THOMPSON Edward P Senhores e Caçadores a Origem Da Lei Negra

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    A valorizao dosA valorizao dosA valorizao dosA valorizao dosA valorizao dos CaadoresCaadoresCaadoresCaadoresCaadores diante dosdiante dosdiante dosdiante dosdiante dos SenhoresSenhoresSenhoresSenhoresSenhores.....Tributo a teoria e mtodo de Edward PalmerTributo a teoria e mtodo de Edward PalmerTributo a teoria e mtodo de Edward PalmerTributo a teoria e mtodo de Edward PalmerTributo a teoria e mtodo de Edward PalmerThompsonThompsonThompsonThompsonThompson

    Nilson Thom

    Doutorando em educao pela UNICAMP. Professor da

    Universidade do Contestado/SC.e-mail: [email protected]

    ResumoResumoResumoResumoResumo

    Este artigo refere-se a obra Senhores e Caadores, de Edward Thompson (1924-1993). Contempla a nossaadmirao pessoal por este intelectual ingls que entendeu ser possvel produzir trabalhos em Histrianos silncios de Marx. Nos seus escritos, inovou ao esboar uma teoria para o estudo da cultura popular.Aqui, encontramos mais uma amostra da nascente da nova Histria Cultural, ou Histria Social da Cultura(numa vertente neomarxista), com a valorizao da cultura popular nos estudos histricos forjados a partirde baixo. O estilo de Thompson abre novos caminhos tambm para trabalhos em Histria da Educao.

    Palavras-ChavesPalavras-ChavesPalavras-ChavesPalavras-ChavesPalavras-ChavesHistoriografia. Histria Cultural. Edward Palmer Thompson.

    AbstractAbstractAbstractAbstractAbstract

    This article refers to the work Senhores e Caadores(Lords and Hunters) by Edward Thompson (1924-1993). It contemplates our personal admiration for this English intellectual who understood it to be possibleto produce works on History in the silences of Marx. In his writings, he innovated when sketching a theoryfor the study of popular culture. Here, we find one more sample of the birth of the new Cultural History, orSocial History of Culture (in a neomarxist source), with the valorization of popular culture in historicalstudies wrought from the bottom up. The style of Thompson also opens up new ways for studies in the

    History of Education.Key wordsKey wordsKey wordsKey wordsKey words

    Historiography. Cultural History. Thompson, Edward Palmer.

    Srie-Estudos - Peridico do Mestrado em Educao da UCDB.Srie-Estudos - Peridico do Mestrado em Educao da UCDB.Srie-Estudos - Peridico do Mestrado em Educao da UCDB.Srie-Estudos - Peridico do Mestrado em Educao da UCDB.Srie-Estudos - Peridico do Mestrado em Educao da UCDB.Campo Grande-MS, n. 18, p. 247-263, jul./dez. 2004.

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    IntroduoIntroduoIntroduoIntroduoIntroduo

    Estamos diante do livro Senhores eCaadores. A Origem da Lei Negra2. Nestetrabalho, mais um clssico da historiografia,

    Edward Palmer Thompson reconstri a lutaentre os agricultores simples e a burocraciada floresta na Inglaterra, com a vignciada Lei Negraem 1723 (s anulada em1823, cem anos depois), que permite a apli-cao da pena capital a cidados em maisde cinqenta diferentes tipos de crimes ede penas diversas a quase 250 diferentesdelitos. Como ele diz, uma lei m, formula-

    da por maus legisladores e ampliada pe-las interpretaes de maus juzes(p. 359).A partir deste enfoque, reexamina a socie-dade inglesa do Sculo XVIII, descrevendoa violncia e a corrupo ali dominante3.No segundo momento do livro, ao tratarda corrupo poltica e do descontentamen-to popular na Inglaterra naquele tempo, faza sua interpretao do direito, rejeitando anoo da lei como simples mscara para adominao de uma classe.

    Thompson analisa a estratgia de resis-tncia de caadores, predadores e de ou-tros homens e mulheres que viviam dacoleta e da caa nas florestas e parquesda nobreza. Com osBlack Acts, de 1723,haviam sido definidos e criminalizadosdezenas de atos, para os quais previa-sea pena capital. Estas pessoas mascaradas

    (usavam carvo para esconder o rosto, daa origem doBlack) pilhavam os parques.Se suas armas fossem apreendidas, elesvoltavam noite para toma-las, ameaandoos guardas florestais ou os subornando.Thompson resgata, da, a humilhao p-blica qual as autoridades eram subme-tidas, pois se no conseguiam protegersuas propriedades, como governariam o

    Estado? Tal prtica no era um simplesroubo, pois fundava-se em um direitoanterior e era partilhada e justificada co-letivamente e, ao mesmo tempo, desmo-ralizava as autoridades. De fato, uma pr-

    tica estava sendo criminalizada. Alm domais, tais prticas eram produtos do con-flito entre formas de propriedade, noesde direito ao uso da terra e seus produtos,gerados pela imposio de uma nova or-dem (MUNHOZ, Internet, 1997).

    Segundo Thompson, este seu traba-lho no se limita a recuperar um episdioque se perdera para o conhecimento hist-rico. Tambm recupera um episdio que no

    foi do conhecimento de seus contempor-neos(p. 17). Aqui, mais uma vez, ele traba-lha na interconexo de uma Histria Socialcom uma Histria Cultural. Para EricHobsbawm4, Thompson est entre os maissignificativos autores de histria social deque se tem notcia. E para produzir estecurto trabalho, recorremos s obras de v-rios outros intelectuais5e historiadores que,assim, entrando no texto, participam danossa tentativa de interpretar Senhores eCaadores.

    Thompson nas Vertentes daThompson nas Vertentes daThompson nas Vertentes daThompson nas Vertentes daThompson nas Vertentes daHistriaHistriaHistriaHistriaHistria

    Ao produzirmos Histria, entende-mos ter liberdade para usar diferentesreferenciais tericos ou nos valer de dife-rentes metodologias, de acordo com asnecessidades das diferentes pesquisas. EmIntroduo Pesquisa em Cincias Sociais;a Pesquisa Qualitativa em Educao,Augusto Nibaldo Silva Trivios lembra PedroDemo ao expor que o pesquisador

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    tem ampla liberdade terico-metodolgicapara realizar seu estudo. Os limites desua iniciativa particular estaro exclusiva-mente fixados pelas condies de exign-cia de um trabalho cientfico. Este, repeti-mos, deve ter uma estrutura coerente,consistente, originalidade e nvel deobjetivao capazes de merecer a aprova-o dos cientistas num processointersubjetivo de apreciao (TRIVIOS,1987, p. 133).

    A fim de melhor compreender a po-sio de terica de Thompson, ento,voltemo-nos lembrana das matrizes dacincia da Histria, que so diferentes en-

    tre si por conterem, entre outras caractersti-cas, de modo geral6, estas:- No Positivismo- No Positivismo- No Positivismo- No Positivismo- No Positivismo:a valorizao do factual

    documentado, a cronologia linear do tem-po histrico, o ordenamento de incio-meio-fim, a relevncia a personagens ofi-ciais, o uso excessivo da heurstica e dacrtica nos documentos e, o destaquepara aspectos poltico-administrativos;

    - No Marxismo- No Marxismo- No Marxismo- No Marxismo- No Marxismo: a aplicao de mtodocientfico, o uso da lgica, a busca da iden-tidade coletiva, a interdisciplinaridade, ochamamento s contradies peladialtica, o suporte e embasamento te-rico, a valorizao do movimento, a posi-o do historiador como agente ativo e,o destaque para o aspecto econmico;

    - Na Escola dos Annales (cole desNa Escola dos Annales (cole desNa Escola dos Annales (cole desNa Escola dos Annales (cole desNa Escola dos Annales (cole desAnnales):Annales):Annales):Annales):Annales): o advento da Micro-Histria,os novos objetos de investigao, a va-lorizao da histria oral, a insero dohistoriador no fluxo dos acontecimentos,o chamamento ao inusitado, o estudodas mentalidades coletivas, osquestionamentos sobre o passado a partir

    do presente e a constante problemati-zao. Surge a Histria das Mentalidades;

    - Na Nova Histria:Na Nova Histria:Na Nova Histria:Na Nova Histria:Na Nova Histria: o respeito narrativaliterria, a eleio do cotidiano como obje-to, a incorporao de outras abordagens,a problematizao de documentos, o cha-mamento a sujeitos e a espaos exclu-dos, a interdisciplinaridade, a crtica con-testatria e o destaque para o aspectosocial. A New History, norte-americana,criada por Robinson na dcada de 1920,contempornea Escola dos Annales, veioa dominar a Histria Intelectual, sofrendoa concorrncia da Histria das Idias.

    Se observarmos a pluralidade daNova Histria, nela encontraremos a His-His-His-His-His-tria Culturaltria Culturaltria Culturaltria Culturaltria Cultural que, para uns, trata-se umanova vertente, nova corrente, novo campoou novo setor, enquanto que, para outros,seria uma variao dosAnnalesou daNewHistory. De qualquer forma, ela surge timi-damente e vem se destacando a partir dos

    trabalhos de Carlo Ginzburg, Roger Chartiere Edward Thompson, sendo caracterizadapela preocupao com as questes popu-lares, valorizao das estratificaes e dosconflitos scio-culturais e, pela recusa doconceito vago de mentalidades.

    No seio do materialismo histrico, a preo-cupao com a Histria Social da Culturatem tido muitos desdobramentos. AEsco-la Inglesa do Marxismo com autores

    como Thompson, Eric Hobsbawam eCristopher Hill especializou-se por exem-plo em uma trplice articulao entre aHistria Cultural, a Histria Social e a His-tria Poltica. Seus trabalhos remontam dcada de 1960. A renovao dos estudosculturais trazida pela escola Inglesa temsido fundamental para repensar o Mate-rialismo Histrico particularmente para

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    flexibilizar o j desgastado esquema deuma sociedade que seria vista a partir deuma ciso entre infra-estrutura e super-estrutura. Com os marxistas da escola In-glesa, o mundo da Cultura passa a serexaminado como parte do modo de pro-duo, e no como um mero reflexo dainfra-estrutura econmica de uma socie-dade (BARROS, 2004, p. 62).

    Para Fontana7no repensar do ma-terialismo histrico sobreviveu crise osetor mais vivo do chamado marxismoocidental, o que tinha como modelos ho-mens do porte de Eric Hobsbawm, CristipherHill ou E. P. Thompson, enquanto algunsdos seus cultivadores experimentaram ca-minhos novos, sem abdicar dos seus prin-cpios progressistas Fontana citaHimmefarb8, segundo a qual estes marxis-tas, embora tivessem deixado na sua mai-or parte o Partido Comunista depois de1956, no haviam participado de atos dearrependimento como muitos dos seus co-legas franceses, o que fazia com que conti-nuassem sob suspeita.

    Fundador do valor da histria a par-tir de baixo, usando a literatura como fon-te para a histria social e econmica,Edward Thompson foi9e ainda o histori-ador contemporneo britnico mais conhe-cido fora da Inglaterra. Christopher Hill en-tende que sua influncia mundial sobre os

    estudantes de Histria tem sido incalcul-vel10. Na obra aqui enfocada, Thompsonrepete o procedimento metodolgico, usa-do em outros trabalhos, de olhar de baixopara cima, como ele mesmo escreve: ...par-ti da experincia de humildes moradoresdas florestas...(p. 17).

    Vale destacar que as diversas corren-

    tes e tendncias marxistas influram bas-tante sobre os rumos da Histria. Antes daPrimeira Guerra Mundial (1914-1918), tive-mos o predomnio do critrio gerencial naliteratura, com a primeira gerao de mar-xistas, como Plekhanov, Kautski, Meheringe Labriola. Depois, tivemos a segunda ge-rao de marxistas, como Hilferding, Trotski,Lnin, Bukharin, Bauer e Rosa deLuxemburgo, corrente esta que tentou de-cifrar as leis fundamentais do capitalismoem seu estgio imperialista e produzir umateoria poltica marxista.

    Aps 1918, assistimos a diferencia-o entre o marxismo sovitico e o marxis-mo do ocidente, num processo de lentamaturao do marxismo ocidental, quepassou a ser percebido s depois de 1945,ou seja, em seguida a Segunda GuerraMundial. Destacam-se os clssicos deLukcs e Gramsci, em rota de coliso como dogmatismo e empobrecimento terico

    do marxismo tpicos da Terceira Internacio-nal11, e a teoria crtica da Escola de Frank-furt, com Theodor Adorno, Max Horkheimer,Herbert Marcuse, Erich Fromm, Borkenau,Neuman, Walter Benjamin e JrgenHabermas, com produes que incidemsobre as perspectivas de uma nova Hist-ria Cultural. Justamente Georg Lukcs(1885-1971) e Antonio Gramsci (1891-

    1937), foram os tericos que abriram trilhasna historiografia para uma Histria Cultu-ral alicerada nos fundamentos do materi-alismo histrico, caminho palmilhado por

    Thompson. Pertencente linhagem da His-tria Social Inglesa, Edward Thompson, mobilizado para alicerar teoricamente asoperaes investigativas ao lado do filso-

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    fo alemo Walter Benjamin e do cientistasocial ingls Raymond Williams12.

    Marc Bloch e Georges Lefebvre de-monstraram as possibilidades de umahistoria intelectual comprometida com aanlise, ora dos grandes movimentos cole-tivos, ora das psicologias individuais. A elesseguiu-se a estrela de Fernand Braudel. Amaioria dos annalistas integrantes daEscola (revista) de Annales, da Frana noera simptica Histria das Idias. Nestemovimento, tomou fora a Histria dasMentalidades. Havia neles a descrena

    quanto a validade da aplicao do mto-do quantitativo histria intelectual.A partir dos anos 70, d-se uma inflexocom a adoo de pressupostos estrutura-listas oriundos da filosofia, da lingsticae da etnologia que desembocar naautodenominada Nova Histria, a qualse converteu no piv do atual debate te-rico e metodolgico no campo da Histriaao se contrapor historiografia que vi-nha sendo praticada, seja na perspectivatradicional qual se atribua a influnciapositivista, seja na perspectiva crtica deorientao marxista ou tributria da Esco-la dos Annales das fases lideradas porLucien Febvre e Marc Bloch e, depois, porFernand Braudel (SAVIANI, 1998, p. 11).

    Falcon13alerta para o considervelnmero de referncias que marcam o per-odo de 1960/70 a 1990/95, de consolida-

    o da Histria das Idias, em funo denovas tendncias ento presentes nahistoriografia ocidental. Surgiu a NewIntellectual Historynos EUA e na Gr-Bretanha, a Histria Social das IdiasouHistria Scio-culturalna Frana e nos EUA,aHistria das Mentalidadesna Frana, bemcomo a proposta de Chartier, de umaHis-

    tria Cultural, propostas estas confrontadascom os novos pensamentos dos ps-mo-dernos.

    A Histria Social surgiu como oposio histria tradicional essencialmente po-ltica, episdica, linear e evolucionista -,buscando desenvolver seus prprios ca-minhos metodolgicos, configurando cadavez mais as abordagens socioculturais, so-bretudo por meio de sua aproximao coma Antropologia. Dessa matrizfoi se deli-neando a Histria das Mentalidades, vistapela maior parte dos historiadores comoo movimento impulsionador da HistriaCultural, tal como a conhecemos atual-

    mente (FONSECA, 2003, p. 51).Em decorrncia da tradio de seguir

    modelos de sociedades consideradas maisevoludas, assim, a Histria Cultural chegouao Brasil.

    Reconhecer o alto nvel da pesquisa emhistria cultural atualmente feita no Bra-sil no significa eximi-la de crticas. pos-svel constatar, em vrios trabalhos, umcerto ecletismo terico que vimos ser tpi-co (...). Misturas de Ginzburg com Foucault,deste ltimo com Thompson, nada disso estranho a vrios trabalhos realizadosna pesquisa universitria brasileira. (...).Nada disso desmerece, porm, a vitalida-de desse campo de estudos, tal como temsido realizado no Brasil. (...). Sem prejuzode outros campos de investigao histri-ca, vrios deles tambm muito atualizadosquanto aos mtodos e referncias teri-

    cas, a histria cultural veio para ficar(VAINFAS, 1997, p. 162).

    Em novembro de 2000, no pronun-ciamento intitulado de O Cultivo de umaHistoriografia Engajada com a Histria e aMemria da Educao Brasileira, a ProfMarta Maria de Arajo, da UFRN, falou aodo II Congresso Brasileiro de Histria da

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    Educao, promovido pela Associao Bra-sileira de Histria da Educao, aprecian-do a produo histrica da Educao apartir do conjunto dos resumos dos traba-lhos apresentados no evento. Lembrou que

    h de se reconhecer que a hegemoniada historiografia francesa, especialmenteas contribuies de Roger Chartier, aindaprevalecem nos estudos da histria daeducao no Brasil. De toda maneira,como bem sabem os historiadores, o gran-de xito da historiografia francesa dosAnnalesadvm de sua abertura para odilogo com as cincias sociais, sem perdero contato com o conhecimento histrico.

    No obstante, os resumos do II CBHE for-necem indcios suficientes do desponta-mento do interesse dos historiadores daeducao pela historiografia inglesa, es-pecialmente pelo pensamento de EdwardThompson, por oferecer noes e premis-sas capazes de alicerar interpretaessobre movimentos sociais de resistncias,comportamentos e hbitos comunitrios,histrias de vida e experincias de insti-

    tuies e de seus agentes sociais na or-ganizao da cultura. Geralmente, EdwardThompson costuma ser apresentado comopertencendo a uma linhagem dahistoriografia inglesa que combina a his-tria social britnica (empirista) e maxismo(Vainfas, 1997).

    Considerando o II CBHE como uma amos-tra do que est sendo produzido no cam-po da histria da educao no Brasil, cabe

    afirmar que a atividade historiadora daeducao brasileira continua demonstran-do uma vitalidade extraordinria para ins-pirar pesquisa de objetos, temas e dom-nios de conhecimentos afinados comreferenciais da histria cultural e com oprocedimento interdisciplinar (ARAJO,2002).

    Nos silncios de MarxNos silncios de MarxNos silncios de MarxNos silncios de MarxNos silncios de Marx

    Militante comunista, intelectual eativista pelo desarmamento nuclear, Edward

    Thompson considerado pai da verso

    marxista da histria cultural, ele que, naInglaterra, esboou uma teoria para o es-tudo da cultura popular nos moldes mar-xistas. Sobre este marxista tradicional,como ele se considerava, ou neo-marxis-ta, como alguns crticos das suas obrasrotulam-no ainda hoje, Pesavento diz que

    centralizando a crtica tanto no que consi-derava uma postura positivista de anlise

    do marxismo, denunciando o vis econo-micista e mecanicista da anlise, quantono que chamou de idealismo althusseri-ano, em que a teoria desconsiderava ouprescindia da realidade emprica, EdwardThompson introduziu inovaes nos planosda teoria, do mtodo, da temtica e dasfontes a serem utilizados pela histria. Mes-mo mantendo uma anlise classista, comoseria de esperar dentro do marxismo,

    Thompson abandonou a clssica definiomarxista-leninista, que identificava a classepela posio ocupada junto aos meios deproduo. Alargou o conceito, entendendoque a categoria deveria ser apreciada noseu fazer, no acontecer histrico, na suaexperincia como classe. Cabia ao historia-dor surpreender os nexos entre pequenasalteraes de hbitos, atitudes, palavras,aes, de atitudes que iam mudando aolongo do tempo. (...). O historiador passava

    a explorar, assim, os chamados silnciosde Marx, nos domnios do poltico, dos ritos,das crenas, dos hbitos. (PESAVENTO,2003, p. 28-29).

    No dizer de Pedro Bentez Martn,Thompson seguiu a Marx em sua concep-o materialista da Histria, pero eliminalgunos de los presupuestos ilustrados

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    propios de la modernidad que Marx habaheredado elevndolos a la ms altadignidad (moderna). Thompson no com-parta las ambiciones cientificistas propiasdel siglo XIX que sudejeron a Marx; por estecamino desarroll alguns de su mejores cr-ticas al marxismo(1995, p. 11). Este crticoespanhol diz ainda:

    Thompson puede ser considerado em ciertosentido como um excelente seguidor dela teoria leninista de torcer el bastn emsentido contrario, que supo adaptarseperfectamente a la coyuntura especficaen la que escrib, sufriendo de esse modo

    sus consecuencias. Por um lado, su excesode celo h deslizado em ocasionespeligrosamente su obra hacia el terrenodel empirismo, el indeterminismo y aunel culturalismo. Pero adems Thompsonha sucumbido con cierta frecuencia anteel mismo sectarismo doctrinal que ldenunciaba, y en su obra son demonizadosotros discursos radicales y revolucionarioscon los que se debera haber dialogado(p. 12-13).

    Nas atividades acadmicas, mostra-mos que tem a Histria a funo de, tam-bm, fornecer cientificamente sociedadea explicao da sua origem e do seu de-senvolvimento marcado por transforma-es. Tambm para isso, a Histria relacio-na-se com as mais diversas disciplinas ecincias que tambm estudam o homem,

    como: Antropologia, Sociologia, Geografia,Economia, Filosofia e Etnologia, ou mesmocom sub-campos de outras reas, em es-pecial: Arqueologia, Lingstica, Demografia,Genealogia, Herldica, Numismtica,Paleontologia, Diplomacia, Paleografia, en-tre outras. o que fazem os historiadoresseguidores da nova Histria Cultural. Num

    dos captulos do livro Sobre Histria, aoquestionar se a Histria progrediu, EricHobsbawm menciona que:

    Em essncia, o que assistimos durante osculo XX justamente o que os histori-adores ortodoxos da dcada de 1890 re-jeitavam por completo: uma aproximaoentre a histria e as cincias sociais. claro que a histria no pode ser maisque parcialmente subordinada sob o ttu-lo de uma ou talvez outra cincia social.No que isso impea alguns historiado-res de se concentrarem em problemas quepoderiam ser e tambm so abordadospor, digamos, demgrafos ou economis-

    tas de orientao historicista. De qualquermodo, no impede. Claro que a aproxima-o no se d apenas por um dos lados.Se os historiadores progressivamente re-correram a vrias cincias sociais em bus-ca de mtodos e modelos explicativos, ascincias sociais progressivamente tentaramse historicizar e com isso recorreram aoshistoriadores (HOBSBAWM, 2002, p. 75).

    Na introduo de Senhores e Caa-dores, Thompson mostra a preocupaopelo inicial questionamento, explicando queColoquei-me a tarefa de abordar por meiode fontes muitas vezes imprprias, as se-guintes questes; ...(p. 25) e enumera-as. EmOs Annales: a Renovao Terico-Metodolgica e Utpicada Histria pelaReconstruo do Tempo Histrico(1998), aoabordar as inovaes trazidas Histria

    pela Escola dos Annales, como a valori-zao do problema, o historiador mineiroJos Carlos Reis destacou que a granderenovao terica propiciada pela recons-truo do tempo histrico pelos Annalesfoi ahistria-problema. Entende que elaveio-se opor ao carter narrativo da hist-ria tradicional. Ela veio reconhecer a impossi-

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    bilidade de se narrar os fatos tal como sepassaram. Reis reconhece que no h his-tria sem teoria. A pesquisa histrica averificao de respostas-hipteses possveisa problemaspostos no incio. Nela, o histo-riador sabe que escolhe seus objetos nopassado e interroga-os a partir do presente.Para ele,

    o historiador escolhe, seleciona, interro-ga, conceitua, analisa, sintetiza, conclui. Apartir da posio do problema, o historia-dor distribui suas fontes, atribui-lhes osentido e organiza as sries de dados queele ter construdo. O texto histrico o

    resultado de uma explcita e total cons-truo terica e no o resultado de umanarrao objetivista [...]. A organizao dapesquisa feita pelo problema que a sus-citou; este vai guiar na seleo dos docu-mentos, na seleo e construo das sri-es de eventos relevantes para a constru-o das hipteses.

    Rompendo com a narrao, a histria tor-nou-se uma empresa terica, que segue

    o caminho de toda cincia: pe proble-mas e levanta hipteses e demonstra-ascom uma documentao bem criticada ecom uma argumentao conceitual rigo-rosa (REIS, 1998, p. 39).

    Neste sentido, aprecivel a tcnicaempregada pelo historiador Edward

    Thompson, ao retratar os movimentos so-ciais e o cotidiano das classes popularesinglesas do Sculo XVII em meio ao pro-cesso de industrializao14.

    Como marxista, no mtodo empre-gado na construo desta histria, ele man-tm o eixo econmico, mas no se atmapenas ao econmico, extravasa-o aoadentrar no eixo cultural, navegando so-bre usos e costumes naquela ilha e na-

    quele tempo(expresso dele, original, pgina 355), valorizando tradies popu-lares, alcanando atuais interpretaes so-bre direito e lei pesquisados. No integra oclube do uso dons, muito comum; usa aprimeira pessoa do singular: Eu acho, eupenso, eu entendo que... No se limita aexplicaes em notas-de-rodap, indo dire-to aos assuntos secundrios ou comple-mentares no corpo do texto, interagindo nasimbiose entre a Histria e o leitor destaHistria produzida. Narra, analisa, comen-ta e critica o contedo das fontes.

    A histria conduzida por problemas e hi-pteses, por construes bem elaboradase explcitas, representou a mais profundarenovao terica da histria. O historia-dor mudou de posio e de disposio: seantes ele era proibido, em tese, de apare-cer na pesquisa, o que uma interdioimpossvel de ser cumprida, agora, ele obrigado a aparecere a explicitar a suaestrutura terica, documental e tcnica eo seu lugar social e institucional (REIS,op. cit.).

    O historiador faz parte da Histria queele constri. Depois de abordar o assuntoO exerccio da lei,como que conversandocom o leitor, Thompson pede licena paraentrar no ttuloO domnio da lei,justifican-do ...como os leitores deste estudo podemse sentir incitados a algumas reflexes ge-

    rais sobre o direito e as tradies britnicas,talvez possamos nos permitir a mesma in-dulgncia(p. 548). Num outro ponto, ex-plicando-se ao leitor, ele expe: Nessemomento, entramos numa histria quepode ser para sempre inescrutvel, devidoaos motivos torpes dos atores principais e opacidade das fontes, e principalmente

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    de uma imprensa fortemente censurada.Contudo, o episdio ilustra claramente asoperaes da influncia e dependncianuma sociedade paternalista integrada...(p.225).

    Depois de cinco anos de pesquisa,Thompson concluiu o texto deSenhores eCaadores15em abril de 1975. Em ne-nhum momento ele nega pertencer tradi-o marxista, a ela referindo-se por diver-sas vezes, como aqui:

    Ela (a lei) floresce na forma de um mar-xismo sofisticado, mas (em ltima instn-cia) altamente esquemtico, que, paranossa surpresa, parece brotar das pega-das daqueles que, entre ns, pertencema uma tradio marxista mais antiga. Desseponto de vista, a lei por definio, e tal-vez de modo mais claro do que qualqueroutro artefato cultural ou institucional, umaparcela de uma superestruturaque seadapta por si s necessidades de umainfra-estrutura de foras produtivas e re-laes de produo (p. 349).

    Jos Honrio Rodrigues escreveu16que a Histria precisa olhar a floresta e noapenas as rvores, oferecendo uma inter-pretao generalizadora que ajude os vi-vos a compreender as razes do presente. Enesta sua obra, Thompson diz que ...tivede comear pelo comeo e reconstruir aadministrao da floresta em 1723. (...) As-

    sim, mais uma vez, foi preciso reconstruir ocontexto episcopal antes de se poder veros Negros dentro dele(p. 16). Este olharpara o todo da floresta e no apenas paraas partes que a compem, expresso tan-to de Rodrigues como de Thompson, vemde encontro ao pensamento marxista, queindica a compreenso do singular a partir

    da apreenso do universal. Busca-se a to-talidade e se enfoca a universalidade dotema, disposto no campo maior, para al-canar a particularidade e analisar sua sin-gularidade no campo restrito. SegundoCarlos Jamil Cury, acategoria da totalida-dejustifica-se enquanto o homem no bus-ca apenas uma compreenso particular doreal, mas pretende uma viso que seja ca-paz de conectar dialeticamente um proces-so particular com outros processos e, en-fim, coorden-lo com uma snteseexplicativa mais ampla(Cury, 2000, p. 27).

    Uma Histria deve sertotal, da sociedadetotal,sob pena de no ser compreendidae se limitar a uma simples enumeraode fatos, nmeros ou leis. A Histria, parasertotal,deve no apenas enunciar fatose acontecimentos, mas buscar as relaesentre eles, desde as transformaes eco-nmicas s manifestaes literrias, jur-dicas ou mesmo artsticas. A Histria deum povo constitui um todo indivisvel, sobpena de se transformar em mera divaga-

    o artstica ou literria, sem nenhumacontribuio ao futuro desse povo(BASBAUM, 1957, p. 7).

    As particularidades de ThompsonAs particularidades de ThompsonAs particularidades de ThompsonAs particularidades de ThompsonAs particularidades de Thompson

    Em Senhores e Caadores, pode-mos apreciar visivelmente a tcnica empre-gada por Thompson para produzir sua His-

    tria. Dentre as muitas anotaes que fize-mos para seguir o raciocnio do seu mto-do, destacamos algumas, sobre as quaisdiscorremos.

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    256 Nilson THOM.A valorizao dos Caadores diante dos Senhores. Tributo a teoria...

    Uso de inferncias

    Na exaustiva pesquisa empreendida,Thompson foi a fundo na busca de fonteshistricas fidedignas, que ele revela, tanto

    no prefcio, como nas referncias. Sobreelas, diz: Cada fonte me levava a outra;mas tambm cada problema levou-se aoutro(p. 16). O carter e possveis limi-taes deste estudo s podem ser enten-didos luz das fontes utilizadas e dascuriosas ausncias nelas encontradas(p.395).

    A anlise precedente dependeu em gran-de parte de um tecido complexo de infe-rncias17, muitas vezes derivadas de evi-dncias fragmentrias. A estrutura da ex-plicao histrica oferecida depende parci-almente da lgica, e apenas parcialmentedos fatos. Algumas identificaes podemestar erradas, embora eu duvide muitoque esteja errada a identificao geral dacomposio social e do conflito. Poderiamse fazer mais identificaes... (p. 143).

    Mesmo assim, nem sempre as fon-tes revelaram tudo o que o historiador bus-cava. Embora seja bastante, constante-mente as fontes falham no ponto exatoonde esperaramos que revelassem maisdados sobre...(p. 395). Da porque recorreus inferncias.

    No considero o trabalho de inferncia, apartir de fontes que os quantificadores

    chamam de literrias, como uma ativida-de historiogrfica inferior. (...). ...a ausnciade fontes prontas obrigou-me a procuraradiante evidncias prximas, e esse cap-tulo de inferncias e conjecturas custou-me mais semanas de pesquisa e maissemanas de trabalho para disp-las emalguma ordem de qualquer outra partedo livro (p. 144).

    Opinio prpria

    Quando ele coloca que evitei, at ofinal do livro, qualquer descrio geral des-sa sociedade que pudesse ter vindo a mim

    atravs das interpretaes de outros histo-riadores(p. 17), deixa claro porque ficouconhecido como polmico, ao criticar obrasde seus colegas com pontos-de-vista dife-rentes dos seus. Por exemplo, no captulonono, pginas 248-254, tratando da polti-ca da Lei Negra, Thompson no poupa cr-ticas a Pat Rogers (autor deThe WalthamBlacks and The Black Act, em 1974) sobrea sua interpretao dos acontecimentos des-te mesmo tema, dizendo estar fugindo doperigo da contaminaode juzos de valore interpretaes de Rogers sobre os Negros.

    Ficou internacionalmente famosa apolmica de Thompson com Perry Anderson,autor de Teora, Poltica e Historia; un de-bate con Thompson(Madrid: Siglo XXI,

    1985), em debate pblico sobre os mode-los para a construo da histria da socie-dade inglesa. Quando Anderson publicouOrigins of the present crises, na revistaNew Left, Thompson respondeu com ThePeculiarities of the English18. Em outromomento da sua vida, delineando duas tra-dies divergentes no marxismo, Thompson(da corrente do materialismo histrico), tam-

    bm irrompeu contra Althusser (da linhastalinista-estruturalista). Sobre a investidacontra o formalismo terico de Althusser e,defendendo a narrativa em Histria, assimDecca menciona Thompson:

    Esta formalizao do conhecimento hist-rico recebeu uma crtica violenta de umnotvel historiador ingls, E. P. Thompson,

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    um radical e polemista, muito afeito aosefeitos retricos da argumentao. E nopensem que ele perdeu o seu tempo debom polemista com adversrios insignifi-cantes. Julgou importante desmontar oedifcio formalista de Althusser na anli-se da histria, como tambm julgou deci-sivo abrir polmica com Ronald Reagan,a respeito do desarmamento nuclear.Thompson, este marxista peculiar, que,segundo oCitation Index, o historiadormais citado no sculo XX e est entre os250 autores mais citados em todos os tem-pos, nunca deixou de lado os elementosexpressivos da narrativa histrica, estavaconvencido dos efeitos de verdade sobre

    os eventos humanos mobilizados pelo usointeligente da linguagem. Sabia muitobem que a linguagem instituinte e que,portanto, a narrativa histrica no deveriadesprezar esta sua dimenso construtiva.A histria, para este historiador, herdei-ra da narratividade, que, em sua formatextual e letrada, faz submergir aliteralidade e a narratividade das tradiesorais... (DECCA, 1998, p. 23-24).

    Thompson tanto polemiza como con-corda com outros autores. Aceita uma afir-mativa sobre os negros da floresta, deHobsbawm, por exemplo, quando diz queEsses negros no so absolutamente ban-didos sociais (na acepo de E. J.Hobsbawm) e tampouco rebeldes rurais,mas apresentam alguns traos de ambosos tipos. So florestanos armados...(p. 77).

    Sobre a lei:A segunda parte da obra de

    Thompson um verdadeiro tratadosobredireito e lei. A temtica, complexa, para sercompreendida, precisa ser lida por inteira,como ele expe. Excelente texto para inter-pretao por estudantes de Direito. Partes

    do texto no explicam o todo. Mesmo as-sim, extramos que:

    A lei nitidamente um instrumento daclasse dominante de facto: ela define edefende as pretenses desses dominan-

    tes aos recursos e fora de trabalho ela diz o que ser propriedade e o queser crime e opera como mediao dasrelaes de classe com um conjunto deregras e sanes adequadas, as quais, emltima instncia, confirmam e consolidamo poder da classe existente. Portanto, odomnio da lei apenas uma outra ms-cara do domnio de uma classe (p. 350).

    E mais:

    Mostrei neste estudo uma oligarquia pol-tica a forjar leis duras e opressivas, paraservir aos seus interesses prprios. Mostreijuzes que, tanto quanto os bispos, esta-vam sujeitos a influncia poltica, cujo sensode justia era uma farsa e cuja interpretaodas leis s servia para ampliar seu vis declasse intrnseco. Na verdade, acho que esteestudo mostrou que, para muitos a elitedirigente da Inglaterra, as regras jurdicas

    eram um incmodo a ser manipulado etorcido da maneira que conseguissem, eque a lealdade de homens como Walpole,Hardwicke ou Paxtons retrica da lei era,em larga medida, uma farsa. Mas dissono concluo que o domnio da lei em sifosse uma farsa. Pelo contrrio, as restri-es ao poder impostas pela lei parecem-me um legado to considervel quantoqualquer herana transmitida pelas lutasdo sculo 17 ao sculo 18, e uma realiza-

    o cultural autntica e importante da bur-guesia agrria e mercantil, com o apoiodos pequenos agricultores e artesos. (...).Insisto apenas no ponto bvio, negligenci-ado por alguns marxistas modernos, de queexiste uma diferena entre o poder arbitr-rio e o domnio da lei. Devemos expor asimposturas e injustias que podem se ocul-tar sob essa lei (p. 357).

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    258 Nilson THOM.A valorizao dos Caadores diante dos Senhores. Tributo a teoria...

    Lembrando Robin Hood:

    Voltando ao captulo quinto, neleThompson expe o governo real simuladoda floresta, com o Rei Johneleito pelo

    povo. O lder seria a lendria figura do ci-dado Robin Wood, atuante na Inglater-ra antes da vigncia da Lei Negra (p. 179-185). Aqui, onde se nota o uso da literaturacomo fonte, diz ele que

    ...tampouco h qualquer evidncia quan-to identidade do rei John. As baladas deRobin Hood ainda passavam de boa emboca, mas esse Robin Hood de carne e

    osso retirou-se, talvez para alguma pro-priedade na floresta, para ser esquecidodurante 250 anos, sem deixar atrs de si(at onde pudemos descobrir) nenhumalenda, nenhuma lembrana popular, nemsequer uma cano(p. 185).

    Pela forma como produziu o livro,desmascarando os Senhorese relevandoos Caadores, resgatando o outro ladodos acontecimentos, Edward Thompson

    bem que poderia ser chamado de o RobinHood da historiografia moderna, no pelovis do mito da Floresta, mas pelo real daHistria.

    A Histria pelo outro lado

    Para melhor entender Thompson naproduo de Histria precisaramos, antes,

    mencionar extratos de outras obras suas,no mnimo, o livroCostumes em Comum.Estudos sobre a cultura popular tradicional(So Paulo: Cia. das Letras, 1998), mais AFormao da Classe Operria Inglesa,nosseus trs volumes (Rio: Paz e terra, 1987)19

    e, ainda,As Peculiaridades dos Ingleses eOutros Artigos (Campinas: IFICH/

    UNICAMP, 1998). No muitas so as suasobras traduzidas para o portugus, em com-parao lngua espanhola; em citaesde autores espanhis, encontramos men-es a mais de vinte obras, entre livros eartigos em revistas, s quais no tivemosacesso por dificuldades aqui. Todavia, umamplo estudo biogrfico dele ou uma an-lise de todas as suas obras, no o objeti-vo do presente artigo20.

    em Senhores e CaadoresqueEdward Thompson mostra melhor sua for-ma de produzir Histria vista de baixo,

    numa estratgia de valorizao dos feitosdos povos oprimidos (contra as atitudes dosopressores), dos dominados (contra os ins-trumentos usados pelos dominadores), ali-ando a narrativa crtica para expor acorrupo poltica e o descontentamentopopular na sociedade inglesa do sculoXVIII e desenvolvendo, ao mesmo tempo,uma interpretao diferente da lei e do di-

    reito. Por isso, recomendamos a leitura des-ta obra, no apenas a historiadores ou afi-cionados por Histria, mas principalmen-te a professores, advogados, juristas,ambientalistas, ecologistas e legisladores que encontraro, a cada pargrafo, a ex-posio de fatos extensivos a uma realida-de bem atual no nosso Brasil.

    Em trabalho recente de doutora-

    mento, Telmo Marcon faz referncia im-portncia atual histria popular, enten-dendo-a como histria cultural-popular, ouseja, construda a partir das experincias degrupos populares. Para ele:

    Os sujeitos que tradicionalmente ficaram margem das pesquisas histricas pas-sam a ser valorizados em suas experi-

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    ncias particulares, visto que o ponto departida no mais o universal e nem odominante. Esta metodologia foi propostae implementada por vrios historiadores,merecendo destaque as pesquisas deThompson, especialmente aquela sobre aLei Negra. Esse trabalho um bom exem-plo de pesquisa orientada por uma con-cepo de histria que trabalha na pers-pectiva dos grupos populares (MARCON,2003, p. 31).

    ConclusoConclusoConclusoConclusoConcluso

    No seu texto, especificamente,

    Thompson pouco menciona a escola

    21

    ou aeducao nesta ilha e naquele sculo. En-tretanto, com estilo diferente do habitual, elealinhava um modelo, com teoria e mtodoprprios, incomum, para emtese se historiartambm a educao. o que estamos ten-tando fazer no desenvolvimento da pesqui-sa para a nossa tese de doutoramento emHistria da Educao na UNICAMP, sob a

    batuta do Prof. Dr. Jos Lus Sanfelice, centradana Regio do Contestado e tendo por refe-rncia a Guerra do Contestado22, a partir dopressuposto de que inegvel uma mudan-a no perfil da pesquisa em Histria da Edu-cao no Brasil e a influncia que a HistriaCultural tem tido nela23.

    A pesquisa prende-se a uma tentati-va de construir aHistria da Educao no

    Contestado, sem descuidar da suavinculao a outros fenmenos sociais,polticos, econmicos e culturais e vari-veis que contribuem para sua compreen-so e que consideramos de fundamentalimportncia para entendermos o processoeducacional catarinense, paranaense e re-gional, uma vez que, nesta Histria, duran-

    te a primeira parte do perodo estudado, aEducao serviu s oligarquias dos doisEstados como instrumento de dominaoe, na segunda parte, s oligarquias cata-rinenses.

    Com a pesquisa, estudamos a evo-luo histrica da Educao da Regio doContestado24a contar do Imprio, durantea Primeira Repblica e a Segunda Repbli-ca a coronelista e a populista at porvolta da Redemocratizao de 1946, a partirde fontes originais, analisando as contradi-es entre as classes dominantes e domi-nadas, entre os interesses das oligarquiase as necessidades da populao, e entre ouso do ensino para fins polticos e a buscada instruo para a incluso e a ascensosocial.

    Mais especificamente pretendemos:investigar os registros histricos de alfabe-tizao e escolarizao do Estado doParan, relacionados ao Contestado

    Paranaense, bem como os dos municpiosparanaenses da regio, caso a caso, at oano de 1917; transplantar para a Histriade Santa Catarina as informaes sobre aInstruo Pblica e a Educao praticadanas escolas confessionais dos ncleos co-loniais, nas subvencionadas e nas particu-lares, atinentes ao territrio obtido doParan em 1917; estudar os aspectos

    evolutivos da Educao no Estado de San-ta Catarina durante a Repblica e as con-tradies existentes na Regio do Contes-tado entre a minoria dominante e a maio-ria dominada, durante o coronelismo, opopulismo e a entrada do neocoronelismo;e, associar os fatos relacionados Instru-o (oficial e comunitria) e s polticas

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    educacionais adotadas pelos respectivosgovernos, com as evidncias concretas en-contradas no dia-a-dia do passado dasescolas pblicas, as subvencionadas e asparticulares.

    Propositadamente, deixamos por l-timo a meno a interessante abordagemsobre Histria da Educao e Histria Cul-tural, feita por Thais Nivia de Lima e Fon-seca25, quando ela expe sua viso sobrea Histria Cultural a partir de Roger Chartiere de Carlos Ginzburg (por ela citados, entreoutros expoentes, como os autores identifi-cados com as razes da Histria Cultural),deixando de mencionar outros, como EricHobsbawam e, principalmente, Edward

    Thompson e, assim, sem destacar a liga-o do ingls com a Histria Cultural e apossibilidade de se utilizar seus referenciaisterico-metodolgicos em inovadoras pro-dues em Histria da Educao. Eis o de-safio de Thais:

    A contribuio que a Histria Cultural,como campo dotado de aportes terico-metodolgicos, pode dar ao avano daHistria da Educao est no descorti-namento de dimenses ainda pouco ex-ploradas, fora da escola e da escolarizao,bem como a imposio corajosa de novosolhares sobre essa que uma dimensoj tradicional. Urge (...) tambm um esfor-o de anlise mais apurado sobre a pro-duo em Histria da Educao que se

    proclama afinada com a Histria Cultural,movimento necessrio para a reflexo cr-tica de nossa prpria ao como historia-dores. Que esse exerccio de anlise pos-sa instigar tanto os que desejem se enve-redar nos caminhos da Histria da Edu-cao, quanto os que, j estando neles,sintam que possvel e necessriorevitaliz-los (FONSECA, op. cit., p. 72).

    Revitalizar caminhos da Histria daEducao com pressupostos da HistriaCultural no campo do Social e na vertentemarxista, conforme instrui Edward

    Thompson e ele mostra isso ser possvelnos moldes deSenhores e Caadorestrabalhando na perspectiva dos grupospopulares, geralmente formados por seg-mentos de dominados, assim valorizados, um atraente desafio!

    NotasNotasNotasNotasNotas1Professor na Universidade do Contestado Campus

    de Caador (SC). Graduado em Histria. Mestre emEducao. Doutorando em Histria da Educao naUniversidade Estadual de Campinas UNICAMP.2THOMPSON, Edward Palmer.Senhores e caado-res.A Origem da Lei Negra. Trad. Denise Bottmann.2 ed. Col. Oficinas da Histria. Rio: Paz e Terra, 1997.3Vale a pena conhecer este instrumento do Estadopara a defesa da propriedade britnica, a Lei Negrade Walthamna ntegra, disposta neste livro comoapndice, entre as pginas 363 e 373. No apenasporque esta lei foi o alvo de Thompson, mas, tam-

    bm, porque ela revela uma outra faceta da socie-dade inglesa, pouco conhecida entre ns.4HOBSBAWN, Eric.Sobre Histria. So Paulo: Cia.das Letras, 2002, p. 97.5Indicamos, por exemplo, a leitura de WILLIANS,Raymond. Cultura e Sociedade. So Paulo: Nacio-nal, 1969, e de MARTN, Pedro Bentez.E. P. Thompsony la historia.Un compromiso tico y poltico. Madrid:Talasa, 1995.6J expomos estas caractersticas emUma novaHistria para o Contestado.Caador: UnC, 2004.7FONTANA, Josep. Histria depois do fim da Histria. Trad. Antonio Penalves Rocha. Bauru (SP): Edusc,1998, p. 13.8HIMMEFARB, Getrude. Apud FONTANA,Josep, op. cit.9Thompson faleceu em 1993, aos 69 anos de idade.10HILL, Christopher, na introduo de AsPeculiari-dades dos ingleses e outros artigos, p. 3.11FALCON, Francisco. Histria das Idias. InDom-nios da Histria. Rio: Campus, 1997, p. 108).

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    Srie-Estudos... Campo Grande-MS, n. 18, p. 247-263, jul./dez. 2004. 261

    12Ver a confernciaO Cultivo de uma historiografiaengajada com a histria e a memria da educaobrasileira, da Prof Dra. Marta Maria de Arajo, daUFRN, no 2 Congresso Brasileiro de Histria daEducao, da Associao Brasileira de Histria daEducao (SBHE) em novembro de 2002.13FALCON, Francisco, op. cit., p. 103.14Ver: THOMPSON, Edward.A formao da classetrabalhadora na Inglaterra.15Ttulo original: Whigs and Hunters.16Ver: RODRIGUES, Jos Honrio.Histria e histori-adores do Brasil. 1965, p. 14.17Inferncia: uma induo. admisso da verda-de de uma proposio que no conhecida direta-mente, em virtude da ligao dela com outras pro-posies j admitidas como verdadeiras.18

    Ver: THOMPSON, Edward.As peculiaridades dosingleses e outros artigos. Trad. Antonio Luigi Negroe Srgio Silva. 3. ed. revista e ampliada. Col. TextosDidticos n. 10, v. 1. Campinas: IFICH, Unicamp, jan.1998. A primeira parte, das quatro que compem apublicao, tambm ficou conhecida como A Mis-ria da Teoria(Rio: Zahar, 1981).19Crtico da ideologia dominante, Edward Thompson mais conhecido no Brasil pela obra Formao daclasse operria inglesa, pois, nos trs livros que acompem (I - A rvore da liberdade, II - A maldio

    de Ado e III - A fora dos trabalhadores), marcou ahistoriografia social contempornea, recriando asexperincias de vida dos trabalhadores ingleses emostrando que esta classe operria tomou parteativa na sua prpria formao. A obra foi publicadaoriginalmente na Inglaterra em 1963, consagrandoThompson como grande historiador.20Sugerimos, por exemplo, a leitura de ArtigoFrag-mentos de um possvel dilogo com Edward PalmerThompson e com alguns de seus crticos, do Prof.

    Sidnei Munhoz, publicado na Revista de HistriaRegional. Ponta Grossa, v. 2, n. 2, p. 153-185, inver-no. Pode ser acessado no endereo: www.rhr.uepg.br/v2n2/sidnei.htm.21Por exemplo, pgina 55, ele menciona a exis-tncia de uma escola de caridadeem Windsor sao tratar do proco Waterson.22Conflito que aconteceu entre 1913 e 1916, envol-vendo, de um lado, a populao sertaneja (cabocla)e, do outro, foras militares e civis. A Histria consi-dera que foi um destacado evento histrico, resul-tante da revolta da populao regional ordem vi-gente, ou seja, uma insurreio da populao cabo-cla contra os governos do Paran e de Santa Catarina.23FONSECA, Thais Nivia de Lima e. Histria da edu-cao histria cultural. In: VEIGA, Cynyhia Greive,

    FONSECA; Thais Nivia de Lima e. (org.).Histria ehistoriografia da educao no Brasil. Belo Horizon-te: Autntica, 2003, p. 61.24O Territrio Contestadocompreende toda a reageogrfica no tempo presente integrante das regi-es Sul e Sudoeste do Estado do Paran e do Nortee Oeste do Estado de Santa Catarina, objeto da Ques-to de Limites, tendo por fronteiras: ao Norte, osrios Negro e Iguau; ao Sul, os rios Canoas eUruguai; a Leste, ora a Serra Geral, ora o RioCanoinhas, o Rio Timb, o Rio do Peixe ou o Rio

    Marombas; e a Oeste, a Argentina. J a Regio doContestado a rea geogrfica localizada dentrodo Territrio Contestado, hoje no Centro-Oeste doEstado de Santa Catarina, habitada pelo Homem doContestado, onde ocorreu a Guerra do Contestado,limitada: ao Norte, pelos rios Negro e parte do Iguau;ao Sul, pelos rios Canoas e parte do Uruguai; aLeste, pela Serra Geral; e a Oeste, pela Serra daTaquara Verde e pelo Vale do Rio do Peixe.25FONSECA, Thais Nivia de Lima e. op. cit., p. 72.

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