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Trabalhador rural empregado X trabalhador rural em regime de economia familiar (segurado especial): diferenças previdenciárias
Danilo Cruz Madeira
Elaborado em 01/2011.Página 1 de 2»
A A
SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Do trabalhador rural; 3.Do
empregado rural; 4. Do trabalhador rural em regime de
economia familiar (segurado especial); 5. Do regime
previdenciário do empregado rural; 6. Do regime previdenciário
do segurado especial; 7. Do artigo 143 da Lei n.º 8.213/91:
norma transitória; 8. Conclusão
1. Introdução
O presente artigo tem por escopo tratar das diferenças
no enquadramento previdenciário entre duas espécies de
trabalhadores rurais – o empregado e o pequeno produtor que
trabalha em regime de economia familiar.
A iniciativa em tratar do tema advém do fato de ser
comum no dia-a-dia daqueles que lidam com o Direito
Previdenciário depararem-se com confusões e equívocos
conceituais ao ver a questão ser tratada. Vale dizer, são
invocados direitos e normas aplicáveis a uma espécie de
segurado ao outro, indistintamente, como se não houvesse
diferenças entre ambos.
Busca-se, assim, despretensiosamente, sanar algumas
dúvidas conceituais, de forma a enquadrar cada espécie de
segurado em seu devido lugar dentro do ordenamento jurídico
previdenciário.
Para tanto, inciar-se-á conceituando o que vem a ser o
trabalhador rural, genericamente considerado. Em seguida,
tratar-se-á de duas espécies distintas de trabalhadores rurais,
quais sejam, o empregado e o segurado especial. Por fim,
enquadrar-se-á cada uma delas em um determinado
grupamento de segurado.
Iniciem-se, então, os trabalhos.
2. Do trabalhador rural
A Convenção n.º 141 da Organização Internacional do
Trabalho – OIT, em seu artigo 2º, definiu o que vem a ser
trabalhador rural, no seguintes termos:
Art. 2º – 1. Para efeito da presente Convenção, a
expressão "trabalhadores rurais" abrange todas as pessoas
dedicadas, nas regiões rurais, a tarefas agrícolas ou
artesanais ou a ocupações similares ou conexas, tanto
se se trata de assalariados como, ressalvadas as
disposições do parágrafo 2 deste artigo, de pessoas que
trabalhem por conta própria, como arrendatários,
parceiros e pequenos proprietários.
Já de início, vê-se que a própria Convenção da OIT
distingue, no mínimo, duas espécies distintas de trabalhadores
rurais. Trata-se, portanto, de expressão genérica, que engloba
tanto o empregado rural como aquele que se dedica, por conta
própria, ao labor rural, seja como arrendatário, parceiro, meeiro
ou em sua própria propriedade.
Em síntese, trabalhador rural é toda aquela pessoa
física que lida com atividades de natureza agrícola, retirando
daí o seu sustento.
No ordenamento jurídico pátrio, era a Lei n.º 4.214/63,
o chamado Estatuto do Trabalhador Rural, que tratava do tema.
Essa lei, que previa quase os mesmos direitos trabalhistas para
os trabalhadores rurais em relação aos urbanos, foi revogada
pela Lei n.º 5.889/73 (art. 21), atualmente vigente e
regulamentada pelo Decreto n.º 73.626/74.
Ressai do exposto que há várias espécies de
trabalhadores rurais. No que interessa ao presente artigo,
destacam-se o empregado rural e o segurado especial.
3. Do empregado rural
De início, cumpre advertir que, salvo quando houver
determinação em sentido contrário, a CLT não se aplica ao
empregado rural, nos termos do artigo 7º, b, dessa mesma
Consolidação.
Dito isso, note-se que, nos termos do artigo 2º da Lei
n.º 5.889/73, considera-se empregado rural "toda pessoa física
que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de
natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência
deste e mediante salário".
Trata de conceito semelhante ao da legislação
trabalhista (art. 3º da CLT), com a inclusão do rurícola. Para fins
previdenciários, não há distinção entre o empregado urbano ou
rural. Tal distinção existia no passado, em períodos anteriores à
Constituição de 1988. Atualmente, não é mais cabível qualquer
discriminação entre estas figuras. [01]
O empregado rural, conforme se vê, nada mais é do
que uma espécie do gênero empregado. Vale dizer, é uma
pessoa física que presta serviços habitualmente (não eventual),
de forma subordinada e pessoalmente, mediante o pagamento
de salário.
Advirta-se, neste ponto, que:
Na verdade, não é apenas quem presta serviços em
prédio rústico ou propriedade rural que será considerado
empregado rural. O empregado poderá prestar serviços no
perímetro urbano da cidade e ser considerado trabalhador rural.
O elemento preponderante, por conseguinte, é a atividade do
empregador. Se o empregador exerce atividade agroeconômica
com finalidade de lucro, o empregado será rural, mesmo que
trabalhe no perímetro urbano da cidade. [02]
Em outros termos, a única diferença entre o empregado
rural e o urbano é que aquele presta serviços de natureza
agrícola (planta, aduba, ordenha e cuida do gado etc) a
empregador que explora a atividade economicamente. Se, por
outro lado, a atividade não tiver fim lucrativo, será considerado
empregado doméstico (ex.: caseiro). Vale dizer, se há plantação
no sítio, mas não há comercialização, o caseiro será empregado
doméstico. Se, porém, os produtos cultivados por esse
empregado forem vendidos, essa mesma pessoa será
considerada empregada rural.
Toda essa diferenciação entre empregado rural e
urbano, contudo, perdeu muito de sua relevância, porquanto,
com o advento da Constituição de 1988, ambos possuem, em
regra [03], os mesmos direitos (artigo 7º,caput) [04].
Dizer que um determinado empregado é rural ou
urbano apenas qualifica o tipo de labor ao qual se dedica, e
nada mais.
4. Do trabalhador rural em regime de economia
familiar (segurado especial)
Espécie de trabalhador rural, o segurado especial é o
único com definição no próprio texto constitucional, que, em
seu artigo 195, §8º, prevê que:
O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário
rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos
cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de
economia familiar, sem empregados permanentes,
contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de
uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção
e farão jus aos benefícios nos termos da lei. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
No mesmo sentido, é a Convenção n.º 141 da
Organização Internacional do Trabalho – OIT, que, no item 2 de
seu artigo 2º, diz que:
2. A presente Convenção aplica-se apenas àqueles
arrendatários, parceiros ou pequenos proprietários cuja
principal fonte de renda seja a agricultura e que trabalhem a
terra por conta própria ou exclusivamente com a ajuda de seus
familiares, ou recorrendo eventualmente a trabalhadores
suplente e que:
a) não empreguem mão-de-obra permanente; ou
b) não empreguem mão-de-obra numerosa, com
caráter estacionário; ou
c) não cultivem suas terras por meio de parceiros ou
arrendatários.
A Lei n.º 8.213/91, por sua vez, após qualificá-lo como
segurado obrigatório da Previdência Social, assim define o
segurado especial (artigo 11):
VII – como segurado especial: a pessoa física residente
no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a
ele que, individualmente ou em regime de economia familiar,
ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição
de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor,
assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou
arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei nº
11.718, de 2008)
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos
fiscais; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça
suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2º da
Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o
principal meio de vida; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça
da pesca profissão habitual ou principal meio de vida;
e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de
16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado
de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que,
comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar
respectivo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
§ 1º Entende-se como regime de economia familiar a
atividade em que o trabalho dos membros da família é
indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento
socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições
de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de
empregados permanentes. (Redação dada pela Lei nº 11.718,
de 2008)
Em resumo, considera-se segurado especial o pequeno
produtor rural e o pescador artesanal que trabalhem
individualmente ou em regime de economia familiar, desde que
não tenham empregados.
O regime de economia familiar é aquele em que a
atividade dos membros da família é indispensável à própria
subsistência, em condições de mútua colaboração, sem
utilização de empregados.
Todos os membros da família maiores de 16 anos,
desde que não exerçam outra atividade econômica, são
enquadrados na categoria. No entanto (artigo 11 da Lei n.º
8.213/91):
§ 9º Não é segurado especial o membro de grupo
familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se
decorrente de: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
I – benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou
auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de
prestação continuada da Previdência Social; (Incluído pela Lei
nº 11.718, de 2008)
II – benefício previdenciário pela participação em plano
de previdência complementar instituído nos termos do inciso IV
do § 8º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
III – exercício de atividade remunerada em período de
entressafra ou do defeso, não superior a 120 (cento e vinte)
dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto
no § 13 do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 julho de 1991; (Incluído
pela Lei nº 11.718, de 2008)
IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical
de organização da categoria de trabalhadores rurais; (Incluído
pela Lei nº 11.718, de 2008)
V – exercício de mandato de vereador do Município em
que desenvolve a atividade rural ou de dirigente de cooperativa
rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais,
observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24
de julho de 1991; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VI – parceria ou meação outorgada na forma e
condições estabelecidas no inciso I do § 8º deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-
prima produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser
utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda
mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de
prestação continuada da Previdência Social; e (Incluído pela Lei
nº 11.718, de 2008)
VIII – atividade artística, desde que em valor mensal
inferior ao menor benefício de prestação continuada da
Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
5. Do regime previdenciário do empregado rural
Conforme já dito, a Lei 8.213/91 não diferencia os
empregados urbanos dos rurais ao classificar a sua qualidade.
Ambos são enquadrados como segurados obrigatórios da
Previdência Social. Veja-se:
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência
Social as seguintes pessoas físicas:
I- como empregado:
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou
rural à empresa, em carater não eventual, sob sua
subordinação e mediante remuneração, inclusive como direitor
empregado;
Enquanto segurado obrigatório da Previdência, a sua
inscrição é formalizada, via de regra, pelo contrato de trabalho
registrado na Carteira do Trabalho e Previdência Social.
Nesse caso, são devidas contribuições previdenciárias
tanto pelo empregado como pelo empregador. No caso da
contribuição devida pelo empregado (alíquota de 8% a 11%), é
de responsabilidade do empregador retê-la do salário daquele
para, em seguida, repassá-la ao INSS. A contribuição do
empregador, por sua vez, possui alíquota de, em regra, 20% [05],
incidente sobre a totalidade da remuneração. O fato gerador do
tributo é o exercício da atividade remunerada, e não o efetivo
pagamento dos salários.
Conclui-se, pois, que, para fazer jus aos benefícios
previdenciários, o empregado rural, tal como o urbano, deve
contribuir para a manutenção do sistema.
A lei não dispensou, em momento algum, o empregado
rural dessa obrigação [06].
É verdade, contudo, que, como a obrigação de reter e
repassar as contribuições é do empregador, não poderá o
empregado ser prejudicado por eventual falta daquele. Ao
contrário, uma vez comprovado o vínculo empregatício,
mediante início de prova documental [07] suficiente, será ele
considerado, para todos os fins, segurado da Previdência.
Restará à União buscar, junto ao empregador, o pagamento das
contribuições devidas e não pagas.
A regra, no entanto, é que o empregado rural fará jus
aos benefícios previdenciários decorrentes de sua qualidade de
segurado obrigatório se houver vertido as contribuições
pertinentes ao vínculo empregatício alegado, devidamente
anotado em sua Carteira do Trabalho.
Se não houver contribuições ou anotação em sua
Carteira do Trabalho, deverá, tal como ocorre com o empregado
urbano, provar a sua qualidade de segurado mediante início de
prova documental suficiente dos vínculos alegados.
Se não conseguir comprovar a sua remuneração,
perceberá benefício de valor equivalente a 1 salário mínimo, em
conformidade com o artigo 35 da Lei n.º 8.213/91, ressalvando
a lei o direito de revisar a renda mensal inicial de seu benefício
tão-logo seja apresentada prova do valor real de seus salários
de contribuição.
Tudo, portanto, de forma idêntica ao trabalhador
urbano. A única diferença, na verdade, no tratamento entre
ambos é quanto ao tempo de carência para obtenção do
benefício de aposentadoria por idade, que, em se tratando do
trabalhador rural, é reduzido em 5 (cinco) anos (artigo 201, §7º,
II, da Constituição da República, e artigo 48, §1º, da Lei n.º
8.213/91).
6. Do regime previdenciário do segurado especial
Conforme já se viu, a própria Constituição da República
(artigo 195, §8º) já antecipou que as contribuições de tais
trabalhadores rurais serão diferentes das vertidas pelos
empregados rurais.
No caso dos segurados especiais, a contribuição para a
Previdência Social recairá sobre o valor obtido com a
comercialização de sua produção. Afinal, não há salário a ser
descontado, nem tampouco empregador para pagar a sua
respectiva cota-parte.
Se não houver venda de sua produção, que se destina
unicamente para a subsistência do grupo familiar, contribuição
alguma haverá. Mesmo assim, estará o segurado protegido pela
Previdência Social.
É justamente por isso que se chama o segurado, nessa
hipótese, de especial.
Todos os membros da família (cônjuge ou
companheiros e filhos maiores de 16 anos de idade ou a eles
equiparados) que trabalham na atividade rural, no próprio
grupo familiar, são considerados segurados especiais.
Ao segurado especial é garantida a percepção dos
benefícios de aposentadoria por idade ou invalidez, auxílio-
doença, auxílio-reclusão, salário-maternidade e, aos seus
dependentes, de pensão por morte, no valor, em todos os
casos, de um salário mínimo (artigo 39, I, parágrafo único, da
Lei n.º 8.213/91). Veja-se:
Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso
VII do art. 11 desta Lei, fica garantida a concessão:
I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de
auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1
(um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de
atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período,
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao
número de meses correspondentes à carência do benefício
requerido; ou
II - dos benefícios especificados nesta Lei, observados
os critérios e a forma de cálculo estabelecidos, desde que
contribuam facultativamente para a Previdência Social, na
forma estipulada no Plano de Custeio da Seguridade Social.
Parágrafo único. Para a segurada especial fica
garantida a concessão do salário-maternidade no valor de 1
(um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de
atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 12 (doze)
meses imediatamente anteriores ao do início do benefício.
(Incluído pela Lei nº 8.861, de 1994)
Do segurado especial não se exige carência, que é a
comprovação de número mínimo de contribuições vertidas ao
sistema previdenciário. Basta o exercício da atividade rural,
individualmente ou em regime de economia familiar, sem
empregados, pelo número de meses correspondentes à
carência do benefício pretendido.
Ao segurado especial, portanto, é assegurada a
aposentadoria por idade desde que demonstre o exercício de
labor rural, imediatamente anterior ao requerimento, pelo
período de 180 meses se se tratar de segurado especial que
deu início às suas atividades após o advento da Lei n.º
8.213/91. Caso exercesse o trabalho rural desde antes da Lei de
Benefícios a ele se aplica o disposto no art. 142, que fixa a
tabela transitória progressiva de carências, apresentando
tempo menor para comprovação de atividade rural, conforme o
ano de implemento de idade. [08]
Caso pretenda obter algum outro benefício
previdenciário além dos previstos no inciso I do artigo 39 da Lei
n.º 8.213/91, ou, ainda, perceber valor maior que o mínimo,
deverá inscrever-se como segurado facultativo, vertendo as
contribuições previdenciárias pertinentes (artigo 39, II, da Lei
8.213/91 e artigo 25, §1º, da Lei n.º 8.212/91)
Trabalhador rural empregado X trabalhador rural em regime de economia familiar (segurado especial): diferenças previdenciárias
Danilo Cruz Madeira
Elaborado em 01/2011.«Página 2 de 2
A A
7. Do artigo 143 da Lei n.º 8.213/91: norma
transitória
A norma prevista no artigo 143 da Lei n.º 8.213/91 será
tratada em item apartado porque se trata de norma aplicável
tanto ao empregado rural como ao segurado especial. Diz esse
artigo que:
Art. 143. O trabalhador rural ora enquadrado como
segurado obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na
forma da alínea "a" do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11
desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de
um salário mínimo, durante quinze anos, contados a partir da
data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de
atividade rural, ainda que descontínua, no período
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em
número de meses idêntico à carência do referido
benefício. (Redação dada pela Lei nº. 9.063, de 1995) (Vide
Medida Provisória nº 410, de 2007).
Apenas o trabalhador rural, seja ele empregado,
trabalhador autônomo ou segurado especial, foi contemplado
pela norma.
Trata-se de norma transitória, porquanto tem prazo
certo para seu fim: 15 anos a contar da vigência da Lei 8.213.
Ou seja, somente até o ano de 2006 poderia o trabalhador
apresentar seu requerimento administrativo.
Em relação ao empregado rural, e somente a ele, o
prazo foi prorrogado até 31/12/2010 (MP 410, convertida na Lei
n.º 11.718/2008). Estendeu-se tal prorrogação ao contribuinte
individual que preste serviços rurais.
Em relação ao segurado especial, não mais subsiste a
norma transitória. No entanto, conquanto expirada a norma do
art. 143 em relação ao segurado especial, este não sofre
prejuízo algum, já que permanecerá podendo auferir o benefício
de aposentadoria por idade com espeque no artigo 39, I, da Lei
n.º 8.213/91, já visto em tópico anterior.
Conclui-se, pois, que o escopo do artigo 143 foi tão-
somente estender aos demais trabalhadores rurais a regra
válida, em princípio, apenas para os segurados especiais, qual
seja, a regra de que a carência é contada independentemente
de comprovação de recolhimentos à Previdência. Contudo, em
relação a eles, a norma tem prazo certo para acabar.
Após esse prazo, estes trabalhadores seguirão a regra
geral de carência, devendo comprovar os recolhimentos
mensais necessários, à exceção do segurado especial, que
continuará em regra própria de carência. A ampliação justifica-
se, pois os trabalhadores rurais migraram de um sistema não
contributivo para um contributivo. [09]
8. Conclusão
De todo o exposto pode-se concluir que o empregado
rural foi tratado pela legislação previdenciária, bem como pela
própria Constituição da República, de forma idêntica ao urbano,
com apenas algumas ressalvas.
Dentre elas, vale destacar duas. Primeiro, a diminuição,
em 5 anos, da idade necessária para obtenção do benefício de
aposentadoria por idade. Segundo, a prevista no artigo 143 da
Lei n.º 8.213/91, já analisado.
No restante, as mesmas exigências e regras aplicáveis
aos trabalhadores urbanos devem ser utilizadas para os rurais.
Ressalvada a regra transitória do artigo 143 da Lei n.º
8.213/91, somente os segurados especiais são beneficiados
pela norma que os dispensa de verter contribuições sociais ao
INSS, bastando comprovar que, no tempo equivalente à
carência exigida para obtenção do benefício pretendido,
exerceram, de fato, a atividade rural, individualmente ou em
regime de economia familiar, sem o auxílio de empregados.
Na hipótese, portanto, de o trabalho exercido pelo
empregado rural, bem como pelo segurado especial, não estar
devidamente registrado, cada um tem fatos distintos a serem
comprovados.
O empregado rural deverá comprovar que exerceu, de
forma subordinada, habitual (não eventual) e pessoalmente,
percebendo, para tanto, salários, atividade em favor de
empregador rural, que explorava o agronegócio
economicamente. Deverá, em outros termos, comprovar o
vínculo empregatício, que, uma vez reconhecido, ensejará a
anotação na Carteira do Trabalho e a exigência, do
empregador, do pagamento das contribuições devidas e não
pagas.
Em relação ao segurado especial, deverá ele comprovar
outro fato. Que era um pequeno agricultor, que exercia sua
atividade individualmente ou em regime de economia familiar,
sem o auxílio de empregados, e que dependia desse trabalho
para sobreviver.
Situações distintas, portanto, que devem ser tratadas
de forma diversa pelo intérprete-aplicador do Direito.
Da pensão por morte no regime geral de previdência social
Danilo Cruz Madeira
Elaborado em 05/2011.
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SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Da pensão por morte:
requisitos; 2.1. Da qualidade de
segurado; 2.2.Dependentes; 3. Do valor mensal e da data do
início do benefício; 4. Da cessação; 5. Da cumulação com
outros benefícios; 6. Conclusão
1. Introdução
O presente artigo tratará, sem pretensões de esgotar o
tema, do benefício previdenciário chamado de pensão por
morte.
Trata-se de verba paga pelo INSS aos dependentes do
segurado que vier a falecer, substituindo a renda antes advinda
de seu trabalho.
De início, explicitar-se-ão quais os requisitos para sua
fruição (qualidade de segurado e dependência). Em seguida,
tratar-se-á do seu valor e da data de seu início. Por fim, serão
elencadas as hipóteses de cessação do benefício, bem como
acerca da sua possibilidade de cumulação com outros
benefícios.
Neste ponto, vale advertir que a iniciativa de escrever o
presente artigo não nasceu, como normalmente ocorre, de
dúvidas ou estudos profundos acerca do Direito Previdenciário.
Aliás, advirta-se desde já que o mesmo não é direcionado aos
especialistas nesse ramo do Direito.
Conforme dito em oportunidade anterior, após publicar
meus primeiros artigos nesta conhecida revista eletrônica,
fiquei surpreso pela grande quantidade de dúvidas práticas,
encaminhadas a mim por e-mail, relacionadas aos mesmos.
Maior foi a minha surpresa ao perceber que muitas dessas
dúvidas foram encaminhadas por pessoas sem formação
jurídica, as quais, mesmo assim, tinham interesse em saber um
pouco mais acerca dos temas tratados.
Trata-se de uma feliz conseqüência da disseminação do
uso da internet, possibilitando que todos tenham acesso a
informações sobre as mais diversas áreas. E o Direito, por
óbvio, é uma delas.
Além disso, é comum que as pessoas sem formação
jurídica indaguem daqueles que a possuem acerca de algumas
questões de seu interesse individual. No caso do Direito
Previdenciário, as questões mais corriqueiras relacionam-se ao
cabimento e ao valor do benefício
É esse o público alvo do presente artigo. Destina-se
àquelas pessoas que, mesmo sem conhecimento técnico-
jurídico, buscarem saber como o INSS verifica o cabimento e
apura o valor dos benefícios previdenciários que paga. Para
tanto, nada melhor do que publicá-lo em uma revista eletrônica
de amplo acesso e publicidade, tal como a presente.
Considerando tal objetivo, tentar-se-á escrever da
forma mais clara e didática possível. Afinal, conforme já dito, o
presente artigo não é direcionado às pessoas que, com
formação jurídica ou não, já conhecem o Direito Previdenciário.
Não se trata, afinal, de um artigo científico. Ao contrário, busca
alcançar aqueles que não têm acesso a livros jurídicos e que
não estão acostumados à linguagem da legislação vigente, bem
como àqueles iniciantes no estudo do Direito Previdenciário.
Traçadas a meta e a forma como se pretende alcançá-
la, iniciem-se os trabalhos.
2. Da pensão por morte: requisitos
O benefício em apreço tem por escopo garantir a
subsistência dos dependentes do segurado que vier a falecer.
Não se exige carência [01] mínima para se fazer jus à
pensão por morte. Exige-se, contudo, que o óbito tenha ocorrido
enquanto o segurado ainda ostentava a qualidade de segurado
da Previdência Social. Vale dizer, ou o segurado deverá estar
contribuindo para a Previdência ou deverá estar, quando
ocorrer o evento morte, no período de graça [02].
Exceção a essa regra ocorre quando o falecido já tiver
adquirido, em vida, o direito a aposentar-se, em qualquer
modalidade, mas não o tenha exercido. Nesse caso, a pensão
pela sua morte será devida mesmo que, em tese, já tenha
perdido a qualidade de segurado.
São dois, portanto, os requisitos para percepção da
pensão por morte:
1º) o falecido deverá ostentar a qualidade de segurado
da Previdência Social na data de seu óbito ou já ter adquirido,
em vida, o direito a aposentar-se;
2º) o requerente deverá ser considerado dependente
do segurado falecido, na forma do artigo 16 da Lei nº 8.213/91.
Analisem-se tais requisitos separadamente.
2.1 Da qualidade de segurado
A qualidade de segurado é mantida, em regra,
enquanto houver contribuições para a Previdência. Contudo, a
lei confere uma extensão do amparo previdenciário por um
período após o fim dessas contribuições, chamado deperíodo de
graça. Nesse período, não há contribuições, mas permanece,
por ficção legal, a qualidade de segurado pelo lapso previsto no
artigo 15 da Lei nº 8.213/91, que diz:
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições:
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de
benefício;
II - até 12 (doze) meses após a cessação das
contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade
remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver
suspenso ou licenciado sem remuneração;
III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o
segurado acometido de doença de segregação compulsória;
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado
retido ou recluso;
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado
incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar;
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das
contribuições, o segurado facultativo.
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24
(vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120
(cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que
acarrete a perda da qualidade de segurado.
§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos
de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que
comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do
Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado
conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social.
§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia
seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da
Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente
ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados
neste artigo e seus parágrafos.
Vale dizer, a morte do segurado deverá ocorrer
enquanto o mesmo estiver contribuindo para a Previdência
Social ou, se tais contribuições tiverem cessado, enquanto
durar o período de graça (em regra, 12 meses após o fim das
contribuições, salvo as exceções acima).
Se, contudo, na data do óbito, o segurado já tiver
perdido a qualidade de segurado a pensão pela sua morte não
será devida, salvo se comprovado que o falecido possuía
direito, em vida, embora não exercido, de aposentar-se, sob
qualquer modalidade, pela Previdência Social. Afinal, nos
termos do artigo 15, I, da Lei 8.213/91, quem está em gozo de
benefício mantém a sua qualidade de segurado. Logo, se a
pessoa poderia estar aposentada, mas não está por qualquer
motivo pessoal, deve, igualmente, manter sua qualidade de
segurado.
2.2 Dependentes
De início, vale transcrever o previsto no artigo 16 da Lei
nº 8.213/91, que diz:
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de
Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho
não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e
um) anos ou inválido; (Redação dada pela Lei nº 9.032, de
1995)
II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição,
menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; (Redação dada pela
Lei nº 9.032, de 1995)
IV - (Revogada pela Lei nº 9.032, de 1995)
§ 1º A existência de dependente de qualquer das
classes deste artigo exclui do direito às prestações os das
classes seguintes.
§ 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho
mediante declaração do segurado e desde que comprovada a
dependência econômica na forma estabelecida no
Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)
§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a
pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o
segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226
da Constituição Federal.
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas
no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada.
Conforme se viu, a dependência econômica do cônjuge,
da companheira e dos filhos menores ou inválidos é presumida.
Os demais devem comprovar essa dependência para fazer jus
ao benefício.
Equiparam-se a filho o enteado e o menor tutelado
assim declarados pelo segurado e desde que comprovada a
dependência econômica (artigo 16, §2º, da Lei 8.213/91). Ou
seja, se possuírem bens suficientes para o seu próprio sustento,
o benefício não será devido.
Conclui-se, pois, que apenas o filho menor de 21 anos
(não emancipado) ou inválido (de qualquer idade) possui em
seu favor a presunção absoluta de dependência.
O cônjuge, a companheira e o companheiro ostentam
presunção apenas relativa de sua dependência econômica,
admitindo, portanto, prova em contrário.
Em relação ao irmão ou ao filho maior inválido, farão
eles jus à pensão desde que a invalidez, atestada pelo médico
perito do INSS, seja anterior ou simultânea ao óbito do
segurado e o requerente não tenha se emancipado até a data
da invalidez. Já no que concerne ao filho ou irmão menores que
se tornem inválidos antes de completarem 21 anos, mesmo que
após o óbito, o benefício não será extinto, pois, neste caso, a
dependência, que já existia na data do óbito, continuará.
Todavia, se a invalidez tiver início após os 21 anos e após o
óbito, não será devida a pensão.
Note-se, aliás, que os dependentes para fins
previdenciários são agrupados em três classes:
I) cônjuge, companheiro(a), filhos menores de 21 anos
(não emancipados) ou inválidos (de qualquer idade);
II) pais;
III) irmão menor de 21 anos (não emancipado) ou
inválido (de qualquer idade).
Existindo dependente da classe I, estão
automaticamente excluídos os da classe II e III. Existindo da
classe II, excluem-se os da III.
A dependência em relação aos cônjuges separados,
judicialmente ou de fato, ou divorciados somente persistirá se o
segurado vinha pagando pensão alimentícia ao seu ex-consorte.
Se não houver pagamento de pensão, a presunção de
dependência cessará.
Admite-se, contudo, que o cônjuge divorciado ou
separado (judicialmente ou de fato) que tenha renunciado a
alimentos comprove, por todos os meios possíveis, que, na data
do óbito, dependia economicamente de seu ex consorte [03]. O
ônus da prova, contudo, recai sobre ele. Uma vez comprovada a
dependência econômica, a despeito da separação, o benefício
será devido.
No caso de companheiro ou companheira de segurado
casado, exige-se que se comprove, além de sua dependência
econômica, que o falecido havia-se separado de fato do seu
cônjuge. Afinal, o chamado concubinato impuro decorrente de
uma relação adulterina não configura união estável. Nesse
caso, a pensão por morte será deferida apenas ao cônjuge. Para
que o benefício seja deferido à companheira ou companheiro,
devem estes demonstrar que viviam com o segurado falecido
como se fossem uma família, o que pressupõe, no caso de
segurado casado, que ele estava separado de fato de seu
cônjuge.
O companheirismo decorrente de relações
homoafetivas exige demonstração de vida em comum. A união
estável deverá ser igualmente comprovada.
Destaque-se que, nos termos do Decreto 3.048/99, não
se admite prova exclusivamente testemunhal. Exigem-se, no
mínimo, três provas documentais:
Art. 22. (...)
§ 3º Para comprovação do vínculo e da dependência
econômica, conforme o caso, devem ser apresentados no
mínimo três dos seguintes documentos: (Redação dada
pelo Decreto nº 3.668, de 22/11/2000)
I - certidão de nascimento de filho havido em comum;
II - certidão de casamento religioso;
III- declaração do imposto de renda do segurado, em
que conste o interessado como seu dependente;
IV - disposições testamentárias;
V- (Revogado pelo Decreto nº 5.699, de
13/02/2006 - DOU DE 14/2/2006)
VI - declaração especial feita perante tabelião;
VII - prova de mesmo domicílio;
VIII - prova de encargos domésticos evidentes e
existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida civil;
IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada;
X - conta bancária conjunta;
XI - registro em associação de qualquer natureza, onde
conste o interessado como dependente do segurado;
XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de
empregados;
XIII- apólice de seguro da qual conste o segurado como
instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua
beneficiária;
XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência
médica, da qual conste o segurado como responsável;
XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo
segurado em nome de dependente;
XVI - declaração de não emancipação do dependente
menor de vinte e um anos; ou
XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção
do fato a comprovar.
Admite-se, na via administrativa ou judicial, a produção
de prova para exclusão de dependente que esteja situado em
posição concorrente ou preferencial em relação ao interessado
(ex.: companheira provar que a ex-esposa do segurado falecido,
que não recebia pensão alimentícia, não dependia
economicamente daquele).
Esclareça-se que, atualmente, no Regime Geral de
Previdência Social, o fato de a viúva ou viúvo contrair novas
núpcias não interfere no seu direito à percepção do benefício
em apreço. Em outros termos, o beneficiário de pensão por
morte pode casar-se novamente sem prejuízo de seu benefício.
3. Do valor mensal e da data do início do
benefício
A pensão por morte tem por escopo substituir a renda
do segurado falecido.
Seu valor corresponderá a 100% do valor da
aposentadoria que o segurado eventualmente percebia. Caso
não fosse aposentado, seu valor corresponderá ao valor que
seria devido se, na data do seu óbito, fosse aposentado por
invalidez [04].
Em se tratando de segurado especial (trabalhador rural
em regime de economia familiar, sem o auxílio de empregados,
que dependa de tal atividade para sobreviver), o valor da
pensão corresponderá a 1 (um) salário mínimo mensal.
Em regra, o pagamento do benefício se inicia:
1) a partir do dia do óbito, se solicitada até 30 dias do
falecimento;
2) a partir da data de entrada do requerimento, se
solicitada após 30 dias do falecimento;
3) a partir da data da decisão judicial declaratória do
óbito, no caso de morte presumida;
4) a partir da data da ocorrência, nos casos de
desaparecimento do segurado por motivo de catástrofe,
acidente ou desastre, quando requerida até 30 dias desta data.
Em se tratando de trabalhador rural, o pagamento se
inicia, se o falecimento ocorreu:
1) após a Lei Complementar n.º 11, de 1971, e antes da
Lei 8.213, de 1991: na data do óbito;
2) antes da LC 11/71: em 01/04/87;
3) antes da MP 1.596-14, de 10/11/97, mas após a Lei
8.213/91, respeitada a prescrição qüinqüenal: na data do óbito;
4) a partir de 11/11/97: aplica-se a regra geral
mencionada anteriormente.
Na existência de mais de um dependente, o benefício
será dividido entre todos em partes iguais.
A pensão por morte não poderá ter valor inferior ao
salário mínimo. Contudo, as cotas individuais que formam o
benefício podem ser menores que tal piso (ex.: dois
dependentes receberem, cada um, ½ salário mínimo).
Noutro passo, vale lembrar que a concessão da pensão
por morte não será adiada pela falta de habilitação de outro
possível dependente.
Em caso de habilitação tardia de outro dependente,
somente fará ele jus ao rateio a partir de sua inclusão enquanto
tal. Vale dizer, não terá ele direito às prestações anteriores à
sua inclusão ou habilitação.
4. Da cessação
A pensão por morte será cessada automaticamente
pela perda da qualidade de dependente.
Nessa hipótese, caso haja mais de um beneficiário da
pensão, o valor da respectiva cota-parte será revertida em
favor dos demais (direito de acrescer).
Perde-se a qualidade de dependente:
1) pelo óbito;
2) pela emancipação (salvo se decorrente de colação
de grau em curso de ensino superior) ou implemento de 21
anos de idade, salvo se inválido;
3) pela cessação da invalidez, constatada por médico-
perito do INSS, em caso de dependente inválido.
A pensão por morte será extinta quando o último
dependente perder essa qualidade.
Vale destacar, neste ponto, que:
(...) a morte do último pensionista não traz direito à
concessão da pensão aos dependentes excluídos à época do
óbito.
Por exemplo, se o cônjuge dependente falecer, não
existindo mais nenhum outro dependente preferencial, os pais
do segurado falecido não irão conseguir a pensão, pois esta já
fora concedida ao cônjuge, e, com sua morte, será extinta. [05]
Cessará, ainda, a pensão por morte se, decorrente ela
de óbito presumido, reaparecer o segurado. Nesse caso, ficam
os dependentes desobrigados da reposição dos valores
recebidos, salvo má-fé (§2º do artigo 78 da Lei 8.213/91).
5. Da cumulação com outros benefícios
É lícita a cumulação de pensão por morte e
aposentadoria. Vale dizer, uma mesma pessoa pode auferir,
como dependente, pensão pela morte de um segurado e, ao
mesmo tempo, perceber aposentadoria, por direito próprio,
enquanto segurado da Previdência Social.
O que não é possível é a mesma pessoa auferir mais de
uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro (artigo 124,
VI, da Lei n.º 8.213/91, com a redação dada pela Lei n.º
9.032/95). Nesse caso, subsistirá apenas a pensão mais
vantajosa. Ou seja, a de valor menor será extinta.
Em relação aos demais benefícios previdenciários, a
cumulação é possível.
6. Conclusão
Conclui-se de todo o exposto que a pensão por morte é
benefício previdenciário pago aos dependentes do segurado da
Previdência Social que vier a falecer.
Na data do óbito, deverá o falecido ostentar a
qualidade de segurado da Previdência, seja por estar
contribuindo para a mesma, seja por estar no período de graça.
O benefício será, contudo, devido, independentemente da sua
qualidade de segurado, se o falecido já houver adquirido o
direito, em vida, de aposentar-se, embora não o tenha exercido.
Atente-se, neste ponto, que quem está em gozo de
benefício (ex.: aposentadoria ou auxílio-doença) mantém a sua
qualidade de segurado da Previdência Social.
Seu valor corresponde ao da aposentadoria que o
segurado percebia ou, se não for aposentado, a 100% de seu
salário-de-benefício (igual à aposentadoria por invalidez).
Notas
1. Carência é o número mínimo de contribuições mensais
que o segurado precisa contar para fazer jus ao benefício
pretendido. Somente a partir daquele número de
contribuições que o segurado estará apto ao percebimento
do benefício previdenciário que pretende obter. No caso da
pensão por morte, conforme já dito, não se exige essa
carência mínima.
2. Em regra, a qualidade de segurado é mantida enquanto
houver contribuições para a Previdência. Contudo, a lei
confere uma extensão do amparo previdenciário por um
período após o fim dessas contribuições, chamado
de período de graça. Nesse período, não há contribuições,
mas permanece, por ficção legal, a qualidade de segurado
pelo lapso previsto no artigo 15 da Lei nº 8.213/91.
3. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça editou a
Súmula 336, que diz: "A mulher que renunciou aos alimentos
na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por
morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica
superveniente."
4. Para saber como se apura o valor da aposentadoria por
invalidez, sugere-se a leitura de outro artigo publicado nesta
mesma revista eletrônica: MADEIRA, Danilo Cruz. Da renda
mensal inicial dos benefícios previdenciários de
auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Como é
calculada. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2837, 8 abr.
2011. Disponível
em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/18860>. Acesso em:
28 abr. 2011.