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Rio Branco – Acre, QUARTA-FEIRA, 25 de janeiro de 2012 9 www.pagina20.com.br F ilho de família hu- milde e marcada pelo trabalho nos barra- cões de seringais de Brasi- léia, aos 43 anos, o vereador Joãozinho já é um exemplo de superação ao conquistar formação superior em uni- versidade pública e acumu- lar duas especializações nas áreas de desenvolvimento sustentável e gestão pública. Brasiléia, município onde nasceu e pelo qual trabalha incansavelmente, Joãozinho do PT, já no terceiro manda- to, é um homem simples, pa- cato, dedicado à família e aos amigos. Ele admite que tem outras duas grandes paixões: Brasiléia e o trabalho na ges- tão pública. Além de sua atu- ação política, Joãozinho não deixa a sala de aula. Como professor há mais de 20 anos da rede pública, acredita que é pela educação que a mudança acontece na vida das pessoas e da sociedade. “Só consigo viver feliz estando aqui”, diz o verea- dor ao relembrar os tempos em que se mudou para Rio Branco, a capital do Estado, a fim de estudar, mas não con- seguiu se adaptar à “cidade grande”. O menino de alma interiorana ficou feliz e alivia- do ao mesmo tempo quando soube que a Universidade Fe- deral do Acre (Ufac) decidira criar um núcleo em Brasiléia. Afinal, ele, como centenas de conterrâneos, não preci- saria mais se deslocar para a capital a fim de concluir os estudos. “Passei quatro vezes no vestibular da Ufac, mas não fiquei em Rio Branco”, conta, como se fosse a coisa mais natural do mundo ser aprovado em quatro edições de um dos mais afunilados exames escolares. De uma família de 10 irmãos, dos quais sete nas- ceram em seringais localiza- dos às margens do rio Acre, apenas Joãozinho e outros dois nasceram na cidade de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia. Município fundado em 1910 por Luiz Barreto de Menezes, Brasiléia foi de fato um dos municípios que viveu o auge econômico do Estado a partir da exploração da castanha e da borracha, numa época em que o meio de transporte só se efetivava por via fluvial. Hoje, a cidade vizinha, Epitaciolândia, uma vila desmembrada da própria Brasiléia, tem na BR-317 seu principal eixo viário. Página 20 Uma vida de trabalho e amor por Brasiléia A política como fator de mobilidade social Essa é a terra de Joãozinho do PT. O atu- al vereador, com pouco mais de 24 anos de idade, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores. A partir daí, ao lado de companheiros de mili- tância, deflagrou uma luta incansável em busca da melhoria na qualidade de vida de seus con- terrâneos. “Eu sempre entendi que quando a gente gosta de um lugar, tem também que gos- tar das pessoas. E a forma de demonstrar esse amor é trabalhando, e lutando para melhorar a vida de todos”, diz. “E sempre compreendi que é na política, feita com ética e responsabi- lidade, que está o grande fator de mobilidade social capaz de melhorar e transformar a vida das pessoas. Por isso, procurei me aperfeiçoar na gestão pública”, acrescentou. Mas não é só com os brasileenses que ele está preocupado. Um de seus irmãos, Damião Borges, foi recentemente homenageado pelo trabalho que desenvolve junto aos haitianos que chegam à cidade a partir da Bolívia e do Peru, e para os quais a Prefeitura de Brasiléia e o Go- verno do Estado prestam grande assistência hu- manitária. Damião reconhece que a situação é dramática porque falta estrutura para dar conta de tanta gente – e Joãozinho pediu providências ao Governo Federal, a partir do Ministério das Relações Exteriores, reafirmando que a cidade está com dificuldade de ajudar os haitianos e que a União precisa intervir na situação. “O que me preocupa é que Brasiléia é uma cidade pequena e os problemas já começaram a aparecer”, disse. Além disso, ele propõe criar um canal de co- municação com os gestores do departamento boliviano do Pando, cuja capital é Cobija, fron- teira com Brasiléia, em busca de soluções para problemas comuns às duas regiões. Seria, segun- do ele, algo como um grupo técnico binacional que se reuniria a cada 45 dias para debater as questões mais relevantes para as duas cidades. Fotos: Divulgação

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Rio Branco – Acre, QUARTA-FEIRA, 25 de janeiro de 20129 Página 20 www.pagina20.com.br

Filho de família hu-milde e marcada pelo trabalho nos barra-

cões de seringais de Brasi-léia, aos 43 anos, o vereador Joãozinho já é um exemplo de superação ao conquistar formação superior em uni-versidade pública e acumu-lar duas especializações nas áreas de desenvolvimento sustentável e gestão pública.

Brasiléia, município onde nasceu e pelo qual trabalha incansavelmente, Joãozinho do PT, já no terceiro manda-to, é um homem simples, pa-cato, dedicado à família e aos amigos. Ele admite que tem outras duas grandes paixões: Brasiléia e o trabalho na ges-tão pública. Além de sua atu-ação política, Joãozinho não deixa a sala de aula. Como professor há mais de 20 anos da rede pública, acredita que é pela educação que a mudança acontece na vida das pessoas e da sociedade.

“Só consigo viver feliz estando aqui”, diz o verea-dor ao relembrar os tempos em que se mudou para Rio Branco, a capital do Estado, a fim de estudar, mas não con-seguiu se adaptar à “cidade grande”. O menino de alma interiorana ficou feliz e alivia-do ao mesmo tempo quando soube que a Universidade Fe-

deral do Acre (Ufac) decidira criar um núcleo em Brasiléia. Afinal, ele, como centenas de conterrâneos, não preci-saria mais se deslocar para a capital a fim de concluir os estudos. “Passei quatro vezes no vestibular da Ufac, mas não fiquei em Rio Branco”, conta, como se fosse a coisa mais natural do mundo ser aprovado em quatro edições de um dos mais afunilados exames escolares.

De uma família de 10 irmãos, dos quais sete nas-ceram em seringais localiza-dos às margens do rio Acre, apenas Joãozinho e outros dois nasceram na cidade de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia. Município fundado em 1910 por Luiz Barreto de Menezes, Brasiléia foi de fato um dos municípios que viveu o auge econômico do Estado a partir da exploração da castanha e da borracha, numa época em que o meio de transporte só se efetivava por via fluvial. Hoje, a cidade vizinha, Epitaciolândia, uma vila desmembrada da própria Brasiléia, tem na BR-317 seu principal eixo viário.

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Uma vida de trabalhoe amor por Brasiléia

A política como fator de mobilidade social

Essa é a terra de Joãozinho do PT. O atu-al vereador, com pouco mais de 24 anos de idade, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores. A partir daí, ao lado de companheiros de mili-tância, deflagrou uma luta incansável em busca da melhoria na qualidade de vida de seus con-terrâneos. “Eu sempre entendi que quando a gente gosta de um lugar, tem também que gos-tar das pessoas. E a forma de demonstrar esse amor é trabalhando, e lutando para melhorar a vida de todos”, diz. “E sempre compreendi que é na política, feita com ética e responsabi-lidade, que está o grande fator de mobilidade social capaz de melhorar e transformar a vida das pessoas. Por isso, procurei me aperfeiçoar na gestão pública”, acrescentou.

Mas não é só com os brasileenses que ele está preocupado. Um de seus irmãos, Damião Borges, foi recentemente homenageado pelo trabalho que desenvolve junto aos haitianos que

chegam à cidade a partir da Bolívia e do Peru, e para os quais a Prefeitura de Brasiléia e o Go-verno do Estado prestam grande assistência hu-manitária. Damião reconhece que a situação é dramática porque falta estrutura para dar conta de tanta gente – e Joãozinho pediu providências ao Governo Federal, a partir do Ministério das Relações Exteriores, reafirmando que a cidade está com dificuldade de ajudar os haitianos e que a União precisa intervir na situação. “O que me preocupa é que Brasiléia é uma cidade pequena e os problemas já começaram a aparecer”, disse.

Além disso, ele propõe criar um canal de co-municação com os gestores do departamento boliviano do Pando, cuja capital é Cobija, fron-teira com Brasiléia, em busca de soluções para problemas comuns às duas regiões. Seria, segun-do ele, algo como um grupo técnico binacional que se reuniria a cada 45 dias para debater as questões mais relevantes para as duas cidades.

Fotos: Divulgação

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Joãozinho do PT, mesmo sendo um político com atua-ção no interior, tem os olhos voltados para o Acre, o Brasil e o mundo. Assim, ele defen-de que a gestão municipal não pode ser feita de forma iso-lada e o Estado e o governo federal precisam voltar seus olhos para interior, para as pequenas cidades, para o mu-nicípio. É no município que mora o cidadão; é no muni-cípio que estabelecemos as relações familiares e econô-micas. Por isso, a gestão pú-blica, a meu ver, tem que usar seus principais instrumentos para assegurar o desenvolvi-mento e melhorar a qualidade de vida no município, disse o vereador na entrevista seguir:

O senhor tem uma tra-jetória ligada ao sonho de uma sociedade mais justa. Conte como isso o ajuda na política.

Joãozinho – Isso come-çou há mais de 20 anos. Nos idos de 1980, eu e vários ami-gos montamos um grupo de teatro que encenou peças--denúncias e libelos à liberda-de. Fizemos, por exemplo, a montagem da peça que bati-zamos de A Escola do Templo. Percorremos o Acre com esta peça denunciando as péssi-mas condições das escolas rurais daquela época. Eu fazia o papel de aluno. Essa peça me trouxe a reflexão sobre a necessidade de mudança da educação no meio rural.

Isso tem a ver com o movimento criado por Chi-co Mendes e pelo então professor Binho Marques na implantação do Projeto Seringueiro?

Joãozinho - Mais ou me-nos. Na mesma época, outro grupo de jovens trabalhava no interior de Xapuri implan-tando escolas e fomentando o cooperativismo. Era a turma do Projeto Seringueiro, coorde-nado então por mobilizado-res como Binho Marques e Marina Silva, além do sindi-calista Chico Mendes. Mesmo sem conexão direta, o nosso trabalho e o deles tinham liga-ções. Mais tarde, já na gestão de Leila Galvão como prefei-ta de Brasiléia, a gente veria como isso é fato.

Qual o resultado con-creto deste trabalho?

Joãozinho - Desde então, tenho a Escola Valéria Bis-

po Sabala como referência dessa luta quase quixotesca dos meus tempos de jovem. Era a luta por dias melhores na educação rural. A escola, localizada no Km 26 da es-trada de Assis Brasil, era um amontoado de madeira ve-lha deixada pelo Incra, num acampamento para projetos de assentamento. Fiz tudo o que estava a meu alcance para dotar a escola de estrutura. E deu certo. Hoje, com 500 alu-nos, temos uma escola com estrutura moderna, completa e confortável para estudar. Me sinto muito feliz por ter contribuído diretamente para esta realização.

Que avaliação o senhor faz da missão de ser um gestor público?

Joãozinho - Penso que ser gestor público é, a um só tempo, estar conectado com o presente e o futuro, utili-zando as coisas boas do pas-sado para melhorar a socieda-de e a vida das pessoas. Além disso, o gestor tem que pen-sar como um cidadão com-prometido com o coletivo, buscando meios para fazer com que, através de políticas públicas, as pessoas possam ser mais felizes, terem seus problemas solucionados, de forma coletiva, igualitária e democrática.

Qual é a base de luta de Joãozinho do PT?

Joãozinho - Luto para consolidar Brasiléia como zona estratégica no contex-to da Estrada do Pacífico. Como político, vou fazer de tudo para que Brasiléia não seja apenas um corredor, mas consolidar essa posição estra-tégica para o Estado do Acre. Quero também avançar na de-mocratização da gestão com maior participação dos parti-dos que compõem a Frente Popular do Acre e intensificar o diálogo com a sociedade, inclusive com lideranças que não são partidárias, mas que devem ser ouvidas.

Trabalho pelo fortaleci-mento do meio rural usando as ferramentas do novo Códi-go Florestal. O senador Jorge Viana foi fundamental para os avanços proporcionados no novo Código. Precisamos produzir preservando o meio ambiente.

Também atuo pela amplia-ção da infraestrutura urbana com a implantação definitiva

do Anel Viário de Brasiléia e a construção da 2ª Ponte so-bre o rio Acre. Nos finais de semana, Brasiléia supera Cru-zeiro do Sul em número de veículos circulando na cidade, o que traz problemas que me-recem atenção.

Como parlamentar, em qual área o senhor mais se destacou?

Joãozinho - Como já dis-se, sou um político eclético e

procuro trabalhar nas várias áreas de interesse da socieda-de. Para entender melhor essa questão é bom a gente lem-brar a minha trajetória nos movimentos sociais. Como presidente do núcleo do Sin-dicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac), participei das principais lutas da categoria e, na condição de desportista. Além de líder classista fui jogador de fute-bol de campo e de futsal. Sou

formado em geografia, e, en-quanto estudante, militei no Diretório Central dos Estu-dantes (DCE) e estou como vereador há onze anos, ago-ra no terceiro mandato. Sou também professor da rede es-tadual de ensino há 22 anos. Também tenho fortes liga-ções com o meio rural.

Como é sua relação com a FPA, os aliados e a oposição?

Joãozinho - Entre 2005 e

EM encontro com o presidente da Amac, Raimundo Angelim, Joãozinho do pT discute gestão pública

“Brasiléia tem que ser zona estratégica no desenvolvimento do Acre”, diz vereador

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“Brasiléia tem que ser zona estratégica no desenvolvimento do Acre”, diz vereador2008, fui presidente do Dire-tório Municipal do PT e as-sumi como desafio trabalhar e dar atenção para os proble-mas de todas as áreas. Com minha atuação política, apoiei e consegui fortalecer orga-nizações ligadas à luta dos trabalhadores rurais, como a Capeb e a Amaproeb. E tudo isso me fez aprender a distin-guir as situações e a manter um diálogo franco e honesto com meus companheiros da FPA, sempre na defesa dos interesses do município. Des-sa forma, também conquistei o respeito dos oposicionistas. Na última votação do or-çamento do município, por exemplo, em vários pontos a oposição votou com a base aliada. Minha relação com o governo é das mais respei-tosas e promissoras, desde os tempos dos governadores Jorge Viana e Binho Marques. Quero estreitá-la ainda mais com Tião Viana, uma vez que o atual governador tem man-tido Brasiléia na agenda de trabalho, batendo o recorde de visitas ao meu município.

A Frente Popular está há mais de 12 anos conduzin-do a aplicação das políti-cas públicas no Acre. Qual avaliação o senhor faz des-se período?

Joãozinho – A avaliação é muito positiva. É inegável que existe um Acre antes e depois da administração da Frente Popular, que tem o meu partido, o PT, como principal pilar de sustenta-ção. É só ver o volume de investimentos que foram feitos nos últimos anos. Hoje, o Acre está pratica-mente interligado de ponta a ponta pela BR 364, que ganhou novas pontes e em breve terá sua pavimentação totalmente concluída. Sem contar os investimentos que foram feitos para melhorar a saúde, a educação, seguran-ça pública e, principalmente, no setor produtivo, com a geração de emprego e renda para nossa população.

As mudanças são muitas que até esquecemos que há 13 anos a situação do Acre era de completo abandono, com salários de servidores atrasados, prédios públicos destruídos e com grupos de extermínios decidindo quem vivia e quem morria. Naquela época o povo estava infeliz e sem autoestima.

Hoje, a realidade é bem diferente. Ainda temos mui-tos problemas para resolver, mas só não vê quem não quer: o Acre mudou muito e para melhor.

Na sua avaliação, como é a atual gestão municipal?

Joãozinho- A prefeita Lei-la Galvão está fazendo, como todos vêem, um grande traba-lho. A cidade melhorou muito com sua gestão e, também, na administração do companhei-ro Alvani.

Não é fácil cuidar da admi-nistração de uma cidade con-tando com poucos recursos financeiros. Fazer investimen-tos na saúde, na educação, nas ruas e praças, escolas, calça-das e investir na área rural da cidade, com poucos recursos, exige capacidade técnica e política muito refinada. Essa é marca que diferencia o PT e a Frente Popular dos demais partidos. Isso me estimula a seguir lutando para melhorar ainda mais nosso município.

O que o senhor desta-caria como sendo essen-cial em curto prazo para o desenvolvimento de Bra-siléia?

Joãozinho- Entre outras ações, a construção de um hospital regional, que tenha estrutura para suportar a atual demanda, deve ser prioridade. Isso, inclusive, é prioridade do governador Tião Viana, que anunciou um projeto de R$ 17 milhões para alcançar esse objetivo. Outra questão im-portante é a consolidação do campus da Ufac em Brasiléia, o que será um divisor de águas no Ensino Superior do municí-pio. Considero, também, que a industrialização do município, que já está em processo bas-tante evoluído com a gestão da prefeita Leila e é um com-promisso do governador Tião Viana, deve ser intensificado ainda mais para trazer emprego e renda para a juventude que sai do banco escolar e ingressa no mercado de trabalho. Além disso, a posição geográfica do município exige uma relação institucional mais intensa com a capital do departamento bo-liviano de Pando visando, com trabalho em parceria, desenvol-ver a região no contexto da Es-trada do Pacífico.

O senhor tem pretensão ser candidato a prefeito de Brasiléia?

Joaozinho- Ficaria muito honrado em cuidar da cidade onde nasci, vivo com minha família e crio os meus filhos. Como político e como cida-

dão, luto todos os dias para que minha cidade cresça e se de-senvolva e possa oferecer me-lhores condições de vida para sua gente. No entanto, mesmo

estando feliz por ser lembrado para comandar a minha cidade, a decisão de ser ou não candi-dato cabe ao meu partido, o PT, e à Frente Popular.

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Estratégia de desenvolvimento

Joãozinho do PT é uma pessoa profundamente li-gada à família. Filho do guarda-livros João Pacífi-co de Melo, já falecido, e da merendeira aposentada, D. Olgarina Araújo, João-zinho sempre visita os se-ringais onde viveram os parentes, como o Porto Carlos e o Sacado, locali-zado a cerca de 85 quilô-metros de Brasiléia.

Trabalha muito, mas de-dica boa parte do tempo no cuidado da esposa Francisca, assistente social, e dos filhos que moram com ele – Jéssi-ca, de 8 anos, e Murilo, de apenas sete meses. O mais velho, João Vítor, tem vinte anos e mora em Rio Branco, onde cursa Análise de Siste-mas na Uninorte.

Novidade na fronteira

Família, o pilar de um mandato

A partir da militância par-tidária – e já influenciado pela gestão nos negócios da bor-racha feita pelos pais e avós – tomou gosto pela política porque sabia que dela vinham as possibilidades de promover as transformações que a so-ciedade tanto necessita. Nes-se período, difícil até mesmo para os mais experientes, João Raimundo Araújo de Melo passou a ser carinhosamente

conhecido como Joãozinho do PT, e estabeleceu as bases de um processo que desencadea-ria na eleição de José Alvanir como prefeito de Brasiléia – uma novidade na conserva-dora política da fronteira – e no início de uma mobilização que incutiu as mais relevantes mudanças no município, espe-cialmente nas áreas de Saúde, Educação, desenvolvimento urbano e rural.

EM reunião familiar, Joãozinho com sua mãe, D. Olga, e irmãos

JOÃOZINHO, a esposa, Francisca Araújo, com os filhos Jéssica e Murilo

Joãozinho diz ser importante a criação de um GT (Grupo de Trabalho) entre Brasiléia e Cobija, em função da Estrada do Pacífico, também conhecida como Rodovia Interoce-ânica, que é uma estrada binacional ligando o noroeste do Brasil ao litoral sul do Peru, através do Acre. A parte da Estrada do Pa-cífico que fica dentro do território brasileiro é identificada como BR-317 enquanto no Peru é chamada apenas de Carretera Interoceâ-nica, que corta Brasiléia. “Temos de fazer de tudo para que Brasiléia não se torne apenas um corredor, mas que faça parte do pro-cesso”, observa o vereador. Em território

brasileiro, a Estrada do Pacífico começa na BR-364 em Porto Velho e no Acre continua pela BR-317, que passa por Rio Branco e vai até a tríplice fronteira com o Peru e Bolívia, atravessando Assis Brasil e Iñapari.

O vereador lembra que a Estrada do Pacífico vai favorecer a integração sula-mericana, a circulação de pessoas, o turis-mo e o comércio bilateral entre o Brasil e o Peru. A estrada representa desenvol-vimento e vai garantir principalmente o acesso dos produtos peruanos ao Oceano Atlântico e o acesso dos produtos brasi-leiros ao Oceano Pacífico.