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CURSO DE DIREITO ANGELA TEREZA LUCCHESI TRABALHO DIREITO AMBIENTAL I

Trabalho de Direito Ambiental

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Page 1: Trabalho de Direito Ambiental

CURSO DE DIREITO

ANGELA TEREZA LUCCHESI

TRABALHO DIREITO AMBIENTAL I

Londrina2012

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ANGELA TEREZA LUCCHESI

TRABALHO AMBIENTAL I

Trabalho apresentado ao Curso de Direito à da

Faculdade Arthur Thomas, Londrina-PR, para disciplina

Direito Tributário II e Processo Tributário, Direito

Ambiental e Urbanístico II, como requisito parcial para

obtenção de grau de bacharel em Direito.

Professora: Valéria Martins

Londrina2012

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1. QUAL É A DIMENSÃO DADA AO CONCEITO DE AMBIENTE NO

ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO? (EXPLICAR A VISÃO RESTRITA, A

AMPLA, E A DEFINIÇÃO LEGAL, EXPLICANDO QUAL DEVE SER A POSTURA

DO PROFISSIONAL DO DIREITO).

O conceito lega de meio ambiente foi fixado pela Lei nº 6.938/1981,

Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, em seu art. 3º, I, prescrevendo-o como “o

conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e

biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

O termo ambiente, de acordo com o Dicionário Brasileiro Globo

(FERNANDES, 1995), significa, dentre outros termos, designativo do meio em que

cada um vive; o ar que se respira e que nos cerca; esfera, círculo, meio em que

vivemos.

Silva (2010) entende que existe redundância da expressão “meio

ambiente”, visto que os termos “meio” e “ambiente” possuem o mesmo significado:

“lugar, recinto, espaço onde se desenvolvem as atividades humanas e a vida dos

animais e vegetais”. Mas explica que isso é necessário “para reforçar o sentido

significante de determinados termos, em expressões compostas, onde o termo

reforçado tenha sofrido enfraquecimento no sentido em que é aplicado”. Assim, o

legislador preferiu usar o termo “meio ambiente” para se obter maior exatidão na

ideia que o termo inserido na norma quer transmitir.

Já Melo (2001) opta pela referida expressão, uma vez que é utilizada

na Constituição Federal, em seu art. 225, bem como nas leis infraconstitucionais.

De acordo com Torres (2012)

(...) meio ambiente é o espaço em que os seres vivem, se reproduzem, desenvolvem suas atividades cotidianas. É o lugar onde os seres vivos encontram condições para viver. O meio ambiente é composto por fatores abióticos e fatores bióticos. Os fatores abióticos são aqueles que não se apresentam de forma viva, porém influenciam a comunidade dos seres vivos que os rodeia, sendo exemplos a água, o solo, o ar, os sons. Já os fatores bióticos são aqueles se apresentam de forma viva, como as plantas, os animais, as bactérias, os vírus. Os fatores sociais e culturais que cercam o homem são de suma importância nas relações com o meio ambiente.

O art. 225 da CF, ao tratar do meio ambiente ecologicamente

equilibrado, “usa a expressão bem de uso comum do povo”, assim um meio

ambiente ecologicamente equilibrado pertence a todos, não se pode individualizar.

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Neste sentido, a Lei nº 6.938/81, art. 2º, I, “considera o meio ambiente como um

patrimônio público a ser necessariamente protegido, tendo em vista o uso coletivo”.

(TORRES, 2012)

Uma vez que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado

se distancia do indivíduo como seu titular, para englobar número indeterminado de

pessoas, destinando a proteção genérica dos grupos ou da humanidade, tem

natureza jurídica de direito difuso, pois os titulares deste direito são indeterminados

e indetermináveis. Essa natureza jurídica ainda pode-se dividir em restrita e ampla.

Quando se fala em visão restrita, entende-se que trata-se da

proteção aos recursos naturais, renováveis e não-renováveis e às suas

interdependências. São normas de proteção apenas aos elementos naturais.

Já a visão ampla abrange os bens naturais e culturais, desta forma

entende-se que o ambiente é composto por recursos naturais e pela atuação do

homem na natureza. Assim, o conceito de ambiente é globalizante e abrangente,

como explica Silva (2010):

(...) o conceito de meio ambiente há de ser, pois, globalizante, abrangente de toda a natureza original e artificial, bem como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arqueológico. O meio ambiente e, assim, a interação do conjunto de elementos naturais, artificias e culturais, que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas.

Percebe-se claramente no art. 3º, I, da lei 6.938/81 que o legislador

brasileiro adota a dimensão ampla ao conceituar o meio ambiente, pois entende

existir uma interação entre homem e natureza.

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2. QUAL A DIFERENÇA ENTRE ECONCENTRISMO, ANTROPOCENTRISMO E

ANTROPOCENTRISMO MODERADO COMO FUNDAMENTOS DA TUTELA

JURÍDICA DO AMBIENTE? QUAL A OPÇÃO DA CONSTITUIÇAO BRASILEIRA

NESTE SENTIDO?

Econcentrismo está ligado a conceito restrito, pois defende a

necessidade da tutela da natureza que por si só já exige a tutela do Estado,

independente de satisfazer ou não as necessidades do homem.

Antropocentrismo vê o homem como “centro do universo”, referencia

máxima e absoluta de valores. Tudo o mais vive em função e em volta dele.

Já o antropocentrismo moderado é uma versão mais ampla, pois

entende que o meio ambiente existe, o homem precisa dele para subsistir, e não é

apenas um meio para promoção de bem estar deste, ao contrario, é seu meio de

sobrevivência. O meio ambiente não existe para a satisfação do homem, e sim, este

é parte integrante do meio ambiente. Esta é a concepção utilizada na Constituição

Federal.

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3. O PROF. JOSÉ RUBENS MORATO LEITE DIFERENCIA O MICRO BEM DO

MACRO BEM AMBIENTAL. NO QUE CONSISTE ESTA DIFERENCIAÇÃO?

Em sua conceituação e entendimento, Leite (s/d) defende que o

micro bem ambiental são os elementos corpóreos que o compõem, em sentido

macro, as florestas, por exemplo, e pode ser apropriado pelo particular ou poder

público. Já o macro é um bem corpóreo e imaterial, apropriável, indisponível e

imponível, de uso comum ao coletivo, é um bem de todos (res comunes omnium).

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4. QUAIS AS IMPORTANTES INOVAÇÕES TRAZIDAS PELO ART. 225 DA CF?

Prevê um direito constitucional federal, obviamente indisponível, acentuado

pelo fato de garantir a necessidade de preservação não somente para esta

geração, mas também para as futuras.

O meio ambiente passa a ser considerado um bem de uso comum, coletivo.

Acentua a importância do meio ambiente para a qualidade de vida.

Surge para o poder publico a imposição da obrigação de fazer, de zelar e

preservar o meio ambiente. Tal ação é vinculada, passa a ser um campo

delimitado, e o poder publico não pode agir indiferentemente a esta proteção,

esta compelido pela constituição federal a isso.

O cidadão deixa de ser titular passivo de um direito a meio ambiente

saudável, e passa a ter o dever de defender e preservar. A doutrina defende

que esta relação jurídica é denominada de “função”.

O meio ambiente passa a ser denominado de intergeracional, ou seja, além

das atuais gerações que vivem no país, mas também as futuras gerações.

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5. RELATIVAMENTE À RESPONSABILIZAÇÃO DAS CONDUTAS LESIVAS AO

AMBIENTE O QUE PODEMOS AFERIR COM BASE NO § 3º DO ART. 225?

(EXPLICAR COMO SE DÁ A TRIPLICE RESPONSABILIZAÇÃO: CIVIL, PENAL E

ADMINISTRATIVA).

As normas que tutelam as questões ambientais podem impor ao

infrator uma tríplice punição concomitante, incidindo nas chamadas

Responsabilidades Administrativas, Civil e Penal.

Constituição Federal, em seu art. 225, § 3º:

As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

A Responsabilidade Administrativa Ambiental vem expressa na Lei

90605/98, por exemplo, no art. 70:

Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

O Poder de Polícia pode atuar para instaurar processo administrativo

e apurar infração ambiental. Autoridade que tiver notícia de infração ambiental tem o

dever de atuar sob pena de corresponsabilidade. Pode-se aplicar advertência, multa,

apreensão de animais ou instrumentos utilizados para infração, destruição de

produto, suspensão de venda de produto, embargo ou demolição de obra,

suspensão da atividade, restritivas de direitos. O Poder Público aplica penalidades

administrativas, fazendo valer o Poder de Polícia Administrativa. Ainda pode

suspender ou cancelar registro, licença ou autorização, impor restrições a incentivos

fiscais, perda de financiamento público, proibição de contratar com a Administração

Pública.

A Responsabilidade Civil Ambiental é objetiva, e uma vez incidindo

infração civil, gerando dano, aplica-se a punição mesmo sem culpa, impondo-se o

dever de reparação e indenização. Como prescreve o art. 14 e seu § 1º, Lei

6.938/81:

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Sem prejuízo das penalidades pela legislação federal, estadual e municipal, o não-cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação ambiental sujeitará os transgressores: (...) é o poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, efetuados por sua atividade. A competência Pública da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente.

A Responsabilidade Penal Ambiental é subjetiva, tem que ter culpa

ou dolo para incidir penalidade, como bem prescreve o art. 2º, lei 6938/81:

Quem, de qualquer forma, concorre para prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade.

As empresas, pessoas jurídicas também podem ser

responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, não excluindo a

responsabilidade das pessoas físicas autoras, coautoras ou partícipe do mesmo fato

como prevê o art. 3º da referida lei.

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6. É CORRETO QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA

FEZ UMA OPÇÃO PELO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL? FUNDAMENTE

SUA RESPOSTA.

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

definiu desenvolvimento sustentável como:

(...) o desenvolvimento que atende às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades.

O conceito de desenvolvimento sustentável está na lei 6.938/81, a

qual em seu art. 2º dispõe:

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

E no art. 4º:

A Política Nacional do Meio Ambiente visará: I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.

A Constituição Federal abarca em seus artigos 170 e 225 o conceito

de desenvolvimento sustentável dado pela Lei 6.938/81. O primeiro artigo está

inserido no Capítulo que trata da Ordem Econômica e Financeira e o segundo no

Capítulo Do Meio Ambiente, ambos referem-se ao desenvolvimento econômico e

social desde que observada a preservação e defesa do meio ambiente para as

presentes e futuras gerações.

Entende-se portanto, o desenvolvimento sustentável é formado pelo

tripé econômico/social/ambiental, pois todos esses fatores se equivalem.

Busca-se o crescimento econômico, o desenvolvimento social e

paralelamente, a defesa e proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Esses três fatores genéricos são especificamente formados pela dignidade da

pessoa humana, livre iniciativa, direito de propriedade, direito ao trabalho, à saúde,

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ao lazer, a educação, enfim aos Direitos Individuais, Coletivos e aos Sociais

elencados nos arts. 5º e 6º da Constituição Federal.

Segundo explica Fiorillo (1999)

Desta forma, o princípio do desenvolvimento sustentável tem por conteúdo a manutenção das bases vitais da produção e reprodução do homem e de suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os homens e destes com o seu ambiente, para que as futuras gerações também tenham oportunidade de desfrutar os mesmos recursos que temos hoje à nossa disposição.

Conclui-se que o princípio do desenvolvimento sustentável como o

desenvolvimento deve atender às necessidades do presente, sem comprometer as

futuras gerações.

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7. DISCORRA A RESPEITO DE DOIS PRINCIPIOS NORTEADORES DO DIREITO

AMBIENTAL.

a) Princípio da prevenção

Surgiu como princípio na Conferência das Nações Unidas sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento de 92, no Rio de Janeiro, estabeleceram-se

diversos princípios, sendo o da precaução o de número 15:

Princípio 15: De modo a proteger o meio-ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.

Segundo Fiorillo (2001) este princípio é previsto na Constituição

Federal no caput do seu Art. 225, ao preceituar o dever do Poder Público e da

coletividade de proteger e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras

gerações.

Muitas vezes confundido com o principio da precaução, entretanto,

Granziera (2009), explica que o último traz consigo um conceito mais restritivo do

que o da prevenção, é como se, a precaução tendesse à não autorização de um

determinado empreendimento quando não houver certeza de que ele não fosse

causar no futuro um dano irreversível, enquanto que o primeiro versa sobre a busca

de uma compatibilização entre a atividade a ser licenciada e a proteção do meio

ambiente, através da imposição de condicionantes ao projeto.

É por essa razão que o Estudo de Impacto Ambiente é considerado

como um instrumento que atende ao princípio da prevenção, já que, após sua

análise prévia de um determinado empreendimento, se torna possível assegurar sua

realização, se medidas compensatórias e mitigadoras ou até mesmo mudanças no

projeto em análise forem feitas.

b) Princípio da Precaução

O jurista Jean-Marc Lavieille (apud Machado, 2007), ensina que

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O princípio da precaução consiste em dizer que não somente somos responsáveis sobre o que nós sabemos, sobre o que nós deveríamos ter sabido, mas, também, sobre o de que nós deveríamos duvidar.

Essa é a questão principal que diferencia o princípio da precaução

do da prevenção, o primeiro esta baseado em certeza científica, ou seja, segundo o

mesmo se não existir tal certeza que uma ação não vá causar danos irreversíveis no

futuro, a mesma deve ser combatida.

Aragão (apud SILVA, 2000) explica que a atuação do princípio da

precaução deve ser anterior a imposição de qualquer atuação preventiva, ou seja tal

princípio exige o beneficio da dúvida em favor do meio ambiente, quando existir

qualquer incerteza sobre os efeitos de determinas atividades.

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REFERENCIAS

FERREIRA, Fernando Marrey. Tríplice responsabilidade ambiental. Conteúdo

Jurídico, Brasília-DF: 20 abr. 2009. Disponível em:

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1999.

FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 2. ed. São

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Malheiros, 2007.

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maio 2012. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/21836>. Acesso em: 29

mar. 2013.