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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CÂMPUS DE OURINHOS RODRIGO MAZZETTI FERREIRA CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA E ANÁLISE AMBIENTAL DA ATIVIDADE DE PISCICULTURA EM TANQUES-REDE EM RESERVATÓRIOS DESTINADOS À GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA: ESTUDO DE CASO DA UHE CANOAS I OURINHOS/SP MARÇO 2016

Trabalho de Conclusão de Curso - TCCvampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação_2ª_edição/Rodrig… · de piscicultura em tanques-rede em reservatÓrios destinados À geraÇÃo

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

CÂMPUS DE OURINHOS

RODRIGO MAZZETTI FERREIRA

CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA E ANÁLISE AMBIENTAL DA ATIVIDADE

DE PISCICULTURA EM TANQUES-REDE EM RESERVATÓRIOS DESTINADOS À

GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA: ESTUDO DE CASO DA UHE CANOAS I

OURINHOS/SP

MARÇO – 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

CÂMPUS DE OURINHOS

RODRIGO MAZZETTI FERREIRA

CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA E ANÁLISE AMBIENTAL DA ATIVIDADE

DE PISCICULTURA EM TANQUES-REDE EM RESERVATÓRIOS DESTINADOS À

GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA: ESTUDO DE CASO DO DA UHE CANOAS I

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Comissão de Avaliação de TCC do Curso de Pós-

Graduação em Gerenciamento de Recursos Hídricos e

Planejamento Ambiental em Bacias Hidrográficas, como

parte das exigências para obtenção do Título de

Especialista.

Orientadora: Prof.ª. Dr.ª Andréa Aparecida Zacharias

OURINHOS/SP

MARÇO – 2016

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RESUMO

Devido à disponibilidade hídrica, qualidade da água, clima favorável e proximidade de grandes centros de consumo, a bacia hidrográfica do rio Paranapanema possui condições extremamente favoráveis ao desenvolvimento da aquicultura. Nessa região estão inseridos alguns dos mais importantes reservatórios de água implantados com a finalidade de geração de energia elétrica do Brasil, cuja atividade de piscicultura em tanques-redes se apresenta como uma interessante opção econômica, porém a caracterização socioeconômica e a análise ambiental ainda são incipientes. A metodologia utilizada nessa pesquisa foi o Estudo de Caso do reservatório da Usina Hidrelétrica de Canoas I e através da aplicação de questionário com perguntas semiestruturadas, incursão em campo e levantamento bibliográfico existente sobre o tema, teve por objetivo realizar a caracterização socioeconômica e análise ambiental a fim de entender a realidade da atividade e direcionar o planejamento de ações estratégicas (ainda escassas), assim como subsidiar a consolidação de política pública para o setor e também fomentar as discussões sobre o licenciamento ambiental e os impactos socioeconômicos de seu desenvolvimento. Palavras chaves: Aquicultura, Tanques-rede, Reservatórios, Paranapanema.

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ABSTRACT

Due availability and quality water, favorable climate and proximity to consumption centers, the hydrographic basin of the Paranapanema River has extremely favorable conditions for the development of aquaculture. In this region they are entered some of the most important water reservoirs deployed for the purpose of electricity generation in Brazil, whose fish farming activity in fish cages is presented as an interesting economic option, but the socioeconomic characteristics and environmental analysis are still incipient. The methodology used in this research was the study case of the hydroelectric plant's reservoir of Canoas I and through a questionnaire with semi structured questions incursion in the field and existing literature on the subject, aimed to achieve socioeconomic characterization and environmental analysis order to understand the reality of activity and direct the planning of strategic actions (still scarce), as well as support the public policy of consolidation for the sector, and to promote discussions on the environmental licensing and socioeconomic impacts of development. Palavras chaves: Aquaculture, Fish Cages, Reservoirs, Paranapanema.

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DEDICATÓRIA

A todas as pessoas que lutam diariamente pela preservação dos recursos hídricos e pela manutenção da qualidade da água em nosso planeta, fonte primária e elemento essencial à vida e ao desenvolvimento humano, de valor inestimável, Dedico.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus por mais um trabalho e objetivo concluído;

Aos meus pais Fausto e Nilza que sempre me apoiam em qualquer novo desafio

relacionado aos meus estudos;

À minha namorada Mariane pelo companheirismo e amizade, além do apoio e

discussões constantes acerca dos desafios da vida acadêmica e de vários outros

trabalhos e atividades cotidianas;

À professora Andréa Aparecida Zacharias, que mais uma vez se comprometeu a me

orientar em um trabalho acadêmico, mesmo diante dos desafios do tema escolhido e;

À Duke Energy International - Geração Paranapanema S.A., representada pelos

gestores da Diretoria de Operações e Meio Ambiente, pelo incentivo e direcionamento

dos meus estudos em Gerenciamento de Recurso Hídricos e Planejamento Ambiental

em Bacias Hidrográficas.

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SUMÁRIO

1. CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10

1.1. Considerações Iniciais ................................................................................................................ 10

1.2. Justificativas da área e tema da pesquisa e hipótese de trabalho ......................................... 12

1.3. Objetivos ....................................................................................................................................... 12

1.4. Área de Estudo ............................................................................................................................. 13

2. CAPÍTULO II – METODOLOGIA ...................................................................................................... 16

2.1. Métodos e Técnicas de Pesquisa ............................................................................................... 16

2.2. Pesquisa de Campo e Aplicação de Questionário.................................................................... 17

3. CAPÍTULO III – INTRODUÇÃO À AQUICULTURA ........................................................................ 19

3.1. Conceitos, Definições e Tipos de Sistemas de Produção ....................................................... 19

3.2. Sistema de produção em tanques-rede ..................................................................................... 20

3.3. Impactos Ambientais e Socioeconômicos da Aquicultura ...................................................... 21

3.4. Legislação e Regulamentação da Aquicultura e Pesca no Brasil........................................... 24

3.5. Processo de Licenciamento da Aquicultura em Águas de Domínio da União ...................... 29

3.6. O Licenciamento Ambiental da Aquicultura .............................................................................. 32

3.7 A Anuência Prévia da Concessionária ........................................................................................ 34

4. CAPÍTULO IV – CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA ATIVIDADE DE PISICULTURA

EM TANQUES-REDES NO RESERVATÓRIO DA UHE CANOAS I ................................................... 35

4.1. Levantamento dos projetos de piscicultura em tanques-rede rio Paranapanema ............... 35

4.2. Dados demográficos, sociais e econômicos dos municípios no entorno do reservatório da

UHE Canoas I ....................................................................................................................................... 36

4.3. Caracterização Socioeconômica ................................................................................................ 39

4.3.1. Número de projetos .................................................................................................................. 39

4.3.2. Data de início do projeto .......................................................................................................... 39

4.3.3. Investimento inicial ................................................................................................................... 40

4.3.4. Quantidade de tanques-rede instalados e Volume estimado total produção por ano ...... 41

4.3.5. Tipo de imóvel ........................................................................................................................... 43

4.4. Informações socioeconômicas dos projetos ............................................................................ 43

4.4.1. Tipo de organização empregada no projeto ........................................................................... 43

4.4.2. Licenciamento Ambiental ......................................................................................................... 45

4.4.3. Quantidade de empregos gerados e tipo de mão-de-obra empregada ............................... 46

4.4.4. Finalidade da Produção ............................................................................................................ 46

4.4.5 Assistência técnica ou de Extensão Rural e linhas de Financiamentos .............................. 47

5. CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 48

6. REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS ................................................................................................ 49

7. ANEXOS ........................................................................................................................................... 54

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ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: A Usina Hidrelétrica de Canoas I e seu reservatório tipo fio d’água ......................... 13

Figura 2: A paisagem predominante no reservatório da UHE Canoas I.................................... 14

Figura 3: Distribuição espacial dos projetos de piscicultura em tanques-rede no reservatório

da UHE Canoas I ................................................................................................................................ 15

Figura 4: Fluxograma I – Proposta do Estudo de caso por Yin .................................................. 16

Figura 5: Modelo de questionário aplicado para levantamento de informações em campo .. 18

Figura 6: Exemplo de Tanques-rede destinados à criação de peixes em reservatórios ........ 20

Figura 7: Impactos ambientais da aquicultura ............................................................................... 22

Figura 8: Exemplo de projeto de um com utilização de APP e proliferação de macrófitas. ... 22

Figura 9: Exemplos de posicionamento inadequado (esq) e recomendável (dir) dos tanques-

rede. ...................................................................................................................................................... 23

Figura 10: Fluxograma do processo de licenciamento dos projetos de aquicultura em águas

da União ............................................................................................................................................... 30

Figura 11: Cartaz da Campanha Espaço Legal - Duke Energy .................................................. 34

Figura 12: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, Média Regional e Nacional dos

municípios da região da UHE Canoas I Fonte: Adaptado de PNUD (2010) ............................. 38

Figura 13: Tipo de organização empregada nos projetos de piscicultura em tanques-rede no

reservatório da UHE Canoas I.......................................................................................................... 44

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Legislações específicas estaduais para aquicultura e suas modalidades de

licenciamento ....................................................................................................................... 33

Tabela 2: Projetos de piscicultura em tanques-rede nos principais reservatórios destinados a

geração de energia elétrica no rio Paranapanema ............................................................... 35

Tabela 3: Dados demográficos, sociais e econômicos dos municípios do entorno da UHE

Canoas I .............................................................................................................................. 37

Tabela 4: Índice de Urbanização dos Municípios da região do entorno da UHE Canoas I ... 37

Tabela 5: Projetos de piscicultura em tanques-rede identificados no reservatório da UHE

Canoas I .............................................................................................................................. 39

Tabela 6: Dados sobre os investimentos iniciais dos projetos de piscicultura em tanques-

rede no reservatório da UHE Canoas I ................................................................................ 40

Tabela 7: Custos estimados com o licenciamento de projetos de piscicultura em tanques-

rede em Águas da União ..................................................................................................... 41

Tabela 8: Quantidade de tanques-rede instalados, volume estimado total produção por ano e

área da lâmina d´água utilizada no reservatório da UHE Canoas I ...................................... 42

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10 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

_______________________________________________________________________

1.1 Considerações Iniciais

O rio Paranapanema é um dos mais importantes e estratégicos cursos d’água do

território brasileiro, pois além de ser o divisor político e administrativo natural dos

Estados de São Paulo e do Paraná, é “um eixo de integração entre duas regiões muito

homogêneas” 1. É também um dos rios mais preservados do interior do país, condição

essa estabelecida principalmente pela considerável distância dos grandes centros

urbanos e regiões industrializadas brasileiras, que são basicamente os dois principais

fatores que exercem grande pressão por utilização dos mananciais, seja por meio da

utilização para fins de abastecimento público e/ou esgotamento sanitário, uso industrial

ou agrícola, além dos demais usos consuntivos ou não.

De sua nascente, na Serra de Agudos Grandes, localizada no município de Capão

Bonito, no sudoeste do Estado de São Paulo até a foz, na confluência com o rio Paraná,

percorre pouco mais de 900 km e devido a sua área de abrangência, 105.921 km²

Scroccaro e Mancini (2011), a Bacia Hidrográfica do Rio Paranapanema está dividida em

11 sub-bacias, sendo 03 no Estado de São Paulo e 08 no Estado do Paraná, dentre as

quais estão instalados 07 Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH) e um Comitê de nível

Federal instituído pelo Decreto Presidencial, s/nº, de 5 de junho de 2012, sendo

posteriormente instalado em dezembro de 20122.

De acordo com o CBH Paranapanema, a Bacia Hidrográfica do Rio Paranapanema

abrange um total de 247 municípios, dos quais 132 estão localizados no Estado do

Paraná e 115 localizados no Estado de São Paulo. A população total da bacia é de

4.282.202 habitantes, dos quais 62% do lado paranaense e 38% do lado paulista.

O aproveitamento para fins de geração de energia do rio Paranapanema também é

evidenciado pelas 11 usinas hidrelétricas instaladas em seu alto, médio e baixo curso

(também chamado de Pontal do Paranapanema), sendo que o reservatório da Usina

Hidrelétrica (UHE) Canoas I, área objeto do presente estudo, está localizado na região

do Médio Paranapanema.

Além de seu potencial energético, a bacia hidrográfica do rio Paranapanema também

é privilegiada do ponto de vista ambiental e propícia o desenvolvimento de outras

atividades, como por exemplo, a aquicultura, pois,

[...] “além da disponibilidade hídrica em quantidade no rio Paranapanema, deve-se ressaltar também como favorável ao crescimento dessa atividade nessa região, a qualidade das suas águas, as condições climáticas

1 Disponível em <http://paranapanema.org/> Acesso em 05 de abr. 2015.

2 Disponível em <http://www2.ana.gov.br/Paginas/imprensa/noticia.aspx?id_noticia=12534> Acesso 05 de abr. 2015.

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favoráveis a produção de peixes no sistema intensivo, o crescimento da demanda e a proximidade de seus centros de consumo (potencial de mercado); bem como o potencial de geração de emprego e renda dessa atividade, que propicia o interesse público e privado no fomento e crescimento da atividade na região do rio Paranapanema e seus reservatórios” (FERREIRA e TOYAMA, p.1969, 2013).

Atividade essa que vem sido desenvolvida no Brasil desde a década de 1980, e que

foi impulsionada pelos sistemas de pesque e pague na década subsequente. Entretanto,

foi apenas na virada do século que atividade ganhou notoriedade e grande relevância no

cenário nacional, sobretudo após a criação da Secretaria Especial de Aquicultura e

Pesca da Presidência da República (SEAP/PR) no ano de 2003. Mediante grandes

esforços do Poder Público em conjunto com a Sociedade Civil, por sua vez, culminou

com o sancionamento da Lei nº 11.958 de 26 de junho de 2009, que deu a essa

Secretaria o status de Ministério, sendo constituído o Ministério da Pesca e Aquicultura

do Brasil (MPA) 3.

De acordo com o MPA, o Brasil possui condições favoráveis ao desenvolvimento da

aquicultura, pois além da situação climática favorável e a disponibilidade hídrica no

território brasileiro, existem hoje no país mais de 3,5 milhões de hectares de lâmina

d’água em reservatório de usinas hidrelétricas, conforme dados disponibilizados pela

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), sendo que aproximadamente 30% desse

total, apenas no Estado de São Paulo, com cerca de 1.000.000 ha de áreas alagadas

(Ayroza et. al., 2006).

Situação claramente definida na bacia hidrográfica do rio Paranapanema, onde os

principais reservatórios artificiais destinados à geração de energia elétrica, operados

pela Duke Energy abrangem aproximadamente 187.000 hectares, ou seja, “5,33% do

total da lâmina d’água existente no Brasil em reservatórios hidrelétricos” (FERREIRA E

TOYAMA, 2013, p. 1970).

Conforme Scrocaro; Mancini (2011) estimativas realizadas pelo MPA indicam a

possibilidade de produção de até 89 mil toneladas de pescado em tanques-redes no rio

Paranapanema, podendo beneficiar duas mil famílias, além da geração de 32 mil

empregos indiretos. Essas estimativas foram baseadas na experiência de implantação

de Parques Aquícolas do Ministério de Pesca e Aquicultura em outros reservatórios do

país. Estudos realizados por parte do MPA ainda estão sendo finalizado e esses

números ainda são passíveis de confirmação. Comparativamente, dados do MPA

obtidos em 2013 apontam ainda que o Brasil produz aproximadamente atualmente dois

milhões de toneladas de pescado, sendo que desse total cerca de 40% são cultivados. A

3 Em Reforma Ministerial anunciada pelo Governo Federal em outubro de 2015 o MPA foi integrado ao Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/10/1689347-dilma-anuncia-corte-de-8-ministerios-e-reducao-de-salario-dos-ministros.shtml> Acesso em 02/10/2015.

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atividade gera um PIB pesqueiro de R$ 5 bilhões, mobiliza 800 mil profissionais entre

pescadores e aquicultores e proporciona 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos.

1.2 Justificativas da área e tema da pesquisa e hipótese de trabalho

Os dados sobre a caracterização socioeconômica da atividade da piscicultura em

tanques-rede em reservatórios artificiais e a análise ambiental da atividade no país ainda

são escassos, embora alguns esforços pontuais vêm sendo realizados no setor. Um

deles é o acordo de cooperação assinado em setembro de 2013 entre o então Ministério

da Pesca e Aquicultura (MPA) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

que pela primeira vez incluiu a participação da aquicultura nacional na Pesquisa

Pecuária Municipal (PPM), abrangendo dados como produção, espécies cultivadas e

renda dos profissionais da área, em cultivos de água doce ou salgada. Outros estudos

como Tiago (2010) e Furlaneto et al (2013), por sua vez, buscam retratar e caracterizar o

processo de licenciamento e a atividade de aquicultura em reservatórios artificiais, como

na acontece na região do médio Paranapanema.

O sistema de cultivo intensivo de peixes em tanques-rede em reservatórios artificiais

encontra-se em franca expansão, devido ao potencial de crescimento e lucratividade e

consequentemente de geração de emprego e renda, e também devido a série de

incentivos governamentais, porém, a ausência de estudos mais profundados tanto no

âmbito da análise de seu impacto ambiental e socioeconômico dificultam sua

regulamentação em bases sólidas, através de política pública pertinente e o maior e

melhor direcionamento de investimentos públicos e privados para desenvolvimento das

comunidades que dela se beneficiam, sobretudo aquelas ligadas aos entornos dos

empreendimentos hidrelétricos em operação no país, que dispunham de água reservada

em quantidade e qualidade, suficientes para o desenvolvimento completo da atividade.

Além disso, estudos nesse sentido podem colaborar com discussões com vistas a

mitigação dos potenciais conflitos (econômicos, sociais e ambientais) que tal atividade

possa causar, sobretudo considerando-se o cumprimento da legislação ambiental e

regulamentação conflituosa e ambígua vigentes no país.

1.3 Objetivos

O objetivo principal deste trabalho é realizar a caracterização socioeconômica e a

análise ambiental da atividade de piscicultura em tanques-rede desenvolvida em

reservatórios artificiais, destinados prioritariamente à geração de energia elétrica,

utilizando como estudo de caso, os projetos de piscicultura em tanques-rede atualmente

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em operação no reservatório da UHE Canoas I, localizado na região do médio curso do

rio Paranapanema (UGRHI-17 – Médio Paranapanema).

De forma complementar, o trabalho tem como desafios e objetivos específicos: (a)

discutir os impactos ambientais e socioeconômicos do desenvolvimento da atividade de

piscicultura em tanques-redes em reservatórios para geração de energia elétrica e (b)

levantar e avaliar o processo de licenciamento da atividade com intuito de elucidar os

entraves e restrições para seu desenvolvimento.

1.4 Área de Estudo

O recorte espacial do presente trabalho é constituído pela área de abrangência do

reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) de Canoas I, que teve sua formação decorrente do

barramento para fins de aproveitamento energético de um trecho do rio na região do Médio

Paranapanema, localizado entres os municípios Itambaracá (PR) e de Cândido Mota (SP).

No entanto, ao todo quatro municípios estão compreendidos em área limítrofe a esse

reservatório, que tiveram parte de suas áreas alagadas ou impactadas pelo processo de

desapropriação de terras para formação de seu reservatório, que possui uma área de 30,85

km² ou 3.085,00 ha (DUKE ENERGY, 2013, p.18).

Figura 1: A Usina Hidrelétrica de Canoas I e seu reservatório tipo fio d’água Fonte: Duke Energy (sem data)

Em relação ao empreendimento, a UHE Canoas I (Figura 1) é uma usina de pequeno

porte, do tipo fio d’água, que está localizada na região do médio Paranpanema. Em seu

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14 projeto utilizam-se três turbinas do tipo bulbo e sua potência instalada é de 81MW e teve

sua conclusão no ano de 1999, sendo, portanto uma das usinas mais novas da cascata, no

rio Paranapanema.

Além do potencial de geração de energia elétrica do reservatório dessa Usina em

específico, outros usos também em seu entorno e no seu espelho d’agua podem ser

evidenciados como, por exemplo, atividades agrossilvopastoris, expansão imobiliária

(loteamentos de chácaras residenciais e de lazer), exploração minerária e a própria

aquicultura, através da criação de peixes em sistema de tanques-rede, atividade essa

bastante difundida se comparada ao tamanho do reservatório e comparado aos demais

reservatórios da cascata. Esse contraste, de usos múltiplos do reservatório, é refletido na

paisagem regional, conforme pode ser observado na Figura 2.

Figura 2: A paisagem predominante no reservatório da UHE Canoas I Fonte: Tanques-rede Iarema

(sem data)

Devido sua abrangência e importância regional, esse reservatório está compreendido

por três comitês de bacias hidrográficas, sendo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Médio

Paranapanema, no Estado de São Paulo, O Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios

Cinzas, Itararé, Paranapanema 1 e 2, no Estado do Paraná e mais recentemente pelo

Comitê Federal da Bacia Hidrográfica do Paranapanema, que por sua vez envolve ao todo

225 municípios da bacia A localização do reservatório, área de abrangência e a distribuição

espacial dos projetos de piscicultura em tanques-rede no reservatório da UHE Canoas I

estão contempladas na Figura 3.

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Figura 3: Distribuição espacial dos projetos de piscicultura em tanques-rede no reservatório da

UHE Canoas I Fonte: O Autor (2016)

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2. CAPÍTULO II – METODOLOGIA

____________________________________________________________________

2.1 Métodos e Técnicas de Pesquisa

A realização da presente pesquisa utilizou como método o Estudo de Caso,

portanto as investigações da pesquisa seguiram um conjunto de procedimentos pré-

especificados. Robert Yin traz na obra “Estudo de Caso – Planejamento e métodos” esses

procedimentos detalhados, além de orientações, definição do método do estudo de caso e

diferenciação de outros métodos em pesquisa social, que serviram como base para a

escolha do método desta pesquisa.

Para Yin, este método “permite que os investigadores retenham características

holísticas e significativas dos eventos da vida real como o (...) desempenho escolar” (YIN,

2010, p.24), entretanto apresenta uma preocupação quanto à generalização cientifica,

questionando “Como você pode generalizar a partir de um único estudo de caso?” (YIN,

2010, p. 36). O autor afirma que o estudo de caso é generalizável na teoria, e não às

populações ou os universos. Dessa forma o estudo de caso não pretende representar uma

“amostragem” e enumerar frequências, mas sim, busca expandir e generalizar teorias

(generalização analítica). A meta seria “fazer uma análise “generalizante” e não uma

“particularizante” (YIN, 2010, p. 36).

Para esse autor, a realização da pesquisa de estudo de caso é um processo linear,

mas interativo, como se observa no diagrama abaixo (Figura 4):

Figura 4: Fluxograma I – Proposta do Estudo de caso por Yin Fonte: Adaptado de YIN, 2010, p. 21.

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O Plano seria a parte em que o pesquisador identifica as questões de pesquisa, o

tipo de pesquisa, como também a justificativa para a realização do estudo de caso. No

Projeto deve-se definir a unidade de análise; desenvolver a teoria, as proposições e os

assuntos subjacentes ao estudo; identificar o projeto de estudo de caso (único, múltiplo,

holístico e integrador); e definir os procedimentos.

No estudo de caso (quando a finalidade é desenvolver ou testar uma teoria),

é essencial que o desenvolvimento da base teórica ocorra na fase do projeto, ou seja, antes

da coleta de dados. O papel do desenvolvimento da teoria, segundo Yin, é um ponto de

diferença entre os estudos de caso e outros métodos relacionados, como a etnografia, que

evitam as especificações teóricas deliberadamente, no inicio de uma investigação.

Na Preparação, o protocolo do estudo de caso deve ser desenvolvido, com a

preparação para a coleta de dados. Na Coleta de dados é importante seguir o protocolo de

estudo, mas este deve ser flexível, quando necessário. Este momento é importante, pois é

onde se cria um banco de dados e mantém um encadeamento com as evidências. A Análise

dos dados seria o exame, a tabulação nos dados, para tirar conclusão baseadas

empiricamente. É fundamental que se defina o que analisar e por quê. Yin aponta como

estratégias, contar com as proposições teóricas, desenvolver descrições de caso, usar

dados quantitativos e/ou qualitativos e examinar as explanações rivais. É importante,

apresentar os dados separados das interpretações.

Sugere-se que a redação da monografia (Compartilhamento) não seja

iniciada na fase final do processo de análise dos dados, e deve apresentar evidências

suficientes para o leitor alcançar suas próprias conclusões.

2.2 Pesquisa de Campo e Aplicação de Questionário

O principal instrumento de coleta de dados para a pesquisa de campo consistiu na

aplicação de questionário socioeconômico (Figura 5), com perguntas fechadas e abertas. A

pesquisa contou com a participação voluntária de representantes e funcionários dos projetos

de piscicultura em tanques-rede atualmente em operação no reservatório da UHE Canoas I,

que responderam espontaneamente a todas as questões do Questionário Socioeconômico

(ANEXO I) e que teve sua aplicação concomitante às inspeções patrimoniais realizadas por

equipes de campo contratadas pela concessionária responsável pelo reservatório (Duke

Energy), sob supervisão de um Técnico da empresa, que também foi responsável pela

elaboração das questões e compilação dos dados obtidos nesse trabalho. As incursões em

campo e a coleta de dados através desse questionário ocorrem durante os meses de

janeiro, fevereiro, junho, julho, agosto (2014) e outubro (2015).

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Figura 5: Modelo de questionário aplicado para levantamento de informações em campo Fonte: O autor, 2016.

Os dados obtidos com a aplicação do questionário foram divididos em duas partes,

sendo a primeira classificada em “Etapa 1 - Dados de identificação dos projetos” e a

segunda classificada em “Etapa 2 - informações socioeconômicas”, de modo a facilitar a

análise de cada tipo de informação proposta, assim como segmentar de acordo com o tipo

de dado e a informação trabalhada.

Cabe por fim ressaltar que a caracterização socioeconômica do presente trabalho

foi elaborada a partir de dados coletados em campo junto aos piscicultores ativos no

reservatório da UHE Canoas I, sendo que o método científico utilizado (Estudo de Caso)

está alicerçado na aplicação do próprio questionário e que, embora tenha sido desenvolvido

para uma finalidade acadêmica foram também utilizadas questões de interesse da

companhia geradora de energia elétrica que detém a concessão desse reservatório (Duke

Energy), para um levantamento diagnóstico da situação da atividade nesse reservatório.

Em relação à discussão acerca da análise ambiental da atividade foram utilizadas

as principais referências legais (Leis, Portarias, Resoluções, etc) que regulamentam o setor

de aquicultura e demais trabalhos acadêmicos que ampliam o horizonte em relação à

análise quanto os impactos ambientais de sua execução.

Os dados obtidos com a aplicação do questionário, assim como a análise ambiental

da atividade estão contempladas nos Capítulos III e IV desse trabalho.

Etapa 1 – Identificação do Projeto

Etapa 2 – Informações socioeconômicas

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3. CAPÍTULO III – INTRODUÇÃO À AQUICULTURA

____________________________________________________________________

3.1 Conceitos, Definições e Tipos de Sistemas de Produção

Por definição, a aquicultura é entendida atualmente como uma atividade multidisciplinar,

responsável pelo cultivo de organismos e espécies aquáticas, sendo que o manejo e a

intervenção humana nesse contexto se torna imprescindível para o incremento da produção.

Difere-se da atividade da pesca no sentido de que, essa última caracteriza-se como

exploração de recursos naturais em propriedade pública, sem vínculo de propriedade sob a

área utilizada e os organismos da criação (OLIVEIRA, 2009).

De acordo com Brasil (2009), a aquicultura é definida como “a atividade de cultivo de

organismos cujo ciclo de vida em condições naturais se dá total ou parcialmente em meio

aquático”, pois, assim como o homem se fixou no campo através da agricultura e da

pecuária, a aquicultura também foi o modo encontrado para se manter a produção contínua

e equilibrada de seus recursos alimentares, mediante o controle e o cultivo de espécies

aquáticas em regime de confinamento, tanto em águas continentais (doces e/ou interiores)

como em ambientes marinhos.

Outra definição conhecida é da Embrapa (2011), que classifica a aquicultura como:

[...] “a ciência que estuda técnicas de cultivo não só de peixes, mas também de crustáceos (como o camarão ou lagosta), moluscos (como o polvo e a lula), algas e outros organismos que vivem em ambientes aquáticos. Até rãs, tartarugas e jacarés podem ser criados para alimentação humana.” (EMBRAPA, 2011).

Há ainda diversas terminologias abrangidas quando nos referimos à aquicultura e que

são refletidas por suas diversas especialidades: Piscicultura (criação de peixes);

Malacocultura (produção de moluscos, como ostras, mexilhões, caramujos e vieiras);

Carcinicultura (criação de camarão em viveiros); Algicultura (cultivo de macro ou

microalgas); Ranicultura (criação de rãs), entre outras.

Quanto aos sistemas de produção, podem utilizar os diversos ambientes de água doce,

salgada ou salobra e podem ser classificados como de base terrestre (viveiros escavados e

barragens) ou base aquática (tanques-rede, currais, balsas, etc.), sendo muito comuns

nesse caso, a instalação em enseadas, baías ou outros locais em áreas continentais como

açudes e reservatórios artificiais destinados a geração de energia elétrica. Em termos de

intensidade, segundo a Ayroza et. al. (2011), estão ordenados da seguinte maneira: 1)

Sistema extensivo; 2) Sistema semi-intensivo e 3) Sistemas intensivos e superintensivo.

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3.2 Sistema de produção em tanques-rede

O sistema de produção em tanques-rede é uma modalidade de cultivo intensivo,

comumente destinado à piscicultura e que utiliza águas represadas de açudes, lagoas ou

reservatórios artificiais já existentes para desenvolvimento da atividade.

Os tanques-rede são equipamentos constituídos por flutuadores (galões, bombonas,

bambu, isopor, canos de PVC, etc.) que sustentam submersos na água as gaiolas ou redes

de náilon, plásticos perfurados, arames galvanizados revestidos com PVC ou ainda telas

rígidas, para confinamento dos organismos aquáticos em seu interior (Figura 6). Possuem

dimensões variadas, porém geralmente são utilizadas gaiolas entre 03 e 18m³ que facilitam

o manejo e o tornam mais vantajoso do ponto de vista produtivo e econômico, sobretudo

pela maior facilidade de renovação da água (MENESES, 2007).

Figura 6: Exemplo de Tanques-rede destinados à criação de peixes em reservatórios Fonte: Maxtelas (2012)

Há uma série de vantagens que esse sistema de produção apresenta em relação aos

métodos convencionais existentes no país, como por exemplo, os viveiros escavados. De

acordo com Ayroza et. al. (2011), dentre essas vantagens, podemos destacar: 1) O baixo

custo e a rapidez de implantação; 2) Rápido retorno do investimento inicial no projeto; 3)

Produtividade elevada; 4) Controle eficiente da população e sanidade animal e 5) Facilidade

no manejo e despesca. Quanto às desvantagens e entraves relacionados ao

desenvolvimento da atividade estão o licenciamento e a regularização dos projetos,

sobretudo aqueles praticados em águas de domínio da União, o acesso à assistência

técnica e as linhas de financiamento e crédito em nível federal e estadual e a sobreposição

da legislação em virtude da aquicultura ser diretamente afetada por normas jurídicas

referentes a diferentes setores como produção animal, recursos hídricos, saúde, entre

outros (OSTRENSKY et. al., 2008, p.108).

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3.3 Impactos Ambientais e Socioeconômicos da Aquicultura

A discussão acerca dos impactos ambientais da aquicultura também é bastante extensa

e controversa e ainda que alguns estudos como de Toledo et. al (2003) demonstrem que

essa possa ser considerada uma atividade de baixo impacto ambiental, diversas situações

relacionadas ao seu desenvolvimento merecem bastante atenção.

Para Ostrensky et. al., 2008 nada merece maior atenção do que a ocupação

desordenada dos grandes reservatórios para cultivo em tanques-rede. Isso por que,

segundo os autores,

[...] “O uso desse sistema de cultivo até hoje foi quase completamente inibido, em função de uma legislação confusa e complexa, somada à falta de capacidade operacional dos órgãos licenciadores, à burocratização do processo e aos custos para emissão das licenças” (Idem, 2008, p. 227).

Além disso, a utilização de espécies exóticas ou alóctones na produção podem causar

impactos significativos à biota e, consequente aos ecossistemas, sendo que a mobilização

do setor produtivo do pescado deve convergir no sentido de impedir principalmente a

eutrofização, dos corpos d'água, ou seja, o acúmulo de nutrientes como Nitrogênio e Fósforo

que são encontrados em abundância nas fezes e demais rejeitos metabólicos de homens e

animais, a fim de se evitar os mesmos problemas identificados em alguns outros países do

mundo (Ibidem, 2008).

Nesse mesmo contexto, a principal explicação para esse tipo de impacto advém da

caracterização do sistema de cultivo em tanques-rede, que por seu regime intensivo e

emprego de grande volume grande de insumos alimentares para produção de peixes em

grande quantidade e com área reduzida, acaba gerando maior despejo de restos de

alimentos e metabólicos diretamente no ambiente (ALVES e BACARIN, 2005, p. 329).

Outro fator fundamental é a manutenção da qualidade da água, que é extremamente

dependente da estrita observância e cumprimento das boas práticas de manejo, legislações

vigentes e também demais cuidados necessários para como o recurso hídrico, tanto no

âmbito da produção aquícola quanto nas demais atividades que dele dependem. Isso

porque, em qualquer atividade que possa gerar efluentes e, que consequentemente

aumentam a concentração de nutrientes nos corpos d’água que o recebem, podem ser

provocadas inúmeras alterações químicas e físicas na água, dentre as quais podemos

destacar: a) variações acentuadas de pH, b) baixas concentrações de oxigênio; c)

elevados teores de amônia; d) desenvolvimento de espécies planctônicas e e) proliferação

de macrófitas, que embora possam ter papel fundamental nos ecossistemas em que

ocorrem, também permitem a floração e o surgimento de espécies tóxicas, principalmente

cianobactérias, que podem ser prejudicial a saúde humana e animal.

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Para Valenti (2002), no entanto, os impactos ambientais relacionados à aquicultura

podem ocorrer durante as fases de implantação ou operação dos sistemas de cultivo,

conforme demonstra a Figura 7:

Figura 7: Impactos ambientais da aquicultura Fonte: Adaptado de Valenti (2002)

Os projetos de piscicultura em tanques-rede localizados em reservatórios artificiais

devem se basear em preceitos de sustentabilidade ambiental e atendimento às boas

práticas de manejo, essa última amplamente difundida na literatura técnica pertinente

(Ayroza et. al. 2011), pois a própria atividade é exclusivamente dependente do equilíbrio

ambiental e sua manutenção, pois eventuais interferências antrópicas negativas e por vezes

relacionadas até mesmo pela própria atividade, como as citadas anteriormente, podem

inviabilizar a utilização do recurso hídrico e consequente à própria produção. Na figura 8

podemos observar um exemplo de um projeto de piscicultura em tanques-redes com

diversas situações (positivas e negativas):

Figura 8: Exemplo de projeto de um com utilização de APP e proliferação de macrófitas. Fonte: Autor desconhecido (sem data)

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Nesse exemplo pode-se observar claramente a utilização da área de APP, que é quase

inevitável em qualquer tipo de projeto, pois independentemente de sua localização, para

desenvolvimento da atividade, deve-se dispor de um acesso ao recurso hídrico e,

consequente esse deve passar por área preservação permanente, uma vez que segundo

Brasil (2012), a delimitação das APP se dá a partir das “[...] faixas marginais de qualquer

curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha

do leito regular”, sendo que a extensão e área em cada local, dependem exclusivamente de

outros fatores e características específicas, sobretudo no caso de reservatórios artificiais

destinados a geração de energia elétrica e abastecimento público4, como ocorre com o

reservatório da UHE Canoas I.

Ocorre que de acordo com o Artigo 8 da referida legislação, “[...] A intervenção ou a

supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas

hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental” (idem,

2012), sendo que é um simples acesso pode ser considerado atividade de baixo impacto,

portanto passível de licenciamento ambiental, porém o que se observa com frequência em

diversos tipos de projetos em diversos reservatórios é que além do acesso, muitos

produtores mantém diversas outras intervenções em APP, que por vezes são estranhas até

mesmo ao próprio projeto, ou que de certa forma trazem comodidade nas atividades do dia-

a-dia da piscicultura (depósito de rações, canis, varais, rede de energia elétrica, etc.).

Outro ponto a ser observado é o correto posicionamento dos tanques-rede (que na

Figura 07 se dá de maneira desordenada), que devem preferencialmente estar dispostos de

forma paralela entre as linhas e no sentido do fluxo do rio (Figura 9), de maneira que a água

de qualidade inferior proveniente de um tanque não seja direcionada para outro e de modo

que um tanque não interfira na renovação de água de um tanque adjacente (AYROZA et al,

2011, p.17), evitando-se assim maior incidência do acumulo de macrófitas e demais

problemas citados anteriormente.

Figura 9: Exemplos de posicionamento inadequado (esq) e recomendável (dir) dos tanques-rede.

Fonte: Ayroza et. al. 2011 apud Schimittou, 1997.

4 Art. 62. Para os reservatórios artificiais de água destinados a geração de energia ou abastecimento público

que foram registrados ou tiveram seus contratos de concessão ou autorização assinados anteriormente à Medida Provisória n

o 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, a faixa da Área de Preservação Permanente será a distância

entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum (BRASIL, 2012).

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Em relação aos impactos socioeconômicos da aquicultura, podemos citar seu potencial

de geração de emprego e renda e de desenvolvimento das comunidades locais que dela se

beneficiam. Essa questão foi levada em consideração na aplicação do questionário

socioeconômico aplicado em estudos referentes a esse trabalho e serão discutidos mais

detalhadamente no Capitulo IV.

Em contrapartida podemos observar que eventuais conflitos da atividade se dão no

âmbito das discussões dos usos múltiplos dos recursos hídricos, que por vezes acabam por

gerar entendimentos equivocados. Oliveira (2010) apresenta a problemática de conflito entre

o processo de implantação de unidades demonstrativas de tanque rede junto a assentados

rurais no reservatório da Usina Hidrelétrica Rosana, no rio Paranapanema e da Usina

Hidrelétrica Sérgio Motta, no rio Paraná, com suposta disputa regional pela água em relação

aos ribeirinhos com uma multinacional geradora de energia elétrica. No entanto, ao

aprofundarmos a análise e caracterização da situação, observa-se notadamente que o

insucesso da implantação do projeto esbarra nas questões do licenciamento ambiental,

inicialmente pela própria atividade. (Ferreira e Toyama, 2013).

3.4 Legislação e Regulamentação da Aquicultura e Pesca no Brasil

A discussão acerca da legislação e regulamentação da Pesca e da Aquicultura no

Brasil é muito ampla e controversa. Isso porque devido à aquicultura ser considerada uma

atividade recente em nosso país e também por haver uma série de leis, decretos,

resoluções, portarias e instruções normativas existentes, tanto no âmbito federal, estadual

descendo até mesmo ao nível municipal.

Entre artigos revogados e leis vigentes ao menos 30 diferentes tipos de legislação

em nível federal, puderam ser constatados e que estão direta ou indiretamente ligadas ao

processo de caracterização, regulamentação e licenciamento da atividade aquícola.

Diretamente porque dizem respeito à própria atividade em si, e buscam caracterizar

e regulamentar, por exemplo, os tipos e as formas de produção, as boas práticas de manejo

(BPM), a capacidade de suporte da atividade e até mesmo os tipos, criticidade e o potencial

de severidade das espécies utilizadas na produção.

Indiretamente porque, embora não discutam a atividade da aquicultura

especificamente, influenciam sobremaneira o desenvolvimento da atividade e toda cadeia

produtiva, como por exemplo, a Lei Federal nº 9.433 de 1997 (Política Nacional de Recursos

Hídricos), que estabelecem diretrizes fundamentais e que norteiam a utilização dos recursos

hídricos no país e também a Lei Federal nº 12.651 de 2012 (Novo Código Florestal), que

regulamentam as atividades e tipos de intervenções permitidas em área de Preservação

Permanente (APP), que são essenciais no suporte à aquicultura, levando-se em

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25 consideração que a atividade propriamente dita não se restringe tão somente à utilização do

recurso hídrico para seu desenvolvimento e produção.

A primeira legislação envolvida nesse processo como um todo e também a mais

antiga, é o Decreto Federal nº 24.643 de 1934, denominado Código das Águas, que

considerou a água como um bem de domínio público, de uso comum e também um

instrumento de produção, tal como ocorrem com as terras no meio rural. Dessa forma, por

ser considerada um bem público pressupõe-se que sua utilização seja realizada em regime

de concessão, onde tão somente a União, os Estados e ou os Municípios podem sub-rogar-

se do direito de uso sobre ela, cedendo a terceiros, mediante licitação pública.

No entanto, as primeiras preocupações oriundas da regulamentação da atividade

pesqueira no Brasil têm seu início em meados da década de 1930, sobretudo após a

aprovação do Decreto nº 23.672 de 02 de janeiro de 1934, pelo então presidente da

República Getúlio Dornelles Vargas, que institui o Código de Caça e Pesca no país. A

execução desta legislação, contudo competia ao Serviço de Caça e Pesca do Departamento

Nacional da Produção Animal, ligada ao Ministério da Agricultura. Em suma, tal legislação

realizou em suas disposições gerais a classificação da atividade da pesca, regulamentou a

atividade e matrícula de pescador profissional e suas associações de classe, assim como os

deveres do pescador, restrições gerais impostas ao exercício da pesca, aparelhos e

embarcações utilizados na atividade.

Ainda em vigor, a Lei Federal nº 1.283-1950, dispõe sobre a inspeção industrial e

sanitária dos produtos de origem animal, não diz respeito ao processo de licenciamento e

regularização de projetos na aquicultura, porém assim como qualquer tipo produto de

origem animal, está sujeito à fiscalização prevista nessa legislação, o que influencia parte da

cadeia produtiva do pescado e seus derivados.

Em 1965 entrou em vigor o Código Florestal Brasileiro (Lei Federal nº 4.771),

principal marco regulatório da politica pública de meio ambiente no país. Muito embora a

legislação ambiental à época não referendasse diretamente atividades como a aquicultura,

seu principal trunfo consistiu em estabelecer regras com vistas à proteção das florestas e as

áreas de preservação permanentes, no território nacional, sobretudo ao longo dos rios ou de

outro qualquer curso d'água, em faixa marginal, cuja intervenção só poderia ocorrer em

situações excepcionais e de forma limitada, como o acesso água, por exemplo.

Nessa época ainda não se tratava do termo aquicultura, tornando-se esse

abrangido pela legislação somente a partir do Decreto-Lei nº 221, de 28 de fevereiro de

1967, denominado então Código da Pesca, que dispunha sobre a proteção e estímulos à

pesca. Ressalta-se, entretanto, que até o ano de 2009, esse foi o principal instrumento legal

que norteou a atividade pesqueira no país. Nessa mesma linha, entrou em vigor em 1988 a

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26 Lei Federal nº 7.679, hoje também revogada5, que dispunha sobre a proibição da pesca de

espécies em períodos de reprodução.

A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) foi instituída pela Lei Federal n º

6.938/1981, criando também o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). Fora

considerado novo marco da política pública de meio ambiente no país e, segundo Ayroza;

Ayroza (2011), dentre os principais instrumentos de gestão utilizados pela PNMA estão: 1) O

Licenciamento Ambiental; 2) Avaliação de Impacto Ambiental e 3) Cadastro Técnico Federal

de atividades potencialmente poluidoras ou que utilizam recursos ambientais.

Em novembro de 1995 foi criado o Sistema Nacional de Informações da Pesca e

Aquicultura – SINPESQ, através do Decreto Federal nº 1.694, com o objetivo segundo

Brasil (1995) “de coletar, agregar, processar, analisar, intercambiar e disseminar

informações sobre o setor pesqueiro nacional”. De acordo com Art. 3º do referido Decreto, o

SINPESQ deve contemplar dados e informações produzidas por instituições públicas, como

o IBGE e Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, entre outros, assim como as

disponíveis nos demais órgãos federais, estaduais, municipais, instituições de ensino e

pesquisa e entidades envolvidas com o setor pesqueiro. Missão bastante complexa, uma

vez considerada a quantidade de instituições envolvidas na cadeia produtiva e no setor

aquícola nacional.

Instituída através da Lei Federal nº 9.433 de 1997, outro importante marco legal em

nosso país foi a institucionalização da Política Nacional de Recursos Hídricos. Tal legislação

veio a reafirmar o conceito da água como bem público (Código das Águas) e foi além,

criando fundamentos importantes, em se considerar a água como um recurso natural

limitado, dotado de valor econômico; definição de usos prioritários em situações de

escassez, como abastecimento humano e dessedentação de animais; a gestão dos

recursos hídricos com vistas ao uso múltiplo das águas, a definição da bacia hidrográfica

como unidade territorial de gestão em face da implementação da PNRH e do SNGRH e a

gestão descentralizada dos recursos hídricos, contando com a participação do poder

público, dos usuários e das comunidades.

Através do Decreto Federal nº 2.869 de 1998, ocorreu a tentativa de

regulamentação da cessão de águas públicas para exploração da aquicultura. Essa

legislação, no entanto, não chegou a ser regulamentada e foi revogada posteriormente pelo

Decreto Federal nº 4.895, de 25 de novembro de 2003. Nesse mesmo ano entrou em

vigor a Lei Federal nº 9.605 (Lei de Crimes Ambientais), que estabelece sanções penais e

administrativas por atividade lesivas ao meio ambiente, outra legislação que influenciou de

maneira significativa, e deu notoriedade ao processo de licenciamento ambiental em várias

atividades, incluindo a aquicultura, a Portaria IBAMA nº 136 (Normas para registro de

5 Revogada pela Lei Federal nº 11959 de 29 de junho de 2009, disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/Lei/L11959.htm <acesso em 07/10/2015>.

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27 aquicultores) e Portaria IBAMA nº 145-N (Normas para a introdução, reintrodução e

transferência de peixes para fins de aquicultura).

Nesse interim, um importante acontecimento ocorreu no final do século XX. A

criação da Agência Nacional de Águas (ANA), através da Lei Federal nº 9.984, de 17 de

julho de 2000. A ANA é uma autarquia federal responsável pela implementação da Política

Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento

de Recursos Hídricos. De acordo com o Art. 4º, dentre suas diversas competências estão: 1)

Supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do cumprimento da

legislação federal pertinente aos recursos hídricos; 2) Disciplinar, em caráter normativo, a

implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos da Política

Nacional de Recursos Hídricos; 3) Outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso

de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União; 4) Fiscalizar os usos de

recursos hídricos nos corpos de água de domínio da União; 5) Estimular e apoiar as

iniciativas voltadas para a criação de Comitês de Bacia Hidrográfica; entre outras.

O licenciamento dos projetos de piscicultura em tanques-rede em águas da União,

tal como ocorrem com os caracterizados nesse estudo, estão sujeitos à obtenção de

Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos (Instituída pela Lei Federal nº 9.433/1997),

sendo um ato administrativo de prerrogativa da ANA, cujo objetivo principal é de, segundo

Política Nacional de Recursos Hídricos , “assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos

usos da água e o efetivo exercício dos direitos a seu acesso”. Em corpos hídricos de

domínio dos Estados, a Outorga por sua é emitida pelo órgão gestor estadual de recursos

hídricos, como o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), no Estado de São

Paulo e o Instituto das Águas, no Estado do Paraná.

O Decreto Federal nº 4.895, de 25 de novembro de 2003 que dispunha “sobre a

autorização de uso de espaços físicos de corpos d’água de domínio da União para fins de

aquicultura”, vigora até os dias atuais. Em seu Artigo 1º estabelece as diretrizes em que os

espaços físicos em corpos d’água da União poderão ter seus usos autorizados para fins da

prática de aquicultura, observando-se critérios como ordenamento, localização e

preferência. Outro importante ponto dessa legislação consiste em aprofundar e caracterizar

em seu Artigo 3º, na prática da aquicultura de que trata este Decreto, Bens da União, em

relação “aos lagos, rios e quaisquer correntes de águas em terrenos de domínio da União,

ou que banhem mais de uma Unidade da Federação, sirvam de limites com outros países,

ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham” (BRASIL, 2003). Estão também

enquadrados nessas características os reservatórios artificiais destinados à geração de

energia elétrica, no rio Paranapanema, sobretudo aquele que está sendo objeto do presente

estudo, o reservatório da UHE Canoas I.

Concomitantemente a esse importante marco da legislação nacional, foi criado em

maio de 2004 o Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca - CONAPE (Decreto Federal nº

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28 5.069), um órgão público federal de caráter consultivo e deliberativo, composto por

representantes da sociedade civil e do Governo, responsável por auxiliar o MPA (antiga

SEAP/PR) no desenvolvimento de política pública para o setor.

Nesse mesmo ano passou a vigorar a Instrução Normativa Interministerial (INI)

nº 006 de 2004, que estabeleceu os procedimentos para desenvolvimento da aquicultura em

águas de domínio da União. Trata-se de outra legislação que influenciou de forma

significativa o processo de licenciamento da aquicultura, pois até mesmo nos dias atuais,

todos os projetos, incluindo os de piscicultura em tanques-rede em águas de domínio da

União, devem ser elaborados e submetidos ao MPA, conforme as diretrizes estabelecidas

nessa INI, cujo procedimento está melhor descrito no tópico seguinte.

O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), instituído em conjunto com a

Política Nacional do Meio Ambiente, também deliberou sobre assuntos que influenciaram a

atividade da aquicultura direta e indiretamente. A Resolução CONAMA nº 302 de 2002 que

definiu os limites máximos das APP preconizou que para os reservatórios artificiais a

distancia da APP seria medida a partir do nível máximo normal do reservatório, em projeção

linear, 30 metros para os reservatórios artificiais situados em áreas urbanas consolidadas e

100 metros para áreas rurais. A Resolução CONAMA nº 303 de 2002, nessa mesma linha,

por sua vez alterou alguns parâmetro, definições e limites de Áreas de Preservação

Permanente, não alterando, contudo, o texto anterior ligado aos reservatórios artificiais.

A Resolução CONAMA nº 357 de 2005 (alterada pelas resoluções nº 410/2009 e

nº 430/2011) também foi outro marco da legislação brasileira que influenciou sobremaneira a

cadeia produtiva da aquicultura. Isso porque a disposição sobre a classificação dos corpos

de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, assim como as condições e

padrões de lançamento de efluentes, definiu a classificação em que a aquicultura e a pesca

seriam destinadas, em condições de águas doces, salinas e salobras.

Em resolução posterior a Resolução CONAMA nº 369 de 2006, que dispôs sobre

os casos excepcionais para utilização das APP, como os de interesse social, utilidade

pública e/ou baixo impacto ambiental, a legislação regulamentou a possibilidade de

utilização dessas áreas, por meio de intervenção ou supressão da vegetação, em casos

específicos e justificáveis, sendo vedado seu uso, salvo nos casos de utilidade pública ou

ainda para acesso de pessoas e animais para obtenção de água.

A Instrução Normativa Interministerial nº 001/2007, definiu os procedimentos

operacionais entre a antiga SEAP/PR e a Secretaria de Planejamento da União, ligada ao

atual Ministério de Planejamento, Orçamento Gestão (SPU/MPOG), para a autorização de

uso dos espaços físicos em águas de domínio da União para fins de aquicultura. Essa

normativa atribuiu à SEAP/PR diversas competências, porém o principal ponto da legislação

em comento refere-se à autonomia concedida à SPU para autorização do uso das áreas e

parques aquícolas em águas de domínio da União mediante assinatura de um Termo de

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29 Entrega (ou Contrato de Cessão de Uso), uma vez que essas áreas são consideradas bens

de domínio público de caráter inalienáveis.

Em 26 de junho de 2009 ocorreu a transformação da Secretaria Especial de

Aquicultura e Pesca da Presidência da República em Ministério da Pesca e Aquicultura (Lei

Federal nº 11.958), demonstrando o esforço entre poder público e a sociedade civil e a

importância da atividade no cenário nacional.

No mesmo ano, entrou vigor a Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009, que definiu

a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca no país.

Essa legislação regulou as atividades pesqueiras e revogou a Lei nº 7.679/1988 e

dispositivos do Decreto-Lei no 221/1967. Também alterou definições, dispôs sobre normas

de sustentabilidade do uso dos recursos pesqueiros e da atividade de pesca, do acesso aos

recursos pesqueiros, do estimulo a atividade pesqueira e das fiscalizações e sansões

ligadas à atividade.

As leis, decretos, resoluções, portarias e normativas relatadas nesse trabalho estão

relacionadas às tentativas de regulamentação da atividade da aquicultura e suas diretrizes

ambientais apenas a nível federal. Alguns autores com Tiago (2014) descrevem de forma

minuciosa o ementário das legislações no âmbito nacional, estadual e municipal, o que não

esgota a possibilidade de discussão da importância da regulamentação da atividade, sem

desconsiderar também a evolução da legislação em nosso país.

3.5 Processo de Licenciamento da Aquicultura em Águas de Domínio da União

Por estarem localizados em águas consideradas de domínio da União, ou seja, aquelas

que banham mais de um Estado da Federação, ou ainda águas acumuladas em represas

construídas com aporte de recursos da União, os projetos de piscicultura em tanques-rede

redes no reservatório da UHE Canoas I estão sujeitos aos procedimentos específicos de

Autorização de Uso das Águas da União, cuja regulamentação se dá pelo Decreto Federal

nº 4.895, de 25 de novembro de 2003, que “Dispõe sobre a autorização de uso de espaços

físicos de corpos d’água de domínio da União para fins de aquicultura, e dá outras

providências” e pela Instrução Normativa (IN) Interministerial nº 06, 31 de março de 20046,

“que estabelece as normas complementares para a autorização de uso dos espaços físicos

em corpos d'água de domínio da União para fins de aquicultura, e dá outras providências”.

Essa IN foi constituída de forma conjunta entre as diversas instituições e órgãos públicos

envolvidos no processo de licenciamento e regulamentação da atividade, a saber: Secretaria

Especial da Pesca e Aquicultura - SEAP/PR (antigo MPA e atualmente ligado ao Ministério

6 Maiores informações poderão ser acessadas em http://www.mpa.gov.br/aquicultura/aguas-da-

uniao/autorizacao-de-uso

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30 da Agricultura), Ministério do Meio Ambiente (MMA), através do Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA), Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão (MPOG), através da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), Agência Nacional de

Águas (ANA) e Marinha do Brasil.

Em tese, o interessado na prática da aquicultura em Águas da União deve, em primeiro

lugar, submeter o projeto elaborado por profissional habilitado e de acordo com a IN

supracitada ao MPA, por intermédio de suas Superintendências Federais, que estão

presentes em todas as Unidades da Federação (UF) e também no Distrito Federal. O MPA

por sua vez, atua como órgão centralizador, que realiza preliminarmente avaliações de

cunho técnico, sobretudo aquelas ligadas à localização do empreendimento e ao sistema de

criação do projeto (AYROZA et. al., 2011).

Posteriormente a essa etapa, o MPA encaminha aos demais órgãos competentes, para

análise e parecer em relação a cada um dos quesitos técnicos elencados no projeto

elaborado e de acordo com a IN supracitada. O fluxo padrão desse processo está disposto

na Figura 10.

Figura 10: Fluxograma do processo de licenciamento dos projetos de aquicultura em águas da União Fonte: CODEVASP (2013)

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31

Compete ao IBAMA a análise prévia da viabilidade ambiental do empreendimento, sendo

emitido parecer para atendimento ao licenciamento ambiental da atividade, que é realizado

posteriormente pelo OEMA. Além disso, o órgão realiza o Cadastro Técnico Federal de

atividades potencialmente poluidoras ou que utilizam os recursos hídricos, como é

considerada a aquicultura, pois além de fazer uso do recurso hídrico, alteram-se as

propriedades físicas, químicas e biológicas da água, sendo necessária também a obtenção

de outorga, em consonância com a Política Nacional de Recursos Hídricos.

A ANA é responsável pela outorga em águas de domínio da União, conforme disposto

pela Lei Federal nº 9.433/1997 e segundo a Lei nº 9.984/2000. Esse processo é precedido

pelo Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos (CNARH). Após essa etapa a

ANA realiza a análise do projeto, de acordo com as informações prestadas pelo usuário e

submetido por intermédio do MPA. Emite parecer em relação à Outorga Preventiva ou da

Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos, cujo documento contém as informações de

identificação do responsável pela outorga (outorgado), características técnicas no projeto e

condicionantes para uso das águas (AYROZA et. al., 2011). Também se determina o prazo

de validade, em geral de variando de 5 a 10 anos como é o caso da aquicultura, passível de

renovação.

Outra instituição envolvida no processo é a Autoridade Marítima (Marinha do Brasil),

responsável por questões relacionadas à segurança náutica e tráfego aquaviário. A

autoridade marítima realizada vistoria no local do empreendimento, para verificar se as

áreas aquícolas delimitadas no projeto estão de acordo com as Normas da Autoridade

Marítimas (NORMAN) nº 011/2003, referentes às obras, dragagem, pesquisa e lavra de

minerais sob e/ou sobre e às margens das águas sob jurisdição brasileira” e nº 017/2004,

que diz respeito às normas de auxílio à navegação, como sinalização náutica, entre outras.

Por fim, compete à SPU outorgar o direto de uso através de cessão onerosa ou gratuita

de uso de imóveis, incluindo-se os que se encontram sob o espelho d’água. Após processo

licitatório é lavrado o Termo de Entrega e o imóvel é destinado ao requerente pelo MPA

através da celebração de Contrato de Cessão de Uso.

Destaca-se, entretanto que a regularização dos projetos de piscicultura em tanques-rede

localizados em águas de domínio da União envolve duas fases importantes:

a) O licenciamento em nível federal, centralizado pelo MPA, devido suas

características específicas, conforme acima descritas e justificadas e;

b) O licenciamento ambiental da atividade, por ser considerada uma atividade

potencialmente poluidora.

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32

Trata-se de um procedimento bastante burocrático e moroso, tendo em vista a

quantidade elevada de instituições envolvidas no processo de análise do projeto. Isso

acontece por que,

“[...] o processo envolve um grande número de instituições, a sobreposição de normas legais, além do fato de o escopo legal da aquicultura ainda se encontrar em processo de construção, por se tratar de uma atividade relativamente recente. Em função disto, o investidor na atividade é muitas vezes desestimulado ou os empreendimentos são mantidos na clandestinidade” AYROZA (2013)

7.

Além de todas essas etapas acima descritas, o empreendedor ainda deverá entrar com

o pedido de licenciamento ambiental da atividade, delegada aos Órgãos Estaduais de Meio

Ambiente (OEMA), que no caso do reservatório da UHE Canoas I, se dá no Estado de São

Paulo pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e no Estado do

Paraná pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

No capítulo seguinte, serão discutidas as etapas do processo de licenciamento

ambiental da aquicultura assim como seus respectivos entraves.

3.6 O Licenciamento Ambiental da Aquicultura

O licenciamento ambiental é ato administrativo mediante qual o poder público

concedente (órgãos ambientais) analisa previamente as condições locacionais e de

implantação de uma atividade efetiva ou potencialmente poluidora do meio ambiente. A

aquicultura pode ser enquadrada nesse contexto, pois altera o equilíbrio ao (i) introduzir

espécies exóticas no ambiente, (ii) ao utilizar insumos necessários à produção, tais como

rações e antibióticos ou ainda (iii) ao fazer uso de áreas protegidas pela legislação

ambiental, como as APPs, localizadas às margens de rios e reservatórios.

Compete aos Estados, o processo de Licenciamento Ambiental da aquicultura, que

conforme já relatado, no caso do reservatório da UHE Canoas I, se dá pela CETESB no

Estado de São Paulo (margem direita), através de suas agências Ambientais e pelo IAP no

Estado do Paraná (margem esquerda), através de seus Escritórios Regionais. Cada Estado,

por sua vez possui suas regras e legislações específicas em relação ao licenciamento

ambiental, porém ambos utilizam-se das diretrizes elaboradas em nível federal e constantes

da Resolução CONAMA nº 413 (a CONAMA da Aquicultura).

Para obter o licenciamento de qualquer tipo de atividade, incluindo-se a aquicultura é

fundamental que o interessado já tenha realizado a regularização ambiental da propriedade,

através da Averbação da Reserva Legal e a inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Tais instrumentos foram regulamentados pela Lei Federal nº 12.651/12 (Novo Código

7 Entrevista com Luiz Marques da Silva Ayroza. 2013. Disponível em:

<http://www.aquabio.com.br/noticia/entrevista-com-luiz-marques-da-silva-ayroza>. Acesso em 08/dez/2015.

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33 Florestal) e caso o proprietário não tenha iniciado ou concluído o atendimento a essas

diretrizes quando do inicio do processo de regularização, ele será notificado pelo órgão

ambiental, sendo ainda, condicionada a concessão da Licença/Autorização ambiental

definitiva à regularização ambiental da propriedade.

Como pode ser observado, além de legislações específicas, há também diversas

modalidades de licenciamento, de acordo com cada OEMA, conforme demonstrado na

Tabela 1.

Tabela 1: Legislações específicas estaduais para aquicultura e suas modalidades de licenciamento

Instituto Ambiental do Paraná (IAP)

Legislação Específica Modalidades Tipo de Licença

Portaria IAP Nº 258 DE

17/09/2013 (Procedimentos para

licenciamento ambiental em

projetos de aquicultura em

sistemas de produção em

tanques-rede que utilizem os

espaços físicos de corpos de

águas continentais no Estado do

Paraná)

Para empreendimentos de piscicultura,

com área até 10.000 m2, de uso não

comercial, incluindo lazer e paisagismo,

estão dispensados do licenciamento.

a) Dispensa De Licença Ambiental

Estadual – DLAE

MODALIDADE I Até 5 (cinco) há de

lâmina d’água por propriedade, e

produtividade inferior a 10.000 (dez mil)

kg/há ano.

a) Licenciamento Ambiental

Simplificado – LAS

MODALIDADE II – Área de 5,1 (cinco

vírgula um) há até 10 (dez) há de lâmina

d’água por propriedade e produtividade

superior a 10.000 (dez mil) kg/há ano.

a) Licença Prévia (LP);

b) Licença de Instalação (LI) e;

c) Licença de Operação (LO).

MODALIDADE III – Área superior a 10

(dez) há de lâmina d’água por propriedade

e para a produção de peixes em

viveiros com qualquer área e

produtividade superior a 10.000 (dez mil)

kg/há ano, deverão efetuar o requerimento

para a obtenção da Licença de Operação.

a) Licença Prévia (LP);

b) Licença de Instalação (LI) e;

c) Licença de Operação (LO).

Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB)

Legislação Específica Modalidades Tipo de Licença

Decreto nº 60.582, de 27 de junho

de 2014 (Dispõe sobre o

licenciamento ambiental da

aquicultura)

Dispensa de Licença (Não se aplica a

projetos de piscicultura em tanques-rede) a) Não se aplica

Licenciamento Simplificado (piscicultura

em tanques-rede ou gaiolas com volume

total igual ou inferior a 1.000m³ mil metros

cúbicos).

a) Licença Prévia (LP) e Licença de

Instalação (LI)

concomitantemente e;

b) Licença de Operação (LO).

Licenciamento Ordinário

(empreendimentos não enquadrados nas

modalidades anteriores)

a) Licença Prévia (LP) e Licença de

Instalação (LI)

concomitantemente e;

b) Licença de Operação (LO).

Fonte: adaptado de CETESB/IAP (2015)

As legislações estaduais em relação à aquicultura são recentes, motivo pelo qual muitos

entraves e problemas relacionados ao licenciamento ambiental ainda estão sendo

discutidos. Além disso, os impactos da aquicultura ainda estão sendo mensurados e

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34 discutidos, tendo em vista que a atividade também é igualmente recente, e que somada às

incertezas de estudos concretos e a própria restrição em relação ao seu desenvolvimento

econômicos da atividade, acabam por empurrar alguns produtores ao exercício irregular da

atividade, clandestinidade ou ainda ao direcionamento de seus investimentos à outros

segmentos (TIAGO, 2010). Trata-se da principal crítica de Ostrensky et. al. (2008) em

relação à falta de capacidade operacional dos órgãos licenciadores, à burocratização do

processo e aos custos para emissão das licenças.

3.7 A Anuência Prévia da Concessionária

Em geral, uma das premissas básicas para obtenção do licenciamento ambiental da

aquicultura desenvolvida em reservatórios que foram destinados prioritariamente à geração

de energia elétrica e condicionante do ato administrativo de licenciamento é a obtenção de

Anuência Prévia da concessionária responsável pela gestão do reservatório. Isso porque, o

desenvolvimento da atividade, seja pelo uso do espelho d’água ou pela permissão de

passagem pela área sob concessão, deve ter sido objeto de análise e ter consentimento

expresso da Concessionária, que detém o direito de uso prioritário do reservatório (geração

de energia) e que também é responsável pela elaboração do Plano Ambiental de

Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial (PACUERA), que estabelece as

diretrizes e define o zoneamento de usos possíveis de acordo com a aptidão de cada seção

e região de estudo e a legislação vigente, de modo a evitar também conflitos em relação aos

usos múltiplos do recurso hídrico.

No caso da UHE Canoas I, a concessionária responsável Duke Energy – International

Geração Paranapanema S.A, possui uma campanha de regularização, denominada “Espaço

Legal” e promove a divulgação de seu guia (Figura 11), com orientações aos interessados

no uso do entorno de seus reservatórios sob concessão, para os mais diversos fins

identificados, como aquicultura, extração minerária, irrigação e empreendimentos

imobiliários, etc.

Figura 11: Guia da Campanha Espaço Legal Fonte: Duke Energy (2013) – Disponível em <http://www.duke-

energy.com.br/espacolegal/Paginas/Institucional.aspx>

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35

4. CAPÍTULO IV – CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA ATIVIDADE DE PISICULTURA EM TANQUES-REDES NO RESERVATÓRIO DA UHE CANOAS I

_______________________________________________________________________

4.1 Levantamento dos projetos de piscicultura em tanques-rede rio

Paranapanema

Utilizando como base a metodologia de Ferreira e Toyama (2013), foi realizada a

atualização dos dados referentes ao levantamento diagnóstico e quantitativo dos projetos de

piscicultura em tanques-rede nos principais reservatórios destinados a geração de energia

elétrica no rio Paranapanema. De montante a jusante do rio Paranapanema, são eles

respectivamente: Jurumirim, Chavantes, Salto Grande, Canoas II, Canoas I, Capivara,

Taquaruçu e Rosana.

Todos os oito reservatórios analisados são administrados pela Duke Energy e estão

localizados na divisa dos Estados de São Paulo e Paraná, com exceção do reservatório da

UHE Jurumirim, na região de Avaré/SP, que está localizado integralmente nos limites do

território Paulista. Outros três reservatórios, os da PCH Paranapanema, UHE Piraju e UHE

Ourinhos, sob concessão da Votorantim Energia não foram analisados.

Esse levantamento foi realizado através da análise visual de imagens de satélite

WORLDVIEW2, datada de 2011/2012 e o cruzamento das imagens atualizadas das áreas

disponibilizadas pelo software GoogleEarth. Também foram utilizados dados do Sistema de

Informações das Autorizações de Uso das Águas de Domínio da União para fins de

Aquicultura (SINAU) disponibilizados pelo MPA e informações obtidas por meio de

levantamento topográfico e cadastral dos projetos em campo.

No total foram identificados 74 projetos em operação, sendo 25 localizados no Estado de

São Paulo (34%) e outros 49 no Estado do Paraná (66%), distribuídos conforme a Tabela 2:

Tabela 2: Projetos de piscicultura em tanques-rede nos principais reservatórios destinados a geração de energia elétrica no rio Paranapanema

- JUR CHV SGD CNOII CNOI CAP TAQ ROS TODOS

SP 8 4 0 8 2 1 0 2 25

PR - 3 0 2 11 30 0 3 49

TOTAL 8 7 0 10 13 31 0 5 74

Fonte: Adaptado de Ferreira e Toyama (2013)

O reservatório da UHE Capivara, o maior da cascata em volume d’água é também o

reservatório que mais possui empreendimentos aquícolas no rio Paranapanema. São 31

projetos identificados, que representam 42% do total, com destaque a massiva

concentração no Estado do Paraná, sobretudo nos municípios de Alvorada do Sul e Primeiro

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36 de Maio, localizados próximos às macrorregiões de Londrina e Maringá, principais centros

de consumo e escoamento da produção do Norte Paranaense.

Outros reservatórios de acumulação como os das UHE’s Jurumirim e Chavantes,

embora também grandes em volume de água, não possuem uma quantidade expressiva de

projetos de piscicultura em tanques-rede, somando-se 15 empreendimentos (20% do total),

sendo a maioria localizada nos municípios às margens paulistas dos reservatórios.

Entretanto, de acordo com Duke Energy (2013), devido às belezas naturais, sobretudo o

apelo paisagístico, e suas águas límpidas, os municípios banhados por esses reservatórios

têm o turismo como sua principal vocação econômica, sendo os casos de Avaré e Piraju, no

Estado de São Paulo e Ribeirão Claro e Carlópolis, no Estado do Paraná.

O reservatório da UHE Canoas I, cuja área é objeto de estudo desse trabalho, possui

atualmente 13 projetos de piscicultura em tanques-rede, o que representa 17,5% do total,

sendo que a maioria dos empreendimentos está localizada nos municípios paranaenses de

Itambaracá e Andirá. Se levarmos em consideração a proporcionalidade entre o tamanho

desse reservatório, um dos menores em volume e extensão e a quantidade de projetos em

operação identificados em suas águas podemos verificar e concluir que trata-se do

reservatório com a maior densidade de áreas aquícolas do rio Paranapanema. Algo

semelhante ocorre com o reservatório de Canoas II, que possui 10 projetos em operação

(13,5%), porém a maioria dos projetos (08) está localizada às margens do território paulista.

O reservatório da UHE Rosana, o último da cascata possui atualmente 05 projetos

em operação, sendo dois no localizados no município de Euclides da Cunha Paulista (SP) e

outros três nos municípios de Diamante do Norte (PR) e Terra Rica (PR), porém esse

número já foi maior. Dois projetos, ambos localizados em Euclides da Cunha Paulista foram

desativados em 2015 e, embora não seja possível afirmar sem investigação, é possível que

esses projetos tenham sido vítimas da burocratização e morosidade do processo de

licenciamento da atividade ou ainda fruto de má gestão, que está relacionada também a

ausência de assessoria técnica formal, que não pode estar vinculada à clandestinidade ou

exercício irregular da atividade.

Os reservatórios das UHE’s Taquaruçu e Salto Grande não possuem projetos de

piscicultura em tanques-rede em operação em suas áreas de abrangência, porém assim

como todos os outros reservatórios já analisados, estudos realizados pelo MPA também tem

indicado a possibilidade de implantação de parques aquícolas nesses reservatórios.

4.2 Dados demográficos, sociais e econômicos dos municípios no entorno do

reservatório da UHE Canoas I

Os municípios localizados na região de abrangência do reservatório da UHE

Canoas I se destacam por apresentarem dados socioeconômicos relevantes, em geral,

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37 acima da média da maioria dos municípios localizados nos Estados de São Paulo e Paraná

e também da média nacional. Embora esses municípios sejam considerados de pequeno ou

médio porte, ou seja, menores ou até 50 mil habitantes, possuem grandes extensões

territoriais e em geral são detentores de pequenas áreas urbanas e extensas áreas rurais, o

que limitam suas densidades demográficas em média a 52,17 habitantes por km² (Tabela 3).

Tabela 3: Dados demográficos, sociais e econômicos dos municípios do entorno da UHE Canoas I

Palmital Cândido Mota Itambaracá Andirá

População estimada (2015)

21.408 31.131 6.852 20.876

População (2010)

21.186 29.884 6.759 20.610

Área da unidade territorial (km²)

548,23 595,81 207,34 236,07

Densidade demográfica

38,67 50,12 32,60 87,30

Produto Interno Bruto (R$) (2013)

537.224.000,00 727.828.000,00 116.110.000,00 508.792.000,00

PIB per capita (R$) (2013)

24.433,73 23.483,63 16.859,33 24.242,06

IDHM (2010) 0,746 0,747 0,694 0,725

Fonte: Adaptado de IBGE (2010, 2012 e 2014), SEADE (2015) e PNUD (2010).

No tocante aos índices populacionais, no entanto, não são expressivos do ponto de

vista do número de habitantes, uma vez que juntos, todos os municípios somam

aproximadamente 80 mil habitantes, número muito próximo de municípios com destaque

regional e que sozinhos atingem o mesmo valor, como por exemplo Assis (SP), ou vão um

pouco além, como no caso de Ourinhos (SP).

Tabela 4: Índice de Urbanização dos Municípios da região do entorno da UHE Canoas I

Município Região de Governo Grau de Urbanização (%)

Palmital (SP) Região de Governo de Assis 93,34

Cândido Mota (SP) Região de Governo de Assis 94,58

Itambaracá (PR) MRG8 de Cornélio Procópio 75,16

Andirá (PR) MRG de Cornélio Procópio 93,89

Fonte: Adaptado de Fundação SEADE (2014) e IBGE (2010)

Os dados relacionados ao grau de urbanização estão demonstrados na Tabela 4.

Em suma apresentam padrões elevados do índice de urbanização face à média nacional, ou

seja, superior a 84,36% (IBGE, 2010), salvo a exceção do município de Itambaracá (PR), o

município de menor porte, com 75% de sua população residindo em área urbana. Trata-se

de um município pequeno porte com, pouco industrializado e com grande aptidão agrícola, o

8 Microrregião Geográfica (MRG) de Cornélio Procópio

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38 que se traduz em um grande número de propriedades rurais e, consequentemente,

expressiva parcela da população mantendo-se no meio rural.

Em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), indicador

composto de três variáveis importantes, longevidade, educação e renda, porém com a

metodologia global adequada à realidade brasileira e aos indicadores nacionais, segundo o

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), os municípios da região da

UHE Canoas I, estão classificados como Alto, com média de 0,728, em um índice que varia

de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1 maior o nível de desenvolvimento humano do

município, conforme Figura 12.

Figura 12: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, Média Regional e Nacional dos municípios da região da UHE Canoas I

Fonte: Adaptado de PNUD (2010)

Quanto aos dados econômicos analisados, destaca-se nesse contexto, o município

de Cândido Mota, no Estado de São Paulo, com população estimada em mais de 31 mil

habitantes, segundo estimativas do Censo 2014 e um PIB de R$ 655.367,83,

aproximadamente 37% do total do Produto Interno Bruto dos municípios compreendidos

nessa região, também demonstrado na Tabela 3.

0,746 0,747

0,694

0,725

0,66

0,67

0,68

0,69

0,7

0,71

0,72

0,73

0,74

0,75

0,76

Palmital (SP) Cândido Mota (SP) Itambaracá (PR) Andirá (PR)

IDH

-M

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - Região da UHE Canoas I

IDH-M IDH-M (Média Regional) IDH Brasil

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39

4.3 Caracterização Socioeconômica

4.3.1 Número de projetos

Como já observado, o reservatório da UHE Canoas I, embora pequeno em volume

d’agua e extensão, possui uma das maiores concentrações de projetos de tanques-rede em

operação atualmente em relação ao universo da atividade desenvolvida no rio

Paranapanema. Além disso, embora tenham sido identificados 13 projetos, distribuídos

conforme a Tabela 5, apenas os municípios de Itambaracá (PR) e Cândido Mota (SP)

possuem projetos ativos nesse reservatório. Os municípios de Andirá (PR) e Palmital (SP),

que compartilham seus limites territoriais com outro reservatório adjacente, possuem alguns

projetos de tanques-rede concentrados no reservatório da UHE Canoas II, à montante da

UHE Canoas I.

Tabela 5: Projetos de piscicultura em tanques-rede identificados no reservatório da UHE Canoas I

Município Quantidade de projetos de piscicultura em tanques-rede % em relação ao total

Palmital (SP) 0 0%

Cândido Mota (SP) 2 15%

Itambaracá (PR) 11 85%

Andirá (PR) 0 0%

Fonte: Adaptado de Ferreira e Toyama (2013)

Dos 13 projetos investigados, apenas 01 considerado de pequeno porte não

respondeu ao questionário, e que embora a propriedade tenha sido inspecionada, não foi

localizado um responsável para responder as questões propostas. Portanto a amostra da

pesquisa está limitada ao número de 12 projetos de piscicultura em tanques-rede

atualmente em operação no reservatório da UHE Canoas I.

4.3.2 Data de início do projeto

A data de início do projeto é um importante indicativo temporal e pode ser um dos

dados de maior importância nas análises referente a esse estudo. Isso porque, como já dito

anteriormente, a atividade de piscicultura em tanques-rede em reservatórios artificiais no

Brasil é considerada recente e, embora já esteja consolidada na área de estudo, todos os

projetos analisados, sem exceção, foram implantados nesse reservatório anteriormente ao

principal marco legal e mais recente da política pública de meio ambiente no país, o Novo

Código Florestal (Lei nº 12.651/2012). Além disso, metade dos projetos identificados

também foi implantada anteriormente a principal legislação especifica da atividade, a

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40 Resolução CONAMA nº 413/2009 (CONAMA da Aquicultura), sendo que dois desses

tiveram início antes de do Decreto Federal nº 4.895/2003 e a Instrução Normativa

Interministerial (INI) nº 006/2004, ambos já discutidos nesse trabalho.

Desse modo, podemos correlacionar os resultados obtidos com os dados referentes

à data de início do projeto principalmente ao subitem 5.4.2 (Licenciamento Ambiental dos

projetos), ou seja, à medida que a própria evolução e desenvolvimento da atividade avança

em bases técnicas sólidas e em relação ao fomento econômico, entraves legais, no entanto

freiam ou limitam seu desenvolvimento, sob o à ótica do licenciamento ambiental, o que

acaba colocando a grande maioria dos projetos na irregularidade ou até mesmo na

clandestinidade, uma vez que sem essas formalidades, esses teoricamente não poderiam

operar - o que de fato não ocorre, como podemos perceber nitidamente na região de estudo.

4.3.3 Investimento inicial

Embora as incertezas quanto à regulamentação e o licenciamento da atividade

predominam nessa parte do setor aquícola brasileiro, grandes investimentos por parte dos

próprios produtores são realizados de forma autônoma, seja individual ou coletivamente,

uma vez que a necessidade e pressão pelo pleno emprego e geração de renda são

fundamentais ao desenvolvimento das localidades brasileiras, seja qual for à região

analisada.

Isso fica bem evidente quanto analisamos os dados obtidos quanto ao

questionamento em relação ao investimento inicial dos produtores na região da UHE

Canoas I, resumidamente apresentados na Tabela 6:

Tabela 6: Dados sobre os investimentos iniciais dos projetos de piscicultura em tanques-rede no

reservatório da UHE Canoas I

Maior investimento (R$) Menor investimento (R$) Média de investimento (R$)

1.200.000,00 20.000,00 308.500,00

Fonte: O autor (2015)

Evidentemente há diversos tipos de projetos (pequeno, médio e grande porte), e os

valores referentes ao investimento inicial de cada um deles podem variar

consideravelmente, quando levamos em consideração o seu porte, porém fica claro que os

valores apresentados são bastante relevantes, ainda mais quando na análise dos dados,

podemos concluir que tais investimentos condizem apenas sua estruturação física, como a

elaboração do projeto, compra de imóvel ou arrendamento da propriedade utilizada como

base para as operações e a aquisição de insumos (alevinos, ração e medicamentos)

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41 necessários à produção, e os custos estimados com o licenciamento do projeto podem

inviabilizar ou não sua execução, de acordo com a Tabela 7.

Tabela 7: Custos estimados com o licenciamento de projetos de piscicultura em tanques-rede em Águas da União

Projeto Instituição R$

Construção dos viveiros escavados com memorial

descritivo e compensação ambiental pela lâmina d’água CETESB 3.500,00

Averbação de Reserva Legal CETESB 3.000,00

Estudo Hidrológico com memorial dos cálculos da bacia DAEE 3.500,00

Análise técnica/Laudo CETESB 246,309

Análise técnica/Laudo DAEE 400,00

Publicação do licenciamento Diário Oficial do

Estado e Jornais 1.000,00

Registro Geral da Pesca SFPA/MPA 280,00

Total 11.926,30

Fonte: Adaptado de Apta Médio Paranapanema, 2010

Embora os dados sejam relativos aos valores estimados para o licenciamento de

um projeto especificamente realizado no estado de São Paulo, podem ser um importante

instrumento comparativo de custos para os projetos do reservatório da UHE Canoas I, pois o

valor total levantado (R$ 11.926,30), nesse contexto, representaria menos de 1% do valor

para o maior investimento identificado, aproximadamente 60% do valor estimado para o

menor investimento e quase 4% do valor médio de investimento nesse reservatório.

Para os pequenos produtores esse custo impacta sobremaneira a viabilidade do

projeto, porém nesses casos, ainda é possível obter assistência técnica especializada

gratuita e redução dos custos envolvidos com taxas de licenciamento simplificado, quando o

projeto for considerado de baixo impacto ambiental.

4.3.4 Quantidade de tanques-rede instalados e Volume estimado total

produção por ano

Os dados referentes à quantidade de tanques-rede instalados, volume estimado

total da produção de peixes por ano, podem tanto ser importantes indicativos econômicos

quanto dados utilizados para instrumento de gestão e fiscalização, de modo a auxiliar os

9 Considerando o valor de 15 UFESP no Estado de São Paulo, que em 2010 representava o valor de R$ 16,42.

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42 órgãos oficiais competentes responsáveis pela atividade. Isso por que, ao elaborar um

projeto, o aquicultor define o número de tanques-rede, volume total da produção por ano e a

área da lâmina d´água utilizada, necessários à sua produção, de modo, a viabilizar

economicamente o negócio e também subsidiar a análise técnica pelos órgãos

licenciadores, quanto aos impactos de sua implantação, as características ambientais e a

capacidade de suporte, de acordo com o reservatório e o porte do empreendimento. Os

dados obtidos estão dispostos na Tabela 8:

Tabela 8: Quantidade de tanques-rede instalados, volume estimado total produção por ano e área da lâmina d´água utilizada no reservatório da UHE Canoas I

# Quantidade de tanques-rede Volume (t/ano)

Ponto 01 145 936

Ponto 02 80 60

Ponto 03 120 300

Ponto 04 200 100

Ponto 05 230 345

Ponto 06 150 600

Ponto 07 120 66

Ponto 08 40 20

Ponto 09 300 240

Ponto 10 167 300

Ponto 11 32 20

Ponto 12 144 160

Total 1728 3147

Fonte: O autor (2015)

O reservatório da UHE Canoas I, com 30,85 km² de área é um dos menores

reservatórios da cascata, no rio Paranapanema, considerando-se apenas aqueles operados

pela Concessionária Duke Energy. Fica a frente apenas dos reservatórios da UHE Salto

Grande (12,00 km²) e Canoas II (22,50 km²).

Entretanto é atualmente um dos reservatórios que mais possuem tanques-redes,

sendo constato um número aproximado de 1728 tanques instalados e um volume de

produção anual estimado em 3147 toneladas. Considerando que a Agência Nacional de

Águas disponibilizada uma tabela com a informação sobre a capacidade de suporte dos

reservatórios para atividade de aquicultura e o reservatório da UHE canoas I nela se

enquadra, e levando-se em consideração legislação pertinente que regulamenta a área

máxima total ocupada pelos parques e áreas aquícolas10, limitando a 1% da área superficial

considerando a depleção média, o reservatório da UHE Canoas I ainda possui espaço para

10

Conforme a Instrução Normativa Interministerial nº 7, de 28 de Abril de 2005, disponível em: <http://www.ibama.gov.br/index.php?option=com_phocadownload&view=category&download=2633:7-2005-p-.p&id=40&Itemid=331> Acesso em jan. 2016.

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43 crescimento, porém a possibilidade de implantação grandes parques aquícolas pelo MPA

nesse em outros reservatórios, indica que os aquicultores que não estão com seus projetos

licenciados, tanto no âmbito federal quando do ponto de vista do licenciamento ambiental,

tem de se mobilizar para efetiva regularização, pois, uma vez atingida a capacidade de

suporte, novos ou antigos projetos poderão ser indeferidos pelas autoridades competentes,

com vistas à sustentabilidade do recurso hídrico.

4.3.5 Tipo de imóvel

Dos 12 projetos avaliados no contexto do reservatório da UHE Canoas I, sete deles

ou aproximadamente 60% responderam que utilizam imóveis arrendados, como base para a

produção de peixes em tanques-rede. Outros cinco produtores responderam terem imóveis

próprios, o que representa 40% do total de projetos analisados.

Isso ocorre, em suma, porque conforme discutido anteriormente, as incertezas

relacionadas ao licenciamento da atividade, elevam o risco de implantação desses projetos

e a aquisição de um imóvel rural para esse fim, não apresenta ser, num primeiro momento,

a primeira alternativa e opção de despendimento de recursos para viabilizar a produção.

Em contrapartida, os produtores que utilizam imóveis arrendados estão sujeitos a

outros riscos, como por exemplo, infortúnios relacionados ao fim do contrato de

arrendamento, seja qual for o motivo e dificuldades enfrentadas no licenciamento ambiental

da atividade de piscicultura, por motivos alheios a sua vontade, como a ausência de

Averbação de Reserva Legal, regulamentada pelo Novo Código Florestal e item necessário

a regularização de qualquer atividade, além de outras pendências que possam restringir seu

uso, como por exemplo, o Georreferenciamento e o Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Além disso, a cessão de uso de uma área aquícola pelo MPA, não pode ser

simplesmente transferida à outra localidade, cabendo ao interessado refazer novamente

todo o processo de licenciamento da atividade.

4.4 Informações socioeconômicas dos projetos

4.4.1 Tipo de organização empregada no projeto

Esse item da pesquisa refere-se ao questionamento em relação ao tipo de

organização ou a forma com que os produtores se organizam, a fim de viabilizar o negócio.

As opções informadas no questionário foram: 1) Associação, 2) Cooperativa, 3) Produtor

independente, 4) Empresa privada e 5) outros. Os resultados obtidos estão apontados na

Figura 13:

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Figura 13: Tipo de organização empregada nos projetos de piscicultura em tanques-rede no reservatório da UHE Canoas I

Fonte: O autor (2016)

A forma mais comum de organização identificada no reservatório da UHE Canoas I

foi de Produtor independente, ou seja, pessoas físicas que, em geral, contam com dois ou

no máximo três sócios que são responsáveis pelo negócio. Dos 12 projetos analisados, a

maioria, ou oito deles (66,67%) responderam que atuam dessa forma. Esse tipo de

empreendedor também é responsável sozinho pelos investimentos e pela produção,

sobretudo nos casos dos projetos que não possuem ainda nenhum tipo de acesso às linhas

de créditos governamentais e/ou assistência técnica e rural na propriedade, devido,

sobretudo a pendência em relação ao licenciamento ambiental.

Outros três produtores ou 25% do total, responderam que se organizam em forma

de associação. Uma característica identificada é que essas associações são criadas em

regime “condomínio”, onde diversas pessoas se reúnem e estruturam o negócio, elegem um

representante e realizam investimentos. Os retornos financeiros por sua vez se dão através

de parcelas e cotas a cada um, de acordo com o investimento inicial.

Apenas um produtor (8,33%) informou gerir o negócio sob a ótica de uma empresa

privada, porém ao aprofundar a análise pôde-se concluir que se trata também de uma

associação, em regime de condomínio.

Por fim, embora não se tenha identificado nenhuma resposta como “Cooperativa”,

devemos considerar que todas as respostas anteriores especificadas como “Associação”

deverão ser consideradas como tal, sobretudo, devido a um erro conceitual identificado no

questionário da pesquisa, uma vez que,

1

8

3

0

2

4

6

8

10

12

me

ro d

e p

roje

tos

Tipo de organização empregada nos projetos

Empresa privada Produtor independente Associação

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[...] A diferença essencial entre associações e cooperativas está na natureza dos dois processos: as associações têm por finalidade a promoção de assistência social, educacional, cultural, representação política, defesa de interesses de classe, filantropia. Já as cooperativas têm finalidade essencialmente econômica e seu principal objetivo é viabilizar o negócio produtivo dos associados junto ao mercado. SEBRAE NACIONAL (2014)

11.

Dessa forma o cenário atual do reservatório da UHE Canoas I, do ponto de vista da

forma de organização pode ser caracterizado basicamente em “Produtores Independentes”

com 66,67% e “Cooperativas” com 33,33% de produtores. Nenhum outro tipo de

organização, diferente dessas duas alternativas foi identificava nesse reservatório.

4.4.2 Licenciamento Ambiental

A questão referente ao licenciamento ambiental é talvez um dos itens mais

sensíveis da pesquisa. Isso por que a ausência do licenciamento ambiental, como já dito

anteriormente, pode remeter o projeto e seus representantes à ilegalidade ou

clandestinidade. Essa condição por sua vez pode acarretar sanções penais do ponto de

vista legal, chegando até a inviabilizar o negócio.

Dentre as opções consideradas no questionário de pesquisa aplicado, quando

perguntado se os projetos possuem licenciamento ambiental consideramos: 1) Sim (possui

licenciamento ambiental), 2) Não (não possui licenciamento ambiental) e 3) Pendente (ou

em processo de licenciamento).

Em cerca de 60% dos casos analisados (ou 7 projetos no total), foi identificado que

os projetos de piscicultura em tanques-rede possuem o licenciamento ambiental.

Interessante observar que todos esses projetos estão localizados no Estado do Paraná e

são analisado pelo IAP, órgão que demonstrou ser um pouco mais flexível e menos

burocrático do ponto de vista do licenciamento ambiental do que a CETESB no Estado de

São Paulo. Os demais projetos, incluindo-se os únicos dois localizados no Estado de São

Paulo, informaram que o licenciamento encontra-se pendente, porém a ausência de

apresentação de tal documentação no ato da pesquisa (ao menos um protocolo), sugere

que a maior parte desses, no entanto, ainda não iniciaram o licenciamento ambiental e a

resposta mais correta a esse questionamento tenha sido não, o que provavelmente ocorre

em 40% do casos analisados no reservatório da UHE Canoas I.

11

Disponível em <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/Entenda-as-diferen%C3%A7as-entre-associa%C3%A7%C3%A3o-e-cooperativa> acesso em jan. 2016.

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46

4.4.3 Quantidade de empregos gerados e tipo de mão-de-obra empregada

Conforme observado anteriormente, os municípios localizados na região de

abrangência do reservatório da UHE Canoas I são municípios considerados pequenos, uma

vez que possuem no máximo cerca de 30 mil habitantes e o número total de habitantes

quando considerados todos eles, por sua vez, não é superior a 100 mil habitantes, diferente

do que ocorre com o município de Ourinhos (SP), município de médio porte nessa região.

São municípios que tem sua economia baseada principalmente nas atividades

agropecuárias e qualquer uma delas, incluindo a aquicultura, influenciam sobremaneira o

número de empregos gerados e consequente a economia da região.

Entretanto, o número total de empregos, (diretos e indiretos), no entanto, gerado

em todos os projetos de piscicultura em tanques-rede no reservatório da UHE Canoas I foi,

segundo dados levantamento através da aplicação do questionário de 86, sendo que em

11% do casos (10 pessoas), o tipo de mão-de-obra empregada era familiar e outros 89% (76

pessoas) eram contratadas da região.

Esse número que aparenta ser muito pequeno, e de fato é, poderia ser muito maior

se não fossem - novamente, as incertezas do negócio. Isso porque tal como ocorre com a

situação dos imóveis utilizados (a maioria arrendados), por falta de perspectiva a longo

prazo, sobretudo pelas dificuldades encontradas pelos produtores no decorrer da

implantação do projeto, diminuem-se os investimentos em mão-de-obra qualificada, uma vez

que os riscos atrelados à ausência de licenciamento ambiental também são grandes.

Outro ponto fundamental é também a sazonalidade da atividade, isso por que, e

geral, a produção em si demanda pouca mão-de-obra durante a maior parte do tempo,

sendo que as contratações acontecem na maioria das vezes apenas em épocas de

despesca, ou seja, quando os peixes atingem tamanho e peso significativos para o abate ou

para comercialização ainda vivos.

O número de empregos gerados poderia ser muito mais expressivo nessa região se

a burocratização e as incertezas ligadas à atividade fossem menores, beneficiando um

número maior de famílias que depende da aquicultura para sua subsistência.

4.4.4 Finalidade da Produção

A finalidade da produção dos projetos de tanques-rede em operação no

reservatório da UHE Canoas I está segmentada de duas formas: a) 40% da produção são

destinados à comercialização de iscas vivas e pesque pagues e b) 60% são destinados ao

abate, beneficiamento e comercialização da produção.

Em relação à primeira forma, a comercialização ocorre principalmente aos pesque-

pague do norte paranaense, nas Macrorregiões de Londrina e Maringá, chegando também

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47 aos principais centros de consumo do país, como São Paulo (SP) e Curitiba (PR). Por outro

lado, projetos que possuem estrutura física, capacitação técnica e mão de obra qualificada,

se utilizam do beneficiamento da produção e conseguem agregar mais valor ao produto

final, entretanto essa não parece ser uma realidade da região do reservatório da UHE

Canoas I.

4.4.5 Assistência técnica ou de Extensão Rural e linhas de Financiamentos

Nas questões relacionadas à assistência técnica e de extensão rural, a região

demonstra ser bem servida, uma vez que 83,33%, ou 10 dos 12 projetos analisados

informaram ter suporte regular das mais diversas instituições, sendo que em alguns também

contam com apoio de profissionais liberais (médicos veterinários e zootecnistas) contratados

especificamente para atividade e para o projeto. Destacam-se nesse contexto à Agência

Paulista de Tecnologia no Agronegócio - APTA/Assis, vinculada à Secretaria de Agricultura

e Abastecimento do Estado de São Paulo e o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e

Extensão Rural - EMATER/Itambaracá.

No entanto essa realidade é aposta quando tratamos do assunto relacionado às

linhas de acesso aos financiamentos e crédito. Isso porque 75%, ou 9 dos 12 projetos

analisados afirmaram não possuir nenhum tipo de acesso aos fomentos governamentais, e

que são negados principalmente pela ausência de licenciamento e/ou regularidade

ambiental da propriedade. A pequena parcela restante dos projetos que já possuem o

licenciamento ambiental, estão conseguindo acesso ao crédito para financiamento e

melhorias na produção, sendo que as principais instituições identificadas foram o Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil.

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5. CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS ____________________________________________________________________

A apresentação dos dados referentes à aplicação do questionário de cunho

socioeconômico do presente trabalho serviu, a princípio, para caracterizar e entender a

realidade dos projetos de piscicultura em tanques-rede no reservatório da UHE Canoas I,

seja no âmbito de desenvolvimento da própria produção, seja nos entraves identificados no

processo de licenciamento e regularização ou ainda, até mesmo para conhecer o público

que ela atinge de tal modo a suprir a ausência de estudos e informações mais aprofundadas

dessa magnitude acerca da atividade.

Evidentemente muitos outros dados de caráter socioeconômicos e de suma

importância não foram abarcados (escolaridade, renda média mensal dos trabalhadores,

etc), pois o objetivo inicial da pesquisa foi, num primeiro momento, coletar dados

necessários para um diagnóstico prévio dessa realidade (até então inexistente), e sendo

utilizado a princípio, para dimensionamento e estudo da importância da atividade em sua

área e abrangência, buscando auxiliar também nos processos de regularização dos

empreendimentos junto aos órgãos competentes, sobretudo visando o uso ordenado e

sustentável da atividade e dos entornos dos reservatórios para geração de energia elétrica.

Nesse sentido, verifica-se existir uma demanda represada nesse setor, já que os

dados existentes junto ao Ministério de Pesca e Aquicultura indicam haver um número 3,5

vezes maior de pedido para implantação nos reservatórios destinados à geração de energia

elétrica no rio Paranapanema, do que o número atual de empreendimentos efetivamente

instalados, realidade muito parecida com reservatório da UHE Canoas I, que possui

atualmente 13 projetos em operação e um potencial de expansão muito maior (Ferreira e

Toyama, 2013, p. 1978).

Um dos principais motivos para este cenário está relacionado às dificuldades

encontradas pelos empreendedores junto ao processo de licenciamento ambiental junto ao

poder concedente e que já foram discutidas no presente trabalho. Diante desse cenário de

dificuldades, alguns produtores ou exercem a atividade de forma irregular ou direcionam

seus investimentos para outros segmentos (TIAGO, 2010).

Além disso, a principal crítica que se faz ao modo como estão sendo conduzidos

atualmente os processos de licenciamento e regularização dos projetos de piscicultura em

tanques-redes em reservatórios pelos órgãos públicos competentes, é que ele é totalmente

ineficaz e insustentável, não levando em consideração nem mesmo os demais usos

possíveis e potenciais dos reservatórios, quer por meio da exploração do turismo ou por

meio da utilização por atividades agropecuárias e correlatas, que acabam gerando, em

suma, grandes conflitos em relação aos usos e a consequente degradação do recurso

hídrico.

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6. REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS _______________________________________________________________________

ALVES, R. C. P.; BACCARIN, A. E. Efeito da produção de peixes em tanques-rede sobre

sedimentação de material em suspensão e de nutrientes no córrego da Arribada (UHE

Nova Avanhandava, baixo rio Tietê, SP). In: NOGUEIRA, M. G., HENRY, R.; JORCIN, A.

(Org). Ecologia de reservatórios: impactos potenciais, ações de manejo e sistemas em

cascata. São Carlos: RiMa, 2005, p. 329-347.

AYROZA, DMM; FURLANETO, F.B.P e AYROZA, L.M.S. Regularização dos projetos de

tanques-rede em águas públicas continentais de domínio da União no Estado de São

Paulo. B. Téc. Inst. Pesca nº36. São Paulo/SP, 2006.

AYROZA, L.M.S. (Coord.). Piscicultura - Manual Técnico. Campinas/SP. 2011, 246p.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Disponível em

<http://www.aneel.gov.br/>. Acesso em 05/06/2015.

BRASIL. Lei Federal nº 9.433 de 8 janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de

Recursos Hídricos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 de

janeiro de 1997. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm>.

Acesso em 22 jan. 2016.

BRASIL. Lei Federal nº 12.651 de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da

vegetação nativa (Novo Código Florestal). Diário Oficial [da] República Federativa do

Brasil, Brasília, DF, 28 de maio de 2012. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em 22 jan.

2016.

BRASIL. Decreto nº 24.643 de 10 de julho de 1934. Decreta o Código de Águas. Coleção de

Leis do Brasil (CLBR). Rio de Janeiro 1934 e retificado em 27.7.34. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643.htm> Acesso em 22 jan. 2016.

BRASIL. Decreto nº 23.672 de 02 de janeiro de 1934. Aprova o Código de Caça e Pesca.

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Rio de Janeiro, RJ, 15 de janeiro de 1934.

Disponível em: < http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-23672-2-

janeiro-1934-498613-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em 22 de jan. 2016.

BRASIL. Lei nº 1.283 de 18 de dezembro de 1950. Dispõe sobre a inspeção industrial e

sanitária dos produtos de origem animal. Diário Oficial [da] República Federativa do

Brasil. Rio de Janeiro, RJ, 19 de dezembro de 1950. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L1283.htm>. Acesso em 22 de jan. 2016.

BRASIL. Lei nº 4.771 de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal.

Revogada. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 de setembro

de 1965. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4771.htm>. Acesso em

02 de fev. 2016.

BRASIL. Decreto Lei nº 221 de 28 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a proteção e

estímulos à pesca e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do

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50 Brasil, Brasília, DF, 28 de fevereiro de 1967. Disponível em: <

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BRASIL. Lei nº 7.679 de 23 de novembro de 1988. Dispõe sobre a proibição da pesca de

espécies em períodos de reprodução e dá outras providências. Revogada. Diário Oficial

[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 24 de novembro 1988. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7679.htm>. Acesso em 02 de fev. 2016.

BRASIL. Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras

providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 02 de

setembro de 1981. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm>.

Acesso em 02 de fev. 2016.

BRASIL. Decreto nº 1.694 de 13 de novembro de 1995. Cria o Sistema Nacional de

Informações da Pesca e Aquicultura - SINPESQ, e dá outras providências. Diário Oficial

[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 14 de novembro de 1995. Disponível em: <

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Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Diário

Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 de janeiro de 1997. Disponível

em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm>. Acesso em 02 de fev. 2016.

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7. ANEXOS _______________________________________________________________________

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ANEXO I - MODELO DE QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO

QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO PROJETOS DE PISCICULTURA EM TANQUES-REDE EXISTENTES NOS RESERVATÓRIOS SOB CONCESSÃO DA

DUKE ENERGY NO RIO PARANAPANEMA

Prezado Senhor(a),

Esse questionário simplificado tem como objetivo levantar informações de cunho social e econômico dos projetos de piscicultura em tanques-rede existentes nos reservatórios sob concessão da Duke Energy no rio Paranapanema. Os dados aqui disponibilizados serão utilizados para dimensionamento e estudo da importância da atividade em sua área e abrangência, buscando auxiliar também nos processos de regularização dos empreendimentos junto aos órgãos competentes, visando, sobretudo o uso ordenado e sustentável da atividade e dos entornos e dos reservatórios para geração de energia elétrica sob sua concessão. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Nome do Projeto: _______________________________________________Reservatório:___________________________ Data de início do projeto: ____/____/________ Investimento inicial: R$_________________________________________ Representante:_______________________________________________________________________________________ Quantidade de tanques-rede instalados:_________________ Área da lâmina d’água utilizada (ha): ____________________ Volume estimado total produção (t/ano): ________________________________________________________________ Possui sócios ou associados? ( ) Não ( ) Sim. Se a resposta for positiva, responder a quantidade:_____________________ Tipo de imóvel: ( ) Próprio ( ) Arrendado ( ) Terreno público ( ) Outro Número da Matrícula da propriedade:_______________Comarca:______________________________________________ INFORMAÇÕES SÓCIOECONÔMICAS DO PROJETO

Tipo de organização empregada no projeto: ( ) Associação ( ) Cooperativa ( ) Produtor Independente ( ) Empresa Privada ( ) Outros Possui licenciamento ambiental? ( ) Sim ( ) Não ( ) Pendente Quantidade de empregos gerados (diretos e indiretos)/ano____________________________________________________

Tipo de mão de obra empregada: ( ) Mão de obra familiar ( ) Mão de obra contratada Qual a quantidade de safras anuais? ( ) Apenas 1 safra ( ) 1,5 safras ( ) Acima de 1,5 safras Qual a estratégia de cultivo envolvendo o número de safras obtidas? ( ) Povoamento de primavera ( ) Povoamento de Outono ( ) Ambos, Povoamento de Primavera e Outono *Povoamento de primavera (Setembro a Março) e povoamento de Outono (De Março a Setembro) Qual a finalidade da produção? ( ) Consumo próprio ( ) Beneficiamento e comercialização ( ) Iscas vivas, pesque pagues ou venda de peixes ornamentais ( ) Pesquisas científicas ( ) Outras Há incidência de mexilhão dourado nos tanques-rede em uso no reservatório? ( ) Sim ( ) Não Qual o volume anual de mexilhões retirados dos tanques-rede (m³)__________________________________________ Qual a destinação dos resíduos de mexilhões após a limpeza dos tanques-rede____________________________________ O projeto é beneficiado com algum tipo de assistência técnica ou de extensão rural? ( ) Sim, possui assistência técnica regular ( ) Sim, possui assistência técnica esporádica ( ) Não possui assistência técnica Por quem (Instituição):_________________________________________________________________________________ O projeto é beneficiado com algum tipo de acesso à crédito? ( ) Sim, possui acesso à crédito ( ) Não possui acesso a nenhum tipo de crédito Que Tipo:___________________________________________________________________________________________