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THIAGO AUDI CASSEB Indústria 4.0: diretrizes e foco setorial para desenvolvimento no Brasil São Paulo 2016

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THIAGO AUDI CASSEB

Indústria 4.0: diretrizes e foco setorial para desenvolvimento no Brasil

São Paulo

2016

THIAGO AUDI CASSEB

Indústria 4.0: diretrizes e foco setorial para desenvolvimento no Brasil

Trabalho de Formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo para obtenção do diploma

de Engenheiro de Produção

São Paulo

2016

THIAGO AUDI CASSEB

Indústria 4.0: diretrizes e foco setorial para desenvolvimento no Brasil

Trabalho de Formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo para obtenção do diploma

de Engenheiro de Produção

Orientador: Eduardo de Senzi Zancul

São Paulo

2016

FICHA CATALOGRÁFICA

Casseb, Thiago Audi

Indústria 4.0: diretrizes e foco setorial para desenvolvimento no Brasil / T. A. Casseb -- São Paulo, 2016.

125 p. Trabalho de Formatura – Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo. Departamento de Engenharia de Produção. 1.Indústria 4.0 2.Internet das Coisas 3.Cyber Physical Systems

I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Produção II.t.

Dedico esse trabalho a todos os que acreditam

no desenvolvimento econômico e social do

Brasil.

AGRADECIMENTOS

À minha família, pelo apoio dado aos meus desejos acadêmicos, profissionais e pessoais.

Aos meus amigos e parentes pelo suporte.

Ao Prof. Dr. Eduardo de Senzi Zancul, pela confiança depositada ao longo do ano, e pela

orientação deste trabalho.

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo dar recomendações para que as ações de fomento da

Indústria 4.0 no país tenham seu impacto otimizado em dimensões econômicas, políticas e

sociais. Esse detalhamento abrange a relação de setores da economia brasileira, com suas

características e peculiaridades, e analisa, em cada um deles, o potencial impacto de um

eventual investimento em Indústria 4.0, de forma a selecionar os que devem ser considerados

com prioridade em políticas públicas. O trabalho contemplou a revisão bibliográfica sobre os

temas Indústria 4.0 e métodos de análise e seleção. Os resultados alcançados neste trabalho

são essenciais para o entendimento do impacto das iniciativas de modernização do ambiente

produtivo em uma perspectiva macroeconômica.

Palavras-chave: Indústria 4.0, Industrial Internet, Internet das Coisas, Cyber-Physical

Systems, customização em massa

ABSTRACT

This work aims to provide guidelines for the Industry 4.0 development policies in Brazil. The

document concerns the analysis of the Brazilian market industries and the potential impact

that an investment in Industry 4.0 would cause. The analysis is conducted to clarify in which

of the industries should the public and the private sectors focus when developing these

policies. The work included a literature review on the subjects of Industry 4.0 and decision

methods. The results achieved with this work are essential to the optimized progress of the

Industry 4.0 development in Brazil in economic, social and political dimensions.

Palavras-chave: Industry 4.0, Industrial Internet, Internet of Things, Cyber-Physical

Systems, mass customization

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 17

1.1 Contextualização do trabalho ................................................................................... 17

1.2 Motivações ............................................................................................................... 19

1.3 Objetivos .................................................................................................................. 19

1.4 Motivações pessoais ................................................................................................. 20

1.5 Estrutura do trabalho ................................................................................................ 21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 23

2.1 Indústria 4.0 ............................................................................................................. 23

2.1.1 Evolução histórica da manufatura ........................................................................ 23

2.1.2 Definições ............................................................................................................ 24

2.1.3 Tecnologias e métodos habilitadores ................................................................... 26

2.1.4 Consequências estruturais da Indústria 4.0 .......................................................... 30

2.1.5 Consequências sociais e ambientais da Indústria 4.0 ........................................... 33

2.1.6 As iniciativas dos países em inovações na manufatura ....................................... 36

2.2 Análise SWOT ......................................................................................................... 42

2.3 Setores brasileiros .................................................................................................... 43

2.3.1 Telecomunicações ................................................................................................ 43

2.3.2 Complexo industrial da saúde .............................................................................. 47

2.3.3 Automotivo .......................................................................................................... 50

2.3.4 Elétrico ................................................................................................................. 53

2.3.5 Bens de Capital .................................................................................................... 56

3 MÉTODO DE TRABALHO ........................................................................................... 61

3.1 Análise dos setores ................................................................................................... 61

3.2 Escolha do setor ....................................................................................................... 63

3.3 Detalhamento competitivo do setor escolhido ......................................................... 63

3.4 Introdução da Indústria 4.0 nos setores selecionados .............................................. 64

4 RESULTADOS E APLICAÇÃO DO MÉTODO ........................................................... 65

4.1 Análise dos setores ................................................................................................... 65

4.1.1 Impacto da Introdução da Indústria 4.0 ............................................................... 65

4.1.2 Relevância e competitividade do setor ................................................................ 70

4.1.3 Externalidades ...................................................................................................... 75

4.1.4 Conjuntura ............................................................................................................ 80

4.2 Escolha do setor ....................................................................................................... 85

4.3 Detalhamento competitivo do setor ......................................................................... 88

4.3.1 Telecomunicações ................................................................................................ 88

4.3.2 Complexo industrial da saúde .............................................................................. 89

4.3.3 Automotivo .......................................................................................................... 90

4.3.4 Elétrico ................................................................................................................. 91

4.3.5 Bens de Capital .................................................................................................... 92

4.4 Introdução da Indústria 4.0 no setor ........................................................................ 94

4.4.1 Benefícios genéricos da Indústria 4.0 .................................................................. 94

4.4.2 Benefícios da aplicação nos setores selecionados ............................................... 96

5 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS .............................................................................. 99

5.1 Comentários gerais e recomendações ...................................................................... 99

5.2 Riscos atrelados ....................................................................................................... 99

5.3 Próximos passos ....................................................................................................... 99

6 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 101

17

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do trabalho

Em um mundo globalizado, a competição entre as empresas por lucros e market share

ultrapassa as fronteiras dos países. A produtividade e a diferenciação de produtos são tópicos

importantes nesse cenário. Isso porque as empresas buscam maneiras de aumentar o volume

de vendas e o valor de seus bens e serviços ofertados reduzindo os custos incorridos no

processo.

Inovações nos processos produtivos e nos processos de negócio possibilitam a

estruturação de novos métodos para ofertar os mesmos bens e serviços, que podem significar

maiores produções e vendas para dado custo.

Globalmente, as empresas se apropriam de novas descobertas tecnológicas,

transformando-as em inovações em seus negócios. As inovações de cunho tecnológico foram

responsáveis por profundas mudanças mercadológicas no histórico recente. Assim, empresas

como Apple e Alphabet (Google) se tornaram as mais valiosas do mundo. Para o futuro, as

tendências indicam que inovações tecnológicas continuarão sendo competências para o

sucesso de companhias possibilitando maiores eficiências energéticas e novas formas de

manufatura e produção.

Essas novas tecnologias estão gerando mudanças estruturais no setor de manufatura. No

século XX, a computação possibilitou o desenvolvimento de máquinas e aplicações que

automatizaram processos produtivos, aumentando a produtividade, diminuindo incidência de

erros e reduzindo os custos de produção, dada a possibilidade de operação com um número

menor de funcionários. Já no século XXI, com o advento da internet, dos sistemas

embarcados, dos Cyber-Physical Systems (integração de componentes físicos e virtuais) e da

internet das coisas, empresas conseguem atingir um novo nível de automatização em suas

instalações, conhecido como Indústria 4.0.

A Indústria 4.0 fornece uma série de benefícios às empresas, tornando-as mais

competitivas no mercado global. As tecnologias possibilitadoras, principalmente os Cyber-

Physical Systems (CPS) e a internet das coisas (IoT) possibilitam uma integração com

sistemas de informação, aumentam o controle sobre a produção e também o nível de

informações para a tomada de decisão. Além disso, possibilitam a comunicação entre

máquinas e equipamentos, permitindo automatizar processos extremamente flexíveis. Com

isso, as empresas conseguem entregar a desejada customização com menor custo.

18

Frente a essa conjuntura de inovações e mudanças estruturais, as nações vêm

reconhecendo a importância de políticas de fomento para garantir a competitividade de suas

economias. É o caso da Alemanha, dos EUA e da China, que identificaram as inovações

tecnológicas em suas indústrias manufatureiras como uma preocupação chave de suas

agências governamentais. Os países investem na criação de estruturas e envolvem grandes

autoridades da indústria de forma a desenvolver e executar planos de implementação que

melhoram a vantagem competitiva dessas nações.

O Brasil, na atual face do mundo globalizado, se estabelece como um exportador de

produtos de baixo valor agregado e importador de produtos de alto valor agregado. O país

possui uma imensidade de recursos naturais e terras para atividades agropecuárias, se

estabelecendo como um grande exportador de commodities. No entanto, suas indústrias

manufatureiras, em geral, são pouco competitivas, demandando importações principalmente

de produtos que envolvem alto grau de tecnologia. De acordo com a Figura 1-1, pode-se

observar que historicamente, as balanças comerciais com saldo positivo são não industriais ou

de baixa intensidade tecnológica, enquanto que as balanças de produtos com maior

intensidade tecnológica possuem saldo negativo.

Figura 1-1 - Evolução da balança comercial por intensidade tecnológica (em US$ bilhões)

Fonte: Secex – MDIC, BNDES (2014)

De forma a melhorar a competitividade do Brasil no mercado global, uma série de

iniciativas são elaboradas, levando em conta as novas tecnologias que estão emergindo. Mas

19

ainda não há uma iniciativa sistêmica de forma a garantir resultados otimizados, sem o

dispêndio de recursos desnecessários, e também coerência e complementaridade nas ações.

1.2 Motivações

O Brasil teria muito a se beneficiar de uma política integrada que focasse no

desenvolvimento de novas tecnologias em suas indústrias. Com isso, o país poderia reverter a

situação atual de país importador de bens de alta intensidade tecnológica.

No entanto, vale lembrar que o país e sua economia são vastos, com diversos problemas

existentes. Com mais de 200 milhões de habitantes, terras com mais de 8 milhões de

quilômetros quadrados e uma economia que supera os 5 trilhões de reais, o Brasil é um país

com proporções gigantescas. Quando se trata dos seus problemas industriais, os números

também espantam, com mais de 300 mil empresas industriais, dos mais diversos setores –

cada um com uma lista interminável de deficiências e pontos a melhorar.

Com relação ao impacto dos problemas de cada setor na economia brasileira

atualmente, pode-se fazer uma priorização. É verdade que os problemas são muitos e também,

muitas vezes, conflitantes entre si. Porém, cada setor exerce hoje no país um grau de

importância diferente quanto à sua posição competitiva no cenário internacional, tanto de

forma direta quanto indireta. Com isso, esses problemas podem ser abordados com

prioridades diferentes.

Ademais, as novas tecnologias também exercem impactos diversos em cada setor.

Tecnologias emergentes possibilitam principalmente flexibilidade na produção, diminuição

do número de operadores e conectividade e integração entre máquinas e sistemas de tomada

de decisão. Esses benefícios são desejados em intensidades diferentes pelos setores da

economia brasileira, fato que deve ser levado em conta na determinação de possíveis planos

de ação.

Nesse sentido, faz-se bastante útil uma análise setorial do cenário brasileiro atual para

que as diferentes dimensões de impacto sejam consideradas em iniciativas de fomento do

desenvolvimento tecnológico no país. Com isso, pode-se determinar um foco de ação que

viabilize a execução de projetos de fomento em si, utilizando recursos limitados, e que

também garanta um impacto grande e positivo na competitividade da economia brasileira.

1.3 Objetivos

20

Atualmente, se vivencia um cenário externo de consolidação da Indústria 4.0. Já no

Brasil, apesar de se vivenciar uma baixa competitividade com relação a bens de intensidade

tecnológica, são escassas ações de fomento integradas para uma possível aplicação dessas

tecnologias no país. Na verdade, não foram encontrados estudos que relacionem o cenário

atual com a aplicação desse conjunto de inovações e que se proponham a determinar diretrizes

que otimizem essas ações.

Dessa forma, o objetivo do presente trabalho para é prover diretrizes para a

implementação da Industria 4.0 fazendo a relação entre a situação atual dos setores da

economia com a aplicação da Indústria 4.0 e a análise e priorização dos diferentes impactos

que essa relação pode trazer. Por esse motivo, pode-se dizer que a importância deste trabalho

pode ser agrupada em três diferentes perspectivas:

1. Retrato do cenário atual para cada setor da economia brasileira: por elencar os

diferentes impactos que cada setor tem na economia como um todo, de forma

direta ou indireta, o trabalho acaba retratando a situação econômica sob as

diferentes perspectivas de cada setor.

2. Discussão da aplicação da Indústria 4.0: o trabalho se propõe a identificar os

benefícios que a aplicação das inovações tecnológicas associadas a esse

conceito geram em cada um dos setores brasileiros e também a avaliar a

importância do impacto que essas tecnologias trazem;

3. Definição de um foco para as ações de fomento da Indústria 4.0: por

selecionar de forma criteriosa o setor que deveria ser prioridade nas políticas

de incentivo dessas inovações. .

1.4 Motivações pessoais

O autor possui uma série de motivações na realização do presente trabalho, relacionados

com o interesse pelo aprendizado nos campos de conhecimento aqui presentes e também no

interesse em desenvolver um trabalho que possa ser aproveitado pela sociedade como um

todo.

Com relação ao aprendizado dos conceitos, o autor sempre teve muito interesse pela

evolução tecnológica e o entendimento de seu impacto no mercado e na vida das pessoas em

geral. Foi esse um dos motivos que o levou a escolher o curso de Engenharia de Produção

para realizar sua graduação. Além disso, vê o estudo de setores da economia brasileira como

um aprendizado extremamente útil para sua vida profissional.

21

Quanto à dimensão do aproveitamento do trabalho, o autor fica satisfeito em poder

entregar um detalhamento que pode ser aproveitado por uma agência governamental

brasileira. Uma das motivações pessoais do autor é conseguir impactar a sociedade ao seu

redor com suas atitudes e é extremamente gratificante realizar um trabalho que tem como

cliente o país como um todo.

1.5 Estrutura do trabalho

O presente trabalho está estruturado em sete capítulos.

O primeiro capítulo apresenta a Introdução, onde estão descritos o contexto sob o qual

está sendo realizado o trabalho, suas motivações e objetivos. Esse capítulo termina com a

estruturação do trabalho.

O segundo capítulo é composto pela Revisão Bibliográfica sobre o tema da Indústria

4.0, contendo a perspectiva histórica da manufatura, a apresentação dos conceitos, as causas e

as consequências da aplicação desse conjunto de inovações e a análise das atitudes de

fomento de outros países. Também é feita a Revisão Bibliográfica sobre Análise SWOT, que

será utilizada posteriormente no trabalho.

O terceiro capítulo apresenta a método pelo qual será feita a resolução do problema

central do trabalho.

O quarto capítulo apresenta a aplicação do método e seus resultados.

O quinto capítulo conclui o trabalho com comentários finais sobre o resultado. Esse

capítulo também aborda os possíveis riscos da escolha apresentada e identifica

recomendações para trabalhos futuros.

22

23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Indústria 4.0

2.1.1 Evolução histórica da manufatura

As três ultimas revoluções industriais do passado tiveram como gatilho inovações

tecnológicas: a introdução da manufatura mecânica movida a água e a vapor no final do

século XVIII; a divisão do trabalho no começo do século XX; e a introdução dos

controladores lógicos programáveis (PLC) na década de 1970 (Brettel et al., 2014).

Brettel et al. (2014) apontam que de acordo com especialistas da indústria e da pesquisa,

a próxima revolução industrial terá a Internet como gatilho. Isso porque a Internet possibilita

a comunicação entre humanos e também entre máquinas com Cyber-Physical-Systems (CPS)

– conceito será detalhado em uma seção posterior – através de grandes redes.

A Figura 2-1 ilustra a sucessão das revoluções industriais com seus respectivos gatilhos

tecnológicos.

Figura 2-1 - As revoluções industriais ao longo do tempo

Fim do séculoXVIII

Começo do século XX

Começo da década de 1970

hoje

com

plex

idad

e

1ª Revolução IndustrialÁgua e vapor

2ª Revolução IndustrialEletricidade

3ª Revolução IndustrialEletrônica e TI

4ª Revolução IndustrialCyber-Physical Systems

24

Fonte: Adaptado de Kagermann, Lukas, e Wahlster (2013)

2.1.2 Definições

No contexto do presente trabalho, alguns conceitos são utilizados para descrever a

inovação tecnológica na manufatura que vem ocorrendo nos últimos anos. A popularidade

deles varia de país para país, mas possuem em comum o fato de que se relacionam à aplicação

de novas tecnologias à manufatura, que em geral são as mesmas. No entanto, na literatura eles

são algumas vezes atribuídos a características diferentes, o que justifica a necessidade de uma

definição de cada um deles nessa seção.

Apesar de divergirem entre si, o trabalho utiliza o conceito Indústria 4.0 de forma a

representar todos conceitos dessa seção, abrangendo suas diferentes inovações tecnológicas.

2.1.2.1 Indústria 4.0

O tópico Industria 4.0 passou a ser conhecido em 2011 desde que o governo federal

alemão o anunciou como uma das iniciativas chave da sua estratégia “high-tech”

(Kagermann, Lukas, e Wahlster, 2011 apud HERMANN, PENTEK e OTTO, 2015). Desde

então, um grande número de publicações acadêmicas, artigos práticos e conferências têm

focado nesse tópico (Bauernhansl, Hompel, & Vogel- Heuser, 2014 apud HERMANN,

PENTEK e OTTO, 2015).

Segundo German Trade and Invest (GTAI; 2014), o termo Indústria 4.0 ou fábrica

inteligente se refere à evolução tecnológica de sistemas embarcados para Cyber-Physical

Systems, envolvendo Internet of Things, Data and Services. Representando a quarta revolução

industrial, Indústria 4.0 se refere ao fato de que a inteligência descentralizada ajuda a criar

uma rede inteligente de objetos e aplicações de gerenciamentos de processos independentes,

através da interação entre os mundos real e virtual.

Nesse sentido, o ponto crucial da Indústria 4.0 se relaciona com a comunicação entre

agentes na produção e também nos processos de negócio, que através das tecnologias

habilitadoras permite a flexibilidade na produção, a riqueza de dados e inputs e, em última

instância a possibilidade de ampliar os horizontes da automatização nos processos.

Quanto à necessidade e à importância da Indústria 4.0 no mundo atual, é constante a

associação com o incremento de competitividade que ela traz às empresas, possibilitanto

aumentos nas receitas e diminuições nos custos.

25

Segundo Brettel et al. (2014), isso se deve à crescente competição global com relação à

qualidade dos produtos e aos custos de produção. Somado a isso, as empresas reconhecem

que os consumidores não estão dispostos a pagar grandes prêmios no preço para melhorias

incrementais de qualidade. Consequentemente, as companhias ajustam seus processos

produtivos de forma a focar em produtos customizados e acelerar a ida a mercado.

De acordo com Kagermann, Lukas, e Wahlster (2013), a Indústria 4.0 tem um potencial

gigantesco, por permitir o atendimento de requisitos individuais dos consumidores, envolver

processos dinâmicos e flexíveis na engenharia e nos negócios, facilitar a tomada de decisão e

apresentar novas maneiras de criar valor.

2.1.2.2 Manufatura avançada

De acordo com PCAST (2011), manufatura avançada se define como uma família de

atividades que dependem do uso e da coordenação de informação, automação, computação,

softwares, sensores e redes, e/ou fazem uso de materiais de ponta e competências emergentes

possibilitadas pelas ciências físicas e biológicas, como por exemplo nanotecnologia, química

e biologia. Essa questão envolve tanto novas maneiras de fabricar produtos existente, como

também manufaturar novos produtos que estão emergindo das novas tecnologias avançadas.

Especificamente nos Estados Unidos, o termo foi utilizado para a iniciativa National

Network for Manufacturing Innovation (NNMI) – será detalhada em uma seção posterior –

repesentando as seguintes tecnologias: manufatura aditiva/impressão 3D, manufatura de

eletrônicos de potência da nova geração, manufatura digital e inovações no design,

manufatura de metais leves e modernos, manufatura de compostos avançados, manufatura de

eletrônicos híbridos flexíveis, e manufatura de fotônicos integrados.

2.1.2.3 Internet industrial

O termo Industrial Internet, segundo Leber (2012), foi dado pela divisão de pesquisa e

desenvolvimento da General Electric (GE), e reflete a ideia de que a adição de novos sensores

às máquinas resultará em uma grande quantidade de informações que farão com que as

empresas tirem maior eficiência das locomotivas, motores a jato, equipamentos MRI e outros

equipamentos que a GE vende. O termo foi incorporado à iniciativa Industrial Internet

Consortium (IIC), que será detalhada em uma seção posterior.

26

O termo faz alusão à riqueza de informações a partir da implantação de sensores nos

equipamentos e máquinas, que são compartilhadas com toda a rede integrada, que pode ser

beneficiar delas de inúmeras maneiras.

2.1.3 Tecnologias e métodos habilitadores

Uma série de tecnologias e métodos possibilitaram o surgimento da Indústria 4.0. Nessa

seção foram identificados os principais, com suas respectivas definições.

2.1.3.1 Sistemas embarcados

Embora não seja por si só uma tecnologia habilitadora, o advento dos sistemas

embarcados se estabeleceu como base para o desenvolvimento dos Cyber-Physical Systems,

conceito essencial para o desencadeamento da Indústria 4.0.

Segundo Heath (2002), um sistema embarcado é um sistema baseado em

microprocessador que é construído para controlar uma função ou conjunto de funções e não é

projetado para ser programado pelo end-user da forma que um computador é. Nesse sentido,

um usuário pode escolher as funcionalidades, mas não pode alterar funcionalidades do

sistema adicionando ou substituindo softwares. Portanto, um sistema embarcado é projetado

para realizar uma tarefa específica, embora ela envolva escolhas e diferentes opções.

Nesse sentido, os sistemas embarcados se assemelham com os computadores, por

conterem microprocessadores, mas possuem finalidades diferentes, já que são previamente

programados e não programados pelo usuário final.

Dessa forma, sistemas embarcados interagem com o mundo físico através de sensores e

atuadores (LEE; NEUENDORFFER; WIRTHLIN, 2003). Eles incluem projetos de hardware

e software especializados para a aplicação.

2.1.3.2 Cyber-Physical Systems (CPS)

Segundo Schoenthaler et al. (2015), Cyber-Physical System é um sistema de

elementos integrados de tecnologia da informação, desenvolvido para controlar objetos físicos

(mecânicos e eletrônicos).

Sistemas embarcados tradicionais podem ser considerados como um caso especial

de CPS que atua individualmente. Em um CPS moderno, entretanto, é presente a interação em

27

rede entre os elementos, envolvendo inputs e outputs físicos. O CPS se comunica com outra

máquina e também com pessoas (displays gráficos, comandos de voz, dentre outros)

(Schoenthaler et al. 2015).

Dessa forma, pode-se afirma que os Cyber-Physical Systems consistem

basicamente em um conjunto sistemas embarcados, definidos anteriormente, conectados em

rede, fazendo deles interdependentes.

2.1.3.3 Internet of Things (IoT)

A Internet of Things (IoT), também conhecida como Internet of Everything é um novo

paradigma tecnológico que permite a formação de uma rede global de máquinas e

equipamentos capazes de interagir entre eles (LEE; LEE, 2015). O verdadeiro valor da IoT

para as empresas decorre da comunicação entre equipamentos conectados e da integração com

sistemas de gestão de estoque, de suporte ao consumidor, de business intelligence e de

business analytics.

De acordo com Atzori, Morabito e Iera (2010), a IoT permite que “coisas” e “objetos” –

como RFID, sensores, atuadores, telefones celulares – através de mecanismos de

endereçamento único, interajam entre si e cooperem com seus componentes vizinhos

“inteligentes” para atingir metas comuns.

Com isso, novos componentes são “adicionados” à internet, o que possibilita a criação

de relações de interdependência entre objetos, sistemas de gestão e até pessoas, que operam

nesses sistemas através de equipamentos como computadores e telefones celulares. Essa

interação abre portas para novas possibilidades de automatização, análise inteligente de

informações e controle à distância.

A Internet of Things tem diversas aplicações na sociedade, em diferentes esferas.

Wearables são utilizados pelas pessoas, que podem andar em carros conectados, morar em

casas conectadas e passar o seu dia passeando pelas cidades conectadas, recebendo tratamento

conectado dos hospitais, comprando produtos conectados e até se transportando de forma

conectada. Esses diferentes contatos com a Internet of Things estão representados na Figura

2-2.

28

Figura 2-2 – As dimensões em IoT

Fonte: Adaptado de Jankowski et al. (2014)

Apesar da aplicabilidade da Internet of Things e dos benefícios que ela pode trazer, o

sucesso desse conceito está muito atrelado a algumas condições de mercado e de

disponibilidade tecnológica, que possibilitaram sua disseminação.

Alguns desses possibilitadores são: sensores mais acessíveis; custo mais acessível da

banda larga; processamento mais barato; popularidade dos smartphones; cobertura wi-fi;

disponibilidade de pesquisas em análise de big data; e protocolo de internet mais abrangente

(Jankowski et al., 2014)

2.1.3.4 Internet of Services (IoS)

A Internet of Services (IoS) possibilita que os ofertantes de serviços ofereçam seus

serviços através da Internet. A IoS consiste de participantes, de uma infraestrutura para

serviços, modelos de negócios e dos próprios serviços (Buxmann; Hess; Ruggaber, 2009).

A IoS é responsável pelo surgimento de novos modelos de negócio, que se apropriam da

internet como meio de colocar seus produtos à venda, possibilitar o uso e o monitoramento

dos produtos em tempo real e realizar serviços de auxílio e manutenção.

Segundo Oberle, Kadner e Terzidis (2012), a ideia básica da Internet of Services é uso

sistemático da Internet para novos métodos de criação de valor no segmento de serviços.

Esses métodos podem envolver desde tendências no segmento de TI como service oriented

CarrosConectados

Casas Conectadas

CidadesConectadas

Internet Industrial

Transporte

Petróleoe Gás

Saúde

Wearables

29

architectures, software-as-a-service e business process outsourcing até novas maneiras de

oferecer serviços tradicionais, como, por exemplo, acesso à informação de serviços de

classificação do risco de crédito, que podem ser oferecidos através de modelos pay-per-view

ou por uma taxa constante.

2.1.3.5 Manufatura ágil

Manufatura ágil é um agrupamento de técnicas, métodos e filosofias que empresas

empregam para alcançar novos níveis de qualidade, produtividade e de serviço ao cliente

(Gunasekaran; McGaughey; Wolstencroft, 2001). O objetivo é criar uma empresa

manufatureira que pode produzir em volume e simultaneamente produzir produtos variados

para diferente nichos do mercado.

De acordo com Gunasekaran, McGaughey e Wolstencroft (2001), companhia ágeis

buscam combinar vantagens da compressão de tempo com técnicas de reduzir custo da

variação. O objetivo é oferecer entregas quase instantâneas de pequenas quantidades de

produtos que atendem às especificações individuais.

Nesse sentido, a Manufatura Ágil concentra-se na redução do custo incorrido ao efetuar

mudanças e adaptações no processo produtivo, possibilitando auferir ganhos razoáveis mesmo

com elevadas customizações nos produtos.

2.1.3.6 Customização em massa

Customização em massa é a estratégia de produção focada na provisão de produtos e

serviços personalizados (Davis, 1989; Pine et al., 1993). Para isso, utiliza-se de projetos

modulares de produtos e serviços, processos flexíveis e integração entre os membros da

cadeia de suprimentos.

Segundo Skackauskiene e Davidavicius (2015), o conceito de customização em massa

resolve o problema da associação de soluções customizadas com o aumento de custo. Além

disso, quando comparado com o conceito de produção em massa, possui propriedades

necessárias para uma adaptação mais eficiente para condições do mercado em mudança sem

que haja concessões no preço, qualidade e tempo de entrega.

Apesar de envolver arsenais diferentes com relação à Manufatura Ágil, ambas as

estratégias buscam viabilizar a produção mais flexível, de produtos customizados entre si.

30

Dessa forma, atendem aos anseios de consumidores cada vez mais exigente quanto ao grau de

diferenciação dos produtos.

2.1.3.7 Produtos inteligentes

Produtos inteligentes são objetos do mundo real, equipamentos ou serviços de software

interligados com conhecimento sobre eles mesmos, outros e sua concepção

(AITENBICHLER et al, 2007). Esse conhecimento foi separado em camadas de acordo com

o nível de abstração que eles endereçam: características do equipamento, funcionalidade,

integridade, serviços do usuário e conectividade.

Esse conhecimento sobre si mesmo e sobre outros objetos possibilita uma vasta gama

de aplicações, como por exemplo, comunicar ao restante da fábrica a receita de sua produção,

possibilitando customizações em massa com baixíssimos custos de setup.

De acordo com Miche, Schreiber e Hartmann (2009), produtos inteligentes auxiliam

seus usuários durante todo seu ciclo de vida, literalmente falando com eles e guiando eles para

lidar com suas complexidades. Duas questões chave que cabem aos produtos inteligentes são:

(i) ter interação natural com o usuário e (ii) se utilizar de outros produtos inteligentes e de

recursos no ambiente.

2.1.4 Consequências estruturais da Indústria 4.0

As aplicações da Indústria 4.0 podem mudar radicalmente a forma como se estrutura a

produção e como as empresas se comunicam internamente e externamente. Com isso, uma

série de consequências estruturais podem tomar corpo, pontos que são detalhados nesta seção.

2.1.4.1 Produção individualizada

A primeira consequência visível da Indústria 4.0 é a produção personalizada e

individualizada. Os impactos que essa questão gera nas empresas manufatureiras é tamanho

que ela por si só pode definir questões competitivas existentes entre diferentes países.

De acordo com Brettel et al. (2014), no caso da fabricação de produtos padronizados em

massa, dificilmente um país que investe em qualidade e produtividade consegue compensar o

custo inferior de países com salários mais baixos. Nesse sentido, a Customização em Massa

31

tem tido uma importância crescente em países desenvolvidos, alterando produtos e

arquiteturas de produção.

A Customização em Massa vem endereçando o dilema que existe entre economias de

escala e escopo, através de processos flexíveis, design do produto concebido em módulos e

integração entre membros da cadeia de fornecimento (Brettel et al., 2014).

Segundo Brettel et al. (2014), em uma fábrica inteligente, produtos podem comunicar-se

com o ambiente e influenciar o arranjo dos Sistemas Reconfiguráveis de Manufatura (RMS).

Com isso, estruturas concretas e especificações de produção são substituídas por regras de

configuração, possibilitando que as empresas manufatureiras se adaptem a mudanças nos

requisitos de produção de uma maneira que minimiza o custo.

Isso é possível dado que os produtos inteligentes carregam conhecimento sobre si

mesmos, o que garante uma comunicação eficaz fazendo com que a fábrica se remodele para

realizar os procedimentos para sua fabricação, que podem variar radicalmente com relação ao

último produto.

2.1.4.2 Integração horizontal em redes colaborativas

A Indústria 4.0 implica não só em comunicação mais eficaz ao longo da produção em

uma empresa, mas também em comunicação com outras empresas, o que possibilita a

estruturação de grandes redes colaborativas.

Para que tenham uma produtividade mais elevada em comparação com organizações

tradicionais, as empresas e seus funcionários devem comunicar-se através dos limites da

companhia de forma bastante eficiente (Brettel et al., 2014). Isso porque para manter uma

vantagem competitiva global, as empresas deverão focar nas suas principais competências

enquanto terceirizam outras atividades para colaboradores na rede.

Segundo Brettel et al. (2014), redes de organizações legalmente independentes que

compartilham suas competências para explorar uma oportunidade de negócios são chamadas

de corporações virtuais. De fato, de acordo com Christopher, ter a habilidade de utilizar

competências da rede de parceiros para responder a necessidades do mercado pode levar a

vantagens sustentáveis.

No mundo globalizado, as empresas deixam de querer controlar todas as partes do

processo para focar no que realmente são boas, desativando departamentos ineficientes e

ineficazes. Com isso, terceirizam parte de suas produções, diminuindo seu risco e esforço e

32

até ganhando margem. Nesse sentido, a integração horizontal possibilitada pelas inovações

provenientes da Indústria 4.0 pode ter grande valor.

No entanto, apesar de as corporações virtuais terem sido concebidas para aumentar a

flexibilidade e performance, elas não são padrão na indústria atualmente. Um obstáculo para a

colaboração entre as companhias é a falta de confiança, já que os gestores não costumam

compartilhar informações críticas com empresas com as quais suas companhias competem no

mercado (Brettel et al., 2014).

2.1.4.3 Integração digital end-to-end

Por fim, não só a integração horizontal é possível, mas também a integração vertical. A

comunicação eficaz entre fornecedores, produtores e clientes pode otimizar bastante a tomada

de decisão em diferentes níveis e a Indústria 4.0 pode ter um papel crucial nessa integração.

Segundo Brettel et at. (2014), a engenharia integrada através de toda a cadeia de valor

utilizando métodos avançados de comunicação e virtualização promete um potencial de

otimização significante. Ao longo da cadeia de valor, ficará cada vez menos importante qual

processo está sendo feito em qual fábrica e em qual companhia, já que todas as entidades

podem ser supridas com informação em tempo real e o controle é distribuído para o chão de

fábrica.

Em redes colaborativas, até mesmo a simulação e a modelagem do impacto de etapas do

projeto em produtos podem ser conduzidas fora das fronteiras da companhia. De acordo com

Brettel et al. (2014), a riqueza de informações adquiridas por produtos e máquinas inteligentes

durante a operação podem ser extraídos e utilizados para o desenvolvimento de novos

serviços e atualizações e vão ajudar a aumentar a qualidade percebida do produto.

Em um contexto de produção no nível do item, informação é utilizada para otimizar

constantemente a base de dados e aprimorar a base para futuros desenvolvimentos. A Figura

2-3 compara a produção em nível do item com a produção em massa.

33

Figura 2-3 - Produção em massa em comparação com produção em nível do item

Fonte: Adaptado de Brettel et al. (2014)

2.1.5 Consequências sociais e ambientais da Indústria 4.0

A aplicação da Indústria 4.0 resulta em impactos consideráveis na sociedade e no meio

ambiente, os quais devem ser considerados em análises. Nesse sentido, alguns pontos cruciais

com relação a esse tema são levantados nessa seção.

2.1.5.1 O futuro do trabalho

A verdade é que qualquer mudança no processo produtivo que gere maior automação

entre as máquinas e equipamentos tem o potencial de provocar demissões em massa. No

entanto, isso não significa que a automação possui necessariamente um impacto negativo para

a sociedade em termos de geração de emprego. Isso porque mudanças nesse sentido

demandam uma grande quantidade de empregos para realizar as tarefas que necessitam de

raciocínio humano, como a estruturação e a manutenção das redes, o desenvolvimento de

aplicações e a análise dos dados gerados. Ademais, essas atividades, por não necessitarem de

esforços físicos, possibilitam que pessoas antes impossibilitadas de trabalhar voltem ao

mercado.

Os especialistas concordam que apesar do maior grau de automação, as pessoas deverão

continuar tendo um papel importante na Indústria 4.0. Processos que só podem ser realizados

de forma adequada através de habilidades humanas como inteligência, criatividade, empatia

Produção emmassaPartes

PadrõesTestesProdutos finais

Produção emmassaPartes

PadrõesProdutos finais

Aprendizadoadaptativo

34

ou flexibilidade continuarão a existir. Além disso, o esforço físico de trabalhadores diminuirá.

Esse ponto é particularmente vantajoso, já que a proporção de trabalhadores mais idosos

aumentará (Gabriel; Pessl, 2016).

Apesar de os computadores conseguirem substituir humanos em atividades mecânicas e

repetitivas com eficiência, não é possível substituir o raciocínio humano e a sua habilidade em

criar produtos, processos e modelos de negócios novos. Dessa forma, demissões devem

ocorrer, mas as pessoas serão, mais do que nunca, peças-chave para o sucesso das

companhias.

No entanto, segundo Gabriel e Pessl (2016), o posicionamento das pessoas na produção

e as atividades que elas deverão realizar mudarão. A rede de pessoas e máquinas dentro da

Indústria 4.0 resultam na necessidade de mudança no conteúdo, nos processos e no ambiente

de trabalho e também nas competências necessárias. Por isso, novas profissões irão emergir.

Nesse sentido, a busca pela qualificação continuará como diretriz com relação às ofertas

de empregos, cuja importância aumentará cada vez mais. Deparadas com a necessidade de

pessoas com forte raciocínio analítico e sistêmico para resolver os complexos problemas

relacionados à competitividade da empresa e à Indústria 4.0, as companhias deverão buscar

por pessoas com forte background acadêmico e profissional para suas posições.

Ademais, paralelamente ao declínio das demandas físicas, maior estresse psicológico

(emocional e mental) é esperado. Por um lado, isso é causado pela mudança constante no

conteúdo do trabalho e, consequentemente, maior flexibilidade e capacidade de resposta

requeridas. Por outro lado, o fato de que a comunicação e cooperação entre funcionários

diminui – e aumenta a interação entre funcionários e máquinas – leva os funcionários a

estresse emocional (Gabriel; Pessl, 2016).

Dessa forma, observa-se uma transferência do estresse físico – que leva a problemas

como lesões por esforços repetitivos – para estresses mentais e emocionais – que levam a

doenças mentais e, em última instância, problemas gástricos e cardíacos.

Mesmo que o aumento na flexibilidade possa levar a maior estresse psicológico, essa

mudança pode ter um impacto positivo com relação ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal

dos funcionários. Portanto, a organização do trabalho pode ser melhor adaptada às

necessidades dos trabalhadores em termos de reconciliação entre trabalho e vida privada

(Gabriel; Pessl, 2016).

2.1.5.2 Consequências ecológicas

35

De acordo com Gabriel e Pessl (2016), a produção afeta o meio ambiente de várias

maneiras. Nos processos produtivos há uma variedade de efeitos colaterais indesejados, como

consumo de recursos naturais, consumo de energia, emissões, desperdícios, dentre outros. Um

consumo grande de matéria-prima e energia na produção industrial resulta não só em altos

custos, mas também em crescente riscos ambientais e de suprimento.

A Indústria 4.0 pode diminuir esses riscos através da gestão contínua de energia e

recursos. Segundo Kagermann, Lukas e Wahlster (2013), os CPS possibilitam que os

processos de manufatura sejam otimizados caso a caso em toda a cadeia de valor. Além disso,

os sistemas podem ser otimizados durante a produção em termos de consumo de recursos e

energia – e também em termos de redução das emissões.

A partir dessa riqueza de informações, diferentes metodologias de produção podem ser

desenvolvidas, fazendo com que a tomada de decisão leve em conta os impactos ambientais,

além dos sociais e econômicos. Essa tomada de decisão pode ser feita tanto com relação a

escolhas na operação dos processos já instituídos, como também na implementação de novos

projetos, de forma a minimizar os impactos ambientais negativos futuramente.

É possível considerar a eficiência no uso de recursos e energia já na etapa de

planejamento da estrutura física, pela otimização de salas, espaços, corredores ou dutos, pelo

design de sistemas centralizados e descentralizados de suprimento e descarte ou pela criação

de ciclos fechados de material e energia (Gabriel; Pessl, 2016).

Além disso, com relação aos descartes, a Indústria 4.0 possibilita o desenvolvimento de

métodos mais eficientes. Isso porque a tecnologia dos produtos inteligentes pode ser utilizada

para armazenar informações e dicas com relação ao descarte.

Segundo Gabriel e Pessl (2016), pela crescente documentação da Indústria 4.0, o

descarte final de produtos e equipamentos também será simplificada. A partir das informações

coletadas até mesmo o mais complexo equipamento técnico pode ser decomposto em seus

componentes com baixo custo e, de forma subsequente, descartado ou reciclado. Métodos de

recuperação tecnologicamente complexos tornam possível o fechamento e otimização dos

ciclos de materiais.

Novas tecnologias emergentes também exercem impacto nos testes e na prototipagem,

possibilitando economias de recursos naturais também com relação a essas atividades.

Os especialistas acreditam que tecnologias de manufatura aditiva como impressão 3D

têm um papel especial. A impressão 3D é considerada uma tecnologia de produção

ambientalmente amigável, porque menos recursos são necessários, desperdícios raramente são

36

gerados ou a logística de produção e de transporte pode ser reduzida por descentralização

(Gabriel; Pessl, 2016).

2.1.6 As iniciativas dos países em inovações na manufatura

2.1.6.1 Alemanha

A Alemanha foi pioneira em identificar a Indústria 4.0 como uma questão de

importância nacional. Desde então, iniciativas vêm sendo postas em prática, estruturas criadas

e interações entre empresas, órgãos e a academia acontecendo.

De acordo com Kagermann, Wahlster e Helbig (2013), desde 2006, o governo alemão

têm seguido a High-Tech Strategy, documento com diretrizes para coordenar de forma

interdepartamental as iniciativas de pesquisa e inovação na Alemanha para garantir a forte

posição competitiva da Alemanha através de inovações tecnológicas. A versão atual é

conhecida como High-Tech Strategy 2020 e foca em cinco áreas de prioridade: energia/clima,

saúde/alimentos, mobilidade, segurança e comunicação. O documento envolve “iniciativas

estratégicas” pelas quais a Industry-Science Research Alliance está endereçando metas

concretas no médio prazo (10 a 15 anos) nos âmbitos do desenvolvimento científico e

tecnológico.

A Indústria 4.0 é uma “iniciativa estratégica” parte do High-Tech Strategy 2020 de

novembro de 2011. As recomendações iniciais de implementação foram formuladas pelo

grupo de trabalho “Industrie 4.0” entre janeiro e outubro de 2012 sob a coordenação da

Acatech – National Academy of Science and Engineering. O grupo era presidido pelo

presidente do conselho de administração da Robert-Bosch GmbH e pelo presidente da

Acatech (Kagermann; Wahlster; Helbig, 2013).

Com isso, desde o início, a iniciativa alemã já procurou estar em linha com uma questão

chave de ações de fomento ao desenvolvimento das indústrias – que os principais agentes do

mercado precisam participar. Por agentes do mercado, identifica-se os líderes das principais

empresas, de associações de classe, do universo acadêmico e representantes do governo.

Em 2013, as associações profissionais BITKOM, VDMA e ZVEI estabeleceram a

Plataforma Industrie 4.0 para dar continuidade à iniciativa e garantir uma abordagem

coordenada e intersetorial (Kagermann; Wahlster; Helbig, 2013). A Figura 2-4 ilustra a

estrutura organizacional da Plataforma Industrie 4.0.

37

Figura 2-4 - Estrutura organizacional da plataforma Industrie 4.0

Fonte: Adaptado de Kagermann, Wahlster e Helbig, 2013

A coordenação central e a estrutura de gestão da plataforma é o Comitê de Direção

(SC), liderado pela indústria. Esse comitê é responsável por estabelecer o curso da estratégia

da plataforma, criando Grupos de Trablalho (WG) e supervisionando suas tarefas. O SC é

suportado por um Comitê de Assessoria Científica que inclui membros que são das áreas da

manufatura, de TI e da automação, além de outras disciplinas. Os WG reportam suas

atividades para o SC, mas estão livres para determinar suas próprias estruturas. Eles estão

aberto para todas as partes interessadas (Kagermann; Wahlster; Helbig, 2013).

Os WG possuem diferentes atribuições. São elas: (i) Arquiteturas, padrões e normas e

referencia (ii) Grupo de trabalho em pesquisa e inovação (iii) Grupo de trabalho na segurança

dos sistemas em rede (iv) Grupo de trabalho em modelo legal (v) Grupo de trabalho em

educação, treinamento e trabalho.

O Conselho Governante (GB) prove com inputs com relação à estratégia e dá suporte às

atividades políticas da plataforma. Quando necessário, o GB representa a plataforma frente a

desenvolvedores de políticas, à mídia e ao público (Kagermann; Wahlster; Helbig, 2013).

O Secretariat é formado por membros das três associações profissionais e dá suporte ao

SC em questões organizacionais e administrativas. Dentre suas tarefas estão a transferência de

conhecimento, as relações internas, as relações com iniciativas semelhantes e as relações com

a mídia e o público (Kagermann; Wahlster; Helbig, 2013).

Comitê de Direção (SC)

• Empresas membros• Representantes das três associações• Representante do SAC• Convidados: líderes dos grupos de trabalho

(WG)

Conselho Governante(GB)

Membros do conselho das companhias membrosdo SC

SecretariadoGerenciado em conjunto por

BITKOM, VDMA e ZVEI

Comite de AssessoriaCientifica (SAC)

Professores de disciplinastécnicas relevantes

WG 1 WG 2 WG n…

Comunidade de experts

38

2.1.6.2 EUA

Os EUA também procuram manter sua competitividade na indústria, através de

iniciativas que concentrem em inovações tecnológicas, possibilitando para o país enfrentar até

mesmo países com mão de obra de valors mais baixos.

Segundo o Executive Office of the President; National Science and Technology

Council; Advanced Manufacturing National Program Office (EOP; NSTC; AMNPO, 2016), a

liderança histórica dos EUA na manufatura está em risco.

O relatório de 2011 do President’s Council of Advisors on Science and Technology

(PCAST) concluiu que os EUA estão mais atrasados na pesquisa e desenvolvimento ligados

ao setor da manufatura que outras nações com salários altos como Alemanha e Japão (EOP;

NSTC; AMNPO, 2016). O relatório também enfatizou a importância da manutenção da

superioridade tecnológica na manufatura avançada para sustentar a segurança nacional e a

competitividade econômica dos EUA.

Os EUA visam não só garantir incrementos em suas atividades econômicas, mas

também focam bastante na questão da segurança nacional. Isso porque a indústria de

transformação teve historicamente um papel crucial nas guerras e nos conflitos armados que

os EUA enfrentaram.

Visando endereçar essas questões, o PCAST deu início a uma iniciativa governamental

em manufatura avançada, coordenada pelo EOP, envolvendo todos os departamentos e

agências que ajudam a suportar o ecossistema de inovação em manufatura avançada na nação.

As recomendações dadas pelo PCAST serviram como base para as iniciar o estabelecimento

de institutos de inovação em manufatura, debaixo da iniciativa conhecida como National

Network for Manufacturing Innovation (NNMI) (EOP; NSTC; AMNPO, 2016).

Nesse sentido, as iniciativas dos EUA como Estado para o fomento da manufatura

avançada estiveram bastante relacionadas com a criação de institutos de incentivo ao uso

dessas tecnologias. Um outro ponto importante é que cada instituto foca em uma área do

conhecimento diferente, auxiliando diversos setores da economia.

De acordo com EOP, NSTC e AMNPO (2013), o presidente Barack Obama propôs um

investimento de US$ 1 bilhão no NNMI. Os institutos são uma parceria entre governo,

indústria e academia, financiado por uma estrutura de divisão de custos por fontes federais e

não federais.

39

Com relação às parcerias público-privado, essa é uma questão chave no

desenvolvimento dos institutos, que não só facilitaram o financiamento dos mesmos, mas

também garantiu o engajamento de empresas privadas como líderes do movimento.

O NNMI busca fechar uma lacuna que existe na infraestrutura de inovação,

possibilitando com que novos processos e tecnologias de manufatura evoluam de forma mais

natural da pesquisa básica até a implementação nas fábricas. Os institutos devem ser liderados

por instituições sem fins lucrativos independentes que alavancam consórcios na indústria,

associações regionais e outros recursos na ciência, tecnologia e desenvolvimento econômico

(EOP; NSTC; AMNPO, 2013).

Em agosto de 2012, foi criado o America Makes em Youngstown, Ohio, um instituto

focado em manufatura aditiva/impressão 3D. É uma parceria público-privada que consistia

inicialmente de 40 companhias membros, 9 universidades, 5 faculdades comunitárias e 11

organizações sem fins lucrativos (EOP; NSTC; AMNPO, 2016).

Depois do sucesso do America Makes, foram criados outros três institutos de inovação

na manufatura, focados em: manufatura de eletrônicos de potência da nova geração

(financiado e supervisionado pelo Department of Energy, DOE); manufatura digital e

inovações no design (financiado e supervisionado pelo Department of Defense, DoD); e

manufatura de metais leves e modernos (financiado e supervisionado pelo DoD) (EOP;

NSTC; AMNPO, 2016).

Posteriormente foram lançados os seguintes institutos: IACMI – instituto da inovação

em manufatura de compostos avançados, junho de 2015; AIM Photonics – instituto americano

para a manufatura de fotônicos integrados, julho de 2015; NextFlex – instituto americano para

manufatura de eletrônicos híbridos flexíveis, agosto de 2015.

40

Figura 2-5 - Ecossistema de inovação dos institutos

Fonte: Adaptado de EOP; NSTC; AMNPO (2016)

O foco central do programa NNMI é conectar a inovação com a manufatura. Dessa

forma, as atividades dos institutos incluem (EOP; NSTC; AMNPO, 2016):

• Pesquisa pré-competitiva aplicada, desenvolvimento e projetos de escala na

manufatura para reduzir custo, tempo e risco de comercializar novas

tecnologias de manufatura e aprimoramentos em tecnologias, processos e

produtos existentes;

• Desenvolvimento e implementação de programas de educação e treinamentos;

• Desenvolvimento de novas metodologias e práticas para a integração na

cadeia de suprimentos e a introdução de novas tecnologias em cadeias de

suprimento;

Governo Federal Governo do estado e local

Organizações de Desenvolviment

o Econômico

Universidades

Colégios da comunidade

Laboratóriosnacionais

Grandesempresas

manufatureiras

Pequenas e médias empresas

Start-ups

Instituto deInovaçãona Manufatura

• Pesquisa aplicada• Desenvolvimento detecnologia• Laboratório deprototipagem• Desenvolvimento desoftwareparaa

manufatura• Educação edesenvolvimento dos

funcionários

• Demonstrações na fábrica• Workshopsdetecnologia• Serviços detecnologia na

manufatura

Locais parauso conjunto

Rede NacionalparaInovação na

Manufatura(NNMI)

Governo

IndústriaAcademia e laboratórios

nacionais

41

• Abordagem e engajamento com pequenas, médias e grandes empresas

manufatureiras.

2.1.6.3 China

Apesar de hoje se estabelecer como um grande foco industrial pelo baixo custo de mão

de obra, a China entende que sua mão de obra deixará de ser tão competitiva em um futuro

próximo e que as empresas chinesas devem buscar maior nível de intensidade tecnológica

para garantir competitividade global. Nesse sentido, também engaja em estratégias integradas

para o aceleramento do desenvolvimento da Indústria 4.0 no país.

Segundo o World Economic Forum (WEF, 2015), a China propôs recentemente sua

estratégia “Made in China 2025” para promover internamente a integração entre tecnologias

digitais e a industrialização. Os governos chinês e alemão estão em diálogo para discutir

como as duas potencias manufatureiras podem trabalhar juntas para acelerar a realização da

Internet Industrial em seus países.

Para Wübbeke e Conrad (2015), a Alemanha é o parceiro preferido da China, uma vez

que o conceito alemão de Indústria 4.0 serve como base para o governo chinês, a Alemanha

possui a tecnologia avançada necessária para a Indústria 4.0 e a demanda da China oferece

aos vendedores alemães oportunidades únicas de vendas. A janela de tempo é limitada,

entretanto, já que as empresas alemãs serão provavelmente substituídas quando as

companhias chinesas fecharem o gap tecnológico.

A parceria entre a China e a Alemanha, portanto, pode garantir à China uma forma de

gerar aprendizado para suas empresas sem recorrer a investimentos em instituições e órgãos

de fomento. Para a Alemanha, o acordo também faz bastante sentido, dado o tamanho do

mercado chinês que passa a ser alvo de seus produtos.

De acordo com Staufen AG (2015), O objetivo do plano de 10 anos é equiparar a China

com nações ocidentais industriais com relação à Indústria 4.0. A estratégia “Made in China”,

portanto, deve representar inovação, qualidade e eficiência, algo que o Mercator Institute for

China Studies considera como um “desafio para as nações industriais estabelecidas que deve

ser levado a sério”.

Dessa forma, a China está se mostrando realmente engajada no desenvolvimento em

Indústria 4.0 e coloca metas ousadas para um período de 10 anos. Do lado acadêmico, o país

já vem mostrando resultados paupáveis, mas que precisam ser acompanhados pelas

motivações das empresas.

42

De fato, de 2013 a 2015, os inventores chineses registraram mais de 2500 patentes nas

tecnologias possibilitadoras da Indústria 4.0. Nos EUA, o número foi de 1065 e na Alemanha,

441. Com relação à qualidade das patentes, os pesquisadores acreditam que a China teve

desempenho superior aos EUA e à Alemanha. No entanto, a China ainda está atrasada com

relação à implementação da Indústria 4.0 – 35% das companhias ainda não estão preocupadas

com o tema (Staufen AG, 2015).

2.1.6.4 Consórcios de empresas

Segundo o World Economic Forum (WEF, 2015), um sinal do momento industrial forte

é a emergência de consórcios para endereçar a necessidade de colaboração na indústria para

preocupações comuns como a segurança e a interoperabilidade. Dentre eles estão o Industrial

Internet Consortium (IIC), o AllSeen Alliance e o Open Interconnect Consortium (OIC).

Vale lembrar que os consórcios não são iniciativas dos Estados, mas sim de empresas

(principalmente as grandes) que se mostram interessadas pela inovação colaborativa na

manufatura de forma a se mobilizarem para estruturar conhecimentos, trocar práticas e definir

pontos de acordo.

Enquanto que o AllSeen e o OIC focam na conectividade no nível dos equipamentos, o

objetivo da IIC é acelerar a adoção e o desenvolvimento de aplicações de Internet Industrial

através de bancos de ensaio de tecnologia, casos de uso e desenvolvimento de requisitos

(WEF, 2015).

O IIC, desde seu estabelecimento em março de 2014, tem expandido sua base de

membros para incluir mais de 100 organizações. O rápido crescimento e a diversidade dos

membros da IIC mostram tanto o valor, como a necessidade de colaboração entre empresas

nessa área (WEF, 2015).

2.2 Análise SWOT

Kotler (2006) define a Análise SWOT como a identificação e o entendimento das

forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de uma empresa. A partir disso, é possível ter um

panorama interno da companhia e também das circunstâncias externas que a cercam.

Com relação ao ambiente interno, a análise SWOT analisa as forças e as fraquezas. As

forças são as vantagens competitivas que uma companhia tem, com relação aos seus

43

competidores. Por outro lado, as fraquezas são deficiências da empresa que a colocam em

posição vulnerável no cenário competitivo e devem ser trabalhadas.

Já com relação ao ambiente externo, tem-se as oportunidades e as ameaças. As

oportunidades são os fatores que, se trabalhados, podem garantir à empresa alguma vantagem

competitiva, seja pelo aumento das vendas, aumento do valor dos bens ou serviços ofertados

ou pela diminuição nos custos. Por fim, as ameaças são fatores que podem atingir a empresa,

deixando-a em situação desfavorável, seja pela diminuição das receitas ou pelo aumento nos

custos (Kotler, 2006).

2.3 Setores brasileiros

A seguir é feita a Revisão Bibliográfica dos setores da economia brasileira que foram

selecionados na Seção 4.2 deste trabalho.

2.3.1 Telecomunicações

2.3.1.1 Importância do setor e sua evolução

O setor de telecomunicações teve uma evolução intensiva nas décadas recentes.

Diversas transformações no mercado e nas próprias empresas ofertantes foram moldando o

setor para como ele é hoje. No início da década de 1990, por exemplo, telefones só eram

utilizados por pessoas de maior poder aquisitivo, fato que contrasta bastante com a realidade

atual, em que a penetração desses aparelhos no mercado é altíssima.

Em 1994, 81% dos 8,2 milhões de telefones fixos estavam concentrados em

consumidores de classes A e B. No entanto, esse cenário mudou e, a partir de 98, houve maior

oferta de telefones fixos nas classes C e D (Dias; Cornils, 2008).

A popularização do telefone teve um papel crucial na consolidação da telecomunicação

como peça chave na economia brasileira. No entanto, a mudança no perfil do consumidor

ocasionou em uma série problemas inéditos para o setor.

É o caso, por exemplo, do número de linhas ociosas. Os consumidores de baixa renda

tinham acesso aos telefones, mas não tinham a capacidade financeira para arcar com os custos

das ligações mensalmente. Nesse sentido, muitos deixavam de utilizá-los. Frente a esse

cenário, surgiram novos modelos de pacotes mensais – as linhas “controle”, que limitavam os

gastos a um valor fixo (Dias; Cornils, 2008).

44

O perfil do setor mudou bastante ao longo das últimas décadas. As ligações, antes feitas

por telefone fixo passaram a ser feitas cada vez mais por celulares. De certa forma, entretanto,

os anseios de buscar limites para as contas no fim do mês continuavam. Segundo Dias e

Cornils (2008), em junho de 2008 106,5 milhões de brasileiros andavam com celulares pré-

pagos.

De fato, não foi só nas ligações que o setor passou por mudanças. Na verdade, o próprio

significado da área de telecomunicações sofreu mutações ao longo do tempo, passando a

conter novas tecnologias e novos serviços atelados.

Antigamente, era clara a distinção entre telecomunicações e radiodifusão. O primeiro

correspondia a interações ponto a ponto, em que a cobrança era feita diretamente sob o uso.

Enquanto isso, radiodifusão abrangia transmissão de conteúdo, de um ponto para a massa,

com modelo de anúncios ou de cobrança através de assinaturas (Dias; Cornils, 2008).

No entanto, depois de diversas movimentações no setor, como fusões, aquisições e

acordos, as operadoras de telecomunicações passaram a oferecer também serviços de

radiodifusão. Hoje é comum que as ligações telefônicas sejam oferecidas em conjunto com

serviços de TV a cabo, internet banda larga, pacotes de internet móvel, dentre outros.

Atualmente, o setor de telecomunicações brasileiro se mostra extremamente amplo e

relevante no mercado mundial. Entretanto, fica aquém em questão de qualidade da rede. Além

disso, com relação à acessibilidade para a população, observa-se a baixa disposição das

pessoas em pagar contas altas e o baixo percentual de acesso a internet, o que reflete a

desigual distribuição de renda e de acesso à informação que a população enfrenta.

Segundo BNDES (2014), em 2014 o Brasil era o quarto maior mercado de serviços de

telecomunicações do mundo, quinto maior de assinantes de celulares, terceiro maior mercado

de computadores e terceiro maior em número de registros na internet. No entanto, 80% dos

celulares eram pré-pagos, a receita por usuário caiu de R$ 25,00 para R$ 20,00 de 2005 para

2014, apenas 40% das casas tinha acesso à internet e só 43% da população utilizava a rede.

Somado a isso, o Brasil estava em 62o lugar no ranking de infraestrutura e uso das

Tecnologias de Informação e Comunicação e 84o lugar no ranking mundial de velocidade

média da internet entregue em 2014.

2.3.1.2 Principais empresas

O mercado de telecomunicações no Brasil consiste em um oligopólio, com quatro

empresas dominando mais de 90% do market share.

45

De acordo com Valor Econômico (2016a), a distribuição da receita líquida de serviços

móveis está passando por mudanças. A participação dos pacotes de dados das principais

operadoras tende a ultrapassar 50% em 2016, ultrapassando os serviços de voz. Com isso,

novos investimentos em capacidade de transmissão são vistos como prioridade.

Nesse sentido, ganham espaço os cabos de fibra óptica, que possuem maior capacidade

de transmissão. A TIM, por exemplo, investe na expansão do 4G através da instalação de

novas antenas e da expansão da malha de fibra óptica. A conexão com a rede óptica já foi

feita em 95% e em 92% das antenas da operadora em São Paulo e no Rio de Janeiro,

respectivamente. Claro e Oi também investem na modernização da rede e no aumento da

presença do 4G (Valor Econômico, 2016a).

Já a Vivo, investe não só na rede óptica para aumentar alcance do 4G, mas também em

seu pacote “ultrabanda larga fixa”. Esse pacote, voltado para a internet residencial, consiste na

instalação de fibra óptica até a residência dos indivíduos, aumentando as velocidades de

navegação (Valor Econômico, 2016a).

Há também um elemento extra que pode ser de grande ajuda para que as operadoras

ampliem o alcance de suas redes de internet móvel. Trata-se da faixa de 700MHz que será

liberada em 2019 com o desligamento do sinal de TV analógica. Essa faixa, indicada para

ambientes indoor, poderá ser utilizada para a transmissão do 4G, aumentando a capacidade e

o alcance (Valor Econômico, 2016a).

2.3.1.3 Externalidades

De acordo com Dias e Cornils (2008), existem correlações entre os investimentos em

telecomunicações e o crescimento do PIB. Isso porque as consequências das redes de

telecomunicações são refletidas em todos os setores da economia. Uma pesquisa IBre/FGV de

março 2008 mostra que para cada R$ 1,00 gerado em receita de telefonia móvel, R$ 0,20 a

mais são gerados para outros setores. Dessa forma, pode-se dizer que o setor gera

externalidades positivas.

Segundo BNDES (2014), “As telecomunicações são a infraestrutura da Sociedade do

Conhecimento. O impacto dos investimentos realizados no setor é relevante não só pelo nível

de desembolsos exigidos (em torno de R$ 30 bilhões por ano), mas também (e

principalmente) pelos transbordamentos proporcionados na geração de riqueza e contribuição

para o bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos, em campos como a produtividade da

economia, inovação, educação, saúde, segurança, gestão dos recursos públicos, entre outros”

46

2.3.1.4 Tendências tecnológicas

O setor de telecomunicações tem o importante papel de prover com a infraestrutura para

que novos avanços em termos de tecnologia ocorram. Nas seções anteriores, foram expostas

as mudanças que tecnologias como TI, CPS e IoT, que envolvem pessoas, máquinas,

equipamentos e softwares se comunicando entre si, abrindo novos horizontes para o mercado

e tornando os processos mais eficientes. No entanto, essas interações não existirão se não

houver uma internet de qualidade suportando-as. Por isso, o desenvolvimento da área de

telecomunicações é crucial para que essas movimentações aconteçam.

Dada a importância da estabilidade da rede para os projetos em Indústria 4.0, mudanças

podem ocorrer na forma de as empresas de telecomunicações proverem seus serviços.

Questiona-se a confiabilidade da rede 4G ou banda larga atuais e se é possível condicionar o

funcionamento produção de uma fábrica, por exemplo, a elas.

De acordo com Wilson e Raynor (2015), o consumidor recebe, em um modelo best-

effort, que é o mais utilizado no mercado atualmente, o que houver disponível, sem garantias

na velocidade e na estabilidade da rede.

Esse pode ser o modelo mais cômodo para as empresas provedoras, que não se

comprometem com configurações difíceis de garantir. No entanto, para as indústrias e para a

infraestrutura esse modelo pode impossibilitar inúmeras mudanças previstas com a quarta

revolução industrial.

Um modelo de managed-communications, em contraste, coloca a responsabilidade para

a provedora em garantir um tráfego de dados confiável e estável, permindo o uso de

aplicações que demandem comunicação em tempo real ou próxima disso (Wilson; Raynor,

2015).

Uma dimensão possível para o modelo é a de Quality of Service (QoS), que define a

performance do fluxo do tráfego e permite que uma aplicação especifique suas necessidades

em termos de latência (tempo que leva para uma mensagem passar de um ponto para outro),

taxas de erros, dentre outros (Wilson; Raynor, 2015).

Com isso, as empresas conseguem agregar maior valor aos clientes que dependem

pesadamente da infraestrutura em internet. Essa pode ser uma oportunidade de abrir novas

fontes de receitas para o setor de telecomunicações.

As empresas de telecomunicações devem atuar em parcerias com as indústrias.

Agregando maior valor e cobrando por isso, as receitas podem compensar os maiores custos

47

em construir e operar soluções em managed-communications, fazendo disso uma linha de

negócio rentável.

2.3.2 Complexo industrial da saúde

2.3.2.1 Importância do setor e sua evolução

Os gastos com saúde são bastante relevantes na economia, porém atinge a população de

forma bastante desigual. Isso porque os planos privados, que são pagos pelas famílias, hoje

representam mais da metade dos gastos. No entanto, esses planos atingem apenas por volta de

25% da população. Por outro lado, os gastos do governo, que representam menos da metade

dos gastos, atendem os 75% restantes da população.

De acordo com dados IBGE do final de 2015, as despesas com o consumo final de bens

e serviços da saúde em 2013 foi de 8% do PIB, sendo 4,4% das famílias e 3,6% do governo.

Em 2015, foram 49,4 milhões de pessoas atendidas pelos planos privados de saúde e cerca de

151 milhões de pessoas dependentes apenas do orçamento público para a saúde (Valor

Econômico, 2016b).

O efeito de recessões econômicas no ecossistema da saúde pode ser bastante

significativo. Isso porque, a grande maioria dos planos privados são coletivos, feitos pelas

empresas (cerca de 80%). Dessa forma, em um período de demissões, muitas pessoas deixam

de ter planos de saúde privados, o que diminui significativamente o faturamento das

operadoras (Valor Econômico, 2016b).

Nesse sentido, cresce bastante o modelo de clínicas populares. Nessas clínicas, os

pacientes pagam valores baixos por procedimentos padrão, não precisando recorrer às filas do

Sistema Único de Saúde (SUS). Esses empreendimentos se estabelecem em locais de alta

circulação de pessoas, onde os médicos realizam procedimentos de baixa complexidade

(Valor Econômico, 2016b).

Além disso, em períodos de recessão, as receitas de arrecadação de impostos do

governo também diminuem, o que compromete o gasto com saúde pública também. Nesse

sentido, o poder público recorre a novos meios de conseguir atender à demanda por saúde,

mesmo com a limitação de seus recursos.

É o caso do modelo de parcerias público-privadas para financiar hospitais e clínicas. As

parcerias podem ser integrais ou parciais, sendo que na primeira, a empresa assume todas as

funções (construção, contratação dos médicos e cirurgiões) e nas parciais, o poder público

48

continua responsável pelo corpo clínico. Os repasses são feitos mensalmente para as empresas

(Valor Econômico, 2016b).

Apesar da demanda alta, o menor nível de investimentos que recorre da recessão

também atinge o segmento de produtos para a saúde, afetando a venda de produtos para

diagnóstico por imagem, materiais implantáveis, ortopédicos, oftalmológicos, suprimentos

médico-hospitalares, dentre outros. Houve uma queda de 9,3% no consumo em 2015 (Valor

Econômico, 2016b).

Um outro ponto interessante a se discutir, no cenário atual da saúde brasileira é a

mudança do perfil das doenças que incidem na população. Com o envelhecimento da

população, as doenças infectocontagiosas perdem espaço para as doenças crônico-

degenerativas.

Essa mudança de perfil gera uma nova gama de problemas a serem resolvidos. As

pessoas com doenças crônicas consomem, muitas vezes, mais recursos. Isso porque os

tratamentos são mais caros, as cirurgias mais complexas e as consultas para acompanhamento

e monitoramento são regulares.

Nos EUA, por exemplo, o gerenciamento de doenças crônicas é bastante representativo

em termos de custos: 1,1 trilhões anualmente, ou um terço de todo gasto com saúde nos EUA.

Dentro dessa categoria, três áreas compreendem cerca de 20% dos gastos – problemas

cardíacos, asma e diabetes, sendo que as três necessitam de monitoramento constante

(Roman; Conlee, 2015).

2.3.2.2 Indústria farmacêutica

A Indústria Farmacêutica brasileira é um mercado de R$ 66 bilhões (2015), que passa

pela crise imune. Isso porque os fatores estruturais de envelhecimento da população e maior

incidência de doenças crônico-degenerativas se sobrepõe aos fatores cíclicos (Valor

Econômico, 2016b; BNDES, 2014).

Houve um crescimento expressivo das indústrias farmacêuticas brasileiras na última

década. Não só aproveitaram o crescimento a partir dos genéricos e da ascensão social, mas

também aumularam competências, sendo capazes de realizar inovações incrementais em seus

produtos (BNDES, 2014).

2.3.2.3 Tendências tecnológicas

49

As tendências para o mercado de saúde envolvem a diminuição de custos e aumento de

produtividade nos hospitais e clínicas. Com isso, aumenta o interesse dessas instituições por

novas tecnologias que permitem a alavancagem dos médicos e a maior utilização das

máquinas e que aumentem a complexidade média dos procedimentos.

Nesse sentido, a aplicação de conceitos da quarta revolução industrial, como a Internet

of Things e a conexão remota em tempo real, vêm sendo estudada no ramo da saúde, o que já

resultou em uma série de inovações quem vêm sendo adotadas pelo mercado.

Roman e Conlee (2015) definem IoT na saúde ou saúde digital como uma plataforma

que cria um banco de dados do paciente para ajudar no tratamento e na prevenção de doenças

fora do cenário tradicional de ir à clínica/hospital, reduzindo drasticamante os custos no

processo.

A saúde digital ou contectada, apesar de ser ainda um movimento recente, pode

revolucionar o setor da saúde tornando o diagnóstico, o tratamento e a prevenção amplamente

acessíveis e custando apenas uma fração do custo que têm hoje (Roman; Conlee, 2015).

Há três dimensões maiores que, de acordo com Roman e Conlee (2015), geram redução

de custos pela aplicação da IoT: o monitoramento e diagnóstico remoto dos pacientes; o

acesso a médicos e recebimento de conselhos fora de consultas; e a modificação de hábitos.

Com relação ao monitoramento e diagnóstico remoto, equipamentos e aplicações que

permitem com que os médicos tenham acesso a informações de pessoas com doenças

crônicas, que podem ser de alto risco. O monitoramento pode ser contínuo, feito por aparelhos

que as pessoas têm ou podem comprar. Alguns exemplos: wearables para monitorar coração;

sensores para qualidade do ar para pacientes com asma; e monitores de glicose para

smartphones.

De acordo com Kulkarni e Sathe (2014), há uma série de aplicações para a IoT no

monitoramento da saúde. Um monitor de membros familiares mais velhos, por exemplo, pode

acionar os médicos no caso de uma queda ou acidente. O monitoramento contínuo do coração

pode ser feito por um aparelho e acompanhado remotamente pelos médicos, permintindo um

diagnóstico mais preciso.

Já em relação ao acesso a médicos e recebimento de conselhos fora de consultas, ele

compreende o atendimento remoto, por meio de aplicativos e aparelhos conectados. Com isso,

não há a necessidade de se deslocar para fazer consultas e também de ocupar salas do

hospital. De forma geral, isso gera uma redução no custo dos hospitais e clínicas.

Os aplicativos para celular para marcar consultas na própria residência dos pacientes já

são uma realidade. Com isso, o fluxo de pacientes no hospital diminui e este passa a se

50

concentrar em atendimentos de alta complexidade, que agregam maior valor. Com grande

adesão, novas funcionalidades, como solicitação de exames, acompanhamento pré-natal e

aplicação de vacinas foram implementadas nessas soluções (Valor Econômico, 2016b).

Por fim, com relação à modificação de hábitos, são feitas plataformas que ajudam a

manter hábitos saudáveis com objetivo primário de prevenir doenças. Alguns exemplos são:

aplicativos para perder peso para diabetes, dispositivos para de fumar.

De fato, advento dos celulares e o avanço nos sensores permitem uma miniaturarização

dos equipamentos médicos, que antes apenas uma instituição centralizada conseguia comprar.

Celulares e wearables provem com uma quantidade significativa de dados que pode ser

utilizada por médicos (Roman; Conlee, 2015).

2.3.3 Automotivo

2.3.3.1 Importância do setor e sua evolução

Até 1990, a indústria automotiva brasileira não acompanhava as tendências dos

mercados externos. A indústria, fora do Brasil, seguia para modelos de carros mais modernos

e com preços mais acessíveis, enquanto que, dentro do Brasil, a modernização não acontecia.

No governo Collor, houve a abertura comercial e a partir disso, as indústrias começaram

a a sofrer forte concorrência dos modelos importados. Em um Brasil cada vez mais

globalizado, as empresas de automóveis estabelecidas no país tiveram que modernizar seus

modelos de forma a não perderem sua participação no mercado.

Segundo Nabuco, Neves e Carvalho (2002), a indústia automobilística no brasil, desde

então, passou por vários momentos de reestruturação. Houve a abertura comercial e

posteriormente a estabilidade da economia com o plano real. Desde então ficou impossível

para as montadoras no Brasil manterem a defasagem tecnológica que tinham – produtos

obsoletos a altos preços.

Nas últimas décadas, o mercado interno cresceu bastante, especialmente como

consequência da ascenção social das classes C e D. Hoje, o setor automotivo tem uma

importância muito grande na economia do país.

De acordo com BNDES (2014), o segmento de veículos gerou um faturamento de R$

83,6 bilhões em 2012, representando 21% do PIB industrial e 5% do PIB do Brasil.

51

No entanto, apesar de a Industria Automotiva ter posição de carro-chefe na indústria

brasileira, as matrizes das empresas são praticamente todas internacionais. Essa questão

dificulta a implantação de planos de ação integrados para o desenvolvimento local (DIEESE,

2015).

A partir de 2009, por exemplo, a balança comercial passou a ser deficitária em veículos,

devido ao aumento nas importações que as próprias montadoras passaram a fazer. De fato, a

indústria automotiva sofreu grande mudança devido a uma tomada de decisão feita nas

matrizes (BNDES, 2014).

2.3.3.2 Cenário atual

Apesar de extremamente relevante na economia, o atual mercado automotivo brasileiro

tem sua demanda retraída pelo desaquecimento da economia brasileira e pela baixa oferta de

crédito para o setor (DIEESE, 2015).

Somado a isso, o real desvalorizado, o corte na isenção de impostos e a ampliação nas

barreiras resultram na queda da venda de carros importados (Valor Econômico, 2013). O setor

hoje, portanto, enfrenta um consumo interno mais baixo, em termos de carros nacionais e

também importados.

Além disso, o setor enfrenta o baixo volume de mão de obra qualificada. Nesse sentido,

a entrada de novas fábricas montadoras do Brasil (BMW, Audi, Mercedes-benz, Chery, JAC e

DAF) desencadeou uma disputa pelos talentos do mercado, sendo a retenção dos mesmo cada

vez mais desafiadora (Valor Econômico, 2013).

No entanto, no médio prazo, a perspectiva para o Brasil não é ruim. De acordo com

DIEESE (2015), o país ainda possui demanda reprimida, dado a alta relação de habitantes por

carro, em comparação com países desenvolvidos e até alguns países latino-americanos.

O governo implantou um programa conhecido como Inovar-Auto, que está vigente

desde 2013 e irá até março de 2017. O objetivo do programa é incentivar os investimentos em

efetivar produções de novas linhas de carros no Brasil, em melhorar a eficiência energética e

em pesquisa e desenvolvimento. Estima-se um acréscimo de mais de R$ 50 bilhões em

investimentos no setor (DIEESE, 2015).

2.3.3.3 Auto-peças

52

Com relação às auto-peças, a abertura comercial produziu um efeito ainda mais brusco

do que no segmento de automóveis.

De acordo com ADC Mahle (2000), a abertura de Collor fez com que vários fabricantes

fechassem as portas nos anos 1990, restando principalmente as que tinham tamanho para

captar recursos financeiros.

Houve uma elevada concentração no mercado e desnacionalização das empresas. Isso

porque os aumentos de impostos em peças importadas não acompanharam os aumentos de

impostos de carros importados. Com menos barreiras, as auto-peças estrangeiras roubaram

fatias consideráveis do mercado brasileiro (ADC Mahle, 2000).

O setor de autopeças brasileiro sofre elevada defasagem tecnológica, margens de lucro

baixas (baixo poder de barganha) e alta necessidade de capital de giro. Na década de 2000, a

importação de auto-peças de países asiáticos trouxe saldos negativos para a balança comercial

do setor. Em termos absolutos, o maior volume de importações é proveniente dos EUA, da

Alemanha e do Japão (BNDES, 2014).

2.3.3.4 Externalidades

A indústria automotiva é pioneira na aplicação de novas tecnologias para reduzir custos

de produção. Muitos conceitos que revolucionaram a indústria como um todo vieram da

indústria automotiva, como o fordismo e o toyotismo. Nesse sentido, pode-se dizer que o

setor traz externalidades tecnológicas positivas (BNDES, 2014).

No entanto, a frota de veículos automotores é responsável pela emissão de gases

poluidores, deteriorando a qualidade do ar urbana e contribuindo para o Efeito Estufa. Além

disso, os veículos geram congestionamentos nas vias (BNDES, 2014)

2.3.3.5 Tendências tecnológicas

De acordo com Valor Econômico (2013), cresce a importância de transportes

alternativos. Nesse sentido, os carros dividem espaços com ônibus, metrôs, bicicletas,

motocicletas e até com a caminhada. A partir da possibilidade de crescimento da associação

do condutor de automóvel como um “vilão”, existem riscos de longo prazo para a demanda

por carros.

53

Uma maneira de buscar contornar esse problema é fabricando carros que não poluem:

os carros elétricos. A demanda mundial por esses carros cresce, mas no Brasil essa inovação

ainda está incipiente, dado os altos custos. Enquanto as frotas de carros híbridos e elétricos

japonesas e americanas já correspondem por 11% e 4%, respectivamente, da frota total, no

Brasil não ultrapassa 600 unidades (Valor Econômico, 2013).

Essa demanda, de acordo com DIEESE (2015) pode ser aproveitada pelas montadoras

brasileiras e, principalmente, pelas fabricantes de auto-peças. As mudanças na matriz

energética e a diminuição da emissão de CO2 são tópicos que estão sendo incentivados por

meio de legislações, demandando novas plataformas. Uma vez que Brasil e México disputam

o mercado da América Latina, há a possibilidade de o Brasil sair na frente focando em maior

eficiência nos propoulsores e novas tecnologias.

Além disso, vê-se uma série de benefícios a partir da aplicação da Indústria 4.0 no setor

automotivo.

De acordo com Brettel et al. (2014), a indústria automotiva se beneficia da integração

na cadeia de valor e da captação intensiva de informações. Isso porque o desenvolvimento e

produção de um carro envolve mais de 20000 componentes e mais de 80 companhias. Uma

vez que o produto final possui um ciclo de vida longo e grandes lotes de partes, a otimização

pode não ser feita diretamente para um mesmo projeto, mas sim para projetos seguintes.

Informações da produção no nível do item são utilizadas para alimentar constantemente o

banco de dados, otimizando desenvolvimentos futuros.

2.3.4 Elétrico

A energia elétrica é um bem disponível para 95% da população, segundo levantamento

de 2008. São mais de 61,5 milhões de unidades consumidos em 99% dos municípios

brasileiros. A grande maioria, 85%, é residencial (ANEEL, 2008).

Pode-se classificar o sistema elétrico em dois grupos: o Sistema Interligado Nacional

(SIN) e os sistemas isolados. 96,6% da eletricidade gerada no país é transmitida pelo SIN,

atendendo às regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte (IPEA,

2012).

O sistema é composto por geradores, consumidores livres, transmissores, distribuidores

e os consumidores cativos. É possível observar na Figura 2-6a relação entre esses atores,

54

através do pagamento de taxas. De acordo com IPEA (2012), a diferença entre distribuição e

transmissão está na voltagem das linhas, até 230 kW distribuição.

Figura 2-6 - Ecossistema do setor elétrico brasileiro

Fonte: ANEEL (2008)

TUST = Tarfia do Uso do Sistema de Transmissão

TUSD = Tarifa do Uso do Sistema de Distribuição

De acordo com a Figura 2-7, nota-se a relevância da indústria no consumo de energia,

representando 44% do total. Em seguida, estão o uso residencial (24%) e o uso comercial

(15%).

Figura 2-7 - Distribuição do consumo de energia (em %)

Fonte: Adaptado de IPEA (2012)

Industrial44

Residencial24

Comercial15

Público9

Setor Energético

4

Agropecuário4

55

No cenário atual, a queda da demanda por energia e o excesso de chuva geram excesso

de capacidade. No 1o trimestre 2016, o consumo de energia caiu 4,2% em relação ao mesmo

período em 2015. Ademais, de forma contrária às revisões, houve excesso de chuvas no país.

Com isso, mensalmente está havendo uma sobra de energia da ordem de 12 GWm (Valor

Econômico, 2016a).

As transmissoras estão necessitando fazer ajustes e corrigir falhas em suas áreas de

transmissão. No entanto, estão sem capital para fazer o reforço e a melhoria em suas redes

(Valor Econômico, 2016a).

Algumas questões específicas atingem as transmissoras atualmente, diminuindo suas

receitas e aumentando seus custos. Com isso, elas ficam sem capacidade financeira para os

investimentos.

Primeiramente, elas tiveram seus contratos de concessão renovados de forma

antecipada, porém estão recebendo apenas um terço do valor (R$ 3,2 bilhões ao ano) das

indenizações prometidas pelo plano decenal de investimentos (R$ 108 bilhões por 10 anos)

(Valor Econômico, 2016a).

Por outro lado, as compras de energia, que deveriam ter efeito nulo nas operações das

transmissoras, podem acabar gerando maiores custos para elas. Com isso, as compras passam

a ser uma preocupação, comprometendo o nível de investimentos necessários para que as

transmissoras prestem serviços de qualidade.

Com relação à geração de energia eólica, esse segmento se encontra face a problemas

advindos de um primeiro momento de incertezas. A sobra de energia, que é uma realidade no

setor atuamente acarreta em demissões, fechamento de fabricas e evasão de empresas

estrangeiras no segmento (Valor Econômico, 2016a).

2.3.4.1 Tendências tecnológicas

Com relação à energia solar, espera-se um grande crescimento no futuro, dada a queda

nos custos dos painéis fotovoltaicos. Dessa forma, com relação à geração distribuída (geração

em residências, indústrias, dentre outros) projeta-se uma injeção entre 78 e 118 GW nas

próximas duas décadas (Valor Econômico, 2016a).

De acordo com Donitzky, Roos e Sauty (2014), consumidores tendem a tomar papel de

produtores também, a partir da geração de energia elétrica em suas residências.

Visando atender à questão da energia elétrica poder ser bidirecional (da rede para as

residências e fábricas e destas para a rede) e também aproveitar as novas tecnologias

56

emergentes, de forma a gerar maior eficiência no setor, o conceito de smart grid vem sendo

estudado no setor.

Fundamentalmente, smart grid é uma rede de geração, transmissão e distribuição de

energia aprimorada por controle digital, monitoramento e habilidades de telecomunicações.

Além de prover com fluxo de energia elétrica bidirecional em tempo real, também possibilita

o fluxo automatizado de informação de forma bidirecional (Donitzky, Roos e Sauty, 2014).

Nesse sentido, diferentes equipamentos e aparelhos são colocados de forma estratégica

na infraestrutura – conectados de forma inteligente. O fluxo de informações desses

equipamentos permite com que simulações e análises de cenários sejam feitas de forma mais

assertiva, gerando maior previsibilidade.

De acordo com Donitzky, Roos e Sauty (2014), alguns benefícios dessa rede seriam:

1) Redução dos investimentos. Em uma smart grid, é possível equilibrar a oferta e

a demanda de forma mais precisa, sem acrescentar capacidade de geração

desnecessária. Além disso, é também possível encontrar caminhos de

distribuição mais eficientes, diminuindo os custos de transmissão.

2) Gerenciamento da demanda. As informações sobre os padrões de consumo

somadas às previsões mais precisas possibilitam com que iniciativas de

conservação de energia sejam implementadas, gerenciando a demanda de

forma mais efetiva.

3) Menores custos de manutenção. A previsibilidade permite com que as

operadoras foquem em manutenções mais preventivas do que corretivas, com

menor número de visitas, diagnóstico remoto e suporte técnico mais eficiente,

direcionando os times de engenheiros nas áreas de maior necessidade

2.3.5 Bens de Capital

2.3.5.1 Características gerais

Segundo ABIMAQ (2014), “são considerados BK - Bens de Capital as instalações,

máquinas, equipamentos e componentes que integram o ativo fixo das empresas e sejam

fatores de produção de bens e serviços”.

Os bens de capital podem ser divididos em duas categorias: os bens seriados e os bens

não-seriados (ou sob encomenda).

57

Os bens seriados são padronizados, produzidos em série. Seus fabricantes, geralmente,

possuem carteiras de curto prazo, o que faz com que sejam uns dos primeiros players a serem

afetados por crises econômicas e uns dos últimos a reagirem a retomadas do crescimento

(DEPEC-BRADESCO, 2016).

Já os bens sob encomenda são projetados caso a caso, com especificações próprias.

Representam 20% do mercado, sendo os principais: caldeiraria, turbinas hidráulicas, fornos

industriais, equipamentos de geração de energia, equipamentos ferroviários e navais. Seus

fabricantes geralmente possuem carteiras de médio e longo prazo, o que os dá maior

resistência a crises (DEPEC-BRADESCO, 2016).

Considerando o indicador FBCF / PIB, que representa o percentual do PIB que é

investido na Formação Bruta de Capital Fixo (Construção Civil, Bens de Capital,

Automóveis, Equipamentos Eletrônicos, dentre outros), pode-se observar, na Figura 2-8, que

o Brasil ainda investe um percentual mais baixo que a América Latina, que a média mundial e

que a média de outros países emergentes (Rússia, China e Índia).

Figura 2-8 - Taxa de Investimento FBCF / PIB

Fonte: Adaptado de ABIMAQ (2014)

2.3.5.2 Evolução histórica e cenário atual

16.817.0

16.415.3

16.115.916.4

17.419.1

18.119.519.3

18.1

0 5 10 15 20 25

2000200120022003200420052006200720082009201020112012

BR17,3

AL21

Mundo22Média 2000 a 2013

58

Segundo ABDI (2009), durante o período de Industrialização e Substituição de

Importações, foram criadas barreiras à entrada de máquinas com nacionais similares, porém

incentivadas as importações de máquinas sem nacionais similares. Nesse sentido, a indústria

nacional se consolidou na produção de bens de menor valor agregado, importando bens de

maior intensidade tecnológica.

Depois da abertura comercial da década de 1990, a participação de componenetes

importados na produção nacional aumentou bastante. Além disso, se agravou a deficiência da

indústria brasileira com relação a alguns elos da cadeia de valor (ABDI, 2009).

Isso explica a grande relevância das importações no atendimento do mercado interno

brasileiro. A Figura 2-9 retrata o cenário da indústria de bens de capital, com relação às

exportações e importações e aos principais países com os quais essas trocas comerciais

ocorrem. Observa-se que parcela significativa da produção vai para mercado externo.

Figura 2-9 - Perfil de importações e exportações

Fonte: Adaptado de DEPEC-BRADESCO (2016)

De acordo com DEPEC-BRADESCO (2016), as importações no setor são feitas em

itens de maior valor agregado, com elevada intensidade tecnológica. Com relação aos

insumos de fabricação, por exemplo, são importados principalmente hardwares e softwares.

Com relação ao parque de máquinas do setor, ele tem em média 20 anos (segundo

estimativas da ABIMAQ) e a base eletrônica ainda não está plenamente ligada à base

mecânica (BNDES, 2014).

18% Estados Unidos

10% Argentina

10% Países Baixos

5% México

22% Estados Unidos

16% China

14% Alemanha

9% Itália

ExportaçõesUS$ 8 bilhões

ImportaçõesUS$ 19 bilhões

59

O setor atualmente é bastante dependente das taxas de juros e das linhas de credito, por

isso é bem afetado em períodos de taxa de juros alta e oferta restrita de crédito (DEPEC-

BRADESCO, 2016).

De acordo com Itaú (2015), a demanda interna de bens de capital foi bastante afetada

pela recessão econômica, refletindo o menor interesse em investir por parte dos empresários.

O consequente encolhimento da produção tem ocasionado em queda no nível de emprego e

desaceleração dos salários no setor.

2.3.5.3 Tendências tecnológicas

A indústria de Bens de Capital tem como tendências tecnológicas a modernização de

seu parque fabril e a evolução tecnológica de seus produtos. Isso porque seu parque fabril

ainda está bem defasado, com 20 anos de idade média, e os avanços microeletrônicos ainda

não foram incorporados à base mecânica. Com relação à evolução de seus produtos, observa-

se tendências que podem transformar por completo a indústria manufatureira. Dessa forma, o

setor de Bens de Capital pode assumir um papel central disseminando a tecnologia através das

indústrias (BNDES, 2014).

60

61

3 MÉTODO DE TRABALHO

Neste capítulo é apresentado o método sob o qual será desenvolvido este trabalho, que

envolve o estudo de diferentes setores da economia brasileira na perspectiva de alguns

critérios escolhidos, a seleção de um setor alvo para as políticas de fomento da Indústria 4.0 e

o detalhamento do impacto que essas medidas trariam.

De acordo com a Figura 3-1, a primeira etapa é a análise dos diversos setores sob a

óptica de critérios selecionados, tendo como insumos a Revisão Bibliográfica do tema

Indústria 4.0 e o documento do BNDES; a segunda etapa é a escolha dos setores; a terceira

etapa é o detalhamento competitivo dos setores selecionados, tendo como insumos a Revisão

Bibliográfica dos setores selecionados e a Revisão Bibliográfica de Análise SWOT; por fim, a

quarta etapa retrata a introdução da Indústria 4.0 nos setores selecionados.

Figura 3-1 - Sequência do método de trabalho

3.1 Análise dos setores

De forma a garantir impactos positivos das ações de fomento da Indústria 4.0 tanto em

âmbitos econômicos quanto sociais, são elencados critérios para que os diferentes setores

sejam analisados. A finalidade desses critérios é endereçar diferentes fatores que devem ser

levados em conta na seleção de um setor para a iniciativa.

Considerando o objetivo de aumentar a competitividade da economia brasileira como

um todo, os setores devem ser analisados tanto pela sua relevância na economia brasileira e

no mercado mundial como também pelas externalidades que eles geram, com relação a outros

setores e também à sociedade em geral. Além disso, de forma a dimensionar a adesão das

1. Análise dos Setores

2. Escolha dos setores

3. Detalhamentocompetitivo dos

setores

4. Introdução da Indústria 4.0 nossetores escolhidos

BNDES (2014)

Revisão BibliográficaIndústria 4.0

Revisão BibliográficaSetores Selecionados

Revisão BibliográficaAnálise SWOT

62

ações de fomento, deve ser entendido se a Indústria 4.0 realmente traz maior competitividade

para o setor em análise e também se a conjuntura comporta um investimento nesse sentido.

Dessa forma, a Tabela 3-1 apresenta a relação de critérios que serão utilizados para essa

análise, suas descrições, pesos e o significado de uma nota mínima e uma nota máxima para

cada um deles (escala de 1 a 5).

Tabela 3-1 - Definição dos critérios e possíveis valores que podem assumir

Pode-se observar que todos os critérios têm peso 1, com exceção do Impacto da

introdução da Indústria 4.0, que tem peso 2. A atribuição de um peso mais alto sugere a

63

importância do critério na análise em questão. Isso porque, as ações estudadas seriam de

fomento à Indústria 4.0.

Com relação à escala de notas, ela é de 1 a 5, sendo 1 quando a situação do setor

corresponde de forma exata à frase definida para a nota 1. O raciocínio é análogo para a nota

5.

A partir da Figura 3-2, pode-se observar que a nota 3 é dada quando o setor está em uma

relação neutra com relação às frases e as notas 2 e 4, quando a situação do setor está pendente

um pouco mais em direção a uma das frases extremas.

Figura 3-2 - Escala de notas

Os setores recebem notas de acordo com as escalas apontadas na Tabela 3-1, as quais

são justificadas. Para a análise dos setores, foram utilizados como insumos a Revisão

Bibliográfica de Indústria 4.0, para julgar o critério “Impacto da introdução da Indústria 4.0”

e também o documento “Perspectivas do investimento 2015-2018 e panoramas setoriais”,

publicado pelo BNDES em 2014, que retrata os 20 setores analisados neste trabalho.

3.2 Escolha do setor

Atribuídas as notas para cada um dos critérios, a fórmula para cálculo da pontuação de

cada setor será dada pela fórmula abaixo, sendo 𝑆" a pontuação para cada setor j; 𝑝$ o peso de

cada critério i; e 𝑛$" a nota atribuída ao setor j no critério i.

𝑆" = 𝑝$𝑛$"

'

$()

Calculada a pontuação de cada setor, eles são dispostos em uma lista com pontuação

descrescente e os cinco setores com maior pontuação são escolhidos.

3.3 Detalhamento competitivo do setor escolhido

Uma vez escolhidos os setores de análise, é feita a Revisão Bibliográfica dos setores

escolhidos, que servirá de insumo para esta terceira etapa.

1 2 3 4 5

Frase nota 1 Frase nota 5

64

Nesta etapa, é conduzida uma Análise SWOT nos setores selecionados, para que a

situação competitiva atual seja avaliada, tanto de uma perspectiva interna, quanto externa.

Para isso, são elencadas as forças, as fraquezas, as oportunidades e as ameaças de cada

setor.

3.4 Introdução da Indústria 4.0 nos setores selecionados

Definida a situação atual de cada um dos setores, descreve-se o impacto da introdução

da Indústria 4.0 nos setores escolhidos para a sociedade como um todo. Primeiramente, são

listados os benefícios genéricos a partir da implementação da Indústria 4.0. Posteriormente,

para cada setor são identificados os benefícios específicos dessas medidas,

65

4 RESULTADOS E APLICAÇÃO DO MÉTODO

4.1 Análise dos setores

As justificativas expostas nesta seção têm como base o documento “Perspectivas do

investimento 2015-2018 e panoramas setoriais”, publicado pelo BNDES em 2014.

4.1.1 Impacto da Introdução da Indústria 4.0

A cada um dos setores analisados foi atribuída uma nota, de acordo com a escala da

Tabela 3-1. A Tabela 4-1 exibe a relação de notas e a justificativa para cada atribuição.

66

Tabela 4-1 - Atribuição de notas com relação ao critério Impacto da Introdução da Indústria

4.0

4.1.1.1 Aeroespacial

Possibilidade de aplicação de CPS e IoT em elementos de aeronaves ou no processo de

produção. No entanto, as tendências para o setor envolvem outras tecnologias com maior

prioridade como biotecnologia em biocombustíveis, aplicação da nanotecnologia em

materiais, comunicação com satélites, materiais compostos, dentre outras.

4.1.1.2 Agropecuária

Setor N1

Aeroespacial 4

Agropecuária 2

Automotivo 5

Bebidas 2

Bens de Capital 5

Celulose 2

Complexo eletrônico 4

Complexo industrial da saúde 3

Economia criativa 3

Elétrico 5

Indústria de alimentos 2

Indústria química 3

Logística de cargas 3

Mobilidade urbana 3

Petróleo e gás 3

Resíduos sólidos urbanos 2

Saneamento básico 2

Siderúrgico 5

Sucroenergético 2

Telecomunicações 4

67

Soluções que envolvem CPS e IoT são possíveis e podem melhorar a produtividade no

setor. No entanto, prioriza-se inovações em biotecnologia como tendência, pelo fato de trazer

não só melhoramento genético vegetal e animal, mas também desenvolvimento de

fertilizantes, produtos veterinários e defensivos agrícolas.

4.1.1.3 Automotivo

Existem outras tendências além da Indústria 4.0, mas esta vem sendo aplicada por

grandes empresas fabricantes de automóveis, principalmente na Alemanha. A indústria

automotiva se beneficia bastante da customização em massa e integração na cadeia de valor,

consequências da aplicação da Indústria 4.0.

4.1.1.4 Bebidas

Apesar de as tecnologias presentes nas fábricas de bebidas estarem em um estágio

maduro, a introdução de máquinas inteligentes permite o menor consumo de água e de

energia e emissões de efluentes e de CO2.

4.1.1.5 Bens de capital

A principal tendência tecnológica para o setor é a introdução da Indústria 4.0. Somado a

isso, no Brasil, o segmento não incorporou integralmente os avanços da microeletrônica à sua

base mecânica. Dessa forma, a possível implementação da Indústria 4.0 daria um salto grande

na tecnologia da produção.

4.1.1.6 Celulose

Indústria 4.0 pode aumentar a produtividade do segmento industrial, mas as principais

tendências se relacionam com o aumento do portfólio de produtos com a introdução de

inovações em biorrefinaria e o aumento da produtividade no segmento florestal.

4.1.1.7 Complexo eletrônico

68

Para o Complexo Eletrônico, tecnologias como a IoT e os CPS são incorporados nos

próprios produtos e soluções. Nesse sentido o impacto do fomento em Indústria 4.0 pode

ocasionar na maior qualidade e acessibilidade dos entregáveis que se relacionam com

Indústria 4.0.

4.1.1.8 Complexo industrial da saúde

No complexo industrial da saúde, têm-se como tendências a biotecnologia para as

empresas farmacêuticas e a tecnologia da informação e da comunicação para a integração

entre os diferentes serviços e protocolos de pacientes. Nesse sentido, as tecnologias da

Indústria 4.0 podem abrir ainda mais os horizontes de integração e automatização, recebendo

inputs de máquinas e equipamentos.

4.1.1.9 Economia criativa

A convergência digital afeta a economia criativa, revolucionando livros e o consumo de

conteúdos. As tecnologias da Indústria 4.0, podem possibilitar outros níveis de interação,

através de sensores e respostas inteligente, por exemplo.

4.1.1.10 Elétrico

A principal tendência tecnológica para o setor elétrico é a implantação das Redes

Elétricas Inteligentes, que são redes mais eficientes. Essas redes utilizam-se da tecnologia da

informação e da comunicação entre os elementos, ou seja, tecnologias semelhantes às da

Indústria 4.0.

4.1.1.11 Indústria de alimentos

Na indústria de alimentos, as principais tendências estão relacionadas com a

biotecnologia, de forma a desenvolver novos produtos e ingredientes barateando o custo. As

fábricas poderiam se beneficiar de máquinas inteligentes e processo digitalizado e integrado,

porém não é o principal foco das empresas desse setor no momento.

69

4.1.1.12 Indústria química

A Indústria 4.0 pode ser implementada de forma a viabilizar a customização em massa e

a possibilitar uma maior produtividade em termos e recursos.

4.1.1.13 Logística de cargas

Existe a aplicação viável das tecnologias da Indústria 4.0 na logística de cargas seria no

rastreamento dos produtos, de forma a evitar perdas e roubos e permitir maior controle dos

agentes que receberão as entregas.

4.1.1.14 Mobilidade urbana

Com relação à mobilidade urbana, as tecnologias da Indústria 4.0 possibilitam o projeto

de veículos sem condutores com maior confiabilidade. No entanto, tais avanços demandam

altos investimentos e uma grande quantidade de testes e protótipos, o que complica a

execução no Brasil em primeira mão.

4.1.1.15 Petróleo e gás

As tendências tecnológicas do setor de Petróleo e Gás são bastante específicas, o que

pode fazer com que o impacto total da implementação de tecnologias da Indústria 4.0 por si

só seja baixo. No caso, prioriza-se tecnologias específicas para o processamento de

superfícies, instalações submarinas e tecnologias de poços.

4.1.1.16 Resíduos sólidos urbanos

Uma possível implementação de tecnologias da Indústria 4.0 no setor de resíduos

sólidos urbanos não é vista hoje como prioridade. Foca-se em outras tecnologias de proveito

de gases e de novas destinações aos resíduos.

4.1.1.17 Saneamento básico

70

Dado o fato que o tratamento de água e esgoto não é intensivo em tecnologia e que

possui processos e tecnologias já dominados e consolidados, o aproveitamento de uma

introdução de tecnologias da Indústria 4.0 não seria muito alto. Um ponto que poderia ser

otimizado com essas tecnologias seria a diminuição de perdas com equipamentos com

sensores.

4.1.1.18 Siderúrgico

No caso da siderurgia, a Indústria 4.0 vai de encontro com as tendências para o setor,

trazendo ganhos de eficiência e competitividade pela automatização e pela customização em

massa.

4.1.1.19 Sucroenergético

Nesse setor, as tendências tecnológicas estão relacionadas ao processamento integral da

cana, trazendo maior competitividade ao setor, ao fabricar produtos de maior valor agregado.

Nessa perspectiva, a introdução da indústria 4.0 não teria aproveitamento visível inicialmente.

4.1.1.20 Telecomunicações

Uma vez que o setor de telecomunicações tem como principais inovações tecnólogicas

que o afetam relacionadas com equipamentos da tecnologia da informação e comunicação,

esse pode ser um setor beneficiado com políticas de introducão da Indústria 4.0.

4.1.2 Relevância e competitividade do setor

De forma análoga, observa-se na Tabela 4-2 as notas atribuídas e as justificativas para

cada um dos setores com relação ao critério Relevância e competitividade do setor.

71

Tabela 4-2 - Atribuição de notas com relação ao critério Relevância e competitividade do

setor

4.1.2.1 Aeroespacial

Setor que tem como a inteligência de mercado como força. Os agentes sabem identificar

nichos de mercado e investir nos que tem alta probabilidade de serem bem-sucedidos. No

entanto, setor muito concentrado e muito dependente da Embraer.

4.1.2.2 Agropecuária

Atendo a dois tipos distintos de demanda interna: a por alimentos e a por matérias-

primas industriais. Em 2013, as exportações somaram quaseUS$ 100 bilhões, gerando

Setor N2

Aeroespacial 3

Agropecuária 5

Automotivo 4

Bebidas 4

Bens de Capital 2

Celulose 5

Complexo eletrônico 3

Complexo industrial da saúde 4

Economia criativa 3

Elétrico 3

Indústria de alimentos 4

Indústria química 2

Logística de cargas 2

Mobilidade urbana 3

Petróleo e gás 4

Resíduos sólidos urbanos 3

Saneamento básico 3

Siderúrgico 3

Sucroenergético 1

Telecomunicações 4

72

superávit de quase US$ 82 bilhões. Custo de produção do setor no Brasil é mais baixo do que

a maioria dos concorrentes estrangeiros.

4.1.2.3 Automotivo

Em 2012, respondeu por 21% do PIB industrial e por 5% do PIB, sendo extremamente

relevante na Indústria. No entanto, por outro lado, é um setor frágil a crises econômicas, as

quais afetam a oferta de financiamentos e derrubam a demanda interna.

4.1.2.4 Bebidas

O Brasil é o terceiro maior produtor e também consumidor de cervejas e refrigerantes

no mundo, os principais produtos da indústria. Dessa forma é um cobiçado mercado por

players internacionais, mas dada a recente consolidação do mercado, o setor está bastante

concentrado.

4.1.2.5 Bens de capital

Setor que atualmente encontra-se em defasagem tecnológica com relação a players

estrangeiros. É um setor relevante no mercado, produzindo um volume alto de exportações,

porém a produção interna é mais focada em máquinas e equipamentos de baixa intensidade

tecnológica, enquanto que as importações se concentram em bens de elevada intensidade

tecnológica.

4.1.2.6 Celulose

O Brasil é um país muito eficiente na produção de celulose, sendo bastante competitivo

no mercado global. Isso se deve às condições naturais que o território proporciona e ao

histórico de investimentos em pesquisa e desenvolvimento florestal.

4.1.2.7 Complexo eletrônico

73

O mercado de TI brasileiro (que inclui hardware, software e serviços) movimentou

cerca de R$ 62 bilhões em 2013, o que representa cerca de 2,7% do PIB brasileiro e 3% do

total global do setor.

4.1.2.8 Complexo industrial da saúde

O mercado do Complexo Industrial da Saúde vem crescendo a taxas anuais de dígitos,

muito acima do crescimento do PIB. Os drivers de crescimento para o setor são estruturais,

dado o envelhecimento da população e a maior incidência de doenças crônico-degenerativas.

4.1.2.9 Economia criativa

O Brasil hoje ocupa o 10o lugar no ranking mundial com relação ao dispêndio em

entretenimento e mídia. Apesar de ser um setor com menor relevância em termos de

investimentos, a economia criativa se destaca na remuneração dos trabalhadores, superior à

média nacional.

4.1.2.10 Elétrico

Os investimentos do setor de energia elétrica possuem longos prazos de maturação, o

que os torna mais estáveis com relação a variações no cenário macroeconômico de curto

prazo. A rede elétrica brasileira aborda uma ampla área territorial e atinge quase 100% da

população.

4.1.2.11 Indústria de alimentos

Os principais players no mercado de alimentos são geralmente os que possuem maior

força em suas marcas. O Brasil já conta com uma série de marcas consolidadas, o que sempre

conferiu bastante força ao mercado interno. Recentemente, porém as empresas vêm

conquistando posições de destaque também no mercado externo, principalmente no segmento

de carnes.

4.1.2.12 Indústria química

74

O Brasil possui o sexto maior mercado de químicos do mundo. No entanto, os

fornecedores desses produtos são, em sua grande maioria, empresas gigantescas

multinacionais, o que faz com que o mercado tenha elevado níveis de importações.

4.1.2.13 Logística de cargas

A área de logística no Brasil consitui atualmente um grande gargalho para o

desenvolvimento econômico, tendo impacto direto em outros setores, como o de e-commerce,

por exemplo. A malha logística é extremamente focada em vias terrestres e a falta de

planejamento dos centros gera uma série de ineficiências.

4.1.2.14 Mobilidade urbana

Segundo pesquisas, as pessoas tendem a realizar maior número de viagens ao longo do

dia quanto maior for sua renda. No entanto, os investimentos no setor muitas vezes não

acompanharam a demanda dos habitantes.

4.1.2.15 Petróleo e gás

Mesmo após a quebra do monopólio em 1997, a Petrobrás ainda concentra a grande

maioria dos investimentos do setor. No entanto, o fato que a maior empresa brasileira depende

de produtos que são commodities, os quais têm variações cíclicas e até políticas nos preços

que colocam em risco o setor.

4.1.2.16 Resíduos sólidos urbanos

O mercado brasileiro de limpeza urbana é ainda muito pulverizado, com apenas 4

players com receitas anuais acima de R$ 400 milhões e a existência de muitas pequenas e

médias emrpesas.

4.1.2.17 Saneamento básico

Com relação ao saneamento básico, 82,7% da população brasileira tem acesso ao

abastecimento de água. No entanto, com relação ao sistemas de coleta de esgoto, a situação é

75

mais crítica, já que apenas 48,3% tem acesso a redes de coleta e menos de 39% do esgoto

gerado no Brasil recebe algum tipo de tratamento.

4.1.2.18 Siderúrgico

O Brasil, com 2% do total da produção mundial de aço, teve um consumo aparente de

1,8% do total. No entanto, o mercado de aço mundial encontra-se em situação de sobreoferta,

o que pressiona a margem das siderúrgicas para baixo.

4.1.2.19 Sucroenergético

O setor conta com uma série de fragilidades, mas há oportunidades de buscar de volta a

competitividade em relação ao mercado global. Seu ativo mais estratégico é a própria cana-

de-açúcar, planta que pode ser utilizada para a produção de biomassa.

4.1.2.20 Telecomunicações

As empresas de telecomunicações enfrentam uma situação intrigante. Isso porque o

mercado de telecomunicações brasileiro é muito grande. No entanto, as pessoas não têm

muita disposição em desembolsar mais dinheiro pelos seus serviços, tanto que o ticket médio

entre 2003 e 2014 caiu de R$ 25,00 para R$ 20,00 por consumidor.

4.1.3 Externalidades

Com relação ao critério Externalidades as notas atribuídas e as justificativas encontram-

se na Tabela 4-3.

76

Tabela 4-3 - Atribuição de notas com relação ao critério Externalidades

4.1.3.1 Aeroespacial

O setor aeroespecial traz externalidades do ponto de vista tecnológico. Inovações

realizadas nas aeronaves muitas vezes ganham aplicações em outros setores.

4.1.3.2 Agropecuária

A agropecuária utiliza uma série de equipamentos nacionas em suas operações. É o caso

das máquinas e implementos agropecuários e dos tratores, que são fabricados, em sua grande

maioria, no Brasil.

Setor N3

Aeroespacial 4

Agropecuária 2

Automotivo 3

Bebidas 3

Bens de Capital 4

Celulose 5

Complexo eletrônico 4

Complexo industrial da saúde 5

Economia criativa 4

Elétrico 4

Indústria de alimentos 3

Indústria química 4

Logística de cargas 4

Mobilidade urbana 4

Petróleo e gás 3

Resíduos sólidos urbanos 5

Saneamento básico 5

Siderúrgico 3

Sucroenergético 5

Telecomunicações 4

77

4.1.3.3 Automotivo

O setor automotivo gera tando externalidades positivas como negativas. As positivas

estão relacionadas às inovações tecnológicas, que muitas vezes são disseminadas para outras

indústrias posteriormente. Já as negativas estão associadas ao nível de poluição que os

automóveis geram a partir da liberação de gases que comprometem a qualidade do ar urbano.

4.1.3.4 Bebidas

O setor de bebidas é um grande realizador de obras civis e adquirente de máquinas e

equipamentos. Dessa forma, beneficia setores de bens de capital e de construção.

4.1.3.5 Bens de capital

O setor se estabelece como importante veículo de geração e difusão do progresso

tecnológico, abastecendo as indústrias do mercado interno.

4.1.3.6 Celulose

O setor de Celulose gera uma grande quantidade de externalidades positivas,

relacionadas com a necessidade que têm de preservar florestas. Essa preservação pode ser

feita tanto de forma a ter uso industrial quanto de forma a ter uma preservação permanente ou

reserva legal. A gestão ambiental do setor é reconhecida, tanto na gestão florestal, quanto na

manutenção de corredores ecológicos.

4.1.3.7 Complexo eletrônico

A TI, por ser uma tecnologia que aumenta a produtividade, automatizando processos, e

possibilita a comunicação mais eficaz, gera externalidades positivas. Alguns setores

revolucionados por essa tecnologia são: bancário/financeiro, aeroespacial e a indústria de

mídia e entretenimento.

4.1.3.8 Complexo industrial da saúde

78

As externalidades do complexo industrial da saúde estão relacionadas à melhora na

saúde em geral da população. Através de medicamentos diversos e equipamentos para

cirurgias, por exemplo, o complexo contribui para o aumento da expectativa e da qualidade de

vida das pessoas, trazendo um impacto social tremendo.

4.1.3.9 Economia criativa

A economia criativa gera externalidades na sociedade por criar um grande número de

empregos qualificados e também pela produção de conteúdo cultura e criativo, conferindo

diferenciação a companhias de outros setores.

4.1.3.10 Elétrico

As externalidades do setor elétrico são muito positivas para a sociedade. Isso porque a

utilização de energia elétrica está muito relacionada com a produção e a geração de riqueza no

país.

4.1.3.11 Indústria de alimentos

As externalidades relacionadas à indústria de alimentos são a compra de matérias

primas do agronegócio, a aquisição de máquinas e equipamentos para efetuar as

transformações necessárias nos alimentos.

Além disso, a emergência de novas empresas e marcas comprometidas com a

alimentação saudável também traz uma externalidade positiva social.

4.1.3.12 Indústria química

As externalidades que a indústria química gera estão relacionadas com a utilidade dos

produtos fabricados: ingredientes de medicamentos, fertilizantes para a economia, soluções

menos custos para a construção civil, dentre outros.

4.1.3.13 Logística de cargas

79

A logística é o setor que permite que as mercadorias sejam transferidas de um ponto a

outro, percorrendo longa ou pequenas distâncias. Para o lado dos consumidores, a logística

permite a comodidade de receber jornais, cartas e até presentes diretamente em suas casas.

Para o lado da indústria, a logística permite o recebimento de insumos e a entrega de produtos

prontos. Com isso, pode-se dizer que as externalidades positivas da logística são várias.

4.1.3.14 Mobilidade urbana

As externalidades da mobilidade urbana se relacionam com a satisfação dos cidadãos

com suaas cidades e também com relação à alavancagem do tempo dos trabalhadores,

aumentando a produtividade da população em geral.

4.1.3.15 Petróleo e gás

O setor de petróleo e gás movimenta bastante a economia com suas operações

(necessidade de contruções e de máquinas e equipamentos tecnológicos) e também com seus

produtos finais, que têm são fontes de energia importantíssimas para o deslocamento e para a

mobilidade, por exemplo.

4.1.3.16 Resíduos sólidos urbanos

A correta destinação dos recursos sólidos reduz o impacto que eles trazem ao meio

ambiente. Principalmente para as pessoas que vivem próximas de locais de acúmulo de lixo

indevido, os riscos à saúde são bastante reduzidos com a destinação adequada.

4.1.3.17 Saneamento básico

Uma rede abrangente de saneamento básico reduz muito os riscos de contágios de

doenças. Isso porque os esgotos são focos de doenças infectocontagiantaes. Além disso, a

falta de saneamento básico pode gerar grande degradação ambiental elevada nos rios, lagos e

lençóis freáticos.

4.1.3.18 Siderúrgico

80

O setor siderúrgico é um importante fornecedor de insumos para outra indústias e para a

construção civil.

4.1.3.19 Sucroenergético

O etanol como combustível libera menor quantidade de gases estufa do que a gasolina,

o que traz uma vantagem ambiental para a sociedade. Além disso, o setor tem grande

importância no equilóbrio da balança comercial do país.

4.1.3.20 Telecomunicações

Ao possibilitar com que as pessoas conectem à internet, acessem informações e se

comuniquem entre si de forma eficaz, o setor das Telecomunicações gera um grande impacto

positivo na sociedade. Esses aspectos fazem da economia mais produtiva, da educação mais

intensiva, da saúde mais acessiva, dentre outros benefícios.

4.1.4 Conjuntura

Por fim, as notas atribuídas, com suas justificativas, no critério Conjuntura encontram-

se na Tabela 4-4.

81

Tabela 4-4 - Atribuição de notas com relação ao critério Conjuntura

4.1.4.1 Aeroespacial

As empresas fabricantes de aeronaves vêm optando por novações incrementais ao invés

de radicais, buscando refinar projetos já existentes. Isso diminui o risco nos investimentos de

capital, mas também faz que os players deixem de aproveitar oportunidades que podem ser

bastante relevantes.

4.1.4.2 Agropecuária

Setor N4

Aeroespacial 3

Agropecuária 4

Automotivo 3

Bebidas 3

Bens de Capital 5

Celulose 3

Complexo eletrônico 4

Complexo industrial da saúde 5

Economia criativa 4

Elétrico 3

Indústria de alimentos 3

Indústria química 4

Logística de cargas 4

Mobilidade urbana 4

Petróleo e gás 4

Resíduos sólidos urbanos 4

Saneamento básico 3

Siderúrgico 2

Sucroenergético 1

Telecomunicações 4

82

As perspectivas de aumento da demanda no mercado interno e no mercado externo, faz

com que as empresas do agronegócio invistam mais ampliação da capacidade produtiva e de

armazaenagem e também em ganhos de produtividade por área.

4.1.4.3 Automotivo

No segmento de veículos, há uma elevada concentração de mercado em empresas que

possuem suas matrizes no exterior. Com isso, o mercado fica exposto às decisões que ocorrem

fora do Brasil, o que dificulta uma integração com agentes de desenvolvimento e a

disseminação de novas políticas.

Quanto ao segmento de auto-peças, seus produtos têm, historicamente, baixa

intensidade tecnológica. Essa característica faz com que a concorrência com relação a países

asiáticos, como a China, seja mais complicada, dado que estes produzem peças com preços

mais acessíveis. Como resultado, na década de 2000, as importações de auto-peças cresceram

de forma acentuada, devido, principalmente, ao aumento da compra de peças asiáticas.

4.1.4.4 Bebidas

O setor de bebidas cresceu bastante no cenário brasileiro nas últimas décadas. Ainda

que as condições não estejam mais tão favoráveis quanto já foram, ainda há possibilidades de

crescimento para o setor, por caminhos menos óbvios.

4.1.4.5 Bens de capital

A defasagem tecnológica do setor resulta na busca pelo mercado externo para máquinas

e equipamentos de maior valor agregado. De forma a melhorar a competitividade do setor,

pode-se pensar em alternativas que fortaleçam a base tecnológica, buscando a substituição das

importações.

4.1.4.6 Celulose

O setor de celulose brasileiro, apesar de ter várias vantagens competitivas em relação ao

mercado mundial, enfrenta uma série de gargalos para a ampliação dos seus investimentos, já

83

que novos empreendimentos acarretam em elevada necessidade de capital e uma maior nível

de complicações na operação.

4.1.4.7 Complexo eletrônico

O complexo eletrônico brasileiro concentra-se fundamentalmente na montagem de

equipamentos. Nesse sentido, a importação de componentes chineses para suas montagens

tem seguindo em um ritmo acelerado. Os investimentos devem ser focados nas áreas de

produtos para telecomunicações e equipamentos de informática, que crescem acima do PIB.

4.1.4.8 Complexo industrial da saúde

A venda de produtos de saúde tende a continuar crescendo, dada a mudança no perfil

dos doentes, que são cada vez mais idosos, sob os quais é mais alta a incidência de doenças

crônico-degenrativas, que estão tomando o lugar das doenças infectocontagiosas. Os

tratamentos e os medicamentos para esse novo grupo de doenças são mais custosos do que

para as infectocontagiosas, gerando novas possibilidades para as indústrias.

4.1.4.9 Economia criativa

As projeções para o crescimento no setor de economia criativa brasileiro são superiores

à média global. Com relação à maior exportação de conteúdo ao mercado externos, ela

dependerá de uma série de fatores.

4.1.4.10 Elétrico

A matriz elétrica brasileira está em processo de evolução. A fonte hidrelétrica ainda

concentrará a maior parte dos investimentos, mas abrirá espaço para outras fontes, como a

eólica e, possivelmente, a solar.

4.1.4.11 Indústria de alimentos

84

Infraestrutura logística é atualmente o principal entrave, impedindo o atendimento de

mercados simultâneos de forma integrada. Players regionais devem com sua popularidade, até

que problema logísticos sejam resolvidos.

4.1.4.12 Indústria química

A indústria química pode ser divida, atualmente, em segmentos de commodities e

segmentos de especialidades. Os segmentos de commodities são, em sua grande maioria,

controlados por players multinacionais gringos. Já os segmentos de especialidades, por

envolverem menor volume e maior valor agregado, possuem mais altos custos logísticos, o

que faz com que plantas próximas dos clientes sejam vantagens competitivas.

4.1.4.13 Logística de cargas

O objetivo é de equilibrar a matriz de transportes, que hoje é muito dependente do

modal rodoviário e por isso impõe custos mais altos do que economias mais desenvolvidas.

4.1.4.14 Mobilidade urbana

Privatizações de empreendimentos de alta capacidade e concessões rodoviárias atraíram

interesses de grandes construtoras e até fundos de pensão, capitalizados para fazer

investimentos. Mesmo erguendo barreiras aos competidores, os principais players não

conseguiram conter os novos entrantes.

4.1.4.15 Petróleo e gás

A política de conteúdo local para fortalecer a cadeia de valor do setor de Petróleo e Gás

pode trazer grandes benefícios a outros setores, que passam a aumentar os investimentos em

ampliação da capacidade de produção e até podem iniciar a fabricação de produtos que ainda

não são feitos no país.

4.1.4.16 Resíduos sólidos urbanos

85

Em 2013, 58% dos resíduos sólidos urbanos tiveram a destinação adequada. Entende-se

que para um aumento nesse percentual serão necessários investimentos mais expressivos no

setor

4.1.4.17 Saneamento básico

Houve evoluções no setor em um passado recente, mas o país ainda está muito aquém

de países desenvolvidos quanto aos níveis de atendimento de serviços de tratamento e

recolhimento do esgoto. As parcerias público-privadas, que vêm ocorrendo, podem ser uma

boa saída para atender a demanda com menos recursos dos limitados cofres do governo.

4.1.4.18 Siderúrgico

O crescimento da China acontece em níveis mais moderados, diminuindo a demanda

mundial por aço. Além disso, a própria China se vê como um potencial grande mercado

exportador, dada sua capacidade instalada expressiva.

4.1.4.19 Sucroenergético

Uma série de problemas impedem que investimentos em capacidade produtiva no setor

sejam feitos. Pode-se citar o alto endividamento das empresas do setor e o aumento estrutural

dos custos.

4.1.4.20 Telecomunicações

Recentemente houveram esforços para aumentar o acesso à internet nos lares, mas o

Brasil ainda se encontra bem abaixo dos países desenvolvidos.

Com relação aos serviços móveis, o crescimento dos gastos nas assinaturas de celulares

enfrenta barreiras. Uma delas, bastante relevante, é a grande maioria da população (cerca de

80% recorrer a celulares pré-pagos).

4.2 Escolha do setor

86

Atribuídas as notas, chega-se ao quadro da Tabela 4-5. Nesse quadro, N1, N2, N3 e N4

correspondem respectivamente às notas dadas em cada um dos critérios: Impacto da

introdução da Indústria 4.0, Relevância e competitividade do setor, Externalidades e

Conjuntura. Na última coluna da tabela está a soma ponderada das notas, considerando o peso

do critério 1 como 2 e o de restante como 1.

Tabela 4-5 - Resultado da atribuição de notas e soma ponderada

Setor N1 N2 N3 N4 Sj

Aeroespacial 4 3 4 3 18

Agropecuária 2 5 2 4 15

Automotivo 5 4 3 3 20

Bebidas 2 4 3 3 14

Bens de Capital 5 2 4 5 21

Celulose 2 5 5 3 17

Complexo eletrônico 4 3 4 4 19

Complexo industrial da saúde 3 4 5 5 20

Economia criativa 3 3 4 4 17

Elétrico 5 3 4 3 20

Indústria de alimentos 2 4 3 3 14

Indústria química 3 2 4 4 18

Logística de cargas 3 2 4 4 16

Mobilidade urbana 3 3 4 4 17

Petróleo e gás 3 4 3 4 17

Resíduos sólidos urbanos 2 3 5 4 16

Saneamento básico 2 3 5 3 15

Siderúrgico 5 3 3 2 18

Sucroenergético 2 1 5 1 11

Telecomunicações 4 4 4 4 20

87

Como se pode observar na Tabela 4-5, os cinco setores que exibiram maior pontuação

no processo foram: Bens de Capital, Automotivo, Saúde, Telecomunicações e Elétrico. O

detalhamento dos setores e das recomendações será feito nas próximas seções.

88

4.3 Detalhamento competitivo do setor

Conforme descrito na seção anterior, os setores escolhidos foram: Telecomunicações,

Saúde, Automotivo, Elétrico e Bens de Capital. A seguir, o detalhamento das forças,

fraquezas, oportunidades e ameaças para casa um deles.

4.3.1 Telecomunicações

4.3.1.1 Forças

As forças do setor de telecomunicações brasileiro são: o tamanho do mercado e o alto

número de celulares e computadores. A receita líquida do mercado brasileiro de serviços de

telecomunicações foi de R$ 68,4 bilhões no primeiro semestre de 2014, a quarta maior do

mundo. São mais de 275 milhões de assinaturas de celulares, o quinto maior do mundo.

4.3.1.2 Fraquezas

As franquezas do setor estão relacionadas com a desigualdade no acesso, perante à

população; a baixa disposição do consumidor a pagar caro pelos serviços; e a qualidade da

rede.

Apesar de ser um setor amplo, a população difere muito em serviços utilizados e ticket

médio. Em 2012, apenas 40% das casas tinham acesso à internet e só 43% utilizava a rede.

Com relação à disposição em pagar caro, a grande maioria dos brasileiros (80%) possui

celulares pré-pagos e a receita por usuário caiu de R$ 25,00 para R$ 20,00, de 2005 para

2014.

Por fim, com relação à qualidade da rede, o Brasil estava em 62o lugar no ranking de

infraestrutura e uso das Tecnologias de Informação e Comunicação e 84o lugar no ranking

mundial de velocidade média da internet entregue em 2014.

4.3.1.3 Oportunidades

As oportunidades atreladas ao setor de telecomunicações estão relacionadas com as

mudanças na indústria e na infraestrutura que devem acontecer no futuro próximo e a nova

necessidade que elas terão em termos de performance da rede de internet. As empresas de

89

telecomunicações podem ser estabelecer como parceiros, oferecendo serviços com garantias

premium, extremamente valorizadas por alguns players.

4.3.1.4 Ameaças

Algumas ameaças com relação ao setor podem ser listadas: diminuição das receitas com

TV por assinatura com a competição com serviços online, como o Netflix; e a maior redução

do número de ligações médio por pessoas, dada a substituição por serviços de dados, como o

Whatsapp.

4.3.2 Complexo industrial da saúde

4.3.2.1 Forças

Com relação às forças do setor da saúde, pode-se citar o tamanho do mercado, que em

2013 representou 8% do PIB.

Além disso, para a indústria farmacêutica, pode-se citar os drivers de crescimento

positivos, como o envelhecimento da população e a transição de doenças infectocontagiosas

para crônico-degenerativas.

4.3.2.2 Fraquezas

Com relação às fraquezas, pode-se citar o baixo gasto médio da rede pública, em

comparação com a rede privada, a qual gasta por volta de 3 vezes a mais.

Além disso, um ponto relevante é a fragilidade a recessões econômicas com elevado

desemprego. 80% dos beneficiários de planos de saúde estão em planos coletivos, das

empresas. Dessa forma, no caso de demissões, essas pessoas deixam de ser beneficiários,

impactando diretamente os planos.

4.3.2.3 Oportunidades

As novas tecnologias associadas à tecnologia da informação, aplicativos para

smartphones e também Internet of Things já estão sendo utilizadas no setor da saúde e têm um

grande potencial de geração de valor.

90

É o caso de softwares com bancos de dados em cloud, aplicativos celulares que

permitem monitoramento e atendimento a distância, máquinas e equipamentos controlados

remotamente, além de aplicações com inteligência artificial para trazer diagnósticos

otimizados.

Dentre os benefícios que essas tecnologias podem trazer estão: a menor ocupação dos

hospitais com procedimentos de baixa complexidade, otimização do tempo dos médicos e

diagnósticos e procedimentos mais eficientes.

4.3.2.4 Ameaças

As ameaças no setor estão relacionadas às mudanças no perfil de pacientes e doenças. O

envelhecimento da população e a consequente maior incidência de doenças crônico-

degenerativas podem afetar bastante a estrutura de custos dos hospitais, das clínicas, dos

planos de saúde e do governo. Isso porque os tratamentos e medicamentos são mais custosos,

os procedimentos mais complexos e a necessidade de monitoramento e atendimentos

periódicos é alta.

4.3.3 Automotivo

4.3.3.1 Forças

Como forças, o setor automotivo é extremamente relevante na indústria brasileira,

representando 21% do PIB Industrial e 5% do PIB, movimentando uma série de outros setores

que fornecem máquinas, serviços ou produtos intermediários.

4.3.3.2 Fraquezas

Com relação às fraquezas, pode-se citar três: a predominância de matrizes estrangeiras,

o saldo de balança comercial negativo e a escassez de mão de obra qualificada.

4.3.3.3 Oportunidades

A disponibilidade de novas tecnologias e a implementação de conceitos da Indústria 4.0

no setor automotivo pode trazer novos níveis de simulação e otimização para as companhias.

91

Além disso, o foco atual do mercado mundial na matriz energética e na redução da

emissão de CO2 pode ser aproveitado na fabricação de auto-peças que atendam a esses

requisitos. A liderança e proximidade com relação ao mercado latino-americano conferem ao

Brasil uma posição de destaque.

4.3.3.4 Ameaças

A emergência de transportes alternativos, especialmente em cidades com grande

concentração populacional, pode ocasionar na redução do consumo a longo prazo. O condutor

de automóveis pode ser associado a um “vilão” por utilizar um meio de transporte individual

que ocupa grande espaço nas vias e ainda polui o meio ambiente.

O domínio de empresas com matrizes estrangeiras também pode constituir um outro

foco de ameaças. Isso porque as padronizações globais podem fazer com que aumente ainda

mais o percentual de automóveis importados e de auto-peças importadas no mercado

brasileiro.

4.3.4 Elétrico

4.3.4.1 Forças

Como forças do setor elétrico brasileiro, pode-se citar o atendimento a quase 100% da

população e a abrangência territorial do Sistema Interligado Nacional. Além disso, um ponto

que o Brasil tem de muito positivo em relação a outros países é a sua matriz energética limpa

e renovável, já que a grande maioria da capacidade de geração do país está em hidrelétricas.

4.3.4.2 Fraquezas

Como fraqueza, pode-se citar a baixa capacidade financeira das transmissoras, que

precisam modernizar suas redes.

4.3.4.3 Oportunidades

Oportunidades para o setor elétrico estão nas possibilidades de modernização na rede de

geração, transmissão e distribuição, com controle e monitoramento digitais, através de

92

sensores e aparelhos relacionados à Internet of Things. Com isso, é possível ter maior

previsibilidade do uso da rede e da incidência de problemas, reduzindo investimentos e custos

de manutenção e suscitando novas oportunidades de ganhos de receita.

4.3.4.4 Ameaças

As ameaças para o setor de energia estão nas gerações autônomas de energia em

domicílios e indústrias. Isso porque fontes de energia como painéis solares estão ficando mais

acessíveis e novas tecnologias de armazenamento de energia estão permitindo com que as

pessoas gerem energia de forma autônoma em suas residências, por exemplo. No longo prazo,

essas instâncias podem acabar roubando fatias consideráveis dos faturamentos das geradoras

de energia no mercado atual.

4.3.5 Bens de Capital

4.3.5.1 Forças

Com relação às forças do setor de Bens de Capital, pode-se citar como a principal delas

o tamanho do mercado – proximidade com Brasil e América do Sul, que aufere uma grande

demanda para o setor.

4.3.5.2 Fraquezas

Como fraquezas do setor pode-se citar: (i) a defasagem tecnológica das fábricas do setor

– parque de máquinas tem a média de 20 anos, segundo estimativas da Abimaq e a base

eletrônica ainda não está plenamente integrada à base mecânica; (ii) setor muito pulverizado –

mais de 80% das empresas do setor compõem-se de pequenas e médias empresas; (iii) alta

parcela de máquinas e equipamentos importados – volume que tem crescido muito desde

1990.

4.3.5.3 Oportunidades

Com relação às oportunidades para o setor de Bens de Capital, tem-se a atualização

tecnológica e catch-up em relação ao padrão tecnológico vigente, pesquisas em novos

93

materiais, robótica e automação, eletrônica de última geração, manufatura sustentável (green

technology) e manufatura aditiva.

4.3.5.4 Ameaças

Com relação às ameaças, pode-se citar os fabricantes multinacionais que procuram tirar

vantagem da especialização de suas plantas no mundo e “obrigam” produtores brasileiros a

adquirir no mercado externo alguns de seus componentes. Além disso, muitas dessas

empresas adquirem seus suprimentos de forma centralizada, tornando mais barato o

suprimento comprado em grandes lotes no mercado global.

Por outro lado, também pode-se citar o desenvolvimento tecnológico em outros países,

tanto emergentes quanto desenvolvidos, que, se não acompanhado pelo desenvolvimento da

indústria brasileira, pode resultar em saldos de balança comercial ainda mais baixos.

94

4.4 Introdução da Indústria 4.0 no setor

A seguir estão listados os benefícios genéricos da introdução da Indústria 4.0 e também

os benefícios específicos da aplicação em cada setor.

4.4.1 Benefícios genéricos da Indústria 4.0

Com relação às consequências gerais da introdução da Indústria 4.0, há um

detalhamento na Revisão Bibliográfica deste trabalho. Na Tabela 4-6 há um resumo dos

principais benefícios.

95

Tabela 4-6 - Benefícios da introdução da Indústria 4.0

96

4.4.2 Benefícios da aplicação nos setores selecionados

4.4.2.1 Telecomunicações

O setor de Telecomunicações é essencial para que uma mudança estrutural que tenha

como princípio a internet ocorra de forma adequada. Nesse sentido, o papel do investimento

nesse setor é mais buscar as externalidades que ele gera do que aplicar a Indústria 4.0 de fato

em telecomunicações.

O papel das empresas de Telecomunicações com relação aos setores de implementação

das tecnologias da Indústria 4.0 deve ser de atuar como parceiras. Dessa forma, essas

empresas podem agregar maior valor e abrir novas fontes de receitas em seus modelos de

negócios.

4.4.2.2 Saúde

Um gargalo na saúde hoje é o espaço físico. O número de estabelecimentos não

consegue atender à demanda com eficácia, de forma que, principalmente na rede pública,

pacientes precisam esperar por longas filas para terem seus atendimentos. Dessa forma, o

investimento em soluções tecnológicas que possibilita o atendimento à distância traz um

benefício enorme para o setor (os hospitais focam em procedimentos de alta complexidade) e

também para a população, que tem o seu atendimento de forma mais rápida e, muitas vezes,

mais eficaz.

Além disso, soluções que envolvem as tecnologias da Indústria 4.0 podem trazer à

saúde maior eficiência nos diagnósticos e nos tratamentos; alavancagem dos médicos e

cirurgiões; e até mudanças de hábito para atitudes mais saudáveis.

4.4.2.3 Elétrico

O setor da energia elétrica atinge quase 100% da população brasileira, sendo que a

disponibilidade de eletricidade de forma estável é essencial para o desenvolvimento

econômico. Nesse sentido, as aplicações tecnológicas que deixam a rede mais eficiente

também impactam positivamente na sociedade como um todo.

No caso, as aplicações seriam na implementação das smart grids, redes inteligentes que

possibilitam uma maior previsibilidade em termos de demanda e de falhas ou problemas. Com

97

isso, as operadoras conseguem diminuir seus custos de operação e investimentos de capital,

ao mesmo tempo em que possibilitam o estabelecimento de novas medidas de redução de

consumo para a população, por exemplo.

4.4.2.4 Automotivo

O setor automotivo tem uma grande relevância na economia brasileira. A partir da

aplicação da Indústria 4.0 neste setor, o maior número de informações captadas (Big Data)

poderá ser utilizado para fazer simulações assertivas e modelos de otimização dos processos.

Com isso, a indústria pode operar como menor investimento de capital e menor estrutura de

custos.

Além disso, a Indústria 4.0 pode trazer uma maior integração da indústria com

softwares gerenciais e também das montadoras com suas fornecedoras, garantindo maior

eficiência nos processos.

4.4.2.5 Bens de Capital

Os principais benefícios da aplicação da Indústria 4.0 no setor de Bens de Capital estão

relacionados à modernização do parque fabril, gerando maiores possibilidades de redução do

custo e aumento da produtividade.

O setor de bens de capital abastece outros setores da economia com máquinas e

equipamentos para suas indústrias. Nesse sentido, esse setor pode assumir um papel essencial

em difundir a tecnologia para as empresas e setores. Desse modo, o avanço tecnológico no

setor de Bens de Capital não afeta só esse setor, mas também todos os outros setores que

adquirem os Bens de Capital.

98

99

5 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

5.1 Comentários gerais e recomendações

O objetivo central do presente trabalho era de analisar os diferentes setores da economia

brasileira para definir, de forma criteriosa, quais devem ser os setores-alvo para políticas de

fomento da Indústria 4.0 no Brasil. Para isso, os setores foram estudados de forma

comparativa tanto em questões de relevância para o cenário econômico brasileiro, como em

termos de adesão com relação às tecnologias apresentadas.

Dessa forma, a recomendação geral deste trabalho é fomentar o desenvolvimento da

Indústria 4.0 nos setores Automotivo, de Bens de Capital, de Energia, da Saúde e da

Telecomunicações. Essa recomendação se baseia no fato de que a Indústria 4.0 traz benefícios

reais para os setores, tornando-os mais competitivos; maximizando as externalidades positivas

que os setores geram para a economia; e se adequando à conjuntura dos setores, que

demandam investimentos. Além disso, foi considerada a aderência dos avanços tecnológicos

indicados com os setores em questão.

5.2 Riscos atrelados

A cada proposta enunciada estão relacionados uma série de riscos e, nesse caso, o

padrão segue. Por mais criteriosa que tenha sido a análise, ela está exposta a uma série de

possíveis erros de previsão. Basicamente, os riscos se dividem em riscos da análise deste

relatório não considerar todas as variáveis disponíveis e falhar em escolher o alvo cujo

impacto das ações de fomento seria o mais eficaz e também riscos de falha na aplicação deste

trabalho.

Nesse sentido, dentre os principais riscos, pode-se citar: (i) as iniciativas terem pouco

engajamento das empresas, dos órgãos públicos e das associações de classe; (ii) a

possibilidade de haver pequeno impacto na economia; (iii) a possível não externalização das

tecnologias para outros setores; e (iv) a possibilidade de haver outro setor que absorva melhor

os investimentos.

5.3 Próximos passos

100

Com relação a próximos passos, deve-se analisar qual a melhor forma de realizar essas

ações de fomento no Brasil. Foge do escopo deste trabalho estruturar de fato como

implementar a recomendação sugerida, porém, de forma geral, algumas diretrizes podem ser

tomadas, com base nos exemplos de países que saíram na frente com relação à implementação

da Indústria 4.0:

• Envolvimento dos principais tomadores de decisão com relação ao setor e ao

que tange a ele – nomes das principais indústrias, governo e órgãos públicos,

associações de classe, dentre outros;

• Estudo de eventuais parcerias com outros países que já estão com a tecnologia

mais consolidada em seus territórios;

• Investimento em espaços de colaboração e aprendizado que direcionam mais o

desenvolvimento do que um simples benefício fiscal, por exemplo;

• Alocação de equipes de trabalho não provisórias para o trabalho em temas

específicos da Indústria 4.0.

De forma geral, recomenda-se para trabalhos futuros também a pesquisa direta com as

empresas e órgãos atuantes, de forma a garantir que as escolhas pelos setores e pela

estratégias de implementação são correspondentes às dos atores nas instituições, que

aplicariam os planos na prática.

101

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