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TÍTULO I Da Aplicação da Lei Penal Militar - Artigos 1 a 28. 24

TÍTULO I Da Aplicação da Lei Penal Militar - Artigos 1 a 28.aulas.verbojuridico3.com/Analista_MPU/Vladimir_Rosa_19D-M.pdf · defina, nem pena sem prévia ... Jorge César de. Comentários

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TÍTULO I

Da Aplicação da Lei Penal

Militar - Artigos 1 a 28.

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ART.1 - Não há crime sem lei anterior que o

defina, nem pena sem prévia cominação legal.

XXXIX-CF/88

Para Delmanto o enunciado do art. 1º do Código

Penal Militar resultam duas regras fundamentais:

Reserva Legal e Anterioridade da Lei Penal.

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A da Reserva Legal (ou da Legalidade), visto

que somente a lei, elaborada na forma que a

Constituição permite, pode determinar o que

é crime e indicar a pena cabível. Lei Federal,

elaborada de acordo com o processo

legislativo discriminado a partir do art. 59, e

seguintes, da Constituição Federal de 1988.

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A da anterioridade: para que qualquer fato

possa ser considerado crime, é indispensável

que a vigência da lei que o define como tal

seja anterior ao próprio fato, assim como a

cominação da pena.

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COROLÁRIO DAS REGRAS ACIMA, IMPÕE-SE AINDA:

A irretroatividade, pois considerando-se

serem as leis editadas para o futuro, as

normas penais não podem volver ao passado,

salvo se para beneficiar o agente (CF/88, art.

5º, XL).

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A taxatividade, visto que as leis que definem

os critérios devem ser precisas, marcando

exatamente a conduta que objetivam punir,

não se aceitando leis vagas ou imprecisas,

nem o emprego, pelo juiz, da analogia ou

interpretação extensiva para incriminar algum

fato ou tornar mais severa sua punição.

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Pelo que até agora foi dito é fácil constatar

que a lei penal militar aplica-se, em regra,

aos fatos ocorridos a partir de sua entrada

em vigor e somente durante sua vigências,

consagrando-se o princípio da atividade, que

tem como contraponto o princípio da

irretroatividade da lei penal militar.

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Esse postulado, no entanto, conhece exceções.

São os casos de extratividade da lei penal, podendo ocorrer sob duas formas: a retroatividade (art. 2º) e a ultratividade (art. 3º) do CPM.

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ART.2 - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil.

Retroatividade de lei mais benigna

§ 1º - A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.

Apuração da maior benignidade

§ 2º - Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior, devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.” 32

Retroatividade de lei mais benigna

A retroação de lei mais benéfica sem que descriminalize o fato (novatio legis in mellius), disposta no § 1º do mesmo artigo, segundo o qual “A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível”.

novatio legis incriminadora e novatio legis in pejus (nunca retroagirão).

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Apuração da maior benignidade

§ 2º - Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior, devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.”

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Medidas de segurança

Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei

vigente ao tempo da sentença, prevalecendo,

entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da

execução.

Observar que a CF/88, em seu art. 5º, XL, declara taxativamente em termos gerais que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Logo, a lei vigente ao tempo da sentença só retroagirá se for mais benéfica

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Lei excepcional ou temporária

Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora

decorrido o período de sua duração ou cessadas as

circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato

praticado durante sua vigência.

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As leis temporárias são aquelas que já consignam no

próprio texto a data de cessação de sua vigência.

Já as leis excepcionais são aquelas feitas para um

período em que esteja vigendo uma situação de

exceção, de anormalidade. São diplomas criados para

regular um período de instabilidade. O término de

vigência, dessa forma, será incerto, dependendo do

término da situação para a qual ela foi elaborada.

O CPM tem um bom exemplo de lei excepcional nos

crimes militares em tempo de guerra, cujos

dispositivos vigem durante o período de exceção de

guerra declarada. 37

Tempo do crime

Art. 5º Considera-se praticado o crime no

momento da ação ou omissão, ainda que outro

seja o do resultado.

Dessa forma, assim como o CP, o CPM adotou a teoria da ação ou da atividade, na definição do tempo do crime.

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A exemplo do que dispõe a doutrina comum,

podemos considerar que nos crimes

permanentes (ex.: cárcere privado do art. 225

do CPM), a ação se protrai no tempo, o que

leva à conclusão que o tempo do crime

também se prolonga, permitindo, por

exemplo, que uma lei penal militar nova,

alcance o fato se vigente no curso da ação

permanente.

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No caso do crime continuado, a análise é

diversa, já que defende-se, majoritariamente,

que cada crime componente do único delito,

assim considerado por ficção jurídica, deverá

sofrer análise isolada.

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Como exemplo, se um militar pratica vários furtos em

idênticas condições e com unidade de desígnio,

elemento exigido pela maioria da doutrina, e

eventualmente uma nova lei surja no meio da

seqüência, haverá a análise separada de cada

momento; se esta nova lei for mais grave, atingirá a

seqüência de crimes após sua entrada em vigor; se,

por outro lado, for mais branda, retroagirá

alcançando toda a seqüência a ela anterior, além, é

claro, da seqüência que lhe é posterior.

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Lugar do crime

Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em

que se desenvolveu a atividade criminosa, no todo

ou em parte, e ainda que sob forma de

participação, bem como onde se produziu ou

deveria produzir-se o resultado.

Crime comissivo: teoria da ubiquidade.

Nos crimes omissivos, o fato considera-se praticado no

lugar em que deveria realizar-se a ação omitida: teoria da

atividade.

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1. Teoria da Atividade, pela qual lugar do crime é aquele em que se iniciou a execução da conduta típica, que é a posição do nosso Código, em relação aos crimes omissivos, já que considera praticado o fato no lugar em que deveria realizar-se a ação omitida;

2. Teoria do resultado, pela qual lugar do crime é aquele em que se produziu o evento;

3. Teoria da Ubiqüidade, pela qual é tido como lugar do crime tanto aquele em que se iniciou sua execução, como aquele em que ocorreu o resultado, que é a posição do nosso Código, em relação aos crimes comissivos.

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Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que, relativamente ao lugar do crime, o Código penal Militar adotou um sistema misto que engloba a teoria da atividade e a teoria da ubiguidade (9º Concurso para Promotor da Justiça Militar, 1999).

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Territorialidade, Extraterritorialidade

Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de

convenções, tratados e regras de direito

internacional, ao crime cometido, no todo ou em

parte no território nacional, ou fora dele, ainda que,

neste caso, o agente esteja sendo processado ou

tenha sido julgado pela justiça estrangeira.

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• Território nacional por extensão

• §1° Para os efeitos da lei penal militar

consideram-se como extensão do território

nacional as aeronaves e os navios brasileiros,

onde quer que se encontrem, sob comando

militar ou militarmente utilizados ou ocupados

por ordem legal de autoridade competente, ainda

que de propriedade privada.

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• Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros

• § 2º É também aplicável a lei penal militar ao

crime praticado a bordo de aeronaves ou navios

estrangeiros, desde que em lugar sujeito à

administração militar, e o crime atente contra as

instituições militares.

22/04/2013 47

Amplia-se o entendimento e a compreensão

dos termos embarcação e aeronave, por meio

dos arts. 88 a 91 do CPPM.

Lembrem-se os motivos que levaram ao

legislador a destacar o navio e não aeronave,

não são objeto de concurso e, muito menos,

não prejudicam a aplicação do Direito Penal

Militar.

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CAPÍTULO II

DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO

Lugar da infração

Art. 88. A competência será, de regra, determinada pelo lugar da infração; e, no caso de tentativa, pelo lugar em que fôr praticado o último ato de execução.

Art. 90. Os crimes cometidos a bordo de aeronave militar ou militarmente ocupada, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados pela Auditoria da Circunscrição em cujo território se verificar o pouso após o crime; e se êste se efetuar em lugar remoto ou em tal distância que torne difíceis as diligências, a competência será da Auditoria da Circunscrição de onde houver partido a aeronave, salvo se ocorrerem os mesmos óbices, caso em que a competência será da Auditoria mais próxima da 1ª, se na Circunscrição houver mais de uma.

Crimes fora do território nacional

Art. 91. Os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, de regra, processados em Auditoria da Capital da União, observado, entretanto, o disposto no artigo seguinte.

Pena cumprida no estrangeiro

Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Também necessita de Homologação pelo STJ, art. 105, I, i da CF/88.

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Este artigo insere a regra non bis in idem, ou seja, evitar a duplicidade de repressão penal.

A atenuação, em caso de diversidade qualitativa de pena imposta é obrigatória, ficando a quantidade da redução ao critério prudente do magistrado. Já na hipótese de a pena cumprida no estrangeiro ser da mesma qualidade, ela é simplesmente abatida da pena a ser executada no Brasil.

Segundo MIRABETE, a se a pena cumprida no estrangeiro for superior à imposta no

País, é evidente que esta não será cumprida.

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ASSIS, Jorge César de. Comentários ao Código Penal Militar. Curitiba: Juruá, 2004.

GIULIANI, Ricardo Henrique Alves. Direito Penal Militar. Porto Alegre: Verbo jurídico, 2009.

LOUREIRO NETO, José da Silva. Direito Penal Militar. 5. ed. São Paulo: Atlas.

SANTANA, Luiz Augusto. Apostila do Curso de Formação de Oficiais (APMBA). Bahia.

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Casos de prevalência do Código Penal Militar

Art. 28. Os crimes contra a segurança externa do país ou contra as instituições militares, definidos neste Código, excluem os da mesma natureza definidos em outras leis.

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ASSIS, Jorge César de. Comentários ao Código Penal Militar. Curitiba: Juruá, 2004.

GIULIANI, Ricardo Henrique Alves. Direito Penal Militar. Porto Alegre: Verbo jurídico, 2009.

LOUREIRO NETO, José da Silva. Direito Penal Militar. 5. ed. São Paulo: Atlas.

SANTANA, Luiz Augusto. Apostila do Curso de Formação de Oficiais (APMBA). Bahia.