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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Registro: 2014.0000554820 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento nº 0214259-36.2011.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que são agravantes MARIA AMELIA RODRIGUES DA SILVA (E OUTROS(AS)), EDIVAL ALVES RIBEIRO, EUCELIA DE CASTRO, CLOVIS OLIVEIRA DE SOUZA, JOAQUIM DE SOUZA COELHO, JOEL GARCIA DE OLIVEIRA, OSMARINO SENA DO NASCIMENTO, JANIR DE OLIVEIRA DA FONSECA, JOSE EDMILSON DA SILVA e JOÃO EVANGELISTA BONFIN, são agravados ENERGIA SUSTENTAVEL DO BRASIL S/A (E OUTROS(AS)), SANTO ANTONIO ENERGIA S/A e CONSORCIO CONSTRUTOR SANTO ANTONIO LTDA. ACORDAM, em 6ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores REINALDO MILUZZI (Presidente) e MARIA OLÍVIA ALVES. São Paulo, 8 de setembro de 2014. SIDNEY ROMANO DOS REIS PRESIDENTE E RELATOR Assinatura Eletrônica

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acórdão

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TRIBUNAL DE JUSTIÇAPODER JUDICIÁRIO

São Paulo

Registro: 2014.0000554820

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento nº 0214259-36.2011.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que são agravantes MARIA AMELIA RODRIGUES DA SILVA (E OUTROS(AS)), EDIVAL ALVES RIBEIRO, EUCELIA DE CASTRO, CLOVIS OLIVEIRA DE SOUZA, JOAQUIM DE SOUZA COELHO, JOEL GARCIA DE OLIVEIRA, OSMARINO SENA DO NASCIMENTO, JANIR DE OLIVEIRA DA FONSECA, JOSE EDMILSON DA SILVA e JOÃO EVANGELISTA BONFIN, são agravados ENERGIA SUSTENTAVEL DO BRASIL S/A (E OUTROS(AS)), SANTO ANTONIO ENERGIA S/A e CONSORCIO CONSTRUTOR SANTO ANTONIO LTDA.

ACORDAM, em 6ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores REINALDO MILUZZI (Presidente) e MARIA OLÍVIA ALVES.

São Paulo, 8 de setembro de 2014.

SIDNEY ROMANO DOS REISPRESIDENTE E RELATOR

Assinatura Eletrônica

PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

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Agravo de Instrumento n. 0214259-36.2011.8.26.0000

Voto nº 22.028Agravo de Instrumento nº 0214259-36.2011.8.26.0000Agravante(s): Maria Amélia Rodrigues da Silva e outrosAgravado(s): Energia Sustentável do Brasil S/AComarca: São PauloMM. Juíza a quo: Inah de Lemos e Silva Machado

Agravo de instrumento Construção do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira Redução de peixes e prejuízo aos pescadores - Indenização por danos materiais Litisconsórcio ativo facultativo MM. Juíza a quo que indeferiu o litisconsórcio, entendendo que diversas as situações dos autores, o que dificultaria a defesa dos réus Recurso contra esta r. Decisão Provimento de rigor.

Litisconsórcio ativo facultativo Não há necessidade de limitar o litisconsórcio ativo facultativo quando não se vislumbram dificuldades técnicas à defesa ou ao Magistrado Evidente afinidade de questões por um ponto comum Princípio da economia processual.

R. Decisão reformada. Recurso provido.

1. Cuida o presente de agravo de instrumento

interposto por Maria Amélia Rodrigues da Silva e outros contra a r.

Decisão (fl. 34) proferida pela MM. Juíza de Direito da 19ª Vara Cível do

Foro Cível Central da Comarca de São Paulo, nos autos da ação

ordinária, por meio da qual indeferiu a formação de litisconsórcio

ativo facultativo.

Pretendem os agravantes (fls. 02/22) a reforma

da r. Decisão guerreada, no sentido de ser deferido o litisconsórcio

ativo, vez que presentes os requisitos legais autorizadores (art. 46,

CPC).

Pedido com documentos (fls. 34/133).

Efeito suspensivo deferido (fls. 134/v).

Resposta não veio (fl. 155).

É o relatório.

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Agravo de Instrumento n. 0214259-36.2011.8.26.0000

2. Vinga o agravo.

Conforme dispõe o Código de Processo Civil,

Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito; III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito. Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.

Assim, há possibilidade de formação de

litisconsórcio ativo facultativo quando, atendida alguma das hipóteses

do art. 46 do CPC, o número de litisconsortes não comprometer a

rápida solução do litígio ou/e não dificultar a defesa.

No caso em tela, os autores, pescadores que

dependem economicamente da atividade pesqueira no Rio Madeira,

ajuizaram a presente ação ordinária buscando indenização por danos

materiais das empresas que construíram o Complexo Hidrelétrico do

Rio Madeira, obra essa que, segundo eles, implicou a redução do

número de peixes no Rio, diminuindo vertiginosamente seus ganhos.

A MM. Juíza a quo entendeu que o

litisconsórcio é multitudinário e deve ser limitado, para que não se

prejudique a condução processual e a defesa por partes das empresas

rés.

Sem razão, contudo.

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Não há distinção fática entre as situações dos

autores a ponto de dificultar a defesa pelas rés. O fato é o mesmo

(construção das hidrelétricas no Rio Madeira) e esta obra, como alegado

pelos autores, teria lhes causado a mesma consequência (prejuízo

financeiro).

Assim, resta evidente a afinidade de questões

por um ponto comum (inc. IV, art. 46, CPC), não havendo necessidade

de limitar o litisconsórcio ativo facultativo quando se vislumbram

dificuldades técnicas à defesa ou ao Magistrado.

Por outro lado, a medida se impõe de rigor, em

prol do princípio da economia processual, além de evitar decisões

conflitantes sobre caso idêntico.

E não destoa deste entendimento este C.

Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL LITISCONSÓRCIO ATIVO DETERMINAÇÃO DE DESMEMBRAMENTO DO FEITO, NOS TERMOS DO PARÁGRAFO ÚNICO, DO ARTIGO 46, DO CPC DESCABIMENTO DEZ LITIGANTES, QUE INVOCAM A MESMA CAUSA PETENDI, E FORMULAM O MESMO PEDIDO, NÃO COMPROMETEM A RÁPIDA SOLUÇÃO DO LITÍGIO, E TAMPOUCO DIFICULTAM A DEFESA DA PARTE ADVERSA LITISCONSÓRCIO QUE EVITARÁ EVENTUAIS SOLUÇÕES CONFLITANTES E CONTRIBUI PARA A ECONOMIA PROCESSUAL AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (AI nº 0199651-33.2011.8.26.0000, Rel. Renato Nalini)

AGRAVO DE INSTRUMENTO A prestação jurisdicional tem compromisso com a celeridade, impedindo-se, por isto, que a faculdade prevista na regra do artigo 46, e incisos, do CPC, na qual foi investido o autor, venha a comprometer o bom andamento do processo (art. 125, II, do CPC) Mas a ocorrência de “litisconsórcio multitudinário” aqui não se verifica, pois se está tratando de dez autores, que litigam contra três pessoas jurídicas. - Recurso provido. (AI nº

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Agravo de Instrumento n. 0214259-36.2011.8.26.0000

0136200-34.2011.8.26.0000, Rel. Luiz Sérgio Fernandes de Souza)

Desta forma, é de ser provido o agravo de

instrumento, reformando-se a r. Decisão, para o fim de ser deferida a

formação do litisconsórcio ativo facultativo entre os agravantes, com o

que ratifico a liminar anteriormente concedida.

3. Ante o exposto, pelo meu voto, dou

provimento ao agravo.

Sidney Romano dos Reis

Relator