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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS DISCIPLINA DIREITO E LEGISLAÇÃO TRABALHO SOBRE DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO NA BAÍA DE GUANABARA GRUPO: Charliane Pereira Ferreira Paula Gracielle M. Gouvêia PROFESSOR: Felipe Bambirra 0

Trabalho de Direito e Legislação

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Trabalho da disciplina que fiz na UFMG em 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISDISCIPLINA DIREITO E LEGISLAO

TRABALHO SOBRE DERRAMAMENTO DE PETRLEO NA BAA DE GUANABARA

GRUPO:

Charliane Pereira FerreiraPaula Gracielle M. Gouvia

PROFESSOR: Felipe Bambirra

Belo Horizonte MGJunho/20101 - ACIDENTE ECOLGICO NA BAA DE GUANABARA O acidente ambiental na Baa de Guanabara ocorreu na madrugada do dia 18 de janeiro de 2000, onde, em virtude de um problema originado em uma das tubulaes da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), foram lanados, segundo dados noticiados pela imprensa, algo em torno de 1,3 milhes de litros de leo cru na Baa de Guanabara. O derramamento aconteceu numa das 14 linhas que bombeiam leo da Reduc, em Duque de Caxias, para a Ilha Dgua, perto da Ilha do Governador. O que era para ser uma rotineira operao de transporte de leo resultou no rompimento do oleoduto da Petrobrs, atingindo uma rea martima que engloba Mau, Mag e So Gonalo, com desdobramentos em bairros da cidade do Rio de Janeiro, como a Ilha do Governador. Segundo informes da Petrobrs, o acidente foi causado por fadiga de material e por um erro no programa de computador. O rompimento ocorreu num trecho do duto PE-II que passa por um canal, a cerca de 30 metros da baa. Este duto era aquecido para tornar o leo menos viscoso, e enterrado no fundo da Baa; ao longo do tempo ocorreu eroso deste fundo e parte do duto ficou solto. Considerado o segundo desastre mais grave j verificado na rea martima do Rio de Janeiro, sendo apenas superado pelo acidente ocorrido com o navio "TARIK", em 1975, provocou graves danos ao ecossistema, o qual, segundo especialistas, s dever recuperar suas condies normais daqui a dez ou quinze anos. Para tentar conter o avano do leo, a Petrobrs montou uma gigantesca operao que incluiu a vinda de especialistas estrangeiros em recuperao ambiental, mas a mancha de leo se estendeu por uma faixa superior a 50 quilmetros quadrados, atingindo o manguezal da rea de proteo ambiental (APA) de Guapimirim, praias banhadas pela Baa de Guanabara, inmeras espcies da fauna e flora, alm de provocar graves prejuzos de ordem social e econmica a populao local. As comunidades que tiravam seu sustento de atividades ligadas, direta ou indiretamente, a boa qualidade das guas da Baa de Guanabara, tais como, a pesca e o turismo, foram muito prejudicadas, quer pela contaminao dos peixes e crustceos, quer pela inviabilizao do turismo pela poluio do ambiente. O ento presidente da Petrobrs, o Sr. Henri Phillipe Reichstul, admitiu a existncia de falha no projeto de instalao do oleoduto PE-2, fato este, responsvel pelo acidente com o leo, que provocou toda espcie de prejuzos, tais como; a contaminao do espelho dgua da Baa de Guanabara, com reflexos na fauna nectnica e plantnica; a contaminao das areias, costes rochosos, muros de conteno, pedras, lajes e muretas das Ilhas do Governador e de Paquet; danos vegetao de mangue existente no entorno da Ilha do Governador; danos a avifauna; danos comunidade bentnica em funo da sedimentao do leo no fundo da Baa; prejuzo s atividades pesqueiras; drstica reduo das atividades tursticas da Ilha de Paquet; entre outros. No dia 22 de janeiro de 2000, a Petrobrs vinculou comunicado junto imprensa, reconhecendo no haver desculpa para o desastre e comprometendo-se a tomar todas as medidas necessrias recuperao completa de todo ecossistema. A postura adotada pela Petrobrs est em conformidade com a lei 6.938/81 que dispe, em seu art. 4, inciso VII, que a Poltica Nacional de Meio Ambiente visar imposio ao poluidor e predador da obrigao de recuperar e/ou indenizar os danos causados.

2 - ANLISE TCNICAO acidente ambiental ora apresentado, assim como milhares de outros acidentes da mesma natureza, podem ser evitados, ou ao menos minimizados, pela prtica contnua e eficiente da preveno.No caso apresentado, a preveno poderia ter sido feita atravs de estudos sobre as caractersticas fsicas e qumicas, tais como durabilidade e corrosividade, dos materiais utilizados para o transporte do leo e ainda a substituio sistemtica destes materiais.O uso de uma tubulao secundria fixada em volta da tubulao por onde o leo transportado, outra atitude preventiva, mas temporria, que poderia minimizar os danos causados.Contudo, como medidas preventivas no foram usadas ou no foram eficientes, medidas de conteno se tornam de suma importncia para a soluo do problema. No vazamento do leo cru, a primeira ao a ser efetuada o corte de fornecimento de leo, para a tubulao danificada, como tambm a retirada, atravs de procedimentos seguros, do leo remanescente na tubulao.

3 - ANLISE JURDICAOs seguintes aspectos so importantes para se contextualizar a implicao jurdica relacionada aos acidentes ambientais: a Lei da Poltica Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938/81) dispe que o poluidor obrigado, independente da existncia de culpa, indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados em sua atividade; a Lei 9.605/98 dos crimes ambientais, que introduziu a possibilidade de condenao do diretor, administrador, membro de conselho e rgo tcnico, auditor, gerente, preposto ou mandatrio de pessoa jurdica que, sabendo da conduta criminosa de outrem prevista na lei, deixar de impedir sua prtica, quando podia agir para evit-la. (mbito Jurdico, 2001)A partir destas leis, a ocorrncia de um acidente, no presente caso um vazamento pode ser questionada quanto possibilidade de ter sido evitado. A aplicao da Lei 9.605/98 penaliza no somente a empresa, mas pode atingir diretamente as pessoas fsicas envolvidas. Visto que nenhum gestor consciente mantm em operao um equipamento, ou qualquer setor de produo, sabendo ou tendo sido informado que as condies de segurana esto abaixo das aceitveis. A existncia dos danos e do respectivo nexo causal, que teve origem no derramamento de leo cru proveniente de duto da Refinaria de Duque de Caxias, a Reduc, de propriedade da Petrobrs, nas guas da Baa de Guanabara, comprova, de modo indubitvel a responsabilidade da empresa. O art. 14 da Lei Federal 6.938/81, recepcionado pela CF/88, em seu artigo 225, pargrafo 1, consagra a responsabilidade objetiva do poluidor, isto , independente da existncia de culpa, sob a modalidade do risco integral e sem excludentes de responsabilidade, ficando a Petrobrs, deste modo, obrigada a reparar o meio ambiente lesionado. Importante salientar que, de acordo com o princpio estabelecido no art. 1.525 do Cdigo Civil, a responsabilidade civil independente da criminal.Foi atribuda Petrobrs a responsabilidade civil objetiva fundamentada na Lei 6.938/81, ou seja, no discutida a culpa ou dolo efetuado pelo agente, restando a este o dever de indenizar. Em 25 de janeiro de 2000, uma semana depois do vazamento, o Ibama autuou a Petrobras em R$ 51 milhes, a maior multa ambiental j cobrada no pas. Por pag-la em dia, a Petrobras foi beneficiada por um desconto de 30% no valor da multa, e pagou R$ 35,7 milhes. Diante das reclamaes generalizadas, a empresa destinou mais R$ 15,3 milhes ao Ibama, complementando assim o valor inicial. Alm disto, oito anos depois, o castigo criminal para o maior dano baa desde que a Lei de Crimes Ambientais entrou em vigor, em 1998, foi o pagamento de seis salrios-mnimos (R$ 240 poca), pelo operador do duto, Jos Hermes do Valle Lima, em troca da suspenso condicional de seu processo penal. O valor foi destinado Pastoral do Menor de So Joo de Meriti. A ao criminal foi proposta pelo Ministrio Pblico federal tambm contra outros nove funcionrios, incluindo o ento presidente da companhia, Henri Philippe Reichstul, e a prpria Petrobras. Reichstul e a empresa foram excludos do processo. Os demais rus - diretores, superintendentes, coordenadores e outros funcionrios que estavam de alguma forma ligados ao caso - ainda figuram na ao.

4 - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS SANTOS, Fabiano Pereira dos. Acidente ecolgico na Baa de Guanabara . Jus Navigandi, Teresina, ano 5, n. 47, nov. 2000. Disponvel em: . Acesso em 24 de junho de 2010.

oglobo.globo.com/Rio/ Acesso em 24 de junho de 2010.4