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Resenha do artigo "O Código Civil e a Lei Uniforme de Genebra", constante na obra "Títulos de Crédito: Homenagem ao Professor Wille Duarte Costa".
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TÍTULOS DE CRÉDITO: CONFLITOS NORMATIVOS FRENTE AO REGIME
JURÍDICO CAMBIÁRIO
Obra: Títulos de Crédito: Homenagem ao Professor Wille Duarte Costa, Belo Horizonte, Del Rey,
2011, 328 p.
Artigo: O Código Civil e a Lei Uniforme de Genebra. Páginas 25/50.
Autores: Aluer Baptista Freire Júnior e Rodrigo Almeida Magalhães.
A abordagem que aqui se perfaz será eivada de uma análise crítica sobre o ensaio: “O Código
Civil e a Lei Uniforme de Genebra”, no qual se buscou balizar os possíveis conflitos normativos
entre a norma civilista (Lei 10.406/2002) e a Lei Uniforme de Genebra (Decreto 57.663/66).
No atual cenário socioeconômico, vislumbra-se que o crédito se tornou o principal mecanismo
de propulsão da economia de mercado, objetivando, portanto, a circulação de riquezas em menor
tempo e com segurança. Talvez se torne incompreensível para alguns a necessidade do
estabelecimento de um regime jurídico próprio para os títulos de crédito, vez que a mentalidade
anticapitalista está impregnada em grande parte dos brasileiros, órfãos de maiores esclarecimentos
sobre o que seja propriamente o mercado.
Traçado o breve relatório em que se expôs o objetivo do ensaio apresentado pelos autores, bem
como o objeto desta resenha, cumpre ser preciso e avançar quanto ao cerne da questão, qual seja: a
análise sobre os conflitos normativos supramencionados.
A priori, de bom grado se torna esclarecer que o Código Civil, dispõe sobre a matéria como
norma geral, ao passo que se analisa, quanto alguns dos títulos próprios – letra de câmbio e nota
promissória – uma norma específica. Elementar, haja vista que, conforme aponta o §2º do art. 2º, do
Decreto Lei nº 4.657/42 (LINDB), “lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das
já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”.
De outro modo, salientam os autores a adoção de normas gerais em casos que, muito embora
esteja presente um conflito normativo, a predileção pelas tais alcançaria a finalidade histórica dos
títulos de crédito, ou seja, a circulação de riquezas. Eis o busílis, cabe interpretação a contrassenso do
que dispõe o art. 903 do Código Civil, “salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos
de crédito pelo disposto neste Código”?
O arcabouço jurídico sob o qual se estrutura o direito cambiário está intrínseca e historicamente
relacionado ao desenvolvimento do mercado, processo de trocas voluntárias, em que cada qual busca
a promoção do que melhor lhe atende. Por conseguinte, a circulação de riquezas e o desenvolvimento
social são pontos fulcrais.
O surgimento dos títulos de crédito adveio da necessidade de se evitar problemas recorrentes na
Idade Média, como saques e diversidade de moedas. O crédito pode(ria) ser entendido como “entrega
presente dos bens com a promessa de pagamento futuro”, eis que primordialmente baseado na
confiança, logo carente de segurança jurídica, veio a ser materializado em uma cártula.
Prosseguem os autores em uma análise histórica, dispondo sobre as minúcias apresentas ao
longo dos tempos, o que em suma pode ser sintetizado com a necessidade do estabelecimento de um
regime jurídico próprio para os títulos de crédito, não podendo se ignorar suas particularidades.
Desta feita, a interpretação das normas jurídicas em eventuais conflitos entre normas gerais e
especiais não podem se resumir em uma aplicação direta destas últimas. Deve-se primar pela
coexistência entre elas, ao passo que quando a antinomia se apresente busque-se uma solução
baseada em uma interpretação lógico-sistemática, valendo-nos dos subsídios de toda uma base
principiológica do regime jurídico cambial.
Igor Amaral da Costa1
1 Graduando em Direito pela FADILESTE. Estagiário da 2º Vara Criminal, de Execuções Penais e de Cartas Precatórias Cíveis e Criminais, da Comarca de Manhuaçu (TJMG). E-mail: [email protected]