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c V—^ TTCÍ D ANNO XXIV TB RIO DE JANEIRO. I DE MAIO DE 1929 O PATO DO VISINHO NUM. 1.230 ar ——jr—j—w—|r-|—|— —ri1 f~ f """-- I j M~~\ J~T ~5TI Na cerca que marca o limite do t erreno que pertence a Carrapicho haLamparina, outro dia, surprehen deu o pato invadindo os domínios í_m buraco por onde um pato visinho mette a cabeça para catar insectos. alheios com seu olhar desconfiado. ÍÊTÍ5 mt A negrinha, então, fez um laço com um pedaço de arame, armou-o _un- .. .ficou esperando pela visita do pato. Quando elle então mettesse a ca- ; to ao buraco da cerca e...beca curiosa seria capturado. ar ^_^^^^^LT_kj[;l | |j| [ .' | D _ SS *_-_-v H «-w».» . v-w» y-vw»-»» »**»»»_¦ ^*-~jSg___=g________£_^-________-__________^^ STi»iv>_vwyvv»vivvvAvv~vvvvv w\_w»*«t____________________l—31 _-fr-—-_--^?-. ,_=-^-—n mimi íir—rum. Entretanto quem appareceu pri meiro foi o velho André, visinho deo pato veio depois,espiou pelo buraco e a negrinha ouxou o laço. Mas' .apicho, que'percebeu o plano da Lamparina.o velho.. ÍT ecce._drt,n,ettencí0 a ">5o por um buraco da cerca, levou um phosphoro . .e o fogo, que entáo manifestou nas palhas seccas. chamuscou as Per- a um monte de palhas que estava debaixo da Lamparina. nas da negrinha e o pato fugiu em pas.

TI NUM. 1.230 TBmemoria.bn.br/pdf/153079/per153079_1929_01230.pdfO TICO-TICO — 4 — 1 — Maio — 1929 O Pf155flRIDH0 ÇA COBRA (LENDA PARA O MEZ DE MAIO) Nos tempos da chamada

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c V—^ TTCÍD

ANNO XXIV

TB

RIO DE JANEIRO. I DE MAIO DE 1929

O PATO DO VISINHO NUM. 1.230ar——j r—j—w —| r-| —|— —ri 1

f~ f """-- I j ~~\ J~T

~5 TI

Na cerca que marca o limite do t erreno que pertence a Carrapicho ha Lamparina, outro dia, surprehen deu o pato invadindo os domíniosí_m buraco por onde um pato dó visinho mette a cabeça para catar insectos. alheios com seu olhar desconfiado.

ÍÊTÍ5mt

A negrinha, então, fez um laço com um pedaço de arame, armou-o _un- .. .ficou esperando pela visita do pato. Quando elle então mettesse a ca- ;to ao buraco da cerca e... beca curiosa seria capturado.

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Entretanto quem appareceu pri meiro foi o velho André, visinho de o pato veio depois,espiou pelo buraco e a negrinha ouxou o laço. Mas'.apicho, que'percebeu o plano da Lamparina. o velho..

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ecce._drt,n,ettencí0 a ">5o por um buraco da cerca, levou um phosphoro . .e o fogo, que entáo sé manifestou nas palhas seccas. chamuscou as Per-a um monte de palhas que estava debaixo da Lamparina. nas da negrinha e o pato fugiu em pas.

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O TICO-TICO — 2 — Maio — 1929

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Maio 1929 *-. 3 — O TICO-TICO

LINDINHA — LUAi— "A bençam, Dindinha-Lua í

A bençam, Dindinha-Lua!"

E a lua vinha por traz da serra,Redonda e branca, como uma rodaDe andor de carro de procissão;Lyrios choviam por sobre a terra. ..-Ficava tudo branco... branquinho....Telhados.. casas... torres..., caminho.Eicava tudo como algodão. ..-

E a meninada corria á rua,Gritando todos, em confusão,Braços erguidos, erguida a mão:

i— "A bençam, Dindinha-Lua!A bençam, Dindinha-Lua!"

E a lua branca, num grande véo,Velhinha boa, subia o céo...)

1

>— Dindinha-Lua, dá-me um vestido!.. _i— Dindinha-Lua, dá-me dinheiro!. ,.jCada menino tinha um pedido,Cada um queria pedir primeiro.. #1

Meus amiguinhos! Que longe vão!rQue doce e grata recordação!

E ah! quantas vezes, hoje, no outomnoDa minha vida! Nesse abandonoDe alma que punge desolador.. „Si vejo a lua nascer da serra,•Redonda e branca, como uma rodaDe andor de carro de procissão,Sinto um aperto no coração. 'E erguendo os olhos ao céo, sosinhó,Digo a mim mesmo, muito baixinho,Muito eommigo, cheio de ardor:-—Dindinha-Lua, dá-me um carinho!i— Dindinha-Lua, dá-me um amor!

Adj-xmar Tavares.

A MORTE DA GRIPPE

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O TICO-TICO — 4 — 1 — Maio — 1929

O Pf155flRIDH0 ÇA COBRA(LENDA PARA O MEZ DE MAIO)

Nos tempos da chamada Idade Media, era com-muni achar-se em meio das florestas ou no alto dasmoMtanhas uma pequena construcção que não merecia onome de choupana, ou uma caverna onde os animaespacificados partilhavam da habitação de um ermita.,

Mas, o que vem a ser um ermita?!Agora, que elles são varissimos, é necessário ex-

plicar:Um ermita, e um homem que, para viver exclusi-

vãmente dedicado aos louvores de Deus e á intercessãoem favor do próximo, retiravam-se das cidades, e iamse estabelecer num qualquer buraco, bem longe das no-vidades mundanas.

Houve ermitas celebres, como São Bento, São Ber-nardo, e outros, que depois de ser tornarem santos,sahiam de suas tocas por ordem de Deus, para traba-Hiarem com uma multidão de homens, que lhe obedeciamcomo soldados, instruindo a mocidade, desenvolvendo alavoura, fundando escolas e hospitaes, levando portoda a parte a civilisação e o progersso, o consolo e oremédio, para todos os males da alma e do corpo.

Um destes ermitas, tinha por companheiro um pas-sarinho, desses que podem imitar a voz de gente... ede tanto ouvir o bom homem repetir "Ave-Maria"!!! aàvesir.ha aprendeu também a litida saudação á Mãe deDeus.

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Um dia em que, tendo machucado gravemente o pé,o ermita ficara sentado á porta de sua cabana, viu, cerniterror c pena que o pobre passarinho ia ser tragado poruma serpente!...

Quando ia elle gritar, para espantar o mísero pas-saro, este, já pertinho da bocea escancarada do medonhoréptil, soltou como um brado de alarma: "Ave-Maria"

A serpente apavorada deu um bote para traz, eatirando-se ao chão, desappareceu entre os capinzaes.,

E o passarinho alegre, saltitando de galho em ga-lho, voltou para a sua casa, onde elle e o seu velhoamigo passaram o resto do dia repetindo, como um hy-mno de louvor e gratidão:

Ave-Maria!... Ave-Maria!.. 3Gímma D'Ai-ba, '

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(PROPRIEDADE DA SOCIEDADE ANONYMA "O MALHO")Redactor-Chete Carlos Manhães — Director-Gerente: Antônio A. de Souza «iSlIva __-nftft

Assinaturas _ nrasil: 1 anno, 25S000; O meies, 1S$000 — Estrangeiro: 1 anno COSOOO O m^*?*™>.%As assinaturas começam sempre no dia 1 do mez em que forem tomadas e serio «««»»¦ »"•£«'

g -_""-«* iTtíSd»TODA-* CORRESPONDÊNCIA, como toda a remessa de dinheiro (Que pôde ser feita po •- vale Postalou°""a . ";a^,r*™com va.or declarado.), deve ser dirigida ft Sociedade Anony ma O, MAiJIO— Rua do Ouvido -.16

^- E"?fc.^s

VMla B'47O MALHO - Rio. Telephones: Gerencia: Norte. 6402. Bscriptorlo: Norte: 5818. Anmmcios: Norte 6181. Off'cln«S • V >"a 0.47.Succursal em Sio Paulo, dirigida pelo Dr. Pl!:do Cavalcanti — Rua Senador jfeiJO n. »T. *• andar, balas 86 e 87.

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CiÇOQfê^^^^ÜOüO

Meus netinhos'.

POR QUE PESTANEJAMOSpalpebras? O liquido que todos vocês co-nhecem pelo nome de lagrimas é secretadopor uma pequena glândula, através de umcanal muito fino, até aos olhos.

Quando as palpebras pestanejam, istoé, abaixam-se e levantam-se, esse liquido,

Existe um grande numero de cousas,que todos os meninos vêem diariamentemas não são capazes de lhes saber a origem,a significação. Por que pestanejamos? Serão vocês capazes de responder a essa per- vae se espalhando pela superfície dos olhosgunta? Talvez, um ou outro menino, já e lavando, limpando, levando comsigo to-iniciado em estudos, seja capaz de respon-der. Mas Vovô, cuja preoecupação maioré a cultura, o bem estar de vocês, vae dizeraos meninos que o pestenejar, o movimci; -to rápido das palpebras, tem por fim umaúnica cousa: •— a limpeza da face anteriordos olhos. O movimento de pestenejar é

das as partículas de poeira ou de outraqualquer substancia que por ventura exista.

Nem todos os animaes, meus neti-nhos, têm palpebras e, por conseguinte,nem todos, pestanejam. As cobras, porexemplo, não possuem palpebras mas nempor isso deixam de ter sempre limpa a su-

produzido por uma serie de músculos que perficie dos olhos. E' por que ellas possuemestão situados nas palpebras. Mas, per- sobre o globo ocular uma pellicula dura, es-guntarão vocês, o simples movj mento

* das pecie de escama, que as protege contra o

palpebras, attritando sobre a face do globo contacto do pó/das hervas e das pedras.;;ocular, limpa-o de impurezas, de partículas Viram assim, os meninos a funeção

" de pó que por ventura sobre ella caiam? principal da lagrima e ficaram sabendo porNão, meus netinhos, as palpebras por si sós que pestanejamos. Como a explicação quenão limpam. São as lagrimas que se en- Vovô acaba de dar a vocês ha outras, decarregam da limpeza da face anterior dos factos e de cousas que os meninos conhe-olhos. A funeção das lagrimas é, assim, cem e vêem mas cuja significação ígi.o-de agente hygienico. ram.

Mas de onde vem as lagrimas para as

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O TICO-TICO 6 —. 1 — Maio 1929

?OTICOTICO

NASCIMENTOS

<$> <& O Sr. Orestes Vieira da Veiga e sua esposaD. Eugenia Cavalcante Ve:ga participaram-nos o nasci-mento de seu filhinho Jayme, oceorrido no dia 24 doiíiez ultimo.

$> <«> Nasceu o menino Paulo César, filho do Dr. AldoCastro e de sua esposa D. Virgínia Lopes de Castro.

<S> <$> Nasceu a 2 do mez ultimo o menino Amancio,filhinho do Dr. Alberto M_.th.eus de Almeida e de D. Vir-gn a de Magalhães Almeida.

«$> «$ Chama-se Leda a linda menina que veiu enri-quecer o lar do Sr. Álvaro cie Albuquerque e de sua es-posa D. Célia Vidal de Albuquerque.

ANNIVERSARIOS

filho doG> $> Faz annos hoje o menino Adahyl,Dr. Salvador Pereira de Oli-veira. v

*$> ® Festejou sabbado ul-timo a passagem de seu an-niversario natalicio a meninaEsther, filhinha do Sr. Ame-rico de Almeida.

<?> ® Esteve hontem emfestas o lar do Dr. Mucio deOliveira por motivo do anni-versario natalicio de sua en-cantadora filhinha Olga Vir-ginia.

$> 3> Completou seisannos no dia 26 do mez findoo estudioso joven Ary deMendonça, nosso leitor resi-dente em Campos.

«$ 3" Passou domingo ul-timo a data natalicia da gra-ciosa Maria de Lourdes, fi-Ihinha do Sr. major MarioCastello.

^ ^> Faz annos hoje o menino Clovis deBrito, nosso intelligente amiguinho.

<£ «^ Transcorreu a 22 do mez ultimo o anniversarionatalicio do intelligent. Emmanuel, dilecto filhinho do Sr.Eduardo Ribeiro Geddes e sua esposa D. Lelia CordeiroGeddes. Emmanuel, que completou 2 annos de risonha exis-tencia, já aprecia O Tico-Tico.

<$> <$> No dia 24 do mez ultimo, commemorou o seu an-niversario natalicio a amiguinha d'0 Tico-Tico Dalva Re-zende, filha do Sr. Sylvio de Paiva Rezende e D. MariaNazareth Carvalho de Rezende.

<í> <S> Festejou domingo ultimo a data de seu anniver-sario natalicio a graciosa Eunice, dilecta filhinha do Dr.Murillo de Almeida Porto.

F. M LEILÃO . m :„

•$> '3> Estão cm leilão as seguintes amiguiiilras que euconheço: Quanto dão pelo signal de Lourdes? pelas graci-nhas de Luciola? pelas amizades de Álvaro? pelas traves-luras de Regina? pela bocea de José Carlos? pela bondadede Odette? pela f.anjinha de Marina? pela elegância deMaria Eliza? pelas conversas de Heitor? pelo sorriso deSylvia? pelos cabeltos de Emilia? pelos dentes de Maria

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Almeida

Thereza? pela gordura de EIsa? pelos olhos seduetores deHélio?, pelo moreno de Güda? pela intelligencia de Helena?e quanto dão pela leiloeira? — li. F. C.

v <S> Estão em leilão as seguintes pessoas da minhaamizade: Quanto dão pela bondade da Aydil ? pelos estudosda Joanninha? pela meigutee da Dalva? pela intelligenciado Artemido? pela sinceridade do Milton? pela amzade doCarlos? pelas sobrancelhas da Irene? pelo modo de falar daMarina? pelos olhos da Laura? pela ingenuidade da Jeari-nette? pela delicadeza da Pepita? pelas maneiras do José?pela tagarellice do Jefferson? e pela lingua afiada do —Illustre Desconhecido?

<s> * Estão em leilão as seguintes senhorinhas e ra-pazes da Rua Dr. Silva Gomes: Quanto dão pelas gracinhasdo Milton? pela altura de Octaciíia? pelo falar de Mariazi-nha? pela bondade do Quito? pela simplicidade de Cila'pelos cabellos de Alice? pelos olhos de Adolphna? pela ele-gancia da Hermê? pelo sorriso de Estella? e quanto dão

pela minha lingua ? — P. C.

SECACO DA DOCEIRA...

3> <3> Querendo fazer tur.bolo intitulado Bolo de Amor,adquiri os seguintes preparos:150 grs. da altura do Carlos,30 grs. da brejeirice da Jean-nette, 800 grs da amizade dcMilton, 850 grs. da intelligen-cia da Aydil, 300 grs. da bon-dade da Abigail, 50 grs. daelegância do José Geraldo, 2kilos da meiguice de Calva, 3pires dos estudos do Artemi-doro, 250 grs. das rizadas daIrene, 450 grs. do juizo daVenancia, 750 grs. dos olhosda Laura, 70 grs. da gracio-sidade da Hlida, 600 grs. dosmodos da Esmeralda, 100 grs.do porte da Adelia, 55 grs.

das graças da Pepita, B.3 grs. das graças do Bibi, 80 grs.da gordura do Milward. Vae em fôrma untada com asmaluquices do Jefferson e será. repartido pela graciosa Jo-anninha. — Doceiro Mysterioso.

DE CINEMA.p'.

® * Querendo organizar um íilhi intitulado O Peccadodc. um 6í?i;'o,^contractei as seguintes senhorinhas e rapazesque conheci na rua D. Zulmra:

Yolanda G., a Dolores Costello; Yolette, a Polly AnnYoimg; Augusto, o Reginald Denny; Álvaro, o Gary Co-oper; Miragaya, o Jack Coogan; Nietta, a Lois Morair;Armando, o Don Alvarado; Yolanda, a Joan C.awford;Eulaíia, a Esther Ralston; Marina, a Norma Talmadge; Ge-raldo, o George Lewis; Antônio, o Harold Lloyd; Lúcia, aLee Parry; Genlnha, a Virginia Valli; Paulina, a JosephíneEacker; Lourdes, a Dolores Del-Rio; Ada, a Pola Negri;Edina, a Lupe Velez; Cyrenne, a Colleen Moore; Murillo,o Raymond Keaine; José S., o Ramon Novarro; Luiz, o Gil-berto Roland; Marillio, o Harry Laugdori; José, o IvanMou joskyne; Miguel, o William Haines; Waldemar, oWilliam Boyd e eu o direetor do film.

John Ford.

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Maio — 1929 — 7 — O TICO-TICO

CORAÇÕES— O meu filhinho é o meu thesouro, o meu sonho, a minha

vida. O dourado de seus cabellos tem mais encanto do que

o fulgôr de todas as auroras. O azul do céo não é tão lin-

do como o dos olhos do meu filhinho. Quero-o muito e

elle me quer tanto que parece não saber querer a mais

ninguém! Não é assim, meu filho? E o riso encantador e

puro do menino respondia á mãe dedicada que era, era

era assim mesmo! E o menino cresceu, foi rapaz, era já

um homem. A mãe dedicada envelheceu, foi ficando tre-

mula, franzina mas nunca deixou de repetir que o filho

era um thesouro, era o seu sonho, a sua vida.: No co-

ração da velhinha só morava o filho adorado, elle

só. No coração do filho tambem morava

;'.'"¦ ~S

uma mulher, mas não era tão velhinha

como a mãe dedicada para quem o

filho era um thesouro, um so-nho, a própria vida.

TIA CAROLINA

rmmrr* —^Âwmmmwm Ja\ I ÍB -~~**¦ **ã aga^PÇ

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Í..K Qttil.

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O TICO-TICO — 8 — maio — VJ2'J

(-hstopia dç üíd Qoneeo dç PauCAPITULO Si

(Continaaçdo)

Logo que Pinocchio se despediu da Tainha, foitacteando na escuridão. Andando dentro do mons-tro, approximou-se da luz.

Emquanto caminhava sentia que andava den-tro de água como que lamacenta. A água tinha umcheiro insalubre de peixe.

Quanto mais andava, mais disuneta se Corna-va a luz, até que, finalmente, quando chegou aolim, sabem o que elle viu? Viu, assentado junto auma mesinha. com uma vela no centro, enfiada den-tro dc uma garraía verde,.um velhinho, com cabel-les c barba brancos, comendo peixinhos vivos. Aovér o pobre homem, Pinocchio ficou tão content?que quasi desmaiou. Quiz rir e chorar ao mesmotempo. Nem sabia o que fazer . Quiz falar, masas palavras não vinham. Dando um grito de ale-g:ia, correu e lançou-se nos braços do velho e fi-nalmer.te poude dizer:

"Oh, meu querido papae! Finalmente enecn-trei-o e agora nunca, nunca mais o deixarei'"

"Não será um sonho.3" disse o velho, esfr»gando os olhos. "Será que estou vendo meu queri-do Pinocchio?-

"Sim, sim, sou eu. o Pinocchio! E o senhor jáme perdoou, não é? como é bom meu querido pae!E pensar que... Oh! mas se o senhor soubessequantas cousas já me aconteceram, quantos desgoc-tos e privações! Imagine que o dia em que ven-dei; o seu paletó para comprar a cartilha de A B C,eu fugi da escola e encontici-rne com outros boné-cos de pau. O gerente quiz me pôr no fogo paracozinhar a carne que queria comer.

Entregou-me cinco moedas dc ouro para eu lhr?dar, mas encontrei-me com uma Raposa e um Gato,que me levaram para a estalagem do camarão ver-mclho. onde comeram como leões. Deixei a es-talagem aquella noite e encontrei-me com 03 assas-sinos que me perseguiram e. finalmente, me pega-ram e me penduraram na Peroba Grande. Então,uma linda Fada, de cabellos azues, enviou uma car-ru3gem para

cos disserm que se eu não estava morto era um si-Eiial de que estava vivo Preguei uma mentira emeu nariz começou a crescer tanto que eu não podia passar pela porta do quarto. Depois -encontreia Raposa e o Gato, que me aconselharam a plantaro'meu dinheiro e vêl-o crescer. Perdi-o todo, poiacreditar na historia delles. Fui dar parte ao juize elle me mandou prender por ter sido tão tolo.-Depois que fui posto em liberdade, estava commuita fome e, ao procurar um cacho de uvas, fuipreso numa armadilha e o fazendeiro prendeu-mee me fez servir de cão de guarda. Depois que des-cebri os ladrões que roubavam suas gallinhas, deu-me a liberdade, encontrei-me com uma serpente comcauda fumegan;e e el!a ríu-se tanto de mim. quemorreu.

Cheguei em casa da Fada, mas lá ella não es-tava mais. Como fui infeliz! Uma Pomba, vendo-me chorar, disse-me que o havia visto fazendo umabarca para ir me procurar; eu então disse que setivesse azas, voaria para onde o senhor estava. APomba mandou que eu montasse em suas costas elevou-me á praia, onde chegámos na manhã seguiu-te. Ahi vimos muitos pescadores na praia e ellesme disseram: "Olhe lá aquelle pobre velho! ellevae naufragar, porque o mar está tão bravo!" Corrie subi em cima de um rochedo e o reconheci, por-que o meu coração me dizia que o Sr. lá estava,Fiz um signal, pedindo que voltasse".

"Eu também te reconheci", disse Geppetto, "e

teria de bôa vontade voltado á terra, mas como?0 mar estava tão bravo e minha embarcação

era. tão frágil... Então o Peixe-Câo, que estavaperto de mim. enguliu-me como se eu tosse umavastilha*

^1

"Ha quanto t?mpo esta aqui'""Ha dois annos, Pinocchio, que parecem dois

séculos".Como viveu? E onde achou vela e phospho-

ros ¦""Dir-te-hei. Felizmente, quando o monstro me

enguüu, engulíu também as provisões que eu le-vava.,,

"O que? Elle enguliu tudo de uma vez?""Então! mas não gostou do mastro; usou-o

como palito e depois jogou-o fora. O barco esta-va cheio de conservas, figos, passas, café. r.^çucar.velas e phosphoros. Estava, bem supprido. rnaaeftou queimando a minha ultima vela*',

* E depois ? ""Depois, meu querido, ambos teremos que fi-

car no escuro".**Então, papae, não temos tempo a perder. De-

vemos fugir"."Como?""Devemos sahir pela bocca do Peíxe-Cão e

cfpois nos atiraremos ao mar""Mas eu não sei nadar. ""Não faz mal, Pôde montar em minhas costas

c lev&l-o-ei á terra"."Você está sonhando", disse Geppetto, sacu-

d indo a cabeça."Experimente. De qualquer modo teremos ao

menos a consolação de morrermos juntos."

{Continua)-_*__m_^ÊÊÊÊ_\ É0

" J.\> —_r^í^^^^^^^^^>__\

levar-me á casa delia, onde os medi-» >^o^^ fl» ^^*>>$^v' ^____^^J^^_\^ i$\\___________\\ I

——— ' — I ~ '-'¦ VALL APARES' QtStMMOIJr-

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A M O © W 1 N H © S1/ M®SS©S

^"nmtm g^^c^sa-v ^íifiiiiniiiiiiw *****

' ^mX'sW Maria Ij dULl^Vi i^l de P^<^É ^m Hà, **) Lourdes

sssr sssvH ^B

«f V—^^K/nfeàssssT^^S^ K»-' ijj^;*>**i JssssHst IsW ftffllKl sV ssssH>7V3i VKBs^sssssssssssssshJ ? > * . .' fLí > l BrissPW. sK ¦jjjHsssssff %8i*- isssfl

ssH íft-vsu':'^*. Hr*

sssssssssT W •' ÍsssssHsU W#

WWWWwSrJandyra, Nathalia, Oswaldo, Juditb,Olga, Nelson e Waldir Louireiro

Carlos, filhinho do Sr. Joa-quim Pinto Ribeiro.

Washington e HildebrandoRocha.

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Nas praias,onde

mora a fada Saúde

mm m

y ^áftk mora a fada Saúde éPS

Kl- I mwWmm^ ^^ÊM\mmMMMMMM^mX.

A linda Joyce Coad *•.._-—-—- Joyce Coad é uma

vae tomar banho de linda americana quemar faz fitas para vocês.

*23K2 K_l^__________i___ÍH Bn.\ /w a JáZr^T — ^

wSm^TS9mmLmHl^m\ 9 H''" '¦ UT^ ¦. m\aw^^mmm^ti ^^^^m"^*mM^^^^^l

Na praia de Copacabana mora

uma fada chamada Saúde. Foi

ella que mandou collocar ali

uma porção de diversões

para as creanças

Os exeicicios de gymnastica

nas praias de banho são ne-

ceosarios ás creanças, porque

as tornam sadiaS, robustas,

alegres e felizes.

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1 — Maio — 1929 — 11 0 TICO-TICO

D. João VI •— P Rei do Brasil

Os primeiros annos do Século AtAvieram encontrar Portugal em situaçãodifficil perante os grandes acontecimentospoliticos que se desenrolavam na Europa,quasi toda vencida c submcttida por Na-poleão Bonaparte, imperador dos france-zes e o maior guerreiro dos tempos moder-nos.

Querendo conservar attitude duvidosa no grande conflicto entre a Inglaterra eNapolcão, que contra sua maior e maisforte inimiga decretava o bloqueio conti-dental, incorreu Portugal nas iras dogrande capitão, que' nâo tardou em desfe-rir tremendo golpe contra a autonomia doreino luzitano. Ao mesmo tempo que ris-cava Portugal do mappa da Europa, man»dava invadil-o por um exercito ás ordensde Junot.

Quando'a noticia desses tactos cnegouv Lisboa, grande foi o alvoroço na capitaldo reino, completamente impossibilitadode resistir aos invasores, tal a desorgani-6ação que lavrava na administração publi-ca.

Após scenas dolorosas üc desanimo eterror, tomou o principe D. João, regentedo reino, em virtude de alienação mentalda rainha D. Maria I, a deliberação de fu-gir com toda a corte para o Brasil, únicomeio de salvação para a -familia real, amea-Cada de cahir prisioneira dos soldados

HISTORIA

DE

NOSSA PÁTRIA

_

ABERTURADOS

PORTOS

írancezes. jã em marcha forçada pelasterras portuguezas.

No dia 29 «le Novembro de 1807,quando os soldados de Junot já batiam ásportas de Lisboa, partiu do Tejo. pretegi-da pela esquadra ingleza. a frota real

Batida por forte temporal em altomar dividiu-se a grande frota em uuas

partes, indo uma ter á Bahia e outra aoRio ile Janeiro \

1 Na primeira dessas cidades desembar-cou D João VI. assignando ahi o decretoda abertura des portos brasileiros ao com-inercio das nações amigas.

'"Este acto. de 28 de Janeiro de 1808.escreve eminente autor patricio, marca adata da nossa independência econômica,'que viria trazer inevitavelmente, a inde-

pendência politica em 1822 EmDora essase demorasse por alguns annos. a outranos dava vantagens que obstavam a im-

paciência. Çom ei feito a animação foi talno commercio e tantos os lucros realizados

que. pouco depois, o governo extendia amedida ás colônias africanas. Começou-se a cuidar dos ries navegáveis, das estra-das e do apparelhamento do porto."

• E' preciso assignalar que essa medi-'da, que tão grande e tão benéfica influen-cia teve no desenvolvimento do Brasil, foitomada por inspiração de José da SilvaLisboa, Visconde de Cayrú, notável poli-tico dos "GVandes Vultos da Independen-

ÍÜJ !— TEÜ

}osé da Silva Lisboa—Visconde de Cayni

cia": "A' grande intelligencia e a<> bcílocaracter reunia os dotes de elevadíssimacultura. Era certamepte das mais notáveismentalidade., brasileiras e em qualquer sce-nario do mundo teriam sobresahido as ca-racteristicas de sua personalidade illustre.

Nasceu em 1756 e falleceu em 1835.depois de haver prestado ao Brasil os maisassignalados serviços- ^" A vinda de D. João VI para o Brasiltrouxe grandes benefícios para o nesso

paiz. _Logo depois de sua chegada ao Rio de

Janeiro, levantou a prohibição que pezavasobre as industrias agora declaradas livresfl" de Abril de 1808) e creou, depois, alémde outras instituições, como a ImprensaRegia. Banco do Brasil e Bibliotheca RealL

Com c progresso do commercio e daindustria estabeleceu-se dentro de poucotempo, vantajoza corrente immigratoria;sendo O nosso paiz preferido por estran-

geiros qye, procurando campo para desen-Nvolvimento de sua actividade, aqui vinhamtrabalhar pela prosperidade da terra./

Dentro de pouco tempo attingiu oBrasil a elevado grau dc civilisação, tor-ínando-se "mais populoso, mais rico, maisforte e tão instruido como a •mãe-pátria",segundo a affirmação de um eminente es-tadista norte americano.

. C VA .I.ABA»- . —• PE . -.r-HÇ-i- I

1 ¦ ,uí i ¦¦¦ -¦'¦¦ ¦¦¦ .. ¦— .- .¦¦¦¦n M^a.p. ¦¦ i—¦—i ~

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O TICO-TICO — 12-i Maio — 1929

¦C%x\r~^y^ ÁT^LÁ ^^/fvr^Jfàv^WÈÊ&ÊQ- W*mw^^^m\^^JO/l^L^W^y<y^^l-^i

I M AManhã de primavera. Nascia o sol no horizonte,

espargindo sobre tudo a serena belleza dos seus raios.Uma alacridade immensa, ao despertar da Natureza,enchia o ambiente de alegria e dulçor: era a sympho-nia maravilhosa dos pássaros que se fazia ouvir. Oaroma das flores, disperso no ar, punha uma doçuraem cada cousa: — era a alma da primavera, que des-pertava. Foram-se os dias, de outomno, daquelle ou-tomno de paizagens mortas e de poentes louros, e, en-tão, entrava o reinado da primavera. De novo, as ár-vores se refloriram, e, de novo, os pássaros vieramcantar, para sonorisar a apotheose da primavera de

• luz. 'Foi na luz feita de ouro daquella manhã de pri-

mavera, por entre os resplendores ethereos de um céode saphira, que a velhinha, de cabellos de neve, sentiusaudades do tempo passado,

E, triste, em êxtase, fitando a luz do arrebol, quese desfazia em prata, ella evocou a historia grande ebella de sua existência.

A alma daquella velhinha, em cujos cabellos a nevefez derramar toda a sua brancura, tinha perfumes delírio.

Como se haviam ido tão depressa as suas alegriase a sua mocidade!

Com que tristeza, agora, com as mãos tremulas, aface encarquilhada, ella revia a visão passada de suavida!

Com que sincera melancolia via o resplendor daprimavera, ella que tivera nas faces, outriora, o rubordas rosas primaveris! que tivera nos olhos o brilho se-reno dos céos de opala, nas manhãs de luz!

Selene — como se chamava a velhinha — forafeliz, e se embalara ao canto enganador da felicidade.

"Ella que pensava na felicidade eterna via, agora, adestruição de todos os seus sonhos. ..

Então, tão só, revendo a felicidade passada, pen-sava no fim da vida.

Ella, que era a alma triste do outomno, e via aalma sempre moça da primavera, sentia, no coração,a saudade e a desdita.

Onde os seus tempos dc luz c alegria ? Onde aquel-Ia felicidade eterna que cm vão sonhara e lhe fugira?

Immersa na sua tristeza, Selene escutava, silen-ciosa, da janella, os gorgeios das aves.

E tão extatica estava, que não vira o seu úniconetinho entrar.E foi a seu chamado que acordou do êxtase:Vovó, que estás fazendo ?Estás te lembrando de mamãe?

Selene, escutando as palavras do netinho, sorriu,porém, com tristeza.

Por que rir ante a realidade fria de tudo, ella queconhecera os infortúnios da vida e as suas illusões?O netinho, muito louro e pequenino, com seus oito

annos, reflectia, nos olhos, a innocencia dos anjos.Tambem elle, sabia-o a velhinha, não podia ser fe-

liz: orphão, sem amparo, seria uma pobre flor quemirrasse esquecida e sozinha.Por que seus olhos reflectem somente a bo-

uança e a felicidade? — pensava a velhinha.Podia elle ser feliz, talvez ?E, abraçando-o docemente, assim lhe disse Se-

Iene:Darcy, dize-me, que desejas hoje, nesta manha

rutilante de primavera?E elle, innocentemente, disse:

— Eu desejava, vovó, que vivesses a cantar, comoos pássaros, aquellas cantigas que cantavas na mocida-de, como me dizes sempre.

Porém, filhinho, nem sempre a gente pôdecantar: canta-se quando se é feliz.-

Porque não és feliz, vovô?Eu não te amo tanto?Porque não cantas para mim, que nunca te ouvi

cantar, as cantigas que cantavas?. E a velhinha, olhando lá fora, via a alegria e a

primavera; e, em seus braços, a alma de arrebol de uminnocente. ..

Quanto contraste para o seu coração angustiado'Em flores se expandiam as arvores, e no céo havia

tons maravilhosos de cores...1— Sim, o mundo era bello para o seu coração, por-

que havia ella de ser, então, triste? Por que não cantar?—- Que importava a realidade fria se, vivendo na

illusão, como noutro tempo, a sua alma se sentia embe-vecida ?

\ E, na ninhã de ouro, pela primeira vez, no ou-tomno de sua vida, ao florir da primavera, ella ficou

a sorrir eml>evecida, c cantou.

Luiz Torci. MoraTo.

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Maio «— 1929 ¦— 13 — 0. TICO-TICO

M O D I N N T I

y%^\¦/) \ da

Ic — Lindo vestido de flantlla

branca, para inverno.

2° — Saia de lã escosseza com

blusão de seda e golla da fazenda

saia.

3° — Lindo vestido de créne se-

.im. Saia plissada dos lados. Blu-

são preso com dois botões.

4* — Camisolinha para Baby, de

seda co_n barra de cutra côr e bor-

dada.BORDADOS

Motivo de uma fábula de La-

Fontaine — a andorinha e os pas-

sarinhos pequeninos.

Letras e monogrammas para

V\\\yf^* ^§**\\\ íijy ^%í^ v|^A. roupa branca-

íÁ \ \\\ & \ J\T rcM k>

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O TICO-TICO -14 —

O D I S F A R Ç E D A

Vivia outrora na lendária Hol-landa, — a terra dos poéticos moi-nhos e dos diques represando aágua do mar, — uma familia mo-desta de gente honrada e trabalha-tlora.

Os quatro filhos do casal, em-bora ainda pequeninos, ajudavamos paes no arranjo da casa, baten-do o leite para fazer a manteiga eo queijo, vigiando a gado no pas-to, e sendo econômicos para evitardespezas. constantes de roupas ecalçados.

- Acontece, porém, que o chefe dafamilia adoeceu, não podendo maistrabalhar como dantes e assimavultaram as despezas com reme-dios e dieta.

Resultou disto ficarem atraza-dos no pagamento das décimas eoutros impostos devidos á fazen-da real.

O cobrador dos dízimos era umhomem severo e cruel que não ti-nha a menor compaixão dos po-bres.

Quando algum se atrazava nopagamento das contribuições ellefazia a cobrança impondo pesadasmultas de que usufruía a metade efinalmente lhe confiscava os bens,reservando para si o que era de me-Ihor.

Vivia elle perseguindo a familiacujo chefe adoecera.

Queria receber os impostos eme-trazo, ameaçando as pobres crea-turas de lhes tomar tudo que pos-suiam.

Comprehendendo a situação af-flictiva dos paes, a pequena Eliza-beth, que era a filha mais velha docasal, foi procurar o feroz cobra-dor das décimas, pois sabia queelle costumava passear á tarde pe-los cáes dos diques, fiscalisando oserviço dos trabalhadores.

Levou ella comsigo os tres ir-mãosinhos, afim de ver si com-moveria o coração dô inflexivelfunecionario,

O homem, porém, era inexora-vel. Não se rendia a nenhum pedi-do, a nenhuma supplica.

Ao contrario disto, ainda insis-tiu nas ameaças e, por fim, voltouas costas ás creanças, não lhesprestando mais a minima attenção.

Voltavam ellas já de todo des- !

Elisabeth lhe contou o que sePassava...

osperançadas, quando uma jovensenhora, parecendo componeza, detoucado branco e ampla capa es-cura, que, de longe, presenciaratoda a scena, as chamou, indagan-do do que se tratava.

Elizabeth lhe contou o que sepassava e ella prometteu, então, seinteressar pela sua sorte e dosseus.

Effectivamente, logo á noitedaquelle mesmo dia, um medico degrande fama foi visitar seu pae

1 — Maio ¦— 1929

R A I N H Â

enfermo, receitando e fornecendo-lhe ainda os necessários remédios.

No dia seguinte o feroz cobra-dor de impostos appareceu na mo-desta morada do casal, e quandotodos, assustados, julgaram queelle ja cumprir sua promessa defazer o arresto de tudo, elle tiroudo bolso a quitação das dividas, e,¦— o que mais é, — a doação dacasa e terras, aquella pobre familiaque não sabia como agradecer aDeus tantos benefícios.

Estava próxima a grande festaannual do reino, celebrando maisum anniversario da coroação da jo-ven rainha e durante a qual, todos ¦os subditos que o quizessem, po-deriam ir ao palácio real felicitarsua soberana.

Elizabeth, cujo pae estava járestabelecido e trabalhando comooutr'ora, obteve permissão para irtambem ao palácio real.

Vestiu seu melhor trajo, e paralá .seguiu.

Qual não foi, porém, sua sur-preza quando reconheceu na rainhaa mesma joven senhora desconhe-cida que tão prompta e generosa-mente a soecorrera! ?...

Lauçou-se aos seus pés agrade-cendo tantas mercês. Outras crea-turas já faziam ali o mesmo, agra-decendo á rainha ter demittido desuas funeções o famigerado cobra-dor de impostos, nomeando para osubstituir o pae de Elizabeth, queera um homem probo e honrado,bemquisto por todos.

A rainha para conhecer as ne-cessidades do seu povo se disfarça-va ás vezes em uma simples cam-poneza e assim, ouvindo as queixasde uns e de outros, fazia um go-verno de equidade e justiça.

Trancoso o

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1 r- Maio — 1929 -15- 0 TICO-TICO

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A PAGINA DE D E S E NHOiiiiirmrm*nwmrffltti|nmiii_l_^

-|III0liniinillllIl]DI!!lllli!lll!IIHIIiltniinUlllQlUII!10linillTIIIlllllll_!l!!lll

Depois de colorido a lápis de côr ou. aquarella, ps dese- I

1 nhos desta pagina devem ser enviados á redacção d'0 Tico-

Tico. Os autores dos melhores trabalhos verão seus nomes.

publicados em logar#de destaque.

g***wiiBa*_^fte_*_»v_^^^^^ ¦~~M1WW^^^w«r^

Na semana ultima, destacámos

do grande numero de desenhos

coloridos que nos foram envialosos dos seguintes meninos:

Nenette Martins, Ofélia Rezen-de Reis, Horacio Pereira, Helder

Serra, Maria do Carmo da CostaQuental, Archimedes M. Souza,Sylvio Santos, Diogenes Gama,Amaro Vieira, Odette Cruz, Os-waldo Trindade, Laercio Meneze;

J e Edith Cruz.

iiiiiiininii:ini!iiiiKiiiiiiiiii!3i!!!n!!!ni!iiiii_

r^L_ T'l'

iVuin, o hábil desenhista que

todos conhecem pintou a figura

ao lado, de um engraxate <le rua.

Vocês podem escrever o que sa-

bem sobre a vida do engraxate

,' de rua, geralmente um menino que

procura mitigar a desventura cm

que a pobresa o atirou com o tra- ,

ballio, honesto, é verdade, mas

rude demais para os peque

O.&.UiUin

$iM^f$)

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o l X C O - T I C O — 16 — Maio — 1929

A DÁDIVA GENEROSAMariasinha vivia com sua mãe, uma pobre senho-

ra, viuva e enferma que não podia trabalhar.Outrora foram ambas tão felizes...Viveram num lar tranquillo e amigo, com a pre-

sença do velho militar reformado que, era a bondadepersonificada.

Mariasinha era tão boa que, para 'amenisar o sof-

frimento de sua mãe e proporcionar maior conforto ásua casinha tão pobre, ensinava ás creanças da vizi-nhança as primeiras lições.

Todos os vizinhos conheciam da resigm.ção daquel-Ia pobre joven que sacrificava tudo por sua mãe.

Era de uma dedicação extrema.As outras jovens, iam á missa aos domingos, ves-

tidas graciosamente, dansavam constantemente, sóMariasinha, não se afastava do leito da sua mãe.

Louvavam-lhe a dedicação e todos a queriam bem.Um bello dia, pela manhã, Mariasinha abriu a ja-

nella da pequenina sala e viu sobre o tapete uma cartadirigida a si. ..

Teve ímpetos de abril-a mas pensou que não eraleal, pois, deveria antes, mostral-a á sua mãe.

E foi. .. A velhinha com as mãos tremulas abriu osubscripto e viu cahir na cama uma cédula de 500$ eum bilhete com estas palavras :."á boa filha — o au-x'lio de um desconhecido".

Mariasinha ficou triste e nervosa.Mamãe, devemos devolver este dinheiro. E'

(üemasiado para o nosso infortúnio!Eu trabalho e bem ou mal, vamos vivendo.

Filha querida, disse a mãe: — esse mysteriodesconhecido é mandado por Deus — nas minhas ho-ras de silencio eu oro e peço a Elle que melhore a nos-

sa sorte.E's franzina, de saúde delicada, se trabalhares con-

timiamente como fazes agora, adoecerás e o que será demim e de ti?

De mim, que sou velha e enferma, e de ti que éso meti anjo tutelar!

Esse dinheiro, vem de algum modo auxiliar-nos —trabalharás menos e te alimentarás melhor!.. e eu dur-mirei tranquilla porque te sentirei ao abrigo de necessi-dades.

Foi um anjo bom, cre filha, foi Deus que se com-padeceu de nós!

E a velhinha tremulamente começou a chorar.Mariasinha, não poude argumentar com a sua bon-

dosa mãe c acariciando-a disse: — Seja feita a tua von-tade oh! meu Deus!

A velhinha guardou num pequenino cofre o di-nheiro.

Mariasinha, que sempre fora alegre como um pas- .saro, pois, cantava desde o nascer do sol ,nas suas oc-cupações caseiras — a casa era asseiada, as louças e pa-iicllas luziam — na mesa dc jantar sempre havia flores

bellas, na cama de sua mãe lençóes branquinhos e tudoera feito pelas mãos maravilhosas daquelle anjo queridoque só descansava ao entardecer.

Mas, a of ferta do desconhecido em parte suavisouas agruras das duas infortunadas, mas, Mariasinha con-tinuou no seu trabalho embora a mãesinha lhe implo-rasse que devia descansar.

¦— Não posso, minha querida mãe, o dinheiro aca-ba-se e depois será difficil trazer as ovelhinhas ao redil.

As ovelhas a que ella se referia, eram os seus alu-mnos.

E Mariasinha, tinha razão, pensava muito bem!Mas, o generoso desconhecido que tudo observava

achou ainda mais louvável e digno o proceder da jovene de três em três mezes continuou a enviar a offertaclandestina. ..

Mariasinha, cautelosa e previdente, embora cercassea sua mãe de mais conforto guardava as suas econo-mias.

As outras jovens do lugar passavam á sua portaostentando garridamente lindos vestidos e convida-vam-n'a para passear...

Não posso ir, dizia Mariasinha.Não terei prazer em divertir-me quando sei que a

minha mãe adorada soffre no seu leito.E's boba! assim, perderás a tua mocidade!

¦— Que me importa, já a perdi desde que não vejominha mãe feliz.

Passaram-se mais dois annos e as offertas gênero-sas sempre se suecediam.

Mãe e filha, estavam attonitas e curiosas de conhe-cerem o seu bom protector que se oceultava tão bem...

Mariasinha, começou a espreitar, queria conheceressa alma tão piedosa e tão digna!

E uma noite oh! surpreza inaudita, a candeia ca-hiu-lhe das mãos com o imprevisto admirável.

O seu protector era um joven bello e forte, era ofilho do fazendeiro mais rico dos arredores e que ellatinha visto uma vez, quando fora buscar remédio parasua mãe.

>— Desculpa-me Mariasinha. . . se ás dez horas, eupasso pela tua porta como um salteador — procuro oesconderijo onde costumo collocar a minha dádiva parate auxiliar — sei que se t'a of ferecesse pessoalmente nãoacceitarias e por isso, trago-a occultamente.

Obrigada, generoso amigo! mas, fazes mal,porque assim nos habituas a um conforto que não pn-deriamos ter.

Não importa Mariasinha; és tão boa, tão nobree tão digna que eu quero que sejas a minha esposa.,

Mariasinha ficou estupefacta, esse era o principedos seus sonhos e ambos correram para junto da velhi-nha enferma ciue os abençoou chorando.

Rach-X Prado .j

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Maio — 1929 .12 O TICO-TICJ

FAUSTINA FAZ COMPRAS

inL/fr

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N' T U A L 1 Â DI Sede sempre pontual nas entrevistas, diz o grande poeta francez Boileaii, porque os que esperam não pensam se-

não nos defeitos dos que se fazem esperar.

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O peámpamento GsdteipoA PONTE

-- m '-j^A i \©x\©© // J$£.'-2.2. A CONTINUA NO PRÓXIMO NUMERO

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fi TICO-TICO — 20 — 1 — Maio — 1929

COLLÀBODÀÇÂOPASSEANDO

A'S MINHAS AMIGUINHAS BEATRIZ ASSISBRASIL E OLGA ZULCO

Nem uma nuvem empanava o puro azul do céo.A lua debruçava-se na janella do Zenith e do seu

rosto despendia-se uma luz prateada intensa,A lagoa Manguaba já não tinha ò aspecto pântano-

so que a reveste nos dias ardentes: era um immensolago de pérolas alvissimas, agitado por uma aragemfresca e suave.

Os arbustos corpulentos e os musgos verdejantes,que ornam as margens da Manguaba, formavam umafila estensa que se perdia de vista em roda das águasprateadas, formando assim, um quadro pittoresco.

Uma frágil canoa começou agitar-se. Eu e tres dasminhas amigas nos accommodamos na rústica embar-cação que logo começou a resvalar, sob o impulso doremo; deixando após sua passagem uma faixa lácteasobre as águas crystalinas.

Chegámos a um ponto em que dois canaes, comoserpentes gigantescas, se arrastavam lentamente pelosolo para formar um só, mais volumoso, mais altivo,mais admirável. ,

A minha satisfação augmentava, uma volúpia dealegria se apoderava de mim, porém, nuvens negras co-meçavam a apparecer no céo e já a lua entrava em seuocaso. Era tempo de, voltar para casa.

A minha humilde penna não pôde rabiscar sobre opapel uma descripção completa da serie de attractivosque desfructei naquelle soberbo passeio, de que só aminha memória conserva traços saudosos.

Lydia dü Tiiyatira.

____FÍ_*>! ^b^mlr^^ÀO LIVRO

Se houver um objecto tão útil, prestativo, semambição, ha ser tanto como o livro.

O livro é o mestre que nunca se enfada de ensinar,e que a todos os seus discípulos trata com o mesmocarinho, e nesta empresa de tão grande valor, o livronão olha riquezas.

E' o livro a mina que contém todas as sciencias,desde a mais humilde á mais altiva, desde a mais re-mota até a mai$ conhecida.

O livro transmitte os pensamentos de uma idadea outra, sendo assim, tambem, um grande factor da ei-vilisação.

Se uma sciencia é grande, nunca é de mais paraque um livro não a possa conter: a musica, a mathema-tica, as línguas, a mecânica, a philosophia, etc, sãotranstnittidas nos livros para darem ao mundo ho-mens immortaes como Carlos Gomes, Ruy Barbosa,Luiz de Camões e outros que com os seus nomes en-cheriam muitos pergaminhos..

^^^\y^y^

Quantas riquezas não foram encontradas em ai-iarrabios? Muitas.

O homem que nunca procura instruir-se, é umfalto de espirito, pois. não conhece os favores que po-dem prestar os livros.

Bias, quando foi expugnado da cidade de Pirenejuntamente com todos os seus compatriotas, apesarde não levar nada sob os hombros do que pudessetransportar, era o mais rico de todos, pois. levava osaber que os livros lhe haviam presenteado.

Eis uma pequena descripção, que não chegou a fa-lar nos múltiplos benefícios que os livros encerram.

Lydia m-, Tiiyatira.:

T^W

QUEM SEMEIA VENTOS,,,.A* MEU AMIGO B. BEDIM

Conta-se que em certo tempo, viviam numa fio-resta, muito amigos, um rato e um tucano. Era verão.;O tucano passava os dias em companhia do rato, quetrabalhava para a construcção de sua toca, ao passoque aquelle em vez de tratar de fazer o seu ninho, vi-via a cantar, rir, contar anecdotas, historias, etc; equando o ratinho o aconselhava que fizesse o seu ni-nho elle respondia:

— Amanhã vou começar.E passava esse amanhã, sem que elle se lembrasse

do ninho.O tempo foi passando. Chegou o inverno, dessa

vez mais rigoroso que nos annos anteriores. O rati-nho como todo bom trabalhador, teve sua toca parase acalentar. O tucano que ainda nem tinha começadoa fazer o ninho, correu á toca do ratinho, pedindo-lheprotecção. O rato a principio, negou-lhe fazendo-lhelembrar os conselhos que elle lhe dera. Mas com aspromessas do tucano que faria o ninho logo que che-gasse o verão, o ratinho accedeu.

Chegando o verão, o tucano escarneceu da bon-dade do pobre ratinho e ainda para mais, empurrou-opara dentro da toca e fechou a sahida com pedras.]Mas o rato que era muito hábil, cavou a terra por den-tro e fez a sahida de outro lado. Passou-se novamente overão, todo cheio de amarguras para o pobre ratinho,pois, o tucano, vinha todos os dias insultal-o e mal-tratal-o sem que no emtanto, se lembrasse de fazer oninho. Novo inverno, e rigoroso como no anno ante-rior. O ratinho, muito bem socegado recolheu-se á suatoca quentinha. O tucano, sem um logar para se abri-gar, lembrou-se de novamente implorar a protecção doratinho que desta vez se mostrou intangível apesar,dos rogos do tucano. No outro dia ao abrir a porta, orato deu com o tucano morto a um canto.

Moral: Quem semeia ventos, colhe tempestades.Ivo Rodrigues — (13 annos). ,

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Maio — 1929 — 21 O TICO-TICO

A CAIXA IH*y*TERlO/KvSÓ QUEM PÔDE TORCE O BIGODE

O Sr.: Adhemar or-

ganisára uma pescariapara aquella manhã, norio que formava umadas divisas da chácara;como distasse apenasdois kilometros da casade moradia, a caravana

Armados de varas, an-zoes, peneiras, emfim de tudo queera preciso, as creanças exultavamde alegria e tagarellavam todas aomesmo tempo.

As tres meninas teimavam emandar sobre a relva, ainda salpica-da de orvalho, e soltavam gritinhosquando uma gotta mais fria lheshumedecia as pernas.

— Fiteiras! exclamou Sérgio,quando chegarmos, ao rio, dou-lhesum banho inteiro para as curar.

— Não senhor, dícidiu Dadi-nho, vae-se proceder já, ao "ba-

ptismo dos calouros da matta"; elentamente subiu a uma arvore sa-cudindo-a sobre os companheiros:

foi uma algazarra seguida de cor-rerias.

Então, Octavio eventou áidéa de se festejar o baptismo"dos calouros da matta", en-feitando: as meninas com pa-rasitas e orchidéas e os rapa-zes "com barba de pau", águiza de cabelleiras bigodes ecavaignac.

As meninas souberam prendercom graça, as flores entre os ca-bellos encaracolados, no collo e nacintura, mas os rapazes estavamtão engraçados e mesmo de aspectotão grotesco que o Sr. Adhemar oscomparou a tropheus indígenas.Mas Dadinho descartou-se;

Só quem pôdeTorce o bigode,

è franzindo o nariz para seguraras barbas postiças, torceu-lhes aspontinhas como um commendador;emquanto Fábio co fiava, com pose,o cavaignac.

De repente Dadinho, que ia adi-ante, parou admirado e com osolhos arregalados, parecia exami-nar.

O Cuiú-Cuiú

— Papae, acho que o mundo vaeacabar,! E o menino estava arre-piado. Veja estes peixes que estãoandando por terra com toda acalma.

O pae e também os outros accu-diram promptamente e Sérgio ain-da confirmou:

E' mesmo: o Gaudencio disse

que quando tudo estivesse ás aves-sas seria o signal do fim doinundo.

As creanças estavam apavoradase Nina já quasi chorando, masSr. Adhemar deu uma risada gos-

¦ j8|§§|k

O Cascudo

tosa e explicou o caso, tranquilli-sando o bando:

Qual fim do mundo o que!Não ha motivo para tamanho es-

panto, pois, essa migração dos pei-xes nada tem de extraordinário; os"Tamboatans" quando não estãocontentes na lagoa ou no riachoonde vivem, caminham grandesdistancias por terra, empregandoás vezes dias consecutivos nessastravessias.

E como é que não morremfora da água?

Porque, duraste esse tempo,não respiram o oxigênio do ar,.

mas vivem das reservasarmazenadas nas guelras.

E tomando nas mãosum Tamboatan dirigiu-seao Sr. Álvaro:

— Trata-se de umaespécie semelhante aosverdadeiros Cascudos,que, porém, possuemapenas duas series de

placas ósseas e espinhos nos flancos.duas series de placas ósseas, e espi-nhos nos flancos. /

¦— Sim, pois, os Cascudos pro-priamente ditos, são armados denumerosas placas ósseas.;

As creanças acompanhavam omovimento dos peixinhos comgrande interesse. Uma minhocaque estava no caminho, recebeu adespedida commovida de Sérgio:

¦— Adeus, minhoca, que o Tam-boatan vae te comer.

Mas o senhor Adhemar disse-lhes que os peixinhos não se ali-mentavam em excursão,.

— Aprenda com elles, Stel-Ia: você, que não sahe decasa sem um farnel.

E como se não houvesse no-tado a confusão da menina aose fazer allusão á sua gulodi-ce, Dadinho passou a falar so-bre a utilidade das minhocas..

—- Pape, meu professor aconse-

lhou-nos a proteger as minhocas,

pois, que ellas muito contribuem

para o afofamento da terra.

>— Como assim? perguntou Nina

que ainda não vae á escola.

Da seguinte fôrma: perfu-ram o solo em diversos canaes em

busca de alimento, desaggregando a

terra, arejando-a, elevando adubo

ás raizes .

Pois,, eu faço as pazes comesse bichinho tão feio e nogento,

e prometto protegel-o.

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MISS BRASII/ Versos e musica de E. WANDERLEY

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1 — Maio — 1929 — 23 — O TICO-TICO

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J Eu na In_çrU_ terra or_ cru. lho. _. sa A no._ _ ta

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1 -mo sa jEu sou a missAt-ti.on #<:.

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O TICO-TICO =-24-- i — Maio — 1929

A LENDA D O CAFÉO cafceiro de cujas sementes torradas e moidas, se

faz a deliciosa bebida que tanto apreciamos, e que hojeconstitue uma das principaes riquezas do Brasil, não écomo alguns pensam, uma planta do nosso paiz. Suppoz-se a principio que sua pátria fosse a Arábia, dahi a suaclassificação dada por Linneu de "Cof fea Arábia". Es-tidos posteriores demonstiaram ser a sua origem daÀbyssima, nas proximidades da Kaffa, de onde elle foilevado para a Arábia, nos princípios do século XV.

Os Árabes contam varias lendas, sobre a origemdo uso da infusão das sementes do cafeeiro como be-Lida.

Kahué era um joven orphão que pastoreava cabrasde Ali Salem seu tio, velho avarento e mesquinho. OraKahué era de natureza indolente e preguiçoso, e quandoguardava o seu rebanho, deixava-se vencer pelo somno.

De seu descuido se aproveitavam os lobos, queabundavam naquellas paragens, para assaltar o rebanhoe roubar as melhores cabeças.

Kahué quando acordava, desolava-se de sua pregui-ça, pois, sabia que seria recebido pelo velho Ali, comoacontecia em taes occasiões com insultos e pancadas.

Outras vezes, era o próprio Ali que sabendo dapreguiça de Kahué, vinha aos montes para inspeccionaros seus rebanhos, e se o apanhava dormindo segurava-opor uma orelha acordando-o a ponta-pés.

Kahué desesperava-se com tal situação; e, bomcrente como era, sempre fazia suas orações, pedia aoSenhor que lhe desse um meio de vencer o seu defeito.

Uma noite em que muito rogara a Deus para quelhe valesse, Kahué sonhou que um anjo lhe apparecerae dissera (pie reparasse no que suas cabras comiam,quando estavam muito cansadas, e que fizesse comoellas.

Na manhã seguinte levando as cabras para o altode uma montanha, Kahué notou que as mesmas co-miam com avidez, as bagas vermelhas de um arbusto de

folhagem verde esouro e Ius-trosas; lembrando-se de seusonho, fez como ellas, e apezar de sentir um mau gostoque tinham naquelle estado, comeu uma boa porção,notando logo um refoiço de energia e boa disposição,ao mesmo tempo que desapparecia o somno de que eraatacado quando em serviço.

Não tardou que o velho Ali descobrisse o segredo deKahué.

Fazendo varias experiências, verificou que a infu-são das sementes torradas e moidas, produzia uma de-hciosa hebida que reconfortava, alegrava o espirito, ti-rava o somno, e dava novas energias.

Aproveitou-se o velho avarento, para tirar partidoda descoberta de Kahué, e vindo se estabelecer na cida-de mais próxima, ahi abriu o primeiro estabelecimentoem que se vendia café, fazendo uma grande fortuna.

Em pouco tempo o uso do café, espalhou-se por todaa região, conservando o nome do pequeno pastor que adescobrira, "Kahué".

As primeiras plantas de café que vieram a America,foram trazidas em 1716, por M. Dechueux e só con-seguiram vingar, devido a dedicação de seu portador.Durante a longa viagem, que era feita em morosos na-vios de vela, escasseou a água, e os passageiros forampostos á ração. Decheux para salvar aquellas plantinhasque lhe tinham sido confiadas por ordem do rei, repar-tiu com ellas a sua ração de água, conseguindo assimsalval-as, acelimatando-as na Martinica de onde maistarde foram introduzidas na Guyana Franceza.

Dahi foram trazidas para o Brasil, em 1723, porum brasileiro por nome Palheto, e plantadas no Pará.Em 1770, foram feitas no Rio de Janeiro as pri-meiras plantações, e dahi espalhando-se pelo resto do

paiz, onde existem hoje enormes plantações, e consti-tuindo a nossa principal exportação.

M. Ribeiro de ÀemEida'.

M

França.Inglaterra.It.lia.Hespanha.Allcmanha.

(CORO)

Hollanda.Rússia.Portugal.America do NaBrasil.

I — Trança

BHespanha:

R

A mim na vivacidadeJamais nenhuma outra gütiha,Rainha da alacridade,Eis aqui a Miss Hespanha.

III Allcmanha:

Eu sou a miss franceza,A minha elegância o diz;A graça junto á bellc-zaEu sou a Miss Paris.

Inglaterra:Eu, na Inglaterra orgulhosa,A nota dou do bom tom*Fina, distineta, formosa,Eu sou a Miss Albioti.

II -- Itália:Da terra que a melodiaPor todo, o Universo espalhaEu sou, tendo a primaziaQue vae ganhar Miss Itália.

"lom calma, serena e esperta,Como outra igual nunca vi,Minha victoria é na certa;Miss Allcmanha eis aqui.

Hollanda:

Da terra linda dos moinhos,Com a graça que Deus me deu,Eu sei todos os caminhos,Pois Miss Hollanda sou eu.

IV Rnssia:

Do bello um typo perfeitoEm mim qualquer um verá,Não tenho o menor defeito,A Miss Rússia aqui esti.

Portugal:

Entre as mais bellas do miütidoJamais encontrei rivalNo typo forte e jocundo,Eu sou Miss Portugal.

V — America do Norte-i

Soberana entre as mais lindasDe soberbo, altivo porte. 'Eu sou, com graças infinda»,Miss America do Norte.

Brasil:

Com garbo de orgulho extremo,E encanto primaveril,Eu tenho o prazer supremoDe ser a Miss Brasil.

E. WANDERLEY

NOTA — Cantam fazendo evoluções e'devem trazer a bandeira da nacionalidadeque representam.

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Mato 1929 — 25 — ¦ O TICO-TICO

Os pássaros sempre mereceramcantos e odes dos melhores poetas.;

Bilac, Guerra Junqueiro e ou-tros tantos, escreveram magistraes

poesias em seu louvor.O dia das "Aves" será motivo

para interessantes festas em todosos Collegios.

Àquellas creanças que destróemos ninhos, que aprisionam os pas-saros fazendo-lhes uma serie demaldades, deverão fazer nesse dia,a firme promessa de não mais ta-zerem soffrer as queridas avesinhas.

Ellas são o adorno dos. nossosparques e jardins, da nossa exu-berante matta, são os cantores dafloresta.

Ellas saúdam a luz do sol comcânticos maviosos, são bellas nasua plumagemí

Contemplemol-as sem lhes fazerrnalí

Que no dia das "aves" as crean-

AS AVES1 ças brasileiras dêem-lhes liberdade§ para voar, voar.

E dizendo com o poeta:

(Entra com um panno amarrado na ca-bcça, um dos olhos fechados,

"pontos fal-sos" de esparadrapo na testa e no quei--ro, um braço em "talas" e preso ao pei-to em "tipoia", mancando de uma pernae arrimado a uma bengala.' A roupa é cheia dc remendos e os sa-patos velhos e rasgados)

Eu ando mesmo caípora,Contra mim tudo se atira.Nada consigo na vida,Parece até que é mentira i

Sou assim desde pequeno.Desde o dia em que nasci,Pois, mal tinha vindo ao muuUo,IvOgo da cama cahi!

Quebrei um braço e esta perna,Fiquei com um olho vasado,Fracturei quatro costellas,Nem sei mais o que foi quebrado I

Pra concertar tantas " quebras ",

E, de morrer, na immineacia,Foi pedido, a toda pressa,O soecorro da Assistência.

Pois o automóvel que veiuDcrrapou logo em caminho;Matou dois gatos, um cãoE machucou meu visinho.

Fiquei caolho e capenga,E andar assim já me cansa,

Ai£> JTPW MWg-gpí^s- |C )l *-^y

C A I P(MONOLOGO-PARODIA)

Pi>rque gritam quando eu passo:— Fora! Capenga não dansa!

Acompanhando meu passoOs garotos, muita vez,Gritam assim: — Doze, treze,Quatorze e dois: dezeseis!

T'E' que, creanças, os pássaros não

[falamGorgeando, apenas, a sua dor exha-

j" Iam,Sem que os homens os possam en-

[tender;Se os pássaros falassemTalvez os teus ouvidos escutassemEste captivo pássaro dizer:"Não

quero o teu alpiste!Gosto mais do alimento que pro-

[curoNa matta livre em que voar me

[viste;-Tenho água fresca num recanto es-

[curo,Do bosque em que nasci:Tenho frutos e flores,Sem precisar de ti!".

Rachei. Prado.

R A(Avâa mancando -no rythmo das syl-

labas).No collegio onde estudeiSempre fui caipora assim,Outros 'pintavam o sete"lias vinna**a culpa... pra mimi

Si saio á rua é sabidoNão vale ter mais cautela,Acontece-me um desastreParto a cabeça ou a canella.

E esse caiporismo atrozParece que se irradia...Quem commigo andar, cuidado!Porque soffre qualquer, d:...

Um meu collega, — coitado!Por ter sabido commigo,Deu uma tão grande quedaQue teve a vida em perigo:Partiu dois dentes na frente,Esborrachou seu nariz,E não ficou sem orelhasPorque mesmo Deus não quiz.

Estou assim, de uma surraQue, por engano, levei:Outro é qflem ia apanharPorém fui eu que apanhei...

Querem saber de uma rousa?...E' melhor que eu daqui sai..Pois meu azar é rapazDc f..7er que .1 ca

.,:. .MAIA

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1 — Maio 19290 TICO-TICO — 26-.

A. V. A. (Rio) — Responde-mos aqui a todas as consultas quenos são feitas e si não viu a respos-ta a que se refere é que, talvez, nãotivesse procurado bem .

O horóscopo das pessoas nasci-das a 23 de Junho é o seguinte:São dotadas de naturezas oppostasque se contradizem. Estão calmas,tranquillas agora e immediata-mente se enchem de ira, ás vezes,até sem motivo.

Inconstantes e volúveis, emboracom intelligencia fecunda para ra-ciocinar em proveito próprio. Mui-to religiosas e de grande fé no seuDeus.

Hábeis em apprehender logo asduas faces de qualquer questão.,São amigas de resolver os maissimples problemas por processoscomplicados.

São desinteressadas affaveis e/muito amigas da natureza, o que as

faz gostar de viajar.São ainda impacientes e nervo-

sas, devendo procurar corrigir es-sas falhas.

Francisco de AlbuquerquePapiaba Netto (Recife) — Sualetra revela vaidade, pobreza de es-pinto, presumpção orgulho, princi-palmente de seus antepassados coma preeccupação de ter sido parentede Budha na índia, de Confucio naChina, de todos c* pharaós do Egy-pto, de Napoleão, Joanna d.Arc,Pedro Alvares Cabral, Duarte Coe-lho, Mathias de Albuquerque, Dr.E. Coimbra, etc. Ha na sua gra-phia um serio dcsequilibrio men-tal, uma grande pretensão, algumatimidez e ao mesmo tempo desejode ser notado.

Quanto á consulta que faz quei-ra se dirigir directaménte á secre-taria da Escola Militar no Rea- .Jengo que será attendido.

C. M. C. (Olinda) — Sua le-trinha pequenina indica minúciamesquinharia, fadiga, talvez myo-

pia; nota-se desconfiança, calculo,contensão de espirito, dissimilação,bizarrice, capricho, excentricidade.

O horóscopo das pessoas nasci-das em Dezembro é este: Sãoenérgicas, francas, trabalhadoras etão trabalhadoras que lhes faz mala preguiça alheia. Seu gosto pelasviagens as faz ir morrer, ás vezesmuito longe do lugar onde nasce-ram. Gozam muita saúde e vive-rão muitos annos, embora soffren-do grande neurasthenia e exgotta-mento nervoso por excesso de tra-balho«

MyrTo (Bello Horizonte) —.Devia ter mandado sua assignaturae não apenas o pseudonymo paraser feito seu estudo graphologico.

^

O horóscopo das pessoas nasci-das a 2 de Novembro é o seguinte:Desde que vençam os maus senti-mentos com força de vontade eenergia terão uma elevada moral egrande valor..

Os homens serão felizes na car-reira das armas e as, mulheres opti-mas educadoras.

São sensiveis aos elogios e ásrecompensas aos seus esforços de-monstrando muita intelligencia eforqa physica.

De gênio irascivel, irritam-secom freqüência, tornando-se, as-sim, intratáveis.

Com a energia de que são dota-das poderão dominar-se e corrigir;

esses defeitos, transformando seucaracter, ficando affaveis e dóceis.)

A pedra prdilecta é a amethista.Os astros tutelares são Marte e

Júpiter.A flor propicia o cravo.O mez e dia mais feliz: Eeverei-

ro e o sabbado.Bonieda (Capital) — Sua letra

arredondada indica bondade, indul-gência, ternura, um pouquinhotambém de preguiça.

E' também enérgica, um poucoreservada e calma. Vaidosa, gostade ser cortejada e elogiada.

E' alegre, cheia de esperança ècoragem de vencer na vida.

Quando ao horóscopo dos nasci-dos em Junho leia o que digo antesá A. V. A.

Estudante (São Paulo) — E'este o horóscopo das pessoas nasci-das em 9 de Junho: São inquietas,nervosas, susceptíveis e de grandeamor próprio. Caprichosas, tena-zes, não mudando de idéas nemmesmo deante das mais fortes ra~zões, muito embora um motivomuito simples, as fajja, ás vezes, sedesviar do seu propósito.

Gostam de viajar, lutando, po-rém, com difficuldades para rea-lisar esse desejo.

Francas e enérgicas dizem o quepensam sem subterfúgios. Sãoainda compassivas, bondosas defino tacto diplomático, porém, in-constantes nas suas amizades. Ele-gantes, no trajar, são também eco-nomicos, chegando, ás vezes, á ava-reza. Têm sentimento artistico evdevem procurar corrigir seu egois-mo, sua vaidade e ociosidade.

Quanto á outra consulta que faz,depende o preço do formato, nu-mero de paginas, quantidade deexemplares, qualidade do papel,etc. Sem esses dados não se pôdefazer um calculo, nem orçamentoalgum.;

DR. SABÊ-TUDOd

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NOSSOS AMIGUINHOS

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Grupo Escolar Coronel Tobias. 38 Efr Descalvado. — Estado de São Paulo.

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WÊt _______ Bsí- !_¦' íp" ___P__T"V n___V_I

BV José

Preginy eK^^V Joseny, filhos^L*_tw _L-^l<fe_.J ('" tenente J0tiéB^H ^L V_| Caminha Tovar.

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Enisin e Enéasfilhos do Sr.Hustaquiode Andrade.

Eunice, Ernani e Ewaklu, filhosdo Sr. Edmundo Mever.

José, filhinlio di, Sr. JoséRodrigues.

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Slfitimii

/

O prédio da "Escola MixtaRocha Santos", construídocom o concurso popular epor iniciativa do Sr. Alei-des Sá, presidente da S. B.

S. Miguel de Campos.

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Exercícios militares dosalumnos da "Escola MixtaRocha Santos", de S. Mi-

fjuel de Campos.

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y ]•"¦ ¦ ¦ ~. .u¦ IE?¦ ¦

Exercícios. de gymnastica F V * r ' / ' ,, «'»«»

das alumnas da "Escola ^ j.

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•.W¥<r!V-IÍ*^ L , ali11 1 Corpo de alumnos da Eíío-

I Ia Rocha Santos, de S. Ml-' .. guel de Campos.

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Page 28: TI NUM. 1.230 TBmemoria.bn.br/pdf/153079/per153079_1929_01230.pdfO TICO-TICO — 4 — 1 — Maio — 1929 O Pf155flRIDH0 ÇA COBRA (LENDA PARA O MEZ DE MAIO) Nos tempos da chamada

1 — Alaio — 1929 -29 O TICO-TICO

O JACARÉ LOGRADO M^^pFazia ha muito um calor

intenso e um Jacaré matrei-ro aproveitava as horasmais quentes do dia paraaquecer-se ao sol.

O malandro sabia que erao momento em que os ou^

tros animaes vinham se des-alterar e, por isso, punha-seali a espera do primeiro queapparecesse.;

Aconteceu virem logodois porcos do matto, doiscaetitús.

O matreiro jacaré sentiuaguçar-lhe o appetitte e ati-rou-se aos porcos.

Estes fugiram para lon-ge do lago seguidos pelo ja-caré.

Fora ou longe do seu li-

quido elemento, o jacaréperdeu o enthusiasmo e pa-rou debaixo de uma arvoresentindo qualquer cousa pe-5ada lhe cahir nas costas.

Era um macaco que, decima da arvore, vira o am-

phibio aggredir os porcos e

que então lhe falou:— Agora meu grande

lagarto estás seguro!

O jacaré viu-se sem defe-sa pois não lhe podia mor-der, nem lhe bater com acauda.

Então lembrou-se do lagoe correu atirando-se nelle.,O macaco, porém, que jáesperava pelo recurso saltoua um galho deixando o ja-caré cahir n'agua sósinho elogrado.

A. ROCHA

A-F?ocH*y- s~~~ "~^-^-^ ~ '^r'

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O TICO-TICO — 30 — 1 — Maio — 1929

aÊÊmWzk r^áwfí mâãÊ<

_s_i ali __fü-i$~"k_r^^r_r_Kí~"^i_rT~yp

R E o o D ' uAs palavras pronunciadas por Jesus Christo: "Dar

de beber a quem tem sede", têm encontrado formososechos no decorrer da historia da humanidade.

O valente soldado inglez Sir Philippe Sidney per-tence ao numero daquelles que souberam sentir e pra-ticar com verdadeira caridade as palavras de Christo.Era muito instruído e tinha viajado muito; poeta emusico, excellente athleta, bom cavalleiro, possuia umaeducação perfeita de maneiras e de sentimentos. Anobreza do seu coração e a distinccão dos seus modosfaziam de Sir Philippe Sidney o homem mais notávele interessante do seu tempo.

Durante a grande batalha de Zutphen, Sidney foimortalmente ferido. Tinha combatido como um leão.Depois de perder na refrega dois cavallos que cahirammortos e teve de abandonar, continuou a combater,commandando os seus soldados com arrojo no pontomais acceso da luta. Mas por fim foi ferido por umabala, e, como vacillasse um momento sobre a sella, ocavallo, achando-se nesse instante sem governo, es-pantou-se e abalou com elle em correria desenfreadapara fora do campo de batalha.

Encontrando-se assim no acampamento, pediu umcopo de água. Soffria muito, ardia em febre e o diaestava quentissimo.

Com muita difficuldade conseguiram arranjar-lhe um pouco de água. Endireitou-se Sir Philippe, es-tendeu a mão para a garrafa, mas, quando ia leval-a ábocca, viu um pobre soldado ferido que tinha os olhosanciosos cravados na água.

A expressão daquelle olhar fel-o esquecer a suaprópria dor. Com um nobre sorriso inclinou-se para omoribundo e cntregando-lhe a garrafa de água, disse:"A tua precisão é maior que a minha, camarada".i

Um outro heróe se immortalizou por um feito se-

melhante. Foi elle Rodolpho de Habsburgo, cujos des-cendentes governavam ainda ha pouco na Áustria oreino creado pelo seu denodado esforço. Em certa oc-casião encontrava-se Rodolpho com o seu exercito numlogar onde havia grande falta de água e todos soffriamuma sede horrível. Alguém conseguiu arranjar umpouco de água e logo ella foi levada ao chefe do exer-cito como se fosse um grande thesouro. Rodolpho pe-gou no cubiçado copo de água e exclamou:

"Eu só não posso beber; esta água não chega para!todos. A sede que me devora, devora todo o meuexercito".

E dizendo isto inclinou o copo e deitou ao chão oseu conteúdo.

Podemos ainda accrescentar um outro exemplo devirtude christã subordinada ás palavras de Christo:"Dar de beber a quem tem sede".

Durante as guerras do século XVII entre a Dina-marca e a Suécia, certo soldado dinamarquez que foraferido dispunha-se a beber a água duma cabaça quetrazia comsigo, quando ouviu os gemidos dum soldadosueco extendido no chão a pouca distancia e que se es-vaia em sangue. O bom dinamarquez approximou-sedo seu inimigo, ajoelhou-se e chegou-lhe água á bocca.

Mas o sueco, levantando de repente o braço, des-carregou uma pistola e feriu o dinamarquez nohombro.

"Ah! canalha!", exclamou este. "Ia eu fazer-teum favor e em paga queres matar-me!- Pois bem!Tcncionava dar-te a água toda desta cabaça, mas parateu castigo agora só terás metade".

E dizendo isto, ergueu a cabaça, bebeu algunsgoles e logo a entregou ao sueco que momentos antestentara assassinal-o..

-¦-¦ ' .....— | _ Ti_m ___________

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1 — Maio — 1929 31 — O TICO-TICO

O FALSO PRETODois irmãos, jovens serralheiros, foram viajar e chegaram a

Jamaica onde procuraram occupação. Vendo-se sem dinheiro para

se estabelecer, os dois jovens tiveram uma idéa engenhosa para o

conseguir. Um delles, que tinha os cabellos muito crespos, pintou-

se de preto, tingindo a cara e o corpo, e seu irmão levou-o a casa

de um banqueiro, comprador de escravos, ao qual pediu empresta-

das cincoenta libras pela venda daquella negro. Como este era for-

te e vigoroso o irmão conseguiu o empréstimo e, assim que viram

com o dinheiro, o falso preto fugiu de casa do banqueiro.

Os jornaes offereceram em vão grandes recompensas a quem

encontrasse o preto fugitivo pois este, agora, estava bem branco.

Os dois irmãos abriram a sua loja, ganharam muito dinheiro e

voltaram ricos para o seu paiz. Antes de partirem, porém, restitui-

ram ao banqueiro o seu dinheiro e contaram-lhe a aneedota do

falso preto.

AS SENSACIONAES PAGINAS DE ARMAR D'"0 TICO-TICOMODELO DO ACAMPAMENTO ESCOTEIRO

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o r i c o - t i c o 32 — Maio — 1929

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RESULTADO DO CONCURSO N. 3323

A solução exacta do concurso

Solticionislas: — Cecilia Carboncll, Pe-dro Gomes, José Barbosa, Fernando Octa-vio Gonçalves, Celina Araújo Cepeda,Emílio Rodrigues, João Jorge de BarrosStella Pauxis, Fábio Moreno de Mello,Lauro Neves, Mercês Junqueira Gonçalves,Neusa da Rocha Santos, Maria AdelaideLoureiro, Maria Lygia Lourei o, IvanCastello Branco, Berenice Tavares Sabi-no, Nelly Terra Cruz, Aloysio AmaralRocha, Alir Souto, Attilio Teixeira Fa-liem, Ivo Rodrigues, Fernando Oliveira,Manoel Ferreira, Francisco Caetano, Nel-son Pereira, João Luz, Judith Ferreira deOliveira, Álvaro Pereira da Cruz, Ma-ria de Lourdes Coelho, Arthur Conceiçãoda Sirva, Yone Bandeira, Dione Jardim dosSantos, Viriato Reis, José Vasconcellos daSilva, Jayme Coelho de Moraes Vascon-cellos, Oswaldo Ferraro de Carvalho, Ra-nulpho Nobre Martins, Cléa Barbosa, Ma-ria Thereza Leite Cintra, Joffre Ruy deAssis, Hclder Serra, Newton ThcophiloGonçalves, Egas Polônio, Ruth Ganns,Wilson Carneiro Vidigal, Sydney Freire,Mariana Lúcia Massara, Luiz Antônio R.

Pereira, Omücar Augusto Pereira de Cas-tro, Altair Formei, Samuel Durval da Sil-va, Bernardo Kauffmann, Estenio Alva-renga, Albcrtisa da Costa Oliveira, MarioMoura Siares, Hc-Oiics de C. Michel, Wil-son Ramos Fcijo, Paulo Coimbra Velloso,Luiz Martins Ferreira, Eduardo de Alva-renga, Hermé de Mendonça e Silva, Len-ny Cidade Costa, Geraldo Loureiro daSilva, Francisco B. de Mattos, Oscar Coe-lho de Souza. Darcilia Francisca Rocha,Floriano F.iras,' Luiz Moreira da Silva,Plinio de Souza, Francisco Pereira, Maria

AJNTI.ASTHAUDÜ)— 10VERS0 —

Pitptrgtfo••furo contri «• bronchiteaatfuArrtiasihmfltíçoaWvfa (ngtantan

aoc«_sso»d&*• 4 o. «níco fluadicafmefUfl »"/-gmphyaemae»!ta Ajthínatiç# «K_rar^PârfeitafTrtr»fensíse, meamo *¦•«_4maut9 muito tampa

Alice R. de Moraes, Cid Ognibene, Ruyde Obreu Coutinho, Leda Pagani Feliciodos Santos, Anna Marysa Pimentel Duar-te, Willy Meyer, Dylsan Drummond, Zu-leika Brasiliense, Mario Fernandes, Joa-quim José Maciel Pinto Cintra, MiltonCiriaco, Heloisa Souto Lyra, Maria deLourdes Barros, Marietta Abreu, NelsonPedreira Fontoura, Maria de Lourdes L>inos Praça, Carlos Gomes, Gilda Guido,José Miguel de Nader, Dyla Robertson,Anna Augusta Cordeiro de Mello, Creuza

R. Vial, Yedda Regai Possolo, StellaGalvão da Fontoura» Dirceu Araújo Sil-va, João Silva Júnior, Mercês Bini, PauloLinhares, Erickson Soares Barbosa, AecioCabral Neves, Maria de Lourles Reis, Ir-imel Piccolato, Sylvia de Olencar Mattos,Vera Salviano, Alberto Bulisaini, AngélicaÁrias, Calos Alberto Scaldaferri, Leonar-do Wezrbizlki, Iara de Mendonça, WilsonVeado, José da Silva Mangualde, Dulcede Miranla Cordilha, José Byor Filho,Eolo Capiberibe, Izau'ra Alves Rosa, Re-gina Fernandes, Giomar Pereira, AlbertoAndré Júnior, Raul Fontes, Lecyr Leal,Pedro de Albuquerque, Horacio Braun deFreitas, José Telles Netto, José FontesVieira, Olga Mendonça, Natercia Gonçal-ves, Juvenal Teixeira, Ostend A. Cardim.Helia da Fonseca Rodrigues Lopes, Al-bertinho Lopes, Carlos Gitahy de Alencas-tro, Tibuicina de Lima, Helena Cordeiro<le Mello. Antonio de Carvalho, Faria, Cas-siano Diegues, Alice Rodrigues, DirceuNunes, Raut da Cruz e Silva, MarcilioNolding da Motta, Simião Barbosa, DyléaPereira da Cista, Antonio Paulo Nunes deSouza, Normanda de Freitas, Leda An-diade, Adelaide Vidal, Renato de SouzaRangel, Julieta Mendes Moreia, RubemNusco, Pepetrino Pereira, Rosalina Col-man, Jorge V. Faria, Gilberto S. Perei-ra, Oswaldo Ferreira da Costa, WaldemarLudwig, Antonio Ribeiro, Álvaro Esteves.Gcealdo Graça, Aracaty Medeiros, CacildaMoreira Tavares, Ayrton Sá dos Santos,Helena Sil beira, Raul Soares, Maria The-reza Teixeira, Aurelia Wilches, FranciscoVergueiro, Dalva Rezende, Arlette da Sil-veira Duarte, Wanda Alves Almeida, Pau-Io Lessa de Waldech, Regina Penha, Ru-bem Dias Leal, Paulo Gomes, Carlos Fer-reira, João Felippe Griesbach, ReynaldoSá, I.ino Alves Malta, Addy Proost Mu-niz, Salvador Ferraz, Epitacio Alexandredas Neves, Darvino R. de Alvarenga, An-gelo Molfi, Yolanda Canto, Orchidéa, Pe-reira de Oliveira, Maria Clara de Mello

Jurandyr Theodoro, OswaldoSilva, Julia Passos Jendiroba,

Floriano da Silveira Maciel, Mario LúcioBrandão, Helena Penteado de Rezende,Radamez Berni, Alberto Bottom, MariaLeléa M. Sette, Paulo Mario dei Gisdice,José Geraldi Florence, Nelia da Silva Li-ma, Cláudio Monteiro da Rocha, Wanda

Barreto,Athayde

4EGE

C2ciiidaacíHi atíén^ção de zi/narnãcencontra sempre a sua recompensa dando ao bébé, desde o começoo ALIMENTO MELLIN. Os elementos nutritivos contidos noALIMENTO MELLIN, quando este é misturado segundo as indica-ções, igualam os do leite maternal. Este alimento ajudará o bébé aprosperar e a crescer, forte, são c perfeitamente desenvolvido. OALIMENTO MELLIN digére-se facilmente, e por esta razão todos osbébés alimentados com elle são ditosos e alegres

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1 — Maio 1929 — 33 — O TICO-TICO

Monteiro da Rocha, Maria Apparecida B.Santos, Leny de Souza, Zenith Hugo deJesus, Solange Roque da Silva, Maria doCarmo Silveira, Ralphy Mendes, CarlosEduardo de Almeida Santos, Ricardo Rap-pei, Sérgio Monteiro da Rocha, NadyrMarassi, Walter da Gloria Guida, DyltaWalsh, Alvarina José dos Santos. GalbaMendonça, Zilnay Catão Borges," NenetteMartins, Octaviano Galvão, José SylvestreGomes Coelho Netto, Aida Olympia Fran-co, Nelson Leão Velloso, Jorge BarrosBaireto, Zuléa Ferreira de Souza, JodãoSantóro, Nilo Barbosa, José Carlos Reisde Magalhães, Maria do Carmo Bastos,Herculano dos Santos Clemente, Edmi.-Vasconcellos Teixeira, Antônio Souza eSilva, Joaqumi Geraldo Serapião.

Foi o seguinte o resultado final do con-curso:

Io Prêmio:

NEWbON THEOPHILO GONÇALVES

de ii annos de idade e residente á rua daPraia s|n, em Fortaleza, Estado do Ceará.

2o Prêmio:

ROQUE PAULINO

de 11 annos de Idade e residente à roaApparecida n. 131, em Guaxupé, Minas.

RESULTADO DO CONCURSO N. 3326Respostas certas:

i* — Canoa.2* — Lima.3* — Perna.4* — Lado.5* — Livros

Solucionistas: — Yedda Victor do Es-Pjrito Santo, Myrtila do Espirito SantoVictor, Dyla Robertsos, José da Cruz e£»ya, João Jorge de Barros, Flora Leite,Buju' de Mello, Dalva Stella de Oliveira,VValdyr Carmo, Isaac Bayer, Cyrano deWiemeycr Portocarrero, Nelson Lobato Fi-lho, Moacyr Vaz de Andrade, Natercia•oonçalves, Conceição de Oliveira Bastos,Francisco Caetano. Egas Polônio, Jorge deüarros Barrto, Nenette Martins, José AI-varo Pinto Joffre Ruy de Assis, Ecclesiatíe Assis Nogueira, José da Silva Man-

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Empregadas com -mccesso nas moléstias*> estômago, figado ou intestinos. Estaspilulas além de tônicas, são indicadas nasdyspepsias, dores de cabeça, moléstias dofígado e *>risão de ventre. São um pod--roso digestivo e regularisador das fun-cções gastro-intestinaes.

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Hermé de Mendonça e Silva, Júlio Ro-drigues dos Santos, Altair Formei. JoséLuz de Lemos.

Foi premiado o concurrente:

JOSÉ* ALVES LINHARES

de 9 annos de idade e morador á rua D.Anna n. 45, Botafogo, nesta Capital.

CONCURSO N. 3.3 3 6

Para os leitores desta capital a dosEstados froximos

Perguntas:

1* — Qual o nome de mulher formadade dois tempos de verbo?

(2 syllabasDyla Robcrtson

2» — Qual a fructa cujo nume é for-mado pelo artigo ,e pelo tempo de verbo?

(3 syllabas)Jorge Vieira

3« — Qual a habitação que é tempo deverbo?

(2 syllabasJosé Medeiros

4* — No masculino sou das aves.No feminino sou dos peixes. -,

(2 syllabasArlette Vieira

5* — Qual a figura geométrica formadapela preposição e pelo corpo espherico?

(4 syllabas)1 Amando Vieira

As soluções devem ser enviadas i reda-cção d'0 Tico-Tico devidamente assigna-das e acompanhadas do vale n. 3.336.

Para este concurso, que será encerrado110 dia 28 de Maio corrente, daremos com:prêmio, por sorte, entre as soluções certas,um rico livro de leituras infantis.

3336.MfSSUS*S^**M*^<M*^*+f>**''************'***^M,^^^^r^M^W^^M**^Vk

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motníllima.I UniCO REMÉDIO ÇUE EVITA, 1

J fura as DOEriCAS.fi DENTIÇAO.!"¦***•*«• GASTROENTEf(ITe'.F,/•íomnia.DiarrNa.Çolicia, tft.

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A' venda em todas as pharmac:aa

Page 33: TI NUM. 1.230 TBmemoria.bn.br/pdf/153079/per153079_1929_01230.pdfO TICO-TICO — 4 — 1 — Maio — 1929 O Pf155flRIDH0 ÇA COBRA (LENDA PARA O MEZ DE MAIO) Nos tempos da chamada

O TICO-TICO — 34 — 1 -. Maio — 1929

CONCURSO N. 3-337

Para ps leitores desta cahtal e dosES-ADOS

Para este "concurso, que será encerrado

ro dia 5 de Junho vindouro, daremos comoprêmios, de Io e 2° logares, por sorte,dois livros illustrados para a infância -

//l-xJ \ _wi'xê^ ¦¦„ ^^~-

PARA OCONCSDltS©

WS 3-3 3 7»

Este caçador matou um linda pombarola mas não sabe onde ella cahiu. Vo-cês vão procural-a no desenho e resolver.desse modo, o concurso de hoj..

As soluções devem ser enviadas á reda-cção d'0 Tico-Tico devidamente assigna-das, separadas das de outros quaesquarconcursos e acompanhadas não só da dt-claração de idade c residência do concur-rente como tambem do vale que vae pu-blicado a seguir e tem o n. 3-337.-

A. EducaçãoOs filhos de D. Emilia,São dóceis, são obedientes!Sendo estimados por todos,Vivem felizes, contentes!...

A. Sylvia estuda as liçõesDa escola, e piano tambem;Ja sabe arranjar seu quarto,Não dá trabalho á ninguém!

Sabe estimar os creados,Não os maltrata, isso não!Dos pobres é muito amiga!Tem ouro no coração!

•Aos animaes e ás plantas,Dispensa muitos carinhos:Gosta de ouvir entre as flores,O canto dos passarinhos.

O Agenor, o mais velhinho,E' um menino de respeito!Estudioso, delicado,Tudo o que faz, sahe bem feilol

Quando elles voltam da escola,Tem bonita recepção!Pery, vae ao seu encontro,'A vovó abre o potrão.

D. Laura, sua tia,Guarda-lhes creme, podim,Rapadura, arroz de leite,Passoca de amendoim!

São dóceis, são educados,Os filhos de D. Emilia!A educação, (dizem todos;)E' o ornamento da familia..

Duxc . Carneiro.,

*VV^M/VVVVVV^/VV>fVVVVVVVV-V-^i/SAA/\VVVV%^^^p\''VVVVVV^

T O Ã O S I N H O- Joãozinho era orphão e vivia pelas ruas rt tocar violino,

habilidade que sua mamãe lhe ensinara, quando ainda viva.Seu cãosinho, "Piloto", carregando unia cesta nos dentes,aguardava pacientemente que algum passante lfee atirassealguma moedinha. ,.

Joãosinho, que tinha estampada rio rosto a tristeza dequem não tem esta doce creatura que chamamos Mãe, pas-sava os bellos olhos melancólicos de um objecto no outro,emquanto, com os soluços, 'acompanhava os doces sons damusica.

E, a um accesso de tosse, estorce-se e cáe ao chão, em-quanto o arco do violino sa,lta longe. "Piloto" larga a ces-tinha que tinha presa aos dentes e vae buscal-o. Joãosinhocontinua a estorcer-se no chão, tossindo. Maria, uma jovenque passou casualmente por ali, ficou cheia de espantovendi» a creança desmaiada no chão, numa poça de sangue.Corre apressada e com grande cuidado para não machucal-o,leva-o para casa. Pouco depois, numa boa cama, quentinho,Joãosinho, sonha: Está de novo naquelle logar onde des-maiou; sente-se agarrado, mas por uma pessoa que é -a suamãesinha que attendera ao seu grande pedido, ao seu grande«desejo de vir buscal-o. O sou corpo está tão quente, queJoãosinho pouco a pouco fecha os olhos. Acordando, poucodepois do sonho e vendo "Piloto" com o violino do lado eMaria com o rosto quasi junto do seu, julga que é ver-dade que está no céo e Maria é a sua mamãe. "Ploto" mor-rera tambem e levara o seu violino para tocar lá no céo.Fecha de novo os lindos ollios e agora o seu sonho é maisbello: Elle está sentado em uma nuvem tocando violino.

Maria èstâ sentada mais abaixo com o seu querido è fiel"Piloto" ao collo, e 'a cabeça encostada nas suas pernas, aVirgem Maria está de um lado, Jesus, do outro, Deus acimade todos e uma immensidade de anjinhos em volta, e elle atocar violino para todos ouvirem.

No outro dia sabia da casa -de Maria um caixãozinhoazul como o céo, e Maria chorou sem saber que aquellacreança que ali ia, amara-a com todas as forças, do seucoraçãosinho.

Tempos passados ninguém poderia reconhecer "Piloto",andava triste, magro; uma tardinha, quasi noite, elle agarroua cestinha e o violino de Joãosinho e foi levar tudo á se-pultura do seu idolatrado dono.

Já era noite e "Piloto" ainda esperava o seu amigunihocom a cesta nos dentes e o violino ao lado. Quando a luasahiu, elle viu Joãosinho descer do céo, chegar-se para elle,acariciai-o e pegando o violino, começou a tocar. "Piloto"não cabia em si de contente. Depois de' tocar um pouco,Joãosinho 'agarrou o violino e foram subindo, subindo, seuamiguinho a tocar e elle com a cestinha presa aos dentesesperando as estrelünhas, que como moedinhas cahianidentro da cesta.

No outro dia Maria foi levar flores ao seu amiguinho cencontrou o cão morto, com o violino e a cestinha ao lado.

Maria enterrou-o junto ao seu dono» com o violino e acestinha juntos, para Joãosinho tocar no céo e "Piloto" guar-dar as estrellinhas que cahissem na cesta.

ANALIA GRAEFF,

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1 — Maio — 1929 — 35 — 0 TICO-TICO

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Chiquinho não perde a mania de caçar. Assim, pois.sahiu munidp de um bodoque, acompanhado dos '...

... bodocada, matando-o. O passarinho cahiu num peque-no regato. Os garotos despiram-se e foram buscal-o.

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... inseparáveis Jagunço e Benjamim. Viu, logo, ao en» .trar no matto, um pobre passarinho e atirou-lhe uma ..,

Jagunço fugiu célere para casa e os garotos puzeram-"se a contemplar a façanha. — Tão bonitinho! Que.»*

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pena,Chiiquinho,

você sabe ser malvado!Ail uil Está me mordendo

7aqui qualquer cousa! E os garotos sahiram

da agu.1- Tinham as pernas cheias de sangue-sugas. Custou-lhes a brincadeiramuitos dias de cama; as pernas ficaram tm petição de miséria. Foi o »^sflg*cda Providencia.