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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS – UEAESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS - ESO
CURSO DE DIREITO
DANIELLE DELGADO DA SILVA
CODICILOS E LEGADOS
Manaus
2013
DANIELLE DELGADO DA SILVA
CODICILOS E LEGADOS
Trabalho solicitado pela Professora Cláudia, valendo como nota parcial para a Disciplina Direito Civil VI.
Manaus
2013
SUMÁRIO
1.Introcução...............................................................................................................4
2. Codicilos................................................................................................................5
2.1 Histórico dos Codicilos.........................................................................................5
2.2 Conceito e Características do Codicilo................................................................5
3. Legados.................................................................................................................7
3.1 Classificação dos Legados..................................................................................8
3.1.1 Legado de coisa................................................................................................8
3.1.2 Legado de Crédito............................................................................................9
3.1.3 Legado de alimentos.........................................................................................9
4. CONCLUSÃO......................................................................................................10
REFERÊNCIAS.......................................................................................................11
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo principal abordar dos conceitos de
Codicilos e Legados, sua importância, as principais características e as formas de
utilização destes institutos.
Ambos são institutos de suma importância para o Direito Sucessório, pois
garantem ao autor da herança e a seus sucessores a ordem após a morte, no qual vão
pacificar certas relações jurídicas posteriores.
Questões peculiares podem ser mais facilmente resolvidas através de um
codicilo, instrumento que poderá, inclusive, evitar certos transtornos familiares, por já
estar disposto em última vontade do codicilante.
O presente trabalho também irá tratar do estudo sobre os legados, seu
significado e classificação, de forma bem sintetizada.
2. Codicilos
2.1 Histórico dos Codicilos
O Instituto jurídico do Codicilo tem sua procedência em Roma. Tem a ver com
os costumes da época, onde as pessoas faziam pequenas recomendações após a
feitura do testamento. Nesse tempo, as pessoas faziam essas recomendações em
forma de pilhetes aos herdeiros instituídos, mas não tinha o caráter de obrigatoriedade
para com os destinatários do codicilo. Mas aos poucos veio ganhando essa
obrigatoriedade. O autor do codicilo podia designar fideicomisso, destinar legados,
libertar escravos, além de outros.
Surgiu, então, em Roma, duas espécies de codicilos, o testamentário e o ab
intestato. O testamentário era ligado com o testamento, já o ab intestato tinha a ver com
os herdeiros legítimos.
Nas Filipinas, o ordenamento jurídico admitia o codicilo, que funcionava como
um pequeno testamento e objetivava dispor de certas coisas em razão de morte. Mas
era necessário ter capacidade para dispor e a forma era a mesma para os testamentos
ordinários. Além disso, permitia-se o codicilo nuncupativo, ou seja, realizado de forma
oral, no leito de morte.
Atualmente são poucas as legislações que adotam o instituto do codicilo,
existindo previsão legal somente na Áustria, Bolívia e Catalunha, além do Brasil.
2.2 Conceito e Características do Codicilo
O Artigo 1.881 do Código Civil de 2002 preceitua que:
“Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições especiais sobre seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal”.
Pode-se então conceituar Codicilo como, um negócio jurídico de última vontade
em que seu autor dispõe sobre assuntos de menor importância, ou sobre despesas e
donativos de pouco valor. Conforme o supracitado artigo, o codicilo poderá conter
despesas e doações de valor pequeno, a certas e determinadas pessoas, ou
indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, além de conter disposições especiais
sobre o próprio enterro, legado de móveis, roupas e joias de pouco valor, de seu uso
pessoal; disposições sobre a quem caberá cuidar de animais de estimação, ou plantas
do testador; atos de perdão. Ele de difere do testamento pelo fato de este se destinar a
todo o patrimônio disponível para os herdeiros e legatários e naquele é possível fazer
apenas recomendações e pequenas disposições.
O Codicilo pode ser parte integrante ou complementar do testamento, podendo
também existir isoladamente, de modo autônomo e independente.
O Codicilo é um negócio jurídico autônomo, formal, pois é necessário a escrita
e assinatura do próprio autor. Se o codicilo não for escrito, datado e assinado pelo autor
da herança, deverá ser considerado nulo. É revogável, visto que, quando realizado
outro codicilo posterior com cláusulas incompatíveis com o anterior, ou até mesmo por
testamento com cláusulas modificadoras, o codicilo deverá ser considerado revogado.
Os Codicilos podem ser revogados por meio de testamento, mas jamais se revoga um
testamento por meio de Codicilo. As suas disposições poderão abranger os herdeiros
legítimos ou testamentários.
Carlos Roberto Gonçalves1 ensina que “Codicilo é ato de última vontade,
destinado, porém, a disposições de pequeno valor ou recomendações para serem
atendidas e cumpridas após a sua morte”.
Carlos Maximiliano2 conceitua Codicilo como “um ato de última vontade pelo
qual o testador traça diretrizes sobre os assuntos pouco importantes, despesas e
dívidas de pequeno valor”.
O Código Civil, no entanto, não deixa claro o que significa “pouca monta”, ou
“pouco valor”, ficando a interpretação muito na subjetividade. Alguns doutrinadores
dizem que deve-se levar em consideração a situação socioeconômica do codicilante.
Segundo Washington de Barros Monteiro3, “há uma tendência de se fixar em torno de
dez por cento do valor do monte”. Também na mesma linha de raciocínio, Carlos
Maximiliano preleciona:
1 Direito Civil Brasileiro – Direito das Sucessões. Vol. 7, p. 294.2 Direito das Sucessões. 3ª Ed. Vol. 13 Curso de Direito Civil. 35ª Ed. Vol. 6.
A lei exige que as liberalidades consignadas em codicilos sejam de pouco valor; não fornece critério para aquilatar este; logo o assunto fica ao prudente arbítrio do juiz. Quando lhe parecem exageradas, ele não anula o ato, por isto; reduz proporcionalmente as esmolas e legados ao que seja consentâneo com o espírito da norma positiva.4
3. Legados
No ensino de Guilherme Galão5, Legado significa uma disposição de última
vontade pela qual o testador deixa a uma pessoa, a título gratuito, um valor fixado ou
uma ou mais coisas de sua herança. Não incide sobre a cota-parte dos bens do de
cujus, mas apenas sobre bens determinados, especificados, individualizados.
Conforme as palavras de Carlos Roberto Gonçalves6 “Legado é coisa certa e
determinada deixada a alguém, denominado legatário, em testamento ou codicilo”.
Vale ressaltar que legatário é diferente de herdeiro, visto que o legatário é um
sucessor a título singular. Gonçalves ensina também que o Legado difere da herança,
“que é a totalidade ou parte ideal do patrimônio do de cujus”. Desse modo, herdeiro
nomeado não se pode confundir com legatário.
O legado só pode existir na sucessão testamentária. Logo, qualquer pessoa,
parente ou não, natural ou jurídica, simples ou empresária, poderá ser lagatária, sendo
seu objeto lícito e possível.
Conforme o ensino de Maria Helena Diniz7, “O legado requer a presença de três
pessoas, sendo o primeiro o testador, que é o que outorga o legado; a segunda pessoa
é o legatário, que adquire o direito ao legado; e por fim temos a terceira pessoa que é o
onerado, sobre quem recai o ônus do legado ou a quem compete prestar o legado”. A
mesma autora continua, afirmando que, se por acaso o autor da herança houver
incumbido mais de um herdeiro ou legatário de dar cumprimento aos legados, os
onerados irão dividir entre si o ônus, proporcionalmente ao que receberam da herança.
Assim, se o testador indicar um ou mais herdeiros, um ou mais legatários para executar
o legado, o legatário apenas poderá pedir o legado a quem for expressamente indicado
pelo testador. A prestação do legado ou a sua execução poderá ser atribuída pelo
testador a todos os seus co-herdeiros conjuntamente, devendo cada qual satisfazer o 4 Direito das Sucessões. 3ª Ed. Vol. 15 Direito das Sucessões. UNAERP. Ribeirão Preto. 20116 Direito Civil Brasileiro – Direito das Sucessões. Vol. 77 Curso de Direito Civil Brasileiro- Direito das Sucessões. 22ª Edição. Vol. 6
legado na proporção da cota que lhe couber, ou a qualquer um deles, expressamente
encarregado em testamento. Mas também poderá ocorrer que o testador tenha legado
coisa pertencente a um dos co-herdeiros, caso em que o ônus do legado recairá sobre
os outros co-herdeiros, que compensarão o valor da coisa com dinheiro,
proporcionalmente à cota de cada um.
Carlos Roberto Gonçalves enfatiza que,
Quando o legado é atribuído a herdeiro legítimo (que passa a cumular as qualidades de herdeiro e legatário), denomina-se prelegado (praelegatum) ou legado precípuo (praecipum). Pode haver, portanto, como sujeito, além do testador e do legatário, a figura do prelegatário ou legatário precípuo, que recebe o legado e também os bens que integram o seu quinhão na herança.8
3.1 Classificação dos Legados
Segundo a classificação de Carlos Roberto Gonçalves, os legados podem se
classificar, quanto ao objeto, em: a) Legado de coisa; b) Legado de crédito ou de
quitação de dívida; c) legado de alimentos; d) Legado de usufruto; e) Legado de imóvel;
f) legado de dinheiro; g) Legado de renda ou pensão periódica; e h) legado alternativo.
3.1.1 Legado de coisa
O legado de coisa se subdivide em:
a) Legado de coisa alheia: é o que o testador dispõe sobre coisa que não lhe
pertence, o que resulta em nulidade, a menos que, feito o testamento, a
coisa venha a se tornar dele. O artigo 1.912 do Código Civil proclama que “É
ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador ao momento
da abertura da sucessão”.
b) Legado de coisa comum: conforme Carlos Roberto Gonçalves, “se a coisa
legada for comum, pertencendo somente em parte ao testador, só em parte
valerá o legado, porque no restante, ela será alheia, e é ineficaz o legado de
coisa certa que não pertença ao devedor”. Assim diz o artigo 1.914 do
Código Civil: “Se tão somente em parte a coisa legada pertencer ao
8 Direito Civil Brasileiro – Direito das Sucessões. Vol. 7. Pg. 361
testador, ou, no caso do artigo antecedente, ao herdeiro ou legatário, só
quanto a esta parte valerá o legado”.
c) Legado de coisa singularizada: é o legado de coisa certa, individualizada,
não podendo haver escolha pelo legatário.
d) Legado de coisa localizada: é o legado de coisa que se deva encontrar em
um certo lugar, que só terá eficácia, se nele for encontrado, “salvo se
removido a título transitório” (art. 1.917, CC).
3.1.2 Legado de Crédito
É chamado também de legatum nominis, tem essência imaterial, dotado de valor
econômico. Segundo Maria Helena Diniz9, “O legado de crédito tem por objeto um título
de crédito do qual é devedor terceira pessoa, que é transferido pelo testador ao
legatário, e que, entretanto, somente valerá até a concorrente quantia do crédito ao
tempo da abertura da sucessão”. Logo, o nosso ordenamento jurídico trouxe a
possibilidade de se poder constituir legados com créditos a receber.
3.1.3 Legado de alimentos
Pode o testados deixar legados que servirão como subsistência do legatário.
Carlos Roberto Gonçalves, citando Orlando Gomes, leciona que “são prestações para
satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si”. O legado de
alimentos abrange o indispensável à vida: alimentação, vestuário, medicamentos,
habitação, e, se o legatário for menor, educação.
9 Curso de Direito Civil Brasileiro- Direito das Sucessões. 22ª Edição. Vol. 6
4. CONCLUSÃO
Conforme tudo o que foi estudado sobre os temas “Codocilos e Legados”,
conclui-se que o codicilo é benéfico, mesmo sendo um instituto mais limitado, quando
comparado a um testamento, pois expõe garantias de última vontade do testador,
quanto a coisas de menor importância.
Quanto ao segundo instituto, chamado de “Legados”, tem como efeito a
transmissão de posse e propriedade de certo bem, que passarão a pertencer ao
legatário instituído pelo testador. O legatário, portanto, após a abertura da sucessão,
detém o direito de pedir o legado.
REFERÊNCIAS
<http://www.artigonal.com/doutrina-artigos/dos legados-2607062.html> acesso em
30/07/2013
DINIZ. Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro- Direito das Sucessões. 22ª
Edição. Vol. 6
GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Direito das Sucessões. Vol.
7. 6ª Edição. Editora Saraiva: São Paulo. 2012.
MAXIMILIANO. Carlos. Direito das Sucessões. 3ª Edição. Volume 1. Editora Freitas
Bastos: Rio de Janeiro. 1952.
MONTEIRO. Washington de Barros. Curso de Direito Civil. 35ª Edição. Volume 6. São
Paulo: Editora Saraiva: 2003.