24
Análise de 2013 e panorama para 2014 Transações e tendências no setor de energia Fusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos Building a better working world

Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

Análise de 2013 e panorama para 2014

Transações e tendências no setor de energiaFusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos

Building a better working world

Page 2: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

Matt RennieLíder global na TAS para energia e serviços públicos@MattRennie_EY

IntroduçãoTenho o prazer de apresentar o relatório anual de Transações e tendências no setor de energia da EY, que oferece nossa análise dos negócios feitos em 2013 e uma perspectiva para 2014.

O ano de 2013 foi um ano estimulante e ativo nas transações do setor de energia e serviços públicos. Os volumes dos negócios aumentaram consideravelmente ao longo do ano, impulsionados pela consolidação do setor, reformas do mercado e oportunidades contínuas nos países em desenvolvimento, e elas devem aumentar ao longo de 2014, com várias transações de grande porte a caminho. Resultados de recentes pesquisas do Capital Confidence Barometer da EY apontam maior disponibilidade de capital, com diretores exibindo interesse renovado em aquisições de empresas acima e abaixo da cadeia produtiva e foco em inovação. Em um ambiente de pressão sobre o preço das vendas no atacado na Europa e nos Estados Unidos, os serviços públicos estão se mostrando dispostos a ir em busca de transações internacionais, nas quais seja possível explorar sinergias e os rendimentos possam ser aumentados por meio da diversificação.

Esta edição da Transações e tendências no setor de energia oferece um resumo detalhado da atividade em 2013 e, mediante solicitação dos nossos clientes, mais informações regionais do que antes. Também incluímos comentários de cinco líderes regionais de transações da EY (consulte as páginas 8-19) das regiões onde esperamos maior foco para os serviços públicos em 2014 e 2015. Mais especificamente, o mercado japonês de energia elétrica está passando por reformas significativas, que apresentarão implicações abrangentes tanto para os serviços públicos que já operam nesse mercado quando para novos concorrentes. Na África, a entrada de investimento da China e de outros países para satisfazer a rápida e crescente demanda por energia está proporcionando o surgimento de oportunidades amplas e inovadoras para investimentos em projetos greenfield.

Nossa comunidade global da Transaction Advisory Services (TAS) no setor de energia e serviços públicos abrange 85 parceiros de empresas associadas da EY em uma rede com mais de 860 profissionais. Nossa profunda experiência é um dos principais motivos pelo qual nossos clientes escolhem trabalhar conosco. Nosso objetivo prático é criar e fomentar as transações mais bem-sucedidas neste setor.

Não hesite em entrar em contato com qualquer comentário sobre este relatório e outras publicações de liderança de ideias da EY, ou caso a EY possa ajudar você de qualquer outra maneira.

Índice2013: um ano em análise 1Síntese global e panorama regional 4Perspectivas locais 7 África 8

Brasil 10

Região do Golfo, Oriente Médio e Norte da África 12

Japão 14

Estados Unidos 16

Panorama de transações para 2014 18Contatos globais na TAS para energia e serviços públicos da EY 20

Page 3: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

1Fusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos – análise de 2013 e panorama para 2014

O ano de 2013 foi intenso para as transações do setor de energia e serviços públicos, com a atividade das transações aumentando durante o ano e volumes alcançando o ponto máximo dos últimos três anos. Com um valor total de US$ 125,4 bilhões em 398 negócios ao longo do ano, a atividade das transações está apresentando sinais de recuperação; estes números representam um crescimento de 30,1% em volume de negócios e de 4,1% em valor de negócios se comparados com os números de 2012.

Durante o 3.° e o 4.° trimestres, três impulsionadores começaram a ganhar destaque, e esperamos que continuem a determinar a atividade em 2014:

1. Os serviços públicos dos mercados desenvolvidos estão reequilibrando suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos preços para o consumidor, o que leva a aquisições de negócios acima e abaixo da cadeia produtiva.

2. Iniciativas de reforma promovidas por governos – muitas vezes em relação aos crescentes níveis de preço – estão promovendo a desagregação do setor em algumas partes do mundo como o Japão e, de modo oposto, a integração vertical em regiões com entidades estatais, como a Austrália.

3. Os mercados em desenvolvimento na Ásia e na África continuam recebendo investimento de grande escala em resposta aos programas governamentais de eletrificação.

O reequilíbrio e a consolidação foram os principais promotores da atividade das transações durante 2013.

Os serviços públicos se reequilibraram e se consolidaram em resposta a um cenário de preços baixos no atacado e excesso de capacidade

A previsão de baixa lucratividade em vários mercados desenvolvidos está fazendo com que empresas locais decidam se reequilibrar.

Ao longo de 2013, os serviços públicos europeus mantiveram o foco no fortalecimento dos seus balanços patrimoniais, reestruturando suas carteiras de ativos com o anúncio da alienação de diversos ativos durante o ano; em 2013 vimos um saldo cumulativo de desinvestimentos de ativos próximo de US$ 30 bilhões.1

2013: um ano em análiseReequilíbrio, reformas e mercados emergentes: os três

impulsionadores dominantes por trás das transações do setor de energia e serviços públicos em 2013.

A alemã E.ON SE ultrapassou sua meta de desinvestimentos de € 15 bilhões (US$ 20,5 bilhões) em mais de € 4 bilhões (US$ 5,5 bilhões).

2 A RWE AG continua disposta a explorar a alienação de vários dos seus ativos caso o mercado seja capaz de fazer propostas razoáveis.

Os baixos preços no atacado, a baixa demanda por energia e a crescente participação da energia renovável também estão gerando transações em outros locais. A italiana Enel SpA, a dinamarquesa Dong Energy e a finlandesa Fortum Corporation anunciaram grandes alienações de ativos durante 2013.

Boa parte do capital obtido a partir de desinvestimentos e corte de despesas foi destinada aos mercados emergentes na América Latina e no Leste Europeu. Também estamos vendo os serviços públicos ampliarem cada vez mais a presença em novas áreas como eficiência energética e serviços de gestão de energia, para consolidar a participação existente no mercado e focar em novas áreas onde é possível alcançar maior lucro. Durante 2013, as empresas E.ON e GDF Suez se envolveram em diversas aquisições de empresas de serviços de energia elétrica na Europa e em outras partes do mundo.

Figura 1. Panorama das transações globais de E&SP

Fonte: Análise da EY com base em dados Mergermarket

Obs.: a divisão dos negócios regionais exclui transações no Oriente Médio e na África, totalizando aproximadamente US$ 1,4 bilhão.

Américas Europa Ásia-Pací�co

Geração

US$4.4b

US$12.4b

US$10.9b

Fontes renováveis

US$6.1b

US$5.7b

US$4.6b

Integrados, água e outros

US$21.8b

US$8.9b

US$17.1b

T&D

US$2.7b

US$7.5b

US$23.1b

1. De acordo com análise da EY.

2. E.ON To Sell 73% Stake In E.ON Mitte In EUR 610 Mln Cash Deal” [E.ON deve vender participação de 73% na E.ON Mitte em acordo de 610 milhões de euros], NASDAQ, www.nasdaq.com/article/eon-to-sell-73-stake-in-eon-mitte-in-eur-610-mln-cash-deal-20131217-01084, acessado em 17 de dezembro de 2013.

Page 4: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

2 Transações e tendências no setor de energia

Um número cada vez maior de serviços públicos também está adquirindo ativos acima da cadeia produtiva, particularmente no Reino Unido, com a aquisição de licenças para explorar e extrair gás de xisto pelas empresas Centrica Plc e GDF Suez. O Capital Confidence Barometer da EY de outubro de 2013 destacou esta tendência, com diretores das empresas de serviços públicos preferindo cada vez mais explorar oportunidades acima e abaixo da cadeia produtiva e se concentrando na exploração de novas tecnologias.

O constante estímulo regulatório para a energia renovável, particularmente na Alemanha, fez com que muitas empresas de serviços públicos europeias fechassem ou desativassem suas usinas alimentadas a carvão ou gás e se concentrassem em energia renovável em 2013. Investidores financeiros, particularmente fundos de infraestrutura e pensão, demonstraram grande interesse em ativos europeus de energia renovável ao longo do ano, divulgando que os lucros oferecidos por usinas de energia renovável superam muitos dos títulos da dívida pública federal.

EUA observam diversas vendas de ativos; um caso de negócio pronto para mais consolidação

Nos EUA, os baixos preços no atacado, regulamentações ambientais rígidas e otimização de carteiras por parte de serviços públicos híbridos dominaram os impulsionadores de negócios ao longo de 2013. Serviços públicos diversificados, como as empresas FirstEnergy e Dominion Resources, anunciaram a venda de diversos ativos durante o ano como parte de uma estratégia para reestruturar suas carteiras de ativos com operações regulamentadas estáveis e com crescimento financeiro. Alguns destaques de tais negócios incluíram a aquisição da concorrente Ameren pela Dynegy por US$ 599 milhões, a aquisição das usinas alimentadas a combustíveis fósseis da Dominion Resources pela Energy Capital Partners por US$ 650 milhões e a venda de ativos de geração não estratégicos por parte da FirstEnergy.

Tabela 1. Os 10 principais negócios globais de E&SP em 2013

Fonte: Análise da EY com base em dados Mergermarket*Posteriormente os acionistas da China Resources Power Holdings rejeitaram a proposta de fusão.

Data do anúncio Alvo País/território do alvo

Ofertante País/território do ofertante

Valor dos negócios (milhões de US$)

Hipótese para a transação Segmento

29 de maio NV Energy, Inc. EUA MidAmerican Energy Holdings Company

EUA 10.363 Expandir a presença geográfica e a base de clientes

Serviços integrados

10 de maio China Resources Gas Group Ltd*

China China Resources Power Holdings

Hong Kong 7.009 Alcançar sinergias de despesa e receita com uma alocação mais eficaz de recursos e despesa de capital

Serviços integrados

31 de julho Invensys Plc Reino Unido Schneider Electric SA França 4.599 Expandir as soluções de gestão energética, alcançar sinergias de despesa e receita

Serviços energéticos (outros)

11 de dezembro UNS Energy Corporation

EUA Fortis Inc. Canadá 4.303 Expandir a presença geográfica e a base de clientes nos EUA

Serviços integrados

13 de agosto Moscow Integrated Power Company OJSC (89,98% de participação)

Rússia Gazprom Energoholding Rússia 3.786 Parte do programa de privatização do governo municipal de Moscou; continuação da diversificação para a Gazprom

Serviços integrados

12 de dezembro Fortum Espoo Distribution Oy; Fortum Sahkonsiirto Oy

Finlândia Suomi Power Networks Oy

Finlândia 3.506 Parte do programa de desinvestimento de ativos não estratégicos da Fortum

Transmissão e distribuição

15 de janeiro Slovensky Plynarensky Priemysel AS (49% de participação)

Eslováquia Energeticky a Prumyslovy Holding, a.s.

República Tcheca 3.467 Desinvestimento por parte da GDF Suez e E.ON Ruhrgas

Transmissão e distribuição

15 de março Quatro redes de distribuição de energia

Turquia Enerjisa (joint venture da turca Sabanci e da alemã E.ON SE)

Turquia 3.460 Privatização, investimento em um mercado de maior crescimento

Transmissão e distribuição

5 de abril Total Infrastructures Gaz France SA

França EDF SA; Snam S.p.A.; Empresa de Investimentos do Governo de Cingapura

França; Itália; Cingapura

3.119 Acesso a um ponto estratégico de interconexão no mercado de gás europeu; parte da estratégia de desinvestimento da Total

Transmissão e distribuição

18 de outubro Edison Mission Energy

EUA NRG Energy, Inc. EUA 3.117 Expandir a carteira de energia limpa e geração básica

Geração

Page 5: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

3Fusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos – análise de 2013 e panorama para 2014

Durante o ano de 2013 também vimos o interesse de diversos compradores que buscavam fortalecer suas carteiras em um momento de avaliações relativamente baixas. O Carlyle Group, por exemplo, investiu mais de US$ 1,2 bilhão em ativos de energia após a aquisição da Cogentrix no fim de 2012.3 Junto com a Cogentrix, sua afiliada do setor de energia, a empresa adquiriu a Red Oak, uma usina a gás natural com capacidade instalada de 823 MW em Nova Jérsei (EUA), assim como outras cinco usinas elétricas na Califórnia em setembro de 2013.4

A perspectiva de baixo crescimento da demanda deixa o caso de negócio pronto para uma consolidação mais profunda, visto sob a ótica de alguns dos grandes negócios realizados durante o ano. Grandes empresas de serviços públicos e conglomerados com experiência comprovada na gestão de áreas de atendimento em diversas jurisdições permaneceram à frente, adquirindo serviços públicos com fluxos de caixa estáveis em ambientes regulatórios favoráveis.

A MidAmerican Energy Holdings anunciou a aquisição da NV Energy, Inc., um serviço público com sede em Nevada (EUA), por US$ 10,4 bilhões e a TECO Energy assinou um acordo para a compra da New Mexico Gas Company por US$ 950 milhões. O negócio da NV Energy, Inc. foi o maior do setor em 2013. O múltiplo obtido em ambas as transações (8,9x e 11x o EBITDA, respectivamente) reflete a crescente preferência por ativos com um fluxo comprovado de receitas, ambiente regulatório favorável e possíveis upsides nos fluxos.

A tendência persistiu durante o segundo semestre do ano, com a NRG Energy, Inc. expandindo seus ativos básicos de geração e energia eólica com a aquisição da Edison Mission Energy por US$ 2,64 bilhões no 4.° trimestre. Separadamente, a empresa Avista Corporation de Washington (EUA) anunciou sua expansão para o estado do Alasca com a aquisição da Alaska Energy and Resources Company (AERC).

As atividades de investimentos nos mercados emergentes continuam fortes, assim como as transações entre países

Durante o ano de 2013 vimos um crescente número de serviços públicos buscando ir além dos seus mercados primários e expandindo a presença global.

A tendência dos serviços públicos europeus foi de aquisições nos mercados emergentes da América Latina, Leste Europeu e África. Os investidores chineses continuaram se concentrando em expansões em uma gama muito mais ampla de áreas em todo o mundo, apoiados pelo excedente de suas reservas cambiais e em resposta a políticas domésticas para a redução da amplitude da geração interna com geração intensiva de carbono.

A Cheung Kong Holdings Ltd do magnata Li Ka-shing e suas empresas parceiras acordaram a compra da empresa holandesa de processamento de resíduos AVR Afvalverwerking BV do Van Gansewinkel Groep BV por US$ 1,3 bilhão em junho. O negócio foi o segundo investimento da Cheung Kong Holdings Ltd em empresas de processamento de resíduos no ano, após o anúncio em janeiro da compra da neozelandesa EnviroWaste por US$ 405 milhões.

Após entrar em negócios de transmissão e distribuição significativos em Portugal e no Brasil em 2012, a maior empresa estatal de transmissão da China adquiriu participação de 60% na SPIAA e de 19,9% na SP AusNet, ambas ativos de propriedade da Singapore Power. Anteriormente a empresa havia adquirido participação de 40% na ElectraNet, uma fornecedora de energia elétrica do sul da Austrália.

Em contrapartida, em 2013 os investidores financeiros japoneses focaram-se em ativos regulados na Europa em busca de rendimentos estáveis. No ano de 2013 também vimos empresas comercializadoras e investidores financeiros japoneses investindo em serviços públicos de água e gestão de resíduos na Europa. A Sumitomo Corporation adquiriu a empresa britânica de abastecimento de água Sutton & East Surrey Water PLC por cerca de US$ 260 milhões em fevereiro. Esperamos que as reformas substanciais no setor energético japonês5 também venham a proporcionar um aumento significativo na entrada de atividades nesse país ao longo dos próximos anos, quando investidores dos EUA, Ásia e Europa começarem a avaliar o potencial de lucratividade no mercado recém-desregulamentado.

Em março de 2013 a alemã E.ON SE expandiu sua posição de mercado no Brasil ao aumentar de 11,7% para 36,1% sua participação na MPX, a empresa do ramo energético do grupo brasileiro EBX. A E.ON prosseguiu com a aquisição de uma participação de 9% na unidade de gás natural da OGX Petróleo e Gás Participações SA, uma empresa brasileira de petróleo e gás. A Enel Green Power identificou a América do Sul como a região focal para futuro crescimento, junto com a África.6

Os investidores de serviços públicos canadenses continuaram ávidos por transações no mercado regulado de serviços públicos dos EUA. Em dezembro de 2013, a canadense Fortis adquiriu a americana UNS Energy Corporation, baseada no Arizona, por US$ 2,5 bilhões, o que representa a segunda aquisição de empresa de serviços públicos nos EUA em dois anos, após a conclusão da aquisição da CH Energy Group, Inc. por US$ 969 milhões em junho de 2013. Fique alerta, pois devem acontecer mais negócios estratégicos transfronteiriços nos próximos meses.

3. “The Carlyle group to acquire six power plants in California, New Jersey” [O grupo Carlyle deve adquirir seis usinas elétricas na Califórnia e Nova Jérsei], Marketwatch, 9 de setembro de 2013.4. “Carlyle to acquire 823-MW NJ gas plant after closing purchase of 5 Calif. Plants” [Carlyle deve adquirir usina a gás de 823 MW em NJ após a compra de 5 usinas na Califórnia], SNL Financial, 9 de setembro de 2013.

5. “Japan passes law to launch reform of electricity sector” [Japão aprova lei para reforma do setor elétrico], Reuters, www.reuters.com/article/2013/11/13/japan-power-deregulation-idUSL4N0IY08820131113, acessado em 13 de novembro 2013.6. “Enel Green Power looks to Africa, Latin America for growth” [Enel Green Power busca crescimento na África e América Latina], Reuters, www.reuters.com/article/2013/11/06/us-enel-greenpower-idUSBRE9A511F20131106, acessado em 6 de novembro de 2013.

Page 6: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

4 Transações e tendências no setor de energia

0

30 21.7 26.0

47.9

19.027.6 25.3

33.0 31.7 35.560

90

120

150

4T20

11

1T20

12

2T20

12

3T20

12

4T20

12

1T20

13

2T20

13

3T20

13

4T20

13

Valor total dos negócios (bilhões de US$) Volume de negócios

Síntese global e panorama regionalApesar do impacto de importantes temas no cenário macro, atualmente os propulsores das transações são locais, refletindo as diversas transformações comerciais e regulatórias no âmbito de cada região.

Figura 2. Valor e volume de negócios globais de Energia e Serviços Públicos do 4T 2011-4T 2013

Fonte: Análise da EY com base em dados Mergermarket

Figura 3. Contribuição do segmento para o valor total dos negócios (bilhões de US$) 1T 2012-4T 2013

Fonte: Análise da EY com base em dados Mergermarket

0

10

20

30

40

50

60

1T20

12

2T20

12

3T20

12

4T20

12

1T20

13

2T20

13

3T20

13

4T20

13

Geração T&D Fontes renováveis Outros

O ano de 2013 foi um ano forte em termos de atividade das transações do setor de energia e serviços públicos, com cada trimestre apresentando um aumento constante no volume de negócios e transações ultrapassando valores de US$ 30 bilhões em três dos quatro trimestres. Embora muitas das transações

bilionárias tenham envolvido serviços públicos integrados, particularmente na Europa e nos EUA, os negócios de energias renováveis dominaram o volume total das transações, representando mais de 41% da atividade das transações no ano. Abaixo apresentamos um panorama das transações de 2013.

Américas

• A atividade das transações nas Américas cresceu 36% ao longo do ano; o excedente de gás nos EUA e o interesse contínuo de investidores europeus nos mercados em expansão da América Latina impulsionaram as transações na região.

• Uma melhor qualidade de crédito e taxas de juros mais baixas sustentaram a atividade nos mercados de capitais. Embora recentemente tenhamos visto aumentos nas taxas de juros, há provas de que existe também um aprimoramento no acesso ao capital, que estimulará a atividade em 2014.

• Ao longo do ano, uma série de grandes empresas de serviços públicos adquiriu negócios de pequeno/médio porte fora de suas regiões; as novas aquisições impulsionaram a previsibilidade de seu fluxo de caixa e também a eficiência de escala. Fatores como eficiência energética e geração distribuída continuam a reduzir a demanda energética nos EUA.

• A América Latina surgiu como um mercado aquecido para os investidores europeus que buscam a diversificação. O ano de 2013 viu o volume de negócios crescer mais de 45%, com foco nas áreas de energia hidroelétrica e eólica. Além do Brasil, tanto o Chile quanto o Peru estão atraindo cada vez mais investidores. A energia eólica está surgindo como uma fonte de energia competitiva na região.

• De acordo com Ignacio Galan, presidente e CEO da Iberdrola, uma empresa espanhola de serviços públicos, até 85% dos futuros investimentos da empresa serão feitos no Brasil, Reino Unido, EUA e México, onde a empresa espera maior crescimento e estabilidade.7

• A incerteza em relação ao mix de geração no Japão incentivou os investidores japoneses a buscar outros investimentos em 2013, com investimentos em geração e gás de xisto nos EUA.

Data do anúncio Alvo País/território do alvo

Ofertante País/território do ofertante

Valor dos negócios (milhões de US$)

29 de maio NV Energy, Inc. EUA MidAmerican Energy Holdings Company EUA 10.36311 de dezembro UNS Energy EUA Fortis Inc. Canadá 4.30318 de outubro Edison Mission Energy EUA NRG Energy, Inc. EUA 3.1175 de julho Rede Energia (participação majoritária) Brasil Energisa SA Brasil 2.0772 de julho Midland Cogeneration Venture EUA GSIA: um consórcio de fundos de pensão Japão; Canadá 2.000

Fonte: Análise da EY com base em dados Mergermarket

Tabela 2. As cinco principais transações nas Américas

7. “Iberdrola bets on foreign grids as EU utility industry struggles” [Iberdrola aposta em redes internacionais enquanto o setor de serviços públicos da UE batalha], Reuters, http://uk.reuters.com/article/2013/10/22/iberdrola-strategy-idUKL5N0IC07F20131022, acessado em 22 de outubro de 2013.

Page 7: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

5Fusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos – análise de 2013 e panorama para 2014

Europa

• A persistência da crise energética na Europa deu motivos para que os serviços públicos fizessem alienações e diversificassem, aumentando o número de transações em 19% ao longo do ano. Um número menor de negócios no 4T resultou em uma diminuição de 19% no valor dos negócios durante este ano.

• A eliminação de ativos que não fazem parte do negócio principal continuou sendo o principal promotor da atividade de fusões e aquisições (M&A) na região, com os serviços públicos explorando cada vez mais opções de crescimento orgânico e inorgânico nos mercados emergentes da Turquia, Brasil, África do Sul e nas regiões central e sudeste da Europa.

Data do anúncio Alvo País/território do alvo

Ofertante País/território do ofertante

Valor dos negócios (milhões de US$)

31 de julho Invensys Plc Reino Unido Schneider Electric SA França 4.59913 de agosto Moscow Integrated Power Company

OJSC (89,98% de participação)Rússia Gazprom Energoholding Rússia 3.786

12 de dezembro Fortum Espoo Distribution Oy; Fortum Sahkonsiirto Oy

Finlândia Suomi Power Networks Oy Finlândia 3.506

15 de janeiro Slovensky Plynarensky Priemysel AS (49% de participação)

Eslováquia Energeticky a Prumyslovy Holding, a.s. República Tcheca 3.467

15 de março Rede de de distribuição de energia da Torostar; rede de energia da Ayedas; rede de distribuição da Vangolu ou Lake Van; rede da Dicle

Turquia Enerjisa; Turkerler Insaat; Iskaya Dogu OGG

Alemanha, Turquia 3.460

Fonte: Análise da EY com base em dados Mergermarket

Tabela 3. As cinco principais transações na Europa

• Em 2013 vimos algumas das principais empresas de serviços públicos adquirirem ativos nas áreas de exploração de xisto e gás natural, e de empresas de eficiência energética. Essa tendência pode ganhar impulso com o anúncio feito pelo governo do Reino Unido de políticas favoráveis para a exploração de gás de xisto e a publicação de um roteiro regulatório para 2020, o que é visto por muitos como algo favorável para os desenvolvedores de óleo e gás de xisto. O governo do Reino Unido espera que o país produza entre 122 e 245 bilhões de metros cúbicos (bmc) de gás de xisto até 2020, números que representam aproximadamente três vezes a atual demanda de gás do país.8

• No ano de 2013 também observamos um notável aumento na atividade dos investidores financeiros na região: o volume de negócios por investidores financeiros aumentou mais de 27%. Isso pode ser amplamente atribuído ao maior interesse que os investidores financeiros têm demonstrado pelos ativos regulados de transmissão e distribuição (T&D) e hídricos em todo o mundo, como evidenciado pela aquisição da NET4GAS da RWE AG pela alemã Allianz Capital Markets GmbH e pela empresa canadense de investimento em infraestrutura Borealis Infrastructure Management Inc.

• Com serviços públicos como E.ON, Vattenfall, Veolia e Fortum planejando grandes vendas de ativos, é esperado que os desinvestimentos dominem o portfólio da área de M&A na Europa.

8. “Next steps for shale gas production” [Próximas etapas para a produção de gás de xisto], Department of Energy & Climate Change, Reino Unido, 17 de dezembro de 2013.

Page 8: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

6 Transações e tendências no setor de energia

$3.2b,* 2 negócios

$0.6b, 3 negócios

$1.1b, 7 negócios$7.3b, 11 negócios $1.4b, 2 negócios

$1.7b, 8 negócios

Fluxo dos recursos financeiros (M&A em 2013)

*Este montante está relacionado aos negócios feitos pela empresa estatal chinesa de serviços públicos na Austrália; o valor exato não foi revelado, mas o setor estima um valor de aproximadamente US$ 3,2 bilhões. Fonte: análise da EY.

Data do anúncio Alvo País/território do alvo

Ofertante País/território do ofertante

Valor dos negócios (milhões de US$)

10 de maio China Resources Gas Group Limited*

Hong Kong China Resources Power Holdings Co Ltd Hong Kong 7.009

17 de dezembro Envestra Ltd. (66,95% de participação)

Austrália APA Group Ltd (anteriormente conhecido como Australian Pipeline Trust)

Austrália 3.105

18 de novembro Castle Peak Power Company Limited (60% de participação)

Hong Kong CLP Power Hong Kong Ltd.; China Southern Power Grid International (HK) Co. Ltd.

Hong Kong 3.096

5 de fevereiro LongTan Hydropower Development Co., Ltd. (85% de participação)

China Guangxi Guiguan Electric Power Co. Ltd. China 2.485

19 de outubro Guodian Anhui Power Co. Ltd. China GD Power Development Co. Ltd. China 1.600

Fonte: Análise da EY com base em dados Mergermarket*Posteriormente os acionistas da China Resources Power Holdings rejeitaram a proposta de fusão.

Tabela 4. Os cinco principais negócios na região Ásia-Pacífico

Ásia-Pacífico

• A região Ásia-Pacífico viu uma atividade significativa no espaço de M&A domésticas e transfronteiriças em 2013, com um aumento de 43% na atividade das transações e de 15% no valor dos negócios ao longo do ano.

• A China dominou os mercados de transação, liderando tanto os negócios domésticos quanto os transfronteiriços na região. A consolidação doméstica, em particular no mercado de T&D doméstico, resultou no surgimento de diversos negócios de grande porte na região. Os negócios domésticos no país foram responsáveis por mais de US$ 15 bilhões em valor de negócios, excluindo a proposta de US$ 7 bilhões para a fusão da China Resources Power Holdings com a

China Resources Gas Group, que foi rejeitada posteriormente pelos acionistas.9

• Avaliações atrativas e ativos em dificuldades encorajaram os investidores na China e no Japão a explorar oportunidades de crescimento em mercados desenvolvidos. Enquanto as maiores empresas de serviços públicos da China escolheram participar de ativos no setor de T&D de eletricidade na Austrália, os investidores japoneses exibiram atividade na Europa, adquirindo importantes ativos regulamentados na região.

• A privatização de ativos de serviços públicos na Austrália e na Nova Zelândia buscou atrair o interesse de investidores em todo o mundo. A Nova Zelândia surgiu como o líder global na arrecadação de recursos financeiros para a privatização por meio de uma oferta pública inicial (IPO) de ações em 2013.10 O governo vendeu uma participação de 49% na Meridian Energy, arrecadando aproximadamente US$ 1,56 bilhão.

• Na Austrália, o governo do estado de Nova Gales do Sul iniciou um programa de privatização dos seus ativos de eletricidade com a venda de usinas elétrica de propriedade da Eraring Energy e Delta Electricity em meados de 2013. Recentemente o governo também anunciou a AGL Energy como a vencedora no leilão da maior geradora de energia do estado, a Macquarie Generation (4.700 MW), em um negócio de AU$ 1,7 bilhão.

• Embora esperemos que programas de privatização na Oceania e de consolidação na China continuem contribuindo com a atividade das transações na região, estamos monitorando cuidadosamente a desregulamentação do setor de serviços públicos japonês, que pode definir o cenário para uma revitalização da atividade de M&A em curto e médio prazo.

Volume Valor (bilhões

de US$)China - Austrália 2 3,2 (aprox.)China - Europa 2 1,4Japão - EUA 3 0,6Japão - Europa 8 1,7Europa - América Latina 7 1,1Canadá - EUA 11 7,3

9. “China Resources Power Shareholders Reject Unit Integration,” Bloomberg, http://www.bloomberg.com/news/2013-07-22/china-resources-power-shareholders-reject-merger-plan.html, acessado em 22 de julho de 2013.

10. Privatization Raises Billions in Australia, New Zealand” [Privatização arrecada bilhões na Austrália e na Nova Zelândia], The Wall Street Journal, http://online.wsj.com/news/articles/SB10001424052702303482504579179362170155466, acessado em 5 de novembro de 2013.

Page 9: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

7Fusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos – análise de 2013 e panorama para 2014

Nas últimas edições de Transações e tendências no setor de energia, os leitores devem ter percebido um foco cada vez maior sobre os mercados do Japão, África e das Américas. Estas áreas estiveram particularmente interessantes durante 2013, não apenas porque abrigaram algumas transações complexas e de grande porte, mas porque é esperado que haja um aumento na atividade delas entre 2014 e 2017. Elas refletem de forma sólida as reformas e reequilíbrios que estamos observando em mercados que estão em estágios de desenvolvimento totalmente diferentes.

As reformas recém-anunciadas no Japão, incluindo a separação dos seus 10 monopólios verticalmente integrados, a introdução da concorrência e o inevitável aumento na complexidade e abrangência do regime regulatório, alterarão radicalmente o mercado japonês e sua composição. Nossa entrevista com Kenneth Smith, sócio-diretor da empresa Transaction Advisory Services (TAS) da EY no Japão, oferece uma perspectiva única dos prováveis impactos (consulte a página 14).

O mercado africano e sua diversidade são igualmente estimulantes. Com 54 países, uma população de mais de 1 bilhão de habitantes11 e a necessidade de cerca de 30 GW de instalação de nova capacidade até 2030, estamos vendo uma demanda extraordinária pela entrada de investimentos e atividades na África. Este relatório apresenta uma entrevista detalhada com Brunhilde Barnard, líder na TAS para energia e serviços públicos da EY na África, que é responsável por atender às necessidades dos clientes internos e externos que buscam tirar proveito destas oportunidades (consulte a página 8).

Esta edição também apresenta entrevistas com Joseph Fontana, líder na TAS para energia e serviços públicos nas Américas; Lucio Teixeira, líder na TAS para energia e serviços públicos na América do Sul; e David Lloyd, líder na TAS para energia e serviços públicos no Oriente Médio. Os participantes desses mercados estão reequilibrando suas carteiras em resposta aos promotores comerciais e institucionais, e há oportunidades consideráveis como consequência disso.

A mobilidade e a confiança no capital nunca foram tão importantes quanto serão em 2014 e 2015. Com investidores chineses, americanos, japoneses e do oriente médio potencialmente buscando investimentos externos nos mercados de maior rendimento, há oportunidades para que aqueles governos que estejam promovendo reformas atraiam capital novo caso estejam cientes das necessidades dos investidores. Esperamos ver um aumento nos volumes de transações em 2014 enquanto o mercado norte-americano continua a se consolidar, a África e o Oriente Médio continuam seus programas de expansão e reforma, e o Japão divulga suas intenções de transformação do seu mercado energético e começa a fazer progressos importantes sobre a implementação de tal plano.

Em todos os casos, os governos precisarão trabalhar de forma ativa para atrair capital novo e estar conscientes em relação aos sinais que enviam para os fornecedores de capital e financiamento. Embora nossas pesquisas sugiram que o capital está se tornando mais disponível, uma abordagem cuidadosa em relação às necessidades de financiamento de projetos continuará sendo um recurso essencial para os governos que estão dando início aos programas de reforma.

Perspectivas locais

11. Anuário estatístico africano de 2013, Nações Unidas – Comissão econômica para a África.

Page 10: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

Transações e tendências no setor de energia

No ano de 2013 diversos países africanos continuaram a estabelecer a base para um futuro diferente. A reforma do mercado e o desenvolvimento de capacidade de geração nova estão mudando o perfil do setor energético no continente.

Atualmente há um sentimento de urgência em relação ao investimento na África, criado por uma confluência de fatores – sociais, econômicos e políticos. O mais significativo é o reconhecimento de que uma falta de fontes de eletricidade confiáveis está freando o crescimento econômico. Juntando tendências demográficas, reformas do setor (particularmente a introdução da participação do setor privado nos setores de eletricidade na África do Sul e Nigéria), respostas individuais dos países aos compromissos em relação à mudança climática e a descoberta de novos recursos, temos a receita para a mudança.

Também existe uma maior conscientização de que o setor privado tem um papel fundamental na introdução de capital, inovação, novas tecnologias e no apoio ao desenvolvimento de capacidades e novos setores.

Transações de grande escala na Nigéria e na África do Sul

Um dos maiores negócios que aconteceu em 2013 foi a privatização das companhias elétricas nigerianas. A venda de 5 empresas de geração e 10 de distribuição atraiu grande interesse de diversos players internacionais, incluindo:

• a Transcorp Consortium (Transcorp; Wood Rock; Symbion Power LLC, Medea Development, PSL Engineering), que adquiriu a Ughelli Power por US$ 300 milhões

• a Mainstream Energy Solutions, que adquiriu a Kainji Power por US$ 100 milhões

• a North-South Power, que adquiriu a Shiroro Power por US$ 100 milhões

A transação parece ter transcorrido de forma bem-sucedida, com a transferência da propriedade em novembro de 2013, mas ainda é muito cedo para realmente entender o verdadeiro valor intrínseco do negócio.

Negócios mudam o perfil da energia na ÁfricaOs que estão mais próximos dos mercados africanos parecem ser os que mais confiam nele. Mas o que realmente está acontecendo em campo? Relatório por Brunhilde Barnard.

“ Atualmente há um sentimento de urgência em relação ao investimento na África, com uma concordância generalizada de que a falta de eletricidade confiável está freando o crescimento econômico.”

Brunhilde Barnard EY

8

Brunhilde Barnard Líder na TAS para energia e serviços públicos da ÁfricaJoanesburgo, África do [email protected]

África

Perspectivas locais

Page 11: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

9Fusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos – análise de 2013 e panorama para 2014

Fora da estrutura tradicional de negócios, também tivemos outro grande empreendimento: o programa de contratação de empresas independentes de geração de energia renovável promovido pela África do Sul. Esse programa está sendo executado pelo Departamento de Energia, que já contratou 2,4 GW de energia renovável. Desde 2012, foram fechados 47 projetos no valor aproximado de US$ 7,6 bilhões (representando cerca de 2.450 MW) que estão sendo construídos agora. Em 2013, outros 17 projetos com um valor de US$ 4,4 bilhões e representando 1.456 MW receberam status prioritário e estão sendo preparados para o fechamento financeiro em 2014. Este programa está definindo a base para um setor privado ativo e cheio de vida no setor de fornecimento elétrico sul-africano.

O passado não prediz o futuro

De acordo com o relatório de atratividade africano da EY, aproximadamente 40% de toda a atividade de projetos de infraestrutura e um quarto dos mais de US$ 700 bilhões estimados em valor de projetos foi direcionado ao setor de energia. Esperamos observar atividade constante nessa área.

As iniciativas que podem impulsionar as transações nos próximos três a cinco anos incluem o desenvolvimento de projetos para a construção de novas centrais elétricas de carga básica tendo o setor privado como parceiro estratégico, assim como projetos sob a iniciativa Power Africa do governo dos EUA e sob a iniciativa Sustainable Energy for All da União Europeia. O programa de contratação de energia renovável da África do Sul também pode servir como modelo para outros países, tanto no continente quanto fora dele.

Navegando por um mercado complexo

Aqueles fora do mercado africano podem se assustar com sua complexidade, afinal, são 54 países e cada um deles está em diferentes estágios de desenvolvimento. Mas com uma boa orientação, o mercado é acessível e possui oportunidades consideráveis. Nosso conselho para os investidores é:

1) Primeiro, identifique os locais onde as bases já tenham sido estabelecidas e os governos já tenham iniciado programas. Isso indica que o trabalho de preparação já foi feito ou que há avanços claros para a implementação, que um marco regulatório e jurídico já está ativo ou sendo desenvolvido de forma avançada, e que os contratos serão cumpridos. Do nosso ponto de vista, os investidores devem partir ativamente em busca de avanços, tarifas que reflitam os custos e de uma forte liderança do programa político e operacional antes de firmar um compromisso.

2) O segredo está na escolha do momento certo. Tenha cuidado para não se aventurar muito cedo. Muitas vezes alguns dos anúncios feitos no passado foram seguidos de grandes intervalos até que houvesse alguma ação. Por exemplo, a privatização do setor de energia elétrica nigeriano em 2013 aconteceu oito anos após a aprovação da legislação que permitia a desagregação. Vá em busca (e preste atenção) de conhecimentos, ideias e experiências locais para evitar “bater em portas que ainda não estão prontas para serem abertas”, o que pode resultar em frustração e despesas desnecessárias.

3) Siga as novas descobertas: onde estão os achados? Eu diria que o gás é a próxima nova fronteira na África. Grandes descobertas de gás em alto mar e carvão em Moçambique sugerem que este país estará entre os líderes de produção em todo o mundo, e ele tem um ambiente econômico e político relativamente estável. Também foram encontradas reservas de gás de grande porte na Tanzânia e em Uganda, aumentando a atratividade e o fluxo de negócios na região do Leste Africano, por exemplo.

É essencial ter um planejamento cuidadoso, monitoramento e avaliação de estratégia contínuos, além de flexibilidade durante a implementação. Persistência, aprendizagem contínua e adaptabilidade são algumas das características necessárias para explorar as oportunidades africanas.

Panorama para 2014

Uma das vantagens de um mercado emergente é a possibilidade de ultrapassar tecnologias, o que cria curvas de desenvolvimento e prazos de execução completamente diferentes. Os investidores precisam entender que o passado não é um indicador do futuro, e não simplesmente assumir que os países emergentes seguirão o caminho dos mercados mais estabelecidos.

Eu e meus colegas na EY somos abertamente otimistas em relação à África. Por exemplo, é revigorante fazer parte do revolucionário programa de energias renováveis da África do Sul. Os tomadores de decisões compreendem o impacto negativo que um déficit energético exerce sobre a competitividade de um país, região ou continente, assim como sobre a qualidade e o ritmo do desenvolvimento humano e econômico. Trabalhar em um setor que está promovendo uma mudança positiva para a vida das pessoas em longo prazo é estimulante.

Page 12: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

Transações e tendências no setor de energia10

Reformulação de estratégia afeta atividades de M&AApós a reforma do mercado no ano anterior, os serviços públicos reconsideraram sua estratégia para 2013 e decidiram pelo reequilíbrio das carteiras em um ambiente mais claro. A explosão das fontes de energia renovável está criando diversas oportunidades de transação. Relatório por Lucio Teixeira. Durante o ano de 2013 vimos o setor elétrico se ajustando ao novo ambiente do mercado. Ainda existem vários negócios em andamento, e o Brasil continua atraindo capital externo, sendo um dos principais destinos dos investimentos em mercados emergentes. As mudanças regulatórias feitas no ano anterior diminuíram as receitas de algumas concessões de geração e transmissão, afetando o EBITDA e os preços das ações.12 Isso levou ao reequilíbrio e consolidação das carteiras no mercado regulado.

Energia eólica continua ganhando espaço à medida que o governo incentiva o aumento da capacidade instalada

O Brasil está tomando iniciativas significativas para desenvolver sua infraestrutura energética com um plano decenal, que prevê investimentos em geração de US$ 85 bilhões até 2022 para suportar as metas de crescimento nacional e satisfazer o aumento da demanda energética.

Os leilões organizados pelo governo para a concessão de ativos de geração se basearam na geração renovável. A energia eólica continuou sendo uma fonte de energia competitiva no mercado regulado, e o ano de 2013 testemunhou um número significativo de transações: a energia eólica foi responsável por 97 dos 119 projetos energéticos bem-sucedidos na última rodada de leilões e por 67% da capacidade de 2.337 MW. A CEMIG, segunda maior empresa de energia elétrica brasileira, adquiriu participação na Renova Energia. Outras empresas de serviços públicos, incluindo a CPFL Energia e a Tractebel Energia (uma subsidiária da GDF Suez) reportaram sua intenção de considerarem outras oportunidades no setor eólico. Atualmente um grande número de parques eólicos está em construção e muitos outros devem começar a ser construídos em breve, o que pode aumentar as oportunidades de negócios para investidores externos e internos nos próximos anos.

“ Cada vez mais os investidores estrangeiros usam suas posições estabelecidas no Brasil como plataforma para expansão na região... Acreditamos que isso pode levar a um mercado sul-americano muito mais integrado nos próximos anos.”

Lucio Teixeira EY

Brasil

Perspectivas locais

Lucio TeixeiraLíder na TAS para energia e serviços públicos da América do SulSão Paulo, [email protected] 12. Consulte Transações e tendências no setor de energia - análise de 2012 e panorama para 2013, EY, janeiro de 2013.

Page 13: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

11Fusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos – análise de 2013 e panorama para 2014

A pesquisa da EY global identificou evidências de melhor acesso ao capital, que alimentará a atividade das transações em 2014.16 No Brasil, havia capital disponível para projetos no ano passado, mas as empresas hesitaram porque estavam preocupadas em melhor compreender o mercado e a nova regulamentação antes de dar continuidade aos investimentos. Agora que o mercado está estabelecido, os serviços públicos podem se apresentar e tirar proveito das oportunidades. O ano de 2014 servirá para a consolidação dos planos feitos em 2013.

Atualmente, o Brasil representa a maioria das oportunidades na América do Sul. Mas os investidores estão usando cada vez mais suas posições já estabelecidas no país como plataforma para crescimento na região, incluindo a busca por projetos eólicos e hidrelétricos em outros países. Enquanto isso, empresas como as do Chile e do Peru também continuam a prosperar no mercado brasileiro. Acreditamos que isso possa resultar em um mercado sul-americano muito mais integrado nos próximos anos, com um potencial efeito indireto sobre o número de negócios fechados.

Venda de ativos em reestruturação aumenta o porte da Energisa; Eletrobras reformula sua estratégia de distribuição

Os cinco principais negócios realizados nas Américas em 201315 incluíram a venda de ativos em dificuldade do Grupo Rede Energia, uma das principais empresas de distribuição do Brasil. A Energisa surgiu como vitoriosa no processo e, como resultado disso, aumentará sua presença no Brasil. No momento da elaboração deste texto, a proposta de investimento da Energisa estava na fase final de aprovação. Posteriormente a empresa precisará investir alguns bilhões em capex e pelo menos outro bilhão para a redução de débitos.

Enquanto isso, a Eletrobras – a empresa estatal de serviços públicos de eletricidade brasileira – comunicou perdas em seus resultados trimestrais e anuais em 2013, embarcando em um programa de reestruturação. A empresa está buscando aprovação do governo para a venda de suas seis unidades de distribuição, que perderam um total de R$ 1,33 bilhão (US$ 0,56 bilhão) em 2012. Ainda é muito cedo para afirmar se os negócios se consolidarão como resultado, mas o mercado certamente estará ansioso por isso.

Na área de transmissão, o governo também está fazendo uso de mecanismos de leilão para aumentar a abrangência da rede e conectar futuros projetos e também projetos em andamento. O leilão realizado em 2013 para os direitos de construção e operação de novas linhas e subestações de transmissão em todo o Brasil foi dominado pelas empresas estatais de serviços públicos, com uma empresa chinesa e uma espanhola arrematando cada uma somente um lote dos 13 lotes leiloados pela ANEEL, a agência reguladora de energia elétrica brasileira.13

Enquanto isso, um grande número de projetos está pronto para ir a leilão assim que houver uma janela de contratação que atenda aos requisitos de retorno dos investidores. Em vez de esperar, alguns concorrentes estudam alternativas para vender energia a grandes consumidores, independentemente do processo de leilão.

Brasil atrai investimentos das principais empresas europeias de serviços públicos

A alemã E.ON SE figurou entre os grandes investidores externos europeus no ano, expandindo em março de 2013 sua posição de mercado no Brasil ao aumentar de 11,7% para 36,1% sua participação na MPX, a empresa do ramo energético do grupo brasileiro EBX. A MPX possui cerca de 15% da capacidade termoelétrica brasileira e tem licenças para mais 10 GW de capacidade de energia térmica e renovável. A Enel Green Power identificou a América do Sul como a região focal para futuro crescimento.14 A unidade comercial da empresa, a Endesa, está buscando desenvolver 700 MW de capacidade em energia renovável no Brasil (e 500 MW no Chile) até 2017.

Panorama para 2014

13. As ofertas vencedoras foram determinadas por quem aceitasse a menor receita anual para a operação dos ativos.14. “Enel Green Power looks to Africa, Latin America for growth” [Enel Green Power vai em busca de crescimento na África e América Latina], Reuters.com, www.reuters.com/article/2013/11/06/us-enel-greenpower-idUSBRE9A511F20131106, acessado em 24 de janeiro de 2014.

15. Consulte a página 4. 16. O último Capital Confidence Barometer da EY indicou que a confiança na economia global atingiu o patamar mais alto dos últimos dois anos, em 93% dos executivos entrevistados considerou que o crédito está estável ou melhorando – este também é o nível mais alto em dois anos.

Page 14: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

Transações e tendências no setor de energia

Até o momento, os estados do Bahrein, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos (conhecidos coletivamente como os estados do Conselho de Cooperação do Golfo, CCG) ainda não formalizaram um mercado de M&A. Como o setor de energia e serviços públicos é dominado por um pequeno número de monopólios estatais ou do setor público que operam predominantemente em um ambiente administrado e não de concorrência, não existe muito ambiente para operações de M&A privadas. A atividade de transações se baseia amplamente na participação do setor privado em projetos de investimento e empreendimentos comerciais.

Conforme os mercados e a concorrência na geração se tornam mais estabelecidos, esperamos que o crescimento – e não a consolidação – seja um dos propulsores dominantes da atividade, e que mais negócios sejam feitos entre empresas estatais e o setor privado.

Tendo dito isso, os negócios estão sendo feitos, tanto entre empresas já estabelecidas no Golfo quanto entre protagonistas internacionais. Em uma operação interessante, uma agência pública de fundos de pensão da Arábia Saudita adquiriu 19,4% da ACWA Power, uma empresa saudita de energia independente com uma mistura de acionistas públicos e privados. É provável que vejamos mais desses tipos de transação.

Outro negócio interessante foi a aquisição da Amendis e da Redal, fornecedoras de serviços de abastecimento de água, eletricidade e tratamento de água, pela britânica Actis Capital LLP da Veolia Services à l'Environnement Maroc SA17 por um valor estimado em US$ 481,4 milhões, em uma transação de compra alavancada.

O desejo da eficiência promove a reforma nos serviços públicos

Os países do golfo subsidiam os usuários finais de forma expressiva,18 mas a taxa de crescimento populacional está criando preocupações sobre possíveis restrições orçamentárias no futuro. Isso criou uma preocupação em relação às eficiências e um desejo por um maior grau de comercialidade na forma como os empreendimentos de serviços públicos operam. Por sua vez, é possível que isso abra oportunidades para a participação do setor privado em usinas elétricas independentes (PIEs), implantação geral de infraestrutura e fornecimento de serviços públicos.

Vários mercados do Golfo estão no estágio inicial da reforma dos mercados de eletricidade e água, tendo o Omã e Abu Dhabi entre os estados mais avançados: os dois já introduziram um grau de desagregação dos serviços públicos, regulamentação independente e estruturas parciais de mercado (por exemplo, comprador individual). Agora a agência reguladora árabe-saudita está em busca de uma programação de reformas que aborde a desagregação funcional da Saudi Electricity Company (SEC). Conforme o processo avança, veremos outras atividades de transação associadas à comercialização e desagregação, assim como um desenvolvimento em grande escala das empresas estatais de energia e água.

Foco doméstico para os negóciosCom a reforma do mercado ganhando dinâmica, a desagregação dos serviços públicos e o aumento da função do setor privado tanto no setor de geração quanto no de água pode incrementar as oportunidades para transações de grande escala no futuro. As energias renováveis parecem ser uma área fértil para expansão. Relatório por David Lloyd.

Região do Golfo, Oriente Médio e Norte da África

“ Mesmo os países ricos em hidrocarbonetos estão percebendo que os recursos financeiros não são ilimitados, tendo em vista a quantia que eles precisam investir em geração e subsídios. Com certeza há interesse pela substituição das fontes de alimentação e pela arrecadação de fundos do setor privado no modelo PIE.”

David Lloyd, EY

12

Perspectivas locais

David LloydLíder na TAS para energia e serviços públicos do Oriente Médio Riad, Arábia [email protected] 17. Uma unidade comercial da Veolia Water SA da Veolia Environnement SA.

18. Tem existido um alto nível de ineficiência energética e desperdício de água devido aos baixos preços subsidiados de água, eletricidade e gás na região.

Page 15: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

13Fusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos – análise de 2013 e panorama para 2014

Algum apetite para investimentos no exterior; o foco principal é o mercado doméstico

Alguns fundos do Oriente Médio também estão planejando diversificar seus investimentos e adquirir ativos em todo o globo. Por exemplo, os fundos soberanos do Kuwait e do Catar estavam de olho no setor de serviços público do Reino Unido em 2013.19 Recentemente a árabe-saudita ACWA Power começou a se internacionalizar20 e a Masdar Capital (parcialmente governamental de Abu Dhabi) já é a proprietária de diversos ativos de energia renovável em grande escala internacionalmente. Sabemos que diversos outros serviços públicos no Golfo (particularmente no Catar) estão interessados em estabelecer empresas do tipo PIE, que possam competir por novos projetos nos mercados internacionais usando suas bases representativas de investimentos e suas

Região do Golfo, Oriente Médio e Norte da África

Até mesmo os países com grandes riquezas de hidrocarbonetos no Golfo reconhecem que seus recursos e capitais podem não ser ilimitados, tendo em vista os grandes investimentos que precisam ser feitos em geração e subsídios. Com certeza há interesse pela substituição das fontes de alimentação e pela arrecadação de fundos do setor privado no modelo PIE.

Uma área na qual podemos esperar uma atividade representativa (e amplamente externa) é a de renováveis, principalmente energia solar e um pouco de energia eólica. Diversos programas importantes de energia renovável estão a ponto de se consolidar, cobrindo todos os países do Golfo. Conforme esse mercado decola, veremos um grande uso de PIEs, com o capital do setor privado estrangeiro servindo para financiar, construir e operar usinas de energia renovável.

Particularmente, espero ver atividades significativas de transação com base em joint ventures entre empresas internacionais e domésticas, nos quais as empresas internacionais contribuem com sua experiência em fontes renováveis e os parceiros locais colaboram com seu conhecimento da área, regulamentação, problemas ambientais e autorizações para extração de energia. O Oriente Médio continua sendo um dos maiores mercados mundiais para PIEs, e diversas empresas globais de energia independentes estão ativas na região, em busca de novos projetos de forma contínua.

Os investidores institucionais podem levar em consideração algumas formas de participação neste mercado de energia renovável que está em desenvolvimento, que atrairá empresas de todos os tamanhos e terá exigências significativas de financiamento e perfis de comercialização em longo prazo. Entretanto, levando em consideração a forma como os mercados do Oriente Médio são estruturados, provavelmente essa é uma jogada de longo prazo.

Fora do Golfo, os grandes desafios e oportunidades de reconstrução em países afetados por conflitos e agitação serão um fator de grande influência em médio e longo prazo. Líbia, Síria e Iraque, por exemplo, são países que precisarão reparar e reconstruir suas infraestruturas, e obviamente tais iniciativas precisarão de apoio e contribuição multilateral. Esperamos ver exigências de capital bastante representativas – envolvendo agências de exportação de crédito e entidades de financiamento multilateral – para a reconstrução da infraestrutura essencial de energia e serviços públicos em tais áreas turbulentas. É provável que as grandes empreiteiras internacionais e empresas independentes de energia dos EUA participem de forma ativa.

profundas experiências com o modelo PIE. Isso pode ter impacto sobre o aumento da concorrência por ativos regulamentados e renováveis na Europa.

Entretanto, atualmente os serviços públicos no Golfo estão se concentrando principalmente no investimento doméstico. Há uma imensa necessidade por mais capacidade elétrica e hídrica, promovida pelo crescimento populacional e pela maior industrialização das economias da região. Por exemplo, na Arábia Saudita as projeções da SEC para a instalação de nova capacidade ao longo dos próximos anos ultrapassam o total da capacidade planejada para todo o território dos EUA no mesmo período. Tais projeções são impressionantes e abrangem não apenas a geração, mas também a infraestrutura básica. Estima-se que haja um investimento de até US$ 283 bilhões somente na geração de eletricidade no Oriente Médio e no Norte da África entre 2014 e 2018.21 Enquanto isso, os estados do CCG estão projetando investimentos de mais de US$ 300 bilhões em cerca de 20 projetos de energia até 2020, gerando 8 GW adicionais de energia.22 Isso resultará em oportunidades representativas para o envolvimento e transações do setor privado.

Panorama para 2014

19. No começo de 2013, o Catar manteve conversas com o governo do Reino Unido para investir até £ 10 bilhões (US$ 16,5 bilhões) em importantes projetos de infraestrutura na Grã-Bretanha. Posteriormente os fundos soberanos do Catar e do Kuwait promoveram diálogos com a empresa francesa de serviços públicos EDF para a compra de uma participação de 15% no projeto de £ 16 bilhões (US$ 26,4 bilhões) da usina nuclear em Hinkley Point no Reino Unido. A Autoridade de Investimentos do Kuwait planeja investir diretamente até US$ 5 bilhões em ativos de infraestrutura ao longo dos próximos três a cinco anos, principalmente no Reino Unido. 20. Por exemplo, atualmente a empresa está em busca de uma oportunidade de geração de energia elétrica na Turquia.

21. Investimento regional em geração de eletricidade proposto de acordo com as descobertas do Kuwait Financial Centre.22. De acordo com a Organização do Golfo para Consultoria Industrial (Gulf Organisation for Industrial Consulting, GOIC) sediada em Doha.

Page 16: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

Transações e tendências no setor de energia

A atividade de M&A no setor de energia e serviços públicos do Japão desacelerou levemente em 2013 em meio a uma incerteza permanente sobre a decisão de retomar o funcionamento das usinas nucleares paralisadas do país. Enquanto o primeiro-ministro Shinzo Abe está ansioso para reinserir a energia nuclear na composição da matriz energética, a oposição pública a isso permanece forte e a vontade política nas diferentes regiões está dividida. Eu duvido que vejamos qualquer decisão em curto a médio prazo.

Dos negócios que ocorreram durante 2013, tivemos o domínio de atividades de M&A externas, com empresas comercializadoras e investidores financeiros abrindo o caminho, impulsionados pela necessidade de reequilíbrio e consolidação. Para os 10 principais serviços públicos do Japão23, o foco foi cortar despesas frente ao congelamento do setor nuclear, uma moeda enfraquecida e a diminuição da demanda de uma população que está envelhecendo. O setor também está se preparando para as propostas de reforma para o mercado de energia elétrica do Japão, que devem ser lançadas em 2015.

Serviços públicos cortam despesas e promovem desinvestimentos de forma discreta

Em 2013, as 10 principais empresas de serviços públicos do Japão mantiveram seu foco principalmente no mercado doméstico. A falta de energia nuclear está impulsionando negócios voltados para o reequilíbrio das carteiras, com várias empresas de serviços públicos, incluindo a TEPCO, indo em busca do desinvestimento de um número relativamente significativo de ativos não essenciais. Embora eu pudesse esperar que essa tendência tivesse continuidade, devemos observar que o desinvestimento será abrandado pela grande obrigação que muitas dessas empresas de serviços públicos têm no papel de grandes empregadoras em diversas áreas fora de Tóquio e Osaka. Eu não esperaria ver fechamentos de grande escala, mas sim negócios para a venda de subsidiárias menores ao longo de 2014.

Embora a desregulamentação do mercado de energia elétrica seja evidente, eu acredito que isso tenha pouco impacto real sobre a atividade de M&A no setor nesse momento. As grandes 10 empresas ainda estão tentando compreender as implicações da desagregação e ainda estão nos estágios iniciais da resolução dos seus desafios. A única exceção de todo esse processo pode ser o que eu enxergo como o maior candidato a negócio mais intrigante do ano – a aquisição da participação de 49% na Gunkul Powergen Co Ltd, uma operadora de usina de energia solar com base na Tailândia, pela Chubu Electric Power. Embora a Chubu Electric Power tenha um histórico na Tailândia, esse negócio representa seu primeiro projeto internacional de energia solar e pode sinalizar uma futura tendência das grandes 10 empresas para o reequilíbrio dos investimentos entre países e para a expansão das fontes de energia renovável enquanto a reforma avança.

Empresas comercializadoras promovem a atividade enquanto a reforma se aproximaO ano de 2013 foi relativamente fraco para as atividades de M&A no Japão, ainda que o mercado esteja retomando uma parte da confiança. A maioria dos negócios se focou no reequilíbrio, com empresas comercializadoras realizando grandes negócios externos enquanto o setor se prepara para a reforma. Relatório por Kenneth G. Smith.

Japão

Perspectivas locais

“ É provável que a reforma do setor elétrico que está prometida impulsione a atividade de M&A e atraia novos protagonistas para um mercado liberalizado.”

Kenneth G. Smith EY

Kenneth G. SmithLíder na TAS para energia e serviços públicos do Japão Tóquio, Japã[email protected]

14

23. Tokyo Electric Power Company (TEPCO), Okinawa Electric Power Company, Kansai Electric Power Company, Hokkaido Electric Power Company, Chugoku Electric Power Company, Shikoku Electric Power Company, Tohoku Electric Power Company, Chubu Electric Power Company, Hokuriku Electric Power Company e Kyusha Electric Power Company.

Page 17: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

15Fusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos – análise de 2013 e panorama para 2014

Empresas mercantis miram na energia renovável

Enquanto isso, temos uma história um pouco diferente para as seis maiores empresas mercantis do Japão24, que dominaram as atividades de M&A nos serviços públicos em 2013 e impulsionaram a maior tendência do ano nas transações externas.

Muitos desses negócios se concentraram em ativos estrangeiros de energia renovável, particularmente de energia solar na Europa. A Diamond Generating Europe (DGE), subsidiária britânica da Mitsubishi Corporation, adquiriu 50% de participação na usina fotovoltaica de 56 MW da EDF Energies Nouvelles na França. Enquanto isso, a Sumitomo adquiriu uma participação de 39% em uma fazenda eólica belga e a Mitsui investiu em um projeto hidrelétrico brasileiro.

Em outros negócios, a Mitsui fortaleceu seu relacionamento com a francesa GDF Suez, adquirindo uma participação de 28% na divisão australiana da empresa em um negócio que permitirá que ela desenvolva sua presença no setor energético australiano. Nos EUA, a Mitsui também adquiriu uma participação de 20,6% em uma usina elétrica a gás da GDF Suez na cidade de Nova Iorque, enquanto a Marubeni adquiriu participação de 90% no projeto de energia eólica da EDF na Califórnia.

Embora já tenhamos visto empresas mercantis adquirindo participação em projetos de energia renovável em outras oportunidades, acredito que as maiores dimensões dos últimos negócios apontam para uma motivação crescente destes compradores em se concentrar nesse tipo de projeto. Elas os veem como investimentos sólidos, mas também estão ávidas por adquirir a experiência fundamental no setor de energias renováveis. Espere ver negócios semelhantes em 2014.

Consolidação no gás

Em um dos poucos negócios internos no ano, a aquisição de uma participação de 38,13% na Otaki Gas Company Limited pela Kanto Natural Gas Development é irrisória. O acordo entre as duas fornecedoras de gás natural reflete uma tendência há muito antecipada para a consolidação no setor de gás natural, que tem como objetivo o aumento da eficiência da alocação de recursos e a maximização do valor para os acionistas.

Por trás da grande questão da retomada da energia nuclear – um dilema que não será resolvido de forma rápida ou fácil – o foco para o setor japonês de serviços públicos nos próximos anos será o processo de desregulamentação em andamento. Esperamos que ele surja como um forte catalisador da atividade de M&A em toda a região Ásia-Pacífico em curto e médio prazo. As reformas também estimularão a atividade estrangeira no país, que aumentará significativamente nos próximos anos quando investidores dos EUA, Ásia e Europa começarem a avaliar o potencial de lucratividade no mercado recém-desregulamentado.

As reformas já estão começando a atrair novos protagonistas para o setor de serviços públicos, conforme ilustrado pelo recente negócio no qual a empresa japonesa de TV a cabo Jupiter Telecommunications adquiriu a IP Power Systems, em uma operação que permitirá que ela amplie seus negócios de serviços de distribuição de energia elétrica e crie sinergia com seus negócios de TV a cabo e internet. A fabricante japonesa de papel Oji Holdings Corporation também anunciou planos para o investimento de US$ 309,1 milhões em novas usinas de geração elétrica até o ano fiscal de 2015, como parte de uma estratégia para vender eletricidade aos clientes no varejo. Esperamos ver interesse semelhante de outros protagonistas não tradicionais, no que promete ser um ambiente de M&A mais robusto no Japão em 2014.

Panorama para 2014

24. Mitsubishi Corporation, Mitsui and Company, Itochu Corporation, Marubeni Corporation, Sumitomo Corporation e Sojitz Corporation.

Page 18: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

Transações e tendências no setor de energia

O ano de 2013 provou ser um ano estimulante e variado para as transações do setor de energia e serviços públicos, impulsionado pela persistência dos preços baixos no atacado, pelo baixo crescimento da demanda e pela otimização das carteiras promovida por serviços públicos híbridos que buscavam obter receitas estáveis. Na região das Américas, a atividade das transações no setor aumentou mais de um terço em relação aos níveis de 2012. Três dos 10 principais negócios do ano aconteceram nos EUA25, incluindo a maior operação do mundo, a aquisição da empresa de serviços públicos NV Energy sediada em Nevada (EUA) pela MidAmerican Energy Holdings pelo valor de US$ 10,4 bilhões.

Em busca de retorno, os investidores canadenses com foco em empresas de serviços públicos continuaram a demonstrar interesse no mercado americano de serviços públicos regulados. Em dezembro de 2013, a canadense Fortis Inc. adquiriu a UNS Energy Corporation do Arizona (EUA) por US$ 4,3 bilhões. Essa foi a segunda aquisição da empresa de serviços públicos nos EUA em dois anos, tendo sido antecedida pela aquisição do CH Energy Group, Inc. em junho de 2013 por US$ 969 milhões. Fique alerta, pois devem acontecer mais negócios transfronteiriços nos próximos meses enquanto compradores estratégicos e financeiros do Canadá buscam por oportunidades de negócios regulamentados e geração contratada.

Gás de xisto exerce grande influência sobre as transações dos EUA

A enxurrada contínua de gás de xisto no mercado atacadista diminuiu as margens de geração. Isso fez com que os serviços públicos dos EUA alienassem ativos de geração expostos ao mercado: no início de 2013, a Ameren vendeu sua frota de geração, e a Dominion também deu continuidade ao seu esforço para a venda (iniciado em 2012) de usinas elétricas não econômicas. Perto do fim do ano, a Edison Mission Energy declarou falência e vendeu seus ativos de geração a carvão, gás e energia eólica para a NRG Energy, Inc. Os serviços públicos híbridos continuarão com a estratégia plurianual de desalavancagem da exposição com geração competitiva, adquirindo empresas com tarifa regulamentada ou executando ambas. O maior desafio será encontrar compradores ou parceiros de fusão.

Com a fraca perspectiva para os preços em curto e médio prazo na maior parte dos EUA, esperamos que o reequilíbrio das carteiras continue promovendo os negócios à medida que os serviços públicos remontam suas composições comerciais, se afastam do carvão ou simplesmente deixam o setor de geração. Junto com o baixo crescimento da demanda, o excesso de geração nos mercados atacadistas criará condições ideais para uma maior consolidação nos próximos meses, assim como aconteceu em 2013.

Redirecionamento energético impulsiona níveis dos negócios em um ano cheio de atividade No ano de 2013, vimos um aumento da atividade de M&A e negócios de grande porte. É provável que as vendas de ativos de geração e as aquisições de empresas com tarifa regulamentada permaneçam no foco dos executivos dos serviços públicos nos próximos meses, enquanto as empresas de serviços públicos reequilibram suas carteiras. Relatório por Joseph Fontana.

Estados Unidos

Perspectivas locais

“ Os serviços públicos híbridos continuarão a aprimorar suas estratégias para aliviar a pressão sobre os ativos de geração. Veremos mais vendas de carteiras de geração e mais aquisições de empresas com tarifa regulamentada.”

Joseph Fontana EY

16

Joseph FontanaLíder na TAS para energia e serviços públicos das AméricasNova Iorque, [email protected] 25. Consulte a tabela 2 na página 2.

Page 19: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

17Fusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos – análise de 2013 e panorama para 2014

A diversificação impulsionará as atividades de M&A

Uma das rotas para proporcionar lucros aos acionistas pode ser a diversificação em novas empresas abaixo da cadeia produtiva que se adequem ao conjunto de capacidades dos serviços públicos. Com as expectativas em relação à independência energética dos EUA e uma abundância de gás natural, os serviços públicos dos EUA com experiência no fluxo de serviços intermediários estão bem posicionados para aproveitar as oportunidades que vão desde o desenvolvimento de negócios de dutos de transporte interestaduais até a exportação de gás natural a partir de novas instalações de GNL.

Diversos serviços públicos seguiram nessas linhas em 2013. Em março de 2013 vimos a formação de uma parceria limitada mestre26 (Master Limited Partnership, MLP) entre CenterPoint Energy, Inc., OGE Energy Corp e ArcLight Capital Partners, criando uma empresa de serviços intermediários de tamanho considerável para aproveitar a crescente demanda pela construção de dutos de gás natural. O empreendimento, batizado de Enable Midstream, vai controlar e operar ativos de infraestrutura para gás natural e petróleo bruto com localização estratégica.27

Em setembro de 2013, a Dominion doou seu projeto de desenvolvimento de GNL, o Cove Point, e sua participação na empresa Blue Racer Midstream para uma MLP. O Cove Point Project, que deve ser concluído em março de 2017, foi o terceiro projeto a receber aprovação do Departamento de Energia em 2013 para a exportação de GNL para países sem um tratado de livre comércio. Isso inclui o Japão, onde o preço do GNL entregue é acentuadamente maior do que o custo do gás natural nos EUA. Mesmo levando em consideração o custo do processamento e transporte, o GNL exportado dos EUA fornecerá um recurso valioso a um preço competitivo.

Os participantes do GNL precisarão avaliar o potencial efeito sobre o preço do mercado caso outros projetos, além dos 10 que já estão sendo avaliados pelo Departamento de Energia, também recebam autorização.

O ano de 2014 está posicionado para ser mais um ano ativo, continuando com a mesma dinâmica básica do mercado que já se encontra em operação e impulsionando os negócios. Os serviços públicos híbridos continuarão a aprimorar suas estratégias para aliviar a pressão sobre os ativos de geração. Veremos mais vendas de carteiras de geração e mais aquisições de empresas com tarifa regulamentada.

Podemos continuar contando com o apoio regulatório para o estabelecimento de novos projetos de energia solar e eólica. Na área da energia solar distribuída, o mercado de vários protagonistas de pequeno porte está pronto para consolidação, criando oportunidades de transação.

Temos todos os motivos para supor que o capital continuará prontamente disponível para as transações das grandes empresas de serviços públicos. Mas o levantamento de recursos não tem sido fácil para os pequenos players recentemente, em particular para aqueles na área de fontes renováveis. Algumas das novas estruturas de negócios poderiam facilitar a atração de investidores e financiamento. Por exemplo, caso sejam introduzidas mudanças regulatórias que permitam que empreendimentos de energia alternativa se qualifiquem com status de MLP, teríamos um grande estímulo para o setor e provavelmente veríamos um aumento no volume de transações.

Outra transformação interessante de observar é a criação de sociedades com segregação parcial pelos grandes protagonistas dos setores de serviços públicos e energia renovável, estruturadas como empresas com taxa de rendimento fixa (YieldCos) e seguindo o exemplo da NRG YieldCo, que foi estabelecida em meados de 2013. Os investidores de renda fixa estão em busca de mais rendimento com menos risco: as YieldCos englobam ativos contratados em longo prazo e podem oferecer aos investidores um rendimento competitivo em comparação com as baixas taxas de juros disponíveis nos títulos do tesouro americano e outros instrumentos de financiamento. É provável que novas YieldCos se tornem compradoras ativas, já que elas buscam desenvolver carteiras de ativos contratados. Entretanto, o aumento das taxas de juros pode enfraquecer a empolgação em relação a estes instrumentos.

Por fim, há diversas cidades com problemas financeiros nos EUA que possuem empresas elétricas e de gás, e estão dispostas a vendê-las. Entre elas temos Detroit, que decretou falência e está transferindo os clientes da sua empresa de energia elétrica para a Detroit Edison, e a Filadélfia, que no momento busca vender sua empresa de gás. Esperamos ver mais atividades desse tipo se transformando em transações nos próximos meses, mas apenas como reação à situação financeira problemática de algumas cidades: isso não é uma tendência de longo prazo.

Panorama para 2014

26. Uma MLP é uma estrutura que permite que empresas americanas envolvidas na exploração, produção ou transporte de recursos naturais não paguem impostos sobre a renda ao nível de entidade. 27. Mediante a consolidação, o empreendimento terá cerca de 18.000 km de dutos de coleta, 11 grandes unidades de processamento, aproximadamente 12.500 km de dutos interestaduais, 3.700 km de dutos estaduais e 8 unidades de armazenamento.

Page 20: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

2014Panorama de transaçõesTendo a pauta de transformações como principal ponto de discussão nos conselhos das empresas de serviços públicos, as transações estão prontas para fluir ao longo de 2014. É provável que os negócios transfronteiriços dominem o ano, à medida que os serviços públicos busquem crescer além dos limites domésticos. Relatório por Matt Rennie. Os EUA estão prontos para oportunidades de M&A em resposta à mudança da dinâmica da demanda

Apesar da recuperação gradual do clima econômico nos EUA, o setor de energia do país espera por uma diminuição na demanda de energia elétrica devido a fatores como o crescimento moderado da carga, maior conservação e eficiência energética, e o aumento da geração distribuída. Tais fatores forçarão os serviços públicos a ir além dos seus territórios, a buscar oportunidades em áreas que apresentem taxas de crescimento maiores do que a média nacional. Estados como Arizona e Nevada estão prontos para a consolidação, tendo em vista suas demografias favoráveis e crescimento de trabalhos – em 2013 a região sudoeste do país foi o palco de três negócios de grande porte com um valor total de mais de US$ 15,5 bilhões.

No atual ambiente de preços depreciados de energia e gás natural, diversos serviços

públicos estão buscando reduzir sua exposição a ativos desregulamentados, o que criará um fluxo saudável de usinas elétricas disponíveis para venda com preços reduzidos. É provável que investidores financeiros surjam como os compradores naturais da maior parte desses ativos, que eles provavelmente manterão na expectativa de um aumento nos preços do gás natural. É provável que o desejo por ativos que possuam contratos de compra de energia (CCEs) em longo prazo e localizados em áreas com tarifa básica favorável aumente o preço.

A implantação de infraestrutura e a expansão da capacidade promoverá investimentos nos mercados emergentes

As oportunidades nos mercados emergentes estão sendo analisadas detalhadamente por diversos serviços públicos. Reformas do mercado e a ênfase sobre a eletrificação e expansão da infraestrutura ao longo dos últimos anos colocaram vários países na rota dos investimentos direcionados ao crescimento. O Brasil já foi o alvo de investimentos substanciais. Na América Latina, países como Chile e Peru também estão se preparando para receber negócios de serviços públicos globais, promovidos principalmente pelo crescimento das fontes renováveis e oportunidades de investimentos de grande escala voltados para o crescimento. Sozinho, o segmento de geração do Brasil representa aproximadamente oportunidades de investimento que totalizam US$ 85 bilhões até 2022. Caso seja aprovado, o programa de reestruturação planejado na Eletrobras, a empresa estatal de serviços públicos de eletricidade brasileira, pode apresentar oportunidades significativas de M&A.

É provável que a África, que está atraindo rapidamente o interesse de investidores financeiros e corporativos, seja o palco da próxima onda de investimentos de capital. É provável que a taxa média de crescimento econômico para os países africanos ultrapasse 6% ao ano entre 2010 e 2040, impulsionada por populações em crescimento, melhores níveis de educação e absorção tecnológica. Tal crescimento e prosperidade contínuos criarão demanda por infraestrutura, criando oportunidades para toda a cadeia de valor dos serviços públicos. Investidores estrangeiros, particularmente da China, Japão e dos EUA, estão ativos nos segmentos de geração e transmissão da região. Esperamos que essa tendência continue, com a realização de grandes investimentos em projetos greenfield e existentes.

Reformas regulatórias e do mercado abrem as portas para oportunidades de transação

Ações como a desagregação no Japão, a liberalização do setor energético no México e as privatizações na Austrália e na Nova Zelândia criaram oportunidades para investidores em todo o mundo, que observam tais acontecimentos com bastante interesse.

Além da desagregação das empresas energéticas regionais no Japão, a TEPCO está considerando gastar cerca de US$ 25,6 bilhões em investimentos estratégicos por meio de parcerias: projetos de energia acima da cadeia produtiva, empresas de energia elétrica no exterior e capital novo são os principais pontos em pauta. A expectativa de reformas radicais fez com que novos protagonistas entrassem no setor, como a fabricante de papel Oji Holdings

18 Transações e tendências no setor de energia

Page 21: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

2014Panorama de transações

Corporation e a empresa japonesa de TV a cabo Jupiter Telecommunications.

Na Austrália, esperamos que o processo de privatização vá além da venda da Macquarie Generation no estado de Nova Gales do Sul. Prevemos a venda de geradores em Queensland, atividades de fusão e transações na área de geração e redes da Austrália Ocidental, e a criação de métodos novos e inovadores para o envolvimento do capital do setor privado na operação em longo prazo das empresas da rede estatal em todo o país. De forma semelhante, o anúncio da abertura do setor energético mexicano para investimentos privados já colocou o país na lista de observação dos investidores globais.

A atividade transfronteiriça deve permanecer intensa enquanto os investidores focam no crescimento

Uma das principais mensagens do relatório Capital Confidence Barometer produzido pela EY e publicado em outubro de 2013 é a preferência da diretoria das empresas de serviços públicos pelo crescimento por meio de acesso a novos mercados/tecnologias; isso se torna especialmente evidente no setor de energia e serviços públicos. Este ano, a mobilidade do capital é essencial para conectar oportunidades nos mercados emergentes e que passam por reformas com as empresas que buscam diversificação longe dos seus mercados atacadistas locais de baixo desempenho.

As altas taxas de crescimento populacional e uma maior industrialização no Oriente Médio, particularmente nos países do CCG, criaram uma necessidade de expansão urgente da capacidade elétrica e de água. A energia renovável é uma área

onde esperamos observar a participação sólida de investidores estrangeiros, principalmente na forma de parcerias com protagonistas locais. Em um cenário com tantos mercados em diferentes estágios de desenvolvimento e com diferentes equilíbrios de fornecimento/demanda, certamente a mobilidade do capital nunca foi tão importante. Os mercados estrangeiros mais bem-sucedidos serão aqueles cujos governos estejam conscientes das necessidades dos financiadores e onde os processos e comunicações sejam elaborados de maneira adequada.

A manutenção da pressão sobre o balanço patrimonial das empresas de serviços públicos deve continuar a promover atividades de M&A na Europa

Altos níveis de subsídios para fontes renováveis e encargos de rede cada vez maiores resultaram em energia com preços mais altos para o consumidor em boa parte da Europa. Com o prolongamento da tensão econômica e das altas taxas de desemprego, é esperado que nos próximos meses as despesas com energia se tornem um grande problema político na região, pressionando ainda mais os ganhos das empresas de serviços públicos.

Os serviços públicos europeus estão tentando atravessar o duro clima econômico de baixos níveis de lucratividade e altos níveis de despesas se desfazendo de ativos não estratégicos. A italiana Enel anunciou uma meta de arrecadar até US$ 8 bilhões até o fim de 2014 por meio da venda de ativos. A empresa de energia finlandesa Fortum, a empresa de abastecimento de água francesa Veolia Environnement e a empresa de serviços públicos sueca Vattenfall também definiram planos de venda de ativos para o ano.

“ A mobilidade de capital será um impulsionador básico das transações durante 2014, enquanto as empresas que buscam diversificação dos mercados com excesso de capacidade e baixa lucratividade redirecionam o foco para os mercados emergentes e que passam por reformas. Esperamos que África, Japão, Estados do Golfo e a América do Sul representem as áreas que estarão no foco dos investidores externos.”

Matt Rennie EY

1919Fusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos – análise de 2013 e panorama para 2014

Page 22: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

20 Transações e tendências no setor de energia

Contatos globais para assuntos de energia e serviços públicos da EY TAS

Contatos globais

Matthew Rennie Líder global na TAS para energia e serviços públicos Brisbane, Austrália +61 7 3011 3239 [email protected]

Cara Graham Diretora global na TAS para energia e serviços públicos Brisbane, Australia +61 7 3011 3145 [email protected]

Robert StallLíder na TAS para energia e serviços públicos do sudeste dos EUAAtlanta, EUA+1 404 817 [email protected]

Miles HuqLíder na TAS para energia e serviços públicos do centro-leste dos EUABaltimore, EUA+1 410 783 [email protected]

Veeral PatelLíder na TAS para energia e serviços públicos do centro-oeste dos EUAChicago, EUA+1 312 879 [email protected]

Deborah Byers Líder na TAS para energia e serviços públicos do sudoeste dos EUAHouston, EUA+1 713 750 [email protected]

Joseph Fontana Líder na TAS para energia e serviços públicos das Américas Nova Iorque, EUA +1 212 773 3382 [email protected]

Lucio TeixeiraLíder na TAS para energia e serviços públicos da América do Sul São Paulo, Brasil+55 11 2573 [email protected]

Gerard McInnisLíder na TAS para energia e serviços públicosAlberta, Canadá+1 403 206 [email protected]

Américas

Page 23: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

21Fusões e aquisições globais no setor de energia e serviços públicos – análise de 2013 e panorama para 2014

Contatos globais para assuntos de energia e serviços públicos da EY TAS

Stéphane Kraft Líder na TAS para energia e serviços públicos Paris, França+33 1 55 61 09 [email protected]

Thomas Kästner Líder na TAS para energia e serviços públicos da Alemanha Munique, Alemanha+49 160 93 917 [email protected]

Andrea GuerzoniLíder na TAS para energia e serviços públicos do MediterrâneoMilão, Itália+39 0280 669 707 [email protected]

René Coenradie Líder na TAS para energia e serviços públicosRoterdã, Países Baixos+31 88 407 [email protected]

Remigiusz Chlewicki Líder na TAS para energia e serviços públicosVarsóvia, Polônia+48 22 557 74 [email protected]

Julie HoodLíder na TAS para energia e serviços públicosMelbourne, Austrália+61 3 8650 [email protected]

Alex ZhuLíder na TAS para energia e serviços públicos da China Pequim, China+86 10 5815 [email protected]

Lynn ThoLíder na TAS para energia e serviços públicos das Nações do Sudeste Asiático Cingapura+65 6309 [email protected]

Björn GustafssonLíder na TAS para energia e serviços públicos Estocolmo, Suécia+46 8 520 594 [email protected]

Tony WardLíder na TAS para energia e serviços públicos dos mercados Europeus, do Oriente Médio, Índia e África Londres, Reino Unido+44 121 535 [email protected]

Ian WhitlockLíder na TAS para energia e serviços públicos do Reino Unido e IrlandaLondres, Reino Unido+44 20 7951 [email protected]

Europa

Ásia-Pacífico

Kenneth G. SmithLíder na TAS para energia e serviços públicos do Japão Tóquio, Japão+81 34 582 [email protected]

Japão

Oriente Médio

África

David LloydLíder na TAS para energia e serviços públicos do Oriente MédioRiad, Arábia Saudita+966 11 215 [email protected]

Brunhilde BarnardLíder na TAS para energia e serviços públicos da ÁfricaJoanesburgo, África do Sul+27 11 502 [email protected]

Page 24: Transações e tendências no setor de energia suas carteiras ao mesmo tempo em que enfrentam preços baixos no atacado, intervenção regulatória e uma crescente elasticidade nos

Sobre a EYA EY é líder global em serviços de auditoria, impostos, transações e consultoria. As ideias e serviços de qualidade que oferecemos ajudam a construir confiança nos mercados de capitais e em economias de todo o mundo. Desenvolvemos líderes de destaque, que se agrupam para levar nossa visão às partes interessadas. Ao fazer isso, temos uma função importante de construir um mundo que trabalha melhor para nosso pessoal, nossos clientes e nossas comunidades.

"EY" refere-se à organização global, e pode se referir a uma ou mais empresas associadas da Ernst & Young Global Limited, sendo que cada uma delas é uma pessoa jurídica em separado. A Ernst & Young Global Limited, uma empresa limitada por garantia constituída no Reino Unido, não presta serviços a clientes. Para obter informações adicionais sobre a nossa organização, acesse ey.com.

Sobre o centro global de energia e serviços públicos da EYEm um mundo de incertezas, marcos regulatórios em constante mudança e desafios ambientais, as empresas de serviços públicos precisam manter um abastecimento seguro e confiável ao mesmo tempo em que aguardam mudanças e reagem rapidamente a elas. O centro global de energia e serviços públicos da EY reúne uma equipe mundial de profissionais para lhe ajudar a alcançar o seu potencial. Nossa equipe tem uma profunda experiência técnica na prestação de serviços de consultoria, transações, impostos e auditoria. Nosso centro trabalha para antecipar as tendências do mercado, identificar as implicações e desenvolver pontos de vista sobre temas relevantes do setor. Em última análise, permite que possamos ajudar você a alcançar os seus objetivos e competir de maneira mais eficaz.

© 2014 EYGM Limited. Todos os direitos reservados.

EYG n.° DX0240CSG/GSC2014/1279107ED Nenhum

Este material foi preparado apenas para fins informacionais gerais, e não deve ser considerado como consultoria contábil, fiscal ou outra consultoria profissional. Dirija-se a seus consultores para assessoramento específico.

ey.com/powerandutilities

EY | Auditoria | Impostos | Transações | Consultoria

Fechando os negócios certos no setor de energia e serviços públicosFechar o negócio certo da maneira certa pode fazer com que uma empresa de energia e serviços públicos seja mais competitiva e rentável. Os clientes procuram os profissionais dos serviços de consultoria em transações das nossas empresas associadas para obter suporte ao longo do ciclo de vida de uma transação, desde a fase inicial até as atividades de execução e pós-transação. Não importa se a transação envolve aquisições, alianças, joint ventures, vendas, desinvestimentos ou securitizações, ajudamos nossos clientes a fazer o negócio certo e com o preço adequado. Ajudamos a determinar o verdadeiro valor de um ativo, preparar a estrutura fiscal e comercial, otimizar o posicionamento da empresa em ambientes regulamentados de precificação e rendimentos, e a executar o negócio. Combinamos práticas comprovadas e metodologias consistentes com novas ideias, oferecendo a consultoria que os nossos clientes precisam para tomar decisões fundamentadas, reduzir potencialmente os riscos e alcançar os resultados esperados.

Siga nossa conta no Twitter

@EY_PowerUtility

Fonte de dados e abrangência do setorAs transações e tendências identificadas neste relatório são informadas por análises e participações realizadas globalmente pelos parceiros de transações das empresas associadas da Ernst & Young Global Limited e dados Mergermarket. O termo “Energia e serviços públicos” abrange organizações de varejo e redes de geração de energia, organizações de varejo e redes de gás, e organizações de varejo e redes de distribuição de água. Ele também inclui empresas de energia renovável. As atividades e avaliações dos negócios podem sofrer variações entre as datas de coleta e análise das informações.

Power & Utilities insights

LinkedIn group