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Trabalho de História Componentes: Ana Karoline Faria Marques Anna Paula Rodrigues Brenda Laura Bruna Loisy Machado Carolina Cassiano Cássia Rocha Cristina Borges da Silva Iully Oliveira Letícia Cristina Moraes Lucas Nogueira Monique Ansine Borges Série: Turma: A Exatas Sala: 04 Professora: Eliana Fonseca Borges Escola: E. E. “José Alexandre Miziara” Tema: Brasília Patrimônio da Humanidade

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Trabalho

de

História Componentes: Ana Karoline Faria Marques

Anna Paula Rodrigues

Brenda Laura

Bruna Loisy Machado

Carolina Cassiano

Cássia Rocha

Cristina Borges da Silva

Iully Oliveira

Letícia Cristina Moraes

Lucas Nogueira

Monique Ansine Borges

Série: 2º Turma: A Exatas Sala: 04

Professora: Eliana Fonseca Borges

Escola: E. E. “José Alexandre Miziara”

Tema: Brasília – Patrimônio da Humanidade

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Brasília – Patrimônio da Humanidade

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"Deste Planalto Central, desta solidão em que breve se transformará em cerébro das mais

altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta

alvorada, com uma fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino".

Juscelino Kubistchek

História da Cidade de Brasília

Brasília é a capital da República Federativa do Brasil e sua quarta maior cidade. Sua

população foi estimada em 2.606.885 de habitantes. Inaugurada em 21 de abril de 1960, pelo então

presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, Brasília é a terceira capital do Brasil, após Salvador e

Rio de Janeiro. A transferência dos principais órgãos da administração federal para a nova capital

foi progressiva, com a mudança das sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário federais.

Brasília continua sendo uma das mais belas e a mais moderna cidade do país. Mas a sua

história começa há mais tempo do que a maioria das pessoas imaginam.

O Começo do Sonho

Desde a época do Brasil Colônia, já se pensava em construir uma nova capital.

O Brasil tinha um imenso território e, além das escaramuças de piratas e contrabando de

pau-brasil, muitas nações européias foram tornando constantes os seus ataques à costa

brasileira, desafiando a Coroa Portuguesa.

De nada valeram os esforços de D. João III em tentar criar um sistema de

policiamento da costa do Brasil. Os ataques estrangeiros foram ficando cada vez mais

frequentes e revelavam a intenção de algumas nações em ocupar partes do território

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brasileiro.

Basta lembrar que Salvador, a primeira capital do Brasil, sofreu diversos ataques de

piratas ingleses e foi tomada pelos holandeses liderados pelo almirante Willenkens.

Os invasores só foram expulsos da capital brasileira um ano depois. Aos poucos,

alguns brasileiros começaram a perceber que o Brasil estava de costas para o Brasil. Era um

povo agrupado no litoral, lançando um olhar nostálgico para o continente europeu.

Surgiriam, então, as primeiras vozes a defender a interiorização do país. Uma nova

capital, no interior do Brasil, teria muito mais segurança longe do litoral e dos ataques de

canhões das naus inimigas,.

Essa idéia foi defendida pelo Marquês de Pombal, em 1761. A Inconfidência

Mineira, em 1789, já demonstrava a insatisfação dos brasileiros com a Coroa portuguesa e

um anseio latente por um processo de interiorização do Brasil.

Entre os planos dos inconfidentes estava a transferência da capital do Rio de Janeiro

para São João Del Rei. Em 1808, o jornalista Hipólito José da Costa defendia a

independência política do Brasil e fundou no exílio, em Londres, o jornal "Correio

Braziliense".

Hipólito José da Costa pregava a mudança da capital para o interior do país, que ele

chamava de "paraíso terreal".

A Independência do Brasil, em 1822, trouxe mais ânimo para os defensores da

interiorização.

Na Assembléia Constituinte de 1823, José Bonifácio defendeu a construção de uma

nova capital que, segundo ele, seria uma grande chance de estimular a economia e o

comércio. Essa foi a tese que José Bonifácio apresentou no documento que se intitulou

"Memória sobre a necessidade e meios de edificar no interior do Brasil uma nova capital".

José Bonifácio chegou a sugerir dois nomes para a nova cidade, que ele imaginou

no Planalto Central: Petrópolis e Brasília.

O diplomata e historiador Francisco Adolfo de Varnhagem, Visconde de Porto

Seguro, também foi outro importante defensor da mudança da capital. Ele chegou a realizar

estudos e também concluiu que a região do Planalto Central seria o local ideal para a nova

capital.

Em 1891, na elaboração da primeira constituição republicana, a transferência da

capital voltou a ser discutida. Foi aprovada a emenda do deputado catarinense Lauro

Müller, que estabeleceu a demarcação de uma área no Planalto Central de 14 mil

quilômetros para a construção da nova capital da República.

Aquele foi o primeiro passo constitucional para a mudança. Mas, se você

acompanhar os próximos capítulos, verá que houve uma longa jornada, cheia de acidentes

políticos, que percorreram a Primeira e a Segunda República.

A Assembléia Constituinte de 1891 aprovou a emenda do deputado Lauro Müller,

que propunha a mudança da capital para o interior do país. Coube então ao novo governo

republicano organizar uma missão de reconhecimento e demarcação da área do futuro

Distrito Federal.

O diretor do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, Luís Cruls, foi

encarregado de chefiar a missão.

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Construção de Brasília

Brasília foi construída (as obras começaram em novembro de 1956, depois de

Juscelino sancionar a lei nº 2.874) a fim de ser a nova capital do Brasil. A idéia era

transferir a capital do Rio de Janeiro para o interior do país. Ao transladar a capital para o

interior, o governo pretendia povoar aquela região. Pessoas de todo o país, especialmente

do nordeste (chamadas de candangos, que quer dizer ordinários), foi contratada para a

construção da cidade, inaugurada no dia 21 de abril de 1960 por Juscelino Kubitschek.

Nesta época, o centro cívico da cidade já tinha sido totalmente construído (Palácio do

Governo, Catedral, Edifícios dos Ministérios, Parlamento, Palácio da Justiça, etc.).

Brasília custou cerca de um bilhão de dólares. Este custo extremamente elevado

deveu-se, em parte, a ausência de estradas de ferro e de rodovias bem traçadas para levar o

material de construção. A solução foi transportar o material de construção por via aérea,

fato que encareceu muito o custo das obras.

A construção de Brasília demorou quase quatro anos, mas depois de três anos a

maioria dos seus principais edifícios estava pronta, dentre os quais o Palácio da Alvorada,

primeiro prédio da capital construído em concreto armado, a primeira construção de

estrutura metálica (material trazido dos Estados Unidos) foi o Brasília Palace Hotel.

A partir de 1960, iniciou-se a transferência dos principais órgãos do Governo

Federal para a nova capital com a mudança das sedes dos poderes Legislativo, Executivo e

Judiciário. Lúcio Costa foi o principal urbanista da cidade. Oscar Niemayer, amigo

próximo de Lúcio, foi o principal arquiteto da maioria dos prédios públicos e Roberto Burle

Marx foi o responsável pelo paisagismo.

Kubitschek, que foi um governante de orientação socialista, reuniu um grupo de

profissionais de uma mesma tendência política. Este grupo tentou desenvolver um modelo

de cidade utópica onde se pretendia eliminar as classes sociais. Por este motivo a cidade

ficou conhecida como capital da esperança (nome dado pelo escritor francês André

Malraux. É claro que tal objetivo não foi cumprido, mas, durante a construção da cidade,

foi uma realidade, visto que todos compartilhavam a mesma comida e os mesmos

acampamentos.

Em 1957, Niemeyer abre um concurso público para o plano piloto da nova capital

Brasília. O projeto vencedor é o apresentado por Lúcio Costa, seu amigo e ex-patrão.

Niemeyer, arquiteto escolhido por Juscelino, seria responsável pelos projetos dos edifícios,

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enquanto Lúcio Costa desenvolveria o plano da cidade.

Brasília foi um grande desafio; a cidade foi construída na velocidade de um

mandato, e Niemeyer teve de planejar uma série de edifícios em poucos meses para

configurá-la. Entre os de maior destaque estão a residência do Presidente (Palácio da

Alvorada), o Edifício do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), a

Catedral de Brasília, os prédios dos ministérios, a sede do governo (Palácio do Planalto)

além de prédios residencias e comerciais. A determinação de Kubitschek foi fundamental para a construção de Brasília, levando para frente

sua intenção de desenvolver o centro despovoado do Brasil, ao exemplo da marcha do oeste norte-

americana): povoar o interior e levar o progresso Brasil adentro.

O projeto de Lúcio Costa, vencedor do concurso, punha em prática os conceitos

modernistas de cidade: o automóvel no topo da hierarquia viária, facilitando o deslocamento na

cidade, os blocos de edifícios afastados, em pilotis sobre grandes áreas verdes. Brasília possui

diretrizes que remetem aos projetos de Le Corbusier na década de 20 e ainda ao seu projeto para a

cidade de Chandigarh, pela escala monumental dos edifícios governamentais. A cidade de Lúcio

Costa também possui conceitos semelhantes aos dos estudos de Hilberseimer.

Primeiras Concretizações

Em 9 de Junho de 1892, os vinte e dois membros da missão Cruls partiram de trem,

com destino a Uberaba, Minas Gerais. Eles levavam quase dez toneladas de equipamentos,

como lunetas, teodolitos, sextantes, barômetros e material fotográfico para demarcar a área

da futura capital no Planalto Central.

A partir de Uberaba, a expedição seguiu em cavalos e mulas, passando por Catalão,

Pirenopólis e Formosa. A missão formada por biólogos, botânicos, astrônomos, geólogos,

médicos e militares percorreu mais de quatro mil quilômetros.

Foram sete meses de muitas caminhadas e trilhas percorridas a pé ou em mulas,

descobrindo a imensidão do Planalto Central do país.

Através dos relatórios da Missão Cruls, o Brasil pôde, pela primeira vez, conhecer

em detalhes o clima, o solo, os recursos hídricos, minerais, a topografia, a fauna e a flora do

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Planalto Central. Cruls destacou a qualidade do solo pesquisado, suas possibilidades para a

agricultura e fruticultura e também o clima da região.

"É inegável que até hoje o desenvolvimento do Brasil tem-se sobretudo localizado

na estreita zona de seu extenso litoral, salvo, porém, em alguns dos seus Estados do sul, e

que uma área imensa de seu território pouco ou nada tem se beneficiado com este

desenvolvimento. Existe no interior do Brasil uma zona gozando de excelente clima com

riquezas naturais, que só pedem braços para serem exploradas."

O Arquivo Público do Distrito Federal mantém os documentos originais da

expedição. É emocionante verificar os diários, as anotações e dados científicos misturados a

pequenos bilhetes de amor dos integrantes da missão endereçados às suas esposas e

namoradas.

O Presidente Epitácio Pessoa, amparado na constituição de 1891, lança a pedra

fundamental da nova capital do Brasil, no Morro do Centenário, em Planaltina, no estado

de Goiás.

O Presidente atendia ao pedido de alguns deputados, entre eles um de nome bastante

curioso: Americano Brazil, que disse: "a pedra fundamental, em Planaltina, é um alento

para a fibra adormecida do ideal nacional." Americano Brazil seguiu sua cruzada,

discursando no Congresso Nacional em defesa da mudança da capital. Ele até lançou um

título para a dura caminhada "rumo ao Planalto." Mas nada aconteceu durante um longo

tempo.

Juscelino Kubitschek

Juscelino Kubitschek de Oliveira foi prefeito de Belo Horizonte, governador de Minas

Gerais, e presidente do Brasil entre 1956 e 1961. Foi o primeiro presidente do Brasil a nascer no

século XX e foi o último político mineiro eleito para a presidência da república pelo voto direto. Foi

o responsável pela construção de uma nova capital federal, Brasília, executando assim o antigo

projeto, já previsto em três constituições brasileiras, da mudança da capital para promover o

desenvolvimento do interior do Brasil e a integração do país.

Durante todo o seu mandato como presidente da república, o Brasil viveu um período de

notável desenvolvimento econômico e relativa estabilidade política. Com um estilo de governo

inovador na política brasileira, Juscelino construiu em torno de si uma aura de simpatia e confiança

entre os brasileiros.

Em seu mandato presidencial, Juscelino lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento,

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também chamado de Plano de Metas, que tinha o célebre lema "Cinquenta anos em cinco".

O plano tinha 31 metas distribuídas em 5 grandes grupos: Energia, Transportes,

Alimentação, Indústria de base, Educação, e, a meta principal ou meta-síntese: Brasília. O Plano de

Metas visava estimular a diversificação e o crescimento da economia brasileira, baseado na

expansão industrial e na integração dos povos de todas as regiões do Brasil através da nova capital

localizada no centro do território brasileiro, na região do Brasil Central.

A estratégia do Plano de Metas era corrigir os "pontos de entrangulamento" da economia

brasileira, em termos atuais "reduzir o custo brasil", que poderiam estancar o crescimento

econômico brasileiro (por falta de estradas e energia elétrica) e reduzir a dependência das

importações, no processo chamado de "substituição de importações", já que o Brasil padecia de

uma crônica falta de divisas externas (dólares).

A promessa de construir Brasília foi feita, por JK, no dia 4 de abril de 1955, em um

comício, em Jataí, no estado de Goiás, quando, no final do comício, JK resolveu ouvir perguntas de

populares, e, o estudante para tabelião Antônio Soares Neto, o Toniquinho, perguntou a JK se este

iria cumprir toda a constituição do Brasil de 1946, inclusive o artigo referente a nova capital.

O Congresso Nacional, mesmo com descrença, aprovou a Lei n° 2.874, sancionada por JK,

em 19 de setembro de 1956, determinando a mudança da Capital Federal e criando a Companhia

Urbanizadora da Nova Capital — Novacap.

As obras, lideradas pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer começaram com

entusiasmo em fevereiro de 1957. Mais de 200 máquinas e de 30 mil operários exerceram um

regime de trabalho ininterrupto, dia e noite, para construir e concluir Brasília até a data prefixada de

21 de abril de 1960, em homenagem à Inconfidência Mineira.

As obras terminaram em tempo recorde de 41 meses — antes do prazo previsto. Já no dia

da inauguração, em pomposa cerimônia, Brasília era considerada como uma das obras mais

importantes da arquitetura e do urbanismo contemporâneos.

Além da obediência à Constituição, a construção da Nova Capital visava a integração de

todas as regiões do Brasil, a geração de empregos, absorvendo o excedente de mão-de-obra da

região Nordeste do Brasil e o estímulo ao desenvolvimento do interior, desafogando a economia

saturada do centro-sul do País.

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Minissérie em Homenagem à Juscelino Kubitschek

JK foi uma minissérie brasileira de televisão exibida pela Rede Globo de 3 de

janeiro a 24 de março de 2006, com 47 capítulos. Baseada na biografia do ex-presidente do

Brasil Juscelino Kubitschek. A minissérie foi escrita pela dramaturga Maria Adelaide

Amaral, conhecida por se envolver em produções do gênero, e por Alcides Nogueira, além

de Geraldo Carneiro, com a colaboração de Letícia Mey e Rodrigo Arantes do Amaral.

Trama

A minissérie é dividida em duas fases e acompanha a vida de Juscelino Kubitschek desde a

infância, sendo que no primeiro episódio é retratada a morte de seu pai, João César Oliveira, quando

ele ainda era um garoto. Logo, porém, a minissérie avança para a vida adulta de Juscelino que,

tendo se formado em Medicina e se casado com uma jovem aristocrata, passa a participar da vida

política de Belo Horizonte e Minas Gerais. Grande parte do apelo dramático da minissérie se

encontra, durante este momento, na tensão entre o desejo reprimido de Juscelino em lançar-se à

vida pública e sua relação com a esposa, Sarah, que não deseja que o marido se torne político como

seu pai. Na segunda fase, estando a família Kubitschek já acostumada à vida pública de Juscelino,

focaliza-se a ascensão política de Juscelino e, segundo previsões, o desafio enfrentado por ele para

chegar à presidência e a construção daquele que seria seu maior e mais criticado empreendimento, a

cidade de Brasília.

Um dos pontos mais polêmicos da produção, porém, segundo algumas das críticas

publicadas pela imprensa, foi o da inclusão de todo um conjunto de personagens fictícios que,

segundo a minissérie, possuiria relações familiares com o protagonista, Kubitschek. Este conjunto

de personagens criou um segundo núcleo dramático à minissérie, sendo muitas vezes mais

focalizado que o núcleo principal durante diversos episódios e que contribui para atribuir um tom

relativamente folhetinesco à produção, que do contrário ficaria restrita aos acontecimentos

pretensamente históricos.

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Era Juscelino

No dia 2 de outubro de 1956, pousou numa pista improvisada, no Planalto Central,

um avião da FAB trazendo o Presidente Juscelino Kubitscheck. Na comitiva presidencial

estavam o Ministro da Guerra, General Lott, o Governador da Bahia, Antonio Balbino, o

Ministro da Viação, Almirante Lúcio Meira, o arquiteto Oscar Niemeyer, a diretoria da

Novacap e ajudantes do presidente.

Eles foram recepcionados pelo Governador de Goiás, Juca Ludovico e por Bernardo

Sayão. O avião aterrisou às 11:45h, numa manhã de outubro.

Olhando as fotografias daquele ensolarado dia, dá para imaginar o desafio que se

apresentava aos olhos do Presidente: o vasto e imenso horizonte de um cerrado virgem,

longe de tudo e de todos, sem estradas, sem energia ou sistemas de comunicação.

Juscelino, em seu livro "Por que construí Brasília", conta que "de todos os

presentes, o General Lott era o que se mostrava mais desconcertado.

Distanciado-se dos presentes, deixou-se ficar à beira da pista. O presidente lembra

em sua obra: " Ao me aproximar dele, não se conteve e perguntou: O senhor vai mesmo

construir Brasília, Presidente ?"

Juscelino escreveu no livro de ouro de Brasília: "Deste Planalto Central, desta

solidão em que breve se transformará em cerébro das mais altas decisões nacionais, lanço

os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada, com uma fé

inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino".

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A primeira visita do Presidente Juscelino Kubitschek ao Sítio Castanho, escolhido

para sediar a futura Capital, não foi apenas simbólica. Na ocasião, foram determinados o

local para construção do aeroporto de Brasília, a restauração e melhoria das estradas para

Goiânia e Anápolis, a construção das estradas entre os canteiros de obras, dos prédios

provisórios para os operários e a elaboração do projeto do Palácio da Alvorada.

Mas, antes da conclusão do projeto do Alvorada, um grupo de amigos de Juscelino

resolveu presentear o Presidente com uma residência provisória no Planalto.

Nascia, assim, o "Catetinho", primeiro prédio de Brasília, um palácio de tábuas

projetado por Oscar Niemeyer.

O nome veio do diminutivo do palácio presidencial no Rio, Palácio do Catete.

Niemeyer elaborou um projeto simples, apenas com o uso da madeira e que pudesse ser

executado em dez dias. Apesar da simplicidade de seu projeto, o Catetinho traz os traços da

arquitetura moderna brasileira.

É como se Niemeyer tivesse criado uma maquete de sua futura e imensa obra na

Capital. O Catetinho é um símbolo dos pioneiros, um palácio de tábuas, mas que serviu

como a primeira residência de Kubitschek e foi também a primeira sede do Governo na

Capital. Foi construído próximo à sede da antiga Fazenda do Gama, onde Juscelino

descansou e tomou o seu primeiro cafezinho no Planalto.

Houve quem acreditasse em Brasília e, tão logo a notícia se espalhou, surgiria na

poeira do cerrado um herói anônimo: o candango. A expressão candango, que no ínicio teve

um tom pejorativo, aos poucos, passou a ser a marca dos pioneiros que se engajaram na

aventura de construir Brasília.

A nova capital abria a chance de uma vida melhor. Os candangos foram chegando e

erguendo barracos e casas de madeira na cidade provisória. Em dezembro de 1956 eram

apenas mil habitantes; em maio de 1958 já havia mais de trinta e cinco mil.

O movimento era frenético, jipes e tratores cortando o cerrado. Um trabalho duro,

sem domingo nem feriado. Israel Pinheiro organizou suas equipes de trabalho com uma

disciplina de guerra. Dia e noite, sol ou chuva, Brasília não parava.

No dia 19 de setembro de 1956, foi lançado o edital para o concurso do plano piloto,

que estabelecia o prêmio de um milhão de cruzeiros para o autor do projeto vencedor.

A nova capital nascia sob o signo de uma grande aventura e havia a expectativa de

se encontrar um projeto que imprimisse a contemporaneidade e a ousadia esperada de

Brasília.O arquiteto Oscar Niemeyer foi escolhido para chefia do Departamento de

Urbanística e Arquitetura, sendo encarregado de abrir concurso para escolha do plano-

piloto; assim, em março de 1957, uma comissão julgadora constituída por sir William

Halford, Stano Papadaki, André Sive, Oscar Niemeyer, Luís Hildebrando Horta Barbosa e

Paulo Antunes Ribeiro escolheu o projeto do arquiteto Lúcio Costa.

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Oscar Niemeyer

Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho é um arquiteto brasileiro,

considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna internacional. Foi

pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado. Ele

tem sido exaltado pelos seus admiradores como grande artista e um dos mais importantes

arquitetos de sua geração. Aqueles que não o admiram dizem que é vaidoso, frívolo e

contraditório. Ironicamente, estes últimos deram-lhe a alcunha de "arquiteto oficial", graças

ao seu grande prestígio junto aos políticos. Seus trabalhos mais conhecidos são os edifícios

públicos que desenhou para a cidade de Brasília.

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PALÁCIO DA ALVORADA

Inaugurado em 1958, tem colunas que podem

ser facilmente desenhadas por crianças

É impossível dissociar Oscar Niemeyer de Brasília. O Plano Piloto, realizado a

partir do projeto de Lucio Costa, valoriza particularmente a arquitetura de Niemeyer, pois

as grandes avenidas, perspectivas e parques permitem ver os edifícios de vários ângulos e

de forma desimpedida. Provavelmente, nenhuma cidade na história teve um arquiteto

"oficial" com tantas realizações e tanto poder. O resultado é um conjunto impressionante,

com melhores e piores momentos, a meio caminho entre a irracionalidade dos que veneram

Niemeyer cegamente e a daqueles que o criticam automaticamente, ancorados numa

suposta dificuldade de viver e trabalhar dentro dos prédios por ele construídos.

Niemeyer foi escolhido para projetar todas as edificações monumentais da nova

capital por decisão de Juscelino Kubitschek. Prefeito de Belo Horizonte, no início dos anos

1940 ele já havia pedido ao arquiteto desenhos para as principais instalações da Pampulha,

um novo bairro da cidade. Juscelino viu sua realização estampada nos jornais, nas revistas e

nas principais publicações de arquitetura do mundo. Entendeu, rapidamente, que a

arquitetura de Niemeyer, por ser popular e de qualidade, podia trazer ganhos políticos.

Juscelino queria o mesmo para a capital federal. Os desafios, no entanto, eram

incomparáveis: a escala era muito maior, havia pouco prazo para projetar um grande

número de obras com funções diferentes. Era necessário criar um novo monumentalismo

que simbolizasse ao mesmo tempo uma sociedade jovem, ousada, dinâmica e democrática.

Era muita coisa. Juscelino não tinha tempo para concursos e debates, e, como conhecia a

capacidade de Niemeyer de criar formas marcantes e atraentes, deu-lhe a tarefa. Com a

fama – nacional e internacional – estabelecida, parecia natural a escolha do arquiteto para o

desafio de Brasília.

Depois da Pampulha, Niemeyer havia rapidamente provado que seu talento não se

limitava a apenas um grande êxito – em poucos anos já era reconhecido como um dos

maiores arquitetos de sua geração. Mostrara-se capaz de ter papel de destaque no projeto da

sede das Nações Unidas (1947), em Nova York; de realizar construções de grande escala

como o Edifício Copan (1951) e o Parque do Ibirapuera (inaugurado em 1954), ambos em

São Paulo; ou ainda o Edifício Niemeyer (1954), em Belo Horizonte. Projetos domésticos

como a Casa Cavanelas (1954), em Petrópolis, e sua própria casa no Rio (Casa das Canoas,

1952) completavam, em pouco mais de dez anos, uma lista que os grandes arquitetos

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raramente conseguem reunir em uma carreira.

As realizações mais notáveis de Niemeyer em Brasília são as do chamado período

heroico, do início da construção, em 1957, à inauguração, em 1960. Heroico ante os

sacrifícios pessoais de trabalhar em condições insalubres, no meio do nada, como dizia

Juscelino. E ali, na poeira vermelha do cerrado, nasceram da prancheta do arquiteto

projetos que se tornariam ícones da arquitetura mundial. O Congresso, o Palácio do

Planalto, o Supremo e a Catedral. O Alvorada, cujas portas se abriram em 1958, havia sido

projetado antes mesmo da escolha do Plano Piloto. Outra obra-prima do arquiteto na

cidade, o Palácio Itamaraty foi projetado depois do governo Juscelino e terminado no fim

dos anos 1960, já com os militares no poder.

Com esses edifícios, que apresentavam soluções e formas ao mesmo tempo

variadas, chamativas e elegantes, e com uma arquitetura que conseguia transmitir ao

conjunto uma rara coerência, Niemeyer tornou-se definitivamente uma estrela. Firmou-se

então a percepção, pressentida por Juscelino, de que era um arquiteto diferente dos outros

grandes arquitetos, admirado por seus pares, pela crítica especializada, pelo público mais

culto e pelo "homem comum".

A arquitetura de Brasília está hoje firmada no imaginário brasileiro. As colunas do

Alvorada são um dos símbolos do país, adotadas até nas fachadas de casas simples do

interior. A entrada de honra do Planalto levou à expressão "subir a rampa". Niemeyer, ao

contrário da maioria de seus colegas, nunca fez "arquitetura para arquitetos". Seus edifícios

são criados de maneira que tenham qualidades perceptíveis em diferentes dimensões, a

depender do observador, do mais ingênuo ao mais exigente. A saber, os quatro passos

fundamentais, gradativos, para entender Niemeyer:

1. Os prédios, para quem os vê de relance, apresentam formas marcantes, belas e simples;

2. Para aqueles que os observam com maior atenção e um pouco mais de tempo, novas

características se revelam, sobretudo as notáveis diferenças segundo o ângulo pelo qual o

conjunto está sendo visto;

3. Entrar nas obras – eis o segredo do terceiro momento – é um passeio por soluções

originais, principalmente no tocante aos acessos (escadas, rampas, pontes); e

4. Uma quarta dimensão é destinada aos observadores com maior interesse nas artes, que

podem se deleitar com o detalhamento engenhoso, as ideias inesperadas e a contribuição de

diferentes artistas, cujas intervenções são desenvolvidas em conjunto com o arquiteto.

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CAPELA DO PALÁCIO DA ALVORADA

A transparência, por meio de imensos vidros, como

sinônimo

de inventividade

O apelo popular da arquitetura niemeyeriana vem das duas primeiras dimensões:

com apenas um olhar ou uma foto, o edifício é reconhecível, é um marco, é um ícone. O

próprio Niemeyer traduziu essa condição: "Quando me pedem um prédio público, procuro

fazer diferente, criar surpresa, porque sei que os pobres poderão, ao menos, passar e ter um

momento de prazer ao ver uma coisa nova". As colunas do Alvorada, as cúpulas do

Congresso Nacional e a rampa externa do novo Museu Nacional (2006) podem ser

facilmente desenhadas por crianças, apesar de sua complexidade e sofisticação. O arquiteto

criou uma ponte entre suas obras e aquelas pessoas que, geralmente, são indiferentes à

arquitetura. Na realidade, eliminou a distância que a maioria dos arquitetos estabelece com

o público.

A terceira dimensão é perceptível por meio da circulação entre os espaços. A

entrada do Alvorada, por exemplo, é claramente indicada pela ruptura do ritmo das colunas,

que dá acesso a um hall de pé-direito alto. Sobe-se por uma rampa que dirige o olhar para

uma parede de azulejos dourados, para chegar aos salões que abrem caminho a uma

varanda de piso preto que reflete a colunata ininterrupta. Nesse trajeto, a sensação de que se

está entrando em um palácio é muito clara. A transparência, a originalidade das colunas e a

forma de circular em seu interior mostram uma grande inventividade. O Alvorada é,

indiscutivelmente, o primeiro palácio do movimento moderno: país nenhum tinha posto

antes de 1958 seu presidente numa caixa de vidro. A mesma atenção à circulação – como se

fosse um rito de iniciação – pode ser sentida na Catedral: a entrada é feita por uma rampa

que desce em um túnel negro, de maneira a tornar ainda maior o impacto de ver a claridade

do interior do templo e a leveza da estrutura. Circular pelo Congresso ou pelo Planalto

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provoca sensações similares.

A quarta dimensão, a mais complexa, está particularmente presente no Palácio

Itamaraty, onde jardins de Roberto Burle Marx e obras de Athos Bulcão, Bruno Giorgi,

Maria Martins e tantos outros artistas podem ser contemplados em espaços imensos e

estruturalmente ousados, com iluminação e ventilação naturais. A escadaria curva da

entrada está entre as mais belas do século XX. O acabamento excepcional, que associa o

concreto aparente aos melhores materiais, contribui para que seja impossível a indiferença.

PALÁCIO ITAMARATY

A escadaria curva da entrada está entre as mais belas do século

XX

Apesar de Niemeyer sempre ter favorecido a importância da intuição ao se referir à

forma de trabalhar, seus edifícios são o resultado de um talento inegável, polido por um

longo processo de formação e ampla cultura. Nas suas melhores obras, as quatro dimensões

de sua arquitetura recebem grande atenção. Nas realizações mais recentes, como o Museu

Nacional e a Biblioteca, ambos no Setor Cultural Sul, ou quando o projeto é mal executado,

como o "minhocão" da Universidade de Brasília ou o Museu do Índio, não é o caso: apenas

duas ou três camadas de percepção se verificam.

Mas mesmo quando os projetos não estão entre os mais bem-sucedidos há um

padrão de qualidade. Impõem-se, portanto, admiração e carinho pelo que representam para

nossa história os edifícios do início da aventura brasiliense. A descoberta mais atenta dos

melhores edifícios de Niemeyer na capital está certamente entre as experiências mais

enriquecedoras da cultura de nosso tempo.

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ITAMARATY

Reúne arquitetura ao paisagismo de Burle Marx e a obras de Athos Bulcão,

Maria Martins e Bruno Giorgi

CONGRESSO NACIONAL

Com apenas um olhar ou uma foto, o edifício é

reconhecível,

é um marco, um ícone.

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Sonho realizado

Cabe lembrar que a arquitetura moderna brasileira despontara a partir de 1927 com

a construção da primeira casa modernista de Warchavchik, em São Paulo. Rino Levi, Lúcio

Costa, Álvaro Vital Brazil, o polêmico Flávio de Carvalho e Oscar Niemeyer deram grande

impulso à criação da arquitetura moderna no país.

Era grande a influência das idéias de arquitetos como Mies Van der Rohe, Frank

Loyd Wright, Gropius e, sobretudo, o grande mestre Le Corbusier, que teve imensa

importância na formação e avanço da moderna arquitetura no Brasil.

Até o dia 11 de março de 1957, a comissão julgadora do concurso tinha recebido 26

projetos, num total de 63 inscritos. Dentre os jurados estavam o arquiteto Oscar Niemeyer,

um representante do Instituto de Arquitetos do Brasil, outro do Clube de Engenharia do

Brasil, bem como o urbanista inglês William Holford, o francês André Sive e o americano

Stamo Papadaki. Havia projetos ousados e até mesmo curiosos como o de M.M.M Roberto,

que previa uma cidade construída em sete módulos circulares com 72.000 habitantes em

cada módulo.

No projeto de Rino Levi, Cerqueira Cezar e Carvalho Franco, seriam construídos

superblocos de 300 metros de altura, que abrigariam 288.000 pessoas.

O projeto escolhido foi o de Lúcio Costa, que nasceu do gesto primário de quem

assinala um lugar, promovendo o encontro de dois eixos. Um conceito simples e universal.

Lúcio Costa foi o vencedor, não pelo seu detalhamento, que era pobre perto de

outros concorrentes, que apresentaram maquetes, croquis e estatistícas, mas pela concepção

urbanística e pela fantástica descrição de seu estudo. Não deixa de ser curioso que num

concurso urbanístico, as palavras tenham vencido o detalhamento técnico.

Mas Lúcio Costa tratava as palavras com a precisão de um poeta, era a obra de um

ser livre que se permitiu sonhar. O próprio Lúcio Costa destaca, entre os "ingredientes" da

concepção urbanística de Brasília, as lembranças dos gramados ingleses de sua infância,

das auto-estradas americanas, dos altiplanos da China e da brasileríssima Diamantina.

Lúcio Costa planejou uma Brasília moderna, voltada para o futuro, mas ao mesmo

tempo "bucólica e urbana, lírica e funcional".

Ele eliminou cruzamentos para que o tráfego dos automóveis fluísse mais

livremente, concebeu os prédios residenciais com gabarito uniforme e construídos sobre

pilotis para não impedir a circulação de pessoas.

Uma cidade rodoviária com amplas avenidas e vasto horizonte, valorizando o

paisagismo e os jardins. O plano de Lúcio Costa foi, contudo, vago no que se referia à

expansão imobiliária e à criação de bairros operários.

Ele diz na memória descritiva do Plano Piloto: deve-se impedir a enquistação de

favelas tanto na periferia urbana quanto na rural. Cabe à Companhia Urbanizadora prover,

dentro do esquema proposto, acomodações decentes e econômicas para a totalidade da

população.

Não foi preciso que muitos anos se passassem para que surgissem problemas

ligados à habitação popular que, durante a própria construção da capital foram chamados de

invasões e se multiplicaram.

Todos os dias, novos barracos eram erguidos na chamada Cidade Livre, hoje Núcleo

Bandeirante, e também próximos aos canteiros de obras. Os operários, que trabalhavam na

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construção da cidade, não pretendiam abandonar a Capital depois de sua inauguração.

As cidades satélites não surgiram como fruto de um plano detalhado, conforme o

que regia a construção do Plano Piloto, mas pela urgência imposta pelas invasões. Em

junho de 1958, nascia a primeira cidade satélite, propriamente dita: Taguatinga, construída

às pressas para abrigar 50.000 pessoas, em sua maioria operários com suas famílias.

As Satélites, aos poucos, se transformariam em importantes centros econômicos.

Depois de Taguatinga, Israel Pinheiro iniciou a construção de outras Satélites: Sobradinho,

Paranoá e Gama.

Durante três anos, Brasília viveu um ritmo de trabalho alucinante. O Presidente

Juscelino Kubitscheck vistoriava as obras pessoalmente com Israel Pinheiro.

Os partidos de oposição alegavam que Brasília não ficaria pronta no prazo e

insistiam para que adiassem a transferência da Capital.

Brasília, vencendo os prognósticos pessimistas da oposição, foi inaugurada em 21

de abril de 1960, com toda pompa que a capital merecia .

Hoje, Brasília é uma bela cidade como no sonho de um homem que um dia

vislumbrou o futuro de olhos bem abertos.

O primeiro dia da capital recém-nascida

O CHOQUE DO NOVO

Mesas ao ar livre, garçons e muita elegância na quente noite de

Brasília depois do parto

Praça dos Três Poderes - 21 | 4 | 1960

Impaciente como o fundador da cidade, o primeiro dia da nova capital da República

começou na véspera. Faltavam cinco minutos para a meia-noite quando, na Praça dos Três

Poderes, aos olhos de 30 000 pessoas, o cardeal português dom Manuel Gonçalves

Cerejeira, representante do papa João XXIII, deu início à celebração de uma missa solene.

Sobre o altar, erguia-se a cruz de ferro que, 460 anos antes, abençoara a primeira missa em

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terra brasileira, rezada por frei Henrique de Coimbra, capelão da esquadra de Pedro Álvares

Cabral. Trazida do museu da Sé de Braga, em Portugal, a velha cruz não foi a única relíquia

incorporada à solenidade: minutos mais tarde, no instante da Consagração, repicou o sino

cujo toque teria anunciado em Vila Rica a execução de Tiradentes em outro 21 de abril, o

de 1792. Nesse momento, as luzes da praça, até então apagadas, se acenderam teatralmente,

ao mesmo tempo em que dois portentosos holofotes miraram o céu, cortando com seus

fachos coloridos o breu da noite planaltina. Não é de espantar que na primeira fila o

presidente Juscelino Kubitschek tenha caído no choro, cobrindo o rosto com a mão direita.

A foto estará em todos os jornais – menos na Tribuna da Imprensa, do oposicionista-mor

Carlos Lacerda, que optará por outro flagrante, no qual JK confabula com João Goulart,

para insinuar que o presidente e seu vice passaram

a missa cochichando.

Lacerda, claro, não está em Brasília. Jânio

Quadros, candidato da oposição que vencerá as

eleições presidenciais de outubro, também não.

Mas outros antimudancistas deram as caras, ainda

que meio amarradas. Nenhum deles demonstrará

mais fair play do que Juracy Magalhães, o

governador da Bahia. Ele havia apostado com JK

que Brasília não ficaria pronta a tempo. Bom

perdedor, trouxe uma gravata e a entregou ao

presidente no dia 20. Made in USA, tem pequenos

quadrados pretos e brancos e custou 5 dólares. JK

vai usá-la neste dia 21, quando receber o corpo

diplomático, e em seguida, na primeira reunião

com seu ministério.

Antes disso, porém, ele terá outros compromissos. Na sua agenda para esta quinta-feira

praticamente não há respiros. O presidente esteve na Praça dos Três Poderes até pelo menos

1 da manhã, pois aos 47 minutos do dia 21, terminada a missa, ouviu-se uma saudação de

João XXIII diretamente de Roma, pelas ondas da Rádio Vaticano. Às 8 da matina, lá estava

ele outra vez na praça, para ouvir o toque de alvorada pela banda do Batalhão de Guardas.

Cinco minutos mais tarde, ali mesmo, coube-lhe hastear a bandeira brasileira, já ostentando

a novidade de uma 22ª estrela, correspondente ao recém-criado estado da Guanabara.

Acervo Gabriel Gondim

CREDENCIAL

O crachá de trabalho dos jornalistas

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BOM PERDEDOR

Juracy Magalhães, governador da Bahia, tinha apostado com JK que Brasília

não ficaria pronta a tempo. Bom perdedor, entregou a gravata com pequenos

quadrados pretos e brancos que o presidente usaria nas festas.

Às 8h30, agora sim, com a gravata de Juracy Magalhães, JK vai receber 55

embaixadores estrangeiros no Palácio do Planalto, solenidade que não poderá se estender

além de sessenta minutos, pois para as 9h30 está marcada a instalação simultânea dos três

poderes da República, cada qual na sua casa. Fecho do discurso de JK na rápida reunião

ministerial: "Neste dia – 21 de abril – consagrado ao alferes Joaquim José da Silva Xavier,

o Tiradentes, ao 138º ano da Independência e 71º da República, declaro, sob a proteção de

Deus, inaugurada a cidade de Brasília, capital dos Estados Unidos do Brasil". Primeiro ato

do Executivo, assinado em seguida: mensagem ao Congresso Nacional propondo a criação

da Universidade de Brasília.

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Em outro canto da praça, à entrada do

prédio do Supremo Tribunal Federal, uma foto

vai registrar a cena dos ministros chegando em

revoada, com suas togas negras agitadas pelo

vento. No Congresso Nacional, contará a Folha

de S.Paulo, "o ambiente geral era de euforia e

admiração". De deslumbramento até, pode-se

dizer: acostumados ao mobiliário pesado e

vetusto do Palácio Monroe, no Rio de Janeiro,

"os senadores, sentados em suas cadeiras,

faziam-nas girar, examinando o funcionamento

de tudo e apreciando a decoração do plenário e

das galerias". Alguns, "mais expansivos,

pareciam crianças examinando a nova casa e

reencontrando companheiros". Os oposicionistas,

como era de esperar, se opunham – "diversos

achavam que a decoração do plenário carecia de

suficiente solenidade, ou faziam reparos sobre o

funcionamento da casa".

Contrariando previsões de que alguns

parlamentares teriam como cama uma "folha de

jornal", que nem no samba O Orvalho Vem

Caindo, de Noel Rosa, nenhum deles ficou sem

pouso. Mas ocorreram problemas, alguns dos

quais resolvidos de maneira pouco ortodoxa.

Como ainda não existiam acomodações para todos e o Brasília Palace Hotel estivesse

lotado, houve deputados e senadores dividindo um mesmo teto, no que a Tribuna da

Imprensa classificou de "coletivismo". O sufoco imobiliário contribuiu para estressar o

deputado maranhense José Neiva Moreira, responsável pela mudança da Câmara e do

Senado, que baixou no hospital.

EMOÇÃO DE PRESIDENTE

A foto do choro de JK na missa estará

em todos os jornais, menos na Tribuna

da Imprensa, do oposicionista-mor

Carlos Lacerda

Brasília - 21 | 4 | 1960

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LUZES TEATRAIS

Depois do repicar do sino, portentosos holofotes iluminam o breu da noite

planaltina na véspera do grande dia

Brasília - 20 | 4 | 1960

O deputado cearense Ozires Pontes, tendo encontrado sem mobília o apartamento

que lhe foi destinado, "saiu para a rua com um revólver" (o relato é do jornalista José

Amádio, da revista O Cruzeiro, simpática a JK), "parou um caminhão e ‘requisitou’ os

móveis que iam nele", reservados para seu colega paraense Océlio Medeiros. Outro, contou

ainda José Amádio, "figura de prestígio na República", mandou um avião buscar

travesseiros e cabides no Rio de Janeiro. Muita gente reclamou da espera nos três únicos

restaurantes de nível em funcionamento, mas também do sanduíche de mortadela a 70

cruzeiros. (O salário mínimo era de 5 900 cruzeiros, ou 392 dólares, que em 2009

corresponderão a 735 reais.)

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A TURMA DANÇOU POUCO

No baile de gala houve mais interesse pelo Palácio do Planalto do que

pela orquestra de Bené Nunes

Brasília - 21 | 4 | 1960

Correndo de lá para cá, de compromisso em compromisso, em meio a fraques,

casacas, cartolas e uniformes militares, foram poucos os eventos a que o presidente JK não

compareceu. Esteve na cerimônia de instalação da Arquidiocese de Brasília, quando tomou

posse o primeiro arcebispo da cidade, dom José Newton de Almeida Baptista; na sessão

conjunta do Congresso Nacional, aplaudido de pé durante intermináveis minutos; na

inauguração do Monumento Comemorativo da instalação do governo federal em Brasília,

ao lado do "Príncipe dos Poetas Brasileiros", Guilherme de Almeida, que desfiou os versos

de sua "Prece Natalícia a Brasília"; na parada militar; no desfile em homenagem aos 60 000

candangos que construíram a cidade, e que agora, com sua família e suas roupas de

domingo, por ela passea-vam, orgulhosos, misturados a cerca de 150 000 visitantes

segundo alguns cálculos, ou 250 000, segundo outros.

EXCURSÕES

As estimativas vão de 150 000 a 250 000 pessoas na jornada

inaugural

Brasília - 21 | 4 | 1960

Às 22h30, quando já rolava no Eixo Monumental uma grande festa popular, JK

vestiu casaca para, com dona Sarah, recepcionar 3 000 convidados num baile no Palácio do

Planalto, ao som da orquestra do pianista Bené Nunes. "Nunca verei um espetáculo mais

chique do que a inauguração de Brasília", exagerou na revista Manchete o colunista Jacinto

de Thormes. Em O Cruzeiro, José Amádio informará que "a turma dançou pouco", mas

"comeu e bebeu muito". Às 2 da manhã do dia 22, o presidente bateu em retirada, não sem

antes recomendar às filhas, Márcia e Maria Estela, que não passassem das 3. Depois de ter

conseguido antecipá-lo em alguns minutos, JK prolongara por duas horas o dia mais

glorioso de sua vida.

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VISITANTES

Antes da chegada de deputados e senadores, o passeio público no

Congresso Nacional

Brasília - 21 | 4 | 1960

Discurso

JK vai ao púlpito do Palácio do

Planalto. Ali, em janeiro do ano

seguinte, ele passaria o cargo a

Jânio Quadros

Brasília - 21 | 4 | 1960

Realidade

O dia seguinte

Para deflagrar um hábito e antecipar um mau costume, o cotidiano de Brasília

começou com um feriadão e tentativas (malsucedidas) de CPIs. Mas o Grande Prêmio JK

de velocidade foi um tremendo sucesso.

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RAPIDEZ

"O circuito era sem graça, mas foi especial pelo momento histórico e

também

porque recebi o troféu das mãos de Juan Manuel Fangio", disse o

brasileiro

nascido em Paris Jean-Louis Lacerda Soares, vencedor da prova

Eixo Rodoviário - 23 | 4 | 1960

Brasília fez-se Brasília, ou ao menos a Brasília do poder, no dia seguinte ao cortar

de fita. Começou com um feriadão – sexta-feira, 22; sábado, 23; e domingo, 24 –, porque

ninguém é de ferro e os deputados e senadores tinham mais que fazer no Rio com promessa

de sol. Nem bem começara a vida da nova capital e já brotara a "campanha do retorno". Um

grupo de dezenove senadores da oposição liderada pela UDN de Carlos Lacerda reabriu

simbolicamente o Palácio Monroe, na Cidade Maravilhosa. Em Brasília, só voltariam à

labuta no fim de maio. Na segunda-feira, 25 de abril, primeira jornada útil, a Câmara dos

Deputados não teve quórum para sessão e um dos ministros do Supremo Tribunal Federal

foi à imprensa para explicar por que se recusara a permanecer no cerrado. A revista Time

americana relatou a reprimenda de JK ao ministro da Saúde, Mário Pinotti, que retornou ao

Rio. "Se o senhor não voltar, melhor renunciar." Pinotti deu o pinote, e logo estava em

Brasília.

Depois da festa – ao fim do Grande Prêmio Juscelino Kubitschek de automobilismo

nas avenidas e do Campeonato Brasileiro de Barcos no Paranoá –, e como o cotidiano se

anunciasse árido, houve debandada geral. Pelo menos 500 000 pessoas acompanharam as

festas no 21 de abril de 1960. Muitas chegaram antes, gradativamente, hospedando-se nas

cidades-satélite, em casas de família, ou mesmo em lugares distantes. O 22 de abril foi o

caos, porque quem chegara de avião queria retornar do mesmo modo, e rápido, mas não

havia espaço para todos. O Ministério da Aeronáutica teve de instalar uma força-tarefa.

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Nem tudo eram andaimes. Deu-se prioridade à Praça dos Três Poderes e à

Esplanada dos Ministérios, embora o anexo central do Congresso (o prédio em forma de

"H") e os edifícios dos ministérios não pudessem funcionar plenamente. Nos setores

residenciais, apostou-se na Asa Sul – mas ali também, na inauguração, apenas 11,8% de um

total de noventa superquadras planejadas estava terminado. Havia um jeitão de Casa Cor:

desde 1959, quando fora inaugurado o primeiro edifício de seis andares, a Novacap

mobiliou um dos apartamentos para mostrar o estilo de vida que Brasília reservava ao

futuro, um futuro que a rigor só chegou em 1970, já durante o governo Médici.

Um passeio pelos jornais daqueles dias – os de oposição, claro – dá o tom do vazio

criado depois da euforia. Correio da Manhã de 21 de abril: "Brasília é um pandemônio".

Diário Carioca do mesmo dia: "Brasília se inaugura sem depósito de lixo: o que havia

virou favela". Tribuna da Imprensa: "Senadores pedirão a volta do Congresso: Brasília é

um caos". As reportagens eram unânimes – e nesse caso mesmo entre os órgãos favoráveis

a JK – em destacar a poeira que sobrara depois de a poei-ra baixar e o lixo que se

acumulara. O Jornal do Brasil resumiu o ambiente: "Deputados sem ter onde morar

começam hoje mesmo a voltar ao Rio".

Quem ficou, para não perder o costume, ou para inaugurá-lo, tentou emplacar uma

CPI. No ano da inauguração, nove comissões foram registradas no Diário do Congresso

Nacional. Uma delas, publicada no periódico em 25 de agosto daquele ano, foi criada para

investigar as condições da construção de Brasília, da organização e regulamentação de seus

serviços públicos. A comissão, de autoria do deputado Seixas Dória, udenista de Sergipe,

estava prevista para funcionar por noventa dias, mas não chegou a nenhuma conclusão.

Fracassou também a tentativa de alcançar o governo de JK com a CPI do Vidro Plano,

montada em 1959 para descobrir como o casamento dos imensos janelões do modernismo

na arquitetura com os interesses dos empreiteiros encarecera a construção. Não avançou, e

ficou por isso mesmo.

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Com plenários vazios, e à falta de restaurantes para

frequentar, ia-se ao cinema. No Cine Brasília, desenhado

por Oscar Niemeyer no Plano Piloto, com 1 200 lugares,

os destaques da primeira semana foram Anáguas a

Bordo, com Cary Grant e Tony Curtis; O Discípulo do

Diabo, com Kirk Douglas e Burt Lancaster; e A Canoa

Furou, com Jerry Lewis. Na Cidade Livre – o atual

Núcleo Bandeirante –, roíam-se unhas com o faroeste A

Lei do Mais Valente e a aventura Tempestade em

Sangolândia. Difícil, quase impossível, era conseguir

ingresso. "Brasília não era uma capital, nem mesmo uma

cidade, à época de sua inauguração", afirma Márcio de

Oliveira, do Departamento de Ciências Sociais da

Universidade Federal do Paraná, estudioso daqueles dias

de corajoso pioneirismo.

Nesta nova cidade projetada, levou-se em conta o ideal socialista, onde todas as moradias

pertenceriam ao governo e seriam utilizadas pelos funcionários públicos. Nesta visão, todos os

funcionários, fossem serventes ou parlamentares, deveriam habitar os mesmos prédios. A

construção de Brasília foi controversa; os preceitos do urbanismo modernista já sofriam críticas

antes mesmo do início de sua construção, devido a sua escala monumental e à prioridade dada ao

automóvel. Brasília cresceu de forma não prevista e cidades-satélite surgiram para acomodar a

crescente população. Atualmente, apenas uma pequena parcela dos habitantes do Distrito Federal

habita na área prevista pelo plano piloto de Lúcio Costa.

Edifícios de Brasília

Igrejinha da 307/308 Sul

Em maio de 1958 inaugurou-se o primeiro templo de alvenaria em Brasília, a Igrejinha da

307/308 Sul, construída em 100 dias.

ANÁGUAS A BORDO

A comédia com Tony Curtis e

Dina Merrill foi um dos

destaques do Cine Brasília,

projetado – evidentemente – por

Niemeyer

""…quem for a Brasília, pode gostar

ou não dos palácios, mas não pode

dizer que viu antes coisa parecida. E

arquitetura é isso – invenção."

— Oscar Niemeyer

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Palácio da Alvorada

O Palácio da Alvorada foi o primeiro edifício público inaugurado em Brasília, em

junho de 1958. Nesta obra Niemeyer desenha pilares em um formato inusitado. A forma

dos pilares da fachada deu origem ao símbolo e emblema da cidade, presente no brasão do

Distrito Federal.

Palácio do Planalto

O Palácio do Planalto foi inaugurado no dia da transição da capital, em 21 de abril de 1960.

Durante a construção do edifício, a sede do Governo funcionou no Catetinho, um sobrado de

madeira, nos arredores de Brasília. É um dos edifícios da Praça dos Três Poderes, sendo os demais o

Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional.

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Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida

Marcante por sua arquitetura singular, a Catedral Metropolitana é uma das obras

mais expressivas de Brasília. O acesso à nave se dá através de uma passagem subterrânea,

intencionalmente escura e mal-iluminada, visando o contraste com o interior que recebe

iluminação natural intensa. Foi inaugurada em 1960.

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Edifício do Congresso Nacional

O edifício do Congresso Nacional do Brasil inaugurado em 1960 localiza-se no centro do

Eixo Monumental, a principal avenida de Brasília. À frente há um espelho d'água e um grande

gramado e na parte posterior do edifício se encontra a Praça dos Três Poderes. É um dos edifícios

mais importantes do Brasil. É composto de duas semiesferas, que abrigam o Câmara dos Deputados

e o Senado. Entre as semiesferas há dois blocos de escritórios.

Casa do Cantador

Uma edificação moderna para homenagear a comunidade nordestina que habita o Distrito

Federal. Localizada na cidade-satélite de Ceilândia, a Casa é a sede do cantador repentista, do poeta

cordelista, do coquista embolador e de um sem-número de artistas do improviso e da literatura de

cordel, verdadeiros representantes da cultura popular. Inaugurada a 9 de novembro de 1986, a Casa

do Cantador tem sido palco de grandes manifestações culturais, a exemplo dos Festivais Nacionais

de Cantadores Repentistas e Poetas Cordelistas que acontecem a mais de 22 anos. Nestes eventos a

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Casa abre suas portas para a arte e a cultura e recebe de bom grado toda a mistura de brasileiros que

reside no Distrito Federal.

Conclusão

Em 1761 o Marquês de Pombal, então primeiro-ministro de Portugal, propunha mudar a

capital do império português para o interior do Brasil Colônia. O jornalista Hipólito José da Costa,

fundador do Correio Brasiliense, primeiro jornal brasileiro, editado em Londres, em 1813 redigiu

artigos em defesa da interiorização da capital do país, para uma área "próxima às vertentes dos

caudalosos rios que se dirigem para o norte, sul e nordeste".

José Bonifácio, o Patriarca da Independência, foi a primeira pessoa a se referir à futura

capital do Brasil, em 1823, como "Brasília".

Desde a primeira constituição republicana, de 1891, havia um dispositivo que previa a

mudança da Capital Federal do Rio de Janeiro para o interior do país, determinando como

"pertencente à União, no Planalto Central da República, uma zona de 14.400 quilômetros

quadrados, que será oportunamente demarcada, para nela estabelecer-se a futura Capital Federal".

Fato interessante dessa época foi o sonho "premonitório" tido pelo padre italiano São João

Bosco, no qual disse ter visto uma terra de riquezas e prosperidade situada próxima a um lago e

entre os paralelos 15 e 20 do Hemisfério Sul. Acredita-se que o sonho do padre seria a futura capital

brasileira, pelo qual o padre, posteriormente canonizado, se tornou o padroeiro de Brasília.

No ano de 1891 foi nomeada a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil,

liderada pelo astrônomo Luís Cruls e integrada por médicos, geólogos e botânicos, que fizeram um

levantamento sobre topografia, o clima, a geologia, a flora, a fauna e os recursos materiais da região

do Planalto Central. A área ficou conhecida como Quadrilátero Cruls e foi apresentada em 1894 ao

Governo Republicano. A comissão designava Brasília com o nome de "Vera Cruz".

Em 1922, no ano do Centenário da Independência do Brasil, o Deputado Americano do

Brasil apresenta um projeto à Câmara incluindo entre as comemorações a serem celebradas o

lançamento da Pedra Fundamental da futura Capital, no Planalto Central. O então Presidente da

República, Epitácio Pessoa, baixa o decreto nº 4.494 de 18 de janeiro de 1922, determinando o

assentamento da Pedra Fundamental e designa para a realização desta missão, o engenheiro

Balduino Ernesto de Almeida, Diretor da estrada de ferro de Goiás com sede em Araguari, Minas

Gerais. No dia 7 de setembro de 1922, com uma caravana composta de 40 pessoas é assentada a

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Pedra Fundamental no Morro do Centenário, na Serra da Independência, situada a nove quilômetros

da cidade de Planaltina.

Esboço de Vera Cruz - Comissão de Localização da Nova Capital Federal.

Marechal José Pessoa.

Em 1954 o Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque foi convidado pelo presidente

Café Filho para ocupar a presidência da Comissão de Localização da Nova Capital Federal,

encarregada de examinar as condições gerais de instalação da cidade a ser construída. Em seguida,

Café Filho homologou a escolha do sítio da nova capital e delimitou a área do futuro Distrito

Federal, determinando que a comissão encaminhasse o estudo de todos. A Comissão de

Planejamento e Localização da nova Capital, sob a Presidência de José Pessôa, a responsável pela

exata escolha do local onde hoje se ergue Brasília.

A idealização do plano-piloto, também foi obra da mesma comissão que em robusto

relatório, redigido pelo Marechal José Pessôa, de título "Nova Metrópole do Brasil", entregue ao

Presidente Café Filho, detalhou os pormenores do arrojado planejamento que se realizou.

Marechal José Pessôa não imaginou o nome da capital como Brasília, mas sim Vera Cruz,

caracterizando o flamejante sentimento de um povo que nasceu sob o signo da Cruz de Cristo e

estabelecendo ligação com o primeiro nome dado pelos descobridores portugueses. O plano

elaborado respeitava uma determinada interpretação da História e não descaracterizava as tradições

brasileiras. Grandes avenidas chamar-se-iam "Independência", "Bandeirantes" etc., diferentes,

portanto, das atuais siglas alfas-numéricas de Brasília, como W-3, SQS, SCS, SMU e outros.

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Juscelino Kubitschek

Por discordâncias com o Presidente Juscelino Kubitschek, o Marechal José Pessoa

abandonou a presidência da Comissão, tendo sido sucedido pelo Coronel do Exército Ernesto Silva,

que era o Secretário da Comissão. Ernesto Silva, que também era médico, foi nomeado na

sequência presidente da Comissão de Planejamento da Construção e da Mudança da Capital Federal

(1956) e Diretor da Companhia Urbanizadora da Nova Capital - NOVACAP (1956/1961), tendo

Ernesto Silva assinado o Edital do Concurso do Plano Piloto, em 1956, publicado no Diário Oficial

da União no dia 30 de setembro de 1956.

Apenas no ano de 1955, durante um comício na cidade goiana de Jataí, o então candidato à

presidência, Juscelino Kubitschek, foi questionado por um eleitor se respeitaria a Constituição,

interiorizando a Capital Federal, ao que JK afirmou que iria transferir a capital. Eleito presidente,

Juscelino estabeleceu a construção de Brasília como "meta síntese" de seu "Plano de Metas".

O traçado de ruas de Brasília obedece ao plano piloto implantado pela empresa Novacap a

partir de um anteprojeto do arquiteto Lucio Costa, escolhido através de concurso público nacional.

O arquiteto Oscar Niemeyer projetou os principais prédios públicos da cidade. Para fazer a

transferência simbólica da capital do Rio para Brasília, Juscelino fechou solenemente os portões do

Palácio do Catete, então transformado em Museu da República, às 9 da manhã do dia 21 de abril de

1960, ao que a multidão reagiu com aplausos. A cidade de Brasília foi fundada no mesmo dia e mês

em que se lembra a execução de Joaquim José da Silva Xavier, líder da Inconfidência Mineira, e a

fundação de Roma.

Oscar Niemeyer na época da construção de Brasília

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O princípio básico das estratégias políticas de Juscelino Kubitschek, segundo o próprio, era

apropriado do moralista francês Joubert, para quem "não devemos cortar o nó que podemos

desatar". Com base nessa máxima, Kubitschek viabilizou a construção de Brasília, oferecendo

várias benesses à oposição, criando fatos consumados e queimando etapas. Apesar de a cidade ter

sido construída em tempo recorde, a transferência efetiva da infra-estrutura governamental só

ocorreu durante os governos militares, já na década de 1970. Todavia, ainda no início do Século

XXI, muitos órgãos do governo federal brasileiro continuam sediados na cidade do Rio de Janeiro.

Um fato que mostra o impacto provocado pelo modernismo da cidade recém construída foi

a frase dita pelo cosmonauta Yuri Gagarin, primeiro homem a viajar para o espaço, que ao visitar

Brasília em 1961, disse: "Tenho a impressão de que estou desembarcando num planeta diferente,

não na Terra".

Eixo monumental ao amanhecer.

Alguns dos fatores que mais influenciaram a transferência da capital foram a segurança

nacional, pois acreditava-se que com a capital no litoral ela estava vulnerável a ataques estrangeiros

(argumento militar-estratégico que teve como precursor Hipólito José da Costa), e uma

interiorização do povoamento e do desenvolvimento e integração nacional, já que devido a fatores

econômicos e históricos a população brasileira concentrou-se na faixa litorânea, ficando o interior

do país pouco povoado. Assim a transferência da capital para o interior forçaria o deslocamento de

um contingente populacional e a abertura de rodovias, ligando a capital às diversas regiões do país,

o que levaria a uma maior integração econômica.

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Planejada para ter uma população de 600 mil habitantes no ano 2000, a população do

Distrito Federal já atingia os 2,6 milhões de habitantes em 2009. Brasília, considerando-se todo o

Distrito Federal, atualmente é a quarta capital mais populosa do Brasil.

“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo

de vencer.”

Mahatma Gandhi