Trabalho de Licenciatura Em Economia-Nunes José Sinoia

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Tese de economia com foco na producao artesanal de minas

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  • ACTIVIDADE MINEIRA EM MOAMBIQUE, CASO ESPECFICO DA PROVINCIA DE TETE: Sua contribuio

    para a Economia local no perodo entre 2002-2008.

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    Nunes Jos Sinoia -Trabalho de Licenciatura i

    ACTIVIDADE MINEIRA EM MOAMBIQUE, CASO ESPECFICO DA

    PROVNCIA DE TETE: Sua contribuio para a economia local no perodo

    entre 2002-2008.

    Por: Nunes Jos Sinoia

    UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

    FACULDADE DE ECONOMIA

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    TRABALHO DE LICENCIATURA EM ECONOMIA

    Maputo, Maio de 2010

    Declarao

    Eu, Nunes Jos Sinoia, declaro que este trabalho da minha autoria e resulta da minha

    investigao. Esta a primeira vez o submeto para obter um grau acadmico numa instituio de

    ensino.

    Maputo, aos______ de_________________ do ano de 20___

    _____________________________________________

    (Nunes Jos Sinoia)

    APROVAO DE JRI

    Este trabalho foi aprovado no dia_____ de________ de 20____ por ns membros de jri

    examinador da Universidade Eduardo Mondlane, com a nota de__________ valores.

    _____________________________

    (O Presidente)

    _______________________________

    (O Arguente)

    ______________________________

    (O Supervisor)

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    Dedicatria

    Aos meus pas Jos Sinoia Colar e Paula Thenesse Sinate, pelo sacrifcio e luta para conseguir

    cada centavo e alocar aos meus estudos, mesmo diante das diversidades;

    s minhas irms: Maria de Lurdes, Gabriela, Matilde, Glria, Fidelina, Anglica; e sobrinhos:

    Susana, Belinha, Eugnio e Adolfo.

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    Agradecimentos

    Deus por ter me dado est fora mgica, que permitiu enfrentar muitos desafios.

    Ao Meu Supervisor Dr. Eduardo Neves pela orientao e ateno que possibilitaram a realizao

    deste trabalho. A voc deixo minha sincera gratido, pela confiana, apoio e respeito, assim

    compartilho a concretizao desta conquista.

    Direco Nacional de Minas (DNM) do Ministrio dos Recursos Minerais (MIREM), em

    especial aos trabalhadores pela colaborao e apoio na recolha de informao.

    Ao Dr. Francisco Nhatave; Engenheiros de Minas Salazar Mangumo e Cndido Rangeiro; ambos

    do Departamento de Tecnologia e Economia Mineira da DNM, pelo apoio na recolha de

    informao e entrevista.

    todos colegas da Faculdade de Economia da UEM que contriburam directa e indirectamente

    para este sucesso. Especialmente para colegas do grupo de estudo, Marcelo Macedo, Hlder

    Machemedze, Antnio Guilherme; Domingos Cardoso, entre outros.

    Por ltimo, um agradecimento especial todo corpo docente do Curso de Economia, que em

    muito contribuiu para a minha formao.

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    Lista de Abreviaturas

    AFD Agence Franaise de Dveloppment

    AIM Agncia de Informao de Moambique

    CASM Comunidade e Minerao artesanal e de Pequena Escala

    CCFB Companhia dos Caminho de Ferro da Beira, SARL

    CFM Caminho de Ferro de Moambique, E. P.

    CIP Centro de Integridade Pblica

    CVRD Companhia do Vale do Rio Doce

    DNM Direco Nacional De Minas

    FFM Fundo de Fomento Mineiro

    FMI Fundo Monetrio Internacional

    GPZ Gabinete do Plano e Desenvolvimento do Vale do Zambeze

    IMGM Instituto Mdio de Geologia e Minas de Moatize

    INE Instituto Nacional de Estatstica

    IRPC Imposto sobre o Rendimento do Pessoal Colectivo

    ITIE Iniciativa de Transparncia da Indstria Extractiva

    IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

    MdE Memorando de Entendimento

    MICOA Ministrio para a Coordenao da Aco Ambiental

    MIREM Ministrio dos Recursos Minerais

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    MPF Ministrio do Plano e Finana

    OCDE Organizao de Cooperao e de Desenvolvimento Econmico.

    ODM Objectivos de Desenvolvimento de Milnio

    OTM Organizao Mundial de Trabalho

    PARPA Plano de Aco para Reduo da Pobreza Absoluta

    PES Plano Econmico e Social

    PIB Produto Interno Bruto

    PMIA Programa de Mitigao dos Impactos Ambientais

    PQG Plano Quinquenal do Governo

    SADC Comunidade Para o Desenvolvimento da frica Austral

    SSA frica Sub-Sahariana

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    Resumo

    Da literatura revista constatou-se que, at muito recentemente a actividade mineira em

    Moambique tinha um papel muito reduzido no desenvolvimento da economia do pas devido

    entre outras razes, s ms condies de segurana, dados geolgicos incompletos, um sistema

    legal e ambiente de negcios pouco desenvolvidos, e falta de recursos financeiros internos e

    externos. Com a paz no pas, Moambique oferece agora grandes perspectivas para a explorao

    dos recursos minerais.

    O presente trabalho analisa a actividade mineira em Moambique, em particular da provncia de

    Tete, com objectivo de mostrar a sua contribuio para a economia local, com nfase no nvel de

    emprego e receitas arrecadadas pelo Estado. Os debates no seio do Governo, acadmicos,

    polticos, investigadores e a sociedade civil em geral, sobre a actividade de explorao mineira

    ao nvel nacional, revelam a importncia econmica e social que esta actividade tem para o

    crescimento e desenvolvimento econmico sustentvel do pas, em particular a da provncia de

    Tete, bem como fonte alternativa para o melhoramento do cenrio macroeconmico da economia

    de Moambique. O estudo foi realizado na base de uma pesquisa bibliogrfica para a

    familiarizao com o tema e sua sistematizao. Foi usada uma pesquisa exploratria, com base

    em dados secundrios complementados com a reviso bibliogrfica e uma entrevista semi-

    estruturada.

    Empiricamente, o trabalho concluiu que durante o perodo entre 2002-2008, a actividade mineira

    da provncia de Tete, alm de contribuir para as receitas do Estado, criao de emprego directo

    local e induzido nas regies do pas, tem desempenhado um papel muito importante em termos

    de infra-estruturas, impulsionando outros sectores da economia como: desenvolvimento de

    estradas; construo de habitaes; produo e abastecimento de energia, aliviando a presso

    sobre os produtos florestais; prestao de outros servios como o abastecimento de gua, a

    construo de escola, clnicas e unidades de saneamento, erradicando deste modo a pobreza

    absoluta.

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    NDICE

    Declarao..................................................................................................................................................... ii

    Dedicatria ................................................................................................................................................... iii

    Agradecimentos ........................................................................................................................................... iv

    Lista de Abreviaturas .................................................................................................................................... v

    Resumo ....................................................................................................................................................... vii

    CAPTULO 1: INTRODUO ................................................................................................................... 1

    1.1.Apresentao ..................................................................................................................................... 1

    1.2.Estrutura do trabalho ....................................................................................................................... 2

    1.3. Problema de pesquisa ...................................................................................................................... 3

    1.4. Hipteses ........................................................................................................................................... 4

    1.5.Justificativa do Tema ........................................................................................................................ 4

    1.6. Objectivos ......................................................................................................................................... 5

    1.6.1. Geral ........................................................................................................................................... 5

    1.6.2. Especficos .................................................................................................................................. 5

    1.7. Metodologia ...................................................................................................................................... 6

    CAPTULO II: ENQUADRAMENTO TERICO ...................................................................................... 8

    2.1. Recursos Naturais em Moambique ............................................................................................... 8

    2.2.A Maldio dos Recursos Naturais ................................................................................................ 10

    CAPTULO III: ACTIVIDADE MINEIRA EM MOAMBIQUE ........................................................... 14

    3.1. Explorao Mineira em Moambique .......................................................................................... 14

    3.2.Breve anlise de algumas Leis relevantes ao sector mineiro Moambicanos ............................ 16

    3.2.1.Lei de Terra ................................................................................................................................ 16

    3.2.2.Lei de Minas ............................................................................................................................... 16

    3.3. Situao actual do sector Mineiro em Moambique ................................................................... 18

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    3.4. Produo Mineira em Moambique ............................................................................................. 20

    3.5. Indstria Extractiva em Moambique ......................................................................................... 22

    CAPITULO IV: CASO DA ACTIVIDADE MINEIRA NA PROVINCIA DE TETE .............................. 25

    4.1.Descrio da Provncia ................................................................................................................... 25

    4.2. Investimento Mineiro na Provncia de Tete................................................................................. 26

    4.3.Desempenho de Alguns Operadores Mineiro da Provncia de Tete ........................................... 28

    4.4. Minerao Artesanal e de Pequena Escala na Provncia de Tete .............................................. 30

    4.4.1.Caractersticas de Minerao Artesanal e de Pequena Escala em Tete ................................... 31

    4.4.2.Empreendimentos e projectos financiados pelo FFM de Tete. .................................................. 31

    4.4.3.Comercializao de ouro ........................................................................................................... 33

    4.5. Importncia da Actividade mineira de pequena escala para a economia da provncia Tete .. 34

    4.6.Produo Mineira na Provncia de Tete ....................................................................................... 35

    4.7. Receitas Arrecadadas pelo Estado resultante da actividade mineira de Tete .......................... 36

    4.8.Carvo mineral ................................................................................................................................ 40

    4.8.1.Vale Moambique ...................................................................................................................... 40

    4.8.2.Riversdale Mining, Lda-Moambique ........................................................................................ 41

    4.9.Responsabilidade Social das Empresas de explorao mineira em Tete ................................... 42

    4.10. Nvel de emprego resultante da actividade mineira da provncia de Tete .............................. 44

    4.11.Contribuio actual e futura da Actividade Minerais para a Economia de Moambique ..... 45

    4.12. Desafios para o Sector Mineiro ................................................................................................... 48

    4.12.1. Do Estado ................................................................................................................................ 48

    4.12.2. Do Privado .............................................................................................................................. 49

    4.13.Meio Ambiente Versus Minerao .............................................................................................. 50

    CAPTULO V: CONCLUSES ................................................................................................................. 51

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    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................................... 53

    7. ANEXO................................................................................................................................................... 58

    Questionrio .......................................................................................................................................... 63

    Lista de Tabelas

    Tabela 1: Potencialidade de recursos Mineiros identificada em Moambique ........................................... 19

    Tabela 2: Evoluo da Produo dos Recursos Minerais em Moambique (2002-2008) ........................... 21

    Tabela 3: Distribuio do Desembolso do FFM por empreendimento e projectos em MT ........................ 32

    Tabela 4: Comercializao de ouro por delegao (2002-2007)................................................................. 34

    Tabela 5: Receitas resultante do Imposto sobre a superfcie, proveniente de algumas empresas que operam

    em Tete ....................................................................................................................................................... 39

    Tabela 6: mega-projectos de Explorao de Recursos Mineiros em Moambique .................................... 47

    Anexo A: Evoluo da produo de alguns produtos mineiros em Valores (2002-2008) /Meticais .......... 58

    Anexo B: Anlise Comparativa de alguns sectores de economia em relao a indstria extractiva, quanto

    ao contributo no PIB nacional ao preos constantes de 2003, (106 MT) ..................................................... 58

    Anexo C: Investimentos Realizados por empresas que operam no ramo Mineiro na Provncia de Tete

    (2005-2008) em USD .................................................................................................................................. 59

    Anexo D: Taxa de Imposto sobre a Superfcie ........................................................................................... 60

    Anexo E: Evoluo do Imposto sobre a produo mineira no perodo entre 2002-2008 a taxa de

    8%/Meticais ................................................................................................................................................ 61

    Anexo F: Impacto da actividade mineira no nvel de emprego .................................................................. 62

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    Lista de Grficos

    Grfico 1: Valor Total de Alguns produtos mineiros no perodo entre 2002-2008/ 106 de Meticais ......... 22

    Grfico 2: Contribuio de alguns sectores no PIB, a preos constantes de 2003 no perodo entre 2002-

    2008/ 109 de Meticais .................................................................................................................................. 23

    Grfico 3 e 4: Contribuio percentual de alguns sectores no PIB (2002 e 2008) ..................................... 24

    Grfico 5: Total de Investimento realizado por empresas que operam no sector mineiro de Tete no perodo

    entre 2005-2008/ USD 106. ......................................................................................................................... 28

    Grfico 6: Evoluo do Imposto sobre a produo mineira a taxa de 8% (2002-2008) /106 de Meticais. . 37

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    CAPTULO 1: INTRODUO

    1.1.Apresentao

    Moambique um dos pases da frica com muitos recursos naturais1. O grau de conhecimento

    geolgico at agora atingido, mostra que todos os recursos minerais2 considerados apresentam

    perspectivas favorveis para a sua explorao.

    A provncia Tete uma das mais ricas em recursos minerais do pas. Ela localiza-se na regio do

    Vale do Zambeze, no Centro de Moambique. Para alm das suas reservas de carvo

    concentradas na sua maioria em Moatize (estimadas em mais de dois bilies de toneladas

    mtricas), encontram-se tambm outros minerais como ferro, a fluorite, a grafite, a tantalite, as

    pedras preciosas e semi-preciosas para alm de pedras ornamentais (Boletim Informativo da

    GPZ, 2008)

    O sector mineiro representa um grande contributo para a economia de diversos pases

    (subdesenvolvidos e altamente industrializados). Ele tambm um dos grandes empregadores de

    mo-de-obra e tem um grande impacto rural podendo constituir grandes focos de

    desenvolvimento e de combate a pobreza nas reas onde se encontra inserido.

    O presente trabalho apresenta um tema cujo ttulo : Actividade Mineira em Moambique,

    Caso Especfico da Provncia De Tete: Sua contribuio para a Economia local no perodo

    entre 2002-2008.

    1 A expresso Recursos Naturais neste trabalho representa recursos minerais.

    2 Nestes recursos destaca-se o carvo, ouro, as rochas ornamentais, as pedras preciosas e semi-preciosas, as

    tantalites, os minrios das reas pesadas, o gs natural, bem como a grande gama de minerais no -metlicas

    industriais e guas minerais e termais.

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    1.2.Estrutura do trabalho

    O trabalho segue a seguinte estrutura, formada em captulos:

    Captulo I: a Introduo, que contm uma apresentao do tema; os objectivos gerais e

    especficos; problemas de pesquisa; justificativa de escolha de tema pesquisado; hipteses de

    pesquisa; e metodologia, onde mostra os procedimentos usados para a realizao da pesquisa. H

    que ter em conta o tipo de pesquisa, unidade de anlise, instrumento de pesquisa e anlise

    temporria.

    Capitulo II: tem a ver com o enquadramento terico, onde aborda questes relacionadas com

    recursos naturais em Moambique. neste captulo que mostra as diferentes abordagens

    relacionadas com a existncia e explorao dos recursos naturais em Moambique, e em frica

    em geral, mostrando as suas implicaes.

    Captulo III: aborda a actividade mineira em Moambique. Este captulo mostra alguns

    princpios, regras e/ou normas jurdicas contidos na Lei de Minas; faz meno do sector mineiro

    de Moambique; das potencialidades mineiras nacional; produo mineira; indstria extractiva;

    etc.

    Capitulo IV: Contm o estudo de caso, que actividade mineira da provncia de Tete. Mostra a

    sua contribuio para a economia local, particularmente no nvel de emprego e receitas que o

    governo local arrecada para as finanas do Estado.

    E por ltimo, o captulo V, reservado para as concluses, onde mostra -se uma resenha sobre a

    contribuio da actividade mineira em Moambique, especificamente na provncia de Tete.

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    1.3. Problema de pesquisa

    A actividade de explorao de recursos minerais em Moambique, particularmente na provncia

    de Tete uma realidade. Se esta actividade for feita de forma transparente, ntegra3 pode ter

    impactos positivos para economia nacional, concretamente para o crescimento e

    desenvolvimento econmico sustentvel. Tambm pode impulsionar o sector industrial mineiro,

    por meio de ligaes econmicas (pecunirias, tecnolgicas, emprego, etc.).

    O pas abenoado com uma dotao em capital natural4 relativamente alta, representando 49%

    da riqueza total (USD 4.644 per capita), notavelmente mais alta que a mdia da frica

    Subsariana (24%), mostrando uma alta dependncia uniforme nas suas riquezas naturais. A

    anlise do capital natural mostra que os recursos minerais constituem uma parte muito

    importante do capital natural moambicano (dos quais as areias pesadas constituem cerca de

    50%, carvo 31% e gs natural em cerca de 19%). E a comparticipao dos recursos minerais

    podia com certeza aumentar se algumas reservas de petrleo viessem a ser confirmadas (Ollivier

    et al., 2009).

    Dados estimados de 2002-2003, mostram que a provncia de Tete possui um dos nveis elevados

    de pobreza (59,8%) (PARPAII5). Ao mesmo tempo, ela apresenta um potencial enorme em

    recursos minerais. As questes que se colocam so as seguintes:

    At que ponto o aproveitamento dos recursos minerais pode contribuir para o aumento

    do rendimento da provncia e combater a pobreza absoluta?

    Em que circunstncias a explorao dos recursos minerais em Moambique,

    particularmente na provncia de Tete pode constituir uma maldio do que uma bno?

    3 Transparncia e Integridade tm a ver com a utilizao do rendimento proveniente da actividade mineira de forma

    justa, que beneficie a toda comunidade onde os recursos esto sendo explorados, bem como a prestao de contas

    relativas a todo processo que envolve esta actividade. preciso que a comunidade local, neste caso a da provncia de

    Tete, participe na tomada de decises relativas a implementao ou no de projectos mineiros.

    4 Capital Natural inclui recursos limitados (riquezas minerais), as renovveis (florestas, terras) e servios

    ambientais.

    5 Plano de Aco Para a Reduo da Pobreza Absoluta (2006-2009)

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    Por ltimo, ser que o actual quadro legislativo e institucional favorvel a um cenrio

    de transparncia no que diz respeito gesto dos recursos minerais?

    1.4. Hipteses

    Neste trabalho so colocadas as seguintes hipteses:

    Hiptese 1: Mesmo com um potencial mineiro e fluxo macio de investimentos destinados a

    explorao mineira local, a provncia de Tete continuou com um nvel de pobreza elevado no

    perodo entre 2002-2008, devido falta de transparncia e desigualdade na distribuio dos

    rendimentos gerados.

    Hiptese 2: No perodo entre 2002-2008, a actividade mineira da provncia de Tete contribuiu

    positivamente no combate a pobreza absoluta, criando mais emprego quer directos ou indirectos

    e no aumento das receitas para o Estado.

    Portanto, a escolha das hipteses acima transcritas, justifica-se pelo facto duma actividade de

    explorao mineira possuir impactos adversos (negativos ou positivos). A sua realizao pode

    contribuir positiva ou negativamente para o bem-estar duma economia. com estes argumentos

    que pretende-se descobrir ao longo da pesquisa se a actividade mineira da provncia de Tete

    contribuiu ou no para a economia local no perodo em anlise.

    1.5.Justificativa do Tema

    A escolha deste tema justifica-se pelo facto da provncia de Tete nos ltimos anos ser a maior

    receptora de investimentos destinados ao sector mineiro que segundo a Direco Nacional de

    Minas, cerca de USD 182.436.136,90 foram investidos no sector mineiro de Tete em 2008.

    O outro argumento da escolha do tema tem a ver com a divergncia de opinies no seio dos

    acadmicos, sociedade civil, polticos, entre outros quanto a contribuio da actividade mineira

    para a economia de Moambique, bem como nas reas onde esta actividade est sendo exercida.

    Bakker (2008) argumenta que Moambique deveria apostar no seu grande potencial em recursos

    minerais para o desenvolvimento socioeconmico. Para que estes recursos beneficiem a maioria

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    da populao a necessidade de uma maior transparncia na gesto destes recursos angariados a

    partir dos grandes projectos empresariais implantados no pas.

    A provncia de Tete, segundo estudos de cartografia geolgica realizados um pouco antes da

    proclamao da independncia nacional e do primeiro semestre de 2005 pela Council for

    Geocience e Tcnicos nacionais de geologia, possui um potencial em recursos minerais, como

    tambm um nvel de pobreza elevado (Carlos, 2009).

    neste contexto que surge a necessidade de se fazer um estudo a fim de testar os diferentes

    argumentos no seio da actividade de explorao dos recursos minerais ao nvel nacional, bem

    como mostrar o tipo de polticas e estratgias que esto sendo tomadas no pas, em particular no

    sector mineiro.

    Tambm, este tema permitir sociedade civil em geral despertar a ateno da importncia

    econmica e social da actividade mineira que est ser realizada em Tete, bem como o seu

    impacto no nvel de rendimentos, combate ao desemprego e reduo da pobreza absoluta em

    Moambique.

    1.6. Objectivos

    1.6.1. Geral

    O presente trabalho tem como objectivo geral, analisar a contribuio da actividade mineira da

    provncia de Tete para a economia local no perodo entre 2002-2008.

    1.6.2. Especficos

    Para a concretizao do objectivo acima mencionado h necessidade:

    Mostrar a importncia econmica da actividade mineira na provncia de Tete;

    Analisar o desempenho da actividade no que diz respeito a sua participao nas receitas

    do Estado e no nvel de emprego gerado durante o perodo em anlise;

    Fazer anlise de custo - benefcio da actividade mineira para as comunidades locais; e

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    Identificar os principais desafios do sector mineiro.

    1.7. Metodologia

    O trabalho tem duas componentes: a primeira comporta a reviso da literatura, e a outra, o estudo

    de caso. O emprego gerado e as receitas que o Estado arrecada provenientes da actividade

    mineira da provncia de Tete no perodo entre 2002-2008, so variveis de pesquisa.

    O estudo foi realizado na base uma pesquisa bibliogrfica para a familiarizao com o tema e sua

    sistematizao. Foi tambm usada uma pesquisa exploratria, com base em dados secundrios

    complementados com a reviso bibliogrfica, uso de informaes e dados documentais em

    artigos de revistas especializadas, alguns deles encontrados nos sites de internet, jornais

    (publicaes). Foram feitas entrevistas no estruturadas aos responsveis pela actividade mineira

    da provncia de Tete, ambos do Departamento de Tecnologia e Economia Mineira da Direco

    Nacional de Minas (Ver Questionrio em anexo).

    O questionrio permitiu de forma estruturada recolher as informaes junto a instituio.

    Todavia, os dados recolhidos esto apresentados ao longo do trabalho. Alguns deles foram

    tratados e detalhados pelo autor do trabalho.

    Estes dados mostram de forma detalhada, a contribuio da actividade mineira da provncia de

    Tete para a economia local no perodo entre 2002-2008, com maior nfase nas receitas que o

    Estado arrecadou e nvel de emprego gerado pela actividade. na base do questionrio que foi

    possvel conhecer as polticas e estratgias nacionais para o sector mineiro, bem como os

    desafios do Estado e do sector privado nos prximos anos.

    As abordagens so: qualitativa, para informaes no quantificveis e tambm por ser mais

    adequada a situaes em que se deseja construir teorias; e quantitativa para dados numricos.

    O mtodo de anlise e interpretao destes mesmos dados de estatstica descritiva com recurso

    a pacote Excel. O perodo de anlise de 7 anos (2002-2008), perodo razovel para tirar

    inferncias sobre o contributo da actividade mineral da provncia de Tete para a economia local

    na vertente do emprego e receitas.

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    Nunes Jos Sinoia -Trabalho de Licenciatura 7

    Em relao as receitas do Estado que a provncia arrecadou da actividade mineira. Elas foram

    calculadas na base das licenas de prospeco e pesquisa mineira que as empresas de explorao

    mineira adquiriam na Direco Nacional de Minas; e do imposto sobre a produo mineira. Faz

    parte de receitas do Estado, o volume de comercializao do ouro que o Fundo de Fomento

    Mineiro (FFM) provincial compra aos mineiros artesanais.

    A outra varivel de anlise o nvel de emprego criado na provncia de Tete e induzido nas

    outras regies do pas resultante da actividade mineira local. Esta varivel foi adquirida na

    Direco Nacional de Mina (DNM), proveniente das Empresas Rio Doce de Moambique ou

    Vale Moambique e Riversdale Moambique, Lda. Alguns nmeros so baseados em projeces.

    Limitaes

    O maior problema enfrentado nesta pesquisa tem a ver com a captao das receitas que o Estado

    arrecadou das empresas que operam no sector mineiro daquela provncia e investimentos

    realizados. Os nmeros apresentados nesta pesquisa no reflectem a realidade daquela provncia,

    mais sim uma amostra duma parte que foi colectada neste perodo em anlise. As dificuldades no

    acesso a certas informaes teis durante a recolha dos dados em certas instituies nacionais

    constituram algumas limitaes para o presente trabalho.

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    CAPTULO II: ENQUADRAMENTO TERICO

    2.1. Recursos Naturais em Moambique

    Recursos Naturais so geralmente entendidos como todos aqueles que constituem uma ddiva,

    sua existncia no decorre da aco do homem e que sejam teis para alcance do

    desenvolvimento econmico (Per-ke Andersson et al., 2007). Os recursos minerais que se

    encontram no solo e subsolo, nas guas interiores, no leito do mar territorial, nas zonas

    econmicas exclusivas e na plataforma continental da Repblica de Moambique, so

    propriedade do Estado, nos termos da Constituio (artigo1 da Lei 14/2002).

    2.1.1.Tipologia de Recursos naturais

    Existem tipologias de recursos naturais com caractersticas diferentes cuja abundncia tem

    implicaes diferentes no desenvolvimento dos pases. Distinguem-se recursos renovveis, que

    so aqueles que podem ser reciclados como a gua, vento, a luz do sol, peixe, florestas, etc. E

    recursos no renovveis, que no podem ser recuperados em curto espao de tempo, como o

    caso de petrleo, gs natural e minrios em geral.

    Auty (2001) citado por Per-ke Andersson et al. (2007) distinguiu recursos naturais, como sendo

    pontuais e difusos, por estes se encontrarem concentrados num local ou dispersos em todo o

    territrio do pas, respectivamente. Le Billon (2001) citado por Per-ke Andersson et al. (2007)

    disse que os recursos podem ser caracterizados segundo sua distncia em relao ao governo

    central, sendo que recursos de fcil acesso permitiro maior facilidade no controle.

    A experincia mundial mostra que investir em activos de recursos naturais dos pases pobres

    pode produzir retornos e prover um crescimento sustentvel do rendimento, mas isso requeri um

    conjunto facilitador de leis estveis e previsveis, regulamentos e instituies responsveis para a

    sua implementao. A composio de activos dos diferentes pases mostra claramente que uma

    aco imediata para o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM) dever

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    Nunes Jos Sinoia -Trabalho de Licenciatura 9

    focalizar a gesto sustentvel e os investimentos que possam aumentar o mbito, retornos e a

    rpida recuperao do activo fixo tangvel natural dos pases pobres6.

    Os recursos naturais tm uma contribuio relevante para a economia do pas e tal contribuio

    crescer consideravelmente a curto prazo com os projectos agora em cursos. Existem

    oportunidades de a mdio prazo surgir novos desenvolvimentos na indstria extractiva. O pas

    possui potencial para o desenvolvimento de novos projectos mineiros como resultado da

    ocorrncia de novos jazigos minerais. A actual actividade de pesquisa de petrleo em

    Moambique considerada a maior de todos os tempos. E h possibilidade de a curto prazo se

    verificar a sua descoberta (CIP, 2009).

    A produo dos recursos minerais em Moambique, est ganhar impacto no crescimento da

    economia e na melhoria das contas nacionais. A concretizao dos projectos em curso na rea de

    carvo mineral, minerais industriais, para alm da potencial descoberta de mais reservas de

    hidrocarboneto, vo impulsionar o sector mineiro e ao mesmo tempo ter impacto positivos na

    economia nacional.

    Segundo o Banco Mundial (2005), com 65% da populao a viver nas zonas rurais, a economia

    de Moambique continuar sem dvida a contar com grande parte da sua base no recurso natural.

    Mesmo com as rpidas taxas de urbanizao, a subsistncia e o bem-estar de grande parte dos

    moambicanos continuar a depender do uso de terra, dos recursos de gua, produtos florestais,

    pesca e tambm recursos minerais.

    Para Bakker7 (2008), Moambique deve apostar no seu grande potencial em recursos minerais

    para o desenvolvimento socioeconmico do pas. Apontando a necessidade de uma maior

    transparncia na gesto destes recursos para que estes beneficiem a maioria da populao. E

    6Norad report 6b 2007 Discussion citado por OLLIVIER, Timothe-ROJAT, Dominique, et al.; draft de Documento

    para Discusso.

    7 Age Bakker Director executivo do Fundo Monetrio Internacional. Estes argumentos foram tirados no site

    LUSA. http://economia.uol.com.br/ultnot/lusa/02/22/ult3679u3267.jhtm, acessado em 23.06.2009, intitulado

    Moambique deve apostar nos recursos minerais , defendido pelo FMI.

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    Nunes Jos Sinoia -Trabalho de Licenciatura 10

    sugere que o pas adopte uma poltica de melhor gesto dos recursos pblicos e de

    descentralizao da administrao que pode ser crucial para a promoo do desenvolvimento

    socioeconmico.

    Enquanto Zoellick8 (2009), alerta para os perigos de uma maior concentrao do crescimento

    econmico na actividade de extraco de mineira. Argumentando que h necessidade de evitar o

    problema relacionado com a dupla economia, em que a explorao das riquezas se desenvolve a

    despeito do resto da economia9.

    2.2.A Maldio dos Recursos Naturais

    um facto que pases em desenvolvimento que exploram recursos naturais numa escala maior

    tm desde os anos sessenta (60) registado ndices baixos em termos de crescimento que pases

    sem recursos naturais. Este paradoxo conhecido como maldio dos recursos naturais e

    acompanhado de um ambiente institucional fraco. Pases com Instituies boas como a Noruega

    no sofrem deste problema. De acordo com estudos recentes a frica parece crescer mais ou

    menos na mesma forma como outras regies, mas cresce lentamente porque se posiciona mal em

    muitas das variveis que determinam o crescimento (Hoeffler, 2002 citado por Per-ke

    Andersson et al., 2007).

    Assim, a frica no diferente de outras regies na forma como os principais determinantes de

    crescimento afectam a performance, mas tem um ambiente de crescimento mau. Os Factores que

    explicam o crescimento mau de frica so: bens de investimento caros, baixos nveis de

    escolaridade, sade pobre, adversidade geogrfica, economias fechadas, muitas despesas

    pblicas e muitos conflitos militares (Artadi, Sala-i-Martin 2003:1 & Tsangarides 2005 citados

    por Per-ke Andersson et al., 2007).

    8 Robert Zoellick presidente do Banco Mundial.

    9 preciso evitar o problema relacionado com a dupla economia, porque as economias duais so especialmente

    vulnerveis corrupo e os Estados esto frequentemente a oferecer concesses que podem ser fruto de subornos.

    Por isso, til adoptar a transparncia para que os cidados possam saber que dinheiro est a ser pago.

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    Nunes Jos Sinoia -Trabalho de Licenciatura 11

    H uma ligao forte entre qualidade institucional, adopo de polticas e aceleraes de

    crescimento. Para que os episdios de crescimento sejam sustentados durante uma dcada ou

    mais, os pases necessitam de um crescimento em comrcio e investimento, pouca dvida e

    instituies democrticas. Pattilo et al. citados por Per-ke Andersson et al., (2007), notaram que

    o crescimento na frica Sub - Sahariana (SSA) na qual Moambique faz parte, aumentaria 1,7%

    anualmente se o continente alcanasse a mdia da qualidade mundial de instituies. Eles,

    entretanto, no acham nenhuma ligao consistente entre disponibilidade de recursos e episdios

    de crescimento. O impacto do actual aumento de recursos naturais em frica ou da descoberta de

    novos recursos minerais pode conduzir a um crescimento galopante, mas que esses recursos

    podem ser difceis de sustentar (Per-ke Andersson et al., 2007).

    As economias africanas, na qual Moambique faz parte, enfrentam uma srie de desafios de

    desenvolvimento, o que significa que a demanda nos fazedores de polticas em frica bem

    maior do que noutras regies e ao mesmo tempo h problema de governao. Nos ltimos anos

    as economias africanas mudaram muitas das suas polticas, mas o problema de consertar o

    sistema administrativo uma tarefa de ordem muito maior. A questo de implementao um

    problema fundamental em frica.

    Na perspectiva africana os aumentos dos preos dos recursos naturais podem parecer vivel. H

    evidncias que mostram um efeito de crescimento negativo a longo prazo devido a abundncia

    de recursos, mas tambm h evidncia recente que a abundncia de bens de mercadorias, at

    mesmo em frica, aumentou a taxa de crescimento significativamente (Raddatz, 2005 citado por

    Per-ke Andersson et al., 2007). Assim parece estar a enfrentar uma combinao de efeitos

    positivos a curto prazo e negativos a longo prazo.

    Trs explicaes principais caracterizam os efeitos acima mencionados. A primeira da doena

    Holandesa. Esta descreve a situao em que um aumento das exportaes de recursos minerais

    conduz a uma apreciao da moeda o que faz com que outras exportaes no sejam

    competitivas. Existem vrios estudos que identificaram tais efeitos. Um estudo recente feito por

    Rajam e Subramanian (2005) citados por Per-ke Andersson et al., (2007) notaram que um

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    Nunes Jos Sinoia -Trabalho de Licenciatura 12

    aumento da taxa de cmbio reduz o crescimento das indstrias de trabalho intensivo. Esta uma

    preocupao para os pases africanos, uma vez que a produo de trabalho intensivo seja uma

    rea onde se pode esperar que eles tenham vantagens comparativas das que eles precisam

    explorar para gerar crescimento e emprego a longo prazo.10

    A segunda explicao focaliza os efeitos negativos da volatilidade de rendimentos devido

    oscilao dos preos. Tem sido claramente difcil para as economias africanas gerir os tempos de

    abundncia para evitar ciclos de ruptura. A volatilidade pode ter efeitos negativos no crescimento

    tornando os investimentos do sector privado mais arriscados, o que faz com que os investidores

    se sintam com menos vontade de investir (Sala-i-Martim, Subramanian, 2003 citado por Per-ke

    Andersson et al., 2007). Tambm tende a ter efeitos negativos na eficincia dos gastos do

    governo. Os governos frequentemente iniciam programas de gastos extras durante os tempos de

    abundncia dos bens de mercadorias, o que tem que ser seguido por cortes dramticos de

    programas de despesa durante as rupturas.

    Por ltimo, h uma srie de explicaes que focalizam o impacto das rendas dos recursos na

    governao. Argumenta-se que existem mais lobbies onde h grandes receitas de recursos

    (Torvik, 2002, citado por Per-ke Andersson et al., 2007). Mehlum et al. (2006) tambm

    referenciados por autores atrs mencionados argumentam que isto acontecer principalmente em

    pases com instituies que mais colectam, enquanto no ser o caso dos pases com instituies

    que mais produzem. Muitos pases Africanos estariam na categoria anterior, enquanto pases

    como Noruega estariam na categoria posterior.

    Abundncia de recursos tende a conduzir ao aumento da desigualdade, desde que maior parte das

    receitas acabe parando nas mos de uma pequena elite (Engerman, Sokoloff, 2002 citados por

    Per-ke Andersson et al., 2007). Isto pode influenciar negativamente o crescimento por vrios

    canais. Pode ser por exemplo prejudicial qualidade de instituies e pode conduzir a conflitos

    domsticos ou desassossego.

    10

    Grandes fluxos de ajuda esto tambm associados com os efeitos da Doena Holandesa. Isto pode ser um

    problema no caso de Moambique; onde a ajuda externa est acima de 15% do PIB presentemente.

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    preciso ter em mente que a explorao e os rendimentos gerados por certos tipos de recursos

    naturais como o petrleo, gs natural e minrios so geralmente concentrados e facilmente

    controlados por grupos relativamente pequenos de sociedade, enquanto os fluxos de rendimentos

    gerados pela explorao de recursos naturais como o milho, e outros agrcolas (excluindo-se

    alguns casos de caf, cacau que geralmente so comercializados sob propriedades concentradas)

    so mais difundidos e canalizados para a economia. Os primeiros so mais vulnerveis ao

    fenmeno da maldio dos recursos (Per-ke Andersson et al., 2007:1-8).

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    CAPTULO III: ACTIVIDADE MINEIRA EM MOAMBIQUE

    3.1. Explorao Mineira em Moambique

    A actividade Mineira em Moambique entendida como todas as operaes que consistem no

    desenvolvimento, de forma conjunta ou isolada, de aces como o reconhecimento, prospeco e

    pesquisa, minerao, processamento e tratamento de produtos mineiros11

    .

    O Decreto n 31/95 de 25 de Junho mostra que exerccio da actividade mineira sem ttulo ou

    autorizao constitui infraco punvel. Em Moambique, a multa ronda entre 5 100 milhes de

    meticais consoante a gravidade do caso em concreto, apreenso do produto extrado e confisco

    do Equipamento utilizado12

    .

    Segundo Castel- Branco (2008), a actividade de extraco mineira tem um potencial de gerar um

    fluxo enorme de receitas pblicas por algumas dcadas, permitindo que Moambique deixe de

    ser dependente da ajuda externa e, por conseguinte, consolide a soberania do Estado e do povo

    sobre os seus assuntos polticos, econmicos e sociais. E se estas receitas forem utilizadas para

    gerar reservas e oportunidades de desenvolvimento alargado e diversificado da base produtiva,

    tecnolgica e comercial, ento Moambique poder tornar a indstria extractiva numa alavanca

    do desenvolvimento real.

    11 Definio tirada em http://www.portaldogoverno.gov.mz/Servicos/licenciamento/sub_fo_minas/index_html#desc, acessado em29 de Junho de2009.

    12 Tirado no Decreto n. 31/95 de 25 de Junho, BR n. 29, I Srie, 3 Suplemento de Tera-feira, 25 de Junho de

    1995, pg. 134 (3) 134 (7).

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    3.1.1.Fases da Vida de uma explorao mineira13

    A vida de uma explorao mineira composta por um conjunto de etapas que se podem resumir

    a:

    i. Pesquisa para localizao do minrio;

    ii. Prospeco para determinao da extenso e valor do minrio localizado;

    iii. Estimativa dos recursos em termos de extenso e teor do depsito;

    iv. Planeamento, para avaliao da parte do depsito economicamente extravel;

    v. Estudo de viabilidade para avaliao global do projecto e tomada de deciso entre iniciar

    ou abandonar a explorao do depsito;

    vi. Desenvolvimento de acessos ao depsito que se vai explorar;

    vii. Explorao, com vista extraco de minrios em grande escala; e

    viii. Recuperao da zona afectada pela explorao para que tenha um possvel uso futuro.

    De notar que entre a fase de pesquisa e inicio da explorao podem decorrer vrios anos ou

    mesmo dcadas, sendo que os investimentos necessrios nesta fase so muito elevados (podendo

    ser da ordem das centenas de milhes de dlares) e o seu retorno no certo, o que revela o risco

    associado a esta actividade.

    13

    Disponvel em: http://www.cgee.org.br/arquivos/estudo011_02.pdf; acessado em 10.08.2009.

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    3.2.Breve anlise de algumas Leis relevantes ao sector mineiro Moambicanos

    3.2.1.Lei de Terra

    O prembulo da Lei de Terra (Lei n19/97, de 1 de Outubro) estabelece que a terra um meio

    universal de criao de riqueza e do bem-estar social e por isso, o seu uso e aproveitamento

    torna-se um direito de todo o povo moambicano.

    O mesmo prembulo refere que a Lei procura adequar-se ao desafio para o desenvolvimento

    que o pas enfrenta e nova conjuntura poltica, econmica e social e conferir garantia de

    acesso e segurana de posse da terra, tanto aos camponeses moambicanos, como aos

    investidores nacionais e estrangeiros.

    Dados os conflitos de interesses sobre a terra, emergentes de situaes de tenso entre as

    comunidades locais e os titulares de direitos de explorao mineira, tanto o Estado (que pretende

    defender camponeses e dar prioridade a explorao mineira) como as autoridades comunitrias

    (mandatrias das comunidades mas igualmente representantes dos interesses e objectivos do

    Estado) ficam numa situao no mnimo desconfortvel e contraditria. Da surge a Lei de Minas

    para regular estes conflitos.

    3.2.2.Lei de Minas

    Segundo o artigo 43 da Lei de Minas (Lei 14/2002, de 26 de Junho):

    i. O uso e ocupao da terra necessria para a realizao de actividade mineira so

    regulados pelas disposies sobre o uso e aproveitamento da terra constantes da Lei n

    19/97, de 1 de Outubro, sem prejuzo das disposies das alneas seguintes;

    ii. O uso da terra para operaes minerais tem prioridade sobre outros usos da terra quando

    o benefcio econmico e social superior comparativamente a outros usos;

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    iii. Os ttulos de uso e aproveitamento da terra obtidos nos termos da Lei de Terra e a

    Licena ambiental que so atribudas com o fim de explorao ao abrigo de uma

    concesso mineira ou certificado tm um perodo de validade e dimenso consistentes

    com o definido na concesso mineira ou certificado mineiro e so automaticamente

    renovadas quando estes ttulos forem renovados; e

    iv. No caso de uma rea designada de senha mineira ser declarada ou ser emitida uma

    concesso mineira ou certificado mineiro, sobre terra sujeita a direitos de uso e

    aproveitamento da terra, esses direitos anteriormente existentes so considerados extintos

    aps o pagamento de uma indemnizao justa e razovel ao titular do direito mineiro, no

    caso de concesso mineira ou certificado mineiro.

    Por exemplo, o projecto de construo de 700 casas para famlias que esto a ser deslocadas em

    Moatize na provncia de Tete no mbito da instalao do mega-projectos da explorao do

    carvo enquadra-se na aplicao deste dispositivo legal. Para alm das casas, cada famlia est

    ser atribuda cerca de dois hectares de terra para a agricultura.

    Entretanto neste tipo de processo, ocorrem muitos benefcios para as famlias afectadas pelas

    actividades mineiras, como: factores de produo e produtos agrcolas, acesso a infra-estruturas

    produtivas e sociais, acesso a servios agrcolas, gua e energia, entre outros benefcios.

    Segundo o artigo 2 da Lei 14/2002, para um desenvolvimento sustentvel a longo prazo, o direito

    de uso e aproveitamento dos recursos minerais deve ser exercido em harmonia com as melhores

    e mais seguras prticas mineiras, com a observncia dos padres de qualidade ambiental

    legalmente estabelecidos visando a realizao dos seguintes objectivos: (i) Reconhecimento; (ii)

    Prospeco e Pesquisa; (iii) Minerao; (iv) Tratamento e Processamento; (v) Comercializao

    ou outras formas de dispor do produto mineral.

    A legislao mineira prev outros benefcios relacionados com a implementao de projectos

    mineiros. O artigo 28 do Regulamento dos Impostos Especficos da Actividade Mineira, por

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    exemplo, estabelece o seguinte: No oramento do Estado fixada uma percentagem das

    receitas geradas na extraco mineira para o desenvolvimento das comunidades das reas onde

    se localizam os respectivos projectos mineiros, em funo das receitas previstas e relativas a

    actividade mineira.

    3.3. Situao actual do sector Mineiro em Moambique

    O sector mineiro moambicano notabiliza-se pela (o): (i) presena de empresas com elevada

    capacidade tcnica e financeira e com grande experincia a nvel internacional; (ii)

    estabelecimento de um quadro legal e fiscal apropriado para o exerccio da actividade.

    A actividade mineira em Moambique regida por sector mineiro. Para tal, este sector define

    como objectivos (PES, 2008):

    i. Garantir a prospeco, pesquisa e extraco dos recursos minerais de forma sustentvel;

    ii. Reforar a capacidade de promoo de investimento, licenciar e monitorar as actividades

    de extraco;

    iii. Expandir o investimento privado, mas com boas prticas sob ponto de vista social,

    ambiental e incrementar a participao de companhias privadas moambicanas;

    iv. Promover a investigao e explorao de minerais industriais, tendo em vista a sua

    utilizao local, na agricultura e indstria;

    v. Promover a criao de associaes, cooperativas, sociedades ou outras formas de

    organizao na extraco e processamento de pedras preciosas e semi-preciosas no pas,

    principalmente as que integram a mulher, como forma de assegurar uma explorao

    sustentvel dos recursos.

    3.3.1.Potencialidade mineira em Moambique

    Moambique tem um grande potencial mineiro, se todo ele for explorado de forma sbia ou

    correcta, isto , obedecendo os critrios da transparncia, integridade, pode contribuir para o

    crescimento e desenvolvimento econmico sustentvel do pas e combater a pobreza absoluta.

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    Neste vasto territrio do pas podem ser encontrados muitos recursos minerais que esto sendo

    explorados e outros ainda em processo de pesquisa. A Tabela 1 abaixo, mostra uma parte do

    stock dos minrios at ento identificado que o pas oferece.

    Tabela 1: Potencialidade de recursos Mineiros identificado em Moambique

    Recursos 10

    6

    Toneladas Recursos

    106

    Toneladas

    Apatite 274 Feldspatos 12,00

    Asbestos 0,5 Fluorites 1,45

    Bauxite 6,13 Ouro 0,05

    Bentonite 8,45 Grafite 40,00

    Granito negro 2 Guano 0,90

    Calcrio 18.3 Minrio de Ferro 254,00

    Carvo 15.835 Caulino 4,40

    Materiais de Construo 5.000.00 Minrio de titnio 348,00

    Cobre 0,38 Minrio de Tntalo 7,50

    Diatomites 3,00 Silica 11,40

    Fonte: Ministrio dos Recursos Mineiras, Direco Nacional de Minas, 2009

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    3.4. Produo Mineira em Moambique

    A produo mineira em Moambique tem vindo a apresentar crescimentos significativos nos

    ltimos sete anos. Em 2008, o crescimento da produo mineira foi estimado em

    aproximadamente 30% comparativamente a de 2007 (cerca de 11%).

    Este crescimento da produo mineira est relacionado com a abertura da mina a cu aberto na

    Chipanga XI, em Moatize na provncia de Tete para produo do Carvo mineral que em 2008

    atingiu cerca de 37.700 toneladas; aumento da produo de Turmalinas para 9.809 kg

    comparativamente com 2007 (151kg); surgimento de muitas unidades de minerao artesanal de

    pequena escala e garimpo, com impacto na produo do ouro; expanso da capacidade de

    produo na mina das areias pesadas de Moma, que iniciou em Abril do ano de 2007, resultando

    no aumento da produo de novos minerais metlicos, etc. (PES, 2008 e 2009; & Alexandre,

    2009).

    A Tabela 2 mostra a evoluo da produo dos principais recursos minerais nacionais no perodo

    entre 2002-2008. Nestes, destaca-se, o Carvo Mineral, Gs Natural e Ouro que so produtos

    com elevada procura no mercado interno e internacional. Nos ltimos anos muitos investidores

    tm alocado os seus recursos financeiros na produo e explorao do Carvo Mineral, Gs

    Natural e o Ouro, devido a importncia econmica destes recursos em muitas economias

    mundiais. Por esta razo, tem se verificado no perodo em anlise uma evoluo crescente na

    produo destes recursos.

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    Tabela 2: Evoluo da Produo dos Recursos Minerais em Moambique (2002-2008)

    Fonte: Instituto Nacional de Estatstica de Moambique -INE (2002-2008)

    Com cerca de 50% das despesas nacionais a ser financiadas com recursos externos. As receitas

    provenientes da actividade mineira ou da produo mineira podem constituir uma alternativa

    para a reduo da dependncia externa.

    S para ilustrar, em 2008 o valor de alguns produtos mineiros (calculado na base do preo de

    2002) rondava em 194.476.684,60 Meticais, um valor elevado comparativamente a de 2002

    (46.788.088,00 Meticais). Num intervalo de 7 anos (2002-2008), o pas rendeu cerca de

    921.526.180,80 Meticais. O Grfico 1 ilustra o valor total que Moambique ganhou na venda de

    Quantidade

    Descrio Unidades 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Areias Ton

    795.813

    1.372.032

    1.429.743

    833.113 1.404.184 n.d n.d

    Argila Ton

    84.023

    100.176

    108.231

    32.031 222.052 n.d n.d

    Bauxite Ton

    10.500

    10.250

    8.977

    9.518 11.069

    8.650

    5.443

    Brita m3

    24.183

    43.343

    41.951

    7.150 41.286

    51.588

    109.774

    Calcrio Ton

    1.301.232

    1.348.372

    1.593.450

    654.178 155.871 n.d n.d

    Carvo Ton

    43.512

    36.742

    16.525

    3.417 40,953

    23.602

    37.700

    Gs Natural GJ

    2.423.065

    2.522.897

    49.739.070

    88.907.651 102.188.825

    104.519.840

    116.616.858

    Marmore em

    Bloco m

    3

    453

    452

    617

    509 472

    835

    301

    Ouro Kg

    15

    21

    56

    63 85

    95

    242

    Quartzo Kg

    31.363

    30.985

    173.478

    294.668 195.100

    216.655

    154.254

    Tantalite Kg

    42.500

    62.000

    712.095

    281.212 80.132 n.d n.d

    Turmalina Kg

    15

    23

    1.570

    245 25.138

    151

    9.809

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    alguns produtos mineiros. Este valor refere-se a soma total dos valores de cada perodo ou anos

    (Ver Anexo A).

    Grfico 1: Valor Total de Alguns produtos mineiros no perodo entre 2002-2008/ 106 de

    Meticais

    Fonte: O Autor na base de dados da Direco de Economia do MIREM, 2009 & INE (2002-

    2008)

    3.5. Indstria Extractiva em Moambique

    Moambique desfruta de considerveis potencialidades de explorao mineira. Embora o

    contributo deste sector para o PIB seja limitado (3% em 2008), est a crescer a um ritmo

    acelerado. Destaca-se o aumento da produo de carvo com a modernizao da principal mina.

    Prev-se a intensificao dessa expanso com a concretizao do projecto da Companhia do Vale

    do Rio doce em Moatize, que envolve a explorao da mina de carvo e a construo de uma

    Central Termo-elctrica. O seu incio de laborao est previsto para 2010 e tambm a

    reabilitao da linha frrea entre Beira e Tete (Casalinho et al., 2007).

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    O Grfico 2 mostra a evoluo da contribuio da indstria extractiva no Produto Interno Bruto

    moambicano comparativamente a evoluo dos outros sectores no perodo entre 2002-2008. Os

    dados foram calculados tendo em conta informao de alguns sectores chaves da economia do

    pas.

    Grfico 2: Contribuio de alguns sectores no PIB, a preos constantes de 2003 no perodo

    entre 2002-2008/ 109

    de Meticais

    Fonte: INE, 2008-Contas Nacionais de Moambique

    Como mostra o Grfico 2 acima, a indstria extractiva tem contribudo muito pouco para o PIB

    do nosso pas, comparativamente aos outros sectores da economia nacional. Embora com um

    contributo baixo, ela mostra uma certa progresso ao longo do perodo em anlise. Ora vejam:

    em 2002 a indstria extractiva contribua para o PIB com cerca de 566 Milhes de MT, valor

    muito inferior quando comparado com a do sector de agricultura (24.728 Milhes de MT),

    Indstria Transformadora (14.213 Milhes MT), Transporte e Comunicaes (10.124 Milhes de

    MT) e Educao (3.377 Milhes de MT).

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    Em 2008, a contribuio da indstria extractiva no PIB de Moambique passou para 2.211

    Milhes de MT. Embora tenha aumentado, a sua contribuio ainda continua ainda inferior

    comparativamente ao sector de agricultura (38.752 Milhes de MT), Indstria Transformadora

    (20.648 Milhes de MT), Transporte e Comunicao (17.812 Milhes de MT) e Educao (6.180

    Milhes de MT) (Ver Anexo B). Os Grficos 3 e 4 ilustram a evoluo percentual da

    contribuio de cada um destes sectores no PIB do Pas nos anos 2002 e 2008.

    Grfico 3 e 4: Contribuio percentual de alguns sectores no PIB (2002 e 2008)

    Fonte: INE, 2008-Contas Nacionais de Moambique

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    CAPITULO IV: CASO DA ACTIVIDADE MINEIRA NA PROVINCIA DE TETE

    4.1.Descrio da Provncia

    A provncia de Tete tem uma superfcie de 100.724 Km2, incluindo cerca de 2.494 Km

    2 de guas

    interiores, numa extenso de cerca de 1.500 km.

    4.1.1. Cenrios Macroeconmicos de Desenvolvimento

    Durante o perodo entre 2005-2008, a economia de Tete cresceu 36,7%. A produo global (PIB

    de Tete) cresceu de 320,89 mil milhes de MT em 2005 para 641,91 mil milhes de MT em

    2008 (1USD= 26,5 MT). Este crescimento foi influenciado pelo desempenho positivo dos

    diferentes sectores produtivos da economia, sobretudo a agricultura do sector familiar. A

    indstria, pescas, transportes, minerao e energia elctrica so outros sectores que tambm

    contriburam para este desempenho positivo de Tete.

    A Arrecadao das receitas pblicas regista uma evoluo positiva de 287,21 milhes de MT em

    2005 para 592,29 milhes de MT em 2008. O governo provincial concentrou a sua poltica fiscal

    na racionalizao da despesa pblica e reduo do dfice oramental, atravs de uma maior

    mobilizao de receitas internas.

    O volume de exportaes cresceu 46,4% passando de 2,38 mil milhes de MT em 2005 para

    3,48 mil milhes de MT em 2008. Contriburam para o efeito, o aumento das exportaes de

    energia da Hidroelctrica de Cahora Bassa, do Peixe Kapenta e do Tabaco. Para alm do seu

    elevado potencial agrcola, a provncia de Tete rica em recursos minerais, florestais, faunsticos

    e tursticos (Agncia de Informao de Moambique - AIM, 2009).

    Segundo o Plano Estratgico do Desenvolvimento da provncia de Tete 2007-2011, a provncia

    apresenta uma economia caracterizada pela existncia de potencialidades naturais pouco

    exploradas (flora, fauna, terra, minerais, guas); grande dependncia da agricultura a factores

    climatricos; fraco nvel de desenvolvimento de infra-estruturas bsicas (via de acesso,

    abastecimento de gua potvel, unidade escolares e sanitrias, bem como infra-estruturas de

    energias); fraco nvel de investimento privado nas diferentes reas de actividade econmica;

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    escassez da mo-de-obra qualificada; fraca modernizao das instituies do Aparelho do

    Estado. A provncia prev registos progressivos e emergentes de novos operadores econmicos,

    o que contribuir para o aumento da capacidade de captao de receitas pblica e o nvel de

    confiana dos agentes econmicos e melhoria significativa de diversos consumidores, o que

    implica o surgimento de muitos investimentos e criao muitas oportunidades de emprego14

    .

    Neste mbito, foram desenhadas aces estratgicas de desenvolvimento que consistem na

    promoo da actividade econmica, que integram os diferentes sectores da economia de Tete. No

    que concerne ao sector de Recursos Minerais, as aces esto viradas na inventariao e

    melhoramento do conhecimento das ocorrncias minerais; no incentivo a interveno do sector

    empresarial que permita adicionar valor aos recursos minerais; promoo da instalao de

    centros -piloto, para o enquadramento dos operadores mineiros de pequena e mdia escalas,

    criao de associaes mineiras e sua mecanizao e; promoo do processamento local de

    produtos mineiros.

    4.2. Investimento Mineiro na Provncia de Tete

    Em Moambique, o volume de investimento directo na actividade geolgico-mineiro aumentou

    nos ltimos cinco anos, ao passar de USD 101 milhes, em 2004 para USD 804 milhes. E como

    resultado destes investimentos, o pas tambm um aumento no valor de produo que passou de

    937,1 milhes de MT, em 2004, para 7.324 milhes de MT, em 2008 (Ministra dos Recursos

    Minerais Esperana Bias citada pela AIM, 13 de Maio de 2009).

    Em 2004 foram tramitados 247 pedidos de ttulos mineiros ao nvel nacional, nmero que mais

    do que duplicou, em 2008, ao se atingir a fasquia 821 pedidos. Este aumento deveu-se a

    existncia de uma legislao moderna em Moambique e ao favorvel ambiente de negcios j

    estabelecido.

    14

    PLANO ESTRATGICO DE DESENVOLVIMENTO DA PROVNCIA DE TETE, 2007-2011; 1

    Conferncia de Desenvolvimento da provncia de Tete; 01-02 de Julho de 2007.

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    No perodo entre 2005-2008 foram emitidos no sector mineiro de Tete cerca de 208 ttulos

    mineiros; mais de 191 licenas de prospeco e pesquisa, 10 concesses mineiras, 4 licenas de

    reconhecimento e 3 certificados mineiros, 78 ttulos de Carvo e 75 de metais (bsicos e

    preciosos).

    Em 2008, sector mineiro local recebeu um investimento total estimado em cerca de USD

    328.265.360,47; valor este que extremamente superior quando comparado com do ano de 2005

    (USD 20.989.856,70). Este crescimento pode representar um avano significativo tanto ao nvel

    do sector como na economia local, devido ao impacto que este tipo de investimento tem em

    muitas economias do mundo.

    Este investimento pode permitir que, novos postos de trabalhos sejam criados (directos e

    indirectos), o Estado arrecade receitas, aquisio de conhecimentos tecnolgicos. Pode tambm

    impulsionar os diferentes sectores da economia (educao, infra-estruturas, transporte e

    comunicaes, sade, etc.), promovendo desta forma um crescimento econmico integrado.

    Neste mbito, a empresa Rio Doce de Moambique (Vale Moambique) lidera naquele ponto do

    pas em termos de investimentos, com cerca de USD 265.697.641,00; seguida da Riversdale

    Moambique com USD 43.863.021,00; ambas pretendem explorar o Carvo mineral de Tete.

    O Grfico 5 abaixo, mostra o nvel de investimento realizado por empresas no sector mineiro de

    Tete. Os valores referem-se a soma dos investimentos desde 2005 at 2008. Os valores so dados

    em USD (Ver Anexo C).

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    Grfico 5: Total de Investimento realizado por empresas que operam no sector mineiro de

    Tete no perodo entre 2005-2008/ USD 106.

    Fonte: O autor na base de dados da DNM (2005 - 2008)

    4.3.Desempenho de Alguns Operadores Mineiro da Provncia de Tete

    As Exploraes Minerais de Moambique, detentoras de 21 Licenas de prospeco e pesquisa,

    ocupam uma rea total de trezentos e oitenta mil novecentos e vinte (380.920) hectares, esto

    licenciada para prospeco e pesquisa de carvo e metais bsicos. Na vila Mualadzi, norte do

    distrito de Chifunde, realizou-se a prospeco e pesquisa de ouro em diversos pontos, assim

    como estudos sobre a existncia de depsitos de platina, principal metal precioso pretendido pela

    empresa. J nota-se a existncia de crmio, platina e chumbo em pequenas quantidades. Em

    Changara, povoado de Mefidzi, foi realizada a prospeco e pesquisa de carvo e os resultados

    obtidos do indicaes de existncia de boas qualidades do minrio (Carlos, 2009).

    A mega Corp Minerals Lda., licenciada para prospeco e pesquisa de urnio desde 2005,

    realizou trabalho de reconhecimento das reas nos distritos de Moatize e Chita. Em 2006

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    arrancou com a perfurao geolgica, colheita de amostras e anlises laboratoriais para posterior

    avaliao da existncia de urnio. A principal rea de ocorrncia do minrio localiza-se em

    Mavudzi, local j objecto de vrios estudos. Foram j exportadas mais de cinco toneladas de

    amostras para efeito de anlises laboratoriais. Presentemente se aguarda pelos resultados e

    prosseguem no terreno ainda trabalhos de prospeco e pesquisa.

    A Manica Minerais, autorizada para a prospeco e pesquisa de ouro no povoado de Machinga,

    Posto Administrativo de Cazula, distrito de Chita ainda no divulgou dados relevantes apesar de

    continuar no terreno.

    A Empresa Vale Moambique encontra-se j na fase de reacentamento das populaes dentro da

    zona do projecto. Enquanto a Riversdale Moambique, que detm licenas de prospeco e

    pesquisa de carvo mineral e metais bsicos, ocupa uma extenso total de 290 mil hectares em

    Moatize, Changara, Cahora-Bassa, Magoe. Os primeiros trabalhos a ser feitos foram: o

    levantamento topogrfico, abertura de poos, captao de imagens atravs de satlite, bem como

    a elaborao do relatrio ambiental. Os estudos serviram de base para o levantamento geolgico,

    identificao de zonas de prospeco e delineamento dos locais preliminares para as sondagens.

    No mesmo perodo foram realizados 118 furos totalizando 45 mil metros de sondagens.

    Quanto Capitol Resources, Lda., que comeou as suas actividades em 2005 detentora de 11

    licenas de prospeco e pesquisa, numa extenso total de cerca de 1200 Km2 nos distritos de

    Cahora-Bassa, Macanga, Moatize, Changara e Angnia. At finais de 2008, j havia despendido

    cerca de 55 mil Dlares norte-americanos para pesquisa.

    Por fim, a Twigg Resources and Exploration Mining Lda., que comearam as suas actividades de

    prospeco e pesquisa em 2005, possuem cinco licenas de prospeco e pesquisa no distrito de

    Marvia, numa rea total de 96.000 hectares para trabalhos de pesquisa, j despendeu dos

    500.500 Dlares norte-americanos previstos, o montante de 193.200 Dlares norte - americano.

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    4.4. Minerao Artesanal e de Pequena Escala na Provncia de Tete

    A minerao artesanal e de pequena escala praticada em cerca de 50 pases, por pessoas que

    vivem nas reas rurais mais pobres e distantes, com poucas alternativas de emprego15

    . Esta

    actividade feita quase por toda provncia de Tete, estimando-se em centenas de praticantes

    envolvidos na produo de vrios minerais, com maior destaque para o ouro e gema16

    . A

    extraco de ouro intensa no distrito de Changara, seguido de Zumbo, Marvia. Chiuta e

    Chifunde.

    A Actividade mineira artesanal e de pequena escala local est sob tutela do Fundo de Fomento

    Mineiro (FFM) de Tete, uma instituio do Estado que faz apoio financeiro, o auxlio tcnico e

    outros benefcios no mbito da produo mineira de pequena escala. Este organismo incentiva e

    disciplina as iniciativas dos agentes econmicos para a realizao de investimentos nacionais no

    sector mineiro, como tambm permite ao Estado, maior operacionalidade no acompanhamento e

    fiscalizao da gesto dos meios tcnicos e financeiros existentes17

    .

    15 No mnimo, 20 milhes de pessoas esto envolvidas na minerao artesanal e de pequena escala, e outros 100 milhes de indivduos dependem dessa actividade para o seu sustento. Essas cifras crescem em paralelo alta de

    preos e demanda por minerais nos pases da OCDE e em economias emergentes como a China e a ndia15

    .

    Cerce de 650.000 mulheres em 12 dos pases mais pobres do mundo trabalham na minerao artesanal. De acordo

    com a organizao Mundial do Trabalho (OMT), entre uma (1) e 1,5 milhes de crianas, em propores iguais de

    meninos e meninas abaixo de 18 anos, tambm esto envolvidos na minerao de pequena escala. A variedade de

    bens explorados pelos mineiros artesanais ampla e abrange pedras preciosas, ouro, cobre, cobalto, carvo e outros

    minerais industriais (Banco Mundial- CASM, 2008).

    16 As gemas so minerais encontradas na natureza e so resultado de processos de combinaes qumicas feitas pela

    prpria natureza. As gemas se dividem em vrias categorias: * Gemas inorgnicas: aquelas que no so produzidas

    por seres vivos. Ex: quartzo, rubi, diamante, ametista, turmalina, etc * Gemas orgnicas: ao contrrio da categoria

    anterior, essas gemas so produzidas por seres vivos, plantas ou animais. Ex: prola. Disponvel em

    http://guia.mercadolivre.com.br/-Gemas- ; acessado em 23/01/2010.

    17 Esta informao foi revelada durante a entrevista semi-estruturada efectuada na Direco Nacional de Minas, no

    mbito do trabalho de pesquisa.

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    4.4.1.Caractersticas de Minerao Artesanal e de Pequena Escala em Tete

    A definio da minerao de pequena escala varia de pas para pas. Para Moambique so

    usados os seguintes critrios: (i) O volume de produo; (ii) Nmero de pessoas por unidade de

    produo; (iii) Volume de capital empregue; (iv) A produtividade de mo-de-obra; (v) A rea

    coberta pela licena/ volume de reserva; (vi) O Volume de material comercializado; (vii) Tempo

    de vida da mina; e (viii) Tipo de equipamento utilizado na extraco mineiro (Alexandre, 2009).

    CHAPARRO (2002) afirma no seu trabalho (as caractersticas fundamentais da minerao de

    pequena escala), as seguintes caracterizaes:

    (i) Intensiva utilizao de mo-de-obra; (ii) Conflituosidade social e legal; (iii) Baixo

    desenvolvimento tecnolgico; (iv) Deteriorao ambiental; (v) Precrias condies de segurana

    e higiene; (vi) Baixo custo de produo; (vii) Dinamizador das economias locais; (viii)

    Alternativa de emprego para sectores afectados pela pobreza; (ix) Ampla distribuio geogrfica;

    (x) Abastecimento de mercados locais.

    Em Tete, a minerao artesanal e de pequena escala para alm de caracterizar-se pela utilizao

    de mo-de-obra intensiva, baixo desenvolvimento tecnolgico, deteriorao do ambiente e

    dinamizar a economia local, praticada na sua maioria por operadores ilegais, possui fraca

    fiscalizao e venda de produtos mineiros de forma ilegal.

    4.4.2.Empreendimentos e projectos financiados pelo FFM de Tete.

    O FFM nacional, em particular de Tete tem estado a direccionar as suas aces nas seguintes

    reas no mbito da promoo da actividade mineira local:

    i. Sector privado;

    ii. Sector associativismo de produo artesanal;

    iii. Apoio institucional; e

    iv. Comercializao.

  • ACTIVIDADE MINEIRA EM MOAMBIQUE, CASO ESPECFICO DA PROVINCIA DE TETE: Sua contribuio

    para a Economia local no perodo entre 2002-2008.

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    Nunes Jos Sinoia -Trabalho de Licenciatura 32

    Ao nvel nacional esta instituio desembolsou no perodo entre 2006 2008 cerca de

    42.211.013,97 MT destinados a reas acima indicados. Este fundo foi destinado a quatro

    provncias do pas onde a actividade mineira artesanal e de pequena escala mais praticada.

    Trata-se das provncias de Manica, Tete, Nampula Niassa. A Tabela 3 abaixo mostra a

    distribuio do desembolso do FFM de Tete por empreendimento e projectos. Maior parte de

    valor direccionada ao apoio institucional para uma maior fiscalizao de modo a assegurar que

    o investimento na produo mineira neste nvel tenha um contributo significativo no

    desenvolvimento do sector e da economia em geral.

    Tabela 3: Distribuio do Desembolso do FFM por empreendimento e projectos em MT

    Descrio Nacional Tete

    Sector Privado

    7.167.187,50 1.791.796,88

    Associativismo de produo artisanal

    2.048.447,80 512.111,95

    Apoio Institucional

    23.455.660,80 5.863.915,20

    Construo de Imveis de Habitao

    3.571.305,80 892.826,45

    Infra-estruturas socio-econmicas

    637.722,00 159.430,50

    Feiras Minerais

    2.540.112,25 635.028,06

    Criao Centro de Nacional de Geologia

    785.870,00 196.467,50

    Pesquisa Geolgica

    757.944,32 189.486,08

    Mitigao do Impacto ambiental M. Artesanal

    246.763,50 61.690,88

    Organizao do Congresso Internacional de

    Geologia

    1.000.000,00 250.000,00

    Total 42.211.013,97 10.552.753,49

    Fonte: FFM, 2009 (www.ffm.gov.mz)

  • ACTIVIDADE MINEIRA EM MOAMBIQUE, CASO ESPECFICO DA PROVINCIA DE TETE: Sua contribuio

    para a Economia local no perodo entre 2002-2008.

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    Nunes Jos Sinoia -Trabalho de Licenciatura 33

    Do total de desembolso efectuado, maior destaque vai para o apoio institucional, com cerca de

    56% do desembolso total local, seguido do sector privado com 17%. A menor fatia foi para as

    infra-estruturas socioeconmicas, com 1% do valor total, o que significa que o Estado no tem

    priorizado as vias de acesso que ligam o mercado e os produtores, entre outras infra-estruturas

    teis ao desenvolvimento do sector mineiro e da economia em geral. O aumento da

    comercializao ilegal na provncia de Tete pode estar condicionado pelo fraco investimento em

    infra-estruturas.

    4.4.3.Comercializao de ouro

    A comercializao de ouro dentro da provncia de Tete continua na sua maioria ilegal, embora

    haja alguns compradores oficiais licenciados. Uma das actividades do