. “É uma coisa natural,

um instinto quase primal quando se é jovem ficar explorando o ambiente em volta de nós. Mas depois, quando ficamos um pouco mais velhos, o condicionamento social nos reprime. Os exploradores são pessoas que ignoram isso ou que escolhem redescobrir esses instintos suprimidos.”

Acredita-se que os exploradores urba-nos, também conhecidos como a comuni-dade UrbEx, estejam na casa das dezenas de milhares. Escalam torres e pontes, des-cem para o interior de redes metroviárias, infiltram-se em monumentos e até em novas e antigas instalações de indústria e comércio. Seja onde for que exista uma placa dizendo “Não”, haverá uma equipe de aventureiros para dizer “Não interessa”. Esses grupos operam nos EUA e na Europa desde os anos 1960, mas houve uma nova onda de crescimento na última década. A bíblia do UrbEx, Access All Areas, foi publi-cada em 2005, e hoje a exploração urbana é um movimento underground universal interligado através de websites e fóruns dos quais se compartilham informações.

“Algumas pessoas exploram para irem contra o sistema”, diz Koen L. “Algumas encaram como uma arqueologia urbana. Para outras, é uma diversão, uma ativida-de para fazer com os amigos.”

A maioria dos exploradores urbanos adere às boas práticas da cartilha dos sites de UrbEx. Outros entendem que as regras vão no sentido contrário da essência da exploração urbana. “Tentar estabelecer regras ou códigos entre pessoas que exis-tem por não seguirem regras ou códigos é de certa forma paradoxal”, diz Moses Gates, um explorador experiente e autor

de um livro de memórias que ainda será lançado, chamado Hidden Cities.

Quando se trata das regras do sistema legal, no entanto, os exploradores urba-nos parecem estar unidos para quebrá-las. O argumento do que é legal ou ilegal tem pouco impacto no planejamento e na exe-cução de uma missão, sendo apenas levado em conta para medir a razão entre o risco e o benefício. Os exploradores acreditam que todos têm o direito de acessar a infra-estrutura pública, sendo esta qualquer estrutura financiada ou mantida com o dinheiro de impostos. Alguns estendem essa noção a propriedades corporativas que afetam a comunidade.

Em abril, a London Conso lidation Crew e a Garrett escalaram o topo do The Shard, que tem 330 metros e é o prédio mais alto tanto de Londres quanto da Europa. A pu-blicidade que o feito gerou causou o repú-dio da comunidade UrbEx. “Alguns dizem que nós estamos fortalecendo a cultura da segurança, o que vai levar a mais locais sendo trancados”, diz Garrett.

“Ainda não vimos evidências disso acon-tecendo. Ainda saímos todas as semanas descobrindo novos lugares, mas talvez isso acabe acontecendo com o tempo.”

“Está difícil descobrir novos lugares”, diz Koen L, saindo pelo buraco na cerca do lado de fora da fábrica de rótulos de Bruxelas, satisfeito depois de quatro horas explorando e fotografando cada andar, cada escritório saqueado e cada gabinete. “Mas o mundo é um lugar enorme e, quando você olha além das cercas e muros, ele se torna ainda maior.”www.placehacking.co.uk

“ Simples-mente entre como se fosse...

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38 THE RED BULLETIN

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LONDRES, INGLATERRA

THE WALBROOKUm dos cerca de 20 rios subterrâneos da cidade

(alguns são questionados) está bem no centro, debaixo

do bairro financeiro. “É um dos mais antigos do tipo em

Londres”, diz o explorador urbano da Silent UK, que

tirou esta foto do seu colega explorador, BambooPanda, em

2009. Todos os exploradores usam apelidos e codinomes

para manter o segredo em relação aos seus métodos e garantir que os esforços de

suas explorações possam ser reconhecidos anonimamente.

Foto: Silent UK

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LIVERPOOL, INGLATERRAWEST TOWER

“Em algum momento de 2006 se tornou claro, para nós, que os lugares mais de­senvolvidos de qualquer grande cidade

podem ser facilmente acessados”, diz Snaps, da Adventure Worldwide. “Esca­

lamos estes pontos apenas pela vista e pela sensação de liberdade.” O local

em que era construída a West Tower, em Liverpool, que com 140 metros logo se

tornaria o lugar mais alto da cidade, mos­trou ser tentador demais. Na foto, está

o explorador Frank no alto da cúpula dois anos antes que fosse concluída.

Foto: adventureworldwide.net

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ŽELJAVA, CROÁCIABASE AÉREA SUBTERRÂNEAUma enorme base na fron-teira entre a Croácia e a Bósnia-Herzegovina foi construída pela força aérea iugoslava em 1968. Com o codinome de Objekat 505, era um dos maiores e mais caros projetos de construção militares da Europa na época, com seus enormes túneis e hangares onde os jatos Mig eram guardados. Apesar das tentativas de destruir a instalação, ela ainda pode ser explorada. Aqui, o explo-rador Urban Fox dentro de um dos túneis.

Foto: adventureworldwide.net

ANTUÉRPIA, BÉLGICASISTEMA

DE METRÔ O explorador urbano

Dsankt, da Austrália, sobe de uma extensão deixada

pela metade do sistema de metrô da Antuérpia.

“Nós tínhamos encontrado o enorme buraco que levava

lá para baixo nos túneis incompletos do metrô,

então passamos um dia comprando o equipamento

necessário para descer”, diz o fotógrafo Snaps. “No final, tornou-se uma noite longa e nós saímos pouco

antes de o sol nascer.”Foto: adventureworldwide.net

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MOSCOU, RÚSSIARIO SUBTERRÂNEODepois de explorar os subterrâneos do Rio Neglinnaya, Steve Duncan e sua equipe saíram por um buraco do esgoto nas extremidades da Praça Vermelha. O rio foi originalmente uma via fluvial da capital russa, até que no início do século 19 foi colocado debaixo da terra. Pouco depois de saírem do esgoto, os exploradores ame-ricanos foram pegos pela polícia militar russa. “Mesmo com a Guerra Fria encerrada”, diz Duncan, “eles ainda não ficam contentes se encontram americanos próximos ao Kremlin.” A polícia considerou os exploradores malucos e não perigosos, e deixou que fossem embora.Foto: Steve Duncan

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ST. PAUL, EUATÚNEIS DE

SERVIÇO “O arenito macio [sob as cidades gêmeas de

St. Paul e Minneapolis] fez com que ficasse mais

fácil para empresas pri-vadas construírem mais

túneis no subsolo de uma cidade sobre rocha”, diz Steve Duncan. Este é

o túnel de uma linha de telefone obsoleta com

canos de suprimento de água ainda usados.

Foto: Steve Duncan

MOSCOU, RÚSSIATÚNEIS DE ELETRICIDADE DO SISTEMA DE METRÔMoses Gates se contorce pelo túnel de ventilação. “É muito difícil entrar sem ser pego ou morto pelos trens, mas nosso guia local tinha descoberto esta porta dos fundos para o metrô”, disse o companheiro explorador de Gates, Steve Duncan.

Foto: Steve Duncan

LONDRES, INGLATERRADOWN STREETFechada em 1932, esta estação de metrô desati-vada fica no coração da Mayfair londrina. Bradley Garrett foi até lá integrando uma equipe de cinco pes-soas em fevereiro de 2011. “Sentamos numa extre-midade que beirava um buraco escuro de uns 20 metros”, diz Garrett. “Os trens passavam pelo túnel abaixo, gerando um vento quente envolvido com poeira preta em nossas caras... Sem cordas, nós descemos pelos canos.” Foto: Bradley L. Garrett/ www.placehacking.co.uk

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VIENA, ÁUSTRIAFLAKTURM

Os nazistas construíram oito Flakturms, ou torres de artilharia, durante a Segunda Guerra

Mundial, nas cidades de Berlim, Hamburgo e Viena, servindo como grandes torres antiaéreas

na superfície, usadas como abrigos e protegendo dezenas de milhares de pessoas dos ataques aéreos dos aliados. Enquanto a maioria deles

se mantém intacta, os interiores contam outra história. “Parte do interior de um dos que nós

invadimos em Viena havia sido deixada aos pe-daços por uma explosão”, diz Snaps. “Esta foto

mostra Urban Fox no meio dos destroços, dando uma ideia das dimensões que tinha este negócio.”

Foto: adventureworldwide.net

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NIÁGARA, CANADÁCATARATAS DO NIÁGARAAs relíquias da época de geração de eletricidade nas Cataratas do Niágara são interessantes para os exploradores enquanto revisitam as tentativas de obter energia da força das quedas. Esta foto mostra a vazão da usina de energia William Rankine. Este túnel já trouxe água da usina de energia, que entrava próxima da extremidade das quedas, de volta ao rio no fundo do desfiladeiro. “O destaque dessa exploração foi colocar uma corda acima das entranhas da usina, conseguindo no final chegar ao térreo na turbina desativada”, diz Snaps.Foto: adventureworldwide.net

LONDRES, INGLATERRAHERON TOWER

É o terceiro maior prédio da capital britânica, depois do The Shard e do One Canada Square,

em Canary Wharf. “Quando nós o visitamos, toda a cidade estava coberta de cerração. A

visibilidade é de quase zero, mas isto deu um charme todo especial”, diz Silent UK. O topo do mastro da Heron Tower fica 230 metros acima

do solo. É possível ver na foto o explorador Speed, durante um “place hack” de 2008,

quando o prédio ainda estava em construção.Foto: Silent UK

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Com o verde-amarelo nas duas BMW Z4 que disputam o Blancpain GT Series, o Team Brasil segue os passos da Copersucar-Fittipaldi em busca de algo inédito: um título mun-dial para uma equipe brasileira

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mundo

Cacá Bueno venceu tudo o que foi possível vencer

no automobilismo nacional, mas um sonho ainda resta:

ganhar um campeonato mundial. Ele quer o título do Mundial de GT com um

time 100% formado por engenheiros, mecânicos

e pilotos brasileirosPor: Cassio Cortes Fotos: Richie Hopson

Nós contra o

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um raro domingo de sol e calor na Inglaterra, mais precisamente no con-dado de Kent, abrigo de um dos circui-tos mais icônicos do automobilismo mundial: Brands Hatch.

Foi aqui, no traçado de 3 908 metros que conta com a temida curva Paddock Bend – um mergulho cego à direita no qual os pilotos descem mais de 15 me-tros de altura a quase 200 km/h –, que Emerson Fittipaldi conquistou sobre Jackie Stewart uma vitória decisiva para sua arrancada rumo ao primeiro título mundial de Fórmula 1 para o Brasil, em 1972. Foi também nas coli-nas de Brands que Nelson Piquet ven-ceu um duelo cerebral contra Alain Prost, em 1983, para subir no topo do pódio e encostar definitivamente no francês na disputa pelo que viria a ser o seu bicampeonato.É

Três décadas depois de Piquet e 42 anos após Emerson, o Brasil segue sonhando alto em Brands. Em sétimo lugar no grid, cores indefectivelmente verde-amarelas, lá está ela: a Z4 do BMW Team Brasil. Ao volante, o maior piloto do automobilismo brasileiro nos últimos 15 anos: Carlos Eduardo Galvão Bueno Filho, o Cacá.

Maior piloto? Os números não mentem. Cacá Bueno surgiu de forma meteórica nas pistas nacionais, con-quistando o campeonato da Stock Car Light a bordo de um Chevrolet Omega, em 1997. Eram outros tempos, em que apenas um punhado de nomes, como Ingo Hoffmann, Paulo Gomes e Chico Serra, conseguiu viver de automobilismo de alto nível no Brasil.

Sem perspectivas, o filho do locutor Galvão Bueno partiu para a Argentina,

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Os mecânicos do Team Brasil passam o intervalo entre as

corridas europeias em uma casa alugada no Algarve, em Portugal

– chega-se a oito semanas segui-das sem ver as famílias no Brasil

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país historicamente mais profissionali-zado no esporte a motor, e lá levantou mais uma taça: foi campeão do Sul-Ame-ricano de Superturismo, com um 406 da equipe oficial de fábrica da Peugeot, em 1999. O Superturismo Sudam era tão forte – o engenheiro de Cacá na Peugeot em seguida trabalharia com a lenda Sébastien Loeb nos nove títulos do mundial de rali WRC conquistados pelo francês para a Citroën – e com orçamentos tão caros que a categoria se inviabilizou. Cacá teve de retornar ao Brasil em 2002 para tentar a vida na renovada Stock Car.

Os velhos Omegas haviam sido substi-tuídos por chassis tubulares específicos para competição e poderosos motores V8 de 450 cv, mas os nomes clássicos da cate-goria continuavam lá. Logo no primeiro ano o carioca recém-chegado da Argentina deixou sua marca com três vitórias.

De 2003 em diante, Cacá disputaria o título até o fim em todos os seus anos na Stock. Foram quatro vice-campeonatos e cinco canecos, tornando-se o segundo maior vencedor da história da categoria, atrás apenas de Ingo Hoffmann. “Dos anos 2000 para cá, a Stock se profissionalizou e cresceu demais, adquirindo credibilidade internacional como uma das principais categorias de carros de turismo no mun-do”, acredita Reginaldo Leme, comenta-rista de automobilismo na TV Globo.

Estabelecer-se como estrela maior e mais bem remunerada (estima-se que seu salário anual na equipe Red Bull Racing supere a casa do R$ 1,5 milhão) da Stock não foi suficiente para Cacá. Em Brands o piloto confessa, momentos antes de entrar no cockpit da Z4 verde- amarela: “Nunca escondi que, depois de

finalmente conquistar meu primeiro título na Stock em 2006, meu sonho era ganhar um campeonato do mundo”.

O problema é que o caminho para um piloto brasileiro no exterior em categorias de turismo ou protótipos talvez seja mais complexo ainda do que nas categorias de fórmula, onde o país conta com o “pedi-gree” de oito títulos de F1 e cinco campeo-natos de F-Indy. Um bra sileiro nunca foi campeão mundial em uma categoria de turismo, e o único título internacional rele-vante conquistado pelo país em carros com teto e para-lamas foi o mundial de protó-tipos levantado por Raul Boesel, em 1987.

A primeira tentativa mais séria de entra-da em uma arena global para Cacá veio no Mundial de Turismo WTCC, ironica-mente na mesma Brands Hatch, em 2010. Deu tudo errado: seu Chevrolet Cruze pegou fogo logo nas primeiras voltas da prova. “O motor quebrou e o óleo causou um incêndio”, recorda.

Mesmo em uma experiência tão curta, a equipe gostou do que viu em Cacá.

No ano seguinte, na etapa brasileira dis-putada em Curitiba, nova oportunidade para o carioca. Dessa vez o motor ficou no lugar, e Cacá fez o seu trabalho, con-quistando uma terceira colocação – seu primeiro pódio em uma categoria inter-nacional FIA. “O time queria que eu con-tinuasse para o resto da temporada, mas era preciso trazer patrocínio, e é muito complicado convencer uma empresa brasi-leira a bancar uma campanha cara lá fora.”

Os planos internacionais ficaram dor-mentes até o fim de 2012, quando um episódio polêmico para o automobilismo nacional acabou precipitando o nascimento do BMW Team Brasil.

Os números não mentem. Cacá surgiu

de forma meteórica nas pistas nacionais,

conquistando três vice-campeonatos

e cinco títulos

Uma Z4 de rua custa bem menos que rivais como Audi R8,

Mercedes SLS e Ferrari 458. Mesmo com a equalização proporcionada

pelo regulamento, as “BMs” sofrem para acompanhar a concorrência

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Aos 38 anos, Cacá busca preencher

a única lacuna sig-nificativa restante

em seu currículo

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Na etapa de Brands Hatch, os mecânicos do Team Brasil

levaram o prêmio de € 2 mil pelo pit stop mais rápido da prova

O engenheiro Sérgio Tony conversa com Cacá pelo rádio: estratégias diferenciadas são um dos triunfos do time para brigar pela ponta

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A pressão aerodinâ-mica em curvas de

alta é uma das quali-dades da Z4. Em pis-

tas velozes, a BMW é mais competitiva

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Team BrasilO diretor esportivo Washington Bezerra (à esq.) topou o desafio do patrão Antonio Hermann, mas com uma condição: para disputar o Mundial, a equipe teria de ser 100% brasileira

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campeã das 24h de Spa, as McLarens da equipe Bhai Tech, campeãs da GT Open europeia...”, enumera Cacá. “Basicamen-te, quase todas as equipes que estão aqui dominaram os campeonatos de GT de seus respectivos países.”

Logo na primeira volta, ele leva um toque do Audi do alemão René Rast, perdendo posições para Rast e a Ferrari de Montermini, caindo para oitavo lugar. “O Audi me tocou, mas o carro tá inteiro”, ele grita no rádio para o engenheiro Troy.

Cacá mantém um bom ritmo e para nos boxes na volta 20 de um total de 40. A troca de pilotos exaustivamente ensaia-da por ele e Jimenez é executada com perfeição, e Jimenez retorna à pista em sexto. Com a faca nos dentes, o paulista de Piedade vai para cima dos adversários até conquistar a quarta posição, que já seria algo a se comemorar. Mas ele quer mais. Depois de pressionar o Audi do ex-F1 Winkelhock, agora pilotado pelo companheiro, o austríaco Niki Mayr- Melnhof, Jimenez pula para terceiro – é o primeiro pódio conquistado na pista pelo Team Brasil.

Um mês depois, novamente ao lado do Team Brasil em outra pista clássica, em Zandvoort, a 30 km de Amsterdã, a chuva embaralha o grid, e o 8º e o 14º lugares são tudo que as duplas Nelsinho/Stumpf e Cacá/Jimenez conseguem na segunda prova – um final de semana diametral-mente oposto ao pódio de Brands.

“Foi um final de semana para esque-cer, mas sabemos exatamente quais erros cometemos aqui e estamos prontos para trabalhar duro para nos recuperarmos para a próxima etapa na Eslováquia”, resume Cacá a caminho do aeroporto. “Essa é a beleza do esporte.”

Washinho, como foi?’. Disse para ele: ‘Olha, teu filho não é trouxa. Você vai ter que arranjar uma grana para ele cor-rer...’ ”, recorda Bezerra.

Do mesmo jeito que convencera Gal-vão a apostar em Cacá há quase 20 anos, Washington persuadiu Hermann a aceitar a aposta do time 100% brasileiro.

Com valor estimado em € 260 mil cada, a Z4 GT3 pouco tem em comum com sua “irmã” de rua. O motor V8 4.4 rende 520 cv, mais que o dobro da versão de rua mais comum. Praticamente tudo no carro – portas, para-choques, teto, para-lamas, aerofólios dianteiro e traseiro – é feito na mesma fibra de carbono utili-zada na construção dos carros de F1. Por isso, apenas um para-choque dianteiro, frequentemente danificado nas disputas dentro da pista, custa cerca de € 6 mil.

Os números podem impressionar, mas a missão do carro é das mais difíceis: en-carar máquinas como Ferrari 458, McLaren 12C, Lamborghini Gallardo, Porsche 911 e Mercedes SLS AMG, carros cujas ver-sões de rua custam de duas a cinco vezes mais do que uma Z4.

No time brasileiro, Cacá tem um com-panheiro com quem se reveza na corrida (30 minutos cada): é Sérgio Jimenez, um dos maiores kartistas do Brasil e, atual-mente, rival de Cacá na Stock. “Sempre foi um dos pilotos mais rápidos do Brasil, e finalmente agora está obtendo o reco-nhecimento merecido”, acredita Cacá.

Na outra Z4, a de número 30, Antonio Hermann buscou outro nome de grife: Nelson Piquet Jr., desiludido após ficar sem patrocínio na Nascar. Quem divide o carro com Nelsinho é o gaúcho Matheus Stumpf, bicampeão do Brasileiro de GT com o próprio Hermann em 2010/2011.

Assim foi fechado o time para buscar algo 100% inédito para o automobilismo brasileiro, um sonho paralelo ao sonho pessoal de Cacá: um título mundial para uma equipe verde-amarela. “É mais difí-cil, certamente, mas, por isso mesmo, muito mais gratificante”, pensa Hermann. “Não tenho dúvida de que hoje nós somos uma das equipes que disputam o título.”

De volta a Brands Hatch, as luzes se apagam. “Go, go, go, go!”, grita o enge-nheiro Sérgio Troy no rádio para Cacá, e o brasileiro acelera forte. Ao lado dele no grid, vários pilotos com passagem pela F1, como os italianos Giorgio Pantano e Andrea Montermini; o alemão Markus Winkelhock; e o também italiano e ex-campeão da F-Indy, Alex Zanardi.

“Temos aqui a Lamborghini do Jeroen Bleekemolen, que já ganhou Le Mans, a Mercedes da HTP Motorsport, que foi

“Galvão, seu filho não é trouxa. Você precisa de grana para ele correr.”

P r o t ó t i p o s Já os protótipos, tal como os fórmulas, são construídos somente para as pistas, mas com rodas e piloto cobertos. Nesse universo, a prova mais importante são as 24 Horas de Le Mans, jamais vencidas por um piloto brasileiro.

Por questões políticas de bastidores, a equipe Ferrari desacelerou drasticamente no final para Duda Rosa chegar em se-gundo e impedir o título da BMW, vista por alguns como tendo sido favorecida pelo regulamento ao longo da temporada.

Na prática, o papelão causou a extinção do Brasileiro de GT e esgotou a paciência do dono do BMW Team Brasil, Antonio Hermann, que decidiu levar seu time para o campeonato mundial. O próximo passo era convencer seu chefe de equipe, o ex-periente Washington Bezerra.

“Falei para o Hermann: eu topo, mas com uma condição. A equipe tem que ser 100% brasileira”, diz Washington, entre uma baforada e outra do seu inse-parável cachimbo. Conhecido por Cacá há muito: em 1997, foi ele quem deu a Cacá seu primeiro teste na Stock. “No fim do dia, o Galvão me ligou: ‘E aí,

A série Ou Mundo Ou Nada, contando os bastidores da campanha de Cacá Bueno e do BMW Team Brasil no Mundial de GT, estreia em outubro exclusivamente no canal Discovery Turbo

Máquinas de verdadeA s d i f e r e n t e s c a t e g o r i a s d o a u t o m o b i l i s m o

T u r i s m o O Mundial de GT é uma das principais categorias de carros de turismo no mundo. No automo-bilismo, usa-se o termo “turismo” para descrever carros de corrida baseados, na origem, em carros de rua. Se esses carros são esportivos de alto nível em suas versões de rua, são chamados de “Gran Turismo”, ou simplesmente “GT”.

F ó r m u l a O sucesso dos pilotos brasileiros na F1 e F-Indy fez dos carros de fórmula os mais popula- res entre os fãs de automobilismo no Brasil. São carros produzidos especificamente para competir, com as rodas e o piloto expostos.

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Vaias, prisão, van atolada na neve... A vida na estrada é pura alegria!E quem garante é a banda que inventou o g-punk

Entrevista: Florian Obkircher Foto: Dustin Downing

NEW BEAT FUND

Garotos da Califórnia

Stones. Eu vi o Foo Fighters ser vaiado ao abrir pro Red Hot também. De re-pente, quando fui ver, era a gente que estava nessa situação.: Com o tempo você vai ficando cale-jado. Já estamos acostumados a fazer pessoas que não nos conhecem curtir nosso som.Vocês estão em turnê constante. Como é lidar com tanto tempo junto?: A gente fica focado em como será o próximo show e como fazer ele ser um sucesso. Parte disso é lidar uns com os outros, entender que todos nós peidamos

Depois de 20 apresentações em 26 dias, ainda restam 11 para os próximos 14 dias. Neste momento, a New Beat Fund está em sua cidade natal, Los Angeles, onde começa a encerrar sua turnê americana ao lado da dupla de rap-rock Aer. E nem parece que eles estão há tanto tempo na estrada. São quatro caras na faixa dos 20 anos que falam besteira e ficam de olho nas mulheres que passam por perto. “Fazer turnê é ótimo, mas voltar à Cali-fórnia é ainda melhor”, diz o vocalista Jeff Laliberte com a típica malandragem californiana. “Acho que as pessoas nos entendem melhor aqui do que fora.” Ele fala com conhecimento de causa: a maior parte deste ano e do ano passado, a banda esteve na estrada divulgando seu primeiro EP, CoiNz ($), de 2013, que reúne músicas com boas influências pop, guitarras animadas e uma ou outra música mais tranquila. O EP permitiu que eles gravassem seu primeiro álbum, ainda sem nome, que será lançado em setembro deste ano.

: Vocês fizeram uma turnê com o Blink-182. Como foi? : Nosso primeiro show foi em Nova Jersey. O lugar estava lota-do e nós estávamos morrendo de medo. Entramos no palco e fomos vaiados pela multidão. Definitivamente eles não queriam uma banda de abertura. : Eles nunca tinham ouvido nosso som e não estavam a fim de ouvir. Mas, no final, a galera começou a esquentar. Os shows com o Blink-182 foram difíceis porque eles são uma banda muito grande.: A gente até leu que o Red Hot Chili Peppers foi vaiado ao abrir para o Rolling

Por que vocês foram presos? : Por porte de substâncias ilegais e uma conversão proibida. Hippies cali-fornianos fazendo besteira no trânsito. Fomos um alvo fácil.: Fomos tratados como traficantes de um cartel colombiano.: Passamos a noite na cela. Como a gente estava chapado e paranoico, você pode imaginar como ficamos atordoados com a situação. Mas hoje damos risada ao lembrar dessa situação.Vocês definem o som que fazem como “g-punk”. Como é isso?: Tem muito a ver com crescer na Califórnia. Por um lado fomos influen-ciados pelo g-funk do Dr. Dre e dos “gangstas” da Costa Oeste, e por outro escutávamos muito o punk rock de bandas como Blink-182, Green Day, AFI e Rancid.: Nosso som é uma mistura de tudo o que a gente escutou na adolescência. Batizamos de “g-punk ghost-rock”.As bandas ainda vão para L.A. em busca de sucesso. Como é já começar nesse ambiente? : Por crescermos todos aqui, fica mais fácil de entender todo esse sistema. As coisas acontecem mais fácil por aqui do que, por exemplo, no Kansas.: Mas, independentemente de onde você estiver, é necessário criar fãs. Em L.A. é mais difícil porque tem muita gente boa por aqui. Já no Kansas… Por que estamos falando do Kansas?Se o disco de vocês fosse uma pizza, qual seria o sabor?: Provavelmente teria tudo o que você poderia pensar como uma cobertura. E seria preparada com perfeição.newbeatfund.com

e que vamos ter que conviver com isso. Eu já fico embriagado de tanto sentir o peido dos caras da banda.: Estamos numa rotina de viagem, mas cada dia é muito diferente, então é legal pra caramba. Gente nova, experiên-cias novas...: Até experiências brutais, como ver a nossa van atolada na neve no meio do Iowa e tentar achar um jeito de consertar tudo e ir para o show. É tudo tão louco que fica legal.São essas coisas que fazem valer a pena... : Exatamente! Assim como quando fomos presos no Nebraska há cinco anos.

“A gente lê sobre bandas que já foram vaiadas e de repente

está acontecendo conosco.”

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Quem são elesMichael Johnson – bateria Jeff Laliberte – vocal e guitarra Shelby Archer – guitarra Paul Laliberte – baixo

Discografia Novo álbum ainda sem nome – (setembro/2014) CoiNz ($) – (EP, 2013)

“Para ver no que vai dar” Eles se conhecem desde pequenos, cresceram em Los Angeles e tocaram em diversas bandas nos últimos dez anos. A primeira vez que se juntaram, em 2012, foi para formar a New Beat Fund.

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PESADO

DAKAR PESO

PESADOPESADO

DAKAR PESOPESOO Peugeot 2008 DKR chegou para acabar com todos os outros gladiadores do Rally Dakar: ele tem tração em duas rodas e motor a diesel – perfeito para rodar até no inferno mais cavernoso. Nós acompanhamos os primeiros testes da máquina pilotada por Carlos Sainz

P O R : A L A I N P E R N O T

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exta-feira, 27 de junho de 2014, Domaine de Galicet, uma pista de teste na Norman-dia, 70 quilômetros a oeste de Paris. Um caminhão da Peugeot Sport sai do esta-cionamento, os mecânicos começam a se ocupar na rampa de descarregamento. Eles cuidadosamente descarregam sua preciosa carga – um buggy marcial erguido sobre quatro pneus offroad.

Philippe Wambergue, o dono do equi-pamento, deixa transparecer claramente a importância do momento. Aos 66 anos, ele também já foi corredor, participou 11 vezes do Paris-Dakar e, em 1989 e 1990, conduziu um Peugeot 205 T16 Grand Raid pelo deserto africano.

A Domaine de Galicet é uma das pistas de teste favoritas da Peugeot. Wambergue também está acostumado com ela, assim como muitas lendas do automobilismo. O dia de hoje é bastante especial para ele: “As lembranças dos tempos de ouro irão renascer”. Com os olhos brilhando, o fran-cês conta sobre as quatro vitórias seguidas alcançadas com a Peugeot no rali offroad mais difícil do mundo, de 1987 a 1990, antes de abandonar as corridas.

Carlos Sainz, duas vezes campeão do mundo de rali e vencedor do Dakar em 2010, também está empolgado: “Este é um momento extraordinário, o começo de muitas novas aventuras: os primeiros metros a serem percorridos com o carro novo! Temos muitas esperanças e expecta-tivas depositadas nisso, e que hoje devem se realizar – ou não”.

O campeão já está no seu macacão, esvaziando os bolsos, antes de entrar

no carro. No seu celular, podemos ver gravado o contato de um espectador muito proeminente: Stéphane Peterhansel, com 11 vitórias, o corredor de maior sucesso do Dakar de todos os tempos, que assim como Carlos Sainz e Cyril Despres, irá trocar a direção de sua Yamaha, em janeiro, por um volante Peugeot, para dar conta do Dakar.

Se ele está frustrado por não ter sido escolhido para testar os primeiros metros com o novo 2008 DKR? Peterhansel nega. “Seguramente não. Entendo que é Carlos quem deve fazer este primeiro teste. Ele tem mais experiência com a engrenagem de duas rodas; afinal, ele disputou os dois últimos Dakar em um Red Bull Buggy. Mas é importante para mim estar aqui. O espírito do projeto me empolga muito. É uma grande inspiração para todos.”

O coordenador técnico do projeto, Jean-Christophe Pallier está por trás de tudo. “Sempre fico ansioso antes do primeiro teste”, ele diz. “Mas talvez desta

Sexta-feira, 27 de junho de 2014, Domaine Sexta-feira, 27 de junho de 2014, Domaine de Galicet, uma pista de teste na Norman-Sde Galicet, uma pista de teste na Norman-dia, 70 quilômetros a oeste de Paris. Um Sdia, 70 quilômetros a oeste de Paris. Um caminhão da Peugeot Sport sai do esta-Scaminhão da Peugeot Sport sai do esta-cionamento, os mecânicos começam a Scionamento, os mecânicos começam a se ocupar na rampa de descarregamento. Sse ocupar na rampa de descarregamento. SEles cuidadosamente descarregam sua SEles cuidadosamente descarregam sua preciosa carga – um buggy marcial erguido Spreciosa carga – um buggy marcial erguido sobre quatro pneus offroad.Ssobre quatro pneus offroad.

Philippe Wambergue, o dono do equi-SPhilippe Wambergue, o dono do equi-Spamento, deixa transparecer claramente Spamento, deixa transparecer claramente

P R E M I È R E M U N D I A LO cockpit do Peugeot 2008 DKR antes da primeira via-gem. A meta do projeto não poderia ser mais ambiciosa: uma vitória do carro a diesel com engrenagem de duas rodas no Dakar. Para Jean- Christophe Pallier, coorde-nador do projeto, “depois de 35 edições do Dakar, será uma première sensacional”

T I M E D E P R I M E I R ACarlos Sainz (abaixo), cam-peão do mundo de rali em 1990 e 1992, organizou para 2015 um time com Cyril Des-pres, 5 vezes campeão do rali com sua moto, e Stéphane Peterhansel, 11 vezes cam-peão (de moto e carro)

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“São os primeiros metros a serem percorridos com o carro novo. Temos muitas esperanças e expectativas depositadas nisso. Hoje tudo deve se realizar – ou não.”C A R L O S S A I N Z

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vez eu esteja um pouco mais ansioso do que antes.” O motivo é simples: Pallier é o responsável por todas as preparações técnicas que envolvem as maiores exigên-cias do projeto – que passam da engrena-gem de duas rodas pelo motor a diesel, além de todas as preparações para que os equipamentos do carro não gerem pro-blemas. Desde a inauguração do Dakar, em 1978, nunca um carro venceu com essa combinação. “Finalmente agora conta-mos com uma alta capacidade de escalada e com um comportamento satisfatório do carro, graças à engrenagem de duas rodas, para andar na areia, por exemplo.” Isso segundo Pallier. “Além disso, a nova forma de regulamento das rodas nos permite, em comparação com a tração nas quatro rodas, mais liberdade: agora temos peso leve, rodas maiores e melhor suspensão.”

O ambicioso projeto foi lançado qua-se no mesmo dia há um ano, logo após o sucesso no Pikes Peak, onde Sébastien Loeb alcançou um recorde lendário em percursos de corridas de subida nos EUA.

Quanto do Pikes Peak está presente no Peugeot Dakar? Quase nada, diz Bruno Famin, diretor de planejamento da Peugeot Sport. “Asfalto e deserto são coisas completamente diferentes, não há nem comparação possível.”

Depois de um quarto de século de abstinência do Dakar, a Peugeot alcançou um rápido progresso com o desenvolvi-mento do 2008 DKR, e por uma razão simples: as chamas infernais do amor da Peugeot Sport pelo rali nunca se apagaram.

Carlos Sainz aperta o botão que dá a partida em seu Peugeot 2008 DKR, e então desperta para a vida, logo atrás dele, um motor a diesel de 340 cv.

O barulho de fato não lembra o latido furioso do Pikes Peak 208 T16. O som é mais parecido com um 908 HDi, usado na vitória de 2009 nas 24 Horas de Le Mans.

Com suas rodas altas, o carro rola na pista e nos primeiros metros tudo parece ainda hesitante, quase um pouco estra-nho. Depois de quatro minutos, o piloto e o carro estão de volta com segurança. Sainz tem um aspecto um tanto esquisito, nervoso, porém Jean-Christophe Pallier o acalma, rindo: “É normal que ainda se estranhem. O sistema de pedais está em fase de testes quanto à posição no banco”.

Carlos Sainz aperta o botão que dá a partida em seu Peugeot 2008 DKR e então o motor a diesel de 340 cv logo atrás dele desperta para a vida

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arlos deixa o seu assento para que ele seja reajustado enquanto os técnicos em eletrônica transferem os dados detectados por uma centena de sensores. Quando os ajustes do banco e todos os dados estão prontos, Sainz dá a segunda partida e al-cança o que se pode reconhecer como um bom desempenho. Ao retornar, contudo, ele não parece muito satisfeito. “Nenhuma tração”, ele diz, lacônico.

Ao lado do coordenador do projeto, um jovem engenheiro anota cuidadosa-mente cada comentário feito sobre o motor, a suspensão e as relações de transmissão. Então Sainz solta a besta da coleira nova-mente, desta vez sobre uma pista de testes mais longa, já muito mais parecida com o terreno do Dakar.

É a primeira prova de fogo para Sainz. Ele põe o 2008 DKR em ação novamente, obrigando-o a saltar sobre pedras, desafiar a areia, e fazendo com que voe terra para todo lado a cada curva.

Quanto mais desafiador se torna o ter-reno, mais soberanos se mostram o piloto e o carro. Pode-se ver como as enormes rodas de 37 polegadas e a poderosa sus-pensão de 460 mm afetam a pilotagem.

Stéphane Peterhansel, até agora um observador tão silencioso quanto atento dos magnatas da pista, acena com satisfa-ção: “O carro parece um pouco alto demais, mas isso é normal. Nós ainda nem sequer

F O I D A D A A L A R G A D ANo dia 27 de junho de 2014, todos os técnicos e pilotos da Peugeot estão na pista de testes de Domaine de Galicet para testemunhar um momento histórico: a “besta do deserto”, o modelo 2008 DKR, irá finalmente acelerar. A meta é vencer o Dakar pela primeira vez com um carro de tração de duas rodas e motor a diesel

começamos a aperfeiçoá-lo. O teste de hoje foi apenas para nos certificarmos de que todos os equipamentos funcionam”. Quando o 2008 DKR voltou novamente à base, Peterhansel checou um medidor de escala e verificou as engrenagens. “Aqui está”, disse o técnico para si mesmo. Na verdade, três parafusos estavam soltos na caixa de engrenagens. Sainz já havia notado algo estranho, provavelmente um defeito, no modo de pilotagem do carro, e por isso o teste foi cancelado, para que se evitasse correr qualquer risco. Tanta cautela foi logo recompensada: poucos minutos após o reparo, ele já podia come-çar de novo, e desta vez ele só parou quando o relógio bateu 10 da noite.

Estava escuro, a noite caía impiedosa-mente sobre a Domaine de Galicet, quando Carlos Sainz fez um balanço dos testes: “Nós andamos poucos quilômetros até agora, e ainda numa pista que se asseme-lha mais a um tipo de rota de rali WRC do que a uma rota de teste do tipo Rally Raid. Por isso é difícil estabelecer compa-rações com os outros carros que já dirigi”. Ele lança um olhar sério, mas depois sorri: “É claro que ainda há muito a fazer em termos de confiabilidade e desempe-nho, mas o que é mais importante: sabe-mos que o 2008 DKR tem o potencial que buscávamos para ele”.www.redbull.com/peugeot-returns

Carlos deixa o seu assento para que ele Carlos deixa o seu assento para que ele seja reajustado enquanto os técnicos em Cseja reajustado enquanto os técnicos em eletrônica transferem os dados detectados Celetrônica transferem os dados detectados por uma centena de sensores. Quando Cpor uma centena de sensores. Quando os ajustes do banco e todos os dados estão Cos ajustes do banco e todos os dados estão prontos, Sainz dá a segunda partida e al-Cprontos, Sainz dá a segunda partida e al-cança o que se pode reconhecer como um Ccança o que se pode reconhecer como um bom desempenho. Ao retornar, contudo, Cbom desempenho. Ao retornar, contudo, ele não parece muito satisfeito. “Nenhuma Cele não parece muito satisfeito. “Nenhuma tração”, ele diz, lacônico.Ctração”, ele diz, lacônico.

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GRAB YOURPIECE OF

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A Ç Ã O ! V I A G E M / E Q U I P A M E N T O / T R E I N O / M Ú S I C A / F E S T A S / C I D A D E S / B A L A D A S

Aonde ir e o que fazer

Respire fundoS U P E R E S E U S L I M I T E S N U M A E S C O L A D E M E R G U L H O N A TA I L Â N D I AVIAGEM, página 68

Tastemaker: o amplificador

que te entende. MÚSICA,

página 72

C I D A D E S

que te entende. MÚSICA,

página 72

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AÇÃO!MALAS PRONTAS

Muito fundo  M E R G U L H O L I V R E   D E I X E D E L A D O O S C U B A E D E S C U B R A U M N O V O M U N D O D E B A I XO D ’Á G U A

C U R T A A T A I L Â N D I A

O QUE TEM PARA FAZER EM KOH TAO

A maioria das pessoas consegue segurar a respiração por cerca de um minuto, nem perto do que é necessá-rio para explorar as profundezas do oceano. A maior parte dos mergulhadores opta por permanecer ligada a um tanque de oxigênio, mas outros aventureiros vão em busca de emoções mais fortes. Com o treina-mento apropriado, é possível segurar a respiração por até 20 minutos e romper os limites do corpo.

Depois de dois dias de treino na escola de mergu-lho Blue Immersion, na ilha tailandesa de Koh Tao, os iniciantes podem se arriscar a até 20 metros em três minutos sem respirar. A escola ensina as pessoas a despertarem os instintos mamíferos de mergulho – o instinto natural do nosso corpo de se adaptar à redução no oxigênio –, permitindo aos mergulha-dores irem além. Treinando por um mês, você será capaz de ir até a marca de 40 m em cinco minutos.

“Nada prepara você para a emoção de mergulhar naquelas profundezas azuis silenciosas”, diz Carrie Miller, uma mergulhadora australiana. “É um outro mundo que se abre, outro estado de espírito. É pura claridade, como se você fizesse parte do oceano.”

Todo mundo pode aprender, mas existem certos riscos. “O aumento da pressão coloca o mergulhador sob risco de compressão pulmonar, e a perda de oxi-gênio pode levar ao desmaio”, diz Linda Paganelli, coproprietária da Blue Immersion e 15 vezes recor-dista italiana de mergulho livre. “Mergulhar regular-mente e aumentar de forma gradual a pro fundidade

ajuda. Ser uma pessoa envolvida com o mar conta mais do que estar em forma. Este é o segredo do mergulho.”

Respire fundo: mergulhe a até 40 m num fôlego só

Liberte sua mente“O curso inicial prepara para mergulhar até 20 metros de uma única vez”, diz Tony Newman, um estudante de nível 1. “Parece impossível, mas é tudo uma questão de entrar no estado de espírito certo.”

O curso de dois dias sai por 5 500 Baht(cerca de R$ 400):blue-immersion.com

OFF ROADKoh Tao tem apenas 21 km², mas alguns

lugares são de difícil acesso a pé.

Alugue um qua-driciclo se você

tiver interesse em explorar tudo.

kohtaomotor bikes.com

ESCALEA ilha é uma

meca do alpinismo. Enfrente os

me lhores e mais inexplorados lugares com a orientação de

instrutores experientes.

gtadventures.com

NA PRANCHAPerca o fôlego com as vistas mais alu-cinantes em cima

da água praticando wakeboard, a mais nova mania espor-tiva que Koh Tao

oferece. www.buddhaview-

diving.com

AVISO DE QUEM SABESEM PREPARAÇÃO

“Quanto menos você se preparar, melhor”, diz Linda Paganelli. “Muitas pessoas cometem erros

e adotam maus hábitos se tentam aprender sozinhas. Você não precisa fazer nenhuma

preparação ou treino psicológico. Só é necessário ficar calmo e se livrar das expectativas.”

Mergulhe com tubarões enormes (eles não mordem)

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A B

“Pela lógica eu não deveria ser campeã do mundo”, diz Ja-In Kim, a atual campeã mundial de Lead Climbing. Ela escala rotas de até 20 metros de altura, o que é incrível: “Tenho só 1,52 metro de altura. E meu alcance na parede de escalada é menor do que o da maioria dos atletas de alto nível. Uma desvantagem absurda”. Porém, a garota, com apenas 22 anos, vem com-pensando essa desvantagem com muito treino de agilidade e resistência: “Eu treino cinco horas por dia, cinco vezes por semana. No programa: treinamento com pesos para movimentos dinâmicos focados em realizar curvas suaves e curvas para a parede – e com muitos exercícios para praticar a persistência”. Um exemplo? Ela escala a mesma rota várias vezes seguidas – até não aguentar mais. Tais exercícios realmente machucam, mas a garota fica superfeliz ao bater o próprio recorde, nem que seja por um único segundo.jainkim.co.kr

Ligeirinha   C A M P E Ã D E A L P I N I S M O   JA-IN K IM, A ME-L HOR A L PINISTA DO MUNDO, TA LV E Z SEJA PEQUEN A DEM A IS – POR ÉM É M A IS AT I VA E PERSIST EN T E DO QUE A CONCOR R ÊNCI A

Ja-In Kim, da Coreia do Sul, 1,52 m, 40 kg, campeã mundial de alpinismo

AÇÃO!EM FORMA

S E G U U U U R A !COMO TREINAR SEUS DEDOS

T E S T E S U A R E S I S T Ê N C I A !“O alpinismo é um esporte que exige esforço do corpo inteiro. O mais importante é manter as costas

fortes: elas são a base para os outros músculos. Na maior parte do treino, exercito as costas no chão.”

Fortalecer as costas: eleve a perna direita e estique o braço esquerdo. Fique nessa posição por 20 segun-dos. Faça o mesmo com a outra perna e o outro braço.

Estenda ao máximo a perna direita e estique o braço direito. Repita o mesmo exercício com

a outra perna e o outro braço após 20 segundos.

NÃO É TROMPETE!Quanto mais treinados forem os seus dedos, mais rotas difíceis você conseguirá dominar. Com o Gripmaster você consegue aumentar com rapidez e eficácia o poder dos músculos das mãos. Além disso, ele é ótimo para aque-cimento antes da competição.

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AÇÃO!MINHA CIDADE

“O que eu amo em Almaty? A variedade. Dos bazares aos clubes de eletrônico: em cada esquina você encontra a cultura europeia e a asiática em perfeita sintonia”, diz o inovador arquiteto natural de Almaty, Bekzat Amanjol, a respeito da capital da cultura e da ciência no Cazaquistão. “E sobre a arquitetura: modernos arranha-céus criam um contraste extraordinário com os antigos prédios da União Soviética. A vida noturna é pulsante: tem discotecas e bares espalhados por toda a cidade. A natureza também é de tirar o fôlego: em Almaty você pode subir até 5 mil metros com facilidade para chegar ao topo da cordilheira Tian Shan, onde é possível caminhar entre geleiras ou admirar os raros leopardos que vivem na neve.”

Bekzat Amanjol, o arquiteto mais famoso de Almaty

Bora pro Cazaquistão  A L M AT Y   PA S S A D O E F U T U R O, V I D A N O T U R N A E AV E N T U R A : T U D O N A M E T R Ó P O L E C A Z A Q U E

T O P C I N C OO QUE É IMPERDÍVEL EM ALMATY

TREKKINGA subida ao Khan Tengri é considerada uma das ex-pedições mais bonitas do mundo. Duração: 28 dias. kantengri.kz

SHYMBULAKRua Gornaja, 640

“Esqui por perto? Claro! A ape-nas 25 quilômetros de Almaty fica o paraíso dos esportes de inverno, com pistas de esqui e muitas rotas alternativas. No verão, Shymbulak se trans-forma num resort de bike.”

ESTAÇÃO DE GELO EM MEDEO, Rua Gornaja, 465

“Uma estação de gelo ao ar livre a 1 690 metros de altura. Lembra muito a era soviética! Nas noites de inverno, você pode ver adolescentes embria-gados cambaleando de patins. É bem diferente de tudo!”

ARTISHOCK THEATERRua Kunajev, 49/68

“Não gosto do teatro em si, mas da potência desses artistas, dos que fazem improvisações aos mímicos – é eletrizante. Os shows artishock são premiados internacionalmente.”

P R A C I M A !ALMATY ESTÁ CERCADA

DE MONTANHAS. VALE SE AVENTURAR

1 COFFEE DELIA Rua Kabanbai, s/nº

“A vida noturna de Almaty é muito influenciada pelo ocidente: não deixe de visitar a balada eletrônica Da Freak ou a Hip Hop Disco Chukotka. Mas antes passe no Coffee Delia (acima) para comer.”

3 5BAZAR VERDERua Zhibek-Zholy, 53

“O puro e autêntico sentimen-to oriental no maior mercado da cidade – com luvas de malha costuradas à mão, queijo de cabra coreano e produtos de marca suspeitos a preços muito baixos.”

2 4

MERGULHOO Lago Kaindy, a 2 mil me-tros de altura, é uma dica preciosa e secreta. De tirar o fôlego: a floresta de coníferas embaixo d’água. dive.kz

PARAGLIDERO Üschqongyr é o pico do paraglider em Almaty. Condições perfeitas graças às correntes de ar quentes e frias. samuryk.kz (em russo)

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AÇÃO!EQUIPAMENTO

N A G R E L H A !ACESSÓRIOS PARA CHURRASQUEIROS

Fabricada na Alemanha, esta chur-rasqueira pode literalmente fazer tudo: curar, assar e até fazer pizza. A versatilidade se deve às várias temperaturas disponíveis, além das opções de assar direta ou indireta-mente. Ela pode até parecer difícil de mexer, mas é extremamente sim-ples e prática, perfeita para preparar

a comida sem mistério, se preocu-pando somente com os temperos. A Grillson é feita de aço inoxidável à prova de fogo e lâminas de ferro galvanizadas: isso garante a funcio-nalidade e durabilidade. A churras-queira pesa 120 kg e dura a vida inteira. Custa US$ 4 290 (R$ 9 867).www.grillson.com/en

Um robô? Não, é sua próxima churrasqueira  B O B G R I L L S O N W O O D E N P E L L E T G R I L L   C H E G O U A H O R A D E V O C Ê L E VA R O S E U C H U R R A S C O A U M O U T R O PATA M A R C O M U M A M Á Q U I N A C O M O E S TA

Superfície de assar direta/indiretaA carne recebe o calor direto da grelha. O frango pode ser assado na opção indireta.

MobilidadeA praticidade

da peça é maior devido às rodinhas

de carro de golfe.

Temperatura variável

Os ajustes de calor permitem que você

asse por horas – ou então faça uma

pizza a 400 °C.

CESTA DE QUESADILLA

Você terá o sabor de churrasco

sem ter que se preocupar em limpar depois. US$ 10 (R$ 23)

outsetinc.com

GRELHA DE BATATA

O metal desta gre-lha deixa o miolo da batata macio e cremoso. US$ 129,95 (R$ 300)

cuisinart.com

GRELHA

iGRILL 2Isto é alta tecnolo-gia no churrasco: o iGrill 2 diz exa-tamente quando a carne está no

ponto… via iPhone. US$ 99 (R$ 230)

idevicesinc.com

GRILLBOTMuita gordura gru-

dada na grelha? Este ajudante auto-matizado vai fazer

o trabalho. US$ 129,95 (R$ 300)

grillbots.com

MaterialObviamente é à prova de fogo – mas a alta durabilidade se deve ao aço inoxidável.

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C O N E M I L A G R O S OGADGET DO MÊS

AETHER CONEEste alto-falante funciona com coman-dos de voz e apresenta programas musi-ciais de acordo com o seu gosto pessoal. Por que o player dele é melhor do que os outros? Porque ele aprende rápido,

é treinável. Todas as músi-cas que você ouve mais

de uma vez ou que você pula, ele gra-

va, e assim vai registrando

suas prefe-rências.

H O U S E N A T V

A HOUSE MUSIC COMPLETA 30

ANOS. CONHEÇA 3 DOCUMENTÁRIOS

FUNDAMENTAIS

Mais ou menos 8 milhões de pessoas assistiram a Felix Baumgartner saltar da estratosfera em 2012. Entre esses 8 milhões estava Sam McTrusty. Na transmis-são ao vivo no YouTube, a banda dele, Twin Atlantic, acompanhou a volta de Baumgartner à Terra com a música “Free”. O álbum homônimo trouxe um su-cesso surpreendente para o quarteto escocês em 2011:

eles entraram para o top 40 nas paradas britânicas e fizeram tur-nês com bandas como Blink-182. Com seu quarto álbum, Great Divine, que conta com 12 músicas de puro rock, o Twin Atlantic começa uma promissora carreira internacional. Para entender as inspirações da banda, McTrusty nos contou um pouco sobre os sons que o inspiraram.www.twinatlantic.com

1O som faz a gente se sentir em Los Ange-les. É demais. Nunca pensei que o Kanye pudesse soar tão experi-mental. Essa

música é diferente de tudo o que ele já fez. Isso nos inspirou em muitos acor-des de guitarra, a brincar com os efeitos e a gravar duas músicas no laptop em vez de ir ao estúdio. Foi diferente de tudo a que estamos acostumados.

4 5Quando era adolescente, escutava ban-das de pop punk, mas sempre achei o vocal do Eddie Vedder masculino

demais. Só depois deste som de 2009 é que me tornei um fã do Pearl Jam. Principalmente pela letra de “Just Breathe”. Vedder é um mestre em empa-cotar emoções em palavras – e ainda assim evitar clichês.

2O Jonny Buckland, do Coldplay, é meu guitar-rista preferido. Ele não é ne-nhum virtuoso, mas absoluta-mente nenhum

de seus solos é ruim. A questão é que ele é um cara minimalista. Em “Fix You” ele toca quatro notas. E cada uma delas é perfeita. Quando escuto a guitarra dele, fico arrepiado. “Menos é mais”: esta é a mensagem.

Esta música nos acompa-nha faz tempo. Primeiro, a escutávamos para tentar entender os truques técnicos de

gravação do estúdio. Depois, a colocá-vamos para tocar sempre nos shows, antes de entrarmos no palco. No nosso novo disco, usamos apenas o teclado do Mercury, com o qual ele tocou o clássico de 1975.

3Um aprendiza-do em termos de letra. Você não escuta “Thunder Road”, você sente. O Springsteen canta sobre a

fuga da vida cotidiana, sobre a saudade de uma vida melhor. É profundo, lírico, honesto. Quando empaco no meio de uma letra e não consigo escrever mais, escuto essa música para me inspirar. Sempre funciona.

Na trilhados grandes  P L AY L I S T   E L E S E I N S P I R A N A S L E T R A S D O S P R I N G S T E E N E N A S G U I TA R R A S D O C O L D P L AY: O V O C A L I S TA D O T W I N AT L A N T I C C O N TA Q U A I S M Ú S I C A S I N F L U E N C I A R A M S E U N O V O D I S C O

AÇÃO!MÚSICA

Kanye West“Black Skinhead”

Pearl Jam “Just Breathe”

Coldplay “Fix You”

Queen“Bohemian Rhapsody”

Bruce Springsteen “Thunder Road”

Sam McTrusty, 26 anos, vocalista e guitarrista do Twin Atlantic

MAESTROO filme mostra o desenvolvimento

da disco music até o house: em 1978 Larry Levan levou

seu inovador estilo de discotecagem ao club Paradise Garage e fez as

primeiras bases.

PUMP UP THE VOLUME

O documentário é sobre o início

do acid house, em 1984, em Chicago: as músicas mais importantes, as

primeiras discote-cas e entrevistas com o precursor

Marshall Jefferson.

THIS AIN’T CHICAGO

Em 1987 a house music chegou na Europa. Na Ingla-

terra o estilo se de-senvolveu por cau-sa das raves ao ar livre e do ecstasy, que virou então

a droga número 1 dos baladeiros.

os outros? Porque ele aprende rápido, é treinável. Todas as músi-

cas que você ouve mais de uma vez ou que

você pula, ele gra-va, e assim vai

registrando suas prefe-

rências.

gravação do estúdio. Depois, a colocá-vamos para tocar sempre nos shows, antes de entrarmos no palco. No nosso novo disco, usamos apenas o teclado

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D E V O L T A A O M E U

P I C ODEPOIS DA FESTA TEM O AFTER, E

DEPOIS DISSO TEM O MOTEL. E DEPOIS VOCÊ VAI PRECISAR

DE UNS APPS

TRAKTOR DJEvite que aquele

seu amigo fã de Shakira tome

o controle da playlist no melhor da festa. Este apli-cativo permite que

você mixe com a sua iTunes library

direto na tela.

MIXOLOGYVocê abre a

geladeira e tudo o que tem é uma garrafa de vodca, três cerejas e um pouco de leite?

O Mixology utiliza uma vasta base de dados para encon-

trar a receita de drinque perfeita

para você.

WEBSTER HALL25 E. 11th Street, Nova York, NY 10003websterhall.com

Agito na Big Apple  N O VA YO R K   S E U S 12 8 A N O S D E H I S T Ó R I A AT E S TA M : O W E B S T E R H A L L É U M A D A S B A L A D A S M A I S FA M O S A S D E M A N H AT TA N

“Não existe nenhuma noite parecida no Webster Hall”, diz o executivo-chefe de operações Rich Pawelczyk. De fato, é difí-cil imaginar uma noite comum quando existem seis espaços divididos em quatro andares que trazem tanto shows quanto pistas de dança que vão até o amanhecer. É um lugar democrático: a equipe do Webster Hall não é dessas baladas elitis-tas. “Pessoas de todos os jeitos, de todos os tipos, de todos os estados e com todos os passaportes vêm ao Webster Hall”, diz Pawelczyk. Essa atitude significa que o local não é uma modinha – é popular desde 1886. Sua impressionante história inclui artistas e multidões através dos anos tendo contado com talentos como Ray Charles, The Cure e Skrillex. “Uma noite perfeita no Webster Hall é quando o artista responde ao público, e o público em retribuição enche o artista de ener-gia”, diz o executivo. Este loop de positi-vidade cria um ciclo sem fim, e a festa nunca termina de verdade.

AÇÃO!BALADA

Por mais de 125 anos,

o Webster Hall agitou Nova York

I N F O R M A Ç Ã O P R I V I L E G I A D A

TRAVIS BASS CRIA E ADMINISTRA BOATES TEM-PORÁRIAS EM NOVA YORK

O TIPO DE FESTAQUE EU FAÇO…

...é sempre diferente porque mudo muito. As pessoas

dizem que Nova York precisa disso. Elas ficam entediadas

com a mesmice.

UMA FESTA É FEITA DE…...energia e fluxo. Gosto que

minhas baladas sejam escuras. Gosto que as

pessoas se desapeguem de suas inibições.

EM UM SÁBADO COMO OUTRO QUALQUER...…eu faço questão que

a porta esteja mais seletiva porque tento manter a boa

reputação. Quero que o meu público se divirta.travisbassagency.com

DRUNK DIAL NO!

Não, sua ex não quer que você ligue. Nem seu

chefe. Então, tome juízo e instale este

aplicativo, que temporariamente

tranca os contatos telefônicos para evitar que você

se arrependa no dia seguinte.

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Page 74: The Red Bulletin Setembro 2014 - BR

Chris Jensen Burke, numa altura de 8 516 metros (à esq.); piloto de Eurocopter, em teste de voo (acima)

Além de dois computadores de mergulho, o lendário mergulhador Mario M. Weidner também confia num SINN 203 Arktis para explorar o Oceano Ártico

R E L Ó G I O S E S P E C I A I S

OS SINN MAIS ESPECIALIZADOS

Sinn U 1000 B (EZM 6): feito do mesmo tipo

de aço usado nos sub marinos alemães.

Resistente até 1 000 m. Funciona em tempera-turas entre -45 e 80 °C

Como você pode fazer um relógio ainda mais resistente? Essa é a questão com a qual se debatem os produtores dos reló-gios alemães Sinn. Reunimos aqui uma seleção de respostas interessantes.

Os componentes mecânicos do relógio são lubrificados com óleo para que possam resistir a temperaturas de -45 a 80 graus Celsius. Para que esses óleos continuem cumprindo seu papel ao longo dos anos, a penetração de umidade é compensada por uma avançada tecnologia de desumi-dificação do ar.

No interior do relógio, um apetrecho de ferro protege o mecanismo contra campos magnéticos potencialmente pre-judiciais de até 1 000 gauss. As superfícies das proteções de aço são revestidas com um material até seis vezes mais resistente do que o aço inoxidável convencional.

Para a Unidade Antiterrorista Alemã GSG 9, a Sinn desenvolveu um temporiza-dor com tecnologia HYDRO. O mostrador, os ponteiros e o mecanismo de movimento do relógio ficam envoltos por uma proteção cristalina banhada a óleo. Assim, é possí-vel ver as horas debaixo d’água, o vidro não embaça e é extremamente resistente à pressão. Tudo isso faz desse sistema algo perfeito para que um relógio possa resistir a qualquer profundidade. www.sinn.de/en

Duro na queda (e em tudo mais)  S I N N   H O J E U M R E L Ó G I O R E F I N A D O N Ã O É A Q U E L E B A N H A D O A O U R O, M A S S I M U M E Q U I PA M E N T O E S P E C I A L Q U E P O D E S E R U S A D O E M S I T U A Ç Õ E S E X T R E M A S

SINN 103 TICronógrafo verifi-cado pela TeStaF (Norma Técnica

da Aviação).

SINN 757Cronógrafo de

tecnologia com proteção

magnética.

SINN EZM 7Relógio profissio-

nal para bombeiros – para tempera-turas extremas.

SINN UX GSG 9Relógio Oficial

da Unidade Alemã Antiterrorista

GSG 9.

AÇÃO!RELÓGIO

74 THE RED BULLETIN

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Como se fosse 1979:Alien: Isolation

Assim como o filme Prometheus, de 2012, reeditou a franquia Alien para a nova geração, um game relembrando as raízes do filme parecia uma questão de tempo. Mas o jogo de tiro Aliens: Colonial Marines, feito pela Sega em 2013, foi mal re-cebido e baixou as expectativas em relação a Alien: Isolation, game baseado no primeiro filme da série, Alien, de 1979. Mas os trailers e as versões de teste espantaram o pessimis-mo. Jogando como Amanda Ripley, filha da personagem de Sigourney Weaver nos quatro filmes, Ellen Ripley, você está em uma espaçonave gigante procurando as razões por trás do misterioso desaparecimento de sua mãe. Muito rapidamente, as razões se tornam aparentes, e a personagem busca vingan-ça. O que a desenvolvedora de games inglesa The Creative Assembly conseguiu fazer foi criar uma boa atmosfera retrô de ficção científica, como se você estivesse em um filme de

35 anos atrás. Para criar esses visuais, que parecem vídeos em VHS, foi usa-do exatamente... VHS! Os músicos que fizeram a trilha sonora do filme Alien também participaram da realização do jogo. Mas essa atmosfera não leva a um game retrô: o jogo é empolgante e faz o coração pular. Será lançado em 7 de outubro para PlayStation, PC e as plataformas do XBox.alienisolation.com

O mal acordou  A L I E N : I S O L AT I O N   T O D O M U N D O VA I O U V I - L O G R I TA R E M S U A S A L A : O R E I D O S M O N S T R O S E S PA C I A I S E S TÁ D E V O LTA

HolmesperfeitoVOCÊ É O MAIOR DETETIVE DO MUNDOPode ser uma surpre-sa saber que o novo

jogo de Sherlock Holmes, que tem como subtítulo Crimes and Punishments, é o décimo de uma série que começou em 2002. Isso oferece mais das mes-mas intrigantes investigações do detetive londrino do século 19 e algo mais: tem inspiração na nova série da BBC. O lançamento está previsto para 4 de setem-bro, e o game será compatível com consoles e PC. sherlockholmes-thegame.com

LANÇAMENTOS

J O G U E P A R A

G A N H A RMUITO ESPORTE

PARA FUNCIONAR NA SUA TELINHA

FIFA 15Aperfeiçoe suas jogadas na Copa

do Mundo com um jogo que ofusca todos os outros. Se você comprar logo, pode ter o

Messi emprestado.easports.com

NBA 2K15Ele consegue

capturar a alma do basquete como ne-nhum outro simu-lador – e tem mais atitude que a NBA de verdade. Neste ano, o grande des-taque do jogo será o mais novo MVP da NBA, Kevin Durant.

2k.com

NHL 15Existe algo em ga-mes de hóquei no gelo que os torna muito divertidos

mesmo quando vo-cê odeia o esporte. Todos os grandes times e jogadores

dos EUA, do Canadá e da Europa.easports.com

Boa misturaLINK E ZELDA DÃO UMA SURRA DE ESPADA EM HYRULE WARRIORSA série Zelda é introspectiva, e os jogos da Dynasty Warriors são o oposto, com campos de batalha espa-lhafatosos que botam você para lutar com diversos inimigos – e no final termina em vitória. Junte agora as duas coisas: assim é Hyrule Warriors, um jogo de batalha sensacional e o melhor que tem para Nintendo Wii U.

nintendo.com

AÇÃO!GAMES

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Lugares secretos, poetas pelados e segu ranças vestidos de vampiros.Conheça a balada underground que é a festa mais louca que você já viu.Os shows da BangOn! atravessam a noite nova-iorquina e vão até o amanhecer

Brooklyn, 4h30

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Lugares secretos, poetas pelados e segu ranças vestidos de vampiros.Conheça a balada underground que é a festa mais louca que você já viu.

atravessam a noite nova-iorquina e vão até o amanhecer

A festa BangOn! acon-tece no Brooklyn, em Nova York e... “Deixe

a vergonha em casa!”

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YBrooklyn, 4h30Por: Andreas

RottenschlagerFotos: Julie

Glassberg

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17hO Sugar Hill Club do Brooklyn não é ne-nhum templo da vanguarda underground de Nova York. É um prédio de tijolos à vista, inaugurado em 1979, construído a partir de paredes quebradas. Na placa em cima de uma das portas de entrada está escrito “Supper Club - Restaurante - Discoteca”. É comecinho de sábado à noite, e dentro do bar vemos um homem hipnoti-zado pelo seu copo de cerveja. Nas caixas, Barry Manilow sussurra. Em exatamente sete horas, a selvageria da festa mais underground de NY aumentará drastica-mente: bem-vindo à “BangOn! NYC”, com mais de mil convidados, DJs da Europa inteira e performances de artistas da cena underground do Brooklyn. O tema da noite de hoje é “Zona de Perigo”. Em um e-mail para os convidados VIPs está escrito: “Deixe sua vergonha em casa!”

18hO rei do underground de Nova York corre pelo quintal do Sugar Hill e suas maldições. Brett Herman, 30 anos, com um raro rosto sem barba, tem 28 horas de trabalho pela frente, além da organização do transporte de 6 toneladas de equipamentos de uma fábrica em Williamsburg para o Sugar Hill. A fábrica, diz Brett, foi até a meia-noite de ontem reconstruída para ser o point da festa. Em seguida, houve problemas com a licença para consumo de álcool no lugar – um caos. “Tivemos que levan-tar, do nada, um local reserva”, diz Brett enquanto esfrega os olhos. “A gente reser-vou o Sugar Hill hoje, duas horas antes de a festa começar.”

Brett Herman foi quem inventou a BangOn! em 2008 com alguns amigos

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19h30Na frente do Sugar Hill, estaciona um c arro dourado: de dentro dele salta a tru-pe da BangOn!. Homens de shorts curtos e coletes à prova de balas saltam da plata-forma de carga e levam os faróis até a pista de dança. Um pouco mais tarde é a vez da chegada de uma Dodge Ram 96, com um palco em cima: trata-se do Boom Box Car.

Parece um verdadeiro ghettoblaster sobre rodas. Apesar da pressa, tudo corre lenta-mente, como se fosse um procedimento de rotina. O pessoal da BangOn! aprendeu a tratar as festas igual a missões militares. Mas a missão deles é sempre um pouco diferente: realizar festas loucas em lugares nada convencionais. Guerreiros ninjas duelam em armazéns, e bandas que batucam em latões tocam em oficinas

“No começo, espalhávamos

endereços errados

para deixar os policiais

malucos.”

Club Sugar Hill, 1h da manhã:

hipsters, modelos e performances

com fogo

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abandonadas. Castelos infláveis para adultos e saraus com poetas pelados (pesquise por “Tommy D. Naked Man”). Cinco metros acima do chão se vê uma canoa presa em duas vigas de aço: um palco para as go-go dancers naquela noite.

22hO primeiro destaque da noite: um segu-rança negro, vestido de jogador de fute-bol americano com dentes de vampiro. O homem parece um Wesley Snipes bombado recém-saído do filme Blade. Ele usa lentes de contato que fazem com que pareça ter olhos de um réptil e um casaco de couro, que cai até os bicos de suas botas de motoqueiro. Nosso Wesley Snipes não quis ser entrevistado.

22h30Tim Monkiewicz tem 30 anos, cabelos castanhos encaracolados e parece um per-sonagem de comerciais de moda-praia. Ele se ajoelha diante do DJ na pista e se pendura no teto. Tim é um dos fundado-res e técnico de som da BangOn!. Ele nos conta sobre as brigas da BangOn! com a polícia. “No começo, é claro, era tudo ilegal. Fizemos festa nos lugares mais loucos. Espalhávamos endereços errados para despistar os policiais e deixá-los loucos. Ninguém pensava em coisas como saídas de emergência. Uma vez, quando liguei o som do baixo, caíram vigas de madeira podres do teto. Em julho de 2008, fizemos nossas primeiras festas em coberturas, a céu aberto. Algumas tinham 300 pessoas, outras até 700, e isso fez com que a gente passasse a usar prédios industriais inteiros, e vazios. Em 2010, 20 policiais invadiram um salão onde cerca de 2 mil pessoas estavam comemorando o Dia das Bruxas. Uma invasão do tipo lei seca americana dos anos 1930”, diz Tim. “Policiais furiosos, revirando tudo.”

Depois disso, Tim e os outros dois fundadores da BangOn! resolveram legalizar as festas. Agora, as relações com os policiais nova-iorquinos estão relativamente boas. “Eles aparecem em quase todos os eventos. Talvez só quei-ram se divertir sem pagar.”

0h30Apesar de não haver nenhuma placa anunciando a festa, há uma fila enorme na frente do Sugar Hill. Encontrar as fes-tas é uma missão: a BangOn! dá apenas algumas indicações via Facebook.

Meia hora depois da meia-noite, 1 400 convidados se espalham pelo telha-do e pelas três pistas de dança. O som que vem da cabine do DJ faz o teto e o chão

vibrarem. Duas dançarinas sobem no pal-co improvisado, preso no teto. Elas usam capacetes de pilotos de caça. O nome da festa, “Zona de Perigo”, é uma referência aos filmes de aviação do tipo Top Gun. As go-go dancers cumprimentam todo mundo. Nos seus sutiãs piscam luzes de farol. O Sugar Hill se transformou defini-tivamente na terra da BangOn!.

1h30 Os três chefes da balada (Brett, Tim e Gene) estão em pé no terraço. Como eles decidem juntos as atrações das festas? Os três mexem nos seus iPhones e navegam

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o superstar musical da noite, aterrissou direto da França faz cinco horas. A revista especializada em DJs Resident Advisor o chama de “rei do underground parisiense”. Agora, Ghenacia é um rei que transpira. Na plateia, meninas rebolam com bam­bolês fluorescentes. Hipsters com coletes à prova de bala tentam dançar como se nada estivesse acontecendo. O salão saco­de com a galera hipnotizada pelo calor e pela batida da house music. Em um dos cantos, três meninas magras viram seus copos: são as Alexander Wang Models, a atração que Tim anunciará logo, logo... eufórico.

pelos contatos. Depois, leem em voz alta a descrição abaixo do nome de cada artista:Brett: “Anão”.Tim: “Hula­hula pelada”.Gene: “Especialista em pintura corporal que brilha no escuro”.

2hNormalmente o tapete vermelho é esten­dido na pista de dança para celebrar festas de casamento. Quando Dan Ghenacia sobe até a cabine do DJ, o salão está uma estufa. Na cabine, a temperatura está na casa dos 35 graus. Nas paredes, há espe­lhos embaçados por todo lado. Ghenacia,

Quando a estrela entra

na cabine do DJ, a temperatura

beira os 35 graus.Nas paredes, há espelhos embaçados

por todo lado

Cada evento da BangOn! tem um slogan. A galera

dança até o amanhecer em festas com nomes como

“Secret Under wear” ou “Short Shorts”

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Acima: Colin (à esquerda)

e Mark cospem fogo. Nesta foto:

dançarinas à la Top Gun

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2h30O momento fashion da noite: Brett apa-rece com seu traje “Zona de Perigo”: um uniforme de gala da marinha americana – calça branca, camisa engomada e por cima um sobretudo. Nos ombros, brilham as insígnias de um poderoso capitão. Ape-sar de toda pompa, ele não está satisfeito com a noite. “Faltam ainda dois artistas.” Brett vira um grande caneco de cerveja. Em seguida, explica sua filosofia para uma boa festa: “Nós da BangOn! acredita-mos no poder de comunicação dos loucos. Acreditamos que eles riem mais e come-çam uma conversa com mais facilidade. Eles adoram pintar os rostos com tintas coloridas e assistir às performances do Tommy Naked Man. Nós gostamos de tirar nossos convidados da zona de con-forto. Todo mundo tem que ter uma his tória para contar no dia seguinte”.

3h15 Na pista de dança, uma mulher muito pequena passeia montada em um amplificador.

3h45 Os dois artistas dos quais Brett falava saem por trás do Boom Box Car. Colin e Mark parecem personagens do filme Mad Max. Colin usa uma barba ao estilo Wolverine, uma jaqueta de couro que parece gordurosa e botas pretas. Quando perguntam de onde ele vem, Colin mostra a tatuagem na parte de dentro de seu lábio inferior: “718” em dígitos tremidos – o código postal do Brooklyn. Mark, um

cara musculoso, de moicano, usa um colete sem mangas de plástico preto, e tem um bizarro aspecto de alguém que veio da Idade Média. Mark diz que seu colete foi costurado como os tapetes dos automó-veis antigos. Mark e Colin são, com muito orgulho, filhos do Brooklyn. Ambos entor-nam suas primeiras cervejas da noite.

3h47 Colin diz que o clima da BangOn! lembra o velho charme do Brooklyn antes da in-vasão dos hipsters e das batidas policiais.

3h48Mark conta que um dos passatempos dos adolescentes antes da era hipster do Brooklyn era “quebrar as janelas de carros desconhecidos com pedras, entrar e comer suas namoradas”.

4h30Hora do show. Mark e Colin escalam o Boom Box Car. Em suas cinturas, pendu-radas por correntes, balançam duas garra-fas de plástico de água mineral. No capô do carro, Colin atira tochas que saem de sua mochila. Mark acende seu Zippo. Agora muitas pessoas entram no Boom Box Car. Colin e Mark tomam, cada um deles, um grande gole de suas garrafas que, na verdade, não tem água, e sim óleo de lâmpada. Em seguida, Colin e Mark sopram as primeiras tochas de fogo. A onda de calor é curta e intensa. O fogo quase queima os rostos diante de todos. Os hipsters dão vários passos para trás. Seus olhares estão incrédulos. Colin sopra sua segunda chama, vira de costas, cospe fogo, tosse. Sobre os telhados, o céu come-ça a clarear e anunciar o novo dia. Colin e Mark cospem o fogo como se cuspissem suas próprias vidas. Quando o relógio marca 4h30, os convidados estão olhando fixamente para o palco em cima do Boom Box Car, e então as duas chamas que são cuspidas se unem a um gigantesco pilar que é disparado a 5 metros de altura. É a história que será contada mais tarde sobre aquela noite: como dois malucos chegaram em uma Dodge Ram e cuspi-ram fogo para o céu do Sugar Hill. Quem estava cansado acordou na hora. Colin e Mark se curvam para agradecer as pal-mas. No canto da boca de Colin escorre óleo da lâmpada.

8h15 Depois de um dia de trabalho de 42 horas, Brett fecha a porta do clube. O sol está forte. Em seu uniforme branco de capitão, ele caminha até a estação de metrô, sob a luz matinal do Brooklyn.www.bangon-nyc.com

Na pista de dança,uma mulher muito

pequena passeiamontada em

um amplificador

Festa de Ano-Novo da BangOn! no Brooklyn:

uma mistura de Cirque du Soleil com rave

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20/9, em São Paulo

Villa MixFestivalA segunda edição do festival Villa Mix acontece no Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, e traz na programação astros do mundo sertanejo como Jorge e Mateus, Victor e Léo e Gusttavo Lima. Os ingressos custam a partir de R$ 50. www.ticketsforfun.com.br

20 e 21/9, em Ubatuba (SP)

Universitário de Surf A Praia de Itamambuca, um dos berços do surf profissional do Brasil, está com tudo pronto para receber a segunda etapa do Circuito Paulista Universitário de Surf. Um time de estudantes garante não só o show de surf mas também a badalação nas praias de Ubatuba. São baterias de dia e festa à noite: durante o Universitário, Itamambuca fica tomada por estudantes que veem no surf não apenas uma competição saudável mas também uma cultura de praia que agrega alto-astral e diversão.www.ibrasurf.com.br

AÇÃO!NA AGENDA

Nas ondas de Ubatuba: quem será o vencedor?

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6/9, em São Paulo

25 anos de rapO Racionais MC’s, que sem dúvida é a banda mais influente do rap nacional, completa 25 anos de vida – e a comemoração não poderia ser diferente: shows de rap de tirar o fôlego daqueles que já cantaram muito as rimas de Mano Brown. Grandes sons, como “Mano na Porta do Bar” e “Capítulo 4, Ver sículo 6”, são alguns que o grupo do Capão Redondo promete disparar nas apresentações. www.ticketsforfun.com.br

14/9, em Porto Alegre

Acelera! O circo da Stock Car passa pelo Rio Grande do Sul para sua 8a parada no ano. O Velopark, que fica em Nova Santa Rita, na Grande Porto Alegre, é o autódromo que mantém a tradi-

ção gaúcha na competição. A disputa na temporada 2014 está acirrada e exige máxima performance dos pilotos.

www.stockcar.com.br

12 a 14/9, em São Paulo

Copa Davis6/9, no Maranhão

Red Bull Rally dos VentosUma das atrações mais aluci-nantes do kitesurf aporta nas belas paisagens do Nordeste brasileiro, mais precisamente nas dunas e lagoas naturais dos Lençóis Maranhenses. Será neste cenário que os melhores kitesurfistas do mundo irão dar um show de manobras e decolagens.www.redbull.com.br

25/9, em São Paulo

Muito rock!O Queens of The Stone Age está de volta ao Brasil depois de uma passagem muito celebrada no Lollapalooza de 2013. A banda de Josh Homme tocará desta vez no Espaço das Américas, em São Paulo, e promete embalar a galera com clás-sicos e músicas do novo álbum, ...Like Clockwork.www.livepass.com.br

Até dia 31/8, em Barretos (SP)

Festa do peãoO rodeio de Barretos é um dos festivais mais animados do país: shows, bebidas, mulheres bonitas e tudo o que o interior tem de melhor para oferecer numa festa gigante, com dez dias de duração e a expectativa de mais de 200 mil pessoas. Seguuuuuuuura, peão!!!independentes.com.br/festadopeao

21/9, no Rio

Fla-Flu Um dos clássicos mais míticos do nosso futebol foi bem descrito pelo genial Nelson Rodrigues: “O Fla-Flu nasceu 40 minutos antes do nada”. Desta vez, na ressaca pós-Copa do Mundo, o duelo acontece pelo Brasileirão e promete ver uma torcida extremamente empenhada.www.cbf.com.br

A G O S T O E S T Á A ÍAS BOAS PEDIDAS PARA ESQUENTAR

O FINAL DO INVERNO

NENHUM DE NÓS

A banda gaúcha que fez sucesso

com músicas como “Camila” e

“O Astronauta de Mármore” volta à ativa em um show completo no

Cine Joia.www.cinejoia.tv

26TERÇA

MILEY CYRUSA cantora ame-

ricana passa por São Paulo e pelo Rio em sua mais nova turnê. Prato cheio para os adolescentes fanáticos pelos hits da loirinha.

www.mileycyrus.com

28QUINTA

MARIA RITAA filha de Elis se apresenta

no Circo Voador com a turnê de

seu último disco, Coração a

Batucar, com um vasto repertório

de sambas.www.circovoador.

com.br

13QUARTA

É hora de o Brasil enfrentar o país de Rafael Nadal, atual número 1 do mundo, na disputa por uma vaga no grupo principal na próxima tempo rada. A Espanha vem a São Paulo para os embates no Ginásio do Ibirapuera – é tênis de primeiro nível em um dos maiores torneios do esporte mundial.www.daviscup.com

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UZ , CÂM E RA , AÇÃO!

Dan Stevens, de Downtown Abbey,

vai contracenar com Liam Neeson

no filme A Walk Among the Tomb-

stones. Conheça ou-tros que saíram da TV para o cinema

1. George Clooney (saiu de Plantão Médico em 1999)

Depois de Batman & Robin ele se tornou uma estrela.

Após cinco temporadas ele deu tchau para a TV.

2. Steve Carell (saiu de The Office

em 2011)Atuou em sete temporadas, mas as ofertas em Hollywod

eram muitas. Agora quer o Oscar por Foxcatcher.

3. Katherine Heigl (saiu de Grey’s

Anatomy em 2010)A ida de Heigl para o cine-ma parecia tiro certo. Mas nenhum dos seus filmes

foi sucesso de bilheteria e agora ela volta para a TV.

4. Shelley Long (saiu de Cheers em 1987)

Ela disse que não eram apenas filmes, mas uma carreira cinematográfica que se desenhou depois

que ela estourou.

5. David Caruso (saiu de Nova York Contra

o Crime em 1994)Depois de uma temporada

ele saiu e foi para o cinema, mas nunca deu muito certo.

B A T E - B O L A

QUE V ENHAM OS ZUMBIS!Quando The Walking Dead voltar à vida em sua quinta temporada, a estrela Chris-tian Serratos, de 23 anos, interpretará Rosita Espinosa, uma das personagens favori-tas dos fãs da graphic novel de Robert Kirkman, que inspirou a série

Por: Geoff Berkshire

“Sobre os shortinhos? Acho que é a melhor roupa para o apocalipse.”

Você já era fã de Walking Dead antes de ser chamada para participar da série?Quando eu soube que tinha ganhado o papel, corri para ver todos os episódios. Fiquei completamente obsecada... Quando vejo alguém andando à noite pelas ruas a primeira coisa que eu penso é: “Um zumbi!” Meu dia-a-dia se tornou um Walking Dead. A Rosita sabe mexer bem numa arma... Nunca tinha atirado nem segurado uma arma na minha vida. A primeira vez que pe-guei numa arma foi durante as filmagens da série. Fiquei toda travada e eles disseram “Vai, atira!”. Agora eu tento aprender o máximo que eu posso sobre diversos tipos de armas. Nunca se sabe quando vão colocar uma na sua mão num set.Você aprendeu alguma outra coisa parecida nas filmagens?Gosto muito de arco e flecha. Nunca atirei com um na sé-rie, mas entre as armas que temos, essa é uma das que eu mais gosto. Sou encantada pelo arco e flecha. É muito relaxante e vou começar a fazer isso nas horas de folga.

Adoro a ideia de que não tem nenhum mecanismo de mira, é pura sensação, faro e intui-ção. Você é obrigado a relaxar. É quase uma meditação. A Rosita também tem um belo guarda-roupa. E é adepta do shortinho. Acho que os shorts podiam ser ainda menores! Por causa dos livros eu sabia que teria que vestir essas roupas, não

foi uma surpresa. As pessoas perguntam: “Por que ela está vestindo isso?” mas é assim que ela é. Acho que as pessoas não percebem que essa roupa é bem boa para usar no calor. Eles estão viajando, eles não têm ar condicionado. Acho que é a melhor roupa possível para o apocalipse.A nova temporada de The Walking Dead sai em outubro

V E N C E D O R E S E P E R D E D O R E S

DA T V PA R A O CINEM A

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MOMENTO MÁGICO

A PRÓXIMA EDIÇÃO DO RED BULLETIN SERÁ LANÇADA NO DIA 10 DE SETEMBRO

Red Bull Ring, Spielberg, 22 de junho de 2014 Legal: dar a largada da etapa austríaca da F1 num avião Zivko Edge (velocidade máxima: 400 km/h). Ainda mais legal: a realização de manobras acrobáticas e rasantes em cima da pista e da galera. E o mais insano de tudo: dar uma entrevista ao vivo do cockpit e, no final, dizer isso:

“ Bom, agora já posso desligar o motor...”Hannes Arch, piloto de acrobacias, antes de sua manobra “Spinning” sobre o Red Bull Ring, na Áustria

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