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Em primeiro lugar, partimos do pressuposto de que os entrevistados sabiam do que estavam falando ao se declararem de direita ou de esquerda dentro de espectro político ideológico “Esquerda – Direita”. Isto é, sabiam que se considerava extrema esquerda como de ideais extremamente liberais e de extrema direita como de ideais extremamente conservadores. O pressuposto se justifica, pois, as pessoas que não sabiam e as que não quiseram responder somam em torno de 17 %, o que indica que os demais estavam seguros de suas opções ao se dividir entre os extremos “esqueda-direita”. Agora, resta pensar o porquê de uma nação que geralmente elege líderes mais liberais do que conservadores em sua eleição, tende a se declarar em praticamente todas as pesquisas, como ideologicamente conservadores. A nossa hipótese é de que esse “porquê” esteja ligado às religiões. Antes de justificar essa afirmação, vamos à alguns exemplos. Na ultima eleição dos Estados Unidos (2008), o candidato republicano John McCain enfrentou um cenário complicado diante dos evangélicos, grupo de eleitores tradicionalmente republicanos que alavancou a votação do partido nas eleições passadas. Alguns grupos de batistas, maior denominação evangélica do país, sentiam-se relutantes em apoiar um candidato tão "liberal" quanto McCain.

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Neste livro, Kolbert apresenta ao leitor doze espécies — algumas desaparecidas, outras em vias de extinção — e, partir daí, chega à conclusão assustadora de que uma quantidade inigualável de animais está desaparecendo bem diante de nossos olhos. Ao mesmo tempo, a jornalista traça um panorama de como a extinção tem sido entendida pelo homem nos últimos séculos, desde os primeiros artigos sobre o tema, do naturalista francês Georges Cuvier, passando por Charles Lyell e Charles Darwin, até os dias de hoje. Kolbert mostra que a sexta extinção corre o risco de ser o legado final da humanidade e nos convida a repensar uma questão fundamental: o que significa ser humano?

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Em primeiro lugar, partimos do pressuposto de que os entrevistados

sabiam do que estavam falando ao se declararem de direita ou de esquerda

dentro de espectro político ideológico “Esquerda – Direita”. Isto é, sabiam que

se considerava extrema esquerda como de ideais extremamente liberais e de

extrema direita como de ideais extremamente conservadores.

O pressuposto se justifica, pois, as pessoas que não sabiam e as que

não quiseram responder somam em torno de 17 %, o que indica que os demais

estavam seguros de suas opções ao se dividir entre os extremos “esqueda-

direita”.

Agora, resta pensar o porquê de uma nação que geralmente elege

líderes mais liberais do que conservadores em sua eleição, tende a se declarar

em praticamente todas as pesquisas, como ideologicamente conservadores.

A nossa hipótese é de que esse “porquê” esteja ligado às religiões.

Antes de justificar essa afirmação, vamos à alguns exemplos.

Na ultima eleição dos Estados Unidos (2008), o candidato republicano

John McCain enfrentou um cenário complicado diante dos evangélicos, grupo

de eleitores tradicionalmente republicanos que alavancou a votação do partido

nas eleições passadas. Alguns grupos de batistas, maior denominação

evangélica do país, sentiam-se relutantes em apoiar um candidato tão "liberal"

quanto McCain.

"É basicamente uma escolha entre um liberal e um ultra-liberal", disse

Jodie Sanders, freqüentador da igreja batista no Texas, um reduto republicano,

sobre McCain e o provável candidato democrata Barack Obama.

Dan Yoder, pastor de uma pequena igreja em Springfield, Tennessee,

disse que terá que "tampar o nariz" quando for votar em McCain, mas que a

outra opção é pior já que Obama é um "socialista convicto".

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Assim, a opção conservadora que seria a favorita do grupo religioso não

estava disponível. Ter-se-ia que usar um voto estratégico, ou seja, votar num

candidato liberal para que um mais liberal ainda não assumisse o poder.

McCain era visto com suspeitas nos círculos evangélicos conservadores

por causa de seu passado de apoio à medidas consideradas muito liberais,

como apoio a pesquisas com células tronco, apoio a uma reforma na legislação

de imigração e seu fracasso em apoiar uma proibição federal do casamento

gay.

O Candidato freqüenta uma igreja afiliada ao Congresso, em Phoenix,

mas seus laços com a religião parecem não tê-lo ajudado a se conectar com o

eleitorado em assuntos que eles consideram importantes.

Portanto, os interesses políticos e religiosos desses eleitores estão

intimamente ligados, e não só estão ligados como são de extrema importância,

sobrepondo-se a outros interesses não ligados à sua ideologia religiosa, o que

deve se aplicar a todos os grupos religiosos.

Segundo o artigo de Dermi Azevedo, em “A Igreja Católica e seu papel político no Brasil.”

O processo de mudança de paradigmas na Igreja ganha força a partir

dos anos de 1960, sob a influência do Concílio Vaticano II. Nas décadas de

1950 a 1960, a Igreja no Brasil prioriza a questão do desenvolvimento. Ao

contrário da posição adotada diante do regime do Estado Novo, de Getúlio

Vargas, em que a Igreja assumiu uma posição conciliatória diante do regime de

exceção, a CNBB desempenha um papel chave na articulação da sociedade

civil, em defesa dos direitos humanos, das liberdades democráticas, da reforma

agrária, dos direitos dos trabalhadores e da redemocratização. Durante o

Vaticano II, em 1964, a Assembléia Geral da CNBB, realizada em Roma,

decide assumir o Planejamento Pastoral como seu instrumento metodológico

de renovação (denominado, na época, aggiornamento). Esse processo

concretiza-se, no país, por meio do Plano de Pastoral de Conjunto (PPC),

fundamentado, por sua vez, na atuação da Ação Católica e na experiência da

CNBB, fundada, em 1952, por iniciativa de D. Hélder Câmara. Em todo esse

processo, a Igreja tenta integrar-se, cada vez mais, à sociedade civil e aos

movimentos sociais.

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Em detrimento dessas reformas feitas pela Igreja Católica nos anos 60,

quando ela passou a ter um cunho mais esquerdista e socialista, setores mais

conservadores da sociedade brasileira se identificaram com as religiões

neopentecostais — ditas “evangélicas”.

Assim, as religiões evangélicas passam a ser mais conservadoras do

que as católicas, porém os ideais desta ultima não migram de forma alguma

para o outro extremo, o liberal. O que faz com que ambos os grupos reflitam

seus ideais ao serem questionados sobre seu posicionamento dentro do

espectro “esquerda - direita”.

Com o crescimento desse segmento e a abertura política nos anos 80,

preenche-se aos poucos a representação cristã conservadora e moralista que

faltava na política nacional.

O papel da igreja acaba, portanto, ultrapassando o fornecimento de

ideais conservadores para se eleger líderes políticos, ela mesma põe seus

líderes de suas igrejas dentro do cenário político, poupando o eleitor de ter que

decidir se um candidato é mais conservador que outro.

Dados os exemplos, partamos para uma análise do conservadorismo e

liberalismo dentro das religiões.

O que diz a doutrina de cada religião em relação ao aborto e ao

homossexualismo?

Católica:

Desde o século IV condena o aborto em qualquer estágio e em qualquer

circunstancia, permanecendo até hoje como opinião e posição oficial da igreja

católica.

A igreja católica considera que a alma é infundida no novo ser no

momento da fecundação; assim, proíbe o aborto em qualquer fase, já que a

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alma passa a pertencer ao novo ser no preciso momento do encontro do óvulo

com o espermatozóide.

A punição que a igreja católica dá a quem faz o aborto, é a excomunhão.

Isso significava que lhe seriam negados todos os sacramentos e sua

comunicação com a igreja: uma punição eterna no inferno.

Em 1976 o Papa Paulo VI disse que o feto tem "pleno direito à vida" a

partir do momento da concepção. Ou seja, a mulher não tem nenhum direito de

abortar, mesmo para salvar sua própria vida.

A respeito dos métodos contraceptivos, a doutrina prega que não devam

ser utilizados pois Deus é que decide quando o feto será concebido, não

devendo a mulher se utilizar de ferramentas para impedir a vontade dele.

A doutrina católica basicamente condena as relações homossexuais e o

casamento gay. O papa João Paulo 2º lançou em 1992 o Catecismo da Igreja

Católica. Segundo o Catecismo, a tradição cristã tem como base a Sagrada

Escritura que considera os atos de homossexualidade graves depravações.

Tais atos são “intrinsecamente desordenados”, contrários à lei natural e

em nenhum caso podem ser aprovados. As pessoas homossexuais, portanto,

são chamadas a viver a abstinência sexual.

Evangélica:

Apesar de não ser uma instituição Una como a igreja católica, isto é, não

ter uma cede e ensinamentos centrais, em sua generalidade rejeitam o aborto.

Porém, cabe a ressalva de que, em casos que a mãe possa estar em risco, o

médico é quem decidirá qual dos dois, feto ou mãe, deve ter prioridade para

sobreviver. Não devendo a mãe, ou qualquer outro parente interferir nessa

decisão.

Ainda assim, casos de estupros, gravidez acidental, concepções em

estados de insuficiência financeira, ou qualquer outro tipo de situação que não

ponha em risco a vida da mãe, o aborto é estritamente proibido, com a mesma

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pena da igreja católica, ou seja, a excomunhão ou “perda da liberdade”, e o

posterior sofrimento eterno no inferno.

Quanto aos métodos contraceptivos, partilham em sua maior parte das

doutrinas do catolicismo, porém com uma maior flexibilidade.

Apesar de em geral não aceitar a prática homossexual de seus adeptos,

as igrejas evangélicas pregam que os mesmos devem ser trazidos e

convertidos, ou curados.

Uma exceção aparece recentemente em que foi fundada uma igreja

evangélica gay, mas que não é levada a sério, ou melhor, considerada como

uma igreja em si pelos demais praticantes da doutrina protestante.

Espírita:

Religião extremamente difundida no Brasil, em particular o kardecismo, é

encontrada também sob outras denominações. Todas concordam, de maneira

geral, no que tange ao aborto, em considerá-lo um crime; mas por razões

diversas daquelas apontadas pela igreja católica e evangélica.

Vêem nesse ato uma recusa aos desígnios de Deus. Ao mesmo tempo,

consideram a vida do ser já existente como prioritária em relação ao ser que

ainda não existe e, havendo risco para a mãe, a interrupção da gravidez pode e

deve ser praticada.

O Espírito, segundo sua doutrina, sempre existiu, desligando-se pela

morte e reencarnando em outro corpo.

Para eles, portanto, o aborto não é a "morte" de um ser. O que existe é

a frustração de um Espírito que tem seu corpo abortado. Se as razões para

esta interrupção da gravidez forem injustificáveis, os causadores terão naquele

espírito um inimigo perigoso, causa de males futuros.

Não há unanimidade e respeito do emprego de métodos contraceptivos

entre os seguidores das diversas interpretações do espiritismo.

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Para a religião kardecista, de acordo com Mariuccia Marciano, "o espírito

não tem sexo, tem potencialidades masculinas e femininas, que após muitas

encarnações atingem um equilíbrio". Embora aceitem o fato, assume-se a

posição de que os homossexuais devem ser celibatários.

Na teoria kardecista os homossexuais são espíritos femininos que se

reencarnaram em corpos masculinos como forma de remissão de erros

passados.

Candomblé:

Afirmam que não há restrições à vida sócio-afetiva (incluindo o

relacionamento sexual) dos adeptos, sendo o aborto permitido por sacerdotisas

e sacerdotes conhecidos.

Abrem, no entanto uma exceção a essa liberdade, quando se constata

que a concepção daquele feto ocorreu durante um período de recolhimento

religioso, pois neste caso poderia ter-se dado por injunções alheias à vontade

daquela mulher que devem ser por ela acatadas.

Mantêm a tradição e o emprego de diversos métodos anticoncepcionais

trazidos da África em séculos passados.

No candomblé, alguns dos deuses têm características mórficas

masculinas e femininas ou algum aspecto que combina os dois sexos.

Logunedé, filho de Oxum com Oxossi, tem as duas características

sexuais; Oxumaré pode ser macho ou fêmea devido ser uma serpente sagrada

e Oxalá, o pai de todos os deuses, veste-se sempre de mulher.

Assim, devido a vontade ou influencia desses deuses, as pessoas

podem ter as mesmas características mórficas, o que seria normal.

Através de toda essa análise, pode-se notar uma gradativa diminuição

do conservadorismo conforme a secularização das instituições religiosas.

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Ou seja, religiões mais conservadoras como a católica e a evangélica

tenderão a ter em seus meios, adeptos mais conservadores sejam no plano

ideológico religioso ou no plano político. O que fará em suas declarações, se

dizer mais de direita do que de esquerda

Ainda dentro da esfera católica, a tendência é de que os fiéis

praticantes, por estarem mais intimamente ligados no cotidiano e doutrina da

igreja, se declarem ainda mais conservadores do que aqueles não praticantes.

Segundo o senso realizado pelo IBGE em 2000, o catolicismo, entre

praticantes e não praticantes abrange 73,8 % da população brasileira, e

protestantismo alcança os 15,4%. Já as demais religiões chegam juntas a

apenas 3,4%, enquanto os que se dizem sem religião somam os restantes

7,4%.

Portanto A população brasileira é majoritariamente cristã (89%), sendo

sua maior parte católica (70%).

Agora, segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha:

A maioria (51%) dos simpatizantes do PSDB no Brasil se diz de direita,

segundo pesquisa Datafolha realizada em 20 e 21 de maio, com 2.660 pessoas

em todo o país. Entre os petistas, a taxa dos que se declaram de direita é de

35%.

O Datafolha realiza esse estudo há mais de 20 anos.

A pergunta é formulada assim: “Como você sabe, muita gente quando pensa

em política utiliza os termos esquerda e direita. No quadro que aparece neste

cartão [numerado de 1 a 7], em qual posição você se coloca, sendo que a

posição “um” é o máximo à esquerda e a posição “sete” é o máximo à direita?”

Apesar de o PT ser um partido associado a ideias de esquerda, apenas 32%

dos seus simpatizantes se declararam seguidores dessa orientação ideológica.

No caso do PSDB, a taxa é de só 13%.

A estratificação isolando a intenção de voto para presidente mostra que 35%

dos eleitores de Dilma Rousseff (PT) se dizem de direita, 26% de esquerda e

16% de centro. No caso de José Serra (PSDB), há 43% de direita, 17% de

esquerda e 18% de centro.

Desde 1989, quando o Datafolha começou esse tipo de estudo, houve pouca

variação na declaração de orientação ideológica. Apesar das pequenas

flutuações ao longo dos anos, o total dos que se dizem hoje à direita é idêntico

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ao de 21 anos atrás: 37%.

A rigor, quando se considera os que se declaram de centro (posição número 4

na cartela da pesquisa) e os levemente inclinados à direita (posição 5) ou à

esquerda (posição 3), pode-se dizer que um terço dos brasileiros prefere se

colocar no centro do espectro político.

A soma dos que se dizem de centro, centro-direita e centro-esquerda é de

38%. O percentual é maior do que os daqueles que se dizem mais à esquerda

(12%) ou mais à direita (24%). Outros 25% não souberam responder e 1% deu

outras respostas

Através dessa pesquisa percebe-se que a maioria dos eleitores se diz de

direita apesar de preferirem partidos convencionalmente posicionados no outro

extremo ideológico.

Portanto, tentaremos explicar essa discrepância através do fator

religioso como ator principal quando o entrevistado, que tem maior

probabilidade de ser cristão, se declara de direita.

BIBLIOGRAFIA:

Coluna do jornal O Estado de S. Paulo – Nelson Motta – pag. A8/Nacional/sexta-feira, 4 de Junho de 2010

http://blogs.diariodonordeste.com.br/egidio/direita-e-esquerda-em-uma-

pesquisa-do-datafolha/

http://noticias.gospelmais.com.br/igreja-evangelica-permite-casamento-

gay.html

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

40142004000300009

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u410723.shtml - acessado em: 10/06/2008 - 10h00

http://www.jornalopcao.com.br/index.asp?secao=Reportagens&idjornal=101&idrep=944 - acessado em: 10/06/2008 - 10h10

http://povodebaha.blogspot.com/2006/12/conservadorismo-e-liberalismo.html

http://ninhotucano.wordpress.com/2008/06/22/istoe-a-fe-da-juventude/

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http://www.aborto.com.br/religiao/index.htm

http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=564