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TRABALHO NOTURNO E EM
TURNOS
Trabalho em turnos
As empresas podem adotar vários esquemas de trabalho para que
a produção contínua ocorra, e isso acontece através da disposição
de horários de trabalho em turnos nos quais os funcionários serão
divididos de maneira a abranger às 24hs do dia sem que a
produção seja interrompida, o que acontece através de uma
rotatividade dos funcionários.
Geralmente as empresas adotam os turnos de oito horas variando o
horário de troca de turno, sendo um esquema muito comum
principalmente na Europa o turno da manha das 06:00-14:00h,
tarde do dia 14:00-22:00h e noturno 22:00-06:00h. Existem outros
esquemas que variam os horários, mas são muito utilizados como o
modelo norte-americano, 8, 16 e 24 horas, turnos de doze horas
que também são comuns, principalmente na área hospitalar, porém
na maioria das vezes não são recomendados tanto do ponto de
vista médico industrial quanto pelo ergonômico, exceto algumas
exceções.
Rotação dos turnos
A empresa cuja produção é contínua na maioria das vezes adota
um programa de rotatividade dos funcionários em relação aos
turnos, ou seja, a cada determinado período de tempo os
funcionários trocam de turno fazendo um revezamento segundo
uma escala pré-determinada.
Considerações em relação aos turnos
O organismo humano tem uma capacidade notável de se localizar
em relação ao tempo, como se tivéssemos um relógio interno sendo
isso possível graças ao ritmo circadiano, que compreende o dia
variando normalmente de 22 a 25 horas.
O ritmo circadiano é um ritmo endógeno que apresenta dentre as
funções fisiológicas marcadamente circadianas o sono, a prontidão
para o trabalho, o metabolismo, a temperatura, a freqüência
cardíaca, a pressão arterial entre outras, sendo essas, mudanças
que ocorrem caracteristicamente nas mudanças dia/noite. Durante o
dia nosso corpo esta no que se chama de fase ergotrópica, onde as
funções dos sistemas e órgãos estão prontos para entrar em
atividade, já durante a noite a maior parte deles se encontra
amortecida e o corpo esta se ocupando de recuperar e renovar
suas energias, esta é a chamada fase trofotrópica. O sono é a
função mais importante comandada pelo ritmo circadiano, dada a
importância do sono como pré-requisito para a saúde e bem-estar.
O esquema de turnos alternantes influencia negativamente os
horários reservados à alimentação, sono e repouso, o
relacionamento com a família e amigos, a realização de atividades
sociais e de lazer, além de ser considerado como fator interferente
ao aparecimento de fadiga mental e motivo de insatisfação para
muitos profissionais. A fadiga mental pode ser originada pelo inter-
relacionamento de fatores profissionais e/ou extraprofissionais e as
características do indivíduo. Entre vários fatores pode-se ressaltar
os esquemas de turnos.
Os resultados de alguns estudos revelam uma profunda inter-
relação entre as atividades profissionais e a vida doméstica como
geradoras de impactos à saúde, ressaltando o caráter essencial das
relações de gênero na compreensão da realidade vivida pelos que
trabalham em horários não usuais.
Turno diurno: como exemplo 06:00-14:00h, é favorável em relação
ao imo dia/noite regular do organismo e com o estilo de vida da
maioria das pessoas, as atividades em família, lazer, amigos, etc
estão preservadas a tarde e a noite, porem pode ser cansativo
devido o sono ficar encurtado pelo turno iniciar bem cedo.
Turno da tarde: como exemplo 14:00-22:00h, pode ser ruim para a
vida social, mas o sono é bom após o turno, e há possibilidade de
convívio familiar e lazer de manha e inicio da tarde.
Turno noturno: como exemplo 22:00-06:00h, esse sim é ruim de
todos os ângulos, a vida familiar é limitada bem como atividades de
lazer e sociais. O sono não é tão repousante e sempre é relatado
como insuficiente, descrito em diversos estudos como de menor
qualidade e duração que o noturno, além do que qualquer
adaptação que o organismo consiga fazer ao turno durante a
semana é parcialmente perdida nos dias de folga.
Recomenda-se que em meio a um esquema de revezamento de
turnos o turno noturno seja seguido imediatamente de no mínimo
24h de descanso, mas é importante ressaltar que o trabalho noturno
é geralmente um fardo que leva a problemas de saúde.
“A recomendação do turno noturno é somente quando este se torna
indispensável, sendo sua introdução apenas para aumentar ganhos
deplorável.”
Prejuízos devido ao turno noturno
A troca do dia pela noite comum em várias funções promove uma
série de alterações fisiológicas prejudiciais àqueles que a praticam.
Como mencionado o nosso organismo esta preparado para efetuar
ações em ritmos diferentes ao longo do dia, o que é obviamente
alterado quando se foge ao ritmo circadiano.
Em função disso a prontidão durante o dia é maior, o que pode
contribuir para menor produção e maior freqüência de acidentes no
período noturno.
A troca do dia pela noite pode provocar problemas de ordem
fisiológica e psicológica, como o isolamento social.
A incidência de problemas de saúde relacionados ao trabalho
noturno pode ser caracterizada como doença ocupacional, sendo
sintomas comuns:
Fadiga crônica;
Cansaço mesmo após sono;
Irritabilidade mental;
Perda da vitalidade;
Pouco interesse pelo trabalho;
Psicossomáticos;
Diminuição de apetite;
Disposição a depressão;
Perturbação do sono;
Problemas digestivos;
Um ajuste completo ao trabalho noturno não acontece rápido o
suficiente, o sistema de controle o trabalhador é apenas
parcialmente trocado para trabalhar a noite e dormir ou repousar
durante o dia. O resultando é um sono insuficiente em qualidade e
em quantidade, com recuperação inadequada resultando em fadiga
crônica juntamente com seus sintomas associados.
Devemos considerar ainda como fator de interferência na relação
saúde e trabalho noturno a suscetibilidade individual que determina
em muitos casos a adaptação mais rápida ou a não adaptação do
individuo ao turno noturno. Uma porcentagem alta de indivíduos
(25%) cedo ou tarde abandona o trabalho noturno por não se
ajustarem; principalmente pelos prejuízos à saúde e a vida social.
A idade; indivíduos acima de 40 anos, têm menor resistência ao
estresse/cansaço, o que deve ser considerado juntamente com a
preferência do funcionário e avaliações periódicas de sua saúde.
Nas mulheres as alterações hormonais, alterações do ciclo
menstrual, dores menstruais, menores índices de gravidez e um
maior de abortos são problemas facilmente identificados.
Aspectos sociais
A interrupção da vida familiar pelo menos de forma parcial é
inevitável ao individuo que trabalha a noite, da mesma maneira seu
convívio com amigos, contatos sociais, outras atividades
profissionais, de lazer são significativamente afetadas, com isso ele
não tem muitas opções do que fazer com seu tempo livre, pois na
maioria das vezes seus horários não lhe permitem realizar
atividades junto àqueles que lhe interessam. Isso pode ser
causador de um sentimento de isolamento social, como se
estivesse à margem da sociedade, um aspecto importante que
merece um olhar atento do ponto de vista psicológico.
Nas empresas onde o trabalho noturno é necessário faz-se algumas
recomendações a fim de amenizar os prejuízos causados pela sua
implementação.
Indivíduos maiores de 25 anos e menores de 50 anos;
Rotações de curto prazo;
Evitar o turno noturno contínuo;
Após o turno noturno seguir de descanso mínimo de 24h;
Rotações no sentido horário;
Finais de semana com mínimo de dois dias de descanso;
Mesmo em pessoas onde a adaptação ao turno noturno é boa,
algumas desordens orgânicas são proeminentes, as medidas para
amenizar esse ritmo de trabalho inadequado devem ser adotadas.
O corpo e a mente humana são feitos para dormir a noite e estarem
ativos durante o dia.
Referência bibliográfica:
KROEMER K.H.E. e GRANDJEAN E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre, Bookman, 2005.
MARZIALE, M. H. P. e ROZESTRATEN, R. J. A. Turno alternante: fadiga mental de enfermagem. Rev. Latino-americana de Enfermagem – Ribeirão Preto – v. 3 – n. 1 – p. 59-78 – janeiro 1995
ROTENBERG, L. e cols. Gênero e trabalho noturno: sono, cotidiano e vivências de quem troca a noite pelo dia. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 17(3):639-649, mai-jun, 2001